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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA - ISTA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

RELATÓRO FINAL DE ESTÁGIO

LEANDRO FRANCISCO XITA

Luanda-Ista
2021
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LEANDRO FRANCISCO XITA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

Relatório de Curso apresentado ao Instituto Superior Técnico


de Angola-ISTA no curso de psicologia na cadeira de estágio
curricular.
Orientado pelo professor: António Dungula Nambala.

Luanda-Ista
2021

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CARACTERIZAÇÃO DO ESTÁGIO

Nome: Leandro Francisco Xita Matrícula: 275


Curso: Psicologia Clínica Turma: 14/C
Ano: 4º Turno: Manhã
ISTA- Instituto Superior Técnico de Angola
Localização: Viana
Carga Horária: 8:00/12:00
Professor Orientador: António Dungula Nambala
Supervisor do Estágio: António Dungula Nambala

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Dedicatória

Dedico este relatório final do estágio aos meus familiares, e amigos por serem
essenciais em minha vida.

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Agradecimento
Agradeço a Deus por proporcionar-me perseverança na minha vida, por mostrar-me o
caminho certo, por conceder-me saúde, forças e paciência na elaboração deste relatório final
do estágio curricular.

Agradeço a todos familiares e amigos que ajudaram-me directa ou indirectamente para


que eu concluísse este relatório final do estágio curricular.

Agradeço ao meu professor orientador do estágio por ter-me dado instruções para
elaboração deste relatório, pelas suas valiosas e incontáveis horas dedicadas aos estudantes,
sempre com uma presença cheia de optimismo durante as aulas, com quem compartilhei
minhas dúvidas a respeito da cadeira do estágio curricular. Nos momentos de dúvida na
elaboração do relatório, e o esclarecimento dado por ele para sanar todas essas dúvidas.

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SUMÁRI

Introdução..............................................................................................................7

Capítulo Nº 1.........................................................................................................9

1.1 Caracterização Do Contexto Institucional Do Estágio....................................9

1.2 Caracterização Do Local Do Estágio............................................................10

1.3 Identificação Das Principais Necessidades E Alvos De Intervenção............10

1.4 Caracterização Da Observação......................................................................11

1.5 Observação Das Consultas De Psicologia.....................................................11

1.6 Intervenção....................................................................................................12

1.7 Apresentação Dos Casos Clínicos.................................................................12

Justificação Da Escolha Do Caso........................................................................14

Capítulo Nº 2.......................................................................................................15

2.1 Identificação..................................................................................................15

2.2 Motivos Da Consulta.....................................................................................15

2.3 Histórico Do Problema..................................................................................15

2.4 Histórico Do Desenvolvimento Biopsicosocial............................................16

2.5 História Médica E Pessoal.............................................................................16

2.6 Histórico Psiquiátrico E Médico Familiar.....................................................16

2.7 Avaliação Psicológica...................................................................................17

2.7.1 Criterios De Diagnóstico Do Dsm..............................................................17

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2.7.2 Diagnóstico Diferencial..............................................................................18

2.7.3 Intervenção Psicológica..............................................................................20

2.7.4 Intervenção Psicológica Individual............................................................21

Capítulo Nº 3.......................................................................................................25

Considerações Finais...........................................................................................25

Capítulo Nº 4.......................................................................................................26

Sugestões.............................................................................................................26

Capítulo Nº 5.......................................................................................................30

Referências Bibliográficas..................................................................................30

Anexos.................................................................................................................31

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Introdução

O presente relatório aborda sobre a prática do estágio curricular, do curso de


psicologia clínica, 4º Ano, realizada no ISTA de Viana, que teve início no dia 6 de Maio e
terminou no dia 10 de Junho, no período diurno (manhã). Nos seguintes dias: segunda-feira,
terça-feira, quinta-feira, e sexta-feira das 8:00 horas até as 12:00 horas.

Este relatório é constituído por cinco capítulos, no primeiro capítulo apresenta-se a


caracterização do contexto institucional do estágio, missão, princípios, e valores,
caracterização do local do estágio, identificação das principais necessidades e alvos de
intervenção, caracterização da observação, observação das consultas de psicologia,
intervenção, apresentação dos casos clínicos, o segundo capítulo detalha as informações do
caso clínico escolhido como a identificação, motivos da consulta, histórico do problema,
histórico do desenvolvimento biopsicossocial, história médica e pessoal, histórico psiquiátrico
e médico, avaliação psicológica, critérios de diagnóstico do DSM, diagnóstico diferencial,
intervenção psicológica, intervenção psicológica individual, enquadramento teórico,
objectivos da intervenção, no terceiro capítulo dá-se as considerações finais, no quarto
capítulo as sugestões, e no quinto e último capítulo faz menção das referências bibliográficas,
e anexos.

O estágio curricular: é um acto educativo e agente integrador académico profissional,


configurado para ser um componente da matriz do curso, portanto, de natureza orientada,
desenvolvido em um ambiente institucional visando à preparação para a profissionalização
dos discentes, e caracterizando-se por ser um tipo de actividade não remunerada. O estágio
curricular é um componente obrigatório do projecto pedagógico do curso.

O objectivo do estágio é de compreender o processo de vivência prático pedagógica,


que aproxima o académico da realidade de sua área de formação e o auxilia a compreender
diferentes teorias que regem o exercício profissional. Os objectivos do estágio dividem-se em:
1º Articular teoria e prática.
2º Possibilitar a análise e críticas das teorias psicológicas, fomentando o processo de
aprendizagem e a reflexão científica a partir do exercício da profissão.
3º Desenvolver postura crítica, reflexiva e ética mediante o contexto e as problemáticas

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apresentadas em cada situação.
4º Incentivar a autonomia na busca, sistematização e produção do conhecimento e práticas
necessárias a actuação profissional.
5º Diagnosticar, planejar e executar programas ou planos de intervenção com referências
metodológicas adequadas aos diversos contextos onde o aluno possa actuar.

O estágio está estruturado da seguinte forma:


1º Nome da instituição dos estagiários.
2º Nome da organização onde foi realizado o estágio.
3º Local onde decorreu o estágio.
4º Plano de trabalho do estágio.
5º Lista dos grupos dos estagiários.
6º Data do início e término do estágio e respectivos horários.
7º Actividades dos estagiários.
8º Métodos, técnicas e procedimentos aplicados na fase de estágio.

As funções do estágio são de oferecer aos aprendizes o conhecimento prático das


funções profissionais. Ele possibilita aos estudantes um contacto empírico com as matérias
teóricas que lhes são passadas em sala de aula, trata-se do entendimento consolidado pelos
educadores de que a teoria sem a prática é incompleta, prejudicando o acesso imediato ao
mercado de trabalho.

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Capítulo nº 1

1.1 Caracterização do contexto institucional do estágio

O instituto superior técnico de Angola (ISTA), é uma instituição privada angolana,


multicampos, sediada na cidade de Luanda, a sua sede, localizada no km 9, Bairro do
Grafanil, Rua da cor, município de Viana.
A missão do ISTA é contribuir para a realização dos objectivos do Estado Angolano na
formação e educação superior dos cidadãos.

b) Princípios
O instituto superior técnico de Angola (ISTA), é uma instituição privada angolana,
estabelecido como instituto a partir do decreto n° 24/07, do conselho de ministros de 07 de
Maio de 2007.

c) Valores
Trata-se de um projecto de investigação e ensino vocacionando para as áreas técnicas,
tais como as Engenharias e as Ciências de Economia e Administração, mas também para as
áreas sociais como a Psicologia, o Direito e a Comunicação Social.

O instituto superior técnico de Angola agrega os valores em diferente na área de formação


de recursos humanos no país.

 Ensino de qualidade.

 Formação de quadros nos mais diversos ramos técnicos e a formação de recursos


humanos, formação contínua dos docentes do programa de mestrado e doutoramento e
agregação pedagógica.

 Formação contínua dos funcionários.

 Investigação científica.

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1.2 Caracterização do local do estágio

O estágio foi realizado no ISTA sede, localizado no município de Viana, no km 9


Bairro do Grafanil bar, Rua da cor, na província de Luanda, possui um refeitório, uma
biblioteca, 28 salas, uma reprografia, um departamento dos recursos humanos, uma secretaria
académica, uma secretaria administrativa, dois pátios de estacionamentos de viaturas.

Um departamento do curso de psicologia com as especialidades clínica, educacional e


do trabalho. Um departamento do curso de contabilidade com as especialidades de
administração pública, auditoria e controlo financeiro. Um departamento do curso de direito
com as especialidades jurídica económica e forense. Um departamento do curso de engenharia
com as especialidades de informática, energética, eletromecânica e telecomunicação. Um
departamento do curso de comunicação social.

Um auditório, uma sala dos professores, uma sala dos módulos, um departamento de
finanças, uma tesouraria, uma sala de associação dos estudantes, uma sala de reuniões, uma
sala de arrecadações, uma sala de património, uma sala de arquivos, uma sala de arquivos
mortos, uma direção geral, uma sala de serviços gerais, um departamento de frios, um
departamento de eletricidade, uma sala de auditoria e fiscalização.

As aulas são ministradas no período diurno (manhã) as 7:30 até as 10: 15, vespertino
(tarde) as 11:00 até as 14:30, e noturno (noite) as 15:00 até as 18:00 horas, 4 WC masculinos
e 4 WC femininos, 1 WC dos professores.

1.3 Identificação das principais necessidades e alvos de intervenção

Para a realização do estágio usei o método de entrevista estruturada, questionário de


perguntas abertas e fechadas, ficha de inscrição, ficha de triagem, ficha de anamnese, o
manual de classificação em psiquiatria e escalas de avaliação psiquiátrica. Para avaliar os
níveis de estresse e ansiedade de uma das minhas pacientes usei o inventário de sintomas de
estresse para adultos de LIPP, o modelo BDI. Os meus alvos foram os estudantes do 1º Ano
de psicologia, e 4º Ano de contabilidade e administração no ISTA de Viana, 1º e 3º Ano de
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psicologia no ISTA do Palanca. Em Viana atendi seis pacientes, quatro deles estavam
acompanhados e as outras duas sozinhas. E no Palanca atendi duas pacientes que estavam
sozinhas. As idades dos pacientes eram compreendidas entre os 20 anos até aos 30 anos. Seis
desses pacientes eram do sexo feminino, e o sétimo era do sexo masculino.

1.4 Caracterização da observação

Eu observei a aparência física dos pacientes (era normal). Como estavam vestidos
(houve apenas uma paciente que na primeira sessão não estava vestida decentemente). A
forma de andar (normal), a forma de falar, e pronunciar (uns falavam calmamente, já outros
eram rápidos, teve apenas duas pacientes que cometiam erros ortográficos na linguagem). O
cheiro era bom (perfumados). Todos não estavam concentrados completamente porque era a
fase das provas, da elaboração dos trabalhos, entrega e defesa.

Só tinha três que estavam sempre disponíveis, os outros só apareciam quando não
havia nenhuma avaliação dos professores. O comportamento deles era correcto desde o início
e após o encerramento de cada sessão. As limitações visuais de dois pacientes era visível
porque usavam óculos. A reacção deles ao serem questionados era boa, alguns sentiam
timidez no princípio mas depois passaram a confiar em mim, ao falarem de si mesmos
sorriam, somente o paciente do sexo masculino é que estava sempre sério.

1.5 Observação das consultas de psicologia

O atendimento psicológico tinha início no período da manhã as 9:00 horas e terminava


as 11:30, a duração de cada sessão com os pacientes variava em 35 minutos a 40 minutos.
Cada paciente era atendido de forma individual, por dia atendia dois a três pacientes
dependendo da disponibilidade deles, aqueles que não podiam aparecer ligavam para remarcar
para outro dia.

O atendimento era feito sempre em um local calmo, sem ruídos, sem interrupções, as
vezes no laboratório, e outras vezes em uma sala desocupada, climatizada com ar
condicionado, tanto eu como os pacientes nos sentávamos em carteiras. Preferi escutar mais
do que perguntar para entender melhor o motivo que os levava a procurar ajuda psicológica e
as queixas apresentadas por eles, e porque eles gostavam de falar.

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Estes atendimentos contribuíram de forma positiva porque de alguma forma consegui
ajudá-los, dando várias visões de como poderiam ver os problemas deles e orientações de
como poderiam resolvé-los, foi benéfico para eles porque seguiam essas orientações.

1.6 Intervenção

A prática do estágio curricular começou no dia 6 de Maio de 2021, e terminou no dia


10 de Junho de 2021. Teve duração de 1 mês e cinco dias, e decorria no período diurno
(manhã). As intervenções do estágio começavam com as interpelações dos estudantes ou
funcionários do ISTA, depois eram feitos as inscrições dos pacientes com uma ficha de
inscrição, e eles eram encaminhados para um psicólogo que estivesse disponível para atendé-
lo.

O psicólogo começava a atender o paciente preenchendo a ficha de triagem na 1ª


sessão, na 2ª e 3ª sessão preenchia a ficha de anamnese, se o paciente apresenta-se um quadro
de depressão o psicólogo aplicava o teste do modelo de Lipp para medir os níveis de
depressão do paciente.

Se o paciente apresenta-se um quadro de ansiedade o psicólogo aplicava o teste do


modelo de BDI, se o paciente tivesse conflitos familiares, o psicólogo apresentava o teste do
desenho da família- Louis Corman, se o paciente estivesse preocupado em obter uma casa no
futuro, o psicólogo recomendava o paciente a desenhar uma casa e posteriormente preencher
um inquérito com perguntas relacionadas a casa que ele gostaria de obter.

Se a atenção do paciente estivesse comprometida o psicólogo dava-lhe o teste de


atenção concentrada para avaliar o nível de atenção do paciente verificando quantos acertos,
erros, omissões, pontos, e percentil ele teria. Caso o problema do paciente fosse complexo
para o psicólogo então ele teria que encaminhar para um psicólogo mais treinado. Mas na fase
do estágio houve mais casos de orientação do que casos de distúrbios mentais.

Foi realizada uma palestra com o tema “Bullying no contexto escolar”, na qual os
palestrantes eram os quatro representantes do grupo c do estágio. Esta mesma palestra foi
ministrada no ISTA do polo Palanca as 9:00 horas e terminou as 11:00 horas.

1.7 Apresentação dos casos clínicos


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Ao longo do período de estágio foram atendidos um total de 8 casos individualmente.
Características de cada paciente:

1º Paciente
Nome: D. J. Sexo: feminino. Idade: 24 anos. Profissão: professora do 1º ciclo. Motivo da
consulta: procurar ajuda para entender melhor os problemas que enfrenta. Queixa principal:
problema de visão e muitas responsabilidades. Atendimento: individual. Nº de sessões: 3.

2º Paciente
Nome: I. P. Sexo: feminino. Idade: 23 anos. Profissão: estudante. Motivo da consulta:
problemas pessoais. Queixa principal: tem alergia na pele toda vez que come carne de porco,
e gripe que manifesta-se frequentemente. Atendimento: individual. Nº de sessões: 3.

3º Paciente
Nome: R. T. Sexo: feminino. Idade: 25 anos. Profissão: estudante. Motivo da consulta:
precisa de ajuda de um psicólogo para orientá-la para tomar decisões correctas na vida.
Queixa principal: estresse por causa dos problemas familiares, e um dilema que ela está a
viver, ela disse que sente-se estressada quando ela faz trabalhos domésticos e os dois irmãos
mais novos desarrumam e sujam tudo, e há sempre discussões e muitos conflitos entre eles,
ela disse que a relação com a mãe é boa, o dilema que ela enfrenta é por ter dois jovens que
gostam dela e ela não sabe qual deles escolher. Atendimento: individual. Nº de sessões: 4.

4º Paciente
Nome: J. D. Sexo: feminino. Idade: 20 anos. Profissão: estudante. Motivo da consulta: precisa
de ajuda psicológica para saber como lidar com as situações que encara no dia-a-dia. Queixa
principal: ela apresentou queixas de não ter uma boa relação com os tios que são encarregados
dela actualmente, em casa eles fazem distinção e dão mais atenção aos filhos deles em relação
a ela. Sente falta de apetite e para comer é um esforço, sente ansiedade toda vez que precisa
fazer algo importante como: fazer uma prova, defesa de um trabalho escolar, está ansiedade é
frequente, intensa, e só passa quando ela termina a tarefa importante que tinha que fazer.
Atendimento: individual. Nº de sessões: 4.

5º Paciente
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Nome: D. C. Sexo: masculino. Idade: 30. Profissão: militar. Motivo da consulta: queria saber
como trabalham os psicólogos clínicos. Queixa principal: problemas gastro intestinais, e
enxaquequas depois de consumir excessivamente bebidas alcoólicas. Atendimento:
individual. Nº de sessões: 3.
6º Paciente
Nome: M. C. Sexo: feminino. Idade: 22 anos. Profissão: decoradora. Motivo da consulta: foi
para ser atendida por intermédio de um colega que transmitiu-lha a informação que havia
atendimento psicológico. Queixa principal: cansaço frequente, dores constantes no pescoço,
irrita-se facilmente. Atendimento: individual. Nº de sessões: 3.
7º Paciente
Nome: S. D. Sexo: feminino. Idade: 24 anos. Profissão: estudante. Motivo da consulta: ficou a
saber que decorria atendimento psicológico, e interessou-se. Queixa principal: dificuldade
para enfrentar tantos problemas do dia-a-dia. Atendimento: individual. Nº de sessões: 3.

8º Paciente
Nome: I. W. Sexo: feminino. Idade: 24 anos. Profissão: balconista do super mercado Pepe.
Motivo da consulta: dirigiu-se para o laboratório acompanhando uma colega que foi para
receber ajuda psicológica. Queixa principal: deixou de confiar nos homens devido uma
traição. Atendimento: individual. Nº de sessões: 2.

Justificação da escolha do caso

Desde o primeiro até o sétimo caso foi fácil atendé-los porque a relação que criei com
eles facilitou na interacção que eu tinha com eles principalmente quando eu fazia questões
abertas para saber mais a fundo da vida deles e entender melhor os problemas que afectavam
a cada um deles. A única desvantagem que houve é que os pacientes cinco, seis, sete e oito
não apareciam sempre porque tinham trabalhos em grupo para fazer, defesas de trabalhos e
provas, então nesses casos não consegui recolher tantos dados necessários.

Já as pacientes um, dois, três e quatro foram as mais presentes e deram mais
informações acerca delas, e passei a confiar e a dedicar-me muito a elas. Mas eu decidi
escolher a minha quarta paciente como caso clínico porque foi um caso interessante de
trabalhar e de se discutir, através do qual aprendi muito, neste caso o vínculo terapêutico foi
estabelecido de forma muito positiva, facilitando assim o processo terapêutico.

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Escolhi-o também devido a sua complexidade, e por se tratar da minha paciente mais
nova e que apresentou muita insatisfação por parte dos encarregados de educação por não
demonstrarem afecto a ela e por ela ter diversos problemas.

Capítulo nº 2

Caso Clínico
Nome: J. D.
Sexo: Feminino.
Idade: 20 anos.
Data de Nascimento: 18/5/2001.
Raça: Negra.
Cor: Escura.
Natural: Luanda.
Nacionalidade: Angolana
Escolaridade: Estuda o 1º ano do curso de psicologia no ISTA Palanca.
Profissão: Estudante.
Atendimento: Individual.
Nº de sessões: 4.

2.2 Motivos da consulta

Precisava de ajuda psicológica para saber como lidar com as situações que encara no dia-a-
dia.

2.3 Histórico do problema

Ela apresentou queixas de não ter uma boa relação com os tios que são encarregados
dela actualmente, em casa eles fazem distinção e dão mais atenção aos filhos deles em relação
a ela. Sente falta de apetite e para comer é um esforço, sente ansiedade toda vez que precisa
fazer algo importante como: fazer uma prova, defesa de um trabalho escolar, está ansiedade é
frequente, intensa, e só passa quando ela termina a tarefa importante que tinha que fazer.

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Este quadro de ansiedade já fez ela sentir-se mal várias vezes na escola,
principalmente quando era defesa de trabalho em grupo, ela disse que já chegou a passar tão
mal ao defender de pé que o professor teve que pedir que ela sentasse em uma carteira para
continuar a defender. Os sintomas frequentes que ela sentiu são: fadiga, cansaço sem
explicação, boca seca, náuseas, tremores, tensão musculares, medo, receio de errar diante dos
colegas, esquecer várias coisas que tinha que falar na defesa, perca de sono, gagueira ao falar,
calafrios, respiração sufocante.
Tem por hábito comer muito tarde, e a alimentação não é regrada, gosta de ficar muito tempo
acordada o que dificulta o sono. O problema da falta de apetite começou na infância com 7
anos de idade.

O problema da ansiedade manifestou-se mais tarde na adolescência com 14 anos, os


conflitos com os tios é derivado da família desestruturada que ela tem, tanto os pais delas
quanto os tios não entendiam-se. Com a morte da mãe o quadro de ansiedade evoluiu, e ela
em alguns momentos sentia-se depressiva principalmente quando ficava muito tempo sozinha
e se fechava, pensando a todo momento na mãe e o carinho que lhe era dado por ela.

2.4 Histórico do desenvolvimento biopsicosocial

A J. D. É uma jovem com aspecto físico normal, tem uma face normal, é alta, é gorda,
motricidade normal, visão normal, audição normal, fala normal, o parto foi normal, nasceu no
hospital, é a terceira filha, tem um irmão e irmã mais velhos, ela foi uma filha desejada, não
houve complicações quando ela nasceu, ela é uma jovem que não fuma, não bebe bebidas
alcoólicas, bebe água, sumos, café, chá, prefere comer pão do que outras comidas.

Foi amamentada até aos seus um ano e dez meses, começou a falar as primeiras
palavras com dois anos (mama, papa), ela já sentava com um ano e onze meses e gatinhava,
começou a dar os primeiros passos com dois anos e aos três aprendeu a andar. Gosta mais de
comer pão, peixe, beber gasosa, comer hambúrguer, tem o hábito de assistir filmes no
computador, estar várias horas nas redes sociais, não tem namorado, dá-se bem com as
amigas, gosta de passear e realizar várias actividades com as amigas.

2.5 História médica e pessoal

Já teve malaria, bronquite, na infância, mas foram tratadas com fármacos convencionais, e
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hemorroida externa no ânus medicamentos foi tratado com medicamentos tradicionais.

2.6 Histórico psiquiátrico e médico familiar

Tanto ela como a família não têm histórico de alguma doença mental.

2.7 Avaliação psicológica

A avaliação psicológica é compreendida como um processo técnico-científico,


geralmente complexo, onde são realizadas coletas de dados, e as informações prestadas pelos
pacientes são interpretadas, como resultantes de interações de diversas naturezas entre os
indivíduos e meio social. Desta forma são utilizados métodos, técnicas e instrumentos
psicológicos de mensuração padronizada e fundamentados em uma teoria científica, sendo
necessário atender aos requisitos de validade e precisão (CFP, Resolução nº 6, de 29 de março
de 2019).

Para o caso desta paciente que apresenta sintomas do transtorno de ansiedade


generalizada usei a técnica de confrontação e exposição para que ela confronta-se os
problemas dela. Elaborei provas para ela fazer e observei se no momento estava ansiosa ou
não. Pedi a ela para defender um trabalho do 1º ano, e fiquei a observar se ela demonstraria
nervosismo, tremores ou outro sinal.

Ela apresentou esses sinais mas em um grau leve, orientei-a para que respirasse e
inspirasse quando sentia-se nervosa ou esquecesse o que tinha que falar. Orientei-a também
para fazer diariamente as técnicas de relaxamento como: o ioga e a meditação, técnicas que
ajudam muito as pessoas com ansiedade, combatem o nervosismo, o branco na mente.

As escalas mais usadas para medir o grau de ansiedade de uma paciente são:
Escala ABEP- dados sociodemográficos.
Escala HAM-A- Escala Hamilton de Ansiedade.
Escala IHS- Inventário de habilidades sociais.
Escala I-BOCS- Escala de gravidade dos SOC.
Escala WHOQOL- Escala de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde.

2.7.1 Criterios de diagnóstico do DSM


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Para o caso dela de transtorno de ansiedade generalizada usei o DSM-V.
Critérios de diagnósticos:
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos
dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou actividades (tais como desempenho
escolar ou profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis
sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses).
Nota: Apenas um item é exigido para crianças.
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de ῾῾branco na mente”.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório
e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou
preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no
transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno
obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de
separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-traumático, ganho
de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção
de problemas na aparência no transtorno dimórfico corporal, ter uma doença séria no
transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes.

2.7.2 Diagnóstico diferencial

Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. O diagnóstico de transtorno


de ansiedade devido a outra condição médica deve ser dado se a ansiedade e a preocupação
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são consideradas, com base na história, em achados laboratoriais ou em exame físico, efeito
fisiológico de outra condição médica específica (p. ex., feocromocitoma, hipertireoidismo).

Transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento. Um transtorno de


ansiedade induzido por substância/medicamento se diferencia do transtorno de ansiedade
generalizada pelo fato de que uma substância ou medicamento (p. ex., droga de abuso,
exposição a uma toxina), está etiologicamente relacionada com a ansiedade. Por exemplo, a
ansiedade grave que ocorre apenas no contexto de consumo pesado de café seria
diagnosticada como transtorno de ansiedade induzido por cafeína.

Transtorno de ansiedade social. Os indivíduos com transtorno de ansiedade social


frequentemente têm ansiedade antecipatória que está focada nas próximas situações sociais
em que devem apresentar um desempenho ou ser avaliados por outros, enquanto aqueles com
transtorno de ansiedade generalizada se preocupam independentemente de estarem ou não
sendo avaliados. Transtorno obsessivo-compulsivo. Diversas características distinguem a
preocupação excessiva do transtorno de ansiedade generalizada dos pensamentos obsessivos
do transtorno obsessivo compulsivo.

No transtorno de ansiedade generalizada, o foco da preocupação são os problemas que


estão por vir, e a anormalidade é o excesso de preocupação acerca dos eventos futuros. No
transtorno obsessivo-compulsivo, as obsessões são ideias inadequadas que assumem a forma
de pensamentos, impulsos ou imagens intrusivos e indesejados. Transtorno de estresse pós-
traumático e transtornos de adaptação. A ansiedade está invariavelmente presente no
transtorno de estresse pós-traumático.

O transtorno de ansiedade generalizada não é diagnosticado se a ansiedade e a


preocupação são mais bem explicadas por sintomas de TEPT. A ansiedade também pode estar
presente no transtorno de adaptação, mas essa categoria residual deve ser usada apenas
quando os critérios não são satisfeitos para qualquer outro transtorno (incluindo o transtorno
de ansiedade generalizada).

Além disso, nos transtornos de adaptação, a ansiedade ocorre em resposta a um


estressor identificável dentro de três meses do início do estressor e não persiste por mais de
seis meses após o término do estressor e das suas consequências. Transtorno depressivo,
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bipolar e psicótico. A ansiedade generalizada/medo é uma característica em geral associada
dos transtornos depressivo, bipolar e psicótico e não deve ser diagnosticada separadamente se
a preocupação excessiva ocorreu exclusivamente durante o curso dessas condições.
Como hipótese diagnóstica eu aponto para um quadro de Transtorno de Ansiedade
Generalizada.

Eixo: I Transtorno de Ansiedade Generalizada 300.02 (F41.1).

2.7.3 Intervenção psicológica

O tratamento da ansiedade deve ser feito através da farmacologia, psicoterapia e uma


atitude psicoeducativa do doente (Gonçalves & Coelho, 2005). Em relação à farmacologia
utilizada na ansiedade é exigida, frequentemente, a utilização das benzodiazepinas e
antidepressivos, sendo que o tratamento deverá durar pelo menos 12 meses. A utilização
destas três formas de tratamento assim como a minimização dos efeitos laterais são fatores
importantes na adesão terapêutica ao longo do tempo e na diminuição da sintomatologia.
A história médica e psiquiátrica do utente deve ser ponderada na escolha do tratamento
farmacológico e também deve ser associado a uma psicoterapia (por exemplo, do tipo
cognitivo-comportamental) para se verificarem resultados mais eficazes ao nível da
intervenção.

Contudo, alguns médicos consideram que a psicoterapia é o mais indicado no


tratamento da ansiedade generalizada (Gonçalves & Coelho, 2005). Porém, devido à limitação
de recursos económicos e excesso de pacientes com perturbações psicopatológicas, muitos
centros de intervenção terapêutica começam a adotar a intervenção em grupo com o objetivo
de corresponder eficazmente aos pedidos, dando uma maior resposta a curto prazo.

Por sua vez, a intervenção em grupo começa por se revelar uma proposta de
intervenção eficaz nos contextos de saúde (Whitfield, 2010). Em particular, a terapia
Cognitivo-Comportamental em grupo encontra-se empiricamente validada, mostrando-se
eficaz no tratamento de diferentes perturbações psiquiátricas, tais como a depressão e a
ansiedade, e mais recentemente nas perturbações da personalidade e psicóticas (Beck
&Weishaar 2000, cited in Bieling, Mccabe & Antony 2006).

20
2.7.4 Intervenção psicológica individual

A terapia Cognitivo-Comportamental defende que a forma como os sujeitos percebem e


processam a realidade vai influenciar o modo como eles se sentem e se comportam. Assim, esta
terapia tem como principal objetivo reestruturar e corrigir esses mesmos pensamentos distorcidos,
para que seja possível desenvolver soluções que fomentem a mudança e consecutivamente
melhorem as dificuldades emocionais.

Estes pensamentos são designados de pensamentos automáticos; ou seja, a maioria das


pessoas não tem consciência de que estes pensamentos ocorrem e causam impacto no seu
quotidiano, a não ser que estejam treinadas para identificá-los. Associados a estes pensamentos
automáticos temos os esquemas que, segundo Clark, Beck e Alford (1999, cited in em Knapp &
Beck, 2008, pp.57) são “estruturas cognitivas internas relativamente duradouras de
armazenamento de características genéticas ou prototípicas de estímulos, ideias ou experiências
que são utilizadas para organizar novas informações de maneira significativa, determinando como
fenômenos são percebidos e conceitualizados”.

A formação de determinada crença pode influenciar a formação posterior de novas crenças


que, quando persistem, são incorporadas no esquema, modelando assim o pensamento do sujeito e
promovendo assim posteriores erros cognitivos. Segundo o modelo cognitivo, algumas crenças
podem constituem uma ameaça, aumentando o risco de problemas emocionais na depressão e a
ansiedade (Knapp & Beck, 2008).

No que respeita à Terapia Cognitiva-Comportamental esta apresenta efeitos positivos


na redução de sintomas e de taxas de recorrência ou reincidência dos problemas clínicos,
numa vasta variedade de perturbações psiquiátricas. Segundo Beck, (2005), a Terapia
Cognitiva-Comportamental pode ser classificada de três formas:

i) Terapia de competências de confronto, que ajudam no desenvolvimento de um vasto leque


de estratégias que têm como objetivo fornecer ao paciente instrumentos que o ajudem a lidar
com algumas situações problemáticas;

21
ii) Terapia de resolução de problemas, que destaca o desenvolvimento de estratégias gerais
para lidar com uma ampla variedade de dificuldades pessoais; e,
iii) Terapia de reestruturação, que tem como principal foco os problemas emocionais,
assumindo que estes resultam de pensamentos desadaptativos sendo que, neste caso, o
objetivo incide em reformular pensamentos distorcidos e promover pensamentos mais
adaptativos (Mahoney, 1995, citado em Knapp & Beck, 2008).

Segundo Beck (2005, cited in Knapp & Beck, 2008), para que seja garantida a eficácia
da Terapia Cognitivo-Comportamental, é necessário que o terapeuta estabeleça uma boa
relação colaborativa com o paciente para que posteriormente possam trabalhar em conjunto,
de forma a avaliar as crenças do paciente e discuti-las verificando se estas são ou não
funcionais, podendo assim modifica-las e adequa-las à realidade.

Posto isto, o terapeuta utiliza o debate socrático com o intuito do paciente tomar
consciência do seu pensamento distorcido; ou seja, para que obtenha insight e posteriormente
se sentir mais guiado. Durante as sessões, o terapeuta solicita ao paciente o seu feedback por
forma a esclarecer qualquer dúvida que possa surgir por parte do deste.

Nesta terapia são utilizadas várias técnicas cognitivas como a “identificação,


questionamento e correção de pensamentos automáticos, reatribuição e reestruturação cognitiva,
ensaio cognitivo e outros procedimentos terapêuticos de imagens mentais. Entre as técnicas
comportamentais estão, por exemplo, o agendamento de atividades, avaliações de prazer e
habilidade, prescrições comportamentais de tarefas graduais, experimentos de teste da realidade,
role-plays e técnicas de solução de problemas” (Knapp & Beck, 2008, p. 59).

a) Enquadramento teórico

O termo “estado de ansiedade” refere-se à ansiedade difusa, que não fica restrita às
situações externas específicas nem associada ao comportamento constante e extensivo de
evitar situações fóbicas.

Segundo Beck, Laude e Bohnert (1974 citado em Hawton, Salkovskis, Kirk & Clark,
1997) os seus pacientes quando eram entrevistados, referiam frequentemente pensamentos e

22
imagens que sugeriam a perceção de um perigo considerável nas situações atuais, e a
ansiedade parecia uma resposta compreensível a essas perceções erróneas.

Esta constatação levou ao desenvolvimento de terapias cognitivo-comportamentais


que procuravam tratar os estados de ansiedade ao ajudar os pacientes a identificar, avaliar
mais adequadamente e a modificar os seus julgamentos acerca dos perigos imaginários e os
comportamentos que os podem estar a manter.

As diversas Perturbações de Ansiedade podem tornar-se incapacitantes e muitas vezes


têm um curso crónico, sendo responsáveis por uma elevada carga social e económica para a
população (Roberge, Fournier, Menear & Duhoux, 2014). Os dados epidemiológicos
resultantes de um estudo realizado pela Direção Geral de Saúde em 2013, revelaram que as
perturbações de ansiedade representam 16,5% das perturbações presentes na população
portuguesa (DGS, 2013).

Estas perturbações são mais frequentes nas mulheres, desenvolvendo-se durante a


juventude e adolescência, e podendo tornar-se crónicas se não existir um tratamento
adequado. Para além disso, podem desenvolver uma elevada comorbilidade com as várias
perturbações de ansiedade, humor e somatoformes (Roberge, Fournier, Menear, & Duhoux,
2014).

De acordo com o DSM-IV-TR (APA, 2002), dentro das perturbações de ansiedade a


perturbação de ansiedade generalizada é caraterizada por pelo menos 6 meses de ansiedade e
preocupação persistentes e excessivas. A perturbação secundária a um estado físico geral é
caraterizada por sintomas de ansiedade proeminentes que são considerados como
consequência fisiológica direta a um estado físico geral.

b) Objectivos da intervenção

A intervenção psicológica tem como objectivo: ajudar os pacientes a identificar, a


monitorizar pensamentos automáticos reconhecendo as relações que existem entre cognição, afeto
e comportamento. Torna-se também, fundamental testar a validade dos pensamentos automáticos
e crenças nucleares, bem como substituir, pensamentos distorcidos por cognições que sejam mais
realistas, identificar e alterar crenças, pressupostos ou esquemas subjacentes a padrões
disfuncionais de pensamento (Beck, 1976, cited in Knapp & Beck, 2008).
23
Dar controlo ao individuo sobre a sua vida, para resolver os problemas interpessoais e
emocionais. A intervenção tradicional da terapia Cognitivo-Comportamental passa pela
prática individual; contudo, nas últimas décadas começaram a ser exploradas as terapias de
grupo, com o objetivo de intervir em vários pacientes, no mesmo período de tempo,
potenciando resultados mais abrangentes que na terapia individual. Alguns autores
verificaram que, em termos de tempo de intervenção, a terapia de grupo oferece um elevado
grau de eficácia comparativamente com a terapia individual (Bieling et.al 2006).

Avaliação da necessidade dos membros, especificando os problemas comportamentais


que pretendem ser alterados (Guerra & Lima, 2005). Promover padrões relacionais mais
adaptativos, através da observação e aquisição de novos estilos de interação e experiências
(Whitfield, 2010).

O protocolo para a terapia de grupo baseia-se nas estratégias utilizadas na terapia


individual, sendo que alguns autores enfatizam que, nas terapias em grupo do transtorno de
ansiedade, os pacientes podem reconhecer com maior facilidade os seus próprios erros,
através da partilha das experiências dos outros membros. O grupo pode produzir através da
partilha de experiências muito mais exemplos de conexões entre pensamentos, sentimentos e
comportamentos do que na terapia individual (westwn & Morrison 2001).

24
Capítulo nº 3

Considerações finais

.................. O presente relatório final de estágio cumpriu todos as metas a que se propôs
inicialmente, contribuiu para comprovar a eficácia dos diferentes tipos de intervenções
psicológicas como: a terapia de apoio, a psicofarmacologia, a terapia Cognitivo-
Comportamental. No atendimento psicológico desta paciente que escolhi como caso clínico
foram realizadas 4 sessões e ela cumpriu com as orientações dadas a ela mas por ser pouco
tempo o resultado foi de poucas mudanças nos sintomas do problema dela. Mas a
preocupação da relação dela com os tios não a afetava mais tanto e não pensava mais tanto
sobre isso, e não a causava mais sofrimento como antes. Ela foi exercitando no espelho de
casa para eliminar o medo de encarar os colegas na sala de aula quando defendia.

Indivíduos com Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) apresentam-se ansiosos


desde a infância, o que pode contribuir para o aparecimento de obsessões, as habilidades
sociais (HS) do indivíduo ficam prejudicadas pela ansiedade. Um déficit na HS pode ser um
dos componentes da manutenção dos sintomas, uma vez que o indivíduo evita contacto social
e com isso pode perder consequências positivas para contribuir com o alívio dos sintomas.

Mostra-se importante que os profissionais de saúde mental estejam atentos à presença


de outros transtornos ansiosos ao lidar com pacientes com transtorno de ansiedade
generalizada. Por fim, os indivíduos com os transtornos ansiosos devem ser encaminhados
para tratamento psiquiátrico e psicológicos apropriados, uma vez que os fármacos somados e
a terapia cognitiva comportamental são os tratamentos de primeira escolha no tratamento da
ansiedade. A psicoterapia por sua vez pode possibilitar ainda que o paciente adquira
repertórios comportamentais mais eficientes, e consequentemente que aumentem sua

25
qualidade de vida (QV) e seu bem estar.

Capítulo nº 4

Todos os dias, somos expostos a diversas situações que podem causar ansiedade. A
entrevista de emprego, a apresentação de um projeto, uma prova importante ou mesmo a
necessidade de falar em público podem causar essa sensação de nervosismo, e isso é normal.
Nesses casos pontuais, algumas medidas simples podem reduzir esse estado, como controlar a
respiração e focar em pensamentos positivos. No entanto, há pessoas que sofrem
com transtorno de ansiedade, caracterizado pela sensação excessiva de preocupação e medo
até diante das situações mais simples do cotidiano.
Se a pessoa se sente ansiosa ao ponto de isso interferir na sua rotina diária e no seu
bem-estar, é fundamental realizar consulta com um psicólogo ou psiquiatra. Mas, antes que se
torne um problema maior a ponto de precisar da ajuda de especialistas é possível amenizar
com algumas condutas.
Controle a respiração, aprender algumas técnicas de respiração é essencial para quem
sofre de ansiedade. Isso porque o distúrbio provoca reações emocionais que afetam o corpo
fisicamente. Coração disparado, boca seca e falta de ar são sintomas palpáveis despertados
pelas preocupações. Por isso, o modo como se respira deve ser levado em consideração, pois
ela age diretamente sobre o sistema nervoso, amenizando os efeitos da tensão no corpo.
Quanto mais se conhece a própria respiração, mais fácil fica perceber as tensões
chegando. Portanto, quando sentir a ansiedade se aproximando, respire profundamente;
inspire lentamente até encher o abdômen e, em seguida, expire esse ar bem devagar. Desse
modo, repita isso três vezes ou até sentir a respiração voltar ao normal. Como é uma técnica
simples, é possível realizá-la em qualquer lugar.
Pratique exercícios físicos, a atividade física é uma grande aliada da saúde como um
todo. E a máxima “corpo são, mente sã” também se aplica para quem precisa aliviar as
tensões. Isso ocorre devido à liberação de substâncias que promovem a sensação de prazer
26
durante a prática de exercícios. Além disso, atividades fora da academia, como caminhada ou
corrida, podem ser realizadas ao ar livre, proporcionando outras distrações e a melhoria da
circulação sanguínea e das funções cardiorrespiratórias. Parques arborizados, praças,
calçadões e até a areia da praia, são opções para colocar o corpo em movimento.
Diminua o estresse do dia-a-dia, outra coisa que pode ajudar no controle da
ansiedade é reduzir o estresse do dia-a-dia. Algumas técnicas muito recomendadas e eficazes
são as sessões de acupuntura, massagens com abordagem oriental, meditação, organização da
rotina, entre outras. Desse modo, a prática de ioga também é excelente nesse processo, pois
ensina a manter o controle mental e corporal aliando técnicas de respiração, meditação e
equilíbrio físico. Além de melhorar o estresse, a atividade promove a ampliação da
flexibilidade, vitalidade e fortalecimento muscular.

Fuja dos pensamentos negativos, uma tendência no TAG, é a preocupação exagerada e


a tendência a pensamentos catastróficos. Por isso, evitar tais ideias é essencial para começar a
combater o problema. Uma dica bastante útil é dimensionar a seriedade da situação, avaliando
o real impacto que ela pode proporcionar. Para pessoas ansiosas, é fácil superestimar o nível
de responsabilidade ou subestimar sua capacidade de resolução de problemas.
Após essa análise, se deve trocar os pensamentos que trazem apreensão por outros
positivos. Assim, toda vez que uma ideia ruim aparecer, ela deve ser substituída por uma
agradável. No início, é comum sentir dificuldade, mas é importante não desistir e continuar
tentando. Afinal, insistir com a negatividade só piora a ansiedade, estimulando o mal-estar e a
tensão.
Dedique tempo para se cuidar, dedicar uma hora do dia para cuidar de si, física e
mentalmente, pensar nas necessidades que se apresentam e tomar atitudes para atendê-las, é
um importante passo para controlar a ansiedade. Além disso, definir metas de vida, coisas que
deseja fazer por si mesmo e direcionar parte da sua energia e tempo para realizá-las também
ajuda. Além disso, manter hábitos saudáveis, como ter uma alimentação saudável e exercitar-
se com regularidade, são ótimas formas de se cuidar.
Pratique a autoconfiança, ao longo da vida, o indivíduo estuda e realiza diversas
atividades nas quais sente facilidade, mas também é importante sair da zona de conforto e
saber que uma mudança não significa necessariamente algo ruim. O importante é olhar para
os novos desafios com segurança e saber que tudo o que é corriqueiro, já foi novidade um dia.
Ter convicção da própria capacidade de realizar as coisas é algo que só faz bem. Assim,
27
trabalhar a autoestima e a autoconfiança pode transformar a maneira como uma pessoa se vê e
como os outros a enxergam.
Cuide da qualidade do seu sono, a dificuldade para dormir ou o sono agitado também
amplificam a ansiedade. Isso porque o sistema nervoso precisa do repouso para funcionar
adequadamente. Portanto, aprender a se desligar, relaxar e dormir é fundamental. Desse
modo, nada de ficar procurando possíveis soluções para problemas e pensando em coisas que
estimulem o cérebro. Antes de deitar, deve evitar fazer coisas que despertam preocupação,
agitação ou causem desgaste. Por isso, celular e note-book não devem ser levados para a
cama. Além disso, é ideal fugir de certas substâncias químicas, como cafeína, nicotina e
álcool.
Cuide da alimentação, não só a mente precisa se alimentar de bons pensamentos, mas
o corpo também, de nutrientes ricos. Uma alimentação balanceada, além de facilitar a
digestão, colabora para manter o organismo saudável. Dessa forma,  priorize alimentos que
ajudam a prevenir o estresse e ansiedade como os antioxidantes que diminuem os sintomas.
Entre os principais alimentos estão morango, açaí, tomate, agrião, laranja, couve, uva e
brócolis. Ademais, evite alimentos gordurosos ou que causam má digestão, para que eles não
estimulem sintomas da ansiedade como a náusea, por exemplo. Inclua muitos vegetais escuros
na sua dieta e consuma banana, para repor o magnésio, consumido muito rápido em
momentos de ansiedade intensa.
Tenha um hobbie, ter algo a que se dedicar e fazer disso uma rotina, pode ser o escape
que você precisa para dominar a ansiedade, pois manterá sua mente ocupada por um longo
período, diariamente. Algumas boas dicas, é aderir à culinária, ao aprendizado de um idioma e
desenvolver as habilidades artísticas e esportivas. Assim, pode ser que um instrumento
musical, além de estimular a coordenação motora, ajuda a ter pensamentos positivos,
acompanhados de sons.
Mude a perspectiva, pensar continuamente em uma situação ou problema que gera
ansiedade, vai impedir que você deixe de vivenciar seu aspecto negativo. Portanto, faça
um exercício mental que permita a mudança de perspectiva sobre o contexto de ansiedade. Já
que quem está ansioso tende a enxergar sempre o copo meio vazio e ter dificuldades de pensar
de modo positivo. Dessa maneira, a mudança de ótica sobre o problema costuma apresentar
novas versões e, quem sabe, soluções mais viáveis.
Respeite suas limitações, a ansiedade é um mal que pode ser minimizado ou até
eliminado com as dicas que trouxemos. No entanto, é fundamental buscar ajuda, já que é
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importante ter consciência sobre limites e limitações do corpo e da mente. Não existe uma
fórmula mágica para conter a ansiedade, pois cada pessoa absorve, reage e lida com as
situações da vida de uma forma diferente. Entretanto, é possível fazer escolhas e uma delas é
que dá para viver com mais leveza, quando se enxerga o lado positivo das coisas. Logo, fazer
o tratamento indicado pelo médico, seguir as prescrições e dicas que demos são um bom
caminho. Para isso, você pode contar com a Farmácia de Manipulação da Pague Menos para
garantir medicamentos e fórmulas personalizadas, adequadas às suas necessidades.

Capítulo nº 5

Referências Bibliográficas

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disorders. 4. ed. text rev. Washington DC.

29
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Anexos

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