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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTA CECÍLIA – UNICEA


JENNIFER BENEGA ALVES TRIGO

A IMPORTÂNCIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA NO ENSINO


PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO

PINDAMONHANGABA-SP
2023
2

JENNIFER BENEGA ALVES TRIGO

A IMPORTÂNCIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA NO ENSINO


PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Licenciatura
em Educação Artística do Centro
Universitário Santa Cecília – UNICEA de
Pindamonhangaba, em cumprimento à
exigência parcial para obtenção do título
de Licenciado em Educação Artística,
sob a orientação específica do Prof.
…………

PINDAMONHANGABA-SP
2023
3

JENNIFER BENEGA ALVES TRIGO

A IMPORTÂNCIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA NO ENSINO


PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em ___ de _________________de 2023,


como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Educação Artística
pelo Centro Universitário Santa Cecília – UNICEA, pelos professores:

Banca Examinadora:

___________________________________
Prof

___________________________________
Prof

___________________________________
Prof

___________________________________
Orientador: Prof.+ especialista (Nome completo do professor/a)

PINDAMONHANGABA-SP
2023
4

A minha família, pelo carinho, aos


meus amigos, pelo companheirismo
e aos meus mestres, pela paciência
e sabedoria.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus por conceder conhecimento para realizar esse trabalho.

Ao professor orientador Prof.,pela dedicação e competência a mim destinadas.

Ao Centro Universitário Santa Cecília e em especial, à Prof. Dir., pelas inúmeras


oportunidades concedidas,sem as quais eu não chegaria até aqui.

Aos demais professores, pela amizade e conhecimentos compartilhados.

A minha mãe e minha prima Carla que me auxiliaram em meus estudos.


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RESUMO

O presente trabalho tem como principal objetivo demonstrar a participação da arte


contemporânea no desenvolvimento do aluno crítico no Ensino e como objetivos
específicos de valorar as dimensões e habilidades existentes e desenvolvidas
durante o processo de aprendizagem do aluno, descrever definições e
características da arte contemporânea e como o conceito de criatividade está
presente no ensino e analisar as metodologias e competências e habilidades
perante as aulas de Arte durante o Ensino.aulas de arte durante o Ensino. O
trabalho possue três dimensões de conhecimento, o científico, o social e o pessoal
que são adquiridos até a finalização da pesquisa. No conceito de conhecimento
científico, o trabalho se baseia nas pesquisas referentes à arte contemporânea e
para a formação do aluno, buscando a extensão das abordagens de formação e
desenvolvimento em sala de aula. A relação no contexto social estabelece o
conceito de interação dos alunos com a arte contemporânea e desenvolvendo
criatividade e originalidade, possibilitando diversas expressões artísticas, sendo
capaz de ser autêntico e crítico

Palavras-chave:

Arte, arte contemporânea. ensino, formação.


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ABSTRACT

The main objective of this work is to demonstrate the participation of contemporary


art in the development of critical students in Teaching and as specific objectives to
value the existing dimensions and skills developed during the student's learning
process, to describe definitions and characteristics of contemporary art and how the
concept of creativity is present in teaching and analyze the methodologies and skills
and abilities before Art classes during Teaching. The work has three dimensions of
knowledge, the scientific, the social and the personal that are acquired until the
completion of the research. In the concept of scientific knowledge, the work is based
on research related to contemporary art and student training, seeking to extend
training and development approaches in the classroom. The relationship in the social
context establishes the concept of student interaction with contemporary art and
developing creativity and originality, enabling diverse artistic expressions, being able
to be authentic and critical

Key Words:
Art, contemporary art. teaching, training.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................
1 AS DEFINIÇÕES DA ARTE......................................................................................................................
1.1 AS DEFINIÇÕES TRADICIONAIS DA ARTE.............................................................................
1.2 AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS NO SÉCULO XX.............................................................
1.3 ESTRANHAMENTO DO PÚBLICO COM A ARTE.....................................................................
2. A ARTE CONTEMPORÂNEA.......................................................................................................
CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………….
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INTRODUÇÃO
Desde o início as expressões artísticas acompanham a evolução humana e o
progresso da sociedade, a arte desenvolve na formação humana uma capacidade
que cada indivíduo possui de interpretar o cotidiano. A arte é inserida para o ensino
aprendizado desde o Ensino Infantil, Fundamental e Médio, possuindo um
desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas e produtivas com uma
abordagem de conteúdo sobre os movimentos e épocas.
As propostas realizadas em sala de aula com os alunos são baseadas nas práticas
realizadas em conceitos técnicos, sem a participação da criatividade,
espontaneidade e questionamento crítico do aluno, assim muitos dos alunos
possuem uma desvalorização e estranhamento ao ter contato com a arte
contemporânea.
Sendo assim, o presente trabalho tem como tema: A importância da arte
contemporânea no ensino para a formação do aluno. Com a proposta de finalidade
do estudo da arte contemporânea para o aluno no período do Ensino aprimorar a
autonomia e compreender com pensamentos críticos a sociedade que pertence,
além de explorar experiências e conhecimentos.
No entanto, a presente investigação, portanto, parte do seguinte problema de
pesquisa: O ensino sistematizado da arte contemporânea colabora com a
formação de um aluno no Ensino?
Aventa-se a hipótese que a influência da arte contemporânea com o aluno tem a
formação da espontaneidade, liberdade de expressão, autonomia e autocrítica.
E defende-se, também, a hipótese de que, o aluno tendo encontro com a arte
contemporânea, possuindo contato com obras que retratam a sociedade atual,
criando um aluno participante e crítico perante sociedade que está inserido.
A presente pesquisa propõe como objetivo geral, demonstrar a participação da arte
contemporânea no desenvolvimento do aluno crítico no Ensino e como objetivos
específicos de valorar as dimensões e habilidades existentes e desenvolvidas
durante o processo de aprendizagem do aluno, descrever definições e
características da arte contemporânea e como o conceito de criatividade está
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presente no ensino e analisar as metodologias e competências de ensino perante as


aulas de arte durante o Ensino.
As justificativas do trabalho possuem três dimensões de conhecimento, o científico,
o social e o pessoal que são adquiridos até a finalização da pesquisa.
No conceito de conhecimento científico, o trabalho se baseia nas pesquisas
referentes à arte contemporânea e para a formação do aluno, buscando a extensão
das abordagens de formação e desenvolvimento em sala de aula.
A relação no contexto social estabelece o conceito de interação dos alunos com a
arte contemporânea e desenvolvendo criatividade e originalidade, possibilitando
diversas expressões artísticas, sendo capaz de ser autêntico e crítico.
No conceito pessoal a pesquisadora que ainda está para concluir o curso de
Educação Artística, a pesquisa transmite uma mudança de pensamentos para uma
nova concepção de formação tanto pessoal quanto para própria experiência na sala
de aula.

Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica. Será realizada a leitura


crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de fichamentos das obras
pertinentes ao enfrentamento do tema e à comprovação das hipóteses. Além da
leitura de livros pertinentes ao objeto de pesquisa e serão consultados documentos
disponíveis online, devidamente referenciados na Bibliografia.
Estruturalmente, o trabalho possui três capítulos. No primeiro capítulo, é
desenvolvido o assunto sobre as formas da arte,o segundo capítulo é desenvolvido
a arte contemporânea e as vertentes e no último capítulo é abordado sobre o
universo escolar e o ensino da arte contemporânea.
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1 AS DEFINIÇÕES DA ARTE

Estruturalmente a arte segue uma linha de tempo, assim vários conceitos e


concepções foram criadas como definições concretas da arte, além da existência
dos estilos e movimentos artísticos, essas classificações que determinamos não
possuem uma definição formal.
Logo se a própria arte e estilos apresentam diversas definições, quais são os
critérios que determinam uma obra e como ocorre o estranhamento perante o
público, principalmente com a arte contemporânea, essa situação se relaciona aos
acontecimentos desde o século XX para a atualidade, com novas manifestações
artísticas, que se tem como princípio explorar formas e novos meios nas obras,
assim causando quebras de valores de uma tradição na arte.
As novas manifestações artísticas perante o século XX se inicia com as conquistas
da tecnologia e revolução industrial, além de serem geradas durante o período da
Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra.
Ao acontecimento de estranhamento perante relação da arte com público, pois o
estranhamento é uma junção de conceitos artísticos com novos formatos que os
artistas encontraram de impulsionar a arte, e assim definir outro tipo de conceito
para arte que se modifica com a sociedade.

1.1 AS DEFINIÇÕES TRADICIONAIS DA ARTE

A Arte está presente na formação humana desde os primórdios, e durante a


evolução de conceitos fundamentais perante sociedade, segundo Luigi Pareyson
“[..]Três definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir.
As definições mais conhecidas da arte, recorrentes na história do pensamento,
podem ser reduzidas a três: ora a arte é concebida como um fazer, ora como um
conhecer, ora como um exprimir”(PAREYSON, 1997,p.21)
Inicialmente a arte era visualizada em relação a ação de fazer sendo utilizada como
produção manual de responsabilidade dos artesãos. Em um certo período durante
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a Antiguidade não possuía a diferenciação dentro das artes, sendo estabelecida


entre arte servil e arte liberal, Pareyson dissertou que “[..] distinção entre arte liberal
e arte servil, que confinava artes grandes, como as plásticas e figurativas, nas artes
inferiores”(PAREYSON,1997, p 21).
O conceito presente para a distinção baseia-se que algumas artes fazem obra
material, aquela arte que serve o espírito enquanto a arte liberal está relacionada
com a obra imaterial, que o espírito eleva a matéria.
A segunda definição tradicional, o conceito de arte está relacionado com a ação de
exprimir, que ocorreu durante o período do Romantismo,visualiza o conceito de
beleza na arte interligada à expressão, possuindo diversas concepções até chegar
na terceira e última definição tradicional.
A terceira concepção de arte surgiu durante a época da Renovação da Educação,
movimento que inspirou a Escola Nova no século XX no Brasil, pensadores como
John Dewey e Benedetto Croce que possuem as ideias de que a arte está envolvida
com a experiência e intuição, baseada nas linhas de pensamentos de ambos e
outros filósofos como bases teóricas, que a arte é uma linguagem e que pode se
tornar um meio de conhecimento.
As diversas concepções encontradas e estudadas durante a história possuem
características essenciais, como a arte sendo visada como objeto de conhecimento,
exercício de contemplação e na produção manual.Segundo os pressupostos teóricos
de Pareyson “[...] a arte é “expressão de sentimentos” pode ter importância no plano
da poética, mas é uma perigosa asserção no plano da estética."(PAREYSON,1997,
p. 22), com base nesse trecho, o autor nos descreve que a arte é expressão,
apresentando uma visão de realidade, e que cada realização humana possui o
retrato da pessoa que elaborou e que a arte contém caráter expressivo.
Entretanto, é necessário identificar que as operações humanas são
expressivas, pois segundo Pareyson “Toda operação humana contém
espiritualidade e personalidade de quem toma a iniciativa de fazê-la e a ela se
dedica com empenho; por isso, toda obra humana é como retrato da pessoa que a
realizou.”(PAREYSON,1997,p. 22).
Porém é necessário ter consciência de que a expressão não é a essência da
arte,mas na ausência dela, nem ao menos seria considerado arte, pois logo não
teria o caráter humano, que é uma condição indispensável para a conclusão de
alguma obra.
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Portanto, no contexto de expressão, a arte possui uma característica atribuída


para a obra, revelando uma parcela da personalidade do artista e enquanto a
espiritualidade é identificada ao estilo, e a obra enquanto forma, se torna expressiva
pois significa um dizer.
De acordo com os pensamentos de Pareyson

Para certos artistas, a sua arte é o seu modo de conhecer, de interpretar o


mundo e até de fazer ciência, como em Leonardo.Mas isto se inclui no caso
geral da arte que,na concreta e indivisível personalidade do artista, ocupa o
lugar ou assume as funções de outras atividades do espírito humano, isto é,
de ciência, ou de filosofia, ou de religião, ou de moralidade, sem, por isso,
deixar de ser arte. (PAREYSON, 1997, p.23)

Por esta razão, a arte é reveladora da verdadeira realidade das coisas, do


mundo e ideias, porém nas outras atividades relacionadas ao homem também
ocorre o exercício de construção de realidade possuindo estruturas e princípios.
Entende-se então que a arte não contém apenas a função de reveladora ou no
quesito intelectual e até mesmo no contexto contemplativo, entretanto, com todas
essas características, ela ignora os fatores que não seja implícito a ação do
conhecer a si próprio.
Antes de finalizar que a Arte está voltada com um conjunto de
sentidos,ensinando maneiras diferentes de visualizar a realidade, de acordo com
Pareyson “ Estes olhares são reveladores sobretudo porque são construtivos, como
olhar do pintor, cujo ver já um pintar e para quem contemplar se prolonga no
fazer.”(PAREYSON, 1997, p. 25).
Entretanto, é necessário colocar no centro de todo processo de admiração
feita no artista, essas concepções são feitas pelos conceitos estéticos, de que
finalidade a arte encaixava para um determinado período histórico, mas um
questionamento que está presente em discussão é em que conceito podemos definir
a arte, e como os estilos e movimentos auxiliam para essa busca.
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1.2 AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS NO SÉCULO XX


Durante o progresso industrial na sociedade no século XX, a diferença entre
as classes sociais se elevaram, e conflitos entre a classe burguesa e proletária, e
crescimento do capitalismo e movimentos sindicalistas.
Nas primeiras décadas do século ocorreram conturbações políticas, como a Primeira
Guerra Mundial, a Revolução Russa, o surgimento do facismo na Itália e o nazismo
na Alemanha. Esses conflitos que ocorreram, repercutiram no mesmo século, duas
guerras mundiais, iniciando diversos campos de pesquisas na área de armamento
bélico e uso de energia nuclear, questão que se tornou pauta de debate político até
a atualidade, por dimensão de ameaça à existência humana.
Durante este período, aconteceram também, a conquista espacial, e ampliação da
computação e dos satélites, intensificando as comunicações imediatas para as
partes do mundo. Com os avanços tecnológicos, acentuaram as desigualdades
sociais, com algumas regiões tendo vantagens em recursos do que outras.
Nesse contexto histórico, com diversos tipos de sentimentos e angústias que
desenvolveram as tendências artísticas,como o
Expressionismo,Fauvismo,Cubismo,Futurismo,Abstracionismo,Dadaísmo e
Surrealismo, influenciados nos artistas como Cézanne, Van Gogh e Gauguin na área
da pintura.
Em 1905, na França, durante as exposições do Salão de Outono, alguns pintores
foram chamados pelo crítico Louis Vauxcelles pelo termo em francês fauves, que
significa feras. O motivo é pela utilização da intencionalidade com as cores puras,
sem misturá-las.
Os princípios que o movimento artístico segue são as simplificações das formas e
figuras e a utilização de cores puras.De acordo com Graça Proença, “esse objetivo
não era procurado apenas pela associação das figuras As cores puras e estendidas
em grandes campos, como o azul, o amarelo e o vermelho,são também
fundamentais para a organização da composição.”(PROENÇA, 1997, p 153)

O principal conceito que o movimento do Cubismo se inspirou diretamente no artista


Cézanne, os artistas utilizaram representações dos objetos com todas suas partes
em um mesmo plano, apresentando para o espectador como se todos os lados
estivessem em apenas um plano. Com o objetivo de desconstruir a busca de
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perspectiva e tridimensionalidade das formas e figuras, conceito trabalhado pelos


pintores renascentistas.
Partindo dessa perspectiva, o Cubismo possui duas vertentes conhecidas como
Cubismo Analítico e o Cubismo Sintético ou Colagem pois introduziu o uso de
palavras, números e outros materiais como madeira, vidro, metal e até objetos
inteiros nas pinturas.
Aponta-se que outro fator que impulsionou as manifestações artísticas durante a
primeira metade do século XX, foi o avanço tecnológico e valorização da
mecanização do mundo impulsionou a criação do movimento chamado Futurismo,
seguindo uma estética e manifesto escrito pelo poeta e escritor italiano Filippo
Tommaso Marinette, na pintura e literatura, o movimento exaltavam a velocidade e o
futuro, junto com a mecanização das grandes indústrias, porém outros artistas
tinham um conceito de estética sobre a realidade, observando a superação do
movimento natural pelas utilizações das máquinas.
Durante 1910, foi lançado outro manifesto futurista, em que os artistas
representavam a expressão do próprio movimento. Pois “Como pretendiam evitar
qualquer relação com a imobilidade, recusaram toda representação realista e
usaram, além de linhas retas e curvas, cores que sugerissem convincentemente a
velocidade.”(PROENÇA,1997,p.164)
O movimento do Expressionismo ocorreu na Alemanha em reação ao
Impressionismo ,movimento que a arte era resultado da observação da realidade.
Os artistas do movimento do expressionismo buscavam compor em suas obras, as
angústias do homem do século XX, através das cores e deformações nas formas
com a realidade e o propósito de expressar o pessimismo em relação ao mundo.
Segundo Graça Proença

Realizam uma pintura que foge às regras tradicionais de equilíbrio da


composição, da regularidade da forma e da harmonia das cores. Por isso é
considerada por alguns como uma pintura feia. Contribui para essa visão
negativa a amargura com que as vezes o homem e a natureza são
retratados.(PROENÇA,1997,p.153)

A pintura Abstrata contém característica da “ausência de relação imediata entre suas


formas e cores e as formas e cores de um ser” (PROENÇA,1997,p.159). Por essa
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breve explicação as obras abstratas não representam algo relacionado com a


realidade ou acontecimentos históricos,mitológicos e religiosos.
O Abstracionismo expandiu tanto na pintura moderna que tornou o movimento
bastante diversificado, porém duas tendências denominadas como Abstracionismo
Informal que predomina os sentimentos e emoções, as formas e cores são criadas e
utilizadas livremente, sugerindo assimilações com os elementos da natureza
enquanto no Abstracionismo Geométrico as formas e cores são organizadas pela
expressão em concepção geométrica.
No período da Primeira Guerra Mundial, o primeiro manifesto do movimento
Dadaísmo, surgiu a partir de intelectuais e artistas se exilaram em Zurique, na Suíça,
com o intuito de expressarem decepções com o fracasso das ciências,religião e
Filosofia existentes da época até então, pois não conseguiam evitar os
acontecimentos na Europa. O movimento foi denominado de Dadá, pois retoma a
palavra em francês que possui o significado de cavalo, os artistas tinham o objetivo
de que criação artística libertasse de pensamento racionais. Nas artes visuais,
utilizavam nas pinturas a técnica de colagem, porém utilizavam da obras para
criarem sátiras e críticas para os princípios tradicionais encontrados na Europa.
O Dadaísmo foi impulsionador para o Surrealismo, que França surgiu em 1924, com
o objetivo de associar a criação artística com manifestações do subconsciente, como
sonhos.
Esses movimentos formaram opiniões divergentes em relação aos critérios e termos,
lugares que pode consumir e determinar para qual público está direcionada, além de
influenciar a arte contemporânea.

1.3 ESTRANHAMENTO DO PÚBLICO COM A ARTE


Considera-se que a Arte não possui uma definição concreta do conceito da
arte, porém quando identificamos produções culturais, em que vivenciamos como
arte, o conceito de cultura está relacionado como conjunto de padrões de
comportamento, crenças,valores tanto espirituais quanto materiais transmitidos
coletivamente e características de uma sociedade. Sendo assim, a ideia que
possuímos sobre a arte,é de admiração,pois segundo Jorge Coli
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É possível dizer, então,que arte, são certas manifestações da atividade


humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é, nossa
cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas
atividades e as privilegia. (COLI,1995, p.7)

Entretanto, certas situações que fazem comparativo entre as artes clássicas e artes
que estão começando a surgir, como por exemplo a obra Davi feita por Michelangelo
é arte, não possui alguma dúvida, porém quando trazemos a obra Fonte, uma das
obras de Marcel Duchamp, idêntico aos mictórios masculinos sendo conservado em
um museu, assim para muitos não corresponde a ideia do conceito de arte.
Situações como no exemplo anterior, demonstra quais requisitos designa o que é ou
não arte,porém a nossa cultura prevê locais específicos para a arte se manifestar.
Associamos os locais específicos de encontrar arte com os museus, esses
locais são exemplos de oportunidade de ser um diálogo entre a educação e cultura.
Seguindo uma linha do tempo na história, a história moderna se inicia como o
período do Renascimento até os dias atuais.
A essência da arte pode ser dividida em três momentos, para designar o primeiro
momento, a ideia seria da experiência como representação
O segundo momento se relacionaria com a expressão, a ideia anterior de
representação do mundo, ainda persiste, porém não seria no contexto visível e sim
algo na interioridade do indivíduo.
O terceiro momento seria designado como purista, caracterizado pela ideia de que a
arte não representa e nem expressa, mas no contexto de autoconhecimento. Ou
seja, a característica particular seria a “preocupação com a pureza do
meio,eliminação de todo o elemento que não pertencesse, por essência, ao seu
próprio meio”(TORNAGHI, 2005, p.1)
O artista Andy Warhol, artista do movimento Pop Art, fez uma exposição em 1965,
muitos daqueles que tiveram contato com a exposição pensaram que estaria
eliminando as fronteiras em definições do que seria arte, porém o artista demonstrou
que a distinção não é tão perceptível
A partir desse episódio, ocorreria o fim da história moderna na arte, e nenhuma
dessas definições da arte seria utilizada. Assim retornamos a função do museu de
fornecer experiência com o contato com a arte, cada experiência de arte é
imprevisível, pois o mesmo trabalho não vai afetar pessoas diferentes, com
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vivências únicas da mesma maneira, ou até mesmo a mesma pessoa da mesma


maneira em diferentes situações.
Mas quando o público possui o contato com a Arte Pública, esse conceito
possui características de serem obras inseridas em ambientes naturais e urbanos
em um município. Então se o público não possui contato com o museu, artistas
trazem o museu ao público , utilizando espaços públicos para exposições de obras,
o que teriam reações idênticas enquanto estivessem no museu, a controvérsias com
estes trabalhos, são de exposição em relação ao valor do museu, pois o museu
possui a imagem de templo da verdade através da beleza, porém com essas
interações não é visível.
Mesmo não contendo uma ambição estética, a Arte Contemporânea busca a
interação do público em participações de decisões que afetam a obra em espaços
que ultrapassam o museu, então a arte não encaminha como contemplativa. E com
a arte contemporânea, será necessário a transformação em três pilares, na
produção de arte,nas instituições de arte e com o público da arte.
Em um conferência da UNESCO, foi reconhecido o direito e acesso à vida
cultural,sendo um direito fundamental dos Direitos Humanos e segundo Maria
Tornaghi

Entendo que esta “via de mão dupla” que engloba o direito de acesso à
produção e o direito de produzir, esta sendo usada por nós quando
procuramos desmistificar o museu e valorizar a experiência cultural dos
visitantes,criando laços entre sua cultura e os bens culturais a que eles têm
acesso através do museu que - acredito - “é um espaço legítimo e potente
para a trocas de experiências vitais”.(TORNAGHI,2005,p.3)

Esclarece que a experiência ao museu e o acesso a arte deve ser inserido na


sociedade, para que o ser humano se reconheça dentro do mesmo. Fazendo com
que haja interação entre a arte e o homem. Cabe aqui uma reflexão sobre o acesso
e a desmistificação da arte dentro de uma determinada sociedade. Na qual pode se
dar ênfase para a propagação da arte para o ser humano a instituição educacional,
que tem como um dos seus focos o ensino e a democratização da arte para os
alunos, porém o sistema de ensino é voltado somente para uma formação
acadêmica que utiliza de tecnologias e não foca em alguns na valorização da arte ou
do ensino da mesma, muitas vezes por falta de investimento dos órgãos
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responsáveis, tendo muitas vezes consequências negativas para a formação do


cidadão no ambiente social, cultural e econômico.
O acesso à arte é necessário incentivo em políticas públicas que fomentem o
acesso à cultura, pois o contato com certos meios de reprodução, como televisão,
rádio, internet não transmite a mesma experiência.
Porém o acesso às obras e a cultura se torna um problema social, pois todos
possuem direito a frequentação, mas é necessário que todos tenham consciência do
papel fundamental na arte na cultura e exigir os meios para essa frequentação.
Desse modo a arte contemporânea possui a função de quebrar esses
paradigmas impostos com a relação da arte e público porém a arte contemporânea
pode ter diferentes estilos dentro das vertentes artísticas.

2. A ARTE CONTEMPORÂNEA

A arte se modifica com o tempo e espaço, passando por processos de


questionamentos e reconhecimento de novas propostas e criações de novas
concepções artísticas e artistas rompendo com as artes tradicionais, a
contemporaneidade seria denominado após metade do século XX até os dias atuais.
A Arte contemporânea surgiu após as duas guerras mundiais, movimentos como
Pop Art e Op Art aconteceram após os acontecimentos da segunda guerra mundial,
o aumento das indústrias e consumo dos produtos pelos habitantes de grandes
centros urbanos, com esse contexto social que surgiram os movimentos Op Art e
Pop Art.
No movimento Op Art, ou o termo optical art que significa arte óptica, as obras são
compostas de diversas figuras geométricas, coloridas ou em preto e branco,
combinadas para provocar sensações de movimento para o público, simbolizando as
constantes mudanças da vida contemporânea. Enquanto na Pop Art, os artistas
procuravam expressar a cultura de consumo da sociedade e a realidade
contemporânea.
Esses movimentos foram influenciados pelos movimentos de vanguardas, que não
só afetaram as artes visuais, as vertentes como o teatro e dança também foram
influenciadas, nos palcos ambas vertentes tiveram mudanças como nos cenários,
onde tiveram apresentações com pinturas de artistas de determinados movimentos e
mudanças de novos precursores com estilos diferentes de visões para formação do
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teatro contemporâneo e dança contemporânea, como por exemplo no Futurismo.


Segundo Margot Berthold:

Na Itália, o futurismo começou nas artes plásticas e converteu -se numa


rejeição radical à tradição. F. T. Marinetti precisou em seu Proclama sul
Teatro Futurista (Manifesto do Teatro Futurista) (1915) as exigências do
futurismo em relação à cena . Os critérios para o teatro do futuro deveriam
ser a dinâmica da máquina, a mecanização da vida, o princípio funcional do
autômato. Para o atar, isso significava um staccato de montages verbais
acusticamente condicionadas, um movimento de marionete elevado ao nível
acrobático e a redução da própria pessoa a uma engrenagem bem azeitada
do "teatro sintético".(BERTHOLD,2001, 483 )

A Arte contemporânea influencia e contribui para uma experiência social,


motivadora dentro da cultura abordando as relações das três formas de arte, que
estão conectadas entre elas: são as artes visuais, o teatro e a dança
Entretanto, a arte contemporânea possui uma relação direta com as artes
visuais, teatro e dança. Com as utilizações de novas técnicas de expressões, como
performance, instalações, exposições itinerantes e vídeo-arte, diferentes materiais
artísticos que abordam temas sociais e políticos.

2.1 AS ARTES VISUAIS

As Artes Visuais possuem uma longa história desde com os povos antigos, a
pintura e escultura se renovam e transformam durante o longo dos séculos, com o
surgimento de novos estilos artísticos, como fotografia e cinema, outras formas de
expressões visuais surgiram e transforma novas visualizações de compreendermos
a arte.
Nas artes visuais, a arte contemporânea é marcada pela busca de novas
tendências, vertentes e a aproximação do público. Diferentemente de conceitos
estéticos e culturais de antigamente, explorando novas possibilidades de expressão.
Utilizando de características, como a aproximação do público e não possuindo
limitações de espaços, como museu, teatro, galerias de artes, ou espaços culturais,
sendo realizados em espaços abertos. Além das combinações pluridisciplinares
entre estilos artísticos e utilizações de diferentes suportes.
Alguns exemplos de movimentos que refletem esse tipo de conceito é Street
Art, que significa o termo de Arte Urbana, manifestação que é desenvolvida em
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espaços públicos, sendo uma forma de expressão realizada por meio do desenho,
como por exemplo o Grafite e Estêncil e até técnicas de cartazes de lambe- lambe,
intervenções, instalações.
Dentro da Arte Urbana, que também é conhecida como Arte Pública, o Grafite surgiu
na década de 1970 em Nova York, quando jovens deixavam suas marcas nas
paredes enquanto na Europa iniciou como protesto social de forma poética e
artística.
Já na Arte Conceitual,que surgiu na década de 60, possui uma releitura de
processos criativos e expressivos, enfatizando as ideias por trás das obras, em vez
da obra física.
Segundo Strang e col.

A Arte Conceitual, ao levar o público a refletir, o tira da confortável posição


de avaliar uma obra de arte, como “boa ou ruim", de “qualidade estética ou
não” ou até de pensar se a “colocaria na parede de sua sala”,como objeto
de contemplação. (STRANG e col., 2014,p.94)

Assim, o fato do público pensar sobre o trabalho do artista, não sobre o domínio
técnico e leva uma reflexão sobre a contemporaneidade com a utilização da arte
visual, promovendo diálogo com o público, estimulando sentimentos e sensações
criando conexões de compreensões entre o público e artistas.
Outro movimento que se aproxima com o público, é a internet art, que trata
sobre um movimento global que utiliza como suporte de criação, as redes virtuais na
internet, o trabalho da criação para o artista parte de estabelecer uma conexão da
sensibilidade com o público na internet e tornando uma experiência incomum,
acontecendo uma desmaterialização da obra,ocorrendo uma interação do público
com a obra, esse movimento traz um estranhamento pelo formato do contato com a
obra, mas segundo Strang e col.

Para interagir de forma eficaz, a leitura dos usuários da Internet Art


depende da sua habilidade e conhecimento em mexer com as informações
deste universo, isto é, se ele não conhecer do que se trata, sua leitura corre
o sério risco de não ser satisfatória e ficar somente em nível estético ou da
composição estrutural das imagens. Essa interatividade acontece em tempo
real, em uma junção de ideias do artista e do espectador no decorrer da
alteração da obra. Para isto, a sensibilidade dos envolvidos é fundamental
para que o resultado da obra seja satisfatório e prazeroso durante sua
criação e não somente no produto final.(STRANG,2014,p.121)
22

Esse movimento artístico encontra-se presente nos espaços de exposições,


conhecidos como, por exemplo, as bienais. A bienal é o nome para um evento
relacionado com assuntos culturais, que acontece no período de dois em dois anos,
composto por exposições, mostras, congressos, seminários. No Brasil, a Bienal de
São Paulo possui repercussão nacional e internacional, tendo participação de
artistas brasileiros e internacionais, promovendo a arte contemporânea, permitindo
que qualquer público terem contato com a arte atual brasileira e internacional, nas
bienais encontram artistas que trabalham com diversas linguagens artísticas como,o
desenho, a pintura, a fotografia, o vídeo, a escultura, a instalação.
Esses movimentos são utilizados para novos tipos de inovações e
experiências,contribuindo com o desenvolvimento da arte contemporânea. Os estilos
citados transmitem diálogos para tratar de temas atuais, como a violência,
discriminação e desigualdade na contemporaneidade.

2.2 O TEATRO CONTEMPORÂNEO

O teatro é uma vertente da arte que se transforma e adapta com as


mudanças sociais e culturais da contemporaneidade. Relacionando diretamente com
a arte contemporânea,compartilhando os mesmos valores e princípios.
Este capítulo possui o objetivo de demonstrar essa relação entre o teatro e a arte
contemporânea e mostrando que da união,resulta como o teatro contemporâneo ,
como uma nova forma de expressão na contemporaneidade.
O teatro contemporâneo surgiu durante a década de 1950, criada como um
modo de romper com as ações tradicionais dentro do teatro, buscando novas formas
de expressão, possuindo características da experimentação, uso de tecnologia e
interação do público. Utilizando elementos como a performance, a instalação, a
vídeo-arte, para novas formas e concepções de produções artísticas.
Entende-se então, um exemplo de produção que utiliza a combinação de
teatro,música,poesia e vídeo-arte é a performance. A performance surgiu em 1960,
sendo uma manifestação artística que costuma ser planejada e organizada,
possuindo ou não, a participação do público, utilizando como suporte, o corpo do
23

artista, possuindo uma característica diferencial entre outra manifestação


artística,conhecida como happening, que seriam o fator do tempo.
O happening surgiu nos anos 50, vindo do termo em inglês que significa
acontecimento, nas ruas que eram realizadas, onde atores propunham novas formas
com a arte e assim conquistaram a admiração das pessoas.Caracterizado por
elementos da espontaneidade, improvisação das artes cênicas, o happening que
seria uma vertente das artes visuais que inclui elementos teatrais, utilizado para
atrair público para o espetáculo. A diferença entre o happening e a performance
segundo Strang e col. “ no happening há a interação com o espectador, enquanto
que na performance apenas o momento espontâneo sem interatividade.”(STRANG E
COL., 2014, p.162). No happening, os temas relacionados estão a acontecimentos
diários do ser humano, utilizando a improvisação e sem um roteiro fixo.
Entende-se, que esses movimentos repercutem e acontecem até a
atualidade, porém é necessário esclarecer que desde o final do século XIX, vários
precursores contribuíram para a formação do teatro contemporâneo.Precursores
como Antonin Artaud e Bertold Brecht desenvolveram outras formas de escritas e
formação de atores.
Compreende-se que Brecht foi criador do teatro épico, que possuía a busca de
conscientizar o público sobre questões sociais e políticas, utilizando técnicas de
distanciamento para assegurar que o espectador continue crítico e reflexivo. O teatro
desenvolvido por Brecht, sendo destaque no pós-guerra na Alemanha, buscando em
seu teatro elementos cênicos como encenação e escrita, sendo uma modificação
tanto para o público e atores, segundo Araújo

Essa proposta de um teatro épico, ancorado no distanciamento enquanto


recurso para a constituição do enunciado cênico, de certo não funcionaria
com uma interpretação realista por partes dos atores, ou seja, a proposta
teatral brechtiana lança novas perspectivas também para o trabalho do ator,
que será mediador entre os elementos cênicos, assim como será obrigado a
transitar entre ser personagem e ser narrador, entre uma interação com
outros atores e a plateia.(ARAÚJO,2014, p.37)

Portanto, o teatro brechtiano, esclarece para o público que está presente em um


teatro, com refletores a mostra e atores rompendo de suas interpretações. A
24

contribuição de Brecht tanto no conceito de encenação, quanto teatro são uma


abertura para autonomia do espectador.
Evidenciaram-se também, outro encenador, chamado Antonin Artaud, que
durante 1920, lançou críticas a ideias de representações do teatro na época,nesse
contexto, Artaud contribuiu com uma forma de teatro, que enfatiza em uma
experiência sensorial para o público, segundo Araújo“[...] Enfatizando a necessidade
de que o teatro se compreenda e se faça a partir de si mesmo, ou seja, de que seu
acontecimento cênico seja a principal característica de sua existência e não, como
ocorria em sua época, subordinado a um texto teatral que direciona e organiza a
cena de maneira hierárquica."(ARAÚJO,2014,p.39)
A partir desta perspectiva, o pensamento que Artaud tinha relação aos
espetáculos,era que o espectador não apenas assista e absorva e compreenda o
espetáculo através de uma linha linear, mas que seja um participante no
acontecimento cênico para outra compreensão, segundo Araújo

Essa abertura de significação para Artaud está estritamente relacionada ao


seu problema com a linguagem e com as formas de representação da
ordem mimética, pois para ele a linguagem articulada e a representação da
vida no palco não produz um pensamento novo.”(ARAÚJO,2014,p.40)

Portanto, sua ideia era que o público refletisse,pois para Artaud, segundo
Araújo “ [...] o teatro deve ser concebido não como um lugar de entretenimento, mas
como um espaço para fazer surgir a vida, a vida no sentido dos caos ordenado e
organizado.”(ARAÚJO,2014,p.40-41)
Conclui-se que o teatro contemporâneo conquista espaço na
contemporaneidade, construindo inovadoras formas de transmitir um significado plea
comunicação para o público.

2.3 A DANÇA CONTEMPORÂNEA

A dança é uma forma artística que está relacionada e adaptada com as


mudanças sociais e culturais. Considerada uma expressão artística relacionada
diretamente com a arte contemporânea, mas também com outros estilos e
25

movimentos e vertentes artísticas. Este capítulo possui objetivo de demonstrar a


relação entre a arte contemporânea e a dança, e dessa junção a dança
contemporânea, uma nova forma de expressão artística na contemporaneidade.
A dança contemporânea iniciou na década de 1950, como reação e forma de
romper com as danças clássicas e suas limitações, buscando outras alternativas de
expressões corporais e liberdades de movimentos, com a ausência de técnica única
e uma experimentação constante. Utilizando elementos como a performance, a
instalação e a vídeo-arte para criar novos formatos de apresentações;
Entende-se, que a dança contemporânea está em constante construção e
organização contínua, utilizando de diferentes técnicas corporais, pluralidades
estéticas e modos para apresentações.
A relação dos espectadores com a dança contemporânea é um processo complexo,
pois o público absorve os movimentos dos bailarinos, pois segundo José “pensar em
dança contemporânea requer compreender o contexto no qual a dança existe e está
inserida, a capacidade de articular um pensamento do contexto, o pensamento dos
corpos dançantes e sua complexidade.”(JOSÉ,2011, p. 4)
Identifica-se então que, a dança contemporânea não é feita para uma
compreensão imediata,pois parte de diferentes pontos de vista, se relacionando a
experiência.
Os princípios do pensamentos na dança contemporânea estão no conceito que não
há modelo ou padrão em corpos ou movimentos, onde o corpo estabelece uma
dramaturgia, pois “ o princípio de que o pensamento se faz no corpo e o corpo que
dança se faz pensamento”.(JOSÉ,2014,p. 4)
Portanto, o panorama contemporâneo, apresenta diversas possibilidades de
olhares para o corpo com formas de apresentações diversificadas em espaços
cênicos variados ,e assim segundo José “[...] o corpo que dança na cena
contemporânea apresenta-se como transformação do real, da transgressão do
cotidiano.”(JOSÉ,2014,p.5)
A interação da dança com as diferentes linguagens artísticas na
interdisciplinaridade nas apresentações com o teatro, a música e outras linguagens,
iniciou nos anos 70, nos Estados Unidos por Steve Paxton sendo precursor da
linguagem do Contato Improvisação e participante nos questionamentos nos modos
de trabalhos e liberdade dos interpretes e fertil na experimentação, segundo José
26

[...] Em suas pesquisas de movimento buscava a sensação interior, as


propriedades proprioceptivas e as sensações cinestésicas que foram aos
estímulos para a criação e inicia a improvisação de contato (Contact
Improvisation), dança de contato com um ou mais corpos e, contribui para a
relação entre processo e produto. Técnica amplamente utilizada como
pesquisa e material didático de improvisação e como conteúdo para
montagem de obras artísticas na contemporaneidade.(JOSÉ,2014,p.7)

Portanto, a compreensão do corpo na dança se torna um novo campo de


pesquisas para experimentações, explorações e descobertas, e com o corpo
como suporte, apresenta-se uma concepção sem padrões estéticos, e com
diversas estruturas físicas e quando exposto ao espectador, no contexto de
apresentação, e com esse contato expande-se para múltiplas possibilidades de
comunicação expressão, pois segundo José

O corpo está em constante construção é (re)construído em diferentes


técnicas e movimentos, partindo de diferentes métodos e procedimentos de
pesquisa. Como este concebido na complexidade das incertezas, ligados
aos saberes, fazeres e dizeres de um pensamento que/de dança. Portanto,
não existe apenas um corpo, mas sim múltiplos corpos. (ARAÚJO,2014,p.9)

Por esta razão, além da dança contemporânea não limitar a um código ou


regras de movimentos, e abrir transdisciplinaridade com outras expressões
artísticas, podemos afirmar, que, não existe um ideal para criações, pois
existem diversas possibilidades de estilos e expressões, capaz de transmitir
uma forma de comunicação com o público.

3.3 A ARTE NA ESCOLA

A arte é uma das principais formas de expressão humana, sendo capaz de


transformar e modificar o desenvolvimento humano. A conexão da arte com o
homem transmite uma forma de comunicação com o mundo e consigo mesmo,
essa característica essencial com a arte, segundo Bosco “[...]Manifesta-se na
base mesma do homem e o vem acompanhando através da história como
importante legado deixado às gerações seguintes, informando-o de seu
passado e situando-o em seu presente.”(BOSCO,2011,p.15)
27

Entende-se que a arte é um modo de expressão, que segundo os


pressupostos teóricos de Bosco

Originar-se ia do pensamento e do conhecimento do homem, bem como de


sua necessidade de expressão, por meio de um intenso processo interno,
que inclui sua subjetividade e seu poder de significar esteticamente através
dos meios externos disponíveis de sua época, traduz-se em objeto de arte
validando seu estar no mundo.(BOSCO, 2011,p.15)

Portanto, a arte não se limita apenas a contemplação de objeto, mas uma


conexão com as pessoas em determinados tempos, tanto passado, quanto
futuro, sendo uma forma de comunicação, que transmite novas experiências.
A partir desta perspectiva, entendemos que a arte é uma forma de expressão e
comunicação presente em planos diferentes da sociedade em todas as épocas.
Segundo Osinski

É o homem, com sua conduta, seus comportamentos e atos, quem faz a


história, a arte e transmite seus conhecimentos por meio do ensino, formal
ou informal, perfazendo o caminho de um processo evolutivo e progressivo
denominado educação. A ciência da história estuda os fenômenos que
ocorrem ao longo do tempo, frutos das obras e realizações humanas,
procurando analisá-Ios e interpretá-Ios segundo diversas épocas e
aspectos, focalizados nos diferentes planos cultural, social, religioso,
econômico, político, administrativo e geográfico, entre outros, nos quais a
arte se insere como forma contextualizada de comunicação e expressão dos
sentimentos e pensamentos humanos. O ensino, inserido no âmbito da
educação, está relacionado ao contexto social, verificando-se, no plano
cultural, a evolução do conhecimento construído nas diferentes épocas, e no
social, a atuação humana e as relações que se impõem entre os homens.
(OSINSKI,2002, p.7)

Entende-se que o ensino da arte contribui para a formação humana, porém


ainda é questionada sua relevância nos currículos escolares, tanto no universo
escolar e para a formação do aluno e como a inserção da arte contemporânea
pode causar estranhamento e ser uma mudança significativa no ensino.

3.1 UNIVERSO ESCOLAR

A arte possui um papel fundamental perante o desenvolvimento, no contexto


cognitivo, emocional e social para todas as etapas do ensino. No universo
28

escolar, as aulas de artes são obrigatórias na grade curricular, porém é


necessário identificar se na prática colabora com a construção de
conhecimentos em arte no geral e para a arte contemporânea.
Segundo os pressupostos teóricos de Bosco, "O valor da arte na educação
está justamente no aprendizado através da investigação e da interpretação dos
signos que substitui a ideia de seu ensino visando apenas ao desenvolvimento
da sensibilidade e a coloca no patamar do conhecimento.”(BOSCO,2011,p.18)
Entretanto, é necessário a compreensão de um novo olhar no contexto dos
tempos contemporâneos, a arte proporciona ao aluno a investigação e
provocação de visualizar outras possibilidades de mundo, com o aprendizado e
ao mesmo tempo acolhedor, desenvolvendo o pensamento e expressão
humana. Segundo Bosco “[...] Um ensino de arte atualizado com seu tempo
proporciona ao aluno uma formação estética e acentua sua visão crítica. A
educação não deve prescindir de tal contribuição, mas recrutá-la como mais
um contribuinte ao processo de formação do aluno.”(BOSCO,2011,p.19)
Portanto, na formação do aluno, os requisitos no conceito de contemplação e
aperfeiçoamento não são encaixados nos currículos para os alunos, o conceito
de conhecimento estético na formação do indivíduo, amplia seu contato de
visão em relação a si e outras pessoas ao seu redor.
Por esta razão, é necessário identificar a trajetória do ensino na arte no Brasil,
para reconhecer o desenvolvimento até a reflexão e modo de inserir a arte
contemporânea.
Durante o período de 1816 até a década de 1980, as influências educacionais
para o Brasil eram voltadas pela Europa e Estados Unidos, no início as
atividades educacionais eram voltadas pelos jesuítas, baseadas nos ensinos
de formação moral e religioso. Segundo Bosco “Com uma disciplina de rigidez
quase militar e uma formação humanista, o ensino jesuítico originou-se da
necessidade de converter fiéis ao cristianismo, em um momento no qual o
protestantismo ganhava cada vez mais adeptos com a Reforma de Calvino e
Lutero.”(BOSCO,2011,p. 22)
Perante esse contexto histórico,é necessário compreender que o Brasil a
partir de 1530 era um país latifundiário,escravocrata,com caráter patriarcal e
dependente de Portugal. Em 1549, no Brasil e permanecendo até 1759,
quando foram expulsos pois “Nessa época, o poder exercido pela Companhia
29

de Jesus sobre a sociedade era demasiado e o governo passou a temê-la tanto


econômica quanto politicamente.”(BOSCO,2011,p.22). Após a expulsão o
ensino brasileiro decaiu e surgiu uma desestabilização no sistema escolar,
surgindo decadência nas conquistas do aprendizado até aquele momento.
Segundo Bosco

Na Europa, indiferentes a toda controvérsia do pensamento moderno, e ao


ideal liberal de educação do século XVIII, os jesuítas passaram a ser cada
vez mais criticados em função de seu ensino dogmático, autoritário e
retrógrado. As necessidades da formação de um novo homem, prático e
crítico, o desejo de uma educação laica e livre de qualquer influência
religiosa exigiam uma nova orientação pedagógica (BOSCO,2011,p.22)

A herança deixada pelos jesuítas no ensino brasileiro, foram no ensino


religioso catolico, sendo até encontrado vestígio ainda no ensino atualmente,
com o ensino da religião católica, manifestações artísticas , culturais e
religiosas de matrizes africanas e indígenas foram neutralizadas e formatadas
pelas tradições clássicas europeias.
Os métodos seguidos pelos jesuítas, possuíam um sistema que priorizava o
ensino intelectual, enquanto os trabalhos manuais eram considerados inferiores
e destinados para escravos e mestiços. Segundo Bosco

A relevância dada pelo ensino jesuítico às disciplinas ligadas à literatura


atribuía ao escritor e ao poeta elevado prestígio social e reconhecimento,
enquanto que o artista, pouco valorizado em sua profissão,carregava
consigo o preconceito da sociedade para com as artes manuais e o
anonimato. Esta valorização era apontada pela classe dominante, que se
refletia no ensino jesuítico com referência.(BOSCO,2011,p. 23)

Durante o período do século XVIII, na Europa, o movimento do Neoclassicismo


destacava perante movimentos como o Barroco e Rococó, segundo Bosco

Foi com essa concepção acadêmica e neoclássica de ensino que a arte


“oficial” europeia aportou no Brasil no início do século XIX, trazendo consigo
artistas franceses, com a missão de organizar e oficializar o ensino da arte
através de uma academia aos moldes europeus.(BOSCO,2011,p.24)
30

Portanto, as realidades distintas entre a Europa, onde o poder aristocrático e


ascensão da classe burguesa, e no Brasil, que era um país em formação e que
iniciava suas tradições,além de estar com o movimento Barroco no auge no
país. Segundo Bosco “Já vínhamos vivenciando uma estrutura educacional
tradicionalista através do ensino jesuítico que perdura até 1759 e o ensino
oficial da arte em nada se diferenciou em rigidez, comedimento, disciplina e
normatização.”(BOSCO,2011,p.25)
Durante o período do século XIX, aconteceu um avanço na educação em
termos gerais, na Europa ocorria o crescimento e o desenvolvimento industrial,
demonstraram uma necessidade de profissionais qualificados. No âmbito
artístico, o movimento do Romantismo buscava princípios do combate à
racionalidade, valorização dos sentimentos e expressão do artista.
Entretanto, aconteciam conflitos em relação a estética, pois os
produtos realizados em séries chegavam ao mercado junto com a inovação de
materiais e “[...] em 1851 Gottfried Semper,arquiteto alemão cujas reflexões
atingiam questões, mostrou-se indignado com a falta de apuro estético dos
objetos industrializados expostos e passou a defender uma “educação estética
geral e popular” que influenciasse na educação do gosto, tanto de produtores
como de consumidores.(BOSCO,2011,p. 27)
Por esta razão, surgiram discussões, que afetariam o meio educacional
do princípio do desenho ser um “elemento básico para o desenvolvimento
industrial.” (BOSCO,2011,p.27), além de outro evento que repercutiu em
Filadélfia, nos Estados Unidos,foram a comparação dos produtos
estadunidenses e europeus, onde conceitos de desenhos se alinhavam aos
padrões estéticos. Segundo Bosco

A consciência da necessidade de uma metodologia de ensino da arte com


conteúdos rígidos, com ênfase no desenho geométrico e de cópia, tiveram
significativa repercussão no Brasil. É certo que o ensino do desenho já
vinha sendo o principal, senão o único, conteúdo do ensino de arte nas
escolas formais até então em nosso país. Porém, com os eventos
internacionais,ou seja, com as Exposições de Londres e da Filadélfia, e com
as divulgação dos resultados da implantação do ensino do desenho técnico
nas escolas francesas e americanas, reforçou-se a importância do
31

direcionamento do ensino da arte para esse tipo de desenho com meio de


iniciar a instrumentalização das crianças e jovens.(BOSCO,2011,p.28)

Conclui-se que no universo escolar, a arte seguia no ensino da arte no Brasil


um desenvolvimento de desenho técnicos e figurativos, com o acréscimo de serem
decorativos no ensino aprendizagem durante as escolas primárias e secundárias,
sendo um ensino recebendo influências de ensino europeu e norte-americano. Onde
o desenvolvimento da espontaneidade e do próprio aluno não era o fator importante,
que seria no século XX, com as mudanças na psicologia moderna e os surgimentos
dos movimentos de vanguardas.

3.2 A FORMAÇÃO DO ALUNO

A arte possui um papel fundamental perante desenvolvimento cognitivo,


emocional e social no desenvolvimento humano, a função da arte para a formação
do aluno, está no parâmetro que permite os alunos desenvolverem a criatividade,
imaginação e a sensibilidade.
Perante o início do século XX ocorreu um desenvolvimento econômico e tecnológico
pelo crescimento industrial, no campo educacional ocorreu mudanças significativas
e impulsionadoras para o ensino em relação ao requisito da arte.
Durante este período, com o surgimento das vanguardas europeias, ocorreu
uma mudança em relação aos parâmetros pré-estabelecidos na arte, os artistas
conquistaram uma liberdade de expressão individual.Os artistas da época realizaram
segundo Osinski “As vanguardas do início do século encontraram também forte
inspiração na arte primitiva, em especial a africana, que , trazida à Europa por
intermédio das colônias de países europeus no continente africano, sensibilizou os
jovens artistas por sua estética não-convencional.”(OSINSKI,2002,p.58)
Outro fator em relevância durante a época, foi o discurso em questão da identidade
infantil, onde até durante um certo período durante o século XIX, as crianças eram
reconhecidas como miniaturas de adultos, onde não existia a consciência da
infância.
Segundo Osinski ”No século XX, a descoberta da criança como ser autônomo, tanto
pela psicologia,gerou a valorização de sua personalidade e
criatividade.”(OSINSKI,2002,p.59)
32

Por esta razão, investigações científicas foram realizadas perante o funcionamento


da mentalidade da criança, na questão da aprendizagem, o foco que antigamente
era centralizado no professor e aos conteúdos passou a ser dos alunos.
Segundo Osinski

O flagrante descompasso entre os estudos realizados sobre a psicologia


infantil e o ensino vigente suscitou discussões a respeito da necessidade de
uma educação mais criativa, que pudesse se contrapor ao sistema unilateral
de transmissão de conhecimentos e à recepção mecânica dos mesmos
pelos alunos, característico da escola tradicional.(OSINSKI,2002,p.59)

Por esta razão, pensadores como John Dewey e Piaget foram precursores entre os
estilos da escola tradicionais e a escola nova, e o papel da criança perante seu
desenvolvimento, pois na escola tradicional, a preparação era de que a matéria
aprendida era transmitida pela experiência passada daquele que detém informações
para o processo do aluno, enquanto a outra vertente de escola,apresentava a
proposta de que o material educacional seria retirado da experiência no presente.
Segundo Osinski “Piaget defendia um método de ensino baseado na atividade,
criticando duramente eis procedimentos que privilegiavam a exposição oral do
professor e a memorização mecânica do conhecimento. “(OSINSKI,,2002,p.61)
Entretanto, os contrastes dentro do ensino da arte, era perante o ensino
acadêmico, que seguia uma inspiração nas regras de beleza ideal dos gregos com o
ensino do desenho que possuía destaque em desenhos geométricos.Os dois
modelos de ensino não recorriam para as necessidades para o ensino da arte e até
mesmo para a educação infantil.
Segundo Osinski

Dentro desse contexto, o Movimento de Educação Artística, surgido em fins


do século XIX, buscava resgatar a importância da expressão artística da
criança, Esse movimento levava em consideração o olhar recém-descoberto
para a arte primitiva das colônias africanas, reconhecendo também a
produção plástica dos doentes mentais e das próprias crianças, que não
seguiam qualquer padrão de beleza estabelecido pela cultura ocidental.
(OSINSKI,2002,p.62)
33

Entretanto, um acontecimento que ocorreu, seria paralelo aos movimentos de


educação,denominado como Movimento de Educação Artística defendeu questões
como a prática de ações espontâneas, “tal movimento era de orientação contrária a
todo intelectualismo e esquematismo na formação.”(OSINSKI,2002,p.62)
Por esta razão,pensadores considerados como fundadores da base a livre
expressão como, Franz Cizek, arte-educador, que segundo Osinski

. Com o intuito de preservar a expressão original das crianças menores, não


eram mostradas a elas reproduções, tanto dos grandes mestres quanto de
arte moderna e visitas a museus eram desencorajadas. Cizek pensava que
as obras-de-arte eram expressão de adultos, podendo o seu contato
macular a pureza infantil. Em sua concepção, o ego artístico da criança
estaria pronto a se manifestar natural e expressivamente. Qualquer força
externa poderia ser prejudicial, reprimindo e escravizando a expressão.
(OSINSKI,2002,p.64)

Entretanto, os adolescentes visualizavam exposições dos movimentos modernistas,


além disso esperava que os alunos expressassem sensações e sentimentos, em
formas de cores e sons, desse resultado era a forma de expressão pessoal e
desinibida sendo adaptada para formas forma bi ou tridimensional.
Em consequência, durante a década de 1920, na Inglaterra, a reforma
defendida por Marion Richardson, compreendia que “ [...] a expressividade infantil
como própria de determinada etapa de sua vida, acabou por reconhecê-la como um
valor maior".(OSINSKI,2002,p.65)
Por esta razão, o novo ensino da arte criado por Richardson, possuiu uma aceitação
entre os professores, pois segundo Osinski

[...] o trabalho infantil deveria se realizar com a maior liberdade de


expressão, vivacidade cromática e crueza formal. Encorajando as crianças a
representar o que viam na sua mente e os temas de imaginação,
Richardson contribuiu para o fortalecimento da respeitabilidade da arte
infantil. Seu princípio pedagógico era a crença no igual potencial criativo de
todas as crianças.(OSINSKI,2002,p.66)

Entretanto, podemos reconhecer outro fundador em relação ao campo educacional,


responsável por inovações para a visão da formação dos alunos, John Dewey era
34

um defensor da aprendizagem por meio da experiência, suas concepções para o


ensino da arte, segundo Osinski “ [...] a arte não cria as formas, mas as seleciona e
organiza de forma a acrescentar, prolongar e purificar a experiência perceptiva,
apurando-a.”(OSINSKI,2002,p.67);
Por esta razão, perante a polarização entre as escolas tradicionais e nova, o
posicionamento de OSINSK era que:

[...] Pregava conciliação de ambos os posicionamentos, num processo de


interação e ajustamento entre dois fatores: a criança, com suas
experiências, e a experiência do adulto. Propunha o aproveitamento da
experiência infantil e seu inter-relacionamento com os conteúdos a serem
ministrados, os quais não estariam divididos em matérias estanques e
isoladas, mas seriam uma continuação amadurecida das mesmas forças
que atuam na vida da criança, contendo a experiência da espécie.
(OSINSKI,2002,p.67)

Para Osinski, não há distinção entre as belas-artes e arte aplicada, pode-se dizer
que tanto uma quanto outra apresentam ramos da experiência humana.
(OSINSKI,2002,p.67) e que o papel do professor seria de mediador perante jornada
de aprendizagem do aluno.
Então,essas ideias renovadoras dentro do campo educacional, e no ensino da arte,
a formação principal do aluno seria perante sua espontaneidade e criatividade em
diversas formas possíveis de expressar.Sendo um fator importante para impulsionar
a arte contemporânea no ensino de arte.

3.3 A IMPORTÂNCIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA

A arte contemporânea abrange diversas formas de expressões artísticas,


além de oferecer um campo de visão do mundo atual. Explorando temas e questões
atuais. O contato com esse estilo de arte, faz o público refletir criticamente sobre a
sociedade que vivenciamos.
O ensino da arte contemporânea promove a criatividade e a inovação. Ao
contrário das formas de arte tradicionais, a arte contemporânea está constantemente
evoluindo e experimentando novas técnicas e ideias.
Segundo Oniski
35

Os reflexos da pós-modernidade na arte, com a valorização da história, a


utilização deliberada do patrimônio cultural como subsídio da produção
artística e a apropriação assumida de imagens pelos artistas também
reforçaram a necessidade de uma revisão da filosofia do ensino da arte. A
noção de criatividade, até então entendida como um mistério espontâneo,
passou, então, a admitir, em seu cerne, a carga cultural que sempre lhe foi
inerente.(OSINSKI,2002,p.103)

Entretanto, a arte contemporânea é caracterizada pela experimentação, pluralidade


e liberdade perante os processos de criação, segundo os pressupostos de Menezes
“ [...] trabalhada nas aulas de artes não apenas como conteúdo, mas como
pensamento e princípio (como fundamento), acarretaria novas posturas
metodológicas, práticas e propostas; novos pensamentos, posturas e visões do
professor sobre o ensinar arte – e certamente promoveria interpretações, questões e
realizações diferenciadas por parte dos alunos.”(MENEZES,2007,p.22)
Portanto, a falta de contato da arte contemporânea nos conteúdos para os
alunos, elimina as possibilidades de relacionar a arte com o cotidiano, porém a
relação entre a arte contemporânea e o ambiente escolar com a falta de
questionamentos apresenta um distanciamento perante as produções artísticas.
No ensino da arte contemporânea, segundo Osinski “A criança é encorajada
não só a se expressar por intermédio da arte, mas também a compreendê-la,
absorver seus conteúdos e criticá-la, tornando-se um participante ativo de seus
processos.”(OSINSKI,2002,p.110)
Portanto, o processo de inserir a arte contemporânea nas práticas escolares, não
estaria em conceitos técnicos e produção, mas em um processo dinâmico para se
relacionar com o atual momento vivenciado.
As mudanças relacionadas com o ensino da arte contemporânea, amplia no quesito
cultural e da vida dos alunos, onde o protagonismo seria realizado pela
espontaneidade, criatividade e segundo Menezes “[...] articulando elementos da arte
e da cultura, estimularia uma postura investigativa sobre a arte contemporânea e
suas relações com a vida e a pluralidade cultural. A definição de um ensino pós-
moderno não exclui manifestações de outros momentos históricos.”
(MENEZES,2007,p.77)
36

Entretanto, o ensino de arte permanece pelos modelos antigos de ensino,


onde se constitui na produção de objetos e o uso para as datas festivas. Porém é
necessário identificar o papel fundamental do professor para desenvolver e
promover novas vivências do aluno. Segundo Menezes

Pode-se concluir, assim, que as propostas desenvolvidas pelos professores


de artes devem buscar promover contatos, interações, reflexões e
conhecimentos ligados à arte e às suas diversas possibilidades estéticas,
poéticas e experimentais. Se forem atingidos benefícios em outros campos,
estes são desdobramentos positivos, mas não devem direcionar a prática do
ensino de artes.(MENEZES,2007,p.83)

Portanto, o conceito trabalhado pelos professores, está perante o diálogo


entre a arte e o cotidiano do aluno,e o processo de experiência estética do aluno,
com diferentes estilos de arte que se encontram como, a arte popular, a arte em
massa e a arte erudita. Segundo os pressuposto teóricos de Menezes

A arte contemporânea, ao dissolver fronteiras entre erudito e popular, ao


desarticular a apresentação de normas e regras absolutas ou ao produzir
uma arte na qual não faz mais sentido buscar princípios universais que
possam reger a prática artística, pode ser um meio para o desenvolvimento
de uma prática atenta à pluralidade, à busca pela interpretação – ao invés
da definição pronta –, ao estímulo pelo exercício sensível e poético, que
envolve observação, escolhas, reflexão, crítica e aprofundamento. Mais do
que restritos à arte contemporânea, tais aspectos podem ser formas de se
analisar toda a história da arte e são fundamentais para o desenvolvimento
de uma prática para o ensino de artes que de fato estimule o conhecimento
sobre a arte e que ainda seja significativa para os alunos.
(MENEZES,2007,p.89)

Assim, a arte deve ser introduzida como um sentimento e não como uma técnica,
cheia de regras e normas. O ensino da arte contemporânea se dá pela vivência,
estímulos e significados que a mesma venha trazer, estimulando uma reflexão crítica
e sensível aos apreciadores.
37

CONCLUSÃO

A arte contemporânea é um contexto inovador e abrangente, o ensino desse tipo


de arte demonstra como modificar a visão das pessoas em relação ao seu
cotidiano. No âmbito da pesquisa, buscou-se evidenciar em qual contexto a arte
está inserida dentro da formação do aluno.
A importância da arte contemporânea no ensino e na formação do aluno,partiu do
tema que aborda a sistematização e a aplicação da arte contemporânea na vida
estudantil dos alunos.
As hipóteses levantadas sobre as premissas de que a arte e a cultura
contemporânea influenciam a vida do aluno, vem de uma formação espontânea
de criação de liberdade de expressão, autonomia e autocrítica, fazendo com que o
aluno se torne um ser com o senso crítico estimulado e apurado.Conclui-se então
que a realização do ensino da arte contemporânea, auxilia na formação do aluno
perante incentivação da liberdade de criação e espontaneidade do aluno, além de
demonstrar para o próprio diferentes pontos de vista e entendimentos em relação
ao cotidiano e mundo que está vivenciando.
Ressalta-se também que o estudo minucioso das teorias a respeito dos temas
mencionados, fez com que se cumprissem os objetivos propostos para a
abordagem em foco
Em virtude da amplitude do tema, a pesquisa encontrou naturais limitações,
38

sobretudo no que tange à postura metodológica, centrada unicamente em


pesquisa bibliográfica. Em um futuro desdobramento, porém, a partir do recorte
temático e do referencial teórico adotados, pode-se proceder a uma pesquisa de
maior fôlego. A respeito dessas limitações, há de se ressaltar a importância do
trabalho em razão deste trazer uma reflexão para o âmbito educacional.
39

REFERÊNCIAS
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- Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte) -- Universidade
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PAREYSON,Luigi.Os problemas das estéticas,1997

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A performatividade como um elemento desterritorializador na encenação contemporânea,


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OSINSKI, Dulce Regina Baggio. Arte, história e ensino: uma trajetória I Dulce Regina Baggio
Osinski. - 2. ed. - São Paulo, Cortez, 2002. - (Coleção questões da nossa época; v. 79

MENEZES, Marina Pereira de. A arte contemporânea como conteúdo e fundamento para a
prática do ensino de artes. 2007. 119 f. Dissertação (Mestrado em Artes) – Instituto de
Artes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007

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V. Zurawski, J. Guinsburg. Sérgio Coelho c Clóvis Garcia ], -- São Paulo: Perspectiva, 200 I.

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