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Brasília
(2009)
Marcos de Oliveira Bassul
marcosbassul@gmail.com
Brasília
(2009)
TERMO DE APROVAÇÃO
______________________________________________
Professor Convidado: Me. André Lucio Bento
RESUMO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8
1. REVISÃO DA LITERATURA
2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 43
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 46
INTRODUÇÃO
Duarte Jr. (1986: 59), na busca de uma definição para educação, afirma: “em
termos abrangentes pode-se entendê-la como um processo pelo qual os indivíduos
adquirem sua personalidade cultural”. Processa-se através do aprendizado de
valores e sentimentos que estruturam a comunidade da qual fazemos parte.
1
Veloso & Albuquerque, citado por Drefhal (1998). Decisões políticas para a educação brasileira.
Uma retrospectiva histórica e os desafios da transitoriedade. (In Humanidades, p.127)
A Civilização Industrial, fomentadora de avanços que se dão em velocidades
assustadoras e desenvolvendo-se sob o impulso de uma educação universalizadora,
estabelecida pela relação direta entre a prosperidade econômica e social e os níveis
de escolaridade, levou a competência dos sistemas educacionais a se orientar pela
funcionalidade de sua atuação e a direcionar seus objetivos principais à formação de
mão-de-obra produtiva, resultando na fragmentação da personalidade dos
educandos. “Hoje, o saber objetivo (racionalidade) tornou-se valor básico na
sociedade e a escola mantém tal valor, reproduzindo o que ocorre na própria
sociedade – a ruptura entre razão e emoção (que é mantida e estimulada) ”2.
2
Fernandes, J. N. (1993, p 15). Análise das oficinas de música no Brasil enquanto metodologia de
educação musical, p. 15
3
Drefhal, H. (op. cit, p. 127.).
9
dezembro de 1996, artigo esse que dispõe sobre os currículos do ensino
fundamental e médio e impõe, em seu parágrafo 2º, que o ensino da arte será deles
componente obrigatório. O que a nova lei traz de novidade é a instituição legal e
potencial do ensino da música nas escolas, que foi diluído nos currículos em meio
ao ensino de arte em geral e, por dificuldades de várias espécies, nunca se
concretizou efetivamente, ou mesmo, nunca existiu, como ensino de música. O que
a nova lei ainda não traz são os mecanismos que serão usados para a sua
implantação em meio a uma realidade contaminada pelos vícios pedagógicos e
pelas dificuldades logísticas a que estão sujeitas nossas escolas públicas.
A questão básica que direcionou a pesquisa foi: como se deve ensinar música
nas escolas aos alunos do ensino básico? Optou-se pelo sistema de entrevistas
semi-estruturadas para coleta de depoimentos abertos e espontâneos.
10
Considerando-se a especificidade do tema que, em seus conteúdos, principalmente
os mais atuais, se distancia do conhecimento do público em geral, as entrevistas
foram conduzidas em torno das propostas de ensino tradicional de música ou de
práticas informais e/ou não-tradicionais, bem como das possibilidades de trabalho
com aprendizagem, vivência e expressão musical.
11
1. REVISÃO DA LITERATURA
Duarte Jr. (1986: 120) situa a educação no Brasil a partir de uma “... visão da
cultura brasileira como um todo, o que, em si, é altamente problemático” já que é
uma cultura de contornos não bem definidos e repleta de diferenças regionais
marcantes, principalmente em termos econômicos.
4
Barbosa (citado por Duarte Jr., 1986: 123).
5
Ibid
6
Duarte Jr. (1981, p 114).
12
eventualmente nos currículos escolares como uma atividade de lazer, sob o nome
de “canto orfeônico”, ”... onde o aluno ouvia o mestre tocar ou cantava, com o seu
acompanhamento, os hinos do país e algumas outras canções7”.
7
Todavia, há que se ressaltar a iniciativa de inúmeros educadores e artistas que procuraram,
paralelamente ao ensino oficial, fundar e desenvolver as ‘Escolinhas de Arte’, nascendo a pioneira em
1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa de Augusto Rodrigues. E, ainda, a célebre experiência
(duramente reprimida) dos Ginásios Vocacionais que, coordenados pela prof. Maria Nilde Mascellani,
deram à arte um lugar ao lado das outras ‘disciplinas (Duarte Jr., 1986: p 125).
13
uma evasão de professores de música para as escolas especializadas e para o
ensino particular, enfraquecendo e superficializando o ensino de música nas escolas
(FIGUEIREDO, op. cit.).
Nesse momento em que a música ganha seu espaço potencial dentro da sala
de aula algumas soluções têm sido buscadas por profissionais da educação e da
música no intuito de se encontrar soluções para o efetivo ensino da música nas
escolas. Alguns cursos de licenciatura em música vêm se ajustando ás
determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Música “... o
que tem promovido uma discussão importante sobre a formação de professores de
música capazes de lidar com a diversidade de contextos onde a educação musical
pode acontecer” (FIGUEIREDO, op. cit.).
E aqui está alguém que sugere que a educação seja pensada a partir
da beleza – o que equivale a afirmar que o poeta e o músico são
mais importantes que o banqueiro e o fabricante de armas, o que
sem dúvida provocará sorrisos tanto nos vencedores quanto nos
vencidos (p. 11).
14
Repensar a educação sobre uma perspectiva artística, como atividade
estética talvez seja o que de mais produtivo se encontre ao nosso alcance para
realizar uma mudança radical na formação educacional.
8
Duarte Jr., J. F. (1986). Fundamentos estéticos da educação, p. 16
15
Aprender, segundo Rubem Alves (citado por Duarte Jr. 1986: 22), é:
“preservar a experiência testada, para usá-la no futuro. A aprendizagem é a
transformação de uma experiência que se poderia perder no passado numa
ferramenta para conquistar o futuro”. A memória, neste sentido, evita que os
comportamentos se percam, subsidiando, desta forma, atividades definidas e
eficazes em substituição ao primitivo jogo de ensaio e erro. A memória biológica9
transmite às gerações de indivíduos respostas características das ações básicas
que o habilitarão a se manter vivo, e que dali não podem ser removidos10.
9
A expressão memória biológica foi tomada de empréstimo por Duarte Jr. a Rubem Alves ({Notas
introdutórias sobre a linguagem} e significa, segundo o primeiro, a “própria programação organística
do animal”.
10
Interessante uma olhada no livro de Carl Sagan, Os dragões do Éden. “ A biologia assemelha-se
mais à história do que à física; os acidentes, erros e circunstâncias felizes do passado determinam
poderosamente o presente. Ao abordarmos problemas biológicos tão difíceis, quais sejam a natureza
e a evolução da inteligência humana, parece-me pelo menos prudente conferir razoável peso aos
argumentos derivados da evolução do cérebro (p. 19).
11
Duarte Jr., J.F. Op. cit. p. 22.
12
Um símbolo é uma estrutura, um objeto, uma coisa, um sinal que representa algo, existente ou
inexistente, e por seu intermédio pode-se apreender o mundo como uma totalidade.
16
àqueles já existentes. “O ato de conhecer é, portanto, um ato de re-conhecer: a
constatação da concordância entre dados sensórios novos e as formas
memorizadas” (Rubem Alves, citado por Duarte Jr., 1986: 26). Já não se trata mais
de apenas buscar o equilíbrio biológico mas também a “coerência simbólica”.
Portanto, o conhecimento é resultado de uma atitude valorativa e emotiva do ser
humano. A razão, ou seja, a reflexão, fundamenta-se no seu encontro com o mundo,
e as construções mentais somente recebem um significado em referência à vida
vivida, experimentada.
Relacionando o que foi exposto à educação, podemos dizer que educar é dar
condições ao indivíduo de conviver com os significados flutuantes em sua cultura,
num processo ativo que o permita conhecê-la a partir de suas próprias vivências,
desenvolvendo uma capacidade crítica que o leve a compreender e selecionar os
significados nos quais se basearão sua ação enquanto indivíduos. A experiência
estética chama para si essa função pois permite a apreensão do mundo de maneira
13
Langer, Suzanne K. (citada por Duarte Jr., op. cit. p.42).
17
direta e total, sem a mediação de conceitos e símbolos, numa relação em que os
sentimentos entram em consonância com as formas vindas do exterior.
Herbert Read (citado por Marin, 1976: 21) conceitua a arte como
14
Educação, arte e criatividade São Paulo: Pioneira, p. 2.
18
reflexões, dizia que a arte deve ser a base da educação. Sigamos com Marin (1976:
3-9) algumas posições de teóricos a respeito: Schiller, segundo Read (1957), talvez
tenha sido o primeiro a levantar a questão frente aos educadores, baseando-se na
espontaneidade e na capacidade criadora específica, visando uma formação integral
do ser humano. Já a partir deste século, com o movimento da Escola Nova, passou-
se a considerar a arte como parte integrante da formação do educando. Para o
próprio Schiller (1963) a arte livra o homem de influências negativas, tornando-o
pleno de moralidade, melhorando a sociedade. Quando o impulso formal domina, o
estado da pessoa rege-se pela moralidade; quando dominam os impulsos sensíveis,
rege-se o homem por estados subjetivos, variáveis, físicos. Cabe à educação
proporcionar o equilíbrio entre ambos, permitindo o desenvolvimento dos dois
impulsos. Dessa harmonia surge um terceiro impulso: o lúdico, considerado por
Schiller como o “estado ideal, o estado estético, a que todo homem deve aspirar,
pois o homem só é homem, em seu sentido pleno, quando o atinge”. Para
Whitehead (1969) a arte na educação é condição necessária à sobrevivência da
civilização através da não dissociação entre a vida estética e a vida intelectual. Para
Dewey (1959) a arte é um meio de enriquecimento de sentimentos e pensamentos e
tem aspectos que visam o social e outros que visam o pessoal, estes realizados
segundo esforços imaginativos. “A arte deve ser a expressão de seu relacionamento
com outras atividades”. Para Elliot Eisner (1963) a arte-educação atua no sentido da
melhoria de qualidade do pensamento. “As organizações das reações do indivíduo à
sua própria criação artística, às qualidades classificadas e selecionadas, vão dar a
medida da qualidade da inteligência”. Gloton (1965), na França, discorre sobre a arte
nas escolas como meio “... para a consecução de fins nacionais e sociais, de
formação da moral, iniciação à vida coletiva, educação da afetividade, formação do
gosto, desenvolvimento do aluno como um todo numa adaptação harmoniosa ao
mundo”. Para Piaget (1968), a arte é importante na educação por constituir uma
forma de satisfação às necessidades da criança e de adaptação ao real. “É um meio
de conciliar e sintetizar duas realidades: uma pessoal e outra material e social”.
19
que se realize plenamente na educação é necessário uma reforma total do ensino,
“[...] de forma que arte passasse a ser o seu núcleo” (Read, citado por Marin, 1976,
p. 7). Voltamos a Platão !
O equilíbrio entre essas duas forças deve ser enfatizado e buscado através
da valorização da prática, do que realmente tem aplicação, ou melhor, daquilo que
interessa. A exclusividade oferecida à instrução formal, desvinculada da experiência,
da vida prática nada contribui para a socialização e autonomia, objetos primários da
educação nos dias de hoje. Para Drefhal (1998) “a educação é aqui entendida em
seu sentido mais amplo, como um processo social dialético, formal e informal, de
organização da estrutura cognitiva e de socialização das crianças e dos jovens” (p.
126).
15
Marshall McLuhan, citado por Shaefer (1981: 286):
20
(contrabaixo, piano, voz, violão, etc.), arranjador, produtor, uma das grandes
cabeças dos Beatles, que não saiba “ler música”.
16
Para conhecer o Projeto Cariúnas acesse: http://www.cariunas.org.br/principal.htm
21
muito de desenhar porque via em sua frente uma folha em branco sobre a qual
poderia desenhar qualquer coisa que quisesse. Já mais maduro, quando resolveu
estudar música, descobriu que não tinha na sua frente uma folha em branco,
estavam querendo adestrá-lo.
2. METODOLOGIA
2.1. Justificativa
Segundo Lüdke; Marli (1986), a mudança natural de todo ser vivo, resultado
de uma fenomenologia fluida, exige pesquisas no âmbito da educação que se
movimentem entre os conhecimentos acumulados e as transformações sociais. “Um
dos desafios lançados à pesquisa educacional é exatamente o de tentar captar essa
realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica”
(LÜDKE; MARLI, op. cit. p. 5). Na pesquisa escolar isso significa voltar-se para a
sala de aula e o funcionamento da escola.
24
2.2. Objetivo geral
2.4. Abordagem
Uma abordagem20 que vem sendo muito usada nas pesquisas em educação é
a abordagem qualitativa que tem, segundo Bogdan e Biken, citado por Lüdke; Marli
(op. cit.), cinco características básicas importantes: a) tem o pesquisador como
instrumento e o ambiente como fonte de dados; b) o material coletado é rico em
descrições pessoais; c) o foco é o processo, não o produto; d) valoriza as visões
pessoais dos sujeitos; e) o envolvimento do pesquisador na análise dos dados é
grande, pois envolve abstrações e reflexões indutivas.
20
Severino (2007: 119) sugere o uso do termo abordagem ao invés de pesquisa ou metodologia: “são
várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que
faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades
metodológicas”.
25
As características elencadas acima colocam a abordagem qualitativa em
sintonia com as expectativas deste trabalho porque dirigem a pesquisa para o
contexto, para o prático e para o dinamismo participativo da educação. O que se
quer é ouvir as ansiedades, as expectativas de quem está em sala de aula
vivenciando as transformações e as relações sociais bem de perto. As aulas de
música, como se projetam daqui pra frente, não têm personalidade formada ainda e
qualquer que seja o caminho que sua estruturação pedagógica irá tomar, acredita-se
que este é o momento de ouvir o professor, aquele que convive diariamente com
cada aluno e em cada modelo diferenciado da cultura brasileira.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Categorização
27
diversidade é que se aprende a conviver com a visão individual, coletiva e
democrática das formas de pensar e agir sobre a realidade” (RECÔVA, 2005: 52). A
análise do discurso, portanto, envolve constatações a partir de seus elementos
constituintes acrescidas de emoções, desejos e receios, que revelam as
individualidades latentes nos indivíduos.
De certa forma, todo mundo sabe que a Música se aprende, mas têm esse
aprendizado como algo distante de sua compreensão ou mesmo vinculado a um
dom natural:
29
A música transcende quaisquer limites que a ela tenham submetido quaisquer
culturas em quaisquer épocas. Se por um lado a sistematização sob a qual se
desenvolveu durante séculos permitiu seu estudo, registro e difusão, por outro criou
um casulo dentro do qual grande parte da música foi alimentada e dele não mais
saiu, até agora.
30
dos outros, bem como os materiais, canais e códigos aumenta a zona de interesse
tornando o aprendizado significativo.
Que dimensões são essas? Swanwick (citado por Grossi, op cit), detectou
quatro dimensões de respostas à música: as que dão ênfase aos materiais da
música (valorização do som e elementos musicais); à expressão (associação de
com sentimentos e estados emotivos); à forma (como se organizam os materiais da
música) e ao valor (significância em particular) às quais Grossi (2003) acrescentou
mais duas: contextual e ambígua.
Em minha opinião, nem todo mundo tem que tocar, nem todo
mundo e nem todo mundo quer tocar, assim como nem todo
mundo quer jogar basquete, na educação física, vôlei. Então, a
música deveria, nesse momento realmente mais integrador,
inicial, das pessoas até se relacionarem, a música tem um
momento de interagir, trabalhar em grupo e um momento
posterior mais específico. O pessoal deveria escolher uma das
artes, um dos esportes, e não ser direcionado, todo mundo
toca, todo mundo toca música, todo mundo toca instrumento.
Que não é a finalidade na obrigatoriedade. (professora Simone,
Percepção e Estruturação Musical e Violão, ensino técnico).
32
Os entrevistados foram unânimes em relação às estratégias de ensino da
música nas escolas, no sentido de que a vivência musical deve ser o ponto de
partida de todo esse processo.
33
Este ponto de vista é reiterado pelos teóricos da Oficina de Música que
consideram que “o compositor, para agir diretamente no som, teve que aprender a
‘sujar as mãos’ com a matéria sonora, pesquisar, analisar, inventar para após,
finalmente, ter condições de construir sua própria composição” (SILVA, 1983).
Terraza (s/d), discorrendo sobre a metodologia da Oficina de Música, enfatiza que
esta deve provocar a aquisição de uma estrutura de pensamento, e não apenas
transmitir informações.
34
3.3. Afinal, quem pode ensinar música nas escolas?
Pode ser, lógico que é, com certeza. Tem tantas pessoas que
transitam tão bem no mundo da música, no mundo da
literatura, no mundo teatral, tem várias pessoa, quer dizer, se
você é um ator e vai fazer um musical, tem que lidar com
música, então vai entrar com música, e mesmo porque se
amplia o mercado de música ele é muito mais amplo do que a
gente imagina. A gente tem a idéia errada de achar que pra ser
músico você tem que ser necessariamente instrumentista,
virtuose, de preferência, que toca cinco mil notas por segundo
(professor Wellington, História da Música e Música Popular
Brasileira, ensino técnico).
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eu acredito que a melhor forma seria ter um professor de
música em cada escola Se fosse essa parte de vivência da
música, eu acredito que poderia ser feito sim, mas a
sistematização do conhecimento musical teria que ser feito por
um professor de música (professora Gisela, Ensino Infantil e
Educação Especial).
Essa é uma real dificuldade a ser resolvida em três anos. Como formar
professores de música para cumprir a lei em todas as escolas de nível básico do
País? Essa é uma constatação que alguns dos entrevistados usaram como
justificativa para sua aceitação em relação à capacitação de outros professores para
o ensino da música..
e segue perguntando: “por que não começar pelo contato com o material sonoro que
se encontra ao alcance da mão, transformando-o em instrumento de música?”
37
Eu acho que primeiro as escolas tinham que ter um
equipamento, uma estrutura que pudesse atender a forma mais
adequada do aprendizado. (professor Paulo, Educação Física).
Eu acho que tem que ter um instrumento, pode ser canto, pode
ser flauta doce, tem que ter um instrumento, pode ser violão,
pode ser piano. Tem que ter um instrumento. Ele tem que estar
tocando, ele tem que estar tocando. É uma ferramenta porque,
me parece que o mais importante nessa lei, por exemplo, o
aspecto mais interessante dela, reside no fato de se ter contato
com o fazer musical, porque não creio que seja a idéia
principal, primordial formar músicos, não vejo que seja por aí
(professor Wellington, História da Música e Música Popular
Brasileira, ensino técnico).
38
principalmente aqueles menos favorecidos que não teriam como adquirir um
instrumento, mas que essa tarefa pode se desenvolver com outro tipo de
instrumental menos convencional, nas fases iniciais, como o corpo ou a voz.
39
estar presente em todos. O contato com a música, direto, de forma atuante, ativa
ou passivamente, é o que faz a diferença.
Isso está presente também nas novas direções que tem tomado a
pedagogia musical em geral. A experiência com a música, o ouvir e o fazer
musical em suas mais diversas formas, têm se tornado o eixo central de novas
teorias no ensino da música até mesmo a nível de graduação. Quanto mais
próximo da música estiver o indivíduo, quanto maior seu grau de
comprometimento com ela, mais forte a marca que ela deixará impregnada na
personalidade. Mársico (1989) chega a colocar que “a experiência musical
necessita estar ligada ao corpo” de modo que a totalidade da pessoa se ligue ao
fato sonoro através da multiplicação das sensações e finaliza o parágrafo
alertando que o corpo é o “grande esquecido do sistema escolar atual”.
Aqui se esboça uma sugestão: sigamos os passos dos que trabalham com
Oficina de Música e vamos tomar o som em geral como material experimental
para aproximarmos nossos alunos da música; vasculhemos as dinâmicas de
Shaefer em busca das paisagens sonoras e vamos levá-las aos alunos para que
construam suas próprias, com os sons que estão a sua volta, com os sons que
carrega consigo; vamos usar o corpo como instrumento, levar o aluno a percuti-
lo, a percutir com ele, a usar a voz dentro de sua expressividade e capacidade.
Vamos ouvir música junto com nossos alunos e conversar com eles sobre ela.
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3.7. Respeitável público
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3.8. Respeitável professor
42
real interesse no seu estudo) para o da apreciação e vivência musical, o que
realmente interessa dentro desse contexto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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a) ao nível fundamental, as aulas de música poderiam ser dirigidas
exclusivamente ao ouvir e ao fazer musical, usando o corpo, a voz, os sons ao
alcance da mão e mesmo instrumentos de percussão, quando possível. Também é
possível e útil o trabalho experimental com sons indiferenciados, os quais podem ser
produzidos a partir de qualquer objeto a mão, que, nesse momento, se torna o
instrumento musical. O importante aqui é dar vazão à expressividade e à criatividade
do aluno e introduzi-lo na audição intencional e atenta, através da qual poderá
absorver gradualmente conceitos sobre os materiais musicais;
45
REFERÊNCIAS
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Trad. Gilson Cesar Cardoso de
Souza. São Paulo: Perspectiva, 2007, 21. ed.
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