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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 1

Liquidação das sociedades................................................................................................ 2

Contabilização (liquidação) .......................................................................................... 3

Transformação de Sociedades .......................................................................................... 7

Conclusão ......................................................................................................................... 9

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 10


Introdução

O presente trabalho que tem como tema “ Liquidação e Transformação de Sociedades”


tem como objectivo geral abordar de forma sucintos aspectos relevantes ao tema e tem
como objectivo específico apresentar aspectos teóricos e práticos do processo de
liquidação e sua contabilização e por fim tratar-se-á teoricamente acerca da transformação
de sociedades.

Estrutura do trabalho:

Introdução;

Desenvolvimento;

Conclusão.

1
Liquidação das sociedades

O processo de dissolução consiste na extinção ou morte de uma sociedade, onde a


sociedade termina a persecução do objecto social e dá-se início à fase de liquidação, como
ensinam Manuel e Pereira (1987), que a dissolução consiste na morte, extinção ou
desaparecimento de uma sociedade, no entanto, essa morte nunca é repentina, pois a
sociedade dissolvida contínua a ter ainda a existência jurídica. Dissolvida a sociedade,
normalmente abre-se a fase de liquidação e desenvolve-se o respetivo processo, nesta fase
do processo de liquidação tem em vista a repartição pelos sócios o património societário.
(Silva & Pereira, 1997).

Na linha dos autores acima, é fundamental ter em atenção nessa fase de liquidação, pois
é nesta fase onde vão se pagar as dívidas da sociedade e fazer a partilha (dividir) entre os
sócios o património societário remanescente.

Silva e Pereira (1997), em suas abordagens em relação a liquidação, diz que antes de
iniciada a liquidação, devem ser organizados e aprovados os documentos de prestação de
contas da sociedade, reportados à data da dissolução. Além disso, é natural e conveniente,
para os interessados, que se elabore, com base num inventário, minucioso dos bens
sociais, um balanço de liquidação, com caracter essencialmente previsional, cujos valores
serão ou não confirmados no decurso da liquidação.

Os autores ainda ressaltam que os balanços de liquidação, ao contrário dos de gestão ou


exploração, não se destinam ao apuramento dos resultados do exercício mas a
determinação do real valor do património na hipótese de efectiva e imediata realização
do activo como por exemplo: prédios, moveis, mercadorias, créditos, etc. para o
pagamento de todo o passivo, por conseguinte para o esclarecimento dos interessados,
convém, elaborar um balanço de liquidação. Isso porém, não obriga a tomá-lo para a base
dos lançamentos a efetuar pelo liquidatário, o que interessa é saber quais os bens e
créditos que lhe foram confiados e que lhe compete realizar e não propriamente os valores
que aos mesmos se atribui.

Ainda no disposto do art. 240.° do código comercial, diz que no fim de cada exercício os
liquidatários devem apresentar contas aos sócios sobre a situação patrimonial da
sociedade e o andamento da liquidação e, bem assim, apresentar as contas finais ou de
encerramento com relatório completo sobre a liquidação e uma proposta de partilha de
activo que existir.

2
No n.o 1 e 2 ambos do art. 243 do código comercial a deliberação de encerramento da
liquidação deve ser registada pelos liquidatários no prazo de 15 dias, e o registo deve ser
acompanhado pelos documentos seguintes:

a) Relatório completo sobre a liquidação;


b) Proposta de partilha do activo.

Assim, por liquidação deve ser entendida como sendo o conjunto de actos ou operações
necessárias para realizar o activo e pagar o passivo da sociedade. Em sentido lato, a
liquidação abrangera ainda a partilha do remanescente, quando o houver, pelos sócios, de
acordo com as disposições legais e estatutárias e as resoluções tomadas em reunião ou
assembleia-geral (Silva & Pereira, 1997), ter-se-á então:

a) Realização do activo;
b) Pagamento do passivo;
c) Partilha do remanescente.

Os autores acima ainda afirmam que a liquidação e partilha são instituições distintas,
apesar de normalmente se confundirem, tanto uma é a consequência da outra. Por isso,
pode haver liquidação sem partilha, como pode haver partilha sem liquidação
propriamente dita, como no caso de as dívidas absorverem todo o activo e de se fazer a
transmissão global a terceiros de todo o activo e passivo.

Contabilização (liquidação)

Aprovadas as contas de gerência, deve proceder-se ao fecho e reabertura de todas as


contas, para que os lançamentos respeitantes à liquidação apareçam nos livros
nitidamente separados dos concernentes às anteriores operações da empresa liquidanda
(Manuel & Pereira, 1987), depois, haverá que contabilizar as operações de liquidação.

Ainda o autor acrescenta que, as cobranças das dívidas a receber e a alienação das
existências e dos elementos do activo imobilizado, naturalmente, dever-se-ão ter em conta
as respectivas provisões e amortizações acumuladas.

Exemplo: A sociedade Nkapalae, Lda. elaborou em 15 de Dezembro de N o Balanço de


liquidação para permitir aos seus sócios, em pleno acordo, proceder à sua liquidação.

3
Balanço da Nkapalae, Lda.

Activos Passivos e Capital


Edifício--------------------- 1600,00 Capital-----------------------1800,00
Eq. Administrativo----------310,00 S.Vienina-----1200,00
Mercadoria------------------1650,00 S.Dalma------600,00
Cliente-----------------------2530,00
Res. Liq. Exercício--------(1500,00)
Caixa--------------------------110,00
Fornecedor-------------------4300,00
Empréstimo Bancário-------1600
Total Ativo------------------6200,00 Total P+CP-------------------6200,00

Fonte: (Silva & Pereira, 1997).

Nomearam Sra. Felícia para auxiliar e fiscalizar a liquidação mediante uma retribuição
de 1300,00 MZN. As operações de liquidação face a esta situação são:

1. O prédio foi vendido por MZN 1800,00.


2. O equipamento do escritório rendeu, em leilão, MZN 280,00.
3. As mercadorias venderam-se a pronto pagamento por MZN 2180,00.
4. Os clientes pagaram apenas MZN 2200,00 e podendo o resto considerar-se
completamente perdido.
5. Pagamento aos fornecedores MZN 4000,00.
6. Os empréstimos bancários foram integralmente pagos.
7. Os gastos gerais (fornecimento e serviços) efectuados durante a liquidação
totalizam MZN 1090,00.

Pretende-se:
1. Efectue, no Diário, da sociedade os lançamentos respeitantes à liquidação.
2. As contas e as subcontas estejam de acordo com o Plano Geral de Contabilidade
e Normas Internacionais de Relato Financeiro (PGC-NIRF).

4
Lançamentos relativos às operações de liquidação no Diário e na conta 8.8
Resultado liquido do período.

Diário da sociedade Nkapalae, Lda.

2.1 Caixa
a 3.2 Activos Tangíveis
3.2.1 Construções
3.2.1.2 Edif. Admin. e comerciais
p/venda do prédio ------------------------------------ 1800,00
___________________//________________________
1.1 Caixa
a 3.2 Activos Tangíveis
3.2.3 Mobiliário e Equip. Administ. Social
p/venda de equipamento de escritório------------- 280,00
__________________//_________________________
1.1 Caixa
a 7.1 Vendas
7.1.1 Mercadoria
p/ venda de mercadoria------------------------------- 2180,00
__________________//_________________________
1.1 Caixa
a 4.1 Clientes
p/cobrança dos clientes e dividas incobráveis ----- 2200,00
__________________//_________________________
4.2 Fornecedores
a 1.1 Caixa
p/Pagamento aos fornecedores e s/desconto------ 4000,00
__________________//_________________________
4.3 Empréstimos obtidos
4.3.1 Empréstimos Bancários
a 1.1 Caixa
p/pagamento dos empréstimos bancários-------- 1600,00
__________________//_________________________
6.3 Fornecimento e Serviços de Terceiro
6.3.2 Fornecimentos e Serviços
a 1.1 Caixa
p/ pagamento de despesa de liquidação----------- 1090,00
_________________//__________________________
6.2 Gasto com o Pessoal
6.2.2 Remunerações dos trabalhadores
a 1.1 Caixa
p/pagamento a Sra. Felícia------------------------- 1300,00

_________________//__________________________
A transportar-------------- 14450,00

5
Transporte-------- 14450,00
8.8 Resultado líquido do período
8.8.1 Resultado de liquidação
P/ Custos e despesas da liquidação--------------------- 2390,00
a 6.2 Gasto com o pessoal---------------------------------- 1300,00
a 6.3 Fornecimentos e serviços de terceiros------------- 1090,00
__________________//__________________________
7.1 Venda
a 8.8 Resultado liquido do período1
8.8.1 Resultado de liquidação
p/proveitos e ganhos da liquidação--------------------- 2180,00
_________________//___________________________
5.1 Capital
5.1.1 Capital subscrito
a 4.5 Outros devedores2
4.5.4 Sócios
4.5.4.1 Sócios c/liquidação
p/ imputação do capital aos sócios------------------------ 1800,00
_______________//_____________________________
4.5 Outros devedores
4.5.4 Sócios
4.5.4.1 Sócios c/liquidação
a 8.8 Resultado líquido do período
8.8.1 Resultado de liquidação-------------------- 210,00
8.8.2 Resultado do exercício--------------------- 1500,00
p/ imputação dos prejuízos aos sócios
________________//____________________________
4.5 Outros devedores
4.5.4 Sócios
4.5.4.1 Sócios c/liquidação
a 1.1 Caixa
p/partilha do numerário pelos sócios------------------ 90,00
______________________________ Total----------- 22620,00

Alguns cálculos efectuados:


8.8.1 Resultado de liquidação------------------- (210,00) (Receita total-Custo total)
8.8.2 Resultado do exercício-------------------- (1500,00) (Balanço).
Capital = 1800,00.
Resultado (exercício= -1500 e processo de liquidação = -210).
Partilha aos sócios = 1800- (1500+210) = 90,00

1
Relactivamente ao apuramento do resultado da liquidação.
2
Relactivamente à partilha.

6
Transformação de Sociedades

A transformação consiste na operação mediante a qual uma determinada sociedade


abandona sua primitiva estrutura legal para submeter-se às normas legais de outro tipo de
societário. Essa transformação permite que a sociedade mude, altere ou modifique o seu
tipo societário. (Weber, 2008).

Dá-se, por exemplo, quando uma sociedade de determinada espécie passa a qualquer das
restantes espécies referidas na lei: sociedade por quotas que se transmuda em sociedade
anonima, etc. Nos termos do n.o 1 do art. 221.° do código comercial, qualquer sociedade,
após a sua constituição e registo, pode adoptar outro tipo societário, salvo se a lei o
proibir.

Contudo, a mudança de forma jurídica pode alterar, mas não desfaz os laços que ligam os
sócios. (Manuel & Pereira, 1987), uma sociedade que se transforma é como um individuo
que muda de trajo ou de nome sem, por isso, deixar de ser a mesma – não mudam os
sócios, nem os fins da empresa, nem as forcas económicas à sua disposição. Assim, a
transformação formal não envolve a extinção de uma sociedade e a criação de outra nova,
podendo considerar-se como mera alteração do pacto social, que não afecta a própria
personalidade jurídica.

Ainda o autor acima diz que como é evidente, tal não acontecerá quando os próprios
sócios deliberem a dissolução da sociedade para constituir uma nova, mas esta, mesmo
assim, sucede automática e globalmente à sociedade anterior.

No entanto, uma sociedade não pode transformar-se de acordo com o art. 222.° do código
comercial3 nas alíneas a); b) e c):

a) Se não estiverem totalmente realizadas as participações de capital previstas no


contrato de sociedade já vencidas;
b) Se o balanço da transformação mostrar que o valor do património líquido da
sociedade é inferior ao seu capital;
c) No caso de uma sociedade anonima, se tiver emitido obrigações convertíveis em
Acções não totalmente convertidas ou reembolsadas.

3
Decreto-lei, n.2/2005__Código Comercial Moçambique

7
A administração da sociedade organizará um relatório justificativo da transformação, o
qual será acompanhado de4:

a) Balanço da sociedade a transformar, que será o balanço do último exercício,


devidamente aprovado, ou um balanço elaborado especialmente para o efeito.
b) O projecto do contracto pelo qual a sociedade passará a reger-se.

Esse relatório, após o parecer do órgão fiscalizador e/ou de um revisor oficial de contas
(auditores independentes), deverá ser submetido à apreciação da assembleia geral na qual
têm de ser objecto de deliberação dos sócios (Manuel e Pereira, 1987).

Contudo, a sociedade obedecerá a preceitos quanto à nova constituição, exige


consentimento unânime dos sócios ou acionistas não podendo prejudicar em hipótese
alguma os direitos de seus credores. O acto de transformação obedecerá sempre às
formalidades legais à constituição e registro do novo tipo a ser adotado pela nova
sociedade (Weber, 2008).

Com base nas ideias acima exposta é preponderante saber que a transformação de uma
sociedade, não importa a extinção da mesma, não dá lugar a quaisquer registos
contabilísticos pois o novo tipo de sociedade dá continuação automática ao tipo de
sociedade que lhe antecedeu.

Exemplo de transformação:

Empresa Alfa, Empresa Alfa,


sociedade sociedade
Transformação
Empresária (Lda) Anônima (S/A)
Extinta

Fonte: (Weber, 2008, p.6.).

4
Art. 223, n. 1. Alíneas, a) e b), do Código Comercial.
8
Conclusão

O processo de liquidação como visto é uma fase que ocorre quando é decretado a
sociedade como extinta, antes de ser definitivamente extinta a sociedade primeiro tende-
se realizar diversas atividades que consiste na avaliação dos activos e passivos da empresa
com fim último de pagar todas suas obrigações, caso se verifiquem que exista. Vimos que
a partilha só ocorre quando os liquidatários alegam que as obrigações foram todas pagas
e teve o remanescente do capital social.

Vimos também acerca da transformação de sociedades, na qual uma empresa por exemplo
por quotas passava sendo uma sociedade anónima, ou seja, uma mudança na estrutura
organizacional, e por fim esta operação não dá lugar a contabilização como o caso do
processo de liquidação.

9
Referências Bibliográficas

Decreto-lei n.o 2/2005.


Manuel, J. & Pereira, E. (1987). Contabilidade geral (7ª. ed.). Lisboa, Portugal: Plátano
Editora.

Relvas, M. & Reis, P. (coords.). (2009). Sistema de contabilidade para o sector


empresarial em moçambique. Plural Editores.

Silva, F. V. G. & Pereira, J. M.E. (1997). Contabilidade das sociedades (13ª. ed.). Lisboa,
Portugal: Plátano Editora.

Weber, S. A. V. (2008). Transformação, incorporação, fusão e cisão. Business Review.

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