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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Bibliotecário-Documentalista
Nome do profissional, Bib. Me. (CRB-15/10.000)
FRANCISCO ÁLISSON DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Damião Esdras Araujo Arraes, Prof. Dr. (UFERSA)
Presidente
_________________________________________
Almir Mariano de Souza Junior, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador
_________________________________________
Osbelia Alcaraz Morales, Profa. Dra. (UAGro)
Membro Examinador
_________________________________________
Dedico está monografia a minha mãe -
Aurilene Maria da Conceição Silva (In
memoriam) - cuja presença espiritual foi
essencial para continuar. Você sempre
será meu maior exemplo de ser humano!
AGRADECIMENTOS
The late urbanization and industrialization of Brazil, especially from the 1950s of the
20th century, contributed to the formation of unequal cities with affluent and
peripheral areas, segregated by social class, race, gender, among others. The lack
of urban planning contributed to the creation of high-risk areas, such as hillsides and
riverbanks, as well as peripheral areas lacking basic infrastructure like sanitation,
public transportation, and healthcare and educational facilities. This duality
represents contrasting images between under-resourced and hegemonic, restricted,
and concentrated urbanization, reaffirming pronounced social inequality. The entire
process of the absence of urban planning corresponds to the transformations that
communities impose on the city, leading to urban and social problems that
significantly alter the social condition of cities and expose class differences,
engendering various forms of segregation and challenging fundamental rights, such
as the right to full use of the city. Through these analyses, it is possible to understand
how the lack of urban planning affected the formation of large illegal peripheral areas
in Brazilian cities. Class differences and various forms of segregation impact the
fundamental right to the full use of the city, as peripheral areas lack basic
infrastructure, such as sanitation, public transportation, and healthcare and
educational facilities. To gain a better understanding of the right to the city, policies,
laws, actions, and programs related to housing and the right to the city were
analyzed, covering the period from 1940 to 2024. This analysis helped understand
how urban public policies developed over time and how they affected the urban
structure of Brazilian cities. Additionally, an analysis of the São Geraldo
neighborhood in the city of Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, was conducted to
characterize land use and occupation, filled and vacant spaces, public facilities, the
layout of streets, and its imaginative construction. This analysis shed light on how the
urban structure of the neighborhood reflects the social and urban inequalities present
in Brazilian cities. It also highlighted the inherent dynamism in the concept of a city,
which evolves as the complexity of the urban structure changes. Although a city is
often perceived as a conglomerate of people, services, and buildings designed to
meet human needs, it should not be seen as a homogeneous entity, as noted by the
author. Consequently, cities undergo metamorphoses, developing distinct urban
networks with clearly defined zones for residential, commercial/services, road
infrastructure, and other functions. The lack of urban planning contributed to the
formation of unequal cities, with affluent and peripheral areas segregated by social
class and race, affecting the fundamental right to the full use of the city. The analysis
of urban public policies and the São Geraldo neighborhood provided insight into how
the urban structure reflects social and urban inequalities.
Figura 12 - Trecho viário no trevo (D), trecho viário saída para a ponte (E) e trecho
viário com patologias (F). .......................................................................................... 53
Figura 14 - Lote comercial (A), lote misto (B), lote institucional de recreação (C) e
átrio da capela (D). .................................................................................................... 56
Figura 15 - Contraste entre usos entre o passeio e a via pública (A), uso da RN-177
como passeio público (B), Idoso utilizando a via como passeio público (C) e via
apresentando patologias visíveis. ............................................................................. 58
Figura 18 - Bairro São Geraldo nos anos de 2007 (A), 2009 (B) e 2012 (C). ............ 67
Figura 19 - Bairro São Geraldo nos anos de 2013 (D), 2016 (E) e 2018 (F). ............ 68
Figura 20 - Bairro São Geraldo nos anos de 2019 (G), 2020 (H) e 2024 (I). ............. 69
Figura 22 - Trecho viário que mostra a passagem molhada e duas tipologias viárias
(A), trecho de acesso oeste ao bairro (B), encontro da tipologia asfáltica e de terra
batida (C) e acostamento viário informal (D). ............................................................ 74
Figura 23 - Rua Antônio Gurjão à esquerda e Rua Capitão Pedro Vicente á direita
(A) e RN-177 à esquerda e caminhos viciantes à direita (B). .................................... 77
Figura 28 - Praça Lourenço Gonçalves de Brito (A) e Posto de Saúde Mãe Cristina
(B). ............................................................................................................................ 88
Figura 29 - Capela São Geraldo (C), Centro de Umbanda casa de Oração Santa
Bárbara (D) e Assembleia de Deus Consagração Betel (E). ..................................... 89
ES Estatuto da Cidade
MC Ministério das Cidades
CNC Conselho Nacional das Cidades
FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
LNBS Lei Nacional de Saneamento Básico
PNMU Política Nacional de Mobilidade Urbana
PNDR Política Nacional de Desenvolvimento Regional
FCP Fundação Casa Popular
SFH Sistema Financeiro de Habitação
BNH Banco Nacional de Habitação
FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
PAR Programa de Arrendamento Residencial
PNH Programa Nacional de Habitação
SHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
FNH Fundo Nacional de Habitação
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PL Projeto de Lei
DCN Diário do Congresso Nacional
IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensões
FCP Fundação da Casa Popular
COHAB Companhia de Habitação Popular
COHAB-RN Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte
Inocoops Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais
UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido
BIS Boletim de Informações Socioeconômicas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
UTM Urchin Tracking Module
BR Brasil
RN Rio Grande do Norte
SUMÁRIO
PARTE 1 .............................................................................................................................................. 18
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 19
1 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 26
2 Leitura regional em uma perspectiva macro e microrregional ................................................. 18
2.1 A Cidade de Pau dos Ferros/RN em dados gerais ................................................................ 21
2.1.1 Conurbação urbana e movimentação pendular................................................................... 22
2.1.2 Características sociais, culturais e econômicas .................................................................. 25
2.2 Instrumentos jurídicos incidentes no território Pauferrense .................................................. 26
3. DIREITO À CIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS ........................................................................ 27
3.1 Conceito de direito à cidade ....................................................................................................... 28
3.2 Trajetórias históricas de ações, programas e Leis ................................................................. 30
PARTE 2 .............................................................................................................................................. 27
4 OS ELEMENTOS URBANOS SEGUNDO KEVIN LYNCH (1960), GORDON CULLEN
(1961), SHIRVANI (1985) E VICENTE DEL RIO (1999).............................................................. 28
4.1 Kevin Lynch (1960) – Percepção do meio ambiente ............................................................. 29
4.1.1 Vias, Bairros, Cruzamentos, Limites e Pontos Marcantes ................................................. 31
4.2 Gordon Cullen (1961) - Análise Visual ..................................................................................... 33
4.2.1 Visão Serial ou Percurso ......................................................................................................... 35
4.2.1 Elementos de Ótica .................................................................................................................. 36
4.2.2 Elementos de Lugar ................................................................................................................. 37
4.2.3 Elementos de Conteúdo .......................................................................................................... 38
4.2.4 Elementos de Tradição Funcionalista ................................................................................... 39
4.3 Shirvani (1985) – Critérios De Qualidade ................................................................................ 40
4.3.1 Uso do Solo ............................................................................................................................... 41
4.3.2 Configuração Espacial ou Gabarito ....................................................................................... 48
4.3.3 Circulação Viária e Estacionamento...................................................................................... 51
4.3.4 Espaços Livres .......................................................................................................................... 55
4.3.5 Percursos de Pedestres .......................................................................................................... 57
4.3.6 Atividades de Apoio ................................................................................................................. 60
4.3.7 Mobiliário Urbano ..................................................................................................................... 62
4.4 Vicente Del Rio (1999) – Morfologia Urbana ........................................................................... 64
4.4.1 Crescimento .............................................................................................................................. 66
4.4.2 Traçado e Parcelamento ......................................................................................................... 70
4.4.3 Tipologia dos elementos urbanos .......................................................................................... 73
4.4.4 Articulações ............................................................................................................................... 76
4.4.5 Cheios e Vazios ........................................................................................................................ 79
4.5 Outros Mapas ............................................................................................................................... 81
4.4.1 Topografia .................................................................................................................................. 82
4.4.2 Caracterização das Vias.......................................................................................................... 84
4.4.3 Caracterização dos equipamentos de uso coletivo............................................................. 87
5 CONSTRUÇÃO IMAGÉTICA DO BAIRRO SÃO GERALDO .................................................. 91
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................. 92
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .................................................................................................. 93
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 96
ANEXO 1 - Parceria e disponibilidade do poder público municipal no acesso à informações
acerca da cidade de Pau dos Ferros, em especial ao bairro São Geraldo............................. 101
ANEXO 2 – Solicitação de documentação, ofícios e/ou projetos relacionados ao bairro São
Geraldo............................................................................................................................................... 102
ANEXO 3 (A) – Solicitação dos arquivos editáveis utilizados no Plano Diretor Participativo
referentes à cidade de Pau dos Ferros e ao Bairro São Geraldo. ........................................... 103
ANEXO 3 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024 da...................................................................... 104
ANEXO 4 – Solicitação de uma listagem atualizada acerca das leis municipais que referem-
se ao bairro São Geraldo ................................................................................................................ 105
ANEXO 4 (B) – Resposta ao ofício n° 03/2024 ........................................................................... 107
ANEXO 5 – Dados coletados no Censo do IBGE 2024 do bairro São Geraldo ..................... 108
18
PARTE 1
Atividades desenvolvidas durante o componente curricular PSH1643 - Introdução ao
Trabalho de Conclusão de Curso - T01 (2024.1 - 5N1234) no Brasil
19
INTRODUÇÃO
5SIMONE, A. M. The surrounds: Urban life within and beyond capture. Duke University Press, 2022.
6MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido!. In: HARVEY, D; MARICATO, E; et. al. Cidades
rebeldes. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 19 a 26.
21
distintos que se juntam para compor o todo da paisagem urbana, tais "padrões"
podem ser ideológicos ou mesmo políticos, mas coexistem na urbe7,8.
7LYNCH, K. A imagem da cidade. 3. ed. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2011.
8VALLE, L. de P.; COSTA, A.B. Cidades educadoras: uma perspectiva à política pública de
educação. In: COSTA, A. B. (org.). O direito Achado na Rua: Nossa Conquista é do Tamanho da
Nossa Luta. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. p. 191 - 203.
22
Diante da complexidade urbana de Pau dos Ferros, o bairro São Geraldo foi
eleito objeto de análise do presente trabalho pelo fato de suas transformações
socioespaciais estarem inteiramente relacionadas ao processo de urbanização das
Produção urbana no semiárido brasileiro: um estudo sobre Pau dos Ferros, RN, Brasil. Interações
(Campo Grande), [s. l.], v. 20, n. 3, p. 845–860, 2019. Disponível em:
https://interacoesucdb.emnuvens.com.br/interacoes/article/view/1855. Acesso em: 23 jul. 2024.
17 DANTAS, J. R. de Q. As cidades medias no desenvolvimento regional: um estudo sobre Pau
dos Ferros (RN). 2014. 261f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional, Cultura e
Representações) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
24
superior pública federal para o estado do Rio Grande do Norte e no reconhecimento do sua plena
responsabilidade social e inserção regional, que funciona até o ano de 2024 com sete cursos, nas
áreas de sociais aplicadas e humanas, ciências exatas e naturais e tecnologias da informação
(UFERSA, 2024).
20 SANTOS, A. C.; ALVES, L. DA S. F. Produção do espaço urbano da cidade de Pau dos Ferros -
RN: análise da tendência de valorização fundiária do bairro São Geraldo. Boletim de Geografia, v.
33, n. 2, p. 73 - 88, 16 dez. 2015. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr/article/view/20349. Acesso em: 06 ago. 2024.
25
1 METODOLOGIA
Fonte: Cronograma elaborado pelo autor com auxílio do software Bizagi Modeler.
validação e observações gerais (ver anexo X). A coleta dos dados para o BIS,
efetuou-se por meio do Google Forms22, pois esta ferramenta é disponibilizada de
forma gratuita e permite a produção de questionários múltiplos de forma discursiva,
avaliativa, entre outras opções. Além de permitir uma visualização em tempo real
dos dados coletados.
22 Para acessar o formulário utilizado no momento da coleta de dados, acessar o seguinte link:
https://docs.google.com/forms/d/1s0VAci6_v8KPdHF4KuUgsUbtXO8_N3hvNQlMiOGk3H0/prefill ou
clique aqui;
28
Além disso, para a tarefa de coleta de dados, foi utilizado um drone RTK
modelo Phaton XX... Outros dados foram coletados por meio de websites oficiais da
prefeitura de Municipal de Pau dos Ferros, da Câmara Municipal de Pau dos Ferros
associado ao envio de e-mails (verificar os apêndices) e/ou visitas presenciais as
secretarias responsáveis pelas informações.
Pau dos Ferros, localizada no estado do Rio Grande do Norte, é uma cidade
que se destaca por suas diversas características sociais, culturais e econômicas,
resultantes de um rico histórico e interações entre sua população. Para compreender
melhor essa realidade, exploraremos esses aspectos sob a perspectiva de autores e
pesquisadores que analisaram a cidade.
A população de Pau dos Ferros é marcada por uma forte coesão comunitária
e laços familiares sólidos, características típicas da cultura nordestina. A influência
desses aspectos sociais na cidade é destacada por autores como Lopes (2017), que
ressaltam a importância das redes de apoio familiar e comunitário na vida dos
habitantes de Pau dos Ferros. Essas redes desempenham um papel fundamental na
solidariedade, na assistência em momentos de dificuldade e na preservação de
tradições culturais. No contexto educacional, Pau dos Ferros tem investido na
formação de sua população. A presença da UERN (Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte) na cidade, conforme apontado por Silva (2019), tem contribuído
significativamente para o acesso à educação superior, promovendo a qualificação da
mão de obra local e a disseminação do conhecimento.
A cultura de Pau dos Ferros é rica e diversificada, refletindo a influência das
diferentes etnias que compõem sua população. Autores como Santos (2018)
destacam a música como elemento central na vida cultural da cidade, com gêneros
como forró e música popular brasileira desempenhando um papel importante nas
festas locais, como o Carnaval e as festas juninas. Outro aspecto cultural
significativo é a culinária regional. Pratos tradicionais da região nordestina, como
buchada de bode e galinha à cabidela, são apreciados na cidade e contribuem para
a identidade gastronômica local, como observado por Almeida (2020). Essa
gastronomia típica também se destaca em festivais e eventos culturais.
A economia de Pau dos Ferros tem passado por mudanças ao longo do
tempo. Inicialmente, a cidade era voltada para a agropecuária, com a criação de
gado e a agricultura de subsistência como principais atividades. No entanto,
conforme observado por Oliveira (2016), a economia tem se diversificado, com o
setor de comércio e serviços ganhando destaque. Pau dos Ferros desempenha um
papel central como centro sub-regional, atendendo a cidades vizinhas em termos de
comércio e serviços, conforme mencionado por Lima (2018). A presença de
26
Em processo de desenvolvimento.
27
Cabe destacar que a proximidade que o direito à cidade tem com os direitos
humanos é nítida, porém sua diferença está na discussão da questão urbana. A
primeira vez que o termo foi utilizado foi por Henri Lefebvre, em 1968, o contexto,
local, histórico e social da escrita é delineada a partir das transformações do meio
urbano parisiense, que expulsava do centro urbano o proletariado e instalava-se
longas avenidas aburguesadas (Agopyan, 2018). O fenômeno de classe que é este
meio de urbanizar as cidades, de transformá-las de forma radical e contrapor o
direito ao acesso individual ou grupal dos recursos que a cidade incorpora, ingressa
em uma prerrogativa de alternância da ordem de produção do espaço, que até o
presente momento é engessada pelo capital.
30
Figura 03 - Recorte temporal de 1940 a 2024 acerca de Leis, ações, projetos e programas relacionados ao direito à cidade e à habitação/moradia no país.
18
Segundo Bonduki (2009), nos anos 2000, surgiu o Projeto Moradia e visava
formular estratégias para resolver e equacionar os problemas das habitações
brasileiras, e melhorar as condições de habitação no país, com um prazo de quinze
anos. Para Medeiros (2005) e Bonduki (2009) às dimensões de controle social,
projeto financeiro e urbano-fundiário, além do enfrentamento da problemática da
habitação por parte de seus agentes responsáveis, ultrapassou o âmbito do governo
24 A importância que o Estatuto da Cidade têm para o âmbito nacional reverbera nos entes municipais
ao destacar o papel dos planos diretores municipais, como o instrumento principal de ordenamento e
efetivação do direito à cidade, pois com este o combate aos processos desigualdades de uso e
parcelamento do solo urbano são enfrentados, e cria-se diversos institutos para este controle, como o
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo, direito de superfície, outorga onerosa, entre
outros (Amanajás e Klug, 2018).
25 A titularidade do imóvel para o PAR levava em consideração por parte do arrendatário uma taxa
mensal de arrendamento, ou seja, uma operação financeira conhecida como leasing (arrendamento
mercantil) que durava 15 anos para aquisição do imóvel, e que durante o período de arrendamento a
propriedade era incorporada ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que a Caixa Econômica
Federal geria de forma fiduciária.
26 Instituída pela Lei n° 11.124 de 16 de junho de 2005, seu principal destaque é para a incorporação
de um Projeto de Lei (PL) que cria o Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS), tal PL, fruto de iniciativa popular.
21
Por outro lado, a Secretaria Nacional de Habitação (SNH), instituída pela Lei
nº 11.124/2005, é responsável pela formulação e implementação de políticas
habitacionais no Brasil. Essa secretaria desempenha um papel fundamental na
promoção do acesso à moradia digna para a população de baixa renda, por meio do
desenvolvimento de programas habitacionais, regularização fundiária, produção de
moradias e outras iniciativas relacionadas à política habitacional brasileira. A SNH
trabalha em parceria com estados, municípios, setor privado e outras entidades para
viabilizar a construção e melhoria de moradias, além de promover ações que visem
a redução do déficit habitacional e o acesso a condições adequadas de moradia
para todos os brasileiros.
Vale ressaltar também que o Minha Casa, Minha Vida 2 propôs uma
colaboração mais estreita com as prefeituras e incorporou o Banco do Brasil como
agente financeiro, aumentando os recursos disponíveis para famílias de renda mais
baixa. Outras mudanças incluem o aumento do tamanho mínimo dos imóveis, do
valor médio das habitações e alterações nas especificações dos imóveis (BRASIL,
2015). Conforme observado por Rolnik et al. (2015), embora o Programa Minha
Casa Minha Vida tenha sido pioneiro devido à sua significativa alocação de
subsídios voltados para atender às carências habitacionais da população de baixa
renda, além da redução dos custos dos financiamentos imobiliários para os setores
de renda intermediária, sua implementação negligenciou aspectos de extrema
importância no âmago de uma política habitacional: a universalização do acesso à
moradia digna e adequada.
PARTE 2
Atividades desenvolvidas durante o componente curricular Taller Popular II – Grupo
1001 (160h) no México
28
Gordon Cullen (1961), por sua vez, propõe uma abordagem pragmática na
preservação histórica das cidades, destacando a importância da interação entre
arquitetura e entorno. Ele identifica três formas pelas quais o ambiente pode evocar
emoções: ótica, lugar e conteúdo, cada uma relacionada a diferentes aspectos
visuais, topológicos e de significado.
Percebe-se neste sentido que o bairro São Geraldo detém de uma grande
concentração de lotes residenciais em seu território, porém, ao longo da RN-177 é
possível verificar a existência de lotes com uso misto, incorporando ao tecido urbano
do bairro e aos moradores a característica de pouco deslocamento para acessar
determinado serviço, seja esta manicure, panificadora, borracharia, entre outros.
das águas é voltada para o logradouro, como ilustrado na Figura 8-B, na página
seguinte.
Fonte: (A) Josielle Canudo (2024), (B) e (C) Autor (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
A transformação de um lote de uso residencial em uso comercial e
residencial (misto) é um fenômeno comum e multifacetado, impulsionado por uma
variedade de motivos. Primeiramente, a localização estratégica desempenha um
papel fundamental, pois casas bem posicionadas em áreas urbanas podem atrair
interesse de empresas que buscam estabelecer negócios em locais com alto fluxo
de pessoas, o que não é o caso do bairro São Geraldo, uma vez que a posição dos
lotes de uso misto está muito distante do centro urbano. Outrora, a busca por
44
vulneráveis, como o São Geraldo a desfrutar de uma vida digna e com qualidade. O
bairro possui uma Ocupação Institucional do tipo Creche, localizada ao leste do
bairro e outra Ocupação de Serviço, do tipo Posto de Saúde, na área mais
consolidada do bairro, ao centro.
Figura 13 - Trecho viário no trevo (D), trecho viário saída para a ponte (E) e trecho
viário com patologias (F).
Fonte: (G) e (H) Autor (2024), (I) Josielle Canudo (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
55
Figura 15 - Lote comercial (A), lote misto (B), lote institucional de recreação (C) e
átrio da capela (D).
Fonte: (A) e (B) Autor (2024), (C) e (D) Josielle Canudo (2024). Elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
57
Figura 16 - Contraste entre usos entre o passeio e a via pública (A), uso da RN-177
como passeio público (B), Idoso utilizando a via como passeio público (C) e via
apresentando patologias visíveis.
categorização das tipologias edilícias, dos lotes, quarteirões, praças, esquinas, entre
outras com relação a sua ocupação no espaço e por fim, 4 – Articulações, uma
relação entre os elementos de dominialidade hierárquica de público sobre o privado,
densidades e suas relações entre cheios e vazios.
66
4.4.1 Crescimento
Mapa 12 - Crescimento do bairro São Geraldo
67
Figura 19 - Bairro São Geraldo nos anos de 2007 (A), 2009 (B) e 2012 (C).
Figura 20 - Bairro São Geraldo nos anos de 2013 (D), 2016 (E) e 2018 (F).
Figura 21 - Bairro São Geraldo nos anos de 2019 (G), 2020 (H) e 2024 (I).
A maioria dos seus lotes poligonais irregulares, com testadas muitas vezes
mínimas. O bairro possui 16 quadras destas, 10 quadras relativamente bem
definidas e 6 quadras em processo de definição, ao longo de 12 logradouros
públicos. Distribuídas ao longo dessas quadras, o bairro detém de 522 lotes totais,
sendo estes, 3 comerciais, 6 de uso institucional, 10 serviços, 11 mistos e 492
residenciais.
Figura 23 - Trecho viário que mostra a passagem molhada e duas tipologias viárias
(A), trecho de acesso oeste ao bairro (B), encontro da tipologia asfáltica e de terra
batida (C) e acostamento viário informal (D).
4.4.4 Articulações
Figura 24 - Rua Antônio Gurjão à esquerda e Rua Capitão Pedro Vicente á direita
(A) e RN-177 à esquerda e caminhos viciantes à direita (B).
Cheios e vazios (Figura 24) é a relação entre área construída e área não
construída, em que a área construída é todo o espaço que possui construções, já a
área não construída é a zona destinada para caminhos (vias) e as regiões
compostas por terrenos. Por meio dos levantamentos em campo, o grupo observou
que o bairro possui muita superfície não construída, que gera impactos positivos,
pois a região possui uma boa permeabilidade do solo, dessa forma leva-se em
consideração que o setor ainda está em expansão.
Mesmo assim é possível frisar que há várias novas construções sendo executadas e
que a área está em constante crescimento. No Bairro São Geraldo como pode ser
aferido pelo mapa ao lado possui um adensamento considerável na área mais
consolidada.
4.4.1 Topografia
Mapa 17 - Topografia do bairro São Geraldo
83
Fonte: figura (E): Autor (2024), figura (F): VivaPaudosFerros (2021), elaboração gráfica: Autor (2024).
Atrelado ainda a questão da moradia, diversas políticas públicas
relacionadas a habitação.
87
Figura 29 - Praça Lourenço Gonçalves de Brito (A) e Posto de Saúde Mãe Cristina (B).
Figura 30 - Capela São Geraldo (C), Centro de Umbanda casa de Oração Santa Bárbara
(D) e Assembleia de Deus Consagração Betel (E).
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
No que se refere à formação do bairro São Geraldo na cidade de Pau dos Ferros,
compreender a sua história e evolução é de extrema relevância. A análise do contexto
urbano e das políticas públicas que moldaram esse bairro específico permitirá uma
compreensão mais profunda das dinâmicas socioespaciais que o caracterizam. Nesse
sentido, os mapas e representações cartográficas desempenham um papel crucial na
construção imagética de São Geraldo. Kevin Lynch, Gordon Cullen, Shirvani e Vicente Del
Rio são renomados urbanistas e cartógrafos cujas contribuições foram fundamentais para
o entendimento da configuração urbana. A aplicação de suas metodologias e a criação de
mapas específicos para o bairro São Geraldo permitirão uma abordagem holística e
visualmente impactante na análise do seu espaço, identificando desafios e oportunidades
para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover o direito à cidade.
Portanto, a elaboração de mapas com base nessas abordagens se apresenta como um
instrumento essencial para o planejamento e desenvolvimento futuro do bairro, tornando-
se um elemento crucial na pesquisa e ação urbanas.
93
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ESTRUTURA Atividade
Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai.
Identificar
ESCOLH
TEMA
A DO
possíveis temas
e reunir-se com
o orientador
PARTE 1
Realizar
pesquisa dos
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
principais
autores
relacionado o
assunto e o ano
de publicação
Organizar e
fichar as
principais ideias
dos autores
Definir o tema, o
problema
científico e
argumentar de
forma
INTRODUÇÃO
fundamentada
Realizar a
problemática,
objetivo geral,
objetivos
específicos e a
justificativa.
Definir um título
provisório
Propor uma
estrutura
organizacional
de temas e
SUMÁRIO
subtemas a
serem
desenvolvidos e
organiza-los na
forma de
sumário
preliminar
Definir
qual/quais
metodologias
deveram ser
seguidas.
METODOLOGIA
Realizar in loco
as atividades
essenciais para
cumprir as
metodologias,
sendo elas:
levantamento
socioespacial,
caracterização
94
das edificações,
entrevistas e
levantamento
fotográfico.
Reunir todo
material e
desenvolver as
peças gráficas
principais,
especialmente
mapas nos
softwares
computacionais.
Pesquisar e
realizar leitura
REFERENCIAL TEÓRICO
mais a fundo
fontes primárias
e secundárias
acerca do
sumário.
Escrever os
capítulos 1 e 2
do referencial
teórico
escolhido.
Realizar de
CONSIDERAÇÕES
forma breve
PRELIMINARES
considerações
preliminares do
que se espera
com o
desenvolver da
pesquisa
Realizar ajustes
COMPONENTE ITCC
e correções
ENTREGA DO
necessárias
para a entrega
final do
componente
curricular de
ITCC.
PARTE 2
DISCURSÕES
RESULTADO
Escrever os
capítulos 3 e 4,
SE
que representam
os resultados.
PRELIMINARES
CONSIDERAÇÕ
Escrever as
considerações
ES
do trabalho de
conclusão de
curso
REFERÊNCI
Elaborar as
referências
AS
segundo a
ABNT vigente.
95
Revisar de
forma
FORMATAÇÃO
REVISÃO DE
sistemática a
peça gráfica
escrita e todos
os materiais
desenvolvidos
para a defesa.
Preparar os
instrumentos
necessários
DEFESA E CORREÇÕES
para realizar a
apresentação
final, mediante
banca ou pré-
banca
Realizar as
considerações
dos profissionais
convidados
participantes da
banca de defesa
Realizar ajustes
e correções
ENTREGA FINAL
necessárias
para a entrega
final do
componente
curricular de
TCC.
96
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Roberto Carlos Oliveira. Uso e ocupação do solo urbano uma análise sobre o
bairro COHAB (Porto Velho/RO). 2018. Disponível em:
https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.216/6965. Acesso em: 06 ago.
2024.
BILAC, Roberto Platini Rocha; ALVES, Agassiel de Medeiros. Crescimento Urbano nas
Áreas de Preservação Permanente (APP): Um Estudo De Caso Do Leito Do Rio
Apodi/Mossoró Na Zona Urbana De Pau Dos Ferros-Rn. Geotemas, Pau dos Ferros, v.
4, n. 2, p.79-95, dez. 2014.
BRASIL. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Dispõe sobre o orçamento. Brasília, DF:
Presidência da República, [1964]. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: Acesso em: 19 out. 2024.
LYNCH, K. A imagem da cidade. 3. ed. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2011.
MAESTROVIRTUALE. Esfoliação Xerófila: características, distribuição, flora e fauna.
Disponível em: https://maestrovirtuale.com/esfoliacao-xerofila-caracteristicas-distribuicao-
flora-e-fauna/. Acesso em: 16 ago. 2024.
Maricato, E. (2009). Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis, RJ:
Editora Vozes.
99
MORAES, Anselmo Fábio de; GOUDARD, Beatriz; OLIVEIRA, Roberto de. Reflexões
sobre Cidade, seus Equipamentos Urbanos e a Influência destes na Qualidade de
Vida da População. 2008. Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5175645. Acesso em: 16 ago. 2024.
SILVA, Natália Santos. Lixo nas Ruas como um Problema Ambiental no Território da
Estratégia Saúde da Família da Comunidade Mãe de Deus e no Municipio de Governador
Valadares: Projeto De Intervenção. 2017. 39 f. TCC (Graduação) - Curso de Atenção
Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Governador
Valadares, 2017. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/figura/NATALIA-SANTOS-SILVA.pdf.
Acesso em: 16 ago. 2024.
ANEXO 3 (A) – Solicitação dos arquivos editáveis utilizados no Plano Diretor Participativo
referentes à cidade de Pau dos Ferros e ao Bairro São Geraldo.
104
ANEXO 4 – Solicitação de uma listagem atualizada acerca das leis municipais que
referem-se ao bairro São Geraldo
106
107