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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
AMBIENTES DE TRATAMENTO.................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
ABORDAGENS E TRATAMENTO EM DIVERSOS SETTINGS TERAPÊUTICOS...................................... 11
UNIDADE II
ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS DEPENDÊNCIA QUÍMICA................... 59
CAPÍTULO 1
PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS, RASTREIO, DIAGNÓSTICO E ADESÃO................................... 60
UNIDADE III
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA............................................... 69
CAPÍTULO 1
PERFIL DOS PROFISSIONAIS, DISCUSSÃO PERIÓDICA, INDIVIDUALIZAÇÃO DE FUNÇÕES E
COLETIVIZAÇÃO DE CONDUTAS............................................................................................. 70
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 75
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, 3% da população mundial apresentam transtornos mentais graves
e persistentes, necessitando de cuidados contínuos, e 9 a 12% apresentam transtornos mentais
leves, também necessitando de cuidados eventuais (FAVARO, 2012; Secretaria de Atenção à Saúde,
2009). E em torno de 6% apresentam uso prejudicial do álcool e de outras drogas, execto tabaco.
(FAVARO, 2012; MCAVOY, 2000).
Não existe uma fórmula única no tratamento da dependência química. Os pacientes usam substâncias
diferentes em quantidade e maneiras diferentes e o tratamento, portanto, não pode ser igual. Alguns
poderão se tratar ambulatorialmente em Centros de Atenção Psicossocial ou Ambulatórios Médicos
Especializados, outros precisarão de internação.
Devido à complexidade dos casos, dos níveis de gravidade da dependência, dos fatores que influenciam
a continuidade do uso de álcool e /ou drogas e da dificuldade de cessação desse consumo, existem
diferentes ambientes de tratamento para cada indivíduo em específicos momentos do tratamento,
visando a sua dificuldade no autocontrole, ao suporte social e/ou familiar, a comorbidades etc.
Após a segunda metade do século XX, surgiram os novos modelos de tratamento contemporâneos,
com a concepção de dependência química como uma doença de natureza biológica, psicológica e
social. (RIBEIRO, 2010; GRANT, 1999).
Nesta disciplina você irá conhecer cada ambiente de tratamento e suas especificidades. Um
tratamento para ser efetivo deve conduzir o paciente a reduzir ou interromper o consumo de
substâncias psicoativas e melhorar a saúde clínica, prevenir danos e aumentar seu desenvolvimento
social.
É uma tarefa difícil organizar esse tipo de serviço, pois envolve muitas variáveis. Deve ser
interdisciplinar, construído com base nas necessidades dos pacientes, ter parcerias locais e envolver
familiares nos cuidados oferecidos. (RIBEIRO, 2010).
7
Objetivos
»» Conhecer diferentes ambientes de tratamento para a dependência química.
Nem sempre. Não existe nenhuma garantia que o paciente internado terá melhor evolução se ficar
internado. A internação pode ser muito útil para pacientes que não conseguem iniciar a abstinência,
para fazer a desintoxicação e perceberem os problemas relacionados à dependência química.
Não! O tempo de internação mais prolongado tanto pode ser útil quanto pode ser prejudicial para o
paciente. O tempo, apenas pelo tempo, em nada muda a evolução da doença do paciente internado.
Alguns pacientes internados por muito tempo saem e voltam ao vício. Mais importante que o tempo
de internação é o que é feito pelo paciente enquanto este estiver internado.
Para iniciarmos o assunto, vamos entender os níveis de atenção, avaliação e competência para o
tratamento da dependência química. (RIBEIRO, 2010; NHS, 2006).
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Intervenções
psicossociais
estruturadas.
4 Avaliação clínica, Internações para Unidades
motivacional, desintoxicação. hospitalares para
psiquiátrica e desintoxicação.
neuropsicológica. Internações
estruturadas de longa Comunidades
Intervenções em duração. terapêuticas.
ambiente fechado.
Programas de apoio à Clínicas de
moradia. tratamento.
Moradias assistidas.
(RIBEIRO, 2010; HD 2007).
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CAPÍTULO 1
Abordagens e tratamento em diversos
settings terapêuticos
Um pouco de história
A conferência da Alma Ata, realizada em 1978, simbolizou o início de um processo de redirecionamento
do modelo assistencial, reafirmando a saúde como um direito fundamental na organização das
políticas de saúde no mundo. Esse marco histórico criou a Atenção Primária à Saúde (APS) como
estratégia para atingir a equidade e a universalidade no âmbito dos sistemas de saúde, por responder
às necessidades de saúde da população, realizando serviços preventivos, curativos, reabilitadores e
de promoção de saúde. (FAVARO, 2012; ANDRADE et. al., 2005).
Para CAMPOS (1999), segundo Favaro (2012), uma equipe de PSF é formada pela seguinte formação.
»» Um enfermeiro.
Em uma UBS, pode haver várias equipes de PSF, que são divididas por regiões. Cada equipe é
responsável por, aproximadamente, 800 a mil famílias cadastradas. Os profissionais de referência
na equipe devem ser como gerentes de caso, aplicar projetos terapêuticos individuais, de grupo ou
coletivas.
11
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
“Os ACS são o elo entre a equipe e a comunidade, em geral, é alguém que se destaca na comunidade,
pela capacidade de se comunicar e pela liderança que exerce”. (FAVARO, 2012; BORNSTEIN, 2010).
A atenção primária diferencia-se da secundária e da terciária por se dedicar aos problemas mais
frequentes, que estão em fases iniciais. Segundo Duncan e colaboradores (2004), citado por Favaro
(2012), são quatro os principais princípios dessa atenção à saúde, assim definidos.
PRIMEIRO CONTATO: “porta de entrada” para o sistema de saúde, identificada pela população
e pela equipe como primeiro recurso.
LONGITUDINABILIDADE: responsabilidade pelos indivíduos ao longo do tempo,
independentemente da presença de doenças.
INTEGRALIDADE: capacidade de atender a todos os tipos de necessidades de saúde, incluindo
o encaminhamento para cuidados secundários e terciários e para serviço de suporte essencial,
como internação domiciliar ou serviços comunitários.
COORDENAÇÃO: capacidade de coordenar os cuidados às necessidades dos indivíduos, de suas
famílias e da comunidade.
A demanda
O aumento do consumo de substâncias fez crescer a procura por tratamento, que não é apenas
suprida pelos centros de tratamento especializado. A população costuma procurar ainda mais o
clínico do que o especializado, e é nesse ambiente da rede primária que as intervenções breves são
efetivas na motivação dos usuários de álcool e drogas para a mudança.
A assistência
Os casos mais simples são tratados por médicos generalistas que são capacitados para a aplicação da
intervenção breve e para a medicação desses pacientes. E os casos mais complexos são encaminhados
para um ambulatório especializado. (RIBEIRO, 2010).
Entre os casos mais simples, as intervenções breves são muito utilizadas nas Unidades Básicas de
Saúde (UBSs), que auxiliam na identificação de problemas do uso de substâncias psicoativas ou de
riscos associados por meio de instrumentos de rastreamento.
Por exemplo, o Alcohol Use Disorder Identification Test – AUDIT oferece orientações,
aconselhamento e, em algumas situações, realiza monitoramento periódico das metas assumidas
voluntariamente pelos pacientes. Essas intervenções podem ser inseridas nas consultas médicas, de
enfermagem e de técnicos em enfermagem, assim como de Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
(FAVARO, 2012; MARQUES, 2004).
Na atenção primária, os ACS são os profissionais que garantem uma intervenção antes que o padrão
de uso cause danos à saúde ou progrida para a dependência – intervenção breve. (FAVARO, 2012;
MINTO et. al., 2007).
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
A intervenção breve é uma técnica de tratamento em curto prazo, ou seja, de orientação breve e
focal, dirigida às pessoas que fazem uso nocivo de álcool em níveis que podem causar riscos à saúde
ou à vida social, mas que ainda não desenvolveram dependência.
1. Com que frequência você consome bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, cachaça etc.)?
(0) Nunca
2. Quantas doses, contendo álcool, você consome num dia em que normalmente bebe?
(1) 1 a 2
(2) 3 a 4
(3) 5 a 6
(4) 7 a 9
(5) 10 ou mais
3. Com que frequência você consome 6 ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião?
(0) Nunca
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
4. Com que frequência, durante os últimos doze meses, você percebeu que não conseguia parar de
beber uma vez que havia começado?
(0) Nunca
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
5. Com que frequência, durante os últimos doze meses, você deixou de fazer algo ou atender a um
compromisso devido ao uso de bebidas alcoólicas?
(0) Nunca
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
6. Com que frequência, durante os últimos doze meses, você precisou de uma primeira dose, pela
manhã, para sentir-se melhor depois de uma bebedeira?
(0) Nunca
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
7. Com que frequência você se sentiu culpado ou com remorso depois de beber?
(0) Nunca
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
8. Com que frequência, durante os últimos doze meses, você não conseguiu lembrar-se do que
aconteceu na noite anterior porque havia bebido?
(0) Nunca
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
(0) Nunca
10. Algum parente, amigo, médico ou outro profissional de saúde mostrou-se preocupadocom seu
modo de beber ou sugeriu que você diminuísse a quantidade?
(0) Nunca
A soma de oito (8) ou mais pontos indica uso excessivo de bebida alcoólica, com alto
risco para a saúde.
O quadro a seguir exemplifica o tipo de intervenção que deve ser realizada conforme o resultado de
acordo com os problemas decorrentes do uso.
15
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Orientações para planejar as sessões na prática, de acordo com cada tipo de resultado. Na minha
prática profissional, trabalho com seis sessões estruturadas, que podem ter duração de 30 minutos
cada.
1a sessão
2a Sessão
Zona I
»» Educação sobre o uso de álcool. Oferecer informações sobre uso, abuso, dependência
e riscos para saúde.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
NOME: ___________________________________________________________
DATA:___/____/____
VANTAGENS DESVANTAGENS
BEBER
Zona II e III
»» Investigação sobre a representação que o consumo de álcool tem para ele, o que
entende sobre esse consumo.
»» Educação sobre o uso noviço de álcool. Oferecer informações sobre uso, abuso,
dependência e riscos para saúde.
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
»» Agendamento do retorno.
Usar Técnicas da
Sempre lembrar de: Entrevista Motivacional
3a Sessão – Técnicas de modificação de comportamento (tanto para Zona I para Zona II e Zona III).
»» Estimulação do cliente para atividades em que possa se engajar para o bem estar
físico, mental e espiritual (instituições referenciadas).
NOME:_____________________________________________________________
DATA:_____/_____/____
PROTETORES MANTENEDORES
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
4a Sessão – Avaliação e sensibilização das discrepâncias (tanto para Zona I, quanto para Zona II e
Zona III).
»» Feedback das escolhas de atividades em que se enganou para o bem estar físico,
mental e espiritual (sugeridas na última sessão).
Usar Técnicas da
Sempre lembrar de: Entrevista Motivacional
5a Sessão – Seguimento de Zona I, Zona II e Zona III (de 30 e 60 dias pós-intervenção breve)
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Vale ressaltar que o foco da entrevista, seja por um médico generalista ou especialista, deve ser
pautado na aliança terapêutica, pois muitos pacientes chegam ao serviço de saúde levados pela
família e tendem a minimizar o padrão de uso e sintomas. Devem ser feitas perguntas abertas
e não confrontativas.
Um recurso da própria comunidade são os de grupos de mútua ajuda próximos ao seu bairro, tais
como Narcóticos Anônimos (NA), Alcoólicos Anônimos (AA), Amor‑Exigente e Nar‑Anon. Os
pacientes e familiares podem ser encaminhados para participar.
Em resumo, de maneira geral, caso não siga o protocolo sugerido, na primeira consulta, pode-se
realizar avaliação clínica e abordagem terapêutica inicial, com os seguintes objetivos.
(FAVARO, 2012)
O autor cita ainda alguns modelos que sugerem o atendimento compartilhado entre profissionais
ou entre serviços.
As intervenções possíveis feitas pela equipe multiprofissional na atenção primária, baseadas nesses
modelos, incluem o seguinte.
1. Informações e orientações
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
»» Informações sobre como e onde procurar ajuda para o problema relacionado com o
uso de substâncias.
»» Informações sobre como e onde procurar ajuda para outros problemas, como saúde
sexual.
»» Informações sobre grupos de apoio, como os grupos com base nos 12 passos.
Deve-se investigar quais as vias utilizadas, qual o ambiente de consumo e qual o intervalo máximo
que consegue ficar sem utilizar a substância.
Alguns desses dados podem ser indicadores de maior gravidade, tanto pelo consumo quanto pela
exposição a fatores de risco, sintomas clínicos relacionados à abstinência ou a complicações do uso
crônico, como, por exemplo:
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Averiguar se existem problemas sociais ou familiares que reforcem o uso da substância. Também é
importante questionar se já houve tentativa previa de interromper o uso ou se já realizou tratamentos
anteriores. (FAVARO, 2012; DUNCAN et. al., 2004; LARANJEIRA, 2003).
»» Grupos de acolhimento.
»» Grupos de motivação.
»» Grupos educacionais.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; FURTADO, Erikson Felipe. Intervenções breves
para problemas relacionados ao álcool. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, 2010.
BABOR TF; HIGGINS-BIDLLE, JC; SAUNDERS, JB; MONTEIRO, M. The alcohol use
disorders identification test: guidelines for use in primary care: AUDIT. 2nd ed.
Geneva: World Health Organization; 2001.
Conceito e história
“O CAPS é uma instituição destinada a acolher pacientes com transtornos mentais, estimular sua
integração social e familiar, apoiar suas iniciativas de busca pela autonomia e oferecer atendimento
médico e psicológico”. (MARQUES, 2011)
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Os CAPS que atendem dependentes químicos são chamados CAPS AD (álcool e drogas). Mesmo nos
CAPS AD existem diferentes tipos de tratamento: alguns pacientes comparecerão poucas vezes ao
mês; outros, com frequência menor, e alguns participam do hospital dia.
ENRIQUECENDO INFORMAÇÕES
Nas intervenções psicossociais, as técnicas mais utilizadas no tratamento ambulatorial são estas.
»» Entrevista motivacional.
24
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
AME PSIQUIATRIA
Desde 2010, em São Paulo, foi inaugurado o Ambulatório Médico de Especialidades em Psiquiatria
– Dra. Jandira Masur, localizado na cidade de São Paulo, na microrregião Vila Maria/Vila
Guilherme, com população de 294.387 pessoas. Os objetivos da unidade são otimizar o atendimento
a pacientes com transtornos mentais graves com perfil ambulatorial (não intensivo), complementar
e fortalecer o atual sistema de atendimento em saúde mental (CAPS), referência de atendimento
ambulatorial para UBS, CAPS, CECCO e NASF, e manter intercâmbio técnico com as universidades.
São cinco especialidades – linhas de cuidado: Psicogeriatria; Álcool e drogas; Psiquiatria infantil
e da adolescência; Transtornos psicóticos e Transtornos afetivos e de ansiedade. O atendimento é
oferecido à pacientes com perfil ambulatorial e quadros psiquiátricos de intensidade moderada a
grave e perfil ambulatorial, com manejo clínico difícil, necessitando estratégias terapêuticas mais
complexas, com dúvida diagnóstica, recém-saídos de internação psiquiátrica (PAI-ZN e Storopolli)
e com perfil ambulatorial.
Vou, agora, apresentar a vocês como funciona o serviço oferecido pelo Programa de Álcool e Drogas
do AME, que pode ser dividido em quatro fases:
Obtido o diagnóstico, a equipe de álcool e drogas discute a estratégia de intervenção mais adequada
para aquele específico paciente bem como das metas a serem alcançadas com esse tratamento.
Esta decisão será tomada nas reuniões semanais da equipe onde todos os especialistas estarão
presentes. Isto significa que, embora a maior parte das intervenções seja estruturada em grupos
(para garantir um maior fluxo de pacientes na unidade), o planejamento de intervenção de cada
paciente é individualizado.
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Duração mínima de quatro semanas/sessão semanal. Após esse período, a família será encaminhada
para o Grupo de Orientação Familiar, assim que esse tenha vaga. Nesse momento, espera-se que o
paciente já esteja iniciando ou iniciado nos grupos pré-determinados pela equipe para ele.
Tratamento farmacológico
1. Tratamento farmacológico para intoxicação
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
4. Medicação assistida
Intervenção breve
Adequado para pacientes com diagnóstico de uso nocivo de álcool. Esta intervenção possui um caráter
mais educativo em que se discutem os riscos agudos e crônicos ligados ao beber excessivo; situações
de maior risco; benefícios de reduzir o consumo de álcool; planejamento de redução do consumo
(quantidade e/ou frequência) de álcool em situações de maior risco. Coordenado pelas enfermeiras.
Tratamento Psicossocial
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Como o próprio nome diz, esta intervenção busca prevenir a recaída. Visa a que os pacientes
aprendam a identificar situações de risco em que há maior probabilidade de recaída; aprendam
estratégias para evitar essas situações e, quando não for possível evitá-las, aprendam estratégias
que os ajudem a não recair.
Coordenado pelos psicólogos. Serão oferecidos três grupos específicos: para homens alcoolistas,
para homens dependentes de múltiplas substâncias e para mulheres.
Adequado para familiares e amigos envolvidos no processo terapêutico do paciente. Embora este
grupo permita um espaço de acolhimento para o sofrimento vivido pelos familiares, ele tem com
principal objetivo reconstruir a concepção de droga-dependência, removendo estigmas negativos
que não ajudam no processo terapêutico do paciente. Este atendimento visa, também, a ensinar aos
familiares a discriminar quais as situações de interação familiar que corroboram à recaída e outras
que promovem a abstinência, como modificar aquelas inadequadas e promover aquelas saudáveis.
Coordenado pelos psicólogos.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Em contextos adequados a terapia individual poderá ser substituída por uma terapia comportamental
de casal (quando o paciente é adulto) ou uma terapia comportamental de família (quando paciente
é adolescente). Em ambos os casos, o número máximo de consultas será 12.
No caso de pacientes com diagnóstico de transtorno por substâncias, essas experiências negativas
podem atuar como gatilhos para uma recaída. No mais, muitos pacientes acreditam que a recaída
em si é uma forma de mostrar que não estão prontos para se desligar do serviço. Daí a importância
de transformar e compreender essa transição como fruto de uma conquista, de mais uma etapa
importante alcançada, que leva o paciente em direção à abstinência continuada e/ou uma melhor
qualidade de vida. Para isso, é importante que ela seja menos abrupta e mais prolongada no tempo.
É importante atribuir significados saudáveis a esse processo e isto exige algum tempo.
Grupo pré-alta
Este grupo tem como objetivo abordar preocupações do paciente, estratégias de alto cuidado e
planejar atividades que o paciente deve desenvolver em outros serviços.
29
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
O número de sessões para cada paciente pode variar. Fica a critério de cada
profissional responsável pelo grupo avaliar o processo de recuperação/motivação.
Da mesma forma acontece com relação ao apoio e à orientação ao familiar, no
sentido do enfretamento e da assertividade no lidar com o paciente, no seu próprio
cuidado pessoal e em saúde mental, geralmente, muito adoecido no continuum de
acompanhamento do paciente em sua história de uso e tratamentos.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
A American Association for Partial Hospitalization (AAPH) define hospitalização parcial como
um programa que abrange o tratamento multidisciplinar, amplo e intensivo, não disponível nos
modelos ambulatoriais tradicionais, e que se utiliza de formas de tratamento medicamentosas,
psicoterápicas, sociais e pré‑vocacionais para pacientes com transtornos mentais graves. As
hospitalizações parciais devem contemplar os pacientes que possuam uma expectativa razoável de
melhoria ou, ainda, quando é necessário manter o nível funcional do paciente e evitar recaídas ou
internação total.
Segundo Pinheiro e Ratto (2011), estudos mostram que os Hospitais‑Dia são eficazes e possuem
menores custos quando comparados à internação integral, e que:
Esses diversos padrões de funcionamento que o Hospital-Dia pode adotar, sugerem modalidades
diferentes de tratamento, como Schene e colaboradores, citado por Pinheiro e Ratto, apontam.
No hospital psiquiátrico da Santa Casa de São Paulo, há uma equipe multiprofissional que presta
atendimento em quatro níveis de atenção.
»» Ambulatório.
»» Emergência psiquiátrica.
»» Internação.
»» Hospital-Dia.
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
»» Assistência social.
»» Oficinas.
Atividades terapêuticas
»» Grupos de terapia cognitivo‑comportamental breve com entrevistas motivacionais
para o manejo da fissura e a manutenção da abstinência; atendimento individual;
projeto individualizado para a demanda do paciente.
»» Orientação familiar
Importante ressaltar que pode haver adequações para populações especiais adolescentes, mulheres,
pacientes com comorbidades como depressão maior, transtorno bipolar, esquizofrenia e, em casos
agudos, que necessitam do manejo da abstinência. (RIBEIRO, 2010; RAIMUNDO et. al., 1994).
Os quadros agudos evoluem positivamente e com rapidez, e a grande vantagem desse modelo é não
excluir o indivíduo de seus grupos de convívio. (RIBEIRO, 2010; MARSHALL, 2003).
Quando o dependente continua seu tratamento após alta, em regime ambulatorial, por exemplo,
a recidiva dos sintomas é menor (RIBEIRO, 2010; MCKAY, 1994). Devemos sempre estimular
o paciente a seguir o tratamento em regime ambulatorial após a internação, seja CAPS AD,
Ambulatórios Médicos Especializados ou a própria rede básica, decisão esta tomada pela equipe
multiprofissional após a discussão dos casos específicos para facilitar o sucesso do tratamento,
visando à manutenção da abstinência.
32
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
33
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
A população brasileira tem alto índice de uso de álcool. O consumo de bebidas alcoólicas eleva
as taxas de traumas, acidentes, suicídios e homicídios, além de aumentar as taxas de patologias
associadas, como hipertensão arterial e problemas gastrointetinais.
Um estudo nacional realizado com tabagistas em hospital geral universitário comparou intervenção
de alta intensidade (iai) (entrevista motivacional de 30 a 40 minutos, seguida de 8 telefonemas,
durante 6 meses), intervenção de baixa intensidade (ibi) (15 minutos de aconselhamento sobre os
benefícios da cessação do tabagismo) e tratamento usual (tu) (ausência de intervenção realizada
pela equipe de pesquisa) em pacientes internados em diversas enfermarias do hospital de clínicas
da UNICAMP e em pais que acompanhavam crianças internadas na enfermaria de pediatria. Na
avaliação após 6 meses da intervenção, houve taxa de cessação de 44,9, 41,7 e 26,3% entre os
pacientes que estiveram internados e 50, 20,7 e 17% entre os pais acompanhantes da pediatria para
IAI, IBI E TU, respectivamente.
34
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Em resumo, a principal indicação para uma internação de paciente dependente químico em hospital
psiquiátrico com setting mais seguro é para os casos graves citados acima.
Quadros agudos de abstinência pode ser inadequados para esse ambiente, sendo mais indicado
tratar em hospital geral ou enfermaria especializada. (RIBEIRO, 2010, p.593)
A Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD), desde março/2009, tem conduzido internação
em enfermaria de dependência química em um hospital psiquiátrico. A proposta, embora pareça
estar na “contramão” das políticas públicas nacionais de tratamento deste transtorno – por estar
inserida em uma instituição psiquiátrica – vem sendo procurada por profissionais de diversos locais
do país buscando instrumentalização para aprimorarem seus serviços a partir desta experiência.
35
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
»» A Terapia do Espelho (identificação), por exemplo, gera uma reflexão de que “não
sou o único com este problema”. Além de encontrar a solução de problemas por meio
dessa interação, perceber a maneira que o outro lida e enfrenta sua dependência
química e recuperação.
Espaço para atendimento individual na enfermaria é limitado (pode acontecer de haver poucas
salas disponíveis para técnicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, com a rotina do clínico médico,
psiquiatra e equipe de enfermagem com suas rotinas).
36
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Encontrar um espaço para o paciente se sentir a vontade e propiciar o acolhimento de sua demanda
é fundamental para oferecer uma assistência mais personalizada e ser possível trabalhar algumas
conflitivas psicológicas e ter um profissional referência ou gerente do caso para ações mais pontuais
e acompanhamento constante. (FIGLIE et. al., 2004).
No tratamento em si:
37
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
(MARLATT, 1993)
Recair é a regra! A técnica de prevenção de recaída ensina como lidar com estados emocionais
negativos, conflitos interpessoais, pressão social, identificação de situações de riscos.
»» Perda de peso.
Cuidado em enfermagem
»» Cuidados gerais.
»» Administração de medicamentos.
»» Importante função – são os profissionais que ficam mais tempo com os pacientes.
38
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
A Terapia Ocupacional na clínica da dependência química vem contribuir como um dos norteadores
na construção de “histórias alternativas” por meio da realização de atividades, as quais têm no
cotidiano o seu eixo de intervenção. (TEDESCO, 2002)
Espiritualidade
Por que é importante abordar esse tema com os pacientes dependentes químicos
no período da internação?
(Harvey DB. Sexual health in drug and alcohol treatment. Springer publishing
company, 2009).
39
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
»» Compulsão sexual.
»» DST – AIDS.
»» Camisinha.
»» Métodos contraceptivos.
»» Planejamento familiar.
»» Gravidez indesejada.
»» Órgãos reprodutores.
»» Ciclo menstrual.
Todas as pessoas não são como você, nem como seus amigos e vizinhos, inclusive,
seus amigos e vizinhos podem não ser tão semelhantes a você como você supõe.
(HAVELOCK ELLIS).
Alertar sempre o paciente que o HIV/AIDS e as DSTs não são doenças apenas dos
outros, e que se não se prevenirem podem contraí-las. A redução do consumo ou
abstinência total favorecem o autocuidado e o uso de preservativo.
Poder ser uma enfermaria (ou qualquer um dos ambientes de tratamento que
estamos estudando) que acolhe a diversidade sexual e contra a homofobia, pois
temos pacientes GLBTT!
Vamos lembrar sempre deste assunto tão em voga no cotidiano profissional. Muitas
vezes, é pela falta desse olhar das equipes e pela falta de acolhimento que esses pacientes
não aderem ou nem chegam aos serviços de tratamento e ficam mais vulneráveis.
40
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Exemplos de filmes:
“28 dias”, “Leaving Las Vegas”, “Garrincha”, “Gia”, “Ray”, “Meu nome não é Johnny”,
“Requiem for a dream”, “Profissão de risco”, “Cazuza”, entre outros.
Grupo de mulheres: são trabalhadas temáticas específicas, como, violência doméstica, filhos,
autocuidado, estigma, entre outros.
»» Benefícios e previdência.
»» Pensão alimentícia.
»» Banco de empregos.
»» Questões trabalhistas.
Grupo de Leitura
É realizado um grande grupo com os pacientes internados, com algum assunto atual, por meio de
jornais e revistas. Também poesia, literatura etc.
Grupo de 12 passos
»» Padrinhos.
É necessário reconhecer a grande colaboração dos AA/NA como um forte recurso no tratamento
das adicções.
41
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Acredita-se que cerca de 40% das abstinências estáveis são intermediadas pelo AA. (GEORGE
VAILLANT, 2004).
Após alta encaminhavam menos aqueles pacientes que não tinham qualquer
envolvimento com religião.
Aqueles que foram encaminhados para “12 passos” ao longo de um ano tinham
melhores desfechos com relação ao maior número de participação nas reuniões,
melhores taxas de abstinência, menor número de recaídas.
Auxiliar a família a desenvolver seu papel no processo de tratamento de seu familiar e resgata a
esperança para uma nova possibilidade de vida para todos (SKINNER et. al., 1983)
Assuntos abordados
»» O que é dependência?
»» Comorbidades.
As terapias complementares
Educação física: realizar com a maior frequência. Objetivo: Resgatar qualidade de vida,
desenvolver hábitos e fatores protetores saudáveis. (OMS, 1994).
42
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Visa ao seguinte.
»» Outros prazeres.
»» Outros conhecimentos.
Horas livres...
Instrumentos musicais: podem ser disponibilizados de forma organizada com os pacientes para
tocarem nas horas livres. Propiciam integração e motivação.
Jogos: evita-se os jogos de tabuleiro ou de azar, que remetem ao ambiente de uso, como exemplo
o bar.
43
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Nos casos dos pacientes motivados, o tratamento tende a fluir sem resistência e com melhor
prognóstico, com algumas exceções, que devem ser bem avaliadas, caso a caso.
Os profissionais, gerentes de caso, devem auxiliar tanto o paciente quanto sua família a lidar
com a ansiedade, os conflitos durante a hospitalização, nos casos de internações involuntárias e
compulsórias.
Um pouco de história
As CTs começaram na segunda década do século XX. Os transtornos mentais e o alcoolismo, embora
não fossem o foco principal, eram contemplados pelas preocupações do movimento por serem sinais
de destruição espiritual.
A natureza terapêutica do ambiente total (motivação geral das CTs de Maxwell Jones) foi precursora
do conceito fundamental de comunidade como método no tratamento da D.Q.
2. A organização social era útil para criar um ambiente que maximizasse os efeitos
terapêuticos, em vez de constituir mero apoio administrativo ao tratamento.
44
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Muito desse enfrentamento se deve ao fato de grande parte das CTS, embora regulamentadas
desde 2001 pela RDC 101/2001 da ANVISA, ainda não se terem adequado às normas mínimas de
45
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
funcionamento e também de seu nome estar sendo utilizado indevidamente, o que prejudica os
usuários e seus familiares. Porém, não é correto que as CTS que estão cumprindo a regulamentação
da RDC 101/2001, procurando prestar um serviço de qualidade, não sejam reconhecidas, incluídas
e respeitadas na rede de serviço de álcool e outras drogas, já que o mapeamento das instituições
governamentais e não governamentais de atenção às questões relacionadas ao consumo de álcool e
outras drogas no Brasil, em 2006/2007, apresenta os seguintes dados.
»» Comprometimento biológico.
»» Comprometimento psíquico.
46
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
A FEBRACT é uma federação que organiza e visa à qualidade das CTS. Oferece
treinamento e cursos para pacientes familiares. Conheça mais sobre o assunto no
site: <www.febract.org.br>
Esse tipo de tratamento requer certo nível de motivação, o paciente precisa aceitar
a proposta de internação e comprometer-se com ela, deve possuir também um
bom suporte social e familiar. Neste período ele fica em sua própria casa, sem sair, o
paciente só sai de lá com familiar ou acompanhante terapêutico.
Um pouco de história
O acompanhamento terapêutico (AT) é uma ferramenta clínica que surgiu
como consequência do movimento antimanicomial, ocorrido na década de
1950, nos Estados Unidos e na Europa, chegando ao Brasil no final dos anos
1970. Qualifica‑se como modalidade clínica, sob a perspectiva da lógica da
reabilitação psicossocial e proporciona a extensão dos cuidados para além dos
limites institucionais, sejam eles públicos ou privados. Sua indicação é para
47
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Para pacientes mais estáveis, que já não necessitam ficar o período integral em internação domiciliar,
o “espaço da rua” é um dos setting terapêuticos do AT, proporcionando uma “clínica em movimento”
capaz de ampliar o espaço físico e terapêutico.
É importante a ampliação do repertório social e das habilidades sociais cotidianas, que foram
negligenciadas, quando a prioridade era o uso de substâncias.
48
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
DIEHL, A.; ELBREDER, M.F; LARANJEIRA, R. 2011. Moradias assistidas para dependência
química. In: DIEHL, A.; CORDEIRO, D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química:
prevenção, tratamento e políticas públicas. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
»» Manejo de Contingência.
»» Modelo Matrix.
»» Aconselhamento.
49
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Quando essa conceituação não é funcional, ou seja, traz sofrimento para a pessoa, formam-se as crenças
disfuncionais, que estão associados a emoções desagradáveis. Estes pensamentos interferem nas
interpretações de experiências atuais, previsões sobre eventos futuros ou lembranças de fatos passados.
50
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
A Terapia Cognitiva tem como objetivo corrigir esses padrões distorcidos de pensamentos e crenças,
fazendo com que as pessoas modifiquem suas emoções e comportamentos de forma a atingirem seu
bem-estar.
»» A terapia cognitiva enfatiza colaboração e participação ativa: a terapia deve ser vista
como um trabalho em equipe, sendo o terapeuta mais ativo, apenas no princípio do
tratamento.
»» A terapia cognitiva é educativa: visa a ensinar o cliente a ser seu próprio terapeuta
e enfatiza a prevenção da recaída.
A Entrevista Motivacional tem como premissa resolver um conflito e motivar para a mudança.
Tomada essa decisão, surge a importância de trabalhar as crenças – pensamentos da pessoa com o
intuito de que eles não interfiram nessa mudança. Por exemplo: Um dependente de álcool motiva-
se a parar de beber. Se ele pensar que não é capaz de ter uma vida social ativa sem beber, esse
pensamento pode colocar em detrimento a sua motivação para a mudança.
A rede de apoio social também é fundamental nesse processo, no qual o paciente deve buscar sua
reabilitação psicossocial.
51
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
Porque, nessas abordagens, a pessoa tem um papel ativo na mudança e um paciente é aquele que
apenas recebe a ação de um agente.
A psicoterapia facilita a pessoa ter o controle de sua vida, aumentando sua autoeficácia e autoestima.
(FIGLIE, 2010).
Dados de identificação
»» Nome, sexo, endereço, data de nascimento, idade, telefone, estado civil, naturalidade,
religião, escolaridade e profissão.
»» História Familiar (Pais, irmãos e outros parentes): alguém já morreu? Por qual
motivo? Alguém tem/teve problemas com álcool ou drogas? Quais as atitudes dos
familiares diante do problema do paciente? Como é o ambiente familiar?
Genograma
Representação gráfica que registra informações dos membros da família por 3 gerações. Permite
mapear a estrutura da família.
LEGENDA:
masculino:
feminino:
CASAL: -------
CONFLITO:
BOM RELACIONAMENTO =
52
AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
História Pessoal
»» Filhos: Quantos? Quais as idades e estados civis? Algum deles tem problemas com
álcool/drogas? Qual a atitude deles diante do problema? Como é o relacionamento?
História Ocupacional
»» História Forense: Delitos criminais. Já foi apreendido ou preso? Por qual motivo?
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
História do Beber
»» Início: primeira vez que bebeu álcool; primeira vez que comprou para si uma
bebida alcoólica; idade/circunstância.
Onde, Quantidade, Unidades de álcool: Quando acorda, Antes ou com o café da manhã, Durante a
manhã, Na hora do almoço, A tarde, Após o trabalho, No jantar, A noite, Antes de dormir / Durante
a noite.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
Homens
21 U / semana 50 U / semana
Mulheres
14 U / semana 35 U / semana
55
UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
›› Sociais: problemas com cônjuge, com a família, com os amigos, polícia, trabalho,
financeiros, escolares.
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AMBIENTES DE TRATAMENTO│ UNIDADE I
›› Com quem usa? Onde usa? Quem a compra? Onde a compra? Como financia seu uso?
›› Quando usa? Com que frequência e que quantidade? Usa todos os dias? Já
chegou a usar direto, por dias, sem dormir ou comer?
»» Situação de Vida
›› Apoio familiar e social (amigos que não bebem ou usam drogas; atividades de
lazer e ocupacionais alternativas; aspectos financeiros).
»» Comobidade Psiquiátrica
›› Depressão
›› Ansiedade
›› TDAH
›› Psicose/Esquizofrenia
›› Transtorno de Personalidade
›› TAB
›› Outras drogas
»» Plano de Tratamento
›› Hipótese Diagnóstica:
›› Fatores de Risco:
›› Fatores de Proteção:
›› Plano de Trabalho:
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UNIDADE I │AMBIENTES DE TRATAMENTO
EXEMPLO DE CASO
M.J., 46 anos, sexo feminino, divorciada, vem ao tto., porque está bebendo mais que gostaria e
pensa em parar. Quase sempre bebe com amigos num bar perto de seu trabalho. Bebe às terças,
quartas e quintas-feiras 3 a 5 cervejas; aos fins de semana 10 a 12 cervejas. Sabe enumerar
várias consequências negativas e prevê outras, isto a deixa pensativa. No entanto, ainda não está
“queimada” e seus relacionamentos poderiam ser prejudicados se ela deixasse a bebida: “excluída”.
Não sabe o que quer fazer e o que precisa fazer.
As metas são reconhecidas em curto e longo prazo, sendo variáveis conforme a gravidade do quadro,
o comprometimento, o suporte social e o tempo planejado para o tratamento.
O plano de tratamento deve ser visto como mutável e flexível. Deve ser significativo, exequível,
específico e atender à diversidade de clientes.
PADIN, M.F.R; MITSUHIRO, SS.; PAULA, D.M.B. Modelo de Tratamento do Alamedas. In:
DIEHL, A.; CORDEIRO, D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química: prevenção,
tratamento e políticas públicas. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
58
ELABORAÇÃO
E EXECUÇÃO
DE PROJETOS
PÚBLICOS E UNIDADE II
PRIVADOS PARA
DEPENDÊNCIA
QUÍMICA
Quanto tempo dura o tratamento da dependência química?
Assim como qualquer outra doença crônica, a dependência química não tem
cura. O tratamento é contínuo. Não necessariamente precisarão de médicos ou
psicológicos, mas necessitarão de algum tipo de acompanhamento. É sugerido
que esses pacientes continuem frequentando salas de Narcóticos Anônimos ou de
Alcoólicos Anônimos. Esta é uma ótima forma de mudar o convívio social, ter algum
tipo de espiritualidade e apoio tanto para o paciente quanto para a família. É papel
da família apoiar esses pacientes a continuarem se tratando e frequentando as salas.
Com frequência, familiares por desconhecerem a doença ou por não quererem
encará-la, acabam minimizando seus efeitos, e, mesmo que indiretamente, pedindo
para o paciente não frequentar grupos de mútua ajuda (12 passos), deixar de tomar
os remédios, pois acreditam que o familiar está curado.
CAPÍTULO 1
PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS,
RASTREIO, DIAGNÓSTICO E ADESÃO
Dados do Levantamento Nacional sobre Álcool e outras Drogas (LENAD) podem ser visualizados
no site da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas. É alto o número de dependentes químicos no
Brasil, e são escassos os projetos e serviços de atendimento para essa população. Os recursos são
disponibilizados pelo governo raramente e a utilização dos mesmos nem sempre é adequada ou
realmente dirigida para esses fins.
Em um mundo ideal, o planejamento dos serviços voltados aos problemas com álcool
sempre se iniciaria com uma avaliação da necessidade dos pacientes. (EDWARDS,
2010; MARSHALL, 2001).
60
ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE II
10. Existem outros serviços similares ao que se deseja organizar? Em caso positivo,
são próximos ao serviço a ser estruturado? Como esses serviços podem trabalhar
juntos?
12. Existem outros serviços de saúde na região que possam trabalhar em rede?
13. Quais são os equipamentos de saúde da região com os quais o serviço a ser
estruturado poderá contar? Qual é o fluxo geral desses outros equipamentos?
15. Essa estratégia já foi utilizada por outros colegas? Tem respaldo científico?
19. Qual é a motivação desse recurso humano para trabalhar com dependentes
químicos? Ou seja, por que exatamente eles querem estar ali?
20. Esse recurso é capacitado para tal função? Existe a possibilidade de capacitação,
treinamento e educação continuada?
22. Qual é o fluxograma geral do serviço a ser organizado, desde o acesso até o dia da
alta do serviço?
25. Como se darão os níveis de coordenação do serviço a ser organizado? Quem e como?
61
UNIDADE II │ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
32. Existem fins lucrativos nessa atividade? Como eles serão empregados?
33. Quais são os custos envolvidos com atividades, equipe, bens perecíveis e recursos
duráveis?
36. Com que frequência a equipe pretende se reunir? Existem formas mais dinâmicas
de comunicação entre uma reunião e outra (p.ex., e-mail)?
37. Qual o órgão de saúde, organização ou entidade em que o serviço irá se cadastrar?
(DIEHL ET.AL, 2011; RIBEIRO, 2010; THE NATIONAL TREATMENT AGENCY FOR SUBSTANCE
MISUSE, 2006).
Muitos projetos podem ser oferecidos para empresas em prevenção e tratamento com a população
geral e com populações especiais, como mulheres, adolescentes e idosos. Estes serão discutidos em
outra disciplina.
62
ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE II
Uma sociedade mais desenvolvida já busca pelos seus direitos junto aos legisladores.
O Brasil, como um país em desenvolvimento, no campo, ainda caminha em
passos lentos. Cabe a nós, profissionais de saúde e que atuamos na área ter esse
compromisso ético e social na nossa prática, participando de fóruns, de conselhos,
sites e mídia em geral para chamar a atenção dos gestores.
Rastreio
Deve-se conhecer muito bem a região onde desenvolverá o projeto, “mapeá-la”, entender o perfil
sociodemográfico daquela população, as principais doenças, epidemiologia local, principais
problemas, entre outros, para, a partir daí, traçar uma meta, um objetivo, mais amplo ou mais
específico.
Conhecer o perfil do paciente, a gravidade da dependência para planejar o tipo de tratamento, mais
ou menos intensivo, orientação familiar etc.
Existem vários instrumentos de avaliação validados no Brasil para auxiliar no diagnóstico diferencial,
complementar a Hipótese Diagnóstica geral, já vista por vocês. Seguem alguns para conhecimento.
Diagnóstico
Os diagnósticos devem ser realizados com base na CID-10 ou DSM –IV. Importante investigar
também as comorbidades associadas, encaminhar para um clínico médico ou outros especialistas
caso o paciente possua queixas médicas diversas e, quando houver um neuropsicólogo, realizar
avaliação dos prejuízos cognitivos, nos casos que haja essa dúvida. Um diagnóstico diferencial é
fundamental para um bom planejamento terapêutico e escolha das intervenções para cada caso.
Tal plano organiza, integra e determina prioridades, servindo como plano de ação para atingir as
metas estabelecidas.
Identifica prioridades em curto e longo prazo, bem como as barreiras a serem ultrapassadas.
O plano de tratamento
É, enfim, a agenda que surge do processo de avaliação inicial, logo, é pessoal e intransferível.
Em muitos casos, a prioridade inicial é a redução ou cessação do consumo de uma dada substância.
63
UNIDADE II │ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Outras prioridades podem ser melhorar a situação familiar, no trabalho, retornar à escola etc.
Quando a atenção está focada é melhor a capacidade de resolução do problema, o que encoraja a
enfrentar desafios futuros.
Metas em curto prazo são aquelas que podem ou devem ser alcançadas nos primeiros 6 meses de
tratamento.
Tal diferenciação é importante para tornar viável e menos frustrante o processo quando as metas
são de execução mais complicada ou exigem mais tempo.
Prioridade
Estágio de motivação
Tal procedimento vai permitir ao cliente obter insights sobre o quanto está preparado para embarcar
no processo de mudança.
A definição do estágio de motivação não define, per se, o plano de tratamento, mas tem implicação
em como as metas são definidas e perseguidas.
Problemas maiores, quando possível, devem ser subdivididos. Isto é preferível a desencorajar os
pacientes.
Os planos devem ser flexíveis, mas é importante reportar-se ao plano inicial. Logo, o plano de
tratamento não se esgota nas sessões iniciais, é sempre reformulado.
64
ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE II
Metas individualizadas
Quaisquer forem escolhidas pela dupla, devem ser feitas claramente: “parar e manter-se sem usar
crack” x “deixar de ficar no grau”.
Parte-se do princípio que uma substância pode causar danos em cascata na biografia do cliente, logo,
abster-se pode ser o primeiro nó a ser desatado, além de que facilita o tratamento de ou minimiza
outros transtornos.
»» Passos progressivos.
65
UNIDADE II │ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
EDWARDS G., MARSHAL E.J., COOK C.C.H. Identificação e screnning de casos. In:
EDWARDS G., MARSHAL E.J, COOK C.C.H. O Tratamento do Alcoolismo. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed. 2005.
Adesão
Como consequência do aumento do consumo das substâncias, temos o aumento da demanda da
procura por tratamento especializado em dependência química, e a necessidade de compreender
melhor o usuário, melhorar sua adesão e aumentar as chances de sucesso das intervenções. O
problema do abandono é, usualmente, visto no contexto de doenças crônicas, exigem tratamento
prolongado e não é raro encontrarmos taxas de abandono acima de 50% no primeiro mês de
tratamento. (STARK, 1992).
Para que possam valer-se dos benefícios do tratamento, os pacientes devem permanecer vinculados
ao serviço por um período de tempo mínimo, e este tempo é um critério de sucesso para atingir um
padrão estável de abstinência e fatores de proteção para o período pós-alta. (RIBEIRO, 2011, p. 19).
A adesão pode ser mais difícil se o programa de tratamento for mais comportamental que
medicamentoso, ou quando não há sofrimento evidente e as consequências da não adesão não
parecem ser graves e quando não há orientações. (DIMATTEO, 2004).
66
ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE II
Nesses momentos difíceis vividos pelos pacientes, assim como em todo o processo de tratamento
o manejo de caso, é muito importante, para evitar um abandono, o modelo da Santa Casa de
Misericórdia, que tem os seguintes princípios.
(PINHEIRO, RATTO, 2011; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia São Paulo, 2010).
RESENDE, G.L.O.; AMARAL, V.L.A.R.; BANDEIRA, M.; GOMIDE, A.T.S.; ANDRADE, E.M.R.
Análise da prontidão para o tratamento em alcoolistas em um centro de
tratamento. Rev. Psiq. Clín. 32 (4); 211-217, 2005.
Já pensamos no tema de maneira geral, mas um dilema que não podemos deixar de refletir e que
nos deparamos cotidianamente em nossa prática profissional é a dificuldade que muitos pacientes
apresentam em não aceitarem a medicação ou não tomá-la de forma adequada.
Os pacientes nos questionam... Por que tomar remédios? Isso não é trocar uma
droga por outra?
Doenças físicas e mentais surgem com frequência nos pacientes com dependência
química. O consumo de substâncias não apenas muda o organismo, como também
o funcionamento cerebral. O uso de medicamentos tenta amenizar o desconforto
67
UNIDADE II │ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
da falta da droga ou tratar as sequelas geradas por esse consumo. Alguns pacientes
vão precisar de remédios por pouco tempo, outros por tempo indeterminado. Os
remédios psiquiátricos apenas são perigosos se tomados sem acompanhamento
médico. Não tomar remédios quando estes são indicados é aumentar a chance de
recaídas.
Peixoto, C.; Prado, C.H.O.; Rodrigues, C.P.; Cheda, J.N.D.; Mota, L.B.T.; Veras, A.B.;
Impacto do perfil clínico e sociodemográfico na adesão ao tratamento de
pacientes de um Centro de Atenção Psicossocial a Usuários de Álcool e Drogas
(CAPSad). J Bras Psiquiatr.; 59(4):317-321, 2010.
Escreva sobre um caso que você atendeu que teve difícil manejo e refletiu em baixa
ou não adesão ao tratamento. Caso não atenda ainda não atenda pacientes, escreva
um breve texto do que mais o assunto lhe chama atenção.
68
EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR
NO TRATAMENTO UNIDADE III
DA DEPENDÊNCIA
QUÍMICA
Como um único profissional poderia suprir todas as necessidades relacionadas à
dependência química?
Formação da equipe
No atendimento a dependência química, por ser um problema de saúde complexo e atingir as várias
áreas da vida do paciente, a equipe deve ser multiprofissional, dentro do possível, com os mais
variados profissionais, para atender as diversas demandas, por exemplo, no modelo da enfermaria
UNIAD SBC.
»» 2 assistentes sociais.
»» 2 terapeutas ocupacionais.
»» 3 psicólogos.
»» 5 enfermeiros.
»» 16 auxiliares de enfermagem.
»» 1 professor de dança.
»» 1 nutricionista.
»» 1 secretária.
Trabalhar com dependentes químicos, em geral, é uma atividade que exige dos profissionais
envolvidos capacidade de acolher, de receber, de estar aberto para a vivência do outro.
Exige capacidade de tolerar frustrações, grau elevado de reafirmação interna e externa de regras e
de limites. (OLIVEIRA; TEDESCO, 2006).
70
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE III
Profissionais da saúde, assistência ou educação passam por desafios constantes, colocando‑se, com
certa assiduidade, em situações de limite físico, emocional e mental. (PAYÁ, PROENÇA; 2011).
Muitas vezes, o estresse é um aliado na superação de desafios, mas, cronicamente, pode causar
danos importantes para a saúde física e mental. (PAYÁ, PROENÇA; 2011; SARDÁ et. al., 2004).
O profissional deve cuidar de sua qualidade de vida, buscar terapia pessoal e momentos de lazer,
para evitar o esgotamento mental e emocional.
Discussão periódica
A discussão periódica mantém todos os profissionais que atendem determinado caso atualizados
sobre a situação dele. Há necessidade de gerenciamento; os princípios componentes do manejo de
caso são: responsabilidade, atividade e autoridade.
Responsabilidade refere‑se à supervisão do caso por um membro da equipe a quem todo o trabalho
feito com o paciente deve ser reportado. Já atividade, diz respeito à identificação, eleição e inserção
dos pacien
tes nos projetos terapêuticos, conforme a demanda de cada caso. Inclui, ainda, a
71
UNIDADE III │EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
reavaliação e a discussão terapêutica diante da evolução do quadro. Por fim, a autoridade está ligada
à autonomia do gerenciador do caso no que tange aos recursos a serem disponibilizados para cada
paciente. Assim, esse componente do modelo de manejo de caso envolve desde fatores de ordem
técnica e financeira a questões burocráticas e administrativas.
(PINHEIRO; RATTO, 2011; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia São Paulo 2002).
Cada profissional atuará na sua expertise, a fim de contribuir com a evolução positiva do caso.
Os pacientes que chegam ao serviço primário, como UBS, pronto-socorros, são avaliados e
encaminhados, quando mais graves, para os serviços secundários, como CAPS AD e AME. Lá, após
a avaliação da equipe, terá seu tratamento direcionado.
É oferecido atendimento individual e/ou em grupo, alguns são estimulados para atividades na rede
de apoio, como em centros de convivência comunitária (CECCOS), clubes escola. Com o serviço
social, é reorganizada a área vocacional e laboral e encaminhamentos para os grupos de mútua-
ajuda, como AA, NA; para a família Amor Exigente, Naranon e Alanon.
Sobre a importância da Rede Social de Apoio fica o convite para conhecerem mais
sobre o tema.
MARINHO, J.A.C.; SILVA, I.F.; FERREIRA SL. Terapia de rede social e de 12 passos. In:
DIEHL, A.; CORDEIRO, D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química: prevenção,
tratamento e políticas públicas. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
72
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA│ UNIDADE III
A coletivização das condutas é o consenso dos profissionais, geralmente, feito em reuniões da equipe
semanais sobre os manejos de casos. Muitos protocolos são criados, para aprimoramento, desde as
avaliações, como os tipos de grupos e conteúdo/temas das sessões para cada tipo de dependência.
Os casos atuais de dependentes de crack têm exigido uma discussão constante e requerem um
tratamento mais específico, muitas vezes, sendo indicada a internação como uma primeira etapa,
para uma imediata desintoxicação e proteção dos riscos que o paciente se expõe. Auxílio e orientação
aos familiares também é fundamental.
73
PARA (NÃO) FINALIZAR
O contexto geral que se oferecem tratamentos é o de uma comunidade que é um sistema complexo,
dinâmico e adaptativo. Os serviços sociais e de cuidados com a saúde devem ser considerados como
um componente de um subsistema de consequências sociais, econômicas e de saúde, em interação
com vários outros subsistemas, inclusive consumo, normas sociais e sanções legais. (EDWARDS,
2010; HOLDER, 1998).
Devemos ter sempre em mente os treze princípios do tratamento para a dependência química. Um
guia baseado em pesquisas do National Institute on Drug Abuse, que há três décadas investiga
cientificamente a prática clínica, ] produziu como resultado uma variedade de enfoques efetivos
para tratar a dependência química.
<http://www.nida.nih.gov>
<http://www.drugabuse.gov/>
74
REFERÊNCIAS
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D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas Públicas. 1. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2011.
BABOR, T.F.; HIGGINS-BIDLLE, J.C.; SAUNDERS, J.B.; MONTEIRO, M. The alcohol use
disorders identification test: guidelines for use in primary care. AUDIT. 2. ed. Geneva:
World Health Organization; 2001.
CAROLIN, J.; HEINRICH; LAURENCE, E.; LYNN, J.R. Improving the organization,
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journal of drug and alcohol abuse. 2002, v. 28, no 4, pages 601-622.
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Alegre: Artmed. 2005.
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D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. 1.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Fletcher, R.H.; Fletcher, S.W. Tratamento. In: Fletcher, R.H.; Fletcher, S.W. Epidemiologia
clínica: elementos essenciais. 4 ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 154-178.
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Gerenciamento de Caso (Case Management). In: DIEHL, A.; CORDEIRO, D.C.; LARANJEIRA,
R. R. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. 1. ed. Porto Alegre: Artmed,
2011.
HENRIQUE; Iara Ferraz Silva et al. Validação da versão brasileira do teste de triagem do
envolvimento com álcool, cigarro e outras substâncias (ASSIST). Rev. Assoc. Med. Bras.
São Paulo, v. 50, n. 2, Apr. 2004.
MARQUES, Ana Cecília Petta Rosseli; FURTADO, Erikson Felipe. Intervenções breves para
problemas relacionados ao álcool. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?>. Acesso em: 08 set. 2010.
PADIN, M.F.R; MITSUHIRO, S.S.; PAULA, D.M.B. Modelo de Tratamento do Alamedas. In: DIEHL,
A.; CORDEIRO, D.C.; LARANJEIRA, R. R. Dependência química: prevenção, tratamento e
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