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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO PROVINCIAL DE LUANDA


GABINETE PROVINDIAL DE EDUCAÇÃO
INSTITUTO POLITÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO - ELIADA Nº 5099

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL


(P.A.P)

IMPACTO DA CONTABILIDADE NAS EMPRESAS


COMERCIAIS: CASO PRÁ
TICO NA EMPRESAF.K. MIGUEL

Por

GRUPO (02)

Orientador: Msc. Sérgio Tomás de Carvalho Amaral

LUANDA

2023
PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL
(P.A.P)

IMPACTO DA CONTABILIDADE NAS EMPRESAS


COMERCIAIS: CASO PRÁTICO NA EMPRESA F.K. MIGUEL

Trabalho de Fim de Curso Apresentado


para a Obtenção do Grau de Técnico
Médio em:

CONTABILIDADE

Por

GRUPO (02)

Orientador: Msc. Sérgio Tomás de Carvalho Amaral

Coorientadora:

IPAG – ELIADA Nº 5099, _____ DE ______________________ DE 2023


MEMBROS PARTICIPANTES DO GRUPO 02

NOMES DOS ESTUDANTES FOTOGRAFIA NÚMERO

FELICIANO KADAFE SACUPALICA MIGUEL 07

JANDIRA SEBASTIANA MORAIS 08

JÉSSICA XAVIER BENGO 09

LEONARDO ISAAC CARLOS 10

LUCINDA PAULO ANDRADE 11

MANUEL GONÇALO CAPITA MIGUEL 12

Orientador: Msc. Sérgio Tomás de Carvalho Amaral


Coorientadora: Lic. Catarina

COMPLEXO ESCOLAR ELIADA _____ DE ______________________ DE 2023


Dedicamos este projeto de fim de curso aos nossos
queridos familiares e amigos.

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AGRADECIMENTO

Para atingir objectivos requer sacrifício ao longo da jornada, a forma como foi exaltante e por
vezes desgastante, mas não por falta de orientação pós tivemos de todos os lados por isso:

Primeiramente à Deus todo poderoso pelo fôlego de vida ;

Ao magnânimo mestre Sérgio Tomás de Carvalho Amaral com a sua qualidade técnica e
laboral conduziu-nos a um processo de aprendizagem e diferentes conhecimentos;

A todos docentes que foram como fonte de inspiração e a instituição que colaborou tornando
possível a realização do trabalho;

Aos colegas e todos que directa ou indiretamente, tenham colaborado ou auxiliado;

Finalmente, não menos importante, aos nossos país a quem devemos muito para nos são um

exemplo de persistência, sabedoria, dedicação e perseverança.

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“O sucesso não consiste em não errar,
mas em não cometer os mesmos

equívocos mais de uma vez”.

Geoge Bernard Shaw


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RESUMO

O presente trabalho é uma necessidade imperativa para a obtenção do grau Técnico Médio em
CONTABILIDADE que para o devido efeito temos que ser submetidos a Prova de Aptidão
Profissional (PAP), cuja eleição recaiu na temática IMPACTO DA CONTABILIDADE NAS
EMPRESAS COMERCIAIS, tendo como base de estudo a empresa F.K.MIGUEL-
COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO(SU). Existem várias mudanças no cenário
económico mundial que vêm desafiando as organizações no sentido de adequar as suas
práticas de gestão à nova realidade de mercado, assim sendo a contabilidade contribui
positivamente para o sucesso das empresa; analisar o impacto da contabilidade torna-se muito
útil, nos ajudando no necessário, conhecendo os trames e os métodos contabilísticos, para uma
boa gestão e um desenvolvimento prático das empresas. Todavia, a metodologia de estudo
adoptada é caracterizada de abordagem quali-quantitativa. A empresa F.K. MIGUEL, tem tido
rendimentos inferiores do que o desejado, assim este trabalho sugere novos métodos a aplicar
para que os objectivos estabelecidos sejam alcançados e garantir a continuidade do negócio.

PALAVRAS-CHAVES: IMPACTO. CONTABILIDADE. EMPRESA.

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ÍNDICE
PÁGINA
INTRODUÇÃO……………………………………….……………………………… 10
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 14
1.1 DEFINIÇÃO DOS TERMOS TÉCNICOS……………………………………….. 14
1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE……………………………. 15
1.2.1 Contabilidade em Angola............................................………………............... 17
1.3 PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS.……………………………………………... 18
1.3.1 Princípio da Consistência.................................................................................... 18
1.3.2 Princípio da Materialidade................................................................................. 18
1.3.3 Princípio da Não compensação de saldos.......................................................... 19
1.3.4 Princípio da Comparabilidade........................................................................... 19
1.4 FUNÇÕES DA CONTABILIDADE........................................................................ 20
1.4.1 Função de Registo................................................................................................ 20
1.4.2 Função de Controlo............................................................................................. 21
1.4.3 Função de Avaliação............................................................................................ 21
1.4.4 Função de Previsão.............................................................................................. 21
1.5 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA CONTABILIDADE ..................................... 21
1.5.1Balanço Patrimonial............................................................................................. 22
1.5.2Balancete de Verificação e Final.......................................................................... 24
1.5.3Demonstração de resultado do exercício (DRE)................................................. 27
CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO PRÁTICA………………..…………....... 30
2.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA……….………………................................... 30
2.1.1 Missão da Empresa.............................................................................................. 30
2.1.2 Visão da Empresa................................................................................................. 30
2.1.3 Valores da Empresa.............................................................................................. 30
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA EMPRESA.......................................................................... 30
2.3 OBJECTIVOS DA EMPRESA.................................................................................. 31
2.4 ESTRUTURA ORGÂNICA....................................................................................... 31
2.5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS............................................................................. 32
2.6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS................................................................. 33
CONCLUSÃO………………………….…………………………………….…......... 34

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SUGESTÕES………………………………………………………………………… 35
REFERÊNCIAS…..…..…………………………………………………………....… 36
ANEXOS.……….……………………………………………………………………… 37
INTRODUÇÃO

As constantes mudanças no cenário económico mundial, vêm desafiando as


organizações no sentido de adequar as suas práticas de gestão à nova realidade de mercado,
mediante a esses factos a contabilidade vem ganhando um grande impacto nas empresas, com
passar dos anos ela evoluiu juntamente com a sociedade, buscando aprimorar e gerenciar
todas as informações derivadas das empresas.

Através do resultado pode-se comprovar que a contabilidade contribui positivamente


para o sucesso das empresas, desde que os empresários estejam dispostos a passar as
informações reais para que os contadores possam auxiliá-los nas melhores tomada de decisões.
Desta forma, a Contabilidade apresenta-se como instrumento de gestão, fornecendo as
informações necessárias e auxiliando nos processos de concorrência, necessidades de
aperfeiçoamento das novas tecnologias, globalização dos mercados, se tornando assim
indispensável para o sucesso das empresas.

O presente trabalho está composto por duas partes fundamentais, nas quais se procurou
de forma cautelosa abordar os mais variados assuntos sobre a temática. A primeira parte
aborda os factores considerados importantes para a elaboração do trabalho desde o contexto
geral e histórico do impacto da contabilidade nas empresas, conceitos, princípios e funções
referentes ao assunto abordado, e pesquisas baseadas em pensamentos de renomados autores
da área. Na segunda parte são apresentados os aspectos práticos numa perspectiva sob a
abordagem quali-quantitativa, de modo a dar a conhecer o impacto da contabilidade para
empresa F.K. Miguel-Comércio e prestação de serviço.

De acordo com o anterior anunciam-se os seguintes pressupostos científicos:

I. Problema de Pesquisa: Qual é o impacto da contabilidade nas empresas comerciais?

II. Hipótese: Se a empresa tiver uma contabilidade organizada, então os acionistas e


colaboradores conseguirão obter maior rentabilidade e liquidez, bem como obter facilidade
nas tomadas de decisões que possam garantir a continuidade da empresa.

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III. Justificativa

Destaca-se o quão importante é o impacto da contabilidade nas empresas comerciais,


na análise do ambiente quer interno quer externo, os factores que podem impactar a empresa
garantindo a continuidade do negócio.
É de relevância social, pois denota que a contabilidade tem uma função social muito
maior, apoiando todo tipo de negócio e dessa forma colaborando decisivamente com o
desenvolvimento da economia do país.

Por fim importa destacar a sua relevância acadêmica e profissional, pela pertinência na
aquisição de conhecimentos que nos ajuda no controlo do nosso património.

IV. Objectivo de estudo

a) Objectivo geral: Conhecer o impacto da contabilidade nas empresas comerciais.


b) Objectivos específicos:
- Fundamentar teoricamente o impacto da contabilidade para as empresas comerciais;

- Analisar o impacto da contabilidade na empresa F.K.MIGUEL;

- Sugerir medidas para elevação do património da empresa F.K.MIGUEL.

V. Procedimentos metodológicos

Tipo de abordagem
Quanto à sua forma de abordagem, o projecto caracteriza-se como sendo uma pesquisa
quali-quantitativa. A modalidade de pesquisa quali-quantitativa interpreta as informações
quantitativas por meio de símbolos numéricos e os dados qualitativos mediante a observação, a
interação participativa e a interpretação do discurso dos sujeitos (KNECHTEL, 2014, p. 106).
Universo e Amostra

Universo

O universo conceitua que pessoas ou coisas, fenômenos e etc., serão pesquisados,


estabelecendo suas características comuns como: sexo, faixa etária, organização a que
pertencem, comunidade onde vivem, etc (LAKATOS, 1992).

A empresa F.K. Miguel tem um somatório de 10 colaboradores.

10
Amostra

A nossa amostra caracteriza-se por ser não-probabilística e corresponde à metade dos


colaboradores que representa o total do universo. Segundo Mattar (2001) “é um tipo de
amostragem em que existe uma dependência, pelo menos em parte, do julgamento do pesquisador
ou do entrevistador de campo para a seleção dos elementos da população para compor a amostra”.

Tipo de Pesquisa

Quanto aos tipos de pesquisas, utilizou-se dois: de campo e bibliográfica.

A pesquisa científica é iniciada por meio da pesquisa bibliográfica, em que o


pesquisador busca obras já publicadas relevantes para conhecer e analisar o tema, problema da
pesquisa a ser realizada.

Para Gil (2002, p. 44), a pesquisa bibliográfica “ é desenvolvida com base em material
já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Não a bastante a isso, ao outro tipo de pesquisa segundo Gonsalves (2001, p. 67), ”a
pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação directamente com a
população pesquisada. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre,
ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas” .

Técnica de Colecta de Dados

A técnica de colecta de dados utilizada foi o questionário. O questionário, segundo Gil


(1999, p. 128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número
mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objectivo o
conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações
vivenciadas etc.”.

A análise dos dados ou informações foi feita a partir dos elementos colhidos na
empresa, onde foram comparadas com os conceitos levantados na revisão bibliográfica,
caracterizando desta forma a pesquisa como qualitativa.

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VI. Limitação e delimitação do tema

a) Limitação do tema

Nenhum trabalho saí com êxito sem passar por dificuldades, até mesmo Thomas Edson
para conseguir que a lâmpada funciona-se quebrou mais de 1000 e nem com isso desistiu até
chegar no seu objectivo.

Assim também o grupo nº 2 não fugiu dessa realidade, enfrentamos várias dificuldades
até chegarmos na finalização do nosso projecto. Dificuldades na academia, alguns de nós não
tinham as contas em dia e não apareciam na instituição o que levou à várias análises para ver
se todos concordavam com os assuntos que o trabalho apresentava e termos os cuidados de não
repetir gradualmente o trabalho que outros grupos apresentavam.
No âmbito social tínhamos que trabalhar com dados reais na apresentação prática, as
empresas estavam muito rigorosas não querendo revelar os seus dados para simples aspirantes
de contabilidade, até mesmo as empresas onde fizemos estágio não queriam revelar as suas
informações financeiras; foi uma barreira enorme para a execução do 2º capítulo até que a
empresa F.K. Miguel de nome fictício abriu-nos a porta e atendeu ao nosso pedido.

b) Delimitação do tema
Por se tratar de um tema muito amplo, decidimos nos focar nos aspectos importantes do
impacto da contabilidade nas empresas, falando da evolução da contabilidade no mundo e em
Angola, sobre as normas para se fazer a contabilidade, nas demonstrações ou ferramentas da
contabilidade levamos em destaque o balanço patrimonial, o balancete de verificação,
balancete final e demonstração de resultados.

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CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A internacionalização e globalização das economias que têm contribuído para uma


maior complexidade de transações comerciais e pela crescente interdependência dos agentes
económicos de todo o mundo, levanta a necessidade de desenvolvimento do processo de
harmonização das normas de contabilidade para um melhor impacto nas empresas.

Sendo assim este primeiro capítulo tem a necessidade de mostrar a visão dos diferentes
autores sobre o conceito, razão da existência da temática e suas origens.

1.1 DEFINIÇÃO DOS TERMOS TÉCNICOS

A abordagem referida é um imperativo utilizado para situar os nossos leitores sobre os


termos técnicos mais utilizados em nossa investigação com maior foco para aqueles que se
configuram na temática principal, com referência as visões de estudiosos.

Impacto

Fabiani et al. (2018, p.5) encontra-se uma definição de “Impacto” advinda do latim no
qual seria:

O efeito directamente atribuível a uma acção, ou a consequência de determinado


esforço para atingir um fim estabelecido. No contexto de programas, projectos ou
investimentos sociais, o impacto é simplesmente o conjunto de mudanças produzidas
pela intervenção. Estas mudanças podem ser intencionais e não intencionais,
positivas e negativas, directas e indirectas. Por essa razão, é importante compreender
que o impacto pode ser mais amplo do que os objectivos declarados de uma
intervenção ou negócio, o que afecta seu processo de medição e valoração.

Nos dicionários Aurélio Online (2019) e Priberam (2019), “impacto” significa acto ou
efeito de uma acção, ou fazer embate contra.

Assim sendo o grupo entende impacto como consequência positiva ou negativa


resultante de uma ou mais acções em determinado local ou organização que modifica
diretamente ou indiretamente o comportamento.

Contabilidade

Para Ribeiro (2013, p.10), “a contabilidade, portanto, é uma ciência social que tem por
objecto o patrimônio das entidades económico-administrativas. Seu objectivo principal é
controlar o património das entidades em decorrência de suas variações”.

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Padoveze (2012) afirma que Contabilidade é o controlo do património, que é feito por
meio da colecta, armazenamento e processamento das informações, ou seja, de todos os factos
contábeis que ocorrem na actividade empresarial. Entende-se, portanto, que a contabilidade é
uma ferramenta de controle, a qual auxilia na tomada de decisão, tendo como objectivo
principal o papel de fornecer informações físicas e económicas.

Assim o grupo entende contabilidade como sendo uma ciência que se dedica ao estudo
e controlo do património das entidades com objectivo de fornecer informações económicas e
financeiras para tomada de decisões permitindo a maximização dos lucros e minimização dos
custos para continuidade da empresa.

Empresa

Empresa é toda entidade constituída sob qualquer forma jurídica para exploração de
uma actividade económica, seja mercantil, industrial, agrícola ou de prestação de serviços
(FRANCO, 1991).

Para Maximiano (2006, p. 6), “a empresa é uma iniciativa que tem o objectivo de
fornecer produtos e serviços para atender à necessidade de pessoas, ou de mercados, e com
isso obter lucro”. Nesse sentido, as empresas nascem com a finalidade de produzir produtos
e/ou serviços que possam servir à sociedade.

De acordo aos conceitos de empresa citados acima conceitua-se empresa como sendo
um conjunto de actividades colectivas humanas, dirigidas por um centro regulador, com função
de adequar os recursos aos objectivos pré-determinados.

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE

O surgimento da contabilidade deu-se devido a precisão do homem em calcular suas


riquezas e de declarar suas conquistas. “Para que se compreenda a Contabilidade, pois, como
ramo importante do saber humano que é, necessário se faz remontar a suas profundas origens”
(SÁ, 2010, p. 21).

De acordo com Oliveira e Nagatsuka (2000) a apreensão em medir e de controlar os


bens já existia há muito tempo, e que o começo das práticas associadas ao controle de contas é
datado há 10.000 anos a.C. Para obter essa contabilização dos patrimónios na época, reis,
faraós, agricultores e comerciantes, usavam técnicas de registros, sendo conhecida como o
começo da contabilidade como é denominada hoje.
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Conforme Iudícibus e Marion (2008) na época que não havia escrita, nem número e
nem moeda, a contabilidade já existia como inventário, sendo mostrado que é tão antiga
quanto a presença do homem em atuação económica. Essa fase denominada de empírica no
qual era usada figuras, desenhos e formas artísticas que serviram para distinguir os bens
presentes e evidenciar todos os feitos que o homem havia conquistado para seu uso, contudo
foi mostrado que a contabilidade existia com o intuito de medir, controlar e preservar os
pertences da família desde o início da civilização.

Conforme Alves (2017) o pensamento de controlar os bens das pessoas, surgiram delas
mesmas, sendo contabilizado de forma rude no início da civilização. E com o aumento de suas
riquezas o homem procurou métodos mais adequados para preservar e controlar cada vez mais
seus patrimónios que era repassado para seus herdeiros.

De acordo com Padoveze (2008 apud BÄCHTOLD, 2011) em termos históricos,


registros indicam que a ciência contábil praticamente surgiu com o advento da civilização.
Com a sedentarização da humanidade e a descoberta da capacidade do homem de armazenar
bens, nasceu a necessidade de controle desses bens. Há evidências históricas de registro
contábeis nas civilizações dos sumérios, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, gregos, etc.

Admite-se que foram os sumérios e babilônios os autores do sistema de “débito” e


“crédito”, baseado na identificação mental do que “é meu” e do que “é seu”. As contas, como
instrumentos de registros, já haviam nascido como primeiras manifestações inteligentes do
homem, mesmo antes que esse tivesse inventado a escrita ou soubesse calcular. (BÄCHTOLD,
2011).

Barroso (2018) afirma que a contabilidade, enquanto ferramenta de organização e


controle do patrimônio, está presente no cotidiano da humanidade desde os seus primórdios.
Nas civilizações mais rudimentares, o homem já tinha a necessidade de registrar e controlar
elementos derivados da colheita, da criação de animais, etc. E as sociedades primitivas se
utilizavam de estratégias que vão desde as escritas em cavernas até a utilização de
pergaminhos e demais artifícios para escriturar as mudanças, sejam elas positivas ou negativas,
em seu patrimônio.

De acordo com Iudícibus e Marion (1999 apud BARROSO, 2018), a Itália é a grande
pioneira da Contabilidade como pensamento científico. Isso se dá pela disseminação do
Método das Partidas dobradas, após a publicação da obra do Frei Luca Pacioli. Obra de suma

15
importância para o início dos estudos sobre as diversas noções básicas da Contabilidade, que,
inclusive, perduram até hoje.

Bächtold (2011, p. 166) resumi a evolução da contabilidade como ciência da seguinte forma:

Contabilidade do mundo antigo - período que se inicia com a civilização do


homem e vai até 1202 da Era Cristã, quando Leonardo Fibonacci publica o Liber
Abaci, um compêndio sobre cálculo comercial.
Contabilidade do mundo medieval - período que vai de 1202 da Era Cristã até
1494, com o surgimento do Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por
Partidas Dobradas), de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494, enfatizando que a
teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e
negativos. Esta obra representa o marco básico na evolução da contabilidade. Pacioli
é considerado, portanto o “pai dos autores de contabilidade”.
Contabilidade do mundo moderno - período que vai de 1494 até 1840, com o
aparecimento da obra “La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e
Pubbliche”, de Francesco Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na
história da Contabilidade.
Contabilidade do mundo científico - período que se inicia em 1840 e continua até
os dias de hoje. A obra de Francesco Villa, em 1840, é considerada o marco inicial da
contabilidade como ciência.

1.2.1 Contabilidade em angola

A história da contabilidade angolana está dividida em duas partes: Angola como


província de Portugal e Angola como país independente (BARROS, 2011).

E Barros explicou resumidamente esses dois períodos da seguinte forma:

1º Angola como província de Portugal

Neste período, o desenvolvimento da contabilidade em Angola, esteve atrelado à


evolução assistida em Portugal, enquanto país colonizador, onde destacamos a relevância de
alguns factos que impactaram a história da contabilidade no nosso país:

Em 1755 - Criação da junta do comércio, o que impulsionou a atividade comercial e


industrial e melhorou o ensino do comércio.

Em 1901 - Criação da Direção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade em Angola.

Em 1940 - Divisão dos técnicos de Contabilidade em três categorias: Guarda Livros,


Contabilistas e Peritos Contabilistas.

Em 1972 – Foi Criada a Associação Angolana dos Técnicos de Contas.

16
2º Angola como país independente

Neste período, também conhecido como pós-colonial, Angola teve que andar com os
seus próprios pés a nível de políticas económicas ou financeiras, fazendo aprovar vários
decretos e leis, dos quais temos os seguintes:
Em 1976 - A Direção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade passou a denominar-se
Ministério das Finanças.

Em 1979 - Aprovado o Plano de Contas Nacional, pelo Decreto nº 250/79 de 19/10.


Aplicado a todas as Unidades Económicas Estatais, mistas e privadas.

Em 1982 - Aprovado o Plano de Contas Empresarial, pelo Decreto nº 82/01 de 16/11.


Plano de Contas de Angola, ainda em vigor até 2001.

A contabilidade surgiu da necessidade do homem acompanhar e controlar a evolução


de seu patrimônio. Dessa forma, a contabilidade faz parte da evolução e do desenvolvimento
do próprio ser humano e da sociedade.

1.3 PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS

No seu editorial (2020), a Revista Contabilivre comenta que os princípios


contabilísticos são um conjunto de normais gerais que delimitam a aplicação das ciências
contábeis. Elas representam a essência das doutrinas e teorias contábeis, que regem a actuação
dos profissionais de contabilidade.

O plano geral de contabilidade de Angola (2001, p. 25) refere os seguintes princípios a


que todos modelos contabilísticos devem obedecer:

1.3.1 Consistência

A apresentação e classificação de itens nas demonstrações financeiras devem ser


mantidas de um período para outro, a menos que:

➢ Uma alteração significativa nas operações da entidade ou uma revisão da


apresentação das demonstrações financeiras demonstre que uma alteração irá resultar numa
mais adequada apresentação dos acontecimentos e transacções.

➢ A alteração seja imposta pela entrada em vigor de novas políticas


contabilísticas.

17
1.3.2 Materialidade

➢ A informação é considerada material se a sua omissão puder influenciar a


decisão económica dos utentes baseada nas demonstrações financeiras. A materialidade
depende do tamanho e da natureza de cada item avaliados nas circunstâncias particulares da
sua omissão.
➢ Uma divulgação, mesmo que prevista neste plano, não necessita de ser
efectuada se a informação daí resultante for imaterial.

1.3.3 Não compensação de saldos

Não devem ser efectuadas compensações de saldos entre activos e passivos.

A apresentação de rubricas, no Balanço pelo seu valor líquido de amortizações e


provisões não é considerada uma compensação de saldos.

Podem ser efectuadas compensações de saldos entre itens de custos e proveitos apenas
se os ganhos, perdas e despesas relacionadas resultantes de uma mesma operação ou de uma
operação similar não for material ou ainda nos seguintes casos:

Ganhos e perdas na venda de activos não correntes os quais são relatados pela diferença
entre o proveito da venda e o valor contabilístico do activo e respectivas despesas de venda.

Despesas recuperadas através de um contrato com uma terceira entidade (ex:


subarrendamento), as quais são relatadas pelo valor líquido dos proveitos obtidos.

1.3.4 Comparabilidade

De forma que a informação possa ser útil aos utentes estes deverão ficar habilitados a:

a) Efectuar análises comparativas para identificar tendências na posição financeira


da entidade e no resultado das suas operações:

➢ Por esta razão, para todos os valores contidos nas Demonstrações financeiras,
devem ser apresentados os correspondentes valores comparativos do período precedente.

➢ Informação qualitativa do período precedente deve igualmente ser divulgada


sempre que for considerada relevante para a compreensão das Demonstrações financeiras do
período corrente.

18
➢ Quando a apresentação ou classificação de um item nas demonstrações
financeiras forem alteradas, deverão ser divulgadas a razão para a alteração e a natureza das
alterações que deveriam ser efectuadas na informação do período precedente para que as
informações fossem comparáveis.

b) Efectuar comparações entre entidades:

➢ Por esta razão devem ser divulgadas as políticas contabilísticas usadas na preparação
das demonstrações financeiras.
1.4 FUNÇÕES DA CONTABILIDADE

Segundo Lousã e Salgueirinho (2012, p.27) as funções básicas da contabilidade são,


hoje em dia, a do registo dos factos patrimoniais, a do controlo de toda atividade desenvolvida
pela empresa, a da avaliação dos bens por ela produzidos ou armazenados e, por fim, a da
previsão, a curto, a médio e longo prazo, de factos que com ela se relacionam e que podem
condicionar a sua atividade:

1.4.1 Função de registo

Uma das funções primordiais da contabilidade na empresa é a de registar todos os


factos que provocam alterações no seu património.

Para a contabilidade poder cumprir esta missão, a empresa deve munir-se de todos os
documentos obrigatórios e facultativos que a tornem apta a fornecer informações claras,
precisas e concisas a todos os interessados na sua existência.

Quer isto dizer que o papel da contabilidade na empresa começa ainda antes da mesma
entrar em funcionamento.

É por isso que devemos dividir a função de registo em duas fases:

1. Fase de montagem da empresa, onde impõem-se:

➢ Escolher os modelos de impresso adequados ao tipo de empresa e às


informações que se pretendam obter;

➢ Conhecer com perfeição o circuito de cada impresso, de modo a haver boa


coordenação entre os vários serviços da empresa;

19
➢ Adquirir e proceder à abertura de livros obrigatórios, de acordo com o
estipulado nos artigos da lei comercial e fiscal.

2. Fase de funcionamento.

Já em funcionamento, a empresa deve possuir uma contabilidade que registe todos os


factos que lhe dizem respeito. Pelo registo devem apurar-se claramente: ➢ A situação da
empresa, em determinado momento;

➢ O resultado obtido em cada exercício.

1.4.2 Função de controle

A contabilidade deve permitir o exame e a crítica das operações realizadas pela


empresa.
Através de controlo dos registos, podemos:

➢ Apreciar se a situação económica e financeira da empresa é boa ou má;

➢ Fazer uma análise sobre a maneira como resultados foram obtidos;

➢ Fazer comparações entre os valores previstos e a realidade conseguida, dando


assim possibilidade à administração de pedir explicações aos responsáveis por quaisquer
desvios observados;

➢ Comparar os valores obtidos pela empresa com os das empresas similares.

1.4.3 Função de avaliação

A contabilidade desempenha uma função primordial neste campo, já que permite:

➢ Conhecer, com a maior exa1tidão possível, os custos por que os produtos


ficaram à empresa;

➢ Determinar, com base nos preços de custo, os preços de venda dos produtos;

➢ Determinar a quantidade, qualidade e valor das matérias adquirir e a utilizar ou


das mercadorias a adquirir;

20
➢ Analisar, comparativamente, a rentabilidade dos trabalhadores da empresa com
a das outras empresas similares.

1.4.4 Função de previsão

A previsão é feita com base em documentos chamados orçamentos, elaborados a partir


de dados fornecidos pela contabilidade não só da empresa, mas também de outras empresas.

1.5 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA CONTABILIDADE

Existem informações sobre as entidades que são úteis para determinados utentes por
permitirem avaliações e tomada de decisões importantes das quais se destacam as principais
ferramentas da contabilidade:

1.5.1 Balanço patrimonial

É uma demonstração estática, sintética e ordenada do património da empresa, refletindo


a posição financeira da empresa de forma quantitativa e qualitativa em determinado momento.
Neste documento, os bens, direitos, obrigações e a participação dos sócios são explícitas a
todos que tenham acesso a este documento. (BÄCHTOLD, 2011).

De acordo com plano geral de contabilidade de Angola (2001) o balanço é uma


demonstração contabilística destinada a evidenciar, quantitativamente e qualitativamente,
numa determinada data, a posição patrimonial e financeira de uma entidade. O balanço é
constituído pelas seguintes classes:

Activo: recursos (bens e direitos) controlados por uma entidade como resultado de
acontecimentos passados e dos quais se espera que fluam para a entidade benefícios
económicos futuros. Estes recursos podem dividir-se em duas categórias principais:

Activos não correntes, que se espera que permaneçam na posse da entidade por um
período superior a um ano.

Activos correntes, que se espera que permaneçam na posse da entidade por um


período até um ano.

21
Passivo: obrigações presentes da entidade provenientes de acontecimentos passados,
do pagamento dos quais se espera que resultem influxos de recursos da empresa incorporando
benefícios económicos. Estas obrigações podem dividir-se em duas categorias principais:

Passivos não correntes, que se espera que venham a ser pagos pela entidade num
período superior a um ano.

Passivos correntes, que se espera que venham a ser liquidados pela entidade num
período até um ano.

Capital próprio: interesse residual no activo depois de deduzido o passivo.

Modelo de Balanço
Empresa .......................................................................................................................
Balanço em ....................................................Valores expressos em ..........................

Designação Notas Exercícios


2XXX 2XXX-1

22
Activo 4
Activos não correntes: 5
Imobilizações corpóreas . . . . . . . . . . . 6
Imobilizações incorpóreas . . . . . . . . . . 7
Investimentos em subsidiárias e associadas 9
Outros activos financeiros . . . . . . . . . . 8
Outros activos não correntes . . . . . . .
Activos correntes: 9
Existências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Contas a receber . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Disponibilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Outros activos correntes . . . . . . . . . . .
Total do activo . . . . . . . .
capital próprio e passivo Capital
próprio: 13
Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Reservas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Resultados transitados . . . . . . . . . . . . .
Resultados do exercício . . . . . . . . . . . . 15
Passivo não corrente: 16
Empréstimos de médio e longo prazos. 17
Impostos diferidos. . . . . . . . . . . . . . . . 18
Provisões para pensões. . . . . . . . . . . . . 19
Provisões para outros riscos e encargos 19
Outros passivos não correntes . . . . .
Passivo corrente: 20
Contas a pagar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Empréstimos de curto prazo . . . . . . . .
Parte cor. dos empr. a médio e longo 21
prazos
Outros passivos correntes . . . . . . . . . .
Total do capital próprio e passivo

Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano Decreto n.º 82/01 de 16 de Novembro.

1.5.2 Balancete de Verificação e Final

Sush at all (2022) afirmam que balancete é um demonstrativo muito utilizado no meio
contábil, especialmente para verificar por meio de débitos e créditos a saúde financeira da
empresa. Com ele, é possível ter um controlo interno para analisar, dentro de um período
específico, activos e passivos de resultados.

23
ID (2022), apesar do balancete contábil não ser obrigatório, ele é ótimo para analisar
toda a posição financeira da empresa, bem como oferecer informações valiosas para as
instituições financeiras, acionistas, potenciais investidores, concorrentes, fornecedores e
sindicatos envolvidos com a empresa.

ID (2022), por isso, para uma gestão eficiente, o balancete da empresa deve ser feito da
forma mais actualizada e eficiente possível. Apontando erros como duplicidades, omissões ou
inversões, como saldos divergentes, tudo preparado com muita atenção e evitando problemas
futuros.

ID (2022), a finalidade principal do balancete é informar sobre o actual cenário do


negócio. Ademais, ainda facilita a criação de alguns outros relatórios, como no caso da
Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), até mesmo o próprio balanço patrimonial.

ID (2022), o balancete deve conter os seguintes itens: identificação da empresa, qual a


data de referência, quais são as contas e seus grupos, saldo das contas, soma dos saldos
credores e devedores, em modelos mais detalhados, ele também precisa do código e descrição
completa das contas. O balancete é formado por contas de resultado. Sendo as patrimoniais de
activo (bens e direitos), as de passivo e as de obrigações.

Modelo do balancete

Empresa ...............................................................................................................................
Balancete em .......................................................... Valores expressos em ..........................

Conta Designação Movimento Saldo

24
Débito Crédito Devedor Credor

Imobilizado corpóreo
Imobilizado incorpóreo
Investimento financeiro
Existências
Conta à receber
Disponibilidade
Capital
Resultados transitados
Empréstimo a m/l prazo
Empréstimo a curto prazo
Imposto
Custos
Proveitos
Resultados operacionais
Resultados financeiros
Resultados extraordinários
Resultados antes do imposto
Imposto sobre lucros
Resultado líquido do exercício
Fonte: Autoria do grupo.

1.5.2.1 Balancete de verificação

É uma planilha onde são feitos todos os lançamentos a débito e crédito, para então fazer
a verificação se os totais lançados a débito e crédito são iguais. E a regra da partida dobrada,
onde não pode haver lançamento a débito sem crédito correspondente e vice-versa. Assim,
sempre deverá ser igual o valor lançado a débito e o valor lançado a crédito no saldo final.
Após fazer os lançamentos nos razonetes, deve-se apurar o saldo final das contas e fazer a
verificação para saber se os lançamentos estão corretos. Uma forma de fazer esta verificação é
através do Balancete de Verificação. O balancete apenas confrontara os lançamentos feitos a
débito e os lançamentos feitos a crédito. Ele não conseguirá detectar se houve fraude ou
omissão de lançamentos. ( BÄCHTOLD, 2011).

25
1.5.2.2 Balancete de verificação final

Sush at all (2022) afirmam que balancete de verificação final contempla apenas as
contas patrimoniais da empresa. Nele, as contas de resultado são apagadas por conta da
Apuração de Resultados do Exercício. É esse balancete que determina se os resultados foram
positivos ou negativos. Também são descritos os seguintes dados das contas patrimoniais:
Ativos;

Passivos;

Patrimônio líquido;

Contas de resultados encerradas na apuração do resultado;

Lucro ou prejuízo para o patrimônio líquido.

Sush at all (2022) ainda dizem que para se fazer o balancete é necessário seguir três
passos que determinam a sua estrutura e garantam que tudo o que precisa ser informado esteja
documentado:

1º Período verificado
A primeira coisa a ser feita é determinar o período do balancete, ele pode ser mensal,
trimestral ou anual. Outro detalhe importante a ser considerado é definir se esse documento
servirá apenas para o controle interno ou será utilizado também para o controle fiscal.

2º Determinar o que será informado no balancete


Pense na disponibilidade das equipes e em quanto tempo será preciso para a elaboração
do balancete de verificação. Quanto mais informações tiver, mais tempo irá levar.

3º Preenchimento dos dados

É nesse momento que as informações são concentradas em um lugar para serem


utilizadas. Você pode anotá-las em um documento ou planilha para ter uma visualização
melhor dos dados.
Depois disso, é preciso organizar a maneira como as informações serão detalhadas, a
ordem a ser seguida é a seguinte: Cabeçalho, ativos, saldo anterior, débitos, créditos, saldo
final.

26
1.5.3 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Bächtold (2011) afirma que a demonstração do resultado do exercício (DRE) mostra se


no exercício (ano) a empresa obteve lucro ou prejuízo, detalhando as receitas e despesas
responsáveis por este resultado.

De acordo com o plano geral de contabilidade de Angola (2001) a demonstração de


resultados é uma demonstração contabilística destinada a evidenciar a composição do
resultado formado num determinado período de operações de uma entidade. A demonstração
de resultados é constituída pelas seguintes classes:

Proveitos: aumentos dos benefícios económicos, durante o período, na forma de influxos ou


melhorias de activos ou diminuições de passivos que resultem em aumento dos capitais
próprios, que não sejam os relacionados com as contribuições dos participantes no capital
próprio.

Custos: diminuição nos benefícios económicos, durante o período, na forma de


exfluxos ou perdas de valor de activos ou no aumento de passivos que resultem em diminuição
dos capitais próprios, que não sejam os relacionados com as distribuições aos participantes no
capital próprio.

27
Modelo de Demonstração de Resultados
(por natureza)
Empresa ..............................................................................................................................
Demonstração de resultados em ..................Valores expressos em .....................................

Designação Notas Exercícios


2XXX 2XXX-1
Vendas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Prestações de Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Outros proveitos operacionais . . . . . . . . . . 24

Variações nos produtos acabados e produtos em vias 25 26


de fabrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Trabalhos para a própria empresa. . . . . . . .
27
Custo das mercadorias vendidas e das
matériasprimas e subsidiárias consumidas... 28
Custos com o pessoal. . . . . . . . . . . . . . . . .
29
Amortizações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
30
Outros custos e perdas operacionais. . . . . .

Resultados operacionais: 31
Resultados financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Resultados de filiais e associados . . . . . . . .
33
Resultados não operacionais . . . . . . . . . . .

Resultados antes de impostos: 35


Imposto sobre o rendimento . . . . . . . . . . .

Resultados líquidos das actividades correntes: 34


Resultados extraordinários. . . . . . . . . . . . . 35
Imposto sobre o rendimento . . . . . . . . . . .
Resultados líquidos do exercício. . . . . . .

28
Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano Decreto n.º 82/01 de 16 de Novembro

Modelo de Demonstração de Resultados


(por função)
Empresa ...............................................................................................................................
Demonstração de resultados em..............................Valores expressos em ...........................

Exercícios
Designação Notas 2XX 2XXX-
X 1
Vendas . . . . . . . . 22 23
...............
...

Prestações de
serviços. . . . . . . .
..

Custo das vendas


......... 31

Margem bruta:
Outros proveitos
operacionais . . .
.

Custos de 32
distribuição . . . . 33
.....
Custos 35
administrativos . .
............
Outros custos e
perdas
operacionais . . .
.
34
Resultados
operacionais:
35
Resultados

29
financeiros . . . . .
..........
Resultados de
filiais e
associados . . . . .
..

Resultados não
operacionais . . . .
......
Resultados antes
de impostos:
Imposto sobre o
rendimento . . . . .
.....
Resultados
líquidos das
actividades
correntes:
Resultados de
operações em
descontinuação
ou
descontinuadas .
...............
.
Efeitos das
alterações de
políticas
contabilísticas. .
. Resultados
extraordinários. .
........
Imposto sobre o
rendimento . . . . .
.....
Resultados
Líquidos do
exercício . . . . .
Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano Decreto n.º 82/01 de 16 de Novembro

CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO PRÁTICA

30
Este segundo capítulo tem a necessidade de mostrar a visão prática, com os dados da
empresa F.K. MIGUEL-COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (SU).

2.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa F.K. MIGUEL- COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (SU),


legalmente constituída no ano de 2020 com um capital inicial de 100.000kz, a sua sede
localizase em Luanda, no munício de Belas, tendo como actividade principal a venda e
prestação de serviços profissionais de Energia Renovável e comércio geral.

2.1.1 Missão da Empresa

Tornar-se numa das maiores fornecedora de energia renováveis e no maior comerciante


de produtos diversos.

2.1.2 Visão da Empresa

- Fornecer serviços de excelência aos nossos clientes;

- Expandir os nossos serviços de fornecimento de energia para outros países com


um grande índice de necessidade de fornecimento de energia.

2.1.3 Valores da Empresa

- Responsabilidade e comprometimento em honrar as relações com terceiros;

- Competitividade e grande espirito de honestidade.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DA EMPRESA

Quanto a classificação Jurídica –. classifica-se como uma sociedade por quotas e o


seu domínio de exercício é o Sector Privado;

Quanto a classificação Económica (sector de actividade) – As actividades da empresa


F.K MIGUEL-Comércio e prestação de serviço. configuram-se no Sector Terciário;

Quanto a classificação Funcional (dimensão) – F.K MIGUEL-Comércio e prestação


de serviço, apresenta uma facturação bruta anual não superior em Kz ao equivalente a USD

31
250 mil, de acordo a Lei n.º 30/11 de 13 de Setembro – Lei das Micro, Pequenas e Médias

Empresas, ela assume o critério de classificação de Micro Empresa.


2.3 OBJECTIVOS DA EMPRESA

O objectivo é de progresso paulatino e contínuo, estabelecido pela empresa através da


aplicação dos recursos disponíveis assim são apresentados por parte da empresa F.K.
MiguelComércio e Prestação de Serviços (SU) os seguintes objectivos:

- Objectivo Social

A empresa F.K. Miguel-Comércio e Prestação de Serviços (SU), tem como objectivo


social continuar a manter as boas relações com os mais variados agentes económicos, quer seja
fornecedores ou clientes, e continuar a trabalhar para que os nossos produtos e serviços tenham
aceitação no mercado que se torna bastante competitivo.

- Objectivos Económicos

A empresa F.K. Miguel-Comércio e Prestação de Serviço(SU) tem como objectivo


económico continuar a aumentar os nossos serviços de forma a maximizar cada vez mais os
lucros da empresa.

2.4 ESTRUTURA ORGÂNICA

PCA

DIRETOR GERAL

DIRETOR
CHEFE DO D.TECNICO DIREITOR FINANCEIRO
ADMINISTRATIVO

FUNCIONARIO

32
2.5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Empresa...................................................... FK Miguel Comércio e Prestação de Serviços (SU)


Demonstração de resultados em............................31/12/2021
Valores expressos em........................................... AKZ

Designação Notas 2021


Vendas............................................................................................... . 22 1 952 500,00
Prestações de serviços....................................................................... 23 18 856 111,32
Outros proveitos operacionais.......................................................... . 24 0,00
20 808 611,32
Variação nos produtos acabados e produtos em vias de
fabrico............................................................................................... 25 0,00
Trabalhos para a própria empresa..................................................... . 26 0,00
Custos das mercadorias vendidas e das matérias-primas e
subsidiárias consumidas.................................................................... 27 922 455,00
Custos com o pessoal ....................................................................... 28 263 000,00
Amortizações.................................................................................... 29 74 499,00
Outros custos e perdas operacionais................................................. 30 19 271 841,23
Resultados operacionais...................................................................
276 816,09

Resultados financeiros....................................................................... 31 -601 814,00


Resultados de filiais e associadas...................................................... 32 0,00
Resultados não operacionais.............................................................. 33 0,00
-324 997,91
Resultados antes de impostos...........................................................
0,00
35
Imposto sobre os rendimentos......................................................... -324 997,91

Resultados líquidos das actividades correntes...............................

Resultados extraordinários.............................................................. 34 0,00


Imposto sobre o rendimento............................................................. 35 0,00

Resultados líquido do exercício...................................................... . -324 997,91


.
Fonte: Elaboração do Grupo com base nos dados apresentados pela empresa.

33
2.6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Está parte destina-se a discutir os resultados obtidos pela empresa em análise,


baseandose na revisão da literatura e da hipótese da investigação. Sendo assim, apresentamos a
seguintes discussões ou considerações:

A demonstrações de resultados financeiros da empresa foram elaboradas de acordo


com as normas definidas no plano geral de contabilidade, aprovado pelo Decreto/Lei n.º
82/2001 de 16 de Novembro, pelo PGC em vigor em Angola, respeitando as características de
relevância e fiabilidade, na base da continuidade e do acréscimo, na obediência aos princípios
contabilísticos da consistência, materialidade, não compensação de saldo e com
comparabilidade, e foi mantido o princípio da prudência de forma consistente com os
exercícios anteriores.

Políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento da prestação de serviço:

Foram observadas as condições gerais para reconhecimento do rédito como um


proveito, considerando-se aumento de benefícios económicos com inerente aumento das
contas a receber, sendo os proveitos passíveis de serem quantificados com fiabilidade e com
suficiente certeza.

Para análise dos dados fornecidos pela empresa F.K. Miguel, fez-se recurso a
contabilidade financeira em um quadro denominado demonstração de resultados por natureza,
onde buscou-se evidenciar a situação real da empresa, através de confronto entre os custos e os
proveitos.

No ano de 2021 notou-se que quanto ao resultado operacional a empresa teve um


somatório de proveitos de 20.808.611,32 superior aos custos de 20.531.795,23. A empresa
teve também um custo financeiro de 621.821,00 que superou drasticamente os proveitos
financeiros que participou com apenas 20.007,00. Importa ressaltar que não teve Resultados de
filiais e associadas e nem Resultados não operacionais.

Por força dos dados apresentados anteriormente o Resultado antes do imposto foi
negativo expresso em -324 997,91. No levantamento desses cálculos chegou-se à conclusão
que o exercício económico apresentado no ano de 2021, pela empresa FK Miguel Comércio e
Prestação de Serviços (SU) teve resultado negativo.

34
CONCLUSÃO

Depois de uma análise minuciosa e cuidadosa da informação recolhida na empresa F.K.


MIGUEL, podemos afirmar com convicção que o problema inicialmente levantado foi
completamente resolvido. Através da realização do trabalho com a temática impacto da
contabilidade nas empresas comerciais, conseguimos compreender e avaliar os resultados
obtidos, bem como verificar o cumprimento dos objectivos estabelecidos.

Ao longo do processo de análise, pudemos constatar que a hipótese formulada foi


comprovada, o que nos permitiu focar nossos esforços em solucionar outras questões sendo
que os resultados obtidos foram negativos e, assim, alcançar nossos objetivos. Com a
elaboração do trabalho, conseguimos apresentar de forma clara e objetiva os princípios
contábeis estabelecidos no plano geral de contas, bem como demonstrar como elaborar o
balanço, o balancete e a demonstração de resultados.

Em suma, podemos concluir que o trabalho desenvolvido permitiu à empresa F.K.


MIGUEL prestar contas de suas atividades, fornecendo uma visão ampla e completa dos
resultados alcançados e garantindo a transparência das informações financeiras.

SUGESTÕES

Nº DESCRIÇÃO VALOR
61 Vendas 1.952.500,00
62 Prestações de Serviços 19.609.340,23
63 Outros Proveitos Operacionais -
Total dos Proveitos Operacionais 21.561.840,23
71 CMVMC 922.455,00
72 Custo com Pessoal 263.000,00
73 Amortizações do exercício 74.499,00
75 Outros Custos e Perdas Operacionais 18.518.612,32
Total dos Custos e Perdas Operacionais 19.778.566,32
82 Resultados Operacionais 1.783.273,91
83 Resultados Financeiros 601.814,00
84 Resultados em Filiais e Associadas -

35
85 Resultados Não Operacionais -
86 Resultados Antes do Imposto 2.385.087,91
87 Imposto Sobre os Rendimentos 596.271,98
88 Resultado Líquido do Exercício 1.788.815,93

Despois de um estudo realizado na empresa F.K. Miguel detectou-se a necessidade de


incluir um plano de acção que favorece o aprimoramento dos pontos fracos da empresa,
determinando estratégias que a empresa poderá adoptar, assim sendo destacam-se:

1º Aumento das vendas ou prestação de serviço.

2º Diminuição dos custos e perdas financeiras.

Já que a participação dos proveitos foi muito inferior à dos custos suportados, então se
reduzirmos os custos e aumentarmos o número das vendas e prestação de serviço, a empresa
terá resultados melhores e poderão garantir a continuidade do negócio.

REFERÊNCIAS

ALVES, Aline. Teoria da Contabilidade. Porto Alegre: Sagah Educação, 2017, p. 7-65.

AURÉLIO. Dicionário On-line. Disponível em: https://www.dicio.com.br/aurelio-2/. Consulta


em fev.2022.

BÄCHTOLD, Ciro. Contabilidade Básica. Paraná: Curitiba-PR, 2011.

FABIANI P.et .al. Avaliações de impactos sociais metodologia e reflexões: Instituto para o
desenvolvimento do investimento social.2018.p.30.

FRANCO, Hilário. Contabilidade Industrial. 9.ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GIL, António Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, SP: Atlas, 2002.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, Jose Carlos. Introdução a Teoria da Contabilidade. 4


ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 32-277.

IUDÍCIBUS, Sérgio. Teoria da Contabilidade. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2015.p. 4-16.

KNECHTEL, Maria do Rosário. Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem


teórico-prática dialogada. Curitiba: Intersaberes, 2014.

LOUSÃ, Aires; SALGUEIRINHO, Cristina A Contabilidade e a Gestão Diária. Luanda:


Plural Editores,2012.p.27

36
MAXIMIANO, António Cesar Amaru. Teoria geral da administração.6.ed. São Paulo: Atlas,
2008

OLIVEIRA, Luís Martins de; NAGATSUKA, Divane A. S. Introdução à Contabilidade. São


Paulo: Futura, 2000, p.19-20.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica: Contabilidade Introdutória e


Intermediária. São Paulo: Atlas, 2012.

Plano Geral de Contabilidade (2007). Luanda: Plural Editores.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. São Paulo: Atlas, 2013.

SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da Contabilidade. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 21-59.

ANEXOS
ANEXO Nº 01

BALANÇO
Entidade.................................................. FK Miguel Comércio e Prestação de Serviços (SU)
Balanço em................................................. 31/12/2021Valores expressos em.............AKZ
Designação Notas
2021
37
Activos não correntes:
Imobilizações corpóreas.................................... 4 235 166,00
Imobilizações incorpóreas................................. 5 23 335,00
Investimentos em subsidiárias e associadas.. 6 0,00
Outros activos financeiros................................ 7 0,00
Outros activos não correntes............................ 9 0,00
258 501,00
Activos correntes:
Existências........................................................... 8 0,00
Contas a receber................................................. 9 738 736,50
Disponibilidades.................................................... 152 722,13

10
Outros activos correntes.................................. 0,00
891 458,63
11

Total do activo.............. 1 149 959,63


CAPITAL PRÓPRIO
E
P A S S I V O

Capital próprio:
Capital................................................................... 100 000,00

12
Reservas............................................................. 0,00

13
Resultados transitados....................................... . 0,00

14
Resultados do exercício..................................... -324 997,91
-224 997,91
Passivo não corrente:
Empréstimos de médio e longo prazos ............ 0,00

15
Impostos diferidos............................................. 0,00

16
Provisões para pensões...................................... 0,00

38
17
Provisões para outros riscos e encargos............ 0,00

18
Outros passivos não correntes........................... 0,00
0,00
19

Passivo corrente:
Contas a pagar................................................... 1 374 957,54

19
Empréstimos de curto prazo.............................. 0,00

20
Parte cor. dos emp. a médio e longos prazos..... 0,00

15
Outros passivos correntes.................................. 0,00

21

39
1 374 957,54
Total do capital próprio e passivo.............. 1 149 959,63 ANEXO Nº 02

40

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