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Inovandonono
Centro
centro Histórico
históricoda
daIlha
ilha
Raquel Noronha e
Nathalia Rodrigues Pinheiro
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COIDEALIZADORES
APOIO
COREALIZADORES
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PARCEIROS
BENFEITORES/COLABORADORES
Os materiais produzidos para os cursos ofertados na Plataforma Eskada e intermediados pelo UEMAnet/UEMA são
licenciados nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra
ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído
crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
39 f.
ISBN:
Caro(a) cursista,
A cidade de São Luís foi inscrita em 1997 como patrimônio da humanidade. De lá para
cá, já são mais de duas décadas de muitos desafios para a manutenção da estrutura física de
aproximadamente 4.000 imóveis e, além disso, a necessidade de se manter também a sociabilidade
nesse espaço, de tamanha importância para a história e memória de todos nós.
Pensar o Centro Histórico de São Luís nos dias de hoje, é bastante diferente de pensá-lo na
época em que foi construído. Os usos do espaço, meios de transportes utilizados, as práticas culturais
e sociais que acontecem nos bzairros do centro mudaram bastante desde então. E então? Como
adequar o Centro às necessidades de uma cidade que cresce em quantidade de pessoas, em ofertas
de serviços e comércio, para atender à vida cotidiana de quem mora, trabalha ou visita o lugar?
Desejamos um ótimo estudo e que em breve você perceba que promover a inovação
social no Centro de São Luís pode ser bem mais fácil do que parece.
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 13
RESUMO ......................................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 21
RESUMO ......................................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 29
RESUMO ......................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 43
Éguas: inovando no Centro Histórico da Ilha!
Módulo 4
1 O CONCEITO DE INOVAÇÃO
Objetivos:
Abordagem da inovação: Considera-se o conceito TPP, que é a Consolida a abordagem de inovação não-tecnológica, incluindo a inovação de
inovação tecnológica em produto e processo, na indústria de marketing e a inovação organizacional. A inovação de marketing aborda a
transformação. Segundo o Manual de Oslo (2006, p.57), a inovação implementação de um novo método de diálogo com os consumidores, é mais
de produto envolve melhorias nos materiais utilizados, nos voltado para a interação com o público, seja uma nova embalagem, uma nova
softwares integrados aos produtos, na facilitação do uso, melho- interface de promoção, divulgação, fixação de preço, entre outros. Busca o
rias nas especificações técnicas… ou seja, envolvem melhorias e aumento das vendas, e a inovação pode ter sido desenvolvida pela própria
facilidades no próprio produto ofertado pela indústria. A inovação empresa ou por um prestador se serviços. Uma inovação organizacional é a
em processos é descrita na página 58 como a implementação de implementação de novos métodos nas práticas de gestão e negócios da
um método de produção ou distribuição novo ou significativamen- empresa, seja no local de trabalho ou externa. Visam a otimização dos
te melhorado. Inclui a busca por processos mais sustentáveis, que processos de operação, redução de custos administrativos, e tratam de
sejam menos impactantes à natureza, mais baratos e eficazes. políticas e ações, indo para uma abordagem mais imaterial de inovação.
SUGESTÃO DE LEITURA
Figura 2 - Diante das dificuldades como a seca, por exemplo, as pessoas recorrem à ideias que
solucionem as suas necessidades de forma prática
Ezio Manzini (2008; 2017), autor do campo do Design, coloca a inovação social como
algo fomentado a partir de comunidades − pessoas que se agregam por possuírem um interesse
comum, em meio às suas diferenças − e a partir da articulação de suas práticas, habilidade e
interesses, constituem-se como comunidades criativas, é o que apontam os autores Costa, Dorion
e Olea (2016, p.3):
[...] à inovação social é atribuída uma natureza não mercantil, de caráter coletivo e intencional
que gera e visa transformações nas relações sociais. Implica sempre uma iniciativa que foge à
ordem estabelecida, uma nova forma de pensar ou fazer algo, uma mudança social qualitativa,
uma alternativa ou até mesmo uma ruptura, face aos processos tradicionais.
Para que a inovação social aconteça, é necessário que o próprio grupo que deseja a
transformação social se mobilize como protagonista da ação: é a isso que nomeamos também de
inovação bottom-up, aquela que vem de baixo para cima, que não é imposta, que floresce a partir de
um desejo de mobilizar e mudar os espaços, as práticas, e a própria cultura.
Contudo, isso não significa que a inovação social seja um processo fácil e harmonioso.
Requer a conciliação de diversos pontos de vista, a aceitação das diferenças e a dissolução de
hierarquias. Os papéis de cada um no processo de inovação social devem ser determinados, deve
haver o compartilhamento de atividades e o interesse individual nunca deve se opor ao interesse
comum. Isso deve ser bem difícil, já que as pessoas estão acostumadas a defender os seus desejos e
pontos de vista, porém, isso não é impossível. Vejamos a um exemplo.
Fonte: http://www.desisnetwork.org/wp-content/uploads/2017/04/UFPR-NDS-PrjFormat.pdf
Observamos como uma ação aparentemente simples, que não envolve muito investimento,
além de tempo e mobilização de um grupo disponível, pode ser considerada inovação social.
Assim, é possível conjecturar que inovar em centros históricos muitas vezes pode se
relacionar muito mais com investimentos de criatividade, recursos humanos e tempo do que com
investimentos financeiros.
Caso 2 - Projeto Ajishima: regeneração comunitária após o terremoto que atingiu o Leste do Japão
em 2011
Esta ação, desenvolvida pela Tokyo Zokei University, TZU DESIS Lab, no Japão, fez uso
de jogos e ferramentas de criatividade, criando imagens e usando a imaginação para pensar o futuro
da comunidade que havia sido devastada pelo terremoto. Com a escuta atencional da comunidade,
chegou-se à ideia de promover as atividades profissionais tradicionais da comunidade como a pesca
e a agricultura artesanais com os turistas que buscam aquela área do Japão pelo clima mais quente. A
ação de envolvimento da comunidade, com participação parcial do poder público, estimulou o turismo
na comunidade (Figura 4).
SAIBA MAIS
Você pode conhecer mais sobre o projeto clicando no link disponível a seguir:
http://www.desisnetwork.org/wp-content/uploads/2016/05/TZU-DESIS-
Lab-Ishinomaki-project_low.pdf
Cycling in community
Coversation with locals
The project will enhance social interactions between the locals and visitors.
Fonte: http://www.desisnetwork.org/wp-content/uploads/2016/05/TZU-DESIS-Lab-Ishinomaki-project_low.pdf
SUGESTÃO DE LEITURA
Acesse o link a seguir, leia o texto na íntegra e veja outros esquemas disponíveis:
https://openaccess.blucher.com.br/article-details/06-20516
SUGESTÃO DE LEITURA
RESUMO
REFERÊNCIAS
MANZINI, Ezio. Design: quando todos fazem design: uma introdução ao design para a inovação
social. Editora Unisinos: São Leopoldo, 2017.
2 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E O PATRIMÔNIO
Objetivos:
Nesta Unidade, iremos conhecer um pouco sobre história e os caminhos que levaram à
construção do conceito do que entendemos hoje por desenvolvimento sustentável. Neste percurso,
será possível entender como as iniciativas de inovação social se comunicam com os ODS (objetivos
de desenvolvimento sustentável) e suas consequências e benefícios quando voltadas para o ambiente
do patrimônio cultural, em cidades patrimônio da humanidade.
1
Dicionário disponível na versão virtual em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/
desenvolvimento/
A cronologia do acontecimento dos encontros pode ser observada por meio do miniguia
das conferências de meio ambiente e desenvolvimento sustentável ilustrado na imagem a seguir.
Figura 6 - Encontros e conferências sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável ao longo do tempo
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Sugestão de Sites
Você pode consultar um guia para todas as conferências já ocorridas em: https://
sustainabledevelopment.un.org/conferences.
Resumidamente, os ODS são o grande núcleo da Agenda 2030 e devem ser alcançados
até o ano de 2030. A síntese gráfica da declaração está ilustrada na figura a seguir.
Fonte: http://www.agenda2030.org.br/sobre/
SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender melhor, a ONU Brasil oferece um vídeo de apresentação sobre os ODS.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u2K0Ff6bzZ4
SAIBA MAIS
Enquanto este material didático estava em elaboração, aconteceu em novembro de 2021, em Glasgow, na
Escócia, a COP26 – Conferência da ONU sobre Mudança Climática. A COP26 surge como um momento de
debates e ações concretas para evitar uma série de catástrofes. O evento reuniu quase 200 países para acelerar
a ação em direção aos objetivos do Acordo de Paris e da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima.
Figura 8 - Acessibilidade, segurança e resiliência são direitos humanos assegurados e há metas nos
17 ODS na Agenda 2030.
Dessa forma, dentre os 17 ODS definidos na Agenda 2030, que tratam desde a erradicação
da pobreza à igualdade de gênero e promoção de energia acessível e limpa, destacamos o objetivo
de número 11, que se destina a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis, e mais especificamente o item 11.4 deste objetivo, que incentiva a: Fortalecer
esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo.
SUGESTÃO DE LEITURA
Fonte: http://www.agenda2030.org.br/
Enfatizamos o item 11.4 neste tópico porque o patrimônio cultural tem um espaço de
acolhimento e atenção, no qual é determinado um total da despesa (pública e privada) per capita
gasta na preservação, proteção e conservação de todo o patrimônio cultural e natural.
A importância desse objetivo revela uma preocupação também com a preservação cultural
da humanidade, uma vez que não se pode falar em desenvolvimento sustentável e desconsiderar o
valor dos elementos históricos de valor simbólico e afetivo para as cidades que constroem a história
dos locais a serem preservados. Um local sem história não possui identidade, como poderíamos então
incentivar a sua preservação e conservação?
2
Trecho de Texto produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, por ocasião da Reunião de Especialistas
a respeito do tema “Patrimônio Mundial e Desenvolvimento Sustentável”, organizado em parceria com o Centro do Patrimônio Mundial
da Unesco, em fevereiro de 2012.
Dessa forma, com a ampliação do conceito de patrimônio, que passa a abranger, além do
monumento histórico, os seres humanos, o cidadão histórico e seus valores culturais, as questões sobre
a diversidade cultural passaram a se entrelaçar entre as pesquisas e iniciativas de cunho patrimonial,
pois a partir de então começamos a reconhecer que além da necessidade de preservar os bens
patrimoniais materiais edificados, como os casarões coloniais e monumentos, é necessário preservar
os símbolos, valores e conhecimentos que mantêm vivo o verdadeiro sentido de patrimônio.
RESUMO
REFERÊNCIAS
Objetivos:
O termo Living Lab foi introduzido por volta do ano de 2003, pelo professor da universidade
americana Massachusetts Institute of Technology (MIT), Willian Mitchell. O conceito remete a um
ecossistema de inovação aberta, que beneficia tanto empresas privadas quanto o setor público e
indivíduos participantes que cooperam com a criação (MAZZUCO e TEIXEIRA, 2017). Ou seja, é um
laboratório vivo em que todos os envolvidos são importantes no processo de construção de alternativas
para uma localidade específica. A proposta dos Living Labs é atuar em busca de novas soluções,
serviços ou novos modelos de negócio, gerando assim inovação social.
A iniciativa dos Living Labs, assim como o design participativo, pode ser visto como uma
metodologia ou abordagem de pesquisa. No entanto, as atividades realizadas em Living Labs são
popularmente conhecidas por seu caráter social urbano com proposições tecnológicas. Por isso, essa
iniciativa tem ganhado espaços de investimentos em startups de diversas áreas de conhecimento.
GLOSSÁRIO
Você sabe o que é uma startup? A etimologia da palavra, sempre foi sinônimo de iniciar
algo e colocar em funcionamento. Atualmente, o termo é utilizado para definição de
um modelo de negócio a se desenvolver em um cenário de incertezas, em que haja a
possibilidade de repetição e escalonamento do processo de forma rápida e econômica,
muito visado por empresas investidoras em tecnologias de inovação.
Resumidamente, a abordagem dos Living Labs baseia-se nos princípios: cocriação (1),
cenário da vida real (2), métodos múltiplos de pesquisa (3), múltipla participação das partes interessadas
(4) e envolvimento ativo do usuário local (5), como sintetizado na Figura 10, a seguir.
A partir dessa perspectiva, para uma compreensão geral sobre a iniciativa e aplicação dos
Living Labs, trazemos a apresentação de dois estudos de caso bem-sucedidos que foram realizados
em cidades localizadas em regiões de interesse histórico e cultural, O caso do Living Lab do Parque
Cilento e o Living Lab SkuLL.
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Sugestão de Sites
Para conhecer o site oficial que apresenta conceitos, objetivos e projetos cadastrados
internacionalmente, acesse o link: https://enoll.org/about-us/
Cilento é uma região italiana da Campânia, localizada na parte central e sul da província
de Salerno, considerada uma importante área turística do sul da Itália. A proposta de implementação
partiu do Living Lab do Laboratório de Manutenção e Recuperação do DIARC, na Universidade de
Nápoles Federico II, na cidade de Cilento, em um trabalho de pesquisa que durou 18 meses no período
entre os anos de 2013 a 2015.
O projeto visou reunir múltiplos níveis de atores sociais, com o objetivo de ressignificar a
relação dos grupos de assentamento existentes e seu material cultural original, integrando por meio
da participação as dimensões da criatividade e recuperação (ou reabilitação urbana), proporcionando
aos habitantes da cidade uma nova perspectiva sobre os usos, hábitos e formas de engajamento com
a área.
O principal método utilizado nos Living Labs foram os fóruns e workshops criativos
(Figura 11) que reuniram desde stakeholders, cidadãos, companhias de construção de pequeno e
médio porte, representantes de órgãos públicos e autoridades locais, para que juntos construíssem
o contexto social da cidade, com o objetivo de desenvolver parcerias e responsabilidades
compartilhadas.
GLOSSÁRIO
Você sabe quem são stakeholders? O termo surgiu na década de 80 para designar
as “partes interessadas” nas iniciativas de uma organização. Dessa forma, a expressão
pode incluir investidores particulares (ou privados), e até mesmo investidores de
organizações públicas.
Ao final dos dois anos de experiências compartilhadas, foi possível elencar os problemas
da comunidade que levavam à degradação da paisagem e dos recursos naturais locais, propondo
adaptações e intervenções no turismo verde local, incentivando novos projetos de acessibilidade e
circulação de pessoas. Além do aspecto principal da abordagem, que foi de transformar o olhar dos
participantes em relação às questões sociais e sua responsabilidade sobre a preservação, conservação
e manutenção da paisagem urbana.
Este projeto foi estabelecido como parte do projeto ROCK (Regeneração e Otimização do
Patrimônio Cultural e do Conhecimento em Cidades Criativas). Implementado pela União Europeia do
Arizona em 2020. O projeto se destina à área histórica do centro da cidade de Skopje (ou Escópia),
capital da Macedônia e integra a área do bazar antigo (Old Bazaar), as fortalezas medievais e regiões
de imediações próximas.
O objetivo do projeto não difere das expectativas das iniciativas de inovação social
participativas, como vimos nos capítulos anteriores. De forma que o ponto chave do projeto foi buscar
envolver os cidadãos, empresas e outros entes interessados na construção de propostas de reabilitação
e reutilização do patrimônio cultural, por meio da participação ativa em um ambiente criativo de diálogo.
A região de Skopje é uma das mais antigas, mas ainda é uma ativa zona comercial e de
mercado da cidade. Apesar de sua importância histórica, para muitos cidadãos, a região perdeu seu
atrativo cultural devido aos fenômenos de marginalização e degradação das edificações. Diante disso,
o verdadeiro desafio do SkULL era propor uma variedade de ações que trariam benefícios e mudanças
imediatas, no entanto, seriam necessárias também ações de longo prazo, para impedir a decadência
da área histórica, essas medidas foram alcançadas por meio das atividades de incentivo à visitação no
tradicional comércio central, promovendo várias atividades, dentre elas um evento chamado “Shops
with history” (Figura 12), incentivando os artesãos do bairro e empresas locais a unirem seus trabalhos
em uma espécie de feira pelos casarões antigos, conforme pode ser visto na figura a seguir.
O SkULL teve êxito em promover várias atividades e iniciativas em prol de uma reabilitação
conduzida por um processo responsivo, possibilitando a inclusão e o engajamento de uma ampla faixa
de participantes na cocriação e tomada de decisão conjunta. O Lab conseguiu contribuir para uma
mudança importante no que diz respeito à compreensão da necessidade do engajamento civil, no
processo de tomada de decisão, preservação, conservação e manutenção de forma criativa.
O legado da SkULL deve continuar através do “Skopje Urban Lab”, que já foi estabelecido
ao lado da cidade de Skopje. Uma grande quantidade de atividades subsequentes já foi desenvolvida,
mas os conhecimentos obtidos pelos resultados da SkULL serão fundamentais nos processos de
design de atividades futuras.
A partir das conceituações que fizemos nos capítulos anteriores, conectando as áreas de
inovação social, do desenvolvimento sustentável para valorização da cultura patrimonial de forma
participativa, inclusive em iniciativas internacionais, não é possível notar a possibilidade de atuação e
adaptação também no nosso Centro Histórico de São Luís? A partir desses conhecimentos, podemos
agora reconhecer a riqueza de trabalhos realizados em nossa própria cidade, que envolveram diversos
atores sociais e o ambiente acadêmico que serão apresentados a seguir.
RESUMO
REFERÊNCIAS
MANZINI, Ezio. Design: quando todos fazem design: uma introdução ao design para a inovação
social. Editora Unisinos: São Leopoldo, 2017.
PINTO, Rita Maria; VIOLA, Serena. Cultura materiale e impegno progettuale per il recupero: Living
Lab nel Parco del Cilento. RICERCA E SPERIMENTAZIONE/ RESEARCH AND EXPERIMENTATION.
In: Firenze University Press, p. 223-229, 2016. DOI 10.13128/Techne-19356. Disponível em: https://
www.iris.unina.it/retrieve/handle/11588/656130/418375/228571498.pdf. Acesso em: 2 set. 2021.
SILJANOSKA, Jasmina. URBAN LIVING LABS FOR SENSITIVE CITY CULTURAL HERITAGE
REGENERATION. 7TH INTERNATIONAL ACADEMIC CONFERENCE: PLACES AND
TECHNOLOGIES 2020, Proceedings, University of Belgrade, v. 7, p. 165-172, 2020.DOI:10.18485/
arh_pt.2020.7.ch19. Disponível em: http://doi.fil.bg.ac.rs/volume.php?l=en&pt=eb_ser&issue=arh_pt-
2020-7&i=0. Acesso em: 2 set. 2021.
4 POTENCIALIZANDO O CENTRO
HISTÓRICO DE SÃO LUÍS COM
INOVAÇÃO SOCIAL
Objetivos:
Chegando na reta final deste módulo sobre inovações e patrimônio, vamos nos aproximar
mais da nossa ilha de São Luís. A partir de exemplos de eventos e iniciativas locais, que tratam
de diversidade cultural, pertencimento, desenvolvimento sustentável, apresentaremos casos que
envolvem inovação social no nosso Centro Histórico. Ao final do percurso, oferecemos um mapa
acessível que possibilitará que as iniciativas sejam acessadas e que possamos nos engajar em cada
um desses acontecimentos.
O primeiro evento é fruto da iniciativa do poder público, que reuniu dois valores
importantíssimos para a cultura ludovicense: o patrimônio histórico e a alegria. A Feirinha São
Luís (Figuras 13 e 14) reúne, por meio da organização da gestão municipal, microempreendedores
da gastronomia, artesanato, agroecologia, lazer, e serviços de diversas naturezas na histórica praça
Benedito Leite.
Nesse evento, os produtos culturais são convertidos em produtos e serviços que são
acionados requalificando o espaço do Centro de São Luís que, aos domingos, ficava vazio pela ausência
de atrações. A busca pelo espaço foi tão grande que em 2021, após o processo de revitalização dos
espaços físicos e arrefecimento da pandemia na cidade, devido à vacinação em massa, a Feirinha se
espalhou para a Praça João Lisboa e Rua do Egito.
Fonte: https://www.ma10.com.br/2020/10/20/prefeito-de-sao-luis-anuncia-retorno-a-partir-deste-domingo-da-feirinha-sao-luis/
Figura 14 - Panorama da área dos empreendimentos gastronômicos e artesanais da Feirinha São Luís
Fonte: https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2021/03/24/prefeitura-mantem-suspensao-da-feirinha-sao-luis-ate-
o-fim-de-abril.ghtml
A Feirinha acontece todo domingo e, além dos turistas, atrai o cidadão e a cidadã
ludovicense. Esse vínculo que se estabelece entre os moradores e a cidade é um dos vieses da
preservação patrimonial: ninguém preserva aquilo que não conhece, nos diz a pesquisadora sobre
patrimônio, Maria Cecília Londres Fonseca (2005).
Na medida em que essas obras de requalificação são feitas, fica mais fácil para a prefeitura
e o governo do estado ocuparem os espaços com atividades de turismo, lazer e usos cotidianos,
como por exemplo o projeto Nosso Centro. No decreto de implantação do projeto pelo Governo do
Estado do Maranhão, “fica instituído o Programa Nosso Centro que tem por objetivo tornar o Centro da
cidade de São Luís e dos demais municípios maranhenses referência em inovação e desenvolvimento
sustentável, bem como preservar seus valores histórico e cultural” (MARANHÃO, decreto 34.959, de
26 de junho de 2019).
A qualificação dos espaços públicos fomenta a sua ocupação, com programas de aluguéis
nestas áreas que são frequentemente ocupadas por comércios e repartições públicas. Com as pessoas
morando nessas áreas, novos serviços do cotidiano como padarias, farmácias, lojas e consultórios vão
surgindo e trazendo vida ao espaço público. A violência diminui, o policiamento aumenta, e o ciclo do
desenvolvimento sustentável gera renda e bem viver.
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Sugestão de Sites
Para conhecer mais as ações do projeto Nosso Centro, acesse o link: https://www.ma.gov.br/
agenciadenoticias/?tag=nosso-centro&paged=2
SUGESTÃO DE LEITURA
A dupla, formada por André e Leila Oliveira, começou a ser convidada para participar com
seus pratos em eventos culturais e daí não pararam mais. Ocuparam um espaço cultural denominado
Chão SLZ e com o aumento da demanda foram para um imóvel localizado na Avenida Beira-Mar, com
espaço para de fato promover a experiência cultural e sensorial promovida pelas combinações de
sabores atlânticos e dos sertões em criações inusitadas e criativas.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g673267-d19857961-Reviews-Cozinha_Ancestral-Sao_Luis_
State_of_Maranhao.html#photos;aggregationId=101&albumid=101&filter=7&ff=501030297
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre o ambiente da Cozinha Ancestral acessando o link: https://www.tripadvisor.
com.br/Restaurant_Review-g673267-d19857961-Reviews-Cozinha_Ancestral-Sao_Luis_
State_of_Maranhao.html#photos;aggregationId=101&albumid=101&filter=7&ff=501030297
Mais um exemplo de inovação social, desta vez pautada na arte e na mobilização de moradores
e artistas no Centro Histórico de São Luís, é o movimento Ocupa Barrocas. Idealizado em 2020 pelos artistas
Walter Cunha e João Almeida, o movimento encontra-se em sua segunda edição em 2021. A proposta
é pautada na revitalização de uma rua do Centro Histórico, ocupando os muros e espaços da rua com
intervenções artísticas − murais, lambe-lambes, grafites − tudo isso na rua Isaac Martins de Barrocas. Os
artistas lançaram uma convocatória para que artistas enviem projetos para serem aplicados na rua.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Assista ao vídeo do convite para a convocatória realizada pelos organizadores da
ocupação, clicando no link que está disponível em: https://www.instagram.com/tv/
CSJ9dE3Ahmq/?utm_medium=copy_link
Este tipo de mobilização social pode ser considerado como ativismo. Compreende-se que o ativista
está inserido num contexto coletivo, no qual a colaboração é uma ferramenta necessária para se chegar aos
objetivos comuns e a ideia de associativismo segue espontânea e às vezes até virtual. Nesse contexto, artistas
se encontram para além de produtores e difusores de informações, passam a abordar a necessidade de dar
atenção para causas sociais e históricas − neste caso, a ocupação de espaços públicos com arte.
Assim, por meio de postagens e chamadas públicas, o trabalho vem sendo realizado com
o engajamento voluntário de artistas locais e nacionais. A rua está cheia de cores e imagens que
provocam reflexões e fruições por meio da arte.
O último exemplo que trazemos é de natureza acadêmica e é uma iniciativa que acontece
desde 2009. O projeto Iconografias do Maranhão, que busca tornar tangível o imaginário da cultura
maranhense na forma de ícones e produtos com identidade cultural. A ação extensionista é promovida
pelo Departamento de Desenho e Tecnologia da UFMA e coordenada pela Profa. Raquel Noronha.
Para esta décima edição, em vigor durante o ano de 2021, propõe-se o mapeamento iconográfico e o
desenvolvimento de souvenirs a partir de uma ação colaborativa na Cafua da Mercês, importante casa
histórica vinculada à memória africana no Maranhão, também conhecida como Museu do Negro. A
Cafua das Mercês funciona num pequeno sobrado construído em meados do século XVIII, lugar que
abrigou um mercado de pessoas escravizadas no período colonial.
SAIBA MAIS
Para conhecer mais sobre as etapas anteriores do Projeto Iconografias do Maranhão, acesse os
seguintes links:
https://www.researchgate.net/publication/341832167_A_cultura_afro_maranhense_
atraves_de_imagens
https://www.researchgate.net/publication/341831906_Identidade_e_valor_as_cadeias_
produtivas_do_artesanato_de_Alcantara_-_MA
https://www.researchgate.net/publication/341798922_No_coracao_da_Praia_Grande_
representacoes_sobre_a_nocao_de_patrimonio_na_Feira_da_Praia_Grande_-_Sao_
Luis_-_Maranhao
Figuras 22 - Alunos do curso de Design da UFMA e o gestor da Cafua das Mercês, Wender Pinheiro,
durante pesquisa no museu
Mais uma vez é acionado o conceito de ativismo, só que desta vez impulsionado pelo
design. O vínculo entre o design e as movimentações sociais como uma força geradora de saberes é
uma oportunidade de promover novas práticas no interior do movimento e propor novas formas de ver
e fazer design (SERPA et al, 2019).
SAIBA MAIS
No perfil do Instagram do NIDA - Núcleo de Pesquisas em Inovação, Design e Antropologia, é
possível acessar todas as postagens e legendas produzidas pelos alunos do curso de Design em
ação extensionista na Cafua das Mercês. Acesse: https://instagram.com/nidaufma?utm_
medium=copy_link
SUGESTÃO DE LEITURA
Assim, chegamos ao final deste percurso pelos processos de inovação social em centros
históricos e vimos ações de inovação na Ilha. Para sedimentar esses conhecimentos e tantas
informações, resumimos este módulo em um gráfico abaixo (Figura 24), trazendo os quatro tipos
de ações que apresentamos. Reforçamos que nenhum tipo é autônomo, e todas essas ações são
interconectadas, pois adicionam ingredientes diferentes no caldeirão da inovação social.
Finalizamos nosso percurso com um mapa (Figura 23), no qual localizamos os casos
apresentados aqui. Isso não quer dizer que sejam os únicos. Basta um passeio em nosso Centro
Histórico para ver que as ações, as participações e o empreendedorismo estão se multiplicando.
Criando um Centro Histórico vivo e pulsante, cheio de energia a ser compartilhada.
RESUMO
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. In:
Obras escolhidas. v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.
JULIER, G. From Design Culture to Design Activism. Design and Culture, n.5, v.2, p. 215–236, 2013.
MARANHÃO. Diário Oficial do Estado: decreto 34.959, de 26 de junho de 2019. Disponível em:
https://stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=5546. Acesso em: 17 out. 2021.
MIYASHIRO, Rafael Tadashi. Com design, além do design: o design gráfico com preocupações
sociais. In Anais do P&D Design 2006. Curitiba: UFPR, 2006.