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CENTRO DE APOIO E

AMPARO A PESSOAS

EM SITUAÇÃO DE RUA:
NOVA SEDE DA CASA DE PASSAGEM

DE JARAGUÁ DO SUL/SC

JORGE LUIZ RODRIGUES DA LUZ


CURSO: ARQUITETURA E URBANISMO

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCE


CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
ARQUITETURA E URBANISMO

JORGE LUIZ RODRIGUES DA LUZ

CENTRO DE APOIO E AMPARO A PESSOAS EM


SITUAÇÃO DE RUA: nova sede da Casa de Passagem

GUARAMIRIM
2020
JORGE LUIZ RODRIGUES DA LUZ

CENTRO DE APOIO E AMPARO A PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:


Nova sede da Casa de Passagem

Trabalho de Graduação I apresentado à Faculdade


Metropolitana de Guaramirim como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profª. Fárida Mirany de Mira, Msc.

GUARAMIRIM
2020
AGRADECIMENTO

Eu primeiramente gostaria de agradecer minha esposa Isabela Serafim Klober pelo


apoio durante todo o periodo da faculdade, especialmente durante o periodo de elaboração desse
trabalho de conclusão de curso, me amparando nos momentos mais dificies e sendo apoio
essencial para vencer essa etapa. Também gostaria de agradecer meus pais Luis Duarte de
Oliveira Luz e Ilza Ramos Rodrigues da Luz por serem grandes insentivadores dos meus
estudos e por sempre estarem presentes em cada passo. Também agradecer minha orientadora,
Fárida Mirany de Mira por todos os ensinamentos e diretrizes passadas ao longo das orientações
tirando dúvidas e mostrando os caminhos para se conseguir o êxito. E por ultimo e não menos
importante, agradecer todos os professores que foram presentes em toda minha formação
acadêmica ensinando conteúdos essências para eu chegar nessa etapa da graduação.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma nova sede para a Casa de Passagem
que consiga atender a população de rua de forma eficaz na região de Jaraguá do Sul, baseado
em uma revisão bibliográfica integrativa, uma visita técnica e dois estudos de caso, o projeto
pretende entender as necessidades projetuais dessa parcela da população, que faz da rua sua
morada, contribuindo teórica e tecnicamente nas discussões entre arquitetura e ambientes
voltados a recuperação social. Para tanto, serão levantados dados sobre a cultura, políticas
públicas e intervenções destinadadas a população de rua na cidade de Jaraguá do Sul com a
finalidade de desenvolver um projeto que abarque todas as necessidades da instituição estudada.
A partir do estudo pôde-se entender as reais necessidades da população de rua, as atuais
politícas públicas e o que precisa ser aprimorado e implantado na nova sede da Casa de
Passagem, contudo, faz-se necessário salientar a escassa produção de conhecimento na área de
arquitetura e urbanismo sobre o tema proposto.
Palavras-chave: Albergue, Casa de Passagem, População de rua, Arquitetura e Urbanismo.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Gráfico do orçamento de assistência social na cidade de São Paulo ..................... 12


Figura 2 Abordagem do Serviço Social em baixo de Ponte ................................................. 16
Figura 3 Abordagem do Serviço Social ............................................................................... 17
Figura 4 Localização do Terreno da sede The Brigde ......................................................... 25
Figura 5 - Rua Corsicana ........................................................................................................ 25
Figura 6 Pátio Interno The Bridge ....................................................................................... 26
Figura 7 Fachada The Bridge .............................................................................................. 26
Figura 8 - Implantação e Setorização ..................................................................................... 26
Figura 9 - Implantação. S/ Escala ........................................................................................... 27
Figura 10 - Planta 1º Pavimento. S/ Escala ............................................................................ 27
Figura 11 - Planta 2º Pavimento. S/ Escala ............................................................................ 27
Figura 12 - Planta 3º Pavimento. S/ Escala ............................................................................ 27
Figura 13 - 3D da Edificação PSH Pamplona ..................................................................... 28
Figura 14 Localização do Terreno da sede Shelter home for the homeless ........................ 28
Figura 15 - Fachada demostrando a forma da edificação ....................................................... 28
Figura 16 - Avenida Gipuzkoa Etorbidea ............................................................................... 29
Figura 17 Implantação .......................................................................................................... 29
Figura 18 - Planta 1º Pavimento, sem escala .......................................................................... 29
Figura 19 - Planta 2º Pavimento, sem escala .......................................................................... 30
Figura 20 - Brises aplicados e em desenho ............................................................................. 30
Figura 21 - Avenida Gipuzkoa Etorbidea ............................................................................... 30
Figura 22 - Interior da edificação .............................................................................................31
Figura 23 Planta baixa centro Pop Joinville ..........................................................................32
Figura 24 - Mapa do entorno do Centro Pop ...........................................................................33
Figura 25 - Fachada principal da nova sede, rua Paraiba .........................................................33
Figura 26 Rampa de acesso ao prédio ...................................................................................33
Figura 27 Painel Semântico ..................................................................................................34
Figura 28 Canil .................................................................................................................... 34
Figura 29 Sala de recepção .................................................................................................. 35
Figura 30 Administração e almoxarifado ............................................................................. 35
Figura 31 Sanitários ............................................................................................................. 35
Figura 32 Sala da equipe técnica .......................................................................................... 35
Figura 33 Banheiros funcionários ........................................................................................ 35
Figura 34 Corredor com bloqueio ........................................................................................ 35
Figura 35 Sala de atendimento individual ............................................................................ 35
Figura 36 Portas das salas multiuso ..................................................................................... 36
Figura 37 Sala transformada em depósito ............................................................................ 36
Figura 38 Copa dos funcionários ......................................................................................... 36
Figura 39 Cozinha ................................................................................................................ 36
Figura 40 - Corredor dos banheiros com chuveiros ................................................................ 36
Figura 41 Banheiros com acessibilidade .............................................................................. 36
Figura 42 Lavanderia ........................................................................................................... 36
Figura 43 Localização do terreno e edificação de destaque ................................................. 40
Figura 44 Posição 1 .............................................................................................................. 41
Figura 45 - Posição 2 ............................................................................................................. 41
Figura 46 Posição 3 .............................................................................................................. 41
Figura 47 Posição 4 .............................................................................................................. 41
Figura 49 Posição 5 .............................................................................................................. 41
Figura 50 Distâncias, Ponto A, B e C .................................................................................. 42
Figura 51 Distâncias, Ponto D, E e F ................................................................................... 43
Figura 52 Distâncias, Ponto G e H ....................................................................................... 43
Figura 53 Imagem mental do entorno .................................................................................. 44
Figura 54 Mapa de Zoneamento .......................................................................................... 45
Figura 55 - Mapa Cheios e Vazios .......................................................................................... 45
Figura 56 - Mapa do Gabarito ................................................................................................. 45
Figura 57 - Mapa de Áreas Verdes ......................................................................................... 46
Figura 58 - Mapa do Uso do Solo ........................................................................................... 46
Figura 59 - Mapa de Equipamentos Urbanos .......................................................................... 46
Figura 60 - Mapa do Patrimônio Histórico ............................................................................. 47
Figura 61 - Mapa de Taxa de Ocupação ................................................................................. 47
Figura 62 - Mapa do Transporte Coletivo ............................................................................... 47
Figura 63 - Mapa das Fragilidades do Entorno ....................................................................... 48
Figura 64 - Mapa de Serviços de Abastecimento de Água e Esgoto .......................................48
Figura 65 - Mapa de Serviço de Energia Elétrica e Iluminação Pública .................................48
Figura 66 - Mapa dos Padrões Arquitetônicos do Entorno ......................................................49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distâncias e Tempos ............................................................................................. 38


Tabela 2 Setor Administrativo ............................................................................................. 51
Tabela 3 Setor Serviços .........................................................................................................51
Tabela 4 Setor Educacional/Profissionalizante .................................................................... 51
Tabela 5 Setor Suporte ......................................................................................................... 51
Tabela 6 Setor Moradia ........................................................................................................ 51
Tabela 7 Setor Social ........................................................................................................... 51
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
1.1 METODOLOGIA .............................................................................................................. 10

2 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO DE RUA .......................... 11


2.1 CONTRIBUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA RUA ......................................... 11
2.2 VIVER NA RUA, UMA ESCOLHA OU UMA CONDIÇÃO?....................................... 12

3 PANDEMIA COVID-19 E A POPULAÇÃO DE RUA .................................................. 14

4 JARAGUÁ DO SUL E A POPULAÇÃO DE RUA ........................................................ 16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 19

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 21

APÊNDICE A - REFERÊNCIAS PROJETUAIS .............................................................. 24


I THE BRIDGE HOMELESS ASSISTENCE CENTER/OVERLAND PARTNERS ........... 25
II SHELTER HOME FOR THE HOMELESS ....................................................................... 28
III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC ...................................................... 32

APÊNDICE B - CONTEXTO DA ÁREA ........................................................................... 37


I LOCALIZAÇÃO, ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS ................ 37
a) Distância e tempo de viagens entre o terreno e outras funções da cidade ................... 37
II JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TERRENO ........................................................... 39
a) Problemática pela atual situação da sede ....................................................................... 40
III LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO E ANÁLISE DO DESEMPENHO TOPOCEPTIVO
...................................................................................................................................................41
a) Visuais do terreno ............................................................................................................. 41
b) Sequências visuais ............................................................................................................. 42
c) Imagem mental .................................................................................................................. 43
IV MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .................................................................. 45
a) Zoneamento ........................................................................................................................45
b) Cheios e vazios ...................................................................................................................45
c) Gabarito ..............................................................................................................................45
d) Áreas verdes .......................................................................................................................46
e) Uso do solo ......................................................................................................................... 46
f) Equipamentos urbanos.......................................................................................................46
g) Patrimônio histórico...........................................................................................................47
h) Taxa de ocupação...............................................................................................................47
i) Transporte coletivo.............................................................................................................47
j) Fragilidades do entorno......................................................................................................48
k) Serviço de abastecimento de água e esgoto......................................................................48
l) Serviço de energia elétrica e iluminação pública..............................................................48
VI PADRÕES ARQUITETÔNICOS DO ENTORNO .......................................................... 49
VII SÍNTESE .......................................................................................................................... 50

APÊNDICE C - DIRETRIZES PROJETUAIS ...................................................................51


I - PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................ 51
a) Justificativa do programa de necessidades e pré-dimensionamento.............................52
II - SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA .............................................................................. 53

APÊNDICE D - DEFINIÇÃO DO PARTIDO ................................................................... 54


I - INTENÇÕES ESPACIAIS, CONSTRUTIVAS E ESTÉTICAS ....................................... 54
II - CROQUI DA IMPLANTAÇÃO ...................................................................................... 55
III - PERSPECTIVA DA PROPOSTA DA NOVA SEDE .................................................... 56
1. INTRODUÇÃO

O cenário econômico e social brasileiro há anos vem sendo desgastado por um declínio
de políticas públicas, de emprego, de saúde e de moradia, sendo a falta de emprego o maior
contribuinte para o aumento da população de rua. Assim, o número que muitos já achavam
alarmante segui crescendo diante do contexto da pandemia do COVID-19, um vírus extremante
perigoso e contagioso, sendo em alguns casos letal. Desta forma, diante dos impactos sociais
da doença, tornando o desemprego e a falta de renda as grandes sequelas dessa pandemia,
acreditasse que a vulnerabilidade familiar e social gerada por esta doença contribua para o
aumento no número de pessoas em situação de rua, que muitas vezes sem escolha, fazem da rua
sua casa.
Com isso, Sasse e Oliveira (2019), reafirmam que crises econômicas críticas e
duradouras tendem aumentar a popular a rua, visto que diante da escassez de políticas de
assistências e do aumento do número de pessoas encontradas em uma situação vulnerável
economicamente, pode-se perceber o êxodo da casa para a rua. Entretanto, embora Jaraguá do
Sul seja a quarta cidade mais segura do país e com um nível de infraestrutura alta (BRASIL,
2019), esta também sofrerá as consequências de um cenário brasileiro desestabilizado, desta
forma os mesmo desarranjos que acontecem em plano nacional se reproduzem em menor escala
na principal cidade do vale do Itapocú.
Assim, este Trabalho de Graduação 1 - TG1 tem como objetivo geral desenvolver uma
nova sede para a Casa de Passagem que consiga atender a população de rua de forma eficaz na
região de Jaraguá do Sul, para desenvolver a proposta, os objetivos específicos são: procurar
os programas já existentes na cidade e região e a legislação vigente sobre o tema; compreender
a metodologia de pesquisa e entendimento da cidade da autora Maria Elaine Kohlsdorf;
identificar as necessidades das pessoas em situação de rua, conversando com os profissionais
da área e revisando bibliografias afins; buscar um terreno, que através de sua localização
geográfica e seu tamanho, seja ideal para projetar o equipamento público que irá atender a
população de rua; criar um partido arquitetônico capaz de atender todas as necessidades dessa
população, sendo elas de sobrevivência e/ou autonomia.
Diante disso, o presente trabalho tenta solucionar a problemática da atual Casa de
Passagem com relação a falta de espaço, funcionalidade e localização, uma vez que a mesma
se encontra em um bairro distante e se estrutura em uma residência unifamiliar reajustada para
atender as demandas da população de rua.
Problema de pesquisa: Como desenvolver uma nova sede para a casa de passagem que
consiga atender a população de rua de forma eficaz na região de Jaraguá do Sul?

1.1 METODOLOGIA

O presente trabalho é uma revisão bibliográfica integrativa, que dentre os métodos de


revisão, é o mais amplo, e permite a combinação de estudos experimentais e não-
experimentais, dados de literatura teórica e empírica para uma compreensão completa do
fenômeno analisado. Neste sentindo, o revisor poderá elaborar uma revisão integrativa com
diferentes finalidades, ou seja, ela pode ser direcionada para a definição de conceitos, a revisão
de teorias ou a análise metodológica dos estudos incluídos de um tópico particular
(WHITTEMORE; KNAFL, 2005).
Para este fim, além da revisão bibliográfica integrativa serão realizadas uma visita
técnica e dois estudos de caso, com isso pretende-se entender as necessidades projetuais dessa
parcela da população, que faz da rua sua morada, contribuindo teórica e tecnicamente nas
discussões entre arquitetura e ambientes voltados a recuperação social. Assim, esse TG1 se
propõe a desenvolver um projeto para uma nova sede da Casa de Passagem de Jaraguá do Sul
que consiga atender a população de rua de forma eficaz na região, para isso, foram realizadas
buscas por artigos, periódicos, sites (jornais, blogs), dissertações, monografias e orgãos
públicos a fim de coletar dados que pudessem embassar o projeto, bem como mapear as
necessidades da população de rua.
O trabalho descreverá sobre os aspectos e particularidades das pessoas que moram ou
estão em situação de rua, as políticas públicas destinadas a esta parcela da população e a forma
como a acontece a migração do indíviduo para a rua. Conquanto, serão levantados dados sobre
a cultura, políticas públicas e intervenções destinadadas a população de rua na cidade de
Jaraguá do Sul, bem como a apresentação do terreno para a implementação do projeto, sendo
este pensando para estar mais próximo a instituições financeiras que são aliadas as políticas
de assistência. O desenvolvimento dos estudos tem como finalidade realizar um projeto que
dinamize o espaço, seja adequado as necessidades dos usuários e desenvolvendo autonomia.
2. DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO DE RUA

A população de rua engloba tanto as pessoas que estão de forma permanente morando
nas ruas, como quanto as pessoas que estão em situação de rua. As definições sobre o tema
refletem como o indivíduo vê a sua realidade, desta forma, os moradores de rua pensam a rua
como sua casa, já as pessoas em situação de rua, enxergam o momento como passageiro e veem
um caminho para sair das ruas (LIMA, 2015).
Assim, a população intitulada de rua se constitui como:

grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os


vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia
convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas
como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem
como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia
provisória. (BRASIL, 2009, p. 1)

Contudo, a sociedade em geral enxerga a população de rua como um único grupo, sendo
este muitas vezes menosprezados e visto como preguiçosos, que não demostram interesse em
adquirem fonte de renda, desta forma esta parcela da populção é marginalizada e atua como
coadjuvante de uma comunidade elitista.

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA RUA

É sabido que são vários os motivos que levam uma pessoa a morar na rua e que essa
situação pode ser temporária ou até permanente, é nesse contexto que as estratégias
governamentais são importantes, visto que estas tem a missão de resgatar essas pessoas em
vulnerabilidade social. No Brasil as políticas públicas para a população de rua são escassas e
tem muito no que evoluir, uma vez que são baseadas e marcadas por opiniões contraditórias,
que ora visa medidas protetivas visualizando o sujeito em uma posição de vulnerabilidade, ora
o vê a partir do preconceito e indiferença (COSTA, 2005).
As cidades que incluíram a população de rua em suas políticas públicas, obtiveram
resultados positivo, em Joinville/SC por exemplo, foi implantado o Centro de Referência
Especializado para População em Situação de Rua Centro POP, onde os usuários do serviço
tomam banho, lavam suas roupas, podem tomar café da manhã, e são orientados por psicólogos
e assistentes sociais, além de serem encaminhados para fazer documentos, cadastros nos
programas do governo e para defensoria pública. Assim, conforme dados da Prefeitura de
Joinville/SC o número de moradores de rua tem decaído nos últimos tempos, devendo esse feito
a uma política de trabalho conjunto entre o Centro POP, Secretária de Saúde e as abordagens
educativas e preventivas dos guardas municipais (JOINVILLE, 2015).
Contudo, para Rolnik e Marino (2019) desde 2009 quando foi implantada a Política
Nacional para a População em Situação de Rua PNPR, pelo Decreto nº 7.053, pouco se
evoluiu, e os moradores de rua não estão nas pautas das prefeituras, o dinheiro investido nessa
população está cada vez menor, sendo que para os autores acima conforme a figura 1

verifica-se que pelo menos nos últimos seis anos os recursos voltados para as políticas
de assistência social, e em especial aos programas dirigidos à população em situação
de rua, permanecem estáveis mesmo que o orçamento geral da cidade tenha
aumentado um pouco. (ROLNIK, MARINO, 2019, p. 1)

Figura 1: Gráfico do orçamento de assistência social na cidade de São Paulo

Elaboração: Aluízio Marino (fonte: Secretaria da Fazenda Municipal Quadro Detalhado da Despesa;
dados atualizados em 02.set.2019)

Com isso, é possível perceber que o tema população de rua, precisa de atenção do estado,
e de investimentos do poder público, uma vez que esta parcela da população não é prioridade
para nossos governantes, sendo negligenciado e marginalizada.

2.2 VIVER NA RUA, UMA ESCOLHA OU UMA CONDIÇÃO?

O que faz com que um indivíduo opte por deixar o conforto de uma casa, de um ambiente
que no pior dos contextos lhe proporcione um mínimo de segurança, conforto e estabilidade,
quais os motivos que levam diversas pessoas a escolherem perder sua identidade e deixarem
suas referências para trás a favor de algo desconhecido, de uma realidade totalmente diferente
daquela conhecida até então?
De acordo com Veras et al. (2014), a população que decide fazer da rua seu lar, opta
pelo êxodo de sua casa por fatores estruturais e biológicos, que vão desde escassa oferta de
emprego e despejo até uso de entorpecentes, transtornos mentais, quebra do vínculo familiar,
entre outros. Assim em concordância com Veras et al. (2014), Lima (2015) reafirma que não
somente a falta de emprego ou oportunidades de renda levam os sujeitos para a rua, mas estes
também se colocam neste contexto por: brigas familiares, alcoolismo, vícios em drogas ilícitas
e outros desarranjos.
Desta forma, tentar mapear e interligar os motivos que levam a população de rua a
fazerem esta escolha se torna uma ação e um estudo de grande proporção, visto que estes são
diversos e não somente dependem do indivíduo, mas também, podem ser motivados por eventos
externos e inesperados. Contudo, também não podemos concluir que somente um motivo leve
uma pessoa a escolher a rua, mas em sua maioria inúmeros fatores.
3. PANDEMIA COVID-19 E A POPULAÇÃO DE RUA

Em 2020 a comunidade mundial foi surpreendida pela pandemia do Corona Vírus


(COVID-19), o que exigiu da população novos hábitos e uma mudança profunda em sua forma
de viver, fazendo-se necessária a adoção de algumas medidas de proteção para a diminuição do
contágio, como por exemplo: uma rotina de higiene mais rigorosa, o isolamento social e o uso
de máscaras em ambientes públicos. Contudo nem todos podem seguir tais orientações, e os
moradores de rua são especialmente afetados por não terem moradia e estarem a mercê das
políticas públicas e dos sobrecarregados serviços de acolhimento.
Devido a seriedade desta situação, o governo federal lançou uma nota técnica com
diretrizes para nortear os atendimentos desta parcela da população nas organizações religiosas
e na sociedade civil. Nela constam orientações sobre o acolhimento das pessoas sem moradia
com relação ao fornecimento de alimentação, água potável, máscaras e materiais de higiene,
além de instruções de como devem ser os locais onde os mesmos serão atendidos, visto que
estes precisam cumprir as exigências sanitárias de limpeza, distanciamento de dois metros entre
camas e ambientes com disponibilidade de banheiros e locais para higienização (BRASIL,
2020).
Assim, a fim de proteger a população de rua e seguir as diretrizes federais algumas
prefeituras e ongs já instalaram em suas calçadas e praças pias de higienização para os
moradores de rua, a exemplo destas podemos citar as prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro
e Belo Horizonte (AVELAR; DANTAS; SABÓIA; 2020). Outra medida adotada pelos
governantes é o aumento do número de vagas em albergues e casas de acolhimento, entendendo
que acesso a esse serviço é essencial neste momento, visto que estes ambientes proporcionam
refeições saudáveis, hábitos de higiene frequentes, locais limpos e encaminhamentos a
profissionais de saúde (JORNAL ATOS, 2020). Ademais, a abordagem direta à população de
rua em seus locais de convivência com o objetivo de os incentivarem a frequentarem ambientes
de acolhimento assistenciais e a realizarem testes para o COVID-19 também está sendo
utilizada como medida de proteção (GLOBO, 2020).
Contudo, a realidade na maior parte do Brasil não condiz com as diretrizes e exigências
da nota técnica lançada pelo governo brasileiro, resultando em vidas desvalorizadas e deixadas
a própria sorte. Assim, a situação que já era ruim, agora entra em colapso, uma vez que essa
população não recebe apoio e condições necessárias para sua proteção, os tornando tanto
vítimas da doença quando disseminadores. Desta forma, cabe ao governo federal incentivar os
munícios e estados a adotarem tais medidas, visto que a adesão das mesmas beneficia toda a
população e diminui a chances de contágio.
4. JARAGUÁ DO SUL E A POPULAÇÃO DE RUA

Embora Jaraguá do Sul seja considerada uma das cidades mais seguras do Brasil, com
índices altos de IDH, saúde, educação e ótima infraestrutura, sua população também sofre com
as consequências devastadoras da desigualdade social, sendo uma delas o êxodo de sua casa
para a rua, formando nestes casos o que chamamos de população de rua. Contudo, apesar de a
cidade vir auxiliando e oferecendo oportunidades para as pessoas se reestabelecerem e
recuperarem sua autonomia, esta parcelada da população vem crescendo cada vez mais, seja
por um aumento do número de desempregados ou por imigrantes, que muitas vezes acreditam
em um contexto sem problemas sociais e desemprego.
Para a proteção, prevenção e promoção do bem-estar destas pessoas a cidade atua com
duas frentes, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS e a Casa de
Passagem. Sendo o primeiro responsável pelo acompanhamento e registro desta população,
localização de suas famílias e oferta de serviços e caminhos que busquem retirá-los da rua e
promovam sua autonomia através de programas e benefícios assistenciais (PMJS, 2019). Desta
forma, a instituição atua com profissionais capacitados que realizam buscas por pessoa que
tiveram seu direito à moradia violado, conforme o Art. 6º da Contituição Brasileira (BRASIL,
2000), em pontes, praças, lugares abandonados e nas vias públicas, conforme a figura 2.

Figura 2 Abordagem do Serviço Social em baixo de Ponte

Fonte: Prefeitura de Jaraguá do Sul, 2020.


Figura 3 Abordagem do Serviço Social

Fonte: Prefeitura de Jaraguá do Sul, 2020.

Já a Casa de Passagem destina seus atendimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade


que fazem da rua sua morada, assim com foco em acolhimento temporário, a instituição
estabelece um tempo de permanência pré-estipulado, podendo ser estendido em alguns casos
após sua análise (PMJS, 2019). A equipe técnica da casa promove aos abrigados cuidados
básicos de higiene pessoal, alimentação, pernoite, roupas, calçados além de auxiliar na
atualização de documentos, procura de empregos e localização de familiares para o retorno ao
convívio familiar. É importante ressaltar que para o bom funcionamento o abrigo temporário
exige regras dos ocupantes, como por exemplo a proibição do uso de álcool ou drogas na
instituição ou estar sob o efeito dos mesmos, além de um controle de entrada e saída com
horários pré-determinados (PMJS, 2019).
A instituição que funciona na cidade desde 2009 e está instalada em uma residência
adaptada, consegue atender a demanda dezoito pessoas, sendo catorze homens e quatro para
mulheres (BORTOLOTI JUNIOR, 2020), porém essas vagas precisam ser ampliadas, visto o
aumento da procura pela serviço de 84% em fevereiro de 2019 em relação ao ano anterior,
segundo dados da Secretária de Assistência Social e Habitação de Jaraguá do Sul (PEDROSO,
2019) Assim, no ano de 2019 a instituição chegou a atender um total de 868 pessoas em situação
de rua, abrigando desta parcela 483 e realizando mais de dois mil atendimentos técnicos com
psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (BORTOLOTI JUNIOR, 2020).
Com relação a posição da Secretária de Assistência Social e Habitação da cidade o
a Prefeitura oferece programas de suporte a quem precisa
temporariamente até que possa recomeçar. A administração não vai fechar os olhos para este

(PATRICIA, 2020). Desta forma, os serviços têm como objetivo incentivar seus usuários a
terem autonomia e reconstruírem suas vidas a partir de oportunidades profissionais e
atendimento pontuais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o desenvolvimento do presente trabalho foi possível compreender melhor a


relação da população de rua com a Arquitetura e o Urbanismo, e pode-se dizer que se fazem
necessárias diretrizes que estimulem uma maior participação dos profissionais da área neste
tema. Assim, através das análises de estudos de casos, visita técnica, artigos, periódicos, sites
(jornais, blogs), dissertações, monografias, pesquisas em órgãos públicos e condicionantes
locais podemos perceber a escassez de trabalhos relacionando os temas apresentados, contudo
a partir do TG1 obtivemos informações relevantes para a definição do partido arquitetônico, e
estas servirão como base para a segunda etapa Trabalho Final de Graduação 2 (TFG2).
Desta forma, para o desenvolvimento do partido arquitetônico foram utilizados de
levantamentos fotográficos do padrão arquitetônico da região onde o terreno está inserido, do
caminho até o terreno e do próprio terreno, além de procurar formas e materiais que ajudassem
a refletir as premissas e conceitos da nova sede da Casa de Passagem. A implantação da
edificação no terreno levou em conta as condicionantes: sentido da via, acesso carros e
pedestres, estacionamento, posição do terreno em relação ao sol, sentido dos ventos.
Uma das grandes dificuldades para realização deste projeto foi a impossibilidade da
coleta de registros fotográficos a parir da visita técnica na atual Casa de Passagem localizada
na cidade de Jaraguá do Sul, uma vez que não foi concedido a tempo a autorização da prefeitura
municipal para o procedimento. Contudo, apesar do entrave foi possível utilizar de dados
disponibilizados pela instituição, sendo estas fontes complementares para a construção do
projeto.
Com vários estudos, tanto de outras propostas na mesma área, quanto das necessidades
locais, criou-se um programa de necessidades e um fluxograma adequado as particularidades
da Casa de passagem, conseguindo entender a dinâmica da nova sede com seu entorno,
mensurando quantos m² teria cada área, as circulações e fluxos necessários além da capacidade
de atendimento.
Com relação a problematização do trabalho: Como desenvolver uma nova sede para a
casa de passagem que consiga atender a população de rua de forma eficaz na região de Jaraguá
do Sul? é preciso compreender as necessidades do morador de rua para a partir destas
desenvolver o projeto arquitetônico, assim diante do contexto estudado nota-se que é importante
proporcionar aos usuários ambientes acolhedores e que estimulem sua autonomia, voltados
para seu desenvolvimento pessoal e profissional, uma vez que uma das premissas da instituição
é a recuperação social.
REFERÊNCIAS

ARCHDAILY. The Bridge Homeless Assistance Center: overland partners. Overland Partners. 2011.
Disponível em: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners.
Acesso em: 23 fev. 2020.

AVELAR, Marina. Prefeitura de BH instala pias em praças para combater coronavírus. 2020. Disponível
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acolhera-morador-de-rua-no-complexo-do-sambodromo.htm?cmpid=copiaecola. 2020. Disponível em:
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out. 2019.
APÊNDICE A - REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Para a elaboração do presente trabalho de graduação de curso (TG1) foram analisados


dois estudos de caso, sendo a primeira análise he
Bridge Homeless Assistence Center/Overland Partners localizado na cidade de Dallas, Texas
nos Estados Unidos. A escolha pelo monumento se deu por este compreender os quesitos de
inclusão e por ser um dos mais modernos modelos arquitetônicos que se prestam a compreender
a maioria das necessidades da população de rua, uma vez que o presente trabalho tem como
objetivo a análise das demandas desta parcela de pessoas e do suprimento de suas necessidades.
O segundo estudo de caso foi embasado
localiza na Espanha, a escolha pela instituição se deu por esta conseguir aproveitar muito bem
o espaço, construindo um prédio de dois pavimentos que atende de forma satisfatória o
programa de necessidades local, o trabalho foi ganhador do prêmio da Câmara Municipal de
Pamplona em 1º lugar no ano de 2010 e no ano seguinte finalista do prêmio Word Architecture
News (WAN) Awards.
Também para fins de levantamento de dados, foi realizada uma visita técnica no Centro
Pop de Joinville/SC com intuito de compreender e analisar a realidade de uma das cidades
mais próximas do munícipio de Jaraguá do Sul, partindo do princípio de que a instituição
pudesse fornecer informações importantes não só sobre o contexto brasileiros mas também,
sobre as dificuldades enfrentadas do dia-a-dia, com o objetivo de que se arquitetônicas,
pudessem ser sanadas na construção do projeto da nova sede da Casa de Passagem para a
principal cidade do vale do Itapocú.
Contudo, os quesitos de inclusão para a seleção das instituições analisadas foram:
monumentos arquitetônicos que tivessem informações online suficientes para sua análise;
instituições que prestassem cuidados a população de rua; um centro de referência a esta parcela
da população perto do município de Jaraguá do Sul; e um estudo que compreendesse o contexto
mundial, afim de poder replicar algumas de suas atividades e premissas.
25

I THE BRIDGE HOMELESS ASSISTENCE CENTER/OVERLAND PARTNERS

Justificativa da escolha

A escolha pelo monumento se deu por este ser um dos mais modernos modelos

arquitetônicos que se prestam a compreender a maioria das necessidades da população de

rua, sendo o mesmo reconhecido internacionalmente pela qualidade de seu projeto

arquitetônico. O edifício oferece moradia temporária, cuidados com a saúde e suporte

jurídico para mais de 6.000 pessoas em Dallas (ARCHDAILY, 2011).

Dados Técnicos

O edifício localizado na cidade de Dallas, Texas nos Estados Unidos (figura 4), possui

75.000m² de área construída, sendo a obra concluída em 2008. O projeto arquitetônico

desenvolvido pelo escritório Overland Partners foi planejado para reduzir o impacto

ambiental, visto que foram utilizados telhados verdes, sistema de reaproveitamento da água

da chuva e pele de vidro, para maximizar a entrada de luz natural, evitando o consumo

desnecessário de energia. Por todas estas tecnologias implantadas em seu projeto recebeu o

certificado LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) (ARCHDAILY,2011).


Figura 4 – Localização do Terreno da sede The Brigde. Fonte: Adaptado do Google Maps, 2020.

Apresentação da Edificação  Relação com o Entorno

O projeto do edifício a seguir foi pensando e desenvolvido para atendar e aumentar a

qualidade de vida das pessoas que moram ou estão em situação de rua, a construção da

obra é localizada nos Estados Unidos e é um referencial mundial quando se pensa em

projetos arquitetônicos voltados a população de rua. Ele recebeu o prêmio “Best

Architectural Entry”, competição que homenageia as melhores ações de políticas de ajuda

aos desabrigados em todo o mundo (ARCHDAILY, 2011).                                         

    Dito isso, o projeto tem muitos méritos por esse prêmio, pois conseguiu atingir grande

parte dos objetivos propostos, como: reduzir em 20% a criminalidade da região, distribuir

mais de 2,5 milhões de refeições, conseguir casas permanentes para mais de 750 pessoas

e reduzir em 57% os números de pessoas em situação de rua (UEHARA, 2017).

Figura 5 - Rua Corsicana. Fonte: Adaptado Google StreetView, 2020.


26

I THE BRIDGE HOMELESS ASSISTENCE CENTER/OVERLAND PARTNERS

Os cinco edifícios que compõem o “The Bridge” não apresentam um grande destaque em

relação aos prédios vizinhos, sendo construído com materiais parecidos e mantendo a altura

de 3 a 4 pavimentos, conforme figura 5. Na imagem, o prédio do Centro de Assistência

somente ganha destaque pelo telhado e sua dimensão, porém, as construções internas do

complexo têm sua altura reduzida a dois pavimentos, sendo o terreno plano e o

empreendimento cercado por um amplo estacionamento e um grande pátio central. Próximo

ao edifício tem igrejas, verdureira, escola, centro de eventos e a prefeitura da cidade, o que

mostra que é possível colocar empreendimentos que trabalhem com as classes mais excluídas

em áreas centrais.

Organização Espacial

O edifício "The Brigde" está situado próximo à uma rodovia bastante movimentada porém

seu entorno imediato é calmo, o complexo de prédios ocupa uma grande área do bairro e tem

como proposta ser "a ponte" entre a comunidade e os usuários. Assim, conforme a figura 6,

visualiza-se no pátio interno uma extensa metragem destinada para ser um espaço de

convivência entre a comunidade local e os frequentadores do serviço.

A entrada ao complexo se dá pela rua: Park Awe, porém a fachada principal do prédio
Figura 7 – Fachada The Bridge. Fonte: Archdaily, 2011
fica na rua Corsicana, onde os arquitetos trabalharam com o telhado inclinado e pele de

vidro, sendo esta a parte da edificação com mais apelo arquitetônico, conforme figura 7.

Desta forma, a transição dos tijolas à vista com painéis metálicos e grandes janelas de vidro,

dão um aspecto harmónico a obra.

Figura 6 – Pátio Interno The Bridge. Fonte: Archdaily, 2019 Figura 8 - Implantação e Setorização. Fonte: Adaptado do Archdaily, 2011.
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I THE BRIDGE HOMELESS ASSISTENCE CENTER/OVERLAND PARTNERS

Figura 9 - Implantação. S/ Escala. Fonte: ArchDaily, 2011. Figura 10 - Planta 1º Pavimento. S/ Escala. Fonte: ArchDayli, 2011. Figura 11 - Planta 2º Pavimento. S/ Escala. Fonte: ArchDayli, 2011.

As figuras 8 e 9 fazem referência as plantas de setorização e implantação do projeto, enquanto a figura 9 mostra o primeiro pavimento, este

conta com uma área para recepção e para a realização dos primeiros atendimentos, sendo ainda um local adequado aos cuidados e serviços para as

mulheres. O segundo prédio possui uma ala médica para cuidados psicológicos, fisioterápicos e oficinas diversas, já no prédio próximo ao

estacionamento se localizam a cozinha e o refeitório, sendo a última construção o dormitório para o grande público, onde antes existia um galpão.

No segundo pavimento (figura 11), só existe atividade no prédio da rua Corsicana, onde ficam os dormitórios masculinos e femininos, e no terceiro

pavimento (figura 12) se encontram mais dormitórios.

Aspectos Formais e Construtivos

O escritório de arquitetura do complexo dos edifícios se preocupou em criar uma volumetria similar a vizinhança, onde embora seja possível

perceber sua identidade esta também possui fluidez com seu entorno. As alturas não ultrapassam os três pavimentos, e as edificações ocupam o

terreno de forma inteligente, com um pátio central interessante para um bom espaço de convivência.

Considerações Finais

O centro de acolhimento “The Bridge” atende de forma plena suas funções, sendo um espaço destinado a acolhida de pessoas em

Figura 12 - Planta 3º Pavimento. S/ Escala. Fonte: ArchDayli, 2011.


vulnerabilidade, que conta com suporte médico, psicológico e jurídico necessário para realocação destes sujeitos em novas casas, oferecendo aos

residentes oportunidades de profissionalização através das diversas oficinas.


28

II SHELTER HOME FOR THE HOMELESS

Justificativa da escolha

A escolha do tema aconteceu após a análise de um projeto realizado na Espanha, apesar

de terreno ser pequeno o arquiteto conseguiu aproveitar o espaço muito bem, construindo um

prédio de dois pavimentos que atende de forma satisfatória o programa de necessidades local,

o trabalho foi ganhador do prêmio da Câmara Municipal de Pamplona em 1º lugar no ano de

2010 e no ano seguinte finalista do prêmio Word Architecture News (WAN) Awards

(LARRAZ,2010).

Dados Técnicos

Localizado na cidade de Pamplona, na província de Navarra/Espanha (figura 14) a obra

tem 995 m², construída em 2010, demorou apenas 6 meses para ficar pronta, o projeto que é

de autoria do arquiteto Javier Larraz se destaque pela arquitetura impar, contrastando com

seu entorno. O prédio fica às margens de uma rodovia com bastante movimento, sendo uma

ligação da parte urbana com a região industrial de Pamplona. Abaixo figura 13 que
Figura 14 – Localização do Terreno da sede Shelter home for the homeless. Fonte: Adaptado do Google Maps 2020.
representa a perspectiva computadorizada do projeto (LARRAZ,2010).

Apresentação da Edificação

O projeto foi desenvolvido para funcionar como albergue com estadias de curto/médio e longo prazo, e entradas e

saídas independentes que viabilizassem o trânsito separadamente de homens e mulheres. A construção ainda oferece

ambientes planejados com dormitórios, oficinas, lugar adequado para alimentação e privacidade aos usuários por meio

dos brises (figura 15), que tanto dão discrição para quem frequenta o equipamento de acolhida, quanto proteção solar,

sendo nota A em economia de energia. (LARRAZ,2010).

Figura 13 - 3D da Edificação PSH – Pamplona. Fonte: Larraz, 2010.

Figura 15 - Fachada demostrando a forma da edificação. Fonte: Larraz, 2010


29

II SHELTER HOME FOR THE HOMELESS

Organização Espacial
Relação com o Entorno

Conforme a figura 18, a edificação toma bastante espaço do terreno, sobrando apenas o recuo frontal sem
O edifício projetado por Javier Larraz tem como seus vizinhos um posto de gasolina e
construção. O terreno tem frente única para a Avenida Gipuzkoa, sendo pela mesma o acesso de veículos e
um estacionamento de motorhome, e aos fundos uma estação do corpo de bombeiros,
pedestres.
apesar dos poucos prédios vizinhos, é possível dizer que o desenho arquitetônico do abrigo

tem contraste na região, sendo um edifício atemporal, com formas que destoam do que é

encontrado no restante da cidade, conforme figura 16 (LARRAZ,2010).

Figura 18 - Planta 1º Pavimento, sem escala. Fonte: Adaptação Larraz, 2020.

Legenda do 1º Pavimento

Figura 16 - Avenida Gipuzkoa Etorbidea. Fonte: Adaptado do Google StreetView, 2020.


1 - Acesso destinado aos homens 8 - Refeitório 15 - Sala de estar

2 – Vestíbulos 9 - Banheiros Feminino 16 - Dormitórios masculinos

Na figura 17 é possível visualizar o edifício ao centro, com vegetação em suas duas 3 – Elevador 10 - Sala de estar/refeitório 17 - Banheiros Masculinos

divisas e uma mata ao fundo da imagem. Nas proximidades do abrigo também se observa 4 - Controle 11 - Dormitório mulheres 18 - Depósito

um quartel da polícia municipal que ajuda na segurança local, além de escolas, lar de 5 - Guarda- volume 12 -Oficina destinadas às mulheres 19 – Avenida

idosos e duas grandes praças que servem como um ótimo lugar de lazer (LARRAZ,2010). 6 - Salas de atendimento 13 - Cozinha 20 -  Jardim

7 - Escada 14 -Acesso destinados às mulheres

Após análise da planta baixa do primeiro pavimento é possível observar que os acessos acontecem pelas

laterais, sendo o nº1 para os homens e o nº14 para as mulheres. A construção possui oficinas ocupacionais

separados por sexo, além de quartos, banheiros e refeitórios separados, porém como essas unidades

geralmente recebem mais homens, são oito quartos duplos para eles, enquanto para elas são apenas três.

Completando o primeiro piso, temos três salas de depósito, dois salas de atendimento, um vestiário grande,

sala de estar, uma cozinha compartilhada, uma sala de controle e o acesso ao segundo piso por meio das

escadas e elevador, no lado externo temos o jardim e a rua (LARRAZ,2010).

Figura 17 –Implantação. Fonte: Adaptado Google Maps, 2020.


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II SHELTER HOME FOR THE HOMELESS

Figura 19 - Planta 2º Pavimento, sem escala. Fonte: Adaptação Larraz, 2020.

Legenda do 2 º Pavimento

1- Elevador 5 – Sala de estar/refeitório


Figura 20 - Brises aplicados e em desenho. Fonte: Larraz, 2010.
2 - Escada 6 - Alfaiataria

3 - Dormitórios masculinos 7 - Atendimento

4 - Banheiro 8 - Depósito

O acesso para o segundo piso ocorre pelas escadas ou pelo elevador, e o pavimento não se sobrepõe ao

de baixo perfeitamente, dando forma ao prédio e permitindo a circulação de correntes de ar. Ainda sobre o

último andar, este possui quinze quartos com beliches destinados aos homens, visto que o gênero compõe a

maior parcela da população de rua, uma grande oficina de alfaiataria, refeitório, salas de atendimento e

depósito, conquanto o pavimento possui dois grandes corredores centrais sendo estes divididos pelos

banheiros.

Aspectos Formais e Construtivos

Em relação aos aspectos formais e construtivos pode-se dizer que a forma do edifício se sobrepõe ao seu

entorno, sua identidade é marcada por dois volumes retangulares, um acima do outro, com algumas

subtrações importantes em cada um deles de forma a lembrar containers, no recuo frontal é possível ver um Figura 21 - Avenida Gipuzkoa Etorbidea. Fonte: Adaptado Google StreetView, 2010.

jardim que contribui com a estética do edifício, mas, sem uso prático. Outro ponto interessante ao analisar a

construção é a posição do quartos em relação a edificação, todos eles tem iluminação e ventilação natural, e
Na figura 21 temos uma foto de 2012, nesta pode-se perceber que a construção se localiza
os brises ajudam a adequar a quantidade de ar e calor que entra em cada parte do prédio além de contribuírem
entre dois terrenos baldios, porém atualmente os mesmos são ocupados com um posto de
para a estética geral, conforme figura 20.
gasolina e um estacionamento.
31

II SHELTER HOME FOR THE HOMELESS

Figura 22 - Interior da edificação. Fonte: Larraz, 2010.

Ainda sob a edificação, conforme a figura 22, o espaço interno é considerado minimalista, composto por

paredes brancas, mobiliário simples, teto com foro de gesso e luminárias fluorescentes.

Considerações finais

Pensando na função final do projeto baseado em sua finalidade de atender pessoas vulneráveis, dando

apoio e amparo em um dos momentos que podem ser um dos mais difíceis de sua vida, a edificação atende

de forma eficaz essa necessidade. Desta forma, a solução apresentada na planta baixa dos dois pavimentos

se mostra eficiente, otimizando o pouco espaço do terreno com um amplo programa de necessidades, porém

pode-se dizer que a parte externa da edificação não conversa com a interna, uma vez que este não exibe

apelos arquitetônicos e ambientes planejados com móveis e decorações.

De qualquer modo, a edificação cumpri com seus objetivos e foi premiada pela Câmara Municipal da

cidade por atender de forma satisfatória seus usuários, os dando privacidade com relação a separação de

gênero (feminino/masculino). Assim, baseado no que foi apresentado é possível dizer que o projeto atende

as expectativas, oferecendo um lugar seguro, com opções de profissionalização, atendimento especializado e

um ambiente saudável para o convívio.


32

III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC

Justificativa da escolha
Apresentação da Edificação

O Centro Pop é um lugar único, que tem como objetivo o amparo à população de rua, fornecendo apoio
Na figura 23, podemos visualizar a planta baixa inicial, sendo a construção planejada

psicológico, jurídico, entre outros. A instituição, em sua nova sede, foi inaugura no ano de 2017, e seu projeto
para possuir cinco banheiros completos, dois lavados para funcionários e dois lavados

arquitetônico se adéqua tanto as exigências legais, quanto ao bom funcionamento de suas atividades, além de
para os usuários do serviço, além de uma sala administrativa, duas salas de atendimento,

visar o conforto e segurança dos usuários e funcionários do serviço (JOINVILLE, 2017).      


sala para os técnicos, duas salas multiuso, copa e cozinha.                     

A instituição em questão compartilha de algumas premissas da atual Casa de Passagem localizada em


  Contudo, por solicitação dos funcionários do serviço a circulação interna para os

Jaraguá do Sul, e tem como base a proteção e a promoção dos direitos humanos às pessoas em situação ou
chuveiros foi fechada sendo aberta atualmente somente através de chave,  a alteração foi

moradores de rua, desta forma e diante da problemática de não ter obtido a autorização para o registro
realizada para dar mais privacidade aos funcionários, impedindo o trânsito dos usuários

fotográfico e entrevista com os usuários do serviço de Jaraguá do Sul, se fez de suma importância à visita ao
a locais privativos. Após a mudança, a entrada para os chuveiros agora se faz através da

campo do Centro Pop localizado na cidade de Joinville/SC, uma vez que as informações e documentos
lavanderia.

fornecidos pelo centro deram estrutura e complementaram o atual projeto.


O  pátio externo possui um espaço coberto para eventos, sendo este utilizado pelos

Contudo, vale ressaltar que há diferenças demográficas e geográficas entre as cidades, sendo Joinville mais
usuários do serviço para fumar e se abrigar da chuva, também compõe o terreno algumas

populosa e detentora de grandes de centros comerciais e industriais, e Jaraguá do Sul por sua vez, de menor
árvores e vegetações menores. A instituição conta com seis vagas de estacionamento

porte e estrutura industrial correspondente, assim o estudo de caso foi realizado a fim de coletar uma amostra
destinadas aos funcionários e empresas que prestam serviço ao local, além de possuir

do que pode-se propor para a nova Casa de Passagem.


seis vagas no bicicletário.                                                                   

  Sobre acessibilidade, a construção possui uma rampa de acesso para cadeirantes,

Dados Técnicos
banheiros adequados e corredores largos, porém falha quando pensamos na área externa,

visto que não conta com piso ou entrada adequada, sendo um terreno irregular.

O Centro Pop foi instalado inicialmente na rua Urussanga, nº 1180, no bairro Bucarein, localizado em

Joinville/SC, mas para melhor atender a população de rua, foi feito uma nova sede, próximo ao terminal

rodoviário da cidade, na rua Paraíba, bairro Anita Garibaldi, que está em funcionamento desde 2017. O terreno

da nova sede é de aproximadamente 1030m², com 340m² de área construída (JOINVILLE, 2017).

Figura 23 – Planta baixa centro Pop Joinville. Fonte: O Autor, 2020.


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III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC

Relação com o Entorno

Na figura 24, é possível observar que o restaurante popular, onde a população de rua pode alimentar-se de forma gratuita, se localiza à

2,2km da atual sede do Centro Pop, uma caminhada de 28 minutos. Outro ponto importante em sua localização, é o terminal rodoviário que

permite aos usuários do serviço transitar entre municípios vizinhos, também próximo ao Centro Pop há pontos de ônibus que possibilitam a

circulação dentro da cidade. Na rua da sede o fluxo de veículos é moderado, porém na principal rua Ottokar Doerffel que fica a 70 metros a

movimentação de veículos é intensa, podendo ser um risco aos pedestres.

Figura 25 - Fachada principal da nova sede, rua Paraiba. Fonte: O Autor, 2019.

Figura 24 - Mapa do entorno do Centro Pop. Fonte: Adaptado F4 Mapas, 2020.

Organização Espacial

A edificação do Centro Pop se localiza no começo da rua Paraíba, sendo na mesma o acesso para veículos, pedestres e serviços. Logo a

atrás da sede, existe a passagem de um riacho, este com mata ciliar escassa e com a presença de lixo. A organização dentro do terreno é

composta por uma grande edificação, um pequeno canil e uma área coberta improvisada utilizada para eventos externos.                     

  O Centro Pop advêm de um projeto federal que sofreu pouco ou nenhuma alteração para adequar-se a esta cidade do Sul do Brasil,

portanto sem apelos arquitetônicos ou qualquer outra característica que possa oferecer destaque em relação às construções do seu entorno

ou mesmo dentro da cidade

Figura 26 – Rampa de acesso ao prédio. Fonte: O Autor, 2019.


Legenda Imagens

Figura 25 - A fachada do edifício não tem apelo arquitetônico, sendo simples e seguindo o padrão de outras entidades governamentais

Figura 26 - Na rampa de acesso é possível perceber um lixo preso aos corrimões, lixo este destinado as “bitucas” de cigarro.
34

III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC

Figura 27 – Painel Semântico. Fonte: O Autor, 2019.

Figura 28 – Canil. Fonte: O Autor, 2019.

Na imagem 28 interior do canil, é possível perceber que esse

espaço é utilizado pela população atendida para armazenar roupas e

objetos que não cabem nos armários cedidos no interior do prédio. No

dia da visita não tinha nenhum cachorro no local porém, conversando

com os profissionais foi relatado que os animais são ótimos

companheiros da populaão de rua.

A figura 27 é uma montagem com várias fotos tiradas pelo autor de diferentes O estacionamento de carros possui uma vaga para pessoas com deficiência e mais cinco espaços para funcionários e serviços, o

ângulos do lado externo da edificação, nela é possível ver sua fachada principal, com local também possui um bicicletário precário que oferece pouco segurança aos usuários, visto que não há espaço para cadear as

estacionamento, rampa de acesso, uma varanda e um pátio. O pátio interno mede bicicletas. Com relação a rampa e varanda, nas duas há uma grande circulação de pessoas, sendo a rampa utilizada no começo do dia

aproximadamente 80m², sendo um ótimo espaço de convivência onde é realizado para organizar a fila de usuários, uma vez que o atendimento à cadeirantes é baixo. O portão para carros que dá acesso ao pátio é

diversas atividades ao ar livre, os usuários também utilizam este espaço para secar feito em estrutura metálica branca, e no dia da visita o acesso por meio deste estava bloqueado, pois o sistema de esgoto do prédio

roupas e guardar objetos pessoais. As janelas são do tipo maxi-ar com perfil em estava em manutenção, sendo sinalizados com cones e tapumes de madeiras.

alumínio preto sendo discretas e funcionais, já as portas possuem dois designes, na A fachada da edificação é da cor verde e sua pintura está bastante desgastada com marcas de chuva nas marquises e sua placa de

entrada, são de perfil de alumínio preto de correr e na saída da lavanderia e cozinha há identificação um pouco apagada, na calçada existem algumas árvores e um muro rente a mesma, que oferece privacidade ao pátio

portas de madeira maciça, sendo a última com proteção metálica com abertura interno. O grande destaque da fachada é a rampa que dá acesso ao serviço pois ocupa uma grande área, já o estilo arquitetônico do

sanfonada no lado externo, vale ressaltar que todas as portas e janelas possuem grade prédio é simples e segue um padrão institucional.

de proteção contra roubo.


35

III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC

Figura 29 – Sala de recepção. Fonte: O Autor, 2019. Figura 30 – Administração e almoxarifado. Fonte: O Autor, 2019. Figura 31 – Sanitários. Fonte: O Autor, 2019. Figura 32 – Sala da equipe técnica. Fonte: O Autor, 2019.

Figura 33 – Banheiros funcionários. Fonte: O Autor, 2019. Figura 34 – Corredor com bloqueio. Fonte: O Autor, 2019. Figura 35 – Sala de atendimento individual. Fonte: O Autor, 2019.

Legenda Imagens

Figura 29 – No espaço é possível observar uma sala de recepção ampla que dá acesso aos banheiros, administração e ao corredor principal, contudo, embora a recepção seja um ambiente amplo e planejado para conter

cadeiras de espera, estas não são utilizadas atualmente, pois impedem a privacidade dos atendimentos.

Figura 30 – O ambiente é ocupado por três funções/funcionário: diretor da unidade, agente externo e a coordenação, sendo ainda passagem para a sala do almoxarifado, onde ficam os documentos em papel.

Figura 31 - Os sanitários da recepção são destinados aos usuários do serviço e adaptados às necessidades das pessoas com deficiência (PcD), conforme é possível observar na imagem.

Figura 32 - Sala da equipe técnica, destinado aos profissionais de apoio interno para a produção dos relatórios de atendimento.

Figura 33 – Banheiros de uso exclusivo dos funcionários.

Figura 34 – Um quadro organiza a rotina dos funcionários e bloqueia o corredor de um lado impedindo a passagem dos usuários à áreas restritas, enquanto do outro lado, um armário é utilizado para essa finalidade.

Figura 35 - Sala de atendimento individual destinada aos profissionais da assistência social e/ou psicólogos. A planta possui duas salas dessas, que não atendem de forma satisfatória a alta demanda.
36

III CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - CENTRO POP JOINVILLE/SC

Figura 36 – Portas das salas multiuso. Fonte: O Autor, 2019. Figura 37 – Sala transformada em depósito. Fonte: O Autor, 2019 Figura 38 – Copa dos funcionários. Fonte: O Autor, 2019. Figura 39 – Cozinha. Fonte: O Autor, 2019.

Figura 40 - Corredor dos banheiros com chuveiros. Fonte: O Autor 2019. Figura 41 – Banheiros com acessibilidade. Fonte: O Autor, 2019. Figura 42 – Lavanderia. Fonte: O Autor, 2019.

Legenda Imagens Aspectos Formais e Construtivos

Figura 36 – As salas de multiuso são utilizadas atualmente para depósito e para reuniões e confraternizações, a divisão Prédio institucional em único pavimento, com estrutura de concreto armado formado

entre elas acontece por paredes de MDF. Na sua característica original essas salas eram utilizadas para servir o café da por vigas e colunas e fechamentos em alvenaria na cor verde, a área externa possui uma

manhã, mas atualmente o centro POP de Joinville/SC não disponibiliza mais esse serviço, que foi transferido para o cobertura em estrutura metálica.

restaurante Popular.

Figura 37 - Sala multiuso transformada em depósito, onde se encontra todo o material de limpeza e higiene, além de Considerações Sobre a Edificação

doações de sofás, máquinas de lavar, fogões entre outros. O local também é utilizado para secar as toalhas em dias de

chuva. O Centro Pop tem como finalidade amparar a população de rua, conseguindo atingir

Figura 38 - Área destinada as refeições e espaço de convivência dos funcionários. seus objetivos a instituição conta com profissionais de áreas estratégicas e fornece ampla

Figura 39 - A cozinha possui uma porta que dá acesso ao quintal. assistência a esta parcela da população. Contudo, embora o projeto arquitetônico original

Figura 40 - Corredor que dá acesso aos banheiros e os armários da população atendida. tivesse como finalidade atender as necessidades do serviço este precisou ser modificado e

Figura 41 - Banheiro acessível, com barras de apoio, espaço para o giro de cadeira de rodas, e um acento preso à parede. adequado a realidade de Joinville/SC. Neste sentido, faz-se necessário a análise das

Figura 42 - Lavanderia que possui alguns tanques, e duas máquinas de lavar roupas. demandas de um serviço para poder melhor adequá-las a um projeto arquitetônico.
APÊNDICE B - CONTEXTO DA ÁREA

I LOCALIZAÇÃO, ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS

A cidade de Jaraguá do Sul está localizada no norte de Santa Catarina, sua extensão
territorial abrange 530,894 km², e tem atualmente aproximadamente 177.697 habitantes
(BRASIL, 2019), com certa de 70.000 pessoas empregadas, sendo a média salarial destes 3,2
salários mínimos (BRASIL, 2018). Já quando o assunto é educação temos 98,3% das crianças
entre 6 à 14 anos matriculadas nas escolas, além do índice de desenvolvimento humano (IDH)
0,803 considerado muito alto, outra prova da comprometimento da cidade com a população é
que o tratamento de esgoto chega a 87,6% da população, o maior nível de Santa Catarina
(BRASIL, 2010).
Jaraguá do Sul é conhecida por ser o principal centro comercial do vale do Itapocú e por
receber trabalhadores das cidades próximas, sendo considera polo industrial e a quinta maior
economia do estado, responsável por 9% das exportações (CASTRO, 2014). Assim, se destaca
por abrigar empresas com seus respectivos setores, WEG (setor metal-mecânico), Malwee
(setor têxtil) e Duas Rodas (setor alimentício), sendo ainda referência no setor metal mecânico
e malharia.
O município que faz divisa com a cidades de Schroeder, Guaramirim, Massaranduba,
Blumenau, Corupá, São Bento do Sul, Joinville, Campo Alegre, Pomerode e Rio dos Cedros é
dividido em 37 bairros, sendo o Centro, o bairro escolhido para a construção da nova sede da
Casa de Passagem, visto que neste se encontram a maioria do equipamentos públicos,
comércios e serviços. Com relação a sua localização, este é rodeado pelos bairros: Czerniewicz,
Baependi, Vila Lalau, Ilha da Figueira, Vila Nova, Jaraguá Esquerdo, Nova Brasilia, Vila Lenzi
e Chico de Paula, sendo os três primeiros bastante comercias e os demais voltados para
residências. Ademais, os principais eixos de circulação são a BR-280 para o trânsito de veículos
e o trilho do trem para carga, além disso o bairro é dividido por duas ruas, a Avenida Getúlio
Vargas e Avenida Epitácio Pessoa.

a) Distância e tempo de viagens entre o terreno e outras funções da cidade

O terreno para a implemetação da nova sede da Casa de Passagem de Jaraguá do Sul se


encontra na região central da cidade e está inserido próximo à organizações que auxiliam e
viabilizam o desenvolvido da população de rua, conquanto esta proximidade se faz de extrema
importância, já que os usuários utlizam de bicicletas e caminhadas para chegarem até seus
destinos. Abaixo segue tabela 1 das distâncias e tempos de percurso para os principais pontos
da cidade e serviços.

Tabela 1 -Distâncias e Tempo


Tempo estimulado em minutos
Referência Estabelecimento Distância
Carro Ônibus A pé Bicicleta
Saúde
1 Posto de Saúde 1600m 5 8 19 6
2 Hospital Jaraguá 2500m 6 16 24 11
3 Hospital São José 1900m 5 7 23 6
4 Pama 2000m 4 12 23 8
Segurança
5 Delegacia 3800m 9 17 34 10
6 Delegacia da Mulher 3400m 10 20 40 9
7 Bombeiros 1100m 3 9 12 3
Serviços
8 Mercado Público Municipal 250m 1 _ 3 1
9 Mercado Angeloni 120m 2 _ 2 1
10 Farmácia 650m 2 _ 8 2
11 Farmácia Básica - SUS 500m 1 _ 6 2
12 Correios 500m 1 _ 6 2
13 Shopping 650m 2 _ 8 2
Educação
14 Escola Pública - Ensino Médio 900m 2 _ 9 3
15 Faculdade 650m 2 _ 8 2
16 IFSC 23m _ _ 1 1
Religião
17 Igreja Evangélica 57m _ _ 1 1
18 Igreja Católica 1400m 5 11 18 5
Transporte
19 Terminal Urbano 500m 1 _ 6 2
20 Terminal Rodoviário 2900m 7 18 33 10
21 Ponto de Taxi 500m 1 _ 6 2
Cultura e Recreação
22 Praça Ângelo Piazera 1100m 6 7 14 4
23 Parque Malwee 10300m 19 49 120 30
24 Parque Linear Via Verde 6700m 13 34 120 20
25 Arena Jaraguá 2900m 7 28 27 12
26 Chiesetta Alpina 7100m 18 70 120 60
27 Morro das Antenas 7000m 18 70 120 60
28 Museu da Weg 140m 1 _ 1 1
29 Museu Emílio da Silva 1100m 4 11 13 3
30 Museu da Paz 650m 2 _ 8 2
Orgãos Públicos
CREAS - Centro de Referência
31 2000m 5 8 8 7
Especializada em Assistência Social
32 SINE- Sistema Nacional de Emprego 2900m 7 23 33 10
33 Prefeitura Municipal 5300m 12 20 45 14
Fonte: O Autor, 2020.
II JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TERRENO

Sobre o terreno escolhido, este que tem metragem de 1889,54m² é composto por uma
edificação sem valor histórico ou social, sendo usado atualmente somente como depósito e
estacionamento, assim o lugar antes esquecido será substituído por uma construção de destaque
que além de tornar a área valorizada dará a cidade um equipamento social que trará benefícios
aos moradores de rua.
terreno que se encontra na Avenida Getúlio Vargas, foi escolhido por sua proximidade
com instituições importantes da cidade, desta forma o órgão governamental que está localizado
atualmente no bairro residencial Jaraguá Esquerdo, tem como proposta a alteração de seu lugar,
com o objetivo de estar mais próximo dos seguintes equipamentos urbanos: Instituto Federal
de Santa Catarina (IFSC), Câmara de Vereadores, Biblioteca Pública Municipal e o terminal
urbano, desta maneira estes que a princípio podem parecer somente meros vizinhos são
considerados aqui como instituições parceiras, uma vez que poderão fornecer serviços que
auxiliarão as atividades exercidas pela Casa de Passagem.
Assim, o polo de aprendizagem IFSC poderá contribuir com seus diversos cursos
gratuitos e seus computadores com acesso à internet, a Câmara de Vereadores, um espaço
legislativo onde leis e sugestões de ações práticas são enviadas ao executivo contribuirá no
desenvolvimento de políticas que possam produzir mecanismos de ajuda a essa parcela da
população, a Biblioteca Municipal sendo um espaço de aprendizagem e de estudo, conseguirá
fornecer aporte teórico através de seus empréstimos de livros e conteúdos gratuitos, e por fim,
o terminal urbano que auxiliará tanto o transporte dentro da cidade como para munícipios
vizinhos.
Ainda sobre entorno, conforme figura 43, podemos observar: ponto A- reservatório de
água; B- galpões da indústria WEG, C- Supermercado Angeloni; D- terreno sem uso (vazio
urbano); E- terreno do projeto; F- IFSC; G- ginásio de esporte Arthur Müller; H- Câmara de
Vereadores, I- Mercado Municipal; J- terminal urbano; K- escola de ensino médio Abdon
Batista; M- Jaraguá do Sul Park Shopping; L- Biblioteca Pública Municipal. Também são
indicadas no mapa as avenidas Getúlio Vargas e Epitácio Pessoa, sendo estas demarcadas pelas
linhas em azul, e as ruas de ligação em amarelo.
Figura 43 - Localização do terreno e edificações de destaque.

Fonte: Google Maps adaptado pelo autor, 2020 .

a) Problemática pela atual situação da sede

Baseada na visita in loco à atual casa de passagem de Jaraguá do Sul e uma entrevista com
os funcionários da instituição, pôde-se perceber alguns pontos que dificultam os atendimentos,
estes são: não há local adequado para realização dos serviços prestados, uma vez que a sede é
alugada e não foi projetada para esta finalidade, sendo uma casa alterada provisoriamente com
divisórias de fórmica; se encontra distante de serviços necessários para o bem-estar social,
como postos de sáude, redes parceiras, delegacias de polícia e instituição profissionalizantes e
bancárias; o local é limitado para atender a demanda, principalmente em dias mais frios em que
a procura é maior. Desta forma, o presente trabalho tem relavância social, visto que traz
soluções para as problématicas citadas acima.
41

III LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO E ANÁLISE DO DESEMPENHO TOPOCEPTIVO


FIGURA 44 – POSIÇÃO 1 FIGURA 45 – POSIÇÃO 2 FIGURA 46 – POSIÇÃO 3

Fonte: O autor (2020) Fonte: O autor (2020) Fonte: O autor (2020)


a) Visuais do terreno
Na figura 44, posição 1, a foto é tirada da Avenida Getúlio Vargas, no sentido do fluxo de trânsito, mirando a câmera
Para que seja de fácil compreensão a localização do terreno na cidade,
para o terreno, sendo perceptível a presença de uma construção alta e com vidros espelhados vizinha ao terreno
foi tirado fotos de diferentes ângulos, onde aparecem elementos que
escolhido. Já na figura 45 – posição 2, a foto é tirada de frente ao terreno, pegando toda a frente do terreno, onde é
podem ajudar o posicionamento do leitor.
FIGURA 47 – MAPA DO TERRENO E ENTORNO
possível ver uma construção ao fundo. E na figura 46 – posição 3, a foto é tirada na calçada da loja vizinha, sendo
possível observar o telhado da edificação existente no lote em estudo. As figuras 48 e 49 são dos fundos do terreno em
análise, e é possível perceber nas imagens o trilho do trem, a ciclovia e os pilares de uma obra no terreno, feita em
estrutura pré-moldada que foi abandonada.

FIGURA 48 – POSIÇÃO 4 FIGURA 49 – POSIÇÃO 5

Fonte: Google Maps. Adaptador pelo autor (2020) Fonte: O autor (2020) Fonte: O autor (2020)
b) Sequências visuais

As sequências visuais são fotos tiradas de todos os lados (direita, frente e esquerda) com
um padrão de distância percorrida, estas segundo Kohsdorf (1996) representam diferenças
morfológicas do espaço observado, uma vez que dependem diretamente do grau de
conhecimento que o indivíduo tem sobre o tema, para tanto os procedimentos adotados devem
ser padronizados a fim de se obter um mesmo resultado.
Ademais, independentemente dos resultados obtidos pelas fotos estes servem de
registros para entender as formas arquitetônica de um espaço e seu entorno, assim as sequências
de fotos a seguir representam o trajeto (quadra do terreno), e foram tiradas com intervalos de
250 metros, sendo possíveis variações dessa distância. Esse método foi escolhido por
compreender o entorno do terreno como de fato se apresenta, sem selecionar prédios com maior
importância no contexto da cidade.

Figura 50 Distâncias, Ponto A, B e C.

Fonte: O Autor, 2020.


Figura 51 Distâncias, Ponto D, E e F

Fonte: O Autor, 2020.

Figura 52 Distâncias, Ponto G e H.

Fonte: O Autor, 2020.

c) Imagem mental

A imagem mental é instrumento utilizado para levantar as impressoes automáticas que um


indíduo tem a respeito de uma região, descrevendo apenas o que lembra, sem a utilização de
nenhum recurso visual (LYNCH, 2015). Desta forma, o mapa a seguir foi desenvolvido pelo
autor do projeto considerando o trajeto das proximidades do terreno escolhido e os cenários que
mais se destacam sob o seu ponto de vista. Conforme podemos observar na figura 53.

Figura 53 Imagem mental do entorno.

Fonte: O Autor, 2020.


VII SÍNTESE

Ademais, suas potencializadas envolvem ótima localização, próxima a edificações


auxiliares como comércios e instituições de ensino consolidadas, terreno em uma área segura
de enchentes, estacionamento na rua, além de possuir infraestrutura completa, com rede de
água, esgoto tratado, energia, coleta de lixo e iluminação pública. Já com relação as suas
fragilidades, constatou-se que transporte de carga ferroviária transita atrás do terreno, gerando
ruídos, sendo este intensificado pela passagem de carros e caminhões, visto que a rua é uma via
rápida de tráfego intenso, sobre isso, se faz necessário recorrer à materiais que possam atenuar
esses barulhos. Assim, o terreno é uma boa opção para a construção do projeto e uma
oportunidade de dar visibilidade a uma instituição importante que atualmente passa desercebida
pelo moradores da cidade.
51
APÊNDICE C – DIRETRIZES PROJETUAIS
Tabela 5 – Setor Suporte
I PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

A seguir temos as tabelas com o programa de necessidades, separados por setor,


essas mesmas tem estimativa das áreas dos ambientes, quantidade de usuários e
quantidade de cômodos necessários. Esse pré-dimensionamento acontece após análise dos
estudos de caso, artigos, legislação vigente e necessidade local.
Tabela 2 – Setor Administração

Fonte: O autor 2020


Tabela 6 – Setor Moraria

Fonte: O autor 2020


Tabela 3 – Setor Serviços

Fonte: O autor 2020


Tabela 7 – Setor Social

Fonte: O autor 2020


Tabela 4 – Setor Educacional/Profissionalizante

Fonte: O autor 2020

Fonte: O autor 2020


a) Justificativa do programa de necessidades e pré-dimensionamento

A atual casa de passagem tem aproximadamente 500 m², porém atualmente não
consegue abarcar plenamente sua demanda, faltando espaços para ambientes
profissionalizantes, de ensino, lazer, esporte, além de não possuir áreas adequadas para os
atendimentos assistenciais e psicológicos. Para a construção da nova sede pensa-se em uma
arquitetura acolhedora, que abranja uma ampla área de convivência, onde cada ambiente possa
dar mais conforto ao usuário e atender suas necessidades. Partindo deste princípio, o projeto
arquitetônico possuí mais de 1000 m² dedicados ao setor de convívio social, com salas de jogos
e televisão, quadra poliesportiva, pátio central, refeitório amplo, auditório e salão multiuso.
Além disso, busca-se para a construção uma expansão nas áreas destinadas aos
dormitórios, vestuários e banheiros, sobretudo vale ressaltar que a nova obra teve sua
capacidade de atendimento aumentada, agora com espaço para 36 moradores fixos, e atendendo
também a população que precisa de cuidados, mas, não deseja pernoitar. Nestas situações, os
serviços ofertados pela instituição serão atendimentos com demandas mais pontuais como,
retirado de documento, alimentação, cuidados com a higiene e saúde, entre outros. Ademais a
ampla área de construção se justifica tanto por oferecer aos usuários ambientes mais bem
preparados e confortáveis quanto pela ampliação de serviços.
II - SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA 53

Acesso ao 2º
Coordenação Sanitários
PVTO
Atendiemento em Grupo
Legendas
Enfermaria Salas de Aula Refeitório
Administração
Atendimento Individual Triagem

Suporte Sala dos Área de


Professores Convivência
Assistência Social
Serviços
Copa Laboratórios Auditório
Educacional
Psicologia Sanitários
Profissionalizante
Atêlies Salão Multiuso
Moradia Administração Arquivos
Social
Estacionamento Bibliocateca Sala de Jogos
Recepção Sala de Reuniões
Acessos
Sala de
Almoxarifado
Televisão
Acesso Carros Área de Serviço Acolhidos Secretaria

Sanitários Sanitários
Acesso Pedreste Pátio Central
Guarita
Domitórios
Hall (1ºPVTO) D.M.L
Femininos

Carga/Descarga
Quadra Admintração Vestiários
Poliesportiva Especial da Femininos
Moradia
Acesso Funcionários
Rouparia
Sanitários
Femininos

Acesso ao 3º
Cozinha Depósito D.M.L
Pavimento

Vestiários Dormitórios
Despensa de Alimentos Câmera Fria
Masculinos Masculinos

Aréa de Serviços Sanitários


Central de Lixo Central de Gás Sanitários Rouparia
Funcionários Masculinos

Estendal
Administração
Especial da
Moradia
APÊNDICE D - DEFINIÇÃO DO PARTIDO

I - INTENÇÕES ESPACIAIS, CONSTRUTIVAS E ESTÉTICAS

O projeto da nova sede para a Casa de Passagem é, sobretudo uma nova perspectiva,
olhar pessoas como pessoas, ir além das aparências, explorar tudo que o ser humano tem de
melhor e encorajar as habilidades de cada sujeito. A palavra que inspirou esse projeto é empatia,
uma vez que os motivos que levam as pessoas a essa situação são diversos e a dificuldade para
se reerguerem é enorme, desta forma dar destaque para uma instituição social é dar visibilidade
para a população de rua.
Partindo desta premissa, a instituição governamental foi projetada para dar um novo
sentido à vida destas pessoas, assim a pele de vidro transparente incorporada a construção
significa um olhar da comunidade sem barreiras, sem máscaras, a partir do ponto de vista
daqueles que acordam todos os dias sem oportunidades. Desta forma, a instituição vem para
construir uma ponte entre condições de vidas diferentes que habitam o mesmo mundo.
Para isso, a proposta de intervenção possuirá quartos femininos e masculinos, cursos
profissionalizantes e salas de aulas preparadas para desenvolvimento pessoal. Além disso, a
estrutura contará com áreas de lazer, sendo elas: área convivência, sala de televisão, sala de
jogos, pátio central aberto e quadro poliesportiva. Com relação aos profissionalizantes, o
projeto possuirá espaços para atêlies de costura e de marcenaria, laboratórios de elétrica, de
hidráulica e curso de finanças.
Diante do exposto, acredita-se que os usuários tenham condições para dar um novo
significado a suas vidas e reconquistarem sua independência e seu lugar, uma vez que a Casa
de Passagem é um lar temporário e encoraja seus usuários a se autossustentarem e a planejarem
seu futuro.
II CROQUI DA IMPLANTAÇÃO 55

Conforme o desenho, o terreno está situado


na Avenida Getúlio Vargas, de frente para o
Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC,
sendo vizinho de uma clínica médica e uma
loja de embalagens. Sua testada está
direcionada para o norte, com ventos
predominantes de leste para oeste.
A área construída ocupará cerca de 37% do
terreno, e o empreendimento ainda contará
com uma quadra poliesportiva e
estacionamento aos fundos.
A edificação terá com um pátio central que
poderá ser acessado pelas laterais,
permitindo a passagem de ventos e
iluminação natural.
O acesso de pedestres e carros é controlado
por duas guaritas, visando a segurança do
local.
56

III PERSPECTIVA DA PROPOSTA NOVA SEDE

Vista Lateral Direita


Vista Frontal

O ESTUDO DA FORMA

A volumetria que começou com retângulos sobrepostos foi

reajustada conforme o desenho do terreno, após esta etapa subtraiu-se

o centro para a criação do pátio central com corredores de acessos

laterais. No projeto também foi preciso deslocar o volume superior

para a implantação de marquises que protegessem os pedestres e o

estacionamento destinado a pessoa com mobilidade reduzida, assim

após a análise e aprofundamento do programa de necessidades fez-se


Vista Lateral Esquerda
necessário um terceiro pavimento, com isso chegando a forma final.

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