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E PRODUÇÃO
CIENTÍFICA
EAD
DIRIGENTES FICHA TÉCNICA
| PRESIDÊNCIA | AUTOR
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève Prof. Dr. Lucas v. de Araujo
| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan
EAD
EDIÇÃO: JUNHO/2020
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS.......................................................................................77
UNIDADE
01
CIÊNCIA E
CONHECIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Situar a disciplina de Metodologia Cien�fica para aplicação da ciência e método
cien�fico;
» Saber a definição de ciência e outros termos inerentes à prá�ca da pesquisa
cien�fica e tecnológica;
» Iden�ficar as diferentes formas de fazer ciência, assim como preceitos filosófi-
cos de obtenção do conhecimento;
» Entender técnicas de pesquisa, coleta e classificação de dados e informações
cien�ficas.
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 01
fica. Antes de começar, gostaria de falar suscintamente sobre mim e meu trabalho. Sou doutor
em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre em Letras e graduado em
Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Já sou professor desde 2003, quando
comecei a dar aulas para os cursos de Jornalismo e Relações Públicas. Atualmente, sou docente na
Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em diversos cursos de pós-graduação pelo Brasil. Além
da carreira como professor, trabalhei por 18 anos em emissoras de TV, atuando como repórter,
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Tenho orgulho da minha profissão e de usar a ciência e a produção cien�fica diariamente em
meu trabalho, como neste momento, em que escrevo este texto. É o primeiro exemplo que posso
trazer para você.
Tenho certeza de que este será um bom estudo para todos nós!
UNIDADE 01
1. METODOLOGIA CIENTÍFICA: CONCEITO,
CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS
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FIGURA 1 – PESQUISA ACADÊMICA No local de trabalho, frequentemente é ne-
cessário fazer pesquisas para desenvolver ou
melhorar os negócios ou serviços, enquanto
alguns �pos de empresas dependem da rea-
lização de projetos de pesquisa para sua pró-
UNIDADE 01
pria existência. Os métodos de pesquisa são
uma variedade de ferramentas usadas para
diferentes �pos de estudo, assim como várias
ferramentas são usadas para realizar trabalhos
prá�cos diferentes (WALLIMAN, 2017).
Pesquisa no trabalho, aliás, aliada a métodos
Como nossa aula não é de História, não vamos repassar todos esses momentos importantes
da história da ciência e da produção cien�fica. O mais importante neste momento é focarmos no
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obje�vo da pesquisa, que pode ser explicado de forma mais simples como a tenta�va humana de
entender o porquê das coisas. Essa curiosidade é algo inato ao ser humano, que desde os tempos
remotos da espécie já apresentava essa curiosidade.
Além da curiosidade, há a necessidade, chamada por alguns de “mãe da inovação”, já que a
“necessidade faz o homem”, como diz o adágio popular. Mais que uma crendice popular, a neces-
UNIDADE 01
sidade humana de entender a natureza é fundamental, haja vista o quanto os fenômenos naturais
interferem na nossa vida. Elaboramos modelos matemá�cos que, somados a outros conhecimen-
tos, possibilitaram a criação da previsão do tempo, à qual temos acesso todos os dias, inclusive nos
nossos smartphones.
Tendo em vista essa proximidade entre ciência, tecnologia e inovação, atreladas à pesquisa,
vamos entender um pouco melhor como se constrói a ciência da qual tanto necessitamos.
SAIBA MAIS
Entre ciência e conhecimento existem aspectos consonantes, mas que precisam ficar bem deli-
mitados. Para facilitar o entendimento, podemos realizar algumas comparações e inferências. A
ciência é a jornada; conhecimento, o des�no. Conhecimento é o fim; a ciência é um meio para
isso. Ciência é método; o conhecimento é uma conclusão provisória.
No entanto, devemos estar atentos para conclusões precipitadas e errôneas, como acreditar que
é possível deter todo o conhecimento. As pessoas pensam que “sabem” algo até aprenderem
mais e descobrirem que o que pensavam saber estava errado. Exemplos, sejam eles da vida pes-
soal ou da história do mundo, são abundantes. Assim, o conhecimento não é tanto o que sabemos
ser verdade, mas sim o que pensamos que sabemos ser verdade, em qualquer momento.
Continua >
9
Continuação >
Nesse sen�do, o método cien�fico é uma abordagem para determinar e atestar o conhecimento
sobre algo. As ciências são disciplinas que u�lizam métodos empíricos a fim de realizar determi-
nada descoberta e testar hipóteses.
UNIDADE 01
2. A DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA
A origem da palavra ciência nos remete a conhecimento, termo também bastante denso, que
pode ter diferentes significados. O dicionário nos ensina que conhecimento é o ato ou efeito de
Ciente do que é ciência, das suas implicações e dos seus obje�vos, é preciso que você entenda
melhor como ela é feita, isto é, qual o seu modus operandi. Antes, porém, de adentrarmos mais a
fundo na metodologia de pesquisa, precisamos compreender que o trabalho de cunho cien�fico
implica a produção do conhecimento, sendo este classificado como comum e cien�fico.
O conhecimento cien�fico pressupõe uma visão mais sistemá�ca e técnica de tudo o que ocorre
à nossa volta. Geralmente o cien�sta avalia se determinada hipótese (ou conjunto de hipóteses) tem
fundamento ou não. Para tanto, u�liza métodos cien�ficos, ou seja, normas técnicas testadas e com-
provadas como válidas, para verificar se a hipótese tem fundamento ou não. Dessa forma, o trabalho
cien�fico configura-se na produção elaborada com base em questões específicas de estudo.
Conforme Galliano (1986, p. 26), “ao analisar um fato, o conhecimento cien�fico não apenas
trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-los”.
Já o senso comum é definido, por autores como Lakatos e Marconi (2003), como algo que vem
da experiência do dia a dia, dos conhecimentos que se desenvolvem a par�r do co�diano ou da
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necessidade. O senso comum, portanto, tem um apelo mais emocional, empírico, baseado nas
próprias experiências da pessoa.
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020).
Podemos inferir, portanto, que senso comum é uma construção cole�va, na qual as pessoas se
apropriam de fatos ocorridos consigo ou com outros como verdadeiros e dotados de significado.
Faz parte do senso comum de muitas pessoas, por exemplo, acreditar que tomar chuva leva à gri-
pe. Muito provavelmente desenvolveu-se essa mentalidade após muitos indivíduos terem contra-
ído gripe depois de ficarem expostos à chuva ou conversarem com outras pessoas que passaram
pela mesma situação e �veram a mesma consequência.
Embora existam indícios cien�ficos de que molhar-se na chuva possa provocar danos à saúde,
como um resfriado ou gripe, essa crença surgiu muito antes de a ciência de certa maneira com-
provar essa hipótese.
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Por conta disso, Rover (2006, p. 11) afirma que “do conhecimento do senso comum podemos
desenvolver o conhecimento cien�fico, pois ditos populares podem gerar questões que, às vezes,
levam à pesquisa e à inves�gação cien�fica, ou seja, aquilo a que o senso comum não responde, a
ciência pode responder”.
Da mesma forma que um cien�sta pode inves�gar se determinado senso comum tem funda-
UNIDADE 01
mento cien�fico, o mesmo ocorre con�go, caro(a) aluno(a), que vai realizar determinados traba-
lhos acadêmicos. Muitas vezes, na inves�gação de um problema, você precisará aplicar os méto-
dos cien�ficos para chegar a um resultado comprovado, já que não poderá ficar no “achismo” ou
no “vou fazer assim porque sempre deu certo”.
Agora que você tem uma visão mais ampla e pragmá�ca – portanto, mais distante do senso co-
mum –, podemos nos aprofundar nos estudos sobre a ciência e começarmos a tratar dos �pos de
REFLITA
De que maneira a ciência e o senso comum são formas diferentes de ver o mundo e seus fenômenos?
Se um índio kaigang, que vive isolado daquilo que chamamos de sociedade moderna e têm um sis-
tema de vida bem diferente do cidadão urbano, olha para o céu e vê estrelas, ele interpreta aquele
fenômeno de forma dis�nta, por exemplo, de um astrônomo, profissional que estuda o Cosmos.
O indígena acredita que o brilho das estrelas é fruto de fogueiras que os deuses, seres dotados
de uma natureza superior à humana, acendem para iluminar a noite escura. O astrônomo pensa
que a estrela é um astro com luz própria e que faz parte de uma galáxia. Ambas as explicações
condizem com a condição de cada um e têm sen�do para eles, independentemente de terem
significado para o outro.
Assim, é importante que todos respeitem formas diferentes de ver o mundo. Isso não quer dizer
que é preciso haver concordância em tudo e tampouco benevolência com a�tudes an�é�cas,
como fazer mal a outra pessoa alegando questões culturais. O que precisamos é refle�r sobre as
diferentes maneiras de ver o mundo.
3. A NATUREZA DO CONHECIMENTO E OS
TIPOS DE PESQUISA
Segundo Rover (2006), existem pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: em-
pírico, cien�fico, filosófico e teológico. Conquanto na academia, isto é, em um curso superior rea-
lizado em uma ins�tuição de ensino, você u�lizará somente o conhecimento cien�fico, é de suma
importância conhecer todos os �pos, para uma melhor compreensão da realidade.
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Cervo e Bervian (2002, p. 8-9) definem os níveis de conhecimento da seguinte forma:
UNIDADE 01
OUTRO, ÀS VEZES ENSINANDO, ÀS VEZES APRENDENDO, NUM PROCESSO INTENSO
DE INTERAÇÃO HUMANA E SOCIAL. É ASSISTEMÁTICO, ESTÁ RELACIONADO COM AS
CRENÇAS E OS VALORES, FAZ PARTE DE ANTIGAS TRADIÇÕES. COMO EXEMPLO DE CO-
NHECIMENTO EMPÍRICO, VOCÊ JÁ DEVE TER OUVIDO O DITO POPULAR DE QUE TOMAR
CHÁ DE MACELA, MAIS CONHECIDA COMO MARCELA, CURA DOR DE ESTÔMAGO, MAS
ELA PRECISA SER COLHIDA NA SEXTA-FEIRA SANTA, ANTES DO SOL NASCER.
Percebemos, assim, que o conhecimento empírico nada mais é do que o senso comum, o qual expli-
camos há pouco. Cien�fico é esse conhecimento que você está usando neste momento para aprender.
Você se matriculou em um curso superior, em uma ins�tuição de ensino devidamente creden-
ciada por órgãos reguladores e fiscalizadores, como o Ministério da Educação (MEC). Neste curso
que você está cursando, há disciplinas, grade curricular, ementas, carga horárias a cumprir, prazos
a serem respeitos, métodos de ensino, exercícios, provas e avaliações. Todo esse aparato é essen-
cial para que você tenha uma boa formação e aprenda a fazer ciência e produzir conhecimento
sozinho, por meio de pesquisas que vão testar determinadas hipóteses, as quais podem ser origi-
nadas, inclusive, do senso comum.
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Ainda de acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 10-11), existem os níveis de conhecimento:
UNIDADE 01
O SENTIDO DA JUSTIFICAÇÃO E A POSSIBILIDADE DE INTERPRETAÇÃO A RESPEITO DO
HOMEM E DE SUA EXISTÊNCIA CONCRETA. A TAREFA PRINCIPAL DA FILOSOFIA RESU-
ME-SE NA REFLEXÃO.
O nível filosófico busca respostas mais genéricas e reflexivas, que se aprofundem em aspectos
teóricos sobre questões humanas. Já o teológico abrange uma dimensão divina, que encontra re-
fúgio em respostas que transcendem, muitas vezes, o conhecimento cien�fico.
Essa classificação não é única. Existem várias outras formas de classificar os diversos níveis de
conhecimento, porém, sem muita diferenciação em termos essenciais desses elementos.
Oliveira (2002) e Galliano (1986) sinte�zam as formas de conhecimento com as seguintes pon-
derações:
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FIGURA 6 – O CONHECIMENTO TEOLÓGICO ESTÁ LIGADO À BÍBLIA E DEMAIS LIVROS SAGRADOS
UNIDADE 01
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Fonte: Shu�erstock (2020).
Agora que já delimitamos bem os diversos �pos de conhecimento tendo por base os conceitos
de vários autores, vamos abordar os �pos de pesquisa analisando seus métodos. Segundo Walli-
man (2017), os métodos de pesquisa são técnicas que você usa para fazer pesquisas. Por meio
dessas técnicas, é possível coletar, classificar e analisar informações para chegar a algumas conclu-
sões. Se você usar o �po certo de método para determinada pesquisa, poderá convencer outras
pessoas de que suas conclusões têm alguma validade e de que o novo conhecimento que você
criou é bem fundamentado. Portanto, os cursos de métodos de pesquisa são comumente vincu-
lados a tarefas que exigem a aplicação desses métodos – um projeto de pesquisa real descrito em
uma dissertação ou tese ou em um relatório de pesquisa.
Então, como podemos fazer pesquisas a fim de obter um novo conhecimento? Vejamos algu-
mas maneiras, ainda de acordo com Walliman (2017).
» Categorizar: Envolve a formação de uma �pologia de objetos, eventos ou conceitos, ou seja,
um conjunto de nomes ou “caixas” nas quais esses itens podem ser classificados. Isso pode ser
ú�l para explicar a quais “coisas” pertencem e como.
Essa é uma técnica ú�l em situações nas quais é preciso definir termos e aplicações para de-
terminados elementos, como, por exemplo, um pesquisador que está estudando a flora da região
Amazônica e precisa categorizar as plantas que encontrou.
» Descrever: A pesquisa descri�va se baseia na observação como um meio de coleta de dados.
Ela tenta examinar situações para estabelecer qual é a norma, ou seja, o que se pode prever
que aconteça novamente nas mesmas circunstâncias.
A descrição é importante para detalhar determinado processo ou técnica, a fim de que, conhe-
cendo-o profundamente, seja possível predizer futuros acontecimentos. Por exemplo, um pesqui-
sador está estudando um �po de ave que vive no deserto e que migra para regiões menos quen-
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tes no verão. Descrevendo os costumes e as prá�cas desse animal, talvez seja possível ajudar na
prevenção de problemas que a ave esteja enfrentando e, assim, evitar consequências mais graves.
» Explicar: Este é um �po de pesquisa projetada especificamente para lidar com questões com-
plexas. Seu obje�vo é ir além de “apenas obter os fatos”, a fim de dar sen�do à abundância de
outros aspectos envolvidos, como humanos, polí�cos, sociais, culturais e contextuais.
UNIDADE 01
Essa prá�ca é muito comum nas ciências humanas, como em comunicação, psicologia, ciências
sociais, nas quais o pesquisador observa fatos complexos e busca explicá-los à luz de determina-
das teorias ou aspectos cien�ficamente consolidados. Quando se tenta argumentar, por exemplo,
sobre o porquê de as pessoas replicarem no�cias falsas em redes sociais, isso é uma pesquisa de
cunho explica�vo.
» Avaliar: Envolve fazer julgamentos sobre a qualidade de objetos ou eventos. A qualidade pode
ser medida tanto no sen�do absoluto quanto no compara�vo. Para serem úteis, os métodos de
avaliação devem se mostrar relevantes para o contexto e as intenções da pesquisa.
Avaliar é um estágio posterior à explicação, porque a avaliação é um juízo do pesquisador sobre
determinado fato que ele tenta explicar. Os métodos são extremamente importantes porque tra-
zem credibilidade à avaliação. Por exemplo, se o obje�vo é avaliar o contexto que leva as pessoas a
replicarem no�cias falsas, é preciso usar teorias e bases teóricas que evidenciem como o contexto
pode ser ú�l para explicar certos �pos de comportamento.
» Comparar: Dois ou mais casos contrastantes podem ser examinados para destacar diferenças e
semelhanças entre eles, levando a uma melhor compreensão dos fenômenos.
O melhor exemplo para a técnica da comparação pode vir da área da saúde. Um certo pesquisa-
dor deseja saber se a ingestão de vitaminas diariamente traz bene�cios à saúde. Uma das formas
de proceder é separando pessoas com es�los de vida próximos e submetendo uma parte delas a
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uma dieta com vitaminas e o outro grupo a uma dieta sem tais vitaminas. Compara-se os resulta-
dos depois de certo período e, com esses dados, é possível fazer certas inferências.
» Correlacionar: As relações entre dois fenômenos são inves�gadas para verificar se e como elas
se influenciam. O relacionamento pode ser apenas um elo frouxo em um extremo ou um elo
direto quando um fenômeno causa outro. Esses são medidos como níveis de associação.
UNIDADE 01
Muito parecida com a comparação, a correlação considera dois fenômenos e tenta verificar o
que ocorre se ambos interagirem. Se estamos analisando pessoas que tomam vitaminas, podemos
relacionar, por exemplo, a ingestão de vitaminas com exercícios �sicos e verificar se um beneficia
o outro ou não.
» Prever: Às vezes, isso pode ser feito em áreas de pesquisa em que as correlações já são conheci-
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Se a sua pesquisa descobriu, por exemplo, que os exercícios �sicos podem controlar certos efei-
tos nocivos ao organismo, é possível, por exemplo, desenvolver certo medicamento que produza
uma substância benéfica ao corpo humano e que, desse modo, evite algumas doenças.
Agora que você entendeu a natureza do conhecimento e os �pos de pesquisa, vamos à úl�ma
parte deste Unidade.
UNIDADE 01
VÍDEO
Para entender melhor métodos de pesquisa e suas formas de aplicação, assista a um vídeo que
apresenta a dis�nção entre métodos de pesquisa dirigidos a Trabalhos de Conclusão de Curso
4. MÉTODOS E TÉCNICAS
De acordo com Rover (2006), não há ciência sem que ocorra a u�lização sistemá�ca de métodos
cien�ficos. Em decorrência disso, apresentaremos determinados conceitos de método cien�fico para,
em seguida, detalharmos alguns aspectos convergentes e outros divergentes entre o método e a técni-
ca. Isso é importante para que você não tenha dúvidas da dis�nção entre metodologia e ciência.
Para Lakatos e Marconi (2003, p. 85), “o método é um conjunto das a�vidades sistemá�cas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o obje�vo – conhecimentos vá-
lidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões
do cien�sta”. Oliveira (2002, p. 58) contribui afirmando que “método é um conjunto de regras ou
critérios que servem de referência no processo de busca da explicação ou da elaboração de previ-
sões, em relação a questões ou problemas específicos”.
Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 23), “não inventamos um método, ele depende do objeto da
pesquisa, pois toda a inves�gação nasce de algum problema observado ou sen�do, por isso o uso
do conjunto de etapas de que se serve o método cien�fico, para fornecer subsídios necessários na
busca de um resultado para a hipótese pesquisada”.
Por sua vez, Fachin (2003, p. 28) nos diz que “o método cien�fico é um traço caracterís�co da
ciência aplicada, pelo qual se coloca em evidência o conjunto de etapas operacionais ocorrido
na manipulação para alcançar determinado obje�vo cien�fico”. Ainda de acordo com o autor, é
importante observar que existem dois aspectos do método cien�fico que precisam ser levados
em conta: i) sua aplicação de modo generalizado, denominada método geral; e ii) sua aplicação
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de forma par�cular, ou, rela�vamente, a uma situação do ques�onamento cien�fico, denominada
método específico.
FIGURA 9 – SEM UM MÉTODO CIENTÍFICO, A CIÊNCIA NÃO OBTÉM AS RESPOSTAS QUE BUSCA
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Fonte: Shu�erstock (2020).
Importante lembrar que os métodos fazem parte de nossa vida co�diana em tudo o que rea-
lizamos. Por exemplo, se você gosta de churrasco, antes de assar a carne, você faz o corte certo,
prepara ou aplica um certo tempero, usa uma técnica para acender a churrasqueira – afinal, isso
pode causar um acidente grave. Quando você realiza qualquer uma dessas tarefas, está aplicando
técnicas, as quais fazem parte de um método comprovadamente eficaz.
Muitos desses ensinamentos aprendemos com a vida, isto é, no dia a dia, testando e verificando
o que dá certo, vendo e analisando as a�tudes alheias ou, ainda, ouvindo as colocações de outras
pessoas que já passaram por aquilo e nos contam a melhor forma de resolver um problema. Um
gaúcho provavelmente tenha aprendido com os pais, avós, �os ou irmãos a fazer um bom chur-
rasco, porque esse é um traço cultural muito forte do povo daquela região do país. Aprenderam a
história e também o método, pois há um jeito certo de fazer o churrasco.
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FIGURA 10 – PARA FAZER CHURRASCO É PRECISO TER TÉCNICA
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Fonte: Shu�erstock (2020).
Seguindo nessa mesma linha de pensamento, existem diferentes maneiras de realizar pesqui-
sas, dependendo de suas suposições sobre o que realmente existe na realidade e o que podemos
saber (meta�sica) e como podemos adquirir conhecimento (epistemologia) (WALLIMAN, 2017).
A meta�sica está preocupada com questões como: o que é ser, quem somos, o que é conheci-
mento, o que são coisas, o que é tempo e espaço. Em um extremo, há o:
» Idealismo, que defende que a realidade está toda na mente, que tudo o que existe depende
de alguma forma da a�vidade da mente. Portanto, como os fenômenos dependem de fatores
mentais e sociais, estão em um estado de constante mudança. Por exemplo, a música não é
apenas som, é uma experiência emocional.
No outro extremo, está o:
» Materialismo (ou reducionismo), que insiste em que apenas existem coisas �sicas e suas inte-
rações e que nossa mente e consciência são totalmente devidas à operação a�va dos materiais.
Assim, os fenômenos são independentes de fatores sociais e, portanto, estáveis. Por exemplo,
a música é apenas vibração no ar.
Como você pode imaginar, essas são extremidades opostas de um espectro, com muitas posições
intermediárias que mantêm a importância da mente e das coisas materiais em diferentes graus.
Walliman (2017) complementa afirmando que a epistemologia é a teoria do conhecimento,
especialmente sobre sua validação e os métodos u�lizados. Ela lida com a forma como sabemos
as coisas e o que podemos considerar como conhecimento aceitável em uma disciplina. Está pre-
ocupada com a confiabilidade de nossos sen�dos e o poder da mente. Quanto aos métodos de
aquisição de conhecimento, existem duas abordagens básicas:
» Empirismo: conhecimento adquirido pela experiência sensorial (usando o raciocínio indu�vo);
» Racionalismo: conhecimento adquirido pelo raciocínio (usando o raciocínio dedu�vo).
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FIGURA 11 – A EPISTEMOLOGIA TENTA EXPLICAR O CONHECIMENTO
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Fonte: Shu�erstock (2020). ID da imagem:
Os méritos rela�vos dessas abordagens são discu�dos desde os gregos an�gos – Aristóteles
defendendo a primeira e Platão, a segunda. Como esta disciplina não é de filosofia, não vamos
nos ater a aspectos demasiadamente teóricos que não fazem parte do nosso escopo de trabalho.
Assim, é preciso que esteja claro para você que a epistemologia e a meta�sica existem como
formas de lidarmos com o conhecimento e o saber e suas caracterís�cas. Procure entender esses
conceitos, que já estão colocados de forma bem simples, para que você possa realizar os exercícios
de fixação sem problemas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesta Unidade que a ciência é fundamental para nossa vida porque dela derivam as ino-
vações que tornam a nossa vida melhor. Nossos alimentos, nossos lares, nosso transporte, nosso
trabalho, nosso estudo e nossa saúde estão in�mamente ligados aos produtos, serviços e proces-
sos que a ciência desenvolve diariamente.
Porém, também vimos que a ciência necessita de métodos e normas que possibilitam todo esse
desenvolvimento. Nós, humanos, fomos ao longo da história aperfeiçoando modelos de raciocínio
e de reflexão, os quais possibilitassem o estabelecimento de metodologias que trouxessem as res-
postas que buscamos. E isso tudo foi construído com muito esforço e dedicação.
Esses métodos são complexos, sem dúvida, mas são perfeitamente compreensíveis e aplicáveis.
Por essa razão, passamos esta primeira Unidade explicando os fundamentos, os conceitos, os ob-
je�vos e as formas de u�lização de alguns métodos de pesquisa.
Ciente desse embasamento, você tem todas as condições de fazer as a�vidades desta Unidade
e, o mais importante, aplicar esses conhecimentos na sua vida acadêmica e profissional.
Obrigado pela companhia e até a Unidade 2!
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ANOTAÇÕES
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UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA UNIDADE 01
UNIDADE
02
O PROCESSO
DE LEITURA
E TEXTOS
ACADÊMICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
» Desenvolver habilidades de leitura e depreensão de texto para pesquisa acadê-
mica;
» Conhecer métodos de seleção de informações e encadeamento de ideias com
base na leitura de textos acadêmicos;
» Adotar mecanismos de documentação que auxiliem na coleta de informações para
elaboração de textos cien�ficos;
» Conhecer os �pos de textos acadêmicos, suas aplicações e caracterís�cas.
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 02
Na primeira Unidade, vimos os princípios básicos da ciência e do conhecimento, que são os
campos nos quais a pesquisa e a produção cien�fica transitam. Vimos desde os conceitos mais
basilares, como o que é e quais as origens da ciência e do conhecimento, até aspectos filosóficos,
como a Epistemologia, com base na qual discu�mos a validade e a importância da ciência.
Nesta segunda parte da disciplina, vamos começar um conteúdo fundamental: o processo de
leitura no estudo e a forma correta de documentar as informações que darão fruto ao novo co-
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clusive, boa parte desse conhecimento cien�fico é gratuito e de livre acesso. Logo, o pesquisador
tem à disposição uma gama de informações preciosa, que vai ajudá-lo a iniciar sua pesquisa tendo
por base algumas constatações já pesquisadas.
Para saber quais são os pontos que já foram estudados e quais deduções e conclusões foram
tomadas a par�r dessas informações, é indispensável ler. Daí a razão pela qual a pesquisa sempre
UNIDADE 02
começa iden�ficando o que foi feito, como foi feito, por que foi feito e quais conclusões foram
tomadas. Inclusive, uma das recomendações quando um pesquisador faz uma conclusão é dizer
quais outras pesquisas poderiam ser feitas a par�r daquela que se apresenta. O propósito é que o
próprio pesquisador indique novos estudos que poderiam complementar o que ele fez.
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Sendo a leitura algo tão relevante para o ser humano e, por conseguinte, para a pesquisa, é im-
portante termos em mente que a leitura buscando fazer ciência não é igual à leitura que fazemos
em nosso dia a dia para tarefas ro�neiras.
“Ué, como assim, professor?” – você pode estar pensando. Ler para estudar é diferente de ler
o cardápio do restaurante, ler as mensagens nas redes sociais ou ainda as no�cias nos portais de
UNIDADE 02
conteúdo jornalís�co? A resposta é sim!
Ler no dia a dia é uma a�tude mecânica, portanto, com baixa ou nenhuma reflexão, como
aquela mensagem engraçada que você viu no Facebook. A leitura para fins cien�ficos precisa ser
criteriosa, na qual o leitor deve avaliar o conteúdo e realizar possíveis associações, isto é, constatar
que determinada visão tem relação com as de outro autor, e assim sucessivamente. Por exemplo,
para Bastos et al. (2002) e Galliano (1986), a finalidade da leitura deve ser memorizar, apreender
Com essas habilidades desenvolvidas, você precisará de método para separar conteúdo e
u�lizá-lo posteriormente para escrever sua pesquisa. Entre os diversos mecanismos existentes,
há as fichas de leitura (veja em Saiba +), método muito difundido e amplamente u�lizado em
todo o mundo.
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SAIBA MAIS
Existem muitos estudiosos, como Rover (2006), que recomendam a prá�ca de fichas de leitura
como técnica de separação de informações relevantes em pesquisa acadêmicas. As fichas de lei-
UNIDADE 02
tura, em síntese, são fichas de papel nas quais o pesquisador anota suas inferências sobre deter-
minados aspectos tratados em certa obra cien�fica.
Por exemplo, você está lendo este livro didá�co e acredita que esta parte que escrevi sobre fichas
de leitura pode ser relevante no trabalho acadêmico que está realizando. Você anotaria as refe-
rências bibliográficas deste livro (nome da obra, autor, data de publicação e outras informações) e
suas ponderações sobre o que pensa a respeito do que foi tratado. Quando você es�ver escreven-
do um trabalho acadêmico sobre pesquisa acadêmica e cien�fica, precisará de referências, isto é,
FIGURA 2 – PARA FAZER A FICHA DE LEITURA, É PRECISO ANOTAR O QUE DE RELEVANTE VOCÊ LEU.
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curso, em disciplinas como esta, pode e será usado em avaliações, trabalhos e outros exames apli-
cados para medir seu grau de aprendizagem.
Caso você esteja pensando: “Tá bom, professor, entendi. Mas como faço para separar conteú-
do?”. Eis algumas dicas que podem ser úteis:
UNIDADE 02
• JAMAIS REALIZAR UMA LEITURA DE ESTUDO SEM UM OBJETIVO DEFINI-
DO. PARA QUE ESTÁ LENDO? QUAL O PROPÓSITO DA LEITURA?
REFLITA
Por que ler e escrever um texto cien�fico?
Todo texto tem um obje�vo. Ninguém escreve algo sem um obje�vo em mente. Pode ser algo
simples, como uma receita de bolo, ou ter um obje�vo grandioso, como uma teoria matemá�ca
que explique o movimento dos planetas ao redor do Sol. Sendo assim, todas as vezes que você ler
um texto no seu curso superior, é preciso perceber qual o obje�vo deste, para iden�ficar possíveis
pontos de convergência com seus propósitos de estudo.
Convergência, porém, não significa que você deve ler e buscar informações apenas em textos
nos quais os autores endossam seu ponto de vista. Pelo contrário, a ciência necessita do conflito
de ideias para avançar, porque a divergência é natural nos processos de mudança e progresso da
ciência. A convergência aqui diz respeito à proximidade com o assunto do qual você está tratando.
Continua >
28
Continuação >
Vou exemplificar com algo que aconteceu comigo em meu doutorado. Quando fui estudar ino-
vação em comunicação, havia muitas opiniões divergentes da minha, mas fiz questão de separar
essas informações nos materiais cien�ficos que li, porque essa divergência é a realidade da qual
não podemos fugir. Sem dúvida procurei mostrar as razões pelas quais divergia de várias daquelas
pessoas, mas não me furtei de dizer a opinião delas. Tenha sempre isso em mente ao separar
UNIDADE 02
conteúdo e buscar informações para suas pesquisas.
Importante salientar que projetos de pesquisa, como você pode fazer em um Trabalho de Con-
clusão de Curso (TCC), por exemplo, são criados para explicar um fenômeno ou para testar uma
teoria. Métodos de pesquisa são as técnicas prá�cas usadas para realizar pesquisas. Eles são as
ferramentas que permitem coletar informações e analisá-las. Quais informações você coleta e
Caso o aluno queira aprofundar-se na prá�ca da ciência e da pesquisa cien�fica, será preciso
que ele faça uma pós-graduação na modalidade stricto sensu, isto é, um mestrado ou doutorado,
nos quais o concluinte realiza uma dissertação ou tese, respec�vamente. No Brasil e, principal-
mente, na área das ciências humanas, o estudo stricto sensu é em muitos casos realizado com o
intuito final de poder ministrar aulas no ensino superior. Levaremos isso em conta nesses conhe-
cimentos que estamos trabalhando com você, como os primeiros passos da pesquisa cien�fica.
29
Na próxima seção desta Unidade, começaremos a aprender como separar o conteúdo biblio-
gráfico, assim como métodos de documentação para isso. Antes, porém, vale ressaltar que em
princípio é necessário definir algum �po de problema de pesquisa para fornecer uma razão à reali-
zação da pesquisa. O problema gerará o assunto da pesquisa, suas metas e obje�vos e indicará que
�po de dados precisa ser coletado para inves�gar as questões levantadas. Além disso, apontará
UNIDADE 02
que �po de análise é adequado para permi�r que você chegue a conclusões que fornecem respos-
tas às questões do problema.
Esse processo é comum a pra�camente todos os projetos de pesquisa, independentemente do
tamanho e complexidade. Eles podem ser muito diferentes porque os assuntos e os métodos mu-
dam. Alguns projetos têm como obje�vo testar e refinar o conhecimento existente, outros visam
criar novos conhecimentos, como, por exemplo, nas ciências biológicas, da saúde ou agrárias.
30
2. FORMAS DE SEPARAR CONTEÚDO E
ESTABELECER CORRELAÇÕES
(DOCUMENTAÇÃO)
UNIDADE 02
Agora que você já viu como começar suas pesquisas, vamos aprender a separar e armazenar as
informações úteis a serem coletadas. Rover (2006, p. 32) recomenda que o trabalho comece pelo
fichamento: “procedimento u�lizado na organização de dados da pesquisa de documentos. Sua fina-
lidade é a de arquivar as principais informações das leituras feitas e auxiliar na iden�ficação da obra”.
31
Quanto aos métodos de elaboração do fichamento, existem três formas:
» Bibliográfico;
» Temá�co;
» Transcrição textual.
UNIDADE 02
2.1 MÉTODOS DE FICHAMENTO
2.1.1 BIBLIOGRÁFICO
Consiste, basicamente, em separar bibliografia para determinada pesquisa. É uma seleção de
pesquisas com autores que tratam do assunto que lhe interessa dentro do foco do seu trabalho. É
2.1.2 TEMÁTICO
Como o próprio nome diz, é uma forma de separar material bibliográfico baseado em deter-
minado tema. Se o pesquisador está realizando leituras, por exemplo, sobre empreendedorismo,
ele vai fichar diversas obras que tratam desse assunto sob os mais variados pontos de vista. Assim
como no método bibliográfico, não há as ponderações do pesquisador/leitor sobre o assunto.
VÍDEO
Para entender melhor sobre o fichamento, assista a um vídeo bem interessante que mostra como
realizar fichamentos comentados. Essa é a forma mais comum e uma das mais indicadas para o
aluno que precisa realizar um bom fichamento de textos mais elaborados, como livros, teses e
dissertações. O vídeo apresenta explicações sinté�cas e bastante ilustradas.
- COMO fazer fichamento comentado. 2017. Disponível em: h�ps://bit.ly/2XvH8OJ. Acesso em:
24 set. 2019.
2.2 REFERÊNCIAS
Ao fazer a seleção de material para posterior u�lização, é indispensável indicar a referência
bibliográfica, um método universal de classificação de documentos, que podem ser impressos,
32
audiovisuais, fotografias, entre outros. As referências fazem parte das Normas Bibliográficas, re-
gras que estabelecem os parâmetros que precisam ser seguidos em textos acadêmicos. No Brasil,
seguimos a NBR 6023, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Como nos
aprofundaremos nesses aspectos mais adiante na disciplina, por hora é importante salientar a
forma mais simples de fazer a Referência Bibliográfica, usada para iden�ficar as obras descritas ou
UNIDADE 02
lembradas em determinado texto acadêmico.
Quando é preciso iden�ficar por completo a obra citada, essa iden�ficação estará no fim do
trabalho de pesquisa, com o �tulo “Referências”. Nesse campo, os livros, por exemplo, devem ser
descritos da seguinte forma:
AUTORIA. Título da obra em negrito/destaque. Local de publicação, em seguida dois-pontos,
a editora, vírgula, o ano de publicação.
33
quando tem extensão de até 3 linhas, ou em formatação especial sem as aspas, mas com recuo
de 4 cm, separado do texto, com entrelinha e corpo menor que o usado no texto, quando ultra-
passar �ver a par�r de 4 linhas de extensão.
» Exemplo 1 (palavras do autor citado no corpo do texto):
UNIDADE 02
• Segundo Silva (1998) 3, “é preciso que as pessoas se preocupem com o sarampo para que a
doença não se propague e prejudique outras crianças”.
» Exemplo 2 (palavras do autor citado com espaçamento diferenciado e recuo):
34
• ANALISE AS PARTES DO TEXTO E ESTABELEÇA RELAÇÕES ENTRE ELAS, A
FIM DE COMPREENDER A ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO;
UNIDADE 02
APLICABILIDADE NO MOMENTO;
Dentre os diversos �pos de textos acadêmicos, vamos destacar aqueles que são mais usados e
mais relevantes aos pesquisadores.
3.1 RESUMO
Segundo Rover (2006, p. 38), resumo é:
35
Percebemos nessa colocação que o resumo jamais deve se limitar a uma cópia de trechos do
texto, como é comum alguns alunos pensarem. Por outro lado, também não é uma avaliação do
que foi lido, porque esse papel cabe a outro �po de texto: a resenha. O resumo é uma maneira
mais imparcial de o leitor guardar as informações, pois nele se evita colocar juízos, isto é, as opi-
niões sobre aquilo que foi lido. Sem dúvida a imparcialidade absoluta não existe, e não é esse o
UNIDADE 02
obje�vo. A ideia do resumo é armazenar as informações lidas no texto de forma condensada.
Salomon (2001, p. 114) recomenda itens importantes para um resumo elaborado com qualidade:
Quanto aos �pos de resumo, é importante que você observe os dois mais comuns: o informa�-
vo e o acadêmico. O resumo informa�vo é o que eu detalhei há pouco. O acadêmico é aquele que
aparece no início de textos acadêmicos, como ar�gos, dissertações, teses de doutorado. Além de
uma extensão enxuta, por volta de 250 palavras para ar�gos, ele deve trazer apenas as informa-
ções cruciais, nesta ordem: jus�fica�va, obje�vos, metodologia e resultados alcançados. Em alguns
textos, para serem mais diretos, nem a jus�fica�va é colocada, parte-se direto para os obje�vos.
A seguir, leia um resumo de um ar�go de minha autoria. Observe que não há jus�fica�va e que
há exatas 99 palavras, já que a revista na qual eu publiquei o texto determinava um máximo de 100
palavras para o resumo.
36
ESTA PESQUISA IDENTIFICA, CARACTERIZA E ANALISA OS PRINCIPAIS MO-
VIMENTOS DE INOVAÇÃO EM COMUNICAÇÃO NO BRASIL E DE QUE FORMA
ELES SE SUSTENTAM E INTERAGEM COM O ECOSSISTEMA. FOI REALIZADA
PESQUISA QUALITATIVA E EXPLORATÓRIA EM TRÊS UNIVERSOS: STARTUPS,
UNIDADE 02
EMPRESAS DE MÍDIA ESTABELECIDAS E FUNDOS DE INVESTIMENTOS E OR-
GANIZAÇÕES DE FOMENTO À INOVAÇÃO. FORAM COLETADOS DADOS PRIMÁ-
RIOS E SECUNDÁRIOS POR MEIO DE ENTREVISTA ESTRUTURADA, PESQUISA
DOCUMENTAL E OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE. DENTRE OS RESULTADOS, VERI-
FICOU-SE QUE EM TODOS OS UNIVERSOS DE PESQUISA O GRAU DE INOVAÇÃO
É REDUZIDO, A INOVAÇÃO É INCREMENTAL, E HÁ UMA FALTA DE INTEGRAÇÃO
ENTRE OS ENTES DO ECOSSISTEMA.
3.2 RESENHA
Pode-se afirmar que a resenha é um resumo com mais detalhamento, somado à opinião sobre
o material lido. Na resenha é indispensável um posicionamento do autor do texto sobre a obra
abordada, havendo, portanto, uma avaliação a respeito.
O resenhista, isto é, aquele que escreve a resenha, deve ter um amplo conhecimento do assun-
to sobre o qual pretende tratar, porque não basta simples conjecturas sobre o tema, mas uma aná-
lise aprofundada, o que só é possível quando se tem pleno domínio do que está sendo comentado.
A resenha geralmente recai sobre livros, obras literárias e manifestações ar�s�cas. O resenhista
tem total liberdade para concordar ou discordar do autor da obra e, preferencialmente, inserir
trechos da obra em análise no texto, para trazer mais obje�vidade à avaliação.
Nascimento e Póvoas (2002, p. 33-34) sugerem a seguinte estrutura textual, na devida ordem,
para uma resenha:
37
• QUAL A CONTRIBUIÇÃO DADA?
• IDEIAS VERDADEIRAS, ORIGINAIS, CRIATIVAS?
• CONHECIMENTOS NOVOS, AMPLOS, ABORDAGEM DIFERENTE?
UNIDADE 02
B) ESTILO
• CONCISO, OBJETIVO, SIMPLES? CLARO, PRECISO, COERENTE?
C) FORMA
• HÁ EQUILÍBRIO NA DISPOSIÇÃO DAS PARTES?
D) INDICAÇÃO DA OBRA
REVISÃO ONLINE
3.3 ARTIGO
Para Rover (2006. p. 41), o ar�go é:
38
Essa visão vai ao encontro das colocações de Prestes (2003, p. 35), para quem o ar�go:
UNIDADE 02
DEPENDENDO SEMPRE DA ÁREA. COMO TRABALHO ACADÊMICO, DEVE CONTER
INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO E, NO CORPO DO DESENVOLVI-
MENTO, SÃO FEITAS SUBDIVISÕES.
O ar�go é uma das formas mais u�lizadas em todo o mundo para a difusão e informações
Antes de finalizarmos, é importante salientar que alguns estudiosos da área de pesquisa res-
saltam que também existe o paper, que seria um “meio termo” entre a resenha e o ar�go, apre-
39
sentando elementos de avaliação do conteúdo lido, com aspectos mais acadêmicos em relação a
teorias e opiniões de outros autores que já trataram de determinado assunto.
Porém, verifique que paper é o nome que se dá a ar�go cien�fico em inglês. Assim, é bom que
você guarde essa terminologia, pois poderá se deparar com um texto estrangeiro e estranhar o
termo paper.
UNIDADE 02
Outro aspecto que merece ser destacado é que dificilmente algum professor, mesmo na pós-
-graduação stricto sensu, na qual são elaborados mais textos acadêmicos, solicitará um paper em
subs�tuição ao ar�go ou à resenha. A maioria das revistas acadêmicas, inclusive de fora do Brasil,
publicam ar�gos – que são chamados de paper fora do nosso país – ou resenhas.
Algumas revistas estrangeiras e umas poucas brasileiras publicam short-papers, que são um
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avançamos bastante nesta Unidade 2. Começamos entendendo qual a importância e a melhor
maneira de realizar leitura para fins acadêmicos. Percebemos que não basta apenas “ler” o texto,
é necessário fazer anotações, separar conteúdo e, mais relevante, ter método para realizar tudo
isso. Afinal, quando você es�ver escrevendo um texto acadêmico, vai necessitar daquele material
que leu e separou para embasar suas ideias e proposições.
Logo depois, aprendemos a documentar nosso material de estudo e até a referenciá-lo. Você
constatou que as regras para classificação do conteúdo são muitas e que nós estamos apenas co-
meçando a aprendê-las. Certamente conseguiremos entender esses conteúdos com muito foco e
dedicação.
Também destacamos sobre os �pos de textos acadêmicos que podem ser elaborados para di-
vulgação dos resultados cien�ficos e acadêmicos. Guarde bem esses conceitos, porque eles serão
fundamentais para as próximas Unidades da nossa disciplina.
Obrigado, e até a próxima Unidade.
ANOTAÇÕES
40
UNIDADE
03
TÉCNICAS DE
PESQUISA E
PRODUÇÃO
BIBLIOGRÁFICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 03
assim, a gente aprende e nem percebe o quanto aprendeu...
Você já percebeu que gosto de descontrair e deixar o aprendizado mais leve. Afinal de contas,
temos que começar a segunda metade da disciplina com todo gás, porque ainda temos muito a
aprender.
Deixando um pouco de pensar para frente e olhando o “retrovisor”, na Unidade 2 iniciamos
42
Portanto, uma das primeiras etapas no planejamento de um projeto de pesquisa é fazer uma
revisão da literatura, ou seja, vasculhar todas as fontes de informação disponíveis para rastrear
o conhecimento mais recente e avaliar sua relevância, qualidade, controvérsia e lacunas. Tentar
resolver uma controvérsia ou preencher uma lacuna indicará em que aspectos são necessárias
pesquisas adicionais.
UNIDADE 03
Esta Unidade explica onde encontrar as informações necessárias e como analisá-las e apresen-
tá-las para que você possa criar uma base sólida ao seu projeto de pesquisa.
43
SAIBA MAIS
O assunto “no�cia falsa” se tornou pauta para muitas discussões no Brasil, já que a desinformação
e as fake news afetam todas as pessoas. Em decorrência disso, também há muito conteúdo ruim
UNIDADE 03
sobre no�cias falsas, tornando di�cil a tarefa de saber exatamente quais são elas e como fazer
para se livrar delas. Há bons materiais em português sobre o assunto na internet, geralmente em
sites e portais de no�cias de conteúdo jornalís�co profissional. Além de explicarem o que são e
como evitar as fake news, essas ins�tuições informam as pessoas diariamente de no�cias apura-
das e tratadas com o rigor jornalís�co.
É claro que podem ocorrer erros e omissões, mas isso é inerente a todo processo informa�vo. O
mais relevante é o leitor ter como fonte de informação pessoas e ins�tuições que minimamente
Felizmente, você pode aprender como usar métodos sofis�cados de busca para obter as in-
formações necessárias. Não há necessidade de passar horas e horas em arquivos empoeirados,
nem de comprar muitos livros caros, mas é necessário, sim, especializar-se em técnicas de busca e
localização de dados e em métodos de avaliação.
A localização depende do assunto que você escolheu. Algumas fontes abrangem a maioria dos
assuntos, outras são especializadas em uma faixa específica e, portanto, fornecem mais detalhes.
Observe, a seguir, uma lista de lugares em que você pode pesquisar.
1.1.1 BIBLIOTECA
A biblioteca da sua faculdade – essa deve ser sua primeira escolha. Nela você encontrará uma
enorme quan�dade de informações. Também existem bibliotecas especializadas, como as de depar-
tamentos universitários, bibliotecas profissionais em ins�tuições profissionais, bibliotecas técnicas
em estabelecimentos técnicos (de pesquisa). As bibliotecas municipais muitas vezes têm coleções
especiais de interesse local. Tente obter as publicações mais recentes, a menos que você tenha mo-
�vos para fazer estudos históricos. Dados sobre assuntos em rápida evolução, como administração,
negócios, ciência e tecnologia se tornarão rapidamente obsoletos, mas, principalmente nas ciências
humanas, as publicações mais an�gas podem ter valor duradouro (WALLIMAN, 2017).
Não é suficiente apenas visitar as prateleiras para saber o que existe, mesmo que você te-
nha consultado o catálogo on-line primeiro. Haverá uma ampla gama de recursos eletrônicos e
recursos de busca fornecidos com o apoio de sessões de treinamento e folhetos a respeito. Ser
especialista em fazer pesquisas economizará muito tempo e frustração, além de garan�r que você
obtenha todas as informações mais recentes e necessárias.
Aqui estão alguns dos itens que você deve inves�gar:
» Catálogo da biblioteca. A maioria das bibliotecas possui um catálogo eletrônico em seus termi-
nais de computador, geralmente também acessível de outros lugares, via internet.
44
» Revistas e jornais. Em geral, eles são catalogados e armazenados separadamente dos livros e
podem estar disponíveis on-line. Como aparecem regularmente, eles tendem a ser muito atua-
lizados.
» Bancos de dados eletrônicos. São listas de publicações baseadas em computador. Eles contêm um
grande número de fontes, geralmente pesquisadas usando palavras-chave. Alguns fornecem ape-
UNIDADE 03
nas �tulos, detalhes de publicação e resumos, outros disponibilizam o texto completo. Os índices
de citações listam as publicações nas quais certos livros e ar�gos foram usados como referência.
FIGURA 2 – BUSCAS EM BIBLIOTECAS FÍSICAS SÃO UMA ÓTIMA FONTE DE INFORMAÇÃO FIDEDIGNA.
45
livros, manuais e mapas. Muitos desses materiais podem ser baixados pelo usuário que precisa
daquelas informações (IBGE, 2020).
No estado do Paraná, há um importante órgão que faz um trabalho similar ao do IBGE, mas em
nível regional: o Ins�tuto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O Ipardes
é uma ins�tuição de pesquisa vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento e Projetos Estru-
UNIDADE 03
turantes, cuja função é estudar a realidade econômica e social desse estado para subsidiar a for-
mulação, a execução, o acompanhamento e a avaliação de polí�cas públicas. Uma breve pesquisa
no site da en�dade revela dados muitos importantes sobre Produto Interno Bruto (PIB), Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), saneamento básico, infraestrutura e transportes, educação e
outros indicadores relevantes (IPARDES, 2020).
Importante lembrar que existem também ministérios, em nível federal, e secretarias, em nível
REFLITA
46
como os pesquisadores.
UNIDADE 03
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Shu�erstock (2020).
Já as galerias são espaços mais reservados para exposições ar�s�cas, como pinturas, esculturas,
fotografias e outras manifestações. Assim, elas têm uma preocupação geralmente diferente dos
museus e se prestam a contribuir a pesquisas que necessitem de material ar�s�co. No entanto,
existem também galerias que apresentam peças históricas e, assim, têm finalidades parecidas com
as dos museus. Isso ocorre bastante em países com fortes laços com a história, como a Itália, onde
história e arte apresentam muitas afinidades.
Imagine o quanto esses espaços podem ser úteis para estudantes de cursos como Arquitetura
e Urbanismo, Artes, História, Filosofia, Arquivologia, Arqueologia e tantos outros que precisam de
conhecimentos históricos e ar�s�cos para o trabalho profissional do dia a dia.
47
1.1.4 PESSOAS/ESPECIALISTAS NA INTERNET
Existem muitos especialistas em diversos campos atualmente, sobretudo na internet. Temos
hoje diversas ferramentas que possibilitam às pessoas a manifestação de suas ideias e habilidades.
As redes sociais digitais são pródigas nesse aspecto. Facebook, Instagram, Twi�er e YouTube são
algumas das ferramentas digitais mais comuns, onde as pessoas falam de tudo.
UNIDADE 03
Inclusive, surgiram indivíduos com supostas capacidades de arregimentar um elevado número
de seguidores, os quais são chamados, em língua portuguesa, de “influenciadores digitais”. Há até
mesmo cursos rápidos que em tese ensinam as pessoas a se tornarem famosas na internet.
Se você acha tudo isso muito bacana e estava animado porque iria usar as ideias do seu influen-
ciador digital preferido nos seus trabalhos de curso, é melhor repensar suas escolhas. Essas pesso-
48
A fim de contribuir na tarefa de separar o material da internet que pode ser usado em uma
pesquisa daquele que só vai lhe prejudicar, Walliman (2017) recomenda seis testes diferentes para
avaliar a qualidade do conteúdo:
I. O conteúdo é preciso? Diz em que fontes os dados se baseiam? Compare os dados com outras fontes. Se
UNIDADE 03
eles divergem bastante, há alguma explicação para isso?
II. Em que autoridade se baseia? Descubra quem é o autor das páginas e se são especialistas reconhecidos ou
emi�dos por uma organização respeitável. Verifique se outras publicações são citadas ou se fornecem uma
bibliografia de outros ar�gos, relatórios ou livros. Pode ser necessário rastrear a “página inicial” para obter
detalhes. Os endereços da web que terminam em “.org” (significando governamentais) provavelmente são
endereços de ins�tuições públicas e, portanto, apontam para alguma credibilidade, sendo um indicador ú�l.
III. É tendencioso? Muitos grupos de pressão e organizações comerciais usam a web para promover suas ideias
A internet se tornou o maior repositório de informação do mundo no século XXI. Décadas atrás
esse papel era ocupado pelas bibliotecas, com seus milhares ou milhões de livros armazenados. Os
livros con�nuam sendo uma das fontes de informação mais preciosas do mundo, mas eles estão
cada vez mais disponíveis na internet, naquilo que conhecemos como e-book. No Brasil e no mun-
do, livrarias estão fechando, não só em decorrência do aumento dos livros virtuais, mas também
porque o próprio comércio está cada vez mais eletrônico (o chamado e-commerce).
Assim, é de grande importância atualmente que o aluno tenha conhecimento e discernimento
para procurar, iden�ficar, classificar e selecionar a informação ú�l e relevante que possa ser usada
em sua pesquisa acadêmica. E essa tarefa exige preparo e as técnicas certas para alcançar os ob-
je�vos almejados.
49
VÍDEO
No Brasil, uma das principais fontes de informação na internet sobre ciência é o canal no YouTube
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nesse endereço é possível
UNIDADE 03
ter acesso a vídeos excelentes produzidos a par�r de pesquisas realizadas em São Paulo e que
tradicionalmente estão entre as mais bem sucedidas do país. Além de ser um canal de uma ins-
�tuição pública que goza de grande credibilidade, os vídeos são curtos, rápidos, de linguagem
acessível e com excelentes recursos audiovisuais. Vale a pena conferir e cur�r.
PESQUISA FAPESP. Disponível em: h�ps://bit.ly/2xoPzRe. Acesso em: jan. 2020.
50
uma citação? Lembre-se sempre de que o nome do autor é escrito em letra minúscula, exceto a
primeira letra, quando se u�liza expressões como “segundo”, “conforme”, “consoante”, “de acordo
com” para introduzir as palavras usadas pelo autor citado. Em seguida, coloca-se entre parênteses
a data, uma vírgula, a letra “p.” minúsculo indicando o termo “página” e, por úl�mo, o número da
página do trecho citado.
UNIDADE 03
Outra possibilidade é colocar o sobrenome do autor em CAIXA-ALTA, isto é, todas as letras em
MAIÚSCULO, entre parênteses, juntamente com ano e página de onde foi re�rado o trecho.
EXEMPLO:
“É aquela que tem até três linhas; transcrevemos no corpo do trabalho e colocamos entre aspas
duplas. As aspas simples são u�lizadas para indicar citação no inferior da citação” (ROVER, 2006, p. 44).
EXEMPLO:
Uma das formas mais conhecidas e mais usadas de citação é a literal curta ou citação direta,
que pode ser compreendida como: “[...] aquela que tem até três linhas; transcrevemos no corpo
do trabalho e colocamos entre aspas duplas. As aspas simples são u�lizadas para indicar citação no
inferior da citação” (ROVER, 2006, p. 44).
Perceba que eu integrei as duas primeiras frases do parágrafo colocando o sinal de dois pontos
para unir a definição de citação direta à frase que tratava do conceito de citação direta.
EXEMPLO:
Segundo Lakatos e Marconi (2001, p. 35), “Seminário é uma técnica de estudo que inclui pes-
quisa, discussão e debate; sua finalidade é pesquisar e ensinar a pesquisar”.
Se por ventura os autores forem mencionados depois da citação, coloque os sobrenomes dos
autores em letra maiúscula, separados por ponto-e-vírgula, e, na sequência, ano e página, todos
entre parênteses.
EXEMPLO:
“Seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate; sua finalidade é
pesquisar e ensinar a pesquisar” (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 35).
No caso de três autores, a regra é basicamente a mesma. A diferença é que se coloca uma vírgula
ou um ponto-e-vírgula a mais na citação, conforme os seguintes exemplos de Rover (2006, p. 46):
51
DE ACORDO COM RADIN, BENEDET E MILANI (2003, P. 25), “AO LONGO
DO TEMPO, PARA TENTAR ESCLARECER O DESCONHECIDO, A EXPERIÊN-
CIA HUMANA DESENVOLVEU EXPLICAÇÕES QUE SE COSTUMA CLASSIFI-
CAR DE MÍSTICA, TEOLÓGICA, FILOSÓFICAS E CIENTÍFICAS”.
UNIDADE 03
OU
EXEMPLOS:
OU
52
Caso haja mais de um autor, as normas são as mesmas de apenas um autor.
EXEMPLO:
UNIDADE 03
PARA A DEMOCRACIA, COMO TAMBÉM PARA A VIDA EM SOCIEDADE, VEM
PERDENDO ESPAÇO. AS EMPRESAS DE MÍDIA PRECISAM ARCAR COM OS
CUSTOS DE PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS E AINDA DISPUTAR A ATENÇÃO DO
CONSUMIDOR COM AS EMPRESAS DE TECNOLOGIA. ESTAS, POR SUA VEZ,
NÃO TÊM CUSTO NENHUM PARA DISTRIBUIR O CONTEÚDO CRIADO PELA
IMPRENSA, MAS DISPUTAM AUDIÊNCIA COM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
COMO TEM MAIOR CONTROLE SOBRE O CONSUMIDOR DE INFORMAÇÃO,
EX.:
53
referência para livros e ar�gos. O �tulo do texto em negrito também segue a mesma regra. As dife-
renças fundamentais vêm depois, já que não há indicação de editora e local. No exemplo citado, há
o nome da cidade e a ins�tuição de ensino à qual a autora está vinculada. No entanto, a ins�tuição
pode ser o nome do veículo que publicou a informação, como uma empresa jornalís�ca ou um blog.
Quando não existe essa informação, coloque apenas nome do autor, �tulo do texto em negrito,
UNIDADE 03
data de exata de publicação ou o ano. Em seguida, o termo “Disponível em:”, seguido do endereço do
texto na internet (URL), e a expressão “Acesso em:”, com a data específica de acesso – dia, mês e ano.
É de suma importância colocar o endereço na internet, para que outras pessoas possam aces-
sá-lo depois. Já a data é indispensável porque as mudanças e atualizações on-line são constantes.
EXEMPLO:
54
A citação indireta segue as mesmas regras da citação direta, como o fato de colocar o sobreno-
me do autor em letras minúsculas e apenas a primeira maiúscula, caso o autor seja diretamente
mencionado no texto. Caso contrário, coloca-se todo o sobrenome em caixa-alta dentro dos pa-
rênteses, seguido do ano de publicação da obra).
UNIDADE 03
EXEMPLOS:
Dogruel (2014) lista pelo menos seis linhas de pesquisa dis�ntas para inovação na mídia. Muitas
delas tentam dissociar os aspectos econômicos da inovação.
Ou
Existem pelo menos seis linhas de pesquisa dis�ntas para inovação na mídia. Muitas delas ten-
tam dissociar os aspectos econômicos da inovação (DOGRUEL, 2014).
EXEMPLOS:
O escritor Ri�in (2016 apud ARAUJO, 2018, p. 13) acredita que o custo marginal da informação
próximo de zero se configura da seguinte forma:
Continua >
55
Continuação >
UNIDADE 03
CADA UNIDADE ADICIONAL – DESCONTADO O CUSTO FIXO – TORNA-SE ESSEN-
CIALMENTE ZERO, DEIXANDO O PRODUTO PRATICAMENTE GRATUITO. SE ISSO
ACONTECESSE, O LUCRO, FORÇA VITAL DO CAPITALISMO, DESAPARECERIA.
Ou:
O custo marginal zero da informação apresenta aspectos posi�vos e nega�vos para a economia:
EXEMPLO:
No decorrer do texto:
Para Chesbrough (2012a), a inovação aberta é um dos modelos mais eficazes para gerar inova-
ção porque há maior abertura do mercado.
Nas referências finais:
CHESBROUGH, Henri. Inovação aberta. Porto Alegre: Bookman, 2012a.
56
2.2.3 CITAÇÕES INDIRETAS DE DIVERSOS DOCUMENTOS DE UMA MESMA AUTORIA
Quando um determinado autor escreveu e publicou várias obras em anos diferentes, e você
deseja citar de forma indireta mais de uma delas, não é preciso repe�r o nome do autor diversas
vezes para indicar essas diferentes publicações. Basta mencioná-lo simultaneamente com os res-
pec�vos anos das obras, separados por vírgula, e colocados em ordem cronológica.
UNIDADE 03
EXEMPLO:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade 3 trabalhamos aspectos fundamentais em termos de pesquisa e produção cien-
�fica. Inicialmente aprendemos a encontrar as informações e a selecioná-las, um dos pontos mais
importantes da nossa disciplina. Vimos que o excesso de informação disponível atualmente não
significa, necessariamente, maior facilidade para o pesquisador. Pelo contrário, o aumento na
quan�dade de informação, principalmente na internet, amplificou as no�cias falsas e maliciosas e
deu mais vazão a inverdades.
Esse cenário tornou o trabalho de pesquisa mais apurado e cuidadoso para que o pesquisador
não perca tempo procurando dados em locais nos quais tradicionalmente não há nada de ú�l.
Outra preocupação é buscar endereços na internet de maior confiabilidade, para aumentar as
possibilidades de a�ngir os resultados esperados.
Depois disso, abordamos outro aspecto importan�ssimo quando o assunto é pesquisa: as re-
ferências bibliográficas. Fonte de preocupação para muitos alunos, elas são apenas normas que
devem ser seguidas para referenciar trabalhos acadêmicos. Longe de serem “um bicho de sete ca-
beças”, as referências precisam apenas ser decoradas, já que o uso delas é obrigatório e não exige
reflexão por parte do pesquisador.
Espero que tenha gostado do conteúdo. Até a próxima Unidade!
57
ANOTAÇÕES
58
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA UNIDADE 03
UNIDADE
04
NORMAS PARA
REDAÇÃO DE
TRABALHOS
CIENTÍFICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 04
esta disciplina. Imagino que você deva estar com a mesma sensação que eu: passou rápido!
Já vimos muitos conteúdos. Começamos explicando o que é pesquisa cien�fica, como se faz,
por que ela é relevante; explicamos os �pos de texto acadêmicos, para que eles servem e como
são escritos; tratamos também de regras da Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT), que
não podem faltar em uma disciplina que trate de pesquisa cien�fica acadêmica. Por fim, vamos
encerrar nosso trabalho mostrando outros aspectos relevantes.
60
Todavia não se pode pensar que normas e es�los necessários para realizar os trabalhos aca-
dêmicos sejam secundários ou menos relevantes. Se, por exemplo, um Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) for entregue fora das normas, ele simplesmente é reprovado. Assim, existem algumas
regras que são imprescindíveis ao trabalho acadêmico. Sem elas, o trabalho não é aceito.
As normas de es�lo, as grama�cais e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
UNIDADE 04
formam um rol elementar, sem o qual o trabalho acadêmico não preenche os pré-requisitos para
a aprovação. Daí a razão pela qual você precisa ficar atento e estudar com afinco esse conjunto de
prá�cas e técnicas que vamos abordar.
A proposta de pesquisa, uma vez aprovada, atuará como um contrato que define as bases do
acordo entre as partes envolvidas – por exemplo, o pesquisador, os supervisores, as ins�tuições
(como a faculdade). Na pesquisa financiada, isso fará parte de um contrato formal assinado com
2. PARTE PRÉ-TEXTUAL
Segundo Walliman (2017), as propostas de pesquisa acadêmica são geralmente compostas pe-
los seguintes elementos:
» Título;
» Obje�vos da pesquisa;
» Antecedentes da pesquisa – contexto e pesquisa anterior;
» Definição do problema de pesquisa;
» Esboço dos métodos de coleta e análise de dados;
» Possíveis resultados;
» Cronograma do projeto e descrição de todos os recursos necessários;
» Referências bibliográficas.
SAIBA MAIS
Antes de iniciar um programa de pesquisa, é necessário descobrir exatamente o que você deseja
fazer, por que e como fazer. Uma proposta de pesquisa é um resumo sucinto disso. Obviamente,
será muito ú�l a você, pesquisador, deixar claro para si mesmo quais são os obje�vos da pesquisa
e o que precisa ser feito para alcançar o resultado desejado.
Continua >
61
Continuação >
Também é ú�l como uma maneira de informar outras pessoas sobre suas intenções. De fato, a
apresentação de uma proposta de pesquisa é sempre exigida por cursos que contêm um exercício
de pesquisa, como redação de uma dissertação ou tese. Na vida profissional, para todos os pro-
jetos de pesquisa que precisam de financiamento, você deverá fornecer uma proposta detalhada
de pesquisa como parte do pedido de financiamento.
UNIDADE 04
FIGURA 1 – SEM REGRAS DE FORMATAÇÃO E ESTILO, O RESULTADO FINAL NÃO SERÁ POSITIVO.
Sobre a estrutura e o conteúdo de trabalhos acadêmicos, Rover (2006) argumenta que o aluno
deve seguir as normas de formatação e estruturação da ABNT, as quais visam à universalização de
padrões de editoração de textos impressos. Além disso, é preciso ter rigor com a organização do
conteúdo, isto é, a redação do texto com todas as argumentações e proposições pensadas pelo autor.
Rover (2006, p. 72-73) também salienta que o conteúdo deve ser dividido em elementos pré-
-textuais, textuais e pós-textuais, contendo, cada um deles, os itens a seguir:
Importante destacar que a lista apresentada por Rover (2006) é mais ampla que a de Walliam
(2017), já que aquela apresenta uma divisão mais detalhada e abrangente.
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Para que não haja dúvidas quanto à u�lização desses elementos, faremos a seguir a descrição
de cada um deles.
UNIDADE 04
De acordo com Rover (2006, p. 73), “são denominados elementos pré-textuais as partes que
antecedem o texto, dando a ele referências para a sua iden�ficação e u�lização”. São eles:
» Capa;
» Folha de rosto;
» Ficha catalográfica – no verso da folha de rosto;
2.1.1 CAPA
A capa é um dos elementos mais básicos que FIGURA 2 – MODELO DE CAPA
existe, pois desde um trabalho tradicional no Ensino PARA TRABALHO ACADÊMICO
Médio até uma tese de doutorado é preciso inseri-la.
Conforme a NBR 14724 (ABNT, 2002, p. 12), “a capa
é um elemento obrigatório e deve ser transcrita na
seguinte ordem: nome da ins�tuição, nome do cur-
so, nome do autor, �tulo, sub�tulo (caso haja), local
(cidade da ins�tuição onde o trabalho será apresen-
tado), ano do depósito (da entrega) do trabalho”.
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» Título principal do trabalho: deve ser claro e preciso;
» Sub�tulo, se houver: deve ser precedido de dois-pontos e ser evidenciada a sua subordinação
ao �tulo principal;
» Natureza (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso);
UNIDADE 04
» Nome do orientador e, se houver, do co-orientador;
» Local (cidade) da ins�tuição onde deve ser apresentado;
» Ano de depósito (da entrega).
VÍDEO
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Em relação à forma de elaboração dos itens obrigatórios da folha de rosto, é salutar ressaltar:
» O �tulo é uma síntese do que foi feito ao longo de todo o trabalho. É importante trazer princi-
palmente o resultado, já que esse aspecto é o fator inédito que diferencia o trabalho.
» O sub�tulo deve ser usado com parcimônia, para que o �tulo inteiro não fique longo demais.
UNIDADE 04
Se você elaborou um �tulo (com sub�tulo) em uma página do Word com margens no formato
tradicional, corpo 12, e a extensão ficou maior que uma linha, provavelmente será preciso revê-
-lo. O sub�tulo é uma forma de especificar melhor o objeto analisado para evitar redundâncias
e repe�ções de outros trabalhos acadêmicos.
» A natureza é o �po de trabalho desenvolvido – se é um TCC, uma monografia, uma dissertação
ou tese.
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FIGURA 5 – EXEMPLO DE FICHA CATALOGRÁFICA
UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Araujo (2018).
2.1.4 ERRATA
Como o próprio nome diz, a errata diz respeito à correção de determinado erro que tenha sido
come�do no trabalho e que o autor percebeu antes da apresentação final. Portanto, é um elemen-
to eventual, não obrigatório. Prestes (2003, p. 43) afirma que:
Na errata, o autor indica onde está o erro, qual o erro e a devida correção.
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FIGURA 6 – MODELO DE FOLHA DE APROVAÇÃO
UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Adaptada de Araujo (2018).
2.1.6 DEDICATÓRIA
A dedicatória é um elemento opcional e aparece na sequência da ficha catalográfica, quando
esta é posta no trabalho. A dedicatória “serve para o autor dedicar o trabalho a alguém de suma
importância para ele, ou, para expressar uma homenagem a um grupo de pessoas que ele deseje.
Você deve cuidar para que o número de pessoas não seja muito elevado; também, evite palavras
exageradas; não colocar o �tulo dedicatória” (FURASTÉ, 2003, p. 39).
Geralmente a dedicatória não tem mais de cinco linhas e é dirigida aos familiares e/ou pessoas
próximas. Ela deve ficar alinhada à direita, no canto inferior direito da página. Não é preciso inserir
o termo “Dedicatória”.
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FIGURA 7 – MODELO DE DEDICATÓRIA
UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).
2.1.7 AGRADECIMENTOS
Da mesma forma que a dedicatória, os agradecimentos são opcionais. Para Furasté (2003, p.
40), eles “são menções que o autor faz a pessoas e/ou ins�tuições as quais eventualmente colabo-
raram de maneira relevante para a realização do trabalho. Deve ser breve, mas sincero, indicando
o mo�vo da gra�dão. Devem ser apresentados de forma dis�nta, logo após a folha de dedicatória”.
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2.1.8 EPÍGRAFE
Da mesma maneira que os agradecimentos e a dedicatória, a epígrafe é um elemento opcional.
Em conformidade com Furasté (2003, p. 41), trata-se de “uma frase, um pensamento, um trecho
de prosa ou mesmo um poema que tenha relação direta com o conteúdo do trabalho ou quaisquer
fatos ou situações relacionadas à construção dele, seguida da autoria”.
UNIDADE 04
A NBR 14724 (ABNT, 2002) estabelece que, caso a epígrafe seja u�lizada, deve ser colocada na
sequência da folha de agradecimentos.
2.1.9 RESUMO
O resumo é um dos elementos mais importantes de um trabalho aca-
Fonte: Shu�erstock.com
Essas regras também são válidas para o resumo em língua estrangeira, o qual deve constar em
trabalhos acadêmicos como ar�gos cien�ficos, dissertações e teses (no caso de teses de doutora-
do, são dois resumos, em duas línguas estrangeiras). Em TCCs, caso seja necessário o resumo em
outra língua, preferencialmente será o inglês.
De acordo com Cruz, Perota e Mendes (2004), o resumo em língua estrangeira deve ter as mes-
mas caracterís�cas do resumo na língua vernácula, aparecendo em folha dis�nta e seguido das
palavras-chave mais representa�vas do conteúdo.
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FIGURA 9 – MODELO DE RESUMO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS)
UNIDADE 04
UNIBRASIL EAD | PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Fonte: Araujo (2019).
2.1.10 SUMÁRIO
Para Prestes (2003, p. 45), “o sumário tem a finalidade de dar uma visão geral do trabalho, lo-
calizando o assunto procurado”. Com base na NBR 6027 (ABNT, 2012), Rover sugere que o sumário
seja apresentado da seguinte forma:
70
A extensão do sumário varia muito de acordo com o �po de trabalho. Teses de doutorado, por
exemplo, têm, na maioria dos casos, mais de 200 páginas. Assim, o texto é dividido em vários ca-
pítulos, itens e subitens. Um TCC geralmente tem por volta de 50 páginas. Logo, apresenta menos
capítulos e subdivisões.
Para ilustrar, apresento na sequência uma parte do sumário da minha tese de doutorado. Foi
UNIDADE 04
necessário sinte�zar o sumário do texto original, porque este �nha cinco capítulos e mais de 250
páginas. De toda forma, peço que você note de que forma é feita a divisão do conteúdo, notada-
mente por meio de itens que se separam em escala cada vez menor, às vezes chegando a uma
escala de quatro, como ocorre no item “1.4.2.1”. Essa divisão é necessária porque há assuntos
muitos extensos e, em determinadas ocasiões, é preciso detalhar as discussões teóricas e técnicas
e aprofundar-se em assuntos mais complexos.
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REFLITA
Você já pensou se gostaria de fazer um mestrado e/ou um doutorado? Por quê?
A decisão de escrever uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado não deve ser apenas
UNIDADE 04
por sa�sfação pessoal. Ela deve estar atrelada a um obje�vo de vida. Cursos de mestrado e dou-
torado no Brasil são majoritariamente acadêmicos. Assim, o principal obje�vo deles é formar
professores e/ou pesquisadores. Como são raras as ins�tuições de pesquisa no nosso país, nota-
damente na área de ciências humanas e sociais, o profissional que cursa mestrado e doutorado
será preparado para a vida acadêmica.
Caso seu obje�vo não seja o de se tornar um docente de ensino superior, tenha em mente que
dificilmente sua tese de doutorado e sua dissertação de mestrado serão relevantes para conseguir
3. PARTE TEXTUAL
A parte textual é a mais densa entre as três que formam um trabalho acadêmico, já que nela
estão os itens que trazem o resultado do esforço intelectual necessário para realizar a pesquisa
acadêmica: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
• ANTECEDENTES DO TEMA;
• TENDÊNCIAS;
• NATUREZA E IMPORTÂNCIA DO TEMA;
• RELEVÂNCIA SOCIAL (QUANDO APROPRIADO);
• RELEVÂNCIA ACADÊMICA (INCLUINDO RESULTADOS DE PESQUISAS E OUTRAS
OBRAS ANTERIORES SOBRE O TEMA);
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Continua >
Continuação >
• OBJETIVOS DO TRABALHO;
• POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES;
• ORGANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO EM TÓPICOS
(ROVER, 2006, p. 82).
UNIDADE 04
De forma geral, na introdução deve-se colocar a jus�fica�va da pesquisa, os obje�vos, a me-
todologia e os resultados alcançados, nessa ordem. Aspectos apontados por Rover (2006), como
tendências e relevância social, são opcionais, e a relevância acadêmica, os antecedentes do tema,
sua natureza e importância podem ser comparados à jus�fica�va.
3.1.2 DESENVOLVIMENTO
Em conformidade com Rover (2006, p. 82), o desenvolvimento:
O desenvolvimento é a parte mais densa do trabalho acadêmico de pesquisa, pois nele consta-
rão os elementos mais relevantes, tais como:
» Referencial teórico: Parte na qual o autor trata de determinado tema com base nas palavras e
opiniões de outros autores. Em trabalhos acadêmicos mais densos, como teses de doutorado,
é chamado de “Estado da Arte” de determinado assunto. Em outros textos menos complexos,
pode-se chamar de “Revisão de Literatura”. Nesse ponto, o autor mostra que leu diversas opini-
ões sobre o assunto em questão e que está embasado teoricamente para tratar do tema, já que
não pode apresentar nada novo sem mostrar o que já foi escrito a respeito.
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» Metodologia: O autor deve explicar como e por que u�lizou determinado método de estudo.
Geralmente a metodologia divide-se em qualita�va e quan�ta�va, sendo esta baseada geral-
mente em números e aquela em opiniões de pessoas. Cada objeto de pesquisa vai determinar
qual o melhor método. Na maioria das vezes, as ciências humanas u�lizam pesquisa qualita�va
e as ciências exatas e biológicas, a quan�ta�va. Isso, porém, não é uma regra.
UNIDADE 04
» Análise: Momento no qual o autor analisa as informações que obteve. Caso tenham sido dados,
o pesquisador explica o que se pode observar com base nesses números. Se foram opiniões de
pessoas, o que se pode depreender delas. Importante observar que a análise deve estar calcada
na metodologia e no referencial teórico, isto é, o autor faz a análise u�lizando-se de um método
e de outras opiniões, não apenas daquilo que ele acha correto e apropriado.
Na maioria dos casos, conquanto seja um TCC ou uma dissertação de mestrado, cada um dos
3.1.3 CONCLUSÃO
A conclusão não tem segredo, pois o próprio nome já diz tudo: nela você conclui seu raciocínio.
Assim, “o primeiro passo é dizer o essencial. Trata-se da recapitulação sinté�ca dos resultados
oriundos da discussão apresentada no desenvolvimento, ressaltando o alcance e as consequências
de suas contribuições. Sua função é destacar essas deduções de modo a responder às questões
apresentadas na introdução” (ROVER, 2006, p. 82).
Como a conclusão deve ser breve e sucinta, ela ocupa espaço menor. Para uma TCC, bastam
alguns parágrafos, o que representa no máximo uma página. Por conta disso, o aluno não deve
usar citações ou realizar a análise de algo. Isso tudo já foi feito. O que importa é sinte�zar as con-
siderações finais sobre tudo aquilo que foi abordado.
Alguns trabalhos acadêmicos trazem sugestões de novos estudos e pesquisas sobre o assunto
abordado – visto que não é possível tratar de tudo em um único trabalho –, mas isso é opcional.
O mais importante é o autor expor-se, ou seja, colocar o que ele pensa a respeito de tudo o que
foi apontado no trabalho. Não é recomendável ficar totalmente neutro ao assunto, adotando uma
postura de distanciamento, pois isso não valoriza o trabalho de pesquisa apresentado ao longo do
desenvolvimento.
4. PARTE PÓS-TEXTUAL
4.1 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Os elementos pós-textuais complementam aquilo que foi tratado no desenvolvimento. De acor-
do com a NBR 14274 (ABNT, 2002), esses elementos são:
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» Referências (obrigatório);
» Glossário (opcional);
» Apêndices (opcional);
» Anexos (opcional);
UNIDADE 04
» Índices (opcional).
4.1.1 REFERÊNCIAS
Também chamada de Referências Bibliográficas, as referências trazem a listagem das obras ci-
tadas ao longo do desenvolvimento. Importante salientar que referências não é a mesma coisa
que bibliografia, pois esta úl�ma é uma listagem de obras que serviram de inspiração para o autor
escrever o trabalho, mas que não foram citadas. Há uma enorme diferença entre esses aspectos,
Já explicamos nesta disciplina como fazer as referências e as normas que precisam ser seguidas.
Fique atento(a)!
4.1.2 GLOSSÁRIO
O glossário é opcional e se assemelha a um dicionário, no qual o autor explica o significado de
termos usados ao longo do trabalho de pesquisa. Rover (2006, p. 83) salienta que
4.1.3 APÊNDICE
É um texto inserido pelo autor para melhor compreensão do trabalho de pesquisa apresenta-
do. Podem ser inseridos documentos de pesquisa, como, por exemplo, ques�onários usados para
entrevistar as pessoas que contribuíram para o trabalho de pesquisa. Assim como o glossário, o
apêndice é opcional.
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4.1.4 ANEXO
Assemelha-se muito ao apêndice, porque também busca complementar a pesquisa acadêmica.
A diferença primordial é que os anexos não são criados pelo autor da pesquisa. Muitas vezes, são
documentos e imagens dos quais foram re�radas informações úteis para o trabalho cien�fico.
Também é um item opcional.
UNIDADE 04
4.1.5 ÍNDICE
Não é item obrigatório. De acordo com Prestes (2003, p. 47), o índice “é o detalhamento dos
assuntos, �tulos, nomes, datas e outros elementos que o autor queira destacar, por ordem alfabé-
�ca; indica a exata localização no texto”.
ANOTAÇÕES
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REFERÊNCIAS
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ta, 2018.
ARAÚJO, Lucas Vieira de. Inovação em comunicação no Brasil: contexto, desafios e oportunida-
des. 2018. 248 f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo, 2018.
ARAUJO, Lucas Vieira de. Oportunidades e desafios da inovação em comunicação no Brasil a par�r
de uma inovação do ecossistema. Revista GEMInIS, v. 9, n. 3, p. 4-25, 7 abr. 2019.
77
GALLIANO, Alfredo Guilherme. O método cien�fico: teoria e prá�ca. São Paulo: Harbra, 1986.
IBGE – Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca. Disponível em: h�ps://ibge.gov.br/. Acesso
em: 30 jan. 2020.
IPARDES – Ins�tuto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em: h�p://
www.ipardes.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2020.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cien�fica. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MEDEIROS, João Bosco. Redação cien�fica: a prá�ca de fichamentos, resumos, resenhas. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
NASCIMENTO, Dinalva Melo do; PÓVOAS, Ruy do Carmo. Metodologia do trabalho cien�fico:
78
EAD