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PESQUISA

E PRODUÇÃO
CIENTÍFICA

EAD
DIRIGENTES FICHA TÉCNICA
| PRESIDÊNCIA | AUTOR
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève Prof. Dr. Lucas v. de Araujo

| REITORIA | COORDENAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS EAD


Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Dra. Lilian Pereira Ferrari

| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan

| DIRETORIA ACADÊMICA PRESENCIAL | DIAGRAMAÇÃO


Profa. Me. Márcia Maria Coelho Esp. Cinthia Durigan

| DIRETORIA DE PESQUISA E EXTENSÃO | REVISÃO


Profa. Dra. Liya Regina Mikami Esp. Ísis C. D’Angelis
Esp. Idamara Lobo Dias
| DIRETORIA EXECUTIVA
Profa. Esp. Silmara Marchioretto | PRODUÇÃO AUDIO VISUAL
Eudes Wilter Pitta Paião
| COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE GRADUAÇÃO EAD Estúdio NEAD (Núcleo de Educação a Distância) -
Prof. Me. João Marcos Roncari Mari UniBrasil

| COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE PÓS-GRADUAÇÃO EAD | ORGANIZAÇÃO


Prof. Me. Marcus Vinícius Roncari Mari NEAD (Núcleo de Educação a Distância) -
UniBrasil

EAD

EDIÇÃO: JUNHO/2020
SUMÁRIO

UNIDADE I - CIÊNCIA E CONHECIMENTO


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................05
INTRODUÇÃO.......................................................................................06

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


1. METODOLOGIA CIENTÍFICA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS...07
2. A DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA...............................................................10
3. A NATUREZA DO CONHECIMENTO E OS TIPOS DE PESQUISA..........12
4. MÉTODOS E TÉCNICAS...................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................21

UNIDADE II – O PROCESSO DE LEITURA E TEXTOS ACADÊMICOS


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................23
INTRODUÇÃO.......................................................................................24
1. O PROCESSO DE LEITURA NOS ESTUDOS........................................24
1.1 A prática da leitura........................................................................25
1.2 Estratégias de leitura e análise.......................................................27
2. FORMAS DE SEPARAR CONTEÚDO E ESTABELECER CORRELAÇÕES
(DOCUMENTAÇÃO)........................................................................31
2.1 Métodos de fichamento.................................................................32
2.2 Referências....................................................................................32
3. ELABORAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS.........................................34
3.1 Resumo.........................................................................................35
3.2 Resenha.........................................................................................37
3.3 Artigo............................................................................................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................40
SUMÁRIO

UNIDADE III – TÉCNICAS DE PESQUISA E PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................41
INTRODUÇÃO.......................................................................................42

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1. PESQUISA E PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA........................................42
1.1 Pesquisa bibliográfica: as fontes....................................................43
2. NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE TRABALHOS DE
CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) E OUTROS TRABALHOS ACADÊMICOS....50
2.1 Citação direta................................................................................50
2.2 Citação indireta.............................................................................54
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................57

UNIDADE IV – NORMAS PARA REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM..........................................................59
INTRODUÇÃO.......................................................................................60
1. ASPECTOS GERAIS E NORMAS DE ESTILO .......................................60
2. PARTE PRÉ-TEXTUAL......................................................................61
2.1 Elementos pré-textuais..................................................................63
3. PARTE TEXTUAL.............................................................................72
3.1 Elementos textuais........................................................................72
4. PARTE PÓS-TEXTUAL......................................................................74
4.1 Elementos pós-textuais..................................................................74
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................76

REFERÊNCIAS.......................................................................................77
UNIDADE

01
CIÊNCIA E
CONHECIMENTO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Situar a disciplina de Metodologia Cien�fica para aplicação da ciência e método
cien�fico;
» Saber a definição de ciência e outros termos inerentes à prá�ca da pesquisa
cien�fica e tecnológica;
» Iden�ficar as diferentes formas de fazer ciência, assim como preceitos filosófi-
cos de obtenção do conhecimento;
» Entender técnicas de pesquisa, coleta e classificação de dados e informações
cien�ficas.

VÍDEOS DA UNIDADE

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INTRODUÇÃO
Olá, amigos e amigas! É uma sa�sfação estar com você nesta disciplina.
Meu nome é Lucas V. de Araujo, sou o professor da disciplina de Pesquisa e Produção Cien�-

UNIDADE 01
fica. Antes de começar, gostaria de falar suscintamente sobre mim e meu trabalho. Sou doutor
em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre em Letras e graduado em
Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Já sou professor desde 2003, quando
comecei a dar aulas para os cursos de Jornalismo e Relações Públicas. Atualmente, sou docente na
Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em diversos cursos de pós-graduação pelo Brasil. Além
da carreira como professor, trabalhei por 18 anos em emissoras de TV, atuando como repórter,

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editor e gerente de Jornalismo. Também sou palestrante, autor e pesquisador da área de inovação
e novas tecnologias aplicadas à comunicação, assim como um entusiasta da educação a distância.
Feita minha apresentação, vamos aos estudos!
Quando falamos de pesquisa e produção cien�fica, os(as) alunos(as) costumam fazer careta e
pensar: “Vixiiiii. Chegou a disciplina sem graça!”. Mas não é nada disso. Pelo contrário! Vou tentar
mostrar a você como a pesquisa e a produção cien�fica podem ser agradáveis. A má impressão
que alguns estudantes têm sobre essa área se deve, principalmente, a métodos falhos de aprendi-
zagem. Provavelmente, você já teve que ler textos muito densos e de di�cil compreensão.
Minha intenção é apresentar uma disciplina mais leve, na qual você aprenda os conteúdos mais
relevantes, mas por meio de uma linguagem mais acessível. Isso não quer dizer que a disciplina
será “fácil”, na pior acepção do termo. Nosso conteúdo terá o grau de dificuldade necessário para
alunos de ensino superior que estejam em busca de uma boa formação. Minha preocupação prin-
cipal é descomplicar certas coisas e simplificar palavras, expressões e tarefas, que podem se tornar
menos di�ceis se o(a) aluno(a) dominar determinadas técnicas.
Para a�ngir esse obje�vo, procurarei usar de toda a minha experiência de professor no ensino
superior – fora o período em que fui professor de cursinho pré-ves�bular, ensino médio e suple�vo
– e dos conhecimentos de jornalista – que precisa sempre primar pela simplicidade e clareza das
informações – para tornar o conteúdo mais “digerível”.
Vamos começar o trabalho nesta Unidade mostrando conceitos e aplicações do que é ciência
e produção cien�fica. Termos um tanto abstratos, mas com enorme importância na nossa vida.
Depois de explicar em linhas gerais o que são, ao que se aplicam, por que e como usá-los, apresen-
tarei exemplos de textos que o ajudem a entender melhor o conteúdo.
Já na parte final da Unidade, vou ajudá-lo(a) a aplicar alguns desses conhecimentos em exem-
plos prá�cos do dia a dia. Para os alunos que desejam trabalhar como professor e ajudar outras
pessoas a aprender, esses conhecimentos serão indispensáveis para uma carreira promissora e
de grandes desafios que os espera. Aliás, o o�cio de professor é uma profissão muito nobre e
edificante, que, infelizmente, é pouco valorizada em nosso país – porém, pode trazer muitas boas
oportunidades de trabalho àqueles que se dedicam para serem bons profissionais.

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Tenho orgulho da minha profissão e de usar a ciência e a produção cien�fica diariamente em
meu trabalho, como neste momento, em que escrevo este texto. É o primeiro exemplo que posso
trazer para você.
Tenho certeza de que este será um bom estudo para todos nós!

UNIDADE 01
1. METODOLOGIA CIENTÍFICA: CONCEITO,
CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS

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Esta disciplina pretende ampliar seus horizontes e suas perspec�-
Fonte: Shu�erstock.com
vas cien�ficas no que diz respeito à u�lização da ciência para criação
do conhecimento. Pesquisa é um termo usado deliberadamente para
qualquer �po de inves�gação que pretenda descobrir fatos interes-
santes ou novos. Como em todas as a�vidades, o rigor com o qual
essa a�vidade é realizada será refle�do na qualidade dos resultados.
Por conta disso, o obje�vo aqui é apresentar uma revisão básica
da natureza da pesquisa e dos métodos u�lizados para uma varieda-
de de inves�gações relevantes a uma ampla gama de assuntos, tais
como as que você irá realizar neste curso.
Para começarmos bem nossos estudos sobre ciência e produção cien�fica, precisamos primei-
ro compreender do que se trata a Metodologia Cien�fica, a qual é definida por Rover (2006, p.
8) como a “disciplina que ‘estuda os caminhos do saber’, entendendo que ‘método’ representa
caminho, ‘logia’ significa estudo e ‘ciência’, saber”. Apenas por essa definição já conseguimos per-
ceber que nesta disciplina vamos aprender a nos apropriar do saber por meio de técnicas que nos
assegurem o melhor caminho a seguir.
Você pode notar desde já que precisaremos de muita técnica para a�ngirmos nossos obje�vos,
o que exige o cumprimento de regras e normas preestabelecidas. Em princípio, isso não parece
muito agradável, já que queremos ter liberdade em nossas ações. Por outro lado, precisamos pen-
sar que as normas não nos engessam totalmente, mas nos mostram um conjunto de prá�cas que,
se bem conduzidas, nos levarão para onde quisermos.
Ademais, pense que a pesquisa e conhecimento são a chave para o futuro em qualquer pro-
fissão e área do conhecimento. Quase todos os cursos universitários incluem um elemento de
pesquisa que os alunos devem realizar de modo independente, na forma de projetos, dissertações
e teses, e, quanto mais avançado o diploma, maior o conteúdo da pesquisa. Nesse curso você não
precisá se preocupar com dissertações e teses, porque isso diz respeito aos cursos de mestrado e
doutorado. Mas um projeto ou um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) é bastante comum nos
cursos de nível superior e não é nada assustador. Pelo contrário, depois que pegar a técnica, você
vai seguir tranquilo.

7
FIGURA 1 – PESQUISA ACADÊMICA No local de trabalho, frequentemente é ne-
cessário fazer pesquisas para desenvolver ou
melhorar os negócios ou serviços, enquanto
alguns �pos de empresas dependem da rea-
lização de projetos de pesquisa para sua pró-

UNIDADE 01
pria existência. Os métodos de pesquisa são
uma variedade de ferramentas usadas para
diferentes �pos de estudo, assim como várias
ferramentas são usadas para realizar trabalhos
prá�cos diferentes (WALLIMAN, 2017).
Pesquisa no trabalho, aliás, aliada a métodos

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mais elaborados de buscar por informações, é
uma necessidade cada vez maior nas organiza-
ções, diante da busca por inovação. Esta depen-
Fonte: Shu�erstock (2020). de da pesquisa para encontrar meios novos e
melhores de fazer as coisas ou desenvolver produtos e serviços que tragam bene�cios para nossa
vida. Não por acaso, muitas empresas têm departamentos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(P&D&I), nos quais mestres, doutores e pós-doutores criam inovações por meio da pesquisa. Isso é
importante ficar claro para que você perceba o quanto a pesquisa é basilar em nossa vida, sobretudo
neste ambiente altamente tecnológico em que vivemos, no qual novidades surgem a quase todo
momento – porém, pouco disso é criado em nosso país. É salutar que você vislumbre, na ciência e na
tecnologia desenvolvidas pela pesquisa, novos caminhos.
Para chegar lá, será preciso que você, caro(a) aluno(a), aprenda a avaliar ideias, buscar solu-
ções, iden�ficar inconsistências, analisar pontos de vista. Em suma, será preciso refle�r e pensar
além das essencialidades da vida. Muito mais do que “pegar as coisas prontas”, será preciso ter
discernimento e bom senso para não apenas reproduzir o que você viu e leu, mas, principalmente,
avançar e dar passos à frente com base na realidade que ora se apresenta.

DURANTE ALGUM TEMPO FOI ASSIM, AS GERAÇÕES, AO SE SUCEDEREM, FORAM


RECEBENDO UM MUNDO JÁ TRABALHADO E ADAPTADO, E AS FASES FORAM SE
MODIFICANDO, PASSANDO DO MEDO À TENTATIVA DE ENCONTRAR EXPLICAÇÕES
AOS FENÔMENOS DA NATUREZA, BUSCANDO RESPOSTAS POR MEIO DE CRENÇAS
E MAGIAS, QUE TAMBÉM NÃO FORAM SUFICIENTES. O SER HUMANO EVOLUIU
PARA A BUSCA DE RESPOSTAS ATRAVÉS DE CAMINHOS QUE PUDESSEM SER COM-
PROVADOS, NOS QUAIS PUDESSE REFLETIR SOBRE AS EXPERIÊNCIAS E TRANSMI-
TIR A OUTROS. A NECESSIDADE DE SABER O PORQUÊ DOS ACONTECIMENTOS FOI
O IMPULSO PARA A EVOLUÇÃO DO HOMEM E O SURGIMENTO DA CIÊNCIA.
(ROVER, 2006, p. 9)

Como nossa aula não é de História, não vamos repassar todos esses momentos importantes
da história da ciência e da produção cien�fica. O mais importante neste momento é focarmos no

8
obje�vo da pesquisa, que pode ser explicado de forma mais simples como a tenta�va humana de
entender o porquê das coisas. Essa curiosidade é algo inato ao ser humano, que desde os tempos
remotos da espécie já apresentava essa curiosidade.
Além da curiosidade, há a necessidade, chamada por alguns de “mãe da inovação”, já que a
“necessidade faz o homem”, como diz o adágio popular. Mais que uma crendice popular, a neces-

UNIDADE 01
sidade humana de entender a natureza é fundamental, haja vista o quanto os fenômenos naturais
interferem na nossa vida. Elaboramos modelos matemá�cos que, somados a outros conhecimen-
tos, possibilitaram a criação da previsão do tempo, à qual temos acesso todos os dias, inclusive nos
nossos smartphones.

FIGURA 2 – PREVISÃO DO TEMPO EM DISPOSITIVO MÓVEL

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Fonte: Shu�erstock (2020).

Tendo em vista essa proximidade entre ciência, tecnologia e inovação, atreladas à pesquisa,
vamos entender um pouco melhor como se constrói a ciência da qual tanto necessitamos.

SAIBA MAIS

Entre ciência e conhecimento existem aspectos consonantes, mas que precisam ficar bem deli-
mitados. Para facilitar o entendimento, podemos realizar algumas comparações e inferências. A
ciência é a jornada; conhecimento, o des�no. Conhecimento é o fim; a ciência é um meio para
isso. Ciência é método; o conhecimento é uma conclusão provisória.
No entanto, devemos estar atentos para conclusões precipitadas e errôneas, como acreditar que
é possível deter todo o conhecimento. As pessoas pensam que “sabem” algo até aprenderem
mais e descobrirem que o que pensavam saber estava errado. Exemplos, sejam eles da vida pes-
soal ou da história do mundo, são abundantes. Assim, o conhecimento não é tanto o que sabemos
ser verdade, mas sim o que pensamos que sabemos ser verdade, em qualquer momento.

Continua >

9
Continuação >

Nesse sen�do, o método cien�fico é uma abordagem para determinar e atestar o conhecimento
sobre algo. As ciências são disciplinas que u�lizam métodos empíricos a fim de realizar determi-
nada descoberta e testar hipóteses.

UNIDADE 01
2. A DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA
A origem da palavra ciência nos remete a conhecimento, termo também bastante denso, que
pode ter diferentes significados. O dicionário nos ensina que conhecimento é o ato ou efeito de

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conhecer, isto é, saber das coisas (FERREIRA, 2004).
Cervo e Bervian (2002, p. 16) afirmam que: “A ciência é um modo de compreender e analisar o
mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento cien�fico
através do uso da consciência crí�ca que levará o pesquisador a dis�nguir o essencial do superficial
e o principal do secundário”.
Quando faz referência à ciência, Oliveira (2002, p. 47) nos diz que:

TRATA-SE DO ESTUDO, COM CRITÉRIOS METODOLÓGICOS, DAS RELAÇÕES EXISTEN-


TES ENTRE CAUSA E EFEITO DE UM FENÔMENO QUALQUER NO QUAL O ESTUDIOSO
SE PROPÕE A DEMONSTRAR A VERDADE DOS FATOS E SUAS APLICAÇÕES PRÁTICAS.
É UMA FORMA DE CONHECIMENTO SISTEMÁTICO, DOS FENÔMENOS DA NATUREZA,
DOS FENÔMENOS SOCIAIS, DOS FENÔMENOS BIOLÓGICOS, MATEMÁTICOS, FÍSICOS
E QUÍMICOS, PARA SE CHEGAR A UM CONJUNTO DE CONCLUSÕES VERDADEIRAS,
LÓGICAS, EXATAS, DEMONSTRÁVEIS POR MEIO DA PESQUISA E DOS TESTES.

Ciente do que é ciência, das suas implicações e dos seus obje�vos, é preciso que você entenda
melhor como ela é feita, isto é, qual o seu modus operandi. Antes, porém, de adentrarmos mais a
fundo na metodologia de pesquisa, precisamos compreender que o trabalho de cunho cien�fico
implica a produção do conhecimento, sendo este classificado como comum e cien�fico.
O conhecimento cien�fico pressupõe uma visão mais sistemá�ca e técnica de tudo o que ocorre
à nossa volta. Geralmente o cien�sta avalia se determinada hipótese (ou conjunto de hipóteses) tem
fundamento ou não. Para tanto, u�liza métodos cien�ficos, ou seja, normas técnicas testadas e com-
provadas como válidas, para verificar se a hipótese tem fundamento ou não. Dessa forma, o trabalho
cien�fico configura-se na produção elaborada com base em questões específicas de estudo.
Conforme Galliano (1986, p. 26), “ao analisar um fato, o conhecimento cien�fico não apenas
trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-los”.
Já o senso comum é definido, por autores como Lakatos e Marconi (2003), como algo que vem
da experiência do dia a dia, dos conhecimentos que se desenvolvem a par�r do co�diano ou da

10
necessidade. O senso comum, portanto, tem um apelo mais emocional, empírico, baseado nas
próprias experiências da pessoa.

FIGURA 3 – O SENSO COMUM É CONSTRUÍDO COM BASE NA EXPERIÊNCIA

UNIDADE 01
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Fonte: Shu�erstock (2020).

Podemos inferir, portanto, que senso comum é uma construção cole�va, na qual as pessoas se
apropriam de fatos ocorridos consigo ou com outros como verdadeiros e dotados de significado.
Faz parte do senso comum de muitas pessoas, por exemplo, acreditar que tomar chuva leva à gri-
pe. Muito provavelmente desenvolveu-se essa mentalidade após muitos indivíduos terem contra-
ído gripe depois de ficarem expostos à chuva ou conversarem com outras pessoas que passaram
pela mesma situação e �veram a mesma consequência.
Embora existam indícios cien�ficos de que molhar-se na chuva possa provocar danos à saúde,
como um resfriado ou gripe, essa crença surgiu muito antes de a ciência de certa maneira com-
provar essa hipótese.

FIGURA 4 – PARA O SENSO COMUM, QUEM ESTÁ NA CHUVA FICA GRIPADO

Fonte: Shu�erstock (2020).

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Por conta disso, Rover (2006, p. 11) afirma que “do conhecimento do senso comum podemos
desenvolver o conhecimento cien�fico, pois ditos populares podem gerar questões que, às vezes,
levam à pesquisa e à inves�gação cien�fica, ou seja, aquilo a que o senso comum não responde, a
ciência pode responder”.
Da mesma forma que um cien�sta pode inves�gar se determinado senso comum tem funda-

UNIDADE 01
mento cien�fico, o mesmo ocorre con�go, caro(a) aluno(a), que vai realizar determinados traba-
lhos acadêmicos. Muitas vezes, na inves�gação de um problema, você precisará aplicar os méto-
dos cien�ficos para chegar a um resultado comprovado, já que não poderá ficar no “achismo” ou
no “vou fazer assim porque sempre deu certo”.
Agora que você tem uma visão mais ampla e pragmá�ca – portanto, mais distante do senso co-
mum –, podemos nos aprofundar nos estudos sobre a ciência e começarmos a tratar dos �pos de

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pesquisa e da natureza do conhecimento cien�fico e tecnológico, o que veremos no tópico a seguir.

REFLITA

De que maneira a ciência e o senso comum são formas diferentes de ver o mundo e seus fenômenos?
Se um índio kaigang, que vive isolado daquilo que chamamos de sociedade moderna e têm um sis-
tema de vida bem diferente do cidadão urbano, olha para o céu e vê estrelas, ele interpreta aquele
fenômeno de forma dis�nta, por exemplo, de um astrônomo, profissional que estuda o Cosmos.
O indígena acredita que o brilho das estrelas é fruto de fogueiras que os deuses, seres dotados
de uma natureza superior à humana, acendem para iluminar a noite escura. O astrônomo pensa
que a estrela é um astro com luz própria e que faz parte de uma galáxia. Ambas as explicações
condizem com a condição de cada um e têm sen�do para eles, independentemente de terem
significado para o outro.
Assim, é importante que todos respeitem formas diferentes de ver o mundo. Isso não quer dizer
que é preciso haver concordância em tudo e tampouco benevolência com a�tudes an�é�cas,
como fazer mal a outra pessoa alegando questões culturais. O que precisamos é refle�r sobre as
diferentes maneiras de ver o mundo.

3. A NATUREZA DO CONHECIMENTO E OS
TIPOS DE PESQUISA
Segundo Rover (2006), existem pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: em-
pírico, cien�fico, filosófico e teológico. Conquanto na academia, isto é, em um curso superior rea-
lizado em uma ins�tuição de ensino, você u�lizará somente o conhecimento cien�fico, é de suma
importância conhecer todos os �pos, para uma melhor compreensão da realidade.

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Cervo e Bervian (2002, p. 8-9) definem os níveis de conhecimento da seguinte forma:

EMPÍRICO: É O CONHECIMENTO POPULAR (VULGAR), GUIADO SOMENTE PELO QUE


ADQUIRIMOS NA VIDA COTIDIANA OU AO ACASO, SERVINDO-NOS DA EXPERIÊNCIA DO

UNIDADE 01
OUTRO, ÀS VEZES ENSINANDO, ÀS VEZES APRENDENDO, NUM PROCESSO INTENSO
DE INTERAÇÃO HUMANA E SOCIAL. É ASSISTEMÁTICO, ESTÁ RELACIONADO COM AS
CRENÇAS E OS VALORES, FAZ PARTE DE ANTIGAS TRADIÇÕES. COMO EXEMPLO DE CO-
NHECIMENTO EMPÍRICO, VOCÊ JÁ DEVE TER OUVIDO O DITO POPULAR DE QUE TOMAR
CHÁ DE MACELA, MAIS CONHECIDA COMO MARCELA, CURA DOR DE ESTÔMAGO, MAS
ELA PRECISA SER COLHIDA NA SEXTA-FEIRA SANTA, ANTES DO SOL NASCER.

CIENTÍFICO: É O CONHECIMENTO REAL E SISTEMÁTICO, PRÓXIMO AO EXATO, PRO-

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CURANDO CONHECER ALÉM DO FENÔMENO EM SI, AS CAUSAS E LEIS. POR MEIO DA
CLASSIFICAÇÃO, COMPARAÇÃO, APLICAÇÃO DOS MÉTODOS, ANÁLISE E SÍNTESE, O
PESQUISADOR EXTRAI DO CONTEXTO SOCIAL, OU DO UNIVERSO, PRINCÍPIOS E LEIS
QUE ESTRUTURAM UM CONHECIMENTO RIGOROSAMENTE VÁLIDO E UNIVERSAL.
NESTE, SÃO FEITOS QUESTIONAMENTOS E PROCURADAS EXPLICAÇÕES SOBRE OS
FATOS, ATRAVÉS DE PROCEDIMENTOS QUE POSSAM LEVAR AO RESULTADO COM
COMPROVAÇÃO. NÃO É CONSIDERADO ALGO PRONTO, ACABADO E DEFINITIVO, BUSCA
CONSTANTEMENTE EXPLICAÇÕES, SOLUÇÕES, REVISÕES E REAVALIAÇÕES DE SEUS
RESULTADOS, POIS A CIÊNCIA É UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO.

Percebemos, assim, que o conhecimento empírico nada mais é do que o senso comum, o qual expli-
camos há pouco. Cien�fico é esse conhecimento que você está usando neste momento para aprender.
Você se matriculou em um curso superior, em uma ins�tuição de ensino devidamente creden-
ciada por órgãos reguladores e fiscalizadores, como o Ministério da Educação (MEC). Neste curso
que você está cursando, há disciplinas, grade curricular, ementas, carga horárias a cumprir, prazos
a serem respeitos, métodos de ensino, exercícios, provas e avaliações. Todo esse aparato é essen-
cial para que você tenha uma boa formação e aprenda a fazer ciência e produzir conhecimento
sozinho, por meio de pesquisas que vão testar determinadas hipóteses, as quais podem ser origi-
nadas, inclusive, do senso comum.

FIGURA 5 – ESTUDAR EM CASA COM BASE EM MÉTODOS CIENTÍFICOS


Fonte: Shu�erstock (2020).

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Ainda de acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 10-11), existem os níveis de conhecimento:

FILOSÓFICO: PROCURA CONHECER A REALIDADE EM SEU CONTEXTO UNIVERSAL, SEM


SOLUÇÕES DEFINITIVAS PARA A MAIORIA DAS QUESTÕES; BUSCA CONSTANTEMENTE

UNIDADE 01
O SENTIDO DA JUSTIFICAÇÃO E A POSSIBILIDADE DE INTERPRETAÇÃO A RESPEITO DO
HOMEM E DE SUA EXISTÊNCIA CONCRETA. A TAREFA PRINCIPAL DA FILOSOFIA RESU-
ME-SE NA REFLEXÃO.

TEOLÓGICO: É O ESTUDO DE QUESTÕES REFERENTES AO CONHECIMENTO DA DIVIN-


DADE, IMPLICANDO SEMPRE EM UMA ATITUDE DE FÉ DIANTE DE REVELAÇÕES DE UM
MISTÉRIO OU SOBRENATURAL, INTERPRETADOS COMO MENSAGEM OU MANIFESTAÇÃO
DIVINA. ESSE CONHECIMENTO ESTÁ INTIMAMENTE RELACIONADO A UM DEUS, SEJA

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ESTE JESUS CRISTO, BUDA, MAOMÉ, UM SER INVISÍVEL, OU QUALQUER ENTIDADE EN-
TENDIDA COMO SER SUPREMO, DEPENDENDO DA CULTURA DE CADA POVO, COM QUEM
O SER HUMANO SE RELACIONA POR INTERMÉDIO DA FÉ RELIGIOSA.

O nível filosófico busca respostas mais genéricas e reflexivas, que se aprofundem em aspectos
teóricos sobre questões humanas. Já o teológico abrange uma dimensão divina, que encontra re-
fúgio em respostas que transcendem, muitas vezes, o conhecimento cien�fico.
Essa classificação não é única. Existem várias outras formas de classificar os diversos níveis de
conhecimento, porém, sem muita diferenciação em termos essenciais desses elementos.
Oliveira (2002) e Galliano (1986) sinte�zam as formas de conhecimento com as seguintes pon-
derações:

- CONHECIMENTO VULGAR OU POPULAR: É UTILIZADO POR MEIO DO SENSO CO-


MUM, GERALMENTE PASSADO DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO, DISSEMINADO PELA
CULTURA BASEADA NA IMITAÇÃO E EXPERIÊNCIA PESSOAL; É EMPREGADO PELA
EXPERIÊNCIA PESSOAL DO DIA A DIA, SEM CRÍTICA.

- CONHECIMENTO FILOSÓFICO: NÃO É PASSÍVEL DE OBSERVAÇÕES SENSORIAIS,


UTILIZA O MÉTODO RACIONAL, NO QUAL PREVALECE O MÉTODO DEDUTIVO ANTECE-
DENDO A EXPERIÊNCIA; NÃO EXIGE COMPARAÇÃO EXPERIMENTAL, MAS COERÊNCIA
LÓGICA, A FIM DE PROCURAR CONCLUSÕES SOBRE O UNIVERSO E AS INDAGAÇÕES
DO ESPÍRITO HUMANO.

- CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLÓGICO: É INCONTESTÁVEL EM SUAS VERDA-


DES, POR TRATAR DE REVELAÇÕES DIVINAS; NÃO É COLOCADO À PROVA E NEM
PODE SER VERIFICADO.

- CONHECIMENTO CIENTÍFICO: POR MEIO DA CIÊNCIA, BUSCA UM CONHECIMENTO


SISTEMATIZADO DOS FENÔMENOS, OBTIDO SEGUNDO DETERMINADO MÉTODO, QUE
APONTA A VERDADE DOS FATOS EXPERIMENTADOS E SUA APLICAÇÃO PRÁTICA.
(OLIVEIRA, 2002; GALLIANO, 1986 apud ROVER, 2006, p. 15)

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FIGURA 6 – O CONHECIMENTO TEOLÓGICO ESTÁ LIGADO À BÍBLIA E DEMAIS LIVROS SAGRADOS

UNIDADE 01
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Fonte: Shu�erstock (2020).

Agora que já delimitamos bem os diversos �pos de conhecimento tendo por base os conceitos
de vários autores, vamos abordar os �pos de pesquisa analisando seus métodos. Segundo Walli-
man (2017), os métodos de pesquisa são técnicas que você usa para fazer pesquisas. Por meio
dessas técnicas, é possível coletar, classificar e analisar informações para chegar a algumas conclu-
sões. Se você usar o �po certo de método para determinada pesquisa, poderá convencer outras
pessoas de que suas conclusões têm alguma validade e de que o novo conhecimento que você
criou é bem fundamentado. Portanto, os cursos de métodos de pesquisa são comumente vincu-
lados a tarefas que exigem a aplicação desses métodos – um projeto de pesquisa real descrito em
uma dissertação ou tese ou em um relatório de pesquisa.
Então, como podemos fazer pesquisas a fim de obter um novo conhecimento? Vejamos algu-
mas maneiras, ainda de acordo com Walliman (2017).
» Categorizar: Envolve a formação de uma �pologia de objetos, eventos ou conceitos, ou seja,
um conjunto de nomes ou “caixas” nas quais esses itens podem ser classificados. Isso pode ser
ú�l para explicar a quais “coisas” pertencem e como.
Essa é uma técnica ú�l em situações nas quais é preciso definir termos e aplicações para de-
terminados elementos, como, por exemplo, um pesquisador que está estudando a flora da região
Amazônica e precisa categorizar as plantas que encontrou.
» Descrever: A pesquisa descri�va se baseia na observação como um meio de coleta de dados.
Ela tenta examinar situações para estabelecer qual é a norma, ou seja, o que se pode prever
que aconteça novamente nas mesmas circunstâncias.
A descrição é importante para detalhar determinado processo ou técnica, a fim de que, conhe-
cendo-o profundamente, seja possível predizer futuros acontecimentos. Por exemplo, um pesqui-
sador está estudando um �po de ave que vive no deserto e que migra para regiões menos quen-

15
tes no verão. Descrevendo os costumes e as prá�cas desse animal, talvez seja possível ajudar na
prevenção de problemas que a ave esteja enfrentando e, assim, evitar consequências mais graves.
» Explicar: Este é um �po de pesquisa projetada especificamente para lidar com questões com-
plexas. Seu obje�vo é ir além de “apenas obter os fatos”, a fim de dar sen�do à abundância de
outros aspectos envolvidos, como humanos, polí�cos, sociais, culturais e contextuais.

UNIDADE 01
Essa prá�ca é muito comum nas ciências humanas, como em comunicação, psicologia, ciências
sociais, nas quais o pesquisador observa fatos complexos e busca explicá-los à luz de determina-
das teorias ou aspectos cien�ficamente consolidados. Quando se tenta argumentar, por exemplo,
sobre o porquê de as pessoas replicarem no�cias falsas em redes sociais, isso é uma pesquisa de
cunho explica�vo.

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FIGURA 7 – AS NOTÍCIAS FALSAS ESTÃO, SOBRETUDO, NAS REDES SOCIAIS

Fonte: Shu�erstock (2020).

» Avaliar: Envolve fazer julgamentos sobre a qualidade de objetos ou eventos. A qualidade pode
ser medida tanto no sen�do absoluto quanto no compara�vo. Para serem úteis, os métodos de
avaliação devem se mostrar relevantes para o contexto e as intenções da pesquisa.
Avaliar é um estágio posterior à explicação, porque a avaliação é um juízo do pesquisador sobre
determinado fato que ele tenta explicar. Os métodos são extremamente importantes porque tra-
zem credibilidade à avaliação. Por exemplo, se o obje�vo é avaliar o contexto que leva as pessoas a
replicarem no�cias falsas, é preciso usar teorias e bases teóricas que evidenciem como o contexto
pode ser ú�l para explicar certos �pos de comportamento.
» Comparar: Dois ou mais casos contrastantes podem ser examinados para destacar diferenças e
semelhanças entre eles, levando a uma melhor compreensão dos fenômenos.
O melhor exemplo para a técnica da comparação pode vir da área da saúde. Um certo pesquisa-
dor deseja saber se a ingestão de vitaminas diariamente traz bene�cios à saúde. Uma das formas
de proceder é separando pessoas com es�los de vida próximos e submetendo uma parte delas a

16
uma dieta com vitaminas e o outro grupo a uma dieta sem tais vitaminas. Compara-se os resulta-
dos depois de certo período e, com esses dados, é possível fazer certas inferências.
» Correlacionar: As relações entre dois fenômenos são inves�gadas para verificar se e como elas
se influenciam. O relacionamento pode ser apenas um elo frouxo em um extremo ou um elo
direto quando um fenômeno causa outro. Esses são medidos como níveis de associação.

UNIDADE 01
Muito parecida com a comparação, a correlação considera dois fenômenos e tenta verificar o
que ocorre se ambos interagirem. Se estamos analisando pessoas que tomam vitaminas, podemos
relacionar, por exemplo, a ingestão de vitaminas com exercícios �sicos e verificar se um beneficia
o outro ou não.
» Prever: Às vezes, isso pode ser feito em áreas de pesquisa em que as correlações já são conheci-

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das. As previsões de possíveis comportamentos ou eventos futuros são feitas com base no fato de
que, se houve um forte relacionamento entre duas ou mais caracterís�cas ou eventos no passado,
eles devem exis�r em circunstâncias semelhantes no futuro, levando a resultados previsíveis.
As previsões estão ni�damente relacionadas com padrões, os quais permitem certo grau de
previsibilidade. Ainda usando o exemplo da vitamina e do exercício �sico, certa pesquisa, ao longo
de cinco anos, chegou à conclusão, hipoté�ca neste caso, de que as vitaminas usadas em determi-
nadas condições e somadas a exercícios �sicos reduzem as chances de as pessoas apresentarem
problemas cardíacos.

FIGURA 8 – DETERMINADA PESQUISA PODE PREVER, POR EXEMPLO,


QUE EXERCÍCIOS REDUZEM O RISCO DE DOENÇAS CARDÍACAS

Fonte: Shu�erstock (2020).

» Controlar: Depois de entender um evento ou situação, você poderá encontrar maneiras de


controlá-lo. Para isso, você precisa saber quais são as relações de causa e efeito e entender
que é capaz de exercer controle sobre os ingredientes vitais. Toda tecnologia depende dessa
capacidade de controle.

17
Se a sua pesquisa descobriu, por exemplo, que os exercícios �sicos podem controlar certos efei-
tos nocivos ao organismo, é possível, por exemplo, desenvolver certo medicamento que produza
uma substância benéfica ao corpo humano e que, desse modo, evite algumas doenças.
Agora que você entendeu a natureza do conhecimento e os �pos de pesquisa, vamos à úl�ma
parte deste Unidade.

UNIDADE 01
VÍDEO

Para entender melhor métodos de pesquisa e suas formas de aplicação, assista a um vídeo que
apresenta a dis�nção entre métodos de pesquisa dirigidos a Trabalhos de Conclusão de Curso

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(TCC), os quais geralmente preocupam alunos de todo o Brasil que precisam concluir suas gradu-
ações. Ainda que esse não seja o seu caso, acesse esse conteúdo, porque vale a pena como forma
de ampliar o seu conhecimento sobre métodos de pesquisa.
-> COMO fazer um TCC passo a passo: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental ou estudo de
caso? 2017. Disponível em: h�ps://bit.ly/2x6KfSF . Acesso em: 20 set. 2019.

4. MÉTODOS E TÉCNICAS
De acordo com Rover (2006), não há ciência sem que ocorra a u�lização sistemá�ca de métodos
cien�ficos. Em decorrência disso, apresentaremos determinados conceitos de método cien�fico para,
em seguida, detalharmos alguns aspectos convergentes e outros divergentes entre o método e a técni-
ca. Isso é importante para que você não tenha dúvidas da dis�nção entre metodologia e ciência.
Para Lakatos e Marconi (2003, p. 85), “o método é um conjunto das a�vidades sistemá�cas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o obje�vo – conhecimentos vá-
lidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões
do cien�sta”. Oliveira (2002, p. 58) contribui afirmando que “método é um conjunto de regras ou
critérios que servem de referência no processo de busca da explicação ou da elaboração de previ-
sões, em relação a questões ou problemas específicos”.
Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 23), “não inventamos um método, ele depende do objeto da
pesquisa, pois toda a inves�gação nasce de algum problema observado ou sen�do, por isso o uso
do conjunto de etapas de que se serve o método cien�fico, para fornecer subsídios necessários na
busca de um resultado para a hipótese pesquisada”.
Por sua vez, Fachin (2003, p. 28) nos diz que “o método cien�fico é um traço caracterís�co da
ciência aplicada, pelo qual se coloca em evidência o conjunto de etapas operacionais ocorrido
na manipulação para alcançar determinado obje�vo cien�fico”. Ainda de acordo com o autor, é
importante observar que existem dois aspectos do método cien�fico que precisam ser levados
em conta: i) sua aplicação de modo generalizado, denominada método geral; e ii) sua aplicação

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de forma par�cular, ou, rela�vamente, a uma situação do ques�onamento cien�fico, denominada
método específico.

FIGURA 9 – SEM UM MÉTODO CIENTÍFICO, A CIÊNCIA NÃO OBTÉM AS RESPOSTAS QUE BUSCA

UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020).

Galliano (1986, p. 28) salienta:

A CIÊNCIA É CONSTITUÍDA DE UM CONHECIMENTO RACIONAL, METÓDICO


E SISTEMÁTICO, CAPAZ DE SER SUBMETIDO À VERIFICAÇÃO, BUSCADO
ATRAVÉS DE MÉTODOS E TÉCNICAS DIVERSAS, OU SEJA, POR PASSOS
NOS QUAIS SE DESCOBREM NOVAS RELAÇÕES ENTRE FENÔMENOS QUE
INTERESSAM A UM DETERMINADO RAMO CIENTÍFICO OU ASPECTOS
AINDA NÃO REVELADOS DE UM DETERMINADO FENÔMENO.

Importante lembrar que os métodos fazem parte de nossa vida co�diana em tudo o que rea-
lizamos. Por exemplo, se você gosta de churrasco, antes de assar a carne, você faz o corte certo,
prepara ou aplica um certo tempero, usa uma técnica para acender a churrasqueira – afinal, isso
pode causar um acidente grave. Quando você realiza qualquer uma dessas tarefas, está aplicando
técnicas, as quais fazem parte de um método comprovadamente eficaz.
Muitos desses ensinamentos aprendemos com a vida, isto é, no dia a dia, testando e verificando
o que dá certo, vendo e analisando as a�tudes alheias ou, ainda, ouvindo as colocações de outras
pessoas que já passaram por aquilo e nos contam a melhor forma de resolver um problema. Um
gaúcho provavelmente tenha aprendido com os pais, avós, �os ou irmãos a fazer um bom chur-
rasco, porque esse é um traço cultural muito forte do povo daquela região do país. Aprenderam a
história e também o método, pois há um jeito certo de fazer o churrasco.

19
FIGURA 10 – PARA FAZER CHURRASCO É PRECISO TER TÉCNICA

UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020).

Seguindo nessa mesma linha de pensamento, existem diferentes maneiras de realizar pesqui-
sas, dependendo de suas suposições sobre o que realmente existe na realidade e o que podemos
saber (meta�sica) e como podemos adquirir conhecimento (epistemologia) (WALLIMAN, 2017).
A meta�sica está preocupada com questões como: o que é ser, quem somos, o que é conheci-
mento, o que são coisas, o que é tempo e espaço. Em um extremo, há o:
» Idealismo, que defende que a realidade está toda na mente, que tudo o que existe depende
de alguma forma da a�vidade da mente. Portanto, como os fenômenos dependem de fatores
mentais e sociais, estão em um estado de constante mudança. Por exemplo, a música não é
apenas som, é uma experiência emocional.
No outro extremo, está o:
» Materialismo (ou reducionismo), que insiste em que apenas existem coisas �sicas e suas inte-
rações e que nossa mente e consciência são totalmente devidas à operação a�va dos materiais.
Assim, os fenômenos são independentes de fatores sociais e, portanto, estáveis. Por exemplo,
a música é apenas vibração no ar.
Como você pode imaginar, essas são extremidades opostas de um espectro, com muitas posições
intermediárias que mantêm a importância da mente e das coisas materiais em diferentes graus.
Walliman (2017) complementa afirmando que a epistemologia é a teoria do conhecimento,
especialmente sobre sua validação e os métodos u�lizados. Ela lida com a forma como sabemos
as coisas e o que podemos considerar como conhecimento aceitável em uma disciplina. Está pre-
ocupada com a confiabilidade de nossos sen�dos e o poder da mente. Quanto aos métodos de
aquisição de conhecimento, existem duas abordagens básicas:
» Empirismo: conhecimento adquirido pela experiência sensorial (usando o raciocínio indu�vo);
» Racionalismo: conhecimento adquirido pelo raciocínio (usando o raciocínio dedu�vo).

20
FIGURA 11 – A EPISTEMOLOGIA TENTA EXPLICAR O CONHECIMENTO

UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020). ID da imagem:

Os méritos rela�vos dessas abordagens são discu�dos desde os gregos an�gos – Aristóteles
defendendo a primeira e Platão, a segunda. Como esta disciplina não é de filosofia, não vamos
nos ater a aspectos demasiadamente teóricos que não fazem parte do nosso escopo de trabalho.
Assim, é preciso que esteja claro para você que a epistemologia e a meta�sica existem como
formas de lidarmos com o conhecimento e o saber e suas caracterís�cas. Procure entender esses
conceitos, que já estão colocados de forma bem simples, para que você possa realizar os exercícios
de fixação sem problemas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesta Unidade que a ciência é fundamental para nossa vida porque dela derivam as ino-
vações que tornam a nossa vida melhor. Nossos alimentos, nossos lares, nosso transporte, nosso
trabalho, nosso estudo e nossa saúde estão in�mamente ligados aos produtos, serviços e proces-
sos que a ciência desenvolve diariamente.
Porém, também vimos que a ciência necessita de métodos e normas que possibilitam todo esse
desenvolvimento. Nós, humanos, fomos ao longo da história aperfeiçoando modelos de raciocínio
e de reflexão, os quais possibilitassem o estabelecimento de metodologias que trouxessem as res-
postas que buscamos. E isso tudo foi construído com muito esforço e dedicação.
Esses métodos são complexos, sem dúvida, mas são perfeitamente compreensíveis e aplicáveis.
Por essa razão, passamos esta primeira Unidade explicando os fundamentos, os conceitos, os ob-
je�vos e as formas de u�lização de alguns métodos de pesquisa.
Ciente desse embasamento, você tem todas as condições de fazer as a�vidades desta Unidade
e, o mais importante, aplicar esses conhecimentos na sua vida acadêmica e profissional.
Obrigado pela companhia e até a Unidade 2!

21
ANOTAÇÕES

22
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA UNIDADE 01
UNIDADE

02
O PROCESSO
DE LEITURA
E TEXTOS
ACADÊMICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Desenvolver habilidades de leitura e depreensão de texto para pesquisa acadê-
mica;
» Conhecer métodos de seleção de informações e encadeamento de ideias com
base na leitura de textos acadêmicos;
» Adotar mecanismos de documentação que auxiliem na coleta de informações para
elaboração de textos cien�ficos;
» Conhecer os �pos de textos acadêmicos, suas aplicações e caracterís�cas.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://qrgo.page.link/e6xeU https://qrgo.page.link/UH2p6 https://qrgo.page.link/WopNr


INTRODUÇÃO
Olá, amigas e amigos, vamos para mais uma Unidade desta disciplina, dando con�nuidade aos
nossos estudos.

UNIDADE 02
Na primeira Unidade, vimos os princípios básicos da ciência e do conhecimento, que são os
campos nos quais a pesquisa e a produção cien�fica transitam. Vimos desde os conceitos mais
basilares, como o que é e quais as origens da ciência e do conhecimento, até aspectos filosóficos,
como a Epistemologia, com base na qual discu�mos a validade e a importância da ciência.
Nesta segunda parte da disciplina, vamos começar um conteúdo fundamental: o processo de
leitura no estudo e a forma correta de documentar as informações que darão fruto ao novo co-

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nhecimento. Será uma Unidade com diversos aspectos teóricos, como ocorreu na Unidade 1, mas
já teremos também alguns elementos prá�cos para que você comece a pra�car as técnicas impor-
tantes e necessárias a fim de começar a produzir ciência.
É importante ressaltar que nossa disciplina não é apenas teórica, como alguns de vocês podem
estar pensando neste momento. Pelo contrário, pretendo aumentar o volume de conceitos e ele-
mentos prá�cos à medida que avançamos, isto é, a tendência é que a úl�ma Unidade de ensino
tenha mais elementos prá�cos que teóricos.
Isso não significa, porém, que a disciplina será somente prá�ca, fazendo exercícios. Pelo contrá-
rio, seria um contrassenso conduzir uma disciplina de Pesquisa e Produção Cien�fica sem incitar
você à leitura e reflexão. É o ato de pensar que nos proporciona condições de criar conhecimento,
logo, não há possibilidade de você criar conhecimento sem pensar – e muito!
Por conta desses fatores, você con�nuará empenhado em ler a bibliografia básica da disciplina,
fazer os exercícios e, ainda, realizar as provas e demais avaliações obrigatórias e per�nentes. Não
se esqueça, todavia, que isso é apenas o básico, e caso você queira se destacar no mercado de tra-
balho, será preciso ir além do indispensável, o que implica em: i) ler livros da bibliografia comple-
mentar; ii) ler outros livros e ar�gos cien�ficos sobre o tema da disciplina; iii) ler outros materiais
importantes, como revistas e textos on-line que tratem de ciência e produção cien�fica.
Dito isso, vamos em frente!

1. O PROCESSO DE LEITURA NOS ESTUDOS


A leitura é o início de qualquer pesquisa e produção cien�fica. Não existe nenhuma possibilida-
de de fazer pesquisa e produzir algo relevante a respeito sem inicialmente ler o que já foi escrito
sobre aquele assunto. Quando se faz pesquisa, dificilmente se parte do “zero”, pois alguém, em
algum lugar do mundo, já estudou algo a respeito.
Atualmente, com o avanço da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), há uma ampla
variedade de periódicos cien�ficos, revistas, jornais, disponíveis on-line, isto é, virtualmente. In-

24
clusive, boa parte desse conhecimento cien�fico é gratuito e de livre acesso. Logo, o pesquisador
tem à disposição uma gama de informações preciosa, que vai ajudá-lo a iniciar sua pesquisa tendo
por base algumas constatações já pesquisadas.
Para saber quais são os pontos que já foram estudados e quais deduções e conclusões foram
tomadas a par�r dessas informações, é indispensável ler. Daí a razão pela qual a pesquisa sempre

UNIDADE 02
começa iden�ficando o que foi feito, como foi feito, por que foi feito e quais conclusões foram
tomadas. Inclusive, uma das recomendações quando um pesquisador faz uma conclusão é dizer
quais outras pesquisas poderiam ser feitas a par�r daquela que se apresenta. O propósito é que o
próprio pesquisador indique novos estudos que poderiam complementar o que ele fez.

1.1 A PRÁTICA DA LEITURA

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Ler é uma das prá�cas mais an�gas e importantes que o ser humano adotou para evoluir e
criar uma civilização. Autores como Defleur e Hokeak (1993) defendem a visão de que a prá�ca da
comunicação, na qual está incu�da a capacidade de ler textos escritos, foi um dos elementos mais
importantes para que o ser humano pudesse chegar a elevados níveis de evolução, com a constru-
ção de uma civilização moderna.
Para os autores, foi a habilidade humana de falar e registrar por meio de textos escritos deter-
minadas informações que nos possibilitou até mesmo termos história, já que esta não exis�ria se
não pudéssemos guardar informações do passado por meio de palavras escritas.
O raciocínio desses autores tem fundamento, pois a história se assenta sob essas bases que
foram criadas pelos textos escritos deixados por aqueles que decidiram armazenar a informação.
Veja a importância da Bíblia, por exemplo, para a humanidade, não apenas sob o ponto de vista
religioso, mas também para a história dos povos. Perceba que a Bíblia é um texto histórico escrito,
que foi lido pelas pessoas em diferentes épocas.

FIGURA 1 – A LEITURA É UMA PRÁTICA INDISPENSÁVEL PARA A PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Fonte: Shu�erstock (2020).

25
Sendo a leitura algo tão relevante para o ser humano e, por conseguinte, para a pesquisa, é im-
portante termos em mente que a leitura buscando fazer ciência não é igual à leitura que fazemos
em nosso dia a dia para tarefas ro�neiras.
“Ué, como assim, professor?” – você pode estar pensando. Ler para estudar é diferente de ler
o cardápio do restaurante, ler as mensagens nas redes sociais ou ainda as no�cias nos portais de

UNIDADE 02
conteúdo jornalís�co? A resposta é sim!
Ler no dia a dia é uma a�tude mecânica, portanto, com baixa ou nenhuma reflexão, como
aquela mensagem engraçada que você viu no Facebook. A leitura para fins cien�ficos precisa ser
criteriosa, na qual o leitor deve avaliar o conteúdo e realizar possíveis associações, isto é, constatar
que determinada visão tem relação com as de outro autor, e assim sucessivamente. Por exemplo,
para Bastos et al. (2002) e Galliano (1986), a finalidade da leitura deve ser memorizar, apreender

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o conteúdo e formar um senso crí�co sobre o assunto. Percebam que fiz uma citação – veremos
isso mais adiante – de dois autores que pesquisaram o que é e como se faz pesquisa e produção
cien�fica. Para isso, foi preciso que eu lesse sobre o assunto e separasse o conteúdo, o qual foi
u�lizado nesta parte do nosso livro didá�co.
Podemos inferir, sobre a leitura na pesquisa cien�fica, que existem habilidades indispensáveis:

• ATENÇÃO: CAPACIDADE DE CONCENTRAÇÃO EM UM SÓ OBJETO, SABEN-


DO QUE A ATENÇÃO NÃO PODE SE MANTER FIXA POR LONGOS PERÍODOS,
SEM PERDER SUA EFICÁCIA, POR ISSO UM PERÍODO DE ATENÇÃO RE-
QUER OUTRO DE DESCANSO. PARA PRENDER A ATENÇÃO, É IDEAL CRIAR
O MÁXIMO DE INTERESSE PELO ASSUNTO ESTUDADO;

• MEMÓRIA: MEMORIZAR É RETER OU COMPREENDER O QUE É MAIS


SIGNIFICATIVO DE UM CONTEÚDO, AO INVERSO DE TER DECORADO, O
QUE SÓ PERMITE REPETIÇÃO. A MEMORIZAÇÃO É POSSÍVEL A PARTIR DA
OBSERVAÇÃO DOS SEGUINTES PONTOS: REPETIÇÃO, ATENÇÃO, EMOÇÃO,
INTERESSE E RELACIONAMENTO DOS FATOS COM OUTROS CONTEÚDOS,
JÁ RETIDOS NA MEMÓRIA;

• ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS: É UMA CAPACIDADE QUE POSSIBILITA AO


INDIVÍDUO RELACIONAR E EVOCAR FATOS E IDEIAS. É FÁCIL OBSERVAR
QUANTOS ASSUNTOS VÊM À TONA, POR FATOS E IDEIAS RELACIONADAS
COM EXPERIÊNCIAS ANTERIORES DOS INTERLOCUTORES, NA TROCA DE
PALAVRAS EM UMA CONVERSA. PARA MELHOR APRENDIZAGEM, PODE-
MOS USAR DESSA TÉCNICA, PARA ASSOCIAR O CONTEÚDO.
(ROVER, 2006, p. 26).

Com essas habilidades desenvolvidas, você precisará de método para separar conteúdo e
u�lizá-lo posteriormente para escrever sua pesquisa. Entre os diversos mecanismos existentes,
há as fichas de leitura (veja em Saiba +), método muito difundido e amplamente u�lizado em
todo o mundo.

26
SAIBA MAIS
Existem muitos estudiosos, como Rover (2006), que recomendam a prá�ca de fichas de leitura
como técnica de separação de informações relevantes em pesquisa acadêmicas. As fichas de lei-

UNIDADE 02
tura, em síntese, são fichas de papel nas quais o pesquisador anota suas inferências sobre deter-
minados aspectos tratados em certa obra cien�fica.
Por exemplo, você está lendo este livro didá�co e acredita que esta parte que escrevi sobre fichas
de leitura pode ser relevante no trabalho acadêmico que está realizando. Você anotaria as refe-
rências bibliográficas deste livro (nome da obra, autor, data de publicação e outras informações) e
suas ponderações sobre o que pensa a respeito do que foi tratado. Quando você es�ver escreven-
do um trabalho acadêmico sobre pesquisa acadêmica e cien�fica, precisará de referências, isto é,

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de outros estudos que trataram do mesmo assunto e que vão ajudá-lo a elaborar seu raciocínio –
neste livro isso é feito em vários momentos, dizendo, por exemplo, “segundo ‘Fulano de Tal’ (ano
da obra de publicação), a pesquisa...”. É essa técnica que você precisará usar e, para isso, necessita
das referências que podem estar em fichas de leitura.

FIGURA 2 – PARA FAZER A FICHA DE LEITURA, É PRECISO ANOTAR O QUE DE RELEVANTE VOCÊ LEU.

Fonte: Shu�erstock (2020).

1.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA E ANÁLISE


Autores como Rover (2006) afirmam que existem várias fases de leitura, como pré-leitura, lei-
tura sele�va, leitura crí�ca, entre outras. Para a autora, cada uma delas teria uma função. Aqui
vamos simplificar e recomendar a você que a leitura de material didá�co do curso superior que
está fazendo necessita sempre de elevado grau de atenção às observações dos autores, de forma
que você consiga separar informações que possam ser úteis em seus trabalhos acadêmicos.
Todo curso de nível superior baseia-se no método cien�fico para aprendizagem, que depende
de informações e opiniões colhidas de estudiosos do assunto. Portanto, tudo o que você lê neste

27
curso, em disciplinas como esta, pode e será usado em avaliações, trabalhos e outros exames apli-
cados para medir seu grau de aprendizagem.
Caso você esteja pensando: “Tá bom, professor, entendi. Mas como faço para separar conteú-
do?”. Eis algumas dicas que podem ser úteis:

UNIDADE 02
• JAMAIS REALIZAR UMA LEITURA DE ESTUDO SEM UM OBJETIVO DEFINI-
DO. PARA QUE ESTÁ LENDO? QUAL O PROPÓSITO DA LEITURA?

• CASO HAJA PALAVRAS DESCONHECIDAS NO TEXTO, RECORRA AO DICIO-


NÁRIO, PARA SE ORIENTAR;

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• SEJA CRÍTICO, AVALIANDO O TEXTO LIDO. DISTINGA O QUE É SIGNIFICA-
TIVO E IMPORTANTE NO TEXTO. QUESTIONE-SE DA VALIDADE DO TEXTO,
TENTANDO ENCONTRAR RESPOSTAS PARA AS QUESTÕES: COMO O
AUTOR ESTÁ DEMONSTRANDO O TEMA? QUAL É A IDEIA PRINCIPAL DO
TEXTO? O QUE ESTOU APRENDENDO COM ESSE TEXTO?

• ANALISE AS PARTES DO TEXTO E ESTABELEÇA RELAÇÕES ENTRE ELAS, A


FIM DE COMPREENDER A ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO;

• SAIBA FAZER UMA TRIAGEM DO QUE ESTEJA LENDO E PERCEBA A SUA


APLICABILIDADE NO MOMENTO;

• ELABORE UMA SÍNTESE, RESUMINDO OS ASPECTOS ESSENCIAIS, DEI-


XANDO DE LADO AQUILO QUE É SECUNDÁRIO OU ACESSÓRIO, MANTENDO
UMA SEQUÊNCIA LÓGICA;

• PRESTE ATENÇÃO NAS PALAVRAS-CHAVE, QUE INDICAM A IDEIA PRINCI-


PAL CONTIDA NO TEXTO.
(ROVER, 2006, p. 27).

REFLITA
Por que ler e escrever um texto cien�fico?
Todo texto tem um obje�vo. Ninguém escreve algo sem um obje�vo em mente. Pode ser algo
simples, como uma receita de bolo, ou ter um obje�vo grandioso, como uma teoria matemá�ca
que explique o movimento dos planetas ao redor do Sol. Sendo assim, todas as vezes que você ler
um texto no seu curso superior, é preciso perceber qual o obje�vo deste, para iden�ficar possíveis
pontos de convergência com seus propósitos de estudo.
Convergência, porém, não significa que você deve ler e buscar informações apenas em textos
nos quais os autores endossam seu ponto de vista. Pelo contrário, a ciência necessita do conflito
de ideias para avançar, porque a divergência é natural nos processos de mudança e progresso da
ciência. A convergência aqui diz respeito à proximidade com o assunto do qual você está tratando.

Continua >
28
Continuação >

Vou exemplificar com algo que aconteceu comigo em meu doutorado. Quando fui estudar ino-
vação em comunicação, havia muitas opiniões divergentes da minha, mas fiz questão de separar
essas informações nos materiais cien�ficos que li, porque essa divergência é a realidade da qual
não podemos fugir. Sem dúvida procurei mostrar as razões pelas quais divergia de várias daquelas
pessoas, mas não me furtei de dizer a opinião delas. Tenha sempre isso em mente ao separar

UNIDADE 02
conteúdo e buscar informações para suas pesquisas.

Importante salientar que projetos de pesquisa, como você pode fazer em um Trabalho de Con-
clusão de Curso (TCC), por exemplo, são criados para explicar um fenômeno ou para testar uma
teoria. Métodos de pesquisa são as técnicas prá�cas usadas para realizar pesquisas. Eles são as
ferramentas que permitem coletar informações e analisá-las. Quais informações você coleta e

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como as analisa depende da natureza do problema de pesquisa, o ponto central de geração de um
projeto de pesquisa. Daí a necessidade de total clareza na definição do problema e na limitação
de seu escopo, a fim de possibilitar a elaboração de um projeto prá�co e com resultados definidos
(WALLIMAN, 2017).
Muitos cursos de graduação exigem o TCC como método de encerramento do curso, justamen-
te porque é uma forma de o aluno começar a pra�car a pesquisa cien�fica. No TCC o estudante
realiza um estudo no qual pode demonstrar como entendeu o processo de pesquisa e como vários
métodos de pesquisa são aplicados. Daí a necessidade de ser claro sobre o processo como um
todo, para que os métodos possam ser vistos no contexto de um projeto.

FIGURA 3 – NO TCC, O ALUNO COMEÇA A PRATICAR A PESQUISA CIENTÍFICA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

Caso o aluno queira aprofundar-se na prá�ca da ciência e da pesquisa cien�fica, será preciso
que ele faça uma pós-graduação na modalidade stricto sensu, isto é, um mestrado ou doutorado,
nos quais o concluinte realiza uma dissertação ou tese, respec�vamente. No Brasil e, principal-
mente, na área das ciências humanas, o estudo stricto sensu é em muitos casos realizado com o
intuito final de poder ministrar aulas no ensino superior. Levaremos isso em conta nesses conhe-
cimentos que estamos trabalhando com você, como os primeiros passos da pesquisa cien�fica.

29
Na próxima seção desta Unidade, começaremos a aprender como separar o conteúdo biblio-
gráfico, assim como métodos de documentação para isso. Antes, porém, vale ressaltar que em
princípio é necessário definir algum �po de problema de pesquisa para fornecer uma razão à reali-
zação da pesquisa. O problema gerará o assunto da pesquisa, suas metas e obje�vos e indicará que
�po de dados precisa ser coletado para inves�gar as questões levantadas. Além disso, apontará

UNIDADE 02
que �po de análise é adequado para permi�r que você chegue a conclusões que fornecem respos-
tas às questões do problema.
Esse processo é comum a pra�camente todos os projetos de pesquisa, independentemente do
tamanho e complexidade. Eles podem ser muito diferentes porque os assuntos e os métodos mu-
dam. Alguns projetos têm como obje�vo testar e refinar o conhecimento existente, outros visam
criar novos conhecimentos, como, por exemplo, nas ciências biológicas, da saúde ou agrárias.

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FIGURA 4 – NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS OU DA SAÚDE, A PESQUISA
GERALMENTE É USADA PARA TESTES CIENTÍFICOS.

Fonte: Shu�erstock (2020).

A estrutura de qualquer projeto de pesquisa está assentada sobre as seguintes perguntas:


» O que você vai fazer? – O assunto da sua pesquisa.
» Por que você vai fazer isso? – A razão para essa pesquisa ser necessária ou interessante.
» Como você vai fazer isso? – Os métodos de pesquisa que você irá usar para realizar o projeto.
» Quando você vai fazer isso? – O cronograma de trabalho. (WALLIMAN, 2017).
As respostas a essas perguntas fornecerão uma estrutura para a realização real da pesquisa.
Essas respostas não são simples, mas você precisará refle�r sobre elas quando fizer seu estudo.

30
2. FORMAS DE SEPARAR CONTEÚDO E
ESTABELECER CORRELAÇÕES
(DOCUMENTAÇÃO)

UNIDADE 02
Agora que você já viu como começar suas pesquisas, vamos aprender a separar e armazenar as
informações úteis a serem coletadas. Rover (2006, p. 32) recomenda que o trabalho comece pelo
fichamento: “procedimento u�lizado na organização de dados da pesquisa de documentos. Sua fina-
lidade é a de arquivar as principais informações das leituras feitas e auxiliar na iden�ficação da obra”.

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Importante salientar que fichamento não é o mesmo que ficha de leitura. Esta úl�ma é uma das
formas de fazer o fichamento, o qual pode se valer de outras técnicas, como realizar um pequeno
resumo daquilo que você leu. O fichamento pode ser feito à mão ou no computador. Manualmen-
te geralmente se u�liza as fichas de leitura. Já no computador, é possível fazer no Word ou em
aplica�vos específicos, criados com essa finalidade.
Como cada pessoa tem uma preferência, não há certo ou errado, mas possibilidades. No meu
caso, por exemplo, gosto de riscar, sublinhar e anotar algumas ideias no próprio livro que estou
lendo. Às vezes, imprimo determinado texto que está disponível apenas on-line para eu poder
ler e separar o que considero mais relevante. Quando faço a leitura direto no computador e não
tenho a possibilidade de manusear o material on-line, costumo abrir documentos no Word/editor
de texto, colar no arquivo alguns trechos muito relevantes e fazer minhas ponderações a par�r das
colocações do autor. Muitas vezes esses parágrafos foram levados na íntegra, como citações, para
minha dissertação de mestrado, meus ar�gos cien�ficos, minha tese de doutorado e meus livros
acadêmicos, porque eles já estavam bem estruturados.
Como atualmente a oferta de material on-line é muito superior à impressa e qualquer texto cien�-
fico deve ser escrito no computador, acredito que não compensa escrever tudo à mão o que se pensa
e depois transcrever para o computador, já que é puro retrabalho. No entanto, como disse e reitero,
é uma questão de gosto e cada pessoa deve avaliar qual é o método mais adequado de estudo.

FIGURA 5 – QUAL O MÉTODO DE FICHAMENTO MAIS ADEQUADO É UMA DECISÃO DO PESQUISADOR.


Fonte: Shu�erstock (2020).

31
Quanto aos métodos de elaboração do fichamento, existem três formas:
» Bibliográfico;
» Temá�co;
» Transcrição textual.

UNIDADE 02
2.1 MÉTODOS DE FICHAMENTO
2.1.1 BIBLIOGRÁFICO
Consiste, basicamente, em separar bibliografia para determinada pesquisa. É uma seleção de
pesquisas com autores que tratam do assunto que lhe interessa dentro do foco do seu trabalho. É

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um método demasiado restri�vo, porque não traz as reflexões do pesquisador/leitor sobre o que
ele está lendo, mas apenas as ideias do material pesquisado, não devendo trazer o pensamento do
pesquisador em relação à leitura.

2.1.2 TEMÁTICO
Como o próprio nome diz, é uma forma de separar material bibliográfico baseado em deter-
minado tema. Se o pesquisador está realizando leituras, por exemplo, sobre empreendedorismo,
ele vai fichar diversas obras que tratam desse assunto sob os mais variados pontos de vista. Assim
como no método bibliográfico, não há as ponderações do pesquisador/leitor sobre o assunto.

2.1.3 TRANSCRIÇÃO TEXTUAL


É o mais recomendado e o melhor, no meu entendimento. Foi o sistema que usei na gradu-
ação, na especialização, no mestrado, no doutorado e para fazer meus livros, porque ele reúne
as informações sobre o texto e, ao mesmo tempo, as ponderações do pesquisador sobre o que
achou de tal leitura. Penso que ajuda bastante na organização das ideias e na posterior separação
do material.

VÍDEO
Para entender melhor sobre o fichamento, assista a um vídeo bem interessante que mostra como
realizar fichamentos comentados. Essa é a forma mais comum e uma das mais indicadas para o
aluno que precisa realizar um bom fichamento de textos mais elaborados, como livros, teses e
dissertações. O vídeo apresenta explicações sinté�cas e bastante ilustradas.
- COMO fazer fichamento comentado. 2017. Disponível em: h�ps://bit.ly/2XvH8OJ. Acesso em:
24 set. 2019.

2.2 REFERÊNCIAS
Ao fazer a seleção de material para posterior u�lização, é indispensável indicar a referência
bibliográfica, um método universal de classificação de documentos, que podem ser impressos,

32
audiovisuais, fotografias, entre outros. As referências fazem parte das Normas Bibliográficas, re-
gras que estabelecem os parâmetros que precisam ser seguidos em textos acadêmicos. No Brasil,
seguimos a NBR 6023, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Como nos
aprofundaremos nesses aspectos mais adiante na disciplina, por hora é importante salientar a
forma mais simples de fazer a Referência Bibliográfica, usada para iden�ficar as obras descritas ou

UNIDADE 02
lembradas em determinado texto acadêmico.
Quando é preciso iden�ficar por completo a obra citada, essa iden�ficação estará no fim do
trabalho de pesquisa, com o �tulo “Referências”. Nesse campo, os livros, por exemplo, devem ser
descritos da seguinte forma:
AUTORIA. Título da obra em negrito/destaque. Local de publicação, em seguida dois-pontos,
a editora, vírgula, o ano de publicação.

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EXEMPLO:
ARAUJO, Lucas Vieira de. Inovação em comunicação no Brasil. São Bernardo do Campo: Me-
todista, 2018.
O úl�mo sobrenome vem primeiro e em letra maiúscula. Uma vírgula separa o úl�mo sobreno-
me do prenome e do primeiro sobrenome, sendo que as primeiras letras destes são maiúsculas,
exceto para preposições como “de” ou “da”. O �tulo da obra vem em negrito e apenas a primeira
letra e nomes próprios são em letra maiúscula. Após um ponto, vem o local de publicação (cidade),
dois pontos e ano de publicação.
Quando o autor é citado no meio da obra, pode-se fazer de duas formas:
» Citação indireta: O autor é citado, mas as palavras são de quem escreve. Coloca-se apenas o
úl�mo sobrenome e o ano de publicação da obra em seguida. Quando o �tular do texto cita
diretamente o autor da obra, o sobrenome vem em letra minúscula – apenas a primeira em
maiúscula – e o ano de publicação entre parênteses.
• Ex.: Segundo Silva (1998) 1, as pessoas devem se atentar para os cuidados que evitam a pro-
liferação do sarampo entre as crianças.
» Quando o autor da obra não é citado diretamente, deve-se colocar o sobrenome todo em letra
maiúscula, seguido do ano de publicação separado por vírgula.
• Ex.: As pessoas devem ser atentar para os cuidados que evitam a proliferação do sarampo
entre as crianças (SILVA, 1998) 2.
» Citação direta: O autor é citado com as próprias palavras dele. Isto é, o novo texto que está
sendo elaborado não traz outras palavras senão aquelas que o autor usou quando criou o texto
consultado. Assim como ocorre na citação indireta, quando o �tular do texto cita diretamente
o autor da obra, o sobrenome vem em letra minúscula – apenas a primeira em maiúscula – e
o ano de publicação entre parênteses. Além disso, o texto do autor referido vem entre aspas

1 Exemplo hipoté�co, válido apenas para fins didá�cos.


2 Exemplo hipoté�co, válido apenas para fins didá�cos.

33
quando tem extensão de até 3 linhas, ou em formatação especial sem as aspas, mas com recuo
de 4 cm, separado do texto, com entrelinha e corpo menor que o usado no texto, quando ultra-
passar �ver a par�r de 4 linhas de extensão.
» Exemplo 1 (palavras do autor citado no corpo do texto):

UNIDADE 02
• Segundo Silva (1998) 3, “é preciso que as pessoas se preocupem com o sarampo para que a
doença não se propague e prejudique outras crianças”.
» Exemplo 2 (palavras do autor citado com espaçamento diferenciado e recuo):

O SARAMPO É UMA DOENÇA INFECTOCONTAGIOSA QUE FÁCIL PROPAGAÇÃO

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QUE PODE SE ESPALHAR RAPIDAMENTE PELO PAÍS CASO AS PESSOAS E AS
AUTORIDADES SANITÁRIAS NÃO TOMAREM OS DEVIDOS CUIDADOS. INFE-
LIZMENTE, UMA PARTE RAZOÁVEL DA POPULAÇÃO NÃO VEM TOMANDO AS
MEDIDAS CABÍVEIS E O PODER PÚBLICO ESTÁ CONTRIBUINDO PARA QUE A
DOENÇA VOLTE A SE ESPALHAR DE FORMA RÁPIDA E CONTÍNUA A PARTIR DA
OMISSÃO NA TOMADA DE DECISÕES 4.

Ao longo desta disciplina, trabalharemos outros aspectos rela�vos às referências bibliográficas.


Neste momento, preciso apenas que você memorize essas formas de realizar as referências.

3. ELABORAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS


Fachin (2003) recomenda que todo texto acadêmico siga uma ordem lógica de raciocínio na
qual seja empregada uma linguagem clara e precisa, sem preciosismos e erudição desnecessária.
Para Rover (2006, p. 34), o ideal é:

• JAMAIS REALIZAR UMA LEITURA DE ESTUDO SEM UM OBJETIVO DEFINI-


DO. PARA QUE ESTÁ LENDO? QUAL O PROPÓSITO DA LEITURA?

• CASO HAJA PALAVRAS DESCONHECIDAS NO TEXTO, RECORRA AO DICIO-


NÁRIO, PARA SE ORIENTAR;

• SEJA CRÍTICO, AVALIANDO O TEXTO LIDO. DISTINGA O QUE É SIGNIFICA-


TIVO E IMPORTANTE NO TEXTO. QUESTIONE-SE DA VALIDADE DO TEXTO,
TENTANDO ENCONTRAR RESPOSTAS PARA AS QUESTÕES: COMO O
AUTOR ESTÁ DEMONSTRANDO O TEMA? QUAL É A IDEIA PRINCIPAL DO
TEXTO? O QUE ESTOU APRENDENDO COM ESSE TEXTO?

3 Exemplo hipoté�co, válido apenas para fins didá�cos.


4 Exemplo hipoté�co, válido apenas para fins didá�cos.

34
• ANALISE AS PARTES DO TEXTO E ESTABELEÇA RELAÇÕES ENTRE ELAS, A
FIM DE COMPREENDER A ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO;

• SAIBA FAZER UMA TRIAGEM DO QUE ESTEJA LENDO E PERCEBA A SUA

UNIDADE 02
APLICABILIDADE NO MOMENTO;

• ELABORE UMA SÍNTESE, RESUMINDO OS ASPECTOS ESSENCIAIS, DEI-


XANDO DE LADO AQUILO QUE É SECUNDÁRIO OU ACESSÓRIO, MANTENDO
UMA SEQUÊNCIA LÓGICA;

• PRESTE ATENÇÃO NAS PALAVRAS-CHAVE, QUE INDICAM A IDEIA PRINCI-


PAL CONTIDA NO TEXTO.

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(ROVER, 2006, p. 27).

FIGURA 6 – A REDAÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO DEVE SER CLARA E OBJETIVA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

Dentre os diversos �pos de textos acadêmicos, vamos destacar aqueles que são mais usados e
mais relevantes aos pesquisadores.

3.1 RESUMO
Segundo Rover (2006, p. 38), resumo é:

A CONDENSAÇÃO DO TEXTO, TENDO O CUIDADO DE MANTER A INTENÇÃO DO


AUTOR. NÃO CABEM, NO RESUMO, COMENTÁRIOS OU AVALIAÇÕES DO MATE-
RIAL QUE ESTÁ SENDO CONDENSADO. RESUMIR NÃO É REPRODUZIR FRASES
DO TEXTO ORIGINAL, FAZENDO UMA COLAGEM DE PEDAÇOS DO TEXTO; DEVE-
MOS EXPRIMIR, COM AS PRÓPRIAS PALAVRAS, AS IDEIAS DO TEXTO.

35
Percebemos nessa colocação que o resumo jamais deve se limitar a uma cópia de trechos do
texto, como é comum alguns alunos pensarem. Por outro lado, também não é uma avaliação do
que foi lido, porque esse papel cabe a outro �po de texto: a resenha. O resumo é uma maneira
mais imparcial de o leitor guardar as informações, pois nele se evita colocar juízos, isto é, as opi-
niões sobre aquilo que foi lido. Sem dúvida a imparcialidade absoluta não existe, e não é esse o

UNIDADE 02
obje�vo. A ideia do resumo é armazenar as informações lidas no texto de forma condensada.
Salomon (2001, p. 114) recomenda itens importantes para um resumo elaborado com qualidade:

• A PRIMEIRA FRASE DEVE SER SIGNIFICATIVA, EXPONDO A IDEIA PRINCI-


PAL, ISTO É, IDENTIFICANDO O OBJETIVO DO AUTOR QUANDO ESCREVEU

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O TEXTO;

• A ARTICULAÇÃO DAS IDEIAS DEVE SEGUIR A LÓGICA DADA ÀS IDEIAS


PELO AUTOR, INCLUIR TODAS AS DIVISÕES IMPORTANTES, DANDO IGUAL
PROPORÇÃO A CADA UMA DELAS E SEMPRE OBSERVANDO O TEMA PRIN-
CIPAL DO DOCUMENTO;

• AS CONCLUSÕES DO AUTOR DO TEXTO OBJETO DO RESUMO;

• DAR PREFERÊNCIA AO USO DA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR E O


VERBO NA VOZ ATIVA (DESCREVE, ABORDA, ESTUDA ETC.);

• EVITAR A REPETIÇÃO DE FRASES INTEIRAS DO ORIGINAL;

• RESPEITAR A ORDEM EM QUE AS IDEIAS OU FATOS SÃO APRESENTADOS;

• NÃO DEVE APRESENTAR JUÍZO VALORATIVO OU CRÍTICO;

• DEVE SER COMPREENSÍVEL POR SI MESMO, DISPENSANDO A CONSULTA


AO ORIGINAL;

• EVITAR O USO DE PARÁGRAFOS OU FRASES LONGAS, CITAÇÕES E DES-


CRIÇÕES OU EXPLICAÇÕES DETALHADAS.

Quanto aos �pos de resumo, é importante que você observe os dois mais comuns: o informa�-
vo e o acadêmico. O resumo informa�vo é o que eu detalhei há pouco. O acadêmico é aquele que
aparece no início de textos acadêmicos, como ar�gos, dissertações, teses de doutorado. Além de
uma extensão enxuta, por volta de 250 palavras para ar�gos, ele deve trazer apenas as informa-
ções cruciais, nesta ordem: jus�fica�va, obje�vos, metodologia e resultados alcançados. Em alguns
textos, para serem mais diretos, nem a jus�fica�va é colocada, parte-se direto para os obje�vos.
A seguir, leia um resumo de um ar�go de minha autoria. Observe que não há jus�fica�va e que
há exatas 99 palavras, já que a revista na qual eu publiquei o texto determinava um máximo de 100
palavras para o resumo.

36
ESTA PESQUISA IDENTIFICA, CARACTERIZA E ANALISA OS PRINCIPAIS MO-
VIMENTOS DE INOVAÇÃO EM COMUNICAÇÃO NO BRASIL E DE QUE FORMA
ELES SE SUSTENTAM E INTERAGEM COM O ECOSSISTEMA. FOI REALIZADA
PESQUISA QUALITATIVA E EXPLORATÓRIA EM TRÊS UNIVERSOS: STARTUPS,

UNIDADE 02
EMPRESAS DE MÍDIA ESTABELECIDAS E FUNDOS DE INVESTIMENTOS E OR-
GANIZAÇÕES DE FOMENTO À INOVAÇÃO. FORAM COLETADOS DADOS PRIMÁ-
RIOS E SECUNDÁRIOS POR MEIO DE ENTREVISTA ESTRUTURADA, PESQUISA
DOCUMENTAL E OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE. DENTRE OS RESULTADOS, VERI-
FICOU-SE QUE EM TODOS OS UNIVERSOS DE PESQUISA O GRAU DE INOVAÇÃO
É REDUZIDO, A INOVAÇÃO É INCREMENTAL, E HÁ UMA FALTA DE INTEGRAÇÃO
ENTRE OS ENTES DO ECOSSISTEMA.

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(ARAUJO, 2018)

3.2 RESENHA
Pode-se afirmar que a resenha é um resumo com mais detalhamento, somado à opinião sobre
o material lido. Na resenha é indispensável um posicionamento do autor do texto sobre a obra
abordada, havendo, portanto, uma avaliação a respeito.
O resenhista, isto é, aquele que escreve a resenha, deve ter um amplo conhecimento do assun-
to sobre o qual pretende tratar, porque não basta simples conjecturas sobre o tema, mas uma aná-
lise aprofundada, o que só é possível quando se tem pleno domínio do que está sendo comentado.
A resenha geralmente recai sobre livros, obras literárias e manifestações ar�s�cas. O resenhista
tem total liberdade para concordar ou discordar do autor da obra e, preferencialmente, inserir
trechos da obra em análise no texto, para trazer mais obje�vidade à avaliação.
Nascimento e Póvoas (2002, p. 33-34) sugerem a seguinte estrutura textual, na devida ordem,
para uma resenha:

1. REFERÊNCIAS (NBR 6023:2002)


2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O AUTOR
3. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS DA OBRA
• DE QUE TRATA A OBRA? O QUE DIZ?
• POSSUI ALGUMA CARACTERÍSTICA ESPECIAL?
• COMO FOI ABORDADO O ASSUNTO?
4. CONCLUSÃO DO AUTOR
5. APRECIAÇÃO CRÍTICA
A) MÉRITO DA OBRA

37
• QUAL A CONTRIBUIÇÃO DADA?
• IDEIAS VERDADEIRAS, ORIGINAIS, CRIATIVAS?
• CONHECIMENTOS NOVOS, AMPLOS, ABORDAGEM DIFERENTE?

UNIDADE 02
B) ESTILO
• CONCISO, OBJETIVO, SIMPLES? CLARO, PRECISO, COERENTE?
C) FORMA
• HÁ EQUILÍBRIO NA DISPOSIÇÃO DAS PARTES?
D) INDICAÇÃO DA OBRA

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• A QUEM É DIRIGIDA: GRANDE PÚBLICO, ESPECIALISTAS, ESTUDANTES?

FIGURA 7 – A RESENHA CRÍTICA DEVE SER ELABORADA POR


PESSOAS COM AMPLO CONHECIMENTO NO ASSUNTO.

REVISÃO ONLINE

Fonte: Shu�erstock (2020).

3.3 ARTIGO
Para Rover (2006. p. 41), o ar�go é:

RESULTADO DE UM PROBLEMA CIENTÍFICO OU DESENVOLVIMENTO DE UMA PES-


QUISA, QUE PODERÁ SER PUBLICADO EM REVISTAS TÉCNICAS, JORNAIS OU BO-
LETINS. ESTRUTURALMENTE, DEVE CONTER ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS (TÍTULO,
AUTORIA, RESUMO E RELAÇÃO DE PALAVRAS-CHAVE), ELEMENTOS TEXTUAIS (A
INTRODUÇÃO, O DESENVOLVIMENTO, A CONCLUSÃO E OS ELEMENTOS DE APOIO)
E OS ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS (APÊNDICE E ANEXOS).

38
Essa visão vai ao encontro das colocações de Prestes (2003, p. 35), para quem o ar�go:

TEM COMO OBJETIVO PUBLICAR RESULTADOS DE UM ESTUDO. TRATA-SE DE UM


TEXTO INTEGRAL E COMPLETO, GERALMENTE NÃO ULTRAPASSA 20 PÁGINAS,

UNIDADE 02
DEPENDENDO SEMPRE DA ÁREA. COMO TRABALHO ACADÊMICO, DEVE CONTER
INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO E, NO CORPO DO DESENVOLVI-
MENTO, SÃO FEITAS SUBDIVISÕES.

O ar�go é uma das formas mais u�lizadas em todo o mundo para a difusão e informações

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cien�ficas e acadêmicas porque é um texto sinté�co em relação a outros mais densos, como uma
tese. Pode ser elaborado em diversos momentos, não apenas na conclusão de um doutorado
ou mestrado, e permite um aprofundamento teórico e de resultados dos testes e/ou avaliações
realizadas. Não por acaso, os ar�gos se tornaram uma das principais atribuições dos cien�stas e
pesquisadores, já que são a principal forma de difusão do conhecimento cien�fico.
Quando determinado pesquisador/cien�sta realiza uma análise ou obtém certo resultado, a
primeira medida que ele toma é publicar o material em forma de ar�go cien�fico, em uma revista
acadêmica especializada. Quanto maior o pres�gio da revista, maior será o crédito ao estudo do
pesquisador/cien�sta, pois as exigências do periódico geralmente trazem credibilidade à pesquisa.
Toda pesquisa depende de uma avaliação de outros cien�stas para ter legi�midade, o que ocor-
re geralmente quando o estudo é publicado em forma de ar�go em periódicos acadêmicos. Nas
próximas Unidades, quando falarmos sobre fontes de pesquisa, trataremos novamente sobre as
revistas cien�ficas e a relevância delas para o universo da ciência e da tecnologia.

FIGURA 8 – ELABORAR UM ARTIGO CIENTÍFICO É TAREFA INDISPENSÁVEL DO CIENTISTA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

Antes de finalizarmos, é importante salientar que alguns estudiosos da área de pesquisa res-
saltam que também existe o paper, que seria um “meio termo” entre a resenha e o ar�go, apre-

39
sentando elementos de avaliação do conteúdo lido, com aspectos mais acadêmicos em relação a
teorias e opiniões de outros autores que já trataram de determinado assunto.
Porém, verifique que paper é o nome que se dá a ar�go cien�fico em inglês. Assim, é bom que
você guarde essa terminologia, pois poderá se deparar com um texto estrangeiro e estranhar o
termo paper.

UNIDADE 02
Outro aspecto que merece ser destacado é que dificilmente algum professor, mesmo na pós-
-graduação stricto sensu, na qual são elaborados mais textos acadêmicos, solicitará um paper em
subs�tuição ao ar�go ou à resenha. A maioria das revistas acadêmicas, inclusive de fora do Brasil,
publicam ar�gos – que são chamados de paper fora do nosso país – ou resenhas.
Algumas revistas estrangeiras e umas poucas brasileiras publicam short-papers, que são um

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�po de ar�go mais condensado. Se o ar�go tradicional no Brasil tem entre 15 e 20 páginas, o short
paper terá a extensão máxima de 4 páginas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avançamos bastante nesta Unidade 2. Começamos entendendo qual a importância e a melhor
maneira de realizar leitura para fins acadêmicos. Percebemos que não basta apenas “ler” o texto,
é necessário fazer anotações, separar conteúdo e, mais relevante, ter método para realizar tudo
isso. Afinal, quando você es�ver escrevendo um texto acadêmico, vai necessitar daquele material
que leu e separou para embasar suas ideias e proposições.
Logo depois, aprendemos a documentar nosso material de estudo e até a referenciá-lo. Você
constatou que as regras para classificação do conteúdo são muitas e que nós estamos apenas co-
meçando a aprendê-las. Certamente conseguiremos entender esses conteúdos com muito foco e
dedicação.
Também destacamos sobre os �pos de textos acadêmicos que podem ser elaborados para di-
vulgação dos resultados cien�ficos e acadêmicos. Guarde bem esses conceitos, porque eles serão
fundamentais para as próximas Unidades da nossa disciplina.
Obrigado, e até a próxima Unidade.

ANOTAÇÕES

40
UNIDADE

03
TÉCNICAS DE
PESQUISA E
PRODUÇÃO
BIBLIOGRÁFICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Conhecer os �pos de publicação para posterior iden�ficação de fontes;


» Realizar pesquisa bibliográfica na internet;
» Saber iden�ficar, selecionar e classificar as publicações cien�ficas mais confiá-
veis na internet;
» Aprender normas de referências bibliográficas.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://qrgo.page.link/22jB9 https://qrgo.page.link/Lp9yR https://qrgo.page.link/uQegv


INTRODUÇÃO
Olá amigos e amigas!
Olha só que bacana: já estamos na Unidade 3. Vencemos metade da disciplina! Disciplina boa é

UNIDADE 03
assim, a gente aprende e nem percebe o quanto aprendeu...
Você já percebeu que gosto de descontrair e deixar o aprendizado mais leve. Afinal de contas,
temos que começar a segunda metade da disciplina com todo gás, porque ainda temos muito a
aprender.
Deixando um pouco de pensar para frente e olhando o “retrovisor”, na Unidade 2 iniciamos

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entendendo um pouco mais sobre a importância e a prá�ca da leitura, vimos de que forma é pre-
ciso ler o texto, fazer anotações; aprendemos a armazenar esse conteúdo para ser usado poste-
riormente; começamos a aprender o que é e como fazer referências e, ainda, �vemos fôlego para
estudar os �pos de texto que produzimos academicamente.
Nesta Unidade 3 vamos nos aprofundar em aspectos mais densos, de assuntos como referên-
cias bibliográficas, e aprenderemos outras técnicas de pesquisa, principalmente pela internet.
Elaborar referências bibliográficas não é algo muito agradável, já que é preciso obedecer a gran-
de quan�dade de normas e regras, mas também não é supercomplexo. Precisaremos conhecer as
normas e aplicá-las corretamente, algo que se aprende muito pela prá�ca.
Já o assunto técnicas de pesquisa é mais elaborado, porque exige mais reflexão. É preciso en-
tender como, quando e onde procurar por informações relevantes, algo que parece simples, mas
na verdade não é. Você pode estar pensando neste momento: “Mas tem tanta coisa na internet. É
só ‘dar um Google’ e tudo aparece rapidinho...”.
Não é bem assim. Ao mesmo tempo em que há grande quan�dade de informação e muito con-
teúdo, também há muita desinformação, isto é, no�cias falsas, men�ras, informações incompletas
ou erradas, enfim, há “muito joio em meio ao trigo”. “Então precisarei aprender a selecionar as
informações de que preciso?”, talvez seja a sua pergunta. Eu respondo: “Sim!”.
O grande segredo atualmente não está em buscar, mas em encontrar algo que seja relevante e
verdadeiro. Para isso, vou ajudá-lo nesta jornada em toda esta Unidade 3.
Vamos em frente?

1. PESQUISA E PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA


A razão mais importante para fazer pesquisas é produzir novo conhecimento e compreensão,
assim como divulgá-lo em diversos meios de comunicação. Ao planejar um projeto de pesquisa, é
essencial saber qual é o estado atual do conhecimento no assunto escolhido, pois é obviamente uma
perda de tempo passar meses produzindo conhecimento que já está disponível gratuitamente.

42
Portanto, uma das primeiras etapas no planejamento de um projeto de pesquisa é fazer uma
revisão da literatura, ou seja, vasculhar todas as fontes de informação disponíveis para rastrear
o conhecimento mais recente e avaliar sua relevância, qualidade, controvérsia e lacunas. Tentar
resolver uma controvérsia ou preencher uma lacuna indicará em que aspectos são necessárias
pesquisas adicionais.

UNIDADE 03
Esta Unidade explica onde encontrar as informações necessárias e como analisá-las e apresen-
tá-las para que você possa criar uma base sólida ao seu projeto de pesquisa.

1.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: AS FONTES


Estamos em uma era de expansão radical da informação. Seja qual for o assunto, não há descul-

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pa para que você se depare com falta de informação. O problema está em onde encontrar dados
relevantes e com a qualidade certa. Qualquer busca pela internet demonstrará a grande quan�-
dade de informação men�rosa e maliciosa existente em todos os assuntos. Embora seja menor
o risco, mesmo uma visita à biblioteca ou a uma livraria pode ser uma experiência assustadora,
porque o problema não se resume à internet.
Sabemos que há grande quan�dade de no�cias falsas todos os dias, pois ao acessarmos a in-
ternet nos deparamos com fatos sensacionalistas que nos chamam a atenção. São no�cias do
�po: “Homem luta contra cobra de 7 metros de comprimento e mata o animal em seguida com os
próprios dentes”. Ainda que possa ser verdade, é uma informação que não fará qualquer diferença
para as pessoas em geral, a não ser deixá-las alarmadas e assustadas com a bizarrice da situação.
Infelizmente, a men�ra e a desinformação não se limitam a no�cias falsas. Existem também
aquelas informações que parecem de verdade, mas que uma inves�gação mais bem apurada nos
mostra que se trata de falácias. Realizar essa inves�gação, porém, não é nada fácil. Exige tempo,
recursos e técnicas próprias, que geralmente ficam a cargo dos jornalistas profissionais.

FIGURA 1 – NÃO É SEMPRE FÁCIL DISTINGUIR A MENTIRA E A DESINFORMAÇÃO NA INTERNET.

Fonte: Shu�erstock (2020).

43
SAIBA MAIS
O assunto “no�cia falsa” se tornou pauta para muitas discussões no Brasil, já que a desinformação
e as fake news afetam todas as pessoas. Em decorrência disso, também há muito conteúdo ruim

UNIDADE 03
sobre no�cias falsas, tornando di�cil a tarefa de saber exatamente quais são elas e como fazer
para se livrar delas. Há bons materiais em português sobre o assunto na internet, geralmente em
sites e portais de no�cias de conteúdo jornalís�co profissional. Além de explicarem o que são e
como evitar as fake news, essas ins�tuições informam as pessoas diariamente de no�cias apura-
das e tratadas com o rigor jornalís�co.
É claro que podem ocorrer erros e omissões, mas isso é inerente a todo processo informa�vo. O
mais relevante é o leitor ter como fonte de informação pessoas e ins�tuições que minimamente

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estejam preocupadas em apresentar os fatos mais próximos da verdade. Também há muitos bons
estudos em língua inglesa, caso você tenha conhecimento desse idioma. Assim como ocorre na
língua portuguesa, há empresas e periódicos jornalís�cos sérios, como BBC e The Guardian, que
produzem bons conteúdos sobre fake news e combatem esse �po de informação maliciosa.

Felizmente, você pode aprender como usar métodos sofis�cados de busca para obter as in-
formações necessárias. Não há necessidade de passar horas e horas em arquivos empoeirados,
nem de comprar muitos livros caros, mas é necessário, sim, especializar-se em técnicas de busca e
localização de dados e em métodos de avaliação.
A localização depende do assunto que você escolheu. Algumas fontes abrangem a maioria dos
assuntos, outras são especializadas em uma faixa específica e, portanto, fornecem mais detalhes.
Observe, a seguir, uma lista de lugares em que você pode pesquisar.

1.1.1 BIBLIOTECA
A biblioteca da sua faculdade – essa deve ser sua primeira escolha. Nela você encontrará uma
enorme quan�dade de informações. Também existem bibliotecas especializadas, como as de depar-
tamentos universitários, bibliotecas profissionais em ins�tuições profissionais, bibliotecas técnicas
em estabelecimentos técnicos (de pesquisa). As bibliotecas municipais muitas vezes têm coleções
especiais de interesse local. Tente obter as publicações mais recentes, a menos que você tenha mo-
�vos para fazer estudos históricos. Dados sobre assuntos em rápida evolução, como administração,
negócios, ciência e tecnologia se tornarão rapidamente obsoletos, mas, principalmente nas ciências
humanas, as publicações mais an�gas podem ter valor duradouro (WALLIMAN, 2017).
Não é suficiente apenas visitar as prateleiras para saber o que existe, mesmo que você te-
nha consultado o catálogo on-line primeiro. Haverá uma ampla gama de recursos eletrônicos e
recursos de busca fornecidos com o apoio de sessões de treinamento e folhetos a respeito. Ser
especialista em fazer pesquisas economizará muito tempo e frustração, além de garan�r que você
obtenha todas as informações mais recentes e necessárias.
Aqui estão alguns dos itens que você deve inves�gar:
» Catálogo da biblioteca. A maioria das bibliotecas possui um catálogo eletrônico em seus termi-
nais de computador, geralmente também acessível de outros lugares, via internet.

44
» Revistas e jornais. Em geral, eles são catalogados e armazenados separadamente dos livros e
podem estar disponíveis on-line. Como aparecem regularmente, eles tendem a ser muito atua-
lizados.
» Bancos de dados eletrônicos. São listas de publicações baseadas em computador. Eles contêm um
grande número de fontes, geralmente pesquisadas usando palavras-chave. Alguns fornecem ape-

UNIDADE 03
nas �tulos, detalhes de publicação e resumos, outros disponibilizam o texto completo. Os índices
de citações listam as publicações nas quais certos livros e ar�gos foram usados como referência.

FIGURA 2 – BUSCAS EM BIBLIOTECAS FÍSICAS SÃO UMA ÓTIMA FONTE DE INFORMAÇÃO FIDEDIGNA.

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Fonte: Shu�erstock (2020).

1.1.2 SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO PÚBLICA


Departamentos governamentais, como ins�tutos de pesquisa, escritórios de registros e escritó-
rios de esta�s�ca, fornecem informações de qualidade ao público e de forma totalmente gratuita.
Ins�tuições filantrópicas e organizações não governamentais (ONGs) também o fazem, porém é
importante salientar que essas organizações muitas vezes defendem interesses daqueles que as
criaram. Organizações profissionais e comerciais também divulgam detalhes sobre as pesquisas
mais recentes, tornando-se boas fontes de informação (WALLIMAN, 2017).
No Brasil, existem ins�tuições muito sérias que fornecem constantemente informações fidedig-
nas e relevantes. Uma delas é o Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca (IBGE), en�dade da ad-
ministração pública federal, vinculada ao Ministério da Economia. Desde 1937, é o principal provedor
de informações geográficas e esta�s�cas do Brasil, sendo responsável, por exemplo, pelo Censo De-
mográfico, que capta uma série de informações de grande importância para o país, como o número
de habitantes, de residências, de escolaridade e renda da população. Sem contar as informações que
ajudam a explicar como vive e quais as principais necessidades da população brasileira.
Inclusive, o IBGE tem um link no site da ins�tuição cujo nome é Biblioteca (h�ps://biblioteca.ibge.gov.br/).
Nele estão reunidos milhões de dados sobre o Brasil nos mais variados formatos, como fotografias,

45
livros, manuais e mapas. Muitos desses materiais podem ser baixados pelo usuário que precisa
daquelas informações (IBGE, 2020).
No estado do Paraná, há um importante órgão que faz um trabalho similar ao do IBGE, mas em
nível regional: o Ins�tuto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O Ipardes
é uma ins�tuição de pesquisa vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento e Projetos Estru-

UNIDADE 03
turantes, cuja função é estudar a realidade econômica e social desse estado para subsidiar a for-
mulação, a execução, o acompanhamento e a avaliação de polí�cas públicas. Uma breve pesquisa
no site da en�dade revela dados muitos importantes sobre Produto Interno Bruto (PIB), Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), saneamento básico, infraestrutura e transportes, educação e
outros indicadores relevantes (IPARDES, 2020).
Importante lembrar que existem também ministérios, em nível federal, e secretarias, em nível

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estadual e municipal, que disponibilizam gratuitamente dados preciosos sobre nossa realidade. Se
você está estudando, por exemplo, sobre escolaridade da população do seu estado, procure ini-
cialmente dados no site da Secretaria de Educação do seu estado. Se for em nível nacional, tente
localizar no site do Ministério da Educação. No Paraná, outro exemplo é a Secretaria de Estado da
Agricultura e do Abastecimento (SEAB), que reúne muitos dados agrícolas, como produção de cada
cultura, o quanto gera de renda e impostos. Como o Paraná é um estado agrícola, essas informa-
ções são valiosas.

REFLITA

As fontes de estudo são imparciais?


Toda informação carrega uma carga ideológica e de sen�do. Por isso, não existe imparcialidade
absoluta. Assim, é de grande importância que você avalie sempre a fonte do dado que está bus-
cando. De acordo com a fonte, há maior ou menor chance de a informação estar carregada de
viés, isto é, de um meio indireto, dissimulado e fur�vo de fazer ou conseguir algo. Por isso, no
jornalismo profissional, uma das premissas é sempre buscar opiniões variadas sobre o mesmo
assunto, já que desse modo é possível formar uma opinião com base em diversos pontos de vista.
Algumas pessoas chamam isso erroneamente de “duas verdades”, o que é improcedente, porque
a verdade é uma só. O interessante é buscar dados em fontes tradicionalmente mais confiáveis,
como o jornalismo profissional e inves�ga�vo, que não é totalmente isento, mas tem maior chan-
ce de se aproximar da isenção, pois emprega profissionais mais capacitados e que vivem da apu-
ração e transmissão de informações.

1.1.3 MUSEUS E GALERIAS


Além das exposições co�dianas, os museus geralmente apresentam e produzem uma variedade de
informações impressas e eletrônicas. Eles também podem ter muitos artefatos armazenados e aces-
síveis apenas pessoalmente, sem que haja a possibilidade de levar para casa os itens disponibilizados.
Para as pessoas que desejam estudar fatos históricos, os museus são de grande importância,
pois foram criados justamente para armazenar e divulgar a história aos mais diversos públicos,

46
como os pesquisadores.

FIGURA 3 – MUSEU DO IPIRANGA, EM SÃO PAULO (SP).

UNIDADE 03
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020).

Já as galerias são espaços mais reservados para exposições ar�s�cas, como pinturas, esculturas,
fotografias e outras manifestações. Assim, elas têm uma preocupação geralmente diferente dos
museus e se prestam a contribuir a pesquisas que necessitem de material ar�s�co. No entanto,
existem também galerias que apresentam peças históricas e, assim, têm finalidades parecidas com
as dos museus. Isso ocorre bastante em países com fortes laços com a história, como a Itália, onde
história e arte apresentam muitas afinidades.

FIGURA 4 – GALLERIA DEL UFFICCIO EM FLORENÇA, ITÁLIA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

Imagine o quanto esses espaços podem ser úteis para estudantes de cursos como Arquitetura
e Urbanismo, Artes, História, Filosofia, Arquivologia, Arqueologia e tantos outros que precisam de
conhecimentos históricos e ar�s�cos para o trabalho profissional do dia a dia.

47
1.1.4 PESSOAS/ESPECIALISTAS NA INTERNET
Existem muitos especialistas em diversos campos atualmente, sobretudo na internet. Temos
hoje diversas ferramentas que possibilitam às pessoas a manifestação de suas ideias e habilidades.
As redes sociais digitais são pródigas nesse aspecto. Facebook, Instagram, Twi�er e YouTube são
algumas das ferramentas digitais mais comuns, onde as pessoas falam de tudo.

UNIDADE 03
Inclusive, surgiram indivíduos com supostas capacidades de arregimentar um elevado número
de seguidores, os quais são chamados, em língua portuguesa, de “influenciadores digitais”. Há até
mesmo cursos rápidos que em tese ensinam as pessoas a se tornarem famosas na internet.
Se você acha tudo isso muito bacana e estava animado porque iria usar as ideias do seu influen-
ciador digital preferido nos seus trabalhos de curso, é melhor repensar suas escolhas. Essas pesso-

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as não são fonte segura para pesquisas acadêmicas. Entre as diversas razões para isso está o fato
de que os influenciadores falam e fazem coisas sem fundamento cien�fico. Lembra-se de que na
ciência é preciso ter método? Que as palavras precisam ter um fundamento teórico? Que a ciência
se constrói com base naquilo que outros já fizeram e que é preciso seguir inúmeras regras para ob-
ter resultados confiáveis? Pois bem, nenhum desses aspectos se aplica aos influenciadores digitais.
A maioria das pessoas que ganham a vida por meio da a�vidade de publicar suas palavras e
opiniões em redes sociais e meios similares não tem preocupações cien�ficas. Por mais que certo
cien�sta queira divulgar seus resultados de pesquisa pela internet, por meio de um canal no You-
Tube, por exemplo, ele não poderá se u�lizar desse canal para fazer ciência. Não se esqueça de que
existem meios específicos de distribuir informação cien�fica, como os ar�gos de revistas acadêmi-
cas, cujos métodos são apropriados para essa finalidade. O mesmo raciocínio se aplica aos blogs,
perfis e outros meios de divulgação pessoal na internet baseados em redes sociais e plataformas
de vídeo/fotos e afins.
Salientamos que nada impede um pesquisador e um cien�sta de usar seus perfis para falar de
ciência. Pelo contrário, isso é ó�mo. Mas o cien�sta precisará sempre lembrar aos seus seguidores
que, se eles quiserem ler um texto cien�fico, um livro ou outra manifestação da ciência, será pre-
ciso recorrer a outros instrumentos.

FIGURA 5 – OS INFLUENCIADORES DIGITAIS NÃO PODEM SER FONTE CIENTÍFICA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

48
A fim de contribuir na tarefa de separar o material da internet que pode ser usado em uma
pesquisa daquele que só vai lhe prejudicar, Walliman (2017) recomenda seis testes diferentes para
avaliar a qualidade do conteúdo:

I. O conteúdo é preciso? Diz em que fontes os dados se baseiam? Compare os dados com outras fontes. Se

UNIDADE 03
eles divergem bastante, há alguma explicação para isso?
II. Em que autoridade se baseia? Descubra quem é o autor das páginas e se são especialistas reconhecidos ou
emi�dos por uma organização respeitável. Verifique se outras publicações são citadas ou se fornecem uma
bibliografia de outros ar�gos, relatórios ou livros. Pode ser necessário rastrear a “página inicial” para obter
detalhes. Os endereços da web que terminam em “.org” (significando governamentais) provavelmente são
endereços de ins�tuições públicas e, portanto, apontam para alguma credibilidade, sendo um indicador ú�l.
III. É tendencioso? Muitos grupos de pressão e organizações comerciais usam a web para promover suas ideias

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e produtos e apresentam informações de maneira unilateral. Você consegue detectar um interesse no as-
sunto por parte do autor?
IV. Quão detalhada é a informação? Pode haver links úteis para mais informações, outros sites ou publicações
impressas.
V. Está desatualizado? As páginas permanecem na web até serem removidas. Algumas foram obviamente
esquecidas e estão irremediavelmente desatualizadas. Tente encontrar uma data ou quando elas foram
atualizadas. Observe que algumas atualizações podem não atualizar todo o conteúdo. Verifique os links
fornecidos para ver se eles funcionam.
VI. Você checou? Compare o conteúdo com outras fontes de informação, como livros, ar�gos, esta�s�cas ofi-
ciais e outros sites. As informações são compa�veis ou contradizem outras fontes? No caso de contradição,
você pode perceber o porquê disso?

A internet se tornou o maior repositório de informação do mundo no século XXI. Décadas atrás
esse papel era ocupado pelas bibliotecas, com seus milhares ou milhões de livros armazenados. Os
livros con�nuam sendo uma das fontes de informação mais preciosas do mundo, mas eles estão
cada vez mais disponíveis na internet, naquilo que conhecemos como e-book. No Brasil e no mun-
do, livrarias estão fechando, não só em decorrência do aumento dos livros virtuais, mas também
porque o próprio comércio está cada vez mais eletrônico (o chamado e-commerce).
Assim, é de grande importância atualmente que o aluno tenha conhecimento e discernimento
para procurar, iden�ficar, classificar e selecionar a informação ú�l e relevante que possa ser usada
em sua pesquisa acadêmica. E essa tarefa exige preparo e as técnicas certas para alcançar os ob-
je�vos almejados.

FIGURA 6 – AS BUSCAS NA INTERNET PRECISAM DE CRITÉRIO E TÉCNICA.

Fonte: Shu�erstock (2020).

49
VÍDEO

No Brasil, uma das principais fontes de informação na internet sobre ciência é o canal no YouTube
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nesse endereço é possível

UNIDADE 03
ter acesso a vídeos excelentes produzidos a par�r de pesquisas realizadas em São Paulo e que
tradicionalmente estão entre as mais bem sucedidas do país. Além de ser um canal de uma ins-
�tuição pública que goza de grande credibilidade, os vídeos são curtos, rápidos, de linguagem
acessível e com excelentes recursos audiovisuais. Vale a pena conferir e cur�r.
PESQUISA FAPESP. Disponível em: h�ps://bit.ly/2xoPzRe. Acesso em: jan. 2020.

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2. NORMAS PARA REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS DE TRABALHOS
DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)
E OUTROS TRABALHOS ACADÊMICOS
Após entendermos sobre como realizar pesquisas, onde fazê-las, com quais critérios e afins,
vamos aprender normas de referências bibliográficas, algo indispensável para quem deseja fazer
pesquisa cien�fica.
Você aprendeu alguns elementos básicos de referências bibliográficas na Unidade anterior. Viu
o que é citação, as modalidades direta e indireta, de que forma e em quais circunstâncias se u�liza
cada uma delas e, ainda, a maneira certa de fazer a referência em livros e ar�gos.
Agora vamos nos aprofundar na NBR 6023, norma criada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 2002) para regular a maneira correta de referenciar trabalhos e pesquisas acadê-
micas. Importante lembrar, antes de começarmos nosso estudo, que uma citação é a menção no
texto de uma informação extraída de outra fonte.

2.1 CITAÇÃO DIRETA (OU LITERAL)


2.1.1 CITAÇÃO DIRETA CURTA
Uma das formas mais conhecidas e mais usadas de citação é a citação literal curta ou citação
direta. De acordo com Rover (2006, p. 44), “É aquela que tem até três linhas; transcrevemos no
corpo do trabalho e colocamos entre aspas duplas. As aspas simples são u�lizadas para indicar
citação no inferior da citação”. Percebeu que, para explicar a você o que é citação direta, eu u�lizei

50
uma citação? Lembre-se sempre de que o nome do autor é escrito em letra minúscula, exceto a
primeira letra, quando se u�liza expressões como “segundo”, “conforme”, “consoante”, “de acordo
com” para introduzir as palavras usadas pelo autor citado. Em seguida, coloca-se entre parênteses
a data, uma vírgula, a letra “p.” minúsculo indicando o termo “página” e, por úl�mo, o número da
página do trecho citado.

UNIDADE 03
Outra possibilidade é colocar o sobrenome do autor em CAIXA-ALTA, isto é, todas as letras em
MAIÚSCULO, entre parênteses, juntamente com ano e página de onde foi re�rado o trecho.

EXEMPLO:
“É aquela que tem até três linhas; transcrevemos no corpo do trabalho e colocamos entre aspas
duplas. As aspas simples são u�lizadas para indicar citação no inferior da citação” (ROVER, 2006, p. 44).

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Nesse caso, porém, seria necessário mudar a estrutura do parágrafo. Se eu não cito nominal-
mente o autor na frase, como no exemplo anterior, então preciso fazer diferente.

EXEMPLO:
Uma das formas mais conhecidas e mais usadas de citação é a literal curta ou citação direta,
que pode ser compreendida como: “[...] aquela que tem até três linhas; transcrevemos no corpo
do trabalho e colocamos entre aspas duplas. As aspas simples são u�lizadas para indicar citação no
inferior da citação” (ROVER, 2006, p. 44).
Perceba que eu integrei as duas primeiras frases do parágrafo colocando o sinal de dois pontos
para unir a definição de citação direta à frase que tratava do conceito de citação direta.

2.1.2 CITAÇÃO DIRETA COM DOIS OU TRÊS AUTORES


Caso seja preciso fazer uma citação direta com dois autores, o procedimento muda pouco. Se
você nominar diretamente os autores, coloque os sobrenomes deles com primeira letra maiúscu-
la, separados pela conjunção “e” entre eles, e indique o ano e a página entre parênteses.

EXEMPLO:
Segundo Lakatos e Marconi (2001, p. 35), “Seminário é uma técnica de estudo que inclui pes-
quisa, discussão e debate; sua finalidade é pesquisar e ensinar a pesquisar”.
Se por ventura os autores forem mencionados depois da citação, coloque os sobrenomes dos
autores em letra maiúscula, separados por ponto-e-vírgula, e, na sequência, ano e página, todos
entre parênteses.

EXEMPLO:
“Seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate; sua finalidade é
pesquisar e ensinar a pesquisar” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 35).
No caso de três autores, a regra é basicamente a mesma. A diferença é que se coloca uma vírgula
ou um ponto-e-vírgula a mais na citação, conforme os seguintes exemplos de Rover (2006, p. 46):

51
DE ACORDO COM RADIN, BENEDET E MILANI (2003, P. 25), “AO LONGO
DO TEMPO, PARA TENTAR ESCLARECER O DESCONHECIDO, A EXPERIÊN-
CIA HUMANA DESENVOLVEU EXPLICAÇÕES QUE SE COSTUMA CLASSIFI-
CAR DE MÍSTICA, TEOLÓGICA, FILOSÓFICAS E CIENTÍFICAS”.

UNIDADE 03
OU

“AO LONGO DO TEMPO, PARA TENTAR ESCLARECER O DESCONHECIDO, A


EXPERIÊNCIA HUMANA DESENVOLVEU EXPLICAÇÕES QUE SE COSTUMA
CLASSIFICAR DE MÍSTICA, TEOLÓGICA, FILOSÓFICAS E CIENTÍFICAS.”
(RADIN; BENEDET; MILANI, 2003, p. 25).

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2.1.3 CITAÇÃO DIRETA COM MAIS DE TRÊS AUTORES
Em determinados casos, haverá mais de três autores a serem citados e referenciados. Rover
(2006, p. 46) recomenda que:

NESSE CASO, QUANDO FIZER PARTE DO TEXTO, NO INÍCIO DA CITAÇÃO DEVEMOS


INDICAR O SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR EM LETRA MAIÚSCULA E MINÚSCULA,
SEGUIDO DA EXPRESSÃO E OUTROS (LETRAS MINÚSCULAS) E DO ANO E PÁGINA
ENTRE PARÊNTESES. SE COLOCADO APÓS O TEXTO, ESCREVEMOS O SOBRENOME
DO PRIMEIRO AUTOR EM CAIXA-ALTA, SEGUIDO DA EXPRESSÃO ET AL. (LETRAS
MINÚSCULAS), BEM COMO O ANO E A PÁGINA, TODOS ENTRE PARÊNTESES.

EXEMPLOS:

ATKINSON E OUTROS (2000, P. 569) ENFATIZAM QUE “OS CLIENTES DA EMPRESA


REPRESENTAM UM PAPEL CENTRAL EM SEU NEGÓCIO”.

OU

“OS CLIENTES DA EMPRESA REPRESENTAM UM PAPEL CENTRAL EM SEU NEGÓCIO.”


(ATKINSON et al., 2000, p. 569).

2.1.4 CITAÇÃO DIRETA LONGA


Quando a citação ultrapassar três linhas, elas precisam ser separadas do texto com recuo de
4 cm a par�r da margem esquerda, letra menor que a do texto, não deve haver aspas e, ainda, o
espaço entrelinhas precisa ser reduzido para espaço simples. Assim como ocorre na citação curta,
o sobrenome do autor poderá estar antes do trecho citado, sendo apontado diretamente no texto,
ou após a citação, quando o sobrenome deve aparecer entre parênteses e com letra maiúscula.

52
Caso haja mais de um autor, as normas são as mesmas de apenas um autor.

EXEMPLO:

A INFORMAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO NECESSÁRIA NÃO APENAS

UNIDADE 03
PARA A DEMOCRACIA, COMO TAMBÉM PARA A VIDA EM SOCIEDADE, VEM
PERDENDO ESPAÇO. AS EMPRESAS DE MÍDIA PRECISAM ARCAR COM OS
CUSTOS DE PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS E AINDA DISPUTAR A ATENÇÃO DO
CONSUMIDOR COM AS EMPRESAS DE TECNOLOGIA. ESTAS, POR SUA VEZ,
NÃO TÊM CUSTO NENHUM PARA DISTRIBUIR O CONTEÚDO CRIADO PELA
IMPRENSA, MAS DISPUTAM AUDIÊNCIA COM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
COMO TEM MAIOR CONTROLE SOBRE O CONSUMIDOR DE INFORMAÇÃO,

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AS NOVAS COMPANHIAS DE MÍDIA ABOCANHAM A MAIOR PARTE DA FATIA
PUBLICITÁRIA E, ASSIM, CONTRIBUEM PARA REDUZIR AINDA MAIS O CUSTO
MARGINAL DA INFORMAÇÃO, APROXIMANDO-A DE ZERO.
(RIFKIN, 2016, p. 16).

Atualmente, a internet se tornou fonte de informação para pesquisas de grande relevância,


como vimos anteriormente. Dado esse aspecto, é importante sabermos como realizar citações di-
retas de textos extraídos da internet com autoria. Observe o exemplo dado por Rover (2006, p. 48):

É IMPORTANTE LEMBRAR DE CITAR, ALÉM DA DATA DE ACESSO, O ANO DA


PUBLICAÇÃO [...], E NÃO COLOCAR NÚMERO DE PÁGINA.

EX.:

NO QUE CONCERNE À EUTANÁSIA, DINIZ (2005) AFIRMA QUE:

O DIREITO A SE MANTER VIVO É, CERTAMENTE, UM DOS DIREITOS MAIS


FUNDAMENTAIS QUE POSSUÍMOS. O PRINCÍPIO ÉTICO DE QUE A VIDA HU-
MANA É UM BEM SAGRADO E QUE, PORTANTO, DEVE SER PROTEGIDO POR
LEGISLAÇÕES DE UM ESTADO LAICO FAZ PARTE DE NOSSO CONSENSO

MORAL SOBREPOSTO. DIFERENTES RELIGIÕES E CONVICÇÕES MORAIS


SUSTENTAM O DIREITO À VIDA COMO UM PRINCÍPIO ÉTICO FUNDAMENTAL
AO NOSSO ORDENAMENTO SOCIAL.

NA REFERÊNCIA DESSE MESMO EXEMPLO:


DINIZ, Débora. Por que morrer? Brasília: UnB, 2005. Disponível
em: <h�ps://bit.ly/3gty58d> Acesso em: 24 jul. 2006.

Sobre a referência que se coloca no fim do texto, na seção de Referências bibliográficas, é im-


portante salientar que a primeira parte da referência, na qual aparece o sobrenome do autor em
caixa-alta, seguido do primeiro nome com apenas a primeira letra em maiúsculo, é semelhante à

53
referência para livros e ar�gos. O �tulo do texto em negrito também segue a mesma regra. As dife-
renças fundamentais vêm depois, já que não há indicação de editora e local. No exemplo citado, há
o nome da cidade e a ins�tuição de ensino à qual a autora está vinculada. No entanto, a ins�tuição
pode ser o nome do veículo que publicou a informação, como uma empresa jornalís�ca ou um blog.
Quando não existe essa informação, coloque apenas nome do autor, �tulo do texto em negrito,

UNIDADE 03
data de exata de publicação ou o ano. Em seguida, o termo “Disponível em:”, seguido do endereço do
texto na internet (URL), e a expressão “Acesso em:”, com a data específica de acesso – dia, mês e ano.
É de suma importância colocar o endereço na internet, para que outras pessoas possam aces-
sá-lo depois. Já a data é indispensável porque as mudanças e atualizações on-line são constantes.

2.1.5 CITAÇÃO DIRETA COM OMISSÕES DE PALAVRAS

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Embora a citação seja um elemento importante, nem sempre todo o texto interessa. Há cir-
cunstâncias nas quais será possível re�rar parte do texto citado, até para que não fique dema-
siadamente longo. Nestses casos, o trecho suprimido deve ser subs�tuído por re�cências entre
colchetes, desta forma: [...]. Como se trata do texto original extraído de determinada obra, essa
regra se aplica apenas para citações diretas, sejam estas curtas ou longas.

EXEMPLO:

O MODELO TRIPO HÉLICE (TH) É UMA FORMA DE CRIAR E DESENVOL-


VER INOVAÇÃO NOS MAIS VARIADOS SETORES DA ECONOMIA. DESDE
A DÉCADA DE 1970 O BRASIL VEM ADOTANDO POLÍTICAS PÚBLICAS
CONSOANTES AO MODELO [...]. ESTA ABORDAGEM SE BASEIA NA
VISÃO DE QUE AS UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA ATUAM
COMO INDUTORES NOS AMBIENTES DE INOVAÇÃO DANDO SUPORTE
ÀS EMPRESAS PRIVADAS E AO GOVERNO
(ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000, p. 16).

2.2 CITAÇÃO INDIRETA


De acordo com Furasté (2003, p. 52), para fazer uma citação indireta,

VOCÊ UTILIZA SUAS PALAVRAS PARA DIZER O MESMO QUE O AUTOR


DISSE NO TEXTO. CONTUDO, A IDEIA EXPRESSA CONTINUA SENDO DE AU-
TORIA DO AUTOR QUE VOCÊ CONSULTOU, POR ISSO É NECESSÁRIO CITAR
A FONTE: DAR CRÉDITO AO AUTOR DA IDEIA. DEVE SER USADA NO CORPO
DO TRABALHO, DE MANEIRA CORRENTE, SEM O USO DE ASPAS, CITANDO,
DA MESMA FORMA QUE A CITAÇÃO DIRETA, A FONTE.

54
A citação indireta segue as mesmas regras da citação direta, como o fato de colocar o sobreno-
me do autor em letras minúsculas e apenas a primeira maiúscula, caso o autor seja diretamente
mencionado no texto. Caso contrário, coloca-se todo o sobrenome em caixa-alta dentro dos pa-
rênteses, seguido do ano de publicação da obra).

UNIDADE 03
EXEMPLOS:
Dogruel (2014) lista pelo menos seis linhas de pesquisa dis�ntas para inovação na mídia. Muitas
delas tentam dissociar os aspectos econômicos da inovação.
Ou
Existem pelo menos seis linhas de pesquisa dis�ntas para inovação na mídia. Muitas delas ten-
tam dissociar os aspectos econômicos da inovação (DOGRUEL, 2014).

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2.2.1 CITAÇÃO DA CITAÇÃO
Muitas vezes, quando estamos realizando pesquisas, lemos ideias que não são originárias do
autor do texto, mas de outras pessoas citadas no texto. Caso nos interessemos por aquele conteú-
do citado e queiramos obter mais informações, o ideal seria buscarmos o original. Conteúdo, nem
sempre isso é possível.
No caso dessa impossibilidade, devemos fazer a citação da citação, isto é, citarmos uma pessoa
que já foi citada em obra anterior. Consoante ao que afirma Rover (2006, p. 50):

NESSE CASO, USAMOS EXPRESSÃO LATINA APUD (CITADO POR) PARA


INDICAR A OBRA DE ONDE FOI RETIRADA A CITAÇÃO. CITAMOS O SOBRE-
NOME DO AUTOR DO DOCUMENTO ORIGINAL, NA SEQUÊNCIA, E ENTRE
PARÊNTESES ANO E PÁGINA EM QUE O AUTOR ORIGINAL ESCREVEU (SE
HOUVER), DEPOIS, A EXPRESSÃO APUD, O SOBRENOME DO AUTOR QUE
FEZ A CITAÇÃO EM CAIXA-ALTA, ANO E PÁGINA DA OBRA DO DOCUMENTO
DE QUE RETIRAMOS A CITAÇÃO. OU, USAMOS APÓS O TEXTO, CITAMOS
SOBRENOME DOS DOIS AUTORES EM CAIXA-ALTA, DENTRO DOS PARÊN-
TESES, COM AS DEMAIS INFORMAÇÕES. OBSERVAMOS QUE, NA LISTA DE
REFERÊNCIAS, CITAMOS SOMENTE A OBRA CONSULTADA, MENCIONANDO
O AUTOR QUE A CITOU.

EXEMPLOS:
O escritor Ri�in (2016 apud ARAUJO, 2018, p. 13) acredita que o custo marginal da informação
próximo de zero se configura da seguinte forma:

IMAGINE UM CENÁRIO EM QUE A LÓGICA OPERACIONAL DO SISTEMA CAPITA-


LISTA ATINJA UM SUCESSO ACIMA DA EXPECTATIVA, NO QUE OS ECONOMISTAS
CHAMAM DE “ECONOMIA DO BEM-ESTAR GERAL IDEAL” – UM ESTÁGIO EM QUE

Continua >
55
Continuação >

A COMPETIÇÃO INTENSA FORÇA A INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIAS DE MANU-


FATURA CADA VEZ MAIS ENXUTAS, LEVANDO A PRODUTIVIDADE A UM PONTO
ÓTIMO, EM QUE CADA UNIDADE ADICIONAL POSTA À VENDA APROXIMA O CUSTO
MARGINAL DE “ZERO”. EM OUTRAS PALAVRAS, O CUSTO REAL DE PRODUZIR

UNIDADE 03
CADA UNIDADE ADICIONAL – DESCONTADO O CUSTO FIXO – TORNA-SE ESSEN-
CIALMENTE ZERO, DEIXANDO O PRODUTO PRATICAMENTE GRATUITO. SE ISSO
ACONTECESSE, O LUCRO, FORÇA VITAL DO CAPITALISMO, DESAPARECERIA.

Ou:
O custo marginal zero da informação apresenta aspectos posi�vos e nega�vos para a economia:

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IMAGINE UM CENÁRIO EM QUE A LÓGICA OPERACIONAL DO SISTEMA
CAPITALISTA ATINJA UM SUCESSO ACIMA DA EXPECTATIVA, NO QUE OS
ECONOMISTAS CHAMAM DE “ECONOMIA DO BEM-ESTAR GERAL IDEAL” –
UM ESTÁGIO EM QUE A COMPETIÇÃO INTENSA FORÇA A INTRODUÇÃO DE
TECNOLOGIAS DE MANUFATURA CADA VEZ MAIS ENXUTAS, LEVANDO A
PRODUTIVIDADE A UM PONTO ÓTIMO, EM QUE CADA UNIDADE ADICIONAL
POSTA À VENDA APROXIMA O CUSTO MARGINAL DE “ZERO”. EM OUTRAS
PALAVRAS, O CUSTO REAL DE PRODUZIR CADA UNIDADE ADICIONAL –
DESCONTADO O CUSTO FIXO – TORNA-SE ESSENCIALMENTE ZERO, DEI-
XANDO O PRODUTO PRATICAMENTE GRATUITO. SE ISSO ACONTECESSE, O
LUCRO, FORÇA VITAL DO CAPITALISMO, DESAPARECERIA
(RIFKIN, 2016 apud ARAUJO, 2018, p. 13).

2.2.2 CITAÇÕES INDIRETAS DE UM MESMO AUTOR NO MESMO ANO


As citações indiretas de um mesmo autor com o mesmo ano ocorrem com frequência no caso
de autores que escreveram e publicaram mais de uma obra em determinado ano. Pode-se proce-
der colocando uma letra minúscula, em ordem alfabé�ca, após o ano de publicação dentro dos
parênteses, quando se tratar da citação ao longo do texto. A mesma letra posta após o ano deve
aparecer na referência completa que vem ao final do texto.

EXEMPLO:
No decorrer do texto:
Para Chesbrough (2012a), a inovação aberta é um dos modelos mais eficazes para gerar inova-
ção porque há maior abertura do mercado.
Nas referências finais:
CHESBROUGH, Henri. Inovação aberta. Porto Alegre: Bookman, 2012a.

56
2.2.3 CITAÇÕES INDIRETAS DE DIVERSOS DOCUMENTOS DE UMA MESMA AUTORIA
Quando um determinado autor escreveu e publicou várias obras em anos diferentes, e você
deseja citar de forma indireta mais de uma delas, não é preciso repe�r o nome do autor diversas
vezes para indicar essas diferentes publicações. Basta mencioná-lo simultaneamente com os res-
pec�vos anos das obras, separados por vírgula, e colocados em ordem cronológica.

UNIDADE 03
EXEMPLO:

A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS CONSISTE NO PLANEJA-


MENTO, NA ORGANIZAÇÃO, NO DESENVOLVIMENTO, NA COORDENAÇÃO
E NO CONTROLE DE TÉCNICAS CAPAZES DE PROMOVER O DESENVOLVI-

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


MENTO EFICIENTE DO PESSOAL E DA PRÓPRIA ORGANIZAÇÃO. AO MESMO
TEMPO EM QUE O INDIVÍDUO ALCANÇA OS OBJETIVOS INDIVIDUAIS, SE
MANTÉM NA ORGANIZAÇÃO, TRABALHANDO E DANDO O MÁXIMO DE SI,
COM UMA ATITUDE POSITIVA E FAVORÁVEL
(CHIAVENATO, 1999, 2003, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade 3 trabalhamos aspectos fundamentais em termos de pesquisa e produção cien-
�fica. Inicialmente aprendemos a encontrar as informações e a selecioná-las, um dos pontos mais
importantes da nossa disciplina. Vimos que o excesso de informação disponível atualmente não
significa, necessariamente, maior facilidade para o pesquisador. Pelo contrário, o aumento na
quan�dade de informação, principalmente na internet, amplificou as no�cias falsas e maliciosas e
deu mais vazão a inverdades.
Esse cenário tornou o trabalho de pesquisa mais apurado e cuidadoso para que o pesquisador
não perca tempo procurando dados em locais nos quais tradicionalmente não há nada de ú�l.
Outra preocupação é buscar endereços na internet de maior confiabilidade, para aumentar as
possibilidades de a�ngir os resultados esperados.
Depois disso, abordamos outro aspecto importan�ssimo quando o assunto é pesquisa: as re-
ferências bibliográficas. Fonte de preocupação para muitos alunos, elas são apenas normas que
devem ser seguidas para referenciar trabalhos acadêmicos. Longe de serem “um bicho de sete ca-
beças”, as referências precisam apenas ser decoradas, já que o uso delas é obrigatório e não exige
reflexão por parte do pesquisador.
Espero que tenha gostado do conteúdo. Até a próxima Unidade!

57
ANOTAÇÕES

58
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA UNIDADE 03
UNIDADE

04
NORMAS PARA
REDAÇÃO DE
TRABALHOS
CIENTÍFICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

» Compreender os aspectos gerais e as normas de es�lo para redação de traba-


lhos cien�ficos;
» Conhecer as partes e os elementos essenciais do trabalho cien�fico;
» Conhecer os elementos essenciais das referências bibliográficas para u�lizá-los
adequadamente.

VÍDEOS DA UNIDADE

https://qrgo.page.link/gX47h https://qrgo.page.link/vtt3o https://qrgo.page.link/nrqmx


INTRODUÇÃO
Olá amigas e amigos, prontos para nosso úl�mo fôlego?
Chegou a hora de juntarmos nossas energias para terminarmos da melhor maneira possível

UNIDADE 04
esta disciplina. Imagino que você deva estar com a mesma sensação que eu: passou rápido!
Já vimos muitos conteúdos. Começamos explicando o que é pesquisa cien�fica, como se faz,
por que ela é relevante; explicamos os �pos de texto acadêmicos, para que eles servem e como
são escritos; tratamos também de regras da Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT), que
não podem faltar em uma disciplina que trate de pesquisa cien�fica acadêmica. Por fim, vamos
encerrar nosso trabalho mostrando outros aspectos relevantes.

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Nesta Unidade 4, iniciaremos aprendendo normas gerais e de es�lo, isto é, como estruturar e
escrever um trabalho acadêmico. Esses aspectos são relevantes não só em relação às regras de
ABNT, mas também porque há uma série de itens que não podem faltar, como o resumo, as pala-
vras-chave, as listas de quadros e figuras, o sumário, entre outros.
Ainda em relação à linguagem, vamos aprender regras grama�cais e formas de escrever de
maneira acadêmica. Esses dois aspectos são tão complexos que poderíamos fazer uma disciplina
inteira para cada um deles. Como não é o caso nesta disciplina de Pesquisa e Produção Cien�fica,
serão trabalhados os elementos fundamentais que você não pode esquecer.
Em termos grama�cais, por exemplo, vamos abordar conceitos ligados à semân�ca – isto é,
aquilo que diz respeito ao significado das palavras –, além de algumas normas básicas. Mas sem
entrar em assuntos mais específicos e delicados, como análise sintá�ca de frases e orações.
Com muito “pé no chão”, quero que você aprenda a se expressar com uma linguagem mais
formal, u�lizando-se de termos conec�vos, lembrando-se de fazer as referências adequadamente,
estruturando um texto segundo os ditames acadêmicos, que já são exigentes por natureza.
Provavelmente você irá cur�r esta parte final, porque a parte mais repleta de regras já termi-
nou. Aqui também precisaremos saber das regras e normas, afinal elas são inerentes à academia,
todavia nosso foco agora é no nível da escrita, isto é, em ajudá-lo a elaborar melhores textos de
pesquisa e produção cien�fica, de forma clara e obje�va.
Vamos lá?

1. ASPECTOS GERAIS E NORMAS DE ESTILO


Algumas pessoas se enganam sobre os fatores de sucesso e insucesso em trabalhos acadêmi-
cos. Geralmente os alunos acreditam que apenas o conteúdo é relevante e que os demais aspectos
são absolutamente secundários. O conteúdo é o elemento mais importante, sem dúvida nenhu-
ma. Não há sen�do em um trabalho acadêmico belíssimo do ponto de vista estrutural e norma�vo
sem consistência teórica nenhuma.

60
Todavia não se pode pensar que normas e es�los necessários para realizar os trabalhos aca-
dêmicos sejam secundários ou menos relevantes. Se, por exemplo, um Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) for entregue fora das normas, ele simplesmente é reprovado. Assim, existem algumas
regras que são imprescindíveis ao trabalho acadêmico. Sem elas, o trabalho não é aceito.
As normas de es�lo, as grama�cais e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

UNIDADE 04
formam um rol elementar, sem o qual o trabalho acadêmico não preenche os pré-requisitos para
a aprovação. Daí a razão pela qual você precisa ficar atento e estudar com afinco esse conjunto de
prá�cas e técnicas que vamos abordar.
A proposta de pesquisa, uma vez aprovada, atuará como um contrato que define as bases do
acordo entre as partes envolvidas – por exemplo, o pesquisador, os supervisores, as ins�tuições
(como a faculdade). Na pesquisa financiada, isso fará parte de um contrato formal assinado com

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


os fornecedores dos fundos, que não poderão ser substancialmente alterados sem o acordo de
todas as partes.
No contexto da pesquisa como um exercício educacional, os projetos de pesquisa devem ser
veículos adequados para os alunos aprenderem e pra�carem os aspectos teóricos e metodológi-
cos do processo de estudo cien�fico, além de serem uma maneira de obter novas ideias sobre o
assunto estudado.

2. PARTE PRÉ-TEXTUAL
Segundo Walliman (2017), as propostas de pesquisa acadêmica são geralmente compostas pe-
los seguintes elementos:
» Título;
» Obje�vos da pesquisa;
» Antecedentes da pesquisa – contexto e pesquisa anterior;
» Definição do problema de pesquisa;
» Esboço dos métodos de coleta e análise de dados;
» Possíveis resultados;
» Cronograma do projeto e descrição de todos os recursos necessários;
» Referências bibliográficas.

SAIBA MAIS
Antes de iniciar um programa de pesquisa, é necessário descobrir exatamente o que você deseja
fazer, por que e como fazer. Uma proposta de pesquisa é um resumo sucinto disso. Obviamente,
será muito ú�l a você, pesquisador, deixar claro para si mesmo quais são os obje�vos da pesquisa
e o que precisa ser feito para alcançar o resultado desejado.

Continua >
61
Continuação >

Também é ú�l como uma maneira de informar outras pessoas sobre suas intenções. De fato, a
apresentação de uma proposta de pesquisa é sempre exigida por cursos que contêm um exercício
de pesquisa, como redação de uma dissertação ou tese. Na vida profissional, para todos os pro-
jetos de pesquisa que precisam de financiamento, você deverá fornecer uma proposta detalhada
de pesquisa como parte do pedido de financiamento.

UNIDADE 04
FIGURA 1 – SEM REGRAS DE FORMATAÇÃO E ESTILO, O RESULTADO FINAL NÃO SERÁ POSITIVO.

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Fonte: Shu�erstock (2020).

Sobre a estrutura e o conteúdo de trabalhos acadêmicos, Rover (2006) argumenta que o aluno
deve seguir as normas de formatação e estruturação da ABNT, as quais visam à universalização de
padrões de editoração de textos impressos. Além disso, é preciso ter rigor com a organização do
conteúdo, isto é, a redação do texto com todas as argumentações e proposições pensadas pelo autor.
Rover (2006, p. 72-73) também salienta que o conteúdo deve ser dividido em elementos pré-
-textuais, textuais e pós-textuais, contendo, cada um deles, os itens a seguir:

• PARTE PRÉ-TEXTUAL: CAPA, FOLHA DE ROSTO, FICHA CATALOGRÁFICA, ERRATA (SE


HOUVER), DEDICATÓRIA, AGRADECIMENTOS, EPÍGRAFE, RESUMO, LISTAS, TABELAS E
ILUSTRAÇÕES (ORGANOGRAMA, MAPA, FLUXOGRAMA, GRÁFICO, ESQUEMA, QUADRO
ETC.), LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS E ABREVIATURAS E SUMÁRIO;

• PARTE TEXTUAL: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO (FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE


AUTORES, POR MEIO DE CITAÇÕES) E CONCLUSÃO (PRINCIPAIS RESULTADOS E SUAS
IMPLICAÇÕES, SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS);

• PARTE PÓS-TEXTUAL: REFERÊNCIAS, GLOSSÁRIO, APÊNDICES, ANEXOS E ÍNDICE.


- (FERREIRA, 2018, p.602)

Importante destacar que a lista apresentada por Rover (2006) é mais ampla que a de Walliam
(2017), já que aquela apresenta uma divisão mais detalhada e abrangente.

62
Para que não haja dúvidas quanto à u�lização desses elementos, faremos a seguir a descrição
de cada um deles.

2.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

UNIDADE 04
De acordo com Rover (2006, p. 73), “são denominados elementos pré-textuais as partes que
antecedem o texto, dando a ele referências para a sua iden�ficação e u�lização”. São eles:
» Capa;
» Folha de rosto;
» Ficha catalográfica – no verso da folha de rosto;

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» Errata (se houver);
» Folha de aprovação (para trabalhos que serão avaliados em banca examinadora);
» Dedicatória (opcional);
» Agradecimentos (opcional);
» Epígrafe (opcional);
» Resumo (em língua vernácula e estrangeira);
» Sumário.

2.1.1 CAPA
A capa é um dos elementos mais básicos que FIGURA 2 – MODELO DE CAPA
existe, pois desde um trabalho tradicional no Ensino PARA TRABALHO ACADÊMICO
Médio até uma tese de doutorado é preciso inseri-la.
Conforme a NBR 14724 (ABNT, 2002, p. 12), “a capa
é um elemento obrigatório e deve ser transcrita na
seguinte ordem: nome da ins�tuição, nome do cur-
so, nome do autor, �tulo, sub�tulo (caso haja), local
(cidade da ins�tuição onde o trabalho será apresen-
tado), ano do depósito (da entrega) do trabalho”.

2.1.2 FOLHA DE ROSTO


Ao contrário da capa, que é item obrigatório em
qualquer trabalho acadêmico, a folha de rosto é um
elemento necessário apenas em alguns �pos de
trabalho, como o Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC). Conforme a NBR 14724 (2002), na folha de
rosto constam os elementos essenciais à iden�fica-
ção do trabalho, tais como:
» Nome do autor: responsável intelectual do trabalho;
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

63
» Título principal do trabalho: deve ser claro e preciso;
» Sub�tulo, se houver: deve ser precedido de dois-pontos e ser evidenciada a sua subordinação
ao �tulo principal;
» Natureza (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso);

UNIDADE 04
» Nome do orientador e, se houver, do co-orientador;
» Local (cidade) da ins�tuição onde deve ser apresentado;
» Ano de depósito (da entrega).

VÍDEO

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Caso você esteja em dúvida sobre a forma correta de formatar uma página do Word para elaborar
uma capa, não se preocupe. Assista a um vídeo que lhe ensina passo a passo os comandos e a
forma certa de montar a capa no computador. Não é necessário ser um profundo conhecedor do
Word para fazer uma capa; basta ter familiaridade com os comandos básicos, como fonte, espa-
çamento e layout.
Aproveite o vídeo e monte sua capa para seu próximo trabalho.
COMO fazer capa de trabalho acadêmico nas Normas da ABNT. 2016. Disponível em:
h�ps://bit.ly/3cjIfFh. Acesso em: 01 fev. 2020.

FIGURA 3 – MODELO DE FOLHA DE ROSTO PARA TRABALHO ACADÊMICO

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

64
Em relação à forma de elaboração dos itens obrigatórios da folha de rosto, é salutar ressaltar:
» O �tulo é uma síntese do que foi feito ao longo de todo o trabalho. É importante trazer princi-
palmente o resultado, já que esse aspecto é o fator inédito que diferencia o trabalho.
» O sub�tulo deve ser usado com parcimônia, para que o �tulo inteiro não fique longo demais.

UNIDADE 04
Se você elaborou um �tulo (com sub�tulo) em uma página do Word com margens no formato
tradicional, corpo 12, e a extensão ficou maior que uma linha, provavelmente será preciso revê-
-lo. O sub�tulo é uma forma de especificar melhor o objeto analisado para evitar redundâncias
e repe�ções de outros trabalhos acadêmicos.
» A natureza é o �po de trabalho desenvolvido – se é um TCC, uma monografia, uma dissertação
ou tese.

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» O nome do orientador deve sempre ser precedido do termo “professor” (Prof. ou Profa., caso
seja uma mulher), com a primeira letra maiúscula, seguido do �tulo, que pode ser Especialista
(Esp.), Mestre (Me.) ou Doutor (Dr.). Lembre-se que o termo “professor” e o �tulo devem apa-
recer em suas formas abreviadas.

FIGURA 4 – EXISTEM ITENS QUE NÃO PODEM FALTAR EM UM TRABALHO ACADÊMICO.

Fonte: Shu�erstock (2020).

2.1.3 FICHA CATALOGRÁFICA


Confirme Rover (2006, p. 73), a ficha catalográfica “deverá ser elaborada pela biblioteca, sendo
opcional nos trabalhos acadêmicos e obrigatória em: relatórios de pesquisa, monografia, relató-
rios de estágio, dissertação e tese”. De acordo com Prestes (2003, p. 147), “a ficha deve constar no
verso da folha de rosto, devendo ser preparada de acordo como o Código de Catalogação Anglo-
-Americana CCAA2, em vigor”.
Como se trata de algo bastante específico, apresentarei a seguir a ficha catalográfica do meu
livro, a �tulo de ilustração.

65
FIGURA 5 – EXEMPLO DE FICHA CATALOGRÁFICA

UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Araujo (2018).

2.1.4 ERRATA
Como o próprio nome diz, a errata diz respeito à correção de determinado erro que tenha sido
come�do no trabalho e que o autor percebeu antes da apresentação final. Portanto, é um elemen-
to eventual, não obrigatório. Prestes (2003, p. 43) afirma que:

FAZ A INDICAÇÃO E A DEVIDA CORREÇÃO, DE POSSÍVEIS ERROS COMETIDOS


E QUE NÃO FORAM PERCEBIDOS ANTES DO TRABALHO SER IMPRESSO. DEVE
APARECER APÓS A FOLHA DE ROSTO (PODE SER UMA FOLHA AVULSA). NA
MARGEM SUPERIOR, ESCREVEMOS O TÍTULO ERRATA, ABAIXO ESCREVEMOS
A REFERÊNCIA DA OBRA DA QUAL FORAM REALIZADAS AS CORREÇÕES.
ESCREVEMOS TÍTULOS REFERENTES ÀS INFORMAÇÕES A SEREM DESTACA-
DAS. PARA CADA ERRO, COLOCAMOS UMA INFORMAÇÃO CORRESPONDENTE
E SUA LOCALIZAÇÃO DENTRO DO TRABALHO.

Na errata, o autor indica onde está o erro, qual o erro e a devida correção.

2.1.5 FOLHA DE APROVAÇÃO


A folha de aprovação é indispensável em trabalhos que necessitam de banca para aprovação,
por exemplo, dissertação de mestrado e tese de doutorado. No caso do TCC, há possiblidade de
não realizar banca, logo, a folha de aprovação é faculta�va. Observa a seguir a folha de aprovação
de minha tese de doutorado, com alterações.

66
FIGURA 6 – MODELO DE FOLHA DE APROVAÇÃO

UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Adaptada de Araujo (2018).

2.1.6 DEDICATÓRIA
A dedicatória é um elemento opcional e aparece na sequência da ficha catalográfica, quando
esta é posta no trabalho. A dedicatória “serve para o autor dedicar o trabalho a alguém de suma
importância para ele, ou, para expressar uma homenagem a um grupo de pessoas que ele deseje.
Você deve cuidar para que o número de pessoas não seja muito elevado; também, evite palavras
exageradas; não colocar o �tulo dedicatória” (FURASTÉ, 2003, p. 39).
Geralmente a dedicatória não tem mais de cinco linhas e é dirigida aos familiares e/ou pessoas
próximas. Ela deve ficar alinhada à direita, no canto inferior direito da página. Não é preciso inserir
o termo “Dedicatória”.

67
FIGURA 7 – MODELO DE DEDICATÓRIA

UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

2.1.7 AGRADECIMENTOS
Da mesma forma que a dedicatória, os agradecimentos são opcionais. Para Furasté (2003, p.
40), eles “são menções que o autor faz a pessoas e/ou ins�tuições as quais eventualmente colabo-
raram de maneira relevante para a realização do trabalho. Deve ser breve, mas sincero, indicando
o mo�vo da gra�dão. Devem ser apresentados de forma dis�nta, logo após a folha de dedicatória”.

FIGURA 8 – MODELO DE AGRADECIMENTO

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

68
2.1.8 EPÍGRAFE
Da mesma maneira que os agradecimentos e a dedicatória, a epígrafe é um elemento opcional.
Em conformidade com Furasté (2003, p. 41), trata-se de “uma frase, um pensamento, um trecho
de prosa ou mesmo um poema que tenha relação direta com o conteúdo do trabalho ou quaisquer
fatos ou situações relacionadas à construção dele, seguida da autoria”.

UNIDADE 04
A NBR 14724 (ABNT, 2002) estabelece que, caso a epígrafe seja u�lizada, deve ser colocada na
sequência da folha de agradecimentos.

2.1.9 RESUMO
O resumo é um dos elementos mais importantes de um trabalho aca-
Fonte: Shu�erstock.com

dêmico, sendo amplamente u�lizado. De acordo com a NBR 6028 (ABNT,

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


2003), o autor deve escrevê-lo seguindo um modelo. Apresente inicialmen-
te a jus�fica�va do trabalho. Por meio de frases claras e asser�vas, afirme
na sequência quais os obje�vos, o método de pesquisa, os resultados e as
conclusões. Cada um desses itens elencados necessita de no máximo três
frases. Mais que isso, apenas em casos excepcionais.
Ainda em conformidade com a NBR 6028:2003, o resumo demanda uma linguagem obje�va,
por isso prevalece a terceira pessoa do singular, na voz a�va. Em relação às normas de es�lo:

O ESPAÇAMENTO É SIMPLES E SEM ENTRADA,


REDIGIDO EM UM ÚNICO PARÁGRAFO. A EXTENSÃO
DO RESUMO EM TRABALHOS ACADÊMICOS PODE
VARIAR ENTRE 150 A 500 PALAVRAS. O TÍTULO
RESUMO VEM ESCRITO EM MAIÚSCULA, NEGRITO
E CENTRALIZADO. AO FINAL DO RESUMO, VÊM AS
PALAVRAS-CHAVE DO TRABALHO, NO MÁXIMO
CINCO PALAVRAS (NORMALMENTE TRÊS A CINCO
PALAVRAS), PRECEDIDAS DA EXPRESSÃO PALA-
VRAS-CHAVE:, SEPARADAS ENTRE SI POR PONTO E
FINALIZADAS TAMBÉM POR PONTO.
(ROVER, 2006, p. 77).

Essas regras também são válidas para o resumo em língua estrangeira, o qual deve constar em
trabalhos acadêmicos como ar�gos cien�ficos, dissertações e teses (no caso de teses de doutora-
do, são dois resumos, em duas línguas estrangeiras). Em TCCs, caso seja necessário o resumo em
outra língua, preferencialmente será o inglês.
De acordo com Cruz, Perota e Mendes (2004), o resumo em língua estrangeira deve ter as mes-
mas caracterís�cas do resumo na língua vernácula, aparecendo em folha dis�nta e seguido das
palavras-chave mais representa�vas do conteúdo.

69
FIGURA 9 – MODELO DE RESUMO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)

UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Araujo (2019).

2.1.10 SUMÁRIO
Para Prestes (2003, p. 45), “o sumário tem a finalidade de dar uma visão geral do trabalho, lo-
calizando o assunto procurado”. Com base na NBR 6027 (ABNT, 2012), Rover sugere que o sumário
seja apresentado da seguinte forma:

• O TÍTULO SUMÁRIO DEVE SER INDICADO NA FORMA CENTRALIZADA E


COM AS MESMAS CARACTERÍSTICAS PARA AS SEÇÕES PRIMÁRIAS;

• OS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS NÃO DEVEM SER APRESENTADOS;

• TODAS AS SEÇÕES QUE COMPÕEM O SUMÁRIO DEVEM SER APRE-


SENTADAS COM ALINHAMENTO À ESQUERDA;

• O NÚMERO DA PÁGINA É REPRESENTADO APENAS PELA PÁGINA EM


QUE SE INICIA A SEÇÃO;

• OS TÍTULOS DAS SEÇÕES DEVEM SER APRESENTADOS DA MESMA


FORMA COMO ESTÃO DENTRO DO TRABALHO E DEVEM SER ALINHA-
DOS (JUSTIFICADOS) À MARGEM ESQUERDA;

70
A extensão do sumário varia muito de acordo com o �po de trabalho. Teses de doutorado, por
exemplo, têm, na maioria dos casos, mais de 200 páginas. Assim, o texto é dividido em vários ca-
pítulos, itens e subitens. Um TCC geralmente tem por volta de 50 páginas. Logo, apresenta menos
capítulos e subdivisões.
Para ilustrar, apresento na sequência uma parte do sumário da minha tese de doutorado. Foi

UNIDADE 04
necessário sinte�zar o sumário do texto original, porque este �nha cinco capítulos e mais de 250
páginas. De toda forma, peço que você note de que forma é feita a divisão do conteúdo, notada-
mente por meio de itens que se separam em escala cada vez menor, às vezes chegando a uma
escala de quatro, como ocorre no item “1.4.2.1”. Essa divisão é necessária porque há assuntos
muitos extensos e, em determinadas ocasiões, é preciso detalhar as discussões teóricas e técnicas
e aprofundar-se em assuntos mais complexos.

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


FIGURA 10 – MODELO DE SUMÁRIO

Fonte: Adaptada de Araújo (2018).

71
REFLITA
Você já pensou se gostaria de fazer um mestrado e/ou um doutorado? Por quê?
A decisão de escrever uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado não deve ser apenas

UNIDADE 04
por sa�sfação pessoal. Ela deve estar atrelada a um obje�vo de vida. Cursos de mestrado e dou-
torado no Brasil são majoritariamente acadêmicos. Assim, o principal obje�vo deles é formar
professores e/ou pesquisadores. Como são raras as ins�tuições de pesquisa no nosso país, nota-
damente na área de ciências humanas e sociais, o profissional que cursa mestrado e doutorado
será preparado para a vida acadêmica.
Caso seu obje�vo não seja o de se tornar um docente de ensino superior, tenha em mente que
dificilmente sua tese de doutorado e sua dissertação de mestrado serão relevantes para conseguir

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


“melhorar de vida”. Fazer pesquisa é muito importante e extremamente posi�vo para ampliar
conhecimentos, mas é preciso dedicação e real interesse ao tornar a pesquisa seu obje�vo de
vida profissional.

3. PARTE TEXTUAL
A parte textual é a mais densa entre as três que formam um trabalho acadêmico, já que nela
estão os itens que trazem o resultado do esforço intelectual necessário para realizar a pesquisa
acadêmica: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

3.1 ELEMENTOS TEXTUAIS


3.1.1 INTRODUÇÃO
Conforme Rover (2006, p. 81), a introdução é a parte do trabalho na qual “o assunto é apresenta-
do em sua totalidade, de maneira clara, precisa e sinté�ca, e tem a função de situar o leitor no con-
texto do tema pesquisado. Introduzir é convidar, mas, para isso, é preciso refle�r sobre o assunto”.
Em termos de extensão, a introdução costuma ter parágrafos ou páginas, dependendo do �po
de trabalho. Se é a introdução de um TCC, uma página é suficiente. Se for de uma tese de douto-
rado, terá pelo menos três páginas, o que é absolutamente normal, tendo em vista a diferença de
tamanho entre os diversos �pos de pesquisa acadêmica.
Sobre as informações que devem ser apresentadas na introdução, destacam-se:

• ANTECEDENTES DO TEMA;
• TENDÊNCIAS;
• NATUREZA E IMPORTÂNCIA DO TEMA;
• RELEVÂNCIA SOCIAL (QUANDO APROPRIADO);
• RELEVÂNCIA ACADÊMICA (INCLUINDO RESULTADOS DE PESQUISAS E OUTRAS
OBRAS ANTERIORES SOBRE O TEMA);

72
Continua >
Continuação >

• OBJETIVOS DO TRABALHO;
• POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES;
• ORGANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO EM TÓPICOS
(ROVER, 2006, p. 82).

UNIDADE 04
De forma geral, na introdução deve-se colocar a jus�fica�va da pesquisa, os obje�vos, a me-
todologia e os resultados alcançados, nessa ordem. Aspectos apontados por Rover (2006), como
tendências e relevância social, são opcionais, e a relevância acadêmica, os antecedentes do tema,
sua natureza e importância podem ser comparados à jus�fica�va.

UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Um fator importan�ssimo que você não pode deixar de lado é a organização e distribuição
do trabalho em tópicos. Esse item explica como o trabalho foi estruturado. Por exemplo, o que o
autor escreveu em cada capítulo, o nome dos capítulos, para que o leitor tenha uma noção exata
do raciocínio desenvolvido. É importante salientar, todavia, que determinados �pos de trabalho
acadêmico, como ar�gos cien�ficos, não terão essa estrutura, já que o texto não é dividido em
capítulos e tem extensão mais reduzida.
Como todas essas informações estarão disponíveis apenas quando a obra es�ver finalizada, a
recomendação é que a introdução seja escrita depois que o desenvolvimento e a conclusão es�-
verem prontos.

3.1.2 DESENVOLVIMENTO
Em conformidade com Rover (2006, p. 82), o desenvolvimento:

É O CORPO DO TRABALHO, A PARTE MAIS EXTENSA E VISA COMUNICAR O RESULTADO


DA PESQUISA. É ONDE REUNIMOS, ANALISAMOS E DISCUTIMOS IDEIAS DE VÁRIOS
AUTORES SOBRE O TEMA EM QUESTÃO, A FIM DE FORNECER BASE CONCEITUAL SÓLIDA
PARA O PROBLEMA. LEMBRANDO QUE OS AUTORES CITADOS NO CORPO DO TRABALHO
DEVEM ESTAR CONTIDOS NAS REFERÊNCIAS, PORÉM, PARA A REALIZAÇÃO DESSA
ETAPA, O ACADÊMICO JÁ DEVE TER COMPILADO ALGUNS TEXTOS, POR INTERMÉDIO DE
ANOTAÇÕES, COMENTÁRIOS, RESENHAS, CITAÇÕES EM FICHAS DE LEITURAS, POIS DA
RIQUEZA DE SEUS APONTAMENTOS DEPENDERÁ A QUALIDADE DE SEU TRABALHO.

O desenvolvimento é a parte mais densa do trabalho acadêmico de pesquisa, pois nele consta-
rão os elementos mais relevantes, tais como:
» Referencial teórico: Parte na qual o autor trata de determinado tema com base nas palavras e
opiniões de outros autores. Em trabalhos acadêmicos mais densos, como teses de doutorado,
é chamado de “Estado da Arte” de determinado assunto. Em outros textos menos complexos,
pode-se chamar de “Revisão de Literatura”. Nesse ponto, o autor mostra que leu diversas opini-
ões sobre o assunto em questão e que está embasado teoricamente para tratar do tema, já que
não pode apresentar nada novo sem mostrar o que já foi escrito a respeito.

73
» Metodologia: O autor deve explicar como e por que u�lizou determinado método de estudo.
Geralmente a metodologia divide-se em qualita�va e quan�ta�va, sendo esta baseada geral-
mente em números e aquela em opiniões de pessoas. Cada objeto de pesquisa vai determinar
qual o melhor método. Na maioria das vezes, as ciências humanas u�lizam pesquisa qualita�va
e as ciências exatas e biológicas, a quan�ta�va. Isso, porém, não é uma regra.

UNIDADE 04
» Análise: Momento no qual o autor analisa as informações que obteve. Caso tenham sido dados,
o pesquisador explica o que se pode observar com base nesses números. Se foram opiniões de
pessoas, o que se pode depreender delas. Importante observar que a análise deve estar calcada
na metodologia e no referencial teórico, isto é, o autor faz a análise u�lizando-se de um método
e de outras opiniões, não apenas daquilo que ele acha correto e apropriado.
Na maioria dos casos, conquanto seja um TCC ou uma dissertação de mestrado, cada um dos

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itens citados vai merecer um capítulo. É possível, contudo, fundir a metodologia e o referencial
teórico, caso o trabalho tenha menor extensão, como em um TCC. Já a análise deve vir sempre
separada, porque ela traz a maior contribuição do autor para o assunto.

3.1.3 CONCLUSÃO
A conclusão não tem segredo, pois o próprio nome já diz tudo: nela você conclui seu raciocínio.
Assim, “o primeiro passo é dizer o essencial. Trata-se da recapitulação sinté�ca dos resultados
oriundos da discussão apresentada no desenvolvimento, ressaltando o alcance e as consequências
de suas contribuições. Sua função é destacar essas deduções de modo a responder às questões
apresentadas na introdução” (ROVER, 2006, p. 82).
Como a conclusão deve ser breve e sucinta, ela ocupa espaço menor. Para uma TCC, bastam
alguns parágrafos, o que representa no máximo uma página. Por conta disso, o aluno não deve
usar citações ou realizar a análise de algo. Isso tudo já foi feito. O que importa é sinte�zar as con-
siderações finais sobre tudo aquilo que foi abordado.
Alguns trabalhos acadêmicos trazem sugestões de novos estudos e pesquisas sobre o assunto
abordado – visto que não é possível tratar de tudo em um único trabalho –, mas isso é opcional.
O mais importante é o autor expor-se, ou seja, colocar o que ele pensa a respeito de tudo o que
foi apontado no trabalho. Não é recomendável ficar totalmente neutro ao assunto, adotando uma
postura de distanciamento, pois isso não valoriza o trabalho de pesquisa apresentado ao longo do
desenvolvimento.

4. PARTE PÓS-TEXTUAL
4.1 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Os elementos pós-textuais complementam aquilo que foi tratado no desenvolvimento. De acor-
do com a NBR 14274 (ABNT, 2002), esses elementos são:

74
» Referências (obrigatório);
» Glossário (opcional);
» Apêndices (opcional);
» Anexos (opcional);

UNIDADE 04
» Índices (opcional).

4.1.1 REFERÊNCIAS
Também chamada de Referências Bibliográficas, as referências trazem a listagem das obras ci-
tadas ao longo do desenvolvimento. Importante salientar que referências não é a mesma coisa
que bibliografia, pois esta úl�ma é uma listagem de obras que serviram de inspiração para o autor
escrever o trabalho, mas que não foram citadas. Há uma enorme diferença entre esses aspectos,

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e quem realiza a pesquisa não pode confundi-los.
Segundo Rover (2006, p. 83), as referências

ESTÃO DESTINADAS A ORIENTAR, PREPARAR E REUNIR AS REFERÊNCIAS DO


MATERIAL UTILIZADO PARA A PRODUÇÃO DE TRABALHOS DE PESQUISA. AS
REFERÊNCIAS PODEM SER DE LIVROS, PARTE DE LIVROS, ARTIGOS, GUIAS, PE-
RIÓDICOS, TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO, TRABALHOS ACADÊMICOS,
MEIOS ELETRÔNICOS E MUITOS OUTROS.

Já explicamos nesta disciplina como fazer as referências e as normas que precisam ser seguidas.
Fique atento(a)!

4.1.2 GLOSSÁRIO
O glossário é opcional e se assemelha a um dicionário, no qual o autor explica o significado de
termos usados ao longo do trabalho de pesquisa. Rover (2006, p. 83) salienta que

O GLOSSÁRIO RELATA EM ORDEM ALFABÉTICA AS EXPRESSÕES


OU PALAVRAS DE TERMOS DE USO RESTRITO, PODENDO SER ELAS
TÉCNICAS, OU DE SENTIDO OBSCURO, POUCO USUAL. ELABORAMOS O
GLOSSÁRIO COM A EXPECTATIVA DE QUE O LEITOR CONSIGA COMPRE-
ENDER MELHOR AS RESPECTIVAS SIGNIFICAÇÕES.

4.1.3 APÊNDICE
É um texto inserido pelo autor para melhor compreensão do trabalho de pesquisa apresenta-
do. Podem ser inseridos documentos de pesquisa, como, por exemplo, ques�onários usados para
entrevistar as pessoas que contribuíram para o trabalho de pesquisa. Assim como o glossário, o
apêndice é opcional.

75
4.1.4 ANEXO
Assemelha-se muito ao apêndice, porque também busca complementar a pesquisa acadêmica.
A diferença primordial é que os anexos não são criados pelo autor da pesquisa. Muitas vezes, são
documentos e imagens dos quais foram re�radas informações úteis para o trabalho cien�fico.
Também é um item opcional.

UNIDADE 04
4.1.5 ÍNDICE
Não é item obrigatório. De acordo com Prestes (2003, p. 47), o índice “é o detalhamento dos
assuntos, �tulos, nomes, datas e outros elementos que o autor queira destacar, por ordem alfabé-
�ca; indica a exata localização no texto”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos aqui mais uma Unidade e também a nossa disciplina de Pesquisa e Produção Cien-
�fica. Quando começamos, eu disse a você que tentaria deixá-la o mais agradável possível. Espero
que eu tenha conseguido!
Para mim foi uma sa�sfação enorme estar com você neste curso. Ainda que não tenhamos nos
falado pessoalmente, acredito que valeu a interação que �vemos nos exercícios e na própria lei-
tura do texto. Você pôde perceber que minha preocupação é sempre dialogar por meio do texto,
mesmo esse diálogo não sendo nos moldes tradicionais.
Confio que o conteúdo apresentado nesta disciplina vai ajudá-lo(a) na realização dos trabalhos
do seu curso e, principalmente na elaboração do TCC, que é temido por muitos estudantes, mas
pode ser feito sem grandes problemas se você es�ver devidamente preparado para enfrentá-lo.
Obrigado pela sua companhia e dedicação.
Bons estudos!
Prof. Lucas V. de Araujo

ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS

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ta, 2018.
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São Bernardo do Campo, 2018.
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EAD

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