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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

INSTITUTO BÁSICO DE HUMANIDADES


Diretor: Prof. Ms. Sílvio Luís da Costa

GELP
Rua Visconde do Rio Branco, 22 -Taubaté - SP
Telefone: (12) 3622-5479

PROFESSORES DE CARREIRA

Profª Ms. Adriana Milharezi Abud


Profª Ms. Angela Popovici Berbare
Profª Drª Ariádne Castilho de Frêitas
Profª Drª Graziela Zamponi
Prof. Ms. Joel Abdala
Profª Ms. Maria do Carmo Souza de Almeida
Prof. Dr. Orlando de Paula
Profª Drª Roseli Hilsdorf Dias Rodrigues
Profª Ms. Sílvia Regina Ferreira Pompeo Araújo
Profª Ms. Teresinha de Jesus Cardoso e Cunha

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APRESENTAÇÃO

O aluno do ensino superior tem como requisito indispensável em sua futura


carreira o domínio da norma culta da nossa língua, uma vez que os avanços
tecnológicos, aliados à globalização, passaram a exigir um profissional com maior
qualificação, inclusive no que se refere à capacitação em Língua Portuguesa.
Espera-se que o profissional saiba falar e escrever bem; isso porque a linguagem,
principalmente a escrita, insere-se em seu quotidiano com a produção de relatórios,
atas, avisos, e-mails. Destaca-se, ainda, a relevância da linguagem oral ao procurar
emprego, ao fazer entrevistas e dinâmicas de grupo. Uma vez empregado, esse
profissional passa a participar de reuniões, fazer apresentações e processos de
negociação, redigir minutas, enfim, uma infinidade de atividades do dia a dia que
exigem clareza e correção, independentemente da área em que trabalha.

Os professores do Grupo de Estudos em Língua Portuguesa (GELP)


acreditam que cabe à Universidade dar oportunidade aos alunos/futuros
profissionais para que se tornem linguisticamente competentes. É preciso que o
aluno universitário se conscientize que o sucesso profissional está atrelado ao bom
uso da nossa Língua e que encare o estudo de Língua Portuguesa como uma
ferramenta para que ele se torne cidadão de primeira categoria.

AGRADECIMENTOS

A todos os colegas que, direta ou indiretamente, ajudaram a preparar e


organizar o conteúdo proposto.

Professoras responsáveis pela elaboração deste Roteiro de Estudo

Prof.ª Drª Ariádne Castilho de Freitas (2011-2012- 2013)


Profa. Ms. Maria de Jesus Ferreira Aires (2011)
Profª MS. Ângela Popovici Berbare (2012)
Profª MS. Teresinha de Jesus Cardoso e Cunha (2012)

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SUMÁRIO

Unidade 1 - Gêneros Acadêmicos

1.1 Resumo Científico....................................................................... 07

1.2 Resenha Crítica e Acadêmica.................................................... 11

Unidade 2 - Parágrafo Padrão ......................................................................... 18

Unidade 3 - Coesão e Coerência textuais

3.1 Coesão textual .......................................................................... 31

3.2 Coerência textual ....................................................................... 36

Unidade 4 - Redação Acadêmica

4.1 Curriculum Vitae ........................................................................ 39

4.2 Carta de Apresentação .............................................................. 42

Unidade 5 - Gênero Discursivo Acadêmico: Artigo Científico 45

Unidade 6 - Gramática

6.1 Emprego dos Pronomes Relativos ........................................... 47

6.2 Concordância

6.2.1 Concordância Nominal............................................................ 51

6.2.2 Concordância Verbal.............................................................. 54

6.3 Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos ........................... 60

6.4 Pontuação ................................................................................... 63

6.5 Pronomes de Tratamento........................................................... 67

Bibliografia ........................................................................................................ 68

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UNIDADE 1
GÊNEROS ACADÊMICOS

1.1 RESUMO CIENTÍFICO

O resumo científico é a apresentação concisa do conteúdo de um texto,


ressaltando os pontos relevantes, como o assunto, o objetivo, a metodologia, os
resultados e as conclusões. Para elaborá-lo, é necessário considerar as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A NBR 6028/2003 estabelece
orientações para os resumos, que têm como função social apresentar as partes
principais de uma pesquisa científica. Normalmente o resumo vem no início de um
trabalho científico (monografia, dissertação de mestrado, tese de doutorado, artigo
científico).
Esse tipo de resumo também pode ser publicado em Anais de Congressos,
Encontros, Seminários, etc. Sobre isso, atente para a seguinte informação:
A UNITAU realiza, anualmente, no mês de outubro, o Encontro de Iniciação
Científica (ENIC), evento que tem como objetivo incentivar a prática de pesquisa na
Graduação. Neste ano de 2013, acontecerá o XVIII ENIC, ocasião em que qualquer
acadêmico poderá submeter resumo de seu trabalho para avaliação.
Em 2012, as orientações acerca do resumo foram as seguintes:
► o resumo (simplificado, estruturado) deverá apresentar os objetivos, a
metodologia, os resultados e as principais conclusões.
► o corpo do texto deverá ter até 600 palavras, no formato padrão do
programa Word for Windows, espaçamento simples, corpo 12 e fonte Times New
Roman. Não deve conter gráficos, tabelas ou desenhos.
►os resumos aprovados para o ENIC serão apresentados exclusivamente na
forma de PÔSTER (Painel).

Observe os exemplos de resumos científicos que seguem e responda às


questões propostas.

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TEXTO 1
ANÁLISE DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJOS FRACIONADOS
O queijo é um alimento nutritivo, de sabor e textura agradáveis e apresenta cerca de 1000
variações. A utilização de produtos fracionados tem aumentado, proporcionando ao
consumidor adquirir porções menores podendo variar o consumo. O objetivo do presente
estudo foi avaliar a qualidade microbiológica de queijos fracionados e embalados,
comercializados em um supermercado do município de Taubaté, no dia do fracionamento,
no vencimento da validade e 7 após o vencimento. Foram analisados queijos Provolone,
Mussarela, Reino, Prato, Edam, Gouda, Estepe, Gruyere, Brie, Gorgonzola, Faixa Azul,
Parmeggiano Regiano fracionados. As amostras foram submetidas à análise de coliformes
totais e fecais, contagem de microrganismos mesófilos, detecção de Salmonella, contagem
de Staphylococcus. Os valores obtidos foram comparados com a RDC 12/2001 ANVISA que
regulamenta os padrões microbiológicos para alimentos. Nenhuma amostra apresentou
contagens de coliformes totais e fecais acima do valor máximo aceitável, quanto a
Stapylococcus coagulase positiva e Salmonella não houve colônias características em
nenhuma das análises. Os resultados deste trabalho mostram que o prazo de validade
determinado é perfeitamente compatível com a conservação dos queijos.
(Maria Juliana da Cruz, Mariana G. Alves e Mariko Ueno - VIII Mostra de Pós-graduação da UNITAU -
2007 –Engenharia de Alimentos – UNITAU)

a) Qual é o tema da pesquisa?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
b) O título está adequado ao tema? Por quê?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
c) No resumo, é apresentada a justificativa da pesquisa?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
d) Quais são os objetivos da pesquisa?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
e) Como esses objetivos são expressos? Estão suficientemente claros para o leitor?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
f) Os resultados são apresentados de maneira clara e objetiva?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
g) O autor apresenta conclusão coerente com os resultados apresentados?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
h) Onde começa e termina cada parte do resumo científico apresentado?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

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TEXTO 2
LEITURA E AVALIAÇÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Em anos recentes, tem havido um crescente interesse, por parte dos pesquisadores, pelos
aspectos relacionados às práticas avaliativas no ambiente escolar. Por outro lado, tem
ocorrido também uma intensificação das pesquisas relacionadas ao ensino de leitura. O
presente estudo tem como objetivo examinar como o professor de Língua Portuguesa avalia
a leitura de seus alunos, com a finalidade de realizar uma reflexão em torno dessa prática e
das implicações aos que nela estão envolvidos. Os pontos teóricos de sustentação são a
leitura sob o prisma da Análise do Discurso de Linha Francesa e as teorias da Educação
referentes à avaliação do rendimento escolar. O material analisado constitui-se de provas de
interpretação de texto do ensino fundamental e médio. Embora a análise tenha focalizado as
questões, examinou-se também a avaliação que o professor faz das respostas dadas pelos
alunos às questões propostas. Os resultados apontam que a avaliação de leitura, da forma
como vem sendo feita, apenas cumpre o ritual escolar de avaliar o aluno por meio de provas
bimestrais. Assim, estima-se que o ato de avaliar a leitura não tem função de diagnóstico,
mas apenas de constatação. Conclui-se que, ao avaliar a leitura do aluno, o professor não
fornece oportunidade para que haja questionamentos e reflexões, parece somente estimular
a repetição de idéias e conteúdos cristalizados. (Profª MS. Maria do Carmo Souza de Almeida.
50° SEMINÁRIO DO GEL. 2002)

a) Qual é o tema da pesquisa?


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
b) O título está adequado ao tema? Por quê?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
c) No resumo, é apresentada a justificativa da pesquisa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
d) Quais são os objetivos da pesquisa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
e) Como esses objetivos são expressos? Estão suficientemente claros para o leitor?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
f) Os resultados são apresentados de maneira clara e objetiva?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
g) O autor apresenta conclusão coerente com os resultados apresentados?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
h) Onde começa e termina cada parte do resumo científico apresentado?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

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TEXTO 3
POLUIÇÂO SONORA NA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE TAUBATÉ

A poluição sonora é a terceira poluição mais grave no meio ambiente, perdendo apenas
para a poluição das águas e solos. O som como poluente tem efeito imediato, pois ele não
se mantém no ambiente, ao contrário de outras formas de poluição. Esta pesquisa teve por
objetivo medir os níveis de ruídos em pontos centrais em Taubaté, em conseqüências dos
impactos ambientais incidirem diretamente sobre as pessoas, causando transtornos à
saúde. As medições dos níveis de ruídos foram feitas por dosímetro e realizadas em
06/08/2004. Foram coletadas quinze amostras em diferentes locais e concomitantemente
entrevistadas 473 pessoas, obtendo-se os seguintes dados: sexo, idade, freqüência no
local, incômodo do barulho e a intensidade. Um dos locais mais críticos foi no cruzamento
da Avenida Granadeiro Guimarães com a Rua Jacques Félix, próximo do hospital
universitário, registrando um nível de 81,1dB (A). O trânsito local foi de 53 veículos/min e
paralelamente foram entrevistadas 39 pessoas, sendo 41% com idade acima de 25 anos e
46% transitam mais de cinco vezes por semana no local. Destas, 92% consideram o ruído
no local desconfortável e 85% afirmam ser um ruído forte. Conclui-se que o nível registrado
está 62,2% acima dos limites da NBR 10151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade, a qual determina ser de 50 dB (A). Esses níveis podem
gerar fadiga, distúrbios gástricos, impotência, dores de cabeça, irritabilidade, dentre outros
sintomas, conforme a sensibilidade.
(Ângela Sena de Lima; Antônio César da Silva; Maria José Mendes; Maria Conceição Rivoli
Costa. Orientador: Geraldo Cesar N. Miranda – Engenharia Civil, IX Encontro de Iniciação
Científica, UNITAU, 2004.)

a) Qual é o objetivo do trabalho? Ele está claro para o leitor?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
b) No resumo, é apresentada a justificativa da pesquisa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
c) Qual a metodologia empregada para a realização do trabalho?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
d) Os resultados são apresentados de maneira clara e objetiva?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
e) O autor apresenta conclusão coerente com os resultados apresentados?
__________________________________________________________________________
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f) O título está adequado à pesquisa? Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________________
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1. 2 RESENHA CRÍTICA E ACADÊMICA

Bibliografia básica: MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resenha. São


Paulo: Parábola Editorial, 2004.

1.2.1 RESENHA CRÍTICA: É um gênero presente em jornais e revistas que


apresenta informações selecionadas, resumidas, com comentários e avaliações
sobre o que está sendo resenhado, como filmes, peças teatrais, livros, CDs de
músicas, etc.

Resenha: A origem dos sabores – Celso Masson

Dez anos depois de lançado pela editora do Museu começou a se espalhar a partir da China há cerca
Britânico, sai no Brasil Sabores perigosos: a de 6 mil anos. Eles navegaram para o Ocidente até
história das especiarias, de Andrew Dalby Madagascar e, do lado oposto, até a Ilha de
(Editora Senac São Paulo, tradução de Lenita Rinoli Páscoa, ocupando uma região que cobre 8.000
Esteves, 240 páginas, R$ 55). Linguista de quilômetros de norte a sul e 10.500 quilômetros de
formação, Dalby dirigiu por 15 anos a biblioteca da leste a oeste. Na bagagem, segundo Dalby, os
Universidade de Cambridge. Mas foi pesquisando a austronésios levaram mudas de gengibre, talvez a
história da alimentação humana que ele se tornou mais antiga das especiarias. Isso explica como a
um intelectual reconhecido, obtendo prêmios por planta se tornou nativa em uma área tão vasta (o
suas obras sobre gastronomia na Antiguidade. que seria biologicamente impossível sem a
intervenção humana). E qual a razão de os
Para escrever Sabores perigosos, ele pesquisou as austronésios carregarem o gengibre em seus
especiarias de forma obstinada. Sua meta: corrigir barcos rudimentares, em que não havia espaço
algumas das noções equivocadas sobre o modo para luxos? Eles o consideravam vital para suas
como o interesse por ervas, temperos, condimentos viagens. Muito mais que um condimento, o gengibre
e remédios exóticos definiu as rotas comerciais e era então um remédio.
deu início à globalização. “Vários historiadores
britânicos do século XX me disseram que, em Ao rever mitos criados em torno das especiarias,
épocas medievais, os temperos serviam para Dalby recupera a origem de três condimentos muito
‘mascarar o gosto da comida podre’”, escreveu importantes na Índia: o coentro, o cominho e o
Dalby. Ele diz que a informação é falsa. açafrão. Essas espécies são nativas do
Mediterrâneo. Elas podem ter sido transplantadas
Por serem produtos extremamente caros naquele pelos persas, por Alexandre, o Grande ou pelo
período, as especiarias só poderiam ser compradas imperador budista Asoka, que governou o norte da
pelos ricos, que tinham acesso a alimentos frescos Índia no século III a.C.
e de qualidade. Outro mito derrubado por Dalby é
que o empreendimento renascentista das grandes Mais que corrigir noções equivocadas de história, o
navegações, motivado pelo comércio das livro é um banquete para quem gosta de comida:
especiarias, se deveu ao papel desses produtos na ele disseca cerca de 60 especiarias contando sua
gastronomia. É uma meia verdade. Plantas origem, seus usos e suas propriedades. Traz ainda
aromáticas, afirma, têm servido aos humanos como gravuras que ilustram aspectos da fisiologia das
“aperitivos, digestivos, antissépticos, remédios, plantas e da vida cotidiana em diferentes regiões.
tônicos e afrodisíacos”. Tais propriedades, muito Por fim, tenta decifrar o efeito de iguarias como a
mais que temperar a comida, teriam justificado o pimenta ou o chocolate naqueles que os provaram
investimento na criação de rotas terrestres e com desconfiança pela primeira vez, antes de se
marítimas. deixar seduzir por seus sabores e aromas. “Que
nosso paladar e olfato continuem a ser estimulados
Um caso contado por Dalby para comprovar suas de forma variável, imprevisível e exótica”, diz Dalby.
teorias é o dos austronésios, uma civilização que

Fonte: Revista ÉPOCA, 5/12/2010

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Após a leitura da resenha crítica A origem dos sabores, complete o quadro:

Livro resenhado
Autor do livro
resenhado
Autor da resenha
Contextualização da
obra resenhada
Público alvo previsto

Fonte da resenha

Organização
(partes que compõem
a resenha lida)

Linguagem usada
pelo resenhador

Exercício adaptado de: GOLDSTEIN, N. et al. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo:
Ática, 2009.

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1.2.2 RESENHA ACADÊMICA

É um gênero presente em revistas e sites especializados, com resumo e


crítica de um livro acadêmico ou de um artigo, dissertação, tese. Essa crítica deve
ser fundamentada, isto é, embasada em autor(es) de importância no cenário
científico. A resenha é dirigida a um leitor da área acadêmica, por isso sua
linguagem é técnica e objetiva. Não se faz crítica ao autor, mas à sua obra que está
sendo resenhada.
É elaborada sempre na terceira pessoa do singular. Entretanto, é comum
aparecer na primeira pessoa do singular (por exemplo, “Penso...”), quando a pessoa
que resenha a obra é um expoente na área. A escolha de um autor favorável, ou
outro desfavorável ao texto resenhado já mostra nossa opinião. Geralmente, é
publicada em uma ou duas laudas (lauda:cada lado de uma folha de papel); pode ser
maior, dependendo da solicitação.

Partes da resenha

a) Contextualização: da obra (título, número de páginas, editora) e do autor (outras


obras, local, escola, grupo de pesquisa de origem, importância no cenário teórico,
outras obras já publicadas...); aproximadamente 1/6 do tamanho total da resenha.

b) Resumo: por seleção/construção, seguindo-se o roteiro do original; 2/6 do


tamanho total da resenha, aproximadamente.

c) Análise e crítica: nesta parte aparece a opinião do(a) resenhador (a), sempre

fundamentada em outro(s) texto(s). Observam-se os pontos fortes ou fracos da obra

resenhada; 2/6 do tamanho total, aproximadamente.

d) Considerações finais: para finalizar a resenha, incluem-se sugestões sobre:


público indicado para ler o texto, textos que poderão facilitar a leitura do texto
resenhado, textos complementares para pesquisa na área...; aproximadamente 1/6
do tamanho total da resenha.
A seguir, apresentamos um exemplo de resenha acadêmica.

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MODALIDADES TERAPÊUTICAS

EM MEDICINA ESPORTIVA
Willian E. Prentice
4ª ed., São Paulo: Manole, 2002. 375p. R$75,60
ISBN 85-204-1125-8

O livro Modalidades Terapêuticas em Medicina Esportiva, que está em sua


quarta edição ampliada e atualizada pelo professor doutor William E. Prentice e
colaboradores, renomado autor norte-americano atuante nas áreas de medicina,
educação física e fisioterapia, surge naturalmente com o desenvolvimento da
especialidade de treinamento esportivo.
É uma obra traduzida neste ano de 2002 para sua primeira edição brasileira,
que enfatiza as orientações para a prática do uso das modalidades terapêuticas e se
dirige a estudantes de fisioterapia, educação física e a todos os profissionais da área
da saúde envolvidos com a área de treinamento esportivo. Os autores relatam que,
no cenário norte-americano, os treinadores esportivos são profissionais que atuam
na área de esportes, sendo originalmente fisioterapeutas ou professores de
educação física que se especializaram nesse campo de atuação e recebem um
certificado para exercer a atividade.
Os capítulos introdutórios relatam a modernidade e a evolução do
conhecimento na área do treinamento esportivo e das modalidades terapêuticas que
auxiliam na prevenção e no tratamento de lesões. Composto por cinco partes, cada
uma delas subdivididas em capítulos que descrevem os fundamentos das
modalidades terapêuticas que influenciam o processo de reparação tecidual e o
controle da dor, sendo classificados em uma ordem lógica em relação aos recursos
eletromagnéticos, acústicos, térmicos e mecânicos. As modalidades elétricas são
detalhadas por meio de princípios básicos da eletricidade, correntes elétricas,
iontoforese e biofeedback. Em cada capítulo são discutidas as bases fisiológicas, as
aplicações clínicas e as técnicas de aplicações relevantes ao meio esportivo.
Cada capítulo começa com a exposição de seus objetivos, que servem como
indicadores do que transcorre ao longo do conjunto e do que deve ser levado como
ensinamento para a prática profissional. Possui figuras e quadros que ilustram de
forma clara os conteúdos que são expostos no texto, como glossários e analogias
que auxiliam a compreensão dos conceitos. Apresenta, também, resumos e
perguntas de revisão ao final de cada capítulo.
Uma característica positiva do livro é a interligação que o autor faz entre os
capítulos, citando temas que são aprofundados no capítulo seguinte e discutindo
vários assuntos de forma sucinta, mas com o aprofundamento necessário ao
entendimento das modalidades terapêuticas. Isso estimula o interesse pela leitura
completa da obra.
Cabe ressaltar, ainda, a importância que esta publicação terá no aprimoramento
e no desenvolvimento das intervenções na área esportiva.
Luciana Cezimbra Weis * Pós-graduação em Fisioterapia (Unimep)
* Correspondências: Rua Dom Pedro II, 567 - Centro, 13400-390, Piracicaba – SP
E-mail: luciana.weis @bol .com. br

FONTE: Revista Saúde, Piracicaba,


v.5, nº10, maio/agosto-2003

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Após a leitura da resenha Modalidades terapêuticas em medicina esportiva,


complete o quadro:

Livro resenhado

Autor do livro
resenhado
Autor da resenha
Contextualização da
obra resenhada
Público alvo previsto

Fonte da resenha

Organização
(partes que compõem
a resenha lida)

Linguagem usada
pelo resenhador

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1- Leia os textos abaixo e responda o que se pede:

Fonte: Seleções de livros – Reader `s Digest.


Resumo ou resenha? Justifique Agosto/06 Resumo ou resenha? Justifique
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________

Fonte: Época, nº 438.


out/06

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Fonte: Época. nº 431

Resumo ou resenha? Justifique


_______________________________ Resumo ou resenha? Justifique
________________________________ ___________________________
________________________________ ___________________________
________________________________ ___________________________

O ARTISTA

The Artist, França, 2011) Em 1927, George Valentin (Jean Dujardin) é uma grande estrela do
cinema-mudo em Hollywood. Sua vida, no entanto, se transforma radicalmente com a
chegada dos filmes falados. Acreditando que esta é apenas uma moda passageira, ele se
recusa a aderir à nova técnica e é desprezado pelos estúdios, sedentos por novos talentos. Ao
tentar produzir seu próprio filme mudo, em pleno crash da bolsa de 1929, George se endivida
e cai no anonimato. Enquanto vê seu casamento desmoronar, conhece a dançarina Peppy
Miller (Bérénice Bejo), que está prestes a se tornar uma grande estrela do cinema, agora
falado. A transição vivida pelo personagem homenageia a própria história do cinema, e de
forma emocionante. O longa, que foi considerado o destaque do ano passado nos Estados
Unidos e levou três Globos de Ouro (melhor filme, melhor trilha e melhor ator), deve render
pelo menos um Oscar ao diretor Michel Hazanavicius.(Fonte:
<http://veja.abril.com.br/blog/imperdivel> acesso em 15 fev. 2012.

Resumo ou resenha?
Justifique.___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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UNIDADE 2

PARÁGRAFO PADRÃO
Bibliografia Básica:
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 24. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
SOARES, M. B. Técnica de redação. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1978.

O CONCEITO DE PARÁGRAFO
Quando você escreve um texto, você o divide em parágrafos? Qual o critério
utilizado para isso? Por exemplo, dão-lhe um tema para redigir, e você, em sua
redação, constrói parágrafos?
A mudança de parágrafo implica uma mudança de assunto? Ou cada parágrafo
apresenta um aspecto novo de abordagem do mesmo assunto?
Pense em sua própria experiência. Aprofunde sua reflexão com algumas
explicações dadas abaixo:

O parágrafo é uma unidade de composição [...] em que se desenvolve


determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras,
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela.” (Garcia, Comunicação em Prosa Moderna, 1985, p. 203)

“Considere o parágrafo, sempre que possível, como uma unidade de


pensamento.” (Manual de Estilo da Editora Abril, 1990, p. 27)

Quando se diz que “parágrafo é uma unidade de composição”, não se quer afirmar
que cada parágrafo desenvolve um tema. Pretende-se dizer que cada parágrafo vai
desenvolver um aspecto novo, uma ideia nova, embora o tema permaneça o mesmo
em todo o texto. Há uma mudança de parágrafo quando há uma mudança de ideia
central a ser desenvolvida. Mas as diversas idéias desenvolvidas nos vários
parágrafos giram em torno do mesmo tema, caso contrário não haveria unidade.

DIVISÃO DO TEXTO EM PARÁGRAFOS


A divisão do texto em parágrafos exige de quem escreve que saiba organizar as
ideias, de forma que o leitor possa acompanhar, sem dificuldade, o desenvolvimento
da abordagem dado ao tema. Se as ideias não forem bem ordenadas, o texto se
tornará confuso, incoerente, ilógico.

EXTENSÃO DO PARÁGRAFO
A extensão do parágrafo resulta da própria natureza da ideia a ser explanada e do
tipo de desenvolvimento que se dará a ela. Por isso, o tamanho dos parágrafos
varia.
A maioria dos textos apresenta-se dividido em parágrafos, isto é, em blocos de texto
cuja primeira linha se inicia em margem especial, maior do que a margem normal do
texto; em cada um desses blocos, o leitor encontra uma parte da mensagem que o
autor quer transmitir.

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PARÁGRAFO PADRÃO - Estrutura


Tópico Frasal: geralmente, a primeira ou as primeiras frases, as quais deixam claro
a ideia única que será abordada no parágrafo.
Desenvolvimento: as ideias que vão embasar o ponto de vista do parágrafo; há
várias formas de desenvolvimento.
Conclusão: é o ponto a que se chega ao fim da reflexão do parágrafo. Sintetiza o
seu conteúdo.

O parágrafo padrão será o tipo de escrita que evidenciaremos de agora em


diante. Isso devido a vários motivos:
treinar sua capacidade de redigir sobre um só assunto;
educar o raciocínio, no sentido de prestar atenção na produção de um texto
que possua começo (introdução), meio (desenvolvimento) e fim (conclusão),
pois no corpo escrito do Parágrafo Padrão há os elementos básicos de
articulação das ideias com um raciocínio completo;
praticar formas diversificadas de abordar assuntos com ordenações diferentes
do desenvolvimento a fim de observar o uso facilitador de marcadores, tanto
para nossa escrita, como guia, até para os leitores virtuais do nosso texto.

MODELO DE PARÁGRAFO PADRÃO

“A tevê, apesar de nos trazer uma imagem concreta, não fornece uma reprodução
fiel da realidade. Uma reportagem de tevê, com transmissão direta, é o resultado de vários
pontos de vista: 1) do realizador, que controla e seleciona as imagens num monitor; 2) do
produtor, que poderá efetuar cortes arbitrários; 3) do cameraman, que seleciona os ângulos
de filmagem; finalmente de todos aqueles capazes de intervir no processo da transmissão.
Por outro lado, alternando sempre os closes (apenas o rosto de um personagem no vídeo,
por exemplo) com cenas reduzidas (a vista geral de uma multidão), a televisão não dá ao
espectador a liberdade de escolher o essencial ou o acidental, ou seja, aquilo que ele deseja
ver em grandes ou pequenos planos. Dessa forma, o veículo impõe ao receptor a sua
maneira especialíssima de ver o real”.
Fonte: Muniz Sodré, A comunicação do grotesco. In SOARES, Magda B. Técnica de redação. Rio de Janeiro:
Ao Livro Técnico, 1978

Assunto: A televisão
Delimitação do assunto: a realidade na televisão
Objetivo: mostrar que a televisão não fornece uma representação fiel da realidade.

Tópico frasal: “A tevê, apesar de nos trazer uma imagem concreta, não fornece
uma reprodução fiel da realidade.”

Desenvolvimento: começa em “Uma reportagem” e vai até “pequenos planos”.

Conclusão: Dessa forma, o veículo impõe ao receptor a sua maneira especialíssima


de ver o real.

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Tópico frasal
O tópico frasal indica sinteticamente o conteúdo do parágrafo, isto é, enuncia a
ideia-tópico que vai ser desenvolvida. Um bom tópico frasal deve ser: claro,
específico e detalhado.

Um tópico frasal é claro quando não permite dupla interpretação da ideia


central que será tratada. Um tópico frasal obscuro é inútil; no momento em que o
leitor não consegue distinguir qual será a ideia central do parágrafo simplesmente
lendo o tópico frasal, este perdeu sua finalidade.
Observe: “José Maria está zangado. Pela primeira vez, ele, a mulher e os dois filhos
não vão passar o Natal com a família em Ribeirão Preto, São Paulo. Sem dinheiro,
adeus, viagem”.
- o tópico frasal: “José Maria está zangado” informa a ideia central
claramente. As outras frases sustentam essa ideia, dão o porquê da zanga.

Em sua opinião, o tópico frasal: - Ler é importante – é um tópico frasal claro?


Deixa clara a ideia principal a ser desenvolvida?
Percebemos que esse tópico frasal oferece ao leitor somente vagas indicações
sobre qual seria o assunto do parágrafo; há várias possibilidades, o que deixa o
leitor desorientado.
Observe como esse tópico frasal poderia tornar-se claro:
a) “A leitura desenvolve no leitor o domínio das possibilidades expressivas de
sua língua”.
b) “A leitura introduz as crianças no saudável hábito de refletir por si mesmas, na
tranquilidade da solidão”.

Agora é sua vez – Escreva um tópico frasal claro para desmanchar a informação
geral de:
Ler é importante:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Um tópico frasal específico limita a ideia-núcleo. Ele não pode ser tão amplo ou tão
genérico que precise de um ensaio inteiro para explorá-lo. Ele será específico
quando puder ser explicado num parágrafo de dimensão normal (de cinco a oito
frases).
Ex.: “Como podemos economizar gasolina?” é um tópico frasal não específico.
- Específico – “Para o motorista, a melhor maneira de economizar gasolina é não
forçar as marchas de seu carro.”
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Treino: os tópicos frasais abaixo não são específicos. Se possível, proponha duas
correções para cada um deles:
1)Você pode aprender a dançar em dez lições.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2) Os perigos de um incêndio são muitos.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Um tópico frasal detalhado apresenta uma visão prévia de todos os aspectos


da ideia-tópico que serão desenvolvidos. Uma vez estabelecido um tópico frasal
claro e específico convém detalhá-lo, a fim de que constitua, também, um bom plano
de parágrafo.
Compare os pares abaixo: o primeiro tópico frasal de cada par não está
detalhado, enquanto o segundo, subdividido, já exprime com maior precisão o
desenvolvimento que o parágrafo terá.
a- Para o motorista, a maneira mais simples de economizar gasolina é não forçar as
marchas.
- Para o motorista, a maneira mais simples de economizar gasolina é trocar as
marchas no momento adequado, evitar o uso da reduzida e andar, sempre que
possível, em terceira ou quarta.

b- Tudo farei para que meu filho não cometa os mesmos erros que cometi.
- Tudo farei para que meu filho não perca o ano na escola por falta de estudo, não
deixe de ir periodicamente ao dentista e não deixe de praticar esportes desde
pequeno.

Detalhe os tópicos frasais abaixo:


a) Poderá chover hoje.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) A comunicação entre idosos e jovens é muito difícil

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO

1- Enumeração: consiste em citar, enumerar uma série de características, de fatos,


de funções, de fatores. Esse tipo de ordenação do parágrafo é frequentemente
identificado por algumas das marcas lingüísticas a seguir:

- Primeiramente..., a seguir..., por fim....,


- Um primeiro elemento..., já outro..., finalmente...
- Para começar...., outro exemplo..., o último...

“Durante três anos, o epidemiologista Trevo Orchard e sua equipe, da Universidade de


Pittsburg, acompanharam duzentos e quarenta pacientes, divididos em três grupos. O
primeiro foi tratado com placebo. O segundo, com metformina, um medicamento indicado
para controlar o diabete. O terceiro seguiu uma dieta adequada e um programa de atividade
física. Conclusão: esse último foi o que apresentou os melhores resultados, com 58% de
redução no risco de desenvolver diabete, contra 31% do grupo tratado com metformina”

(texto adaptado. FERNANDES, Beth. À beira do diabete. Saúde! É vital. São Paulo: Abril, n.261, p.36,
jun.2005.).

2- Definição ou conceituação: consiste em esclarecer o sentido que atribuímos a


um termo, destacando as características essenciais a sua identificação, isto é,
explicamos o termo por meio de sua definição.

Marcas lingüísticas:

- tal coisa é...


- consiste em...
- caracteriza-se por...
- apresenta-se como...
- resume-se em...
- parece-se com...
-

“O maracujá é uma planta pertencente à família das Passifloráceas, gênero Passiflora.


Segundo alguns estudiosos, parece que provém do vocabulário indígena mara-cuiá, cuja
significação é “comida na cuia”. É uma trepadeira, provida de gavinhas que se firmam em
outras plantas. Caracteriza-se por ter frutos globosos, aromáticos de polpa amarela e
gelatinosa. Existem dezenas de espécies de maracujás indígenas no Brasil. De modo geral, são
usados em refrescos, licores, vinhos, geléias, doces e bolos.

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3- Exemplificação: o conceito é explicado por meio de exemplos que esclarecem o


sentido do conceito.
Marcas linguísticas:

por exemplo... como exemplo...

“Todos os pacientes com doença de refluxo gastroesofásico deveriam modificar


hábitos para amenizar o distúrbio. A obesidade, por exemplo, comprime o abdômen,
facilitando o refluxo. Portanto, é indicada a redução de calorias de dieta e a prática de
exercícios físicos para reduzir esse mal.”

3- Analogia: o conceito ou processo é explicado por meio de outro que lhe seja
semelhante e mais familiar ao interlocutor.
Marcas linguísticas:

a mesma coisa que .. semelhante a...


semelhantemente em analogia a ...

“Você entra num supermercado e vai direto ao produto com a marca que você quer, nesse
momento não interessa o preço. O motivo é simples: ao longo dos anos, você aprendeu a
confiar nela. Na vida profissional é a mesma coisa. Você se apresentou a uma empresa, ela o
recebeu. Assim, começou uma, talvez longa, parceria, baseada em confiança”.

4- Causa e consequência: as ideias são encadeadas de tal forma que as


consequências de um fato ou fenômeno sejam causas de outros fenômenos ou
fatos. Marcas linguísticas:

causa: consequência:
já que... graças a ( sentido positivo )...
porque... em decorrência de ...
como consequência ...
visto que ...
de modo que ...
em virtude de...
como resultado...
uma vez que...
por conseguinte....
por isso...

“O acelerado desenvolvimento da humanidade vem gerando crescentes e apreensivos


problemas, em que se destacam os referentes ao equilíbrio homem/meio ambiente. A ligação
de ambos pode ser vista como danosa no que tange à poluição, pois a redução dos recursos
naturais e a diminuição da produtividade vêm matando principalmente as civilizações mais
evoluídas. Essa é uma das razões por que a poluição, consequente do desenvolvimento
industrial, é considerada como um dos principais problemas da atualidade. Por isso, é
necessária uma campanha rigorosa para combatê-la. Entretanto, para isso, é fundamental que
tenhamos uma base ecológica.” (SOARES, M. B. Técnica de redação. Rio de Janeiro: Ao
livro Técnico, 1978.)

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5- Comparação ou confronto: utilizamos a comparação ou o confronto quando


desejamos relacionar duas realidades, ressaltando as semelhanças
(comparação) ou as diferenças ( confronto ) existentes entre elas.
Em ambos os casos, precisamos ter o cuidado de selecionar nas realidades
relacionadas aspectos ou equivalentes nas realidades postas em comparação ou
confronto. Comparação ou confronto podem ser organizados, tomando-se como
ponto de referências o tempo, o espaço ou outro aspecto particular.

Marcas lingüísticas:

da mesma maneira... / de maneira diferente...


de um lado... / de outro... / por outro lado...
antigamente...
atualmente...
em contraste...
enquanto...
mais do que.../ menos do que...
mais.../ menos...
melhor... / pior...

Confronto:
“A visão do sertanejo não está, como a do homem do litoral, fechada pela floresta,
pelos canaviais; ela se estende até o infinito. O homem que vive na costa é prisioneiro do lodo
que lhe cola aos pés, das ervas que retardam sua marcha, das árvores que sufocam, dos velhos
engenhos em ruínas, cheios de fantasmas, dos bosques sagrados cheios de encantamentos.
Em contraste, o homem da caatinga nada tem diante de si, a não ser um céu imenso
implacavelmente azul estendendo-se sobre seu chapéu de couro, em que raras nuvens se
esgarçam devoradas pelo sol insaciável. A seus pés, a grande extensão de areias, de espinhos.
Tudo o incita à partida, em luta contra o espaço.”( SOARES, M.B. Técnica de redação. Rio
de Janeiro: Ao livro Técnico, 1978.)

Comparação:
“A energia assume todas as formas possíveis. Comparável a uma serpente, animal
que se” transforma “ou ”renova”, ao mudar a pele ( a sua forma externa ), também a energia
se transforma: qualquer gesto do corpo vivo, desde o levantar de um peso até o mero ato de
raciocinar, gasta energia; o estudo bioquímico do metabolismo mede-lhe a intensidade e o
ritmo. Como a ondulação da serpente, também a energia pode ser representada como uma
pulsação, um ritmo ou vibração constante. Pois tanto faz compararmos as batidas do nosso
coração, os raios gama, os ciclos das estações do ano ou da corrente elétrica da bateria de um
carro – tudo pode ser representado em gráficos que têm, como característica básica uma linha
ondulatória.” (texto adaptado. WEIL P & TOMPAKOW R. O corpo que fala. In SOARES,
M.B. Técnica de redação. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1978.)

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6- Ordenação temporal: consiste na construção de parágrafos e textos narrativos


ou dissertativos, sobretudo em notícias de jornal, em que fatos costumam ser
relatados cronologicamente, segundo sua linha de acontecimento no tempo.

Marcas linguísticas: datas, momentos, horários expressos por:

 advérbios e locuções adverbiais de tempo: agora, já, ante, breve, cedo,


ultimamente, logo depois...
 preposições e locuções prepositivas: após, antes de, até, depois de
 conjunções e locuções conjuntivas: à medida que, até que, sempre
que, depois que...
 adjuntos adverbiais de tempo: ontem, no mês passado, no século XX,
alguns meses depois, por alguns minutos...

“Os meios de transporte terrestre evoluíram muito, durante o século XX. Por volta de 1900,
predominavam os veículos de tração animal, como charretes, carroças, bondes. O trem a
vapor era o mais rápido meio de locomoção. Havia também os bondes elétricos. Já nas
primeiras décadas do século, o automóvel passou a fazer parte da paisagem das grandes
cidades. Nas décadas seguintes, surgiram o ônibus, o metrô, a motocicleta e os caminhões.
Todos esses meios de transporte foram aperfeiçoados para oferecer mais conforto e rapidez
aos usuários.

7- Ordenação espacial: os acontecimentos são apresentados, seguindo uma linha


de acontecimentos no espaço (lugares). Marcas linguísticas:

 advérbios e locuções adverbiais de lugar: longe, perto, à direita, ao lado, em cima,


 locuções prepositivas: perto de, junto a, em frente de, ao redor de,..
 adjuntos adverbiais de lugar: no Brasil, nas pequenas cidades, na parte inferior, no
campo...

“O estudo de botânica pode acontecer em vários lugares. Em um local aberto, os


alunos são expostos a todo tipo de variedade encontrada na natureza. Em sala de aula, eles
devem imaginar como seria a planta, qual sua altura real, qual seu habitat, a partir de gravuras
ou explicações de livros. Por esse motivo, atualmente muitos professores procuram levar seus
alunos para pesquisar in loco, em vez de exigir deles a memorização de detalhes de um livro”.
(folheto informativo)

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

TEXTO 1
Há muitos motivos para os jovens de hoje lerem muito pouco. A televisão pode ser uma
das causas de o jovem afastar-se dos livros. Uma outra razão pode ser o incentivo que se tem
dado, hoje em dia, aos esportes. É possível incluir, dentre essas causas, os videogames, a
ausência de incentivo à leitura dentro de casa ou mesmo na escola. Consequentemente, os
alunos do ensino fundamental e médio, assim como os universitários, enfrentam sérios
problemas nos estudos, principalmente quando têm que ler livros técnicos da área em que
pretendem se desenvolver e no momento da redação. É necessário, portanto, que os pais, os
professores e a mídia promovam uma campanha de incentivo à leitura, demonstrando a
importância dessa atividade para o aperfeiçoamento pessoal e profissional. (ULISSES)

Leia o texto 1 e complete o quadro abaixo:


Tópico frasal

Assunto

Delimitação do assunto

Objetivo do autor

Desenvolvimento (início/ fim)

Tipo de ordenação do
desenvolvimento

“marcas” que, no
desenvolvimento,
indicam o tipo de ordenação

TEXTO 2
“A utilização da energia das ondas sempre fascinou os cientistas. Existem três tipos de
energia nas ondas. Em primeiro lugar, a de seu movimento rotativo, provavelmente
impossível de ser aproveitada, porque as ondas sucessivas variam muito. Em segundo lugar, a
energia cinética do movimento que elas fazem para a frente – também de difícil
aproveitamento, porque as ondas movem-se muito devagar e não carregam grandes volumes
de água. Em terceiro lugar, vem a energia que está sendo considerada a mais promissora: a
distância vertical entre a crista e a base das ondas, que representa uma força de gravidade
potencialmente aproveitável.”

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Leia o texto 2 e complete o quadro abaixo:

Tópico frasal

Assunto

Delimitação do assunto

Objetivo do autor

Desenvolvimento (início/ fim)

Tipo de ordenação do
desenvolvimento

“Marcas” que, no
desenvolvimento,
indicam o tipo de ordenação

Coloque F (FALSO) ou V (VERDADEIRO), diante das afirmações:


( ) O texto 1 pode ser considerado um parágrafo padrão.
( ) O texto 2 pode ser considerado um parágrafo padrão.
( ) O texto 1 não é parágrafo padrão.
( ) O texto 2 não é parágrafo padrão.
( ) Os tópicos frasais dos dois textos têm o mesmo número de orações.
( ) Nos dois textos, o desenvolvimento foi ordenado da mesma maneira.
( ) Em nenhum dos textos há delimitação do assunto.
( ) Em nenhum dos textos há conclusão.
( ) O tópico frasal é sempre uma oração completa.
( ) O texto 1 não apresenta marcas que nos possibilitam indicar o tipo de desenvolvimento.
( ) No texto 1 há conclusão.

OUTROS EXERCÍCIOS

1) No parágrafo a seguir, sublinhe o tópico frasal e verifique se seu desenvolvimento


é correto.

Há três razões pelas quais João não vai para a universidade federal. Em primeiro
lugar, é órfão de pai e sua mãe ficaria sozinha em casa. Ela tem alguns amigos, mas
eles não moram próximo e, assim, ficaria isolada a maioria das noites. Apesar de
João desejar muito fazer o curso superior, preferiu trabalhar perto de sua casa.

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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2) Analise cada um dos parágrafos abaixo e apresente as informações pedidas:

a) Nos Estados Unidos, cientistas desenvolveram um robô que jamais perde o


equilíbrio, mesmo que alguém tente derrubá-lo com uma rasteira. Como um joão-
bobo de borracha, ele balança, balança, mas não cai. O segredo é um programa de
computador que calcula, num abrir e fechar de olhos, a velocidade e a direção do
robô, de modo a corrigir qualquer movimento que o faça perder o equilíbrio.

Tópico frasal :_______________________________________________________


__________________________________________________________________

Como se desenvolveu o parágrafo:______________________________________


__________________________________________________________________

b) A mítica brasileira procede de três fontes étnicas: influência negra, abrangendo a


área da cana-de-açúcar, da mineração e grande parte da cafeeira; influência
indígena, envolvendo o extremo Norte e o Oeste, isto é, a Amazônia Legal; e
influência branca, predominantemente no Sul do país.

Tópico frasal:_________________________________________________________
___________________________________________________________________

Como se desenvolveu o parágrafo?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3) Um parágrafo bem construído não pode incluir elementos que não estejam
contidos na ideia-núcleo. Sublinhe, nos parágrafos abaixo, as ideias irrelevantes.

a) Os tomates, reconhecidos hoje como um alimento muito rico em vitaminas,


especialmente a vitamina C, que previne contra o escorbuto, enfermidade que em
outros tempos foi o terror dos marinheiros, foram considerados por nossos
antepassados, até meados do século XVIII, venenosos.

b) O assassínio do presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro, quando


percorria a cidade de Dallas, aclamado por numerosa multidão, cercado pela
simpatia do povo do grande Estado do Texas, terra natal, aliás, do seu sucessor, o
presidente Johnson, chocou a humanidade inteira não só pelo impacto emocional
provocado pelo sacrifício do jovem estadista americano, tão cedo roubado à vida,
mas também por uma espécie de sentimento de culpa coletiva, que nos fazia, por
assim dizer, responsáveis por esse crime estúpido, que a história, sem dúvida,
gravará como o mais inominável do século.

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5) Considerando o tópico frasal apresentado abaixo, escreva um parágrafo padrão,


obedecendo às instruções:

: A escrita domina a nossa vida.

a) desenvolvimento por explicação com exemplificação


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) desenvolvimento por causa e consequência.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) desenvolvimento por enumeração.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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UNIDADE 3
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS
Bibliografia básica:
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002
__________. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006

3.1 COESÃO TEXTUAL


O texto é uma unidade básica de sentido, em que cada elemento linguístico
(palavra, frase, parágrafo) se relaciona, direta ou indiretamente, com todos os
outros. A coesão textual resulta das articulações gramaticais existentes entre as
palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem
sua conexão seqüencial. Denominamos mecanismos de coesão as pistas que nos
fazem interligar o que se segue ao que foi dito antes; interpretar como são
relacionadas pelo sentido, palavras, partes de frases ou frases; agrupar, organizar e
hierarquizar idéias.

Para estabelecer a coesão, realizamos dois movimentos:

a) Um desses movimentos é o de remissão ou referência a elementos do próprio


texto ou da situação enunciativa.
- Os principais meios de coesão por remissão são:
a) repetição de palavras;
b) substituição de uma palavra ou expressão por outra de sentido equivalente ou
semelhante;
c) pronomes.

Observe, no texto abaixo, como o antropônimo (nome) Fernanda Montenegro é


retomado ao longo do texto pela expressão nominal (a atriz) e pelos pronomes que
e ela
“O sucesso de Central do Brasil virou pelo avesso a vida de Fernanda Montenegro. De
repente, a atriz que se habitou a ser chamada de grande dama do teatro brasileiro – título
que considera bobo – passou a ser a sensação das telas. Ela já se havia destacado em
filmes como “ A Falecida” e “ Eles não usam black-tie”, este premiado no Festival de
Veneza, mas nenhum deles alcançou a projeção de Central. Para promover o filme, ela vem
fazendo uma maratona de viagens pelo mundo, orquestrada pela Sony Classics,
encarregada de distribuir Central do Brasil nos mercados internacionais.” (fragmento)
( Fonte:VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1582, ano 32, nº4, p.147, 27 jan.1999)

Observe, no exemplo que segue, a concordância, tanto verbal quanto nominal,


como elemento de coesão: não só o verbo faz referências ao substantivo, que
funciona como sujeito, como também os adjetivos ligados ao substantivo-sujeito:

“As piadas que um país faz sobre si mesmo deveriam merecer profundas análises,
talvez fossem mais reveladoras que caríssimas enquetes e vastos tratados analíticos.
Narradas nos intervalos dos coquetéis e jantares, funcionam como recreio, discurso
cômico e crítico.
(Fonte: SANT’ANNA, A.R. de. Política e paixão. 2.ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1984)

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

b) O outro movimento é o de progressão, que nos permite estabelecer relações


lógicas entre as ideias do texto. As conjunções ou articuladores trabalham para a
progressão das ideias de um texto.
A articulação das ideias se faz considerando o significado resultante das
interligações dos termos, orações e frases. As palavras podem expressar, por seu
valor semântico, relações de causa, conseqüência, finalidade, conclusão, etc.

Observe, no quadro abaixo, alguns articuladores e a função que podem exercem na


coesão textual:
Indicadores de Oposição, mas, porém, todavia,contudo,entretanto,no
Contraste entanto, ao contrário, etc.
Indicadores de Adição, e, também, nem, não só...mas também, além de, além disso,
Continuação ainda, tanto...como, etc.
Indicadores de embora, ainda que, mesmo que, se bem que, mesmo, apesar
Concessão de, etc.
portanto, então, assim, logo, por isso, pois, por conseguinte, de
Indicadores de Conclusão
modo que, em vista disso, etc.
Indicadores de da mesma forma, semelhantemente, tanto...quanto, mais...(do)
Comparação, que, menos...(do) que, tal qual, assim também, do mesmo
Semelhança modo, por analogia, em analogia a, como, assim como, etc.
se, caso, contanto que, a não ser que, desde que, a menos que,
Indicadores de Condição
etc.
Indicadores de
ou...ou, ora...ora, etc.
Alternância
Indicadores de
Por exemplo, como exemplo, etc.
Exemplificação
Indicadores de
a fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para que, com o
Finalidade, Intenção,
objetivo de, com o propósito de, etc.
Propósito, Mediação
Indicadores de Causa e porque, visto que, em virtude de, já que, uma vez que, devido a,
Consequência – ou por motivo de, graças a, em decorrência de, por causa de, por
Explicação consequência, por conseguinte, etc.
Indicadores de Proporção à proporção que, ao passo que, tanto quanto, tanto mais, etc.
Indicadores de
Segundo, conforme, como, de acordo com, etc.
Conformidade
Indicadores de Tempo quando, mal, nem bem, assim que, logo que, no momento em
(simultâneo, anterior, que, agora, desde que, antes, depois, pouco antes, pouco
posterior, contínuo ou depois, logo depois, nesse meio tempo, enquanto, à medida
progressivo) que, sempre que, etc.
Indicadores de Lugar lá, aqui, ali, acima, abaixo, etc.
Indicadores de Dúvida Talvez, possivelmente, é provável, etc.
Indicadores de Certeza certamente, sem dúvida, com toda certeza, por certo, etc.
Em suma, em síntese, enfim, em resumo, dessa forma, assim,
Indicadores de Resumo,
dessa maneira, a hipótese acima aventada, fazendo um balanço
Recapitulação
do que foi discutido até o momento, etc.
Indicadores de Em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, primeiro,
Prioridade, Relevância acima de tudo, sobretudo, etc.
Indicadores de Correção, Isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras, ou melhor, de
Redefinição,Rearfimação fato, pelo contrário

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EXERCÍCIOS
1- Identifique o termo a que cada um dos vocábulos gramaticais abaixo, em
destaque, faz referência:
a) “Combustíveis – O governo promete que não haverá reajuste. Mas isso não
depende muito dele, pois o Brasil ainda importa uma parte do petróleo que
consome.” ( Fonte:VEJA 1582,1999 p.45.)

isso:_________________________________________________________

(d) ele:_______________________________________________________

que:_________________________________________________________

b) “Da minha janela eu vejo dois homens. Eles agora se ajeitaram no degrau de
terra defronte ao lixo na ribanceira. Aquele que tem nas mãos uma arma,
limpa-a com uma flanela. Digo a mim mesmo: limpam a arma como nós
limpamos o carro nos fins-de-semana. A arma lhes é familiar, não os
ameaça.” (fragmento adaptado).
(Fonte:SANT’ANNA, A. R. de. Porta de colégio e outras crônicas. São Paulo: Ática,1995.)

eles:_________________________________________________________

a:___________________________________________________________

lhes: ________________________________________________________

os: _________________________________________________________

c) (Faap-SP) “Ouvindo-te dizer: Eu te amo,


creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
E no seguinte
Como sabê-lo?”

O pronome o refere-se a : ____________________

3-Indique a função dos articuladores em destaque nos textos abaixo:

3.1- Xampu serve para maquiar imperfeições, mas não trata. Assim, não espere
que um xampu de melhor qualidade vá, por si só, restaurar o viço do cabelo.
Para recuperar um cabelo danificado, só cortando e deixando crescer de novo.
mas:_________________________________________________________

assim: _______________________________________________________

para:_________________________________________________________

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3.2- Paulo ainda vai aos encontros do grupo porque não se considera curado.
ainda:________________________________________________________

porque:_______________________________________________________

3.3- A maioria dos jovens vai a esses lugares apenas para se divertir e encontrar
amigos. Uma boa parte, no entanto, acaba viciada em jogo.
apenas:______________________________________________________
no entanto:____________________________________________________

4-(PUC-SP) No período: “Da própria garganta saiu um grito de admiração, que Cirino
acompanhou, embora com menos entusiasmo”, a palavra em destaque expressa
uma relação de:
a) explicação b) concessão c) comparação d) modo e) consequência

5- “Podemos falar qualquer coisa: estou absolutamente calmo.”


Os dois pontos do período poderiam ser substituídos pelo articulador:
a) e b) portanto c) logo d) pois e) mas
A ideia que esse articulador traz a frase é de ____________________________

6- Que sentido o articulador mas, que introduz a conclusão do conto, indica:


“Todos os dias esvaziava entregava ao mar.
uma garrafa, colocava Nunca recebeu resposta
dentro sua mensagem, e a Mas tornou-se alcoólatra.

7- Preencha as lacunas com conectivos adequados


a) No segundo semestre, os franceses deverão modificar sua Constituição
___________ introduzir o conceito de proteção ambiental. __________ a
proposta do presidente Jacques Chirac for aprovada sem grandes
modificações, estará assegurado o direito a um ambiente equilibrado, saudável
e protegido. O texto torna a proteção ambiental “norma que se impõe a todos,
poderes públicos, jurisdições e sujeitos de direito”. O projeto também consagra
o chamado princípio da precaução, __________, a noção de que,
____________ houver dúvida, __________ pequena, sobre os efeitos de uma
determinada medida, deve-se sempre optar pela solução que resguarde o meio
ambiente.

34
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

b) Desde o início da civilização, o homem tinha consciência de quanto ele


dependia da água para viver, __________ não sabia exatamente por que a
água era tão imprescindível. _________ ela adquiriu uma conotação divina
para os povos da Antiguidade.

__________, ao longo do tempo, o desenvolvimento da ciência trouxe a


desmistificação da água, que passou a ser vista como fonte de higiene e
saneamento, melhorando as condições de saúde da população.
______________ a ciência forneceu o entendimento, o respeito pela água e a
preocupação com a sua preservação se esvaneceram. _____________ o
homem não readquirir a consciência de que a água é vital e está se tornando
cada vez mais escassa por causa da sua atitude predatória, o próprio futuro da
humanidade estará ameaçado.

8- Nos períodos abaixo foi empregado o pronome "onde". Em alguns deles, esse
emprego é inadequado. Assinale as alternativas em que ocorre o problema e
reescreva o trecho de modo a saná-lo.

(a) A literatura médica de vários países serviu de base para uma pesquisa, onde o
resultado mostrou que dois terços dos cegos do mundo estão concentrados na
Índia, China e na África.
(b) Para as crianças de países pobres, onde as condições de saúde são precárias,
o risco de cegueira é dez vezes maior comparativamente ao risco de cegueira
que correm as crianças de países ricos.
(c) Após mais de uma década de controvérsia, os artefatos da caverna sul-
africana, onde se encontram também ossadas humanas, já estão sendo
aceitos como a mais antiga evidência de que o homem surgiu na África.
(d) Talvez por conta de um maior número de pobres, o Nordeste é a região do país
onde as marcas dos produtos estão menos presentes nas cabeças das
pessoas.
(e) Aqueles produtos da pesquisa Top of Mind onde as marcas estão mais
presentes nas cabeças femininas são margarina, chocolate e desodorante.
(f) Para a Unilever Brasil, fabricante do produto, é mais do que razão para
comemorar, já que o Brasil é o país onde mais se vende Omo no mundo.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

3.2 COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência é a ligação semântica (sentido), é o resultado da articulação das


idéias de um texto. Há coerência num texto quando não há contradição de ideias,
quando suas palavras e frases compõem um todo significativo para os
interlocutores.
Abreu (2005:42) apresenta uma situação em que os elementos
contextualizadores – data, local, assinatura, elementos gráficos, que “ancoram” um
texto em uma situação comunicativa determinada – são decisivos para o
estabelecimento do sentido. Diz ele:

“Imagine o seguinte texto contextualizado de duas maneiras diferentes:


Hoje, eu, o rei, convido todos a comparecer em massa, para assistir ao massacre de Israel.
a) assinado: Imperador Tito, Jerusalém, ano 70
b) assinado: Pelé, Rio de Janeiro, 1995.”

No caso (a), teríamos o relato de um fato relacionado à história do povo judeu.


No (b), um prognóstico sobre um jogo de futebol, envolvendo duas seleções.
Mas a coerência de um texto depende também do nosso conhecimento de
mundo. Alguém que não conheça a história de Roma, da ocupação da Judeia pelos
romanos e a sua destruição pelo imperador Tito, terá mais dificuldades para
entender a primeira contextualização.”

Entretanto, a par desses fatores, parece inegável que um texto deva ter
algumas qualidades que garantam a coerência. Um estudioso francês (Michel
Charolles) propôs quatro princípios responsáveis pela coerência textual. Tratemos
aqui de três desses princípios, já que o primeiro diz respeito à coesão, que já vimos
anteriormente.

1. Princípio da progressão: para ser coerente, um texto deve apresentar


informações novas.
2. Princípio da não-contradição: em um texto coerente, o que se diz depois não
pode contradizer o que se disse antes ou ficou pressuposto.
3. Princípio da relação: o conteúdo de um texto coerente deve ser adequado a
um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.
Vejamos alguns casos de textos em que esses princípios não foram observados.

Texto 1 - Trata-se de um texto que circulou pela Internet, aparentemente verídico,


escaneado de uma prova ou trabalho de aluno, com correção, em vermelho, pelo
professor, que considerou a resposta meio certa.

Pergunta do professor: Todas as células, a partir da célula que sofre mutação serão
anômalas? Justifique sua resposta.

Resposta do aluno: Não, porque umas são anômalas e outras não. Se algumas células são
anômalas e algumas não são, conclui-se que nem todas são anômalas, já que não são todas
que apresentam anomalia. Se não são todas que apresentam anomalias, não se pode dizer
que todas são anômalas. E vice-versa.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

Texto 2
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente
dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma
planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da
escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia
diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua
casa. As árvores e as folhagens não lhe permitiam ver distintamente; entretanto, observou
que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho
Guilherme, que há vinte anos tinha partido para alistar-se no exército e, em todo esse tempo,
não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente, correu
até ele, lançando-se nos seus braços, e começou a chorar.

Exercícios
(Este exercício foi retirado de Abreu (2005:45-47). O que está marcado com
asterisco foi acrescentado)

1. Identifique, em cada um dos textos a seguir, a incoerência:


a) *Estamos tentando explicar como as coisas estão, e elas estão como elas estão.
Algumas coisas vão bem e outras obviamente não vão bem. Você tem dias
bons e dias ruins. No caminho da democracia este é um momento, e teremos
outros momentos. E serão bons momentos e momentos não tão bons. (Donald
Rumsfeld, ex-Secretário de Defesa dos EUA. Veja, 14/04/2004, n. 15, edição
1849, p. 43)
___________________________________________________________________

b) É realmente apropriado que nos reunamos aqui hoje, para homenagear


Abraham Lincoln, o homem que nasceu numa cabana de troncos que ele
construiu com suas próprias mãos. (Político, em um discurso, homenageando
Lincoln)
___________________________________________________________________

c) Damos cem por cento na primeira parte do jogo e, se isso não for suficiente, na
segunda parte damos o resto. (Yogi Berra, jogador norte-americano de
beisebol, famoso por suas declarações exdrúxulas)
___________________________________________________________________

d) Mantle rebate com as duas mãos por que é anfíbio. (Idem)


___________________________________________________________________

e) Encontrando um milhão de dólares na rua, eu procuraria o cara que o perdeu e,


se ele fosse pobre, devolveria (Idem)
___________________________________________________________________

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

f) Alguma força sinistra entrou, aplicou uma outra fonte de energia e apagou as
informações contidas na fita. (Alexandre Haig, oferecendo ao juiz John Sirica uma
teoria sobre um buraco de 18,5 minutos nas fitas de Nixon, durante o caso
Watergate)
___________________________________________________________________

g) Nós não temos censura. O que temos é uma limitação do que os jornais podem
publicar. (Louis Net, ex-vice-ministro da Informação da África do Sul)
___________________________________________________________________

h) ... considerando etc., etc., este Conselho resolve: a) que uma nova cadeia seja
construída; b) que a ;nova cadeia seja construída com os materiais da velha
cadeia; c) que a velha cadeia seja usada até que a nova esteja pronta.
(Resolução da Junta dos Conselheiros, Canto, Mississipi, 1800)
__________________________________________________________________________

i) Por que judeus e árabes não podem se reunir e discutir a questão como bons
cristãos? (Arthur Balfour, estadista britânico, primeiro-ministro e ministro do
Exterior)
___________________________________________________________________

j) Quando um grande número de pessoas não consegue encontrar trabalho, o


resultado é o desemprego. (Calvin Coolidge, presidente americano em 1931)
___________________________________________________________________

2- A seguir, há mais um texto, leia-o e responda: ele é coerente ou incoerente?


Justifique sua resposta com elementos do texto:
“Os pesquisadores recomendam aos dentistas o uso de luvas, óculos de proteção e outras
precauções no tratamento de qualquer paciente devido à abundância de microorganismos a
que são expostos. Segundo John Molinari, diretor da faculdade de Odontologia da
Universidade de Detroit (EUA), os dentistas não devem tratar todos os seus pacientes
como se fossem potencialmente contagiantes”. (Folha de S.Paulo, 27/11/ 1988)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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Unidade 4

PRODUÇÃO DE ALGUNS GÊNEROS DISCURSIVOS

4.1 CURRICULUM VITAE (lê-se “vite”) ou Currículo

Curriculum vitae é uma expressão latina que significa “carreira da vida”. A


tradução portuguesa para o termo é “Currículo”.
Um currículo deve apresentar de modo organizado e conciso os dados
pessoais e profissionais necessários para que um candidato a um emprego possa
ser avaliado. Não deve ser longo a ponto de dispensar uma entrevista ou fatigar o
leitor. Os especialistas em seleção de pessoal recomendam que tenha duas ou três
páginas, quatro excepcionalmente.

Curriculum vitae é um conjunto de informações sobre estado civil,


grau de instrução, trabalhos publicados, atividades profissionais de
uma pessoa. Deve apresentar um perfil do candidato e ser uma
biografia sucinta sobre formação técnica e experiência profissional.
Suas características são: clareza das informações, objetividade e
simplicidade, porque é lido por profissionais de recursos humanos,
que sabem distinguir o importante do que não é importante.
(MEDEIROS, João Bosco. Correspondência – Técnicas de
comunicação criativa, 13.ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 276):

Não há um modelo exato de Currículo, pois as profissões e funções


pretendidas demandam informações específicas. Por exemplo: se você fez um curso
de violão e canto, tal informação não será pertinente, em um currículo encaminhado
para concorrer a um cargo de contabilidade. O mesmo curso (de violão) pode ser um
diferencial para alguém que pretenda lecionar uma língua estrangeira no Ensino
Fundamental, pois é sabido que a música é um excelente recurso didático no ensino
de idiomas.
Assim, selecione seus cursos, seus aperfeiçoamentos, enumere suas
qualidades e conhecimentos que podem colaborar no exercício da profissão
pretendida.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

Embora não exista um modelo definitivo para elaboração de currículo, alguns


princípios básicos para todos os casos são:

 Comece com dados pessoais essenciais, endereço completo e objetivo do Currículo;

 Coloque sempre o mais importante em primeiro lugar. Portanto, avalie se no seu caso o
mais importante é a experiência profissional ou a formação acadêmica (escolaridade) –
só a mais importante;

 Use sempre a ordem cronológica inversa: o atual ou mais recente em primeiro lugar;

 Destaque conhecimentos ou realizações relacionados com o cargo pretendido. Crie,


para isso, quantos itens forem necessários, com subtítulos adequados (por exemplo:
conhecimentos de idiomas, conhecimentos de informática, participação em seminários e
simpósios, estágios relacionados na área...);

 Seja claro e objetivo nas informações, procure uma organização dos itens que seja
visualmente agradável, fácil de ler;

 Elabore um leiaute simples, claro, sem enfeites, sem muitas margens ou marcadores
muito grandes e exóticos.

 Só coloque pretensão salarial se o anúncio exigir;

 Envie sempre o original (não envie cópia xerografada), em papel de boa qualidade,
grampeado no canto superior esquerdo, sem capa dura ou encadernação.

 Anexe a seu Currículo uma carta de apresentação (de uma página), expressando seus
planos em relação à carreira. Não é obrigatório, mas é simpático e pode ser um
diferencial, dentre as dezenas de currículos que as empresas/instituições receberão.
Essa carta pode também ser denominada “carta encaminhando currículo”.

O exemplo que segue é de um currículo em uma só página, um protótipo que


tem sido recomendado, pois o candidato poderá demonstrar a capacidade de
apresentar somente as informações relevantes para o cargo pretendido. Esse
modelo tem sido adotado principalmente quando as empresas/instituições objetivam,
primeiramente, selecionar candidatos para entrevistas. Esse protótipo, também
chamado de “simplificado”, não deve apresentar pormenores dos dados pessoais
(número de cédula de identidade, CPF etc.). Esses documentos serão apresentados
ao empregador somente no caso de contratação.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

FABIANE DE LOURDES CATALUNHA


brasileira, 20 anos, solteira

Rua Matinta Pereira, 111, Jardim das Magnólias, ap. 103


São José dos Campos – São Paulo
(0XX12) 39392214
fabianelucat@uai.com.br

Objetivo

Ministrar aulas de Geografia no Ensino Fundamental.

Escolaridade

 2009 – cursando a segunda série do Curso de Geografia – Bacharelado e Licenciatura


– da Universidade de Taubaté
 2008 - Curso de Extensão em Geografia e Turismo no vale do Paraíba – 36 horas –
Universidade de Taubaté.
 2007 – Curso Técnico em Ciência da Computação – Nível Médio – Escola Estadual
Maria das Dores – Tremembé – SP.
 2005-2006 – Curso de Inglês Intermediário – Escola de Idiomas English Forever –
Tremembé-SP
 2003-2004 – Curso de Inglês Básico – escola de Idiomas English Forever – Tremembé
- SP

Experiência Profissional

 2006-2007 – Monitoria de Informática no Curso para a Terceira Idade, da Prefeitura


de Tremembé – SP.
 2005 – Auxiliar de bibliotecária na Escola Estadual Maria das Dores – Tremembé - SP
.

Qualificações

Informática: Word, Power Point.

Língua inglesa: fluência em conversação

Língua espanhola: fluência em leitura.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

4.2 Carta de Apresentação

A carta de apresentação pode ser redigida por um profissional com o


objetivo de apresentar um ex-funcionário, apontando suas qualidades e aptidões, e
também justificando o motivo de sua dispensa (mudança de município, “corte” geral
na empresa, necessidade de trabalhar em horário específico por motivo de estudos,
proporcionar aperfeiçoamento profissional ao indivíduo, numa empresa em que suas
potencialidades encontrem espaço para amplo desenvolvimento etc.). Pode ser
redigida, também, por um professor ou diretor de escola, apresentando e
recomendando o profissional recém-formado, enaltecendo suas qualidades como
estudante e pesquisador. Os donos de escritório de advocacia, de contabilidade, de
engenharia, assim como os chefes da seção de RH de empresas e instituições
também redigem cartas de apresentação, recomendando aos empregadores os
estagiários que desempenharam a contento as funções que lhes foram destinadas.
A carta de apresentação é dirigida nominalmente ao futuro empregador, e
será entregue juntamente com o currículo do interessado.
Sugestão de carta de apresentação redigida pelo próprio interessado
(encaminhando currículo).

Taubaté, 11 de janeiro de 2009.

Ao Colégio Dr. Alfredo José Balbi


Universidade de Taubaté

Ref. Aulas eventuais de História

Prezado Senhor:

Encaminho meu currículo simplificado para análise e apreciação, no intuito de me candidatar à


docência de aulas eventuais da disciplina Geografia, em sua conceituada instituição.
Estou matriculado na segunda série do Curso de História (Licenciatura), da Universidade de
Taubaté, e tenho grande interesse em atuar como professor eventual, para aprimorar meus conhecimentos
e vivenciar a prática do magistério.
Agradeço sua atenção e aguardo contato.

Rafhael Batistério Silvestre

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

São José dos Campos, 11 de janeiro de 2009.

À Universidade de Taubaté
Departamento de Ciências Sociais e Letras

Prezados Senhores:

Em resposta ao anúncio publicado no Jornal Valeparaibano, no último dia 24, candidato-me à vaga
de professor temporário de Matemática, nessa conceituada Universidade. Para tanto, encaminho, anexo, o
meu curriculum vitae.
Formado pela Universidade de Taubaté, há cinco anos ministro aulas de Matemática no Ensino
Médio, e busco novas oportunidades de aperfeiçoamento profissional.
Agradeço a atenção e coloco-me ao seu dispor para outras informações e para uma possível
entrevista.

Alessandra Roseane de Albuquerque

Taubaté, 27 de janeiro de 2009.

Instituto de Conservação da Paisagem Urbana

Prezados Senhores:

Conforme anúncio publicado no Diário de Taubaté, no último dia 23, encaminho meu currículo, para
apreciação.
Candidato-me à vaga oferecida, certo de que correspondo às qualidades mencionadas para o
cargo, pois realizei, durante a minha graduação, em Geografia, um trabalho a respeito da importância de se
promover a preservação da identidade visual das cidades.
Caso haja interesse em ver meu trabalho, poderei apresentá-lo a Vossas Senhorias em uma
possível entrevista.

Agradeço a atenção e aguardo contato,

Maurício de Almeida Sortilégio

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

UNIDADE 5
Gênero Discursivo Acadêmico:
Artigo Científico

O Artigo Científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que


apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas
áreas do documento. (ABNT NBR 6022, 2003, p.2)
A NBR 6022:2003 estabelece regras de apresentação dos elementos que
constituem o artigo em publicação periódica científica impressa. Por publicação
periódica científica impressa entende-se um tipo de publicação seriada que se
apresenta sob a forma de revista, boletim, anuário, editada em fascículo com
indicação numérica, cronológica em intervalos prefixados, por tempo indeterminado,
com a colaboração, frequentemente, de diversas pessoas, tratando de assuntos
diversos e que é objeto de Número Internacional Normalizado (ISSN).
As orientações que aqui apresentamos são baseadas na norma da ABNT; no
entanto, ao submeter seu artigo científico a uma revista, o autor deverá seguir as
normas editoriais adotadas pelo periódico.
O artigo é constituído de:

1) Elementos pré-textuais
- título e subtítulo, se houver, diferenciados tipograficamente ou separados
por dois pontos;
- nome do autor (ou dos autores), acompanhado de um breve currículo, que o
qualifique na área do conhecimento do artigo. O currículo e o endereço eletrônico
devem aparecer em rodapé indicado por asterisco na página de abertura;
- resumo na língua do texto;
- palavras-chave na língua do texto

2) Elementos textuais
- Introdução: parte inicial do artigo em que devem constar a delimitação do
assunto, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema
do artigo.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

- Desenvolvimento: parte do artigo que contém a exposição do assunto


tratado. Divide-se em seções e subseções.
- Conclusão: parte final do artigo em que se apresentam as conclusões que
devem corresponder aos objetivos estabelecidos no trabalho, bem como às
hipóteses.

3) Elementos pós-textuais
- título e subtítulo em língua estrangeira
- resumo em língua estrangeira;
- palavras-chave em língua estrangeira;
- referências
- apêndice (opcional)
- anexo(s) (opcional)

Pesquise um artigo científico publicado em periódico de sua área.


Observe se ele apresenta todos os elementos da NBR 6022:2003 ou se o autor
adotou uma variação dos elementos, de acordo com o solicitado pelo periódico.

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UNIDADE 6
Gramática

6.1 Emprego dos Pronomes Relativos


Bibliografia básica:
FERREIRA , M. Aprender e praticar gramática. Ed. Renovada. São Paulo: FTD, 2003.

Observe:
As pessoas estudiosas têm chance de vencer.
pessoas = determinado
estudiosas – determinante (representado por um adjetivo).
As pessoas que estudam têm chance de vencer.
pessoas = determinado
que estudam = determinante (representado por uma oração)

Podemos transformar dois períodos simples em um período composto, suprimindo


as palavras repetidas e em seu lugar empregando um pronome relativo. Exemplo:
Os micróbios estão em toda parte. +
Os micróbios são invisíveis a olho nu.
Os micróbios, que são invisíveis a olho nu, estão em toda parte.

Os pronomes relativos substituem o antecedente e relacionam as orações entre si.

Pronomes relativos

Eu trarei as flores que são


Substitui nomes de pessoas, seres bonitas.
personificados e coisas. A moça que me atendeu era
QUE bonita.
Refere-se a pessoas ou seres
QUEM personificados. A moça de quem Pedro gosta tem
Observação: o pronome relativo QUEM 20 anos.
vem sempre antecedido de preposição.
O QUAL Eu trarei as flores as quais são
A QUAL Podem ser empregados no lugar de bonitas.
OS QUAIS QUE, QUEM. A moça da qual Pedro gosta tem
AS QUAIS 20 anos.
CUJO Indicam posse do antecedente. Passeio pelo jardim cujas flores
CUJA Observação: o pronome relativo CUJO são belas.
CUJOS não admite artigo nem antes nem ERRADO: Passeio pelo jardim
CUJAS depois dele. cujas as flores são belas.
ONDE Dá ideia de lugar. A casa onde moro é nova.

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Uso da preposição antes dos pronomes relativos

Oração principal Preposição Pronome Oração Justificativa


exigida pelo relativo subordinada
verbo
Havia condições a Que nos opúnhamos opor-se a
(v. trans. Ind.)
Havia condições com Que não concordar com
concordávamos. (v. trans. Ind.)
Havia condições de Que desconfiávamos. desconfiar de
(v. trans. Ind.)
Havia condições em Que insistíamos Insistir em
(v. trans. Ind.)
Havia condições - Que nos prejudicavam. = sujeito
(não pode ser preposicionado)

Regência do Pronome Relativo

LÍNGUA ORAL LÍNGUA ORAL NORMA CULTA “MÁGICA”


POPULAR INFORMAL
Ela é a menina que Ela é a menina que Ela é a menina de (quem gosta, gosta
eu gosto dela. eu gosto. quem eu gosto. de)
A cidade que eu A cidade que eu A cidade em que/ na (quem nasce, nasce
nasci nela é muito nasci é muito bonita. qual/ onde nasci é em)
bonita. muito bonita.
O ano de 86, onde O ano de 86, que O ano de 86, de (o que data, data de)
(sic) data seu data seu primeiro quando data seu
primeiro quadro, foi quadro, foi um bom primeiro quadro, foi
um ano bom. ano. um bom ano.
Elas são as pessoas Elas são as pessoas Elas são as pessoas (quem se refere,
que me referi a elas que me referi ontem. a quem/às quais me refere-se a)
ontem. referi ontem.
Eles são os donos Eles são os donos Eles são os donos (o que vem antes
que os filhotes deles que os filhotes vão cujos filhotes vão ser possui o que vem
vão ser vendidos. ser vendidos. vendidos. depois)
Aquelas são as Aquelas são as Aquelas são as (quem se lembra,
marcas que eu marcas que eu marcas de que/ das lembra-se de)
lembro delas. lembro. quais eu me lembro.
Aquelas são as Aquelas são as Aquelas são as (quem se lembra,
marcas que eu marcas que eu marcas de cujos lembra-se de)
lembro o nome delas. lembro o nome. nomes me lembro.

OBSERVAÇÃO:

Preposições com mais de uma sílaba exigem QUAL. Por exemplo:

A inveja é um mal contra o qual há poucos remédios.

Ali vigora o critério segundo o qual é preciso ser fiel ao mestre.

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Exercícios

1- São excelentes técnicos ___________ colaboração não podemos prescindir.


a) cuja b) de cuja c) que a d) de que a e) dos quais.

2- Assinale a alternativa em que o pronome relativo está empregado corretamente:


a) É um cidadão em cuja honestidade se pode confiar.
b) Feliz o pai cujo os filhos são ajuizados.
c) Comprou uma casa maravilhosa, cuja casa lhe custou uma fortuna.
d) Preciso de um pincel delicado, sem o cujo não poderei terminar meu quadro.
e) Os jovens, cujos pais conversam com eles, prometeram mudar de atitude.

3-Ligue as frases, usando o pronome adequado. Preste atenção na eventual


necessidade de preposicionar o pronome relativo. Observe o modelo:

a) Foi muito apreciado como pintor de nus femininos. As formas desses nus
transpareciam sob véus, pintadas com habilidade.
- Foi muito apreciado como pintor de nus femininos cujas formas transpareciam
sob véus, pintados com habilidade.

b) Entrevistei o escritor. Você gosta dos livros desse escritor.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) Gostei mais dos desenhos. As cores deles eram suaves.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

d) Ouvimos palavras tolas. Não demos importância a elas.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

e) Eu irei à cidade. Você nasceu nessa cidade.


___________________________________________________________________

f) Todos conhecem a criança. Você está falando dessa criança.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4-Complete as frases com o pronome relativo adequado ao padrão culto:


a) A moça ___________ você gosta está namorando Pedro.
b) As pessoas_________ casas você frequenta não parecem confiáveis.
c) Lembra-se daquela fazenda_________ fomos no carnaval passado?

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

d) Nada sei sobre o candidato___________ você se refere.


e) Finalmente chegaram as férias ___________ tanto ansiávamos.
f) Foi derrubado o prédio __________________ morei.
g) Eis aqui o prédio _____________ construção assisti.
h) A festa _________________ compareci estava ótima.

5-Reescreva as frases abaixo de acordo com a norma culta:

a) As ruas que passamos por elas estavam alagadas.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Foi movimentado o espetáculo onde compareci ontem à noite.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) A situação é esta, onde precisamos fazer alguma coisa por ela.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

6.2 CONCORDÂNCIA

Concordância é a adequação das flexões das palavras para se obter harmonia


na frase.
Quando os substantivos, adjetivos, artigos, pronomes, numerais, estão em
harmonia entre si, isto é, concordam em gênero e número, dizemos que a frase está
correta quanto à concordância nominal.
Quando o sujeito e o verbo concordam em número e pessoa, dizemos que a
frase está correta quanto à concordância verbal.

6.2.1 Concordância nominal

Principais regras de concordância nominal

- o artigo, o adjetivo e as
palavras adjetivas (pronome As cidades mortas
1. Regra Geral e numeral) concordam em quinhentos gramas de café
gênero e número com o muita grama no jardim
substantivo (ou nome) a que
se referem.

2. Regras especiais
- do mesmo gênero: o
adjetivo vai para o plural
2.1 Adjetivo vem deste gênero ou concorda Toalha e mesa sujas
posposto a dois ou com o mais próximo Copo e prato quebrado/quebrados
mais substantivos: - de gêneros diferentes: o Marinha e Exército brasileiros/brasileiro
adjetivo vai para o Rios e floresta imensos/imensa
masculino plural ou
concorda com o mais
próximo.

2.2 Adjetivo vem - adjetivo concorda com o Escolheste bom lugar e hora.
anteposto a dois ou mais próximo. Escolheste boa hora e lugar.
mais substantivos.
* Se os substantivos * o adjetivo deverá ir para o Os famosos Alencar e Machado.
forem nomes plural
próprios:

há três tipos de 1º - A bandeira brasileira e portuguesa.


2.3 Um substantivo concordância: 2º - A bandeira brasileira e a
modificado por dois - substantivo no singular; portuguesa.
ou mais adjetivos no - substantivo no singular 3º - As bandeiras brasileira e
singular: com a repetição do artigo; portuguesa.
- substantivo no plural.

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3. Certas palavras e expressões:


3.1 UM OUTRO, - o substantivo fica no Um e outro problema.
NEM UM NEM singular Nem uma nem outra atividade.
OUTRO, seguidas - se vier adjetivo, este Um e outro problema insolúveis.
de substantivo: ficará no plural.
Crime de lesa-pátria.
3.2 LESO Crime de lesos-direitos.
PRÓPRIO, Nós próprios faremos o trabalho.
MESMO, JUNTO, - concordam com o nome As crianças saíram juntas.
ANEXO, INCLUSO, a que se referem. As declarações seguem anexas.
QUITE, Estão inclusas as taxas e os impostos.
OBRIGADO, TAL e Eu estou quite com o clube.
os particípios Muito obrigada, disse Fernanda.
(adjetivos): Que tais estas músicas?
Encerrada a reunião, saíram.
3.3 MENOS, Mais amor e menos confiança.
PSEUDO, ALERTA, - ficam sempre São pseudo-intelectuais.
QUANTO invariáveis. Os soldados estão alerta.
POSSÍVEL Bebi tantas cervejas quanto possível.
Adjetivo: Havia muitas alunas.
Eram bastantes problemas.
3.4 POUCO, - se adjetivos, variam Eles saíram sós (sozinhos).
MUITO, (acompanham o É meio-dia e meia (hora).
BASTANTE, SÓ, substantivo) Advérbio: As alunas eram muito boas.
MEIO, CARO, - se advérbios, invariáveis Estavam bastante longe.
BARATO, ALTO, (acompanham verbo, Só eles não saíram. (somente)
etc. adjetivos, advérbios). A porta estava meio aberta.
Os sapatos custaram caro..

4. Plural dos adjetivos


4.1 Com os - só varia (gênero e Centros médico-cirúrgicos
adjetivos número) o último guerra ítalo-soviética
compostos: elemento,.
4.2 Com os - os dois termos são vestidos azul-claros
adjetivos adjetivos, varia o último blusa azul-escura
compostos que - o último termo é Exceções: azul-marinho e ultravioleta
indicam cor. substantivo, fica invariável (invariáveis)
4.3 A palavra que - é adjetivo; portanto varia sapatos pretos
indica cor blusas brancas
4.4 Quando um - transforma-se em sapatos gelo (da cor de)
substantivo é usado adjetivo, ficando blusas rosa (da cor de)
para indicar cor invariável, porque está camisas cinza (da cor de)
subentendido “da cor de”

5. Verbo ser
5.1 Predicativo do - se vem sem Cerveja é bom. A cerveja é boa.
tipo: É BOM, É modificador, fica É proibido entrada. É proibida a entrada.
CLARO, É invariável. É necessário apresentação de
EVIDENTE, É - se vem com documentos.
PRECISO, É modificador, concorda É necessária a apresentação de
NECESSÁRIO com o nome a que se documentos.
refere.

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6. Outros casos (adjetivo)


6.1 Adjetivo - concorda com o sexo da Vossa Alteza está satisfeito (o
referindo-se a pessoa (silepse de gênero) príncipe).
pronome de Vossa Alteza está satisfeita (a
tratamento: princesa).
6.2 Adjetivo - concorda com o gênero O delicioso Lágrima de Cristo (o vinho)
referindo-se a das palavras rio, cidade e A maravilhosa São José (a cidade)
nomes de cidades, vinho (silepse de gênero)
rios, vinhos:

Exercícios

1- Assinale a alternativa em que a concordância nominal está correta:


a) Os fatos falam por si só.
b) O relógio bateu meio-dia e meio.
c) Todos se moviam cautelosamente, alertas ao perigo.
d) Chegada a sua hora e a sua vez, intimidou-se.

2- Preencha os espaços com o adjetivo indicado, obedecendo à concordância:


a) Gemido e palavra____________________ (derradeiro)
b) Situações e fatos______________________ (inesperado)
c) Névoa e céu__________________________ (desterrado)
d) Cofres e carteira de moedas____________________ (cheio)
e) _________________ a ré e o réu.(condenado)
f) Ré e réu ____________________ (condenado)

3- Assinale as frases com concordância incorreta; indique a forma correta:

a) Ela estava meia morta. ( )_______________________________________


b) As notas fiscais seguem anexa. ( )_________________________________
c) Amores e paixões doentia. ( ) ____________________________________
d) Suas palavras são vãs. ( )_______________________________________
e) Estavam todos meio cansados. ( ) ________________________________
f) Ela conservou limpo as mãos e o rosto. ( ) ___________________________
g) Mãe e filho desterrados. ( ) ______________________________________
h) Segue anexo a procuração e o abaixo-assinado. ( ) ___________________

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6.2.2 Concordância verbal

Concordância verbal é aquela que ocorre entre o verbo e o sujeito. Na


linguagem informal, são muito comuns as falhas de concordância na voz passiva
sintética (Aluga-se casas.) ou do verbo, quando anteposto ao sujeito (Falta cinco
documentos, neste processo.).
Consulte a tabela abaixo, em caso de dúvida, para evitar solecismos (erros)
de concordância verbal.

Principais regras de concordância verbal

o verbo concorda com o Eu falo, tu falas, Maria fala, eles


1. Regra Geral sujeito em número e falam.
pessoa.

2. Sujeito composto
2.1 Antes do - verbo vai para o plural O boi e a vaca mugem.
verbo
verbo no plural
- Cantam a moça e o pássaro.
2.2 Depois do (sempre certo) Cantam as moças e o pássaro.
verbo - verbo concorda com o Canta a moça e o pássaro.
mais próximo
2.3 De pessoas - verbo na 1ª pessoa
diferentes: do plural (nós) Eu, tu e João iremos.
 a 1ª domina a - verbo na 2ª pessoa Tu e João ireis.
2ª e a 3ª do plural (vós) Tu e João irão.
 a 2ª domina a ou 3ª pessoa do plural
3ª (popular)
2.4 Resumido por: - verbo no singular Chefes, políticos, técnicos,
tudo, nada, ninguém se entende.
alguém, ninguém,
isto...
- se há exclusão, verbo no Ou José ou Pedro será vencedor.
2.5 Ligado por OU singular. Maçã ou figo me agradam.
- não há exclusão, verbo no
plural.
2.6 Sendo UM E - verbo normalmente no Um e outro rapaz chegaram.
OUTRO, NEM UM plural, Um e outro rapaz chegou.
NEM OUTRO ou ou no singular Nem Carlos nem eu fizemos a
ligado por NEM... tarefa.
Nem Carlos nem eu fiz a tarefa.
2.7 Ligado por - verbo no singular. Cada jogador, cada torcedor, cada
CADA tem como comentarista tinha uma
tirar a cacofonia/ justificativa.

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3. Casos especiais de sujeito


O grupo está preparado.
- verbo no singular O grupo de mulheres já está
preparado.
- singular ou plural, se
3.1 O sujeito é coletivo: o adjunto adnominal forO grupo de mulheres já estão
plural, ou o coletivo preparadas.
O povo, apesar da confusão,
estiver distanciado. conseguiu o que queria.
O povo, apesar da confusão,
conseguiram o que queriam.
3.2 O sujeito é o - o verbo concorda com Fui eu que bati.
pronome relativo QUE: o antecedente Fomos nós que batemos.
- o verbo concorda com
3.3 O sujeito é o o antecedente ou fica Fui eu quem bateu.
pronome relativo QUEM: na 3º pessoa do Fui eu quem bati.
singular (popular)
- o verbo concorda com O Amazonas une duas regiões.
3.4 O sujeito é nome o artigo. Os Andes se elevam aos céus.
próprio no plural - sem artigo, verbo no Minas Gerais elegeu seu governador.
singular.
3.5 O sujeito é pronome - verbo na 3º pessoa Vossa Excelência se enganou.
de tratamento Vossas Excelências se enganaram.
- pronome indefinido
(interrogativo) no
singular - verbo no Algum de nós falhou.
3.6 O sujeito é pronome singular. Qual de vocês chegou antes?
indefinido (ou - pronome indefinido Alguns de nós falharam.
Alguns de nós falhamos.
interrogativo) + pronome (interrogativo) no plural Quais dentre vós chegaram antes?
pessoal preposicionado – verbo na 3ª pessoa Quais dentre vós chegastes antes?
do plural, ou concorda
com o pronome
pessoal.
3.7 O sujeito é uma frase - verbo na 3ª pessoa do Amar o próximo é seu lema.
singular

4. Sujeito com expressões


4.1 MAIS DE, MENOS DE, - o verbo concorda com o Mais de um aluno saiu.
PERTO DE, CERCA DE numeral Cerca de vinte soldados morreram.
4.2 A MAIORIA DE,
PERTO DE, O RESTO DE,
GRANDE NÚMERO DE, - o verbo fica no singular A maioria dos alunos foi aprovada.
UMA PORÇÃO DE – ou no plural A maioria dos alunos foram
quando a expressão é aprovados.
seguida de nome no
plural
4.3 UM DOS QUE, UMA - o verbo, de preferência, Paulo é um dos que mais estudam.
DAS QUE... fica no plural (singular, Paulo é um dos que mais estuda.
mais raramente) Foi um dos meninos que falaram.
Foi um dos meninos que falou.
4.4 CADA UM - verbo na 3ª pessoa do Cada um dos ladrões busca sua
singular. defesa.

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5. Casos centrados no verbo


5.1 Verbo
acompanhado do - o verbo concorda com o
pronome sujeito (sempre presente na Ouviram-se gritos no corredor.
apassivador SE oração) Ouviu-se um grito na rua.
(voz passiva
sintética – verbo
transitivo direto)
5.2 verbo
acompanhado do
pronome SE – - verbo na 3ª pessoa do Precisa-se de novos reforços.
índice de singular
indeterminação do
sujeito (sujeito
indeterminado)
5.3 Verbos DAR, - o verbo concorda com o
BATER e SOAR, sujeito, que pode vir antes ou Bateram dez horas no relógio.
na indicação de depois do verbo. Bateu dez horas o relógio.
horas.
5.4 BASTAR, Falta uma semana.
FALTAR - o verbo concorda com o Faltam dez dias.
(significando sujeito. Basta um quilo.
suficiência e falta) Bastam dois exemplos.

6. Verbos impessoais (oração sem sujeito)


6.1 Verbos que - sempre na 3ª pessoa do Choveu muitos dias.
indicam fenômeno singular. Trovejou e ventou.
da natureza
6.2 Verbo FAZER - sempre na 3ª pessoa do Faz dez anos que a conheço.
indicando tempo singular. Fazia vinte dias que ele viajara.
Faz muito calor.
6.3 Verbo HAVER
no sentido de - sempre na 3ª pessoa do
existir ou singular. Havia canções e vinho.
indicando tempo Isto aconteceu há muitos anos.
passado. Obs.: o verbo EXISTIR
Obs. o verbo concorda sempre com o Obs. Existiam canções e vinho.
EXISTIR não é sujeito.
impessoal.
6.4 Locução Deverá chover nestes dias.
verbal com verbo - o verbo auxiliar sempre na Costuma haver festas aqui.
impessoal 3ª pessoa do singular. Vai fazer cinco anos que o
conheci.

7. Concordância do verbo SER


7.1 Nas Quinze quilos é muito.
indicações de - o verbo SER fica no Cem reais é pouco.
quantidade, singular. Três metros é menos do que
preço, medida preciso.
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8. Concordância ideológica

a. silepse de gênero: Vossa Senhoria é bom. (porque se refere ao


homem – masculino)
A gente já está atrasado. (porque se refere ao homem - masculino)
b silepse de pessoa:
Os paulistas somos de iniciativa. (eu também sou paulista)
c. silepse de número :
É 15 de maio. (concorda com a ideia de dia)

EXERCÍCIOS
1- Reescreva no plural de acordo com a indicação:
a) Daqui à praia é um quilômetro. (troque um por três)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Quando ele chegou, devia ser uma hora da manhã. (troque uma por duas)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2. Nas frases abaixo, o sujeito está destacado. Complete com a forma verbal
adequada a esse sujeito:
O velho relógio da igreja ........................... dez horas. (batia/batiam)
No velho relógio da igreja ......................... dez horas. (batia/batiam)
O viajante e seu amigo ............................... a notícia. (espalhou/ espalharam)
O céu e o vento .......................... outra tempestade. (anunciava/ anunciavam)
Os Estados Unidos................................ o Iraque. (invadiu/invadiram)
A Itália ou a Inglaterra ............................ o campeonato. (vencerá/vencerão)
Canoas ..................... fica no Rio Grande do Sul. (fica/ficam)
Os Andes ........................... por sua beleza. (caracteriza-se / caracterizam-se)

3-Preencha as frases com a forma apropriada do verbo entre parênteses:


_____________várias coisas inesperadas na tarde de ontem. (acontecer)
_____________–nos poucos dias de férias. (restar)
_____________alguns poucos amigos fiéis no fim da festa. (ficar)
_____________alguns doces da festa de ontem. (sobrar)
______________ainda surpresas nesse campeonato. (dever existir)
____________torcedores e dirigentes ontem à tarde, depois do jogo. (discutir)
Vocês e seus amigos_____________ das reuniões da classe. (dever participar)
É provável que ainda ___________lembranças daquele passado. (sobreviver)

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4- Preencha as lacunas das frases abaixo com a forma apropriada dos verbos entre
parênteses:
Os preparativos para a conferência intercontinental ______________ontem.
(terminar)
As acusações ao antigo presidente do partido______ a polícia a abrir investigações.
(levar)
Cerca de dez mil pessoas_______________ das manifestações contra a corrupção.
(participar)
Mais de um sonhador_______________seu dinheiro em loterias.
(gastar)
A maior parte dos acidentes de trânsito_________ pela imprudência dos envolvidos.
(ser provocado)
40% dos participantes nunca___________participado de um concurso antes.
(ter)
Fui eu que ______________esses pacotes.
(trazer)
1% dos entrevistados_____________ a declarar seu voto.
(negar-se)
Ela é uma das candidatas que____________ a pena de morte.
(repudiar)
Não fui eu quem_______________________esses presentes.
(comprar)

5. Passe para o plural os termos destacados. Faça as mudanças necessárias em


cada frase:
Anunciou-se a reforma administrativa.
________________________________________________________________
Amanhã se fará o último exame.
________________________________________________________________
Revogar-se-á a lei.
________________________________________________________________
Definiu-se o objetivo da reforma fiscal.
________________________________________________________________
Obteve-se um microprocessador mais veloz.
_______________________________________________________________

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6. Corrija as frases abaixo, de acordo com a norma culta.


a) Fazem anos que não o vejo.
b) Filmes, novelas, boas conversas, nada o tiravam da apatia.
c) Comprou-se terrenos no subúrbio.
d) Podem haver, no campo, dias terríveis.

a) _________________________________________________________

b) _________________________________________________________

c) _________________________________________________________

d) _________________________________________________________

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6.3 Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos

Os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, os, as, lhe, lhes, nos, vos)
podem assumir três posições em relação ao verbo. Cada caso de colocação
pronominal depende de certas condições, citadas abaixo. Antes de comentá-las, no
entanto, é importante ressaltar que esse padrão descrito pelas gramáticas
normativas é baseado no Português Europeu. Por causa de diferenças de
entonação, ritmo, sintaxe, o Português Brasileiro Moderno vem apresentando um
padrão diferente e muitas das regras da gramática normativa nos soam muito
estranhas. Autores mais modernos e parte da grande imprensa propõem o uso de
regras adaptadas ao Português Brasileiro, como veremos.

Observe as possíveis colocações do pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe,
nos, vos, lhes, os, as):

Verbo – pron ênclise

Diga-me.

Ver – pron. – bo mesóclise

Dir-lhe-ei.

pron. – verbo próclise

Não lhe direi.

verbo – pronome sempre com hífen


ÊNCLISE oblíquo átono Amo-te.

pronome oblíquo sempre sem hífen


PRÓCLISE átono verbo Não te amo.

ver – pronome somente no futuro do


MESÓCLISE oblíquo átono - bo Amar-te-ei. presente
e no futuro do pretérito do
indicativo

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Quadro geral

ÊNCLISE PRÓCLISE MESÓCLISE


(pronome (Pronome oblíquo antes do verbo) (Pronome oblíquo
oblíquo depois no meio do verbo)
do verbo)
quando houver palavras ou expressões que atraem
o pronome, como:
É a posição  palavras e expressões negativas. Não me Quando o verbo
considerada aborreça. estiver no futuro
básica pela  Advérbios (indicam dúvida, lugar, modo, tempo, do presente ou
gramática intensidade, afirmação). Depois eu os procuro. futuro do
normativa. Sempre se julgaram superiores. pretérito e não
 Pronomes relativos (que, quem, qual, cujo, onde, houver nenhuma
quando). Cada qual se ajeite como puder. das situações ao
 Pronomes indefinidos. (alguém, algum, diversos, lado que atraiam o
qualquer, quem quer que, vários, poucos, tudo...). pronome.
Poucos o viram no trabalho. O torneio iniciar-
Exemplos:  Conjunções subordinativas (que, quando, se, se-á no domingo.
Contaram-me porque, embora, conforme, segundo, enquanto, Convencê-lo-ei a
que você quanto mais... mais, logo que...).Embora lhe tenha voltar.
chorou. avisado... Quanto mais os governos se omitem, Observe: Não o
Se o tempo mais os assaltos se alastram. levarei ao cinema.
melhorar, vou-  Pronomes demonstrativos (“este”, “esse”,
me embora. “aquele” e suas variações). Isso me agrada.
As reuniões do  Pronomes interrogativos. Quem te falou a
congresso respeito do caso?
iniciaram-se
 verbo no gerúndio precedido da preposição em.
ontem.
Em se tratando de dicionário, este é o melhor.
 frase que exprime desejo ou exclamação. Deus
nos proteja!
 frase com infinitivo pessoal precedido de
preposição. Por se acharem infalíveis, caíram no
ridículo.

Colocação do pronome nas locuções verbais:


Quando houver empregue o pronome Exemplos:
dois ou + verbos átono
verbo auxiliar + Depois do auxiliar ou depois Quero lhe fazer este favor.
infinitivo do infinitivo. Quero-lhe fazer este favor.
Queremos fazer-lhe este favor.
Verbo auxiliar + Depois do auxiliar ou depois Estou lhe entregando a carta.
gerúndio do gerúndio. Estou-lhe entregando a carta.
Estou entregando-lhe a carta.
Verbo auxiliar + depois do verbo auxiliar. Eu havia me queixado.
particípio Nunca pode haver ênclise Eu havia-me queixado.
ao particípio. ERRADO: Eu havia queixado-me.
Observação: Poderá haver ênclise ao infinitivo e gerúndio ou próclise ao auxiliar, caso os
verbos sejam antecedidos de palavras negativas, conjunções subordinativas, pronomes
demonstrativos etc. Veja os exemplos:
Não lhe queremos fazer o favor. Não queremos fazer-lhe o favor.
Não estamos entregando-lhe a carta. Não lhe estamos entregando a carta.

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1- Assinale as orações que apresentam casos de próclise:


( ) Isso nos preocupa.
( ) Não me faça esperar demais.
( ) Irritou-se com o cinismo de sua resposta.
( ) Confesso que não me esforcei muito.
( ) Os operários tinham-se revoltado.
( ) Faremos o que nos parecer melhor.

2- (Mogi das Cruzes) Explique a colocação do pronome átono no texto a seguir:


“O coronel Boaventura sentiu o coração pulsar mais forte: por acaso teria Natário o
dom de ler os pensamentos? Em se tratando de gente de sangue índio nunca se
pode saber”.(Jorge Amado)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3- Explique a possível diferença de sentido entre:


O médico mandou-me internar.
O médico mandou internar-me.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4- Reescreva as frases abaixo, substituindo o termo destacado pelo pronome


oblíquo adequado e fazendo as adaptações necessárias. Observe o exemplo
dado;
- Ninguém compreendeu sua atitude. Ninguém a compreendeu.

a) Todos criticaram muito o rapaz.


___________________________________________________________________

b) Era necessário comprovar os fatos.


___________________________________________________________________

c) Entregarei o livro a você.


___________________________________________________________________

d) Jamais entregarei o livro a você.


___________________________________________________________________

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6.4 Pontuação
A função da pontuação é assinalar as pausas, separar as orações ou
palavras, esclarecer o sentido da frase. Os principais sinais são: a vírgula, o ponto, o
ponto-e-vírgula, os dois pontos, o ponto de interrogação, o de exclamação, os
parênteses, as reticências, as aspas e o travessão.

6.4.1 A vírgula: sua utilização é basicamente sintática:


a) indica que entre os elementos essenciais de uma oração foram incluídas
informações;
Ex.: Júlio César, famoso imperador romano, foi morto por Brutus, seu filho adotivo,
em pleno Senado.
a) é utilizada para separar os elementos de uma enumeração:
Ex.:Ela comprou sapatos, bolsa, meias, luvas e toucas.
b) para separar orações:
Ex.: Nada pedi, nada quero.
e) assinalar a supressão do verbo:
Atenção: A vírgula nunca deve
Ex.: Comprei livros, ele, discos
separar o sujeito do predicado
Lembre-se de que:

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.


Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação'.

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6.4.2 O ponto final: é utilizado para:


a) finalizar um período. Ex.: Deus criou o mundo.
b) indicar uma abreviatura: ex., Ilmo. Dr.

Leia o texto abaixo e coloque o ponto final onde achar necessário:

Quem dá uma dentada num suculento sanduíche Big Mac ouve, ao longe, o
gemido de mais uma centenária árvore amazônica sendo derrubada, pelo menos
é o que querem provar os ecologistas ingleses David Morris e Helen Steel, do
grupo London Greenpeace, eles acusam o Mac Donald’s de fazer seus
hambúrgueres, no Brasil, com carne e gado que almoça e janta sobre antigas
florestas devastadas, os executivos da potência americana dos sanduíches juram
que seus Big Macs são politicamente corretos e estão processando os dois
ecologistas, além de uma indenização que pode chegar a US$ 10 milhões, a
empresa quer proibir os irrequietos Morris e Steel de distribuir o folheto O que
está errado com o Mac Donald’s, do qual já foram feitos 1,5 milhão de cópias,
em 24 idiomas.

6.4.3 O ponto e vírgula: é usado:


a) para separar itens de uma enumeração. Veja o exemplo:
Os problemas do time são:
a)falhas na defesa;
b)meio de campo esburacado;
c)goleiro frangueiro;
d)ataque ineficiente;
e)excesso de jogadores ruins.
Obs. Essa enumeração poderia também ser contínua (os itens seriam dispostos
na mesma linha).

b)no meio de uma sentença ou de uma sequência de sentenças. Exemplos:

 Os maias construíram uma civilização admirável; apesar disso, nada


sobrou além de ruínas.
 O problema não é exatamente o preço alto; o problema é o salário
baixo.
 Cansado de esperar, ele acabou indo para casa; no entanto, deixou
um recado embaixo da porta.

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Obs. Quando usado nesse caso, o ponto e vírgula poderia ser substituído por
ponto final. Assim, é possível adotar o seguinte procedimento: use o ponto e
vírgula se ele puder ser substituído por ponto final, sem problemas. Isso permitirá
que você empregue o ponto e vírgula de forma adequada na maioria dos casos.
Além disso, nunca use o ponto e vírgula para separar um segmento dependente
sintaticamente de outro. Por exemplo, nunca escreva

 Imaginando o que poderia ter acontecido; o vizinho saiu à procura do


filho.
 A colisão do meteoro, que deve ocorrer no dia 20; tão esperada pelos
astrônomos, é notícia no mundo inteiro.

Nesses casos, é obrigatório o uso da vírgula:


 Imaginando o que poderia ter acontecido, o vizinho saiu à procura do
filho.
 A colisão do meteoro, que deve ocorrer no dia 20, tão esperada pelos
astrônomos, é notícia no mundo inteiro.

Exercício (emprestado de Faraco e Tezza, 2008:118-119)

Use o ponto e vírgula onde ele couber:


1. Na verdade, o ministério não é coeso, existem diferenças ideológicas
substanciais entre algumas pastas.
2. A falta de verbas é um aspecto importante, igualmente importante,
entretanto, é a vontade política.
3. Definir “povo brasileiro” com algum rigor não é uma tarefa fácil, é preciso
fundamentar o conceito sob algum ponto de vista teórico e não
simplesmente defini-lo de acordo com uma impressão pessoal.
4. É fato que a pena de morte encontra respaldo popular, as pessoas tendem
a confundir a idéia de justiça com a idéia de vingança.

6.4.4 O “ponto parágrafo”

Deve-se distinguir o “ponto simples” do “ponto parágrafo”

Há estudantes que escrevem um texto sem nunca mudar de parágrafo; há outros


que fazem de cada período um novo parágrafo. É difícil ler textos desenvolvidos
num único parágrafo, pois eles não deixam o leitor tomar fôlego e dificultam
perceber quando se está abordando um aspecto distinto do tema. Já os textos
fragmentados não permitem que o leitor capte o fio do discurso. Deve-se usar o
ponto simples quando o texto continua a tratar da mesma idéia do período anterior; o
ponto-parágrafo, quando se acaba de desenvolver uma idéia e se inicia uma nova.

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Exercício

O texto abaixo compreende alguns parágrafos, que foram englobados em um só.


Reescreva-o, dividindo-o em parágrafos:

O jornalismo era ainda então planta quase exótica entre nós. Durante os três
séculos coloniais, não se publicara no Brasil um só jornal ou periódico, nem
mesmo um livro, um folheto qualquer. Não havia tipografias. As próprias
publicações holandesas do tempo datadas do Recife, eram feitas na Europa.
Com a vinda de D. João VI é que se estabeleceu a Imprensa Régia e foram
aparecendo outras oficinas tipográficas na corte e nas províncias. Datam daí os
primeiros passos do jornalismo no Brasil. Nos dias da independência e do
primeiro imperador, tomou ele certo incremento. Eram, porém, tempos de
grandíssima agitação, os partidos agrediam-se terrivelmente, e a linguagem
jornalística era a linguagem grosseira de espíritos bulhentos, que se insultavam.
Nada de doutrina e de apreciação calma de princípios.
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6.5 PRONOMES DE TRATAMENTO

Para ajudar na elaboração de gêneros discursivos formais acadêmicos,


relacionamos os principais pronomes de tratamento indicados para autoridades
específicas.

Pronome de Abreviatura Uso dirigido a:


Tratamento

Vossa Excelência V. Exª altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Magnificência V. Magª reitores de universidades

Vossa Senhoria V. Sª oficiais (até coronel), funcionários


graduados, pessoas de cerimônia.

Observações:

1. use Vossa quando falar/escrever diretamente com a pessoa (“Vossa Senhoria


lerá seu discurso amanhã?”); use Sua quando estiver falando/escrevendo sobre a
autoridade (“Sua Senhoria disse que lerá seu discurso amanhã.”);
2. observe a concordância de gênero e de número:
“Vossa Senhoria foi digna da homenagem”, disse ele à rainha;
“Vossas Excelências não precisam se preocupar, debate ao vivo é assim mesmo...”,
falou o moderador aos candidatos;
“Sua Reverendíssima disse estar exausto dos compromissos da semana”, disse o
diácono, comentando sobre o sacerdote;
3. evite, quando em registro formal, usar Seu e Dona (comumente falamos Seu
Geraldo, Dona Maria); opte por Senhor, Senhora;
4. escreva os pronomes de tratamento (excetuando-se você, senhor, senhora), com
letra maiúscula, mesmo no meio da frase;
5. ao empregar o pronome Vossa Excelência, o adjetivo correspondente é
Excelentíssimo; ao usar o pronome Vossa Senhoria, o adjetivo é Ilustríssimo;
6. Excelentíssimo é abreviado, na escrita, como: Exmo.; Ilustríssimo, Ilmo.
7. de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, não se
permite o emprego abreviado de “Excelentíssimo”, quando se dirige, por escrito, ao
Presidente da República.

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GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP –- 2013

BIBLIOGRAFIA

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