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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS

INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO
TRABALHO EM GRUPO

FINANCIAMENTO

Discentes: Ácia Lely Marcos Matavele


Áureo Jaime Nhaca
Cesaltina Cármen Ângelo Banze
Denize Salimo Cabral Borges
Luísa Pascoal Simbine

Docente: Drª. Luisa Jamal

Maputo, Outbro de 2016


ÍNDICE

ÍNDICE .......................................................................................................................................... i
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................ ii
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
Justificativa da escolha do Tema ............................................................................................... 2
Objectivos ................................................................................................................................. 3
Objectivo geral ...................................................................................................................... 3
Objectivo específico .............................................................................................................. 3
FINANCIAMENTO ..................................................................................................................... 4
Definição ................................................................................................................................... 4
Elementos do financiamento ..................................................................................................... 4
Confiança ...................................................................................................................... 4
Risco.............................................................................................................................. 4
Montante ....................................................................................................................... 4
Finalidade ...................................................................................................................... 5
Prazo .............................................................................................................................. 5
Pricing ........................................................................................................................... 5
Garantia ......................................................................................................................... 5
TIPOS DE FINANCIAMENTO ................................................................................................... 5
Crédito bancário ........................................................................................................................ 5
Crédito bancário de curto prazo ................................................................................................ 6
Formas do credito bancario de curto prazo ........................................................................... 6
Linhas de crédito ....................................................................................................................... 8
Business Angels e Capital de Risco .......................................................................................... 9
Objectivo do Capital de Risco ............................................................................................. 10
Entrada de capital de risco .................................................................................................. 11
A saída do capital de risco................................................................................................... 11
AUTO-FINANCIAMENTO ....................................................................................................... 13
Definição ................................................................................................................................. 13
Vantagem do auto-financiamento ........................................................................................... 13
Desvantagem do auto-financiamento ...................................................................................... 13
FINANCIAMENTO INDIRECTO ............................................................................................. 14
Definição ................................................................................................................................. 14
Vantagem do financiamento indirecto .................................................................................... 14
i
Desvantagem do financiamento indirecto ............................................................................... 14
ACESSO AO FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE ......................................................... 15
1. Idoneidade empresarial ....................................................................................................... 15
2. Capacidade Critica .............................................................................................................. 15
3. Contabilidade organizada .................................................................................................... 16
FINANCIAMENTO PELAS ONG’s .......................................................................................... 16
Exemplos de ONG’s que provêm financiamentos .................................................................. 17
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 18
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 19

ÍNDICE DE TABELAS

Tab. 1 – Crédito por desembolso. ................................................................................................ 7


Tab. 2 – Crédito por assinatura. ................................................................................................... 8

ii
INTRODUÇÃO

Uma das principais dificuldades encontradas pelos empreendedores no início de seus


negócios é a obtenção de capital. Segundo Campos e Barbieri (2002), quando o negócio
inovador é oriundo de uma empresa de pequeno e médio porte, a situação é mais difícil
ainda, visto que muitas destas empresas não possuem garantias reais para oferecer aos
financiadores. Titericz (2003) acrescenta que as empresas novas e inovadoras, por
necessitarem de recursos expressivos para o desenvolvimento, e não disporem de capital
próprio suficiente, nem terem acesso a fontes externas de financiamento, acabam ficando
estagnadas. Ao precisarem recorrer às fontes tradicionais de financiamento, às altas taxas de
juros praticadas em Moçambique aliadas à exigência de garantias reais para a concessão dos
empréstimos tornam o negócio inviável, por vezes.
Assim é que o capital de risco surge como uma forma de levantar o capital necessário para
operacionalizar o negócio. O capital de risco, portanto, se diferencia do financiamento, visto
que, além do dinheiro, o investidor contribui com conhecimentos e ajuda no gerenciamento
da empresa (CARLOS, 2004). Segundo Titericz (2003, p.13-14), “[...] com o capital de risco
a empresa recebe investimentos para se desenvolver, vendendo acções e ainda ganha um
sócio, que pode trazer a sua experiência administrativa e compartilhar o risco do negócio”.
O capital de risco é dividido em três formas de financiamento: o capital semente (Seed
Capital), o financiamento do capital inicial (Startup) e o financiamento do crescimento
(Expansion). O capital semente é destinado a empresas que estão apenas no papel, ou seja,
“[...] são recursos investidos no estágio pré-operacional da empresa para a elaboração de
plano de negócios, construção de protótipo, desenvolvimento de pesquisa de mercado e
contratação de executivos” (ANPROTEC; SEBRAE, 2007, p.34). Já o financiamento do
capital inicial é o montante destinado àquelas empresas que já possuem o protótipo de um
produto que está apto a ser comercializado. Por último, o financiamento de crescimento são
fundos destinados a financiar o crescimento saudável da empresa.

1
Justificativa da escolha do Tema

O presente tema mereceu a nossa atenção por termos constatado que, apesar de trazer muitas
vantagens para os nosso actuais empreeendedores, ajudará os que pretendem de igual modo
singrar na exploração de ideias e transformação das mesmas em negócios, no que concerne
ao financiamento, desde a sua explanação até a situação da mesma em Moçambiqe, dando
assim directrizes do novo empreendedor ou inovador de buscar as suas fontes de
financiamento de forma clara sem objecções e dúvidas do que poderá advir das suas decisões
em procurar tais financiamentos.

Motivou-nos igualmente a necessidade de contribuir para a citação de meios e tipos de


financiamentos existentes nas várias organizações que Moçambique possui, recursos estes
que nos permitiriam imprimir uma nova dinâmica no desenvolvimento das ideias e da
economia em si, captando os benefícios monetários que podem resultar de uma gestão eficaz
do potencial destes provedores de financiamentos, o uso dos business angels, e, acima de
tudo, da gestão de risco para o desenvolvimento e transformação de ideias em negócios.

2
Objectivos

Objectivo geral

Este singe-se em estudar os modelos aplicados de financiamento em Moçambique para com


os empreendedores e inovadores que procuram por tais serviços.

Objectivo específico

Pretendemos com esta pesquisa:

1. Fazer um breve estudo do que viria a ser o financiamento e os seus benefícios e tipos;

2. Por outro, analisá-los e prover os melhores à disposição em Moçambique para os


novos empreendedores e inovadores;

3. Chamar à alusão dos possíveis riscos a correr no processo de aquisição de


determinados financiamentos e das suas necessidades, desde a complexibilidade da
própria credibilidade até a aquisição final do financiamento.

3
FINANCIAMENTO

Definição

É uma operação em que a parte financiadora, que em geral costuma ser uma instituição
financeira, esta fornece recursos para a outra parte que esta sendo financiada de modo que
esta possa executar algum investimento específico previamente acordado. Ou por outras
podemos dizer que financiamento é a compra parcelada de um produto ou serviço em que se
acrescenta uma taxa de juro ao montante inicial que variará conforme o tempo de duração do
mesmo. CHIAVENATO (2005)

NOTA:

Muitas das vezes confundimos o financiamento com o empréstimo, mas o empréstimo e o


contrario do financiamento, uma vez que os recursos do financiamento precisam
necessariamente de serem investidos de modo acordado no contracto, enquanto os do
empréstimo não é preciso informar qual o bem que se pretende comprar ou seja, os recursos
obtidos não tem destinação específica.

Elementos do financiamento

Existem no total sete elementos do financiamento, os mesmos que são:

 Confiança - é o elemento chave, pois os empresários devem demonstrar


credibilidade e transparência, idoneidade, capacidade de gestão e contabilidade
organizada para conquistar a confiança dos bancos;

 Risco - representa o elemento que permite determinar a capacidade do mutuário para


reembolsar o serviço da divida ou seja do capital e juro;

 Montante - constitui a verba emprestada ou fundos desembolsados pelo banco. O


montante a conceder varia em função do nível da colacterização, ou seja, do grau de
cobertura do risco e o limite de concentração de rico do banco que e 25% dos fundos
próprios;
4
 Finalidade - é um dos elementos que definem o credito bancário, e esta relacionada
com a aplicação ou utilização dos fundos desembolsados pelo banco. A correcta
aplicação dos fundos por parte do mutuário contribui para refocar os laços de
confiança com o credor que é o banco;

 Prazo - permite aferir o horizonte temporal para reembolso da dívida, quanto maior
for o prazo, maior terá de ser a confiança do banco e, consequentemente, maior risco
da operação de crédito;

 Pricing - é o custo do financiamento a que se chama de taxa de juro ou de comissões.


A determinação do preço do empréstimo depende da experiencia creditícia ou seja do
histórico de relacionamento, registo de incidentes, etc, do risco de credito e prazo de
reembolso;

 Garantia - a garantia tal como já diz o nome serve com elemento de protecção de
risco do crédito, ou seja, quando a avaliação de risco do banco considera que a
probabilidade de incumprimento do devedor é elevada, então a exigência é maior para
assegurar a recuperação do capital mutuário e respectivo juros.

TIPOS DE FINANCIAMENTO

Crédito bancário

Segundo (Pires, 1996), é uma operação financeira em que um banco disponibiliza um valor
monetário em determinado momento a favor de outrem em contrapartida de um compromisso
de pagamento do correspondente valor acrescido de um proveito financeiro.

Normalmente, o crédito bancário é uma forma de financiamento adequada no caso de a


empresa estar moderadamente endividada e com boa capacidade de gerar cash flows1 ou seja
lucros, assim os empresários com negócios nestas condições podem recorrer a empréstimos

1
Cash Flow significa fluxo de caixa. É o dinheiro que entra e sai da sua empresa. É diferente do lucro contabilístico que considera
proveitos e rendimentos no momento em que ocorrem independentemente do momento em que são recebidos ou pagos.
5
bancários para financiarem as suas operações e programas de expanção com condições muito
vantajosas, sem cederem parte do controlo da empresa. Como é natural, os bancos são mais
receptivos a emprestarem dinheiro a empresas sólidas e já estabelecidas no mercado do que a
empresas emergentes. Assim o financiamento bancário pode ser aconcelhável nas seguintes
condicoes:
• Expanção de um negócio lucrativo;
• Financiamento de uma grande aquisição (equipamentos, instalações, dentre outros);
• Quando o cash flow da empresa é forte e seguro.

Crédito bancário de curto prazo

É uma operação financeira através da qual uma instituição bancária coloca a disposição do
seu cliente um determinado montante por ele solicitado comprometendo-se a liquidá-lo em
datas previamente fixadas e acrescido dos respectivos juros.

Formas do credito bancario de curto prazo

Desconto de letras e livranças

Corresponde ao adiantamento, feito pela instituição bancária que realiza a operação


relativamente à data do seu vencimento. Estas operações têm diversos tipos de custos
designadamente: juros, comissões, imposto de selo e portes (no caso das letras).

Emprestimos de curto prazo

São normalmente usados para financiar operações de prazo reduzido, como por exemplo, a
necessidade momentânea de tesouraria.

Contas correntes caucionadas

São operações de crédito pelas quais a entidade financiadora coloca ao dispor do seu cliente
um determinado volume de crédito contratado, que este pode utilizar até o seu limite,

6
podendo repor quando entender, partes do capital por forma a reduzir o montante do seu
debito.

Descobertos bancários

Constituem plafonds2 ou seja valor limite de crédito que as entidades bancárias autorizam
que as empresas movimentem quase sempre por períodos muito curtos de tempo para suprir
necessidades momentâneas de tesouraria.

Tipo de Prazo de Periodicidade do


Finalidade Pricing Garantias
producto financiamento serviço da dívida
Taxa de Juro negociável
Descoberto Mais utilizado em
Até 12 meses Comissão de abertura
autorizado regime mensal
Comissão de renovação
Conta Taxa de Juro negociável
Mensal, trimestral,
corrente Até 12 meses Comissão de abertura Titulação
Apoio a semestral, anual
caucionada Comissão de renovação Garantias reais
tesouraria
Pagamento de Garantias pessoais
Taxa de Juro negociável juros “à cabeça” e
Desconto de 30, 60, 90, 120
Comissão de abertura reembolso do
livrança dias
Comissão de reforma capital na data de
vencimento
Empréstimo Titulação
Taxa de Juro negociável
de médio e Garantias pessoais
Comissão de abertura
longo prazo Penhor ou hipoteca
Apoio ao Superior a 12 Mensal, trimestral,
dos activos, objecto
Locação investimento meses semestral, anual
Taxa de Juro negociável de financiamento
financeira
Comissão de abertura com excepção do
(Leasing)
leasing.
Tab. 1 – Crédito por desembolso.

2
É o limite de crédito autorizado por um banco à um cliente
7
Tipo de
Finalidade Prazo Pricing Contra-garantias
producto
Comissão de abertura e liquidação
Titulação
Negpciável do crédito
Garantias pessoais
Crédito Apoio à com o Despesas de comunicações (swift)
Em algumas situações os
documentário importação banco Despesas com correspondente,
bancos exigem caução de
emitente despesas de alterações,
depósito
prorrogação, etc.
Titulação
Participação Garantias pessoais
Negociável Comissão de emissão (prémio de
em concursos Em algumas situações os
Garantias com o garantia), despesas de
Adiantamento bancos exigem caução de
bancárias banco organização, despesas de
de fundos depósito
emitente expediente, etc.
Boa execução Consignação de receitas
dos contractos adjudicados
Tab. 2 – Crédito por assinatura.

Linhas de crédito

As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o curto
prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um plafond
previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de tesouraria. As linhas
de crédito são especialmente indicadas para fazer face a insuficiências temporárias e
previsíveis de tesouraria (frequentes, por exemplo, em negócios sazonais) ou para prevenir o
aparecimento de rupturas inesperadas.
O factoring3 é igualmente um instrumento de gestão de tesouraria, ou seja, de cobertura das
necessidades de curto prazo. O contrato de factoring consiste na cedência dos créditos da
empresa a uma sociedade especializada que se responsabilizará pela cobrança desse crédito.
A factoring adianta uma parcela do valor desse crédito à empresa, recebendo em troca uma
comissão. Este método tem a vantagem da empresa poder realizar os seus créditos sem estar
dependente do prazo de pagamento dos clientes. Tem a desvantagem do custo associado, que
reduz a rentabilidade das vendas.
O leasing é um instrumento de financiamento ao qual a empresa pode recorrer quando não
pretende afectar grandes quantidades de capital para ter acesso a um determinado bem

3
Factoring é uma atividade comercial, mista e atípica, que soma prestação de serviços à compra de ativos financeiros.
(http://sinfacrj.com.br/oque_e_factoring.php)
8
(normalmente tratam-se de bens de equipamento). Num contracto leasing, o proprietário do
equipamento (o locador) autoriza o utilizador (o locatário) a dispor do equipamento em troca
de pagamentos periódicos, que incluem capital e juros. Findo o prazo de vigência do
contracto, o locador pode adquirir o equipamento objecto do contracto, mediante o
pagamento de um valor residual pré-estabelecido. Ao diferir os pagamentos, a empresa
consegue garantir uma maior liquidez. No entanto, tem a desvantagem de não ser proprietária
do equipamento, tendo por isso que indemnizar a locadora no caso de surgir algum acidente
com o equipamento da sua responsabilidade.

Business Angels e Capital de Risco

Finalmente, temos o financiamento por capital, que consiste na troca de dinheiro por uma
parcela do capital e, como tal, de uma parte do controlo da empresa. Numa primeira fase, o
empreendedor, face à carência de fundos próprios e aos problemas decorrentes do crédito,
pode recorrer a investidores privados, sejam eles família, amigos ou Business Angels. Estes
últimos – normalmente empreendedores que vendem o seu negócio ficando com dinheiro
disponível – podem ser uma ajuda preciosa com a sua experiência e know-how na gestão de
pequenos negócios.
Tipicamente, os business angels cedem capital a empresa emergentes, cuja dimensão é ainda
muito pequena para atraírem capital de risco. Por outro lado, tendem a assumir um papel de
grande colaboração com o empresário, contribuindo com a sua experiência. Então, o recurso
aos business angels é aconselhável nas seguintes situações:

• Os montantes de financiamento envolvidos são pequenos e a empresa é recente;


• No caso de o empreendedor ter um ou mais amigos com capacidade financeira que
acreditam nele e, por isso, estão disponíveis para investirem no projecto.
• O empreendedor está disponível para aceitar investidores que tenham um interesse pessoal
no seu negócio, mas não quer que a gestão seja influenciada por estranhos.

O Capital de Risco pode ser definido como uma forma de investimento empresarial, com o
objectivo de financiar empresas, apoiando o seu desenvolvimento e crescimento, com fortes
reflexos na gestão. É também uma das principais fontes de financiamento para jovens
empresas, start-up’s e investimentos de risco com elevado potencial de rentabilização.

9
Comparado com outras fontes, como o crédito bancário, os subsídios públicos, as ofertas em
mercado de bolsa e a angariação de investidores privados, o Capital de Risco destaca-se pela
análise concreta dos projectos apresentados, do seu potencial de crescimento e da relação
com o risco.
Uma vez feita essa análise, e aprovado o investimento, o Capital de Risco assume um
interesse directo na sua valorização e crescimento. Comparado com as outras formas de
financiamento, é a única que assume o sucesso do negócio como o sucesso do seu próprio
investimento.
As sociedades ou fundos de capital de risco tomam participações normalmente minoritárias e
temporárias (3 a 7 anos) no capital da empresa. Trata-se de uma forma de financiamento
interessante, na medida em que o empreendedor não só assegura os fundos necessários, como
garante um parceiro de capital que irá partilhar o risco com o empresário. Uma vez que o
retorno do investidor de capital de risco é a saída do negócio, cabe ao empreendedor explicar
como irá garantir uma saída em condições vantajosas.
O recurso ao financiamento via capital de risco só está ao alcance de negócios que
apresentem potencial de crescimento ou um elevado retorno de investimento esperado. Esta
forma de financiamento é adequada nas seguintes condições:

• O empreendedor possui uma ideia e uma tecnologia excepcionais, que lhe permitiram (ou
permitirão) conquistar uma base de clientes de elevado potencial.
• O empreendedor está disponível para partilhar o controlo da empresa com terceiros.
• A empresa está numa fase pré-IPO, isto é, pretende distribuir parte do seu capital em bolsa
num futuro próximo, o que implica necessidades extra de capital.

Objectivo do Capital de Risco

O Capital de Risco tem por objectivo financiar pequenas empresas, em início de actividade
ou transformação e expansão, apoiando o seu desenvolvimento e crescimento, tendo por
finalidade o sucesso empresarial e o lucro.
Tendo por objecto investir numa empresa e facultar-lhe os instrumentos necessários ao seu
desenvolvimento ou recuperação, o sistema de informações de crédito pode controlar
efectivamente a empresa, e obter uma remuneração substancialmente superior ao que seria
garantido pela dimensão da participação social.

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O objectivo do Capital de Risco é identificar empresas com elevado potencial, mesmo que se
encontrem em situação financeira delicada, realizar uma entrada de dinheiro como
contrapartida de uma participação minoritária e, pela intervenção directa na gestão da
empresa, implementar soluções profissionais, desenvolver estratégias de eficiência na
produção e distribuição, marketing e promoção, e assim contribuir para a valorização do
negócios.
O Capital de Risco não pode, nem deve ser encarado como um lend4er of last resort5ou
última salvação de empresas, uma vez que não é garantido.

Entrada de capital de risco

Os parceiros do Capital de Risco devem compreender que a entrada de Capital de Risco não
é equivalente à tomada de controlo da empresa.
O Capital de Risco não se ocupa da gestão da empresa: apoia a gestão e a inovação,
sustentando as acções que possam contribuir para a sua valorização, criando desta forma:
i) Reforço da estrutura financeira da empresa;
ii) Facilidade de acesso e outras fontes de financiamento;
iii) Sinalização sobre a credibilidade da empresa;
iv) E um parceiro empenhado que contribui com aconselhamentos e permite o acesso a uma
interessante rede de contactos.

A saída do capital de risco

O Capital de Risco é um investimento de curto ou médio prazo no capital da empresa, por


natureza, é sempre um investimento temporário. Como a sua remuneração está dependente
das mais-valias realizadas, importa saber quais os mecanismos de desinvestimentos – de
saída – do Capital de Risco.
A saída pode assumir diversas formas:
a) Venda da participação aos seus antigos titulares, tanto de forma espontânea como pré-
negociada logo no momento do investimento;

4
Credor
5
Último recurso
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b) Venda da participação a terceiros, quer a investidores tradicionais como a outros
investidores de Capital de Risco (caso em que o desinvestimento assume a designação de
secundary buy-out);
c) Venda em Mercado da bolsa, em especial quando o Capital de Risco assumiu a natureza
de bridge financing.

O Investimento-Anjo é o investimento efetuado por pessoas físicas com seu capital próprio*
em empresas nascentes com alto potencial de crescimento (as startups) apresentando as
seguintes características:
1. É efectuado por profissionais (empresários, executivos e profissionais liberais) experientes,
que agregam valor para o empreendedor com seus conhecimentos, experiência e rede de
relacionamentos além dos recursos financeiros, por isto é conhecido como smart-money.
2. Tem normalmente uma participação minoritária no negócio.
3. Não tem posição executiva na empresa, mas apóiam o empreendedor actuando como um
mentor/conselheiro.

*O Investimento com recursos de terceiros é chamado de "gestão de recursos". É efectivado por fundos de
investimento e similares, sendo uma modalidade importante e complementar a de Investimento-Anjo,
normalmente aplicado em aportes subsequentes.

É importante observar que o investimento-anjo não é uma actividade filantrópica e/ou com
fins puramente sociais. O Investidor-Anjo tem como objectivo aplicar em negócios com alto
potencial e retorno, que consequentemente terão um grande impacto positivo para a
sociedade através da geração de oportunidades de trabalho e de renda. O termo "anjo" é
utilizado pelo facto de não ser um investidor exclusivamente financeiro que fornece apenas o
capital necessário para o negócio, mas por apoiar ao empreendedor, aplicando seus
conhecimentos, experiência e rede de relacionamento para orientá-lo e aumentar suas chances
de sucesso.

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AUTO-FINANCIAMENTO

Definição

Para Albuquerque (1996) o autofinanciamento, é o tipo de financiamento no qual se utilizam


recursos próprios, gerados pela própria instituição ou pessoa no decurso de suas atividades,
através dos resultados líquidos obtidos por esta instituição ou pessoa.

Carvalho (1997), refere-se ao autofinanciamento como sendo a parcela dos investimentos que
são custeados com os lucros acumulados de uma empresa ou grupo econômico, assim como
que por uma pessoa singular.

Financiamento com recurso a capitais gerados pela própria empresa no decurso da sua
actividade, isto é, através dos resultados líquidos obtidos. < http://dif.pt>

Vantagem do auto-financiamento

O auto financiamento evita o recurso a capitais alheios, onerosos, bem como, o recurso a
incrementos de capital por parte dos seus sócios ou accionistas de modo a poupar o esforço
financeiro dos mesmos.

Desvantagem do auto-financiamento

A desvantagem do autofinanciamento é uma redução do valor dos dividendos eventualmente


distribuídos para os acionistas.

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FINANCIAMENTO INDIRECTO

Definição

São os fundos monetários a serem canalizados (indirectamente) para os agentes “investidores


líquidos” (com necessidade de financiamento).
Obtêm-se pelas instituições financeiras aos agentes (que detêm capitais liquidos) com
capacidade de financiamento, comprando titulos de dívida primária, os mesmos emitidos
pelas empresas.

Assim sendo podemos dizer que o financiamento indirecto é aquele que se efectua através da
acção dos intermediários financeiros: emprestam e pedem emprestado, quanto a maior parte
dos recursos das instituições financeiras não são sua propriedade mas sim dos agentes
económicos principalmente das famílias ou outras empresas. Marques (1991)

Vantagem do financiamento indirecto

O financiamento indirecto tem como vantagens seguintes:


 Adequação das maturidades;
 Adequação da liquidez;
 Economias de escala (por terem grandes proporções):
– Reduz o custo de transacção e permite diversificar o risco: alisamento
intertemporal, o risco pode ser “espalhado” pelo tempo.
– Facilita o acesso ao financiamento por parte das empresas pequenas e sem
reputação, que não têm escala suficiente para emitir títulos.
 Sendo o mercado financeiro caracterizado pela incerteza e assimetria de informação,
os intermediários financeiros beneficiam do facto de reunirem muita informação, e de
a processarem de forma mais eficiente do que os indivíduos.
 Mecanismo multiplicador.

Desvantagem do financiamento indirecto

A desvantagem do financiamento indirecto é ter taxas elevadas por existir um segundo


financiador no meio do processo, e por este não ser muito aconselhável.
14
ACESSO AO FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE

O acesso ao financiamento tem sido apontado pelo sector privado como sendo um dos
principais constrangimento para o desenvolvimento da actividade empresarial em
Moçambique. As empresas para acederem as diferentes fontes de financiamento disponíveis
no mercado-banca, mercado de capitais ou capitais de risco devem fornecer um conjunto de
informações (Qualitativas e Quantitativas) com vista a conferir transparência e credibilidade
empresarial. Assim sendo o acesso ao financiamento assenta fundamentalmente em três
pilares:

1. Idoneidade empresarial

Qualquer banco ao conceder um empréstimo precisa de ter a segurança que os fundos


desembolsados serão devidamente utilizados e reembolsados no prazo acordado, desta forma
preocupando-se em saber a quem estão a financiar ou emprestar dinheiro procurando obter as
seguintes informações:
a) Quem são os sócios e gestores da empresa?
b) Que tipo de actividade a empresa desenvolve?
c) Existem algum histórico de registo de incidentes ou incumprimento no sistema
financeiro?
d) Existem dívidas irregulares com a segurança social?
e) Existem dividas ficais vencidas e não regularizadas?
f) Existem informação em desabono da empresa, sócio e gestores?

2. Capacidade Critica

Os empresários devem entregar toda a informação financeira fiável, que permita aos bancos
aferir a capacidade previsional de pagamento do serviço da divida (capital e juros), que por
sua vez, o banco irá avaliar a capacidade financeira da empresa ou projecto para gerar fluxos
monetários (cash flow) futuros que é aquele que consegue prover meios financeiros
suficientes para assegurar ou fazer face a cobertura ou reembolso do serviço da divida.

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3. Contabilidade organizada

As demonstrações financeiras (balanço, demonstração de resultados, mapa de fluxos de


caixa), tem a vantagem pois influenciam na tomada de decisão de crédito porque permitem
ver a situação económica e financeira das empresas (passado e presente), assim como, prever
cenários de evolução e riscos associados. Além disso as melhores prácticas internacionais
aceites recomendam que as demonstrações financeiras deverão apresentar quatro
características qualitativas:
o Compreensibilidade - significa rapidamente compreensível pelo utente;
o Relevância - significa que influencia as decisões de utentes (em particular, os
financiadores);
o Fiabilidade - significa que é confiável, isenta de erros materiais ou de influência;
o Comparabilidade - significa que a informação financeira e comparável com outro
períodos.

FINANCIAMENTO PELAS ONG’s

As organizações não-governamentais (ONG), e particularmente as organizações de pessoas


com deficiência, têm-se visto confrontadas com sérias dificuldade financeiras que advêm, por
um lado da quebra significativa dos apoios de empresas, motivado pela crise financeira e, por
outro, da diminuição do financiamento estatal, o que as tem obrigado a procurar
financiamento através de outras fontes.
Esta acção exige, da parte das organizações, um trabalho e uma exigência extra para os quais
muitas vezes não estão preparadas. Actualmente, a captação de recursos significa apresentar
um projecto ou uma candidatura a um prémio. Ao nível nacional poucas entidades atribuem
financiamento sem que este esteja suportado por um projecto e muito poucas não têm já pré-
definidos os objectivos e o público-alvo a que se destina o seu financiamento.
Acresce que são muito poucas as que financiam os projectos a cem porcento, o que limita
ainda mais a capacidade das organizações, tendo em conta as dificuldades financeiras que
enfrenta a esmagadora maioria. Para entidades sem fins lucrativos esta é uma dificuldade
acrescida.

16
A crise financeira conduziu os financiadores a colocarem a tónica do seu apoio na ajuda
directa aos sectores mais desfavorecidos, o que, em muitos casos, não se enquadra na
filosofia das ONG que prosseguem objectivos de defesa dos direitos humanos.
Neste contexto, as organizações devem planear a sua actividade tendo em consideração as
linhas de financiamento existentes e de que forma estas linhas estão em conformidade com a
actividade que desenvolvem e os objectivos que prosseguem.
As limitações orçamentais de Moçambique são, habitualmente, referidas para justificar o não
crescimento do apoio financeiro à actividade continuada das organizações. É, assim,
essencial uma clarificação política que dê garantias de sustentabilidade às organizações, para
que estas possam desenvolver a sua actividade de interlocutores na área da deficiência.

Exemplos de ONG’s que provêm financiamentos

Fundação Mulher Unida Contra a Pobreza (FUMUCOP)


Associação Juvenil de Protecção e Combate ás Epidemias AJUPCE)
Associação SOTEMAZA
Associação para Desenvolvimento Social (ADS)
Âgencia de Desenvolvimento Económico Local (ADEL)
Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Mulher Rural (AMRU)
Organismo para Desenvolvimento Sócio-Económico Integrado - KULIMA
Agência de Cooperação e Pesquisa para o Desenvolvimento (ACORD)
Kwaedza Manica
Liga dos Escuteiros de Moçambique
FUMASO - Associação Fungulani Madjisso
NAVE - Núcleo de Apoio a Velhice
Oxfam International: http://www.oxfam.org/
USAID: http://www.usaid.gov/
Save the children: http://www.savethechildren.org
PNUD: http://www.pnud.org.br/home/
Banco Mundial: http://www.worldbank.org/

Fonte: funae.co.mz

17
CONCLUSÃO

As informações colectadas permitiram perceber-se a importância de conhecer os demais tipos


financiamento para os negócios inovadores, uma vez que muitos empreendedores não
possuem garantias reais para conseguir financiamento nas fontes tradicionais, tanto que e
como exemplo o capital de risco disponibiliza recursos tendo como contrapartida a
participação no capital social da empresa investida.
Também se constatou que em Moçambique ainda faltam negócios estimulantes e viáveis a
serem financiados. Em parte, isso é devido ao facto de, no país, quase metade das pessoas
que empreendem o fazem por necessidade e não por oportunidade, o que, na maioria das
vezes, não interessa aos capitalistas, pois estes buscam propostas que possam dar um alto
retorno. Isso, geralmente, só é conseguido por meio de negócios inovadores, que introduzam
um novo produto/serviço ou aperfeiçoem algo já existente.
Além disso, fatores como baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento, taxa de juros
alta, excessiva carga tributária e restrições trabalhistas, interferem na oferta de investimentos
de Private Equity6 e Venture Capital7 no país, haja vista que isso dificulta o retorno esperado
pelos capitalistas. Como se sabe, o risco é proporcional ao retorno. Deste modo, como o
investimento em empresas que propõem algo novo pode não dar certo, os capitalistas buscam
altos retornos para compensar as prováveis perdas em alguns investimentos.
Sendo assim, percebe-se que a disponibilidade de capital de risco em Moçambique é tanto
um problema de demanda como de oferta e ambos têm ligação com o facto de muitos
empreendimentos moçambicanos serem motivados por necessidade e não por oportunidade.
Assim, geralmente, não surgem tantas propostas viáveis que estimulem os capitalistas de
risco a aumentarem o montante destinado a novos empreendimentos.
Este trabalho, portanto, atende ao objectivo de questionar se o volume de financiamento é um
problema de demanda ou de oferta. Sugere-se o desenvolvimento de novas pesquisas,
aprofundando as discussões acerca da questão, em especial dimensionando-se
quantitativamente a oferta de recursos oriundos de fontes de risco versus a efetiva demanda
de empresas que apresentem negócios inovadores.

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Private Equity é um tipo de atividade financeira realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que
ainda não são listadas em bolsa de valores ou seja ainda estão fechadas ao mercado de capitais, com o objetivo de captar
recursos para alcançar desenvolvimento da empresa. Esses investimentos são realizados via Fundos de Private Equity.
7 Venture Capital: investimento na fundação de uma empresa nova ou expansão de uma empresa pequena.

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