Você está na página 1de 45

INSTITUTO TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO-Nº 8055

“NOVA VIDA”

CURSO TÉCNICO DE CONTABILIDADE

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL

O PAPEL DA FISCALIDADE PARA A ORGANIZAÇÃO DAS


EMPESAS

LUANDA, 2023/2024
INSTITUTO TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO - Nº 8055
“NOVA VIDA”

CURSO TÉCNICO DE CONTABILIDADE

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL

O PAPEL DA FISCALIDADE PARA A ORGANIZAÇÃO DAS


EMPESAS

Prova de Aptidão Profissional apresentada junto do


Instituto Técnico de Administração e Gestão Nº 8055
“Nova Vida”, como requisito parcial para a obtenção
do grau de Técnico Médio em Contabilidade
Orientador: Pedro Muanza

LUANDA, 2023/2024

I
FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: Mauro Gabriel


Nº: 36
Curso: Contabilidade
Contato: 956233550
Morada: Golf 2
Cargo: Nenhum
Nome: Moisés Daniel
Nº: 37
Curso: Contabilidade
Contato: 947126252
Morada: Talatona
Cargo: Nenhum
Nome: Mosa Sebastião
Nº: 38
Curso: Contabilidade
Contato: 949443180
Morada: Golf 2
Cargo: Nenhum
Nome: Patrícia Da Rocha
Nº: 41
Curso: Contabilidade
Contato: 929501141
Morada: Kilamba
Cargo: Líder
Nome: Pedro Sali
Nº: 42
Curso: Contabilidade
Contato: 931036763
Morada: Golf 2
Cargo: Nenhum

II
INSTITUTO TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO - Nº 8055
“NOVA VIDA”

CURSO TÉCNICO DE CONTABILIDADE E GESTÃO PROVA

DE APTIDÃO PROFISSIONAL

O PAPEL DA FISCALIDADE PARA A ORGANIZÃO DAS EMPESAS

MESA DE JÚRI

_________________________________________________
(Presidente)

_________________________________________________
(1º Vogal)

_________________________________________________
(2º Vogal)

Aprovado em_______ de ______________de 2024.

III
EPÍGRAFE

“A educação é a arma mais poderosa que

você pode usar para mudar o mundo” .

Nelson Mandela

IV
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a todas as pessoas que foram verdadeiros faróis de luz em nossa
jornada conjunta, iluminando nossos caminhos nos momentos de dúvida e incerteza. Às nossas
famílias, pelo amor incondicional e apoio inabalável, que nos proporcionaram a força necessária
para perseguir nossos sonhos coletivamente. Aos nossos amigos, por sua compreensão e incentivo,
e por todos os momentos de alegria que ajudaram a aliviar o peso dos desafios enfrentados.

Um agradecimento especial ao nosso orientador, Pedro Muanza, cuja sabedoria e orientação


foram fundamentais nesta caminhada. Sua paciência, conhecimento e apoio não apenas
enriqueceram este trabalho, mas também nos proporcionaram lições valiosas para a vida. A cada
professor e mentor que cruzou nosso caminho, contribuindo para o nosso crescimento pessoal e
profissional.

V
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, somos imensamente gratos às nossas famílias, pelo amor
incondicional, apoio e compreensão durante todo o período de estudos. Seus incentivos
constantes foram fundamental para superar os momentos mais desafiadores.

Agradecemos profundamente ao nosso orientador, Pedro Muanza, pela


paciência, sabedoria e orientação. Suas críticas construtivas e direcionamento não
apenas enriqueceram este trabalho, mas também contribuíram significativamente para o
nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Também gostaríamos de agradecer aos professores e funcionários do [ITAG],


que proporcionaram um ambiente de aprendizado excepcional e sempre estiveram
disponíveis para oferecer suporte e orientação.

Aos nossos colegas e amigos, obrigado por todos os momentos compartilhados,


pelas discussões enriquecedoras e pelo companheirismo. Vocês tornaram essa jornada
muito mais agradável e significativa.

Um agradecimento especial a todos os participantes e colaboradores do projeto,


cujas contribuições foram indispensáveis para a realização deste trabalho.

A todos o nosso muito obrigado!

VI
SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CII - Código do Imposto Industrial

CIRT – Código do Imposto Sobre o Rendimento Do Trabalho

IAC – Imposto sobre Aplicação de Capital

II – Imposto Industrial

IP – Imposto Predial

IRT – Imposto sobre o Rendimento de Trabalho

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

VII
RESUMO
No presente trabalho iremos abordar de maneira clara e objectiva a evolução
histórica da fiscalidade, desde seu surgimento até os dias atuais. No Capítulo 1,
examinamos os fundamentos da fiscalidade e seu desenvolvimento ao longo do tempo,
destacando seu papel na estruturação das empresas e na regulação das relações
econômicas. Analisamos como a fiscalidade evoluiu para se tornar um componente
essencial das políticas públicas em todo o mundo.

No Capítulo 2, aprofundamos o histórico dos impostos, desde suas origens até


os modelos conceituais atuais. Investigamos como os impostos foram definidos ao
longo da história, desde tributos simples até aos sistemas fiscais complexos, e como,
esses conceitos moldaram as práticas fiscais atuais. Exploramos as diferentes categorias
de impostos e seu impacto na sociedade.

No Capítulo 3, apresentamos um estudo de caso detalhado sobre o


preenchimento dos modelos tributários, com foco especial no Imposto sobre o
Rendimento de Trabalho (IRT). Analisamos os procedimentos e requisitos para o
preenchimento correto dos modelos tributários, destacando os desafios e as melhores
práticas para garantir a conformidade fiscal. Este estudo de caso oferece percepções
valiosas para empresas e profissionais que lidam com questões tributárias em Angola,
fornecendo orientações práticas para otimizar o cumprimento das obrigações fiscais.

VIII
ABSTRACT
In the present work, we will address in a clear and objective manner, the
historical evolution of taxation, from its inception to the present day. In Chapter 1, we
examine the foundations of taxation and its development over time, highlighting its role
in structuring societies and regulating economic relations. We analyze how taxation has
evolved to become an essential component of public policies worldwide.

In Chapter 2, we delve into the history of taxes, from their origins to the current
conceptual models. We investigate how taxes have been defined throughout history,
from simple tributes to complex fiscal systems, and how these concepts have shaped
current tax practices. We explore the different categories of taxes and their impact on
society.

In Chapter 3, we present a detailed case study on the completion of tax models,


with a special focus on the Income Tax on Labor (IRT). We analyze the procedures and
requirements for correctly filling out the tax models, highlighting the challenges and
best practices to ensure tax compliance. This case study offers valuable insights for
businesses and professionals dealing with tax issues in Angola, providing practical
guidance to optimize compliance with tax obligations.

IX
ÍNDICE
EPÍGRAFE..................................................................................................................................

DEDICATÓRIA...........................................................................................................................

AGRADECIMENTOS................................................................................................................

SIGLAS E ABREVIAÇÕES.....................................................................................................

RESUMO..................................................................................................................................

ABSTRACT................................................................................................................................

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................

PROBLEMA DE PESQUISA.....................................................................................................

OBJETIVOS................................................................................................................................

DELIMITAÇÃO DO TEMA......................................................................................................

JUSTIFICATIVA........................................................................................................................

CAPÍTULO 1. O SURGIMENTO DA FISCALIDADE E A SUA EVOLUÇÃO.....................

1.1. Origens Históricas E Desenvolvimento Da Fiscalidade...........................................

1.2. A Fiscalidade em Angola.........................................................................................

1.3. A Relação Da Fiscalidade Com A Contabilidade.....................................................

1.4. Conceito de empresa e suas dimensões....................................................................

1.5. Funcionamento Organizacional Das Empresas Do Ponto De Vista Fiscal..............

1.6. A importância da Fiscalidade nas Empresas............................................................

1.7. Sistema Fiscal Angolano..........................................................................................

CAPÍTULO 2. HISTORIAL DOS IMPOSTOS E SUA CONCEITUALIZAÇÃO...................

2.1 Historial Dos Imposto A Nível Mundial..................................................................

2.2 Historial dos Impostos em Angola...........................................................................

2.3 Conceito E Desenvolvimento De Impostos..............................................................

2.4 As fases do Imposto..................................................................................................

2.5 Tipos de impostos.....................................................................................................

2.5.1. Imposto Industrial (II)........................................................................................

2.5.2. Imposto Predial (IP)...........................................................................................


X
2.5.3. Imposto Sobre O Valor Acrescentado (IVA).....................................................

2.5.4. Imposto Sobre Aplicação De Capitais (IAC).....................................................

2.5.5. Imposto Sobre Rendimento Do Trabalho (IRT)................................................

2.5.5.1. Incidência Objectiva.......................................................................................

2.5.5.2. Incidência Subjectiva......................................................................................

2.5.5.3. Grupos de Tributação......................................................................................

2.5.5.4. Não Sujeição...................................................................................................

2.5.5.5. Isenção............................................................................................................

2.5.5.6. Determinação da Matéria Colectável..............................................................

2.5.5.7. Taxa.................................................................................................................

2.5.5.8. Liquidação.......................................................................................................

2.5.5.9. Pagamento e Entrega.......................................................................................

2.5.5.10. Penalidades Em Sede de IRT........................................................................

IRT (Imposto sobre rendimento de trabalho).....................................................................

CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO (PREENCHIMENTO DOS MODELOS


TRIBUTÁRIOS)..............................................................................................................................

3.1 Apresentação da empresa.........................................................................................

3.2 Demonstração no Razão...........................................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................

XI
INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca uma compreensão profunda do impacto das políticas


de ajustamento fiscal, com foco especial no Imposto sobre o Rendimento de Trabalho
(IRT), no funcionamento das empresas. Tendo como estudo de caso concentrado no
preenchimento do modelo tributário, visando elucidar conceitos e interpretar as
obrigações fiscais que as empresas enfrentam para manter uma organização fiscal
eficiente em suas operações. A pesquisa explora a complexa evolução histórica da
tributação, destacando a relevância crítica dos impostos e da gestão fiscal para a
sustentabilidade e operação eficaz das empresas.

A análise minuciosa abordará a interconexão entre a fiscalidade e a estrutura


organizacional no contexto angolano, delineando a importância dos impostos e da
gestão fiscal ao longo do tempo. A pesquisa reconhece o papel vital da fiscalidade na
vida empresarial, influenciando desde as obrigações fiscais até a tomada de decisões
estratégicas.

O cumprimento rigoroso das obrigações fiscais emerge como um elemento


essencial para a funcionalidade e sustentabilidade das empresas, envolvendo o
pagamento de impostos, emissão de notas fiscais, manutenção de registos
contabilísticos e entrega de declarações fiscais. Em síntese, a fiscalidade é uma peça-
chave na organização empresarial, moldando diferentes aspectos do seu panorama
operacional.

12
PROBLEMA DE PESQUISA

O sistema fiscal angolano tem feito reformas que visam torná-lo maior no que à
base de contribuição diz respeito e atractiva relativamente à adesão dos contribuintes e,
mais importante do que isso tornar-se no maior angariador de receitas para o
Orçamento Geral do Estado.

Tendo em vista as mudanças introduzidas no Sistema Fiscal Angolano no âmbito


da Reforma Tributária, temos a seguinte pergunta de partida:

Como as políticas de ajustamento fiscal, especialmente referentes ao IRT, têm


influenciando no funcionamento organizacional das empresas?

HIPÓTESE

 As políticas de ajustamento fiscal não têm influenciado no funcionamento


organizacional das empresas;

 Acredita-se que um entendimento aprofundado das políticas de ajustamento fiscal,


especificamente em relação ao Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT), pode
influenciar significativamente o funcionamento organizacional das empresas,
contribuindo para uma gestão mais eficaz dos recursos financeiros e uma
conformidade fiscal adequada

 As políticas de ajustamento fiscal têm influenciado no funcionamento organizacional


das empresas;

 O imposto sobre o rendimentode de trabalho, pode influenciar o sistema


contabilístico;

13
OBJETIVOS

 GERAL

Compreender como as políticas de ajustamento fiscal têm influenciado no


funcionamento organizacional das empresas, tendo como estudo de caso o preenchimento do
modelo tributário do imposto sobre o rendimento de trabalho.

 ESPECÍFICOS

I. Compreender a relação da fiscalidade e a contabilidade;


II. Definir conceitualmente empresa;
III. Falar do sistema fiscal angolano;
IV. Importância da fiscalidade para o setor empresarial;
V. Abordar sobre os impostos com foco principal o “IRT”.

14
DELIMITAÇÃO DO TEMA

O nosso trabalho está delimitado no contexto da Consultoria E Investimentos


Em Finanças, especificamente no que diz respeito ao modelo do Imposto sobre o
Rendimento de Trabalho (IRT) e sua relação com o modelo 2 do grupo A, e ao mapa
anual do imposto sobre o rendimento de trabalho associado ao grupo A.

15
JUSTIFICATIVA

A fiscalidade na organização empresarial em Angola, destacando a evolução


histórica da tributação e a relevância dos impostos e da gestão fiscal para o funcionamento e
a sustentabilidade das organizações, tem desempenhando um papel vital na vida
empresarial, afetando diversos aspectos.

Em Angola o sistema fiscal tem passado por diversas transformações, ao longo dos
anos é moldado de acordo com o contexto socioeconômico do país.

As políticas fiscais são um dos instrumentos que o Estado tem utilizado com o
objetivo de redistribuição da riqueza e na tentativa de aproximar a economia do pais de
um modelo de mercado. Trata-se de uma política pública com impacto na sociedade,
pois os impostos arrecadados permitem ao Estado desenvolver investimentos e
assegurar a despesa corrente, de que toda a sociedade angolana se beneficiará.

Um sistema extremamente complexo e interessante, por esses motivos surgiu o


interesse e a necessidade de estudarmos e compreendermos melhor sobre esses temas
podendo assim aumentar o nosso grau de conhecimento sobre o mesmo

METODOLOGIA DE PESQUISA

No que diz respeito a abordagem de pesquisa, o grupo optou por uma abordagem
qualitativa devido a problemática levantada.

A abordagem qualitativa foi a escolhida pois:

I. A abordagem qualitativa baseia-se em dados históricos e reais;


II. Abordamos aspectos históricos e evolutivos da fiscalidade em Angola e no mundo;
III. Falamos sobre a influência da fiscalidade na organização das empresas;
IV. E o grupo consultou canais de informação como, internet, livros, etc.

16
CAPÍTULO 1. O SURGIMENTO DA FISCALIDADE E A SUA EVOLUÇÃO

1.1. Origens Históricas E Desenvolvimento Da Fiscalidade

O surgimento da Fiscalidade está intrinsecamente ligado à necessidade de


financiar actividades governamentais, como defesa, construção de infra-estrutura e
administração pública. À medida que as sociedades evoluíram e as estruturas de governos
se tornaram mais complexas, os sistemas fiscais também se desenvolveram para atender
às crescentes demandas.

Ao longo da história, diferentes civilizações implementaram várias formas de


tributação para sustentar o funcionamento do estado. A Fiscalização continuou a evoluir
com as mudanças sociais, políticas e económicas, moldando-se de acordo com as
necessidades e características de cada época e região.

A fiscalidade refere-se ao conjunto de normas e princípios relacionados com


arrecadação de receitas governamentais por meio de impostos, taxas e contribuições. Ela
abrange a legislação fiscal, as políticas tributárias e a administração dos tributos pelas
autoridades competentes. Ou seja, a fiscalidade trata dos aspectos legais e práticos
ligados à tributação em um determinado país

1.2. A Fiscalidade em Angola

A história da fiscalidade em Angola está ligada ao seu passado colonial e ao


desenvolvimento após a independência em 1975. Durante o período colonial, Angola era
uma colónia de Portugal, e sistemas fiscais foram estabelecidos para financiar a
administração colonial. Impostos eram aplicados a diversas actividades, incluindo a
exploração dos recursos naturais.

Com a independência do país, alcançada a 11 de Novembro de 1975 o estado


Angolano fez um corte radical ao sistema tributário do período colonial. A filosofia de
receita passou a nortear-se pelo princípio de que os lucros das empresas do estado eram a
principal fonte de receitas do estado, o governo angolano buscou desenvolver seus
próprios sistemas fiscais para atender às necessidades do país.

A instabilidade causada pela guerra civil que se seguiu à independência


apresentou desafios significativos para o estabelecimento de um sistema tributário eficaz.
17
1.3. A Relação Da Fiscalidade Com A Contabilidade

No entanto a própria relação entre a contabilidade e a fiscalidade pode ser


caracterizada entre ambas, sendo que a separação destas duas áreas implica custos
elevados para as empresas de menor dimensão.

A área fiscal administra as questões Tributárias Que envolvem as relações e


operações de compra e venda de uma empresa. O sector da contabilidade reúne dados
para apontar a situação financeira e patrimonial da empresa.

A problemática da relação entre a contabilidade e a fiscalidade tem a sua gêneses


na influência que, uma pode exercer sobre a outra designadamente no âmbito da
definição contabilística e de tributação sobre o rendimento ou as despesas de uma forma
geral.

Os sistemas contabilísticos e fiscais actualmente vigente, refletem, em maior ou


menor medida a consagração da autonomia entre a contabilidade e a fiscalidade,
justificada pela disparidade de interesse e objectivos.

A contabilidade, enquanto o sistema de informação para a gestão da empresa é


simultaneamente uma ciência e uma prática que incorpora a totalidade do registo, factos e
transacções, em unidade monetárias, com o fim de reconhecer de uma forma completa
todos os movimentos em valor e quantidade, efectuados no âmbito da actividade de uma
empresa. Logo serve de suporte básico para a determinação do lucro ou prejuízo de um
período e para o comprimento das suas obrigações fiscais.

Partindo a fiscalidade desse resultado para chegar a matéria coleta torna-se


incontornável a relação entre ambas, não impedindo, contudo, que as mesmas
percorreram um caminho não inteiramente coincidente. A fiscalidade influência a
determinação do resultado contabilístico, bem como as correcções a efectuar na
determinação do resultado fiscal.

Tanto a Contabilidade e a Fiscalidade elas exercem cada uma das suas funções as
principais funções da Contabilidade são:

18
Registar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do
património em virtude da actividade económica ou social que a empresa exerce no
contexto econômico.

A principal função da fiscalidade é a Arrecadação de valores para subsidiar as


despesas públicas.

1.4. Conceito de empresa e suas dimensões

O termo empresa tem raízes na palavra latina "imprehensa", sugerindo algo


empreendido ou iniciado com ousadia. O empreendedor, nesse contexto, destaca-se por
sua atitude ativa, diligente e arriscada, comprometendo-se totalmente com um projeto e
aceitando os riscos inerentes, impulsionado por um espírito inovador.

Economistas, sociólogos, juristas e gestores contribuíram para a conceituação da


empresa. Do ponto de vista jurídico, ela transcende a mera organização de meios de
produção, adquirindo uma entidade jurídica própria, dotada de direitos e obrigações. Sob
uma perspectiva sociológica, a empresa é considerada um corpo social, uma corporação
que busca conciliar interesses, interagindo com o ambiente social.

A empresa, em sua essência, é um organismo composto por recursos humanos,


materiais e financeiros organizados para a produção e distribuição de bens e serviços,
visando satisfazer diversas necessidades da comunidade. Seus objetivos incluem a
maximização de lucros, consolidação do patrimônio, crescimento do negócio,
estabilidade e capacidade financeira. Além disso, a empresa possui finalidades
econômicas e sociais, inserindo-se como um agente ativo na sociedade.

Quanto à classificação, as empresas variam em sua forma jurídica, propriedade do


capital, dimensão e setor de atividades. Juridicamente, podem ser empresas individuais,
sociedades em nome coletivo, sociedades por quotas, sociedades anônimas ou sociedades
em comandita. Quanto à propriedade do capital, podem ser públicas, privadas ou de
capitais mistos. Quanto à dimensão, classificam-se como microempresas, pequenas,
médias, grandes ou multinacionais. Por fim, no setor de atividades, podem ser
comerciais, industriais ou de prestação de serviços. A complexidade e versatilidade
dessas categorias refletem a diversidade e a vitalidade do mundo empresarial.

19
1.5. Funcionamento Organizacional Das Empresas Do Ponto De Vista Fiscal

A fiscalidade refere-se ao conjunto de normas e princípios relacionados com a


tributação e as finanças públicas.

Ela abrange as leis, regulamentos e políticas que determinam como os impostos e


outras receitas governamentais são arrecadados e gerenciados. Por este motivo o governo
está sempre a criar novas medidas fiscais com o objetivo de equilibrar as finanças
públicas, geralmente visando reduzir déficits orçamentários e controlar a dívida pública,
isso pode envolver cortes de gastos, aumento de impostos ou outras ações para melhorar
a saúde financeira do estado.

No entanto as alterações dessas medidas emplementadas pelo estado do ponto de


vista fiscal podem afetar as empresas positivamente e negativamente.

Os ajustes fiscais podem afetar positivamente as empresas ao proporcionar


redução de carga tributária, o que aumentará a eficiência operacional, minimizando riscos
e proporcionando uma base financeira mais sólida podendo resultar em maior
lucratividade e competitividade no mercado. E negativamente como aumento da carga
tributária, redução da lucratividade e complexidade na gestão financeira.

Por isso as empresas devem ter uma boa organização fiscal, e isso envolve
diversos aspectos como, registro adequado, pagamento de impostos e conformidade com
regulamentações locais. E recomenda-se que a empresa mantenha registros precisos,
cumpra prazos fiscais, e busque a orientação de profissionais de contabilidade para
garantir conformidade e otimização fiscal.

Uma empresa deve se organizar fiscalmente através de práticas como:

a) Registro Contabilisticos: Manter registros precisos de transações financeiras.


b) Pagamento de Tributos: Cumprir regularmente com obrigações tributárias, pagando
impostos, contribuições e taxas nos prazos estipulados.
c) Contabilidade Organizada: Ter uma contabilidade organizada para gerar relatórios e
demonstrações financeiras.
d) Profissionais Especializados: Contar com profissionais no ramo contabilistico
qualificados para auxiliar na interpretação e aplicação das leis fiscais
20
e) Atualização Periódica: Manter-se atualizado sobre mudanças na legislação fiscal que
possam impactar a empresa
f) Planejamento Tributário: Realizar planejamento tributário para otimizar os custos
fiscais, dentro dos limites legais

Essas mudanças nas leis fiscais podem exigir ainda adaptações nos processos
contabilisticos e no planejamento tributário, o que pode ser custoso e afetar a eficiência
operacional da empresas. Além disso, medidas fiscais mais rigorosas podem diminuir a
competitividade das empresas, especialmente aquelas que já enfrentam desafios
económicos.

1.6. A importância da Fiscalidade nas Empresas

A fiscalidade nas empresas é crucial por diversas razões. Em primeiro lugar, os


impostos são uma fonte significativa de receita para o governo, contribuindo para
financiar serviços públicos essenciais.

Além disso, o cumprimento das leis fiscais é fundamental para evitar penalidades
legais e garantir a estabilidade financeira da empresa.

A gestão eficiente da fiscalidade também influencia as decisões estratégicas,


permitindo uma alocação adequada de recursos e uma melhor avaliação do desempenho
financeiro. Portanto, a fiscalidade desempenha um papel vital na sustentabilidade e na
conformidade das empresas.

Com base na informação financeira fundamentada, os gestores podem tomar


decisões respeitantes à rentabilidade e risco, à estrutura financeira das entidades e à sua
liquidez e actividade, a fim de saberem se as entidades são capazes de sobreviverem a um
choque aleatório imprevisto e desfavorável.

1.7. Sistema Fiscal Angolano

Chama-se Sistema Fiscal ao conjunto dos impostos vigentes num determinado país e
aos órgãos do Estado que têm a função de administrar estes impostos.

Na generalidade dos ordenamentos jurídicos, e desde os primórdios da tributação


sobre o rendimento das sociedades, o direito tributário utiliza a contabilidade como um
21
instrumento para proceder à determinação do rendimento tributável, sendo que esta relação
aparece formalmente estabelecida na legislação.

Como já anteriormente referido, o ordenamento jurídico angolano nos termos da


legislação fiscal em vigor no país, estabelece as normas pelas quais a contabilidade deve se
pautar no que concerne a sua actuação e procedimentos fiscais a utilizar para o apuramento
da matéria colectável, seguindo uma tendência quase similar aos demais países continentais.

A estrutura e o funcionamento do sistema fiscal angolano resultam da conjugação de


vários factores sendo uns de natureza económica e outros de natureza política e jurídica dos
quais se destacam os seguintes:

a. A estrutura económica
b. O regime colonial
c. O período pós - independência

No regime geral de tributação, podemos dividir o período pós-independência em


três fases: fase Pré-Reforma Fiscal, Fase da Reforma Fiscal e Fase Pós- Reforma
Fiscal.

22
CAPÍTULO 2. HISTORIAL DOS IMPOSTOS E SUA CONCEITUALIZAÇÃO

2.1 Historial Dos Imposto A Nível Mundial

Os impostos têm uma longa história que remonta a civilizações antigas. No Egipto
antigo, por exemplo, havia impostos sobre propriedades e bens. Na Roma antiga, os impostos
eram aplicados sobre heranças, vendas e propriedades. Durante a Idade Média na Europa, os
senhores feudais cobravam impostos dos camponeses em troca de protecção e uso da terra.
No século XVII, Inglaterra introduziu o imposto moderno, com a implementação do imposto
sobre renda.

No entanto, o sistema tributário moderno começou a tomar forma nos séculos XVII e
XVIII, especialmente com a Revolução Industrial. Com o aumento da actividade económica e
do comércio, os governos começaram a implementar impostos sobre renda, consumo e
propriedade para financiar suas operações.

No século XX, especialmente após as duas guerras mundiais, os impostos tornaram-se


uma fonte crucial de receita para os governos, financiando programas de bem-estar social,
infra-estrutura e serviços públicos. A globalização também teve um impacto significativo nos
sistemas fiscais, com acordos internacionais para evitar a evasão fiscal e a transferência de
lucros para paraísos fiscais.

Actualmente, os sistemas fiscais variam amplamente em todo o mundo, com diferentes


países aplicando diferentes tipos e níveis de impostos, dependendo de suas políticas
económicas e necessidades orçamentárias.

2.2 Historial dos Impostos em Angola

O sistema de impostos em Angola tem suas raízes no período colonial, quando o país
era uma colónia portuguesa. Durante o domínio português, os colonizadores impuseram
vários tipos de impostos sobre a população local, incluindo impostos sobre terras, produção
agrícola e outras actividades económicas. Esses impostos eram uma fonte importante de
receita para o governo colonial e eram usados para financiar as operações administrativas e
económicas na colónia.

Após a independência de Angola em 1975, o governo angolano começou a


desenvolver seu próprio sistema tributário para sustentar as operações do Estado. Foram
introduzidos impostos sobre a renda das pessoas e das empresas, impostos sobre o valor

23
acrescentado (IVA) e impostos sobre a exploração de recursos naturais, como petróleo e
diamantes. Estes impostos são destinados a financiar programas de desenvolvimento
económico e social no país.

O sistema tributário angolano tem evoluído ao longo dos anos para se adaptar às
mudanças na economia do país e para garantir uma fonte estável de receitas para o governo.
É importante notar que o contexto político, económico e social de Angola influenciou a
forma como o sistema de impostos foi desenvolvido e implementado ao longo do tempo.

2.3 Conceito E Desenvolvimento De Impostos

“Imposto é uma prestação pecuniária, definitiva, unilateral, estabelecida por


Lei, sem o carácter de sanção, exigida pelo Estado a particulares, para a realização
de fins públicos”

Desta definição resultam as seguintes características do imposto:

O Imposto é uma prestação pecuniária: Em regra o imposto é pago em dinheiro.


Daí que o conceito de imposto esteja associado ao dinheiro.

É uma prestação Definitiva: Tal significa que as importâncias pagas pelo


devedor do Imposto não são restituíveis salvo se tiverem sido indevidamente tributadas
ou se tiver pago um valor superior ao devido.

O Imposto é uma prestação unilateral: O Estado não tem a obrigação de dar


qualquer contrapartida individual ao Contribuinte pelo facto de pagar os Impostos a que
está sujeito.

O Imposto é estabelecido por Lei: A obrigação do Imposto decorre de uma


exigência estabelecida na Lei, ou seja, a obrigação Tributária baseia-se numa norma
legal (Princípio da Legalidade). Se assim não fosse o lançamento e cobrança de Imposto
poderia estar sujeito à critérios subjectivos dos funcionários e demais agentes do Estado.

O Imposto não é uma sanção: A obrigação do Imposto não constitui uma


penalidade aplicada ao contribuinte.

24
É uma prestação exigida pelo Estado: A obrigação do imposto é estabelecida
por uma entidade pública (Estado) pelo facto de ser titular do Poder Tributário que é
uma manifestação de soberania (Poder de império) que se caracteriza pela possibilidade
de incorporar ou suprimir Impostos na ordem jurídica existente no país.

2.4 As fases do Imposto

O estabelecimento do Imposto comporta quatro etapas ou fases fundamentais que são:

 O lançamento: É um conjunto de operações administrativa cujo a finalidade é a


identificação do Contribuinte e da Matéria colectável.

 A Liquidação: Consiste numa operação aritmética que visa quantificar o Imposto devido
pelo contribuinte.

 A cobrança: É um processo administrativo que leva o contribuinte a pagar a sua divida. A


cobrança pode ter um carácter amigável (administrativa) ou coercivo.

A Cobrança amigável realiza-se dentro do prazo que a Lei estabelece para o


pagamento do Imposto e consiste no contacto periódico com Contribuinte avisando-o a
divida fiscal que sobre si impende e a data limite para a sua regularização.

Já a Cobrança coerciva é a que mais realizada com a intervenção de um órgão de


aplicação da Justiça Fiscal (Tribunal de Execuções Fiscais) quando o contribuinte não
regulariza a sua divida nos prazos estabelecidos.

 O Pagamento: É um conjunto de operações financeiras, em virtude das quais a


quantia monetária do Imposto passa do património do Contribuinte para os cofres do
Estado extinguindo-se a divida.

O pagamento pode ser voluntário, quando o contribuinte efectua a entrega da


quantia do Imposto nos cofres do Estado dentro do prazo estabelecido por Lei. Pode ser
também coercivo quando o Contribuinte se furta ao pagamento do Imposto liquidado
dentro do prazo estabelecido.

25
2.5 Tipos de impostos

De acordo o Código Fiscal Angolano, existem vários tipos de impostos que se


aplicam ao sector empresarial em Angola. Alguns dos principais tipos de impostos para
empresas são:

o Imposto Industrial (II)


o Imposto Predial (IP)
o Imposto Sobre O Valor Acrescentado (IVA)
o Imposto Sobre A Aplicação De Capitais (IAC)
o Imposto Sobre O Rendimento De Trabalho (IRT)

1.7.1. Imposto Industrial (II)

O Imposto Industrial (II) em Angola incide sobre os lucros oriundos de


atividades comerciais ou industriais, abrangendo até mesmo setores como exploração
agrícola, pesca, agenciamento e representação contratual. Sujeitos passivos incluem
entidades públicas ou privadas, sediadas no território angolano, com diversas atividades
tributáveis.

O II opera em regimes geral e simplificado, sendo tributados aqueles com base


em declarações fiscais e demonstrações financeiras. Isenções são concedidas a
companhias de navegação marítima ou aérea, sob a condição de reciprocidade em seus
países de origem. As taxas variam, com a taxa geral do II fixada em 25%, enquanto
atividades agrícolas gozam de uma taxa reduzida de 10%, e setores específicos, como
bancos, seguros, telecomunicações e empresas petrolíferas, enfrentam uma taxa única
de 35%. Essa diversidade de taxas e regimes contribui para uma estrutura tributária
abrangente em Angola.

1.7.2. Imposto Predial (IP)

O Imposto Predial (IP) em Angola incide sobre o valor patrimonial ou renda de


prédios urbanos e rústicos, bem como sobre transmissões gratuitas ou onerosas de bens
imóveis. A taxa do IP varia conforme a natureza do imóvel: 0,6% para terrenos
destinados à construção, 25% para prédios arrendados e 2% sobre a transmissão de
26
bens imóveis. Prédios desocupados há mais de um ano e terrenos não utilizados
conforme critérios específicos enfrentam uma tributação adicional de 50%.

A liquidação do IP, seja sobre detenção ou renda, ocorre anualmente, com


pagamento até o último dia útil de março, podendo ser parcelado em seis prestações, a
pedido do sujeito passivo. As obrigações declarativas recaem sobre diversos atores,
desde Administrações Municipais até serviços consulares, visando assegurar o
cumprimento rigoroso das normas fiscais. Com essa abordagem, o IP se destaca como
uma peça fundamental na estrutura fiscal angolana, influenciando diretamente o
cenário imobiliário e as transações de propriedades no país.

1.7.3. Imposto Sobre O Valor Acrescentado (IVA)

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em Angola incide sobre


transmissões de bens, prestações de serviços no território nacional e importações. Este
imposto opera em diferentes regimes, como o geral, simplificado e de exclusão, cada
um com suas especificidades em termos de volume de negócios e taxas aplicáveis.

No regime geral, a taxa padrão é de 14%, enquanto no regime simplificado,


aplicado a contribuintes com volume de negócios entre AKZ 10.000.000,00 e Kz:
350.000.000,00, a taxa é de 7%. O regime de exclusão isenta aqueles com volume de
negócios até Kz.: 10.000.000,00. Os sujeitos passivos do IVA incluem indivíduos,
entidades comerciais, importadores, e até mesmo o Estado em certos contextos.

As taxas variam de acordo com as operações, destacando-se 5% para


importações e transmissões de bens específicos, e 2% para transmissões em Cabinda. A
liquidação do IVA é responsabilidade dos sujeitos passivos, dos Serviços Aduaneiros
para importações e da Administração Geral Tributária para liquidação oficiosa. Essa
complexidade proporciona uma estrutura tributária abrangente, refletindo a diversidade
das atividades econômicas em Angola.

1.7.4. Imposto Sobre Aplicação De Capitais (IAC)

O Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) em Angola incide sobre


rendimentos provenientes da aplicação de capitais, dividindo-se em duas secções, A e
B. Na Secção A, abrangendo juros de capitais mutuados e rendimentos de contrato de
27
crédito, a taxa de tributação é de 15%. Na Secção B, que inclui lucros atribuídos a
sócios e accionistas de sociedades, a taxa é geralmente de 10%, com exceções para
rendimentos admitidos à negociação em mercado regulamentado e rendimentos
atribuídos como indemnização pela suspensão da atividade, estes tributados a 5%.

A liquidação do IAC varia entre as secções. Na Secção A, os titulares dos


rendimentos realizam a liquidação, enquanto, na Secção B, a responsabilidade recai
sobre as entidades pagadoras dos rendimentos. O prazo de pagamento é até o último dia
do mês seguinte ao do imposto, e as obrigações declarativas devem ser cumpridas até o
final de janeiro do ano subsequente. Em resumo, o IAC desempenha um papel crucial
no panorama fiscal angolano, com diferentes taxas aplicáveis a cada secção, exigindo
uma compreensão detalhada para garantir conformidade e gestão eficiente dos capitais.

1.7.5. Imposto Sobre Rendimento Do Trabalho (IRT)

1.7.5.1. Incidência Objectiva

O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (IRT) incide sobre os


rendimentos dos trabalhadores por conta própria (profissionais liberais, comerciais e
industriais) ou por conta de outrem (trabalhadores dependentes).

Para efeitos deste imposto, constituem rendimentos do trabalho todas as


remunerações percebidas a título de ordenados, vencimentos, salários, honorários,
avenças, gratificações, subsídios, prémios, comissões, participações, senhas de
presença, emolumentos, participações em multas, custas e outras remunerações
acessórias.

1.7.5.2. Incidência Subjectiva

O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (IRT) é devido pelas pessoas


singulares, quer residam, quer não, em território nacional, cujos rendimentos sejam
obtidos por serviços prestados, directa ou indirectamente, a pessoas singulares ou
colectivas com domicílio, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável no país.

Consideram-se sempre rendimentos obtidos no país derivados de:

28
Actividades dos tripulantes dos navios ou aeronaves pertencentes a empresas que
possuam no território nacional sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável no país;

Actividades dos titulares de cargo de gerência, administração e órgãos sociais de


sociedades que tenham sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável no país.

1.7.5.3. Grupos de Tributação

Os rendimentos do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho dividem-se em três


Grupos de tributação: A, B e C.

Grupo A: Neste grupo incluem-se:

-Todas as remunerações percebidas pelos trabalhadores por conta de outrem e


pagas por uma entidade patronal, por força de vínculo laboral como definido nos
termos da Lei Geral do Trabalho;

-Os rendimentos dos trabalhadores cujo vínculo de emprego se encontra regulado


pelo Regime Jurídico da Função Pública;

-Os rendimentos auferidos por titulares dos órgãos sociais das pessoas colectivas;

Grupo B: Neste grupo incluem-se todas as remunerações percebidas pelos


trabalhadores por conta própria que desempenhem, de forma independente, actividades
constantes da lista de profissões anexa ao presente Código.

Grupo C: Neste grupo incluem-se todas as remunerações percebidas pelo


desempenho de actividades industriais e comerciais, que se presumem, todas as
constantes na Tabela de lucros mínimos em vigor.

1.7.5.4. Não Sujeição

Não estão sujeitas ao IRT:

-As prestações sociais pagas pelo Instituto Nacional da Segurança Social no âmbito da
protecção social obrigatória, nos termos da lei;

29
-O abono de família, pago pela entidade empregadora, em montante que não
ultrapasse o limite máximo de 5% do ordenado base mensal do trabalhador, excluídos
os trabalhadores sujeitos ao regime remuneratório da função pública;

-As contribuições para a segurança social;

-Os salários e outras remunerações devidas, até ao limite de Kz 100 000,00


(cem mil kwanzas) aos trabalhadores eventuais agrícolas nacionais e aos trabalhadores
domésticos contratados directamente por pessoas singulares ou agregados familiares e
inscritos na Segurança Social;
-Os subsídios atribuídos por lei aos cidadãos nacionais portadores de deficiências
motoras, sensoriais e mentais;

-Os subsídios diários, os subsídios de representação, os subsídios de viagem e


deslocação atribuídos aos funcionários do Estado, que não ultrapassem os limites
estabelecidos na legislação específica;

-Os subsídios diários de alimentação atribuídos a trabalhadores até ao limite mensal de


AKz. 30 000,00 (Trinta Mil Kwanzas);

-Os subsídios diários de transporte atribuídos a trabalhadores dependentes até ao


limite mensal de AKz. 30 000,00 (Trinta Mil Kwanzas);

-O reembolso de despesas incorridas pelos trabalhadores dependentes de


entidades sujeitas a Imposto Industrial ou a outros regimes especiais de tributação,
quando deslocados ao serviço da entidade patronal, desde que estas despesas se
encontrem devidamente documentadas nos termos do Código do Imposto Industrial e
legislação complementar.

1.7.5.5. Isenção

Estão isentos do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho:

-Os rendimentos auferidos pelos agentes das Missões Diplomáticas e Consulares


Estrangeiras sempre que haja reciprocidade de tratamento;

30
-Os rendimentos auferidos pelo pessoal estrangeiro ao serviço de Organizações
Internacionais, nos termos estabelecidos em acordos ratificados pelo órgão competente
do Estado;

-Os rendimentos auferidos pelo pessoal estrangeiro ao serviço das Organizações


Não- governamentais, nos termos estabelecidos nos acordos com entidades nacionais,
com o reconhecimento prévio por escrito da Administração Geral Tributária;

-Os rendimentos auferidos pelos deficientes físicos e mutilados de guerra cujo


grau de invalidez ou incapacidade seja igual ou superior a 50% comprovada com a
apresentação, pelo contribuinte, de documentação emitida por autoridade competente
para o efeito;
-Os rendimentos decorrentes do exercício das actividades previstas nos grupos
de tributação A, B e C auferidos pelos antigos combatentes, veteranos da pátria e
deficientes de guerra, desde que devidamente registados no Departamento Ministerial
de tutela.

1.7.5.6. Determinação da Matéria Colectável

Grupo A: A matéria colectável é constituída por todas as remunerações


expressas em dinheiro ainda que auferidas em espécie, de natureza contratual e não
contratual, periódicas ou ocasionais fixas ou variáveis, independentemente da sua
proveniência, local, moeda, forma estipulada para o seu cálculo e pagamento, auferidas
pelo trabalhador por conta de outrem, deduzidas da retribuição global das contribuições
obrigatórias para a Segurança Social e das componentes remuneratórias não sujeitas ou
isentas, nos termos do CIRT.2

Grupo B: A matéria colectável dos rendimentos pagos por pessoas singulares,


colectivas ou equiparadas que possuam contabilidade ou modelo de contabilidade
simplificada, corresponde ao valor do serviço.

A matéria colectável dos rendimentos pagos por entidades sem contabilidade, é


apurada pelo próprio sujeito passivo, com base na sua contabilidade, modelo de
contabilidade simplificada, registos disponíveis sobre compras e vendas ou serviços
prestados.

31
Os contribuintes que possuem contabilidade sujeitam-se, com as devidas
adaptações, às regras aplicáveis ao apuramento da matéria colectável dos contribuintes
do Regime Geral do Imposto Industrial.

Os contribuintes deste grupo que possuam contabilidade, modelo de


contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados
têm direito a deduzir até 30% dos custos incorridos

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos


termos do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

Para os contribuintes que não possuam contabilidade, modelo de contabilidade


simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados, não têm direito
a dedução de custos, devendo a taxa do imposto incidir sobre todo o rendimento.

Grupo C: A matéria colectável é a que consta da tabela dos lucros mínimos ou sobre
a venda e serviços prestados.

Os contribuintes que possuem contabilidade sujeitam-se, com as devidas


adaptações, às regras aplicáveis ao apuramento da matéria colectável dos contribuintes
do Regime Geral do Imposto Industrial.

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos


termos do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

Os contribuintes deste grupo que possuam contabilidade, modelo de


contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados
têm direito a deduzir até 30% dos custos incorridos

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos


termos do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

Os contribuintes que não possuam contabilidade, modelo de contabilidade


simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados, não têm direito
a dedução de custos, devendo a taxa do imposto incidir sobre todo o rendimento.
32
1.7.5.7. Taxa

Sobre os rendimentos sujeitos a IRT aplicam-se a seguintes taxas:

Grupo A: As taxas constantes da tabela anexa ao Código do Imposto sobre o


Rendimento do Trabalho;

Grupo B: À matéria colectável não sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de


25% (Vinte cinco por cento).

À matéria colectável sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 6,5%;( seis vírgula
cinco por cento)

Grupo C: À matéria colectável não sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de


25% (Vinte cinco por cento).

À matéria colectável sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 6,5%; ( seis vírgula
cinco por cento)
1.7.5.8. Liquidação

Grupo A: A liquidação deve ser efectuada pela entidade responsável pelo


pagamento dos rendimentos, mensalmente, após a realização das deduções previstas no
CIRT, pela aplicação das taxas constantes da Tabela do IRT.

Grupo B: A liquidação do imposto devido pela atribuição de rendimentos deste


grupo é efectuada nos seguintes termos:

Pela entidade pagadora desses rendimentos, mediante retenção na fonte, quando


os rendimentos sejam pagos por pessoas singulares, colectivas ou equiparadas que
possuam contabilidade ou modelo de contabilidade simplificada;

Pelo contribuinte, quando os rendimentos são pagos por entidades sem


contabilidade.

Grupo C: A liquidação do imposto devido pelos contribuintes deste grupo é efectuada


nos seguintes termos:

33
-Pelo contribuinte, nos casos em que o rendimento colectável é o que
corresponde à sua actividade na Tabela dos Lucros Mínimos, anexa ao CIRT;

-Pela entidade pagadora dos rendimentos, mediante retenção na fonte, quando o


contribuinte preste serviços sujeitos à retenção na fonte a pessoas singulares, colectivas
ou equiparadas que possuam contabilidade ou modelo de contabilidade simplificada;

-Os contribuintes dos Grupos B e C, que se substituem na emissão de facturas


aos respectivos fornecedores ou prestadores no regime de auto-facturação definido em
legislação própria devem no momento do efectivo pagamento ao fornecedor do bem ou
prestador de serviços, efectuar a retenção na fonte não liberatória de 2% (dois por
cento) ou 6,5% (seis vírgula cinco por cento), respectivamente, sobre o valor global da
autofactura, bem como proceder a respectiva entrega aos cofres do Estado dentro de 5
(cinco) dias após a retenção.

1.7.5.9. Pagamento e Entrega

O IRT é pago e entregue do seguinte modo:

Grupo A: O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deste grupo deve


ser entregue, pela entidade empregadora, até ao final do mês seguinte ao do respectivo
pagamento, na Repartição Fiscal competente.

Grupo B: O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deve ser entregue:

-Pela entidade pagadora dos rendimentos, até ao final do mês seguinte ao do


pagamento, na Repartição Fiscal competente, quanto aos rendimentos liquidados pelas
pessoas singulares, colectivas ou equiparadas que possuam contabilidade ou modelo de
contabilidade simplificada;

-Pelo titular do rendimento, até ao final do mês em que deve ser entregue a
declaração anual de rendimentos, quanto aos rendimentos pagos por pessoas, singulares
ou colectivas, sem contabilidade.

Grupo C: O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deve ser entregue:


34
-Pelo titular desses rendimentos, até ao último dia do mês de Março, quanto aos
rendimentos liquidados com base na Tabela dos Lucros Mínimos, anexa ao CIRT;

-Pela entidade pagadora dos rendimentos na Repartição Fiscal competente, até


ao final do mês seguinte ao do respectivo pagamento, quanto aos rendimentos sujeitos à
retenção na fonte.

1.7.5.10. Penalidades Em Sede de IRT

Pela falta ou entrega do IRT fora do prazo legal, pela atribuição de rendimentos
do Grupo A, os responsáveis pela liquidação e pagamento do imposto em causa,
incorrem no pagamento de multa de 200% do montante do imposto em falta.

Pela falta ou entrega do IRT fora do prazo legal, das declarações a que se
encontram obrigados os sujeitos passivos do IRT, incorrem no pagamento de multa no
montante em Kz 50.000,00 por cada de declaração em falta.

Pela falta ou entrega do IRT fora do prazo legal, da declaração Modelo 2 do


IRT, os sujeitos passivos incorrem no pagamento de multa no montante Kz 4.000,00
por cada nome de funcionário que deveria constar do Modelo 2.

35
IRT (Imposto sobre rendimento de trabalho)

36
CAPÍTULO 3. CASO DE ESTUDO (PREENCHIMENTO DOS MODELOS TRIBUTÁRIOS)

3.1 Apresentação da empresa

A empresa “Consultoria E Investimentos Em Finanças” teve início em 2012, fundada


por Antônio Da Silva, ele que sempre primou pela inovação, qualidade, atendimento e
pontualidade,dos serviços fornecidos pela empresa. O escritório começou pequeno, onde
trabalhavam apenas o sócio responsável, e um colaborador que está na empresa até hoje.
Atualmente a Empresa conta com 15 colaboradores altamente treinados e qualificados.

 Missão

A consultoria pretende elevar o nível de desenvolvimento dos trabalhos internos, de


modos a contribuirem para a melhoria da gestão financeira das empresas realizando
acompanhamento personalizado através de um planejamento sólido e consistente, durante e
após o processo de assessoria e consultoria. A consultoria também desenvolveu um projecto
que visa dar experiência aos recém Formados,Licenciados,e Médio.

 Objetivo

A empresa tem como objetivo, agregar valores e buscar por melhores resultados nas
empresas em que actuam e obter resultados satisfatórios vindo da formação que a mesma
fornece aos seus clientes.

37
3.2 Demonstração no Razão

 Retenção do IRT

D 36.1 Pessoal - Remuneração C


878.280,00

D 34.9 Outros Impostos C


33.000,00

D 34.3 IRT C
188.720,00

 Pagamento do salário por transferência bancária

D 36.1 Pessoal - Remuneração C


878.280,00

D 72.2 Remuneração - Pessoal C

878.280,00
D 43 Depósito à Ordem C
878.280,00

38
39
40
41
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na nossa pesquisa abordamos aspectos abrangentes no que diz respeito ao


surgimento e a evolução histórica da fiscalidade em Angola, onde destacamos sua
relação intrínseca com a contabilidade e sua importância para o funcionamento
organizacional das empresas. Estudamos o conceito de empresa e suas dimensões,
analisando como o conhecimento da fiscalidade é crucial para compreender o
funcionamento e a gestão financeira das empresas.

Exploramos o sistema fiscal angolano, desde o seu histórico até a


conceitualização dos diversos tipos de impostos existentes no sector empresarial. E
com a análise prática do preenchimento dos modelos tributários, conseguimos
demonstrar como os conceitos teóricos discutidos são colocados em prática, destacando
assim a complexidade do sistema fiscal angolano e suas implicações para as empresas,
buscando responder à hipótese de que um entendimento aprofundado das políticas de
ajustamento fiscal, especificamente em relação ao Imposto sobre o Rendimento do
Trabalho, pode influenciar significativamente o funcionamento organizacional das
empresas, contribuindo para uma gestão mais eficaz dos recursos financeiros.

Contudo, por isso é importante que as empresas acompanhem as alterações do


sistema fiscal para que não estejam alheias a estás mundanças, pois, quando elas são
mal entendidas acabam por afetar negativamente as actividades das empresas causando
uma redução nos seus recursos financeiros e dá origem a uma sanção pecuniária
(dinheiro). Desta feita, as empresas devem se preparar para fazer face a estás alterações
fiscais, de modos a conseguirem alcançar os seus objetivos. Assim, alcançamos o
objetivo de compreender como as políticas fiscais impactam diretamente o
funcionamento das organizações e como este conhecimento pode ser utilizado para
melhorar a gestão financeira e assegurar o cumprimento das obrigações fiscais.

43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Contabilidade Geral,(livro)

https://agt.minfin.gov.ao/PortalAGT/#!/

https://www2.deloitte.com/

https://ivaemangola.ideiasdinamicas.com/

https://ucm.minfin.gov.ao/#

https://www.academia.edu/8674445/A_tributa
%C3%A7%C3%A3o_do_cosumo_em_Angola_Rumo_%C3%A0_adop
%C3%A7%C3%A3o_do_IVA

44

Você também pode gostar