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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS - UNIS/MG

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


CARINA VIEIRA FIGUEIREDO

MULTILAVRAS:

Centro Cultural de Lavras

Varginha-MG

Junho/2018
CARINA VIEIRA FIGUEIREDO

MULTILAVRAS:

Centro Cultural de Lavras

Trabalho apresentado ao curso de


Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do
Sul de Minas como pré-requisito para obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob
orientação do Prof. Eduardo Campos.

Varginha-MG

Junho/ 2018
CARINA VIEIRA FIGUEIREDO

MULTILAVRAS:

Centro Cultural de Lavras

Trabalho apresentado ao curso de


Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do
Sul de Minas como pré-requisito para obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob
orientação do Prof. Eduardo Campos.

Aprovado em / /

Prof. Orientador Eduardo Algusto Campos


AGRADECIMENTOS

A Deus que me deu forças e vontade para seguir em frente apesar de todos os desafios
e obstáculos enfrentados até aqui.
A minha família e namorado que sempre se mostraram compreensivos, pacientes e
sempre com apoio e amor incondicional.
Aos amigos pela vivência, amizade e por terem acompanhado esta jornada comigo, em
especial aos colegas da turma de arquitetura, José Neto, Camila Rafael, Alana Cury, Mayara
Roberta e Fernanda Podestá.
Aos professores pela orientação, apoio, e colaboração na minha evolução pessoal e
acadêmica.
À Lucinda Nunes, acesso da cultura de Lavras que contribuiu com minha
compreensão cultural do município, com atenção, carinho e dedicação.
A todos que participaram da minha formação, e me acompanharam, dando apoio,
compreensão e amor, me ajudando a crescer como pessoa e como profissional.
“A função da arte não é passar por portas abertas,
mas a de abrir portas fechadas.”
Ernst Fisher
RESUMO

Este trabalho apresenta e argumenta sobre a necessidade da implantação de um centro


cultural na cidade de Lavras, espaço que poderá se tornar o maior centro de cultura e lazer do
município. Localizado na principal via de acesso da cidade e relacionando-o com as principais
instituições de ensino superior ali existentes, Ufla – Universidade Federal de Lavras, e
Unilavras – Centro Universitário de Lavras. Através de um conceito arquitetônico
contemporâneo, a proposta consiste em transformar uma área inutilizada no centro da cidade,
e transforma-la em um local apropriado para atender uma grande demanda das manifestações
culturais que ocorrem no município, visto que atualmente não há espaços com infraestruturas
adequadas para recebê-los.
Para que as vertentes do projeto fossem pertinentes com a população e os usos
Lavrenses, os aspectos do projeto foram criados através de pesquisas locais, análises dos usos
cotidianos, de eventos culturais já existentes e que abrangem grande parte populacional,
entorno imediato, e entre outros. Desta forma é possível aplicar questões arquitetônicas que
irão colaborar para o uso frequente do espaço.

Palavras chaves: Cultura, arquitetura, projeto.


ABSTRACT

This work presents and debates the necessities of the implantation of a cultural center
in the city of Lavras, place that can be the greatest center of culture and recreation of the city.
Located in the main access way and related with the leading universities in the city, UFLA –
Federal University of Lavras (Universidade Federal de Lavras), e Unilavras – University
Center of Lavras (Centro Universitário de Lavras). Through a concept of the contemporary
architecture, the suggestion consists in transforming an unused area in the middle of the city
and to transform it in an appropriate place to attend a great demand of cultural manifestation
that occurs there, once there are no appropriate structures to receive it.
For the strands of this project to be pertinent and usable for the population, the aspects
of the project were created through local research, analysis of everyday use, cultural events
already existent and that includes a great part of the population, immediate environment, and
among others. Therefore is possible to apply architectural measures that will collaborate to the
daily use of this place.

Key words: Culture, architecture, project.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................11

1.1 Tema................................................................................................................11

1.2 Contextualização .............................................................................................12

1.3 Problema de pesquisa .....................................................................................13

1.4 Justificativa .....................................................................................................14

1.5 Objetivos gerais...............................................................................................15

1.6 Objetivos específicos .......................................................................................15

1.7 Metodologia.....................................................................................................16

1.8 Cronograma das atividades TCC1 ...................................................................17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................18

2.1 O que é cultura? ..............................................................................................18

2.2 O conceito de Centro Cultural........................................................................20

2.3 A origem dos centros culturais no Brasil e no mundo ...................................21

2.4 A função do centro cultural ............................................................................23

2.5 A importância da arquitetura para a cultura ................................................24

2.6 Arquitetura contemporânea no mundo e no Brasil .......................................25

2.7 Compreensão geral do referencial teórico......................................................28

3. ESTRATÉGIAS ROJETUAIS ............................................................................28

3.1 Formalização ...................................................................................................28

3.2 Gestalt .............................................................................................................29

3.3 Sistemas estruturais ........................................................................................31

3.4 Conforto ambiental .........................................................................................32

3.4.1 Conforto Acústico ......................................................................................33

3.4.2 Conforto Visual – Iluminação.....................................................................34

3.5 Uso das cores na arquitetura ..........................................................................35

3.6 Sustentabilidade ..............................................................................................36

4. DIAGNÓSTICO...................................................................................................37

4.1 A cidade ...........................................................................................................38


4.2 História de Lavras ..........................................................................................40

4.3 Principais eventos culturais da atualidade .....................................................42

4.3.1 Aniversário da Ufla – Semana de ciência, cultura e arte. .............................42

4.3.2 Festa Junina BREJÃO ................................................................................42

4.3.3 Sarau Cultural: a música e a poesia de Minas..............................................42

4.3.4 Mostra cultural de Lavras ...........................................................................42

4.3.5 Ocupa Sexta ..................................................................................................43

4.4 Clima ...............................................................................................................44

4.5 Relevo .................................................................................................................44

4.5 Faixa etária da população ...............................................................................45

4.6 Educação .........................................................................................................45

4.7 Economia .........................................................................................................46

4.9 Zoneamento bioclimático e brasileiro ............................................................47

5.0 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DE INFLUÊNCIA .......................48

5.1 Diagnóstico de aspectos urbanos .......................................................................51

5.2 O objeto de estudo .............................................................................................54

5.2.1 Terreno .........................................................................................................54

5.2.2 Topografia .................................................................................................56

5.2.3 Insolação....................................................................................................57

5.2.4 Ruídos .......................................................................................................57

5.2.5 Ventos predominantes ................................................................................58

5.3 Conclusão do diagnóstico................................................................................59

6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS ..........................................................................59

6.1 Centro Cultural São Paulo ................................................................................60

6.2 Instituto Inhotim ................................................................................................64

6.3 Centro Cultural “Le Creste” .............................................................................68

6.4 Estudo de caso Inhotim Escola ..........................................................................70

6.5 Conclusão geral..................................................................................................71

7. LEIS PERTINENTES ............................................................................................72


7.1 Plano diretor, código de obras e uso e ocupação de Lavras .............................72

6.2 Leis complementares .........................................................................................74

8. ESTUDO PROJETUAIS ........................................................................................75

8.1 Programa de necessidades .................................................................................75

8.2 Fluxogama .......................................................................................................77

8.3 Conceito ............................................................................................................78

8.4 Partido Arquitetônico .......................................................................................80

9. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES TCC 2 ........................................................82


11

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto de pesquisa realizada no curso de Arquitetura e Urbanismo


sobre o desenho urbano e cultura local, tendo como objeto de estudo e análise o Centro Cultural
que será implantado no bairro Santa Filomena de Lavras, MG.
Culturalmente, o Brasil é um país marcado por diferenças acentuadas nas classes sociais,
resultando uma população marcada por características distintas. Desse modo é preciso analisar
bem para criar um espaço que de fato atenda a todos, visto que a necessidade é preencher a
escassez de espaços públicos para lazer e cultura em Lavras, apresenta-se aqui então um projeto
que visa atender todos os requisitos aqui discutidos.
O objetivo é analisar e compreender a cultura local e de modo que possa ser elaborado
um espaço que de fato atenda os moradores da cidade, bem como o parcelamento do solo e as
infraestruturas urbanas, e elaborar uma proposta de um edifício que atenda os princípios sociais,
ambientais, socioeconômicos e arquitetônicos, e utilizar a leitura da situação da cidade de Lavras
como ponto de partida para a execução do projeto.
A metodologia empregada está estruturada na realização de pesquisa bibliográfica
existente sobre o tema cultura, estudos de projetos análogos, análise de mapas de estudo
elaborados pela autora, visitas à área, levantamento fotográfico e documental do bairro, bem
como consultas às diretrizes do Estatuto da Cidade. A proposta é entender o perfil da cidade e
moradores para assim, criar espaços que sejam necessários e adequados ao mesmo e entorno,
almejando a qualificação urbana, pensando no espaço quanto sua acessibilidade, evolução,
sustentabilidade econômica.

1.1 Tema

Conforme a cidade desenvolve, pessoas de diferentes culturas e tribos vão surgindo.


Principalmente na cidade de Lavras, por se tratar de uma das mais importantes cidades
universitárias do país, recebendo anualmente em média 20 mil alunos que pertencem a diferentes
lugares do Brasil, impossibilitando assim que a cultura somente do município seja avaliada para
a configuração do espaço proposto. Porém é sempre importante que haja espaços urbanos para
que essas manifestações culturais ocorram, são eles, teatros, praças, igrejas, museus e afins,
diferentes espaços. Dessa forma se torna importante debater o que exatamente é cultura e qual é
a melhor forma de produzir um espaço para a manifestação desta.
12

A arquitetura está inteiramente interligada com a cultura de uma cidade, ou de um povo,


quando fazemos uma percepção da cidade como um todo. O que torna de suma importância que
haja uma discussão sobre o assunto que abranja um local em específico para que ocorram as
manifestações culturais. A cultura se manifesta através de objetos materiais e atividades de um
povo, de acordo com SILVA (2006), “cultura é todo complexo de conhecimentos e toda
habilidade humana empregada socialmente!” ou seja, ela acontece por meio da participação e
interação de pessoas que buscam interesses em comum ou diversos.
A implantação do projeto do Centro Cultural Multilavras tende a contribuir para que haja
melhor entendimento das pessoas sobre o assunto, que percebam qual é a melhor forma de
utilizar o espaço para as manifestações culturais e que seja de grande contribuição para que estas
ocorram com a maior qualidade possível e com toda infraestrutura necessária.
Os centros culturais estão sendo cada vez mais implantados no Brasil, e esse trabalho
busca trazer um entendimento melhor sobre o assunto, sua importância, compreender melhor a
cultura, como um edifício público pode contribuir para o assunto.

1.2 Contextualização

Segundo OLIVEIRA (2015), “a cultura é parte do que somos, nela está o que regula
nossa vivência e nossa comunicação com a sociedade. ” e com esse pensamento é possível
perceber a importância da cultura no mundo e como é necessário que compreendamos a maneira
como ela se manifesta no outro, em diferentes povos e lugares ao redor do mundo, somente
compreendendo a cultura, podemos de fato projetar espaços para atender o que é, para cada um.
Tudo pode ser visto como cultura, desde o modo como a pessoa se veste, até mesmo
como a maneira como fala, se articula e come. Por isso o estudo da cultura é tão complexo pois
nela existem aspectos tangíveis e intangíveis. Tudo isso constrói a realidade social do indivíduo
e das pessoas que moram naquele espaço, as normas e valores são variáveis também em
diferentes lugares, assim como dito também por OLIVEIRA (2015), “As normas e os valores
possuem grandes variações nas diferentes culturas que observamos” é necessário que haja
estudos específicos para cada local onde será inserido um projeto.
Recentemente o presidente da FIEMG - Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais, Robson Braga comunicou que a cidade de Lavras foi incluída como uma das cidades que
compõe a Estrada Real, um dos maiores complexos turísticos do país, esta conquista diz muito
sobre a cultura local e a importância da cidade na época em que os mineradores saiam das
cidades litorânea para buscar pedras preciosas nas cidades mineiras. Mas até então não havia
13

muitos cuidados com a questão da preservação da cultura local e de seus bens históricos, assim
apesar da cidade contar com um amplo acervo de bens tombados e inventariados, muito se
perdeu, inclusive o Teatro Municipal, principal símbolo da cultura local e onde ocorriam os
maiores eventos culturais da época, sendo eles peças de teatro, apresentação de dança, shows,
entre outros.

Figura 1- Estação Ferroviária Costa Pinto, hoje, Teatro Municipal João Ferreira de Carvalho.
Fonte: pml.lavras.mg.gov.br

1.3 Problema de pesquisa

Seja no campo individual ou no social, as manifestações culturais se originaram, e se


mantiveram, pela questão da identificação de valores e pelas tradições, fatores relevantes dos
hábitos culturais. Porém as artes populares encontram dificuldades em se manterem vivas,
SARAIVA (2010) afirma que “há a arte popular desvalorizada tratada por alguns como
marginalizada, por servir de resistência cultural durante muito tempo por alguns grupos sociais
excluídos.” De forma geral, as manifestações culturais expressam vontades de um povo, muitas
vezes apontam novas ideias sociais e reivindicações de um novo tempo, uma nova cultura que
14

surge espontaneamente. O povo faz sua arte, mantendo suas tradições, suas raízes, seja como
forma de manifestação ou até mesmo como imposição de seus valores.
Na cidade de Lavras, foi inaugurado o Teatro Municipal Sant'ana no ano de 1862,
consolidado como o maior marco cultural da cidade de então, recebendo diversas atrações, como
apresentações de dança, óperas, teatros, musicais e exposições. Contudo, 100 anos após sua
inauguração, no ano de 1962 o teatro foi demolido, deixando uma grande lacuna na cultura
lavrense. Muito se perdeu com esse evento, até mesmo do interesse dos moradores com relação à
essa questão.
Com a falta de espaços adequados para a prática dessas manifestações, muitos eventos
deixaram de ocorrer, e os que ainda ocorrem são em espaços inadequados como vazios urbanos,
o que acarreta problemas como falta de iluminação, mobiliários, segurança adequados, muitas
vezes até em lugares extremamente afastados dos centros urbanos, que dificulta os acessos e
torna as pessoas cada vez mais distantes das questões culturais. Torna-se então de suma
importância a elaboração de um espaço que possa novamente servir como um grande centro
cultural da cidade.

1.4 Justificativa

Um dos desafios com os quais se deparam os gestores de políticas públicas culturais são
as relações entre os governos, ou seja, manter o equilíbrio entre cidadãos e a estrutura do fluxo
cultural, o que ocorre devido à desigualdade inter e intraestadual, cabendo aos municípios os
assuntos de interesse local (BRASIL, 2009). A cultura é garantida como um direito do cidadão a
partir da constituição de 1988, porém ainda requer uma grande organização sistêmica de política
e recursos.
Tendo em vista a análise do momento cultural que a cidade de Lavras vive, o estudo
desse tema justifica-se pela importância da criação de um edifício que centralize as atividades
culturais e eventos, abordando diversas atividades relacionadas à música, dança, teatro,
exposições, fotografias e literatura. Acredita-se que a elaboração do edifício traga novamente o
olhar da população para as atividades culturais, que muito se perdeu.
O interesse pelo tema abordado na construção desse trabalho surgiu através de uma
experiência de convívio na cidade de Lavras e com seus eventos culturais, além da vivência
semanal com a casa da cultura municipal e seus profissionais.
15

É além de um centro cultural a proposta de construir um espaço que possa abrigar


diversas manifestações artísticas e concentre as associações que geram arte e cultura no
município, sendo elas:

• Associação meninas cantoras de Lavras - Projeto que já existe a 10 anos e oferece


aulas de canto a meninas de 5 a 18 anos.

• Corporação musical - Banda marcial municipal, bem tombado imaterial do


município e já ocorre a 105 anos.

• Academia Lavrense de Letras - Instituição que à 50 anos apoia a arte a literatura e


os escritores.

• ALAC - Associação Lavrense de artesões e arte culinária - A associação já existe a


20 anos e conta com diversos artesões afiliados da cidade e expõem seus produtos.

• APROAC - Associação para promoção da arte e cultura - É um projeto musical que


oferece aulas de instrumentos à pessoas de baixa renda, atualmente conta-se com
mais de 150 alunos.

• Fotógrafos amadores de Lavras - Associação de fotógrafos amadores que


fotografam eventos na cidade e expõe suas fotografias ao longo do ano.

Durante a pesquisa a autora identificou que não existe um espaço público adequado para
acolher todo o potencial cultural da cidade e por fim, deseja-se com esse trabalho contribuir para
a preservação e propagação da cultura pelo município.

1.5 Objetivos gerais

O trabalho de conclusão de curso apresentado a seguir tem como objetivo é elaboração de


um projeto arquitetônico para um centro cultural na cidade de Lavras com o intuito de trazer de
volta um local que possa ser o centro das manifestações culturais na cidade.

1.6 Objetivos específicos

• Estudar materiais e formas construtivas que tragam conforto térmico, acústico e


visual para as pessoas que utilizam o local;
16

• Fazer pesquisas sobre espaços que atraiam pessoas de todas as classes sociais para
ele;
• Estudar a cultura local;
• Desenvolver estudos projetuais.
• Analisar referências projetuais;

1.7 Metodologia

Após a definição do tema, serão apresentadas pesquisas, análises e diagnósticos a fim de


obter uma melhor concepção do tema abordado e do projeto de estudo escolhido. Os
procedimentos metodológicos utilizados são:

• Registros fotográficos;
• Pesquisas feitas em diferentes meios, como: livros, artigos publicados e sites da
internet;
• Análises e diagnósticos
• Visitas técnicas ao objeto de estudo
• Uso de programas para edição e colaboração do projeto: AutoCAD, SketchUp, V-
ray, Google Earth, Photoshop e Publisher.

O corpo deste trabalho está dividido em três partes: em pesquisa teórica, apresentação de
desenhos da proposta e desenvolvimento e conclusão do trabalho. A primeira parte pauta-se na
pesquisa teórica, através da leitura de livros, artigos publicados em sites da internet, em que são
apresentadas as características do desenvolvimento do espaço cultural, conhecendo melhor a
cultura da cidade, eventos que já ocorrem nela, a importância da implantação da infraestrutura
necessária e de um marco que se torne referência para o tema, apresentando a história dos
centros culturais ao redor do país e do mundo. Para a elaboração da análise e do diagnóstico da
área e do entorno do objeto de estudo, foi feita pesquisa em campo, entrevistas, observação do
cotidiano e usos que justificam a escolha do local.
A segunda será feita com base nas pesquisas desenvolvidas, dará partido para a proposta
projetual, com desenhos no geral, em escala adequada para melhor compreensão e entendimento
da proposta.
17

A terceira parte de conclusão do trabalho, apresentando o conteúdo necessário para a


apresentação de um projeto arquitetônico, esse projeto apresentará soluções gerais que foram
abordadas nas etapas anteriores.

Tabela 1 - Referências utilizadas na etapa 1 - Referencial teórioco


Título Autor/ Ano Síntese de discussões
Cultura – um conceito
LARAIA. 1986 Definição de cultura
antropológico
Centro Cultural: a Cultura à Conceito de centro cultural e
NEVES, 2003
promoção da arquitetura suas atividades
Centro Cultural: território
privilegiado da ação cultural e Qualidades possibilitadas por
RAMOS, 2007
informacional na sociedade um Centro Cultural
contemporânea
Que papéis um centro cultural
Importância do Centro
exerce para o desenvolvimento MENEZES, 2005
Cultural para a sociedade
do povo de uma cidade?
Sobre arquitetura, cultura e A relação da arquitetura com
NUNES, 2007
consciência a cultura
Arquitetura contemporânea: História da arquitetura
GHIRARDO, 2012
Uma história concisa contemporânea.
Fonte: A autora

Tabela 2 - Referências utilizadas na etapa 1 - Estratégias projetuais e diagnóstico


Título Autor/ Ano Síntese de discussões
Kindergarten chats and other
SULLIVAN, 1947 Relação forma x função
writings
Conforto ambiental, desafio Importância das condições
ARAÚJO, 2015
para arquitetos climáticas para a arquitetura
Importância das cores para
A importância das cores para
arquitetura e seus COUTO, 2017
a arquitetura
significados
A importância da ventilação
A importância da ventilação
natural para a arquitetura NUNES, 2014
natural para o projeto
bioclimática
Fonte: A autora

1.8 Cronograma das atividades TCC1

Para melhor organização do trabalho de conclusão de curso aqui apresentado, foi feito
um cronograma baseado nas atividades a serem feitas e os prazos estabelecidos pelo orientador
em conjunto com seus orientados.
18

Tabela 3 - Cronograma de atividades TCC 1


ETAPAS FEV MAR ABR MAI JUN JUL
1º Etapa: Elaboração do projeto,
definição do tema do objeto e
metodologia e objetivos.
2º Etapa: Levantamento
bibliográfico, desenvolvimento das
referências e Fundamentação teórica.
Com discussões com o orientador.
3º Etapa: Levantamento fotográfico
do objeto
Discussões com o orientador.
4º Etapa: Elaboração de
diagnósticos, mapas, gráficos e
análises cartográfica e estudo
demográficos.
Estudo da legislação pertinente,
estudos iniciais e preliminar. Estudo
volumétrico, programa de
necessidades e elaboração do
conceito e partido. Discussões com o
orientador.
5º Etapa: Revisão do TCC1, análise
de impactos socioambientais,
redefinição do problema projetual.
Anteprojeto
Discussões com orientador,
redefinição do projeto, entrega TCC
1
Fonte: A autora

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Sobre o ponto de partida, para a fundamentação teórica são abordadas as discussões


sobre: O que é cultura, o que são os centros culturais, sua história ao redor do mundo e do país, a
relação cultura e cidade, a importância da arquitetura e a arquitetura contemporânea no Brasil e
no mundo.

2.1 O que é cultura?

A sociedade contemporânea se mostra cada vez mais preocupada em compreender os


caminhos que conduziram a sociedade a suas relações presentes e suas perspectivas de futuro.
Ao longo da história é possível perceber a quantidade de contatos e conflitos entre os modos
diferentes de se organizar a vida social, de se expressar, se vestir, de utilizar materiais naturais e
adapta-los a diferentes fins. A história também mostra como houveram transformações nas
culturas. No Manifesto sobre aculturação, resultado de um seminário realizado na Universidade
19

de Stanford, em 1953, os autores afirmam que "qualquer sistema cultural está num contínuo
processo de modificação. Assim sendo, a mudança que é inculcada pelo contato não representa
um salto de um estado estático para um dinâmico mas, antes, a passagem de uma espécie
de mudança para outra. O contato, muitas vezes, estimula a mudança mais brusca, geral e rápida
do que as forças internas". (Laraia, 1986, p. 50)
Assim é possível afirmar que existem dois tipos de mudanças culturais, sendo elas, a
interna, que é resultante da dinâmica e do próprio sistema cultural, e a externa, que é resultando
do contato com o sistema cultural de outra pessoa. Na maioria das vezes, a mudança que mais
ocorre, é a externa, no caso, com convívios com terceiro, assim, em sua grande maioria as
modificações culturais que ocorrem com os indivíduos se devem às pessoas que esses convivem.
Assim é possível analisar melhor uma cultura, quando se analisa um povo como um todo, claro
que não é algo a se generalizar, mas independente das particularidades dos indivíduos, sempre
acaba tendo algo resultante desse convívio, podendo ser a forma como a pessoa se veste, se
alimenta ou até mesmo as questões climáticas e ambientais que envolvem um povo. Como no
caso do Japão, que possui a maior parte da alimentação composta por alimentos marinhos,
graças a pequena extensão territorial, que impede a plantação de alimentos, e o fato do país estar
completo cercado por mares.
No momento em que vivemos, é possível perceber que a cultura se tornou ainda mais
subjetiva, graças a globalização e como uma pessoa do outro lado do mundo consegue
influenciar diretamente no estilo de vida de uma pessoa. Isso afeta drasticamente a vida das
pessoas, como no caso dos padrões de belezas, que fazem com que as pessoas muitas vezes
adentrem em problemas de autoestima e psicológicos, graças a incapacidade de se ver com um
estilo de vida, ou características físicas, de um determinado povo em outro determinado local.
Outra questão cultural importante a ser citada, é que muitas vezes para se romper uma
questão cultural é preciso passar por situações dolorosas e de conflito, como citado por Laraia
em sua obra cultura, um conceito antropológico:

[...] O tempo constitui um elemento importante na análise de uma cultura.


Nesse mesmo quarto de século, mudaram-se os padrões de beleza. Regras morais que
eram vigentes passaram a ser consideradas nulas: hoje uma jovem pode fumar e m
público sem que a sua reputação seja ferida. Ao contrário de sua mãe, pode ceder um
beijo ao namorado em plena luz do dia. Tais fatos atestam que as mudanças de
costumes são bastante comuns. Entretanto, elas não ocorrem coro a tranquilidade que
descrevemos. Cada mudança, por menor que seja, representa o desenlace de numerosos
20

conflitos. Isto porque em cada momento as sociedades humanas são palco do embate
entre as tendências conservadoras e as inovadoras [...] (Roque Laraia, 1986, p. 51)

Assim, podemos concluir a cultura está sempre em mudanças em diversos aspectos, e a


maneira como uma sociedade vive também está nesse mesmo processo de evolução, assim é
necessário entender a cultura contemporânea de um determinado local, entender o conceito dos
usos públicos para a elaboração de um projeto, para que ele seja de fato utilizado em diversas
gerações independente da evolução cultural que vier.

Figura 2 - Gueixa, exeplo de manifestação cultural japonesa.


Fonte: Tumblr.com, autor desconhecido

2.2 O conceito de Centro Cultural

Não há um modelo definido do que de fato é um centro cultural, porém graças ao


aumento de edifícios que carregam esse nome, se torna necessário questionar o que de fato torna
um edifício um centro cultural e quais são suas características. Isso se deve graças a dificuldade
de contextualizar o que de fato é o conceito de cultura, que sempre gera discussões, porém nunca
há de fato um só significado.
No entanto a conceitualização de centro cultural é mais fácil de ser definida graças ao seu
programa, e as atividades que serão desenvolvidas nesse espaço. Podendo tanto se tratar de um
espaço específico como de um espaço de multiusos, proporcionando lazer, esportes, espaços de
estudos e leituras, e apresentações de filmes, de danças e exposições de artes.
A principal função da criação de um centro cultural, é proporcionar um espaço que
ofereça infraestrutura suficiente para a propagação de práticas culturais. São espaços de tornar a
21

cultura viva, por meio de atividades, processos criativos, grupais, exposições de artes, entre
outros.
A cultura pode ser feita em qualquer praça, qualquer salinha pode se tornar uma galeria
de exposição, não existe um modelo específico para um centro cultural, porém é possível
diferencia-lo facilmente de qualquer outro tipo de edifício (escola, shopping, academia) e essa
diferenciação ocorre graças a sensação que quem entra em um centro cultural de viver diversas
experiências e rever sua própria relação com seu entorno, sua cultura e os demais.
Dentre todas as edificações, um centro cultural é o que mais necessita estar interligado
com o lugar onde será inserido, assim é necessário estudar a cultura local, os grupos sociais,
obter vínculos com a população, estar atento a acontecimentos históricos e questões que
influenciam totalmente na contextualização do projeto com o município esse será inserido.
Os centros culturais devem por objetivo, unir as pessoas, tornando espaços agradáveis
para todas as pessoas independente de suas classes sociais, idades e condições financeiras, e a
arquitetura pode contribuir ou desfavorecer essa questão.

Não é à toa que a arquitetura torna-se exuberante quando projeta obras ligadas à esfera
cultura. O caráter monumental diz que a própria beleza é um discurso ligado à Cultura
como posse. Um Centro Cultural feio seria uma contradição. Tudo isso leva a apontar
para a supremacia do caráter formal dos prédios que proliferam com essa denominação
sobre a sua própria razão de existir. (Luís Milanesi, 2003)

2.3 A origem dos centros culturais no Brasil e no mundo

Alguns estudiosos alegam que a origem dos centros culturais foi na antiguidade clássica,
em algum complexo cultural como o caso da biblioteca de Alexandria (figura 3).

[...] No século XIX foram criados os primeiros centros culturais ingleses,


denominados como centros de artes. Porém, somente no final da década de 1950, na
França, surgiram as bases do que, contemporaneamente, entende-se como ação
cultural. Os espaços culturais foram lançados a partir de uma opção de lazer para os
operários franceses, com o objetivo de melhorar as relações entre as pessoas no
trabalho, criando áreas de convivências, quadras esportivas e centros sociais. Mais
tarde, em casas de cultura. (Renata Neves, 2012)
22

Figura 3 - Biblioteca de Alexandria


Fonte: nationalgeophic.com.es

A primeira criação de um centro cultural, aconteceu na França, Centro Cultural Georges


Pompidou (figura 4) no ano de 1977, o edifício contava com uma exuberância arquitetônica e foi
uma explosão de incentivo à criação de outros vários centros culturais, e fazendo com que a
França fosse vista como um país “culto” que mantinha sempre a importância de propagar sua
cultura e valoriza-la.

Figura 4 - Centro Cultural George Pompidou, França


Fonte: worldfortravel.com/

Alguns anos depois foi a vez do Brasil adotar a ideia e na década de 80 foi criado o
Centro Cultural do Jabaquara (figura 5) e o Centro Cultural de São Paulo. Até hoje considerados
um dos mais importantes ícones brasileiros na referência de centros culturais.
23

Figura 5 - Centro Cultural Jabaquara.


Fonte: archdaily.com.br

Segundo o setor da cultura do governo brasileiro, existem atualmente no Brasil um total


de aproximadamente 2.500 centros culturais, entre museus, teatros e bibliotecas.

[...] os centros culturais, sendo espaços criados com a finalidade de se produzir e se


pensar a cultura, tornam-se o território privilegiado da ação cultural e da ação
informacional na Sociedade da Informação e do Conhecimento (RAMOS, 2007).

2.4 A função do centro cultural

“Sem dúvida, o primeiro papel exercido por um centro cultural para o


desenvolvimento do povo de uma cidade é a inclusão social desse povo na cadeia
produtiva da cultura, oferecendo condições para que todos - especialmente aqueles
excluídos do consumo das artes - tenham acesso à inventividade artística das diversas
manifestações culturais.” (Henilton Menezes, 2005)

Assim a cultura e a arquitetura andam de mão dadas, oferecendo um espaço para ancorar
numa determinada cidade um local de atividades não-comerciais, para todos os públicos,
oferecendo todos os tipos manifestações culturais. Também abre espaços para novos artistas
apresentarem seus trabalhos de formas dignas e melhora a relação entre o artista e o público.
24

Por isso vale ao arquiteto estudar de fato qual a cultura local para poder projetar um
edifício que realmente condiz com a população e com a cidade de forma geral, se adequando as
construções civis já existentes no município.

2.5 A importância da arquitetura para a cultura

A arquitetura é uma das mais importantes artes, tanto na dimensão material, quanto na
sua extensão social, pois é confiado ao arquiteto a função de projetar espaços que contarão com
clareza a história de nossa civilização. É função social do arquiteto criar objetos capazes de
serem representativos em uma comunidade dentro de um determinado espaço e de tempo, ou
seja, o arquiteto produz cultura.
A cidade e a arquitetura guardam essências dos indivíduos que vivem em um
determinado local, tanto o urbanismo como a arquitetura interferem constantemente na vida das
pessoas, sejam com suas ruas e praças, ou fachadas e varandas. Ambos revelam um pequeno
mundo daqueles que ali habitam. Para Ricardo Nunes (2007), havendo talento o arquiteto é
capaz de transformar barro, pedra, madeira, cal, em emoções. O arquiteto quando projeta um
edifício perpetua no tempo a mais bonita das artes.
Cidades brasileiras como Olinda, Ouro Preto, Paraty e Brasília foram projetadas por
arquitetos e atualmente são consideradas patrimônios da humanidade e exemplos vivos da
importância do trabalho sensível que os arquitetos são capazes de fazer. Também existe a
questão do urbanismo que pode ser visto no exemplo da cidade de Curitiba, que até alguns anos
foi considerada um caso caótico, graças às gestões urbanas em conjunto com os políticos atuais é
considerada um dos maiores modelos de cidade e vem sendo copiada por diversos países
desenvolvidos.

Ao decidir mudar a capital do Brasil na década de 50, o presidente


Juscelino poderia ter encomendado a tarefa de construção da nova cidade aos burocratas
ministeriais, como faz a maioria dos administradores públicos brasileiros. Na
mesquinhez das suas decisões de interesses pessoais e partidários, teriam certamente
produzido mais um desastre urbano para o Brasil. Mas não. Decidiu municiar-se de dois
fiéis escudeiros: de um lado o urbanista Lúcio Costa e do outro, certamente o esquerdo,
o arquiteto Oscar Niemeyer e juntos conduziram a maior e mais bela aventura da
Arquitetura e da Engenharia brasileira, a construção não só da cidade de Brasília, mas
de um monumento à inteligência da humanidade. (Ricardo Nunes, 2007)
25

Graças a essas questões é impossível falar sobre a cultura de um determinado povo sem
que a questão da arquitetura estar envolvida, assim como é possível identificar diferentes
culturas através do modo como a pessoa se veste, se alimenta, é também possível identificar pela
arquitetura existente. A arquitetura conta a história de um povo, conta como uma certa
civilização viveu em uma determinada época, ela está totalmente conectada com a questão da
maneira como a cultura se manifesta e a população daquela área vive. Assim é possível
identificar através de apenas uma foto em qual país um determinado edifício está situado, assim
como o caso das Pirâmides do Egito (figura 6).

Figura 6 - Pirâmide do Egito


Fonte: noticiaagora.com.br

2.6 Arquitetura contemporânea no mundo e no Brasil

O pós-modernismo surgiu no ano de 1965, nos Estados Unidos e é compreendido como


um fenômeno estilístico em primeiro lugar, mas deve ser compreendido também no contexto do
movimento que se opôs ao movimento anterior, ou seja, o modernismo, que era considerada uma
arquitetura anacrônica. Os melhores registros acadêmicos existentes dessa transição da
arquitetura foram publicados por Kenneth Frampton, Mary McLeod e outros.
Um dos livros mais importantes para que o movimento viesse à tona, sobrepondo o
modernismo foi “Morte e Vida das Grandes Cidades”, de Jane Jacobs (1961), que criticava
totalmente o modo como o modernismo pensava as cidades, não de fato para os usuários. Com a
aceitação gradual das ideias de Jacobs houve também a aceitação renovada da variedade visual
da cidade, os urbanistas começaram a justapor elementos diferentes, em vez da busca que existia
26

da tela contínua. Um dos primeiros edifícios criados com as características do pós-modernismo


foi a Escola de Direito Loyola em Los Angeles, Califórnia no ano de 1981 (figura 7).

Figura 7 - Escola de direito Loyola, Califórnia


Fonte: laconservancy.org/

Porém o pós-modernismo não está sozinho em questão aos movimentos que se opuseram
ao modernismo, existem atualmente o High-Tech, Desconstrutivista, Regionalista crítica e
Neomoderna. Ambos movimentos possuem características singulares que constituem a
arquitetura contemporânea. O High-Tech, como o próprio nome diz está relacionado à grandes
questões de tecnologias, surgiu aproximadamente no ano de 1970, utilizando materiais e técnicas
modernas, um bom exemplo de arquitetura High-Tech são as obras do arquiteto inglês, Norman
Foster. Já a arquitetura Descontrutivista surgiu no fim dos anos 80 e é caracterizada pela
fragmentação e pelo processo de desenho não linear. São formas não retilíneas que servem para
destorcer e deslocar elementos arquitetônicos dando movimento a obra, seu nome tem base no
movimento literário Russo que existiu no ano de 1920, um grande exemplo de arquitetura
Desconstrutivista é a aquiteta iraquiana-britânica Zaha Haddid (figura 8).
27

Figura 8 - Edifíci Torre Espiral, Zaha Hadid


Fonte: al-fernanmedia.org

Porém uma característica geral na arquitetura contemporânea, é que não existe uma regra,
ou seja, um padrão para as formas e escolhas de materiais. O Brasil nos dias de hoje apresenta o
reaparecimento de linguagens projetuais fortemente relacionadas com o racionalismo, uma
característica do Movimento Moderno, com tendências minimalistas. Porém há um enorme
cuidado com questões ambientais e de conforto, que não existia no Modernismo.
Segundo Ghihardo (2012) “A arquitetura atual não possui uma linguagem única, cada
obra faz uma reinterpretação da arquitetura do passado, através de uma releitura do significado
que cada elemento desempenhava na obra, os dos próprios estilos da arquitetura.” A partir dessas
observações, novos elementos, relacionados com os que já existem são introduzidos sem que
seja obrigatório o uso desse determinado elemento em todas as obras. Assim através de uma obra
atual é possível ver características de obras antigas sem que ocorra um falso histórico, já que a
arquitetura contará com diferentes detalhes que mostraram que essa faz parte da arquitetura
contemporânea. São vários arquitetos contemporâneos que se destacam no âmbito nacional,
dentre eles, foi escolhido ressaltar a obra Casa em Paraty (figura 9), do escritório de arquitetura
Studio MK27.
28

Figura 9 - Casa Paraty, Rio de Janeiro, Brasil - Studio MK27


Fonte: archdaily.com

2.7 Compreensão geral do referencial teórico

Através do referencial teórico foi possível compreender um pouco mais a respeito do que
é cultura, como ela influencia diretamente na vida das pessoas e como o arquiteto tem um grande
peso nessa questão, a contextualização e conceitualização dos centros culturais no Brasil e no
mundo, como a arquitetura contemporânea se consolida nos tempos atuais, pois só a partir desses
estudos é possível elaborar um projeto que de fato atenda às questões culturais e da cidade, sem
que saia dos critérios arquitetônicos.

3. ESTRATÉGIAS ROJETUAIS

3.1 Formalização

Através dos anos a arquitetura contou com diferentes tipos de movimentos arquitetônicos
e esses foram de grande importância para a resultante da arquitetura que existe hoje. Desde o
surgimento do homem, já existiam movimentos arquitetônicos, sendo eles a arquitetura rupestre
e neolítica. Com o passar dos anos, as modificações culturais dos indivíduos e das maneiras
como vivemos, a arquitetura também teve seus movimentos evoluindo. Já na arquitetura
moderna contamos com movimentos importantes como os movimentos Brutalistas, Orgânica,
29

Bauhaus e construtivistas. Ainda mais próximo de nossa realidade atual, existem os movimentos
High-tech, desconstrutivista, neomoderna e Regionalista crítica.
Entende-se por “função” o atendimento a um conjunto de necessidades, e na arquitetura
existe a relação de oposição entre a “forma”, que nada mais é do que o aspecto exterior dos
corpos materiais. Para algumas pessoas, a forma nada mais é do que um aspecto redundante e
não de alguma importância para a questão arquitetônica, assim como para Louis Sullivan,
criador da Bauhaus, “a forma segue a função” (Sullivan 1947), porém a arquitetura é composta
pela conformação do espaço para o homem pelo próprio homem, adaptando quando necessário
para se adequar o atendimento de alguma necessidade.
Forma é cor, textura, formato, e de grande âmbito cultural, é praticamente impossível
fazer arquitetura sem incluir ambos, função e forma. Esses são sim diferentes e acreditar no
contrário é se equivocar, afinal a forma está incluída na função. Cada arquiteto decide através de
qual dos dois critérios pretende iniciar seu projeto, assim como era uma característica do
modernismo focar na função, já é uma característica do high-tech voltar para a forma.

3.2 Gestalt

Iniciado por volta de 1910, na Escola da Gestalt é uma doutrina da psicologia baseada na
ideia da compreensão da totalidade para que haja percepção das partes. Gestalt é uma palavra
alemã e sua tradução se aproxima de “forma”.
A Gestalt procura tornar mais explícito aos nossos olhos o que está implícito nas formas
que são apresentadas. Existem leis da Gestalt que são estabelecidas a partir da observação do
comportamento do cérebro ao longo do processo de percepção de formas e imagens, essas leis
interferem diretamente em diferentes profissões, umas delas a arquitetura. As leis são:
Segregação, Unidade, Unificação, Fechamento, Continuidade, Proximidade, semelhança e
Pregnância da forma.
É possível fazer uma breve análise das leis através da arquitetura. A segregação é a
capacidade perceptivas de separar, destacar e identificar formas em um todo, é capaz de gerar
desigualdade de estímulos, sendo assim podemos utiliza-la para hierarquizar elementos. Já a
unidade é a conceitualização de um elemento que pode ser constituído por uma única parte ou
por várias partes em conjunto que o forma, como por exemplo o museu do MAPS em São Paulo
(figura 10).
30

Figura 10 – MASP
Fonte: pt.wikipedia.org

Já o fechamento nada mais é do que a sensação visual da forma de continuidade de uma


forma, ou seja, mesmo que haja um espaçamento, nosso cérebro tende a estabelecer uma ligação
entre unidades. A proximidade consiste quando elementos próximos tendem a se agrupar
visualmente, constituindo um todo ou unidades de um todo, como o caso do Palácio do Planalto
em Brasília, que apesar de se tratar de dois edifícios diferentes, visualmente acredita-se tratar de
um só. A continuidade diz respeito a fluidez de uma composição, é a impressão visual de que as
partes se sucedem através de uma organização coerente de modo sem interrupções. A
semelhança ocorre como a continuidade, porém essa se deve à repetição da forma, assim como
nos Arcos da Lapa, Rio de Janeiro (figura 11). Por último a pregnância se deve à fácil percepção
das formas.

Figura 11 - Arcos da Lapa, Rio de Janeiro


Fonte: visitriodejaneiro.city
31

3.3 Sistemas estruturais

Os sistemas estruturais são caracterizados por serem as partes mais resistentes de uma
construção. São elas o “esqueleto” da obra e que absorvem e transmitem esforços, sendo
essenciais para a solidez e segurança da edificação.
A execução de uma obra, independentemente de sua proporção, sendo ela de pequeno ou
grande porte, implica obrigatoriamente a construção de uma estrutura suporte, que necessita
também de um projeto, planejamento e execução própria. Desta forma, a estrutura de uma
construção tem a finalidade de assegurar que a forma espacial idealizada pelo autor da obra,
tenha integridade garantida por muitos anos.

3.3.1 Tipos de estruturas

Através dos estudos feitos, foi possível encontrar quais sistemas estruturais mais se
adequam ao partido, cada sistema possui suas vantagens e desvantagens, assim, analisando as
características de cada um deles é possível perceber qual se adequa melhor à cada ambiente e
cada necessidade. De modo geral, no projeto do Centro Cultural Multilavras será utilizado
sistemas mistos, compostos pelo sistema adequado ao uso de cada ambiente, porém
predominantemente estrutura metálica graças à leveza que proporciona, questão ambiental por
ser um material que possibilidade a reutilização e menor produção de resíduos.

Tabela 4 - Tipos de sistemas estruturais


Sistema Prós Contra Resumo
Tem elevada resistência,
tanto à compressão
quanto à tração, esbelteza No geral é um material
das peças resistentes, Necessidade de proteção com ótima resistência
agilidade na execução, contra corrosão e atende diferentes tipos de
Estrutura metálica
precisão na fabricação e incêndios, alto valor de esforços, porém tem um
montagem, possui custo. alto custo na sua
possibilidade de produção/execução.
reaproveitamento dos
materiais.
Redução das seções das Concreto armado:
peças comprimidas, Resistência à tração No geral são materiais
aumento de área útil inferior se comparada à resistentes, muito
como estacionamentos, compressão, propensão à utilizados, porém
Concreto de alto
como estacionamentos, erros na dosagem, produzem resíduos, cada
desempenho, armado e
redução do peso da necessitam de formas de tipo atende uma
protendido
estrutura, redução das madeira que encarecem o necessidade específica
fundações e aumento da projeto, excesso de como tração ou
vida útil, baixa resíduos. compressão.
permeabilidade, alta Concreto protendido:
32

resistência à abrasão, Precisa de traço exato,


contribui graças à sua não possui mão de obra
porosidade quando em suficiente, necessita de
conjunto com o aço a aço de alta resistência 3x
reduzir a corrosão do mais caro que o aço
material. comum.
Obra rápida e limpa,
construção a seco,
facilidade de montagem e É um material com
manuseio, redução de muitas qualidade, mas
prazo, facilidade de Custo elevado, graças à questão cultural
passagem e manutenção tradicionalismo das e preconceito dos
Steel Frame e wood de instalação elétrica e pessoas, falta de obra brasileiros quanto ao uso
frame hidrossanitária, entre qualificada, só pode do material, não há
outros, leveza e redução construir até 5 muitas obras feitas o que
do custo de fundação, pavimentos. dificulta encontrar
menor número de etapa profissionais adequados
de construção, ganho de para a execução.
área de 4 a 5% e redução
do desperdício.
Produto natural, de fonte
renovável, excelente Possui muitas
isolante térmico e características É um material ecológico,
acústico, fácil de heterogêneas o que que possui alto
trabalhar, tem alta dificulta a padronização isolamento acústico e
durabilidade se as do material, possui alta térmico, porém essa
Madeira
manutenções feitas de vulnerabilidade à porosidade expõe o
maneira adequada, componentes externos, material à muitos agentes
segurança graças à sua não é resistente à fogo, e externos o que afeta a
oxidação, uso versátil e possui dimensões qualidade do material.
possui possibilidade de limitadas.
reutilização.
Fonte: A autora

3.4 Conforto ambiental

O conforto ambiental, é o estudo da compreensão das condições térmicas, acústicas,


luminosas e energéticas, e os fenômenos físicos. Ele está inteiramente ligado à questão básica de
proporcionar aos usuários de determinado espaço as condições necessárias para uso, utilizando-
se racionalmente de recursos disponíveis para melhorar essas condições. Trata-se de fazer um
produto arquitetônico que corresponda física e conceitualmente às necessidades e condicionantes
do meio ambiente natural, social, cultural e econômico de cada sociedade. Por isso é de suma
importância compreender quais as questões ambientais do local onde será implantado o projeto.

“Conhecer as condições ambientais e visitar o local do projeto são fundamentais para se


ter uma noção correta de todas as particularidades como percepção dos ventos, percurso
do sol, ruídos acústicos e vegetação, por exemplo. Posteriormente, com as simulações
feitas em softwares a partir dos dados obtidos no local, temos como ter uma visão bem
33

próxima da realidade e, assim podemos fazer os ajustes necessários antes que a obra
seja executada” (Virgínia Araújo, 2015)

3.4.1 Conforto Acústico

O conforto acústico é um dos mais importantes aspectos a ser analisado em questão de


conforto ambiental, pois ele pode deixar que um edifício perca totalmente sua eficiência,
principalmente quando se trata de um projeto que interfere diretamente na quantidade de ruídos
que produzirá à um bairro e à cidade como um todo.
Existem atualmente tratamento para cada problema acústico e os materiais indicados para
cada uso se classificam de acordo com a ação desejada nos ambientes, conforme indicado na
tabela a seguir (tabela 5).

Tabela 5 - Tipos de materiais para conforto acústico.


Com ação de refletir o som, ou seja, propagar sua
extensão pelo ambiente. Geralmente são materiais
Refletores mais lisos, como revestimentos cerâmicos ou
porcelanatos, massa corrida, lâmina de madeira,
formicas e lacas.
Não deixam o som passar de um ambiente para o
outro, absorvem a reverberação e o efeito eco. São
materiais leves, de baixa densidade. Os materiais são:
Absorventes
a manta de poliuretano, lã de pet e vidro, EPS
(isopor), forrações com cortiça, carpetes e cortinas
grossas.
São materiais sólidos e geralmente densos, com ação
de bloqueio na transferência de ruído de ambiente
para o outro, como tijolos, pedra, gesso, madeira e
Isolantes
vidro com espessura de no mínimo 6mm, desde que
seja feita a total vedação nas esquadrias. Levando em
consideração de que onde passa ar, passa som.
Refletem o som de forma difusa, sem ressonâncias.
São compostos de materiais refletores colocados em
Difusores
superfícies irregulares como pedras ou lambris de
madeira.
Fonte: A autora

Com relação ao tema proposto por esse trabalho de conclusão de curso e o lugar onde ele
será inserido na cidade é de suma importância que haja uma análise mais completa sobre o
assunto, para que não venha a se tornar um fator prejudicial para o entorno. Assim, serão
adotadas diversas técnicas para proporcionar o conforto acústico necessário, aplicando as
diferentes estratégias apresentadas.
34

3.4.2 Conforto Visual – Iluminação

Assim como o conforto acústico, o conforto visual também é de suma importância para
um projeto arquitetônico, porque ele interfere diretamente na produção, nas vendas e na
qualidade de vida de quem habita o espaço. A iluminação incorreta, pode inclusive, causar
acidentes de trabalho.
Dessa maneira, para obtermos um conforto visual adequado, devemos sempre optar por
lâmpadas que reproduzam adequadamente as cores e evitar lâmpadas e luminárias que causem
ofuscamento direto e indireto. A luz mais confortável para os nossos olhos é a luz natural, assim,
é importante sempre que utilizemos essa luz o máximo possível.
Para reduzir o ofuscamento devemos utilizar vários focos de luz, ao invés de um único
ponto, deve-se utilizar luminárias com barreiras entre a fonte luminosa e o olho, nunca
posicionar fontes luminosas na linha da visão e evitar superfícies altamente refletoras.
A importância da escolha das cores das lâmpadas (temperaturas) também são de suma
importância no projeto arquitetônico, pois influencia diretamente na sensação que o ambiente vai
transmitir. Dependendo do uso deve-se até utilizar diferentes temperaturas, para isso existem
normas de luminotécnicas que adequam melhor o uso das lâmpadas.

Figura 12 - Exemplo de iluminação no âmbito cultural


Fonte: happyhour.blogosfera.uol.com.br/

As cores e texturas dos ambientes também interferem diretamente na iluminação, isso se


deve ao fato de que cores escuras absorvem a luz, enquanto clores claras à refletem, as
35

superfícies com texturas rugosas refletem menos do que as superfícies lisas, e vidros possuem
índice de reflexão 0% enquanto espelhos tem índice de reflexão 100%.

3.5 Uso das cores na arquitetura

Quando se relaciona o uso das cores à arquitetura, mais que depressa vem à cabeça das
pessoas a questão de interiores, mas as cores vão na arquitetura muito além disso. Elas devem
ser levadas em conta em todos os elementos dos projetos arquitetônicos, e possui muita
relevância.
A relação do ser humano com a cor vem desde os primórdios, nos primeiros
agrupamentos de civilizações e eram sinais marcantes em suas vidas: o amarelo representava o
sol e o ouro, o vermelho do sangue, verde das plantas e da natureza, azul do céu e das águas e o
marrom da terra. Com isso, a psicologia das cores possui um grande poder de impressão e
percepção nas pessoas, podendo até mesmo alterar o estado de espírito das pessoas.
As escolhas das cores devem ser feitas de maneira harmônica, condizendo com a
impressão que o ambiente ou o projeto em si desejam passar, cores fores, ou seja, cores quentes,
como laranja, vermelho passam a sensação de aconchego em ambientes internos, e em ambientes
externos chocam e ressaltam aos olhos. Já as cores frias como violeta, azul são relacionadas à
calma e introspecção, sendo adequadas para quarto de crianças e bebês, salas de estudo.

Figura 13 - Guia emocional das cores


Fonte: mundodapsi.com
36

3.6 Sustentabilidade

Quando se fala em sustentabilidade, vem várias frases à mente como: “Não joga lixo na
rua” ou “papel reciclável”, mas o conceito de sustentabilidade vai muito além de frases. Primeiro
se deve falar sobre a teoria, que possuem variáveis do significado quanto ao assunto de
sustentabilidade, porém a mais conhecida foi estabelecida no ano de 1987 durante a Comissão
Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento sobre desenvolvimento sustentável, sendo
ela: “Sustentabilidade é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem impedir
as gerações futuras ao satisfazerem as suas próprias necessidades.”
Entretanto algumas pessoas acreditam que sustentabilidade dependem somente de um
tripé, ou seja, os pilares sustentáveis, sendo eles composto pela sociedade, economia e meio
ambiente. Ou seja, é necessário balancear serviços como o crescimento agropecuário e de
industrias poluentes, assim como deve ser implantado na sociedade as questões culturais de
preservação, e mantendo a salvo os ecossistemas.
Já na prática a sustentabilidade tem que prezar pelo bem estar ambiental sempre em
primeira estancia, porém não excluindo as outras questões. São raras as soluções realmente
sustentáveis, e muita das vezes deve-se tomar cuidado para que as soluções não sejam “míopes”
ou sejam, corrijam um lado e prejudiquem outro, como no caso de opções em que excluem mãos
de obra humanas e deixam centenas de pessoas na rua à mercê da pobreza.
Atualmente existem metas de sustentabilidade e elas são premiadas através de algumas
certificações, sendo algumas delas, Processo AQUA, que é voltada principalmente para a
questão hídrica, ou seja, premiam obras com características sustentáveis voltadas ao cuidado
com a água. Já BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment
Method, que é voltado principalmente para a economia de energias e gestão de resíduos, garante
benefícios fiscais, redução de impactos urbanos das edificações e melhor qualidade de vida dos
usuários. E por último a se citar o projeto brasileiro Casa Azul, voltado a edifícios residenciais,
que foi criado no ano de 2008 pela Caixa Econômica Federal, possui premiações em três níveis,
sendo elas: ouro, prata e bronze. E assim como os outros apresentados é voltado para a questão
de economia de energia e conforto ambiental.
Segundo a publicação do Instituto para Liderança em Sustentabilidade da Universidade
de Cambridge (2018), há previsto para o ano de 2018 oito novas tendências em questões
sustentáveis sendo elas em tradução livre:
37

• Volatilidade é o novo normal

• Sustentabilidade moldando a cara dos negócios

• Perdas e danos duradouros em função do clima extremo

• Homem versus máquinas

• China e a guinada mundial para o Leste

• O fim da era do plástico

• Um ano decisivo para transparência

• Vida após o carvão

4. DIAGNÓSTICO

Para analisar corretamente a área em que será inserido o projeto, foi necessário o
levantamento de alguns dados do município e do entorno imediato, as metodologias utilizadas
para essas análises foram: (tabela 6).
Através da metodologia já apresentada, foi possível coletar dados necessários para seja
feito um breve diagnóstico sobre a município e seus aspectos, além da cultura local, entorno
imediato da área onde será inserido o projeto, entre outros. Esse diagnóstico está dividido em
contextualização do município, localização do entorno imediato, levantamento do terreno e
justificativa de sua escolha e leis de uso e ocupação do solo.
A primeira etapa, de contextualização do município, traz dados importantes sobre a
cidade, sendo eles: história da cidade, a quantidade de habitantes, economia, eventos que já
ocorrem, dados sobre o índice educacional, o clima, relevo e a faixa etária da população.
Em viabilidade e estudo do terreno são discutidos a escolha do local e um estudo de
viabilidade de implantação do projeto em relação aos equipamentos urbanos já existentes no
local, além da proximidade e facilidade de acesso de diferentes universidades, shopping,
hospitais, mercados e praças. O estudo de terreno informa as condições geográficas existentes,
topografia local, vistas, análise de posição de sol, acessos, área de maior ruído e afins.
Por último será analisado as leis de uso e ocupação que são de grande importância para a
realização do projeto, conhecendo as normas gerais que contribuem para o crescimento da
cidade. Nela é possível encontrar aspectos que fazem com que a cidade cresça de maneira
sustentável, equilibrada e harmoniosa.
38

Tabela 6 - Metodologias
Definição Descrição Banco de dados
Google.com.br/Earth
Os mapas analisados foram
www.google.com.br/maps
oferecidos pela prefeitura
Base cartográfica Wikipedia.com.br
municipal de Lavras e pelo site de
Ibge.gov.br
ferramenta e pesquisa, google.
Pml.lavras.mg.gov.br
O levantamento dos mapas foram
feitos através de programas, Pml.lavras.mg.gov.br
Levantamento fotográfico
sendo eles: AutoCad, SketchUp, Arquivo Pessoal
photoshop e Publisher
Os mapas apresentados tem a
finalidade de oferecer dados
relacionados com os acessos,
Ilustrações e configuração dos
proximidades com diferentes Arquivo pessoal
mapas
pontos importantes para a escolha
da área do projeto, relação com o
bairro e a cidade.
As imagens apresentadas nesse
Recursos utilizados para capítulo foram obtidas através de
Arquivo pessoal
construção das ilustrações levantamento fotográfico feitos
por visitas técnicas na área.
Esses dados foram fornecidos
pela prefeitura municipal de
Leis pertinentes Pml.lavras.mg.gov.br
Lavras, por seu departamento de
trânsito.
Os gráficos foram fornecidos pelo
Ibge.gov.br
Gráficos IBGE e também foram feitos pelo
Arquivo pessoal
programa Excel.
Fonte: A autora

4.1 A cidade

Lavras é um município brasileiro da região do Campo das Vertentes, pertencente ao


estado de Minas Gerais. Localiza-se a uma latitude 21º12’43” sul e uma longitude 44º59’59”
oeste, estando a uma atitude de 919 metros. Sua população, conforme o censo de 2010, era de
92.000 habitantes e na estimativa de 2017 era de 102.124.
Situa-se a 237 km de Belo Horizonte, 380 km de São Paulo, 430 do Rio de Janeiro, 830
km de Brasília e 108 de Varginha.
É uma cidade encantadora que oferece tranquilidade e amplas oportunidades de se
divertir. Seja na prática de esportes, na interação com a natureza através das grandes áreas de
preservação. Além de ser hospitaleira, Lavras ganha seu charme com sua ampla diversidade
cultural, graças à grande quantidade de diferentes culturas e povos que se mudam para lá em
busca de uma graduação melhor.
39

Figura 14 - Localização de Lavras no Brasil, e no estado de Minas Gerais


Fonte: pt.wikipedia.org/

Figura 15 - Foto da cidade de Lavras


Fonte: tvulavras.com.br
40

4.2 História de Lavras

Figura 16 - Antiga estação ferroviária de Lavras.


Fonte: viagemnostrilhos.blogspot.com.br

O Arraial de Sant’Ana das Lavras do Funil foi fundado no início do século XVIII. Os
primeiros habitantes chegaram em uma busca empenhada pela extração de ouro, porém com a
escassez do metal precioso, foi necessário encontrar outras formas de sobrevivência e foi assim
que a agricultura e pecuária se consolidou e se tornaram as principais atividades da região.
Passou a condição de Vila no ano de 1831, e então o povoado não parou de crescer. Já em 1868,
Lavras obteve sua emancipação política e administrativa, vindo a se consolidar como uma das
principais cidades de Minas Gerais.
No ano de 1908 fundada sob o lema do Instituto Gammon, a Escola Agrícola de Lavras
passou a ser chamada de Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) em 1938. No ano de
1994, a instituição tornou-se uma universidade. Hoje conhecida como Universidade Federal de
Lavras (UFLA). Marcando presença no cenário nacional pela qualidade da formação de seus
alunos, e conta com uma grande variedade de cursos e recebe alunos de todas as partes do Brasil.

Linha do tempo:

• 1831: Em 13 de Outubro de 1831, o Arraial de Sant’Ana das Lavras do


Funil foi elevado a vila, denominada Lavras do Funil.
• 1868: Obteve emancipação políticia e administrativa, com denominação
de Lavras, consolidou-se como uma das principais cidades do Sul de Minas.
41

• 1908: Fundada a escola superior agrícola de Lavras (ESAL) idealizada por


Samuel Rhea Gammon, com o primeiro diretor, Benjamim Harris Hunnicutt.
• 1911: Inaugurada a linha de bondes da cidade. Lavras era uma das três
únicas cidades mineiras que possuíam bondes na época.
• 1968: Lavras recebe o ex-presidente Jucelino Kubitcheck, para participar
do Baile do Século, em comemoração ao primeiro centenário de Lavras como cidade.
• 1980: Lavras impulsionou a economia com a criação do Distrito
Industrial, instalando fábricas como a COFAP, que foi inaugurada em 1988.
• 1994: A ESAL se transforma na UFLA, cuja ampliação trouxe milhares de
estudantes vindos de todas as regiões do Brasil.
• 2002: Construção da Usina Hidrelétrica do Funil. A usina foi a primeira do
Brasil a instalar o sistema de transposição para Peixes (STP).
• Inaugurado o prédio da Unidade Regional de Pronto Atendimento de
Lavras (URPA).
• Lavras aparece na 23º posição entre os 30 municípios menos violentos do
país, em estudo divulgado pelo IPEA.

Figura 17 - Rua São Francisco Sales, Centro de Lavras, ano de 1958.


Fonte: lavras24horas.com.br
42

4.3 Principais eventos culturais da atualidade

Graças à realidade da cidade, hoje os principais eventos que ocorrem são voltados para
apresentações de danças, teatros, shows e grandes festas universitárias. Os principais eventos
culturais são:

4.3.1 Aniversário da Ufla – Semana de ciência, cultura e arte.


O Evento ocorre no mês de Setembro e tem uma semana inteira recheado de
programações culturais, como apresentações de orquestras, encontro anuais de ex-alunos,
apresentações de teatros, e conta com a presença de figuras importantes.

4.3.2 Festa Junina BREJÃO


O evento já acontece a 22 anos, e é realizado pelos alunos moradores do alojamento da
Ufla, popularmente conhecido como Brejão, e ocorrem dentro da Universidade Federal de
Lavras, o evento conta com a apresentações de bandas, comidas típicas da festa do ano, grande
número de alunos de diferentes cidades da região, além dos moradores da cidade.

4.3.3 Sarau Cultural: a música e a poesia de Minas


O evento acontece com cantores e convidados do município e da região a fim de resgatar
e homenagear a música e a poesia mineira, sempre de entrada gratuita, sempre aborda diferentes
áreas da cultura como música, literatura, história, poesia, dança, fotografia, teatro, dentre outras.

4.3.4 Mostra cultural de Lavras


O evento conta com diversos artistas dos mais diferentes estilos artísticos se apresentando
e levando cultura aos lavrenses. O evento conta com um grande público e acontece em tendas
provisórias em algum trecho do centro da cidade, e geralmente conta com grupo das Meninas
Cantoras de Lavras.
43

Figura 18 - Exposição de fotos durante a amostra cultural.


Fonte: http://pml.lavras.mg.gov.br/

4.3.5 Ocupa Sexta


O Projeto ocupa sexta, acontece em algum ponto da cidade definido conforme as
possibilidades todas as sextas-feiras e oferece aos artistas locais a chance de se apresentarem e
exporem suas artes.

Figura 19 - Apresentação musical durante a ocupa sexta


Fonte: http://pml.lavras.mg.gov.br/
44

Entre outros eventos que ocorrem na cidade, há diversos encontros de motociclistas,


festas universitárias e de recepção de calouros, apresentações de bandas locais, festivais de
cervejas artesanais, feiras de artesanatos, exposição de pinturas, comidas típicas, entre outros.

4.4 Clima

Situado nos limites meridionais da zona intertropical e, sob influência da elevada altitude
da região, o clima da região é do tipo tropical de altitude. A temperatura anual é de 19º. Verão e
primavera são as estações mais quentes, com máximas diárias variando de 25 a 30º C, novembro,
dezembro e janeiro são os meses mais quentes chegando de 36 a 37ºC e mínima de 9 a 10 Cº.
Com raras temperaturas abaixo de 0ºC, que podem resultar em geadas.
Em relação ao regime de chuvas, o clima é úmido, com precipitação média anual de
aproximadamente 1500 mm.

4.5 Relevo
Composição topográfica: Ondulado e montanhoso
Altitude: - Máxima: 1.029m e Mínima: 788m

Figura 20 - Mapa do relevo da cidade de Lavras.


Fonte: pt-br.topographic-map.com/
45

4.5 Faixa etária da população

Segundo o Censo de 2010 do IBGE, o maior número de pessoas encontram-se na faixa


etária de 20 a 24 anos com uma pequena diferença para a faixa etária de 25 a 29 anos.

Figura 21 - Pirâmide etária de população Lavrense e faixa etária da população por sexo e quantidade.
Fonte: censo2010.ibge.gov.br

Nota-se que a maior parte da população existente, tem a idade média dos estudantes
universitários, com idades entre 20 a 29 anos de idade, que são de fato responsáveis pela maior
parte da população, tanto que a alteração do número de habitantes ocorre com maior frequência
durante os meses de férias das universidades.

4.6 Educação

Lavras é conhecida como a cidade dos Ipês e das escolas, no município existem dezenas
de instituições de ensinos, de creches, escolas infantis, ensino fundamental, médio e superior.
Com instituições federais, estaduais, municipais e particulares. Totalizando aproximadamente
instituições.

Ensino Superior:

No município de Lavras está sediado uma das mais importantes universidades federais do
Brasil, com um dos melhores índices de qualidade do país, a Universidade federal de Lavras
46

(UFLA), anteriormente chamada de ESAL, também conta com o Centro Universitário de Lavras
(UNILAVRAS), Faculdades integradas adventistas de Minas Gerais (FADMINAS), Faculdade
presbiteriana Gammon e a Faculdade casa do estudante (FACE).

Figura 22 - Matriculas escolares por nível.


Fonte: cidades.ibge.gov.br

4.7 Economia

O setor agropecuário do município se destaca especialmente pela produção de café e


leite, e da criação de gado de corte.
A indústria se encontra em franco desenvolvimento, em partes, graças às condições
favoráveis de que a cidade dispõe. Dentre elas se destaca a proximidade com São Paulo, Belo
Horizonte e Rio de Janeiro. Os setores metalúrgico, agroindustrial e têxtil são os principais
ramos industriais de Lavras.
O Distrito Industrial 1, com 561.000 m², encontra-se totalmente ocupado, inclusive por
empresas de âmbito internacional como a Magneti Marelli/Cofap. O Distrito Industrial 2
encontra-se pronto em infraestrutura e já sendo ocupado. Além disso, está sendo adquirido pela
prefeitura uma área de 3.000.000 m², às margens da rodovia Fernão Dias, para implantação do
Distrito Industrial 3. Recentemente foi firmada uma parceria entre a UFLA, a prefeitura de
Lavras e o Governo do Estado de Minas Gerais para a instalação do LavrasTec (Parque
Cientifico e Tecnológico de Lavras). As obras estão avançadas e a previsão de entrega do parque
é para 2016 (IBGE, 2010).
47

A cidade, como pólo regional, possui um comércio bastante ativo e diversificado, com
aproximadamente 800 estabelecimentos cadastrados pela Associação Comercial e Industrial, um
shopping center, com uma área de 70.000m. A cidade hoje conta com supermercados e
hipermercados de 4 grandes redes (Rex, GF, Bretas e ABC).

Figura 23 - Produto Interno Bruto.


Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010

4.9 Zoneamento bioclimático e brasileiro

Segundo o Zoneamento Bioclimático Brasileiro (NBR-15220-3:2005), Lavras está


localizado na Zona Bioclimática 3 (Z3).

Figura 24 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro


Fonte: NBR 152203
48

As recomendações para essa zona são:

Figura 25 - Diretrizes e estratégias para a Zona Bioclimática 3


Fonte: NBR152203

5.0 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DE INFLUÊNCIA

A área escolhida para a implantação do Centro Cultural fica localizado na região Central
da cidade de Lavras, no bairro Centenário, na rua João Camilo Pedroso, próximo ao shopping, e
ao lado da prefeitura municipal.
A principal via de acesso ao local, é pela Avenida Dr. Silvio Menecuci conhecida
também como “Perimetral”, considerada como uma das mais importantes vias da cidade,
principal acesso também à UFLA. Está localizado à 1,2 KM de distância do Centro da cidade,
representado na figura abaixo pelo círculo.

Figura 26 - Imagem geolocalizada da relação da área analisada com o centro da cidade


Fonte: Base cartográfica google Earth modificada pela autora
49

E conforme foi possível analisar na imagem acima existem duas áreas institucionais
muito próximas, sendo elas: prédio da prefeitura municipal e a faculdade FADMINAS. Também
se encontra no entorno imediato o Lavras shopping. A proximidade com pontos importantes para
o projeto foi essencial para a escolha do terreno, assim, já que o principal público são os
estudantes, e o bairro escolhido é o que tem mais ligação com as universidades, e o que mais
possui moradias estudantis, repúblicas e pensões.

Figura 27 - Mapa de pontos importantes para a viabilidade do projeto.


Fonte: Base cartográfica google Earth

As distâncias e tempo percorrido pelos usuários a pé até outros diferentes pontos da


cidade a partir do terreno:

Tabela 7 - Tabela tempo/distância entre importantes pontos.


Local Tempo percorrido (a pé) Distância (km/m)
FAD MINAS 2 minutos 180 metros
UNILAVRAS 7 minutos 500 metros
UFLA 21 minutos 1,5 km
SHOPPING 2 minutos 170 metros
HOSPITAL VAZ MONTEIRO 13 minutos 1,0 km
PREFEITURA MUNICIPAL 2 minutos 220 metros
FAGAMMON 16 minutos 1,2 km
Fonte: A autora
50

Para que houvesse uma análise mais específica e pertinente ao objeto de estudo, foi
delimitada uma área de entorno imediato, onde é possível analisar a hierarquia viária do torno do
terreno, os equipamentos públicos existentes e uso e ocupação do solo.

Figura 28 - Delimitação da área de Análise

Conforme visto no mapa (Figura 29) é possível perceber que a maior parte das vias são
arteriais, há um grande fluxo de veículos no local e isso se deve a grande quantidade de
comércios e residências que se tem no local. A avenida de trânsito rápido é a Avenida Dr. Silvio
Menicuci.

Figura 29 - Mapa de hierarquia viária.


Fonte: Base cartográfica do Google Earth modificada pela autora.
51

O horário com maior fluxo de veículos, se dá no horário das 08:00, 12:00 horas e às
18:00, que também são as horas de início das aulas e do horário comercial.

5.1 Diagnóstico de aspectos urbanos

No perímetro de estudo, a maior parte dos terrenos já são áreas construídas, em sua
grande maioria são residências de um e dois pavimentos e comércios.

Figura 30 - Mapa de uso e ocupação do solo.


Fonte: Base cartográfica do Google Earth modificada pela autora.

Figura 31 - Perfil residencial multifamiliar e unifamiliar


Fonte: A autora
52

Figura 32 - Perfil misto e comercial


Fonte: A autora

Figura 33 - Mapa de gabaritos


Fonte: Base cartográfica Google Earth modificada pela autora

Através do mapa é possível perceber que existem poucas não construídas, a maioria das
edificações possuem mais de um pavimento e isso se deve à topografia íngreme do local que
para melhor aproveitar as características do terreno optam por construir em mais de um
pavimento. Ao lado do terreno do objeto de estudo, existe uma voçoroca (Figura 34) que
dificulta ou até mesmo impossibilita de que as pessoas construam no local.
53

Figura 34 - Voçoroca próxima ao terreno


Fonte: Google Earth e a autora

Quanto à infraestrutura, verifica-se que no local possui energia elétrica fornecida pela
CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), a rede de água e esgoto é fornecida pela
COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), o transporte público funciona com
eficiência no local apesar de existir apenas um ponto de ônibus na proximidade, não existe
calçamentos em alguns pontos e há deficiência na questão do mobiliário urbano, acessibilidade e
iluminação. A vegetação existente é predominantemente nativa, em mal estado de preservação e
escassa. O bairro se localiza no centro da cidade, e recebe um grande fluxo de pessoas, o que
facilita a manutenção pela gestão pública.

Figura 35 - Situação do entorno ponto de ônibus e falta de calçamento.


Fonte: A autora, 2018
54

5.2 O objeto de estudo

5.2.1 Terreno

É de grande importância para um projeto arquitetônico de escala municipal e até mesmo


regional, que a escolha do terreno ocorra de maneira coerente, essa escolha foi feita a partir das
dimensões do terreno que melhor se adequam ao seu programa de necessidades, conceito e
partido, de fácil acesso, próximo de importantes pontos da cidade, possibilitando assim que o
projeto seja de fato utilizado e não deixado de lado, vindo a se tornar um “elefante branco”. De
acordo com visitas locais, levantamento fotográficos, programas e softweres foi possível chegar
ao resultado apresentado a seguir.

Figura 36 - Levantamento do terreno


Fonte: Base cartográfica google Earth modificado pela autora

Figura 37 - Corte longitudinal do terreno


Fonte: A autora
55

Figura 38 - Vista do terreno a partir da rua João Camilo Pedroso


Fonte: A autora

Figura 39 - Vista da parte superior do terreno


Fonte: A autora
56

Figura 40 - Vista do terreno para a rua João Camilo Pedroso


Fonte: A autora

5.2.2 Topografia

De acordo com a prefeitura de Lavras e levantamentos feitos no local, é possível analisar


que o município conta com um relevo diversificado, porém em sua grande possui uma topografia
com aclives e declives íngremes.
O terreno de intervenção possui uma área total de 12.000 metros quadrados, com
declividade de 12,00 m.

Figura 41 - Fotografia do terreno, mostrando sua topografia.


Fonte: A autora
57

5.2.3 Insolação

De acordo com a posição do norte no terreno, é possível identificar a trajetória que o sol
fará ao longo do dia, assim possibilitando melhor escolha das áreas de usos e fachadas, levando
em consideração a questão da incidência solar e conforto térmico. A questão da trajetória solar
influencia muito na escolha da setorização, já que interfere diretamente nos ambientes de
maiores permanências.

Figura 42 - Mapa de insolações


Fonte: Base cartográfica google Earth modificado pela autora

5.2.4 Ruídos

O bairro de modo geral é silencioso, conta com muitos terrenos vazios, e em grande parte
construída, são construções residenciais e comerciais/serviços.
O programa do projeto contará com áreas que demandaram maiores necessidades de
conforto acústico, assim é importante localizar quais são as áreas próximas do terreno que possui
maior quantidade de ruídos para que não influencie tanto nos usos dos espaços do projeto,
quanto o projeto não prejudique na qualidade de vida dos habitantes do entorno.
Segundo análises feitas no local foi possível medir a quantidade de decibelímetros das
vias mais próximas ao terreno, em diferentes horários do dia para identificar qual horário produz
mais ruídos e poluições sonoras no geral.
58

Tabela 8 - Análise de decibilímetros


Local Horário Decibilímetros Equivalência
Rua João Camilo 9:30 66 dB Conversação
Pedroso (em frente 12:30 74 dB Música média
ao terreno) 19:00 41 dB Silêncio de biblioteca
Avenida Álvaro 9:30 48 dB Silêncio de biblioteca
Augusto Leite (lado 12:30 69 dB Conversação
superior do terreno) 19:00 64 dB Conversação
9:30 56 dB Silêncio de biblioteca
Avenida Dr. Silvio
12:30 78 dB Música média/alta
Menecucci
19:00 72 dB Música média
Fonte: A autora

5.2.5 Ventos predominantes

Uma das etapas mais importantes do diagnóstico se consiste na identificação da


predominância das correntes de ar, ou seja, quais os caminhos que os ventos percorrem com
maior frequência durante o ano na área analisada.

O uso adequado desta fonte traz diversas vantagens para as edificações, mantendo a
qualidade interna do ar pela troca constante, criando ambientes salubres e confortáveis,
também reduzindo os gastos energéticos, principalmente a diminuição do uso de ar
condicionado que é um dos principais consumidores de energia. A importância da
ventilação natural para arquitetura bioclimática. (NUNES, 2014)

Figura 43 - Mapa de ventos dominantes


Fonte: Base cartográfica google Earth modificado pela autora
59

Segundos levantamentos que ocorreram no terreno, em diversas épocas do ano,


levantamentos feitos até mesmo pelo aeroporto municipal, apontam que os ventos predominantes
vem do sentido noroeste para o sentido sudeste na maior parte do ano.

5.3 Conclusão do diagnóstico

Conforme as análises feitas foi possível levantar uma série de questões da cidade de
Lavras, questões relacionadas à educação, cultura, relevo, clima, economia, entre outros. Mas o
principal levantamento dos diagnósticos é voltado para as questões culturais e como o edifício
irá intervir na vida da população do município.
O bairro é predominantemente residencial e misto de residências e comércio, e apesar de
possuir uma das mais importantes vias da cidade, é consideravelmente um bairro silencioso. O
impacto sonoro que o edifício proporcionará está principalmente voltado para as apresentações
que ocorrerão no lugar, dessa forma, para não afetar de maneira negativa na vida dos moradores
serão utilizadas estratégias para diminuir esses impactos sonoros.
Com relação ao trânsito, as vias do entorno são todas de mão duplas, acredita-se que não
haverá tantos problemas relacionados à questão de circulação, e estacionamento, haverá um
próprio do Centro Cultural e ainda existe um enorme terreno vaga na frente que poderá também
ser utilizado para esse fim.
Por fim, vale ressaltar que o principal impacto será na questão cultural a fim de trazer um
espaço que junte as manifestações culturais e sirva de apoio às associações já existentes.

6. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Um dos mais importantes processos da elaboração de um projeto, são os estudos das


referências projetuais. Para o tema do centro cultural, foram pesquisados projetos que já tem
envolvimento com o tema, obras com os usos destinados para o lazer e a cultura. As fontes
utilizadas para as pesquisas foram visitas técnicas, e sites de arquitetura. Estes projetos serão
utilizados como referência para o desenvolvimento do projeto do centro cultural na cidade de
Lavras.
Desta forma, no início foi escolhido um projeto nacional, Centro cultural de São Paulo,
realizado pela dupla de arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles. A referência estudada tem a
função principal destinada a manifestação cultural de diferentes usos, idades e classes sociais, o
mesmo espaço é capaz de oferecer suporte tanto a alunos que buscam silêncio e paz oferecidos
60

pelas salas de estudos envoltas em jardins internos, como aqueles que buscam shows e
apresentações de dança. Foram analisadas também as questões de topografia que se assemelham
com o objeto de estudo atual, com a proximidade em importantes pontos da cidade e o conceito
de abranger a população de modo geral.

6.1 Centro Cultural São Paulo

• Local: São Paulo, SP – Brasil

• Arquitetos: Eurico Prado


Lopes, Luiz Telles

• Data: início projeto 1978/


inauguração 1982

• Área: 46.500m²

Figura 44 - Fachada principal Centro Cultural São Paulo


Fonte: insidesaopaulo.com

O prédio está localizado no centro da cidade de São Paulo, na esquina entre duas
importantes vias de acesso da cidade, sendo elas, avenida 23 de Maio e Vergueiro. O centro
cultural São Paulo (Figura 42) foi criado durante o final do período da ditadura no Brasil, e isso
teve grande influência na concepção arquitetônica da obra, nas palavras do arquiteto Luiz Telles:
“Ficávamos de prontidão para ver com o que iam implicar. Não que éramos subversivos, os
outros que eram retrógrados.” O projeto contava com estruturas mistas e isso fazia com que ele
saísse dos conceitos tradicionais de execução fossem modificados, todo o desenho foi pensado
através da junção das curvas e essas foram criadas a partir da estrutura do prédio. Nesse projeto
vale ressaltar a importância da diversidade dos usos, e da relação entre os espaços abertos e
fechados, as vezes proporcionando aos usuários a sensação de privacidade, paz e ao mesmo
tempo, liberdade e continuidade dos espaços.
A estrutura do edifício é mista, composta por concreto e aço, seu programa de
necessidade é suavemente separado através de divisórias transversais transparentes, que
proporcional visão total entre todos os programas e os jardins. Inicialmente a proposta da
prefeitura consistia na criação de torres comerciais, hotéis, shopping e biblioteca, mas
posteriormente esse programa foi revisto e acrescido de espaços de exposição, cinema, teatro e
61

restaurante. A edificação é implantada em sua maior parte no subterrâneo, graças ao desnível de


10 metros que já existia no terreno, assim a entrada vista da rua Vergueiro, é uma entrada baixa e
discreta.
Dentro do edifício existe uma “rua interna” (figura 43), com 300 metros de comprimento
que distribui todos os fluxos e circulações existentes. Nessa “rua” existem escadas que
conduzem os usuários às plateias dos teatros, cinema e auditório, já as rampas de acesso, levam à
biblioteca, discoteca e Pinacoteca municipal.

Figura 45 - "Rua interna" e suas rampas, Centro Cultural São Paulo


Fonte: http://jupadilha.blogspot.com.br

O programa busca corresponder às necessidades e funções deste centro cultural. Desta


maneira, o programa traduziu especialmente as atividades que foram analisadas como as que
mais necessitavam de um espaço com infraestrutura adequada para suas realizações. O público
era toda a população de modo geral, sem a discriminação com relação a classe social, cor, idade
ou qualquer outra característica física ou social. O importante são as diferentes manifestações
culturais, sendo elas: a arte, o esporte e a leitura. Sem hierarquias e barreiras.
A questão ambiental adentra do projeto pela economia de energia que se tem graças ao
aproveitamento da iluminação natural que ocorre no edifício e a construção do jardim de 700m²
contribuiu para que as vegetações originais dos quintais das antigas residências fossem
preservados, contribuindo para a questão térmica e as grandes aberturas voltadas para o jardim
contribui para a ventilação interna do espaço.
62

Figura 46 - Sala de estudos Centro Cultural São Paulo.


Fonte: jupadilha.blogspot.com.br

Figura 47 - Planta primeiro pavimento CCSP


Fonte: Archdaily.com
63

Figura 48 - Planta segundo pavimento CCSP


Fonte: Archdaily.com

Figura 49 - Planta teatro Jardel Filho


Fonte: Archdaily.com
64

A partir do estudo relacionado ao projeto Centro Cultural de São Paulo, obteve-se as


seguintes compreensões que auxiliam no desenvolvimento do projeto. Os principais aspectos são
as possibilidades da entrada da luz natural através dos grandes painéis de vidros voltados para o
espaço interno do edifício, contribuindo para a economia de energia, para a relação com a
natureza, sensação de paz e conforto para os usuários do espaço. A relação do projeto
arquitetônico com o entorno, como ele foi planejado apesar de toda sua exuberância ter entradas
“tímidas” que dialogassem com o entorno e a possibilidade de múltiplos usos dentro de um
mesmo espaço, sem que um interfira na qualidade de uso do outro. Fatores importantes a serem
ressaltados do projeto:

• Terreno com características específicas graças à proximidade com pontos


importantes da cidade;

• A relação com o entorno e a fachada da edificação ocorre de maneira harmônica;

• A integração das diferentes manifestações culturais e atividades;

• O projeto incrementa técnicas modernas, com grandes avanços na questão


estrutural;

• Grande economia, sustentabilidade e conforto ambiental, que ocorrem através das


grandes implantações de espaços com vegetações nativas, cobertura verde, do uso
da iluminação natural e da ventilação cruzada.

• A questão da acessibilidade é totalmente ressaltada e pessoas com deficiência ou


mobilidade reduzidas circulam com facilidade pelo espaço;

6.2 Instituto Inhotim

• Local: Brumadinho, Minas


Gerais - Brasil

• Arquitetos: Burle Marx e


vários arquitetos

• Data: 2006/2015

• Área: 786,06 ha

Figura 50 - Galeria Adriana Varejão, Tacoa Arquitetos.


Fonte: guiadasemana.com.br
65

O instituto foi inicializado pelo empresário Bernardo de Mello Paz a partir dos meados
da década de 1980. A propriedade que era privada acabou se tornando um dos maiores acervos
de arte contemporânea do mundo, além de uma ampla coleção botânica.
Ele conta atualmente com 18 galerias e abriga mais de 450 obras de artistas de todo o
mundo, contando com nomes importantes como Portinari, Di Cavalcanti e Guignard. As
exposições são sempre renovadas e a cada ano há inaugurações, que podem ser apreciadas pelos
milhares de visitantes que o museu recebe anualmente.
O instituto está localizado em uma área de domínio da Mata Atlântica, está em uma
altitude que varia entre 700 a 1300 metros acima do nível do mar, conta com uma área de
preservação de 440,16 hectares. Já os espaços construídos contam com um programa amplo,
composto por jardins, galerias e edificações. O jardim botânico tem certa de 4300 espécies em
cultivo – marca que foi atingida em 2011. Como há grande necessidade da preservação da mata
nativa, que se encontra quase extinta, o instituto recebeu do Ministério do Meio Ambiente, em
fevereiro de 2011 a classificação de jardim botânico e conta com a maior coleção de palmeiras
do mundo.
A arquitetura do local é composta por uma vasta coleção de arquitetos, esses foram
responsáveis das edificações existentes, além dos paisagistas que também contribuíram para a
elaboração do lugar. O museu conta com uma arquitetura contemporânea e singular, que compõe
de forma orgânica a composição do espaço, interlago totalmente com a natureza. Ao percorrer
pelos caminhos existentes, é possível perceber como as coisas ocorrem de maneira espontânea
ao longo do percurso.

Figura 51- Galeria Miguel Rio Branco


Fonte: Archdaily.com
66

O paisagismo composto pela disposição do acervo botânico dentro da área de visitação


explora padrões estéticos, além de sensibilizar a população sobre a importância da
biodiversidade. Embora não seja possível enquadrar o paisagismo em um único estilo, algumas
características são características no paisagismo de Inhotim, como a composição de maciços de
espécies. O paisagismo dos jardins foi desenvolvido por vários arquitetos. Dentre eles, Luiz
Carlos Orsini, e Pedro Nehring. Para Eduardo Gonçalves (2006), atual curador botânico do
instituto “mesmo que Burle Marx jamais tivesse pisado no Inhotim, sua influência poderia ser
vista nos nossos jardins. Não existe paisagista no mundo moderno que não tenha sido
contaminado com suas ideias”.
A principal obra estudada foi o Centro Educativo Burle Marx, com uma área aproximada
de 1.705 m² tem a principal função de mimetizar o edifício com sua paisagem, se tratando de um
extenso pavilhão horizontal, em apenas um pavimento, sobre o lago, tendo sua cobertura como
uma ponte, unindo diferentes partes do museu, além de formar uma ampla praça elevada que
promove forte integração entre arquitetura e paisagismo.

Figura 52 - Centro Educacional Burle Marx


Fonte: Archdaily.com

O programa do edifício é composto por uma praça, um amplo anfiteatro, biblioteca,


ateliês e um auditório. A principal característica de seus acessos, é que a circulação é sempre
feita através de varandas e espaços de convívios. Neste edifício é possível notar o cuidado com
67

que as arquiteturas se fundem com a exuberante paisagem local. A cobertura é feita através de
lajes nervuradas em concreto aparente, que proporciona racionalização dos materiais.

Figura 53 - Circulação interna Centro Educacional Burle Marx, detalhes laje nervuradas.
Fonte: Archdaily.com

Figura 54 - Planta baixa Centro Educacional Burle Marx.


Fonte: Archdaily.com

A partir do estudo relacionado ao projeto Instituto Inhotim, obteve-se as seguintes


compreensões que auxiliam no desenvolvimento do projeto. Os principais aspectos são as
grandes relações entre as edificações e o paisagismo local. A maneira como ocorrem eventos ao
decorrer do caminho, de maneira orgânica e espontânea fazendo que com as atrações sejam
68

convidativas para todas as pessoas que circulam pelo espaço, fazendo com que haja interação
total entre as pessoas e o espaço, de modo com que elas “vivam” o lugar. Fatores importantes a
serem ressaltados do projeto:

• Relação com a natureza e a preocupação ambiental.

• Integração entre a arquitetura e o paisagismo.

• Diferentes eventos ocorrendo ao longo do percurso de modo com que as pessoas


se sintam convidadas a circular pelo loca.

• O projeto conta com diferentes arquiteturas contemporâneas que contribuem de


maneira singular para a execução do projeto

• Grande preocupação com a cultura e o lazer por todo o espaço.

• A questão da acessibilidade é totalmente ressaltada e pessoas com deficiência ou


mobilidade reduzidas circulam com facilidade pelo espaço;

6.3 Centro Cultural “Le Creste”

• Local: Rosignano
Marittimo LI, Itália

• Arquitetos: AREA
PROGETTI, UNA2, Andrea
Michellini e Laura Ceccarelli

• Data: 2013

• Área: 264,5 m²

Figura 55 - Centro Cultural "Le Creste".


Fonte: Archdaily.com

O edifício é composto por apenas um pavimento, que é atravessado por um caminho de


pedestre, que serve de abordagem alternativa para os usuários e passagem subterrânea para a
estação de trem. O edifício é dividido em três blocos diferentes, dispostos entre os caminhos
percorridos pelos usuários, que servem principalmente de acesso à biblioteca. Esta disposição
69

dos usos garante que todas as três áreas tenham face para esse caminho. Os outros espaços são
compostos por biblioteca, sala de jogos, livraria, centro de informações e área multiuso.

Figura 56 - Planta Centro Cultural "Le Creste"


Fonte: Archdaily.com

O projeto conta com inúmeras questões voltadas à questão ambiental e de


sustentabilidade, tendo como enfoque principal da obra tecnologias que garante melhor
performasse energética, incluindo componentes de alto desempenho de isolamento acústico,
sistemas de ventilação natural, condutores subterrâneos para pré-aquecimento de ar no inverno e
resfriamento no verão, além de coletores de energia que garantem energia em outros diferentes
pontos da obra.

Figura 57 - Detalhamento de diagrama.


Fonte: Archdaily.com

A estrutura do prédio é composta por pilares circulares de concreto armado e uma


cobertura com duplo quadro de madeira laminada colada. A fundação conta com canais
subterrâneos para a ventilação natural do edifício. Esses canais são feitos de concreto armado
70

atuam como base para os elementos estruturais pré-tensionados do piso. As paredes de


fechamento são compostas de fardos de palha.
Para que o espaço da biblioteca não tivesse sua qualidade de uso afetada, foi construído
um jardim, que serve como uma barreira ferroviária composto por uma duna de 3,20 m de altura,
com dupla função, sendo elas, de fechar a área de leitura ao ar livre e proteger as atividades do
interior da biblioteca do ruído ferroviário. O jardim foi feito de materiais reaproveitados e as
espécies escolhidas florescem em diferentes estações do ano.
A partir do estudo relacionado ao projeto Centro Cultural “Le Creste”, obteve-se as
seguintes compreensões que auxiliam no desenvolvimento do projeto. Os principais aspectos são
as grandes tecnologias voltadas às questões ambientais, conforto e o paisagismo. A maneira
como há preocupação com o uso do espaço, a garantia do conforto e usufruto do espaço, fazendo
com que o edifício seja utilizado em diferentes épocas do ano, sem que os usuários se sintam
prejudicados de alguma maneira. Fatores importantes a serem ressaltados do projeto:

• Relação com a natureza e a preocupação ambiental.

• Integração entre a arquitetura e o paisagismo.

• Relação urbanística com o projeto, já que ele serve como “caminho” da cidade até
a estação de metrô.

• Grande preocupação com acessibilidade, já que todos os espaços do projeto são de


fácil acesso.

• Uso de tecnologias e materiais sustentáveis, para garantir melhor conforto no


projeto.

6.4 Estudo de caso Inhotim Escola

A Inhotim Escola, é composto por uma piso-território que se ajusta à escala do evento,
possui bancos de madeira, possui uma relação de horizontalidade que dá uma continuidade entre
o público e as apresentações, eliminando distinções entre a plateia e o palco, possui também uma
centralidade da área de apresentação para que a plateia não seja tão profunda e haja maior
participação espontânea e visibilidade dos que estão ali. O mobiliário é leve, reutilizável, pode
ser organizado livremente pelo público e conta com três diferentes alturas, sendo o mais
confortável possível.
71

Figura 58 - Inhotim Escola durante apresentação.


Fonte: Archdaily.com

Figura 59 - Corte Inhotim Escola


Fonte: Archdaily.com

Figura 60 - Detalhamento bancos


Fonte: Archdaily.com

6.5 Conclusão geral

Cada uma das três referências projetuais citadas possuem ao menos um conceito que seja
relevante para o objeto de estudo, apresentando características importantes que serão utilizadas
72

como inspiração no processo da criação do projeto Centro Cultural MultiLavras. Também foi
pensado em utilizar mais referências nacionais, para que não houvessem conflitos com as leis
vigentes brasileiras para o processo construtivo.
A principal característica abordada e absorvida do CCSP, é a questão da interação do
usuário com o espaço, o modo como as pessoas que utilizam o edifício se sentem de fato “em
casa”, a relação da obra com o entorno, o uso consciente de energia e ventilação natural, o
aproveitamento do desnível do terreno para a elaboração do projeto e a questão de acessibilidade
existente no local.
A segunda referência, Instituto Inhotim, foca no conceito de desenvolver sensações aos
usuários do espaço, fazendo com que de fato “vivam” a experiência de circular por ali, sempre
havendo muita ligação entre o paisagismo local e os edifícios existentes, trazendo uma sensação
única aos usuários do espaço. Outra questão muito importante a ser abordada e que será inclusa
no Centro Cultural MultiLavras é o acontecimento de diferentes eventos ao decorrer do espaço,
fazendo com que os usuários interajam com o espaço ao longo dos caminhos existentes.
A terceiro e última referência, Centro Cultural “Le Creste”, enfatiza totalmente as
questões ambientais e de sustentabilidade, tendo um enfoque grande à questão de conforto,
fazendo com que o espaço seja utilizado em diferentes épocas do ano sem perder a qualidade de
usufruto de espaço. Assim as tecnologias utilizadas no projeto, que está localizado no país Itália,
que possui condição climática relativamente próxima do sudeste Brasileiro onde será implantado
o projeto, podem ser de grande utilidade para garantir o conforto no espaço do Centro Cultural
MultiLavras.

7. LEIS PERTINENTES

7.1 Plano diretor, código de obras e uso e ocupação de Lavras

Está previsto modificações no plano diretor de Lavras para o ano de 2019, mas até a data
presente o plano diretor apresenta princípios de desenvolvimento sustentável, e conta com
participação popular, inclusão tecnológica e proteção ambiental, tem como prioridade a
efetivação de programas de cunho social, esporte e lazer. Tal princípio vem de encontro ao tema
proposto dessa monografia que tem como enfoque principal a criação de um edifício que
envolve questões culturais, sociais e de lazer.
Na zona urbana, aquela abrangida pelo perímetro urbano, conforme a lei específica
previsto no Plano Diretor de Lavras, todas as edificações deve ser dotadas de saneamento básico,
73

e as vias públicas devem ser iluminadas, haver transporte coletivo público de qualidade, sendo
privilegiando os pedestres e o sistema viário deve ser interligado como forma de promover os
acessos urbanos, facilitando o acesso a diferentes pontos da cidade, sem maiores dificuldades.
No município de Lavras, os princípios dos projetos e construções são orientados pela
“Lei complementar Nº154 de Julho de 2008”, o código de obras do município (2008, p.01) que
afirma: “Para a execução de toda e qualquer obra, construção, reforma ou ampliação, será
necessário requerer à Prefeitura o respectivo licenciamento.” Ficando evidente assim que
qualquer obra feita no município deve atender às leis pertinentes do município.
Segundo as normas da cidade de Lavras (2008), para edificações públicas, quanto ao
centro cultural, há algumas implicações quanto aos acessos, rampas que devem seguir as normas
da ABNT, as quais foram atualizadas no ano de 2015. A largura mínima das portas deve ser de
802 centímetros e onde houver elevadores, devem atingir todos os pavimentos, inclusive o
subsolo.
Além das regulamentações fundamentais para edificações, existem normas específicas
direcionadas às edificações de uso público:
Art. 85 – Além das demais disposições deste Código que lhes forem aplicáveis, os
edifícios públicos deverão obedecer ainda às seguintes condições mínimas, para
cumprir o previsto no artigo 4º da presente Lei:

I- As rampas de acesso ao prédio deverão ter declividade máxima de 8% (oito por


cento) possuir piso anti-derrapante e corrimão na altura de 0,75 cm (setenta e cinco
centímetros);

II- Na impossibilidade de construção de rampas, a portaria deverá ser ao mesmo nível


da calçada;

III- Quando da existência de elevadores, estes deverão ter dimensões mínimas de 1,10 x
1,40 (um metro e dez centímetros por um metro e quarenta centímetros), atingindo
todos os pavimentos, inclusive garagem e sub-solos;

Art. 86 – Ter pelo menos um gabinete sanitário para cada sexo, em cada pavimento.

Art. 87 – Em pelo menos um gabinete sanitário de cada banheiro masculino e feminino,


deverão ser obedecidas as seguintes condições:

I. Dimensões mínimas de 1,40m X 1,85m (um metro e quarenta centímetros por


um metro e oitenta e cinco centímetros);
74

II. O eixo do vaso sanitário deverá ficar a uma distância de 0,45m (quarenta e
cinco centímetros) de uma das paredes laterais;
III. As portas não poderão abrir para dentro dos gabinetes sanitários, e terão no
mínimo 0,80m (oitenta centímetros) de largura;
IV. A parede lateral e mais próxima do vaso sanitário, bem como o lado interno da
porta deverão ser dotadas de alças de apoio, a uma altura de 0,80m (oitenta
centímetros);
V. Os demais equipamentos não poderão ficar nas alturas superiores a 1,00 (um
metro). (LAVRAS,2008, p.27)

Segundo a lei complementar Nº156, de 22 de Setembro de 2008, a área em que será


implantado o Centro Cultura é considerado Zona Central, assim se enquadra no artigo 6 da
seguinte maneira:

“Zona Central (ZCE), que corresponde às áreas do centro tradicional da cidade, em


processo de verticalização, alta densidade e referencial simbólico para a população em
geral, onde se situam o comércio e as atividades de prestação de serviços de
atendimento geral, com ocupação caracterizada por usos múltiplos como residências,
comércio, serviços e uso institucional, sendo possível a instalação de usos comerciais e
de serviços de atendimento local e geral, com Taxa de Ocupação de acordo com Anexo
III” (LAVRAS, 2008, p.6)

Segundo o Anexo III deve-se adotar os seguintes dados:

• Área mínima: 360


• TO (%) – 60
• CA – 1,0
• Afastamento frontal – 3,00 m
• Afastamento lateral e fundo – 1,50 m

6.2 Leis complementares

Como citado anteriormente é possível ver como a acessibilidade foi um determinante no


código de obras da cidade, muitas das questões citadas relacionadas ao tema foi retirado da NBR
9050 que estabelece parâmetros para tornar os espaços de fato acessíveis. Porém ainda vale
ressaltar algumas questões estabelecidas pela norma, como os sanitários e circulação vertical.
75

8. ESTUDO PROJETUAIS

O estudo preliminar corresponder à etapa inicial do projeto, onde são inseridos os estudos
iniciais, como desenhos e estudo à respeito. Ele envolve a análise das várias condicionantes do
projeto, normalmente materializa-se em uma série de desenhos e esquemas que não precisam
necessariamente seguir as regras tradicionais do desenho arquitetônico. Desta forma, o estudo
preliminar está estruturado da seguinte forma:

• Programa de necessidades
• Organograma
• Conceito
• Partido
• Estudos volumétricos do objeto arquitetônico

8.1 Programa de necessidades

O programa de necessidades é a primeira etapa para desenvolver questões relacionadas a


aspectos internos do projeto e tem como objetivo definir, após uma sequência de estudos, as
funções e atividades para o projeto. Neste caso, o projeto trata-se de Centro Cultural e ele deve
relacionar-se correspondendo a uma série de atividades direcionadas a cultura e lazer.

Tabela 9 - Áreas externas


Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Estacionamento 2.400 m² 150 Demarcação de vagas e indicações de rotas.
Mobiliários, iluminação, escala humana,
Praça 1 2.224 m² 250
arborização e caminhos.
Mobiliário, iluminação, escala humana,
Praça 2 169 m² 20
arborização e caminhos.
Área de apresentação ao Palco, cobertura, local para sentar em forma
220 m² 25
ar livre de arquibancada.
Fonte: A autora

Tabela 10 - Auditório
Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Foyer 106 m² 100 Área de espera
Bomboniere 15 m² 2 Balcõe de venda e alimentos
Vasos sanitários, cubas, torneiras e barras
Sanitários 37 m² 12
de apoio
76

Carpetes que asbsorvem ruídos, cadeiras de


Área da plateia 366 m² 200
auditório, luzes
Camarins 28 m² 6 Penteadeiras, roupas, acessórios em gerais
Fonte: A autora

Tabela 11 - Edifício Principal


Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Equipamentos para exposição, bancos,
Prédio A 272 m² 200
quadros, esculturas
Mesas, poltronas, cafeterias, balcões,
Prédio B 505,38 m² 150
equipamentos de cozinha
Mesas de leituras, estantes de livros,
Prédio C 782,15 m² 300
equipamentos de salas de atividades
Equipamentos de salas de atividades em
Prédio D 591 m² 150
geral
Rua coberta central 659 m² 300 Iluminação, extintor, rampas
Fonte: A autora

Tabela 12 - Bloco A
Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Área de exposição 263,03 m² 150 Cadeiras, quadros, mesas, sanitários
Área de exposição ao ar bancos, objetos expositivos, vegetação de
130,29 m² 60
livre decoração
Fonte: A autora

Tabela 13 - Bloco B
Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Café 186,04 m² 75 Mesas, cadeiras, iluminação, alimentos.
Mobiliários, iluminação, arquivos e
Administração 93,02 m² 38
documentos, sanitários.
Fonte: A autora

Tabela 14 - Bloco C
Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Biblioteca 274 m² 100 Livros, estantes, mesas, poltronas
Área de estudo 228 m² 100 Livros, estantes, mesas, poltronas
Equipamentos de salas de atividades em
Sala 1 140 m² 30
gerais
Cubas, bacias sanitárias, barras de apoio e
Sanitários 42 m² 10
sustentação
Fonte: A autora
77

Tabela 15 - Bloco D
Área Nº
Ambientes e espaços Mobiliários e equipamentos
Estimada Usuários
Sala 2 98,70 30
Sala 3 131,98 m² 40
Sala 4 131,98 m² 40
Fonte: A autora

8.2 Fluxogama
A relação entre os fluxos dentro de um edifício é de suma importância relacionado
com a forma em que as pessoas irão utiliza-lo. Por isso o fluxograma deve ser feito inicialmente
junto aos

Figura 61 - Fuxograma geral


Fonte: A autora

Figura 62 - Fluxograma no Edifício principal


Fonte: A autora
78

8.3 Conceito

Quando se trata de um projeto arquitetônico o conceito é a parte inicial do projeto.


Considera-se como conceito, todas as ideias principais que o projeto pretende alcançar. É a partir
dessas ideias que o projeto vai tomando forma e vão surgindo as soluções projetuais. Após todos
os capítulos apresentados anteriormente e análises feitas na área em que será inserida o projeto
foram definidos alguns conceitos centrais que nortearão o projeto, sendo elas apresentadas a
seguir:

Figura 63 - Diagrama do Conceito


Fonte: A autora

Levando em consideração esses conceitos apresentados, o projeto tem como ideia


garantir a apropriação do espaço pela comunidade em geral, continuidade do desenho urbano
através da representação de um caminho central e dos espaços abertos que o torna uma
arquitetura inclusiva, e convidativa para todos os públicos em geral. Que os permitem
apropriarem e identificarem com o edifício e ao caminharem por ele possam ter diferentes
experiências através de seus percursos, que o simples ato de caminhar seja além de se chegar de
um local ao outro, mas sim uma experiência de percepção do espaço como um todo.
Atualmente se discute muito sobre a definição de apropriação do espaço, muitos artigos
já lançados abordam o tema afim de transmitir a importância do ato em edifícios projetados para
o público em geral, quando se trata de um centro cultural a ideia vem ainda mais acentuada, já
que a cultura se manifesta através de diferentes formas, a criação de áreas abertas, sem uma
79

definição propriamente atribuída pode ser usada para os mais indevidos fins e mesmo assim não
perder seu valor, como exemplo do vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Por isso a
importância da variação entre espaços abertos e fechados, cheios e vazios, para possibilitar
diferentes fins e usos.
A ideia dos caminhos possibilitando experiências também não é algo novo na arquitetura,
obras brasileiras da arquitetura como o maior museu a céu aberto da américa latina Inhotim,
como o exuberante Centro Cultural São Paulo possibilitam que os caminhos tragam aos usuários
uma experiência diferente a cada trajeto feito, tudo depende do seu interesse no local, cada ida
ao edifício pode te proporcionar uma experiência diferente. O conceito de trazer a cidade e a
cultura de Lavras vem principalmente com a vivência da cidade que te possibilita ver diferentes
coisas acontecendo ao longo dos caminhos, uma simples caminhada ao centro pode em
diferentes dias de proporcionar diferentes experiências graças às manifestações culturais
existentes na cidade.
Com a finalidade de traduzir a conexão entre esses conceitos para a forma arquitetônica,
adotou-se a forma da curva que tem sua definição explicada através da geometria como figura
geométrica gerada pelo movimento contínuo de um ponto no espaço. O que melhor define como
a cultura e uma sociedade do que a relação entre uma evolução contínua através do espaço?! A
curva está presente em diferentes elementos da natureza, e uma das mais presentes na cidade de
lavras são as montanhas onde a cidade está inserida.

Figura 64 - Definição de curva


Fonte: https://www.lg.com.br/blog/gestao-estrategica-de-pessoas/
80

Outro lugar onde as curvas estão muito presentes é na estrutura viária do centro da
cidade, lugar de onde surgiu e se dissipa a arte e cultura da cidade. No dizer de Argan (1992), a
cidade seria, justamente, a expressão máxima da cultura humana, com seus prédios, seus
monumentos, sua arte, bem como nas suas universidades e nas seu comércio, a mobilizar ideias e
mercadorias, a acumular tempo e história. Assim é possível compreender que as vias, os
caminhos, nos levam a todos os tipos de experiência.
O objetivo central da aplicação do conceito da curva é colocar em prática no edifício a
relação entre a cultura e a história da cidade com a arquitetura atual abordando as mudanças que
estão ocorrendo com as manifestações culturais atuais e nas maneiras de expressa-las. Com isso,
o projeto pretende garantir uma qualidade entre os usos, proporcionar encontros, contemplação e
relação com a paisagem natural e entorno, troca de experiências e das práticas culturais.

Figura 65 - Exposiçaõ do tema do trabalho de conclusão de curso


Fonte: A autora

Assim como na escolha do título que vem com a intenção de mostrar as múltiplas
culturas existentes na cidade de lavras e também as múltiplas possibilidades de manifestar a arte.

8.4 Partido Arquitetônico

Enquanto o conceito é a ação de formular uma ideia por meio de palavras o partido
arquitetônico é o conjunto inicial de soluções projetuais que serão aplicadas para alcançar o
conceito juntamente com estudos dos aspectos físicos do terreno, como sua forma, seu relevo,
81

orientação solar e de ventos, acessos e legislação pertinente. Então, levando em consideração


todas as análises e conceitos já apresentados. Através de diagramas é possível ilustrar as
condicionantes iniciais do projeto que foram importantes para a implantação do edifício de
acordo com os conceitos do projeto.
Uma vez que o terreno encontra-se em um trecho de ligação entre uma das mais
importantes vias da cidade, uma universidade e o shopping, a ideia é fazer com que a edificação
sirva de “caminho” entre esses pontos, sendo uma continuidade da cidade e sua cultura, para isso
serão usados diferentes formas de acesso da rua para o projeto fazendo com que a entrada no
edifício seja possível através de diferentes pontos.

Figura 66 - Relação de acessos com o desníve do terreno


Fonte: A autora

O partido também busca um conjunto que seja exposto ao olhar do observador, ao nível
da rua, valorizando a curva em relação ao restante do edifício, familiarizando assim o mesmo
contexto da maioria das cidades mineiras e na cidade de Lavras em que as curvas das montanhas
em relação às edificações existentes.

Figura 67 - Relação desenho do skyline da cidade com o desenho da volumetria


Fonte: A Autora
82

A volumetria prioriza principalmente as vertentes do terreno, incialmente alterando o


máximo possível da topografia existente, valorizando aberturas para as direções de prioridade
dos ventos, recebendo o sol em diferentes pontos do edifício ao longo do dia, trazendo um
mirante voltado para a melhor vista do terreno. Além disso há uma “rua” central à edificação
familiarizando mais com o contexto cidade que dá acesso à espaços abertos (terrenos ainda não
edificados) e edificações (áreas já construídas), além de trazer o mesmo piso da parte exterior
para o interior dessa rua. Tornando-o uma continuidade das ruas da cidade.

Figura 68 - Croqui de relação da volumetria.


Fonte: A autora

A separação das atividades em diferentes blocos é afim de remeter que diferentes


edificações possuem diferentes usos no cotidiano municipal, facilitando também para quem
deseja adentrar o projeto para um determinado fim, consiga acessa-lo com qualidade. E quando
acessá-lo terá que passar por outros diferentes pontos do terreno que tornará o “percurso” um
ponto importante da experiência pelo edifício. A quantidade de acessos contribuí também para
que cada vez que for ao Centro Cultural tenha uma experiência diferente ao chegar ao
determinado ponto de interesse.

9. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES TCC 2

ETAPAS JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO


1ª Etapa:
Anteprojeto
TCC 2
83

2ª Etapa:
Correção TCC
2
3ª Etapa:
Elaboração do
projeto e
discussões
com o
orientador

4ª Etapa:
Reformulações
do projeto e
discussões
com o
orientador

5ª Etapa:
Discussões
com o
orientador,
definição final
do projeto,
Entrega final
do projeto
Fonte: A autora
84

REFERÊNCIAS

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