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SÃO LEOPOLDO
2009
RODRIGO KLASSEN FERREIRA
SÃO LEOPOLDO
2009
Dedico este trabalho a todos aqueles que (ainda) não sabem o que podem saber.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Waldenir e Lúcia, que sempre incentivaram e priorizaram minha
formação humana e acadêmica.
Este trabalho considera as vozes dos alunos de uma escola pública de Ensino Médio, através
da análise das informações fornecidas sobre a maneira como veem o ensino de português no
que diz respeito ao esclarecimento de conceitos como variedade de prestígio, variação, erro e
adequação no uso da língua. A coleta de dados foi realizada, principalmente, através do
preenchimento de um questionário, da gravação das respostas dos alunos a algumas atividades
de análise de textos e de anotações de algumas opiniões manifestadas por membros do grupo.
A partir dos dados coletados, foi possível responder as perguntas de pesquisa inicialmente
propostas: A variedade de prestígio é, de fato, ensinada ou somente cobrada pelo professor?
Que relação os alunos estabelecem entre erro e variação? Os alunos distinguem erro e
adequação? Como? O que os alunos têm a dizer sobre a prática dos professores em relação ao
que é considerado erro no uso da língua? Consequentemente, foi possível concluir a respeito
do problema abordado no trabalho: As aulas de Língua Portuguesa levam o aluno a entender a
importância de aprender a variedade de prestígio, colocando-a como uma entre as outras
variedades da língua e, desse modo revendo criticamente a noção de erro no uso da língua? O
grupo não demonstra uma consciência sobre a possibilidade de variação e de adequação, nem
tem uma noção esclarecida sobre erro no uso da língua. Em diversos momentos, percebe-se
um sentimento de incapacidade, por parte dos alunos, como usuários do português, por não
terem aprendido todas as regras cujo ensino é proposto na escola. A importância atribuída à
aprendizagem da variedade de prestígio apresenta-se relacionada unicamente ao êxito escolar
e, para alguns, como meio para obtenção de um emprego. Não é apresentada nenhuma relação
entre o domínio da variedade de prestígio e a capacidade de participação nos meios social,
cultural e político.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................8
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................83
APÊNDICES ...........................................................................................................................86
ANEXOS ..................................................................................................................................94
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1 INTRODUÇÃO
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Estes dados são de antes da conhecida crise econômica mundial, que tomou proporções maiores nos últimos
dois anos. Não há dados estatísticos atualizados, mas sabe-se que a arrecadação e o número de postos de trabalho
diminuíram bastante na cidade.
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Restam, então, duas escolas estaduais que recebem os alunos que não conseguem
aprovação para o IFSR ou cujas famílias não têm condições financeiras de pagar pelo ensino:
o Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand e a Escola Estadual de Ensino Médio
Vila Cruz de Malta.
O I.E.E. Assis Chateaubriand oferece os cursos Ensino Médio Regular, Curso Normal
e Técnico em Química, este último também com vagas limitadas. Já a E. E. E. M. Vila Cruz
de Malta oferece os cursos Ensino Médio Regular e Ensino Médio na Modalidade Educação
de Jovens e Adultos.
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oriundos da E. E. E. M. Vila Cruz de Malta não terem o título de técnicos torna-os menos
capacitados sob a visão do mercado de trabalho.
Uma das motivações para a realização deste estudo foi, então, a preocupação quanto à
desvantagem desses alunos em relação àqueles das escolas particulares e/ou de formação
técnica na busca por oportunidades no mercado de trabalho e na busca por melhorias nas suas
condições de vida.
Meu interesse pelo ensino de língua proporcionado aos alunos da escola pública tem
origem na sua relação com a importância do esclarecimento da necessidade de se aprender a
variedade de prestígio e da importância de se entender questões como erro, variação e
adequação no uso da língua, considerando, também, a influência desses conhecimentos nas
capacidades de leitura, compreensão e escrita dos alunos.
Procurei refletir sobre as maneiras como esses alunos poderiam, diante das
dificuldades, aprender a lutar por melhores condições de vida, reivindicar direitos e participar
ativamente de processos de decisão na sociedade. Vislumbrando um cenário mais amplo,
alunos que concluem o ensino médio com as capacidades de leitura, compreensão e escrita
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ainda precárias e que não aprenderam que a forma adequada de falar a língua portuguesa varia
de acordo com a situação de comunicação somam-se a outros milhões de brasileiros2 que não
estão capacitados a entender as relações entre o domínio da variedade da língua considerada
culta, desigualdades sociais e participação política.
2
INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional): 34% dos brasileiros são analfabetos funcionais, segundo dados de
2007. Fonte: Instituto Paulo Montenegro.
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A análise dos dados foi dividida nas categorias série, sexo e faixa etária (14-15 anos,
16 anos, 17 anos e 18 anos ou mais). A pesquisa apresentou alguns resultados a serem
considerados, tais como: 22% do total geral de alunos responderam que somente estudam
Língua Portuguesa para passar de ano; 57% do total geral de alunos declararam ter
dificuldades na leitura e interpretação de textos, precisando lê-los muitas vezes para entendê-
los; 33% do total geral de alunos responderam que não saberiam se expressar de maneira
adequada em uma entrevista de emprego, por estarem acostumados a falar gírias e por não
dominarem um vocabulário considerado mais culto; 43% do total geral de alunos
responderam que falar gíria é errado e que precisam perder este costume para serem
respeitados; 44% do total geral de alunos responderam que precisam, principalmente, saber
responder nomenclaturas e definições de classes gramaticais e que sem isso certamente não
seriam aprovados nas avaliações aplicadas pelos professores.
A experiência da pesquisa foi bastante válida, mas teve limitações. Penso que a
pesquisa quantitativa, por meio do instrumento usado, ou seja, pares de sentenças, não oferece
a possibilidade de identificar as causas que levaram o aluno a escolher determinada resposta,
nem oferece a possibilidade de receber outras respostas ou comentários que seriam úteis para
a pesquisa. O aluno pode, ainda, apresentar a tendência de responder aquilo que acha que vai
agradar mais ao pesquisador, podendo mascarar seu real ponto de vista. Ao ouvir relatos e
opiniões mais espontâneos dos alunos, a pesquisa certamente seria enriquecida e a
compreensão dos fatos seria ampliada. Ao conviver com eles, realizando observação
participante, por exemplo, suas atitudes e crenças seriam identificadas com maior clareza.
Além disso, nos últimos anos, tem sido crescente a tendência de aplicação de testes para
avaliação da aprendizagem dos alunos, como ENEM, SAERS3 e Prova Brasil, por exemplo.
No entanto, não há nenhum instrumento para avaliação direta do que é ensinado em sala de
aula e de como essa prática ocorre. Para uma avaliação do ensino, a opinião e o depoimento
dos alunos podem ser de grande contribuição, uma vez que ninguém mais do que eles observa
diariamente a prática dos professores e o andamento das atividades nas escolas.
Outro ponto a ser considerado é que a delimitação da pesquisa precisa ser repensada.
O problema a ser pesquisado precisa ser mais específico. Estou tentando descobrir: a) A
importância que o aluno dá à disciplina de Língua Portuguesa?; b) Se a capacidade de leitura
e escrita do aluno é desenvolvida?; c) Se o aluno entende a noção de adequação linguística?;
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SAERS: Sistema de Avaliação do Ensino do Estado do Rio Grande do Sul.
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Pretendo trabalhar com essa última possibilidade, por ser um dos temas pelos quais
mais me interessei ao longo do curso de Letras, pela tamanha relevância social desse estudo e
pela utilidade das reflexões que dele surgirão para minha atuação como professor de língua e
para a atuação de outros professores que tenham acesso a este trabalho. Para a abordagem do
problema a ser pesquisado, procurarei responder quatro principais perguntas com relação ao
grupo de informantes:
d) O que os alunos têm a dizer sobre a prática dos professores em relação ao que é
considerado erro no uso da língua?
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2 EMBASAMENTO TEÓRICO
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Como será visto a seguir, a questão da variação linguística e dos valores atribuídos às
diferentes variedades e aos seus respectivos falantes está diretamente relacionada às noções de
norma linguística, norma culta e norma-padrão.
Norma, segundo Faraco (2008, p.42), “é o termo que usamos, nos estudos lingüísticos,
para designar os fatos de língua, usuais, comuns, correntes numa determinada comunidade de
fala.”. Norma nada mais é do que aquilo que é normal na língua usada dentro de uma
comunidade. São os pontos em comum que podem ser observados, por exemplo, no que diz
respeito à pronúncia e à utilização de determinadas palavras e estruturas sintáticas em
detrimento de outras.
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Portanto, é errônea a ideia de norma como sendo uma forma imutável utilizada por um
determinado grupo de falantes para comunicar-se. Faraco (2008, p.43) afirma que a norma “é
também (e principalmente) um agregado de valores socioculturais articulados com aquelas
formas.”. Por isso, um grupo de falantes pode tanto oferecer resistência a normas diferentes da
sua, por motivo de orgulho ou defesa contra processos que ameacem o grupo, quanto pode
procurar dominar outras normas por identificar-se com outros grupos e pela necessidade de
relações sociais com falantes desses grupos.
Como exemplo, pode-se citar uma comunidade de falantes que passa a assumir
algumas características da norma linguística de uma outra comunidade que possui mais
prestígio na sociedade. Caracteriza-se, assim, uma mudança linguística na fala da
comunidade. É o caso dos falantes de comunidades cuja norma linguística é de menor
prestígio, como em zonas rurais e periferias de grandes cidades, que assumem em sua fala
características das normas linguísticas de mais prestígio, com as quais têm contato, seja
através da fala da mídia ou do contato com pessoas de status social mais elevado. Tudo isso
está relacionado à maneira como os falantes veem aqueles que falam uma norma de maior
prestígio e à maneira como querem que outros falantes os vejam.
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Entendidas estas noções, fica claro o equívoco em pensar a língua como algo sempre
homogêneo, estático e que aceita um único padrão para o seu uso pelos falantes.
O termo norma culta torna-se bastante complexo à medida que ao se qualificar uma
norma como culta, se está automaticamente considerando que outras normas são incultas, o
que é impossível, já que todo grupo de falantes tem a sua cultura, seja ela mais ou menos
prestigiada na sociedade.
Como bem destaca Faraco (2008), existe uma hierarquização social das normas, que
toma por base valores socioculturais e políticos. Os falantes chamados cultos formam o topo
dessa hierarquia e por muitas vezes fazem julgamentos sobre os falantes de outras normas,
empregando termos pejorativos, o que consolida a língua como mais um instrumento de
poder, dando origem a preconceitos linguísticos. Para retratar a situação brasileira no que diz
respeito à hierarquização social das normas, o autor cita dois graves e influentes problemas: o
fato de a educação básica de 11 anos ainda não ter sido universalizada e o fato de a educação
linguística oferecida nas escolas ser de baixíssima qualidade. A escola, ao não formar
cidadãos com concepções claras sobre a maneira como usam a língua, permite que a
sociedade os oprima. Esses falantes que a escola não forma adequadamente, embora sejam a
imensa maioria da população, são tachados pelos falantes considerados cultos, como
“ignorantes”, “burros”, “pessoas que não sabem sequer falar”. E mais: esses falantes
incorporam essa visão de si mesmos e passam a se ver desse modo. Uma das consequências
desse processo é a automática exclusão ou a diminuição dos poderes dessas pessoas em sua
participação política na sociedade, afinal elas são “incapazes”.
Para Bagno (2004, p. 39), norma culta “é o conjunto de usos lingüísticos dos falantes
cultos de um país, de uma região ou de uma cidade.” e, de acordo com linguistas, falante culto
é o “indivíduo com grau de escolaridade superior completa, nascido e criado em zona
urbana.”. Obviamente, não se pode caracterizar como inculto o falante que não preenche os
requisitos mencionados. As variedades linguísticas que não se enquadram na norma culta, no
entanto, são avaliadas como variedades de menor prestígio na sociedade. Em relação a essas
variedades, Lucchesi (2004, p. 87) traz a noção de norma popular, que “se define pelos
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2.4 NORMA-PADRÃO
Diferentemente da norma culta, que é uma das normas possíveis de serem usadas pelos
falantes, a norma-padrão não é propriamente uma variedade da língua. Norma-padrão, de
acordo com Faraco (2008, p.75), “trata-se de um projeto político que visa à uniformização da
língua.”. Como salienta o autor, a ambição pela padronização da língua tem origem na Europa
no fim do século XV, em razão da necessidade política de se alcançar uma unidade linguística
nos Estados. Em uma análise mais objetiva, pode-se dizer que é mais cômodo governar uma
nação onde a população fala, ou ao menos reconhece, uma língua padrão. Além disso, esse é
um fator que fortalece a identidade dos falantes como integrantes de uma nação.
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A sociedade moderna, com toda a diversidade social, é composta por falantes que nela
exercem os mais diversos papéis, o que permite dizer que também existem as mais diversas
comunidades de fala que não usam a norma-padrão.
Percebe-se que há certa confusão entre os termos norma culta e norma-padrão e que,
muitas vezes, são empregados como sinônimos. É indispensável distinguir esses dois
conceitos. Norma culta, de acordo com Faraco diz respeito às
variedades que ocorrem em usos mais monitorados da língua por segmentos sociais
urbanos, posicionados do meio para cima na hierarquia econômica e, em
conseqüência, com amplo acesso aos bens culturais, em especial à educação formal
e à cultura escrita (2008, p. 173).
[...] não é uma língua, mas sim um modelo de língua, um ideal de língua, um padrão
de comportamento lingüístico que, supostamente, deveria ser seguido por todos os
falantes do idioma toda vez que vão usar a língua para falar ou escrever. E essa
norma padrão [...] se baseia quase exclusivamente no uso feito pelos grandes
escritores em sua aventura estética de criação de uma linguagem literária pessoal e
intransferível (2004, p. 39).
Para poder falar em erro, é preciso, antes, entender aquilo que o determina
culturalmente. Como relata Faraco (2008), na antiguidade, os estudos linguísticos eram
concentrados exclusivamente na língua literária. Por volta do século III a.C. existia, entre os
gregos, a preocupação em preservar a pureza da língua grega. Assim, os filólogos gregos
resolveram descrever as regras gramaticais empregadas pelos escritores clássicos para que
servissem de modelo de correção linguística. Essa prática deu origem ao que hoje
conhecemos como Gramática Tradicional. O mesmo ocorreu com outras línguas, inclusive
com o português, que tem seu padrão de correção baseado nos escritores lusitanos. A razão
para que exista esse padrão de correção está, então, associada a esse grupo culturalmente
reconhecido como superior, o grupo dos escritores e intelectuais, considerados mestres e
modelos de escrita a serem seguidos.
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Bagno (2004, p. 25) diz que “[...] os estudos lingüísticos modernos têm revelado que
não existe erro em língua, mas, sim, formas de uso diferentes daquelas impostas pela tradição
gramatical.”. Diferentes variedades linguísticas, sejam elas prestigiadas ou não, têm diferentes
regras gramaticais empregadas pelos seus falantes, como explica Bagno:
[...] os supostos “erros” são sempre sistemáticos. O que quer dizer isso? Quer dizer
que, justamente por terem uma motivação lingüística perfeitamente demonstrável,
esses “erros” seguem uma lógica, são regulares, isto é, constituem de fato regras
gramaticais. Ninguém “erra” porque quer ou porque é “burro”: a pessoa
simplesmente obedece regras gramaticais próprias da variedade de língua que é a
dela (2004, p. 27).
Possenti (1996, p. 78) define a noção de erro decorrente da norma-padrão: “[...] é erro
tudo aquilo que foge à variedade que foi eleita como exemplo de boa linguagem”, porém,
assim como Bagno, a contesta:
[...] os exemplos de “boa linguagem” são sempre em alguma medida ideais e são
sempre buscados num passado mais ou menos distante, sendo, portanto em boa parte
arcaizantes, quando não já arcaicos [...] os exemplos de boa linguagem utilizados
pelas gramáticas são mais arcaizantes do que os encontrados em jornais e nos textos
de muitos escritores vivos de qualidade reconhecida (1996, p.78.).
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Vai muito mal a expectativa de alguns, até numerosos sem dúvida, que, desligados
da realidade da nação brasileira, desejam recuperar algo que nunca fomos e, por
isso, não assumem de fato o que nos legou e lega a nossa própria história (2004, p.
11).
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riscada por caneta vermelha. Se a prova fosse oral, a avaliação da professora provavelmente
seria outra.
Ao invés de classificar como erro toda a escrita produzida pelo aluno que não
corresponde ao padrão ortográfico da língua, é fundamental refletir sobre os motivos que o
levaram a escrever de tal forma. Na grande maioria das vezes serão encontrados motivos
perfeitamente compreensíveis. O processo de ensino e aprendizagem da ortografia oficial, por
ser bastante complexo e ter um incontável número de regras, deve ser trabalhado a longo
prazo, considerando que o seu sucesso depende de um projeto que prevê a proficiência de
leitura e de produção escrita do aluno nas mais diversas situações de comunicação, inclusive
naquelas em que se permita não escrever dentro do padrão ortográfico.
A escola talvez devesse chamar de inadequação aquilo que classifica como erro e
promover a reflexão sobre as várias possibilidades de uso da língua. Somente assim se
constrói um ambiente de ensino que coopera para a aprendizagem do aluno, sem limitá-lo aos
padrões de uma norma que pode parecer-lhe extremamente confusa e distante.
Vale ressaltar que já existem versões mais atualizadas deste documento, em que a
concepção citada acima segue sendo divulgada e proposta aos professores. Esse documento é
distribuído pelo MEC a todas as escolas públicas brasileiras. Autores como Bagno (2004) e
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Faraco (2008), em ideias parecidas, nas respectivas obras, apontam, como uma das
justificativas para que as práticas da escola permaneçam iguais, o fato de que a tendência de
adoção da norma-padrão como referência para o ensino de língua é muito antiga se
comparada aos estudos da Linguística e da Sociolinguística, relativamente recentes.
Particularmente, penso que além das justificativas apontadas pelos autores, há fatores como a
qualidade da formação (ou a falta dela) dos professores e as condições de trabalho precárias
oferecidas pelos sistemas de ensino, dadas situações como falta de professores, falta de
recursos nas escolas, remuneração relativamente baixa, excesso de alunos em sala de aula, etc.
Esses fenômenos apontados por Faraco (2008) não parecem ser passageiros. Dadas as
diversas características da sociedade moderna, a comunicação e a interação entre diferentes
variedades da língua estão ocorrendo cada vez mais, o que tende, não a descaracterizar a
língua nacional, mas a enriquecer ainda mais as variedades existentes.
Em diversas obras, é possível encontrar sensatos pontos de vista sobre os objetivos que
a escola deveria buscar ao ensinar português. Dentre elas, Possenti afirma que
[...] o objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou, talvez mais exatamente, o
de criar condições para que ele seja aprendido. [...] A tese de que não se deve
ensinar ou exigir o dialeto padrão dos alunos que conhecem e usam dialetos não
padrões baseia-se em parte no preconceito segundo o qual seria difícil aprender o
padrão (1996, p. 17).
dialeto válido, pois os alunos só têm a ganhar com o domínio de outras formas de falar e
escrever e com a compreensão dos efeitos de sentido que a variação produz. Para Possenti
(1996)
[...] só se pode ensinar algo que o aluno ainda não conhece, cabe à escola ensinar a
norma-padrão, que não é língua materna de ninguém, que nem sequer é língua, nem
dialeto, nem variedade [...] Ensinar o padrão se justificaria pelo fato dele ter valores
que não podem ser negados - em sua estreita associação com a escrita, ele é o
repositório dos conhecimentos acumulados ao longo da história. Esses
conhecimentos, assim armazenados, constituiriam a cultura mais valorizada e
prestigiada, de que todos os falantes devem se apoderar para se integrar de pleno
direito na produção/condução/transformação da sociedade de que fazem parte (2004,
p. 58).
Assim, o problema não está no ensino da norma tida como padrão, mas na maneira
como ele é proporcionado ao aluno. É feita a defesa de um ensino crítico, que questione a
legitimidade do padrão e leve a um entendimento de processos históricos, sociais e políticos
que o constituíram. Existe a necessidade de que os professores de língua compreendam o
papel político inerente a sua função, muito bem exposto por Soares
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25
Para ser um bom usuário dos recursos da língua, o aluno tem de ser posto em
contato permanente e intenso com textos falados e escritos de onde ele possa
depreender esses recursos. É uma inutilidade (e uma crueldade) desperdiçar milhares
de horas de aula para ensinar coisas que os alunos já sabem usar, simplesmente para
que eles aprendam os nomes que a GT dá a essas coisas. [...] é necessário despejar
sobre o pano de fundo homogêneo da norma-padrão clássica a heterogeneidade da
língua realmente usada. Para isso, a escola deve dar espaço ao maior número
possível de manifestações lingüísticas, concretizadas no maior número possível de
gêneros textuais e de variedades de língua [...] (2004, p. 59).
Qualquer indivíduo normal que entre na escola [...] já é senhor de sua língua, na
modalidade oral própria a sua comunidade de fala. Admitido esse princípio,
qualquer trabalho de ensino de língua materna se constitui em enriquecimento do
potencial lingüístico do falante [...] (2004, p. 27).
Sendo assim, o papel do professor talvez não seja o de ensinar a língua, mas o de
enriquecer os conhecimentos do aluno, capacitando-o a poder vir a usar a língua em qualquer
atividade que um dia deseje ou necessite. Estando a complexidade do ensino de língua na
forma como ele é ensinado, ensinar língua exige, de qualquer educador que se proponha a
fazê-lo, uma profunda reflexão sobre conceitos como os de norma linguística, norma culta,
norma-padrão, variedades linguísticas e erro no uso da língua. Equívocos no entendimento
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26
desses termos resultam em reprodução de práticas que reforçam as relações de poder entre
falantes de variedades de maior e de menor prestígio e contribui para que milhares de pessoas
permaneçam acreditando que o português é muito difícil e que, consequentemente,
permaneçam desestimuladas para o estudo da língua e para outras atividades relacionadas ao
seu uso. Antunes, a respeito do insucesso escolar, diz que:
Logo de saída, manifesta-se na súbita descoberta, por parte do aluno, de que ele “não
sabe português”, de que “o português é uma língua muito difícil”. Posteriormente,
manifesta-se na confessada (ou velada) aversão às aulas de português e, para alguns
alunos, na dolorosa experiência da repetência e da evasão escolar. [...] o aluno se vê
frustrado no seu esforço de estudar outras disciplinas e, quase sempre, “deixa” a
escola com a quase inabalável certeza de que é incapaz, de que é lingüisticamente
deficiente, inferior, não podendo, portanto tomar a palavra ou ter voz para fazer
valer seus direitos, para participar ativa e criticamente daquilo que acontece à sua
volta (2003, p. 20).
[...] na instância do exercício da cidadania [...] fazer crer à maioria dos brasileiros
que eles não são capazes de aprender sua própria língua [...] contribui para que não
se vejam capazes de compreender e mudar a sociedade, não se vejam como cidadãos
participantes dos processos de decisão, expressos numa linguagem que não
compreendem ou com a qual não se identificam [...] sentem-se excluídos, não por
quem os exclui de verdade – a elite que detém o poder - mas, por sua própria
“culpa”, ou seja, por suas incapacidades (supostas, é claro!), dentre as quais está a de
aprender o português da escola, do rádio, da televisão, do jornal, do livro, do
governo, do poder (1999, p. 90).
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[...] conhecer uma língua é uma coisa e conhecer sua gramática é outra. Que saber
uma língua é uma coisa e saber analisá-la é outra. Que saber usar suas regras é uma
coisa e saber explicitamente quais são as regras é outra. Que se pode falar e escrever
numa língua sem saber nada “sobre” ela, por um lado, e que, por outro lado, é
perfeitamente possível saber muito “sobre” uma língua sem saber dizer uma frase
nessa língua em situações reais. Para dar um exemplo óbvio, sabe evidentemente
mais inglês uma criança de três anos que fala inglês usualmente com os adultos e
outras crianças [...] do que alguém que tenha estudado a gramática do inglês durante
anos... (1996, p. 54).
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A autora afirma que o uso de uma variedade não-padrão pelo aluno precisa ser
respeitado. Essa ocorrência deve ser aproveitada como oportunidade para a identificação da
diferença e para a conscientização da diferença, para que, em sala de aula, o professor
trabalhe com questões como a variedade linguística e a adequação às situações de uso.
Bortoni-Ricardo (2004, p. 42) diz, ainda, que o “trato inadequado ou até desrespeitoso das
diferenças vai provocar a insegurança [...] ou até mesmo o desinteresse ou a revolta do
aluno.”. Assim também opina Possenti:
Para exemplificar o que foi tratado de forma teórica até aqui, procuro trazer exemplos
reais de práticas e situações que ocorrem em aulas de língua portuguesa. Durante o período de
observações que realizei em uma turma de 6ª série do Ensino Fundamental em 2008 para um
dos estágios do curso de Letras, presenciei uma aula sobre adjetivos. A turma estava
realizando exercícios de revisão, que tratavam basicamente de identificação de classes
gramaticais. A professora escreveu algumas frases no quadro e sublinhou algumas palavras.
Os alunos deveriam identificar a classe gramatical a que as palavras pertenciam.
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Cerca de 10 alunos não fizeram nada em aula e fingiam estar copiando somente
quando a professora se aproximava. Os alunos que estavam tentando realizar as atividades
apresentavam grandes dificuldades. Por exemplo, na frase “Pesquisadores britânicos
defendem jogos de computador.”, os alunos não conseguiam encontrar uma maneira de
descobrir que “britânicos” é adjetivo. Tal exemplo demonstra um ensino de gramática
bastante problemático, uma vez que os alunos não demonstraram a mínima habilidade em
descobrir que a palavra em questão exercia a função de qualificar uma outra palavra.
Garcez (2008, p.70) apresenta a transcrição de uma sequência IRA que, apesar de
ocorrer em uma aula de matemática, é comum a outras disciplinas. A professora pergunta
“quantos litros de água que cabe nessa piscina?” e os alunos respondem “cento e sessenta”.
A professora repete a resposta “cento e sessenta”, esperando que os alunos a completem com
a informação sobre a unidade de medida. Um aluno então responde “litros” e a professora
corrige: “metros cúbicos”. O aluno apenas repete “metros cúbicos”. Configura-se aí uma
situação de repetição, de reprodução da fala da professora. Não se pensou no motivo pelo qual
a resposta correta era “cento e sessenta metros cúbicos”. A resposta simplesmente é essa
porque a professora assim o disse. É importante comentar que a própria professora utilizou a
unidade de medida litros quando fez a pergunta aos alunos.
Garcez (2008, p.72) apresenta uma prática alternativa às sequências IRA chamada
revozeamento, na qual o produtor da resposta, ao invés de ser imediatamente avaliado, recebe
a oportunidade de reexame da resposta por ele e pelo resto do grupo. O autor apresenta a
transcrição de uma aula observada em uma escola da rede pública municipal de Porto Alegre.
Nela, a professora não assume o papel de detentora absoluta do conhecimento. A sequência
IRA é prolongada de modo a convocar os alunos a responderem e a colocarem suas respostas
em conflito, promovendo debates e reflexões, que são muito mais úteis ao ensino e à
aprendizagem do que simplesmente dizer que determinada resposta é correta ou não.
Atualmente, muitos professores apontam, como causas para o fracasso escolar dos
alunos, a falta de interesse pelos estudos, o que pode ser verdadeiro, porém, deve-se
considerar que os alunos, ao longo da vida escolar, tornam-se tão acostumados a não terem
suas vozes como parte ativa do processo de ensino e aprendizagem que o objetivo de se estar
na escola acaba perdendo o sentido para muitos. Essa tradição e esse costume tornam difícil o
trabalho daqueles professores que procuram desafiar, convocar o aluno a participar mais
ativamente do processo. Talvez muitos acabem aderindo a um ensino em que o professor é o
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dono de todo o conhecimento por ser essa a maneira que o aluno aprendeu a ver o processo de
ensino e aprendizagem, a maneira que o aluno aprendeu a ser aluno.
Cabe ressaltar que a dimensão estilística seja, talvez, a mais importante a ser
trabalhada na escola, pela influência e pela consciência que pode despertar no falante sobre o
seu desempenho e sua identidade como falante, representados nas outras três dimensões –
geográfica, histórica e social. Além disso, não se pode e não se deve querer negar ou dar
pouca importância à localização geográfica, à história e aos grupos sociais a que pertencem o
aluno e sua respectiva comunidade de fala. O trabalho com a noção de estilo possibilita que o
aluno entenda que diferentes valores e sentidos são atribuídos, de acordo com as escolhas que
o falante faz ao comunicar-se.
Possenti (2007, p. 19) defende que o estilo pode ser objeto de ensino na escola.
Primeiramente, o autor propõe que a noção de estilo seja desvinculada de exemplos literários
de boa linguagem e que não se entenda por estilo a influência de características psicológicas
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dos autores nos textos. Segundo ele, “Entende-se por estilo uma certa relação entre forma e
conteúdo, desvinculando-o completamente, desse modo, tanto da expressão de uma
subjetividade, quanto de uma suposta relação exclusiva com obras de arte.”.
32
33
Das vozes dos atores da escola4 (diretora, supervisora e professora) descobriu-se que
os alunos são vistos como limitados e extremamente afastados da sociedade globalizada, o
que impossibilitaria a aprendizagem de inglês, fazendo com que a escola ensine “na medida
do possível”, atribuindo ao aluno a culpa pela ineficiência do ensino. As professoras
entrevistadas veem a si mesmas como pessoas participantes na sociedade moderna, enquanto
veem os alunos muito distantes da modernidade, em razão do local onde vivem e por
pertencerem a uma classe social mais baixa. A diretora da escola define seu papel como o de
ajudar os alunos a saírem desse “mundinho” em que vivem. Em relação às crenças dos
professores, descobriu-se que, de fato, não vivem uma realidade tão distante daquela vivida
pelos alunos, pois, apesar de terem acesso, não costumam utilizar computadores nem usufruir
de bens culturais com frequência.
Das vozes de pais e alunos5 revela-se a consciência de que o contato com a língua
inglesa é constante e de que a aprendizagem da língua para o futuro dos alunos é de grande
importância. Os pais e os alunos mostram-se cientes de que a escola e os professores deixam
muito a desejar em relação ao ensino e à aprendizagem de inglês.
4
As autoras fazem uma divisão entre atores da escola e atores da comunidade escolar, quando, no entanto, uma
parte não funciona ou não deveria funcionar sem a outra.
5
A valorização da língua inglesa, neste sentido, é comparável à valorização da variedade de prestígio do
português.
33
34
Nota-se, portanto, uma visão errada e preconceituosa da escola em relação aos alunos.
O fato de serem alunos que vivem em uma comunidade distante dos grandes centros urbanos
não significa que eles não façam parte do mundo moderno. Se de alguma forma esses alunos
estão distantes do mundo considerado moderno pelas professoras, essa é apenas uma das
características da organização dessa sociedade de grandes diferenças sociais, econômicas e
culturais.
34
35
Essa constatação pode ser comparada ao estudo realizado neste trabalho, pois, assim
como o ensino de inglês que ocorre na escola pesquisada, falamos, aqui, do ensino de
português vinculado ao conhecimento de regras gramaticais, que em nada garante o
desenvolvimento das habilidades do aluno como usuário do português. A prática observada
por Reichert (2008) revela um ensino descontextualizado da língua, que desconsidera a
criação de situações em que o aluno possa usar o conteúdo proposto de maneira significativa
para sua aprendizagem. A situação do grupo de alunos que, em quatro anos, fala apenas
poucas frases pode ser comparada à situação de muitos alunos de português que, em onze
anos de educação básica, também produzem muito pouco com as regras que conseguiram
aprender, ou decorar.
Das respostas dadas pelos alunos, ficou claro que as aulas dos professores são
centralizadas em aspectos gramaticais e parecem “ir no sentido de reforçar o que é “correto”
na língua dos alunos e apontar e buscar banir aquilo que for considerado “incorreto.””
(KERSCH; FRANK, 2009, p. 55). Dos 81 alunos participantes, apenas 16 afirmam gostar de
estudar português e, no entanto, 75 deles responderam que consideram importante o estudo da
disciplina. As razões para não gostar de estudar são quase sempre as mesmas: “porque há
muitas regras” ou “porque não gosto muito de gramática”. Em relação às razões que os alunos
atribuem para a importância de estudar a disciplina, Kersch e Frank (2009, p. 55) percebem
que “diversos alunos não veem a disciplina de português como importante porque relacionada
à sua realidade imediata, o que os faz acreditarem que seu estudo só trará benefícios quando
for necessário que apresentem um diploma escolar.”.
Das respostas dos professores e das aulas observadas, percebeu-se que os professores
têm algum conhecimento de pesquisas linguísticas mais recentes, mas de maneira muito
fragmentada, o que não resulta em mudanças significativas em suas práticas. Kersch e Frank
35
36
(2009, p. 58) comentam que “O professor, salvo algumas exceções, não tem estímulo nem
ânimo para ler, se atualizar. Assim, eles ouvem um pouco aqui, leem um outro pouco ali, e
vão formando suas crenças do que seja ensinar língua portuguesa no século XXI.”. Há
professores que parecem fazer certa confusão com as informações a que têm acesso e
dificilmente conseguem deixar de praticar um ensino essencialmente baseado na abordagem
descontextualizada de regras ou, ainda, como percebem Kersch e Frank (2009, p. 55), há
professores que, “apoiados pelas críticas abundantes ao ensino voltado à gramática,
substituem o quadro de suas aulas por discussões inócuas e sem objetivos definidos.”. Dessa
forma, não ocorre nem a aprendizagem das regras, nem um trabalho para o desenvolvimento
de habilidades como as de leitura, compreensão e escrita do português.
A partir dos estudos apresentados nesta seção, percebe-se o quão valioso pode ser o
ato de ouvir o que pensam os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem e que a
pesquisa qualitativa pode contribuir muito para que sejam feitas reflexões como as que
ocorreram até aqui. Mais detalhes sobre as análises que fazem Kersch e Frank (2009), sobre
os dados que obtiveram, serão apresentados no quarto capítulo deste trabalho, de maneira a
fazer comparações com os resultados revelados nesta pesquisa.
36
37
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Procurei, a partir de uma análise crítica dos métodos utilizados na pesquisa realizada
em 2007 e dentro das possibilidades existentes, realizar uma pesquisa qualitativa, embasada
em Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998), no que diz respeito à multimetodologia de
procedimentos e instrumentos de coleta de dados, considerando o contexto, as características
dos informantes e a focalização do problema.
Fundada em 1977, a Escola Estadual de Ensino Médio Vila Cruz de Malta está
localizada no bairro Sul América, que fica um pouco distante do centro da cidade. A
comunidade escolar é oriunda do bairro mencionado e de outros três bairros que o cercam. A
população desses bairros é, em sua grande maioria, composta por moradores de baixa renda.
Desde 2002, a escola oferece os cursos Ensino Médio Regular e Ensino Médio EJA, além da
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação Especial nas áreas de deficiência mental e
visual, que já eram oferecidos anteriormente. A oferta dos novos cursos dobrou rapidamente o
número de alunos atendidos pela escola e promove, ainda, uma intensa procura por vagas
durante todo o ano letivo. O intenso crescimento não foi acompanhado por melhorias na infra-
estrutura oferecida6, nem por qualificação e provimento adequado de recursos humanos7. Essa
situação, somada à já conhecida precariedade da profissão docente no sistema público de
ensino, parece resultar em falhas no controle e na supervisão do processo de ensino e
aprendizagem da escola, dados o baixo desempenho dos alunos8 e os altos índices de
reprovação e abandono de estudos verificados nos últimos anos9.
6
A escola conta com alguns recursos que estão inativos ou são muito pouco utilizados, como laboratório de
informática, laboratório de ciências, biblioteca, antena parabólica, entre outros.
7
Em todo início de ano letivo ocorre falta de professores para algumas disciplinas. Há professores contratados
há muitos anos, mas sem formação concluída nas áreas em que lecionam.
8
SAERS 2008: Apenas 15,28% dos alunos da 1ª série do Ensino Médio (série em que é aplicado o teste) estão
dentro do nível de proficiência considerado adequado de acordo com as metas da Secretaria Estadual de
Educação; ENEM 2008: A média da escola foi 49,95, um pouco maior que a média nacional que é de 41,69, e,
nem por isso, deixando de ser baixa; IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica): Nota 2,9 para as
séries finais do Ensino Fundamental, enquanto a nota considerada ideal é 6,0.
9
Taxa de abandono no Ensino Médio em 2008: 21%; Taxa de reprovação no Ensino Médio em 2008: 13%.
37
38
Os alunos que participaram da coleta de dados são oriundos da Turma 131, da 3ª série
do Ensino Médio. Trata-se de um grupo formado por 22 alunos e que se encaixa nas
características da comunidade escolar, descritas anteriormente. Parte desse grupo participou
da pesquisa que realizei em 2007, citada no capítulo introdutório deste trabalho, e que
motivou a continuidade de meus estudos nesta área. Na época, os alunos estavam na 1ª série
do Ensino Médio.
Inicialmente, a turma 131 tinha 23 alunos matriculados, porém uma aluna nunca
compareceu às aulas e teve sua matrícula cancelada. Há ainda outros quatro alunos com
graves problemas de frequência. A turma normalmente tem, no máximo, 19 alunos presentes.
38
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Nem tudo na coleta de dados pôde ser realizado conforme foi inicialmente planejado
em razão, principalmente, de dois fatores: a impossibilidade ou falta de interesse dos alunos
em comparecer à escola (ou outro local) em um outro turno e a impossibilidade de a escola
ceder um ou, no máximo dois, turnos inteiros de aula que seriam necessários para a realização
das atividades planejadas. Fica compreendida aqui a dificuldade em se realizar pesquisas
dentro de uma escola.
b) Exibição do filme “Pro dia nascer feliz”. Muitos depoimentos de alunos presentes
no filme podem ser parecidos com as opiniões dos alunos entrevistados. Esperava-
se que pudessem refletir sobre as relações entre alunos e sistema de ensino, de
39
40
g) Pergunta: Como o professor procede para dar notas aos alunos? Há somente
provas ou são considerados outros instrumentos de avaliação? O que você produz
em aula é considerado?
k) Pedir que os alunos contem um pouco sobre suas trajetórias como estudantes de
português. Falam e escrevem “bem” ou falam e escrevem “mal”?
l) Pergunta: Qual é, normalmente, a reação dos professores quando você usa termos
muito distantes do português considerado ideal (na fala e na escrita), na realização
de exercícios, redações, etc.? Alguma vez houve espaço para discussão em sala de
aula sobre diferentes formas de se falar?
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42
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Neste capítulo ocorre a análise dos dados obtidos durante o período de contato com o
grupo de informantes, dividida em duas principais seções: a primeira analisa as respostas
dadas pelos alunos no questionário proposto e a segunda analisa as repostas dadas nas
atividades de análise de textos. Ambas as seções poderão ter, ainda, contribuição proveniente
de anotações que fiz antes e durante o período de estágio e de conversas que aconteceram com
o grupo de alunos. As análises a seguir são embasadas nas obras dos autores citados no
segundo capítulo deste trabalho. As perguntas de pesquisa inicialmente propostas terão suas
respostas construídas neste capítulo, sendo sintetizadas no capítulo final deste trabalho.
d) O que os alunos têm a dizer sobre a prática dos professores em relação ao que é
considerado erro no uso da língua?
É importante lembrar que a análise das respostas para essas perguntas será útil para
que se possa concluir, ou procurar concluir, a respeito do problema de pesquisa abordado no
trabalho: “As aulas de Língua Portuguesa levam o aluno a entender a importância de aprender
a variedade de prestígio, colocando-a como uma entre as outras variedades da língua, e desse
modo revendo criticamente a noção de erro no uso da língua?
4.1 QUESTIONÁRIOS
Nesta seção, ocorrerá uma análise das respostas dadas a cada uma das perguntas do
questionário distribuído ao grupo de alunos informantes. O aprofundamento das análises,
como poderá ser visto, varia de acordo com a quantidade, a qualidade e o tipo de dados
fornecidos pelos informantes.
43
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• Pergunta 1: Você considera Língua Portuguesa uma matéria difícil? Por quê?
Dos dezenove alunos, catorze afirmam de maneira convicta que Língua Portuguesa é
uma disciplina difícil, sendo que treze deles, de alguma maneira, justificam que a dificuldade
da disciplina está nas diversas regras que precisam saber para serem aprovados.
Aparentemente, as regras relatadas nas respostas referem-se a dificuldades de ortografia,
acentuação e produção escrita de uma maneira geral. Esse é um ponto em comum com o que
foi revelado na pesquisa realizada por Kersch e Frank (2009), em que os alunos de quatro
turmas e escolas diferentes foram consultados e relataram que as dificuldades que têm na
disciplina de Língua Portuguesa estão centradas em diversos tópicos gramaticais.
Aluno 19: “Sim, porque aprender muitas coisas que acho que algumas não serão
necessárias.”
Aluno 8: “Sim. Porque eu não tenho facilidade para entender a matéria. Porque não
gosto muito.”
esforço de estudar outras disciplinas e [...] “deixa” a escola com a quase inabalável certeza de
que é incapaz, de que é lingüisticamente deficiente [...]”. Também fica demonstrado, aqui, o
que diz Zilles (1999, p. 90): “[...] fazer crer à maioria dos brasileiros que eles não são capazes
de aprender sua própria língua [...] contribui para que não se vejam capazes de compreender e
mudar a sociedade [...]”. Ou seja, permitir que o aluno que frequenta a escola permaneça
acreditando em supostas incapacidades é uma das maiores falhas do ensino. Tal falha resulta
em incapacidades, reais, na atuação do aluno na escola e na sociedade.
• Pergunta 2: Você acha que as aulas preparam o aluno para situações em que
irá, de fato, usar seus conhecimentos em Língua Portuguesa, como vestibular,
ENEM, entrevistas de emprego, escrita de textos claros e que atendam a
determinados objetivos, compreensão de diferentes tipos de textos? Justifique
sua resposta.
As respostas dadas apontam, de maneira geral, uma confiança dos alunos em suas
habilidades para o exercício das atividades citadas na pergunta. No entanto, essa resposta não
se confirma no que diz respeito à habilidade da escrita, ao analisarmos as produções feitas por
alguns alunos, como a que está disponível na próxima página. É possível que ainda não
tenham tido contato com avaliações como o ENEM ou exames vestibulares. Sendo assim,
esses alunos mostram que talvez não sejam capazes de determinar a qualidade do ensino de
português que receberam até então, nem de determinar o quanto ainda podem ou deveriam
desenvolver suas habilidades.
O texto a seguir foi produzido por um aluno da turma durante o período de estágio e
revelou sérias dificuldades de produção escrita, que definitivamente não são esperadas para a
última série do Ensino Médio. Trata-se de um aluno que foi reprovado uma vez na 1ª série do
Ensino Médio. O exemplo apresentado é a ocorrência mais grave encontrada no grupo, porém
muitos alunos apresentam dificuldades semelhantes às que são apresentadas no texto. A
atividade solicitada é um texto argumentativo em que deve constar a opinião do aluno a
respeito da atitude de certo jogador de futebol que, na época, tinha abandonado a carreira na
Itália para voltar ao Brasil e ficar perto dos familiares, na favela onde foi criado. Como pode
ser observado, o texto revela inúmeras dificuldades com a ortografia (decissão, desição,
desicão, decissa, jogado, tar, faze, difisil, imperado, imposivel), com o uso das regras de
concordância padrão (velhos tempo, milhoes de euro) e, sobretudo, de sentido, pois o aluno
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apresenta algumas idéias, sem conseguir concluí-las e fazer com que elas sejam coesas e
resultem na clareza de seu posicionamento sobre o tema da redação.
O texto apresentado foi a primeira escrita feita pelo aluno. Depois desta, ocorreram
duas reescritas até que o texto pudesse estar mais organizado e que as ideias do autor
pudessem ser compreendidas. Apresento aqui uma transcrição do primeiro parágrafo do texto
do aluno, de maneira a facilitar a identificação, pelo leitor, das dificuldades reveladas no
texto:
“Essa desicão do adriano concordo e Não concordo, Porque concordo a ele querer
tar perto da sua família, Mas a desicão do adrio tamben e ruim, Por que ter varios
joven com sonho de ser jogado como adriano.”
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Ainda sobre a prática da escrita pela turma, considero importante relatar aqui a
conversa que tive com uma dupla de alunas sobre a realização de produções escritas pela
turma. A seguir, a transcrição da conversa:
Rodrigo: Lembra que na aula passada eu perguntei qual a frequência com que vocês
faziam redação na aula de português? Tu me disse que nunca. Nunca,
nunca mesmo? Ou de vez em quando acontece?
Rodrigo: Vocês só tiveram aula de português com ela ou teve outros professores?
Rodrigo: É? E mais ou menos quantas redações tu escreve por ano? (para a aluna 2)
Aluna 1: Não.
Aluna 2: Não.
Aluna 2: Ela pega e marca, por exemplo, se a gente escreve “a gente fomos”. Aí ela
pega e escreve na redação.
Rodrigo: E alguma vez vocês tiveram que reescrever uma redação pra pensar melhor
no que vocês escreveram e melhorar essa redação?
Aluna 1: Eu não.
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Rodrigo: Nunca?
Aluna 1: É porque a gente fazia, ela levava pra casa, corrigia e dava nota e tava
pronto.
Esse acontecimento aliado ao fato de, como relatou a dupla de alunas, simplesmente
receberem a redação corrigida, com o apontamento de erros e com uma avaliação já atribuída
deixa implícito que os alunos nunca ou raramente recebem a tarefa de repensar sobre aquilo
que escrevem de modo a adequar sua forma de escrever aos objetivos dos textos. Não
ocorrendo a reescrita, não há a chance de adequação dos textos produzidos aos objetivos e
contextos previamente propostos pelos professores, como sugerido por Possenti (2007) a
respeito do estilo como objeto de ensino na escola e suas relações com a adequação
linguística, destacadas no capítulo de embasamento teórico deste trabalho. O mesmo Possenti
(1996, p. 20) afirma que “Ler e escrever não são tarefas extras que possam ser sugeridas aos
alunos como lição de casa e atitude de vida, mas atividades essenciais no ensino da língua.”.
• Pergunta 3: Caso seja a favor de mudanças, o que você acha que deveria ser
ensinado nas aulas de Língua Portuguesa? Por quê?
A hipótese levantada na análise das respostas da pergunta anterior, no que diz respeito
aos alunos não serem capazes de determinar a qualidade do ensino recebido, parece se
confirmar, uma vez que a maioria do grupo é contra mudanças no ensino de Língua
Portuguesa e, apesar de a considerarem difícil e questionarem a utilidade dos conteúdos,
quase nenhum aluno contribuiu com alguma sugestão significativa em sua resposta. Nenhum
dos informantes pôde estabelecer uma relação entre os conteúdos e a maneira como são
ensinados.
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Aluno 11: “Deveria ser ensinado só o necessário porque por ser uma matéria que tem
muitas coisas quanto mais coisas pior fica de entender, intão tem que ser
pouca coisa e que seja útil.”
Aluno 8: “Acho que deveria sair algumas regras que na minha opinião não são
necessárias.”
Ao não ocorrer um ensino que esclareça a existência de diferentes normas, bem como
dos valores socioculturais e políticos a elas agregados, e que proporcione ao aluno o contato
com os recursos da língua presentes nessas normas, por meio do trabalho com gêneros
textuais onde as variedades linguísticas se façam presentes, “ao aluno em geral não é
permitido ser o sujeito atuante e crítico no processo de escolarização.” (SILVA, 2004, p. 29).
Pode-se, aqui, iniciar a resposta a uma das perguntas de pesquisa deste trabalho “A
variedade de prestígio é, de fato, ensinada ou somente cobrada pelo professor?”, pois o
fato de as respostas dos alunos revelarem que ocorre o ensino de regras, as quais não
conseguem aprender ou não conseguem atribuir utilidade, demonstra que a norma-padrão e a
variedade de prestígio da língua são muito mais cobradas do que efetivamente ensinadas pelos
professores. Afinal, é preciso considerar que para ocorrer ensino é preciso que ocorra também
aprendizagem, o que não é atestado pelos informantes que responderam este questionário.
As repostas dos informantes para esta pergunta foram bastante variadas. Há alunos que
direcionaram suas respostas para questões atitudinais como comportamento, interesse e prazer
em estudar a disciplina que, sem dúvida, são importantes. Porém, apenas dois alunos deram
respostas relacionadas a questões linguísticas:
Aluno 5: “ter uma boa interpretação, saber fazer textos e colocar verbos, acentos nas
frases certas.”
Aluno 13: “tem que saber pelo menos o básico, regras de acentuação, como se
escreve bem e etc.”
determinados usos da língua. Não foi possível apurar se os outros alunos não conseguiram
interpretar que a pergunta aborda especificamente a disciplina de Língua Portuguesa. Era
esperado que mais alunos tivessem opiniões ao menos parecidas com as dos alunos 5 e 13.
Tal ocorrência pode significar que, entre outras coisas, os alunos não costumam refletir a
respeito dos conhecimentos e habilidades que deveriam desenvolver na aula de língua. As
respostas não ofereceram maiores informações sobre o que os alunos entendem a respeito de
cada uma dessas habilidades.
• Pergunta 5: Caso você não se considere um bom aluno, o que você deveria
fazer para melhorar?
É interessante a resposta do aluno 5: “No meu caso se eu tivesse que fazer uma prova
para vestibular corria atrás de um professor para me explica ou teria algumas aulas
particulares.”. Fica implícito que o aluno acredita ter aprendido muito pouco nas aulas de
Língua Portuguesa, mesmo estando em seu último ano de educação básica. Esse sentimento
revelado pelo aluno provavelmente está relacionado às análises feitas anteriormente a respeito
do ensino de regras proposto de maneira descontextualizada.
A maioria dos alunos afirmou que a turma costuma realizar principalmente exercícios
de classificação, a exemplo da resposta do aluno 7: “Geralmente dão textos para a gente
classificar as palavras e etc.”. Esse, de fato, foi o último tipo de exercício que realizaram nas
aulas da professora titular da turma. O fato de a maioria dos alunos ter dado respostas
parecidas pode significar duas coisas:
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Confirmando-se essa última hipótese, deve-se fazer valer novamente a crítica feita por
Bagno (2004, p. 59) a respeito da expressiva quantidade de horas que o aluno dedica ao
estudo de nomenclaturas de recursos da língua, ao invés de um “contato intenso e permanente
com textos falados e escritos de onde ele possa depreender esses recursos.”.
Nesta pesquisa, os alunos não foram questionados sobre conteúdos específicos que
costumam trabalhar em aula. No entanto, na pesquisa de Kersch e Frank, os alunos citam
Os alunos não contribuíram de forma significativa nas respostas desta pergunta, até
porque, acredito que tenham respondido com base unicamente nas opções dadas pela
pergunta. Além disso, penso que alguns alunos deram suas respostas a partir do que ocorreu
nas aulas durante o período de meu estágio, apesar de terem sido expressamente orientados a
considerar as aulas dos professores titulares que tiveram durante o curso de Ensino Médio.
Durante o período de observação para realização do estágio, a turma copiava exercícios
escritos no quadro e os realizava em grupos ou individualmente, sem interação com a
professora. No final da aula, havia a correção, em que poucos alunos participavam, lendo suas
respostas. As respostas dadas pelos alunos foram diferentes dessa situação e semelhantes ao
que ocorreu durante o estágio:
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Aluno 6: “cópias/quadro”
Apenas os alunos 3 e 12 dão a entender que nem sempre ocorrem discussões sobre as
respostas dos exercícios que realizam em aula. Os demais alunos disseram que sempre
ocorrem discussões, não dando detalhes de como isso acontece.
De certa forma, as informações relatadas por esses alunos estão relacionadas aos
estudos de Garcez (2008) sobre a sequência IRA (Iniciação-resposta-avaliação). Os
professores, ao ignorarem processos que levam os alunos a darem respostas diferentes do
padrão previsto e ao não procurarem entender o raciocínio desenvolvido, podem estar
realizando, nas palavras de Garcez (2008, p. 69), “atividades orientadas para metas-fim que
dificilmente parecem resultar na formação de cidadãos participativos e críticos.”. O aluno, ao
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não ser participativo e crítico, pouco contribui para a sua própria formação escolar e muito
menos para sua formação como cidadão.
A maioria dos alunos, por meio de suas respostas, não demonstrou ver alguma
utilidade fora da sala de aula, nas atividades do dia a dia, para os conteúdos ensinados na
escola. Apenas os alunos 2, 8, 10, 13 e 15 veem alguma utilidade dos conteúdos para o dia a
dia. Porém, como pode ser constatado abaixo, não puderam ou não quiseram informar em que
situações de comunicação utilizam algum conteúdo estudado na escola.
Aluno 10: “Sim, tanto em sala de aula, como no dia-a-dia, na conversa com os
amigos, familiares, etc.”
As respostas para esta pergunta causam surpresa, uma vez que as regras que, de acordo
com os alunos, são o principal conteúdo das aulas de português, pouco tem a ver com a
variedade usada na comunicação dentro do grupo de amigos e com a “variedade usada no
domínio do lar, onde predomina uma cultura de oralidade, em relações permeadas pelo afeto e
informalidade.” (BORTONI-RICARDO, 2004, p. 37). É possível que esses alunos, ao verem
as regras como modelo de correção do português e sinônimo de prestígio, tentem monitorar
sua fala e sua escrita, guiados por algumas das regras que conseguiram aprender.
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• Pergunta 12: Acredita que algum dia usará o conteúdo ensinado em situações
do dia a dia?
É necessário destacar a contribuição do aluno 5: “Acho que não, acho muito difícil
alguém falar ou escrever corretamente.”. Apesar de não termos detalhes do conceito que o
aluno atribui a falar e escrever corretamente, percebi, durante o período de contato com a
turma, que os alunos têm em mente que falar e escrever adequadamente, ou de maneira
considerada bem sucedida, é tarefa muito distante da realidade de suas vidas. Nas aulas do
estágio, trabalhamos com a leitura e produção de textos argumentativos. Quando a turma foi
comunicada que deveria produzir seus próprios textos, percebi uma considerável queda no
interesse dos alunos pelas aulas. Durante uma conversa que tivemos antes da atividade de
produção textual, um dos alunos revelou que não se achava capaz de escrever um texto
considerado bom. De acordo com ele, essa é uma atividade possível somente para pessoas que
têm muito mais anos de estudo e que se dedicam por mais tempo à pratica da escrita. Outros
colegas, de certa forma, concordaram com ele. Fica revelada, assim, uma baixa confiança dos
alunos em sua própria capacidade na realização de atividades relacionadas à escrita.
Considerando que estão no último ano da educação básica, não há como não entender esta
ocorrência como um reflexo da qualidade do ensino recebido nos anos anteriores.
A baixa confiança identificada tem muito a ver com o que diz Possenti (1996, p. 87)
sobre o resultado do tratamento dado pela escola às variedades usadas pelos alunos “[...]
produz como único resultado a resistência do aluno, que tenderá a achar-se “fraco” ou “sem
capacidade” para aprender português [...]”.
55
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Convém lembrar que, de acordo com as respostas dadas pelos alunos, boa parte da
referência que têm sobre o que vem a ser correção no uso da língua é baseada nas regras cujo
ensino é proposto nas aulas de português. Sendo assim, ao ligarmos essa informação ao fato
de os informantes atribuírem a si mesmos um fraco desempenho como usuários da língua,
verificamos que não ocorre nem uma validação da variedade usada pelo aluno, nem um
efetivo ensino da norma-padrão, que é a norma utilizada para o registro escrito de todo o tipo
de conhecimento existente. Para Bagno “Esses conhecimentos [...] constituiriam a cultura
mais valorizada e prestigiada, de que todos os falantes devem se apoderar para se integrar de
pleno direito na produção/condução/transformação da sociedade que fazem parte” (2004, p.
58).
Como mencionado no segundo capítulo deste trabalho, Kersch e Frank (2009, p. 55)
perceberam em sua pesquisa que “diversos alunos não veem a disciplina de português como
importante porque relacionada à sua realidade imediata, o que os faz acreditarem que seu
estudo só trará benefícios quando for necessário que apresentem um diploma escolar.”.
• Pergunta 14: Caso você não seja um aluno participativo, não participa das
aulas porque:
c) Poderia participar, mas acha que não seria mais valorizado por isso.
A análise das respostas das duas perguntas ocorre de forma simultânea pelo fato de a
pergunta 14 ser complemento da pergunta 13.
Apenas quatro alunos afirmam de maneira convicta que participam ativamente das
aulas. As justificativas para não participarem das aulas, dadas pelos alunos 13, 15 e 16, estão
ligadas à relação entre a complexidade do conteúdo e a influência desta na motivação do
aluno em aprender.
Aluno 15: “Outro motivo: se eu não entendo logo de começo, eu não presto atenção”
Aluno 16: “Outro motivo: tem coisas difíceis, que me desanimo e fico sem vontade de
aprender.”
A aversão à disciplina, causada pelos fatores relatados anteriormente, cada vez afasta
mais professor e alunos, fazendo com que a aula de português seja cada vez menos
significativa para os estudantes. Aulas em que os alunos não contribuem com participações
espontâneas, nem questionam o conteúdo proposto, muitas vezes, têm muito pouco a
acrescentar à aprendizagem.
• Pergunta 15: Como o(a) professor(a) procede para dar notas aos alunos? Há
somente provas ou são considerados outros instrumentos de avaliação? O que
você produz em aula é considerado?
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O grupo não foi capaz de relatar nenhuma atividade diferenciada em relação às que
comumente ocorrem em sala de aula. Não é possível precisar se a avaliação é mais
quantitativa, logo, tradicional ou mais qualitativa, visto que há alunos que incluem a
participação em aula como parte da avaliação. Sabe-se, no entanto, que o sistema de avaliação
da escola ocorre por notas e prioritariamente por meio de realização de provas e trabalhos.
• Pergunta 16: Nas aulas de Língua Portuguesa, o que é mais trabalhado: sua
competência em ler e escrever textos diversos ou o conhecimento de regras de
gramática?
Assim como no caso do grupo pesquisado por Kersch e Frank (2009), o estudo de
regras de gramática foi expressivamente mencionado, confirmando certa tradição escolar, já
abordada no segundo capítulo deste trabalho e analisada nas respostas de algumas das
perguntas anteriores. É importante salientar que até mesmo os Parâmetros Curriculares
Nacionais para a disciplina de Língua Portuguesa, formulados pelo Ministério da Educação e
distribuídos para todas as escolas públicas do país, contestam o ensino de língua “subjacente
às prescrições normativas da gramática escolar” (1998, p. 29). Fica claro, então, que muitos
professores permanecem desenvolvendo o mesmo tipo de práticas de ensino por iniciativa
própria ou por não encontrarem formas de renovar as práticas que têm utilizado, visto que têm
respaldo até mesmo do órgão maior da Educação no país para reverem a maneira como
organizam o processo de ensino e aprendizagem do português.
• Pergunta 17: Em sua opinião, o que tem mais peso nas avaliações: suas
habilidades em ler, interpretar e escrever com segurança, clareza e eficiência
textos diversos ou seus conhecimentos sobre regras e a correção no uso da
língua?
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Aluno 13: “Eu acho que é meus conhecimentos sobre regras e a correção no uso da
língua.”
• Pergunta 18: Que características você considera essenciais para uma pessoa
falar e escrever adequadamente e com segurança em Língua Portuguesa? O que
uma pessoa deve fazer para desenvolver este conhecimento?
A grande maioria dos alunos cita a importância da leitura para o bom desenvolvimento
de um usuário da língua. No entanto, de acordo com relatos dos próprios alunos, suas
atividades de leitura dificilmente vão além das leituras exigidas pela escola e, muitas vezes,
nem essas são realizadas.
Além da leitura, são citados o estudo e a pesquisa como ferramentas para seu
desenvolvimento da fala e da escrita do português. Todos esses pontos de vista são corretos.
Porém, sabe-se que nem sempre os alunos adotam essas posturas, dados o desempenho e as
dificuldades que relatam a respeito da disciplina. É possível deduzir que falta algo na relação
entre escola, professor e aluno, no processo de ensino e aprendizagem, para que os alunos, de
fato, façam o que sabem que precisam fazer.
Aluno 11: “acho que o emprego das palavras certas nos lugares certos é um começo
porque os jovens de hoje não falam nada com nada, tudo tem gíria nada é
com as palavras certas.”
O aluno 8 reconhece, de maneira implícita, que o ato de decorar regras é uma prática
comum nas atividades escolares. Não é necessária análise mais aprofundada para se perceber
que o ato de decorar regras em nada garante a construção de conhecimento e a potencialização
das habilidades do aluno como usuário do português. A necessidade que o aluno sente de
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decorar regras pode ter origem no fato de o ensino não ser pautado pelo uso efetivo das regras
de diferentes variedades da língua no exercício da produção oral e escrita em situações que
sejam significativas para os alunos.
O aluno 11 começa sua resposta apresentando uma boa noção a respeito do que é
adequação que, no entanto, é desfeita no fechamento da frase: “[...] porque os jovens de hoje
não falam nada com nada, tudo tem gíria nada é com as palavras certas.”. Fica revelada uma
visão de que a linguagem utilizada pelos jovens é inferior, é vulgar, quem sabe até motivo
para crer que o jovem é um mau usuário da língua. É importante lembrar que jovens de outros
tempos também tiverem maneiras peculiares de se comunicar, também usaram e criaram as
suas gírias. Nada disso impede que esses jovens tenham se tornado adultos capacitados a
desempenhar bem o uso da língua nas diversas situações que vivenciaram ou vivenciam.
Ainda a respeito do uso de gírias, podemos lembrar que Faraco (2008, p. 42) define como
norma os “fatos de língua, usuais, comuns, correntes numa determinada comunidade de fala.”.
Pois as gírias são esses termos usuais, comuns, correntes nas comunidades de fala formadas
por pessoas de diferentes idades, especialmente os mais jovens, de diferentes épocas, classes
sociais e regiões. Muitas vezes o uso das gírias acaba se misturando ao uso da língua em
situações mais formais porque os usuários, no momento da produção, não conseguem
escolher, dentro de seus conhecimentos, outro termo mais adequado do que a gíria. Pode
ocorrer, ainda, que escolham a gíria com o objetivo de produzir um certo efeito de sentido,
projetar uma certa identidade, etc. Cabe à escola procurar saber o motivo pelo qual o aluno
escolheu a gíria antes de outra palavra. É função da escola e dos professores de português
encontrar meios de enriquecer o vocabulário do aluno, de maneira que ele possa escolher os
termos mais adequados a utilizar em cada situação.
A respeito de mais uma pergunta de pesquisa deste trabalho “Que relação os alunos
estabelecem entre erro e variação?”, podemos começar, aqui, a formular sua resposta. Com
base nas análises feitas até aqui e pelas informações que ainda serão apresentadas até o final
deste capítulo, podemos definir que, em geral, a única relação entre erro e variação que o
grupo de alunos consegue estabelecer é a de que toda a forma de falar e escrever que difere da
forma ensinada nas aulas de português é errada, mesmo que essas formas sejam muito bem
aceitas por outras comunidades de fala que não a das aulas ministradas pelos professores de
português.
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Os dados obtidos nas respostas desta pergunta reafirmam a visão que os alunos têm de
si mesmos como usuários da língua. Fica, novamente, revelada a crença de uma incapacidade
para algumas das atividades em que precisam falar e escrever.
Prefiro dar mais destaque, a seguir, às respostas dos alunos, pois muitas informações
contidas nelas são auto-explicativas no que diz respeito à maneira que os alunos se
identificam como usuários da língua. Além disso, merece destaque a relação que estabelecem
entre o desempenho que apresentam nas produções orais e escritas e o conhecimento que têm
das regras ensinadas nas aulas de Língua Portuguesa.
Aluno 3: “a) naum porque falo muita giria.” “b) escrevo mal por causa das regras de
acentuação.”
Aluno 4: “a) não, porque eu me atrapalho, principalmente quando vou ler.” “b) sim,
acho que fico nervoso e com vergonha ai acabo me atrapalhando.”
Aluno 5: “a) Não, porque eu confundo muito os verbos.” “b) Sim porque falo muitas
coisas erradas e não sei principalmente colocar os verbos no tempo certo
nas minhas escritas.”
Aluno 7: “a) Não escrevo muito bem, mas falar eu acho que sim.” “b) Ainda escrevo
algumas palavras erradas.”
Aluno 8: ”a) Falar sim. Mas escrever não. Porque não sei muito bem as regras.” “b)
Falo bem eu acho. Mas escrevo mal porque não presto atenção nas
aulas.”
Aluno 12: ”a) As vezes” “b) Em algumas coisas sim, por que o uso da linguagem no
computador interfere as vezes na hora de escrever alguns textos e frases.”
Aluno 13: “a) Escrevo melhor do que falo, eu acho, porque ao falar a gente é mais
acostumado a usar gírias e ao escrever nós pensamos antes.”
Aluno 15: “a) Não” “b) Sim, sempre tive dificuldade em português.”
Aluno 19: “a) Escrevo bem porque sempre procuro aprender bastante para sempre
melhorar a escrita.” “b) Falo mal porque eu não sei me expressar direito
começo a me enrolar e falo tudo errado.”
Ainda a respeito das dificuldades com a acentuação, lembro que, em uma conversa
com a turma sobre as produções escritas que solicitei, dois alunos relataram que aboliram
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totalmente o uso de acentuação gráfica porque acreditam que assim correm um risco menor de
cometerem erros.
No caso do aluno 12, o fato de acreditar que a linguagem que utiliza em programas de
bate-papo na internet influencia de tal forma a produção de textos que lhe são solicitados pode
ser resultado de a escola lhe cobrar pouco e lhe dar pouco estímulo para o exercício da
produção escrita, além de não trabalhar com a adequação da escrita a diferentes contextos de
comunicação. Faço tal afirmação com base na análise das respostas dadas à pergunta 2 e na
conversa que tive com uma dupla de alunas sobre realização de produções escritas pela turma.
Além disso, a escrita que o aluno realiza na internet é uma produção que pode lhe parecer
muito mais atrativa por ser muito bem contextualizada, espontânea e que exige determinadas
formas de escrita por visar à rapidez na comunicação, entre outros motivos. Não é arriscado
afirmar que provavelmente existam alunos que já trabalharam muito mais a habilidade da
escrita no contexto da internet do que em toda a sua trajetória escolar.
O aluno 3, se não falasse muitas gírias, talvez não fosse aceito ou visto da mesma
forma dentro de uma das comunidades de fala em que está inserido, que é a dos colegas e
amigos da mesma região, faixa etária e com interesses em comum. A mesma situação se
aplica aos alunos 5 e 7 que, respectivamente, dizem falar e escrever “coisas” erradas.
que o ensino de língua vem sendo proposto a eles até então. Acredito que esses fatos sejam
reflexos da baixíssima qualidade da educação linguística oferecida nas escolas brasileiras,
caracterizada por Faraco (2008).
[...] mostrar a necessidade de que o estudo dos usos da língua e das formas de
manifestação da linguagem fundamente-se na reflexão sobre a relação entre
produção, recepção e circulação de sentidos em diferentes esferas sociais e em
diferentes formas de interação (BRASIL, 2008, p. 42). .
Ao se pensar essas escolhas, torna-se possível trabalhar com uma série de questões
como o uso de diferentes normas, seus respectivos contextos de uso, a identidade dos sujeitos
representados no texto ou a identidade que querem representar. Esse tipo de trabalho é muito
mais enriquecedor, em todos os sentidos, para o aluno, do que um trabalho exaustivo e
repetitivo realizado a partir de regras gramaticais e que explora diretamente essas regras sem
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antes estabelecer um contexto. Não afirmo, com isso, que a estrutura da língua deva ser
deixada de lado. Pelo contrário, deve-se aproveitar os textos, que são amostras reais de
diferentes usos da língua em atividades sociais, para se analisar as escolhas e as diferenças
entre as normas presentes em cada texto, fazendo, assim, com que o aluno esteja munido de
ferramentas para o uso da língua oral e escrita nas mais diferentes situações de comunicação.
• Pergunta 20: Qual é a reação do(a) professor(a) quando você usa termos
muito distantes do português considerado ideal (na fala e na escrita), na
realização de exercícios, redações, na fala em sala de aula etc.?
• Pergunta 21: Como o(a) professor(a) nomeia estes termos que você alguma
vez utilizou? Erros, inadequações? Ele(a) já repreendeu alunos ou usou termos
pejorativos/agressivos quando houve este tipo de ocorrência?
A princípio, não foi detectada nenhuma postura preconceituosa ou que fizesse com
que algum aluno tivesse se sentido desconfortável em sala de aula. De acordo com os alunos,
os professores corrigem certos termos utilizados, às vezes, mostrando o que é mais apropriado
para cada contexto, segundo o aluno 1: ”corrije o aluno e dis que não são errados mas que
para um exercício ou redação não é correto o uso.”.
Em relação à pergunta de pesquisa “O que os alunos têm a dizer sobre a prática dos
professores em relação ao que é considerado erro no uso da língua?”, não foi possível
coletar muitas informações sobre a prática dos professores em sala de aula, pois a pesquisa
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• Pergunta 23: Como você descreve a sua segurança para comunicar-se diante
de pessoas que julga serem mais (ou menos) cultas do que você? Evita falar?
Você procura mudar sua maneira de falar?
Doze alunos afirmaram que utilizam outras normas linguísticas que não aquela que
prioritariamente costumam utilizar. Os alunos são capazes de se apropriar de outras normas
linguísticas ou, pelo menos, de utilizar algumas características presentes em outras normas,
têm certa consciência disso e, no entanto, muitas vezes, representam a si mesmos como pouco
capacitados no uso do português. Ocorre, então, uma prática de adequação linguística sem que
os alunos tenham plena consciência do que isso significa, pois continuam vendo apenas o
certo e o errado no uso da língua, considerando errados os usos menos prestigiados em
relação à norma-padrão, como é o caso das gírias.
Aluno 6: ”Procuro evitar, e se não puder evitar, tento mudar o jeito de falar”
Ainda assim, a exemplo da análise da pergunta 2, é possível que esses alunos não
sejam capazes de determinar a qualidade do ensino de português que receberam até então,
nem de determinar o quanto ainda podem ou deveriam desenvolver suas habilidades. Então,
em comparação com a situação inicial, ocorreram avanços, o que não garante que eles tenham
sido suficientes para contemplar de maneira adequada as competências que deveriam ter sido
desenvolvidas ao longo do Ensino Médio. Basta lembrarmos, entre outras coisas, da redação
produzida por um aluno do grupo e das respostas em que os alunos relatam a visão que têm de
si mesmos como usuários do português, concebida a partir de seus conhecimentos sobre as
regras ensinadas na escola.
b) uso de gírias;
Muitos dos exemplos dados pelos informantes parecem relatar características da língua
utilizada por eles mesmos no dia a dia, em casa, nas conversas com o grupo de amigos ou
mesmo nas aulas de português. Poucas respostas fazem alusão às situações em que ocorrem
esses erros ou às causas de sua ocorrência. São os casos dos alunos 9, 17 e 18:
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Aluno 9: “Se a pessoa fala assim: Tenho dizido. É errado e ocorre muito entre os
jovens.”
O aluno 9 traz à tona, novamente, a questão da língua utilizada pelos jovens, grupo do
qual também faz parte. Consequentemente, esse aluno talvez veja a si mesmo como membro
de um grupo de pessoas que fala um português errado. Além disso, o aluno 9, ao falar “Tenho
dizido”, também está utilizando regras, pois está conjugando o verbo irregular dizer, seguindo
o conhecimento que tem sobre a conjugação dos verbos regulares.
Aluno 5: “falar em gírias, tentar falar as palavras e não conseguir como fralda –
flalda, as zunhas – unhas, Há se pá nóis vamos.”
Aluno 7: “Para mim erros de português é quando você fala gírias, fala coisas
absurdas, escreve muito errado e etc.”
Aluno 12: “É usar um tipo de linguagem que não é aceita nas normas”
Aluno 13: “É não saber as regras de português. Consiste em uma pessoa que não
estuda, alguns exemplos é pessoas que não sabe que chuchu é com ch e
não com x.”
Cometer erros de ortografia na escrita do português não pode ser taxado como
sinônimo de falta de estudo ou mesmo ignorância, uma vez que muitas pessoas que estudam
durante muitos anos não conhecem todas as regras para a grafia oficial da língua. Ainda sobre
os erros de ortografia, Bagno esclarece que
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[...] os supostos erros são sempre sistemáticos. [...] por terem uma motivação
lingüística perfeitamente demonstrável, esses “erros” seguem uma lógica, são
regulares, isto é, constituem de fato regras gramaticais. Ninguém erra porque quer
ou porque é “burro”: a pessoa simplesmente obedece regras gramaticais próprias da
variedade de língua que é a dela (2004, p. 27).
Aluno 2: ”Agente sabe, isso é falar e escrever totalmente errado e as pessoas falam
muito num dialogo.”
Aluno 3: “Os maiores erros de português consistem em acentuação gráfica como não
botar alguns acentos.”
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Aluno 10: “Falar e escrever errado é mudar alguma letra ou palavra de lugar. Ex.:
Voltemo hoje de viajem.”
Aluno 11: “Para mim já é errado eu mesmo dizer escrever pequeno demais onde so
eu consigo entender, mas também acho errado quando se escreve errado
as palavras e outras ocasiões.”
Aluno 14: “Falar e escrever errado é quando trocamos as letras, acentuamos errado.
Ex.: ascenção e escrevem assenssão, isso consiste num erro de português.”
Aluno 19: “Para mim falar ou escrever errado porque o significado ou porque sabe e
não quer falar e escrever certo.” “Nóis vamo no shopping.”
Para a realização desta atividade, o grupo dividiu-se em duplas. Cada dupla recebeu
três pequenos textos e três perguntas sobre as quais deveriam refletir e tentar responder a
respeito de cada um dos textos. Receberam, ainda, duas frases, sobre as quais também
deveriam tentar responder uma pergunta. Depois de alguns minutos para leitura do texto e
para discussão das respostas entre os colegas, três duplas de alunos foram escolhidas
aleatoriamente, foram questionadas e tiveram suas respostas gravadas.
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Patativa do Assaré
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A primeira pergunta realizada (Que tipos de texto são apresentados aqui?) teve a
intenção de tornar os informantes conscientes sobre os tipos de textos com os quais estavam
lidando e, consequentemente, alertá-los para os contextos em que estão inseridos. Sendo que o
texto 1 é uma letra de música destinada ao humor; o texto 2 é uma poesia e ainda que o leitor
não conheça a origem do texto e do autor, ele pode inferir que pode haver razões e mesmo
licenças para que a língua utilizada esteja apresentada de tal forma; o texto 3 apresenta uma
conversa realizada via internet, com todas as características que lhe são peculiares.
Nas perguntas 2 e 3 (Os textos lidos são exemplos de português correto? Por quê? e
Caso acredite que existam erros nos textos, aponte-os.), com os informantes já conhecedores
das situações de comunicação de cada texto, esperava-se que pudessem estabelecer relações
entre as variedades utilizadas e a adequação delas aos objetivos dos textos.
• Dupla 1:
Rodrigo: Pessoal, vocês têm três textos aí, então. Vocês tinham que identificar qual é
o tipo de cada texto. O que é o texto 1?
Aluno 1: Um poema.
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Aluno 1: Eu acho.
Aluno 2: “Chópis”
Rodrigo: E o texto 2?
Aluno 2: “necessidad”
Aluno 1: “pq”
Aluno 2: “vc”
Aluno 1: “naum”
Rodrigo: E o texto 2?
Aluno 1: Versos.
Rodrigo: E o texto 3?
Rodrigo: Tá. Esses três textos, eles são exemplos de correção do português?
Aluno 1: Não.
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Aluno 1: Sim.
Rodrigo: Pode me apontar alguns erros que têm no texto 1, por exemplo? Dá uma
olhadinha...
Aluno 1: “comi”
Rodrigo: “Comi”?
Rodrigo: E no texto 2?
Rodrigo: E no texto 3?
Aluno 1: “abreviaçam”
Aluno 1: “chat”
Aluno 1: “Vc”
• Dupla 3:
Rodrigo: Texto 2?
Aluno 1: É um diálogo.
Rodrigo: E vocês acham que esses textos que vocês leram são exemplos de correção
de português?
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Aluno 2: Sim.
Aluno 1: Acho que eles tão errados mesmo. Tem palavras erradas.
Aluno 1: “eu di um beijo nela”, “a gente fomos”, “comi uns bicho estranho”
Aluno 2: “gostioso”
Aluno 1: “gostioso”
Aluno 1: Sim.
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Após a atividade envolvendo a leitura dos três textos, a análise das duas frases abaixo
foi proposta aos alunos.
“Amigos, sugiro que discutamos hoje a sensacional vitória do nosso clube na última partida,
disputada no Olímpico, e que lhe atribuamos todo o mérito que intimamente o sabemos
credor.”
(Situação: alguém, na mesa de um bar, conversando com amigos.)
“A gente já falou aqui que pra agricultura desenvolver direito ela precisa mesmo ter uma
porção de gente pra trabalhar no campo – quer dizer, aqui no Brasil, que não tem muita
maquinaria agrícola, o trabalho tem que ser feito é na unha mesmo.”
(Situação: pessoa escreve um compêndio de economia.)
Nesta atividade, em que era necessária a análise das duas frases pelos alunos, a ordem
“Aponte o que está errado nos trechos abaixo” certamente direcionou os informantes a,
automaticamente, saírem em busca de erros nas frases. No entanto, é importante ressaltar que
o tipo de erro a ser encontrado é uma incógnita a ser decifrada exclusivamente por quem
analisa as frases. O termo erro foi escolhido por ser comumente utilizado na escola e,
consequentemente, pelos alunos para referir-se a inadequações relacionadas ao uso da língua.
É importante ressaltar, também, que as situações de comunicação em que as frases estão
inseridas estão colocadas explicitamente ao final das mesmas.
Como pode ser constatado nas transcrições a seguir, as duplas de alunos simplesmente
ignoraram as informações a respeito da situação em que ocorrem as frases, o que está
perfeitamente de acordo com a prática escolar de trabalhar frases descontextualizadas. As
duplas 1 e 2 levantaram dúvidas sobre a correção de alguns verbos e sobre a grafia de algumas
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Fonte: As frases fazem parte de um exercício aplicado por um professor do curso de Letras da Universidade
Luterana do Brasil - Campus São Jerônimo, RS, na disciplina Teorias do Texto. No exercício, não há menção à
fonte das frases.
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palavras. Já a dupla 3 não identificou nenhum problema na escrita das frases, mas também
não foi capaz de considerar a situação de comunicação em que ocorrem.
• Dupla 1:
Rodrigo: Vocês conseguem apontar o que tá errado aqui neste primeiro trecho em
que o autor está falando sobre o jogo do Grêmio?
Aluno 1: “discutamos”
Aluno 1: “não tem muita maquinaria”. Não tinha que ter um acento ali?
• Dupla 2:
Aluno 1: sim.
Rodrigo. Ok. Pode me apontar o que tem de errado nesse primeiro parágrafo?
Rodrigo: Na unha?
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• Dupla 3:
Rodrigo: E aí na segunda folhinha, vocês tinham esses dois trechos para apontar
alguns erros que vocês possam ter encontrado. Nesse primeiro, o que vocês
acharam de errado?
Rodrigo: E na segunda?
Aluno 2: Não.
A exemplo da atividade anterior, fica bastante claro, assim, que esse grupo de alunos
não trabalha com frequência com tarefas como pensar sobre os objetivos inerentes aos
diferentes tipos de textos e suas relações com a linguagem utilizada em cada um deles. De
acordo com o raciocínio seguido pelos informantes, só existe mesmo o certo e o errado no uso
do português, sendo que acreditam que muito daquilo que produzem, de forma oral ou escrita,
dentro ou fora da escola, contém erros, o que ficou constatado, também, em muitas das
respostas dadas pelos alunos no questionário. A prática escolar predominante da atribuição de
nomenclaturas, da análise sintática, da memorização de regras parece ter desenvolvido certo
vício que faz com que o aluno não consiga enxergar outros fatores a serem levados em
consideração na fala e na escrita do português, que não somente a correção gramatical.
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78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas recentes avaliações a que os alunos têm sido submetidos, como ENEM, SAERS e
Prova Brasil, a escola tem recebido notas muito abaixo da média desejável. Essas notas,
superficialmente, classificam os alunos como menos capacitados, afinal são eles que realizam
as provas aplicadas pelo MEC ou pelas Secretarias de Educação. No entanto, não há um
sistema de avaliação direta da qualidade do que é ensinado e de como é ensinado a esses
alunos. Ocorreu-me, então, a ideia de investigar e descobrir dados sobre o ensino de português
através da visão que os próprios alunos têm do processo de ensino e aprendizagem proposto
pela escola e pelos professores. Relembro, também, que essa ideia teve início ainda em 2007,
quando realizei a pesquisa “A importância do ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio
na visão dos alunos da escola pública”, trabalho de avaliação da disciplina Planejamento e
Organização do Ensino, componente do currículo do curso de Letras da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos.
Para o planejamento da nova pesquisa, a ser realizada para este trabalho de conclusão,
realizei uma análise crítica da metodologia utilizada em 2007 e planejei nova metodologia,
orientada pelo estudo de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998). Como embasamento
teórico, realizei um extenso estudo de obras de autores como Faraco, Bagno, Bortoni-Ricardo,
78
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Silva, Zilles, Possenti e Antunes, entre outros. A partir desse estudo, foi possível esclarecer
uma série de conceitos como variação linguística, norma linguística, norma culta, norma-
padrão, erro no uso da língua e realizar, ainda, importantes reflexões sobre objetivos e
metodologias de ensino na disciplina de Língua Portuguesa.
O grupo escolhido para a realização da pesquisa foi uma turma de alunos da 3ª série do
Ensino Médio. Por estarem finalizando os 11 anos de educação básica, tive a convicção de
que esse seria um grupo que poderia ter muito a dizer sobre o ensino de língua que recebeu.
De fato, muitos dados foram obtidos para análise, mas é importante salientar as dificuldades
enfrentadas para a realização da pesquisa na escola. Inicialmente, ocorreu a impossibilidade,
tanto por parte da escola, quanto por parte dos informantes, de que fossem realizados um ou
dois encontros com carga horária de 4 horas para execução de tudo o que havia sido
inicialmente planejado, conforme relatado no terceiro capítulo deste trabalho. Diante desse
problema, apresentou-se a necessidade de reformular o método de coleta de dados, propondo
o preenchimento de um questionário individual e uma atividade de análise de textos. A coleta
de dados foi realizada, então, dentro do período em que realizei a atividade de Estágio
Supervisionado do Ensino Médio, com esse mesmo grupo de alunos, cumprindo uma carga
horária maior do que a exigida para a realização do estágio.
Como mostra o capítulo de análise dos dados coletados, a pesquisa não teve enfoque
em conteúdos específicos e em métodos propostos pelos professores durante o curso de
Ensino Médio. No entanto, a partir das informações fornecidas pelos alunos, a respeito do tipo
de conteúdos que precisam saber, ou decorar, e pelas concepções de erro que revelaram e pela
maneira como se veem na condição de usuários da língua, pode-se dizer que as aulas são, de
fato, pautadas por abordagens descontextualizadas das regras da norma-padrão e das
variedades de prestígio da língua. Pode-se concluir, então, que a variedade de prestígio é,
geralmente, proposta de uma forma que não proporciona aprendizagem efetiva aos alunos,
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porém é cobrada nas avaliações realizadas. Ocorre, então, muito mais cobrança do que ensino
da variedade de prestígio. Faço essa afirmação pelos seguintes motivos:
A relação que o grupo pesquisado estabelece entre erro e variação é a de que tudo o
que varia do português ensinado pela escola consiste em erro. Os alunos demonstram que não
se importam em não utilizar as regras cujo ensino é proposto na escola em situações de
comunicação fora da sala de aula, principalmente no uso da língua falada, o que denota uma
vaga consciência sobre variação e adequação. Ainda assim, consideram erradas essas formas
diferentes de falar, desconsiderando as características das situações de comunicação, tendo
como referência de correção as regras das aulas de português, sobre as quais relatam
dificuldades para aprender, entender, ou decorar.
Os alunos não fazem distinção entre erro e adequação porque, como relatado na
resposta da pergunta anterior, consideram errado tudo o que varia do português proposto pela
escola. E, como foi possível observar na atividade de análise de textos realizada, mesmo
recebendo informações mais detalhadas sobre as situações e os objetivos da comunicação, os
alunos demonstram estar extremamente treinados para verem somente o certo e o errado no
português.
O que os alunos têm a dizer sobre a prática dos professores em relação ao que é
considerado erro no uso da língua?
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variedades linguísticas e para o trabalho com adequação linguística, o que não permite que a
noção de erro no uso da língua seja esclarecida aos alunos.
Com base nas respostas encontradas para as perguntas de pesquisa, pode-se, também,
procurar responder o principal problema abordado pelo trabalho:
As descobertas da pesquisa não são de todo surpreendentes, mas são muito úteis para
oficializar o que se comenta sobre a situação do ensino público e, especificamente, do ensino
de português, confirmando ainda a preocupação em relação ao grupo pesquisado, que motivou
a realização desta pesquisa. Considero importante enfatizar, ainda, que as respostas às
perguntas de pesquisa estão bastante complementadas pelos dados coletados e pelas
respectivas análises que ocorrem no quarto capítulo deste trabalho.
O fato de o grupo pesquisado ser uma pequena amostra em comparação com o número
total de estudantes da escola, do município ou mesmo do Brasil, poderia configurar-se em
uma limitação para os resultados obtidos. No entanto, as constatações deste estudo
apresentam enorme semelhança com as constatações de outras pesquisas realizadas em
escolas distantes geograficamente, como é caso de Reichert (2008), em escola pública do Vale
do Rio dos Sinos, e, principalmente, de Kersch e Frank (2009), em escolas públicas estaduais
da periferia de Porto Alegre. Uma hipótese a ser considerada para explicar essa situação seria
o fato de que, talvez, as escolas não costumem ouvir seus alunos, nem considerem a realidade
sócio-histórica da comunidade em que estão inseridas, trabalhando de forma
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Uma limitação que pode ser identificada no trabalho e que, de certa forma, foi causada
pela necessidade de reformulação da metodologia inicialmente planejada, conforme relatado
no terceiro capítulo, são as atividades de análise de textos propostas aos alunos. A maneira
como as perguntas necessárias à análise dos textos foram feitas pode ter influenciado os
informantes em suas respostas, mesmo que todos os textos oferecessem informações sobre
seus objetivos, situações de comunicação e meios em que circulam. As repostas poderiam ser
outras se os alunos fossem perguntados a respeito da adequação dos textos às respectivas
situações de comunicação ou se simplesmente tivessem que responder o que não está errado
em cada texto. No entanto, é importante lembrar que os alunos demonstraram que, ao mesmo
tempo em que optam por não usar o português da escola em diferentes situações, classificam
essas formas de falar ou escrever como incorretas, o que inviabiliza que desenvolvam um
senso de adequação linguística.
Penso que os conhecimentos construídos neste trabalho poderão ser enriquecidos por
estudos complementares que abordem alguns pontos específicos. Um deles seria a criação de
metodologias de ensino que contemplem e, principalmente, combinem o ensino da norma-
padrão de maneira contextualizada, o reconhecimento das variedades linguísticas e a
capacitação para compreensão dos valores agregados às diferentes normas, proporcionando,
assim, uma educação linguística de qualidade aos nossos alunos, de maneira a torná-los
cidadãos críticos e participativos na sociedade. Outro importante esforço seria o de encontrar
maneiras de compensar o conhecimento que não foi construído por alunos que já tiveram
alguns anos de escolarização e, em função disso, têm concepções difíceis de serem mudadas
no que diz respeito à ocorrência de erro no uso da língua e às imagens que têm de si mesmos
como usuários do português, como é o caso do grupo pesquisado.
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REFERÊNCIAS
ALVAREZ, Marcos César. Sociedade, norma e poder. In: BAGNO, Marcos (org.).
Lingüística da Norma. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
ANTUNES, Irandé. Aula de português – encontro & interação. São Paulo: Parábola
Editorial, 2003.
ASSIS-PETERSON, Ana Antônia; DIAS, Maria Helena Moreira. O inglês na escola pública:
vozes de pais e alunos. In: Polifonia. Periódico do Programa de Pós Graduação em Estudos
de Linguagem – Mestrado [do] Instituto de Linguagens, Universidade Federal de Mato
Grosso – Ano 9. Volume 12, Nº 2. Cuiabá: Editora Universitária, 2006.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
LEFEBVRE, Claire. Noções de estilo. In: BAGNO, Marcos (org.). Norma lingüística. São
Paulo: Edições Loyola, 2001.
LUCCHESI, Dante. Norma lingüística e realidade social. In: BAGNO, Marcos (org.).
Norma lingüística. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
______. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 1996.
SILVA, Rosa Virgínia Mattos e. O português são dois: novas fronteiras, velhos problemas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
84
85
SOARES, Magda. Linguagem e Escola – Uma perspectiva social. São Paulo: Editora Ática,
1999.
ZILLES, Ana Maria Stahl. Algumas características do Português do Brasil. In: GUEDES,
Paulo Coimbra (org.). Ensino de Português e cidadania. Porto Alegre: PMPA, SMED,
1999.
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APÊNDICES
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Projeto de Pesquisa:
Variedade de prestígio, variação, erro e adequação: o que dizem os alunos de uma
escola pública de Ensino Médio?
Sou graduando do curso de Letras – Português/Inglês da Universidade do Vale do Rio
dos Sinos - UNISINOS – e estou desenvolvendo um projeto de pesquisa no qual
pretendo ouvir opiniões e depoimentos de alunos de ensino médio matriculados em
escola pública a respeito da maneira como ocorre o ensino de língua portuguesa.
O estudo será realizado por mim, Rodrigo Klassen Ferreira, sob a orientação da
Professora Doutora Ana Maria Stahl Zilles.
Para a realização da pesquisa está prevista uma entrevista semi-estruturada com grupo de
alunos voluntários.
Solicito a sua autorização para analisar o conteúdo da entrevista. Peço, também, sua
autorização para uma eventual gravação da entrevista com um aparelho de gravação
digital, quando necessário.
No sentido de proteger a sua identidade comprometo-me a utilizar nomes fictícios ao me
referir a sua pessoa, tanto na análise dos áudios, quanto das entrevistas; não divulgar
qualquer imagem que mostre sua fisionomia e utilizar essas informações somente para fins
acadêmicos. Os dados coletados ficarão sob minha inteira responsabilidade.
Sua participação neste estudo é voluntária. Você pode recusar-se a participar das
gravações, assim como a responder qualquer pergunta durante o desenrolar da entrevista.
Existe, ainda, a possibilidade de desistência caso assim deseje.
Este termo será assinado em duas vias, ficando uma em posse do sujeito pesquisado e a
outra com o pesquisador.
Agradeço sua participação nesta pesquisa!
Observação: Em caso de dúvidas ou quaisquer esclarecimentos, você pode entrar em contato com o
acadêmico Rodrigo Klassen Ferreira, pelo telefone (51)93640933, ou com a professora orientadora Ana
Maria Stahl Zilles, pelo telefone 35911122 (Ramal 1338).
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APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO
2. Você acha que as aulas preparam o aluno para situações em que irá, de fato, usar seus
conhecimentos em Língua Portuguesa, como vestibular, ENEM, entrevistas de emprego,
escrita de textos claros e que atendam a determinados objetivos, compreensão de
diferentes tipos de textos? Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3. Caso seja a favor de mudanças, o que você acha que deveria ser ensinado nas aulas de
Língua Portuguesa? Por quê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. O que é necessário, na sua opinião, para ser considerado um bom aluno na disciplina de
Língua Portuguesa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5. Caso você não se considere um bom aluno, o que você deveria fazer para melhorar?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6. Que tipos de exercícios normalmente são realizados em aula? Como eles são e o que
eles pedem (classificar palavras, completar, reescrever frases etc...)?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7. Como o(a) professor(a) propõe esses exercícios? Sempre escritos no quadro? Livro
didático? Cópias? Individual? Em duplas? Em grupos? Com ou sem auxílio do professor?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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9. Na correção, basta dar a resposta certa ou ocorrem discussões sobre as respostas das
questões?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
11. O conteúdo ensinado é colocado em prática de alguma forma? (Em sala de aula ou no
dia a dia)
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
12. Acredita que algum dia usará o conteúdo ensinado em situações do dia a dia?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
13. Você se considera um(a) aluno(a) participativo nas aulas de Língua Portuguesa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
14. Caso você não seja um aluno participativo, não participa das aulas porque:
a) Não se sente encorajado;
b) Não tem vontade ou interesse;
c) Poderia participar, mas acha que não seria mais valorizado por isso.
d) Outro motivo: ______________________________________________
15. Como o(a) professor(a) procede para dar notas aos alunos? Há somente provas ou são
considerados outros instrumentos de avaliação? O que você produz em aula é considerado?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
16. Nas aulas de Língua Portuguesa, o que é mais trabalhado: sua competência em ler e
escrever textos diversos ou o conhecimento de regras de gramática?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
17. Na sua opinião, o que tem mais peso nas avaliações: suas habilidades em ler,
interpretar e escrever com segurança, clareza e eficiência textos diversos ou seus
conhecimentos sobre regras e a correção no uso da língua?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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18. Que características você considera essenciais para uma pessoa falar e escrever
adequadamente e com segurança em Língua Portuguesa? O que uma pessoa deve fazer
para desenvolver este conhecimento?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
20. Qual é a reação do(a) professor(a) quando você usa termos muito distantes do
português considerado ideal (na fala e na escrita), na realização de exercícios, redações, na
fala em sala de aula etc.?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
21. Como o(a) professor(a) nomeia estes termos que você alguma vez utilizou? Erros,
inadequações? Ele(a) já repreendeu alunos ou usou termos pejorativos/agressivos quando
houve este tipo de ocorrência?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
23. Como você descreve a sua segurança para comunicar-se diante de pessoas que julga
serem mais (ou menos) cultas do que você? Evita falar? Você procura mudar sua maneira
de falar?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
25. Em comparação com a sua situação no início do Ensino Médio, a sua habilidade em
falar e escrever está consideravelmente melhor agora, no final do curso?
__________________________________________________________________________
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26. Tente responder, resumidamente, o que é falar ou escrever errado. Em que consiste um
erro de português? Cite um exemplo de situação em que ele ocorre.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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Texto 1: Texto 2:
(http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
44502006000100006&script=sci_arttext)
92
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“A gente já falou aqui que pra agricultura desenvolver direito ela precisa mesmo
ter uma porção de gente pra trabalhar no campo – quer dizer, aqui no Brasil, que
não tem muita maquinaria agrícola, o trabalho tem que ser feito é na unha
mesmo.”
(Situação: pessoa escreve um compêndio de economia.)
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ANEXOS
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Alunos 2: “Não a considero difícil para o aluno entender depende do professor e da maneira que ele
se dedica para explicar a matéria.”
Aluno 3: “Sim por que tem varias regras para serem estudadas.”
Aluno 4: “Sim por causa da acentuação, da redação que tem que ter argumentação”
Aluno 5: “Sim muito difícil pra mim porque tem muitas regras e na língua portuguesa não tem uma
única resposta uma única opinião como matemática que aquele resultado se não for aquilo está
errado.”
Aluno 8: “Sim. Porque eu não tenho facilidade para entender a matéria. Porque não gosto muito.”
Aluno 10: “Sim, pois é uma disciplina um pouco complicada. São muitas regras de acentuação, etc.
mas nada que um aluno dedicado não resolva.”
Aluno 11: “Sim, porque é matéria muito complexa tem muitos detalhes que são importantes e não
podem ser esquecidos.”
Aluno 12: “Sim, porque são muitas regras que dificultam na hora de escolher as palavras.”
Aluno 13: “Sim. Porque o português tem muitas regrinhas difíceis de decorar.”
Aluno 15: “Sim porque há muitas regras e varias letras que tem o mesmo som.”
Aluno 16: “Sim, tem muitas regras que tem que ser seguidas, e por isso acho muito difícil.”
Aluno 19: “Sim, porque aprender muitas coisas que acho que algumas não serão necessárias.”
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2. Você acha que as aulas preparam o aluno para situações em que irá, de fato, usar seus
conhecimentos em Língua Portuguesa, como vestibular, ENEM, entrevistas de emprego, escrita
de textos claros e que atendam a determinados objetivos, compreensão de diferentes tipos de
textos? Justifique sua resposta.
Aluno 2: “Sim, pois nós trabalhamos com vários assuntos que rolam pelo mundo que todos tem
conhecimento. E os textos nos ajudam no nosso desenvolvimento.”
Aluno 3: “Sim por que nos vestibulares caem conteúdos de línguas Portuguesa e isso nos prepara e
nos ajuda.”
Aluno 4: “Sim, porque além de passar a matéria ele explica e passa bastante exercícios.”
Aluno 8: “Sim. Existem várias situações que a pessoa necessita saber um pouco mais.”
Aluno 10: “Sim, quando temos um professor dedicado e um aluno interessado a aula fica muito mais
proveitosa. Nos prepara sim pois quando chegarmos no vestibular estaremos mais preparados do que
quem não estudar.”
Aluno 11: “Acho que mais ou menos porque os professores são diferentes usam métodos diferentes
então alguns preparam mais outros menos.”
Aluno 12: “Sim, porque é na sala de aula que os professores preparam a gente para o futuro.”
Aluno 13: “Sim, porque sem um bom entendimento de Português não conseguimos um bom emprego
ou entrar em universidade pois o português está sempre no nosso dia-a-dia.”
Aluno 14: “Sim, pois as aulas de língua portuguesa nos ensina e nos prepara para os vestibulares.”
Aluno 15: “Sim porque sempre ensinam o que vai cair em provas de vestibular e etc... e nos ensinam a
falar corretamente sem gírias, para uma proposta de emprego.”
Aluno 19: “Eu acho que preparam sim, porque aprendemos a escrever corretamente e fazer redações,
e diferentes tipos de texto.”
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3. Caso seja a favor de mudanças, o que você acha que deveria ser ensinado nas aulas de Língua
Portuguesa? Por quê?
Aluno 4: “Tudo que é feitos todos os exercícios sejam avaliados e virem notas.”
Aluno 5: “Não deveria ter mudanças, porque os professores nos da a matéria que pode cair em
vestibular e nos ajudam e ensinam para estarmos depois preparados.”
Aluno 7: “Ao invés de rever tantas coisas de outras séries tinham que nos preparar mais para a
universidade.”
Aluno 8: “Acho que deveria sair algumas regras que na minha opinião não são necessárias.”
Aluno 9: “Acho que temos que reforçar a escrita, pois existem muitos alunos que já no 3º ano
escrevem errado o português.”
Aluno 10: “Não sou a favor, pois a disciplina ensina o que está de acordo com nossa escolaridade.”
Aluno 11: “Deveria ser ensinado só o necessário porque por ser uma matéria que tem muitas coisas
quanto mais coisas pior fica de entender, intão tem que ser pouca coisa e que seja útil.”
Aluno 13: “Não, o modo que é ensinado é bom, mas depende muito do aluno se quer aprender.”
4. O que é necessário, na sua opinião, para ser considerado um bom aluno na disciplina de
Língua Portuguesa?
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Aluno 5: ”ter uma boa interpretação, saber fazer textos e colocar verbos, acentos na frases certas.”
Aluno 10: ”Um bom aluno é aquele que é dedicado, interessado, que realiza os trabalhos, assíduo e
dedicado.”
Aluno 11: ”Pegar fácil a matéria, gostar da matéria e tirar notas boas.”
Aluno 13: ”tem que saber pelo menos o básico, regras de acentuação, como se escreve bem e etc.”
Aluno 19: ”Ser um aluno que presta atenção nas aulas, que se esforça para aprender, e busca
aprender cada vez mais os conteúdos.”
5. Caso você não se considere um bom aluno, o que você deveria fazer para melhorar?
Aluno 2: ”Não me considero uma aluna que não ajuda nas aulas.”
Aluno 4: “prestar mais atenção nas aulas, me dedicar mais, ler, fazer os exercícios.”
Aluno 5: ”No meu caso se eu tivesse que fazer uma prova para vestibular corria atrás de um professor
para me explica ou teria algumas aulas particulares.”
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Aluno 10: ”Eu me considero uma boa aluna, mas se não fosse me dedicaria mais a matéria pois é a
matéria que mais me interessa em termos de aprendizagem.”
Aluno 11: ”tentar gostar de português acho que seria um bom começo.”
Aluno 18: ”dar o melhor de mim para tentar ser um bom aluno”
Aluno 19: ”Me esforçar mais nas aulas, prestar mais atenção nas explicações do professor.”
6. Que tipos de exercícios normalmente são realizados em aula? Como eles são e o que eles
pedem (classificar palavras, completar, reescrever frases etc...)?
Aluno 2: ”Classificação nas frases, pede para separar e colocar nos devidos grupos de classificação,
redação com argumentos.”
Aluno 10: ”São realizados exercícios de identificação e classificação de palavras. Pede-se para que
classifique o que é sujeito, predicado, etc.”
Aluno 11: ”Um pouco de tudo, todos os tipos de exercícios que ajudam o professor passa.”
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Aluno 13: ”todos os tipos, mas eles pedem mais é classificar palavras e completar.”
Aluno 15: ”As vezes são texto e as vezes frazes para nós classificar, etc.”
Aluno 19: ”São exercícios de classificar as palavras das frases dadas e reescrever frases.”
7. Como o(a) professor(a) propõe esses exercícios? Sempre escritos no quadro? Livro didático?
Cópias? Individual? Em duplas? Em grupos? Com ou sem auxílio do professor?
Aluno 2: ”São realizadas tarefas individuais ou em grupo com textos e cópias. O professor está
sempre em ação com as tarefas dadas.”
Aluno 5: ”muitas vezes colocam no quadro, fazemos cada um no seu caderno e depois de todos terem
feito, corrigimos.”
Aluno 6: ”cópias/quadro”
Aluno 9: ”Quase sempre no quadro, individual, as vezes temos cópias e fazemos em duplas. Mas
sempre com o auxílio do professor.”
Aluno 10: ”O professor a maioria das vezes propõe em cópias para realizarmos individualmente e
com o seu auxílio.”
Aluno 11: ”de vez em quando no quadro, ou com folhas xérox, em dupla ou grupo e com auxilio do
professor.”
Aluno 12: ”As vezes escritos no quadro e cópias mas sempre com auxílio do professor.”
Aluno 13: ”Escrito no quadro, cópias, individual as vezes em dupla e com auxílio do professor.”
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Aluno 14: ”Os exercícios propostos são feitos no quadro, livros, cópias, individuais e em grupos com
e sem auxílio do professor.”
Aluno 18: ”As vezes escrito no quadro, livro didático, duplas e outras coisas.”
Aluno 1: ”Sim”
Aluno 2: ”Sim”
Aluno 3: ”Sim”
Aluno 5: ”Sim”
Aluno 6: ”Sim”
Aluno 8: ”Sim”
Aluno 9: ”Sim”
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9. Na correção, basta dar a resposta certa ou ocorrem discussões sobre as respostas das
questões?
Aluno 9: ”Ocorrem discussões pois o professor sempre explica o porquê da resposta ser assim.”
Aluno 11: ”Ocorrem discussões para que ninguém fique com dúvida.”
Aluno 17: ”Ocorrem discussões, porque também não adianta só dar a resposta certa.”
10. Quando o aluno dá uma resposta considerada errada, o professor simplesmente o corrige ou
busca entender como o aluno chegou até aquela resposta?
Aluno 3: ”Ele busca entender como o aluno chegou até aquela resposta.”
Aluno 4: “buscar entender como o aluno chegou aquela resposta, tenta compreender”
102
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Aluno 5: “Não falam que tem que melhorar ou arrumar organizar a resposta e o ajuda nesta
questão.”
Aluno 10: ”O professor busca entender como o aluno chegou até aquela resposta.”
Aluno 11: ”ele corrige e vê o porque aquele aluno acha que é aquilo.”
Aluno 14: ”Tenta entender como o aluno chegou até aquela resposta.”
Aluno 16: ”Busca entender como o aluno chegou até aquela resposta.”
Aluno 19: ”Busca entender como o aluno chegou até aquela resposta.”
11. O conteúdo ensinado é colocado em prática de alguma forma? (Em sala de aula ou no dia a
dia)
Aluno 9: ”as vezes, na língua portuguesa sim, pois nós falamos o português.”
103
104
Aluno 10: ”Sim, tanto em sala de aula, como no dia-a-dia, na conversa com os amigos, familiares,
etc.”
12. Acredita que algum dia usará o conteúdo ensinado em situações do dia a dia?
Aluno 5: ”Acho que não, acho muito difícil alguém falar ou escrever corretamente.”
Aluno 6: “Talvez”
Aluno 8: ”Sim em alguma seleção de emprego eu acho e para meu próprio conhecimento.”
Aluno 9: ”Sim”
Aluno 10: ”Com certesa, eu que adoro conversar, sempre usarei palavras corretas.”
Aluno 14: ”Não acredito que todo não, mas sim um pouco.”
104
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13. Você se considera um(a) aluno(a) participativo nas aulas de Língua Portuguesa?
Aluno 1: ”Sim”
Aluno 3: ”Não”
Aluno 5: “Algumas vezes mas prefiro não pôr opinião fico mais quieta.”
Aluno 10: ”Sim, sempre estou atenta nos exercícios de correção e não perco as aulas por nada.”
Aluno 16: ”mais ou menos, tem muitas coisas que eu não entendo”
14. Caso você não seja um aluno participativo, não participa das aulas porque:
a) Não se sente encorajado;
b) Não tem vontade ou interesse;
c) Poderia participar, mas acha que não seria mais valorizado por isso.
105
106
Aluno 15: ”Outro motivo: se eu não entendo logo de começo, eu não presto atenção”
Aluno 16: ”Outro motivo: tem coisas difíceis, que me desanimo e fico sem vontade de aprender.”
15. Como o(a) professor(a) procede para dar notas aos alunos? Há somente provas ou são
considerados outros instrumentos de avaliação? O que você produz em aula é considerado?
Aluno 3: ”Ele procede para dar notas com prova, exercícios em aula e outras avaliações.”
Aluno 4: “não há somente provas e sim trabalhos, as vezes o que eu faço é considerado”
Aluno 5: ”os professores derao provas, trabalhos para entregar ou apresentar. Eu não sou de dar
muito opinião só se me pergunta se o professor analisar isso eu rodo por isso.”
106
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Aluno 6: ”Provas”
Aluno 7: ”Provas, trabalhos em grupos, exercícios também, se a gente precisar de uns pontinhos.”
Aluno 10: ”As notas são distribuídas em trabalhos, provas e participação em aula. O que eu produzo
em aula é sim considerado, pois sou participativa.”
Aluno 14: ”Não há somente provas são considerados outros intrumentos de avaliação, e o que eu
faço em aula é considerado.”
Aluno 19: ”Sim, alguns textos de dissertação valendo pontos, a participação também é avaliada.”
16. Nas aulas de Língua Portuguesa, o que é mais trabalhado: sua competência em ler e escrever
textos diversos ou o conhecimento de regras de gramática?
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Aluno 12: ”tanto competência em ler como conhecimento nas regras de gramática.”
Aluno 14: ”Nas aulas de Língua Portuguesa é trabalhado todas as opções citadas acima.”
17. Na sua opinião, o que tem mais peso nas avaliações: suas habilidades em ler, interpretar e
escrever com segurança, clareza e eficiência textos diversos ou seus conhecimentos sobre regras
e a correção no uso da língua?
Aluno 1: ”conhecimento.”
Aluno 11: ”acho que um pouco dos dois porque tudo conta.”
Aluno 13: ”Eu acho que é meus conhecimentos sobre regras e a correção no uso da língua.”
Aluno 14: ”Na minha opinião todas as opiniões citadas tem seu peso na hora da avaliação.”
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18. Que características você considera essenciais para uma pessoa falar e escrever
adequadamente e com segurança em Língua Portuguesa? O que uma pessoa deve fazer para
desenvolver este conhecimento?
Aluno 1: ”ter uma educação, saber o que está falando. Deve ler, pesquisar, procurar saber”
Aluno 3: ”Uma pessoa que lê bastante procura saber pronunciar corretamente as palavras.”
Aluno 6: ”Ler”
Aluno 8: ”A pessoa deve gostar da matéria e se esforçar para entender perfeitamente a regra. Não
somente decorar.”
Aluno 10: ”Ler bastante livros, revistas, jornais. Se conectar com o mundo através de TV, internet, e
etc.
Aluno 11: ”acho que o emprego das palavras certas nos lugares certos é um começo porque os jovens
de hoje não falam nada com nada, tudo tem gíria nada é com as palavras certas.”
Aluno 13: ”uma pessoa que se expressa bem. Ler bastante, escrever e estudar.”
Aluno 19: ”Ler bastante jornais, revistas, quando for falar sobre algum assunto se expressar bem,
entender bem o que for falar.”
109
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Aluno 2: “a) Tento passar nos meus textos e em exercícios o que sei e que é necessário para entender
o que quero me expressar e apresentar.”
Aluno 3: ”a) naum porque falo muita giria.” “b) escrevo mal por causa das regras de acentuação.”
Aluno 4: “a) não, porque eu me atrapalho, principalmente quando vou ler.” “b) sim, acho que fico
nervoso e com vergonha ai acabo me atrapalhando.”
Aluno 5: ”a) Não, porque eu confundo muito os verbos.” “b) Sim porque falo muitas coisas erradas e
não sei principalmente colocar os verbos no tempo certo nas minhas escritas.”
Aluno 7: ”a) Não escrevo muito bem, mas falar eu acho que sim.” “b) Ainda escrevo algumas
palavras erradas.”
Aluno 8: ”a) Falar sim. Mas escrever não. Porque não sei muito bem as regras.” “b) Falo bem eu
acho. Mas escrevo mal porque não presto atenção nas aulas.”
Aluno 10: ”a) Acredito que sim, porque leio muitos jornais, livros e assisto bastante TV, tem alguns
erros mais são raros.” “b) não”
Aluno 11: ”a) Mais ou menos, falto um pouco ainda para me aperfeiçoar.” “b) Acho que falo e
escrevo bem, mas posso melhorar.”
Aluno 12: ”a) As vezes” “b) Em algumas coisas sim, por que o uso da linguagem no computador
interfere as vezes na hora de escrever alguns textos e frases.”
Aluno 13: ”a) Escrevo melhor do que falo, eu acho, porque ao falar a gente é mais acustmado a usar
gírias e ao escrever nós pensamos antes.”
Aluno 14: ”a) Não, porque errar é humano.” “b) Não escrevo mal apenas não desenvolvo muito bem
as vezes com a minha escrita e com a minha fala.”
Aluno 15: ”a) Não” “b) Sim, sempre tive dificuldade em português.”
Aluno 18: ”a) sim, porque para fazer um vestibular e importante ter um conhecimento geral em
português” “b) não, porque o português passa para a nossa vida toda”
Aluno 19: ”a) Escrevo bem porque sempre procuro aprender bastante para sempre melhorar a
escrita.” “b) Falo mal porque eu não sei me expressar direito começo a me enrolar e falo tudo
errado.”
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20. Qual é a reação do(a) professor(a) quando você usa termos muito distantes do português
considerado ideal (na fala e na escrita), na realização de exercícios, redações, na fala em sala de
aula etc?
Aluno 1: ”corrije o aluno e dis que não são errados mas que para um exercício ou redação é correto
o uso.”
Aluno 4: “Ele tenta corrigir e explica que só pode usado em redação, realização de exercícios.”
Aluno 11: ”tipo fica surpresa e me chama atenção me fala o que está certo e o que não.”
Aluno 12: ”A reação é que ele sempre ouve ou lê e acaba conversando para tentar mudar.”
Aluno 14: ”A reação do professor, pelo menos aqui é tranqüila, ela(e) chega em nós numa boa e nos
fala como deveríamos falar corretamente.”
Aluno 15: ”Eu sempre tento escrever em textos, palavras formais, mas admito que uso muitas gírias.”
Aluno 19: ”não sei, porque eu não uso termos muitos distantes.”
21. Como o(a) professor(a) nomeia estes termos que você alguma vez utilizou? Erros,
inadequações? Ele(a) já repreendeu alunos ou usou termos pejorativos/agressivos quando houve
este tipo de ocorrência?
111
112
Aluno 5: “Não nunca agressivos, apenas fala que está errado e fala o certo.”
Aluno 13: ”Inadequação, não, aqui nenhum professor usou termos agressivos.”
Aluno 14: ”Não, apenas nos falou como deveríamos falar, sem nos repreender e sem nos agredir e
sim nos ensinando.”
Aluno 1: ”Sim”
Aluno 2: ”Sim”
Aluno 3: ”Sim”
Aluno 4: ”Sim”
Aluno 6: ”Sim”
Aluno 7: ”Não”
Aluno 8: ”Sim”
112
113
Aluno 9: ”Sim”
23. Como você descreve a sua segurança para comunicar-se diante de pessoas que julga serem
mais (ou menos) cultas do que você? Evita falar? Você procura mudar sua maneira de falar?
Aluno 5: ”Um pouco eu evito de falar ou procuro melhorar o meu jeito de falar.”
Aluno 6: ”Procuro evitar, e se não puder evitar, tento mudar o jeito de falar”
113
114
Aluno 14: ”Eu continuo sendo eu mesmo não fico com vergonha e nem mudo minha maneira de
falar.”
Aluno 7: ”Não.”
Aluno 8: ”Não”
Aluno 9: ”não”
Aluno 18: ”acho que não causa que eu não sou um bom aluno”
114
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25. Em comparação com a sua situação no início do Ensino Médio, a sua habilidade em falar e
escrever está consideravelmente melhor agora, no final do curso?
Aluno 3: ”Sim”
Aluno 5: ”Sim um pouco sim, mas sei que tenho que melhorar mais.”
Aluno 6: ”Talvez”
Aluno 10: ”Sim, aprendi muitas palavras diferentes e adequadas de falar e escrevo melhor sim.”
Aluno 11: ”Sim não tem nem duvida de que eu aprendi muito mais.”
Aluno 17: ”meio termo, nem tão bom, precisa ainda de melhorias.”
26. Tente responder, resumidamente, o que é falar ou escrever errado. Em que consiste um erro
de português? Cite um exemplo de situação em que ele ocorre.
Aluno 2: ”Agente sabe, isso é falar e escrever totalmente errado e as pessoas falam muito num
dialogo.”
Aluno 3: ”Os maiores erros de português consistem em acentuação gráfica como não botar alguns
acentos.”
115
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Aluno 5: ”falar em gírias, tentar falar as palavras e não conseguir como fralda – flalda, as zunhas –
unhas, Há se pá nóis vamos.”
Aluno 7: ”Para mim erros de português é quando você fala gírias, fala coisas absurdas, escreve
muito errado e etc.”
Aluno 9: ”Se a pessoa fala assim: Tenho dizido. É errado e ocorre muito entre os jovens.”
Aluno 10: ”Falar e escrever errado é mudar alguma letra ou palavra de lugar. Ex.: Voltemo hoje de
viajem.”
Aluno 11: ”Para mim já é errado eu mesmo dizer escrever pequeno demais onde so eu consigo
entender, mas também acho errado quando se escreve errado as palavreas e outras ocasiões.”
Aluno 12: ”É usar um tipo de linguagem que não é aceita nas normas.”
Aluno 13: ”É não saber as regras de português. Consiste em uma pessoa que não estud, alguns
exemplos é pessoas que não sabe que chuchu é com ch e não com x.”
Aluno 14: ”Falar e escrever errado é quando trocamos as letras, acentuamos errado. Ex.: ascenção e
escrevem assenssão, isso consiste num erro de português.”
Aluno 19: ”Para mim falar ou escrever errado porque o significado ou porque sabe e não quer falar e
escrever certo.” “Nóis vamo no shopping.”
116
117
Dupla 1
Rodrigo: Pessoal, vocês têm três textos aí, então. Vocês tinham que identificar qual é o tipo
de cada texto. O que é o texto 1?
Aluno 1: é uma música dos Mamonas Assassinas
Rodrigo: uma letra de música. Texto 2?
Aluno 1: um poema.
Rodrigo: um poema. Texto 3?
Aluno 1: uma conversa.
Aluno 2: uma conversa pela internet.
Rodrigo: ok. Eles são exemplos de correção do Português?
Aluno 1: Não, acho que não.
Rodrigo: Não? Porque vocês acham?
Aluno 1: porque ta errado a ortografia.
Rodrigo: Tá errada a ortografia?
Aluno 1: Eu acho.
Rodrigo: Vocês conseguem apontar os erros do texto 1, por exemplo?
Aluno 1: “eu di um beijo nela”
Aluno 2: “Chópis”
Aluno 1: “A gente fomos no shopping pra mode a gente lancha”
Rodrigo: E o texto 2?
Aluno 1: “Sou fio das mata”, “trabáio”, “estio”, “chupana”
Rodrigo: Ok. E o texto 3?
Aluno 2: “necessidad”
Aluno 1: “pq”
Aluno 2: “vc”
Aluno 1: “naum”
Rodrigo: Vocês conseguem apontar o que tá errado aqui neste primeiro trecho em que o autor
está falando sobre o jogo do Grêmio?
Aluno 1: “discutamos”
Rodrigo: Tem mais alguma coisa?
Aluno 2: talvez o “atribuamos”
Rodrigo: Ok. E no segundo trecho?
Aluno 2: “A gente já falou aqui”. Isso eu não sei se tá muito correto.
Aluno 2: “que pra agricultura”. O “pra” ali não...
Aluno 1: “uma porção de gente”. Tá certo, será?
Aluno 2: “desenvolver direito”?
Aluno 1: “não tem muita maquinaria”. Não tinha que ter uma acento ali?
Aluno 2: “tem que ser feito na unha mesmo”
117
118
Dupla 3:
Rodrigo: Então pessoal, que tipo de texto é o texto 1?
Aluno 1: é uma letra de música.
Rodrigo: Texto 2?
Aluno 1: É... são poemas, versos.
Rodrigo: Tá. Texto 3?
Aluno 1: é um diálogo
Rodrigo: diálogo, que acontece onde?
Aluno 1: que acontece no MSN.
Rodrigo: E vocês acham que esses textos que vocês leram são exemplos de correção de
português?
118
119
Aluno 2: Sim
Rodrigo: Sim? Por que eles estão corretos?
Aluno 1: Não. Eles tão errados.
Rodrigo: Estão errados ou estão certos?
Aluno 1: Acho que eles tão errados mesmo. Tem palavras erradas.
Rodrigo: É? Pode me apontar os erros que têm no texto 1, por exemplo?
Aluno 1: “eu di um beijo nela”, “a gente fomos”, “comi uns bicho estranho”
Aluno 2: “gostioso”
Aluno 1: “gostioso”
Rodrigo: E no texto 2, apontem alguns erros que vocês tenham achado.
Aluno 1: “fio”, “trabáio”, “chupana”, “mio”
Rodrigo: Tá bom. E no texto 3?
Aluno 1: O texto 3 tá escrito com muitas gírias. Aí tá “vc”, tá tudo abreviado.
Rodrigo: Linguagem de internet, né?
Aluno 1: Sim.
Rodrigo: E aí na segunda folhinha, vocês tinham esses dois trechos para apontar alguns erros
que vocês possam ter encontrado. Nesse primeiro, o que vocês acharam de errado?
Aluno 1: Eu não achei nada!
Rodrigo: E na segunda?
Aluno 1: Tu achou alguma coisa de errado?
Aluno 2: Não.
Aluno 1: Na segunda também não!
Rodrigo: Nada? Então tá bom. Obrigado!
119
120
Rodrigo: Vocês só tiveram aula de português com ela ou teve outros professores?
Aluna 1: Só com ela né?
Aluna 2: Eu tive outros professores.
Rodrigo: É? E mais ou menos quantas redações tu escreve por ano? (para a aluna 2)
Aluna 2: A professora, que eu me lembre, dá uma por trimestre, sempre pra completar o conteúdo. Ela
dava os conteúdos e depois uma dissertação...
Rodrigo: E como é que os professores costumam corrigir essas redações? Eles te chamam e tentam te
aconselhar?
Aluna 1: Eles levam pra casa e dão a nota e te entregam.
Rodrigo: E eles marcam coisas no texto que vocês deveriam corrigir?
Aluna 1: Não.
Aluna 2: Não.
Rodrigo: Não marcam nada? Simplesmente dão uma nota?
Aluna 2: Não. Eles marcam sim.
Aluna 1: Mas esse ano passado não, hein?
Aluna 2: Ela pega e marca, por exemplo, se a gente escreve “a gente fomos“. Aí ela pega e escreve na
redação.
Rodrigo: E alguma vez vocês tiveram que reescrever uma redação pra pensar melhor no que vocês
escreveram e melhorar essa redação?
Aluna 1: Eu não.
Rodrigo: Nunca?
Aluna 1: É porque a gente fazia, ela levava pra casa, corrigia e dava nota e tava pronto.
Rodrigo: Tá certo. Obrigado!
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