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Conhecendo a história e a

cartografia urbana de São Luís

Grete Soares Pflueger


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Tais Camargo Daniela Miwa

Pflueger, Grete Soares

Conhecendo a história e a cartografia urbana de São


Luís [livro eletrônico]. / Grete Soares Pflueger. – São Luís:
UEMAnet, 2021.

43 f.

ISBN:

1. Arquitetura Colonial Luso Brasileira. 2. Cartografia Urbana.


3. Cidade Patrimônio Mundial. I. Título.

CDU: 72.034.7(812.1)
APRESENTAÇÃO

Caro(a) cursista,

Você sabia que a cidade de São Luís do Maranhão foi inscrita pela UNESCO,
em 1997, como patrimônio da humanidade?

Neste Módulo, vamos refletir sobre as razões que destacaram o centro


histórico de São Luís como um local único e de interesse da humanidade. Iremos
também conhecer as razões históricas e culturais da formação da cidade por meio
das influências dos povos que contribuíram para sua construção. Estudaremos a
cartografia antiga, a evolução urbana e arquitetônica da cidade compreendendo os
elementos arquitetônicos. Desta forma, entenderemos porque a UNESCO reconheceu
o Centro Histórico de São Luís do Maranhão como um exemplo notável de vila colonial
portuguesa que se adaptou com sucesso às condições climáticas na América do Sul
equatorial e que tem preservado seu tecido urbano, harmoniosamente integrado ao
seu entorno natural, entenderemos também o que significa preservar e morar nesse
patrimônio histórico.

Neste sentido, cada temática vem apresentando aspectos iniciais e


importantes para o estudo. A primeira apresenta um breve contexto histórico de São
Luís e as influências dos três povos que nos formaram, sendo eles, os indígenas, os
africanos e os europeus.

Já na segunda temática, destacaremos a importância do estudo da cartografia


antiga para compreender a formação da cidade. Por fim, na terceira temática, mostraremos
a arquitetura colonial portuguesa no Maranhão. Ao longo de todo o material, você
encontrará indicações de livros, sites, entrevistas para sua melhor compreensão,
contendo os principais assuntos tratados nesse material.

Bons estudos!
SUMÁRIO

1 CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE PATRIMÔNIO MUNDIAL .................................... 7

1.1 Introdução ......................................................................................................................... 7

1.2 Cartografia urbana de São Luís .......................................................................................... 7

1.3 Onde estão os mapas?....................................................................................................... 8

2 CENTRO HISTÓRICO-PATRIMÔNIO MUNDIAL ............................................................ 17

3 E OS MAPAS? PARA QUE SERVE O ESTUDO DA FORMAÇÃO URBANA NA CARTOGRAFIA


ANTIGA? ......................................................................................................................... 23

3.1 Vamos fazer um exercício de identificação dos mapas? Vamos conhecer os mapas de São
Luís? ................................................................................................................................ 23

4 O CENTRO HISTÓRICO: POVOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA CONSTRUIR O CONJUNTO


ARQUITETÔNICO DE SÃO LUÍS-MA ............................................................................... 29

4.1 Indígenas - Africanos - Europeus ........................................................................................ 29

4.2 Europeus, franceses, portugueses e holandeses ................................................................. 33

5 ARQUITETURA COLONIAL PORTUGUESA E SEUS ELEMENTOS ............................... 35

5.1 Tipologias da arquitetura colonial portuguesa ..................................................................... 37

5.2 Elementos da arquitetura colonial ...................................................................................... 41

RESUMO ......................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 46
Hê: eu moro em um Patrimônio da humanidade!
Módulo 1

CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE


1 PATRIMÔNIO MUNDIAL

Objetivos:

Compreender as influências das culturas indígenas, africana e europeia na arquitetura colonial


portuguesa em São Luís do Maranhão;

Analisar a formação da cidade de São Luís na cartografia antiga urbana portuguesa;

Compreender a linguagem arquitetônica da arquitetura colonial portuguesa no Maranhão e seus


elementos.

1.1 Introdução

A cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, está situada dentro da ilha localizada
na Baía de São Marcos, no oceano Atlântico. Esse território, habitado pelos índios tupinambás, tupis
e outras tribos (Figuira 1) foi intensamente disputado por navegadores europeus no século XV e XVI,
período das grandes navegações. Após várias incursões e contatos com indígenas, o território foi
ocupado pelos franceses, em 1612, que fundaram uma cidade em homenagem ao Rei Luís, inaugurando
o efêmero projeto da “França Equinocial”, posterior ao projeto da França Antártica do Rio de Janeiro.

A consolidação da presença francesa foi interrompida pelas disputas no território e entre


1615-1618, quando os portugueses conquistaram o território e iniciaram um projeto de urbanização,
baseado no plano e no traçado em malha xadrez, elaborado pelo Engenheiro mor Francisco Frias de
Mesquita. O Maranhão foi registrado pelos cartógrafos portugueses, holandeses e italianos, indicando
a localização geográfica dos rios Itapecurú, Munim e Mearim, mapeando o acesso pelo litoral e os
aldeamentos indígenas existentes. A cartografia, os mapas e plantas da cidade constituem, hoje, um
importante registro para o estudo da história urbana de São Luís.

1.2 Cartografia urbana de São Luís

A Cartografia foi uma arte muito importante no período colonial e os cartógrafos europeus
acompanhavam as expedições exploratórias e mapeavam o litoral com poucos instrumentos como o
astrolábio e a bússola. Eles mapearam e ilustraram a geografia dos rios, das montanhas, do mar, os
aldeamentos indígenas (veja aldeias de Tapuitapera - Alcântara) na figura 1 abaixo, identificaram os
bancos de areia para o acesso aos navios, sempre atentos às indicações do norte magnético e da
geografia do lugar. Os mapas possibilitaram o conhecimento de regiões distantes e desconhecidas.

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Figura 1 - Mapa da Província do Maranhão. João Teixeira Albernaz (1602-1666)

Fonte: Centro histórico de São Luís - Maranhão: patrimônio mundial /coordenação geral Luiz Phelip de Castro
Andrés: São Paulo Audichroma Editora, 1998 p.14.

Os mapas são representações simbólicas da realidade e dos lugares em escala e propor-


ção menores. Santos (2005) nos ensina sobre a cartografia simbólica e destaca que os mapas são
distorções reguladas da realidade, apresentam escala, projeção e simbolização. É sempre importante
observar nos mapas a escala de léguas ou metros, os símbolos das edificações e a rosa dos ventos
com a posição do norte magnético, conforme podemos observar na figura acima.

1.3 Onde estão os mapas?

A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas
nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina. Foi formada em 1808, com a
chegada de D. João VI e sua corte ao Rio de Janeiro, trazendo 60 mil peças, entre livros, manuscritos,
mapas, estampas, moedas e medalhas. Em 1905 foi construído o atual prédio da Biblioteca Nacional,
no centro da cidade do Rio de Janeiro, antiga capital federal, onde estão guardados os documentos
da colônia e também a coleção de mapas portugueses sobre o litoral do Maranhão.

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Figura 2 - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

Fonte: https://i.pinimg.com/originals/bc/f6/a3/bcf6a3580b44db8488044aaf0c6ecf4e.jpg

O estudo da cartografia urbana do Maranhão, baseado nos mapas antigos, foi fundamental
para o conhecimento das origens da nossa cidade, uma das razões do seu reconhecimento urbano
como patrimônio mundial. Demonstraremos agora, uma das iconografias do acervo da Biblioteca
Nacional, material foi muito importante para o estudo da formação da cidade de São Luís.

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Figura 3 - Gravura de São Luís em 1698, (Città de S. Luigi) de Andrea Orazi

Fonte: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Link de acesso: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digi-


tal/div_cartografia/cart1360019/cart1360019.jpg

SAIBA MAIS
Quer conhecer mais sobre o acervo de cartografia brasileira? Acesse o site da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. No item acervo digital na área da cartografia, busque pelos
mapas do Maranhão e encontre um acervo incrível. Disponível em: https://www.
bn.gov.br/explore/acervos/cartografia
Acesse os links a seguir e pesquise sobre os mapas do Maranhão, você vai encontrar
vários mapas: https://www.bn.gov.br/
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart555828/
cart555828.pdf

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A cidade de São Luís foi planejada pelo então engenheiro Mor português da época, Francisco
Frias de Mesquita, conforme documentado nos mapas do século XVI. A cidade cresceu lentamente, dentro
dessa malha xadrez, no século XVII, respeitando o traçado original, conforme você poderá verificar na figura
abaixo.

Figura 4 - Planta com o traçado de São Luís em 1698 - Pianta della cittá di S. Luigi metropoli del
Marangone de Andrea Orazi

Fonte: Biblioteca nacional do Rio de Janeiro 2000. Acesso: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/


div_cartografia/cart1360018/cart1360018.jpg

No século XVIII, a cidade de São Luís, viveu o apogeu social urbano e econômico, com o
sucesso da Companhia Grão Pará-Maranhão, exportadora de algodão que deu origem ao nosso rico
conjunto arquitetônico. O urbanismo e a arquitetura da cidade foram inspirados no alçado pombalino,
que foi o método de construção utilizado pelo Marquês de Pombal na reconstrução de Lisboa, depois
do terremoto de 1755, garantindo aos sobrados e solares de azulejos, feitos com pedras de cantaria e
gradis de ferro vindos de Lisboa, a aparência de uma vila portuguesa.

GLOSSÁRIO

Gradis – estruturas de ferro que compõe as fachadas dos sobrados coloniais.

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Figura 5 - Foto da Rua Portugal na Praia Grande, com sobrados azulejados e gradis de ferro na
fachada

Fonte: Márcio Vasconcelos, 2021.

No século XVIII, período de apogeu social, urbano e econômico decorrente do grande


êxito exportador da Companhia Grão-Pará Maranhão com o algodão, o Estado viveu um momento
de apogeu econômico, consolidando um importante conjunto arquitetônico inspirado pela arquitetura
portuguesa. O conjunto arquitetônico foi formado pela arquitetura militar (fortes), arquitetura religiosa
(igrejas e conventos), arquitetura civil (sobrados, solares e moradas) e arquitetura utilitária (fontes).

A cidade do século XVIII (1759) está identificada no mapa a seguir (Figura 6), na
representação simbólica que indica ruas (identificadas pelas faixas brancas), igrejas (identificadas
com uma cruz vermelha), o relevo e a geografia dos rios identificados em marrom e as edificações
em cinza. Observe que estão identificados os rios Anil e Bacanga nas laterais do conjunto urbano.

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Figura 6 - Mapa de São Luís em 1789, da torre do tombo de Lisboa

Fonte: Reis filho, 2000.

No final do século XIX, o cenário econômico mudou devido à transferência do mercado do


algodão e à abolição dos escravos. Com isso, o estado do Maranhão entrou em decadência econômica,
sem o algodão, sem o braço escravo e nenhuma outra perspectiva, a capital entrou em letargia
econômica, social e urbana. No período do apogeu (séc. XVIII) as bases da economia eram frágeis, e
foram feitas de fora para dentro, vinham da coroa para a colônia e as razões da ruína econômica já
estavam implícitas neste processo externo, o qual não fortaleceu a economia local, conforme explica o
economista maranhense Tribuzzi (1981), já que não havia uma economia alternativa ao algodão como
nos outros estados da região amazônica e do país, que investiram no cacau, café e na borracha.

Esse processo de letargia econômica prolongou-se até o início do século XX, mas houve uma
mudança na primeira metade do século XX, na Era Vargas, entre 1937-1945, no âmbito das renovações
urbanas que aconteciam na capital federal, Rio de Janeiro, com abertura de novas avenidas e construções
de novos edifícios modernos. Esse projeto chegou a São Luís no governo de Paulo Ramos, trazendo

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vários projetos governamentais e institucionais para a capital. Vemos no mapa abaixo a abertura da
Avenida Magalhães de Almeida (Fig. 7), que demoliu vários casarões coloniais para construir edifícios
modernos em concreto com linguagens do art déco, foram construídos também novos hospitais,
escolas, instituições federais como o INSS e os primeiros arranha-céus surgiram na cidade, nas áreas da
expansão urbana e nas novas avenidas como a Getúlio Vargas

GLOSSÁRIO

Art déco - movimento nos campos das artes visuais, arquitetura e design do começo do século
XX, entre os anos 1920-40, que foi influenciado pela exposição de artes decorativas de Paris de
1924, foi marcado também pelas linhas geométricas verticais, frontões destacados, tipografia de
letras alongadas e pela implantação de prédios de esquina (em São Luís temos exemplares como
os correios e o hotel central).

Figura 7 - Mapa de São Luís em 1950. Álbum de Miécio Jorge 1950

Fonte: acervo Pflueger (2021).

Importante observar que, sofrendo o processo de decadência econômica, o Estado do


Maranhão teve quatro importantes ciclos econômicos na visão do economista Holanda (2011 p. 10):

O primeiro foi o ciclo primário do algodão, entre 1755-1889, no monopólio da Companhia


de Comércio Grão-Pará-Maranhão (apogeu), responsável pela construção do conjunto
arquitetônico colonial;

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O segundo foi o ciclo da indústria têxtil, entre 1889-1940, que culminou na falência das
fábricas;

O terceiro foi o do babaçu, entre 1950-1960, considerado por Getúlio Vargas como a
salvação do Estado, mas que não deu os resultados esperados; mas a “Era Vargas”
promoveu um processo de renovação na capital;

E, finalmente, o quarto ciclo da integração nacional, em 1970, com a chegada de


grandes projetos, como a Vale, a Alcoa e o CLA - Centro de Lançamentos de Alcântara,
que transformaram a economia do Estado, mas não conseguiram transformar os
baixos indicadores de pobreza do Estado do Maranhão.

Figura 8 - Babaçu e Algodão

Fonte: Agnes Guerra, 2021.

Foi nesse contexto histórico, de transformações econômicas, sociais, urbanas e


arquitetônicas do século XX, e as preocupações com a preservação do conjunto arquitetônico, diante
das fragilidades econômicas do estado, que a UNESCO reconheceu e inscreveu o centro histórico de
São Luís na lista de patrimônio da humanidade (Figura 9) em 1997.

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Figura 9 - Planta do centro histórico de São Luís em 1997 com as delimitações das áreas de
tombamento federal e mundial

Fonte: centro histórico de São Luís – Maranhão: patrimônio mundial /coord. Geral Luiz Phelip de Castro
Andrés: São Paulo Audichroma Editora, 1998 p. 37.

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2 CENTRO HISTÓRICO - PATRIMÔNIO


MUNDIAL

De acordo com o parecer da UNESCO, o “Centro Histórico de São Luís do Maranhão é um


exemplo notável de vila colonial portuguesa que se adaptou com sucesso às condições climáticas na
América do Sul equatorial e que tem preservado seu tecido urbano, harmoniosamente integrado ao seu
entorno natural, em um grau excepcional”. (IPHAN - http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/34).

As razões da inscrição como patrimônio da humanidade foram: a permanência do traçado


original do urbanismo português, a homogeneidade do conjunto arquitetônico original, com elementos
da arquitetura colonial luso-brasileira no Maranhão do século, de mais de quatro mil imóveis. Os
critérios de seleção da Unesco foram:

1- O Centro Histórico de São Luís é um testemunho excepcional da civilização colonial portuguesa;

2- O Centro Histórico de São Luís é um excelente exemplo de cidade colonial portuguesa adaptada
às condições climáticas da América do Sul equatorial;

3- O Centro Histórico de São Luís é um exemplo notável de cidade colonial que preservou sua
malha urbana, harmoniosamente integrada ao seu entorno natural, de forma excepcional.

SAIBA MAIS
Visite o site da UNESCO e leia o dossiê de São Luís. Disponível em: http://whc.
unesco.org/en/list/821/

Pesquise!

Você sabe quantas cidades ou lugares são patrimônio da


humanidade no mundo?

E no Brasil, quantas são? Você conhece, além de São Luís, alguma outra cidade?

Faça uma pesquisa na Internet e busque por essas informações.

O dossiê foi precedido pela visita de vários consultores internacionais que propuseram
estratégias de preservação e dinamização do centro histórico e das áreas de expansão urbana da
cidade. Umas das recomendações foi a proteção do centro e a multiplicidade de usos comerciais e
de habitação para a manutenção da dinâmica social e econômica da área, mantendo os pequenos
serviços existentes, a habitação tradicional e as instituições e comércio.

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Atualmente, no século XXI, São Luís tem um milhão e duzentos mil habitantes e um enorme
desafio urbano e arquitetônico a enfrentar na preservação do centro histórico colonial e das áreas de
expansão urbana. Observe no mapa abaixo (Figura 9), que demonstra todo o processo de expansão
urbana da cidade e perceba que até os anos de 1950 estávamos restritos à área do centro, depois
começamos o processo de crescimento urbano que partiu do centro (em vermelho) para dentro,
através da avenida Getúlio Vargas, no caminho do João Paulo em direção a São José de Ribamar
(veja a linha vermelha), só depois dos anos 1960 , com a construção das quatro pontes, que aparecem
em amarelo no mapa (Caratatiua, São Francisco, Bacanga e Jaracaty) foi que o crescimento urbano
aconteceu na direção das praias.

Procure acompanhar a linha vermelha, na legenda do mapa abaixo, e entenda melhor o


processo de expansão urbana de São Luís. Os bairros em amarelo são os bairros da expansão urbana,
o centro está identificado em vermelho e em marrom o distrito industrial, acompanhe pela legenda do
mapa na lateral direita.

Figura 10 - Planta da ilha de São Luís

Fonte: Prefeitura Municipal - Plano da paisagem (2003).

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Figura 11 - Vista aérea do centro histórico de São Luís, praia grande

Fonte: site do IPHAN /http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/24

Você conhece a sede da Superintendência Regional do IPHAN - Instituto do patrimônio histórico


e artístico Nacional em São Luís? Sabe qual o papel deste órgão na defesa do patrimônio?

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional se caracteriza pela diversidade de suas


atribuições, que vão desde as ações de identificação, proteção, restauração, preservação e fiscalização
de bens físicos, paisagísticos, arqueológicos e intelectuais até a administração de bibliotecas, arquivos
e museus, abrangendo aspectos importantes do panorama cultural brasileiro. O trabalho do Iphan é
realizado por 21 Superintendências Regionais e 6 Sub-Regionais, 28 museus, 10 casas históricas e 10
jardins e parques históricos. Estão sob a guarda de suas unidades cerca de 21 mil edifícios tombados
em 61 cidades, 9.930 mil sítios arqueológicos cadastrados, cerca de um milhão de objetos e 834.567
volumes bibliográficos, além de documentos, registros fotográficos, cinematográficos e videográficos.
Fonte: https://www.gov.br/iphan/pt-br/centrais-de-conteudo/marca-do-iphan-e-manual-de-
aplicao/ManualBasicoIphan_set2020.pdf

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Grete Soares Pflueger 19
Figura 12 - Prédio do IPHAN, na Rua do Giz

O IPHAN fica situado na Rua do Giz, em um


sobrado colonial de quatro pavimentos, um belo
exemplar da arquitetura colonial luso-brasileira no
Maranhão, com uma bela escadaria de madeira,
gradis de ferro e pedra de cantaria na fachada.

A Rua do Giz foi eleita, pela revista casa Vogue,


como uma das ruas mais bonitas do Brasil em
2021. Ela faz parte do traçado original do centro, no
bairro da Praia Grande.

Fonte: http://portal.iphan.gov.br/ma/galeria/detalhes/256/

Figura 13 - Rua do Giz, Praia Grande

Fonte: álbum de Gaudêncio Cunha (1908).

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SAIBA MAIS

Conheça o Portal do IPHAN - Instituto de patrimônio histórico do Brasil e conheça mais


sobre a cidade patrimônio mundial.

http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/346

http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/24

ATENÇÃO

Além do IPHAN, que é um órgão federal, no Maranhão temos dois órgãos estaduais e
municipais responsáveis pela preservação do patrimônio histórico:

Superintendência de Patrimônio Cultural - SPC - Rua da Estrela, 562, Praia Grande.

A Fundação Municipal de Patrimônio Histórico - Rua Portugal, 285, Praia Grande.

Sugestões de Filmes

Quer conhecer mais sobre o centro histórico de São Luís?

Assista aos vídeos sobre o patrimônio sugeridos e elaborados pelo conselho de arquitetura e pela
assembleia legislativa em homenagem à cidade.

Semana do Patrimônio Histórico Nacional - CAU/MA. Disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=hPWdEzKeJeg

Os 4 Cantos de São Luís (Episódio I): as belezas dos prédios e casarões do Centro Histórico.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0mEDA6diA_8

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3 E OS MAPAS? PARA QUE SERVE O


ESTUDO DA FORMAÇÃO URBANA NA
CARTOGRAFIA ANTIGA?

O estudo da cartografia antiga é um instrumento do planejamento urbano atual. Os mapas


ajudam a compreender a formação da cidade desde sua gênese, de onde ela nasceu e para onde se
expandiu.

Os mapas são um instrumento importante no estudo da formação urbana. A cartografia


antiga era elaborada, em grande parte, pelos engenheiros militares e cartógrafos portugueses italianos,
franceses, holandeses, alemães e escandinavos e o conhecimento dos mapas ajuda a compreender
os desafios do planejamento urbano atual, das áreas de expansão da cidade, da normatização do
plano diretor e da preservação do patrimônio histórico. Por isso, a importância do estudo da formação
urbana histórica na cartografia antiga é vista hoje como uma ferramenta do planejamento urbano para
compreensão da cidade atual.

O estudo da formação urbana é de fundamental importância na construção do conhecimento


sobre a cidade e no entendimento da questão urbana da ilha de São Luís como um todo, desde o centro
até a expansão da cidade e seus bairros. A pesquisa científica nos mapas fundamenta a importância
da preservação do traçado original, do acervo urbano e arquitetônico do centro de São Luís, inscrito e
reconhecido pela UNESCO em 1997 na lista do patrimônio da humanidade.

3.1 Vamos fazer um exercício de identificação dos mapas? Vamos conhecer os mapas de São
Luís?

• Metodologia:

Etapa 1: linha do tempo: nos possibilita entender quanto tempo tem a cidade. Qual
a temporalidade urbana. Se a cidade já existia com os índios, mas foi oficialmente fundada pelos
franceses em 1612 e posteriormente urbanizada pelos Portugueses em 1618, assim, temos em torno de
quatro séculos de história. Considerando a fundação francesa em 1612 até o ano de 2021, a cidade de
São Luís tem hoje 409 anos de história.

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Figura 14 - Linha do tempo de São Luís

Fonte: Pflueger (2021).

E quais foram os primeiros mapas elaborados sobre a cidade? Vamos confrontá-los com o
mapa atual e perceber como a cidade cresceu e se desenvolveu por meio da análise comparativa das
cartografias.

Etapa 2: vamos analisar a cidade hoje, buscando um mapa atual da cidade no google
maps ou / google Earth.

Acesse: https://www.google.com/maps/place/S%C3%A3o+Lu%C3%ADs+-+Vila
+Maranh%C3%A3o,+S%C3%A3o+Lu%C3%ADs+-+MA/

Figura 15 - São Luís no google maps

Fonte: https://www.google.com/maps/place/S%C3%A3o+Lu%C3%ADs+-+Vila+Maranh%C3%A3o,+S%C3
%A3o+Lu%C3%ADs+-+MA/@-2.5503583,-44.2815398,19740m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x7f68ff06f7f6d21
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Módulo 1

Objetivo: perceber os limites da cidade, os rios, os bairros, identificar o centro histórico, a


expansão urbana e a busca do marco zero da cidade – foco no centro histórico e nos monumentos
mais antigos como: palácios e fortalezas, observando nos mapas os limites geográficos e o norte
magnético. Reconhecer no mapa atual do centro histórico e monumentos antigos, marcos referenciais
– igrejas conventos, palácios, monumentos, limites geográficos, rios e mares.

Etapa 3: análise da cartografia atual e antiga. Ponto de partida, norte magnético –


posicionamento dos mapas no mesmo sentido do norte magnético para análise da cartografia.

Figura 16 - Planta com o traçado de São Luís em 1644-47, cartografia holandesa.

Fonte: Reis filho, Nestor Goulart (2000).

Figura 17 - Sobreposição do traçado de 1644 na planta do centro histórico de São Luís. Dossiê de
tombamento da UNESCO.

Fonte: centro histórico de São Luís - Maranhão: patrimônio mundial /coord. Geral Luiz Phelip de Castro
Andrés: São Paulo Audichroma Editora, 1998 (pág. 37).

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Figura 18 - Mapa da ilha de São Luís

Fonte: plano da paisagem da prefeitura municipal de São Luís (2003).

E qual é a forma da cidade? Se fizéssemos uma caricatura do mapa atual de São Luís, que
forma você identificaria em sua cidade ou em São Luís?

Vamos fazer um desenho em cima do contorno da planta de São Luís? Para fixar o formato
da nossa ilha e guardar bem o lugar do centro histórico patrimônio da humanidade?

Orientações: pegue um papel manteiga transparente, coloque em cima do mapa,


desenhe a forma externa dele e imagine uma figura que pode surgir a partir desta forma.

Veja alguns exemplos que os alunos fizeram inspirados no mapa da ilha de São Luís. No
curso de arquitetura e urbanismo da UEMA, os alunos experimentam desenhar uma caricatura sobre o
mapa da ilha, como forma de apreensão da forma da cidade, de seus limite. É apenas uma brincadeira,
um exercício de percepção do formato da ilha, mas ajuda a compreender melhor a forma do mapa e
a memorizá-lo.

Conhecendo a história e a cartografia urbana de São Luís-MA


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Hê: eu moro em um Patrimônio da humanidade!
Módulo 1

Figura 19 - Desenhos de alunos do Curso de arquitetura da UEMA, disciplina ministrada pela Prof.ª
Grete Pflueger de história da arquitetura e do urbanismo brasileiro.

Fonte: Grete Pflueger, UEMA (2021).

Sugestões de Livros

Para aprofundar seus estudos, veja algumas sugestões de livros para leitura que abordam
sobre mapas e sobre São Luís.

Disponibilizamos o acesso ao Guia de São Luís: é um importante livro no formato de


um guia, feito em parceria com o IPHAN, a Junta de Andaluzia em Sevilha na Espanha, a prefeitura
municipal de São Luís e os pesquisadores da Universidade estadual do Maranhão- UEMA, em 2008.

Disponível em: http://www.juntadeandalucia.es/fomentoyvivienda/estaticas/sites/consejeria/


areas/arquitectura/fomento/guias_arquitectura/adjuntos_ga/Guia_Sao_Luis_e.pdf

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Hê: eu moro em um Patrimônio da humanidade!
Módulo 1

4 O CENTRO HISTÓRICO: POVOS QUE


CONTRIBUÍRAM PARA CONSTRUIR O
CONJUNTO ARQUITETÔNICO DE SÃO
LUÍS-MA

Para entender nosso centro histórico, inscrito na lista do patrimônio mundial, precisamos
compreender as influências dos povos que contribuíram para a construção deste rico acervo
arquitetônico e cultural. Saberes e fazeres que somados constituem nosso patrimônio material e
imaterial.

O patrimônio material é o patrimônio construído - a arquitetura dos nossos sobrados e


igrejas, o patrimônio imaterial é formado pela cultura do nosso povo como nosso tambor de crioula e
o bumba meu boi, já reconhecidos formalmente.

Figura 20 - Povos Ancestrais

Fonte: Agnes Guerra, 2021.

4.1 Indígenas - Africanos - Europeus

Que nações indígenas habitavam nossas terras antes dos europeus chegarem? Tupinambás,
tupis?

De quais regiões do continente vieram os africanos que atuaram como força de trabalho no
Brasil? De que países africanos? Benin, Congo, da Costa do Marfim, Daomé, Ashanti?

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E quais europeus disputaram nosso território? Vamos visibilizar esses povos que construíram
nossas cidades e compreender as influências que eles nos deixaram? Quais as heranças e influências
indígenas na cultura e na arquitetura? Quais as heranças e influências africanas na cultura e na
arquitetura? Quais as heranças e influências portuguesas na cultura e na arquitetura?

Os índios de várias etnias - tupinambás e tupis - já estavam no nosso território, eram os


donos da terra e a conheciam muito bem, explorando de forma sustentável as riquezas, as fontes de
água, os benefícios dos ventos e da natureza. Eles são nossos ancestrais e foi inspirado no conhecimento
deles, da terra, das plantas e animais, na localização das aldeias, que os franceses ocuparam o litoral e os
portugueses implantaram as primeiras vilas e cidades, utilizando o conhecimento ancestral dos índios.
Eles ainda sobrevivem até hoje no estado do Maranhão, de acordo com dados da FUNAI1.

Hoje, no Estado do Maranhão, habitam aproximadamente 35 mil indígenas (Censo 2010,


IBGE) pertencentes a sete grupos étnicos diferentes. Classificam-se em dois troncos linguísticos:
Tupi-Guarani e Macrojê. Os Guajajaras, Awá-guajá, Urubu-Kaapor são povos de língua Tupi; Pukobyê
(Gavião), Krikati e Timbira Krepu’Kateyé, (Kanela Apaniekrá e Ramkokamekrá, são do Maranhão, mas
são atendidos pela Coordenação Regional de Palmas) são falantes da língua Jê (FUNAI, 2021).

Herdamos dos índios o local de implantação das nossas cidades, pois os europeus as
instalaram próximas às aldeias, o acesso às nascentes de água e fontes, o conhecimento dos ventos,
o gosto pelo banho nos rios, as redes, a mandioca para alimentação como farinha ou tapioca, o
conhecimento das ervas, a técnica construtiva com a palha de nossa palmeiras buriti, babaçu, dentre
coisas, muito comuns no maranhão rural contemporâneo.

Dois livros importantes do efêmero projeto da França equinocial no Maranhão (http://


bndigital.bn.br/francebr/equinocial.htm) foram escritos pelos padres capuchinhos franceses
Claude d’abbeville e Yves d’Evreux, estão disponíveis no original francês, na Biblioteca Nacional do
Rio, e reeditados em português. As obras relataram a existência de numerosas aldeias no Maranhão,
documentando o conhecimento indígena das terras, das plantas e dos animais e das técnicas construtivas
em palha nas aldeias.

Dicas de Leitura

Livros originais em francês na Biblioteca nacional no Rio:

D’abbeville, Claude. L’Histoire de la Mission des Pères Capucins en l’Isle de Maragnan et


terres circonvoisines , 1614.

D’evreux, Yves Suite de l’Histoire des choses mémorables advenues en Maragnan, és années
1613 & 1614.

1
http://www.funai.gov.br/index.php/apresentacao-maranhao

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Dicas de Leitura

Livros em português disponíveis na biblioteca pública Benedito Leite em São Luís:

D’ABBEVILLE, Claude. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão:


1623. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1975.

D’EVREUX, Yves. Viagem ao norte do Brasil. São Luís, 1874. (Biblioteca pública do Maranhão-
obras raras).

Acesse o site da biblioteca nacional, disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/


btv1b2000037w/f3 e pesquise por eles.

No Maranhão rural, nos pequenos municípios do interior do estado, podemos ver as


influências indígenas e africanas com o uso da palha de buriti. Na capital, São Luís, podemos observar
as heranças coloniais portuguesas no urbanismo e nos elementos da arquitetura no sobrado colonial
com as molduras em pedras de cantaria e as fachadas revestidas em azulejos portugueses.

Figura 21 - Telhado em palha de Buriti trançado, na imagem à esquerda. Figura 22 - Habitação rural
em palha de Buriti trançado, na imagem à direita, na área do litoral do Maranhão, Santo Amaro

Fonte: Pflueger (2021).

Africanos - povos de diferentes tribos e países que vieram como força de trabalho
escrava de diferentes regiões da África com diferentes culturas. Eles nos deixaram várias influências
nas técnicas construtivas, nas religiões e cultura popular, como ressaltado na coleção História
Geral da África, produzida pela UNESCO, e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, 2010) e
disponibilizada em pdf com oito volumes que cobrem desde a pré-história do continente africano
até sua história recente.

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SAIBA MAIS

Visite o link da enciclopédia da UNESCO/ UFSCAR: https://ipeafro.org.br/


gratuito-historia-geral-da-africa-em-8-volumes-7357-paginas-em-pdf/

Esse esforço de visibilizar a história africana é um espaço de diálogo e de aprendizagem,


que tem por objetivo estimular o conhecimento sobre a história e a cultura da África e dos africanos, a
história e cultura dos negros no Brasil e as contribuições na formação da sociedade brasileira em suas
diferentes áreas: social, econômica e política.

A enciclopédia, nos volumes IV e V, apresenta dados da presença africana,


aproximadamente 22 milhões de indivíduos exportados da África negra em direção ao resto do
mundo, entre 1500 e 1890. No Brasil, durante esses dois séculos, são os escravos africanos que
garantiram, integralmente, a produção de açúcar e mineração do ouro para a exportação.

A população de origem africana representava 61,2% da população total do Brasil em


1798 e 58% em 1872, o número de escravos enviados ao Brasil entre 1575 e 1675 foi da ordem de
400.000 a 450.000 e, no século XVIII, chegouperto de 2 milhões.

Figura 23 - Telhado em palha de Buriti trançado na área do litoral do Maranhão, Santo Amaro

Fonte: Pflueger (2021).

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Figura 24 - Habitação rural em casas de pau a pique, ou taipa de mão, em Itamatatiua, Alcântara-MA

Fonte: Farias, Luísa (2021).

4.2 Europeus - franceses, portugueses e holandeses

Os europeus influenciaram a arquitetura colonial que compõe o acervo construído da


cidade. Da presença francesa, especialmente o projeto da França equinocial que durou três anos entre
1612-1615, pouco restou em construções.

Foi o projeto de urbanização que foi feito pelos portugueses, e que perdurou de 1615 até
a proclamação da república em 1889, que deixou o legado do conjunto arquitetônico luso-brasileiro
no Maranhão. Construído no apogeu da colônia entre os séculos XVIII e XIX, recebeu posteriormente,
no século XIX, influência eclética (francesa) e no século XX, influências modernas, de acordo com a
timeline das linguagens arquitetônicas de São Luís, a seguir:

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Figura 25 - Timeline das linguagens arquitetônicas de São Luís

Fonte: Pesquisa Idearios urbanos e linguagens arquitetônica. Diretório CNPQ. Pflueger (2021).

A linha do tempo acima, resultante da pesquisa científica sobre ideários urbanos e


linguagens arquitetônicas de São Luís do Maranhão, demonstra as diferentes temporalidades
de estilos e linguagens que influenciaram na construção de nossa arquitetura, partindo das
influências dos povos ancestrais que estavam em nosso território, os indígenas que nos deixaram
heranças nos hábitos e técnicas construtivas com o uso da palha e da madeira, seguidas da
influência europeia da arquitetura colonial portuguesa dos sobrados azulejados até o século
XIX, quando recebemos as influências ecléticas europeias de vários países com o neoclássico,
que inseriu as platibandas nas fachadas e que culminaram nas modernidades em concreto
do século XX, do Art Déco e da arquitetura moderna e brutalista até a contemporaneidade.

Todas as linguagens, em seus diferentes tempos, compõem a cidade e foram se


inserindo no centro histórico de São Luís, no núcleo fundacional e também nas áreas de
expansão urbana, por meio das renovações urbanas e novas avenidas, contando os diferentes
momentos da história de São Luís por meio dos detalhes da arquitetura e do urbanismo.

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5 ARQUITETURA COLONIAL
PORTUGUESA E SEUS ELEMENTOS

No livro As cidades invisíveis, Calvino (2002 p. 14) nos ensina que: “a cidade não conta
seu passado, ela o contém escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das
escadas. Ela é feita das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado”.
Assim, foi formado o centro histórico de São Luís, pelo somatório das influências de diferentes povos,
de suas culturas e raças, saberes e fazeres que contribuíram para construção do conjunto arquitetônico
e urbano da cidade.

O poeta maranhense Ferreira Gullar, em seu Poema Sujo, fala da cidade: “O homem está
na cidade como uma coisa está em outra, e a cidade está no homem, que está em outra cidade”.
(GULLAR, 2010, p. 278). No poema, Gullar exalta seu pertencimento às ruas do centro histórico de
São Luís:

Na Rua da Estrela, escorrego

No beco do Precipício.

Me lavo no Ribeirão

Mijo na fonte do bispo

Na Rua do Sol me cego

Na Rua da Paz me revolto

Na do Comercio me nego

Mas na das Hortas floresço

Na dos Prazeres soluço

Na da Palma me conheço

Na do Alecrim me perfumo

Na da saúde adoeço

Na do desterro me encontro

Na da Alegria me perco

Na Rua do Carmo berro

Na Rua Direita erro

E na da Aurora adormeço.

(GULLAR, 2010).

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Figura 26 - Casarão de São Luís

Fonte: Agnes Guerra, 2021.

No patrimônio histórico construído, a dimensão humana é essencial. Devemos perceber e


visibilizar os povos formadores, suas culturas, seu pertencimento e sua identidade. Afinal, o que seria
do centro histórico sem os seus moradores, sem a comunidade que resistiu e permaneceu mesmo
durante o período da decadência econômica?

O conjunto arquitetônico de São Luís é uma síntese histórica e cultural das influências
de todos os povos que contribuíram para sua construção. Desde sua origem indígena à aldeia
de Upaon-Açu, (São Luís) juntamente com outras grandes aldeias como Tapuitapera (Alcântara),
marcaram o território com o urbanismo sustentável indígena, baseado no respeito e conhecimento
da terra, das águas e dos ventos. A implantação das aldeias, assim como o conhecimento indígena
da natureza serviu de referência e inspiração para a disputa do território por franceses, holandeses
e portugueses.

Desta forma, São Luís é uma das únicas capitais brasileiras que teve a presença
francesa no efêmero projeto de implantação da França equinocial entre 1612-15, seguida da tomada
portuguesa entre os anos de 1615-18 para um projeto de urbanização da cidade, interrompido pela
malsucedida invasão holandesa entre os anos de 1644-47 e retomada portuguesa para consolidação
da urbanização e edificação do conjunto arquitetônico, construída pela força do trabalho escravo
africano que deu à cidade as características atuais e foi reconhecida pela UNESCO.

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Os primeiros séculos da ocupação do Maranhão, séculos XV e XVI, foram marcados pelas


disputas e ocupação do território e o início do processo de urbanização das vilas e das cidades. Os
grandes agentes do processo de colonização: as ordens religiosas e a coroa portuguesa, utilizando
o conhecimento da terra indígena e a força do trabalho escravo africano, iniciaram o projeto com a
ajuda dos engenheiros militares que marcavam e defendiam o local com o planejamento o traçado
das cidades, implantação de fortalezas, fontes de água para abastecimento, organização do contexto
urbano e locação das Igrejas e conventos das ordens religiosas para o processo de catequese. São
Luís teve a presença do engenheiro militar Francisco Frias de Mesquita, nosso primeiro urbanista, que
deixou o traçado urbano do centro histórico existente até hoje no bairro da Praia Grande.

Foi no século XVIII, período do apogeu econômico e social da Companhia de Comércio do


Grão-Pará Maranhão, agroexportadora de algodão, que houve o grande desenvolvimento arquitetônico
da cidade, inspirado no modelo utilizado na reconstrução da Baixa Pombalina de Lisboa, pelo Marquês
de Pombal, depois do terremoto de 1755. A cidade de São Luís recebeu as influências da arquitetura
civil de Lisboa, na construção dos sobrados, solares, moradas e nos edifícios públicos, construindo
para a sociedade emergente uma cidade com a aparência de uma vila portuguesa.

5.1 Tipologias da arquitetura colonial portuguesa

O sobrado: é inspirado pelo método construtivo utilizado na reconstrução de Lisboa


depois do terremoto de 1755, o projeto do sobrado colonial, com dois ou três andares, com portas
retangulares, com molduras de pedra de cantaria e gradis de ferro vindoss de Portugal.

Figura 27 - Sobrado do largo do comércio na Praia Grande

Fonte: pesquisa UEMA (2021).

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Figura 28 - Sobrados da Rua do Giz.

Fonte: Pesquisa UEMA (2021).

Figura 29 - Sobrado da antiga farmácia na Rua João Vital de Matos.

Fonte: Pesquisa UEMA (2021).

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Observe os detalhes dos gradis de ferro nas portas, da telha de barro na cimalha da fachada,
detalhes das pedras de cantaria nas molduras das portas e do azulejo.

Figura 30 - Detalhe do gradil da porta do sobrado

Fonte: Pesquisa UEMA( 2021).

Figura 31 - Detalhe do beiral de telha cerâmica com cimalha

Fonte: Pesquisa UEMA (2021).

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Figura 32 - Detalhe do portão em cantaria e azulejo na Praia Grande

Fonte: Pesquisa UEMA (2021).

Figura 33 - Detalhe do azulejo colonial em São Luís

Fonte: Pesquisa UEMA (2021).

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5.2 Elementos da arquitetura colonial

Segundo Olavo Pereira da Silva (1998), no livro arquitetura luso-brasileira no Maranhão,


algumas categorias ajudam as classificar o casario colonial: o tempo de construção entre os anos de
1750-1890 - período do apogeu da colônia; o material de acabamento, pedra, madeira, cantaria, ferro e
azulejos, e os elementos da planta e fachada.

A implantação do lote: o casario colonial sempre está alinhado à rua, herança das cidades
medievais. O sobrado tradicional tinha no térreo o comércio e no segundo pavimento a moradia,
sempre alinhados à rua e ligados uns aos outros pelas paredes de pedra. A maioria deles apresentava
uma planta em L, formada por um retângulo para salas e quartos e uma parte lateral para os serviços.

Figura 34 - Tipologias e esquemas de implantação dos sobrados coloniais

Fonte: São Luis, Guia (2008 p.69).

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As fachadas: as tipologias dominantes na arquitetura colonial partiam da meia-morada
térrea, que era a casa mais simples e popular, depois a morada inteira, com quatro janelas e uma
porta central, e o sobrado de dois pavimentos com revestimento em azulejo português, exemplar
muito comum na Praia Grande, no centro histórico de São Luís e em Alcântara, segunda cidade em
importância colonial no estado. A morada mais nobre e requintada era o solar, casa da burguesia com
mais requintes nas fachadas e revestimentos. Observe os últimos exemplares da Figura 34.

Figura 35 - Tipologias e esquemas de implantação dos sobrados coloniais

Fonte: São Luís. Guia (2008 p.71).

As ferragens e as esquadrias de madeira: vindas de Lisboa, a serralheria, as ferragens,


chaves e fechaduras constituem um ponto alto no acabamento, assim como todo o acabamento de
madeira dos assoalhos, escadas e esquadrias das fachadas internas.

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Figura 36 - Ferragens

Fonte: São Luis, Guia (2008 p.75).

Figura 37 - Estruturas de madeiras

Fonte: São Luís, Guia 2008 (p.76).

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As alvenarias de pedra e azulejos: alvenarias de pedra constituem a estrutura do sobrado
colonial, com grossas paredes de até um metro, autoportantes. O sobrado não apresenta alicerces,
mas parte do térreo se constitui em paredes mais grossas que vão afinando no segundo pavimento
para receber os assoalhos de madeira.

Revestimentos em azulejos: ponto alto da arquitetura colonial no Maranhão, o


revestimento das fachadas dos sobrados em azulejos colonial enriquece e protege as fachadas.

Figura 38 - Estruturas de telhados

Fonte: São Luís, Guia (2008 p.74).

Figura 39 - Detalhe dos azulejos portugueses

Fonte: São Luís, Guia (2008 p.79).

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RESUMO

Agora que conhecemos a formação da cidade na cartografia urbana, analisando os


mapas antigos e atuais, aprendemos a importância da formação urbana para o planejamento
urbano da cidade hoje. Conhecemos também todos os povos que contribuíram para a formação
do conjunto arquitetônico e suas heranças no acervo arquitetônico e urbano, assim como
também na cultura material e imaterial. Também conhecemos os elementos da arquitetura
colonial, os sobrados, azulejos e pedras de cantaria. Todos esses elementos concederam ao
nosso centro histórico o título de patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1997. Daí a
importância de preservar o patrimônio histórico como forma de salvaguardar nossa herança
cultural, nossa identidade e história, preservando para as próximas gerações nosso centro.

Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural


do mundo, ou seja, a Preservação do Patrimônio, é um dos itens, que está contemplado no
objetivo 11, dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável propostoss pelas Nações Unidas
para um mundo melhor. Observe o Item 11 cidades e comunidades sustentáveis, entre no link
abaixo e conheça mais: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Figura 40 - 17 objetivos do desenvolvimento sustentável

Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Conhecendo a história e a cartografia urbana de São Luís-MA


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REFERÊNCIAS

ANDRÉS, G. L. P. C. Centro Histórico de São Luís. in: Maranhão: patrimônio mundial. São Paulo:
Audichroma Editora, 1998.
CALVINO, Ítalo. Cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

DO COSMÓGRAFO AO SATÉLITE. Mapas do Rio de Janeiro. (org.). Jorge Czajkowski. BB,


Prefeitura Rio, Centro de Arquitetura e Urbanismo do RJ, 2000.

HOLANDA, Felipe de. A economia maranhense e os desafios de 2011. São Luís, 2 janeiro de
2011. p.10.

HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA, V: África do século XVI ao XVIII / editado por Bethwell Allan. Ogot.
Brasília: UNESCO, 2010.1208.p.ISBN: 978-85-7652-127-3.

GULLAR, Ferreira. Cidades inventadas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.

GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

JORGE, Miécio de Miranda. Álbum do Maranhão. São Luís, 1950.

LOPES, José Antônio Viana (org.). São Luís, Ilha do Maranhão e Alcântara: Guia de arquitetura
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PFLUEGER, Grete e LOPES, José Antônio. Arquitetura do século XX em São Luís – Ilha do
Maranhão e Alcântara: Guia de Arquitetura e Paisagem. 1. ed. (bilíngue). Sevilla: Dirección
General de Arquitectura y Vivienda, 2008. 448p.

Plano da Paisagem urbana do Município de São Luís. Prefeitura municipal de São Luís , IMPUR -
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SÃO LUÍS. Ilha do Maranhão e Alcântara: Guia de Arquitetura e Paisagem. 1. ed. (bilíngue).
Sevilla: Dirección General de Arquitectura y Vivienda, 2008. 448p.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Imagens do Brasil colonial. Edusp. 2000.

SANTOS, Boaventura de Souza. Para um novo senso comum, a ciência, o direito e a política
de transição paradigmática. São Paulo: Ed. Cortez, 2005.

SILVA F. Olavo Pereira da. Arquitetura Luso-Brasileira no Maranhão. M. da Cultura – Governo


do Maranhão- Unesco. Formato: Belo Horizonte. 1998. 251p.

TRIBUZZI, Bandeira. Formação econômica do Maranhão: uma proposta de desenvolvimento.


São Luís: FIPES, 1981. Tribuzzi (1981).

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