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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

FRANCISCO ÁLISSON DA SILVA

SURROUNDS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E IMAGÉTICOS DE UMA RUA: O


DIREITO À CIDADE NO BAIRRO SÃO GERALDO EM PAU DOS FERROS/RN.

PAU DOS FERROS


2024
FRANCISCO ÁLISSON DA SILVA

SURROUNDS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E IMAGÉTICOS DE UMA RUA: O


DIREITO À CIDADE NO BAIRRO SÃO GERALDO EM PAU DOS FERROS/RN.

Projeto de Pesquisa apresentado ao


Colegiado do Curso de Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal
Rural do Semi-Árido como requisito para
obtenção de nota para o componente
curricular Introdução ao Trabalho de
Conclusão de Curso.

Orientador do ITCC: Prof. Dr. Antonio


Carlos Leite Barbosa

Orientador do TCC: Prof. Dr. Damião


Esdras Araujo Arraes

Coorientadora: Profa. Dra. Daniela de


Freitas Lima

PAU DOS FERROS


2024
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.O
conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo,
passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que
regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº
9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº 9.610/1998. O conteúdo desta obra tornar-se-
á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata,
exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de patenteamento. Esta
investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a)
respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos
bibliográficos.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência (SIR)

Bibliotecário-Documentalista
Nome do profissional, Bib. Me. (CRB-15/10.000)
FRANCISCO ÁLISSON DA SILVA

SURROUNDS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E IMAGÉTICOS DE UMA RUA: O


DIREITO À CIDADE NO BAIRRO SÃO GERALDO EM PAU DOS FERROS/RN.

Projeto de Pesquisa apresentado ao


Colegiado do Curso de Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal
Rural do Semi-Árido como requisito para
obtenção de nota para o componente
curricular Introdução ao Trabalho de
Conclusão de Curso.

Defendida em: _____ / _____ / 2 __________.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Damião Esdras Araujo Arraes, Prof. Dr. (UFERSA)
Presidente

_________________________________________
Almir Mariano de Souza Junior, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador

_________________________________________
Osbelia Alcaraz Morales, Profa. Dra. (UAGro)
Membro Examinador

_________________________________________
Dedico está monografia a minha mãe -
Aurilene Maria da Conceição Silva (In
memoriam) - cuja presença espiritual foi
essencial para continuar. Você sempre
será meu maior exemplo de ser humano!
AGRADECIMENTOS

A conclusão de uma pesquisa de Introdução ao Trabalho de Conclusão de


Curso (ITCC) é um marco significativo na vida acadêmica, e é com grande gratidão
que expresso meus sinceros agradecimentos à Universidade Federal Rural do Semi-
Árido (UFERSA) e à Coordenação de Assistência Estudantil por sua contribuição
vital para o meu percurso acadêmico. Sem o apoio e os programas de permanência
acadêmica oferecidos por esta instituição de ensino, minha jornada teria sido muito
mais desafiadora.
A UFERSA desempenhou um papel fundamental na minha formação
acadêmica, proporcionando um ambiente de aprendizado enriquecedor e
oportunidades para o crescimento pessoal. Agradeço aos professores, colegas e
funcionários por seu apoio e dedicação em me ajudar a alcançar meus objetivos
educacionais. A qualidade do ensino e das instalações da UFERSA contribuiu
imensamente para o meu desenvolvimento como estudante e como indivíduo.
A Coordenação de Assistência Estudantil (COAE), por sua vez, merece um
reconhecimento especial. Os programas de permanência acadêmica oferecidos,
como bolsas de estudo, auxílio alimentação, moradia estudantil e orientação
psicológica e social, foram fundamentais para que eu pudesse focar nos meus
estudos sem as preocupações financeiras que muitos estudantes enfrentam. Isso
permitiu que eu me concentrasse totalmente em meu ITCC e em minha formação
como um todo.
Por fim, quero expressar minha profunda gratidão à UFERSA e à
Coordenação de Assistência Estudantil por sua dedicação em apoiar os estudantes.
Essa experiência moldou meu caminho acadêmico e me deu as ferramentas
necessárias para seguir em frente na minha jornada profissional. Estou
imensamente grato por tudo o que essa instituição e seus programas de
permanência acadêmica fizeram por mim.
“[...] Me chamaram de louco
E me imploraram pra parar
Me queimam na estaca
Mesmo sem saber rezar
E ainda com a crítica
Trouxeram caviar
Escrevo com sangue seus nomes
Pra amanhã cobrar!. [...]”

Pra quem duvidou – Canção de Quebrada Queer


RESUMO

A urbanização e industrialização tardia do Brasil, especialmente a partir dos anos


1950 do século XX, contribuíram para a formação de cidades desiguais, com áreas
nobres e periféricas, segregadas por classe social, raça, gênero, entre outras. A falta
de planejamento urbano contribuiu para a formação de áreas de risco, como
encostas e margens de rios, além de áreas periféricas carentes de infraestrutura
básica, como saneamento, transporte público e equipamentos de saúde e educação.
Essa dualidade corresponde a imagens de contraposição entre uma urbanização de
baixo recurso e outra hegemônica, restrita e concentrada, reafirmando uma
desigualdade social altamente pronunciada. Todo esse processo de ausência de
planejamento urbano corresponde às transformações que as comunidades exercem
sobre a urbe e que induzem a sociedade a problemas urbanísticos e sociais que
alteram significativamente a condição social das cidades e afloram as diferenças de
classe, engendrando segregações diversas e colocando à prova qualquer direito
fundamental, como o do usufruto integral da cidade. A partir dessas análises, é
possível compreender como a falta de planejamento urbano afetou a formação das
grandes áreas periféricas ilegais nas cidades brasileiras. As diferenças de classe e
as segregações diversas afetam o direito fundamental do usufruto integral da cidade,
uma vez que as áreas periféricas são carentes de infraestrutura básica, como
saneamento, transporte público e equipamentos de saúde e educação. Para
entender melhor o direito à cidade, foram analisadas políticas, leis, ações e
programas relacionados à moradia e ao direito à cidade, em um recorte temporal
que abrange desde 1940 até 2024. Essa análise permitiu compreender como as
políticas públicas urbanas foram desenvolvidas ao longo do tempo e como elas
afetaram a estrutura urbana das cidades brasileiras. Além disso, foi realizada uma
análise do bairro São Geraldo na cidade de Pau dos Ferros no estado do Rio
Grande do Norte, com o objetivo de caracterizar o uso e a ocupação do solo, os
espaços preenchidos e vazios, os equipamentos de uso coletivo e a configuração
das vias e a sua construção imagética. Essa análise permitiu compreender como a
estrutura urbana do bairro reflete as desigualdades sociais e urbanísticas presentes
nas cidades brasileiras. A dinamicidade inerente ao conceito de cidade, que evolui à
medida que a complexidade da estrutura urbana se transforma. Embora a cidade
seja frequentemente compreendida como um aglomerado de pessoas, serviços e
edifícios destinados a atender às necessidades humanas, não deve ser vista como
um elemento homogêneo, conforme observado pelo autor. Consequentemente, as
cidades passam por metamorfoses, desenvolvendo malhas urbanas distintas com
zonas claramente definidas para funções residenciais, comerciais/serviços,
infraestrutura viária e outros. A falta de planejamento urbano contribuiu para a
formação de cidades desiguais, com áreas nobres e periféricas segregadas por
classe social e raça, afetando o direito fundamental do usufruto integral da cidade. A
análise de políticas públicas urbanas e do bairro São Geraldo permitiu compreender
como a estrutura urbana reflete as desigualdades sociais e urbanísticas.

Palavras-chave: Urbanização. Industrialização tardia. Desigualdade urbana.


Planejamento urbano. Direito à cidade.
ABSTRACT

The late urbanization and industrialization of Brazil, especially from the 1950s of the
20th century, contributed to the formation of unequal cities with affluent and
peripheral areas, segregated by social class, race, gender, among others. The lack
of urban planning contributed to the creation of high-risk areas, such as hillsides and
riverbanks, as well as peripheral areas lacking basic infrastructure like sanitation,
public transportation, and healthcare and educational facilities. This duality
represents contrasting images between under-resourced and hegemonic, restricted,
and concentrated urbanization, reaffirming pronounced social inequality. The entire
process of the absence of urban planning corresponds to the transformations that
communities impose on the city, leading to urban and social problems that
significantly alter the social condition of cities and expose class differences,
engendering various forms of segregation and challenging fundamental rights, such
as the right to full use of the city. Through these analyses, it is possible to understand
how the lack of urban planning affected the formation of large illegal peripheral areas
in Brazilian cities. Class differences and various forms of segregation impact the
fundamental right to the full use of the city, as peripheral areas lack basic
infrastructure, such as sanitation, public transportation, and healthcare and
educational facilities. To gain a better understanding of the right to the city, policies,
laws, actions, and programs related to housing and the right to the city were
analyzed, covering the period from 1940 to 2024. This analysis helped understand
how urban public policies developed over time and how they affected the urban
structure of Brazilian cities. Additionally, an analysis of the São Geraldo
neighborhood in the city of Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, was conducted to
characterize land use and occupation, filled and vacant spaces, public facilities, the
layout of streets, and its imaginative construction. This analysis shed light on how the
urban structure of the neighborhood reflects the social and urban inequalities present
in Brazilian cities. It also highlighted the inherent dynamism in the concept of a city,
which evolves as the complexity of the urban structure changes. Although a city is
often perceived as a conglomerate of people, services, and buildings designed to
meet human needs, it should not be seen as a homogeneous entity, as noted by the
author. Consequently, cities undergo metamorphoses, developing distinct urban
networks with clearly defined zones for residential, commercial/services, road
infrastructure, and other functions. The lack of urban planning contributed to the
formation of unequal cities, with affluent and peripheral areas segregated by social
class and race, affecting the fundamental right to the full use of the city. The analysis
of urban public policies and the São Geraldo neighborhood provided insight into how
the urban structure reflects social and urban inequalities.

Keywords: Urbanization. Late industrialization. Urban inequality. Urban planning.


Right to the city.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Metodologia aplicada para a realização da pesquisa.............................. 26

Figura 02 - Fluxo pendular de pessoas, com o objetivo de trabalho em Pau dos


Ferros. ....................................................................................................................... 24

Figura 03 - Recorte temporal de 1940 a 2024 acerca de Leis, ações, projetos e


programas relacionados ao direito à cidade e à habitação/moradia no país. ............ 18

Figura 04 - Elementos de Ótica no Bairro São Geraldo. ........................................... 36

Figura 05 - Elementos de Lugar no Bairro São Geraldo. .......................................... 37

Figura 06 - Elementos de Lugar no Bairro São Geraldo. .......................................... 38

Figura 07 - Elementos de Ótica no Bairro São Geraldo. ........................................... 39

Figura 08 - Ocupações residenciais (A), Ocupação de uso misto (B) e Ocupação de


uso comercial (C). ..................................................................................................... 43

Figura 09 - Ocupação institucional (D) e Ocupação de serviço (E). .......................... 46

Figura 10 - Configuração espacial de 1 pavimento (A e C) e Configuração espacial


térrea (B e D)............................................................................................................. 49

Figura 11 - Trecho viário em aclive (A), trecho viário acerca de ocupações


residenciais (B) e trecho em curva (C). ..................................................................... 52

Figura 12 - Trecho viário no trevo (D), trecho viário saída para a ponte (E) e trecho
viário com patologias (F). .......................................................................................... 53

Figura 13 - Estacionamento para carros à 90° na fachada de lotes residências (G),


estacionamento de carros à 45° em lote comercial (H) e estacionamento de motos
na fachada de lotes residências (I)............................................................................ 54

Figura 14 - Lote comercial (A), lote misto (B), lote institucional de recreação (C) e
átrio da capela (D). .................................................................................................... 56

Figura 15 - Contraste entre usos entre o passeio e a via pública (A), uso da RN-177
como passeio público (B), Idoso utilizando a via como passeio público (C) e via
apresentando patologias visíveis. ............................................................................. 58

Figura 16 - Atividades de Apoio no Bairro São Geraldo. ........................................... 61

Figura 17 - Iluminação Pública no Bairro São Geraldo. ............................................ 63

Figura 18 - Bairro São Geraldo nos anos de 2007 (A), 2009 (B) e 2012 (C). ............ 67

Figura 19 - Bairro São Geraldo nos anos de 2013 (D), 2016 (E) e 2018 (F). ............ 68
Figura 20 - Bairro São Geraldo nos anos de 2019 (G), 2020 (H) e 2024 (I). ............. 69

Figura 21 - Parcelamento dos lotes em final de quadra (A), parcelamento do solo


não ortogonal e homogêneo em meio de quadra (B), parcelamento dos lotes
relativamente ortogonal em meio de quadra (C) e parcelamento com ausência de
passeio público e surgimento espontâneo ................................................................ 71

Figura 22 - Trecho viário que mostra a passagem molhada e duas tipologias viárias
(A), trecho de acesso oeste ao bairro (B), encontro da tipologia asfáltica e de terra
batida (C) e acostamento viário informal (D). ............................................................ 74

Figura 23 - Rua Antônio Gurjão à esquerda e Rua Capitão Pedro Vicente á direita
(A) e RN-177 à esquerda e caminhos viciantes à direita (B). .................................... 77

Figura 24 - Perspectiva aérea de áreas consolidadas e áreas em processo de


expansão (A) e perspectiva aérea das quadras mais ao norte do bairro (B). ........... 80

Figura 25 - Trecho viário de encontro com a RN-177 à esquerda e BR-226 à direita


(A), Passagem molhada (acesso oeste) na rua Antônio Gurjão (B), trecho da RN-177
ao longo do bairro (C) e acesso sul pela ponte Napoleão Diogenes Pessoa (D). ..... 83

Figura 26 - Trecho viário de encontro com a RN-177 à esquerda e BR-226 à direita


(A), Passagem molhada (acesso oeste) na rua Antônio Gurjão (B), trecho da RN-177
ao longo do bairro (C) e acesso sul pela ponte Napoleão Diogenes Pessoa (D). ..... 85

Figura 27 - Passagem molhada em época de estiagem (E) e passagem molhada em


época de cheia (F). ................................................................................................... 86

Figura 28 - Praça Lourenço Gonçalves de Brito (A) e Posto de Saúde Mãe Cristina
(B). ............................................................................................................................ 88

Figura 29 - Capela São Geraldo (C), Centro de Umbanda casa de Oração Santa
Bárbara (D) e Assembleia de Deus Consagração Betel (E). ..................................... 89

Figura 30 - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (F), Creche Municipal Djalma


de Freitas Nobre (G) e Escola Municipal Francisco Torquato do Rêgo (H). ............. 90
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização do bairro São Geraldo ............................................................ 18

Mapa 2 - Área e Poligonal do bairro São Geraldo ..................................................... 19

Mapa 3 - Vias, Bairros, Cruzamentos, Limites e Pontos Marcantes no bairro São


Geraldo ..................................................................................................................... 31

Mapa 4 - Percurso ou Visão Serial para o bairro São Geraldo.................................. 35

Mapa 5 - Uso do Solo do bairro São Geraldo............................................................ 41

Mapa 6 - Configuração Espacial do bairro São Geraldo ........................................... 48

Mapa 7 - Circulação Viária e Estacionamento do bairro São Geraldo ...................... 51

Mapa 8 - Espaços Livres no bairro São Geraldo ....................................................... 55

Mapa 9 - Percurso de Pedestres no bairro São Geraldo ........................................... 57

Mapa 10 - Atividades de Apoio no bairro São Geraldo ............................................. 60

Mapa 11 - Traçado e Parcelamento do Solo do bairro São Geraldo ......................... 62

Mapa 12 - Crescimento do bairro São Geraldo ......................................................... 66

Mapa 13 - Traçado e Parcelamento do Solo do bairro São Geraldo ......................... 70

Mapa 14 - Tipologia dos Elementos Urbanos do bairro São Geraldo ....................... 73

Mapa 15 - Articulações do bairro São Geraldo.......................................................... 76

Mapa 16 - Cheios e Vazios do bairro São Geraldo ................................................... 79

Mapa 17 - Topografia do bairro São Geraldo ............................................................ 82

Mapa 18 - Caracterização das Vias do bairro São Geraldo ...................................... 84

Mapa 19 - Equipamentos de Uso Coletivo do bairro São Geraldo ............................ 87


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ES Estatuto da Cidade
MC Ministério das Cidades
CNC Conselho Nacional das Cidades
FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
LNBS Lei Nacional de Saneamento Básico
PNMU Política Nacional de Mobilidade Urbana
PNDR Política Nacional de Desenvolvimento Regional
FCP Fundação Casa Popular
SFH Sistema Financeiro de Habitação
BNH Banco Nacional de Habitação
FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
PAR Programa de Arrendamento Residencial
PNH Programa Nacional de Habitação
SHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
FNH Fundo Nacional de Habitação
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PL Projeto de Lei
DCN Diário do Congresso Nacional
IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensões
FCP Fundação da Casa Popular
COHAB Companhia de Habitação Popular
COHAB-RN Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte
Inocoops Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais
UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido
BIS Boletim de Informações Socioeconômicas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
UTM Urchin Tracking Module
BR Brasil
RN Rio Grande do Norte
SUMÁRIO
PARTE 1 .............................................................................................................................................. 18
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 19
1 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 26
2 Leitura regional em uma perspectiva macro e microrregional ................................................. 18
2.1 A Cidade de Pau dos Ferros/RN em dados gerais ................................................................ 21
2.1.1 Conurbação urbana e movimentação pendular................................................................... 22
2.1.2 Características sociais, culturais e econômicas .................................................................. 25
2.2 Instrumentos jurídicos incidentes no território Pauferrense .................................................. 26
3. DIREITO À CIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS ........................................................................ 27
3.1 Conceito de direito à cidade ....................................................................................................... 28
3.2 Trajetórias históricas de ações, programas e Leis ................................................................. 30
PARTE 2 .............................................................................................................................................. 27
4 OS ELEMENTOS URBANOS SEGUNDO KEVIN LYNCH (1960), GORDON CULLEN
(1961), SHIRVANI (1985) E VICENTE DEL RIO (1999).............................................................. 28
4.1 Kevin Lynch (1960) – Percepção do meio ambiente ............................................................. 29
4.1.1 Vias, Bairros, Cruzamentos, Limites e Pontos Marcantes ................................................. 31
4.2 Gordon Cullen (1961) - Análise Visual ..................................................................................... 33
4.2.1 Visão Serial ou Percurso ......................................................................................................... 35
4.2.1 Elementos de Ótica .................................................................................................................. 36
4.2.2 Elementos de Lugar ................................................................................................................. 37
4.2.3 Elementos de Conteúdo .......................................................................................................... 38
4.2.4 Elementos de Tradição Funcionalista ................................................................................... 39
4.3 Shirvani (1985) – Critérios De Qualidade ................................................................................ 40
4.3.1 Uso do Solo ............................................................................................................................... 41
4.3.2 Configuração Espacial ou Gabarito ....................................................................................... 48
4.3.3 Circulação Viária e Estacionamento...................................................................................... 51
4.3.4 Espaços Livres .......................................................................................................................... 55
4.3.5 Percursos de Pedestres .......................................................................................................... 57
4.3.6 Atividades de Apoio ................................................................................................................. 60
4.3.7 Mobiliário Urbano ..................................................................................................................... 62
4.4 Vicente Del Rio (1999) – Morfologia Urbana ........................................................................... 64
4.4.1 Crescimento .............................................................................................................................. 66
4.4.2 Traçado e Parcelamento ......................................................................................................... 70
4.4.3 Tipologia dos elementos urbanos .......................................................................................... 73
4.4.4 Articulações ............................................................................................................................... 76
4.4.5 Cheios e Vazios ........................................................................................................................ 79
4.5 Outros Mapas ............................................................................................................................... 81
4.4.1 Topografia .................................................................................................................................. 82
4.4.2 Caracterização das Vias.......................................................................................................... 84
4.4.3 Caracterização dos equipamentos de uso coletivo............................................................. 87
5 CONSTRUÇÃO IMAGÉTICA DO BAIRRO SÃO GERALDO .................................................. 91
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................. 92
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .................................................................................................. 93
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 96
ANEXO 1 - Parceria e disponibilidade do poder público municipal no acesso à informações
acerca da cidade de Pau dos Ferros, em especial ao bairro São Geraldo............................. 101
ANEXO 2 – Solicitação de documentação, ofícios e/ou projetos relacionados ao bairro São
Geraldo............................................................................................................................................... 102
ANEXO 3 (A) – Solicitação dos arquivos editáveis utilizados no Plano Diretor Participativo
referentes à cidade de Pau dos Ferros e ao Bairro São Geraldo. ........................................... 103
ANEXO 3 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024 da...................................................................... 104
ANEXO 4 – Solicitação de uma listagem atualizada acerca das leis municipais que referem-
se ao bairro São Geraldo ................................................................................................................ 105
ANEXO 4 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024 ........................................................................... 107
ANEXO 5 – Dados coletados no Censo do IBGE 2024 do bairro São Geraldo ..................... 108
18

PARTE 1
Atividades desenvolvidas durante o componente curricular PSH1643 - Introdução ao
Trabalho de Conclusão de Curso - T01 (2024.1 - 5N1234) no Brasil
19

INTRODUÇÃO

É notório que a estrutura do tecido urbano que circunscreve o processo de


urbanização e industrialização das cidades brasileiras foi tardio, especialmente a
partir dos anos 1950 do século XX. Associado ao aumento da população sem
acesso às políticas públicas urbanas, emergiram as grandes cidades com mão de
obra barata, resultando em um acúmulo de base capitalista industrial. Tal processo
contribuiu com a formação das grandes áreas periféricas ilegais. Essa dualidade
corresponde a imagens de contraposição entre uma urbanização de baixo recurso e
outra hegemônica, restrita e concentrada, reafirmando uma desigualdade social
altamente pronunciada. Todo esse processo de ausência de planejamento urbano
corresponde às transformações que as comunidades exercem sobre a urbe e que
induzem a sociedade a problemas urbanísticos e sociais que alteram
significativamente a condição social das cidades e afloram as diferenças de classe,
engendrando segregações diversas e colocando à prova qualquer direito
fundamental, como o do usufruto integral da cidade1, 3.

As cidades brasileiras têm suas configurações socioespaciais delineadas a


partir de características que se circunscrevem numa historicidade cruel, vivenciada
ao longo do século XX de forma acelerada e impulsionadas a partir da
industrialização, bem como da migração campo-cidade, com realce para a
insuficiência habitacional associada às condições precárias de moradia2. As
adversidades e conflitos encontrados em suas formações revelam profundas
heterogeneidades3 na produção de sua materialidade, no desenho de sua forma e,
igualmente, no que tange à mobilidade, à moradia, à prestação de serviços públicos
e a outros fenômenos que surgem dos territórios em conflito, divididos e
fragmentados espacialmente4, fortemente vivenciadas pela população de baixa
renda2. Diante desse quadro sócio-histórico, ausente de coordenações eficientes,
limitador e de continuidade da política habitacional2, importantes direitos são/foram

1 LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.


2 BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil: Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e
Difusão da Casa Própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
3 HARVEY, D. A liberdade da cidade. In: HARVEY, D. MARICATO, E. et. al. Cidades rebeldes. São

Paulo: Boitempo, 2013. p. 47 a 61.


4 MARICATO, E. Metrópole, legislação e desigualdade. Estudos Avançados, São Paulo: IEA USP, v.

17, n. 48, p. 151-166, 2003. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9928. Acesso


em: 21 jul. 2024.
20

postos lado a lado com as questões da insalubridade, da insegurança e das


condições de dignidade humana; pois, como a cidade sempre foi e até hoje é
dividida em sua construção territorial, favorecendo determinada área em detrimento
de outra, gera-se um polo da elite, seja este constituído por porções de terra ou por
acesso à cidade, e outra área, consequentemente, alvo de ausências múltiplas e de
constante luta social. São áreas geralmente periféricas, com sua vivências e
relações cotidianas operadas nas bordas, ou como magistralmente chamou
AbdouMaliq Simone, de vivência nos entornos dos centros urbanos de poder5.

A dualidade das classes que compõem o espaço urbano proporciona e


articula os interesses de cunho político e econômico. Além disso, manifestam-se
problemáticas equiparadas às que a apropriação do sistema capitalista exerce sobre
a cidade6, como a segregação socioespacial supracitada. Outro problema que as
cidades possuem diz respeito à sua população urbana. Sabe-se que a maior
concentração demográfica ocorre nas áreas centrais, propiciando entraves
administrativos de gestão que, muitas vezes, se desdobram em ações nas quais a
aplicação dos recursos públicos ocorra em todas as áreas e cheguem de forma
igualitária a todos. A igualdade é a situação ideal, mas os percursos históricos do
capitalismo impedem sua concretização. Soma-se a esses fatores a precariedade
nos interfluxos das ações de interesses dos conjuntos de políticas exequíveis pelos
diversos atores (união, estados e municípios) por meio de planejamento e gestão em
estados de vulnerabilidade quanto a sua performance. Além disso, há debilidades
relativas às atividades tipicamente voltadas às funções urbanas de conexão entre os
espaços, como comércio, serviços educacionais, de saúde ou bancários.

Falta também a perspectiva de preservação da memória da imagem da


identidade local, isto é, da memória social coletiva, das impressões significativas de
dada comunidade e do significado do lugar para a construção e entendimento das
dinâmicas de formação e configuração espacial, social, política e cultural das
cidades. Essa figura coletiva é uma espécie de percepção visual que se fixa na
memória em aspectos visuais do espaço construído, gerando um sistema mental
que se conecta às experiências de vida de seus usuários. Essas por sua vez são
compreendidas por meio de uma visão cultural e relacional de atributos e contextos

5SIMONE, A. M. The surrounds: Urban life within and beyond capture. Duke University Press, 2022.
6MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido!. In: HARVEY, D; MARICATO, E; et. al. Cidades
rebeldes. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 19 a 26.
21

distintos que se juntam para compor o todo da paisagem urbana, tais "padrões"
podem ser ideológicos ou mesmo políticos, mas coexistem na urbe7,8.

É notório que existe fragilidade na concretude da política urbana em suas


funções sociais e, sobretudo, com respeito à terra urbanizada, à moradia, à
participação popular nos vários segmentos da comunidade, ao atendimento dos
interesses sociais, às distorções de crescimento urbano desordenado, aos
equipamentos urbanos e comunitários, entre outros aspectos. Além disso, há
precariedade nos serviços públicos essenciais, garantidores do direito à cidade,
como mobilidade (especialmente, transporte público), saneamento ambiental,
trabalho, lazer e infraestruturas essenciais (saneamento básico, segurança,
iluminação, entre outros). Ademais, há negligência aos requisitos de uso e
parcelamento do solo urbano relativos às áreas mínimas, às faixas de proteção, ao
parcelamento, à infraestrutura básica, ao projeto urbanístico, entre outros.

A negligência que determinadas áreas das cidades detêm é o resultado de


fenômenos históricos, políticos e sociais que modelam determinada comunidade e
estimulam situações de irregularidade das mais diversas ordens. É nesse limiar que
a população é atingida e os seus direitos fundamentais são versados. Dentro dessa
mesma perspectiva, a imagem e a paisagem urbana não são apenas moldadas por
contextos político-ideológicos, bem como são configuradas pelas singularidades de
cada contexto e/ou espaço, com atributos individuais de cada indivíduo. Com isso,
refletem-se em um espaço que pressupõe coexistências de memórias e
contribuições culturais que se interligam aos espaços construídos ao longo da
história.

Para tanto, faz-se necessário compreender as expressões materiais que


ocorrem no tecido urbano das cidades brasileiras, principalmente como instrumentos
de análise que representam os territórios e lugares fragilizados e invisibilizados
pelos códigos legais. O desenho e a paisagem urbana e sua função social podem
potencializar o acesso ao direito à cidade, sendo primordiais à vida urbana coletiva.
Uma vez que as cidades são, em sua estrutura formal e informal, detentoras dessa
profunda heterogeneidade de conflitos, adversidades e dimensões divergentes de

7LYNCH, K. A imagem da cidade. 3. ed. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2011.
8VALLE, L. de P.; COSTA, A.B. Cidades educadoras: uma perspectiva à política pública de
educação. In: COSTA, A. B. (org.). O direito Achado na Rua: Nossa Conquista é do Tamanho da
Nossa Luta. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. p. 191 - 203.
22

características históricas cruéis e conflituosas. Os detentores dos espaços ditos


“privilegiados” continuam em seus espaços, e as mazelas que atingem as periferias
e as bordas dos espaços urbanos continuam a assolar as comunidades, em especial
as que não detém poderio econômico.

A história tem demonstrado que o Estado intervém nos problemas de


natureza social e urbana em seus territórios, principalmente se esses problemas
decorrerem de crises capitalistas. No entanto, suas intervenções ocorrem de forma
superficial, objetivando o não comprometimento da ordem econômica do capital. Um
exemplo é a política habitacional que surgiu na década de 1930 durante a Era
Vargas. Como resposta à crise habitacional, foram criados os Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs) voltados a financiar habitações que privilegiavam a
verticalização, mas também as edificações térreas, tomavam como inspirações nos
moldes da arquitetura moderna de Le Corbusier9. Porém, somente trabalhadores
formais eram atendidos pela política dos IAPs. Nesse contexto restritivo, o governo
Dutra procurou responder à crise criando, em 1946, outra instituição, a Fundação da
Casa Popular (FCP), estabelecida para a população de baixa renda informal (público
alvo). Tal política desempenhou um papel pouco expressivo para a época 10. Vale
ressaltar que essa necessidade do Estado também foi influenciada pelo Decreto da
Lei do inquilinato, em 1942, que promoveu uma carência habitacional e uma
desproporcionalidade entre os preços dos aluguéis e o salário da população 14. Outra
iniciativa política do Estado instituída em 1964 foi o Banco Nacional de Habitação
(BNH), que atuava no financiamento de moradias para a população de baixa renda e
que possuía um lado empresarial, que culminou na criação do Sistema Financeiro
Habitacional (SFH) e tornou a habitação uma mercadoria1,2. Enquanto que cabia as
Companhias de Habitação Popular (COHABs) realizarem a construção dessas
habitações por intermédio financeiro do BNH, além de oferecer mutuárias vantagens
de juros, prazos e um barateamento das edificações.

No estado do Rio Grande do Norte, a COHAB-RN e Institutos de Orientação


às Cooperativas Habitacionais (Inocoops) promoveram a política habitacional em

9BONDUKI, N. Origens da Habitação Social no Brasil.


10MEDEIROS, S. R. F. Q. de. Produção do espaço residencial em Natal: renda, segregação e
gentrificação nos conjuntos habitacionais. 2015. 271f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) -
Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.
23

mais de 64 municípios11,12, com foco na população de baixa renda e com o objetivo


de favorecer o mercado industrial13. A superficialidade da aplicação dessa política de
habitação popular está na irregularidade das questões urbanísticas, jurídicas, sociais
e ambientais que inexistiam, ou existiam de forma superficial, para os beneficiários.
Nesse limiar, destaca-se o papel do Estado em se reinventar para proporcionar
acesso à moradia com qualidade e habitabilidade, num contexto ainda altamente
capitalista14. As soluções paliativas, majoritariamente, convergem para soluções de
cunho qualitativo; contudo, paradoxalmente, promoveram o afastamento da classe
trabalhadora dos centros urbanos por condições de habitabilidade que inexistiam 15.

A cidade potiguar de Pau dos Ferros representa a heterogeneidade dos


processos de construção das cidades brasileiras, cuja formação, dinâmica e
expansão são notadamente percebidas em seus bairros periféricos, como Chico
Cajá e São Geraldo. Sua expansão ou crescimento material advém (não somente)
sobretudo de ações de proprietários fundiários que vendem seus terrenos rurais com
vistas a convertê-los em loteamentos de escassa qualidade urbana. Por outro lado,
o município se apropria desse estímulo privado a fim de oficializar os “loteamentos
rurais” em territórios oficiais, ampliando assim o perímetro urbano 16. Além disso, o
município, apesar de seu índice demográfico, caracteriza-se como cidade pequena
17.

Diante da complexidade urbana de Pau dos Ferros, o bairro São Geraldo foi
eleito objeto de análise do presente trabalho pelo fato de suas transformações
socioespaciais estarem inteiramente relacionadas ao processo de urbanização das

11 MEDEIROS, S. R. F. Q. de. A casa própria: sonho ou realidade? Um olhar sobre os conjuntos


habitacionais em Natal. 2007. 113 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional; Cultura e
Representações) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.
12 MEDEIROS, S. R. F. Q. de. Produção do espaço residencial em Natal.
13 AZEVEDO, S. Políticas Públicas e Habitação Popular: pontos para reflexão. Revista de

Administração Municipal, 1987. p. 40–49.


14 FERREIRA, A. C. A. Casa sem pessoas para pessoas sem casa: a reabilitação de áreas

históricas e o uso habitacional na realidade brasileira. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-


Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2017.
15 BONDUKI, N. Origens da Habitação Social no Brasil.
16 CARVALHO, C. C. A.; ALVES, L. da S. F.; SOUSA JUNIOR, A. M. de; LIMA JUNIOR, F. do O. de.

Produção urbana no semiárido brasileiro: um estudo sobre Pau dos Ferros, RN, Brasil. Interações
(Campo Grande), [s. l.], v. 20, n. 3, p. 845–860, 2019. Disponível em:
https://interacoesucdb.emnuvens.com.br/interacoes/article/view/1855. Acesso em: 23 jul. 2024.
17 DANTAS, J. R. de Q. As cidades medias no desenvolvimento regional: um estudo sobre Pau

dos Ferros (RN). 2014. 261f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional, Cultura e
Representações) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
24

cidades brasileiras, que resulta em zonas periféricas. Localiza-se na porção


nordeste da cidade, em uma área periférica, isolado pelo Rio Apodi-Mossoró, com
baixa densidade de edificações18 nas quais residem uma população pobre e com
traçado e parcelamento do solo articulados ao longo da RN-177. Além disso, a
presença do equipamento urbano público de educação superior - Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)19 acentua as transformações sociais e
materiais e atribui novas organizações espaciais por meio de proprietários de terra
em ofertar espaços, até então ociosos, para atender ao mercado imobiliário20. Diante
desse contexto, indaga-se quais os impactos que a fragilidade na concretude da
política urbana, em especial, as das funções sociais têm para o direito à cidade no
bairro São Geraldo em Pau dos Ferros/RN?

Para tanto, o objetivo do presente trabalho é compreender a caracterização


do bairro São Geraldo quanto à aplicação da política urbana, em especial, das
funções sociais, no que concerne o direito à cidade no bairro São Geraldo em Pau
dos Ferros/RN, expondo suas possíveis fragilidades. De forma específica, pretende-
se: 1 - Elaborar uma análise visual, por meio de um percurso, visando compreender
as relações das experiências imagéticas sobre o espaço construído; 2 - Identificar a
paisagem urbana com auxílio de imagens, na tentativa de estabelecer a identidade,
estrutura e significado de seu tecido urbano; 3 - Apresentar a morfologia através de
mapas temáticos conceituais, buscando delinear o processo de lógicas
estruturadoras de uso e ocupação do bairro; 4 - Criar uma perspectiva imagética
diante das memórias, aspirando contribuir para o entendimento do processo de
ocupação dos moradores ao longo da historicidade da comunidade; 5 – Contribuir
para os estudos acerca das dinâmicas territoriais, em especial as das cidades

18 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2020: Malha de Setores Censitários.


Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura-territorial/26565-
malhas-de-setores-censitarios-divisoes-intramunicipais.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 06 ago. 2024.
19 A UFERSA surgiu em 18 de abril de 2012, a partir da prerrogativa da interiorização da educação

superior pública federal para o estado do Rio Grande do Norte e no reconhecimento do sua plena
responsabilidade social e inserção regional, que funciona até o ano de 2024 com sete cursos, nas
áreas de sociais aplicadas e humanas, ciências exatas e naturais e tecnologias da informação
(UFERSA, 2024).
20 SANTOS, A. C.; ALVES, L. DA S. F. Produção do espaço urbano da cidade de Pau dos Ferros -

RN: análise da tendência de valorização fundiária do bairro São Geraldo. Boletim de Geografia, v.
33, n. 2, p. 73 - 88, 16 dez. 2015. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr/article/view/20349. Acesso em: 06 ago. 2024.
25

pequenas, visando criar um arcabouço teórico, histórico e imaterial do processo de


expansão da cidade de Pau dos Ferros.

A pesquisa desdobra-se inicialmente em uma leitura regional de perspectiva


articulando as escalas macro e microrregional, que pressupõem uma análise dos
dados gerais e de caráter local acerca da participação da cidade em conurbação e
movimentação pendular. Além disso, expõe suas características sociais, culturais e
econômicas e, por fim, demonstra os instrumentos jurídicos incidentes sobre o solo.
Em seguida, a estrutura exibe um apanhado teórico acerca da construção para o
entendimento do direito à cidade e pontua um recorte temporal de 1940 a 2024
acerca de políticas, leis, ações e programas relacionados à moradia e ao direito à
cidade. O terceiro, disserta sobre as características do bairro São Geraldo, de forma
a caracterizar o uso e a ocupação do solo, os espaços preenchidos e vazios, os
equipamentos de uso coletivo e a configuração das vias. A quarta parte discorre
acerca dos elementos urbanos seguindo as perspectivas de Kevin Lynch (1960),
Gordon Cullen (1961), Shirvani (1985) e Vicente Del Rio (1999), para caracterização
quanto a uma: análise visual, que contempla elementos, quanto as vias, nós e
setores, marcos e limites, além disso uma análise quanto a sua paisagem urbana,
para exibir sua/seu ótica, lugar, conteúdo e tradição funcionalista; já quanto aos
critérios de qualidade, abarca ao/a/o uso do solo, configuração espacial, circulação viária
e estacionamento, espaços livres e percurso de pedestres e atividades de apoio e por fim, a
morfológica, ao mostrar o/a/as/os Crescimento, traçado e parcelamento, tipologia
dos elementos urbanos, articulações e cheios e vazios, respectivamente. Além
disso, foi realizada uma construção imagética acerca da identidade da comunidade
do bairro São Geraldo. Por fim, apresentam-se as considerações finais.
26

1 METODOLOGIA

Perante o exposto, para a concretização desta pesquisa, realizou-se


procedimentos metodológicos que permitiram por meio de métodos e técnicas a
coleta e análise de dados, além de uma estruturação dos elementos essenciais
descritos, por meio da figura 01.

Figura 01 - Metodologia aplicada para a realização da pesquisa.

Fonte: Cronograma elaborado pelo autor com auxílio do software Bizagi Modeler.

O tipo da pesquisa é de natureza mista, a qual, segundo Creswell (2010)


ancora-se em dados tanto quantitativos, quanto qualitativos. Com uma amostragem
que se delimita ao bairro São Geraldo em Pau dos Ferros (ver figura 02), no estado
do Rio Grande do Norte, a escolha desse bairro decorre de características únicas de
seu processo de formação e expansão urbana nas bordas da área consolidada do
centro da cidade e pelo seu perfil socioeconômico da comunidade que reside em
seu território. O bairro São Geraldo é um dos 29 (vinte e nove) bairros da cidade de
Pau dos Ferros, possui uma área total de pouco mais de 1.6 ha (hectares) e está
localizado na região nordeste da cidade. Um aspecto central de sua morfologia é o
elemento natural divisor da poligonal à oeste, o rio Apodi-Mossoró. A sua mobilidade
ocorre basicamente por meio da RN-177.

A caracterização do perfil socioeconômico dos moradores do bairro


procedeu pela aplicação de um Boletim de Informações Socioeconômicas (BIS)21. O
BIS é organizado em quatro partes, sendo a primeira dedicada a informações sobre
o imóvel, a segunda parte é dedicada as condições de ocupação do imóvel, a
terceira parte discorre sobre à identificação e os dados socioeconômicos dos
moradores e a quarta e última parte refere-se a informações quanto ao controle,

21A aplicação do Boletim de Informações Socioeconômicas (BIS) levou em consideração a


metodologia aplicada por Carmo (2021) em seu livro Trabalho Social e Cadastro dos Beneficiários da
Regularização Fundiária Urbana de forma adaptada.
27

validação e observações gerais (ver anexo X). A coleta dos dados para o BIS,
efetuou-se por meio do Google Forms22, pois esta ferramenta é disponibilizada de
forma gratuita e permite a produção de questionários múltiplos de forma discursiva,
avaliativa, entre outras opções. Além de permitir uma visualização em tempo real
dos dados coletados.

Outrora, para a produção de todos os mapas, foi utilizado o software Qgis


em sua versão 3.28.7, o sistema de referência aplicado foi o WGS 84 e o sistema de
projeção utilizado foi UTM zona 24s, as imagens aéreas foram extraídas do software
Google Earth Pro (2023), as malhas territoriais foram extraídas do IBGE (2022) e as
poligonais dos bairros que compõem a cidade de Pau dos Ferros foram
disponibilizadas pelo Projeto de Pesquisa e Extensão Acesso à Terra Urbanizada
(2024). Auxiliando o Qgis, utilizou-se o software AutoCAD 2022 e o software
Illustrator, para o refinamento e detalhamento artístico e gráfico de todo o material.

Em seguida, os procedimentos metodológicos de análise do espaço


construído e consolidade dão-se a partir da metodologia aplicada de Kevin Lynch
(1960) para uma análise visual; Gordon Cullen (1961) para a análise da paisagem
urbana, Shirvani (1985) para os Critérios de Qualidade e Vicente Del Rio (1999) em
sua análise morfológica do território em conformidade ao que define a tabela 01.

Tabela 01 – Elementos, figuras e mapas produzidos para as análises de Kevin


Lynch (1960), Gordon Cullen (1961), e Shirvani (1985) e Vicente Del Rio (1999).

Análise e Autor Elementos/Figuras/Mapas Definição ou características


Identificou-se os caminhos de
Vias
mobilidade entre as áreas.
Identificou-se os elementos
compreendidos como fronteiras entre
Limites
duas áreas de forma lateral e contínua
sem expressar limites atravessados.
Identificou-se a relação entre os
Pontos Nodais
elementos que compões os marcos e
Kevin Lynch (1960) Bairros
limites, entretanto, considerando uma
maior concentração de população.
Identificou-se os elementos
responsáveis pelos deslocamentos e
Cruzamentos
que tornam-se junções e convergem
em vias.
Marcos Identificou-se os elementos

22 Para acessar o formulário utilizado no momento da coleta de dados, acessar o seguinte link:
https://docs.google.com/forms/d/1s0VAci6_v8KPdHF4KuUgsUbtXO8_N3hvNQlMiOGk3H0/prefill ou
clique aqui;
28

responsáveis por atribuir um grande


peso sobre a identidade da
comunidade, considerando-se um
símbolo que possui afinidade para os
moradores e os visitantes.
Capturou-se imagens à altura da
visão, cerca de 1.40m (um metro e
quarenta centímetros), o que resultou
em uma visão serial, das experiências
Ótica por meio de percursos, conjuntos e
espaços edificados e não edificados
dentro da área de estudo, em uma
experiência meramente estética e
visual.
Capturou-se imagens à altura da
visão, cerca de 1.40m (um metro e
quarenta centímetros), o que resultou
em um mapa com percursos que
possui sentido de topológico,
Lugar
identificando a dicotomia entre aqui-ali
Análise Visual e de forma imediata, percebendo as
Gordon Cullen sensações diversas, como
(1971) pertencimento, proteção e
territorialidade.
Capturou-se imagens à altura da
visão, cerca de 1.40m (um metro e
quarenta centímetros), o que resultou
em um mapa que se refere a um
conjunto de significados por meio de
Conteúdo
elementos como: cor, escala, textura,
estilo, caráter e unidade. Essas
imagens sugerem uma categoria de
intimidade de usos e uma alta
complexidade de significados.
Analisou-se os (as): estruturas,
guardas, gradeamentos, degraus,
Tradição funcionalista
preto e branco, textura, lettering,
clareza, a rua,
Identificou-se o modo que se configura
cada lote dentro bairro, a partir dos
Uso do solo seguintes agrupamentos: residencial,
comercial, serviço, institucional, área
verde e uso misto
Identificou-se os volumes das
edificações por meio da topografia,
Configuração Espacial relacionando o conjunto edificado, a
compatibilidade tipológica,
continuidade e inserção na morfologia.
Identificou-se a relação estruturadora
da imagem urbana por meio do
Circulação Viária e sistema de movimentação e de
Critérios de
Estacionamento acessibilidade. Sendo estes a
Qualidade
circulação viária e o transporte
Shirvani (1985)
público, além do estacionamento.
29

Identificou-se as funções urbanas:


sociais, culturais, funcionais ou
Espaços Livres
higiênica, na estruturação do espaço
construído.
Identificou-se o sistema de
conveniência quanto a vitalidade dos
Percursos de Pedestres espaços e sua interdependência de
atividades sociais e econômicas,
espaços livres e atividades de apoio.
Identificou-se a reação entre as
atividades que dão conteúdo,
Atividades de Apoio coerência e vitalidade aos espaços
urbanos, como atividades fixas e
temporárias.
Identificou-se os elementos
temporários e complementares à
Mobiliário Urbano
cidade, como: bancos, telefones,
iluminação.
Identificou-se as intensidades e
direções dos elementos geradores e
Crescimento reguladores que convergem em limites
e superação de limites, por meio de
modificações e estruturação.
Ordenou-se o espaço ocupado em
Traçado e parcelamento sua estrutura fundiária, distâncias,
circulações e acessibilidade.
Morfologia Exibiu-se o inventário de composição
Urbana e Vicente das tipologias das edificações
Tipologia dos elementos
Del Rio (1999) (comercial e residencial), dos lotes e
urbanos
sua ocupação em quarteirões, praças
e esquinas.
Identificou-se os elementos
hierárquicos de composição de
dominialidade entre o público e o
Articulações
privado, por meio da exposição de
densidades e suas relações entre os
cheios e os vazios.
Exibiu-se a existência de áreas
cheias, onde existem construções, e
áreas vazias, espaços não
Cheios e vazios
construídos e não qualificados como
áreas livres no interior do perímetro
urbano
Definiu-se as vias em: arterial,
Outros
Caracterização das vias coletora ou local, além disso,
identificou-se os seus logradouros.

Identificou-se as construções que se


Caracterização dos
configuram como templos religiosos,
equipamentos de uso
unidades de ensino, unidades de uso
coletivo
público ou de serviço.
Fonte: Adaptado de Kevin Lynch (1960), Gordon Cullen (1961), e Shirvani (1985) e Vicente Del Rio
(1999). Elaboração gráfica: Autor (2024).
30

Além disso, para a tarefa de coleta de dados, foi utilizado um drone RTK
modelo Phaton XX... Outros dados foram coletados por meio de websites oficiais da
prefeitura de Municipal de Pau dos Ferros, da Câmara Municipal de Pau dos Ferros
associado ao envio de e-mails (verificar os apêndices) e/ou visitas presenciais as
secretarias responsáveis pelas informações.

Por fim, no recorte da historicidade da comunidade do São Geraldo, utiliza-


se a aplicação de uma entrevista dirigida, com a possibilidade de gravação e coleta
do relato, como fontes históricas orais concretas e importantes para resgatar a
historicidade do bairro. Além disso, a utilização de outros matérias audiovisuais
disponibilizados pela própria população do bairro.
18

Mapa 1 - Localização do bairro São Geraldo


19

Mapa 2 - Área e Poligonal do bairro São Geraldo


18

2 Leitura regional em uma perspectiva macro e microrregional

Para conduzir uma análise aprofundada de uma cidade, é imperativo


considerar todos os mecanismos que a moldam, com foco especial na sua
morfologia urbana e nas interações que permeiam essa morfologia. Isso requer uma
avaliação abrangente de todos os fatores que orientam a sociedade contemporânea,
com ênfase nas complexidades inerentes à paisagem urbana e à estrutura urbana.
Conforme destacado por Moraes, Goudard e Oliveira (2008), o planejamento
das cidades deve levar em conta sua notável diversidade e dinamicidade, uma vez
que elas passam por transformações contínuas à medida que acompanham a
evolução social e os avanços da modernidade. Cada cidade possui características
únicas que derivam de sua história e origens, e essas peculiaridades precisam ser
consideradas na gestão urbana. Aspectos como o uso do solo urbano,
regulamentações de construção, códigos de postura, estudos de impacto ambiental
e vizinhança, bem como a provisão de equipamentos urbanos comunitários, estão
entre os diversos fatores que devem ser analisados no contexto de seu plano diretor.
Com o avanço das tecnologias e a evolução dos padrões de vida, as cidades
passam por mudanças significativas em sua estrutura e, consequentemente, em seu
planejamento e organização. Portanto, é fundamental realizar uma avaliação das
condições e características que surgem ao longo desse processo de evolução e
atualização. Nesse sentido, a abordagem e a avaliação do uso do solo, bem como a
análise abrangente do comportamento da cidade e de seus diversos equipamentos
urbanos, desempenham um papel crucial na compreensão de como esses fatores
influenciam a composição e a formação da população urbana.
Diante desses pontos destacados, cabe ressaltar o exemplo da cidade de
Pau dos Ferros, situada na região semiárida do Rio Grande do Norte. Nas últimas
décadas, essa cidade se expandiu de forma contínua, impulsionada por seu status
como cidade-pólo e por sua notável relevância econômica, cultural e política tanto
para sua própria população quanto para os municípios vizinhos que contribuem para
seu crescimento. Nesse contexto, os estudos relacionados ao planejamento e à
organização de sua zona urbana assumem um papel fundamental na elaboração e
no cuidado com a configuração urbanística e na formação da cidade, visando
direcionar seu crescimento contínuo de maneira sustentável e eficaz.
19

Conforme Oliveira (2011), os centros urbanos contemporâneos têm suas


raízes nas expansões das antigas colônias portuguesas, onde o crescimento das
vilas deu origem a aglomerações urbanas complexas. Essas aglomerações
passaram a abrigar uma multiplicidade de atividades, resultando em estruturas
urbanas altamente especializadas para acomodar a diversidade da vida na cidade. A
cidade, portanto, surge como um produto da interação social entre os seres
humanos e seu ambiente circundante. A materialização do espaço urbano coexiste
com as relações sociais, culturais e históricas que caracterizam o contexto urbano.
Isso se traduz na diversidade de atividades que as cidades abrigam, bem como nas
condições que moldaram sua morfologia, incluindo a distribuição de renda e sua
história de desenvolvimento (Lencioni, 2008).
Além disso, a autora destaca a dinamicidade inerente ao conceito de cidade,
que evolui à medida que a complexidade da estrutura urbana se transforma. Embora
a cidade seja frequentemente compreendida como um aglomerado de pessoas,
serviços e edifícios destinados a atender às necessidades humanas, não deve ser
vista como um elemento homogêneo, conforme observado pelo autor.
Consequentemente, as cidades passam por metamorfoses, desenvolvendo malhas
urbanas distintas com zonas claramente definidas para funções residenciais,
comerciais/serviços, infraestrutura viária e outros. Em algumas situações, certos
aglomerados urbanos se destacam pela alta densidade populacional e concentração
significativa de serviços, adquirindo uma importância que as diferencia das demais,
sendo frequentemente denominadas como cidades metropolitanas (Bernardi, 2006).
Nesse sentido, o mesmo autor afirma que, tanto as metrópoles quanto as
cidades menores refletem morfologicamente o processo de ocupação urbana
influenciado pelas dinâmicas das relações sociais. As cidades metropolitanas,
impulsionadas pelo maior desenvolvimento econômico, promovem mudanças
estruturais mais acentuadas, abrigando fluxos de transitoriedade complexos. Em
contraste, as cidades menores se caracterizam por uma dinâmica diferente, com
fluxos comerciais menos intrincados. Portanto, a malha urbana de uma cidade é
uma expressão formal do seu grau de desenvolvimento econômico e social.
Assim, identificam-se elementos primordiais que constituem o tecido urbano,
conforme observa Oliveira (2016). Esses elementos incluem os sistemas de ruas,
sistemas de parcelas e sistemas de edifícios. O primeiro desempenha o papel de
demarcar os quarteirões e estabelecer distinções entre áreas públicas e privadas. O
20

segundo engloba os lotes parcelados que definem as quadras urbanas, enquanto o


último engloba os espaços públicos e privados edificados nos lotes e quarteirões.
Como se pode perceber, todos esses elementos da malha urbana interagem
diretamente, onde as ruas dialogam com os quarteirões, estes, por sua vez,
interagem com os lotes e edificações. Dessa maneira, uma análise adequada dessa
estrutura urbana deve considerar minuciosamente as relações entre esses
elementos, sejam elas de ordem visual ou funcional (Oliveira, 2016).
Por conseguinte, Amorim e Cocozza (2016) dedicam-se ao estudo das
unidades da paisagem urbana, enfatizando a caracterização do uso do solo, das
vias, dos gabaritos, dos espaços livres e dos equipamentos públicos. Essa
caracterização possibilita uma compreensão mais aprofundada de como essas
unidades se comportam na configuração geral da cidade. Uma das distinções mais
evidentes nas áreas urbanas é a divisão entre zonas residenciais e comerciais, cuja
delimitação é uma característica marcante da malha urbana. Ao analisar as
unidades que compõem as aglomerações urbanas, é viável incorporar essas
informações à gestão urbana, orientando a abordagem apropriada para cada
camada da cidade. Por exemplo, a identificação de problemas nas vias pode
direcionar intervenções municipais específicas, visando criar uma cidade com
unidades que promovam a qualidade de vida dos habitantes.
Essas unidades urbanas saudáveis devem ser catalisadoras de diversas
funções urbanísticas, conforme ressaltado por Bernardi (2006). A gestão urbana,
após a minuciosa avaliação de áreas específicas nas cidades, deve aplicar medidas
que abranjam habitação, segurança, trabalho, lazer e mobilidade. Além disso,
aspectos como prestação de serviços, sustentabilidade urbana e planejamento
urbano são requisitos cruciais para a efetivação dessas medidas, como destacado
pelo autor mencionado anteriormente. Nesse contexto, o levantamento de dados
sobre as unidades urbanas se mostra essencial para identificar intervenções
necessárias. Portanto, é preciso observar a presença de áreas edificadas e não
edificadas, descrever as vias arteriais e coletoras, detalhar os equipamentos
públicos, analisar os diferentes usos do solo e mensurar o gabarito das edificações
existentes. Essa análise encontra-se presente no trabalho de Amorim e Cocozza
(2016), que possibilita a criação de zoneamentos e diagnósticos das áreas urbanas.
Adicionalmente, os autores ressaltam que as áreas não edificadas nas
cidades, denominadas "vazios," têm um papel relevante. A avaliação dessas áreas
21

fornece dados sobre a taxa de permeabilização do solo e a disponibilidade de


terrenos livres para intervenções que possam promover segurança pública, saúde e
lazer, entre outros aspectos. Além disso, o estudo menciona a classificação do uso
do solo, que abrange categorias como residencial, comercial, misto, serviços e
institucional, levando em consideração a função de prestação de serviços das
edificações.
Da mesma forma, os autores sublinham a importância do "gabarito" das
edificações, ou seja, a altura das construções em relação ao nível da rua. Essa
característica distingue áreas com maior verticalização daquelas com predominância
de edificações horizontais, refletindo o nível de desenvolvimento econômico das
diferentes zonas urbanas e o padrão de ocupação do solo. Adicionalmente, o estudo
aborda as vias arteriais, coletoras e locais, destacando seu papel crucial na
complexa rede viária dos bairros e das cidades em geral (Caetano, 2013).
Por fim, a descrição detalhada dos equipamentos públicos é de grande
interesse para a gestão urbana de alta qualidade. Isso porque a análise da
quantidade de equipamentos disponíveis por bairro fornece informações cruciais
sobre o acesso a serviços de saúde, lazer, educação, entre outros. Dessa forma, a
gestão urbana tem a capacidade de realizar intervenções estratégicas na estrutura
urbana para atender de maneira mais eficaz às necessidades da população, sem a
necessidade de deslocamentos extensos para encontrar unidades públicas, como
escolas e postos de saúde. As possibilidades de inserção de equipamentos públicos
nas cidades, enfatizando a importância de considerar a densidade demográfica da
região, a infraestrutura viária existente e a compatibilidade com o estilo de vida da
comunidade local. (Neves, 2015).

2.1 A Cidade de Pau dos Ferros/RN em dados gerais

A cidade de Pau dos Ferros está situada na mesorregião do Oeste potiguar,


no estado do Rio Grande do Norte. Pertencente à região do Alto Oeste potiguar,
composta por trinta municípios, a cidade recebeu seu nome devido à presença de
uma árvore, a oiticica, que era marcada pelo ferro utilizado por vaqueiros que se
abrigavam sob sua sombra para descansar. Localizada a 392 km da capital, Natal, e
posicionada na região conhecida como "tromba do elefante," Pau dos Ferros abriga
uma população estimada em 30.452 habitantes, ocupando uma área de 259,959 km²
22

(IBGE, 2020). A densidade demográfica é de 106,73 habitantes por km², conforme


dados de 2010 do IBGE, e o PIB per capita é de 17.016,15 reais, conforme registros
de 2018 do mesmo instituto.
De acordo com Dantas (2015), o desenvolvimento de Pau dos Ferros foi
impulsionado pela intersecção das rodovias federais BR-405 e BR-226, que
conectam os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, conferindo à cidade
uma posição de destaque em relação a outros municípios e exercendo forte
influência no desenvolvimento regional. A localização estratégica de Pau dos Ferros,
na interseção das BR-405 e BR-226, na divisão entre os estados do Rio Grande do
Norte, Paraíba e Ceará, permite que a cidade se torne um importante ponto de
interconexão viária, facilitando o trânsito de pessoas, bens, informações, capital e
serviços.
As principais vias de tráfego que servem a cidade de Pau dos Ferros
incluem as rodovias federais BR-405, BR-226, e a rodovia estadual RN-177. A BR-
405 percorre a cidade ao longo do curso do rio Apodi, estendendo-se de Pau dos
Ferros até Mossoró, em um trajeto de 194 km que atravessa a Paraíba e termina em
Mossoró. Apesar de seu estado considerado regular, a estrada apresenta uma
geometria viária deficiente.
A BR-226, embora não atravesse diretamente o município, encontra-se nas
proximidades, oferecendo uma rota direta para a capital do estado, Natal, e servindo
como ligação com o estado do Ceará. Com uma extensão de 384 km e classificada
como via de estado regular, a BR-226 apresenta uma geometria viária precária. Por
sua vez, a RN-177 conecta Pau dos Ferros a outras cidades do Alto Oeste, como
Portalegre, Martins e São Miguel, abrangendo uma distância de 44 km. Em geral,
essa rodovia apresenta condições ruins, com geometria viária considerada péssima.
Conforme dados de Augusto (2017), a RN-177 enfrenta diversos problemas,
incluindo trincas longitudinais, remendos, deformações permanentes, exsudações,
desgastes e desníveis.

2.1.1 Conurbação urbana e movimentação pendular

A hierarquia urbana no Nordeste brasileiro inclui não apenas as capitais


regionais, mas também as cidades classificadas como Centros Sub-regionais, uma
categoria à qual Pau dos Ferros/RN pertence. Essas cidades desempenham um
23

papel fundamental na rede urbana do interior nordestino devido à urbanização


dispersa e fragmentada nessa região. Alguns Centros Sub-regionais assumem a
função de intermediários entre os grandes centros urbanos e as pequenas cidades.
Embora Pau dos Ferros não apresente inicialmente as características tradicionais de
uma cidade média, sua localização estratégica na fronteira e na interseção das BR-
405 e BR-226 reforça sua influência no desenvolvimento regional.
Pau dos Ferros é frequentemente referida como uma 'cidade de fronteira' ou
'cidade fronteiriça' (Dantas, 2015). O fenômeno de conurbação urbana, caracterizado
pela fusão da malha urbana além dos limites administrativos de um município, é
cada vez mais comum nos centros urbanos de médio e grande porte. Esse processo
ocorre gradualmente ao longo do tempo e de maneira espontânea. O movimento
pendular desempenha um papel importante nesse fenômeno, à medida que as
pessoas buscam cidades maiores com melhores serviços, comércio, educação, lazer
e saúde, levando a um crescimento orgânico das áreas urbanas (Moreira Junior,
2016).
As cidades pequenas, como Pau dos Ferros, que estão em estreita
proximidade com centros urbanos maiores, podem acabar se fundindo com suas
áreas urbanas. Isso pode ocorrer no futuro, pois o processo é gradual. Essa fusão
não afetaria apenas os limites geográficos, mas também teria implicações sociais,
econômicas e culturais.
Os movimentos pendulares estão relacionados a mudanças
socioeconômicas e refletem a reestruturação do trabalho e do capital, afetando a
estrutura urbana, a circulação de pessoas, as vias de acesso e os transportes
(Moura, 2009). Devido à falta de níveis intermediários na hierarquia urbana da região
nordestina, especialmente nas áreas mais interiores, os centros urbanos existentes
exercem uma forte polarização em suas áreas de influência, que tendem a ser
extensas (Dantas, 2015). Em 2010, a área em questão, incluindo Pau dos Ferros,
abrigava uma população de 440.877 habitantes, dos quais 281.890 (63,94%)
residiam na área urbana (IBGE, 2010). A rede urbana na região apresenta
irregularidades semelhantes às das redes urbanas do Nordeste e do Rio Grande do
Norte. Mais de 90% dos municípios nordestinos têm menos de 50 mil habitantes,
tornando-se uma característica predominante da região Nordeste.
Pau dos Ferros também desempenha um papel central na oferta de serviços
de saúde, servindo como polo regional de saúde do Alto Oeste Potiguar desde o
24

início do processo de regionalização em 1975. A construção do Hospital Regional


Dr. Cleodon Carlos de Andrade em 1990 ampliou ainda mais sua área de influência.
Além do hospital regional, Pau dos Ferros abriga outras unidades de saúde públicas
e privadas (Dantas, 2015). A cidade de Pau dos Ferros possui influência sobre 55
municípios em sua área de abrangência, registrando dados como saída: 388;
entrada: 3366; saldo pendular: 2978; pendularidade bruta: 3754 e taxa pendular
líquida: 10.73811. A Figura 02 ilustra esses dados.
Figura 02 - Fluxo pendular de pessoas, com o objetivo de trabalho em Pau dos
Ferros.

Fonte: Adaptado de Dantas (2014). Elaboração gráfica: Autor (2024).


O surgimento desses novos tipos de cidades, como os Centros Sub-
regionais, na rede urbana nordestina, é resultado da interiorização recente dos
serviços públicos, que tem atraído investimentos privados para essas áreas. Isso
tem contribuído para dinamizar a economia interna e ampliar a área de influência
dessas cidades (Silva, 2021).
25

2.1.2 Características sociais, culturais e econômicas

Pau dos Ferros, localizada no estado do Rio Grande do Norte, é uma cidade
que se destaca por suas diversas características sociais, culturais e econômicas,
resultantes de um rico histórico e interações entre sua população. Para compreender
melhor essa realidade, exploraremos esses aspectos sob a perspectiva de autores e
pesquisadores que analisaram a cidade.
A população de Pau dos Ferros é marcada por uma forte coesão comunitária
e laços familiares sólidos, características típicas da cultura nordestina. A influência
desses aspectos sociais na cidade é destacada por autores como Lopes (2017), que
ressaltam a importância das redes de apoio familiar e comunitário na vida dos
habitantes de Pau dos Ferros. Essas redes desempenham um papel fundamental na
solidariedade, na assistência em momentos de dificuldade e na preservação de
tradições culturais. No contexto educacional, Pau dos Ferros tem investido na
formação de sua população. A presença da UERN (Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte) na cidade, conforme apontado por Silva (2019), tem contribuído
significativamente para o acesso à educação superior, promovendo a qualificação da
mão de obra local e a disseminação do conhecimento.
A cultura de Pau dos Ferros é rica e diversificada, refletindo a influência das
diferentes etnias que compõem sua população. Autores como Santos (2018)
destacam a música como elemento central na vida cultural da cidade, com gêneros
como forró e música popular brasileira desempenhando um papel importante nas
festas locais, como o Carnaval e as festas juninas. Outro aspecto cultural
significativo é a culinária regional. Pratos tradicionais da região nordestina, como
buchada de bode e galinha à cabidela, são apreciados na cidade e contribuem para
a identidade gastronômica local, como observado por Almeida (2020). Essa
gastronomia típica também se destaca em festivais e eventos culturais.
A economia de Pau dos Ferros tem passado por mudanças ao longo do
tempo. Inicialmente, a cidade era voltada para a agropecuária, com a criação de
gado e a agricultura de subsistência como principais atividades. No entanto,
conforme observado por Oliveira (2016), a economia tem se diversificado, com o
setor de comércio e serviços ganhando destaque. Pau dos Ferros desempenha um
papel central como centro sub-regional, atendendo a cidades vizinhas em termos de
comércio e serviços, conforme mencionado por Lima (2018). A presença de
26

instituições de ensino superior, como a UERN, também contribui para a economia da


cidade, atraindo estudantes e gerando empregos.
Em resumo, Pau dos Ferros é uma cidade que se destaca pelas suas
características sociais, culturais e econômicas únicas. Os laços comunitários, a
cultura diversificada e a economia em transformação contribuem para a identidade
única dessa cidade nordestina, tornando-a um local de grande riqueza cultural e
histórica.

2.2 Instrumentos jurídicos incidentes no território Pauferrense

Em processo de desenvolvimento.
27

3. DIREITO À CIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS

O direito à cidade emerge como um pilar central nas discussões


contemporâneas sobre urbanismo. Este conceito abraça a busca por um acesso
equitativo aos recursos e oportunidades urbanas, juntamente com a participação
ativa dos cidadãos na configuração do ambiente urbano. No cerne dessa dinâmica
está a influência intrínseca das políticas públicas, que desempenham um papel de
destaque no processo de moldagem e desenvolvimento das áreas urbanas. A
interligação inquestionável entre o direito à cidade e as políticas públicas,
examinando as tomadas de decisões governamentais que reverberam no acesso à
habitação, transporte, serviços públicos e, por conseguinte, na qualidade de vida das
populações urbanas, perduram.
O arcabouço teórico que sustenta a compreensão dessa relação complexa
encontra-se nas contribuições de acadêmicos que enfatizam a centralidade do
ambiente urbano na vida dos indivíduos. Tais pesquisadores argumentam que o
direito à cidade transcende a mera ocupação física, abarcando dimensões sociais,
culturais e políticas. Destaca-se, igualmente, a imperatividade de considerar as
disparidades urbanas na formulação, implementação e execução das políticas
públicas, ao longo da historicidade. As políticas públicas urbanas exercem impactos
de magnitude inegável na vida da população, em especial as de menor poderio
econômico. Sejam essas políticas promotoras ou restritivas do direito à cidade, o
seu desenho, implementação e execução desempenham um papel crucial nessa
equação. As decisões sobre temas como habitação, transporte público e
desenvolvimento urbano desdobram-se diretamente na acessibilidade, inclusão
social e qualidade de vida nos espaços urbanos. Portanto, uma análise minuciosa
das políticas públicas é imperiosa para entender como estas reverberam no tecido
urbano, com resultados que se fazem sentir profundamente.
O estudo do direito à cidade e das políticas públicas exige uma
contextualização intrincada, considerando as nuances históricas, sociais, políticas e
simbólicas/imagéticas a nível nacional, regional e local. No contexto brasileiro, onde
desigualdades urbanas profundas permeiam a paisagem, essa análise ganha um
contorno peculiar. Estudos de casos específicos, como programas habitacionais,
projetos de mobilidade urbana e intervenções urbanísticas, destacam como as
políticas públicas nacionais afetam a população. Tais investigações fornecem
28

perspectivas valiosas sobre as complexidades que permeiam essa interação, à


medida que se desenrola em um país marcado por desigualdades e desafios
inerentes à expansão e desenvolvimento urbano.

3.1 Conceito de direito à cidade

O processo de urbanização e industrialização das cidades brasileiras é


decorrente de uma expansão urbana desordenada e tardia, a concentração social
que incide sobre os centros urbanos é decorrente de um produto excedente (Harvey,
2012). O direito à cidade e esse processo de urbanização sempre estiveram
tangenciados e correlacionados de alguma forma quando fala-se em fenômenos
sociais, como o capitalismo, a urbanização, o direito à cidade urbanizada. A curva
lógica que perpassa, é a do dinheiro, do produto e da população, que está paralela
ao crescimento urbano sob o capitalismo (Harvey, 2012).

Harvey (2013) define que o direito à cidade é de acesso individual ou grupal


aos recursos incorporados que a cidade produz, entretanto, esse acesso é também
relacionado aos nossos desejos e vontades de mudar e reinventar a cidade, apesar
de que sua garantia, historicamente passar por adversidades e conflitos sociais
comuns às dinâmicas e heterogeneidades do tecido urbano. Já para Lefebvre
(2001), um dos primeiros acadêmicos a discutir questões de direito à cidade, define
que este é confundido com a questão da moradia, porém sua relação é com
privilégios negados historicamente e seu restabelecimento materializado.

Além disso, este é considerado um dos direitos humanos mais importantes


para a vida moderna e igualmente negligenciado. Maricato (2013) afirma que tal
negligenciamento é moldado pela configuração espacial da cidade e Harvey (2013)
complementa que devido esta ser dividida, fragmentada e conflituosa, resulta em
outra resposta, a dualidade entre a elite financeira e a escuma de baixa renda. Para
Maricato (2013) esta fragmentação é uma “festa urbana”, ou seja, os espaços e
diversidades de espaços urbanos têm sua hierarquização baseada em áreas mais
valorizadas à oferecer cultura, lazer e serviços à comunidade.

Para Amanajás e Klug (2018), instrumentos jurídicos incidem sobre o direito


à cidade, como o Estatuto da Cidade (EC) (Lei n° 10.257/2001) e a Constituição
Federal (artigos 182 e 183). No Estatuto, tal direito é associado à sustentabilidade, e
29

é compreendido por um rol de demais direitos, como: à terra urbanizada, o


saneamento ambiental, as infraestruturas urbanas, os serviços públicos, o
transporte, o lazer, à moradia para a população atual e futura. As autoras
complementam que o direito à cidade é difuso, coletivo e indivisível, e deve-se ter
sua interpretação à luz dos direitos humanos, civis, políticos, sociais e econômicos
para todos. Ou seja, o direito à cidade engloba múltiplos outros direitos, no tocante à
individualidade na socialização (Lefebvre, 2001).

Outro instrumento a nível nacional que destaca o direito à cidade é a


Constituição do Equador (2008), que em sua sexta seção, artigo 31 afirma, que
todas as pessoas têm o direito à cidade e aos seus espaços públicos garantidos,
além disso, reafirma que estes têm seus princípios baseados em justiça social,
respeito pelas diversas culturas urbanas e sob a sustentabilidade. Tal direito deve
ser gerido democraticamente, cumprindo sua função social e ambiental da
propriedade, outrora o pleno direito à cidadania.

Tal sustentabilidade é reafirmada pela Carta Mundial pelo Direito à Cidade,


elaborada no Fórum Social Mundial Policêntrico em 2006, ao definir que o direito à
cidade é de usufruto coletivo e equitativo, especialmente voltada para os grupos
vulneráveis e mais desfavorecidos, pautado em princípios de justiça social,
democracia e sustentabilidade e supõe a inclusão do direito ao trabalho, a saúde
pública, a seguridade social, a alimentação, a água potável, energia elétrica, cultura,
informação, segurança, entre outros. Além disso, diz respeito às minorias e à
pluralidade étnica, racial, social, cultural e sexual.

Cabe destacar que a proximidade que o direito à cidade tem com os direitos
humanos é nítida, porém sua diferença está na discussão da questão urbana. A
primeira vez que o termo foi utilizado foi por Henri Lefebvre, em 1968, o contexto,
local, histórico e social da escrita é delineada a partir das transformações do meio
urbano parisiense, que expulsava do centro urbano o proletariado e instalava-se
longas avenidas aburguesadas (Agopyan, 2018). O fenômeno de classe que é este
meio de urbanizar as cidades, de transformá-las de forma radical e contrapor o
direito ao acesso individual ou grupal dos recursos que a cidade incorpora, ingressa
em uma prerrogativa de alternância da ordem de produção do espaço, que até o
presente momento é engessada pelo capital.
30

3.2 Trajetórias históricas de ações, programas e Leis

A importância de se discutir o direito à cidade reverberou em ações de


reconhecimento por parte da administração pública brasileira que passou a
incorporar o termo e dar sua devida importância ao passar a criar: o Estatuto da
Cidade (2001); o Ministério das Cidades (2003); o Conselho Nacional das Cidades
(CNC) (2003) (Maricato, 2013), verificados por meio da figura 03 (próxima página).
Acerca do CNC Veloso, Canettieri e Andrade (2024), afirmam que tal Conselho foi
primordial para a estrutura administrativa da pasta ministerial e que ganhou papel de
destaque na negociação de políticas públicas urbanas, com a criação do Sistema e
do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), a Lei Nacional de
Saneamento Básico (Lei n° 11.445 de 05 de janeiro de 2007) e a Política Nacional
de Mobilidade Urbana (Lei n° 03 de janeiro de 2012) (Santos Jr., 2019), além de
outras criadas a posteriori de 2007, como a Política Nacional de Desenvolvimento
Regional (2019). Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos
sociais (Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a
seguir.

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas


relacionadas a habitação, emergem numa cronologia histórica de programas que
além de constituir, financiar ou melhorar as habitações, correlacionam-se para
alcançar o exterior dessas edificações. Segundo Bonduki (2004) a iniciativa dessas
políticas públicas, inicia-se em um contexto histórico (1940) pautado pelas
intervenções estatais nas configurações deterioradas das cidades antigas
brasileiras. Realizava-se intervenções de cunho imediato, paliativo e pontuais que
resultam no surgimento de problemas de natureza social, fundiária e urbanística,
como os cortiços e favelas. Em outras palavras, tais atitudes do Estado, resultaram
na retirada espacial da população pobre para as zonas periféricas das cidades. Já
1942, segundo Ferreira (2017) um dispositivo que promoveu efeitos diferentes do
esperado, O Decreto-Lei do Inquilinato, que objetivava congelar os aluguéis e
regularizar as negociações entre os inquilinos e proprietários, com sua
implementação, resultou em carência de produção habitacional, queda na
construção de moradias de aluguel, e consequentemente, aumento (desproporcional
ao valor dos salários da população de baixa renda) dos preços destes.
18

Figura 03 - Recorte temporal de 1940 a 2024 acerca de Leis, ações, projetos e programas relacionados ao direito à cidade e à habitação/moradia no país.
18

Somente em 1946, com a criação da Fundação Casa Popular (FCP) que o


Governo Federal retoma as iniciativas de solucionar a problemática da vida urbana.
Para Bonduki (1994), a financiamento da moradia engloba aspectos de saneamento
ambiental e formação técnica da equipe da gestão municipal, entretanto sua
efetivação como política pública, fracassou na medida que ocorreu carência de
recursos (como os limitados pela Portaria n° 69/1952) para enfrentar os conflitos
habitacionais/urbanísticos que as cidades brasileiras enfrentavam, como:
abastecimento de água, energia elétrica e a assistência social. O único aspecto que
a FCP efetivou de fato, foi a produção numérica de moradias (na tentativa de
diminuir o déficit habitacional), ou seu aspecto quantitativo.

Notadamente esse contexto político aspirava o surgimento de um regime


autoritário, que resultou em desequilíbrios e descontroles de gastos públicos, o que
motivou a criação de princípios orçamentários que delineavam restrições e
possibilidades de emendas na matéria orçamentária, em 17 de março de 1964 criou-
se a Lei n° 4.320 que tratava sobre a Orçamento Geral da União. Destaca-se que no
contexto histórico da evolução do orçamento brasileiro, as Constituições Brasileiras
(CB) desempenharam um papel estratégico para implementação do controle do
orçamento público, inicialmente a CB de 1824 delimita procedimentos a serem
seguidos para autorizar os gastos, com uma tentativa fracassada formulada em
1827 e outra tentativa em 1830, ambas relacionadas a despesas e orçamentação de
receita das antigas províncias. A CB de 1891 assegurou e distribuiu competências
de autonomia para os Estados, antigas províncias, além da instituição do Tribunal de
Contas para o controle de gastos, o Tribunal ganhava destaca na CB de 1946 ao
participar de forma mais clara nas discussões e votação nas casas legislativas. As
leis e ementas na CB de 1967 não cabiam mais ao Poder Legislativo, porém em
1988 devolveu essa prerrogativa de proposição.

As ações da FCP foram encerradas no ano de 1964, ano do golpe


empresarial-civil-militar, neste contexto político, ideológico e material que o assolava
o país, o governo golpista focou em soluções que recuperasse o apoio das massas
populares, com a criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Banco
Nacional de Habitação (BNH). Segundo Ferreira (2017), suas atribuições, enquanto
órgão do governo ditatorial, distribuía-se em atender as necessidades da população
de baixa renda (público-alvo) e determinar as Companhias de Habitação Popular
19

(COHABs), a tarefa de construí-las. Diante do cenário número, quantitativo e a


ausência do qualitativo das construções da política anterior, o SFH além da
produção das moradias, destinava recursos para tornar a casa própria acessível à
infraestruturas básicas23, que minimamente atendessem aos padrões de uma
moradia digna. O principal problema desse modus operandi foi o aumento da
inadimplência em função do custo de vida e os objetivos que foram parcialmente
alcançados, visto que, somente 33,5% dos financiamentos foram voltados a
população de menor poderio econômico, destaca a autora.

A atuação do BNH perdurou por 22 anos e em 1986 foi extinto, suas


principais atividades foram incorporadas às funções da Caixa Econômica Federal,
que era o agente operador do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), e
gestor dessa política habitacional no final dos anos 90. Que somente em 1988, com
a homologação da Constituição Federal, estabeleceu atores nos três poderes
estatais e entes executivos a cumprirem e responsabilização pela política urbana e
promoção de programas habitacionais (Ferreira et. al. 2019). Nessa linha lógica,
segundo Santos (1999) entre os anos 1995 à 1998 foram instituídas a nível nacional,
os programas, Pró-Moradia e Habitat-Brasil, que diferenciavam-se das demais
políticas anteriores, no limiar de caráter assistencialista para a promoção de
melhorias nas unidades habitacionais existentes, e seu público alvo, eram a
população de baixa renda, e apesar de suas semelhanças, os programas
diferenciavam-se no ente financiador, que para o Pró-Moradia era o FGTS, e para o
Habitat-Brasil era o Orçamento Geral da União (OGU).

Segundo Bonduki (2009), nos anos 2000, surgiu o Projeto Moradia e visava
formular estratégias para resolver e equacionar os problemas das habitações
brasileiras, e melhorar as condições de habitação no país, com um prazo de quinze
anos. Para Medeiros (2005) e Bonduki (2009) às dimensões de controle social,
projeto financeiro e urbano-fundiário, além do enfrentamento da problemática da
habitação por parte de seus agentes responsáveis, ultrapassou o âmbito do governo

23 As infraestruturas básicas são: vias de circulação, escoamento de águas pluviais, rede de


abastecimento de água potável e soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica
domiciliar, listadas no artigo 2, parágrafo sexto, da Lei de Parcelamento do Solo, Lei n° 6.766 de 19
de dezembro de 1979. Apesar de sua inclusão ter sido efetivada pela Lei n° 9.785 de 29 de janeiro de
1999.
20

federal. Um ano depois, foi instituído o Estatuto da Cidade24 (Lei n° 10.257 de 10 de


julho de 2001), documento reconhecido internacionalmente pelo regulamento de
artigos que dissertam sobre a política urbana no âmbito federal, e que delineia o
direito à cidades sustentáveis, com um arcabouço que engloba: terra urbanizada,
moradia, saneamento ambiental, transporte, infraestruturas, lazer, trabalho e
serviços públicos como parte integrante do rol de direitos que compõem as cidades
para o presente e o futuro das gerações.

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), segundo Andrade


(2017) foi implementado o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) pela Lei n°
10.188 de 12 de fevereiro de 2001. Tal instrumento voltou seu foco para a promoção
e recuperação de áreas consideradas vazios urbanos e arriscou na promoção e
melhoria das habitações na tentativa diminuir o quadro de segregação socioespacial
que assolava as cidades brasileiras25. Segundo a autora o programa atuou de forma
mais incisiva nas principais metrópoles nacionais e figurou de forma insipiente
quanto a recuperação de áreas históricas. Segundo Bonates (2008) tal ação
justifica-se pelos critérios de elegibilidade dos municípios, já que necessitava que
estes não apresentassem inadimplência e associado a este, o critério de renda
mensal de até seis salários mínimos ou até oito, em caso de pessoas ligadas à
atividade de segurança pública.

Já no ano de 2003, o país ganhou um ministério dedicado exclusivamente às


questões cruciais de desenvolvimento de habitabilidade, gestão e planejamento das
áreas urbanas, O Ministério das Cidades, com a criação de programas, como o
Programa Nacional de Habitação (PNH)26, em 2005 e o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS), no mesmo ano. O principal desígnio da
Política Nacional de Habitação reside na revitalização do processo de estruturação

24 A importância que o Estatuto da Cidade têm para o âmbito nacional reverbera nos entes municipais
ao destacar o papel dos planos diretores municipais, como o instrumento principal de ordenamento e
efetivação do direito à cidade, pois com este o combate aos processos desigualdades de uso e
parcelamento do solo urbano são enfrentados, e cria-se diversos institutos para este controle, como o
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo, direito de superfície, outorga onerosa, entre
outros (Amanajás e Klug, 2018).
25 A titularidade do imóvel para o PAR levava em consideração por parte do arrendatário uma taxa

mensal de arrendamento, ou seja, uma operação financeira conhecida como leasing (arrendamento
mercantil) que durava 15 anos para aquisição do imóvel, e que durante o período de arrendamento a
propriedade era incorporada ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que a Caixa Econômica
Federal geria de forma fiduciária.
26 Instituída pela Lei n° 11.124 de 16 de junho de 2005, seu principal destaque é para a incorporação

de um Projeto de Lei (PL) que cria o Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS), tal PL, fruto de iniciativa popular.
21

do âmbito habitacional, ao mesmo tempo em que se estabelecem novas bases


institucionais destinadas a fomentar a consecução do direito à moradia digna para
todas as estratificações da sociedade. Neste contexto, é categórico enfatizar o papel
proeminente assumido pelo Conselho das Cidades, notadamente no que tange à
atuação de seu Comitê Técnico de Habitação, em 2004 (Brasil, 2004). Já para o
SNHIS, instituído pela Lei n° 11.124 de 16 de junho de 2005, estabeleceu um
processo de participação na elaboração do Plano Nacional de Habitação (PNH), e
diferenciou a articulação/tarefas/atividades dos entes federativos envolvidos para a
promoção e execução da política (Ferreira, 2019) e por meio do Fundo Nacional de
Habitação (FNH), garantir que as moradias estivessem estruturadas minimamente
com habitabilidade e dignidade humana. Entretanto, segundo Ferreira (2017) a
atenção que o PNH focou, voltou-se para a economia, do que para os padrões de
habitabilidade, mesmo que em sua estrutura, colocasse em foco a atuação da
municipalidade por meio dos Planos Locais de Habitação de Interesse Social
(PLHIS) em suas necessidades e estratégias locais para terem acesso ao FNH.

A mudança de paradigmas na questão da política habitacional brasileira é


notória nesse período, principalmente pela participação da população em instâncias
superiores, como os sistemas e políticas, supracitados. O Congresso Nacional por
meio da Lei n° 11.124 que trata sobre o PNH e o SNHIS, instituiu o Conselho Gestor
do FNHIS, sugerido por meio do Projeto de Lei (PL) n° 2710 de 19 de janeiro de
1992. Tal iniciativa popular em seu texto original cita o Conselho Nacional de
Moradia Popular (Conselho Gestor do FNHIS), e sua composição estruturante é
constituída por representações de 19 esferas, sendo 4 de centrais sindicais, 1 do
Ministério da Ação Social, 1 da Caixa Econômica Federal, 1 representante do
Ministério Público Federal, 1 representante do Congresso Nacional, 1 do Banco
Central e por fim, a maior porcentagem de representação, 10 de entidades de
movimento popular de moradia juridicamente constituídas (Diário do Congresso
Nacional, 1992).

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007,


objetivava acelerar o crescimento econômico e melhorar as condições da população,
em especial as de menor poderio econômico, tal façanha para Caldas (2015) iria
contrariar a prática brasileira de destinar recursos públicas ao atendimento de
determinadas parcelas mais favorecidas economicamente ou de seu próprio capital.
22

Entretanto, para o autor o programa foi prejudicado pela ausência de coesão


administrativa e coordenação intergovernamental que se encontrava no país, pois o
que se encontrava nas bases dos municípios eram incapacidades de execução de
obras que promoviam a vida urbana, à saúde, a educação, entre outros.

A Secretaria Nacional de Acessibilidade Programas Urbanos (SNAPU),


criada pela Lei nº 10.683/2003, desempenha um papel crucial na promoção da
acessibilidade urbana e na inclusão social no contexto das cidades brasileiras. Esta
secretaria tem como objetivo principal desenvolver e implementar políticas públicas
voltadas para a promoção da acessibilidade em espaços urbanos, edificações e
transporte público, visando garantir que todas as pessoas, independentemente de
suas limitações físicas, sensoriais ou cognitivas, tenham igualdade de acesso e
oportunidades dentro do ambiente urbano. Além disso, a SNAPU trabalha em
estreita colaboração com outros órgãos governamentais, entidades da sociedade
civil e organismos internacionais para desenvolver projetos e programas que
promovam a inclusão e melhorem a qualidade de vida das pessoas com deficiência
e mobilidade reduzida nas cidades brasileiras.

Por outro lado, a Secretaria Nacional de Habitação (SNH), instituída pela Lei
nº 11.124/2005, é responsável pela formulação e implementação de políticas
habitacionais no Brasil. Essa secretaria desempenha um papel fundamental na
promoção do acesso à moradia digna para a população de baixa renda, por meio do
desenvolvimento de programas habitacionais, regularização fundiária, produção de
moradias e outras iniciativas relacionadas à política habitacional brasileira. A SNH
trabalha em parceria com estados, municípios, setor privado e outras entidades para
viabilizar a construção e melhoria de moradias, além de promover ações que visem
a redução do déficit habitacional e o acesso a condições adequadas de moradia
para todos os brasileiros.

A existência de secretarias dedicadas às temáticas de acessibilidade urbana


e habitação dentro dos governos é de suma importância para garantir que políticas
públicas eficazes sejam desenvolvidas e implementadas para atender às
necessidades da população mais vulnerável e promover o desenvolvimento
sustentável das cidades. Essas secretarias desempenham um papel crucial na
formulação de estratégias e programas que visam promover a inclusão social, a
23

melhoria da qualidade de vida e o acesso igualitário aos recursos urbanos básicos,


como moradia digna e infraestrutura adequada.

Ao concentrar esforços e recursos em áreas específicas como acessibilidade


urbana e habitação, as secretarias podem coordenar e integrar diferentes políticas e
ações governamentais, facilitando a implementação de medidas efetivas para
enfrentar desafios complexos, como o déficit habitacional e a exclusão social. Além
disso, essas secretarias desempenham um papel fundamental na articulação de
parcerias com outros setores da sociedade, incluindo organizações da sociedade
civil, setor privado e comunidades locais, para garantir uma abordagem participativa
e colaborativa no desenvolvimento e implementação de políticas públicas.

Seguindo a sequência temporal dos programas, em 2009, surgiu o Plano


Nacional de Habitação (PlanHab), como uma das vertentes do Programa Nacional
de Habitação (PNH). Previsto pela Lei nº 11.124/2005, o PlanHab tinha como
princípios fundamentais a asseguração do direito à moradia digna, a promoção das
condições de habitabilidade e a democratização dos espaços urbanos. Seu método
consistia em quatro eixos estratégicos da política habitacional, a saber: a) modelo de
financiamento e subsídio; b) política urbana e fundiária; e c) arranjos institucionais e
cadeia produtiva da construção civil (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). É
necessário aprofundar as particularidades de cada um deles:

O primeiro eixo, denominado "Financiamento e subsídio", visava estabelecer


um novo padrão de financiamento e subsídios, direcionado a garantir recursos para
a urbanização de assentamentos precários e para a ampla produção de novas
unidades habitacionais, especialmente voltadas para as faixas de renda mais baixa,
onde se concentram as demandas por moradia. O segundo eixo, conhecido como
"Arranjos Institucionais", propunha o fortalecimento do Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS) e a descentralização da política habitacional,
com a participação e o controle social, além da articulação entre diferentes esferas
governamentais e setores da sociedade. O terceiro eixo, denominado "Estratégias
urbanas e fundiárias", tinha como objetivo central a regularização dos
assentamentos informais, com o intuito de manter os moradores de baixa renda em
seus locais de residência e garantir o acesso a terrenos urbanizados, legalizados e
bem localizados, por meio do fornecimento de Habitação de Interesse Social (HIS)
(seja por unidades prontas ou por lotes). Por fim, o quarto eixo, chamado de "Cadeia
24

Produtiva da Construção Civil", buscava ampliar a produção e promover a


modernização dos setores relacionados à construção de HIS e habitação de
mercado popular, com o objetivo de melhorar a qualidade das unidades, reduzir os
custos e garantir ganhos de eficiência e rapidez (FERREIRA, 2017).

Em 2009, houve uma tentativa de abordar o déficit de moradia através da


implementação da Lei Nº11.977/2009, que deu origem ao Programa Minha Casa,
Minha Vida (PMCMV). Conforme indicado por Soares et al. (2013), este programa
tem como propósito incentivar a produção e aquisição de novas unidades
habitacionais, a requalificação de propriedades urbanas e a produção e reforma de
habitações rurais. Silva e Alves (2014) observam que a Caixa Econômica Federal é
encarregada da gestão dos recursos financeiros, concedendo financiamentos para
faixas de renda de até R$ 3.900,00 (valores de 2009), com um limite de
comprometimento financeiro do mutuário não excedendo 30% da renda familiar
bruta mensal, com níveis mais baixos de comprometimento para as faixas de renda
mais baixas e para habitação rural.

Em 2011, durante o governo de Dilma o PMCMV foi mantido e a meta


original de construção de um milhão de moradias foi ampliada para dois milhões até
2014; conforme Soares et al. (2013), essa nova fase do programa (muitas vezes
chamada também de Minha Casa, Minha Vida 2) apresentou algumas diferenças em
relação à versão original, como a composição orçamentária composta por 75% de
recursos provenientes do Orçamento Geral da União, 22% do FGTS e 3% do Banco
Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Além disso, a nova fase do programa
procurou simplificar a concessão de financiamentos para as faixas de renda mais
baixas; no entanto, apesar de ter alcançado resultados positivos em termos de
construção de moradias para essa parcela da população, o programa, de maneira
geral, recebeu críticas contundentes em relação às relações com o mercado e à
localização inadequada dos empreendimentos imobiliários (SOARES et al., 2013).
No que diz respeito ao primeiro aspecto, a política urbana, Buonfiglio e Bastos
(2011) afirmam que acabou sendo determinada pelos empreendedores na área de
habitação, enquanto no segundo aspecto, destaca-se que o programa focou apenas
na redução do déficit habitacional, sem se preocupar com o direito à habitação digna
e sustentável (SOARES et al., 2013).
25

Vale ressaltar também que o Minha Casa, Minha Vida 2 propôs uma
colaboração mais estreita com as prefeituras e incorporou o Banco do Brasil como
agente financeiro, aumentando os recursos disponíveis para famílias de renda mais
baixa. Outras mudanças incluem o aumento do tamanho mínimo dos imóveis, do
valor médio das habitações e alterações nas especificações dos imóveis (BRASIL,
2015). Conforme observado por Rolnik et al. (2015), embora o Programa Minha
Casa Minha Vida tenha sido pioneiro devido à sua significativa alocação de
subsídios voltados para atender às carências habitacionais da população de baixa
renda, além da redução dos custos dos financiamentos imobiliários para os setores
de renda intermediária, sua implementação negligenciou aspectos de extrema
importância no âmago de uma política habitacional: a universalização do acesso à
moradia digna e adequada.

No ano de 2021, surge uma nova iniciativa na área habitacional brasileira,


(em outro desgoverno) o Programa Casa Verde e Amarela (PCVA), estabelecido
pela Lei n° 14.118/2021, e como parte integrante dessa abordagem, o Programa de
Regularização Fundiária e Melhoria Habitacional, regulamentado pela Instrução
Normativa (IN) n° 2, datada de 21 de janeiro de 2021, com o propósito de atender às
necessidades habitacionais e garantir a segurança na posse de moradia para
famílias de baixa renda. O PCVA é impulsionado tanto por entidades públicas
quanto privadas, cada uma com funções específicas determinadas pela fonte de
financiamento e pelas medidas a serem implementadas. Esses recursos, que podem
incluir dotações orçamentárias da União e outras fontes nacionais e internacionais
aprovadas para esse fim, entre outras possibilidades, serão abordados em detalhes
na próxima seção, por meio de análises comparativas, com o intuito de destacar as
semelhanças e diferenças em relação às políticas habitacionais anteriores do país.
Programa Minha Casa, Minha Vida (2023).

O Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Programa Casa Verde e


Amarela (PCVA) representam duas importantes iniciativas do governo brasileiro no
combate ao déficit habitacional. Enquanto o MCMV foi desenvolvido com foco na
construção e financiamento de moradias para famílias de baixa renda, o PCVA
expande sua abordagem, incluindo também a regularização fundiária e a melhoria
habitacional. Essa ampliação de escopo reflete a necessidade de uma política
26

habitacional mais abrangente, capaz de atender às demandas variadas de diferentes


grupos populacionais e regiões do país.

Além disso, enquanto o MCMV utilizava principalmente recursos do Fundo


de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Orçamento Geral da União para
financiar a construção de novas moradias, o PCVA busca aumentar a participação
do setor privado e estabelecer parcerias com estados e municípios. Essa
diversificação de fontes de financiamento reflete uma tentativa de garantir a
sustentabilidade financeira do programa e ampliar sua capacidade de atender às
necessidades habitacionais de forma mais eficiente e abrangente em todo o território
nacional.

Assim, entende-se que o direito à cidade perpassa pelos aspectos dos


direitos humanos, constituídos e traduzidos pelas políticas públicas nacionais,
regionais ou locais, entretanto, sua concretude é acionada pela reivindicação dos
movimentos sociais urbanos, a fim de garantir que os espaços públicos e os
processos de urbanização e transformação do espaço urbano garanta o acesso
pleno de todos os direitos que englobam e constituem o acesso à cidade, sobretudo
da parcela da população que é marginalizada, seja por estereótipos de gênero, raça,
condição social ou econômica. O papel de reconhecer que os cidadãos têm sobre as
tomadas de decisões que incidem sobre a cidade já era defendido por Lefebvre, ao
destacar que os movimentos urbanos são os atores centrais, uma vez que lhe
afetam diretamente.
27

PARTE 2
Atividades desenvolvidas durante o componente curricular Taller Popular II – Grupo
1001 (160h) no México
28

4 OS ELEMENTOS URBANOS SEGUNDO KEVIN LYNCH (1960), GORDON


CULLEN (1961), SHIRVANI (1985) E VICENTE DEL RIO (1999).
As metodologias de Kevin Lynch, Gordon Cullen, Shirvani e Vicente Del Rio
compartilham uma abordagem centrada na análise e compreensão do ambiente
urbano, destacando elementos físicos, emocionais e funcionais que contribuem para
a qualidade do espaço urbano. Todas essas metodologias reconhecem a
importância da percepção humana na construção e na vivência da cidade,
enfatizando a relação entre as características visuais, espaciais e funcionais do
ambiente construído e as experiências individuais e coletivas dos habitantes. Além
disso, essas metodologias valorizam a interdisciplinaridade e a integração de
diferentes aspectos do meio urbano, reconhecendo a complexidade das relações
entre arquitetura, urbanismo, sociologia, psicologia e outras áreas de conhecimento.
Elas proporcionam uma estrutura analítica e sistêmica para avaliar e melhorar a
qualidade do ambiente urbano, considerando diversos critérios, como uso do solo,
configuração espacial, circulação viária, espaços livres, atividades de apoio e
elementos morfológicos.

Outro ponto comum entre essas metodologias é a ênfase na importância da


representação visual e cartográfica para comunicar e analisar os resultados da
pesquisa. Mapas, diagramas e representações gráficas são amplamente utilizados
para apresentar as características e as relações espaciais identificadas durante os
estudos, permitindo uma compreensão clara e acessível das complexidades do
ambiente urbano. Além disso, todas essas metodologias têm como objetivo
proporcionar uma compreensão mais profunda da relação entre os habitantes e o
ambiente construído, considerando tanto as expectativas emocionais quanto as
experiências vividas no espaço urbano. Elas buscam promover cidades mais
inclusivas, funcionais e habitáveis, onde a qualidade de vida e o bem-estar dos
habitantes sejam prioridades na agenda do planejamento urbano e na gestão das
cidades. De forma simplificada cada metodologia aborda:

A metodologia de Kevin Lynch (1960), desenvolvida para analisar a cidade


em suas qualidades e elementos estruturadores, destaca-se por sua abordagem
perceptiva do meio ambiente urbano. Sua teoria baseia-se em três qualidades
urbanas: legibilidade, identidade e imageabilidade. Lynch identifica elementos físicos
29

perceptíveis e recordáveis pela memória, como vias, limites, bairros, cruzamentos e


pontos marcantes, que contribuem para a percepção e compreensão da cidade.

Gordon Cullen (1961), por sua vez, propõe uma abordagem pragmática na
preservação histórica das cidades, destacando a importância da interação entre
arquitetura e entorno. Ele identifica três formas pelas quais o ambiente pode evocar
emoções: ótica, lugar e conteúdo, cada uma relacionada a diferentes aspectos
visuais, topológicos e de significado.

A metodologia de Shirvani (1985), abrangente e sistêmica, destaca sete


áreas-chave para avaliar e melhorar a qualidade do ambiente urbano, incluindo uso
do solo, configuração espacial, circulação viária, espaços livres, percursos de
pedestres, atividades de apoio e mobiliário urbano.

Vicente Del Rio (1999), em sua abordagem morfológica, analisa o tecido


urbano considerando sua evolução temporal e transformações sociais. Ele propõe
uma compreensão da cidade em três níveis organizacionais: coletivo, comunitário e
individual. Sua metodologia destaca quatro aspectos: crescimento, traçado e
parcelamento, tipologia dos elementos urbanos e articulações, proporcionando uma
análise estruturada da relação entre os elementos ordenadores do espaço urbano.

4.1 Kevin Lynch (1960) – Percepção do meio ambiente


A metodologia de Kevin Lynch é utilizada para pensar a cidade quanto as
suas qualidades e elementos estruturadores, uma verdadeira percepção do meio
ambiente sob a ótica do significado da cidade. E sua teórica metodológica esta
atrelada a três qualidades urbanas, definidas por ele, como sendo: legibilidade que
trata sobre a facilidade para com que a imagem pode ser percebida e criada com
uma riqueza de detalhes e significados e posteriormente sucedem a uma
organização prática, fácil e coerentes, entretanto quanto maior a quantidade de
riqueza de detalhes, há riscos quanto a coerência e ao visual.

A segunda qualidade refere-se a Identidade, Estrutura e Significado, que


desdobra-se em uma percepção do ambiente em três componentes: o primeiro, a
Identidade é a diferenciação entre uma e outra, sua personalidade, sua
individualidade; o segundo componente, a Estrutura, trata-se de imagens que devem
ter coerência para o todo em relação as imagens internas pré definidas; por fim, o
Significado que é associado a percepção do usuário em captar a imagem de forma
30

prática ou emocional. A terceira qualidade para adotar a metodologia é a


Imageabilidade, que para o autor relaciona-se com a probabilidade de um objeto ser
evocado de forma visual por meio de uma imagem mental, uma qualidade gestáltica
de pregnância para “saltar” uma memória por meio de imagem.

A partir disso, a imagem da cidade apresenta-se para o autor por meio de


elementos físicos perceptíveis e recordáveis a memória, sendo eles: o primeiro é as
Vias, ou os canais de movimentação do usuário; o segundo é os Limites,
considerados fronteiras, interrupções entre duas partes; o terceiro são os Bairros, se
referindo à regiões urbanas médias ou grandes, perceptíveis de algo comum entre o
aqui e o lá; o quarto é são os Cruzamentos, sendo estes os locais de interseção
entre as vias e desloca-se a outro ponto; e por fim, os Pontos Marcantes, que são
um tipo de referência e que o usuário não “entra” mentalmente nelas. Neste sentido,
foram transformados estes elementos físicos em mapas por meio da memória de
imagens do graduando o Francisco Álisson da Silva.
31

4.1.1 Vias, Bairros, Cruzamentos, Limites e Pontos Marcantes


Mapa 3 - Vias, Bairros, Cruzamentos, Limites e Pontos Marcantes no bairro São Geraldo
32

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 05 – Vias no Bairro São Geraldo.

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
33

4.2 Gordon Cullen (1961) - Análise Visual


O termo paisagem urbano ou "townscape" surgiu em meados do século XIX,
mas seu estudo se desenvolveu principalmente nas décadas de 1950 e 1960, com
uma análise analítica dos ambientes históricos e vernaculares, buscando destacar a
percepção visual do ambiente como uma expressão estética capaz de evocar
emoções humanas (Del Rio, 1990). Segundo o mesmo autor, uma das obras mais
fundamentais para a teoria da paisagem urbana britânica é a de Gordon Cullen. Sua
obra possui um caráter pragmático que avança na preservação histórica das
cidades, inspirando guias de desenho e conservação urbana. Além disso,
caracteriza-se por uma preocupação constante com os aspectos visuais do meio
ambiente e a relação entre a arquitetura isolada e sua interação com o entorno.

Todas as experiências visuais provocam emoções, sentidos e experiências


individuais que o conhecimento científico muitas vezes não consegue explicar.
Cullen apresenta três maneiras pelas quais o ambiente pode evocar emoções. A
primeira é ótica, que se refere às reações meramente estéticas e visuais aos
percursos, conjuntos, espaços, edificações ou detalhes, entre outros. É importante
destacar que, para o autor, a percepção visual do ambiente ocorre por meio de uma
"visão serial" e está intrinsicamente relacionada a inúmeras influências ou variáveis
ao longo desse percurso, como antecipação, incidente, estreitamentos e deflexões.
Essas características são influenciadas pela natureza sinuosa ou retilínea do
ambiente, gerando diferentes apelos visuais e repetitividade na arquitetura (Cullen,
1961).

Segundo Cullen (1961), o segundo modo é o Lugar, que se caracteriza por


um sentido mais topológico e está associado à relação do ser humano com seu
ambiente imediato. Este é um hábito fortemente instintivo e dicotômico, no qual não
se pode ignorar a posição no espaço. Esses são os aspectos "mais fáceis" de
verificar no ambiente, pois as sensações guiam o processo de análise, incluindo
sentimentos de pertencimento, proteção, domínio e territorialidade. Por fim, a
terceira maneira pela qual o autor analisa a paisagem é através do Conteúdo,
referindo-se à experiência do espaço por meio de elementos pré-determinados,
como textura, estilo, cor, escala, caráter e unidade. Esses elementos se relacionam
entre si, proporcionando ao usuário uma riqueza de significados ao provocar
diversas mensagens simultaneamente (Del Rio, 1990; Cullen, 1961).
34

É inerente ao ser humano a busca por um vínculo existencial e uma forte


necessidade de identificação com o espaço em que se encontra, não se limitando
apenas às imagens, mas sim à forma como essas imagens estão relacionadas às
expectativas emocionais e afetivas de um determinado lugar vivido. Essas
percepções do espaço e como os seres humanos se inserem nele estão presentes
nas distâncias percorridas, na comunicação entre a edificação e o lugar, e nas
atividades desenvolvidas no meio urbano em pequena ou larga escala, sempre
ativando a dimensão emocional e afetiva.

Neste sentido, a teoria da paisagem urbana, desenvolvida a partir do século


XIX e amplamente explorada nas décadas de 1950 e 1960, enfatiza a importância
da percepção visual do ambiente como uma expressão estética que evoca emoções
humanas. Cullen é destaque por sua abordagem pragmática na preservação
histórica das cidades, centrada na interação entre arquitetura e entorno. Ele
identifica três formas pelas quais o ambiente pode evocar emoções: ótica, lugar e
conteúdo, cada uma relacionada a diferentes aspectos visuais, topológicos e de
significado.

No bairro São Geraldo, essa teoria foi aplicada através de análises


detalhadas da paisagem urbana, representadas em mapa que evidencia suas
características e relações espaciais. Tais observações foram registradas e
representadas por meio de mapas que destacam os elementos visuais, topológicos
e de conteúdo presentes na paisagem urbana do bairro. A utilização de mapas
permitiu uma visualização clara e sistemática das características e das relações
espaciais identificadas durante o estudo, fornecendo uma base sólida para a
compreensão e a interpretação da paisagem urbana do bairro.

Essa abordagem proporcionou uma compreensão mais profunda da relação


entre os habitantes e o ambiente construído, considerando tanto as expectativas
emocionais quanto as experiências vividas no espaço urbano. Além disso, a forma
de apresentação dos elementos seguiu-se estruturalmente em 2 colunas, para uma
melhor visualização da visão serial em concomitância a imagem do elemento
exposto.
35

Mapa 4 - Percurso ou Visão Serial para o bairro São Geraldo

4.2.1 Visão Serial ou Percurso


36

4.2.1 Elementos de Ótica Figura 04 - Elementos de Ótica no


Nossa percepção ao longo da Bairro São Geraldo.
visão serial é intrínseca a uma
representação predominantemente
sensorial, ou seja, relacionam-se com
o ambiente de maneira a reconhecer
os elementos que o compõem, tais
como vias, placas, edifícios e
vegetação, etc. (figura 14-A). Há um
ponto de interesse na RN-177 ao se
bifurcar em outras duas vias, sua
continuação (à direita) e a R. Antônio
Gurjão (à esquerda), separadas por
uma ilha (figura 14-B). Devido à falta
de sinalização ou faixa de pedestres
(figura 14-C), proporcionam uma
experienciação de insegurança, e
apesar de que, a visão se destaca com
a cor utilizada pela edificação logo à
frente (figura 14-C), e ao continuar a
natureza, proporciona uma proteção à
edificação escolar. Essa, por sua vez,
oferece uma experiência visual
distinta, especialmente devido à sua
pintura (figura 14-D). Prosseguindo,
um estabelecimento comercial, com
propaganda em sua fachada lateral
(figura 14-E), que também possibilita a
escolha de seguir pela R. Vicente José
de Queiroz (à esquerda), caso queira,
e culminando em uma urbanidade
local com uma apropriação do espaço,
pelo vestuário disposto para secagem Fonte: Imagens e Elaboração gráfica: Autor
ao ar livre no varal (figura 14-F). (2024).
37

4.2.2 Elementos de Lugar Figura 05 - Elementos de Lugar no


Ao tratar dos elementos de Bairro São Geraldo.
lugar e seguindo o percurso serial, é
perceptível as Unidades Urbanas ao
longo da RN-177 e sua clara
Delimitação do Espaço, (figura 14-A),
por meio da própria avenida, há uma
dicotomia entre o Caminho para peões
e os animais que dividem essa mesma
via, tornando-se um Território
Ocupado (figura 14-B), que por hora
torna-se comum, porém causa um
estranhamento, que seguindo cria uma
Desnível que proporciona uma
Focalização ao final da Perspectiva
Grandiosa (figura 14-C), entretanto, a
medida que o caminho é seguido,
elementos como Perspectiva
Delimitada, e Mistério tornam-se parte
da visão, a direita um Vão Insondável
e a esquerda uma Vista para o interior
de um recinto (figura 14-D) despertam
curiosidade apesar de serem apenas o
Posto de Saúde Mãe Cristina e um lote
com uso misto, respectivamente. O
Além é despertado ao conseguir
superar um dos primeiros aclives que
a RN-177 possui neste bairro (figura
14-E). Por fim, há de certa forma uma
pequena Perspectiva Velada, entre as
folhagens que compõem a vegetação
a esquerda desta via arterial e o meio
fio como única Barreira (figura 14-F). Fonte: Imagens e Elaboração gráfica: Autor
(2024).
38

4.2.3 Elementos de Conteúdo Figura 06 - Elementos de Lugar no


Muitas dessas conquistas Bairro São Geraldo.
foram resultado de lutas dos
movimentos sociais (Leblanc, 2017).
Ambas as ações/projetos e leis serão
apresentadas a seguir. Muitas dessas
conquistas foram resultado de lutas
dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).
serão apresentadas a seguir.
39

4.2.4 Elementos de Tradição Figura 07 - Elementos de Ótica no


Funcionalista Bairro São Geraldo.
Muitas dessas conquistas
foram resultado de lutas dos
movimentos sociais (Leblanc, 2017).
Ambas as ações/projetos e leis serão
apresentadas a seguir. Muitas dessas
conquistas foram resultado de lutas
dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguir. Muitas
dessas conquistas foram resultado de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
serão apresentadas a seguirdo de
lutas dos movimentos sociais (Leblanc,
2017). Ambas as ações/projetos e leis
Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).
serão apresentadas a seguir.
40

4.3 Shirvani (1985) – Critérios De Qualidade


A metodologia de Shirvani, proposta em 1985, é uma abordagem
abrangente para avaliar e melhorar a qualidade do ambiente urbano, considerando
critérios essenciais em sete áreas-chave: uso do solo, configuração espacial,
circulação viária e estacionamento, espaços livres, percursos de pedestres,
atividades de apoio e mobiliário urbano. Esses critérios são fundamentais para o
planejamento urbano eficaz e para criar cidades mais funcionais e habitáveis. A
metodologia destaca a importância da integração entre os diferentes aspectos do
meio urbano, reconhecendo as interações complexas que existem entre eles. Além
disso, proporciona uma estrutura sólida e torna-se adaptável com o passar do tempo
para promover a qualidade de vida nas cidades.

Quanto a primeira área, o Uso do Solo: Refere-se à forma como o solo é


utilizado na área urbana, incluindo zonas residenciais, comerciais, industriais e
institucionais; a segunda trana-se da Configuração Espacial: Uma disposição e
organização dos elementos físicos na cidade, como edifícios, ruas, praças e
parques; a terceira é a Circulação Viária e Estacionamento: que mostra a eficiência
e a segurança dos sistemas viários, incluindo estradas, calçadas, ciclovias e
estacionamentos, entre outros; a quarta é os Espaços Livres: Engloba áreas verdes,
parques, praças e outros espaços abertos acessíveis ao público; a quinta refere-se
aos Percursos de Pedestres: Diz respeito às condições e infraestruturas destinadas
a pedestres, como calçadas, passagens subterrâneas, passarelas elevadas e
travessias de pedestres; a sexta área são as Atividades de Apoio: Refere-se à
disponibilidade de serviços e instalações básicas, como escolas, hospitais,
supermercados, postos de correio e centros comunitários.

A metodologia de Shirvani foi aplicada no bairro São Geraldo, onde foi


utilizada para avaliar a qualidade do ambiente urbano. Por meio da análise dos
critérios de qualidade, supracitadas os resultados foram representados de forma
visual por meio de mapas, que permitiram uma compreensão clara e acessível das
principais características e desafios urbanos do bairro.
41

4.3.1 Uso do Solo


Mapa 5 - Uso do Solo do bairro São Geraldo
42

Dentro dos aspectos morfológicos, o Uso do Solo é uma característica que


está intimamente relacionado ao Direito à Cidade, pois representar os aspectos
físicos e suas interrelações existentes revelam o modus operante do funcionamento
de dada área e como esta alcança determinados aspectos que compõem acessar a
cidade com dignidade e humanidade.

Percebe-se neste sentido que o bairro São Geraldo detém de uma grande
concentração de lotes residenciais em seu território, porém, ao longo da RN-177 é
possível verificar a existência de lotes com uso misto, incorporando ao tecido urbano
do bairro e aos moradores a característica de pouco deslocamento para acessar
determinado serviço, seja esta manicure, panificadora, borracharia, entre outros.

Acerca do aspecto residencial, é imprescindível destacar sua relação com as


legislações urbanas incidentes. Por exemplo, o coeficiente de área de projeção
horizontal da edificação pela área total do terreno (taxa de ocupação) que para a o
bairro é perceptível a ocupação do lote em mais de 80% na grande maioria dos lotes
residenciais. A ocupação total do lote, embora pareça uma solução prática para
maximizar o espaço disponível, pode acarretar uma série de malefícios tanto para os
moradores quanto para o ambiente urbano. A falta de áreas verdes e espaços de
lazer compromete a qualidade de vida dos habitantes, aumentando o estresse e a
sensação de confinamento, principalmente se não é respeitado os afastamentos e
os recuos. Além disso, a impermeabilização do solo (taxa de área permeável)
contribui para problemas de drenagem urbana, enchentes e aumento da
temperatura local. Esses impactos negativos na saúde e no meio ambiente
ressaltam a importância de uma abordagem equilibrada e sustentável para o
desenvolvimento urbano, que considere não apenas a maximização do espaço
construído, mas também a preservação de áreas verdes e a criação de ambientes
saudáveis e habitáveis para os cidadãos.

Dentre os parâmetros urbanísticos, a largura da fachada, conhecida como


testada, desempenha um papel crucial no contexto do bairro. Geralmente variando
entre 3 a 4 metros para uma quantidade determinada de unidades residenciais, essa
medida influencia significativamente o padrão estético das fachadas. Isso
frequentemente resulta em uma aparência simplificada, caracterizada por portas e
janelas (Figura 8-A, na página seguinte). Além disso, é comum observar que o
telhado adota o formato de duas águas (direita e esquerda) ou três, sendo que uma
43

das águas é voltada para o logradouro, como ilustrado na Figura 8-B, na página
seguinte.

Figura 08 - Ocupações residenciais (A), Ocupação de uso misto (B) e Ocupação de


uso comercial (C).

Fonte: (A) Josielle Canudo (2024), (B) e (C) Autor (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
A transformação de um lote de uso residencial em uso comercial e
residencial (misto) é um fenômeno comum e multifacetado, impulsionado por uma
variedade de motivos. Primeiramente, a localização estratégica desempenha um
papel fundamental, pois casas bem posicionadas em áreas urbanas podem atrair
interesse de empresas que buscam estabelecer negócios em locais com alto fluxo
de pessoas, o que não é o caso do bairro São Geraldo, uma vez que a posição dos
lotes de uso misto está muito distante do centro urbano. Outrora, a busca por
44

oportunidades de negócio é um fator determinante, já que moradores podem optar


por explorar o potencial comercial de seus imóveis, adaptando-os para atividades
como comércio varejista, serviços ou escritórios profissionais. A necessidade de
complementar a renda familiar também é um motivador significativo, especialmente
em regiões onde o custo de vida é elevado e a demanda por espaços comerciais é
crescente, está por sua vez é uma reflete mais a realidade do bairro.

A flexibilidade de uso oferecida pela conversão para um uso misto permite


aos moradores adaptar o imóvel às suas necessidades e às demandas do mercado
ao longo do tempo, enquanto o aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis,
como espaço físico e infraestrutura, é uma consideração adicional que contribui para
essa transformação, por isso as mudanças para o uso misto frequentemente
ocorrem com a adição de um novo ambiente ou a substituição de um por outro, ver
figura 10. Para qualquer uma das migrações do residencial para o misto a entrada
para o comércio pode ocorrer de forma independente ou com um acesso duplo, para
os clientes externamente e para os moradores, internamente. Os serviços mistos
destacados são: cabelereiro, distribuição de água mineral e serviço de delivery açaí.

Figura 09 - Formas de migração do uso residencial para o misto.

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


A transição de uma casa de uso residencial para um uso misto, envolvendo
atividades comerciais, reflete não apenas as dinâmicas do mercado imobiliário, mas
também uma interação complexa entre diversos atores e fatores socioeconômicos,
45

inerentes ao tecido urbano. Nesse processo, as estratégias dos morados do bairro


desempenham um papel fundamental, pois muitas vezes buscam otimizar o uso de
seus imóveis para atender às demandas da comunidade local e maximizar uma
renda extra. Por outro lado, as demandas da própria comunidade também
influenciam essa transição, uma vez que podem surgir necessidades específicas por
serviços ou produtos que não estejam disponíveis nas proximidades.

A cidade de Pau dos Ferros, por meio da Lei Complementar nº 017/2022,


estabelece importantes diretrizes para o parcelamento, uso e ocupação do solo
urbano, potencialmente influenciando questões relacionadas à promoção da
inclusão social e melhoria das condições habitacionais. No entanto, é crucial
ressaltar que a efetivação dessas diretrizes requer não apenas a existência da
legislação, mas também uma fiscalização rigorosa e um controle social ativo. É
necessário que haja uma maior participação da comunidade local na fiscalização da
aplicação da lei e na cobrança por sua efetiva implementação. Somente com uma
gestão urbana transparente, participativa e voltada para o interesse público é
possível garantir que as medidas previstas na legislação atendam verdadeiramente
às necessidades da população e contribuam para a construção de uma cidade mais
justa e inclusiva.

A transição de um lote de uso residencial para um uso misto não ocorre de


forma isolada, mas sim como resultado de uma série de interações complexas entre
agentes do mercado, demandas da comunidade, contextos socioeconômicos e
regulamentações urbanísticas. Essa capacidade de adaptação do ambiente
construído às mudanças sociais e econômicas é uma característica fundamental das
cidades em constante evolução, que buscam atender às necessidades e aspirações
de seus habitantes em um cenário em constante transformação.

Já acerca dos equipamentos públicos essenciais, estes desempenham um


papel crucial no contexto do Direito à Cidade, uma vez que contribuem para a
construção de uma cidade mais inclusiva e acessível a todos os seus habitantes. No
âmbito das Áreas de Interesse Social (Athis), como a comunidade desenvolve-se ao
longo da RN-177, esses equipamentos representam não apenas serviços básicos,
mas também garantem o exercício pleno dos direitos sociais, econômicos e
culturais. O acesso a creches e postos de saúde não é apenas uma questão de
conveniência, mas sim um direito fundamental que permite às comunidades mais
46

vulneráveis, como o São Geraldo a desfrutar de uma vida digna e com qualidade. O
bairro possui uma Ocupação Institucional do tipo Creche, localizada ao leste do
bairro e outra Ocupação de Serviço, do tipo Posto de Saúde, na área mais
consolidada do bairro, ao centro.

Figura 10 - Ocupação institucional (D) e Ocupação de serviço (E).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


A Lei n° 627, de 20 de novembro de 1991, estabelece a criação do posto de
saúde municipal "Mãe Cristina" no bairro São Geraldo, tal estabelecimento é
considerado uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), ou seja, oferecem
atendimento a casos de menor gravidade, como febres, cortes, fraturas simples,
47

entre outros, sem necessidade de agendamento prévio e contam com equipe


multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Ao promover a instalação e a manutenção adequada desses equipamentos,


o Direito à Cidade se torna uma realidade tangível para os moradores das áreas
periféricas e de baixa renda, como a comunidade do São Geraldo. A presença de
creches e postos de saúde não só melhora as condições de vida das pessoas, mas
também contribui para a redução das disparidades sociais e para a promoção da
igualdade de oportunidades. Dessa forma, esses serviços públicos não devem ser
vistos apenas como medidas assistencialistas, mas sim como instrumentos
essenciais para a efetivação dos direitos humanos e para a construção de uma
cidade mais justa e solidária.

Dessa forma, ao considerarmos a relevância desses equipamentos para o


Direito à Cidade, percebemos que sua existência e disponibilidade adequada são
elementos fundamentais para o progresso urbano sustentável e para assegurar a
dignidade humana. Seguindo as proposições de Maricato (2009), a implementação
de políticas públicas direcionadas à ampliação e consolidação desses serviços pode
impulsionar a construção de cidades mais inclusivas, equitativas e participativas,
onde todos os habitantes desfrutem de acesso equitativo a condições de vida dignas
e oportunidades para crescimento pessoal e comunitário. Nesse sentido, a
valorização dos equipamentos públicos essenciais não apenas se revela como uma
necessidade, mas também como um compromisso ético e jurídico essencial para
concretizar efetivamente o Direito à Cidade.
48

Mapa 6 - Configuração Espacial do bairro São Geraldo

4.3.2 Configuração Espacial ou Gabarito


49

A caracterização da configuração espacial mostra que o gabarito do bairro é


composto em sua maioria por edificações térreas, com um percentual bem baixo de
edifícios com um pavimento acima do térreo, e não possui nenhuma construção que
ultrapasse essa altura citada. Assim, a figura 25 mostra em tonalidade azul o que
seria os edifícios térreos, e em laranja os com um pavimento. Portanto, constata-se
uma horizontalidade marcante na estrutura urbana do bairro.

Figura 11 - Configuração espacial de 1 pavimento (A e C) e Configuração espacial


térrea (B e D).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Pode-se identificar que predomina-se as edificações térreas, em seguida
tem-se um número razoável de edificações de 1 pavimento e edificações com mais
de 2 pavimento, são inexistentes na região. Neste sentido, somando-se ao processo
50

de arborização, entende-se que o bairro possui bastante iluminação natural,


visibilidade do céu, uma boa velocidade de ventos, além de áreas sombreadas. Com
um grande potencial de expansão a ser considerado.
51

Mapa 7 - Circulação Viária e Estacionamento do bairro São Geraldo

4.3.3 Circulação Viária e Estacionamento


52

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 12 - Trecho viário em aclive (A), trecho viário acerca de ocupações


residenciais (B) e trecho em curva (C).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
53

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 13 - Trecho viário no trevo (D), trecho viário saída para a ponte (E) e trecho
viário com patologias (F).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
54

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 14 - Estacionamento para carros à 90° na fachada de lotes residências (G),


estacionamento de carros à 45° em lote comercial (H) e estacionamento de motos
na fachada de lotes residências (I).

Fonte: (G) e (H) Autor (2024), (I) Josielle Canudo (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
55

Mapa 8 - Espaços Livres no bairro São Geraldo

4.3.4 Espaços Livres


56

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 15 - Lote comercial (A), lote misto (B), lote institucional de recreação (C) e
átrio da capela (D).

Fonte: (A) e (B) Autor (2024), (C) e (D) Josielle Canudo (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
57

Mapa 9 - Percurso de Pedestres no bairro São Geraldo

4.3.5 Percursos de Pedestres


58

A respeito do mapa de Percurso de Pedestres, destaca-se a baixa escassez


de investimentos na infraestrutura no São Geraldo resulta em uma paisagem urbana
marcada pela desolação e pelo abandono. Observa-se que a qualidade da
pavimentação é satisfatória apenas na rua RN-177, em virtude do número
significativo de ônibus com destino à Universidade e dos automóveis que transitam
para acessar a cidade por esse trecho, e em algumas vias coletoras.

Figura 16 - Contraste entre usos entre o passeio e a via pública (A), uso da RN-177
como passeio público (B), Idoso utilizando a via como passeio público (C) e via
apresentando patologias visíveis.

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Além disso, são evidentes problemas de drenagem superficial, erosão e a
falta de rede de esgoto em determinados trechos (ver figura 18). Esses desafios são
59

agravados pelas péssimas condições dos espaços públicos, pela ausência de


calçadas adequadas e de áreas arborizadas, revelando a negligência em relação
aos locais por onde as pessoas transitam diariamente. Isso representa um risco
iminente para os pedestres. Também é comum encontrar falta de limpeza pública
nas vias, com entulhos acumulados nos diversos terrenos baldios ao longo da via
principal (RN-177).

Segundo Silva (2021) que realizou um estudo acerca da reverberação do


direito a cidade no bairro, detectou que a RN-177 é considera estreita, corroborando
a isto, o relatório geral da Confederação Nacional de Transportes (2018), a RN foi
classificada como uma via com 44 km de extensão, apresentando estado geral e
sinalização considerados péssimos, além de pavimentação e geometria de baixa
qualidade. Esses aspectos contribuem para a perpetuação da privação do direito
dos moradores a um serviço essencial com o mínimo de qualidade. Além disso,
Bezerra e Lima (2011) destacam que o bairro carece de atratividade do ponto de
vista imobiliário, agravando ainda mais sua precarização.

Analisando o que é estabelecido na Lei nº 10.257/2001, fica claro que a


situação deste bairro está em desalinho com seus princípios, uma vez que
demonstra a falta de planejamento urbano e de desorganização espacial da
população e do território, especialmente pelo seu crescimento espontâneo. Tal
cenário coloca os habitantes em um estado de constante vulnerabilidade a acidentes
e desastres.

Outro aspecto crucial a ser considerado é o que está estipulado pelo


Departamento de Estradas e Rodagem (DER/RN) na Lei n° 6204 de 1991, a qual
trata da obtenção de licença prévia para a construção de imóveis ou cercas nas
proximidades de rodovias estaduais, como é o caso da RN-177. O artigo 1º,
parágrafo 1º, dessa legislação estabelece uma faixa de domínio de 20 metros de
largura em cada lado da rodovia, a partir do eixo da pista de rolamento. Além disso,
no parágrafo 2º, é determinado que as edificações devem manter um recuo de 15
metros em relação a essa faixa de domínio. No entanto, tais disposições não são
respeitadas na área consolidada do bairro São Geraldo, pelas condições de seu
processo de expansão e consolidação, entretanto pode gerar uma sensação de
insegurança e conflito para os moradores em relação aos veículos que transitam na
referida rodovia, pois a proximidade com os veículos é constante.
60

Mapa 10 - Atividades de Apoio no bairro São Geraldo

4.3.6 Atividades de Apoio


61

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 17 - Atividades de Apoio no Bairro São Geraldo.

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
62

Mapa 11 - Traçado e Parcelamento do Solo do bairro São Geraldo

4.3.7 Mobiliário Urbano


63

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 18 - Iluminação Pública no Bairro São Geraldo.

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
64

4.4 Vicente Del Rio (1999) – Morfologia Urbana


Um dos primeiros conceitos de morfologia urbana originou-se no simpósio
internacional na França, obtendo-se uma definição consensual de um estudo
analítico que para além e produzir, modifica a forma urbana com o passar do tempo
(Samuels, 1986). Neste sentido, a morfologia urbana compreende um campo do
saber urbanístico que análise o tecido urbano através de sua evolução temporal,
transformações e processos sociais intrínsecos aos elementos construídos pelo ser
humano.

A morfologia urbana já era estuda muito antes de obter-se sua definição, a


exemplo do topógrafo Giovan Battista Nolli, que em meados do século XVIII recebeu
a tarefa de desenhar a cidade de Roma com precisão, Nolli utilizou uma metodologia
cientifica conhecida como figura-fundo, que desempenha um papel de projeção
vertical desenhada que têm como objetivo a identificação de relações entre o
público, semipúblico e privado; entre outras relações morfológicas importantes,
como: distância e acessibilidade, além de cheios e vazios (Del Rio, 1955). Tais
elementos são considerados primordiais e garantidores de uma análise morfológica
clara em relação aos elementos conformadores do tecido urbano.

Del rio (1955), é pragmático ao afirmar que em termos morfológicos a cidade


pode ser compreendida em três níveis organizacionais, sendo estes: o coletivo com
características primárias, estruturadoras e inconscientes que detém maior
permanência no tempo; o comunitário, associado a uma lógica de significado de
determinado círculo populacional e por fim, o individual que é o seu espaço imediato
que que apresenta uma maior rapidez quanto a mudanças.

Portanto, do ponto de vista morfológico o bairro São Geraldo segue a


proposta de análise lógica e estruturadora da cidade proposta por Vicente Del Rio
(1955) em seu livro Introdução ao Desenho urbano no processo de planejamento da
cidade (ROSSI 1966, CASTEX, PANERAI 1971; PANERAI et. al. 1980; GEBAUER
1980; DEL RIO 1981), sendo estes: 1 – Crescimento, uma análise das modificações
estruturantes de modos, intensidades e direções dos elementos reguladores e
geradores do espaço, de modo a identificar limitantes e pontos de cristalização,
entre outros; 2 – Traçado e Parcelamento, que corresponde aos elementos
ordenadores do espaço, a estrutura fundiária, suas relações de distância, circulação,
acessibilidade, entre outros; 3 – Tipologia dos Elementos Urbanos, uma
65

categorização das tipologias edilícias, dos lotes, quarteirões, praças, esquinas, entre
outras com relação a sua ocupação no espaço e por fim, 4 – Articulações, uma
relação entre os elementos de dominialidade hierárquica de público sobre o privado,
densidades e suas relações entre cheios e vazios.
66

4.4.1 Crescimento
Mapa 12 - Crescimento do bairro São Geraldo
67

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 19 - Bairro São Geraldo nos anos de 2007 (A), 2009 (B) e 2012 (C).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


68

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas


relacionadas a habitação.

Figura 20 - Bairro São Geraldo nos anos de 2013 (D), 2016 (E) e 2018 (F).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


69

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas


relacionadas a habitação.

Figura 21 - Bairro São Geraldo nos anos de 2019 (G), 2020 (H) e 2024 (I).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


70

4.4.2 Traçado e Parcelamento

Mapa 13 - Traçado e Parcelamento do Solo do bairro São Geraldo


71

Quanto ao traçado e parcelamento do solo urbano este deve ser


considerado juridicamente a divisão da terra em unidades únicas, seguindo os
padrões estabelecidos pela municipalidade, culminando na forma de loteamento,
desmembramento ou fracionamento, quando deste for necessário (BRASIL, 1979).
Neste sentido o traçado e parcelamento do solo do Bairro de São Geraldo é
bastante irregular e espontâneo em suas ruas, lotes e quadras, revelando um
crescimento desordenado, espontâneo e descontinuo, fruto de uma ocupação do
solo natural, sem planejamento urbano.

Figura 22 - Parcelamento dos lotes em final de quadra (A), parcelamento do solo


não ortogonal e homogêneo em meio de quadra (B), parcelamento dos lotes
relativamente ortogonal em meio de quadra (C) e parcelamento com ausência de
passeio público e surgimento espontâneo

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


72

A maioria dos seus lotes poligonais irregulares, com testadas muitas vezes
mínimas. O bairro possui 16 quadras destas, 10 quadras relativamente bem
definidas e 6 quadras em processo de definição, ao longo de 12 logradouros
públicos. Distribuídas ao longo dessas quadras, o bairro detém de 522 lotes totais,
sendo estes, 3 comerciais, 6 de uso institucional, 10 serviços, 11 mistos e 492
residenciais.

Independentemente do escopo de cidade ou bairro, nota-se a


descontinuidade irregular e a fragmentação que se sobrepõe a continuidade e
homogeneidade presentes no bairro que se desenvolve ao longo da RN-177,
irrigada por ruas com o mínimo de infraestruturas. Por fim, nota-se a presença de
poucos passeios públicos com acessibilidade.
73

4.4.3 Tipologia dos elementos urbanos

Mapa 14 - Tipologia dos Elementos Urbanos do bairro São Geraldo


74

No que se refere a Tipologia dos Elementos Urbanos dentro da área do São


Geraldo, realizou-se um estudo técnico que aferiu que existe uma forte presença de
uma linearidade no bairro, porém suas quadras e ruas apresentam um traçado
segundo Mascaró (2005) não-ortogonal o que resulta em uma taxa de
aproveitamento menor em relação ao ortogonal e em parcelamentos de glebas
irregulares, podendo supor que existiu um parcelamento espontâneo e uma
preferencia por quadras retangulares com as testadas de seus lotes para dois
logradouros. A figura 22 exibe as principais tipologias de vias existentes no bairro,
sendo elas: a de paralelepípedo, a de terra batida e a asfáltica.

Figura 23 - Trecho viário que mostra a passagem molhada e duas tipologias viárias
(A), trecho de acesso oeste ao bairro (B), encontro da tipologia asfáltica e de terra
batida (C) e acostamento viário informal (D).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


75

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas


relacionadas a habitação.
76

4.4.4 Articulações

Mapa 15 - Articulações do bairro São Geraldo


77

Sobre as articulações pode-se entender que são as relações entre os


elementos de hierarquias, domínios do público e privado, densidades, relações entre
cheios e vazios e no Bairro São Geraldo percebe-se uma grande relação de espaços
Públicos em detrimento de espaços privados, este fato ocorre justamente pelo
potencial de expansão da cidade para esta região, devido aos equipamentos de uso
coletivo instalados na área, além de uma severa desvalorização e especulação
imobiliária para com o local, desvalorizando assim os lotes, e somado a isto, o
crescimento desordenado que não possui valor atrativo visualmente..

Figura 24 - Rua Antônio Gurjão à esquerda e Rua Capitão Pedro Vicente á direita
(A) e RN-177 à esquerda e caminhos viciantes à direita (B).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


78

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas


relacionadas a habitação.
79

4.4.5 Cheios e Vazios

Mapa 16 - Cheios e Vazios do bairro São Geraldo


80

Cheios e vazios (Figura 24) é a relação entre área construída e área não
construída, em que a área construída é todo o espaço que possui construções, já a
área não construída é a zona destinada para caminhos (vias) e as regiões
compostas por terrenos. Por meio dos levantamentos em campo, o grupo observou
que o bairro possui muita superfície não construída, que gera impactos positivos,
pois a região possui uma boa permeabilidade do solo, dessa forma leva-se em
consideração que o setor ainda está em expansão.

Figura 25 - Perspectiva aérea de áreas consolidadas e áreas em processo de


expansão (A) e perspectiva aérea das quadras mais ao norte do bairro (B).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


A análise de cheios e vazios nos possibilita identificar que a área onde o
terreno encontra-se apresenta pouco adensamento possuindo várias áreas vazias.
81

Mesmo assim é possível frisar que há várias novas construções sendo executadas e
que a área está em constante crescimento. No Bairro São Geraldo como pode ser
aferido pelo mapa ao lado possui um adensamento considerável na área mais
consolidada.

4.5 Outros Mapas


82

4.4.1 Topografia
Mapa 17 - Topografia do bairro São Geraldo
83

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 26 - Trecho viário de encontro com a RN-177 à esquerda e BR-226 à direita


(A), Passagem molhada (acesso oeste) na rua Antônio Gurjão (B), trecho da RN-177
ao longo do bairro (C) e acesso sul pela ponte Napoleão Diogenes Pessoa (D).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
84

Mapa 18 - Caracterização das Vias do bairro São Geraldo

4.4.2 Caracterização das Vias


85

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 27 - Trecho viário de encontro com a RN-177 à esquerda e BR-226 à direita


(A), Passagem molhada (acesso oeste) na rua Antônio Gurjão (B), trecho da RN-177
ao longo do bairro (C) e acesso sul pela ponte Napoleão Diogenes Pessoa (D).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
86

Muitas dessas conquistas foram resultado de lutas dos movimentos sociais


(Leblanc, 2017). Ambas as ações/projetos e leis serão apresentadas a seguir.

Figura 28 - Passagem molhada em época de estiagem (E) e passagem molhada em


época de cheia (F).

Fonte: figura (E): Autor (2024), figura (F): VivaPaudosFerros (2021), elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
87

4.4.3 Caracterização dos equipamentos de uso coletivo


Mapa 19 - Equipamentos de Uso Coletivo do bairro São Geraldo
88

Sobre os equipamentos de Uso Coletivo, pode-se identificar 6 dentro do bairro de


aplicação do edifício multifamiliar vertical, estes são: Universidade Federal Rural do Semi-
Árido, Escola de 1° Grau, Creche de ensino infantil, Templo Religioso e Posto de Saúde A
escolha para essas áreas públicas são em sua maioria adjacentes as suas vias principais,
sendo o caso do bairro São Geraldo onde estes equipamentos estão localizados nessas
vias.

Figura 29 - Praça Lourenço Gonçalves de Brito (A) e Posto de Saúde Mãe Cristina (B).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas relacionadas a


habitação.
89

Sobre os equipamentos de Uso Coletivo, pode-se identificar 6 dentro do bairro de


aplicação do edifício multifamiliar vertical, estes são: Universidade Federal Rural do Semi-
Árido, Escola de 1° Grau, Creche de ensino infantil, Templo Religioso e Posto de Saúde A
escolha para essas áreas públicas são em sua maioria adjacentes as suas vias principais,
sendo o caso do bairro São Geraldo onde estes equipamentos estão localizados nessas
vias.

Figura 30 - Capela São Geraldo (C), Centro de Umbanda casa de Oração Santa Bárbara
(D) e Assembleia de Deus Consagração Betel (E).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).

Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas relacionadas a


habitação.
90

Sobre os equipamentos de Uso Coletivo, pode-se identificar 6 dentro do bairro de


aplicação do edifício multifamiliar vertical, estes são: Universidade Federal Rural do Semi-
Árido, Escola de 1° Grau, Creche de ensino infantil, Templo Religioso e Posto de Saúde A
escolha para essas áreas públicas são em sua maioria adjacentes as suas vias principais,
sendo o caso do bairro São Geraldo onde estes equipamentos estão localizados nessas
vias.

Figura 31 - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (F), Creche Municipal Djalma de


Freitas Nobre (G) e Escola Municipal Francisco Torquato do Rêgo (H).

Fonte: Elaboração gráfica: Autor (2024).


Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas relacionadas a
habitação.
91

5 CONSTRUÇÃO IMAGÉTICA DO BAIRRO SÃO GERALDO


92

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

As considerações preliminares acerca do processo de formação das cidades,


especialmente bairros, revelam a complexidade intrínseca a esse fenômeno, que se
desenvolve sob a influência de fatores históricos, sociais, econômicos e políticos. A
formação de bairros e, por extensão, o desenvolvimento urbano de uma cidade, estão
profundamente interligados com as políticas públicas. Políticas urbanas desempenham
um papel crítico na configuração dos espaços urbanos, impactando diretamente a
qualidade de vida dos cidadãos e o acesso a serviços e infraestrutura. Por outro lado, o
processo de segregação socioespacial é uma realidade presente em muitas cidades,
resultando em desigualdades no acesso a recursos e oportunidades. O direito à cidade
emerge como um conceito fundamental, enfatizando a importância da participação cidadã
na tomada de decisões que afetam o espaço urbano e o acesso a serviços essenciais.

No que se refere à formação do bairro São Geraldo na cidade de Pau dos Ferros,
compreender a sua história e evolução é de extrema relevância. A análise do contexto
urbano e das políticas públicas que moldaram esse bairro específico permitirá uma
compreensão mais profunda das dinâmicas socioespaciais que o caracterizam. Nesse
sentido, os mapas e representações cartográficas desempenham um papel crucial na
construção imagética de São Geraldo. Kevin Lynch, Gordon Cullen, Shirvani e Vicente Del
Rio são renomados urbanistas e cartógrafos cujas contribuições foram fundamentais para
o entendimento da configuração urbana. A aplicação de suas metodologias e a criação de
mapas específicos para o bairro São Geraldo permitirão uma abordagem holística e
visualmente impactante na análise do seu espaço, identificando desafios e oportunidades
para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover o direito à cidade.
Portanto, a elaboração de mapas com base nessas abordagens se apresenta como um
instrumento essencial para o planejamento e desenvolvimento futuro do bairro, tornando-
se um elemento crucial na pesquisa e ação urbanas.
93

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PARTE 1 E 2


2024 2024

ESTRUTURA Atividade
Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai.

Identificar
ESCOLH

TEMA
A DO

possíveis temas
e reunir-se com
o orientador
PARTE 1
Realizar
pesquisa dos
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

principais
autores
relacionado o
assunto e o ano
de publicação
Organizar e
fichar as
principais ideias
dos autores
Definir o tema, o
problema
científico e
argumentar de
forma
INTRODUÇÃO

fundamentada
Realizar a
problemática,
objetivo geral,
objetivos
específicos e a
justificativa.
Definir um título
provisório
Propor uma
estrutura
organizacional
de temas e
SUMÁRIO

subtemas a
serem
desenvolvidos e
organiza-los na
forma de
sumário
preliminar
Definir
qual/quais
metodologias
deveram ser
seguidas.
METODOLOGIA

Realizar in loco
as atividades
essenciais para
cumprir as
metodologias,
sendo elas:
levantamento
socioespacial,
caracterização
94

das edificações,
entrevistas e
levantamento
fotográfico.

Reunir todo
material e
desenvolver as
peças gráficas
principais,
especialmente
mapas nos
softwares
computacionais.
Pesquisar e
realizar leitura
REFERENCIAL TEÓRICO

mais a fundo
fontes primárias
e secundárias
acerca do
sumário.
Escrever os
capítulos 1 e 2
do referencial
teórico
escolhido.
Realizar de
CONSIDERAÇÕES

forma breve
PRELIMINARES

considerações
preliminares do
que se espera
com o
desenvolver da
pesquisa
Realizar ajustes
COMPONENTE ITCC

e correções
ENTREGA DO

necessárias
para a entrega
final do
componente
curricular de
ITCC.
PARTE 2
DISCURSÕES
RESULTADO

Escrever os
capítulos 3 e 4,
SE

que representam
os resultados.
PRELIMINARES
CONSIDERAÇÕ

Escrever as
considerações
ES

do trabalho de
conclusão de
curso
REFERÊNCI

Elaborar as
referências
AS

segundo a
ABNT vigente.
95

Revisar de
forma
FORMATAÇÃO
REVISÃO DE

sistemática a
peça gráfica
escrita e todos
os materiais
desenvolvidos
para a defesa.
Preparar os
instrumentos
necessários
DEFESA E CORREÇÕES

para realizar a
apresentação
final, mediante
banca ou pré-
banca
Realizar as
considerações
dos profissionais
convidados
participantes da
banca de defesa
Realizar ajustes
e correções
ENTREGA FINAL

necessárias
para a entrega
final do
componente
curricular de
TCC.
96

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101

ANEXO 1 - Parceria e disponibilidade do poder público municipal no acesso à


informações acerca da cidade de Pau dos Ferros, em especial ao bairro São Geraldo.
102

ANEXO 2 – Solicitação de documentação, ofícios e/ou projetos relacionados ao bairro


São Geraldo
103

ANEXO 3 (A) – Solicitação dos arquivos editáveis utilizados no Plano Diretor Participativo
referentes à cidade de Pau dos Ferros e ao Bairro São Geraldo.
104

ANEXO 3 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024 da


105

ANEXO 4 – Solicitação de uma listagem atualizada acerca das leis municipais que
referem-se ao bairro São Geraldo
106
107

ANEXO 4 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024


108

ANEXO 5 – Dados coletados no Censo do IBGE 2024 do bairro São Geraldo

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