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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA – UFOB

DIELLY SILVA ALVES

RELATÓRIO DE ATIVIDADES- EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA-


PROJETO DISSEMINARTE

Santa Maria Vitória - BA

2023

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA – UFOB

DIELLY SILVA ALVES

RELATÓRIO DE ATIVIDADES- EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA-


PROJETO DISSEMINARTE

Este trabalho se destina a ser apresentado à Pró-reitoria de


extensão e cultura PROEC, tratando do relato de experiências da
extensão universitária, no projeto intitulado “Disseminarte” com
a orientação da docente Violeta Pavão Pampuri Mendes, no
curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal
do Oeste da Bahia – UFOB.

Santa Maria da Vitória – BA

2022

SUMÁRIO

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1 INTRODUÇÃO ........................................................................................04

2 O PROJETO DE EXTENSÃO ................................................................ 06

2.1 ENCONTROS TEMÁTICOS E A


REALIZAÇÃO................................................................................. 07

2.2 Relatório de evidências........................08

2.3 OBSERVAÇÃO GERAL E PRINCIPAIS DIFICULDADES DA


REALIZAÇÃO.................................................... 17

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 17

REFERÊNCIAS....................................................................................... 19

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1 INTRODUÇÃO

O projeto de extensão Disseminarte, foi realizado entre os anos de 2022 e


2023, o projeto foi desenvolvido nos pontos de maior fluxo de pessoas como os
espaços das Feiras de Agricultura Familiar dos municípios de São Félix do
Coribe e a Praça do Jacaré em Santa Maria da Vitória visando alcançar o maior
público espontâneo a fim de mediar o acesso às produções artísticas dos
universitários colaboradores através da apropriação de um espaço público,
tendo como público alvo o público em geral de idades variadas e
principalmente os feirantes e passantes.

Visando uma aproximação entre a comunidade local e a universidade, e a


partilha de conhecimentos entre o trabalho desenvolvido pelos universitários,
como as produções e técnicas de arte sofrem alterações no contexto doméstico
e acadêmico e a importância da Arte-educação para o fortalecimento dos
conhecimentos acerca da história e cultura local.

. Tendo como base principalmente referências visuais de várias linguagens


artísticas os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes do curso de Artes
Visuais da Universidade Federal do Oeste da Bahia, principalmente nas aulas
práticas de laboratórios, como dos componentes curriculares: gravura, pintura,
cerâmica, desenho, tridimensional, artes têxteis e outros. Como também base
teórica do componente curricular Prática de ensino em espaços não-formais.

Visando o desenvolvimento de atividades no formato de oficinas,e


considerando que o espaço público da feira possui diversas faixas etárias bem
como graus de formação variados, as oficinas partiam de um convite para
desenvolver uma atividade relacionada com a linguagem artística
predominantemente em exposição naquele determinado encontro, após
dialogar com o participante/expectador sobre suas observações a respeito
daquelas obras, as técnicas de produção utilizadas, e caso o artista e
estudante que a produziu estivesse presente, seu processo criativo e
inspirações também poderia ser agregado ao diálogo.

Neste projeto foi possível o participante adquirir conhecimentos sobre


os instrumentos, termos técnicos, principais matérias primas e processos de
criação das linguagens diversas presentes nas Artes Visuais acima
mencionadas. Compreendendo sobre o manuseio das ferramentas de
trabalho, aprender aplicar as técnicas utilizadas em superfícies variadas
como: papel, mdf, madeira, tecido, através das oficinas ministradas pelos
universitários colaboradores do projeto.

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São objetivos do projeto de extensão a estreitar os laços entre a
comunidade local e o espaço ao qual pertence, bem como, com a comunidade
acadêmica e a apropriação social das linguagens artísticas pelo público geral,
pois muitas vezes o fazer artístico fica presas nos muros da universidade e na
imaginação dos artistas locais o que leva a comunidade a considerar a arte
uma realidade muito distante da vida cotidiana.
O projeto visou propiciar uma reflexão sobre as variadas possibilidades
criativas presentes nas Artes Visuais, considerando a demanda constatada na
região por arte-educadores devidamente graduados atuando na educação
básica, bem como um ensino de arte baseado apenas na teoria o que reduz a
qualidade de reflexão e protagonismo dos estudantes enquanto base para o
processo de ensino aprendizagem, o projeto buscou proporcionar a vivência
prática e a inserção dos envolvidos à realidade de produção de um processo
de criação desde sua inquietação, partindo sempre de perguntas disparadoras
a partir dos temas e linguagens propostos.
Os municípios de São Félix do Coribe e Santa Maria da Vitória estão
localizados ao oeste do estado da Bahia, região da bacia do Rio Corrente,
separados apenas pelo rio, situados a cerca de 860 km da capital do estado,
com população somada de cerca de 55.321 habitantes conforme dados do
IBGE.(2021).Tem como principal atividade econômica a agricultura, e pecuária,
tendo respectivamente grande parte dos seus habitantes residindo na área
rural dos municípios.
O polo da UFOB é de grande relevância nessa região, pois traz uma
educação pública de qualidade à comunidade, possibilitando a muitos
residentes serem a primeira geração da família a cursar o ensino superior,
ainda que com uma gama de cursos pequena resumida em Artes Visuais e
Publicidade e Propaganda, tem mudado o cenário regional em seus nove anos
de existência e contribuído para a construção de uma sociedade mais justa
baseada na equidade.
O projeto de extensão Disseminarte foi realizado durante um período de 6
meses, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023, com encontros idealizados
para acontecerem quinzenalmente com um formato de exposição informal que
contemple o formato de improvisação, considerando as possibilidades
expositivas nos espaços das feiras de agricultura familiar.
A escolha da aplicação do projeto de extensão no formato de improvisação,
tendo a precariedade expositiva como característica identitária se justifica, pois
a região da bacia do Rio Corrente demandaria de algumas instituições como:
museus, centros culturais e associações que trabalhem ativamente em
conjunto com as escolas a fim de democratizar o acesso à arte e a cultura para
além dos livros didáticos, e a pandemia de covid-19 serviu para intensificar
essa carência cultural na população local.

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O projeto de extensão Disseminarte é importante para a comunidade
pois nesse momento onde tivemos alterações em nossas rotinas, tanto
escolares quanto de lazer, reinvenções, isolamento social e ansiedade,
necessitamos de algo que possibilita-nos refletir sobre nosso papel político,
social e psicológico diante do cenário mundial, e as artes visuais tem esse
poder de linguagem universal que conduz diálogos importantes, tendo o
espaço da feira como mediação entre arte e comunidade por concentrar parte
da população local semanalmente.

2 O PROJETO DE EXTENSÃO

Este projeto de extensão desde a sua idealização, até as etapas


de preparação e estruturação das oficinas partiu de uma inquietação minha,
cursando o componente curricular Arte e Cidade, ao elaborar uma proposta de
mediação cultural que se adeque à realidade local e considere a demanda
social da comunidade. As técnicas e linguagens trabalhadas, bem como os
materiais utilizados e equipamentos, partiam sempre de uma demanda
identificada de acordo com a relação entre os participantes e a comunidade
acadêmica envolvida na comissão organizadora, então o encontro anterior nos
orientava sobre os próximos passos.
Foi criado um perfil no Instagram (figura 1) onde foram publicados os
cartões de divulgação elaborados por mim ou pelos colaboradores (lista em
anexo 01) de acordo com a disponibilidade de cada um, a ferramenta de edição
utilizada foi principalmente o Adobe Photoshop disponibilizado pela
universidade nos computadores dos laboratórios. As publicações traziam o
tema, a data e horário de realização de cada encontro, os artistas
colaboradores e a linguagem artística específica, e o local de realização do
encontro. Logo, foram realizados 10 encontros, sendo os 7 primeiros na feira
da agricultura familiar de São Félix do Coribe, 2 na Praça do Jacaré em Santa
Maria da Vitória e um na feira municipal também em Santa Maria.

Figura 1: Perfil do projeto no instagram e algumas das publicações.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

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2.1 ENCONTROS TEMÁTICOS E A REALIZAÇÃO

O projeto teve início com a convocação dos universitários colaboradores


via grupos de Whatsapp, mural informativo da universidade e de sala em sala
divulgando oralmente pela universidade a fim de conseguir empréstimos de
obras artísticas para o acervo do projeto e os horários de disponibilidade dos
artistas colaboradores, para que pudessem participar dos encontro e contribuir
compartilhando seus processos criativos com os participantes. A princípio os
materiais levados contemplavam uma maior diversidade de linguagens sem
disponibilizar um tema único ou linguagem específica pois o objetivo era a
apropriação espacial da feira e a aproximação da comunidade à essa novidade
naquele espaço, considerando as muitas possibilidades de diálogo a partir da
variedade de materiais e suportes.
O trabalho foi iniciado no dia 01 de setembro de dois mil e vinte e
dois, com a divulgação do projeto de extensão através da rede social
WhatsApp, disseminação da proposta nas salas e laboratórios pelo campus,
convidando alguns colegas a fazerem parte da comissão organizadora, a
definição de algumas das oficinas, seus temas, e a curadoria e seleção do
acervo para a exposição, questões burocráticas relacionadas à empréstimos de
materiais da universidade, envio de solicitações veiculares, de equipamentos,
produção das logos e dos cards do projeto junto com os colegas colaboradores
e demais atividades de preparação. Todos os encontros seguiram essa mesma
dinâmica de trabalho.
A cada encontro eram desenvolvidas oficinas e atividades práticas
relacionadas aos diálogos propostos pelo tema, a fim de estreitar os laços entre
a comunidade acadêmica e os participantes, pois o objetivo do projeto consiste
nas trocas que a relação e o diálogo pode proporcionar, e como a educação
não formal garante o alcance de um público com faixa etária diversificada,
intensificando a troca de experiências a partir de perspectivas distintas.

2.2 Relatório de evidências

Os conteúdos ministrados nos encontros foram:

Encontro 1 - Abertura - Com a mudança do local da feira por conta da


novena da igreja, o primeiro encontro foi marcado pela alteração do local
Posteriormente determinado pelo organizador da feira para a realização do
projeto, então eu e meu parceiro de trabalho, Diego José da Silva, que me
acompanhou ao longo de todos os encontros, montamos as estruturas
improvisadas em uma calçada cedida pelo dono do salão, no estacionamento
da feira.

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Esse primeiro encontro não teve temática expositiva específica, então
nas duas semanas de preparação coletamos com os artistas universitários
colaboradores trabalhos voltados para a gravura, pintura, desenho, e artes
têxteis, dialogando durante a coleta sobre cada processo criativo e técnica de
produção para compreendermos o caminho percorrido por cada artista em seu
trabalho.
Contamos com a presença do artista local Welton Rodrigues de Jesus,
que nos falou um pouco sobre seus projetos sociais voltados para a
democratização do acesso a arte para os jovens em situação de
vulnerabilidade econômica e social da nossa cidade. O artista compartilhou
conosco e com os participantes um pouco sobre as técnicas de pintura e
escultura que utiliza em suas produções e foi muito importante nesse nosso
primeiro contato com a comunidade.
Figura 2: Registros da oficina e do diálogo durante o encontro 1.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Por fim, desenvolvemos uma oficina de desenho de observação com os


objetos que levamos para expor, muitas crianças participaram e se
interessaram em saber mais sobre o projeto e os próximos encontros.

Encontro 2 - Embora tenham sido desenvolvidas as atividades de preparação


para esse encontro, bem como a captação de obras pelo campus para o
encontro idealizado visando exposição dialogada com peças cerâmicas,
abordando os processos técnicos da produção no campus e as principais
ferramentas de trabalho, a realização do encontro não foi possível, pois os
veículos da universidade não possuíam disponibilidade para a data
programada, e considerando o papel fundamental do mesmo para o transporte
dos equipamentos e materiais, o encontro previsto para o dia 08/10 teve que
ser cancelado, dando sequência as demais atividades previstas pelo
cronograma do projeto.

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Figura 3: Captura de tela do e-mail enviado pelo servidor Lindomar Ferreira.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 3 - Gravuras e estamparias - Para esse encontro, preparamos um


acervo mais voltado para a arte têxtil da estamparia e a produção de carimbos
e monotipias com alimentos, também levamos algumas peças da produção de
tapeçaria manual e cerâmica, para compor o acervo expositivo,
compartilhamos um pouco sobre a produção de estampas que estava exposta,
com trabalhos dos nossos colegas Maria das Graças, Isaque Xavier, Bárbara
Rocha e Débora Rocha, assim como alguns meus e do meu amigo Diego,
relacionados ao tema central, abordando as possibilidades criativas da
estamparia e os padrões de combinação e repetição das estampas.
Dialogamos sobre a atividade de subsistência de algumas comunidades
indígenas que consiste na produção de cestos, esteiras, bijuterias dentre outros
objetos, utilizando dos padrões de estamparia específicos de cada
comunidade. Duas senhoras ao ver as peças de cerâmica expostas no acervo,
perguntaram sobre nossas técnicas de produção e compartilharam um pouco
da experiência de produção delas, técnicas e ferramentas que eram utilizadas
dizendo que “antigamente não tínhamos fornos para queimar como vocês,
fazíamos tudo em uma coivara” ao se referirem a produção de utensílios
cerâmicos para uso doméstico e comercialização na bacia do rio corrente, foi
um diálogo interessante.
Figura 4: Registros da oficina e do diálogo durante o encontro 3.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

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Então compramos algumas batatas e laranjas e desenvolvemos uma
oficina de carimbos artesanais com os presentes, conforme a proposta inicial,
muitos participantes se apegam às suas produções e levam para casa, e
alguns doam seus trabalhos para o projeto como uma maneira de serem
lembrados, conforme imagem abaixo, e essa troca é a parte mais legal das
relações estabelecidas através do projeto.

Encontro 4 - O corpo que Fala, Jogos teatrais- Para esse encontro,


levamos o acervo exposto nos encontros anteriores, e alguns cadernos de
desenho coletados pelo campus na semana de preparação, a proposta prática
para esse encontro, além do diálogo sobre o acervo, foi convidar os presentes
para uma brincadeira, fundamentada nos jogos teatrais de Viola Spolin, para
trabalhar a linguagem corporal e a mímica, a atividade foi desenvolvida em
conjunto com meus colegas Pablo Ricardo e Ianna Falcão visando
principalmente o resgate das brincadeiras da infância e o ensino de arte em
espaços não formais.
Então após duas horas de dinâmica, com um rodízio de público,
considerando que a atividade teve uma demanda muito grande pelas crianças
e até adultos que por ali passavam, chegando ao ponto de termos que dividir a
atividade em dois grandes grupos para oportunizar um maior número de
participantes, encerramos essa atividade e convidamos os participantes para
uma conversa sobre o trabalho que desenvolvemos na universidade, a
importância do nosso curso para a formação de arte-educadores e
apresentamos o acervo do projeto, dialogando sobre as principais questões
levantadas pelos envolvidos, considerando que a maioria se que sabia da
existência da universidade na nossa região.

Figura 5: Registros da oficina e do diálogo durante o encontro 4.

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Foi um encontro muito produtivo e de grande interação com a
comunidade, logo que, espontaneamente, por alguns já terem nos visto
desenvolvendo atividades nos encontros anteriores, algumas pessoas queriam
produzir desenhos, nos pediam dicas, e nos contavam um sobre suas relações
com as artes ao longo da vida.

Figura 6: Registros da oficina durante o encontro 4.

Um exemplo dessas trocas foi, um ambulante


que aos poucos se aproximou, curioso sobre
o que estávamos oferecendo alí, e o
convidamos para fazer um desenho, então
ele perguntou “é de graça?” e ao
respondermos que sim, e que era uma ação
da universidade, ele se juntou ao nosso grupo
e começou a falar sobre sua infância, que
precisou largar a escola para trabalhar, e que
desde então não havia mais feito o que tanto
gostava, que era desenhar, que ele
conseguiu voltar no tempo naquele momento,
nos presenteando com além do desenho feito
por ele, um pouco da sua história.
Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 5 - O surrealismo e as Artes Visuais.


Tendo como acervo visual principal, pinturas e digital collages surrealistas,
buscamos dialogar com a comunidade sobre os significados por trás de cada
produção artística, essas obras foram como nos demais encontros , produzidas
por universitários colaboradores.
os colegas Pablo Ricardo, Ianna Falcão e Isaque Xavier e Michele Bastos
disponibilizaram seus trabalhos de pinturas abstratas e foram para o encontro
dialogar com a comunidade, assim como Joelma Alves, que levou sua
produção com uma instalação abstrata composta por várias bonecas Abayomi,
tratando da importância de dialogarmos sobre a influência da cultura Afro para
a formação histórica e identitária do Brasil, o nosso colega do curso de
Publicidade e Propaganda da UFOB, Patrício Brito disponibilizou alguns
trabalhos produzidos pela técnica de digital collage, que enriqueceu o nosso
acervo, para dialogarmos sobre as possibilidades da arte e tecnologia.

A oficina desse encontro consistiu em um processo criativo de pintura


através da memória, visando materializar uma memória de um sonho

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improvável, que venha a desafiar a lógica e a razão. Por conta do excesso de
chuva no dia desse encontro, e as mudanças constantes de local de realização
da feira por questões do município, embora tenha sido um encontro produtivo,
não conseguimos alcançar a quantidade estimada de público, tivemos
dificuldades com a estrutura e com o transporte e montagem dos equipamentos
durante a chuva. Mas realizamos o encontro e executamos os objetivos
propostos.

Figura 7: Registros do diálogo, de parte do acervo e da oficina durante o


encontro 5.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 6 - Arte da colagem, assemblagem e Bullet Journal - Partindo


de obras produzidas por mim, pelas estudantes colaboradoras Michelly Bastos
e Maria das Graças utilizando a técnica da assemblagem e as colagens
produzidas pelas crianças no estágio do colega Pablo Ricardo e
disponibilizadas pelo mesmo, estruturamos o encontro visando o diálogo
possível a partir da abordagem sobre a apropriação e alteração de recortes de
imagens a partir da produção de colagens, e como a releitura e a apropriação
se inserem nas artes visuais.
A oficina desse encontro consistiu na produção de uma colagem criando uma
narrativa visual e depois cada participante foi convidado a socializar sobre o
que sua colagem conta, foi uma experiência importante para compreendermos
como a realidade subjetiva interfere na interpretação das obras de arte em que
vemos. Uma das crianças participantes abordou questões políticas a partir de
anúncios em que recortou, subvertendo o contexto em que as imagens
apropriadas estavam, a realidade em que presenciava em sua casa.

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Figura 8: Desmontagem do espaço de realização do projeto na feira, no
encontro 6 e realização da oficina.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 7 - Gravura em suportes diversos I- Feira da Agricultura


Familiar em São Félix do Coribe- Nessa sequência de 3 encontros voltados
para a gravura, seus principais suportes e técnicas a proposta inicial seria que
no encontro I, faríamos a exposição dos trabalhos desenvolvidos na
universidade, como de fato aconteceu, levamos algumas obras de gravura e
matrizes minhas, da orientadora Violeta Pavão e dos artistas colaboradores
Aline Loures, Diego Silva, Pablo Barbosa, Junior Brito, Nara Souza, Isaque
Xavier e Andréia Souza.
As matrizes das obras levadas foram desenvolvidas em diversos suportes
como: mdf, madeira, compensado, cobre, caixa tetrapack, linóleo. E as técnicas
e ferramentas de produção variam de acordo com o suporte utilizado, então
levamos algumas goivas, utilizadas na madeira, ponta seca, utilizada no cobre
e na caixa tetrapack, neutrol e verniz utilizados na gravura em metal, dentre
outros materiais que pudessem ilustrar nosso diálogo e responder as principais
dúvidas da comunidade em relação aos procedimentos técnicos da gravura.
A partir de um trabalho meu de investigação de amostras de madeiras
artificiais industrializadas e como as goivas funcionam em cada textura,
levamos pequenas amostras desses materiais para que as pessoas
experimentassem o processo mecânico de produção dos entalhes no material
que causam o efeito de luz e sombra nas impressões, compartilhamos alguns
processos de criação e conceitos visuais presentes em nossas obras e de
alguns colegas que estavam expostas e como de costume, falamos um pouco
sobre a nossa experiência enquanto estudantes em uma universidade
interiorizada.
O intuito deste e do encontro seguinte, foi inicialmente convidar as pessoas à
participarem do encontro 9, terceiro dessa sequência de gravura, onde
aconteceria uma oficina de produção de gravuras em tetrapack, mas
principalmente pela falta de colaboradores durante o período de férias

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acadêmicas, onde a maioria retorna a sua cidade natal, foi inviável promover a
atividade com apenas dois integrantes da comissão organizadora.

Figura 9: Registros de alguns diálogos durante o encontro 7.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 8 - Gravura em suportes diversos II- Praça do Jacaré em Santa


Maria da Vitória - Encontro previsto para funcionar como o anterior, tendo a
mesma temática, expondo os mesmos trabalhos em outro outro local, a Praça
do Jacaré em Santa Maria da Vitória, a fim de alcançar outro público além das
feiras, e trazê-los para o nosso próximo encontro que aconteceria a oficina.
Por conta da falta de colaboradores relatada acima, não conseguimos montar a
estrutura da tenda, e como não havia previsão de chuva para esse dia,
resolvemos realizar o evento mesmo assim, mas uma chuva se formou de
repente enquanto ainda estávamos montando o material, o que prejudicou o
desenvolvimento das atividades para esse dia.

Figura 10: Registros de um diálogo do projeto e a chuva que nos obrigou a


encerrar mais cedo o encontro 8.

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Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Encontro 9 - Gravura em suportes diversos III- Feira Municipal de Santa


Maria da Vitória- Encontro previsto para desenvolver a oficina de gravura na
caixa tetrapack, e conforme as condições climáticas, e a falta de pessoal em
decorrência das férias, seguimos com a exposição para o espaço da Feira
Municipal de Santa Maria da Vitória, encontramos uma maior concentração de
público e ainda que com recursos reduzidos, foi um dos melhores encontros
em termos de interação e acolhimento pela comunidade local à nossa
proposta.
Figura 11: Registros de alguns diálogos durante o encontro 9.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

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Levamos para esse encontro o livro Madalena, da artista Natália Gregorini,
desenvolvido todo em gravura, utilizando como suporte a caixa tetrapack, e
falamos um pouco sobre seu processo criativo e as possibilidades criativas da
gravura, e partir desses diálogos surgiu o interesse em desenvolver um projeto
mais voltado para a disseminação das práticas artísticas nas escolas da região.

Encontro 10 - Processos criativos em Artes Visuais e alguns dos seus


suportes - Encerramento -

Esse foi o último encontro do projeto, e visando expor um pouco de tudo que
foi trabalhado ao longo dos encontros, levamos algumas das pinturas
disponibilizadas pelos colegas para os encontros 5 e 6, peças cerâmicas,
cadernos de desenho, colagens e assemblages produzidas por nossos alunos
nos estágios supervisionados e alguns dos trabalhos expostos nos encontros
sobre gravura. Pude contar com o apoio dos colegas, Isaque Xavier e Vivas
Santos que contribuíram durante a curadoria, montagem e monitoria do evento
que aconteceu em Santa Maria da Vitória, na Praça do Jacaré.
Figura 12: Registros das atividades desenvolvidas no encontro 10.

Fonte: Acervo do projeto Disseminarte.

Alguns colegas de curso vieram prestigiar os trabalhos expostos e pudemos


compartilhar algumas experiências sobre arte-educação e metodologias
inovadoras para nossa área de atuação. O professor e historiador local Jairo
Rodrigues passou pela exposição e lamentou o fato da exposição ser em

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período de férias escolares, pois tinha grande interesse em trazer seus alunos
para conhecerem um pouco do trabalho da universidade.

2.3 PRINCIPAIS DIFICULDADES DA REALIZAÇÃO E OBSERVAÇÃO GERAL

Dentre as dificuldades encontradas, as condições climáticas acima


mencionada foi uma das principais, pois trabalhar em um ambiente externo
com materiais sensíveis e em grande parte, papéis em período chuvoso foi um
grande desafio, considerando que a universidade não possui qualquer estrutura
disponível para a realização desse tipo de atividade, e quando tentamos
contato com os órgãos públicos municipais, dificilmente obtemos respostas ou
qualquer apoio.
Outro problema foi o período de vigência do edital e do projeto, pois
fazer extensão demanda do envolvimento de toda a comunidade acadêmica,
desde os servidores e técnicos a estudantes, e durante o período de férias
acadêmicas, muitos recessos e feriados, então a continuidade do projeto
também sofreu alterações por conta da demanda de mais pessoas, por se
tratar de um projeto idealizado por mim, mas coletivo em sua execução.
Mesmo com todas dificuldades acima listadas, os encontros
aconteceram e entregamos o nosso melhor, visando informações de qualidade
e embasamento teórico acerca dos temas e atividades propostos e desde já
agradeço a orientação e apoio da docente Violeta Pavão Pampuri Mendes, que
sempre se mostrou disponível, prestativa e abraçou a causa do projeto,
recorrendo ao apoio externo do senhor Jevarlino Bispo, que gentilmente nos
cedeu uma tenda durante o período de realização do projeto.
Agradeço também aos colegas e colaboradores do projeto: Bruno Henrique
Pereira Borges, Celso Erick Dias Pereira, Diego José da Silva ,Ianna Falcão Teixeira,
Isaque Xavier Valentim da Silva, Joelma Alves Nascimento, Maria Aparecida Pereira
da Silva, Pablo Ricardo Barbosa, Vivas Santos da Cruz e Warley César Oliveira dos
Santos que contribuíram para a realização das atividades.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste projeto surpreendeu a participação das crianças nas atividades,


e através das relações estabelecidas principalmente com os adultos
observamos que ao dialogarmos sobre as práticas artísticas na universidade e
como os processos de criação artístico envolve o nosso cotidiano enquanto
pessoas reais aproximam as pessoas e leva-as a olhar a arte com um olhar
mais sensível e de respeito, por muito tempo a arte foi vista como um poder
supremo, como uma atividade exclusiva e excludente, e essa inacessibilidade é
o que acaba afastando cada vez mais os artistas da comunidade a qual estão
inseridos, a partir dessa relação de admiração incompreendida.

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Fazer extensão nos deixou mais motivados a buscar essa relação de
aproximação com a comunidade, de buscar e promover mudanças estruturais
no tocante ao acesso à educação de qualidade, várias crianças em condições
de vulnerabilidade social relataram nunca terem tido acesso a materiais
simples como tinta guache, e através do nosso projeto ainda que por uma vez,
puderam experienciar atividades que para nós podem ser pequenas, mas que
podem trazer um grande impacto positivo a forma de ver as aulas de arte e
valorizar a educação dessas crianças.
O objetivo de levar as principais linguagens artísticas à comunidade
tendo a como parte geradora de conhecimentos, visando as muitas
possibilidades de partilha que vem para quebrar o padrão de ensino onde o
aluno/participante é visto como um depósito de informações ainda persiste em
diversas áreas da educação e precisa ser superado.
Muitas práticas, atividades e diálogos informais observados por nós serviram
para revermos nossos papéis enquanto arte educadores, e a principal
conquista pessoal que tive com a realização do projeto foi uma evolução
significativa em como me comunico com as pessoas à minha volta, uma maior
valorização de todas as experiências que vivencio na universidade, como uma
reflexão constante “quem eu quero ser enquanto professora, e qual a melhor
forma de transformar as vivências na universidade em impactos positivos para
minha comunidade”.
Pude me aprofundar na investigação sobre a gravura e adquirir conhecimentos
sobre cada técnica de produção e material utilizado, compreendi mais sobre
como estimular a criatividade dos alunos e como conduzir um processo criativo,
consegui conhecer sobre artistas e artesãos locais, entender melhor sobre
eventos relacionados ao mercado da arte, pois todos os procedimentos
burocráticos do projeto de extensão contribuíram para o meu crescimento
profissional e aprendizado, pois a arte está relacionada com todas as áreas da
nossa vida, seja como hobby, profissão e até com complementação de renda.

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REFERÊNCIAS

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