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AS PARCERIAS PUBLICAS-PRIVADAS
AS PARCERIAS PUBLICAS-PRIVADAS
Docente:
Mestre Augusto Nhanguilinguana
1.2 Objectivos
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2. NOÇAO
A Parceria Público-Privada apresenta um grau de complexidade superior à da concessão,
devido à distribuição de responsabilidade e ao estabelecimento de contrapartida financeira
para o risco de longo prazo assumido pelas partes, particularmente pelo parceiro privado, dada
a sua natureza. Conhecidas mundialmente pela sigla “PPP”, em alusão à denominação inglesa
de Public Private Partnership, as parcerias entre os sectores público e privado vêm ganhando
espaço no mundo, como forma de viabilizar a implantação, entre outros, de projetos de
infraestruturas básicas. De acordo com Renato Poltronieir, as Parcerias Público-Privadas
constituem um acordo jurídico celebrado entre a Administração Pública e entidades privadas
para a implantação ou gestão, no todo ou em parte, de serviços, empreendimentos e atividades
de interesse público em geral, por meio de investimentos privados. (GONCALVES, PP 18)
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respectivamente nos EUA e o Reino Unido (UK/United kingdom), esse processo traduziu-se
numa ampla tendência de desregulação sectorial, particularmente no âmbito financeiro,
acompanhada de reversão da progressiva da ordem tributária e indução selectivas à
competição internacional. Com variada intensidade, esses movimentos estenderam-se a
praticamente todos os países do globo, reflectindo-se no padrão das relações entre os sectores
públicos e privado. Um dos reflexos mais nítidos desta tendência foi a reorganização
patrimonial do sector público, através da desestabilização, que interferiu decisivamente na
forma de provisão de bens e serviços públicos. Porquanto, a este facto acresce-se, a fortes
crises cambiais da segunda metade dos anos 90 que acabaram por forçar regimes fiscais
contorcionistas de países emergentes da Asia e da América Latina. Já na Europa, a crescente
importância estratégica do bloco regional de comércio e investimento, como resposta ao
recrudescimento da concorrência internacional, impôs aos seus países severos critérios de
ajustamento e coordenação macroeconómica. Desta forma, a provisão de serviços de infra-
estruturas foi directamente afectada por essas tendências, onde governos de diversos países,
incapacitados de dar continuidade a uma tradição histórica de financiamento fiscal dos
grandes investimentos públicos, identificaram na Parcerias Público-privada, uma alternativa
para viabilizar projectos de infra-estruturas e de provisão de serviços públicos. Do contexto,
verifica-se que a Parceria Público-privada, no seu sentido mais inovador da expressão, foi
concebida na Inglaterra no início da década de 90, onde apôs um período de erros e acertos,
passou a lograr sucesso nos projectos desenvolvidos, factor motivador para que as PPP
fossem adoptadas em diversos outros países, como Portugal, Holanda, Irlanda, África do Sul,
e Canada. Vale ressaltar ainda que as PPP não são uma exclusividade de países
desenvolvidos, pois constituem uma realidade importante em países da Europa Central e na
própria América. (MAZUZE, 2018)
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Centro de Desenvolvimento da OCDE e contou com uma ampla participação de
representantes do sector público e privado moçambicano.
A legislação moçambicana, faz referência as PPP através do Lei 15/2011 de 10 de Agosto Lei
que regula as PPP, estabelece que, havendo necessidade de estabelecer um quadro legal que
propicie, por um lado um maior envolvimento de parceiros e investidores privados na
prossecução de parcerias público-privadas, projectos de grande dimensão e concessões
empresariais e, por outro lado, uma maior eficiência, eficácia e qualidade na exploração de
recursos e outros bens patrimoniais nacionais, bem como a provisão eficiente de bens e
serviços à sociedade e a partilha, com equidade, dos respectivos benefícios, ao abrigo do
disposto no nº 1 do artigo 179 da Constituição. Tornando-se necessário conferir maior
transparência e assegurar a efetiva implementação dos procedimentos de contratação de
empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado ao
abrigo da alínea f) do nº 1 do artigo 204 da Constituição da República, o Conselho de
Ministros aprovou o Decreto nº 5/2016 de 24 de Maio).
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Oferecer contributo no desenvolvimento da capacidade efectiva de exploração
eficiente e racional e valorização económica de bens e recursos nacionais;
Garantir equidade na partilha dos benefícios resultantes de cada empreendimento,
entre as partes contraentes, intervenientes e interessadas ou afectadas;
Estimular o cometimento na prevenção e mitigação dos riscos inerentes a cada
empreendimento específico;
Abrir espaço para a liberdade e competitividade empresarial e a remoção de
restrições que possam comprometer a viabilidade e valorização económica na
prossecução dos empreendimentos;
Criar e manter postos de trabalho e profissionalizar e transferir o know-how para
trabalhadores e gestores moçambicanos;
Contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais nacionais e a promoção
de uma maior inclusão económica de moçambicanos em cada empreendimento;
Prosseguir programas, projectos ou acções de responsabilidade e de
sustentabilidade e desenvolvimento social junto das comunidades locais;
Adaptar-se aos quadros jurídicos existentes;
Adaptar-se aos procedimentos e medidas de fiscalização da legalidade e
conformidade pelo TA.
Ainda tendo em conta o contexto moçambicano, Fischer e Nhabinde (2012) afirmam que um
projecto de PPP contém como princípios-chave, os seguintes:
Transferência de risco;
Value For Money;
Remuneração VS performance;
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Especificações do serviço.
Após esta apresentação ficou claro que embora estejam a olhar para um único contexto, os
autores e a fundamentação legal mostram que os princípios das PPP’s são variáveis e
complementares. Isso nota-se no instante em que Fischer e Nhabinde (2012) não trazem como
princípio a questão da partilha de riscos, contudo, o documento publicado pelo Mozabanco
(2012) já traz consigo esse como um dos princípios-chave das PPP, a Lei das PPP’s apresenta
na maior parte dos seus princípios elementos conectados à toda cadeia de valores inerente às
PPP’s, tais como: criação e incremento dos postos de trabalho, transferência de know-how,
abertura de espaço para a competitividade empresarial, etc. Além de obedecer certos
princípios, a efectivação de uma PPP não é algo instantâneo, porque geralmente tem atrelado
a si um processo complexo processo negocial, devido ao envolvimento de elevados valores
monetários e o longo termo dos contratos, é sobre este pano que o próximo subcapítulo se
dedica a expor o ciclo conducente a efectivação de uma PPP.
Exemplos:
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Porto de Maputo
Este contrato foi celebrado entre o Governo da República de Moçambique, como autoridade
concedente3 e a empresa Portos e Caminho-de-ferro de Moçambique, EP., por um lado, e a
Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo, S.A.R.L., como concessionária4, por
outro. O objectivo deste contrato é o de a concessionária ter “o direito de conduzir as
Operações Portuárias e de, por sua conta e risco, financiar, gerir, operar, manter, desenvolver
e optimizar a Área da Concessão Portuária e executar os Trabalhos de Reabilitação e de
Desenvolvimento
Este contrato enquadra-se no tipo de Concessão de Serviços Públicos, pois conforme foi dito,
o privado adopta as medidas necessárias à prestação de serviços. FISCHER e NHAMBINDE,
2012)
5. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
De forma simples, porém, pode-se conceituar o contrato administrativo como o ajuste firmado
entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito público, e
tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público. ( FILHO,
2014)
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5.1 SUJEITOS
Os contratos económicos são celebrados entre o estado e o empresário privado ou cooperativa
ou ente público autónomo. A autonomia destas entidades e a respectiva capacidade jurídica o
justifica. Note-se que o termo estado deve ser aqui entendido em sentido muito amplo, pois
que nós queremos referir não so a administração central propriamente dita, mas também as
autoridades locais, competentes para a celebração de contratos de desenvolvimento.
(MONCADA PP 543).
6. FORMATOS DO PPP
De acordo com a Lei nº 15/2011 de 10 de Agosto, Capítulo III, Secção I, Artigo 21, em
Moçambique a PPP’s reveste as seguintes modalidades contratuais:
Contrato de Concessão;
Contrato de cessão de exploração;
Contrato cessão de gestão.
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DBOOT – (Design, Build, Own, Operate and Transfer) – Conceção, Construção,
Operação e Devolução;
ROT – (Rehabilitate, Operate and Transfer) – Reabilitação, Operação e Devolução.
ROOT – (Rehabilitate, Operate, Own, and Transfer) – Reabilitação, Posse, Operação
e Devolução.
7. CONFIGURACAO FINANCEIRA
O financiamento em infra-estruturas é complexo e enfrenta muitos desafios devido à sua
complexidade, requerendo grande disponibilidade de fundos de longo prazo e taxas
competitivas. Devido à longa duração dos projectos o retorno do investimento será lento,
exigindo por esse motivo acordos viáveis entre as partes envolvidas com alocação e mitigação
dos riscos correctamente estabelecidos.
Classifica as PPP das seguintes formas:
Tipo Contratual: relações definidas através de um contrato entre o parceiro público e
o parceiro privado e abrange diversas configurações que atribuem uma ou várias
tarefas ao parceiro privado, tais como a conceção, o financiamento, a realização, a
renovação ou a exploração de uma obra ou serviço. Como maior exemplo deste tipo de
PPP nomeiam-se os modelos de concessão em que todo o risco comercial é alocado ao
parceiro privado e cujo contrato de concessão tem normalmente uma duração entre 20
a 35 anos.
Tipo Institucionais: implicam a criação de uma nova entidade através da cooperação
entre os sectores público e privado. Esta entidade, conhecida por sociedade promotora
de veículo (Special purpose Vehicle, SPV), visa garantir a entrega de uma obra ou a
prestação de um serviço em benefício público. São exemplos de PPP do tipo
institucionalizado as diversas empresas municipais de capitais mistos. (Cruz e
Marques, 2012)
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Figura 1 - A estrutura de uma PPP
Numa primeira análise, para cada PPP é constituída de raiz uma empresa, que se designa por
SPV (Special purpose Vehicle) reunindo características específicas, diferenciando-se das
outras empresas. Estas empresas têm a duração do contrato, normalmente entre 20 a 35 anos,
tendo por regra geral poucos accionistas (onde o Estado não pode participar directamente no
seu capital). Esta SPV assume a figura de uma entidade legal independente, negociando com
o Estado, banca e fornecedores de todos os contratos para a construção, financiamento,
operação da infra-estrutura e serviço, sendo a mais importante a estrutura do financiamento do
projecto, ( Sarmento, 2013).
Os contratos têm que ser necessariamente longos, podendo em alguns casos ultrapassar os 30
anos. Esta duração permite, por um lado, amortizar o elevado investimento, garantindo a
rendibilidade dos accionistas privados. Por outro lado, procura responsabilizar o parceiro
privado
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vez dos activos gerais ou dos créditos dos investidores, uma vez que os financiamentos são
protegidos por todos os activos do projecto, incluindo os contratos de receita.
Os princípios do project financing têm sido aplicados no financiamento do investimento em
infra-estruturas públicas através das PPP. No project financing o projecto é uma entidade
jurídica distinta e o financiamento é adaptado às características dos cash-flow dos activos do
projecto.
Numa operação de Project Finance, a relevância recai sobre o projecto. Através desta técnica,
a estrutura de empréstimo é garantida com base na receita que será gerada pelo projecto, e por
isso é a principal alavanca de investimento da infra-estrutura. Com a criação da SPV para
cada projecto, ficam protegidos os activos detidos pelos accionistas, como garantia das
“falhas”7 do projecto, isto é, “este tipo de investimento é financiado sobretudo por dívida e
não por capitais dos sócios da empresa. Em regra setenta a noventa por cento do investimento
é financiado pela banca, sendo o restante por capitais próprios da empresa” Sarmento
(2013:18). Os accionistas, não prestam perante os bancos qualquer tipo de garantia, e os
bancos financiam os projectos em regime de “dívida sem recurso” ou non resource debt, onde
a única garantia para este financiamento são o lucros futuros do projecto, ou sejam, os cash-
flows, uma vez que o ativo é sempre propriedade jurídica do sector público, assim como os
accionistas não apresentam garantias que permitam aos bancos assegurar os empréstimos.
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Estado. De acordo com esta definição, o elemento caracterizador assenta essencialmente no
financiamento do empreendimento por parte do parceiro privado, mais do que na assunção de
risco PGD é o empreendimento de investimento autorizado ou contratado pelo Governo cujo
valor exceda, com referência à data de 1.1.2009, a quantia de MZN 12.500.000.00065. CE é o
empreendimento que tenha por objecto a prospecção, pesquisa, extracção e/ou exploração de
recursos naturais ou outros recursos ou bens patrimoniais nacionais.66 São excluídas do
âmbito de aplicação da Lei67:
As PPP relativas a recursos minerais e petrolíferos;
Contratações de simples fornecimento de bens e serviços a instituições do Estado,
incluindo a contratação de empreitadas de obras públicas e de serviços de consultoria
(não estabelecendo qualquer requisito relativamente ao grau de dependência vis-à-vis
o contratante ou à inexistência de concorrência no mercado); e
As PPP de natureza altruísta, social, humanitária, cultural, desportiva ou similar, sem
fins lucrativos.
O procedimento de contratação das PPPs é, por regra geral, o concurso público. No caso de
propostas de PPPs de iniciativa privada, o proponente goza de uma margem de preferência de
15%68 na avaliação das propostas resultantes de licitação. No que se refere aos PGDs, impera
o princípio da livre iniciativa privada, estando os projetos que não envolvam a concessão de
exploração de recursos nacionais, por regra, sujeitos a Autorização. Já a contratação de CEs se
submete, para além da legislação sectorial, aos princípios gerais aplicáveis às contratações
públicas. A contratação de CE, que inclui PGD que envolva a concessão de exploração de
recursos nacionais, reveste a forma de contrato de concessão, de gestão de exploração, de
gestão do empreendimento ou qualquer outra forma de titularização dos direitos concedidos
pelo Governo para prospecção, pesquisa e extracção ou exploração de recursos naturais ou
outros bens patrimoniais nacionais.
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A Lei n.º 15/2011 é regulada pelo Decreto n.º 16/2012, que estabelece os procedimentos
aplicáveis ao processo de contratação, implementação e monitoria dos empreendimentos de
PPP, PGD e CE.
À luz do artigo 5.º do Decreto n.º 16/2012, no que se refere a tutoria sectorial, a entidade
responsável pela tutoria sectorial, no exercício das suas funções e competências, deve nos
termos do regulamento e da legislação sectorial aplicável, garantir, relativamente a cada tipo
de empreendimento, o seu enquadramento na política económica nacional, nos programas do
Governo a médio e longo prazo. No que concerne a tutoria financeira, o n.º 1 do artigo 6.º do
Decreto n.º 16/201272, define que que a entidade responsável deve no exercício de suas
funções e competências, o enquadramento de cada empreendimento na política económica,
deve também efectuar a verificação da observância no processo de análise económico
financeira e avaliação de benefícios e riscos em cada empreendimento.
A luz de decreto-lei 15/2011 referente ao regime jurídico e modalidade:
1. A contratação dos· ernpreendimentos de CE sujeita-se a observância das regras e
modalidades de contratação previstas na legislação sectorial especifica, bem como aos
princípios gerais aplicáveis as contratações públicas.
2. A contratação do empreendimento de CE que inclui o PGD que envolva concessão para
exploração de recursos nacionais, reveste uma das modalidades contratuais seguintes:
Contrato de concessão, sob uma das sub-rnodalidades de concessão seguintes:
constructors, Operacao.e Devolucao (BOT - Build, Op~rateand Transfer);
'Construgao, Operacao e Devolucao (DBOT - Design-Build: Operate & Transfer);
construcao; Posse e Operacao (BOO =Build, OWIl and Operate);
concepcao, Construcao, Pose Operacao (DBOO - Design; Build, Own and Operate);
Reabilitação Operação e Devolução (ROT - Rehabilitated, Operate and Transfer); ou
Reabitação Posse e Operação (ROO - Rehabilitated, Operate andOwn).
a) Contrato de cessão de exploração, na modalidade de cessão de exploração, dos
direitos e obrigações objecto da contratação:
b) Contrato de gestão do empreendimento, infra-estruturas e bens patrimoniais do
Estado ou de outra entidade pública;
c) Qualquer outra forma de titularização dos direitos concedidos pelo Governo para
prospecção, pesquisa e extracção ou exploração de recursos naturais ou outros bens
patrimoniais nacionais.
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3. Todas as CE em processo de contratação, bem como as adjudicadas, em cada análise
económico, devem ser arroladas ruirn anexo da proposta do Orçamento do Estado, com a
indicação do respectivo regime e modalidade de contratação.
Lei n.º 15/2011, de 10 de Agosto (Lei das PPP), o legislativo das PPP, o qual inclui também o
Decreto n.º 16/2012, de 4 de Julho (Regulamento da Lei das PPP), e o Decreto 69/2013, de 20
de Dezembro (Regulamento de PPP e concessões empresariais de pequena dimensão).
Julgamos que esta revisão legislativa deve ter como propósito o aperfeiçoamento da clareza e
da segurança jurídica dos diplomas em causa.
Tais atributos são indispensáveis para uma legislação com esta importância estratégica para
Moçambique, já que os grandes projectos de investimento – com componente pública e
privada – têm aí os seus alicerces. Como contributo para a discussão pública sobre a revisão
destes diplomas, destacamos os seguintes pontos:
a) Estudos de viabilidade e modelo económico-financeiro de referência:
Nos termos do regime jurídico das PPP, o estudo de viabilidade económico- financeira de
cada empreendimento de PPP deve ser feito tendo por base o «modelo económico--financeiro
de referência aprovado pela entidade responsável pela tutela sectorial». No entanto, este
modelo de referência não existe, nem se encontra aprovado. Não existindo condições para a
existência deste modelo de referência, talvez valesse a pena considerar a eliminação da sua
referência. Por outro lado, não existem requisitos definidos para a componente técnica e
ambiental dos estudos de viabilidade. Seria importante definir esses requisitos tal como os
mesmos se encontram definidos para a componente económico-financeira.
b) Promoção de iniciativa dos empreendimentos lançamento do concurso:
Não é evidente quem toma a decisão de promover o empreendimento de PPP (serão a tutela
financeira e a tutela sectorial em conjunto?). De igual forma, refere-se que a contratação
pública decorre “sob orientação” da entidade responsável pela tutela sectorial, não sendo
totalmente claro o que significa “sob orientação”.
c) Ajuste directo:
o recurso ao ajuste directo para a contratação de empreendimentos de PPP encontra- se
sujeito a autorização prévia do Governo. Não se identificam os casos que podem servir de
justificação para o recurso ao ajuste directo, pelo que seria importante ter alguns exemplos de
justificações para o recurso a esta figura.
d) Licitação pública:
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a licitação pública é referida como sendo um procedimento a adoptar perante uma proposta
não solicitada de iniciativa privada para um empreendimento de PPP. A legislação não refere
como se processa este procedimento de licitação pública e como se deve interpretar o direito e
margem de preferência de 15% nele referido (há várias leituras possíveis).
e) Concurso público:
a articulação das regras do concurso público constantes do “pacote” das PPP com as
disposições previstas na legislação sobre contratação pública afigura-se pouco clara.
Acrescente-se que os critérios de avaliação das propostas financeiras constantes do
“Pacote” PPP parecem ter um conteúdo imperativo, não sendo dada flexibilidade à entidade
contratante para decidir os critérios a fixar nos documentos de concurso. Por outro lado, a
avaliação da viabilidade económica-financeira dos concorrentes é efectuada tendo por base o
«Modelo económico-financeiro de referência». Não existindo o modelo económico-financeiro
de referência, esta norma é de implementação impossível.
f) Conceito de contrato de concessão e de contrato de cessão de exploração:
As figuras não estão bem delimitadas em termos conceptuais (há uma sobreposição de
conceitos quando esteja em causa um «empreendimento existente»). Para a distinção destas
figuras contratuais, poder- sei-a referir que, quando está em causa a cedência de direitos de
reabilitação, exploração e manutenção de um «empreendimento existente», o contrato é de
cessão de exploração. Pelo contrário, quando esteja em causa a cedência de direitos de
desenvolvimento, exploração e manutenção de um «empreendimento
novo», o contrato é de concessão. Em situações mistas, uma possível solução seria a de
qualificar o contrato consoante a alocação da maior expressão financeira do investimento
privado (contrato de concessão, se a maior componente do investimento for para o
desenvolvimento do empreendimento ou o seu alargamento a áreas não cobertas, ou contrato
de cessão de exploração, se a maior componente do investimento privado for para afectar à
reabilitação do empreendimento existente).
g) Prazos:
Não é totalmente compreensível a razão pela qual o prazo máximo de um contrato de
concessão de raiz é de 30 anos e de um contrato de cessão de exploração é de 20 anos (já que
este último pode envolver investimentos de avultado valor, superiores a uma concessão de
raiz).
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Os prazos definidos para os contratos PPP devem ser os adequados à amortização do
investimento, não sendo correcta a ideia de que o prazo máximo de um contrato de concessão
de raiz deva necessariamente ser superior ao contrato de cessão de exploração.
Por outro lado, as regras nesta matéria necessitam de uma melhor clareza, já que não é
totalmente evidente se a possibilidade de prorrogação contratual por mais 10 anos nos
contratos de concessão se tem de compatibilizar com o prazo máximo ou se pode ir além do
mesmo. De igual forma, não é claro se a possibilidade de prorrogar a duração do contrato
como forma de compensação por eventos de força maior ou investimentos adicionais pode ir
para além dos prazos máximos definidos.
h) Benefícios financeiros:
A Lei das PPP contém regras imperativas sobre os vários tipos de benefícios financeiros
que devem constar do contrato de PPP e os respectivos valores mínimos. O mesmo acontece
com os benefícios socioeconómicos. Esta imperatividade impede qualquer derrogação ou
adaptação por contrato ou acto administrativo.
Ora, esta circunstância é problemática pelo facto de estas regras imperativas existirem tanto
para PPP em áreas puramente económicas como para PPP em áreas de prestação de serviço
público de bens essenciais (em que há um carácter eminentemente social na prestação do
serviço em causa). Ou seja, não há qualquer flexibilidade que permita reduzir a taxas a cargo
da concessionária abaixo dos mínimos previstos legalmente quando estejam em causa PPP na
área de prestações de serviço público de bens essenciais (sendo que essa circunstância
reflectir-se-á necessariamente nas tarifas a praticar junto da população).
Por outro lado, certos benefícios financeiros previstos na lei são de difícil exequibilidade
prática, como, por exemplo, a necessidade de haver uma participação reservada para alienação
para cidadãos, via mercado bolsista, no capital social do empreendimento em percentagem
não inferior a 5%.
i) Garantias financeiras:
A prestação de garantias financeiras está prevista de forma imperativa, tanto quanto ao tipo
de garantias como ao seu valor. Tal circunstância impede qualquer derrogação por contrato ou
acto administrativo (por exemplo, quanto ao valor) para PPP em áreas de prestação de serviço
público de bens essenciais. Por outro lado, há um faseamento temporal no que diz respeito ao
momento de prestação das várias garantias
Financeiras:
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Apresentação das propostas, celebração do contrato (para garantia da implementação do
empreendimento), (início de exploração para garantia do bom desempenho operacional) e
assinatura do termo de devolução. Este faseamento parece ter por base uma concessão de raiz,
em que a implementação do empreendimento tem lugar antes do início da operação, o que
suscita dúvidas de interpretação em contratos em que existam, por exemplo, obras de
reabilitação e operação ao mesmo tempo (as garantias são cumulativas?) ou quando esteja em
causa um mero contrato de gestão.
j) Outros instrumentos:
seria importante que determinados instrumentos usualmente utilizados em PPP tivessem um
quadro legal, como, por exemplo, o instrumento do sequestro, que está omisso (na figura do
sequestro, há uma assunção temporária pelo parceiro público das obrigações do parceiro
privado por razões de incumprimento grave das obrigações por este último).
k) Autarquias locais:
a Lei das PPP é também aplicável a PPP de autarquias locais, mas todo o regime das PPP
parece estar desenhado para PPP do Estado, o que traz muitas dificuldades práticas na
interpretação e aplicação dos diplomas quando esteja em causa uma parceria a nível local.
Há pelo menos um aspecto na definição apresentada que carece de actualização, a saber, o que
diz respeito ao modo de remuneração de concessionário. Como vem sendo afirmado, entre
nos e além da fronteiras, pela lei ~, jurisprudência e doutrina, a cobrança de taxas junto dos
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utentes do serviços públicos não pode ser apresentada como o modo exclusivo de
remuneração do concessionário de serviços públicos, sendo apenas um dentre vários um de
vários serviços públicos prestados pelo concedente ou por terceiros, etc. será porventura o
principal modo de remuneração do concessionário, mas já não é, de todo o único.
Nestes sentido, lê-se no parecer nº 1/94 da procuradoria geral da república, que o contrato de
concessão de serviços públicos, apesar de ter começado por integrar na sua definição de taxas
de cobrar utentes, acabou na sequencia da evolução registada , por ver alterado o quadro
conceptual , em termos que permitem concluir que o pagamentos das taxas ou prestações
pelos utentes deixou de constituir de forma exclusiva de remuneração concessionário e que
como prova do que se firma , basta atentar nos apoios financeiros que o concessionário pode
receber dos concedes , podendo anda acrescentar-se outros recursos , não provenientes nem
do concedente nem dos utentes.
Temos pois aqui o mesmo fenómeno de concessão de obras publicas, mas aplicado a um
serviço publico (distribuição de gás, electricidade, água, exploração dos sistemas de
saneamento, de transporte colectivos, etc.), em particular primeiro montar serviço, investido
de capitais , e depois poe o serviço a funcionar , cobrando dos utentes uma taxa ou recebendo
uma forma de remuneração adequada.(AMARAL 1994)
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9.2 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA UMA ACTIVIDADE IMEDIATA
O contrato de prestação de serviços para fins de imediata utilidade pública é aquele pelo qual
um particular se vincula perante a Administração a exercer uma actividade de imediata
utilidade pública. (AMARAL 1994)
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10. CONCLUSÃO
Para responder aquilo que é nosso objectivo, o estado estabelece vinculo entre o sector
publico e sector privado com intuito e o estado procura manter ou por outra dinamizar este
vinculo através da estratégia do próprio estado para estabelecer actividade , e que no final se
relaciona com o fornecimento por parte do parceiro privado, de uma infra-estrutura de um
serviço de interesse geral , o sector publico da ao sector privado tarefas que antes era
desenvolvida pelo sector publico, essa passagem é marcada por uma celebração de contratos
que podem ser nomeadamente: concessão de gestão, concessão de exploração, concessão de
serviços públicos etc.
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11. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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moçambique: o caso da modernização do equipamento na terminal de
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disponivel em www.morumbidireito.files.wordpress.com
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7. GONCALVES, Octávio de Jesus, A regulação de parcerias publica-privada em
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Privadas na Prestação de Serviços Públicos Aduaneiros em Moçambique: O Caso
da JUE (2009-17). UEM, 2018 disponível em www.monografias.uem.mzbitstream
9. POLTRONIEIR, Renato Parceria público-privada “PPP”: novo marco regulatório
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10. SARMENTO, J. M. 2013 Parcerias Público-Privadas, Fundação Francisco Manuel
dos Santos (ed.)
Documentos:
1. MOZABANCO. Financiamento às infra-estruturas em Moçambique. Maputo: s.n.,
2012.
Legislação
1. Lei 15/2011, de 10 de Agosto, lei que aprova as normas orientadoras do processo de
contratação, implementação e monitoria de empreendimentos de parcerias público-
privadas, de projectos de grande dimensão e de concessões empresariais.
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2. Decreto 16/2012 de 4 de Junho, regulamento da Lei das Parcerias Público-Privadas
(PPP), Projectos de Grande Dimensão(PGD) e Concessões Empresar.
3. Decreto 69/2013, de 20 de Dezembro (Regulamento de PPP e concessões empresariais
de pequena dimensão)
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