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UNIVERSIDADE CEUMA

CAMPUS IMPERATRIZ

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MARCO ANTONIO SANTOS SILVA – 011544

PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE UM CENTRO DE APOIO E ACOLHIMENTO


PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE IMPERATRIZ – MA

IMPERATRIZ – MA

2023
MARCO ANTONIO SANTOS SILVA – 011544

PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE UM CENTRO DE APOIO E ACOLHIMENTO


PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE IMPERATRIZ – MA

Projeto de pesquisa de trabalho final de Graduação


em Arquitetura e Urbanismo submetido à
Universidade Ceuma, Campus Imperatriz como
requisito necessário para qualificação.

Orientadora: Profa. Dra. Danielle de Viveiros

IMPERATRIZ – MA

2023
Marco Antonio Santos Silva
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente minha família, que sempre me esteve ao meu lado e me apoiando em
todos os momentos. Agradeço meu pai Antonio Gonçalves Silva Filho e minha mãe Sandra
Josefa Santos de Macedo: que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e ajudando em todas
as dificuldades. Agradeço minha orientadora Daniele de Cassia Santos de Viveiros pelas
consultorias, dicas e sempre extraindo o máximo de mim para que os resultados fosse os
melhores
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a criação e implementação de um centro de apoio e


acolhimento destinado a pessoas em situação de rua. O estudo examina as complexas questões
enfrentadas por essa população vulnerável, destacando os desafios sociais, econômicos e de
saúde associados à falta de moradia. O centro proposto visa oferecer uma abordagem
abrangente, fornecendo não apenas abrigo, mas também serviços essenciais, como assistência
médica, aconselhamento psicológico, educação e encaminhamento para oportunidades de
emprego. Para isso, foi realizado pesquisas aplicadas com o auxílio de bibliografias, estudo de
referenciais no entorno e leis e normas até que o desenho arquitetônico pudesse se completar.
Com isso, foi possível a elaboração de um projeto a nível de estudo preliminar, visando
proporcionar um ambiente funcional e incluso para atender às necessidades específicas dessa
população.

Palavras-chave: Centro de apoio. Pessoas em situação de rua. Abrigo. Arquitetura. Assistência


ABSTRACT

The objective of this work is to create and implement a support and reception center for
homeless people. The study examines the complex issues faced by this vulnerable population,
highlighting the social, economic and health challenges associated with homelessness. The
proposed center aims to offer a comprehensive approach, providing not only shelter but also
essential services such as medical care, psychological counseling, education and referral to
employment opportunities. To this end, applied research was carried out with the help of
bibliographies, study of surrounding references and laws and regulations until the architectural
design could be completed. This made it possible to develop a project at a preliminary study
level, aiming to provide a functional and inclusive environment to meet the specific needs of
this population.

Key-words: Support center. People living on the streets. Shelter. Architecture. Assistance
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fachada principal HSCFV ......................................................................... 19


Figura 2 - Planta de Implantação ................................................................................ 20
Figura 3 - Construção Modular .................................................................................. 21
Figura 4 - Localização Shelter Home ......................................................................... 22
Figura 5 - Planta Baixa 1 Selter Home ....................................................................... 23
Figura 6 - Planta Baixa 2 Shelter Home ..................................................................... 24
Figura 7 - Planta Térreo.............................................................................................. 25
Figura 8 - Primeiro Pavimento ................................................................................... 25
Figura 9 – Fachada ..................................................................................................... 26
Figura 10 - Pátio Central ............................................................................................ 27
Figura 11 - Planta de Situação .................................................................................... 27
Figura 12 - Vista Fachada .......................................................................................... 28
Figura 13 - Localização do município de Imperatriz – MA ....................................... 29
Figura 14 - Perímetro Urbano de Imperatriz .............................................................. 30
Figura 15 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo ........................................................... 31
Figura 16 - Análise do Terreno .................................................................................. 32
Figura 17 - Vegetação no Terreno .............................................................................. 33
Figura 18 - Mapa de Condicionantes ......................................................................... 34
Figura 19 - Mapa de Vias e Acessos .......................................................................... 35
Figura 20 – Topografia ............................................................................................... 36
Figura 21 – Índices da Lei de Zoneamento de Imperatriz .......................................... 37
Figura 22 - Afastamentos ........................................................................................... 37
Figura 23 Planta de Legislação Urbanística .............................................................. 38
Figura 24 - Mapa de Cheios e Vazios ........................................................................ 39
Figura 25 - Mapa de Vegetação ................................................................................. 40
Figura 26 – Fluxograma ............................................................................................. 45
Figura 27 – Setorização .............................................................................................. 46
Figura 28 - Planta de Implantação .............................................................................. 47
Figura 29 - Pátio Externo ........................................................................................... 48
Figura 30 - Planta Baixa Térreo Atendimento ........................................................... 49
Figura 31 - Planta Baixa Superior Atendimento ........................................................ 50
Figura 32 - Planta Baixa Térreo Acolhimento ........................................................... 50
Figura 33 - Planta Baixa Superior Acolhimento ........................................................ 51
Figura 34 - Planta Baixa Segundo Pavimento Acolhimento ...................................... 51
Figura 35 - Planta Baixa Térreo Apoio ...................................................................... 52
Figura 36 - Fachada Frontal Atendimento ................................................................. 53
Figura 37 - Fachada Lateral Esquerda Atendimento .................................................. 54
Figura 38 - Fachada Lateral Direita Atendimento...................................................... 54
Figura 39 - Fachada Posterior Atendimento............................................................... 55
Figura 40 - Fachada Frontal Acolhimento ................................................................. 55
Figura 41 - Fachada Lateral Esquerda Acolhimento .................................................. 56
Figura 42 - Fachada Lateral Direita Acolhimento...................................................... 56
Figura 43 - Fachada Posterior Acolhimento............................................................... 57
Figura 44 - Fachada Frontal Apoio ............................................................................ 57
Figura 45 - Fachada Lateral Esquerda Apoio ............................................................. 58
Figura 46 - Fachada Lateral Direita Apoio ................................................................ 58
Figura 47 - Fachada Posterior Apoio ......................................................................... 58
Figura 48 - Corte A .................................................................................................... 59
Figura 49 - Corte B ..................................................................................................... 60
Figura 50 - Corte C ..................................................................................................... 60
Figura 51 - Corte D .................................................................................................... 61
Figura 52 - Corte E ..................................................................................................... 62
Figura 53 - Corte E ..................................................................................................... 62
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Programa de Necessidades ........................................................................ 43


Tabela 2 - Quantidade de Funcionários ...................................................................... 44
Tabela 3 - Quadro de Áreas ........................................................................................ 49
LISTA DE SIGLAS

ACM Alumínio Composto

CECAD Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico

CENTRO POP Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua

HSCFV Hilda L. Solis Care First Village

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

PNPSR Política Nacional para a População em Situação de Rua

ZRC Zona Residencial Centro

ZRMN Zona Residencial Maranhão Novo


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 12

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 12

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivo Específicos.......................................................................................... 13

1.3 METODOLOGIA ................................................................................................ 13

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO.................................................................................... 14

2.1 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL .................................... 14

2.2 PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM IMPERATRIZ – MA ...................... 15

2.3 COMO ABRIGAR ............................................................................................... 17

2.4 REFERÊNCIAS PROJETUAIS .......................................................................... 19

2.4.1 Hilda L. Solis Care First Village (HSCFV) ...................................................... 19

2.4.2 Shelter Home ..................................................................................................... 22

2.4.3 Capslo Homeless Center ................................................................................... 24

2.4.4 The Bridge Homeless Assistance Center .......................................................... 26

3 CONDICIONANTES PROJETUAIS ..................................................................... 28

3.1 LOCALIZAÇÃO.................................................................................................. 28

3.2 LEVANTAMENTO DO TERRENO E ENTORNO ........................................... 31

3.2.1 Condicionantes .................................................................................................. 34

3.2.2 Mapa de Vias e Acessos .................................................................................... 35

3.2.3 Topografia ......................................................................................................... 36

3.2.4 Legislação Urbanística Incidente na Área ......................................................... 37

3.2.5 Mapa de Cheios e Vazios .................................................................................. 39

3.2.6 Mapa de Vegetação ........................................................................................... 40

4 ESTUDO PRELIMINAR ........................................................................................ 41

4.1 CONCEITO E PARTIDO .................................................................................... 41

4.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO .............................................................................. 42


4.3 FLUXOGRAMA .................................................................................................. 45

4.4 SETORIZAÇÃO .................................................................................................. 45

5 PROJETO ................................................................................................................ 47

5.1 IMPLANTAÇÃO ................................................................................................. 47

5.2 PLANTA BAIXA................................................................................................. 49

5.2.1 Planta Baixa Atendimento ................................................................................. 49

5.2.2 Planta Baixa Acolhimento ................................................................................. 50

5.2.3 Planta Baixa Apoio............................................................................................ 52

5.3 COBERTURA ...................................................................................................... 53

5.4 FACHADAS ........................................................................................................ 53

5.4.1 Fachada Atendimento ........................................................................................ 53

5.4.2 Fachada Acolhimento ........................................................................................ 55

5.4.3 Fachada Apoio ................................................................................................... 57

5.5 CORTES............................................................................................................... 59

5.5.1 Cortes Atendimento........................................................................................... 59

5.5.2 Cortes Acolhimento........................................................................................... 60

5.5.3 Cortes Apoio...................................................................................................... 62

6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 63

7 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICOS .................................................................... 64


12

1 INTRODUÇÃO
O aumento significativo do número de pessoas que vivem na rua é um dos vários
desafios que a sociedade moderna enfrenta, incluindo a desigualdade social. Segundo o IPEA
(2022) a estimativa de pessoas em situação de rua era de 281.472. Essas pessoas são
frequentemente confrontadas com a privação de seus direitos como cidadãos, como ter uma
saúde adequada e uma moradia digna. É uma população invisível ao olhar das estatísticas, mas
que cresce a olhos vistos. Bastar olhar para as cidades, para as calçadas. A gente vê pessoas
dormindo nesses locais como não via tempos atrás (NERI, 2023). Infelizmente, eles são
frequentemente estigmatizados e tratados como uma classe marginalizada, recebendo pouca
atenção dos governos e da sociedade em geral. É essencial adotar políticas públicas que
protejam e incluam essas pessoas e facilitem sua reintegração na sociedade.

Geralmente, as instalações destinadas a abrigar pessoas em situação de rua, como


albergues e abrigos, oferecem abrigo temporário, mas não tratam das causas subjacentes dessas
situações ou oferecem assistência para superá-las. De acordo com Rodrigo Gomes (2020), os
abrigos para a população de rua na capital paulista estão superlotados. Sofrem com falta de
funcionários, banheiros, material de higiene adequado e estão infestados de pombos e
percevejos. Em tal situação, é fundamental considerar o papel desses locais na estratégia de
combate à situação de rua, levar em consideração o que pensam os moradores em situação de
rua sobre esses locais e, em conjunto com políticas públicas adequadas, mudar a situação atual.
Este estudo visa desenvolver um projeto arquitetônico em nível de estudo preliminar para um
centro de apoio e acolhimento para moradores de rua, fornecendo-lhes um ambiente digno e
adequado.

A busca por melhorias e oportunidades inovadoras para a população de rua foi a


inspiração para este trabalho de conclusão de curso. Foi projetado para abordar o tema da
desigualdade social e como ela está ligada às pessoas sem residência fixa e ao ambiente urbano.
Além disso, o objetivo é examinar o papel da arquitetura na criação de espaços de acolhimento,
as necessidades específicas desses espaços e as maneiras mais eficazes de atendê-los.

1.1 JUSTIFICATIVA
A proposta arquitetônica acerca da criação de um centro de apoio e acolhimento para
moradores em situação de rua, no município de Imperatriz, visa a inserção desses indivíduos
no meio social novamente. Uma vez que, a cidade de Imperatriz enfrenta uma crescente crise
humanitária relacionada à população em situação de rua. O número de moradores de rua tem
13

aumentado de forma alarmante nos últimos anos, e essa situação está se tornando insustentável
tanto para os próprios moradores quanto para a comunidade em geral. Segundo Sousa (2018),
estima-se que mais de 300 pessoas podem viver em situação de rua e afirma que um dos
principais motivos relacionado a esse número é o envolvimento com drogas. Para tentar
combater esse número, em 2018 foi aprovado a lei complementar n º 001/2018 que fala sobre
a remoção temporária de moradores em situação de rua, de núcleos habitacionais de baixa
renda, moradores de áreas de risco ou alagáveis.

Tendo em vista esse problema, o ambiente será voltado para a inclusão dessas pessoas
nas práticas sociais do dia a dia, sendo disponibilizado cursos de alfabetização, cursos
profissionalizantes, além de cuidados médicos ambulatoriais.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo Geral


Elaborar uma proposta arquitetônica em nível de estudo preliminar de um centro de
apoio e acolhimento para moradores de rua na cidade de Imperatriz – MA.

1.2.2 Objetivo Específicos


• Realizar pesquisas bibliográficas sobre o tema;
• Levantar referenciais de projetos semelhantes e estudar as necessidades do
projeto;
• Fazer um levantamento do entorno para entender melhor o espaço urbano da
região;
• Identificar os tipos de materiais e técnicas construtivas e ver a melhor que se
encaixa no projeto

1.3 METODOLOGIA
Os seguintes procedimentos metodológicos foram necessários para desenvolver o
trabalho:

• Revisões bibliográficas, através de livros, artigos, dissertações, tese e


documentos disponíveis na internet, para a elaboração da fundamentação
teórica;
• Realização de estudos de terrenos de grande potencial por meio de análise local
e coleta de dados sobre o contexto em que o projeto está inserido;
14

• Criação de mapas urbanos que ilustram o uso do solo, o sistema viário e a


construção ou não construção, através da utilização dos softwares: Qgis;
Archicad e Google Earth.
• Realização de uma análise climática usando a carta solar de Imperatriz;
• Realização de um estudo de projetos referenciais e casos para fornecer base
técnica para a proposta arquitetônica, analisando aspectos como acessos,
circulações, métodos construtivos, materialidade e conforto ambiental.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL


A situação econômica e social de uma grande parte da população foi alterada com o
avanço do sistema capitalista. Aproximadamente 281 mil pessoas vivem na rua no Brasil, de
acordo com pesquisas, mostrando como a exclusão social é causada pelo capitalismo. Isso é
causado pelas condições de vida horríveis dessas pessoas, bem como pela falta de proteção da
sociedade e do governo. Para entender essa questão, é necessário examinar sua evolução ao
longo da história e as causas subjacentes que contribuem para a presença de pessoas sem-teto
nas ruas do país (IPEA, 2022).

No século XX, especialmente a partir da década de 1960, com o processo de


urbanização acelerada, a situação da população em situação de rua começou a se agravar. O
crescimento desordenado das cidades, a falta de planejamento urbano, a concentração de
riqueza e a falta de políticas sociais adequadas contribuíram para o aumento do número de
pessoas sem-teto, a falta de acesso a moradia digna, serviços de saúde, educação e emprego
adequados tornou-se uma realidade alarmante. Nessa mesma década houve uma operação
chamada “Mata-Mendigos”, foi um episódio ocorrido no Rio de Janeiro em que a polícia
carioca exterminou moradores de rua com o objetivo de limpar as ruas da cidade e acabar com
a presença dessas pessoas (ANTONIO, 2023).

A população de rua pode ser descrita como um “grupo populacional heterogêneo,


caracterizado por sua condição de pobreza extrema, pela interrupção ou fragilidade dos vínculos
familiares e pela falta de moradia convencional regular”, que dormem em ruas, embaixo de
viadutos, edificações abandonadas, parques e praças. Quando dizemos que se trata de um grupo
heterogêneo é devido ao fato de que cada indivíduo que se encontra nessa situação possui seus
próprios motivos que o levaram ali, mas ainda sim pode-se notar algumas características
dominantes nessa população (BRASIL, 2008).
15

Os moradores de rua são maioritariamente compostos por pessoas do gênero


masculinos com cerca de 87%, e o público feminino possui apenas 13% (CECAD,2023). Cerca
de 50% das pessoas que estão registradas no Cadastro Único são consideradas pardas e 17%
preta levantando indagações sobre desigualdade social e racismo (CECAD, 2023). Um dado
que chama atenção mostra que 70,9% possuem atividade remunerada realizando serviços como
catador de materiais recicláveis, flanelinha, limpando e na área da construção civil e apenas
15,7% da população de rua vive de mendicância (CECAD, 2023). Esses dados subvertem a
ideia de que são pessoas ‘preguiçosas’ e ou acomodas e levanta a questão acerca dos reais
motivos que levam alguém possui a morar na rua e como é possível mudar este cenário.

A escolaridade dessas pessoas é baixa, onde só 13,46% dos cadastrados no programa


Cadastro Único têm educação básica (ensino escolar fundamental completo) e 1,97% têm
ensino profissionalizante (CECAD, 2023). Os motivos que levam a essa situação são
alcoolismo e drogas, ao desemprego e motivo de conflitos familiares. Segundo o site Agência
Brasil, 2023) o censo amostral da prefeitura de São Paulo mostra que 64,9% das crianças em
situação de rua mantêm laços familiares enquanto 35,1% não.

Na área da saúde 13,95% dos cadastrados no programa possuem deficiência, 7,37%


com deficiência física e 2,79% com transtorno/doença mental (CECAD, 2023). Isso é agravado
geralmente pelo fato da maioria não possuírem documentação, que os impede de usar o Sistema
Único de Saúde (SUS) e até mesmo se beneficiar de programas sociais do governo. Conhecer
essa população de rua auxilia na construção de um perfil comum entre eles a meio de criar
políticas de enfrentamento a situação de rua e compreender as necessidades dessas pessoas com
intuito de “estabelecer diretrizes e rumos que possibilitem a reintegração destas pessoas às suas
redes familiares e comunitárias, o acesso pleno aos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros.”
(BRASIL, 2008).

2.2 PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM IMPERATRIZ – MA


O surgimento de Imperatriz, conforme descrito no site da Prefeitura de Imperatriz
(2023), começou a ser projetado com a iniciativa dos bandeirantes no final do século XVI e
início do século XVII, que partiam de São Paulo para o norte em busca de riqueza, desconhecido
e aventura. As entradas governamentais e/ou religiosas subiam o rio, tentando alcançar suas
nascentes, enquanto os bandeirantes navegavam da nascente para a foz. De todas as entradas
feitas, a que mais nos interessa é a que ocorreu em 1658 pelos jesuítas Padre Manoel Nunes e
Padre Francisco Veloso. Eles foram os primeiros a usar o local onde hoje está Imperatriz.
16

Três anos depois da expedição que partiu do porto de Belém em 26 de junho de 1849,
Imperatriz foi fundada em 16 de julho de 1852. A povoação, que inicialmente foi chamada de
Colônia Militar de Santa Tereza do Tocantins, foi fundada pelo capelão da expedição Frei
Manoel Procópio do Coração de Maria. Em 27 de agosto de 1856, após quatro anos, a lei
número 398 criou a Vila de Imperatriz, que foi nomeada em homenagem à imperatriz Tereza
Cristina. Com o tempo, a população tornou sua denominação mais simples, documentos
anteriores à Abolição mencionam a vila apenas como Imperatriz. No governo de Godofredo
Viana, em 22 de abril de 1924, foi elevada à categoria de cidade (Lei n º 1.179).

O município de Imperatriz e sua sede permaneceram geograficamente e politicamente


longe de São Luís até 1958, quando a rodovia Belém Brasília começou a ser construída. Isso
levou a um crescimento populacional e econômico lento. No entanto, Imperatriz teve um rápido
crescimento a partir de 1960. Na década de 1970, era considerada a cidade mais progressista
do país e recebia muitos migrantes de várias origens (Prefeitura de Imperatriz,2023).

O ciclo do arroz, período compreendido entre os anos de 1955 até a década de 1970,
traz consigo o primeiro grande crescimento experimentado por Imperatriz. Esse crescimento é
tanto de ordem estrutural como de mudanças profundas na área urbana e no quantitativo
populacional (BARBOSA, 2015). Dessa forma, o “[...] desordenado crescimento populacional
e econômico, para o qual não houvera previsão nem planejamento, fez surgir problemas de
diversas naturezas, como os de saúde, habitação e abastecimento de gêneros alimentícios [...]”
(FRANKLIN, 2008).

Durante o ciclo da madeira (1970 a 1985) houve um grande crescimento da cidade,


pois “num primeiro período, exportava-se a madeira em toras, transportada em caminhões
abertos e, ao mesmo tempo, [...] se instalavam no município dezenas de serrarias de pequeno e
médio porte” (FRANKLIN, 2008) Para este período, Barbosa (2015) enfatiza o aumento da
produção e da extração de madeira na região sudoeste maranhense e, consequentemente, em
Imperatriz e seus arredores.

Hoje, a população em situação de rua em Imperatriz é um reflexo das complexidades


socioeconômicas da cidade. Muitos dos moradores de rua são pessoas que enfrentam
desemprego, falta de moradia acessível, problemas de saúde mental e dependência de
substâncias. Além disso, a falta de políticas públicas eficazes para abordar essas questões
contribui para a persistência desse problema. Em Imperatriz, há uma população significativa de
pessoas em situação de rua. De acordo com a Prefeitura de Imperatriz, cerca de 70% dos
17

moradores de rua são geralmente de outras cidades. O governo local tem tomado medidas para
resolver o problema, como a participação em ações sociais e a prestação de serviços como
emissão de documentos, doações de roupas e verificação da elegibilidade de benefícios sociais
(CUNHA, 2022).

O município conta ainda com um centro de referência especializado para a população


em situação de rua CENTRO POP, que tem desenvolvido um papel importante na ajuda da
pessoa em situação de rua. De acordo com o site Imperatriz Notícias (2023), existem algumas
iniciativas lideradas pela comunidade, como o fornecimento de refeições nas noites de sexta-
feira no bairro Bacuri.

Com a ajuda do setor privado, existem ações sociais voltada para a conscientização e
apoio a moradores de rua. No dia 15 de julho de 2022, a universidade Ceuma Imperatriz
participou de uma ação voltada as pessoas em situação de rua, foi feita a doações de itens
sanitários, como máscaras de proteção, roupas e toucas (Universidade CEUMA, 2022).

2.3 COMO ABRIGAR


A tragédia dos moradores de rua é uma realidade que aflige muitas cidades ao redor do
mundo. A falta de abrigo e recursos adequados para essas pessoas pode levar a uma série de
problemas de saúde, segurança e bem-estar. Para enfrentar esse desafio complexo, é
fundamental que a sociedade, governos e organizações não governamentais trabalhem juntos
para proporcionar abrigo e oportunidades de recuperação aos mais vulneráveis.

Em 23 de dezembro de 2009 houve a criação da Política Nacional para a População em


Situação de rua (PNPSR), a PNPSR garante os processos de participação e controle social e
possui entre seus princípios, além da igualdade e equidade, o respeito à dignidade da pessoa
humana; o direito à convivência familiar e comunitária; a valorização e respeito à vida e à
cidadania; o atendimento humanizado e universalizado; e o respeito às condições sociais e
diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com
atenção especial às pessoas com deficiência.

O guia possui quadro tipos de modalidades de abrigamento adultas, sendo elas abrigo
institucional, albergue, casa de passagem e república.

• Abrigo Institucional: Destinado a famílias e indivíduos que perderam sua


moradia e/ou conexões familiares, encontrando-se em situações de abandono, ameaça ou
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violação de direitos, o abrigo institucional oferece assistência abrangente e contínua, visando a


reabilitação das pessoas afetadas.

Este tipo de abrigo tem como objetivo reproduzir um ambiente de convivência familiar
e comunitária, proporcionando privacidade e respeito às diversas culturas, raças, gêneros,
orientações sexuais e religiões. Além disso, busca reforçar os laços familiares fragilizados e
criar um espaço físico adequado e acolhedor que garanta condições de habitabilidade, higiene
e segurança.

É crucial que esses abrigos estejam localizados em áreas que facilitem o acesso aos
órgãos públicos responsáveis pelos direitos dessas pessoas, bem como aos serviços básicos e
espaços de lazer oferecidos pela cidade. Isso permite que os residentes se integrem à
comunidade local, promovendo a interação entre eles e os moradores da região.

Além disso, é importante oferecer programas de capacitação e oportunidades que


incentivem a autonomia dos indivíduos, juntamente com atividades culturais, de lazer e
esportivas que estimulem seus interesses e melhorem sua qualidade de vida.

• Albergue: São instituições de menor complexidade em comparação com abrigos,


com o principal objetivo de proporcionar hospedagem temporária, incluindo pernoite em
espaços compartilhados, acesso a instalações de higiene pessoal e refeições básicas. Esses
estabelecimentos são segregados por gênero, havendo albergues femininos e masculinos.
• Casa de Passagem: São unidades de acolhimento emergencial projetadas para
atender indivíduos com o objetivo de identificar suas necessidades específicas e direcioná-los
para as instituições e serviços mais apropriados às suas demandas. Estas casas operam em
tempo integral e contam com uma equipe multiprofissional especializada, oferecendo
assistência a famílias ou indivíduos em situação de rua devido a abandono, migração, falta de
residência ou aqueles que estão em trânsito.

Ao contrário dos abrigos institucionais, as Casas de Passagem não visam a longa


permanência, concentrando-se exclusivamente no atendimento de emergência e no
encaminhamento adequado das pessoas atendidas.

• República: Este serviço é destinado a adultos que estão em processo de transição


da situação de rua, ou seja, que já estão avançando na reintegração social, na reconstrução de
vínculos sociais e na conquista da autonomia. Portanto, as repúblicas devem oferecer
oportunidades de qualificação profissional e empregabilidade.
19

As repúblicas são divididas em unidades para homens e mulheres e devem funcionar


com autogestão ou cogestão, promovendo a independência e a capacidade de
autogerenciamento dos residentes em relação aos afazeres domésticos.

A melhor modalidade que se encaixa para a proposta do projeto é o abrigo institucional,


pois ele tem o objetivo de recriar um ambiente familiar e gerar uma nova comunidade.

2.4 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

2.4.1 Hilda L. Solis Care First Village (HSCFV)


Projetado pelo escritório NAC Architecture no ano de 2021, o Hilda L. Solis Village foi
construído em um terreno de 16 mil metros quadrados que havia sido destinado à construção
de um novo complexo carcerário, justo ao lado da Union Station, o maior centro de transporte
público da cidade de Los Angeles (figura 1). Servindo como um complexo habitacional para
pessoas em situação de rua, os dois edifícios principais do Hilda Solis Village contam com 264
unidades residenciais permanentes. Cada unidade está equipada com um banheiro privativo
além de sistemas individuais de aquecimento e ventilação. Além disso, várias unidades móveis
foram instaladas no local, disponibilizando moradias temporárias para pessoas em situação de
rua, enquanto os serviços de saúde e atendimento ao público assim como um refeitório e uma
lavanderia encontram-se junto à estrutura do edifício administrativo.

Figura 1 - Fachada principal HSCFV


Fonte : Archdaily (2021)
20

O HSCFV foi concebido, acima de tudo, como um centro de atendimento a pessoas em


situação de rua, oferecendo uma ampla gama de serviços sociais e de saúde para aqueles que
mais precisam (figura 2). Com um custo de apenas 86 mil dólares por unidade, as obras foram
iniciadas no dia 11 de outubro de 2020 e foram concluídas menos de cinco meses depois; um
cronograma sem precedentes no que se refere à construção de habitações públicas na cidade
de Los Angeles. Tal rapidez no processo de construção só foi possível devido ao sistema
construtivo adotado, o qual prevê a transformação de contêineres em unidades habitacionais
pré-fabricadas modulares. Para desenvolver o projeto executivo, a Bernards subcontratou
a VESTA Modular, uma empreiteira com ampla experiência no ramo. Ao todo foram
reutilizados 66 contêineres, os quais foram pré-fabricados à distância, transportados e
empilhados prontos no local, assim como as passarelas e escadas metálicas que completam o
conjunto (Bernards, 2021).

Figura 2 - Planta de Implantação


Fonte: Bernards (2021)
21

O uso da construção modular simplificou o processo de projeto e reduziu o tempo


de pré-construção (figura 3). O complexo HSCFV incorpora vários componentes de
construção pré-fabricados. O projeto inclui 132 unidades permanentes alojadas em 66
contêineres reaproveitados configurados como estruturas de três andares, 100 leitos em
20 trailers temporários e um prédio administrativo com escritórios e cozinha de produção
em um edifício modular de madeira de 9 unidades (Archdaily,2021).

O HSCFV serviu como uma fonte inspiradora para a proposta devido à sua
abordagem de construção modular. A flexibilidade inerente a esse tipo de construção
oferece inúmeras vantagens na definição e adaptação de cada setor do projeto. Isso
permite que o espaço seja moldado de acordo com as necessidades específicas da
comunidade e do público atendido.

A capacidade de reconfigurar e expandir facilmente as instalações é fundamental


para garantir que o espaço continue atendendo eficazmente às demandas em constante
mudança. Além disso, a construção modular oferece muita eficiência e economia, fatores
cruciais para projetos de saúde com orçamentos limitados.

Figura 3 - Construção Modular


Fonte: Bernards (2021)
22

2.4.2 Shelter Home


Construído pelo arquiteto Javier Larraz no ano de 2010, o Shelter Home é um centro de
995 m² que oferece abrigo e alimentação aos seus usuários (figura 4). Em troca destes, devem
envolver-se nas tarefas diárias de manutenção, como limpeza, lavagem, jardinagem e pintura,
procurando desta forma um compromisso pessoal e focando positivamente o respeito pela nova
instalação (Archdaily 2011).

Figura 4 - Localização Shelter Home


Fonte: Archdaily (2011)
23

A proposta define um volume sonoro (figura 5), capaz de assumir com personalidade
a intensidade de utilização a que vai ser sujeito, e ao mesmo tempo flexível no seu
funcionamento, onde a configuração interior facilita a convivência entre os diferentes grupos
de utilizadores e permite atender às diferentes necessidades que se encontram num programa
relativamente complexo apesar do seu espaço limitado: quartos, salas de jantar, oficinas
ocupacionais, salas de lazer etc. (Archdaily, 2011).

Figura 5 - Planta Baixa 1 Selter Home


Fonte: Archdaily (2011)

O Shelter Home serviu de inspiração de maneira notável na nossa abordagem à criação


dos módulos para os dormitórios, devido à sua diversidade de configurações. Ao observar as
diferentes formas e arranjos dos dormitórios desse projeto, pudemos extrair valiosas ideias para
a definição do programa de necessidades e o pré-dimensionamento das áreas, como evidenciado
na figura 6. Isso proporcionou um ponto de partida sólido para o desenvolvimento do nosso
projeto.

A capacidade de adaptar os módulos de dormitórios com base nas configurações


variáveis do Shelter Home foi uma fonte significativa de aprendizado. Essa flexibilidade
permite que o espaço seja otimizado de acordo com as necessidades específicas dos usuários,
24

promovendo uma eficiência notável. Além disso, a diversidade de configurações demonstrada


inspirou soluções criativas e funcionais para acomodação.

Figura 6 - Planta Baixa 2 Shelter Home


Fonte: Archdaily (2021)

2.4.3 Capslo Homeless Center


O projeto Capslo Homeless Center, feito pelo escritório Gwynne Pugh Urban Studio,
localizado na cidade de San Luis Obispo, California nos Estados Unidos. Tem como objetivo
recuperar a autonomia e a autossuficiência econômica dos desabrigados da região, ajudando-os
a obter emprego, moradia adequada, qualificação profissional e serviços médicos . O centro
contem 26.000,00m² e funciona como um hostel, possui área para atendimento de médico,
dormitórios, salas de atividades, salas para cursos de qualificação profissional, cozinhas,
escritórios, área para recreação e lazer e um canil para os animais de estimação dos abrigados
(figura 7). Os espaços foram organizados no projeto de acordo com as funções, desta forma as
áreas mais restritas ficaram localizadas a leste da edificação com pouca relação com o exterior,
já as áreas a oeste do projeto foram destinadas as atividades mais públicas e com uma forte
ligação com o exterior (Archdaily, 2011).
25

Figura 7 - Planta Térreo


Fonte: Archdaily (2011)

A proposta de implantação deu-se por meio de um edifício mais horizontal no terreno,


com uma forma mais sóbria e sem grandes impactos ao entorno. A integração do interior com
o exterior foi alcançada com a permeabilidade das áreas de uso comuns a praça externa
(Archdaily, 2011).

A horizontalidade possibilitou a baixa verticalidade do edifício, que é composto de dois


pavimentos, sendo que o primeiro contempla os usos mais comuns à comunidade e no segundo
pavimento estão os dormitórios segregados por grupos de usuários, masculino, família e
mulheres (figura 8). Proporcionando um ambiente com privacidade, seguro e confortável
(Archdaily, 2011).

Figura 8 - Primeiro Pavimento


Fonte: Archdaily (2011)
26

O projeto em questão se destacou como uma referência valiosa na busca por criar uma
comunidade autossustentável. Sua abordagem inovadora, que integra serviços de clínicas, salas
de treinamento e a interação harmoniosa com o pátio externo, ofereceu uma inspiração notável.
A eficiência na utilização dos recursos e a economia de meios evidenciada na figura 9 são
aspectos cruciais e a combinação de clínicas e salas de treinamento dentro do mesmo espaço
demonstra uma abordagem holística para atender às necessidades da comunidade

Figura 9 – Fachada
Fonte: Archdaily (2011)

2.4.4 The Bridge Homeless Assistance Center


The Bridge Homeless foi desenvolvido pelo escritório Overland Partners Architects, em
Dalas no ano de 2008. O centro possui área de 3,41 hectares (34.100,00m²) e oferece serviços
como habitação de longo prazo, serviços de emergência e transição para mais de 6 mil pessoas
que estejam em situação de rua. O centro é referência internacional no atendimento à população
em situação de rua, conquistou o prêmio Best Entry Architectural no International Rebranding
Homelessness Competition que homenageia projetos que se destaca no âmbito de assistência à
população de rua (Archdaily, 2011). Como pode ser observado na figura 10, o edifício ocupa
100% da quadra, o acesso de pessoas acontece pelas ruas Park Ave, Corsicana St. e pelo
estacionamento; já o de veículos, se dá pela rua Corsicana St. A circulação feita por pedestres
no entorno dos edifícios e nos pátios são bem confortáveis, com larguras adequadas e com
bancos para descanso.
27

Figura 11 - Planta de Situação


Fonte: Archdaily (2011)

A proposta de implantação dos edifícos desenvolveu-se de forma a aproveitar o


perímetro do terreno e permitir a criação de um pátio central no seu núcleo, com a intenção de
desenvolver atividades e promover a integração dos usuários (figura 11).

Figura 10 - Pátio Central


Fonte: Archdaily (2011)
28

Por se trata de pessoas em situação de rua, a fachada possui o uso de vidro transparente,
com o objetivo de ter uma relação direta do centro com a área externa, não criando ambientes
ou materiais que sirvam de barreiras (figura 12).

Figura 12 - Vista Fachada


Fonte: Archdaily (2011)

O projeto em questão serviu como uma fonte valiosa de inspiração devido à sua
impressionante volumetria arquitetônica e à habilidosa integração dos edifícios principais, de
serviços, dormitórios e área de alimentação. Esses elementos combinados desempenharam um
papel fundamental na otimização da organização espacial e na distribuição eficiente dos setores.

A volumetria arquitetônica do projeto não só chama a atenção, mas também demonstra


uma abordagem criativa para o design, que pode ser adaptada a diferentes necessidades e
contextos. A integração cuidadosa dos edifícios cria um ambiente coeso e funcional, onde cada
parte se encaixa harmoniosamente com as demais.

3 CONDICIONANTES PROJETUAIS

3.1 LOCALIZAÇÃO
A localização geográfica de Imperatriz revela-se como uma cidade estrategicamente
localizada, conforme indicado por sua representação cartográfica, notavelmente na figura 13.
29

Essa cidade desempenha um papel vital como um centro regional, atendendo não apenas às
necessidades locais, mas também exercendo influência sobre municípios circunvizinhos, como
João Lisboa, São Francisco do Brejão, Cidelândia, Davinópolis, Governador Edison Lobão,
entre outros.

Com uma população de 247.505 pessoas, de acordo com os dados mais recentes do
IBGE (2021), Imperatriz reflete um crescimento populacional expressivo, indicando sua
atratividade e potencial de expansão. A cidade abrange uma área territorial de 1.369,039 km²,
destacando-se como a segunda maior cidade do estado do Maranhão.

Sua posição geográfica central não apenas fortalece sua importância dentro do estado
do Maranhão, mas também a conecta a outros estados, como Tocantins e Pará. Essa
conectividade regional contribui para a relevância de Imperatriz como um polo de
desenvolvimento econômico e social. Essa combinação de fatores, incluindo localização
estratégica, influência regional e crescimento demográfico, posiciona Imperatriz como um
elemento crucial no cenário estadual e regional.

Figura 13 - Localização do município de Imperatriz – MA


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
30

O terreno escolhido encontra-se estrategicamente situado entre as ruas Alagoas e


Barão do Rio Branco, que faz parte do bairro Juçara (figura 14). Seu ponto de referência inclui
a imponente presença da Igreja Congregação Monte Tambor e o renomado Hotel Bristol,
elementos que não apenas adicionam singularidade ao entorno, mas também destacam a
acessibilidade e visibilidade da localização

Figura 14 - Perímetro Urbano de Imperatriz


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
31

3.2 LEVANTAMENTO DO TERRENO E ENTORNO


O bairro é dividido entre residencial e comercial (figura 15), possuindo escolas e
igrejas. As edificações de uso residencial são próprias e ocupadas. É uma área de alta densidade
e apresenta poucos lotes vagos. Isso propicia um local com grande interação com a vida urbana
em um espaço compartilhado com diversas pessoas. O terreno escolhido possui cerca de
4.682,49 m².

Figura 15 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
32

De acordo a figura 16, o terreno escolhido possui as dimensões de


75,00x65,00x75,00x60,00, contendo uma área total de 4.616,60m², encontrando-se nas Ruas
Alagoas e Rua Barão do Rio Branco.

Figura 16 - Análise do Terreno


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

De acordo com a figura 17, notamos a ausência de vegetação nas áreas circundantes do
terreno. No entanto, uma observação mais detalhada revela a presença de vegetação no interior
do terreno. Essa diferença é notável e desempenha um papel fundamental na qualidade do
ambiente. A presença de vegetação em todo o terreno é benéfica por diversas razões.
33

A vegetação no interior atua como um amortecedor natural contra a elevação das


temperaturas durante todo o ano. Isso é particularmente importante em regiões com climas
quentes, onde a sombra e a umidade proporcionadas pela vegetação podem ajudar a diminuir a
sensação de calor

Além disso, a presença de vegetação também contribui para um ambiente mais


agradável e confortável, podendo melhorar a qualidade do ar, fornecer sombra e criar uma
atmosfera confortável.

Figura 17 - Vegetação no Terreno


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
34

3.2.1 Condicionantes
Conforme é mostrado na figura abaixo, usando como ponto referencial o encontro das
Ruas Bahia e Antonio de Miranda, analisou-se a irradiação do sol da manhã nesse sentido, o
sol poente tem sentido de irradiação no encontro das ruas Piauí e Rui Barbosa. Com isso, a
predominância dos ventos na cidade de Imperatriz (figura 18).

Figura 18 - Mapa de Condicionantes


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
35

3.2.2 Mapa de Vias e Acessos


A organização dos fluxos viários de uma cidade determina, em certa medida, como
seus moradores se relacionam com ela. Os fluxos e a organização viária da área de estudo
influenciam significativamente a organização geral do centro urbano de Imperatriz. Na área em
que foi feito o levantamento, a rua Ceará é denominada como uma via coletora, enquanto o
restaste das ruas são consideradas vias locais (Figura 19).

Figura 19 - Mapa de Vias e Acessos


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
36

3.2.3 Topografia
De acordo com a figura 20, a topografia do terreno escolhido apresenta variações
significativas de altura. Existem áreas altas e baixas notáveis, com uma elevação máxima de
140 metros entre a rua Urbano Santos e Alagoas. Por outro lado, as alturas mínimas são
encontradas entre as ruas Piauí e Rui Barbosa e Barão do Rio Branco, com valores de cerca de
130 metros. Essas variações topográficas podem influenciar significativamente o planejamento
e desenvolvimento da área, exigindo considerações especiais para a construção e uso do terreno.

Figura 20 – Topografia
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
37

3.2.4 Legislação Urbanística Incidente na Área


O bairro Juçara, de acordo com a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação
do Solo de Imperatriz se encontra nas zonas Zona Residencial Maranhão Novo (ZRMN) e Zona
Residencial Centro (ZRC). Na zona em que o terreno se encontra (ZRMN), a edificação deverá
possuir no máximo 20 pavimentos, além de 40% de área livre mínima, 280% de área máxima
edificável e afastamento frontal de 4 metros, conforme demonstrado nas figuras 21.

Figura 21 – Índices da Lei de Zoneamento de Imperatriz


Fonte: Prefeitura de Imperatriz editado pelo autor (2006)

De acordo a isso, a mesma lei define que os demais afastamentos serão de 4 metros na
lateral principal, 4 metros para a lateral secundária e 4 metros para os fundos, segundo a figura
22. A partir dessa informação é importante fazer o planejamento do projeto na área de
construção, uma vez que define as restrições e oportunidades de desenvolvimento que devem
ser consideradas.

Figura 22 - Afastamentos
Fonte: Prefeitura de Imperatriz editado pelo autor (2006)

De acordo com a figura 23, e possível visualizar claramente a separação das zonas em
que compõem o Bairro Juçara. A representação oferece insights valiosos sobre a estrutura
urbana da região, delineado distintamente as diferentes áreas que compreendem esse bairro.
Essa segmentação pode fornecer informações cruciais sobre a diversidade funcional e
demográfica do Bairro Juçara, destacando possíveis áreas residenciais, comerciais ou
industriais.
38

Figura 23 Planta de Legislação Urbanística


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
39

3.2.5 Mapa de Cheios e Vazios


No mapa de cheios e vazios, é notável a significativa ocupação da região, com poucos
lotes vagos, conforme ilustrado na Figura 24. Essa densa ocupação da área sugere uma
utilização intensa do espaço disponível, o que pode ser um reflexo da demanda por propriedades
na região. Com poucos lotes vagos, há um potencial limitado para o desenvolvimento de novos
projetos imobiliários ou empreendimentos comerciais, tornando a região altamente competitiva
em termos de espaço disponível.

Figura 24 - Mapa de Cheios e Vazios


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
40

3.2.6 Mapa de Vegetação


Imperatriz é uma cidade que se destaca por sua riqueza em vegetação, apresentando
várias áreas verdes que estão bem distribuídas na região do estudo, conforme demonstrado na
Figura 25. A abundância de vegetação na cidade é notável, enriquecendo o ambiente urbano e
contribuindo para a qualidade de vida de seus habitantes. Essas áreas verdes desempenham um
papel fundamental na preservação do meio ambiente, no controle do clima local e na estética
da cidade.

Figura 25 - Mapa de Vegetação


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
41

4 ESTUDO PRELIMINAR

4.1 CONCEITO E PARTIDO


Nesta fase do estudo, foram determinados o conceito e o partido para a criação do
centro de apoio e acolhimento para pessoas em situação de rua.

• CONCEITOS
• Acolhimento e segurança;
• Integração com a natureza;
• Espaços comunitários;
• Sustentabilidade;
• Espaços de atendimento individualizado;
• Arte e expressão;
• Tecnologia para o bem.
• PARTIDOS
• Criação de um espaço que transmita uma sensação de acolhimento e
segurança;
• Preservação da área verde existente e fazer ampliação de espaços com o
uso da vegetação;
• Elaboração de áreas aconchegantes para promover a interação social e o
senso de comunidade;
• Utilização de soluções energéticas e a criação de uma horta comunitária
para sustentabilidade do centro;
• Áreas dedicadas para serviços de aconselhamento como psicólogos,
saúde e odontológicos;
• Criação de salas de aulas para ensino básico e avançado.

Com isso, concebe-se a busca da integração harmônica entre funcionalidade e estética,


visando oferecer um ambiente que não apenas atenda às necessidades essenciais, mas também
promova o bem-estar físico e emocional das pessoas assistidas. Dividiu-se os edifícios
estrategicamente para otimizar a prestação de serviços, com um prédio dedicado a atendimentos
médicos e odontológicos, outro voltado à educação, com salas de aula e dormitórios, e um
terceiro como um hub de apoio, contendo refeitório, cozinha e lavanderia. A interligação entre
esses espaços é feita por passarelas adornadas por vegetação, criando uma atmosfera acolhedora
e facilitando a movimentação. Além disso, um pátio externo proporciona um ambiente adicional
42

para convivência, enquanto uma horta comunitária reforça nosso compromisso com a
sustentabilidade, incentivando a colaboração e fornecendo alimentos saudáveis. Tais escolhas
arquitetônicas não apenas visam a eficiência e a funcionalidade, mas também buscam criar um
refúgio inspirador, incentivando o relaxamento tanto para aqueles que utilizam nossos serviços
quanto para os dedicados funcionários, que enfrentam diariamente desafios cansativos. Este
projeto visa transcender o conceito tradicional de abrigo, aspirando a ser um espaço que
promove a dignidade, a autonomia e a esperança.

4.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO
De acordo com a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR), a
concepção de um centro de apoio para a população em situação de rua requer uma abordagem
cuidadosa e inclusiva. O PNPSR estabelece diretrizes essenciais que direcionam a criação de
ambientes que promovam a dignidade, a inclusão social e o respeito aos direitos fundamentais
dos indivíduos em situação de rua.

Para atender às necessidades específicas dessa população vulnerável, é imperativo que


o centro disponha de estruturas e serviços fundamentais. Primeiramente, a oferta de abrigos e
dormitórios respeitando a individualidade e garantindo a privacidade é crucial, em
conformidade com o princípio da habitação digna preconizado pelo PNPSR. Além disso, a
segurança e a acessibilidade desses espaços são aspectos prioritários, visando criar um ambiente
acolhedor e seguro.

No âmbito da saúde, é vital proporcionar serviços médicos e odontológicos,


assegurando atendimento integral e humanizado. Considerando a diversidade de experiências e
desafios enfrentados por pessoas em situação de rua, a oferta de serviços de apoio psicológico
e aconselhamento também se torna uma prioridade. A promoção do bem-estar físico e
emocional é um pilar essencial na trajetória de reinserção social.

A educação e capacitação profissional são elementos-chave para romper o ciclo de


vulnerabilidade. Portanto, o centro deve contemplar espaços destinados a salas de aula,
buscando oferecer oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades que
contribuam para a autonomia e a inserção no mercado de trabalho.

A criação de espaços de convivência, como refeitório, cozinha e lavanderia, é essencial


para suprir as necessidades básicas diárias e promover a integração social. Esses ambientes não
apenas garantem a alimentação adequada e condições higiênicas, mas também fortalecem o
senso de comunidade e pertencimento. O desenho do centro, incluindo passarelas e áreas
43

verdes, visa criar um ambiente acolhedor e integrado, estimulando a sociabilidade e


fortalecendo os laços comunitários.

Com a extração dessas informações, foi possível a elaboração do programa de


necessidades como mostra a tabela 1. Foi considerado um centro de apoio e acolhimento para
um total de 120 pessoas, os quartos possuem 2 tipos de configurações sendo um para familiares
com capacidade de 4 pessoas e outro para pessoas que estão sozinhas, tendo capacidade para
no máximo 8 pessoas.

Tabela 1 - Programa de Necessidades


ATENDIMENTO
AMBIENTE ÁREA(M²) QUANTIDADE ÁREA TOTAL
Recepção 32.00 1 32.00
Administração 20.00 1 20.00
Atendimento 16.00 1 16.00
Assistência Social 10.00 1 10.00
Sala de Reuniões 10.00 1 10.00
Ambulatório 12.00 1 12.00
Consultório 10.00 1 10.00
Lavabo 4.50 1 4.50
Depósito 10.00 1 10.00
Circulação 100.00 1 100.000
ÁREA TOTAL = 224.50 m²

APOIO
Refeitório 100.00 1 100.00
Despensa 15.00 1 15.00
Lavanderia 15.00 1 15.00
Cozinha 20.00 1 20.00
Lavabo 4.50 1 4.50
Horta Comunitária 120 1 120
Abrigo de Animais 5.00 1 5.00
ÁREA TOTAL = 279.50 m²

ACOLHIMENTO
44

Quarto Tipo 01 10 10 100.00


Quarto Tipo 02 12 12 144.00
Sala de TV 20.00 1 20.00
Sala de Ensino 22,50 4 100.00
Sala de Informática 20.00 1 20.00
Sala de Curso Avançado 25.00 1 25.00
Vestiário 20.00 1 20.00
Banheiro Masculino 6.00 1 6.00
Banheiro Feminino 6.00 1 6.00
Lavabo PNE 8.00 1 8.00
Área de Lazer 80.00 1 80.00
ÁREA TOTAL = 529.00 m²
SOMANDO TODAS AS ÁREAS = 1.033 m²
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Devido a isso, foi necessário fazer o quantitativo de funcionário que trabalharão no


centro de apoio e acolhimento, demonstrando na tabela 2 abaixo.

Tabela 2 - Quantidade de Funcionários


FUNCIONÁRIO QUANTITADE
Médico 2
Dentista 2
Psicólogo 1
Recepcionista 2
Assistência Social 1
Administração 2
Professor 10
Cozinheiro 3
Auxiliar de Rouparia 2
Faxineiro 5
Porteiro 1
Segurança 2
TOTAL 33
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Deste modo, foi possível realizar o pré-dimensionamento para avaliar os ambientes


necessários e desejados para a o centro de apoio e acolhimento, bem como a quantidade de
usuários deste edifício, composto por 120 pessoas e 35 funcionários.
45

4.3 FLUXOGRAMA
Para facilitar a disposição dos ambientes na edificação, foi desenvolvido um
fluxograma que posicionou os ambientes de acordo com suas funções e fluxos para facilitar o
funcionamento, como ilustra a figura a seguir (Figura 26).

Figura 26 – Fluxograma
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

4.4 SETORIZAÇÃO
Devido o terreno ter uma área livre generosa, fez com que o programa de necessidades
se encaixasse perfeitamente. A disposição dos espaços foi pensada em diferentes setores,
separado uma das outras para que se entrasse com o paisagismo ao redor desses espaços, criando
pátios que interligasse cada construção além disso que tivesse o uso de ventilação cruzada entre
os setores, gerando certo conforto em determinadas épocas do ano como por exemplo o verão.
A entrada do centro fica situada logo na área de atendimento, onde a pessoa consiga fazer a
ficha de inscrição e acomoda-se, nessa mesma área da entrada é onde fica a administração,
ambulatório, consultório e a sala de reunião.

Após o atendimento, o setor de acolhimento fica na lateral esquerda e o apoio fica na


lateral direita, sendo interligados pelos pátios internos do centro. No setor de acolhimento,
46

possui 2 tipos de configurações para os dormitórios, sendo o tipo 01 com 18,70m² que é
destinado a famílias que foram resgatadas pelo centro, possuindo um espaço para no máximo 4
pessoas. No tipo 02, é destinada a pessoas que não possui nenhuma família, o quarto possui
23,10m² e tem capacidade para 8 pessoas.

O setor de apoio é onde fica o refeitório do centro, cozinha, despensa e lavanderia. No


fundo ficou a horta comunitária, que serve na plantação de verduras e legumes, fazendo com
que o centro seja autossustentável (figura 27).

Figura 27 – Setorização
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
47

5 PROJETO

5.1 IMPLANTAÇÃO
De acordo com a figura 28, os ambientes foram locados de acordo com a setorização
e o fluxograma sugeridos, pois foram baseados nas condições projetuais impostas pelos
elementos do entorno, o terreno e a natureza.

Figura 28 - Planta de Implantação


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
48

Foi proposta na rua Alagoas um acesso para pedestres e para veículos. Para começar,
o setor de atendimento foi localizado centralmente logo no início da edificação devido à sua
importância para as pessoas acolhidas, contando com consultórios medicos e odontologicos.

Apos o setor de atendimento, na lateral esquerda está o setor de acolhimento. No térreo


o edificio conta com salas de estudos para crianças, sala de cursos avançados e sala de
informática. No primeiro pavimento possui quartos destinados ao uso unifamiliar, uma cozinha
que servirá para a realização de refeições e uma área de convívio. No segundo pavimento possui
os quartos com capacidade para 8 pessoas, uma área de convívio e vestiários masculinos e
femininos. O setor de apoio possui um refeitório que será responsável pelas refeições basicas
dos usuarios. Conta com uma cozinha industrial que serve para a preparação desses alimentos,
vestiários masculinos e femininos para os funcionários e uma lavanderia que servirá de apoio
na limpeza.

De acordo com a figura 29, encontrasse o pátio externo que contém um parque
arborizado e bancos que servem para criar uma área de convivio confortável e relaxente para
os usuarios. No fundo do terreno, é onde fica a horta comunitária do centro, nele pode-se plantar
verduras e legumes que ajudarão o centro a se tornar autossustentável.

Figura 29 - Pátio Externo


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
49

A partir disso, foi possível comparar os dados obtidos de acordo com a implantação
realizada e com os índices urbanísticos propostos pela lei, pois esses coeficientes determinam
a viabilidade legal do projeto. De acordo com a tabela 3, é possivel ver essa comparação

Tabela 3 - Quadro de Áreas


QUADRO DE ÁREAS
ÁREA EXIGIDA ÁREA PROJETADA

ÁREA TOTAL 4.616,60 m² 100% 4.616,60 m² 100%


ÁREA CONSTRUÍDA 12.926,48 m² 280% 2.085,45 m² 45,17%
ÁREA PERMEÁVEL 1.846,64 m² 40% 2.531,15 m² 54,83 m²

ÁREA IMPERMEÁVEL 1.118,78 m² 60% 2.085,45 m² 45,17%


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5.2 PLANTA BAIXA

5.2.1 Planta Baixa Atendimento


Seguindo o fluxograma proposto, na parte térrea do edifício de atendimento, foi
adicionados dois consultórios médicos com banheiros, que tem função de realizar exames
básicos de saúde, possui dois consultórios odontológicos que vai prestar serviços como exames,
limpezas, restaurações e outros cuidados dentários necessários, o edifício também possui uma
sala de atendimento psicólogo que servirá de fazer o acompanhamento psicológico das pessoas,
possui também uma copa de apoio para os consultórios e a sala de atendimento e um banheiro
masculino e feminino, assim como demostra a figura 30.

Figura 30 - Planta Baixa Térreo Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
50

De acordo com a figura 31, no superior do edifício contêm, uma sala para assistência
social, sala de reunião, sala de administração do centro e um auditório para a realização de
palestras educacionais.

Figura 31 - Planta Baixa Superior Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5.2.2 Planta Baixa Acolhimento


Conforme a figura 32, a planta térrea do edifício acolhimento, foi proposto 4 salas de
ensino básico, que é destinado para crianças que estão no centro, 4 salas de cursos avançados
que serve para ajudar essas pessoas a terem a oportunidade de se realocar no mercado de
trabalho, e 2 salas de informáticas que servirá de apoio para a realização de consultas
bibliográficas na internet e aprendizados, possui vestiários masculinos e femininos para servir
de apoio a salas de aula.

Figura 32 - Planta Baixa Térreo Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
51

Como demonstra a figura 33, o primeiro pavimento, possui quartos destinados a uso
multifamiliar, contendo 1 cama de casal, 2 de solteiro e um banheiro que serve de apoio para
essas famílias, possui uma área de convívio com sofás, tv e uma mesa para que esse ambiente
traga interação, e possui uma cozinha contendo os mobiliários necessários para a manutenção
de necessidades básicas dos usuários e conta uma mesa ampla para integrar os beneficiários do
edifício.

Figura 33 - Planta Baixa Superior Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O segundo pavimento conta com quartos com capacidade para 8 pessoas, uma área de
convívio para os usuários alocados nesse pavimento e vestiários masculinos e femininos para
facilitar o dia a dia dos beneficiários, de acordo com a figura 34.

Figura 34 - Planta Baixa Segundo Pavimento Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
52

5.2.3 Planta Baixa Apoio


O edifício de apoio destaca-se como um espaço dedicado a otimizar as operações
diárias, proporcionando conforto e suporte essencial aos usuários do centro. Ao adentrar o
edifício, possui um refeitório espaçoso e aconchegante com doze mesas simples que oferecem
um ambiente propício para até 120 pessoas, assim como indica na figura 35.

Figura 35 - Planta Baixa Térreo Apoio


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A cozinha, integrada ao refeitório, é equipada com o necessário para preparar refeições


simples e nutritivas, ela é essencial para fornecer alimentação de qualidade aos residentes. O
edifício abriga vestiários básicos, proporcionando privacidade e conforto essenciais para o dia
a dia. Separados por gênero, esses vestiários foram projetados para atender às necessidades
individuais de cada membro da comunidade. A lavanderia, próxima à cozinha, é um ponto focal
de praticidade. Equipada com máquinas de lavar e secar roupas, facilita a rotina dos residentes.
Mobiliários simples foram selecionados para otimizar o processo de lavagem, garantindo a
higienização eficaz das vestimentas utilizadas no dia a dia. Ao lado, o depósito organizado
destina-se ao armazenamento seguro de produtos de limpeza. Prateleiras estrategicamente
posicionadas e etiquetadas asseguram a rápida localização dos materiais necessários para a
manutenção da limpeza e higiene do edifício.
53

5.3 COBERTURA
A cobertura utilizada nos edifícios e de telha térmica sanduíche trapezoidal com aço
superior e revestido inferior em PIR ou EP com espessura de 50mm, ambos contêm inclinação
de 10% para o escoamento da água das chuvas.

5.4 FACHADAS

5.4.1 Fachada Atendimento


Com a definição do partido e conceito do projeto, serviu de grande importância na
criação da fachadas, utilizando-se de materiais que remetessem a natureza, mas que ao mesmo
tempo seja algo mais limpo e simples, sem muitos detalhes que possam poluir a fachada. Com
base nisso, a fachada principal possui esquadrias em alumínio revestido na cor preta, contem
dimensões iguais para que se criasse uma uniformidade na fachada. Possui molduras em ACM
na cor branca com dimensões de 50cm de largura e 50 cm de profundidade, dando a impressão
de que o edifício está avançando e possui ACM amadeirado com dimensões de 10 cm de largura
e 30 cm de profundidade e um espaçamento de 25 cm entre cada uma, dando a impressão de
um ripado, conforme a figura 36.

Figura 36 - Fachada Frontal Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

De acordo com a figura 37, a fachada lateral esquerda foi pintada na cor branca e não
possui nenhum detalhe a mais, mantendo a sensação de uma fachada limpa, as esquadrias
seguem o mesmo formato que foi utilizado na fachada frontal.
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Figura 37 - Fachada Lateral Esquerda Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Conforme a figura 38, a fachada lateral direita não apresenta muitos detalhes, possui
esquadrias em alumínio revestido na cor preta e a parede foi pintada na cor branca.

Figura 38 - Fachada Lateral Direita Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Seguindo a ideia do conceito e partido do projeto, a fachada posterior do edifício


atendimento possui as mesmas características da fachada frontal, molduras em ACM na cor
branca com dimensões de 50 cm de largura e 50 cm de profundidade, o ACM amadeirado que
55

da a impressão de um ripado e também traz a sensação de natureza na fachada, fazendo com


que se encaixe no conceito do projeto, assim como demonstra a figura 39.

Figura 39 - Fachada Posterior Atendimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5.4.2 Fachada Acolhimento


A fachada frontal do edifício acolhimento é semelhante a fachada do edifício
atendimento, possuindo molduras em ACM na cor branca e ACM amadeirado e o uso de
marquises revestidos na cor branca, que servem para fazer a separação dos pavimentos, como
demonstra na figura 40.

Figura 40 - Fachada Frontal Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Na fachada lateral esquerda, existe o uso de esquadrias em alumínio revestido na cor


preta, possuindo dimensões de 2,00 m de comprimento e 40 cm de altura, fazendo com que a
fachada esteja uniforme ou seja, mantendo os afastamentos e uma esquadria para a outra igual
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e parede revestida na cor branca, trazendo um conceito de uma fachada mais clean e modernista
para o edifício, como demonstra na figura 41.

Figura 41 - Fachada Lateral Esquerda Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A fachada lateral direita, a parede foi pintada na cor branca e possui esquadrias em
alumínio revestido na cor preto, assim como demonstra na figura 42.

Figura 42 - Fachada Lateral Direita Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
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A fachada posterior se destaca com o uso das molduras em ACM na cor branca e o
ACM madeirado, trazendo a ideia de um ripado. Possui esquadrias feitas de alumínio revestido
na cor preto e o uso de marquises pintado na cor branca que serve para delimitar cada pavimento
do edifício, assim como a figura 43.

Figura 43 - Fachada Posterior Acolhimento


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5.4.3 Fachada Apoio


Na fachada frontal do edifício apoio, segue mantendo o padrão utilizado no restante
das fachadas. A frente é revestida na cor branca e possui uma esquadria feita de alumínio
revestida na cor preta, como demonstra a figura 44.

Figura 44 - Fachada Frontal Apoio


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
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A fachada lateral esquerda e caracterizada pelo uso das molduras de ACM na cor
branca, e o ACM amadeirado, possui uma marquise que serve de delimitação entre térreo e
cobertra. Possui esquadrias em aluminio revestido na cor preta e paredes na cor branca, como
indica a figura 45.

Figura 45 - Fachada Lateral Esquerda Apoio


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A fachada lateral direita apresenta caracteristicas semelhantes a fachada lateral


esquerda, devido ao conceito do projeto que remete a natureza e sem muitos detalhes, para que
não haja uma poluição nas fachadas, assim como indica a figura 46.

Figura 46 - Fachada Lateral Direita Apoio


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Na fachada Posterior do edificio apoio, as paredes foram pintadas na cor branca e


apresenta esquadrias em aluminio revestido na cor preta, como demonstra na figura 47.

Figura 47 - Fachada Posterior Apoio


Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
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5.5 CORTES

5.5.1 Cortes Atendimento


O corte realizado no edifício atendimento é possível notar a presença de várias
informações que ajuda no entendimento do projeto, um deles é o detalhamento do guarda corpo
e escada que dá acesso ao primeiro pavimento, a copa que irá servir de apoio aos usuários do
edifício, a sala de reuniões e o detalhamento da cobertura, mostrando informações importantes
como, inclinação, localização de calha, rufo e pingadeira, como é demonstrado na figura 48.

Figura 48 - Corte A
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

No corte B é notado a presença dos ambientes que compõe o edifício de atendimento


como a administração que é responsável no controle geral do centro, os consultórios médicos
que prestam serviços básicos de saúde, o auditório que recebera palestras para os usuários do
centro e os banheiros tanto no térreo como no piso superior, conforme é mostrado na figura 49.
60

Figura 49 - Corte B
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5.5.2 Cortes Acolhimento


O corte C que foi feito no edifício acolhimento apresenta muitas informações do que
vai estar presente no edifício como, a representação das salas de ensino básico e avançado, sala
de informática, os quartos tipo 01 destinado a uso multifamiliar, a cozinha que serve de apoio,
os quartos tipo 02 que possui capacidade para 8 pessoas e a representação do reservatório
reserva de água, que contêm 3 caixas de 3000 litros cada uma, como demonstra na figura 50.

Figura 50 - Corte C
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
61

No corte D, é possível observar o detalhamento do guarda corpo e as escadas que dão


acesso aos pavimentos, mostra as áreas de convívio destinada a cada pavimento e a
representação do reservatório reserva de 9000 litros, sendo dividido em 3 caixas d’agua de 3000
litros cada e o detalhamento da cobertura onde contém informações da inclinação, o tipo de
material que irá ser utilizado, a localização de calha, rufo e pingadeiras e a representação das
molduras de ACM, conforme a figura 51.

Figura 51 - Corte D
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
62

5.5.3 Cortes Apoio


O corte realizado no edifício de apoio, retrata a circulação que dá acesso aos demais
ambientes, como os vestiários, cozinha, lavanderia e despensa. No corte é possível visualizar o
detalhamento da cobertura e a moldura de ACM, como é demonstrado na figura 52.

Figura 52 - Corte E
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O último corte representa o ambiente em que ficará o refeitório onde possui capacidade
para 120 pessoas e servirá de apoio aos usuários, os vestiários destinados para os funcionários
e a lavanderia que será de uso geral no centro, contendo máquina de lava e seca roupa, ferro de
passar roupa e armários destinado para o estoque de materiais de limpeza, conforme a figura
53.

Figura 53 - Corte E
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
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6 CONCLUSÃO
Desta maneira, o trabalho buscou desenvolver um centro de apoio e acolhimento para
pessoas em situação de rua na cidade de Imperatriz-MA. Através dessa proposta de projeto em
nível de estudo preliminar, buscou-se atender a demanda da região, devido que há poucos
centros que apoio que ofereçam o serviço de apoio e o acolhimento desses usuários.

Com isso, foi necessário conhecer primeiramente a trajetória desses indivíduos, o que
levava eles a essa situação e com base nisso, serviu de apoio para a realização do projeto junto
com o PNPSR que fornecem pesquisas de o que é preciso ter nesses centros que realmente
possam ajudar essas pessoas.

Pesquisou-se benefícios referentes a sustentabilidades que pudesse servir como


alternativas para o centro se tornar sustentável e viável. Com a realização dos mapas do bairro,
levantamento do terreno e entorno, análises de leis e normas, ajudou na percepção e criação dos
conceitos e partidos arquitetônicos.

Devido a isso, foi possível elaborar uma proposta arquitetônica em nível de estudo
preliminar, que pudesse causar um efeito positivo nos serviços que os centros de apoios
destinassem a essas pessoas.
64

7 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICOS

ANÁLISE DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS NA EFETIVAÇÃO DA


ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PERÍODO DE 2014 – 2017. 2018. 79 f. Trabalho de
conclusão de Curso (Bacharel), Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz, 2018.

ANTONIO, M. A “Operação mata-mendigos” (Rio de Janeiro, 1962-1963) às margens


de alguns livros. Revista Eletrônica, Espírito Santo, vol. 7, n. 2.

BARBOSA, R. S. Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica do riacho Açaizal no


Município de Senador La Rocque/MA. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2010.
P 117-141.

BARBOSA, R. CHAVES, M. Histórico de ocupação da bacia hidrográfica do Riacho


Açaizal-MA. Revista Eletrônica: Caminhos de Geografia, Uberlândia, vol. 12, n 39.

CUNHA, Kalyne. Prefeitura participa de ação social para pessoas em situação de rua.
Prefeitura de Imperatriz, Imperatriz-MA, 15 de julho de 2022. Disponível em
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pessoas-em-situacao-de-rua-em-imperatriz.html. Acesso em: 18 de setembro de 2023.

FRANKLIN, Adalberto. Apontamentos e fontes para a história econômica de


Imperatriz. Imperatriz, MA: Ética, 2008.

Moradores em situação de rua de Imperatriz recebem refeição nas noites de sextas-feiras.


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refeicao-as-noites-de-sextas-feiras/. Acesso em: 25 de setembro de 2023.

População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas no Brasil. Instituto de pesquisa
econômica aplicada, 08 de dezembro de 2022. Disponível em
https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-
65

em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil. Acesso em: 29 de setembro de


2023.

SOUZA, Adão Ferreira. CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO PARA


POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA DE IMPRERATRIZ – MA: UMA
ANÁLISE DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS NA EFETIVAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PERÍODO DE 2014 – 2017. 2018. 79 f. Trabalho de
conclusão de Curso (Bacharel), Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz, 2018.

SP: maioria das crianças em situação de rua mantém laços familiares. Agência Brasil, São
Paulo, 03 de julho de 2023. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
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familiares. Acesso em: 15 de setembro de 2023.

Universidade CEUMA Imperatriz participou de ação social votada à conscientização e


apoio a moradores de rua. Associação comercial e industrial de imperatriz, Imperatriz-
MA, 15 de jul. de 2022. Disponível em https://www.aciima.com.br/universidade-ceuma-
imperatriz-participa-de-acao-social-voltada-a-conscientizacao-e-apoio-a-moradores-de-
rua/. Acesso em: 15 de setembro 2023.

VIECELI, Leonardo. Parte da população em situação de rua não é entrevistada no


Censo. Folha Uol, 4 de julho de 2023. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/07/parte-da-populacao-em-situacao-de-
rua-nao-e-entrevistada-no-censo-entenda.shtml. Acesso em: 02 de outubro de 2023.

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