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GAMA – DF
2020
LAÍS LANE DE FARIAS DIAS
GAMA – DF
2020
D541e
67 p. il : color.
CDU: 72
LAÍS LANE DE FARIAS DIAS
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Me. Nicole Carneiro Ferrer Santos
Orientadora
________________________________________
Prof. Octávio dos Santos Sousa
Examinador
________________________________________
Prof. Ricardo Luiz Targino
Examinador
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
2 A arte cênica abrange o estudo e a prática de toda forma de expressão que necessita de uma
representação, como o teatro, a música ou a dança. EQUIPE BRASIL ESCOLA. Arte Cênica. Brasil
Escola. Disponível em:<https://brasilescola.uol.com.br/artes/arte-cenica.htm>. Acesso em: 05 de maio
de 2020.
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1. JUSTIFICATIVA
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A fala original encontra-se na peça teatral “O Mercador de Veneza”, dita pelo personagem Lorenzo na cena I
do ato V. SHAKESPEARE, William. O Mercador de Veneza. Shakespeare.mit.edu, 2020. Disponível em:
<http://shakespeare.mit.edu/merchant/full.html>. Acesso em: 18 de jun. de 2020.
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que nascem o respeito e a consideração por aquilo que é diferente, tendo em vista
que é preciso estudar a história de cada ritmo, dança ou instrumento utilizado.
Desse modo, além de uma forma de lazer, a música pode educar as pessoas,
facilitar o aprendizado e transformar ambientes. E é partindo desse pressuposto que
o ensino e, essencialmente, o acesso a ele, tem notória importância, visto que projetos
de escolas de música feitos em lugares carentes, violentos ou por vezes esquecidos
têm gerado resultados positivos à população que deles usufrui. Diversos estudos
foram e continuam sendo feitos sobre os benefícios que a prática e o convívio com as
artes podem trazer ao ser humano, principalmente quando o contato ocorre ainda na
infância.
A exemplo disso, tem-se o projeto Uma Nota Musical que Salva em João
Pessoa-PB, que objetiva livrar crianças e jovens do tráfico através da música, tendo
como sala de aula apenas uma garagem, mas contando com o apoio financeiro da
comunidade e de professores voluntários que enxergam sua importância (UOL, 2017).
Em escala maior, há o projeto EDISCA (Escola de Desenvolvimento e Integração
Social para Criança e Adolescente) em Fortaleza-CE, que tem como missão promover
o desenvolvimento humano de crianças e adolescentes em circunstância de
vulnerabilidade social. Fundada em 1991, a escola soma mais 270 apresentações no
Brasil e no exterior, e conta com professores que foram ex-alunos da instituição,
provando sua relevância para os mesmos (TRIBUNA DO CEARÁ, 2015).
No que tange a arquitetura, a escolha do projeto tem a intenção de ressaltar
a importância da acústica nesse tipo de edificação. Empregando um pouco de atenção
aos sons e ruídos que podem ser ouvidos em cada tipologia arquitetônica, percebe-
se que uma acústica bem aplicada pode mudar a percepção do indivíduo em qualquer
ambiente, seja em um hospital, aeroporto ou, principalmente, em salas de aula de
música e dança, visto que é necessário a boa compreensão dos sons para o
aprendizado e execução das atividades.
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2. PANORAMA TEÓRICO
4 STI, do inglês Speech Transmission Index, conhecido em português por Índice de Transmissão da
Fala, trata-se de um parâmetro acústico que descreve a inteligibilidade do discurso em um ambiente,
dependendo basicamente do tempo de reverberação e do ruído de fundo. O STI pode variar de 0
(péssima inteligibilidade) a 1 (perfeita inteligibilidade). BRANDÃO, Eric. Acústica de salas projeto e
modelagem. Editora: Blucher, São Paulo, 2016. p. 541
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acústica apenas aceitável”, isso sem considerar o ruído de fundo (causado por uma
outra fonte sonora, que neste caso, são os alunos), diminuindo ainda mais essa
qualidade (BRANDÃO, 2016, pg. 556).
Já as salas destinadas ao ensino da dança, seja qual for o tipo, precisarão de
piso específico que proporcione conforto e segurança aos dançarinos, possibilitando
um melhor amortecimento para impacto. Uma entrevista feita com o professor
especialista em dança, José Luiz pelo Kerche & Kerche News, exemplifica bem as
características do piso ideal para algumas modalidades de dança
(Kercheekerchenews, 2011):
O piso para aulas de Ballet Clássico [...] é construído a partir de uma treliça
de madeira apoiada sobre coxins de borracha, a treliça é coberta com placas
de compensado, que por sua vez são cobertas com linóleo. Quanto a
flexibilidade, ele não deve ser macio demais, pois muita maciez induz a um
trabalho muscular aumentado, assim como pouca maciez, no caso duro, leva
a ondas de choque por todo o corpo, que com a repetição pode provocar
micro lesões nas articulações.
3. ESTUDOS DE CASO
Esta escola veio para substituir o antigo edifício, que contava com uma
distribuição de salas tradicionais em fila dupla ao longo de um corredor sem luz natural
e com pouca ventilação. Isso tornava os espaços de aprendizado semelhantes aos de
confinamentos solitários. A partir disso, o arquiteto dispôs as salas de forma dinâmica,
com os tamanhos adequados para o estudo de cada instrumento (Figura 6) e criou
poços de iluminação para entrada de luz natural (Figura 7).
Figura 12 - Modelo 3D
No térreo (Figura 18), encontram-se algumas das salas práticas, com seus
respectivos depósitos, a sala audiovisual, a oratória e um grande espaço para recitais
e ensaios em conjunto (Figura 19). Ao observar a planta baixa, percebe-se que a
galeria é o ponto de encontro entre os dois acessos, podendo ser utilizada para
apresentações informais. O projeto mostra-se adequado e acessível às pessoas de
mobilidade reduzida, contendo um elevador e rampas (Figura 20).
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grandes vidros, além de uma cantina anexada, que dão as boas-vindas aos visitantes
com um generoso espaço de acesso, onde as zonas de circulação conduzem a todos
os pavimentos do edifício.
Figura 36 - Corte AA
4. ÁREA DE INTERVENÇÃO
A escolha do sítio teve como base dois fatores importantes. O primeiro vem
do desejo de projetar um ambiente que ajude a tirar crianças e adolescentes de
situações de vulnerabilidade, através do ensino da música e da dança. O segundo
trata-se da carência que a cidade em questão apresenta em ter espaços apropriados
e gratuitos para o aprendizado dessas artes.
Para isso, foi utilizada a pesquisa que analisa o Índice de Vulnerabilidade
Juvenil para a Área Metropolitana de Brasília, realizado em 2015 pela Codeplan com
dados do PDAD 2013. Para tal, foram considerados quatro indicadores: riscos à
evasão escolar, baixa renda, violência e risco a gravidez precoce em adolescentes a
partir de 15 anos. Analisando todas as RAs do DF, a pesquisa traz as regiões
classificadas em níveis de vulnerabilidade que vão de muito baixa a altíssima (Figura
41).
ocupações não regulares da Vila Tenório, Vila do IAPI, Vila Esperança, Vila Bernardo
Sayão Colombo e Morro do Querosene (CODEPLAN, 2018, pg. 9).
Em decorrência da chegada constante de migrantes e da criação do Programa
Habitacional da Sociedade de Habitação de Interesse Social – SHIS; em 1976, foi
criada a QNO (Quadra Norte “O”) e, em 1977, o Núcleo Guariroba, situado na
Ceilândia Sul. Surgiram depois os Setores “P” Norte e “P” Sul (1979). Em 1985, foi
expandido o Setor “O”, em 1988 ocorreu o acréscimo do Setor “N”, em 1989, o Setor
“P” Sul e QNQ e em 1992, o Setor “R”. Atulamente, como mostra a figura 43, Ceilândia
está subdividida em diversos setores. O projeto urbanístico foi elaborado pelo
arquiteto Ney Gabriel de Souza, com dois eixos cruzados em ângulo de 90º, formando
a figura de um barril. (CEILANDIA.DF, 2019).
Os dados demográficos que são relevantes para o projeto, e por isso aqui
abordados, são os da faixa etária da população, escolaridade, economia e
infraestrutura urbana de Ceilândia. Para tal, foram utilizados os resultados obtidos de
questionários feitos em domicílio pela PDAD (Pesquisa Distrital por Amostra de
Domicílios) no ano de 2018, que abrangeu quase todos os domicílios da região.
No que tange a faixa etária dos habitantes, é importante observar a quatidade
de pessoas de 10 a 17 anos na RA de Ceilândia, pois trata-se do público alvo deste
projeto. Analisando a tabela 1, calcula-se uma média de 89.580 pessoas na faixa
etária desejada, sendo 20,7% da população total.
Sobre a escolaridade, 96,5% dos moradores com cinco anos ou mais de idade
declararam saber ler e escrever. Para as pessoas entre 4 e 24 anos, 55,4%
frequentam a escola. A frequência escolar, por faixa de idades, é apresentada na
Figura 44. Entre aqueles que frequentavam a escola, 82,2% estudavam na RA
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Ceilândia (Figura 45) e o principal meio de transporte declarado foi a pé para 51% dos
respondentes.
4.3. O Sítio
Através da carta solar e rosa dos ventos de Brasília, pode-se verificar que a
frequência dos ventos tem sua maior ocorrência na primavera, outono e inverno na
direção leste e no verão na direção noroeste. Analisando também a direção que o sol
nasce e se põe no lote, foi feito um esquema básico que mostra as fachadas com
maior incidência solar e de ventos quentes, que precisarão ter suas aberturas
protegidas por anteparos (Figura 53).
5. O Projeto
Nota:
( * ) = Número indefinido de usuários
( ** ) = Área não computada
Fonte: Da autora, 2020
Logo abaixo, na figura 54, são mostrados os fluxos e acessos entre os setores
e ambientes do projeto. A formação que se vê, surgiu da ideia de separar o local de
ensino destinado à música do destinado à dança, não só por pedirem um tratamento
arquitetônico diferente, mas também para evitar que os alunos se percam pelo edifício
nos primeiros dias de aula. Contudo, no centro da edificação, encontram-se
passarelas que fazem a conexão visual, não só dos espaços, como também dos
adolescentes que irão passar por ali, além de terraços convidativos em cada setor,
permitindo a troca de experiências (Figura 55).
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Figura 54 - Fluxograma
Figura 55 - Setorização
5Abertura médias são aquelas com tamanho entre 15% e 25% da área de piso. ABNT, Associação
Brasileira de Normas Técnicas. Desempenho Térmico de Edificações. Disponível em:
<http://labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf>. Acesso
em: 23 de jun. de 2020
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Figura 58 - Volumetria
Figura 59 - Resultado
5.5. Pavimentos
- 1º Pavimento (Figura 62): Destinado para ser o setor administrativo da escola, como
também conter parte do setor de serviço. Nele encontra-se a secretária, as
coordenações, direção, sala de reunião, sala de professores e funcionários, copa,
vestiários e dois terraços, que oferecem um espaço de convívio e descanso.
- 2º Pavimento (Figura 63): Projetado para abrigar o setor de música, esse pavimento
conta com salas práticas divididas pelos tipos de instrumentos, sala de ensaio em
conjunto, aula de canto, cabines acústicas, dedicadas para a prática de qualquer
instrumento em horário diferente das aulas, instrumentoteca, sala audiovisual e um
terraço. As salas contam com painéis acústicos para média e baixa frequência,
levando em conta a atividade que será realizada no local, como mostra a figura 64.
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- 3º Pavimento (Figura 65): Neste último pavimento encontra-se o setor de dança com
três salas para os três ritmos diferentes de dança, vestiários e dois terraços jardins,
além de um pé-direito de 4m para a melhor execução de saltos e acrobacias.
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5.6. Paisagismo
Em cada pavimento foi feito pelo menos um espaço com vegetação, que além
de contemplativo, também funciona como espaço de convivência (Figura 67).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
BRIOSCHI, Gabriela. Arte Hoje. Editora: FTD S.A., São Paulo. 2003
content/uploads/2018/02/TD_10_Vulnerabilidade_Juvenil_na_%C3%81rea_Metropol
itana_de_Bras%C3%ADlia.pdf>. Acesso em: 15 de jun. de 2020
CEILÂNDIA é reduto da nova classe média. Anuário do DF, 2018. Disponível em:
<http://www.anuariododf.com.br/regioes-administrativas/ra-ix-ceilandia/>. Acesso
em: 08 de jun. de 2020
CENTRO de Música Victor McMahon / Baldasso Cortese Architects. Archdaily,
2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/769770/centro-de-musica-
victor-mcmahon-baldasso-cortese-
architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects>. Acesso em: 02
de abr. de 2020
EX-GARI cria projeto musical em João Pessoa para livrar jovens do tráfico. UOL,
2017. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2017/06/10/ex-gari-cria-projeto-musical-em-joao-pessoa-para-tirar-jovens-
do-trafico.htm>. Acesso em: 24 de mar. de 2020
LEITE, Ana Beatriz. Escola de dança para jovens de baixa renda lança campanha
de financiamento coletivo para novo espetáculo. Tribuna do Ceará, 2015.
Disponível em: <https://tribunadoceara.com.br/diversao/cultura/escola-de-danca-
para-jovens-de-baixa-renda-lanca-campanha-de-financiamento-coletivo-para-novo-
espetaculo/>. Acesso em: 24 de mar. de 2020
ROCHA, Viviane Cristina da; BOGGIO, Paulo Sérgio. A música por uma óptica
neurocientífica. Per Musi, Belo Horizonte, n. 27, jun. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
75992013000100012>. Acesso em: 14 de abr. de 2020
ST KEVIN’S College - Victor McMahon Music Centre. Bcarch, 2019. Disponível em:
<https://www.bcarch.net/st-kevins-music-centre>. Acesso em: 01 de abr. de 2020