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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Carla Quintas de Melo

TELEJORNAIS RIC NOTÍCIAS E PARANÁ TV 2A EDIÇÃO


A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM DOS TELEJORNAIS NA VIDA DO
TELESPECTADOR. - ESTUDO DE CASO

CURITIBA

2007
TELEJORNAIS RIC NOTÍCIAS E PARANÁ TV 2A EDIÇÃO
A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM DOS TELEJORNAIS NA VIDA DO
TELESPECTADOR - ESTUDO DE CASO

CURITIBA

2007
Carla Quintas de Melo

TELEJORNAIS RIC NOTÍCIAS E PARANÁ TV 2A EDIÇÃO

A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM DOS TELEJORNAIS NA VIDA DO


TELESPECTADOR.
ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão do Curso Latu Sensu


MBA em Gestão de Comunicação Empresarial,
da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção do título de
especialista.
Orientadora: Professora Rosilene Lehmkuhl

CURITIBA

2007
A
Meu marido Geber Vieira pelo incentivo, força e
paciência durante o desenvolvimento deste
trabalho.
Meus pais pelas palavras positivas.
Meus irmãos pela confiança depositada.
E a Deus, que me faz acreditar que nada
acontece por acaso.
A
Professora orientadora Rosilene Lehmkuhl
pelos vários e-mails trocados e pelo bom humor
de sempre.
A jornalista Adriane Werner que sempre
acreditou em mim e que sem a colaboração
dela, a realização deste trabalho ficaria mais
difícil.
SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------ 09


2.0 EMBASAMENTO TEÓRICO ------------------------------------------------------------------------ 15
2.1 Televisão ------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
2.2 Telejornal ------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
2.3 Linguagem ---------------------------------------------------------------------------------------------- 28
2.4 Linguagem de Telejornal ----------------------------------------------------------------------------- 30
2.5 Cenário --------------------------------------------------------------------------------------------------- 32
2.6 Linguagem Corporal ----------------------------------------------------------------------------------- 35
2.7 Figurino -------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
3.0 ESTUDO DE CASO ----------------------------------------------------------------------------------- 39
3.1 História ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 39
3.1.1 RIC TV----------- --------------------------------------------------------------------------------------- 39
3.1.2 Rede Record de Televisão ------------------------------------------------------------------------ 43
3.1.3 RIC Notícias ------------------------------------------------------------------------------------------- 45
3.1.4 RPC ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 46
3.1.5 Rede Globo de Televisão -------------------------------------------------------------------------- 47
3.1.6 Paraná TV 2a Edição -------------------------------------------------------------------------------- 48
4.0 IBOPE------------------------------------------------------------------------------------------------------ 50
5.0 MÉTODO DE PESQUISA ---------------------------------------------------------------------------- 53
5.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ---------------------------------------------------------54
5.1.2 Amostragem ------------------------------------------------------------------------------------------- 54
5.1.3 Técnica de Coleta ----------------------------------------------------------------------------------- 54
6.0 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------------56

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS---------------------------------------------------------------- 61

13 ANEXOS

1. Ibope – 1o de novembro de 2007


2. Ibope – 2 de novembro de 2007
3. Ibope – 3 de novembro de 2007
4. Ibope – 4 de novembro de 2007
5. Ibope – 5 de novembro de 2007
6. Ibope – 6 de novembro de 2007
7. Ibope – 7 de novembro de 2007
8. Ibope – 8 de novembro de 2007
9. Ibope – 9 de novembro de 2007
10. Ibope – 10 de novembro de 2007
11. Ibope – 11 de novembro de 2007
12. Ibope – 12 de novembro de 2007
13. Ibope – 13 de novembro de 2007
14. Ibope – 14 de novembro de 2007
15. Ibope – 15 de novembro de 2007
16. Ibope – 16 de novembro de 2007
17. Ibope – 17 de novembro de 2007
18. Ibope – 18 de novembro de 2007
19. Ibope – 19 de novembro de 2007
20. Ibope – 20 de novembro de 2007
RESUMO:

O objeto deste trabalho é analisar a linguagem de dois telejornais apresentados

diariamente no Estado do Paraná. Um na RIC TV – Rede Independência de

Comunicação, afiliada da Rede Record no Paraná e o outro na RPC, afiliada da

Rede Globo de Comunicação. Fazer uma comparação entre a linguagem dos dois

telejornais e procurar saber no que isso influência o telespectador é um dos

principais objetivos deste Estudo de Caso. A pesquisa abordará também se as

linguagens corporal e visual dos telejornais incentivam a audiência. Através de

uma análise do Manual de Redação das duas empresas, também será verificado

se a linguagem falada está de acordo com as normas exigidas. Este estudo é

relevante para entender como e porque a linguagem influencia em um telejornal, já

que a televisão é feita de imagens.

Palavras-chave: telejornal, linguagem, telespectador, RIC Notícias, Paraná TV 2ª

edição, jornalismo
1.0 - INTRODUÇÃO:

Há quem acredite que muitas vezes a falta de tempo serve como desculpa
para que as pessoas não prestem atenção em pequenos detalhes. Ao ligarmos a
TV, depois de um dia cansativo, assistimos às novelas ou aos telejornais para
tentar relaxar. Prestar atenção e assistir a tudo com um olhar crítico é o que
menos importa. Partindo desta hipótese é que esse estudo de caso se propõe a
analisar a linguagem de dois telejornais transmitidos ao vivo diariamente por
emissoras diferentes.
Tentar entender a linguagem destes telejornais e compreender se ela é
adequada ao público que pretende atingir, além da forma diferenciada como as
notícias são transmitidas e como o mesmo público as percebe, são os objetivos
deste estudo. Não só a linguagem falada, mas o cenário, a maquiagem e o
figurino dos apresentadores serão analisados. De que maneira isso contribui para
a que a notícia seja entendida pelo telespectador?
Pretende-se fazer uma comparação entre as linguagens dos telejornais Paraná
TV 2ª edição, transmitido pela RPC – afiliada da Rede Globo no Paraná e RIC
Notícias, transmitido pela Rede Independência de Comunicação – afiliada da
Rede Record no Paraná. Os dois são apresentados de segunda a sábado, por
volta das 7 horas da noite.
Toda a parte teórica tentará provar que um telejornal só consegue boa
audiência quando, mesmo na correria das redações, é bem formulado. Uma
comparação com os números de cada telejornal, através da análise do Ibope e
descobrir se a linguagem de cada um é formal ou informal são também os
objetivos deste estudo.
Constatações iniciais apontam que os dois telejornais a serem analisados
neste trabalho possuem uma formatação semelhante, mas com estilos distintos.
Existem diferenças nos textos dos editores e dos repórteres, mesmo, muitas
vezes, a notícia apresentada ser a mesma.
Este trabalho de análise se justifica porque na televisão não há como voltar
atrás e ler ou ouvir toda a noticia novamente. É de fundamental importância então
que a notícia passada para o telespectador seja clara, direta, simples, tendo as
virtudes de uma linguagem coloquial. O locutor deve conversar com o
telespectador.
Os dois telejornais vão ao ar praticamente no mesmo horário e o objetivo é
tentar entender se, em que e como a linguagem de cada telejornal influencia o
telespectador.

- JUSTIFICATIVA

Constatações iniciais apontam que os dois telejornais a serem analisados


neste trabalho possuem uma formatação semelhante, mas com estilos distintos.
Existem diferenças nos textos dos editores e dos repórteres, mesmo, muitas
vezes, a notícia apresentada ser a mesma.
O desenvolvimento dos estudos da língua falada permite que ela seja
apontada como uma língua do imediato, econômica, não sendo tão rica em
termos de coesão, cedendo às pressas do cotidiano. Isso é o que diz a professora
de lingüística, Denise Lino de Araújo, em seu artigo “A Língua falada na TV. Texto
falado ou escrito?” publicado pela Universidade Federal da Paraíba, em 2003.
É de fundamental importância então que a notícia passada para o
telespectador seja clara, direta, simples, tendo as virtudes de uma linguagem
coloquial. A apresentação de uma notícia deve ser como uma conversa entre o
jornalista e o telespectador. Quem representa isso muito bem, são os âncoras do
Jornal Nacional, transmitido pela TV Globo. Pesquisas apontam que muitos
telespectadores ainda dão “boa noite” aos jornalistas Willian Bonner e Fátima
Bernardes, assim que o telejornal termina.
Vamos descobrir se os objetos de estudo aqui relacionados atendem a essa
expectativa.
- FORMULAÇÃO DO PROBLEMA:

Beatriz Becker destaca em sua obra, A Linguagem do Telejornal: Um


Estudo da Cobertura dos 500 anos do Descobrimento do Brasil (2005), que os
telejornais transmitidos pela TV aberta são os produtos de informação de maior
impacto na sociedade contemporânea e as principais fontes de informação para a
maioria da população brasileira. Segundo ela, uma das principais características
da linguagem dos noticiários de TV é garantir a verdade no conteúdo dos
discursos e também a própria credibilidade do interlocutor.
Já Ciro Marcondes Filho em Comunicação e Jornalismo (2000), assegura
que tudo o que o telejornalismo produz é rápido demais, emocional e superficial.
“Tudo vai direto para o lixo, tudo é esquecido, tudo desaparece instantaneamente.
Nenhuma notícia sobrevive, nenhum relato é suficientemente trabalhado para criar
raiz, tudo evapora...”
Sabemos que os telejornais têm um objetivo: passar notícias ao
telespectador. Por isto, diante do que foi exposto, através desta pesquisa,
questiona-se: a linguagem utilizada pelos telejornais Paraná TV 2ª edição e RIC
Notícias, são adequadas para atingir o público a que eles se propõem?

- OBJETIVO GERAL:

Uma análise da linguagem dos telejornais RIC Notícias, apresentado de 2a


a 6a na Rede Independência de Comunicação, afiliada da Rede Record no Paraná
e o Paraná TV 2a edição, veiculado de 2a a sábado, pela Rede Paranaense de
Comunicação, afiliada da Rede Globo no estado é o principal objetivo deste
Estudo de Caso.
Os dois telejornais vão ao ar praticamente no mesmo horário e o objetivo é
tentar entender se, em que e como a linguagem de cada telejornal influencia o
telespectador.
- OBJETIVO ESPECÍFICO:

- Comparar a linguagem dos telejornais RIC Notícias e Paraná TV 2a edição


- Saber o que, como e em que a linguagem influencia o telespectador
- Procurar saber se a linguagem é adequada ao público que o telejornal
pretende atingir
- Analisar se a pressa em transmitir a notícia faz com que os textos não
sejam corretamente escritos.
- Analisar a linguagem corporal dos apresentadores
- Comparar a audiência dos telejornais através do IBOPE em datas
específicas.

- ELABORAÇÃO DAS HIPÓTESES:

Tentar descobrir como o telespectador percebe a notícia apresentada pelos


telejornais RIC Notícias e Paraná TV 2a edição são uma das hipóteses tratadas
neste Estudo de Caso. Com isso, saber também se a maquiagem, o cenário e a
postura dos apresentadores frente à câmera influencia na transmissão das
notícias.
Um telejornal é feito de imagens, onde os textos devem se adequar a elas.
Por isso é interessante entender como deve ser a linguagem, formal ou informal e
se na preocupação de tentar “furar” os concorrentes, as explicações básicas estão
sendo esquecidas.
Uma outra questão a ser analisada é a audiência. Porque uma emissora é
mais assistida que a outra e o formato do telejornal influencia. Interessante
entender também se existem regras para a transmissão de um telejornal ou a
imagem fala mais alto.
2.0 - EMBASAMENTO TEÓRICO:

2.1 - TELEVISÃO:

Foi em Nova York em 1939, em uma exposição universal, que pela


primeira vez os norte-americanos viram um dispositivo que revolucionaria uma
nova era da cultura popular. Uma pequena tela acoplada em uma caixa com a
maior parte da composição feita por válvulas foi o centro das atenções da
exposição. “O equipamento não passava de um enorme rádio com uma janela
grande e cinza na frente. Para grande parte das pessoas era impensável o
desenvolvimento que o veículo poderia alcançar. Chegava a era da televisão.”
(George Gilder, 1996)
“A TV ainda hoje possui a capacidade de envolver pessoas, apesar da
tecnologia avançar cada vez mais. Ela ainda é um veículo contraditório e
objeto de disputas acirradas, seja no campo acadêmico seja no âmbito dos
organismos da sociedade civil” (Pedro Gilberto Gomes, 1998).
Muitos acusam a televisão de ser um veículo de massa que aliena, que
incentiva ao consumo, que é responsável pelos jovens rebeldes, que prejudica
o desempenho escolar e desestimula o hábito da leitura. Mas, por outro lado,
ela também é reconhecida pelos benefícios que leva às pessoas, pela
conscientização, pelas informações e pelos fatos relevantes, seja no meio
político ou no meio de uma comunidade. “Um ponto fundamental é a ligação
com a cultura e a recepção da televisão com o contexto social ao qual a
pessoa está inserida”. (Pedro Gilberto Gomes, 1998)
Para muitos a função da televisão é o entretenimento e a diversão. Em
uma pesquisa sobre como a população vê a televisão, realizada nas cidades
de Sapucaia do Sul e Belo Horizonte, durante o primeiro semestre de 1995,
constatou-se que mesmo depois de doze anos, pouca coisa mudou. Mesmo
com a chegada da internet. Se forem somados os receptores que assistem TV
em busca de notícias e informações (50,16%), os índices chegam a superar
aqueles que procuram a TV só por divertimento (48,29%). “Isto significa que as
pessoas ainda acreditam na importância da televisão, ainda acreditam nas
notícias e informações que são repassadas. O valor que estão sendo dadas às
notícias são cada vez mais relevantes”.(George Gilder, 1996)
A inauguração oficial da TV aconteceu no dia 18 de setembro de 1950,
com transmissão do “Show da Taba”, na TV Tupi. O programa deu início as
transmissões e pode ser caracterizado como sendo de variedades. Reunia
humor, esportes, musicais e ainda explicava ao telespectador o que era a
televisão. No começo foi difícil perceber a televisão, já que o rádio era o único
meio de transmissão que dominava os lares com notícias, entretenimento e
música, mesmo depois da Segunda Guerra Mundial. Com imagens de péssima
qualidade, em preto-e-branco, era impossível imaginar que a Televisão
pudesse vir a ter tanta influência na vida das pessoas.
Apesar da sociedade não acreditar nas potencialidades do novo meio de
comunicação implementado, alguns confiaram que aproximadamente após
uma década, esse meio que faria parte da cultura dos norte-americanos, se
tornaria uma força, trazendo mudanças, refazendo expectativas, remodelando
a política, definindo notícias e reorientando a vida familiar.
(www.tudosobretv.com.br)
“Em cinqüenta anos, a televisão assumiu o controle das residências,
com desenhos animados, ídolos da música, como Elvis Presley e Beatles e
com noticias de política em telejornais. A televisão levou o mundo à lua,
apresentando e promovendo revoluções, causando um enorme impacto. O
empresário paraibano Assis Chateaubriand trouxe a televisão para o Brasil, no
início da década de 50. “Ele que era proprietário de jornais, revistas e
emissoras de rádio, entre elas a Rádio Tupi e a Rádio Difusora em São Paulo,
usou recursos financeiros de suas empresas, comprou equipamentos nos
Estados Unidos e trouxe a televisão para o Brasil, criando a TV Tupi
Difusora.”(Ciro Marcondes Filho, 1988)
Fazer televisão, na época exigia muito. Os equipamentos eram
enormes, as transmissões eram ao vivo, em preto-e-branco e a linguagem de
televisão era diferente. Por isso, os profissionais de rádio que migraram para a
televisão, sentiam muitas dificuldades em lidar com este novo meio de
comunicação, que era acompanhado pelas poucas pessoas que podiam ter um
aparelho de televisão em casa, caríssimo na época. Todo o processo de
produção era novo e desconhecido. “O peso dos equipamentos comprometia o
manuseio e a gravação de imagens externas. Assim, o apresentador somente
lia as notícias que vinham do rádio ou o do jornal impresso. Um mês depois
estreava nas telas, o primeiro programa infantil. “Gurilândia” passou de uma
hora de duração.” (George Gilder, 1996)
Foi assim, curta e resumidamente que a televisão brasileira entrou em
cena. Durante os horários de transmissão, eram apresentados pequenos
shows musicais, filmes, curta-metragens, humor, telejornais e teleteatros.
“Os atores do teatro davam status à programação. Mais uma vez, por
causa da linguagem diferenciada, estes profissionais sentiam dificuldades em
se adaptar. Além de expressões exageradas, os atores falavam muito alto,
como se não tivessem microfones e não respeitavam as marcações das
câmeras, deixando os cinegrafistas perdidos em estúdio.”
Já o tele-teatro foi muito importante para o desenvolvimento da
televisão, pois a ajudou a descobrir a sua própria linguagem. Em 1951 estreou
o primeiro tele-teatro que se chamava “Grande Teatro Tupi”. Aos poucos
outras emissoras foram surgindo: TV Paulista (14/03/1952), TV Record
(27/09/1953) e a TV Tupi do Rio de Janeiro (20/01/1951).”
(www.tudosobretve.com.br)
“A televisão é, sem dúvida alguma, o meio de comunicação de massa,
mais abrangente e possuidor de uma força sem igual de manipulação e
formação de opinião. Mesmo sem querer perceber, grande parte dos
telespectadores são envolvidos e absorvem milhares de informações e, na
concepção de alguns especialistas, estas pessoas acabam sendo moldadas na
sua forma de pensar e agir.” (Pedro Gilberto Gomes, 1998)
A importância da televisão torna-se ainda maior pelo fato da diversidade
de programas. Eles atingem o indivíduo e muitas vezes os tornam
dependentes disso. Além desta importância, pode-se perceber também a
profunda identificação que o público tem com os programas televisivos. “A
televisão ainda tem o intuito de formar opinião, através do conteúdo exibido, a
extrema importância da televisão na conduta dos fatos que norteiam a nossa
realidade e o comportamento dela que deve ser claro, objetivo e honesto,
dimensionando que muitas pessoas a têm como ponto de referência para suas
atitudes.
A imagem é uma das formas mais bem sucedidas que o homem criou
para superar o fato angustiante de que depois do dia de hoje, virá o de
amanhã, depois o seguinte e que sua vida caminha para um fim inevitável.”
(Ciro Marcondes Filho,1988)
A relação do homem com as imagens vêm desde a pré-história, há mais
de quarenta mil anos, quando os homens desenhavam nas paredes das
grutas. Com o tempo, tudo foi mudando aos poucos, até se chegar a televisão
de hoje. Somente após a Segunda Guerra Mundial foi que a TV se expandiu.
Em conjunto com o rádio era vista como um meio de distração e informação. “A
televisão tem caráter imediatista, tendo assim, efeitos mais curtos e rápidos. É
um meio que predomina e que faz o telespectador ficar ligado no vídeo,
deixando de se interessar por outras atividades.” (Arlindo Machado, 2000)
“O telespectador tem suas exigências psíquicas atendidas pela TV, por
isso seu interesse. Além disso, a televisão reduz os desentendimentos em
família por distrair as pessoas que estão se conflitando, ou seja, ela acaba
sendo um “instituidor da ordem e da paz.” (Dieter Prokop, 1986)
Diferente de outros meios de comunicação, a televisão ainda fascina,
introduzindo uma linguagem diferenciada para depois ser incorporada pelo
receptor. “Os produtores de TV têm como objetivos básicos fascinar os
interesses e fixar o público, pois as pessoas são atraídas pelas mensagens
que recebem.” (Ciro Marcondes Filho, 2000)
“Além de defender a importância da televisão, também destaco a
influência que ela exerce na vida das pessoas. Seja na moda, no estilo, na fala.
A televisão sempre foi uma ditadora disso. Por exemplo, se uma personagem
da novela das oito usa mini saia com meias sete oitavos coloridas, no dia
seguinte, o modelo estará nas vitrines das lojas mais modernas do país.”
(Pedro Gilberto Gomes, 1998)
Além de lançar moda, no sentido pejorativo da expressão, a maior
influência que este meio de comunicação têm é a de formar opiniões,
característica que alcança todas as esferas sociais. Como em todos os meios
de comunicação, sempre existem os dois lados da moeda: o certo e o errado; o
bom e o mau. Em alguns casos a TV define a opinião das pessoas em outros,
como entidade manipuladora, torna-se capaz de influenciar as pessoas ao
ponto delas fazerem quase tudo o que os escritores de novela ou
apresentadores de programas, querem que o telespectador faça.
Joan Ferres (1998) defende o poder de fascinação que a televisão
possui e fala também do impressionante fenômeno sócio-cultural que ela é.
“Apenas levando em conta a atitude mágica, emotiva, fascinada, pouco ou
nada consciente, com que se costuma viver a experiência televisiva, pode-se
fazer uma análise em profundidade sobre o alcance real de sua influência. O
que mais influi na vida do telespectador são os discursos e os principais efeitos
causados pela televisão são inadvertidos, inconscientes e despercebidos.”
(Joan Ferres, 1998)
A pretensão da imagem faz com o amor, o ódio, a raiva, a carência, a
dor, ou seja, as emoções, influenciem nos comportamentos e nas decisões. Se
isto ocorre, qualquer imagem que emocione, será socializadora, tendo
incidência sobre comportamentos e crenças.
“Quem tem a informação tem o poder”. Assim a televisão se encaixa no
discurso e na esfera da consciência e da racionalidade, ou seja, a televisão é
uma verdadeira construtora da imagem mental. “Se a televisão é o poder é
então, porque tem a capacidade de influenciar”, (Joan Ferres, 1998)
Na mesma década de 50, o jornalismo saiu dos rádios para ganhar
espaço na TV. Além de ser no mesmo ano, foi também através da mesma
emissora, TV Tupi, que as residências passaram a receber noticias, mesmo
com as mais diversificadas falhas devido a falta de experiência já citada
anteriormente neste capítulo.
2.2 - TELEJORNAL:

No dia 20 de setembro de 1950 nasce no Brasil, o telejornalismo. O


telejornal “Imagens do Dia” foi transmitido pela TV Tupi, em São Paulo, canal 6.
Por causa da precariedade dos equipamentos e da péssima qualidade da imagem
e programação, os telejornais tinham falhas que iam desde as dificuldades
técnicas até a inexperiência dos primeiros profissionais, provenientes do rádio. O
formato e a linguagem eram diferenciados dos programas de rádio, pois além das
notícias serem ouvidas elas eram também assistidas pelas pessoas.
Em 1952, surgiu o primeiro telejornal de verdade. Tinha como único
apresentador Gontijo Teodoro. Em 1953, surgiu o “Repórter Esso” que se firmou
no horário nobre da noite, por muitos anos, abrangendo notícias nacionais e
internacionais.
Havendo no telejornalismo uma explosão de intelectualidade, em meados
da década de 60, o desenvolvimento dos telejornais foi expressivo. O “Jornal da
Vanguarda” é o maior símbolo dessa expansão. Era exibido pela TV Excelsior e
dirigido por Fernando Barbosa Lima. A partir da criação deste programa, a
concepção de telejornalismo mudou. “A equipe era extremamente talentosa e isso
causou grande impacto na qualidade. A originalidade da estrutura e a distinção da
forma de apresentação do programa foram sentidos junto ao público e provocaram
o reconhecimento de todos. Com o golpe de 1964, para não se submeter ao Ato
Institucional nº 5, a equipe resolveu acabar com o telejornal. Foi então que se
encerrou a maior inteligência e criatividade do telejornalismo brasileiro” (Guilherme
Rezende, 2000). Depois disso, mesmo com a interferência política e a falta de
estilo próprio, os telejornais continuaram a ir ao ar.
O telejornalismo exerce importante função social e política pelo fato de
atingir um público que não está muito acostumado com a leitura ou a população
não alfabetizada. “O jornalismo na televisão parece ainda mais da limitação
lingüística, pelo fato de que espremidos pelo tempo, os telejornais são obrigados a
condensar ao máximo o noticiário. A divulgação do maior número de notícias no
menor tempo possível, lema dessa mentalidade de produção telejornalística,
transforma os informativos quase que numa mera seqüência de manchetes, o que
torna inevitável a redução vocabular.” (Guilherme Rezende, 2000)
Apesar dessa limitação que informa de maneira fragmentada, existem
algumas vantagens dos veículos eletrônicos de comunicação sobre os meios
impressos. Além do imediatismo, o fato de abolir a barreira do tempo rompe
fronteiras culturais e lingüísticas, fazendo com que o sonho da ‘aldeia global’
torne-se viável.
Os telejornais são um tipo especial de noticiário: seu conteúdo são
informações sobre acontecimentos políticos, sociais, culturais, administrativos e
outros, cujo âmbito pode ser local, nacional e mundial. Essas notícias são
previamente selecionadas para a compreensão do cotidiano.
“Com a transmissão direta de imagens e sons, a TV realiza a sua obra
jornalística máxima. Permite ao telespectador testemunhar um fato como se
estivesse presente no local. Com inspiração no discurso falado, o texto jornalístico
cumpre uma função fática, ou seja, tem a enorme necessidade de clarear as
informações para que as notícias ao serem veiculadas nos telejornais sejam
escritas informalmente, como se fosse uma conversação, já que a linguagem
televisiva é essencialmente coloquial e para dar vida ao texto que vai ser lido, o
apresentador de um telejornal deve atuar por meio de gestos, usar expressões
faciais, ser ágil e rápido na leitura, enfatizar e dar entonação ao usar certas
palavras”. (Joan Ferres, 1998)
Além de ter que dar vida ao texto, quem apresenta o telejornal deve
desempenhar um papel extremamente importante: o de criar um clima de
conversa entre ele e o telespectador, porque o impacto da notícia depende
somente da atuação do apresentador. Agindo como se utilizasse o improviso, uma
relação interpessoal é criada e dessa forma faz com que quem assista reaja como
se fosse único, como um interlocutor, como se tivesse um serviço personalizado.
Para que o texto jornalístico seja de boa qualidade, ele tem que ser claro,
preciso, coloquial e conciso. Todos estes fatores fazem com que o grau de
comunicação afetiva do telespectador aumente. As palavras utilizadas devem ser
curtas e conhecidas, não ter duplo significado e de maneira nenhuma confundir o
receptor. O uso de adjetivos e advérbios também deve ser evitado, sendo
empregado apenas quando for imprescindível. Tudo isso contribui para que o
telespectador capte as mensagens.
Notícia é o “relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e
importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo público, é o
resumo de um acontecimento” (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). O fato
da televisão mostrar imagens é tão importante que aumentou o poder de
comunicação entre as pessoas. Ao contrário do jornal impresso, onde as fotos
devem ser adaptadas ao texto, na televisão, o jornalista deve adequar o texto à
imagem. A palavra-chave é a individualização da comunicação.
Um telejornal é composto por notícias, ainda que apresentadas de forma
rápida e sem contextualização. Mas o elemento essencial de um programa de
informação é a notícia. As interpretações sobre o que é notícia são variadas, mas
em síntese todos concordam com as definições encontradas nos dicionários de
comunicação. “O telejornal é pelas características dos assuntos que aborda e
veicula o tipo de programa que mais credibilidade proporciona às emissoras.”
(Sebastião Squirra, 1995)
“Por mais paradoxal que seja, a informação da TV está na mensagem
textual. O segredo do telejornalismo é mostrar a maior quantidade de imagens
existentes, porque evita a incompreensão dos fatos e a superficialidade das
informações.
A imagem tem grande importância em um telejornal, mas o “saber escrever”
de um jornalista tem extrema importância. Para que o profissional da área torne-se
bem sucedido, ele deve conhecer cada uma das palavras que usa para relatar o
fato, além de seu texto ser claro, direto e simples. Além da compreensão do
telespectador e do redator, toda e qualquer informação deve ser entendida pelas
pessoas que fazem parte da equipe de um telejornal.” (Sebastião Squirra, 1995)
O texto jornalístico deve ser rico em conteúdo, por isso, é necessário
pesquisar cuidadosamente sobre o que se está escrevendo. Como o apresentador
lê a notícia, deve primeiramente entendê-la, para poder então passa-la ao
telespectador da maneira mais simples possível.
A construção de uma matéria, não só de televisão, deve ser checada,
requerendo pesquisa, atenção e profissionalismo.
“A edição e a organização dos blocos de um telejornal devem ser muito
bem divididos. A escalada, que é a chamada do telejornal tem o principal objetivo
de atrair o telespectador para o noticiário. Os blocos seguintes, o segundo e o
terceiro, conservam a atenção e o interesse do telespectador, através das
chamadas de break, que são expressas com um “veja a seguir”, “veja no próximo
bloco”... etc. Já o último “apresenta as principais notícias do dia e completa o ciclo
informativo fornecendo instrumentos para a compreensão dos fatos significativos
do dia”. (Arlindo Machado, 2000)
Nem sempre as manchetes que fazem parte da escalada entram no
primeiro ou no último bloco. Estes fatores são extremamente flexíveis porque
dependem da política editorial de cada telejornal. (Sebastião Squirra, 1995)
O telejornalismo era a principal atração da TV. Além das normas
específicas de linguagem e notação gráfica, o noticiário destinado a ser lido por
um locutor caracteriza-se pela seleção das informações. Dados menos relevantes
devem ser suprimidos, até porque o ouvinte não tem possibilidade de recuperar a
informação já transmitida esó pode contar com a sua memória auditiva. O mesmo
pode-se dizer da televisão, onde o quadro é um pouco mais complexo. Nesse
caso, nem a descrição funciona, pois estará dizendo aquilo que o espectador vê.
(Nilson Lage, 1987)
Nos telejornais, o lead aparece na voz do apresentador mostrado no
estúdio ou na cabeça gravada, onde o repórter aparece no vídeo, na locação do
acontecimento. Nilson Lage afirma que “a empatia é de natureza diversa:
predominam os elementos visuais. A imaginação do telespectador é menos
solicitada. O veículo é transparente porque revela muita coisa em gestos e
atitudes e mobiliza por inteiro a atenção de quem assiste ao noticiário”.
Em televisão, o domínio é da informação visual, mas, do ponto de vista da
estrutura, as imagens em movimento, da maneira como se organizam, nada mais
são do que documentações atraentes e privilegiadas.
“Depois das cabeças e dos offs, a entrevista é o terceiro segmento de uma
notícia televisiva. Pelo critério jornalístico, ela só deveria ser incluída quando fosse
realmente interessante para a notícia. Mas, os poderosos, os influentes, gostam
de falar na televisão, veículo que exerce sobre eles, grande fascínio”. (Nilton
Hernandes, 2006)
O escritor pergunta: Terá longo futuro a notícia em jornal diário?
Provavelmente não. Sua sobrevivência depende do grau de controle político e do
desenvolvimento da mídia eletrônica, que é sem dúvidas, mais veloz, eficiente e
não gasta papel.

2.3 - LINGUAGEM:

Através do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, editora Nova Fronteira,


pode-se encontrar algumas explicações sobre o que é a linguagem. Segundo ele,
a linguagem pode ser o uso da palavra articulada ou escrita como meio de
expressão e de comunicação entre pessoas. Pode ser ainda a forma de expressão
pela própria de um indivíduo, grupo, classe ou o vocabulário específico usado
numa ciência, numa arte, numa profissão. Tudo quanto serve para expressar
idéias, sentimentos, modos de comportamento é considerado linguagem, segundo
o Dicionário. Todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre
indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a
distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil,
ou ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, por elementos
diversos.
Raquel Bahiense na obra Comunicação Escrita (editora Senac/2000),
explica as diferenças entre a linguagem formal e a informal. Segundo ela, “ao
falarmos, usamos expressões mais coloquiais, não há necessidade de tanta
convenção e ás vezes, até gírias são permitidas (...) A verdade é que este tipo de
linguagem nada tem de errado ou de ineficaz. Tudo depende do público-alvo.”
Essa é a linguagem informal. Já a linguagem formal, “é aquela em que se usa o
padrão formal da língua, ou seja, aquela que é ensinada na gramática e seu uso
se dá em situações mais formais.” (Bahiense, Senac/2000)
Dependendo do ambiente em que o indivíduo se encontra, ele usará a
linguagem coloquial, formal ou informal e essa diferença de tratamento faz parte
da variação estilística, de acordo com Ana Cláudia Ferreira de Lima, em As
Variações da Língua (Unicamp – 2001).
“O fato é que existem várias formas de comunicação. Quando o homem
utiliza a palavra, ou seja, a linguagem oral ou escrita, está utilizando uma
linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. Tal código está presente,
quando falamos com alguém, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem
verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano”, afirma um
artigo do site Brasil Escola. (www.brasilescola.com/redação) .
O atual desenvolvimento dos estudos sobre a língua falada permite que
eles sejam apontados, genericamente em dois grandes grupos: os teóricos, que
procuram descrever a organização textual dos diversos textos falados e aqueles
que procuram analisar as influências da oralidade sobre a escrita. Em geral, esses
são trabalhos voltados para o ensino, segundo a professora doutora Denise Lino
de Araújo (A língua falada na TV, 2003).

2.4 – LINGUAGEM DE TELEJORNAL:

A imagem tem um papel fundamental na televisão. A regra é válida também


para o telejornalismo, portanto é de extrema importância que o apresentador e o
repórter dominem o processo da comunicação com as imagens em movimento e
com todos os elementos expressivos, tais como iluminação, cenário e som. Só
com esses conhecimentos, que se torna concreta a intenção de comunicar algum
fato para os telespectadores (Aprender Telejornalismo – Sebastião Squirra).
Parte-se do princípio que o telejornal é elaborado como um texto escrito e
guarda as marcas do planejamento, da edição e da preocupação com a
progressão textual, ou seja, guarda a preocupação do texto em relação ao
favorecimento da compreensão por parte do telespectador. Mesmo sendo
produzido para interlocutores distantes e anônimos, persegue o objetivo de fazer-
se passar por familiar e, nesse caso, vai explorar os recursos que favoreçam
alcançar este fim. (Lino, Denise – 2003).
Televisão é a transmissão e recepção de imagens visuais, principalmente. A
palavra tem muito poder e quando ela vem com a imagem, consegue transformar
meros telespectadores em testemunhas. Os telejornais deixam as pessoas com a
sensação de que viram os fatos. Não importa que estejam bem longe de onde o
fato aconteceu. E quanto mais a linguagem é bem explorada, mais os
telespectadores ficam com sentimentos de onipresença. A palavra falada tem
participação decisiva nesse contexto de envolvimento e credibilidade nas pessoas.
O público pouco sabe das funções dos telejornalistas, confundindo muitas vezes,
por exemplo, o papel do repórter com o do âncora / apresentador. Dentre outros
referenciais, existe o repórter de rua e o apresentador de estúdio. Ivor Yorke
(1998) referencia que a reportagem pode ser vista como um degrau natural para a
segurança. Quando instalada, faz parte do processamento da notícia transmitida
para os telespectadores.
Nota-se uma grande mudança nos telejornais. Os repórteres e apresentadores
não mais ditam palavras e sim, conversam com os telespectadores. Vê-se ângulos
mais abertos, comunicação corporal, espontaneidade, voz suave, palavras bem
pronunciadas e claras. Diante dessas mudanças, os telejornalistas entraram em
processo de aprendizado, se conscientizaram que para uma boa transmissão da
mensagem através da televisão, não é preciso ter voz bonita, mas uma boa voz.
Para ter uma boa voz, o profissional de comunicação precisa saber respirar,
articular corretamente as palavras e usar adequadamente o seu corpo. Este fato,
gerou um pouco de pânico, pois os telejornalistas apenas trabalhavam com a voz.
Diante de toda essa nova postura, os profissionais não sabiam o que fazer com as
mãos, a ansiedade era passada pelo barulho da respiração ao microfone, as
articulações começavam a sinalizar a sua existência. As tensões eram notadas
facilmente, gerando assim, um comprometimento no produto final: a comuniação
com os telespectadores.
2.5 – CENÁRIO:

Faz –se necessário ressaltar que as imagens não existem sozinhas. Elas estão
acompanhadas de sons correspondentes às ações captadas. Trazem consigo o
significado da profundidade de campo do enquadramento: o movimento das
câmeras, que podem revelar um fato novo, desconhecido do telespectador, ou
ainda os novos cenários da ação. Peter Ruge, em “Práticas de periodismo
televisivo”, Universidad de Navarra, 1983, afirma que as mudanças de cenário
despertam o interesse. Indicam que começa algo novo. Segundo ele, “o
espectador entra de novo na ação, graças à variedade de imagens”. A
preocupação com o enquadramento e com os cenários propriamente ditos são
uma constante entre os repórteres e câmeramen que trabalham em televisão. A
criatividade e o improviso estão sempre presentes, na tentativa de não deixar o
telejornal cair na rotina.
O brasileiro é cativo dos telejornais. Para dar conta da curiosidade do ser
humano, existem canais fechados que centralizam a programação em noticiários;
há os canais abertos que apresentam vários telejornais diários. “Para as instâncias
de produção dos telejornais, o difícil é renovar, diante de formatos engessados,
cuidadosamente cultivados pelas próprias emissoras; o desafio é frente a essa
seqüência de noticiários previstos na programação, fugir das notícias requentadas
e da prisão das bancadas, em outros termos, mudar de tom.” (Elizabeth Bastos
Duarte – Dos Telejornais: entre temporalidades e tons, junho 2006)
A televisão procura cercar-se de estratégias discursivas e mecanismos
expressivos que garantam os efeitos de verdade, autenticidade e credibilidade.
Dentre estas estratégias está o tom de seriedade. E para isso, não só a postura
dos apresentadores e o tom das notícias, influencia. O cenário é também um
grande aliado. A televisão opera com dois grandes espaços: o externo, onde são
realizadas as reportagens e o interno, que são os espaços dos estúdios.
Atualmente os cenários dos telejornais seguem uma tendência mundial. Em
grande parte, os cenários colocam os apresentadores em um platô, isto é, em um
lugar um pouco mais alto, sentados atrás de uma bancada, tendo como fundo,
mapas do globo terrestre, telas ou telões, além do chamado newsroom, onde a
apresentação do telejornal é feita dentro da redação de jornalismo. Esta posição
estratégica assinala, quem no contexto, detém a informação.
O RIC Notícias, transmitido pela afiliada da Rede Record no Paraná, tem um
cenário com cores escuras e utiliza um modelo antigo. Uma espécie de tapadeira
com o nome do telejornal fica atrás da apresentadora, que está sozinha no
estúdio. A bancada tem espaço para entrevistados. Perto da jornalista, um monitor
de computador e as laudas do telejornal. Tudo muito simples. A idéia é fazer com
que o telespectador preste atenção nas notícias.
Já o Paraná TV 2a Edição, transmitido pela Rede Paranaense de
Comunicação, tem o cenário no estilo newsroom. O apresentador tem, além da
bancada, um monitor de televisão aonde ele pode conversar em tempo real com o
repórter que está na rua. O cenário deste telejornal é mais limpo, sem poluição
visual, mais moderno e segue a tendência das emissoras de todo mundo.
O newsroom procura mostrar que o grande número de pessoas que está na
redação no horário do jornal têm um compromisso: todas elas estão a serviço do
telespectador, tentando oferecer sempre a notícia de última hora.

2.6 - LINGUAGEM CORPORAL:

A figura e o comportamento do apresentador também são fundamentais na


análise deste trabalho. As emissoras investem pelo tom de confiança e de
seriedade que transmitem ao telespectador. Esta seriedade tem como formas de
expressão a aparência física, a postura corporal, o penteado, o vestuário, o
comportamento contido, a voz pausada e o uso da linguagem verbal por parte
destes apresentadores, que são muito bem preparados para estar a frente de um
telejornal. “Muitas vezes a apresentação de um telejornal é feita em dupla, o que
confirma a estratégia de sustentação para a credibilidade.” (Elisabeth Bastos
Duarte, pg 13).
A linguagem corporal é uma ferramenta de comunicação. Ela corresponde a
todos os movimentos gestuais e de postura que fazem com que a comunicação
seja mais efetiva. A gesticulação foi a primeira forma de comunicação. Com o
aparecimento da palavra falada, os gestos se tornaram secundários, mas eles
constituem o complemento da expressão, devendo ser coerentes com o conteúdo
da mensagem. “A linguagem corporal não é única e numerável, ou seja, ela é
definida por nível cultural, classe social e cultura local ou nacional de determinado
país, sofrendo influências culturais e sociais externas”. (Bowditch/Buono –
Elementos de Comportamento Organizacional, 2000)
A base da leitura corporal é o domínio de traços comportamentais e
psicológicos, a expressão corporal é fortemente ligada ao psicológico, traços
comportamentais são secundários e auxiliares, visíveis em movimentos auxiliados
pelo poder da palavra ou não. “Geralmente a linguagem corporal está ligada ao
interesse pessoal, ligado à intenção, pretensão, ação negativa ou não oculta onde
o indivíduo voluntariamente ou não, usa da linguagem corporal para auxiliar sua
comunicação ou dificultá-la, induzir ao erro ou não, usando o poder da palavra
auxiliada pela linguagem corporal. Muitas vezes a linguagem corporal é usada
individualmente sem auxílio do poder da palavra e involuntariamente.”
(Well/Roland – O Corpo Fala, 1998)
As peculiaridades dos telejornalistas se sobressaem diante das qualidades. A
câmera revela o físico e o microfone amplifica os defeitos da fala.
Independentemente do estilo do programa, voz e aparência são fundamentais.
Não quer dizer que um rosto bonito é o principal. Ivor Yorke (1998) afirma, que
houve uma época em que o noticiário de televisão parecia ser habitado apenas
por homens maduros e sérios, de cabelos grisalhos. Depois foi a vez das
mulheres. A maior de todas as alterações, no entanto, aconteceu com a
substituição do leitor de notícias, por um apresentador, jornalista experiente e
hábil, que torna o jornal um programa dinâmico.
2.7 – FIGURINO:

O foco do telespectador é o vestuário. É ele quem prende a atenção. Por esta


razão é que o apresentador e o repórter devem evitar babados, grafismos, decotes
ousados, gravatas extravagantes, que possam distrair as pessoas da mensagem
transmitida. A aparência não deve dispersar o telespectador da notícia. Por isso
deve-se ter muito cuidado com os acessórios, jóias, penteados, utilizando uma
combinação entre elegância e simplicidade. A regra para televisão não poderia ser
mais básica: a roupa certa para cada ocasião, sem chamar a atenção. Alguns
programas têm seu estilo, mas é necessário que se use o bom senso. Ivor Yorke
(1998) salienta que o repórter não deve perder um acontecimento, simplesmente
para mudar de roupa e entrar no estilo do programa.
O profissional de TV atua, principalmente como um transportador de notícias,
narrando os textos sem mostrar a sua personalidade. O público, através da
imagem, recebe as informações passadas pelos telejornalistas e, muitas vezes,
acredita nos fatos indiscutivelmente. Se apareceu na televisão, é porque
realmente aconteceu, pois o elemento credibilidade não é discutido pelo público. E
é essa credibilidade que as emissoras de TV procuram cada vez mais.
Analisando os telejornais Paraná TV 2a edição e RIC Notícias, observa-se que
os apresentadores são extremamente cuidadosos com o visual. Maquiagem
discreta, cabelos sempre bem arrumados e roupas elegantes dão o tom do
jornalismo transmitido atualmente.
Segundo Leitão (1997), o profissional de TV não é um amontoado de letras
carregadas de conteúdo, nem uma voz carregada de expressão. A sua imagem
diz algo a muitos. “A correta, adequada e bonita articulação das palavras é de
extrema importância, pois se é a imagem do telejornalista que se sobressai, pode-
ser analisar que todos os movimentos articulatórios são suportes para uma
comunicação oral satisfatória.”
3.0 – ESTUDO DE CASO:

3.1 - HISTÓRIA:

3.1.2 - REDE INDEPENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO – RIC TV :

A RIC, Rede Independência de Comunicação pertence ao Grupo Petrelli de


Comunicação, que iniciou suas atividades no Paraná e em Santa Catarina nos
anos 70, consolidando sua atuação com a criação da Rede RIC na década de 80.
Considerada genuinamente paranaense, a RIC dedica-se à comunicação através
das suas emissoras de televisão, rádio e da internet, levando informação ao
público, 24 horas por dia. Na década de 80 a família Petrelli inaugurou a RIC -
Rede Independência de Comunicação. Além da realização de um sonho, foi o
início de uma jornada em busca de mais valores para o nosso povo, mais
soluções para os anunciantes e mais qualidade para seu público. Tudo isso
resultou em informação, entretenimento e serviços diferenciados que foram ao
encontro da personalidade da Rede: 100% Paraná.

A RIC tem como missão priorizar a qualidade como diferencial para os


ouvintes, telespectadores e internautas, e oferecer resultados viáveis com
negociações transparentes para seus anunciantes. São os valores da RIC:

- Promover os resultados e a satisfação dos seus clientes;


- Incrementar o desenvolvimento social e comunitário do seu povo;
- Criar condições para a melhoria da qualidade de vida da população;
- Fortalecer a livre iniciativa e instituições democráticas;
- Emitir opiniões livres;
- Buscar parceiros com produtos fortes e de credibilidade;

Presente em todo o Paraná, a RICTV cobre mais de 91,86% do potencial


de consumo do Estado, com 4 geradoras (RICTV Curitiba, RICTV Cornélio
Procópio, RICTV Maringá e RICTV Toledo), 43 retransmissoras de televisão e 6
Centros de Produção (RICTV Curitiba, RICTV Centro/Litoral, RICTV Londrina,
RICTV Maringá, RICTV Noroeste e RICTV Oeste).

A qualidade da programação RIC é assegurada para os principais


municípios, através de sinal digital com transmissões via fibra ótica. Para uma
rede de comunicação manter uma postura de vanguarda é necessário investir em
pessoas e tecnologia. Segundo o site da empresa, para oferecer o melhor ao
público e aos anunciantes, ela investe constantemente em pesquisas,
equipamentos, estúdios, redes de comunicação e soluções envolvendo novas
tecnologias e recursos inovadores, bem como em avanços técnicos.

A qualidade da programação de uma rede de comunicação é a expressão


dos seus valores, da consideração pelo telespectador, ouvinte e anunciante. A
RIC investe em uma programação que tem como meta a excelência em
entretenimento, informação e serviços, com uma grade que apresenta variedade
em todas as faixas de horário.

A grade regional da RICTV é composta dos programas jornalísticos


exibidos em âmbito estadual – RIC Notícias e QI na TV – e dos programas locais
Paraná no Ar, Ver Mais e Na Hora do Almoço, com edições exclusivas nas
emissoras RICTV Curitiba, RICTV Londrina, RICTV Maringá e RICTV Oeste,
totalizando 12 edições diárias. Os programas locais contam com produções e
apresentadores exclusivos para cada emissora, que também interagem em blocos
estaduais, levando a informação local para todo o estado.

Presente em todo o Paraná, a RICTV cobre mais de 91,86% do potencial


de consumo do Estado. Com quatro geradoras, 43 retransmissoras de televisão e
6 Centros de Produção, a RICTV leva aos telespectadores uma programação de
qualidade assegurada para os principais municípios, através de sinal digital e
transmissões via fibra ótica.

Geradora RICTV Curitiba – Canal 7


RICTV Centro/Litoral:
Retransmissoras:
Castro VHF- canal 13 Ponta Grossa UHF - canal 47
Guarapuava UHF - canal 21 Telêmaco Borba UHF - canal 45
Irati VHF - canal 8 Clevelândia UHF - canal 18
Paranaguá VHF - canal 3 Lapa UHF - canal 56
Prudentópolis UHF - canal 14 Palmas UHF - canal 38
Tibagi UHF - canal 44 Guaratuba UHF - canal 14
Dois Vizinhos UHF - canal 48 Matinhos UHF - canal 38
Laranjeiras do Sul UHF - canal 21 Pontal do Paraná UHF – canal 14
Palmeira UHF - canal 38 Pato Branco VHF – canal 4
Francisco Beltrão UHF - canal 24 São Mateus do Sul UHF – canal 17

3.1.3 - REDE RECORD DE TELEVISÃO:

A RIC TV é uma afiliada da Rede Record de Televisão, que entrou no ar no


dia 27 de setembro de 1953 às 8 horas da noite com um programa musical
apresentado por Sandra Amaral e Hélio Ansaldo. Naquela época, só a TV Tupi
estava no ar. Equipada com o que havia de mais avançado na época, causou
impacto na imprensa. Nos primeiros anos, a emissora dedicou-se a programas
musicais, investiu também em telejornais, mas a programação esportiva era seu
grande trunfo. Podemos destacar “Mesa Redonda”, criado em 1954 e apresentado
por Geraldo José de Almeida e Raul Tabajara e as transmissões ao vivo das
partidas de futebol e das lutas do Campeonato de Pugilismo. A TV Record foi a
primeira emissora a transmitir, ao vivo, o Grande Prêmio de Turfe do Brasil, em
1956, direto do Jóquei Clube do Rio de Janeiro.
No teatro e no humor podemos destacar os programas: “Circo do Arrelia”,
com o palhaço Arrelia, “Praça da Alegria”, de Manoel da Nóbrega e a novela
“Éramos Seis”, sucesso da década de 60.
Em 1972, o jornalista Hélio Ansaldo estreou um telejornal que, além de
informar, debatia temas com a participação de especialistas. Era o “Tempo em
Notícias” que depois passou a se chamar “Record em Notícias” e foi apresentado
por Murilo Antunes até 1996.
Em 1991, muda o controle acionário da emissora e a Record entra com
uma nova programação, mantendo o jornalismo como carro-chefe. Séries e filmes
também foram comprados. A Record passa a ser rede. Em 1995, a Rede Record
investe em equipamentos e muda a sede para uma nova instalação na Barra
Funda, em São Paulo. No fim dos anos 90, a emissora eleva os índices de
audiência e se consolida com o terceiro lugar.
Hoje, com o slogan “Rede Record – a caminho da liderança”, a emissora é
vice-líder em audiência e criou a Record News, o primeiro canal de notícias 24
horas por dia, transmitido em canal aberto. A idéia é investir cada vez mais no
jornalismo.

3.1.4- RIC NOTÍCIAS:

O RIC Notícias é o jornal em rede estadual da RICTV, emissora afiliada à Rede


Record de Televisão. A emissora está completando 20 anos em 2007. Inicialmente
era afiliada à extinta Rede Manchete e há 12 anos é Record. Quando afiliada à
Manchete, o nome da emissora era SSC - Sistema Sul de Comunicação e o
telejornal chamava-se SSC-Manchete Edição Estadual, porque haviam também as
edições locais nas praças de Londrina, Maringá e Cascavel.
Quando se tornou afiliada à Record, o jornal passou a se chamar Jornal da
Independência. A cerca de cinco anos a emissora adotou o nome comercial de
RIC - Rede Independência de Comunicação e o jornal passou a ser chamado RIC
Notícias. Apresentando a mais de dez anos pela jornalista Adriane Werner, o RIC
Notícias vai ao ar de segunda a sexta, às 19h30 e recebe em estúdio especialistas
de política e esporte.
Ele é produzido e gerado em Curitiba e transmitido para todo o Paraná através
das retransmissoras da RIC TV.

3.1.5 - REDE PARANAENSE DE COMUNICAÇÃO – RPC:

O maior grupo de comunicação do Paraná e um dos dez maiores do Brasil


possui cerca de 1.800 colaboradores, dois jornais diários, oito emissoras de TV
(afiliadas à Rede Globo de Televisão), duas rádios, um portal de internet e o
Instituto RPC de Responsabilidade Social.
A marca RPC foi criada em novembro de 2000, com o objetivo de oferecer
informação aos paranaenses e mantém a liderança absoluta no Estado. As
emissoras de televisão integrantes à RPC levam a programação local e nacional
através da Rede Globo a mais de 2 milhões e 800 mil domicílios com TV, segundo
uma pesquisa realizada pelo Atlas de Cobertura RPC TV, entre abril e setembro
de 2007. Atualmente, a programação local ocupa 40 horas semanais, com
programas voltados para um público variado: Caminhos do Campo, Meu Paraná,
Plug, Revista RPC, além do Paraná TV 1a e 2a edição e Bom Dia Paraná. A RPC
atinge 382 municípios paranaenses.

3.1.6 - REDE GLOBO DE TELEVISÃO:

No dia 26 de abril de 1965 as 11 horas da manhã, entrou no ar o canal 4 da


TV Globo do Rio de Janeiro, dando o pontapé inicial para a formação da Rede
Globo de Televisão. A concessão foi outorgada no governo do presidente
Juscelino Kubitschek e aos poucos outras emissoras da rede entravam no ar.
Hoje, a Rede Globo cobre mais de 99,8% do território e da população brasileiros.
São ao todo cinco emissoras próprias (com sede nas cidades de São Paulo,
Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife) e mais 108 emissoras afiliadas.
Dados do Ibope revelam que na semana de 4/4 à 10/4 a Globo teve os cinco
programas mais assistidos da TV aberta com audiência variando entre 35% e
47%.
Hoje o grupo possui emissoras de TV e jornais que geraram de receita
líquida, em 2002, 159,5 milhões de reais, 15 emissoras de rádio, participação nos
grupos de televisão por assinatura Net e Sky, uma editora com 11 títulos de
revistas, um portal eletrônico e duas gravadoras (Som Livre e RGE). No caso de
sua atuação na TV à Cabo, o grupo detém canais (Sportv, GNT, Multishow e
Globonews) e a operadora Net.
A emissora iniciou a operação em rede no Brasil, em 1969 com o Jornal
Nacional, um marco na história da TV brasileira. Foi pioneira na implantação da tv
em cores em 1972 e em 1975, ela já contava com uma programação nacional.
Em 1966, a autora cubana Gloria Magadan escreveu uma das primeiras
novelas levadas ao ar pela Rede Globo, “Eu compro esta mulher” vindo depois “O
Sheik de Agadir”, sucesso da mesma autora e que inovou registrando maior
número de cenas externas e uma edição mais ágil.
O Centro de Produção da Globo (PROJAC), em Jacarepaguá, é o maior da
América Latina e conta no total com 1.300.000 metros quadrados, dos quais 120
mil de área construída, abrigando estúdios, módulos de produção e galpões de
acervo.
A Rede Globo conta hoje com cerca de oito mil funcionários, sendo mais de
quatro mil envolvidos diretamente na criação dos programas: autores, diretores,
atores, jornalistas, cenógrafos, figurinistas, produtores, músicos e técnicos. No
período de um ano, a Globo grava e exibe diversas novelas, minisséries e
especiais. Ao todo, se somarmos os shows, humorísticos, musicais, eventos e
jornalismo: são 4.420 horas de produção própria todo ano, o que coloca a
emissora na posição de maior produtora de programas próprios de televisão do
mundo.
3.1.7 – PARANÁ TV 2A EDIÇÃO:

O Paraná TV 2a edição nasceu no dia 19 de julho de 1999. Antes ele era


chamado de Jornal Estadual. Sempre foi transmitido no horário da noite e tem
como público alvo, pessoas que estão chegando em casa, depois de um dia
inteiro de trabalho. O telejornal mantém seu foco nas notícias factuais e teve como
primeira apresentadora, a jornalista Fernanda Rocha.
O telejornal é dividido em 4 blocos. O começo e o fim são apresentados
para todo o estado do Paraná, pelo jornalista Herivelto Oliveira, já o bloco do meio,
tem apresentadores locais, nos estúdios da emissora em cidades como Londrina,
Cascavel e Foz do Iguaçu. São como jornais independentes, fazendo parte da
mesma empresa.
O Paraná TV 2a edição pretende atingir as classes A e B, mas procura
transmitir também as notícias mais populares. O que diferencia o Paraná TV 2a
edição dos outros telejornais é a linguagem, mais formal.

3.2 – IBOPE:

O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, IBOPE, é um instituto


que realiza pesquisas em vários ramos no Brasil e em mais 11 países da América
Latina. O Ibope foi criado em 1942 pelo radialista Auricélio Penteado, proprietário
da Rádio Kosmos de São Paulo. Naquele ano, ele decidiu aplicar no Brasil
técnicas de pesquisa aprendidas nos Estados Unidos com George Gallup,
fundador do American Institute of Public Opinion para saber como andava a
audiência de sua emissora. Ao medir a audiência das rádios de São Paulo,
Auricélio constatou que a Rádio Kosmos não estava entre as mais ouvidas.

A partir daí, passou a dedicar-se exclusivamente às pesquisas. Em cada


cidade onde é realizada a medição de audiência de TV , o Ibope sorteia um
conjunto de domicílios que representa a população. Com a autorização dos
moradores, é instalado um aparelho em cada televisor da casa, chamado de
peoplemeter, que identifica e registra automaticamente qual canal está sendo
assistido. Por freqüências de rádio, na grande São Paulo, ou por telefone, o
aparelho envia as informações sobre todas as mudanças de canais realizadas
pelo telespectador para uma central de coleta do Ibope que as processa, analisa e
distribui para os clientes.

O Ibope mede a audiência de até quatro televisores de cada domicílio.


Participam da amostra pessoas de ambos os sexos, com mais de quatro anos de
idade, que residem em áreas urbanas e fazem parte das classes A, B, C, D ou E,
de acordo com o critério de classificação econômica do Brasil. Além de pesquisas
de audiência televisiva, o IBOPE realiza pesquisas sobre:

• Política
• Demográfica (quais os hábitos de cada região)
• Mídia (revistas, jornais, rádio e televisão, paga ou aberta)
• Mercado

Comparando os dois telejornais, o Paraná TV 2a edição e o RIC Notícias,


podemos observar que os níveis de audiência são muito diferentes. Analisados
vinte dias do mês de novembro, entre 19hs e 20h30, o jornal exibido pela RPC,
passa em mais de 20 pontos o telejornal veiculado pela RIC TV. Isso se deve em
primeiro lugar ao Paraná TV 2a edição pertencer a um canal líder de audiência em
todo o Brasil, a Rede Globo de Televisão. Isto ocorre porque a população que
assiste à programação da Globo já está acostumada com ela, o que explica o
montante de revistas e programas de outras emissoras que a acompanham como
uma espécie de comentaristas. Logo sua liderança é resultante da capacidade e
qualidade que é construída á décadas.
A Rede Record está expandindo e mudando aos poucos a sua programação.
No Paraná, a jornalista Adriane Werner está a frente do RIC Notícias a 7 anos,
mas mesmo com o carisma e simpatia características, a audiência não passa dos
8 pontos.
No dia 19 de novembro de 2007 entre 19h e 20h30, o RIC Notícias teve pico
de audiência às 20h13, chegando a 6,5 pontos. Enquanto que a RPC estava com
38 pontos (Ibope em anexo)
Um dia depois, dia 20 de novembro, a audiência do telejornal da RIC TV teve
uma melhora entre 19h19 e 19h50, chegando a 7,1 pontos. O da RPC ficou com
34, 3 pontos. (Ibope em anexo)
Mesmo existindo uma tendência na perda da audiência das emissoras
tradicionais como a Rede Globo, o processo ainda está em desenvolvimento. “A
programação das emissoras populariza-se, permitindo o crescimento de outras
redes, sendo a liderança da Rede Globo, contestada em diversos momentos. No
entanto, sua perda de espaço na televisão aberta é compensada com a conquista
de novos lugares.” (Valério Cruz Brittos -“As organizações Globo e a reordenação
das comunicações”- 2000)

4.0 – CONCLUSÃO:

Os questionamentos iniciais, que deram origem a esse trabalho, agora


podem ser respondidos. Para se chegar às respostas necessárias, foi preciso um
estudo amplo sobre linguagem, televisão e telejornal, baseados em bibliografias
diversas e em sites da internet. Além disso, foram analisados os números do
Ibope, durante vinte dias do mês de novembro de 2007. Os dias 19 e 20 foram
escolhidos para uma melhor avaliação. Através dos números da pesquisa foi
possível entender o porque que uma emissora tem mais pontos do que a outra,
em horários iguais e com o mesmo tipo de programação: um telejornal.
O desenvolvimento dos estudos da língua falada permite que ela seja
apontada como uma língua do imediato, econômica, não sendo tão rica em
termos de coesão, cedendo às pressas do cotidiano. É de fundamental
importância então, que a notícia passada para o telespectador seja clara, direta,
simples, tendo as virtudes de uma linguagem coloquial. A apresentação de uma
notícia deve ser como uma conversa entre o jornalista e o telespectador.
Os telejornais comparados neste Estudo têm a mesma proposta. Eles
transmitem de forma séria e objetiva os acontecimentos da capital e do Estado.
Televisão é a transmissão e recepção de imagens visuais. A palavra tem muito
poder e quando ela vem com a imagem, consegue transformar telespectadores
em testemunhas. Os telejornais deixam as pessoas com a sensação de que viram
os fatos. E quanto mais a linguagem é bem explorada, mais os telespectadores
sentem fazer parte daquele universo. E apesar de ser percebido nos dois
telejornais estudados, chegamos a conclusão de que o Paraná TV 2a edição,
transmitido pela RPC ainda possui uma linguagem mais formal procurando atingir
o público das classes A e B. Já o RIC Notícias, através de uma linguagem, mais
simples e coloquial, pretende atingir os públicos das classes C e D. A presença de
comentaristas em estúdio procura estender o foco para telespectadores que
tenham maior poder de decisão e de crítica. Isso, muitas vezes, pode confundir o
telespectador, pois a linguagem acaba se diferenciando. O do apresentador é uma
e o do comentarista, outra, exatamente por ele falar de um assunto específico,
como esporte ou bastidores da política.
Os cenários condizem com o que os telejornais e as emissoras se dispõem a
apresentar, apesar do RIC Notícias ter um cenário mais arcaico, que não é mais
utilizado em telejornais. A idéia, atualmente, é passar a sensação de espaço, de
um ambiente clean, onde toda a produção aparece atrás, trabalhando, enquanto o
jornal está no ar.
As duas emissoras estão investindo bastante no jornalismo, que hoje em dia,
se tornou o produto de maior audiência das programações. O público brasileiro
está cada vez mais interessado em aprender, em entender e participar do que
acontece no país e no mundo. Como as informações são muitas, elas são
repassadas ao telespectador bastante resumidas. Quando há um maior interesse
por parte da empresa, a notícia pode ser enfatizada por toda a semana, mas na
maioria das vezes, ela termina ali, em poucos segundos. São muitas informações
para pouco tempo, mas observa-se que mesmo assim, não existe um descuido na
linguagem. O que existe é um estilo diferenciado e isso se torna bom porque gera
uma concorrência saudável.
Outro fator constatado neste estudo é que o telejornal da RPC tem uma maior
audiência, não por ser melhor, mas sim por fazer parte de uma rede de emissoras
com mais de 50 anos. A Rede Globo de Televisão é uma das maiores empresas
de comunicação do mundo e tem tradição na sua forma de fazer jornal. Pesquisas
comprovam que de cada 10 televisores ligados em residências, 8 estão
sintonizados na Vênus Platinada, como a emissora também é conhecida. Isso traz
uma enorme vantagem para o telejornal da RPC.
Percebe-se também que a RIC TV está tentando mudar o conceito de que tudo
o que é melhor está na Globo.
Podemos entender então que os telejornais exibidos pelas duas emissoras no
Paraná são bons. Os dois, cada um com um estilo, cumpre o seu papel de
informar e transmitir ao público paranaense o que é realmente notícia. Pode-se
afirmar com base nos estudos realizados, que os objetivos são alcançados.
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