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UNIVERSIDADE CEUMA

COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

NATALIA BEATRIZ SILVA NAIVA DE OLIVEIRA

ARQUITETURA INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS

SÃO LUIS
2023
UNIVERSIDADE CEUMA
COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

NATALIA BEATRIZ SILVA NAIVA DE OLIVEIRA

ARQUITETURA INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de


Arquitetura e Urbanismo da Universidade CEUMA de São
Luís, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel
em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof.ª Tarsis Aires

SÃO LUIS
2023
NATALIA BEATRIZ SILVA NAIVA DE OLIVEIRA

ARQUITETURA INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NOS ESPAÇOS


EDUCACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de


Arquitetura e Urbanismo da Universidade CEUMA de São
Luís, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel
em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof.ª Tarsis Aires

Aprovado em ______de_____________ de 2023

________________________________
Orientador (a)
Universidade CEUMA

________________________________
Examinador (Banca)
Universidade CEUMA

________________________________
Examinador (Banca)
Universidade CEUMA
AGRADECIMENTOS

Em tantos momentos que estes cinco anos de graduação me proporcionaram e


em cada batalha pessoal e profissional que enfrento, são tantas pessoas que estiveram
comigo e que me deram suporte para manter-me no foco que não cabe em palavras o
tamanho da minha gratidão. Agradeço sobretudo à graça de Deus, que em todos os
momentos na minha vida tem me edificado e me entregado forças para eu estar aonde
cheguei, e desde já agradeço ao caminho que sei ele tem preparado para mim.
Agradeço à toda a minha família que me dava forças quando necessitei. Em
especial à minha irmã, Helana Oliveira que sempre me influencia na persistência e ânimo
para com assuntos acadêmicos. Gratidão as minhas amigas que sempre me
incentivaram e acreditaram no meu potencial dentro da formação que eu escolhi.
À universidade CEUMA por todo o suporte curricular, e aos meus professores,
em especial à minha orientadora Tarsis que sempre exigiu sermos o melhor que
podemos ser.
E por fim, um agradecimento aos meus pais José Hilton e Elizoneth Gomes que
como Pais e professores nunca mediram esforços para prestigiar o melhor de mim e para
mim, e pela paixão e dedicação no processo de educar de ambos, que me inspiraram na
escolha do tema deste projeto.
RESUMO

Embora o brasil e o estado do maranhão tenham dados que sugerem a melhoria da


educação nos últimos anos, ao avaliar a infraestrutura de ambientes escolares públicos
nos deparamos com situação precária de descaso, principalmente no interior do estado.
Um estudo feito em escolas de mais de 16 países revela que a relação do ambiente
escolar com a qualidade de ensino é de grande importância, visto que é revelado a
desigualdade da formação educacional do aluno de escolas privadas com alunos de
escolas públicas e rurais que não tem infraestrutura acolhedora e incentivadora para
promover um desenvolvimento adequado dos usuários. Sendo assim a proposta implica
na ampliação de uma escola no município de Pio XII-MA, adequando-a com base nas
normas governamentais de educação e, e sobretudo na condição de uma arquitetura
que além de proporcionar conforto estético, térmico, visual, acústico e de ambientes
acolhedores que possibilitam diversas atividades, obedece também às normas de
métodos educacionais inovadores que há anos revalida sua eficiência na formação
intelectual e pessoal dos alunos, que é o método montessoriano para o ensino
fundamental e infantil. O projeto condiz com a revisão bibliográfica sobre o histórico da
educação no brasil, a realidade que o município enfrenta na área da educação, além de
buscar referencias arquitetônicas dentro do conceito educacional escolhido. Após a
apresentação destes dados, neste projeto é apresentado um estudo preliminar, no qual
é estudado a viabilidade da implantação, na tentativa de atendar a necessidade dos
moradores do município.

Palavras-chave: arquitetura escolar; arquitetura montessoriana.


ABSTRACT

Although Brazil and the state of Maranhão have data that suggest the improvement of
education in recent years, when evaluating the infrastructure of public school
environments we are in a precarious situation of dismay, especially in the interior of the
state. A study carried out in schools in more than 16 countries reveals that the relationship
between the school environment and the quality of teaching is of great importance, as it
reveals the inequality in the educational background of students from private schools with
students from public and rural schools that do not. it has a welcoming and encouraging
infrastructure to promote adequate user development. Therefore, the proposal implies the
expansion of a school in the municipality of Pio XII-MA, adapting it based on government
education standards and, above all, on the condition of an architecture that, in addition to
providing aesthetic, thermal, visual, acoustic and of welcoming environments that enable
various activities, it also obeys the norms of innovative educational methods that for years
have validated its efficiency in the intellectual and personal training of students, namely:
the constructivist method for secondary education and the Montessorian method for
primary education. The project is consistent with the literature review on the history of
education in Brazil, the reality that the municipality faces in the area of education, in
addition to seeking architectural references within the chosen educational concept. After
the presentation of these data, a preliminary study is presented in this project, in which
the feasibility of implantation is studied, in an attempt to meet the needs of the city's
residents.

Keywords: school architecture; constructivist architecture; Montessori architecture.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Catequização dos nativos......................................................................12


Figura 02: Sala de recreação MMG escola infantil montessoriana.........................19
Figura 03: Sala de aula Escola Infantil Hogares Socha..........................................20
Figura 04: Corredor semiaberto da escola infantil HBAA........................................21
Figura 05: Mapa maranhão, Brasil..........................................................................21
Figura 06: Mapa de mesorregiões no Maranhão....................................................22
Figura 07: Mapa Pio XII-MA....................................................................................22
Figura 08: Distribuição das escolas por níveis de ensino.......................................24
Figura 09: Mapa de Unidade Escolar por metodologia na região centro urbana de
Pio XII.......................................................................................................................26
Figura 10: Fachada escola DPS...................................... .......................................27
Figura 11: Setorização escola DPS.................................. ......................................28
Figura 12: Pátio Central Escola DPS.......................................................................28
Figura 13: Corredor de Escola DPS........................................................................29
Figura 14: Fachada Escola Casa Fundamental......................................................30
Figura 15: Setorização Escola Casa Fundamental.................................................30
Figura 16: Praça interna Escola Casa Fundamental ............................................. 31
Figura 17: Sala de aula creche I ............................................................................ 35
Figura 18: Biblioteca/brinquedoteca........................................................................35
Figura 19: Sala fundamental I..................................................................................36
Figura 20: Sala fundamental II................................................................................36
Figura 21: Corredor interno.....................................................................................37
Figura 22: Vista externa...........................................................................................37
Figura 23: Fachada principal...................................................................................38
Figura 24: Fachada escola Centro de Ensino Rodrigo Silva...................................39
Figura 25: Pátio central............................................................................................39
Figura 26: Sala de Creche I....................................................................................40
Figura 27: Sala de creche II....................................................................................40
Figura 28: Localização do terreno..........................................................................41
Figura 29: Vias de acesso......................................................................................42
Figura 30: Índices para Zona residencial 1.............................................................42
Figura 31: Mapa de equipamentos urbanos............................................................43
Figura 32: Distribuição de escolas no centro urbano..............................................44
Figura 33: Rua Ceará vista a..................................................................................45
Figura 34: Rua Ceará vista b..................................................................................45
Figura 35: Via coletora mais próxima......................................................................46
Figura 36: Mapa de zonas bioclimáticas.................................................................47
Figura 37: Carta solar Pio XII..................................................................................48
Figura 38: Rosa dos ventos, Bacabal......................................................................48
Figura 39: Gráfico de temperatura, Bacabal...........................................................49
Figura 40: Quantitativo de chuva mensal, Bacabal.................................................49
Figura 41: MoodBoard.............................................................................................50
Figura 42: Fluxograma setorial................................................................................52
Figura 43: Fluxograma setor administrativo............................................................52
Figura 44: Fluxograma setor pedagógico................................................................53
Figura 45: Fluxograma setor alimentação e acolhimento........................................53
Figura 46: Fluxograma setor serviço.......................................................................54
Figura 47: Setorização............................................................................................55
Figura 48: Estudo de massas..................................................................................55
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALML- Area Livre Mínima do Lote

ART.- Artigo de lei federal

ATME- Area Total Máxima Edificada

CAEMA- Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão

CEMAR- Companhia Energética do Maranhão

FUNDEB- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

TP- Taxa Mínima de Permeabilidade

UNE- União Nacional dos Estudantes


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
2. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL .............................. 12
3. MÉTODO MONTESSORI COMO BASE PARA PARTIDO ARQUITETÔNICO16
3.1. Breve apresentação de linhas pedagógicas predominantes na região ......... 16
3.2. Layout, mobiliário e autonomia ...................................................................... 18
3.3 Aberturas e integração de espaços ................................................................... 20
4. APRESENTANDO MUNICÍPIO E REGIÃO .................................................. 21
4.1. Breve histórico da cidade .............................................................................. 23
4.2. Contextualizando a educação na cidade. ...................................................... 24
4.3. Oferta de escolas com linhas pedagógicas convencionais e alternativas na
região 25
5. REFERENCIAL EMPIRICO .......................................................................... 26
5.1. Escola e jardim de infância DPS-Índia .......................................................... 26
5.2. Escola Casa Fundamental-Belo Horizonte .................................................... 29
6. METODOLOGIA ........................................................................................... 31
6.1. Usuários, gráfico de questionários ................................................................ 32
6.2. Visita técnica ao Instituto Educacional Peniel ............................................... 34
6.3. Visita à escola Centro de Ensino Rodrigo Silva ............................................ 38
7. ESTUDO DA ÁREA DE PROJEÇÃO ........................................................... 40
7.1. Localização.................................................................................................... 40
7.2. Acessos ......................................................................................................... 41
7.3. Legislações.................................................................................................... 42
7.4. Características do entorno ............................................................................ 42
7.5. Infraestrutura Urbana .................................................................................... 43
7.6. Condicionantes ambientais ........................................................................... 45
8. O PROJETO ARQUITETONICO................................................................... 48
8.1. Conceito e partido ......................................................................................... 49
8.2. Programa de necessidades ........................................................................... 50
8.3. Fluxograma.................................................................................................... 51
8.4. Setorização.................................................................................................... 53
8.5. Estudo de massas ......................................................................................... 54
8.6. Diretrizes projetuais. ...................................................................................... 55
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 56
10. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................. 57
1. INTRODUÇÃO
É de conhecimento geral o direito à educação estabelecido pela constituição
federal de 1988, no art. 205 em que a trata como um dever do estado e da família,
visando desenvolver e potencializar a capacidade intelectual de um indivíduo, através de
experiência escolar, familiar e social.
E é válido reforçar a não exclusividade do oferecimento da educação em formação
de etapas curriculares, mas isto em conjunto com o desenvolvimento de habilidade em
autonomia e senso crítico. A instituição escolar, apesar de ter prática de ensino no âmbito
formal, não deve se limitar a formações acadêmicas, mas investir na evolução do
indivíduo visando os benefícios das práticas educacionais a longo prazo.
A arquitetura escolar auxilia neste desenvolvimento juntamente com métodos de
ensino alternativos variados, que além da prática acadêmica tem como objetivo o
progresso da autonomia da criança, em habilidades que ultrapassem as práticas em sala
de aula. Sendo assim, este projeto tem o de oferecer uma reforma e ampliação de uma
instituição de ensino publica, de ensino fundamental I e II em que servirá crianças nos
primeiros anos escolares. Contará com projeto arquitetônico baseado nos métodos de
ensino Montessoriano.
O estudo será iniciado pela pesquisa do histórico da educação e a situação que
nos encontramos hoje no contexto educacional, levantamento do histórico do município
e os dados educacionais na região. Em seguida será feito uma pesquisa sobre como os
métodos de ensino podem basear a arquitetura em favor do aprendizado do aluno,
apresentado alguns métodos de ensino e enfatizando nos métodos que serão utilizados
no projeto.
Foi feito uma busca por projeto de referência na área do tema do projeto, para ter
uma base de estética arquitetônica adotada, um projeto de influência internacional e um
segundo projeto nacional, ambos de grande relevância para o estudo em questão.
Além de pesquisas bibliográficas, será feito pesquisas de campo para identificar
o tipo de usuários e a apresentação da realidade da comunidade e a expectativa para
um projeto escolar. Será feito uma visita a uma escola particular da região, e uma
entrevista ao órgão público para identificação do cenário educacional e apresentar uma
posposta de melhoria.
No próximo capítulo foi realizado um levantamento de informações do entorno,
nos termos legais, climáticos e de infraestrutura. Por fim um capítulo da apresentação do
estudo preliminar de projeto, no qual estudaremos a edificação em si e fazer uma
apresentação do conceito e partido arquitetônico.

2. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL


O contexto mundial da época da implantação da educação no brasil era de crise
do catolicismo na Europa, decorrida da ascensão da burguesia, do absolutismo e da
reforma protestante. No entanto, Portugal era um dos países que ainda não tinha sido
dominado por completo por reformas políticas e religiosas, e usou como estratégia para
se manter fortalecida atos de contrarreforma. Um desses atos era a iniciação da
catequese dos nativos nas colônias, de responsabilidade dos jesuítas.

Vale ressaltar que anterior a colonização do Brasil pelos Portugueses, era


inexistente órgão de ensino do tipo escolarização, o processo educativo se tratava de
métodos informais, que consistiam em transmissão de valores e princípios culturais
através atividades cotidianas de geração em geração, limitando os conhecimentos à
memória e sem controle de instituições.

José Clécio em seu artigo sobre a história da educação, publicado em 2018, cita
que a chegada dos portugueses nas terras brasileiras, resultou um choque cultural e fez
com que os nativos fossem rebaixados a meros selvagens. E no objetivo de colonização,
exploração e expansão territorial os portugueses encontraram dificuldades para
comunicar-se e viram a necessidade de educar os índios para facilitar a instrução e
colaboração dos mesmos. Assim como ilustrado na imagem a seguir:

Figura 1:catequização de nativos.

Fonte: Café história, 2018.1


Neste contexto a companhia de jesus foi fundada, e mesmo que tenha sido traga
no objetivo de colonizar os índios nem todos os nativos tiveram essa oportunidade, no
geral a educação se tornou como privilégio para os nobres. O método de ensino dos
jesuítas era aplicado à escolástica, que era baseado no ensinamento intelectual em
junção com valores e costumes cristão. Desfrutava de ensinamentos humanistas
relacionados a arte, ao homem, conhecimentos do mundo e cultura. Eles fundaram
escolas de primeiras letras e de formação de sacerdotes, tais ensinamentos eram
restritos apenas à fase de alfabetização, pois Portugal tinha o receio de promover
conhecimento avançado intelectual e futuramente resultar em uma inteligência
econômica e política podendo dar força às revoltas ligadas a independência.
(GHIRALDELII, 2001)
O final da missão dos jesuítas foi marcado com a chegada de Marquês de pombal
no século XVIII, como déspota. No artigo pulicado por Araujo em 2017, o autor explica
que uma das medidas do despotismo foi a expulsão dos jesuítas em 1759, e a partir da
expulsão dos jesuítas ocorreram algumas medidas aplicadas pelo regime pombalista,
que são: implantação do ensino público oficial, nomeação de professores pela coroa,
aulas regias e subsídio literário.

Com a chegada da coroa em 1808, o país teve um desenvolvimento cultural


considerável, porém a educação continuava em um regime elitista. E após a
independência em 1822, a educação se tornou cada vez mais propedêutico evidenciando
o privilégio aos nobres que teriam condições de seguir a um nível superior. Em 1823
surgia a assembleia constituinte e discutia o sistema nacional de instrução publica, o
projeto de lei não foi aprovado por completo, mas algumas propostas seguiram a diante,
sendo mantido o princípio da liberdade de ensino sem restrições e a intensão de uma
instrução primaria gratuita. (ARAÚJO, Marciano. 2017)
No estudo feito por Ribeiro em 1993, ele cita a determinação da coroa de criação
das escolas de primeiras letras em todas as cidades, e em grandes cidades a
possibilidade de escolas para meninas. Em 1834, o ensino elementar e secundário passa
a ser responsabilidade das províncias, o que gera um grande problema pois apesar da
boa vontade da coroa, as províncias não tinham estrutura para a grande demanda de
analfabetos. Além de que o ensino elementar, secundário e superior ainda não tinham
articulado uma sequência. Em 1860 começaram a debater mais sobre o sistema de
educação, iniciou-se a tentativa de imprimir nas escolas um viés mais liberal que
incentivava a liberdade na escolha do método de ensino e liberdade de consciência. Em
1879 houve a reforma Leôncio de carvalho que defendia entre outras coisas a liberdade
de ensino, liberdade de frequência, liberdade de credo religioso, criação de escolas
normais, matrícula de escravos e implantação da tendencia positiva que substituía a
humanista que era ligado aos valores cristãos. O ensino superior de responsabilidade da
coroa ainda não teria nenhuma universidade instalada até então, sendo assim os nobres
iam cursá-lo em Portugal.
A educação na república se deu na constituição republicana, que reafirma a
descentralização do ensino, mantém a ideia de que a união deve ser responsável por
uma etapa da educação e os estados por outra parte. Além da união ser responsável
pelo ensino superior se tornou também responsável pelo secundário, pois era visto que
este tornou-se um preparatório para o superior. Esta descentralização agravou a crise
de desigualdade de ensino, entre os estados mais pobres houve descaso e abandono
que se viam cada vez mais à mercê da sorte.
Um estado que se destacava na evolução da educação era São Paulo, esse
intenso investimento não se dava por reconhecer a importância na educação, mas sim
como uma estratégia política. Sobre as táticas políticas por trás do incentivo do Estado
de São Paulo à educação José Clécio diz:

Era preciso aumentar o contingente eleitoral, uma vez que o analfabeto


era proibido de votar. Por essa razão, as lutas contra o analfabetismo se
intensificaram, pois ele era tido como fator preponderante na
perpetuação das oligarquias no governo; a alfabetização, então, era útil
às transformações político-eleitorais. Sem deixar de considerar que era
necessário também preparar as, pessoas para a nova ordem econômica.
(2018, p.03)

Após a revolução de 1930 aconteceram vários estudos e projetos para reformas


do sistema de educação, e em 1932 foi publicado um manifesto dos pioneiros da
educação nova assinado por 26 educadores, que tinha como objetivo tornar público o
que o movimento pretendia. O manifesto defendia: educação obrigatória, publica, gratuita
leiga e a eliminação do dualismo.
Mesmo com todas as reformas e manifesto do período pós-revolução, com a
constituição de 1937 veio uma época de retrocessos pois segundo Ghiraldelli Jr.

o Estado Novo se desincumbiu da educação pública através de sua legislação


máxima, assumindo apenas um papel subsidiário. O ordenamento relativamente
progressista alcançado em 34, quando a letra da lei determinou a educação
como direito de todos e obrigação dos poderes públicos, foi substituído por um
texto que desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino público. (2006,
pg.03)
Com o fim do estado novo o governo passou a adotar uma nova constituição 1946,
a partir daí o novo texto resgata trechos da constituição de 1934, afirmando que o ensino
seria ministrado pelo poder público embora livre à iniciativa privada. Para que o direito à
educação fosse assegurado, o estado reservou porcentagem do orçamento da união e
do estado. A partir daí diversas campanhas populares reivindicaram a ampliação e
melhoria do sistema de educação para o para o que estava escrito nas leis fossem de
fato assegurados. Esta legislação prevaleceu até o ano de 1961 quando implementado
as diretrizes e bases da educação nacional.
Os anos seguintes foram marcados pela ditadura após o golpe de 1964, um dos
primeiros atos que fez descredibilizar as lutas anteriores a favor da educação, foi o
banimento de organizações estudantis, como a UNE, organização nacional dos
estudantes. O estado manteve grupo de estudantes, porém reduzidos para evitar uma
articulação estudantil.
Em 1969 a junta militar baixa um decreto de lei que torna obrigatório o ensino de
educação moral e cívica em todas as escolas e em todas as modalidades de ensino com
a ideia de criar um cidadão disciplinado que não seja subversivo, deixando evidente o
caráter manipula tório da disciplina. Neste contexto, surgiu um decreto-lei que proibia
qualquer indivíduo ligado a escola de estar relacionado a manifestações de caráter
político.
A reforma tecnista e o acordo MEC/Uside também marcaram o período da
ditadura. Esse sistema de educação tecnológico estava ligado a aplicação de um modelo
empresarial nas escolas baseado na racionalização adequada às exigências da
sociedade industrial capitalista. Já o MEC/Uside foi um acordo em que o brasil receberia
assistência técnica em troca de relações comerciais. O problema dos acordos é que o
país não tinha formação profissional o suficiente pois o governo não oferecia educação
a todos, além de limitar a população mais pobre a encargos operários, mais uma vez o
estado favorecia aos nobres que tinham oportunidade de estudos avançados. (RIBEIRO,
1993)
Com o fim do período ditatorial a educação deu um salto gigantesco, com
destaque na constituição de 1988. Em 1996 surgiu a lei das diretrizes básicas que
instituiu a política educacional brasileira, assim como também surgiu o conselho nacional
da educação. Neste mesmo ano foi criado o FUNDEB, Fundo de manutenção de ensino
fundamental que que obriga estados e municípios a investirem um porcentual mínimo na
educação.
O século XXI está sendo considerado a era da educação, pois nunca foi investido
tanto como no momento em que estamos vivendo, o fato preocupante é a qualidade de
ensino, estimasse um número alto de cidadãos formados, mas com a qualidade de
ensino duvidosa. O estado tem grandes investimentos para conseguir o máximo de
matriculados em escolas, mas pouco se sabe sobre a fiscalização da qualidade de
ensino oferecida. Nos encontramos na era da educação se comparando a realidade do
brasil no século XX, no entanto ainda há muitos quesitos a serem fiscalizados (SILVA,
2018).

3. MÉTODO MONTESSORI COMO BASE PARA PARTIDO ARQUITETÔNICO


Não se nega a importância das condições básicas na infraestrutura escolar, pois
um estudo chamado Infraestructura Escolar y Aprendizajes en la Educación Básica
Latino-americana: Un análisis a partir del SERCE, realizado em 16 países da américa
latina e em mais de 3000 escolas onde foram avaliadas habilidades de leitura e
matemática. No estudo é apresentado fatores que podem interferir no aprendizado dos
alunos, dentre os fatores estão: áreas para serviço de saúde, acadêmicos, esportes,
eletricidade, e saneamento básico. Revela-se que há uma grande brecha na qualidade
de ensino entre escolas urbanas privadas a as escolas públicas em geral, grande parte
pelo fato de escolas com maior investimento oferecerem mais conforto ambiental e
segurança ao aluno.

Dito isso, a alternativa de associar o método montessóri à Arquitetura vai além de


oferecer infraestrutura básica para práticas pedagógicas, mas tem como meta um
ambiente com qualidade em conforto, acústico, climático e visual adequados à realidade
com a finalidade de instigar a curiosidade e a busca crescente pelo conhecimento do
aluno.

3.1. Breve apresentação de linhas pedagógicas predominantes na


região

Trata-se de uma região localizada no interior do estado do Maranhão, onde a


existência de metodologia de ensino alternativa é quase inexistente, em destaque nas
instituições públicas. Em pesquisa identifica-se a disponibilidade de institutos
educacionais baseados nos métodos tradicional, interacionismo e montessoriano.
Como o próprio nome sugere, o método tradicional foi um dos primeiros métodos
a ser adotado nas instituições com o intuito de universalizar o conhecimento para
alfabetização e qualificação da população. Por ter o propósito de uniformizar o ensino
para que fosse passado de forma mais rápida, tem-se um sistema mais rígido e fechado
às inovações pedagógicas. Desta forma, esta metodologia tem sido alvo de críticas por
educadores que acreditam na constante evolução dos mecanismos de ensino. (MELHOR
ESCOLA,2021)2
O ensino tradicional parte do princípio em que o professor é um narrador de fatos
e o aluno é um expectador. O professor prepara um conteúdo padronizado previamente
e o repassa em formas de apostilas ou livros na sala de aula para o aluno assimilar e
memorizar, e assim atingir o mínimo possível para que seja avançado para a próxima
etapa. Para mensurar o aprendizado do aluno, confia-se na realização de exames e
trabalhos valendo notas, a partir das notas se mede o conhecimento do aluno, aos que
não atingirem a nota mínima tem-se a possibilidade da realização de uma prova de
recuperação. (ELEVA, 2021)3
No site ELEVA, portão de uma plataforma de ensino, explicam que defensores
dessa proposta de ensino alegam que apresentar informações técnicas e objetivas para
realização de testes, incentiva o aluno a sempre alcançar boas notas, o que facilitaria o
acesso às universidades que ainda utilizam deste método de avaliação para admissão
de alunos. Por este motivo é um método ainda bastante procurado por professores e
responsáveis de alunos, acreditando que é um caminho mais fácil e seguro para
conquistar uma graduação. Portanto continua sendo o modelo mais comum no Brasil.
Em contrapartida, o internacionalismo eleva a relação entre aluno-professor a um
nível de troca de aprendizado, considerando o docente como um condutor ao
conhecimento e indicando o aluno como responsável pelo seu próprio aprendizado.
Segundo Gládis Kaercher e Carmem Maria Craidy:

As teorias sociointeracionistas concebem, portanto, o desenvolvimento infantil


como um processo dinâmico, pois as crianças não são passivas, meras
receptoras das informações que estão à sua volta. Através do contato com seu
próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como através da interação
com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade
afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a
linguagem. A articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor,
afetivo e cognitivo) não se dá de forma isolada, mas sim de forma simultânea e
integrada. (2003, pg.27)
Lev Semyonovich Vygotsky foi quem desenvolveu o modelo pedagógico no qual
o professor tem o papel de promover conhecimentos aos alunos determinando um
espaço favorável, pois acredita-se que o ambiente, a cultura, as pessoas e o cotidiano
do aluno não se discernem do desenvolvimento intelectual gradual. (KAERCHER e
CRAIDY, 2003, pg.29)

Vygotsky defendia que a evolução da criança se encontra em dois níveis, o real e


o potencial. O nível de desenvolvimento real se trata do conhecimento que a criança já
tem autonomia ao enfrentar, e o potencial diz respeito as ações em que com explicação
e auxílio adequado será capaz de enfrentar. A relação de desenvolvimento proximal que
o interacionista defende, se encontra na distância de um nível ao outro e na intervenção
da escola na zona de desenvolvimento, provocando avanços com o enfrentamento de
situações que não ocorreriam de forma espontânea.

Na região de pesquisa a proposta pedagógica montessoriana foi identificada


apenas na fase maternal de ensino, este método educacional baseia-se na proposição
da experiência cotidiana para um conhecimento do real. No artigo feito por Magda Costa,
em 2001, ela explica que o conceito deste método é o oferecimento da consciência do
mundo exterior e tendo como consequência valorização do interior, constatando a
personalidade do aluno. O professor deve ajudar a desenvolver a autonomia do
estudante na sua própria educação, e a escola deve oferecer um ambiente favorável com
mobília e esquadrias adaptados para que a independência seja praticada.
O papel do professor no método Montessori é de tratar e avaliar cada criança no
seu indivíduo, estabelecendo a compreensão dos materiais e dos fenômenos,
oferecendo ajuda apenas ao ser solicitado. Os castigos são inexistentes tal como a
comparação de um indivíduo ao outro, deve-se levar em consideração a evolução
individual de cada aluno. Os materiais utilizados devem ser deixados acessíveis pelo
professor para que o estudante possa adquirir sozinho. (COSTA, 2001, p.04)

3.2. Layout, mobiliário e autonomia


Ao adotar o método Montessori como partido arquitetônico têm-se que associar
estratégias construtivas aos processos de ensino do mesmo. Scherer e Masutti, em um
artigo sobre a educação Montessoriana na perspectiva arquitetônica (2018, p.05),
explicam a interferência do método no layout.

Dentro da sala de aula o professor é um auxiliador, portanto, não tem um lugar


determinado a ele, pois o mesmo ministra as atividades caminhando e se ambientando
no espaço dos alunos para avaliá-los em sua individualidade. Outra característica
comum do método é a utilização do mesmo espaço para diversas atividades, desde o
estudo teórico até atividades práticas com brincadeiras. Para favorecer estes hábitos o
ambiente deve ser amplo para a variação de layout e abrigar poucos alunos para que o
docente consiga atender todas as crianças de forma igualitária e justa.

Para impulsionar os resultados do layout e do tamanho de sala adequados, é


imprescindível o uso de mobiliários adequados. Estes devem ser ajustáveis à estatura
das crianças para que sintam que o ambiente lhes pertence e, que sejam leves para que
tenham autonomia no ajuste e variação do ambiente e layout. A arquitetura pode ser
incorporada nas paredes de salas de aula com espaços reservados para escrita, na
disposição de mobiliários lúdicos, na paginação diferenciada de pisos e no layout onde
pode-se designar áreas para diferentes atividades em uma mesma sala de aula. Os
materiais de estudo e brincadeiras sempre ao alcance das crianças, organizados e
categorizados. A variação de texturas em piso, revestimentos de parede e instrumentos
de atividades, estimulam e potencializam os sentidos das crianças portanto, o ambiente
deve ter um potencial multidisciplinar, onde cores, formas e a variação de texturas devem
ser exploradas.

Figura 02: Sala de Recreação MMG Escola Infantil Montesoriana.

Fonte: ArchDaily4
A arquitetura também pode usufruir da ludicidade, o espaço lúdico favorece o
progresso do aluno quando se trata de oferecer experiencias, mesmo que hipotéticas,
dentro da sala de aula, pois quando brincam em sala de aula, as crianças criam um
espaço imaginário, com situações prováveis e com variedade sociocultural. (PIRES e
BORTOLANZA, 2020, p.5)
Figura 03: Sala de aula Escola Infantil Hogares Socha

Fonte: ArchDaily5

3.3 Aberturas e integração de espaços


Fora do ambiente de estudo são destinados espaços para trocas de experiencias
sensoriais, o contato direto com a natureza e um local de práticas que se assemelham à
rotina doméstica, como cultivo de hortas, acesso a animais, cozinhas, banheiros
adaptados, minimercados, proporcionam autonomia para atividades cotidianas simples.
A primeira forma de alcançar esses objetivos arquitetonicamente é, utilizando de grandes
aberturas entre o espaço interno da sala de aula com a vista para jardins, solários, hortas
e possibilitando além da variação de visual, como também a viabilidade de os tornar um
ambiente para uma mesma atividade.

Figura 4: corredor semiaberta da escola infantil HBAA.

Fonte: ArchDaily
Dentro desta mesma perspectiva de variação do uso de um mesmo ambiente
pode-se destinar salas multifuncionais e dará um aproveitamento de espaço considerável
levando em conta que não será necessária uma grande extensão em área para que os
alunos pratiquem os diversos tipos de atividade. Para isso, uma alternativa seria fazer
bom uso de paredes moveis, que permitirá a junção e divisão de ambientes, que poderão
ser utilizados para salas de aula, auditório, sala de eventos, sala de dança, sala de leitura
e infinitas possibilidades.

4. APRESENTANDO MUNICÍPIO E REGIÃO


O município escolhido para implantação do projeto, localiza-se no interior do
estado do maranhão, mais especificamente na Mesorregião do Centro Maranhense e na
microrregião do Médio Mearim (FIGURA 08, 09, 10), na região intermediária entre Santa
Inês-Bacabal, e está a aproximadamente 270km da capital São Luís. No último censo do
IBGE, a população tinha no total 22.16 habitantes, com área de unidade territorial de
545,140km² calcula-se a densidade demográfica de 40,39 hab/km². (IBGE, 2021)6

Figura 05: Mapa maranhão, Brasil

Fonte: Bola Amarela, 2020.7

Figura 06: Mapa de mesorregiões no Maranhão


Fonte: Suporte Geografico, 2021 8

Figura 7: Mapa Pio XII-MA

Fonte: Municipalidade, 2021.9

No interior do estado é mais comum a prática do contrato de funcionário sem


assinatura na carteira de trabalho, neste contexto foi retirada a média do salário mensal
dos trabalhadores formais que é de 1,5 salários-mínimos, porém a quantidade de
pessoas com trabalho formal é de 1435 pessoas, que se refere a 6,7% da população.
(IBGE, 2021)10
Os dados educacionais revelam que na faixa etária de 6 a 14 a taxa de
escolarização é de 94% com dados coletados em 2010. O número de estabelecimentos
de ensino fundamental é de 47 escolas, e de ensino médio apenas 4, registradas até
2020. (IBGE, 2021)11

4.1. Breve histórico da cidade

O município foi criado sob a Lei Estadual n° 1730 em 26 de janeiro de 1959 na


gestão do governador José Matos de Carvalho, o nome foi dado em homenagem ao
papa Pio XII falecido no ano anterior à nomeação do município. Em 1977 a sede do
distrito de Satubinha foi transferida para o distrito Andirobal dos Crentes, pelo fato de ser
onde o movimento de pessoas e do comércio eram mais intensos. A transferência foi sob
gestão do governador Nunes Freire e do prefeito Raimundo Nonato Jansen Veloso.
(PREFEITURA, 2021)12
A origem de Pio XII está relacionada às desavenças políticas entre o coronel
Pedro Gonçalves e a gestão política do município de Vitória do Mearim. O coronel relatou
ao governador e senador da época, no qual eram amigos, os conflitos que estavam
passando com a prefeitura de Vitória e demonstrou o seu interesse na região do distrito
de Satubinha.
No artigo disponível no site da prefeitura, explicam que por estratégia política, o
município de Satubinha foi presenteado ao coronel Pedro Gonçalves, para exploração
do latifúndio e intensificação do poder do Governador Vitorino freire. Um ano após a
fundação, Elias Jorge fadh, aliado do coronel Pedro Gonçalves, foi eleito prefeito. Nos
anos seguintes o coronel volta ao poder seguido por José Raimundo Bastos da silva, e
esse período fica conhecido como um dos mais autoritários da região, pois além dos
relatos de pistolagem onde geraram acusações até hoje, foi chegada a “Era Sarney”. No
governo de Sarney foi implantada a lei onde consistia na retirada da população pobre
dos terrenos públicos, para que começassem as vendas das terras para grandes
empresários e fazendeiros.
A prefeitura afirma ainda que José Raimundo foi sucedido por Wilson Gonçalves,
e por sua vez, sucedido por Raimundo nonato Jensen Veloso, no qual ao meio do
mandato renunciou para ser candidato a deputado, assim como seu vice. a partir daí a
prefeitura foi assumida pelo presidente da câmara Jorge Gomes Franco, onde realizou
construções públicas das gestões anteriores. Em seguida Aluísio Monteiro de Lima foi
eleito prefeito seguido por Raimundo rodrigues batalha. Posteriormente a prefeitura foi
gerenciada pelo prefeito Jonatas Jeová de Silva Filho, acusado de abuso de poder
econômico por Jensen veloso, assim Jonatas foi afastado da prefeitura no qual ficou
responsabilidade de Jansen veloso por 45 dias. Na eleição seguintes, veloso assume a
prefeitura em 1997 e a partir daí a rivalidade e gestão política na cidade fica entre
candidatos da família veloso e batalha até o ano de 2020, onde a terceira via do atual
prefeito Aurelio pereira de Sousa teve vitória após décadas de dupla oligarquia política.

4.2. Contextualizando a educação na cidade.

A educação na cidade é provida por 4 escolas de ensino médio, sendo um


particular e uma que funciona como anexo no povoado cordeiro (a 20km da sede), e
por 47 escolas de ensino fundamental, sendo apenas duas de ensino privado.
Figura 8: Distribuição das escolas por níveis de ensino.

Fonte: produzido pelo autor.

Considerando a distribuição de instituições por nível escolar, é possível observar


3 cenários que alunos do ensino fundamental I e II irão enfrentar. Primeiro que ao
avançarem para o ensino médio estarão em salas de aula que não terão estrutura para
a proporção de alunos, a superlotação de classes interfere negativamente no estudo do
aluno. Segundo que a família terá que reorganizar o financeiro para introduzir o aluno ao
ensino médio. E a terceira possibilidade é o abandono escolar, por falta de vagas em
escolas públicas e falta de verba para investimento na educação.
Experiências da desigualdade: os sentidos da escolarização elaborados por
jovens pobres é um estudo por Geraldo Leão, onde relata sua avaliação pedagógica
presente nas escolas públicas, e opina que se trata de uma transmissão/acumulação de
conteúdo sem avaliar a experiencia e a importância dos valores da educação na vida do
estudante, bem como isso reflete na qualidade do ensino no Brasil. Goldemberg publicou
um artigo em que faz uma avaliação do sistema de ensino brasileiro onde também relata
propostas para levar em conta no sistema de ensino. Avalia-se a constância no
investimento no ensino fundamental para melhorar a situação do analfabetismo no país,
mas critica o ensino somente voltados aos aspectos mínimos (ler e escrever), ainda mais
quando esta educação está voltada à população pobre, limitando-os a compreensões
básicas para serviços de baixa remuneração.
Entretanto o interesse em produzir um projeto de uma escola para o município,
está além da base de dados coletadas por órgãos públicos, apesar que de fato
esclarecem a triste realidade da educação na cidade, mas consiste no futuro que a
qualidade da educação presente oferece a cidade, considerando a desigualdade de
qualidade no quesito oportunidade, infraestrutura, metodologia de ensino e visão de
futuro entre as escolas de rede pública e privadas urbanas.

4.3. Oferta de escolas com linhas pedagógicas convencionais e


alternativas na região

Uma boa base de informações é crucial para um estudo, porém infelizmente, a


escassez de informações sobre o local escolhido, no quesito educação, para a
implantação do projeto, não favoreceu. Felizmente em entrevista com funcionários das
unidades educacionais, foi possível a identificação de metodologia distintas nas escolas.
Metodologias estas que não foram ditadas, mas identificadas de acordo com descrição
das atividades tanto pelos alunos quanto pelos professores. Informações coletadas
apenas do centro urbano da cidade.
Foi realizado um levantamento das escolas no centro da cidade, e feita a
identificação das mesmas por metodologias aplicadas. Das 11 unidades 6 apresentam
sistemas de ensino alternativo e 5 aplicam o método tradicional de ensino. Dentre as que
apresentam uma metodologia diferenciadas são duas de nível pré-escola, uma de ensino
fundamental, no qual usa o método militar e outra de ensino médio que se trata de uma
escola privada. (Figura 12)
Confirmando o que foi relatado anteriormente e criticado por Goldemberg, é visto
que o investimento na educação básica para oferecimento do currículo mínimo é maior,
principalmente nas unidades públicas que visam oferecer apenas o básico (ler e
escrever), o que dificulta o aluno do ensino médio ter ensino de obter uma qualidade pela
desproporção do investimento. Desigualdade na aplicação de capital tanto pela
quantidade de instituições de ensino médio quanto pela preocupação em medidas
alternativas de ensino de exclusividade dos níveis primários.

Figura 9: Mapa de Unidade Escolar por metodologia na região centro urbana de Pio XII.

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor. 2023

5. REFERENCIAL EMPIRICO

Este tópico foi necessário para análise dos aspectos arquitetônicos deste tipo de
empreendimento, nele foi realizado busca para base para estudo estético de escolas
com conceitos e partidos semelhantes ao proposto projeto. Nesta pesquisa foram
consideradas as semelhanças bioclimáticas, educativas e financeiras dos projetos. As
refecias são de estratégias da arquitetura na escola e arquitetura escolar como aliado
aos métodos educativos.

5.1. Escola e jardim de infância DPS-Índia

Esta escola está localizada ao note da índia, se trata de uma tradicional rede de
escolas bastante conhecida na região chamada Delhi Public School. O método de ensino
não é informado, mas pode-se tirar de referência a eficiência construtiva que se
assemelha à da proposta deste projeto. A intensão do projetual desta escola era um
prédio que pudesse ser replicado por todo o país, então sua estrutura deveria ser de fácil
adequação no quesito financeiro, esteticamente simples e adaptado as condições
bioclimáticas das regiões (Figura 13). (ArchDaily, 2013) 13

Figura 10: Fachada escola DPS

Fonte: ArchDaily, 2013.14

A escola compreende um jardim de infância, escola júnior, escola média e um


bloco de escola secundaria, no total atende a 4.000 crianças. A eficiência construtiva de
concreto possibilitou a construção do bloco de jardim de infância em 6 meses a um custo
razoável por metro quadrado, os arquitetos principais Sandeep Khosla e Amaresh
Anand, conseguiram em pouco tempo de obra ainda manter o conceito principal de
conforto, ludicidade e acolhimento para a crianças. (ArchDaily, 2013) 15

O sistema construtivo se trata da elaboração de blocos de construção em que


pudessem ser encaixados nas laterais ou empilhados mantendo sua eficiência. As salas
de aulas com tamanhos iguais determinados pelos blocos, abrem para os corredores
com visão para os pátios centrais descobertos.
Figura 11: Setorização escola DPS

Fonte: ArchDaily, 2013.15

A simplicidade do concreto aparente contrastando com as cores primarias


adicionadas nos mobiliários, escadas e paredes foi o que deu identificação ao projeto
(Figura 14). Foram adicionadas paredes de metal corrugado com duas finalidades:
agilizar a entrega facilitando a construção e diminuir os desgastes que paredes de
corredores escolares normalmente sofrem. Nas chapas de metal também foram
adicionadas cores que lembram a cultura local.
Figura 12: Pátio Central Escola DPS.

Fonte: ArchDaily, 2013 17


Outro elemento arquitetônico que chama atenção são os Jaalis, elementos tipo
cobogós da cultura indiana (Figura 15). Além de incluir um elemento tradicional para as
crianças, seu uso facilita a ventilação cruzada dentro das salas de aula, diminui a
incidência solar nos corredores e causam um efeito de luz e sombra no interior do edifício
em diferentes momentos do dia.

Figura 13: Corredor de Escola DPS.

Fonte: ArchDaily, 2013. 17

Os elementos arquitetônicos utilizados e a distribuição dos ambientes facilitaram


a prática de atividades dentro ou ao ar livre, o mais interessante é a junção de todas
essas qualidades em um ótimo custo-benefício e agilidade de obra. A descrição
expressada pelos arquitetos responsáveis Sandeep Khosla e Amaresh Anand foi:

Em uma época que as escolas com ar-condicionado se tornam cada vez mais
populares, tentamos uma abordagem econômica que utiliza carga elétrica
mínima durante o dia, através do aproveitamento eficaz das brisas e da luz
natural adequada durante o dia. É nossa esperança, como arquitetos, que
sejamos capazes de aproveitar esta tipologia simples, mas eficaz, para outras
franquias da região.

5.2. Escola Casa Fundamental-Belo Horizonte

Esta é uma escola de educação infantil e ensino fundamental, o concento foi


baseado nos estudos de propostas pedagógicas inovadoras, como o método de ensino
montessoriano, foi levado em consideração os espaços de ensino e nele utilizaram
técnicas de neuro arquitetura a favor do aprendizado técnico e social.
O projeto apresenta um conceito de integração com o espaço onde foi inserido,
provedor de interação social a fim de promover relações sociais mais solidas. Portanto a
proposta oferece uma praça interna que serve como continuidade à rua, a fim de
acomodar tanto a instituição como os moradores do bairro. O projeto foi ajustado a um
galpão existente, modificando o uso do ambiente totalmente ao educacional. (Figura 16)
Figura 14: Fachada Escola Casa Fundamental.

Fonte: ArchDaily, 2021.18

Para resolver problemas de temperatura, acústica e iluminação, foram feitas


mudanças na estrutura, nos acabamentos e vedações. Foram utilizadas telhas
perfuradas, cobogós nas novas aberturas e jateamento termoacústico por cima do
telhado. Para facilitar modificações futuras foram utilizados elementos modulares como,
wall no sistema de laje, Drywall, marcenaria e serralheria para fechamentos verticais.
Figura 15: Setorização escola Casa fundamental.

Fonte: ArchDaily, 2021.18

Por ser uma escola montessoriana, é notável a valorização do espaço adaptado


à criança, a fim de desenvolver sua autonomia. Para se adaptarem as dinâmicas
pedagógicas ao longo do ano, as salas de aula são abertas e com espado de 70m² para
possibilitar as configurações de layout. As portas funcionam como paredes moveis, e a
parte interna com acabamento que pode ser usado como lousa em sala de aula assim
como na figura 17.

Figura 16: Praça interna Escola Casa Fundamental.

Fonte: ArchDaily, 2021.19

Os investimentos em mobiliários adaptados, variação de texturas, restauro de


acabamentos, como o piso, fez total diferença na estética do ambiente assim como a
realização do estudo de cores que estimula sem exagero. Dentre os espaços destinados
para favorecer o autoaprendizado estão: cozinha adaptada para a participação das
crianças, ateliê como uma área complementar a sala de aula para prática de pesquisa,
experimentações com materiais e tecnologia.

6. METODOLOGIA

Esta etapa tem o objetivo analisar os aspectos arquitetônicos das instituições de


ensino na área de implantação do projeto, a fim de coletar dados sobre usuários,
programa de necessidades e quantidade de alunos que serão beneficiados. Para
levantamento destes dados serão feitos questionários para alunos e professores tanto
da rede pública quanto à rede privada de ensino na região, visita a uma instituição de
ensino para identificar a tipologia arquitetônica e uma entrevista à secretaria de educação
do ensino para apresentação de proposta e a possibilidade de relacionar com as
necessidades do município.
6.1. Usuários, gráfico de questionários

As informações coletadas para este tópico do trabalho foram coletadas a partir de


um questionário digital através do google forms, os links dos formulários foram enviados
para alunos e seus responsáveis, das instituições de rede privada e pública do ensino
fundamental 1 ao ensino médio, na cidade de Pio XII. Foi questionado sobre a
infraestrutura de suas escolas e sobre os métodos pedagógicos em que lhe parece mais
adequado.
A maior parte dos entrevistados são de ensino fundamental 2 e ensino médio, com
idade entre 15 e 19 anos.

Gráfico 1: Porcentual de estudantes questionados.

Fonte: Formulários Google, 2021.

Considerando a faixa etária de entrevistados, as respostas das questões de


preferencias do espaço físico em salas de aula, dividiram-se opiniões entre a forma
tradicional e contemporânea, assim como na escolha da metodologia de ensino entre
tradicional e as defendidas por Piaget, montessoriana e construtivista.
Gráfico 2: Espaço físicos de salas de aula.

Fonte: Formulários Google, 2023.

Gráfico 3: Métodos de ensino.

Fonte: Formulários Google, 2023.

Em relação a infraestrutura foi questionado sobre o que tem disponível em suas


escolas e sobre se se isso teria alguma alteração no desempenho escolar individual ou
em grupo.

Gráfico 4: Ambientes disponíveis nas escolas.

Fonte: Formulários Google, 2021.


Gráfico 5: Interferência da infraestrutura no rendimento escolar.

Fonte: Formulários Google, 2023.

6.2. Visita técnica ao Instituto Educacional Peniel


A visita técnica ao Instituto Educacional Peniel localizada na Cidade de Pio XII, foi
realizada no dia 05/10/2021 no período vespertino com o acompanhamento da diretora
Valquíria Marques, que apresentou o funcionamento da escola, fluxos e metodologia
utilizada.
O prédio da escola possui dois pavimentos que atendem alunos da creche 1 até
o ensino médio nos turnos matutino e vespertinos, comporta os setores administrativos,
de serviço e pedagógicos, mantendo o espaço para práticas esportivas à área externa.
Em relação aos ambientes a escola contém um pátio interno e um espaço externo
para brincadeiras e refeição. Sobre a biblioteca, a diretora informa que não é muito
grande pois a instituição adotou ao sistema de ensino oferecido pela editora dos livros,
existe então uma pequena biblioteca física e uma virtual em que os alunos têm acesso
a livros sugeridos em aula e livros por escolha própria para pesquisas.
As salas de aulas têm mobílias de tamanhos adaptados à faixa etária das
crianças. A sala de aula para creche tem banheiro exclusivo e a diretora informou que
os brinquedos não ficam sempre a disposição das crianças por acordo com os pais,
assim ela mantém os brinquedos educativos na biblioteca/brinquedoteca e os leva
quando chega o momento de utilizá-los em sala de aula. Como mostrado na imagem a
seguir:
Figura 17: Sala de aula creche I

Fonte: Acervo próprio, 2023.

Figura 18: biblioteca/brinquedoteca.

Fonte: Acervo próprio, 2021.

As salas de aula de alunos maiores também têm mobiliários de acordo, e no


ensino fundamental 1 as cadeiras ficam dispostas em semicírculo e o professore
posicionado na frente, já no ensino médio as cadeiras estão dispostas de forma
tradicional, enfileiradas e voltadas à frente para o quadro e ao professor. Conforme está
visível nas imagens 18 e 19.
Figura 19: sala de aula fundamental 1.

Fonte: Acervo próprio, 2023.

Figura: 20: sala de aula fundamental 2.

Fonte: Acervo próprio, 2023.

Na visão dos corredores é possível observar a adaptação da altura das esquadrias


à estatura das crianças, visível na figura 22. De dentro das salas é possível observar o
pátio externo, campo, reserva florestal e quadra de vôlei utilizada pelos alunos tanto nas
aulas de atividades físicas como nos intervalos das aulas. O campo também fica
disponível para moradores que queiram utilizá-lo, podendo ser ou não cliente e aluno da
escola. (Figura 20)
Figura 21: corredor interno.

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Figura 22: Vista externa.

Fonte: Acervo próprio, 2023.

O segundo pavimento é disponível para alunos dos fundamental dois e ensino


médio, que utilizam em diferentes turnos. A fachada tem concreto aparente contrastando
com as cores da escola que: cinza, branco e azul. É utilizado o mesmo acesso para
alunos, professores e funcionários.
Figura 23: Fachada principal.

Fonte: Acervo próprio, 2023.

6.3. Visita à escola Centro de Ensino Rodrigo Silva


A visita técnica ao Centro de Ensino Rodrigo Silva localizada na Cidade de Pio
XII, foi realizada no dia 05/10/2021 no período vespertino com o acompanhamento da
diretora Paula Iorrana Santos de Carvalho, que apresentou o funcionamento da escola,
fluxos e metodologia utilizada.
A fachada da escola utiliza das cores da prefeitura: branco, vermelho e azul,
porém dentro tem a prevalência do verde e suas variações. O acesso de professores,
alunos, e funcionários é o mesmo. A escola possui um único pátio que é descoberto, nele
tem acesso ao setor administrativo, pedagógico e de serviço. A escola tem 8 salas de
aula, onde distribui alunos da creche I até o 5º ano do fundamental 2.
Figura 24: Fachada escola Centro de Ensino Rodrigo Silva.

Fonte: Acervo próprio, 2023.


Figura 25: Pátio central.

Fonte: Acervo próprio, 2023.


Dentro das salas de aula tem a preocupação do mobiliário adaptado aos alunos,
em todas as salas tem-se cantinho da leitura de acordo com a diretora o método de
ensino tem influência no estudo de maria Montessori.
Figura 26: sala de creche I

Fonte: Acervo próprio, 2023.


Figura 27: Sala creche II

Fonte: Acervo próprio, 2023.

Ela explica ainda que dentro das salas e fora dela é trabalhado a autonomia do
aluno na execução do material didático e autonomia ainda em ações cotidianas como:
higiene pessoal, fazer suas necessidades sozinho, se alimentar. Informa ainda que estas
atividades são tratadas com disciplina, definindo horários para qualquer atividade,
fazendo o aluno entender seus direitos e deveres desde muito cedo.

7. ESTUDO DA ÁREA DE PROJEÇÃO

7.1. Localização
O projeto propõe a construção de uma escola em dois terrenos e em frente ao
outro, localizados na rua Pará, bairro Monteiro, na cidade de Pio XII no estado do
Maranhão, assim como ilustrado na figura 18. Para facilitar o entendimento de
comparação dos dois terrenos nomearemos de Terreno A e B, no qual possuem área de
2.100m² e 4.800m², respectivamente.
Figura 28: localização do terreno

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora.

7.2. Acessos
A possibilidade de acesso ao terreno é somente por vias artérias, o terreno A se
encontra em uma esquina entre a Rua Pará e Rua Ceará enquanto o terreno B tem
acesso somente pela Rua Pará.

Figura 29: Vias de acesso.

Fonte: Googles Earth, modificado pela autora. 2021


7.3. Legislações

Na cidade onde o projeto será implantado não existe lei para uso e ocupação do
solo, sendo assim, não existe a possibilidade de fazer uma edificação baseada em
normas, portanto, será levado em consideração o código de obras, parâmetros escolares
pela FNDE, e o conhecimento arquitetônico em relação aos afastamentos e ao impacto
que a edificação traz ao entorno.

Calculados a metragem do terreno, no terreno A resulta em: área livre mínima do


lote (ALML) de 840m², taxa de permeabilidade (TP) de 420m², área total máxima de
edificação (ATME) de 11.970m².

7.4. Características do entorno


Ao se tratar de uma cidade relativamente pequena de pouco mais de 20 mil
habitantes a distribuição de equipamentos básicos sociais encontram-se a não mais de
alguns minutos de distância. O que pode ser uma vantagem ao implantar um
empreendimento em qualquer bairro, pois de certa forma será acessível a toda a cidade.
O que pode ser observado na figura abaixo.
Figura 31: mapa de equipamentos urbanos.

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor, 2021.


Em relação aos equipamentos de ensino eles estão divididos entre, ensino
primário, fundamental e médio nas escolas: Centro de ensino professor Rafael Braga,
ensino médio; Unidade Escolar Paulo Freire, fundamental I e II; Unidade Escolar
Presidente Juscelino Kubitschek, fundamental I e II; Instituto Educacional Peniel, ensino
primário ao ensino médio; Unidade Escolar A nova Pré-escola, ensino primário e
fundamental I; Unidade Escolar presidente José Sarney, fundamental I e II; Centro de
Ensino Jansen Veloso, fundamental II e ensino médio; Unidade Escolar Senador
Alexandre Costa, fundamental I e II; Unidade Escolar Deputado Miguel Bahure,
fundamental II e ensino médio.

Figura 32: Distribuição de escolas no centro urbano.

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor, 2021.

7.5. Infraestrutura Urbana

A pavimentação de vias ainda é precária na área, visto que se trata de uma área
baixa da cidade e que precisa de um tratamento das vias para então fazer pavimentação,
isso considerando o histórico de tentativas de asfaltamento que não deram certo.
Observando o calçamento em geral da cidade, é notável a falta de estrutura e
preocupação com acessibilidade, na rua onde será inserido o projeto não é diferente. O
calçamento é desestruturado ou simplesmente não existe, portanto qualquer
empreendimento que tenha interesse no local deve levar em consideração reforma para
a padronização dos acessos.
Figura 33: Rua Ceará Vista A

Fonte: Acervo Próprio, 2021.

Imagem 34: Rua Ceará Vista B

Fonte: Acervo Próprio, 2021.


Figura 35: Via coletora mais proxima.

Fonte: Acervo Próprio, 2021.

No que se refere a serviços públicos, a cidade é abastecia de água pela CAEMA,


além do uso bastante comum de poços artesianos, e o abastecimento de energia pela é
de responsabilidade da CEMAR. Quanto a coleta de lixo, a prefeitura não contrata uma
empresa especializada, é contratado caçambeiros da região para as coletas semanais.
Os serviços de telecomunicações são supridos por empresas da região, e não se
encontra nem um telefone público na cidade.
Apesar da iluminação pública estar em perfeito estado, a área à noite é vista com
insegurança, a rua se mantém iluminada, porém deserta e, de acordo com os moradores,
não faz parte da rota cotidiana do serviço de segurança pública. Pela manhã e tarde o
movimento é tranquilo em razão do movimento da proximidade com outras duas escolas
geradoras de tráfego.

7.6. Condicionantes ambientais

O estudo das condicionantes ambientais tem importância nas condições de


conforto local do projeto, levando em consideração que o clima e a estratégia que a
arquitetura usa para equilibrá-lo torna um projeto mais eficiente. Para base deste estudo
é usado as normas estabelecidas pela ABNT no que se refere ao Projeto 02:135.07-
001/3, que divide o brasil em zonas bioclimáticas e normatiza estratégias que devem ser
utilizadas em suas respectivas zonas (figura). Para uma pesquisa mais crítica será feita
uma análise da carta solar (figura) e da rosa dos ventos (figura), sendo assim será
montado estratégias arquitetônicas que manterão a eficiência do projeto.

Figura 35: Mapa de zonas bioclimáticas.

Fonte: Giacomeli, 2012.20


De acordo com o mapa acima baseado na norma ABNT 15220-3, o maranhão e
a maior parte do país se encontra na Zona 8. Felizmente a norma estabelece medidas e
estratégias para lidar com o clima como: grandes aberturas para ventilação, estas devem
estar sombreadas; vedações externas leves e refletoras, utilizando uma paleta de cores
claras; implantação que favoreça a ventilação cruzada.
Para análise de projeção solar, foi coletado dados do programa sol-ar, no qual foi
inserido a informação de latitude do local e colhido as informações.
Figura 37: Carta solar Pio XII.

Fonte: Sol-Ar, 2021.

Já as informações de predominância de ventilação, os dados foram coletados do


site PojetEE21, da cidade de bacabal que fica a 63km de distância de Pio XII, no qual
dividem a mesma zona bioclimática. Nesta análise observamos a eficiência dos ventos
entre a fachada norte e sudeste, porém com predominância à fachada norte.

Figura 38: rosa dos ventos Bacabal.

Fonte: PojetEE22.

Analisando também o gráfico de temperatura média e o de pluviosidade, nota-se


a coincidência entre a temperatura média mensal e o período de chuva que também
perdura por seis meses assim como a capital do estado.
Figura 39: gráfico de temperatura, Bacabal.

Fonte: PojetEE23.

Figura 40: Gráfico de quantidade de chuva mensal, bacabal.

Fonte: PojetEE24.

8. O PROJETO ARQUITETONICO

O projeto propõe reforma e ampliação de uma escola pública, localizada na Rua


Pará, no bairro Monteiro no município de Pio XII-MA. O prédio foi construído em 2010
com a proposta de ser uma escola particular de ensino médio, porém no ano de 2019 foi
vendida à prefeitura, que instalou o ensino primário e fundamental I, portando o projeto
pretende atender a somente esses dois níveis de ensino, mantendo-a uma escola de
pequeno porte, porém com estrutura e método de ensino que divergem nas disponíveis
no município.

8.1. Conceito e partido


O conceito está nas palavras lúdico, natural, simples e acessível. Sendo assim o
partido irá dispor da variação de cores as sensações e impulsos neurológicos que elas
proporcionam, utilizando deste estudo de cores em junção com uma representação do
estado solido, como o concreto aparente, ambos representando a firmeza, apoio e o
incentivo ao desenvolvimento autônomo da criança e adolescente, explorando sua
criatividade, intelectualidade e sociabilidade.
Ao simples e acessível está associado ao tipo de técnica construtiva, materiais de
acabamento e à visão de fachada ao entorno, que passará a impressão de um lugar
convidativo, fugindo de uma estética luxuosa que tem a possibilidade de constranger o
público-alvo. Remetendo-se ao lúdico, terá referência na estética das ferramentas mais
utilizadas em salas de aula: lápis coloridos, materiais escolares e blocos dinâmicos, eles
darão referência à estrutura, decoração, vedações e mobiliários.

8.1.1. Moodboard

No moodboard nota-se a prevalência da cor verde, no qual é a cor destinada à


edificação existente e que se pretende manter. Foi colocado também os lápis que
serviram de inspiração para o partido arquitetônico e influência das cores na edificação,
e para finalizar as principais texturas deste projeto: concreto aparente, verde e
esquadrias coloridas.
Figura 41: MoodBord.

Fonte: produzido pelo autor, 2021.


8.2. Programa de necessidades
8.3. Fluxograma
Figura 42: fluxograma setorial

Fonte: Produzido pelo autor, 2023.

Figura 43: fluxograma setor administrativo.

Fonte: Produzido pelo, 2023.


Figura 44: fluxograma setor pedagógico

Fonte: Produzido autor, 2023

Figura 45: fluxograma setor de alimentação e acolhimento

Fonte: Produzido pelo autor, 2023.


Figura 46: fluxograma setor de serviço

Fonte: Produzido pelo autor, 2023.

8.4. Setorização
Neste estudo foi determinada a distribuição dos setores, levando em consideração
o funcionamento da escola e as condições bioclimáticas da região. Visualizando a figura
abaixo, nota-se a colocação do setor de longa permanecia de alunos, na fachada leste
com incidência do sol nascente, enquanto os ambientes de serviços e prática esportiva
à fachada do sol poente. De acordo com o site projetee 25, que auxilia na distribuição de
informações bioclimáticas, os ventos predominantes vêm da fachada norte à fachada
sudeste, na cidade de bacabal próxima a Pio XII e com a mesma zona bioclimática.
Figura 47: Setorização.

Fonte: produzido pelo autor, 2021.

8.5. Estudo de massas


Neste estudo referente ao terreno B, as áreas de setor pedagógico têm
uma diferenciação de altura que implica na possibilidade de um segundo pavimento
deste setor de grande área. Já o alto volume do setor de esporte na fachada frontal
refere-se tanto à elevação na topografia do terreno quanto a uma escolha de um pé
direito alto para a quadra poliesportiva.

Figura 48: Estudo de massas, terreno A.

Fonte: Produzido pelo autor, 2023.


Em relação ao terreno A, o único setor que se destaca pelo grande volume é o
setor pedagógico, novamente considerando a possibilidade de um segundo pavimento.
8.6. Diretrizes projetuais.

● Terreno
O Terreno, tem uma topográfica fácil de trabalhar, tem apenas uma leve inclinação
que chega a favorecer as quedas de águas pluviais. Desta forma será possível usufruir
de uma potencialidade máxima do terreno, deixando com menos desníveis e
favorecendo a acessibilidade.
● Implantação
O projeto propões uma estética moderna, mas que seja agradável ao entorno,
será implantado proposta de melhoramento dentro e fora dos lotes, agregando valor ao
empreendimento e ao entorno.
● Bioclimático
Buscando sempre o conforto dos usuários que irão se prolongar no local, foi
realizado estudo das características climáticas para que fosse possível um diagnostico
detalhado a fim de traçar as estratégias para o equilibro do conforto. Estas estratégias
implicarão na disposição os ambientes, esquadrias e revestimentos que contenham a
alta temperatura.
● Sustentabilidade
O investimento em sustentabilidade vem desde a implantação dos setores, onde
pode favorecer a estabilidade de temperatura diminuindo o uso de refrigeradores, até o
uso de materiais com pouco impacto ambiental.
● Espaços abertos
Já no estudo preliminar foi identificado a necessidade de jardim internos e vistas
dos ambientes de trabalho para área de contemplação. Considerando que nas salas de
aulas isso reflete no conforto visual, consequentemente no aprendizado do aluno, para
os profissionais o conforto de trabalhar em um ambiente acolhedor que favoreça sua
produtividade, além de que estes espaços promovem interações sociais providas de
variações de atividades fora da sala de aula.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir esta etapa de desenvolvimento do projeto, considero que apesar de
dificultosos, os objetivos foram alcançados satisfatoriamente. Considerando que a
proposta é de melhorar a qualidade de ensino através da arquitetura e de métodos de
ensino alternativos.
Resultados estes que foram conquistados após intensa pesquisa em todos os
fatores considerados relevantes, conversas com profissionais da área e conhecimento
em arquitetura adquirido ao longo do curso. O levantamento de informações permitiu
uma análise detalhada do que será necessário para implantação de resoluções a fim de
a conclusão em êxito.
Diante dos estudos realizados para a produção deste conteúdo, considero ainda
que a qualidade da educação não provém de números de matriculados, ou mesmo da
quantidade de escolas disponíveis em determinada área, mas da qualidade do ensino e
do ambiente oferecido. O resultado da qualidade de ensino não é visto de imediato em
exames e testes escolares, mas na realidade que nos encontramos hoje dentre os
aspectos sociais, políticos, intelectuais e familiares. A soma destas considerações
permite a definição da importância da educação, isto é, da instituição escolar, na
construção de uma realidade futura de qualidade.
Ao relato final declaro a gratificação da finalização deste projeto resultante não só
pela obtenção de nota na faculdade, mas pela forma que o meu esforço e a minha
profissão podem ajudar o lugar de onde eu vim, e mais ainda as pessoas que me
trouxeram até aqui, meus professores.
10. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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