Você está na página 1de 12

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Teste 2: Trabalho de Campo

MÓDULO: Politica Social Comparada IV Bloco : 2019

TEMA:

Desafios das Políticas Sociais em Moçambique

Nome do Estudante:
Frederico Julio Manjate

Xai-Xai, Outubro de 2019

1
Índice
Sumario..............................................................................................................................................03
Introducao..........................................................................................................................................03
Resolução n.º 46/2017 de 2 de Novembro.........................................................................................03
Enquadramento da Política da Ação Social (PAS)............................................................................04
Estratégia Nacional de Segurança Social (ENSS).............................................................................04
Competência do Ministério do Género, Criança e Ação Social........................................................05
Programas e Serviços Sociais de apoio Social...................................................................................05
Papel de Outros Intervenientes..........................................................................................................06
As politicas Publicas não asseguram a Justiça Social.......................................................................06
A Lei do Orçamento do Estado 2018 (LOE).....................................................................................08
Proveniência de recursos do Sector da Ação Social..........................................................................09
O orçamento do Ação Social é equitativo?........................................................................................10
Conclusão...........................................................................................................................................11
Biliografia..........................................................................................................................................11
Lista de acrónimos.............................................................................................................................11

2
Sumário
Este trabalho constitui o segundo teste da Disciplina de Politica Social Comparada, cujo tema é:
Desafios das Políticas Sociais em Moçambique no qual analisarei a situação real das politicas de
ação social proporcionado pelo governo e seus parceiros e pelas organizações Não governamentais
nacionais e internacionais sediadas no território nacional.
Cingirei, sobretudo nos últimos 2 anos, onde através de valores do orçamento aprovados
demonstrarei como são alocados os fundos a nível nacional por forma a minimizar o sofrimento dos
moçambicanos, sobretudo os mais vulneráveis a pobreza.

Introdução
A proteção social é essencial para a integração dos mais vulneráveis aos serviços sociais básicos.
Ela é o garante da sobrevivência dos diversos indivíduos dentro da sociedade, pois, sem ela estes
permaneceriam excluídos dos vários sectores que fornecem serviços sociais básicos, como acesso a
saúde, educação, habitação, lazer, transporte, etc.
Nos últimos tempos verifica-se em Moçambique um incremento na ratificação e aprovação dos
instrumentos que visam aprimorar a proteção social com objetivo de lutar contra a crescente
desigualdade que se verifica na sociedade.
A preocupação em integrar os indivíduos em situação de vulnerabilidade não é uma invenção
meramente moçambicana, mas sim uma preocupação universal dos povos em proteger os seus
cidadãos. Neste sentido, o governo de Moçambique bem como as organizações da sociedade civil
esta preocupados em reduzir significativamente as desigualdades sociais que se verificam no país.

Resolução n.º 46/2017


de 2 de Novembro

Antecedentes
A Política da Ação Social (PAS) foi aprovada pelo Conselho de Ministros pela resolução nº. 12/98,
de 09 de Abril, como instrumento normativo que institucionalizou as linhas gerais, a filosofia e a
estratégia do Estado Moçambicano em relação à Ação Social.
Na época, o Governo identificou como sendo os principais problemas, que afetavam o
desenvolvimento económico e social os seguintes:
Prevalência da Pobreza sobre mais da metade da população moçambicana, com parte significativa
vivendo na pobreza absoluta;
Dificuldade de acesso aos serviços básicos de Saúde e Educação, por parte da maioria da
população;
Elevado índice de mortalidade materna e infantil;
Baixas percentagens de adultos alfabetizados;
Elevado índice de desemprego;
Mão-de-obra qualificada escassa;
Ocorrência cíclica de calamidades naturais (secas e cheias);
Insuficiência de infraestruturas económicas e sociais muitas delas paralisadas ou destruídas pela
guerra, que devastou o país por mais de uma década.
Assim, entendia-se que a realidade acima descrita fazia com que a maioria da população se
encontrasse a viver em situações extremas para o ser humano, nomeadamente:
A indigência;
A pobreza absoluta;
A exclusão social.
Deste modo, a Politica de Ação Social (PAS) tinha como principal objetivo, orientar o processo de
intervenção dos diversos atores (governamentais e não-governamentais), para fazer face aos
3
problemas sociais que o País enfrentava na época.
Decorridos 19 anos após a aprovação, parte dos problemas acima referidos prevalecem na
sociedade moçambicana, associados a desafios decorrentes da dinâmica do processo de
desenvolvimento.

Enquadramento da PAS
A Política da Ação Social enquadra-se ao Artigo 95 da Constituição da República de Moçambique
que passamos a citar:
1. Todos os cidadãos têm direito à assistência em caso de incapacidade e na velhice.
2. O Estado promove e encoraja a criação de condições para a realização deste direito.
Igualmente, a presente Política da Ação Social está alinhada com os objetivos de
desenvolvimento sustentável 2015-2030, a Agenda 2063 da União Africana, Carta dos Direitos
Sociais Fundamentais da SADC e nos demais instrumentos nacionais relativos à garantia de direitos
e condições dignas de vida para todos os cidadãos.

Conceitos Fundamentais da Política da Ação Social

Ação Social – é a intervenção organizada e metódica, de instituições e indivíduos, através de


programas coordenados por forma que se ajude os necessitados.

Serviços Sociais da Ação Social consistem no acolhimento e assistência em Unidades Sociais e na


comunidade de pessoas vulneráveis vivendo em situação de pobreza que perderam a sua família,
foram abandonadas ou marginalizadas.

Objetivos
Tem como objetivo garantir o atendimento institucional dos grupos mais vulneráveis desamparados
e vivendo em situação de pobreza;
Aumento do reconhecimento da importância da Proteção Social nas agendas de desenvolvimento;
Necessidade de definir intervenções integradas na área social; e Reconhecimento externo.
Experiências de outros países demonstram que o desenvolvimento de uma proteção social forte é
um elemento essencial para redução da pobreza e vulnerabilidades.

Os serviços sociais compreendem Infantários, Centros de Apoio à Velhice, Centros de Trânsito,


Centros Abertos, Centros de Acolhimento à Criança, Centros de atendimento de pessoas com
deficiência aguda e desamparadas.

Importância de Estratégia Nacional de Segurança Social (ENSS)


Com a Estratégia Nacional de Segurança Social Básica pretende-se que haja uma maior percepção
pública da assistência social como um fator promotor de desenvolvimento económico e social.
Deste modo, este instrumento foi definido pela necessidade definir as linhas de operacionalização
do Regulamento do Subsistema de Segurança Social Básica, aprovado em Dezembro de 2009 e
para harmonizar os diferentes instrumentos de atuação na área da segurança social básica tendo em
conta:
- O alcance de um maior impacto dos diferentes programas;
- A existência de um elevado número de pessoas em situação de vulnerabilidade com inúmeras
necessidades e;
- A existência de uma diversidade de instrumentos, coordenados por diferentes sectores que
contribuem para a redução das vulnerabilidades.

4
A proteção social básica contribui para uma sociedade inclusiva onde o desenvolvimento beneficia as
populações mais pobres e vulneráveis, participando para os esforços de redução da pobreza.

Competência do MGCAS : Ministério do Género, Criança e Ação Social

Para a materialização dos objetivos da Estratégia da Segurança Social Básica, compete ao Ministério da
Mulher e da Ação Social intervir nas seguintes componentes:
- Transferências sociais monetárias por tempo indeterminado;
- Transferências sociais por tempo determinado;
- Serviços sociais de Ação Social;
- Componente de Trabalhos Públicos no quadro da Ação Social Produtiva.
- Programa Apoio Social Direto (na componente de transferências sociais por tempo determinado);
- Programa Serviços Sociais da Ação Social (na componente de dos serviços sociais de Ação Social);
- Programa Ação Social Produtiva (na componente da ação social produtiva).

Grupo Alvo
São grupos alvo do Programa Subsídio Social Básico, agregados familiares chefiados por pessoas
permanentemente incapacitadas para o trabalho, vivendo em situação de pobreza, nomeadamente:
- Pessoas idosas;
- Pessoas com deficiência;
- Pessoas com doenças crónicas e degenerativas (não acamados).

Apoios de MGCAS
Apoio pontual em materiais ou pagamento de serviços perante infortúnio que agravam a situação de
vulnerabilidade, como por exemplo, de meios de compensação, vestuários, alimentar, pagamento de serviços
de transporte e outros conforme as necessidades.
Este apoio pode ser também direcionado para situações de reintegração e reunificação familiar e morte.
Apoio prolongado que consiste no apoio sistemático para um período determinado em função da tipologia
do problema. Neste caso incluiu‐se, por exemplo, o apoio em espécie a Famílias chefiadas por crianças entre
os 12 e os 18 anos.
O apoio a Famílias com crianças com má‐nutrição aguda, doentes crónicos (acamados) e mulheres chefes de
agregado temporariamente incapacitadas para o trabalho.

Apoio Social Direto:


Famílias chefiadas por crianças de 12 a 18 anos;
Famílias de acolhimento;
Famílias com crianças em situação difícil;
Pessoas assoladas por choques que agravam o seu grau de vulnerabilidade;
Pessoas com deficiência, necessitando de meios de compensação;
Pessoas com doenças crónicas e degenerativas (acamados);
Crianças, idosos e repatriados em processo de reunificação e/ou reintegração familiar;
PVHS (em tratamento antirretroviral, até 6 meses);
Chefes de Famílias temporariamente incapacitadas para o trabalho.

Programas e Serviços Sociais de apoio Social


O Programa de Serviços Sociais de Ação Sociais tem duas componentes, nomeadamente:

Atendimento Institucional
Consiste no acolhimento em unidades sociais públicas (infantários, Centros de Apoio à Velhice,
Centros de Trânsito, Centros de Acolhimento à Criança, Centros Abertos, Centros de Acolhimento
de Pessoas com Deficiência Profundas abandonadas)

5
Orientação e Reunificação Familiar
No âmbito de combate à mendicidade e ao fenómeno da criança da/na rua, privilegiando o trabalho
com a população de rua (crianças, idosos, pessoas com deficiências), através do apoio pisco -
social, a informação e orientação social e a sua reunificação familiar.

São grupos alvo do Programa de Serviços Sociais de Ação Social:


- Crianças em situação difícil;
- Pessoas idosas desamparadas;
- Pessoas com deficiência;
- Pessoas Repatriadas;
- Pessoas vítimas de violência e/ou tráfico;
- População vivendo na rua (em processo de reintegração).

Programa Ação Social produtiva.


Familiares em situação de pobreza que possuam, pelo menos, um membro com capacidade para o
trabalho. Neste grupo deverão ser priorizados:
Agregados Familiares chefiados por mulheres;
Agregados Familiares com pessoas com deficiência, doença crónica ou idoso;
Agregados Familiares com crianças em situação de desnutrição;
Agregados Familiares com alto nível de dependência;
Famílias de Acolhimento.

Papel de Outros Intervenientes na Implementação de programas

Autoridades Comunitárias e as Organizações Comunitárias de Base devem articular com os


Agentes de Ação Social na implementação dos programas.
As Organizações da Sociedade Civil serão envolvidas na implementação dos programas.
O Sector privado deve apoiar ações em prol dos grupos alvo, através da responsabilidade social
empresarial.
As autoridades Municipais através dos fundos alocados no âmbito do combate a pobreza.
Os parceiros de cooperação devem disponibilizar recursos para assistência técnica e implementação
dos programas, através do Fundo Comum.

As politicas Publicas não asseguram a Justiça Social em Moçambique


As políticas públicas em Moçambique não asseguram a justiça social, económica e política em
resultado serem traçadas não para responder aos anseios dos cidadãos, mas, sim, aos interesses dos
órgãos externos consideradas principais investidores e que asseguram o seu funcionamento e das
instituições que as implementam, segundo o pesquisador e docente universitário, Alexandrino
Forquilha, em declarações ao @Verdade.
De acordo com ele, Moçambique precisa criar políticas públicas que estejam em conformidade com
as necessidades da população e de todo o sistema estatal, e não para a satisfação dos interesses
económicos e políticos dos financiadores.
Na óptica do pesquisador a justiça social só será alcançada quando houver vontade política,
redução da dependência externa, realização de ações concretas para o efeito, fortalecimento das
instituições públicas cujo funcionamento é ainda deficiente, bem como discursos orientados para os
resultados.
Alexandrino Forquilha explica ainda que, por exemplo, não basta expandir o sistema de ensino
superior, as unidades sanitárias e outros serviços sociais básicos para os distritos, é necessário,
também, que o Governo aposte na criação e alocação de recursos humanos qualificados e assegurar
6
que tenham habitação condigna para evitar a depreciação da qualidade do ensino, dos serviços de
saúde nos locais de trabalho.

Forquilha fez estas declarações nesta segunda-feira (25), em Maputo, no âmbito de um debate
promovido pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) sobre "políticas públicas como factor de
exclusão social".

De referir que, por exemplo, somente no sector da Educação o país tem um défice de 788 mil
carteiras, o que faz com que milhares de instruendos assistam às aulas, sentados no chão ou em
tronco de árvores, um médico está para 100 mil habitantes, entre outras limitações supostamente
decorrentes da exiguidade de fundo por parte do Executivo.
/www.verdade.co.mz/destaques/democracia/48461-politicas-publicas-mocambicanas-nao-
asseguram-justica-social-

SAÚDE E ACÇÃO SOCIAL


Em 2019, as estimativas do sector de Saúde e Ação Social apontam para um crescimento do PIB de
4,7%, a ser influenciado pelo aumento do atendimento nas consultas externas, nos partos
institucionais e nos internamentos, assim como pelo incremento do número de beneficiários dos
programas de proteção social (crianças, pessoas idosas, pessoas com deficiência e mulheres chefes
de agregado familiar) dos diversos programas de proteção social para cerca de 608 mil agregados
familiares, dos quais:
Cerca de 445 mil, integrados no Programa de Subsídio Social Básico;
33 mil no Programa de Apoio Social Direto;
7 mil em Programa de Serviços Sociais de Ação Social;
121 mil no Programa de Ação Social Produtiva;
E duas mil no Programa de Serviço de Ação Social.

Situação na inclusão social


Moçambique ficou entre as primeiras 10 economias de crescimento mais rápido do mundo até
muito recentemente, mas agora enfrenta uma grave crise financeira e continua a ser um dos países
mais pobres e menos desenvolvidos do mundo. A taxa de crescimento económico médio anual da
década passada de 7,5 por cento não conseguiu proporcionar um progresso equitativo.
Por um lado, as descobertas recentes de recursos naturais, particularmente o gás líquido, suscitaram
esperanças de uma mudança de rumo e por outro lado suscitaram preocupações com a chamada
“maldição dos recursos”, que poderia não criar postos de trabalho, ter um impacto negativo na taxa
de câmbio e custo de vida e principalmente promover o surgimento de uma pequena elite.

De acordo com os dados preliminares do último Inquérito ao Orçamento Familiar (IOF 2015), a
maior parte do crescimento do consumo doméstico ocorreu no quintil mais rico, com o quinto mais
rico dos moçambicanos a gastar 14 vezes mais que o quinto mais pobre; este é o dobro do rácio de
7 por 1 há apenas seis anos.

A pobreza geral de consumo é de 46 por cento. Persistem as disparidades no acesso e uso de


serviços – e mais importante ainda dos resultados – entre as zonas rurais e urbanas, sul e norte do
país, rapazes e raparigas e entre os diferentes quintis de riqueza. Em algumas províncias, a pobreza
ultrapassa os 50 por cento das famílias (Gaza – 51 por cento, Zambézia e Nampula – 57 por cento e
Niassa – 61 por cento), enquanto na cidade de Maputo a taxa caiu para 11 por cento, mostrando que
o crescimento no passado fez-se sentir apenas na capital. Os dados mais recentes indicam que mais
de 50 por cento das famílias são afetadas pela insegurança alimentar, 24 por cento cronicamente,
7
deixando-as vulneráveis a choques – tais como inundações recorrentes por todo o país e seca no sul
e no centro – e prejudicando a sua produtividade. A desnutrição continua a ser um factor
determinante fundamental para o subdesenvolvimento infantil, com 43,3% das crianças
desnutridas. Depois de muitos anos focados no acesso aos serviços, é claro que a qualidade e a
equidade são elos fundamentais em falta na prestação de serviços.

Outros dados Preocupantes


O Rico em Moçambique tornou-se mais rico.
Em 2008 a pessoa no quintil mais rico consumia 7 vezes mais que a pessoa no quintil mais pobre.
Em 2015 a diferença era de 14 vezes mais.
De 1.000.000 foi aproximadamente o aumento do número de pessoas pobres no país, entre 2008/09
e 2014/15 apesar da redução da pobreza em termos percentuais.

Um relance sobre a inclusão social em Moçambique


- Pobreza geral 46%
- População infantil 12 milhões, 70% destas vivem na pobreza absoluta.
- Famílias afetadas pela insegurança alimentar acima de 50%.
Fonte: UNICEF, Child Poverty and Disparities.

A Lei do Orçamento do Estado 2018 (LOE)


A Lei do Orçamento do Estado para 2018 (LOE) integrou a Ação Social e o Trabalho e Emprego
num único sector prioritário, pelo quarto ano consecutivo. No entanto, outros documentos
relevantes relativos ao orçamento e despesa, tais como os Relatórios de Execução do Orçamento do
Estado (REO) e as Contas Gerais do Estado (CGE) classificam a Ação Social e o Trabalho e
Emprego como dois sectores prioritários diferentes. Considerando que os dois sectores têm
objetivos e populações-alvo diferentes, seria importante que a LOE classificasse a Ação Social e o
Trabalho e Emprego separadamente.
Dos 6,7 mil milhões de MT alocados em 2018 à Ação Social e Trabalho, 4.6 mil milhões de MT
correspondem a programas de Proteção Social básicos (não contributivos). Dado que nenhum
Subsídio de Preços (combustível, pão, transporte) é referido na LOE 2018, os “Subsídios às
Empresas Públicas”, no montante de 735,5 milhões de MT, permanecem erradamente incluídos na
“Ação Social e Trabalho”.

Foram alocados ao Sector da Ação Social – que na sua definição restrita é um sector gerido pelo
MGCAS e INAS – 6,1 mil milhões de MT (b) no Orçamento de 2018, representando a maior
dotação nominal de sempre e a segunda maior dotação real para o sector.
A dotação para o sector é equivalente a 2 por cento de todo o Orçamento do Estado de 2018; menos
operações financeiras e serviço da dívida, representa 2,6 por cento.
Como percentagem do PIB, a dotação do 2018 à Ação Social representa 0,6 por cento, o que ainda
está longe da meta de 2,4 por cento estabelecida na Estratégia Nacional de Segurança Social Básica
(ENSSB) para 2016-2024.

O Sector da Ação Social recebeu uma percentagem cada vez maior de recursos internos ao longo da
última década. A dotação interna de 2018 é a maior contribuição nominal do Governo para o sector.
Em termos proporcionais, o rácio de recursos internos por externos é orçado em 71 por cento – 29
por cento. Não obstante, é importante destacar que o maior investimento externo é o crédito do
8
Banco Mundial ao Programa de Ação Social Produtiva (PASP); embora este seja controlado como
recursos externos, o Governo moçambicano terá que pagar o empréstimo e os juros
correspondentes. Portanto, o programa PASP é, de facto, financiado internamente.
Mais de 90 por cento do orçamento do Sector da Ação Social foi atribuído ao INAS, do qual a
maior parte se destinou ao nível não central. Os programas do INAS receberam as seguintes
dotações no orçamento de 2018: (i) ao Programa de Subsídio Social Básico (PSSB) foram alocados
MT 3,1 mil milhões (ou 68 por cento de todos os programas do INAS), (ii) ao Programa de Ação
Social Produtiva (PASP) MT 1,1 b (ou 23 por cento), (iii) ao Programa de Ação Social Direta
(PASD) MT 283 milhões (ou 18 por cento) e (iv) aos Serviços Sociais da Ação Social (SSAS) MT
94 milhões (ou 3 por cento). Com este orçamento à disposição, os programas do INAS tinham
como alvo um total de 567.290 agregados familiares beneficiários.

Estratégia Nacional de Segurança Social Básica (ENSSB)


O Sector da Ação Social é norteado pela Estratégia Nacional de Segurança Social Básica (ENSSB)
para 2016-2024. A Estratégia da Ação Social, que foi aprovada pelo Conselho de Ministros a 23 de
Fevereiro de 2016, define os princípios orientadores e metas da Proteção Social básica em
Moçambique.
De acordo com a ENSSB, o Orçamento do Estado deve alocar 2,24 por cento do PIB para
intervenções de Proteção Social até 2024. Além disso, dois planos estratégicos multi-sectoriais
definem as metas do Sector da Ação Social:

(i) O PQG 2015-2019 indica que 25 por cento das famílias vulneráveis devem ser cobertas
por programas de segurança social básica até 2019 e
(ii) (ii) a Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) 2015-2035 estabelece que 75
por cento das famílias vulneráveis devam ser cobertas pela segurança social básica até
2035.
Embora o Sector da Ação Social receba a menor percentagem de recursos em relação aos demais
sectores sociais, registou os maiores aumentos nominais e reais na despesa ao longo do tempo.

Em termos nominais, a dotação inicial cresceu de MT 0,11 mil milhões em 2008 para MT 6,1 mil
milhões em 2018 e a despesa aumentou de MT 0,6 mil milhões em 2008 para MT 3,5 mil milhões
em 2017. De assinalar que a execução no sector aumentou mais de 500 por cento em termos
nominais e aproximadamente 250 por cento em termos reais entre 2008 e 2017. O aumento das
despesas ao longo do tempo foi em grande parte capturado pelo INAS.
Com efeito, enquanto o INAS foi responsável por apenas 23 por cento da execução da Ação Social
em 2008, no orçamento de 2018 é responsável por 91 por cento do total da execução do sector. O
grande aumento registado na execução contribuiu para que o INAS mais do duplicasse a cobertura
dos seus Programas:
Programa de Subsídio Social Básico (PSSB), Programa de Ação Social Direta (PASD), Programa
de Ação Social Produtiva (PASP) e Serviços Sociais da Ação Social (SSAS)

Proveniência de recursos do Sector da Ação Social


O Sector da Ação Social em Moçambique é financiado através de recursos internos (isto é,
nacionais) e externos (ou seja, estrangeiros).
Os recursos Internos são provenientes de impostos, tarifas, direitos e créditos internos. Até 2015,
os recursos internos foram complementados pelo Apoio Geral ao Orçamental (AGO) de um grupo
de doadores.

Os recursos externos atribuídos ao Sector da Ação Social são “Fundos Bilaterais para Projetos”,
9
que são subvenções ou créditos. Os fundos bilaterais dos projetos são – teoricamente coordenados
entre o doador e o MGCAS e aplicados através de uma variedade de modalidades, nomeadamente:
(i) Apoio direto do governo – apenas do governo ou implementação conjunta parceiros-
governo, geralmente “Dentro do Orçamento, Dentro da CUT”;
(ii) Implementação de parceiros ou de terceiros, muitas vezes “Dentro do Orçamento, Fora
da CUT”; ou.
(iii) Implementação de parceiros ou de terceiros, mas “Fora do Orçamento”.

Em termos proporcionais, os recursos internos atribuídos à Ação Social em 2018 perfazem 71 por
cento do orçamento do sector, enquanto os recursos externos perfazem 29 por cento. Isto representa
uma redução do peso de recursos internos em relação ao ano passado.

Entre 2008 e 2017, o rácio de recursos internos e externos do sector atingiu uma média de 79 por
cento. Não É importante destacar que o único investimento externo é o crédito do Banco Mundial
ao programa PASP; embora este seja controlado como recursos externos, o Governo moçambicano
terá que pagar o empréstimo e os juros correspondentes.
Portanto, o programa PASP é, de facto, financiado internamente. Por último, no apoio externo, vale
a pena mencionar que o Sector da Ação Social beneficia do apoio técnico e financeiro de parceiros
internacionais (ou seja, OIT, UNICEF, PMA, etc.) no desenvolvimento e fortalecimento do sistema
de Proteção Social Básica em Moçambique, mas este apoio não é registado na LOE, pois os fundos
não são transferidos para o INAS / MGCAS.

Como são gastos os recursos do Sector da Ação Social?


O Ministério da Economia e Finanças divulga os fundos iniciais (dotação inicial) através da CUT a
cada uma das instituições autónomas de gestão de beneficiários da Ação Social (ou seja, delegações
do INAS) e posteriormente atualiza a alocação com base nas taxas de execução do orçamento e nos
recursos disponíveis (dotação atualizada). As instituições monitorizam a execução através do e-
SISTAFE (Sistema de Administração Financeira do Estado), que fornece Relatórios de Execução
do Orçamento (REO) trimestrais e a Conta Geral do Estado (CGE) anual.

O orçamento do Ação Social é equitativo?


O INAS introduziu recentemente critérios objetivos destinados aos beneficiários em diferentes
delegações, baseando-se no indicador demográfico e de pobreza. Estes critérios pretendem reduzir
a desigualdade na distribuição geográfica dos recursos alocados aos quatro Programas de Protecção
Social (PSSB, PASP, PASD e SSAS).
No entanto, embora as dotações nominais por província mostrem um direcionamento melhorado
para as zonas mais desfavorecidas (por exemplo, a Zambézia), as dotações “por pobres” revelam
que o direcionamento dos Programas de Proteção Social ainda é desigual.

As províncias de Nampula e Zambézia recebem as maiores alocações nominais dos programas do


INAS em relação a outras províncias (ver a Figura 12). No Orçamento de 2018, as províncias de
Nampula e Zambézia receberam MT 940 milhões e MT 810 milhões, respectivamente, seguidas de
Tete, Manica e Gaza, que receberam aproximadamente MT 400 milhões cada.
Entre as outras províncias, a Província de Maputo recebeu a menor dotação para os programas do
INAS. Conforme anteriormente mencionado, o programa com maior financiamento em todo o país
é o PSSP, seguido pelo PASP, PASD e SSAS, por ordem de dotação média. No entanto, na
Zambézia, o programa PASP recebe cerca de metade do total de recursos destinados aos programas
do INAS. Da mesma forma, a província de Nampula recebe uma parcela superior à média do
PASP.
10
Conclusão
Embora o INAS tenha recentemente introduzido critérios para visar os beneficiários de uma forma
mais equitativa, considerando as disparidades geográficas entre as províncias, a definição das
populações-alvo deve ser melhorada. Com efeito, por um lado, as dotações nominais por província
mostram uma melhor definição nas áreas mais desfavorecidas; por outro lado, no entanto, as
dotações per capita – levando em consideração a distribuição da pobreza – revelam que ainda há
espaço para aumentar a equidade geográfica dos Programas de Proteção Social.
Apoiar a inclusão social exige que se olhe tanto para aqueles que são excluídos como para os
agentes e processos de decisão que mantêm um sistema de desigualdade.
O programa deve baseia-se numa estrutura que promove a inovação de políticas com base na
produção de evidências, envolvimento com os principais actores e avaliação dos resultados,
promovendo deste modo processos de busca e implementação de soluções que funcionem.

Bibliografia Escrita
- Manual do curso de licenciatura em administração pública, ISCED, 2º Ano
Disciplina: Política social comparada
- Brito, L. de, 2010. Discurso político e pobreza em Moçambique. Análise de três discursos
presidenciais. In C. Castel-Branco et al.,
- Eds. Pobreza, desigualdade e vulnerabilidade em Moçambique. Maputo: IESE, pp. 49 – 64.
- WEBER, Ma x. Metodologia das ciências sociais . Sã o Pa u lo: Cor tez / Editora da Universidade
Estadual de Campinas, 1992.

Bibliografia eletrônica
https://www.mitess.gov.mz/documento/lei-de-proteção-social-lei-nº-22007-de-7-de-fevereiro
http://www.mgcas.gov.mz/st/FileControl/Site/Doc/9995politica_da_accao_social_resol4617_de_02
_de_nov0001_1.pdf
https://www.inss.gov.mz/publicacoes/leis/viewdownload/3-leis/5-lei-23-2007-de-01-de-agosto-lei-
do-trabalho.html
(fonte: www.unicef.org/mozambique/inclusão-social)

LISTA DE ACRÓNIMOS
CFMP: Cenário Fiscal de Médio Prazo
CGE: Conta Geral do Estado (Relatório Final do Orçamento)
CUT: Conta Única do Tesouro
ENDE: Estratégia Nacional de Desenvolvimento
ENSSB: Estratégia Nacional de Segurança Social Básica
e-SISTAFE: Sistema de Administração Financeira do Estado (Electrónico)
INAS: Instituto Nacional de Ação Social
LOE: Lei do Orçamento do Estado
MAAC: Ministério para os Assuntos dos Antigos Combatentes
MEF: Ministério da Economia e Finanças
MGCAS : Ministério do Género, Criança e Ação Social
OIT: Organização Internacional do Trabalho
PASD: Programa de Apoio Social Direto
PASP: Programa de Ação Social Produtiva

11
PES: Plano Económico e Social
PQG: Programa Quinquenal do Governo
PSSB: Programa de Subsídio Social Básico
REO: Relatório de Execução do Orçamento do Estado
SDSMAS: Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Ação Social.
SSAS: Serviços Sociais da Ação Social
UGB: Unidade de Gestão de Beneficiários
UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância
WB: World Bank – Banco Mundial

12

Você também pode gostar