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Metodologia da Pesquisa Científica

Núcleo Comum
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Núcleo de Ensino a Distância

Créditos e Copyright

REIGADA, Álvaro Luiz Diogo

Metodologia da Pesquisa Científica. Álvaro Luiz Diogo, Reigada. - Santos, 2016. -


Revisado por Thiago Simão Gomes, 2016. Atualizado por Irene da Silva Coelho, 2021.

152fls.

Universidade Metropolitana de Santos, Cursos Bacharelado, Licenciatura e


Tecnologia, 2016.

1. Docência Superior. 2. Metodologia da Pesquisa Científica. 3. Pesquisa

CDD 001.42

Vanessa Laurentina Maia


Crb8 71/97
Bibliotecária Unimes

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SUMÁRIO
Aula 01_O que é o método? ................................................................................. 5

Aula 02_Níveis de Conhecimento ......................................................................... 9

Aula 03_Pesquisa ............................................................................................... 19

Aula 04_Tipos de pesquisa ................................................................................. 21

Aula 05_Pesquisa Quantitativa e Qualitativa ...................................................... 26

Aula 06_A atividade do pesquisador ................................................................... 28

Aula 07_Leitura ................................................................................................... 30

Aula 08_Conduta científica ................................................................................. 32

Aula 09_Pesquisa na Internet ............................................................................. 34

Aula 10_Métodos Científicos ............................................................................... 48

Aula 11_Procedimentos das pesquisas: bibliográfica, documental, pesquisa-ação


e estudo de caso ..................................................................................................... 52

Aula 12_Projeto de pesquisa .............................................................................. 56

Aula 13_Planejamento e Etapas da Pesquisa .................................................... 64

Aula 14_Escolha do Tema e Revisão da Literatura ............................................ 66

Aula 15_Revisão da Literatura / Introdução ........................................................ 71

Aula 16_Justificativa e Objetivos ......................................................................... 73

Aula 17_Metodologia........................................................................................... 75

Aula 18_Coleta dos dados - parte 1 .................................................................... 79

Aula 19_Coleta dos dados - parte 2 .................................................................... 83

Aula 20_Análise dos dados ................................................................................. 88

Aula 21_Tipos de Linguagem .............................................................................. 92

Aula 22_Paráfrase............................................................................................... 94

Aula 23_Citação e tipos ...................................................................................... 98

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Aula 24_Notas de Rodapé ................................................................................ 103

Aula 25_Referências..........................................................................................105

Aula 26_Formatação de Trabalhos Acadêmicos ............................................... 115

Aula 27_Fichamentos........................................................................................ 121

Aula 28_Resenha e resumo .............................................................................. 124

Aula 29_Relatório de pesquisa ......................................................................... 132

Aula 30_Pôster .................................................................................................. 138

Aula 31_Paper .................................................................................................. 144

Aula 32_Artigo científico.................................................................................... 146

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Aula 01_O que é o método?


Palavras-chave: método; estudo; ciência.

O que é método?

A palavra método vem do grego méthodos, que significa caminho para chegar
a um fim.

Já que a palavra método significa caminho ou processo racional para atingir


um determinado fim, agir com método supõe uma prévia análise dos objetivos que
se pretende atingir, as situações a enfrentar, assim como dos recursos e o tempo
disponíveis, e por último das várias alternativas possíveis. Trata-se, portanto, de uma
ação planejada, baseada em procedimentos sistematizados e conhecidos
previamente.

E metodologia, o que vem a ser?

Metodologia significa estudo dos métodos ou da forma, ou dos instrumentos


necessários para a construção de uma pesquisa científica; é uma disciplina a serviço
da Ciência. O conhecimento dos métodos que auxiliam na elaboração do trabalho
científico.

“Metodologia adquire o nível de típica discussão teórica, inquirindo


criticamente sobre as maneiras de se fazer ciência. Sendo algo instrumental, dos
meios, não tem propriamente utilidade direta, mas é fundamental para a “utilidade”
da produção científica. A falta de preocupação metodológica leva à mediocridade
fatal” (Demo, 1995, p. 12).

A atividade da pesquisa necessita de método, mesmo que este seja


instrumental, a fim de orientar o pesquisador à construção de quadros teóricos do
conhecimento. Demo afirma que:

“esse instrumento [o método] é indispensável sob vários motivos:


de um lado, para transmitir à atividade marcas de racionalidade, ordenação,
otimizando o esforço; de outro, para garantir contra credulidades,
generalizações apressadas, exigindo para tudo que se digam os respectivos

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argumentos; ainda, para permitir criatividade, ajudando a devassar novos


horizontes” (1995, p. 12).

Então, estamos fazendo ciência?

A resposta é SIM, pois CIÊNCIA é uma atividade que produz conhecimento.


A ciência pode estudar qualquer coisa pertencente à realidade. Enquanto processo,
a ciência é um conjunto de práticas e operações que visam a buscar e construir um
conhecimento.

A ciência estuda os fenômenos e não fatos.

Fato: é qualquer evento que ocorre na realidade, independente de ser


conhecido ou não, independente de ter sido alguma vez observado ou não.

Fenômeno: é um fato que é percebido por um observador. O mesmo fato


pode ser observado de diferentes maneiras, por diferentes observadores, gerando
diferentes fenômenos, segundo cada ponto de vista.

O ponto de vista particular sob o qual um fenômeno é visto ou analisado é o


que chamamos de paradigma.

Figura 1: Estrelas

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/11/estrelas-seis-
curiosidades-sobre-os-corpos-celestes.html

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Exemplo: Que há estrelas no céu é FATO.

Mas se começamos a olhar o céu, com a curiosidade de saber as origens das


estrelas, por que elas brilham, quais as distâncias entre elas e a Terra, teremos,
então, FENÔMENOS prontos para serem estudados pela ciência e desvendados
para a Humanidade. Só podemos realizar esses estudos utilizando MÉTODOS
CIENTÍFICOS.

Por que se deve estudar metodologia?

Porque todo curso superior tem seu fim com a elaboração de um Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC). O TCC é, portanto, uma exigência legal para obtenção
do diploma de conclusão de curso.

O uso da metodologia servirá para organizar o trabalho do aluno e garantir


confiabilidade para o estudo realizado.

“O fenômeno do conhecimento humano é, sem dúvida, o maior milagre de


nosso universo” (Popper, 1975, p. 7). Popper distingue dois tipos de conhecimento:
o conhecimento constituído de um estado de consciência que apenas leva a reagir,
e o conhecimento, no sentido objetivo, constituído de teorias, problemas e
argumentos.

De acordo com Khazraí, o conhecimento surge,

“quando todas as vozes do pensamento científico se interagem nas


tendências tumultuosas da afetividade, na sala de aula, no momento do
estudo, no laboratório e abre, frente aos nossos olhos, novas perspectivas
infinitas de reflexão, e faz voarem nossos espíritos no firmamento
interminável da cognição e da emoção. É nesse ponto que a ciência e o
afeto se interagem para dar origem ao que nós chamamos de
conhecimento” (1983, p. 2).

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Figura 2: Ciência

Fonte:https://www.reuters.com/article/us-stroke-gene-idUSTRE53E6X620090415

Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou


deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.

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Aula 02_Níveis de Conhecimento


Palavras-chave: conhecimento; senso comum; fenômenos.

Podemos classificar o conhecimento em cinco tipos. Cada um possuindo sua


importância e características particulares.

Senso Comum

O conhecimento popular ou senso comum é o conhecimento adquirido dos


antepassados; é o resultado das experiências vividas na sociedade a que cada qual
pertence. Tais experiências, em geral, não tem como objetivo a construção do
conhecimento, mas sim a satisfação de uma necessidade. Daí podermos afirmar que
o senso comum é, de certo modo, fruto do acaso, sendo adquirido por meio de ações
aleatórias. Sua origem vem do processo de acostumar-se a uma explicação ou
compreensão da realidade, sem que ela seja questionada.

O conhecimento das rezadeiras no sertão nordestino, as várias superstições,


os provérbios, os remédios ou os chás caseiros, as técnicas de artesanato e as artes
culinárias etc.

Figura 3- Superstições

Fonte: https://www.brasilcultura.com.br/menu-de-navegacao/cultura/supersticoes-populares-
%E2%80%93-brasil-cultura/

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Características

1. Valorativo, pois está relacionado com os valores do sujeito.


2. Sua origem vem da tradição oral, da observação e reflexão.
3. Subjetivo, pois depende dos nossos juízos e tendências pessoais.
4. Assistemático, porque não precisa de um sistema para ser constituído.
5. Não necessariamente verificável.
6. Falível, pois pode falhar.
7. Inexato.

No senso comum encontramos o bom senso, que se forma no espírito de


todo homem no contato das coisas com que lida. O bom senso é fruto de certa
sistematização de conhecimentos, um conhecimento compreensivo, rudimentar,
espontâneo. Assim, por ser um conhecimento compreensivo, liga as conclusões
aos princípios, visto que as pessoas que o têm desenvolvido, quando colocadas
em condições diferentes dos habituais, resolvem as dificuldades rápida e
acertadamente por meio de raciocínios simples, apoiados no corpo do
conhecimento que já têm. E seus princípios são gerais, pois que se aplicam as
circunstâncias variadas. Por outro lado, o bom senso não reflete sobre si mesmo;
trata das coisas, mas não pensa em si.

Conhecimento Popular e o Conhecimento Científico

O senso comum, não é diferente do conhecimento científico nem pela sua


verdade, nem pela natureza do que se está estudando. A principal diferença é a
maneira pela qual se atinge o conhecimento.

Uma determinada doença pode ser tratada por um chá feito com uma planta
específica, resultando a melhora da pessoa. Esse fato pode ser encarado como
sendo um conhecimento, porque é provável, mas não é necessariamente
científico. Para ser considerado conhecimento científico é preciso que se estude o
princípio ativo das substâncias da planta.

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Figura 4: Chá natural

Fonte: https://rotasbrasil.org/cultura-artesanato-acre/

Portanto, a ciência não é obrigatoriamente a única maneira de se chegar ao


conhecimento. Os fenômenos podem ser observados pelo cientista e pelo homem
comum.

Conhecimento Filosófico

Podemos caracterizar a filosofa como sendo uma reflexão que busca


compreender o sentido da realidade, do homem, sua relação com a natureza e seus
produtos, que são a cultura e a história.

Através de uma reflexão em profundidade, coerente e abrangente vê-se a


importância e a necessidade da filosofia, pois é através dela que temos a
oportunidade de reunir o pensamento fragmentado da ciência, reconstituindo sua
unidade.

A filosofia apresenta similaridades com a ciência e com a literatura, mas é


diferente de ambas. A proximidade com a ciência está no rigor intelectual e no
objetivo final que, grosso modo, pode-se dizer é a busca da verdade.

Admirar-se, era para Platão a condição de onde deriva a capacidade de


problematizar, o que marca a filosofia não como posse da verdade, mas como sua
busca (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 72).

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Podemos entender que filosofar é aceitar o desafio de mudança. Também é


a possibilidade da transcendência humana, a capacidade exclusiva do homem por
meio da qual ele pode superar situações dadas e não escolhidas.

Figura 5: Platão, pintado por Rafael

Fonte: https://www.culturagenial.com/a-escola-de-atenas-de-rafael-sanzio/

A filosofia impede a estagnação e recupera o processo perdido no imobilismo


das coisas feitas, muitas vezes já ultrapassadas. É um movimento, pois o mundo é
movimento que se manifesta pela tese (certeza) e pela antítese (negação), dois
movimentos superados pela síntese, a qual, por sua vez, produz uma nova tese e
assim sucessivamente.

Características

1. Valorativo, pois está relacionado com os valores do sujeito.


2. Racional e reflexivo.
3. Sistemático, porque precisa de um sistema para ser constituído.
4. Não é verificável.
5. Infalível.
6. Exato.
Podemos dizer que o conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da
reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando

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conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo,


ultrapassando os limites formais da ciência.

Conhecimento Religioso

É aquele conhecimento apoiado em doutrinas sagradas. É um conhecimento


sistemático em que a verdade é tratada de forma indiscutível. A aceitação desse
conhecimento é um ato de fé, considera-se que o mundo foi criado por um ser divino,
princípio inquestionável, ainda que não existam evidências para sua comprovação.

A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin representa um exemplo


de conflito existente entre o conhecimento religioso e o conhecimento cientifico. A
hipótese de evolução do ser humano defendida por essa teoria não é aceita pelos
teólogos, que acreditam nas explicações da bíblia.

Figura 6: Pietá (Perugino)

Fonte: https://virusdaarte.net/pietro-perugino-pieta/

Características

1. Valorativo, pois está relacionado com os valores do sujeito.


2. Sua origem vem da fé e da inspiração.
3. Sistemático, porque precisa de um sistema para ser constituído.
4. Não verificável.
5. Infalível.
6. Exato.

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Conhecimento Artístico

É o conhecimento que se baseia na intuição e emoção. A informação que se


manifesta através de uma obra de arte é de natureza emocional, causando irritação,
alegria, tristeza etc.

A forma de conhecimento não é lógica e pode despertar emoções diferentes,


dependendo da relação que se estabelece entre observador e o fenômeno
observado.

É um conhecimento inesgotável, pois a obra é encarada de diversas formas


por pessoas diferentes e de diferentes modos por uma mesma pessoa. Uma das
particularidades do conhecimento Artístico é que ele não pode ser interpretado por
outras formas de linguagem sem perder o conteúdo intrínseco.

Figura 7: Zapata, 1921 (José Clemente Orozco)

Fonte: https://www.artic.edu/artworks/40619/zapata

Características

1. Valorativo, pois está relacionado com os valores do sujeito.


2. Sua origem vem da inspiração.
3. Assistemático, porque não precisa de um sistema para ser constituído.

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4. Não verificável.
5. Infalível.

Conhecimento Científico

O desenvolvimento do pensamento humano acompanhou a sua evolução,


desde os primeiros hominídeos até o ser humano moderno. Podemos definir três
momentos que apontam para essa evolução: desconhecimento, a crença e a ciência.

Em um primeiro momento, entre os primitivos caçadores nômades


predominava um desconhecimento em relação às causas dos fenômenos naturais.
Em seguida veio a crença, por intermédio das quais se buscava explicações para os
fenômenos naturais, gerando superstições. As religiões antigas relacionavam os
fenômenos naturais à vontade dos deuses.

Finalmente, o homem começou a buscar respostas que explicassem esses


fenômenos, não se contentando simplesmente com as respostas oriundas da crença
na vontade divina. Mais do que isso, o homem passou a buscar a comprovação das
explicações dos fenômenos e, nesse momento, surgiu o chamado método científico
(veremos com detalhes mais tarde).

Como o ser humano é um animal dotado com as capacidades de pensamento


e de reflexão, isso possibilitou a busca de novas descobertas e o mais importante, o
desenvolvimento da capacidade de transmissão esse conhecimento para as futuras
gerações. A ciência moderna surgiu há, aproximadamente, 400 anos, mas podemos
dizer que mais recentemente tivemos os maiores avanços desse conhecimento.

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Figura 8: tecnologia e inovação

Fonte: http://www.visaociencia.com.br/2016/01/13/dilma-sanciona-marco-legal-da-ciencia-
tecnologia-e-inovacao/

O conhecimento científico pode ser definido como sendo racional e


sistemático, descobrindo as relações universais entre os fenômenos, permitindo
prever acontecimentos e dessa forma agir sobre a natureza.

Isso não quer dizer que a ciência consiga produzir um tipo de conhecimento
definitivo, sobretudo porque ela está em constante evolução.

Características do Conhecimento Científico

1. Factual, trata-se de um conhecimento concreto, vem dos fatos.


2. Tem origem na observação e experimentação.
3. Sistemático, porque precisa de um sistema para ser constituído.
4. É verificável.
5. Falível.
6. Aproximadamente Exato.

Além disso, o conhecimento científico

• É racional e objetivo.
• Atem-se e transcende aos fatos.
• É analítico e requer exatidão e clareza.
• É comunicável.
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• Depende de investigação metódica.


• Busca e aplica leis.
• É explicativo.
• Pode prever acontecimentos.
• É aberto e é útil à humanidade.

Ciência e método científico

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em


contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são
ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos
científicos não é de alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego
de métodos científicos (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.30).

O método científico é a teoria da investigação. Ainda segundo Lakatos e


Marconi (1991, p.46) esta alcança seus objetivos, de forma científica, quando cumpre
ou se propõe a cumprir as seguintes etapas.

1. Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de


conhecimentos. Se o problema não estiver enunciado com clareza, passa-
se à etapa seguinte; se o estiver, passa-se à subsequente;
2. Colocação precisa do problema, ou ainda a recolocação de um velho
problema, à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos
substantivos ou metodológicos);
3. Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
(por exemplo, dados empíricos, teorias, aparelhos de mediação, técnicas
de cálculo ou de mediação). Ou seja, exame do conhecido para tentar
resolver o problema;
4. Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios
identificados. Se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte;
em caso contrário, à subsequente;
5. Invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou
produção de novos dados empíricos que prometam resolver o problema;
6. Obtenção de uma solução (exata ou aproximada) do problema com
auxílio do instrumental conceitual ou empírico disponível;
7. Investigação das consequências da solução obtida. Em se tratando
de uma teoria, é a busca de prognósticos que possam ser feitos com seu
auxílio. Em se tratando de novos dados, é o exame das consequências que
possam ter para as teorias relevantes;
8. Prova (comprovação) da solução: confronto da solução com a
totalidade das teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado
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é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do


contrário, passa-se para a etapa seguinte;
9. Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados
empregados na obtenção da solução incorreta.

Para Cervo e Bervian (1996, p. 46-47), os passos, geralmente, observados na


realização das pesquisas são os seguintes.

1. Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;


2. Efetuar observações e medidas;
3. Registrar, tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados
com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a
hipótese levantada;
4. Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que
estejam em desacordo com as observações ou com as respostas
resultantes;
5. Generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos
que envolvam condições similares; a generalização é tarefa do processo
chamado indução;
6. Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é
de se esperar que surjam certas relações.

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Aula 03_Pesquisa
Palavras-chave: pesquisa; classificações; conhecimento.

Pesquisa, o que é? É uma pergunta que pode ser respondida de várias


maneiras. Veremos que muitos autores definem o que é pesquisa de acordo com
seu ponto de vista. Vamos conferir.

Para Minayo (1993), a pesquisa é definida como:

“atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade.


É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um
processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de
aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma
combinação particular entre teoria e dados”.

Entretanto, Gil (1999), vê a pesquisa de outra maneira:

“processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O


objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos científicos”.

Sendo assim, podemos então pensar que a pesquisa de uma maneira bem
simplificada e cotidiana, seria: “a procura por respostas às perguntas propostas”.

Com um olhar mais técnico e apurado, a pesquisa então é vista como várias
ações que visam solucionar ou pelo menos esclarecer um problema, tendo como
base procedimentos sistemáticos e racionais.

As pesquisas são realizadas, quando temos um determinado “problema” e


não temos informações de como ele surgiu, ou então, de como poderíamos
solucioná-lo, ou quais as consequências que ele traz a uma espécie ou população.

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Figura 9: Pesquisa

Fonte: adaptado pelo autor

A pesquisa e suas classificações

A pesquisa pode ser classificada de várias formas, dependendo da


abordagem utilizada, da sua finalidade, entre outros. Vamos observar quais as
principais classificações utilizadas.

De acordo com a natureza da pesquisa, ela pode ser classificada em:


pesquisa básica ou pesquisa aplicada.

A pesquisa básica tem o objetivo de gerar novos conhecimentos, contribuindo


para o desenvolvimento científico, não tem a obrigatoriedade de ter uma
aplicabilidade prática. Esse tipo de pesquisa é baseado em interesses e verdades
universais.

A pesquisa aplicada tem o objetivo de gerar conhecimentos aplicáveis, e que


esses conhecimentos sejam práticos e focados à solução de problemas específicos.
A pesquisa aplicada é baseada em interesses e verdades locais.

Na próxima aula abordaremos os tipos de pesquisa. Bons estudos!

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Aula 04_Tipos de pesquisa

Palavras-chave: tipos de pesquisa; conhecimento; ibope.

Podemos classificar os vários tipos de pesquisa em função das diferentes


maneiras pelo qual interpretamos os resultados alcançados. Essa diversidade é
importante para o pesquisador porque possibilita várias visões para um mesmo
tema ou problema. Segundo Pádua (1996, p.32-33),

a classificação das pesquisas em diferentes tipos surgiu com o objetivo de


contribuir para o desenvolvimento delas. [...], entretanto, para além do
formalismo que uma tipologia requer, devemos reconhecer que o
fundamental é compreender a realidade em seus múltiplos aspectos e, para
tanto, essa compreensão vai requerer, e talvez admitir, diferentes enfoques,
diferentes níveis de aprofundamento, diferentes recursos, dependendo dos
objetivos a serem alcançados e as possibilidades do próprio pesquisador
para desenvolvê-los.

As pesquisas podem ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e


nomenclaturas. Por exemplo, elas podem ser classificadas de acordo com:

• a área do conhecimento em que ocorre a pesquisa: pesquisas sociológicas,


antropológicas, educacionais, entre outros.
• a finalidade da pesquisa: pesquisa teórica (pura) ou aplicada.
• o tipo de pesquisa realizada: pesquisa bibliográfica, descritiva, exploratória,
experimental, estudo de caso, entre outros.
• o local onde a pesquisa se desenvolve: pesquisa de laboratório, pesquisa de
campo.
• a maneira que os dados são coletados e analisados: pesquisas quantitativas
ou qualitativas.
• as técnicas empregadas na pesquisa: questionário, formulário, pesquisas de
opinião e de atitudes, testes, análise de conteúdo, história da vida, pesquisas de
mercado, observação sistemática, entre outros (LAKATOS; MARCONI, 1991).

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Vamos conhecer algumas dessas classificações.


Pesquisa teórica (ou pesquisa pura)
Seu objetivo é a busca do saber (DANTON, 2002). São aqueles estudos
motivados por razões de ordem intelectual e que pretendem alargar a fronteira do
conhecimento. Podem se revelar muito importantes, como exemplifica Danton (2002,
p.10): “muitas vezes pesquisas puras revelam grande importância em nossa vida. É
o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas começaram a pesquisá-la, o
único objetivo era a curiosidade”.

Pesquisa aplicada
Pesquisa que busca resultados de ordem prática, visando a solução para
problemas concretos e imediatos (DANTON, 2002). Tem em vista a utilização, na
prática, de conhecimentos disponíveis para responder às demandas da sociedade
em contínua transformação.

Pesquisa bibliográfica
É feita a partir de documentos como livros, revistas, jornais, sites e outros. É
feita através de uma leitura detalhada e sistemática, acompanhada de anotações e
fichamentos. A pesquisa bibliográfica serve de apoio para as outras pesquisas, como
ferramenta de fundamentação teórica. Deve ser feita sempre no início de qualquer
pesquisa, para se conhecer o que já foi estudado em uma área de conhecimento.

Pesquisa descritiva
O método de pesquisa descritivo tem como características observar, registrar,
analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los,
procurando descobrir com precisão a frequência em que um fenômeno ocorre e sua
relação com outros fatores. A pesquisa descritiva pode assumir algumas formas
relacionadas com o enfoque que o pesquisador deseja dar para seu estudo.

Pesquisa exploratória
Tipo de pesquisa utilizado quando se quer saber mais sobre um determinado
fenômeno, para assim poder formular uma pergunta de pesquisa mais adequada.
Sua finalidade é familiarizar-se com o fenômeno e obter uma nova percepção a seu
respeito, descobrindo assim novas ideias em relação ao objeto de estudo.
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Figura 10: Cientista

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-metodologia-cientifica.htm

Pesquisa experimental (pesquisa de laboratório)

Lida diretamente com as variáveis relacionadas ao objeto de estudo,


procurando saber como o evento em estudo ocorre (DANTON, 2002). A pesquisa
experimental se caracteriza pelo controle das variáveis exercido pelo pesquisador.
Eventualmente, ela pode ser realizada em laboratório, situação em que o
pesquisador “cria uma situação com as condições exatas que ele deseja ter e na
qual ele controla algumas variáveis e manipula outras” (FESTINGER, apud
MOREIRA, 2007), podendo conhecer os efeitos desta intervenção e daí propor
explicações.

Estudo de caso
Sua preocupação é estudar um determinado indivíduo, família ou grupo para
investigar aspectos variados ou um evento específico da amostra. Um único caso é
estudado com profundidade para alcançar uma maior compreensão sobre outros
casos similares (CERVO; BERVIAN, 2002).

Pesquisa de campo
Consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na
coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente para posteriores
análises (OLIVEIRA, 2002). Após a coleta de dados, passa-se à interpretação dos
mesmos, sempre levando em conta a fundamentação teórica existente. Diversas

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áreas de estudo utilizam as pesquisas de campo, especialmente as que fazem parte


das ciências humanas, tais como a antropologia, a sociologia, a psicologia e a
pedagogia, entre outras.

Figura 11

Fonte:https://br.pinterest.com/pin/610871136945039599/

Pesquisa quantitativa
Métodos quantitativos são apropriados quando o objeto a ser pesquisado
pode ou deve ser quantificável, isto é, expresso através de números. É indicado
quando se sabe o que perguntar e o que estudar. Por exemplo, qual é o número de
alunos de uma escola que têm computador em casa?

Pesquisa qualitativa
Métodos qualitativos são adequados quando se pretende investigar que tipo
de fenômeno ocorre. As informações são expressas em palavras ou mesmo em
imagens. É indicado quando se procura conhecer melhor algo, inclusive para definir
as questões a serem investigadas. Por exemplo, o que motiva uma família a adquirir
um computador?

Saiba mais sobre pesquisa quantitativa e qualitativa


Você sabe o que é Ibope?
Falar em Ibope é algo muito comum no dia a dia, e o termo virou sinônimo de
algo que é muito popular, sendo até verbete de dicionário no Brasil. Mas o que
significa Ibope?

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O Ibope, ou Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, é uma


empresa multinacional brasileira de pesquisa de mercado.

Como estratégia de trabalho, o Ibope utiliza pesquisas qualitativas e


quantitativas. Saiba mais, lendo o texto a seguir, retirado do site do Ibope.

IBOPE - INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO E ESTATÍSTICA

Eduardo de Freitas

IBOPE é a sigla do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, que


tem seu trabalho destinado à pesquisa de níveis de aceitação do público em relação
a diversos seguimentos, especialmente em campanhas políticas e verificação de
índices de audiência de programas televisivos.

Esse instituto realiza pesquisas no Brasil e em mais onze países da América


Latina. Nesse tipo de prestação de serviços, o IBOPE é um dos principais, sendo
requisitado por empresas de televisão, incluindo revistas, rádio, jornais, partidos
políticos, além de pesquisas demográficas, entre outras

O principal idealizador do instituto no Brasil foi o radialista Auricélio Penteado,


dono da rádio Kosmos (São Paulo). Nos Estados Unidos, o radialista teve a
oportunidade de aprender técnicas de pesquisas voltadas para medição de
audiência, isso com o propósito de averiguar como era a aceitação do público em
relação à sua rádio. Ao realizar a pesquisa, constatou que sua rádio não tinha uma
boa aceitação, mas estando entre as mais ouvidas, passou a realizar,
exclusivamente, esse tipo de trabalho.

REFERÊNCIA
FREITAS, Eduardo De. "Ibope - Instituto Brasileiros de Opinião e Estatística";
Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/geografia/ibope.htm.
Acesso em 18 de fevereiro de 2016.

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Aula 05_Pesquisa Quantitativa e Qualitativa


Palavras-chave: quantitativa; qualitativa; abordagem.

Abordagem da Pesquisa: Quanto à abordagem da pesquisa, ela pode ser


classificada em qualitativa, ou quantitativa.

Pesquisa Qualitativa

De acordo com Richardson (1999):

“os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever


a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por
grupos sociais”.

“... contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar,


em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do
comportamento dos indivíduos”.

A pesquisa qualitativa faz uma análise mais aprofundada sobre o objeto de


estudo, destacando características e peculiaridades que a pesquisa quantitativa não
exibe. A interpretação geralmente é feita por meio de questionários validados, não
havendo necessidade de técnicas estatísticas muito elaboradas. Na pesquisa
qualitativa, o método de análise dos dados coletados é o descritivo e o indutivo, pois
a fonte da coleta de dados geralmente é o cotidiano ou ambiente natural.

Pesquisa Quantitativa

Em relação à pesquisa quantitativa, Richardson (1999) afirma que:

“caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de


coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão,
às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão
etc.”.

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A pesquisa quantitativa considera tudo aquilo que pode ser quantificável, ou


seja, que todas as informações coletadas possam ser classificadas, analisadas e
expressas em números reais, gerando tabelas e gráficos explicativos. Na pesquisa
quantitativa se faz necessário o uso de recursos e técnicas estatísticas mais
elaboradas, garantindo a precisão dos resultados, evitando distorções nas
interpretações e análises, dessa forma, há uma margem de segurança nas
inferências que esse tipo de abordagem apresenta. A pesquisa quantitativa procura
descobrir e classificar a relação de causalidades entre fenômenos e as variáveis
apresentadas.

Na próxima aula veremos a diferença entre os objetivos das pesquisas. Caso


tenha alguma dúvida, não hesite em entrar em contato com seu professor. Bons
estudos!

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Aula 06_A atividade do pesquisador


Palavras-chave: pesquisador; conduta científica; planejamento.

Na aula anterior verificamos alguns dos diferentes tipos de linguagem. Nesta


aula vamos conversar sobre a atividade de escrita do pesquisador/aluno, passando
pelas diversas etapas e concluindo com a conduta científica do pesquisador.

Podemos dizer que a redação do pesquisador deve contar com:

a) Terminologia adequada: para cada área da ciência existem alguns termos


técnicos que são do conhecimento geral – a utilização desses termos facilita a
compreensão do texto. Por exemplo, em histologia os nomes dos corantes utilizados
são de conhecimento geral dos pesquisadores (como Hematoxilina-eosina – HE),
não sendo necessário expressar os procedimentos utilizados para tal.

b) Honestidade: nunca fraudar ou burlar os dados obtidos que nem sempre


são os esperados. Muitas vezes, ao terminar um trabalho científico o pesquisador
descobre que os resultados obtidos são diferentes daqueles encontrados na
literatura.

c) Humildade: a humildade é uma qualidade apreciada em qualquer área do


conhecimento; ela aproxima, estimula e convence o leitor;

d) Lógica: dar coerência à redação e aos procedimentos metodológicos;

e) Precisão conceitual: um conceito errado ou que dê margem a dúvidas pode


desestimular o leitor, confundi-lo, ou até mesmo fazer com que guarde e aprenda
conceitos errados, uma redação dúbia.

f) Coerência ideativa adequada: ter uma grande ideia não é sinônimo de um


bom trabalho científico, é necessário que o pesquisador tenha coerência na
formulação de hipóteses ou leis que revele a sua ideia inicial. Por exemplo, se um
pesquisador empenhar anos de sua vida em uma pesquisa e descobrir, no final de
seu trabalho, que sua ideia inicial já foi testada e comprovada por vários autores;

g) Sistematicidade organizacional: a organização durante a atividade


redacional é a base para a descrição de um processo ou análise;
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h) Planejamento: O planejamento evita problemas futuros como: erros de


amostragem, análise de fatores importantes para o objetivo desejado; encontrar o
animal no local de amostragem; procurar o organismo no período correto; cuidado
com o método de amostragem para evitar o desaparecimento da espécie; o
procedimento de laboratório podem ser caro demais ou exigir equipamentos não
disponíveis; o tempo gasto para sua execução; se este trabalho já não foi feito.

i) Fundamentação teórica: uma boa fundamentação teórica dá credibilidade à


sua redação científica.

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Aula 07_Leitura
Palavras-chave: leitura; reflexão; pesquisa.

Leitura: importância e natureza

O que significa ler? Qual a importância da leitura? O que devemos e


precisamos ler? Essas são perguntas fundamentais que temos que fazer no início
dos nossos estudos.

Ler significa adquirir informações, mas também devemos interpretar e


compreender o que estamos lendo. Quando pensamos em conhecimento científico,
não podemos nos esquecer da leitura, pois grande parte desse conhecimento é
obtida dessa maneira.

Os textos devem ser encarados como uma fonte quase inesgotável de ideias
e conhecimentos. No nosso dia a dia devemos ler bastante, pois isso aumentará o
vocabulário, o que ajudará na hora de escrever e falar. Não devemos ter vergonha
de utilizar dicionários ou mesmo perguntar a outra pessoa quando não sabemos o
significado de uma palavra ou de uma frase. Ao aumentamos o vocabulário, abrimos
novos horizontes na mente, permitindo uma melhor compreensão do conteúdo.

De um modo geral, a leitura tem dois objetivos principais, o aumento da nossa


cultura geral e meio eficiente de aprofundamento do conhecimento (estudo e
pesquisa).

Em virtude da enorme quantidade de livros, revistas que temos disponíveis,


se faz necessária uma rigorosa escolha do que é ou não importante.

Tipos de Leitura

Podemos classificar a leitura em três tipos: Distração, Cultura Geral e


Formação.

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A leitura de distração é aquela que tem como objetivo o divertimento e o lazer,


e é a que fazemos sem maiores preocupações. A sua importância está no fato de
despertar o hábito da leitura.

Já a leitura de cultura geral, apresenta como objetivo ampliar o conhecimento


do que está ocorrendo ao nosso redor e no mundo, através da leitura de jornais,
revistas, livros, etc. É importante esse tipo de leitura, que é uma fonte de informação
das atualidades.

A leitura de formação apresenta como objetivo principal aprofundar o


conhecimento sobre determinado assunto que estivermos estudando ou
pesquisando em livros ou revistas científicas. É imprescindível que esse tipo de
leitura seja feita com o máximo de concentração, para uma compreensão satisfatória
do conteúdo.

Reflexão: a compreensão de um texto é um dos maiores desafios que temos


a enfrentar. A compreensão implica contextualização.

Escolha um capítulo de um livro que você tenha gostado de ler. Anote ou


sublinhe frases interessantes e palavras que necessitem de sinônimo. Feche o livro
e pesquise-as. Volte a ler o mesmo capítulo introduzindo o que você pesquisou.

Reflita: nessa segunda leitura (ou 3ª) você entendeu diferente? A leitura ficou
mais interessante? Inicie um caderno ou uma ficha, anotando o nome do livro, do
autor e suas considerações sobre o capítulo.

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Aula 08_Conduta científica


Palavras-chave: conduta; ciência; estrutura.

Dando continuidade à questão da leitura e da escrita, deve-se evitar uma


cautela exagerada (os termos acauteladores utilizados de maneira exagerada, fazem
com que o leitor perca a confiança na originalidade dos resultados obtidos pelos
pesquisadores), do mesmo modo que a convicção, o uso exagerado de
intensificadores faz com que o leitor desconfie dos resultados apresentados. Por
outro lado, uma argumentação adequada resulta em credibilidade. Assim, o
importante é que o pesquisador redija para convencer não para impressionar.

A redação científica tem características próprias, não só pela terminologia


técnica específica empregada em cada uma das áreas do conhecimento, como
também, pela objetividade e clareza que deve possuir para que tenha ampla
divulgação e penetração no meio científico.

Em todas as etapas do trabalho científico o critério do “bom senso” deve ser


empregado. Embora existam regras gerais para se executar e escrever um artigo
científico, em cada área e linha de pesquisa existem características próprias, que o
autor deve conhecer e saber discernir qual o procedimento ou termo mais adequado
para ser utilizado.

Um trabalho científico é o registro de uma descoberta original de pesquisa


organizada em várias seções de acordo com um formato que reflete a lógica de um
argumento científico. Os cientistas profissionais seguem este formato rigorosamente
quando eles escrevem um manuscrito para publicação de estudos biológicos, o
mesmo método organizado é utilizado para elaborar projetos e registros de
laboratório.

Os artigos científicos respeitam uma estrutura de composição. Você pode


começar a redigir pela seção que lhe pareça mais fácil. Para muitas pessoas essa

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seção é a metodologia. Usualmente a discussão e o resumo são escritos por último,


após a conclusão do trabalho.

Falar e escrever adequadamente são fundamentais para qualquer


pesquisador. A linguagem culta pode ser observada nos noticiários transmitidos
pelas redes de televisão e editoriais dos bons jornais diários do país.

Para escrever bem deve-se investir tempo, paciência e esforço, além de


valorizar esta tarefa. A linguagem científica dever ser clara, objetiva, escrita em
ordem direta e com frases curtas. A clareza na escrita é um reflexo da clareza das
ideias e da compreensão.

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Aula 09_Pesquisa na Internet


Palavras-chave: internet; pesquisa; busca.

Aprendendo a pesquisar na Internet

Até há pouco tempo atrás, a única forma possível de pesquisar livros e outras
publicações científicas era a consulta ao acervo de uma biblioteca. Isso acarretava
alguns problemas, principalmente para aqueles que vivem distantes dos grandes
centros, onde é mais fácil encontrarem-se as bibliotecas com os acervos mais
completos.

Com o surgimento da internet, o acesso a trabalhos científicos ficou muito


mais fácil. Sites de buscas ou browsers, como, por exemplo, Google, Bing, Yahoo e
outros, dão acesso virtualmente a uma infinidade de textos. Contudo, a internet
também coloca alguns obstáculos para o pesquisador, e talvez o maior deles seja
saber onde e como pesquisar.

Vamos supor que você esteja querendo pesquisar sobre brinquedotecas. Ao


digitar a palavra brinquedoteca no Google e pesquisar, você receberá mais de um
milhão e trezentos mil resultados1! E agora, como saber por onde começar? Muitos
sites da internet tem um conteúdo pouco confiável... Qual escolher?

Nesta aula, vamos aprender como fazer pesquisas na internet.

Como fazer uma boa pesquisa na internet?

Agulha no palheiro: como refinar os resultados de uma busca

Para fazer uma pesquisa, é preciso começar selecionando quais resultados


merecem ser lidos, pois é praticamente impossível consultar os milhares e até
milhões de links que aparecem numa pesquisa simples no Google. Por isso,
é importante aprender a refinar os resultados da pesquisa.

Por exemplo

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Vamos imaginar que você queira achar um site sobre citações de textos
utilizados, mostrando a forma correta de fazê-las em uma monografia. Se você
colocar apenas a palavra “citação” no Google, vai receber resultados
de citação como um termo jurídico, e também citação como frases e
pensamentos de autores. Mas a citação que você procura é a citação
bibliográfica. Então, para obter apenas resultados neste assunto, digite “citação
bibliográfica”, assim entre aspas, pois desta forma o programa de buscas vai
procurar a expressão exatamente como foi escrita entre as aspas.

Veja a diferença da pesquisa no Google:

Termo citação: aproximadamente 20.000.000 resultados

Termo “citação bibliográfica”: aproximadamente 20.300 resultados

Conteúdo confiável na Internet

É possível confiar na Internet?

Na internet, a máxima “quantidade não é sinônimo de qualidade” nunca foi tão


verdadeira! O fato de aparecerem milhares de resultados numa busca não significa
que os seus problemas acabaram – eles podem estar apenas começando, pois é
preciso saber se o conteúdo de um site é confiável ou não.

O fato de uma informação estar publicada na internet não significa que ela
seja verdadeira – muito pelo contrário. São famosas as histórias sobre sites que
divulgam versões inventadas que vão sendo divulgadas, gerando verdadeiras
“lendas virtuais”, mas que não tem fundamento.

Outro problema é a fonte pesquisada ser de má qualidade ou de origem


duvidosa e até mesmo ilícita, o que é o caso das autorias – quando você pensa que
está consultando o verdadeiro autor de um texto, mas na verdade está diante de um
plágio. Mas sobre o problema da cópia falaremos bastante nas próximas aulas.

Quando se trata de um trabalho científico, o problema é ainda mais grave. As


fontes de pesquisa de uma monografia cuja metodologia seja a pesquisa bibliográfica
têm que ser confiáveis, de autores respeitados e consagrados na literatura da área.
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Portanto, se o seu tema de pesquisa é psicopedagogia ou alfabetização, você terá


que consultar obrigatoriamente autores como Alícia Fernandez e Emília Ferreiro
respectivamente, que são referências nestas áreas. Não é possível basear uma
argumentação científica sobre um texto curto de um site obscuro, cujo autor (quando
aparece o nome do autor) não faz nenhuma referência aos autores consagrados na
área da pesquisa. O seu trabalho pode ficar empobrecido, o que certamente não é o
seu objetivo.

Wikipédia, a maior “amiga” do estudante.

Você provavelmente já ouviu falar na Wikipédia, a enciclopédia virtual. A


Wikipédia é uma enciclopédia livre ou de conteúdo livre, o que significa que os textos
têm normas de direitos autorais mais flexíveis, permitindo que possam ser
copiados e até editados por quem acessa os conteúdos. É uma proposta bastante
interessante, mas pode ser desastrosa se mal utilizada, principalmente com
finalidades acadêmicas.

Por mais cuidado que a Wikipédia possa tomar com a colocação de


informações enganosas em seus verbetes, a Wikipédia não pode ser considerada
uma fonte consistente de pesquisa. É muito útil para uma primeira abordagem,
quando se está conhecendo um assunto novo, e também é fonte de várias
informações – se uma informação não está disponível em português pode ser
achada em outras línguas, mas não dá para apresentar um trabalho acadêmico
baseado na Wikipédia, na verdade em um trabalho científico deve ser evitado a
utilização do Wikipédia como referência. As fontes básicas de um trabalho devem
ser mais consistentes.

Dá para fazer um trabalho unicamente com documentos da internet?

Até é possível, caso o assunto da monografia tenha suas fontes principais na


internet. Mas se estas fontes não estão na internet, então precisam ser consultadas
em forma de livros ou CD-ROM, como estiverem disponíveis. Se aquele livro
fundamental daquele autor de referência para seu trabalho não estiver na internet,
você terá que consultá-lo numa biblioteca, à moda antiga.

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Afinal, onde pesquisar?

O local mais apropriado para a pesquisa acadêmica são as bases de dados,


que serão explicadas na próxima aula.

Leitura complementar

Enciclopédia: dá para confiar na Wikipédia?

Não, assim como não dá para confiar 100% em nenhuma fonte única de
pesquisa. Mas isso não quer dizer que a Wikipédia não seja um bom ponto de
partida. Existe um bom motivo para que 7,8 milhões de internautas a acessem todos
os dias. “A Wikipédia já é uma grande referência”, afirma a professora Elizabeth Saad
Corrêa, da Escola de Comunicações e Artes da USP. Veja o caso dos verbetes sobre
temas científicos. Em 2005, a revista Nature fez uma comparação entre 42 artigos
da enciclopédia virtual e da tradicionalíssima Britannica. Identificou 162 erros na
Wikipédia e 123 na Britannica.

A maior enciclopédia da web surgiu em 2001. Seu nome vem de wiki -wiki,
termo havaiano para “veloz”. Em setembro, tinha 8,2 milhões de artigos, que
somavam 1,41 bilhão de palavras em 253 línguas – algumas pouco faladas, como o
dialeto romanhol do norte da Itália, outras inventadas, como o klingon (de Jornada
nas Estrelas).

Como é possível que uma enciclopédia escrita e editada por leigos voluntários
funcione? “A Wikipédia dá certo porque tem uma hierarquia definida e regras claras
de conduta. O vandalismo é corrigido com rapidez”, responde Fernanda Viegas,
pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Tente apagar um verbete
e em minutos um editor, informado por e-mail, terá resgatado a versão anterior.

Mas ainda há furos. No início deste ano, veio à tona um esquema de


sabotagem e autopromoção na enciclopédia, com gente da Apple editando o verbete
da Microsoft e o site MySpace removendo informação negativa de seu próprio
verbete, entre outras coisas. Para evitar coisas assim, medidas extremas estão
sendo estudadas: a Wikipédia alemã, por exemplo, deve limitar a edição a
colaboradores pré-selecionados.
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A hierarquia Wiki

Dos internautas comuns aos reis da cocada preta, saiba quem faz o site

Leitor

Quem é: o usuário que visita o site para se informar.


Quantos são: aproximadamente 7,8 milhões por dia.
Atribuições: não procura por erros nem se dispõe a editar nenhum artigo. No
máximo, posta algum recado na página de discussões, que pode influenciar os
editores.
Poder: nenhum.
Editor

Quem é: qualquer internauta que entre em um artigo para alterá-lo.


Quantos são: cerca de 3 milhões por dia.
Atribuições: retirar, acrescentar ou corrigir informações de um verbete.
Ou criar novos tópicos.
Poder: limitado. Suas contribuições dependem da aprovação dos
administradores.
Administrador

Quem é: um super editor eleito (ou indicado por outro editor) por causa da
frequência e da qualidade de suas colaborações.
Quantos são: 1 342.
Atribuições: apagar ou bloquear páginas problemáticas e recuperar versões
anteriores de verbetes vítimas de vandalismo.
Poder: grande.
Burocrata

Quem é: o chefe dos administradores.


Quantos são: 22 no mundo inteiro (algumas línguas não têm nenhum
administrador).

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Atribuições: resolve pendências entre administradores. Pode “demitir”


editores mal-intencionados que sabotam artigos da Wikipédia.
Poder: gigantesco.
Steward

Quem é: o juiz da Wikipédia.


Quantos são: 30.
Atribuições: em caso de conflito entre diferentes instâncias (burocratas e
administradores, por exemplo), é ele que decide quem tem razão. Também pode
promover ou rebaixar pessoas de seus cargos, sem votação.
Poder: descomunal.
Como saber se o verbete wiki é confiável

Estrela

Artigos bem escritos, estáveis, que contêm citações confiáveis e não são
tendenciosos podem ganhar uma estrela e ser mencionados como “bons artigos”.
Eles podem ser eleitos, por indicação de qualquer internauta, ou escolhidos pelos
administradores e pelos burocratas. Em inglês, dos 2 milhões de verbetes
disponíveis no começo de outubro, aproximadamente 1 630 eram considerados
bons. Em português, eram 260 artigos dentre os 288 mil disponíveis.

Normal

São os artigos comuns, relevantes e bem escritos, mas que ainda não
atingiram alto nível de qualidade.

Bloqueado

Em 25 de setembro, um administrador bloqueou a página do Corinthians. O


motivo: depois de perder para o arquirrival Palmeiras dois dias antes, o clube estava
ameaçado de cair para a 2ª divisão do Campeonato Brasileiro. Depois de dois dias
apagando edições de insulto, o administrador optou por bloquear o verbete para
qualquer tipo de modificação.

Suspeito

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Quando uma informação importante aparece no verbete sem a devida citação,


é comum que os editores façam um alerta avisando do problema. Quando o artigo é
cheio de furos assim, ele ganha um selo logo no topo, alertando que o texto precisa
de “faxina” e pode não ser confiável.

Cancelado

A Super criou o verbete “Tiago Cordeiro”, com a biografia do autor deste texto,
com apenas duas palavras: “jornalista paranaense”. Cinco minutos depois, um
administrador de Portugal julgou o artigo improcedente e o indicou para eliminação.

(CORDEIRO, T. Enciclopédia: dá para confiar na Wikipédia?


Superinteressante. http://super.abril.com.br/cultura/enciclopedia-confiar- Wikipédia-
447257.shtml . Acesso em 9 de junho de 2010).

SAIBA MAIS

Jovem engana imprensa mundial com dado falso na web

Jornais internacionais publicaram, no mês passado, uma informação falsa no


obituário do compositor francês Maurice Jarre, morto em 29 de março último. A
causa da publicação foi uma citação falsamente atribuída ao compositor, colocada
por um estudante irlandês na enciclopédia online Wikipédia, reproduzida pela
imprensa.

Conforme publicou nesta quarta-feira o The Irish Times, a citação falsamente


atribuída a Jarre apareceu nos obituários de jornais britânicos como The Guardian,
The Independent, na revista de música da BBC e em diferentes jornais da Índia e da
Austrália.

Segundo a Wikipédia, Jarre teria dito o seguinte: "Pode-se dizer que minha
vida foi uma longa trilha sonora. A música foi minha vida, a música me dava vida e
pela música serei lembrado muito depois de deixar esta vida. Quando eu morrer será
tocada uma última valsa em minha cabeça, que somente eu poderei escutar."

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Mas as frases não são do compositor francês. Elas saíram da imaginação do


irlandês Shane Fitzgerald, 22 anos, estudante de economia e sociologia
no Trinity College em Dublin. Ele disse ao The Irish Times que queria apenas "fazer
uma experiência" sobre o fenômeno da globalização.

Fitzgerald explicou que desejava demonstrar como os jornalistas usam a


internet como principal fonte de informação e como a população está conectada por
meio da rede. Ele escolheu a Wikipédia porque é uma ferramenta muito utilizada
pelos profissionais da informação, e porque seus conteúdos podem ser editados e
modificados por qualquer um.

Os moderadores da enciclopédia on-line retiraram em questão de minutos a


"nova informação", publicada por Fitzgerald pouco depois de saber do falecimento
de Jarre, já que esta não tinha fontes de referência. Mas o parágrafo permaneceu
durante mais de 24 horas, no ar pois, o estudante continuou colocando-o
repetidamente na web.

"Não esperava que a brincadeira fosse chegar tão longe. Esperava que
aparecesse em blogs e em algumas páginas da internet, mas em 'jornais de
qualidade'? Me surpreendi muito", declarou o estudante.

O engano não foi detectado pelos órgãos de imprensa, até que o próprio
Fitzgerald enviou e-mails alertando-os que a informação publicada era falsa.

"Creio que não descobririam se eu não houvesse avisado", acrescentou o


jovem, que não se considera um especialista em informática.

Ainda que o parágrafo sobre Jarre tenha sido retirado da Wikipédia e das
bases de dados dos jornais afetados, ainda pode ser lida em dezenas de blogs e
jornais eletrônicos, de acordo com o The Irish Times.

Base de Dados
As bases de dados são sites que oferecem acesso a documentos
acadêmicos, como artigos, periódicos (revistas científicas), teses e dissertações.
São conhecidas como bibliotecas virtuais, e são as fontes mais confiáveis para a
pesquisa na internet. Nelas, você pode consultar por palavras, assuntos, autores e
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ano de publicação, entre outras possibilidades. O funcionamento destas bases de


dados é parecido com o de buscadores como o Google, só que as buscas acontecem
apenas dentro do acervo da base de dados, o que dá muito mais segurança e
resultados efetivos.
Vamos ver a seguir as principais bases de dados em português. Para fazer
um levantamento do “estado da arte” na área em que você está pesquisando, e
verificar o quanto já se pesquisou ou não neste assunto, é imprescindível consultar
uma ou mais destas bases.

Google Acadêmico

http://scholar.google.com.br

O Google Acadêmico fornece uma maneira simples de pesquisar literatura


acadêmica de forma abrangente. Você pode pesquisar várias disciplinas e fontes em
um só lugar: artigos revisados por especialistas (peer-rewiewed), teses, livros,
resumos e artigos de editoras acadêmicas, organizações profissionais, bibliotecas
de pré-publicações, universidades e outras entidades acadêmicas. O Google
Acadêmico classifica os resultados de pesquisa segundo a relevância, e as
referências mais úteis são exibidas no começo da página. A tecnologia de
classificação do Google leva em conta o texto integral de cada artigo, o autor, a
publicação em que o artigo saiu e a frequência com que foi citado em outras
publicações acadêmicas.

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SciELO

http://www.scielo.br

A Scientific Electronic Library Online - SciELO é uma biblioteca eletrônica que


abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros. A SciELO é
o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-
Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde e CNPq - Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O projeto tem por objetivo o
desenvolvimento de uma metodologia comum para a preparação, armazenamento,
disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico. Atualmente,
a SciELO dá acesso ao texto completo a cerca de 2800 periódicos do Brasil e da
América Latina, além de Portugal e Espanha.

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Portal de Periódicos Capes

http://www.periodicos.capes.gov.br

O Portal de Periódicos da Capes oferece acesso aos textos completos de


artigos de mais de 11.180 revistas internacionais, nacionais e estrangeiras, e a mais
de 90 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do
conhecimento. Inclui também uma seleção de importantes fontes de informação
acadêmica com acesso gratuito na Internet. O acervo completo deve ser acessado
pelos computadores em bibliotecas das universidades credenciadas, mas também
há textos disponíveis para acesso livre.

DEDALUS - Catálogo on-line das Bibliotecas USP

http://dedalus.usp.br/F?RN=10894443

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O Dedalus faz parte do SIBiUSP, que é o Sistema Integrado de Bibliotecas da


Universidade de São Paulo, que integra 43 bibliotecas de faculdades distribuídas em
seis campi universitários, com acervo total de mais de 6 milhões de volumes, e
possibilita pesquisar o acervo de todas as bibliotecas da USP.

CRUESP - Portal dos Sistemas de Bibliotecas das


Universidades Estaduais Paulistas

http://www.sibi.usp.br

Integra os acervos das bibliotecas da USP, Unicamp e UNESP.

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP

http://www.teses.usp.br
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Acesso a textos completos de teses e dissertações da USP.


Domínio Público

http://www.dominiopublico.gov.br

O Portal Domínio Público coloca à disposição dos usuários uma biblioteca


virtual de referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em
geral. Este portal constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a
integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu
principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e
científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou
que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio
cultural brasileiro e universal.

O problema da cópia

Cópias da internet ou a era do “Ctrl+C, Ctrl+V”

A "cópia" não foi inventada juntamente com a Internet, mas, certamente, ela
tem propiciado o crescimento dessa prática, dada a facilidade de se acessar os
textos disponibilizados em meio digital e, considerando-se, além disso, a quantidade
de textos disponibilizados.

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Numa linguagem bastante informal, poderíamos dizer que "copiar" uma


resposta ou um trabalho inteiro, torna-se uma tentação: bastam poucos movimentos
do mouse e do teclado e pronto! Eis um trabalho inteirinho, em poucos minutos.
Entretanto, devemos lembrar o porquê de as escolas solicitarem os trabalhos
escritos. Eles não servem somente para que o aluno "ganhe uma nota". Na verdade,
os trabalhos escritos - sejam curtos ou longos - constituem uma etapa fundamental
na construção de conhecimentos, talvez até a mais importante etapa.
No momento da escrita realizam-se a organização do pensamento, a
abstração e a síntese necessárias para a consolidação do conhecimento.
Na Unimes Virtual as cópias não são aceitas. Assim que identificarem uma
cópia, os professores orientadores poderão recusar o trabalho e solicitar uma nova
entrega dentro do prazo estabelecido (UNIMES VIRTUAL, 2010).

Figura 12: Monge Copista

Fonte: https://www.abim.inf.br/a-modernidade-reverenciando-a-idade-media/

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Aula10_Métodos Científicos
Palavras-chave: métodos; pesquisa; dedução.

Os processos utilizados em uma investigação científica para que os objetivos


sejam atingidos, são denominados de método científico.

O método científico é definido por um conjunto de processos ou operações


mentais que se devem empregar na investigação, é a linha de raciocínio que é
adotada na elaboração e execução da pesquisa (Gil, 1999; Lakatos, Marconi, 1993).

Métodos científicos que baseiam a investigação.

•Dedutivo;

•Indutivo;

•Hipotético-dedutivo;

•Dialético;

•Fenomenológico.

Vamos analisar as bases lógicas que cada método é embasado.

Método dedutivo

René Descartes juntamente com outros racionalistas propôs esse método que
pressupõe que “só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro”.

O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar um determinado conteúdo por


meio de uma cadeia lógica de raciocínio, analisando do geral para o particular,
chegando a uma conclusão, ou seja, partindo de duas premissas, chega-se a uma
terceira considerada como conclusão. Um clássico e famoso exemplo de raciocínio
dedutivo é exibido no quadro abaixo, observe:

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Figura 13:Raciocínio

Fonte: Elaborado pela autora

Método Indutivo

Proposto pelos empiristas como Locke e Bacon, o método indutivo considera


que o conhecimento se fundamenta a partir das experiências, não devendo ser
levado em conta os princípios preestabelecidos.

No raciocínio indutivo, as observações levam à realidade concreta, as


constatações particulares devem levar à elaboração das generalizações. Outro
exemplo bem clássico é apresentado no quadro abaixo, observe:

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Figura 14: método indutivo

Fonte: elaborado pela autora

Método Hipotético-Dedutivo

Popper propôs o método hipotético-dedutivo baseando-se na seguinte linha


de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar
explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou
hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser
testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas
das hipóteses.

Quando no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no


método hipotético-dedutivo, ao contrário, procura-se evidências empíricas para
derrubá-la (GIL, 1999).

Método Dialético

Hegel deu origem ao método dialético, fundamentando-se na teoria de que as


contradições se transcendem originando assim, novas contradições, que acabam
por exigir uma solução.
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O método dialético é de total interpretação dinâmica e realista, pois parte do


pressuposto de que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto
econômico, social, entre outros.

Método Fenomenológico

O método fenomenológico foi proposto por Husserl, e não é considerado


indutivo nem dedutivo, pois o foco principal desse método é a descrição direta
da experiência. A realidade construída não é única, pois existem tantas quantas
forem as interpretações sendo analisado de acordo com as experiências de cada
indivíduo, o que é considerado de fundamental importância na construção do
conhecimento.

Chegamos ao final de mais uma aula, no qual discutimos os tipos de métodos


que podemos encontrar em uma pesquisa. Procure refletir sobre um método
adequado para que você possa utilizar no desenvolvimento de sua primeira
pesquisa, que pode ser um trabalho de conclusão de curso, um projeto integrado,
uma monografia, uma dissertação de mestrado e até mesmo uma tese de doutorado.
Vamos continuar nossos estudos? Boa leitura!

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Aula 11_Procedimentos das pesquisas: bibliográfica, documental,


pesquisa-ação e estudo de caso
Palavras-chave: pesquisa bibliográfica; documentos; pesquisa.

Esta aula apresenta explicações a respeito de procedimentos relacionados à


pesquisa e este texto aborda o capítulo do livro Como elaborar projetos de pesquisa,
de Antônio Carlos Gil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Pesquisa bibliográfica - elaborada com base em material já publicado

 Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material


impresso: livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos
científicos. Porém, outros formatos de informação passaram a incluir outros
tipos de fontes: como discos, CDs, material disponibilizado pela Internet...
 Praticamente toda pesquisa acadêmica requer, em algum momento, a
realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica.
 Na maioria das teses e dissertações desenvolvidas atualmente, um
capítulo ou seção é dedicado à revisão bibliográfica: objetivo de fornecer
fundamentação teórica ao trabalho, e identificação do estágio atual do
conhecimento referente ao tema.
 Em algumas áreas do conhecimento, a maioria das pesquisas é
realizada com base, principalmente, em material obtido em fontes
bibliográficas. Pesquisas no campo do Direito, da Filosofia e da Literatura.
 A vantagem da pesquisa bibliográfica é que permite ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente.
 Ex.: seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território
brasileiro em busca de dados sobre população.
 A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos
históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos
passados se não com base em dados bibliográficos.

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 Contrapartida que pode comprometer em muito a qualidade da


pesquisa. Muitas vezes, as fontes secundárias apresentam dados coletados ou
processados de forma equivocada.
 Assegurar-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar
em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou
contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente.
Pesquisa Documental

Utilizada em praticamente todas as ciências sociais e constitui um dos


delineamentos mais importantes no campo da História e da Economia.

 Como delineamento, apresenta muitos pontos de semelhança com a


pesquisa bibliográfica, posto que nas 2 modalidades utilizam-se dados já
existentes. A principal diferença está na natureza das fontes:
 A pesquisa bibliográfica fundamenta-se em material elaborado por
autores com o propósito específico de ser lido por públicos específicos.
 Já a pesquisa documental vale-se de toda sorte de documentos,
elaborados com finalidades diversas, tais como assentamento, autorização,
comunicação etc.
 Ex.: relatos de pesquisas, relatórios e boletins e jornais de empresas,
atos jurídicos, compilações estatísticas etc.
 O que geralmente se recomenda é que seja considerada fonte
documental quando o material consultado é interno à organização, e fonte
bibliográfica quando for obtido em bibliotecas ou bases de dados.
 A modalidade mais comum de documento é a constituída por um texto
escrito em papel, mas estão se tornando cada vez mais frequentes os
documentos eletrônicos, disponíveis sob os mais diversos formatos.
 O conceito de documento, por sua vez, é bastante amplo, já que este
pode ser constituído por qualquer objeto capaz de comprovar algum fato ou
acontecimento.
 Dentre os mais utilizados nas pesquisas estão:
1 Documentos institucionais, mantidos em arquivos de empresas, órgãos
públicos e outras organizações;
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2 Documentos pessoais, como cartas e diários;

3 Material elaborado para fins de divulgação, como folders, catálogos e


convites;

4 Documentos jurídicos, como certidões, escrituras, testamentos e


inventários;

5 Documentos iconográficos, como fotografias, quadros e imagens;

6 Registros estatísticos.

Estudo de caso

Modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e


sociais.

 Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de


maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente
impossível mediante outros delineamentos já considerados.
 Nas ciências biomédicas, o estudo de caso costuma ser utilizado tanto
como estudo-piloto para esclarecimento do campo da pesquisa em seus
múltiplos aspectos quanto para a descrição de síndromes raras.
 Seus resultados, de modo geral, são apresentados em aberto, ou seja,
na condição de hipóteses, não de conclusões.
 Nas ciências, durante muito tempo, o estudo de caso foi encarado
como procedimento pouco rigoroso, que serviria apenas para estudos de
natureza exploratória.
 Hoje, porém, é encarado como o delineamento mais adequado para a
investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real,
onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos
(Yin, 2005). a crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas
ciências, com diferentes propósitos, tais como:
 Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente
definidos;
 Preservar o caráter unitário do objeto estudado;
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 Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada


investigação;
 Formular hipóteses ou desenvolver teorias;
 Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações
muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e
experimentos.
Pesquisa-ação

Vem emergindo como uma metodologia para intervenção, desenvolvimento e


mudança no âmbito de grupos, organizações e comunidades.

 É uma modalidade de pesquisa que não se ajusta ao modelo clássico


de pesquisa científica, cujo propósito é o de proporcionar a aquisição de
conhecimentos claros, precisos e objetivos.
 No entanto, vem sendo amplamente incentivada por agências de
desenvolvimento, programas de extensão universitária e organizações
comunitárias.
 A pesquisa-ação pode ser definida como "um tipo de pesquisa com
base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou ainda, com a resolução de um problema coletivo, onde todos
pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo e
participativo" (THIOLLENT, 1985, p. 14).

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Aula 12_Projeto de pesquisa


Palavras-chave: projeto; elementos; planejamento.

O projeto de pesquisa é a base da organização do seu trabalho de


pesquisa. Ao elaborar o projeto você organiza suas ideias: percebe se o tema está
muito amplo, identifica o que deve dizer primeiro e o que deve dizer depois, escolhe
as teorias que podem ajudá-lo mais e assim por diante.

O projeto é um esboço do trabalho final, seu esqueleto, sua estrutura.

Figura 15: Desenho de Oscar Niemeyer Projeto do Memorial da América Latina em São Paulo

Fonte: https://peganarquitetura.wordpress.com/2013/01/06/croqui-niemeyer/memorial-da-
america-latina-sao-paulo-sp-1987-05/

Figura 16: Memorial da América Latina/São Paulo

Fonte: https://reconhecasaopaulo.com.br/2021/03/31/voce-sabia-memorial-da-america-
latina/

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Um projeto nasce de uma ideia, algo que você quer dizer, sobre uma parte da
realidade que você gostaria de mudar.

Elementos do projeto

O projeto é um planejamento que deve orientar toda a pesquisa. Não deve ser
considerado apenas um documento a ser apresentado como um item da burocracia
acadêmica, mas deve acompanhar o trabalho do pesquisador.

Segundo Pescuna e Castilho (2005, p.18), "a etimologia dos termos projeto e
problema mostra que, apesar de diferentes origens, ambos possuem o mesmo
significado [...] Os vocábulos projeto e problema possuem originalmente, o mesmo
significado, que é lançar-se ou lançar algo para superar um obstáculo que se
apresenta. Portanto, essas palavras revelam-se como duas faces do mesmo desafio.
Esse paralelo indica que a determinação do problema é o objetivo primeiro do projeto
de pesquisa".

O projeto de pesquisa é um texto que define o problema a ser superado, com


experimentos metodológicos, e a ordem das atividades que serão realizadas para a
construção de um trabalho de pesquisa (PESCUNA e CASTILHO, 2005, p.18).

Os elementos iniciais de um projeto de pesquisa (tema, justificativa e


referencial teórico) desembocam na delimitação e formulação do problema. Do
problema decorrem os demais elementos (levantamento das atividades, recursos e
orçamento, referências). Assim, o problema é o centro do projeto de pesquisa
(PESCUNA e CASTILHO, 2005, p.20).

"Um problema implica uma ou mais dúvidas ou dificuldades em relação ao


tema, que você se proporá a resolver. Formulá-lo, portanto, deve envolver perguntas,
que o trabalho procurará responder" (MÁTTAR NETO, 2002, p.143).

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Figura 17: Elementos de um projeto de pesquisa

Tema: a alma do projeto

A palavra monografia significa o trabalho escrito sobre determinado tema ou


assunto. Ou seja, o tema é a alma da monografia e, consequentemente, do projeto
de pesquisa.

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A bailarina era o tema de grande parte das obras do pintor impressionista


francês Degas.

Figuras 18; 19 e 20: Bailarinas

Ele procurava observá-las em diferentes situações,

Em diferentes contextos.

Fonte: https://www.ebiografia.com/edgar_degas/

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A definição do tema deve ser muito clara. Isso facilita o desenvolvimento do


projeto. Além disso, você deve procurar um assunto com o qual tenha afinidade,
interesse e uma real curiosidade.

Os pesquisadores Castilho e Pescuma definiram algumas questões que


auxiliarão a identificação do tema do seu projeto.

• Das coisas que eu estudo o que mais me interessa?


• Quais os assuntos que me deixam curioso? Levantam dúvidas,
interrogações?
• Além dos livros que o professor indica, quais outros eu gosto de ler por minha
conta? De que assuntos tratam?
• Em meu trabalho ou nos estágios que faço, aparecem dúvidas que eu não sei
resolver e que aguçam minha curiosidade?
• Que tema despertou meu interesse?

Ainda conforme Castilho e Pescuma, a escolha do tema também deve ser


guiada por um "espírito prático", representado pelas seguintes questões que você
faz a si mesmo.

• Esse tema está dentro do meu alcance?


• Tenho acesso ao material necessário para enfrentar esse tema?
• Poderei concluir minha pesquisa dentro do prazo de que disponho para isso?

Justificativa

A justificativa é o momento de responder a pergunta: por que fazer essa


pesquisa? É a demonstração do convencimento de que o trabalho é importante e
precisa ser realizado. O texto deve destacar a relevância pessoal, acadêmica,
profissional e social.

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Relevância pessoal

De acordo com Pescuna e Castilho (2005, p.25), que mostram porque o


trabalho é importante para o pesquisador, que indica como surgiu a ideia do tema,
qual a origem da curiosidade pelo assunto. É a parte mais pessoal da exposição do
projeto, momento de se apontarem motivações e interesses ligados diretamente às
circunstâncias da vida do pesquisador.

Relevância acadêmica

Todo trabalho parte de resultados atingidos pela comunidade acadêmica e


contribui para o aumento do conhecimento em determinada área. Nessa perspectiva,
cada pesquisa realizada oferece uma contribuição para a Academia. Daí a
importância de se apontar essa relevância no próprio projeto de pesquisa
(PESCUNA; CASTILHO, 2005, P.26).

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Relevância profissional

Pescuna e Castilho (2005, p.26) afirmam que uma das características da


ciência moderna é ter uma aplicação prática no processo de dominação e
transformação do mundo. O pesquisador deve destacar em seu projeto os usos
teóricos e práticos dos resultados que espera alcançar.

Relevância social

O pesquisador deve deixar clara qual a contribuição que seus estudos podem
prestar nos aspectos político e social, ou seja, de que maneira o trabalho pode
contribuir para um melhor conhecimento dos problemas da sociedade e de que forma
pode colaborar para melhorá-la.

Referencial teórico

É o quadro conceitual que será utilizado pelo pesquisador para fundamentar


o trabalho. Não é uma simples relação de obras e autores, mas um estudo que
evidencia diversos posicionamentos acerca do tema proposto. O pesquisador tem a

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oportunidade de mostrar seu conhecimento e posicionamento a respeito do tema


(PESCUNA; CASTILHO, 2005, p.27).

Os seguintes passos são úteis para a elaboração do referencial teórico:

1. Fazer um levantamento de material impresso, como livros, artigos, revistas,


teses, monografias, jornais, documentos, dissertações etc.
2. Fazer um levantamento de material digital, como sites, artigos, revistas
digitais etc.
3. Ler detalhadamente o material encontrado.
4. Fichar ou resumir todo o material, preocupando-se com as citações e
referências.

O referencial teórico não é uma carta com intenções, que somente elenca
textos a serem lidos durante a pesquisa (PESCUNA; CASTILHO, 2005, p.27).

Título

Mesmo que provisório, é preciso que o título do trabalho esteja no projeto.


Deve apresentar de maneira fiel, clara e objetiva, sugestiva e direta o conteúdo do
trabalho, sintetizando o problema ou a hipótese (PESCUNA; CASTILHO, 2005, p.
31).

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Aula 13_Planejamento e Etapas da Pesquisa


Palavras-chave: etapas, pesquisa; planejamento.

Pesquisar é construir um conhecimento científico, e a construção do


conhecimento científico demanda algumas exigências, para facilitar o
desenvolvimento da pesquisa, planejar cada etapa é de fundamental importância,
pois dessa forma garantimos um trabalho de qualidade.

Ao planejar como será o desenvolvimento da pesquisa, deve-se levar em


conta alguns critérios, tais como: consistência, coerência, originalidade e
objetivação, para isso é necessário prestar atenção em algumas condições:

o a existência de uma pergunta que se deseja responder;


o a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à
resposta;
o a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida”.
(Goldemberg, 1999).

Para facilitar o planejamento e a execução da pesquisa científica, foram


elaboradas três fases: decisória, construtiva e redacional. Observaremos cada uma
e as suas principais características.

Fase decisória: refere-se à escolha do tema da pesquisa, à definição, é nessa


fase que é feita a delimitação do problema da pesquisa.

Fase construtiva: como o próprio nome diz, é nesse momento que é


elaborada a construção de um plano de ações e execuções da pesquisa.

Fase redacional: envolve a análise dos dados que foram coletados durante
a fase construtiva da pesquisa e a elaboração do relatório final, concluindo a
pesquisa.

Podemos concluir então, que a pesquisa científica consiste na realização de


uma investigação bem planejada e desenvolvida dentro de normas e regras já bem
consolidadas, de acordo com a metodologia científica.

Vimos que a metodologia científica resume-se em um conjunto de várias


etapas que auxiliam o pesquisador desde o início da sua pesquisa até a fase final.

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Nesse espaço de tempo entre o início e a conclusão da pesquisa, temos várias


etapas como: escolher o tema, planejar a investigação, desenvolver a metodologia
que será aplicada, coletar e tabular os dados, analisar os resultados, elaborar o
relatório final com as conclusões da pesquisa e finalmente, divulgar os resultados.

Apesar de a pesquisa apresentar tipos variados e diversas classificações,


uma única pesquisa pode se encaixar em diferentes classificações, entretanto,
devem obedecer às regras de cada tipo.

Etapas da pesquisa

Elaborar uma pesquisa requer um olhar crítico na busca por respostas aos
problemas propostos. Para isso, se faz necessário cumprir uma série de etapas que
fazem parte de um processo bem detalhado, garantindo assim, um trabalho de
qualidade.

Passo a passo da pesquisa

a) Escolha do tema;
b) Revisão da literatura;
c) Justificativa;
d) Formulação do problema;
e) Determinação de objetivos;
f) Metodologia;
g) Coleta de dados;
h) Tabulação de dados;
i) Análise e discussão dos resultados;
j) Conclusão da análise dos resultados;
k) Redação e apresentação do trabalho científico.
Nas próximas aulas iremos discutir sobre cada uma das etapas da pesquisa
e aprender a como desenvolver essas fases. Bons estudos e lembre-se: procure
ampliar seus conhecimentos em outras fontes, como livros, artigos, jornais e/ou sites
confiáveis da internet.

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Aula 14_Escolha do Tema e Revisão da Literatura


Palavras-chave: tema; literatura; revisão.

Nessa fase da pesquisa, é o momento em que você deverá responder a


pergunta: “o que pretendo abordar?” Definir o tema em questão é de fundamental
importância, pois ele delimita sua área de interesse, o assunto no qual você deseja
provar, contestar ou desenvolver.

Ao definir um tema, você delimita o assunto, e estabelece limites e/ou


restrições para o desenvolvimento da pesquisa científica. Deve-se levar em
consideração para escolha do tema: se é ou não um assunto atual, sua relevância,
e seu conhecimento a respeito do assunto.

De acordo com Barros e Lehfeld (1999),

A definição do tema pode surgir com base na sua observação do cotidiano,


na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e
relacionamento com especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas
e em estudo da literatura especializada.

Revisão de Literatura

A revisão de literatura é uma das etapas mais importantes no


desenvolvimento de uma pesquisa, é neste momento que é feito todo um
levantamento sobre os estudos que já foram realizados. Rever a literatura refere-se
à fundamentação teórica que você irá utilizar para estruturar seu projeto, dando a
sustentação conceitual ao desenvolvimento da pesquisa.

Nesta etapa você deverá verificar e responder às seguintes questões: quem


já escreveu sobre o tema que eu escolhi? O que já foi publicado sobre o assunto?
Quais os aspectos que já foram abordados? Existem lacunas na literatura referente
ao tema? Pode objetivar determinar o “estado da arte”, ser uma revisão teórica, ser
uma revisão empírica ou ainda ser uma revisão histórica.

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A revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para você


evitar a duplicação de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema, favorecendo a
definição de contornos mais precisos relacionados ao problema a ser estudado.

De acordo com Luna (1997), os objetivos da revisão da literatura são os


seguintes:

“Determinação do “estado da arte”: o pesquisador procura mostrar


através da literatura já publicada o que já sabe sobre o tema, quais as
lacunas existentes e onde se encontram os principais entraves teóricos ou
metodológicos”.

“Revisão teórica: você insere o problema de pesquisa dentro de um quadro


de referência teórica para explicá-lo. Geralmente acontece quando o
problema em estudo é gerado por uma teoria, ou quando não é gerado ou
explicado por uma teoria particular, mas por várias”.

“Revisão empírica: você procura explicar como o problema vem sendo


pesquisado do ponto de vista metodológico procurando responder:

quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse


problema?

que fatores vêm afetando os resultados?

que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los?

que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados?

há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos?

do que elas dependem?

“Revisão histórica: você busca recuperar a evolução de um conceito,


tema, abordagem ou outros aspectos fazendo a inserção dessa evolução
dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores
determinantes e as implicações das mudanças.”

Ao elaborar a revisão de literatura, o mais recomendável é que seja adotada


a metodologia da pesquisa bibliográfica, pois ela se baseia na análise da
literatura que já foi publicada, seja em forma de artigos, material eletrônico
(internet), livros, revistas e jornais.

A revisão de literatura baseada em pesquisa bibliográfica colaborará para:


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obter informações sobre a situação atual do tema ou problema


pesquisado;
conhecer publicações existentes sobre o tema e os aspectos que já foram
abordados;
verificar as opiniões similares e diferentes a respeito do tema ou de
aspectos relacionados ao tema ou ao problema de pesquisa (Minayo,1993).

No intuito de facilitar a revisão de literatura Lakatos e Marconi (1991) sugerem


alguns passos:

“Escolha do tema: o tema é o aspecto do assunto que você deseja


abordar, provar ou desenvolver. A escolha do tema da revisão de literatura
está vinculada ao objetivo da própria revisão que você pretende fazer. A
revisão de literatura deverá elucidar o tema, proporcionar melhor definição
do problema de pesquisa e contribuir na análise e discussão dos resultados
da pesquisa”.

“Em função da explosão da informação, você deverá definir para onde ele
irá dirigir e concentrar seus esforços na revisão de literatura, porque só
assim não ficará perdido no emaranhado das publicações existentes.
Pesquisadores experientes sabem que o risco de perder tempo e rumo
podem ser fatais neste processo, além de atravancar todo o
desenvolvimento das etapas da pesquisa, pode até impedir sua realização”.

“Elaboração do Plano de Trabalho: para evitar dispersão e perda de


tempo no processo de leitura de textos, é importante levantar os aspectos
que serão abordados sobre o tema. Para isso você deve elaborar um
esquema provisório de sua revisão de literatura, onde listará de forma lógica
as abordagens que pretende fazer referentes ao tema, ou problema de sua
pesquisa. O esquema servirá de guia no processo de leitura e na coleta de
informações nos textos”.

“Identificação: após a definição do que será abordado na revisão de


literatura e a elaboração de um esquema com os aspectos a serem
abordados que servirá de guia para organização do processo de leitura,
você deve identificar o material”.

“Localização e compilação: realizada a identificação (o levantamento


bibliográfico), é necessário que você obtenha os materiais considerados
úteis à realização da pesquisa. É preciso, então, localizá-los. Deve-se
começar pela Biblioteca que está mais próxima e, se essa não possuir,
podem-se consultar outras no País ou no mundo. Para fazer a compilação,
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reunião sistemática dos materiais selecionados e localizados, os seguintes


recursos: fotocópias, impressões e a própria aquisição, quando for
indispensável.”

“Fichamento: os materiais selecionados para leitura serão analisados e


fichados. O Fichamento permite que você reúna as informações
necessárias e úteis à elaboração do texto da revisão. Podem ser elaborados
diversos tipos de fichas, como:

bibliográfica: com dados gerais sobre a obra lida;

citações: com a reprodução literal entre aspas e a indicação da página da


parte dos textos lidos de interesse específico para a redação dos tópicos e
itens da revisão;

resumo: com um resumo indicativo do conteúdo do texto;

esboço: apresentando as principais ideias do autor lido de forma


esquematizada com a indicação da página do documento lido;

comentário ou analítica: com a interpretação e a crítica pessoal do


pesquisador com referência às ideias expressas pelo autor do texto lido”.

“Análise e interpretação: de posse dos fichamentos você fará então, a


classificação, a análise, a interpretação e a crítica das informações
coletadas”.

“Redação: na redação do texto final você deve observar os seguintes


critérios: objetividade, clareza, precisão, consistência, linguagem impessoal
e uso do vocabulário técnico”.

Recomendações importantes:

o texto deve ter começo, meio e fim.

faça um texto introdutório explicando o objetivo da revisão de literatura;

revisão de literatura não é fazer colagem de citações bibliográficas; então:

faça uma abertura e um fecho para os tópicos tratados;

preencha as lacunas com considerações próprias;

crie elos entre as citações.

(Lakatos e Marconi, 1991)

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Chegamos ao final de mais uma aula, vamos continuar com as fases da


elaboração de um projeto de pesquisa. Caso tenha alguma dúvida, entre em contato
com o professor (a) responsável pela disciplina, pois ele (a) irá ajudá-lo (a).

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Aula 15_Revisão da Literatura / Introdução


Palavras-chave: introdução; literatura; crítica.

A partir desta aula, iremos estudar as etapas de um trabalho científico.


Iniciaremos com a revisão da literatura.

A revisão e levantamento da literatura existente sobre o tema é fundamental


para o sucesso do trabalho. É necessário efetuar revisões bibliográficas em
bibliotecas ou em outros serviços de informações. O levantamento bibliográfico
permite ao pesquisador aprofundar o contato com o tema, conhecer os trabalhos e
os autores de referência para o tema, rever a definição de conceitos, conhecer
diferentes abordagens e possibilidades de tratamento do tema.

O material bibliográfico deve ser organizado de modo a garantir o acesso fácil


às informações e a consulta rápida. Podemos separar o material em duas partes.
Uma mais geral, onde guardamos as principais teorias e conceitos gerais da área de
estudo. A outra pode conter textos mais específicos, trazendo informações mais
detalhadas do tema escolhido.

Uma seção obrigatória num projeto de pesquisa é a justificativa teórica, em


que o pesquisador demonstra conhecimento sobre a bibliografia existente sobre o
assunto e justifica a sua opção teórica. Além disso, alguns projetos de pesquisa
costumam conter um capítulo ou seção em que o pesquisador apresenta resumos e
levanta comentários a respeito da literatura básica sobre o assunto.

Muitas vezes, o problema ou a hipótese central do trabalho surge da leitura


dos trabalhos de diferentes autores e do exercício da crítica dos seus conteúdos.

Para que possa desenvolver uma boa revisão é necessário fazer uma
pesquisa detalhada sobre o tema o qual está pesquisando, dando preferência a
referências bibliográficas atuais.

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Leitura crítica

Em termos da preparação para uma leitura mais crítica e eficiente, Moreira e


Caleffe (2008) sugerem um conjunto de itens a serem verificados no material
lido, começando com a própria informação bibliográfica do documento,
passando pelo problema, conceitos utilizados, hipóteses, metodologia etc. (Em
verdade, o conjunto de quesitos deste texto, na escala proposta, serve bem
como modelo de leitura de trabalhos, sobretudo, monografias, dissertações e
teses, mas também livros que derivem de pesquisas). Os autores mencionados
notam que o pesquisador, para cumprir os objetivos expostos, precisa entender
o que foi escrito pelos outros autores, bem como deve ser capaz de avaliar as
conclusões dos estudos.

Analisar, interpretar, criticar o que se lê são ações que favorecem a


compreensão das recorrências e articulações significativas existentes no
material – autores e textos aparentemente relevantes, pois muito usados;
conceitos que parecem esclarecer melhor um tema do que outros; abordagens
metodológicas e analíticas com resultados qualificados, entre outras.

Pode-se notar que a revisão da literatura tem, se bem-feita, um caráter


pedagógico, propiciando conhecimento sobre a prática da pesquisa ao
investigador, já que ele “pode aprender com o trabalho de outros para elaborar,
melhorar e contextualizar as próprias ideias” (MOREIRA e CALEFFE, 2008,
27). Mesmo um mau texto tem sua utilidade: serve como contraexemplo. Mas,
para avaliar um trabalho como “mau” ou “bom”, é necessária uma leitura mais
exigente e crítica.

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Aula 16_Justificativa e Objetivos


Palavras-chave: justificativa; objeto; problema.

É neste momento que você deve refletir sobre os “porquês” da pesquisa,


buscando identificar os motivos e as razões que levaram a escolha de determinado
tema da pesquisa.

A justificativa deve convencer a pessoa que ler o projeto de pesquisa,


mostrando sua relevância e qual sua importância. Devem-se focar os pontos
positivos, as vantagens e quais os benefícios que a pesquisa trará.

Formulação do problema

Aqui, o foco é a reflexão sobre o problema que se pretende solucionar e/ou


descobrir na pesquisa. O ponto principal é se questionar se é realmente um problema
e se vale mesmo a pena investir na pesquisa na tentativa de se buscar uma solução
e/ou descoberta.

Determinação dos objetivos: geral e específico

Neste momento você deve refletir a respeito da sua intenção ao propor a


pesquisa. Os objetivos devem concordar com a justificativa e com a exposição do
problema.

O objetivo geral é basicamente uma síntese do que se pretende atingir ao final


da pesquisa, já os objetivos específicos, são mais detalhados, explicam mais
especificamente o que se pretende fazer na pesquisa, e deve sempre estar de
acordo com o objetivo geral.

Os objetivos informam por qual motivo você propõe essa pesquisa, quais os
resultados que pretende alcançar e/ou qual a contribuição de seu estudo.

Lembrando que os enunciados dos objetivos gerais e específicos sempre


devem ser escritos com o verbo no infinitivo, pois este verbo indica uma ação
passível de ser mensurada.

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Veja no quadro abaixo alguns exemplos:

Vamos ficando por aqui. Na próxima aula discutiremos como delinear uma
metodologia que será utilizada no processo de desenvolvimento da uma pesquisa.

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Aula 17_Metodologia
Palavras-chave: metodologia; amostra; formulário.

Nesta etapa você definirá como e onde a pesquisa será realizada, qual o tipo
de pesquisa, qual o universo da pesquisa, também conhecido como população, a
amostragem, os instrumentos de coleta de dados e o método de tabulação dos dados
coletados e de que forma será a análise.

Universo da pesquisa ou população é a quantidade total de indivíduos que


possuem a mesma característica que os designa ao mesmo estudo.

Amostra é a parte do universo da pesquisa ou da população, selecionada de


acordo com uma regra ou plano de estudo. A amostra pode ser probabilística ou não
probabilística.

Amostra probabilística são aquelas compostas por sorteio, e podem ser:

amostras casuais simples: as oportunidades para serem inclusos na


amostra são iguais para cada elemento que compõem a população;

amostras casuais estratificadas: cada estrato que representa a amostra é


definido previamente;

amostras por agrupamentos: reunião de amostras que representam a


população escolhida.

Amostra não probabilística é definida por:

amostras acidentais: são aquelas compostas ao acaso, com pessoas que


vão surgindo durante a pesquisa;

amostras por quotas: os diversos elementos constantes da população e/ou


universo da pesquisa estão sempre na mesma proporção;

amostras intencionais: selecionados casos para amostragem que


representem o “bom julgamento” da população e/ou universo da pesquisa.

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Para que as amostras sejam definidas corretamente, é ideal que seja feita por
meio de aplicações de técnicas estatísticas apropriadas.

Barbetta (1999) explica que: “a definição do instrumento de coleta de dados


dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a
ser investigado. Os instrumentos de coleta de dados tradicionais são:”

Observação: quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de determinados


aspectos da realidade.

A observação pode ser:

observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente


elaborados;

observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições


controladas para responder aos propósitos preestabelecidos;

observação não participante: o pesquisador presencia o fato, mas não


participa;

observação individual: realizada por um pesquisador;

observação em equipe: feita por um grupo de pessoas;

observação na vida real: registro de dados à medida que ocorrem;

observação em laboratório: onde tudo é controlado.

Entrevista: é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado


assunto ou problema.

A entrevista pode ser:

padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;

despadronizada ou não estruturada: não existe rigidez de roteiro.

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Podem-se explorar mais amplamente algumas questões.

Questionário: é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e
estar acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de
sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o
preenchimento.

As perguntas do questionário podem ser:

abertas: “qual é a sua opinião?”;

fechadas: “duas escolhas: sim ou não”;

de múltiplas escolhas: “fechadas com uma série de respostas possíveis”.

Young e Lundberg (1998) recomendam que:

o questionário deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a


uma ordem lógica na elaboração das perguntas;

a redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao


informante. A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da
população estudada. A formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de
interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;

cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada pelo
informante;

o questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos


objetivos da pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, já se sabe
que não serão respondidas com honestidade.

Formulário ou questionário

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É um conjunto de questões, onde todas as respostas são anotadas por um


entrevistador quando ele entrevista outra pessoa, mas também pode ser
autopreenchível, ou seja, pode ser respondida diretamente pela pessoa, sem a
necessidade de um entrevistador. Ao utilizar questionários deve-se levar em conta
qual a população alvo, pois muitas vezes a linguagem utilizada pelos questionários
não é de fácil entendimento à população escolhida.

Dessa forma, o pesquisador faz as perguntas e preenche com a resposta dada


pelo informante, pois assim facilitará no momento da tabulação dos dados evitando
um possível viés. Também é importante que o mesmo método seja adotado para
todos que compõem a amostra, ou seja, se a pesquisa for feita por meio de
entrevistador, todos os indivíduos deverão ser entrevistados, se for utilizado um
questionário de autopreenchimento, todos os indivíduos que compõem a amostra
deverão preenchê-lo sozinho, independente do nível intelectual que possuam, pois
assim, evitamos que possíveis interferências ou vieses atrapalhem a pesquisa.

O instrumento de coleta de dados escolhido deve proporcionar uma interação


entre o pesquisador e/ou entrevistador, o informante e/ou entrevistado e a pesquisa
que está sendo desenvolvida. A coleta de dados estará relacionada com o problema,
a hipótese ou os pressupostos da pesquisa e objetiva obter elementos para que os
objetivos propostos na pesquisa possam ser alcançados (MINAYO,1993).

É nesta fase que você deve escolher de que forma irá tabular e apresentar
seus dados, e quais os métodos estatísticos que irá utilizar para interpretar e analisar
os dados.

Caso tenha alguma dúvida, envie-a para nosso ambiente virtual de


aprendizagem.

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Aula 18_Coleta dos dados - parte 1


Palavras-chave: coleta de dados; observação; instrumentos.

Nesta aula, veremos como se faz a coleta de dados e como podemos


organizar esses dados.

Planejar a pesquisa é essencial para o seu desenvolvimento. Assim depois


que definimos o tema, objeto, problema, tipo e campo de pesquisa, a etapa seguinte
é a coleta de dados, que também deve ser planejada.

Pesquisar não é apenas coletar dados, pois todas as informações das quais
o pesquisador pode se servir nas diferentes etapas do trabalho – são dados. Existem
aqueles já disponíveis, acessíveis mediante pesquisa bibliográfica e/ou documental.
São chamados dados secundários por se tratarem de “dados de segunda-mão”. São
dados disponíveis e que não foram coletados especificamente para o nosso trabalho
em particular.

Há diferentes fontes de dados secundários, como jornais, registros


estatísticos, periódicos, livros, cartas etc. A pesquisa realizada com dados
secundários é chamada de pesquisa bibliográfica. Grande parte dos dados
secundários encontra-se disponível nas bibliotecas.

Os dados extraídos da realidade pelo pesquisador são chamados de dados


primários. São informações de “primeira-mão”, ou seja, não são encontrados em
outro documento. Podemos utilizar os dois tipos de dados em uma pesquisa. O que
vai determinar a opção por um ou por outro tipo é a:

- disponibilidade de dados adequados e confiáveis;

- credibilidade das fontes desses dados;

- compatibilidade dos dados disponíveis com os objetivos do pesquisador que


deseja reutilizá-los.

Há momentos fundamentais do processo de pesquisa em que podemos


destacar o papel dos dados, sejam primários, sejam secundários, para:

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- especificar o assunto em tema;

- definir o problema da pesquisa;

- elaborar hipóteses;

- verificar a validade das hipóteses.

Após a definição do projeto, o desenvolvimento da pesquisa parte da coleta


de dados e informações, tecnicamente levantados, para sua análise e interpretação.
O que se pretende é a correta utilização desses dados em função dos objetivos da
pesquisa.

Quando se trata de pesquisa de campo, é necessário analisar e interpretar os


dados obtidos, mediante técnicas estatísticas, para a devida elaboração do relatório
de sustentação do trabalho científico.

É preciso ainda estruturar com lógica o trabalho a ser apresentado, cuja


redação deverá ser concisa, clara e objetiva, visando a facilitar o entendimento pelo
leitor. Definidas as fontes de dados e o tipo de pesquisa, devemos abordar as
técnicas de pesquisas e a coleta de dados.

Normalmente, fazemos uma pesquisa bibliográfica prévia, de acordo com a


natureza da pesquisa, passando, em seguida, aos detalhes desta, escolhendo as
técnicas a serem utilizadas na coleta de dados, a fonte da amostragem, que deverá
ser representativa e suficiente para apoiar conclusões, além das técnicas de registro
desses dados e as de análise posterior.

Dentre as técnicas de pesquisa e coleta de dados, destacam-se as seguintes:

- observação direta intensiva: realizada por meio da observação e da


entrevista;

- observação direta extensiva: utiliza um questionário ou um formulário de


medidas de opinião e de atitudes, também por meio da história de vida, de uma
discussão em grupo, da análise de conteúdo, de testes, pesquisa de mercado.

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A técnica de observar é considerada um instrumento de coleta de dados


quando serve a um objetivo preestabelecido de pesquisa; é planejada; registrada de
forma sistemática; é verificável. A técnica de observação pode ser muito útil para a
obtenção de informações.

A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que


pretendemos alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Os
instrumentos de coleta de dados tradicionais são: Observação: quando utilizamos os
sentidos na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade.

A observação pode ser:

- observação assistemática: a técnica da observação não estruturada ou


assistemática, também denominada espontânea, informal, simples, livre, ocasional
e acidental, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem que o
pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. É
mais empregada em estudos exploratórios e não tem planejamento e controle
previamente elaborados. O êxito da utilização dessa técnica vai depender do
observador, de estar ele atento aos fenômenos que ocorrem no mundo que o cerca,
de sua perspicácia, seu discernimento, preparo e treino, além de ter uma atitude de
prontidão. No entanto, a observação não estruturada pode apresentar perigos:
quando o pesquisador pensa que sabe mais do que o realmente presenciado ou
quando se deixa envolver emocionalmente.

A fidelidade, no registro dos dados, é fator importantíssimo:

- observação sistemática: tem planejamento, é realizada em condições


controladas para responder aos propósitos preestabelecidos. É utilizada com
frequência em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos
ou o teste de hipóteses.

Nas pesquisas desse tipo, o pesquisador sabe quais os aspectos da


comunidade ou do grupo que são significativos para alcançar os objetivos
pretendidos. Por essa razão, elabora previamente um plano de observação.

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A observação sistemática pode ocorrer em situações de campo ou de


laboratório. Na observação sistemática, o pesquisador, antes da coleta de dados,
elabora um plano específico para a organização e o registro das informações. Isso
implica estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da
situação. Para que as categorias sejam estabelecidas adequadamente, é
conveniente a realização de estudos exploratórios, ou mesmo de estudos
especialmente dirigidos à construção de instrumentos para registro de dados; -
observação participante: consiste na participação real do conhecimento na vida da
comunidade, do grupo ou de uma situação determinada.

O observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a


objetividade, pelo fato de exercer influência no grupo, ser influenciado por antipatias
ou simpatias pessoais e pelo choque do quadro de referência entre observador e
observação.

A observação não participante: o pesquisador toma contato com a


comunidade, o grupo ou a realidade estudada, mas sem integrar-se a ela:
permanece de fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver
pelas situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a
observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado.

REFERÊNCIAS

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho
Científico. São Paulo: Atlas, 2003.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo:
Cortez, 2004.

GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa


em ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997.

MINAYO, Maria Cecília Souza (Org.) Pesquisa social: teoria, método e


criatividade. 24. ed. Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

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Aula 19_Coleta dos dados - parte 2


Palavras-chave: coleta de dados; questionário; formulário.

Questionários e entrevistas constituem técnicas de levantamento de dados


primários e dão grande importância à descrição verbal de informantes. Os dois
apresentam vantagens e desvantagens que o pesquisador deve levar em conta no
momento em que estiver escolhendo a técnica a ser aplicada no seu projeto em
particular.

O que diferencia basicamente a entrevista do questionário é que a primeira é


sempre realizada face a face (entrevistador mais entrevistado); também pode ou não
ser realizada com base em um roteiro de questões preestabelecidas e até mesmo
impressas, enquanto o segundo, necessariamente, tem como pré-requisito a
elaboração de um impresso próprio com questões a serem formuladas na mesma
sequência para todos os informantes. A entrevista é a obtenção de informações de
um entrevistado sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser: -
padronizada ou estruturada: é quando o entrevistador segue roteiro preestabelecido.
Ocorre a partir de um formulário elaborado com antecedência. Com a padronização,
podemos comparar grupos de respostas; - não padronizada ou não estruturada: não
existe rigidez de roteiro; o investigador pode explorar mais amplamente algumas
questões, tem mais liberdade para desenvolver a entrevista em qualquer direção.
Em geral, as perguntas são abertas; - painel: é a repetição de questões que são
aplicadas, de tempos em tempos, às mesmas pessoas, para que possamos estudar
variações nas opiniões emitidas.

É necessário ter um plano para a entrevista, visto que, no momento em que


ela está sendo realizada, as informações necessárias não deixem de ser colhidas.
As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações.

O planejamento da entrevista pode seguir alguns passos:

- quem deve ser entrevistado: procure selecionar quem realmente tem o


conhecimento para satisfazer suas necessidades de informação;
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- plano da entrevista e questões a serem perguntadas: prepare com


antecedência as perguntas a serem feitas ao entrevistado e a ordem em que elas
devem acontecer;

- pré-teste: o pré-teste refere-se ao teste do questionário (entrevista) em


uma pequena amostra de entrevistados, com o objetivo de identificar e eliminar
problemas potenciais. A melhor maneira de efetuar os pré-testes é com entrevistas
pessoais, mesmo que a pesquisa real venha a ser feita pelo correio, por telefone ou
por meios eletrônicos, porque os entrevistadores podem observar as reações e as
atitudes dos entrevistados.

Depois de efetuadas as necessárias modificações, será possível realizar outro


pré-teste. As respostas do pré-teste devem ser codificadas e analisadas.

Essa análise pode servir para verificar a adequação do problema, dos dados
e da análise, necessários para obter as informações pretendidas. Diante do
entrevistado: - estabeleça uma relação amistosa e não trave um debate de ideias; -
não demonstre insegurança ou admiração excessiva diante do entrevistado para que
isso não venha prejudicar a relação entre entrevistador e entrevistado; - deixe que
as questões surjam naturalmente, evitando que a entrevista assuma caráter de uma
inquisição ou de um interrogatório, ou ainda que a entrevista se torne um
“questionário oral”; - seja objetivo, pois entrevistas muito longas podem se tornar
cansativas para o entrevistado; - procure encorajar o entrevistado para as respostas;
evite que ele se sinta falando sozinho; - anote as informações do entrevistado, sem
deixar que ele fique esperando sua próxima indagação enquanto você escreve; -
caso use gravador, não deixe de pedir sua permissão para tal.

O relato da(s) entrevista(s) deve ser realizado o mais breve possível,


objetivando a atualização formal dos registros obtidos. Quanto à observação, ela
deve considerar o que observar: antes de iniciar o processo de observação, procure
examinar o local. Determine que tipo de fenômenos merecerá o registro. Crie, com
antecedência, uma espécie de lista ou mapa de registro de fenômenos. Procure
estipular algumas categorias dignas de observação - esteja preparado para o registro
de fenômenos que surjam durante a observação, os quais não eram esperados no
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seu planejamento. Também faça registro fotográfico ou vídeo, caso o objeto de sua
observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, prepare-os para tal ação. Eles
não devem ser surpreendidos.

O questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser


respondidas por escrito pelo informante (respondente). O questionário, numa
pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta de dados. Se sua confecção for
feita pelo pesquisador, seu preenchimento será realizado pelo informante ou
respondente. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta, para
que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Não é
recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça necessário por necessidade de
características de linguagem do grupo pesquisado (grupo de surfistas, por exemplo).

Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num
universo reduzido, para que possamos corrigir eventuais erros de formulação. O
questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de
instruções que expliquem a natureza da pesquisa e ressaltem a importância e a
necessidade das respostas, a fim de motivar o informante. De forma geral, o
questionário é enviado ao informante pelo correio ou por um portador e, após o
preenchimento, é devolvido do mesmo modo.

Há uma série de recomendações úteis à construção de um questionário


(conteúdo). Entre elas, destacam-se: - a carta-explicação deve conter: a proposta da
pesquisa; as instruções de preenchimento; as instruções para devolução; o incentivo
para o preenchimento; o agradecimento; - o questionário deverá ser construído em
blocos temáticos, obedecendo a uma ordem lógica na elaboração das perguntas; -
iniciar o questionário com perguntas gerais, chegando aos poucos às perguntas de
caráter mais específico, para evitar criar insegurança no informante; - a redação das
perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao informante. A linguagem
deverá ser acessível ao entendimento da média da população estudada.

A formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de interpretação


dúbia. Por isso, cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada

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pelo informante e relacionadas aos objetivos da pesquisa. Quanto à forma, as


perguntas do questionário podem ser:

• Perguntas abertas: são livres (“Qual é a sua opinião”?).


Elas permitem que o informante responda livremente. Nesse caso, a análise
dos dados é difícil, cansativa, demorada. Nas questões abertas, os respondentes
ficam livres para responderem com suas próprias palavras, sem se limitarem à
escolha entre um rol de alternativas. São, normalmente, utilizadas no começo do
questionário. Devemos partir de questões gerais para específicas. Uma pergunta
aberta geral proporciona um “insight” na estrutura de referência do respondente e
pode ser muito útil na interpretação de respostas a perguntas posteriores. Outro
importante uso para obtenção de informações adicionais e esclarecimentos, é
indagar: “Por quê?”, “Explique.”, “Por que pensa dessa forma?”.
• Perguntas fechadas ou dicotômicas: são limitadas, apresentam alternativas fixas
(duas escolhas: sim ou não etc.).
O informante escolhe sua resposta entre duas opções apresentadas. São as
que apresentam apenas duas opções de respostas, de caráter bipolar ou dicotômico,
do tipo: sim/não; concordo/não concordo; gosto/não gosto. Por vezes, uma terceira
alternativa é oferecida, indicando desconhecimento ou a falta de opinião sobre o
assunto.

Nos casos de múltipla escolha, os respondentes optarão por uma das


alternativas, ou por determinado número permitido de opções. Ao elaborar perguntas
de respostas múltiplas, o pesquisador se depara com dois aspectos essenciais: o
número de alternativas oferecidas e os vieses de posição. Podemos apontar algumas
considerações importantes relacionadas às questões de múltipla escolha. As
alternativas devem ser coletivamente exaustivas e mutuamente exclusivas, ou seja,
devem cobrir todas as respostas possíveis e uma alternativa deve ser totalmente
incompatível com todas as demais. Em sua opinião, qual é a opção mais significativa
que contribuiu para mudanças observadas na profissão do professor no decorrer dos
últimos anos? ( ) Uso de computador e sistemas informatizados ( ) Uso da internet

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( ) Congressos, palestras e cursos ( ) Modernização da Legislação ( )


Outra. Qual?

O formulário é o sistema de coleta de dados que obtém informações


diretamente do entrevistado. É uma lista de questões que serão anotadas por um
entrevistador, à medida que fizer suas observações ou receber respostas, numa
situação face a face com a outra pessoa (o informante), ou pelo próprio pesquisado,
sob sua orientação. O que diferencia o formulário do questionário é o contato face a
face e o preenchimento das respostas pelo entrevistador, no momento da entrevista.

REFERÊNCIAS

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho
Científico. São Paulo: Atlas, 2003.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo:
Cortez, 2004.
GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa
em ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997.
MINAYO, Maria Cecília Souza (Org.) Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. 24. ed. Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

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Aula 20_Análise dos dados


Palavras-chave: análise de dados; processamento; informações.

Após a coleta de dados, é necessário proceder à sua análise. Para a pesquisa


experimental, a análise estatística é essencial e a prática mais adequada. No
entanto, existem inúmeros testes de significância, sendo necessário que o
pesquisador estude e então escolha o teste que mais se adapte à pesquisa em
questão. É importante observar que os testes estatísticos constituem apenas
instrumentos que facilitam a interpretação dos resultados, sendo necessária uma
fundamentação teórica que permita ao pesquisador traçar um paralelo entre os
resultados obtidos empiricamente e as teorias existentes. Na pesquisa social, para
a análise dos dados utilizam-se as chamadas categorias analíticas, que devem
derivar de teorias que foram previamente aceitas e que impeçam o máximo possível,
julgamentos, opiniões do senso comum, preconceitos etc. (GIL, 2008).

Observação

Você deverá ficar atento à premissa de que a classificação dos fatos


observados influencia decisivamente o enredo da narrativa; portanto, a classificação
dos registros deverá exercer um mínimo de controle sobre seu próprio viés. O
pesquisador deverá saber como valorizar e articular cada informação, tomar a
decisão sobre o que fazer com cada uma das observações que registrou ou com
cada informação que amealhou.

Atenção

As informações poderão ser agrupadas em categorias compatíveis com a


percepção do pesquisador.

Tentando facilitar a compreensão do exposto até então, vamos sintetizar e


repetir os passos usados na análise qualitativa. As informações podem ser
agrupadas segundo categorias, não só para a compreensão do objeto, mas também
para a autocompreensão do pesquisador. Isso não substitui a organização dos dados
segundo os aspectos do fenômeno ou da população que se investiga. A coerência
da narrativa poderá ser verificada mediante o controle da compatibilidade e da
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coerência entre raciocínios ou argumentos racionalistas, empiristas, realistas ou de


outros quadros de referência teórico-metodológica.

As informações relacionadas aos indicadores das respostas pertinentes aos


objetivos específicos – ou às hipóteses - constituem o eixo da organização das
informações.

É chegado o momento da organização dos dados, que pode ser concebida e


executada conforme critérios simples e práticos.

Parada Obrigatória

A esta altura você deve estar perguntando: quando isto é necessário ou útil?
É simples: o investigador precisa empreender um esforço de autocrítica, quando
verificar que desqualifica os informantes que não confirmam as suas expectativas,
principalmente quando as respostas dos informantes apresentam concordância
entre os depoentes e outras fontes e, ainda assim, o pesquisador insistir na
desconsideração das informações coletadas.

Afinal, deve-se evitar que: A interpretação se faça (exclusivamente) com base


em posições pessoais, “conferindo ao trabalho caráter subjetivo, terminando por
comprometer a validade científica”. Por isso, a interpretação deve ser feita com base
“na ligação dos fatos com os conhecimentos significativos, originados de pesquisa
empírica ou de teorias comprovadas”.

Importante! Podemos dizer, resumidamente, sobre organização das


informações e argumentos, que se destinam a tornar as informações e ideias
compreensíveis ao pesquisador e o texto claramente inteligível ao leitor.

É chegado o momento da organização dos dados, que pode ser concebida e


executada conforme critérios simples e práticos.

Processamento das informações

Neste momento, após colher e organizar as informações, você deverá


interpretar o seu significado. Que tal conhecer um plano de trabalho para esta nova
etapa?
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O processamento, segundo Houaiss e Villar (2005, p.28), “tratamento


sistemático de dados, [...] com o objetivo de ordenar, classificar ou efetuar quaisquer
transformações de dados, segundo um plano previamente programado, visando à
obtenção de um determinado resultado”.

O processamento em pesquisa é um tratamento sistemático dos dados


recolhidos pelo pesquisador e deve ser sistemático.

O processamento de informações requer:

a) Inicialmente, o conhecimento de regras do fazer científico. A explicação,


interpretação ou compreensão do objeto de pesquisa não devem conter
contradições, não podem propor ambiguidades, não devem confundir a identidade
dos seus referentes e das suas proposições e não efetuar conclusões sem razões
suficientes para tanto.

b) O domínio e o exercício dos atos necessários que devem ser executados


para que se atinja o desiderato da pesquisa, que é a descrição, como também pode
ser a explicação ou a compreensão do objeto. São atos típicos do processamento
das informações: (i) síntese e (ii) análise. i) Síntese é reunião de uma pluralidade de
informações num só dado.

Se você optar pela via discursiva, sugerimos a leitura do link abaixo, onde
poderá relembrar as principais correntes da teoria do conhecimento, dado que a
análise e a interpretação do conjunto de informações obtidas na pesquisa são
reflexos da teoria adotada pelo pesquisador. REALE, Miguel. Introdução à filosofia.
2002. Disponível em: http://www.coladaweb.com/filosofia/teoria.htm

Ao concluir esta leitura, você percebeu quanto é importante o conhecimento


teórico sobre essas tradições epistemológicas.

Lembrete

Conhecer as possibilidades e os limites das diversas concepções de


conhecimento científico ou filosófico equivale a capacitar-se a distinguir o que há de
forte ou frágil em suas interpretações.

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REFERÊNCIAS

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho
Científico. São Paulo: Atlas, 2003.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo:
Cortez, 2004.
GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em
ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997.

MINAYO, Maria Cecília Souza (Org.) Pesquisa social: teoria, método e


criatividade. 24. ed. Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

REALE, Miguel. Introdução à filosofia. 2002. Disponível em:


http://www.coladaweb.com/ filosofia/teoria.htm

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Aula 21_Tipos de Linguagem


Palavras-chave: linguagem; impessoalidade; detalhamento.

De maneira geral, podemos distinguir dois tipos de linguagem: a linguagem


objetiva e a linguagem subjetiva. Em uma descrição, a linguagem objetiva relata a
reconstrução do objeto ou do fato retratado. Este é o tipo de linguagem usado na
ciência, pois a ciência apresenta dados universais, que podem ser reconhecidos por
diferentes pessoas, em diferentes localidades, em diferentes situações. Por este
motivo a redação científica deve ser clara e objetiva.

Por outro lado, a linguagem subjetiva não é clara, com ela pode-se chegar a
outras conclusões sobre o objeto ou fato descrito. Assim, na descrição de um objeto
ou fato, se utilizarmos a linguagem subjetiva ela não será universal, poderá
apresentar diferentes interpretações, de acordo com a pessoa, com o fato, o
fenômeno ou com o objeto a ser descrito.

Este tipo de linguagem é utilizado em literatura ou por artistas, que podem


oferecer conotações diferenciadas, de acordo com o objetivo proposto. A linguagem
poética é um exemplo clássico de linguagem subjetiva.

Entre as modalidades da linguagem objetiva, temos a linguagem narrativa,


que trata da descrição de um processo e deve seguir uma organização, com as
seguintes etapas:

a) propósito definido de maneira clara e objetiva;

b) estágios sucessivos ao processo: quais os procedimentos e passos


tomados desde a ideia, definição do objetivo e o seu andamento;

c) componentes utilizados para desenvolver o processo;

d) resultados obtidos com a execução do processo.

Características da linguagem objetiva para fins científicos:

Exposição em ordem cronológica: facilita a compreensão do procedimento


ou análise, para que qualquer pesquisador possa repetir o processo;
92
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Objetividade: não dá margem à dúvida ou interpretação errônea;

Detalhamento das ações, indicação clara das diferentes fases do processo:


muitas vezes um único processo em um trabalho científico pode ser longo e
detalhado, sendo necessário esclarecer todos os passos;

Predominância de orações coordenadas para facilitar a compreensão do


texto;

Impessoalidade na exposição: a redação científica deve expor o


conhecimento adquirido ao longo do processo. Se o pesquisador escrever de forma
pessoal pode não dar credibilidade à sua narração.

Caso haja alguma dúvida em relação ao conteúdo abordado, entre em contato


com seu professor.

93
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Aula 22_Paráfrase
Palavras-chave: paráfrase; resumo; substituição.

Esta aula reproduz o material de texto da disciplina de Redação Acadêmica


do curso de Letras da Unimes cuja autoria é da professora Maria Teresa G. Oliveira
e a aula foi revisada pelo prof. Gérson T. dos Santos.

No âmbito da produção textual escrita, “parafrasear, portanto, é expressar as


ideias de alguém com uma construção e um vocabulário próprios. Ela possibilita a
construção de gêneros textuais, como o resumo, a resenha e o artigo científico”
(KÖCHE, BOFF, PAVANI, 2006, p.91). (grifos nossos)

Segundo Lucília H. do Carmo Garcez, a paráfrase deve ser muito bem


elaborada, pois, caso contrário, pode causar “mal-entendidos prejudiciais à
comunicação e, se não houver citação clara do autor das ideias” (2002, p.58), é tida
como plágio.

Para exemplificar, imaginemos que um estudante, ao redigir um texto, queira


justificar suas observações por meio da autoridade da Prof.ª Lucília. A ideia está
registrada no seguinte trecho: “Todos podem vir a ser bons redatores. Entretanto,
escrever não é um ato espontâneo. Exige muito empenho, é um trabalho duro”.
(GARCEZ, 2002, p.10)

Há dois mecanismos básicos de paráfrases: as que se baseiam no léxico e


as que se baseiam na sintaxe.

É possível fazermos paráfrases só com base no léxico, isto é, fazendo


equivalências no nível da palavra (substantivos, adjetivos, verbos, preposições).
Vejamos alguns desses mecanismos.

1. Predicado converso

Predicado converso com uso de substantivo:

Maria é mãe de Ana = Ana é filha de Maria.

Predicado converso com uso de adjetivo:

94
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O futebol do Brasil é superior ao de Portugal = O futebol de Portugal é


inferior ao do Brasil.

Predicado converso com uso de verbo:

Pedro entregou o livro a Otávio = Otávio recebeu o livro de Pedro.

Predicado converso com uso de preposição:

A universidade fica antes da agência de correios = A agência de correios fica


depois da universidade.

2) Predicado simétrico

• Predicado simétrico com substantivo:


Paulo é irmão de Pedro = Pedro é irmão de Paulo.

• Predicado simétrico com adjetivo:


O futebol do Brasil é tão bom quanto o futebol de Portugal = O futebol de
Portugal é tão bom quanto o futebol do Brasil.

• Predicado simétrico com verbo:


Maria ama José = José ama Maria.

• Predicado simétrico com locuções prepositivas:


A universidade fica perto da agência do correio = A agência do correio fica
perto da universidade.

3) Troca de expressões baseadas em diferentes verbos-suporte

José tem barba = José é barbudo.

4) Expressão das mesmas relações por meio de palavras que


pertencem a classes morfossintáticas diferentes

Por causa da chuva, os convidados chegaram atrasados = A chuva


provocou o atraso dos convidados.

e) Termos sinônimos

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A aula estava muito chata = A aula estava muito maçante = A aula estava
muito tediosa

Mecanismos de paráfrases baseados na sintaxe

A paráfrase acontece usando-se as mesmas palavras, ou palavras da mesma


família, mudando-se apenas a construção. Vejamos alguns exemplos:
1) formação da voz passiva e uso do “se” apassivador para tornar a
sentença mais impessoal ou objetiva
Pesquisadores demonstraram que o uso contínuo de celulares afeta a
memória = Demonstrou-se que o uso contínuo de celulares afeta a memória.
2) nominalização
A justiça ordenou que a criança fosse imediatamente entregue aos pais = A
justiça ordenou a entrega imediata da criança aos pais
3) substituição de uma forma verbal finita por uma forma verbal infinita
Seria bom que ele solicitasse uma revisão do carro = Seria bom ele solicitar
uma revisão do carro.
4) substituição de verbos por advérbios e vice-versa
Algumas substituições possíveis:
aparentemente: parecer
possivelmente: poder
necessariamente: precisar
geralmente/habitualmente: costumar
Os ensaios da banda são feitos habitualmente nas noites de quarta-feira =
Os ensaios da banda costumam ser feitos na noite de quarta-feira.
Os resultados dos exames de Ana aparentemente estão corretos = Os
resultados dos exames de Ana parecem estar corretos.
5) Substituição de orações desenvolvidas por orações reduzidas e vice-
versa
Quando chegou em casa, ligou a televisão para ver o jogo = Chegando em
casa, ligou a televisão para ver o jogo (reduzida de gerúndio)
Era necessário que ele se detivesse sobre o caso = Era necessário ele se
deter sobre o caso (reduzido de infinitivo).
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Feito o trabalho, foi descansar (reduzida de particípio) = Depois que fez o


trabalho, foi descansar.
6) Substituição de expressão formada de verbo “semanticamente fraco”
+ substantivo por um único verbo.
Efetuar o cálculo do imposto = calcular o imposto.
Fazer a compra de um microscópio = comprar o microscópio
Realizar a medição da casa = medir a casa

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Aula 23_Citação e tipos


Palavras-chave: citação; tipos; apud.

Na norma da ABNT - NBR 10520 (Informação e documentação – Citações em


documentos), encontramos as seguintes definições para citação.

Citação: menção de uma informação extraída de outra fonte.

Citação de citação: citação direta ou indireta de um texto em que não se teve


acesso ao original.

Citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor consultado.

Citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado.

Veja a seguir as regras de apresentação de citações

Citação direta de até três linhas

• Deve fazer parte do texto e vir entre aspas duplas, sem alterar o tamanho da
fonte e o espaçamento das linhas;
• Deve ser feita a referência ao autor, ao ano de publicação da obra e à página
da citação. O nome do autor deve vir ao final, entre parênteses, todo em letras
maiúsculas, seguido pela data e pela página da citação.
• Caso o nome do autor seja mencionado fora dos parênteses, deve ser grafado
com apenas a primeira letra maiúscula.

Exemplo

Percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades que


despertem o prazer de ler, e estas devem estar presentes diariamente na vida das
crianças, desde bebês: “bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de
prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos poderá ser
uma excelente conquista para toda a vida” (SILVA, 1992, p.57).
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Observa-se que Silva enfatiza o papel da leitura desde cedo na vida da


criança.

Citação direta com mais de três linhas

• Deve aparecer em recuo de 4cm à esquerda da página, em espaço simples


(1,0), que dá um maior destaque à transcrição. A letra deve ser menor do que
a utilizada no texto;
• Deve ser feita a referência ao autor, ao ano de publicação da obra e à página
da citação. O nome do autor deve vir ao final, entre parênteses, todo em letras
maiúsculas, seguido pela data e pela página da citação.

As citações textuais longas devem constituir um parágrafo independente, e


estar sem as aspas.

Exemplo

Segundo Durkheim, o papel da sociedade na educação da criança era


preponderante, exercendo uma profunda influência desde cedo:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as


gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem
por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados
físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu
conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine
(DURKHEIM, 1968, p.13).

Tipos de citações

Existem dois tipos de citações: direta ou textual (transcrição literal) e indireta


ou conceitual (redação livre ou paráfrase). Em ambos os casos, a citação deve vir
acompanhada da referência bibliográfica.

Por apresentar vantagens tanto para o leitor quanto para o autor, registramos
as citações no corpo do texto por sobrenome do autor e data de publicação da obra
pesquisada. Esses dados remetem à referência completa da fonte consultada, que
99
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figura no final do trabalho (na bibliografia), com nome completo do autor, título da
obra, edição, local, editora, ano.

Esse sistema de citação no corpo do texto permite a informação imediata


sobre a origem de ideias expostas e evita entraves na leitura, à medida que o leitor
não precisa ir buscar no final da página (rodapé) ou do capítulo, a nota
correspondente à citação.

Vamos a alguns exemplos.

Quando o autor estiver integrando o texto, o nome do autor surge em letras


minúsculas e fora de parênteses, como:

“Analisando as dificuldades de padronização das publicações técnico-


científicas da UFMG". França, Borges.

Vasconcellos e Magalhães (1990. p. 70) elaboraram um manual para


normalização dessas publicações".

1. Citação Direta ou textual

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) assim define a citação


direta: a transcrição textual de parte da obra do autor consultado. Ocorrem,
entretanto, duas maneiras de apresentar as citações, principalmente devido ao
fator estético.

1.1 - Citação direta curta

A citação direta curta, de até três linhas, vem incorporada ao texto e entre
aspas duplas (aspas simples são utilizadas para citação no interior de citação). Não
há diferenciação do tamanho da letra. É uma transcrição fiel, reprodução exata do
original, respeitando-se até eventuais incoerências, erros de ortografia e/ou
concordância.

Exemplo
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Para que possamos viver juntos, iguais e diferentes, segundo Touraine


(1999. p.16), é necessário que “respeitemos um código de boa conduta. as regras
do jogo social".

1.2 - Citação direta longa (com mais de três linhas)

Na citação longa (com mais de três linhas), fazemos um recuo de 4 cm da


margem esquerda, com o texto sendo digitado sem aspas, em urna fonte menor do
que a utilizada no texto e formando um novo parágrafo.

Veja, a seguir, um exemplo de citação direta longa e observe que o nome do


autor aparece entre parênteses em letra maiúscula, a data e os números das
páginas.

Em relação à capacidade de visão que cada ator possui, o autor complementa:

Assim o ator vê, observa e explica a partir de valores, ideologias e modelos


teóricos muito particulares que estão pré-construídos em sua mente. Em
outras palavras, o mundo do ator não está limitado pelas fronteiras do
espaço físico em que vive, mas pelo tamanho do seu vocabulário e pelo
alcance de seu posto de observação na prática social. A explicação do ator
não nos diz corno é o mundo, mas como o ator o vê. O ator observa e vê,
de dentro do campo do jogo, com a cegueira e a compreensão que essa
posição impõe, e condicionado pelo objetivo que persegue (MATUS, 1996,
p. 12).

Citação Indireta ou Conceitual

Quando um autor cita um texto, com suas próprias palavras, escrito por um
outro autor, sem alterar as ideias originais. Ou então: eu reproduzo sem distorcer,
com minhas próprias palavras, as ideias desenvolvidas por um outro autor (Pode ser
chamada também de paráfrase).

Exemplo

Somente em 15 de outubro de 1827, depois de longa luta, foi concedido às


mulheres o direito à educação primária, mas mesmo assim, o ensino da aritmética
nas escolas de meninas ficou restrito às quatro operações. Note-se que o ensino da
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geometria era limitado às escolas de meninos, caracterizando uma diferenciação


curricular (COSENZA, 1993, p. 6).

Citação de Citação

Esse tipo de citação, que pode ser direta ou indireta e ocorre quando se refere
às ideias de autor citado por outro.

Deve ser utilizada somente quando não for possível ter acesso ao documento
original. Emprega-se a expressão latina "apud" (junto a, citado por, conforme,
segundo), após o sobrenome do autor do texto original e, em seguida, o sobrenome
do autor da obra consultada, data da publicação e página. Nesse tipo de citação é
preciso referenciar somente o documento consultado.

Exemplo

O trabalho monográfico caracteriza-se mais pela unicidade e delineação do


tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão,
generalidade ou valor didático (SALVADOR apud SEVERINO,1997, p.111).

Sugestão de atividade

Escolha algumas citações entre as observações que você anotou ao longo


dessas últimas aulas com referência à sua pesquisa bibliográfica. Reflita se elas
podem ser incluídas em seu trabalho de pesquisa.

102
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Aula 24_Notas de Rodapé


Palavras-chave: notas de rodapé; referências; explicativas.

A partir dessa aula vamos analisar as citações e as notas de rodapé, as quais


servem para demonstrar à comunidade científica a relevância e interpretação da
pesquisa.

Citações são trechos transcritos ou informações retiradas das fontes


consultadas. Citar tem conotação jurídica com o sentido de chamar à justiça e,
posteriormente, invocar o testemunho de alguém, portanto, a referência deve ser
exata e precisa, como também averiguável por todos.

As citações têm o objetivo de dar maior credibilidade ou sustentação às ideias


e pontos de vista que o pesquisador está defendendo, uma vez que ele vai buscar
em outros autores (especialistas no assunto tratado) argumentos favoráveis à sua
proposição.

As notas de rodapé são indicações, observações ou complementações ao


texto feitas pelo próprio autor, tradutor ou editor.

As citações, portanto, podem estar completando o texto ou entrar como nota


de rodapé. No caso da nota de rodapé, adiciona-se um número dentro do texto, o
qual é repetido no rodapé, com a citação.

As notas de rodapé podem ser

Explicativas: comentários, complementações ou traduções que


interromperiam a sequência lógica, se colocadas no texto (devem ser claras e
sucintas).

Referências: indicam documentos consultados ou remetem a outras partes


de um documento em que o assunto em questão foi abordado. Alguns autores, assim
como alguns leitores, preferem o sistema de nota de rodapés por possibilitar a

103
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visualização imediata de informações mais completas sobre a obra, sem


necessidade de virar as páginas, até o final do livro ou do capítulo.

Assim, o sistema de citações adotado é uma escolha do pesquisador ou do


editor. Porém, seja qual for o sistema adotado deve ser usado em todo o trabalho e
deve conter as informações necessárias conforme as normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

A primeira citação de uma obra deve ter sua referência completa, as demais
poderão ser abreviadas. As notas de rodapé devem ser registradas, conforme
orientações abaixo:

• indicadas em algarismos arábicos e em sequência contínua para todo o


capítulo ou parte, nunca iniciadas em cada folha;
• indicadas por um número sobrescrito, ou na linha do texto entre parênteses
ou colchetes;
• reduzidas ao mínimo;
• separadas do texto por um traço contínuo (3 cm);

Veja abaixo um exemplo de nota de rodapé:[1]

[1] Você está vendo como se adiciona uma nota de rodapé.

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Aula 25_Referências
Palavras-chave: referências; autoria; pesquisa.

De acordo com a norma da ABNT - NBR 6023 (Informação e documentação -


referências - Elaboração), referências são um “conjunto padronizado de elementos
descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação”.

Regras gerais de apresentação das Referências

• As referências devem ser listadas em ordem alfabética ao final de um trabalho


acadêmico.
• O título da listagem de referências deve ser “REFERÊNCIAS”, e
não “referências bibliográficas”.
• A listagem das referências deve ser digitada em espaço simples, com as
referências separadas entre si por espaços simples, e alinhada à esquerda da
página.
• As referências devem ter obrigatoriamente os elementos essenciais, que
devem ser apresentados em ordem. Esse tipo de referência deve ser usado
em monografias, ou seja, livro, manual, enciclopédia, dicionário, teses e
dissertações, entre outros.

Modelo

SOBRENOME, Prenome(s). Título: subtítulo. Edição. Localidade: Editora,


Ano.

Autoria

• O sobrenome do autor ou autores dever vir em letras maiúsculas, seguido


pelos prenomes, abreviados ou não.

1) Título e subtítulo (se houver)

105
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• O título e o subtítulo devem ser reproduzidos tal como figuram no documento,


separados por dois pontos.
• O título da obra deve estar destacado em negrito, sublinhado ou em
itálico. Deve-se escolher apenas uma forma de destaque. Não se destaca o
subtítulo, apenas o título.

Exemplo: STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para


educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

• A apresentação das obras deve seguir um padrão. Se os nomes dos autores


são apresentados abreviados, todas as obras devem apresentá-los assim. O
mesmo vale para o tipo de destaque escolhido, se negrito, sublinhado ou em
itálico.

MATTEDI, M. Sociologia e conhecimento: introdução à abordagem


sociológica do conhecimento. Chapecó: Argos, 2006.

MONTE, F. R. F.; SANTOS, I. B. Saberes e práticas da inclusão. Brasília:


MEC, SEESP, 2004.

2) Edição

Coloca-se apenas a partir da segunda. Quando esta informação não aparece,


subentende-se que se trata da primeira edição.

QUEIRÓZ, E. O crime do Padre Amaro. 25. ed. Rio de Janeiro: Ediouro,


2000

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? ensaio sobre as metamorfoses e a


centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995.

3) Local de publicação

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Refere-se à cidade. No caso de homônimos de cidades, acrescenta-se o


nome do estado, do país etc. Exemplo: Viçosa, AL; Viçosa, MG; Viçosa, RJ.

Não sendo possível determinar o local, utiliza-se a expressão sine loco,


abreviada, entre colchetes [S.l.]. Exemplo:

BATISTA, Paulo Nunes. A reportagem fiel desde IV Festival Nacional do


Cordel em Cordel Nacional [Folheto de cordel] [S.l.], 1983.

4) Editora

Colocar apenas o nome, sem a palavra “editora”.

Pode aparecer abreviado como “Ed.” apenas em caso de evitar um


entendimento equivocado do texto. Exemplo:

LAZARINI NETO, Antonio C. Cria e recria: um guia visual. São Paulo: Ed. 34,
1999.

5) Data de publicação

Coloca-se o ano em que a obra foi publicada.

Quando não constar no documento a data da publicação, deve ser indicada


uma data, seja da impressão, do copyright ou outra que esteja disponível.

CALASANS, José. Achegas ao estudo do romanceiro político


nacional [Folheto]. Salvador: Centro de Estudos Bahianos, [19--].

Caso seja necessário, os elementos essenciais podem ser complementados


com outras informações.

Exemplo

GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.

107
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GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998. 137 p.,


21 cm. (Coleção Antropologia e Ciência Política, 15). Bibliografia: p.131-132. ISBN
85-228-0268-8.

Apresentamos a seguir os principais modelos de REFERÊNCIAS para


documentos e orientações gerais sobre a autoria de documentos.

Principais documentos e suas REFERÊNCIAS

1 Obras on-line

1.1 Scielo

2 Livro

2.1 Capítulo de livro

2.2 Dicionário

3 Teses, dissertações e monografias

4 Artigo de revista, jornal, boletim e periódico (revista científica)

5 Legislação

II Autoria

1 Abreviações na autoria

2 Nome do autor

3 Mais de um autor

4 Mais de uma obra citada

5 Autor entidade

108
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6 Autoria desconhecida.

1 Obras on-line

Modelo:

SOBRENOME, Prenome(s). Título: subtítulo. Disponível em: endereço


eletrônico. Acesso em dia mês (abreviado) ano.

O endereço eletrônico deve ser apresentado precedido da expressão


Disponível em: e também a data de acesso ao documento, precedida da
expressão Acesso em:

Exemplo:

DANTON, G. Metodologia científica. Disponível em:


http://www.leonildocorrea.adv.br/pdf/metodo1.pdf. Acesso em: 24 de mar. 2010.

1.1 Scielo

Uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de


periódicos científicos brasileiros.

2 Livro

SOBRENOME, Prenome(s). Título: subtítulo. Edição. Localidade: Editora,


Ano.

Exemplo:

BARRETO, Raquel Goulart. Discursos, tecnologias, educação. Rio de Janeiro:


EDUERJ, 2009.

REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.


Petrópolis: Vozes, 1998.

2.1 Capítulo de livro

SOBRENOME, Prenome(s) dos autores do capítulo. Nome do capítulo. In:


SOBRENOME, Prenome(s) dos autores do livro. Título: subtítulo. Edição.

109
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Localidade: Editora, Ano. páginas do capítulo p. inicial-final.

Os elementos essenciais são: autor(es), título da parte, seguidos da


expressão “In:”, e da referência completa do livro no todo. No final da referência,
deve-se informar a paginação ou outra forma de individualizar a parte referenciada.
O destaque é para o título do livro, e não para o título do capítulo.

Exemplo:

ROMANO, G. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT, J.


(Org.). História dos jovens 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p.7-16.

2.2 Dicionário

Deve ser citado pela autoria, como um livro. Exemplo:

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo dicionário da língua


portuguesa - Século XXI. 2.ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

3 Teses, dissertações e monografias

Modelo:

SOBRENOME, Prenome(s). Título: subtítulo (se houver). Data de defesa.


Total de folhas. Tese (Doutorado), Dissertação (Mestrado), Trabalho de Conclusão
de Curso, Especialização - Instituição onde o trabalho foi defendido, local e data da
defesa.

Nas teses, dissertações ou outros trabalhos acadêmicos devem ser


indicados em nota o tipo de documento (tese, dissertação, trabalho de conclusão
de curso etc.) o grau, a vinculação acadêmica, o local e a data da defesa,
mencionada na folha de aprovação (se houver).

Exemplos:

MORGADO, M. L. C. Reimplante dentário. 1990. 51 f. Trabalho de Conclusão de


Curso (Especialização). Faculdade de Odontologia - Universidade Camilo Castelo
Branco, São Paulo, 1990.

110
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ARAUJO, U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades de estudo de


artefatos de museu para o conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, São Paulo, 1986.

4 Artigo de revista, jornal, boletim e periódico (revista científica)

Modelo:

SOBRENOME, Prenome(s). Nome do artigo. Título da publicação. Local de


publicação, volume [v.], número [n.], páginas p. inicial-final, ano.

Exemplos:

MORAN, J. M. Liguem a TV: vamos estudar. Nova Escola. São Paulo, n.189, p.
46, jan./fev. 2006.

MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. Inteligência abstraída, crianças


silenciadas: as avaliações de inteligência. Psicologia USP, v.8, n.1, p.63-89, 1997.

No caso de artigos de jornal, acrescenta-se informações sobre a seção ou


caderno. Quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo ou
matéria precede a data.

Modelo:

SOBRENOME, Prenome(s). Nome do artigo. Título da publicação. Local de


publicação, data de publicação, seção, caderno ou parte do jornal, páginas p.
inicial-final, ano.

Exemplo:

NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São Paulo,
28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.

Quando se trata de publicação na internet, não é necessário citar o número


das páginas inicial e final.

SOBRENOME, Prenome(s). Título: subtítulo (se houver). Nome do


periódico, local de publicação, volume, número ou fascículo, mês(s) abreviado
ano. Disponível em endereço eletrônico. Acesso em dia mês (abreviado) ano.

111
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Exemplos:

ECA, T. T. P. Educação através da arte para um futuro sustentável.

Cadernos CEDES [online]. v.30, n.80, jan/br. 2010. Disponível em


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32622010000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 5 jun. 2010.

INCLUSÃO na escola é abaixo da ideal, diz movimento. Sucursal do Rio,


reportagem local. Folha de São Paulo. São Paulo, 10 dez. 2009. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ ff1012200907.htm. Acesso em 5 jun.
2010.

5 Legislação

Referir o local consultado – livro, site, etc. Exemplos:

BRASIL. Código civil. 46.ed. São Paulo: Saraiva, 1995.

BRASIL. LEI Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Disponível
em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 5 jun. 2010.

SÃO PAULO (Estado). DELIBERAÇÃO CEE Nº 82/2009. Estabelece as diretrizes


para os Cursos de Educação de Jovens e Adultos em nível do Ensino Fundamental
e Médio, instalados ou autorizados pelo Poder Público no Sistema de Ensino do
Estado de São Paulo. Disponível em:http://www.ceesp.sp.gov.br/Deliberacoes/
de_82_09.htm. Acesso em 5 jun. 2010.

II Autoria

1. Abreviações na autoria

Autor organizador: (Org); Autor coordenador da edição: (Coord.) Exemplo:

FOSNOT, Catherine T. (Org.). Construtivismo. 3.ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

AMADIO, A. C.; DUARTE, M. (Coord.). Fundamentos Biomecânicos para a


análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica da
EEFE-USP, 1996.

2. Nome do autor

Nome composto, ou complementos como Júnior, Filho, etc., devem vir junto
com o sobrenome.
112
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Exemplo:

CRUZ E SOUZA, J. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961.

BENITES, L. C.; SOUZA NETO, S.; HUNGER, D. O processo de constituição


histórica das diretrizes curriculares na formação de professores de Educação
Física. Educação e Pesquisa. São Paulo, v.34, n.2, ago. 2008.

ASSUMPÇÃO JÚNIOR, F. B. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento


Infantil. São Paulo: Lemos, 1997.

3.Mais de um autor

. Quando há quatro autores ou mais, convém indicar todos. Permite-se que


indique apenas o primeiro, seguido da expressão “et al” para indicar a autoria.

Exemplo:

TAYLOR, Robert; LEVINE, Denis; MARCELLIN-LITTLE, Denis; MILLIS, Darryl.


Realização e fisioterapia na prática de pequenos animais. São Paulo:
Roca,2008.

SUDO, F. K. et al. O pensamento abstrato comprometido pode diferenciar o


envelhecimento normal do comprometimento cognitivo leve vascular. Arquivos
de Neuro-Psiquiatria. São Paulo, v.68, n.2, p.179-184, 2010.

4. Mais de uma obra citada

Caso haja mais de uma referência de um mesmo autor, o nome deve ser
repetido.

Caso haja duas ou mais obras do mesmo autor e do mesmo ano, elas devem
ser diferenciadas por letras junto ao ano.

Exemplo:

PERRENOUD, Philippe et al. As competências para ensinar no século XXI: a


formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: ArtMed, 2002a.

PERRENOUD, Philippe et al. Pedagogia diferenciada: das intenções à


ação. Porto Alegre: ArtMed, 2002b.

5 Autor entidade

Obras de entidades (órgãos governamentais, empresas, associações,


congressos, etc.) antes deveriam ser identificadas pelo seu próprio nome, por

113
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extenso, agora podem ser tratadas pela forma conhecida ou como está grafado no
documento, por extenso ou abreviada.

Exemplo:

ABNT. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos:


apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

6 Autoria desconhecida

Indica-se pelo título, destacando as primeiras palavras. Não se deve utilizar


o termo “anônimo”.

Exemplo:

DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro,


1993. 64 p.

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Aula 26_Formatação de Trabalhos Acadêmicos


Palavras-chave: trabalhos acadêmicos; formatação; elementos textuais.

Para uma melhor visualização, interpretação, estética e organização, todo


trabalho acadêmico precisa ser organizado de forma a contemplar alguns
pressupostos de formatação.

Cada autor traz em suas obras uma indicação para tal. Algumas pequenas
alterações podem ser percebidas e não fazem diferença no corpo do texto.

De acordo com SANTOS (2009), as normas para a apresentação escrita dos


trabalhos acadêmicos, bem como de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) deve
seguir, com relação à:

Papel e escrita

O papel deve ser branco (entrega impressa e digital); tamanho A4 (210mm x


297mm). Vale ressaltar que, somente o anverso da folha deve ser utilizado e um só
tipo de letra (Times New Roman ou Arial, tamanho da fonte 12).

Numeração e paginação

As páginas, desde a folha de rosto necessitam ser contadas. Entretanto, a


folha de rosto e as demais até o sumário, embora sejam incluídas na contagem
geral, não devem ser numeradas. Usualmente indica-se que a numeração seja
incluída na parte de cima da folha, ao centro, a 2 cm da borda superior da página e
a 2 cm de distância da primeira linha do texto. Usa-se, também, colocar os números
no alto, no canto direito. Não é aconselhado, mas não proibido, a utilização da
numeração na parte inferior do trabalho, seja ele central ou à direta da margem. A
não recomendação se dá ao uso e notas de rodapé. Vale ressaltar que, a folha inicial
de cada capítulo deve ser contada, mas não numerada.

Margens e espaços

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Utilizam-se as medidas – margem superior e esquerda: 3 cm da borda do


papel; margens direita e inferior: 2 cm da borda do papel.

Nas páginas iniciais dos capítulos, o título deve ficar a 5 cm da borda superior.
Entre o título e o texto deve haver dois espaços verticais. Os subtítulos devem vir
separados do texto, abaixo e acima, por um espaço vertical (ou seja, um enter do
teclado).

O texto deve ter espaçamento de 1,5 linha, excluindo-se desta formatação as


citações, as notas de rodapé e as referências, que devem ser escritas em
espaçamento simples.

Exemplo de tela para a formatação da página no Word

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Estrutura do trabalho científico

Os trabalhos científicos apresentam uma estrutura composta por elementos


ou partes, que devem obedecer a uma ordem lógica preestabelecida. Alguns
desses elementos são considerados obrigatórios e outros opcionais. Teses,
dissertações e trabalhos acadêmicos, como o TCC, apresentam uma estrutura que
compreende três elementos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina uma série


de normas e a academia exige que os trabalhos sejam elaborados seguindo essas
regras. O trabalho acadêmico, no caso o TCC, deve conter,

Elementos pré-textuais

São os que antecedem o corpo do trabalho, com informações da


identificação, finalidade e utilização do trabalho;

São eles: capa inicial, folha de rosto, errata (opcional), folha de aprovação,
dedicatória (opcional), agradecimentos (opcional), epígrafe (opcional), resumo em
Língua Portuguesa, sumário, lista de ilustrações, gráficos, abreviaturas, siglas e
símbolos (opcionais).

Elementos textuais

Corpo do trabalho, onde se faz toda a exposição dos argumentos. Deve ter,
basicamente, três partes: introdução, desenvolvimento e a conclusão (obrigatórios).

Elementos pós-textuais

Aqueles que complementam o trabalho e aparecem após a conclusão. São


eles: referências (obrigatórias), apêndice, anexos e glossário (opcionais) e capa
final.

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Fonte: FURASTÉ (2008, p.76-77)

Para produzir um TCC, é preciso pesquisar?

A resposta para esta pergunta é SIM.


118
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Pesquisa é um conjunto de atividades, tais como buscar informações,


explorar, inquirir, investigar, indagar, argumentar e contra-argumentar. Seus
objetivos são: solucionar e esclarecer dúvidas e problemas, comprovar hipóteses;
elaborar, reconstruir, ampliar conhecimento ou conjunto de conhecimentos e criar
conhecimento novo, fidedigno, relevante teórica e socialmente, que ultrapasse o
entendimento imediato, indo além dos fatos; fundamentar escolhas e orientar ações.
Utiliza procedimentos próprios, racionais, sistemáticos, intensivos, científicos que
possibilitam o confronto entre o conhecimento teórico acumulado sobre um assunto
e dados e informações coletados sobre ele, ou seja, o confronto entre teoria e prática
(PESCUNA e CASTILHO, 2005, p.12).

A pesquisa é um elemento intrínseco da graduação. No decorrer de seus


estudos, o aluno deve aprender a ler, compreender, além de reproduzir aquilo que
leu, bem como tornar-se capaz de buscar informações de diversas fontes e coletar
dados. O aluno precisa, ainda, relacionar teorias, organizar informações e elaborar
relatórios.

TCC e monografia

A palavra monografia designa um tipo especial de trabalho científico.


Considera-se monografia aquele trabalho que concentra sua abordagem em um
assunto específico, em um determinado problema, tendo este, um tratamento
pormenorizado e analítico.

Os trabalhos científicos serão monográficos na medida em que satisfizerem a


exigência da especificação, ou seja, quando realizarem um tratamento estruturado
de um único tema, corretamente delimitado.

A monografia não será avaliada apenas pela sua apresentação gráfica. É


fundamental a coerência entre as partes, bem como a base teórica utilizada na
elaboração do texto e o rigor no levantamento dos dados.

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Atenção: O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da pós-graduação da


UNIMES Virtual possuirá o formatado de artigo científico e todas as informações
para a elaboração do artigo, estarão disponíveis na sala.

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Aula 27_Fichamentos
Palavras-chave: fichamentos; resumos; citações.

Nesta aula, iremos aprender como desenvolver um fichamento. Leia a aula


com atenção!

As fichas são as mais antigas formas de organização do material de pesquisa


e ainda hoje são usadas porque são eficientes. Antigamente, os pesquisadores
usavam fichas produzidas especificamente para esse fim: retângulos de papel
pautado e encorpado, arquivados em fichários para facilitar a manipulação.

Entretanto, o uso dessas fichas não é obrigatório. Muitos pesquisadores


preferem cadernos ou, atualmente, arquivos digitais. Independentemente do suporte,
o que importa no fichamento é o conteúdo, isto é, as informações que são
destacadas e registradas.

Costuma-se classificar três tipos de fichamentos: bibliográfico, resumo e


citações.

Na ficha bibliográfica devemos colocar a descrição dos tópicos que fazem


parte da obra e comentar brevemente sobre cada tópico.

Exemplo de ficha bibliográfica com comentários dos tópicos abordados em


uma obra inteira
MARCONI, oudeparte
Marina dela.
Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho Estadual de
Artes e Ciências

Humanas, 1978, 152 p.

Insere-se no campo da Antropologia Cultural. Utiliza documentação indireta de fontes secundárias e direta, colhidos
os dados através de formulário. Emprega o método de abordagem indutivo e o de procedimento monográfico e estatístico. A
modalidade é específica, intensiva, descritiva e analítica.

Apresenta a caracterização física do Planalto Nordeste Paulista.

Analisa a organização econômica do planalto, descrevendo o aspecto legal do sistema de trabalho e das formas de
contrato, assim como a atividade exercida e as ferramentas empregadas em cada fase do trabalho. Registra os tipos de
equipamentos das habitações e examina o nível de vida das famílias.

Descreve o tipo de família, sua composição, os laços de parentesco e compadrio e a educação dos filhos. Examina a
escolaridade e a mobilidade profissional entre gerações.

Apresenta as práticas religiosas com especial destaque das superstições, principalmente as ligadas ao garimpo.

Discrimina as formas de lazer, os hábitos alimentares, de higiene e de vestuário.

Levando em consideração o uso de uma linguagem específica, inclui um Glossário.

Conclui que o garimpeiro ainda conserva a cultura rurícola, embora em processo de aculturação. Exerce o 121
nomadismo. É solidário.

O traço de irresponsabilidade é mais atenuado do que se esperava.

Apresenta quadros, gráficos, mapas e desenhos.


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Na ficha de resumo deve-se colocar uma síntese dos principais conceitos da


obra. Essa síntese pode ser elaborada pelo pesquisador com seu próprio
vocabulário.

Nesse tipo de fichamento podemos colocar um resumo informativo, contendo


as informações sobre quais são os objetivos do trabalho, metodologia utilizada,
principais resultados obtidos e as conclusões do autor.

Podemos também colocar um resumo indicativo mais geral sobre a obra, sem
detalhar as principais etapas do trabalho.

Na ficha de citações devemos colocar frases contidas na obra; esse tipo de


fichamento auxilia muito na elaboração do projeto, pois as principais partes ditas na
obra já se encontram separadas, portanto, não precisamos ler todo o livro ou artigo
novamente.

Exemplo:

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista.


São Paulo: Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
"Entre os diversos tipos humanos característicos existentes no Brasil, o garimpeiro
apresenta-se, desde os tempos coloniais, como um elemento pioneiro, desbravador
e, sob certa forma, como agente de integração nacional." (p. 7)
"Os trabalhos no garimpo são feitos, em geral, por homens, aparecendo a mulher
muito raramente e apenas no serviço de lavação ou escolha de cascalho, por
serem mais suaves do que o de desmonte." (p. 26)
" ... indivíduos [os garimpeiros) que reunidos mais ou menos acidentalmente
continuam a viver e trabalhar juntos. Normalmente abrangem indivíduos de um s6
sexo (...) e sua organização é mais ou menos influenciada pelos padrões que já
existem em nossa cultura para agrupamentos dessa natureza". (p. 47) (LlNTON,
Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. 5. ed. São Paulo: Martins,1965,
p. 111).
"O garimpeiro (...) é ainda um homem rural em processo lento de urbanização, com
métodos de vida pouco diferentes dos habitantes da cidade, deles não se
distanciando notavelmente em nenhum aspecto: vestuário, alimentação, vida
familiar." (p. 48)
"A característica fundamental no comportamento do garimpeiro (...) é a liberdade".
(p. 130)

122
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REFERÊNCIA

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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Aula 28_Resenha e resumo


Palavras-chave: resumo; resenha; gêneros discursivos.

A resenha é um dos gêneros discursivos mais difundidos entre os membros


da comunidade acadêmica. A frequência da produção e leitura de resenhas é maior
ou menor de acordo com as características das diferentes áreas.

Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de


fatos. Resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste
na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do
livro feitos pelo resenhista.
A resenha, em geral, é elaborada por um cientista que, além do
conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também
pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de
compreensão e crítica.
A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês,
sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor:
novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa,
portanto, apresentar uma síntese das ideias fundamentais da obra. o
resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de
informação encontrados, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo
tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados.
(LAKATOS e MARCONI, 2003, p.259)

Machado, Lousada e Abreu-Tardelli (2004) afirmam que as resenhas


apresentam um cunho informativo, pois descrevem e/ou resumem a obra; e um
avaliativo que comenta, discute e aprecia a obra.

Inicialmente aparecem informações acerca do autor, dos objetivos propostos


por ele na obra, do conteúdo dela e de sua estrutura (partes, capítulos) e, em
seguida, encontram-se os comentários do resenhista, que apresenta os aspectos
positivos e negativos que viu nela, podendo recomendar, ou não, a leitura, indicando,
inclusive, a que público ela se dedica de modo mais evidente.

Se pensarmos na organização da resenha, há uma sequência que deve ser


seguida: apresentação, descrição, avaliação e recomendação.

APRESENTAR O LIVRO

Passo 1 informar o tópico geral do livro e/ou


Passo 2 definir o público-alvo e/ou

124
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Passo 3 dar REFERÊNCIAS sobre o autor e/ou


Passo 4 fazer generalizações e/ou
Passo 5 inserir o livro na disciplina

DESCREVER O LIVRO
Passo 6 dar uma visão geral da organização do livro e/ou
Passo 7 estabelecer o tópico de cada capítulo e/ou
Passo 8 citar material extratextual

AVALIAR PARTES DO LIVRO


Passo 9 realçar pontos específicos

(NÃO) RECOMENDAR O LIVRO


Passo 10 A desqualificar/recomendar o livro ou
Passo 10 B recomendar o livro apesar das falhas indicadas
(MOTTA-ROTH e HENDGES, 2010, p.43)

O resenhista deve empreender uma leitura muito atenta da obra a que se


propôs resenhar, observando tanto as ideias nela veiculadas quanto a estrutura que
as enforma. Além disso, é preciso que ele tenha conhecimento preliminar acerca das
linhas gerais do tema tratado, de outros autores que se debruçaram sobre o tema e
das várias perspectivas teóricas sob as quais ele pode ser – ou vem sendo –
estudado.

Agora, observe a forma como Lakatos e Marconi (2003) apresentam o modelo


de uma resenha:

Modelo de Resenha

Seguindo a estrutura que se espera de uma resenha crítica, o Prof. Antonio


Rubbo MüIler, diretor da Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais, da
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, instituição
complementar da Universidade de São· Paulo, criou um modelo simplificado
que apresenta todas as partes necessárias para a perfeita compreensão do
texto resenhado. Divide-se em nove itens, assim relacionados:
125
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I - OBRA
a) autoria (autor ou autores) b) título (incluindo o subtítulo, se houver) c)
comunidade onde foi publicada d) firma publicadora e) ano de
publicação t) edição (a partir da segunda) g) número de páginas ou de
volumes h) ilustrações (tabelas, gráficos, desenhos etc.) i) formato (em
cm) j) preço

II - CREDENCIAIS DA AUTORIA a) nacionalidade b) formação universitária ou


especializada c) títulos d) cargos exercidos e) outras obras

III - CONCLUSÕES DA AUTORIA a) quer separadas no [mal da obra, quer


apresentadas no final dos capítulos, devem ser sintetizadas as principais
conclusões a que o autor da obra resenhada chegou em seu trabalho b) caso
não se apresentem separadas do corpo da obra, o resenhista, analisando o
trabalho, deve indicar os principais resultados obtidos pelo autor

IV - DIGESTO a) resumo das principais ideias expressas pelo autor b)


descrição sintetizada do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a
obra

V - METODOLOGIA DA AUTORIA a) método de abordagem (indutivo,


dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético) b) método de procedimento (histórico,
comparativo, monográfico, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista,
etnográfico etc.) c) modalidade empregada (geral, específica, intensiva,
extensiva, técnica, não técnica, descritiva, analítica etc.) d) técnicas utilizadas
(observação, entrevista, formulários, questionários, escalas de atitudes e de
opinião etc.)

VI - QUADRO DE REFERÊNCIA DA AUTORIA a) corrente de pensamento em


que se filia (evolucionismo, materialismo histórico, historicismo, funcionalismo
etc.) b) modelo teórico (teoria da ação social, teoria sistêmica, teoria da
dinâmica cultural etc.)

VII - QUADRO DE REFERÊNCIA DO RESENHISTA O resenhista pode aceitar


e utilizar, na análise da obra, o quadro de referência empregado pelo autor ou,
ao contrário, pela sua formação científica, possuir outro. É necessária a
explicitação do quadro de referência do resenhista, pois terá influência decisiva
tanto na seleção dos tópicos e partes que considera mais importantes para a
análise quanto na elaboração da crítica que se segue.

126
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VIII - CRÍTICA DO RESENHISTA a) julgamento da obra do ponto de vista


metodológico: • coerência entre a posição central e a explicação, discussão e
demonstração • adequado emprego de métodos e técnicas específicas b)
mérito da obra:
• originalidade • contribuição para o desenvolvimento da ciência, quer por
apresentar novas ideias e/ou resultados, quer por utilizar abordagem diferente
c) estilo empregado

IX - INDICAÇÕES DO RESENHISTA a) a quem é dirigida (especialistas,


estudantes, leitores em geral)? b) fornece subsídios para o estudo de que
disciplina(s)? c) pode ser adotado em que tipo de curso? (LAKATOS e
MARCONI,2003, p.266-268).

Com relação à formatação (layout da página), utilize:

- tamanho da folha: A4

- orientação: retrato

- margens: normal

- colunas: um

- bordas: nenhuma

- fonte: arial

- tamanho da letra: 12

- espaçamento entre linhas: 1,5

REFERÊNCIAS

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

127
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O Gênero Resumo

O objetivo desta aula é abordar o que é um resumo e sua organização.

Um resumo tem como principal característica apresentar as principais ideias


do autor da obra. A finalidade do resumo é difundir as informações contidas no texto.

Como resumir?

• Faça uma primeira leitura captando o plano geral da obra e seu desenvolvimento.
• Faça uma segunda leitura buscando responder: de que trata o texto? O que
pretende demonstrar?
• Faça uma terceira leitura e procure compreender o sentido de cada parte
importante; anote as palavras chave e estabeleça relações entre as partes do
texto.
Um resumo pode ser: Indicativo ou descritivo, pois faz referência às partes
mais importantes do texto utilizando frases curtas que apresentem a obra. Também
pode ser: Informativo ou analítico, pois informa o conteúdo e as principais ideias do
autor, salientando os objetivos e o assunto, os métodos e as técnicas; os resultados
e as conclusões, entrelaçados por comentários pessoais de quem fez o resumo. Ou
pode ser um resumo do tipo Crítico, pois formula um julgamento sobre o trabalho, no
que se refere aos aspectos metodológicos; do conteúdo; do desenvolvimento da
lógica da demonstração, da técnica de apresentação das ideias principais. No
resumo crítico não pode haver citações.

Encontramos resumos nos mais variados veículos de comunicação.


Podemos encontrá-los em artigos completos de revistas acadêmicas, em
dissertações, em comunicações apresentadas em eventos científicos. Mas como se
organiza o resumo de um artigo?

Inicialmente é necessário situar o leitor e justificar o tema do trabalho.


Também indicar os principais objetivos e enfatizar os aspectos abordados. Deve
informar, sucintamente, as fontes bibliográficas utilizadas. Apresentar as principais
observações qualitativas e quantitativas quando este tipo de dado for utilizado.
Mencionar as conclusões e suas aplicações.
128
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E, por fim, os descritores, as palavras-chave.

Para exemplificar esses elementos, é apresentado o artigo publicado na


REVISTA DO CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO / Nº 5, setembro 2017,
intitulado Geografia e Literatura: abordagens e enfoques contemporâneos de Júlio
César Suzuki.

Geografia e Literatura: abordagens e enfoques contemporâneos


Título e autoria

Júlio César Suzuki

RESUMO

Análises geográficas de textos literários se iniciam no século XIX, avançam Situan

do o
pelo século XX, mas é, principalmente, nas últimas duas décadas que se proliferam
contex
mais abundantemente. No Brasil, as análises se avolumam somente na última to e o

tema.
década. Assim, propomos analisar os enfoques e as abordagens dos debates
realizados, sobretudo por geógrafos, no estabelecimento da relação entre Geografia
e Literatura, no Brasil, principalmente nos últimos dez anos. Tomaremos como Objetivo

referência os eventos nacionais, bem como publicações, além de dissertações e


teses defendidas. Da primazia do uso literário como fonte de informação para a
compreensão da paisagem, a Geografia se apropriou da Literatura em enfoques e
abordagens dos mais diversos. Assim, a riqueza da relação estabelecida entre
Geografia e Literatura se traduz em uma multiplicidade de temas, além de
dissertações e teses defendidas. Da primazia do uso literário como fonte de
informação para a compreensão da paisagem, a Geografia se apropriou da Literatura
em enfoques e abordagens dos mais diversos. Assim, a riqueza da relação
Conclusão
estabelecida entre Geografia e Literatura se traduz em uma multiplicidade de
temas, além de apropriações das mais inusitadas do universo literário pela
Geografia; ainda que haja tanto a construir.

129
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Palavras-chave: Geografia; Literatura; enfoques; abordagens.


Descritores

Resumo expandido

Conforme a NBR 6028, o resumo é a apresentação concisa dos pontos


relevantes de um documento.

O resumo expandido se assemelha ao formato de um trabalho final, que


será enviado para a avaliação. Basicamente, o resumo simples vai estar dentro da
estrutura geral do trabalho, diferente do expandido.

Um resumo expandido serve para comunicar, de forma direta e clara, sobre


o que se está pesquisando, por que e como Ele usualmente é solicitado em eventos
científicos.

Qual é o formato de um resumo expandido? É importante esclarecer que


cada evento pode ter um formato específico de resumo expandido. Por isso, se
atente também ao edital e às diretrizes do evento que será submetido o resumo.

Esse formato pode oferecer até mesmo uma folha timbrada específica com
cores e formatações exclusivas como o uso de colunas, por exemplo.

Formatação do resumo expandido

1- O resumo expandido deve ter no mínimo 500 e no máximo 1000 palavras,


incluindo as referências bibliográficas.
2- Papel A4 (210 x 297 mm), no modo retrato, com margens de 3 cm na borda
superior e esquerda e 2,0 cm na borda inferior e direita.

O parágrafo deve ter abertura de 1,5 cm do alinhamento esquerdo e 0 cm,


antes e depois.

3- Para o corpo do texto, usar fonte Times New Roman ou Arial, tamanho
12 com espaçamento simples entre as linhas e texto justificado.

130
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4- Os títulos e subtítulos deverão ser digitados em letras maiúsculas, em


negrito, com fonte tamanho 12 e em Times New Roman ou Arial, espaçamento
simples.

5- Em alguns casos será exigido o minicurrículo que inclui titulação, área


de estudos e e-mail. Ele deverá será inserido como nota de rodapé na primeira
página.

*alguns eventos podem exigir um formato sem identificação em razão da


imparcialidade na escolha, neste caso, inserir tais informações poderia causar a
rejeição do trabalho.

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Aula 29_Relatório de pesquisa


Palavras-chave: relatório de pesquisa; interpretações; conclusões.

O objetivo desta aula é responder a algumas questões sobre a organização


de um relatório de pesquisa.

Quando um pesquisador está finalizando sua pesquisa, ele arrolou uma


grande quantidade de material documental que é a substância de seu relatório de
pesquisa.

Este material documental é fruto de suas observações, fichas, notas de


leituras, referências, extratos de texto fotocopiados, dados brutos que utilizará
quando for necessário para sua demonstração.

O relatório de pesquisa

A pesquisa em educação dedica-se ao estudo investigativo dos fenômenos


educacionais. Nessa empreitada, o pesquisador busca os mais variados
instrumentos. Por instrumentos, entendemos desde a capacidade intelectual e
criativa do pesquisador, as técnicas e instrumentos que a literatura especializada em
metodologia da pesquisa oferece, até o esforço de interpretação que a pesquisa
qualitativa exige. Para a compreensão e interpretação mais aprofundada dos
fenômenos educacionais, o pesquisador recorre a um processo de observação e
reflexão constante sobre eles, articulado à experiência acumulada nos estudos
passados e atuais desses fenômenos com o objetivo último de produzir
conhecimentos para a ação e intervenção nos processos educativos.

Se o objetivo último da pesquisa em educação se relaciona com a ação sobre


os processos educativos e a busca da melhoria de sua qualidade, a comunicação
dos conhecimentos produzidos é de fundamental importância. Nesse sentido, o
Relatório de Pesquisa não é apenas uma etapa do processo da pesquisa realizada,
mas parte essencial, porque comunica o resultado da investigação e suas originais
interpretações, tornando, então, o conhecimento socializado.

O Relatório de Pesquisa, no caso de um estudo monográfico, é a própria


Monografia, a apresentação final escrita e detalhada de todo processo, desde o
132
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planejamento da pesquisa até as conclusões. O conteúdo do Relatório, transformado


em partes constituintes da Monografia, será aqui detalhado.

Vejamos, inicialmente, o quadro desenhado por Salomon (2004, p. 228), que


ilustra o momento do relatório no processo de pesquisa, para situar a apresentação
da escrita final.

Estrutura do relatório

Após a coleta de dados, sua codificação e tabulação, tratamento estatístico,


análise e interpretação, os resultados estão prontos para ser redigidos: é o relatório
de pesquisa. Este compreende as seguintes partes:

Conforme Lakatos e Marconi (2003, p.228-230):

A) Apresentação

a) Capa • entidade • título (e subtítulo, se houver) • coordenador(es) • local


e data

b) Página de Rosto • entidade • título (e subtítulo, se houver) •


coordenador(es) • equipe técnica • local e data

B) Sinopse (Abstract)

C) Sumário

D) Introdução

• tema • delimitação do tema • objetivo geral • objetivos específicos

Justificativa

o Objeto

• problema • hipótese básica • hipóteses secundárias • variáveis

E) Revisão da Bibliografia

F) Metodologia

a) método de Abordagem

b) métodos de Procedimento

c) Técnicas
133
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d) Delimitação do Universo

e) Tipo de Amostragem

G) Embasamento Teórico

a) Teoria de Base

b) Definição dos Termos

H) Apresentação dos Dados e sua Análise

I) Interpretação dos Resultados

J) Conclusões

K) Recomendações e Sugestões

L) Apêndices

a) Tabelas b) Quadros c) Gráficos d) Outras ilustrações e) Instrumento(s)


de Pesquisa

M) Anexos

N) Bibliografia

Apresentação

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), é pequena a diferença entre a


apresentação do projeto e a do relatório. Apenas “a folha com a relação do
pessoal técnico é substituída pela página de rosto”, que repete os dizeres da capa,
acrescentando somente ao nome do coordenador, em sequência, os nomes e
respectivos cargos da equipe técnica.

Sinopse (Abstract)

Trata-se de um resumo de, no máximo, uma página, do conteúdo do relatório.


Não é uma relação de partes ou capítulos, nem a enumeração das conclusões, e
sim a natureza da pesquisa realizada. Deve ser redigida por último.

Sumário

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Relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho, com a respectiva


indicação do número de páginas iniciais.

Introdução

A introdução abrange três itens do relatório: Objetivo, Justificativa e Objeto,


incorporando as modificações realizadas depois de aplicada à pesquisa-piloto.

Revisão Bibliográfica
Igual à do projeto, com os acréscimos de novas obras ou trabalhos que
tenham chegado ao conhecimento da equipe, já que a pesquisa bibliográfica não se
encerra com a elaboração do projeto.

Metodologia

Igual à do projeto, exceto as alterações determinadas pelo pré-teste.

Embasamento Teórico

O que não foi alterado pela pesquisa-piloto deve ser repetido no relatório.

Apresentação dos Dados e sua Análise

A quantidade e a natureza dos dados a serem apresentados irão determinar


a divisão dessa parte. A ordem da divisão deve estar relacionada com a colocação
das hipóteses, isto é, das sucessivas afirmações nelas contidas.

Os dados serão apresentados de acordo com sua análise estatística,


incorporando no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustrações
estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio; os demais
deverão vir em apêndice. É importante lembrar que a função de um relatório não é
aliciar o leitor, mas demonstrar as evidências a que se chegou através da pesquisa.
Portanto, na seleção do material a ser apresentado (e terá de haver uma seleção), o
pesquisador não pode ser dirigido pelo desejo natural de ver confirmadas suas
previsões à custa de dados que as refutam. Todos os dados pertinentes e
significativos devem ser apresentados, e se algum resultado for inconclusivo
tem de ser apontado. As relações e correlações entre os dados obtidos

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constituem o cerne dessa parte do relatório; aqui são oferecidas evidências à


verificação das hipóteses, que se processa no item seguinte.

Interpretação dos Resultados

Corresponde à parte mais importante do relatório. É aqui que são transcritos


os resultados, agora sob forma de evidências para a confirmação ou a refutação das
hipóteses. Estas se dão segundo a relevância dos dados, demonstrados na parte
anterior. Quando os dados são irrelevantes, inconclusivos, insuficientes, não se pode
nem confirmar nem refutar a hipótese, e tal fato deve ser apontado agora não apenas
sob o ângulo da análise estatística, mas também correlacionado com a hipótese
enunciada. É necessário assinalar:

• as discrepâncias entre os fatos obtidos e os previstos nas hipóteses;

• a comprovação ou a refutação da hipótese, ou ainda, a impossibilidade de


realizá-la;

• especificação da maneira pela qual foi feita a validação das hipóteses no que
concerne aos dados;

• qual é o valor da generalização dos resultados para o universo, no que se


refere aos objetivos determinados;

• maneiras pelas quais se pode maximizar o grau de verdade das


generalizações;

• a medida em que a convalidação empírica permite atingir o estágio de


enunciado de leis;

• como as provas obtidas mantêm a sustentabilidade da teoria, determinam


sua limitação ou, até a sua rejeição.

Conclusões

A apresentação e a análise dos dados, assim como a interpretação dos resultados,


encaminham naturalmente às conclusões. Estas devem:

• evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo;


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• indicar as limitações e as reconsiderações;

• apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria;

• representar "a súmula em que os argumentos, conceitos, fatos, hipóteses,


teorias, modelos se unem e se completam" (Trujillo Ferrari, 1982:295).

A maneira de redigir as conclusões deve ser precisa e categórica, sendo as


mesmas pertinentes e ligadas às diferentes partes do trabalho. Dessa forma, não
podem perder-se em argumentações, mas têm de refletir a relação entre os dados
obtidos e as hipóteses enunciadas. (LAKATOS e MARCONI,2003, p.230 e 231)

REFERÊNCIAS

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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Aula 30_Pôster
Palavras-chave: pôster; imagens; textos.

O pôster apresenta uma exposição sintética de um trabalho acadêmico


impresso em cartaz, acompanhada de uma apresentação feita pelos autores ao
público que dele se aproxima a fim de informar sobre o andamento ou os resultados
de seus trabalhos.

O público circula entre os pôsteres exibidos durante uma determinada sessão


do evento científico e escolhe o(s)pôster(es) que deseja se aproximar. O pôster
funciona na medida em que consegue atrair a atenção do público e estimular
a aproximação de possíveis interessados nos temas expostos para o contato com
os autores.

• o pôster é impresso e pendurado ou colado em um local pré-


determinado;
• ou em mídia, exposto por projetores ou TV com tela grande;
• pressupõem ao seu a presença dos autores ou de seus representantes
para complementarem suas informações.
O pôster utiliza textos, imagens e outras expressões visuais e também
é apresentado oralmente, ele é considerado um evento comunicativo
multimodal.

A função dele é comunicar de maneira resumida os conteúdos de determinado


tema acadêmico (ou os resultados de pesquisa e de extensão) e para favorecer a
troca entre acadêmicos, permitindo, entre outras coisas, o aprimoramento do
trabalho e o estabelecimento de uma rede de contatos.
Formatação: O pôster deve ser formatado no tamanho A0 (dimensões
aproximadas de 0,85 x 1,20m), e apresentado na posição retrato (vertical).

Apresentação oral de 5 minutos sobre a pesquisa para os avaliadores internos


e externos.

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É necessária a presença constante de um dos autores para atender ao público


interessado e fazer a sua integração com os demais autores da sessão.

b) O pôster deve conter:

– logomarca da universidade;

– título idêntico ao do resumo submetido;

– nomes e endereço (departamento/e-mail) dos autores;

Elementos textuais

– introdução, objetivos, material e métodos, resultados e discussão;


conclusões e referências bibliográficas;
– informar a instituição de fomento, se houver;

A linguagem deve:
– ser clara;

- as figuras, fotos, tabelas e recursos gráficos devem ser colocados


harmonicamente;

– organizar as informações de modo a que as ideias centrais do trabalho


sejam facilmente compreendidas;

– o texto do pôster deve ser legível a uma distância de pelo menos 2 metros;

- sugere-se o uso da fonte Arial tamanho 20 ou superior.

Para elaborar o pôster, é essencial conhecer as especificações publicadas


pelo evento para o qual o pôster está sendo criado.

Para delimitar a mensagem que o pôster vai transmitir, é fundamental


escolher as informações principais, de modo claro e simples.

Ao planejar visualmente um pôster, é importante imaginar quais de seus


elementos gráficos são visíveis a diferentes distâncias:

• A harmonia geral das cores escolhidas é o estímulo mais importante a longas


distâncias.
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• A 5 metros, os elementos mais visíveis são o título e as ilustrações mais


destacadas. A esta distância, estes elementos visuais precisam estar aptos a
comunicar com muita eficiência o tema do trabalho.
• A 2 metros, tornam-se legíveis elementos como o subtítulo do trabalho, títulos
de seções, chamadas em destaque, fotos e gráficos menores.
Layout

Pense no layout para o seu pôster: quais as melhores cores? Quantas


seções terá o pôster? Qual a relação entre título geral e títulos das seções? Onde
serão colocadas as figuras?

Faça um esquema para organizar as informações considerando o tamanho


do pôster.

Perceba que um dos elementos mais importantes de um layout são os


espaços em branco: margens, espaços entre colunas, vazios etc.

No lugar de produzir um layout sem espaços livres com uma letra grande,
prefira um corpo de texto menor para ter mais espaçamento entre linhas e colunas.
Apesar do tamanho menor da letra, os vazios ampliarão a sensação de legibilidade.

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Figura 1- Pôster UNIMES

Fonte: Anais do II Encontro Nacional das Licenciaturas EAD-Santos – Autora (Coelho).

O pôster deve apresentar um bom equilíbrio visual entre figuras e texto, para
que isso ocorra, as imagens e textos devem ser equivalentes (pelo menos
aproximadamente) através de um eixo central horizontal, vertical ou diagonal- eixo
da simetria.

A escolha das cores a serem usadas no layout do pôster deve levar em conta
os princípios de harmonia cromática - uma PALETA de cores, um grupo harmônico
de tons a serem usados nos elementos visuais do cartaz - recursos de combinação
harmônica dentro dos próprios programas de composição gráfica.

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Figura 2- Pôster Dantas

Fonte: DANTAS, Lys M. V; OLIVEIRA, Adriano A. Como elaborar um pôster acadêmico:


Material didático de apoio à vídeo

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Figura 3- Simetria e assimetria

Fonte: DANTAS, Lys M. V; OLIVEIRA, Adriano A. Como elaborar um pôster acadêmico: Material
didático de apoio à vídeo

REFERÊNCIAS

DANTAS, Lys M. V; OLIVEIRA, Adriano A. Como elaborar um pôster acadêmico:


Material didático de apoio a vídeo-dica Pôster Acadêmico. Projeto de Extensão
UFRB. Cachoeira: UFRB, 2015.

GUSMÃO S.S.; SILVEIRA, R.L. Comunicação de trabalho científico por meio de


pôster. J Bras Neurocirurg, v.11(3): 113-116, 2000.

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Aula 31_Paper
Palavras-chave: paper; ABNT; gênero textual.

O assunto desta aula é o paper. Trata-se de um gênero textual que se


assemelha a um artigo científico de tamanho menor, sobre um determinado tema ou
resultado de um projeto de pesquisa que pode ser apresentado em congressos ou
em um encontro científico ou outra situação.

Aborda-se e estuda-se um problema, formula-se hipótese, são coletados


dados e analisados por meio de uma metodologia própria.
Assim como num artigo, num paper são utilizados gráficos, citações, anexos e
referências.

Como deve ser um paper?

Tamanho: 8 a10 laudas, contando capa e bibliografia, fonte Arial 12 e


espaçamento 1,5 entre linhas.

Seguir o padrão ABNT para citações no interior do texto.

Escolher um tema de interesse, de uma situação real cotidiana, ou de um


conteúdo midiático, ou de uma experiência vivida.

Organização do paper

Capa:

Sumário – não é preciso, mas se o texto for mais longo e se constituir de vários
itens, é aconselhável fazer o sumário.

Corpo do Texto:

- Título – condizente com a problemática e com o objetivo para aguçar o


interesse do leitor.

- Resumo: espaçamento simples entre as linhas. Mínimo de 100 palavras-( 10


linhas), num só parágrafo.

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- Palavras-chave: mínimo de 3 e o máximo de 5 palavras-chave, separadas


por; (ponto e vírgula).

- Introdução:

• abordar o cenário de sua problemática;


• apresentar o tema e o problema central;
• objetivos e justificativa do porquê de sua escolha;
- Desenvolvimento: aprofunda-se a apresentação do objeto de seu tema (a
situação observada). O autor deverá analisar os dados e refletir sobre a problemática
apresentada, de preferência de forma contextualizada. E, para argumentar,
fundamentar a análise, o texto deverá trazer algumas referências, com e sem citação
de trecho, seguindo as normas da ABNT.

- Considerações finais: é o momento de fechamento em que é retomada a


problemática central, o argumento principal do autor (crítica ou análise desenvolvida)
e conclusões ou proposições.

REFERÊNCIA

QUEIROZ, Francisco A. Dicas para se fazer resumos, fichamentos, seminários,


resenhas e papers. Feira de Santana-BA, 2014.disponível:
http://www.franciscoqueiroz.com.br/portal/phocadownload/manual%20metodologico
.pdf acesso 18-02-
2020https://www.academia.edu/15170444/Modelo_Template_do_Paper_Artigo_cie
nt%C3%ADfico_curto_-_como_fazer_passo_a_passo

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Aula 32_Artigo científico


Palavras-chave: artigo científico; estrutura; organização.

Conforme Lakatos e Marconi (2003), os artigos científicos são estudos que


tratam de uma questão verdadeiramente científica. Apresentam o resultado de
estudos ou pesquisas, mas é importante esclarecer que apresentam dimensão
reduzida. São publicados em revistas ou periódicos especializados e são a seção
principal deles.

Os artigos científicos apresentam a descrição da metodologia empregada, do


processamento utilizado e resultados obtidos.

Os resultados podem ser oriundos de uma revisão teórica, de relato de um


experimento ou de relato de uma observação direta de fenômenos percebidos
pela experiência. Em qualquer desses três tipos, o artigo científico concretiza um
impacto numa dada área de conhecimento, quando os estudos que relata ou a
discussão que desenvolve são adequados às práticas de pesquisa e de
argumentação utilizadas nessa área. Dessa maneira, o produtor do artigo pode
descrever o estudo em questão, expor e avaliar seus resultados, concluir e
argumentar diante de seus leitores.

A introdução de um artigo deve tratar do contexto, deve apresentar o tema


e o problema, também os objetivos, a justificativa, os fundamentos teóricos e
a metodologia adotada. Um bom artigo precisa ter o cuidado de demonstrar a
importância dele.

[...]o autor descreve o estudo, expõe e avalia seus resultados, conclui e


argumenta, utilizando as convenções próprias àquela área. Cada área tem
uma cultura própria que se traduz em um objeto de estudo próprio /.../. Isso
resulta em modos particulares de construir objetivos e procedimentos,
padrões para propor argumentos, maneiras de usar a linguagem /.../, de
argumentar e de refletir sobre problemas da área. (MOTTA-ROTH,
HENDGES, 2010, p. 68)

O raciocínio de um artigo é organizado do maior para o menor, ou seja, ele


parte do geral para o particular, isto é, do conhecimento já estabelecido na área
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em que o tema se insere para um novo conhecimento, agora específico. Dessa


forma, o artigo deve reafirmar o anterior ou questionar.

Estrutura do Artigo

O artigo científico tem a mesma estrutura orgânica exigida para trabalhos


científicos. Apresenta as seguintes partes:

1. PRELIMINARES;
a) Cabeçalho - título (e subtítulo) do trabalho.
b) Autor(es).
c) Credenciais do(s) autor(es).
d) Local de atividades.

2. SINOPSE (RESUMO)

3. CORPO DO ARTIGO
a) Introdução - apresentação do assunto, objetivo,
metodologia, limitações e proposição.

b) Texto - exposição, explicação e demonstração do material;


avaliação dos resultados e comparação com obras anteriores.

c) Comentários e Conclusões - dedução lógica, baseada e


fundamentada no texto, de forma resumida.

4. PARTE REFERENCIAL

a) REFERÊNCIAS.

b) Apêndices ou anexos (quando houver necessidade).

c) Agradecimentos.
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d) Data (importante para salvaguardar a responsabilidade de


quem escreve um artigo científico, em face da rápida evolução
da ciência e da tecnologia e demora de certas editoras na
publicação de trabalhos).

A divisão do Corpo do Artigo pode sofrer alterações, de acordo com o texto, e


ser subdividido em mais itens. Por exemplo:

a) Introdução.

b) Material e Método.

c) Resultados.

d) Discussão.

e) Conclusões.

Todavia, não convém que os artigos sejam muito subdivididos, para que o
leitor não perca a sequência. Quando necessário, a divisão deve obedecer a uma
ordem lógica, em que cada parte forme um todo e tenha um título adequado
(LAKATOS e MARCONI,2003, p.259-260).

Quanto à análise do conteúdo, os artigos podem ser de três tipos: argumento


teórico, artigo de análise e artigo classificatório.

Argumento Teórico

Tipo de artigo que apresenta argumentos favoráveis ou contrários a uma


opinião. Inicialmente, enfoca-se um dado argumento e depois os fatos que
possam prová-lo ou refutá-lo. O desenrolar da argumentação leva a uma tomada
de posição.

Essa forma de trabalho requer pesquisa profunda e intensa a fim de coletar


dados válidos e suficientes. É uma forma de documentação difícil, sendo
empregada, geralmente, por especialistas experientes.

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A. Roteiro

a) Exposição da teoria.

b) Fatos apresentados.

c) Síntese dos fatos.

d) Conclusão.

Artigo de análise

Nesse tipo de artigo, o autor faz análise de cada elemento constitutivo do


assunto e sua relação com o todo. "O técnico ou cientista procura descobrir e provar
a verdadeira natureza do assunto e das relações entre suas partes" (Siqueira,
1969:61).

A análise engloba: descrição, classificação e definição do assunto, tendo em


vista a estrutura, a forma, o objetivo e a finalidade do tema. Entra em detalhes e
apresenta exemplos.

Não é muito comum, na literatura moderna, encontrar-se um artigo totalmente


analítico.

A. Roteiro

a) Definição do assunto.

b) Aspectos principais e secundários.

c) As partes.

d) Relações existentes.

O resumo do artigo científico-exemplo

Inicialmente é necessário situar o leitor e justificar o tema do trabalho.


Também indicar os principais objetivos e enfatizar os aspectos abordados. Deve
informar, sucintamente, as fontes bibliográficas utilizadas. Apresentar as principais

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observações qualitativas e quantitativas quando este tipo de dado for utilizado.


Mencionar as conclusões e suas aplicações. E, por fim, os descritores, as palavras-
chave.

Para exemplificar esses elementos, é apresentado o artigo publicado na


REVISTA DO CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO / Nº 5, setembro 2017,
intitulado Geografia e Literatura: abordagens e enfoques contemporâneos de
Júlio César Suzuki.

Título e
Geografia e Literatura: abordagens e enfoques contemporâneos
autoria
Júlio César Suzuki

Situan
RESUMO
do o
contex
Análises geográficas de textos literários se iniciam no século XIX, avançam
to e o
pelo século XX, mas é, principalmente, nas últimas duas décadas que se proliferam
tema.
mais abundantemente. No Brasil, as análises se avolumam somente na última
década. Assim, propomos analisar os enfoques e as abordagens dos debates O

realizados, sobretudo por geógrafos, no estabelecimento da relação entre Geografia Objeti


vo
e Literatura, no Brasil, principalmente nos últimos dez anos. Tomaremos como
referência os eventos nacionais, bem como publicações, além de dissertações e
teses defendidas. Da primazia do uso literário como fonte de informação para a
C
compreensão da paisagem, a Geografia se apropriou da Literatura em enfoques e
Concl
abordagens dos mais diversos. Assim, a riqueza da relação estabelecida entre
usão
Geografia e Literatura se traduz em uma multiplicidade de temas, além de
apropriações das mais inusitadas do universo literário pela Geografia; ainda que haja
tanto a construir.

Palavras-chave: Geografia; Literatura; enfoques; abordagens. Descritores

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Organização da introdução do artigo científico

Leia com atenção a introdução do artigo publicado O Capitalismo no


Brasil de Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis no Caderno de Formação de
Professores Educação, Cultura e Desenvolvimento-UNESP, volume 3, 2010.

Introdução

Todos os anos os meios de comunicação publicam indicadores da


Contexto
desigualdade social no brasil, analisados por diferentes órgãos e agências
nacionais e internacionais. Esses indicadores relacionam-se a diferentes temas: a
posição do Brasil frente a outros países do mundo – e/ou da América Latina - no que Parte
diz respeito à desigualdade social; aos índices que medem desigualdade social nos do
geral
estudos econômicos; à concentração da riqueza produzida nas diferentes classes para o
partic
sociais; às oportunidades educacionais das pessoas das diferentes classes sociais; ular,
isto é,
ao acesso a serviços de saúde etc. Embora com diferentes números (podemos do
conhe
encontrar publicações que colocam o Brasil em quarto, quinto ou oitavo lugar em cimen
to já
desigualdade social no mundo ou em primeiro lugar na américa latina, por exemplo), estab
elecid
a desigualdade social no Brasil é evidente em toda e qualquer análise. Por outro o na
área
lado, um tema que vem sendo tratado pelos diferentes meios de comunicação de da
forma contraditória e até mesmo divergente, diz respeito à diminuição da Sociol
ogia.
desigualdade social nos últimos anos no Brasil, resultado do crescimento econômico
que teve um significativo momento em 2008 e que, agora, em 2010, vem sendo Problema
retomado: em algumas análises a desigualdade cresceu, em outras estabilizou e, em
outras ainda, diminuiu. Mesmo com essas divergências, o que se destaca nesta
discussão é o fato de que a desigualdade social é um dos mais graves problemas do
Brasil ainda hoje. Isso significa dizer que a discrepância de condições de vida entre
Objetivo
ricos e pobres é enorme: se por um lado temos um conjunto- pequeno-de famílias
que acumulam fortunas detendo um grande percentual da riqueza gerada no país,

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Núcleo de Ensino a Distância

temos um conjunto – muito grande – de famílias que tem uma renda tão baixa que
suas em condições de vida são muito precárias.

Embora como um problema social de grande intensidade no Brasil, a


desigualdade social também está presente em vários países do mundo.
Desigualdade social significa que a distribuição da riqueza nos países não é
igualitária, é desigual. As razões para que isso ocorra de forma tão frequente tem
J
sido tema de estudo da Sociologia, compreendido diferentemente pelas diferentes Justifi
cativa
“sociologias”. O objetivo deste texto é, portanto, contribuir para a compreensão da
organização das sociedades modernas, do sistema econômico, político e social dos
países capitalistas e a distribuição desigual de suas riquezas. Sem essa
compreensão, da organização das sociedades modernas, não podemos estudar e
refletir sobre a educação e os sistemas de ensino.

Observação: esta introdução não menciona a metodologia utilizada no


artigo.

REFERÊNCIA

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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