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Inovação a serviço da vida

Inovação a serviço da vida

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expediente
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Elmano de Freitas Luciana Dummar
Governadora do Estado do Ceará Presidente
Luisa Cela André Avelino de Azevedo
Secretária da Cultura Diretor Administrativo-Financeiro
Marcos Tardin
INSTITUTO MIRANTE DE CULTURA E ARTE Gerente-Geral
Tiago Santana
Diretor-Presidente Raymundo Netto
Gerente Editorial e de Projetos
João Wilson Damasceno
Diretor-Executivo Chico Marinho
Gerente de Audiovisual
Marília Marinho
Diretora Administrativo-Financeira Andrea Araujo
Gerente de Marketing & Design

KUYA - CENTRO DE DESIGN DO CEARÁ Lia Leite


Rodrigo Costa Lima Coordenadora de Projetos Sociais
Diretor Aurelino Freitas e Fabrícia Góis
Talles Azigon Analistas de Projetos
Assessor Executivo Narcez Bessa
Cláudia Sales Analista de Contas
Coordenadora de Formação Andrea Araujo
Erbene Monteiro Editora de Design
Supervisora Administrativo Financeiro Kamilla Damasceno e Welton Travassos
Rhayara Brenna Designers Gráficos
Analista Administrativo financeiro
Henri Dias
Luiz Fernando Analista de Marketing
Analista Administrativo financeiro
Letícia Frota
Delano Pessoa Social Media
Coordenador de Pesquisa
Daniel França
Coordenador de Comunicação UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Raissa de Oliveira Prof. Dr. Deglaucy Jorge Teixeira
Analista de Mídias Sociais Gerente Educacional
Rafael Salvador Profa. Ms. Jôsy Cavalcante
Designer Coordenadora Pedagógica
Tea Marcelo Esp. Marisa Ferreira
Produtore Coordenadora de Cursos
Flávio de Lima Oliveira Iany Campos
Técnico de Equipamentos (TI, Áudio e Vídeo) Secretária Escolar
Isabel Rocha Isabela Marques
Técnico de Pesquisa (Laboratório) Desenvolvedora Fron-End
Erikson Queiroz Germana Cristina
Técnico de Equipamentos (Pesquisa e criação) Rebeca Azevedo
Camila Costa Estagiárias em Mídias e tecnologia para Educação
Receptivo Arielly Ribeiro
Eriverton Ribeiro Estagiária em Pedagogia
Receptivo Mário Maia
Aline Andrezza IIustrações
Receptivo
Dina Batista
Receptivo
Barbara Moura
Estagiário
Yana Leal
Estagiária
Lucas Borges
Estagiário

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INTRODUÇÃO
É com enorme prazer que o Cen-
tro de Design do Ceará saúda todos
e todas as participantes do curso
“O Design a partir do pensamento
contemporâneo: inovação a servi-
ço da vida”. O Centro de Design do
Ceará é um equipamento da Rede
Pública de Equipamentos Culturais
da Secretaria da Cultura do Estado
do Ceará - RECE, com gestão em par-
ceria do Instituto Mirante de Cultura

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e Arte . É um espaço de promoção,
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reflexão, formação, inovação, valo-


rização, produção e expansão das
fronteiras do Design, conversando
com diferentes setores da socieda-
de de forma coletiva e colaborati-
va, trocando ideias, experiências e
possibilidades para a produção de
um design decolonial, regenerativo,
ecoeficiente e político.
1 O Instituto Mirante de Cultura e Arte é uma Organização Social,
sem fins lucrativos, constituída no ano de 2021, com o objetivo pri-
mordial de contribuir com a gestão de políticas culturais do Estado
do Ceará, proteger, salvaguardar e incentivar o fomento às iniciati-
vas artístico-culturais e o patrimônio histórico e cultural.

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Pensado para ser ofertado na
modalidade EaD, com carga horária
de 72h, o curso é fruto da parceria
entre o Centro de Design do Ceará
e a Universidade Aberta do Nordes-
te da Fundação Demócrito Rocha,
uma instituição de direito privado e
sem fins lucrativos, com exercício de
40 anos atuando na modalidade de
Educação a Distância, da qual é uma
das pioneiras no Brasil, baseando-
-se como marco a disseminação da
modalidade a partir da Open Univer-
sity de Londres pela UnB, com mais

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de um milhão de alunos assistidos
em todos os estados brasileiros.
Para iniciar nossa conversa,que-
ria falar um pouco sobre o que é de-
sign e como percebemos que esse
campo de conhecimento se conecta
com a sociedade. Design vai muito
além de um produto, ou do seu pro-
cesso de confecção. A própria pala-
vra – Design – é abrangente e inde-
finida, não possuindo tradução em
português. Por isso, pode ser consi-
derado um conceito abrangente, em
expansão, que atravessa diversos e
diferentes aspectos da vida do ser
humano e da sociedade, vinculado
ao contexto sociopolítico de sua épo-
ca, ganhando cada vez mais na con-
temporaneidade o olhar cuidadoso
para a inovação, a tecnologia e para
o desenvolvimento sustentável.

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De modo mais simplório, design
significa projeto, ou ainda o ato de
projetar. Para projetar é necessá-
rio estar antenado aos problemas
enfrentados pela sociedade atual,
para só depois definir o que será
feito, para quem, como, com quan-
to e por quem. Logo, design não é
substantivo e sim verbo; é proces-
so, pois projeto nenhum nasce pron-
to, ou ainda “cai do céu”. Projetar é
ação em contínua transformação e
contradições, repleto de intenciona-
lidades de ordem cultural, estética,
utilitária, produtiva e ecológica.

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Nesse contexto, o curso “O De-
sign a partir do pensamento con-
temporâneo: inovação a serviço da
vida” tem por objetivo discutir te-
mas importantes para se pensar um
design em conexão aos problemas
da atualidade, fomentando a refle-
xão, inovação e valorização de um
design com compromisso com o de-
senvolvimento sustentável, respon-
sável, político e a serviço da vida. O
curso é composto por 06 módulos,
que são a base do Centro de Design
do Ceará, a saber: a decolonialidade,
a política, a ecoeficiência e os pro-
cessos regenerativos.

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Decolonial porque desejamos pensar numa
atuação que busque continuamente transgredir
e lutar contra sistemas velados de colonização e
opressão. Você já parou para pensar se os pro-
dutos você consome e produz, e o “jeito certo de
resolver um problema” refletem o seu contex-
to de vida? Ou será que eles são reprodução de
modelos de outros contextos culturais, principal-
mente vindos da Europa e Estados Unidos? O de-
sign decolonial te convida a pensar a partir do
seu contexto local, das soluções ancestrais, da
sua realidade cultural, dando visibilidade e valo-
rizando soluções outras que transgrida os mo-
delos já consolidados.

Político porque a nossa linguagem, o que pro-


duzimos, nossa comunicação não é neutra. Nos-

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sas produções podem ser excludentes ou in-
clusivas, por exemplo, quando produzo uma
coleção de roupas para um “corpo padrão”, eu
acabo automaticamente excluindo uma série de
outros corpos que não se encaixam nesse pa-
drão. Quando percebemos isso, começamos a
ter ciência que os objetos, processos e metodo-
logias tidos como neutros, na verdade não são!
Eles são criados a partir de formas que possuem
significados na sociedade. Nesse sentido, pen-
sar em um design político nos ajuda na propo-
sição de um design capaz promover pequenas
rupturas em estruturas já naturalmente conso-
lidadas transvestidas de neutralidade e “tidas
como certas”.

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Ecoeficiente nos ajuda a pensar de forma cir-
cular, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável e a preservação do meio ambiente.
Você já se perguntou: Eu preciso de mais uma
roupa? As que eu tenho já não são suficientes?
Não estou acumulando mais e mais peças que
sequer terei tempo ou ocasião para usar? Estou
descartando minhas roupas no lixo ao invés de
lhes dar uma segunda chance? A ecoeficiência
está alinhada ao conceito de economia circular,
pensando em produtos de forma mais ampla,
reduzindo a perda de valor agregado, evitando
matérias-primas que agridem o meio ambiente
e adotando ciclos produtivos que utilizam ener-
gias limpas. Lembre-se: LIXO é um erro de de-

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sign! A natureza não gera lixo, toda a sua cadeia
produtiva é circular. Precisamos mudar a for-
ma como produzimos e consumimos, lembran-
do que o resíduo resultante desses processos
não é lixo, ele pode ser insumo e voltar para a
cadeia, regenerando o sistema.

Regenerativo uma vez que não basta não gerar


lixo! Precisamos pensar em como desenvolver
e ao mesmo tempo recuperar a saúde das co-
munidades humanas e dos ecossistemas das
quais elas fazem parte. A questão ambiental é
fundamental em qualquer discussão na con-
temporaneidade e pensar de forma regenerati-
va nos ajudará a enxergar, entender e interagir
com o mundo.

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Ao trabalhar tais temas contribuí-
mos para a construção de uma so-
ciedade mais justa, além de perce-
ber caminhos e possibilidades para
a preservação das culturas e insu-
mos locais, de valorização das pes-
soas e das comunidades. Nos aju-
da também a colocar o Ceará e, por
extensão o Nordeste, como centro
das discussões de design, deslocan-
do esse campo do eixo internacio-
nal, apresentando um modo de se
pensar design centrado no local e
regionalizado, ao invés de modelos
eurocêntricos, que não refletem os
problemas do dia-a-dia de nossa so-
ciedade; que nasce a partir das so-
luções criativas, comprometidas
com o desenvolvimento sustentá-
vel, populares e ancestrais, não co-

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locando essas produções a margem,
trabalhando de forma inclusiva.
Não é nosso desejo a desvaloriza-
ção de tudo o que já foi construído,
reconhecido e consolidado no campo
do design, mas, reconhecer e incluir
o conhecimento e saberes, a criati-
vidade e a engenhosidade daqueles
que não são reconhecidos por esse
campo. O reconhecimento desses
saberes para pensar uma prática de
design faz-se urgente nos tempos

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atuais, na contemporaneidade , para 2

uma compreensão de um design que


se propõe ser decolonial, político, re-
generativo e circular.
Para falar sobre decolonialidade,
convidamos a artista e designer,
mestre e doutora Cláudia Marinho,
que desenvolve pesquisas sobre os
processos criativos na arte e no de-
sign, tecnologias ancestrais e emer-
gentes, materialidade africana e prá-
ticas cotidianas. Cláudia nos trouxe
“Reflexões sobre design, decolo-
nialidade e diversidade” com o ob-
jetivo de dar elementos para que os
designers sejam capazes de ques-
tionar os saberes e os fazeres que
2 A Idade Contemporânea é um período determinado para o
estudo da história, que tem início no ano de 1789, época da Re-
volução Francesa, até os dias atuais. Iniciada com a Revolução
Francesa é caracterizada como o período de expansão do capi-
talismo em todo o globo.

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constituem suas práticas, no sentido
de afinar suas percepções e ações
quanto a um pensamento coloniza-
dor que segue sendo reproduzido
pelos seus processos.
A designer e arte-educadora e dou-
tora Mônica Moura, do Laboratório de
Pesquisa, Extensão e Ensino em De-
sign Contemporâneo (da Universida-
de Estadual Paulista – UNESP), com
pesquisas e ações para pessoas com
deficiência visual (PcDV) e investiga-
ções e publicações relacionadas ao

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Design Contemporâneo Brasileiro e
Internacional, nos apresenta o tema
“Design e Política no cotidiano” nos
convidando a pensar e dialogar a res-
peito do que vem a ser um design
político, caminhando por um trajeto
que discute o design e a política, ou
melhor, as relações entre o design e
a política e a ação política.
Convidamos a designer Carla Ten-
nenbaum, com trabalhos premiados
pela UNESCO, Fundação do Design
Latino Americano e SEBRAE e co-
fundadora da Ideia Circular, para fa-
lar um pouco sobre os “Fundamen-
tos para um design regenerativo”.
Carla traz uma abordagem regene-
rativa buscando não apenas rever-
ter a degradação ambiental, mas
tornar o design uma força positiva,
com a capacidade de restaurar, re-

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novar e revitalizar. A proposta é que
existem possibilidades de desenhar
sistemas humanos que possam coe-
xistir de forma integrada e benéfica
com a natureza, gerando resiliência,
prosperidade e abundância no lon-
go prazo.
Por fim, a pesquisadora, mestra
Iana Uliana Perez, doutoranda em
Design pelo Programa de Pós-Gra-
duação em Design da UNESP (2018-
2023) e membro do Grupo de Pes-
quisa em Design, Sustentabilidade

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e Inovação (CNPq/UEL), traz o tema
da “Economia Circular e Design”
com o objeto de desenvolver com-
petências que permitam a reflexão e
compreensão do papel do design no
atual modelo econômico, apresen-
tando conceitos, princípios e abor-
dagens do design para a sustenta-
bilidade alinhados aos princípios da
economia circular.
Aos interessados no assunto, esse
curso compõe o empenho de desig-
ners, pesquisadoras e professoras
que vislumbram o design como um
meio de adentrar no cotidiano da so-
ciedade nas suas várias vertentes e
melhorar a vida das pessoas e do pla-
neta. Acreditamos que ele pode con-
tribuir tanto para a formação conti-
nuada dos profissionais do campo
do design e estudantes de designers

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que estão começando os estudos no
assunto e que desejam transpor as
barreiras da colonialidade e do saber
hegemônico, como também a forma-
ção de um público em geral interes-
sado na temática, preocupados com
o dia-a-dia da sociedade e a preser-
vação do planeta.

Claudia Sales de Alcântara


Coordenadora de Formação do
Centro de Design do Ceará

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