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Recife, PE
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL TROPICAL
Recife, PE
2018
Introdução
Autoecologia é o ramo da ecologia que estuda as relações de uma única espécie com
o bioma que habita. Parâmetros autoecológicos são de fundamental importância para
compreensão da ecologia e história natural das espécies (Garda et al., 2014), seja no que se
refere a aspectos tróficos, reprodutivos, parasitológicos, biométricos, distribuição espaço-
temporal, entre outros (Garda et al., 2014; Mesquita et al., 2015). Esses aspectos podem
contribuir, também, para a formulação de planos de manejo mais eficientes à conservação das
espécies e dos ecossistemas onde elas vivem (Colli et al., 2003; Pinto et al., 2006). Dentre os
vertebrados, lagartos são considerados bons modelos para estudos da autoecologia, pois são
terrestres, abundantes, de crescimento lento e fáceis de capturar (Vitt et al., 2007). Estudos
com as mais variadas espécies têm contribuído de forma significativa para diversas teorias
ecológicas como: população e comunidade, forrageio, história de vida e biologia comparativa
(Colli et al., 2003).
Justificativa
Objetivos
Objetivos específicos.
Área de estudo
Métodos
Após serem coletados, os indivíduos serão pesados, com auxílio de balança digital
(0.001 g) e sacrificados a partir do uso de Quetamina líquida intramuscular (Dorigo et al., 2014).
Os espécimes serão sistematicamente vistoriados, com auxílio de lupas de ampliação, com
finalidade de coletar parasitos externos (Bertrand et al., 2013). Esses parasitos serão então
removidos e conservados em álcool (70%) para posterior identificação. Uma vez terminada a
vistoria, serão aferidas as seguintes medidas corpóreas com auxílio de paquímetro digital (0.01
mm): Comprimento-Rostro-Cloacal (CRC), Largura do Corpo (LC) (Até o ponto mais amplo),
Altura do Corpo (AC) (Até o ponto mais alto), Altura da Cabeça (ACab) (Até o ponto mais alto),
Largura da Cabeça (LCab) (Até o ponto mais amplo), Comprimento da Cabeça (CCab) (Da
ponta do focinho ao anterior da margem de abertura da orelha), comprimento caudal (CC) (Da
cloaca à ponta do cauda), Membro Anterior (MA) (Da ligação da pata no tronco à ponta da
lamela anterior), Membro Posterior (MP) (Da ligação da pata no tronco à ponta da lamela
posterior) (Colli et al., 2003; Garda et al., 2014).
Todas as medidas serão obtidas antes dos indivíduos coletados serem dissecados
para obtenção do conteúdo estomacal (Garda et al., 2014). Esse conteúdo será obtido através
da incisão longitudinal, da garganta ao ventre (Goldberg e Bursey, 1989; Avila e Silva, 2010),
sendo identificados a menor nível taxonômico possível (Ordem), e submetidos à testes
bioquímicos (Mesquita et al., 2015; Silva et al., 2016). Os demais órgãos internos, como fígado
e pulmão, serão também retirados para busca de endoparasitos (Ávila et al., 2012). Os
endoparasitos encontrados serão fixados em líquido A.F.A (Álcool (70%), Formaldeído (37.5%)
e Ácido Acético Glacial) (Ávila e Silva, 2010; Ávila et al., 2012). Também serão removidas as
gônadas sexuais dos indivíduos maduros com finalidade de analisar a atividade reprodutiva da
espécie (Chaves et al., 2017).
Com relação aos testes bioquímicos, o conteúdo estomacal será submetido à testes de
total de proteínas, lipídios e glicogênio (Silva et al., 2016). Para as proteínas serão macerados
200 µl de conteúdo estomacal e adicionado 300 µl de Solução Tampão e centrifugado a 2000
rpm por dois minutos. A quantificação será realizada utilizando o Método de Bradford (Bradford,
1976), sendo realizado em 595 nm no Espectrofômetro (Silva et al., 2016). Já os lipídios e
glicogênio serão vibilizados de acordo com o Método de Van Handel (1985 a,b): serão
adicionados 200 µl de conteúdo estomacal a 200 µl de Sulfato de Sódio e 800 µl de Metanol e
Clorofórmio (1:1), sendo os mesmos centrifugados a 2000 rpm por dois minutos. A precipitação
formada será utilizada para análise do glicogênio, enquanto os lipídios serão separados. Os
lipídios serão analisados pela Espectrofômetria a partir do Método do Ácido Fosfórico de
Vanilina (Van Handel 1985 a), enquanto o glicogênio será analisado utilizando o Método do
Ácido Sulúrico de Antrone (Van Handel, 1985 b). A absorção lida a 625 nm (Cunha et al., 2015;
Silva et al., 2016).
Análise de dados
Caruccio et al., 2010). A relação dos grupos com os tipos de substratos será representada
pela Análise de Correspôndencia. Por fim, o teste Kruskal-Wallis será utilizado para verificar
diferença intersexual na altura ocupada no substrato (Caruccio et al., 2010), e diferença do
número de indivíduos em cada substrato de acordo com a luminosidade.
Morfologia – O dimorfismo sexual será testado através da Análise de Covariância
Para investigar a possível sobreposição da dieta entre os sexos, serão calculados os índices de
sobreposição de nicho (Pianka, 1973), tanto numérico quanto volumétrico. Para isso será
utilizada a fórmula no pacote R spaa (Zhang, 2013):
onde pMié a proporção das categorias de presa i para machos, e pFia proporção para as
fêmeas. A largura numérica e volumétrica dos nichos será calculada para o conteúdo
estomacal de cada indivíduo, e no conjunto, utilizando a inversão do Índice da diversidade de
onde pia proporção da categoria de presa i. As diferenças intersexuais de nicho trófico serão
analisadas tanto para estômagos agrupados, quanto para estômagos individualizados
(Mesquita et al., 2015). Nos estômagos individualizados, será realizado o teste ANCOVA
utilizando o nicho trófico como variável dependente, sexo como classe variável e CRC como
covariável. Para os estômagos em conjunto, a sobreposição será comparada com a Análise de
Refração para o controle do número de indivíduos amostrados em cada sexo (Mesquita et al.,
2015). Com relação às estações do ano, a variância na dieta será analisada através do teste
ANOVA, enquanto o CRC e LM serão utilizados como covariantes sendo comparadas com
volume e número de presas ingeridas a partir do Teste t (Dorigo et al., 2014; Mesquita et al.,
2015). Todas as análises serão realizadas no programa R (v3.0.2 R Development Core Team
2013).
A análise estereológica das lâminas dos testículos será baseada nos preceitos de
Mandarim-de-Lacerda (1995) e Weibel (1979). Para essa análise, será calculada a densidade
de volume (Vv) das espermátides primárias e secundárias e dos espermatozoides, sendo
esses representantes do estado de maturação reprodutiva do indivíduo (Torki, 2007). O cálculo
da amostra será realizado pela fórmula de Hally (1964) e corrigido para melhor representar os
preceitos estereológicos (Mandarim-de-Lacerda, 1995). Finalmente, para determinar o período
reprodutivo da espécie será quantificada a densidade de perfis (Qa: espermátides primárias e
secundárias, e espermatozoides por estes apresentarem maior grau de diferenciação), serão
contados variados campos de testes da Área Teste (AT) para cada animal analisado. O
resultado final (mm²) será obtido após a utilização da média em seus respectivos perfis e
aplicação da seguinte fórmula: QA = ∑perfis/AT (Mandarim-de-Lacerda, 1995).
Para as fêmeas, será medido o comprimento dos ovos, quando presentes, em cada
oviduto e o folículo de cada ovário, com finalidade de registrar sua devida condição reprodutiva.
Para distinguir uma fêmea adulta das juvenis, será utilizado como critério o menor tamanho
corpóreo que continha um folículo maduro (Serrano-Cardozo et al., 2007). Os ovos serão
contados para cada fêmea e em seguida medidos, com o auxílio de um paquímetro digital
(precisão 0.01 mm), sendo seu volume estimado pela fórmula elipsoide (Mesquita et.al, 2015).
A quantificação dos tipos de folículos será realizada através do método de densidade
populacional numa área teste de 88mm², sendo os tipos celulares identificados de acordo com
trabalhos descritos por Sherbrock (1975).
A massa total (MT) será confrontada com a massa da cauda (MC), massa do fígado
(MF) e Massa das gônadas (MG), para o Cálculo das Relações Liposomática (RLS = MC
(100) /MT), Hepatossomática (RLH = MF(100)/MT) e Gonadossomática (RLG = MG(100)/MT)
(Vazzoler, 1982; Chaves et al., 2017). Para análise da sobreposição do fator de condição de
indivíduos (K1), será utilizado o Método Allometrico, a partir da expressão K1 = w/Lb, onde W
representa a massa total, L o comprimento padrão do espécime. Para estimar o valor do
coeficiente b, será realizada uma equação simples de razão massa-comprimento (W = aLb), a
qual será aplicada para todos os indivíduos (Lima-Junior et al., 2002).
Com relação às análises estatísticas, os fatores K1, RLS, RLH e RLG, serão
comparados através do teste do Kruskal-Wallis, com o objetivo de analisar variações ao longo
dos meses e Correlação de Spearman para verificar variância entre os mesmos (Lima-Junior
et.al, 2002; Chaves et al., 2017). Para os tipos de células reprodutivas encontradas, a variância
será analisada a partir do teste ANOVA (ZAR, 1999). Os testes serão realizados para cada mês
de coleta, com os resultados significativos abaixo de 0.05 (Zar, 1999), sendo todos executados
no programa R (v3.0.2 R Development Core Team 2013).
Resultados esperados
Cronograma de execução
2018.1
2018.2
2019.1
2019.2
2020.1
2020.2
2021.1
ETAPA
Disciplinas X
Levantamento bibliográfico X X X X X X X
Consolidação do projeto X
Solicitação do Sisbio e CEUA X
Coleta de dados (campo e laboratório) X X X X
Analise de dados X X X X
Redação X X X X X X
Submissão do primeiro artigo referente a qualificação X
Qualificação X
Submissão do segundo artigo X
Defesa X
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