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São Luís
2022
TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO DO BOLSISTA: O imaginário no Bairro da
Praia Grande
_______________________________________________
São Luís
2022
RESUMO
A cidade de São Luís tem na origem de sua história uma tentativa de colonização por
parte dos franceses, que tentaram implementar a França Equinocial durante a época
mercantil que o ocidente vivia, mas foi falha. A cidade de São Luís apesar de ter nome
em homenagem a um rei francês, foi colonizada e ocupada por portugueses,
afrodescendentes e indígenas que já habitavam as terras.
São Luís, e especificamente o bairro da Praia Grande sofre por diversas mudanças ao
longo do tempo, diversas políticas públicas que mostram o empenho na preservação
patrimonial influenciam diretamente nas maneiras de se relacionar com o bairro,
intervenções essas, que permitiram o seu desenvolvimento econômico, arquitetônico,
urbanístico e cultural. E com isso à percepção e conceitos que se relacionavam com o
bairro também se modificariam, de maneira constante, positivamente ou negativamente.
Essa pesquisa busca analisar a história do bairro fazendo um comparativo entre passado
e presente, e também busca entender a evolução do bairro e o imaginário relacionado a
ele, por meio de pesquisas bibliográficas, pesquisa de campo, documentação
fotográfica, questionários e entrevistas com aqueles que se relacionam com o bairro, o
que permitirá a análise e tentará entender como o imaginário se relaciona com à
população que mora, vive e estuda dentro do território de estudo.
Palavras chaves: Imaginário, Praia Grande, Intervenções, políticas públicas.
3
ABSTRACT
The city of São Luís has at the origin of its history an attempt at colonization by the
French, who tried to implement equinoctial France during the mercantile period in
which the Western lived, but it failed. The city of São Luís despite having a name in
honor of a French king, it was colonized and occupied by Portuguese, Afro-descendants
and indigenous people who already inhabited the lands.
São Luís and specifically the neighborhood of Praia undergoes several changes, policies
over time that show the effort in the construction of its heritage, mainly, the
development of the neighborhood, directly in the ways of promoting its heritage,
economic interventions, which will allow the construction of its Active, urban and
cultural heritage. And with that, the perception and prices that are related to the
neighborhood also change, constantly, positively or with a relationship option.
This research analyzes the history of the research neighborhood, a comparative between
past and present related to it, through research, field research research, neighborhood
research and authorship research, research and interviews with the authors, through
research Relate with the neighborhood, which will allow an analysis and will try to
understand how the imaginary relates to the population that lives, lives and studies
within the study territory.
Keywords: Imaginary, Praia Grande, Interventions, public policies.
4
Lista de figuras
Figura 1 - São Luís em 1641, em registro do cartógrafo holandês Johanes Vihgboons -
7
Figura 5 – Vista Aérea da Area central e dos novos bairros de São luís 14
Figura 6 – Tabela 12 15
5
6
Lista de gráficos
Gráfico 1 - Gênero das pessoas que tem relação com o Bairro da Praia Grande 38
Gráfico 3 – Nível de escolaridade das pessoas que tem relação com o Bairro da Praia
Grande 39
7
Sumário
1. INTRODUÇÃO 8
2. OBJETIVOS 11
2.1. Objetivo Geral 11
2.2. Objetivos específicos 11
3. METODOLOGIA12
4. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA PRAIA GRANDE 13
4.1. Projeto Reviver 19
4.2. Programa Nosso Centro 22
5. ANALISES FOTOGRÁFICAS 27
5.1. Projeto Reviver 27
5.2. Programa Nosso Centro 29
5.3. Projeto Reviver 31
5.4. Programa Nosso Centro 33
5.5. Projeto Reviver 34
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES FINAIS 36
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
8
1. INTRODUÇÃO
Quando se pensa em São Luís, especificamente no bairro da Praia Grande, as primeiras
ideias formadas estão majoritariamente ligadas ao patrimônio, seja ele material ou
imaterial, com os títulos que a cidade possui, e com o famoso acervo de edificações
coloniais e dos azulejos. Esse imaginário desenvolvido pela população local e pela
população estrangeira, apesar de interessante é superficial, porque quando se aborda
algum bairro, é preciso ir atrás de sua história para entender a importância e a
complexidade de todas as relações que o envolvem, por isso essa pesquisa deseja
desenvolver e ampliar o conhecimento sobre as mudanças sofridas pelo bairro.
Os imaginários, assim entendidos, não são o mesmo que a arte, porém
ambos participam da natureza estética. Enquanto a arte obedece uma atividade
criativa, às vezes especializada, porém sempre necessária em todos os seres
humanos como expressão, os imaginários apontam preferencialmente, para
uma categoria cognitiva, melhor dizendo, para uma experiência humana de
construir percepções a partir de onde somos sociais, não somente por
conveniência, mas por desejos, anseios e frustrações. (IMAGINÁRIOS
URBANOS, 2001, p. 11)
A história do bairro Praia Grande, inicia-se como a maioria das histórias de cidades
coloniais, com a invasão de algum país europeu, diferente dessas cidades os primeiros
povos estrangeiros que tentam ocupar a ilha, são os franceses, que no início do século
XVII vem pela segunda vez ao país para tentar formar uma colônia, estabelecendo a
França Equinocial, na conjuntura mercantil da época. Daniel de La Touche e Fraçois de
Rasilly juntos fundam em 8 de setembro de 1612 O forte foi denominado de "Fort Saint
Louis" em homenagem ao rei Luís XIII de França, que logo depois viraria a cidade de
São Luís.
Apesar de ter sido fundada por franceses, a cidade de São Luís não tem influências
arquitetônicas e nem culturais, já que essa ocupação não durou muito tempo, pois em
1615 os portugueses expulsaram o povo francês durante a batalha de Guaxenduba. O
mesmo aconteceu cerca de 30 anos depois quando os Holandeses tentaram ocupar a
cidade, só a partir desse momento os portugueses iniciaram definitivamente a colonizar
e ocuparem São Luís.
São Luís ainda passa por outros períodos de desenvolvimento econômico, o segundo foi
caracterizado pela expansão da indústria têxtil, objetivando resgatar o algodão no
9
mercado, porém logo após 1940 as fábricas entram em falência. E só a partir da chegada
dos anos 60, que pode ser observado uma mudança de crescimento, agora já fugindo do
núcleo central da cidade, a construção da barragem do Bacanga e da Ponte José Sarney
(popularmente conhecida como ponte do São Francisco) fez com que a cidade se
expandisse para além do centro e das margens dos rios, surgindo novos conjuntos de
casas, bairros como o Renascença, São Francisco e as diversas Cooperativas
habitacionais, permitindo que a área onde é a Praia Grande sofresse intensa evasão em
que muitas de suas edificações absorvem significativo processo de abandono, visto que
muitas pessoas deixaram o Centro para descobrir as recentes e promissoras maneiras de
morar.
10
originalidade e também o surgimento de praças que hoje agregam importante valor na
transformação dessa região.
11
12
2. OBJETIVOS
Pesquisa nos acervos de São Luís, Biblioteca Pública Benedito Leite, Arquivo
Público do Estado, Museu Histórico e Artístico do Maranhão, Museu Histórico e
Artístico do Maranhão;
13
3. METODOLOGIA
Durante essa fase do trabalho a metodologia apresentada e executada, consistiu no
levantamento bibliográfico, iconográfico e oral, sobre os processos acerca da formação
urbana de São Luís, focando no bairro da praia grande, com base autores que descrevem
conceitos básicos sobre cidade, as referências cardeais que fizeram parte da
fundamentação teórica foram retiradas em fontes primárias e secundárias, destacando
artigos acadêmicos e dissertações que tinham seu foco principal na história de
desenvolvimento da cidade, nos quais foram possíveis o acesso através de pesquisa na
internet. Além disso, utilizou-se livros encontrados on-line, sendo alguns destes: São
Luís: ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem (2008), Álbum do
Maranhão de Miécio, e até mesmo a icônica obra de Aluízio de Azevedo “O mulato”.
14
4. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA PRAIA GRANDE
Acredita-se que o nome do bairro Praia Grande, seja um topônimo, ou seja um nome
baseado na geografia do local, assim como outros bairros da cidade, geograficamente o
bairro se situa nas fozes dos rios Bacanga e Anil, que desaguam no oceano atlântico.
No final do século XVII até o início do XIX, Portugal institui a Companhia de
Comércio do Maranhão, que logo depois viraria Companhia Geral de Comércio do Grão-
Pará e Maranhão com a chegado do marquês de pombal na segunda metade do século
XVIII, transformando o maranhão em uma potência agrícola exportadora de algodão, e
incentivando o desenvolvimento econômico do estado e da Cidade de São Luís . Até o
século XVIII, a malha urbana da capital maranhense resumia-se ao Largo do Carmo,
descendo para a Praia Grande e Desterro (GOMES, 1988).
O centro de São Luís é formado de diversas áreas, e por grande parte do tempo a área da
Praia Grande foi o polo econômico da cidade, responsável por abrigar, bancos,
comércios, hotéis, e ficar próximo as habitações, “a ocupação da cidade [...] seguiu a
característica das ocupações lusitanas: cidade alta, concentrando atividades
administrativas, religiosas e militares; e a cidade baixa, voltada à atividade comercial”
(LOPES [org.], 2008, p.16). Podemos notar que até determinado período da história
ludovicense, os bairros se desenvolvem em torno de fábricas, como exemplo a Madre
Deus e o Anil, que possuíam fábricas e após instaladas, os bairros começaram a serem
ocupados pelos trabalhadores delas.
15
Figura 2 - Mapa da Ilha de São Luís
16
Figura 3 – Construção da Barragem do Bacanga
Fonte: MAVAM
17
Figura 4 – Planta da parte central da cidade de São Luís
Figura 5 – Vista Aérea da Area central e dos novos bairros de São luís
18
Precisamos também ressaltar a importância da igreja durante a elaboração da cidade, já
que ela era responsável por quase todas as manifestações culturais, sejam elas pagãs ou
religiosas, participando em todos os aspectos da sociedade da época, nas decisões
políticas, em momentos históricos, nas escolas, e na sagrada vida litúrgica, a igreja
assume o papel de disseminar cultura e religião nas diversas camadas da sociedade, foi
a única instituição que conseguiu articular e manter relações entre quase todos os povos,
além de sua importância arquitetônica, na qual conseguimos perceber a mudança de
estilos e do tempo em que elas foram construídas, enfatizando diferentes padrões
construtivos tanto nas igrejas como nas catedrais. A presença de praças logo em frente
as igrejas, onde tinham os festejos, fachadas para o poente, altar para o leste, e algumas
possuíam conventos com pátios internos.
As pontes foram peças centrais para a evasão e desvalorização do bairro da Praia
Grande, já que naquela época era mais atraente morar e trabalhar em bairros diferentes,
é possível notar que é nessa mesma época que os bairros do São Francisco, Renascença
e todas as Cooperativas habitacionais ganham força.
Figura 6 – Tabela 12
19
As pontes que contribuíram e aceleração o processo de deterioração do acervo
arquitetônico colonial da cidade, mas também ajudou a preservar o que não tinha sido
reformado ou derrubado, já que o mercado imobiliário foca nos novos bairros, e impede
a descaracterização que aconteceu nas grandes metrópoles brasileira, São Paulo e Rio de
Janeiro, mas ainda assim o mercado imobiliário chegou a fazer intervenções
modernistas dentro do centro, expressando com a verticalidade, que também era
novidade da época, e como exemplo temos o edifício João Goulart que fica na parte alta
do bairro da Praia Grande, que foi um dos pioneiros na tipologia modernista dentro do
Maranhão. E assim, o movimento modernista transforma o espaço da cidade, que vai
recebendo diferentes funções com o tempo, se tornando mais complexo e dinâmico.
Logo, um mesmo lugar da cidade pode passar a ser multifuncional ou ganhar uma
função diferente da atribuída originalmente em seu projeto. Indo a um exemplo mais
específico, podemos observar os diversos conjuntos habitacionais criados em São Luís
(Cohama, Cohab, Cohatrac, Cohafuma, Cohaserma, Ipase, Ipem, etc.), os quais hoje tem
a função além de residencial, também comercial e institucional, oferecendo diferentes
serviços dos planejados inicialmente. Assim como os centros urbanos em diferentes
cidades que deixaram de ser lugares apenas de defesa e poder, como também
floresceram comercialmente.
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4.1. Projeto Reviver
A fala do engenheiro norte americano John Gisiger, deixa explicito o motivo da Praia
Grande ser o lugar ideal para começar as intervenções. E então em 1979 o Governo do
Estado do Maranhão através da Secretaria de Estado do Planejamento e Orçamento do
Maranhão (SEPLAN-MA), fomenta em São Luís o I Encontro Nacional da Praia
Grande, conforme o posicionamento de Aluísio de Magalhães, na época presidente do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O evento contou com o
apoio do IPHAN e do Ministério da Cultura (MINC), tendo como papel guia, discutir e
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avaliar a proposta de revitalização do Centro Histórico, que havia sido elaborada por
John Gisiger, entre 1977-1979.
As conclusões que foram pensadas durante o Encontro foram duas recomendações que
ajudariam o Governo do Estado na criação de políticas públicas direcionas para a
preservação do patrimonial. A primeira recomendação era a criação de um grupo de
trabalho e uma comissão para desenvolver e implantar o Programa de Preservação e
Revitalização do Centro Histórico – PPRCH. A orientação concretizou-se com a criação
oficial pelo “Decreto Estadual nº 7.435 de 16 de novembro de 1979, no âmbito da
SEPLAN-MA” (SILVA, 1997, p. 28).
As origens do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico – PPRCH
aludem ao decreto estadual, mas o lançamento oficial do Projeto ocorreu quase dois
anos depois, em agosto de 1981, quando a equipe técnica relacionada ao governo
estadual apresenta um amplo projeto que vem se materializar com o PPCRH, na
intenção de conseguir a revitalização e preservação da área tombada. A referida equipe
técnica tinha como objetivo:
Sistematizar e elaborar pesquisas, estudos, projetos, promover a divulgação dos
trabalhos e a articulação junto à comunidade, aos diversos níveis do governo e
segmentos organizados, preparar e acompanhar propostas de financiamento e
captação de recursos financeiros e supervisionar a execução de obras para a
revitalização e preservação do Centro Histórico de São Luís (ANDRÈS, 1998,
p. 56).
22
Recuperação integral da infra-estrutura urbana com a renovação das redes de
água, esgoto e drenagem. Estas obras ensejaram o descobrimento das galerias
subterrâneas com mais de 200 anos de existência.
Construção das novas redes subterrâneas de energia elétrica e telefonia, que
permitiram a retirada definitiva dos pesados postes de concreto,
transformadores e do emaranhado de cabos que agrediam a harmonia do
conjunto. Instalação de nova iluminação pública utilizando postes de ferro
fundido, arandelas e lampiões.
Construção de praças, jardins e alargamento das calçadas de cantaria, voltando
às dimensões originais conforme a documentação fotográfica do final do século
XIX.
Restauração de becos e escadarias e pavimentação das ruas com
paralelepípedos, que permitiram a reconstituição de detalhes construtivos do
pavimento original [...] (ANDRÈS, 1998, p. 88).
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proibindo a entrada de automóveis dentro do bairro, medida essa que inicialmente
sofreu resistência, mas com o passar do tempo, foi aceita e dura até os dias atuais.
Mas essas intervenções não terminaram junto do governo vigente da época, nos anos 90
outras áreas foram incluídas, e sofreram a requalificação, o que ajudou a cidade de São
Luís a ser reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO) como patrimônio cultural Mundial.
4.2. Programa Nosso Centro
Era inevitável que o Bairro da Praia Grande não passasse por outros processos de
intervenções com o passar dos anos, principalmente por se tratar de um bairro com
grande importância histórica e por atrair diversos públicos, de diferentes localidades,
dentro e fora do estado, a preocupação em criar novas políticas públicas que mostrasse o
comprometimento com a preservação ambiental, foi um dos carros chefes do último
mandato do ex-governador Flávio Dino.
24
Em 2019, o governo do estado, através da Secretaria de Estado das Cidades do
Maranhão (SECID) lançou o “Programa Nosso Centro” com o objetivo de “tornar o
centro histórico de São Luís referência em renovação e desenvolvimento sustentável,
preservando seu valor histórico e cultural ao mesmo tempo em que promove o centro da
cidade de São Luís como espaço democrático” (Maranhão, 2019, s/p).
A área de intervenção proposta pelo programa nosso centro possui cerca de 2.500
imóveis tombados pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico
do Maranhão (DPHAPMA), e 1.400 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). Em decorrência deste conjunto arquitetônico e paisagístico, o centro
histórico tornou-se um dos principais produtos turísticos da capital, e, também um dos
locais mais visitados (Santos, 2015).
E, para preservação, é importante entender o papel das normativas, como o caso das
políticas públicas de preservação no centro histórico de São Luís, que ganharam força
com o então intitulado “Projeto Reviver”, que teve como marco, o bairro da Praia
Grande, por ser local de relevantes monumentos históricos (Silva, 2016).
Neste bairro, é possível encontrar imponentes sobrados, além de casas com fachadas em
azulejos. De acordo com Andrés (2012. p. 203) as primeiras obras do Projeto Reviver
concentraram-se neste bairro por ser considerado:
[...] um local de grande riqueza histórica, digna de atenção e aprofundamento, e para o qual se
estabeleceu o subprograma de obras da Praça do Comércio, cuja primeira etapa foi implantada
no período de 1981 e 1982, com a realização das obras da feira da Praia Grande, Albergue, Beco
da Prensa, Praça da Praia Grande e obras de urbanização em geral.
Como forma de conservar, preservar e dar “vida” ao centro histórico de São Luís foi
criado o Programa Nosso Centro com o objetivo de potencializar os atrativos do centro
histórico através de um conjunto de ações e obras que valorizassem o centro de São
Luís, tornando a cidade referência nacional em desenvolvimento sustentável e
preservação histórica cultural (Secidma, 2019).
25
Esse tipo de política se encaixa, culturalmente, nas imagens das cidades, e, tem por
objetivo atribuir novos sentidos ao passado, caracterizado por ser segregador e
higienizador, no sentido de (re)ativar esse espaço para a sociedade (Jayme, 2010). A
ressignificação da área urbana está associada à valorização socioeconômica dos lugares,
e, por meio dela, busca-se o resgate de valores simbólicos para os residentes e nãos
residentes, associado inclusive ao movimento do turismo (Cardoso, 2017; Costa, 2015).
Para melhor entendimento sobre o Programa Nosso Centro, este está dividido em polos
vocacionais, a saber: Habitacional; Tecnológico; Cultural, Turístico e de Lazer e
Comercial e Gastronômico (figura 1). Estes polos foram criados com fins a uma
concepção integral urbana para aumentar a atratividade socioeconômica do centro
histórico em diversos setores e públicos (Secid, 2019).
Cada polo possui objetivos diferenciados de acordo com a finalidade da ação a ser
trabalhada/desenvolvida. Neste estudo, faremos um resumo dos Polos Vocacionais
dando um enfoque ao polo Cultural, Turístico e de Lazer.
27
foco na gastronomia, comércio em geral e turismo, que para Silva (2016) este tipo de
ação é uma estratégia de reprodução do capital, o que fortalece a economia local.
Já o Polo Cultural, Turístico e de Lazer têm como objetivo fomentar a ocupação, a
realização de atividades e atrações culturais no Centro Histórico, tornando-o referência
de lazer à população local e turista, e, ainda preservar e difundir o patrimônio cultural
material e imaterial do Estado (Secidma, 2019). De acordo com a Secidma (2019), as
ações estratégias do polo para o setor é aumentar a qualidade da oferta turística, como
por exemplo:
1. Natal do Maranhão;
2. Implantação de roteiros históricos autoguiados;
3. Apoio a empreendimentos culturais, comerciais e gastronômicos;
4. Formalização e apoio a grupos culturais tradicionais;
5. Carnaval do Maranhão;
6. São João do Maranhão;
7. Festival Guarnicê;
8. Festival BR – 135
A Secidma (2019) acredita que a partir destas ações, a comunidade virá a se tornar mais
participativa nos eventos que acontecem na área do Centro Histórico, tanto usufruindo
dos benefícios gerados pelo Programa, quanto também no fomento ao
empreendedorismo, a partir da instalação de barracas para venda de bebida, comida e
artesanato, gerando uma fonte de renda familiar em novos períodos, além do que são
considerados sazonais.
28
5. ANALISES FOTOGRÁFICAS
Consciência e apreciação da percepção ambiental, e em particular a experiência e a
percepção do lugar é uma dimensão fundamental no âmbito urbanístico e no
imaginário urbano. A interdisciplinaridade entre o urbanismo e o imaginário urbano
se desenvolveu no campo da percepção ambiental, a preocupação inicial com a
construção dessa percepção dos imaginários vem sido complementadas por
trabalhos sobre simbolismo, significados e imagens.
Somos afetados pelo ambiente e interagimos com ele. Cada interação que acontece,
recebe estímulos dos sentidos, sendo esses: visão, audição, olfato e/ou tato, e cada
um deles nos oferecem pistas acerca dos ambientes que estão em volta. Cada um
desses sentidos tem a sua importância na construção do imaginário urbano, alguns
carregam mais informações, uns menos significativos que outros, mas todos com
sua importância. Porem Segundo Porteous (1996, p. 3) o sentido dominante é a
visão, já que ele fornece mais informação do que todos os outros sentidos
combinados, a orientação espacial é conquistada através da visão, e Porteous
continua afirmando que a visão é um mecanismo ativo e buscador, sentido esse que
de certa forma controlamos; já os cheiros e os sons chegam até nós. A percepção
visual é altamente complexa, dependendo da distância, cor, forma, textura,
contraste, etc.
E com base nisso, demos seguimento a análises fotográficas, onde apontaremos nas
principais localidades do Bairro da Praia Grande as mudanças ocorridas no bairro
desde a década de 70 até os dias atuais, colocando em prática o que foi estudado, e
também fomentando o banco de imagens acerca do objeto de estudo.
29
Figura 11 – Rua Portugal em 1972
30
5.2. Praça Nauro Machado
A Praça Nauro Machado apesar fazer parte do imaginário relacionado aos tempos
coloniais, é uma praça que foi criada durante a fase do projeto Reviver, o antigo
prédio à Travessa do Comércio, era Alfândega e antes foi prédio que abrigo a
Antiga Companhia & Comércio dos tempos pombalinos, tempos depois se
transformou em ruínas até que foi demolida, e no espaço vazio que foi deixado,
tornou-se um estacionamento, até ser preenchido com a construção da Praça.
31
Figura 14 – Praça Nauro Machado em 2022
32
encontro, porque com o tempo a praça foi se resignificando, e sendo palco de diversas
manisfestações culturais, se tornando mais do que um ponto turistico: é um lugar de
liberdade para todos que são perversamente inclusos pela sociedade.
5.3. Rua da Estrela
A rua da Estrela é uma das maiores e mais importantes ruas do bairro da Praia
Grande, nela fica o Prédio da Defensoria Pública, o Mercado das Tulhas, Bares,
restaurantes, o Prédios do Curso de História e o Prédio do Curso de Arquitetura e
Urbanismo, ambos da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), além de fazer
a ligação entre o bairro da Praia Grande e o Desterro.
Figura 16 – Fachada do Mercado das Tulhas em 1970
33
Fonte: Autoria Própria
Figura 18 – Rua da Estrela em 1950
34
Fonte: Autoria Própria
Nas figuras 16 e 17 podemos analisar que as mudanças sofridas foram mais
precisamente na fachada do mercado, com a mudança da pintura, e também podemos
apontar novamente a exclusão dos carros na rua, além da implantação da arborização na
parte central da via.
Já nas Figuras 18 e 19, podemos notar que houve a demolição de algumas edificações
para a construção do edifício João Goulart em 1957, na esquina esquerda, e na direita
para a construção do atual Anexo do Tribunal de Justiça.
5.4. Cais da Sagração
Outra localidade que possui grande importância dentro do bairro é o Cais Sagração, já
que foi o grande porto de São Luís até a construção do Porto do Itaqui em 1960, foi
construído em 1841 em homenagem a sagração de D. Pedro II, e tinha grande
importância mundialmente pelo volume do comércio que existia no Maranhão.
35
Fonte: Minha Velha São Luís
36
Fonte: Autoria Própria
O porto foi aterrado para a contrução da Avenida Vitorino Freire, os postes que existiam
na mureta foram removidos, além do coreto que tiveram os bancos removidos, e foi
adicionado um guarda corpo de ferro, consequencia do aterramento foi a construção do
Cais da Praia Grande, que serve como terminal hidroviário de São Luís.
5.5. Rua do Egito
A última parte da análise é a Rua do Egito, em especial o trecho do Largo do Carmo.
Figura 22 – abrigo do Carmo
37
Figura 23 – Largo do Carmo em 2022
38
6. RESULTADOS E DICUSÔES FINAIS
É normal que com o passar do tempo os usos, habitantes, as edificações, entre outras
coisas que compõem um bairro e suas dinâmicas específicas mudem, e isso aconteceu
na Praia Grande, a parte da população que não evacuou o bairro, contribuiu para
preservação dos costumes e tradições que ainda se manifestam no bairro.
O Projeto Reviver e o Programa Nosso Centro foram responsáveis por grandes
transformações, as restaurações e requalificações foram de grande valia para todas as
comunidades relacionadas ao patrimônio arquitetônico e cultural. E mesmo com
diversas medidas que contribuem com a preservação do sitio histórico que abrange o
bairro da Praia Grande, só iremos entender como elas influenciam o imaginário que
tange ao bairro, se entendermos como ele se perpetua na sociedade ludovicense, em
especial, as pessoas que se relacionam de maneira direta com o bairro. A pesquisa tenta
entender como a população e os usuários influenciam na elaboração desse imaginário,
porque um simples andar na rua descontrói muitos conceitos negativos que se tem desse
espaço. Como fala o psicólogo social Serge Moscovici (2002) “As representações
sociais são conhecimentos práticos que se desenvolvem nas relações do senso comum,
são formadas pelo conjunto de ideias da vida cotidiana, construída nas relações
estabelecidas entre sujeitos ou através das interações grupais.”
O bairro da Praia Grande retratado capítulos acima por meio de estudos bibliográficos,
pesquisas de campo e análises fotográficas, carrega uma simbólica visão urbana e
histórica do centro ludovicense construída no perpassar dos anos. Essas mudanças
ocasionaram significativas e diferenciadas vivências ao longo de todo o processo da
pesquisa. Temos os princípios de estudos sobre relação que hoje é organizada entre o
bairro e seus usuários, o diálogo existente entre eles, a identidade característica do local
e as mudanças do modo de viver e se relacionar com o meio. Dessa maneira, a pesquisa
veio trazer importantes percepções acerca do bairro por meio do latente imaginário que
permeia esse cenário urbano.
O bairro é como uma vitrine, que depende da composição de cada espaço, de uma luz,
de um objeto, um produto, produzindo diferentes significados simbólicos dependendo
do ponto de vista no qual é observado, suscitando particulares experiências em cada
usuário, seja ele transeunte, morador ou comerciante, pois cada um deles é receptor dos
estímulos que o bairro transmite. Dessa forma, queremos ressaltar que o estudo implica
39
em duas realidades, cultivando o espaço dividido tanto para as comunicações das
consciências individuais, como para o coletivo, com aspectos emocionais e afetivos.
Dessa forma foram aplicados os questionários durante os meses de maio a julho, online
e presencialmente, e entrevistas com moradores e vendedores ambulantes durante o mês
de julho para obter informações sobre a sensação de pertencimento com o bairro em
meio às transformações sofridas ao longo dos anos.
40
Com a aplicação de questionários e das entrevistas nas áreas do bairro constatou-se que
50% das pessoas entrevistadas eram mulheres cis, 28% homens cis, e 22% de pessoas
não-binárias, com idade sofrendo variação dos 18 anos aos 65 anos.
Gráfico 1 - Gênero das pessoas que tem relação com o Bairro da Praia Grande
Genero
Homem Cis Mulher Cis Não-Binário
22%
28%
50%
14%
41%
26%
19%
41
Durante o processo da pesquisa, fizemos perguntas sobre o nível atual de escolaridade
presente no bairro: 47% responderam ensino médio completo, 33% respondeu que tinha
nível superior incompleto, 8% possuía ensino médio incompleto e 5% superior
completo.
Gráfico 3 – Nível de escolaridade das pessoas que tem relação com o Bairro da Praia Grande
Nível de escolaridade
Superior incompleto Superior completo
Ensino medio completo Ensino medio incompleto
8%
33%
54% 5%
42
Gráfico 4 – Cor que define o Bairro da Praia Grande
7%
21% 36%
23%
14%
Perguntamos também sobre o lugar que mais representava a imagem do bairro, 29%
respondeu que é a Praça Nauro Machado, 22% acha que é o Palácio dos Leões, 14%
Rua Portugal, 14% Cais da Praia Grande, 7% Catedral da Sé, 7% Rua do Giz e 7% beco
Catarina Mina.
7%
7%
29%
7%
14%
14%
22%
43
Perguntamos se os entrevistados conheciam as manifestações culturais existentes no
bairro, 52% disse que sim, 37% responderam não e 11% respondeu talvez.
11%
52%
37%
Dos que disseram sim 54% apontaram o Tambor de Crioula como principal manifestação dentro
do bairro, logo em seguida o Reggae com 23%, depois a Capoeira com 15% e por último o
Movimento Estudantil com 8%.
23%
8% 54%
15%
44
Quando perguntados sobre sobre eventos que acontecem dentro do bairro, 63% disse que tem
conhecimento sobre, 23% disse que não tinham conhecimento e 14% responderam que talvez
conheçam.
14%
23%
63%
Os entrevistados que responderam sim 47% falou sobre frequentar a feirinha da Praça Benedito
Leite, 19% festas culturais como carnaval e São João, logo em seguida peças teatrais com 12%,
depois exposições com 11%, 8% falaram sobre frequentar shows e por ultimo, com 3% falaram
sobre frequentar protestos.
12%
19%
8%
11%
3%
47%
46
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de executar estudos sobre a formação da história de São Luís, desde de sua
ocupação inicial francesa, seguida da ocupação portuguesa, no desenvolvimento
econômico e urbanístico da cidade, e no declínio durante o século XX; até os projetos
de intervenções que moldaram gerações acerca do imaginário constituído do bairro,
levantamento e análises fotográficas, e também questionários e entrevistas, que nos
possibilitaram mostrar as transformações socioespaciais produzidas no período
estudado, bem como os elementos simbólicos presentes na relação entre cidade
tradicional e cidade moderna.
Enfatizamos que a visão da população que ali reside é fundamental no processo de
qualquer intervenção, pois são eles os principais afetados pela complexidade na
divergência entre o imaginário e a realidade, e que novas políticas públicas sejam
pensadas de forma que atendam as verdadeiras necessidades dessas pessoas.
A nossa pesquisa que se encerra com esse relatório, compreendeu-se inicialmente em
um levantamento bibliográfico acerca da formação histórica de São Luís e de como essa
história amadureceu para fomentar o imaginário, que muitas vezes é construído,
demolido e descontruído com o passar do tempo e com o decorrer dessas intervenções,
seja num simples implantar de postes que estimula a população a acreditar que são
originais, em construções e requalificações de praças, entendemos que pesquisas como
essa são de grande valia para toda a comunidade que tem alguma relação com o bairro,
e para a comunidade acadêmica.
É importante também citar que as praças são epicentros de cultura e vitalidade quando
falamos sobre o bairro da Praia Grande, pois agregam grande valor simbólico na
construção desse imaginário que envolve seu entorno.
Finalizamos ressaltando que o imaginário do bairro da Praia Grande é um conceito
amplo, complexo e subjetivo, que está em constante transformação, na medida que a
população que se relaciona com ele for evoluindo, porque segundo Bell (1990) “nos
afetamos e somos afetados pelo ambiente”.
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