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INVENTÁRIO DE FAUNA

ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS NA AMOSTRAGEM


DE FAUNA

Caraguatatuba – São Paulo


2024
Faculdade Facuminas

1
REINALDO GOMES DIAS DOS SANTOS

ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS NA AMOSTRAGEM


DE FAUNA

Trabalho de Pós Graduação para


obtenção do certificado de Zoologia
lato sensu - da Faculdade Facuminas.
Orientador(a):

____________________________

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Resumo

A utilização de armadilhas fotográficas em estudos desenvolvidos no Brasil é


recente. O alto custo dos equipamentos e os constantes gastos com material
de consumo podem, em alguns casos, limitar o número de unidades e o tempo
de amostragem. O presente estudo objetivou discutir questões metodológicas
visando otimizar a utilização do equipamento no inventário de mastofauna,
avifauna e herpetofauna. Nos registros, houve predominância noturna e
crepuscular, mas houve amostragens diurnas. O registro da vida selvagem, ou
seja, da fauna silvestre, é uma ferramenta fundamental na manutenção do
meio ambiente equilibrado. Segundo a constituição de 1988, inciso I, define-se
o meio ambiente equilibrado como “o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas”. A fauna silvestre presta serviços
ecossistêmicos necessários à vida humana, tais como alimento, polinização e
dispersão de plantas, regulação do equilíbrio de populações e controle de
pragas. Assim, o conhecimento sobre a fauna é essencial para a conservação
das espécies e dos habitats onde elas vivem.

PALAVRAS-CHAVE: Câmeras, Floresta Atlântica, inventários, fauna e parque.

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Abstract

The use of camera traps in studies carried out in Brazil is recent. The high cost
of equipment and constant spending on consumables can, in some cases, limit
the number of units and sampling time. The present study aimed to discuss
methodological issues with a view to optimizing the use of equipment in the
inventory of mammalian fauna, avifauna and herpetofauna. In the records, there
was a predominance of nocturnal and twilight, but there were daytime samples.
The registration of wildlife, that is, wild fauna, is a fundamental tool in
maintaining a balanced environment. According to the 1988 constitution, section
I, a balanced environment is defined as “the set of conditions, laws, influences
and interactions of a physical, chemical and biological order, which allows,
shelters and governs life in all its forms” . Wild fauna provides ecosystem
services necessary for human life, such as food, pollination and dispersal of
plants, regulation of population balance and pest control. Therefore, knowledge
about fauna is essential for the conservation of species and the habitats where
they live.
Keywords: Cameras, Atlantic Forest, inventories, fauna and park.

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1. Introdução

O Parque Nacional Municipal do Juqueriquerê, objeto deste Plano de


Manejo, diante do cenário apresentado, poderá ser uma peça importante de
integração entre o bioma da Mata Atlântica e o bioma Marinho, além da
preocupação já apresentada pela preservação da Mata Atlântica. Hoje, o Parque
compreende uma área de 0,04 km², que representa uma pequena porcentagem
em relação ao total de área das Unidades de Conservação Estadual (0,0001%) e
menos expressiva em se tratando da área das unidades do bioma da Mata
Atlântica (0,00003%). Por essa razão, a expansão dos limites do parque se
mostra importante, podendo melhorar o quadro de preservação do bioma, além
de proporcionar melhorias na qualidade de vida para o entorno do parque e para
seus usuários. A figura a seguir apresenta a localização do Parque Nacional
Municipal do Juqueriquerê (verde-escuro) e as áreas adjacentes que o Plano de
Manejo propõe para expansão do parque (verde-claro).

Localização do Parque Nacional Municipal do Juqueriquerê e áreas adjacentes

. Fonte: Elaboração a partir dos dados do GoogleEarth.

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O Município de Caraguatatuba está no domínio da Mata Atlântica e tem
cerca de 75% de seu território recoberto por vegetação natural. O município conta
com seis Unidades de Conservação, sendo 5 unidades registradas no SNUC e
uma sem registro. Entre as seis unidades, três têm área compartilhada com outros
municípios. Cerca de 1.851 km² destas unidades de conservação estão dentro dos
limites do município, que representa 4% da área de unidades de conservação do
Estado de São Paulo e 1,6% da área das unidades de conservação do bioma da
Mata Atlântica.
As Unidades de Conservação do Parque Natural Municipal do Juqueriquerê
e o Grande Parque Ecológico e Turístico de Caraguatatuba são da esfera
administrativa municipal, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio do Jacu é
da esfera administrativa federal e as demais são estaduais. Entre estes, apenas o
Parque Estadual da Serra do Mar possui Plano de Manejo e Conselho Gestor. O
mapa a seguir apresenta a disposição das Unidades de Conservação existentes no
município.

Unidades de Conservação de Caraguatatuba.

Fonte: Elaboração a partir dos dados do DataGeo.

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A partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que o Município de
Caraguatatuba se mostra como um território importante na preservação do bioma
da Mata Atlântica, um bioma que cada vez mais se mostra necessário a sua
proteção, tanto por sua riqueza natural, quanto por seu quadro de preservação, que
como mostrado neste item de Unidades de Conservação, está pouco preservado,
com apenas 10% da sua área original

1.1. Uso de Câmeras trap

A utilização de armadilhas fotográficas em estudos desenvolvidos no Brasil


pode ser considerada recente, sendo empregadas na amostragem qualitativa da
mastofauna (MARQUES & RAMOS 2001, SANTOS-FILHO & SILVA 2002,
SILVEIRA et al. 2003, TROLLE 2003a, b, ALVES & ANDRIOLO 2005, SRBEK-
ARAUJO & CHIARELLO 2005), na realização de estudos populacionais (TROLLE
& KÉRY 2003, 2005, SOISALO & CAVALCANTI 2006) e como ferramenta
complementar na obtenção de dados ecológicos (SANTOS-FILHO & SILVA 2002,
TROLLE 2003b, JÁCOMO et al. 2004, ALVES & ANDRIOLO 2005, MIRANDA et al.
2005, GALETTI et al. 2006). CUTLER & SWANN (1999) ressaltam que as
armadilhas fotográficas são equipamentos sub-utilizados, particularmente em
estudos que objetivam o inventariamento da fauna de vertebrados, a investigação
da distribuição de espécies e nos que adotam modelos de captura-recaptura.
Segundo JENNELLE et al. (2002), a utilização de armadilhas fotográficas estaria
melhor relacionada à definição da presença ou ausência de espécies em uma
determinada área, recomendando o uso de modelos de captura/recaptura
(estimativas populacionais e de densidade) apenas para espécies cujos indivíduos
podem ser reconhecidos.
O armadilhamento fotográfico tem sido discutido quanto a melhor aplicação
dos dados obtidos por este método (CARBONE et al. 2001, 2002, JENNELLE et al.
2002) e as vantagens e desvantagens deste, em comparação com métodos
tradicionais de estudo, têm sido apresentadas por alguns autores (CUTLER &
SWANN 1999, SILVEIRA et al. 2003, SRBEK-ARAUJO & CHIARELLO 2005). Em
estudo recente, SRBEK-ARAUJO & CHIARELLO (2005) demonstraram a eficiência
das armadilhas fotográficas no inventário de mamíferos de médio e grande porte
em áreas florestadas neotropicais, fornecendo resultados satisfatórios a longo

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prazo, corroborando com VOSS & EMMONS (1996) ao considerar o caráter parcial
ou complementar do método na amostragem da mastofauna, devendo ser utilizado
em associação com outras técnicas para obtenção de dados da comunidade de
mamíferos na totalidade. Considerando o alto custo do equipamento e os gastos
com a manutenção dos estudos (baterias e filmes) e revelação/ampliação dos
negativos, que em muitos casos atuam como fator limitante do número de
armadilhas fotográficas utilizadas e do tempo de amostragem, o presente estudo
objetivou comparar a riqueza de espécies e o sucesso de amostragem obtido em
diferentes fisionomias vegetacionais, trilhas e horários, visando auxiliar a adoção
de desenhos amostrais mais eficientes e adequados à amostragem qualitativa da
mastofauna em estudos futuros.

2. Objetivos

Investigação da mastofauna, aviafauna e herpetofauna presente no Parque


Municipal do Juqueriquerê, através de armadilhas fotográficas, fotos a longa
distância e busca ativa, foi realizada no período de janeiro de 2023 a março de 2024,
totalizando aproximadamente 14 meses de estudo. Ao longo do período de
amostragem, foram utilizadas três armadilhas fotográficas modelo Wildlife Pro
Camera© (WPC). Os dois modelos empregados apresentam uma câmera fotográfica
automática 35 mm e um sensor passivo (composto por uma única unidade produtora
e receptora de luz infravermelho/cone de captação), projetado para detecção de
calor e/ou movimento. Os equipamentos foram mantidos em funcionamento por 24
horas/dia no decorrer de todo o período de amostragem e ajustados para utilização
do intervalo mínimo entre fotografias, de acordo com particularidades de cada mode-
lo empregado (20 e 30 segundos para cada câmera).
As armadilhas fotográficas foram instaladas em trilhas, a primeira na trilha da
capivara, a segunda na trilha do esquilo e a terceira às margens do rio juqueriquerê
totalizando 03 pontos de amostragem. Foram contempladas áreas de Mata de
restinga e Mata Secundária. Objetivando o registro dos espécimes em sua
distribuição natural, optou-se por utilizar iscas apenas em um ponto. Os demais
pontos não houve isca como atrativos, uma vez que os indivíduos ou espécies
podem reagir de forma diferenciada à presença de iscas (CUTLER & SWANN 1999)

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é sua utilização pode tornar a amostragem seletiva, aumentando o grau de detecção
de determinadas espécies.

Fonte: Prefeitura Municipal de Caraguatatuba

2.1 Específicos

i. Caracterização da avifauna do Parque Municipal do Juqueriquerê;


ii. Caracterização da mastofauna do Parque Municipal do juqueriquerê;
iii. Caracterização da herpetofauna do Parque Municipal do Juqueriquerê.

3. Período das amostragens

• Período 1. Em um primeiro momento (janeiro a novembro de 2023), foi


realizado um estudo sistematizado para amostragem qualitativa das espécies
de mamíferos presentes na U’C, visando a realização de análises
relacionadas à otimização do método. Durante este período foram utilizadas
três armadilhas fotográficas modelo WPC. As armadilhas fotográficas foram
instaladas em pontos escolhidos durante caminhadas ao longo das trilhas
amostradas, tomando como parâmetros as características da vegetação

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(presença de espécimes em frutificação, sombreamento, etc.), proximidade a
corpos d’água, presença de rastros ou outros vestígios de atividade
mastofaunística, entre outros. Os equipamentos eram vistoriados em
intervalos regulares (aproximadamente 15 dias) para manutenção geral, troca
de bateria e pilhas, quando necessário; limpeza e verificação do estado de
funcionamento do equipamento, sendo fixadas em árvores com diâmetro
superior a 15 cm, a aproximadamente 45 cm do solo. Tiras de elástico foram
utilizadas para fixar o equipamento na posição considerada ideal, objetivando
a obtenção de fotografias de boa qualidade e enquadramento, tendo sido
utilizadas também correntes e cadeados para evitar a perda de armadilhas.
Quando o número e/ou qualidade dos registros obtidos revelava-se muito
pequeno (menos de uma fotografia a cada três dias), o equipamento era
remanejado para outros pontos de amostragem. Durante o Período 1 foram
realizadas amostragens em três pontos da trilha da capivara.
• Período 2. Durante esta segunda abordagem (novembro de 2023 a março de
2024) foram utilizadas duas armadilhas fotográficas modelo WPC. A partir do
mapeamento das principais trilhas internas e limites da U’C foram
selecionados 04 pontos para instalação das câmeras, estando
homogeneamente distribuídos na reserva (obedecendo à distância mínima de
100 m entre pontos).

4. Classificação das espécies e os registros.

A caracterização da fauna será baseada em dados da literatura e em


amostragens de campo. Serão focados quatro grupos de fauna cujos padrões serão
considerados representativos da biota local: avifauna, herpetofauna (répteis e
anfíbios), mastofauna (médios e grandes mamíferos) e ictiofauna. No entanto,
observações oportunistas a respeito de outros grupos faunísticos observados em
campo serão registradas e utilizadas para subsidiar a caracterização da fauna,
conforme o roteiro básico para a elaboração do Monitoramento de Fauna. Os dados
da literatura serão obtidos a partir de buscas por estudos de fauna realizados no
município de Caraguatatuba e região, em bases de dados técnicas tais como Google
Acadêmico, Web of Science e Scielo. A fim de situar a fauna em um contexto, os
dados de campo serão obtidos tanto no interior quanto no entorno da unidade de

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conservação. Será considerado um raio de 500 a 1000m no entorno do
empreendimento público. As amostragens ocorrerão em uma campanha de 20 dias
mensais. A seguir serão descritas as técnicas de amostragem que serão
empregadas para cada grupo faunístico, assim como os táxons encontrados no
local.

4.1. Avifauna

Procura ativa por meio de caminhadas por toda extensão da área em


horário matutino e vespertino; observação a olho nu e com auxílio de binóculo
(aumento de 10×50); registro auditivo e procura de ninhos.
A nomenclatura das espécies corresponde à lista do Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos (2011). Na busca por dados secundários, foram
selecionadas cinco referências:
1) Estudo de Impacto Ambiental da Unidade de Tratamento de Gás de
Caraguatatuba (NOMIYAMA et al. 2006);
2) Lista de espécies de aves registradas durante o Plano de Manejo do
Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba (DRUMOND et al.
2006).
3) livro“ Áreas Importantes para a Conservação das Aves do Brasil, Parte
I – Estados do Domínio Mata Atlântica” (BENCKE et al. 2006).

4.2. Mastofauna

Procura ativa de vestígios tais como: rastros, fezes, tocas, carcaças e


marcas odoríferas, em horário diurno. Utilização de areia para demarcação
de pegadas, e 02 câmeras trail, que se mantiveram ativas por todo tempo da
abertura das vias.
A nomenclatura científica está baseada em Wilson & Reeder (2005).
Procura ativa em prováveis micro-habitats: sob rochas, entulhos,
troncos e galhos caídos, em horário diurno. A classificação das espécies
segue a Lista Brasileira de Répteis (SBH, 2012).

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4.3. Herpetofauna

4.3.1 Répteis

Procura ativa em prováveis micro-habitats: sob rochas, entulhos,


troncos e galhos caídos, em horário diurno. A classificação das espécies
segue a Lista Brasileira de Répteis (SBH, 2012).

4.3.2 Anfíbios

Procura ativa por encontros visuais em prováveis micro-habitats:


epífitas, sob serrapilheira, troncos e galhos caídos; registro auditivo em
horários vespertino e noturno. A classificação das espécies segue a Lista
Brasileira de Anfíbios (SBH, 2012).

4.4. Tabela de Táxons

MASTOFAUNA
ESPÉCIES
FAMILIA NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR/POPULAR OBS: AUTOR
AMEAÇADAS
Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris Capivara OV LC (Linnaeus, 1766)
Didelphidae Didelphis aurita Saruê OV LC (Lund, 1840)
Erithizontidae Coendou spinosus Ouriço cacheiro OV LC ( Cuvier , 1822)
Sciuridae Sciurus aestuans Caxinguelê OV LC (Linnaeus, 1766)
Mustelidae Lontra longicaudis Lontra OV NT (Olfers, 1818)

HERPETOFAUNA
ESPÉCIES
FAMILIA NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR/POPULAR OBS: AUTOR
AMEAÇADAS
Colubridae Chironius bicarinatus Cobra-cipó-verde OV LC (Wied, 1820)
Colubridae Liophis miliaris Cobra d'água OV LC (Linnaeus, 1758)
Colubridae Spilotes pullatus Caninana OV LC (Linnaeus, 1758)
Hylidae Dendropsophus sp Perereca-do-brejo RV LC Fitzinger‎, 1843‎
Teiidae Tupinambis teguixin Teiú RV LC Salvator Duméril & Bibron, 1839
Tropiduridae Tropidurus torquatus Calango FO LC Kunz & Borges-Martins 2013

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AVIFAUNA
ESPÉCIES
FAMILIA NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR OBS: AUTOR
AMEAÇADAS
Accipitridae Chondrohierax uncinatus Gavião caracoleiro OV LC (Temminck, 1822)
Accipitridae Rupornis magnirostris Gavião carijó OV/RV LC (Gmelin, 1788)
Ardeidae Ardea alba Garça branca OV LC (Linnaeus, 1758)
Ardeidae Ardea cocoi Garça moura OV LC (Linnaeus, 1766)
Ardeidae Bubulcus ibis Garça vaqueira OV LC (Linnaeus, 1758)
Ardeidae Egretta caerulea Garça-azul OV LC Linnaeus, 1758
Ardeidae Nycticorax nycticorax socó savacu OV LC (Linnaeus, 1758)
Ardeidae Syrigma sibilatrix maria faceira OV LC (Temminck, 1811)
Cathartidae Coragyps atratus Urubu-preto OV LC (Bechstein, 1793)
Charadriidae Vanellus chilensis Quero quero OV LC (Molina, 1782)
Coerebidae Coereba flaveola Cambacica RV/OV LC (Linnaeus, 1758)
Columbidae Columbina talpacoti Rolinha-roxa OV LC (Temminck, 1824)
Columbidae Columbia livia Pomba domestica OV NA (Gmelin, 1789)
Falconidae Caracara plancus Carcará OV LC (Miller, 1777)
Fregatidae Fregata magnificens Fragata RV LC (Degland & Gerbe, 1867)
Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena OV LC (Vieillot, 1817)
Laridae Larus dominicanus Gaivotão OV LC (Lichtenstein, 1823)
Laridae Larus fuscus gaivota da asa escura OV LC (Linnaeus, 1758)
Laridae Thalasseus maximus Trinta réis real OV LC (Boddaert, 1783)
Laridae Rynchops niger Talhar mar OV LC (Linnaeus, 1758)
Phalacrocoracidae Nannopterum brasilianus Biguá OV LC (Gmelin, 1789)
Picidae Colaptes campestris Pica pau do campo OV LC (Vieillot, 1818)
Rallidae Gallinula galeata Frango D'água comum OV LC (Lichtenstein, 1818)
Ramphastidae Ramphastos toco Tucanuçu OV LC (Statius Muller, 1776)
Scolopacidae Tringa flavipes Maçarico de pé amarelo OV LC (Gmelin, 1789)
Strigidae Athene cunicularia Coruja-buraqueira OV LC (Molina, 1782)
Sulidae Sula leucogaster Atobá OV LC (Boddaert, 1783)
Tyrannidae Pitangus sulphuratus Bem-te-vi RV/OV LC (Linnaeus, 1766)
Tyrannidae fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada OV LC (Linnaeus, 1766)
Tyrannidae Sirystes sibilator Gritador OV LC (Vigors, 1825)
Threskiornithidae Theristicus caudatus Curicaca OV LC (Boddaert, 1783)
Threskiornithidae Phimosus infuscatus Tapicuru OV LC (Lichtenstein, 1823)
Threskiornithidae Platalea ajaja Colhereiro OV LC (Linnaeus, 1758)

5. Quantificação das espécies

5.1. Avifauna

As aves compõem um grupo zoológico cuja observação e identificação


é facilitada pela vocalização, hábitos diurnos e coloração, características que
tornam estes animais bastante conspícuos em seu ambiente natural. Dentre
os vertebrados, o grupo das aves possui taxonomia, distribuição e grau de
ameaça melhor conhecidos, permitindo assim a obtenção de dados
consistentes em um período de trabalho de campo relativamente pequeno
quando comparado com outros grupos taxonômicos (Stotz e/ a/. 1996).
Foram levantadas um total de 33 espécies.

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5.2. Mastofauna

Os mamíferos constituem um grupo de grandes exigências ambientais,


como refúgio e disponibilidade alimentar. Possuem hábitos noturnos, são
esquivos, vivem em áreas muito extensas e em habitats de difícil acesso (ex.
tocas) e camuflam-se na vegetação, constituindo dessa forma comunidades
pouco representativas. Foram levantados um total de 05 espécies.

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5.3. Herpetofauna

A herpetofauna é constituída por organismos extremamente


sensíveis, que respondem negativamente às alterações ambientais. Dentre
os espécimes compreendidos, répteis e anfíbios, os répteis são os mais
difíceis de se observar, tendo em vista que grande parte das espécies
possui coloração críptica e hábitos fossoriais. Os anfíbios possuem duas
fases distintas de vida: uma aquática, quando são girinos, e a outra terrestre,
quando alcançam a maturidade. Portanto, são animais típicos de ambientes
de transição. Esses indivíduos não vivem e não se reproduzem longe de
corpos d'água ou de locais terrestres com alta umidade atmosférica (Lima eł
a., 2006). Porém, a caracterização ambiental do local, revelou a ocorrência
de 06 espécimes.

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6. Área principal do estudo

O Parque Natural Municipal juqueriquerê e uma Unidade de Conservação


Municipal, protegido pela, LEI FEDERAL N° 9.985 - DE I8 DE JULHO DE 2000 que
define como um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo
Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. O
Parque Municipal foi criado pelo decreto Nº 47, DE 28 DE MARÇO DE 2012, com
área de 35 mil m² em zona urbana consolidada de Caraguatatuba, no bairro Porto
Novo e fácil acesso pela Av. José Herculano - Rodovia BR 101. As margens do Rio
juqueriquerê Trata-se da maior bacia hidrográfica do Litoral Norte do Estado de São
Paulo.
É uma Unidade de Proteção Integral, tendo como principal objetivo preservar
a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com
exceção dos casos previstos nesta Lei. Possui um ecossistema com característica
de vegetação de restinga, com fragmentos antropização, efeito de borda, presença
de espécies invasoras e com remanescentes significativos, em melhor estágio de
conservação.

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7. Fotos

7.1. Mastofauna

17
7.2. Avifauna

18
7.3. Herpetofauna

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8. Considerações finais

Foram obtidos 05 registros de espécies de mamíferos, 33 registros de


avifauna e 6 registros de herpetofauna ao longo do monitoramento. Os registros de
avifauna foram em seus 90% diurnos, os de mastofauna 70% diurno, 20%
crepuscular e 10% noturno, e os registros de herpetofauna 100% foram diurnos.
Avifauna da região da serra do mar é relativamente bem estudada. Porém,
estudos na planície litorânea ao norte do estado são escassos.
Observaram-se as seguintes espécies generalistas, comumente encontradas
em ambientes urbanizados, a saber: andorinha-pequena-de-casa (Pygochelidon
cyanoleuca), beija-flor-roxo (Hylocharis cyanus), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus),
cambacica (Coereba flaveola), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), gavião-carijó
(Rupornis magnirostri), urubu-preto (Coragyps atratus) e o canário-da-terra (Sicalis
flaveola), e outro tabulado, mas não citados nesta considerações são de vida semi
aquática e migratória.
Os mamíferos constituem um grupo de grandes exigências ambientais, como
refúgio e disponibilidade alimentar. Possuem hábitos noturnos, são esquivos, vivem
em áreas muito extensas e em habitats de difícil acesso (ex. tocas) e camuflam-se
na vegetação, constituindo dessa forma comunidades pouco representativas.
A caracterização ambiental do local, bem como relato do morador do entorno,
pode-se inferir ocorrência dos seguintes espécimes: cobra d’água (Liophis miliaris) e
o teiú (Salvator merianae).

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9. Referências

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