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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LINS – UNILINS

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


KARLA DANIELLI DA SILVA REIS

PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA: PRAÇA ANTÔNIO


ÂNGELO DOS SANTOS. LINS-SP

LINS – SP
2021
KARLA DANIELLI DA SILVA REIS

PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA: PRAÇA ANTÔNIO


ÂNGELO DOS SANTOS. LINS-SP

Trabalho de Conclusão de Curso, no


formato de Monografia, apresentado
perante Banca Avaliadora do Centro
Universitário de Lins - UNILINS, como
requisito parcial para obtenção do grau de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. M.a. Karina Andrade


Mattos.

LINS – SP
2021
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca “Dr. Antônio Eufrásio de Toledo”

R375p Reis, Karla Danielli da Silva

Projeto de requalificação paisagística: Praça Antônio Ângelo dos Santos,


Lins-SP / Karla Danielli da Silva Reis, Lins - 2021.

Orientadora: Prof.ª Ma. Karina Andrade Mattos


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo)
do Centro Universitário de Lins – UNILINS.

1. Espaços livres públicos; 2. Praça; 3. Projeto paisagístico;


4. Requalificação urbana I. Mattos, Karina Andrade II. Título.

CDD 712.5
q
KARLA DANIELLI DA SILVA REIS

PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA: PRAÇA ANTÔNIO ÂNGELO


DOS SANTOS. LINS-SP

Trabalho de Conclusão de Curso, no formato


de Monografia, apresentado perante Banca
Avaliadora do Centro Universitário de Lins -
UNILINS, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em Arquitetura
e Urbanismo.

Aprovada em: 27 / 11 / 2021


4

AGRADECIMENTOS

Aqui se completa mais uma etapa da minha vida. Enfim, a tão sonhada
graduação em arquitetura está se realizando e não posso deixar de agradecer a todos
os que me apoiaram e incentivaram até aqui.

Agradeço imensamente a Deus, por minha vida, por me dar coragem e força,
por me capacitar para que cada dia mais meus objetivos e sonhos sejam alcançados,
por me sustentar durante meus estudos e todos os dias nessa caminhada.

Agradeço ao meu noivo Gustavo Foresto Caisseto que é um grande parceiro e


amigo e que há anos me acompanha nesse sonho, me motivando, me inspirando e
me ajudando em todos os momentos. Também agradeço a minha família e amigos
que estiveram envolvidos direta e indiretamente no meu crescimento pessoal e
profissional.

Agradeço ao corpo docente da Unilins, que marcaram minha vida


positivamente, me proporcionando grandes ensinamentos, no qual levarei para o resto
da vida, especialmente a minha querida professora orientadora Karina Andrade
Mattos, que ao longo da graduação demonstrou carinho, paciência e dedicação, e
acima de tudo, me ensinou, instruiu e motivou em todas as etapas desta jornada.
5

“Toda grande Arquitetura é o projeto do espaço


que contém, exalta, abraça ou estimula as
pessoas naquele espaço".
Philip Johnson.
6

RESUMO

As cidades cresceram demasiadamente e de forma desordenada nas últimas


décadas, o que ocasionou o mau uso dos espaços urbanos. Contudo, esses espaços,
e, especificamente os espaços verdes e as praças, vêm ganhando destaque em
função de seus diversos benefícios ambientais, sociais, culturais, estéticos e
econômicos. As praças são inseridas como meio de atenuar os problemas causados
pelos centros urbanos, e como resposta tem-se a aproximação do ser humano com a
natureza, o acesso ao lazer, o alívio do estresse e ainda, a socialização entre as
pessoas. Com o intuito de criar mais espaços com essas configurações, o presente
trabalho tem o objetivo de propor a requalificação da praça Antônio Ângelo dos
Santos, localizada no bairro Parque Alto da Boa Vista, na cidade de Lins, estado de
São Paulo, pelo fato de estar subutilizada. Para isso, foram estudados, entre outros,
materiais bibliográficos sobre essa temática, aspectos históricos da praça e da
morfologia urbana. Pretende-se, com isso, contribuir com a qualidade de vida urbana
e dos usuários do local.

Palavras-chave: Espaços Livres Públicos. Praça. Projeto Paisagístico.


Requalificação Urbana.
7

ABSTRACT

Cities have grown excessively in a disorderly way in recent decades, which has led to
the misuse of urban spaces. However, these spaces, specifically green spaces and
squares, have been gaining prominence due to their various environmental, social,
cultural, aesthetic and economic benefits. The squares are inserted as a means to
alleviate the problems caused by urban centers, and as a response there is the
approach of human beings with nature, access to leisure, stress relief and even
socialization among people. In order to create more spaces with these configurations,
the present work aims to propose the requalification of the Antônio Ângelo dos Santos
square, located in Alto da Boa Vista park neighborhood, in Lins city, of São Paulo
state, due to the fact that be underutilized. Therefore, bibliographic materials on this
theme, historical aspects of the square and urban morphology were studied. It's
intended, with this, to contribute to the quality of urban life and local users.

Keywords: Public Open Spaces. Square. Landscape Project. Urban requalification.


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vista Geral da Praça Mauá (Rio de Janeiro)................................................21


Figura 2: Vista Geral de parte da cidade de Belo Horizonte, MG................................22
Figura 3: Espaços Livres de Edificação......................................................................23
Figura 4: Espaço Livre de Urbanização......................................................................23
Figura 5: Parque Zaryadye, (Moscou – Rússia).........................................................27
Figura 6: Jardim Botânico (Curitiba – Paraná)............................................................27
Figura 7: Central Park - Bow Bridge (Nova Iorque-EUA)............................................30
Figura 8: Parque Keukenhof (Amsterdam, Holanda)..................................................30
Figura 9: Área para atividades físicas (Cambé – Paraná)...........................................31
Figura 10: Jardim Botânico (São Paulo, Brasil)..........................................................31
Figura 11: Desenho esquemático da polis de Atenas no século V a.C.......................35
Figura 12: Ágora ateniense........................................................................................35
Figura 13: Fórum Romano..........................................................................................36
Figura 14: Modularidade da urbanização na idade média..........................................37
Figura 15: Piazza del Popolo - Praça do Povo (Roma – Itália)....................................38
Figura 16: Praça de São Pedro no Vaticano (Europa)................................................38
Figura 17: Praça Roosevelt 1967- 1970 (Croqui).......................................................39
Figura 18: Praça Roosevelt (Projeto Original)...........................................................40
Figura 19: Praça Central Magok (Coréia do Sul)........................................................41
Figura 20: Praça Israels Plads (Copenhague - Dinamarca).......................................41
Figura 21: Imagem aérea de Paris (França)...............................................................44
Figura 22: High Line Park (Nova Iorque)....................................................................44
Figura 23: Praça Nove de Julho (Catanduva-SP).......................................................46
Figura 24: Cortes esquemáticos (Catanduva-SP)......................................................47
Figura 25: Arborização...............................................................................................47
Figura 26: Praça da Matriz (Catanduva-SP)...............................................................47
Figura 27: Praça Nove de Julho (Catanduva-SP).......................................................48
Figura 28: Monumento ao Soldado Constitucionalista (1958)....................................48
9

Figura 29: Mural em baixo relevo “A Despedida” ou “A Partida” (1982)......................49


Figura 30: Implantação Geral - Praça Nove de Julho e Praça da Matriz.....................49
Figura 31: Vertedouros de água.................................................................................50
Figura 32: Vertedouros de água.................................................................................50
Figura 33: Praça Colina do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia)................................51
Figura 34: Vista aérea da praça Colina do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia).........51
Figura 35: Praça do Largo (Salvador-Bahia)..............................................................52
Figura 36: Basílica do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia).......................................52
Figura 37: Praça Euzébio de Matos (Salvador-Bahia)................................................53
Figura 38: Praça Euzébio de Matos (Salvador-Bahia)................................................53
Figura 39: Capela da água benta...............................................................................54
Figura 40: Capela das velas.......................................................................................54
Figura 41: Chafariz central da praça...........................................................................54
Figura 42: Área de bares e restaurantes....................................................................55
Figura 43: Parque infantil...........................................................................................55
Figura 44: Piazza San Michele...................................................................................56
Figura 45: Canteiros...................................................................................................56
Figura 46: Bancos e Assentos....................................................................................57
Figura 47: Iluminação dos postes e luminárias...........................................................57
Figura 48: Localização da cidade de Lins no estado de São Paulo............................58
Figura 49: Base cartográfica de Lins-SP....................................................................59
Figura 50: Vista aérea da cidade de Lins-SP..............................................................59
Figura 51: Temperaturas máximas e mínimas médias em Lins-SP............................60
Figura 52: Temperatura média horária em Lins-SP....................................................60
Figura 53: Direção do vento em Lins-SP....................................................................61
Figura 54: Velocidade do vento média horária em Lins-SP........................................61
Figura 55: Localização da praça na malha urbana de Lins-SP...................................65
Figura 56: Vista aérea da localização da praça..........................................................65
Figura 57: Vista aérea da praça..................................................................................66
10

Figura 58: Comemoração do dia das crianças...........................................................67


Figura 59: Jogo de cartas pelos moradores no quiosque...........................................67
Figura 60: Campo do jogo de malha...........................................................................68
Figura 61: Campo do jogo de malha em abandono....................................................68
Figura 62: Campo de futebol.......................................................................................69
Figura 63: Campo de futebol.......................................................................................69
Figura 64: Zona sul da praça......................................................................................69
Figura 65: Zona sul da praça......................................................................................70
Figura 66: Parte da zona leste da praça.....................................................................70
Figura 67: Parte da zona leste da praça reformada por moradores............................70
Figura 68: Vista do parquinho com brinquedos deteriorados.....................................70
Figura 69: Área onde era instalado o parquinho.........................................................71
Figura 70: Parte da praça na atualidade.....................................................................71
Figura 71: Parte da praça na atualidade.....................................................................72
Figura 72: Parte da praça na atualidade.....................................................................72
Figura 73: Parte da praça na atualidade.....................................................................72
Figura 74: Centro da praça na atualidade...................................................................73
Figura 75: Centro da praça na atualidade...................................................................73
Figura 76: Rampa de acessibilidade instalada na zona oeste da praça......................73
Figura 77: Parte da calçada quebrada........................................................................74
Figura 78: Parte da calçada quebrada........................................................................74
Figura 79: Torneira improvisada com vazamento constante.......................................74
Figura 80: Parte da calçada quebrada e rampa íngrime.............................................75
Figura 81: Banco deteriorizado e depredado..............................................................75
Figura 82: Banco deteriorizado e depredado..............................................................75
Figura 83: Mapa de uso e ocupação do solo – raio de 500 metros............................ 76
Figura 84: Mapa de cheios e vazios – raio de 500 metros......................................... 77

Figura 85: Mapa de vias - raio de 500 metros.............................................................78


Figura 86: Topografia natural da praça.......................................................................80
11

Figura 87: Vegetação presente na praça................................................ ....................81


Figura 88: Leucena.....................................................................................................81
Figura 89: Amendoeira da Praia..................................................................................82
Figura 90: Farinha seca..............................................................................................82
Figura 91: Árvore da China.........................................................................................82
Figura 92: Monguba....................................................................................................83
Figura 93: Oiti.............................................................................................................83
Figura 94: Palmeira Real............................................................................................83
Figura 95: Mangueira..................................................................................................84
Figura 96: Calabura....................................................................................................84
Figura 97: Amoreira....................................................................................................84
Figura 98: Goiabeira...................................................................................................85
Figura 99: Cajueiro.....................................................................................................85
Figura 100: Vegetação Implantada no projeto.............................................................85
Figura 101: Flamboyant..............................................................................................86
Figura 102: Aroeira.....................................................................................................86
Figura 103: Quaresmeira............................................................................................86
Figura 104: Cróton......................................................................................................87
Figura 105: Hera.........................................................................................................87
Figura 106: Lambari....................................................................................................88
Figura 107: Costela-de-Adão......................................................................................88
Figura 108: Piso Intertravado drenante.......................................................................89
Figura 109: Concreto aparente...................................................................................89
Figura 110: Detalhe do Piso Cimentado......................................................................89
Figura 111: Implantação Geral....................................................................................90
Figura 112: Diagrama de Arborização.........................................................................90
Figura 113: Diagrama de permeabilidade...................................................................91
Figura 114: Diagrama de Equipamentos.....................................................................91
Figura 115: Diagrama de Fluxos.................................................................................92
Figura 116: Diagrama de iluminação...........................................................................92
Figura 117: Corte AA..................................................................................................93
Figura 118: Corte BB..................................................................................................93
Figura 119: Corte CC..................................................................................................94
Figura 120: Perspectiva artística da escadaria e playground.....................................94
12

Figura 121: Perspectiva artística do playground........................................................95


Figura 122: Perspectiva artística do playground........................................................95
Figura 123: Perspectiva artística do playground........................................................96
Figura 124: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social............96
Figura 125: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social............97
Figura 126: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social............97
Figura 127: Perspectiva artística da parte superior da praça.....................................98
Figura 128: Perspectiva artística das quadras poliesportivas....................................98
Figura 129: Perspectiva artística das quadras poliesportivas....................................99
Figura 130: Perspectiva artística das quadras poliesportivas....................................99
Figura 131: Perspectiva artística das quadras poliesportivas...................................100
Figura 132: Perspectiva artística do caminho entre as quadras poliesportivas.........100
Figura 133: Perspectiva artística do interior da quadra poliesportiva........................101
Figura 134: Perspectiva artística do interior da quadra poliesportiva........................101
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação da distribuição de praças no município de Lins..........................62


14

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................16
2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................17
3 OBJETIVOS...........................................................................................................18
3.1 Objetivos Gerais..............................................................................................18
3.2 Objetivo Específico.........................................................................................19
4 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................19
5 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................20
5.1 Espaços Livres................................................................................................20
5.2 Espaços Livres Públicos................................................................................22
5.3 Áreas Verdes Urbanas....................................................................................25
5.3.1 Benefícios Das Áreas Verdes.....................................................................25
5.4 Percurso e Evolução Das Praças...................................................................33
5.5 Requalificação Urbana e Paisagística............................................................42
6 ESTUDO DE PROJETOS CORRELATOS.............................................................46
6.1 Praça Nove de Julho - Catanduva – SP..........................................................46
6.2 Praça Colina do Senhor do Bonfim – Salvador; Bahia.................................50
6.3 Praça San Michele – Cagliari; Itália................................................................51
7 ÁREA DE INTERVENÇÃO.....................................................................................58
7.1 A Cidade de Lins.............................................................................................58
7.2 Praças da cidade de Lins................................................................................62
7.3 Localização da Área de Estudo......................................................................64
7.4 História do Local..............................................................................................66
7.5 Estudo do Entorno..........................................................................................75
8 PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO.....................................................................79
8.1 Estudo Preliminar............................................................................................79
8.2 Partido Arquitetônico......................................................................................79
8.3 Desenvolvimento do projeto..........................................................................79
8.3.1 Topografia do Terreno.................................................................................79
15

8.3.2 Vegetação Existente...................................................................................80


8.3.3 Vegetação Implantada................................................................................80
8.3.4 Materiais Construtivos.................................................................................88
8.4 Projeto..............................................................................................................90
8.4.1 Implantação................................................................................................90
8.4.2 Diagrama de arborização............................................................................91
8.4.3 Diagrama de Permeabilidade......................................................................91
8.4.4 Diagrama de Equipamentos........................................................................92
8.4.5 Diagrama de Fluxos....................................................................................92
8.4.6 Diagrama de Iluminação.............................................................................93
8.4.7 Cortes Esquemáticos..................................................................................93
8.4.8 Perspectivas...............................................................................................94
9 RESULTADOS ESPERADOS...............................................................................102
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................102
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................103
12 APÊNDICES........................................................................................................106
16

1 INTRODUÇÃO

A criação e a manutenção das praças públicas propiciam inúmeros benefícios,


pois são grandes indicadores de qualidade ambiental e atenuam os problemas das
cidades, trazendo qualidade à vida urbana. Nota-se, dessa forma, que nas últimas
décadas surgiu uma consciência a respeito da importância destes espaços, que vêm
ganhando cada vez mais notoriedade, tanto por parte da administração pública,
quanto da população.
Desde a constituição das antigas cidades, a praça é descrita como
“necessidade vital de primeira grandeza, na medida em que ali tinha lugar uma grande
parte da vida pública [...]” (SITTE, 1992, p. 17), sendo o lugar onde aconteciam as
reuniões para transmissão de ideias, conhecimento e cultura. Tendo grande valor
cívico, religioso, comercial, simbólico, artístico, ambiental e sócio-político, sofreu ao
longo da história diversas modificações em sua configuração, no entanto, manteve-se
com caráter público fundamental para a dinâmica das cidades.
Insigne elemento da morfologia urbana, a praça é um dos principais espaços
da cidade, sendo muitas vezes, um dos mais importantes espaços verdes do tecido
urbano. Segundo Robba e Macedo (2002, p. 16), “nas cidades brasileiras, qualquer
espaço verde público, seja arborizado ou simplesmente gramado, um canteiro central
de avenida ou espaço livre entre edifícios, é denominado praça”. Os autores resaltam
ainda que “na cidade contemporânea, a definição desse espaço é bastante
abrangente, incluindo desde pequenas áreas destinadas ao lazer esportivo em bairros
habitacionais até os grandes complexos de articulação da circulação urbana em áreas
centrais” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 16). No entanto, os autores dizem que “a
abrangência do termo gera algumas distorções quanto à terminologia dos espaços
urbanos, pois algumas áreas batizadas de praças são apenas canteiros ou jardins
urbanos remanescentes do traçado do sistema viário”. (ROBBA e MACEDO, 2002, p.
16). Assim, ao realizarem estudos das praças brasileiras, os autores, adotaram dois
princípios básicos ao conceituar esses espaços: o uso e a acessibilidade. Concorda-
se com esses autores quando descrevem praças como sendo “espaços livres urbanos
destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livre de
veículos”. (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 17).
17

Portanto, conferir à praça a denominação de espaço público, gera um


reconhecimento de que ela encaixa-se na categoria entre os diversos espaços livres
urbanos, como por exemplo as áreas de lazer, parques e áreas verdes e,
simultaneamente, reafirma como um espaço onde unem-se diversos usos. Todavia, a
praça, hoje, assume crescentemente a função de área verde e, principalmente, de
valor estético na malha urbana, e não como meio de socialização e convívio, devido
as problemáticas associadas a arborização, a infraestrutura e a segurança pública.
Diante de tal situação, somada a falta de atuação do poder público em ações de
participação popular, tem-se a renúncia a esses espaços, mudando o relacionamento
da população com as praças, resultando em pouco aproveitamento dos diversos
benefícios que elas proporcionam.
As funções e os benefícios que esses espaços urbanos públicos podem
proporcionar para a qualidade de vida da população, exige que seu planejamento seja
visto de forma a compor um quadro de abordagem multidisciplinar, com o intuito de
valorizar o tratamento desses espaços e incentivar a participação popular na tomada
de decisões públicas. Nesse contexto, ao realizar-se um estudo na cidade de Lins-
SP, em especial, na praça Antônio Ângelo dos Santos, nota-se que, embora esta
localize-se em uma área residencial consolidada, são poucas as ações do poder
público e da população em relação à sua valorização. A praça, em sua história,
sempre foi utilizada como meio de lazer, permanência e contemplação pelos
moradores do entorno, no entanto, hoje, encontra-se em estado deplorável, sem o
menor cuidado com infraestrutura básica, com falta de manutenção de podas e
roçadas, calçamento quebrado, equipamentos depredados ou inexistentes. Assim,
diante de tal conjuntura, o objetivo principal deste trabalho é identificar as principais
características espaciais da praça, destacando os aspectos positivos e negativos, e
realizar uma proposta de requalificação arquitetônica e paisagística. Espera-se, com
isso, contribuir com a valorização desta área verde urbana, com a qualidade do meio
e o bem-estar coletivo.

2 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, observa-se que os centros urbanos necessitam cada vez
mais de espaços verdes. Uma das alternativas para reverter, ou atenuar, esse cenário
é através da inserção de parques, jardins e praças na malha urbana. As praças, sendo
18

elas centrais ou as localizadas nos bairros, interferem diretamente na qualidade de


vida de seus usuários, pois são capazes de proporcionar lazer, contemplação e
socialização, favorecer a prática de esportes, eventos culturais e o contato com a
natureza.
Além de todos esses fatores importantes, os autores Loboda e De Angelis
destacam também as influencias que as praças, enquanto áreas verdes, podem
proporcionar na qualidade do meio, através de seus diversos benefícios associados a
arborização, como a purificação do ar, a composição atmosférica urbana, a
estabilidade do microclima; o equilíbrio entre solo-clima-vegetação; atenuação dos
níveis de ruído; melhoria da estética urbana. “Assim sendo, as áreas verdes tornaram-
se os principais ícones de defesa do meio ambiente pela sua degradação, e pelo
exíguo espaço que lhes é destinado nos centros urbanos. ” (LOBODA; DE ANGELIS,
p. 129).
No município de Lins-SP, especificamente, existem no total 189 praças
dispostas pela cidade e catalogadas pelo órgão municipal responsável, a Secretaria
de Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade (SAMAS). Embora haja um
número significativo de praças, as mesmas apresentam diversos problemas. Entre
elas, 4 praças localizam-se no bairro Parque Alto da Boa Vista, sendo uma delas a
área de estudo deste trabalho. Desta forma, o assunto abordado se faz importante,
uma vez que ao aliar arquitetura, urbanismo e paisagismo com o propósito de
requalificar uma área verde, busca-se propor diretrizes de como solucionar as
problemáticas apresentadas com o intuito de criar mais espaços com configurações
positivas e que atenda as demandas beneficiando a qualidade de vida e do meio,
promovendo um ambiente mais agradável e saudável aos seus usuários.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho busca apresentar uma proposta de requalificação urbana e


paisagística para a praça Antônio Ângelo dos Santos, localizada na cidade de Lins-
SP, por meio de um projeto arquitetônico paisagístico, visando a melhoria de sua
infraestrutura, paisagismo, iluminação e acessibilidade.
19

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

 Apresentar o conceito de espaços livres urbanos, áreas verdes e praças;


 Mostrar a história das praças;
 Identificar e analisar os benefícios das áreas verdes na malha urbana;
 Identificar como esses ambientes interferem, direta e indiretamente, na vida da
comunidade;
 Mostrar o que é uma requalificação urbana e paisagística e sua importância;
 Analisar pesquisas e projetos referentes a requalificação espacial de praças;
 Analisar o espaço urbano no qual a praça Antônio Ângelo dos Santos está
inserida;
 Avaliar o espaço de intervenção, para contribuir, por meio do projeto, com a
requalificação e a valorização da área, a fim de promover a integração da
população com o local.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para este trabalho foram realizadas cinco etapas:

A primeira etapa consiste na pesquisa bibliográfica, que visou identificar os


principais autores cujas obras, como livros, artigos, dissertações e teses, têm relação
com o assunto abordado, a fim de auxiliar e contribuir para o desenvolvimento da
pesquisa. Além disso, foi realizada pesquisa documental em leis, planos e decretos,
nas diferentes instancias - Federal, Estadual e Municipal, entre eles, o Plano Diretor e
Estatuto da Cidade, NBR 9050 e Parcelamento do Solo Urbano.
Na segunda etapa foi realizada a contextualização teórica e o desenvolvimento.
Na terceira etapa foram realizados estudos de caso com pesquisa de praças,
no âmbito nacional e internacional, onde foram analisados a estrutura, fluxos, acessos
e demais itens que serão necessários e contribuirão para o futuro projeto.
Na quarta etapa foi feito o levantamento e análise de dados, como
levantamento e análise da população, localização, dimensões, topografia e orientação
geográfica da área estudada, análise do uso e do fluxo das pessoas no entorno,
levantamento dos tipos de vias, acessos e equipamentos públicos no entorno,
imagens e mapas do local.
20

Na quinta etapa foi feita o desenvolvimento do projeto e detalhamento da


requalificação de praça no município de Lins, visando a valorização urbana e
paisagística da área, segurança, conforto e preservação ambiental, lazer e prática de
atividades físicas.
Por fim, para a primeira parte deste trabalho foram realizadas diversas
pesquisas e análises sobre o tema abordado e a área de intervenção, para chegar a
um aprofundamento e maior entendimento sobre os mesmos. A etapa final foi
concluída posteriormente, por meio da apresentação de um projeto embasado nas
pesquisas realizadas e do levantamento do local.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Espaços Livres

Para compreender a definição de espaços livres, primordialmente, deve-se


entender o que é paisagem, na qual também possui inúmeras definições. De acordo
com Leite (1994, p.7), a “paisagem é resultado do equilíbrio entre múltiplas forças e
processos temporais e espaciais”. Já para Macedo (1999, p.11), a “paisagem é como
a expressão morfológica das diferentes formas de ocupação, portanto, de
transformações do ambiente em um determinado tempo”.
A paisagem “é um reflexo da visão social do sistema produtivo e suas formas
transformam-se ou desaparecem sempre que as teorias, filosofias e necessidades
que as criaram não são mais reais ou autoevidentes” (LEITE, 1994, p.7). Nesse
contexto, Macedo (1999, p. 11) considera a paisagem “como um produto e como um
sistema. Como produto porque resulta de um processo social de ocupação e gestão
de determinado território. Como um sistema, na medida em que, a partir de qualquer
ação sobre ela impressa”, certamente, “haverá uma reação correspondente, que
equivale ao surgimento de uma alteração morfológica parcial ou total”.
É plausível dizer que “toda paisagem está ligada a uma ótica de percepção
humana, a um ponto de vista social e que sempre representa total ou parcialmente
um ambiente” (MACEDO, 1999, p. 11). Nesse mesmo contexto, Leite (1994), afirma
que

Uma paisagem modificada pelo homem não é, portanto, uma paisagem


antinatural, mas uma paisagem cultural que deve atender tanto a critérios
funcionais quanto estéticos. Assim sendo, não pode ser planejada de acordo
21

apenas com prioridades econômicas rigorosas que levam à perda dos valores
ambientais para posteriormente, ser embelezada, num ato de redenção
estética pela inserção de elementos românticos pseudonaturais. (LEITE,
1994, p. 7)

Segundo Macedo (1999, p.11), a paisagem “apresenta elementos


característicos articulados entre si”, que são descritos como os suportes físicos, os
volumes urbanos e os espaços livres.
O suporte físico é toda estrutura que atende as necessidades da cidade e de
seus moradores, os volumes urbanos são todas as edificações que às constituem,
como os prédios, casas e as outras construções que formam o desenho urbano, e os
espaços livres são espaços abertos, pelos quais flui a vida urbana não contida entre
quatro paredes e as coberturas de tetos de edifício, como descreve Miranda Magnoli
(1982) e Silvio Macedo (2007). Neste contexto, define-se espaços livres como sendo
“todos os espaços descobertos, sejam eles urbanos ou não, vegetados ou
pavimentados, públicos ou privados” (QUEIROGA, 2011, p. 27).
Todavia, Macedo (1999, p. 13) alerta que as “ideias sobre paisagem são
diretamente vinculadas aos conceitos de habitat e principalmente de espaço. Cada
paisagem contém espaços, lugares onde vivem comunidades inteiras, podendo conter
partes ou todos de ecossistemas diversos”. Nas figuras 1 e 2 é possível observar os
distintos elementos morfológicos presentes na paisagem de uma cidade.

Figura 1: Vista Geral da Praça Mauá (Rio de Janeiro)

Disponível em: https://vitruvius.com.br Acesso em: 15 de abril de 2021


22

Figura 2: Vista Geral de parte da cidade de Belo Horizonte, MG

Disponível em: https://domtotal.com Acesso em: 15 de abril de 2021

5.2 Espaços Livres Públicos

Segundo Kliass e Magnoli (2006, p. 247) “o conceito urbanístico de espaço livre


está intimamente ligado à vida das cidades; estas são sentidas por suas ruas, praças
e parques, que caracterizam a paisagem urbana”. As autoras seguem apontando que:

Além de simples e indispensável elemento de regularização do grau


higrométrico da atmosfera, eliminação de toxinas, equilíbrio de camadas de
ar poluído, de abertura de áreas de luz e sol, os espaços livres têm significado
muito maior: é um bem público onde, além de promover-se o reencontro do
homem com a natureza, desenvolvem-se as atividades urbanas, com seus
ritmos, em todas as escalas, desde a ida diária ao trabalho, à escola, às
compras, o passeio domingueiro até a percepção da mudança das estações
do ano. (KLIASS e MAGNOLI, 2006, p.247)

Dessa forma, entende-se que os espaços livres são um dos principais fatores
da polarização de atividades urbanas, a fim de proporcionar uma nova conexão social.
Segundo Kliass e Magnoli (2006, p. 247), “o espaço aberto da vida coletiva apresenta-
se, pois, para nós, como um órgão da vida democrática e o primeiro instrumento
urbano para a tomada de consciência social tão necessária para a dinâmica
civilizatória”, tornando-se espaço de extrema importância para a vida da cidade e de
seus moradores.

A definição e o enfoque de espaço livre faz com que seja secundária a


questão da quantidade de espaços livres [...]; transforma, porém, a
importância relativa à onde estão os espaços livres e [...] articula o onde com
as permeabilidades dos edifícios e da urbanização [...] nas diversas escalas
desde o bairro, conjunto de bairros (distritos), núcleos urbanos, metrópoles,
sub-regiões, regiões (MAGNOLI, 2006, p.202)

Observa-se a representação dos espaços livres através das figuras 3 e 4. Na


figura 3 estão as edificações em quadrados escuros sobre o espaço livre, em cinza.
23

A quantidade é a mesma para qualquer arranjo; o que altera é a distribuição vinculada


a outras morfologias.
Figura 3: Espaços Livres de Edificação

Fonte: Miranda Magnoli, 2006, p. 203

Na figura 4 está a representação da urbanização e o espaço exterior,


onde observa-se a variação da distribuição com a mesma quantidade. A figura 4
mostra maior adensamento com acréscimo de espaço livre. A distribuição do espaço
livre tem implicações com a concentração.

Figura 4: Espaço Livre de Urbanização

Fonte: Miranda Magnoli, 2006, p. 203

Segundo Magnoli (2006, p. 204):


No desenho de cada uma dessas figuras ou no arranjo da interação entre
elas está a contradição, e não propriamente na existência de espaços livres
que têm, no mínimo, de permitir acesso, luz e ar às edificações (além de
vistas, circulação, permanência, apoio a serviços locais e urbanos, espaços
para vida ao ar livre, apoio para infraestrutura e reserva para usos urbanos
futuros). O que acontece é que a distribuição dos espaços livres exerce forte
influência no modelo de urbanização. (MAGNOLI, 2006, p.204)

Os espaços livres urbanos públicos possuem inúmeras funções, tanto para as


cidades quanto para as pessoas que nelas vivem, sendo utilizados como espaços de
24

locomoção e passagem, como é o caso das ruas e calçadas, e como meio de


permanência, com o intuito de serem utilizados como ambientes de recreação e
contemplação da paisagem, como é o caso dos jardins, parques e praças. Ou até
mesmo como ponto de referência para o planejamento das cidades, “por reunir alguns
recursos fundamentais do território, como a natureza, a possibilidade de percepção
visual e a possibilidade de transformação física” (TARDIN, 2010, p. 203)

Espaços livres de edificações ou de urbanização são pressupostamente os


mais acessíveis por todos os cidadãos; os mais apropriáveis perante as
oportunidades de maior autonomia de indivíduos e grupos; os que se
apresentam com mais chance de controle pela sociedade como um todo, já
que abertos, expostos, acessíveis; enfim, aqueles os quais podem ser os
mais democráticos possíveis, enquanto significado intrínseco da expressão
espaço urbano. (MAGNOLI, 2006, p.204)

Segundo Schlee (2010, p. 162), pode-se afirmar que estes espaços dispõem
de um papel fundamental para a estruturação da paisagem urbana e são
indispensáveis para a indicação das áreas degradadas que merecem revitalização.
Todavia, muitas vezes acabam por serem esquecidas ou não recebem o tratamento
que necessitam, uma vez que são tratados como “estruturas independentes do seu
entorno edificado, bolsões de alívio dos males da urbanização ou, o que é ainda mais
frequente, como território perigosos e hostis ao desenvolvimento de diversas e
desejáveis formas de sociabilidade [...]” (LEITE, 2011, p. 159). O que contribui para
que isso aconteça é a falta de infraestrutura e segurança nesses espaços, fazendo
com que as pessoas se sintam inseguras e falte a vontade de frequenta-los. Um outro
ponto muito importante, é o descaso do poder público diante das problemáticas. De
acordo com Queiroga (2011, p.31), “os espaços livres não estão entre as prioridades
dos poderes públicos”, portanto, eles acabam sendo dispostos e planejados de modo
a serem vistos como um sistema individual e independente, e não como parte da
constituição de um todo, tornando-se muita das vezes áreas de acessos ruins ou meio
de passagem, pois ninguém sente vontade de permanecer por um determinado
período e apenas transitar por ele. Segundo Kliass e Magnoli (2006, p. 248) “é preciso
que o poder público crie condições de utilização dos espaços livres, pois que isto se
constitui em um dos direitos do cidadão”.

Em pleno século XXI, está evidente a importância do planejamento do meio


físico urbano; no entanto, a preocupação de quem planeja ainda está
centrada nas características sócio-econômicas, relegando a dependência
dos elementos naturais. No decorrer do processo de expansão dos ambientes
construídos pela sociedade, não se tem dado a devida atenção à qualidade,
25

sendo as questões ambientais e sociais relegadas ao esquecimento


(LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 130-131).

Segundo Macedo (2012, p. 144), “o movimento moderno na arquitetura e


urbanismo consolidou o paradigma ‘forma-função’, entretanto, houve diferentes
correntes teóricas e formas de produção que se envolveram com a construção da
forma e da paisagem urbana”. Conclui-se, então, que o espaço livre público é de
grande importância para a funcionalidade da vida das cidades e de sua população,
pois é através dele que “flui a vida urbana” (MACEDO, 2012), tendo diversas
utilizações, com suas funções “ecológica, estética e social” (LOBODA e DE ANGELIS,
2005, p. 133). Esses espaços necessitam de atenção e comprometimento do poder
público e também da população.

5.3 Áreas Verdes Urbanas

Diante do cenário dos centros urbanos, o Código Florestal (Lei 4771/1965),


define as áreas verdes como sendo “espaços, públicos ou privados, com predomínio
de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano
Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município”. Além disso,
destaca que são “destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da
qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria
paisagística, proteção de bens e manifestações culturais” (Lei nº 12.651/12, Art. 3º,
XX).
Sendo um importante elemento para a constituição das cidades e um fator de
importância no que diz respeito a qualidade de vida urbana, considera-se área verde
“o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e
recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da
cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização” (Art. 8º,
§ 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006).

Área verde: Onde há o predomínio de vegetação arbórea, englobando as


praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais de
avenidas e os trevos e rotatórias de vias públicas que exercem apenas
funções estéticas e ecológicas, devem, também, conceituar-se como área
verde. Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas não
devem ser consideradas como tal, pois as calçadas são impermeabilizadas.
(PEREIRA LIMA apud LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 133).
26

Os parques, jardins e praças, que “como instituições independentes, existem


desde os primórdios das cidades ocidentais” (ALEX, 2008, p. 62), sempre tiveram
grande relevância para as pessoas, sendo “o reflexo de um ideal da vida urbana em
determinado momento histórico.” (ALEX, 2008, p. 61). A princípio, os jardins eram
privativos, destinados à contemplação e disponível apenas à nobreza. Já as praças,
eram utilizadas para fins comerciais da época, mas hoje, "os arquétipos tradicionais
de suas configurações, como adros-religiosos, praças-mercados e praças-cívicas, não
mais articulam a arquitetura à vida pública urbana nem atendem às novas
necessidades de uso." (ALEX, 2008 p.61).
Segundo Loboda e De Angelis (2005), a área verde urbana “a princípio ocorreu
com a arte da jardinocultura, surgida pela primeira vez, e independentemente, em dois
lugares: Egito e China”. Os autores ainda destacam que “a Grécia é considerada como
o país em que pela primeira vez os espaços livres assumem função pública ao serem
considerados como locais de passeio, conversa e lazer da comunidade” (LOBODA e
DE ANGELIS, 2005, p. 127). Ao passar dos anos esses espaços começaram a ser
mais frequentados, assim, assumindo características de parques suburbanos
(LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 127).
“Ao longo da história o papel desempenhado pelos espaços verdes nas nossas
cidades tem sido uma consequência das necessidades experimentadas de cada
momento, ao mesmo tempo em que é um reflexo dos gostos e costumes da
sociedade” (LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 129). Desse modo, “o uso do verde
urbano, especialmente no que diz respeito aos jardins, constituem-se em um dos
espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes épocas e culturas”
(LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 126).
Entende-se que as áreas verdes podem ser vistas como espaço livre de
edificação, coberto por vegetação, podendo ser de uso privado ou público, em que
podem desempenhar a função visual, recreativa e ambiental (BARTALINI, 1986),
como área de preservação permanente (APP), canteiros centrais, florestas urbanas,
hortos, zoológicos, bosques, parques, jardins e praças. (Figuras 5 e 6).
27

Figura 5: Parque Zaryadye (Moscou – Rússia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 16 de abril de 2021

Figura 6: Jardim Botânico (Curitiba – Paraná)

Disponível em: http://www.curitiba-parana.net/ Acesso em: 16 de abril de 2021

A qualidade de vida urbana está diretamente atrelada a vários fatores que


estão reunidos na infra-estrutura, no desenvolvimento econômico-social e
àqueles ligados à questão ambiental. No caso do ambiente, as áreas verdes
públicas constituem-se elementos imprescindíveis para o bem-estar da
população, pois influencia diretamente a saúde física e mental da população
(LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 131).

Segundo Loboda e De Angelis (2005, p. 131), “além daqueles espaços criados


à luz da arquitetura, recentemente a percepção ambiental ganha status e passa a ser
materializada na produção de praças e parques públicos nos centros urbanos”,
buscando através da recreação, sociabilidade e preservação ambiental, a melhoria na
qualidade de vida urbana.
Durante as décadas de 1980 e 1990, houve o aumento da procura e valorização
das atividades culturais e recreativas ao ar livre, pois também aumentava “a aceitação
coletiva de um vínculo entre a prática de exercícios físicos e a garantia de saúde e
bem-estar fez crescer a demanda por equipamentos de lazer nos espaços livres
públicos” (SCHLEE, 2010, p. 120). Consequentemente, isso refletiu diretamente na
formulação das novas áreas verdes, e também nas configurações dos novos parques
28

urbanos e praças. Dessa forma, foram criadas as novas áreas verdes que tinham
como objetivo principal o lazer, recreação e preservação ambiental, modificando por
consequência o meio urbano.
Atualmente, aproximadamente, 55% da população mundial e 84,36% da
população do Brasil vive nas áreas urbanas. Esses dados da Organização das Nações
Unidas (ONU), justificam a relevância da inserção das áreas verdes na malha urbana.
Portanto, quanto mais pessoas saírem das áreas rurais para viverem nas áreas
urbanas, por consequência menor será o contato dessas pessoas com a natureza, o
que faz com que maior seja a importância da implantação de áreas verdes de
qualidade nas cidades.
Segundo Kliass e Magnoli (2006, p. 248), “a carência de espaços verdes é
explicada por muitos fatores, mas principalmente pela especulação imobiliária que
vem moldando toda a paisagem urbana [...] e pela incapacidade dos governos
municipais até hoje de atuarem na política dos espaços verdes”. Esses espaços
necessitam de planejamento, da atenção do poder público e da reivindicação da
população, afinal é “um dos direitos do cidadão” (KLIASS e MAGNOLI, 2006, p. 248).
Porém, “não se reivindica o que não se conhece”, porque, “ainda não foi criada a
consciência do problema em suas reais dimensões” (KLIASS e MAGNOLI, 2006, p.
248).

Todavia, nas circunstâncias atuais, o planejamento das áreas verdes


(públicas) urbanas parte de uma definição de recursos que é residual. Os
reclamos pelos espaços verdes de ordem pública são amenizados com
recursos que sobram de outras atividades, consideradas como mais
prioritárias, e que, geralmente, incluem-se nesse âmbito aquelas de cunho
estratégico, político e econômico. Por isso, os resquícios destinados às áreas
verdes públicas sempre são reduzidos, enquanto aumentam as necessidades
reais criadas pela expansão urbana (LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 137)

Segundo Loboda e De Angelis (2005, p. 137):

“é nesse sentido que embora todas as cidades apresentem áreas verdes


(públicas) onde a população possa desfrutar de momentos de lazer e contato
com a natureza, poucas têm esses espaços de forma organizada, de modo
que não passam de espaços dispersos pela malha urbana” (LOBODA e De
ANGELIS, 2005, p. 137).

Dessa forma, a inserção e o tratamento desses espaços é imprescindível, tendo em


vista que essas áreas não são apenas meios estéticos de embelezar as cidades, “mas
29

também como necessidade higiênica, de recreação e principalmente de defesa do


meio ambiente diante da degradação” (LIMA; AMORIM, 2006, p. 71).

5.3.1 Benefícios Das Áreas Verdes

No decorrer do século XX, com o crescimento urbano acelerado, os espaços


verdes, muitas vezes, foram perdendo destaque na malha urbana. Contudo, nas
últimas décadas a consciência a respeito destes espaços vem ganhando destaque,
em função dos benefícios ambientais, culturais, econômicos, sociais e estético. Entre
diversos benefícios estão, proporcionar conforto térmico, com a diminuição de
temperatura e de umidade; auxílio na absorção da água da chuva, em função da
permeabilidade do solo; aumento da biodiversidade no meio urbano; oportunidade de
locais de convivência e lazer para os cidadãos, entre outros, como destacam diversos
autores (SPIRN, 1995; HOUGH, 1998; ROMERO, 2001; PELLEGRINO et al., 2006;
FÁLCON, 2007; HERZOG, 2013).
Segundo Bartalini (1986, p.49), “as funções que as áreas verdes e os espaços
livres desempenham no meio urbano podem ser agrupadas em três conjuntos: o
primeiro diz respeito aos valores visuais ou paisagísticos, em senso estrito. O segundo
aos valores recreativos. O terceiro aos valores ambientais”.

Estas funções não são excludentes: um determinado espaço pode


desempenhar papel relevante nas condições ambientais de uma cidade e ao
mesmo tempo ter um grande potencial recreativo e ser um elemento de
destaque na paisagem urbana. Seria ideal que estas funções sempre
estivessem interligadas (BARTALINI, 1986, p.49).

De acordo com Bartalini (1986, p.49), “um dos problemas mais frequentes que
podem ser detectados na paisagem urbana é o da falta, ou perda, de identidade
visual”. Segundo o autor, isso acontece, pois, a preocupação “com a localização das
funções, estabelecimento de densidades, dimensionamento da infraestrutura ou com
a eficiência do sistema viário”, acabam deixando em segundo plano os aspectos
fundamentais para a qualidade de vida urbana, “a criação ou valorização de
referenciais urbanos, a caracterização fisionômica das cidades”. O autor ainda aponta
que, “entre as funções de caráter visual destaca-se o papel das áreas verdes enquanto
"amortecedores" entre massas construídas, como contraponto à geometria dos
edifícios ou como plano de fundo”. Complementa dizendo que as “áreas verdes podem
30

exercer um importante papel na identidade dos lugares, quer enfatizando as


características físicas do sítio, quer atuando como limites de áreas urbanizadas,
formando compartimentos de paisagem” (BARTALINI, 1986, p. 50). Para isso, é de
grande importância o tipo de vegetação que será cultivado nesses ambientes, pois
será a identidade visual responsável por caracterizar essa área, sendo importante se
atentar na escolha das espécies, cores, texturas e aromas, para que sejam
harmônicos e convidativos a população (Figuras 7 e 8).

Figura 7: Central Park - Bow Bridge, (Nova Iorque - EUA)

Disponível em: https://www.oficinadeinverno.com.br/ Acesso em: 16 de abril de 2021

Figura 8: Parque Keukenhof (Amsterdam, Holanda)

Disponível em: https://www.ducsamsterdam.net/ Acesso em: 16 de abril de 2021

Bartalini (1986, p.50) diz que “além do importante papel da qualidade visual da
paisagem e nas condições ambientais urbanas, as áreas verdes e espaços livres
merecem uma atenção especial pelas funções que desempenham na recreação”, pois
segundo Loboda e De Angelis (2005, p. 131), afim de “melhorar a qualidade de vida,
pela recreação [...] essas áreas tornam-se atenuantes da paisagem urbana”. Os
espaços de recreação, como é o caso dos parques, praças, campos de esporte e
outros, “devem constituir um sistema que atenda às várias escalas: da vizinhança ao
31

setor urbano, do setor urbano ao município ou à região” (BARTALINI, 1986, p. 51). A


inclusão das áreas de recreação é fundamental nas malhas urbanas, pois são os
espaços que promovem o lazer e estimulam a prática de atividades físicas, além da
questão da socialização entre a população local.

Figura 9: Jardim Botânico (São Paulo, Brasil)

Disponível em: https://jornalzonasul.com.br/ Acesso em: 16 de abril de 2021

Figura 10: Área para atividades físicas (Cambé – Paraná)

Disponível em: http://www.cambe.pr.gov.br/ Acesso em: 16 de abril de 2021

As áreas verdes urbanas são de extrema importância para a qualidade da


vida urbana. Elas agem simultaneamente sobre o lado físico e mental do
Homem, absorvendo ruídos, atenuando o calor do sol; no plano psicológico,
atenua o sentimento de opressão do Homem com relação às grandes
edificações; constitui-se em eficaz filtro das partículas sólidas em suspensão
no ar, contribui para a formação e o aprimoramento do senso estético, entre
tantos outros benefícios. Para desempenhar plenamente seu papel, a
arborização urbana precisa ser aprimorada a partir de um melhor
planejamento (LOBODA e DE ANGELIS, 2005, p. 134).

Segundo Bartalini (1986, p. 52), “as áreas verdes podem influir na qualidade
ambiental urbana e exercer papel importante na proteção do meio ambiente”, agindo
como amenizador das temperaturas, trazendo “a sensação de conforto térmico
32

proporcionada pela arborização urbana”. Essa, proporciona temperaturas menores


em sua área de cobertura, que contribui com a ventilação da cidade, atenuando as
ilhas de calor que geralmente formam-se nos centros urbanos e acabam interferindo
nas condições climáticas.
De acordo com Loboda e De Angelis (2005, p. 134) “são inúmeros os benefícios
proporcionados pela arborização no meio urbano. Segundo Grey; Deneke (1978),
Llardent (1981), Cavalheiro (1990), Di Fidio (1990), Lombardo (1990), Milano; Dalcin
(2000), Sirkis (2000), Rivail Vanin (2001)”, pode-se destacar a redução da poluição
através dos processos de oxigenação e introdução de oxigênio na atmosfera,
purificação do ar por depuração bacteriana e de microrganismos, por reciclagem dos
gases através da fotossíntese, por fixação de gases tóxicos, por fixação de poeiras e
resíduos, suavização de temperatura externas, redução da velocidade dos ventos,
permeabilidade e fertilidade do solo, amortecimento dos ruídos de fundo sonoro
contínuo e descontínuo, bem estar psicológico, quebra de monotonia da paisagem
das cidades, causada pelas edificações, valorização visual e ornamental do espaço
urbano e integração da vida urbana com o meio ambiente.
A vegetação auxilia no controle de ruídos, não tanto como com o caso das
sensações térmicas, mas “pode vir a ter uma eficiência razoável na atenuação do
ruído regular do tráfego” (Bartalini, 1986, p. 52), pois para ter resultados mais
eficientes, é necessária uma grande extensão de vegetação, no entanto, é possível
aliar a vegetação às variações topográficas “aproveitando-se ou criando-se desníveis
entre a fonte emissora e o receptor” (Bartalini, 1986, p. 52).
Sitte (1992, p. 167) destaca a relevância dos espaços livres na malha urbana,
pois “são essenciais para a saúde, mas não muito menos importantes para a êxtase
do espírito, que encontra repouso nessas paisagens naturais espalhadas no meio da
cidade. Sem recorrer à natureza, a natureza seria um calabouço fétido”. As áreas
verdes desempenham um papel importante na constituição das cidades, pois formam
um espaço no sistema urbano, no qual, suas condições ecológicas aproximam-se das
condições normais da natureza.
Outro papel significativo das áreas verdes é a preservação da fauna e da flora,
pois com o desenvolvimento dos centros urbanos houve modificações no habitat
natural, com isso muitas espécies foram extintas ou perderam seu ambiente natural.
Dessa forma, as áreas verdes urbanas podem funcionar como lar para a
biodiversidade, tantos das espécies animais, como das vegetais.
33

Em síntese, um bom plano não garante por si só um bom resultado, é


necessário a adequação de um todo, pois, segundo Bartalini (1986, p. 54) “um
desenho inadequado pode propiciar um uso inadequado e acabar destruindo valores
que o plano visava preservar”. Em outros casos, “a escolha imprópria dos materiais
ou das espécies vegetais pode comprometer os resultados esperados. Um bom
desempenho não significa o uso de formas prolixas, nem o uso de materiais
sofisticados, mas sempre leva em conta a adequação ao meio [...] e aos usuários”
Bartalini (1986, p. 54).
Segundo Bartalini, 1986, p. 54:

Um desenho inadequado pode propiciar um uso inadequado e acabar


destruindo valores que o plano visava preservar. Outras vezes a escolha
imprópria dos materiais ou das espécies vegetais pode comprometer os
resultados esperados. Um bom desempenho não significa o uso de formas
prolixas, nem o uso de materiais sofisticados, mas sempre leva em conta a
adequação ao meio (em sentido amplo) e aos usuários (BARTALINI, 1986, p.
54).

Portanto, para que todos os valores e benefícios sejam feitos visando a


população, a cidade e o meio ambiente, as áreas verdes a serem implantadas ou
revitalizadas na malha urbana devem ser bem planejadas, e no uso e pós ocupação
necessitam de segurança e manutenção, recebendo atenção especial, tanto do poder
público, como da população.

5.4 Percurso e Evolução Das Praças

As praças são espaços públicos livres de edificação e do tráfego de veículos,


que são inseridas nas cidades com a finalidade do lazer, convívio social, e buscando
trazer benefícios a qualidade de vida urbana. Segundo Dizero (2006), “a praça é um
local de grande valor histórico, cultural e de interação social sendo fundamental na
configuração urbana”.

O espaço público urbano praça, portador de símbolos, mítico, que congrega


o imaginário e o real, marco arquitetônico e local de ação, palco de
transformações históricas e sócio-culturais, é fundamental para a cidade e
seus cidadãos. Local de convívio social, por excelência, esse espaço
existente há milênios, utilizado por civilizações de distintas maneiras, jamais
deixou de exercer a sua mais importante função, a de integração e
sociabilidade da população de um município. (DIZERO, 2006, p. 07).
34

Segundo Caldeira (2007, p. 13), as praças constituíram um importante espaço


urbano, que “como espaço coletivo abrigou importantes acontecimentos da vida
cotidiana, estando atrelada aos diversos momentos de transformação das cidades”.
Da antiguidade à contemporaneidade, “as praças representam elementos-síntese da
organização urbana por constituírem lugares de manifestação e de culto, propícios à
interação social” (CALDEIRA, 2007, p. 13).

A cada transformação social a ideologia se renova e com ela as formas do


espaço. Mesmo a forma material não se alterando, a sua leitura se faz
distinta. Assim, no contexto da conceituação, ou daquilo que é percebido, da
simples descrição ou caracterização do que venha a ser praça, encontramos
um número muito grande de definições, muitas atreladas às questões
temporais, regionais e culturais (Font, 2003 apud Dizero, 2006, p. 14).

O primeiro espaço público urbano a ser visto como praça, originou-se na Grécia
antiga, materializado na figura de Ágora. “A ágora das antigas cidades gregas era o
espaço das assembleias sob céu aberto” (SITTE, 1992, p. 17), que era utilizada como
local onde aconteciam as tomadas de decisões, transmissões de ideias, culturas e
conhecimentos da época. Era um espaço público e livre de edificações, onde os povos
discutiam sobre suas vidas e da sociedade de forma geral, como religião, política e
comércio. Devido ao valor e importância desses espaços para a sociedade, esses
ambientes eram, realmente, bem planejados, bem frequentados e bem cuidados.
Conforme Martins (2018), a Ágora, de Atenas, era o espaço público mais
prestigiado da Grécia antiga (Figura 11), pois era onde concentravam-se todas as
atividades daquela época, destacando-se principalmente para fins comerciais,
religiosos, políticos e culturais, sendo considerada historicamente fundamental para o
crescimento urbano e democrático local.
35

Figura 11: Desenho esquemático da polis de Atenas no século V a.C.

Fonte: Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/ Acesso em: 16 de abril de 2021.

Segundo Caldeira (2007, p. 26):

Como espaço urbano, a Ágora constituiu a principal praça da civilização


grega [...] Essa praça era formada por um pátio aberto, circundado por
edifícios públicos e administrativos. Nela situavam-se o bouleuterium, uma
espécie de sala de conselho [...] e o prytaneum, a câmara privada dos chefes
oficiais[...]. Um dos lados era ocupado por uma construção em pórticos, a
Stoa, onde funcionava o mercado” (CALDEIRA, 2007, p. 26).

As atribuições da ágora inicialmente eram desenvolvidas na Acrópole, mas com o


crescimento da cidade e de suas atividades mudou-se para o centro ativo da polis,
assim, deixando a Acrópole apenas com funções cerimoniais.

Figura 12: Ágora ateniense

Fonte: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/ Acesso em: 16 de abril de 2021.

Os gregos constroem suas praças de mercado em quadrado, com colunatas


duplas e amplas, ornadas por colunas bem próximas entre si e arquitraves de
pedra ou mármore, dispondo galerias sobre a cobertura. Todavia, nas
cidades da Itália a praça do mercado não deve ser construída da mesma
maneira, pois é legado dos antepassados o costume de promover no fórum
36

os jogos de gladiadores. Por esta razão, devem-se construir no entorno do


palanque colunatas mais espaçadas, tendas para bilheteiros em torno das
galerias [...] cuja disposição deve levar em consideração tanto sua função
utilitária quanto os rendimentos daí provenientes para o Estado (VITRÚVIO
apud SITTE, 1992, p. 19)

O espaço público urbano visto como praça, na Roma, materializava-se na figura


de Fórum (Figura 13), localizava-se na parte sudeste da cidade, local onde acontecia
a vida pública da época, sendo o centro político, administrativo, econômico e religioso.
O Fórum Romano é construído segundo os mesmos princípios. Ainda que
aqui o fechamento do espaço seja de outra natureza, os edifícios são,
igualmente, construções monumentais públicas, e a desembocadura das
ruas é escassa, não prejudicando o fechamento do espaço, como um tipo de
salão de festas; da mesma maneira, aqui também os monumentos não são
dispostos no centro da praça, mas ao longo de sua borda. Em suma: o fórum
está para a cidade inteira assim como para a casa de família está o átrio, a
sala principal bem disposta e ricamente mobiliada (SITTE, 1992, p. 19-22).

Figura 13: Fórum Romano

Fonte: SITTE, 1992, p. 18

Segundo Tagliani (2017), na Idade Média as praças eram usadas para fins
macabros, como torturas, execuções e funerais, mas também era utilizada para
cerimonias de casamentos, comércio e ritos religiosos. Para De Angelis et al (2005),
era local de espetáculo, mercado, encontros políticos, mas também atribuído à
espetacularização do cotidiano da sociedade. Era o espaço público de maior
importância na época, pois era onde situava-se a praça mercado, local de troca e
serviços, com fortes funções de comércio e encontro social. Nesse período eram
utilizadas para impor autoridade e respeito, e tinham pouco tratamento estético,
trazendo apenas aspectos de construções vigorosamente fortificadas (Figura 14).
37

Figura 14: Modularidade da urbanização na idade média

Disponível em: https://www.blogdaarquitetura.com/ Acesso em: 17 de abril de 2021

Posteriormente, no período barroco (Figura 15) e renascentista (Figura 16), as


praças ganham um novo sentido. Com o surgimento de novos estilos de vida urbana,
elas moldam-se as concepções arquitetônicas, em suas perspectivas e proporções,
com tratamentos mais elaborados. O embelezamento desses espaços fazia relação
com o novo traçado urbano e sua função passou de ser apenas funcional, para
também ser social, artística, ambiental e contemplativa (TAGLIANI, 2017).
Segundo Delfante (1997, p. 128 apud PINTO, 2003, p. 50), determinados
autores julgam o urbanismo da renascença como uma evolução do urbanismo da
Idade Média, que transforma o movimento cultural e social desde o século XIV. É no
renascimento que a praça é considerada parte do planejamento urbano, como
elemento urbanístico (DE ANGELIS et al 2005).
No período barroco busca-se ambientes maiores e a integração desses
espaços com os edifícios. As praças serviam como molduras para os edifícios,
principalmente, as igrejas, levando em consideração o elemento da escala (PINTO,
2003).
A dessemelhança entre o renascimento e o barroco, é que ao mesmo tempo
que um valoriza a permanência e a imobilidade, o outro indica uma direção e dá
movimento, e na busca desse movimento é que são introduzidas as formas curvas na
modularidade de suas formas e elementos (MORRIS, 1992 apud PINTO, 2003, p.59).

Simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é apenas um


espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido
urbano. Sua importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua
participação continua na vida da cidade (ALEX, 2008, p. 23)
38

Figura 15: Piazza del Popolo - Praça do Povo (Roma – Itália)

Disponível em: https://optimaintercambio.com.br/ Acesso em: 17 de abril de 2021

Figura 16: Praça de São Pedro no Vaticano (Europa)

Disponível em: https://optimaintercambio.com.br/ Acesso em: 17 de abril de 2021

Na sociedade contemporânea, há o enfraquecimento da esfera pública em


função dos interesses do capitalismo global, para o qual interessa mais a
formação do consumidor que a do cidadão. Entretanto, em muitos casos, o
espaço público praça, mesmo diante da globalização, do abandono pelas
elites e até mesmo pelo poder público, continua sendo um espaço vital à
cidade e à cidadania (DIZERO, 2006, p. 6).

Com o crescimento urbano acelerado, a estrutura urbana passa a não suportar


a falta de planejamento das cidades. A partir disso, surge a necessidade de aprimorar
o uso das praças públicas, ou seja, reinventar-se a partir de novas ideias e visões da
época.

[...] no período do domínio do paisagismo moderno [...] dois paisagistas


causaram grande impacto, com abordagens distintas de projeto: Roberto
Burle Marx, do Brasil e lsamu Noguchi, nipo-americano. Burle Marx partia da
pintura e fazia uso exuberante da cor e da vegetação tropical, e Noguchi
usava a escultura como base para manipular o espaço ((ALEX, 2008, p. 106-
39

107)

Segundo Alex (2008), dois dos principais nomes relacionados a modernidade


é Roberto Burle Marx e lsamu Noguchi, que se destacaram com seus projetos e
formas de construções, acarretando em uma nova tendência.

A partir da década de 1940, sob forte influência de arquitetos paisagistas


modernos, como Roberto Burle Marx, Thomas Church e Garret Eckbo,
começam a aparecer os primeiros sinais de mudança na concepção dos
espaços livres da cidade brasileira, com a alteração de seu programa de uso,
parques e praças passam a englobar em seus programas o lazer ativo –
principalmente as atividades esportivas e a recreação infantil – seguindo o
exemplo dos jardins particulares, que deixaram de ser projetados como uma
moldura da edificação principal onde o morador contemplava a natureza para
serem planejados como uma área de lazer ativo, integrado a casa. Surgem,
então, nos jardins particulares e posteriormente nas áreas públicas,
equipamentos como quadras para a prática esportiva, brinquedos para a
recreação das crianças e churrasqueiras (ROBBA E MACEDO, 2002, p. 35).

“Com a inauguração da praça Roosevelt na área central de São Paulo, em


1970, formalizaram-se entre nós a ideia de praça moderna "planejada" e a influência
do paisagismo moderno americano no projeto do espaço livre público” (ALEX, 2008,
p. 123)

Figura 17: Praça Roosevelt 1967- 1970 (Croqui)

Disponível em: https://arquivo.arq.br/projetos/praca-roosevelt Acesso em: 18 de abril de 2021


40

Figura 18: Praça Roosevelt (Projeto Original)

Disponível em: https://arquivo.arq.br/projetos/praca-roosevelt Acesso em: 18 de abril de 2021

“As ideologias dominantes de planejamento – em especial, o modernismo –


deram baixa prioridade ao espaço público, às áreas de pedestre e ao papel do espaço
urbano como local de encontro dos moradores da cidade” (GEHL, 2013, p. 3). Então,
no período contemporâneo, o avanço da comunicação, “de influência crucial na vida
contemporânea [...] típicos da nossa era” (MEDEIROS, 1971, p. 216), é fator que
contribui para o surgimento de novas ideias e tendências, com os modelos
paisagísticos, visando sua estética e melhor aproveitamento dos espaços. “A
pluralidade do fim do século é expressa em projetos que transitam entre os mais
rígidos e formais traçados e a leveza de desenhos simples, passando por diversas
soluções que exploram possibilidades cênicas, simbólicas e escultóricas dos
elementos construídos e da vegetação” (ROBBA E MACEDO, 2002, p. 146). Apesar
de ter inúmeras características, a praça contemporânea não pode ser definida em
poucas palavras, pois nela compreende-se diversas possibilidades e conceitos que se
concretizam ao desejo do projetista, a partir do plano de necessidades, devido a
liberdade de expressão que são aceitas nesse estilo (Figura 19 e 20).
41

Figura 19: Praça Central Magok (Coréia do Sul)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 18 de abril de 2021

Figura 20: Praça Israels Plads (Copenhague - Dinamarca)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 18 de abril de 2021

No Brasil, as praças surgiram no entorno das igrejas, formando os primeiros


espaços públicos urbanos, que era constituído por igreja, prédios públicos de
importância, comércio e as casas mais luxuosas, sendo um local de convivência e um
elo entre a população e a comunidade religiosa das paróquias. Observa-se que a
igreja católica tem importante papel na constituição das praças brasileiras, e ainda
hoje, as mais antigas e principais praças das cidades tem no entorno uma igreja. Ao
longo da história urbana brasileira, as praças, desempenharam diferenciados papéis
diante da sociedade, como as praças cívicas, que representam símbolos da história
militar do país, onde muitas, inclusive, levam o nome de figuras que destacaram-se
na área militar, como exemplo as praças que recebem a nomenclatura de “Praça D.
Pedro II”.
Para Robba e Macedo (2002), “o surgimento da praça ajardinada é um marco
42

na história dos espaços livres urbanos brasileiros, pois altera a função da praça na
cidade”. Visto que, de forma expressiva, modificou o desenho urbano das cidades,
esse marco da história das praças não altera apenas a sua forma, mas também o uso
e a ocupação desses espaços.
Em função disso, é necessário uma boa gestão e planejamento para obter
maneiras eficazes de implantar soluções nas cidades, a fim de atingir os objetivos e
ter os resultados esperados com essas áreas, o que faz necessário projetos
urbanísticos e paisagísticos, voltados a atender a necessidades da população, que é
a parte mais importante desse projeto. Não basta apenas implanta-las no meio urbano
e abandona-las, tem que haver um cuidado também com o pós-ocupação, a fim de
trazer gestão e segurança pública. Assim, faz-se imprescindível o projeto de
requalificação voltado à praça Antônio Ângelo dos Santos, pois além de dar uma
ressignificância a esse espaço, permitirá as pessoas utilizarem um espaço público de
qualidade, tendo em vista os inúmeros benefícios que essa área conceberá a seus
usuários.

5.5 Requalificação Urbana e Paisagística

Com o desenvolvimento urbano crescente e o aumento da população, as


cidades deixam em segundo plano o urbanismo e o planejamento, “[...] enquanto
várias outras questões ganham mais força, como a acomodação do vertiginoso
aumento do tráfego de automóveis” (GEHL, 2013, p. 3), e a implantação de edifícios,
esquecendo-se da importância da qualidade de vida urbana que o planejamento da
cidade como um todo pode ocasionar. “Espaço limitado, obstáculos, ruído, poluição,
risco de acidentes e condições geralmente vergonhosas são comuns para os
habitantes, na maioria das cidades do mundo” (GEHL, 2013, p. 3).
Com o grande índice de urbanização nas últimas décadas, as cidades
esqueceram dos moradores que às habitam, sendo “uma característica comum de
quase todas as cidades – independentemente da localização, economia e grau de
desenvolvimento – é que as pessoas que ainda utilizam o espaço da cidade em
grande número são cada vez mais maltratadas” (GEHL, 2013, p. 3), pois muita das
vezes, tornam-se inseguras e sem qualidade de vida.
Nas últimas décadas, houve o aumento da consciência a respeito da
importância destes espaços e o prejuízo que a falta de planejamento urbano causava
no setor financeiro, social, cultural e, principalmente, ecológico. Dessa forma, as
43

ações que visam melhorar a qualidade das áreas urbanas começaram a ser pensadas
e surgem os termos como reabilitação, renovação, revitalização e requalificação
urbana, “para contribuir com a resolução de uma ampla série de problemas urbanos”
(TANSCHEIT, 2017).
Segundo Tanscheit (2017), esses termos muita das vezes são utilizados como
sinônimos, mas não tem exatamente a mesma definição. “Revitalização trata de
recuperar o espaço ou construção; renovação trata de substituir, reconstruir, portanto,
pode alterar o uso; requalificar dá uma nova função enquanto melhora o aspecto; e
a reabilitação trata de restaurar, mas sem mudar a função. Cada um desses
processos gera, portanto, resultados diferentes para a área urbana”.
Segundo o Decreto-Lei n.º 307/2009:

A reabilitação urbana assume-se hoje como uma componente indispensável


da política das cidades [...], na medida em que nela convergem os objectivos
de requalificação e revitalização das cidades, em particular das suas áreas
mais degradadas [...], procurando-se um funcionamento globalmente mais
harmonioso e sustentável das cidades (Decreto-Lei n.º 307/2009).

O decreto ainda diz que a área de reabilitação urbana é

[...] a área territorialmente delimitada que, em virtude da insuficiência,


degradação ou obsolescência [...], das infra-estruturas, dos equipamentos de
utilização colectiva e dos espaços urbanos e verdes de utilização colectiva,
designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez,
segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada,
podendo ser delimitada em instrumento próprio ou corresponder à área de
intervenção de um plano [...] de reabilitação urbana (DECRETO-LEI n.º
307/2009, p. 7958).

Segundo Brito (2003) a reabilitação:


“expressa e conjuga um conjunto de ações estratégicas de gestão urbana
que visa a requalificação das áreas onde atua, mediante intervenções
diversas destinadas a valorizar as potencialidades sócio-econômicas e
funcionais dessas áreas para melhorar as condições de vida das populações
residentes. Constitui-se, em síntese, em uma série de procedimentos,
apoiados em um tripé básico, qual seja, o da recuperação física, associado à
revitalização funcional urbana e à melhoria da gestão local (BRITO, 2003).

A renovação é uma estratégia de planejamento urbano que visa melhorar as


condições de determinados espaços das cidades, que tiveram a qualidade e a
eficiência desgastadas com o passar do tempo. É utilizada no que se refere à
44

transformação de áreas já existentes, com pouco ou nenhum uso, permitindo com que
se alinhe as novas necessidades. Como por exemplo, Paris, como demonstra a Figura
21, na foto aérea que mostra o tecido urbano com “rasgos” para ampliação do traçado
viário, preservação do espaço público e implantação de áreas verdes (LIMA, 2017).

Figura 21: Imagem aérea de Paris (França)

Disponível em: https://br.pinterest.com/ Acesso em 19 de abril de 2021

A revitalização urbana, na contramão dos princípios da renovação, trata da


recuperação, evidenciando o patrimônio e a reestruturação do espaço. Um exemplo
de revitalização de sucesso no meio urbano é o projeto do High Line em Nova Iorque
(Figura 22).

Figura 22: High Line Park (Nova Iorque)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 19 de abril de 2021.

Segundo Tardin (2010, p. 193) a requalificação urbana compreende:

[...] intervenções regeneradoras e constituem atuações sobre lugares


espacial e/ou funcionalmente obsoletos, ou dedicados a usos pouco
qualificadores, como os marcos históricos abandonados, os espaços livres
públicos degradados física e socialmente. Nesses projetos, a intenção é
propor a criação e/ou modelação formal, espacial e social desses espaços,
45

ao dotá-los de usos requalificadores, com a valorização da vivencia coletiva


e de uma estreita relação com seus entornos, como estruturas que possam
propiciar a permanência e o encontro [...] (TARDIN, 2010, p. 193)

Portanto, pode-se dizer que requalificação é uma intervenção urbana que tem
como objetivo recuperar áreas que foram esquecidas, degradadas ou não
preservadas.
Essas intervenções têm competência de melhorar a qualidade desses espaços
e, consequentemente, a qualidade de vida urbana, incluindo a condição dos
moradores e da própria cidade. O processo de requalificação afeta o ambiente da
intervenção, ao mesmo tempo que seu entorno e atrai novos usuários, uma vez que
a requalificação bem-sucedida estimula a população a usufruir o espaço.
46

6 ESTUDO DE PROJETOS CORRELATOS


6.1 Praça Nove de Julho - Catanduva – SP

A praça Nove de Julho (Figura 23), situada em Catanduva-SP, foi inaugurada


no ano de 2014, com uma área de 6.800m². O projeto de requalificação contou com a
participação da Arquiteta Rosa Grena Kliass e Barbieri + Gorski Arquitetos Associados
e é um marco para a cidade. Segundo a equipe de projeto ao site Archdaily,
originalmente, a área era composta apenas por uma praça, chamada São Domingos
e com o passar do tempo, uma de suas metades passou a atender funções cívicas,
memorando a Revolução Constitucionalista de 1932 e a outra metade passou a ter
seu uso associado à igreja da Matriz.

Figura 23: Praça Nove de Julho (Catanduva-SP)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

O projeto buscou atender as necessidades do espaço urbano público e para


isso adotou-se a metodologia da reformulação do espaço através da necessidade de
seus usos e funções, tanto reorganizando a circulação e o estacionamento veicular,
quanto as áreas do entorno e o espaço destinado aos pedestres.
No paisagismo, a arborização ganhou destaque (Figuras 24 e 25), pois foram
mantidas as árvores já existentes e houve a complementação através da implantação
de novas espécies. Na Praça Matriz (Figura 26), a prefeitura municipal de Catanduva
foi a responsável pela recuperação do espaço e da igreja. No projeto da praça
priorizou-se a acessibilidade, a vegetação original e a integração do equilíbrio entre o
estético e o ambiental, valorizando também características históricas através de um
componente simbólico, o Monsenhor Albino Alves da Cunha e Silva, um padre
47

catatuvense que fez parte da história da cidade, em uma estátua de bronze em escala
humana, sentado em um dos bancos da praça.

Figura 24: Cortes esquemáticos (Catanduva-SP)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Figura 25: Arborização

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Figura 26: Praça da Matriz (Catanduva-SP)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021


48

A Praça Nove de Julho (Figura 27) é uma referência simbólica para a cidade
de Catanduva, e recorda a Revolução Constitucionalista de 1932 através de duas
figuras ilustrativas - o monumento ao Soldado Constitucionalista (1958), do artista
plástico Oscar Valzacchi, e o Mural em baixo relevo (1982), do artista plástico Luis
Antonio Malheiros. Ambos foram reposicionados em locais da praça, onde são mais
valorizados (Figuras 28 e 29).

Figura 27: Praça Nove de Julho (Catanduva-SP)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Figura 28: Monumento ao Soldado Constitucionalista (1958)

Disponível em: http://www.catanduvacidadefeitico.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021


49

Figura 29: Mural em baixo relevo “A Despedida” ou “A Partida” (1982)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

A praça Nove de Julho é interligada a Praça da Matriz, onde a via de acesso


que cruza ambas foi elevada ao nível delas, fazendo com que as mesmas conectem-
se através do nível do piso. Nessa via, há uma edificação, localizada mais na direção
da Praça da Matriz, destinada a lojas de artesanato, sanitários, informações e
atividades, com o intuito de atender os usuários do local (Figura 30). O anfiteatro
encontra-se sobre a laje da cobertura, localizada em um setor destinado a celebração
da data Nove de Julho, juntamente com os monumentos simbólicos citados, e recebe
os cidadãos nas atividades festivas, culturais e cívicas.

Figura 30: Implantação Geral - Praça Nove de Julho e Praça da Matriz

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Adjunto à Rua Recife, importante acesso à praça pelos usuários do local,


localiza-se um ponto de ônibus, onde há uma significativa movimentação de pessoas.
Nessa região criou-se uma área de convivência, sob a sombra das árvores existentes
50

no local, e um conjunto de espelho d’água e cascatas (Figura 31 e 32) que se


encaixam no plano reverso das arquibancadas do anfiteatro.

Figura 31: Vertedouros de água

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Figura 32: Vertedouros de água

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 06 de maio de 2021

Esse projeto foi escolhido para fazer parte dos estudos correlatos por conta de
sua setorização e a forte presença paisagística no local, onde as espécies já
existentes foram mantidas em meio a intervenção projetual.

6.2 Praça Colina do Senhor do Bonfim – Salvador; Bahia


A praça Colina do Senhor do Bonfim (Figuras 33 e 34), situada em Salvador,
na Bahia, foi inaugurada no ano de 2019 e é composta pela união de três praças:
Praça Teodósio Rodrigues de Faria, Largo do Bonfim e Praça Euzébio de Matos,
totalizando uma área de 36.050m². O projeto de requalificação urbana e paisagística
51

foi desenvolvido pela equipe Sotero Arquitetos e realizado em uma área tombada pelo
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1983 e é
considerado um dos mais importantes pontos da cidade. Segundo a equipe de projeto
ao site Archdaily, sua configuração topográfica, com 22 metros de desnível, sugere
usos distintos em cada nível, concentrando na parte mais alta os usos destinados ao
caráter devocional e cultural do público, enquanto os pontos mais baixos são
destinados ao uso comercial, de serviço e lazer.

Figura 33: Praça Colina do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 34: Vista aérea da praça Colina do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

A fim de potencializar as características simbólicas da igreja, a intervenção


elevou-a perante as demais edificações, definindo através de setorização uma linha
imaginária que percorre a igreja e a praça em um traçado longitudinal e também
buscou-se valorizar a circulação de pedestres através da redefinição do sistema viário,
priorizando a acessibilidade. Expandindo a praça do Largo, de forma que ela seja um
52

seguimento das escadarias da basílica, criou-se uma sequência que indica a


importância dessa edificação diante das outras e destaca o conjunto arquitetônico
(Figuras 35 e 36).

Figura 35: Praça do Largo (Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 36: Basílica do Senhor do Bonfim (Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Através da requalificação urbana e paisagística desenvolvida pelo escritório


Sotero Arquitetos, nota-se a complexidade que o projeto compreende desde a
pequena à grande escala, nos detalhes e arranjo do mobiliário urbano à nova
disposição do traçado das vias e do paisagismo do local. O propósito do projeto foi a
valorização do uso do sítio em favor dos pedestres em relação aos automóveis, com
a redefinição da infraestrutura viária, valorização da acessibilidade e destaque dos
aspectos arquitetônicos e simbólicos.
53

Figura 37: Praça Euzébio de Matos(Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 38: Praça Euzébio de Matos(Salvador-Bahia)

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

No projeto de requalificação do espaço pode-se destacar ainda a capela da


água benta (Figura 39), capela das velas (Figura 40), espaço para celebração
campais, redefinição das áreas de convivência e permanência, como o chafariz
(Figura 41), palco, área de bares e restaurantes (Figura 42), novo estacionamento,
parque infantil (Figura 43), rampas de acessibilidade e redefinição das vias.
54

Figura 39: Capela da água benta

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 40: Capela das velas

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 41: Chafariz central da praça

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021


55

Figura 42: Área de bares e restaurantes

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Figura 43: Parque infantil

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Esse projeto foi escolhido para fazer parte dos estudos correlatos por conta de
sua setorização, as múltiplas possibilidades de uso, o paisagismo presente no local,
onde as espécies já existentes fizeram parte das escolhas projetuais, e a priorização
da acessibilidade presente em toda a implantação.

6.3 Praça San Michele – Cagliari; Itália


A renovação da praça San Michele (Figura 44), situada na cidade de Cagliari
na Itália, foi projetada pelo escritório VPS Architetti, no ano de 2017. Segundo a equipe
de projeto ao site Archdaily, a praça de San Michele, o principal espaço público em
uma das zonas centrais periféricas da cidade, foi inspirada nos principais elementos
geométricos e espaciais do local, a Via Abruzzi, que transpôs a área até a década de
1970; o eixo da igreja; e a forma oval da praça definido pelas posições das árvores já
56

existentes. As vias e os eixos que transpassam o espaço oval definem os acessos


principais, que norteiam a disposição das árvores que formam o limite da praça.

Figura 44: Piazza San Michele

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

O espaço oval afunila em frente à igreja com diversas paredes levemente


curvas, que definem a relação entre a igreja, a praça e o espaço externo. A área verde
é ligeiramente inclinada na direção da praça, delimitando-a. Os canteiros (Figura 45)
seguem a modularidade oval em diferentes tamanhos, assim como o gramado, que
junto aos assentos e bancos, constituem um conjunto articulado de caminhos que é
voltado ao uso de contemplação e relaxamento à sombra das árvores, que prioriza os
pedestres e impede o acesso de veículos.

Figura 45: Canteiros

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

O conjunto de assentos e bancos (Figura 46) foram compostos de pedras


artificiais de cimento e agregados obtidos pela trituração dos resíduos de calcário
utilizados na superfície pavimentada. Os materiais e a forma na qual foram feitos os
57

bancos e assentos no perímetro da praça visam suportar as ações de vandalismo e


minimizar a manutenção.

Figura 46: Bancos e Assentos

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

A iluminação escolhida, realça as características gerais do projeto. No contorno


da praça há uma linha de postes de 8,2 metros de altura que garante a iluminação
geral, enquanto os caminhos e áreas verdes são iluminados por luminárias de 80 cm
de altura (Figura 47).
Figura 47: Iluminação dos postes e luminárias

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ Acesso em: 09 de maio de 2021

Por decorrência, tem-se um projeto vigorosamente caracterizado que agrega


diversos elementos que definem a praça. A praça San Michele já foi considerada
símbolo de degradação física e social do bairro no qual está inserida. No entanto,
atualmente, tornou-se local de referência e qualidade, reforçando através da
requalificação seu programa de uso e a sensação de pertencimento de seus usuários.
Esse projeto foi escolhido para fazer parte dos estudos correlatos por ser um
projeto que prioriza a forma natural já existente e se molda a partir disso, ou seja, a
58

modularidade do seu desenho de piso e disposição de acentos e canteiros, se


adequam a realidade das espécies já existentes naquele local.

7 ÁREA DE INTERVENÇÃO
7.1 A Cidade de Lins

Segundo dados da Enciclopédia dos municípios brasileiros (1957), do Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de Lins originou-se do
cruzamento de uma trilha de índios coroados e a estrada de ferro noroeste do Brasil.
O povoado possuiu diversos nomes, como Douradinho e posteriormente Campestre,
por conta do córrego denominado dessas formas, como também Santo Antônio do
Campestre, Albuquerque Lins, até chegar em sua atual denominação “Lins”, por efeito
da Lei Estadual nº2 182-A, de 29 de dezembro de 1926.
O município de Lins (Figuras 48, 49 e 50) fica localizado na região centro-oeste
do estado de São Paulo, a uma latitude 21º40'43" sul e longitude 49º44'33" oeste, a
uma distância de aproximadamente 430 quilômetros da capital do estado, com área
territorial de 570,058 km² e 78.503 habitantes, segundo o estudo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, no ano de 2020.

Figura 48: Localização da cidade de Lins no estado de São Paulo

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/ Acesso em: 10 de maio de 2021


59

Figura 49: Base cartográfica de Lins-SP

Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pela prefeitura municipal de Lins.

Figura 50: Vista aérea da cidade de Lins-SP

Fonte: https://www.lins.sp.gov.br/ Acesso em: 16 de maio de 2021

Segundo dados do Weather Spark (2021), Lins é caracterizada por uma


precipitação quente, abafada e de céu quase encoberto e a estação seca é morna e
de céu quase sem nuvens. Durante o ano, geralmente, as temperaturas variam de
16°C a 31°C e raramente é inferior a 12°C ou superior a 35°C. A estação quente dura
7 meses, de 3 de setembro à 3 de abril, com a máxima média acima de 30ºC e a
estação fresca dura 2,2 meses, de 15 de maio à 22 de julho, com máxima média
abaixo de 27ºC (Figuras 51 e 52).
60

Figura 51: Temperaturas máximas e mínimas médias em Lins-SP

Disponível em: https://pt.weatherspark.com Acesso em: 16 de maio de 2021

Figura 52: Temperatura média horária em Lins-SP

Disponível em: https://pt.weatherspark.com Acesso em: 16 de maio de 2021

A predominância dos ventos tem direção Leste, durante todo o ano (Figuras 53
e 54) e a velocidade média passa por pequenas variações ao longo do ano,
dependendo da estação em que encontra-se e a topografia do local. A época de mais
ventos dura 4,5 meses, de 8 de julho à 25 de novembro, tendo a velocidade média de
mais de 12 quilômetros por hora, enquanto a época de mais calma do ano dura 7,5
meses, de 25 de novembro à 8 de julho.
61

Figura 53: Direção do vento em Lins-SP

Disponível em: https://pt.weatherspark.com Acesso em: 16 de maio de 2021

Figura 54: Velocidade do vento média horária em Lins-SP

Disponível em: https://pt.weatherspark.com Acesso em: 16 de maio de 2021

A cidade é abrigo de diversas empresas da área industrial e de usinaria, tendo


influência também na agricultura, com foco no plantio de cana de açúcar, que dessa
forma gera empregos para a população local e dos municípios adjacentes.
Considerado Lins um município em desenvolvimento, deve-se planejar o espaço
urbano de forma a atender a demanda de qualidade de vida pública através dos
espaços livres, sistemas de lazer e áreas verdes dispostos pela cidade, como é o caso
das praças, que através de requalificação são capazes de atender a população
linense com lazer, interação social, atividades físicas e culturais, entre outros aspectos
positivos que as mesmas podem propiciar para a vida de seus usuários.
62

7.2 Praças da cidade de Lins

Existem diversas praças na malha urbana de Lins-SP. No total são 189


dispostas pela cidade e catalogadas pelo órgão municipal responsável, a Secretaria
de Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade (SAMAS). Na tabela 1 é possível
verificar a distribuição das praças, de acordo com o bairro.

Tabela 1: Relação da distribuição de


praças no município de Lins
Bairros Quantidade

Bairro Recanto Dourado II 9

Bairro São João 1

Bellagio 13

Bom Viver IV 2

Centro 14

Conj. Hab. Fransc. José de Oliveira 2

Guapiranga 1

Jardim Aeroporto 2

Jardim Americano 6

Jardim Arapuã 1

Jardim Ariano 6

Jardim Bela Vista 2

Jardim Bom Viver I 3

Jardim Bom Viver II 2

Jardim Campestre 3

Jardim Guanabara 2

Jardim Linense 3

Jardim Pinheiro 2

Jardim Primavera 3

Jardim Santa Maria 1

Jardim Santos Dumont 3

Jardim Santuário Fátima 1

Jardim São Francisco da Boa Vista 1

Jardim Tangara 2

Jardim Tropical 1
63

Jardim União 1

Junqueira 5

Lins V 5

Lins VI 1

Monsenhor Luiz Gonzaga Pasetto 5

Novo Milênio 2

Parque Alto da Boa Vista 4

Parque Alto de Fátima 2

Parque dos Trabalhadores 3

Paulo Freire 2

Rebouças 2

Residencial Beatriz 1

Residencial Bom Recreio 2

Residencial dos Comerciantes 1

Residencial Flamboyant 7

Residencial Florestan Fernandes 2

Residencial Fortaleza 3

Residencial Henrique Bertin 2

Residencial Himalaia 3

Residencial Levino do Nascimento 2

Residencial Lucy Antunes 2

Residencial Morumbi 3

Residencial Parque das Flores 3

Residencial Real Parque 4

Residencial Santa Lucia 3

Residencial São Francisco 1

Residencial Ulysses Guimarães 5

Residencial Ventura 1

São Benedito 1

Teissuke Kumassaka 2

Vila Alta 3

Vila Cinquentenário 1

Vila Clélia 2
64

Vila Irmãos Andrade 2

Vila Militar 1

Vila Paulista 1

Vila Ribeiro 1

Vila Santa Terezinha 1

Xingu 4

Sem determinação do bairro 7

Total 189

Fonte: Elaborado pela autora através da tabela de praças disponibilizada pela Secretária de
Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade (SAMAS), 2021

Observa-se que existe um número significativo de praças no tecido urbano, no


entanto, as mesmas apresentam problemas na infraestrutura, iluminação,
arborização, equipamentos, mobiliários urbanos, segurança, entre outros, que inibem
ou impedem a utilização por parte da população. Além disso, alguns desses espaços
catalogados pela Secretária de Agropecuária, Meio Ambiente e Sustentabilidade
(SAMAS) nos documentos de identificação, encontram-se como inexistentes, pois não
apresentam nenhum equipamento ou mobiliário instalado no espaço ou até mesmo a
informação da catalogação não coincide com a localização na cidade. Nota-se, por
exemplo, que o registro disponibiliza a presença de 189 praças distribuídas pela malha
urbana, porém 7 delas encontram-se com informações inconclusivas, impossibilitando
a sua localização.

7.3 Localização da Área de Estudo

A praça Antônio Ângelo dos Santos, localiza-se na cidade de Lins-SP, no bairro


Parque Alto da Boa Vista, situada entre a rua Domingo Barbosa Aguiar, rua Marcolino
Machado e rua Graça Aranha (Figura 55), apresentando uma área de
aproximadamente 6.090,00m².
65

Figura 55: Localização da praça na malha urbana de Lins-SP

Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pela prefeitura municipal de Lins,
2021

O bairro Parque Alto da Boa Vista é uma área predominantemente residencial


(Figura 56), porém apresenta também alguns pontos comerciais e institucionais.

Figura 56: Vista aérea da localização da praça

Fonte: Banco de dados da FPTE (Fundação Paulista de Tecnologia e Educação de Lins), 2021
66

Figura 57: Vista aérea da praça

Fonte: Banco de dados da FPTE (Fundação Paulista de Tecnologia e Educação de Lins), 2021

7.4 História do Local

A praça Antônio Ângelo dos Santos foi inaugurada no ano de 1990, pela
Prefeitura Municipal de Lins e sua denominação deve-se a homenagem ao Sr. Antônio
Ângelo dos Santos, um morador linense muito influente da época, que foi responsável
pelos primeiros cuidados desse espaço.
Segundo os moradores mais antigos do local, inicialmente a área era apenas
um espaço aberto com solo de terra e livre de volumes,. Através da iniciativa do Sr.
Antônio, começaram os primeiros cultivos e cuidados de espécies arbóreas, fazendo
com que mais tarde o poder público reconhecesse a área como praça e instalasse no
local os equipamentos de recreação para a população, homenageando através da
denominação esse morador que foi o responsável pelo surgimento do espaço.
Após a intervenção e as instalações realizadas pela Prefeitura Municipal de
Lins, a praça passou a ser frequentada, tanto por moradores locais como também por
moradores do entorno, que buscavam a interação social e a recreação que o local e
seus equipamentos proporcionavam. A praça foi um local receptivo e aconchegante
por anos, sendo cheio de vida e festividades, onde sob a influência do Sr. Antônio,
outros moradores também começaram a plantar espécies frutíferas e florais, adotando
o local como ponto de comemorações em datas festivas, como por exemplo, o dia das
crianças (Figura 58).
67

Figura 58: Comemoração do dia das crianças

Fonte: Paulo Meyer, 2021

Outro morador, chamado Paulo Meyer, dono de um estabelecimento localizado


em frente à praça, junto de outros moradores locais, reuniram-se com a finalidade de
construir um quiosque, onde os mesmos faziam a utilização para atividades de lazer
e convivência, local este que era utilizado para jogos de cartas e tabuleiros (Figura
59).

Figura 59: Jogo de cartas pelos moradores no quiosque

Fonte: Paulo Meyer, 2021

Houve a implantação de um campo de malha (Figura 60), um tradicional


esporte que se popularizou no Brasil e é disputado com o lançamento de discos em
direção a pinos, praticado principalmente por homens da 3ª idade. Porém, com o
passar dos anos, o vandalismo, o abandono pelo poder público e o desuso por parte
dos moradores, fez com que a praça ficasse em estado de abandono e sem nenhuma
utilização, como encontra-se atualmente (Figura 61).
68

Figura 60: Campo do jogo de malha

Fonte: Paulo Meyer, 2021

Figura 61: Campo do jogo de malha em abandono

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Pode-se notar através de imagens registradas nos anos de 2011 e 2021, que em
2011 a praça já estava em estado de abandono e com seus mobiliários depredados,
deteriorados ou inexistentes, porém a limpeza e manutenção de podas e roçadas
encontravam-se em dia, assim como o calçamento em bom estado de conservação.
O que é bem diferente da atualidade, pois o calçamento está todo quebrado,
impossibilitando a passagem segura no local e até mesmo, tornando-a uma praça sem
acessibilidade, pois ainda que exista a presença de rampas acessíveis, o estado da
calçada impede o acesso, ou por suas rachaduras e desníveis ou pelas espécies
vegetais bem no centro das calçadas. (Figuras de 62 a 82):
69

Figura 62: Campo de futebol

Fonte: Google maps, street view, 2011

Figura 63: Campo de futebol

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 64: Zona sul da praça

Fonte: Google maps, street view, 2011


70

Figura 65: Zona sul da praça

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 66: Parte da zona leste da praça

Fonte: Google maps, street view, 2011

Figura 67: Parte da zona leste da praça reformada por moradores

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


71

Figura 68: Vista do parquinho com brinquedos deteriorados

Fonte: Google maps, street view, 2011

Figura 69: Área onde era instalado o parquinho

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 70: Parte da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


72

Figura 71: Parte da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 72: Parte da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 73: Parte da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


73

Figura 74: Centro da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 75: Centro da praça na atualidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 76: Rampa de acessibilidade instalada na zona oeste da praça

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


74

Figura 77: Parte da calçada quebrada

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 78: Parte da calçada quebrada

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 79: Torneira improvisada com vazamento constante

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


75

Figura 80: Parte da calçada quebrada e rampa íngrime

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 81: Banco deteriorizado e depredado

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 82: Banco deteriorizado e depredado

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Após analise do local, é possivel ver as condições no qual encontra-se essa


praça, nota-se também a necessidade de um projeto de requalificação pelo seu
estado de abandono e depredação.

7.5 Estudo do Entorno

É possível observar no mapa de uso e ocupação do solo do entorno da área


escolhida para o projeto, com raio de 500 metros, que a área é predominantemente
residencial, com ocupação considerável de comércio, serviços, uso misto, onde o lote
76

residencial também compreende um pequeno comércio, sistemas verdes, praças


públicas e institucionais, como escola, batalhão policial, posto de saúde e igrejas
(Figura 83).

Figura 83: Mapa de uso e ocupação do solo – raio de 500 metros

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

No mapa de estudo de cheios e vazios, nota-se que a morfologia urbana denota


um tecido urbano consolidado claramente na forma de quadras e a relação de espaços
ocupados e espaços não ocupados é balanceada. Além da área da praça Antônio
Ângelo dos Santos, há outros vazios que constituem praças, áreas de lazer e sistemas
verdes, além de todo o sistema viário e áreas não construídas nos lotes (Figura 84).
77

Figura 84: Mapa de cheios e vazios – raio de 500 metros

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

O estudo de vias mostra que a praça é contornada por duas vias locais e uma
via coletora, que é uma conexão para duas importantes avenidas da cidade, a Avenida
Nicolau Zarvos e Avenida Deolinda Maria de Lima. No entorno encontram-se também
outras vias coletoras que conectam as duas avenidas citadas, além de muitas vias
locais (Figura 85).
78

Figura 85: Mapa de vias - raio de 500 metros

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


79

8 PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO

8.1 Estudo Preliminar


Após a realização de estudos teóricos sobre praças públicas, o programa de
necessidades relacionado a esse tipo de espaço, os equipamentos necessários para
atender a funcionalidade e conforto, além do perfil da população que usufrui do local,
foi realizada uma etapa projetual, onde será desenvolveu-se a requalificação da praça
Antônio Ângelo dos Santos no município de Lins, no interior do Estado de São Paulo,
visando atender as necessidades de seus usuários, assim como as diretrizes
estudadas anteriormente.

8.2 Partido Arquitetônico


Para a concepção deste projeto, foi utilizado o conceito de praça verde, com
espaço para esporte, lazer e contemplação, respeitando a funcionalidade,
acessibilidade e conforto dos usuários, voltada a um público que necessita de espaço
verde de lazer.
Projeto desenvolvido a partir das necessidades de seus usuários, levando em
consideração o conforto e acessibilidade, utilizando como partido arquitetônico a
topografia, forma do terreno e a vegetação existente no local.

8.3 Desenvolvimento do projeto

8.3.1 Topografia do Terreno


Pode-se observar na figura 86, que o terreno escolhido apresenta 8 metros de
desnível em sua topografia natural, um valor considerável em relação ao seu tamanho.
80

Figura 86: Topografia natural da praça

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Porém, em sua configuração a região sul e oeste da praça (cota 439 a 443)
recebeu um corte e estão niveladas na cota 440, por conta da presença de um campo
de futebol improvisado que faz parte da configuração atual da praça, formando taludes
em seu entorno.
Sendo assim, será mantida essa configuração de nivelamento para a
implantação de duas quadras poliesportivas, aproveitando os desníveis no meio do
terreno para uma escadaria que servirá para passagem e permanência, como uma
forma de arquibancada para as quadras, aproveitando a configuração topográfica
gerada pelo corte no terreno, não havendo a necessidade de mais cortes ou aterros,
pois a implantação será realizada aproveitando e respeitando os demais desníveis.

8.3.2 Vegetação Existente


O terreno da praça escolhida possui vegetação no local, sendo assim, na
elaboração do projeto foi mantida as espécies e implantado novos tipos de vegetação.
As espécies presentes no local, anteriormente a elaboração do projeto, está
apresentada de acordo com a figura 87.
81

Figura 87: Vegetação presente na praça

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Este tipo de vegetação (Figura 88 a 99) é comumente encontrada nas praças


de toda a cidade, e são escolhidas especialmente por serem de fácil cuidado e
tolerante ao clima predominante da região de Lins. Elas variam entre arbustos, árvores
de pequeno, médio e grande porte.

Figura 88: Leucena

Fonte: Disponível em:


<https://www.biologiadapaisagem.com.br/biodiversidade/publicacao/523247/leucaena-leucocephala-
leucena>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.
82

Figura 89: Amendoeira da Praia

Fonte: Disponível em: <https://onlinequadros.com.br/cruzverde/imagem/quadros-


natureza/amendoeira-da-praia/10102>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 90: Farinha seca

Fonte: Disponível em: <https://vertflora.com.br/produto/farinha-seca>. Acesso em: 19 de Outubro de


2021.

Figura 91: Árvore da China

Fonte: Disponível em: <https://www.sitiodamata.com.br/arvore-da-china-koelreuteria-bipinnata>.


Acesso em: 19 de Outubro de 2021.
83

Figura 92: Monguba

Fonte: Disponível em: < https://sobasombradasarvores.wordpress.com/pau-brasil/monguba-pachira-


aquatica/>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 93: Oiti

Fonte: Disponível em: <https://www.sitiodamata.com.br/oiti-licania-tomentosa>. Acesso em: 19 de


Outubro de 2021.

Figura 94: Palmeira real

Fonte: Disponível em: <https://safarigarden.commercesuite.com.br/muda-da-palmeira-imperial-


roystonea-oleracea>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.
84

Figura 95: Mangueira

Fonte: Disponível em: <https://mapio.net/pic/p-57304670/>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 96: Calabura

Fonte: Disponível em: <https://algarsementes.blogs.sapo.pt/a-calabura-muntingia-calabura-sementes-


40110>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 97: Amoreira

Fonte: Disponível em: <https://coastlinesurfsystem.com/jardim-e-jardim/tesouro-vivo-de-elementos-


uteis-amoreira/>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.
85

Figura 98: Goiabeira

Fonte: Disponível em: <http://www.rogerioribeiro.ecn.br/2019/04/o-pe-de-goiaba>. Acesso em: 19 de


Outubro de 2021.

Figura 99: Cajueiro

Fonte: Disponível em: <http://www.cmv.it/fr/cmv/maputo/a-historia-do-cajueiro>. Acesso em: 19 de


Outubro de 2021.

8.3.3 Vegetação Implantada


As vegetações implantadas no projeto apresentam-se na figura 100, escolhidas
de acordo com o clima local, a facilidade de cuidados e volumetria que as mesma
trazem ao visual da praça (Figuras 101 a 107).
Figura 100: Vegetação Implantada no projeto

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


86

Figura 101: Flamboyant

Fonte: Disponível em: <https://www.plantei.com.br/muda-de-flamboyant-feita-de-semente>. Acesso


em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 102: Aroeira

Fonte: Disponível em: <https://sites.unipampa.edu.br/programaarborizacao/aroeira-vermelha/>.


Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 103: Quaresmeira

Fonte: Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Tibouchina_granulosa>. Acesso em: 19 de


Outubro de 2021.
87

Figura 104: Cróton

Fonte: Disponível em: <http://safarigarden.commercesuite.com.br/muda-de-croton-arbusto-colorido>.


Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 105: Hera

Fonte: Disponível em: < https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-


Jardim/Paisagismo/noticia/2017/09/miniaturas-infaliveis.html>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.
88

Figura 106: Lambari roxo

Fonte: Disponível em: < https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-


Jardim/Paisagismo/noticia/2017/09/miniaturas-infaliveis.html>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Figura 107: Costela-de-Adão

Fonte: Disponível em: <https://minhasplantas.com.br/plantas/costela-de-adao/imagem/710/>. Acesso


em: 19 de Outubro de 2021.

8.3.4 Materiais Construtivos


Na proposta do projeto de requalificação, foi utilizado pisos que visam a
permeabilidade do solo para auxiliar na absorção de água das chuvas. Um dos pisos
utilizados na praça foi o piso intertravado drenante, visando a permeabilidade nos
caminhos destinados a pedestres (Figura 88).
89

Figura 108: Piso Intertravado drenante

Fonte: Disponível em: <https://lajlucas.com.br/piso-drenante-ou-permeavel-a-solucao-sustentavel-


para-sua-obra/>. Acesso em: 02 de Setembro de 2021.

O concreto aparente (figura 109) foi utilizado na área da escadaria e no


entorno dos canteiros das vegetações como forma de delimitar o espaço através
dessa barreira.

Figura 109: Concreto aparente

Fonte: Disponível em: <https://masseiraplastica.com.br/como-fazer-tratamento-de-concreto-


aparente/>. Acesso em: 19 de Outubro de 2021.

Para a concepção das quadras poliesportivas adotou-se para o piso a base


de concreto com pintura acrílica (Figura 110).

Figura 110: Detalhe do Piso Cimentado.

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


90

8.4 Projeto
8.4.1 Implantação

Na figura 111, observa-se a implantação geral da proposta de projeto para a


praça de estudo. Nas figuras de 112 a 116, encontra-se diagramas esquemáticos de
arborização, permeabilidade, equipamentos urbanos, fluxos e iluminação, seguidas
pelos cortes esquemáticos da proposta de projeto na área de estudo (Figuras 117 a
119).

Figura 111: Implantação Geral

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


91

8.4.2 Diagrama de Arborização

Figura 112: Diagrama de Arborização

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

8.4.3 Diagrama de Permeabilidade

Figura 113: Diagrama de permeabilidade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


92

8.4.4 Diagrama de Equipamentos

Figura 114: Diagrama de Equipamentos

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

8.4.5 Diagrama de Fluxos

Figura 115: Diagrama de Fluxos

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


93

8.4.6 Diagrama de iluminação

Figura 116: Diagrama de iluminação

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

8.4.7 Cortes esquemáticos


Figura 117: Corte AA

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 118: Corte BB

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


94

Figura 119: Corte CC

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

8.4.8 Perspectivas

Nas figuras de 120 a 134 apresentam-se as imagens das perspectivas artísticas


elaboradas através de maquete eletrônica.

Figura 120: Perspectiva artística da escadaria e playground

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


95

Figura 121: Perspectiva artística do playground

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 122: Perspectiva artística do playground

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


96

Figura 123: Perspectiva artística interna do playground

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 124: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


97

Figura 125: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 126: Perspectiva artística da área de contemplação e convívio social

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


98

Figura 127: Perspectiva artística da parte superior da praça

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 128: Perspectiva artística das quadras poliesportivas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


99

Figura 129: Perspectiva artística das quadras poliesportivas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 130: Perspectiva artística das quadras poliesportivas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


100

Figura 131: Perspectiva artística das quadras poliesportivas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 132: Perspectiva artística do caminho entre as quadras poliesportivas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


101

Figura 133: Perspectiva artística do interior da quadra poliesportiva

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

Figura 134: Perspectiva artística do interior da quadra poliesportiva

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


102

9 RESULTADOS ESPERADOS

Os resultados esperados diante da proposta de projeto para a praça Antônio


Ângelo dos Santos são de reativar esse espaço público através da requalificação
urbana e paisagística, com a renovação do espaço e a implantação de um novo
sistema de programa de uso. Sendo assim, um dos principais pontos tratados foi a
melhoria do funcionamento, na questão da recuperação do mobiliário urbano,
iluminação e paisagismo, a implantação de novos equipamentos recreativos e a
criação de novos espaços de esporte, lazer e convívio.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a constituição das cidades até os dias atuais, observa-se a importância


do contato do ser humano com a natureza para sua qualidade de vida. Através desse
trabalho foi possível compreender que essa é uma questão fundamental na
concepção de projetos arquitetônicos, urbanos e paisagísticos, assunto que deve ser
pensado e bordado tanto por profissionais, como também pelas autoridades públicas
e os próprios cidadãos. Tendo em vista que todo espaço da cidade deve ser pensado,
cuidado e respeitado.

A cidade de Lins-SP, assim como todas as cidades, conta com espaços vazios
e em situações de abandono. Este projeto de requalificação paisagística propõe um
espaço de qualidade para a população, assim como forma de celebrar a figura ilustre
que deu início a concepção desse espaço, o senhor Antônio Ângelo Dos Santos, o
objetivo é atrair novos usuários, incentivar as práticas esportivas, a recreação e a
socialização, tendo como consequência um espaço de qualidade que propicie
qualidade de vida a seus usuários.
103

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEX, S. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050, Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT,
2015.

BARTALINI, V. Áreas verdes e espaço livres urbanos. Paisagem e Ambiente, (1-2),


p. 49-56, 1986.

BRITO, Marcelo. Pressupostos da reabilitação urbana de sítios históricos no


contexto brasileiro. Arquitextos, São Paulo, ano 03, n. 033.01, Vitruvius, fev. 2003
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.033/705>.

BRASIL. Artigo 3 da Lei nº 12.651 de 25 de Maio de 2012. Código Florestal.


Disponível em <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26442286/artigo-3-da-lei-n-
12651-de-25-de-maio-de-2012> Acesso em: 11 de março de 2021.

BRASIL. Resolução CONAMA nº. 369/2006. Ministério do Meio


Ambiente. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=489 >. Acesso em: 11
março. 2021.

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participacao-da-populacao> ISSN 0719-8906
Mapa de estudo de uso e ocupação do solo, raio de 500 metros da praça de estudo. Mapa de estudo de cheios e vazios, raio de 500 metros da praça de estudo. Mapa de estudo de vias, raio de 500 metros da praça de estudo.

Praça do estudo Uso misto (residência e comércio/serviço) Praça do estudo


Sistemas verdes/praças públicas Institucional (igreja/escola/posto de saúde/batalhão policial) Praça do estudo Vias locais
Residência Terreno vago Cheios Vias coletoras
Comércio/serviços Vazios Vias arteriais

Escala 1:5000 Escala 1:5000 Escala 1:5000

Imagem aérea da praça de estudo e seu entorno. Imagens da praça de estudo.

Sem escala Fonte: Banco de dados da FPTE Fonte: Google Street View

KARLA DANIELLI DA SILVA REIS PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA:


ORIENTADORA: PROFª ME. KARINA ANDRADE MATTOS PRAÇA ANTÔNIO DOS SANTOS. LINS-SP.
ESTUDO DO ENTORNO
1/7
Escala 1:200

KARLA DANIELLI DA SILVA REIS PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA:


ORIENTADORA: PROFª ME. KARINA ANDRADE MATTOS PRAÇA ANTÔNIO DOS SANTOS. LINS-SP.
IMPLANTAÇÃO 2/7
TABELA DE VEGETAÇÃO
Simbologia Nome Científico Nome Popular Altura Tipo

Leucaena leucocephala Árvore Leguminosa Perene


Leucena 20 a 30 M

Terminalia catappa Amendoeira da Praia 12 a 35 M Árvore Ornamental

Albizia niopoides Farinha Seca 10 a 20 M Árvore Ornamental

Koelreuteria Bipinnata Árvore da China 6 a 17 M Árvore Ornamental

Vegetação Existente no Local


Pachira aquatica Monguba 6 a 18 M Árvore Tropical

Licania tomentosa Oiti 8 a 20 M Árvore Perenifólia

Archontophoenix cunninghamiana Palmeira Real 18 a 45 M Palmeira

Mangifera indica Mangueira 3 a 20 M Árvore Frutífera

Muntingia calabura Calabura 7 a 12 M Árvore Frutífera

Morus alba Amoreira 4a5M Árvore Frutífera

Escala 1:200 Goiabeira 3a7M Árvore Frutífera


Psidium guajava

Anacardium occidentale Cajueiro 5 a 10 M Árvore Frutífera

Dilonix Regia Flamboyant 10 a 12 M Árvore Ornamental

Schinus Terebinthifolia Aroeira 5 a 10 M Árvore Perenifólia

Vegetação Implantada no Projeto


Tibouchina Granulosa Quaresmeira 8 a 12 M Árvore Ornamental

Codiaeum variegatum Cróton 1a3M Arbusto

Hedera Helix Hera 0,9 a 12 M Forração

Perspectiva artistíca da vegetação Perspectiva artistíca da vegetação Perspectiva artistíca da vegetação


Tradescantia zebrina Lambari 0,3 a 0,4 M Forração

Monstera deliciosa Costela-de-Adão 0,6 a 3 M Arbusto

Karla Danielli da Silva Reis Projeto de Requalificação Paisagística:


Orientadora: Profª Me. Karina Andrade Mattos Praça Antônio dos Santos. Lins-SP.
PAISAGISMO 3/7
2.00 2.00
2.00

0.3

2.15

GRAMA ESMERALDA AREIA

0.20

Acabamento com pintura acrílica.


0.15
Argamassa de cimento e areia (2 cm).

Concreto (8 cm) aplicado numa


área dividida por sarrafos em
0.15 quadrados de 2x2 metros.

Lastro de pedra (5 cm).


PISO DE CONCRETO

LAMBARI ROXO

0.15

PISO INTERTRAVADO DRENANTE HERA

Planta de Piso
Escala 1:250

Perspectiva artistíca do piso da quadra poliesportiva


Perspectiva artistíca do piso de concreto aparente e piso intertravado drenante

Perspectiva artistíca do piso de areia do playground Perspectiva artistíca do piso da quadra poliesportiva

KARLA DANIELLI DA SILVA REIS PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA:


ORIENTADORA: PROFª ME. KARINA ANDRADE MATTOS PRAÇA ANTÔNIO DOS SANTOS. LINS-SP.
PLANTA DE PISO 4/7
Escala 1:200

Diagrama 1 - Arborização Diagrama 2 - Permeabilidade Diagrama 3 - Iluminação Diagrama 4 - Equipamentos Diagrama 5 - Fluxos

Grande Porte Poste 8 metros

Médio Porte Área 100% permeável gramado Poste 4 metros Banco Postes de 8 metros Automóvel

Pequeno Porte Área 100% permeável piso drenante Holofote Bebedouro Postes de 4 metros Pedestre

Palmeira Área não permeável Ponto de Luz no Chão Lixeira de recicláveis Pontos de luz no chão Sentido da escadaria

Sem escala Sem escala Sem escala Sem escala Sem escala

KARLA DANIELLI DA SILVA REIS PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA: DIAGRAMA


ORIENTADORA: PROFª ME. KARINA ANDRADE MATTOS PRAÇA ANTÔNIO DOS SANTOS. LINS-SP. ESQUEMÁTICO 5/7
B C
A

C B

Sem escala

Corte AA
Escala 1:200

Corte BB
Escala 1:200

Corte CC
Escala 1:200

KARLA DANIELLI DA SILVA REIS PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA: CORTES


ORIENTADORA: PROFª ME. KARINA ANDRADE MATTOS PRAÇA ANTÔNIO DOS SANTOS. LINS-SP. ESQUEMÁTICOS 6/7
Karla Danielli da Silva Reis Projeto de Requalificação Paisagística:
Orientadora: Profª Me. Karina Andrade Mattos Praça Antônio dos Santos. Lins-SP.
PERSPECTIVAS 7/7

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