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METODOLOGIA

CIENTÍFICA
MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE ENSINO DA MARINHA

CURSO DE ASSESSORIA EM ESTADO-MAIOR PARA


SUBOFICIAIS
(C-ASEMSO)

METODOLOGIA CIENTÍFICA

1 – CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 3 - O TRABALHO CIENTÍFICO NA ÁREA


1.1 – Conceito DIGITAL
1.2 – Níveis de conhecimento 3.1 - Tipos de trabalho científico;
1.3 - Da breve história das ciências; e 3.2 - A escolha do tema;
1.4 - Divisão e classificação das ciências 3.3 - O projeto de pesquisa;
3.4 - A pesquisa científica e suas fontes
de informação; e
2 – MÉTODOS CIENTÍFICOS 3.5 - A estrutura do trabalho científico.
2.1 - Diversidade de métodos científicos.
2.2 - Lógica, linguagens, pensamento e realidade.
2.3 - Senso crítico. 4 - NORMAS TÉCNICAS
4.1 - Definição de normas técnicas; e
4.2 - Normas Técnicas segundo a ABNT.
APRESENTAÇÃO

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDAR O MÓDULO

UNIDADE 1 – Ciência e conhecimento


científico
UNIDADE 2 – Métodos Científicos
UNIDADE 3 – O Trabalho Científico na
Área Digital
UNIDADE 4 – Normas Técnicas

BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
OLÁ ALUNO! TUDO BEM?
Iniciaremos agora a disciplina Metodologia Científica e este módulo tem como objetivo geral proporcionar ao aluno
do C-ASEMSO, conhecimentos de Imétodos e técnicas para a busca do saber sistematizado, tendo em vista a
elaboração do Projeto de Pesquisa e a Monografia do final de curso.
A Metodologia Científica é uma disciplina construída a partir do princípio de que não existe produção do
conhecimento científico, senão através da pesquisa. Daí a necessidade de conhecermos os fundamentos e práticas
metodológicas voltadas para formação de um pesquisador de qualquer área. Ela pretende dar a você a chance de
estudar diferentes estratégias e táticas indicadas nas diferentes fases do método científico: desde problematização e
coletas de dados até a comprovação ou não das hipóteses formuladas.
Por compreender que o trabalho científico requer um critério rigoroso em todo o seu processo de elaboração, que vai
desde a escolha do tema até a redação do texto final do trabalho de conclusão de curso, reforçamos a importância
da leitura, do esquema, do resumo, da resenha, do fichamento, da compreensão dos métodos, das técnicas, das
abordagens, das normas, da elaboração do projeto – do saber fazer científico.
Cada unidade foi elaborada para atender os objetivos propostos em cada uma delas, oferecer as ferramentas
necessárias ao trabalho de pesquisa e subsídios que norteiem sua prática acadêmica na navegação pelos mares do
conhecimento.
Ao final, desejamos que todos os alunos possam identificar todos os fundamentos da construção do conhecimento e
sua correlação com a lógica da pesquisa científica, além de aplicar as normas e técnicas na construção de um
Projeto de Pesquisa.

Sendo assim, mãos a obra e sucesso na sua produção.


Comstech • Oct. 15, 2020
Bom Trabalho!
VALE LEMBRAR!!
ESTUDO A DISTÂNCIA requer disciplina, autonomia, comprometimento e
organização. Logo, o sucesso de seu aproveitamento depende de seu
compromisso e de sua dedicação para estudar.

Leia a visão geral do assunto que apresenta os objetivos específicos da


unidade, mostrando um panorama do assunto a ser desenvolvido.

Leia com atenção o conteúdo, procurando entender e fixar os conceitos e


conteúdo. Se você não entender, refaça a leitura. É muito importante que
você entenda e domine todos os conceitos.

Agora que você já se apropriou das informações e orientações necessárias


ao estudo deste módulo e já tem a bússola e todos os instrumentos
imprescindíveis para esta nova empreitada, segure firme o timão e
embarque nessa viagem…
Sucesso!
ANTES DE

CONCRETIZAR O

PROJETO,

PRECISAREMOS

ESTUDAR

ALGUNS

CONCEITOS,

VAMOS LÁ?
1
CIÊNCIA E
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
Nesta unidade discutiremos a origem do Ao final desta unidade, você deve:
conhecimento, o papel da Filosofia na
Teoria do Conhecimento e a trajetória da Identificar o conhecimento científico
Ciência na construção do Conhecimento como uma forma de apreensão da
Científico. Partimos do pressuposto de
realidade;
que o conhecimento é fruto do
desenvolvimento do homem, que
através da sua racionalidade e da busca Destacar a importância da Filosofia na
incessantemente de conhecer a Teoria do Conhecimento;
realidade indo além dela, ele será capaz
de transformá-la e se transformar.
Descrever a trajetória da Ciência na
construção do conhecimento científico;

Identificar o método científico como


processo de construção do
conhecimento.
O QUE É CONHECIMENTO
O QUE É CONHECIMENTO?
O conhecimento é a capacidade ou faculdade de conhecer, de descobrir, de formar, reunir e
organizar informações a respeito do mundo, da vida, dos acontecimentos, da realidade.
Provém do latim cognitio, co-gnoscere que significa “nascer-junto”, como ato de descoberta
do mundo e de si mesmo. O homem, por sua capacidade racional, diferentemente dos
animais, não vive sem conhecimento, e essa natureza, permite-lhe permanentemente
descobrir o mundo e a si mesmo. Enquanto sujeito do conhecimento, o homem apreende a
realidade em sua consciência, que lhe permite elaborá-la em forma de representações que
ao longo de seu desenvolvimento, vão tomando contornos cada vez mais elaborados e fiéis
à realidade; tal busca também permite que ele crie e aperfeiçoe meios para obter novos
conhecimentos.
Portanto, o conhecimento é fruto do desenvolvimento do homem, que através da sua
racionalidade, busca incessantemente de conhecer a realidade, indo além dela,
transformando-a e transformando a si mesmo.
Quando buscamos a origem do conhecimento, observamos que na Grécia antiga, os
primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, ao buscar respostas para a existência da
natureza do homem, das coisas em geral, indagavam-se: Qual a origem da Natureza? Por
que ela se transforma? Como as coisas existem? O que é o Ser? Qual a origem e a ordem
do mundo? Todas essas questões centralizam a busca do conhecimento em torno do Ser,
de uma ontologia – o conhecimento da origem do Ser. É o encantamento, a indagação e a
curiosidade do homem que dá início ao processo do conhecimento que, gradativamente,
torna-se um saber organizado e metódico denominado de Ciência, distanciando-se do senso
comum ou conhecimento popular, do conhecimento religioso ou teológico e do conhecimento
filosófico. Para que haja uma distinção mais clara entre a Ciência e esses tipos de
conhecimento, é necessário compreender cada um deles com suas características como
veremos a seguir.
OS NÍVEIS DE CONHECIMENTO
Vimos até agora que o conhecimento está relacionado à racionalidade. Isto significa
que o homem desde a sua origem, busca conhecimento. Desde a antiguidade, povos
das mais diversas origens – egípcios, romanos, gregos, hebreus, indianos,
muçulmanos, fenícios e outros – preocuparam-se em desenvolver conhecimentos que
dessem explicação aos fenômenos da realidade em geral, possibilitando ao longo da
história da humanidade, o desenvolvimento de tipos diferenciados de explicações
acerca do mundo, bem como dos instrumentos e meios de produção que ampliam a
possibilidade de conhecer mais. Por isso, o modo como o homem apreende a realidade
caracteriza o tipo de conhecimento que ele produz.
Conhecimento Popular ou
Empírico

TAMBÉM CHAMADO DE PODE SER VERIFICADO;


SENSO COMUM;

É SUBJETIVO, POIS O
É ADQUIRIDO PELA PRÓPRIO SUJEITO
APRENDIZAGEM ORGANIZA SUAS
INFORMAL OU EXPERIÊNCIAS,
EXPERIÊNCIA DO DESCONHECE O RIGOR
COTIDIANO, POR MEIO DO DOS MÉTODOS E
CONTATO DIRETO COM A DESENVOLVE-SE POR
REALIDADE; MEIO DOS SENTIDOS;
O senso comum ou conhecimento popular é um tipo de conhecimento decorrente das
experiências acumuladas pelo homem no seu dia a dia, no seu meio, por isso muito
difundido em seu contexto. Daí dizer-se que cada meio popular possui o seu senso comum
de acordo com o seu tempo. No senso comum as ideias são construídas de modo imediato.
Nele, as ideias estão dispersas e são obtidas a partir das observações, experiências,
sensações, vivências, juízos de valores que comprometem a forma de apreensão da
realidade. Desse modo, a explicação de um determinado fato ou fenômeno através do
senso comum, fica comprometida na medida em que esses elementos embotam a
percepção do fenômeno ou fato, não sendo possível percebê-lo de forma clara, objetiva e
transparente.
Conhecimento Teológico ou
Religioso
NÃO É PRECISO VER
BASEIA-SE NA FÉ E NA PARA CRER; ACREDITA-
CRENÇA DE QUE EXISTE SE MESMO QUE AS
ALGO SUPERIOR AO EVIDÊNCIAS SEJAM
HUMANO; CONTRA O
FENÔMENO/DOGMA;

PROVÉM DO OCULTO, DO
TEM SUAS VERDADES
MISTÉRIO, POR ALGO QUE
REGISTRADAS OU
É INTERPRETADO COMO
SISTEMATIZADAS EM
MANIFESTAÇÃO DA
LIVROS SAGRADOS.
DIVINDADE;
O conhecimento teológico ou religioso também é uma forma de compreender a realidade
do homem, da natureza e do Universo. Nele, a explicação dos fatos e fenômenos, decorre
da revelação divina e não pode prescindir da fé, por isso as verdades produzidas são
exatas e absolutas. Muito embora se fundamente na fé, no sobrenatural, o conhecimento
teológico ou religioso possui sistematicidade, visto que as explicações acerca da origem do
homem e do mundo encontram-se num sistema lógico de ideias, apoiado em doutrinas
escritas por revelação sobrenatural. Aqui, a verdade não é questionada, mas aceita pela fé.
O conhecimento religioso derivou-se do conhecimento mítico, sendo o mais antigo depois
do senso comum.
Conhecimento Filosófico
FILOSOFIA É A “CIÊNCIA-MÃE”,
DA QUAL FORAM, POUCO A HÁ COMPLETA LIBERDADE DE
POUCO, SENDO GERADAS PENSAMENTO – O QUE O
OUTRAS FORMAS DE PENSAR, FILÓSOFO DIZ É VERDADE
CONHECIMENTOS E MÉTODOS ABSOLUTA E NÃO PODE SER
QUE MAIS TARDE SE REJEITADO;
TORNARIAM INDEPENDENTES E
QUE HOJE SÃO CONSIDERADOS
COMO CIÊNCIA;

ORIGINA-SE DA REFLEXÃO DO DESAFIA A PREMISSA DE QUE O


HOMEM – SEU ÚNICO CONHECIMENTO TORNA-SE
INSTRUMENTO É O ULTRAPASSADO COM O
RACIOCÍNIO; TEMPO.
Etimologicamente, Filosofia significa amigo da sabedoria, ou ainda, amor à sabedoria. Amar
o saber, para os filósofos gregos, significava ter uma atitude interrogativa e investigativa
diante do mundo. Em geral, as pessoas têm um entendimento equivocado da Filosofia
como um estudo separado da realidade. No entanto, se observarmos o cotidiano da
humanidade, veremos que todo homem é um filósofo. Quando o homem tenta compreender
o mundo, a sua origem, sua realidade, suas atitudes, as ações sociais e outras questões
pertinentes as suas inquietações, ele está tendo uma atitude filosófica. Logo, ter uma
atitude interrogativa e reflexiva diante do mundo é ser filósofo. Se todos os homens são
filósofos, alguns limites e características devem demarcar a origem de uma “filosofia
espontânea” que está contida: na própria linguagem; no senso comum e no bom senso; na
religião popular e em todo sistema de crenças, opiniões, modo de ver e de agir. Por isso,
para o autor, há uma diferença entre dois tipos de filósofos. O primeiro, enquadra-se nesses
limites e características. O segundo, é aquele que supera esses limites e características,
apresentando-se diante do mundo “inicialmente, em uma atitude polêmica e crítica como
superação da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente”.
Conhecimento Científico
A CIÊNCIA É UM PROCESSO EM
CONSTRUÇÃO; A CIÊNCIA NÃO
É CONSIDERADA COMO ALGO É GUIADO POR UMA MENTE
PRONTO, ACABADO OU CRÍTICA, OBJETIVA E
DEFINITIVO. E, POR SER ALGO RACIONAL.
DINÂMICO, BUSCA RENOVAR-
SE E REAVALIAR-SE
CONTINUAMENTE.

A OBJETIVIDADE É A CONDIÇÃO
É UMA BUSCA CONSTANTE DE
BÁSICA DA CIÊNCIA, NÃO
EXPLICAÇÕES E SOLUÇÕES, DE
CORRESPONDE AO QUE O
REVISÃO E REAVALIAÇÃO DE
CIENTISTA IMAGINA OU
SEUS RESULTADOS E TEM A
PENSA, MAS AQUILO QUE
CONSCIÊNCIA CLARA DE SUA
REALMENTE É – NÃO É
FALHA E DE SEUS LIMITES.
LITERATURA OU FICÇÃO.
Toda a trajetória do conhecimento filosófico, desde os filósofos da antiguidade até os
modernos, houve a preocupação de elaborar um conhecimento destituído de opinião,
sentimentos, valores pessoais como forma de afastar os erros na produção do conhecimento
acerca da realidade e do mundo. Assim é que o conhecimento científico se apresenta como
necessidade de o homem ultrapassar a experiência sensível adquirida pela sua vivência, negar
a possibilidade da explicação divina e ir além do campo hipotético acerca da explicação dos
fenômenos. Avançar para além do senso comum, da religião e da filosofia de forma
sistemática, metódica e crítica a fim de compreender, explicar e dominar o mundo, é o objetivo
da ciência. Vimos que a preocupação em afastar o erro na produção do conhecimento já era
manifesta nos filósofos modernos.
A busca de princípios explicativos e de visão unitária da realidade torna-se uma necessidade
do homem na modernidade. A percepção da realidade a partir de critérios e princípios
explicativos a fim de compreender a relação entre fatos e fenômenos, diferencia o
conhecimento científico dos demais tipos de conhecimento. Por isso, o conhecimento científico
se apresenta sob a forma de enunciados que explicam as formas e condições de ocorrência
dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema, tornando clara e compreensiva a
cadeia de relações omitida pela aparência sensível desses fatos e fenômenos.
Trata-se aqui, da construção de uma filosofia da práxis, ou seja, de uma filosofia
revolucionária capaz de compreender o movimento da História e do mundo cultural
existente. Chauí (2000: 19) define Filosofia como “a decisão de não aceitar como óbvias e
evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de
nossa existência cotidiana: jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e
compreendido”.
Daí depreende-se que o conhecimento filosófico surgiu como necessidade de separar o
pensamento mítico e religioso por explicações decorrentes da razão intelectual pura. Na
modernidade, a partir de René Descartes, John Locke e David Hume, a certeza se torna
medida determinante da verdade e a Filosofia torna-se a teoria do conhecimento, o saber
que determina a certeza do conhecimento verdadeiro.
Há no conhecimento científico dois ideais a serem atingidos: o da racionalidade com vistas
a atingir uma sistematização coerente e lógica entre os enunciados ou entre teorias e leis; e
o da objetividade, pois pretende que as teorias científicas (modelos teóricos representativos
da realidade), sejam construções conceituais que expressem, com fidelidade, o mundo real,
sujeitas a experimentos para serem comprovadas e aceitas pela comunidade científica.
A produção do conhecimento científico ocorre através da pesquisa científica, iniciada
quando o cientista percebe que os conhecimentos existentes a partir do senso comum, da
religião e da filosofia não conseguem explicar os problemas e os questionamentos
existentes acerca dos fatos e fenômenos.
A partir do momento em que o homem percebe que os conhecimentos existentes não
explicam e não respondem, de forma consistente e justificável, as dúvidas e questões
levantadas, quer dizer que todas as vezes que o homem da ciência depara-se diante de
uma questão que não pode ser explicada pelos conhecimentos existentes em função da
sua inadequação ou insuficiência, há necessidade de pesquisa científica a fim de se obter
resposta com segurança e confiabilidade. Existem, portanto, quatro condições básicas para
a pesquisa científica:
O RECONHECIMENTO A POSSIBILIDADE DE
A EXISTÊNCIA DE A NECESSIDADE DE
DA INSUFICIÊNCIA OU OFERECER PROVAS
UMA DÚVIDA, DE CONSTRUÇÃO DE
INADEQUAÇÃO DO DE CONFIABILIDADE
UMA QUESTÃO UMA RESPOSTA A
CONHECIMENTO JÁ E SEGURANÇA QUE
SEM RESPOSTA; ESSA DÚVIDA ; E
EXISTENTE PARA DE EM CRÉDITO À
RESPONDER À RESPOSTA QUE
DÚVIDA; SERÁ PRODUZIDA.
O ponto de partida do pesquisador é a dúvida, a
existência de uma questão sem resposta que EXISTÊNCIA DA DÚVIDA
sugere a formulação de uma pergunta – o
problema a ser investigado. Reconhecer que o RECONHECIMENTO OU
conhecimento existente (teorias, diagnósticos,
INSUFICIÊNCIA DO
dados) sobre determinado fato ou fenômeno é
CONHECIMENTO
insuficiente para a dúvida existente, leva o
pesquisador à construção de hipóteses que o
EXISTENTE
conduzam à busca de comprovação de novos
resultados que podem decorrer da comprovação NECESSIDADE DA
ou negação de suas hipóteses. Por isso, a RESPOSTA (HIPÓTESE)
pesquisa científica é estimulada a criar bases
mais sólidas para tudo aquilo que é
POSSIBILIDADE DE
considerado conhecimento científico, testando
regularmente as hipóteses de forma criteriosa e COMPROVAÇÃO
rigorosa. Vejamos então de forma esquemática
essas quatro condições: NOVO CONHECIMENTO
Há, na ciência, uma necessidade de confrontar a teoria com a realidade (fatos e
fenômenos) como meio de justificar a aceitabilidade de uma determinada teoria. Porém, tal
confronto não garante a possibilidade de erro da teoria. Mesmo que existam fatos, provas e
dados que comprovem a existência de um determinado fenômeno, é possível que existam
erros de interpretação. Nesse sentido, é necessário que a comunidade científica ajuíze de
forma consensual, métodos e resultados obtidos acerca das pesquisas realizadas. Há,
portanto, um critério intersubjetivo entre cientistas de modo a eliminar a opinião ou
sentimentos de certeza por parte de um cientista acerca dos resultados obtidos pela
pesquisa científica.
Mesmo diante desses critérios adotados na ciência, não se pode afirmar que as verdades
produzidas pela ciência sejam absolutas, mas relativas. O conhecimento científico constitui-
se como falível visto que suas verdades não são definitivas. A própria dinâmica da
realidade impõe a flexibilidade nas verdades produzidas pela ciência, tornando-a um
conhecimento aproximadamente exato.
A racionalidade da ciência implica na exigência de métodos e na constituição de um sistema
conceitual bem articulado, com hipóteses e definições. A certeza ou sua provável certeza
decorre do fato de não se poder atribuir à ciência uma certeza indiscutível do saber
produzido. É metódica, pois se obtém a partir de regras lógicas e procedimentos técnicos
que se constituem no método. É sistemática, pois as ideias que explicam um fato ou um
fenômeno estão constituídas em uma ordem lógica formando um sistema (conceitos e
categorias) que formam uma teoria. É verificável, pois os fatos e fenômenos são submetidos
à comprovação e à verificação, através dos métodos. Finalmente, faz referência a objetos de
uma mesma natureza, pois pertencem a uma mesma realidade, guardando entre si
elementos ou características homogêneos.
Podemos, portanto, resumir a tradicional visão dos tipos de conhecimentos da maneira
apresentada na figura abaixo, segundo Mattar (2017).
2 MÉTODOS
CIENTÍFCOS
Nesta unidade identificaremos os Ao final desta unidade, você deve:
procedimentos que produzem o
conhecimento científico, quer um
novo conhecimento, quer uma Identificar os métodos científicos;
correção (evolução) ou um aumento
na área de incidência de
Identificar a linguagem, pensamento e
conhecimentos anteriormente
realidade no trabalho cintífico;
existentes.
E que o senso comum parte de um
Identificar a diferença entre Senso
conhecimento particular, que muitas
comum e Senso crítico.
vezes não pode ser validado se
relacionado com outras pessoas, e
estão vinculadas ao ponto de vista
individual.
MÉTODOS CIENTÍFICOS
MÉTODOS CIENTÍFICOS
Podemos considerar como método científico o conjunto de passos que possibilita alcançar
um determinado objetivo. Esse conjunto de passos determina um caminho ao qual o
pesquisador terá segurança na investigação, característica importante para que se tenha
bons resultados. Esse conjunto de passos é importante também para que o pesquisador
consiga repetir e chegar nos mesmos resultados.
Podemos dizer que métodos e técnicas são coisas diferentes. Alguns autores defendem
que a técnica é responsável por informar a maneira de fazer uma atividade. Desta forma,
podemos dizer que a técnica é responsável por informar como fazer, enquanto que
o método estabelece o que fazer. A forma de aplicação do método é a técnica.

Os métodos mais comuns que fornecem as bases lógicas ao conhecimento científico


são: método indutivo, método dedutivo e método dialético.
Método Indutivo
Quando definimos uma lei geral ou afirmamos algum princípio geral a partir de
observações feitas de um determinado fenômeno, assim como, a identificação de
repetições nessas observações. É baseado no fato de que se um fenômeno se repete
em futuras observações ele ocorrerá novamente.
A lógica do pensamento indutivo é que a partir de casos particulares registrados e
enumerados, podemos concluir algo.

Método Dedutivo
É o método que utiliza o raciocínio lógico para chegar a conclusões mais
particulares/específicas a partir de princípios e preposições gerais. Consiste na
extração de uma verdade particular a partir de uma verdade geral na qual ela está
implícita.
Método dialético
O Método Dialético é uma forma de discurso entre duas ou mais pessoas que possuem
diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto, mas que pretendem estabelecer a
verdade através de argumentos fundamentados e não simplesmente vencer um debate
ou persuadir o opositor. O propósito do método dialético é resolver os desacordos
através de discussões racionais, e, em ultima análise, a busca pela verdade.
SENSO COMUM E SENSO CRÍTICO
SENSO CRÍTICO É O
SENSO COMUM SÃO IDEIAS PRINCIPAL FUNDAMENTO
QUE SE DESENVOLVEM EM DA FILOSOFIA E SIGNIFICA
UMA SOCIEDADE E FAZ CAPACIDADE DE
PARTE DA HERANÇA QUESTIONAR E ANALISAR
CULTURAL DE CADA POVO. DE FORMA RACIONAL E
OBJETIVA.
3
O TRABALHO
CIENTÍFICO NA
ÁREA DIGITAL
Nesta unidade, trataremos Ao final desta unidade, você deve:
da pesquisa, identificando
finalidade e níveis, as
abordagens quantitativa e
Conceituar pesquisa, identificando sua
qualitativa e os tipos de
pesquisa, com seus critérios classificação e finalidade;
e procedimentos, bem como
os tipos de técnicas de
coleta de dados adequados Identificar as etapas da elaboração do
na operação da trabalho de pesquisa;
investigação.

Identificar as diferentes técnicas e métodos


de construção do conhecimento científico.
TIPOS DE PESQUISA
PESQUISA:

FINALIDADE E

NÍVEIS
PESQUISA: FINALIDADE E NÍVEIS
Você já sabe que o conhecimento científico é essencial para que o
homem entenda a realidade e a transforme. Mas como obter o
conhecimento científico?
A forma específica utilizada pela ciência para isso é a pesquisa.
Então, o que é pesquisa?
PESQUISA é a atividade intelectual, intencional, que busca responder às necessidades humanas e, assim
fazendo, contribui para o progresso da ciência, que é um processo e é por esse motivo que a ciência é
considerada falível e aproximadamente exata.
Segundo (GIL, 1994, p.43). Pesquisa é um “Processo formal e sistemático de desenvolvimento do método
científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos”.
A partir de tais conceitos, podemos observar que a pesquisa é o ponto de partida para a busca do conhecimento.
Para iniciar um processo de pesquisa é necessário:
Um questionamento frente a realidade do mundo;
Um caminho que misture a teoria e prática em direção ao que se propõe a conhecer;
O emprego de procedimentos científicos de modo formal e sistemático na busca de respostas para possíveis
problemas.
VEREMOS COMO REALIZAR UMA
INVESTIGAÇÃO USANDO OS
DIVERSOS TIPOS DE PESQUISA
DE ACORDO COM O OBJETO A
SER INVESTIGADO.
NA TENTATIVA DE COMPREENDER
A REALIDADE EM SEUS
MÚLTIPLOS ASPECTOS, E
ATINGIR OS OBJETIVOS,
DESENVOLVERAM-SE
DIFERENTES FORMAS DE
CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA.
SEGUNDO GIL (1996), UMA
CLASSIFICAÇÃO MAIS AMPLA
PODE CLASSIFICAR A PESQUISA
QUANTO À FINALIDADE E
QUANTO AO NÍVEL.
QUANTO À FINALIDADE
Pesquisa pura: Este tipo de pesquisa desenvolve-se quando o pesquisador não encontra
respostas nas teorias existentes; estabelece um paralelo entre uma observação idealizada e
uma teoria, não possibilitam a interpretação do fenômeno que ele investiga. Nesse sentido,
a finalidade da pesquisa que ele desenvolve deve produzir novos conhecimentos (leis,
conceitos, categorias) que lhe possibilite interpretar o fenômeno investigado de forma mais
precisa; afinal, o objetivo da ciência é aproximar-se da verdade. A pesquisa pura busca o
progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação
direta com suas aplicações e consequências práticas.
Pesquisa aplicada: Este tipo de pesquisa, ao contrário da pesquisa pura, tem a finalidade
de obter resultados práticos imediatos a partir da aplicação das teorias existentes e seus
conceitos, a fim de apresentar resultados práticos a partir daquela teoria. Por isso, a
pesquisa aplicada tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização
e consequências práticas dos conhecimentos. De modo geral é este tipo de pesquisa usada
por pesquisadores sociais.
QUANTO AO NÍVEL
Pesquisas exploratórias: quando o pesquisador, no processo de investigação, encontra
dificuldades acerca da compreensão de determinados conceitos e ideias sobre a explicação de
determinado fenômeno, ele faz um levantamento bibliográfico e documental, realiza entrevistas
não padronizadas com informantes que possam esclarecer melhor o fenômeno e, se
necessário, realiza um estudo de caso. Esse percurso pode fornecer-lhe novas ideias e, desse
modo, o problema e as hipóteses serão mais bem formulados.
Pesquisas descritivas: quando o pesquisador pretende fundamentalmente descrever as
características do fenômeno investigado (o perfil de determinado grupo social, a estrutura
informacional de uma empresa, por exemplo) ou ainda, ele pretende descrever a influência de
uma variável sobre outra, a pesquisa tem a característica da pesquisa descritiva.
Pesquisas explicativas: no processo de investigação, nem sempre o fenômeno se revela de
forma clara ou imediata, pois determinados fatores que podem influenciar o fenômeno ficam
impercetíveis. Nesse sentido, a pesquisa explicativa “tem como preocupação central identificar
os fatores que determinam ou que contribuem para ocorrência dos fenômenos. Explica a razão
e o porquê das coisas.
ABORDAGEM QUALITATIVA
As origens da pesquisa qualitativa datam do século XIX, quando as características da vida
cotidiana nos Estados Unidos estiveram no centro dos interesses de pesquisadores que
pretendiam mudanças sociais a partir do levantamento de indicadores dos problemas sociais
da época, de modo que suas pesquisas desencadeassem ações que trouxessem alívio ao
sofrimento humano, ocasionado pelo impacto da imigração e da urbanização.
Apesar disto, segundo os autores, nos anos 30 e 40, a ênfase dos estudos ainda recaía na
abordagem quantitativa, na medida em que os procedimentos de coleta de dados da
pesquisa qualitativa iam sendo aperfeiçoados. Com o objetivo de documentar a extensão
dos problemas sociais, pesquisadores, inclusive aqueles ligados ao governo, realizaram
pesquisas com base na abordagem qualitativa. Foi assim que trabalhadores negros e
brancos, ex-escravos, sindicalistas, mulheres estudantes universitárias, professoras e a
escola emergiram com a densidade que carrega a sua existência. É neste período que a
entrevista passa a ser uma técnica central na pesquisa qualitativa.
LEMBRE-SE: AS
PESQUISAS
QUALITATIVAS SÃO
USADAS QUANDO SE
BUSCA PERCEPÇÕES E
ENTENDIMENTOS SOBRE A
NATUREZA GERAL DE UMA
QUESTÃO, ABRINDO
ESPAÇO PARA A
INTERPRETAÇÃO.
TIPOS
DE
PESQUISA
Até agora vimos que a pesquisa, como atividade básica da ciência, envolve um conjunto de
critérios e procedimentos adequados considerando os múltiplos aspectos da realidade.
Para tanto, diferentes tipos de pesquisas são desenvolvidos levando em consideração:
aspectos ou possibilidades, procedimentos de coleta de dados e fontes de informação, que
origina uma classificação ou tipologias diferenciadas. Tais tipologias surgiram para auxiliar
o investigador a desenvolver suas atividades de pesquisa, e que os procedimentos
indicados a seguir devem ser considerados como técnicas auxiliares que podem ser
utilizadas nas abordagens quantitativas e qualitativas, desde que contextualizadas.
Vamos conhecer, a seguir, os tipos de pesquisa mais frequentemente utilizados, tomando
como referência o procedimento metodológico utilizado pelos pesquisadores.
PESQUISA EXPERIMENTAL
A pesquisa experimental se caracteriza por exigir uma exata formulação do seu objeto de
estudo, selecionar variáveis e escolher os instrumentos de coleta de dados. Escolhe-se
do universo uma amostragem. Os resultados obtidos serão considerados válidos para a
amostra e, por indução, válidos também para todo o universo.
A pesquisa experimental pressupõe como elementos fundamentais de sua investigação
a verificabilidade e a quantificação dos resultados. Os termos pesquisa de laboratório e
pesquisa de campo servem para designar o local onde será desenvolvido o controle de
variáveis, tendo como referência a produção teórica de cada área. Assim, pesquisa de
laboratório exige instrumental específico e ambiente adequado para se analisar e
comprovar hipóteses pela experimentação e pelo controle de variáveis”, enquanto que a
pesquisa de campo “tem as mesmas exigências no âmbito da ciência, não envolvendo a
experimentação propriamente dita.
Por outro lado, devemos observar que apesar da pesquisa experimental ser amplamente
utilizada pelas ciências físicas e naturais, ela não é indispensável à ciência, pois ciências
como a geologia e astronomia não têm como atuar sobre os objetos da observação.
Em se tratando das ciências humanas e sociais, submeter os objetos de pesquisa a
experimentação torna-se ainda mais difícil, tendo em vista que analisam fenômenos
coletivos, e ainda porque devemos considerar aspectos éticos e técnicos, que
impossibilitam “submeter o próprio homem à experimentação no sentido estrito”.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica parte do princípio que as apreensões, críticas, interpretações,
raciocínios e conclusões acerca de uma dada realidade são registradas e sistematizadas
geralmente na forma de relatórios, artigos e textos, publicadas em livros, periódicos, revistas
científicas ou outras formas de divulgação dos resultados da pesquisa. Tem como objetivo
“conhecer, recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições históricas já existentes
sobre determinado assunto”. A pesquisa bibliográfica pode ser uma parte de uma investigação
ou ser a própria pesquisa.
Quando faz parte de uma investigação, a mesma constitui-se de uma parte importante do
trabalho uma vez que demonstra a produção de conhecimento sobre o objeto investigado e
delimita segmentos ou possibilidades de investigação não realizadas. Neste momento é
chamada de revisão bibliográfica.
Entretanto, Gil (1989, p.73) afirma que uma pesquisa pode ser exclusivamente feita a partir de
fontes bibliográficas, ou seja, “da contribuição dos diversos autores sobre determinado
assunto”, afirmando que grande parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como
pesquisa bibliográfica.
LEMBRE-SE: QUANDO A
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
FAZ PARTE DE UMA
INVESTIGAÇÃO É
CHAMADA DE REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA.
PESQUISA DOCUMENTAL
A pesquisa documental se caracteriza por utilizar documentos contemporâneos ou
antigos, autênticos, ou seja, sua origem garante que não são fraudados. documento é “toda
base de conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser utilizado para consulta,
estudo ou prova e; tomando sua origem latina, documentum seria, “aquilo que ensina ou
serve de exemplo ou prova. Os dados coletados são fundamentalmente aqueles que ainda
“não receberam organização, tratamento analítico e publicação.
Os documentos podem ser classificados como fontes primárias ou secundárias, o que
significa caracterizá-los segundo o tratamento que também têm sido considerados como
“documentos” registros que não estão organizados na forma de textos escritos como fotos,
filmes e audiovisuais.

FONT E S SECUNDÁ RIAS SÃO AQUELA S Q U E F O R A M


SIST E M A TIZADAS E ELABORADAS P O R I N S T I T U I Ç Õ E S
RECO N H E CIDAS E CONFIÁVEIS.
ETAPAS DA COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Seleção das fontes: a escolha dos documentos não é aleatória, ou seja, há idéias, propósitos,
intenções que dirigem a sua seleção.
Análise dos dados: depois que os documentos são selecionados, o pesquisador deve dar início
à análise dos dados, que em geral é feita utilizando-se da metodologia da análise de conteúdo.
Esta proposta de tratamento dos dados possibilita abordar o conteúdo de diferentes maneiras e
ângulos, propondo unidades de análise que variam desde as temáticas, ou a contagem de
palavras ou expressões, possibilitando ainda o uso de diferentes enfoques a serem trabalhados;
um pesquisador pode escolher os políticos; outro o da comunicação; outro o psicológico; outro, o
filosófico e assim por diante. Há dois tipos de unidade: unidade de registro e a unidade de
contexto.
Unidade de registro: são segmentos específicos, como por exemplo, uma palavra, expressão,
personagem, frase, que são recorrentes no texto.
Unidade de contexto: o pesquisador explora mais o contexto em que uma determinada unidade
ocorre e não apenas sua frequência. Portanto, o tipo de unidade escolhida atinge diretamente o
conteúdo final da pesquisa.
Registro dos dados coletados: também há muitas variações para o registro, que podem ser
anotações no próprio material, ou a construção de esquemas próprios como quadros, diagramas e
outras que forem convenientes ao pesquisador e que o auxilie na visualização das informações
presentes no material coletado.
Categorização: após organizar os dados, o pesquisador já poderá estabelecer categorias. Não
existem normas fixas para o estabelecimento de categorias. Elas surgem do material coletado e do
quadro teórico que o pesquisador dispõe. Com o conjunto de categorias estabelecido, o
pesquisador deve aprofundar, ampliar seu conhecimento descobrindo novas possibilidades e
ampliando sua visão.
Conclusão: o pesquisador deve realizar uma nova avaliação das categorias quanto a sua
abrangência e delimitação, para então, chegando a conclusão de que as fontes já respondem ao
objetivo do trabalho, finalizar o estudo.
LEMBRE-SE: FONTES
PRIMÁRIAS SÃO OS
PRÓPRIOS DOCUMENTOS;
FONTES SECUNDÁRIAS
SÃO AQUELAS QUE FORAM
SISTEMATIZADAS E
ELABORADAS POR
INSTITUIÇÕES
RECONHECIDAS E
CONFIÁVEIS.
PESQUISA PARTICIPANTE
A pesquisa participante é assim denominada, porque todos os integrantes do processo
participam das diferentes fases da pesquisa, desde a delimitação do problema a ser
investigado até o retorno dos dados investigados. Ela também é denominada por alguns
autores de pesquisa- ação. Tal nomenclatura decorre da influência americana; o termo
pesquisa participante é de origem francesa e adotada pelos pesquisadores latino-
americanos.
O objetivo da pesquisa participante é “a conscientização do grupo para uma ação conjunta
em busca da emancipação” e devemos ressaltar que há um sentido claro neste tipo de
pesquisa, ou seja, o de partir de um problema definido pelo grupo, usar instrumentos e
técnicas de pesquisa para conhecer esse problema e delinear um plano de ação que traga
algum benefício para o grupo. Além disso, há uma preocupação em proporcionar a essas
classes sociais um aprendizado de pesquisa da própria realidade para conhecê-la melhor e,
conhecendo-a, poder atuar eficazmente sobre ela, transformando-a.
A pesquisa participante, segundo “envolve um processo de investigação, de educação e de
ação” uma vez que o conhecimento da realidade, leva a construção de uma proposta de
intervenção nessa realidade, executada pelos próprios envolvidos no processo, buscando
sempre incentivar o desenvolvimento autônomo e a superação dos problemas identificados
no processo de pesquisa. Pode-se dizer que é uma atividade de investigação em educação
voltada para a ação, pois a ideia de participação envolve a “presença ativa dos
pesquisadores e de certa população em um projeto comum de investigação que é ao
mesmo tempo um processo educativo, produzido dentro da ação considera três aspectos
importantes na pesquisa participante:

Elaboração do saber orgânico de classe (relação sujeito/objeto de pesquisa) é


garantida pelas possibilidades de participação direta de diferentes sujeitos e
grupos populares;

Possibilidade de determinar a utilização do saber produzido;

Aproximação entre o conhecimento científico e o popular.


Os elementos mais importantes da pesquisa
participante são:

REALIZAÇÃO ATUAÇÃO OPÇÃO OBJETIVA A


CONJUNTA DA CONCOMITANTE IDEOLÓGICA TRANSFORMAÇÃ
INVESTIGAÇÃO E ENTRE FAVORÁVEL AOS O SOCIAL OU A
DA AÇÃO; INVESTIGADOR E DESFAVORECIDOS MUDANÇA DA
INVESTIGADO; (OPRIMIDOS); SITUAÇÃO
OBJETIVA
A PESQUISA SÓCIO-HISTÓRICA
A pesquisa sócio-histórica surge como oposição à história tradicional, positivista, no
paradigma tradicional, a história diz respeito essencialmente à política, é objetiva, uma
narrativa de acontecimentos, centrada nos grandes feitos, nos heróis, e está baseada em
documentos oficiais. O interesse voltou-se para toda a atividade humana, questionou a
neutralidade inserindo a perspectiva da relatividade cultural, revelando opiniões de pessoas
comuns e suas experiências de mudança cultural e considerou como evidências históricas
os dados visuais, registros icnográficos, orais, dados populacionais, entre outros.
A compreensão científica da existência do homem em sociedade exigiu uma aproximação
entre a sociologia e a história. Os debates travados entre os pesquisadores revelavam
diferentes questões teóricas e objetos/temas de cada uma, e resguardadas as identidades,
apontaram para uma aproximação entre as duas áreas.
Novos pressupostos foram lançados por essa forma de interpretação, entre eles, a
compreensão de que não existe um tempo único, linear e homogeneamente construído, mas
sim vários tempos, várias histórias, em movimento, em transformação, e ainda que, entre o
passado e o presente há uma relação inconclusa, de forma que o passado possa ser
entendido a partir do presente e o presente possa ser entendido a partir do passado.
LEMBRE-SE: PESQUISA
SÓCIO-HISTÓRICA
APREENDE “ MODOS DE
VIDA PASSADOS E
REPRESENTAÇÕES SOBRE
VIVÊNCIAS DE GRUPOS
SOBRE OS QUAIS AINDA
MUITO POUCO SE
PESQUISOU”.
ESTUDO DE CASO
O estudo de caso é um tipo de pesquisa que consiste na observação detalhada de um
contexto de um indivíduo de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento
específico.
Em sua maioria este tipo de estudo é descritivo e a coleta de dados consiste na utilização da
técnica de observação participante, entrevistas, centrando-se numa organização particular,
como a empresa, o quartel, a escola, a universidade, a invasão ou em algum aspecto
particular desses fenômenos, sendo que comumente estes estudos centram-se: 1) em um
local específico da organização; 2) em um grupo específico de pessoas; 3) em qualquer
atividade da organização. O pesquisador deve ter o cuidado e a sensibilidade necessários
para, ao entrar em contato com a realidade, deixar que o foco saia do próprio contexto, uma
vez que a dinâmica da realidade pode alterar ou apagar aquilo que o pesquisador procurava
Quando os pesquisadores estudam dois ou mais assuntos, ou ambientes ou bases, realizam
estudos de caso múltiplos, e quando estudam dois ou mais casos com a finalidade de
comparar e contrastar os dados fazem estudos de caso comparativos.
Há diversas formas de estudo de caso, dentre eles os autores destacam a História de Vida e
afirmam que quando a mesma é feita por historiadores denomina- se tradição oral. Nesta
forma não há uma “escolha” antecipada do “tipo” de pessoa que será entrevistada; ao
contrário, o pesquisador conhece alguém que o impressiona, que tem uma certa
singularidade e, a partir disto, propõe-na como objeto de estudo. Estas pessoas podem ser
famosas e com elas os investigadores pretendem obter detalhes da vida pública através de
alguém que as vivenciou de perto; ou podem ser pessoas comuns, e com eles suas
intenções são relativas ao modo como o cidadão comum vê/percebe a história. As
entrevistas realizadas com essas pessoas podem abarcar a vida inteira do sujeito
investigado, outras se referirem a um período específico de sua vida, ou sobre um aspecto
particular de sua vida.
Para os autores, uma das dificuldades do estudo de caso é a mudança da realidade, que
ocorre permanentemente, levando o pesquisador a redefinir seu objetivo e continuar o
estudo. Apesar de ter como princípio da pesquisa a flexibilidade, o pesquisador deve
estabelecer o final da pesquisa, sob pena de coletar tantos dados que inviabilizem a sua
análise, ou de não conseguir terminá-la por estar sempre alterando seus objetivos.
Apresentam as características do estudo de caso:

Visa a descoberta: O conhecimento não é algo acabado, é um processo de construção e


desconstrução permanente.
Enfatiza a interpretação em contexto: É necessário levar em conta o contexto no qual o objeto
se situa.
Busca retratar a realidade de forma completa e profundamente: O investigador tenta mostrar
as diferentes dimensões inerentes ao problema em foco.
Usa várias fontes de informação: Os dados são de diferentes fontes e momentos. Se o estudo
for feito em uma escola, serão investigados: salas de aula, refeitório, sala de professores, no
horário da entrada e da saída, no início, meio e final do ano letivo, entrevistando professores,
alunos, técnicos etc.
Podem representar os diferentes pontos de vista existentes numa dada realidade e por
vezes conflitantes: Há o princípio de que a realidade pode ser vista de diferentes pontos de vista,
não existindo uma realidade única.
Os relatórios de pesquisa utilizam linguagem mais acessível: Os relatórios escritos
apresentam um estilo mais informal, narrativo, ilustrado ou podem ser preocupa em ser claro,
direto e se aproxima ao máximo da experiência pessoal do leitor.
TÉCNICAS
DE COLETAS
DE DADOS
São os conjuntos de normas usadas especificamente em cada área das ciências, podendo-
se afirmar que técnica é a instrumentação específica da coleta de dados”. No processo de
pesquisa existem meios de obtenção dos dados que podem estar nos livros (pesquisa
bibliográfica), nos documentos (pesquisa documental) e no campo de ação do pesquisador
(pesquisa de campo). As pesquisas obtidas nos livros, monografias, dissertações, teses e
artigos científicos, e nos documentos (censos demográficos, relatórios de pesquisas,
certidões, cartas e outros) são denominados fontes de papel. Hoje, com a modernização dos
meios de informação, muitos dos dados que eram encontradas nas fontes de papel,
encontram-se em diferentes tecnologias da comunicação. Embora esses dados não sejam
fornecidos diretamente por pessoas, não significa que eles tenham menos importância de
que aqueles obtidos diretamente das pessoas. Eles podem proporcionar resultados tão bons
ou melhores que estes.
OBSERVAÇÃO
A observação é o uso dos sentidos para obter conhecimentos necessários sobre o
cotidiano; em alguns casos, ela é considerada como método de investigação. No estudo
etnográfico, o pesquisador se vale da observação dos grupos sociais para obter as
informações necessárias a sua pesquisa. Ela pode ser de três tipos: observação simples;
observação participante; e observação sistemática.

Observação Simples:
A observação simples é aquela em que o pesquisador observa os fatos de maneira espontânea, como um mero espectador,
sem que o grupo social observado perceba-o. Sua intenção primeira é obter dados iniciais para sua pesquisa, avaliando os
sujeitos, o cenário e o comportamento social do grupo a ser estudado. Para tanto, faz-se necessário que sejam registradas, no
diário de campo, todas as impressões obtidas. No filme “Dança com lobos”, protagonizado e dirigido por Kevin Costner, o oficial
Dunbar, do exército americano, durante a Guerra Civil, decide servir em uma região indígena, próxima à terra dos índios Sioux.
Ao chegar ao acampamento, não havia nenhum exército a sua espera. Durante muitos dias ele fica só e registra diariamente, em
um diário, todas as impressões e ocorrências. Ao final da trama, é o diário de campo que o salva da possível punição ou
condenação pelo exército americano. Por exemplo, se o pesquisador quiser avaliar se determinada técnica de dinâmica de grupo
facilita a interação entre marinheiros, ele pode observar antes o comportamento dos marinheiros sem a técnica para obter
subsídios e posteriormente, aplicar a técnica para alcançar seus objetivos.
Observação Participante:

A observação participante requer a participação ativa do pesquisador na vida do grupo


social a ser investigado. Neste caso, o pesquisador deve se integrar ao grupo participando
ativamente na sua vida cotidiana a fim de colher as impressões necessárias ao seu estudo.
A integração do pesquisador na vida de um grupo ou comunidade, não é tarefa fácil. Em
geral, há uma tendência natural dos grupos se fecharem impedindo, ao pesquisador, a
obtenção das informações. Diante de alguns obstáculos enfrentados pelo uso da observação
como técnica de coleta de dados, ela pode assumir duas formas: a primeira é a observação
natural, quando o pesquisador se identifica para o grupo social a ser observado. Para tanto,
ele deve conquistar a confiança do grupo a fim de obter as informações desejadas para seu
estudo. A outra forma é a observação artificial. Neste caso, o pesquisador precisará integrar-
se ao grupo a ser investigado com “disfarce”, ou seja, ele deve omitir seu objetivo durante a
sua presença e permanência no grupo no período de estudo. Essa não é uma das tarefas
mais simples para o pesquisador, dependerá muito da receptividade ou hostilidade do grupo
com relação a sua presença no meio. Dependerá, de certo modo, do desafio e da
experiência do pesquisador.
Observação Sistemática:

A observação sistemática é utilizada em geral, para a descrição precisa dos fenômenos


ou para testar hipóteses. Para tanto, é necessário que o pesquisador já possua detalhes
mais precisos acerca do grupo social a ser estudado. Para que a observação sistemática
seja feita, é necessário que o pesquisador elabore antecipadamente um plano específico
incluindo as categorias necessárias que serão sistematicamente observadas. Para que isso
seja realizado, há necessidade de estudos exploratórios prévios. Assim sendo, o
pesquisador organiza um plano contendo uma série de categorias prováveis, listadas em
fichas. A partir delas, o pesquisador observa sistematicamente o grupo para avaliar aquelas
que geram comportamentos durante um determinado período para que, ao final da
observação, elimine as categorias insignificantes para a ocorrência do fenômeno. Por
exemplo, se o pesquisador desejar conhecer o grau de interação entre marinheiros para
avaliar problemas de comunicação, avaliação, controle, decisão, redução de tensão e de
reintegração, ele necessitará de um estudo exploratório prévio para listar todas as
categorias previsíveis, e, em cada observação, ele deverá assinalar as frequentes, para que
ao final, as marginais (insignificantes), sejam eliminadas.
ENTREVISTA

A entrevista é uma técnica de coleta de dados em que o investigador se apresenta frente


ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obter informações (dados)
referentes à investigação. Ela pode ser de quatro tipos: informal; focalizada; por pautas; e
estruturada.

Entrevista Informal:
A entrevista informal é indicada para obter informações preliminares ao pesquisador que
ainda não está familiarizado com a realidade que ele deseja conhecer. Para tanto, é
necessário que ele escolha informantes que lhe forneçam uma visão aproximativa do objeto
em questão. Num segundo momento, ele opta pela entrevista mais adequada ao seu objeto
de investigação. No campo da psicologia este tipo de entrevista é denominado de entrevista
clínica. Outros autores denominam-na de entrevista não-dirigida.
Entrevista Focalizada:
A entrevista focalizada pouco se diferencia da entrevista informal. No entanto, na pesquisa
focalizada, o entrevistador tem em foco uma determinada informação em foco. Por exemplo, se o
pesquisador tem como foco “medidas de combate a incêndio em navios”, ele deverá conduzir o
entrevistado sempre em direção a este foco. Por isso, todas as vezes que o entrevistado se
desvia do objetivo, o entrevistador deve ter o cuidado de retomar ao assunto para que ele
obtenha os dados necessários e não perca tempo com assuntos desnecessários. Cabe, portanto,
habilidade do entrevistador em não causar constrangimento no informante a fim de que ele
forneça as informações esperadas.

Entrevista Por Pautas:


A entrevista por pautas, diferentemente da informal e da focalizada, apresenta uma relação de
pontos que serão abordados durante a entrevista: as pautas que servem de guia para as
perguntas que serão feitas ao entrevistado. As perguntas, que devem ser poucas, são elaboradas
durante a entrevista, deixando o entrevistado livre para responder, e à medida em que ele vai
respondendo, as perguntas seguem os pontos constantes do plano estabelecido. Aqui, do mesmo
modo, cabe ao entrevistador, a habilidade de não deixar que o entrevistado desvie suas respostas
das pautas definidas.
Entrevista Estruturada:
A entrevista estruturada é constituída de uma relação fixa de perguntas que podem ser
fechadas (existem as alternativas nas respostas às perguntas para serem assinaladas,
sendo, portanto, objetivas), abertas (o entrevistado responde às questões formuladas,
sendo, portanto, subjetivas) e questões duplas ou mistas (existem questões fechadas e
abertas e o entrevistado opta por uma das questões e justifica sua escolha). A entrevista
estruturada é adequada para obtenção de dados quando se pretende quantificar o
fenômeno. Isso envolve um maior número de pessoas a serem entrevistadas.
LEMBRE-SE: A
ENTREVISTA PODE SER
INFORMAL, FOCALIZADA,
POR PAUTAS OU
ESTRUTURADA.
QUESTIONÁRIO
O questionário é uma das mais importantes técnicas disponíveis para a obtenção de dados
nas pesquisas sociais. É uma técnica composta de um número mais ou menos elevado de
questões apresentadas por escrito às pessoas, como o objetivo de conhecer opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas. Tal técnica pode ser
confundida com a entrevista estruturada, pois apresenta questões; no entanto, sua
característica principal é que ele é impessoal, ou seja, dispensa a presença do entrevistador.
Tanto quanto a entrevista estruturada, o questionário possui questões fechadas, abertas e
mistas e é utilizado para quantificar o fenômeno pesquisado. Porém, deve ter um número
mínimo de questões a fim de não cansar o informante. O questionário supre dificuldades de
acesso enfrentadas pelo pesquisador. Também serve para complementar pesquisas
qualitativas. Por exemplo, se o pesquisador quiser obter informações em um município ao
qual ele não poderá deslocar-se até lá, o questionário pode ser um recurso. No entanto,
dependerá dos critérios e decisões adotados pelo pesquisador. Devemos ter alguns cuidados
ao elaborar as questões de um questionário, dentre os quais, a linguagem, a ordenação e a
objetividade.
ETAPAS
DA
PESQUISA
.
A realização da pesquisa envolve um processo bem articulado entre as diversas etapas que
culminarão no resultado ao qual se propôs o aluno-pesquisador, que vão da escolha do tema
e da formulação do problema, à elaboração do projeto, à escolha adequada dos métodos e
técnicas de pesquisa, das fontes de pesquisa e do tempo necessário para a sua realização.

Tais etapas são:


Escolha do tema e formulação do problema;
Construção das hipóteses;
Redação da Justificativa;
Formulação dos objetivos;
Definição do referencial teórico;
Metodologia;
Escolha dos instrumentos de coleta de dados;
Cronograma de Execução;
Coleta de Dados;
Analise e interpretação dos dados;
Redação final do relatório de pesquisa (TCC).
4 NORMAS
TÉCNICAS
Nesta unidade trataremos das
etapas de organização do
AO FINAL DESTA UNIDADE VOCÊ DEVE:
trabalho científico que se
constituem como atividades
acadêmicas: a monografia, o Descrever as etapas da organização do
relatório e o artigo, apontando trabalho científico;
fases, estrutura e elementos. Em
seguida, a leitura, o esquema, o
resumo, o fichamento e a
resenha como instrumentos Identificar métodos e técnicas do estudo:
metodológicos que auxiliam o a leitura, o esquema, o resumo, o
estudante no processo do
ensino e da pesquisa. E fichamento e resenha;
finalmente, as formas de
aplicação das Normas da
Associação Brasileira de Aplicar as Normas da Associação
Normas Técnicas - ABNT, nos
trabalhos científicos. Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
nos trabalhos científicos.
NORMAS DA ABNT
MONOGRAFIA E ELABORAÇÃO DO
PROJETO DE PESQUISA
A Monografia é um trabalho cientifico fruto de uma pesquisa sobre os mais variados temas
existentes sejam eles já publicados ou não. Ela se constitui de um conjunto de atividades
integradas: o problema e seus objetivos, a forma de abordagem teórica e metodológica e os
resultados alcançados de modo bem definidos. É denominada monografia, pois aborda um
determinado assunto ou problema – monos – um só; grafia – escrever, dissertar sobre algo,
sobre um assunto, sobre o problema formulado.
A NBR 6023 define monografia como “item não seriado, isto é, item completo, constituído de
uma só parte, ou que se pretende completar em um número preestabelecido de partes
separadas” (ABNT, 2002).
A monografia é precedida de um projeto que orienta o aluno pesquisador na realização da
pesquisa. Nele constam os objetivos a alcançar, a justificativa, o problema e as hipóteses a
serem investigadas, o referencial teórico que fornece os conceitos para análise e interpretação
dos dados, a metodologia a ser utilizada, o cronograma de execução e as referências dos
autores utilizados.
REDAÇÃO DO TEXTO
A escrita do texto monográfico envolve três elementos textuais: introdução, parte em que o
assunto é apresentado como um todo, sem detalhes. Desenvolvimento, parte mais extensa
e visa a comunicar os resultados obtidos. Conclusão e resultados obtidos; trata-se da
recapitulação sintética dos resultados obtidos, ressaltando o alcance e as conseqüências
do estudo. Tais elementos serão apresentados de forma mais detalhada nos elementos
textuais.

Após a escrita do texto, o aluno pesquisador deve fazer uma revisão ortográfica e
normativa no texto a fim de compor a monografia de acordo com a estrutura (pré-textual,
textual e pós-textual), apresentada a seguir.
ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
Segundo a NBR 14724(ABNT, 2005), a monografia deve apresentar uma estrutura que
compreende três partes: 1ª) pré-textual contém os seguintes elementos: capa, folha de
rosto, ficha catalográfica, folha de aprovação, dedicatória (opcional), agradecimento
(opcional), epígrafe (opcional), resumo, abstract, listas, sumário; 2ª) elementos textuais,
constituída dos seguintes elementos: introdução, desenvolvimento e conclusão; 3ª) pós-
textual, apresenta os seguintes elementos: referências, glossário (opcional), apêndice
(opcional) e anexo (opcional).
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS DA MONOGRAFIA,
SEGUNDO A ABNT (NBR-14724:2005)
Capa (obrigatório) Deve conter: nome da instituição responsável, com
subordinação até o nível da autoria (cabeçalho centralizado); título (centralizado); subtítulo
se houver (centralizado);local (rodapé centralizado); ano de publicação, em algarismo
arábico(rodapé centralizado).

Lombada (opcional) Deve conter informações externas do autor, título.

Folha de rosto (obrigatório) É a fonte principal de identificação do relatório,


devendo conter os seguintes elementos: nome da organização responsável, com
subordinação até o nível de autoria; título; subtítulo, se houver; nome do responsável pela
elaboração do relatório; indicação do tipo de trabalho (relatório parcial/final) apresentado
por (nome dos autores); local; ano da publicação em algarismos arábicos.
Ficha catalográfica (verso da folha de rosto) Contêm todas as informações da
folha de rosto juntamente com nome da instituição, tipo de trabalho acadêmico, código de
catalogação, etc.

Folha de aprovação (obrigatória) Contém os elementos da folha de rosto; data de


aprovação nome dos membros da banca examinadora.

Dedicatória (opcional) Contém o oferecimento do trabalho a determinada pessoa


ou pessoas, a critério do autor.

Agradecimentos (opcional) O autor faz agradecimentos a pessoas e/ou


instituições.

Epígrafe (opcional) O autor inclui uma citação ou pensamento, desde que seja
relacionado com o texto.
Resumo (obrigatório.) É a apresentação concisa do texto, destacando os
aspectos de maior importância e interesse.

Sumário (obrigatório) É a relação dos capítulos e seções no trabalho, na


ordem em que aparecem. O conteúdo é descrito por títulos e subtítulos.

Índice: “lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e
remete para as informações contidas no texto”, conforme a NBR 6023 (ABNT, 2002).

Resumo: “elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e


objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 500 palavras,
seguido, logo abaixo, das palavras chaves”, conforme a NBR 6028 (ABNT, 2005).

Lista: “enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações,


exemplos etc., na ordem de sua ocorrência” , conforme a NBR 6027 (ABNT, 2003).
ELEMENTOS TEXTUAIS
Os elementos textuais constituem-se da redação do texto onde o assunto é apresentado e
desenvolvido pelo autor. Conforme sua finalidade, o texto é estruturado de maneira distinta.
Deve conter as partes a seguir:

INTRODUÇÃO Parte em que o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes.


O aluno deverá apresentar as partes principais do trabalho: como surgiu o tema/assunto, os
objetivos, os problemas da pesquisa, as hipóteses, as justificativas (relevância e
contribuição do trabalho na área em que se insere) e os procedimentos metodológicos. E,
por fim, apresentar, sucintamente, o conteúdo de cada seção que consta na monografia.

DESENVOLVIMENTO Parte mais extensa e visa a comunicar os resultados obtidos.


Deve ser dividido, no mínimo, em três seções e em subseções (parte que se dividem as
seções). Essas partes contêm: fundamentação teórica, descrição metodológica e
apresentação, análise e interpretação dos resultados.
RESULTADOS E CONCLUSÕES Consistem na recapitulação sintética dos
resultados obtidos, ressaltando o alcance e as conseqüências do estudo. O aluno deve
apresentar de forma clara, objetiva e concisa os resultados da discussão e das hipóteses do
estudo.

Na elaboração do texto atente para os detalhes a seguir


Qual o tema tratado na pesquisa?
Quais os objetivos alcançados?
Qual o problema pesquisado?
Qual a hipótese comprovada?
Qual relevância e contribuição da pesquisa na área estudada?
Quais procedimentos metodológicos usados?
Como está estruturado (seções)?
A fundamentação teórica acerca do tema tratado;
A descrição metodológica da pesquisa;
A análise do problema pesquisado;
A interpretação dos resultados da pesquisa.
A recapitulação sintética dos resultados obtidos; Clara, objetiva e concisa.
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Os elementos pós-textuais são apresentados após o texto, quais sejam:

ANEXO (OU APÊNDICE): É a matéria suplementar, tal como leis, questionários,


estatísticas, que se acrescenta a um relatório como esclarecimento ou documentação, sem
dele constituir parte essencial. Os anexos são enumerados com algarismos arábicos,
seguidos do título.

REFERÊNCIAS: Tratam-se da relação das fontes bibliográficas utilizadas pelo autor. Todas
as obras citadas no texto deverão obrigatoriamente figurar nas referências. A padronização
das referências é seguida de acordo com a NBR (6023:2002) da ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
APRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MONOGRAFIA
A apresentação gráfica é o modo de organização física e visual de um trabalho, levando-se
em consideração: a estrutura, os formatos, o uso de tipos e a paginação, tais como:
NEGRITO, GRIFO OU ITÁLICO, empregados para destacar:

Palavras e frases em língua estrangeira;


Títulos de livros e periódicos;
Expressões de referência como ver, vide;
Letras ou palavras que mereçam destaque ou ênfase, quando não seja possível
dar esse realce pela redação;
Nomes de espécies em botânica, zoologia (nesse caso não se usa negrito); e
Os títulos de capítulos (nesse caso não se usa itálico).
MEDIDAS DE FORMATAÇÃO: usadas para formatar as margens e o espaçamento entre linhas:

Margem superior: 3 cm

Margem inferior: 2 cm

Margem direita: 2 cm

Margem esquerda: 3 cm

Espaço entre linhas: 1,5 para o texto, simples para as citações recuadas.

Tipo de letra: Time new roman ou Arial

Tamanho de fonte: 14 na capa e folha de rosto, 12 no texto, 10 nas citações recuadas e notas.

Formato do papel: A4(210 X 297 mm).

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