Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
AGREDECIMENTO
Agradeço em primeiro lugar à Deus. Todos os aplausos que eu receber são
Seus, até por que a minha capacidade vem do Senhor.
À minha família que me deu todo tipo de suporte e incentivo.
Ao meu namorado por me ensinar a amar, ceder e apoiar.
Ao meu orientador pelo pedido de desculpas que eu nunca vou esquecer, e o
carinho com que me passou tanto conhecimento. Isso não tem preço.
Ao meu co-orientador que foi mais que isso. Foi um amigo.
Aos meu amigos inesquecíveis, Marcela e Raphael. Boa parte do que sei de
arquitetura eu aprendi com vocês, e muito do que sei sobre amizade também.
À minha turma querida por ser a melhor de todas.
À minha célula da igreja que orou por mim.
A mim mesma porque eu estou merecendo...
3
“ [...]a cidade está no homem
quase como a árvore voa
ao pássaro que a deixa
Ferreira Gullar
Louis Sullivan
4
RESUMO
5
ABSTRACT
6
LISTA DE FIGURAS
7
FIGURA 33 – Trecho do Mapa de Uso e Ocupação onde se encontra o terreno........... 40
FIGURA 34 – Setorização das linhas de ônibus de Campos dos Goytacazes............... 41
FIGURA 35 – implantação e o entorno...........................................................................45
FIGURA 36 – Implantação............................................................................................. 46
FIGURA 37 – equipamento banco com árvore.............................................................. 47
FIGURA 38 – implantação com todos os elementos 1.................................................. 48
FIGURA 39 – implantação com todos os elementos 2.................................................. 49
FIGURA 40 – implantação com todos os elementos 3.................................................. 50
FIGURA 41 – Unidade residencial unifamiliar 1........................................................... 51
FIGURA 42 – Unidade residencial unifamiliar 2........................................................... 52
FIGURA 43 – Unidade residencial unifamiliar 3........................................................... 53
FIGURA 44 – Unidade residencial multifamiliar 1....................................................... 54
FIGURA 45 – Unidade residencial multifamiliar 2....................................................... 55
FIGURA 46 – Posto de Saúde........................................................................................ 56
FIGURA 47 – Corte esquemático mostrando a ventilação no Posto de Saúde.............. 56
FIGURA 48 – Quiosque................................................................................................. 57
FIGURA 49 – Centro Comercial.................................................................................... 58
FIGURA 50 – cobertura do Centro Comercial............................................................... 58
FIGURA 51 – Área de convivência dos Quiosques....................................................... 59
FIGURA 52 – Área de convivência do Centro Comercial............................................. 60
FIGURA 53 – Bloco administrativo e pedagógico........................................................ 60
FIGURA 54 – Área de convivência do Centro Comercial............................................ 61
FIGURA 55 – quadra, marquise e castelo d’água da escola.......................................... 61
FIGURA 56 – quadra, marquise e castelo d’água da escola 2....................................... 62
FIGURA 57 – quadra poliesportiva da escola................................................................ 62
FIGURA 58 – detalhe do piso do playground da escola................................................ 63
FIGURA 59 – refeitório da escola.................................................................................. 63
FIGURA 60 – Fachada do Memorial Arquitetônico...................................................... 64
FIGURA 61 – Fachada do Memorial Arquitetônico...................................................... 65
8
SUMÁRIO
Lista de Figuras............................................................................................................................07
INTRODUÇÃO............................................................................................................................10
Considerações iniciais.....................................................................................................10
Justificativa.................................................................................................................... 10
Objetivos gerais e específicos..........................................................................................10
Procedimentos metodológicos.........................................................................................11
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO..............................................................................11
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO
BRASIL................................................................................................................................................11
1.1. A habitação como produto e os problemas de salubridade..........................12
1.2. A Era Vargas e a Produção Estatal da Moradia...........................................14
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE ARQUITETURA MODERNA....................................16
2.1. A arquitetura moderna no Brasil..................................................................18
2.2. A arquitetura moderna em campos dos Goytacazes....................................20
3. PRECEDENTES PROJETUAIS.................................................................................21
3.1. Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho)................21
3.2. Karl Marxs Hof............................................................................................25
3.2. Narkomfin....................................................................................................27
3.4. Prédio do Ministério da Educação...............................................................29
3.5. Parque do Ibirapuera....................................................................................30
3.6. Hospital Sarah Kubitschek..........................................................................32
3.7. Mansion Citrohan........................................................................................32
3.8. Superquadras de Brasília.............................................................................33
3.9. Arquitetura Moderna em Campos dos Goytacazes......................................34
3.10. Mapa Referencial......................................................................................35
4. PROPOSTA ARQUITETÔNICA..............................................................................38
4.1. Localização.................................................................................................38
4.2. Transporte e mobilidade urbana.................................................................41
4.3. Impacto da implantação..............................................................................42
4.4. Condições legais do projeto........................................................................42
4.5. Programa de necessidades...........................................................................42
4.6. Partido arquitetônico...................................................................................44
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................65
APÊNDICES................................................................................................................................66
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................68
9
INTRODUÇÃO
Considerações Iniciais
A arquitetura moderna como um todo abrange a questão social por definição. Os
traços minimalistas e as formas fáceis e limpas expressam a racionalidade de um momento
histórico onde criar arquitetura estava ligado a dar esperança a várias famílias sem lar. A
arquitetura moderna surgiu facilitando a produção massiva de moradia na Alemanha do pós
guerra, e encontrou no racional uma beleza limpa e crua.
Essa beleza inspirou várias correntes e vários arquitetos, chegando ao Brasil com uma
linguagem única e própria. Logo o modernismo ganhou o público brasileiro e os anos 60
explodiram em formas geométricas e jardins tropicais. Porém a função original/social foi
esquecida, e a racionalidade passou a ser mais valorizada pelo plástico volumétrico que pela
tecnologia e rapidez inerentes a projetos de habitação social. (BENEVOLO,1976)
Em Campos dos Goytacazes não foi diferente. As pessoas que podiam contratar
arquitetos para que desenhassem suas casas modernistas o faziam, enquanto a desordem do
crescimento sem planejamento das favelas crescia.
Acredita-se que seria de grande importância a criação de um conjunto habitacional em
Campos dos Goytacazes que evidenciasse essa forte corrente modernista presente em áreas mais
nobres da cidade, para retomar o conceito social de um estilo que não é só plasticamente
agradável.
Justificativa
Campos dos Goytacazes tem um grande número de obras modernistas: casas,
instituições e jardins de arquitetos e paisagistas famosos, de grande expressão, e grande parte
dessas obras estão na área central da cidade em áreas nobres.
Pretende-se criar um projeto arquitetônico que vá além da importância estética, e
resgate as origens do movimento modernista, criado numa situação de pós guerra e direcionado
à pessoas carentes com foco na racionalidade e redução de custos. Acredita-se que o diferencial
desse projeto é a inovação a partir do simples e o uso de tecnologias baratas e eficientes.
10
Fazer uma análise da história da habitação social no Brasil e em Campos dos
Goytacazes.
Levantar dados sobre a situação da habitação social na cidade.
Desenvolver um projeto de um Conjunto Habitacional Modernista em Campos dos
Goytacazes.
Procedimentos metodológicos
Pesquisa bibliográfica baseada em livros e artigos que tratem sobre o tema.
Pesquisa documental.
Pesquisa de campo em conjuntos habitacionais em Campos dos Goytacazes e Rio de
janeiro, a fim de constatar de perto as questões pertinentes a implantação do projeto
arquitetônico proposto.
Entrevistas com moradores de conjuntos habitacionais para que sejam evidenciados os
principais problemas habitacionais da região pelo ponto de vista dos moradores.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O início da habitação voltada para o interesse social foi marcado pela grande
ameaça a saúde pública e também pelas condições desumanas as quais as pessoas eram
submetidas para ter uma moradia. O autoritarismo da ordem sanitária para a resolução
dos problemas gerados pela falta de estrutura e planejamento nas moradias de produção
rentista teve seu papel na contenção de doenças ocasionadas pela falta de higiene.
Essa também é a origem do preconceito em relação à habitação de interesse
social, uma vez que esta foi o berço de tantos problemas sociais e focos de doenças.
11
1.1 - A habitação como produto e os problemas de salubridade
O surgimento do urbanismo moderno do Brasil esteve relacionado com o início
da república e o boom econômico que ocorreu de 1870 até 1913, quando a crise do
sistema econômico mundial interrompeu este ciclo (CARDOSO DE MELLO,1982).
Desde 1840 o Brasil vai estruturar a economia exportadora dentro dos novos padrões da
divisão internacional do trabalho. Os países centrais como Inglaterra e França passam a
estruturar o centro hegemônico do capitalismo internacional, e os países como o Brasil
passam a ser os grandes fornecedores de matérias primas e insumos agrícolas para os
países centrais.
A antiga economia mercantilista colonial é substituída por uma economia
agrícola exportadora que introduz máquinas de beneficiamento e novas fontes de
energia, como vapor para as usinas de açúcar.
Outro fator importante da modernização que ocorre no período será a
introdução da ferrovia que irá potencializar a ocupação do território ampliando as áreas
agriculturáveis. Neste ciclo teremos o esboço da modernização das cidades brasileiras
principalmente nos corredores de exportação onde será criada as cidades dos fluxos
(cidades portuárias).
Esta nova divisão internacional do trabalho vai exigir uma eficiência maior no
deslocamento das cargas e dos produtos do complexo agro-exportador. A lógica
capitalista vai rebaixar os custos do transporte, que reduziu de 80% (antes da ferrovia)
para 20% o custo total da produção. A substituição da mão de obra escrava pela mão de
obra livre também terá sua parte na revolução da planilha de custos das unidades de
produção. Assim de 1870 a 1913, a introdução de mão de obra livre nas fazendas
acelera as relações capitalistas de produção. Esta mão de obra livre entra num ciclo de
consumo de alimentos, roupas e outros bens não duráveis. Inicia-se uma
industrialização voltada para o abastecimento desses bens.
É nesse contexto de crescimento econômico que surgem as primeiras formas de
sub-habitação1, que foram berço de grandes epidemias. A estrutura arquitetônica das
moradias da época além de modesta eram insalubres e desprovidas de qualquer
conforto.
1
Entende-se por sub-habitação uma moradia que não atende os critérios básicos de salubridade e direitos
humanos, uma vez que uma casa é mais que um abrigo físico. Deve ser um local de interação entre
familiares, cumprindo seu valor social na formação de cidadãos. Mocambos, cortiços, favelas, são
exemplos de sub-habitações.
12
“Esses cortiços [...] não são senão casas de dormida que se
adicionam alguns cômodos para uso comum: uma sala com
vários fogões improvisados para uso de todos, uma latrina
pessimamente instalada e compridos corredores com
iluminação insuficiente”
(MOTTA, 1894)
A cidade dos fluxos entra em crise neste período em função da estrutura urbana
colonial que não respondia as novas demandas de suporte e infra-estrutura para
13
exportação. As cidades portuárias e as cidades nodais como São Paulo, Campinas,
Santos, Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes entram em colapso com epidemias
(malária, febre amarela).
14
trabalhadores das condições básicas de sobrevivência, inclusive
a habitação.”(BONDUKI, 2004)
15
FIGURA 03 – Getúlio Vargas na Inauguração do Conjunto Residencial Vila IAPI
Fonte: http://fotosantigas.prati.com.br/
16
A primeira guerra mundial (de 1914 a 1918) abre os olhos dos arquitetos
europeus para uma nova realidade e um novo modo de projetar como diz Benevolo:
“Modifica-se, assim, a clientela dos arquitetos: menos encargos
dos particulares e mais do Estado e das entidades públicas,
menos casas isoladas e mais bairros e arranjos de conjunto. A
importância da urbanística cresce rapidamente.”
(BENOVOLO, 1976)
Walter Gropius foi um dos protagonistas do movimento moderno que
interrompeu a carreira para ir para a guerra, e ressalta em seu discurso a importância do
arquiteto na mudança da realidade dos países envolvidos, principalmente na Áustria e
Alemanha:
“A plena consciência de minha responsabilidade como
arquiteto, baseada em minhas próprias reflexões, foi em mim
determinada como resultado da Primeira Guerra Mundial,
durante a qual minhas premissas teóricas tomaram forma pela
primeira vez. Após aquele violento abalo, cada ser pensante
sentiu a necessidade de uma mudança de frente intelectual.
Cada um dentro de sua esfera particular de atividade, desejava
dar sua contribuição para superar o desastroso abismo aberto
entre a realidade e o ideal.”
(GROPIUS,1935)
Em 1918 Gropius foi convidado a dirigir dois institutos que ele fundiu e
formou a Staatliches Bauhaus, a escola de arte moderna que marcou o inicio do
movimento na arquitetura e artes gráficas. Os métodos de ensino davam importância aos
exercícios práticos e a ligação do artesanal com o industrial, transformando o ensino
numa experiência capaz de desenvolver toda a personalidade humana.
17
FIGURA 04 – Bauhaus
Fonte: http://arthistoryfeathers.files.wordpress.com
18
[...] Esta, no seu desenrolar [a Revolução de 30], criou as condições para o
encontro com o que havia em termos “revolucionários” entre arquitetos e artistas para
a gestação dos planos para o Ministério da Educação. (ARTIGAS, 2004)
Outro fato importante para a mudança do pensamento em relação à arquitetura
foi a nomeação de Lúcio Costa para diretor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro,
a então capital nacional. Ele convidou arquitetos que partilhavam das mesmas idéias
para ensinar na instituição, dentre eles Gregori Warchavchik, autor de obras
modernistas que marcaram o início do movimento no Brasil. Juntos lecionaram por
menos um ano, quando Lucio costa foi deposto por revolucionar o ensino tradicional
das artes voltadas para a construção.
Em 1935 uma equipe de ilustres arquitetos liderados por Lúcio Costa, e em
outro momento por Oscar Niemeyer, se torna responsável pelo projeto do Ministério da
Educação que contou com a consultoria do mestre francês Le Corbusier. Quando o
prédio ficou pronto se tronaram evidentes os elementos que compunham o novo estilo:
“Essa é, de fato, a primeira realização de um tipo de realização
que Le Corbusier de há muito cogitava [...] e aqui estão
rigorosamente aplicados todos os princípios de seu ideário
arquitetônico: os pilotis, o terraço jardim, o pan de verre, o
brise-soleil.”(BENOVOLO, 1999)
19
que depois foram moldados a topografia local, formando um desenho semelhante a um
avião. Estava sendo criado o Plano Piloto.
20
referência na região. O Palácio da Cultura é uma de suas obras mais famosas, além de
vários projetos residenciais em Campos dos Goytacazes.
Infelizmente a maioria das obras modernistas da cidade está localizada em
bairros nobres e a função social do movimento foi perdida.
3 – PRECEDENTES PROJETUAIS
21
O bloco residencial serpenteado tem o seu acesso principal por uma passarela
no andar de pilotis. Os moradores usam a área para recreação e festas, além de abrigar a
creche e o serviço social do conjunto com uma vista sem obstáculos para todo o Rio de
Janeiro. O estado de conservação do prédio é precário e muitas grades de proteção estão
danificadas, comprometendo a segurança das crianças que freqüentemente brincam ali.
Os moradores também reclamam da falta de cuidados com a vegetação em volta do
prédio, acumulando muita sujeira e denegrindo a fachada principal.
Nos dois primeiros níveis do prédio estão os apartamentos de um quarto, e
acima dos pilotis erguem-se dois pavimentos de apartamentos duplex com dois quartos.
Teve-se acesso a um apartamento duplex e foi constatada a qualidade e o conforto do
mesmo, com piso e paredes muito bem conservados e móveis novos, uma imagem bem
contrastante com a área externa.
22
A proprietária da apartamento, Dona Marília, relata que o valor do condomínio
é de R$ 25,00 e ela não troca o Pedregulho por nada. Apesar da comunidade perto, ela
diz que nunca teve problemas com segurança e o policiamento tem se tornado cada vez
mais freqüente. A vista da sua sala e do seu quarto são ótimas e ela mora lá há trinta
anos, num prédio que conta a história da arquitetura moderna em seus detalhes, no
cuidado com o morador e na simplicidade de sua forma escultural.
A área destinada à escola está na parte mais baixa do terreno. Na parte térrea
está a área de esportes com quadra e ginásio, o playground e o refeitório que fica
embaixo das salas de aula e é completamente aberto permitindo um bom fluxo e
conforto térmico. Tanto o ginásio quanto o refeitório receberam painéis de azulejos
pintados por Portinari e Burle Marx colorem o espaço das crianças.
23
FIGURA 09 – Mural de Burle Marx no refeitório da escola do Pedregulho
Fonte: Acervo Pessoal
O acesso ao bloco de salas de aula é feito por uma rampa, e toda a circulação
entre as salas é feita por meio de um único corredor que ameniza a insolação e melhora
a ventilação por ter a vedação feita com elementos vazados.
24
FIGURA 11 – Rampa e corredor da escola do Pedregulho
Fonte: Acervo Pessoal
25
FIGURA 13 – Karl Marxs Hoff em Viena
Fonte: http://arq-renatobn.blogspot.com
26
Com o fim do socialismo europeu, o enorme edifício viu sua decadência, já que
seu uso e ideologia básica estavam atrelados a um momento político. Os apartamentos
se tornaram obsoletos e tiveram suas infra-estruturas degradadas.
3.3 - Narkomfin
Moisei Ginzburg foi um arquiteto atraído pela União Soviética para trabalhar
lado a lado com uma equipe para completar algumas das obras mais inspiradas e
visionárias da época. Como judeu ele teve a educação universitária negada na Rússia
czarista e aprendeu arquitetura em Paris e Milão.
27
O Conjunto Habitacional Narkofin foi a maior conquista de Ginzburg,
desenhado para os trabalhadores do Comissariado de Finanças. Pilares elegantes,
corredores largos e enormes janelas de vidro duplo contribuem para um conjunto de
apartamentos de diferentes tamanhos, restaurante comunitário, creche, lavanderia e
jardim na cobertura.
28
FIGURA 18 – Fachada do prédio de equipamentos do Narkonfin
Fonte: http://lumieregallery.net/artists
29
FIGURA 19 – Inauguração do Prédio do MEC no Rio de Janeiro
Fonte: http://www.ccpg.puc-rio.br
30
Ghiraldini, Otávio Augusto Teixeira Mendes, responsável pelo projeto paisagístico,
entre outros, com colaboração de Gauss Estelita e Carlos Lemos, começa seus estudos
na área do parque do Ibirapuera, localizado na cidade de São Paulo. Burle Marx
colaborou com um projeto em 1953 que acabou não executado. O terreno ocupa mais de
um milhão e oitocentos mil metros quadrados, e tem como limítrofes as Av. IV
Centenário e Av. República do Líbano.
A amplitude e os estudos preliminares inspiraram a idéia principal do parque, a
conexão de grandes edifícios por uma marquise ladeados por um grande lago. Os
primeiros estudos foram modificados em função da escala, uma vez que a área é muito
vasta e a coerência entre os blocos e os espaços deveria ser mantida. O primeiro estudos
de marquise, com traçado bem menos elegante que a executada, é definida por uma
mescla de linhas retas e curvas, unindo todos os edifícios.
No início do ano de 1953 chega-se ao desenho final do conjunto. A
reformulação da forma da marquise suavizou seu traçado, conectando quatro edifícios.
Os pavilhões mantiveram suas características geométricas iniciais, apesar de mudanças
acarretadas pelos programas. A monumentalidade da entrada foi garantida pelo prédio
do Pavilhão de Exposições e o Auditório.
31
3.6 – Hospital Sarah Kubitschek
A rede de hospitais Sarah Kubitschek é destinadas ao atendimento de vítimas
de politraumatismos e problemas locomotores, objetivando sua reabilitação. O nome é
em homenagem à Sarah Kubitschek, primeira dama do país na época da fundação de
Brasília. A rede conta com unidades em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza,
Macapá, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís.
Os prédios que compõe a rede mantém uma identidade plástica coerente e
marcante que consagraram o arquiteto João Filgueiras Lima, mais conhecido como
Lelé. O uso da argamassa armada e sheds de ventilação norteiam o projeto que enfatiza
a eficiência energética e o conforto térmico. O prolongamento das testeiras verticais
pintadas de amarelo desenham uma coberta curva que dispõe de fileiras paralelas de
brises horizontais. Desse modo, os ambientes internos ficam resguardados dos raios
diretos do sol.
32
que a casa poderia ser feita em série, assim como carros. A pré-fabricação é sugerida
como uma forma de reduzir ou minimizar os equipamentos necessários para a
construção das casas, em resumo, estava sendo imitado o conceito de fabricação usado
em nas linhas de montagem de carros, navios e aviões.
Com cinco versões construídas entre 1919 e 1927, as casas tinham em comum o
uso do espaço para o conforto do morador. A garagem é incorporada à casa, facilitando
o acesso e enfatizando a proximidade da máquina com a moradia.
2
Cul-de-sac é uma expressão de origem francesa, que se traduzida literalmente, significaria fundo de
saco. Em português significa "balão de retorno", uma vez que é neste espaço ampliado que terminam as
33
concepção do conceito ser de Lúcio Costa, a sua equipe composta por vários outros
arquitetos desenvolveram os modelos de quadra com diferentes prédios e equipamentos.
“As superquadras possuem 240 x 240 metros, considerando
apenas o perímetro, mais uma moldura de vegetação de 20
metros de largura em todo seu entorno. É interessante observar
que, quando consideramos uma grande unidade de
parcelamento constituída por duas superquadras, mais a
entrequadra que não é atravessada por nenhuma via entre elas,
temos um grande quarteirão com 280m x 620m.”(MACHADO,
2007)”
A disposição dos edifícios nas superquadras se dá de formas variadas (inclusive
a tipologia dos prédios também poderia ser modificada), mas sempre obedecendo aos
critérios que norteiam o conceito de unidade de vizinhança. O acesso as escolas, a
proximidade dos equipamentos de uso comum e a separação do tráfego de veículos
eram questões a serem respeitadas em todos os modelos de implantação.
ruas sem saída, constituindo solução adequada para automóveis retornarem ao sentido oposto à sua
direção. O termo também é utilizado com a função de designar "becos-sem-saída' e "ruas sem saída".
34
Em pesquisa de campo realizada no dia 23 de maio de 2012 analisou-se a
estrutura estética das casas modernistas do bairro Parque Tamandaré. A linha de
composição plástica das casas deverá ser mantida na elaboração do projeto proposto.
35
Os personagens do mapa referencial são as obras citadas como precedentes
projetuais, e para facilitar a legibilidade do mesmo são usadas diferentes escalas.
36
FIGURA 27 – personagem do mapa: Edifício do Ministério da Educação
Fonte: Acervo Pessoal
37
FIGURA 30 – personagem do mapa: Narkomfin
Fonte: Acervo Pessoal
4 – PROPOSTA ARQUITETÔNICA
4.1 - Localização
A escolha do terreno foi feita visando à integração das construções com o
entorno. As famílias que passarão a morar no conjunto habitacional terão fácil acesso às
áreas centrais da cidade, não ficando isoladas como geralmente ocorre, assim como a
população local poderá se beneficiar dos equipamentos urbanos. Será uma alternativa
para beneficiar a todos.
O terreno localiza-se na cidade de Campos dos Goytacazes no bairro Parque
Alphaville e encontra-se sem uso. Algumas construções deverão ser desapropriadas para
utilização total do terreno no projeto, como mostra a figura a seguir.
38
FIGURA 31 – Terreno
Fonte: Google Earth
39
Princesa Isabel e a Avenida Vinte e Quatro de Outubro que tem grande importância no
sistema viário de Campos dos Goytacazes.
A área escolhida ocupa 39859,40m² e de acordo com a lei 7974 de Uso e
Ocupação do Solo do Município de Campos dos Goytacazes, está situada em uma Zona
Residencial 4 – ZR4. Abaixo está representado parte do mapa anexo da legislação no
trecho pertinente ao projeto.
40
4.2 – Transporte e mobilidade urbana
O transporte público será o grande responsável pela mobilidade dos moradores
que ocuparão a nova área, logo pretende-se articular as linhas que passam nas
proximidades para satisfazer as novas demandas originadas do conjunto habitacional.
As linhas de ônibus em Campos dos Goytacazes são dividas entre setores e
zonas, associadas aos bairros. Como é possível ver na figura 34 o terreno encontra-se na
zona leste, setor 200, representados no mapa abaixo.
terreno
3
São considerados Pólos Geradores de Tráfego (PGT) os empreendimentos constituídos por edificação
ou edificações cujo porte e oferta de bens ou serviços geram interferências no tráfego do entorno e
grande demanda por vagas em estacionamentos ou garagens.
41
A circulação interna no Conjunto Habitacional se dá em pequenos trechos para
acesso aos estacionamentos. O uso de cul-de-sac foi essencial no traçado urbano para
impedir a permeabilidade do conjunto em áreas residenciais, proporcionando mais
segurança.
42
Unidade Residencial Unifamiliar
o 27 casas, sendo 2 adaptadas ao uso de deficientes físicos
o Sala
o Cozinha
o Dois ou três quartos
o Banheiro
o Área de Serviço
o Garagem
Unidade escolar
o Salas de aula
o Banheiros femininos e masculinos para uso dos alunos
o Vestiário feminino e masculino
o Coordenação
o Secretaria
o Recepção
o Diretoria
o Sala dos professores
o Banheiro para funcionários
o Refeitório
o Cozinha
o Despensa
o Área de Serviço
o Quadra poliesportiva
o Horta
o Playground com piso acessível e grama sintética
Memorial arquitetônico
o Administração
o Lavabo
o Área de Exposição
o Estacionamento
43
Posto médico
o Recepção
o Banheiros masculinos e femininos
o Consultório Pediátrico
o Consultório Ginecológico
o Consultório Odontológico
o Consultório Clínico Geral
o Sala de vacinação
o Sala de curativos
o Direção
o Arquivos
o Copa
Centro comercial
o Lojas
o Áreas de convivência
o Quiosques com banheiros públicos
o Estacionamento
44
FIGURA 35 – implantação e o entorno
Fonte: Acervo Pessoal
45
FIGURA 36 – Implantação
Fonte: Acervo Pessoal
46
O prolongamento das ruas Dilce Odiléia Martins e Professor Fulvio
Dalessandri para dentro do terreno culminando em ruas sem saída, possibilitou a
implantação de estacionamentos mais perto das residências e serviços. Esse modelo
também garante mais segurança e praticidade ao motorista.
Na parte de cima do terreno ficam as residências unifamiliares em lotes de em
média 230m² e o setor de comércio. As casas são voltadas para os pátios internos. A
garagem é voltada para as vias facilitando o acesso de veículos na casa, e a entrada
principal é feita pelo pátio interno que pode ser acessado pelos pedestres.
Os pátios internos contam com área arborizada e espaços de convivência.
Perto do setor de comércio foram implantados bancos com canteiros e árvores,
para conforto do transeunte proporcionando sombreamento natural como mostra a
figura 37.
47
Na parte da implantação abaixo da Rua Princesa Isabel, está localizada a
Unidade Residencial Multifamiliar implantada com as fachadas no sentido leste/oeste, a
Unidade Escolar engastada no prédio residencial, e o Posto de Saúde com a fachada
principal voltada para o nordeste, a fim de captar o vento predominante.
O estacionamento para a Unidade Escolar e o Posto de Saúde é compartilhado,
contando com 17 vagas, sendo 2 para o uso de deficientes físicos. O estacionamento da
Unidade Residencial Multifamiliar conta com 34 vagas sendo 2 para uso de deficientes
físicos.
A disposição dos equipamentos, paisagismo e a composição do Conjunto
Habitacional como um todo pode ser vista nas figuras abaixo:
48
FIGURA 39 – implantação com todos os elementos 2
Fonte: Acervo Pessoal
49
FIGURA 40 – vista superior da implantação
Fonte: Acervo Pessoal
50
As unidades residenciais unifamiliares receberam influência direta da
praticidade de funcionalidade da Masion Citroahn de Le Corbusier. O pensamento da
moradia funcionando como uma “máquina de morar”, fez com que o projeto proposto
ganhasse objetividade e concisão em suas formas.
51
FIGURA 42 – Unidade residencial unifamiliar 2
Fonte: Acervo Pessoal
Para manter a padronização das casas o morador poderá mudar a cor do núcleo
central e o material a ser usado para esconder a área de serviço na fachada principal.
Nas figuras 41, 42 e 43 pode-se perceber que a identidade visual é composta
pelo uso da cor azul e elementos vazados de argamassa sem pintura.
52
A cobertura é feita em parte com telha com inclinação de 8% escondida em
platibanda e cobertura ecológica. A cobertura da garagem é feita em argamassa armada
com inclinação de 3%.
Na residência adequada aos deficientes físicos todas as portas são acessíveis e
não há desnível entre os cômodos. A circulação permite o movimento do cadeirante de
forma prática, como se a casa fosse uma “máquina de morar”.
A Unidade Residencial Multifamiliar teve como principal inspiração o projeto
do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como
Pedregulho, principalmente em termos de implantação. A fachada principal onde estão
os apartamentos é voltada para o leste, justificando sua posição em relação às vias
delimitadoras do terreno. A subtração de volumes de forma ritmada além de compor um
desenho geométrico, também proporciona sombreamento. Foram usadas cores primárias
em tons pastel, remetendo à simplicidade dos desenhos de Piet Mondrian, como pode
ser vista na figura 44.
53
paulista que pensa o edifício como a cidade, valorizando o fluxo e as áreas de
convivência.
54
Para referenciar o Posto de Saúde foi também escolhido um edifício com a
mesma temática, o Hospital Sarah Kubitschek, que através de sua funcionalidade
inspirou a implantação e o uso da ventilação natural no projeto.
A volumetria está totalmente atrelada ao uso. A cobertura é composta por dois
volumes curvos de cores diferentes que saem do espelho d’água. As paredes e a
cobertura são unidas por uma estrutura com grades vazadas protegidas do risco de
chuva pelo beiral de 60cm, permitindo a saída do ar quente e impedindo a entrada de
animais.
55
FIGURA 47 – Corte esquemático mostrando a ventilação no Posto de Saúde
Fonte: Acervo Pessoal
56
FIGURA 49 – Centro Comercial
Fonte: Acervo Pessoal
Ambos fazem o uso de brise solei para trazer conforto lumínico e a estrutura
escultural exerce sua função de sustentação sem perder a beleza apesar da pureza das
formas.
As vitrines do Centro Comercial são voltadas para as vias, deixando a
circulação dos usuários voltada para o pátio interno do conjunto, assim como no Karl
Marxs Hoff. Já os quiosques tem a sua fachada principal voltada para a área residencial,
funcionando como uma extensão de lazer das casas. Para que a essa ligação entre os
quiosques e as casas preservasse a área residencial, foi posto um canteiro com arvores
entre os equipamentos.
As lojas do centro comercial possuem lavabo e caixas d’água individuais,
assim como os quiosques.
A cobertura do centro comercial é em parte feita em telha com inclinação de
8% escondida em platibanda, e na circulação externa e área de convivência feita por
estrutura metálica com acrílico, permitindo luminosidade natural. A responsabilidade de
manutenção dos equipamentos é pública.
57
FIGURA 50 – cobertura do Centro Comercial
Fonte: Acervo Pessoal
58
A circulação dos usuários do Centro Comercial conta com banco em madeira
em frente às lojas.
59
FIGURA 53 – Bloco administrativo e pedagógico
Fonte: Acervo Pessoal
60
A marquise sustentada por pilotis foi inspirada no projeto do Parque do
Ibirapuera que conecta vários prédios de diferentes usos. No projeto em questão, essa
ligação da marquise com o prédio residencial transmite a idéia de que a educação deve
ser parte do cotidiano das famílias. Além disso, o colchão de ar criado entre os blocos e
a marquise cria um isolamento térmico que assegura o conforto dos usuários da unidade
escolar.
Para criar um ar de descontração no prédio, as brises e as portas de cada bloco
foram pintadas de cores diferentes, setorizando os blocos por cor. O castelo d’água com
a parte superior pintada em vermelho e os pilares de sustentação espaçados faz alusão à
um lápis com a ponta de borracha, dando um toque lúdico ao projeto.
61
A quadra poliesportiva fica localizada atrás do setor de serviço e conta com dois
lances de arquibancada, podendo ser usada em eventos da escola.
62
A horta recreativa foi implantada depois da quadra esportiva, relativamente
distante dos blocos de sala de aula. Dessa forma a ida à horta passa a ser vista como
uma pequena mudança de cenário educacional para as crianças que, passarão a encarar a
atividade externa com uma diversificação do ensino. Na horta também foi pensado um
desenho de piso que favoreça a integração e mobilidade do aluno portador de
deficiência física. Pretende-se usar os alimentos cultivados na horta na merenda escolar.
Perto da horta também prevê-se a implantação de um pomar que também deverá ter seu
uso direcionado à merenda escolar.
O refeitório comporta confortavelmente 98 pessoas, não sendo necessário o
numero vagas à mesa ser compatível com a quantidade de estudantes, uma vez que
geralmente são feitos rodízios de horários para as refeições. Contudo, se for necessária a
expansão do refeitório, não haveriam problemas, já que o espaço físico não é delimitado
por vedações, mas somente protegido por um parede curva como mostra a figura
abaixo.
A cozinha tem uma abertura para ser feita a entrega dos pratos às crianças que
deverão se acomodar em mesas e cadeiras coloridas com as cores da escola. De acordo
com a teoria das cores, o uso de equipamentos coloridos estimula o apetite. Dessa forma
as crianças poderão comer mais e melhor, beneficiando o aprendizado.
E finalmente, para marcar o Conjunto Habitacional proposto, mostrou-se
necessária uma construção que além de exprimir em suas formas a ideologia
63
modernista, pudesse explicar para os moradores e a população de forma geral a
importância do movimento modernista e a eficiência das construções desse período.
Sob esse olhar foi incluído ao programa geral do conjunto o Memorial
Arquitetônico, que funciona como uma sala de exposições sobre a arquitetura moderna
em Campos dos Goytacazes e no Brasil.
64
FIGURA 61 – Fachada do Memorial Arquitetônico
Fonte: Acervo Pessoal
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se com base nas pesquisas e estudos feitos em prol da elaboração
desse projeto monográfico, que um Conjunto Habitacional de qualidade e bem
implantado pode fazer diferença na forma de morar tanto para quem vai usufruir
diretamente dele como para o entorno que contará com novos equipamentos de uso
público. A proposta de remeter a um período importante para a cultura arquitetônica do
país como o modernismo, estabelece uma conexão com o morador que passa a se
importar mais com a funcionalidade urbana. A qualidade de vida da população melhora
e a cidade ganha com a organização do espaço público e um crescimento ordenado.
65
APÊNDICES
Estudo de implantação
Fonte: Acervo Pessoal
66
Estudo paisagístico
Fonte: Acervo Pessoal
67
BIBLIOGRAFIA
68
Paulo, 2004, São Paulo. I Seminário Docomomo São Paulo, 2004. Disponível em:
http://www.nomads.usp.br/site/livraria/livraria.html
VILANOVA, Artigas. Caminhos da Arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2004
69