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2012
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. Francisco Ponciano Vieira
709.81
V658a Vieira, Francisco Ponciano
Arte brasileira / Francisco Ponciano Vieira e Carla Carvalho.
Indaial : Uniasselvi, 2012.
218 p. : il
1. Arte brasileira.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
É importante considerar que seu curso é uma licenciatura, por isso sua
formação precisa ter foco na ação do professor, entendendo que a docência em
arte se constitui uma profissão complexa. Pensamos assim, pois ao professor
de arte é necessário compreender os processos técnicos, culturais e históricos
da arte, além de compreender como os seres humanos se relacionam com
a arte. Nesse sentido, este Caderno de Estudos relacionará os conteúdos
históricos às reflexões acerca do ensino da arte.
III
Desejamos a você uma boa viagem pela Arte Brasileira. Acreditamos
que, à medida que você conhecer um pouco mais sobre a história da Arte
Brasileira, estará conhecendo mais sobre sua história, seu jeito de ver e pensar
sobre o Brasil e, nesse processo, sobre você mesmo.
Vamos começar!
UNI
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL ............................................................. 1
VII
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 INÍCIO DA ARTE COLONIAL ......................................................................................................... 56
3 AS FORTIFICAÇÕES ........................................................................................................................... 59
4 AS CONSTRUÇÕES RELIGIOSAS .................................................................................................. 61
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 66
VIII
4 ECLETISMO .......................................................................................................................................... 139
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 143
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 145
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 146
IX
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto(a) a:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles,
você encontrará atividades que o(a) levarão a exercitar os conhecimentos
adquiridos.
TÓPICO 1 – A PRÉ-HISTÓRIA
Assista ao vídeo
desta unidade.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
A PRÉ-HISTÓRIA
1 INTRODUÇÃO
Afinal, por que estou iniciando nosso texto falando sobre isso?
UNI
2 PERÍODO PRÉ-HISTÓRICO
Percebendo a história da humanidade, verifica-se que, já em tempos
remotos, os povos da pré-história, mesmo sem conhecer a escrita, retratavam os
acontecimentos através de inscrições rupestres.
Sabemos que não foi com a intenção de “fazer obra de arte” que o
homem da idade da pedra pintou ou modelou com as próprias mãos,
formas naturais, mas, sim, para assegurar a reprodução da caça, atraí-la
às armadilhas, ou ainda para se apoderar da força dos animais ferozes;
o artista primitivo era um feiticeiro cujos desenhos tinham um valor
encantatório, e se ele dedicava tanta atenção à verdade viva era para
dar às formas o maior valor de reprodução possível, transmitindo-lhes
a virtude da própria criatura. (BAZIM, 1976, p. 9).
FONTE: TIRAPELI, Percival. Arte FONTE: TIRAPELI, Percival. Arte Brasileira: arte
Brasileira: arte indígena do pré- indígena do pré-colonial à contemporânea.
colonial à contemporânea. São Paulo: São Paulo: Nacional, 2007. p. 13.
Nacional, 2007. p. 12.
5
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
UNI
E
IMPORTANT
FONTE: PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2006. p. 12.
UNI
Segundo a obra de Calabria e Martins (1997, p.16), para pintar, o homem pré-
histórico “produzia suas tintas misturando terra (geralmente avermelhada por ser
rica em minérios) com carvão, sangue e gorduras de animais.” Também utilizava
as mãos e, possivelmente, outros artefatos como pincéis rudimentares (como tocos
de madeira, osso), “conforme alguns objetos encontrados por arqueólogos.”
8
TÓPICO 1 | A PRÉ-HISTÓRIA
9
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
UNI
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TÓPICO 1 | A PRÉ-HISTÓRIA
FIGURA 9 – LUZIA
3 – Novo México. O modelo “Clóvis first” (Clóvis primeiro) diz que tribos com
características mongoloides atravessaram o estreito de Bering há, no máximo,
12 mil anos. A primeira cultura identificada nessa leva é a do sítio arqueológico
de Clóvis, no Novo México, que produziu pontas de lança características.
FONTE: Adaptado de: LOPES, José Reinaldo. O antropólogo em busca do inesperado. Disponível
em: <http:// www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u219.shtml>. Acesso em: 23 maio 2008.
11
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
UNI
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TÓPICO 1 | A PRÉ-HISTÓRIA
1 – Lapa Vermelha, Minas Gerais. Luzia foi identificada nesse sítio arqueológico
em 1975. É o mais antigo crânio humano conhecido em todo o continente
americano.
3 – Vale do Peruaçu, Minas Gerais. Conta com pinturas rupestres datadas entre 11
mil e 12 mil anos, algumas com três cores e desenhos elaborados.
4 – Monte Alegre, Pará. Nessa região, foram encontrados em 1996 os mais antigos
artefatos e pinturas já vistos na Amazônia.
7 – Rio Uruguai, Rio Grande do Sul. Sítio arqueológico localizado nos anos 80 com
restos de ferramentas de pedra e animais já extintos.
TURO S
ESTUDOS FU
LEITURA COMPLEMENTAR
Graça Proença
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes conteúdos
acerca dos primórdios da Arte Brasileira. Veja, a seguir, alguns itens:
Para a pintura, eram usados elementos naturais nos quais o homem primitivo
imprimia, nas paredes das rochas e cavernas, imagens que eram decalcadas. A
gravura se dava pelo processo de abrasão, ou seja, pela raspagem das pedras
deixando as formas das figuras em baixo relevo.
16
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
UNI
19
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
2 A CULTURA MARAJOARA
No período pré-cabralino, entre os séculos V e XIV, na ilha de Marajó, ao
redor do delta do Rio Amazonas, nasceu a cultura marajoara. Esta cultura se deu
através de várias tribos indígenas que ali se estabeleceram. Não se sabe ao certo a
origem destes povos, porém muitos pesquisadores apontam como sendo a junção
de grupos nômades que saíram de outros pontos das Américas, como a Central, e
que aqui se instalaram.
20
TÓPICO 2 | AS CULTURAS MARAJOARA E SANTARÉM
FONTE: ZANINI, Walter, org. História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto
Walther Moreira Salles, 1983. 2 v., il. p. 36.
FIGURA 15 – BANCO
Mas as peças que são mais conhecidas, devido a sua diversidade de formas e
texturas, são os vasos. Estes atendiam a vários propósitos, como uso doméstico (de
porte mais simples) e os cerimoniais e funerários (com decorações mais apuradas).
21
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
Segundo Graça Proença (2006, p. 90), “a cultura dessa fase sofreu um lento,
mas constante declínio, até desaparecer completamente por volta de 1350, talvez
absorvida por outros povos que chegaram à ilha. Porém, deixaram um rico legado
que conta a sua história.”
A arqueóloga brasileira Cristiana Barreto, que levou uma exposição para
o museu Britânico, no ano de 2001, intitulada Unknown Amazon ou “Amazônia
Desconhecida” desejava, com esta manifestação, derrubar mitos.
22
TÓPICO 2 | AS CULTURAS MARAJOARA E SANTARÉM
NOTA
3 CULTURA SANTARÉM
Denominou-se cultura Santarém todos os fragmentos culturais deixados
próximos à junção do Rio Tapajós com o Amazonas séculos atrás.
23
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
FONTE: ZANINI, Walter, org. História Geral da Arte no Brasil. São Paulo:
Instituto Walther Moreira Salles, 1983. 2 v., il. p. 38.
24
TÓPICO 2 | AS CULTURAS MARAJOARA E SANTARÉM
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UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
UNI
LEITURA COMPLEMENTAR
LINGUAGEM VISUAL
Denise Schaan
Iconografia e Rituais
FONTE: Adaptado de: SCHAAN, Denise. Linguagem Visual. Disponível em: <http://www.
marajoara.com/iconografia.html>. Acesso em: 23 maio 2008.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, acerca da Arte Brasileira, você teve oportunidade de estudar
os seguintes itens:
28
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
29
30
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Pesquisadores relatam que, anteriormente à chegada dos estrangeiros à
América, estima-se que aqui havia cem milhões de índios em todo o continente. No
Brasil, acredita-se que este número chegou a cinco milhões de nativos, espalhados e
divididos em muitas tribos, classificadas de acordo com os distintos troncos linguísticos
a que pertenciam. Enfim, entre estes havia uma grande diversidade cultural.
Cada povo indígena tem uma maneira própria de expressar suas obras,
por isto dizemos que não existe arte indígena e sim artes indígenas. As
artes indígenas diferem-se muito das demais produzidas em diferentes
localidades do globo, uma vez que manuseiam pigmentos, madeiras,
fibras, plumas, vegetais e outros materiais de maneira muito singular.
(DESVENDAR, 2008).
UNI
31
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
2 ARTE INDÍGENA
Os indígenas têm uma cultura vasta e nós absorvemos muito do seu legado
– a arte, na culinária, nos utensílios decorativos e na língua. Mesmo sendo uma
terra povoada por índios, a língua que prevaleceu foi a dos colonizadores lusitanos.
32
TÓPICO 3 | INFLUÊNCIAS INDÍGENAS NA ARTE
UNI
33
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
34
TÓPICO 3 | INFLUÊNCIAS INDÍGENAS NA ARTE
35
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
FONTE: PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2006. p. 92-93.
36
TÓPICO 3 | INFLUÊNCIAS INDÍGENAS NA ARTE
FONTE: PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2006. p.
90-93.
FIGURA 27 – MÁSCARAS
FONTE: ZANINI, Walter (org.). História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto
Walther Moreira Salles, 1983. 2 v., il. p. 79.
37
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
Também utilizam uma base de óleo vegetal que facilita a aplicação das
tintas, conferem vida mais longa, reavivam as cores e reluzem seus corpos.
38
TÓPICO 3 | INFLUÊNCIAS INDÍGENAS NA ARTE
UNI
LEITURA COMPLEMENTAR
ÍNDIOS DO BRASIL
Introdução
39
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados
nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras,
chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar
tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos,
resultando no pequeno número de índios que temos hoje.
Canibalismo
Religião Indígena
41
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você pôde estudar importantes aspectos da arte indígena. A
seguir, são apresentados, resumidamente, os principais itens estudados:
Os indígenas têm uma cultura vasta e nós absorvemos muito do seu legado na
arte, na culinária, nos utensílios decorativos e na língua. Mesmo sendo uma
terra povoada por índios, a língua que prevaleceu foi a do colonizador lusitano
– o português.
São muitas as manifestações, consideradas pela nossa cultura como artística, que
o índio nos legou como a arte: ceramista, do trançado, da tecelagem, plumária,
das máscaras e da pintura corporal.
42
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
43
44
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Você deve estar se perguntando: por que saber essas informações pode
contribuir com a sua formação na docência em arte. Bem, primeiramente é
relevante você, como professor de arte, compreender as relações históricas e
culturais implicadas no processo de elaboração da arte.
Nesse caso, é importante para o professor de arte ter um olhar histórico para
a produção artística. Ainda é relevante que o professor compreenda essa produção
mergulhada em seu contexto cultural, pois arte é parte da cultura humana. É
importante que você, em preparação para ser professor de arte, seja uma pessoa
com repertório artístico e cultural, para que possa articular esses conceitos com
seus alunos. Destacamos aqui, ainda, que é importante, para o professor dessa
disciplina, articular com seus alunos conceitos históricos, pois estes fazem parte
dos conceitos fundamentais para o ensino da arte na atualidade.
Nesse contexto, podemos refletir com nossos alunos que está marcada
em nós a história da humanidade que se repete. Pode-se explicar aos alunos
que só podemos hoje desenhar com o mouse de um computador porque nossos
antepassados, em algum momento, começaram a desenhar em paredes nas
cavernas. Que mágico isso, não? Você já parou para pensar o que existe de
tecnologia e desenvolvimento de linguagem entre a pintura de uma parede e um
mouse de computador? Bem, é nesse campo que estamos trabalhando.
45
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
UNI
2 A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS
Segundo a reflexão anterior, podemos considerar que a arte amplia o
desenvolvimento às experiências humanas. Esse é nosso foco de interesse. No
entanto, para que isso aconteça é importante compreender que a arte tem conteúdos
próprios e que estes precisam ser considerados no processo de planejamento de
nossas aulas.
UNI
“Arte fora sem um contexto histórico é arte sem memória”. (SMITH, 2005, p. 25)
UNI
48
TÓPICO 4 | RELAÇÕES COM O ENSINO DA ARTE
LEITURA COMPLEMENTAR
A caverna foi a casa na qual o artista se sentia seguro enquanto criava; pois
“a casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa permite sonhar em paz”,
como disse o filósofo francês Gaston Bachelard (1884-1962). Nela, pelos olhos de seu
próprio ser sensível, o artista ia concebendo o seu mundo por imagens.
Mais do que uma reprodução dos animais selvagens reais, os desenhos das
pinturas da arte rupestre nos falam da sensibilidade visual e da capacidade de
abstração do homem pré-histórico. No fazer criador de projetar imagens, o artista
pré-histórico formou imagens que, no dizer de Bachelard, “cantam a realidade”,
pois para este filósofo da criação artística, a “imaginação não é a faculdade de
formar imagens da realidade; é a faculdade de formar imagens que ultrapassam
a realidade”. São imagens poéticas que expressam sua percepção daquele mundo
orientada por sua imaginação.
Esse conhecimento, que é estético, mesmo nos parecendo hoje tão natural,
veio antes da palavra. As imagens pintadas não se referiam somente ao que era
visível naquele mundo, mas também ao invisível como instrumento de magia.
Como tal, ofereciam-se à experiência coletiva, como um modo de conhecimento a
toda a coletividade, orientando o pensamento e a ação de todos naquele mundo.
49
UNIDADE 1 | OS PRIMÓRDIOS DA ARTE NO BRASIL
FONTE: MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa e GUERRA, Maria Terezinha Telles. Didática do
ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998, p. 34-36.
50
RESUMO DO TÓPICO 4
Nesse tópico acerca do ensino da arte você teve a oportunidade de estudar
os seguintes itens:
51
AUTOATIVIDADE
52
UNIDADE 2
OS PORTUGUESES NO BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que o(a) levarão a exercitar os conhecimentos adqui-
ridos.
Assista ao vídeo
desta unidade.
53
54
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo à segunda unidade de nossa
disciplina. Nesta unidade daremos continuidade à viagem pela história da
Arte Brasileira. Conheceremos como nossa arte e nossa cultura se constituíram
diversamente, a partir das experiências trazidas pelos europeus e africanos. Esse
processo não é tranquilo, mas sim, uma complexa estrutura de embates culturais
e sociais.
A arte do período colonial brasileiro teve seu florescer no século XVI com a
instalação das primeiras vilas em que foram construídas fortificações e igrejas – já
com alguns traços deste estilo, com o intuito de resguardar a terra e manter a fé
cristã entre os colonizadores e promover a catequização dos aborígenes.
55
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
UNI
É preciso salientar que alguns autores citam que houve uma arte baseada no
estilo Rococó no período do Brasil colônia. Outros apontam que o Rococó surgiu como um
desdobramento do Barroco. Assim como outros estilos, como o gótico, que se fez presente de
forma isolada e factual em algumas das construções desenvolvidas no período colonial. O certo
é que a abordagem da presença do estilo Rococó no Brasil, que teve sua origem na França (final
do século XVII), não é clara e precisa, e está envolta por muitas lacunas. Para efeitos de estudo,
vamos nos ater a enfocar o estilo que mais marcou o período colonial – o Barroco.
Tudo começou em 1530, quando D. João III, o Rei de Portugal, com medo
de perder as terras para invasores, principalmente franceses, enviou expedições
para iniciar a apropriação de terras brasileiras.
FIGURA 29 – FRANS POST. USINA DE AÇÚCAR, SÉC. 17. DESENHO, 14,2 CM X 28,2 CM
FONTE: TIRAPELI, Percival. Arte Brasileira: arte colonial barroco e rococó. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007. p. 12.
56
TÓPICO 1 | A ARTE NO BRASIL COLÔNIA
Para Portugal, seu maior interesse era de explorar o novo território, rico em
recursos naturais. Para isso teria que ocupá-lo. Mas para não perder a identidade
portuguesa e evitar que os europeus que aqui desembarcaram, esquecessem suas
próprias raízes religiosas e culturais, enviou mensageiros para pregar e ensinar,
impondo sua cultura e sua fé a todos que aqui estavam, inclusive aos índios.
57
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
UNI
58
TÓPICO 1 | A ARTE NO BRASIL COLÔNIA
3 AS FORTIFICAÇÕES
59
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
60
TÓPICO 1 | A ARTE NO BRASIL COLÔNIA
4 AS CONSTRUÇÕES RELIGIOSAS
As primeiras manifestações artísticas dos portugueses no Brasil foram
principalmente na arquitetura de caráter religioso católico, como os templos,
conventos, seminários e escolas de catequese e de artes e ofício.
61
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
Muitas igrejas também eram erguidas por pessoas comuns para demonstrar
fé e também consquistar prestígio político e social, como foi o caso da capela de
São Gonçalo do Amarante, Figura 40.
62
TÓPICO 1 | A ARTE NO BRASIL COLÔNIA
UNI
Muitos autores afirmam que o estilo Barroco no Brasil, mesmo sendo fortemente
influenciado por Portugal, imprimiu em sua linguagem características particulares.
Diferentemente da conjuntura econômica, pela qual a Europa estava passando, de muita
pompa e luxo, no Brasil, o clima era diverso: vivia-se uma realidade de pobreza, escassez e
violência, em que ainda se perseguiam os índios e escravizavam os negros.
LEITURA COMPLEMENTAR
Introdução
A arte missioneira, ou arte feita nas Missões no Brasil, era possibilitada pelas
ideias inovadoras dos Jesuítas. Entre estas estavam a arquitetura e objetos feitos pelos
índios. Os primeiros jesuítas vieram com o governador Tomé de Sousa, em 1549.
Eram em número de seis, e entre estes estavam o Padre Manuel da Nóbrega, que logo
fundou o colégio dos Meninos de Jesus, na Bahia.
Arte missioneira
Iniciou-se através das escolas dos jesuítas, pelos seus ensinos pacientes do
canto, da arte teatral, da tecelagem e de aulas de escultura em pedra e madeira. Eram
trabalhos simples, alguns chegaram até ser conservados nos interiores das igrejas,
63
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
Os jesuítas, aos poucos, foram fixando os índios nas Missões, através de festas
pomposas em que empregavam os artifícios da representação e da música. Assim,
iam abrindo escolas perto das igrejas e aproximando os índios dos colonos. Havia,
nestas missões, mais de trinta mil índios.
Havia também casas pequenas de muito fundo, de duas águas e pouca frente.
As esculturas de monumentos vinham geralmente de Portugal (Lisboa). Eram de
mármore rosado chamado Lioz, que até bem pouco tempo era importado.
Porém, dos séculos XVI a XVIII, conservaram-se algumas igrejas até hoje, e
em alguns arquivos ainda se encontram plantas provenientes da época. As obras das
Missões foram projetadas por arquitetos da época e não foram obras de indígenas.
Temos, em São Paulo, uma igreja construída em adobe. Possui uma nave
central única e, ao seu lado esquerdo, um corredor e duas sacristias, que estão ao lado
da Capela-mor, sendo que o arco cruzeiro é o único elemento de pedra talhada. Esta
igreja é a de São Miguel, 1622.
FONTE: HARRES, Hilda Höber. História da Arte Brasileira: da pré-história à 1ª Bienal. Porto Alegre:
Sagra, 1979. p. 29.
64
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, amigo(a) acadêmico(a), você viu que:
A Arte do período colonial brasileiro teve seu florescer no século XVI, com a
instalação das primeiras vilas e foram construídas fortificações e igrejas – já com
alguns traços deste estilo, com o intuito de resguardar a terra e manter a fé cristã
entre os colonizadores e promover a catequização dos aborígenes.
65
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2
A OPULÊNCIA DO BARROCO
1 INTRODUÇÃO
O surgimento do movimento Barroco aconteceu na Itália, Roma, no final do
século XVI e logo se expandiu por toda a Europa e América Latina. Caracterizou-
se por ser um movimento estilístico filosófico que teve sua manifestação inicial nas
artes plásticas e na literatura. Logo atingiu o teatro, a música e a arquitetura, sendo
considerado, até, um estilo de vida.
Este estilo se expande por muitas áreas da Arte e “[...] os seus princípios
levaram os músicos, escritores, pintores, escultores a produzir obras cheias de
movimento, ornamentação e emoção contraditórias.” (GARCEZ; OLIVEIRA, 2006,
p. 42). Porém, na arquitetura e decoração de interiores, principalmente no Brasil e
em construções religiosas, ele vai mostrar toda a sua opulência.
67
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
2 O BARROCO NO BRASIL
Sua introdução na nova colônia deu-se por volta do início do século XVII,
período em que a população de suas vilas cresciam e se expandiam, inclusive para
o interior. Seu final é impreciso; alguns pesquisadores mencionam o século XVIII,
porém outros apontam que este estilo adentra o século XIX por mais duas décadas.
O estilo Barroco se expande por várias áreas: na literatura, que teve seu
maior expoente, Bento Teixeira, com o poema épico Prosopopeia (1601), também o
poeta Gregório de Matos e o orador sacro Padre Antônio Vieira.
68
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
Nas regiões em que este comércio não despontou como Goiás, Mato
Grosso, São Paulo e até o Rio Grande do Sul “[...] a arquitetura teve outra feição.
Aí as igrejas apresentam talhas modestas e trabalhos realizados por artistas menos
experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas da época.”
(PROENÇA, 1999, p. 196).
69
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
70
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
71
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
FONTE: TIRAPELI, Percival. Arte Brasileira: arte colonial Barroco e rococó. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2007. p. 64-65.
2.2 ALEIJADINHO
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi um dos maiores artistas do
período colonial. Nasceu por volta de 1738, em Vila Rica (atual Ouro Preto), filho
de um arquiteto português e de uma escrava negra.
Foi um exímio artista da arte sacra, cujo trabalho era pautado na escultura
sacra, e buscou e interpretou as referências do estilo Barroco tão bem e de forma
tão particular que em muitas obras deixou impresso o seu estilo. Considerado
extraordinário pela sua capacidade de esculpir madeira, transformando-a em
verdadeiras obras de arte, também se notabilizou como arquiteto.
72
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
73
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
não existe: é, o degrau do trono. Uma balaustrada separa o povo do altar: para as
damas da nobreza, frizas e camarotes, como num teatro, as chamadas “tribunas”.
(LETTERI, 2006).
FONTE: PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2006. p. 121.
74
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
Mesmo sem os dedos e rastejando, esta condição não o impediu de levar seu
trabalho adiante e desenvolver belíssimas obras que encantam e fascinam até hoje.
75
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
O BARROCO NO BRASIL
A arte barroca, no Brasil, vem sendo estudada com afinco, com as construções
religiosas da orla marítima e de Minas Gerais. Mas existem manifestações de arte
barroca menos exuberantes, modestas mesmo, em Goiás, Mato Grosso, São Paulo
e, na costa sul, até o Rio Grande do Sul. Tais construções, embora sem o brilho e
a magnificência das de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, foram
expressões artísticas que ocorreram no século XVIII, tendo forçosamente alguma
representação barroca, já que este estilo era o reinante na época.
O que é o Barroco? Como chegamos a esta expressão artística? Por que sua
manifestação é quase totalmente religiosa? Quais os acontecimentos ocorridos
no mundo ocidental relacionados com o Barroco durante os dois séculos de
sua predominância? Qual a razão de sua decadência? Por que foi esquecido e
desprezado? Quais os elementos de nossa história que influíram na construção
religiosa barroca? E finalmente, o mais importante: quais os elementos psicológicos
que motivaram as grandiosas ou modestas criações da arte religiosa barroca?
76
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
Por exemplo, as igrejas barrocas com sua arquitetura imponente, com volutas
imensas, cornijas, janelas, portadas com linhas características onde predominam a
curva e a simetria de ornatos. O encanto das torres com suas cúpulas esféricas, e às
vezes sobrepostas, e suas pináculas.
78
TÓPICO 2 | A OPULÊNCIA DO BARROCO
79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens referentes à Arte Brasileira:
Foi um exímio artista da arte sacra, na qual seu trabalho era pautado, e buscou
e interpretou as referências do estilo Barroco tão bem e de forma tão particular
que em muitas obras deixou impresso o seu estilo.
80
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 3
OS HOLANDESES NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
No início de sua colonização, o Brasil sofreu frequentes invasões,
principalmente dos franceses, ingleses e holandeses. Estes últimos, em 1624,
conseguiram se infiltrar e permaneceram no nordeste do país até 1654.
UNI
O Rio de Janeiro foi capital do país por quase dois séculos, até a inauguração de
Brasília, em 1960. A cidade tem um imensurável patrimônio histórico e hoje é considerada
a “capital cultural do Brasil”. Seus oitenta museus, instalados em palácios ou mansões que
pertenceram a colecionadores de arte, são uma viagem à parte. (ROTEIRO DO BRASIL).
2 OS HOLANDESES NO NORDESTE
Os holandeses influenciaram não só a política e a economia, mas também
a Arte e a cultura na região do nordeste brasileiro. Na ânsia de retratar tudo que
viam e também suas conquistas para mostrá-las ao continente Europeu, a missão
artística – primeira no Brasil – desenvolveu vários mapas.
83
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
84
TÓPICO 3 | OS HOLANDESES NO BRASIL
FONTE: TIRAPELI, Percival. Arte Brasileira: arte colonial Barroco e rococó. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2007. p. 45.
Mas também retratou outros temas como natureza morta, retratos porém,
pois seu forte foi a paisagem tema que lhe rendeu notoriedade e muito dinheiro
(Figura 56).
85
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
86
TÓPICO 3 | OS HOLANDESES NO BRASIL
87
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
UNI
LEITURA COMPLEMENTAR
A conquista
A invasão holandesa se deu entre os anos de 1630 e 1654, com dois grandes
períodos de guerras: 1630-1635 e 1645-1654, quando os portugueses finalmente
reconquistaram o centro econômico de sua principal colônia.
Também foram utilizados alguns espiões nos barcos que para cá vieram, que
registraram a geografia do local e levaram indígenas à Europa. Havia dois interesses
fortemente ligados na decisão holandesa de dominar as colônias sul-americanas
dos portugueses.
o Rei de Espanha, Felipe II (Felipe I de Portugal) assumiu o trono fazendo com que
Portugal se tornasse inimigo consequentemente da Holanda, por esta ser inimiga
da Espanha.
Porém, a política expansionista holandesa não foi freada aí, visto que no
mesmo ano estes partiriam para tentar, sem sucesso, a conquista da Paraíba e do
Rio Grande do Norte. Tal conquista, porém, foi concretizada em 1635, quando o
domínio holandês no Brasil, ou o “Brasil Holandês” chegou ao Rio Grande do
Norte. Até junho do mesmo ano, excetuavam-se somente o Arraial de Bom Jesus
e o Forte de Nazaré nesta conquista, porém neste mês caíram estes dois últimos
focos de resistência.
Considerações finais
Se podemos falar de algum erro do governo holandês, que acabou por gerar
a revolta e perda de Pernambuco, foi de não ter incentivado mais os holandeses
a acessar a terra. Deste modo, os portugueses, apesar de dominados, tinham a
economia em suas mãos, autêntica base do projeto econômico da Companhia
Holandesa das Índias Ocidentais.
90
TÓPICO 3 | OS HOLANDESES NO BRASIL
FONTE: PASSETTI, Gabriel. A criação do mito do Brasil Holandês. Disponível em: <http://www.
duplipensar.net/artigos/2007s1/criacao-do-mito-do-brasil-holandes.html>. Publicado em:
13 abr. 2007. Acesso em: 1 ago. 2008.
91
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens acerca da Arte Brasileira:
92
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
93
94
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Os negros aportaram no Brasil na primeira metade do século XVI, como
escravos. Eles vieram devido às necessidades dos colonizadores e donos de
fazendas de açúcar que precisavam de mão de obra barata para trabalharem em
seus canaviais.
UNI
2 A CULTURA AFRICANA
Os negros pisaram no solo brasileiro na condição de escravos trazidos nos
porões dos navios negreiros, no período em que o Brasil estava sendo colonizado
pelos portugueses, por volta de 1532 e este regime de servidão perdurou por mais
de 300 anos (Figura 60).
UNI
96
TÓPICO 4 | O LEGADO DA CULTURA AFRICANA PARA O BRASIL
Outro motivo foi o lucro que Portugal obtinha pelo tráfico de negros, pois
eles eram fortes e também constituíam um tipo de mão de obra barata para os
senhores de engenho.
97
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
UNI
DEBRET (Jean Baptiste), pintor e desenhista francês (Paris, 1768 – id., 1848),
membro da missão de artistas franceses, solicitada por Dom João VI, que chegou ao Brasil
em 1816. Foi nomeado professor de pintura histórica da Academia de Belas-Artes (1820).
Regressando à França, em 1831, publicou em Paris, de 1834 a 1839, Viagem pitoresca e
histórica ao Brasil, uma série de gravuras sobre aspectos, paisagens e costumes do Brasil, de
valor fundamental para nossa história do começo do séc. XIX. (ENCICLOPÉDIA KOOGAN-
HOUAISS - DEBRET).
98
TÓPICO 4 | O LEGADO DA CULTURA AFRICANA PARA O BRASIL
FIGURA 65 – O CANDOMBLÉ
Então, pode-se dizer que uma das primeiras influências negras no Brasil foi
a religião. Porém, em outras áreas também observamos interferências de origem
dessa cultura, como na música, bem como nos instrumentos musicais, na culinária,
no esporte e na língua portuguesa.
O samba é uma dança que tem a contribuição dos negros na sua formação.
De ritmo forte, animado e contagiante, esta dança era de tradição originalmente
ritualística, “[...] quando eram segurados pequenos recipientes de ervas aromáticas
em cada uma das mãos e eram aproximadas do nariz do dançarino cuja fragrância
o excitava”. (ORIGEM DO SAMBA – GUIA PELOURINHO).
99
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
FIGURA 66 – O SAMBA
100
TÓPICO 4 | O LEGADO DA CULTURA AFRICANA PARA O BRASIL
(Figura 68) – este último descrevendo a prática da capoeira no Brasil no seu livro
Voyage pittoresque et historique dans le Brasil. Paris: Engelmann et Cie, Paris, 1834 –
ilustram a capoeira.
101
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
UNI
102
TÓPICO 4 | O LEGADO DA CULTURA AFRICANA PARA O BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
Marlene Sapelli
Um dos líderes dos negros nessa luta foi Zumbi, que teve a cabeça cortada.
Alguns negros para não continuarem escravos, chegavam a se suicidar. Os negros
eram proibidos de praticar suas cerimônias religiosas e de falar seus dialetos de
origem.
Várias leis foram feitas para libertar os escravos. Temos como exemplos a
Lei do Ventre Livre (ficariam libertos os que nascessem a partir daquela data); a Lei
do Sexagenário (ficariam livres os que já tivessem 60 anos de idade; isso era difícil
porque em geral não viviam tanto), dentre outras. Quando a princesa Isabel assinou
a Lei Áurea já tínhamos libertado, em torno de 95% dos negros.
FONTE: SAPELLI, Marlene. Escravidão dos negros no Brasil. Disponível em: <http://www.
olhoscriticos.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=13>. Acesso em: 1 ago. 2008.
103
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você pôde estudar os seguintes aspectos relacionados à
Arte Brasileira:
Pode-se dizer que uma das primeiras influências negras no Brasil foi a religião.
104
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
105
106
UNIDADE 2
TÓPICO 5
REFLEXÕES ACERCA
DO MULTICULTURALISMO
E O ENSINO DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), lendo nosso caderno até aqui, você já percebeu que
podemos afirmar que a Arte Brasileira é um complexo de relações multiculturais.
O Brasil é um berço de diversas culturas que se relacionam e se entrecruzam em
complexas redes no interior da cultura chamada brasileira.
Você pode perceber que no contexto da cultura existem lutas de grupos que
coexistem no interior daquilo que chamamos de Brasil. Bem, a nossa arte registra
essa dinâmica e é ela mesma parte desse processo dinâmico e complexo. Afirmamos
isso, pois a arte demonstra de alguma forma as lutas de classes e etnias que aqui
convivem. Podemos com isso refletir porque equivocadamente aprendemos que a
arte de origem europeia é mais importante do que a arte produzida pelos indígenas
ou pelos negros.
Quando vimos uma obra do Mestre Didi (Deoscóredes Maximiliano dos Santos),
vimos nesse artista contemporâneo a nós, isto é, que vive em nosso tempo, um grito de
seu povo, de sua origem negra. Ainda o artista, escultor, escritor é um representante da
cultura afro-brasileira que traz em sua obra os mitos e tradições Yoruba.
107
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
Essas reflexões são relevantes para o contexto do ensino da arte, pois nelas
poderemos trazer à tona, com nossos alunos, as dinâmicas existentes entre a obra do
artista e o contexto em que ele vive. Essas relações precisam ainda ser articuladas à
vida de nossos alunos, para que possam perceber que existe, sim, uma ligação com
o que estudam no contexto da história da arte e suas vidas. Ora, a obra de Mestre
Didi dialoga com as obras de Rugendas (Figura 68) ou ainda de Earle (Figura 67),
que em seus tempos registraram como a cultura africana foi constituindo uma
identidade no Brasil. Podemos ainda relacioná-las a obras de diversos artistas que
existem perto de você, que moram na sua cidade.
108
TÓPICO 5 | REFLEXÕES ACERCA DO MULTICULTURALISMO E O ENSINO DA ARTE
guardadas suas diferenças, por muito tempo as culturas indígena e africana foram
colocadas em segundo plano na escola. Estas questões precisam ser vistas quando
discutidas na escola, para que as cogitações acerca da arte não sejam como meras
contribuições estéticas. Observe como pode ser rico um planejamento no qual os
alunos descendentes das mais diversas culturas se sintam partícipes do processo
de constituição de uma nação.
UNI
LEITURA COMPLEMENTAR
MULTICULTURALISMO
Definição
A despeito das querelas acerca das origens dessa nova fase, o fato é que
as discussões acerca do multiculturalismo acompanham os debates sobre o pós-
modernismo e sobre os efeitos da pós-colonização na cena contemporânea, o que
se verifica de forma mais evidente a partir dos anos 1970, sobretudo nos Estados
Unidos. A globalização do capital e a circulação intensificada de informações, com
a ajuda de novas tecnologias, longe de uniformizar o planeta (como propalado
por certas interpretações fatalistas), trazem a afirmação de identidades locais e
regionais, assim como a formação de sujeitos políticos que reivindicam, com base em
garantias igualitárias, o direito à diferença. Mulheres, negros (ou afro-americanos),
homossexuais, populações latino-americanas (“hispanos” ou chicanos) e migrantes
em geral se fazem presentes como atores políticos com a marcação de diferenças
de gênero, culturais e étnicas. A cultura torna-se instrumento de definição de
políticas de inclusão social - as “políticas compensatórias” ou as “ações afirmativas”
- que tomam os diversos setores da vida social. Cotas para minorias, educação
bilíngue, programas de apoio aos grupos marginalizados, ações antirracistas e
antidiscriminatórias são experimentados em toda parte.
111
UNIDADE 2 | OS PORTUGUESES NO BRASIL
112
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, caro(a) acadêmico (a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens acerca do ensino da arte brasileira:
113
AUTOATIVIDADE
114
UNIDADE 3
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles,
você encontrará atividades que levarão a exercitar os conhecimentos adqui-
ridos.
Assista ao vídeo
desta unidade.
115
116
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
UNI
Durante trezentos anos, o Brasil viveu isolado, fechado. A única janela, mesmo
assim restrita ao Nordeste, foram os artistas de Maurício de Nassau, nos anos 1630. Desde
a primeira metade do século XVII não havia acesso ao Brasil para artistas, viajantes ou
naturalistas. Isso durou até a abertura dos portos, em 1808. (Jornal O Globo, segundo
caderno. Brasil Imperial a cores, pág. 8. Domingo, 10 de fevereiro de 2008).
2 A CHEGADA DA CORTE
A corte portuguesa, ao chegar ao Brasil, em 1808, abriga-se no Convento
do Carmo, no Rio de Janeiro. De colônia, o Brasil se eleva ao posto de metrópole,
sendo agora Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ganhando, assim, um
novo status político.
117
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
118
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
119
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
120
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
121
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
Outra ação do príncipe regente D. João VI foi a criação da Escola Real das
Ciências, Artes e Ofícios, em 1816. Porém, impulsionada pela missão artística
francesa ela foi transformada, em 1826, na Academia Imperial de Belas Artes. Mais
tarde, com a proclamação da República, em 1889, ela foi nomeada Escola Nacional
de Belas Artes.
UNI
122
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
As seis figuras a seguir (77, 78, 79, 80, 81 e 82) mostram uma pequena parte
do trabalho de Rugendas, desenvolvido no Brasil, e que retratou paisagens, pessoas
e situações no início do século XIX. Todas com o uso da técnica da litografia.
123
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
124
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
125
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
3.2 NEOCLASSICISMO
Em meados do século XVIII, um novo estilo predominou na pintura, na
escultura e na arquitetura europeia – o Neoclassicismo ou Academicismo. Este
estilo surgiu como reação ao Barroco e Rococó e se caracterizou pelo desejo de
recriar as formas artísticas da Antiguidade greco-romana e que se manteve até o
início do século XIX.
FONTE: HARRES, Hilda Höber. História da Arte Brasileira. Porto Alegre: Sagra, 1979. p. 51.
127
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
128
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
Embora tenha retratado a família real e temas bíblicos, ele ficou mais
conhecido por suas pinturas históricas do Brasil. Como o artista Víctor Meireles,
Pedro Américo era minucioso em seus estudos preliminares de pintura.
Preocupava-se em estudar todos os detalhes como tipos físicos, roupas, acessórios,
armas e vegetação.
129
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
FONTE: PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática, 2006. p.
144-161.
130
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
131
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
132
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
133
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
134
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
FONTE: MANGE, Marilyn Diggs. Arte Brasileira para Criança. São Paulo:
Martins, 1998. p. 40.
135
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
136
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
137
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
A Art Nouveau pode ser considerada como a busca de uma nova arte como
meio de substituir o Neoclassicismo que ainda perdurava na Europa. No Brasil esta passagem
foi rápida, difundindo-se mais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foram empregadas,
principalmente na arquitetura, formas mais curvas, com motivos florais, geométricos e
vegetais, e a combinação de ferro e vidro. Também foram desenvolvidos vários objetos
como vasos, brasões, cerâmicas, tecidos, vitrais, luminárias, ex-líbris, selos, logotipos, etc.
138
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
4 ECLETISMO
139
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
140
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
141
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
142
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
FONTE: NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Disponível em: <http://catalogos.bn.br/
redememoria/missfrancesa.html>. Acesso em: 20 ago. 2008.
144
RESUMO DO TÓPICO 1
As artes plásticas brasileiras ainda eram um transplante tardio dos estilos que
estilos, como as linhas curvas do barroco, as paredes lisas e ornadas pelo tênue
dourado do rococó e as colunas e arcos romanos típicos do neoclassicismo.
145
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
UNI resolução desta questão
É importante salientar que, até o final do século XIX e início do século XX, a
arte plástica brasileira ainda era um transplante tardio dos estilos que se consagravam em
Paris como: o romantismo, o realismo, o impressionismo e a Arte Nouveau. Muitos artistas
brasileiros incorporaram estes estilos repassando-os em suas produções.
146
UNIDADE 3
TÓPICO 2
MODERNISMO NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
UNI
148
TÓPICO 2 | MODERNISMO NO BRASIL
Esta ação teve como característica a liberdade do fazer artístico com forte
pesquisa em outras fontes de informação, abrindo campo para as experimentações
e novas formas de expressão.
150
TÓPICO 2 | MODERNISMO NO BRASIL
151
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
153
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
154
TÓPICO 2 | MODERNISMO NO BRASIL
155
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
Estas ações se formaram pela junção das artes plásticas adeptas da ideologia
que apregoavam os movimentos literários através dos seus manifestos.
UNI
FONTE: NOSSO SÉCULO: 1910-30. São Paulo: Abril Cultural, 1981. p. 235.
157
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
3.3 ANTROPOFAGISMO
O Movimento Antropofágico, que abarca literatos e artistas plásticos,
baseou-se na obra de Tarsila do Amaral, intitulada “Abaporu”, originando o
Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, publicado em 1928.
159
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
LEITURA COMPLEMENTAR
O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922
a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. A primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de
solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas.
161
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste período, houve a formação do que se denominou o grupo dos cinco. Estes
eram compostos pelas artistas plásticas Tarsila do Amaral (1886-1973) e Anita
Catarina Malfatti (1889-1964) e os poetas e escritores Oswald de Andrade (1890-
1954), Mário de Andrade (1893-1945) e Paulo Menotti del Picchia (1892-1988).
Eles defendiam a ideologia da Semana de Arte Moderna e tomaram a frente
deste movimento.
162
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
UNI
163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste momento da história, a profunda crise mundial deflagrada pelo crash
da Bolsa de Nova York traz para o Brasil graves consequências. O café e a borracha
tiveram quedas de preços, houve o fechamento de muitas fábricas e indústrias,
juntamente com demissões em massa. Com todos estes acontecimentos e mais a
revolução de 1930, o país sofre profundas transformações políticas, econômicas e
sociais.
165
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
166
TÓPICO 3 | FORMAÇÃO DE GRUPOS ARTÍSTICOS PÓS DÉCADA DE 1930
167
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
FIGURA 124 – ANTÔNIO GOMIDE. PAISAGEM URBANA, 1930. ÓELO SOBRE TELA,
63.5X139 CM
FONTE: VIVEIROS, Ricardo. Da Arte do Brasil. São Paulo: Clemente e Gramani, 2006.
p. 38.
168
TÓPICO 3 | FORMAÇÃO DE GRUPOS ARTÍSTICOS PÓS DÉCADA DE 1930
169
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
170
TÓPICO 3 | FORMAÇÃO DE GRUPOS ARTÍSTICOS PÓS DÉCADA DE 1930
UNI
171
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
LEITURA COMPLEMENTAR
MODERNISMO NO BRASIL
A primeira mostra de arte não acadêmica realizada no Brasil foi feita por um
estrangeiro, Lasar Segall, em 1913, nas cidades de São Paulo e Campinas. Entretanto,
apesar do pioneirismo de Segall, suas exposições não causaram grande repercussão,
provavelmente por ter sido muito prematura para a arte brasileira. A exposição
de Anita Malfatti parece ter sido o estopim para a reunião desses artistas ansiosos
por mudanças. Posteriormente, o encontro de alguns dos principais futuros líderes
Modernistas com a arte de Brecheret, recém voltado da Europa, também teve grande
importância no surgimento da chama Modernista.
173
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
174
TÓPICO 3 | FORMAÇÃO DE GRUPOS ARTÍSTICOS PÓS DÉCADA DE 1930
175
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
Se antes, nos idos anos 20, a arte assistiu à falência de vários estilos entre eles
Neste período da história acontece uma abertura maior ao acesso a arte onde
Estes artistas se juntavam por afinidades estéticas para discutir arte e é desses
176
AUTOATIVIDADE
Bom Trabalho!
177
178
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
179
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
2 MODERNISMO
Além dos movimentos já citados, podemos abordar algumas outras
correntes estéticas que foram importantes no cenário da arte brasileira, como o
abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, os Tachistas, o novo realismo, o
surrealismo, a pintura ingênua, os primitivos, dentre outros movimentos.
2.1 ABSTRACIONISMO
180
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
181
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
2.2 CONCRETISMO
Os primeiros concretistas que apareceram em São Paulo mostrando suas
experiências por volta de 1954 procuraram associar a arte abstrata geométrica à
tecnologia e ao desenho industrial.
182
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
2.3 NEOCONCRETISMO
O neoconcretismo surgiu como uma forma de reação aos conceitos dos
concretistas. Eles abriram novos caminhos dentro do nacionalismo, dentro de uma
nova expressividade e enfatizavam que “a arte não é um mero objeto, isto é, é mais
que um objeto, tem sensibilidade expressiva, além do mero geometrismo puro.
(HARRES, 1979, p. 122).
Lygia Clark, como mostra a Figura 135, desenvolve uma arte como
interatividade e participação, em que os planos articulados possibilitam diversos
arranjos. E Hélio Oiticica, com seus “Parangolés” (Figura 136), antecipa, em alguns
aspectos, o que hoje viria a ser chamado de “instalação”.” (GARCEZ; OLIVEIRA,
2006, p. 137).
183
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
2.4 TACHISTAS
184
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
FIGURA 137 – MANABU MABE. SEM TÍTULO, 1965. ÓLEO SOBRE TELA,
150X150 CM. ACERVO BANCO CHAASE-MANHATTAN
UNI
185
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
É neste período que Cândido Portinari pinta telas históricas (entre 1947
e 1954), como a de “Tiradentes”, a “Chegada de D. João VI ao Brasil” e
a “A Primeira Missa no Brasil”. Outro nome, que pintou mulatas, tendo
como fundo das telas paisagens do Rio de Janeiro, foi Di Cavalcanti.
(HARRES, 1979, p. 129).
FONTE: HARRES, Hilda Höber. História da Arte Brasileira: Da pré-história à 1ª bienal e arte de
vanguarda. Porto Alegre: Sagra, 1979. p. 130.
186
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
2.6 O SURREALISMO
O Surrealismo é uma pintura fantasiosa que busca sua temática no
inconsciente, nos sonhos, nos delírios. É a representação da realidade fora da
lógica, descompromissada com o real. Influenciado pelas teorias psicanalíticas de
Sigmund Freud, enfatiza a relevância do inconsciente no processo criativo.
Ismael Nery (1900-1934), como obra na Figura 142, foi um dos mais
representativos pintores ligado ao surrealismo no Brasil. Podemos citar outros
artistas que se valeram de elementos do surrealismo para desenvolver seus
trabalhos, como Tarsila do Amaral, Cícero Dias, a escultora Maria Martins, entre
outros. É importante lembrar que o surrealismo influenciou muitos escritores
brasileiros, como Aníbal Machado e Mário Pedrosa.
187
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
188
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
189
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
Little (2006, p. 131) aborda que a Pop Art, devido ao seu interesse nos mass
media, marketing e publicidade, pode também ser considerada como uma forma
precoce de expressão Pós-Modernista.
190
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
mostram as Figuras 145 e 146. “O procedimento criar a partir do refugo foi comparado
a procedimentos das vanguardas do século XX, caso do francês Marcel Duchamp e
seus famosos ready-mades.” (COUTINHO, 2008, p. 12).
191
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
UNI
192
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
3 PÓS-MODERNISMO
193
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
194
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
Nas artes plásticas deste período, podemos citar como forte influência
o Neo-Expressionismo, que resgata os meios tradicionais de expressão, como a
pintura em que há uma tendência figurativa, embora também seja forte a presença
do abstracionismo e da arte conceitual.
195
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
LEITURA COMPLEMENTAR
AS “RAZÕES” DA PÓS-MODERNIDADE
Leandro Chevitarese
outra face da moeda iluminista”. Mas se não há mais otimismo quanto aos rumos da
cultura moderna, esse desencanto vem acompanhado da rejeição a tudo que é tido
como opressivo, da desconfiança a todo discurso que pretenda dizer ‘o que são as
coisas’, ‘o que devemos fazer’, ‘como sentir’. É a dúvida quanto às possibilidades de
fundamentação racional, a suspeita quanto às narrativas globalizantes, que caminha
lado a lado do clamor por liberdade. A pós-modernidade configura-se como uma
reação cultural, representa uma ampla perda de confiança no potencial universal do
projeto iluminista.
199
UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
200
TÓPICO 4 | MOVIMENTOS ARTÍSTICOS: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
REVISTA FRANÇA-BRASIL
Disponível em: <http://www.netflash.com.br/alliance/Apoio/diplomacia10-
arquiteturabr.htm>. Acesso em: 8 ago. 2008.
ROTEIRO DO BRASIL.
Disponível em: <http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_rj_riodejaneiro.html>.
Acesso em: 25 jul. 2008.
VISCONTI – APRESENTAÇÃO
Disponível em: <http://www.eliseuvisconti.com.br/apres_pioneiro_design.htm>.
Acesso em: 20 ago. 2008.
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RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou vários itens sobre a Arte
Brasileira, os quais, a seguir, são apresentados resumidamente:
século XX. Tomou corpo com a Semana de Arte Moderna, em 1922, ocasião em que
vários artistas, de várias áreas – plástica, literária e arquitetura – desenvolveram
seus trabalhos divulgando uma nova estética como a expressionista, a cubista,
a naturalista, etc.
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AUTOATIVIDADE
Com base no texto que cita várias manifestações artísticas como grafite,
instalações, arte postal, arte ambiental, performance, pesquise sobre cada uma
e indique artistas brasileiros que se valem dessas formas de expressão para se
manifestar artisticamente.
Bom Trabalho!
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UNIDADE 3
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Por que estudar a Arte Brasileira? Você já deve ter se perguntado sobre
isso. Bem, penso que esse livro foi dedicado a esse tema, por isso, para que tenha
sentido a você, futuro professor de arte, é preciso ter claro a relevância da arte
brasileira para a constituição de nossa sociedade. Nesse sentido, precisamos
compreender que a arte é parte do desenvolvimento do ser humano no mundo.
Assim faz parte do desenvolvimento da cultura e do processo de conhecimento
pessoal, social e cultural.
Com isso, nosso foco de trabalho não deverá ficar apenas na biografia
dos artistas, mas sim nas suas produções artísticas, em que aspectos estilísticos e
estéticos de suas obras se diferenciam e deixam sua marca. Lembre-se: conhecer a
arte é conhecer e experimentar uma experiência estética ímpar.
Eu, você, nossos alunos, fazemos parte desse mundo. Quando paramos para
pensar no que vivemos hoje, podemos perceber um mundo cheio de fragilidades,
de incertezas, de transformações. Vivemos num mundo pós-primeira e segunda
guerras mundiais, vivemos outras tantas guerras que fragilizam nações.
O Brasil não é um país isolado do resto do mundo, assim como sua cidade
também não é. De alguma forma, por meio das condições que vivemos, as pessoas
que aqui vivem transpiram temas que também são discutidos em outros locais
do mundo. Por isso, podemos citar Tolstoi quando este afirma que, “para ser
universal, comece por pintar e conhecer a sua aldeia”. Se quisermos entender o
mundo contemporâneo, ou pós-moderno, devemos conhecer a arte das pessoas
que vivem nesse tempo. Conhecer o que se faz ao seu redor. Com isso, poderemos
aos poucos ampliar nossas relações com a arte local e nacional.
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TÓPICO 5 | O ENSINO DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Segundo Canton (2001), a Arte Contemporânea não nega sua relação com o
passado, pois uma característica da arte de nosso tempo é deixar clara sua herança,
suas referências, assim os artistas contemporâneos rejeitam a ideia de originalidade
absoluta e compreendem que sua obra bebe na fonte de outros artistas. Citam suas
fontes de forma direta ou indireta.
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UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
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TÓPICO 5 | O ENSINO DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
FIGURA 152 - RENATA PEDROSA - NA LINHA, RUA ÁLVARES PENTEADO - SÃO PAULO, 2001
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TÓPICO 5 | O ENSINO DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
LEITURA COMPLEMENTAR
ARTE CONTEMPORÃNEA
Kátia Canton
Bem, e qual é o significado da arte? Para começar, podemos dizer que ela
provoca, instiga, estimula nossos sentidos, de forma a descondicioná-los, isto é, a
retirá-los de uma ordem preestabelecida, sugerindo ampliadas possibilidades de viver
e de se organizar no mundo. Como escreve o poeta Manoel de Barros: “Para apalpar
as intimidades do mundo é preciso saber: / a) que o esplendor da manhã não se abre
com faca / b) o modo como as violetas preparam o dia para morrer / c) por que é que as
borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos / d) se o homem que toca de
tarde sua existência num fagote tem salvação (...) Desaprender 8 horas por dia ensina
os princípios (...) / As coisas não querem mais ser vistas por / pessoas razoáveis:/ Elas
desejam ser olhadas de azul - / que nem uma criança que você olha de ave”.
Buscando criar obras cada vez mais inovadoras e que pudessem romper com
a ordem vigente é que os artistas modernos elaboraram seus movimentos. Afinal
de contas, esses artistas pertenceram a uma era tremendamente intensa, que, no
rastro da Revolução Industrial, urbanizou cidades, promoveu espantosas inovações
tecnológicas, mas também produziu duas guerras mundiais, além da Revolução
Russa, que acabaram por separar o mundo em blocos capitalista e socialista.
Era preciso que a arte se tornasse tão inovadora e radical quanto a própria vida.
Uma das invenções do século 19 e que teve um impacto fenomenal sobre a arte
foi a fotografia. Ela liberou os artistas, até então incumbidos de registrar em suas telas
pessoas, paisagens e fatos históricos para a posteridade. A fotografia poderia cumprir
essa função, dando ao artista mais liberdade para criar, pesquisar e experimentar.
A cena contemporânea
No movimento minimalista, criado ali, o lema era “Menos é Mais”; a arte não
deveria ter autoria, nem passado ou futuro, apenas a ação do momento presente. “O
que se vê é o que se tem”, diziam os minimalistas. “Não há nada por trás das formas.”
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TÓPICO 5 | O ENSINO DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Com a mudança global que se delineia a partir dos anos 80, torna-se mais
gritante ainda a necessidade de uma modificação no conceito de arte. Mais do que
isso: torna-se necessário que a arte se modifique para sobreviver. E é aí que sai de
cena a arte moderna e sobe ao palco a contemporânea.
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UNIDADE 3 | RUMO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
Kátia Canton é PhD em Artes pela Universidade de Nova York, docente e curadora
de arte do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, autora
de vários livros, entre eles “Retrato da Arte Moderna”.
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RESUMO DO TÓPICO 5
Nesse tópico você aprendeu que:
• Uma perspectiva histórica para o ensino da arte nos possibilita olhar para o que
os artistas contemporâneos produzem hoje e possamos, por meio de suas obras,
compreender melhor o nosso tempo.
• O ensino da arte não precisa e não deve ser realizado de forma linear.
- Tempo e memória.
- Corpo, identidade e erotismo.
- Espaço e lugar.
- Das políticas às micropolíticas.
- Narrativas enviezadas.
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AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
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REFERÊNCIAS
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1998.
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História e Produção. São Paulo: FTD, 1997.
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(org.). Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.
GARCEZ, Lucília; OLIVEIRA, Jô. Explicando a Arte Brasileira. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2006.
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HARRES, Hilda Höber. História da Arte Brasileira: pré-história a 1ª Bienal. Porto
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NAVES, Rodrigo. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática,
1996.
PEIXOTO. M. I. H. Arte e grande público: a distância a ser extinta. Campinas, SP:
Autores Associados, 2003.
SMITH, Edward Lucie. Arte moderna, história da arte e crítica de arte. In:
BARBOSA, Ana. Mae (org.) Arte/Educação Contemporânea: consonâncias
internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
SOUCY, Donald. Não existe expressão sem conteúdo. In: BARBOSA, Ana Mae
(org.) Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo:
Cortez, 2005.
ZANINI, Walter. História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther
Moreira Salles, 1983.
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