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Colatina
2020
JADSON DAMASCENO RABELO
Colatina
2020
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca campus Colatina)
R114c Rabelo, Jadson Damasceno
89 f. : il. ; 30 cm
CDD 728.370472098152
Agradeço a minha mãe, Maria Lúcia Damasceno Rabelo, por ser minha base e por estar
comigo, por me dar o suporte necessário para que eu pudesse chegar até aqui.
Agradeço também ao meu pai, Belmiro do Nascimento Rabelo e ao meu irmão Jandson
Damasceno Rabelo, pelo apoio e em especial agradeço a minha namorada Otavia
Menegucci Amaral que se tornou minha maior incentivadora para realizar as metas
traçadas em minha vida.
Aos meus amigos, que com todas as implicâncias possíveis torceram para que eu
concluísse minha segunda graduação.
The work consists in the development of a cultural complex in the city of Colatina,
integrating historic buildings, and seeking to apply environmental comfort solutions with
passive strategies of using bioclimatic architecture, taking into account the local climate.
Characterizing the locality and its climate, as well as the cultural needs and the
connection between the public space and the existing demands. The research had as
objective the creation of a cultural center that supports part of the cultural demands of
the city, through the creation of adequate space to the practices of a culture, aiming to
attend the colatinense population and of the region. The project development presents
passive bioclimatic architecture strategies, implantation, floor plans, cuts, and schematic
perspectives that demonstrate the use of the program and the architectural guidelines,
especially the climatic and environmental aspects of the place, valuing the environment,
the surroundings, and the events cultural. In this way, the results presented in the
proposal of the cultural complex showed that the planning of responsible design
solutions, with the local environment and climate, can be more effective in guaranteeing
user comfort and generating less environmental impact, preserving history and memory
of the municipality.
Figura 2 – Região de Mesa Verde, Estados Unidos – Esquema das variáveis climáticas
anuais.............................................................................................................................19
Figura 6 – Resumo das estratégias bioclimáticas definidas pela Norma NBR 15220-3
para Zona 8.....................................................................................................................26
Figura 14 – Série de vazões diárias máximas anuais (m3/s) do Rio Doce em Colatina..37
Figura 34 – Catedral.......................................................................................................53
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................17
1.1.2 Metodologia................................................................................................................21
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO................................................................................................23
2.2 CLIMAS...........................................................................................................................24
3 CONDICIONANTES DE PROJETO..................................................................................32
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................85
REFERÊNCIAS....................................................................................................................86
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1 INTRODUÇÃO
Os centros urbanos devem ser visualizados como organismos vivos, esta perspectiva
nos faz enxergar uma outra maneira de analisar quando pensamos em planejamento
da malha urbana e na administração e gerenciamento dos recursos naturais
necessários para a manutenção das cidades. Estes recursos, por deixarem marcas,
podem ser mensurados. Quando falamos das questões que envolvem o meio ambiente,
não estamos falando de questões dissociáveis da parte social, pois ambas se
complementam e agem diretamente sobre a qualidade de vida da população e, quando
levadas em consideração, essas questões deixam os meios urbanos mais saudáveis,
tenros e com múltiplas funcionalidades (ROGERS, 2001). Sendo um aspecto
importante da cidade, um centro urbano quando voltado para essas questões, se torna
fundamental para melhoria da qualidade de vida, seja desta geração ou das futuras.
A partir das demandas humanas por um lugar para viver, com proteções em relação
aos fenômenos climáticos e de animais, surgiram os primeiros abrigos, e por
consequência, as primeiras moradias. A arquitetura surgiu, assim, em meio à essa
necessidade humana que, com o decorrer dos séculos, se tornou objeto primordial e de
exploração tecnológica, bem como sua necessidade de expressar algo, seja por
necessidade social ou com o intuito de atingir esferas espirituais. A arquitetura se
tornou, então, objeto histórico das invenções humanas, do caráter humano em
integração social e harmonia com o ambiente, como também de seus princípios
(ROGERS, 2001).
A arquitetura vernacular, para muitos, pode significar arquitetura do passado, mas esta,
atualmente, tem sido objeto de uma ligação com a arquitetura sustentável, por este tipo
de arquitetura se caracterizar pela pureza, sem influências estrangeiras, e trazendo
consigo muitos ensinamentos, principalmente com relação aos princípios bioclimáticos
e de questão sustentável que podem e devem ser empregados em conceitos,
construções e todos os elementos necessário para um bom ambiente construído atual,
elementos que tem contribuição direta nas demandas energéticas (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2014). Os princípios dessa arquitetura utilizavam o clima a seu
favor, onde, na antiga Roma que se teve notícia do primeiro sistema de aquecimento
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Neste cenário, já com as reservas de madeira se esgotando, Roma, com seu estilo
insustentável de cidade, teve a necessidade e obrigação de adotar medidas passivas
para suas construções, visando uma maneira autossuficiente para seus centros de
habitação, com as novas construções passando a tomar partido da principal fonte de
calor natural para a condição de vida, que é o sol (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA,
2014).
Em contrapartida, os povos ancestrais que viviam na região de Mesa Verde nos Estados
Unidos, edificaram suas habitações de forma a aproveitar o melhor da região, inserindo
suas construções nas encostas de pedra. Com isso, havia proteção da radiação direta
do sol durante o verão e, durante o inverno, o sol alcançava as edificações, devido a
inclinação solar mais baixa nesta época do ano. Com as rochas absorvendo o calor
durante o dia, no período noturno essas habitações passavam a ser aquecidas pelo
calor armazenado (Figura 2). Desta forma havia edificações ecologicamente corretas,
tomando partido do relevo, para melhor conforto de seu povo (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2014).
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Rogers (2001) afirma que diante dessa situação, há uma urgência em se cobrar dos
arquitetos uma contribuição para os centros urbanos no desenvolvimento dos projetos,
atingindo assim questões sociais e ambientais, um dever que vai muito além das
pranchas e projetos impressos. Neste contexto, conceber projetos que atendam tais
demandas, proporcionando a elaboração projetuais de edificações mais eficientes
energeticamente e alcançando assim o conforto dos personagens incluídos no contexto
social assim como aqueles personagens que utilizam diretamente estas edificações
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
1.1.2 Metodologia
A área escolhida é o espaço da praça do sol poente em Colatina (Figura 3). A escolha
se deu pelo fato de o local estar numa região que já abrigou e ainda abriga setores
culturais da cidade, como a feira livre aos sábados pela manhã, espaços de lazer, como
também sua relevância histórica, abrangidas pela biblioteca municipal e antiga estação
ferroviária.
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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
Nas últimas duas décadas, a atenção aos impactos causados no meio ambiente
ocasionados pelo crescente aumento populacional no mundo é tema constante de
extrema relevância nos meios teóricos e acadêmicos. A crise energética em países
desenvolvidos levou a criação de normas que buscam controlar o consumo energético
das edificações. Com a atenção necessária ao efeito estufa e à deterioração do meio
ambiente, surgiram novas legislações que visam aprimorar a eficiência energética do
ambiente construído. Entre tantos capítulos históricos onde as concepções da
arquitetura tiveram alterações, inclusões e exclusões, só em 1992 que houve a primeira
conferência da Organização das Nações Unidas onde o tema central foi o
desenvolvimento sustentável (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
Nascido nos anos noventa, o termo arquitetura sustentável veio como uma forma de
admitir os grandes impactos causados pelas edificações ao meio ambiente, como
também uma fonte de reparação ao mesmo (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
Uma arquitetura sempre deve estabelecer ligação entre o meio ambiente degastado e
o ambiente construído de forma a gerar equilíbrio entre as partes e seu entorno. Assim,
uma edificação eficiente busca limitar seus impactos ao meio ambiente externo, mas ao
mesmo tempo, busca o conforto interno de forma saudável, criando uma ligação entre
o homem e o espaço (TRAPANO; BASTOS, 2007).
A arquitetura sempre deve ser enxergada como elemento que necessita da eficiência
energética, atributo esse intrínseco ao ambiente construído que busca demonstrar sua
capacidade em proporcionar aos seus usuários, conforto nas suas mais diversas áreas,
como acústico, térmico, visual. Desta forma, uma edificação é mais efetiva
energeticamente quando é capaz de proporcionar tais condições ambientais com uma
baixa carga energética (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
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2.2 CLIMAS
Essa região do clima tropical atlântico, tem como característica, temperatura elevada e
alta umidade, com chuvas de maior intensidade em determinados períodos do ano e
maior preponderância de chuvas na estação do verão.
realizar uma análise bioclimática de acordo com o clima onde NBR 15220-3
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003) mostra as principais
características e estratégias bioclimáticas para a região (Figura 6).
Desta forma, o zoneamento bioclimático brasileiro serve como balizador, através das
estratégias que caracterizam cada zona, e suas particularidades. Colatina se localiza
na zona 8 segundo as diretrizes construtivas definidas pela Norma NBR 15220-3,
conforme demonstrado na Figura 5.
Figura 6 – Resumo das estratégias bioclimáticas definidas pela Norma NBR 15220-3
para Zona 8
Desta forma, o crescimento das cidades deve ser levado em consideração nos
parâmetros projetuais, considerando os parâmetros apresentados, merecem atenção
também os materiais aplicados à arquitetura local, que influenciam diretamente nos
microclimas locais e regionais, tendo as edificações como um todo ação direta sobre as
mudanças microclimáticas, devido as diversas formas de transferência de calor
(IKEMATSU; LOH; SATO, 2007).
A obra do Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou (Figura 8), localizada no pacífico sul em
Nova Caledônia, de autoria do arquiteto Renzo Piano, suscita diversas discussões
sobre o uso bioclimático na arquitetura local, de modo a estabelecer uma conexão entre
os elementos culturais, ambientais e tecnológicos.
Considerando que a sua volumetria tomou partido do estudo climático do local, com as
fachadas mais baixas orientadas para a lagoa e as enormes fachadas direcionadas
para o mar, ocorre, por esse motivo, uma condução dos ventos fortes provenientes do
mar até às partes interiores da edificação. O edifício trabalha com a eliminação do ar
quente promovendo, assim, uma constante troca de ar, como também uma circulação
interna de ventilação, proporcionando maior conforto aos usuários. Apesar de todo o
contexto explorado, a obra de Renzo Piano recebeu críticas devido ao formado do
centro cultural por ser considerado um afastamento das formas originais da tribo local
e por fugir da premissa do uso de materiais locais. Apesar disso, Renzo Piano faz largo
uso do conceito de vila da comunidade local. Mesmo com todas as críticas à edificação,
o arquiteto consegue alcançar as mais diversas possibilidades de conforto ambiental
tomando como partido os preceitos bioclimáticos (TRAPANO; BASTOS, 2007).
As fachadas dos edifícios têm contribuição direta nos efeitos de conforto urbano ou
mesmo da própria edificação, pois é um elemento fundamental de envoltória para
proteção dos usuários. O correto planejamento projetual das mesmas pode trazer
reduções drásticas dos níveis de consumo energético (MARÇAL; SOARES; SOUZA,
2013). Entretanto, os usuários e elementos que utilizam/preenchem o espaço
construído interagem de maneiras variadas com a edificação entre si. O corpo humano
aceita de forma mais abrangente as mudanças de temperatura, enquanto que objetos
normalmente encontrados em acervos, de museus, bibliotecas, exposições, são mais
sensíveis a tais mudanças, sendo necessário um maior controle e estabilidade dos
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Por outro lado, com sua privilegiada posição geográfica, o Complexo Arquitetônico, ao
mesmo tempo que desperta interesse histórico-cultural para o município de Parnaíba,
pode se tornar um local de ponto turístico bem estruturado, com a finalidade de atender
bem e receber com qualidade os turistas (SOUZA; BRITO; PERINOTTO, 2011).
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Desta forma podemos dizer que o conjunto material e simbólico da formação cultural
relacionado ao espaço construído se transformou em foco do olhar turístico,
acontecimento este, que enobrece os bens de distintas expressões culturais, expandido
a atração dos lugares. Identidades locais, diversas vezes perdidas pelos próprios
conjuntos culturais no qual estão inseridos, nascem como objetos de demanda
valorizados na economia turística dos locais, das paisagens e dos territórios e
conquistam novas proporções políticas, econômicas e culturais (PERINOTTO;
SANTOS, 2011).
Com isso quem vem ao local conhecer, é fundamental conhecer a história, de forma a
se relacionar com o espaço, neste caso, com o município de Parnaíba no Piauí, através
dos símbolos históricos e culturais, entretenimento e naturais. (SOUZA; BRITO;
PERINOTTO, 2011).
Estes apontamentos nos lembram das singularidades culturais de cada região, e sua
história, tendo consigo uma capacidade de atrair turistas e visitantes da própria região
e município, sejam eles, atraídos pela curiosidade de conhecer um novo local ou a
vontade de conhecer determinado ponto específico do local. Contudo, motivações
estas, que são únicas e alavancam a atividade econômica relacionada ao turismo,
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3 CONDICIONANTES DE PROJETO
De acordo com as informações obtidas e levantadas acerca das atividades culturais foi
possível criar um programa de necessidades, apresentado através do Quadro 1. Para
o desenvolvimento do projeto, foi estabelecida a proposta de dois novos blocos e listada
as atividades que passariam a ser realizadas nestes locais, além da redefinição do uso
da antiga estação ferroviária e biblioteca municipal, com a proposta de, na antiga
estação, um bloco com atividades de dança e teatro, fazendo uso da praça e cobertura
da estação para exibição de peças e danças ao ar livre, que será demonstrado mais
adiante. Onde hoje se encontra a biblioteca municipal, propõe-se um local de exposição
e divulgação histórica do município. Esta proposta não visa trazer todos os eventos
culturais do município para o complexo cultural, mas criar um ambiente adequado para
uma grande parte dos eventos, para fins de melhor divulgação na cidade e adequação
de suas necessidades.
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De acordo com IBGE (BRASIL, 2020), o município de Colatina possui uma população
estimada de 123.400 habitantes e uma área de territorial de 1.398.219 km² e de acordo
com o Ministério de Minas e Energia e Serviço Geológico do Brasil o município de
Colatina-ES é caracterizado por um relevo de topografia acidentada (Figura 10),
segundo o Incaper (2018) com temperaturas que variam de 30,7°C a 34°C nas épocas
mais quentes e 11,8°C a 18°C nos meses mais frios (Figura 11).
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O município de Colatina é cortado pelo Rio Doce que nasce em Minas Gerais e deságua
em Linhares no Espírito Santo. Ao longo dos anos, o rio sofreu interferências naturais e
antrópicas, tendo por consequência sua calha e leito natural reduzidos, com
assoreamentos e aterros nas margens ao longo do seu curso. Esses aspectos foram
sendo naturalizados, com aumento da ocupação das margens do rio, principalmente na
zona central da malha urbana.
Ao longo dos últimos 74 anos o rio passou por três grandes cheias que ocorreram nos
anos recentes de 1979, 1997 e 2013, mostrando assim uma maior recorrência do
aumento dos níveis das águas em paralelo com o crescimento da degradação das suas
margens e leitos. No ano de 1979 o rio atingiu sua maior cota de enchente alcançando
9,68m, onde os níveis das águas chegaram às vigas metálicas que suportam os
tablados da ponte que faz a ligação dos dois lados da cidade, sendo este o único meio
de conexão das margens do centro da cidade (BRASIL, 2020)
A Figura 14 traz um histórico das vazões anuais ao longo dos últimos 74 anos de
medições mostrando o comportamento normal do rio e dos períodos atípicos.
Figura 14 – Série de vazões diárias máximas anuais (m3/s) do Rio Doce em Colatina
Desta forma, é possível verificar as oscilações das vazões médias diárias máximas
anuais (m³/s), evidenciando um período de retorno e uma redução do período, devido
às modificações ocasionadas ao leito do rio, onde a cidade vem tomando seu espaço
38
Portanto, tendo como base esses dados, pavimentos que forem inseridos acima dessa
cota estarão, a princípio, salvos de qualquer interferência nestas zonas de cheias.
Portanto, construções devem prever estes ciclos hidrológicos, buscando prever a
integridade física dos materiais que estão nestes locais, sendo fundamental ao arquiteto
considerar esse aspecto no momento da concepção projetual.
Esta ferramenta auxilia nos ângulos das proteções solares para as aberturas da
edificação, como também permite avaliar as radiações solares incidentes, suas
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O diagrama da rosa dos ventos permite avaliar a direção dos ventos predominantes,
orientações, frequências (Figura 21), e velocidade (Figura 22) de acordo com as
estações do ano, permitindo orientar as aberturas para estratégias desejadas no projeto
tirando máximo proveito deste recurso.
Cabe ressaltar que o ar, por ser tratar de um fluido, assim como a água, tende a permear
caminhos mais fáceis e sem barreiras. Segundo Hewitt (2015) vivemos no fundo de um
oceano de ar, onde a pressão deste fluído é exercida pela coluna de ar acima de nós,
pela atmosfera que é determinada pela energia cinética e a gravidade. Portanto, a rosa
de ventos é um mecanismo importante para compressão dos ventos, mas é necessário
avaliar também o relevo, as barreiras e os cânions formados por edifícios ou casas, que
podem se tornar caminhos preferenciais deste fluído. O vento predominante nem
sempre é o mesmo vento predominante na rua de trás.
43
Figura 21 – Rosa dos ventos – indicação das frequências de ventos para a cidade de
Colatina-ES
Figura 22 – Rosa dos ventos – indicação das velocidades dos ventos para a cidade de
Colatina-ES
Tirando partido da circulação de ar no interior das edificações (Figura 24), temos meios
de criar uma melhora no conforto do ambiente através da ventilação cruzada, além da
criação de pátios que beneficiam a ventilação e melhoram a capacidade da iluminação
natural para que possa agir ocasionado um menor uso da iluminação artificial.
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Além dessas estratégias, podemos tomar partido da vegetação para melhor fluxo dos
ventos a fim de conduzi-los para a edificação, além das árvores terem papel importante
como reguladora do microclima, gerando sombreamento no entorno da edificação e na
própria edificação, reduzindo assim as temperaturas superficiais (Figura 25).
Conforme Figura 26, a vegetação posta que agrega ao resfriamento das superfícies,
sendo que uma maneira eficaz é a utilização de vegetação em coberturas como por
exemplo em terraços jardins, onde o resfriamento da superfície é feito de forma efetiva.
Figura 34 – Catedral
O terreno escolhido possui, além de todas as ligações potenciais com outras áreas da
cidade, potencialidades importante, como ventilação cruzadas e visuais quase que a
360°. Os visuais existentes permitem um panorama quase completo da calha do rio
doce no território urbano e da ponte Florentino Ávidos, que liga os dois lados da cidade,
além da visão do emblemático pôr do sol colatinense.
Por se tratar de um campo aberto, sem proteção artificial ou natural aos raios solares,
o sombreamento das aberturas nos períodos de maior incidência solar é fundamental
ao conforto ambiental e eficiência energética da edificação, reduzindo a carga térmica
interna da edificação. Contudo, a orientação norte permite uma ampla captação dos
raios solares para geração de energia através de placas fotovoltaicas, reduzindo o
consumo de energia elétrica distribuída pela rede da concessionária de energia do
município, fator que deve ser considerado.
55
Desta forma, a escolha desse terreno se faz pela importância deste para a conexão dos
elementos que constituem o aspecto histórico e cultural da cidade, principalmente por
sua proximidade com a antiga estação ferroviária, a biblioteca municipal, o rio, a praça
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O estudo de massas abordou uma proposta de quatro blocos culturais, sendo eles:
Foram propostos quatro blocos que se conversam e criam essa interação social através
de pisos de mesmo nível, criando assim ambientes compartilhados sem obstáculos. As
ruas teriam seus níveis elevados, nivelando o piso das vias e calçadas, integrando-os
e criando uma nova paginação das ruas através dos pisos e vegetação, vias essas que
atualmente tem os veículos como prioridade, passando a ter um fluxo compartilhado
entre pedestres e veículos, tendo como personagens principais as pessoas que fariam
uso deste local.
Estes blocos possuem características que buscam integração à comunidade
colatinense, mantendo seu aspecto cultural e histórico, com a permanência dos prédios
da Antiga Estação e Biblioteca Municipal, preservando sua história e identidade. As
praças no entorno das edificações permaneceriam, buscando esta conexão, trazendo
novos usos aos prédios antigos e históricos.
A Biblioteca Municipal passaria a abrigar um mini museu com a ideia da divulgação dos
eventos culturais da cidade, assim como sua história. O prédio da antiga estação, por
seu formato monolítico no seu corpo principal e uma cobertura marcado ao lado,
passaria para o uso de escolas de teatro e dança, tomando partido da sua cobertura
para exibições públicas e abertas, utilizando também a praça para eventos de
ocupação popular.
Com relação à proposta projetual deste trabalho para a área onde hoje é a Feira Livre,
este seria constituído de dois blocos. No primeiro bloco, mais especificamente onde
hoje é utilizado como estacionamento de veículos e a feira livre do município, passaria
a ser um centro cultural contendo espaço de teatro, para apresentação de peças
voltadas para utilização pública e privada, cinema, com a exibição de filmes alternativos
ou de menor apelo comercial, como acontece no cinema da Universidade Federal do
Espírito Santo – UFES, atendendo ao público que hoje não possui espaço adequado
para utilização destes eventos, Nesse mesmo bloco, no espaço interno, em seus vãos
e corredores anexos, haveria exposições de artistas locais e nacionais. Contudo,
destaca-se que o espaço da feira livre não seria perdido pois, com a edificação
proposta, o espaço passaria a ser coberto, em parte, por esta edificação ou com
proteção da vegetação de grande porte, trazendo maior conforto aos seus usuários.
espaço para que se possa fazer oficinas, voltadas a comunidade, de forma que possa
garantir o local adequado e destinado para tal serviço.
Com o aterro no final da Avenida Rio Doce foi criada uma área verde, visto que,
atualmente, o espaço é destinado para uso popular de famílias e personagens urbanos
em busca de atividades físicas ou convívio social. Assim, esse público estaria
conectado ao centro cultural através do calçadão da Avenida Rio Doce.
A figura 42 ilustra o complexo cultural, com as novas conexões entre os edifícios
existentes e os propostos.
1. Píer com vista 180°, visuais para a ponte Florentino Ávidos, pôr e nascer do sol
e estátua do Cristo Redentor;
2. Espaço multiuso (esplanada) de ocupação plural, eventos ao ar livre, barracas
da feira livre, piso permeável para infiltração das águas no solo e reservatório
subterrâneo para captação das águas pluviais e reuso na manutenção das áreas
verdes do complexo;
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1. Píer com vista 180°, visuais para a ponte Florentino Ávidos, pôr e nascer do sol
e estátua do Cristo Redentor;
2. Espaço multiuso (esplanada) de ocupação plural, eventos ao ar livre, barracas
da feira livre, piso permeável para infiltração das águas no solo e reservatório
subterrâneo para captação das águas pluviais e reuso na manutenção das áreas
verdes do complexo, onde as estratégias de sombreamento se baseiam no porte
das árvores que seriam implantadas nas áreas verdes, assim como o
sombreamento advindo da edificação proposta;
3. Terraço jardim na cobertura do bloco de oficinas e biblioteca, vista 360°, com
visuais para a ponte Florentino Ávidos, pôr e nascer do sol, estátua do Cristo
Redentor, ponte de ferro, setor 8 e 7 e demais blocos do complexo;
4. Espaço multiuso de ocupação plural, eventos ao ar livre, barracas da feira livre,
piso permeável para infiltração das águas no solo, sombreado por árvores que
bloqueiam parte da insolação;
5. Praça com função de contemplação adjacente ao bloco de divulgação histórica
e cultural;
6. Bloco de divulgação histórica e cultural, partindo do restauro do atual prédio da
biblioteca municipal;
7. Espaço esportivo existente;
8. Praça para fins de passagem, descanso e para eventos de teatro e shows ao
céu aberto, atividades essas, anteriormente exercidas no local;
9. Bloco de teatro e danças, partindo do restauro da antiga estação ferroviária;
10. Praça de acesso ao complexo com função de transição do espaço urbano pro
histórico e cultural.
A implantação dos blocos no terreno toma partido dos espaços abertos criando conexão
entre os espaços de ocupação e a vegetação, criando assim um fluxo de ar e ventilação
cruzada no entorno dos blocos, com sombreamento gerado pelas vegetações que
circundam os blocos, recebendo assim uma adequada ventilação e insolação (figura
44). Levando em consideração as cheias do Rio Doce, as partes mais sensíveis dos
blocos, sendo eles o acervo da biblioteca projetada, acervo de exposição e
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Desta forma, foram propostos quatro blocos que se conversam e criam essa interação
social através de pisos de mesmo nível, criando assim ambientes compartilhados sem
obstáculos, as ruas teriam seus níveis elevados, nivelando o piso das vias e calçadas,
integrando-os e criando uma nova paginação das ruas através dos pisos e vegetação,
vias essas que atualmente tem os veículos como prioridade, passaria a ter um fluxo
compartilhado entre pedestres e veículos, tendo como personagens principais as
pessoas que fariam uso deste local.
Estes blocos possuem características que buscam integração a comunidade
colatinense, a fim de expressar seu aspecto cultural e histórico com a permanência dos
prédios da antiga estação e biblioteca municipal, de maneira que irá preservar sua
história e identidade. As praças no entorno das edificações permaneceriam, buscando
esta conexão, trazendo novos usos aos prédios antigos e históricos.
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A biblioteca municipal passaria a abrigar um mini museu com a ideia da divulgação dos
eventos culturais da cidade, assim como sua história. O prédio da antiga estação, por
seu formato monolítico no seu corpo principal e uma cobertura marcando ao lado,
passaria para o uso de escolas de teatro e dança, tomando partido da sua cobertura
para exibições públicas e abertas, utilizando também a praça para eventos de ocupação
popular.
O estudo de massa e estratégias a ser proposto seria constituído de dois blocos, no
primeiro bloco, onde atualmente é utilizado como estacionamento de veículos e a feira
livre do município, passaria a ser um centro cultural contendo espaço de teatro, para
apresentação de peças voltadas para utilização pública e privada e contendo cinema
para atrações, como filmes alternativos ou de menor apelo comercial, como acontece
no cinema da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, assim atendendo ao
público que hoje não possui espaço adequado para utilização destes eventos, e nesse
mesmo bloco, no espaço interno, em seus vãos e corredores anexos, haveria
exposições de artistas locais e nacionais.
No segundo bloco, seria construído uma nova biblioteca municipal, para que com esse
espaço a população colatinense possa aproveitar o acervo público e cultural, e também
teria um espaço para que se possa fazer oficinas, voltadas a comunidade, de forma que
possa garantir o local adequado e destinado para tal serviço.
O espaço da feira livre não seria perdido, com a edificação construída, o espaço
passaria a ser coberto, em parte, pela nova edificação ou com proteção da vegetação
de grande porte, trazendo maior conforto aos seus usuários.
Com o aterro no final da Avenida Rio Doce foi criada uma área verde, atualmente o
espaço é destinado para uso popular de famílias e personagens urbanos em busca de
atividades físicas ou convívio social, portanto esse público estaria conectado ao centro
cultural através do calçadão da Avenida Rio Doce.
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Com os dados obtidos da carta solar e orientações das fachadas, foram projetadas
proteções nas aberturas conforme as simulações de insolação realizadas, tomando
partido do sombreamento através de beirais volumosos no Bloco de Exposição e
Cultura e grandes varandas no Bloco de Oficinas e Biblioteca, não sofrendo nenhum
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tipo de entrada das insolações mais fortes que comprometessem o uso dos ambientes
em nenhum dos blocos projetados. A Figura 76 mostra uma simulação no bloco de
oficinas e biblioteca para o mês de janeiro às 15h.
5 CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo a utilização de soluções passivas, para a obtenção do
conforto com base no clima local, visando promover estratégias das quais o arquiteto
pode tomar partido em benefício de seu projeto e, principalmente, em benefício do
usuário e do meio ao qual a edificação está inserida. Foi tido como base o uso de
ventilação, orientação solar e vegetação para que houvesse uma mudança local em
termos de microclima, interferindo, inclusive, no seu entorno.
Portanto, foi possível verificar potencial de toda uma rede de integração cultural, através
de símbolos históricos e sociais, cabendo uma pesquisa de maior amplitude explorando
essas ligações e aspectos sociais do município, já que muitas de suas edificações
antigas ainda existem escondidas atrás de letreiros no centro comercial da cidade.
86
REFERÊNCIAS
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2007, Ouro Preto. Anais eletrônicos..., Ouro Preto, 2007. Disponível em:
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heritage_attraction_the_case_of_the_city_of_parnaiba_piaui-
brazil_diagno/links/572bcac008aef7c7e2c6b8e4/diagnosis-of-the-architectonic-
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and-cultural-heritage-attraction-the-case-of-the-city-of-parnaiba-piaui-brazil-diagno.pdf.
Acesso em: 20 mai. 2021