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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Grupo do educativo: Alice Ramos Lobo, Myllena Matos, Priscilla Vitória, Fernanda Barbosa,
Marina Castro e Joana Faustino.

1. DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

1- Nome da instituição ou projeto


Projeto “MOVENTEMANGUE_ARTE”. Segmento educativo.

2- Natureza (ONG, projeto governamental - citar a esfera, projeto independente, etc).


É um projeto vinculado com o CAC/UFPE que se resume à criação de um site de divulgação e
circulação de produções artísticas, visuais e educativas (relatos de experiência, artigos, etc) e,
através da terceira movência, vai expandir para um segmento educativo que visa a formação de
professores.

3- Local (cidade, bairro, espaço virtual se for o caso)

O projeto teve início no CAC/UFPE, havendo reuniões online através do Google meet. E possui
também outros canais e redes como o instagram do movente e o site oficial:

Instagram: @moventemanguearte
“https://www.movente.org /”

4- Público atendido

O projeto MOVENTEMANGUE_ARTE tem como público alvo estudantes e profissionais de Artes


Visuais, de Museologia, de Design, de Informática, de Comunicação Social, de Pedagogia, de
ciências humanas (História, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Psicologia, etc), artistas,
arte/educadores, educadores sociais, professores da Educação Básica, líderes comunitários,
ativistas sociais, agentes culturais, qualquer pessoa interessada em arte e nas chamadas das
Movências (público geral).

Dando continuidade ao projeto MOVENTEMANGUE_ARTE, uma nova ramificação surgiu. A do


educativo. Nele vamos realizar oficinas com professores, seguidas de um desenvolvimento de um
projeto pedagógico . Tendo os educadores como público alvo desse segmento específico do
projeto.

5- Missão - objetivo(s)

O projeto “MOVENTEMANGUE_ARTE” resultou na criação do site com o mesmo nome que serve
como plataforma de compartilhamento e divulgação de produções artísticas como fotografias,
pinturas e vídeos, além de um espaço com as portas abertas para receber produções mais
acadêmicas como relato de experiência e artigos do campo da arte/educação.
Inicialmente integrado à UNILAB, esse projeto na UFPE tem como grande foco a região nordestina
e através do site incentivar artistas, artesãos, educadores de região a expor seus trabalhos de
forma a propiciar um networking e uma maior visibilidade a essas produções artísticas e
educativas locais.

Tal exposição é feita através das inscrições nas movências presentes na plataforma do
MOVENTEMANGUE_ARTE onde as obras e produções vão passar por uma avaliação e curadoria
para serem colocadas no site. Sendo assim essa plataforma tem uma missão de ser colaborativa
com um acervo de produções que está constantemente aumentando.

Em 2023 surge uma nova ramificação da missão do MOVENTEMANGUE_ARTE com a inclusão do


educativo formado pelas alunas do estágio 3 do curso de artes. Essa nova ramificação consiste em
incentivar professores a desenvolverem projetos pedagógicos inspirados na temática da terceira
movência e na oficina ministrada pelas alunas.

6- Breve histórico

O projeto “MOVENTEMANGUE_ARTE” começou a ser idealizado após terem ocorrido discussões


acerca da necessidade de um local de visibilização, experimentação, exposição e pesquisa
envolvendo Artes Visuais e Arte/Educação durante os encontros do webinário “Entre Museus:
Vozes Propagadas” (julho/2020). Por causa disso houve o desenvolvimento do MOVENTE como
uma extensão na federal onde estudantes, cuja maioria eram de Artes Visuais, se juntaram à
coordenação do projeto com o intuito de colaborar no desenvolvimento do seu conceito e criar
uma plataforma digital que abarcasse as demandas da sua idealização.

Ou seja, com a equipe de estudantes da UFPE o projeto saiu do papel resultando numa plataforma
colaborativa com uma estrutura de rizomas que conecte um público geral para novos artistas e
arte/educadores nordestinos e também que artistas, artesãos e arte/educadores possam expor e
conhecer um pouco da produção artística e educativa de cada um através da Movências.

Tendo em vista o desenvolvimento do site feito com uma série de educadores e discentes do curso
de artes visuais. No ano de 2023 o projeto já se encontra em outra etapa do seu desenvolvimento,
com as duas primeiras movências já realizadas e divulgadas no instagram e na própria plataforma
do site. A primeira se chama “Aos sonhos que nos antecedem” e a segunda “Paisagens que
habitam em nós”. O projeto tomou um novo segmento com a realização de um educativo formado
pelas alunas de artes visuais matriculadas na cadeira de estágio 3. Essas alunas farão oficinas com
professores com a temática da sustentabilidade e meio ambiente interligada à poética da 3ª
movência chamada “Saudações do futuro”. Essas oficinas serão formadas por três atividades
ministradas pelas duplas do educativo objetivando resultar na realização de um acompanhamento
pedagógico desenvolvido junto com os professores participantes.

7- Perfil do(a)(s) educador(a)(es), quanto à formação e experiência profissional


A equipe do educativo é composta por alunas do curso de Licenciatura em Artes Visuais, entre elas
Myllena que além de pertencer ao educativo atualmente também é bolsista e membro do grupo
de extensão MOVENTEMANGUE_ARTE.

8- Atividades e metodologia

PRISCILLA e FERNANDA: Na oficina de Integração com a natureza e Pigmentos naturais


refletimos com os professores sobre a importância de desenvolver atividades que
estimulem o contato com a natureza e as contribuições destas práticas de ensino para o
desenvolvimento infantil, também vivenciamos a pintura livre explorando elementos
naturais para composição visual das obras. Metodologia que identificamos como
Construtivista, pois houveram muitos compartilhamentos de ideias trazidas pelos
professores que resultaram no aprimoramento da oficina e numa verdadeira construção
coletiva de conhecimentos.

JOANA e MARINA: Na nossa oficina, nós optamos por uma metodologia assemelhada à Abordagem
triangular. Expusemos exemplos de produções acerca do tema, conversamos e explicamos sobre o
tema referido (reflexão sobre incômodos, vídeo-cartas, e artivismo, a arte como instrumento
político), sempre mantendo a fala disponível à qualquer um que sentisse vontade de pontuar, e
depois convidamos os participantes a produzirem sua própria vídeo-carta artvista. Um vídeo-recado
sobre incômodos que cada um sente e poder então usar dessa produção artística como algo para
colocar em evidência questões, que na visão deles, não estão certas. Após a conclusão das
produções, facilitamos um momento de socialização dos resultados, conversando e entendendo os
incômodos dos colegas. Assim, unindo os três princípios ensinados por Ana Mae: Exposição,
Contextualização e Fazer Artístico.

ALICE E MYLLENA: Na oficina de monumentos do futuro nós trabalhamos com a leitura de imagens,
prática e mediação, assemelhando nossa abordagem ao método triangular. No início da oficina
expusemos sobre os objetivos e sobre o tema que regia aquela tarde, trouxemos exemplos e falamos
brevemente sobre eles para contextualizar os participantes das questões que seriam levantadas
antes da proposição do momento da prática. Procuramos instigar os participantes com perguntas
sobre quais personagens, históricos ou não, eles gostariam de ver homenageados no futuro. A
proposta da oficina era promover um ambiente sobre o pensar crítico acerca do passado e do
presente para construção coletiva do futuro. Depois da prática, socializamos as peças que foram
criadas durante a oficina, abordando a temática e lançando novas questões entre nós, que abrangem
o tema da terceira movência.

2. OBSERVAÇÕES E DIAGNÓSTICO (PROBLEMATIZAÇÃO)

Individual – cada um tem uma percepção


Nesta parte devem ser relatadas observações mais relevantes, anotadas no diário de estágio,
cabendo enunciar problemas, acertos e aprendizagens.
(Quem preparou por escrito para o 1º compartilhamento, pode aproveitar)
ALICE: Foi muito interessante voltar pro Moventemangue_arte nessa função de educadora. Fui
designer do projeto, participando do desenvolvimento da logo e do site, mas essa área do educativo
é uma novidade que foi interessante fazer parte. E, por ser uma abordagem nova do projeto, teve
muitas etapas bastante experimentais onde as pessoas envolvidas bolaram um plano para adaptar a
proposta da terceira movência em uma prática educativa.
Minha única crítica foi no final do processo com a dificuldade em desenvolver os planos pedagógicos
com os professores e a necessidade de termos que bolar outras estratégias para completar a carga
horária do estágio de última hora.

FERNANDA: Uma das questões que surgiram durante a oficina foi a sensação de que poderia ter
planejado melhor o tempo e os recursos disponíveis. Percebi que, em alguns momentos, a
preocupação com a falta de recursos me impediu de me entregar totalmente à experiência e à
proposta da oficina com o que tínhamos disponível no momento. No entanto, essa limitação também
me trouxe uma valiosa lição sobre a importância de ser criativa e adaptável em situações
desafiadoras, principalmente para práticas sustentáveis.

O desejo de poder investir mais em determinados aspectos da oficina é válido para o


desenvolvimento e refinamento da prática, mas vejo a adaptação à realidade disponível como um
fator mais relevante para este momento inicial de carreira. Senti que poderia ter explorado um
pouco mais a conexão com a natureza e incentivado os participantes a se soltarem e se entregarem
completamente à experiência. No entanto, essa sensação de que poderia ter feito mais também me
levou a reconhecer a importância de equilibrar planejamento e espontaneidade em atividades como
essa.

No geral, a oficina foi uma experiência muito positiva, e as problematizações que surgiram durante o
processo me trouxeram uma maior compreensão sobre a importância da flexibilidade, da
criatividade e da entrega total à experiência. Essas lições serão preciosas para minhas futuras
práticas como educadora e me motivam a continuar explorando a interseção entre arte, natureza e
bem-estar de maneira mais profunda e impactante.

MARINA: Participar do grupo educativo do Movente foi minha primeira experiência como
educadora, e apesar de todos os anseios que eu tinha sobre como dar aula, eu fui agraciada em dar
oficinas para turmas com pessoas que, em sua maioria, estavam realmente dispostas a participar,
fazendo com que essa primeira experiência tenha sido muito positiva na minha vida, já que sempre
foi uma vontade seguir pelo caminho da educação. Ver em prática a educação fora do ambiente
formal, trazendo mais informalidade ao grupo, fez com que tudo ocorresse de forma muito leve, foi
muito gratificante também ver como eu e minha dupla, Joana, conseguimos transformar a nossa
oficina em um ambiente acolhedor, onde todos que participaram se sentiam de fato a vontade, para
discutir seus incômodos e discutir estratégias para combater a esses. Um dos problemas que
enfrentamos foi que, nossa oficina por ser audiovisual, recebemos pessoas que não tinham as
ferramentas necessárias ou que até tinham as ferramentas e o conhecimento, mas não estavam
dispostas a participar, o que era algo que desde o começo nós já tínhamos em mente, mas mesmo
assim foram oficinas muito agradáveis para todos que quiseram participar.

MYLLENA: A experiência de participar da formação de um Educativo desde seu início foi muito
importante para mim, tanto na minha formação acadêmica como na minha futura atuação como
profissional. O desejo de expandir o projeto Movente Mangue Arte já vinha crescendo desde a
segunda movência, “Paisagens que habitam em nós” (2022-2023) e a necessidade de dar uma
dimensão mais expandida do Movente se concretizou na terceira movência “Saudações do futuro”
(2023). Os encontros foram atravessados por conversas acerca do nascimento da terceira movência,
antes como bolsista e agora como parte do educativo me senti especialmente acolhida, pois o
educativo participou ativamente na construção conceitual da movência, o que enriqueceu ainda
mais a construção do educativo e do desenrolar das nossas ações, pois também estávamos
preparadas para construir novas conversas a partir dos nossos encontros online, toda quarta-feira.
Foi muito importante também os encontros realizados junto a Secretaria de Educação, em especial
com Rafaella, Ana Lídia, Adriana e Anderson, que acolheram e deram continuidade às nossas ideias,
fazendo acontecer a primeira formação com professores do Movente. Entender como funcionam
algumas questões mais práticas também é importante em seu sentido formativo. A idealização do
encontro, que se concretizou dia 31/08 foi construída através de reuniões presenciais onde pudemos
compartilhar nossas ideias e ouvir muitas outras também. Me senti verdadeiramente privilegiada de
poder estar ao encontro de pessoas, minhas colegas de educativo, do projeto e da Secretaria de
educação, que estão dispostos a incentivar o ensino de arte, a formação social e política dentro e
fora das escolas, entendendo que a arte é indissociável das questões que nos atravessam.

PRISCILLA: A proposta do projeto me estimulou a pesquisar e conhecer mais sobre os trabalhos de


artes visuais na região do Nordeste, poder participar das reuniões online semanais com o grupo me
trouxe muitos aprendizados em relação a como acontecem construção coletivas no campo das artes
visuais e como utilizar ferramentas digitais. A temática do futuro ligado ao meio ambiente despertou
em mim muitas ideias de ensino e aprendizagens, acredito que serão muito significativas para a
escrita do meu trabalho de conclusão de curso. Gostaria de pontuar também a contribuição que
recebemos da equipe de arte educadores da secretaria de educação, o acolhimento e orientações
tornaram a experiência no Estágio 3 ainda mais enriquecedora.

JOANA: O período de participação no educativo do movente me foi muito enriquecedor, pude


observar e me integrar ao funcionamento do projeto, me senti acolhida pelos participantes mais
antigos e desafiada pelas questões que circundam um projeto de poucos integrantes e em constante
construção (que eram ainda inéditas a mim). No entanto, vale ressaltar que, apesar de serem muito
facilitadores, os encontros e o funcionamento quase exclusivamente online do movente se
apresentaram como a grande solução que eu não soube aproveitar com sabedoria.
Depois do procedimento cirúrgico que precisei passar (e outros acontecimentos na minha
vida pessoal), fiquei impossibilitada, por alguns dias, de continuar minhas atividades (por conta
de dor, enjoos pela carga de medicações e desconfortos que acompanham o pós-cirúrgico, além
de uma piora no meu caso de saúde mental debilitada) perdi, por isso, alguns encontros com o
grupo, fiquei ausente com minhas colegas e, consequentemente, não computei horas
importantes para meu desenvolvimento no estágio. Entretanto, minha orientadora, prestando
atenção ao meu processo, veio pessoalmente (online) me chamar a atenção e auxiliar meu
retorno às atividades.
Quando finalmente retornei, me vi de frente (e despreparada) à atividade que o
educativo, como conjunto, mais esperava. Tive então de correr contra o tempo, passar horas
conversando com minha dupla dentro do projeto para poder me realinhar e, consequentemente,
contribuir de forma justa com o que estávamos nos propondo. Apesar da correria, do sufoco pra
me endireitar ao andamento do grupo, consegui. Participei de forma ativa das reuniões, dos
encontros, das conversas entre as meninas do educativo, nos organizamos e construímos um dia
de formação muito interessante e rico. Além de idealizarmos outras versões para ação com
educadores. Além das ações do educativo, contribuí para outras atividades do Movente fora dos
projetos do meu grupo de estágio nessa reta final, consegui alcançar minhas meta de horas,
considero que me beneficiei muito com as experiências que reuní e espero conseguir continuar
fazendo parte desse projeto tão bonito.

3. PLANEJAMENTO DE AÇÃO

Alice e Myllena:
Com a temática da formação estando relacionada à reciclagem, ao meio ambiente e a 3ª
movência da plataforma sendo “Saudações do futuro”, pensamos em desenvolver uma oficina que
estivesse interligada a esses assuntos. Sendo assim, propomos o “Monumentos do futuro” como
um incentivo a elaboração de obras tridimensionais com o uso de sucata e materiais reciclados.
Nessa oficina vamos apresentar duas estátuas feitas sobre figuras históricas cuja homenagem são
questionáveis, como antigos donos de escravos e colonizadores. Depois disso vamos propor para
os docentes uma reflexão sobre quais são as figuras ou assuntos que eles gostariam que tivesse
um monumento no futuro, uma homenagem. Após a apresentação da proposta da atividade os
docentes vão estar livres para usar os materiais disponíveis em suas criações. Havendo no final da
oficina uma apresentação das obras.

Joana e Marina:
A oficina “Incômodos” foi planejada para combinar o tecnológico e o tema da reciclagem, a partir
de um debate sobre os incômodos que nos acercam no meio ambiente, na cidade e nos arredores
das comunidades, usando como referência artes de alguns artivistas ambientais, estes que, fazem
arte como forma de expressar o descontentamento com a poluição ambiental por diversos meios
artísticos como pinturas, instalações ou na tridimensionalidade. Nossa proposta é, a partir desse
debate sobre os incômodos, produzir um vídeo-recado, individual, dupla ou em grupo,
expressando de maneira artística os incômodos que nos cercam.

Priscilla e Fernanda:
Na oficina “Integração com a natureza e Pigmentos naturais” buscamos ampliar nossas
perspectivas e conscientização ambiental através da arte com um integração com elementos
naturais, iniciando em roda com exercício de meditação guiada tendo a proposta de desacelerar o
ritmo urbano para melhor percepção sensível a natureza ao nosso redor, em seguida trouxemos
reflexões relacionadas ao futuro e presente e a importância da educação como ferramenta de
transformação social que possibilitam mudanças a favor da natureza. No terceiro momento
produzimos em grupo composições visuais utilizando diversos suportes recicláveis, elementos
naturais e técnicas de pintura com pigmentos naturais.
4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Individual
Base teórica (discussão a partir de autores/as que abordam a educação não-formal) Relatar o
processo com reflexões
Apresentar imagens, se possível

ALICE: Durante a visita a exposição na Caixa Cultural me juntei a Myllena e entre apreciar as obras e
refletir sobre a temática da terceira movência tivemos duas ideias. A primeira envolveria a criação de
uma colagem que os docentes fariam após refletirem em como eles imaginam o futuro. A segunda,
que foi a definitiva, envolveria o desenvolvimento de uma obra tridimensional usando sucataria e
outros materiais reciclados com a temática e nome da oficina sendo "Monumentos do futuro".

Pensando em como as estátuas e os monumentos homenageiam pessoas, eventos e outras coisas.


Eu e Myllena refletimos sobre figuras questionáveis como Maurício de Nassau e Borba Gato, um
escravocrata, tinham homenagens na forma de estátua e como seria interessante enfatizar a
importância de homenagens mais positivas no futuro.

Com esses exemplos convidamos os professores a essa reflexão e esse desenvolvimento da escultura
durante a oficina, havendo no final uma apresentação das obras que foi bastante agregadora para
todos os envolvidos. O que me fez refletir bastante sobre a importância dessa educação informal
propiciada por conversas, coletivos e compartilhamento de experiências, como é discutido no texto
“Educação não formal nas instituições sociais” de Maria da Glória Gohn.

“[...]a informal é aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo


de socialização – na família, no bairro, no clube, durante o convívio com os
amigos etc. –, carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e
sentimentos herdados; e a educação não formal é aquela que se aprende
“no mundo da vida”, via processos de compartilhamento de experiências,
principalmente por intermédio de espaços e ações coletivas cotidianas.”
(GOHN Maria da Glória)

FERNANDA: A oportunidade de ministrar uma experiência educativa de reintegração à natureza para


professores de artes da rede estadual de Pernambuco, como parte de uma formação continuada, foi
profundamente significativa em minha jornada como educadora e amante das artes. Os estudos
pessoais durante a preparação para a oficina, combinados com a experiência prática de estágio,
foram extremamente enriquecedores, deixando uma marca relevante em minha jornada e
fazendo-me refletir profundamente sobre o poder transformador da arte e da conexão com a
natureza.

Desde o início dos encontros do projeto, nos quais os temas "futuro" e "sustentabilidade" emergiram
como possibilidades, senti uma energia positiva imensa e tangível no ar. Já nutria grande interesse e
curiosidade pelos tópicos relacionados à relação entre arte, meio ambiente e bem-estar. E ao longo
das vivências, também percebi que todos os envolvidos estavam igualmente empolgados, abertos e
ansiosos para aprofundar seus conhecimentos. Esse entusiasmo foi fundamental para obtermos um
resultado positivo na prática educativa.

Entre um encontro e outro do projeto educativo,


dediquei-me à leitura e pesquisa sobre desaceleração, bem-estar, educação sustentável e exemplos
de artistas que exploram a relação entre arte e natureza. Material que serviu de suporte para
estimular e convencer os participantes sobre a importância das práticas educativas de
conscientização, e que foi incorporado aos momentos de reflexão e discussão da oficina, enquanto
mantínhamos a flexibilidade às adaptações necessárias que fossem surgindo, conforme a dinâmica
do grupo e necessidades dos participantes.

Essa preparação prévia me proporcionou a confiança necessária para abordar e esclarecer quaisquer
dúvidas que surgissem durante a oficina. Ao seu término, todos os participantes compartilharam
suas criações e reflexões, o que me emocionou bastante ao constatar como essa experiência tocou a
todos de maneira profunda. Senti-me grata não apenas pelos conhecimentos adquiridos
antecipadamente, mas também pelo rico material proporcionado pelos próprios participantes.

Essa oficina reforçou muito minha convicção de que a arte e a educação têm o potencial de serem
ferramentas poderosas na promoção de um futuro mais consciente e sustentável. Saio dessa
experiência com um sentimento de felicidade, gratidão aos meus colegas pela troca e profunda
inspiração para continuar minha jornada na área da arte educação e explorar ainda mais a interseção
entre arte, natureza e bem-estar.
MARINA: Estagiar no projeto Movente Mangue Arte foi uma experiência que eu não esperava. Essa
foi minha primeira experiência de estágio obrigatório e apesar das minhas incertezas, e minhas
dúvidas de como realizariamos a parte educativa em um projeto que é majoritariamente online, foi
verdadeiramente gratificante perceber com o desenrolamento, através de muitas reuniões
construtivas, como fomos capazes de desenvolver atividades e oficinas junto também a Secretaria da
Educação. Após a realização da formação continuada de professores, a expectativa era que faríamos
uma avaliação continuada junto aos grupos dos participantes das oficinas, que infelizmente não
aconteceu por vários motivos, um dos motivos principais foi a finalização do 3º bimestre nas escolas.
Então, depois de algumas reuniões entre as estagiárias, decidimos dar continuidade ou às oficinas ou
à divulgação do projeto. Eu fui atrás de algumas escolas para a realização da oficina Incômodos, e em
uma delas me deparei novamente com a questão do final de bimestre. A distribuição de períodos
atualmente na universidade é algo que já desde alguns períodos atrás eu vejo que está dificultando a
realização dos estágios obrigatórios já que acabam sendo inviáveis para as escolas convencionais. De
qualquer modo, consegui horário para darmos a oficina na EREM Alberto Tôrres, onde divulgamos o
site e o projeto Movente Mangue Arte e fizemos uma adaptação na oficina, agora com o público
adolescente, instigamos os incômodos que eles viviam dentro da escola, e conseguimos ainda fazer a
turma do 2º ano turma E repensar atitudes e comportamentos dentro de sala de aula para com seus
professores, dado o momento do intervalo, pedimos para que eles fizessem a atividade, que eles
gravassem e trouxessem esses incômodos em forma de vídeo ou fotos para a realização do debate,
foi quando voltamos a sala de aula, uma dupla de alunas trouxeram vários vídeos de seus
professores relatando seus incômodos, e através desses vídeos continuamos com uma conversa
sobre como fazer o convívio dentro da escola ser algo menos estressante. Essa foi minha última ação
como educadora dentro do estágio e foi a que mais me marcou, me vi como um daqueles
adolescentes e me lembrei dos meus incômodos quando estudei em uma EREM, e penso e espero
que toda a oficina e a conversa que tivemos nesse dia entre na cabeça de pelo menos um ou dois
estudantes, fazendo uma sementinha ser plantada. Espero que a semente cresça bastante e que
contagie seus colegas de escola.
MYLLENA: Segundo Maria da Glória Gohn em “Educação não formal nas instituições sociais” é um
desafio conceituar a educação não formal pelo o que ela é, visto que essa modalidade de educação
sempre é definida em relação às suas faltas entre a educação formal e informal. Durante muito
tempo a modalidade não formal foi definida pelo o que ela não é, ou pelas não abrangências das
modalidades já pré-definidas. Por se caracterizar por processos formativos “não escolarizáveis” a
educação não formal é tida como uma modalidade menor de educação, pois ela acontece de forma
mais continuada e com várias dimensões, envolve a formação política e cidadã, como de
desenvolvimento emocional e soluções de problemas coletivos, tem profunda raiz comunitária e de
organização política, justamente por não estar “presa” aos engessamentos burocráticos das
instituições.
Portanto, a educação não-formal é fundamental para organizações de movimentos sociais, em torno
de temas como distribuição de renda, moradia, questões de raça e gênero e ainda questões
ambientais. Podendo atravessar os campos das artes e da cultura, como é o caso do projeto de
extensão Movente Mangue Arte e das ações propostas pelo educativo na terceira movência.
A proposta formativa em torno do tema futuro e meio ambiente (em resumo) buscou não só dialogar
com mais proximidade com professores de arte da rede pública, entender seus anseios e os
contextos nos quais desenvolvem seu fazer docente, mas também convidar à reflexão ao redor do
tema, e seus diferentes aspectos que são formados a partir de variadas experiências enquanto
educadores. Observei que o tema e a proposta de oficina ( em conjunto com Alice) foi muito bem
recebida, e os professores, a partir do compartilhamento de seus “monumentos para o futuro”
trouxeram concepções muito abrangentes do tema, que iam desde questões emocionais até
questões mais macroestruturais. O que me deixou especialmente contente visto que “Saudações do
futuro”, o tema escolhido para essa movência, também não pretendia limitar as leituras sobre o
tema.
Sugerimos, eu e Alice, uma breve reflexão sobre os monumentos que ocupam as cidades e qual seu
valor simbólico na construção de um imaginário sobre o “passado” que reverbera no “futuro” , e a
partir daí, falamos de alguns exemplos e lançamos perguntas como: Quem vocês gostariam de
homenagear hoje? Quais personagens, da vida privada e pública, vocês gostariam de ver povoando a
cidade? Quais representações queremos no futuro?
Essas perguntas guiaram a prática da oficina, que compunha materiais de sucata para serem
reutilizados e consequentemente ressignificados nesse processo. Acredito que tanto a ideia como a
prática da oficina foi muito rica em reflexões, sobre memória, distribuição do espaço, ocupação da
cidade, meio ambiente e revisitação histórica a partir da ideia de quem constrói o futuro junto da
gente.

PRISCILLA: Segundo Lua Savoret “A educação não formal abre espaço para outros fazeres
educacionais fora do contexto escolar, dessa forma valorizando outras formas de educar” desta
forma abrangendo as possibilidades de ensino e aprendizagem, podemos alcançar um número maior
de pessoas que ao terem contato com as artes despertam e ampliam suas percepções sobre o
mundo e sobre si mesmas e suas potencialidades, as experiências vividas no estágio me levam a
refletir sobre o que é realmente essencial na educação e o que a arte pode representar quando
temos acesso às suas linguagens na infância. De maneira geral acredito que foi muito positiva minha
participação no estágio, busquei estar presente de diversas formas e aprender com os colegas e
professores. A possibilidade de trabalhar a arte integrada à natureza realmente me desperta muitas
ideias e a necessidade deste tema me revela como precisamos aprender para ensinar isto na
atualidade, nos tornarmos pesquisadores e defensores do meio ambiente e expandir essas
abordagens em nossas práticas de ensino. A oficina que facilitamos, eu e Fernanda, me inspirou
principalmente por ver a aprovação dos professores e interesse deles em conhecer as variadas
formas de extração de tintas naturais, suas possibilidades criativas, significados e possíveis
desdobramentos pedagógicos.

JOANA: Minha participação nas ações educativas do movente foi, em consideração minha, bem
aproveitada. Pude experienciar um estágio, um momento enquanto educadora, muito diferente do
que experienciei na educação formal. Me senti bastante livre para experimentar e me deixar
conduzir pelos “alunos” que interagi dessa vez. Diferentemente da educação nas escolas, que pude
experimentar anteriormente, a educação não-formal me deu mais autonomia, e um contato
diferente com os participantes das ações educativas que propusemos fora dos limites (valorosos) que
a escola nos impõem.
Nossa proposta educativa foi, especialmente, direcionada a outros educadores, buscamos
estimular um pensamento e desejo de ação a partir de algo que, em nós, despertou interesse e
vontade de compartilhar, espalhar, convidar à reflexão. O educativo do movente se colocou como
mais um propagador dos ideais do projeto, por meio de Oficinas, palestra, mesa de conversa e trocas
participamos de um momento de ricas possibilidades de troca com os educadores e construção de
conhecimento para ambas as partes (educadores, artistas, “alunos” e quem mais estivesse
interessado). Dentro do educativo, cada dupla se responsabilizou pela facilitação de uma oficina,
cada uma com sua proposta e método de abordagem.
Eu e minha dupla, Marina, fizemos um momento de sociabilização de pensamentos acerca
dos incômodos que tínhamos e, a partir daí, depois de um início na conexão entre nós e os
professores participantes, buscamos estimular o compartilhamento dos incômodos de cada um.
Depois disso, sugerimos a confecção de uma vídeo carta, exemplificamos o que é uma vídeo carta e
mostramos a possibilidade de usá-las para expressão artística. A interação foi muito boa, a troca
muito rica, me senti acolhida e vista pelos educadores que nos prestigiaram na oficina porém, me
deparei muito incomodada e sem reação à uma situação complicada de transfobia em nosso
momento educativo. Me senti muito mal e isso reverbera em mim até hoje, compartilhei com minha
orientadora, fui bem orientada e, novamente, acolhida, compreendida. Espero saber agir da próxima
vez, mas mais que isso, espero que não aconteça nunca mais.
Fora a formação continuada com os professores da rede, o educativo entrou em contato com
a ONG - Centro Educacional Gabriela Feliz e fomos recebidas pelas professoras e diretora da
instituição para apresentarmos o projeto do Movente e propor uma ação de iniciação à utilização de
pigmentos naturais para fins artísticos, e para que assim, tenham mais uma ferramenta para criação
de atividades com as crianças que frequentam Gabriela. Não conseguiremos entregar os resultados
dentro desse encontro dentro desse período letivo em que estamos, mas a intenção é que, mesmo
fora dele, tenhamos esse momento de vivência e troca com as educadoras de lá.
Após a experiência no Gabriela Feliz, fui com Marina, minha dupla de estágio, oferecer uma
oficina na EREM Alberto Torres, divulgamos o projeto e também propor a atividade da oficina. Nessa
escola, os resultados foram mais restritos, nem todos se sentiram à vontade em gravar uma
vídeo-carta e menos ainda se sentiram bem em expor essas produções. Não pressionamos,
adaptamos a oficina às necessidades deles mesmos, discutimos, ao invés de “bater o pé” e impor
nossa proposta inicial, sobre o que eles se sentiram confortáveis em compartilhar. Tivemos
momentos riquíssimos de troca e esclarecimentos. Passamos uma tarde com os alunos e, apesar de
proveitoso, o momento foi bem exigente de nossa desenvoltura e adaptabilidade. As atividades não
saíram conforme o previsto, mas isso nós conseguimos aceitar e realinhar ao que as pessoas ali
estavam dispostas e interessadas a fazer.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOHN, M. G. Educação não formal nas instituições Sociais. Revista Pedagógica, Chapecó, v. 18, n. 39,
p. 59-75, set./dez. 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.22196/rp.v18i39.3615. Acesso em:
06/08/2023.

TRILLA, Jaume e GHANEM, Elie. Educação formal e não-formal. São Paulo: Summus , 2008

CARVALHO, Lívia Marques. O Ensino de Artes Em Ongs. São Paulo: Cortez, 2008.

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