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GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2022
FELIPE SILVA DOS SANTOS
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2022
Ficha catalográfica elaborada pelo Centro Universitário Maria Milza, com
os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
50 f.
CDD 620
FELIPE SILVA DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2022
Aos meus pais, meus primeiros professores
AGRADECIMENTOS
Eu gostaria de agradecer:
Aos meus pais, Estela e Gabriel. Por toda educação, incentivo e apoio para que eu pudesse
alcançar a realização desse sonho.
A minha bisavó Martinha (in memória) e minha avó paterna Maria (in memória).
A minha avó Judite e meus tios maternos que colaboraram direta ou indiretamente. Aos tios
do coração Zizimo Galvão (in memória), Miralva e Jovelina.
As pessoas de bom coração que tiveram presente em parte do processo, meu carinho a Laize,
Valtércio, Tiago, Danilo, Aline, Rose, D. Neuza, Mirele.
A todos que acreditaram e apostaram em mim, pelo suporte, ajuda, palavras, ao meu primo
Ranulfo, meus colegas Elivelton, Alfredo, Brendo, Yuri, Mateos, Camila, Murilo e Thainá.
A Bàmgbàla.
RESUMO
O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 cita moradia como direito social e quem deve
garantir isso é o poder público. No Brasil, 85% da população constroem e reformam suas
casas sem qualquer ajuda de arquitetos ou engenheiros, profissionais habilitados para realizar
projetos e obras. O resultado é a péssima qualidade das construções que se observa nas
periferias das cidades do país, causando problemas de saúde e piorando a qualidade de vida da
população. Este trabalho tem objetivo de apresentar diagnóstico para uma proposta de modelo
de assistência técnica em habitação de interesse social, a partir da Lei n° 11.888/2008 e com
aplicabilidade no município de Governador Mangabeira. Esse diagnóstico apresentou um
panorama que considerou aspectos técnicos como segurança, salubridade, luminosidade e
fatores decorrentes da construção concebida de forma irregular e sem acompanhamento de
profissionais habilitados. A metodologia aplicada foi: a) Revisão da literatura b) Coleta de
dados c) Análise dos resultados e d) definição das premissas e diretrizes da rede de suporte
para Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social.
Article 6 of the Federal Constitution of 1988 cites housing as a social right and the public
power must guarantee this. In Brazil, 85% of the population builds and renovators their homes
without any help from architects or engineers, professionals qualified to carry out projects and
works. The result is the poor quality of the buildings that are observed in the peripheries of
the cities of the country, causing health problems and worsening the quality of life of the
population. This work aims to present a diagnosis for a proposal for a model of technical
assistance in housing of social interest, from Law No. 11,888/2008 and with applicability in
the municipality of Governador Mangabeira. This diagnosis presented an overview that
considered technical aspects such as safety, health, luminosity and factors resulting from the
construction conceived irregularly and without monitoring of qualified professionals. The
methodology applied was: a) Literature review b) Data collection c) Analysis of results and d)
definition of the premises and guidelines of the support network for Technical Assistance of
Housing of Social Interest.
Figura 02 – Imagem aérea das comunidades mangabeirense. Em (a) Loteamento Águia e (b)
Comunidade de Lagoa da
Rosa..................................................................................................32
AH – Arquitetura Humana
SM – Salário Mínimo
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................12
2. REVISÃO DA
LITERATURA...................................................................................13
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO.............................................................................................13
2.2 O PROBLEMA.............................................................................................................16
2.3 ASSISTÊNCIA PÚBLICA E
GRATUITA...................................................................18
2.4 PROCESSO DE OCUPAÇÃO EM
LOTEAMENTOS.................................................19
2.5 PAPEL DO PROFISSIONAL LEGALMENTE
HABILITADO..................................21
2.6 ASSISTÊNCIA TÉCNICA APLICADA......................................................................23
3. METODOLOGIA.......................................................................................................26
3.1 REVISÃO DA
LITERATURA.....................................................................................26
3.2 COLETA DE DADOS (in
loco)....................................................................................27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................29
4.1 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE
ESTUDO...............................................29
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PROBLEMAS EXISTENTES EM GOVERNADOR
MANGABEIRA........................................................................................................................30
4.3 MAPEAMENTO DAS DEMANDAS DO
MUNICÍPIO..............................................32
4.3.1 Delineamento das premissas a serem
adotadas.........................................................33
4.3.2 Apresentação do mapeamento das
demandas...........................................................34
4.4 DEFINIÇÃO DA INFRAESTRUTURA......................................................................39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................46
REFERÊNCIAS......................................................................................................................47
12
1. INTRODUÇÃO
Assistência técnica foi efetivamente regulamentada no Brasil por meio da Lei Federal
11.888/2008, que possibilita, às famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos,
assistência pública e gratuita para projeto e a construção de habitação de interesse social. Este
marco regulatório descreve “assistência técnica” como os trabalhos de projeto, acompanhamento
e execução de obras necessárias para edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária
da habitação, realizados por profissionais de arquitetura, urbanismo e engenharia.
A lei prevê o apoio financeiro do estado para execução dos serviços gratuitos de
Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS), por meio da transferência de
recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) para estados, o Distrito
Federal e municípios e entidades privadas sem fins lucrativos (BRASIL, 2008). Em contrapartida,
a lei 11.888/2008 confere atribuições aos municípios para efetivação da ATHIS.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A habitação adequada é um direito de todo ser humano e sua família, e isso está previsto
na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e também no Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 16 de dezembro de 1966, adotados e proclamados
pela Organização das Nações Unidas (ONU/BR, 2016).
O estado não cumpriu com a proposta inicial da FCP, dentro do período de quase 18 anos
de existência, levando em consideração a escassez de moradia e a inconstância de recursos, que
resultou na construção de apenas 17.000 habitações ao longo de todo esse período.
Em 1964 o FCP ficou extinto por conta do golpe militar e a criação do Plano Nacional de
Habitação para consolidar o capital industrial brasileiro. E com intuito de promover geração de
14
Em 1987, durante o governo de José Sarney (1985-1990), foi criado o Programa Nacional
de Mutirões Habitacionais que tinha como objetivo financiar moradias para famílias com renda
de até três salários mínimos. O programa não alcançou suas metas devido à alta inflação e
ineficiência da gestão (MOTTA, 2011).
O congresso Nacional decretou em 13 de julho de 1993 a Lei Federal nº 8.677, que dispõe
sobre o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) destinado ao financiamento de projetos de
investimentos de interesse social nas áreas e habitação popular de iniciativa de pessoas físicas e
de empresas ou entidades do setor privado; e instituiu o Conselho Curador do FDS (BRASIL,
1993).
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) criou o Ministério das Cidades para
combater as desigualdades sociais, expandindo o acesso da população o acesso infraestrutura
urbana.
Quase 20 anos após a extinção do BNH, sancionou a Lei Federal nº 11.124/2005, que tem
como objetivo principal determinar ações de agentes responsáveis pela implantação de programas
voltados para habitação e de infraestrutura urbana, tornando-se um marco no compromisso do
governo de assegurar esse direito a população de menor renda. Esta lei dispõe sobre o Sistema
Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), instituído para viabilizar, implementar e
articular o acesso à terra urbanizada e a residência digna e sustentável (BRASIL, 2005).
No sistema, o Ministério das Cidades passou a ser o órgão central amparado pelos
Conselhos das Cidades e pelos Conselhos, Órgãos e Instituições da Administração Pública. A lei
também estabeleceu o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) que gerencia os
recursos financeiros dos programas de Urbanização de Assentamentos Subnormais e de
Habitação de Interesse Social, operados pela Caixa Econômica Federal; e instituiu o Conselho
Gestor do FNHIS.
Em 2009, o governo lançou o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que foi a
maior iniciativa governamental realizada para possibilitar o acesso à casa própria pelas famílias
brasileiras
Em 2015, uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha encomendada pelo CAU/BR,
revelou que dentre a população economicamente ativa que já construiu ou reformou, 85,40% da
população dispensou a contratação de engenheiros e arquitetos para construção ou reformas de
suas casas, realizando serviço por conta própria ou contratando serviços de pedreiros, mestre de
obras, amigos e parentes. Somente 14,60% contrataram profissionais legalmente habilitados para
execução das atividades técnicas.
2.2 O PROBLEMA
A instituição estimou também 10,5 milhões de moradias que existem sem atendimento de
serviços básicos e mínimos de urbanização como abastecimento de água, rede geral de
esgotamento sanitário, fossa séptica, iluminação elétrica e coleta de lixo (BRASIL, 2009).
O Estatuto da Cidade aprovado em 2001 também se inclui nesse contexto de prover esse
direito à moradia que caracteriza uma de suas diretrizes. O Ministério das Cidades no ano de
2003 relacionou em suas ações a criação do Sistema Nacional de Habitação (SNH) para enfrentar
os problemas habitacionais em abrangência Nacional.
Dois anos depois decretou que os municípios deviam criar e melhorar o quadro normativo
para obter recursos (BRASIL, 2001). Ainda que decretado essas mudanças no panorama
nacional, os municípios não tiveram atitudes para atuar de forma incisiva e com prevenção, mas
de forma emergencial e esporádica com relação a política habitacional (CUNHA; ARRUDA;
MEDEIROS, 2007).
Segundo Rolnik (1997) a história da moradia popular brasileira é marcada pela construção
gerenciada e produzida pelos próprios moradores e com seus próprios recursos. Essa
autoconstrução sem presença e orientação dos profissionais qualificados e recursos limitados,
resulta muitas vezes o uso errado dos materiais de construção, ocorrência de desperdício que
consequentemente leva aumento dos custos da obra.
A lei federal de assistência técnica para habitação de interesse social foi idealizada pelo
arquiteto e urbanista gaúcho Clóvis Ilgenfritz e da autoria do deputado federal baiano Zezéu
Ribeiro (CANTO, 2018). Essa lei assegura assistência pública para o projeto e a construção de
habitação de interesse social para famílias de renda igual ou inferior a três salários mínimos,
objetivando:
Segundo a lei federal de assistência técnica de habitação de interesse social, quem realiza
as atividades são profissionais da área de engenharia, arquitetura e urbanismo que atuem como:
Glebas divididas em pequenos lotes por seus proprietários que veem a possibilidade de vender
essas pequenas parcelas de terra e ter ganho financeiro (CERQUEIRA, 2009).
De acordo Cardoso (2008) os loteamentos irregulares, que foram aprovados por alguma
instância do estado, mas não foram implantados de acordo com o que foi aprovado, até os
loteamentos clandestinos ou ilegais que são aqueles totalmente à revelia da legislação urbanística
e vigente, na maioria das vezes, em área de ocupação restrita, por exemplo as de proteção
ambiental.
Segundo Vidal (2008), o que esses loteamentos clandestinos e irregulares tem em comum
é a falta de infraestrutura. Um lote urbano pressupões a existência de ruas pavimentadas, água
encanada, coleta de esgoto e energia elétrica, entretanto, nestes loteamentos se tem simplesmente
pedaços de terra.
Apesar da densidade de ocupação dos lotes terem geralmente desenho urbano mais
estruturado que as favelas, dado que a terra é parcelada pelos loteadores e os limites dos lotes e o
sistema viário costuma ser respeitado pelos moradores.
Apesar disso, as vias não necessariamente adotam o melhor traçado para aquela área, dada
a falta de cuidado na elaboração do parcelamento, resultado em ruas muito íngremes, sem
pavimentação, guia e sarjeta.
Muitas vezes as áreas verdes ou equipamentos urbanos são ocupados por favelas, gerando
um padrão de ocupação ainda mais precário que aqueles nos lotes. De acordo com Cerqueira
(2009):
Uma distinção a ser feita entre os loteamentos é que o desenho do loteamento irregular
tende a ter melhor qualidade urbanística do que o loteamento clandestino. Nos
loteamentos irregulares, como houve intenção inicial de aprovação e cumprimento da
legislação vigente, é comum que o loteador tenha elaborado um traçado de sistema
viário e tenha reservado algumas áreas para áreas institucionais e verdes, conforme
determina a legislação. Já nos loteamentos clandestinos, não há a preocupação com a
legislação e geralmente não são reservadas áreas para outros usos, sendo somente a
gleba parcelada de forma a se obter maior renda com os pedaços de terra.
Com o passar dos anos, observa-se várias transformações nesses parcelamentos. Uma
delas é a melhoria de infra-estrutura, que geralmente é construída pelos próprios moradores, que
resolvem pavimentar as ruas ou mesmo pelo poder público que, percebendo a consolidação de
21
fazem com que o processo de construção seja dinâmico a ponto de não saber determinar quando
que a construção está definitivamente “pronta” (RODRIGUES, 2015).
O processo de produção com autoconstrução depende basicamente da disponibilidade de
recursos e mão de obra disponível, na grande maioria das vezes sem qualificação para a
construção (VIDAL, 2008).
Projetos e execução
Baixa renda de até 03SM a
para produção de
8.287/2012 ser identificado pelo FNHIS- Fundo Municipal
moradia e regularização -
Salvador/Ba Conselho Municipal de -Convênios
fundiária e de
Habitação Individual;
edificação
Projeto e execução para
Baixa renda sem Recursos do fundo de
produção e reforma de
12.215/2009 especificar renda / Pode ser incentivo à construção de Prioriza ZEIS e obras
moradia, bem como
Ribeirão Preto/SP identificada pelo Conselho moradia popular – em mutirão
regularização fundiária
Municipal de Habitação FN/MORAR
e de edificação
Instituiu o Programa
Municipal de
Projeto e execução para
Assistência Técnica
produção e reforma de
de moradia
8.583/2011 moradia, bem como Não indica - Apenas
Baixa renda de até 05 SM econômica com
Florianópolis/SC regularização fundiária convênios
princípios e
e de edificação
diretrizes – Prioriza
obras em mutirão e
ZEIS
Identifica na lei a
Projeto e execução para
Baixa renda até 03 SM com remuneração dos
produção e reforma de Recursos do FNHIS –
5.485/2015 recursos federais e distritais profissionais a partir
moradia, bem como dotações orçamentárias e
Distrito Federal/BR e até 05 SM com recursos da tabela da entidade
regularização fundiária fundos gerais
do Distrito Federal de classe como
e de edificação
referência
Lei é de 2001 e
2.572/2001 Não identifica. Vincula às Regularização de muito anterior a Lei
Recursos orçamentários
Tubarão/SC moradias com até 60m² edificação e fundiária Federal de 2008 que
institui a ATHIS
Projeto e execução para
Baixa renda de até 03 SM
produção e reforma de Possibilita ao
194/2011 com moradia de até 60m² e
moradia, bem como Não indicado posseiro solicitar
Suzano/SP com direito a um
regularização fundiária ATHIS
atendimento
e de edificação
Dos municípios estudados, observa-se que foi proposto leis para regulamentação das
ações em ATHIS na esfera municipal. Em Ribeirão Preto foram aprovadas leis para criação de
programas de assistência técnica no ano de 2010, apesar de os planos diretores vigentes à época
não tratarem diretamente sobre a necessidade deste tipo de regulamentação (SOUZA, 2020).
Em Salvador, as ações de assistência técnica já ocorriam desde 2001,quando foi criado o
Escritório Público no âmbito da extinta Secretaria de Habitação do município, o qual permanece
em atuação (SANTOS; GONÇALVES, 2015).
Em Curitiba e Campinas, não apresentados no quadro, o Plano Diretor apresenta ATHIS
como diretriz da política urbana e afirma a necessidade de criar lei municipal específica para
regulamentação.
De acordo com Cunha, Arruda e Medeiros (2007), ao consultar a legislação de Curitiba
através do site da Câmara Municipal, foi encontrado três projetos de lei propostos no município
desde 2005, que visava a criação de um programa de ATHIS e regulamentação das ações, sendo
que todos projetos foram arquivados.
No município de Uberlândia a prefeitura e o Conselho Estadual de Habitação e
Urbanismo visam implantar projeto de regularização fundiária de interesse social e assistência
técnica com intuito de regularizar loteamentos do município, mas não encontraram informações
sobre ações efetivas acerca do referido projeto (SOUZA, 2020).
No plano diretor de Salvador, de acordo com Silva e Queiroz (2015), é entendida como
instrumento para regularização fundiária e para elaboração e implantação de projetos de
ampliações, reforma e melhoria da qualidade e das condições de salubridade da habitação.
Em Ribeirão Preto conforme Santos, Carvalho e Trindade (2011), a previsão era
implantação de um programa de assistência técnica nas áreas de arquitetura, urbanismo e
engenharia visando a construção e melhoria de HIS.
26
3. METODOLOGIA
Exclusão
dos
trabalhos
não
Busca Leitura dos
Leitura relevante
através de s mauais de
dos
palavras- implantação
resumos Separação entre
chave de ATHIS
trabalhos sobre
implantação da
lei, e trabalhos
que tratam a lei
de ATHIS de
Leitura dos forma geral
Levantament trabalhos
o de relevantes
dissertações,
Busca teses e
na artigos
Revisão intern
da et
literatura
assunto da assistência de forma geral, referenciando leis e trazendo aspectos históricos a respeito
da moradia para população baixa renda.
19 a 21 de
15 e 16 de abril de 22 e 27, 28, 29, 30 08, 09, 10, 11 de 15 a 18 de agosto
PERÍODO agosto de
2022 de junho de 2022 agosto de 2022 de 2022
2022
Jacarezinho Aldeia
Gameleira Jacaré Grande Retiro
Furtado
Após as visitas e cientes dos problemas nas construções existentes e as demandas mais
comuns pelo município, com auxílio de manuais e de trabalhos estudados na literatura sobre
aplicação da lei federal nº 11.888/2008 em alguns municípios brasileiros, foi possível iniciar o
delineamento das diretrizes de infraestrutura básica para atendimento às demandas mapeadas.
Ainda na etapa da revisão da literatura foi selecionado alguns manuais existentes relativo
ao processo de aplicação da lei de ATHIS em municípios brasileiros. Foi realizado um
mapeamento sobre seus principais objetivos e apresentados no item resultados.
Ao final das análises realizadas sobre os dados coletados e a revisão da literatura realizada
foi elaborada uma matriz com o resumo das principais diretrizes a serem adotadas para
montagem da rede de suporte à assistência técnica no município em estudo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
30
vezes, falta de espaço para calçadas, tornando ruas estreitas que impossibilita que no futuro,
venha ter duas vias e seja um problema estacionar automóveis sem que afete o trânsito.
Essa questão de afastamento das ruas tange em outro aspecto, além de afetar o fluxo de
carros sem interferir o fluxo normal do trânsito, outro fato notado com as visitas, foi residências
que não possuem garagem e o automóvel fica estacionado na rua.
Outra questão levado em consideração foi o espaçamento mínimo entre as paredes
vizinhas. O município não possui um Código de Obras, o que favorece no processo de construção
irregular, e pela falta de informação, habitações que não possibilitam minimamente a ventilação e
iluminação natural.
As construções da parte rural de forma generalizadas contam com despejo de efluentes em
fossas tradiconais, conhecidas como fossas negras, elas possuem um modelo rudmentar mais
rústica e oferece menos segurança ao meio ambiente e aos usuários.
Ela é escavada diretamente no terreno sem revestimento nas paredes e bases e os dejetos
caem diretamente no solo, parte deles se infiltra na terra e a outra parte sofre decomposição sem
escoamento, possibilitando contaminação ambiental e sendo prejudicial a saúde humana.
É uma medida barata e utilizada popularmente na região, mas que pode contaminar os
lençóis freáticos e proliferar doenças.
Em resumo, foram notadas técnicas construtivas errôneas e arcaicas que acontecem em
decorrência da falta de profissional técnico que preste assistência no processo de construção de
moradias e pela renda da população mangabeirense ser inferior a 2,0 salários mínimos de acordo
IBGE (2019), consequentemente eles não poderiam arcar com os custos desses profissionais
técnicos.
Pelo município foi notado um padrão nesses problemas nas construções existentes, erros
que se repetem comumente. Por meio de entrevista e a própria visita nas comunidades, foram
contabilizados o numero de problemas existentes nas moradias, abaixo aponta o porcentuais
obtidos entre as 50 edificações analisadas.
Figura 01 – Gráfico representativo dos problemas comuns das construções existentes.
32
Residências que a família possui automóvel mas não tem garagem. 16%
Figura 02 – Imagem aérea das comunidades mangabeirense. Em (a) Loteamento Águia e (b) Comunidade de Lagoa
da Rosa.
Essas áreas rurais vem sendo cada vez mais ocupadas e o problema é essa ocupação
acontecer na grande maioria dos casos, sem planejamento e com técnicas rudmentares de maior
custo, desperdício de materiais de construção e impossibilidade de regularização perante
prefeitura, estimulando a autoconstrução clandestina.
Com as visitas realizadas nas comunidades e bairros do município, foi possível notar as
principais demandas existentes. Essas demandas podem ser expressadas baseadas nos problemas
existentes nas construções. As demandas foram separadas em três instâncias, demandas em
construções do zero, demandas para reformas em construções existentes que carece de
manutenção e as regularizações das moradias e regularizações fundiárias.
34
Na construção do zero o interessado deve a princípio possuir projetos para obter alvará
junto a prefeitura, um orçamento para planejar toda questão dos custos com a obra e profissional
técnico para acompanhar a obra, e assim como funciona na secretaria de educação e secretaria de
saúde nos municípios, deve ser criado uma secretaria de habitação para tratar a moradia como as
demais secretarias que devem ter investimentos, e com isso, os interessados poderão procurar
pelo secretário de habitação para obter a assistência deste orgão público que oferecerá atividades
de divulgação, informação, debates e apoio de profissionais técnicos para funcionamento da
assistência.
Na demanda com reformas o indivíduo deve verificar os recursos para que possa arcar
com os custos, para poder comprar os materiais necessários, a mão de obra e um profissional
técnico para acompanhar.
CONSTRUÇÃO
REFORMAS REGULARIZAÇÃO
DO ZERO
Profissionais de outras
Recurso financeiro
áreas
Acompanhamento da obra
Acompanhamento da
obra
PRINCIPAIS PATOLOGIAS
60
50
40
30
20
10
0
s s s o o e to
nca ura iso açã oc ad re
i iss p r b id c
Tr F de fil
t re um co
n
to In do e o
en çã
o
asd ão
d
am riz a ch ra
ç
lac an
p lve rio
es Pu
M
ete
D D
Levando para uma análise mais profunda, mais de 30 edificações apresentavam a parte
inferior das paredes pulverizando em decorrencia de umidade ascendente por capilaridade, onde
os materiais porosos absorvem água do solo e tendem ascender pelas paredes.
Segundo a ONU, uma moradia deve proporcionar a seus habitantes segurança de posse,
disponibilidade de serviços, instalações e infraestruturas como saneamento, abastecimento de
água, energia elétrica, coleta de lixo, deve atender ao critério de acessibilidade, adequação
cultural, localização articulada às oportunidades de emprego, serviço e saude, escolas e outras
instalações especiais.
De acordo com a ONU deve-se proporcionar habitabilidade, a moradia deve garantir a
segurança física e estrutural, proporcionando um espaço adequado que proteja do frio, umidade,
calor, chuva, vento e outras ameaças à saude.
Diante dessas afirmações e seguido das visitas realizadas pelas comunidades de
Governador Mangabeira, percebe-se que essas são realidade distante para um volume alto de
pessoas no que se refere ao básico no quesito de moradia digna.
Com a identificação dos principais problemas das construções existentes foi possível
classificar os problemas mais comuns no processo de construção de moradias quando feita sem
assistência técnica e como isso afeta no desenvolvimento das cidades.
40
Figura 06 – Gráfico representativo das demandas dos problemas das construções do município.
8; 16%
23; 46%
12; 24%
7; 14%
3. Administração
1. Ministério das 2. Caixa Econômica pública dos estados, 4. Famílias
Cidades Federal munípios ou Distrito atendidas
Federal
Na qualidade Na qualidade
Agentes Na qualidade
de agente de agente
executores de benefiários
responsável executor
Fonte: O autor, 2022.
Secretaria Municipal
de Habitação ou afins
Cadastro da
demanda do
município
Análise social,
urbana e
ambiental
Emissão de
Laudo socio
Urbano
Ambiental
Direcionamento da
demanda para uma rede e
um programa
42
Estabelecem O profissional
Firma contrato
convêncio ou acompanha a obra e
Contratação de entre família e o
termo de recebe remuneração
profissionais para a profissional
parceria pelas etapas concluídas
prestação dos serviços
Entra em contato
Elaboração do com requerente Envia os projetos
projeto para ajustar últimos para prefeitura
detalhes
Acompanhamento
Entrega o alvará
da obra
Etapa 3 - Vistoria - Nesta fase um dos responsáveis técnicos, juntamente com alguns
estagiários, vão a campo para verificar veracidade das informações que foram fornecidas pelo
cidadão e coletar dados que vão auxiliar no projeto arquitetônico.Lá são observados pontos como
desníveis em relação à rua, existência ou necessidade de talude, pontos de água e iluminação,
locação e entorno. Os registros são feitos a partir de fotografias e croquis.
O cadastro pode ser feito com trena eletrônica, mas quando é necessário identificar as
curvas de nível no local com precisão, necessário equipamentos mais sofisticados. Retornando
ao escritório, as informações são passadas para o AutoCAD ou REVIT pelos estagiários, e tem
início a análise das edificações encontradas no local e as possíveis modificações a serem feitas,
lembrando que caso não haja nenhuma construção o projeto é iniciado do zero e que nem sempre
a elaboração do projeto será feita pelos estagiários presentes na visita de campo.
Etapa 4 - Projeto - Com a certidão de área, a escritura e os documentos necessários em
mão, inicia-se a elaboração do projeto arquitetônico. Assim que é elaborado o primeiro estudo, o
cidadão vai até o escritório para uma conversa com o estagiário e lhe é apresentado os primeiros
desenhos do projeto e, em casos mais complexos, é elaborado a volumetria no Sketch Up ou
outros Software, para melhor compreensão.
45
Além das etapas citadas anteriomente, deve-se levar em consideração requisitos e critérios
que possa determinar se o assistido pode de fato ou não iniciar o processo.
Quadro 03 – Requisitos e critérios para solicitação dos serviços de assistência técnica
REQUISITOS CRITÉRIOS
Localização do imóvel Município de Governador Mangabeira
Renda familiar Até 3 salários mínimos
Tamanho do imóvel Até 70m²
Terreno sem comprometimentos Fora de áreas de APP ou de risco
Fonte: O autor, 2022.
Esses requisitos e critérios se estendem a alguns outros itens que estão elencados abaixo.
Essa lista tem referência dos manuais estudados bem como a maior referência é o realidade do
próprio município.
Depois de aprovado pelo cidadão, são geradas as plantas do projeto legal as quais são
encaminhadas para a Secretaria de Infraestrutura para análise. Os casos de indeferimento devem
ser poucos e devem acontecer geralmente por problemas de regularização fundiária. Aprovado o
projeto, alvará de construção é entregue para o morador.
E dessa forma deve-se idealizar toda essa estrutura para as possíveis variações de serviços
solicitados e buscando uma estrutura que não vise apenas questões técnicas, mas que vislumbre
interação entre as atividades.
O objetivo geral de uma rede básica de suporte em ATHIS é promover, através de equipe
multidisciplinar, a assistência técnica gratuita na elaboração de projetos de construção, reforma,
ampliação, regularização e execução de obras de melhorias habitacionais em edificações com
características de autoconstrução, para famílias de baixa renda, mediante apoio técnico, social e
financeiro.
Deve estar incluído também todo o trabalho de campo necessário para diagnóstico da
situação de cada família e respectiva habitação, monitoramento e acompanhamento das obras de
execução e avaliação pós-ocupação.
47
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A engenharia civil dentro das atribuições deve exercer papel social e no âmbito da
engenharia pública, favorece que os conselhos e orgãos voltem os olhos a essa questão da
moradia para população baixa renda, e isso se estende as instituições de ensino superior.
Fica como recomendação a outros trabalhos promover por meio de curso de graduação de
engenharia, arquitetura e até direito para ofertar aos estudantes a possibilidade de realizar
parceiria com prefeituras a fim de atender demandas para assistencia técnica em habitação de
interesse social.
A proposta para rede básica de suporte mesmo diante contexto do município, ainda que
inspirado em casos que deram certo e manuais, ainda permite que haja adaptações ao demorrer de
uma suposta implantação.
REFERÊNCIAS
Bahia, Defensoria Pública do Estado. Assistência técnica e direito à cidade em instituição de
ensino superior. 1ª Ed. Salvador: ESDEP, 2020.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo, Estação Liberdade, FAPESP,
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