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PEDAGOGIA
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Núcleo de Ensino a Distância
Créditos e Copyright
S248c
BANAT, Ana Kalassa El
CDD 371.102
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publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
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SUMÁRIO
Aula 01_A arte e seu ensino ..................................................................................... 4
Aula 02_Arte na educação ........................................................................................ 9
Aula 03 - Educação Estética ................................................................................... 17
Aula 04 – Experiência estética na sala de aula ....................................................... 22
Aula 05_Arte na escola – aspectos históricos e tendências pedagógicas – parte I 26
Aula 06_Arte na escola – aspectos históricos e tendências pedagógicas – parte II31
Aula 07_Arte na escola – aspectos históricos e tendências pedagógicas – parte III
................................................................................................................................ 35
RESUMO Unidade I – Conceitos, histórico e reflexões sobre arte na escola ......... 40
Aula 08_ A prática da arte na educação infantil ...................................................... 43
Aula 09 – A criação de propostas para uma abordagem do tripé: fazer, apreciar e
refletir sobre arte na educação infantil..................................................................... 48
Aula 10_ A BNCC – Base Nacional Comum Curricular e o ensino de arte na
Educação Infantil – parte I ....................................................................................... 56
Aula 11_ A BNCC – Base Nacional Comum Curricular e o ensino de arte na
Educação Infantil – parte II ...................................................................................... 60
RESUMO – Unidade II – Estratégias, metodologias e proposições para arte na
escola ...................................................................................................................... 65
Aula 12_ Materiais e procedimentos nas artes visuais – parte I .............................. 66
Aula 13_ Materiais e procedimentos nas artes visuais – parte II ............................. 74
Aula 14_ Materiais e procedimentos nas artes visuais – parte III ............................ 82
Aula 15_ Matéria e procedimentos da música ......................................................... 91
Aula 16_ Arte e inclusão.......................................................................................... 95
RESUMO Unidade III – Matérias, materiais e procedimentos para arte na escola
.............................................................................................................................. 101
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1. CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Como vai a Arte na Educação Infantil? Disponível em:
http://brincarjogarepensar.blogspot.com.br/2009/10/como-vai-arte-na-educacao.html. Último acesso
em março 2023.
2 Idem.
3 Idem.
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Fonte CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Como vai a Arte na Educação Infantil? Disponível em:
http://brincarjogarepensar.blogspot.com.br/2009/10/como-vai-arte-na-educacao.html. Último acesso
em junho 2023.
Mas, a situação se torna ainda mais complexa quando fazemos mais alguns
questionamentos:
✓ O que é arte?
✓ Arte se ensina?
✓ Arte se aprende?
✓ Arte na escola, para quê? Ensinando o quê? Como?
Esses são alguns dos pontos que usamos como referência para a construção
da proposta dessa disciplina que é uma abordagem da arte na Educação Infantil,
relacionada às formas de aprendizagem da arte entre as experiências de professores
e de alunos - professores-alunos, como somos todos nós.
Conceito de arte
Você já fez a si mesmo a pergunta: o que é arte? Seria capaz de responder a
essa pergunta se a recebesse repentinamente? Precisaria pensar sobre o assunto?
Quantos conceitos diferentes você seria capaz de formular, sobre essa pergunta?
Parece simples, mas a questão acima, de apenas quatro termos, encerra um
dos maiores desafios para o estudante-professor e, justamente por essa
característica, será o marco inicial de nossas reflexões.
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Pelo pouco que vimos até agora percebemos que falar o que é arte é algo
complexo, apesar das inúmeras teorias que procuraram clarear as questões relativas
ao tema. Sendo assim, procuraremos, a partir de agora, fazer algumas
considerações sobre arte e o objeto artístico a fim não de defini-los, mas de
percebermos as suas variadas facetas e possibilidades.
Segundo COLI (2004), todos somos capazes de identificar algumas
produções culturais como sendo arte, por exemplo, na frente de um quadro de
Portinari4 (1903- 1962) temos uma atitude de apreciação, devido a nossa cultura ter
criado um estatuto das artes, denominando aquela obra como uma obra de arte.
Diante de algo que nos é mostrado como obra de arte, tendemos a utilizar um
olhar repleto de suposições acerca de gosto, beleza, formas, artistas etc. Porém,
podemos ter uma atitude diferente diante de outras obras que nossa cultura também
aceita como arte, mas que não irão de encontro às nossas expectativas em relação
ao que é arte.
O mais importante nesse momento é compreender que nossa ideia de arte é
construída socialmente e está presente em nós e nos espaços que compartilhamos
com nossos alunos como um componente cultural em constante atualização. O que
consideramos arte, hoje, possivelmente não será considerado em alguns séculos.
É importante ressaltarmos que, enquanto educadores, ao escolhermos essa
ou aquela manifestação cultural para fazer parte do repertório que será trabalhado
pela escola estamos fazendo o papel de autoridades em arte, como o crítico ou o
historiador, dizendo de forma indireta a nossos alunos, o que é ou não arte.
Na próxima aula continuaremos com nossa reflexão sobre qual o papel da arte
na escola e como ela estabelece relações de ensino/aprendizagem nesse ambiente.
4 Candido Portinari nasceu em Brodowski, interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, foi
reconhecido internacionalmente quando em 1935 ganhou um prêmio em Nova York com a pintura
Café.
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Arte na escola
A arte desempenha um papel fundamental na educação infantil, pois permite
que as crianças expressem suas emoções, ideias e pensamentos de maneira criativa
e livre. Através da arte, as crianças desenvolvem habilidades cognitivas e motoras,
como a observação, a imaginação, a concentração, a coordenação motora fina e a
noção espacial. Além disso, a arte também ajuda a criança a desenvolver a
autoestima, a confiança e a segurança em si mesma, uma vez que ela é encorajada
a experimentar e a explorar novas formas de expressão.
Na educação infantil, a arte também é uma ferramenta importante para
promover a aprendizagem em outras áreas do conhecimento, como a linguagem, a
matemática, a ciência e a história. Ao explorar as cores, formas, texturas e materiais,
as crianças aprendem a identificar e descrever diferentes objetos e fenômenos, a
comparar e contrastar, a classificar e a ordenar, a reconhecer padrões e a
desenvolver a capacidade de análise e síntese. Além disso, a arte também ajuda a
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Além disso, está previsto por lei que a arte deve fazer parte da formação
escolar. Desde as Diretrizes Curriculares para a Educação Nacional a arte, por meio
da discussão estética, permeia o discurso que compõe as qualidades da educação.
Rose Meri Trojan, em seu texto “Estética da sensibilidade como princípio curricular”
atenta que:
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Trojan (2004) chama a atenção para percebermos como a estética foi eleita
para compor o tripé sobre o qual toda a educação brasileira está legalmente
amparada – estética, ética e política – mas como, apesar disso, tem sua importância
menosprezada diante dos outros dois componentes.
A arte é o veículo por excelência da presença da estética na educação, ainda
que não seja o único, por isso, o trabalho com arte na educação deve levar em conta
essa relação. Assim poderíamos sintetizar que a presença da arte na escola visa
garantir a existência da formação estética do indivíduo.
Antes de seguirmos para conhecer os aspectos da história do ensino de arte
e as principais estratégias para realizar esse ensino é importante conhecer um pouco
sobre o desenho infantil.
O desenho é uma forma de expressão humana que tem sido estudada por
diversas áreas do conhecimento. A compreensão do desenvolvimento do desenho
infantil tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores, com o objetivo de
entender como o cérebro da criança processa e elabora as informações para a
produção das imagens.
No campo da arte o desenho é chamado de expressão gráfica tem recebido
grande valorização dentro do processo de desenvolvimento da criança, desde que a
influência da pedagogia da Nova Escola se difundiu, entendo que o desenho
expressa e materializa os processos internos vividos.
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Piaget
Lowenfeld
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Rosa Iavelberg
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Derdyk
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6 CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso em:
março 2023.
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Estética
A palavra estética, apesar de sua presença constante na linguagem cotidiana
como conotação para o belo, tem seu sentido na educação ainda bastante obscuro
e, por sua amplitude, requer de nós alguns novos conhecimentos e mais algumas
reflexões. A Estética é o campo de estudo associado ao belo.
Segundo Aranha (1993), o uso comum da palavra estética diz respeito, por
exemplo, à beleza física, usada como adjetivo, qualidade atribuída a algo ou alguém.
Nas artes, por sua vez, a palavra estética adquire outro sentido, sendo usada como
substantivo: estética moderna, estética renascentista etc. “A palavra estética usada
como substantivo designa um conjunto de características formais que a arte assume
em determinado período e que poderia, também, ser chamado de estilo.” (ARANHA,
1993, p. 341)
Mas, há ainda outro significado, relacionado ao campo da filosofia, que se
dedica ao estudo racional do belo, e sobre o sentimento que faz nascer na
humanidade. “Etimologicamente, a palavra estética vem do grego aisthesis, com o
significado de ‘faculdade do sentir’, ‘compreensão pelos sentidos’, ‘percepção
totalizante’”. (ARANHA, 1993, p. 341).
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muito diferentes, em que cabe sempre um componente ideológico, pela força das
classes sociais dominantes, legitimando suas escolhas. Além disso, a arte nem
sempre trata do belo. Há obras cujo tema é a miséria humana, outras cujos materiais
usados para sua criação foram descartados, até mesmo lixo.
Nesses casos, arte e estética estão ligados, não porque a arte esteja
comprometida com o belo, mas, principalmente, porque o objeto artístico ou obra de
arte, ao apresentar-se no mundo para ser visto ou vivenciado, o faz perante a
mobilização da percepção, de uma forma particular que a mobiliza por essa
qualidade de admiração.
A obra, necessariamente, é percebida por meio dos nossos sentidos, e em
tais circunstâncias, a vivência da arte torna-se processo de conhecimento. A ligação
existente entre os objetos artísticos e sua apreensão pelos processos de percepção
e pela mobilização de nossos sentidos em admiração, faz com que, enquanto
disciplina filosófica, a estética, dedique-se ao estudo da arte, das teorias da criação
e percepção artísticas.
Experiência de beleza
Experiência estética também poderia ser chamada de experiência de beleza,
ou experiência de admiração, por suas relações com a mobilização admirativa da
percepção.
7CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso
em: março 2023.
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8CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso
em: março 2023.
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9 CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso em:
março 2023.
10 Idem.
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Por essas qualidades, ela deve estar presente na formação escolar. Por aquilo
que ela – atividade artística – propicia, pelo conhecimento e reinvenção do mundo
que fazem parte da construção da consciência tanto das crianças, como de jovens e
de adultos. E isso vale tanto no que diz respeito ao fazer arte como ao apreciar a
arte.
11 CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso
em: março 2023.
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12 CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . QUESTÃO ESTÉTICA NO
ENSINO DE ARTES NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%2
0EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf. Último acesso
em: março 2023.
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composição, esquemas de luz e sombra. Ainda segundo essa autora, nas “escolas
normais”, de preparação de professores, incluía-se o “desenho pedagógico”, com o
objetivo de ilustrar as aulas.
A aprendizagem era realizada por meio de atividades com ênfase na
repetição, no exercício da mão, na memorização, no refinamento do gosto e no
senso de moral. “[...] O ensino tradicional está interessado principalmente no produto
do trabalho escolar e a relação professor e aluno mostra-se bem mais autoritária.
Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas”. (FERRAZ;
FUSARI, 1991. p. 30).
Apesar da introdução, a partir dos anos 1950, da música, canto orfeônico e
trabalhos manuais, a relação com a aprendizagem continuou a ser “[...]
reprodutivista, desvinculando-se da realidade social e das diferenças individuais”
(FERRAZ; FUSARI, 1991. p. 31), centrado no professor.
Apesar de estarmos falando de formas de ensino que se instalaram no Brasil
há mais de um século, percebemos que muitas das características a elas atribuídas
continuam presentes na escola atual.
Em relação à arte, a ênfase no desenho, a repetição de modelos, o desenho
pedagógico, o destaque às habilidades manuais e os conteúdos técnicos continuam
permeando nosso ensino, não dando espaço à expressão das relações de
linguagem, de criação e de pesquisa, nem de alunos, nem de professores.
Na próxima aula continuaremos analisando as tendências pedagógicas em
relação ao ensino da arte, até os dias atuais.
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e Estados Unidos ainda no século XIX, surgiu no Brasil nos anos 1930, mas ganhou
destaque a partir dos anos 1950 e 1960, com escolas experimentais.
Os teóricos de referência para os processos de aprendizagem adotados por
essa tendência foram os americanos John Dewey e Victor Lowenfeld, assim como o
inglês Herbert Read. As ideias presentes a essas teorias reforçaram a importância
da arte como expressão:
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Ainda nos anos 1960, as ideias desenvolvidas por Paulo Freire repercutem na
educação brasileira. Sua proposta é voltada ao “diálogo educador-educando e
visando à consciência crítica” (FERRAZ; FUSARI, 1991. p. 33). Seus ideais serviram
de inspiração e influência para educadores como Ana Mae Barbosa, que buscam a
superação dos entraves tecnicistas e tradicionais, ou do excesso de ênfase no
processo subjetivo da arte.
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A arte no socioconstrutivismo
O ensino de arte no contexto socioconstrutivista é uma abordagem que
enfatiza a interação social e a construção de conhecimentos pelos indivíduos em
colaboração com o grupo a que pertencem. Nessa perspectiva, a aprendizagem é
entendida como um processo ativo e construtivo, no qual os indivíduos constroem
significados a partir de suas experiências e interações com o meio e com os outros.
Para compreender melhor essa abordagem, é importante conhecer as
contribuições de alguns autores que a fundamentam. Entre eles, destacam-se Lev
Vygotsky, Jean Piaget e Paulo Freire.
Vygotsky (1896-1934) enfatizou a importância do contexto social e cultural na
construção do conhecimento. Segundo ele, a aprendizagem ocorre a partir da
interação do sujeito com o meio e com outras pessoas, por meio de processos de
mediação simbólica. Essa mediação pode ocorrer por meio da linguagem, da cultura
e das ferramentas tecnológicas, que permitem ao indivíduo ir além de suas
capacidades naturais e construir conhecimentos mais complexos.
Piaget (1896-1980), por sua vez, destacou a importância da construção ativa
do conhecimento pelo sujeito. Segundo ele, a aprendizagem ocorre a partir de
processos de assimilação e acomodação, nos quais o indivíduo incorpora novas
informações ao seu esquema cognitivo e ajusta esse esquema a partir das novas
experiências.
Freire (1921-1997), por sua vez, propôs uma abordagem crítica e
emancipatória da educação, que busca superar as relações de dominação e
opressão presentes na sociedade. Segundo ele, a educação deve ser um processo
de diálogo e reflexão crítica, no qual os indivíduos se tornem sujeitos ativos de sua
própria história e possam transformar a realidade em que vivem.
No contexto da arte, a abordagem socioconstrutivista implica em um ensino
que valorize as experiências e vivências dos alunos, permitindo-lhes explorar e
experimentar diferentes linguagens e formas de expressão. Nessa perspectiva, o
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REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
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QUEST%C3O%20EST%C9TICA%20NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO
%20ENSINO.pdf. Último acesso em: março 2023.
MARTINS, Mirian e outros. Didática do ensino da arte. São Paulo: FTD, 1998.
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Palavras-chave: ensino de arte; RCNEI; fazer arte, apreciar arte, contextualizar arte.
Arte no RCNEI
Em relação à educação infantil o estudo nessa disciplina se concentrará
especialmente nas artes visuais, mas também em aspectos da musicalização. Isso
porque, desde o Referencial Curricular Nacional da E.I. essas áreas têm destaque.
Segundo o RCNEI (vol. III), em relação às artes visuais, depois de defini-las como
motores para a “[...] integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos,
estéticos e cognitivos” (BRASIL. RCNEI, 1998, p. 85), essa diretriz sinaliza para a
presença das realizações artísticas na sociedade, como parte integrante do cotidiano
da criança, vinculada à sua realidade.
O texto, que trabalha as práticas de artes visuais, chama a atenção para a
existência de um descompasso entre a produção “teórica e a prática pedagógica
existente” (BRASIL. RCNEI, 1998, p. 87). Sua preocupação está em sinalizar a falta
de reflexão crítica em práticas que classifica como decorativistas.
Outra crítica do Referencial é em relação ao uso da arte apenas como reforço
a outros conteúdos, sem uma identidade própria. Ao mesmo tempo em que realiza
essas críticas, o texto aponta para os avanços no campo da psicologia, da filosofia
e da própria arte, chamando a atenção para a obra de Herbert Read, Lowenfeld,
discutidas nas nossas aulas anteriores.
Essa tendência, incentivada pelo movimento da Escola Nova, teve como
efeito a valorização da “produção criadora da criança”, entretanto, também tem sido
questionada por seu princípio de não intervenção do professor e por não levar em
conta os fatores de interação social como importantes para o desenvolvimento da
criança.
Assim, o Referencial propõe que a arte deve ser abordada em toda a sua
complexidade cultural - dos trabalhos artísticos reconhecidos pelos museus, as
estampas, rótulos, gibis e outros de circulação cultural mais ampla, e valoriza ainda
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No que diz respeito às leituras das imagens, deve-se eleger materiais que
contemplem a maior diversidade possível e que sejam significativos para as
crianças. É aconselhável que, por meio da apreciação, as crianças
reconheçam e estabeleçam relações com o seu universo, podendo conter
pessoas, animais, objetos específicos às culturas regionais, cenas
familiares, cores, formas, linhas etc. [...] O professor pode atuar como um
provocador da apreciação e leitura da imagem. Nesses casos o professor
deve acolher e socializar as falas das crianças. (BRASIL. RCNEI, 1998, p.
103).
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Palavras-chave: ensino de arte; RCNEI; fazer arte, apreciar arte, contextualizar arte.
Apreciação da imagem
Nos primeiros anos da escolaridade a apreciação objetiva criar situações de
observação e identificação de imagens diversas, garantindo assim um primeiro
contato visual e talvez também tátil das crianças com os referenciais culturais de
nossa civilização. Observamos que não há uma ênfase na reflexão, e sim no
reconhecimento visual, como uma primeira etapa para a reflexão. Por sua vez, a
reflexão não é abordada separadamente, mas permanece implícita às ações
didáticas que acompanham a explanação sobre o fazer e o apreciar.
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Vale ressaltar aqui que todo esse processo de observação atenta e análise de
imagens é composto por aspectos da apreciação e da reflexão que se encaminham
simultaneamente.
Mas, ler imagens não significa oferecer respostas prontas sobre elas. Ao
apresentar a ideia de que o professor deve ser um provocador o RCNEI chama a
nossa atenção para a necessidade de criarmos questões que façam com que as
crianças pensem sobre o que estão vendo. Assim o professor cria novas
possibilidades de diálogo. Evita as respostas prontas e também aquele silêncio
constrangedor, quando ninguém se atreve a “arriscar um palpite”. Só opinando,
discutindo, observando, pensando, interagindo com ideias próprias e de outros é que
aprendemos a fazer uma leitura crítica da imagem.
Arslan e Iavelberg (2006), ao analisarem as concepções para a leitura de
imagens destacam como procedimento central a construção de questionamentos
que investiguem desde os valores mais básicos como, por exemplo, a ideia de que
toda obra é realmente importante sem investigar os valores que estão sendo
legitimados por sua consagração. "Pensar uma área de conhecimento pressupõe
questioná-la" (ARSLAN; IAVELBERG, 2006, p. 23) Essas autoras sugerem para
início de leitura questões como:
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Fonte: GENTILE. 13
13GENTILE, Paola. Um mundo de imagens para ler - Ao desvendar o universo visual de seu cotidiano,
o aluno vai conhecer melhor a si mesmo, compreender sua cultura e ampliá-la com a de outros tempos
e lugares. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/mundo-imagens-
ler-426380.shtml
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GENTILE, Paola. Um mundo de imagens para ler - Ao desvendar o universo visual de seu cotidiano,
o aluno vai conhecer melhor a si mesmo, compreender sua cultura e ampliá-la com a de outros tempos
e lugares. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/mundo-imagens-
ler-426380.shtml
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Análise de imagens
Para que a leitura realize uma análise ampla da imagem em seu contexto
sociocultural ao mesmo tempo em que propõe uma análise dos aspectos estéticos e
da linguagem da arte escolhemos apresentar como estratégia de leitura a proposta
"Image Watching" de Robert Ott. E, por que essa abordagem?
15RIZZI, Christina. Contemporaneidade (mas não onipotência) do Sistema de Leitura de Obra de Arte
Image Watching. Disponível em:
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=15.
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É importante ressaltar que essa não é a única proposta existente, mas é a que
melhor se adapta à iniciação a essa prática. Mas, qual seria a proposta de leitura do
Image Watching? Para responder a essa pergunta continuaremos nosso estudo com
base no artigo de Christina Rizzi "Contemporaneidade (mas não onipotência) do
Sistema de Leitura de Obra de Arte Image Watching".
Para completar sua formação em relação ao que pode ser colocado como
meta de aprendizagem para cada etapa da Educação infantil é interessante ler o
RCNEI, ainda que esse material seja anterior ao Ensino Fundamental de 9 anos,
pois ele possui, além das relações metodológicas, orientações didáticas ao professor
e reflexões sobre avaliação que podem gerar boas práticas.
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Idem.
17RIZZI, Christina. Contemporaneidade (mas não onipotência) do Sistema de Leitura de Obra de Arte
Image Watching. Disponível em:
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=15.
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BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) versa sobre o que crianças e
jovens deverão aprender nas diversas áreas do conhecimento. Esse documento
estabelece uma concepção de educação para o Brasil, objetivos de aprendizagem
para as diferentes áreas de conhecimento e competências e habilidades que todos
deverão desenvolver por direito.
Na Educação Infantil, a BNCC é composta por cinco campos de experiência,
que buscam proporcionar experiências significativas e desenvolver habilidades e
competências nas crianças. Os campos de experiência são: O eu, o outro e o nós,
Corpo, gestos e movimentos, Traços, sons, cores e formas, Oralidade e Escrita, e
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
Os campos de experiência
O campo de experiência “O eu, o outro e o nós” propõe a construção da
identidade e das relações interpessoais das crianças. Ele busca desenvolver a
capacidade de as crianças se perceberem como indivíduos únicos e, ao mesmo
tempo, reconhecerem e respeitarem as diferenças dos outros. Isso é feito por meio
de atividades que estimulem a expressão das emoções, o diálogo, o respeito e a
cooperação entre as crianças.
O campo de experiência “Corpo, gestos e movimentos” visa desenvolver a
consciência corporal e a motricidade das crianças. Através de atividades lúdicas e
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A arte na BNCC
Em relação à arte, a BNCC enfatiza principalmente seu caráter expressivo
dentro da educação: “A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as
subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de
aprendizagem em Arte”. (BNCC, 2017, p. 198).
Apesar dessa ênfase no aspecto expressivo, que deixou de fora muito das
conquistas no campo da arte como forma de cognição, isto é, de conhecimento do
mundo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta a arte como uma das
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Avaliação
A indicação de avaliação para a arte na educação infantil é que ela seja
formativa. A avaliação formativa é apresentada como uma possibilidade de
acompanhamento constante do aluno, “[...] levando em consideração os processos
vivenciados pelas crianças, resultado de um trabalho intencional do professor.
Deverá constituir-se em instrumento para a reorganização de objetivos, conteúdos,
procedimentos, atividades, e como forma de acompanhar e conhecer cada criança
e grupo”. (BRASIL. RCNEI, 1998)
O professor, como o responsável pela organização dos objetivos de ensino e
das relações esperadas de aprendizagem precisa organizar conscientemente as
atividades de avaliação, percebendo que há mais de uma maneira de fazer isso e
que essa escolha vai determinar a qualidade da avaliação realizada, e ainda que
nem sempre a avaliação quantitativa é a ideal.
Tradicionalmente, a avaliação é quantitativa: de forma objetiva a nota obtida
corresponde à quantidade de conhecimento que o aluno demonstra no momento da
avaliação, o que não significa, necessariamente, um aprendizado efetivo e
duradouro.
A avaliação quantitativa tem sido repensada e vem sofrendo alterações na
prática e na legislação, como na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996: "Art. 24, seção
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação
contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais".
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REFERÊNCIAS
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Nas aulas anteriores discutimos teorias que dão suporte à reflexão sobre a
prática das artes na educação. Passaremos agora ao reconhecimento dos materiais
de artes visuais e suas formas de utilização, enfatizando as relações e variações
para as diferentes etapas do ensino, pois, como educadores, precisamos conhecer
também os materiais artísticos, tanto os materiais profissionais, como sua versão
didática.
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3. Papéis artesanais
- Há papéis artesanais que podem ser adquiridos no mercado. São mais
rugosos e texturizados, permitindo variações no estudo de texturas e cores.
- Também podem ser fabricados na escola, por exemplo, em associação com
conteúdos de natureza e sociedade, por seu envolvimento com reciclagem e
preservação do meio ambiente.
4. Papel canson e vergê
- Os papéis tipo canson são os ideais para o uso das tintas à base de água
porque são mais pesados (têm mais papel na massa) e mais texturados, o que
permite uma maior absorção da água nas aquarelas, guache e mesmo no lápis
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As madeiras:
A madeira é uma ótima alternativa para a variação do suporte para a pintura
e o desenho, proporcionando a oportunidade de pesquisa a alunos e professores.
1. Madeiras em pranchas
- Seu uso pode ser difícil pelo peso, pelo preço, ou pela dificuldade de
aquisição, mas se há pranchas de madeira usadas na escola, elas podem ser
aproveitadas, cortadas, lixadas e cobertas com uma mistura feita de uma parte de
PVA (tinta de parede), mais meia parte de cola branca e água, se o PVA estiver muito
grosso. Cria-se assim uma cobertura que pode ser aplicada com rolo, para uma
superfície lisa ou com pincel ou trincha, para um pouco de textura. Essa base pode
ser usada tanto para a pintura como para desenho e colagem. Usar de três a quatro
camadas finas, lixando entre uma passada e outra.
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As telas:
São os suportes mais reconhecidos por sua importância para a história da
pintura, agradam as crianças por aproximarem-se dos trabalhos profissionais de
artistas de renome.
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Os tecidos
Pouco usados no Ocidente, os tecidos foram os suportes privilegiados pela
pintura, por exemplo, na China e no Japão, desde a antiguidade. Esses povos do
Oriente davam preferência a tecidos leves como a seda e tintas a base de água.
1. Tecidos pesados
- As lonas, linhas e tecidos crus são usados para a confecção de telas, como
já exemplificado acima, mas também podem ser pintados diretamente, sem o suporte
de madeira. Basta fixar o tecido sobre uma superfície, como uma mesa, com fita
crepe; preparar o tecido com a base de PVA e cola branca, deixar secar e pintar
usando tintas a base de óleo, água (acrílica, guache, têmpera, tinta a dedo, colas
coloridas e outros) ou mesmo as tintas de tecido.
2. Tecidos leves
- Os tecidos como a seda são muito leves e seu uso é indicado às aquarelas,
tanto as de pintura comum como as próprias para tecido. Para facilitar o trabalho,
fixar o tecido sobre uma superfície usando fita crepe. Não usar base, pintar
diretamente sobre o tecido.
3. Os tecidos sintéticos
- Sua composição dificulta a adesão das tintas à superfície, mesmo com o uso
de bases, por isso as tintas específicas para tecido são mais apropriadas.
Outros suportes:
- A parede é um suporte importante e seu uso é conhecido como pintura
mural. Também precisa de preparação. O processo é semelhante aos já descritos
com o trabalho de lixar e alisar a parede usando, se necessário, massa própria para
tampar buracos. Depois de seca a massa, lixar e passar duas camadas da base de
PVA com cola. Por tratar-se de superfícies muito grandes, a tinta mais usada é o
próprio PVA, colorido com os corantes específicos como o xadrez em pó ou bisnaga
(que é mais fácil de misturar). As tintas acrílicas e óleo também podem ser usados,
mas seu custo torna o PVA mais atraente.
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Materiais de Desenho:
Os lápis
Os lápis, tanto de escrever como de desenhar, são invenções provenientes
da revolução industrial, fabricados em grande escala. Antes dos lápis usavam-se
pedras calcárias, carvões e outros, para obter traços brancos, pretos ou coloridos,
ou trabalhava-se com as reações químicas, como a ponta de prata que reagia aos
compostos de cálcio (usados na preparação da base para o papel).
1. Grafite
- As barras de grafite próprias para desenho são mais macias e mais largas
que os lápis de escrever; os mais comuns são os lápis da linha B. Há uma linha
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desses lápis à venda no Brasil, com preços acessíveis, mas há também outros
importados de melhor qualidade (mais macios e menos quebradiços, além da
madeira mais macia para a confecção da ponta adequada).
- Quanto mais alta a numeração, mais macio – 6B, 4B, 2B e B – são lápis
próprios para a realização de linhas expressivas, de espessuras e intensidades
variadas, como pedem os desenhos artísticos, além de sua utilização para a
realização de sombras.
- Há também as barras de grafites integrais, compostas por uma barra de
grafite pura (sem a cobertura de madeira), inteiriça, larga, roliça, coberta apenas por
uma capa plástica para a proteção do grafite. Muito mais macia e larga, seu resultado
pode ser, desde uma linha fina e leve, até linhas largas, espessas e intensas,
variando de um a outro, num mesmo traço. Essa qualidade atribui a esse material
um valor expressivo intenso, sendo muito bom para sombras, coberturas de áreas
largas e para trabalhos gestuais.
- Os lápis 6B, 4B e 2B podem ser incluídos desde a Educação Infantil por
serem mais macios e resultarem numa linha intensa, o que contrasta fortemente com
o papel. Favorecem a ação da criança para o desenho, muito mais do que os lápis
comuns de escrever, aproximando-a do prazer que tem com a canetinha, e não
mancham as roupas. Além disso, nessa etapa, procura-se evitar o uso da borracha,
incentivando a criança à aceitação, valorização e exploração das qualidades de seu
desenho, sem compromissos com modelos pré-estabelecidos; por isso esse material
também é muito interessante, já que é resistente à borracha comum.
- Durante o Ensino Fundamental, em atividades de desenho onde o uso da
borracha for permitido, recomenda-se que, numa primeira etapa, o desenho seja
realizado com lápis B, ou mesmo com lápis HB (lápis de escrever). Os lápis de 2B a
6B borram com o uso das borrachas comuns. Há borrachas próprias (profissionais)
para esses lápis que se assemelham a uma massa; as antigas borrachas de limpar
tipos de máquina de escrever têm o mesmo resultado, mas são difíceis de serem
encontradas atualmente. Numa segunda etapa pode-se incentivar o uso do 6B para
realização de traços mais firmes e sombras, lembrando que não se trata de contorno,
mas de valorização de algumas linhas e formas.
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2. Lápis de cor
- Há dois tipos no mercado, os resistentes à água (comuns) e os solúveis em
água (aquarelados). Os lápis comuns são os mais usados na Educação Infantil, mas
dependendo da qualidade do material o resultado pode não ser atrativo às crianças
porque as cores são pálidas e não apresentam contraste.
- Os lápis aquarelados são muito interessantes para o uso nesse período,
porque são mais macios e, por isso mesmo, é possível conseguir cores mais intensas
e uma melhor cobertura de áreas, mesmo sem diluição com água. O preço é mais
alto que os lápis comuns, mas há a opção de caixas escolares de 6 lápis, com duas
cores em cada lápis, com preços mais acessíveis.
- A diluição com água pode ser feita com pincel, logo após o uso, molhando o
pincel e passando suavemente sobre os traços de lápis, usando principalmente a
ponta do pincel (os papéis canson e vergê são mais resistentes a essas
atividades). Isso pode ser difícil na etapa de 1 a 3 anos, sendo mais indicado a
crianças de 4 anos em diante.
- A partir de 3 anos, aproximadamente, é possível usar os lápis de cor
aquarelados, molhando-se a ponta do lápis em água (colocada em um copinho ou
pires), antes de desenhar. O resultado é muito interessante, pois deixam as cores
muito vivas, as linhas mais largas e marcam o papel com muito mais facilidade. Com
a ponta molhada, o desenho sobre a pele também é muito facilitado, podendo se
usado, por exemplo, em pinturas nas mãos para serem carimbados ou não.
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nanquim pode ser substituída pela tinta de anilina, tinta de borra de café, extrato de
nogueira ou outra tinta à base de água.
As penas
- O material possui esse nome por ser associado ao uso das penas de
animais, desde tempos remotos, como penas de gansos e outros. Seu uso para a
escrita é anterior ao período industrial e permanece, hoje, como caligrafia artística,
como nos convites de casamento.
- As penas próprias para essa caligrafia artística, fabricadas de metal e com
diversos tipos de ponta, são adaptadas às diferentes linhas que se quiser obter.
Ainda podem ser encontradas à venda, mas são cada vez mais raras. Seu uso para
desenhar é muito interessante, produzindo diversas qualidades de linha, com valores
de expressão muito variados e interessantes. As penas são encaixadas em hastes
e molhadas em tintas. O nanquim é a tinta mais usada, mas podem ser usadas as
tintas de caneta, as tintas produzidas com anilinas ou outras que sejam à base de
água.
- Há também a pena de metal para desenho. É um material simples, barato
e, em geral, fácil de encontrar, que produz uma linha firme, de espessura constante.
Seu uso é feito de forma semelhante à pena de caligrafia. Pode ser usada para
contornos, mas é indicada, geralmente, para bico de pena – técnica com uso de
pontilhados ou tramas de linhas para fazer cobertura de áreas. Entretanto essa pena
só produz um tipo de linha, com a mesma espessura sempre, o que, em certos casos,
não é muito interessante.
- É possível fabricarmos penas diferentes com os alunos, que também são
usadas pelos profissionais. Um exemplo é a pena de bambu. Usamos os galhos bem
secos, que devem receber um corte, com estilete, em uma das extremidades,
simulando a ponta da pena de metal. Molhadas em tintas à base de água essas
penas dão efeitos de linhas muito interessantes. Não podem ser fabricadas pelas
crianças da Educação Infantil e do Fundamental, mas podem ser usadas por elas.
Penas de diversos pássaros, limpas e cortadas, são ótimas para essa
experimentação, assim como os palitos de churrasco, galhos de árvore e outros
objetos com pontas.
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Os gizes
- Os gizes de desenho são compostos por pigmentos aglutinados com
veículos à base de água ou óleo, prensados na forma de bastão, respectivamente
giz pastel seco e giz pastel oleoso. Apesar de seu uso ser tão antigo quanto a própria
arte, a forma atual foi obtida depois de aplicados processos industriais.
- O giz pastel seco tem textura porosa e cores mais suaves, relacionadas aos
tons pastéis. É aplicado diretamente sobre papel, de preferência com textura e peso,
como canson ou vergê, posicionado tanto verticalmente como horizontalmente na
folha. O pigmento quase se desmancha sobre o papel, resultando numa forma com
contornos esfumaçados, e cores que se misturam facilmente.
- Seu uso na educação é dificultado pelo preço elevado, causado pela
necessidade de boa qualidade dos pigmentos. Um material bastante acessível para
a escola que se aproxima do pastel seco, tanto por sua textura de pigmento quase
puro, como por suas cores pastéis é o giz de lousa. Pode ser aplicado sobre os
papéis canson, vergê ou mesmo manilha, craft (o branco tem bom contraste sobre
essa cor), e até sobre o sulfite, necessitando de fixação com laquê de cabelo.
- Na Educação Infantil pode-se aplicá-lo sobre folhas de lixar parede ou
madeira (existem folhas com texturas variadas), que facilitam a aderência do giz e
possibilitam uma ampla experimentação com relações de textura. Além de seu uso
direto, pode-se associar também em conjunto com esse uso ou separadamente, a
aplicação do giz de lousa molhado em cola antes de desenhar. Dessa forma são
obtidas linhas mais firmes, com cores mais fortes, criando mais contraste.
- O giz pastel oleoso profissional, apesar de sua textura mais densa que o
seco, também se desmancha sobre o papel, que deve ser igualmente poroso para
sustentar as camadas de pigmento aplicadas. Sua cor é forte e brilhante, pela ação
do óleo e as cores misturam-se facilmente. Seu uso na educação é dificultado pelo
mesmo motivo do pastel seco. O material substituto é o giz de cera, entretanto há no
mercado gizes com qualidades muito diferentes.
- Os gizes de cera muito duros (geralmente os grandes) são de difícil
aplicação e de pouca cobertura. Podem ser usados sobre superfícies bem
texturadas, como as lixas, que facilitam sua aderência, mas devem-se evitar cores
fortes na base (papel ou outro), pela dificuldade de obter-se contraste. Na Educação
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Infantil, a maciez e facilidade em obterem-se cores fortes e boa cobertura são fatores
importantes para que as crianças se interessem pelos materiais; por isso, o giz de
cera deve ser escolhido segundo essas características (mais porosos, tipo crayon).
- As qualidades brilhantes do giz de cera podem ser acentuadas, lustrando-
se com algodão, para finalizar. O giz de cera também é usado para decalcar figuras
e texturas, colocando-se um papel fino, como o sulfite, sobre a textura ou figura que
se quer reproduzir, passando-se o giz de cera deitado sobre o papel. Sua
composição também o torna impermeável à água, por isso seu uso associado às
tintas aquareladas e similares produz efeitos muito interessantes. O giz de cera
também pode ser aplicado quente (derretido com chama de vela), mas seu uso na
educação torna-se inviabilizado pelos perigos do fogo.
Os Materiais de Pintura:
Tintas à base de água
1. Aquarela
- As aquarelas são tintas fluidas, transparentes e luminosas, próprias para
serem diluídas em boas quantidades de água. São encontradas em pastilhas, em
tubos e em barras. Seu preço é elevado principalmente porque, nas tintas
profissionais, os pigmentos têm de ser de ótima qualidade, porque tendem a
esmaecer com o tempo e o efeito da luz. Os pincéis devem ser redondos, largos e
de pelo longo. Quem pinta é a ponta do pincel, que não deve ser esfregado no papel.
O papel tem de ser bem absorvente, como o canson.
- As aquarelas escolares, principalmente as em pastilha, são ruins para uso
com as crianças até 5 anos. Difíceis de diluir, acompanhadas por pincéis duros e de
pelo curto, têm cores fracas e pouca cobertura. Em geral, a criança perde o interesse
rapidamente pelo material. Como o material de melhor qualidade, muitas vezes, não
é acessível para a escola pode-se optar pela preparação de tintas aquarelas usando-
se anilina colorida comestível. Podemos preparar as cores em pequenos potes de
plástico, oferecendo às crianças os pincéis macios e redondos, se possível largos
(com bastante pelo), que “carregam” bem a água. A intensidade da cor vai variar
conforme a diluição. Também podem ser aplicadas com os dedos. A desvantagem
é que mancham, por isso pedem aventais de plástico, com boa cobertura.
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- Os papéis tipo canson podem ser substituídos por cartolinas ou papéis tipo
cartão (o lado escuro) preparados com a base de PVA e cola, com duas camadas.
Como os pigmentos têm pouca resistência a descolorantes, o uso de cotonetes ou
pincéis embebidos em alvejante cria linhas brancas sobre as manchas de cores já
realizadas, mas seu uso na Educação Infantil requer cuidados pela toxidade.
1. Guaches
- Os guaches profissionais têm consistência semelhante à aquarela,
entretanto sua diluição gera tintas com menor transparência e maior cobertura. Os
escolares têm qualidades muito variadas e são encontrados em cores restritas
(primárias e algumas secundárias).
- Os guaches escolares mais cremosos, com cores fortes são os mais
indicados às crianças da Educação Infantil. Seu uso é facilitado se o pincel tiver
cerdas macias e for “chato”, estreito e de pelo curto (os redondos e longos acumulam
a tinta nos pelos e dificultam a aplicação, os de pelo muito duro marcam a folha e
não se moldam a cremosidade da tinta). Os guaches podem ser aplicados
diretamente sobre papéis brancos ou coloridos, ou outros suportes, como as telas,
porque não são transparentes. Também podem ser misturados com água, mas as
cores perdem vivacidade.
- Os guaches podem ser espessados misturando-se areia ou fubá, e aplicados
com pincel ou espátulas, obtendo-se um efeito texturizado. Em todas as suas formas
de aplicação o guache pode receber, depois de seco, uma camada de cola branca,
espalhada com rolinho, para reavivar as cores e o brilho e dar maior resistência.
2. As têmperas
- Têmperas são tintas antigas usadas, por exemplo, pelos egípcios. Sua base
é a mistura de pigmento à albumina. Sua preparação na escola é muito interessante,
por sua qualidade artesanal. Pode-se usar o ovo para obter a albumina e os
pigmentos podem ser desde os industrializados, como o pó xadrez (tanto em pó,
como em bisnaga), até terras coloridas.
- Do ovo pode-se usar tanto a gema quanto a clara, obtendo-se têmperas com
qualidades diferentes. A gema é mais espessa e gordurosa, obtendo-se uma tinta
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mais consistente. Da clara tem-se uma tinta mais transparente, mas também é
possível misturar gema e clara para sua fabricação.
- A tinta é preparada misturando-se diretamente o ovo ao pigmento e
acrescentando-se um fungicida (formol - com crianças substituir o formol por vinagre
pela toxidade dele). Para evitar o cheiro forte do ovo, retirar a pele da gema antes de
usá-la.
- O papel para a têmpera deve ser preparado com a base de PVA e cola
branca; mas também pode ser aplicada sobre outros suportes como telas e
madeiras.
3. As Acrílicas
- As tintas acrílicas são tintas sintéticas, sem cheiro, com ótima cobertura,
cores vivas e muito brilhantes. São ótimas para uso na educação, mas são pouco
conhecidas e têm de ser compradas em tubos separados.
- A desvantagem é que secam muito rapidamente, dependendo do uso de
diluentes ou gel, para retardar a secagem. Podem ser usadas diretamente do tubo
ou misturadas com água, chegando, quando bem diluídas, a se aproximarem da
aquarela. Moldam-se bem ao trabalho com textura, como a superfícies lisas, sendo
aplicadas tanto sobre papel preparado com base de PVA, como ao plástico, madeira,
tela e outros.
- As tintas a dedo e as colas coloridas são materiais similares às tintas
acrílicas, mas não respondem bem a diluição com água, nem têm seu brilho ou
vivacidade de cores. Se a base de aplicação for preparada com cola e PVA, também
têm bom resultado. Produzem relevos (especialmente as colas) e texturas que
podem ser explorados em atividades variadas.
4. Tinta de PVA
- O PVA, tinta usada para a pintura de parede, também é uma boa opção para
uso na educação porque possibilita a criação de cores variadas a partir de uma base
branca. Obtêm-se as cores misturando-se o PVA, branco ou gelo, a pigmentos que
podem ser industriais (os tipos pó xadrez) ou naturais (urucum, terras etc.).
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- Pode ser guardada em potes com tampa e tem boa durabilidade. É indicada
para uso em pinturas murais, para a preparação de cores diferenciadas, experiência
com mistura de cores e para situações que exijam muita tinta e pouco custo. Pode
ser aplicada sobre papel preparado (base de PVA a cola), tela, madeiras, paredes e
outros.
Tinta a óleo
A tinta a óleo é a forma mais difundida para uso profissional, associada a
grandes artistas da história da arte. Seu uso na educação não é recomendado
porque os diluentes, por exemplo, a terebentina, são tóxicos. Sua secagem é muito
lenta dificultando o transporte e a armazenagem e, além disso, o preço do tubo não
é atrativo, assim como a tinta acrílica.
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O mosaico
- O mosaico é uma forma de pintura usada desde a antiguidade (como na
Roma antiga), associado a espaços externos por sua durabilidade, mas também em
espaços internos por seus aspectos expressivos e pelas possibilidades de cores e
texturas que proporciona.
- Consiste na aplicação de pequenos pedaços de material colorido – cerâmica,
vidro, porcelana, cacos, pedras, ossos e outros – para composição das formas e das
cores. Os materiais podem ser usados individualmente ou em conjunto, como, por
exemplo, nas aplicações do artista espanhol Gaudí.
- O mosaico pode ser aplicado em superfícies variadas, desde papéis, telas,
madeiras, móveis até paredes e vidros. É necessário cuidado com o peso dos
materiais usados, que não podem ser mais pesados do que o suporte onde serão
aplicados. Nos suportes duros, os pedaços coloridos podem ser aderidos com
cimento próprio ou mesmo com cola branca, dependendo da utilização pretendida.
Os espaços entre os pedaços, depois de todos colados, podem ser preenchidos com
cimento branco ou rejunte (branco ou colorido).
- Em geral, usa-se o estudo de um desenho prévio que é passado para o
suporte antes dos pedaços coloridos serem colados, servindo de guia. Mas a
colagem livre dos pedaços também pode dar bons resultados, atentando-se para a
relação de cores. Na Educação Infantil é possível usar variações mais simples, como
o mosaico feito de pedaços de papel colorido ou de revista, ou ainda com cascas de
ovo coloridas com anilina; mas o contato com as pastilhas cerâmicas pode ser uma
experiência de pesquisa com cores, formas e texturas, muito interessante (como o
vidrotil, por exemplo).
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Materiais de Modelagem:
A argila
- Assim como outros materiais artísticos já apresentados, a argila é usada
desde a pré-história como material para a modelagem e os relevos. Sua manipulação
é simples e fácil, além de muito prazerosa às crianças.
- A forma mais comum é a manipulação livre da argila, modelando formas
reconhecíveis ou não (humanas, da natureza, de objetos ou abstratas). Mas, há
técnicas simples que podem ser desenvolvidas com crianças desde a Educação
Infantil como o uso das “cobras” de argila para a realização de formas e a abertura
de lastras, com uso de rolos, para recorte ou modelagem de formas (para
compreender melhor a técnica ver a bibliografia específica). Existem instrumentos
próprios para o trabalho com argila, chamados estecas, que podem ser produzidos
artesanalmente com os alunos.
- O uso profissional da argila está associado à sua queima em fornos elétricos
ou artesanais. A queima proporciona o endurecimento da massa tornando-a
resistente. As dificuldades com a aquisição do forno, ou com a queima artesanal,
que exige fogo, dificultam sua realização na escola. Mas, depois de secas, as peças
de argila podem ser pintadas com guache, tinta plástica ou para artesanato. Pode-
se pintar diretamente sobre a argila ou aplicar uma camada de base de PVA e cola
branca, para acentuar as cores.
As massas de modelar
- Há no mercado, várias marcas de massas de modelar, variando em
qualidade das cores, maciez e durabilidade, além do preço. São muito fáceis de
modelar, adaptando-se ao manuseio livre ou ao uso das técnicas próprias à argila,
exigindo, nesses casos, maiores quantidades de massa.
- As massas podem ser fabricadas pelas crianças proporcionando uma
experiência muito prazerosa, além de não serem tóxicas se ingeridas, o que faz
dessas receitas boas alternativas para a Educação Infantil. Há muitas receitas, mas
uma das mais simples é a mistura de quatro xícaras de farinha de trigo, uma xícara
de sal, uma e meia xícara de água e uma colher de chá de óleo. A farinha e sal são
misturados primeiro e a água é acrescentada aos poucos, até formar uma massa
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homogênea, o óleo é colocado por último. As cores podem ser obtidas com as
anilinas coloridas. Dura cerca de 10 dias, acondicionadas em sacos plásticos.
O papier machê
- O papier machê, como diz o próprio nome é uma massa feita de papel.
Também nesse caso há muitas receitas e sua escolha depende do resultado
pretendido. As massas com papéis mais finos (como o higiênico), batidas no
liquidificador, geram massas com mais plasticidade e que se adaptam a muitos tipos
de formas. Mas, mesmo sem a trituração, as massas de papier machê são muito
versáteis, adaptando desde a confecção de objetos e a realização de formas
variadas até a produção de cabeças para fantoches e outros tipos de bonecos. Pode
ser facilmente pintado ou receber colagem, depois de seco.
- Quanto mais rápida for a secagem, menor chance de a massa apodrecer.
Sua desvantagem é que, em climas muito úmidos, costuma embolorar antes de
secar, exigindo o uso de fungicidas, como o formol. Na Educação Infantil seu uso é
recomendado a atividades cujo resultado não dependa de longa duração,
dispensando o uso de fungicidas como o formol, secando as produções com papel
machê ao sol, ou levando-se ao forno desligado, mas pré-aquecido.
- A receita básica do papel machê leva papel higiênico, farinha de trigo, cola
branca, fungicida (formol, vinagre ou lisoforme) e gesso crê, quando quiser uma
massa mais firme. O papel deve ter ficado de molho em água até dissolver e ser
escorrido com a ajuda de um pano. Colocar o fungicida e acrescentar, aos poucos,
uma porção de farinha e uma de cola, além de um pouco de água, conforme a
consistência da massa desejada. O gesso crê substitui uma parte da farinha, também
conforme a firmeza desejada para a massa.
O quarto material de modelagem apresentado será o papel, pelo
procedimento de empapelamento.
O empapelamento
- É uma técnica muito simples, mas de grande durabilidade, adaptando-se a
vários tipos de atividades. Consiste no uso de camadas de papel, entremeados por
cola, para a produção de uma superfície resistente, com a forma desejada. A cola
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pode ser branca (industrial) ou colas preparadas com farinha (artesanal), mas as
colas brancas dão mais resistência.
- Os papéis também podem ser de vários tipos, desde os papéis toalha e
guardanapo que, por sua espessura e porosidade, adaptam-se a detalhes e
elementos delicados, até papel jornal ou manilha que, apesar de mais rústicos,
proporcionam maior dureza, com menos camadas.
- Pode ser realizado sobre objetos, por exemplo, para fazer um molde de um
vaso ou tigela, tomando-se o cuidado de, antes de iniciar a moldagem com as
camadas de papel e cola, passar vaselina sobre a peça, para que a primeira camada
não grude.
- O empapelamento também é muito usado para a realização de máscaras. A
base para moldagem pode ser desde um balão de gás, uma máscara já pronta (de
plástico ou outro material) até uma face produzida em argila. Em todos os casos,
antes de iniciar a sobreposição de camadas de papel e cola, a vaselina deve ser
aplicada ao molde para que a primeira camada não grude no mesmo, facilitando na
hora de desenformar.
- Em todas as suas variações, o empapelamento é muito versátil para o
acabamento. Desde a pintura direta, depois de seco, com tintas plásticas, guache
etc., até a colagem de papéis coloridos, sementes, linhas, tecidos. Pode ainda
receber uma camada de massa corrida e ser lixado, para obter uma superfície lisa,
ou receber uma base de PVA e cola branca para acentuar as cores.
O gesso
- O gesso é um material de coloração branca e de secagem muito rápida, mas
que necessita de uma forma para ser moldado. Sua apresentação no mercado é em
pó, que misturado à água reage rapidamente, aquecendo e endurecendo. Ao final
do processo tem-se uma peça firme, que suporta vários tipos de pintura ou colagem.
- Sua desvantagem é a necessidade de forma já que a mistura do gesso em
pó e água deve ser despejada dentro de um recipiente, tomando a forma do mesmo.
A forma pode ser fabricada com argila e com o próprio gesso, mas requer técnicas
específicas.
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2. A fotografia e o vídeo
- Desde sua invenção, ainda no século XIX, a fotografia é uma paixão em
quase todas as sociedades ocidentais. Sua utilização mais frequente é com o uso da
máquina fotográfica (que atualmente pode ser tradicional, usando filme sensível à
luz, ou digital), composta, por uma lente própria à captação de imagens pelas
relações de luz. Entretanto, há técnicas mais simples como as chamadas fotografias
de lata que dispensam o uso das máquinas, projetando imagens diretamente sobre
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3. O computador
- Desde a Educação Infantil a criança já começa a ter contato com as
tecnologias ligadas aos computadores. Há hoje uma grande variedade de programas
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4. Tablets e celulares
- Ainda mais próximos às crianças estão os tablets e celulares que são
atualmente muito acessíveis e despertam grande interesse. Há inúmeros aplicativos
que trabalham com o desenho, a pintura, a animação e outras expressões e,
dependendo dos objetivos de ensino, podem ser excelentes aliados. Os celulares,
pela facilidade de portabilidade e uso são muito bons para a tomada de imagens e a
criação de pequenos filmes. Essa produção pode tanto auxiliar professores e alunos
a reverem suas ações, analisando os procedimentos que foram adotados em
determinadas atividades quanto podem ser pensadas como resultado de uma
produção expressiva.
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jazz, mas não em outros gêneros musicais. A bateria de uma escola de samba é
composta por instrumentos de percussão específicos que caracterizam o samba.
As relações entre música e dança são essenciais para reconhecer as
qualidades sonoras e melódicas e compreender sua conexão com a história e a
cultura. Algumas formas de música e dança estão desaparecendo, enquanto outras
sofrem transformações culturais e ganham novas conotações. O reconhecimento
dessas relações e a percepção das qualidades sonoras são valores fundamentais
na educação musical.
A música é um componente cultural e sua organização depende de valores
subjetivos intrínsecos aos códigos culturais de cada civilização. É importante
reconhecer essas relações e perceber as qualidades sonoras para promover a
educação musical.
A contextualização dos produtos e produtores musicais é essencial para
promover o conhecimento musical e é composta, em grande medida, pela história
da música. O conhecimento histórico não é um fim em si mesmo, mas sim uma
maneira de ampliar os conhecimentos musicais e formar ouvintes.
O objetivo da educação musical na escola não é apenas formar músicos, mas
também formar ouvintes ativos. Um aluno que desperta o interesse pela música, tem
senso estético, apreciação da obra musical enquanto arte, aproximação com a
linguagem musical e faz música, será um ouvinte ativo. Ele despertará o interesse
musical e colaborará com a educação musical na família, no trabalho, no grupo social
e na comunidade.
Para trabalhar com a história da música na sala de aula, é necessário adaptar
o conteúdo para o público infantil. Há muitos materiais didáticos e paradidáticos
disponíveis, bem como produções audiovisuais que são importantes aliadas na sala
de aula, como livros e vídeos que relatam a infância de grandes compositores de
música de concerto e de música popular brasileira.
Caso haja disponibilidade técnica na escola, é possível exibir trechos de
filmes, séries ou desenhos animados como ponto de partida para atividades sobre a
história da música ou como encerramento de uma atividade mais elaborada.
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Arte e a visão
Optamos por apresentar uma proposta, ainda pouco utilizada pelos
professores, mas que nos parece bastante promissora para aplicação em ambientes
muito variados, que trata da inclusão de portadores de necessidades visuais
especiais. Como já dissemos, ela não é a única, tão pouco encerra a discussão, mas
pretendemos que seja uma semente para incentivá-los a novas pesquisas nessa
área.
A didática em questão responde pelo nome de didática multissensorial e foi
criada na Espanha, para o desenvolvimento de propostas educacionais de ciências.
Seu autor é Miquel-Albert Soler, que publicou suas pesquisas em 1999, no livro
“Didáctica Multisensorial de las Ciencias – um nuevo método para alumnos
ciegos, defientes visuales, y también sin problemas de visión”18.
Segundo Soler, o ensino das ciências naturais e experimentais, desde os
primeiros cursos escolares, seja nível médio ou superior, tem recebido um
tratamento didático focado exclusivamente numa perspectiva visual, gerando, entre
outros problemas, dificuldades para a adaptação de deficientes visuais.
Como o próprio título do livro anuncia, uma das importantes contribuições
dessa forma didática é trazer bons resultados para crianças portadoras de
18 SOLER, Miquel-Albert. Didáctica multisensorial de las ciências – um nuevo método para alumnos
ciegos, deficientes visuales, y también sin problemas de visión. Barcelona: Paidos, 1999.
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Alunas do curso de Educação Artística Neiriane Xavier e Lygia Boppre, realizaram, em 2006, seu
Trabalho de Conclusão de Curso sobre esse tema sob orientação da profa. Ana Kalassa El Banat.
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Fonte: http://www.corriere.it/cultura/14_giugno_04/vera-sfida-toccare-pittura-2b10461a-ebd4-11e3-
85b9-deaea8396e18.shtml
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REFERÊNCIAS
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre Fotografia. São Paulo: Editora Thomson, 1989.
CHITI, Jorge F. Hornos Cerâmicos: a gás – lena – carbon – gás - oil. Buenos
Aires, Condorhuasi, 1992.
MOURA, Edgar. 50 anos Luz – Câmera e Ação. São Paulo: Senac, 1999.
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