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Arte na
Educação Infantil
e Prática
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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE
Núcleo de Educação a Distância
SANTOS
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S248c
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CDD 371.102
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Sumário
Aula 02_ O que é arte? As dificuldades para a afirmação de um conceito único. ..................................9
Aula 10_ A prática da arte segundo o Referencial Curricular – Artes Visuais e a BNCC – Arte na
Educação Infantil ....................................................................................................................................35
Aula 14_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte I .....................50
Aula 15_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte II ....................54
Aula 16_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte III...................57
Aula 17_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte IV ..................60
Aula 18_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte V ...................63
Aula 19_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte VI ..................66
Aula 20_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte VII .................69
Aula 21_Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte VIII .................72
Aula 22_Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais – parte IX ...................75
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Aula 23_ Reconhecendo a matéria e os procedimentos da música – parte I .......................................79
Aula 25_ A concepção metodológica do Referencial Curricular para a Educação Infantil – artes visuais
................................................................................................................................................................90
Aula 26_ A concepção metodológica do Referencial Curricular para a Educação Infantil – música ....98
Aula 28_O desenvolvimento da expressão gráfica da criança como percurso criador .......................107
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Aula 01_Ensinar e ser ensinado pela arte
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Talvez não nos recordemos particularmente de nossas experiências na
Educação Infantil, mas o que você tem visto ser realizado em arte nas escolas que
você conhece? Como a arte é abordada?
Na modalidade de Ensino a Distância é muito difícil conseguirmos imaginar as
diferentes realidades vividas por todos os alunos envolvidos no processo de
aprendizagem, mas nos arriscamos a dizer que, na maioria dos casos, a arte é muito
falada, muito teorizada, mas pouco praticada na escola.
Os documentos oficiais, que orientam as diretrizes educacionais, são
unânimes em afirmar a importância da arte para o desenvolvimento pleno do
indivíduo e de suas capacidades de relacionar-se com o mundo a sua volta. Fala-se
muito sobre uma educação estética, uma educação para o reconhecimento e o
domínio de múltiplas linguagens, mas pouco se pratica dessa multiplicidade.
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Fonte: Como vai a Arte na Educação Infantil? Escrito por Susana Rangel
Esses são alguns dos questionamentos que usamos como referência para a
construção da proposta dessa disciplina, que é uma abordagem da arte na
Educação Infantil, relacionada às formas de aprendizagem da arte entre as
experiências de professores e de alunos e também de professores-alunos, como
somos todos nós.
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[1] CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Como vai a Arte na Educação Infantil?.
Disponível em: http://brincarjogarepensar.blogspot.com.br/2009/10/como-vai-arte-na-
educacao.html. Último acesso em junho 2014.
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Aula 02_O que é arte? As dificuldades para a afirmação de um conceito único.
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tem sua ocorrência ligada a situações de tempo e espaço, testemunhadas pelas
relações materiais que sobrevivem às vivências dos sujeitos.
Retomando a introdução ao conceito de arte, segundo Jorge Coli (2004, p.8),
temos que “[...] é possível dizer, então, que arte são certas manifestações da
atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa
cultura possui uma noção que denomina solidamente [ arte ] algumas de suas
atividades e as privilegia”.
Em diferentes momentos da história da humanidade, diferentes objetos foram,
ou são, admirados e essa admiração tem sido reconhecida, pela nossa cultura,
como arte, mas o que é arte para um determinado tempo, pode não o ser para outro.
Mesmo num mesmo tempo, o que é arte para uma localidade, pode não o ser em
outra.
Sendo assim, para definir o que é ou não arte, temos de lançar mão de
instrumentos culturais. Dentre eles estão os discursos das autoridades, críticos,
historiadores, peritos, conservadores de museus e os próprios espaços culturais,
como museus e galerias, compondo muitas facetas para a arte.
Pelo pouco que vimos até agora, percebemos que falar o que é arte é algo
complexo, apesar das inúmeras teorias que procuraram clarear as questões
relativas ao tema. Sendo assim, procuraremos, a partir de agora, fazer algumas
considerações sobre arte e o objeto artístico a fim não de defini-los, mas de
percebermos as suas variadas facetas e possibilidades.
Segundo COLI (2004), todos somos capazes de identificar algumas
produções culturais como sendo arte, por exemplo, na frente de um quadro de
Portinari[1] (1903- 1962) temos uma atitude de apreciação, devido ao fato de nossa
cultura ter criado um estatuto das artes, denominando aquela obra como uma obra
de arte.
Diante de algo que nos é mostrado como obra de arte, tendemos a utilizar um
olhar repleto de suposições acerca de gosto, beleza, formas, artistas etc. Porém,
podemos ter uma atitude diferente diante de outras obras que nossa cultura também
aceita como arte, mas que não irão de encontro às nossas expectativas em relação
ao que é arte.
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O mais importante nesse momento é compreender que nossa ideia de arte é
construída socialmente e está presente em nós e nos espaços que compartilhamos
com nossos alunos como um componente cultural em constante atualização. O que
consideramos arte, hoje, possivelmente não será considerado em alguns séculos.
As mudanças históricas dessa concepção ajudam na compreensão desse
processo:
Como manifestação cultural da humanidade, a arte é componente
fundamental no processo de formação do ser humano. No momento em que
se discute a educação com o objetivo de preparar o homem e a mulher para
o exercício da cidadania com conhecimentos que os tornem capazes de
inserir-se na realidade de maneira crítica e criadora, torna-se imprescindível
discutir também o espaço da arte em sua formação. [...] Algumas
concepções de arte nortearam sua presença na educação brasileira.
Podemos observar, de acordo com a pesquisa desenvolvida por Silva
(2005): a arte como técnica, ênfase dada desde o período dos jesuítas a
presença da Academia Imperial de Belas Artes; a arte como expressão,
situada no início do século XX com o modernismo no Brasil, passando pela
Escola Nova e pelo Movimento Escolinhas de Arte até meados dos anos
1960; a arte como atividade, concepção enfatizada por meio da Lei 5692/71,
que institui a Reforma Educacional do ensino de 1° e 2° graus, até meados
dos anos 80; a arte como conhecimento que se situa por volta dos anos 90
aos dias atuais. É importante frisar, porém, que a localização no tempo
dessas concepções situam, de forma mais ampla, o período em que elas se
fizeram mais evidentes na educação, o que é preciso atentar-se para evitar
a rigidez das classificações e marcos definidos numa ideia de história linear.
A intenção aqui é utilizar esses marcos temporais como facilitadores para a
percepção da existência dessas concepções que permearam a arte no
sistema educacional, no caso brasileiro. Isso não impede, no entanto, a
coexistência e permanência das mesmas, no decorrer do tempo. (GALVÃO;
SILVA)[2]
É importante ressaltarmos que, enquanto educadores, ao escolhermos essa
ou aquela manifestação cultural para fazer parte do repertório que será trabalhado
pela escola, estamos fazendo o papel de autoridades em arte, como o crítico ou o
historiador, dizendo de forma indireta a nossos alunos, o que é ou não arte.
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[2] SILVA, Maria Betânia; GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. CONCEPÇÕES DE
ARTE NA EDUCAÇÃO. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.35, p. 141-159,
set.2009 - ISSN: 1676-2584. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/35/art10_35.pdf. Último acesso
em: junho 2014.
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Aula 03_O professor - crítico de arte
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Ele provocou o público e os especialistas em arte, obrigando esse público a
reconhecer que um objeto só é artístico porque foi aceito como tal pelas diversas
competências que consistem nas instituições: pelo museu, pelo crítico, pelo
historiador etc.
Nós, professores, devemos compreender que, enquanto responsáveis pela
formação artística de nossos alunos, exercemos essa ação de autoridade, que
implica em responsabilidade. E, nesse contexto, nossa experiência artística é nossa
baliza de julgamento, é nossa ferramenta para fazermos nossas escolhas.
Por isso, como educadores temos de nos questionar sobre o que entendemos
que é ou não arte, o que é ou não válido como experiência artística para nós, para
então começarmos a pensar o que acreditamos ser necessário ensinar enquanto
arte, procurando ampliar nosso repertório de idéias, conceitos, teorias e vivências
em arte.
Sobre repertórios e vivências, Coli (2004) também atenta para algumas
contradições, por exemplo: a arte africana que nos remete às esculturas e máscaras
realizadas por tribos da Nigéria, Angola ou da Costa do Marfim.
Nossa imagem da arte dessas culturas exemplifica como a nossa cultura
seleciona algumas manifestações materiais e dá a elas uma denominação
desconhecida dos homens que as produziram, uma vez que esses objetos culturais
não são, para esses povos, objetos de arte, mas de religiosidade.
Somos nós, por nossa cultura, que atualizamos e valorizamos esses artefatos
produzidos para o culto religioso ou ritual, como objetos de arte, colocando-os em
museus. Isto é, nós dizemos o que é ou não arte, segundo nossas experiências
culturais e, também, segundo as experiências culturais que aceitamos como
legítimas para fazer essa aferição.
Vale aqui seguirmos com nossos questionamentos perguntando: será que o
que aceitamos e legitimamos como arte é também o que nossos alunos reconhecem
como arte? O que nossos alunos entendem que é arte, ou não é? Quanto desse
reconhecimento dos alunos está presente na escola?
O reconhecimento da experiência artística de nossos alunos e nossa mesma
é o primeiro passo para pensarmos a existência da arte dentro da escola, porque,
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antes mesmo de ser um componente curricular, arte é uma vivência do cotidiano,
uma experiência que ganha sentido nas trocas culturais, a partir de onde nos
construímos como sujeitos no mundo.
Mas, afinal de contas, o que a arte faz na escola? E, especialmente, o que faz
a arte na Educação Infantil?
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[...] a resolução referente à Educação Infantil [...] a respeito dos princípios
estéticos, repete, no seu artigo 3º, inc. I, letra c, quase o mesmo texto do
respectivo artigo referente às diretrizes do Ensino Fundamental, com a
diferença de incluir a ‘ludicidade’ como um dos adjetivos que qualifica essa
estética. Ou seja, indica como um dos princípios norteadores, os ‘princípios
estéticos da sensibilidade, da ludicidade e da diversidade de manifestações
artísticas e culturais’[1].
Trojan (2004) chama a atenção para percebermos como a estética foi eleita
para compor o tripé sobre o qual toda a educação brasileira está legalmente
amparada – estética, ética e política – mas como, apesar disso, tem sua importância
menosprezada diante dos outros dois componentes.
A arte é o veículo por excelência da presença da estética na educação, ainda
que não seja o único, por isso, o trabalho com arte na educação deve levar em conta
essa relação. Assim poderíamos sintetizar que a presença da arte na escola visa
garantir a existência da formação estética do indivíduo.
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[1] Resolução CEB n. 1 de 7 de abril de 1999, CNE, referente ao Parecer CEB n. 22/98,
aprovado em 17/12/99.
[2] LEONTIEV, Dimitry A. Funções da arte e educação estética. In FRÓIS, João Pedro.
Educação Estética e Artística: abordagens transdisciplinares. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2000.
[3] CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO
ESTÉTICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%
C3O%20EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf.
Último acesso em: junho 2014.
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Aula 05_Relações entre arte e estética
O que arte e estética têm em comum? Assim como a pergunta - o que é arte?
- a relação entre arte e estética não possui um enunciado direto e único, apesar de
estarem diretamente ligadas. Como conceitos nascidos de relações culturais, ambos
dependem do desenvolvimento de processos ligados a relações de tempo e espaço
e, por isso mesmo, históricos.
A epígrafe escolhida para iniciar essa quinta aula pode nos ser útil, como uma
pista, para seguirmos a trilha das relações entre arte e estética. Como vimos nas
primeiras aulas, somos capazes de identificar os objetos artísticos a partir dos
diferentes discursos que os nomeiam como tal, para a nossa cultura. E, diante
desses objetos reconhecidos como arte, tendemos a ter uma atitude diferenciada,
admirativa.
Essa atitude de respeito e admiração norteia nosso comportamento diante de
obras reconhecidas como arte. Mas, de que comportamento estamos falando? Você
já esteve em um museu? Mesmo que nunca tenha entrado em um, já viu cenas de
pessoas dentro de Museus e Galerias, em filmes ou programas de televisão.
Como as pessoas se comportavam ali? Estavam falantes e comunicativas?
Riam e gesticulavam freneticamente? Qual o comportamento aprovado socialmente
para esses espaços? Em geral, a idéia que predomina é de certo silêncio
contemplativo, uma atitude de admiração respeitosa.
Mas, o que está sendo admirado? A resposta imediata seria a beleza.
Entretanto, temos aí outro problema, bastante complexo. Beleza também é um
componente da cultura, formulado historicamente de maneiras muito diferentes, em
que cabe sempre um componente ideológico, pela força das classes sociais
dominantes, legitimando suas escolhas.
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Além disso, a arte nem sempre trata do belo. Há obras cujo tema é a miséria
humana, outras cujos materiais usados para sua criação foram descartados, até
mesmo lixo. Então, de que beleza trataria a arte?
A Estética é o campo de estudo associado ao belo. Segundo Aranha (1993), o
uso comum da palavra estética diz respeito, por exemplo, à beleza física, usada
como adjetivo, qualidade atribuída a algo ou alguém. Nas artes, por sua vez, a
palavra estética adquire outro sentido, sendo usada como substantivo: estética
moderna, estética renascentista etc. “A palavra estética usada como substantivo
designa um conjunto de características formais que a arte assume em determinado
período e que poderia, também, ser chamado de estilo.” (ARANHA, 1993, p. 341)
Mas, há ainda outro significado, relacionado ao campo da filosofia, que se
dedica ao estudo racional do belo, e sobre o sentimento que faz nascer na
humanidade. “Etimologicamente, a palavra estética vem do grego aisthesis, com o
significado de ‘faculdade do sentir’, ‘compreensão pelos sentidos’, ‘percepção
totalizante’ ”. (ARANHA, 1993, p. 341).
Por muitos séculos, a arte foi considerada a forma por excelência de criação
de beleza e, por isso mesmo, ocupa uma posição de importância em relação aos
estudos de estética. Entretanto, esse laço entre arte e beleza não pode ser mais
aplicado de forma tão direta, quando nos referimos, por exemplo, às manifestações
da arte moderna ou contemporânea.
Nesses casos, arte e estética estão ligados, não porque a arte esteja
comprometida com o belo, mas, principalmente, porque o objeto artístico ou obra de
arte, ao apresentar-se no mundo para ser visto ou vivenciado, o faz perante a
mobilização da percepção, de uma forma particular que a mobiliza por essa
qualidade de admiração. A obra, necessariamente, é percebida por meio dos nossos
sentidos, e em tais circunstâncias, a vivência da arte torna-se processo de
conhecimento.
A ligação existente entre os objetos artísticos e sua apreensão pelos
processos de percepção e pela mobilização de nossos sentidos em admiração, faz
com que, enquanto disciplina filosófica, a estética, dedique-se ao estudo da arte, das
teorias da criação e percepção artísticas.
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De princípio, é importante afirmar que a estética é eminentemente filosófica,
os conceitos sobre estética confundem-se com o conceito de arte, mas se
ocupa especificamente do conhecimento sensível. Nesse sentido, a estética
estuda as qualidades de formas de representação artísticas perceptíveis
pelos sentidos, busca a construção de um discurso reflexivo sobre o fazer
artístico e o processo criativo. A reflexão sobre estética é uma vivência,
afinal a obra de arte não é percebida somente pelos órgãos do sentido, mas
é uma atividade interior que entra em contato com a vivência do outro
indivíduo. Nesse sentido, a Estética se constitui por um discurso reflexivo e
autônomo, de natureza filosófica acerca dos aspectos gerais da arte, do
fazer e produzir artístico, a estética evidencia particularidade da obra
artística, configurando suas nuances entre a produção singular e universal.
(CASTILHO; FERNANDES)[1]
[1] CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO
ESTÉTICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/Q
UEST%C3O%20EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20
ENSINO.pdf. Último acesso em: junho 2014.
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Aula 06_Experiência estética em sala de aula
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É uma forma de relação do homem com o mundo, a partir de questões
formais, de cores, de texturas, de sons, de luzes, de metáforas, ativando nossa
experiência de “ser e estar” no mundo. É uma relação de conhecimento que a arte
cria e recria, em movimentos sucessivos, junto à percepção, tanto do criador –
artista, como dos fruidores – aqueles que se confrontam com a arte.
Mas por que essa experiência deve compor as ações desenvolvidas em sala
de aula?
Uma das finalidades do ensino de arte é a formação estética, além do
refinamento da percepção e da sensibilidade, por meio do fomento à
criatividade, da autonomia na produção e fruição da arte. [...] É um exercício
difícil e relevante para a educação, pois a estética esta presente em praticas
sociais e culturais como forma de expressão e representação do mundo,
contudo, é essencialmente predominante na arte. Por meio da educação
estética se pode despertar a sensibilidade, perceber e organizar os
estímulos do exterior e as funções globais do corpo.(CASTILHO;
FERNANDES)[1]
Como essa experiência pode ser promovida para que os alunos possam
vivenciá-la? Não há uma resposta única para essa pergunta, mas o mais óbvio
talvez seja a resposta mais interessante nesse momento do nosso diálogo: -
Trazendo arte para dentro da escola e, principalmente, para dentro da sala de aula.
Isso significa propiciar situações de aprendizagem em que a arte esteja
presente por sua força de organização do conhecimento, como linguagem e
expressão de cada indivíduo e do mundo que os circunda. Na prática pedagógica
significa incluir, entre os conteúdos com que o professor faz interagir na
aprendizagem, uma multiplicidade de formas artísticas, tanto em situações de
prática das artes, como em ações de apreciação dessas mesmas manifestações.
A vivência de experiências de representação artística conforma novos
sentidos, significados e experiências às parcelas de “mundo” que possam ser a ela
associadas; como diz Frederico de Morais (2002, p. 205), reinventando o mundo. Se
você se interessa por arte, talvez já tenha, em algum momento de sua história,
realizado um desenho, pintura ou escultura, uma modelagem ou outra forma de arte.
Lembra-se de como sua atenção foi mobilizada para que o desenho ou
pintura pudesse ser realizado? Aqueles que têm oportunidade de fazer e apreciar
arte percebem que esta faz interagir, em si, e no mundo, aspectos da consciência,
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do inconsciente, da memória, da vontade, da intuição, do olhar, da ação da mão, da
ação dos materiais e tantos outros aspectos que fazem da arte uma atividade
complexa e indispensável à humanidade.
Por essas qualidades ela deve estar presente na formação escolar. Por aquilo
que ela – atividade artística – propicia, pelo conhecimento e reinvenção do mundo
que fazem parte da construção da consciência tanto das crianças, como de jovens e
de adultos. E isso vale tanto no que diz respeito ao fazer arte como ao apreciar a
arte.
Os Referenciais da Educação Infantil, apesar de insistirem continuamente, em
seu texto, sobre a necessidade do desenvolvimento estético da criança, não
explicitam do que é que está sendo falado. Ou, em outras palavras, os referenciais
não explicam o que é esse desenvolvimento estético que está sendo solicitado para
que o professor realize com seus alunos.
Os Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental – Arte – foram mais
generosos nesse sentido. O texto tem uma abordagem mais clara sobre o
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entendimento de experiência estética e sua relação com o desenvolvimento
educacional da criança.
Encerramos aqui nossa primeira unidade que tratou dos fundamentos do
ensino de arte. Na próxima unidade vamos conhecer um pouco mais sobre aspectos
históricos dessa relação e sobre a proposta do Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil.
[1] CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO
ESTÉTICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%
C3O%20EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf.
Último acesso em: junho 2014.
[2] CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO
ESTÉTICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%
C3O%20EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf.
Último acesso em: junho 2014.
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Aula 07_ O Referencial Curricular para a Educação Infantil e as artes
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Mas, qual seria a especificidade dessas experiências vividas por meio da
arte? Nos Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental encontramos
algumas referências interessantes e esclarecedoras.
O que distingue essencialmente a criação artística das outras modalidades
de conhecimento humano é a qualidade de comunicação entre os seres
humanos que a obra de arte propicia, por uma utilização particular das
formas de linguagem. (Brasil, 1997, p. 37).
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participação na vanguarda artística de nome Fauvismo, teria sido abordado durante uma
exposição de seus trabalhos. O inquisidor, diante de um quadro seu teria dito algo como: “ –
Mas, uma mulher não é verde!”. A essa questão, o artista teria respondido: “- Mas, isso não
é uma mulher, é uma pintura”.
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Aula 08_Arte na escola - que história é essa?
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pelo neoclassicismo, a chegada da Missão Artística Francesa, em 1916, deu início à
primeira tentativa de organização formal do ensino da arte no Brasil.
O resultado dessa investida foi a criação da Real Academia de Artes, mais
tarde Academia Imperial e, por fim, Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro,
também conhecida como Academia de Belas Artes. Que dominou o ensino de arte
até o início do século XX.
O ensino oficial, instalado a partir da Academia de Belas Artes seguia
modelos europeus. A ênfase do ensino era dada na preparação de atividades
técnicas. Entre os conteúdos ministrados o desenho possuía prioridade, e seu
objetivo era o domínio técnico das relações de representação e da racionalidade.
Esse ensino era prioritariamente para os homens.
Ferraz (1991, p. 27) aponta como fatores fundamentais para a renovação do
ensino da arte, já no século XX, a Semana de Arte Moderna, de 1922; a criação das
universidades, nos anos 1930; a realização das Bienais de São Paulo, a partir de
1951; os movimentos universitários, ligados à cultura popular, nos anos 1950 e
1960; a contracultura, nos anos 1970; a criação de cursos de pós-graduação em
ensino da arte e a mobilização de profissionais da área, a partir dos anos 1980.
Poderíamos acrescentar também a criação de cursos de formação de
professores de educação artística, nos anos 1970. Entretanto, a arte só passa a
fazer parte do currículo escolar, com o nome de Arte, a partir da última Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, em 1996.
A relação entre o ensino da arte e as tendências pedagógicas, por sua
vez, pode ser dividido em 5 momentos. O primeiro, segundo Ferraz (1991, p.30), é
marcado pela influência da pedagogia tradicional. As aulas sobre a influência da
pedagogia tradicional mantiveram o desenho como principal conteúdo do ensino da
arte, optando igualmente por uma ênfase utilitária, de preparação para o trabalho.
A presença do desenho nas escolas primárias e secundárias “[...] fazia
analogias com o trabalho, valorizando o traço, o contorno, a repetição de modelos,
que vinham geralmente de fora do país; o desenho de ornatos, a cópia e o desenho
geométrico” (Idem, p. 30). Esses conteúdos serviam tanto para preparação para o
serviço industrial como para o artesanal.
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As representações esperadas dos estudantes (desenho do natural, desenho
decorativo e desenho geométrico) eram convencionais e tinham seus conteúdos
previamente determinados, incluindo noções de proporção, perspectiva, geometria,
composição, esquemas de luz e sombra. Ainda segundo essa autora, nas “escolas
normais”, de preparação de professores, incluía-se o “desenho pedagógico”, com o
objetivo de ilustrar as aulas.
A aprendizagem era realizada por meio de atividades com ênfase na
repetição, no exercício da mão, na memorização, no refinamento do gosto e no
senso de moral. “[...] O ensino tradicional está interessado principalmente no produto
do trabalho escolar e a relação professor e aluno mostra-se bem mais autoritária.
Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas”. (Idem, ibidem).
Apesar da introdução, a partir dos anos 1950, da música, canto orfeônico e
trabalhos manuais, a relação com a aprendizagem continuou a ser “[...]
reprodutivista, desvinculando-se da realidade social e das diferenças individuais”
(Idem, p. 31), centrado no professor.
Apesar de estarmos falando de formas de ensino que se instalaram no Brasil
há mais de um século, percebemos que muitas das características a elas atribuídas
continuam presentes na escola atual.
Em relação à arte, a ênfase no desenho, a repetição de modelos, o desenho
pedagógico, o destaque às habilidades manuais e os conteúdos técnicos continuam
permeando nosso ensino, não dando espaço à expressão das relações de
linguagem, de criação e de pesquisa, nem de alunos, nem de professores.
Na próxima aula continuaremos analisando as tendências pedagógicas em
relação ao ensino da arte, até os dias atuais.
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Aula 09_As tendências pedagógicas e o ensino da arte
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(Idem, p. 32), tanto aluno como professor ocupam papéis secundários. Em primeiro
lugar está o sistema técnico de organização do curso e da aula, muito conhecido
pelo uso de apostilas e materiais didáticos confeccionados a priori.
Nesse contexto tecnicista, a arte também recebe um tratamento padronizado.
Os objetivos da aprendizagem valorizam a capacidade de “saber construir”, saber
executar técnicas e atividades que são apresentadas como uma sequência de
realizações racionais, com uso de materiais diversificados, com ênfase no produto
que será obtido por meio da habilidade. “[...] Faz parte ainda desse contexto
tecnicista o uso abundante de recursos tecnológicos e audiovisuais, sugerindo uma
‘modernização’ do ensino.” (Idem, Ibidem).
Essa metodologia veio ao encontro também da valorização do livro didático
como foco da aprendizagem, que teve seu auge entre os anos 1970 e 1980. As
questões sobre a linguagem e expressão da arte caem, sem dúvida, para segundo
plano, excluindo da educação as bases teóricas da arte.
Ainda hoje, sua influência permanece, por exemplo, nos sistemas
apostilados, ou quando o professor planeja uma sequência de propostas técnicas,
enfatizando o domínio de habilidades manuais, de forma dissociada das relações de
linguagem, teoria ou filosofia da arte.
Ainda nos anos 1960, as ideias desenvolvidas por Paulo Freire repercutem
na educação brasileira. Sua proposta é voltada ao “diálogo educador-educando e
visando à consciência crítica” (Idem, p. 33). Seus ideais serviram de inspiração e
influência para educadores como Ana Mae Barbosa, que buscam a superação dos
entraves tecnicistas e tradicionais, ou do excesso de ênfase no processo subjetivo
da arte.
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A proposta metodológica organizada por Ana Mae ficou conhecida com o
nome de Proposta Triangular por estar baseada em um tripé: fazer arte, leitura de
obra de arte e história da arte. Atualmente, a própria autora sugere uma mudança
nessa tríade, passando a compô-la não mais pela história da arte, mas por formas
de contextualização, que a educadora considera mais abrangente, por criar maiores
possibilidades de interdisciplinaridade.
Sua proposta passou a ser desenvolvida nos anos 1990, no Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo e no Rio Grande do Sul, pela
fundação Iochpe e Universidade Federal. Suas ideias migraram para as aulas de
arte do ensino básico, sofrendo transformações, acréscimos e mesmo deturpações.
No final dos anos 1990, influenciou a criação, tanto do Referencial da
Educação Infantil, como dos Parâmetros Curriculares para o ensino Fundamental e
Médio.
Na próxima aula seguiremos com uma reflexão sobre as proposta de prática
da arte na educação, com a discussão do Referencial Curricular proposto pela União
para as Artes.
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Aula 10_ A prática da arte segundo o Referencial Curricular – Artes Visuais e a
BNCC – Arte na Educação Infantil
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Concebendo as artes visuais como linguagem que deve ser apreendida pela
criança em sua formação escolar, aponta três aspectos que devem ser articulados
na prática pedagógica: o fazer artístico, a apreciação e a reflexão sobre a arte.
Esse fazer é concebido como “[...] centrado na exploração, expressão e
comunicação de produção de trabalhos de arte por meio de práticas artísticas,
propiciando o desenvolvimento de um percurso de criação pessoal” (Idem, Ibidem).
A apreciação, por sua vez, é apresentada como:
[...] percepção do sentido que o objeto propõe, articulando-o tanto
aos elementos da linguagem visual quanto aos materiais e suportes
utilizados, visando desenvolver, por meio da observação e da fruição, a
capacidade de construção de sentido, reconhecimento, análise e
identificação de obras de arte e de seus produtores (Idem, Ibidem).
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- diversidade de expressões: pinturas, desenhos, esculturas, gravuras,
fotografias, objetos e outros;
- diversidade de gêneros: obras abstratas, figurativas com figuras humanas e
animais, paisagens urbanas e rurais, marinhas, natureza morta, cenas históricas,
cenas religiosas e outros,
- diversidade de períodos históricos: obras modernas, contemporâneas, pré-
históricas, gregas, medievais e etc;
- com diferentes aproximações: por meio de projeções, cartazes, reproduções,
mas também em visitas à museus e espaços expositivos.
O critério de escolha do artista, da expressão artística, do gênero de arte e de
como a obra será apreciada, tem de considerar o repertório das crianças, seus
interesses e capacidades tanto cognitivas quanto de coordenação motora e, sempre:
os objetivos de aprendizado que se deseja alcançar.
Ao analisar a escolha da imagem para a leitura, Fernando Hernández indica
onze critérios para a escolha das imagens a serem lidas: (Arslean; Iavelberg. 2006,
p. 22)
1 - ser inquietantes.
2 - estar relacionadas com valores compartilhados em diferentes culturas.
3 - refletir as vozes da comunidade.
4 - estar abertas a múltiplas interpretações.
5 - referir-se à vida das pessoas.
6 - expressar valores estéticos.
7 - fazer com que o expectador pense.
8 - não ser herméticas.
9 - não ser apenas a expressão do narcisismo do artista.
10 - olhar para o futuro.
11 - não estar obcecadas pela ideia de novidade.
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Claramente, o que desejamos alcançar com a leitura é o desenvolvimento de
uma alfabetização visual crítica que só se torna realidade quando esse exercício
crítico tem espaço.
[...] desde a invenção da fotografia, depois seguida de uma série de
meios imagéticos - cinema, televisão, vídeo -, e agora em plena
efervescência dos meios digitais, com suas variadas interfaces -
computadores desktops, iPhone, iPads -, o ser humano está rodeado de
imagens por todos os lados, em cada canto e minuto de seu cotidiano, isso
sem considerarmos que, quando dormimos, continuamos a ver imagens nos
sonhos. Diante disso, nada poderia ser mais plausível, e mesmo
necessário, que a imagem adquirir na escola a importância cognitiva que
merece nos processos de ensino e aprendizagem. (SANTAELLA, 2012)
Vale ressaltar aqui que todo esse processo de observação atenta e análise de
imagens é composto por aspectos da apreciação e da reflexão que se encaminham
simultaneamente.
O RCNEI foi o principal material disponibilizado aos professores por muitos
anos, mas agora possuímos também a Base Nacional Curricular que foi homologada
em duas etapas: para educação infantil e fundamental em 20 de dezembro de 2017
e, em 14 de dezembro de 2018, para do Ensino Médio.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) versa sobre o que crianças e
jovens deverão aprender nas diversas áreas do conhecimento. Esse documento
estabelece uma concepção de educação para o Brasil, objetivos de aprendizagem
para as diferentes áreas de conhecimento e competências e habilidades que todos
deverão desenvolver por direito.
Em relação à arte, a BNCC enfatiza principalmente seu caráter expressivo
dentro da educação: “A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as
subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de
aprendizagem em Arte”. (BNCC, 2017, p. 198).
Dentro dos “Campos de experiência” a arte aparece, principalmente, nos
campos: “Corpo, gesto e movimentos” e “Traços, sons, cores e formas”, mas pode
ser um componente que colabora na interdisciplinaridade, por exemplo, em “O eu, o
outro e o nós”. Especificamente em “Corpo, gesto e movimentos” nós observamos a
tabela abaixo com os Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
organizados em três grupos por faixa etária.
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Podemos dizer que a Base afirma a importância da arte como veículo de
experimentação de materiais, suportes e de estimulação da percepção, mas não
prevê as ações de formação para a participação na cultura, nessa etapa. Assim, na
área de arte, a BNCC deve continuar sendo acompanhada pelo RCNEI.
REFERÊNCIAS
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Aula 11_ A proposta do Referencial Curricular para a música
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Dessa forma percebemos que o que está sendo valorizado é a compreensão
da “música como linguagem e forma de conhecimento”.
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(Idem, p. 49). Na sequência dos textos, a relação da criança com a música é
apresentada seguindo a mesma divisão já proposta anteriormente para as artes
visuais: de zero a três anos, e de quatro a seis anos, dividindo também em objetivos,
conteúdos e apreciação musical.
Esses temas serão assuntos de aulas da nossa disciplina, mas nesse
momento vamos passar a estudar as teorias que dão subsídio às práticas
apresentadas pelo Referencial, propondo, dessa forma, uma reflexão crítica sobre
essa prática. Na próxima aula, estudaremos a concepção de arte como experiência,
que oferece bases para pensarmos o fazer ou produzir, o apreciar e o refletir sobre
artes visuais e música.
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Aula 12_ A prática da arte como experiência – parte I
Nas aulas anteriores percebemos como a principal crítica à prática das artes está
em concebê-la como uma reprodução de modelos prontos, sem espaço para o
desenvolvimento da linguagem, da expressão e do conhecimento específico da
área. Criticam-se assim os aspectos mecânicos desse fazer e sua ênfase, quase
que exclusiva, no desenvolvimento de habilidades manuais.
Uma das teorias mais importantes que esclarece como esse fazer tem de ser muito
mais que repetição e habilidade, resgatando sua importância para a formação
integral do sujeito e sua afirmação como tal é de John Dewey e sua teoria diz
respeito à arte como experiência.
Dewey atenta para o processo criativo que é colocado em ação quando a criança,
ou mesmo o adulto, está em contato com a prática da arte. Para esse autor, essa
prática das atividades artísticas é uma ação da inteligência como um todo e nunca
uma habilidade. Uma experiência privilegiada que põe em contato relações de
percepção, da consciência e das emoções.
[...] a idéia de que o artista não pensa tão intensa e penetrantemente quanto
um pesquisador científico é absurda. Um pintor precisa padecer
conscientemente o efeito de cada toque do pincel, ou não será capaz de
discernir aquilo que está fazendo e para onde se encaminha o seu trabalho.
Ademais, tem de ver cada conexão particular de sofrer e agir em sua
relação com o todo que deseja produzir. Apreender tais relações é pensar, e
é uma das mais exatas formas do pensamento. A diferença entre as
pinturas de diferentes pintores é devida mais a diferenças na capacidade de
conduzir tal pensamento do que a simples diferenças de sensibilidade à cor
e a diferenças na destreza da execução. No que diz respeito à qualidade
básica das pinturas, a diferença depende, na verdade, mais da qualidade da
inteligência empregada na percepção de relações do que de qualquer outro
fator – ainda que naturalmente a inteligência não possa ser separada da
sensibilidade direta e seja conectada, ainda que de modo mais externo, com
a habilidade. (DEWEY, 1974, p. 255).
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Essas relações inerentes à experiência da arte, exemplificadas por Dewey por meio
das ações do pintor, estão igualmente presentes na prática da música. A prática da
música depende de relações da consciência para a organização rítmica do som, das
melodias e harmonias envolvidas, envolvendo relações de pensamento que vão
muito além do conhecimento da escala musical.
Como vimos pelo texto, para o autor, o aspecto estético é, pois, fator fundamental da
inteligência, particularmente para aquilo que ele define como uma experiência.
Como já vimos na primeira unidade, o desenvolvimento estético, isto é, o
desenvolvimento das capacidades envolvidas nas relações de percepção, da
consciência e das emoções, concretizado pela prática das artes, é um dos principais
objetivos educacionais da presença das artes na escola.
Mas, o que seria uma experiência, segundo Dewey? Essa experiência, à qual
Dewey dedica seus escritos, diferencia-se por configurar um processo perceptivo
pleno.
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Uma experiência configura-se como um movimento que flui,
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Aula 13_A prática arte como experiência – parte II
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aspecto “fazer”, que os dicionários a definem em termos de ação desta,
habilidade na execução. (Idem, p. 256).
Dewey não discorda dessa dimensão do “fazer”, mas propõe que esse fazer
não seja desvinculado do trabalho da percepção, da consciência, da inteligência.
[...] A observação constante é naturalmente necessária para o autor
enquanto está produzindo, mais adiante acrescenta:[...] O homem talha,
esculpe, canta, dança, gesticula, modela, desenha e pinta. O fazer ou obrar
é artístico quando o resultado percebido é de tal natureza que suas
qualidades, enquanto percebidas, controlam a produção. (Idem, p. 257)
Percebemos assim que a prática da arte não deve dar-se de forma mecânica
ou repetitiva, mas que exige atenção, concentração e disposição para a experiência,
qualidades que têm de ser desenvolvidas com o educando, para que se tornem
espontâneas. Apesar da vivência de uma experiência ser uma capacidade inata ao
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ser humano, sua presença no contexto educacional tem de ser desenvolvida, para
que esteja incluída como processo de aprendizagem.
Esse pensador, como um dos maiores defensores da importância da arte na
constituição do sujeito, e pela valorização que concede à experiência vivida por meio
do fazer / apreciar arte, tem sido uma das referências mais importantes para a
reformulação do ensino de arte no Brasil.
Finalizamos aqui esta segunda unidade; a partir da próxima aula passaremos
à outra dimensão da prática das artes, à dimensão dos materiais e seus
procedimentos. Apresentaremos alguns dos materiais correntes às artes visuais e a
música, enfatizando seu uso na Educação Infantil.
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Aula 14_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte I
Nas aulas anteriores, discutimos teorias que dão suporte à reflexão sobre a
prática das artes na educação. Passaremos agora ao reconhecimento dos materiais
de artes visuais e suas formas de utilização, enfatizando as relações e variações
para as diferentes etapas do ensino, pois, como educadores, precisamos conhecer
também os materiais artísticos, tanto os materiais profissionais, como sua versão
didática.
Os Suportes para Desenho e Pintura:
Os papéis:
A pesquisa de suportes para a escrita e o desenho data das primeiras
civilizações, como China (tecidos e fibras vegetais), Egito (papiro) e Mesopotâmia
(tábuas de argila). O papel caracteriza-se pela suspensão de fibras em água e seu
depósito sobre uma tela, onde as fibras reorganizam-se numa trama. Ao secar,
ganha sua aparência de superfície plana, mais ou menos fina e texturizada.
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- Têm ótimo resultado, por exemplo, na cobertura das canetas hidrográficas,
tanto por serem lisos, como pelo contraste que proporcionam às cores, por sua
aparência clara e luminosa.
- Apesar de só serem encontrados no formato retangular, podem ser
cortados facilmente em diversos tamanhos e formatos: redondo, triangular,
quadrado, assim como formatos irregulares e orgânicos.
- A disponibilização de diferentes formatos de papéis para os alunos é muito
positiva, pois cria situações desafiadoras, exigindo que reorganizem sua prática,
evitando as soluções repetitivas.
- Essa variação de formatos também se aplica aos papéis tipo “color paper”
(papéis coloridos em bloco) e às cartolinas, lembrando a necessidade de adequação
do material de desenho ou pintura quando a cor do suporte é escura (ex.: uso da
tinta branca sobre papel preto, vermelho ou azul escuro).
2. Os papéis craft, manilha, pardo e semelhantes:
- São maiores que os descritos anteriormente, adaptando-se bem à realização
de painéis, por exemplo.
- A maior dificuldade de uso é a cor escura e pouco luminosa. Não dá bons
resultados com giz de cera ou grafite, nem com cores suaves. É mais próprio às
canetinhas de cores escuras e as tintas como guache, tintas plásticas e colas
coloridas.
- Também são uma boa opção para o uso do carvão e os gizes tipo pastel
seco.
- Esses papéis podem ser preparados com uma base branca, ou clara (bege,
amarela etc.), com uma mistura de uma parte de PVA (tinta de parede) e meia parte
de cola branca. Aplicar essa base com rolinho ou pincel, acrescentar água se ficar
muito grosso.
3. Papéis artesanais
- Há papéis artesanais que podem ser adquiridos no mercado. São mais
rugosos e texturizados, permitindo variações no estudo de texturas e cores.
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- Também podem ser fabricados na escola, por exemplo, em associação com
conteúdos de natureza e sociedade, por seu envolvimento com reciclagem e
preservação do meio ambiente.
4. Papel canson e vergê
- Os papéis tipo canson são os ideais para o uso das tintas à base de água
porque são mais pesados (têm mais papel na massa) e mais texturados, o que
permite uma maior absorção da água nas aquarelas, guache e mesmo no lápis
aquarelado. Sua vantagem também é o tamanho, encontrado desde o A4 até o A1,
que é 8 vezes maior que o A4.
- O canson pode ser encontrado nas cores branco e creme. Os cremes e mais
texturados, são melhores para as tintas. Os brancos e lisos levam gesso na massa e
são menos resistentes à água.
- A maior dificuldade do canson é o preço. Pode ser substituído por cartolina
preparada com a mesma base de PVA e cola, em duas ou três camadas.
- O papel vergê é muito bom para o desenho a lápis grafite ou lápis de cor,
usando-se o lado que não é texturado (sem as caneladuras). Também é encontrado
nos tamanhos, do A1 ao A4, mas a dificuldade também é a mesma, o preço.
Igualmente pode ser substituído pela cartolina preparada com PVA.
As madeiras:
A madeira é uma ótima alternativa para a variação do suporte para a pintura e
o desenho, proporcionando a oportunidade de pesquisa a alunos e professores.
1. Madeiras em pranchas
- Seu uso pode ser difícil pelo peso, pelo preço, ou pela dificuldade de
aquisição, mas se há pranchas de madeira usadas na escola, elas podem ser
aproveitadas, cortadas, lixadas e cobertas com uma mistura feita de uma parte de
PVA (tinta de parede), mais meia parte de cola branca e água, se o PVA estiver
muito grosso. Cria-se assim uma cobertura que pode ser aplicada com rolo, para
uma superfície lisa ou com pincel ou trincha, para um pouco de textura. Essa base
pode ser usada tanto para a pintura como para desenho e colagem. Usar de três a
quatro camadas finas, lixando entre uma passada e outra.
2. Compensados, caixas de maça, aglomerados
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- Na Educação Infantil o ideal é o uso de madeira de caixotes de maça ou
compensados bem finos, por conta de serem leves. Mas, especialmente, as
madeiras de caixote têm de ser bem lixadas para retirar as farpas, que podem
machucar. Também têm de ser preparadas com a base de PVA e cola branca.
- Os aglomerados são muito pouco resistentes à água e precisam de
camadas extras da base de PVA e cola para serem usados para a pintura.
Na próxima aula continuaremos com a discussão sobre os materiais de artes
visuais, com ênfase nos suportes.
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Aula 15_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte II
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- A aplicação deve ser feita com a superfície lisa e limpa (lixar, se
necessário). Espalhar cola branca por toda a superfície e aderir o tecido. Depois de
seco preparar o tecido com a mesma base de PVA e cola branca já descrita.
Os tecidos
Pouco usados no Ocidente, os tecidos foram os suportes privilegiados pela
pintura, por exemplo, na China e no Japão, desde a antiguidade. Esses povos do
Oriente davam preferência a tecidos leves como a seda e tintas a base de água.
1. Tecidos pesados
- As lonas, linhas e tecidos crus são usados para a confecção de telas, como
já exemplificado acima, mas também podem ser pintados diretamente, sem o
suporte de madeira. Basta fixar o tecido sobre uma superfície, como uma mesa, com
fita crepe; preparar o tecido com a base de PVA e cola branca, deixar secar e pintar
usando tintas a base de óleo, água (acrílica, guache, têmpera, tinta a dedo, colas
coloridas e outros) ou mesmo as tintas de tecido.
2. Tecidos leves
- Os tecidos como a seda são muito leves e seu uso é indicado às aquarelas,
tanto as de pintura comum como as próprias para tecido. Para facilitar o trabalho,
fixar o tecido sobre uma superfície usando fita crepe. Não usar base, pintar
diretamente sobre o tecido.
3. Os tecidos sintéticos
- Sua composição dificulta a adesão das tintas à superfície, mesmo com o uso
de bases, por isso as tintas específicas para tecido são mais apropriadas.
Outros suportes:
- A parede é um suporte importante e seu uso é conhecido como pintura
mural. Também precisa de preparação. O processo é semelhante aos já descritos
com o trabalho de lixar e alisar a parede usando, se necessário, massa própria para
tampar buracos. Depois de seca a massa, lixar e passar duas camadas da base de
PVA com cola. Por tratar-se de superfícies muito grandes, a tinta mais usada é o
próprio PVA, colorido com os corantes específicos como o xadrez em pó ou bisnaga
(que é mais fácil de misturar). As tintas acrílicas e óleo também podem ser usados,
mas seu custo torna o PVA mais atraente.
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- Móveis e objetos de decoração também podem ser suportes para a pintura
e o desenho, mas é necessária uma pesquisa para verificar as condições de cada
um e o material necessário a cada situação.
- Os suportes descritos até aqui são os mais tradicionais, mas há ainda os
vidros, os plásticos e outros materiais sintéticos que podem ser usados, adaptando-
se as tintas específicas a cada caso. O uso de material reciclável é muito
interessante, porque permite a inclusão de conteúdos interdisciplinares como
ecologia e educação ambiental, como já destacamos anteriormente. Além disso, a
pesquisa de materiais e métodos incentiva a formação do espírito investigativo e a
experimentação como formas de conhecimento.
- Existem muitas outras receitas de base para a pintura, com materiais muito
mais sofisticados e preparações profissionais, que podem ser encontradas em livros
como os incluídos nesta bibliografia. Optamos pela receita mais simples e de uso
geral – PVA e cola branca – por sua facilidade de acesso, de preparação e de
aplicação.
Como você pôde perceber os suportes apropriados às atividades de artes
visuais são muito variados e sua utilização depende dos resultados pretendidos, dos
objetivos educacionais e das técnicas e materiais que serão aplicados sobre eles.
Enfatizamos a necessidade de planejamento e reconhecimento prévio, tanto dos
objetivos, quanto dos materiais disponíveis e de sua preparação. Na próxima aula
iniciaremos a discussão dos materiais de desenho e pintura.
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Aula 16_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte III
Nas aulas anteriores discutimos os suportes mais usados nas artes visuais e
sua preparação. Passaremos agora aos materiais de desenho e pintura e seus
procedimentos:
Materiais de Desenho:
Os lápis
Os lápis, tanto de escrever como de desenhar, são invenções provenientes da
revolução industrial, fabricados em grande escala. Antes dos lápis usavam-se
pedras calcárias, carvões e outros, para obter traços brancos, pretos ou coloridos,
ou trabalhava-se com as reações químicas, como a ponta de prata que reagia aos
compostos de cálcio (usados na preparação da base para o papel).
1. Grafite
- As grafites próprias para desenho são mais macias e mais largas que os
lápis de escrever; os mais comuns são os lápis da linha B. Há uma linha desses
lápis à venda no Brasil, com preços acessíveis, mas há também outros importados
de melhor qualidade (mais macios e menos quebradiços, além da madeira mais
macia para a confecção da ponta adequada).
- Quanto mais alta a numeração, mais macio – 6B, 4B, 2B e B – são lápis
próprios para a realização de linhas expressivas, de espessuras e intensidades
variadas, como pedem os desenhos artísticos, além de sua utilização para a
realização de sombras.
- Há também as barras de grafites integrais, compostas por uma barra de
grafite pura (sem a cobertura de madeira), inteiriça, larga, roliça, coberta apenas por
uma capa plástica para a proteção do grafite. Muito mais macia e larga, seu
resultado pode ser, desde uma linha fina e leve, até linhas largas, espessas e
intensas, variando de um a outro, num mesmo traço. Essa qualidade atribui a esse
material um valor expressivo intenso, sendo muito bom para sombras, coberturas de
áreas largas e para trabalhos gestuais.
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- Os lápis 6B, 4B e 2B podem ser incluídos desde a Educação Infantil por
serem mais macios e resultarem numa linha intensa, o que contrasta fortemente
com o papel. Favorecem a ação da criança para o desenho, muito mais do que os
lápis comuns de escrever, aproximando-a do prazer que tem com a canetinha, e não
mancham as roupas. Além disso, nessa etapa, procura-se evitar o uso da borracha,
incentivando a criança à aceitação, valorização e exploração das qualidades de seu
desenho, sem compromissos com modelos pré-estabelecidos; por isso esse material
também é muito interessante, já que é resistente à borracha comum.
- Durante o Ensino Fundamental, em atividades de desenho onde o uso da
borracha for permitido, recomenda-se que, numa primeira etapa, o desenho seja
realizado com lápis B, ou mesmo com lápis HB (lápis de escrever). Os lápis de 2B a
6B borram com o uso das borrachas comuns. Há borrachas próprias (profissionais)
para esses lápis que se assemelham a uma massa; as antigas borrachas de limpar
tipos de máquina de escrever têm o mesmo resultado, mas são difíceis de serem
encontradas atualmente. Numa segunda etapa pode-se incentivar o uso do 6B para
realização de traços mais firmes e sombras, lembrando que não se trata de
contorno, mas de valorização de algumas linhas e formas.
2. Lápis de cor
- Há dois tipos no mercado, os resistentes à água (comuns) e os solúveis em
água (aquarelados). Os lápis comuns são os mais usados na Educação Infantil, mas
dependendo da qualidade do material o resultado pode não ser atrativo às crianças
porque as cores são pálidas e não apresentam contraste.
- Os lápis aquarelados são muito interessantes para o uso nesse período,
porque são mais macios e, por isso mesmo, é possível conseguir cores mais
intensas e uma melhor cobertura de áreas, mesmo sem diluição com água. O preço
é mais alto que os lápis comuns, mas há a opção de caixas escolares de 6 lápis,
com duas cores em cada lápis, com preços mais acessíveis.
- A diluição com água pode ser feita com pincel, logo após o uso, molhando o
pincel e passando suavemente sobre os traços de lápis, usando principalmente a
ponta do pincel (os papéis canson e vergê são mais resistentes a essas
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atividades). Isso pode ser difícil na etapa de 1 a 3 anos, sendo mais indicado a
crianças de 4 anos em diante.
- A partir de 3 anos, aproximadamente, é possível usar os lápis de cor
aquarelados, molhando-se a ponta do lápis em água (colocada em um copinho ou
pires), antes de desenhar. O resultado é muito interessante, pois deixam as cores
muito vivas, as linhas mais largas e marcam o papel com muito mais facilidade. Com
a ponta molhada, o desenho sobre a pele também é muito facilitado, podendo ser
usado, por exemplo, em pinturas nas mãos para serem carimbados ou não.
Na próxima aula, retomaremos o tema dos materiais de desenho,
apresentando os materiais profissionais e as possibilidades de substituição na
educação.
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Aula 17_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte IV
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nanquim pode ser substituída pela tinta de anilina, tinta de borra de café, extrato de
nogueira ou outra tinta à base de água.
As penas
- O material possui esse nome por ser associado ao uso das penas de
animais, desde tempos remotos, como penas de gansos e outros. Seu uso para a
escrita é anterior ao período industrial e permanece, hoje, como caligrafia artística,
como nos convites de casamento.
- As penas próprias para essa caligrafia artística, fabricadas de metal e com
diversos tipos de ponta, são adaptadas às diferentes linhas que se quiser obter.
Ainda podem ser encontradas à venda, mas são cada vez mais raras. Seu uso para
desenhar é muito interessante, produzindo diversas qualidades de linha, com
valores de expressão muito variados e interessantes. As penas são encaixadas em
hastes e molhadas em tintas. O nanquim é a tinta mais usada, mas podem ser
usadas as tintas de caneta, as tintas produzidas com anilinas ou outras que sejam à
base de água.
- Há também a pena de metal para desenho. É um material simples, barato e,
em geral, fácil de encontrar, que produz uma linha firme, de espessura constante.
Seu uso é feito de forma semelhante à pena de caligrafia. Pode ser usada para
contornos, mas é indicada, geralmente, para bico de pena – técnica com uso de
pontilhados ou tramas de linhas para fazer cobertura de áreas. Entretanto essa pena
só produz um tipo de linha, com a mesma espessura sempre, o que, em certos
casos, não é muito interessante.
- É possível fabricarmos penas diferentes com os alunos, que também são
usadas pelos profissionais. Um exemplo é a pena de bambu. Usamos os galhos
bem secos, que devem receber um corte, com estilete, em uma das extremidades,
simulando a ponta da pena de metal. Molhadas em tintas à base de água essas
penas dão efeitos de linhas muito interessantes. Não podem ser fabricadas pelas
crianças da Educação Infantil e do Fundamental, mas podem ser usadas por elas.
Penas de diversos pássaros, limpas e também cortadas, são ótimas para essa
experimentação, assim como os palitos de churrasco, galhos de árvore e outros
objetos com pontas.
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Aula 18_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte V
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mesmo motivo do pastel seco. O material substituto é o giz de cera, entretanto há no
mercado gizes com qualidades muito diferentes.
- Os gizes de cera muito duros (geralmente os grandes) são de difícil
aplicação e de pouca cobertura. Podem ser usados sobre superfícies bem
texturadas, como as lixas, que facilitam sua aderência, mas deve-se evitar cores
fortes na base (papel ou outro), pela dificuldade de obter-se contraste. Na Educação
Infantil, a maciez e facilidade em se obter cores fortes e boa cobertura são fatores
importantes para que as crianças se interessem pelos materiais; por isso, o giz de
cera deve ser escolhido segundo essas características (mais porosos, tipo crayon).
- As qualidades brilhantes do giz de cera podem ser acentuadas, lustrando-
se com algodão, para finalizar. O giz de cera também é usado para decalcar figuras
e texturas, colocando-se um papel fino, como o sulfite, sobre a textura ou figura que
se quer reproduzir, passando-se o giz de cera deitado sobre o papel. Sua
composição também o torna impermeável à água, por isso seu uso associado às
tintas aquareladas e similares produz efeitos muito interessantes. O giz de cera
também pode ser aplicado quente (derretido com chama de vela), mas seu uso na
educação torna-se inviabilizado pelos perigos do fogo.
Os Materiais de Pintura:
Tintas à base de água
1. Aquarela
- As aquarelas são tintas fluidas, transparentes e luminosas, próprias para
serem diluídas em boas quantidades de água. São encontradas em pastilhas, em
tubos e em barras. Seu preço é elevado principalmente porque, nas tintas
profissionais, os pigmentos têm de ser de ótima qualidade, porque tendem a
esmaecer com o tempo e o efeito da luz. Os pincéis devem ser redondos, largos e
de pêlo longo. Quem pinta é a ponta do pincel, que não deve ser esfregado no
papel. O papel tem de ser bem absorvente, como o canson.
- As aquarelas escolares, principalmente as em pastilha, são ruins para uso
com as crianças até 5 anos. Difíceis de diluir, acompanhadas por pincéis duros e de
pêlo curto, têm cores fracas e pouca cobertura. Em geral, a criança perde o
interesse rapidamente pelo material. Como o material de melhor qualidade, muitas
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vezes, não é acessível para a escola pode-se optar pela preparação de tintas
aquarelas usando-se anilina colorida comestível. Podemos preparar as cores em
pequenos potes de plástico, oferecendo às crianças os pincéis macios e redondos,
se possível largos (com bastante pêlo), que “carregam” bem a água. A intensidade
da cor vai variar conforme a diluição. Também podem ser aplicadas com os dedos.
A desvantagem é que mancham, por isso pedem-se aventais de plástico, com boa
cobertura.
- Os papéis tipo canson podem ser substituídos por cartolinas ou papéis tipo
cartão (o lado escuro) preparados com a base de PVA e cola, com duas camadas.
Como os pigmentos têm pouca resistência a descolorantes, o uso de cotonetes ou
pincéis embebidos em alvejante cria linhas brancas sobre as manchas de cores já
realizadas, mas seu uso na Educação Infantil requer cuidados pela toxidade.
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Aula 19_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte VI
1. Guaches
- Os guaches profissionais têm consistência semelhante à aquarela,
entretanto sua diluição gera tintas com menor transparência e maior cobertura. Os
escolares têm qualidades muito variadas e são encontrados em cores restritas
(primárias e algumas secundárias).
- Os guaches escolares mais cremosos, com cores fortes são os mais
indicados às crianças da Educação Infantil. Seu uso é facilitado se o pincel tiver
cerdas macias e for “chato”, estreito e de pêlo curto (os redondos e longos
acumulam a tinta nos pêlos e dificultam a aplicação, os de pêlo muito duro marcam a
folha e não se moldam a cremosidade da tinta). Os guaches podem ser aplicados
diretamente sobre papéis brancos ou coloridos, ou outros suportes, como as telas,
porque não são transparentes. Também podem ser misturados com água, mas as
cores perdem vivacidade.
- Os guaches podem ser espessados misturando-se areia ou fubá, e
aplicados com pincel ou espátulas, obtendo-se um efeito texturizado. Em todas as
suas formas de aplicação o guache pode receber, depois de seco, uma camada de
cola branca, espalhada com rolinho, para reavivar as cores e o brilho e dar maior
resistência.
2. As têmperas
- Têmperas são tintas antigas usadas, por exemplo, pelos egípcios. Sua base
é a mistura de pigmento à albumina. Sua preparação na escola é muito interessante,
por sua qualidade artesanal. Pode-se usar o ovo para obter a albumina e os
pigmentos podem ser desde os industrializados, como o pó xadrez (tanto em pó,
como em bisnaga), até terras coloridas.
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- Do ovo pode-se usar tanto a gema quanto a clara, obtendo-se têmperas com
qualidades diferentes. A gema é mais espessa e gordurosa, obtendo-se uma tinta
mais consistente. Da clara tem-se uma tinta mais transparente, mas também é
possível misturar gema e clara para sua fabricação.
- A tinta é preparada misturando-se diretamente o ovo ao pigmento e
acrescentando-se um fungicida (formol - com crianças substituir o formol por vinagre
pela toxidade do mesmo). Para evitar o cheiro forte do ovo, retirar a pele da gema
antes de usá-la.
- O papel para a têmpera deve ser preparado com a base de PVA e cola
branca; mas também pode ser aplicada sobre outros suportes como telas e
madeiras.
3. Acrílicas
- As tintas acrílicas são tintas sintéticas, sem cheiro, com ótima cobertura,
cores vivas e muito brilhantes. São ótimas para uso na educação, mas são pouco
conhecidas e têm de ser compradas em tubos separados.
- A desvantagem é que secam muito rapidamente, dependendo do uso de
diluentes ou gel, para retardar a secagem. Podem ser usadas diretamente do tubo
ou misturadas com água, chegando, quando bem diluídas, a se aproximarem da
aquarela. Moldam-se bem ao trabalho com textura, como a superfícies lisas, sendo
aplicadas tanto sobre papel preparado com base de PVA, como ao plástico,
madeira, tela e outros.
- As tintas a dedo e as colas coloridas são materiais similares às tintas
acrílicas, mas não respondem bem a diluição com água, nem têm seu brilho ou
vivacidade de cores. Se a base de aplicação for preparada com cola e PVA, também
apresenta bom resultado. Produzem relevos (especialmente as colas) e texturas
que podem ser explorados em atividades variadas.
4. Tinta de PVA
- O PVA, tinta usada para a pintura de parede, também é uma boa opção para
uso na educação porque possibilita a criação de cores variadas a partir de uma base
branca. Obtêm-se as cores misturando-se o PVA, branco ou gelo, a pigmentos que
podem ser industriais (os tipo xadrez) ou naturais (urucum, terras etc.).
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- Pode ser guardada em potes com tampa e tem boa durabilidade. É indicada
para uso em pinturas murais, para a preparação de cores diferenciadas, experiência
com mistura de cores e para situações que exijam muita tinta e pouco custo. Pode
ser aplicada sobre papel preparado (base de PVA a cola), tela, madeiras, paredes e
outros.
Tinta a óleo
A tinta a óleo é a forma mais difundida para uso profissional, associada a
grandes artistas da história da arte. Seu uso na educação não é recomendado
porque os diluentes, por exemplo, a terebentina, são tóxicos. Sua secagem é muito
lenta dificultando o transporte e a armazenagem e, além disso, o preço do tubo não
é atrativo, assim como a tinta acrílica.
Na próxima aula finalizaremos os materiais de pintura e falaremos sobre os
materiais para a modelagem.
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Aula 20_ Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte VII
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A argila SANTOS
- Assim como outros materiais artísticos já apresentados, a argila é usada
desde a pré-história como material para a modelagem e os relevos. Sua
manipulação é simples e fácil, além de muito prazerosa às crianças.
- A forma mais comum é a manipulação livre da argila, modelando formas
reconhecíveis ou não (humanas, da natureza, de objetos ou abstratas). Mas, há
técnicas simples que podem ser desenvolvidas com crianças desde a Educação
Infantil como o uso das “cobras” de argila para a realização de formas e a abertura
de lastras, com uso de rolos, para recorte ou modelagem de formas (para
compreender melhor a técnica ver a bibliografia específica). Existem instrumentos
próprios para o trabalho com argila, chamados estecas, que podem ser produzidos
artesanalmente com os alunos.
- O uso profissional da argila está associado a sua queima em fornos elétricos
ou artesanais. A queima proporciona o endurecimento da massa tornando-a
resistente. As dificuldades com a aquisição do forno, ou com a queima artesanal,
que exige fogo, dificultam sua realização na escola. Mas, depois de secas, as peças
de argila podem ser pintadas com guache, tinta plástica ou para artesanato. Pode-se
pintar diretamente sobre a argila ou aplicar uma camada de base de PVA e cola
branca, para acentuar as cores.
1. As massas de modelar
- Há no mercado várias marcas de massas de modelar, variando em
qualidade das cores, maciez e durabilidade, além do preço. São muito fáceis de
modelar, adaptando-se ao manuseio livre ou ao uso das técnicas próprias à argila,
exigindo, nesses casos, maiores quantidades de massa.
- As massas podem ser fabricadas pelas crianças proporcionando uma
experiência muito prazerosa, além de não serem tóxicas se ingeridas, o que faz
dessas receitas boas alternativas para a Educação Infantil. Há muitas receitas, mas
uma das mais simples é a mistura de quatro xícaras de farinha de trigo, uma xícara
de sal, uma e meia xícara de água e uma colher de chá de óleo. A farinha e sal são
misturados primeiro e a água é acrescentada aos poucos, até formar uma massa
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homogênea, o óleo é colocado por último. As cores podem ser obtidas com as
anilinas coloridas. Dura cerca de 10 dias, acondicionadas em sacos plásticos.
1. O papier machê
- O papier machê, como diz o próprio nome é uma massa feita de papel.
Também nesse caso há muitas receitas e sua escolha depende do resultado
pretendido. As massas com papéis mais finos (como o higiênico), batidas no
liquidificador, geram massas com mais plasticidade e que se adaptam a muitos tipos
de formas. Mas, mesmo sem a trituração, as massas de papier machê são muito
versáteis, adaptando desde a confecção de objetos e a realização de formas
variadas até a produção de cabeças para fantoches e outros tipos de bonecos. Pode
ser facilmente pintado ou receber colagem, depois de seco.
- Quanto mais rápida for a secagem, menor chance da massa apodrecer. Sua
desvantagem é que, em climas muito úmidos, costuma embolorar antes de secar,
exigindo o uso de fungicidas, como o formol. Na Educação Infantil seu uso é
recomendado a atividades cujo resultado não dependa de longa duração,
dispensando o uso de fungicidas como o formol, secando as produções com papel
machê ao sol, ou levando-se ao forno desligado, mas pré-aquecido.
- A receita básica do papel machê leva papel higiênico, farinha de trigo, cola
branca, fungicida (formol, vinagre ou lisoforme) e gesso crê, quando quiser uma
massa mais firme. O papel deve ter ficado de molho em água até dissolver e ser
escorrido com a ajuda de um pano. Colocar o fungicida e acrescentar, aos poucos,
uma porção de farinha e uma de cola, além de um pouco de água, conforme a
consistência da massa desejada. O gesso crê substitui uma parte da farinha,
também conforme a firmeza desejada para a massa.
Na próxima aula daremos continuidade à apresentação dos materiais de
modelagem e sua realização na educação.
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Aula 21_Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte VIII
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etc., até a colagem de papéis coloridos, sementes, linhas, tecidos. Pode ainda
receber uma camada de massa corrida e ser lixado, para obter uma superfície lisa,
ou receber uma base de PVA e cola branca para acentuar as cores.
1. O gesso
- O gesso é um material de coloração branca e de secagem muito rápida, mas
que necessita de uma forma para ser moldado. Sua apresentação no mercado é em
pó, que misturado à água reage rapidamente, aquecendo e endurecendo. Ao final do
processo tem-se uma peça firme, que suporta vários tipos de pintura ou colagem.
- Sua desvantagem é a necessidade de forma já que a mistura do gesso em
pó e água deve ser despejada dentro de um recipiente, tomando a forma do mesmo.
A forma pode ser fabricada com argila e com o próprio gesso, mas requer técnicas
específicas.
- Uma variação muito utilizada é a gaze gessada, encontrada no mercado
para o uso em fraturas de ossos. A gaze gessada é vendida em pacotes aonde
pedaços de gaze comum já vêm envolvidos em camadas de gesso. Basta umedecer
esse material e dispor as camadas de gaze gessada sobre o elemento que desejar
moldar, de objetos a rostos (diretamente sobre a face untada com vaselina) ou sobre
máscaras de plástico, gesso ou outros, sempre untando com vaselina o molde antes
da primeira camada.
Materiais Relacionados à Tecnologia:
1. O retroprojetor e o slide
- Os dois equipamentos podem ser usados para a projeção de imagens sobre
um suporte (papel, tela, madeira ou outro) para que a imagem seja desenhada
(contornada e ou detalhada) sobre o suporte, com o material de desenho disponível.
O resultado desse desenho pode ser pintado ou receber colagem de outros
materiais.
- Esses equipamentos também podem ser usados com a colocação de
objetos ou outros. Sobre o retroprojetor, colocam-se os objetos ou diretamente sobre
ele para a projeção de sua silhueta, a ser desenhada sobre um suporte, ou mesmo
com uma pessoa colocando-se entre o retroprojetor e a tela, desenhando a forma
projetada. Com o projetor de slides podem-se criar slides artesanais usando
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pedaços de acetato e, dentro, pequenos objetos ou mesmo insetos, folhas, linhas
etc., os pedaços de acetato têm de ser colocados em molduras próprias para slides
para irem ao projetor. Depois de projetados podem ser desenhados sobre diversos
suportes, variando também as formas de acabamento possíveis.
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Aula 22_Reconhecendo os materiais e seus procedimentos nas artes visuais –
parte IX
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na educação, permitindo aos alunos o uso da câmera de vídeo para diferentes
experimentações visuais.
- Também pode ser usada para a realização de filmes curtos, como para os
festivais de um minuto, onde as histórias têm de ser contadas dentro desse tempo
restrito. Esse desafio impõe aos estudantes a necessidade de criação de roteiro e a
elaboração prévia das ideias. Essas situações, por sua complexidade, também são
mais próprias ao Ensino Fundamental e Médio, mas a experimentação livre pode ser
aplicada também à Educação Infantil, lembrando a necessidade de oferecer às
crianças a oportunidade para visualizarem sua produção.
- Se o uso do vídeo impõe certos desafios, há processos ligados à realização
de filmes que podem ser usados na educação com bons resultados, como o story
board. Consiste na realização de desenhos propondo a sequência do que seria
filmado, as relações de enquadramento propostas, como o close de um
personagem, criando uma espécie de síntese visual.
3. O computador
- Desde a Educação Infantil a criança já começa a ter contato com as
tecnologias ligadas aos computadores. Há hoje uma grande variedade de programas
educativos, voltados às diferentes faixas etárias ligadas à educação, assim como há
programas simples, que acompanham o próprio windows, como o paint brush, que
são softwers que podem ser usados para a introdução ao uso da tecnologia para o
desenho e a pintura.
- Já existem pesquisas que tentam perceber de que forma a prática do
desenho por computador interfere no processo de desenvolvimento da expressão
gráfica da criança. Os resultados apresentados, por exemplo, por Fleischmann
(2004), apontam para sua utilização como uma ferramenta a mais, que a criança
passa a conhecer e interagir, não havendo uma interferência sobre o processo de
desenvolvimento que desabone sua utilização; pelo contrário, a expressão da
criança usando o computador pode ser motivo para o desenvolvimento de diversas
atividades interdisciplinares, além de constituir-se como um novo universo de
descobertas. Há ainda programas que permitem a produção de audiovisuais, de
animações e de apresentações que o professor pode usar para organizar a
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produção das crianças, relacionando essa produção a formas de imagem em
movimento ou com outras linguagens.
4. Tablets e celulares
- Ainda mais próximos às crianças estão os tablets e celulares que são
atualmente muito acessíveis e despertam grande interesse. Há inúmeros aplicativos
que trabalham com o desenho, a pintura, a animação e outras expressões e,
dependendo dos objetivos de ensino, podem ser excelentes aliados. Os celulares,
pela facilidade de portabilidade e uso são muito bons para a tomada de imagens e a
criação de pequenos filmes. Essa produção pode tanto auxiliar professores e alunos
a reverem suas ações, analisando os procedimentos que foram adotados em
determinadas atividades quanto podem ser pensadas como resultado de uma
produção expressiva.
Finalizamos aqui o reconhecimento dos materiais de artes visuais. Nas duas
primeiras unidades da nossa disciplina procuramos enfatizar os aspectos teóricos,
conceituais e históricos do ensino das artes, apontando dentro desse processo a
ênfase que foi dada, até poucos anos atrás, para o desenvolvimento de habilidades
manuais como objetivo das artes na educação e sua contraposição nas tendências
atuais.
A partir dessas colocações, lembramos que todos os processos descritos
nesta terceira unidade, para que possam ser realizados plenamente como objetivos
educacionais, têm de ser organizados dentro de atividades planejadas com objetivos
maiores de desenvolvimento de capacidades tanto cognitivas, quanto estéticas e
afetivas da criança.
Assim, o objetivo de conhecimento de uma determinada técnica de pintura
não é a técnica em si mesma (saber fazer mosaico, por exemplo), mas o
desenvolvimento de relações de expressão, linguagem e reconhecimento cultural e
histórico das artes a partir de uma de suas manifestações; estudar as qualidades
próprias a esse meio, reconhecer seus aspectos de linguagem expressão, sem
perder de vista suas relações com o reconhecimento e a recriação do mundo pela
arte.
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SANTOS
Cabe então pensarmos que o planejamento de aulas, neste contexto, não
deverá ter como resultado uma sequência de atividades (primeiro pintura guache,
segundo modelagem com argila, terceiro desenho com uso de retro projetor etc),
mas uma organização do desenvolvimento das relações de linguagem, expressão e
representação desejada à etapa escolar envolvida.
Devemos lembrar, também, que são matérias das artes visuais a vida e obra
dos artistas, os movimentos da História da Arte, as Estéticas relacionadas a cada
período histórico, as histórias dos materiais e outros que não caberiam no espaço
dessas aulas. Na próxima aula estudaremos os materiais e relações da música e
sua expressão na educação.
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Aula 23_ Reconhecendo a matéria e os procedimentos da música – parte I
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Esse autor lembra-nos também que na música “[...] ritmo e melodia, durações
e alturas se apresentam ao mesmo tempo; um nível dependendo necessariamente
do outro, um funcionando como o portador do outro”. (Idem, Ibidem).
Estamos cercados de sons por todos os lados, muitas vezes sem nos
apercebermos disso. Passamos pelas ruas, em nossas casas e nas escolas sem
escutarmos atentamente os sons que nos rodeiam, deixando de perceber,
conscientemente, as relações de sentido que esses sons podem estar atribuindo às
nossas experiências nesses mesmos ambientes.
Há muitos tipos de sons e sem dúvida, o som está em nossa cultura
adquirindo sentidos subjetivos, mas mesmo subjetivamente, a música e os sons, de
modo geral, comunicam, expressam e estão ligados a uma longa tradição cultural da
humanidade.
Mas qual seria a diferença entre som e música? Ainda segundo Wisnik (1989,
p. 33) a música é o som ordenado, “[...] um único som afinado, cantado em uníssono
por um grupo humano, tem o poder mágico de evocar uma fundação cósmica:
insemina-se coletivamente, no meio dos ruídos do mundo, um princípio ordenador”.
Todos esses aspectos dos sons e de musicalidades estão apresentados
como conteúdo para o desenvolvimento da música na educação. Entretanto, sua
efetivação como parte dos componentes curriculares está longe de poder ser
considerada satisfatória. A maior crítica recebida pelo uso da música na escola,
particularmente na Educação Infantil é a presença de músicas da cultura de massa,
cantadas mecanicamente pelos educadores e igualmente repetidas pelas crianças,
sem que sejam percebidas suas qualidades sonoras ou poéticas.
A experimentação sonora (das qualidades de freqüência, melodia, altura e
durabilidade dos sons) deve fazer parte das relações de aprendizagem da Educação
Infantil, assim como sua apreciação e produção.
Sobre as práticas musicais na sala de aula, estas podem ser classificadas
como atividades de:
▪ Execução: o educando canta ou executa um instrumento, incluindo o
corpo como um instrumento;
▪ Composição/criação: o educando compõe e/ou improvisa;
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▪ SANTOS
Apreciação: o educando pode revelar sua compreensão de produções
sonoras presentes ou internalizadas por meio de movimentos corporais,
imagens, palavras ou algum tipo de notação.
Nessa classificação genérica que apresentamos, entendemos que, no caso
da Música, execução e expressão não se separam. Desse modo, em toda e
qualquer atividade de execução, educadores e educandos estarão se
expressando. (Material didático de Fundamentos de música na educação.
Licenciatura em Artes visuais. UNIMES, 2014)
A partir do trecho acima percebemos que as relações de expressão e
linguagem musical são compreendidas como complementares e juntas realizam os
objetivos da música na educação, de formação de público ativo e participante nos
contextos culturais e também na construção da identidade.
Agora vamos conhecer um pouco das atividades que são chamadas de
execução musical, como o cantar, a execução com instrumentos musicais e a
exploração de sons. Sobre o cantar temos que:
Cantar é parte da expressão humana. [...]Cantar é um fenômeno que se
realiza com o corpo, no corpo e pelo corpo; é fenômeno cultural, social e
histórico, sustentado pelas relações significativas com o meio no qual se
promovem a comunicação e a expressão do ser humano e de sua cultura.
(Idem)
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A história dos instrumentos musicais está estreitamente ligada à história da
linguagem musical. Sua evolução tecnológica segue de perto as
necessidades impostas pela produção musical de cada época, em um
constante refinamento de qualidade sonora e melhora dos mecanismos de
controle do som. O surgimento da música eletroacústica alterou
profundamente o papel dos instrumentos na produção musical, tornando
necessária uma redefinição do conceito de instrumento. (Idem)
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a boca relaxada e percutindo com as mãos da mesma forma. Por meio
de uma sutil variação da vogal O para E, o som pode ser modulado
variando sua afinação.
▪ Bochecha: percutir os quatro dedos (sem o polegar) na bochecha bem
esticada através de um formato de O, fazendo um bico. Esse som pode
ser feito com as duas mãos alternadas uma em cada face e também
pode ser realizado com apenas três ou dois dedos. A intenção é percutir
na bochecha usando a cavidade interna da boca como caixa acústica.
Com uma sutil variação da vogal O para E o som pode ser modulado
variando sua afinação.
▪ Ar na Boca: usar as mãos como um emissor de ar direcionado para a
boca que, por sua vez, vai funcionar como caixa acústica. Unir a palma
das mãos com os dedos unidos e os polegares dentro das mãos. Ao
bater as palmas dessa forma, os polegares criam uma resistência que
projeta um pequeno jato de ar. Esse ponto de emissão de ar deve ser
direcionado para a boca em forma de um pequeno O. (Idem)
Os jogos e outras formas lúdicas envolvendo a música têm importante papel
nas práticas musicais. Vamos aqui exemplificar com alguns jogos, mas há muitos
outros que podem ser pesquisados:
Ecos: em formação de roda, uma pessoa produz uma pequena
sequência de sons (vocais e/ou corporais) como uma frase musical. Em
seguida, todos os integrantes da roda reproduzem juntos essa mesma
frase tentando imitá-la em seus detalhes. A pessoa seguinte na ordem da
roda faz outra sequência de sons encadeados e todos repetem a nova
frase. Assim por diante todos vão tendo a chance de criar e de reproduzir
frases aumentando seu vocabulário na percussão corporal.
Refrão/Improviso: escolhe-se, de antemão, algum ritmo ou
sequência de sons para serem repetidos como refrão pelo grupo disposto
em roda. O ritmo e/ou sequência de sons é produzido por todos uma vez
e, logo em seguida, uma pessoa entra na roda e faz um pequeno solo.
Esse solo pode ser inicialmente de tempo indeterminado. [...] Esse
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exercício ajuda o grupo a se escutar, tocar junto, sincronizar o ritmo e
também explorar a criatividade individual no processo de busca de cada
solo.
Sequência Minimal: esse é um exercício de composição coletiva.
Uma pessoa da roda começa a desenvolver alguma frase musical
buscando, aos poucos, torná-la regular e repetitiva. A pessoa seguinte da
roda, ouvindo e se inspirando nessa frase, vai buscar desenvolver outra
frase, eventualmente com outros sons. Cada participante, em sua vez,
entra na ordem da roda, vai encaixando e somando sua frase, formando
um mosaico de sons. Esse é um bom exercício para promover a escuta
do grupo, ele trabalha a busca de um ritmo comum dos integrantes e uma
sintonia de volumes, dinâmicas e uso do espaço sonoro. (Idem)
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Aula 24_ Reconhecendo a matéria e os procedimentos da música –
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As relações históricas dos instrumentos e sua ligação aos ritmos que os
utilizam, ou deixam de utilizá-lo, também fazem parte dos conteúdos que devem
estar presentes às aulas de música. A guitarra está fortemente presente no rock, e
não está presente em outros ritmos. Os instrumentos de sopro têm grande
expressão no jazz, mas não em outras expressões musicais. A bateria de uma
escola de samba tem uma formação específica de instrumentos de percussão que
são característicos do samba.
As relações entre música e dança também são importantes para o
reconhecimento das qualidades dos sons e melodias, estando ligadas tanto às
relações de ritmo como aos aspectos históricos e culturais. Há formas de música e
dança que não são mais dançadas, tocadas ou cantadas e estão quase
desaparecendo. Outras sofrem transformações culturais que as levam a locais
distantes de sua produção original, ganhando novas conotações como a música de
raiz e o country em sua absorção pela cultura de massa.
Há também uma divisão da musicalidade em popular e erudita. Como música
popular reconhecemos desde as manifestações folclóricas e cantigas de roda até a
chamada MPB, marcadas, por exemplo, pela música de protesto, pela tropicália ou
pela bossa nova. Já a música erudita reconhece principalmente as sonoridades
ligadas à tradição europeia dos compositores chamados clássicos, como Mozart,
mas não podemos esquecer que essa divisão contém em si muito de valores
subjetivos, ligados a aspectos culturalmente normatizados.
Além disso, essa não é uma divisão muito abrangente, deixando de fora
muitas manifestações que não se encaixariam em nenhum dos dois pólos,
especialmente as sonoridades de culturas com menor intersecção cultural com o
Brasil que, apesar de não terem grande apelo de mídia ou não estarem presentes na
cultura de massa, também colaboram para o desenvolvimento da percepção musical
e para a valorização da multiplicidade de sons e ritmos que compõem a experiência
humana.
A música é um componente cultural e sua organização depende de valores
subjetivos, intrínsecos aos códigos culturais de cada civilização. O reconhecimento
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dessas relações e a percepção das qualidades sonoras são alguns dos valores de
sua presença na educação.
Para promover o conhecimento dos produtos e produtores musicais faz-se a
contextualização que é composta, em grande medida, pela história da música:
O processo de formação do ouvinte deve, sem dúvida, incluir a história da
música. Para isso é necessário que o educador musical tenha um
conhecimento aprofundado permitindo a elaboração de atividades que
promovam esse contato. [...] Deve ser óbvio que empreender o estudo de
qualquer assunto sem algum propósito definido, apenas para carregar a
mente com uma porção de fatos que talvez nunca venham a ter qualquer
uso, é um desperdício de tempo, por mais interessante que isso seja. O
objetivo do nosso estudo de história da música deve ser aumentar o nosso
entendimento de arte. Seu valor reside em poder nos propiciar uma
apreciação maior e um mergulho mais profundo nas obras dos vários
compositores. Esse estudo não só pode aumentar nosso entendimento e
apreciação, mas também ampliá-los de modo que, dada a receptividade
adquirida ao tentarmos deliberadamente manter um espírito aberto,
possamos acompanhar com inteligência e deleitarmo-nos, na mais alta
acepção da palavra, com a música de todos os períodos, não confinando
nossa preferência e audição àquilo que suscita uma atração mais fácil e
imediata. Podemos obter alguma compreensão e simpatia em relação a um
compositor cuja obra, no começo, parece pouco ou nada atraente, se
soubermos por que foi que ele escreveu naquele seu estilo particular. É
preciso despertar o interesse e a curiosidade dos alunos sobre o que
aconteceu em tantos anos de tradição da música ocidental, na música
folclórica do Brasil e de outras culturas. (Material didático de Fundamentos
de música na educação. Licenciatura em Artes visuais. UNIMES, 2014)
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Callis) apresenta em livros ilustrados de fácil leitura que relatam a infância de
grandes compositores de música de concerto como Bach, Mozart, Schumann e de
música popular brasileira como Cartola.
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Aula 25_ A concepção metodológica do Referencial Curricular para a
Educação Infantil – artes visuais
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conhecimento sobre o mundo, pela experimentação de materiais e objetos,
mantendo contato com várias formas de expressão. Observamos aqui uma ênfase
maior nos conhecimentos sobre materiais e procedimentos, mas já presente um
princípio de apreciação e de reflexão.
Para as crianças com idades de 4 a 6 anos, o Referencial objetiva, para além
da manipulação com os materiais, o reconhecimento da produção obtida com os
mesmos, tanto a própria produção da criança, como de outros, incluindo aí seus
colegas e artistas reconhecidos. Observamos, nesta etapa, um crescimento das
atividades de apreciação e reflexão em relação ao fazer, valorizando os aspectos
intelectuais da arte.
Outro objetivo colocado para essa idade é o reconhecimento da arte como
produção cultural além da produção a partir de técnicas mais elaboradas, apontando
também para o desenvolvimento das relações técnicas como procedimentos de
conhecimento.
Em relação ao fazer proposto como base para as artes visuais, o Referencial
estabelece – de 0 aos 3 anos – quatro fundamentos: a exploração e manipulação
dos materiais, a exploração e o reconhecimento dos movimentos que geram a
expressão gráfica, o cuidado com o corpo em contato com os materiais e o cuidado
com os materiais.
Para essa mesma etapa, a apreciação foi concebida como observação e
identificação de imagens diversas, garantindo assim um primeiro contato visual e
talvez também tátil das crianças com os referenciais culturais de nossa civilização.
Observamos que não houve uma ênfase na reflexão, e sim no reconhecimento
visual, como uma primeira etapa para a reflexão. Por sua vez, a reflexão não foi
abordada separadamente, mas permaneceu implícita às orientações didáticas que
acompanham a explanação sobre o fazer e o apreciar.
Em relação às crianças de 4 a 6 anos, a proposta do Referencial enfatiza, o
fazer arte com materiais e técnicas diversificadas, propondo a exploração dos
materiais e de seus procedimentos já apontando para o reconhecimento de aspectos
da linguagem visual, como linha, plano, espaço bi e tridimensional. A organização, o
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respeito e a valorização, tanto das suas próprias realizações, como do grupo e dos
produtos da cultura permanecem como conteúdos da educação.
Em relação à apreciação, são apontados para essa etapa os seguintes
fundamentos: conhecimento da diversidade cultural, a apreciação por meio de
observação e leitura dos elementos da linguagem visual, além da leitura por meio de
relações narrativas, descritivas e de interpretação de imagens, finalizando com a
necessidade de estabelecerem-se correlações entre os aspectos apreciados com as
experiências pessoais que permeiam as diferentes realidades a que pertencem as
crianças.
Os processos de reflexão, além de estarem presentes nas orientações
didáticas, também permeiam as orientações gerais para o professor, apontando para
alguns caminhos como:
- a compreensão e o reconhecimento da diversidade da produção artística;
- o respeito pelos pontos de vistas de cada criança;
- a existência de trocas de experiência e reflexão sobre a própria produção,
do grupo ou de outros;
- a ênfase lúdica do fazer e do perceber;
-a valorização da arte como linguagem.
Percebemos que essas três etapas não constituem situações dissociadas,
nem uma seqüência que deve ser obedecida rigidamente (primeiro o fazer para
depois apreciar e refletir), mas que constituem processos de conhecimento
presentes, a todo o momento, nas relações de aprendizagem, podendo ser
enfocados com maior ênfase em um ou em outro momento, de acordo com os
objetivos desejados para cada situação.
Na base desse processo está a promoção da alfabetização visual:
[...] a alfabetização visual significa aprender a ler imagens, desenvolver a
observação de seus aspectos e traços constitutivos, detectar o que se
produz no interior da própria imagem, sem fugir para outros pensamentos
que nada têm a ver com ela. Ou seja, significa adquirir os conhecimentos
correspondentes e desenvolver a sensibilidade necessária para saber como
as imagens se apresentam, como indicam o que querem indicar, qual é o
seu contexto de referência, como as imagens significam, como elas
pensam, quais são seus modos específicos de representar a realidade.
(SANTAELLA, 2012)[1]
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Mas, ler imagens não significa oferecer respostas prontas sobre elas. Ao
apresentar a ideia de que o professor deve ser um provocador, o RCNEI chama a
nossa atenção para a necessidade de criarmos questões que façam com que as
crianças pensem sobre o que estão vendo. Assim o professor cria novas
possibilidades de diálogo. Evita as respostas prontas e também aquele silêncio
constrangedor, quando ninguém se atreve a “arriscar um palpite”. Só opinando,
discutindo, observando, pensando, interagindo com ideias próprias e de outros é que
aprendemos a fazer uma leitura crítica da imagem.
Arslan e Iavelberg (2006), ao analisarem as concepções para a leitura de
imagens destacam como procedimento central a construção de questionamentos
que investiguem desde os valores mais básicos como, por exemplo, a ideia de que
toda obra é realmente importante sem investigar os valores que estão sendo
legitimados por sua consagração. "Pensar uma área de conhecimento pressupõe
questioná-la" (ARSLAN; IAVELBERG, 2006, p. 23) Essas autoras sugerem para
início de leitura questões como:
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· SANTOS
O que se pode criar com base nas imagens acima? É possível inventar
histórias para cada uma, criar personagens com as mesmas características
das xícaras? Escrever, desenhar, dramatizar, dançar, esculpir uma cena
dessa história? Criar um novo desenho de xícara, pensando em quem tem
um grande bigode ou um enorme nariz? (GENTILE)[1]
É claro que algumas questões são de fácil entendimento e perfeitamente
adaptáveis à Educação Infantil, outras nem tanto, mas cabe a cada professor
perceber seus alunos e formular questões que estejam em acordo com seu grau de
desenvolvimento atual e que possam, ao mesmo tempo, incentivar a criação de
novas potencialidades ou competências a serem desenvolvidas.
Dessa forma a proposta de leitura com a qual estamos trabalhando coloca
em questão não só aspectos estéticos e da linguagem da arte como um amplo
conjunto de referências culturais para as imagens e suas significações.
Mas, como conduzir o processo de leitura? Para que a leitura realize uma
análise ampla da imagem em seu contexto sociocultural ao mesmo tempo em que
propõe uma análise dos aspectos estéticos e da linguagem da arte escolhemos
apresentar como estratégia de leitura a proposta "Image Watching" de Robert Ott. E,
por que essa abordagem?
A gênese do sistema Image Watching foi, além do reconhecimento da
importância da atividade crítica, a tentativa de solucionar desafios. Como
professor do Departamento de Arte-Educação, Ott foi responsável pelas
disciplinas de prática de ensino com estágio supervisionado e museu e
educação. Seus alunos eram inscritos ou no curso de bacharelado em
artes, de arte-educação, ou de formação de professores para as primeiras
séries do ensino fundamental. Tinha sob sua responsabilidade uma clientela
heterogênea em relação ao conhecimento sobre arte e vivências artísticas e
museologia. Somando-se a isto o Palmer Museum (museu de arte da Penn
State) não ocupava um prédio adequado e mantinha seu acervo guardado.
A política de exposições priorizava as mostras temporária / visitantes (
concebidas e produzidas em outros lugares, com obras de outras coleções).
Para ministrar suas aulas o Prof. Ott contava, então, com alunos de vários
níveis e com exposições por ele não previamente conhecidas e em
constante mudança. (RIZZI)[2]
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estudo com base no artigo de Christina Rizzi "Contemporaneidade (mas não
onipotência) do Sistema de Leitura de Obra de Arte Image Watching".
Referências
[1] GENTILE, Paola. Um mundo de imagens para ler - Ao desvendar o
universo visual de seu cotidiano, o aluno vai conhecer melhor a si mesmo,
compreender sua cultura e ampliá-la com a de outros tempos e lugares. Disponível
em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/mundo-imagens-ler-
426380.shtml Último acesso em novembro de 2013.
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[1] RIZZI, Christina. Contemporaneidade (mas não onipotência) do
Sistema de Leitura de Obra de Arte Image Watching. Disponível em:
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=15. Último acesso
em novembro de 2013. Artigo extraído do BOLETIM Número 22 de Março 2000
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Aula 26_ A concepção metodológica do Referencial Curricular para a
Educação Infantil – música
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Quanto à apreciação musical de crianças de 4 a 6 anos tem-se: a escuta de
diversos ritmos, pertencentes a culturas variadas, tanto brasileiras como
estrangeiras. Enfatiza também o conhecimento sobre a forma musical, com frases,
partes e elementos que se repetem além dos conhecimentos que contextualizam as
produções musicais.
O Referencial curricular, em relação à musicalização, apresenta também uma
série de orientações didáticas, de grande validade, discutindo as relações dos sons
com aspectos de teoria musical, que podem ser guias importantes para o professor
que deseja maior aprofundamento nessa área. Oferece, ainda, alguns relatos sobre
estratégias lúdicas – jogos e brincadeiras – para orientar o professor na aplicação
desse tipo de atividade.
O Referencial traz também noções sobre os sons, os instrumentos musicais e
o registro musical, apontando possibilidades para sua prática na Educação Infantil,
acompanhados de sugestões de obras musicais e discografia para ampliação do
repertório musical de crianças e educadores. Em vista disso, sugerimos a leitura
direta do Referencial, que pode ser baixado gratuitamente no site do Ministério da
Educação e Cultura, assim como os Parâmetros para o Ensino Fundamental e
Médio.
Nesse momento vamos nos concentrar em compreender melhor a
apreciação musical que pode ser concebida, segundo o Referencial, como
“[...] percepção tanto dos sons e dos silêncios quanto das estruturas e
organizações musicais, buscando desenvolver, por meio do prazer da
escuta, a capacidade de observação, análise e reconhecimento” da música.
(BRASIL, RCNEI, vol III, p. 48).
Mas, o que é a apreciação musical? É promover a escuta ativa de uma obra
musical. "Dentro da construção do processo de aprendizagem musical, a
apreciação musical é de fundamental importância, ao lado dos outros dois
aspectos que devem ser trabalhados em sala de aula: a performance e a
criação musical". (Material didático de Fundamentos de música na
educação. Licenciatura em Artes Visuais. UNIMES, 2014).
Na escuta ativa, parte-se da atenção e da experimentação das formas mais
básicas dos elementos da linguagem musical que abordaremos em detalhes nas
próximas aulas. Sintetizando, são eles:
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• SANTOS
A introdução à análise musical;
• A contextualização de aspectos da história da música;
Além dos aspectos listados acima, aqueles que possuem formação musical
podem ainda observar, analisar e realizar atividades de pre-notação musical.
A escuta sensível pode ser concebida de muitas formas diferentes e pode
variar desde uma atenção concentrada que encaminhe a análise para impressões
pessoais, simbólicas e de significado para cada um ou para um grupo específico, até
situações em que a análise musical é realizada com base na teoria musical. Essa
variação é determinada em grande medida em relação ao grau de desenvolvimento
do grupo, em relação à escolaridade e também, sempre, em relação aos objetivos
educativos para os quais está direcionada a atividade.
Para conhecermos os objetivos da escuta ativa nos remeteremos ao texto de
Chiarelli e Barreto: "A importância da musicalização na educação infantil e no ensino
fundamental. A música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do
ser"[1].
É importante salientar a importância de se desenvolver a escuta sensível e
ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as
possibilidades de desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais
reduzidas, as principais causas são o predomínio dos estímulos visuais
sobre os auditivos e o excesso de ruídos com que estamos habituados a
conviver. Por isso, é fundamental fazer uso de atividades de musicalização
que explorem o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção,
analisando, comparando os sons e buscando identificar as diferentes fontes
sonoras. Isso irá desenvolver sua capacidade auditiva, exercitar a atenção,
concentração e a capacidade de análise e seleção de sons. (CHIARELLI;
BARRETO)
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Assim como são de grande importância as atividades onde se busca
localizar a fonte sonora e estabelecer a distância em que o som foi
produzido (perto ou longe). Para isso o professor pode pedir para que as
crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som
produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os alunos
utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão
acompanhando o movimento do som com as mãos. (CHIARELLI;
BARRETO)[2]
Avaliação
Tanto para as artes visuais, como para a música, a indicação de avaliação do
Referencial é a avaliação formativa. A avaliação formativa é apresentada como uma
possibilidade de acompanhamento constante do aluno, “[...] levando em
consideração os processos vivenciados pelas crianças, resultado de um trabalho
intencional do professor. Deverá constituir-se em instrumento para a reorganização
de objetivos, conteúdos, procedimentos, atividades, e como forma de acompanhar e
conhecer cada criança e grupo”.
Avaliação em educação musical: Dentro do processo pedagógico que
acontece em qualquer disciplina, a avaliação é um momento importante e
deve ser realizada obedecendo a critérios preestabelecidos pelo professor,
adequados ao conteúdo do curso. (Material didático de Fundamentos de
música na educação. Licenciatura em Artes Visuais. UNIMES, 2014).
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qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais".
Nessa abordagem o processo avaliativo acontece continuamente com
critérios de avaliação que demonstram como está o processo de
desenvolvimento do aluno, o resultado servirá para perceber como o
processo de aprendizado está acontecendo, ajudando o professor a avaliar
também os resultados do seu trabalho, podendo readequar – ou não – as
estratégias e conteúdos em sala de aula.[...]. (Material didático de
Fundamentos de música na educação. Licenciatura em Artes Visuais.
UNIMES, 2014).
Referências
[1] CHIARELLI; BARRETO. A importância da musicalização na educação infantil e no
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ensino fundamental. A música como meio de desenvolver a inteligência e a integração
do ser. Revista Recre@rte Nº3 Junio 2005 ISSN: 1699-1834. Disponível
em: http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03.htm. Último acesso em junho de
2014.
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Observamos também como a autora destaca que esse trabalho foi realizado
independentemente das relações econômicas das crianças, desvinculando qualquer
relação direta entre pertencer a uma classe social e ter contato com apenas alguns
tipos de produção cultural que estejam ligados a seu contexto cultural, mas
buscando justamente a ampliação do repertório cultural das crianças e garantindo a
elas o direito de conhecer.
Mais adiante a autora salienta que a arte, em geral considerada inacessível à
maioria dos brasileiros tornou-se, desde 2003:
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Cida de Oliveira (2005) destaca também como essa aproximação de
familiares foi valorizada junto com as relações artísticas, buscando-se formas de arte
que eles pudessem reconhecer, aproximando-os desses conhecimentos e, ao
mesmo tempo, incentivando sua participação com memórias, envio de materiais e
preparação de comidas relacionadas ao contexto geográfico das obras estudadas.
Recentemente, as crianças conheceram a xilogravura Ciranda de Animais,
do pernambucano J. Borges, o que ensejou diversas discussões e o
aprendizado sobre muitos aspectos da cultura nordestina. O mesmo
levantamento realizado na escola revelou que os pais da maioria dos
estudantes vêm do Nordeste. (Idem, Ibidem).
A proposta pedagógica desenvolvida na Escola Municipal de Educação
Infantil Jean Piaget contou com a elaboração de duas parcerias fundamentais, que
ajudaram na elaboração dos referenciais teóricos de base, e também na
organização das estratégias.
Essas parcerias aconteceram entre a escola e a Divisão Técnico-Científica de
Educação e Arte do Museu de Arte Contemporânea (MAC), da Universidade de São
Paulo (USP) e com o Programa Museu, Educação e o Lúdico, conhecido como MEL,
que “tem por objetivo muito mais que criar estratégias lúdicas para o ensino e a
aprendizagem das artes plásticas” (Idem, Ibidem).
Na próxima aula vamos conhecer mais uma proposta ligada às artes visuais,
dando ênfase ao processo de representação gráfica da criança.
Referências
[1] OLIVEIRA, Cida. A arte vai a escola. In: Pátio - Educação Infantil; Ano III, nº8,
Porto Alegre, 2005. Disponível em: http://artenaescola.org.br/sala-de-
leitura/artigos/artigo.php?id=69338
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Aula 28_O desenvolvimento da expressão gráfica da criança como percurso
criador
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trabalho educativo intencional que alimenta o fazer artístico e educa o olhar,
componentes imprescindíveis num processo de criação.” (PIMENTEL, 2000).
Destacamos aqui sua abordagem do processo de desenhar como uma forma
de pesquisa da criança que, se organizado dessa maneira, desenvolve o
pensamento investigativo e as bases para o processo de conhecimento.
Destacamos também sua ênfase na intencionalidade do trabalho do educador, isto
é, seu reconhecimento de objetivos e estratégias didáticas para colocar em prática o
percurso criador.
No segundo texto: “Entre o Acaso e a Intenção - como a criança pode
conquistar autonomia para criar”, a autora discorre sobre a oficina de percurso,
defendendo que a ação da criança, dentro desse universo, “[...] possibilita uma
autoria infantil mais elaborada e autônoma”. (Pimentel, 2001)
Valéria Pimentel explica que:
A oficina de percurso é uma atividade que permite sempre a livre escolha do
aluno sobre o trabalho que irá fazer. Isso quer dizer que ele poderá definir
quais materiais irá usar, quanto tempo precisará para terminar seu trabalho
e se fará sozinho ou não. Nessas oficinas ocorre uma diversidade e
simultaneidade de questões bastante enriquecedoras. (PIMENTEL, 2001)
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Além da necessidade de questões ou problemas para estimular a criação
artística, Pimentel (2001) chama a atenção para a necessidade de que os alunos se
apropriem “[...] de conhecimentos proporcionados pelas reflexões que surgem a
partir da observação e apreciação de imagens que já produziu e sobre aquelas feitas
por outras crianças, artistas e povos de diferentes culturas”.
A autora narra um exemplo dessa apropriação de conhecimentos realizada
pelas crianças. A proposta incluía o estudo do pintor Lasar Segall, pela apreciação
de algumas de suas obras, objetivando a relação entre cores e temas.
Após chegarem à conclusão de que todas eram muito tristes por causa dos
temas e das cores empregadas, a professora encaminhou uma proposta de
produção: pediu às crianças que fizessem uma pintura triste, usando tinta
acrílica e canetinha quando necessário. Para resolver essa questão tinham
que pensar nas cores, nas suas combinações e no tema que iriam
representar. (PIMENTEL, 2001)
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Aula 29_ Viva a Banda e a Carmem Miranda!!
O título dessa aula também é o nome de um artigo que foi escolhido porque
demonstra como a prática da arte e o contato com as produções artísticas, em suas
mais diversas manifestações, pode ser de grande importância para o desenvolvimento
das crianças na Educação Infantil, comprovando que a proposta do Referencial, apesar
das possíveis críticas, contribui para a formação de um contexto estimulante para as
artes.
O texto foi escrito pela professora Maria Fernanda Velloso Vignola de
Carvalho e essa educadora narra que:
[...] Ao planejar as primeiras atividades de início do ano procurei um assunto
que pudesse interessar às crianças de 3 anos e que fugisse um pouco dos
temas tradicionais para a faixa etária. Como o carnaval estava próximo
lembrei-me das marchinhas carnavalescas de antigamente, a que
dificilmente as crianças tem acesso nos dias de hoje. Apostei que os
pequenos se envolveriam com o ritmo alegre, as letras divertidas e a
possibilidade de cantar e dançar. (Carvalho, 2006)[1]
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[...] Iniciar o ano com canções singelas, alegres, de rimas fáceis para
decorar e brincar favoreceu uma boa integração entre as crianças do grupo,
comigo e com a escola. Mas o interesse pelas canções foi grande e se
manteve, mesmo depois do carnaval. Então pensei: por que não aproveitar
o entusiasmo e desenvolver um projeto de maior fôlego que estivesse ligado
à música popular brasileira? (Idem, Ibidem)
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a oralidade. As crianças não se limitavam a pedir, ouvir e reconhecer
canções. Com ousadia, tocavam os instrumentos e cantavam sem
cerimônia. (Idem, Ibidem)
Referências
[1] CARVALHO, Maria Fernanda Velloso Vignola de. Viva a banda e a Carmem Miranda!
Instituto Avisa-lá. Formação continuada de professores. 2006. Disponível
m: http://avisala.org.br/index.php/assunto/tempo-didadico/viva-a-banda-e-a-carmen-miranda/
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Aula 30_A associação entre a arte e o lúdico
No texto "A arte vai à escola” a narrativa apresenta, como um dos parceiros para o
desenvolvimento do projeto pedagógico da Escola Jean Piaget, o Programa Museu,
Educação e o Lúdico, conhecido como MEL. Segundo Oliveira, esse programa tem
por objetivo criar estratégias lúdicas para o ensino e a aprendizagem das artes
plásticas.
O projeto MEL contempla tanto o acompanhamento dos professores como
dos alunos em visitas ao museu e fez parte das ações do MAC - Museu de Arte
Contemporânea da USP. O MAC promove também exposições itinerantes nas
escolas. O objetivo desses encontros é promover a melhoria da formação em arte
dos professores, realizando a discussão dos fundamentos teóricos além do
reconhecimento das obras presentes às exposições e ao acervo do museu,
relacionando esses conhecimentos ao projeto pedagógico escolar.
Por sua vez, o acompanhamento dos alunos é planejado:
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A criação do espaço lúdico é realizada pela produção de material didático
voltado aos professores e aos alunos e pela criação de jogos e materiais de apoio
com os temas da mostra, apresentando, de forma diferenciada, as obras
selecionadas para a exposição, tanto para as crianças como para a comunidade
escolar e extramuros.
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brincadeiras antigas e mostra que é possível incorporar o lúdico à prática
pedagógica". (KISHIMOTO apud OLIVEIRA, 2005).
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[1] OLIVEIRA, Cida de; A arte vai à escola In: Pátio - Educação Infantil; Ano III, nº8,
Porto Alegre, 2005. Disponível em http://artenaescola.org.br/sala-de-
leitura/artigos/artigo.php?id=69338&. Última consulta em junho de 2014.
[2] [2] CARVALHO, Maria Fernanda Velloso Vignola de. Viva a Banda e a Carmen
Miranda!!. Artigo disponível em http://www.avisala.org.br/index.php/assunto/tempo-
didadico/viva-a-banda-e-a-carmen-miranda/. Última consulta em junho de 2014.
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Aula 31_A pedagogia por projetos de trabalho
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Pedagogia do oprimido, Pedagogia da autonomia, entre outros. Jurjo
Santomé e Fernando Hernández - década de 90 em diante - propõem o
currículo integrado e os projetos de trabalho (na Espanha) com
repercussões no Brasil. Antoni Zabala - década de 90 e século XXI -
(Espanha) entende que a complexidade do projeto educativo deve ser
abordado por um enfoque globalizador no qual a interdisciplinaridade está
presente. Jolibert na França, Adelia Lerner e Ana Maria Kaufman, ambas na
Argentina, também divulgam estudos sobre propostas educativas
globalizadoras e Miguel Arroyo, entre outros educadores brasileiros,
defende a presença na escola dos temas emergentes, de um currículo
plural...( KEHRWALD e GANDOLFO)
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O texto salienta que a arte é abordada por Hernández (2000) defendendo:
A idéia de educar para a compreensão da cultura visual, ‘sendo que esse
autor relata´projetos executados e sugere que se inicie com uma pergunta
que poderá ser um fio condutor de outras. Por exemplo: O que se pode
aprender de uma imagem? Desta questão é possível derivar outras três: o
que foi pintado? de que falam estas obras? o que se pode estudar e
aprender de um quadro? (KEHRWALD e GANDOLFO).
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“[...] um método ou uma fórmula pronta para desenvolver projetos, mas sim
uma concepção diferenciada do/a professor/a em relação ao ensinar e
aprender. Esta será sempre uma relação de troca e de construções sociais
interativas, nas quais todos são importantes parceiros e colaboradores”,
acrescentado uma questão que toca a professores e alunos: “O que
podemos aprender de um objeto de arte?“ (KEHRWALD e GANDOLFO).
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tem um destino comum, nosso cérebro, de onde saem e se inter-relacionam as
informações, adquirindo um significado, que se transforma naquilo que aprendemos.
Seu método de trabalho propõe a utilização de todos os sentidos no momento
de ensinar e aprender e tem aplicação, também, aos pedagogos e psicólogos que
trabalham nas equipes de assessoramento psicopedagógico e no âmbito de
integração escolar de crianças com problemas de visão, assim como também a
todos os profissionais em formação.
Duas estratégias são fundamentais em sua proposta: primeiro a adaptação de
informações visuais ao canal de percepção sensorial mais adequado. Deste modo,
pode-se converter em tátil uma imagem visual como um movimento artístico, um
mapa, uma ilustração etc. E, segundo a conscientização de que existem imagens
visuais que levam, associadas a elas, informações não visuais e que, por isso,
podem ser percebidas simultaneamente por outros sentidos.
Soler ressalta que a didática multissensorial pode produzir uma aprendizagem
significativamente mais completa da matéria, pois é a informação não visual
associada às imagens. É também perceptível pelos alunos sem problemas de visão
e reforça os conceitos aprendidos.
A professora Amanda Tojal tem sido responsável pela difusão dessa proposta
didática e sua aplicação junto às artes. Formada em Artes Plásticas, realizou seus
estudos de pós-graduação com tema voltado a Museus e à recepção de públicos
especiais.
Atuou junto à educadora Ana Mae Barbosa, que organizou a Proposta
Triangular estudada anteriormente, no Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo, quando teve oportunidade de realizar estudos que
colocaram em diálogo a Proposta Triangular para as artes e a didática
multissensorial.
Um dos resultados de seu trabalho foi a criação de um espaço interativo,
dentro do MAC – USP, para recepção de público especial, com a exposição “O
Toque Revelador”, que apresentava obras tridimensionalizadas a partir de originais
pertencentes ao acervo do MAC. Esse projeto durou dez anos e foi um laboratório
para pesquisas e elaboração de materiais didáticos multissensoriais.
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Tojal oferece cursos de extensão cultural em Ensino da Arte na Educação
Especial. Esses cursos têm difundido seu trabalho, oferecendo aos educadores de
diversas áreas, a oportunidade de desenvolver pesquisas nesse tema.
Esses educadores, formados a partir da experiência de Tojal, mais suas
próprias vivências, têm adaptado a proposta multissensorial para as salas de aula
regular. Amanda Tojal defende que a crescente aceitação dessa proposta está
ligada a sua fácil adaptação aos referenciais de Educação Inclusiva.
Essa proposta adapta-se bem a todas as disciplinas, cabendo ao professor
preparar a sua programação curricular e elaborar materiais e atividades que
enfatizem as experimentações e aprendizagens concretas, a partir das fontes
primárias de conhecimento de um determinado assunto ou tema.
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Finalizamos aqui nossa disciplina, esperando que tenha sido proveitosa a todos.
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