Você está na página 1de 81

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

JOSÉ JANDY DA SILVA LIMA

ESPAÇO CULTURAL APOTHEOSE, TERESINA - PIAUÍ

TERESINA – PI
2019
JOSÉ JANDY DA SILVA LIMA

ESPAÇO CULTURAL APOTHEOSE, TERESINA - PIAUÍ

Projeto de Pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso –


TCC, apresentado ao centro universitário UNINOVAFAPI como
requisito avaliativo para a obtenção do Grau de bacharelado
em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Patrícia Mendes dos Santos

TERESINA – PI
2019
FICHA CATALOGRÁFICA

L732p Lima, José Jandy da Silva.

Proposta arquitetônica: centro de educação e cultural,


Teresina-Piauí / José Jandy da Silva Lima. – Teresina:
Uninovafapi, 2019.

Orientador (a): Prof. Me. Patrícia Mendes dos Santos; Centro


Universitário UNINOVAFAPI, 2019.

81. p.; il. 23cm.

Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) –


Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2019.

1. Centro cultural. 2. Socioambiental. 3. Sociocultural.


I.Título. II. Santos, Patrícia Mendes dos.

CDD 720.9

Catalogação na publicação
Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035
Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028
Dedico este trabalho a toda minha família,
amigos e envolvidos que estiveram
presente de maneira direta e indireta na
sua elaboração.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar ao meu lado sempre quando preciso. A toda minha
família pelo apoio nos momentos felizes e de maiores dificuldades, ao corpo docente
e demais funcionários da instituição pelos ensinamentos, técnicas, experiências e
suporte passados durante esses anos de graduação, aos amigos pelas
contribuições e pelas trocas de conhecimento, afeto e compreensão, e também à
professora orientadora Patrícia Mendes dos Santos pelo auxílio prestado durante o
desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO
O presente trabalho visa analisar, discutir e propor o desenvolvimento projetual de um
centro cultural a ser implantado na cidade de Teresina, capital do Piauí, cujos locais para
realização de atividades educativas, culturais e artísticas ainda se encontram distribuídos de
forma desequilibrada, uma vez que seus principais edifícios voltados aos segmentos desse
tipo estão concentrados na região central da cidade e, por vezes, causam desinteresse do
público, seja pela forma como esses espaços oferecem e integram as atividades ou, até
mesmo, por questões de deslocamento. Outro motivo está relacionado ao fato de muitas
pessoas, principalmente as mais carentes, se sentirem excluídas desse contexto social por
se julgarem não pertencentes a esses ambientes, em virtude da posição econômica, razão
pela qual é discutível a implantação de espaços que agregue todos os públicos de forma
que se sintam incorporados ao lugar. Vale ressaltar a importância de aliar a teoria e prática
sustentável em um ambiente com essa proposta, por isso, ao longo da evolução deste
trabalho, algumas estratégias bioclimáticas e sustentáveis serão associadas ao esboço do
projeto a fim de arrematar uma proposta sociocultural e socioambiental .

Palavras-chave: Centro cultural. Socioambiental. Sociocultural.


ABSTRACT
The present work seeks to analyze, to discuss and to propose the development projetual of a
cultural center to be implanted in the city of Teresina, capital of Piauí, whose places for
accomplishment of activities educational, cultural and artistic still one find distributed in an
unbalanced way, once their main buildings returned to the segments of that type are
concentrated in the central area of the city and, sometimes, they cause the public's
indifference, be for the form as those spaces offer and they integrate the activities or, even,
for displacement subjects. Another reason is related to the a lot of people's fact, mainly the
most lacking, if they are excluded of that social context for if they judge no belonging the
those adapt, because of the economical position, reason for the which is debatable the
implantation of spaces that joins all the publics so that if they feel incorporate to the place. It
is worth to emphasize the importance of allying the theory and sustainable practice in an
atmosphere with that proposal, for that, along the evolution of this work, some bioclimatic
strategies and sustainable they will be associated to the sketch of the project in order to
finish up a sociocultural proposal and socio-environmental.

Key-words: Cultural Center. Socio- environmental. Sociocultural.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Mapa das zonas de Teresina .......................................................................................14
Figura 2-Localização do terreno em estudo, Bairro Gurupi-Teresina .......................................18
Figura 3- Centre National d’Art et Culture Georges Pompidou ..................................................25
Figura 4- Centro Cultural do Jabaquara – SP .............................................................................25
Figura 5- Casa de Ópera, Oslo .....................................................................................................27
Figura 6- Sesc Pompeia, SP .........................................................................................................27
Figura 7- Localização de equipamentos culturais em Teresina.................................................30
Figura 8- Localização da Ópera de Oslo, Noruega.....................................................................32
Figura 9- Casa de Ópera, Oslo .....................................................................................................33
Figura 10- Revestimento do piso externo em mármore italiano ................................................34
Figura 11- Parede circular e auditório em carvalho ....................................................................35
Figura 12- Utilização de placas metálicas ...................................................................................35
Figura 13- Aplicação do vidro nas fachadas................................................................................36
Figura 14- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 01 ...................................................................37
Figura 15- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 02 ...................................................................37
Figura 16- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 03 ...................................................................38
Figura 17- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 04 ...................................................................38
Figura 18- Localização do Centro Univates, Lajeado, RS..........................................................39
Figura 19- Centro Cultural Inovates .............................................................................................40
Figura 20- Biblioteca do Centro Cultural Inovates ......................................................................41
Figura 21- Espaços adaptado para cadeirantes .........................................................................42
Figura 22- Planta baixa do térreo .................................................................................................43
Figura 23- Planta baixa do Mezanino...........................................................................................44
Figura 24- Planta baixa do acervo ................................................................................................44
Figura 25- Localização do Museu Cais do Sertão ......................................................................45
Figura 26- Cobogós do Museu Cais do Sertão ...........................................................................46
Figura 27- Concreto pigmentado, Museu Cais do Sertão ..........................................................46
Figura 28- Planta baixa do Museu Cais do Sertão .....................................................................47
Figura 29-Planta baixa do mezanino, Museu Cais do Sertão ....................................................47
Figura 30- Localização do terreno do projeto ..............................................................................48
Figura 31- População do bairro entre 1991 e 2010 ....................................................................49
Figura 32- Faixa etária da população até 2010 ...........................................................................49
Figura 33- Equipamentos no Bairro Gurupi .................................................................................50
Figura 34- Equipamentos no entorno do Bairro Gurupi ..............................................................51
Figura 35- Principais acessos ao terreno em estudo ..................................................................52
Figura 36- Esquema de insolação e ventilação ..........................................................................53
Figura 37- Topografia do terreno ..................................................................................................54
Figura 38- Cobertura vegetal do terreno ......................................................................................55
Figura 39- Cobertura vegetal do terreno ......................................................................................55
Figura 40- Aspectos antrópicos do local ......................................................................................56
Figura 41- Mapa de zoneamento..................................................................................................57
Figura 42- Organograma e setorização .......................................................................................60
Figura 43- Organograma e setorização .......................................................................................61
Figura 44- Fluxograma – Bloco 01 ...............................................................................................62
Figura 45- Fluxograma – Bloco 02 ...............................................................................................62
LISTA DE QUADROS
Quadro 01- Instituições de âmbito local ............................................................................... 58
Quadro 02- Programa de necessidades e pré-dimensionamento ........................................ 61
LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Distribuição dos equipamentos de lazer na cidade de Teresina, Piauí ............... 17
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 16
3. OBJETIVOS......................................................................................................................... 19
3.1 GERAL ......................................................................................................... 19
3.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................. 19
4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 20
5. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................... 20
5.1. CONCEITOS ................................................................................................ 20
5.1.1. CENTRO CULTURAL ........................................................................................ 20
5.1.2. INCLUSÃO SOCIAL .......................................................................................... 21
5.1.3. PROTEÇÃO SOCIAL ......................................................................................... 22
5.1.4. EQUIPAMENTOS CULTURAIS ...................................................................... 22
5.1.5. EDUCAÇÃO, CULTURA E LAZER ................................................................ 22
5.2. PANORAMA HISTÓRICO ............................................................................................ 24
5.3. SITUAÇÃO ATUAL........................................................................................................ 28
6. ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES ............................................................... 31
6.1. PROJETO INTERNACIONAL – ÓPERA DE OSLO .................................... 32
6.1.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................... 32
6.1.2. MATERIAIS .......................................................................................................... 33
6.1.3. ESPAÇOS INTERNOS ...................................................................................... 36
6.2. PROJETO NACIONAL – CENTRO CULTURAL UNIVATES ...................... 39
6.2.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................... 39
6.2.2. ANÁLISE PLÁSTICA ......................................................................................... 40
6.2.3. MATERIAIS .......................................................................................................... 41
6.2.4. SUSTENTABILIDADE E ACESSIBILIDADE ............................................... 42
6.2.5. ESPAÇOS INTERNOS ...................................................................................... 43
6.3. PROJETO REGIONAL- MUSEU CAIS DO SERTÃO ................................. 45
6.3.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................... 45
6.3.2. MATERIAIS .......................................................................................................... 46
6.3.3. ESPAÇOS INTERNOS ...................................................................................... 47
7. DIAGNÓSTICO LOCAL ................................................................................................... 48
7.1. APRESENTAÇÃO DO LOCAL .................................................................... 48
7.2. JUSTIFICATIVA........................................................................................... 50
7.3. ENTORNO ................................................................................................... 51
7.3.1. ACESSOS .................................................................................................... 52
7.4. ASPECTOS NATURAIS .............................................................................. 53
7.4.1. INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO ........................................................................ 53
7.4.2. TOPOGRAFIA ..................................................................................................... 54
7.4.3. COBERTURA VEGETAL .................................................................................. 55
7.5. ASPECTOS ANTRÓPICOS ......................................................................... 56
8. LEGISLAÇÃO ..................................................................................................................... 57
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 60
9.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................. 61
9.2. ORGANOGRAMA........................................................................................ 62
9.3. FLUXOGRAMA............................................................................................ 63
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 65
APÊNDICE................................................................................................................................... 70
APÊNDICE A ............................................................................................................................ 71
14

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento e a imagem de uma cidade estão ligados a uma série de


especialidades capazes de transformar a estrutura social e modificar
significativamente a sua paisagem urbana. A política, economia, história, arquitetura,
entre outros, são elementos que permitem que esses centros sejam distintos entre si
(FREITAS, [201-?]). Além disso, outros aspectos são responsáveis por permitir que
uma sociedade crie sua identidade e sirva como mecanismo de divulgação e
exportação das suas características, e é nesse contexto que surge a importância da
cultura e da criação de espaços voltados à disseminação da história, saberes,
técnicas e símbolos que traduzem o conteúdo social de determinado lugar (NEVES,
2013). Partindo desse princípio, o desenvolvimento deste trabalho visa abordar e
analisar a possibilidade de implantação de um projeto arquitetônico de um centro
cultural para a cidade de Teresina, Piauí, no limite entre as zonas leste e sudeste
(figura 01), por serem áreas consideradas carentes desses tipos de espaços sociais.

Figura 1- Mapa das zonas de Teresina

Fonte: Wikipédia, adaptado pelo autor, 2018

A proposta arquitetônica seria dotada de múltiplos espaços de instrução,


capacitação e assistência ao desenvolvimento de atividades ligadas ao âmbito
cultural e artístico para um público que ainda é visto como alheio a esses tipos de
serviços. Além disso, é importante ressaltar a necessidade de introduzir técnicas e
15

recursos sustentáveis dentro da proposta a fim de estabelecer a conexão entre


responsabilidade ambiental e social como melhoria de vida, agregando valorização e
diferenciação (CAVALCANTI, [20-?]), principalmente por se tratar de um espaço
sociocultural. Para embasar o prosseguimento do trabalho, a metodologia adotada
foi fundamentada em estudiosos, críticos e teóricos relacionados à política social e
cultural, como Teixeira Coelho (2007), à arquitetura e dinâmica espacial de espaços
de lazer em Teresina como Ortigoza e Santos (2017), à análise de material teórico a
respeito de espaços do gênero cultural, observado no trabalho de Neves (2013),
além do suporte, estatísticas e diretrizes extraídos de fontes como o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, Agenda Teresina 2030 e da legislação federal
de organização e assistência social (1993).

Entre os principais motivos para elaborar uma proposta desse tipo de espaço
está o fato da cidade de Teresina ainda possuir equipamentos culturais distribuídos
de forma tão desequilibrada, o que resulta em áreas saturadas dentro da cidade,
como o centro, enquanto outras ainda padecem de entretenimento e políticas de
inclusão, contribuindo, por vezes, no processo de marginalização como cita Silva
(2012).

Espera-se a partir do desdobramento deste trabalho poder contribuir com o


crescimento da imagem da cidade, através da abordagem de temas sociais tão
recorrentes como a inclusão social e a democratização do acesso à educação,
cultura, lazer, fora a rotatividade econômica gerada nesse mercado, que, entre
outros inclui a ampliação do turismo cultural (NEVES, 2013).
16

2. JUSTIFICATIVA

As estratégias de incentivo à cultura no Brasil ainda são consideradas


distantes do seu propósito principal que é o de garantir ou contribuir com a inclusão
social. As políticas públicas, em vez de inclusivas, acabam sendo direcionadas a
uma parcela de intelectuais, empresários e artistas deixando a camada popular às
margens desse processo que inclui sua própria história. Inúmeras discussões em
torno de estratégias vistas como motivadoras terminam desestimulando e
distanciando parte da sociedade que acredita que a cultura é algo de segundo plano
e não deve se sobressair sobre questões vistas como prioritárias, embora seja um
dos meios de inclusão e desenvolvimento social e econômico (PROENÇA, 2013).

Grande parte dos brasileiros declarou não se ligar às atividades culturais pelo
simples fato de não ser um hábito, o que configura uma situação que advém da
formação do público consumidor, uma vez que a implantação cultural deveria surgir
desde os primeiros anos de vida, impulsionada por ações conjuntas. Além disso, é
preciso que haja a introdução de estímulos direcionados ao mercado, com a
finalidade de ampliar a oferta de bens culturais e auxiliar sua obtenção por parte da
população independentemente da condição financeira do público (DIÁRIO DO
NORDESTE, 2015).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


referente à Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), realizada em
2014, o estado do Piauí ocupa a 3ª posição dentro do Brasil entre os que mais
realizam ações que promovem a diversidade cultural. Ainda assim, possui a
segunda menor média de equipamentos culturais por município, são cerca de 9,1
por cidade, ficando atrás somente de Tocantins, que possui, em média, 8,4. Isso
pode ser explicado pela ausência de recursos para financiamento da cultura. Entre
os principais equipamentos considerados para a pesquisa destacam-se, cinemas,
shoppings, galerias de arte, centros de artesanato bibliotecas, teatro, museus,
livrarias, arquivos públicos, pontos de leitura, lojas de discos e CDs, bancas de
revistas, estádios, unidades de ensino superior, entre outros (ROMERO, 2015).
17

É baseado, em parte, nesses princípios que surge a ideia de planejar um espaço,


dentro da cidade de Teresina, destinado, em especial aos que se sentem alheios à
inclusão cultural. Contribuindo com o acesso aos recursos artísticos, educacionais e
contribuintes para o progresso.

A população carente de Teresina ainda tem pouco acesso à cultura e ao


lazer, salvo em locais públicos como praças e parques. A distribuição desses
espaços dentro da cidade ocorre de maneira desequilibrada, e boa parte dos
habitantes acaba sofrendo com questões de deslocamento, tanto pela distância
como pelos problemas inerentes aos meios de transporte público utilizados. Além
disso, grande parte dos equipamentos de cultura como teatros e bibliotecas ainda é
encontrada na zona central do município (ORTIGOZA; SANTOS, 2017).

A tabela 01 mostra a distribuição de alguns equipamentos culturais dentro das 5


zonas de Teresina.

Tabela 01- Distribuição dos equipamentos de lazer na cidade de Teresina, Piauí

FONTE:(ORTIGOZA; SANTOS, 2017 apud PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA,


2013)
Ainda nos primeiros anos do século XXI, a disponibilidade de áreas para
eventos e práticas esportivas era visto de maneira simplória e as próprias pessoas
desenvolviam métodos de acesso ao lazer, esporte, cultura, entre outros. Com o
passar do tempo e com o desenvolvimento urbano, ainda é notório que a população
com menor renda desfruta da televisão e internet como meios de entretenimento por
serem vistos como mais acessíveis (SEMPLAN, [2014?]). Museus, teatros, livrarias e
centros culturais são os equipamentos menos frequentes quando comparados aos
principais meios de comunicação audiovisual (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).
18

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), em Teresina,


cerca de 15,5% da população tem rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼
do salário mínimo. Esse contexto acaba expondo esses indivíduos às questões que
requerem atenção e intervenções políticas de amparo comunitário e o acesso à
educação cultura e lazer faz parte dos serviços de integração social. Segundo a
Agenda Teresina 2030 (2015), a cidade é dotada de potenciais disfarçados para
atividades culturais, pois existe público interessado pelos eventos ligados à arte e
cultura e registra o quanto as integrações dessas às demais medidas políticas
sociais necessitam de um maior desdobramento. O terreno escolhido para
implantação do projeto tem cerca de 90 metros de largura por 180 de comprimento,
totalizando cerca de 9000 m² e está situado entre o limite das zonas sudeste e leste,
entre os bairros Gurupi e Recanto das Palmeiras, nas regiões que carecem de parte
dos serviços culturais dentro da cidade, e, conforme a figura 02, está próximo de
grandes vias de acesso como a Avenida João XXII.
Figura 2-Localização do terreno em estudo, Bairro Gurupi-Teresina

BAIRRO GURUPI, TERESINA -


PIAUÍ

1- TERRENO EM
ESTUDO

02 2- SUPERMERCADO
01
MAXXI ATACADO

3- AV. JOÃO XXII

PERÍMETRO
DOTERRENO

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor, 2018.

A proposta de um projeto multifuncional voltado para o público em


vulnerabilidade social seria algo enriquecedor à imagem da cidade por compactuar
com o pensamento da inclusão social, principalmente no que diz respeito à
promoção de cultura, lazer e educação, além de ampliar a possível diversificação de
serviços dentro da capital do estado.
19

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL

 Desenvolver projeto de arquitetura sociocultural, assistencial e sustentável


para a cidade de Teresina, Piauí

3.2 ESPECÍFICOS
1–Desenvolver projeto arquitetônico de cunho sustentável destinado à
assistência educacional, cultural e artística para o público em vulnerabilidade
socioeconômica dentro da cidade de Teresina, Piauí.

2 – Projetar ambientes voltados ao desenvolvimento de atividades de


capacitação e instrução dentro do projeto arquitetônico.

3 – Dispor espaços multifuncionais de lazer, descanso, alimentação e


contemplação dentro do esboço projetual.
20

4. METODOLOGIA

O desenvolvimento do trabalho terá como base alguns referenciais teóricos


como artigos, teses, revistas, livros e sites voltados à temática da arquitetura, cultura
e sociedade, análise de registros fotográficos que possibilitem a complementação de
informações necessárias ao prosseguimento do projeto, sistema de imagens via
satélite como Google Maps e Google Street View para possível estudo panorâmico
do terreno e suas proximidades a fim de obter possíveis comparativos no tocante ao
contexto anterior e atual, softwares relacionados à produção de desenhos e
maquetes eletrônicas que auxiliam na atividade projetual como AutoCad, Sketchup,
V-ray, processador de textos como o Word para desdobramento teórico-escrito,
pesquisas em campo para verificação de condicionantes físicos como topografia e
observação do fluxo de veículos e pessoas, além de amparo nas legislações,
normas, diretrizes, código de obras, entre outros que ofereçam suporte necessário à
evolução do trabalho como um todo.

5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1. CONCEITOS
5.1.1. CENTRO CULTURAL

Um centro cultural é um espaço dotado de características que vão além de


atribuições funcionais e físicas, é um local de encontro, desenvolvimento e
disseminação de descobertas, conhecimentos, acesso à informação, discussão e
realização de atividades que proporcionem a construção de laços comunitários
vinculados aos acontecimentos locais, promovendo a integração dos grupos sociais.
Além disso, locais de promoção histórica e cultural são vistos como meios de
construção da imagem de uma cidade, veiculados como mercadorias turísticas que
ultrapassam os próprios limites municipais (NEVES, 2013). Para tanto, é necessário
discutir a origem, a composição, a propagação e os tipos de atividades
desenvolvidas nesse tipo de espaço, levando em consideração seu público e sua
contextualização dentro da cidade. Milanesi (1997) diz que um centro cultural deve
ser elaborado dentro de uma visão progressista, pois quanto maior o crescimento da
população de uma determinada região, maior será a disponibilidade de oferta de
serviços dentro desse espaço. Uma determinada localidade que tenha grande
21

potencial de expansão pode fazer com que o centro tenha dificuldade de


acomodação, principalmente de públicos vindos de fora, o que confere à edificação
um lugar de caráter receptivo. Os espaços devem ser trabalhados de tal forma a
comportar todos, em especial crianças e adolescentes, com propostas de ações
direcionadas a elas e aos indivíduos no geral, pois se trata de um ambiente voltado
para objetivos afins. Todos os elementos que o compõe precisam ser organizados
no espaço com a finalidade de atração e incentivo ao seu usufruto.

Milanesi ainda destaca que os acervos, seja de que natureza for, são, no
geral, as seções mais procuradas, por isso a importância de mantê-los
permanentemente como uma grande possibilidade de garantir púbico. Quanto às
ações intrínsecas aos centros, essas podem ser do tipo governamental, entidade,
etc., porém de interesse público. Quando governamental, os recursos propiciam a
realização das atividades, quando entidade, por não possuir montante fixo, seus
próprios integrantes são os responsáveis por arrecadarem os meios, tornando a
entidade movimentada de forma autônoma.

5.1.2. INCLUSÃO SOCIAL

Dentre os inúmeros benefícios proporcionados pela instalação de um centro


de educação, cultura e lazer em uma cidade, a questão relacionada à inclusão social
é uma das que recebem mais destaques pelo fato de poder promover o acesso e a
interação dos mais variados indivíduos a um setor amplo de manifestações artísticas
proporcionando novas formas de propagação e visibilidade de trabalhos e atividades
de grupos (MENEZES, 2005). De acordo com artigo 27 da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, todo ser humano tem o direito de participação no que diz respeito
à produção cultural e usufruto das artes da comunidade, além de participar do
progresso científico e de seus benefícios (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A
INFÂNCIA- UNICEF [20-?]). A educação como elemento de transformação social e
humana é essencial na formação de indivíduos íntegros capazes de raciocinar com
autonomia, contribuindo para as mudanças sociais, garantindo o progresso, a
sustentabilidade do planeta e o desenvolvimento de uma visão crítica (TONET,
2006). O apoio aos indivíduos marginalizados acarreta na idealização de medidas
que visem o seu amparo.
22

5.1.3. PROTEÇÃO SOCIAL

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a proteção


social:

Compreende as informações sobre ações, cuidados, atenções,


benefícios e auxílios para a redução e prevenção de vulnerabilidades
e riscos, vitimizações, fragilidades, contingências, que cidadãos e
suas famílias enfrentam na trajetória de seu ciclo de vida, por
decorrência de restrições sociais, econômicas, políticas, naturais ou
de ofensas à dignidade humana, tais como: desemprego; doença;
invalidez; envelhecimento; e perda de cônjuge ou pais. Inclui também
ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios para enfrentamento
da pobreza e da desigualdade, e para promoção de bem estar e
proteção social a famílias, crianças, adolescentes e jovens, pessoas
com deficiência e idosos, entre outros (IBGE, [201-?], p. 1)

A lei nº 8742, de 7 de dezembro de 1993, dispõe sobre a organização da


Assistência social e dá outras providências. E, de acordo com o Art. 1º, as políticas
de seguridade social devem ser um conjunto de iniciativas públicas e sociais que
garantam atenção às necessidades básicas do cidadão.

5.1.4. EQUIPAMENTOS CULTURAIS

Dentro do âmbito sociocultural, os equipamentos exercem importante papel,


pois têm o potencial de estimular várias esferas, sejam sociais ou econômicas, além
de constituir um espaço voltado a influenciar uma comunidade e se ligar a outras
dimensões como o turismo e o comércio (DAVEL; SANTOS, 2017). Para tanto é
necessário que se conheça o significado do termo equipamento social.

Por equipamento cultural, entendem-se tanto edificações destinadas


a práticas culturais (teatros, cinemas, bibliotecas, centros de cultura,
filmotecas, museus) quanto grupos de produtores culturais ou não,
fisicamente, numa edificação ou instituição (COELHO, 1997, p. 164)

5.1.5. EDUCAÇÃO, CULTURA E LAZER

Além dos equipamentos culturais, o lazer e capacitação integram essa lista de


itens propostos a sociedade. Vale salientar que o lazer é uma importante fonte de
bem-estar e saúde e que deve ser levado em consideração para a melhoria de vida,
pois possibilita a construção de relações, aquisição de conhecimento, combate o
estresse físico e psicológico, e ainda, proporciona diversão (BORGES, 2015)
23

Já a educação tem o poder de desenvolver o respeito, cumprimento de leis e


é fundamental para mudar um país, pois, caso contrário, na falta, será refletido na
economia, qualidade de vida, entre outros. Além disso, serve como base para o
desenvolvimento profissional e contribui para o crescimento da nação (FREITAS,
[201-?]).

Quanto à cultura, essa pode ser vista como o conjunto de elementos


produzidos pelo ser humano atribuindo-lhe a diferenciação. Em um dos seus amplos
significados engloba hábitos, costumes, língua, herança familiar e social e, em
muitos casos pode promover a reintegração de uma parcela da população vista
como marginalizada, pois encaminha os indivíduos sem ocupação a um meio rico
em entretenimento. (SILVA, 2012). Segundo Bicca (2006), as políticas públicas
focadas em promover cultura aos cidadãos permitirão com que a exclusão social
seja diminuída, assim como o melhoramento de sua condição de cidadão para tornar
viável seu ingresso na política democrática do país.

Milanesi (1997) retrata que, geralmente, a cultura é vista e analisada como


algo relativo e festivo, sem necessariamente estar ligada ao habitual das pessoas. É
nesse momento que se discute a necessidade da existência de um intermediário
responsável por incentivar a participação comunitária com maior frequência no que
diz respeito às ações e práticas culturais, logo a sociedade é o centro motivacional
para que todos os objetivos sejam atingidos com êxito.

Outro fator desencadeador em mudanças de comportamentos e que toma a


cultura como instrumento de mudança é o incremento tecnológico. Ao longo dos
anos a tecnologia tem modificado significativamente as práticas culturais, as
pessoas, principalmente as crianças e os jovens têm destinado boa parte do seu
tempo à mídia e dispositivos eletrônicos, o que causa um impacto direto ao seu
cotidiano e hábitos culturais. Ir ao teatro, museu, bibliotecas, entre outros está cada
vez mais raro e traz à tona até que ponto a cultura é dominada pela tecnologia
(FONTE, 2010).

A manutenção desse quadro, importação de bens culturais por meio


de canais eletrônicos e baixa produtividade local, tende a levar,
progressivamente ao atrofiamento da capacidade de invenção e isso
já é visível de forma mais clara nos segmentos jovens da população.
São seres que se apassivam por falta de situações que estimulem a
criatividade. A juventude, principalmente essa que ainda não trabalha
porque a família investe em seus estudos, pouco faz no campo
24

intelectual, além das tarefas escolares para “passar de ano” e tem


poucos estímulos para ir além disso. (MILANESI, 1997, pág. 41)
Algumas características como o acesso gratuito a esses centros promovem
certa heterogeneidade da população que visa ingressar e desfrutar da estrutura dos
teatros, bibliotecas e espaços para eventos. Outro fator determinante nessa
diversificação está no fato de alguns desses centros integrarem a comunidade
escolar aos seus programas por meio de estratégias educativas como o
investimento na participação em exposições de alunos e professores, principalmente
da rede pública de ensino. Essas medidas são realizadas, por exemplo, como visita,
distribuição de ferramentas e materiais de pesquisa, atividades entre o corpo
discente, docente e a população. Para muitas pessoas, a experiência de sair do seu
bairro ou da sua escola e ter um primeiro contato com espaços e atividades práticas
correspondem ao início do estreitamento entre situações que, até então, não eram
tão comuns, mas que podem vir a ser incorporadas no cotidiano de uma
comunidade (DABUL, 2008).

5.2. PANORAMA HISTÓRICO

O surgimento dos primeiros locais referentes à propagação cultural tem


indicadores ainda na antiguidade clássica, em Alexandria, na Grécia antiga, por
meio de uma biblioteca, também conhecida como “Museion”. O local funcionava
como um complexo ou centro de estudo e adoração aos deuses, além de comportar
estátuas, obras de arte, espaços como anfiteatros, refeitórios, salas de estudo e
jardim (RAMOS, 2007). Já por volta de 1950, na França, surgiram locais destinados
ao lazer e a prática esportiva no ambiente de trabalho como uma solução de
fortalecimento das relações interpessoais e refúgio aos operários franceses. A
França, aliás, foi pioneira na construção de um espaço já com esse formato e
nomenclatura, em 1977, com a criação do Centre National d’Art et Culture Georges
Pompidou (NEVES, 2013), (observar figura 03).
25

Figura 3- Centre National d’Art et Culture Georges Pompidou

Fonte: Dicas de Paris, 2018.

Essa iniciativa permitiu que o restante do mundo pudesse ver o centro como
um local de referência e modelo para instalações de edificações com o mesmo
propósito. No Brasil, os primeiros centros culturais começam a entrar em pauta de
discussão por volta de 1960, efetivados na década de 80 com a construção do
Centro Cultural do Jabaquara (Figura 04), na cidade de São Paulo (RAMOS, 2007).

Figura 4- Centro Cultural do Jabaquara – SP

Fonte: Archdaily, 2017


26

Inicialmente, o local contava com atividades culturais integradas e comportava


uma casa de cultura, teatro e bibliotecas destinadas ao público adulto e infantil,
onde, posteriormente, integrou um núcleo de atividades da terceira idade ao edifício
(SÃO PAULO, 2007).

É importante ressaltar a importância ou a contribuição da arquitetura no


desenvolvimento do projeto desses grandes espaços. Segundo Pedro Mendes da
Rocha, em entrevista ao Observatório Itaú Cultural (2014), muitas vezes a qualidade
trazida pelas técnicas arquitetônicas não está diretamente focada na composição
visual e na estética, mas sim, na sua relação com a cidade e com o espaço público,
isso significa promover amparo com ofertas de locais e equipamentos que vão
desde um simples banheiro e áreas sombreadas até um café e alguns bancos para
descanso. Porém, para que haja a atração do público, a arquitetura visual, pode sim,
ser levada em consideração, uma vez que a própria edificação acaba assumindo um
papel monumental ou, no mínimo, curioso.

A ideia de arquitetura monumento permite ao visitante despertar o interesse


pelo local, independentemente do roteiro de atividades ofertados pela instituição.
Essas construções, de certo modo, causam impactos que podem ser de caráter
significativo na evolução de uma cidade. Locais que antes eram degradados,
abandonados ou poluídos passaram a fazer parte de planos de desenvolvimento ou
reabilitação com o intuito de transformar paisagens urbanas. A arquitetura é uma
ferramenta capaz de conceber espaços aliados à sociedade que, dentre suas
estratégias, promovem e atrai o uso, a visitação e a contemplação dessas áreas que
dão ao arquiteto a responsabilidade de concretizar e transpor à sua imagem,
características que formalizem a sua ocupação.
27

Alguns exemplos pelo mundo podem ser vistos como estratégias de


integração social e requalificação urbana. A casa de Ópera, em Oslo (figura 05), foi
construída em uma região de porto que antes estava em degradação e passou por
um processo de despoluição que, com a ajuda do projeto arquitetônico, ergueu um
edifício que funciona como uma praia artificial e agora atrai milhares de pessoas que
antes mantinham distância do local (ITAÚ CULTURAL, 2014)

Figura 5- Casa de Ópera, Oslo

Fonte: Archdaily, 2015


No Brasil, o Sesc Pompeia (figura 06) é outro exemplo de que um novo uso
pode ser revolucionário. O prédio projetado por Lina Bo Bardi transformou uma
antiga indústria de tambores de metais da cidade de São Paulo em um centro
cultural com atividades diversas que agregaram à cidade e aos seus arredores um
acervo cultural de grande importância (ITAÚ CULTURAL, 2014)
Figura 6- Sesc Pompeia, SP

Fonte: AroWeb, 2018


28

A memória operária não foi apagada do local, pois Lina optou por preservar a
estrutura existente e adotar materiais que estivessem em conformidade com a
fábrica. Além disso, esse projeto pode ser visto como um modelo de respeito à
sociedade por ter em sua concepção elementos que se preocupam com as gerações
e envolvem todas as camadas sociais, principalmente as mais carentes. A arquiteta
se preocupou em levar o convívio das pessoas às ruas, onde pode haver encontros,
conversas, brincadeiras, etc. Trata-se de um projeto de diálogos entre o antigo e o
novo e mostra como a relação entre as famílias e a comunidade brasileira é
importante para a miscigenação e para a produção cultural do país (MARTIM;
SOUZA, 2010).

5.3. SITUAÇÃO ATUAL

Atualmente existem vários espaços conceituados como propagadores


culturais, que, por vezes, têm suas finalidades atreladas, entre eles, os museus e os
próprios centros de cultura. Ainda em entrevista ao observatório do Itaú Cultural, o
arquiteto Pedro Mendes da Rocha explica, por exemplo, que a ideia de museu tem
se transformado ao longo dos anos e que o local não é, necessariamente, apenas
destinado à guarda de objetos, pois veio se tornando algo dinâmico que interage de
forma cada vez mais incisiva com a cidade. O partido desses edifícios é pensado de
tal forma a incorporar uma série de atividades que eram vistas como exclusiva de
centros culturais e que agora servem para enriquecer ou enaltecer o que já está
instalado nesses ambientes (ITAÚ CULTURAL, 2014).

A quantidade de centros culturais pelo Brasil ainda é incerta, uma vez que a
denominação desses espaços é aplicada em várias instituições. A pluralidade
cultural brasileira era sustentada em moldes tradicionais europeus, mais
precisamente propagados pelos colonizadores portugueses que tinham o teatro, a
biblioteca e o museu como base. Existe uma gama de possibilidades que permitem
distinguir um espaço voltado à cultura, e a reunião de produtos junto com as
discussões agregadas a eles, além da produção de novos elementos culturais é o
que viabiliza o exercício da criatividade (MILANESI, 1997).

Atualmente, os equipamentos e centros culturais de Teresina são


encontrados de maneira bem específica, pois a cidade, ao menos em teoria, não
conta com muitos espaços culturais integrais devido à segmentação desse conjunto.
29

O que acaba sendo observado são prédios como bibliotecas, teatros, museus,
cinemas, entre outros, locados isoladamente, ou quando em maior quantidade,
encontrados no centro. A administração pública municipal mantém sob o seu
comando unidades ligadas às artes plásticas, musicais, literárias, cênicas, etc. Os
espaços mais conhecidos são: o Teatro 04 de Setembro, a Casa da Cultura, o
Teatro Municipal João Paulo II, Teatro de Arena, Escola de Danças Folclóricas,
Teatro do Boi, Palácio da Música e, ainda, cerca de 7 bibliotecas. Entre esses
espaços de leitura estão: a Biblioteca Municipal Abdias Neves, Biblioteca Municipal
Fontes Ibiapina, Biblioteca Jornalista Carlos Castelo Branco, Biblioteca de Artes
Professor Wall Ferraz, Biblioteca Municipal São João, Biblioteca da Costa e Silva e
Biblioteca H. Dobal, a grande maioria apresenta problemas relacionados à estrutura
física, instalações, equipamentos e profissionais qualificados para o
desenvolvimento das atividades básicas de planejamento e otimização dos
estabelecimentos (MESQUITA et. AL, [201-?]).

Em relação aos museus, o Piauí ocupa a quinta posição entre os estados com
menor número de prédios destinados para tal finalidade, no total são 26 espaços,
onde 7 estão na própria capital e o restante no interior. Existe cerca de um museu
para cada 123 mil habitantes, o que o classifica como a terceira pior média do
Brasil.Em Teresina encontram-se: o Museu do Piauí, o Museu Municipal de Arte
Sacra, Memorial Zumbi dos Palmares, Edifício Vinícius de Moraes, Museu de
Arqueologia e Paleontologia, Casa da Cultura-Museu da Maçonaria (G1PIAUÍ,
2015).

A Praça Pedro II é considerada um dos principais pontos de manifestação


cultural na cidade de Teresina. Além de comportar o principal Teatro, também
concentra outros edifícios ícones da arquitetura piauiense e que são responsáveis
por propagar parte da história e da cultura do município, entre eles o Clube dos
Diários que funciona como um complexo destinado a receber exposições, abrigar
cerimônias e manifestações artísticas e que hoje é considerado uma referência
(VERÍSSIMO, 2011).
30

Segue abaixo o mapeamento da localização dos principais equipamentos


culturais da cidade de Teresina, Piauí, dentre os quais se destacam as bibliotecas,
cinemas, museus e teatros.

Figura 7- Localização de equipamentos culturais em Teresina

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.


31

6. ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES

A iniciativa de propor um centro cultural acarreta na análise de experiências


que, de certa forma, impactaram ou transformaram um espaço. A partir desse
processo foram tomados alguns exemplares que serviram como base de estudo e
entendimento de conceitos, ferramentas, técnicas e ideias que podem contribuir com
o desenvolvimento das demais etapas do trabalho, sejam nos aspectos conceituais,
ou mesmo específicos.
O primeiro caso retrata um exemplar internacional que ficou famoso pela sua
magnitude arquitetônica, conceito e proposta social. Trata-se da Ópera de Oslo, na
Noruega, o maior centro cultural responsável por comportar as maiores instalações
teatrais e musicais desde o século XIV (EXPEDIA, [201-?]).
O segundo exemplo mostra o Centro Cultural Univates, localizado no Rio
Grande do Sul, Brasil, e consiste em um espaço idealizado para abrigar diferentes
serviços como teatros e bibliotecas e que, além de tudo, utilizou em suas instalações
soluções bioclimáticas que viabilizaram o seu funcionamento de forma eficiente e
integradora (MELLO, [201-?]).
O terceiro caso analisado retrata o Centro Cultural Cais do Sertão, um museu
multicultural destinado, entre outros, a resguardar e enaltecer a vida e a obra do
cantor e compositor Luís Gonzaga, assim como a memória, cultura e tradições
nordestinas. Localizado na região histórica de Recife, o espaço tem uma arquitetura
moderna, porém, remetente às características regionais sertanejas, como traçados,
matérias e cores instalados de maneira simples que conversam e se integram ao
olhar do homem do sertão (ARCOWEB, 2015).
32

6.1. PROJETO INTERNACIONAL – ÓPERA DE OSLO


6.1.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

A casa de Ópera de Oslo é o edifício que compreende a Nowergian National


Opera and Ballet, maior entidade teatral e musical da Noruega. Está situada em
Bjørvika, parte central de Oslo, em cima de Oslofjord, conforme a figura 08
(ARCHDAILY, 2015).

Figura 8- Localização da Ópera de Oslo, Noruega

Fonte: Wikipédia,adaptado pelo autor, 2018.

O empreendimento é resultado da vitória de um concurso ocorrido em 2000


no qual o escritório Snohetta foi campeão. Na ocasião cerca de 240 inscritos
participaram da disputa, configurando a maior competição já vista no país.
A concepção do projeto já é marcante pelo seu propósito de transformação
urbana, pela integração com a cidade e com a paisagem junto a seus ambientes que
se conectam e dão vivacidade para uma região vista anteriormente como “apagada”
pelo intenso tráfego de veículos. Os projetistas utilizaram todos os recursos
possíveis para que o terreno e a construção, em si, proporcionassem aos visitantes
total aproveitamento da área. Essa situação se dá pelo fato da edificação ser
acessível em todos os aspectos, uma vez que a Ópera é definida como um “carpet”
e permite aos usuários a experiência de circularem por todos os seus arredores.
Além disso, é composto por superfícies horizontais inclinadas que em determinado
33

ponto se encontram com o mar, fazendo com que o complexo pareça emergir das
águas (ARCHDAILY, 2015). Essa configuração projetual caracteriza a Ópera como
um espaço que tem relevância muito além do seu programa de necessidades. A
exclusiva estrutura do prédio já é um atrativo único para o seu público, como pode
ser observado na figura 09.

Figura 9- Casa de Ópera, Oslo

Fonte: Norway, 2018.

6.1.2. MATERIAIS
Durante a elaboração do projeto da Ópera House de Oslo já ficou definido
que os principais materiais a serem utilizados no empreendimento seriam a pedra na
cor branca, observada no “carpet”, além da madeira, vista em vários outros
componentes da edificação, o metal, usado principalmente em seu interior, além do
arremate com um quarto material, que seria o vidro, implantado com a finalidade de
transparecer ou expor o que existe na parte interna ou abaixo do “carpet”.
A pedra utilizada para revestimento do “carpet” foi o mármore italiano. A
escolha foi baseada em características do material que, entre outros aspectos,
possui qualidade técnica no que diz respeito à retenção de umidade, pois, mesmo
depois de receber a ação da água, continua a apresentar o brilho próprio. A seleção
de materiais que permanecerão sob a influência de intempéries é de extrema
34

importância para garantir a longevidade do projeto. No caso analisado, os


projetistas estudaram a união de todas as texturas e recortes das pedras a fim de
evitar a padronização da área que corresponde a um total de 18.000 m²
(WIKIARQUITETURA, [20-?]), o resultado foi um espaço detalhado o suficiente para
garantir uma estética interessante quando vista de maneira aproximada (figura 10).

Figura 10- Revestimento do piso externo em mármore italiano

Fonte: Wikiarquitetura, adaptado pelo autor 2018.

O carvalho foi outro material escolhido para revestir as paredes circulares do


foyer, assim como o auditório. No primeiro caso ele compõe um ambiente com
superfícies complexas de forma geométrica diferenciada que dão ao recinto um
aspecto único, além de proporcionar boa absorção do som devido à utilização de
peças menores (item 01 da figura 11), enquanto no segundo exemplo ressalta sua
usabilidade por razões de densidade, forma e estabilidade (ARCHDAILY, 2015)
(item 02 da figura 11). Assim como a escolha de elementos que garantam a
longevidade de uma obra, a utilização de itens que proporcionem a qualidade da
execução das funções dentro dos espaços também é importante para complementar
um projeto, em ambientes voltados para a realização de atividades que necessitem
de uma boa acústica essa triagem é decisiva, e no caso da Ópera House os
arquitetos pensaram de forma minuciosa quando optaram por componentes de fácil
utilização e qualidade.
35

O uso do carvalho pode ser visto em muitos pontos da Ópera House, e em


muitos casos, como o auditório (item 02 da figura 11) é aplicado tanto nas paredes
como no próprio teto.

Figura 11- Parede circular e auditório em carvalho

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor 2018.

Seguindo a linha de que o empreendimento deve ser dotado de materiais que


ofereçam resistência e durabilidade, os idealizadores optaram pelo uso do alumínio
por apresentar maleabilidade integrada à possibilidade de trabalhar a qualidade
estética, o resultado da aposta foram placas que parecem se movimentar à medida
que o ângulo de visão do expectador é alterado, bem como a intensidade das luzes
projetadas sobre eles (observar figura 12).
Figura 12- Utilização de placas metálicas

Fonte: Archdaily, 2018.


36

A utilização do vidro foi definida como elementar na composição da obra, visto


que o material funcionaria como uma lâmpada capaz de iluminar as superfícies tanto
durante o dia como também à noite (observar figura 13). Compondo uma fachada
com cerca de 15 metros de altura, as placas de vidros estão dispostas de forma a
evitar ao máximo um maior número de colunas, além de propiciar uma visão ampla
do entorno do centro cultural (ARCHDAILY, 2015). Dependendo da forma de
aplicação, o vidro pode ser um material de grande promoção de eficiência energética
pelo fato de contribuir com a diminuição do uso de iluminação artificial, aspecto de
grande significância em qualquer obra, independentemente do seu porte.
Figura 13- Aplicação do vidro nas fachadas

Fonte: NorwayToday,adaptado pelo autor, 2018.

6.1.3. ESPAÇOS INTERNOS

A Ópera House de Oslo possui 37500 m², onde 11200 m² são destinados
para área pública, 8300 m² para áreas de palcos e 18000m² fazem parte do seu
telhado inclinado. Dentro do seu programa estão: foyer, auditórios, teatros,
restaurantes, espaços educativos, banheiros, administração, oficinas, entre
outros(WIKIARQUITETURA, 2018).
37

A obra possui uma clara divisão dos seus ambientes quanto à funcionalidade.
O prédio tem 4 níveis que são separados por um corredor que determina as áreas
de palcos no lado oeste, enquanto na leste estão os espaços mais simples voltados
para a administração, produção, etc.(figura 14) (ARCHDAILY, 2015).

Figura 14- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 01

Área de palco e
apresentações.

Áreas de
produção e
administração.

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor 2018.

No segundo nível existem as áreas padrões de palcos do lado esquerdo e as


salas de apoio suporte para a administração do centro, bem como amplos espaços
para academias e centros de saúde (ARCHDAILY, 2015), observar a figura 15.

Figura 15- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 02

Área de palco,
galerias e
arquivos.

Escritórios,
suporte
administrativo,
centro de saúde

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor 2018.


38

O terceiro nível dispõe de um departamento administrativo e é


complementado com espaços de alimentação, como cantinas ao sul, além de
espaço de descanso e contemplação como um terraço com vista para o mar
(ARCHDAILY, 2015) (figura 16).

Figura 16- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 03

Área de palco e
galerias.

Departamento
administrativo,
cantinas, bares
e terraço.

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor 2018.

No quarto nível estão os espaços de ópera e balé com salas amplas


suficientes para os artistas praticarem as mais variadas performances e espetáculos,
além de uma área destinada à elaboração e promoção dos eventos (observar figura
17).

Figura 17- Planta baixa da Ópera de Oslo, nível 04

Departamento
de ópera, balé e
dança.

Área de apoio
da produção.

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor 2018.


39

6.2. PROJETO NACIONAL – CENTRO CULTURAL UNIVATES


6.2.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

O centro cultural Inovates é uma grande edificação destinada a abrigar alguns


dos principais setores de educação e cultura de Lajeado, no Rio Grande do Sul. Está
localizado na Avenida Avelino Talini, número 171, distante 112 quilômetros da
capital do estado, Porto Alegre (UNIVATES, [201-?]), conforme figura 18.

Figura 18- Localização do Centro Univates, Lajeado, RS

Fonte: Wikipédia, adaptado pelo autor 2018.

O projeto do prédio foi elaborado pelo escritório Tartan Arquitetura e Urbanismo


e surge de um conceito bastante simbólico. Segundo os projetistas, as bibliotecas e
os complexos culturais são, antes de tudo, lugares de convivência e
compartilhamento de memórias e por estarem localizados próximos a um campus
universitário já instalado, assim como uma nova área de ocupação, o novo espaço
se torna um ponto de conexão do público local (UNIVATES, [201-? ]). O traçado da
obra foi baseado na relação de dois eixos que remetem à evolução do tempo e à
própria comunidade da instituição. Foi por meio desse princípio que surgiu a ideia de
se instalar um lugar destinado à circulação e integração das principais alas do
edifício responsáveis por movimentar a vida acadêmica do centro (ARCHDAILY,
2014).
40

O complexo está situado em um terreno que garante grandes áreas de vivência


e percursos ao longo do seu perímetro, além disso, foi projetado para atrair a
comunidade acadêmica de forma natural e próxima ao campus.

6.2.2. ANÁLISE PLÁSTICA

Ainda na parte externa, as estruturas formais e impactantes do edifício causam


admiração às pessoas que observam a sua magnitude pela composição material
admitida. Grandes paredes envoltas por chapas metálicas (figura 19) são
responsáveis por abrigar um acervo e funcionar como abrigo quando se observa sua
disposição (ARCHDAILY, 2014).

Figura 19- Centro Cultural Inovates

Fonte: Archdaily, 2014.

Parte do grande vão que transpassa o complexo é coberta por uma estrutura
que parece repousar sobre as paredes e demais vedações. Além disso, os
arquitetos utilizaram essa técnica como uma maneira de guiar os usuários às outras
dependências do estabelecimento e garantir uma espécie de proteção àqueles que
circulam (Archdaily, 2015). As formas geométricas do prédio, juntamente com a
escolha do material de revestimento da fachada, já são responsáveis por implicar
um valor significativo à obra.
41

6.2.3. MATERIAIS

Os materiais predominantes no centro são o vidro e o metal. Em um de seus


principais espaços que é a biblioteca, sua estrutura é constituída por concreto e os
fechamentos executados em alumínio composto e vidro, o piso é feito em madeira e
torna o ambiente convidativo e aconchegante à leitura (figura 20). O intensão é
garantir com que o acervo não sofra com a incidência da radiação solar e, ao
mesmo tempo, tenha aproveitamento da iluminação natural, principalmente nas
salas de estudo (O INFORMATIVO, 2012).

Figura 20- Biblioteca do Centro Cultural Inovates

Fonte: Archdaily, 2014.

Outro diferencial da edificação diz respeito às fachadas que contam com dupla
camada de vedação na qual existe um espaço de 70 centímetros que permite com
que haja constante circulação de ar, o que resulta na diminuição da irradiação
térmica para os ambientes internos e contribui com a amenização da temperatura
(UNIVATES, [201-?]), características que contribuem com a construção do conceito
de obra ecologicamente.
42

6.2.4. SUSTENTABILIDADE E ACESSIBILIDADE

Algumas características e soluções bioclimáticas foram implantadas no


edifício com o intuito de viabilizarem o seu funcionamento de forma eficiente. Entre
os itens relacionados aos conceitos sustentáveis, destacam-se: as fachadas
ventiladas, sistema de captação de águas pluviais na cobertura, capaz de comportar
cerca de 60 mil litros de água que são reutilizados em inúmeras tarefas
desempenhadas dentro do centro, sistema hidráulico com mictórios e torneiras com
fechamento monitorado, além de um projeto luminotécnico que destacam as luzes
automáticas e sensores de presença instalados nos acervos com a finalidade de
evitar o desperdício energético.
O Centro Cultural Inovates utiliza estratégias econômicas desde a sua origem.
Ainda no canteiro de obras foram utilizados concretos e argamassas de usina, além
de vergalhões com corte e dobradura feitos sob dimensionamento específico do
projeto estrutural. Por se tratar de uma obra feita com a mistura de materiais como
concreto armado e aço, bem como a utilização de peças pré-fabricadas, a rapidez
de construção foi um destaque a mais.
Para promover um espaço acessível para todos, o escritório Tartan buscou
implantar em seu projeto dispositivos, mobiliário e serviço como: rampas,
plataformas elevatórias, escadas rolantes, elevadores, pisos táteis, assentos
exclusivos e áreas destinadas e integradas para pessoas que utilizam cadeira de
rodas (figura 21), características que permitem analisar o projeto inclusivo em
aspectos variados. (MELLO, [201?]).
Figura 21- Espaços adaptado para cadeirantes

Fonte: Archdaily, 2014.


43

6.2.5. ESPAÇOS INTERNOS

Os prédios do complexo cultural Inovates, além de vários espaços que


comportam diferentes atividades, abrigam a biblioteca e o teatro que são
considerados os destaques do edifício (CBCA, 2015). Eles estão situados ainda no
térreo e foram instalados de tal forma que a topografia do terreno fosse amplamente
aproveitada. A biblioteca está locada paralelamente à rua e comporta, além de uma
área destinada à exposição, várias salas administrativas, conforme a figura 22.

Figura 22- Planta baixa do térreo

Área de Salas Teatro Áreas de apoio


exposição administrativas

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor, 2018.

No caso do teatro, o destaque é o aproveitamento do terreno que os arquitetos


utilizaram para implantar a plateia. Por estar situado em uma área que apresenta um
declive natural, os projetitas buscaram evitar ao máximo que interferências fossem
feitas a fim de evitar a elevação nos custos das obras (MELLO, [201?]), com isso,
utilizaram essa questão a favor do projeto e adaptaram um espaço que
necessariamente se apropria de desníveis para acomodação e melhor visão dos
espectadores.
44

Um pouco acima do térreo encontra-se um mezanino que permite a


vizualização de parte da área de exposição (Archdaily, 2015), (figura 23). Os
arquitetos utilizaram de vários artifícios de recorte na estrutura com o prprósito de
adquirir a integração dos ambientes como pré-estabelecido no partido arquitetônico
do projeto.

Figura 23- Planta baixa do Mezanino

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor, 2018.

Os três pavimentos superiores são padronizados e comportam os acervos da


biblioteca (Archdaily, 2015). O espaço é configurado como uma caixa retangular na
qual as estantes para os livros ficam na parte central, enquanto as circulações
verticais estão dispostas lateralmente (figura 24).
Figura 24- Planta baixa do acervo

Fonte: Archdaily, adaptado pelo autor, 2018.


45

6.3. PROJETO REGIONAL- MUSEU CAIS DO SERTÃO


6.3.1. LOCALIZAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

O museu interativo Cais do Sertão é um centro cultural destinado a mostrar e


discorrer sobre a trajetória e os principais fatos relacionados à cultura nordestina,
bem como tributo à vida do cantor e compositor Luíz Gonzaga. O prédio está
localizado na região histórica da capital de Pernambuco, próximo ao cais do porto,
conforme figura 25 (GRUNOW, 2015).

Figura 25- Localização do Museu Cais do Sertão

Fonte: Wikipédia, adaptado pelo autor, 2018.

A proposta arquitetônica do museu era criar espaços interativos onde


houvesse transparência e convívio social de maneira tão significativa quanto as
exposições realizadas no prédio. O centro conta com uma mistura de modernidade e
tradicionalismo com temas relacionados à trajetória de Gonzaga retratada com o
auxílio da tecnologia digital (GRUNOW, 2015). As áreas internas do museu
compreendem vãos que conversam com os setores expositivos e são arrematados
com a visão do mar. A ideia era trabalhar todo o contexto do sertão com a
reprodução dos seus significados, cores e imensidão introduzindo, inclusive na
arquitetura, elementos remetentes aos aspectos e características regionais
(FIGUEROA, 2018). Ao longo da obra é possível perceber que os projetistas se
preocuparam em fazer essa leitura nordestina.
46

6.3.2. MATERIAIS

Logo na parte externa é possível observar a utilização de elementos como o


cobogó que, segundo os arquitetos, é uma maneira de transportar a atmosfera
nordestina para o litoral, pois se trata de um material de alta durabilidade,
manutenção e, acima de tudo, simples. São cerca de dois mil cobogós, com
dimensões 1x1, fabricados de maneira artesanal e aplicados diariamente durante a
obra (figura 26). A estrutura vazada do cobogó remete aos galhos das árvores do
sertão e quando ficam sob a incidência dos raios do sol criam um jogo de luz e
sombra que reproduzem a vegetação da caatinga (FIGUEROA, 2018).

Figura 26- Cobogós do Museu Cais do Sertão

Fonte: Coluna de turismo, adaptado pelo autor, 2018.

No interior do museu foi utilizado concreto pigmentado na cor amarela a fim de


remeter e se aproximar à luz sertaneja (figura 27).

Figura 27- Concreto pigmentado, Museu Cais do Sertão

Fonte: Coluna de turismo, 2018.


47

6.3.3. ESPAÇOS INTERNOS

O bloco retangular do Museu Cais do Sertão compreende diversos espaços


multifuncionais voltados para exposições e acervos audiovisuais. As plantas são
livres e espaçosas o suficiente para comportar grandes obras, conforme apresenta a
figura 28.

Figura 28- Planta baixa do Museu Cais do Sertão

Fonte: Arcoweb, 2015.

O térreo do centro (figura 28) é composto por um amplo programa de


necessidades, dividido em: 1-Praça, 2- Acolhimento, 3-Vitrine com objetos de Luíz
Gonzaga, 4-Sala multimídia, 5- Sala para história, 6- Sala de filmes e objetos, 7-
Sala musical e audiovisual, 8- Sala de imagem e som, 9- Sala multimídia, 10- Praça,
11- Sala de relíquias e espelhos, 12- Sala de cultura sertaneja, 13- Audiovisual, 14-
Espaço para ampliação (GRUNOW, 2015).

Figura 29-Planta baixa do mezanino, Museu Cais do Sertão

Fonte: Arcoweb, 2015.

Já no nível superior (figura 29) existe um mezanino que compreende: 1- A


administração, 2- Espaço cultural, 3- Sala para instrumentos musicais e oficinas, 4-
Estúdio de gravação, 5- Um espaço vazio, 6- Sala de discografia e exposição, 7-
Espaço interno para ampliação (GRUNOW, 2015).
48

7. DIAGNÓSTICO LOCAL
7.1. APRESENTAÇÃO DO LOCAL

O terreno a ser utilizado para implantação do projeto do centro cultural está


localizado no bairro Gurupi, no limite da zona sudeste com a zona leste da cidade de
Teresina (figura 28). Segundo informações do IBGE, o seu perímetro corresponde a
uma área de 4,11 km² e sua densidade demográfica é de 33,4 habitantes por
hectare. O Gurupi limita-se com cerca de 7 bairros, ao norte com o bairro Uruguai,
ao sul com os bairros Parque Ideal, Renascença e Colorado, ao leste com Todos os
Santos e a Oeste com Recanto das Palmeiras e Livramento (SEMPLAN, 2018).

Figura 30- Localização do terreno do projeto

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Segundo informações do censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística, o Bairro Gurupi possuía uma população que representava
1,79% da cidade e ocupava a 10ª posição no ranking populacional dos bairros.
Desde a última década, os habitantes do Gurupi aumentaram em 48,5%, como
mostra o item 01 da figura 31.
49

Já no que diz respeito ao gênero da população residente, o censo registrou


que, por volta de 58% dos moradores são do sexo feminino e 48% masculino, o que
o torna relativamente equilibrado nesse quesito, conforme o item 02 da figura 31.

Figura 31- População do bairro entre 1991 e 2010

Fonte: Semplan, adaptado pelo autor, 2018.

Quanto à faixa etária, ainda de acordo com o censo de 2010, o bairro possui
uma população relativamente diversificada, porém, o percentual de indivíduos com
idade entre 25 e 49 anos é um pouco maior, conforme indica a figura 32.

Figura 32- Faixa etária da população até 2010

Fonte: Semplan, 2018.


50

7.2. JUSTIFICATIVA
Entre as principais ressalvas para escolha do local de implantação do projeto
está o fato da área ser considerada de grande potencial expansivo, de acordo com o
plano estrutural de Teresina (Semplan, 2018), além disso, em análise de dados e
coleta de informações, as zonas sudeste e leste dispõem de equipamentos e centros
organizados e distribuídos de forma desequilibrada.
Segundo o censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, o Bairro Gurupi não dispõe de qualquer espaço histórico, cultural ou de
interesse turístico. Atualmente conta apenas com alguns equipamentos, como a
quadra poliesportiva do Projeto Frutos do Brasil (item 01 da figura 33) e uma
academia da saúde (item 02 da figura 33).

Figura 33- Equipamentos no Bairro Gurupi

Fonte: Prefeitura Municipal de Teresina, adaptada pelo autor, 2018.

Outro motivo para implantação do projeto na área está no fato do bairro


possuir um espaço bastante utilizado para prática de Cooper em sua proximidade,
principalmente na Avenida Joaquim Nelson. A intenção é permitir uma interligação
entre esse público e o novo espaço que viria a ser um atrativo a mais para as
pessoas que buscam entretenimento.
No que diz respeito à questão socioeconômica, o Bairro apresentava em
2010 uma situação de rendimento nominal mediano mensal de cerca de 800 reais, o
que o coloca em um cenário abaixo da média urbana. 44% dos habitantes não
tinham rendimento, enquanto 37% viviam com até 1 salário mínimo (SEMPLAN,
2018), fator limitador quanto ao acesso a serviços básicos, inclusive a cultura.
51

7.3. ENTORNO
O que se pode perceber quanto ao entorno que circunda o terreno para
implantação do projeto é que a área possui alguns equipamentos sociais vistos
ainda de forma carente (figura 34). Em análise de um raio de cerca de 2 quilômetros
foram encontrados serviços de educação, saúde, lazer, religião e transporte público,
dentre os quais destacam-se: a Unidade Básica de Saúde Ana Lúcia Salmita, a
Unidade básica de Saúde do Bairro Redonda, o Centro Municipal de Educação
Infantil Clarice Lispector, a Escola Municipal Mário Covas, o Centro Municipal de
Educação Infantil Frei Damião, a Escola Municipal Deputado Humberto Reis da
Silveira, a quadra poliesportiva do projeto Frutos do Brasil, a Academia da Saúde
Raimundo Nonato de Moraes, as igrejas Universal do Reino de Deus, Sara Nossa
Terra, Pentecostal Deus é Amor, além de um Terminal de Integração de ônibus.

Figura 34- Equipamentos no entorno do Bairro Gurupi

Fonte: Mymaps, adaptado pelo autor 2018.

Localização do terreno Escolas Quadras poliesportivas

Academias Igrejas Unidades básicas de saúde

Terminal de integração de ônibus Perímetro do Bairro


Gurupi
52

7.3.1. ACESSOS
O terreno está localizado em uma área cujos principais acessos são feitos
pelas Avenidas: João XXIII, Zequinha Freire, Deputado Paulo Ferraz, Joaquim
Nelson e Mirtes Melão (figura 35). Essas vias compreendem os Bairros Livramento,
Gurupi, Uruguai e Recanto das Palmeiras e permitem o fluxo entre partes das
regiões leste e sudeste, além da comunicação entre as outras áreas da cidade como
o grande Dirceu. As avenidas comportam o tráfego, em sua grande maioria, de
veículos motorizados, porém, nas Avenidas Joaquim Nelson e Mirtes Melão é
possível observar um fluxo moderado de pedestres, principalmente no final da tarde
quando as pessoas costumam sair para praticar atividades físicas como caminhadas
em alguns trechos dessa região.
Figura 35- Principais acessos ao terreno em estudo

Fonte: Mymaps, adaptado pelo autor 2018.

01 Av. João XXIII 02 Av. Zequinha Freire 03 Av.Deputado


Paulo Ferraz

04 Av.Deputado 05 Av. Joaquim Nelson


06 Av. Mirtes
Paulo Ferraz
Melão

Vias com Sentido do fluxo dos Localização do


predominância de modais terreno
pedestres
53

7.4. ASPECTOS NATURAIS


7.4.1. INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO
A insolação e a ventilação incidentes no terreno (figura 36) têm
predominância direta nas maiores testadas do lote, o que implica na adoção de
possíveis medidas ou estratégias bioclimáticas a fim de aproveitar a ação dos ventos
oriundos das regiões nordeste e sudeste, além de planejamento quanto à redução
da incidência dos raios solares, principalmente no período vespertino.

Figura 36- Esquema de insolação e ventilação

02
01

Fonte: Mymaps, adaptado pelo autor 2018.

01 Av. João XXIII Ventos nordeste Sol nascente

Av.Deputado Ventos sudeste Sol poente


02
Paulo Ferraz

Frente principal
54

7.4.2. TOPOGRAFIA
O terreno está localizado em uma área cuja topografia é relativamente
irregular. São cerca de duas curvas intermediárias e duas curvas mestras, onde
cada uma representa um desnível de 1 metro (figura 37). As principais possíveis
cotas para implantação de projeto são a de número 7, 96 e 97, pois estão
distribuídas de forma que permitem uma maior utilização do seu espaçamento útil,
além de evitar possíveis gastos com maiores serviços de corte e aterro.

Figura 37- Topografia do terreno

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Curva mestra Perímetro do terreno


Curva intermediária
55

7.4.3. COBERTURA VEGETAL

O que se pode observar no terreno em estudo, no que diz respeito à


cobertura vegetal, é que, apesar do bairro ainda conter uma quantidade significativa
de verde, a área delimitada para implantação do projeto não apresenta grande
concentração de plantas e arbustos de maior porte (figura 38). O que se pode notar
são gramíneas espalhadas de maneira esporádica ao longo da sua superfície (figura
39).

Figura 38- Cobertura vegetal do terreno

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor, 2018.

Figura 39- Cobertura vegetal do terreno

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor, 2018.


56

7.5. ASPECTOS ANTRÓPICOS

O terreno está localizado em uma área que, apesar de propícia à expansão,


já apresenta interferência humana, exemplo maior disso é sua locação próxima à
Avenida Deputado Paulo Ferraz, Joaquim Nelson e João XXIII (figura 40),
consideradas vias significativas para malha rodoviária não só da cidade, como do
estado, uma vez que elas direcionam parte do fluxo de veículos para a região norte
do Piauí. Além das Avenidas, outros estabelecimentos podem ser observados no
local, como supermercados de grande porte, postos de combustíveis,
concessionárias e em um raio maior, condomínios, residências e edificações de
serviços variados.

Figura 40- Aspectos antrópicos do local

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor, 2018.

Vias
Edificações residenciais Edifícios comerciais pavimentadas

Perímetro do terreno
57

8. LEGISLAÇÃO
Alguns instrumentos legislativos são de extrema importância quanto à
elaboração, organização e execução dos mais variados tipos de projetos. Para
tomar partido de todos os trâmites legais é importante que se exponham os
balizadores responsáveis por organizar esse processo. A cidade de Teresina, local
destinado à implantação da proposta arquitetônica do centro cultural, possui
algumas leis que servirão de base ao longo do desenvolvimento projetual.
A Lei Complementar nº 3560, criada em 20 de outubro de 2006, é
responsável por definir as diretrizes para o uso do solo urbano do município, além de
dar outras providências. O caderno define como deve ser a organização do solo
urbano de Teresina quanto ao uso de suas áreas, distribuição da população e
funcionamento das atividades urbanas de forma que promova a estruturação e
articulação dos pólos de dinamização e preserve seus elementos naturais e sítios de
valor histórico e cultural. A lei destaca, entre outros, a relação e delimitação das
zonas residenciais, comerciais, industriais, especiais, de serviço e preservação, bem
como os grupos de atividades que podem ser desenvolvidas dentro dessas áreas.
De acordo com a lei de uso do solo de Teresina, o terreno está localizado na zona
residencial 2,ZR2 (figura 41), cujos grupos de atividades permitidas são:
habitacional, comércio de âmbito local, serviços de âmbito local, indústrias não
incômodas e instituições de âmbito local. Parte do lote também compreende a zona
de serviço ZS1, que permite usos comerciais, de serviços, industriais e institucionais.

Figura 41- Mapa de zoneamento

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Localização do terreno Zona de serviço


58

O grupo de atividades institucionais E1 (quadro 01) ou instituições de âmbito


local relaciona os espaços, estabelecimentos ou instituições de iniciativa pública ou
privada, destinados à educação, saúde, lazer, cultura, assistência social, culto
religioso, comunicação, que tenham ligação direta, funcional ou especial com o uso
habitacional, como:
Quadro 01- Instituições de âmbito local

Agência de correios - Anfiteatro - Asilo - Associação de moradores - Banho,


sauna, ducha, massagem - Biblioteca - Centro social - Convento - Creche -
Cursos preparatórios em geral - Escola de 1° grau - Escola de 2° grau - Escola -
Escola de arte culinária - Escola de dança e música - Escola de datilografia -
Escola de idiomas - Escola de ioga - Escola de informática - Escola de natação -
Igreja, templo religioso - Orfanato - Parque infantil - Piscina - Posto de saúde -
Posto de vacinação - Pré-escola, maternal, jardim de infância - Quadra e salão
de esporte - Recreação - Recreação orientada - Teatro.

Fonte: Lei 3560,adaptado pelo autor, 2018.

Já a lei 3562, de 20 de outubro de 2006, define as orientações quanto à


ocupação do solo urbano da cidade de Teresina, com destaque para seu
adensamento, estrutura e desempenho das atividades, tendo em vista garantir
melhores condições de conforto ambiental, bem-estar aos habitantes e um padrão
no que diz respeito ao desenho urbano da cidade. A lei de ocupação do solo define
os indicadores de ocupação do solo por zonas e usos, assim como as observações
que devem ser feitas no que se refere à aprovação de projetos, concessão de
licenças para construção, reforma e ampliação, reconstrução, alvarás de
funcionamento, habite-se, aceite-se e certidões. A lei traz em anexo as zonas, os
usos permitidos e seus respectivos recuos mínimos, índice de aproveitamento e taxa
de ocupação a serem considerados durante a elaboração de projetos.
Algumas leis mais recentes entraram em vigor e também já são bases
fundamentais para o desenvolvimento e complementação de projetos, como ocorre
com a Lei municipal 4522, de 07 de março de 2014, que estabelece os novos
padrões de calçadas e o processo para sua construção, reconstrução, conservação
e utilização desses espaços no município de Teresina. A lei mostra em seus
principais pontos a caracterização e o dimensionamento que compõem as calçadas,
59

a locação de mobiliários urbanos, bem como os padrões de calçadas e as


especificações pertinentes que têm por finalidade promover a acessibilidade,
segurança, autonomia, desenho urbano, conforto e sustentabilidade. A lei traz os
critérios considerados para projeto e execução das calçadas, conservação, limpeza,
aspectos relacionados ao trânsito público, locação de trailers, bancas de
jornais,responsabilidade e penalidades em caso de descumprimento dos dispostos
da lei, entre outras disposições.
Outras normativas também devem ser consideradas a fim de configurar
segurança e demais aspectos relevantes aos projetos. Exemplo disso são as NBR’s,
que estabelecem regras ou orientações sobre determinado produto, processo ou
serviço com a finalidade de aumentar a qualidade e a competitividade de um
produto. Essas NBR’s são normas desenvolvidas a partir de um consenso entre
profissionais de determinadas áreas, onde, em seguida, passam por um processo de
aprovação por um órgão nacional ou internacional. No Brasil, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas é a responsável por esse processo aprobatório
(BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO, [201-?]).

Algumas normas recebem destaques pela sua importante aplicabilidade,


como, por exemplo, a NBR 9077, de dezembro de 2001, que trata dos critérios para
elaboração de saídas de emergências em edifícios. A norma estabelece, auxilia e
determina quais são os critérios utilizados para se chegar à classificação das
edificações quanto à sua ocupação, dimensões, dados para dimensionamento de
saídas de emergência, distâncias máximas a serem percorridas, números de saídas
e tipos de escadas.

Outra norma de destaque é a NBR 9050, que trata dos critérios e demais
parâmetros técnicos a serem analisados em projetos, construções, instalações e
adaptações de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos a se adequarem às
condições de acessibilidade e proporcionar à maior quantidade de pessoas,
independentemente de limitações, a autonomia referente ao uso seguro do
ambiente.
60

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma geral, o desenvolvimento do trabalho tem por objetivo abordar os


aspectos mais relevantes no que é referente à criação de um espaço sociocultural
destinado a envolver e aproximar a sociedade em uma área ainda vista como
escassa de equipamentos culturais e que possui potencialidades para propagação
de cultura.
Durante todo o período de pesquisas, desenvolvimento e análise de dados,
foi possível perceber o quão importante e impactante é a construção de qualquer
edifício ou espaço dentro de uma cidade. A importância de absorver o contexto
social de uma área e traduzi-la na forma de projeto imprime uma responsabilidade
significativa sobre os colaboradores.
Apesar de prezar, por vezes, pela exclusividade, é importante ressaltar as
contribuições e soluções trazidas pelas análises e constatações realizadas ao longo
do desdobramento do trabalho por meio dos estudos de casos. Todas as
colaborações vistas até então funcionam como dispositivos que impulsionam o
processo de elaboração do projeto. Exemplo disso são as ideias, processos e
soluções encontradas no emprego de materiais, estratégias bioclimáticas,
organização na disposição de espaços e programas de necessidades.
Partindo desse princípio e, ainda, baseado nos levantamentos e estudos
contribuintes com este trabalho, foi designado um programa que visa contornar as
necessidades básicas que os usuários do centro cultural em questão possam
apresentar. O plano visa criar espaços atrativos, funcionais e, sobretudo,
satisfatórios para que o público possa tirar proveito em todos os aspectos. O quadro
02 mostra a setorização, os espaços e um dimensionamento dos ambientes a serem
introduzidos no projeto do centro cultural. Na sequência é mostrado um
organograma hierárquico das zonas e departamentos da edificação e, por fim, um
estudo de fluxo a fim de compreender os direcionamentos e intercomunicação entre
os setores do prédio.
61

9.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES


Quadro 02- Programa de necessidades e pré-dimensionamento
PROGRAMA DE NECESSIDADES
SETOR AMBIENTES QUANTIDADE ÁREA
Administração
Sala de espera 1 20,75 m²
Diretoria 1 21,10 m²
Secretaria 1 18,76 m²
Sala de reuniões 1 23,45 m²
Serviço
DML 2 3,63 m²
Doca 1 42,82m²
Almoxarifado 1 14,82 m²
Lixeira 1 10 m²
Apoio Sanitários públicos 4 19,51 m²
Sanitários PNE 4 3,3
Segurança 1 9,97 m²
Guarda objetos 1 9,97 m²
Copa para funcionários 1 5,29 m²
Refeitório para funcionários 1 26,87 m²
Sanitários para funcionários 2 10,74 m²
Sanitários para funcionários PNE 2 3,27 m²
Estacionamento
Área técnica
Guarita 2 10 m²
Atendimento
ao público

Recepção 1 148,14 m²
Circulação
Café 1 205,78 m²
Sala de música 1 50,13 m²
Sala multiuso 1 94,23 m²
Sala de audiovisual 1 21,97 m²
Sala de fotografia 1 29,60 m²
Sala de artes 1 31,80 m²
Laboratório de informática 1 64,19 m²
Assistência social 1 17,32 m²
Recepção/biblioteca 1 32,90 m²
Salas de estudo 8 8,61 m²
Acervo 1 96,06 m²
Brinquedoteca 1 91, 34 m²
Praça/jardim
Espaço/exposição 1 358, 01 m²
Livraria 1 122 m²
Loja 3 30 m²
Fonte: Arquivo pessoal, 2019.
62

9.2. ORGANOGRAMA

A organização hierárquica do centro cultural está dividida em setores que


são subordinados a uma diretoria geral e, posteriormente, subdivididos em seções
de administração, serviços e apoio. O setor administrativo é responsável por orientar
todos os trâmites relacionados ao funcionamento das atividades destinadas ao
público em geral, além de organizar todo o departamento de gerência da instituição.
A repartição de serviços está ligada às atividades que dão suporte à manutenção do
prédio, os funcionários também contam com um setor de apoio para ampará-los
antes, durante e após a prestação de seus serviços, como pode ser observado no
organograma da figura 42.

Figura 42- Organograma e setorização

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.


63

9.3. FLUXOGRAMA

O fluxograma da figura 43 mostra o direcionamento prévio que os


funcionários, usuários e demais indivíduos terão que percorrer ao adentrar no centro
cultural. Os fluxos estão distribuídos de acordo com os setores e a funcionalidade de
cada zona, como espaços para o público, áreas restritas aos colaboradores da
edificação, áreas de comércio, convivência, recepções, entre outros.
Figura 43- Fluxograma – Bloco 01

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.


64

A figura 44 mostra o esquema de fluxo do térreo no segundo bloco. Nele


estão localizados a biblioteca, laboratório de informática e sanitários como áreas
principais.

Figura 44- Fluxograma – Térreo Bloco 02

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

O segundo pavimento é destinado às atividades de capacitação, conforme


observado na figura 45.

Figura 45- Fluxograma – 2º piso Bloco 02

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.


65

REFERÊNCIAS

AGENDA TERESINA 2030. A cidade Desejada. Teresina, 2000. Disponível em:


<http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/2015/10/Teresina-Agenda-
2030.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018.

ARCHDAILY. Ópera de Oslo/Snohetta. ArchdailyBrasil. Tradução Stofella, Arthur.


[S.L], 22 mar. 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/759855/oslo-
opera-house-snohetta>. Acesso em: 05 out. 2018.

_____. Centro Cultural Univates/ Tartan Arquitetura e urbanismo. ArchdailyBrasil.


Tradução Delaqua, Victor. [S.L], 29 out. 2014. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/756294/centro-cultural-univates-tartan-arquitetura-
e-urbanismo>. Acesso em: 14 out. 2018.

BICCA, C.S. Exclusão social também se combate com cultura. Consultor Jurídico.
[S.L.], 09 fev. 2011. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2011-fev-
09/exclusao-social-tambem-combate-acesso-cultura>. Acesso em: 24 abr. 2018.

BORGES, R. A Importância do lazer para nossa saúde e bem estar. Temporada


Livre. [S.L.], 28 mai. 2015. Disponível em:
<https://www.temporadalivre.com/blog/importancia-lazer-para-nossa-saude-e-bem-
estar/>. Acesso em: 23 abr. 2018.

BRASIL. Lei nº 8742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da


Assistência Social e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8742.htm>. Acesso em: 23 abr. 2018.

CAVALCANTI, L. Arquitetura sustentável- O que é um projeto sustentável?


Sustentabilidades, [S.L.], [201-?]. Disponível em:
<http://www.sustentabilidades.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=38:ar
quitetura-sustentavel-o-que-e-um-projeto-sustentavel> Acesso em 27 mai. 2018

CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO. Espaço livre para o


pensamento. CBCA, [S.L], 20 mai. 2015. Disponível em: <http://www.cbca-
acobrasil.org.br/noticias-detalhes.php?cod=7043>. Acesso em: 14 out. 2018

COELHO, T. Dicionário Crítico de Política Cultural, São Paulo: Iluminuras, 1997.


66

DABUL, L. Museus de grandes novidades: centros culturais e seu público. Porto


Alegre, RS, Horizontes Antropológicos, vol. 14, n 19, jun. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
71832008000100011>. Acesso em: 09 set. 2018.

DAVEL, E.P.B; SANTOS, F.P. Gestão de Equipamentos Culturais e Identidade


territorial: Potencialidades e Desafios. São Paulo, 2017. Disponível em:
<http://www.usjt.br/arq.urb/arquivos/abntnbr6023.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018.

DIÁRIO DO NORDESTE. Exclusão Cultural, Fortaleza, 25 abr. 2015. Disponível


em: <http://www.diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/exclusao-
cultural-1.1277110>. Acesso em: 24 abr. 2018.
EXPEDIA. Ópera de Oslo. [S.L], [201-?]. Disponível em:
<https://www.expedia.com.br/Casa-De-Opera-De-Oslo-Oslo.d6080555.Guia-de-
Viagem>. Acesso em: 05 out. 2018.

FONTE, A. F. Cultura vs Tecnologia. Introdução aos Novos Média. Coimbra, 2010.


Disponível em: <https://digartmedia.wordpress.com/2010/04/11/cultura-vs-
tecnologia/>. Acesso em: 09 set. 2018.

FREITAS, E de. Educação, base do desenvolvimento. Brasil Escola. [S.L.], [201-?].


Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/educacao-base-
desenvolvimento.htm>. Acesso em: 23 abr. 2018.

______. Tipos de Cidades, [S.L.], [201-?]. Disponível em:


<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/tipos-cidades.htm> Acesso em 27
mai. 2018.

FIGUEROA, A. Pernambuco entrega segundo módulo do Cais do Sertão. Coluna de


Turismo. Recife, PE, 08 jul. 2018. Disponível em
:<http://colunadeturismo.com/2018/07/08/pernambuco-entrega-segundo-modulo-do-
cais-do-sertao/>. Acesso em: 15 out. 2015.

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA- UNICEF. Declaração


Universal dos Direitos Humanos. [S.L.], [20-?]. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm>. Acesso em: 23 abr. 2018.

G1PIAUÍ. Piauí é o 5º estado do Brasil com o menor número de museus.


Teresina, 01 jul. 2015. Disponível
em:<http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2015/07/piaui-e-o-5-estado-do-brasil-com-o-
menor-numero-de-museus.html>. Acesso em: 05 out. 2018.
67

GRUNOW,E. Brasil Arquitetura e Isa Grispun Ferraz: Cais do Sertão Luíz Gonzaga,
Recife. Arcoweb. [S.L], 2015. Disponível em:
<http://arcoweb.com.br/projetodesign/interiores/brasil-arquitetura-isa-grinspum-
ferraz-cais-sertao-luiz-gonzaga-recife>. Acesso em: 15 out. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Proteção Social.


[S.L.], [201-?]. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas-
novoportal/sociais/protecao-social.html>. Acesso em: 23 abr. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010:


Amostra rendimento. Teresina, 2015. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pi/teresina/pesquisa/23/22787?detalhes=true>.
Acesso em: 24 abr. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil dos Estados e


Municípios Brasileiros: cultura: 2014. Rio de Janeiro, 2015. 106 p. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95013.pdf>. Acesso em: 24 abr.
2018.

MARTIM; SOUZA. Grandes Obras: SESC- Pompeia- Lina Bo Bardi-1983-1986.


Ensaios Fragmentados, [S.L], 10 nov. 2011. Disponível em:
<http://ensaiosfragmentados.blogspot.com/2011/11/grandes-obras-sesc-pompeia-
lina-bo.html>. Acesso em: 09 set. 2018.

MELLO, T. Centro Cultural Univates. Galeria da Arquitetura. [S.L], [201-?].


Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/tartan-arquitetura-e-
urbanismo_/centro-cultural-univates/1285>. Acesso em: 14 out. 2018.

MENEZES, H. Que papéis um centro cultural exerce para o desenvolvimento do


povo de uma cidade? Carta Maior, [S.L.], 29 mar. 2005. Disponível em:
<https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Que-papeis-um-centro-cultural-
exerce-para-o-desenvolvimento-do-povo-de-uma-cidade-/12/7350>. Acesso em: 23
abr. 2018.

MESQUITA, D. dos; SOUSA, M. E dos; SANTOS, M. V dos. Bibliotecas Públicas


Municipais de Teresina: Constatações e considerações. Teresina, [201-?].
Disponível em:
<https://www.institutomora.edu.mx/EBAM/2014/Marilene%20Evangelista.pdf>.
Acesso em: 07 set. 2018.
68

MILANESI, L. A casa da Invenção: biblioteca, centro de cultura. 3. ed.São Caetano


do Sul, SP: Ateliê Editorial, 1997.

NEVES, R.R. Centro Cultural: a cultura à promoção da arquitetura. Goiânia, Revista


Especialize,V. 01,n. 005, 2013. 5ª edição. Disponível em:
<https://www.ipog.edu.br/download-arquivo-site.sp?arquivo=centro-cultural-a-cultura-
a-promocao-da-arquitetura-31715112.pdf. > Acesso em 20 mai. 2018

OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL. Arquitetura de centros culturais. [S.L], 02


dez. 2014. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/arquitetura-de-centros-
culturais>. Acesso em: 08 set. 2018.

O INFORMATIVO. Centro Cultural Inovates recebe novo equipamento para nova


estrutura. O Informativo. Lajeado, RS, 24 mai. 2012. Disponível em:
<https://www.informativo.com.br/geral/centro-cultural-univates-recebe-equipamento-
para-nova-estrutura,5560.jhtml>. Acesso em: 14 out. 2018.

ORTIGOZA, S.A.G; SANTOS, L.P dos. Dinâmica Locacional dos Espaços


Públicos de lazer na cidade de Teresina-Pi. Minas Gerais, Caderno de Geografia,
v.27, n.1, 2017. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/download/p.2318-
2962.2017v27nesp1p119/12480>. Acesso em: 23 abr. 2018.

PROENÇA, A.C. A Necessidade de Popularizar o acesso à cultura. GGN, [S.L.], 05


jan. 2013. Disponível em: <http://www.jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-
necessidade-de-popularizar-o-acesso-a-cultura>. Acesso em: 24 abr. 2018.

RAMOS, L.B. Centro Cultural: Território Privilegiado da Ação Cultural e


Informacional na Sociedade Contemporânea. Salvador, 2007. Disponível em:
<http://www.cult.ufba.br/enecult2007/LucieneBorgesRamos.pdf> Acesso em: 20 mai.
2018

ROMERO, M. Piauí é o 3º do país em apoio à diversidade, mas não incentiva filmes


e turismo cultural, diz IBGE. Cidadeverde.com, Teresina, 14 dez. 2015. Disponível
em: <http://www.cidadeverde.com/noticias/208925/piaui-e-o-3-do-pais-em-apoio-a-
diversidade-mas-nao-incentiva-filmes-e-turismo-cultural-diz-ibge>. Acesso em: 28
abr. 2018.
69

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Cultura. Histórico da Biblioteca. São Paulo,


2007. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bai
rro/bibliotecas_m_z/pauloduarte/index.php?p=194.> Acesso em: 20 mai. 2018

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO. Anexo II: Diagnóstico e


Perspectiva Econômica. Semplan, Teresina, [2014?]. Disponível em:
<http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/2014/09/9.-Anexo-II.pdf>
Acesso em: 23 abr. 2018.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO. Teresina: perfil dos bairos.


Semplan, Teresina, 2018. Disponível em: <http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/sites/39/2018/08/GURUPI-2018-1.pdf>. Acesso em 15 out. 2018.

SILVA, A. A Importância da cultura na Sociedade. Web Artigos. [S.L.], 02 out. 2012.


Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-cultura-na-
sociedade/96871>. Acesso em: 23 abr. 2018.

TONET, I. Educação e Formação Humana. Maceió, 2006. Disponível em: <


http://www.ivotonet.xpg.com.br/arquivos/EDUCACAO_E_FORMACAO_HUMANA.pdf
>. Acesso em: 24 abr. 2018.

UNIDADE INTEGRADA VALE DO TAQUARI DE ENSINO SUPERIOR. Centro


Cultural Univates: um marco para a comunidade do Vale do Taquari. Rio
Grande do Sul, [201-?]. Disponível em:
<https://www.univates.br/media/centro_cultural/centro_cultural.pdf>. Acesso em: 14
out. 2018.

VERÍSSIMO, O. Espaços Culturais de Teresina. Teresina, 26 jul. 2011. Disponível


em: <http://osnirverissimothe.blogspot.com/2011/07/espacos-culturais-de-
teresina.html>. Acesso em: 05 out. 2018.

WIKIARQUITETURA. Ópera de Oslo. Wikiarquitetura.[S.L], [20-?]. Disponível em:


<https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/opera-de-oslo/>.Acesso
em: 13 out. 2018.
70

APÊNDICE
71

APÊNDICE A – Memorial descritivo e justificativo


1. INTRODUÇÃO

Memorial descritivo referente às especificações construtivas do Espaço


Cultural Apotheose, localizado na Avenida Deputado Paulo Ferraz, Bairro Gurupi,
Teresina, Piauí.

Figura 01- Localização do terreno no Bairro Gurupi

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

2. PARÂMETROS LEGISLATIVOS ADOTADOS

O terreno destinado a implantação do projeto possui uma área de 14716 m²,


enquanto os blocos construídos somam 2459,4 m². O local escolhido está situado
em uma zona de serviço- zs1, onde os condicionantes legislativos permitem Índice
de Aproveitamento 1, recuo mínimo frontal de 5 metros, laterais de 3 metros, fundos
de 3 metros e uma taxa de ocupação máxima do terreno de 60%. Atualmente, a
construção ocupa 16% da área do terreno e registra um Índice de Aproveitamento
de 0,16. É importante ressaltar que, em virtude de sua localização às margens de
uma rodovia federal, o recuo frontal mínimo adotado é de 15 metros.
72

3. PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades do centro cultural é subdividido nos setores de


serviço, apoio, administração e atendimento ao público no qual apresenta a seguinte
configuração:

Quadro 01- Programa de necessidades

PROGRAMA DE NECESSIDADES

SETOR AMBIENTES QUANTIDADE ÁREA


Administração

Sala de espera 1 20,75 m²

Diretoria 1 21,10 m²

Secretaria 1 18,76 m²

Sala de reuniões 1 23,45 m²

Serviço

DML 2 3,63 m²

Doca 1 42,82m²

Almoxarifado 1 14,82 m²

Lixeira 1 10 m²

Apoio Sanitários públicos 4 19,51 m²

Sanitários PNE 4 3,3

Segurança 1 9,97 m²

Guarda objetos 1 9,97 m²

Copa para funcionários 1 5,29 m²

Refeitório para funcionários 1 26,87 m²

Sanitários para funcionários 2 10,74 m²

Sanitários para funcionários PNE 2 3,27 m²

Estacionamento

Área técnica

Guarita 2 10 m²
Atendimento
ao público

Recepção 1 148,14 m²

Circulação
73

Café 1 205,78 m²

Sala de música 1 50,13 m²

Sala multiuso 1 94,23 m²

Sala de audiovisual 1 21,97 m²

Sala de fotografia 1 29,60 m²

Sala de artes 1 31,80 m²

Laboratório de informática 1 64,19 m²

Assistência social 1 17,32 m²

Recepção/biblioteca 1 32,90 m²

Salas de estudo 8 8,61 m²

Acervo 1 96,06 m²

Brinquedoteca 1 91, 34 m²

Praça/jardim

Espaço/exposição 1 358, 01 m²

Livraria 1 122 m²
Loja 3 30 m²
Fonte: Arquivo pessoal, 2019.
74

4. ZONEAMENTO E FLUXOGRAMA

O bloco 1 concentra todos os serviços, conforme mostra a figura 01,


enquanto o bloco 2 dispõe somente de atividades ligadas ao público, além de
dependências de apoio, conforme apresentado nas figuras 02 e 03.

Figura 02- Zoneamento e fluxograma

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

O bloco 02 possui dois pavimentos destinados às atividades de capacitação e


aprendizado do público. No primeiro estão como principais ambientes uma biblioteca
e uma sala de informática, além de baterias sanitárias de apoio ao público.

Figura 03- Zoneamento e fluxograma

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.


75

Enquanto no segundo pavimento estão as salas de capacitação disponíveis


para ateliê de artes, fotografia, audiovisual, música, multiuso, assim como as
baterias sanitárias, áreas de convivência e circulação.

Figura 04- Zoneamento e fluxograma

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

5. DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS E SERVIÇOS

As fundações serão feitas de blocos em sapatas de concreto

5.1. Estrutura

Serão utilizados pilares e vigas metálicos que receberão tratamentos


antiferrugem, assim como lajes do tipo steel deck.

5.2. Cobertura

Terças metálicas com tratamento antiferrugem e telhas metálicas


termoacústicas de seção trapezoidal, tipo sanduíche, tratada com pintura
eletrostática na cor branca.

5.3. Esquadrias

Portas

P1- Tamanho (3,00 x 2,50 m) – Porta de correr com duas folhas em vidro refletivo na
cor champanhe e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético na cor preta.

P2 – Tamanho (3,00 x 2,50) – Porta de correr com duas folhas em vidro temperado
liso na cor verde e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético na cor preta.
76

P3 – Tamanho (3,00 x 2,50 m) – Porta de abrir com duas folhas em vidro refletivo na
cor champanhe e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético na cor preta.

P4 - Tamanho (2,00 x 2,50 m) – Porta de correr com duas folhas em vidro


temperado liso na cor verde e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético
na cor preta.

P5 - Tamanho (3,00 x 2,50 m) – Porta de correr com uma folha em madeira maciça,
pintura em verniz e puxador em aço inox.

P6 - Tamanho (2,00 x 2,50 m) – Porta de abrir com duas folhas em vidro refletivo na
cor champanhe e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético na cor preta.

P7 – Tamanho (0,80 x 2,10 m) – Porta de abrir com uma folha em madeira maciça
com pintura em esmalte sintético na cor branca.

P8 – Tamanho (0,90 x 2,10 m) – Porta de abrir com uma folha em madeira maciça
com pintura em esmalte sintético na cor branca.

P9 - Tamanho (2,00 x 2,50 m) – Porta de correr com duas folhas em vidro refletivo
na cor champanhe e caixilhos metálicos com pintura em esmalte sintético na cor
preta.

P10 - Tamanho (2,50 x 2,10 m) – Porta de correr com uma folha em madeira maciça,
pintura em verniz e puxador em aço inox.

Janelas

J1- Tamanho (2,50 x 1,50/1,00 m) – Janela maxim ar com uma folha, fechamento
em vidro refletivo na cor champanhe e estrutura metálica com pintura eletrostática
na cor preta.

J2 – Tamanho (4,00 x 1,50/1,00 m) – Janela maxim ar com duas folhas, fechamento


em vidro refletivo na cor champanhe e estrutura metálica com pintura eletrostática
na cor preta.

J3 – Tamanho (1,00 x 0,80/ 1,72 m) – Janela maxim ar com uma folha, fechamento
em vidro refletivo na cor champanhe e estrutura metálica com pintura eletrostática
na cor preta.
77

J4 – Tamanho (2,50 x 0,80/1,72 m) – Janela maxim ar com uma folha, fechamento


em vidro refletivo na cor champanhe e estrutura metálica com pintura eletrostática
na cor preta.

J5 – Tamanho (4,00 x 0,80/1,72 m) – Janela maxim ar com duas folhas, fechamento


em vidro refletivo na cor champanhe e estrutura metálica com pintura eletrostática
na cor preta.

E1 – Esquadria fixa com fechamento em vidro temperado laminado e caixilhos


metálicos com pintura em esmalte sintético na cor preta.

5.4. Revestimentos

Pisos

01 – Piso marmorizado na cor branca com dimensões 40 cm x 40 cm x 3 cm, e


juntas plásticas estruturais na cor branca.

02 – Piso marmorizado na cor branca com dimensões 40 cm x 40 cm x 3 cm, com


inserção de tabeira na cor cinza e juntas plásticas estruturais na cor branca.

03 – Piso laminado amadeirado, 29,1 cm x 134 cm x 0,8 cm, com aplicação do tipo
encaixe macho e fêmea e junta de dilatação de 1,5 cm.

04 – Piso cerâmico, 45 cm x 45 cm, antiderrapante na cor neve, colado com


argamassa AC-II e rejunte na cor branca.

05 – Piso porcelanato polido retificado, 70 cm x 70 cm, na cor branca, colado com


argamassa para porcelanato interno e rejunte na cor branca.

Parede

01 – Revestimento decorativo acetinado bege, 33,5 cm x 60 cm, aplicado com


argamassa AC-II e rejunte na mesma cor.

02 – Revestimento em pastilha de vidro cristal, 29, 2 cm x 29,2 cm, aplicado com


argamassa AC-II e rejunte na cor branca.

03 – Parede rebocada, emassada, lixada com pintura acrílica na cor creme.

04 – Revestimento decorativo tipo rústico, 27 cm x 07 cm x 2,5 cm.


78

Teto

01 – Forro em gesso acartonado com painel de 0, 60 x 2,00 m, fixado na laje através


de tiro e arame galvanizado.

02 – Forro em gesso PVC, com lâminas de 100 mm x 08 mm, na cor branca.

5.5. Bancadas

As bancadas deverão ser executadas em pedra de granito branco Siena, com


bordas boleadas.

5.6. Divisórias

As divisórias dos banheiros serão feitas em granito branco Siena, com arestas
boleadas e portas com fechamento em vidro serigrafado com espessura de 8 mm.

5.7. Peças sanitárias

Bacia Sanitária com caixa acoplada monte Carlo, Deca P.808.17, na cor branca.

Bacia sanitária com caixa acoplada Vogue Plus Conforto, Deca P.515.17, na cor
branca nos banheiros para portadores de necessidades especiais.

Lavatório de canto suspenso Izy, Deca L.101.17, nos banheiros para portadores de
necessidades especiais.

Barras de apoio em aço escovado Conforto, Deca 2310.1.080. ESC.

6. PROPOSTA

A área destinada à implantação do projeto equivale a 14703 m² e está situada


no Bairro Gurupi, zona sudeste de Teresina.

O local tem acesso por importantes vias do bairro e adjacências, como a


Avenida Deputado Paulo Ferraz, na qual estão localizadas as entradas do lote. A via
também se conecta com a Avenida João XXIII e Joaquim Nelson, formando um dos
eixos de ligação entre as zonas sudeste e leste.

As edificações de caráter cultural ainda são vistas de forma minoritária,


principalmente nas regiões leste e sudeste da cidade, o que implica na tomada de
medidas que possam atender ao público dessa área no que diz respeito à oferta de
79

serviços desse segmento, o crescimento urbano da localidade e as formas de


acesso pressupõem significativa importância nas iniciativas projetuais.

7. CONCEITO DO PROJETO

A princípio, entre os principais motivos de projetar uma edificação desse tipo,


está o anseio em disponibilizar um espaço comunitário em um bairro deficiente de
atividades culturais com a participação expressiva da comunidade local, o que
fomentou a iniciativa de uma proposta com espaços abertos e que desenvolvessem
a interação entre as pessoas.

8. PARTIDO ADOTADO

Entre as diretrizes de concepção do empreendimento, foram adotadas


algumas que estivessem relacionadas à pureza das formas, transparência de
materiais, além do uso de espaços abertos, verdes e integradores.

9. SOLUÇÕES FUNCIONAIS

O projeto conta com duas entradas, uma para veículos e pedestres e outra
para caminhões ou veículos de serviço. Logo na entrada, optou-se por não utilizar
uma barreira visual que pudesse dar a sensação de confinamento, então foram
postas vegetações de pequeno porte que funcionem como contenção, sem se
desassociar do conceito estético.

A proposta foi desenvolvida tendo como um dos pressupostos a pureza das


formas, esse conceito pode ser observado em vários segmentos do projeto, como
nos planos de fachadas, cuja organização dos elementos está disposta, no geral, de
forma ortogonal, até mesmo nos elementos paisagísticos das praças.

Algumas estratégias projetuais foram aplicadas a fim de solucionar alguns


contratempos, entre eles, os climáticos. Exemplo disso é visto na fachada noroeste
do bloco 2, onde foi adotado o uso de uma grande marquise que funciona,
juntamente com a parede diagonal, como um elemento de proteção durante os
períodos de maior incidência solar, ainda nesse bloco, a utilização de uma estrutura
metálica confere ao edifício um item estrutural que também funciona como um
componente estético.
80

Ainda nesse conceito bioclimático, foi adotada telha termoacústica que


garante maior conforto, principalmente acústico, aos edifícios.

Nos dois blocos de edifícios são utilizadas aberturas zenitais na forma de


clarabóias, que permitem a iluminação nos principais espaços abertos. No bloco 1,
esse elemento está sobreposto à uma grande praça/área de exposição, enquanto no
2, ilumina um pátio que funciona como área de sociabilização. O emprego dessa
estratégia visa tanto a economia de energia elétrica como a garantia de uma maior
clareza visual ao ambientes sociais.

Uma vasta parte do lote é contemplada com praça e áreas verdes, cuja
finalidade é proporcionar espaços de convivência e quebrar a monotonia causada
pelo uso de revestimentos. A locação da praça foi disposta de forma a permitir aos
usuários do café, localizado no bloco 1, visualizarem o espaço mais aberto e a
movimentação externa, o que proporciona maior integração entre os espaços.

10. SOLUÇÕES PLÁSTICAS

Ambos os blocos são constituídos por elementos em vidros que externam o


conceito de transparência e limpeza visual, no entanto, outros materiais também
complementam as fachadas como a chapa de metal vazado utilizada na marquise
do bloco 1 e a trama metálica estrutural do bloco 2.

Figura 05- Aspectos plásticos

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.


81

A mescla desses dois materiais dá um toque de modernidade ao maciço


construído, porém, por se tratar de materiais considerados mais neutros, também
procurou-se adotar o uso de figuras ilustrativas de maneira pontual, até porque se
trata de um projeto de caráter cultural. Essa decisão pode ser vista na utilização da
xilogravura pintada na parede da fachada principal do bloco 1.

Apesar de ser uma edificação térrea e outra com dois pavimentos, os blocos
se assemelham em gabaritos, uma vez que o primeiro possui pé-direito duplo o que
garante uma conversação entre as unidades.

11. SOLUÇÕES ESTRUTURAIS

Para que fosse possível dispor grandes vãos na construção, optou-se pela
utilização do sistema construtivo metálico. Essa iniciativa, entre outras, minimiza o
desperdício e sujeira na obra e permite organizar os espaços de forma mais livre,
sem tanta preocupação com a limitação de áreas com maior abertura livre.

Você também pode gostar