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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO POLITÉCΝICO DE ADMNISTRAÇÃO E GESTÃO Nº 2012/KILAMBA
COMPLEXO ESCOLAR MUNDO ΝOVO II
CURSO TÉCNICO DE FIΝAΝÇAS
Prova de Aptidão Profissional

MERCADO FINANCEIRO

LUAΝDA, 2023
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO POLITÉCΝICO DE ADMNISTRAÇÃO E GESTÃO Nº 2012/KILAMBA
COMPLEXO ESCOLAR MUNDO ΝOVO II
CURSO TÉCNICO DE FIΝAΝÇAS
Prova de Aptidão Profissional

O MERCADO FINANCEIRO COMO SISTEMA DE DESENVOLVIMENTO DAS


MÉDIAS EMPRESAS (estudo de caso, BANCO ANGOLANO DE
INVESTIMENTO, 2022/2023)

LUAΝDA, 2023

Angelo Wide Adão de Morais


Josiane Antónia da Costa Narciso
Laércio Desidério de Morais da Cunha Pinto
Leda Jénifer Ferreira Pombal
Nérica Narrare Bilhete João
Pedro de Oliveira Miranda Félix

O MERCADO FINANCEIRO COMO SISTEMA DE DESENVOLVIMENTO DAS


MÉDIAS EMPRESAS (estudo de caso, BANCO ANGOLANO DE
INVESTIMENTO, 2022/2023)

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito fundamental para a obtenção do título
técnicos médio em finanças pelo instituto politécnico de
Administração e gestão nº 2012/ Kilamba

LUAΝDA, 2023
Folha de aprovação

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito fundamental para a


obtenção do título técnicos médio em finanças pelo instituto politécnico de
Administração e gestão nº 2012/ Kilamba.

Aprovado em__________/________/________

BANCA EXAMINADORA

Presidente de mesa:________________________________________________

1º Vogal:__________________________________________________________

2º Vogal:__________________________________________________________

O secretário:______________________________________________________

Conclusões:_______________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

LUANDA, 2023
Ficha Técnica

Nome: Ângelo Wide Adão de Morais

Morada: Condomínio da Sonangol

Idade: 20 anos

Contacto: 939 021 328

Nome: Josiane Antónia da Costa Narciso

Morada: Golf 2

Idade: 19 anos

Contacto: 930 700 848

Nome: Laércio Desidério de Morais da Cunha Pinto


Morada: Camama
Idade: 20 anos
Contacto: 928 721 057

Nome: Leda Jénifer Ferreira Pombal


Morada: Kilamba
Idade: 20 anos
Contacto: 944 562 376

Nome: Nérica Narrare Bilhete João


Morada: Jardim do Édem
Idade: 19 anos
Contacto: 922 255 844

Nome: Pedro de Oliveira Miranda Félix


Morada: Jardim do Édem
Idade: 20 anos
Contacto: 941 594 241
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho primeiramente à Deus por ter nos dado força de
vontade, aos nossos encarregados de educação que não deixaram de acreditar
em nós e têm nos dado muito apoio financeiro e nos preparado psicologicamente
para conseguir enfrentar todos obstáculos das nossas carreiras, em seguida aos
nossos professores e orientador por nos ter suportado e não ter desistido de nós.

I
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos à Deus pelas nossas vidas e por nos ajudar a


ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo do curso. Aos nossos pais
e irmãos pelo companheirismo, pela cumplicidade, pelo apoio em todos os
momentos delicados das nossas vidas, por nos incentivarem nos momentos
difíceis e compreenderem a nossa ausência enquanto nós nos dedicávamos à
realização deste trabalho.

Queremos especialmente agradecer ao nosso orientador, o professor Nagazaqui


Lucombo pelo apoio prestado e conhecimentos transmitidos durante a realização
deste trabalho, pela prontidão e atenção que dedicou a este trabalho, pelas
críticas construtivas que nos deu e pela procura incansável das melhores
soluções para os obstáculos que foram surgindo no trilhar deste caminho.
Agradecemos à todos os professores pela transmissão da sua sabedoria,
conhecimento, experiência e ensinamentos que muito nos ajudaram na
elaboração deste projecto além da riqueza de conhecimentos que adquirimos ao
longo deste curso que nos permitiram apresentar um melhor desempenho no
nosso processo de formação profissional. O nosso muito obrigado.

II
EPÍGRAFE

“Por um alto preço fui comprado e não há


finanças na terra que superem o investimento da
minha felicidade”

Helgir Girodo

III
RESUMO

No presente trabalho abordaremos sobre a temática do mercado financeiro como


sistema de desenvolvimento das pequenas empresas, entenderemos de que
forma os recursos financeiros são transferidos daqueles que têm excedentes e
daqueles que têm em falta dentro do mercado financeiro, de que forma as
pequenas empresas conseguem financiamento e recursos dentro do mercado
financeiro e dos seus segmentos, como acontece está intermediação financeira
feita pelas instituições que integram este mercado e quais os benefícios dessa
intermediação para as três partes envolvidas(poupadores ,tomadores e a
instituição). Segundo Silva (2015), o mercado financeiro pode ser definido como o
conjunto de instituições e de instrumentos destinados a oferecer alternativas de
aplicação e de captação de recursos financeiros. Basicamente, é o mercado
destinado ao fluxo financeiro entre poupadores e tomadores. A sua estrutura é
abrangente e complexa com diversas instalações financeiras além de ser
subdividido nos mercados de câmbio, monetário, de crédito e de capital.

Palavra chave: Mercado financeiro, pequenas empresas, desenvolvimento.

IV
ABSTRACT

In the present work we will approach the theme of the financial market as a system
for the development of small companies, we will understand how financial
resources are transferred from those who have surpluses and those who are
lacking within the financial market, how small companies obtain financing and
resources within the financial market and its segments, how this financial
intermediation is carried out by the institutions that make up this market and what
are the benefits of this intermediation for the three parties involved (savers,
borrowers and the institution). According to Silva (2015), the financial market can
be defined as the set of institutions and instruments designed to offer alternatives
for applying and raising financial resources. Basically, it is the market for the
financial flow between savers and borrowers. Its structure is comprehensive and
complex with several financial facilities in addition to being subdivided into
exchange, money, credit and capital markets.
Keywords: Financial market, small companies, development.

V
LISTA DE FIGURAS

Figura nº 1 – representatividade do BAI em Angola.........................................................29


Figura nº 2 – Organograma do Banco Angolano de Investimento....................................29
Figura nº 3 montante de projectos do aviso nº 10/2020...................................................32

VI
LISTA DE TABELAS

Gráfico nº 1 - Distribuição dos colaboradores por género................................................30


Gráfico nº 2 - Distribuição etária dos colaboradores.........................................................30
Gráfico nº 3 - Antiguidade.................................................................................................31
Gráfico nº 4 - Actividade PME (Mil Milhões De Kwanzas)................................................33

VII
ÍNDICE
DEDICATÓRIA................................................................................................................................I
AGRADECIMENTOS.....................................................................................................................II
EPÍGRAFE.....................................................................................................................................III
RESUMO........................................................................................................................................IV
ABSTRACT....................................................................................................................................V
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................................VI
LISTA DE TABELAS..................................................................................................................VII
INTRODUÇÃO................................................................................................................................8
Hipóteses da pesquisa............................................................................................................9
Objectivos da pesquisa..........................................................................................................9
Objectivo Geral.........................................................................................................................9
Objectivos Específicos...........................................................................................................9
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................10
1.1. Definição de termos e conceitos............................................................................10
1.2. Conceitos de Pequenas e Médias Empresas (PME)..........................................10
1.3. Sistema financeiro......................................................................................................11
1.3.1. Perspectiva funcional do sistema financeiro...............................................12
1.4. Mercado financeiro.....................................................................................................13
1.4.1. Função do mercado financeiro.......................................................................14
1.4.2. Mercados Financeiros e seus instrumentos................................................16
1.5. Bolsas de valores.......................................................................................................20
1.6. Mercado de balcão.....................................................................................................21
1.7. A INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA..............................................................................21
1.7.1. O Processo de Intermediação Financeira.........................................................21
1.7.2. O papel da intermediação financeira..................................................................22
1.7.3. Vantagens dos intermediários financeiros......................................................23
CAPÍTULO II – ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA
PESQUISA....................................................................................................................................25
2.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................25
2.1.1. Escolhas metodológicas e técnicas de pesquisa...............................................25
2.2. Apresentação, análise e discussão dos resultados da pesquisa.......................27
2.2.1. Presença geográfica...................................................................................................28
2.2.2. Discussão dos resultados da pesquisa.............................................................30
2.2.3. Actuação do BAI nas pequenas e médias empresas.....................................32
CONCLUSÃO...............................................................................................................................35
REFERÊNCIAS............................................................................................................................36
INTRODUÇÃO
O mercado financeiro como sistema de desenvolvimento das pequenas e médias
empresas - o mercado financeiro é definido como o conjunto de instituições e
instrumentos destinados a oferecer alternativas de aplicação e de captação de
recursos financeiros. O objectivo central do trabalho é abordar e analisar sobre o
tema do mercado financeiro como sistema de desenvolvimento das pequenas e
médias empresas, bem como compreender o mercado financeiro e o seu auxílio
no desenvolvimento das pequenas e médias empresas. Sabendo que o mercado
financeiro foi sofrendo evoluções com o passar do tempo, surgiram e
desenvolveram-se instituições especializadas que passaram a oferecer novos
instrumentos e produtos financeiros e sistemas para organizar, controlar e
desenvolver esse mercado. Para um melhor agrupamento e organização desses
instrumentos o mercado financeiro foi subdividido em quatro segmentos de
mercado.

No nosso presente trabalho apresenta dois capítulos onde no primeiro capítulo


falamos sobre a fundamentação teórica onde descrevemos os seguintes pontos:
definição de termos e conceitos, definição da PME´S, a intermediação financeira,
segmentos do mercado financeiro, mercado monetário, bolsa de valores, mercado
de balcão, e no segundo capitulo falamos sobre os aspectos metodológicos e
análise dos resultados da pesquisa.

Problemática
Na acepção científica «problemática é qualquer questão não solvida e que é
objecto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento» (GIL,1999, p.49).
De acordo o nosso tema temos a seguinte problemática:

 ATÉ QUE PONTO O MERCADO FINANCEIRO INTERFERE NO


DESENVOLVIMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS?

8
Hipóteses da pesquisa

Para Luna (1997), a formulação de hipóteses é quase inevitável, para quem é


estudioso da área que pesquisa. Geralmente, com base em análises do
conhecimento.

H1 – O mercado financeiro interfere no desenvolvimento das pequenas empresas


através do seu produto financeiro que servirão como alavanca de sustento
quando estas empresas não conseguirem se sustentar por falta de capital próprio
suficiente.

H 2 – Interfere promovendo liquidez as unidades económicas: os bancos devem


ser capazes de oferecer liquidez imediata seus clientes.

Objectivos da pesquisa

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p.24) "toda pesquisa deve ter um objectivo
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar."
Definir objectivos de pesquisa é um requisito para desenvolver uma pesquisa
científica.

Objectivo Geral

 Compreender o mercado financeiro e o seu auxílio no desenvolvimento das


médias e pequenas empresas.

Objectivos Específicos

 Definir os conceitos chaves do tema em estudo;


 Identificar a forma de actuação do mercado nas pequenas e médias
empresas.

9
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Definição de termos e conceitos

Mercado – segundo Kotler (1996), o conceito se define como: o mercado consiste


em todos os consumidores potenciais que partilham de uma necessidade ou
desejo específico, dispostos e habilidades para fazer uma troca que satisfaça
essa necessidade ou desejo.

De acordo com Lamb (2004) o conceito de mercado é: pessoas ou organizações


com necessidades ou desejos e a capacidade e disposição de comprar.

Assim sendo, entende – se que os autores fazem referência às pessoas que


compõem o mercado de compradores e vendedores em busca da satisfação de
suas necessidades.

Mercado Financeiro: o mercado financeiro é composto pelo conjunto de


instituições e instrumentos financeiros a possibilitar a transferência de recursos
dos ofertados para os tomadores criando condições de liquidez no mercado.
(ANDREZO; LIMA, 1999, p. 3).

Em economia e finanças, mercado financeiro é como se denomina todo universo


que envolve as operações de compra e venda de activos financeiros, tais como
valores mobiliários (acções, obrigações, etc.), mercadorias (pedras preciosas,
commodities, etc.), e câmbio. É todo o ambiente em que ocorrem as operações
de investimento financeiro.

Pelo que se pode perceber, os mercados funcionam colocando muitos


compradores e vendedores interessados num mesmo “local”, tornando assim
mais fácil encontrarem – se uns aos outros.

1.2. Conceitos de Pequenas e Médias Empresas (PME)

Segundo Hessels e Parker (2013), afirmam que não existe consenso quanto
ao conceito de micro, pequenas e médias empresas, contudo a definição vária
em função do número de funcionários e do financiamento fixado pelo Estado.

10
Hessels e Parker (2013, p. 137), apresentam as PME como sendo:

“Uma empresa que emprega cerca de 50 a 200 funcionários e é


considerada a principal espinha dorsal da economia de países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, na criação de emprego e aumento
da renda.”

De acorda com a Lei n. º30/11, de 13 de Setembro, Lei das MPME- Micro,


Pequenas e Médias Empresas, vigente em Angola, define PME da seguinte
forma:

Quadro nº 1 – classificação de empresas


Definição das PME Nº de trabalhadores Facturação Bruta (Em USD)
Micro Empresas (ME), Empregam até dez (10) Montante não superior a 250
trabalhadores mil USD, (equivalente AKZ)
Pequenas Empresas (PE), Empregam de dez (10) até Montante superior a 250 mil
100 trabalhadores USD, inferior a três milhões,
(equivalente AKZ)
Médias Empresas (ME), empreguem mais de 100 e até Montante superior a três
200 trabalhadores milhões de USD e igual ou
inferior a dez milhões de USD,
(equivalente AKZ).
Fonte: Elaboração própria, com base a Lei n.º 30/11, de 13 de Setembro

1.3. Sistema financeiro

O sistema financeiro é o conjunto de mercados e intermediários em que


fazem parte o Banco Central, além de bancos comerciais e de investidores,
corretoras de valores, fundos de investimentos e pensão, bolsas de valores e
companhias de seguro.

A existência do sistema financeiro está condicionada a imperfeição de


mercado, tais como falhas no canal de transmissão de informação entre os
agentes económicos e distanciamento do mercado competitivo, portanto a
intermediação financeira caracteriza-se por minimizar essas falhas,
intermediando a alocação dos recursos entre os poupadores (unidades

11
superavitárias) e tomadores de empréstimos (unidades deficitárias),
proporcionando aos investimentos produtivos os recursos necessários
(BOVIE; MERTON, 2002).

O indivíduo que poupa, na maioria das vezes não é o mesmo que realiza
investimentos produtivos. Assim, quando a economia se afasta do ambiente
competitivo, há perda de recursos para o sector produtivo, pois os custos de
transacção e os custos de informação envolvidos em uma transacção podem
somar quantias que inviabilizem as transacções.

Um sistema financeiro proporciona informações sobre preços que orientam a


tomada de decisões coordenadas e descentralizadas em vários sectores da
economia (BOVIE; MERTON, 2002, p.56).

A eficiência do sistema financeiro reside exactamente na redução desses


custos de informação e transacção, que serão substancialmente reduzidos
com a intervenção dos intermediários financeiros, pois esses desempenham
especialização nessa atividade, obtendo assim, vantagens relativas a ganhos
de escala e proporcionando o melhor para o funcionamento do mercado
financeiro.

Portanto as funções que o sistema financeiro desempenha se traduzem na


promoção da eficiência alocativa dos recursos financeiros e tem uma
significativa importância para o crescimento da economia. A próxima seção
aborda este tema.

1.3.1. Perspectiva funcional do sistema financeiro

Por uma série de motivos as instituições financeiras geralmente diferem de


país para país e também se transformam com a medida do tempo, mesmo
tendo os nomes iguais as funções que as instituições desempenham às vezes
as diferenciam.

A perspectiva funcional procura estabelecer uma estrutura unificada para


entender como e por que as instituições financeiras diferem além-fronteiras e
por que mudam ao longo do tempo, sendo que o elemento chave encontra-se

12
nas funções financeiras onde apresenta uma estrutura mais estável que as
instituições financeiras.

É a partir da função primária individual de alocação de recursos que


passamos a distinguir funções básicas desempenhadas pelo sistema
financeiro, que proporciona meios para a transferência de recursos
económicos através do tempo, das regiões geográficas e entre sectores.

Bovie e Merton (2002, p.53) apresentam acções relativas à movimentação de


recursos ao longo do tempo, dentre elas, fazer empréstimos para estudantes,
tomar dinheiro emprestado para comprar uma casa, economizar para a
aposentadoria, investir em instalações de produção – todas essas são acções
que deslocam recursos de um ponto no tempo para outro. O sistema
financeiro facilita tais transferências de recursos intertemporais (literalmente
entre o tempo).

Quanto mais complexa a economia, mais importante é o papel do sistema


financeiro para proporcionar meios eficientes de deslocar esses recursos.

Além dessa função o sistema financeiro proporciona também meios de


administrar o risco, meios de compensar e liquidar pagamentos para facilitar o
intercâmbio de bens, serviços e activos, proporciona um mecanismo a fim de
estabelecer empreendimentos indivisíveis de grande porte ou para a
subdivisão de participação accionaria em grandes empreendimentos com
muitos proprietários, fornecendo também informações em relação a preços e
oferecendo maneiras de lidar com problemas de incentivo (BOVIE; MERTON,
2002).

1.4. Mercado financeiro

O mercado para títulos de dívida de curto prazo é denominado mercado


financeiro, este caracteriza-se pelo prazo de vencimento das reivindicações
que estão sendo transaccionadas, nada mais é do que um grande fundo, do
qual se pode sacar, ou no qual se pode depositar recursos.

13
O mercado financeiro é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos
financeiros a possibilitar a transferência de recursos dos ofertados para os
tomadores criando condições de liquidez no mercado. (ANDREZO; LIMA,
1999, p.3).

Assim pode-se dizer que é o local onde o dinheiro é gerido, intermediado,


oferecido e procurado, por meio de canais de comunicação que se entrelaçam
na formação de sistemas. É no mercado financeiro que se determina uma das
variáveis cruciais da economia a taxa de juros, esta representa os termos em
que se podem realizar transferências intertemporal de recursos, neste
mercado o banco centraliza a oferta e a procura de capitais intermediando os
que dispõem de recursos e aqueles que necessitam de crédito, portanto
dentro dessa intermediação de recursos ocorrem às operações passivas
(banco na posição de devedor) e as operações activas (o banco empresta
recursos ao tomador), nesse caso o banco assume um risco e por este motivo
cobra do tomador uma taxa de juros superior à contratada, a fim de cobrir o
risco assumido. Essa diferença entre o custo da captação e a remuneração
paga pelos tomadores dá-se o nome spread que nada mais é que a
remuneração do banco.

Considera-se que a existência do mercado financeiro é de fato necessário


para as transferências de recursos de unidades que apresentam níveis de
poupança para as que necessitam de recursos obtendo uma maior
optimização das aplicações (ANDREZO; LIMA, 1999).

O enfoque desta pesquisa visa abordar as possibilidades que o mercado


financeiro, através das suas instituições, proporciona nas operações
financeiras.

1.4.1. Função do mercado financeiro

O mercado financeiro apresenta-se em ambiente bastante complexo, formado


por agentes orientados à obtenção de resultado, órgãos reguladores
orientados ao controlo do risco sistémico e agentes económicos, responsáveis
pela gestão maior da economia. (BRITO, 2005)

14
Há conceitos básicos que facilitam a compreensão da importância do sistema
financeiro e propiciam um melhor entendimento sobre as funções da
intermediação financeira. Investimento e poupança constituem o cerne de
todo sistema financeiro, onde se procura identificar mecanismos que
possibilitem o aproveitamento dos fluxos de poupança e investimentos da
forma mais eficiente possível satisfazendo as necessidades dos indivíduos.

Poupança é definida como a parte da renda não consumida, ou seja, a


abstenção de consumo constitui um ato de poupar. O indivíduo racional
concorda em trocar um poder de consumo presente e certo, por um poder de
consumo futuro e incerto, se este for maior que o primeiro. Portanto a
definição de poupança é uma alocação do consumo no tempo (ANDREZO;
LIMA, 1999).

Dentro da economia moderna há vários poupadores e investidores cada um


com motivações diferentes. Essa diversidade de agentes, família ou
sociedade de pessoas, organizações com finalidades não lucrativas entre
outros podem ser divididos em dois grupos no que se refere ao processo de
poupança – investimento seriam as unidades superavitárias que possuem
recursos em excesso e as deficitárias que necessitam de recursos, essas
podem obter os recursos através da venda de activos reais de sua
propriedade; utilizar poupança acumulada anteriormente; vender obrigações
financeiras emitidas por terceiros e colocar no mercado obrigações da sua
própria emissão.

O mercado financeiro existe porque em um dado momento, alguns agentes


económicos poupam mais do que investem enquanto outros investem mais do
que poupam, sendo necessário transferir recursos das unidades que
apresentam níveis de poupança para as unidades que necessitam de
recursos para investir, de modo a obter a maior optimização da aplicação dos
recursos disponíveis na economia e o mais alto nível de satisfação possível.

15
1.4.2. Mercados Financeiros e seus instrumentos

O que vamos aprender nessa seção envolve os diversos mercados


financeiros que compõem o SFN. Entende-se por mercados financeiros o
mecanismo ou ambiente por meio do qual se produz um intercâmbio de
activos financeiros e se determinam seus preços. São mercados nos quais os
recursos financeiros são transferidos dos agentes superavitários, isto é, que
tem um excesso de fundos, até aqueles agentes deficitários, ou seja, que tem
necessidade de fundos.

De acordo com Assaf Neto (2003, p. 106), a intermediação financeira


desenvolve - se de forma segmentada, com base em quatro subdivisões
estabelecidas para o mercado financeiro.

 Mercado Monetário;
 Mercado de Crédito;
 Mercado de Capitais;
 Mercado Cambial.
O quadro abaixo sumariza as principais características de cada tipo de
mercado.
Quadro 2 – Características dos mercados financeiros

MERCADO DE... CARACTERÍSTICAS

CRÉDITO Supre as necessidades de crédito de curto e médio prazos,


por exemplo, capital de giro para empresas e consumo para
as famílias.
CAPITAIS Supre as necessidades de financiamento de longo prazo, por
exemplo, investimentos para empresas e aquisição de bens
duráveis para as famílias.

MONETÁRIO Supre as necessidades do governo de fazer política monetária e


dos agentes e intermediários de caixa. Nesse segmento são
realizadas operações de curto e curtíssimo prazo e sua liquidez é
regulada pelas autoridades monetárias.
CAMBIAL Supre as necessidades quanto à realização das operações de
compra e venda de moeda estrangeira (fechamento de câmbio).
Como exemplo destas necessidades, temos as importações
(necessidade de compra de moeda estrangeira) por parte das
empresas.
FONTE: Pinheiros (2009).

16
1.4.2.1. Mercado Monetário

Segundo Assaf Neto (2003, p. 107), o mercado monetário encontra-se estruturado


visando o controle da liquidez monetária da economia. Os papéis são negociados
nesse mercado tendo como parâmetro de referência a taxa de juros, que se
constitui em sua mais importante moeda de transação. Os papéis que lastreiam
as operações do mercado monetário; caracterizam-se pelos reduzidos prazos de
resgate e alta liquidez.

1.4.2.1.1. Funcionamento do mercado monetário

O mercado monetário atua da seguinte forma: ele permite que você faça a venda
de títulos e posses dentro do mercado financeiro com alta liquidez.

Esse tipo de investimento é um dos mais benéficos para o tipo de perfil do


investidor denominado de conservador. Isso porque as políticas monetárias
permitem que você transforme as suas posses em dinheiro, captando recursos de
forma segura, rápida e com rentabilidade alta.

Dessa forma, existem duas possibilidades dessa venda de títulos acontecer:

 Quando as instituições financeiras vendem entre si títulos do tesouro;


 Quando o Banco Central decide adquirir títulos de outras corporações,
vendendo para outras instituições financeiras, permitindo a compra livre.

1.4.2.2. Mercado de crédito

Conforme Assaf Neto (2003, p. 118), o mercado de crédito tem por objectivo
fundamental suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos dos vários
agentes económicos, podendo ser por meio de concessão de empréstimos às
pessoas físicas ou por empréstimos e financiamentos às empresas.

As operações desse mercado são, normalmente, realizadas por instituições


financeiras bancárias, mais especificamente bancos comerciais e múltiplos.

Os bancos têm por objectivo principal reforçar o volume de captação de recursos,


percebe-se que suas actividades têm evoluído para um processo de
diversificação de produtos financeiros, bem como na área de serviços prestados.

As operações de financiamento de bens de consumo duráveis praticadas pelas


sociedades financeiras muitas vezes também são incluídas no campo do mercado

17
de crédito. A actuação do mercado torna-se mais abrangente considerando essa
estrutura, pois disponibiliza recursos a médio prazo aos consumidores de bens de
consumo, por meio de instituições financeiras não bancárias.

Além disso, esse mercado financeiro é conhecido pelo famoso spread bancário.
Define-se como spread bancário a diferença entre os juros que o banco cobra ao
emprestar moeda a um agente deficitário e a taxa que ele mesmo paga ao captar
dinheiro com um agente superavitário. Esse valor pode variar de acordo com a
operação, já que cada uma delas envolve certo risco.

1.4.2.3. Mercado de Câmbio

A moeda de uma economia é como se fosse um produto negociável no mercado,


que pode ser comprado ou vendido a determinado preço em relação à outra
moeda. A taxa de câmbio representa o valor com que a autoridade monetária de
um país aceita negociar sua moeda por meio da compra ou venda de moeda
estrangeira. Assaf Neto (2003, p.53) afirma que o Banco Central é o responsável
por adquirir moeda estrangeira e por pagar em moeda nacional os exportadores
de bens e serviços, assim como, os devedores que tenham obtido empréstimos
no exterior.

A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda


estrangeira. Segundo Passos (2005), é o preço de uma moeda em termos de
outra.

Obviamente há pelo menos tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras.


Contudo, a expressão “taxa de câmbio” geralmente indica o preço de uma moeda
internacional de referência que, no caso brasileiro, é o dólar-norte americano.

De acordo com Maia (2011), como a taxa é o preço da moeda, está sujeita à lei
de oferta e da procura. As mesmas forças que, no mercado alteram o preço das
mercadorias, também afectam a taxa cambial. Por exemplo:

 especulação – especular com moedas é mais fácil do que especular com


mercadorias, pois estas são de estocagem mais difícil e tem menor
liquidez;
 governos – eles interferem com maior frequência no mercado cambial.
Segundo Madura (2008), os governos de países estrangeiros podem

18
influenciar a taxa de câmbio de equilíbrio de muitas maneiras, como:
impondo barreiras ao câmbio e ao comércio estrangeiro, intervindo no
mercado de câmbio estrangeiro e afectando variáveis macro, como inflação
e taxa de juros.
 taxas de juros – elas provocam migrações de capitais, que se
movimentam de um país para outro à procura de um lucro maior.

Quando a moeda nacional fica muito valorizada, prejudica a exportação. Porém,


uma desvalorização da moeda provoca outros problemas, tais como a elevação
dos custos dos insumos importados, assim como o crescimento do endividamento
em moedas estrangeiras das empresas nacionais. Em face disto, os governos
passaram a intervir no mercado cambial, muitas vezes com reflexos nocivos ao
nosso comércio com o exterior (MAIA, 2011).

De acordo com Madura (2008), as oscilações da taxa de câmbio afitam o valor de


uma multinacional porque elas podem influenciar o montante de entradas no caixa
recebido de exportações ou de uma subsidiária e o montante de saídas do caixa
necessário para pagar as importações. Uma taxa de câmbio mede o valor de uma
moeda em unidades de outra moeda.

Quando as condições económicas mudam, as taxas de câmbio podem mudar


consideravelmente. Madura (2008) afirma que um declínio no valor de uma
moeda é conhecido como desvalorização. Quando o real se desvaloriza perante o
dólar americano, isso significa que o dólar americano está se fortalecendo em
relação ao real. O aumento do valor de uma moeda é conhecido como
valorização.

1.4.2.4. Mercado de Capitais

O mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades de


investimentos dos agentes económicos, através de diversas modalidades de
financiamentos a médio e longo prazo para capital de giro e capital fixo. É
constituído pelas instituições financeiras não bancárias, instituições componentes
do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas instituições auxiliares.
Os financiamentos de prazo indeterminado são operações que envolvem a
emissão e a subscrição de acções (ASSAF NETO, 2011, p. 74).

19
Dessa maneira, o Mercado de Capitais direcciona os recursos financeiros de
longo prazo disponíveis para os mais variados segmentos da atividade
económica.
Entre eles, agronegócio, comércio, serviços e indústria.
1.4.2.4.1. Mercado Primário

E quando o titulo é lançado pela primeira vez no mercado, ou seja, quando é feita
a emissão primária do titulo, e, nesse momento, ocorre aporte de recursos para a
empresa emissora. O lançamento de títulos para subscrição pública e
denominado underwriting.

O lançamento (emissão primaria) de títulos e de acções de empresas e feito


através de instituições financeiras especializadas – banco de investimento (ou
banco múltiplo com carteira de investimento), uma corretora ou distribuidora. A
empresa interessada em lançar papéis no mercado de capitais contrata a
instituição financeira para que esta proceda a análise da situação financeira
presente e das perspectivas da própria empresa, assim como das condições mais
adequadas – em termos de volume, preço – de lançamento dos títulos no
mercado.

1.4.2.5. Mercado Secundário

Negociação de títulos após a emissão primária. Nesse caso, os títulos trocam de


mãos, sem que a empresa receba qualquer recurso. A existência de um mercado
secundário e de fundamental importância para estimular a emissão primária ao
conferir liquidez para os títulos.

Os títulos podem ser negociados em dois tipos de mercado:

1.5. Bolsas de valores

A «Bolsa de Dívida e Valores de Angola – Sociedade Gestora de Mercados


Regulamentados, Sociedade Anónima» é uma sociedade anónima de capitais
integralmente públicos, abreviadamente designado por «BODIVA – SGMR, SA»
ou por «Bolsa de Dívida e Valores de Angola, SGMR, SA». A sua natureza é a
actividade em si integrada.

São mercados organizados, em que operações de compra e de venda de acções


e de títulos são realizadas a partir de um conjunto de regras. Geralmente, os

20
investidores têm acesso a uma grande quantidade de informações sobre as
operações realizadas nas bolsas de valores. Para terem suas acções negociadas
em bolsas de valores, as empresas precisam cumprir uma série de exigências
que tornam mais transparentes as suas situações financeiras e as formas como
se relacionam com seus accionistas. As operações com acções em bolsas de
valores são realizadas por sociedades corretoras. Pessoas físicas ou jurídicas,
fundos de investimento e outras instituições financeiras operam através das
corretoras.

A BODIVA coloca à disposição da economia angolana mercados juridicamente


seguros, onde as entidades que procuram financiar as suas actividades (os
emitentes) e aqueles que pretendem rentabilizar os seus capitais (os investidores)
poderão negociar com equidade, confiantes de que não serão discriminados ou
preteridos no acesso à informação, nem no acesso às oportunidades de
negociação que surjam. 

1.6. Mercado de balcão

São negociações realizadas fora das bolsas de valores. Nesse mercado, os


negócios são fechados por meios electrónicos entre as instituições e entre elas os
seus clientes. As acções transaccionadas no mercado de balcão tem menor
liquidez do que as transaccionadas em bolsas e, portanto, estão mais sujeitas a
oscilações de preço e a manipulações.

1.7. A INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA


1.7.1. O Processo de Intermediação Financeira

A economia é composta por intermediários financeiros, agentes económicos que


apresentam superavitários ou deficitários financeiros, chamados de agentes
económicos superavitários ou agentes económicos deficitários, respectivamente,
e por agentes económicos que apresentam uma situação de equilíbrio, não
apresentado deficitários ou superavitários os agentes económicos superavitários
e os agentes económicos deficitários podem ser quaisquer pessoas ou entidades
que tenham disponibilidades e necessidades de recursos, e os intermediários são
geralmente instituições financeiras.

21
O processo de intermediação financeira pode ser entendido como a captação de
recursos junto as unidades económicas superavitárias, por instituições financeiras
e o seu subsequente repasse para unidades económicas deficitárias. Esta
unidade busca descrever o papel desempenhado pelos intermediários financeiros
nas transferências de recursos entre poupadores e tomadores.

Para Carvalho (2000), a atividade de intermediação financeira se divide em duas,


sendo uma a atividade financeira intermediada e outra a atividade financeira
desintermediada. A primeira atividade e executada por instituições intermediárias,
normalmente instituições financeiras, que captam recursos junto aos agentes
económicos superavitários, assumindo a obrigação de honrar a exigibilidade
destes recursos e emprestam aos agentes económicos deficitários. A segunda
atividade é executada directamente entre os agentes económicos superavitários e
os agentes económicos deficitários, onde o papel das instituições financeiras é
simplesmente promover a corretagem de valores.

1.7.2. O papel da intermediação financeira

A atividade de intermediação financeira nasceu da necessidade da destinação


eficiente dos recursos financeiros disponíveis dos diversos agentes económicos
superavitários aos diversos agentes económicos deficitários. As operações
financeiras de transferência de recursos dos agentes económicos superavitários
para os deficitários poderiam ser directas, entretanto, os agentes económicos
superavitários, em sua maioria, não tem como foco de suas actividades a
destinação de seus recursos excedentes, com vistas a financiamento dos agentes
económicos deficitários. E nessa lacuna entre agentes económicos superavitários
e deficitários que surge o intermediário financeiro.

Portanto, os intermediários financeiros proporcionam o encontro dos recursos


financeiros excedentes dos agentes económicos superavitários com a
necessidade de financiamento dos agentes económicos deficitários.

Os primeiros receberão juros sobre os recursos financeiros disponibilizados.

Os segundos pagarão esses juros, acrescidos das receitas operacionais da


intermediação, necessárias para cobrir os custos e as despesas dos
intermediários, além de seus lucros.

22
1.7.3. Vantagens dos intermediários financeiros

Os intermediários financeiros justificam sua existência por serem mais capazes de


reduzir os custos de transação e os problemas gerados pela assimetria de
informações entre as partes do que as unidades económicas em geral.

Os custos de transação se referem aos gastos envolvidos em cada transação


financeira, como o processo de reuniões entre as partes e o pagamento
advocatório para redacção de contrato, por exemplo.

A assimetria de informação ocorre quando uma das partes de uma transação esta
mais informada do que a outra. Quando há assimetria de informação, os conflitos
de interesse entre as partes tendem a ocorrer.

A redução dos custos de transação e da assimetria de informação presentes nas


transacções e possibilitada, principalmente, por duas vantagens apresentadas
pelos intermediários financeiros: ganhos de escala e diversificação das
operações.

Ganhos de escala – em função da especialização (expertise) desenvolvida na


colecta de dados e processamento das informações, os intermediários financeiros
apresentam vantagens relativas a ganhos de escala, possibilitando a redução do
custo por transação a medida que se aumenta o número de transacções. Todo
intermediário financeiro possui um departamento de análise de crédito, sendo os
custos de manutenção de tal estrutura divididos entre milhares de contratos. O
mesmo se refere aos custos legais de elaboração de contratos de empréstimos e
também aos custos de monitoramento; e

Diversificação das operações – a possibilidade de diversificação das operações


activas e passivas reduz sensivelmente, por um lado, a probabilidade esperada
de perdas com inadimplência nos empréstimos e, por outro lado, os riscos de
liquidez provenientes de saques dos depositantes.

Portanto, os intermediários são capazes de reduzir os custos de transação e a


assimetria de informação entre as partes em função dos ganhos de escala, da
especialização em intermediação financeira e de seus activos e passivos
diversificados. Além disso, outra vantagem que apresentam e a oferta de diversas

23
alternativas de captação e de aplicação de recursos, que, dificilmente, as
unidades económicas conseguiriam por conta própria com a mesma agilidade.

A justificativa para a existência dos intermediários financeiros tem como base o


facto de que muitos dos agentes económicos deficitários não teriam como captar
recursos financeiros directamente no mercado (MEYER, 1982, p. 172). Sem as
instituições financeiras que intermedeiam negócios entre agentes económicos,
estes gastariam muito tempo e dinheiro para se encontrarem (KAUFMAN, 1973,
p. 75).

Segundo Rossetti (2002, p. 632) a existência dos intermediários financeiros se


justifica pelos seguintes benefícios privados e sociais:

 canais permanentes de negociação de operações de aplicação ou de


captação de recursos;
 especialização na atividade de intermediação;
 diluição dos riscos entre um grande número de agentes económicos;
 ganho de eficácia na alocação dos recursos, principalmente em actividades
produtivas;
 sustentação das actividades produtivas e expansão de fluxos reais de
manutenção e crescimento das actividades económicas.

Também se justifica a existência dos intermediários financeiros pela opção dos


agentes económicos superavitários por maior segurança, porque os agentes
intermediários diluem o risco por meio do grande volume de negócios. Além disso,
os agentes financeiros desfrutam de ganhos de escala (MAYER, 1998, p. 172).

CAPÍTULO II – ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS


RESULTADOS DA PESQUISA

2.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


2.1.1. Escolhas metodológicas e técnicas de pesquisa

A palavra técnica vem do grego tékhne e significa arte. Se o método pode ser
entendido como caminho, a técnica pode ser considerada o modo de caminhar.

24
Com relação às escolhas metodológicas, podem ser utilizadas as seguintes
categorias: classificação quanto ao objectivo da pesquisa, classificação quanto à
natureza da pesquisa, e classificação quanto à escolha do objecto de estudo. Já
no que se refere às técnicas de pesquisa os estudos podem utilizar as categorias
a seguir: classificação quanto à técnica de colecta de dados e classificação
quanto à técnica de análise de dados.

 Classificação quanto aos objectivos da pesquisa

Segundo Malhotra (2001), as pesquisas podem ser classificadas, em termos


amplos, como exploratórias ou conclusivas. E as pesquisas conclusivas podem
ser divididas em descritivas e casuais.

Para o nosso estudo utilizamos a pesquisa exploratória - descritiva.

De acordo com Selltiz et al. (1965) enquadra – se nos estudos exploratórios todos
aqueles que buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior
familiaridade com o fenómeno pesquisado.

De forma semelhante, Gil (1999) considera que a pesquisa exploratória tem como
objectivo principal desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo
em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis
para estudos posteriores.

Gil (1999), afirma que as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a
descrição das características de determinada população ou fenómeno, ou o
estabelecimento de relações entre variáveis.

 Classificação quanto à natureza da pesquisa

Quanto à natureza a pesquisa foi a quanti – qualitativa.

Deve – se destacar que alguns autores têm argumentos sobre a inconveniência


de definir limites entre os estudos ditos qualitativos e quantitativos nas pesquisas,
devendo ser afastada a ideia de que somente o que é mensurável teria validade
científica.

25
Para Moreira (2002), a diferença entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa vai
além de simples de estratégias de pesquisa e procedimentos de colecta de
dados, representando, na verdade, posições epistemológicas antagónicas.

 Classificação quanto à escolha do objecto de estudo

Quanto à escolha do objecto de estudo a pesquisa baseou – se em um estudo de


caso.

De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo


profundo e exaustivo dos factos objectos de investigação, permitindo um amplo e
pormenorizado conhecimento da realidade e dos fenómenos pesquisados.

“Um estudo decaso é uma investigação empírica que investiga um


fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real,
especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão
claramente definidos (YIN, 2001 p. 33)”.

 Classificação quanto à técnica de colecta de dados

Quanto à técnica de colecta de dados usamos a analise documental.

Segundo Cervo & Bervian (2002, p. 48), o questionário “[…] refere – se a um meio
de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante
preenche”. Ele pode conter perguntas abertas e/ou fechadas. As abertas
possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maior familiaridade na
tabulação e análise dos dados.

 Classificação quanto à técnica de análise de dados

Quanto à técnica de análise de dados foi usada a estatística descriva.

As técnicas estatísticas descritivas, segundo Malhotra (2001), são utilizadas


quando há uma única medida de cada elemento na amostra ou quando, havendo
várias medidas de cada elemento, cada variável é estudada isoladamente.

26
Segundo Mattar (2001, p. 62), “os métodos descritivos têm o objectivo de
proporcionar informações sumarizadas dos dados contidos no total de elementos
da(s) amostra(s)”, as estatísticas descritivas utilizam as medidas de posição, que
servem para caracterizar o que é “típico” no grupo e de dispersão, que servem
para medir como os elementos estão distribuídos no grupo.

2.2. Apresentação, análise e discussão dos resultados da pesquisa

Criado a 14 de Novembro de 1996, o BAI é hoje um banco dinâmico que trabalha


com as mais modernas tecnologias.

Prestamos particular atenção à eficiência e personalização na abordagem ao


mercado, e trabalhamos para nos tornarmos parceiros indispensáveis do seu
negócio.

Empenhamo-nos no serviço atento às necessidades do segmento de Particulares,


oferecemos soluções inovadoras destinadas a apoiar as PME (Pequenas e
Médias Empresas) e somos uma referência incontornável entre os maiores
grupos empresariais do país.

Tem uma sólida equipa com profissionais dedicados e capacitados.

Desta forma garantimos a nossa presença nacional e internacional.

Contamos com 171 pontos de atendimento, sendo 132 agências, 10 Centros de


atendimento às empresas, 12 postos, 2 centros de serviços premium, 15 ATM
Centers e 1 canal não presencial, o BAI Directo.

Internacionalmente, o banco marca presença em Portugal, BAI Europa, em Cabo


Verde, BAI Cabo Verde, e com parcerias que asseguram o negócio BAI em S.
Tomé e Príncipe.

O BAI aposta numa oferta diversificada e distintiva, indo ao encontro das


necessidades financeiras dos seus clientes.

A criação de propostas de valor diferenciadas assenta no desenvolvimento


constante dos produtos e dos serviços disponibilizados, mas também, na adopção
de critérios de segmentação ajustados às características dos clientes.

27
O BAI prima por ser uma instituição sólida, com notoriedade de marca, que
participa activamente no processo de desenvolvimento e crescimento da
economia angolana, respondendo aos desafios e satisfazendo as necessidades
financeiras das famílias e empresas em Angola.

Para garantir esses objectivos, a Missão, Visão e Valores são fundamentais.

Missão
Ser o banco angolano de referência, comprometido em satisfazer as
necessidades financeiras dos seus parceiros de negócio, capaz de atrair, reter e
desenvolver as melhores competências profissionais e gerar um retorno atractivo
aos accionistas, actuando com ética e responsabilidade social.

Visão
Oferecer a melhor experiência bancária em Angola.

Valores

No BAI fazemos negócios com base nos nossos valores  comuns. O nosso
sucesso consubstancia-se nos nossos valores e estes, determinam as nossas
relações com os clientes e com os distintos parceiros de negócios.

2.2.1. Presença geográfica

O Banco encontra-se presente a nível nacional através de sete áreas de negócio,


com elevada notoriedade no mercado, seja por via de canais presencias e não
presenciais, e assente num plano de dinamização comercial que oferece uma
vasta gama de produtos e serviços financeiros que tem como objectivo, essencial,
cobrir as necessidades de clientes particulares e ajudar as empresas que
produzem bens e serviços que promovem o desenvolvimento da economia
nacional.

Figura nº 1 – representatividade do BAI em Angola

28
Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

Figura nº 2 – Organograma do Banco Angolano de Investimento

Fonte: Dados da pesquisa, 2022

29
2.2.2. Discussão dos resultados da pesquisa

Os dados da pesquisa foram obtidos mediante uma pesquisa documental,


visto que foram analisados arquivos e ficheiros postos a nossa disposição
pelo BANCO ANGOLANO DE INVESTIMENTO.

Gráfico nº 1 - Distribuição dos colaboradores por género

Fonte: Dados pesquisa

Gráfico nº 2 - Distribuição etária dos colaboradores

Fonte: Dados pesquisa


 Antiguidade e habilitações literárias

A estabilidade do vínculo laboral e a qualidade das condições laborais são


também demonstradas pela antiguidade dos colaboradores. Em 2022, 89% dos
colaboradores estavam há mais 5 anos na Instituição, mais 2% que no ano

30
anterior. Observou-se que 95% dos colaboradores com cargo de gestão tinham
mais de 5 anos de efectividade.

Gráfico nº 3 - Antiguidade

Fonte: Dados da pesquisa, 2022.


Relativamente às habilitações literárias, 55% dos colaboradores têm formação
superior, isto é, licenciatura, pós-graduação e/ou mestrado, o que representa um
aumento de 15% quando comparado com o período anterior. Adicionalmente,
verificou-se que 62% dos colaboradores que exercem cargos de gestão têm
formação superior.

Fonte: Dados da pesquisa, 2022

31
2.2.3. Actuação do BAI nas pequenas e médias empresas

Constamos que que no fecho do ano de 2022, registou-se um crescimento de 2%


da carteira de clientes para 8 288 clientes PME, com gestores de clientes
dedicados ao segmento. Com o apoio dos gestores de relacionamento foi
possível reforçar as acções de fidelização dos clientes compreendendo cada vez
melhor as necessidades dos mesmos, destacando o apoio financeiro para o
incremento da capacidade produtiva e de prestação de serviço das diferentes
iniciativas empresariais.

No decorrer do ano de 2022, foram aprovadas neste segmento 105 operações de


crédito, correspondente a 45 mil milhões de kwanzas, sendo que deste valor
encontra-se formalizado, até Dezembro de 2022, um total consolidado de 39 mil
milhões de kwanzas, que representa um crescimento na carteira de Crédito de
74,6% face ao período homólogo, Dezembro 2021, consolidando, assim, a
carteira do segmento PME no montante de 80 mil milhões de kwanzas.

No âmbito do Aviso n.º 10/2022, o Banco desembolsou 47 mil milhões de


kwanzas, fruto da contratação de 29 novas operações no ano, perfazendo assim
um total em carteira de 83 projectos financiados, no montante total desembolsado
de 85 mil milhões de kwanzas.

Figura nº 3 montante de projectos do aviso nº 10/2020

Fonte: Banco angolano de Investimento, 2022.

32
Gráfico nº 4 - Actividade PME (Mil Milhões De Kwanzas)

Fonte: Dados da pesquisa

Constatamos que o volume de negócio do PME atingiu os 79 mil milhões de


kwanzas, suportado pelos depósitos em 44 mil milhões de kwanzas e crédito no
montante de 35 mil milhões de kwanzas. O segmento registou de investimentos e
activos financeiros (IAF) 4 mil milhões de kwanzas.

Mediante a isto, é notório que a grande preocupação do BAI consubstancia


– se em satisfazer os desejos dos clientes proporcionando operações de
compra e venda de activos financeiros bem como o financiamento a
pequenas e medias empresas.

O banco angolano de investimento sendo uma instituição financeira e que


actua activamente no mercado tem o papel fundamental de efectuar trocas
de bens e serviços de forma livre, ajudando assim muitas empresas a se
manterem no mercado.

Sabendo que a grande função do mercado financeiro é aproximar os


investidores e os tomadores de recursos, ou seja os compradodores e os
vendedores, verificamos por meio das informações acima que o BAI
efectua com as pequenas e médias empresas operações de forma segura

33
e tanto o banco quanto as empresas são responsáveis pela realização
dessas operações.

Para além de oferecer recursos financeiros o Banco angolano de


investimento também facilita transacções de pagamentos e oferece créditos
às pequenas e médias empresas, ajudando na sua manutenção no
mercado.

34
CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma aprendizagem do


funcionamento do sistema financeiro, do mercado financeiro e suas partes
integrantes, dos intermediários financeiros e seus agentes económicos. Além
disso, também permitiu um estudo de caso para obter dados mais consistentes
sobre a temática que de facto permitiu-nos constatar que o mercado financeiro
auxilia no desenvolvimento das pequenas e médias empresas visto que de acordo
a nossa pesquisa documental verificou-se que no ano de 2022 o Banco Angolano
de Investimento financiou 83 projectos. Deste modo é possível comprovar que o
mercado financeiro interfere no desenvolvimento das pequenas e médias
empresas dando a estás recursos financeiros e facilitando as suas operações de
pagamentos.

Verifica – se que poupança e investimento são fundamentais para o crescimento


das PME´s, que o mercado financeiro é o melhor meio para canalização eficiente
da poupança e, por fim constatamos que o Banco Angolano de investimentos tem
um papel fundamental no desenvolvimento das empresas visto que proporciona
aos agentes deficitários liquidez imediata para fazer faça a desafios futuros.

35
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 5a. ed., São Paulo: Atlas, 2003.
CERVO, A. L. BERVIAN, P. A. Metodologia cientifica. 5. Ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MOREIRA, D. A. O método fenomenológico da pesquisa. São Paulo: Pionera
Thompson, 2002.
PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.
YIN, R. K. Estudo de caso: planeamento e métodos. 2. Ed. Porto alegre:
Bookman, 2001.

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