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Victor Selmo Rafael Madingue

Artes Plásticas na Educação das Crianças: Um Estudo de Caso

da Academia Infantil do 1º ao 5º ano, Externato Ilundi

Licenciatura em Ensino de Educação Visual com Habilitações a Desenho de Construção

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
Maputo
2015
Víctor Selmo Rafael Madingue

Artes Plásticas na Educação das Crianças: Um Estudo de Caso

da Academia Infantil do 1º ao 5º ano, Externato Ilundi

Monografia Científica apresentada ao Departamento de


Desenho e Construção, Faculdade Escola Superior Técnica,
Universidade Pedagógica, UP-Sede, para a obtenção do
grau académico de Licenciatura em Ensino de Educação
Visual com Habilitação de Desenho de Construção.

Supervisor:
dr. Marcos B. Muthewuye

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA

Maputo

2015
V

Lista de Quadros pág.

Quadro 1 – Questões de validade no estudo de caso ............................................................................... 27

Quadro 2 – Descrição das categorias, sub-categorias e indicadores ..................................................... 29

Quadro 3 – Síntese da categoria A- Noção das Artes Plásticas ............................................................. 31

Quadro 4 – Síntese da categoria B – Aliança entre o trabalho das artes com a criança ..................... 33

Quadro 5 – Síntese da categoria C- Prática das Artes Plásticas (Desenho e Pintura)para a educação
da criança ....................................................................................................................................................... 34
VI

Lista de Figuras pág.

Figura 1 – Desenho livre e Conhecimento sobre as cores: da CE 5º .............................................................. 37

Figura 2 – Desenho livre e pintura em matemática: da CE5º . ……………………………………………..37

Figura 3 – Resultado do trabalho com a pintura na escrita: Caderno da CE 5º . ……………………………..37

Figura 4 – Diagrama de percentual da Amostra.............................................................................................. 43

Figura 5 – Desenho Livre da CE 5º ................................................................................................................. 44

Figura 6 – Desenho da família da EL 5º ......................................................................................................... 44

Figura 7 - Pintura de Mãos recortadas com os dedos enumerados de 1 a 10 .................................................. 45

Figura 8 - Pintura de frutas pelas crianças, previamente desenhadas pela Professora ..................................... 46

Figura 9 - Exemplo de Desenhos das Crianças ............................................................................................... 46

Figura 10 - Pintura da KR 5º ........................................................................................................................... 46

Figura 11 - Pinturas sobre a Família – da EL 5º ............................................................................................. 47

Figura 12 - Pintura da CE 5º ........................................................................................................................... 47


VII

Lista de Gráficos pág.

Gráfico 1 – Noção das Artes Plásticas ............................................................................................................ 32

Gráfico 2 – Síntese da categoria B ................................................................................................................... 34

Gráfico 3 – Síntese da sub-categoria C.1. ....................................................................................................... 36

Gráfico 4 – Síntese da sub-categoria C.2. ....................................................................................................... 36

Gráfico 5 – Síntese da sub-categoria C.2.2. .................................................................................................... 37

Gráfico 6 – Resposta da Questão 9: Diga que implicância tem a correcção dos Desenhos das
Criança…………………………………………………………………………………………………..…...40

Gráfico 7 - Faixa etária das crianças ……………………………………………………………..……...... 44

Gráfico 8 - Respostas da Questão 2: Onde ouviu falar do Desenho e da Pintura?.......................................... 45

Gráfico 9 - Respostas da Questão 5: O que tu desenhas?............................................................................... 46


VIII

Lista de Abreviaturas

AIEI - Academia Infantil Externato Ilundi

AP´s - Artes Plásticas

APEC - Artes Plásticas na Educação das Crianças

CCFM - Centro Cultural Franco Moçambicano

E1 - Educadora 1

E2 - Educadora 2

EI - Educação Infantil

ESTEC - Escola Superior Técnica

FP - Filipa Pontes

P1 - Professora 1

UP - Universidade Pedagógica
IX

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que este trabalho de Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Maputo aos ___, de Maio de 2015


Assinatura

_____________________________________________________________________
(Víctor Selmo Rafael Madingue)
X

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha Família, especialmente aos meus Pais: Rafael Madingue e Adelaide
Mussengane Armando pois ensinaram me os caminhos pelos quais devo andar e a enraizar-me em
Jesus Cristo.
XI

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela oportunidade de vida abundante e por ter me guiado
iluminando os meus caminhos por Cristo Jesus e pela minha salvação.
Aos meus pais, por estarem sempre ao meu lado acreditando no meu sucesso estudantil e
profissional.
Agradeço também as minhas tias, Zarina e Glória, que me auxiliaram directamente com apoio
moral e em Materiais Didáticos. Ao meu Tutor dr. Marcos Muthewuye, que dedicou horas de
seu precioso tempo para orientar-me a construir este trabalho.
Aos meus colegas, que compartilharam estes 4 anos de formação, em especial ao Chitoquiço,
Lázaro, Quílio, Saveca, e todos que contribuiram para o sucesso deste trabalho. E aos Amigos, que
directa ou Indirectamente me ajudaram nesta caminhada.
XII

Resumo
A problemática da Educação através das Artes Plásticas, é hoje em dia amplamente debatida,
devido ao seu carácter reflexivo e aplicabilidade para a condução da educação infantil,
ambicionando-se que a prática das Artes Plásticas, faça parte da base de construção da educação da
criança.
Este trabalho é um estudo de caso, pertencente a pesquisa qualitativa e tem como objectivo
compreender o processo da educação através das Artes Plásticas de modo que seja possível
clarificar; de que maneira as Artes Plásticas influenciam a educação das crianças. Foi realizado na
Academia Infantil do 1º ao 5º ano Externato Ilundi, que envolveu onze crianças, duas educadoras e
uma professora com o nivel superior e que também lessiona a disciplina de Educação Moral e
Cívica. Fez-se uma entrevista à artista plástica Filipa Pontes, Portuguesa, Licenciada em Design e
Tecnologias Gráficas e pós-graduação em Ilustração Criativa. A fundamentação teórica trás o
Dewey que defende a aprendizagem por acúmulo de experiências, discordando com a livre
expressão de Read que se opõe afirmando que as influências das experiências adquiridas pela
criança têm um carácter nocivo deturpando a sua expressão, mas aceita que as Artes Plásticas
devem ser a base da educação e que se deve valorizar a criança e não o seu desenho.
Os resultados permitiram evidenciar que as Artes Plásticas influenciam a educação das crianças, e
que os professores, os pais e educadores potenciam o seu desenvolvimento através das Artes
Plásticas. Tivemos algumas limitações em relação a demora da permissão para iniciar o trabalho de
campo. Também faltou nos ter acesso às fotografias das sessões organizadas pela Artista Filipa
Pontes e ainda por não ter encontrado obras de Autores Moçambicanos a cerca tema.
Trouxemos algumas sugestões para a academia infantil: É preciso que ao se tratar do Desenho
Livre, os professores e educadores prestem atenção para que não sobrevalorizem ou desvalorizem
os Desenhos das crianças; - Sugerimos que ensinem as crianças a respeitarem as manifestações
artísticas dos outros colegas; - Evitem nesta fase de desenho livre, lhe impor alguma técnica, ou
tema ou ainda cores a usar, todavia se lhe pode sugerir deixando a criança com a liberdade de
escolha.

Palavras-chave: Artes Plásticas, Educação da Criança, Expressão, Experiência


ÍNDICE
Conteúdo página

Lista de Quadros ………………………………………………………………………….…..................... V


Lista de Figuras …………...………………………………………………………………………..….......VI
Lista de Gráficos…………...………………………………………………………………………..…....VII
Lista de Abreviaturas ……………………………………………………………………..……………..VIII
Declaração de honra ...……...……………………………………………………………….………….. ..IX
Dedicatória ………………………………………………………………………………………………...X
Agradecimentos .....………………………………………….…………………………………….……...XI
Resumo ……...……………………………………………………………………….………………......XII
CAPÍTULO I................................................................................................................................................13
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................13
1.2. Delimitação do problema: ................................................................................................................15
1.3.1. OBJECTIVOS ..................................................................................................................................16
1.3.2. Geral .................................................................................................................................................16
1.3.3. Específicos .......................................................................................................................................16
1.4. Hipóteses ..........................................................................................................................................16
CAPÍTULO II ..............................................................................................................................................17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................17
2.1. Artes Plásticas e Educação Infantil: Conceitos e Perspectivas ........................................................17
2.3. A Arte e a Formação da Criança ......................................................................................................19
2.4. As Artes Plásticas na Educação Infantil ...........................................................................................19
2.5. O Desenho, a Pintura e a Criança .....................................................................................................21
CAPÍTULO III .............................................................................................................................................23
3. METODOLOGIA ............................................................................................................................23
3.1. Método de abordagem ......................................................................................................................23
3.2. Área de estudo ..................................................................................................................................24
3.3. Amostragem .....................................................................................................................................24
3.4. Procedimentos ou Técnicas de colecta de dados ..............................................................................24
3.4.1. Observação Participante ...................................................................................................................25
3.4.2. A entrevista ......................................................................................................................................25
3.5. Processamento dos dados .................................................................................................................25
3.6. Validade da Pesquisa ........................................................................................................................26
12

CAPÍTULO IV .............................................................................................................................................28
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................28
4.1. Resultados da entrevista aos Professores, Educadoras e a Artista Filipa Pontes .............................28
4.1.1. A noção que os professores têm sobre as Artes Plásticas e a educação infantil...............................30
4.1.2. Estratégias de trabalho .....................................................................................................................32
4.1.3. O papel do Desenho e da Pintura, dos pais e educadores na formação da criança ...........................37
4.1.4. O Posicionamento que os educadores deveriam tomar no processo de criação plástica das crianças
……………………………………………………………………………………………………...38
4.1.5. Implicação das Correcções dos Desenhos das crianças ...................................................................38
4.2. Representações da Artista Filipa Pontes sobre a educação através das Artes Plásticas ...................39
4.2.1. Estratégias de trabalho .....................................................................................................................40
4.2.2. O papel do Desenho e da Pintura, dos pais e educadores na formação da criança ...........................40
4.2.3. O Posicionamento que os educadores deveriam tomar no processo de criação plástica das crianças
…………………………………………………………………………………………………...…40
4.2.4. Implicação das Correcções dos desenhos das crianças ....................................................................41
4.2.5. Síntese da Observação da 3ª sessão de desenhos da artista Filipa Pontes ........................................41
4.2.6. Síntese da Observação......................................................................................................................42
4.3. Resultados da Entrevista às crianças ................................................................................................42
4.3.1. Caracterização demográfica da amostra ...........................................................................................42
4.3.2. A Noção que as crianças têm sobre o Desenho e a Pintura ..............................................................43
4.3.3. Temática dos desenhos das crianças ................................................................................................44
4.3.4. Os Trabalhos das crianças do nosso estudo de caso: Breve apresentação dos Desenhos e Pintura
com as notas de campo .................................................................................................................................45
CAPÍTULO V ..............................................................................................................................................48
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES.....................................................................................................48
5.1. Conclusões .......................................................................................................................................48
5.2. Sugestões ..........................................................................................................................................50
CAPÍTULO VI .............................................................................................................................................50
6. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................................51
APÊNDICES ................................................................................................................................................53
ANEXOS......................................................................................................................................................54
13

CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO

Desde a pré-história, os seres humanos produzem formas visuais, servindo-se do uso de símbolos
particulares constituídos socialmente para exprimir mundos subjectivos e objectivos. (CUNHA,
2012). Segundo esta autora, a humanidade usa-se das diferentes modalidades que abarcam as
Artes Plásticas, como o desenho, a pintura, a escultura, fotografia, instalação, etc., para criar
desordem no mundo natural. E este desejo de designar o mundo de outra maneira, acompanha a
humanidade até os nossos dias.

Assim sendo, as Artes Plásticas têm sido um instrumento, não só para exprimir ideias e realidades
mas também para a condução da Educação Infantil.
Estudos desenvolvidos no séc. XX, a quando da descoberta da criança como ser autónomo, tanto
pela Pedagogia como pela Psicologia têm um enfoque especial no tratamento das Artes Plásticas
na Educação, isto é, na condução da educação infantil através das artes.

É neste contexto que se fez esta pesquisa com o tema: Artes Plásticas na Educação da Criança;
um estudo de caso que visa compreender o processo da educação através das artes, confrontando
os pensamentos dos estudos já feitos e o trabalho de campo com o propósito de descobrir o papel
das artes, neste caso plásticas (cingindo-se apenas no Desenho e na Pintura), na educação da
criança, sendo as formas elementares do conjunto das Artes Plásticas e que são implementadas no
caso em que decorreu a pesquisa.

O Capitulo I – Introdução – traz-nos a Problematização, Justificativa e Relevância do tema como


também a descrição dos objectivos e hipóteses traçados durante a fase do projecto de pesquisa.

O Capitulo II – Fundamentação Teórica - trata da construção do nosso referencial teórico, em que


temos os principais conceitos e perspectivas a cerca das Artes Plásticas e Educação Infantil, como
também trazemos duas abordagens que permitiram o direcionamento do nosso estudo e
sustentaram algumas das hipóteses levantadas no início da pesquisa; Dewey que defende a
aprendizagem por acúmulo de experiências, e Read que defende a livre expressão.
14

O Capitulo III - Metodologia - trata das escolhas metodológicas desde o tipo de pesquisa,
métodos de abordagem, amostragem e procedimentos de colecta de dados, nas quais se dirigiu a
pesquisa.

O Capitulo IV – Análise e Interpretação dos Dados – Ilustra os resultados obtidos nas entrevistas
feitas aos Professores, à artista Filipa Pontes e às crianças como também a análise dos mesmos
em torno das Macro-categorias identificadas no estudo: Macro-categoria 1 – A noção dos
professores sobre as Artes Plásticas e a Educação Infantil; Macro-categoria 2 – O papel do
desenho e da pintura, dos pais e educadores na formação da criança; Macro-categoria 3 –
Representações da Artista Filipa Pontes sobre a educação através das Artes Plásticas.

O Capitulo V – Conclusões e Sugestões – aponta algumas sínteses sobre a Influência das Artes
Plásticas na Educação da criança, bem como as hipóteses confirmadas e negadas no término da
análise. Apresenta o contributo para a problemática desenhada, faz uma menção das limitações
enfrentadas durante a pesquisa e traz algumas sugestões para a Academia Infantil em que se
realizou o estudo.

E o último capítulo apresenta a Bibliografia consultada, para a elaboração do trabalho.

1.1. Problema:

Durante as jornadas científicas, em virtude da apresentação de temas científicos pelos estudantes


da Escola Superior Técnica (ESTEC), foi apresentado no curso de Licenciatura em Ensino de
Educação Visual o tema: Educação pela arte.
Com este tema trazia-se uma abordagem superficial sustentada numa pesquisa bibliográfica, pelo
que não se teve contacto com as crianças no campo. Olhava-se para educação da criança através
das artes no geral, focando na expressão plástica.
Devido a necessidade de aprofundar-se o estudo com o enfoque no Desenho e na Pintura no
tratamento das Artes Plásticas, levantou-se a seguinte questão:
De que maneira as Artes Plásticas influenciam a Educação das Crianças?
15

1.2. Delimitação do problema:

Por um lado o Desenho Infantil é visto como meio para a condução da educação da criança, como
afirma Dewey (1949 apud OSINSKI, 2002), que a utilidade da arte encontra-se, principalmente,
em sua finalidade educativa, sendo o caminho natural da experiência estética e sua integração aos
processos normais da vida, ao quotidiano das pessoas e das culturas. E por outro lado é visto
como expressão livre da criança, que é uma actividade natural, livre e espontânea com a qual a
criança exterioriza o seu ser. (GONÇALVES, 1976 apud SOUSA, 2003)

No entanto na nossa realidade valoriza-se mais o produto final, que é o desenho da criança,
procurando o seu enquadramento aos modelos estéticos do adulto com o objectivo de expor os
trabalhos depois de terem sido corrigidos, classificados e seleccionados. E por se sobrevalorizar
os desenhos finais das crianças acaba-se por desvalorizar o que elas procuram expressar durante o
seu processo de criação. Perante esta situação coloca-se o seguinte problema:

De que maneira as Artes Plásticas influenciam a Educação das Crianças que frequentam a
escola infantil?

1.3. Justificativa e Relevância

Todo aquele que é educador preocupa-se com o sucesso no aprendizado do seu educando. Porém,
principalmente, quando este aprende de forma natural, divertida, agradável e sem que hajam
berros, ou desentendimento com a criança.

As crianças percebem as artes de um modo diferente dos adultos (Educadores). Para a


criança, a arte é uma forma de se expressar, pois a natureza da criança é lidar com o
mundo de modo lúdico, fazer o que lhe dá prazer e satisfação. Por isso gosta tanto de
brincar e desenhar. (SANS, 1995 apud COLETO, 2010)

Também acreditamos que o sucesso da educação infantil implicaria uma formação de uma
sociedade Moçambicana melhor. Por estas razões, tomou-se a devida consideração da educação
através das Artes Plásticas, estas que através da expressão valorizam a criança e não o seu
trabalho final (Desenho ou Pintura); Impulsionam a liberdade de expressão, imaginação e criação
da criança, qualidades importantíssimas na educação destas.
16

Portanto, pensa-se que esta pesquisa é bastante relevante pois pretende compreender o processo
da Educação através das Artes Plásticas nesta situação particular, podendo identificar aspectos
gerais e relacionar com outras situações convergentes.
A metodologia de pesquisa em foco, adequou-se às situações singulares do fenómeno
investigado. Para que se compreendessem alguns problemas na educação da criança, a nível do
seu desenvolvimento e formação como um indivíduo que servirá a sua comunidade o que
também influenciará o sucesso em outras disciplinas quando estiver a ingressar na escola
primária.

1.3.1. OBJECTIVOS
1.3.2. Geral
Compreender o processo da Educação através das Artes Plásticas.

1.3.3. Específicos
 Identificar o modo com que as Artes Plásticas são tratadas para a condução da educação da
criança;
 Discriminar as funções dos educadores e professores na educação da criança através das
Artes Plásticas;
 Explicar o papel do Desenho e da Pintura na condução da educação da criança;

1.4. Hipóteses

H0: A utilização das Artes Plásticas como meio para Educação da criança contribui para o
desenvolvimento de sua personalidade;
H1: As Artes Plásticas revelam o carácter da criança pois os seus desenhos são a expressão do
seu ser;
H2: As Artes Plásticas não permitem que a criança tenha muita criatividade quando elas se
interessam mais pelo produto final do que pelo processo criativo dos desenhos;
H3: As Artes Plásticas (Desenho e Pintura) são excluídas nas actividades da escola infantil
porque esta não tem nenhum contributo no desenvolvimento educacional da criança.
17

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresentam-se os conceitos teóricos referentes as Artes Plásticas e Educação,


princípios básicos e teorias formuladas por autores que já discutiram pontos acerca do tema em
pesquisa. Apresentando um embasamento teórico que mostrará a relevância da pesquisa,
confrontando diferentes pensamentos em relação a Educação através das artes.

2.1. Artes Plásticas e Educação Infantil: Conceitos e Perspectivas

As Artes Plásticas são um conjunto de práticas artísticas nas áreas da pintura, desenho,
escultura, gravura, serigrafia, fotografia. Hoje em dia com a introdução das novas
tecnologias, que permitiram uma hibridização dos modos de fazer artístico, faz mais
sentido falar de artes visuais as quais passam a incluir a videoart, a instalação, a
performance e outras formas de apresentação artística. (PONTES, 2014)

Devido a este conceito pensamos que as Artes Plásticas, actualmente, designam todas
manifestações humanas de arte apreciadas pelo olhar e que são abordadas por outros autores da
área sinonimamente como Belas Artes, Artes Visuais, Educação Visual, etc. a mesma ideia pode
ser comprovada com o conceito a seguir: “As Artes Plásticas tem por definição a manifestação das
artes por meio de elementos visuais e tácteis, como desenho, a pintura, escultura, etc.” (GOUVEIA et al.,
2007)

Assim sendo, este estudo não abarcou todas elas mas cingiu-se no Desenho e na Pintura por
serem as mais frequentes em estudos da educação através das artes e por terem feito parte da
actividade principal no caso estudado.

Com todos estes campos das Artes Plásticas, importa apresentar a perspectiva de alguns autores a
cerca do; Desenho - Segundo Areal (1994) são representações gráficas do real ou Imaginário.
Para esta autora o desenho refere-se simplesmente a representações gráficas sobre um suporte, no
entanto acrescenta Sousa (2003) que o desenho é uma actividade que constitui a forma mais
natural e elementar da expressão plástica da criança. Evidenciando deste modo, o processo por
detrás destas representações.
Pintura - Segundo Sousa, (2003) a pintura é uma forma de arte em que o artista concebe a
decoração de uma superfície com pigmentos coloridos e com o auxílio de processos técnicos
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diversos. Ela refere-se genericamente à técnica de aplicar pigmentos e outras substâncias para
obter uma forma gráfica sobre uma superfície.

Dentre as abordagens trazidas, nota-se a necessidade da clarificação do conceito de Educação da


Criança ou Infantil. Deste modo, temos em parte, a Educação que é um processo que acompanha
e influencia a formação do indivíduo, subdividido em etapas de desenvolvimento da sua
personalidade, da infância à fase adulta.
Acrescenta Libâneo (1990), que ela na sua amplitude corresponde a influências e inter-relações
que convergem para a formação de traços de personalidade social e do carácter, implicando uma
concepção de mundo, ideias, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas,
morais, políticas, princípios de acção frente a situações reais e desafios da vida prática. E neste
estudo, a educação da criança é o principal foco.

Por isso importa saber: o que é uma criança? E das várias perspectivas a que melhor se adequou a
pesquisa é a que considera a Criança como um ser humano no início de seu desenvolvimento. Em
que são chamadas recém-nascidas do nascimento até um mês de idade; bebé, entre o segundo e o
décimo-oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até doze anos de idade.

Já a Educação da Criança ou Infantil, segundo a Coordenação Geral de Educação Infantil do


Brasil, corresponde a primeira etapa da Educação Básica, e é um direito humano e social de todas
as crianças até seis anos de idade, sem distinção alguma decorrente de origem geográfica, da
etnia, nacionalidade, sexo, de deficiência física ou mental, nível socioeconómico ou classe social.

2.2. Enquadramento Teórico

Após compreendermos os conceitos trazidos no ponto anterior, sobre a educação infantil, vamos
agora analisar o posicionamento que a arte toma perante o percurso da educação da criança. E
também, demonstrar a essência das teorias que surgem desde os finais do séc. XIX focando maior
atenção nos discursos de John Dewey e Herbert Read, que nos trazem o modo como as Artes
Plásticas devem ser encaradas e tratadas na Educação Infantil.
19

2.3. A Arte e a Formação da Criança

Segundo Coleto (2010) a arte é importante na vida da criança, pois colabora para o seu
desenvolvimento expressivo, para a construção de sua poética pessoal e para o desenvolvimento
de sua criatividade, tornando-a um indivíduo mais sensível e que vê o mundo com outros olhos.
Esta autora evidencia a importância que a arte tem na vida da criança, e que é através do trabalho
desta que as escolas se podem servir para que as crianças tenham uma formação íntegra no seu
desenvolvimento. Entretanto, isto implica que a arte é usada como meio para a educação da
criança, importando apenas o processo desta actividade e não a produção artística (resultado
final).

2.4. As Artes Plásticas na Educação Infantil

Nos finais do séc. XIX, surgiram movimentos entre os estudos realizados sobre a
Psicologia infantil e o ensino vigente que suscitou discussões a respeito da necessidade
de uma Educação mais criativa, que pudesse se contrapor ao sistema de transmissão de
conhecimentos e à recepção mecânica dos mesmos pelos alunos, característico da escola
tradicional. (OSINSKI, 2002)

John Dewey, defensor da aprendizagem por experiência, se opunha com relação a educação
artística, ao radicalismo existente entre as duas correntes; a rigidez do ensino de desenho da
escola tradicional e a livre expressão pura e simples da pedagogia da escola nova.

Para Dewey (1949 apud OSINSKI, 2002), a utilidade da arte se encontra, principalmente, em sua
finalidade educativa, sendo o caminho natural da experiência estética e sua integração aos
processos normais da vida, ao quotidiano das pessoas e das culturas. O que este autor propunha
não era um meio-termo entre as duas teorias, mas um redireccionamento, com a aquisição de
novos parâmetros que privilegiassem a experiência.

A experiência ocorre continuamente, porque a interacção da criatura viva com as


condições que a rodeiam está implicada no próprio processo de vida. Sob condições de
resistência e conflito, aspectos e elementos do eu e do mundo implicados nessa
interacção qualificam a experiência com emoções e ideias (Dewey, 1980 apud PONTES,
G., 2001).
20

Neste sentido, percebe-se que a arte faz parte das relações que o homem estabelece com seu
quotidiano ou seja, ganha um carácter prático e articula-se com a vida e a cultura.

Analisando estas ideias, nota-se que há uma concordância entre Dewey e Coleto em relação a
desvalorização do produto final da prática artística da criança e a utilidade da arte como meio
para o seu desenvolvimento. Porém, Dewey privilegia a aprendizagem por experiência e isto
fundamenta que a criança é o principal alvo, é o que se pretende desenvolver e não as obras
artísticas. E conforme Osinski (2002) houve uma contribuição de Herbert Read a cerca das questões
relativas ao Desenho Infantil e à espontaneidade da expressão entre as crianças, defendendo que a
arte deveria ser a base da educação como um todo.

No qual propunha, por meio da educação através da arte, a preservação da totalidade orgânica do
homem e de suas faculdades mentais, respeitadas as fases do desenvolvimento humano.

Dizia ainda que:

“O objectivo de uma reforma do sistema educacional não é produzir mais obras-de-arte


mas pessoas e sociedades melhores. E que o fim da arte na educação […] é desenvolver
na criança um modo integrado de experiência, com a sua disposição sintônica
correspondente, em que o pensamento tem sempre o seu correlativo na visualização
concreta […]”(READ, 1982 apud OSINSKI, 2002)

Entretanto, Read não se limitou apenas na educação artística como tal, denominada por Educação
Visual ou Artes Plásticas; mas todos os modos de auto-expressão (Poesia, Musica, dança, etc.).
Nesta vertente Read propunha uma correlação entre as técnicas de educação estética e as quatro
principais funções mentais em que nossos processos mentais se dividiriam: o desenho,
abrangendo as Artes Plásticas em geral e educando a vista e o tacto, teria como seu
correspondente a sensação, a música e a dança, auxiliando no desenvolvimento do ouvido e das
faculdades cinéticas, corresponderiam a intuição, a poesia e o drama, educando a palavra e a
educação construtiva, teriam correlação com o sentimento; e a actividade artesanal estaria ligada
ao Pensamento.

Porquanto ele aborda a Arte no seu todo, é de se concordar parcialmente que a expressão artística
é considerável, pois o produto final é visto como subordinado ao método criador e sem relevância
como objecto estético. E ainda, este produto pode ter importância para que se tenha uma
21

compreensão mais profunda do desenvolvimento psicológico da criança, mas o que mais


interessa é o seu processo.

Dewey se opunha a ideia da expressão livre defendida por Read, não acreditava no carácter
nocivo do contacto das crianças com informações teóricas e obras-de-arte, pois achava
impossível preserva-las de tais influências. Considerando o conhecimento como o acúmulo de
experiências, pensava não ter sentido que cada vez se tivesse de começar tudo do princípio,
desconsiderando o caminho já trilhado.

No trabalho que fala da importância das Artes na Infância, Cunha (2012) comenta que as
instituições de educação infantil, no Brasil, deveriam ser o espaço inicial e deflagrador das
diferentes linguagens expressivas, considerando que as crianças iniciam o conhecimento sobre o
mundo por meio dos cinco sentidos (visão, tacto, olfacto, audição, gustação), do movimento, da
curiosidade em relação ao que está a sua volta, da repetição, da imitação, da brincadeira e do jogo
simbólico.

No que diz respeito às linguagens expressivas, esses são os factores fundamentais para que elas
se desenvolvam plenamente. Nesta linha de pensamento, ela defende que o conhecimento visual
não vai se dar de forma espontaneísta ou na forma de adestramento manual, mas sim com
intervenções pedagógicas que desvelem e ampliem os saberes individuais e colectivos,
relacionando-os aos elementos da cultura da qual emergem com aqueles historicamente
acumulados. Portanto, Cunha vem reencaminhar as teorias que se opunham (Expressão livre,
Experiência) adquirindo novos parâmetros que privilegiam as intervenções pedagógicas e
abarcam a experiência como propunha Dewey.

2.5. O Desenho, a Pintura e a Criança

Sousa (2003) comenta que o Desenho constitui a forma mais natural e elementar da expressão da
criança. Pois qualquer criança, perante um papel e um lápis sente um desejo irresistível de pegar
um destes objectos e efectuar riscos sobre o outro. Isso é bastante importante pois contribui de
um modo muito significativo para o desenvolvimento das suas capacidades de coordenação
Visio-neuromotora.
22

Salienta que a melhor forma de se poder fazer a interpretação do desenho de uma criança é dar
atenção a forma dos movimentos que efectua e sobretudo, estar atento ao que ela vai dizendo
através da verbalização que acompanha normalmente a sua acção de desenhar. Porém contradiz a
teoria de expressão de Read, em que o educador corre o risco de envolver-se e acabar por dar
mais valor a obra do que a criança. Os comentários e explicações que a criança fornece natural e
espontaneamente, deverão ser tomados em conta para poder compreender, não o desenho, mas a
criança. Este é o processo referido por Read, Dewey, e outros, que importa e não o produto final
pois o que a criança desenha não são desenhos, representando a realidade visual, mas
exteriorizações do seu ser.

A Pintura não é a reprodução exacta de um objecto real mas a transcrição de uma


imagem mental, formada pela mente de quem pinta. Numa pintura há sempre algo de
pessoal, de projecção da personalidade, um estilo individual em conformidade com os
gostos, interesses e tendências do pintor. (SOUSA, 2003)

Na educação através da arte não interessa muito a pintura mas a criança, e estas pinturas
interessam como método educacional.
Portanto, identificamo-nos mais com as teorias de Dewey, ao considerar que a utilidade da arte se
encontra, principalmente, em sua finalidade educativa. Interessando mais a aprendizagem por
acúmulo de experiências durante o desenvolvimento da criança do que a simples livre expressão,
porque não se pode evitar que as crianças sofram influências externas como; Desenhos e Pinturas
já existentes, o meio que a rodeia, etc.

Identificamo-nos ainda com Cunha que trás novos parâmetros privilegiando as intervenções
pedagógicas e que abarcam a experiência acumulada pela criança ao longo do seu
desenvolvimento, Considerando que as crianças iniciam o conhecimento sobre o mundo por meio
de influências externas a partir dos cinco sentidos, esta autora vem reforçar a teoria de Dewey.

Não estamos a descartar a expressão, pois reconhecemos que a criança precisa de um espaço para
expressar as experiências que vai adquirindo ao longo do seu desenvolvimento mas discordamos
sim com o facto de que a Educação Infantil deve basear-se somente na expressão livre negando
as influências externas à criança, pois é praticamente impossivel evitar o contacto entre a criança
e o mundo exterior.
23

CAPÍTULO III
3. METODOLOGIA

Para a concretização do estudo, foi feita uma Pesquisa Qualitativa de modo a chegar-se à
compreensão de como as Artes Plásticas influenciam a Educação da Criança. Pois o tema envolve
a vida humana que é vista como uma actividade interactiva e interpretativa, realizada pelo
contacto das pessoas. Sendo a actividade e os sujeitos envolvidos o objecto de estudo da
pesquisa.

E a investigação qualitativa tem na sua essência, segundo Bogdan e Biklen (1994), as seguintes
características: (1) o ambiente natural como fonte directa de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental; (2) os dados recolhidos são de carácter descritivo; (3) os investigadores
que utilizam metodologias qualitativas interessam-se mais pelo processo em si do que
propriamente pelos resultados; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva; e (5) o
investigador interessa-se, acima de tudo, por tentar compreender o significado que os
participantes atribuem às suas experiências.

Das abordagens qualitativas; o Estudo de caso foi seleccionado para o seguimento da pesquisa,
que consiste na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, de uma única fonte de
documentos ou de um acontecimento específico.

Na perspectiva de Merrian (1988, apud ANDRÉ 2005), o conhecimento gerado a partir do estudo
de caso é diferente do conhecimento gerado a partir de outras pesquisas por ser mais concreto,
mais contextualizado, mais voltado para a interpretação do leitor e baseado em populações de
referência determinadas pelo pesquisador.

3.1. Método de abordagem

Em relação ao método de abordagem, a pesquisa serviu-se do Método Indutivo que parte do


particular para o geral.
24

3.2. Área de estudo

A presente investigação decorreu numa escola infantil, cujos participantes foram Crianças,
Professores, Educadores, e o Pesquisador; Na Província da Cidade de Maputo, localizada no sul
do país (Moçambique), na margem ocidental da Baía de Maputo. Ao longo da Avenida
Maguiguana.

3.3. Amostragem

Neste tipo de abordagem metodológica, como é o estudo de caso, não se privilegia uma
amostragem aleatória e numerosa, mas sim criteriosa ou intencional, ou seja, a selecção da
amostra está sujeita a determinados critérios que permitam ao investigador aprender o máximo
sobre o fenómeno em estudo. (VALE, 2000)

A escolha da escola infantil foi intencional, uma vez que esta devia ter práticas de Artes Plásticas
(Desenho e Pintura) em suas actividades diárias com as crianças porém existissem outras
práticas, para que o estudo fizesse sentido. Em relação à turma, a escolha foi também intencional
tendo em vista esta investigação, compreendendo a faixa etária dos 3 aos 5 anos, e o grupo de
crianças seleccionado pertencia as turmas do 3º, 4º e 5º ano de escolaridade. Escolhemos este
grupo porque concideramos que já possuem uma certa experiência nas actividades de Desenho e
Pintura, e por se saber que facilmente conseguiriam verbalizar as suas ideias e partilhar as suas
opiniões sobre os mais variados temas, inclusive os de mais complexa abstracção.

O grupo é composto por 11 crianças que corresponde a 55% do Universo de 20 Crianças que
frequentavam a escola infantil.

3.4. Procedimentos ou Técnicas de colecta de dados

O estudo de caso faz recurso a uma diversidade de formas de recolha de informação, dependente
da natureza do caso e tendo por finalidade, possibilitar o cruzamento de ângulos de estudo ou de
análise. Para o nosso caso, optou-se pela Observação Participante (notas de campo), a entrevista,
e análise documental (consulta bibliográfica). A pesquisa de campo consistiu no registo
fotográfico e aplicação de entrevistas abertas às crianças e aos educadores.
25

De acordo com Marconi e Lakatos (2010) a Pesquisa Bibliográfica, sendo um dos procedimentos
de colecta de dados escolhido para a pesquisa, “é um apanhado geral sobre os principais
trabalhos já realizados, revestidos de importância por serem capazes de fornecer dados actuais e
relevantes relacionados com o tema”

3.4.1. Observação Participante

Um bom acordo pode significar o sucesso ou fracasso da pesquisa. Se esta ficar sujeita a
restrições de tempo, acesso ou amostra imposta pelos sujeitos ao início dos trabalhos,
isto pode seriamente atrapalhar o estudo ou qualidade dos dados colectados.
(MOREIRA, 2002)

Esta técnica foi utilizada com o intuito de imergir no mundo dos sujeitos observados, tentando
entender o comportamento real dos informantes, suas próprias situações e como constroem a
realidade em que actuam no contexto em estudo. Tivemos um prévio consentimento por parte da
comunidade observada pelo que os sujeitos sabiam do carácter científico do estudo.

3.4.2. A entrevista

De acordo com Moreira (2002), a entrevista pode ser definida como “uma conversa entre duas
ou mais pessoas com um propósito específico em mente”. E nós utilizamos este instrumento,
direccionado aos educadores e às crianças, que é composto por questões abertas centrando-se em
tópicos determinados para as crianças e questões gerais para os educadores de modo a obter
informações úteis e independentes das concepções do investigador.

Selecionamos a entrevista aberta para o estudo por ser a que mais se adapta aos estudos do
ambiente educacional, a que apresenta um esquema mais livre, já que esse instrumento permite
mais flexibilidade no momento de entrevistar os professores, os alunos, os pais, os directores, os
coordenadores, os orientadores. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986 apud OLIVEIRA, 2004)
E como se refere a uma conversa, as entrevistas foram realizadas depois de um tempo em que o
pesquisador já tinha ganho a confiança por parte dos intervenientes da pesquisa.

3.5. Processamento dos dados

O processamento dos dados colectados, teve como base o uso de modelos lógicos como técnica
analítica que consiste em comparar eventos empiricamente observados com eventos teoricamente
26

previstos. Segundo Yin (2005), três estratégias gerais norteiam a análise das evidências
colectadas no estudo de caso.

A primeira corresponde às proposições teóricas relativas ao projecto original, uma vez que este
deve ter baseado os objectivos, as questões da pesquisa, as revisões feitas na literatura sobre o
assunto e as novas proposições ou hipóteses que possam surgir. A segunda, diz respeito às
explanações concorrentes. Essa estratégia analítica geral tenta definir e testar explanações
concorrentes e é especialmente útil ao se fazer avaliações do estudo de caso. A última estratégia
trata da descrição de caso - desenvolver uma estrutura descritiva a fim de organizar o estudo de
caso sendo relevante quando se estiver enfrentando dificuldades em utilizar as proposições
teóricas ou explanações concorrentes.

A análise baseou-se em todas as evidências; abrangendo todas principais interpretações


concorrentes e se dedicou somente aos aspectos mais significativos de estudo de caso.

3.6. Validade da Pesquisa

Há autores que consideram o estudo de caso, como sendo uma investigação pouco rigorosa,
imprecisa, pobre em objectividade e pouco credível em conclusões e generalizações. Mas para
nós o estudo de caso é mais concreto, mais contextualizado e por não abranger uma amostra
numerosa trás resultados específicos para o contexto estudado. Permite ainda um conhecimento
mais profundo do objecto de estudo, devido ao contacto presente entre o investigador e o grupo
estudado através das observações. Notamos que o estudo de caso é o tipo de pesquisa que mais se
adequa a estudos que envolvem comportamentos de indivíduos inseridos num determinado
contexto, e que não se podem medir mas se podem reunir informações que levam a compreensão
do objecto de estudo.
Para as entrevistas, seguiram-se algumas das considerações recomendadas por alguns autores.
Previamente ao momento da entrevista, os sujeitos de investigação eram novamente informados
sobre os objectivos da entrevista, era também dito que as informações fornecidas seriam
“utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa respeitando-se os direitos de privacidade, de
sigilo e de anonimato da fonte e garantia-se também a acessibilidade aos mesmos por parte dos
entrevistados”. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986)
27

Quadro 1: Questões de validade no estudo de caso

Em relação a validade interna, o investigador preocupa-se em determinar se um acontecimento


leva a outro. E foi assim que procuramos descobrir se a prática do desenho e da pintura resultaria
num sucesso ou fracasso na condução da educação infantil. A fim de se chegar a validade interna
da pesquisa procuramos a compatibilidade entre os dados recolhidos, bem como a precisão das
conclusões que traduziu-se com precisão à realidade investigada. Para ultrapassar esta questão e
ganhar credibilidade, o investigador deve recorrer a processos de triangulação metodológica
como, por exemplo, utilizar mais do que uma vez o mesmo método e comparar os dados obtidos.
(STAKE, 2005)

Testou-se ainda, a coerência interna entre as Hipóteses iniciais, desenvolvimento e os resultados.


E conforme as orientações deste autor, adoptamos esses métodos para que a pesquisa se tornasse
válida.

Em relação a validade externa, é talvez um dos grandes obstáculos que se coloca a quem realiza
uma investigação usando o estudo de caso. Yin (2005) refere que alguns críticos afirmam que os
estudos de caso, por terem uma base muito pobre, são os mais difíceis de fazer generalizações.
Porém, a questão da generalização para Stake (2005) não tem qualquer sentido dado que se trata
de investigações sobre casos reais que são únicos em certos aspectos e, por isso, irrepetíveis.

E por causa desta característica do estudo de caso, o nosso trabalho não se baseou de
generalizações, uma vez que somente os factos decorridos na academia infantil é que foram alvo
de interpretação e análise.
28

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Há a noção que o investigador, devido ao tempo prolongado que passa no campo, sabe muito
mais do que aquilo que escreve. Neste capítulo pretende-se esmiuçar os dados recolhidos de
forma a edificar esta investigação numa base sólida e original. Sabe-se que a escrita é nesta altura
fundamental, sendo de extrema importância conseguir que os dados falem por si.

Deste modo, pretende-se transmitir e analisar amplamente os dados que foram recolhidos ao
longo da nossa investigação, de acordo com um sistema de codificação a que foram sujeitos.
Inicia-se por apresentar os dados referentes aos resultados das entrevistas aos professores e
depois às crianças. Pretende-se que todos os dados sejam apresentados com detalhe e precisão.
Estes, ao longo da apresentação, serão alvo de discussão e interpretação.

4.1. Resultados da entrevista aos Professores, Educadoras e a Artista Filipa Pontes

A nossa pretensão não era conhecer o caso por completo e na sua profundidade pois é
praticamente impossível. Entretanto, estudámos esta realidade na sua complexidade e os
resultados expostos são representativos dessa realidade e fruto de uma análise pormenorizada dos
dados obtidos durante a pesquisa. E depois dessa recolha de dados, foram três os principais temas
identificados, os quais apresentamos em macro-categorias:

Macro-categoria 1 – A noção que os professores têm sobre as Artes Plásticas e a educação


infantil

Macro-categoria 2 – O papel do Desenho e da Pintura, dos pais e educadores na formação da


criança

Macro-categoria 3 – Representações da Artista Filipa Pontes sobre a educação através das Artes
Plásticas.

Com a macro-categoria 1 pretende-se recolher elementos sobre as representações dos professores


a respeito das Artes Plásticas e a educação infantil, isto é, o que nos permita identificar
percepções sobre a influência das artes na educação da criança. Fala-se ainda de algumas
estratégias de trabalho, que os professores têm implementado nas actividades das Artes Plásticas
29

para a condução da educação da criança. Nesse contexto surgiram as categorias: Noção de Artes
Plásticas e a relação existente entre o trabalho das Artes Plásticas e a educação das crianças.

A macro-categoria 2, está ligada aos diferentes papéis que as Artes Plásticas exercem na
condução e acompanhamento da educação das crianças, inclui também posições que os pais e
educadores deveriam tomar em relação a criação plástica (acto de desenhar e pintar) das crianças
com que se está a trabalhar ou educar.

E por fim, a macro-categoria 3, trata das representações da artista Filipa Pontes sobre a educação
através das Artes Plásticas, nos diferentes pontos das mesmas categorias formuladas para os
professores e educadores. Contando com um acréscimo no que se refere à um comentário dos
ideais de Dewey e Read, que ela teceu durante a entrevista por proposição do pesquisador. Esta
categoria surge como uma oportunidade de relacionar as ideias de uma artista plástica que
trabalha com crianças mais velhas em relação às do estudo de caso, de modo a tentar encontrar
convergências ou divergências nas concepções sobre as influências que as Artes Plásticas têm na
formação da criança.

No entanto, foram identificadas algumas categorias e sub-categorias em cada uma destas macro-
categorias, conforme se pode ver no quadro a seguir proposto.

Quadro 2: Descrição das categorias, sub-categorias e indicadores

Categorias Sub-Categorias Indicadores

A. A noção que os professores têm sobre as A.1. O Âmbito das A.1.1. Possuem
Artes Plásticas Artes Plásticas conceitos distintos
A.1.2. São sinónimo de
Artes Visuais
A.1.3. Há conceitos
amplos de Desenho e
Pintura
B. A relação existente entre o trabalho das B.1. O Início do B.1.1. A Criação de
Artes Plásticas e a educação das crianças uso das Artes para Programas de Desenho e
promover a a Pintura
aprendizagem
B.2. Estratégias de B.2.1. Programas
Trabalho visando desenvolver a
30

criatividade e a
expressão Individual.

C. A Prática das Artes Plásticas (Desenho e C.1. O papel das C.1.1. Valores e atitudes
Artes plásticas na transmitidos à criança
Pintura) na educação da criança.
vida das crianças pela prática das AP´s
C.2. O C.2.1. Os Educadores
Posicionamento deveriam conduzir a
que os educadores criança atravez das AP´s
deveriam tomar no para a sua formação
processo de
criação plástica das
crianças
C.2.2. Avaliação dos
Trabalhos da Criança
C.2.3. Processo Criativo
VS Produto final
C.2.4. Implicação das
Correcções nos desenhos
da Criança
D. Os Ideais de Dewey e os de Read D.1. Comentário D.1.1. Experiência e
sobre os ideais Expressão Livre
defendidos por
Dewey e os de
Read

Vamos, em seguida, analizar cada uma das categorias em particular, considerando sempre os
dados recolhidos e o referencial teórico desenhado.

4.1.1. A noção que os professores têm sobre as Artes Plásticas e a educação infantil

Na educação infantil, é por meio do trabalho realizado com a arte que se trabalha e desenvolve a
criatividade da criança. No quadro a seguir apresentamos uma síntese da categoria A, o qual
incorpora as percentagens referentes a quantidade de registo que cada indicador possui e
conhecer o número de entrevistados que referiam cada um dos indicadores enunciados.
31

Quadro 3: Síntese da categoria A- A noção que os professores têm sobre as Artes Plásticas

Nº de entrevistados que
CATEGORIA A - A noção que os professores Nº de vezes que se
referiram o Indicador
têm sobre as Artes Plásticas regista o Indicador
enunciado
Total de
Sub-categoria Indicadores Frequência % Entrevistados = 3
Frequência %
A.1. O Âmbito das Artes A.1.1. Possuem
Plásticas Conceitos distintos
1. AP´s como Formas
1 33.33 1 33.33
de ensinar
2. AP´s Como uma
1 33.33 1 33.33
arte
3. AP´s Como
1 33.33 1 33.33
expressão
Total da Categoria 3 100 3 100

Nesta categoria sobressaíram três indicadores que revelam as representações que os entrevistados
têm, sobre a Noção das Artes Plásticas (Desenho e Pintura). Da sua análise (Quadro 3) pode
referir-se que cada indicador aparece uma vez nas respostas das entrevistas apresentando-se com
33.33%. Todos entrevistados apresentaram conceitos distintos, sobre o Desenho e a Pintura; e de
acordo com o levantamento da literatura; se reconheceu que não há uma definição consensual
sobre o Desenho e a Pintura. Assim as AP´s não têm uma concepcão que se pode considerar
uniforme, mas são concebidas de diversas maneiras dependendo da sociedade em que a pessoa
estiver inserida.

Gráfico 1: A noção que os professores têm sobre as Artes Plásticas


32

Muitas vezes a criança realiza em pintura o que a realidade social lhe nega, esse será o desejo ou
tristeza de não o poder concretizar que exprime em pintura. Todavia, não levará à rebeldia a
expressão do que lhe é negado pela sociedade? Ou por ventura ela não acabaria fazendo o que lhe
é negado?

Neste contexto, há um ditado popular que diz: os filhos devem ser obedientes aos Pais, que
devem honrar seu Pai e sua Mãe para que lhe vá bem e viva muito tempo sobre a terra. Para o
bem dela é que certas atitudes e fazeres lhe são negados. Nos demais os pais e educadores não
devem irritar as crianças para que não percam o ânimo.
Assim, a professora e educadoras entrevistadas trazem a influência das actividades de desenho e
pintura na condução da educação da criança na academia infantil.
“(…)a Pintura Influencia porque é onde ela ganha o gosto de aprender” (E1)
“ (…) o Desenho acelera o processo de aprendizagem da escrita”(E2)

E em resposta às questões levantadas, nos parágrafos anteriores, a (P1) diz que é através da
expressão livre que vemos que tipo de criança ela é:

“(…) é aquela expressão que a criança mostra; se é uma criança agressiva tu vais ver na pintura.
Ela mostra aquela agressividade na pintura (…) mas por exemplo para os Psicólogos: acaba
ajudando a encaminhar a criança. (P1)

Isto mostra que existe um momento em que a criança tem que ter sua liberdade de se expressar,
de expor aquilo que verbalmente lhe é difícil. Mas se essa expressão for de uma má conduta, ou
talvez de algo que tenha visto ou ouvido que seja ela encaminhada ou orientada à uma boa
conduta. E se não for o caso, será que a sociedade está com isso a querer dizer que deseja uma
futura geração que se expressa livremente sem nenhuma moral? Pois que existem certas formas
de expressão, ou temáticas de expressão que se desviam da moral. Como por exemplo, desenhos
sobre violência, guerras, etc. o que provavelmente pode levar a criança a agir dessa maneira.

4.1.2. Estratégias de trabalho

Nas actividades de Desenho e Pintura as crianças são ensinadas várias matérias e o objectivo
principal não é o de ensinar a desenhar ou a pintar como se pode perceber pelos dados obtidos.
Mas tenciona usar essas actividades como um caminho eficaz para aprender a escrever por
exemplo, conhecer animais, números, as cores, etc. e desenvolver a habilidade psico-motora da
criança. Analisaremos a seguir a Categoria B – Aliança entre o trabalho das artes com crianças:
33

Quadro 4: Síntese da categoria B – A relação existente entre o trabalho das Artes Plásticas e a
educação das crianças:

Nº de entrevistados
CATEGORIA B – A relação existente entre o Nº de vezes que se
que referiram o
trabalho das Artes Plásticas e a educação das crianças regista o Indicador
Indicador enunciado
Total de
Sub-categoria Indicadores Frequência % Entrevistados = 3
Frequência %
B.1. Estratégias de B.1.1. Programas
trabalho visando desenvolver a
criatividade e a
expressão Individual
1. Instrução com o uso
de material de Desenho e 2 50 2 66.67
Pintura
2. Desenho e pintura
como meio para 2 50 1 33.33
aprendizagem
Total da Categoria 4 100 3 100

No que se refere a esta categoria podemos comentar que a a maioria dos entrevistados pauta pela
Instrução da criança simplesmente utilizando-se de meios didácticos, preocupando se mais em
ensinar a criança como se desenha ou pinta, no entanto apenas um entrevistado referiu por duas
vezes que o desenho e a pintura aparecem como caminhos criadores de condições para que ocora
a aprendizagem.
Discordamos que seja mais importante a criança aprender a utilizar o material de desenho e
pintura e desenvolver para si técnicas, temos é que olhar para os benefícios que as AP´s nos
possam trazer para moldar a personalidade da criança não focando toda atenção e rigor ao
resultado da sua criação plástica.

Gráfico 2: Síntese da Categoria B


34

Quadro 5: Síntese da categoria C - Prática das Artes Plásticas (Desenho e Pintura) para a
educação da criança:

Nº de entrevistados
CATEGORIA C - Prática das Artes Plásticas (Desenho e Nº de vezes que se que referiram o
Pintura) para a educação da criança regista o Indicador Indicador
enunciado
Total de
Frequênci Entrevistados = 3
Sub-categoria Indicadores %
a Frequênci
%
a
C.1. O papel das Artes C.1.1. Valores e atitudes
plásticas na vida das transmitidos às crianças pela
crianças prática das AP´s
1. Desenvolvimento da área
2 33.33 2 66.67
cognitiva
2. Revelação da personalidade 2 33.33 1 33.33
3. Facilita a Aprendizagem 2 33.33 2 66.67
Total da Sub-categoria 6 100 3 100
C.2. O Posicionamento que C.2.1. Os Educadores
os educadores deveriam
deveriam conduzir a criança
tomar no processo de atrevés das AP´s para a sua
criação plástica das
formação
crianças
1. Deveriam ensinar a criança 1 9.09 1 33.33
2. Deveriam acompanhar o
2 18.18 2 66.67
desenvolvimento da criança
3. Deveriam orientar a criança 2 18.18 2 66.67
4. Os Educadores deveriam
3 27.27 3 100
Preocupar-se com a criança
5. Os Pais não deveriam
abandonar a criança na 2 18.18 1 33.33
escolinha
6. Os Pais não deveriam
despreocupar-se com a 1 9.09 1 33.33
aprendizagem da criança
Total da Sub-categoria 11 100 3 100
C.2.2. Implicação das
correcções dos desenhos das
crianças
1. Não se deveria corrigir os
1 33.33 1 33.33
desenhos da criança
2. Sobrevalorizar ou
desvalorizar os desenhos da 2 66.67 1 33.33
criança
Total da Sub-categoria 3 100 3 100
35

A categoria C, é constituída por 3 sub-categorias e contém 12 indicadores. A sub-categoria C.1.


O papel das artes plásticas na vida das crianças, mostra que dos vários papeis que as AP´s têm as
mais reverenciadas são o desenvolvimento da área cognitiva da criança e a qualidade de facilitar
a aprendizagem. Todavia, o objectivo das AP´s não é facilitar mas é proporcionar dados sobre a
personalidade da criança e suas capacidades cognitivas de modo que esses mesmos dados possam
ser utilizados pelo educador para orientar o processo de aprendizagem da criança.

Gráfico 3: Síntese da Sub-categoria C.1.

Já na sub-categoria C.2. O Posicionamento dos educadores no processo de criação plástica das


crianças, o indicador – Os Educadores deveriam Preocupar-se com a criança foi referido por
todos entrevistados o que mostra que há alguns pais que simplesmente deixam nas mãos da
Professora e Educadoras a total responsablidade de educar a criança. Pensamos que os se os Pais
assumissem as suas responsabilidades e contribuir com tudo que eles podem para sua criança, ela
teria uma educação mais completa.
36

Gráfico 4: Síntese da Sub-categoria C.2.

Vemos também o indicador: C.2.2. Implicação das correcções dos desenhos das crianças,
constituído por; Não se deveria corrigir os desenhos da criança e Sobrevalorizar ou desvalorizar
os desenhos da criança, que são frequentes no trabalho com as crianças e que no caso estudado a
professora revela-nos que têm sido encontradas despreparadas nesse campo pois acabam, sem
querer, por fazer correcções aos desenhos da criança, e por vezes sobrevalorizar os desenhos de
algumas delas confessando que esta atitude pode desmotivar as outras crianças.

Gráfico 5: Síntese da Sub-categoria C.2.2.


37

Assim podemos ver algumas imagens, do caderno de uma criança de 5 anos, da turma observada;
em que está presente tanto a parte do desenho livre quanto a da Pintura como um meio para o
aprendizado das letras e números.

Figura 1- Desenho Livre e Conhecimento sobre as cores: da Figura 2- Desenho Livre e Pintura em Matemática: da
CE 5º CE 5º

Figura 3: Resultado do trabalho com a


Pintura na escrita: Caderno da CE 5º

4.1.3. O papel do Desenho e da Pintura, dos pais e educadores na formação da criança

Conforme visto no referencial teórico, Dewey (1949 apud OSINSKI, 2002) afirma que a utilidade
da arte, considerando aqui o Desenho e a Pintura, se encontra principalmente, em sua finalidade
educativa, sendo o caminho natural da experiência estética e sua integração aos processos
normais da vida, ao quotidiano das pessoas e das culturas.
38

Estando em concordância com os dados do nosso caso quando afirmam, nos testemunhos do tema
anterior, que o Desenho e a Pintura são importantes por trazerem benefícios às crianças como o
gosto por aprender (E1), rapidez na aprendizagem da escrita (E2), e que é através desta prática
que vemos que tipo de crianças estamos a cuidar e que para os psicólogos isso acaba ajudando a
encaminhar a criança (P1).

4.1.4. O Posicionamento que os educadores deveriam tomar no processo de criação


plástica das crianças

Os Professores, Pais e Encarregados de Educação são aqui tratados como educadores. Todos eles
têm uma grande influência na educação da criança e nas escolhas, que futuramente como
indivíduo adulto, ela possa tomar. E assim, com base nas análises feitas podemos dizer que a
volta do nosso estudo de caso cada interveniente na educação infantil tem um papel específico,
isto é, tem cada um deles uma função específica e que não pode haver troca de papeis se o alvo é
que a criança tenha uma educação íntegra. Podemos dar o exemplo de que a professora não pode
assumir o papel de Mãe das crianças que estão sob sua tutela.

Na posição de educador:

 Tanto os Pais como a professora deveriam focar os seus esforços em conduzir a criança a
adquirir experiências;
 Transmitir valores e atitudes morais na criança utilizando-se das AP´s;
 Compreender que as “proporções erradas” exprimem frequentemente uma experiência;
 Ensinar a criança a respeitar as manifestações de arte dos outros;
 Dar mais relevância ao que acontece durante o processo de criação da criança para corrigir,
não o desenho, mas uma atitude errada da criança

Os entrevistados salientam que a presença dos pais é indispensável. E que eles devem ajudar no
desenvolvimento da criança, preocupar-se com a criança, e estar perto para orientar o processo. 3
Entrevistados confirmam isto. (VER ANEXO 5)

4.1.5. Implicação das Correcções dos Desenhos das crianças

Há também uma tendência, que os Educadores e Pais têm de tecer considerações e até corrigir os
Desenhos das crianças, durante a sua execução ou no final. E a cerca disso os entrevistados não
39

deixaram de revelar, através da entrevista, que é uma realidade que trás implicações psicologias à
criança, e que costuma ser inevitável pois encontram-se numa situação em que devem motivar as
crianças mas sem desconsiderar as outras.

Entretanto, crianças há que podem contristar-se, achar seu desenho feio ou sentir-se retraída
quando elogia-se os desenhos da outra, ou quando o seu desenho é corrigido. O gráfico 2 mostra
as respostas de cada um dos entrevistados;

Gráfico 6: Resposta da Questão 9: Diga que implicância tem a correcção dos Desenhos das
Crianças.

4.2. Representações da Artista Filipa Pontes sobre a educação através das Artes Plásticas

Como foi mencionado no início deste capítulo, faremos aqui uma abordagem sobre as
representações da artista Filipa Pontes a cerca da educação através das artes plásticas, nos
diferentes pontos das mesmas categorias formuladas para os professores e educadores.
Estabelecendo uma comparação entre os resultados obtidos. Esta artista mostra através das suas
respostas às entrevistas que as artes plásticas são um pacote de práticas artísticas que contém o
desenho e a pintura, e outros. E que actualmente este termo é sinónimo de artes visuais. Assim
diz que as artes plásticas são:

“Conjunto de práticas artísticas nas áreas da pintura, desenho, escultura, gravura, serigrafia,
fotografia” (FP)

Tendo se questionado sobre a definição do desenho e pintura, assim como as educadoras e


professora, deu-nos uma definição ampla e que a artista Filipa dá ênfase a Expressão. O que leva
40

nos a entender que o desenho e pintura da criança não são representações da realidade visual mas
a exteriorização do seu ser: “São formas de expressão de ideias através da tinta”(FP)

4.2.1. Estratégias de trabalho

Começou por trabalhar num surgiu atelier plástico com crianças de meios desfavorecidos em
regime de voluntariado em colaboração com sociólogos e educadores e como estratégia de
trabalho teve a ideia de criação de programas interactivos de desenho e pintura onde estes
podessem ser uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal da criança.

4.2.2. O papel do Desenho e da Pintura, dos pais e educadores na formação da criança

Neste contexto, ela fala-nos da importância do papel que as artes têm; que é uma forma para
exteriorizar o que para a criança é impossível através da linguagem oral.

“ São uma forma livre de explorar a imaginação e um meio de exprimir sentimentos,


sensações, dúvidas, constrangimentos etc., que ainda não são possíveis através da linguagem
oral”.(FP)

O que lemos aqui é que as AP´s fornecem nos informações que revelam a personalidade que a
criança tem e não poderiamos apenas ficar por ai, mas pensar em que estratégias poderiamos
utilizar ainda atravez destas actividades para desenvolver na criança valores e atitudes correctas
perante dúvidas, constrangimentos etc, como por exemplo: sugerir uma actividade de desenho
livre em que se representasse uma história de um herói que venceu muitas dificuldades.

4.2.3. O Posicionamento que os educadores deveriam tomar no processo de criação


plástica das crianças

Na análise da entrevista das educadoras e professora, foram identificados indicadores com uma
certa frequência de registo como: Deveriam acompanhar o desenvolvimento da criança,
Deveriam orientar a criança, Os Educadores deveriam Preocupar-se com a criança, etc. Parece-
nos haver uma semelhança, entre os entrevistados do nosso caso e a artista Filipa Pontes, em
relação ao que os pais devem e não devem fazer perante o processo de criação artística das
crianças, conforme se pode comprovar no testemunho:
41

“ Os educadores devem dirigir, observar e auxiliar as crianças no sentido de alcançarem os objectivos


propostos pelos programas respeitando o processo de desenvolvimento de cada criança. Os educadores
não devem sobrevalorizar ou desvalorizar formas de expressão” (FP)

4.2.4. Implicação das Correcções dos desenhos das crianças

A artista Filipa Pontes, trás uma abordagem sobre o papel que os Desenhos podem constituir, isto
é, os resultados que estes nos podem fornecer em relação ao desenvolvimento cognitivo da
criança; Os Desenhos podem constituir um elemento de avaliação sobre o desenvolvimento cognitivo da
criança” (FP)

Note-se que ela não diz que os Desenhos podem constituir um elemento de avaliação sobre o
desenvolvimento da sua técnica no Desenho, mas ela refere-se a avaliação da criança. Deduz-se
do seu testemunho que é a criança que importa prestar atenção através dos seus Desenhos. Sendo
que, no testemunho a baixo ela reverencia que o processo criativo conduz ao resultado final,
importando assim não o resultado mas o processo que conduz a esse resultado nos Desenhos da
criança, e que consoante a idade estes vão se modificando:

“ É o processo criativo que conduz ao resultado final. A evolução através das experiências tal como os
estímulos exteriores fazem com que os resultados se vão modificando consoante a idade num processo de
ensino-aprendizagem.” (FP)

E por fim, dá o seu parecer em relação às correcções dizendo:

“ Qualquer desenho é o resultado de um processo de transformação das experiências vividas


materializadas numa linguagem visual. Todo o ser é influenciado pelo que o rodeia, pelo contexto das
experiências e pela educação, neste sentido a expressão livre é de certa forma naturalmente condicionada.
No processo de ensino-aprendizagem o que me parece fazer mais sentido é direccionar/conduzir as
experiências, para que cada criança possa descobrir a sua forma própria de se expressar.” (FP)

4.2.5. Síntese da Observação da 3ª sessão de desenhos da artista Filipa Pontes

Como forma de inter-relacionar os dados obtidos no estudo com alguns aspectos exteriores fez-se
uma visita à um evento organizado em 3 Sessões de desenho e pintura dirigido pela Artista
Plástica Filipa Pontes, na Mediateca do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM). Onde
foram apresentados exercícios, divertidos e explorando o imaginário, expressividade Plástica,
auto-confiança e o trabalho em equipa. (In Jornal Notícias, 19 de Março de 2014).
42

As Sessões envolviam Crianças dos 6 aos 12 anos pelo que somente tivera a oportunidade de
assistir a última sessão e obtivera também consentimento para uma entrevista com a artista. Esta
faixa etária está acima da do estudo de caso, que é para que se percebam as diferenças dos
desenvolvimentos cognitivos e Psicomotores destes estágios. A entrevista se realizou através da
Internet, servindo-se dos serviços de e-mail cujo guião da entrevista com as questões e suas
respectivas respostas vem em anexo. (VER ANEXO 3)

4.2.6. Síntese da Observação

Pensamos que as influências das experiências vividas e/ou até as das outras crianças no processo
de criação plástica não têm um carácter nocivo e é inevitável que a criança não seja influenciada
por quilo que a rodeia.

“Foi notória uma criança que apresentava dificuldades em começar o seu desenho. Procurava ideias nos
colegas, mas não sabia o que pintar porém depois do conto da história, ela mostrou-se estimulada a
iniciar.” (Nota de Campo FP, 22 de Março)

Podemos perceber a influência positiva das experiências exteriores à criança. A história


impulsionava a imaginação da criança, estimulando a criança para que apreendesse o que via e
ouvia formando assim uma experiência que pudesse avivar a criatividade e expressão da criança
que se apresentava com um bloqueio para o inicio do seu desenho.

4.3. Resultados da Entrevista às crianças


4.3.1. Caracterização demográfica da amostra

A amostra compreende 11 crianças com a variação de idades entre os 3 e 5 anos, em


conformidade com as turmas, isto é, as crianças com 3 anos de idade pertencem à turma do 3º ano
e assim sucessivamente. Assim podemos ver de acordo com o Gráfico abaixo:

Gráfico 7: Faixa etária das crianças


43

Ainda, de acordo com o diagrama abaixo, percebe-se que a turma representante da amostra é
constituída na sua maioria por crianças do 5º ano, representando 55%. Sendo que 27% representa
crianças do 3º ano e em sua minoria 18% do 4º ano.

Figura 4: Diagrama de percentual da Amostra

Foram todas crianças entrevistadas, de modo a perceber a forma com a qual elas vêm o mundo da
actividade de desenho e pintura, que para o caso é bem diferente da dos adultos. Elas davam
respostas curtas, e só em três casos disseram que não sabiam a resposta. Pelo que isso não
influenciou nos objectivos da pesquisa, visto que estas respostas correspondem a 18.18% da
amostra. E assim, faremos a seguir uma breve exposição de algumas questões pertinentes da
entrevista às crianças.

4.3.2. A Noção que as crianças têm sobre o Desenho e a Pintura

Todas crianças responderam que já ouviram falar destas práticas não sendo por isso uma
novidade e também porque têm tido contacto com as actividades diárias na academia infantil. E
vários são os locais nomeados em que elas ouviram falar de tais actividades ou práticas em que
destacou-se a escolinha ou academia infantil como sendo o local mais frequente em que ouviam
falar de desenho e pintura como podemos ver no quadro abaixo.

Gráfico 8: Respostas da Questão 2: Onde ouviu falar do Desenho e da Pintura?


44

4.3.3. Temática dos desenhos das crianças

Em resposta à questão 5: O que tu desenhas? Várias respostas fluíam de todas as crianças,


notando-se com maior frequência: 6 crianças que fazem o desenho de animais e 4 crianças que
fazem o desenho da sua casa. Temas estes que fazem parte de experiências interiorizadas na
criança, e que através do Desenho e da Pintura elas expressam sentimentos, emoções e vontades a
cerca deste mundo que representam através do desenho.

Gráfico 9: Respostas da Questão 5: O que tu desenhas?

Eis alguns exemplos:

Figura 5: Desenho livre da CE 5º Figura 6: Desenho da família da EL 5º

CE 5º: EL 5º:
_ “Esta é a minha Mãe, gosto muito dela _ “Minha Mãe ta qui, tem um vestido bonito.
mas ela não vive comigo porque eu to em casa da Minha Mãe esta com meu Pai”
minha avó. Quero ficar com ela”
45

No momento da execução do desenho à esquerda, esta criança falava da sua família, exprimia o
desejo de ver a sua família unida, e a figura representada e pintada de azul e em tamanho maior é
a Mãe. Enquanto que o ao representar o desenho à direita, a criança apenas elogiava o que ela
mais notava de bonito na sua Mãe e retratava o Pai e a Mãe juntos.
Portanto, estas falas mostram claramente que as crianças vão revelando os seus desejos, suas
vontades, e opiniões enquanto desenham e que os educadores se podem servir dessas informações
para fazerem um acompanhamento mais qualitativo no seu desenvolvimento. Podendo, também
descobrir alguns impedimentos pelos quais elas têm dificuldades de aprendizagem e assim aplicar
soluções pedagógicas.

4.3.4. Os Trabalhos das crianças do nosso estudo de caso: Breve apresentação dos
Desenhos e Pintura com as notas de campo

A seguir far-se-á a apresentação dos Desenhos e Pinturas que as crianças fizeram durante a
observação, orientadas pela Professora.

Figura 7: Pintura de Mãos recortadas com os dedos enumerados de 1 a 10


(…) O exercício de hoje consistia em escolher as cores para pintar figuras de mãos humanas
recortadas. Com os dedos enumerados de 1 a 5 e de 1 a 10, e que a Professora ia enumerando e
cada criança contava os números.
A Professora explicou que: Elas conciliam a aula de Matemática com Pintura e assim as crianças
vão fixando os números aprendendo assim a contar. Depois, pediu que Pintassem em silêncio e
entretanto, elas interagiam entre si a cerca do Pintar (…)
(Nota de campo nº 3, 19 de Junho de 2014)
46

Figura 8: Pintura de frutas pelas crianças, previamente desenhadas pela Professora

As crianças representam o mundo em que se encontram inseridas, podemos notar que tudo quanto
elas já conhecem é o que tentam representar, tomando significados pessoais e únicos para cada
uma delas, como por exemplo a representação dos membros da sua família que ela gosta, os
objectos, animais que ela acha interessante. (Ver figura 9)

Figura 9: exemplo de Desenhos das VR 5º Figura 10: Pintura da KR 5º

VR 5º:

_ “Esta é a minha casa, meu Pai ta qui e minha


Mãe ta aqui. A galinha já tem ovos”

_ Aqui sou eu. Esta aqui é minha Mãe, meu Pai


Meu irmão, meus primos. Esta é minha casa
47

“ (…) Após ter terminado a Professora lhe deu um caderno. A KR 5º estava pintando e a professora
perguntou: o que estás a desenhar e ela:_ Nada. (Ver Figura 10)
Eis que fazia uma pintura abstracta sem figuras simbólicas conhecidas e frequentes no mundo infantil.
Pelo que misturava sobrepondo quase todas as cores (…).”
(Nota de campo nº 11, 4 de Julho de 2014)

Outros exemplos:

Figura 11: Pinturas sobre a Família – da EL 5º Figura 12: Pintura da CE 5º

EL 5º: CE 5º:
_ “Esta é minha familia: Meu Pai, minha Mãe e minha irmã” _ “Esta sou eu. Eu tenho muitos
balões na minha casa, tambem tenho flôr”
48

CAPÍTULO V
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1. Conclusões

Somos levados a acreditar que foi possível encontrar algum contributo para a problemática
desenhada. Em que se questionava de que maneira as Artes Plásticas influenciam a educação da
criança?
Acreditamos que os Professores e educadores da AIEI do 1º ao 5º ano, potenciam o
desenvolvimento da criança através das Artes Plásticas, nomeadamente, Desenho e Pintura,
influenciando assim positivamente a educação da criança. Encontramos as Artes Plásticas
inseridas nas actividades da academia sendo conciliadas com o aprendizado da contagem em
Matemática e em várias matérias do quotidiano da criança com o objectivo de formar nela várias
experiências.
Levando-se em consideração esses aspectos, pensamos ter alcançado os objectivos inicialmente
traçados, e concluimos que as Artes Plásticas são tratadas de duas maneiras; por um lado como
meio eficaz para a condução da educação da criança e por outro lado elas são vistas como forma
de expressão livre da criança. Preferindo nós o tratamento das AP´s como meio para condução da
educação pois é a criança que se pretende formar, criando condicções para que a sua
personalidade vá se definindo durante o desenvolvimento da criança.
Em relação às funções que os pais e educadores têm, chegamos a conclusão de que estes
deveriam operar como orientadores da aprendizagem da criança, preocupando-se mais com o
desenvolvimento da criança do que pelo resultado final do seu desenho ou pintura. Pautando mais
em dirigir, observar e auxiliar as crianças focando nas competências ou experiências que se
pretendem que ela alcance.

As Artes Plásticas são muito úteis para o desenvolvimento da criança, e contribuem imenso para
ensinar as crianças a ler, escrever, fixar cores e relacioná-las à certas frutas por exemplo.
Entretanto, podemos afirmar que as Artes Plásticas influenciam positivamente a educação da
criança, permitindo uma rapidez na fixação de matérias, no desenvolvimento da criatividade,
impulsionando a fala, motivando as crianças constantemente, e transmitindo valores e atitudes.
49

Artes Plásticas têm, também, um grande papel motivador permitindo que as crianças se sintam
bem ao desenhar e pintar e são actividades com as quais facilmente se pode criar um ambiente de
aprendizagem. Nesse contexto, foram confirmadas as hipóteses levantadas durante a pesquisa:

H0: A utilização das Artes Plásticas como meio para Educação da criança contribui para o
desenvolvimento de sua personalidade e H1: As Artes Plásticas revelam o carácter da criança
pois os seus desenhos são a expressão do seu ser; comprovou-se que os Desenhos das crianças
não regem-se nas concepções de proporções dos adultos, mas representam muitas vezes o que
verbalmente lhes é impossível construindo a sua personalidade.
E negadas, as hipóteses: H2: As Artes Plásticas não permitem que a criança tenha muita
criatividade quando elas se interessam mais pelo produto final do que pelo processo criativo dos
desenhos;

Pensamos que o produto final não deve ser o objectivo principal mas o processo em si é que tem
maior relevância. No entanto, o produto final pode servir como base para uma nova criação e as
experiências passadas não têm um carácter nocivo pois não faz nenhum sentido sempre que se
quiser criar algo novo se tenha que começar sem considerar as experiências passadas;
H3: As Artes Plásticas (Desenho e Pintura) são excluídas nas actividades da escola infantil
porque esta não tem nenhum contributo no desenvolvimento educacional da criança.

Esta hipótese foi negada , pelo que as crianças têm um momento para o seu Desenho Livre, no
caso estudado. E é por se reconhecer que essa expressão tem algum contributo no
desenvolvimento educacional da criança que afirma a professora que através desse campo se
pode reunir informações afim de saber com que tipo de criança nós estamos a trabalhar e que para
os Psicólogos isso ajuda, tomando-se medidas educacionais para encaminhar a criança no seu
desenvolvimento.

Ao concluir este trabalho, parece-nos pertinente enunciar as limitações e dificuldades com que
nos deparámos ao longo da investigação. Uma das dificuldades prende-se na demora de obtenção
duma resposta positiva para iniciar o trabalho de campo. Também faltou nos ter acesso às
fotografias das sessões organizadas pela Artista Filipa Pontes, pelo que não foram
disponibilizadas, o que elucidaria mais ainda aquilo que é o desenvolvimento das crianças
daquela faixa etária.
50

Outra restrição foi em relação a não termos encontrado obras de Autores Moçambicanos
impedindo nos de ter a visão dos nossos autores a cerca tema. Temos a consciência que os
resultados conseguidos caracterizam aqueles que connosco colaboraram, pelo que a sua
generalização pode não ser recomendável.

5.2. Sugestões

Achamos importante que se continue a trabalhar no sentido de usar a arte como meio divertido de
aprendizagem, conciliando-a com as disciplinas de Português e Matemática. E que também haja o
momento em que a criança tenha a oportunidade de exteriorizar o que vem a sua alma para que
não só aprenda sobre o meio que a rodeia como também desenvolva a sua imaginação,
criatividade e que a sua a expressão sirva para que se conheça a criança. Algumas sugestões que
trazemos, para a academia infantil onde se realizou o estudo são:

Ao se tratar do Desenho Livre, os professores e educadores poderiam prestar mais atenção para
que não sobrevalorizem ou desvalorizem os Desenhos das crianças; - Sugerimos que ensinem as
crianças a respeitarem as manifestações artísticas dos outros colegas; - Evitem nesta fase de
desenho livre, lhe impor alguma técnica, ou tema ou ainda cores a usar, todavia se lhe pode
sugerir deixando a criança com a liberdade de escolha. Pois, somente assim se pode reunir
informações do que se passa na pequena mente da criança que para alguns casos a impede de
aprender certas matérias. Deve-se evitar: considerar que o produto final da criança seja
importante.
51

CAPÍTULO VI
6. BIBLIOGRAFIA

ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de Caso em Pesquisa e avaliação educacional. Brasília: Liber


Livro Editora, 2005;

AREAL, Zita, Visualmente Falando 9: Educação Visual 9º Ano, 1a ed., Areal editores, 1994;

BOGDAN, R., BIKLEN, S., Investigação Qualitativa em Educação, Porto editora, 1994;

COLETO, Daniela Cristina, A Importância Da Arte Para A Formação Da Criança, In Revista


Conteúdo, Capivari, v.1, n.3, Jan. /Jul. 2010 – ISSN 1807-9539;

CUNHA, Susana R.V. da, LINO, D.et al, As artes do universo infantil, Porto Alegre: Mediação,
2012;

GOUVEIA, I. B, SALES, Z.R.S. de, DIDIER, M.T, As artes plásticas na sala de aulas, Caderno de
trabalhos de conclusão do curso de Pedagogia, UFPE, 2007;

LIBÂNEO, José Carlos, Didática, Cortez Editora, São Paulo, 1990;

MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Metodologia do Trabalho Científico, 7ª ed. São


Paulo: Editora Atlas, 2007;

MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa, 7ª ed. São Paulo: Editora Atlas,


2010;

MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, São Paulo: Pioneira


Thomson, 2002;

OSINSKI, Dulce, Arte, História e Ensino – uma trajectória, 2a ed., Cortez Editora, São Paulo,
2002;

PONTES, Filipa, As Artes Plásticas na Educação da Criança, Depoimento. (Maio de 2014).


Maputo. Entrevista concedida a Víctor Selmo Rafael Madingue;
52

SOUSA, Alberto B., Educação pela Arte e Artes na Educação, 3º Volume, Horizontes
Pedagógicos, 2003;

STAKE, Robert, E., A Arte da investigação com estudos de caso, Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2005;

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos, 3a ed., Porto Alegre: Bookman, 2005;
53

APÊNDICES
54

ANEXOS
UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
Escola Superior Técnica

O presente Guião destina-se a busca de informação considerada importante para a realização de


uma pesquisa científica, cujo tema é: “Artes Plásticas na Educação da criança”. Será garantido o
anonimato e pede-se a sua colaboração, participando em responder as perguntas que se seguem.

Guião da entrevista às crianças

Temática: Artes plásticas na educação da Criança

Participantes do grupo: 11 Crianças

Objectivos gerais:

• Conhecer as temáticas das representações das crianças sobre os Desenhos e Pintura.

• Reconhecer influências da família, da escola e do meio, na construção Educação Infantil.

Organização da entrevista

Bloco temático: O desenho, a Pintura e a Criança

Objectivos específicos:

• Identificar as concepções que as crianças têm sobre o Desenho e a Pintura

• Entender se as crianças têm o Desenho e a Pintura presentes no seu dia-a-dia.

Questões:

1. Já ouviste falar de Desenho e Pintura?

2. Onde ouviu falar do Desenho e da Pintura?

3. Diga como as tuas educadoras costumam falar destas actividades?

4. E em tua casa, tens brincado de desenhar? Onde?

5. O que tu desenhas ou pintas?


Bloco temático: A expressão e experiência das crianças nos Desenhos e Pinturas

Objectivos específicos:

• Descobrir como as crianças se expressão através das actividades de Desenhar e Pintar.

• Entender se a sua aprendizagem é baseada em experiências anteriores

Questões:

6. Como te sentes ao desenhar ou pintar?

7. Preferes desenhar ou pintar? Porquê?

8. O que gostas de falar com teus colegas ao desenhar?

9. O que faz quando o colega, pinta o seu Desenho?

10. O que gosta mais entre o desenho final e o acto de desenhar?

11. Se não tens papel e lápis, onde desenhas?


Guião da entrevista aos Professores

Participantes: 1 Professora e 2 Educadoras

Temática: As artes plásticas na Educação da Criança

Objectivos específicos:

• Discriminar as funções dos educadores e professores na educação da criança através das Artes
Plásticas

• Recolher elementos que nos permitam identificar percepções sobre a influência das artes na
educação da criança

• Identificar o modo com que as Artes Plásticas são tratadas para a condução da educação da
criança

Principais questões:

1. O que entende por Desenho e Pintura?

2. Ao longo da sua prática profissional sempre ouviu falar de Desenho e Pintura? Como é que
implementa essas actividades na sala de aula?

3. Actualmente, promove a educação através das Artes Plásticas? Se sim, Como?

4. Comente a seguinte ideia: a prática do Desenho e da Pintura influencia no desenvolvimento


das crianças.

5. Qual é o o seu ponto de vista em relação educação da criança através das Artes Plásticas?

6. Enumere algumas estratégias que considera pertinentes para educar as crianças.

7. Qual é o papel dos pais na condução da educação da criança?

8. Quais são os deveres dos Pais, educadores e professores na educação, das crianças, através das
Artes Plásticas (desenho e pintura)?

9. Diga que implicâncias têm a correcção dos Desenhos das Criança, e sugestões para a condução
desta actividade.
UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
Escola Superior Técnica

A presente Entrevista compreende duas partes, e destina-se a buscar informações consideradas


importantes para a realização de uma pesquisa científica que culminará com uma Monografia,
cujo tema é: “Artes Plásticas na Educação da criança”. Será citado, no Trabalho, o nome da
Artista e de todo material que fornecer como fotografias, portefólios, etc. E pede-se a sua
colaboração, participando em responder as perguntas que se seguem.

Participante: Artista Plástica Filipa Pontes

Temática: As Artes Plásticas na Educação da Criança

Objectivos específicos:

• Discriminar as funções dos educadores e professores na educação da criança através das Artes
Plásticas

• Recolher elementos que nos permitam identificar percepções sobre a influência das artes na
educação da criança

• Identificar o modo com que as Artes Plásticas são tratadas para a condução da educação da
criança

Parte I

Principais questões:

1. Qual é a origem da Artista e sua formação?

2. Como define as Artes Plásticas?

3. No seu ponto de vista, o que é o Desenho e a Pintura?


4. Fale do seu Trabalho com as Crianças.

a) Como surgiu o interesse de aliar trabalho das Artes Plásticas com as crianças?

5. Diga quais estratégias de trabalho utiliza com as Crianças e como funcionam?

6. Que papeis têm as Artes Plásticas na vida das Crianças?

7. Perante o processo de criação plástica da criança, que deveres e não deveres acha que os
educadores têm?

8. Qual é o seu ponto de vista perante a tendência dos adultos de avaliar os Desenhos das
crianças?

9. O que realmente importa; o processo criativo (o conjunto de experiências que ela vai
adquirindo) ou o produto final (Desenho, Pintura, etc.)? Justifique?

10. Diga que implicâncias têm a correcção dos Desenhos das Crianças, sugestões impostas para a
condução desta actividade?

Parte II

1. Comente a seguinte situação:

“ John Dewey, defensor da aprendizagem por experiência, para ele a utilidade da arte se encontra
em sua finalidade educativa sendo o caminho natural da experiência estética” (Dewey, 1949).

Este autor se opunha a rigidez do ensino de Desenho da escola tradicional e a livre expressão
pura e simples.

“Herber Read, defensor da expressão”. Para Read a actividade de expressão pessoal não seria
passível de ser ensinada, podendo qualquer intervenção externa gerar inibições e frustrações. O
professor deveria ser um “ auxiliar, guia, inspirador, parteira psíquica” (Read, 1982).

Ambos tinham em comum o facto de dar maior importância a criança, seu processo de criação e
não o produto final.

Porém Dewey não acreditava no carácter nocivo das informações teóricas e obras-de-arte pois
achava impossível preserva-las de tais influências, enquanto Read defendia que a criança deve se
expressar livremente sem ser influenciada para que não se perca o seu íntimo.
ANEXO 1 – Transcrição da entrevista à uma Criança

ZR 5º 5 anos género masculino

Pesquisador: 1. Já ouviste falar de Desenho e Pintura?


ZR 5º: Já ouvi nos bonecos. Já vi em desenhos
Pesquisador: 2. Onde ouviu falar do Desenho e da Pintura?
ZR 5º: Na escola, Quando estamos a pintar
Pesquisador: 3. Diga como as tuas educadoras costumam falar destas actividades?
ZR 5º: Diz não podemos sujar ao pintar
Pesquisador: 4. E em tua casa, tens brincado de desenhar? Onde?
ZR 5º: Sim. No papel: no quarto ou na sala.
Pesquisador: 5. O que tu desenhas ou pintas?
ZR 5º: Eu desenho Mãe e Pai; carro, uma casa; passarinho; cachorros, gatinhos
Pesquisador: 6. Como te sentes ao desenhar ou pintar?
ZR 5º: Muito bem
Pesquisador: 7. Preferes desenhar ou pintar? Porquê?
ZR 5º: Pinto e desenho. Quando os meus primos estão na minha casa desenho, eles me dão lápis,
fazemos a e i o u, e fazemos muita coisa
Pesquisador: 8. O que gostas de falar com teus colegas ao desenhar?
ZR 5º: Falo sobre comida, cantamos.
Pesquisador: 9. O que faz quando o colega, pinta o seu Desenho?
ZR 5º: Dizia, não mexe. Se não podem deixar os bebés fazer “manhoconhoco”
Pesquisador: 10. O que gosta mais entre o desenho final e o acto de desenhar?
ZR 5º: Desenho acabado
Pesquisador: 11. Se não tens papel e lápis, onde desenhas?
ZR 5º: No livro. Pedo livro a minha Mãe e começo a pintar
ANEXO 2 – Transcrição da entrevista à um Professor

P1 Género Feminino

Pesquisador: 1. O que entende por Desenho e Pintura?

P1: Ya… Sei lá! Acho que é expressão (…) aquilo que vem a alma, o que a pessoa exprime.

Pesquisador: 2. Ao longo da sua prática profissional sempre ouviu falar de Desenho e


Pintura? Como é que implementa na sala de aula essas actividades?

P1: Sim. Nós implementamos o quê? - Aquilo que nós damos que são as actividades. Emhh!
Tentamos conciliar com a Pintura.
Então, nestas actividades o que é que vai ajudar? - Vai ajudar a criança a conhecer, a aperfeiçoar
a área psicomotora, e vai ajudar a criança também no conhecimento.

Pesquisador: 3. Actualmente, promove a educação através das Artes Plásticas? Se sim,


Como?

P1: A criança começa a usar a mão, desenvolvendo a área psico-motora.

Pesquisador: 4. Comente a seguinte ideia: a prática do Desenho e da Pintura influencia no


desenvolvimento das crianças.

P1: Por exemplo o a, tu dizes pinta o a minúsculo e A maiúsculo, então a criança vai fixando o a
e com facilidade, quando pinta as letras. Eles fixam com muita facilidade.

Pesquisador: 5. Qual é o seu ponto de vista em relação educação da criança através das
Artes Plásticas?

P1: Eu acho que a Arte tem mais pontos positivos que negativos néh. Negativos por acaso não
consigo ver mas positivos são muitos.
Talvez os negativos, seriam quando mandamos a criança pintar e é ali onde podemos estudar que
tipo de criança é; se a criança está passar por problemas uhm…
“ Não sei se o professor já notou os desenhos da CE 5º. Ela faz uma casa, e põe ela e o irmão, o
Pai e a Mãe e tu vês que é uma coisa que ela deseja. Tu vês que o que ela mais quer é estar com
os Pais, e quando vê os Pais Juntos ela fica muito feliz”
Talvez o ponto negativo da Pintura é aquela expressão que a criança mostra; se é uma criança
agressiva tu vais ver na sua Pintura. Ela mostra aquela agressividade na Pintura.
Mesmo quando a criança é problemática, tu vês a criança carregando muito o lápis, então é essa
parte talvez negativa que eu vejo na Pintura mas que acaba não sendo negativa porque para os
Psicólogos, por exemplo: acaba ajudando a encaminhar a criança.
Outro ponto positivo é que a Pintura ajuda muito para conhecimento néh… e para a melhoria da
própria criança.

Pesquisador: 6. Enumere algumas estratégias que considerem pertinentes para educar as


crianças.

P1: … Emh! Eu penso que ooh… têm outros tipos de estratégias mesmo (...)
Temos a pintura; ehh. Como que chama, como é que chama, aquelas coisas de… Montagem néh,
Modelagem. A modelagem é muito importante também tanto na Matemática, como na área
Psico-motora da criança, temos também a própria música, e cantar, dançar também ajuda néh. A
colagem também.

Pesquisador: 7. Qual é o papel dos pais na condução da educação da criança?

P1: Hummm. Ehehhe! Ai, se não acabo falando muito. Mas eles têm um papel importante.
Alguns Pais não notam tanto o seu desenvolvimento. Pronto, se eles não acompanham nós
também fizemos essa luta. Há muitos Pais que chamas, e ele vê o desenho e: Ihh, quem fez isso?
Mas há aqueles Pais que acompanham o desenvolvimento, isso pra mim é muito importante por
que quando ele chega e diz: epah! A minha filha está a dizer um palavrão. Nós ficamos
preocupados, e sabemos que a segunda vez que ela disser o palavrão o Pai há-de vir. Agora para
aquele Pai que não se preocupa acaba também influenciando-nos mal.
O Pai não deve, largar a criança na creshe e lavar as suas mãos. É preciso que eles acompanhem a
educação da criança a partir de casa. Não deixar toda a educação nas mãos das Educadoras.

Pesquisador: 8. Quais são os deveres dos Pais, educadores e professores na educação, das
crianças, através das Artes Plásticas (Desenho e Pintura)?

P1: Cuidar, acompanhar a educação da Criança em casa, ver o seu desenvolvimento, e não largar
para Creshe.

Pesquisador: 9. Diga que implicância tem a correcção dos Desenhos das Criança, e sugestões
para a condução desta actividade.

P1: Até podem trazer implicâncias negativas; mesmo nós as vezes falhamos, inclusive eu não
estou preparada para isso. Por exemplo: eu chego ali e digo: ah! Que desenho mais bonito, então
a outra criança sente-se retraída. Tem implicâncias, e Psicológicas muito grandes.
Torna-me difícil as vezes, por que há crianças que quando tu dizes assim: o Teu desenho tá feio,
ele tenta fazer o melhor. Digo isso por causa da VR 5º; quando tu dizes que isso não esta bem, ela
parece que gosta e tenta fazer o melhor mas há crianças que quando tu dizes isso não está bem se
sente mal.
As vezes agente tenta comparar, e isso tem implicações e podem ser negativas, como positivas
acho que dependendo da própria criança.
ANEXO 3 – Transcrição da entrevista à Artista Filipa Pontes

Local de realização da entrevista: Gmail, correio electrónico


Data da Entrevista: Maio de 2014

Foi feita uma solicitação de autorização para usar-se citar-se o nome da entrevistada para a qual
obteve-se uma resposta positiva. Deu-se início à entrevista contextualizando o estudo e
informando, novamente, que os dados recolhidos se destinam única e exclusivamente a serem
utilizados no âmbito da investigação.

Participante: Artista Plástica Filipa Pontes


Formação: Licenciada em Design e Tecnologias Gráficas e pós-graduação em Ilustração
Criativa
Temática: As Artes Plásticas na Educação da Criança
Objectivos específicos:
• Tecer uma análise sobre a forma pela qual as artes plásticas são tratadas para a condução da
educação da criança;
• Descrever os deveres dos educadores e professores na educação, das crianças, através das artes
plásticas
• Reunir informações que exponham o modo com que as artes plásticas influenciam na educação
da criança;

Parte I
Principais questões:
Pesquisador: Qual é a origem da Artista e sua formação?
dra. Filipa: Sou Portuguesa (Beja 1978), licenciada em Design e Tecnologias Gráficas e pós-
graduação em Ilustração Criativa
Pesquisador: Como define as Artes Plásticas?
dra. Filipa: Conjunto de práticas artísticas nas áreas da pintura, desenho, escultura, gravura,
serigrafia, fotografia. Hoje em dia com a introdução das novas tecnologias, que permitiram uma
hibridização dos modos de fazer artístico, faz mais sentido falar de Artes Visuais as quais
passam a incluir a videoart, a instalação, a performance e outras formas de apresentação
artística.
Pesquisador: No seu ponto de vista, o que é o Desenho e a Pintura?
dra. Filipa: São formas de expressão de ideias através da tinta

Pesquisador: Fale do seu Trabalho com as Crianças. Como surgiu o interesse de aliar trabalho
das artes plásticas com as crianças?

dra. Filipa: Comecei a trabalhar com crianças em 2003 quando ainda era estudante. Apesar de
estudar Design sempre produzi trabalhos na área do desenho e ilustração. Surgiu oportunidade
de dirigir um atelier plástico com crianças de meios desfavorecidos em regime de voluntariado
em colaboração com sociólogos e educadores. Esse foi o momento para começar a criar
programas onde o desenho pudesse ser uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal da
criança.

Pesquisador: Diga quais estratégias de trabalho utiliza com as Crianças e como funcionam?

dra. Filipa: Ao trabalhar com as crianças ( e os programas dependem muito das idades) tenho
como principal objetivo desenvolver a criatividade e a expressão individual através de exercícios
que exploram a capacidade critica, incentivando as escolhas pessoais. Sempre começo as
sessões através de uma pequena conversa que faz desafiar a imaginação e desinibe a
expressividade, depois trabalho o tema através de um exercício prático que propõe uma reflexão
sobre o que estivemos a conversar, através do desenho e ou pintura.

Pesquisador: Que papeis têm as Artes Plásticas na vida das Crianças?

dra. Filipa: São uma forma livre de explorar a imaginação e um meio de exprimir sentimentos,
sensações, dúvidas, constrangimentos etc que ainda não são possíveis através da linguagem
oral.

Pesquisador: Perante o processo de criação plástica da criança, que deveres e não deveres acha
que os educadores têm?

dra. Filipa: Os educadores devem dirigir, observar e auxiliar as crianças no sentido de


alcançarem os objetivos propostos pelos programas respeitando o processo de desenvolvimento
de cada criança. Os educadores não devem sobrevalorizar ou desvalorizar formas de expressão.

Pesquisador: Qual é o seu ponto de vista perante a tendência dos adultos de avaliar os desenhos
das crianças?

dra. Filipa: Os desenhos podem constituir um elemento de avaliação sobre o desenvolvimento


cognitivo da criança.

Pesquisador: O que realmente importa; o processo criativo (o conjunto de experiência que ela
vai adquirindo) ou o produto final (desenho, pintura, etc)? Justifique?
dra. Filipa: É o processo criativo que conduz ao resultado final. A evolução através das
experiências tal como os estímulos exteriores fazem com que os resultados se vão modificando
consoante a idade num processo de ensino-aprendizagem.

Pesquisador: Diga que implicâncias têm a correcçãodos Desenhos das Crianças, sugestões
impostas para a condução desta actividade?

dra. Filipa: Penso que não se devem fazer correções mas sim pedir a criança que explique e
defenda o que acaba de desenhar (consciencialização do processo criativo individual)

Parte II

Pesquisador: Comente a seguinte situação:


“John Dewey, defensor da aprendizagem por experiência, para ele a utilidade da arte se encontra
em sua finalidade educativa sendo o caminho natural da experiência estética”(Dewey, 1949). Este
autor se opunha arigidez do ensino de desenho da escola tradicional e a livre expressao pura e
simples.
“HerberRead, defensor da expressão”. Para Read a atividade de expressão pessoal não seria
passível de ser ensinada, podendo qualquer intervenção externa gerar inibições e frustrações. O
professor deveria ser um “ auxiliar, guia, inspirador, parteira psiquica”(Read, 1982). Ambos
tinham em comum o facto de dar maior importância a criança, seu processo de criação e não o
produto final.
Porém Dewey não acreditava no carácter nocivodas informações teóricas e obras-de-arte pois
achava impossível preserva-las de tais influências, enquanto que Read defendia que a criança
deve se expressar livremente sem ser influenciada para que não se perca o seu íntimo.
dra. Filipa: Qualquer desenho é o resultado de um processo de transformação das experiências
vividas materializadas numa linguagem visual. Todo o ser é influenciado pelo que o rodeia,
pelo contexto das experiências e pela educação, neste sentido a expressão livre é de certa forma
naturalmente condicionada. No processo de ensino-aprendizagem o que me parece fazer mais
sentido é direcionar/conduzir as experiências, para que cada criança possa descobrir a sua
forma própria de se expressar.
ANEXO 4 - Grelha de Análise de Conteúdo das Crianças

Categorias Sub- Unidades de Registo


Categorias

Noção de Já ouvi falar


Desenho e “ Sim.” ( CE 5º)
Pintura “Sim. “Abanando a cabeça para cima e para baixo” (EL 5º)
“Sim.” (EV 3º)
“Sim.” (KR 5º)
“Sim. “Abanando a cabeça para cima e para baixo” (LD 3º)
“Sim. Abanando a cabeça positivamente” (LS 4º)
“Não.
“Tendo repetido a questão. Ela respondeu: - Sim” (NC 5º)
“ Sim”(SW 3º)
“Sim”(TK4º)
“Sim.” (VC 5º)
“Já ouvi nos bonecos. Já vi em desenhos”(ZR 5º)
Nunca ouvi falar
Onde ouviu
falar? “ Na escola. Meu Irmão”( CE 5º)
“Em casa.” (EL 5º)
“Na escolinha, Aqui.” (EV 3º)
“Na África do Sul, e em casa” (KR 5º)
“Na minha casa. É Mãe (…)” (LD 3º)
“Em casa … da minha avó (…) em casa do meu Pai!” (LS 4º)
“Aqui.”(NC 5º)
“Na escolinha”(SW 3º)
“Aqui.”(TK4º)
“Em casa, pela minha Mãe.” (VC 5º)
“Na escola, Quando estamos a pintar”(ZR 5º)
Actividade das Como as tuas
Artes Plásticas educadoras “ Elas falam muitas coisas.”( CE 5º)
Na academia e costumam falar “Dizem: quando acabar de pintar pode pintar outra cor (...). Tem azul, vermelho, amarelo, verde, ihh Azul” (EL 5º)
em casa destas “Pinto no papel … pinto peixe” (EV 3º)
actividades? “Diz faz desenhos; diz é para pintar” (KR 5º)
“ Diz para não fazer barulho. Ahm… mas nada” (LD 3º)
“Diz prá nós não falarmos. Ahhh (…) nós pintarmos, pra nós arrumarmos cadeiras” (LS 4º)
“Não sei”(NC 5º)
“Diz Pa pintar; pa pintar com castanho”(SW 3º)
“Ooh! Eu não sei”(TK4º)
“Me mandam com os meus amigos para ir pintar; Também podemos escrever no caderno; também desenhar e
pintar.” (VC 5º)

“Diz não podemos sujar ao pintar”(ZR 5º)


Tem brincado de .
Pintar, em casa “Sim. No papel” (CE 5º)

“Sim. No caderno para pintar (…) lápis de cor, posso pintar.
Eu posso escolher lápis de cor, deixar outro depois quando acabar de pintar posso levar outro” (EL 5º)
“Não. Tendo brinquedo, minha mana tem boneca dela” (EV 3º)
“Sim. Nos cadernos” (KR 5º)
“ Sim!” (LD 3º)
“Tenho livro para escrever; e papel para desenhar.” (LS 4º)
“Sim. Mãe comprou livro de pintura para eu pintar”(NC 5º)
“Não. Abanando a cabeça negativamente” (SW 3º)
“Sim. Na parede. Quando eu venho na escolinha meu pai não me bate por pintar na parede”(TK4º)
“Não. Só brinco com brinquedos dos meus irmãos”(VC 5º)
“Sim. No papel: no quarto ou na sala.”(ZR 5º)

Temática dos O que tu “Casa, pessoas, planta, família.” (CE 5º)


desenhas?
Desenhos Livres “Macaco! Casa e mais passarinho, casa de passarinho, fazer porta de passarinho.” (EL 5º)
“Eu? Gosto de desenharii… meu nome é (…) peixe; mas galinha.” (EV 3º)
“ Palhaço, mosquito, pessoa, menina palhaça, chocolate, doce, chuinga mais chupa-chupa, mais
plasticina, mais sorvete.” (KR 5º)
” Desenhar (…) menino, rapaz (…) menino mas rapaz” (LD 3º)
“Gosto de desenhar crocodilo … ahm. Gosto de fazer nome, umh …” (LS 4º)
“Yellow Kit, Barbie (…) eu gosto de desenhar uma história” (NC 5º)
“Desenho; Tom e Jerry; gatinho …”(SW 3º)
“Eu? Desenho barco, casa, e mais outra casa”(TK4º)
“Meus irmãos, meus Pais, também gosto de estudar. Não sei desenhar árvores nem casa.” (VC 5º)
“Eu desenho Mãe e Pai; carro, uma casa; passarinho; cachorros, gatinhos” (ZR 5º)

Estado da alma Como te sentes “ Bem. Feliz” (CE 5º)


ao desenhar e
ao desenhar ou “Sento bem” (EL 5º)
pintar? “ Sozinha ” (EV 3º)
pintar Prefência “ Sinto bem.” (KR 5º)
entre as “Sinto feliz” (LD 3º)
“Sinto bem, sinto bem … bem bem bem” (LS 4º)
actividades, “Eu? (…) Fico bem!”(NC 5º)
“Sinto bem!”(SW 3º)
“Ooh! Eu não sei”(TK4º)
“Bem”(VC 5º)
“Muito bem” (ZR 5º)

Preferes “Pintar. Gosto de misturar as cores” (CE 5º)


desenhar ou “Pintar. Eu pinto, quando minha Mãe zanga; eu levo caderno para pintar, levo cadeira sentar bem.” (EL 5º)
pintar? “Pintar. Porque minha mãe …” (EV 3º)
“ Pintar palhaço. Porque gosto de brincar com palhaço .” (KR 5º)
“ Eu prefiro pintar e desenhar” (LD 3º)
“Desenhar. Porque eu gosto” (LS 4º)
“Eu? (…) Prefiro desenhar”(NC 5º)
“Pintar.”(SW 3º)
“Gosto de pintar. Porque eu também gosto de pintar na minha casa.”(TK4º)
“Desenhar e pintar, gosto das duas coisas. Não sei” (VC 5º)
“Pinto e desenho. Quando os meus primos estão na minha casa desenho, eles me dão lápis, fazemos a e i o u, e
fazemos muita coisa”(ZR 5º)

Gosto pelo “O desenho final” (CE 5º)


desenho final ou
“Desenho enquanto já acabou” (EL 5º)
do acto de
desenhar “Gosto de pintar, também de desenhar” (EV 3º)
“ Gosto do desenho enquanto acabou ” (KR 5º)
“De Desenhar”(LD 3º)
“Meu Pai e Minha Mãe gostam do meu Desenho” (LS 4º)
“Eu? (…) pra mim gosto de pintar”(NC 5º)
“Gosto de desenhar”(SW 3º)
“O desenho quando eu acabei”(TK4º)
“Desenho que já acabou.”(VC 5º)
“Desenho acabado” (ZR 5º)

Atitudes e falas “Falo dos meus pais, meu irmão.” (CE 5º)
Compartilha dos “Dizer: Mãe, eu quero comer banana, depois levou chamussa para comer…” (EL 5º)
durante o acto sentimentos com
os colegas ao “Eu? Falo com tia Odete” (EV 3º)
de Desenhar e “ Gosto de falar de Bolo, chocolate, morango.” (KR 5º)
desenhar
Pintar “Gosto de falari uhmmm. Não gosto de falar nada”(LD 3º)
“Meus colegas andam a me bater e andam a gritar comigo”(LS 4º)
“Eu? Fico, quieta sem falar com ninguém”(NC 5º)
“Sim. Fala de mamã e papá”(SW 3º)
“Gosto de … ooh! Não sei”(TK4º)
“Gosto de falar mas também gosto de dormir.”(VC 5º)
“Falo sobre comida, cantamos.”(ZR 5º)

O que faria se “Ficaria zangada.” (CE 5º)


um colega fosse “Ele pode escrever, uhmmm… pode pintar, escrever.” (EL 5º)
mexer o teu “Eu não Queixo.” (EV 3º)
desenho? “Ficaria zangada”(KR 5º)
“…” (LD 3º)
“…” (LS 4º)
“Eu? Ah! Não faz isso”(NC 5º)
“Não vou levar para minha casa”(SW 3º)
“Ia … Ooh!”(TK4º)
“Nada.” (VC 5º)
“Dizia, não mexe. Se não podem deixar os bebés fazer “manhoconhoco” (ZR 5º)
Suportes do Se não tens papel “No caderno.” (CE 5º)
desenho e lápis, onde “Eu posso escrever no papel, e mais no quadro (…)”(EL 5º)
desenhas? “ Dentro da galinha”(EV 3º)
“ Tem caneta eh! Sim, é da minha mãe”(KR 5º)
“Na carteira” (LD 3º)
“Papel”(LS 4º)
“Eu? (…) não tenho papel: se não tem mais papel na escola levo meu caderno de casa, mas lápis”(NC 5º)
“No caderno.” (SW 3º)
“Nos cadernos e na parede”(TK4º)
“Não. Meu Avó não me deixa. Não gosto de desenhar na parede.” (VC 5º)
“No livro. Pedo livro a minha Mãe e começo a pintar”(ZR 5º)
ANEXO 5 - Grelha de Análise de Conteúdo dos Professores

Categorias Sub- Indicadores Unidades de Registo P1 E1 E2 Frequência de Ocorência


Categorias

A. Noção de A.1. Âmbito A.1.1. Conceito 3 3


Artes das Artes amplo do Desenho e “Desenho e Pintura são formas de ensinar as crianças e 1
Plásticas Plásticas Pintura que ajudam na Escrita”(E1)

“É uma arte. E faz parte do desenvolvimento da 1


criança”(E2)

“Ya… Sei lá! Acho que é expressão … aquilo que vem a 1


alma, o que a pessoa exprime.” (P1)

B. A aliança B.1. B.1.1. Programas 6 3


Estratégias de visando desenvolver a “(…)Naquelas que não sabem pintar ensinamos a
entre o
Trabalho criatividade e a picotar, aprendendo assim elas a pegar o Lápis. (E1) 2
Trabalho expressão Individual. Promove a educação através das artes plásticas
“Ensinando a Pintar e Desenhar”(E1)
das artes
“(…) Primeiro motivamos, explicamos as actividades das
plásticas crianças. Por ex: Se formos a ver desenho e pintura”
(E2) 2
com
“Organizamos as crianças e começamos a trabalhar.
crianças Podemos trabalhar com tintas por exemplo”(E2)
“Sim. Nós implementamos o quê? - Aquilo que nós damos
que é as actividades. Emhh! Tentamos conciliar com a
pintura.
Então, nestas actividades o que é que vai ajudar? - Vai
ajudar a criança a conhecer, a a a aperfeiçoar o 2
psicomotor, e vai ajudar a criança também no
conhecimento” (P1)
“… Emh! Eu penso que … têm outros tipos de estratégias
(...)
Temos a pintura; ehh! (…), aquelas coisas de Montagem
néh, Modelagem. É muito importante também a
modelagem tanto na Matemática, como na Psico-motor,
temos também a própria música, e cantar, dançar
também ajuda néh. A colagem também.” (P1)

C. Prática C.1. O papel C.1.1. Valores e 5 3


das Artes atitudes específicas “Influencia porque é onde ela ganha o gosto de 1
das artes
plásticas na aprender”(E1)
plásticas vida das
crianças “Porque assim do nada eles não são capazes. Ajudamos
(Desenho e
a practicar através do desenho
Pintura) E o desenho acelera o processo de aprendizagem da 1
escrit”(E2)
para a
educação da “Pontos negativos, eu não sei. Eu acho que pra mim a
Arte tem mais pontos positivos que negativos néh. (…)
criança.
Talvez os negativos, onde que eu vejo talvez quando
mandamos a criança pintar e é ali onde podemos estudar
que tipo de criança é; se a criança está passar por
problemas uhm…”(P1) 2

“Talvez a negativa da pintura é aquela expressão que a


criança mostra; se é uma criança agressiva tu vais ver na
pintura. Ela mostra aquela agressividade na pintura.
Mesmo quando a criança é problemática, tu vês a criança
… ela carrega muito (…), mas por exemplo para os
Psicólogos: acaba ajudando a encaminhar a criança.
Mas positivas porque ajuda muito para o conhecimento
néh… e para a melhoria da própria criança.” (P1)

C.2. C.2.1. Deveres e não 6 3


Posicionament Deveres dos “Para os Pais ajudarem na educação das crianças tem o
o dos educadores papel de ensinar o que é bom ou não é bom, e a ter
educadores no respeito. Procurar saber o que aprenderam na 2
processo de Escola”(E1)
criação “Quando estiverem a ajudar, tem que estar perto, para
plástica das orientar o processo
crianças Em casa, podem dar um papel e lápis, lápis de cor para
que elas pintem”(E1)

“É de se preocupar com ela, saber os motivos da sua


zanga se for o caso, e se ela estiver certa ou errada
conduzi-la à saber o que é certo ou errado.
Ajudar no desenvolvimento da criança”(E2)
“Falar com o Professor, procurando saber como 2
decorrem certas actividades para poder dar a criança, lá
em casa, e orienta-la na actividade”(E2)

“Hummm. Ehehhe! (…) Alguns Pais não notam tanto o


seu desenvolvimento. Pronto, se eles não acompanham
nós também fizemos essa luta. Há muitos Pais que
chamas, e ele vê, o desenho e: Ihh, quem fez isso?
Mas há aqueles Pais que acompanham o
desenvolvimento, isso pra mim é muito importante por
que quando ele chega e diz: epah! A minha filha está a
dizer um palavrão. Nós ficamos preocupados, e sabemos
que a segunda vez que ela disser o palavrão o Pai há-de
vir. Agora para aquele Pai que não se preocupa acaba
também influenciando-nos mal.
O Pai não deve, largar a criança na creshe e lavar as 2
suas mãos.”(P1)
“Cuidar, acompanhar a educação da Criança em casa,
ver o seu desenvolvimento, e não largar para Creshe.”
(P1)

C.2.2. Implicação das “Algumas dificilmente compreendem o trabalho que lhes 4 3


correcções dos foi dado. A criança pode ficar triste no momento, mas é
desenhos das crianças na escola onde, quando o Professor diz Não ela tem que
aprender a obedecer. Porque se aceitarmos tudo o que
ela quiser, ela fará tudo estando certa ou errada e nós 1
temos que orientar e dirigi-la no caminho certo para ela
aprender.” (E1)

“Depende. É que há dias em que querem mostrar os


desenhos aos pais em casa; se colocar-se certo no
desenho é provavel que fique feliz, e se se colocar errado
no dessenho ela ficaria triste.
Mas nós não costumamos colocar correcções no desenho, 1
se não ela vai meter na cabeça que o seu desenho é feio.”
(E2)

“Até podem trazer implicâncias negativas; mesmo nós as


vezes falhamos (...) Por exemplo: eu chego ali e digo: ah!
Que desenho mais bonito, então a outra criança sente-se
retraída. Tem implicâncias, e Psicológicas muito
grandes”. (P1) 2
“Um dia eu estava a elogiar e disse: estão a ver a VRº 5º
fez coisas bonitas, então no outro dia a CE 5º disse-me:
Espero que eu tenha feito bem porque agora em tudo a
Professora diz que é a VR 5º que faz bem. E então, eu
senti” (P1)
ANEXO 6 - Grelha de Análise de Conteúdo da Artista Filipa Pontes

Categorias Sub- Indicadores Unidades de Registo


Categorias
A. Noção de A.1. Âmbito A.1.1. Conceitos “Conjunto de práticas artísticas nas áreas da pintura,
Artes das Artes Distintos desenho, escultura, gravura, serigrafia, fotografia” (FP)
Plásticas Plásticas

A.1.2. Artes Plásticas " Hoje em dia (…), faz mais sentido falar de Artes Visuais
sinónimo de Artes as quais passam a incluir a videoart, a instalação, a
Visuais performance e outras formas de apresentação artística”
(FP)

A.1.3. Conceito “São formas de expressão de ideias através da tinta”(FP)


amplo do Desenho e
Pintura

B. A aliança B.1. O B.1.1. Criação de


entre o momento do Programas “Comecei a trabalhar com crianças em 2003 quando
Trabalho das seu Início ainda era estudante(…). Surgiu oportunidade de dirigir
artes um atelier plástico com crianças de meios desfavorecidos
plásticas em regime de voluntariado em colaboração com
com crianças sociólogos e educadores. Esse foi o momento para
começar a criar programas onde o desenho pudesse ser
uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal da
criança”.(FP)

B.2. Estratégias B.2.1. Programas


de Trabalho visando desenvolver
a criatividade e a
expressão Individual.

C. Prática C.1. O papel C.1.1. Valores e


das Artes atitudes específicas “ São uma forma livre de explorar a imaginação e um
das artes
plásticas na meio de exprimir sentimentos, sensações, dúvidas,
plásticas vida das constrangimentos etc que ainda não são possíveis através
crianças da linguagem oral”.(FP)
(Desenho e
Pintura) para
a educação
da criança.
C.2. C.2.1. Deveres e não
Posicionamento Deveres dos “ Os educadores devem dirigir, observar e auxiliar as
dos educadores educadores crianças no sentido de alcançarem os objetivos propostos
no processo de pelos programas respeitando o processo de
criação plástica desenvolvimento de cada criança. Os educadores não
das crianças devem sobrevalorizar ou desvalorizar formas de
expressão”(FP)
C.2.2. Avaliação dos
Trabalhos da Criança “ Os desenhos podem constituir um elemento de avaliação
sobre o desenvolvimento cognitivo da criança”(FP)

C.2.3. Processo “ É o processo criativo que conduz ao resultado final. A


Criativo VS Produto evolução através das experiências tal como os estímulos
final exteriores fazem com que os resultados se vão modificando
consoante a idade num processo de ensino-
aprendizagem.”(FP)
C.2.4. Implicação das
Correcções dos “ Penso que não se devem fazer correções mas sim pedir a
desenhos da Criança criança que explique e defenda o que acaba de desenhar
(consciencialização do processo criativo individual)”(FP)

D. Os Ideiais D.1. D.1.1. Experiência e “ Qualquer desenho é o resultado de um processo de


de Dewey e Comentário Expressão Livre transformação das experiências vividas materializadas
de Read sobre os ideiais numa linguagem visual. Todo o ser é influenciado pelo
defendidos por que o rodeia, pelo contexto das experiências e pela
Dewey e os de educação, neste sentido a expressão livre é de certa forma
Read naturalmente condicionada. No processo de ensino-
aprendizagem o que me parece fazer mais sentido é
direcionar/conduzir as experiências, para que cada
criança possa descobrir a sua forma própria de se
expressar.”(FP)

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