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SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

SISTEMAS
E PROCESSOS
CONSTRUTIVOS
VOLUME 3
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

SISTEMAS E
PROCESSOS
CONSTRUTIVOS
VOLUME 3
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

SISTEMAS E
PROCESSOS
CONSTRUTIVOS
VOLUME 3
© 2014. SENAI – Departamento Nacional

© 2014. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação a Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491s
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Sistemas e processos construtivos/ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. – Brasília : SENAI/DN,
2014.
3 v 116 p.: il. (Construção Civil)

ISBN 978-85-7519-696-0

1. Processos construtivos. 2. Construção em edificações. I. Serviço Nacional


de Aprendizagem Industrial. II Departamento Nacional. III Departamento Regional
da Bahia. IV. Sistemas e Processos Construtivos. V. Série Construção Civil, v. 3.

CDU 504

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Lista de Ilustrações
Figura 1 – Benefícios dos sistemas construtivos especiais..................................................................................14
Figura 2 – Construção especial sustentável..............................................................................................................14
Figura 3 – Parede de drywall..........................................................................................................................................16
Figura 4 – Estrutura em steel framing..........................................................................................................................18
Figura 5 – Novidade no mercado.................................................................................................................................19
Figura 6 – Estrutura de banheiro pronto...................................................................................................................21
Figura 7 – Formas prontas...............................................................................................................................................22
Figura 8 – Estrutura elaborada a partir de formas prontas.................................................................................23
Figura 9 – Grande número de profissionais na montagem das ferragens....................................................24
Figura 10 – Armações prontas.......................................................................................................................................26
Figura 11 – Alvenaria de vedação.................................................................................................................................27
Figura 12 – Alvenaria estrutural....................................................................................................................................28
Figura 13 – Alvenaria de pedra antiga........................................................................................................................28
Figura 14 – Blocos furados e canaletas portantes da família 20x20x40.........................................................29
Figura 15 – Blocos furados portantes da família 10x20x20 e 10x20x30.........................................................30
Figura 16 – Argamassa para alvenaria estrutural....................................................................................................30
Figura 17 – Paginação de alvenaria.............................................................................................................................32
Figura 18 – Paletização.....................................................................................................................................................33
Figura 19 – Alvenaria estrutural concluída...............................................................................................................35
Figura 20 – Fachadas diferentes....................................................................................................................................36
Figura 21 – Fachada em pré-fabricados na Europa................................................................................................37
Figura 22 – Fachada sem caixilho.................................................................................................................................38
Figura 23 – Fachada em pele de vidro........................................................................................................................39
Figura 24 – Fachada unitizada.......................................................................................................................................40
Figura 25 – Fachada tipo grid intercalada com revestimento em granito.....................................................40
Figura 26 – Fachada em structuralglazing.................................................................................................................41
Figura 27 – Sistema de origem das patologias........................................................................................................48
Figura 28 – Patologias, como encarar?.......................................................................................................................49
Figura 29 – Ciclo do PDCA...............................................................................................................................................50
Figura 30 – Trincas por recalque do solo...................................................................................................................51
Figura 31 – Ocorrência de patologias por equívocos de sondagem...............................................................53
Figura 32 – Trincas em fundações assentadas sobre seções de corte e aterro............................................54
Figura 33 – Desmoronamento de contenções........................................................................................................54
Figura 34 – Sistema de minimização de patologias...............................................................................................55
Figura 35 – Demolição inadequada de parede de alvenaria..............................................................................57
Figura 36 – Ninhos de concretagem...........................................................................................................................58
Figura 37 – Esquema da aderência entre camadas de concreto.......................................................................58
Figura 38 – Lançamento inadequado do concreto................................................................................................59
Figura 39 – Fissura por retração no concreto...........................................................................................................59
Figura 40 – Corrosão devido ao cobrimento inadequado da armadura........................................................60
Figura 41 – Fissura por dilatação térmica da laje da cobertura.........................................................................62
Figura 42 – Deterioração na estrutura decorrente da umidade........................................................................63
Figura 43 – Esquema de fissuras de cisalhamento em viga sob flexão..........................................................63
Figura 44 – Esquema de fissuras em viga sob torção............................................................................................64
Figura 45 – Sobrecarga nas paredes de vedação...................................................................................................64
Figura 46 – Bloco cerâmico quebrado por sobrecarga.........................................................................................65
Figura 47 – Junta seca na parede de alvenaria........................................................................................................66
Figura 48 – Esquema de juntas sobre juntas em paredes de alvenaria..........................................................66
Figura 49 – Esquema de fissuras por subdimensionamento de vergas e contravergas...........................67
Figura 50 – Esquema de fissuras verticais em paredes longas sem juntas de dilatação..........................68
Figura 51 – Esquema de fissuras horizontais por expansão higroscópica na alvenaria...........................68
Figura 52 – Corrosão pontual.........................................................................................................................................69
Figura 53 – Manchas nas faces internas em parede de gesso...........................................................................70
Figura 54 – Infiltração em parede com gesso..........................................................................................................70
Figura 55 – Parede de gesso sem patologias...........................................................................................................71
Figura 56 – Fissura em argamassa................................................................................................................................72
Figura 57 – Desagregação expressiva da argamassa............................................................................................73
Figura 58 – Aparecimento de mofo em argamassa...............................................................................................74
Figura 59 – Descolamento de revestimento cerâmico.........................................................................................75
Figura 60 – Descolamento de cerâmica em fachada.............................................................................................76
Figura 61 – Eflorescência em cerâmica.......................................................................................................................77
Figura 62 – Eflorescência em paredes.........................................................................................................................77
Figura 63 – Musgo em telhas.........................................................................................................................................78
Figura 64 – Mofo em teto................................................................................................................................................79
Figura 65 – Calha obstruída............................................................................................................................................80
Figura 66 – Deslocamento de telhas...........................................................................................................................81
Figura 67 – Caimento inadequado X caimento adequado do telhado..........................................................81
Figura 68 – Goteiras...........................................................................................................................................................82
Figura 69 – Choque elétrico...........................................................................................................................................84
Figura 70 – Vazamento de tubulação de água........................................................................................................86
Figura 71 – Danos gerados por golpes de aríete em juntas...............................................................................87
Figura 72 – Pontos das tomadas efetuados após conclusão da alvenaria.....................................................88
Figura 73 – Como evitar patologias nas instalações elétricas............................................................................89
Figura 74 – Quadro com identificação dos disjuntores........................................................................................89
Figura 75 – Gambiarra elétrica......................................................................................................................................91
Figura 76 – Ralo entupido sem presença de grelha de separação...................................................................92

Tabela 1 – Tabela da periodicidade de manutenções nos sistemas construtivos.......................................94


Tabela 2 – Tabela de garantias das estruturas e vedações..................................................................................95
Tabela 3 – Tabela de garantias das instalações........................................................................................................97
Tabela 4 – Tabela de garantias dos revestimentos e coberturas.......................................................................99
Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Sistemas construtivos especiais................................................................................................................................13


2.1 Construção a seco........................................................................................................................................15
2.1.1 Drywall...........................................................................................................................................15
2.1.2 Steel framing.................................................................................................................................17
2.1 Banheiros prontos........................................................................................................................................19
2.3 Formas prontas.............................................................................................................................................21
2.4 Armações prontas........................................................................................................................................24
2.5 Alvenaria estrutural.....................................................................................................................................27
2.6 Fachadas..........................................................................................................................................................35
2.6.1 Painéis pré-fabricados..............................................................................................................36
2.6.2 Fachadas cortinas......................................................................................................................37

3 Patologias dos sistemas construtivos......................................................................................................................47


3.1 Patologias em fundações e contenções...............................................................................................50
3.2 Patologias nas estruturas...........................................................................................................................56
3.2.1 Imperícia dos profissionais.....................................................................................................57
3.2.2 Patologias oriundas de outro meio que não as imperícias humanas.....................61
3.3 Vedações..........................................................................................................................................................64
3.4 Revestimentos...............................................................................................................................................69
3.4.1 Gesso..............................................................................................................................................69
3.4.2 Argamassa....................................................................................................................................71
3.4.3 Pastilhas cerâmicas....................................................................................................................74
3.5 Coberturas......................................................................................................................................................77
3.5.1 Infiltração nos telhados...........................................................................................................78
3.5.2 Transbordamento de calhas...................................................................................................79
3.5.3 Descolamento no reboco por dilatação das calhas.......................................................80
3.5.4 Deslocamento de telha por fenômenos naturais...........................................................80
3.5.5 Vazamentos e goteiras.............................................................................................................81
3.5.6 Problemas oriundos da fabricação de telhas...................................................................82
3.6 Instalações......................................................................................................................................................83
3.6.1 Patologias em instalações hidráulicas................................................................................84
3.6.2 Patologias em instalações elétricas.....................................................................................87
3.6.3 Patologias nas instalações de esgoto.................................................................................91
3.6.4 Patologias nas instalações de gás........................................................................................92

Referências

Minicurrículo da autora

Índice
Introdução

É com muito prazer que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI apresenta
o livro didático de Sistemas e Processos Construtivos, presente no Volume 3 - com um total de
160 horas.
Nosso principal objetivo nesta unidade curricular é desenvolver competências para a super-
visão técnica do processo de construção de edificação, atendendo aos critérios estabelecidos
nas normas em vigência.
Como este livro é segmentado, nesse volume abordaremos os processos construtivos espe-
ciais e as patologias das edificações.
No primeiro momento, você vai se deparar com temas como: construção a seco, sistema
de banheiros prontos, formas prontas, armação pronta para estrutura, alvenaria estrutural e
sistemas de fachadas.
Já num segundo momento, você irá conhecer algumas patologias que atacam as construções,
entre as quais podemos citar: as patologias nas fundações e contenções, nas estruturas, nas ve-
dações, nos revestimentos, coberturas e instalações tanto elétricas, como hidráulicas e sanitárias.
Portanto, será majorado (aumentado, acrescentado) aqui o conhecimento sobre os pro-
cessos construtivos especiais e possíveis falhas na construção. Assim, todo o conhecimento
que você obteve na parte inicial do curso sobre temas como: serviços preliminares necessários
para construção de um edifício, os diversos tipos de instalações que compõem uma obra, tais
como limpeza do terreno, movimentação de terra, procedimentos para implementação de um
canteiro de obras, os principais tipos de instalações previstos na NR -18, locação da obra, sua
infraestrutura e sua superestrutura, será complementado.
a) com este curso temos a intenção de torná-lo tecnicamente capaz de: aplicar normas, es-
pecificações e procedimentos técnicos;
b) aplicar as normas técnicas, ambientais e de segurança e higiene no trabalho;
c) interpretar projetos de edificações;
d) demonstrar tecnicamente a execução de serviços;
e) identificar as características dos materiais, máquinas, ferramentas e equipamentos ade-
quados a cada processo;
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
10

f) interpretar manuais técnicos, de uso e manutenção de máquinas, ferramen-


tas e equipamentos;
g) verificar e conferir a execução do serviço;
h) aplicar princípios de inovação tecnológica e construção sustentável;
i) identificar as máquinas e equipamentos adequados a cada processo cons-
trutivo;
j) identificar sistemas construtivos especiais.
Mas nem só de conhecimento técnico vive um bom profissional, portanto es-
peramos que você desenvolva aqui suas capacidades sociais, organizativas e me-
todológicas como:
a) planejar e organizar o próprio trabalho;
b) atuar de forma ética;
c) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais;
d) avaliar o trabalho realizado, na perspectiva de melhoria contínua;
e) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita.
Vamos buscar o conhecimento de maneira clara, para que possamos nos tor-
nar bons profissionais e alcançar nossos objetivos particulares, no que tange o
crescimento profissional. Fique atento ao conteúdo que preparamos especial-
mente para você e conheça mais detalhes sobre as atividades exercidas pelo Téc-
nico em Edificações. Aproveite!
1 INTRODUÇÃO
11

Anotações:
Sistemas construtivos especiais

Você já deve ter percebido que acabou-se o tempo em que os objetivos nas construções eram
voltados apenas para a finalização das obras. Hoje em dia, buscam-se construções que tragam
novos conceitos de estética, sensação de conforto, praticidade, diminuição dos prazos previstos
em cronogramas para retirada do habite-se1 e entrega dos empreendimentos com qualidade.
Da necessidade de atender a demanda do mercado consumidor com rapidez, criatividade,
qualidade, saúde e segurança, aliado a preservação ambiental, surgiram sistemas de constru-
ção especiais, entre eles podemos citar:
a) construção a seco;
b) banheiro pronto;
c) forma pronta;
d) armação pronta;
e) alvenaria estrutural;
f) fachadas diferenciadas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
14

1
HABITE-SE:

É um documento que
atesta a conclusão de Qualidade
um empreendimento,
autorizando a sua ocupação.
Geralmente emitido pela
prefeitura local.

Sistemas
Saúde Construtivos Sustentabilidade
Especiais

Rapidez

Figura 1 – Benefícios dos sistemas construtivos especiais


Fonte: SENAI, 2013.

A escassez de mão de obra qualificada é um grande desafio também na cons-


trução civil. É preciso sair na frente e destacar-se, conhecendo os sistemas cons-
trutivos especiais, se especializando em ideias flexíveis que tragam conceitos ino-
vadores e soluções inteligentes ao mercado.
As empresas se preocupam em ministrar cursos para os seus funcionários a
fim de que eles aprendam a trabalhar com tais sistemas e passem a adotar no seu
corpo técnico a prática de atividades baseadas nas certificações e sistemas de
qualidade como o ISO 9001, 6 Sigmas e 5S. Esses programas conferem às empre-
sas certificados de trabalhos sem falhas, ricos em qualidade e sustentabilidade.

Figura 2 – Construção especial sustentável


Fonte: SENAI, 2013.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
15

Devido aos grandes problemas de poluição ambiental e


FIQUE mau uso de recursos ambientais, o planeta pede que os
profissionais da construção estejam mais qualificados e
ALERTA cientes de sistemas construtivos especiais. Faça parte des-
se grupo!

Nesse capítulo, aprenderemos sobre cada um dos sistemas de construções espe-


ciais. Veremos como está mudado o cenário da construção civil atual e perceberemos
a importância das inovações tecnológicas na construção para o mercado consumidor.

2.1 CONSTRUÇÃO A SECO

No século XXI, nasceu a necessidade de “praticar a sustentabilidade”, e quando


falamos neste assunto, uma das primeiras coisas que vem a nossa cabeça é o racio-
namento de água e materiais, ou seja, a economia da utilização desses recursos.
Sabemos que no mundo da construção o uso de água é desenfreado. Para
serviços preliminares, estruturas, revestimentos e vedações, o uso descomedido
desse líquido indispensável à vida humana está sempre presente.
É nesse cenário que surge a necessidade de execução e elaboração de Siste-
mas Especiais como a Construção a Seco. Mas o que seria isso? Quais materiais
estão envolvidos? Esse sistema não utiliza água? É o que veremos a seguir.

Que a água está presente em mais de 70% da superfície


VOCÊ terrestre, mas menos de 3% dela é própria para consu-
mo humano? Por isso, temos que praticar a sustentabili-
SABIA? dade e evitar o desperdício da água, principalmente na
construção civil.

Construção a seco é um processo industrializado que praticamente nada uti-


liza de água, recebendo por isso esta denominação. Entre os sistemas de cons-
trução a seco conhecidos temos o Drywall e Steel Framing. Vamos conhecer um
pouco mais sobre esses dois sistemas.

2.1.1 DRYWALL

O sistema Drywall, tem sua origem na língua inglesa e, em português, significa “pa-
rede seca”. É utilizado na construção a base de estrutura em perfis metálicos ou aço
galvanizado, que consiste em construções nas quais as paredes são revestidas com
placas em gesso acartonado, que são placas de gesso revestidas por lâminas especiais.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
16

O gesso desse sistema é pré-moldado e projetado para resistir àpresença de


umidade, calor e ao fogo. A depender da sua constituição química, pode apresen-
tar propriedade de isolamento termoacústico e resistência mecânica caracterís-
tica. As classificações de gesso acartonado existentes, utilizados nas paredes de
Drywall são as seguintes:
a) standard (ST): usado em locais quentes, sem a presença de água. É o caso
dos dormitórios e salas;
b) resistente à umidade (RU): usado nas áreas em que há presença de água. É
o caso das cozinhas e sanitários;
c) resistente ao fogo (RF): usado em locais onde pode haver iminência de fogo.
As paredes de gesso substituem, dessa forma, a necessidade de paredes de
alvenaria que demandam mais mão de obra e mais material empregado como
cimento, areia, aditivos, água e blocos de cerâmica.
As paredes de Drywall possuem pequena espessura, visto que não necessitam
de blocos, chapisco, emboço e reboco. A estrutura fica mais leve, com menor atu-
ação de sobrecarga. Além disso, as paredes ficam lisas, sem a presença de juntas.
Qualquer tipo de acabamento se ajusta bem a esse sistema construtivo.
A quantidade de materiais utilizados é muito menor, daí a sustentabilidade na
redução de entulhos e aplicação de água. Se executado por profissionais qualifi-
cados, há uma redução considerável no tempo de duração dos serviços.

Figura 3 – Parede de Drywall


Fonte: SENAI, 2013.

Alguns cuidados devem ser tomados na utilização e armazenamento das pla-


cas de Drywall, entre eles podemos mencionar os seguintes:
a) as placas devem ser armazenadas de forma a serem protegidas de objetos
pontiagudos e devem estar livres de esforços de torção e amassamentos;
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
17

b) o gesso deve ficar fora de zonas úmidas ou que seja facilitado o contato
com a água e intempéries do ambiente;
c) os perfis de gesso devem ficar sobre alguma estrutura que retire o contato
direto do material com o chão;
d) o local deve ser plano e não pode ter inclinações que facilitem a queda ou
escorregamento do material;
e) os profissionais que instalam o sistema de Drywall devem ser qualificados e
devem seguir os projetos executivos;
f) o transporte dos perfis deve ser realizado por redes credenciadas, que man-
tenham o material nas condições especificadas pelo fabricante.
Tomados esses cuidados, o sistema Drywall torna-se um grande concorrente à
substituição dos sistemas de construção convencionais baseados na constituição
de pilares, vigas e paredes, que são menos sustentáveis, pois apresentam alto
teor de desperdício de recursos e formação de entulhos.

2.1.2 STEEL FRAMING

Já o sistema Steel Framing é formado por uma estrutura de aço galvanizado


que lembra um esqueleto, revestido posteriormente com placas cimentícias in-
dustrializadas compostas de cimento portland, quartzo e fibras de celulose. Essas
placas são ligadas umas as outras por materiais adequados e não formam ondu-
lações nem protuberâncias nas paredes, facilitando o processo de revestimento
interno e externo da estrutura.
A expressão Steel Framing vem do inglês e significa estrutura de aço. Esse sistema
substituiu o Wood Framing que também vem do inglês e significa estrutura de madei-
ra. O Steel Framing apresenta ótima resistência a abalos sísmicos. O uso pioneiro dessa
técnica inovadora foi marcado pela ocorrência de terremotos na região americana.

Para conhecer mais sobre o Steel Framing, consulte o site do


SAIBA Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) e acesse os
MAIS diversos volumes dos manuais voltados para profissionais
que utilizam o aço na construção civil.

Assim como o sistema em Drywallll, o peso total de sua estrutura é minorado,


pois também é dispensada a presença de outros elementos estruturais consti-
tuintes. Cada perfil de aço tem sua função estrutural e age como vigas ou pilares
que transferem cargas para o solo.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
18

Figura 4 – Estrutura em steel framing


fonte: SENAI, 2013.

Nesse sistema, os espaçamentos para a passagem das tubulações hidráulicas


e fiações elétricas já são previamente efetuados conforme compatibilização dos
projetos estruturais, arquitetônico, hidráulico e elétrico.
Esse sistema ainda possui mecanismos acoplados, como as mantas de lã de vidro,
que lhes confere isolamento térmico, acústico e barreiras contra umidade e propaga-
ção do fogo. Em geral, tem resistência mecânica e alto controle de qualidade.
Nesse caso, o revestimento interno também pode ser feito com gesso acarto-
nado, proporcionando maior facilidade e rapidez em sua montagem, desde que
executada por profissionais qualificados.

CASOS E RELATOS

A chegada do Steel Framing no Brasil


O sistema Steel Framing só chegou ao Brasil no ano de 2004, com pioneiris-
mo no bairro do Brooklin, em São Paulo, para construção de um condomí-
nio residencial.
A população local ficou encantada com a rapidez de execução prometida
pela construtora responsável pelo projeto, pois as casas tinham 200 m² e
eram bem detalhadas.Todos perceberam que a execução era padronizada,
parecia uma linha de montagem fabril e pelo pequeno número de máqui-
nas no canteiro, ninguém acreditava que esse processo de construção iria
durar tão pouco.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
19

Quando o condomínio foi concluído, todos ficaram de queixo caído. Com


aproximadamente 100 dias, as estruturas em Steel Framing estavam fina-
lizadas, incluindo pintura e acabamento. A obra foi finaliza em menos de
quatro meses. Os moradores e visitantes ficaram muito felizes e satisfeitos
com o novo sistema construtivo!
Fonte: SENAI, 2013

2.1 BANHEIROS PRONTOS

Você já pensou chegar num evento sobre inovações nos sistemas construtivos
e encontrar a ideia de trabalhar com banheiros prontos? Difícil acreditar nessa
novidade não é mesmo? Mas isso já é possível aqui no Brasil.

Figura 5 – Novidade no mercado


Fonte: SENAI, 2013.

O sistema construtivo especial de banheiro pronto é baseado no uso de ele-


mentos industrializados pré-fabricados que já chegam à obra com as etapas de
revestimento, instalações elétricas e hidráulicas finalizadas. Até os acessórios já
ficam acoplados nesse sistema construtivo. Ou seja, todo o trabalho que teríamos
com a aplicação de argamassa, assentamento de redes elétricas e hidrossanitárias
não é mais necessário, pois já temos tudo pronto sendo vendido em fábricas.
Dessa forma, depois de posicionados no local projetado, estes banheiros são
apenas conectados às redes de água, esgoto e energia.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
20

3
PATOLOGIAS: Os banheiros prontos foram feitos para melhorar o processo de construção,
pois tornam a execução dessa etapa construtiva mais mecanizada, por isso a
São problemas do
sistema construtivos que chance de propagação de erros durante os procedimentos é minimizada. As fa-
representam falhas na
edificação. Abordaremos
lhas humanas que mais tarde poderiam desencadear em patologias2 são elimina-
esse tema no próximo das com este sistema.
capítulo.
O interessante é que essa concepção inovadora atende às necessidades espe-
cíficas de projetos, inclusive de projetos especiais com rampas e espaços delimi-
tados para atender a deficientes físicos, o que na atualidade já vem sendo exigido
3
CHAPISCO-EMBOÇO-
REBOCO
nos locais mais sofisticados.

Refere-se às três etapas de


execução de revestimento
em argamassa nas paredes.
SAIBA A lei Nº 10.098 regulamenta as diretrizes de acessibilidade às
pessoas portadoras de deficiências nos ambientes. Acesse o
MAIS site da câmera do governo para conhecer essas diretrizes.

Os banheiros prontos podem ser encontrados em materiais pré-fabricados de


concreto ou Drywall, e por conta disso alguns autores preferem chamar esse tipo
de sistema de Células. É importante destacar que é necessário que esse sistema
atenda aos requisitos e padrões de qualidade.
Para o caso dos banheiros em concreto, as paredes têm pouca espessura e por isso
apresentam leveza. A rigidez característica é desenvolvida pelo elemento metálico de
telas em aço na sua estrutura. Já os banheiros constituídos de Drywall têm sua estru-
tura sustentada em telas de aço galvanizado revestida de placas de gesso acartonado.
Esses sistemas são sustentáveis, pois reduzem o índice de entulho nas obras.
As massas perdidas com as etapas de chapisco-emboço-reboco3 são eliminadas,
as cerâmicas quebradas ou fissuradas também são reduzidas, já que se encontram
instaladas no banheiro. Fora que o uso da água nessa etapa é praticamente elimi-
nado. Aqui, o construtor irá, no máximo, precisar colocar esses banheiros nos seus
devidos lugares e efetuar a limpeza de acabamento para retirar o excesso de poeira.
Nesse sentido, o tempo que seria utilizado para construção dos banheiros
numa edificação também é minimizado. O número de profissionais e quantidade
de horas trabalhadas por eles para realização dos serviços de execução da estru-
tura, instalações (hidrossanitárias e elétricas) no banheiro comum, assim como
execução de revestimentos, pisos e forros, deixam de existir.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
21

Note que o prazo de uma obra é bastante reduzido com esse tipo de sistema.
A relação custo x benefício justifica o uso dessa tecnologia inovadora. A sustenta-
bilidade do meio ambiente também é praticada e todos saem ganhando: o cons-
trutor, porque elimina gastos excessivos com o sistema comum; o cliente, porque
recebe o seu empreendimento no tempo certo; e o ambiente, porque não recebe
entulhos e tem sua água economizada.

Figura 6 – Estrutura de banheiro pronto


Fonte: SENAI, 2013.

2.3 FORMAS PRONTAS

As formas são elementos essenciais para a construção. É a partir delas que os


pilares tomam forma, que as vigas são delimitadas e que as paredes de concreto
são realizadas. Não existiriam edificações bem feitas sem a existência de formas.
Elas são responsáveis pela qualidade e segurança da estrutura das edificações.
Seguram o concreto lançado até que se atinja a resistência característica do pro-
jeto e que atenda as solicitações estruturais.
Assim como os demais sistemas que já vêm prontos, a execução dos elemen-
tos da estrutura, como vigas e pilares a partir desse tipo de forma tem as possíveis
falhas reduzidas, já que o processo de elaboração das formas é mecanizado, dota-
do de artifícios que eliminam a propagação de problemas na construção.
Com as crescentes buscas por sistemas de otimização de custos, racionamen-
to de materiais e maior rapidez na execução das estruturas, estudiosos resolve-
ram criar um sistema que se encaixasse nos requisitos supracitados. A partir dessa
concepção, surgiram as Formas Prontas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
22

Figura 7 – Formas Prontas


Fonte: SENAI, 2013.

Esse sistema também foi desenvolvido para melhorar o processo de constru-


ção, pois assim como os banheiros prontos, tornam a execução dessa etapa cons-
trutiva mais mecanizada, livre da propagação de erros durante os procedimentos
operacionais.
Tecnologia que reduz tempo de execução e formação de entulhos nas obras,
o sistema especial de formas prontas é sinônimo de rapidez, inovação e qualida-
de nas construções, pois os profissionais não precisam mais elaborar as formas do
projeto, acabando assim, com a preocupação de criação de dispositivos falhos e
inconsistentes com as solicitações da estrutura. Além disso, a produtividade dos
profissionais aumenta, reduzindo, consequentemente, o prazo de execução da
construção.
A partir das diretrizes dos projetos arquitetônicos e estruturais, são elaboradas
as dimensões necessárias para que as formas atendam as especificações do proje-
to. O seu material constituinte é em geral a madeira, variando entre compensado
plastificado ou compensado resinado.
As formas prontas podem ser utilizadas na confecção de paredes, pilares e vi-
gas. A reutilização também é permitida. Por serem constituídas de materiais pa-
dronizados e com qualidade, as formas ganham maior vida útil que aquelas feitas
a mão para atender apenas o pavimento em execução.
Segundo informações dos fabricantes, tanto as formas de chapas resinadas e
as formas de chapas plastificadas, podem ser utilizadas na ordem de vinte vezes
com garantia de qualidade da construção.
Nesse caso, se a obra tiver vários prédios, ou se tiver projetos com as dimen-
sões de vigas, pilares e paredes repetidas em algum local, as formas também po-
derão ser repetidas. Isso é uma economia muito grande e importante, pois dessa
forma também é praticada a sustentabilidade, já que a madeira será reutilizada.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
23

Quando as formas são realizadas e utilizadas de forma in-


FIQUE correta, facilitam a saída de concreto quando lançados. É
comum que após a secagem se formem vazios deixando a
ALERTA ferragem da estrutura exposta, o que põe a qualidade da
construção em risco.

Quando aliadas ao sistema de Paredes de Concreto, as formas são projetadas


com o dimensionamento de passagem das tubulações hidrossanitárias, elétricas
e hidráulicas. Até mesmo os vãos para localização das portas e janelas são delimi-
tados na forma.

Figura 8 – Estrutura elaborada a partir de formas prontas


Fonte: SENAI, 2013.

Após o uso da forma, a mesma deve ser limpa, para ficar livre de possíveis
agentes corrosivos, como graxas, pó e óleo, ou outros materiais que possam vir a
alterar a resistência e aderência do concreto. É importante usar desmoldante, mas
a sua dosagem deve seguir as recomendações do fabricante.
Abaixo se encontram algumas observações que devem ser feitas sobre as formas:
a) as formas devem ser projetadas seguindo rigorosamente as dimensões de
projeto para que não se deformem com as ações de intempéries, do tempo
e peso da estrutura com adição do concreto;
b) o processo de vibração deve ser controlado para que não cause deforma-
ções na forma, por conta disso os profissionais devem estar alertas com a
forte incidência de vibradores de concreto no local;
c) as formas não devem permitir a passagem da água da chuva ou de outra
origem que não beneficie a estrutura. Caso isso não ocorra, a possibilidade
de perder argamassa levada pela água é grande. Tem que ser observada a
existência de fendas nessas formas;
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
24

4
BALDRAMES: d) a retirada das formas tem que atender o espaço de tempo determinado
para cura do concreto.
Podem ser conhecidos
como tipos de vigas. São Seguindo essas regras básicas, você evita uma série de problemas.
estruturas responsáveis pelo
alicerce de determinadas
estruturas.

2.4 ARMAÇÕES PRONTAS

Você quer reduzir o número de profissionais mal qualificados em uma obra


e torná-la mais enxuta? Menor duração e maior produção são delimitações que
definem o sistema especial de armação pronta.

Figura 9 – Grande número de profissionais na montagem das ferragens


Fonte: SENAI, 2013.

Você verá o quanto é possível ganhar velocidade com esse tipo de sistema.
Quando as atividades estão devidamente organizadas, a entrega do material
na obra é feita de acordo com seu cronograma de execução, e as peças já vêm
previamente identificadas com etiquetas, cabendo aos operários realizar apenas
o encaixe em seu devido lugar. Só é necessária a colocação no local respectivo a
seu uso, mas vamos conhecer um pouco mais desse sistema adiante.
Armação pronta é um termo que se refere às armaduras de aço confecciona-
das segundo as determinações do projeto e fornecidas já concluídas para a sua
utilização. Apesar de inicialmente haver um maior desembolso neste tipo de con-
tratação, pois a aquisição desse material tem valor expressivo, termina sendo jus-
tificada financeiramente pela redução no custo final da etapa construtiva, já que
este tipo de alternativa diminui significativamente o número de profissionais en-
volvidos na atividade, além de agilizar o desenvolvimento desse tipo de serviço.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
25

Esse sistema é bastante produtivo e atinge alto nível de qualidade. As constru-


toras interessadas levam os projetos estruturais e relatórios descritivos da edifica-
ção até as redes credenciadas que realizam os projetos das armações.
Depois desse passo, os fornecedores entregam os orçamentos quantitativos
e qualitativos, determinando prazos para entrega das armações à obra. As arma-
duras são produzidas sob medida e com espaçamento uniforme para garantir a
qualidade e segurança das estruturas. Geralmente, são utilizados aços CA-50 e
CA-60 para garantir maior durabilidade e qualidade ao sistema.
O número de profissionais que seria contratado para corte, dobra e a monta-
gem das ferragens é minimizado, assim como é reduzido o prazo da obra, pois as
etapas de confecção das armaduras não serão mais necessárias.
Se o seu uso for aliado a um bom planejamento e o sistema de formas prontas
for aplicado na data prevista, não há grande preocupação quanto ao armazena-
mento do material e logística para atender a demanda de formas produzidas.

Que para execução da estrutura de uma edificação com


VOCÊ processos convencionais de corte, dobra e montagem
SABIA? de armações de aço é prevista uma perda de 10% da
quantidade do material levantado nos orçamentos?

Mas você sabe em que momentos este recurso pode ser aplicado? É possível
fazer, por meio das armações prontas, as estruturas das vigas, pilares, lajes, sapa-
tas, baldrames4, entre outros. Se a mão de obra for qualificada e habilidosa, o pro-
cesso de instalação das armações prontas torna-se muito satisfatório e a rapidez
de execução fica bastante visível.
O interessante é que nesse sistema a propagação de erros quanto à disposição
da armadura negativa, bitola utilizada e quantidade de barras solicitadas, é mini-
mizado, pois o profissional só precisa se preocupar em colocar as armaduras em
seus respectivos locais para dar suporte aos elementos estruturais a serem con-
cretados no local. Como as armaduras já vêm industrializadas e pré-fabricadas, a
possibilidade de existência de falhas nesse tipo de estrutura é mínima.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
26

5
ARMADORES:

São os profissionais
responsáveis pelo corte e
dobra das armaduras de
ferro.

6
ALMOXARIFADOS:

São os locais utilizados nas


obras para armazenamento
e estoque de materiais.

Figura 10 – Armações prontas


Fonte: SENAI, 2013.
7
INTERTRAVAMENTO:
Algumas considerações sobre o uso de armaduras de aço devem ser feitas, e
É o nome dado à amarração
feita entre blocos de podem ser acompanhadas a seguir:
alvenaria. Geralmente, é
alcançado com o uso de a) ao aplicar as armaduras no local determinado, deve-se atentar para garantir
argamassa.
o posicionamento correto da mesma em relação a peça a ser concretada;
b) deve-se atentar para a não existência de corrosão na armadura, pois mais
tarde isso pode prejudicar toda a estrutura.
8
INTEMPÉRIES:

São atuações de fenômenos


climáticos, como ventos e O processo de corrosão já iniciado numa armadura é bas-
chuvas. FIQUE tante prejudicial à edificação, principalmente se ocorrer
ALERTA nas vigas e pilares da construção, podendo colocar vidas
em risco a partir de desmoronamentos.

9
PAREDES PORTANTES:
Atendidos esses requisitos, a armação pronta pode ser uma solução bastante
São as projetadas para
trabalhar como elemento viável para execução de obras com rapidez e qualidade. Os cronogramas previs-
estrutural e fazer a tos podem ser minimizados e o dinheiro gasto com a contratação de determina-
distribuição de cargas na
edificação. dos profissionais na obra, principalmente armadores5, é minorado. Mas, ainda há
a necessidade da presença de montadores para encaixar algumas peças.
Vale a pena lembrar que com esse sistema a obra também ganha mais espaço,
pois não há necessidade de perda de ambiente no canteiro para os armadores
realizarem o corte, dobra e montagem das armações, assim como os armazena-
mentos irregulares que causam grandes perdas de espaço nos almoxarifados6
com a ferragem mal organizada.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
27

2.5 ALVENARIA ESTRUTURAL

Com o desenvolvimento industrial e consequente globalização, inúmeras fo-


ram as mudanças nas atividades de trabalho, principalmente no ramo da constru-
ção civil. Várias formas construtivas foram aperfeiçoadas e, entre elas, a alvenaria.
Inicialmente, a alvenaria era constituída apenas por pedras amontoadas. En-
tende-se como estrutura em alvenaria, toda aquela constituída por blocos amar-
rados entre si, através de argamassa de cimento padronizada ou outra forma de
intertravamento7, com o objetivo de vedar ou sustentar uma construção.
Se a função da alvenaria for apenas de evitar a propagação de ruídos, pro-
porcionar isolamento térmico e proteção contra intempéries8 em um local, esta
é considerada de vedação, e está geralmente vinculada a construção de vigas e
pilares de concreto armado para sustentação da estrutura.
Esse tipo de alvenaria é projetado para resistir apenas ao seu peso pró-
prio, constituído dos blocos cerâmicos e argamassa. Funciona como uma divisó-
ria de ambientes internos e atua no fechamento dos cômodos da edificação.

Figura 11 – Alvenaria de vedação


Fonte: SENAI, 2013.

Mas se na realização do projeto, além da proteção contra intempéries e pro-


pagação de ruídos, houver a intenção de resistência a cargas sobre a estrutura, a
alvenaria é considerada estrutural, portanto as paredes portantes9 desse tipo de
alvenaria não podem ser removidas, já que sustentam a construção.
Logo, além de ter as mesmas funções que a alvenaria de vedação, como divi-
são de ambientes, é acrescida a esse tipo de construção a função estrutural, ou
seja, função de resistência à atuação de cargas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
28

10
TRAÇO:

É o nome dado a mistura


utilizada para fazer
argamassa. Representa
os quantitativos em areia,
cimento e água para
constituição da argamassa.

11
PRÉDIOS VERDES:

São construções que


buscam sustentabilidade
a partir da racionalização
de materiais e energia e
utilizam certificações e Figura 12 – Alvenaria estrutural
Fonte: SENAI, 2013.
programas de qualidade,
como o ISSO 9001.

Existem regras para este tipo de construção. A execução da


SAIBA alvenaria estrutural, em termos de blocos de concreto, é nor-
MAIS matizada pela NBR 15.961:2011. Confira junto a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

No início de uso, a alvenaria era constituída apenas por pedras intertravadas en-
tre si. Nessa época, não existia a sofisticação atual, por isso, não havia a preocupação
com a passagem de redes elétricas para abastecimento de sistemas complexos de
ar condicionado, televisores e rádios, muito menos a preocupação com a passagem
de redes telefônicas, redes de gás, computadores ou TV a cabo. É de conhecimento
geral que essas redes de abastecimento passam no interior das paredes, portanto,
nesse momento existiam apenas simples projetos que delimitavam casas singelas
para moradia como proteção a intempéries, ou no caso de locais com rios, as alve-
narias de pedras objetivavam a criação de barragens contra enchentes.

Figura 13 – Alvenaria de pedra antiga


Fonte: SENAI, 2013.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
29

VOCÊ Que inicialmente as enchentes de rios eram barradas


por grandes pedras soltas amontoadas durante as épo-
SABIA? cas de chuva intensa?

Com o passar do tempo, as pedras foram substituídas por blocos de cerâmica ou


de concreto, e o intertravamento passou a ser realizado por argamassa de cimento-
-areia com traço10 delimitado pelo fornecedor e pelo controle de qualidade.
Tudo gira em torno da resistência solicitada no projeto executado. Atualmen-
te, existem idealizações mais sofisticadas que objetivam a racionalização de cus-
tos durante e após as construções, com os denominados “Prédios Verdes11”, que
podem ser constituídos de alvenaria com blocos ecológicos, compostos de terra
comprimida ou material reciclável.
Como as alvenarias podem ser de diversos tipos, os seus elementos constituin-
tes também são variados. Nesse caso, o enfoque principal é para os elementos de
concreto, cerâmica e argamassa. A partir daí, é possível obter os seguintes con-
ceitos e ilustrações:
a) blocos furados: geralmente utilizados como blocos canaletas para fecha-
mento de pavimentos/passagem de ferragem na alvenaria estrutural, ou
como blocos para alvenaria de vedação atingindo melhor isolamento tér-
mico e acústico. Facilitam a passagem de tubulações e podem ser cerâmicos
ou de concreto;
Os blocos devem possuir regularidade geométrica, dimensões compatíveis
com a norma, resistência características de compressão, absorção de água e iso-
lamento termoacústico.

19 19
19 12
19 19

39 19 19 39 39
19 19 19

P = 9.9 Kg P = 4.6 Kg P = 12.3 Kg P = 12.3 Kg

Figura 14 – Blocos furados e canaletas portantes da família 20x20x40


Fonte: ARAUJO; RODRIGUES; FREITAS, 2000. (Adaptado).

Observe, na próxima Figura, um outro tamanho desses blocos.


SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
30

12
MASSEIRAS:

São espécies de caixas, onde


são preparadas misturas
de argamassas para que
impurezas não lhe atinjam
e para ser mais fácil o
manuseio da massa.

13
DESMOBILIZADO:
Figura 15 – Blocos furados portantes da família 10x20x20 e 10x20x30
Refere-se à retirada de Fonte: SENAI, 2013.
algo de um local. Nesse
caso, refere-se à retirada
de entulhos e materiais b) Argamassa, cimento e areia: mistura elaborada a partir de proporções de ci-
utilizados no ambiente para mento, cal hidratada, areia e água. Quando se quer adquirir maiores resistências
execução de um serviço.
e cura mais rápida, devem ser utilizados aditivos aliados aos outros materiais.

14
ETAPA SUCESSORA:

Etapa sucessora de serviços:


refere-se à atividades
que são realizadas após a
conclusão de outro serviço.

15
IMPERMEABILIZAÇÃO:

É o processo de tornar um
local estanque à água, a
partir do uso de materiais
específicos.

Figura 16 – Argamassa para alvenaria estrutural


Fonte: SENAI, 2013.

Na alvenaria a argamassa serve como junta de intertravamento e pode ser


vendida industrializada em sacos, pronta apenas para adição de água de acordo
com o traço recomendado, ou pode ser rodada em obra a partir dos materiais
supracitados em betoneiras ou manualmente com pás.
Devemos tomar cuidado com a trabalhabilidade desse material, pois após adi-
ção de água o seu uso deve ser feito antes que a mistura endureça. Se a sua mis-
tura for realizada na obra, deve ser utilizada masseira12, para que as impurezas do
chão não atinjam o material, influenciando na sua qualidade.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
31

Para que as construções em alvenaria deem certo, com boa terminabilidade e sem
arremates, é necessário que a sua execução seja feita por profissionais qualificados,
materiais de qualidade e que possuam um bom planejamento aliado a um bom su-
porte de logística. A execução deve sempre estar baseada na paginação da alvenaria
e paletização dos blocos, seja de concreto ou cerâmico. Mas o que seria Terminabili-
dade, Arremates, Paginação e Paletização? Vamos conhecê-los melhor na sequência.
a) terminabilidade: é um termo que remete a conclusão de um serviço. Con-
cluir um serviço não é apenas finalizá-lo, mas também deixar o local limpo e
pronto para uma nova etapa da construção, ou seja, após concluir o serviço
é necessário deixar o local desmobilizado13, livre de entulhos e de qualquer
material que atrapalhe na execução da etapa sucessora14 desse serviço.
b) arremates: na construção civil, arremate é sinônimo de trabalho deixado para
traz sem conclusão satisfatória. Isso significa que o trabalho não foi realizado
com padrões suficientes para seguimento das outras etapas de serviço no local.
Os arremates são os grandes vilões da construção, principalmente no quesito
alvenaria, pois podem impactar nas etapas de revestimento, sejam eles de arga-
massa, cerâmica ou gesso, pintura, impermeabilização15 e instalações hidráulicas,
elétricas e sanitárias.
c) paginação: o termo paginação refere-se ao processo de elevação da alvenaria
através da compatibilização de todos os projetos da edificação, sejam eles estru-
turais, arquitetônicos ou de instalações hidráulicas, hidrossanitárias e elétricas.
A partir da paginação, é possível programar quais blocos devem ser mobiliza-
dos para construção das paredes, e por isso já deixar programado com o almoxa-
rife o recebimento e transporte desses blocos na obra, sem muita perda de tempo
para evitar ajustes nos cronogramas.
Com a paginação, evitam-se desperdícios de blocos e diminuição de tempo de
execução, pois, nesse caso, já é fornecido um projeto especificando os blocos que
devem ser colocados em seus respectivos lugares com suas respectivas dimen-
sões, minimizando erros na execução por utilização de blocos com características
incompatíveis ao solicitado.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
32

16
MAQUITAS: elétrica 3/4”
2 # 8,0 - 470

São máquinas de serra 13 Legenda e Quantidade


12
utilizadas para o corte de
11 BE30 – 14 X 19 X 29 – B4 peças
materiais, geralmente blocos 2 # 8,0 - 240
10
e cerâmicas, sem causar BE15 – 14 X 19 X 14 – 5 peças
9

1,21
danos às propriedades de 8 1,51
resistência desses materiais. 7 C30 – 14 X 19 X 14 – 5 peças
Não formam fissuras, 6
2 # 8,0 - 210

nem quebram os blocos 5


Parede que entra

bruscamente. 4
3
2
1
Par.10

Par.8
telefone 3/4”
17
PALETES:
Elevação
São as estruturas de madeira Par. 7
sobre as quais os materiais Tel
são empilhados.

Figura 17 – Paginação de alvenaria


Fonte: MELO ALVENARIA, 2013.

TRANSPORTE
18
O profissional não perde tempo cortando blocos para encaixar na parede em
MECANIZADO:
ascensão, evitando também o desperdício de materiais e a execução de paredes
É uma expressão com falhas de junta seca, junta sobre junta e blocos fissurados por cortes mal exe-
utilizada para designar
transportes realizados com cutados feitos sem maquitas16 adequadas, fazendo com que os mesmos percam
empilhadeiras ou outro tipo
de veículo transportador.
sua resistência à compressão característica.

As juntas sobre juntas e as juntas secas facilitam a propa-


FIQUE gação de patologias como fissuração e rachaduras que
podem comprometer a estrutura da edificação, compro-
ALERTA metendo sua qualidade e colocando em risco a vida de
profissionais.

d) paletização: é um sistema de armazenamento e estocagem muito utilizado


na construção civil, principalmente em processos construtivos de alvenaria,
no qual os blocos são armazenados em pilhas, de forma a facilitar a sua car-
ga, descarga e mobilização.
Os pioneiros na utilização dos processos de paletização foram os militares du-
rante a guerra mundial e com o tempo esses processos foram melhorados, com-
patibilizados e incorporados na construção civil e indústria da construção.
Em relação à alvenaria estrutural, as pilhas de blocos são geralmente retan-
gulares sobre madeira, para evitar contato com o chão úmido ou com impurezas
que possam vir a alterar as características de resistência e aderência a revestimen-
tos dos blocos, ou até mesmo lhes gerar fissuras. A quantidade e disposição dos
blocos sobre os paletes17 irão depender das recomendações do fabricante.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
33

É comum que seja utilizada fita adesiva ou um plástico adesivo especial para
embalagem desses blocos nos paletes, evitando que se desloquem e caiam da
estrutura. Isso evita a ocorrência de quebra dos blocos e fissuramento ou racha-
duras desnecessárias, resultando na perda do material e consequente prejuízo
financeiro da obra.
Os paletes reduzem os espaços ocupados pela má organização dos blocos nos
almoxarifados ou canteiro central. Esse espaço poderá ser ocupado por outros
materiais ou até mesmo tornar mais livre o acesso e passagem dos profissionais
nas obras, sem obstruções nem riscos de acidentes.

Figura 18 – Paletização
Fonte: SENAI, 2013.

Com esse método, há também uma redução de área utilizada para armaze-
namento e rapidez no transporte dos mesmos por empilhadeiras. Além disso, o
desperdício ou perdas de blocos durante o processo construtivo, por rachaduras
e fissuras devido ao sobrepeso e quedas, são minorados.
Portanto, para economizar durante a execução da alvenaria é necessário a or-
ganização de blocos nos paletes, pois desse modo minimiza-se o tempo perdido
com diversos serventes para carregar os blocos com carrinhos de mão levando-os
até os pavimentos desejados.
Diminui-se também o número de blocos que podem ser fissurados por carre-
gamento indevido ou quedas durante o processo de mobilização, visto que, após
organizados em paletes ocorre o isolamento com fita adesiva transparente. Esse
processo evita a queda de blocos durante o transporte mecanizado18, muito mais
rápido que o transporte manual.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
34

CASOS E RELATOS

A primeira paletização de Miguel


Miguel é almoxarife e trabalha com construções de alvenaria estrutural. Em
uma obra, foi o responsável por armazenar os blocos de concreto que che-
gavam por meio de um caminhão transportador do fornecedor local. Ao
receber os blocos, Miguel contou todos e percebeu que os mesmos vinham
organizados em pilhas pequenas retangulares, em cima de um palete de
madeira, e eram embrulhados em um papel filme.
Curioso como de costume, Miguel ligou para transportadora para saber o
motivo daquela organização dos blocos e como ele poderia transportá-los
pela obra. As respostas que recebeu do técnico responsável pelo setor de
paletização da empresa foram satisfatórias: os blocos encontram-se assim
organizados para o transporte com empilhadeiras ser mais rápido e fácil.
Envolvemos os blocos em papel filme para evitar que eles caiam e fissurem
com a queda. O número de blocos agrupados e sobrepostos são pequenos,
para evitar sobrecarga e rachaduras prejudicando a integridade da cons-
trução. E, por fim, a madeira embaixo dos blocos é para evitar o contato
com o chão, trazendo posteriormente impurezas que possam interferir no
processo construtivo.
Miguel ficou contente com a resposta, e então preservou os blocos empi-
lhados nos paletes dentro do almoxarifado, e viu que realmente era mais
fácil e prático mantê-los assim durante a construção do prédio em alvena-
ria estrutural.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
35

É necessário basear-se sempre na paginação da alvenaria e paletização dos


blocos de concreto ou cerâmico, pois, dessa forma, os custos com esse proces-
so produtivo são reduzidos, os prazos minimizados e a satisfação do cliente, que
não precisará de uma assistência técnica posterior à construção para resolução de
problemas de fissura e vazamento em alvenaria, será garantida.

Figura 19 – Alvenaria estrutural concluída


Fonte: SENAI, 2013.

2.6 FACHADAS

Inicialmente, as fachadas foram desenvolvidas apenas para vedação da estru-


tura, proteção contra intempéries e fornecimento de isolação térmica e acústica.
A partir das fachadas, o desejo maior era manter o ambiente com temperaturas
agradáveis e não permitir que a chuva atingisse o interior da construção.
Atualmente, a fachada é o elemento que mais chama atenção numa estrutura
e geralmente é a primeira coisa que nós observamos quando olhamos para uma
edificação. Busca-se maior valorização estética, na qual é importante a proporção
harmônica entre aberturas e fechamentos, o cuidado ao escolher os revestimentos
a serem utilizados, a combinação de cores, assim como verificar a necessidade de
elementos de proteção solar que garantam o conforto térmico. Pensando nisso,
profissionais desenvolveram tipos diferentes de fachadas que dão beleza e vida às
construções.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
36

Figura 20 – Fachadas diferentes


Fonte: SENAI, 2013.

Que hoje temos disponíveis no mercado revestimen-


VOCÊ tos de fachadas que favorecem o conforto térmico dos
ambientes internos da edificação, e as cores e os climas
SABIA? influenciam bastante nas escolhas desses revestimentos
de fachada?

Vamos conhecer, a partir de agora, alguns tipos de fachadas mais utilizados e


e os motivos de serem as melhores opções para cada caso.

2.6.1 PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS

O primeiro tipo de fachada que se encaixa nessas convenções é o de painéis


pré-fabricados em concreto. Estes elementos podem vir já completos de fábrica,
com tudo necessário para seu encaixe. No canteiro, as peças são montadas na
altura certa compatibilizada com o projeto arquitetônico, atendendo a cores e
texturas previamente especificadas, inclusive com os caixilhos para a instalação
das esquadrias.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
37

Figura 21 – Fachada em pré-fabricados na Europa


Fonte: SENAI, 2013.

Antigamente, o uso das fachadas em pré-moldados era sinônimo de simplici-


dade. Geralmente, utilizadas em galpões ou estruturas simples retangulares, pois
ainda não haviam sido pensadas soluções dinâmicas para um elemento executa-
do tão velozmente. Hoje essas soluções já podem ser visualizadas com a ajuda de
arquitetos profissionais.

2.6.2 FACHADAS CORTINAS

Com o tempo, os profissionais atuantes nessa área perceberam que o vidro


poderia ser um ótimo material para execução dos revestimentos de fachada. Ele
confere iluminação apropriada para a edificação, assim como permite a visão pri-
vilegiada de quem está no interior do ambiente para o lado de fora da estrutura,
e permite que quem esteja do lado de fora do ambiente possua uma visão de
estruturas esbeltas, criativas e bonitas.
Mas, para isso, o vidro precisa ser tratado. Deve possuir propriedades como re-
sistência à atuação de cargas horizontais e verticais, principalmente oriundas de in-
tempéries. Por isso, os vidros que se encaixam nesse sistema devem ser laminados,
temperados, com características de prover isolamento termoacústico , entre outros.
As fachadas que se encaixam entre os sistemas construtivos especiais e que
utilizam os vidros como elementos principais de sua constituição são denomina-
das fachadas-cortinas. Elas são espécies de caixilhos que visam realizar a vedação
da estrutura. De acordo com o livro Alternativas Tecnológicas para Edificações –
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
38

19
CAIXILHOS: volume 1, da editora PINI, as fachadas-cortinas podem ser classificadas em cinco
tipos: fachada “só vidro” ou “sem caixilho”, fachada pele de vidro, fachada uniti-
Esquadrias ou molduras
para vidros que delimitam as zada (unitized), fachada tipo grid e fachada com silicone estrutural ou structural-
janelas.
glazing. A seguir, veremos um pouco mais das formas supracitadas. Acompanhe.

20
ESTANQUEIDADE: FACHADA SEM CAIXILHO
É o mesmo que vedação,
não permite a passagem de Também denominada de Só vidro, baseia-se em sistemas estruturais que se
água. utilizam de vidros laminados temperados acoplados na estrutura. Por não pos-
suir caixilhos19, são colocadas peças estruturais de aço inoxidável ou de alumínio.
Objetivam eliminar a visão da estrutura e das peças de alumínio das esquadrias.
21
PÉ DIREITO: Alguns autores a denominam de fachada Spider Glass. É caracterizada pela pre-
sença de vidros suspensos fixados a partir de elementos que parecem aranhas e
Refere-se à altura medida
do chão até o teto de um rótulas na estrutura.
pavimento.
As rótulas permitem que o sistema flexione o suficiente ao receber cargas de
ação do vento. Isso torna esse tipo de fachada mais resistente e flexível, com gran-
des possibilidades de adaptação a projetos arquitetônicos mais complexos.

Figura 22 – Fachada sem caixilho


Fonte: SENAI, 2013.

FACHADA PELE DE VIDRO

Aqui, os perfis da estrutura são visualizados apenas a partir do interior do am-


biente. Foi criada para atender as solicitações dos arquitetos, que ansiavam que a
parte da estrutura composta por perfis de alumínio, entre outros elementos, não
fossem visualizadas ao observar a edificação pelo lado de fora.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
39

A parte do vidro é toda encaixilhada. É sinônimo de estilo, determina estan-


queidade20 e mantém a temperatura do ambiente estável. Pode ser utilizada tan-
to para edificações comerciais como para residenciais.

Figura 23 – Fachada em pele de vidro


Fonte: SENAI, 2013.

FACHADA UNITIZADA OU UNITIZED

Nesse sistema inovador, trabalham em conjunto o vidro e o caixilho forman-


do uma fachada modular de colunas subdivididas. Os módulos têm suas colunas
desmembradas, na qual a altura de cada módulo é o pé direito21 do pavimento.
Nesse sistema, os painéis pré-fabricados unitizados são transportados já pron-
tos por máquinas até o local onde serão instalados. Esse tipo de fachada permite
que a obra ganhe velocidade, pois os módulos podem ser colocados mais facil-
mente por processos de elevação mecanizada a partir de guindastes.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
40

Figura 24 – Fachada unitizada


Fonte: SENAI, 2013.

FACHADA TIPO GRID

Possui como fator de destaque o realce da parte externa das edificações a par-
tir da formação de grelhas retangulares ou quadradas em perfis de alumínio que
possuem vidros acoplados a elas.
Esse sistema tem como ponto forte a característica de esconder as juntas na
vista externa da fachada, deixando as construções mais elegantes.

Figura 25 – Fachada tipo grid intercalada com revestimento em granito


Fonte: SENAI, 2013.
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
41

FACHADA COM SILICONE ESTRUTURAL

Também conhecida como structuralglazing, é um sistema que confere estan-


queidade a estrutura e possui coeficiente de elasticidade suficiente para suportar
dilatação e retração do vidro sem acarretar em fissuras nos elementos.
É uma fachada elaborada com silicone estrutural ou fita adesiva estrutural com
dupla face. A partir desses materiais, é realizada a ligação entre as placas de vidro
e os perfis de alumínio. O silicone ou a fita torna-se elemento com função estrutu-
ral, objetivando transferir as cargas atuantes para a estrutura.
O silicone utilizado nesse sistema não pode ser silicone comum utilizado para
simples vedações, deve ser realmente aplicado o silicone estrutural com cura
neutra, ou seja, cura que não propaga odores ou vapores, e não a cura acética,
que é a cura que libera ácido acético na sua ocorrência.
O ácido acético pode causar manchas e descolamento das lâminas de vidro. Esses
são danos onerosos e algumas vezes irreparáveis que prejudicam a beleza da fachada.
Antes de utilizar o silicone, devem ser realizados testes em laboratórios que
determinem se há adesão suficiente entre esse material e o vidro. Sendo que as
juntas de silicone devem ser calculadas previamente para suportar o peso dos
vidros e possíveis ações de ventos por profissionais qualificados.

Figura 26 – Fachada em structural glazing


Fonte: SENAI, 2013.

Mas qual a melhor opção a ser escolhida? Neste caso, para saber entre as facha-
das aqui abordadas a que melhor se encaixa em um determinado orçamento, você
deve verificar os seguintes itens relativos ao ambiente em que se pretende construir:
a) intempéries que atuam na região da obra e quais delas são as mais incidentes;
b) dimensões da estrutura, pois como a maioria refere-se a elementos pré-fa-
bricados, se as medidas estiverem incorretas, ocorrerão erros na execução;
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
42

22
CONCATENAR: c) necessidade de isolamento acústico, térmico e proteção contra propagação
do fogo;
É o mesmo que encadear ou
juntar dados em prol de um d) índice de permeabilidade do ar.
objetivo.
Em relação aos materiais constituintes deve-se sempre atentar para as seguin-
tes características:
23
CONCOMITANTEMENTE: a) grau de estanqueidade da água;

É equivalente a b) valores de resistência características à ação do vento;


simultaneamente ou ao
mesmo tempo. c) coeficiente de elasticidade em função da dilatação e retração oriundas da
temperatura;
d) nível de isolamento acústico, térmico e proteção contra propagação do
fogo;
e) durabilidade e garantia das peças;
f) formas de armazenamento na obra, para que não haja danos nem perdas na
estrutura;
g) valor dos materiais empregados.
A escolha do material também deve ser baseada na impressão que se deseja
passar a quem observa. Deve estar de acordo com as características do ambiente
para evitar impactos, como quem vê uma fachada rústica em um centro constitu-
ído de prédios modernista.
Ao concatenar22 essas características dos materiais empregados com as carac-
terísticas do local em que a obra será realizada, já dá para ter uma ideia do melhor
dispositivo de fachada a ser empregado, trazendo lucros e benefícios à construtora.
O perfil que for realizado em menor tempo e concomitantemente23 atingir as
especificações de resistência às intempéries do projeto, deverá ser o escolhido
para elaboração da edificação. Mas, é importante observar que tudo deve ser fei-
to com cautela e com a presença constante de profissionais qualificados.

CASOS E RELATOS

O barato que saiu caro


Sr. João foi contratado no processo de compra de materiais para a execu-
ção de Fachadas Cortinas na empresa Fachadas e Cia Ltda. Lá ele ficou res-
ponsável pela compra dos silicones, já que o principal serviço ofertado pela
empresa era o de fachadas com silicone estrutural. Por ser novo no ramo,
ele achou que poderia comprar qualquer tipo de silicone para o sistema,
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
43

inclusive aqueles com cura acética, que libera ácido acético no processo de
secagem, desde que fosse mais barato que os demais.
Quando a primeira peça da fachada foi colocada com o silicone comprado
por Sr. João, e entrou em processo de cura, foram aparecendo manchas nas
lâminas de vidro que também foram se deslocando do restante da fachada.
Em pânico, a equipe técnica retirou as peças já colocadas e o responsável
pela execução da fachada telefonou para Sr. João perguntando se o silico-
ne comprado não era estrutural com cura neutra para preservar os vidros
do revestimento.
Sr. João percebeu o seu erro e se desculpou com a equipe. A partir desse
dia, ele passou a comprar o silicone adequado, mesmo que seu custo fosse
mais alto que os demais silicones vendidos no mercado.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, abordamos sobre os inovadores sistemas de construções


especiais. Percebemos a necessidade de desenvolver e trabalhar com siste-
mas que sempre atendam às solicitações do mercado com saúde, seguran-
ça, rapidez, qualidade e sustentabilidade do meio ambiente.
Nós tratamos dos possíveis sistemas de construção a seco como o Drywall
que é baseado em perfis metálicos e paredes com placas de gesso acar-
tonado, e Steel Framing que é baseado em estruturas de aço galvanizado
semelhante a esqueletos, revestido por placas cimentícias industrializadas.
Vimos como esses sistemas podem reduzir o tempo de duração de uma
obra, assim como podem minimizar o peso total da estrutura. Ficamos a par
das propriedades de resistência térmica e acústica dos elementos e perce-
bemos o quanto esse tipo de construção é sustentável pela economia de
água e diminuição de entulhos.
Conhecemos os sistemas de banheiros prontos, formas prontas e armações
prontas, que agilizam suas respectivas etapas nos processos construtivos.
Percebemos o quanto é mais fácil encaixar um banheiro pré-fabricado na
estrutura ao invés de construí-lo, eliminando as etapas de alvenaria, cha-
pisco, emboço e reboco. Além disso, observamos o quanto se deve tomar
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
44

cuidado na elaboração de fôrmas que dão origem a estrutura e armações


que acometem as estruturas de resistência na construção.
Aqui, visualizamos e compreendemos os elementos constituintes da alve-
naria estrutural, assim como seu histórico e os processos envolvidos na oti-
mização de resultados desse tipo de construção. Percebemos as diferenças
entre alvenaria de vedação e alvenaria estrutural e aprendemos mais sobre
paletização, arremates e terminabilidade dos serviços nesse sistema cons-
trutivo especial.
Acrescemos os nossos conhecimentos nos tipos inovadores de fachadas. Per-
cebemos o quanto é interessante o uso de elementos pré-fabricados nesse
sistema construtivo. Ficamos a par dos tipos de fachada que se encaixam nas
delimitações das fachadas-cortinas e vimos como os vidros utilizados como
elementos na construção podem ser flexíveis, resistentes e estilosos.
Você deve lembrar sempre que os sistemas construtivos especiais devem
conferir sustentabilidade, saúde, qualidade e rapidez em sua execução, in-
dependentemente de ser uma alvenaria estrutural ou um sistema de for-
mas prontas. É importante inovar no mercado construtivo para alcançar
essas metas.
Como você pôde ver, os ganhos com o uso de tais sistemas são enormes,
entre os quais o mais marcante é a minimização dos prazos previstos em
cronogramas. Na obra, o tempo é curto e não para. Depois de ver este ca-
pítulo do livro, conhecemos as soluções criativas para vencer as barreiras e
obstáculos no mundo da construção.
Mas é sempre interessante conhecer novas tecnologias e entender em que
momento elas realmente fazem a diferença. Acompanhe o próximo capítu-
lo e entenda as principais patologias de uma obra. Não perca!
2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ESPECIAIS
45

Anotações:
Patologias dos sistemas construtivos

Para dar início a este capítulo, vamos deixar claro o real significado da palavra patologia.
Este termo, de acordo com o dicionário on-line Aulete Uol, é o ramo da medicina que tem por
objetivo o estudo das doenças, sua origem, causas e sintomas.
Já na área da construção civil, patologias são falhas no sistema construtivo que podem apa-
recer desde as fundações até as instalações, tanto no desenvolvimento das estruturas como
nos dias que seguem após a finalização da obra. Muitos comparam as patologias às doenças,
justamente porque ambas tem ações que prejudicam o funcionamento de um sistema, seja ele
humano ou referente à construção.
A imperícia1, falta de materiais compatíveis com as necessidades do mercado, ausência de
controle dos materiais utilizados, tempo reduzido para finalização das construções, falta de
acompanhamento de profissionais qualificados, má utilização dos proprietários e usuários, são
apenas alguns dos motivos que geram o aparecimento de patologias nas edificações.
Tais problemas trazem danos à população em geral, pois ninguém quer que as patologias
ocorram em suas construções, mas muitas vezes não são tomados os cuidados necessários
para não desencadeá-las.
Como na concepção2 construtiva, as edificações são criadas para atender as necessidades
humanas durante muito tempo, resistindo, portanto, aos impactos, cargas e intempéries, o ide-
al é que seja realizada uma constante manutenção preventiva nas edificações como um todo.
A NBR 5674:2012 regulamenta os procedimentos para manutenção das edificações, mas nem
todos os proprietários, usuários e construtores têm conhecimento do seu conteúdo. Por conta
disso e dos fatores supracitados, a ocorrência de patologias é frequente nos sistemas construti-
vos.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
48

1
IMPERÍCIA:

Refere-se à falta
de habilidade ou Imperícias
incompetência do ser
humano para realização de
determinadas tarefas.

Inexistências
Mau
de materiais
uso
compatíveis
2
CONCEPÇÃO:

É o mesmo que teoria ou


ponto de vista. Patologias

Falta de Tempo
3
SINISTROS: manutenção reduzido
São prejuízos, acidentes ou
catástrofes na construção
civil.
Falta de
acompanhamento
e controle

Figura 27 – Sistema de origem das patologias


Fonte: SENAI, 2013.

Apesar de causar medo e horror em quem as observa, nem todas as patologias


são fatais, basta que alguns cuidados sejam tomados e que algumas ações corre-
tivas sejam realizadas.
Por outro lado, há casos em que simples ações não resolvem, atitudes mais
enérgicas e onerosas devem ser tomadas e profissionais qualificados tem que ser
envolvidos para evitar que ocorram sinistros3 nas edificações.
Abordaremos os motivos das patologias acontecerem e apontaremos possí-
veis soluções para contê-las caso aconteçam, mostraremos também como evitá-
-las durante a construção.
A partir de todas essas informações, trataremos aqui das patologias nos se-
guintes elementos da construção:
a) fundações e contenções;
b) estruturas;
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
49

c) vedações;
d) revestimentos;
e) coberturas;
f) instalações.

Patologias

Figura 28 – Patologias, como encarar?


Fonte: SENAI, 2013.

É importante saber que há um sistema que vem sendo utilizado pelas gran-
des construtoras para inibição das patologias. Ele é denominado PDCA. Essa sigla
vem do inglês e cada letra constituinte tem um significado. Veja a seguir.
a) P = Plan (Planejar)
b) D = Do (Executar)
c) C = Check (Conferir)
d) A = Act (Agir corretivamente)
A partir desse princípio, todas as etapas do processo construtivo devem ser
planejadas previamente para posteriormente serem executadas. No final da exe-
cução, pode-se conferir a conclusão do serviço executado e se tiver ocorrido algu-
ma falha, a mesma deve ser corrigida imediatamente antes de liberar a realização
de um novo serviço na obra. Para o caso de construções prediais, o pavimento
seguinte só pode ser iniciado caso o anterior esteja concluído e corrigido.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
50

4
TRINCAS:

São fissuras com diâmetro P (Plan)


mais acentuado.

5
RECALQUES:

São rebaixamentos sofridos


após a atuação de cargas.
A (Act) D (Do)

C (Check)

Figura 29 – Ciclo do PDCA


Fonte: SENAI, 2013.

O objetivo desse sistema é diminuir a ocorrência de falhas a partir de repe-


tições das atividades a serem desenvolvidas na construção. Quanto melhor for
elaborado o planejamento, prevendo as necessidades das etapas predecessoras
e sucessoras em termos de logística, mobilização e desmobilização, os erros nas
etapas de execução são minorados, as checagens serão sempre positivas e, por-
tanto, serão evitadas as ações corretivas que geram custos não previstos à obra.
Perceba que aqui foi corretamente aplicada a cronologia do PDCA, garantindo a
execução eficiente da construção.

3.1 PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES

As patologias observadas em fundações e contenções estão ligadas em sua


maioria a distúrbios no solo. Sabemos que ao ser submetido à atuação de cargas,
o solo tende a se deformar. Mas essas deformações podem se tornar muito acen-
tuadas, o que gera o aparecimento de trincas4 nas estruturas.

As cargas máximas admissíveis em solo para que eles não so-


SAIBA fram recalques são delimitadas pela ABNT, na NBR 6122:2010.
Os valores são sempre majorados por um Fator de Segurança
MAIS que garante a estabilidade da estrutura. Consulte essa nor-
ma!
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
51

As deformações, também chamadas de recalques5, são diferentes para cada


tipo de solo. No caso dos solos argilosos e arenosos muito coesos com pouca
presença de vazios, as deformações são causadas pela carga da estrutura e sobre-
pesos, que irão modificar o formato do solo. Ocorre uma espécie de achatamento
a partir da expulsão dos vazios que existiam no terreno, pressionados pela exis-
tência de cargas e sobrecargas.
No caso de solos arenosos, siltosos e argilosos de baixa coesão, com pouca
presença de vazios e água, o que os tornam fofos ou moles, as deformações são
geradas pela redução do volume de vazios devido atuação de cargas que expul-
sam a água para locais com menor faixa de atuação de pressão.

Figura 30 – Trincas por recalque do solo


Fonte: SENAI, 2013.

As raízes das plantas podem retirar a umidade do solo e


FIQUE fazer com que o mesmo sofra recalque, isso acarreta o
ALERTA aparecimento de fissuras, que mais tarde podem colocar
em risco a estrutura e quem está no interior dela.

Além dos elementos citados, existem outras possíveis causas para danos e aci-
dentes ocorridos em fundações ou contenções, entre elas iremos trabalhar com
os seguintes:
a) interpretações equivocadas em sondagens de simples reconhecimento ou
à percussão;
b) presença de blocos de matacões;
c) levantamentos incompletos de estudos do subsolo ou de ensaios tecnoló-
gicos;
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
52

6
CALIBRAÇÃO: d) falta da interpretação correta dos dados levantados pela sondagem;

É o ato de igualar as medidas e) recalques provocados em fundações em estacas pela presença de lama ou
de aparelhos. Deixá-los com terra, sem compactação sob a base da estaca.
medidas uniformes.
Vamos conhecer a partir de agora um pouco mais sobre cada uma delas.
Acompanhe!
7
BLOCOS DE MATACÕES: a) interpretações equivocadas em sondagens de simples reconhecimento
ou à percussão;
São formações rochosas
muito duras que ficam Nesse caso, as inconsistências no amostrador, a falta de calibração6 de alguns
embaixo da terra.
aparelhos ou ainda as execuções de sondagens mal efetuadas, levam à interpre-
tações erradas dos testes realizados no solo. Os erros podem ser até referentes à
classificação do solo existente no local.
b) presença de blocos de matacões;
Algumas vezes, pequenos blocos de matacões7 podem passar a falsa ideia de
que o solo tenha uma resistência alcançada pontualmente em uma dada profun-
didade, muito diferente da realidade do material do terreno como um todo.
Desse modo, o dimensionamento das fundações pode ser feito de forma in-
correta, acreditando–se que o solo possui uma resistência característica maior, o
que é incompatível com a realidade do local. Isso gera recalques por movimenta-
ção do solo que cede, pois não é apto para receber as cargas do projeto, dando
origem às trincas nas paredes.
Além disso, as estacas para execução das fundações podem ser cravadas aci-
ma dos blocos, e devido à força com que são penetradas, podem bater nos blocos
e vir a quebrar.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
53

Sondagem situação real Perfil adotado


Interpretação errada
em

em

em
ag

ag

ag
nd

nd

nd
so

so

so

Matações

Trincas nas paredes

Solo não
suporta a
Fundações executadas carga do
sobre material sem edifício e Recalque
resistência cede

Solo de baixa resistência Camada resistente (rocha)

Figura 31 – Ocorrência de patologias por equívocos de sondagem


Fonte: EQUIPE DE OBRA, 2013. (Adaptado).

c) levantamentos incompletos de estudos do subsolo ou de ensaios tecno-


lógicos;
Nesse caso, deixam de considerar nos projetos e na execução, diversos aspec-
tos de vital importância, como a questão da falta de homogeneidade dos solos,
variações do nível d’água e presença de aterros. Todo levantamento topográfico
deve ser feito com cautela. Portanto, deve-se identificar a existência de outras
fundações no local, ou até mesmo raízes extensas de árvores antigas.

VOCÊ Que a NBR 6484:2001 informa que para constatar o tipo


de solo em um local é necessária a realização da sonda-
SABIA? gem e a elaboração de ensaios específicos?

d) falta da interpretação correta dos dados levantados pela sondagem;


Devido a ações como essa, pode não ser percebida a presença de aterros em deter-
minada profundidade do solo, não se fazendo, portanto, a identificação deste material
que deveria ser diferenciado do terreno natural para evitar a ocorrência de trincas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
54

aterro
corte
perfil natural
Figura 32 – Trincas em fundações assentadas sobre seções de corte e aterro
Fonte: SENAI, 2013.

e) recalques provocados em fundações em estacas pela presença de lama


ou terra, sem compactação sob a base da estaca.
O acesso de água até as fundações e contenções gera instabilidade no solo por
aumento do empuxo no local, devido ao peso da água.

Figura 33 – Desmoronamento de contenções


Fonte: SENAI, 2013.

Aliada a execução das contenções, devem ser construídos


FIQUE dispositivos de drenagem, que evitem o acúmulo de água,
ALERTA para que o solo não sofra sobrecarga nem deformações
devido a empuxos majorados pelo sobrepeso.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
55

Devido a esses fatores, para evitar as patologias em contenções e fundações é


necessária calibragem correta dos materiais de sondagem, realizar os testes em
mais de um ponto do terreno, assim como é indispensável a presença de pro-
fissionais qualificados para acompanhamento e locação dos equipamentos para
realização dos testes e desenvolvimento das fundações e contenções.
Caso isso não ocorra, vimos que ficamos expostos a presença de falhas que
podem gerar desde trincas e fissuras até desabamentos de estruturas, e essas pa-
tologias podem ser fatais à vida humana.

Acompanhamento Uso de materiais


Minimização
de profissionais e serviços de
de patologias!
qualificados qualidade

Figura 34 – Sistema de minimização de patologias


Fonte: SENAI, 2013.

CASOS E RELATOS

Desastres acontecem
No dia 20 de dezembro de 2012, uma catástrofe atingiu a cidade de Soroca-
ba em São Paulo. Sete pessoas morreram devido à queda de um muro res-
ponsável pela contenção em uma fábrica de mais de 100 anos, que estava
sendo reformada para tornar-se um shopping.
Após meses de estudos técnicos, a delegada responsável pelo caso afirmou
que cinco fatores causaram a queda do muro:
a) intempéries - acúmulo da água da chuva no solo, gerando recalques jun-
tamente com a ação dos ventos;
b) idade avançada da estrutura (mais de 100 anos). Retirada dos pontos de
apoio da parede em reforma;
c) vibrações excessivas provocadas pelo movimento contínuo de veículos
e máquinas;
d) ausência de escoramento das paredes.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
56

8
PAREDES PORTANTES: Essa lista de problemas demonstra que muitos foram os erros profissionais
identificados. Não houve o acompanhamento de pessoas qualificadas, fato
São aquelas designadas
em projeto para receber necessário já que o muro de contenção era antigo, e o descaso com a estru-
a incidência de cargas da
construção em alvenaria
tura também foi expressivo. Além disso, já existiam problemas com o solo,
estrutural. no qual a água da chuva acumulada gerou recalques.
Por conta de descuidos como esses, sete vidas foram perdidas. Não pode-
mos permitir mais sinistros como esses na construção civil.
9
LAYOUT: Fonte: SENAI, 2013.
É uma espécie de planta que
esboça o formato de uma
edificação ou estrutura.

3.2 PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS


10
SEGREGAÇÃO:

Refere-se à separação dos A estrutura de uma edificação é formada por conjuntos de elementos que lhe
agregados da argamassa. garantem estabilidade e sustentação. Entre os elementos constituintes da estru-
Nesse caso, separação da
brita ou areia da argamassa. tura de uma edificação estão:
a) lajes;
b) vigas;
NINHOS DE
11

CONCRETAGEM: c) apoios;

São locais com ausência d) pilares;


de argamassa, deixando
as ferragens da estrutura e) fundações.
expostas à atuação de
agentes corrosivos. Esses elementos são projetados para suportar esforços oriundos do seu peso
próprio, sobrecargas e ação dos ventos, assim como resistir à atuação de intem-
péries. Porém, nem sempre isso acontece, principalmente se ocorrer a incidência
de patologias sobre a estrutura.
As patologias que aqui se desenvolvem estão ligadas a problemas na consti-
tuição do concreto e argamassa utilizados, mau dimensionamento de juntas de
dilatação e corrosão das armaduras de aço. A imperícia dos profissionais é uma
das principais fontes dessas patologias.
Nos sistemas especiais, os elementos estruturais são diferenciados, como o caso
da alvenaria estrutural, na qual as patologias encontradas estão ligadas ao mau uso
de blocos, dimensionamento irregular das juntas e a falta de explicação aos usuários
sobre as paredes portantes8 para que eles não façam alterações no layout9 das estru-
turas, quebrando paredes sem consultar os projetos e os profissionais qualificados.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
57

Figura 35 – Demolição inadequada de parede de alvenaria


Fonte: SENAI, 2013.

A NR-18 regulamenta a execução de demolições nos am-


SAIBA bientes. Para conhecer um pouco mais sobre essa norma,
MAIS visite o site MTE do governo. e faça uma pesquisa sobre a
NR-18.

3.2.1 IMPERÍCIA DOS PROFISSIONAIS

A imperícia dos profissionais que executam as estruturas e suas consequências


patológicas podem ser melhor entendidas na sequência.

PROCESSO DA CONCRETAGEM

No processo da concretagem, a imperícia gera ocorrência da segregação10 do


agregado graúdo em relação à argamassa, que mais tarde permite a formação de
ninhos de concretagem11, gerando a exposição das armaduras de aço. A segrega-
ção é originada por transporte irregular em máquinas inadequadas sobre rodovias
esburacadas, falhas no lançamento e adensamento do concreto. O resultado desse
mau procedimento gera imagens semelhantes a demonstrada na figura seguinte.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
58

12
CURA:

Refere-se ao processo de
secagem do concreto para
atingir desempenho de
resistência estipulado em
projeto.

Figura 36 – Ninhos de concretagem


Fonte: SENAI, 2013.

Ao concretar uma laje, o ideal é que o processo se inicie


FIQUE das extremidades até a saída do local, para que depois
ALERTA não haja necessidade de pisar no concreto mole, deixando
marcas e pegadas.

Ainda tratando de concretagem, é substancial que o uso do concreto seja feito


em um intervalo de tempo em que o material não tenha endurecido, perdendo
sua trabalhabilidade. Dessa forma, fica mais difícil o trabalho dos profissionais,
que terão que fazer maiores esforços para abrir a massa na estrutura.
Lembrando que ao utilizar camadas de concreto com tempo de pega diferen-
ciado, o contato entre as superfícies fica prejudicado, elas sofrerão decréscimo de
aderência e a região concentrará tensões.
Posteriormente a esse processo, pode ocorrer descolamento do concreto, dei-
xando a ferragem da estrutura exposta, o que facilita sua corrosão.

Trabalhabilidade

Endurecimento

Decréscimo
de aderência

Figura 37 – Esquema da aderência entre camadas de concreto


Fonte: SENAI, 2013.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
59

Se o lançamento for feito em local rico em impurezas, com presença de óleos


e graxas, também levará a não aderência da argamassa.

Figura 38 – Lançamento inadequado do concreto


Fonte: SENAI, 2013.

Quando o concreto é lançado sem o adensamento e vibrações suficientes,


pode acarretar a formação de heterogeneidade na massa, que facilitam posterior-
mente o aparecimento dos ninhos de concretagem. Os locais onde são formadas
bolhas sofrerão a atuação de agentes corrosivos agressores com maior facilidade.
Outra vertente que gera patologias no concreto das estruturas é a realização
de cura12 inadequada, o que irá resultar no aumento de deformações decorrentes
do fenômeno de retração, gerando posteriormente a fissuração do concreto.

Figura 39 – Fissura por retração no concreto


Fonte: SENAI, 2013.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
60

13
FCK: PROCESSO DE ARMAÇÃO
Refere-se à resistência
característica apresentada
No processo de armação, a imperícia é comprovada com a colocação de arma-
pelo concreto. dura insuficiente na estrutura. Muitas vezes, para economizar tempo e dinheiro
nas obras, alguns profissionais diminuem a quantidade de armadura necessária,
o que minimiza a resistência à tração da estrutura, porém, num futuro próximo
isso acarretará em fissuras.

Em alguns casos, a diminuição do número de armaduras


VOCÊ de um projeto pode ser considerada crime e o profissio-
SABIA? nal responsável pela ideia pode ser preso e pode perder
o seu registro no respectivo conselho.

O que também pode acontecer é a colocação de armaduras de forma invertida


ou com o espaçamento entre barras incorreto. Além disso, é possível que a espes-
sura do cobrimento de concreto sobre as barras seja insuficiente, facilitando o
desgaste do concreto frente às intempéries e agentes corrosivos, que mais tarde
atingirão a armadura deteriorando-a.

Figura 40 – Corrosão devido ao cobrimento inadequado da armadura


Fonte: SENAI, 2013.

PROCESSO DE UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS

No processo de utilização de materiais, a imperícia é vista na adoção de ma-


teriais com resistência característica inferior ao solicitado no projeto, e algumas
vezes com propriedades físico-químicas alteradas, por já estarem passados da va-
lidade ou próximos a vencer. No caso do concreto, algumas vezes são utilizados
com fck13 inferior e no caso do aço, com bitolas menores do que as especificadas
nos projetos.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
61

3.2.2 PATOLOGIAS ORIUNDAS DE OUTRO MEIO QUE NÃO AS


IMPERÍCIAS HUMANAS.

Vamos abordar a partir de agora as patologias oriundas de outros meios que


não as imperícias humanas, observe na sequência.

GERAÇÃO DE FISSURAS OU TRINCAS POR MOVIMENTAÇÃO TÉRMICA

Nesse caso, a variação da temperatura pode gerar a dilatação ou retração dos


materiais. Quando materiais diferentes estão juntos, cada um se dilata de acordo
com seu módulo de elasticidade e, portanto, essa movimentação diferenciada
forma fissuras.
As fissuras também podem ser geradas pela exposição a diferentes intempé-
ries, além da diferença do nível de absorção dessas intempéries, como o caso do
sol em maior incidência sobre as lajes da cobertura em relação às faces internas
da parede de um apartamento.
Os simples fenômenos de dilatação e retração pelo aumento e diminuição
constantes de temperatura podem acarretar a fadiga dos materiais, gerando no-
vamente as trincas e fissuras.

CASOS E RELATOS

André e as fissuras
André mora em uma casa na cidade de Salvador. Ele costuma observar a
rua movimentada da sacada de sua casa durante o dia, já que dali ficava por
dentro de tudo que acontecia no seu bairro.
Certo dia na sua varanda, André percebeu que algumas fissuras estavam
aparecendo na face interna da parede em contato com a laje da cobertura.
Ficou intrigado e resolveu pesquisar em livros sobre patologias das estru-
turas, o motivo daquela fissura em sua parede.
Na biblioteca do SENAI, André teve acesso ao livro de Processos Constru-
tivos e viu que havia um capítulo sobre patologias das estruturas. Ansioso
pela sua resposta, imediatamente abriu o livro e encontrou a solução que
procurava.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
62

14
CAPILARIDADE:

É a propriedade que a água


possui de subir em paredes
ou estruturas a partir do
solo.

Figura 41 – Fissura por dilatação térmica da laje da cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

Ele percebeu que a fissura era decorrente da dilatação térmica provocada


pela maior incidência solar na laje da cobertura em relação à face interna
da parede de sua casa.
Contente com os resultados, André consultou um técnico credenciado que
morava por ali, e juntos buscaram soluções para aquele tipo de patologia
desenvolvido no local. Os dois formaram uma dupla que passou a ajudar as
pessoas que apresentaram problemas semelhantes naquele bairro.

GERAÇÃO DE FISSURAS POR UMIDADE

Nesse caso, o umedecimento em excesso dos materiais durante a fabricação e


durante o processo construtivo da edificação, pode gerar patologias nos elementos
estruturais a partir de fenômenos meteorológicos e do processo de capilaridade14
da água presente no solo.
O excesso de umidade leva a expansão de alguns materiais que logo em seguida
sofrem contração após evaporação da água absorvida. A partir desse processo, po-
dem ser visualizadas variações no volume de concreto, dilatações de blocos e cerâmi-
cas, que em um dado momento podem acarretar a fissura dos elementos estruturais.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
63

Figura 42 – Deterioração na estrutura decorrente da umidade


Fonte: SENAI, 2013.

GERAÇÃO DE FISSURAS PELA ATUAÇÃO DE SOBRECARGAS

Quando os elementos estruturais são submetidos a cargas superiores às deli-


mitadas no projeto, eles sofrem fissuração. Essas fissuras podem ocorrer nas vigas
e lajes submetidas à flexão ou à torção.
O aumento dessas fissuras permite a exposição da armadura a agentes cor-
rosivos, provocando a deterioração da estrutura. Observe, na figura seguinte, o
aparecimento desse tipo de fissura.

Figura 43 – Esquema de fissuras de cisalhamento em viga sob flexão


Fonte: SENAI, 2013.

Agora perceba o tipo de fissura que pode ser ocasionada por torções nos ele-
mentos da estrutura em destaque.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
64

15
JUNTA SECA:

É uma expressão utilizada


para designar as brechas
que ficam na alvenaria, por
falta de argamassa ligante
entre os blocos.

16
JUNTA SOBRE JUNTA:

Refere-se às paredes em
alvenaria em que os blocos,
assim como as juntas ficam
em linha reta, ou seja, um Figura 44 – Esquema de fissuras em viga sob torção
abaixo do outro. Fonte: SENAI, 2013.

3.3 VEDAÇÕES

As patologias ocorrem aqui principalmente pela transferência de carga dos


elementos estruturais para a parede de vedação, geralmente alvenaria, acarretan-
do a deformação do sistema.
Sobrecarga

Sobrecarga

Sobrecarga
Sobrecarga

Sobrecarga

Sobrecarga

Parede de vedação

Figura 45 – Sobrecarga nas paredes de vedação


Fonte: SENAI, 2013.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
65

Cuidado com o uso de blocos já fissurados nas paredes de


FIQUE vedação em alvenaria. Além de comprometer a qualidade
da obra, os blocos podem trincar e mais tarde gerar o des-
ALERTA colamento da parede, que pode cair sobre alguém causan-
do danos.

As consequências da exposição das paredes às sobrecargas são as formações


de trincas e possível rompimento dos blocos de cerâmica. A segunda situação
pode gerar o descolamento da parede, já que os blocos ficam rompidos na estru-
tura.

Figura 46 – Bloco cerâmico quebrado por sobrecarga


Fonte: SENAI, 2013.

Outro tipo de patologia é desenvolvido quando a vedação é feita por paredes


de alvenaria e essas são dotadas de junta seca15 ou junta sobre junta16. Isso é ruim,
pois para o caso das juntas secas, a infiltração atinge facilmente a parede.
Agora observe a figura seguinte e perceba este acontecimento em paredes de
alvenaria.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
66

17
CONTRAVERGAS:

São elementos estruturais


localizados acima das
janelas. São espécies de
vigas de sustentação.

Figura 47 – Junta seca na parede de alvenaria


Fonte: SENAI, 2013.

Para o caso das juntas sobre juntas, no momento em que ocorrer fissuração
em apenas uma junta da alvenaria, essa facilmente se disseminará por outras jun-
tas adjacentes da parede.

Figura 48 – Esquema de juntas sobre juntas em paredes de alvenaria


Fonte: SENAI, 2013.

Assim como nos elementos estruturais, as vedações estão sujeitas ao apareci-


mento de patologias ligadas às variações térmicas, que geram dilatação e retra-
ção em paredes, causando fissuras e trincas.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
67

Igualmente às estruturas, quando materiais diferentes estão juntos, cada um


se dilata de acordo com seu módulo de elasticidade e, portanto, essa movimen-
tação diferenciada forma fissuras. Esse é o exemplo das argamassas de chapisco,
emboço e reboco em relação aos blocos de cerâmica da alvenaria nas vedações. A
variação da temperatura pode gerar a dilatação ou retração dos materiais.

Para usar argamassa no assentamento e revestimento de


SAIBA paredes e tetos, é preciso que atendam aos requisitos de
variação dimensional (retratação ou expansão linear) espe-
MAIS cificadas pela NBR 15261:2005. Fique por dentro do assunto
consultando a ABNT.

Outra ocorrência de fissura em paredes acontece quando, ao invés de utilizar


as contravergas17, faz-se opção por contornar os vãos com quadros de concreto
armado. O que acontece é que as fissuras, ao invés de aparecerem a partir dos
vértices da janela, passam a desenvolver-se a partir dos vértices do quadro de
concreto armado.
A construção de contravergas de pequeno comprimento, ou seja, de pouco
transpasse nas laterais dos vãos das aberturas ou mesmo a utilização de contra-
vergas que não são contínuas, não produz uma eficiente distribuição de cargas,
trazendo, como consequência, destacamentos nas paredes o aparecimento de
fissuras na região central do vão da janela.

Figura 49 – Esquema de fissuras por subdimensionamento de vergas e contravergas


Fonte: SENAI, 2013.

Ainda nesse patamar, paredes com grandes vãos ou de pequena espessura,


ou ainda que apresentam muitas aberturas, exibem frequentemente fissuras e
destacamentos quando não são dotadas de juntas de movimentação.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
68

EXPANSÃO
18

HIGROSCÓPICA:

Refere-se à dilatação do
material por meio da
absorção de água.

Figura 50 – Esquema de fissuras verticais em paredes longas sem juntas de dilatação


Fonte: SENAI, 2013.

Outro tipo de fissuração pode ocorrer quando uma parte da parede de alve-
naria, geralmente a parte em contato com o chão, fica sujeita a mais umidade por
capilaridade que as outras partes do sistema, como no caso o topo.
Os blocos inferiores sofrem expansão higroscópica18 ao absorver a umidade em as-
censão, gerando a fissuração horizontal da fiada de alvenaria em contato com o solo.

Que a absorção de água nas fiadas inferiores das alve-


VOCÊ narias, causadoras de patologias fatais à estrutura, pode
SABIA? ser evitada por simples processo de impermeabilização
do piso, antes da marcação da alvenaria?

Figura 51 – Esquema de fissuras horizontais por expansão higroscópica na alvenaria


Fonte: SENAI, 2013.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
69

3.4 REVESTIMENTOS

Podem ser utilizados diversos tipos de revestimentos nas construções. Entre


eles podemos citar o gesso, argamassa convencional e pastilhas cerâmicas. Esses
três tipos de materiais sofrem patologias constantes e alguns cuidados devem ser
tomados para que essas falhas não se propaguem, comprometendo a construção.
Vamos tratar aqui das patologias causadas pela má aplicação dos revestimentos.

3.4.1 GESSO

O gesso é um tipo de revestimento utilizado em áreas quentes, onde não há


passagem de água. Esse tipo de revestimento pode ser executado projetado me-
canicamente ou por massa lisa aplicada manualmente.
Para conseguir a qualidade máxima deste revestimento, é necessário que a
superfície de contato, nesse caso a parede, esteja isenta de pó, graxas, óleos ou
qualquer outro tipo de material que interfira na adesão do gesso à parede.
No momento em que o gesso é combinado com o aço carbono, ele sofre cor-
rosões imensuráveis. Portanto, faz-se necessário um tratamento cauteloso nos
ambientes em que essa dualidade (gesso x aço carbono) ocorra. Por conta disso,
toda superfície que contenha aço ou ferragens em geral deve ser previamente
tratada com zarcão, um composto químico oleoso utilizado na construção civil
como anticorrosivo para que manchas amarelas não surjam pontualmente no lo-
cal aplicado.

Figura 52 – Corrosão pontual


Fonte: SENAI, 2013.

Mas como resolver o problema, caso não tenha sido possível evitá-lo? No caso
em que essas manchas amarelas já tenham ocorrido, o ideal é retirar o gesso da
superfície com espátulas ou ferramentas que consigam quebrar o revestimento
até chegar ao ponto metálico causador do problema. Em seguida, deve-se raspar
o metal com lixas apropriadas e tratar com zarcão. Porém, se o material metálico
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
70

for um prego ou algo desnecessário a superfície, a melhor opção para anular o


reaparecimento da patologia é removê-lo.
Para evitar que as faces internas das paredes da fachada fiquem com largas
manchas amarelas e corroídas, antes de iniciar a execução do gesso, a atividade
de rejuntamento de fachada em pastilha cerâmica deve ser concluída, pois assim
a água da chuva não penetra na fachada, umedecendo a face interna da parede
com gesso, provocando as manchas e a consequente corrosão.

Figura 53 – Manchas nas faces internas em parede de gesso


Fonte: SENAI, 2013.

As manchas amarelas desencadeadas nesse processo só saem quando o foco


da infiltração é encontrado e tratado. Depois dessa etapa o gesso deve ser raspa-
do e posteriormente deve ser impermeabilizado, para que o processo de umida-
de não ocorra novamente, gerando retrabalho.

Figura 54 – Infiltração em parede com gesso


Fonte: SENAI, 2013.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
71

Em sua maioria, as patologias acontecem por descuido


FIQUE na execução de serviços e geram retrabalhos onerosos na
ALERTA construção, já que a mão de obra é paga para executar os
serviços e depois para consertá-los.

Com esses cuidados, você consegue obter um resultado excelente como de-
monstra a próxima figura.

Figura 55 – Parede de gesso sem patologias


Fonte: SENAI, 2013.

Fique atento a esta e outras dicas e seja um profissional diferenciado no mercado.

3.4.2 ARGAMASSA

O revestimento com argamassa é geralmente usado nas fachadas e paredes


internas das edificações em áreas quentes, como quartos e salas que não pos-
suem sistemas de passagem de água em evidência.
No processo chapisco-emboço-reboco que constituem as etapas de revesti-
mento em argamassa, pode ocorrer o aparecimento de patologias. As mais co-
muns estão ligadas ao aparecimento de fissuras, mofo e deslocamento de pasti-
lhas cerâmicas.

Consulte a ABNT NBR 13281:2005 sobre os requisitos da cons-


SAIBA tituição de argamassa para assentamento e revestimento de
paredes e tetos junto a ABNT e saiba mais sobre as exigências
MAIS de elaboração desse tipo de revestimento para evitar patolo-
gias.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
72

20
EXSUDAR: Em muitos casos, as fissuras no revestimento de argamassa são decorrentes de
erros traço da mistura. Muitas vezes é adicionado muito cimento na massa, e por
Emitir, exalar em forma de
gotas ou de suor. conta disso a mesma enrijece, perdendo sua elasticidade. A partir daí, surgem as
fissuras por falta de dilatação do revestimento ao ser submetido a intempéries e
esforços contínuos. A argamassa sofre retração.
21
DESAGREGAÇÃO: Assim como ao adicionar muita água na mistura de argamassa, a mesma perde
suas características específicas. A água tende a exsudar20 com o tempo, levando
É o mesmo que
descolamento do consigo alguns componentes minerais importantes para a manutenção de resis-
revestimento em relação à tências características do revestimento, fazendo também com que os agregados
estrutura.
deixem de se unir. Portanto, a argamassa perde sua resistência à tração.

22
IMPERMEABILIZAÇÃO:

É o processo de tornar um
local estanque à água, a
partir do uso de materiais
específicos.

Figura 56 – Fissura em argamassa


Fonte: SENAI, 2013.

Para que essas patologias não se desenvolvam, é necessário que profissionais


qualificados elaborem os traços da argamassa conforme previsto nas especifica-
ções do fabricante e de acordo com as normas técnicas da ABNT.
O correto armazenamento da argamassa é outro fator imprescindível para
manter a integridade eficiente da mistura, portanto, não se deve armazenar a ar-
gamassa em local desprotegido. Ela deve ser rodada em formas de alumínio (se o
preparo for manual), para que não se misture com as impurezas do chão e modi-
fique as propriedades da argamassa.
Se a argamassa for rodada mecanicamente, deve-se atentar para a existência
de outros materiais, ou restos de argamassa antiga no interior das máquinas, esse
é o caso também das argamassas projetadas.

Ácidos, como sulfatos, podem gerar corrosão da argamassa e


FIQUE armaduras, caso se misturem com esses materiais. Isso pode
ALERTA ocorrer a partir do contato da argamassa com o chão ou res-
tos de outras misturas no interior de máquinas de rodagem.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
73

Quando os revestimentos de argamassas contém expressiva quantida-


de de material argiloso na sua composição, a probabilidade de expandir-se e
retrair-se repetidas vezes produzindo fissuras é aumentada. Isso faz com que se
torne possível a infiltração de umidade, gerando uma desagregação21 do reves-
timento.
Essa desagregação se converte em falhas nas paredes, pois o reboco, chapisco
e emboço se descamam e vão soltando até desencapar partes maiores do reves-
timento, dando um ar de instabilidade a estrutura.
A partir dessa desagregação, muitas vezes é possível enxergar até os blocos de
vedação que ficam expostos. É majorado o risco de permitir que a água e a umida-
de atinjam as ferragens se tornando problemas graves à estrutura.

Figura 57 – Desagregação expressiva da argamassa


Fonte: SENAI, 2013.

A desagregação da argamassa numa parede pode começar


SAIBA pequena, mas muitas vezes pode tomar grandes proporções.
MAIS Não espere ver para crer! Consulte na internet, sites conten-
do manuais técnicos de fabricantes credenciados.

Quando a estrutura não é bem impermeabilizada, ou até mesmo quando o


coeficiente de absorção de umidade da argamassa é elevado, aparecem manchas
no revestimento que são conhecidas como mofo.
Nesse caso, devemos identificar o foco da umidade e retirar a parte atingida
do revestimento. O foco e o local do revestimento devem ser tratados com im-
permeabilização22.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
74

JUNTAS DE
23

MOVIMENTAÇÃO E
ASSENTAMENTOS:

São as juntas horizontais e


verticais que possibilitam
a movimentação das
cerâmicas quando sofrem
dilatação.

JUNTAS DE
24

DESSOLIDARIZAÇÃO:

Figura 58 – Aparecimento de mofo em argamassa


São aquelas localizadas nos
Fonte: SENAI, 2013.
encontros entre paredes, ou
seja, nas quinas.

CASOS E RELATOS

O mofo e a aluna observadora


Flávia assistiu a uma aula sobre patologias no curso técnico do SENAI e re-
solveu observar uma parede que continha mofo, no seu quarto. A parede
era de alvenaria e recoberta por argamassa.
Como ela prestou bastante atenção na professora, lembrou-se que existia
um foco de umidade, e que esse deveria ser tratado antes de fazer uma
nova pintura no local, mas, para isso, um técnico deveria avaliar a estru-
tura previamente.
Flávia chamou o técnico, que identificou que a parede absorvia muita
água em períodos de chuva. Portanto, ele e sua equipe retiraram o re-
boco da parede, adicionaram material impermeabilizante, refizeram o
revestimento e pintaram a parede novamente.
O quarto de Flávia ficou bonito mais uma vez, e ela ficou satisfeita com os
resultados da aprendizagem alcançados.

3.4.3 PASTILHAS CERÂMICAS

Geralmente, o aparecimento de patologias atuantes em revestimento de pas-


tilha está ligado à argamassa. As pastilhas podem sofrer deslocamento por falta
de juntas de movimentação e assentamento ou dimensionamento incorreto des-
sas juntas.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
75

Que, com o passar do tempo, o aparecimento de pato-


VOCÊ logias em revestimentos pode ser muito oneroso? Às
vezes as pastilhas saem de fabricação e para o ambiente
SABIA? não ficar desigual, todas tem que ser trocadas, e isso é
muito caro não é mesmo?

Quando as juntas de movimentação e assentamento23 não são adotadas em


um revestimento cerâmico, com a incidência do sol e aparecimento de intem-
péries as pastilhas tendem a se soltar, pois o alívio de tensões na estrutura não é
permitido, já que as juntas não existem.
Desse modo, não existindo espaço entre peças cerâmicas adjacentes, ao so-
frer dilatações as pastilhas irão se descolar ou racharão por não terem espaço
para se expandir.

Figura 59 – Descolamento de revestimento cerâmico


Fonte: SENAI, 2013.

Fique atento às instruções dos fabricantes, pois eles são os responsáveis por
determinar a espessura de dilatação e assentamento das argamassas de rejunta-
mento, uma vez que eles fazem um estudo junto às normas técnicas brasileiras
e ensaios para uso desse tipo de material, garantindo o melhor aproveitamento
das misturas.

Toda argamassa de rejuntamento deve vir acompanhada de


SAIBA manuais de instruções, que geralmente estão acoplados à
MAIS embalagem que a contém. Visite sites de fabricantes de arga-
massa e descubra mais sobre o passo a passo dos manuais.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
76

25
CP III: No caso das patologias em pastilhas geradas por mau dimensionamento das
juntas de dessolidarização24, é comum ocorrer descolamento de pastilhas nos en-
É a abreviação de Cimento
Portland Classe III. É uma contros entre paredes, ou seja, nas quinas. Nesse caso, como as juntas responsá-
classe especial de cimento
resistente à corrosão por
veis por minimizar o tamanho das bases ou do próprio revestimento foram mal
sulfatos e possui alta dimensionadas, ou não existem, as pastilhas tendem a cair ou fissurar.
impermeabilidade.
O ideal aí é o dimensionamento correto, a partir do que foi recomendado pe-
los fabricantes e profissionais qualificados, combinando sempre com as necessi-
dades do tipo de construção local.
26
CP IV:

É a abreviação de Cimento
Portland Classe IV. Essa
classe de cimento é mais
resistente ainda a ácidos
corrosivos e possui maior
resistência aos efeitos de
altas temperaturas (calor).

Figura 60 – Descolamento de cerâmica em fachada


Fonte: SENAI, 2013.

Para assentamento de pastilha, devemos utilizar profis-


FIQUE sionais qualificados, pois apenas eles saberão utilizar os
equipamentos corretos e conhecerão a dosagem correta
ALERTA de argamassa, a partir das solicitações do fabricante e pro-
cesso construtivo.

Outra forma de patologia nos revestimentos em cerâmica, também visível em


paredes, é a eflorescência. Esse problema é oriundo de um processo químico de
reação da água com cimento, ou outro tipo de material que contenha cálcio, po-
tássio, magnésio ou sódio.
Nesse caso, quando o cimento entra em contato com a água é gerado hidró-
xido, geralmente hidróxido de cálcio, que ao entrar em contato com o carbono
presente no ar, se transforma em um sal carbonato a partir de uma nova reação
química.
Esse processo também pode ocorrer a partir da presença de água contaminada
com ácidos, ou seja, de baixa pureza. Em alguns locais, a concentração desse sal é tão
grande que se formam placas cristalizadas de grande expressividade no ambiente.
A eflorescência não ataca somente as pastilhas cerâmicas, mas também paredes
com revestimento em argamassa, ou outros materiais em que haja rejuntamento
com esse tipo de material. Observe na figura seguinte essa patologia nas cerâmicas.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
77

Figura 61 – Eflorescência em cerâmica


Fonte: SENAI, 2013.

Perceba na imagem a seguir esse mesmo evento em paredes.

Figura 62 – Eflorescência em paredes


Fonte: SENAI, 2013.

Neste caso, uma solução é utilizar argamassa com baixo teor de cálcio (CP III25
ou CP IV26), para evitar a formação de hidróxidos. Aliado a isso, deve-se realizar
a impermeabilização da superfície antes de aplicar o revestimento para evitar o
acúmulo de água nas paredes, inibindo as reações de formação desses sais.

3.5 COBERTURAS

Inclusas entre os tipos de patologias que atacam as coberturas estão aquelas


geradas em telhas cerâmicas, e deficiência em impermeabilização dos telhados.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
78

As patologias desencadeadas variam entre fissura das telhas, aparecimento de


musgos e fungos, acúmulo de água, presença de goteiras, infiltração, entre outros.
É visível que a umidade está sempre presente nas patologias em coberturas.
Vamos listar os problemas encontrados nesse tipo de sistema construtivo e algu-
mas formas de tratá-los.

Os problemas com infiltração nas coberturas são fáceis


FIQUE de serem encontrados e tratados, desde que seja voltada
a atenção para o problema no início de aparecimento do
ALERTA mesmo. Não deixe a patologia agravar para tratá-la. É mui-
to mais oneroso!

3.5.1 INFILTRAÇÃO NOS TELHADOS

O foco do problema está na água da chuva. Geralmente, as calhas e tubula-


ções de escoamento superficial apresentam vazamento ou ficam obstruídos na
presença de folhas e dejetos. Portanto, a água passa a infiltrar no telhado, geran-
do formação de poças que mais tarde podem causar o aparecimento de musgos
nas telhas e mofos no teto da construção.
Algumas pessoas têm reações alérgicas fortes quando em presença de mofo e
umidade, por isso, essa é uma patologia preocupante já que pode abalar o siste-
ma imunológico das pessoas.
Esse tipo de patologia é facilmente detectado, pois a coloração acentuada dos
musgos e mofos se destacam nos tetos e telhados. O foco do problema torna-se
de fácil visualização, e realizar o tratamento para algo tão visível é mais rápido.

Figura 63 – Musgo em telhas


Fonte: SENAI, 2013.

Observe a seguir como o problema é visto do interior do cômodo.


3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
79

Figura 64 – Mofo em teto


Fonte: SENAI, 2013.

Outro item que tem bastante influência na geração de mofo nas coberturas é
o fato das telhas serem frágeis e sob algum impacto ou movimentações sofrerem
fissuras, chegando até mesmo a quebrar. Decorre daí a infiltração nesses locais,
gerando mofo.
Os vazamentos que geram mofos nos tetos são mais fáceis de encontrar para
serem tratados, pois, logo no primeiro momento em que a chuva ocorre forman-
do poças, as mesmas ficam evidenciadas nos forros ou tetos.
Para tratar o problema, ao identificar o local com vazamento nas calhas ou
tubulações, devemos observar se a falha foi oriunda de uma solda incompleta ou
que está solta, e refazê-la, se for o caso.

3.5.2 TRANSBORDAMENTO DE CALHAS

O que também pode ocorrer é o transbordamento das calhas, que por serem
dimensionadas com pequenas seções não suportam chuvas intensas. A água es-
corre e gera os problemas de infiltração. Nesse caso, deve-se trocar a calha por
outra de diâmetro maior.
Se a origem do transbordamento for apenas a obstrução da calha, deve-se
apenas limpá-la.

Os diâmetros das calhas para um telhado são previstos em


SAIBA normas regulamentadas pela ABNT. Verifique a ABNT NBR
10844:1989 e saiba mais sobre o dimensionamento de calhas
MAIS para telhados, para evitar o surgimento de patologias por
mau dimensionamento.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
80

Figura 65 – Calha obstruída


Fonte: SENAI, 2013.

3.5.3 DESCOLAMENTO NO REBOCO POR DILATAÇÃO DAS CALHAS

Esse é um dos poucos tipos de patologias em coberturas que não é causado por
umidade. Nesse caso, quando a calha fica em contato direto com a alvenaria, por
apresentarem coeficientes de dilatação diferenciados, ocorre o descolamento de
parte da parede no momento em que a calha se expande sob influência do calor.

3.5.4 DESLOCAMENTO DE TELHA POR FENÔMENOS NATURAIS

Em regiões com rajadas fortes de ventos, é comum que as telhas se descolem,


facilitando os processos de infiltração por água da chuva. Muitas vezes, as telhas
se descolam e não são percebidas, outras vezes o volume de telhas descolada é
muito grande e torna-se mais fácil a percepção do problema.
Nesse caso, também ocorre infiltração seguida de manchas em tetos ou forros
e a substituição das telhas descoladas deve ser realizada o quanto antes, pois isso
evita que poças grandes de água se formem, irradiando por toda a cobertura.

Que é recomendado que as telhas sejam amarradas com


VOCÊ arame, fios de cobre ou aço galvanizado para evitar seus
SABIA? deslocamentos e formação de ferrugem no local? Isso
também evita a corrosão dos elementos do telhado.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
81

Figura 66 – Deslocamento de telhas


Fonte: SENAI, 2013.

3.5.5 VAZAMENTOS E GOTEIRAS

Os vazamentos e goteiras podem ser gerados pela adoção de caimentos ina-


dequados nos telhados. Esses caimentos são determinados por norma e, a partir
de recomendações dos fabricantes, eles dependem do local em que o telhado
está situado, assim como as características climáticas da região.
O caimento exagerado pode fazer com que as telhas se desprendam em dire-
ção ao chão por efeito gravitacional, isso provoca o aparecimento de vazamentos
e goteiras. Telhados com muito pouco caimento podem sofrer acúmulo de água
em determinadas telhas, desencadeando a formação de goteiras. Essas goteiras
e vazamentos são preocupantes quando atingem fiações elétricas e aparelhos
domésticos ou industriais que utilizem da eletricidade.

Figura 67 – Caimento inadequado X Caimento adequado do telhado


Fonte: UFMG, 2013 (Adaptado).
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
82

3.5.6 PROBLEMAS ORIUNDOS DA FABRICAÇÃO DE TELHAS

No processo de fabricação, as telhas podem apresentar patologias como o ex-


cesso de porosidade ou peças com dimensionamento incorreto, ou seja, desigual
às demais. O correto a ser seguido é realizar impermeabilização das peças com
verniz e quando colocar as amarrações vedá-las com silicone. Desse modo, evita-
-se a ocorrência de vazamento e o aparecimento de musgos, bolor e mofos nos
telhados, assim como ocorrência de goteiras no interior das construções.

Figura 68 – Goteiras
Fonte: SENAI, 2013.

CASOS E RELATOS

Érica e as goteiras
No quarto de Érica, havia algumas goteiras que tiravam o sono da garota
há dois dias. Seus pais já não sabiam mais o que fazer. Já tinham colocado
vários baldes, mas como a chuva não parava, era perigoso subir no telhado
para verificar a origem do problema. Depois que a chuva passou, os pais de
Érica contrataram um profissional qualificado, chamado João, para verificar
o problema no telhado. Uma vez em cima do telhado, ele desconfiou que o
problema era motivado pela obstrução das calhas, a partir do acúmulo de
folhas no local.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
83

Após limpar tudo e jogar água com uma mangueira para verificar se a solu-
ção encontrada estava correta, João percebeu que se equivocou na análise
da patologia, pois as goteiras continuavam. Então, João lembrou-se que o
problema poderia ser gerado por características alteradas na composição
das calhas, fazendo com que elas estivessem muito porosas. Em seguida,
ele levou uma amostra do material para realizar os testes baseados nas nor-
mas em vigor, para detectar se o problema era realmente esse.
Depois de alguns dias, foi confirmado o veredito! As telhas estavam muito po-
rosas. Como solução, João recomendou a impermeabilização das telhas com
verniz. Logo, mesmo com chuvas fortes, as goteiras sumiram do quarto de Érica.

O ideal para tratar as patologias nas coberturas é observar a origem do proble-


ma. A causa dessas patologias geralmente é a ação de intempéries, principalmen-
te a água da chuva. É perceptível que as falhas humanas, como elaboração de
telhas cerâmicas com alto índice de porosidade pode causar patologias graves,
como infiltração e formação de goteiras.
É importante observar o que diz a norma sobre o dimensionamento dos ele-
mentos de um telhado, assim como a recomendação dos fabricantes, para evitar
o surgimento de problemas nas coberturas.

3.6 INSTALAÇÕES

Banheiro interditado, mau cheiro exalando, água vazando por todos os lados,
falta de energia elétrica, chuveiro que não esquenta e choque elétrico, são alguns
dos sintomas das patologias nas instalações.
Mas, por que eles ocorrem com tanta frequência? É o que veremos neste ca-
pítulo.
Às vezes, os problemas começam por falta de manutenção. Outras vezes, por
mau uso. Mas, em certos momentos, os problemas estão ligados às falhas no proces-
so construtivo, daí fica mais complicado e perigoso, pois falhas nas instalações elé-
tricas podem provocar choques que levam a morte de milhares de pessoas por ano.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
84

27
PERCOLAR:

É o ato da água se mover no


espaço subterrâneo.

Figura 69 – Choque elétrico


Fonte: SENAI, 2013.

Para tratar desses problemas, vamos dividi-los nos seguintes tópicos e abordar
cada um deles pontualmente, mostrando possíveis soluções e formas de evitar
que essas patologias se propaguem nas construções:
a) patologias em instalações hidráulicas (pontos de água fria ou quente);
b) patologias em instalações elétricas;
c) patologias em instalações de esgoto;
d) patologias nas instalações de gás.
Acompanhe na sequência cada uma delas em detalhes.

3.6.1 PATOLOGIAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

Os problemas aqui encontrados estão geralmente ligados às falhas nos proje-


tos. Olhando a construção como um todo, as falhas podem ser identificadas já no
início da instalação dos tanques e reservatórios.
Alguns tanques possuem tampas que facilitam o acesso de água da chuva
contaminada no seu interior. Outras vezes, não são fechados o suficiente para
evitar a entrada de elementos e corpos estranhos na sua parte interna.
O profissional responsável pela execução da obra e colocação dos reservató-
rios mal dimensionados deve ser acionado, para que, com a ajuda de pessoas
qualificadas, troque as tampas por outras que satisfaçam a necessidade de isola-
mento do reservatório ou tanque como um todo, evitando o acesso de substân-
cias indesejadas nesses itens.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
85

Algumas tampas de tanques já deterioradas permitem o


FIQUE acesso de animais e insetos como ratos, pombos e baratas.
ALERTA Esses seres vivos podem morrer dentro do tanque e trans-
mitir doenças prejudiciais à saúde humana.

Em alguns momentos, os reservatórios enterrados são construídos em nível


mais alto que o da tubulação de abastecimento que vem das ruas, demorando mais
a encher e receber água. Assim como em alguns casos, os sistemas de reservatórios
não conseguem abastecer todos os ambientes das construções ao mesmo tempo,
por problemas de subdimensionamento da vazão adotada no conjunto.
Um problema bastante comum ocorre quando são adotadas tubulações de
plásticos em locais com exposição a intempéries e agentes danosos. Neste caso,
as tubulações podem sofrer rompimento, gerando grandes vazamentos.
Os vazamentos também ocorrem quando são adotadas tubulações com di-
âmetro inferior ao solicitado em projeto, fazendo com que os tubos se rompam
com o tempo e pressão da água.
É fácil perceber que a ocorrência dessas patologias gera desperdício de água
imensurável, assim como ônus aos proprietários do ambiente que terão que pa-
gar pela água derramada.
Ainda nesse patamar, se as tubulações estiverem enterradas e houver desloca-
mento de terra, é possível que o efeito gere o descolamento de canos adjacentes,
gerando vazamento. Por falha humana, as conexões das tubulações podem ser
colocadas com folga e com o tempo podem se soltar, o que também irá permitir
que a água escoe para fora das tubulações, causando grandes transtornos.
Quando as tubulações necessárias a um local são extensas e, portanto, preci-
sam de vários tubos interligados para vencer aquela extensão, são realizadas jun-
tas de ligação entre os tubos. Para garantir que esse sistema fique coeso, alguns
profissionais acreditam que devem colocar uma grande quantidade de adesivo
plástico interligando as tubulações. Porém, isso pode prejudicar os tubos, visto
que há presença de solventes nos adesivos capazes de comprometer a camada
da tubulação de PVC, deixando-a mole, fácil de ser corrompida e suscetível a ação
de agentes externos.
Por defeito de fabricação, ou por alto nível de exposição ao calor, as tubula-
ções podem trincar e dessas trincas poderá ser observado vazamento de água.
Até as piscinas podem apresentar rachaduras no piso e a água pode facilmente
vazar27 pelo solo.
Para que essas patologias não se propaguem, é necessário o uso de peças in-
cluindo tubulações, acompanhadas de selos de qualidade, que sejam reconheci-
das no mercado. Em sua maioria, as soluções encontradas para tratar essas pato-
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
86

28
CASAS DE BOMBA: logias baseiam-se na substituição dos elementos que apresentam problemas por
outros de melhor qualidade, sem a presença de danos.
São edificações próprias
para abrigar as bombas,
protegendo-as contra
agentes externos.

Figura 70 – Vazamento de tubulação de água


Fonte: SENAI, 2013.

Outro problema a ser observado nas instalações de água é o mau funciona-


mento das válvulas de descarga e registros das torneiras e chuveiro.
Muitas vezes, esses materiais vêm quebrados de fábrica e, em outros casos, os
materiais utilizados são frágeis e quebram rapidamente, considerando ainda que
existe a possibilidade do mau uso do consumidor. O ideal é ler as instruções do
fabricante e testar as válvulas e torneiras assim que instalá-las, isso evita desper-
dício de água.
Em alguns casos, as casas de bomba28 são subdimensionadas para atender
toda a quantidade de elementos constituintes do sistema, portanto são adotados
registros de fechamento incompatíveis com a necessidade do conjunto.
Em outros casos, a casa de bomba é instalada em nível superior ao fundo do
reservatório, o que não permitirá que a bomba fique totalmente afogada, im-
pedindo o seu bom funcionamento. Decorre disso o esforço superior ao que a
bomba foi projetada para suportar, portanto, com o passar dos dias, a bomba irá
propagar ruídos, vibrações e posteriormente irá queimar.
Ocorre ainda nesse item a atuação dos golpes de aríete. Esse fenômeno refere-
-se às mudanças bruscas de pressão nas tubulações devido a problemas internos
ou externos, como por exemplo, a queda de energia que para imediatamente o
funcionamento das bombas e cessa o escoamento de água que estava aconte-
cendo nas tubulações, retornando a forte energia logo em seguida; o que pode
levar até mesmo a danos físicos nas tubulações.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
87

Figura 71 – Danos gerados por golpes de aríete em juntas


Fonte: SENAI, 2013.

O ideal para trabalhar com sistemas hidráulicos é a escolha de bons profis-


sionais que conheçam os materiais que estão utilizando e saibam os processos
envolvidos na execução dos sistemas de água.
É muito importante a compatibilização das plantas estruturais e arquitetôni-
cas com as plantas hidrossanitárias, pois, sem isso, erros de dimensionamento e
execução dos projetos irão continuar ocorrendo.
Devemos também fazer inspeções nos sistemas hidráulicos assim que instala-
dos, para evitar que problemas na fabricação dos elementos proporcionem vaza-
mentos com consequente desperdício de água.
Fora isso, os fabricantes e as construtoras geralmente recomendam que seja
efetuada a manutenção preventiva nos elementos constituintes dessas instala-
ções, variando de seis meses a um ano, para evitar a propagação de patologias.

3.6.2 PATOLOGIAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Assim como em instalações hidráulicas, muitos dos problemas aqui encontra-


dos estão ligados às falhas no projeto e execução. A imperícia de certos profis-
sionais também contribui para desencadear patologias nas instalações elétricas.

SAIBA Para os profissionais que se interessam em trabalhar com


eletricidade, é recomendado o conhecimento da NR-10. Dis-
MAIS ponível no site governamental do MTE.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
88

29
PONTOS DE LUZ: Durante a execução da parte elétrica nas obras, os problemas que mais tarde
se transformam em patologias são logo evidenciados:
São os pontos marcados
para saída de fiação de a) após subir as paredes de vedação ou estruturais;
recebimento das lâmpadas.
b) por falta de acompanhamento dos profissionais da parte elétrica, os pontos
de luz29 deixam de ser marcados e as paredes têm que ser quebradas;
30
CAIXINHAS 4X2”: c) após a execução dos revestimentos. Isso é retrabalho e traz bastante ônus
a obra.
São aquelas que recebem
os interruptores de apagar e Assim, ao esquecer de marcar os locais para colocação de caixinhas 4x2”30, to-
acender lâmpadas.
madas e quadros de luz31, torna-se necessário quebrar a parede para a passagem
brusca das fiações, o que é muito peculiar se as paredes forem estruturais e já
estiverem totalmente levantadas.
31
QUADRO DE LUZ:

É o local em que ficam


todos os interruptores
de comando principal da
edificação.

32
GAMBIARRAS:

São fiações criadas para


suprir necessidades
urgentes de ligação de
aparelhos elétricos.

Figura 72 – Pontos das tomadas efetuados após conclusão da alvenaria


Fonte: SENAI, 2013.

Ainda tratando das falhas humanas que contribuem para a projeção de pa-
tologias nas instalações elétricas, temos a falta de tamponamento das caixinhas
4x2” e quadros de luz com papelão molhado ou qualquer material de fácil remo-
ção, antecedendo as etapas de chapisco, emboço e reboco ou aplicação de gesso.
Se esses itens não forem protegidos, eles podem entupir com a massa do re-
vestimento adotado e o resultado é mais retrabalho para desentupir essas caixas
durante a passagem das fiações. É imprescindível que este cuidado seja tomado,
uma vez que, em alguns casos, torna-se necessário quebrar toda a parede para
desentupir os eletrodutos.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
89

Realizar os cortes Tapar os pontos de


Realizar os cortes Tapar os pontos de
dos pontos de luz luz com material
dos pontos de luz luz com material
com maquitas apropriado
com maquitas apropriado

Figura 73 – Como evitar patologias nas instalações elétricas


Fonte: SENAI, 2013.

No processo construtivo, é comum observarmos a prática de gambiarras32


para ligar equipamentos que necessitam de eletricidade. Quando são utilizados
fios desencapados para execução dessas gambiarras o risco de choque e incêndio
por propagação de faíscas é muito grande.
Além disso, a fiação costuma ficar solta no chão, o que pode gerar tropeços
e quedas graves. O ideal é que esses fios sejam isolados com fita adesiva que os
mantenham grudados no piso.
Outra coisa que pode ser observada na fase de execução da obra é a utilização
de fios com bitolas inferiores às solicitadas pela voltagem dos equipamentos, isso
pode gerar até mesmo incêndio.
Quando a obra é finalizada, entre as várias situações de risco que podem ser
enumeradas, o choque elétrico pode ser desencadeado por conta de fatores
como instalação de quadros de distribuição com exposição dos seus componen-
tes sem proteção, ou indicação referente a qual cômodo da construção aquele
disjuntor se remete.
Por exemplo, a partir da falta de identificação dos cômodos nos disjuntores,
é possível ocorrer queima de aparelhos, pois alguém pode sem querer desligar
uma chave referente a um local com a presença de muitos aparelhos elétricos em
uso, achando que na verdade está desligando a chave de outro local.

Figura 74 – Quadro com identificação dos disjuntores


Fonte: SENAI,2013.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
90

33
NÍVEL BOLHA: Uma outra vertente das patologias em sistemas elétricos está na execução de
emendas de condutores mal isolados e fios deteriorados, que são agentes facili-
É um aparelho dotado de
uma cápsula com líquido e tadores da propagação de choques elétricos.
uma bolha de ar que mostra
se um piso está ou não Encaixa-se nesse tipo de falhas o curto-circuito. Esse problema é provocado
inclinado (com caimento)
para alguma direção. por emendas mal executadas, causando demasiado aquecimento da fiação em
razão de sobrecargas por instalações mal feitas ou até mesmo pelo uso simultâ-
neo de diversos aparelhos elétricos de alta voltagem em um único ambiente.
Em TV’s, jornais e revistas, é comum vermos matérias que tratam de fios caídos
ou desencapados em calçadas devido a forte ação de ventos. Esse tipo de acon-
tecimento é grave, pois a tensão distribuída por esses fios é muito alta e pode
acarretar na morte de animais e pedestres.

VOCÊ Na zona sul de Porto Alegre, um cavalo morreu após


tocar em um fio desencapado exposto na calçada por
SABIA? onde cavalgava.

Mas não é somente a condição atual do material utilizado que comprome-


te a integridade dos usuários. Deve ser verificada também a qualidade dos fios
comprados tanto para a construção, como para uso doméstico. Os profissionais
responsáveis pela compra e recebimento dos eletrodutos, fios de cobre, cabos
de isolamento, entre outros, devem estar atentos para a existência dos selos de
qualidade nesses materiais.
Não devemos usar fios com bitolas menores que o recomendado nos projetos
elétricos e nas normas, assim como não devemos usar fios com teor insuficiente
de cobre e capa de isolamento.
Qualquer um dos problemas mencionados aqui sozinho ou em conjunto com
os demais, contribuem para a incidência de patologias nas instalações elétricas
e, como você já sabe, algumas delas são fatais, portanto todo o cuidado ainda é
pouco quando falamos de instalações elétricas.
A NR-10 regulamenta o uso de eletricidade nas construções e a ABNT NBR
8120:2013 normatiza as condições dos fios para utilização nas edificações. Essas
normas devem ser seguidas por todo profissional qualificado, e que deseja ficar
longe dos problemas com eletricidade.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
91

Figura 75 – Gambiarra elétrica


Fonte: SENAI, 2013.

3.6.3 PATOLOGIAS NAS INSTALAÇÕES DE ESGOTO

Os problemas mais frequentes nas instalações de esgoto estão ligados ao en-


tupimento das vias de escoamento dos resíduos. Geralmente, os sifões ficam com
acúmulo de dejetos, como o cabelo humano, por não apresentarem grelhas de
separação que impeçam a passagem de água, o mesmo vale para os ralos.
Outro ponto observado é a falta de caimento dos ralos. Antes de dar como
concluído o assentamento dos azulejos nos pisos do banheiro, deve-se verificar
com nível bolha33, ou até mesmo jogando um copo de água no local, se a superfí-
cie está com caimento de água voltado para os ralos do banheiro. Caso o caimen-
to não seja suficiente para o escoamento da água, ocorre o acúmulo de água e
de resíduos que podem causar infiltrações ao longo da utilização do cômodo, já
que a água não consegue escorrer pelo ralo. E, em alguns casos, essas infiltrações
podem gerar o aparecimento de goteiras em andares de casas ou apartamentos
abaixo desse banheiro com problema.
Nos vasos sanitários, quando as tubulações entopem, é comum que exale mau
cheiro e ocorra refluxo da água quando a válvula de descarga é acionada. Outro
motivo para a exalação de mau cheiro e refluxo é o subdimensionamento das
caixas de gordura, que ao encherem demais apresentam esses problemas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
92

Figura 76 – Ralo entupido sem presença de grelha de separação


Fonte: SENAI, 2013.

3.6.4 PATOLOGIAS NAS INSTALAÇÕES DE GÁS

Geralmente, as patologias nas instalações de gás são poucas ou quase inexis-


tentes. Aqui, os maiores problemas estão voltados para a falta de ventilação nas
cozinhas e áreas comuns que contenham medidores de gás, o que pode acarretar
no acúmulo desse elemento no local, gerando acidentes fatais, desde sufocamen-
to por inalação contínua até incêndios ou explosões.
Outra falha que podemos visualizar nesse tipo de instalação ocorre no mo-
mento de execução da obra em que os instaladores não colocam nenhum mate-
rial que prenda as tubulações no chão ou parede, deixando-as soltas, passíveis a
deslocamentos.
Além disso, quando as soldas de ligação entre os tubos de gás são mal feitas,
com o passar do tempo e o uso frequente das instalações, as soldas podem vir a
partir ou soltar, provocando descontinuidade nas tubulações.

CASOS E RELATOS

Cabelos no ralo?
Numa madrugada, Sr. Carlos foi ao banheiro e quando deu descarga perce-
beu que a água não descia. O mau cheiro que exalava era terrível. Ele ficou
preocupado e assim que amanheceu ligou para uma empresa credenciada
para verificar o problema em sua casa.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
93

O técnico responsável pela operação utilizou aparelhos de sucção de qua-


lidade e,ao analisar o material que saiu do vaso, percebeu que o problema
de entupimento era originado por acúmulo de cabelos.
Ao questionar a esposa sobre o acontecido, ela explicou que sempre que
depilava as pernas com barbeador, jogava os cabelos no vaso, pois não sa-
bia que coisas tão simples poderiam gerar problemas tão grandes.
Como essa ação se repetia há meses, as pequenas quantidades de cabelo
foram formando bolos com o restante dos detritos biológicos no vaso sani-
tário, e isso provocou o entupimento no vaso sanitário da casa.
Resolvido o problema, a esposa do Sr. Carlos passou então a colocar os ca-
belos retirados com a depilação em um saco e jogá-los no lixo.

Em todos os sistemas construtivos, é recomendada a realização de manu-


tenções tanto para conservação da edificação,como para correção de falhas nas
construções. Nesse sentido, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUS-
CON) elaborou um manual contendo a periodicidade que deve ser efetuada as
manutenções nos sistemas construtivos. Essas informações podem ser conferidas
na tabela a seguir:

PERIODICIDADE DAS MANUTENÇÕES PREVENTIVAS E INSPEÇÕES


2 ANOS E MEIO

3 ANOS E MEIO

4 ANOS E MEIO
1 ANO E MEIO

SISTEMA CONSTRUTIVO/ APÓS 5


ITEM
6 MESES

TEMPO ANOS
2 ANOS

3 ANOS

4 ANOS

5 ANOS
1 ANO

1 Alvenaria estrutural • • • • • A cada 4 anos


2 Alvenaria de vedação • • • • • A cada 4 anos
3 Antena coletiva • • • • • • • • • • A cada 2 anos
4 Automação de portões • • • • • • • • • • A cada 2 anos
5 Cabeamento estruturado • • • • • • • • • • A cada 2 anos
6 Esquadrias de alumínio • • • • • A cada 2 anos
7 Esquadrias de madeira • • • • • A cada 2 anos
8 Esquadrias metálicas • • • • • A cada 2 anos
9 Estrutura de concreto • • • • • A cada 1 ano
10 Estrutura metálica • A cada 3 anos
11 Ferragem das esquadrias • • • • • A cada 1 ano
12 Forro de gesso • • A cada 2 anos
13 Iluminação automática • • • • • • • • • • A cada 2 anos
14 Iluminação de emergência A cada mês A cada mês
15 Impermeabilização • • • • • • • • • • A cada 2 anos
16 Instalações de combate a incêndio A cada mês A cada mês
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
94

PERIODICIDADE DAS MANUTENÇÕES PREVENTIVAS E INSPEÇÕES

2 ANOS E MEIO

3 ANOS E MEIO

4 ANOS E MEIO
1 ANO E MEIO
SISTEMA CONSTRUTIVO/ APÓS 5
ITEM

6 MESES
TEMPO ANOS

2 ANOS

3 ANOS

4 ANOS

5 ANOS
1 ANO
17 Instalações elétricas • • • • • A cada 2 anos
18 Instalações de gás • • • • • • • • • • A cada 6 meses
19 Instalações hidrossanitárias • • • • • A cada ano
19.1 Louças sanitárias • • • • • • • A cada 2 anos
19.2 Caixas e válvulas de descarga • • • • • • • A cada 2 anos
20 Instalações de interfonia • • • • • • • • • • A cada 2 anos
21 Instalações telefônicas • • • • • A cada 2 anos
22 Junta de dilatação nas fachadas • • • • • A cada ano
23 Metais sanitários • • • • • • • • • • A cada 2 anos
24 Motobombas • • • • • • • • • • A cada 6 meses
25 Pintura externa/interna • • A cada 2 anos
26 Piscinas A cada semana A cada semana
27 Pisos de madeira • • A cada 2 anos
28 Revestimento em argamassa decorativa • • A cada 2 anos
29 Revestimentos cerâmicos • • • • • • • • • • A cada 2 anos
30 Revestimentos em pedra • • • • • • • • • • A cada 2 anos
31 Sistema de aquecimento central de água • • • • • • • • • • A cada 6 meses
32 Sistema de cobertura • • • • • • • • • • A cada 6 meses
33 Sistema de proteção - SPDA • • • • • A cada 2 anos
34 Sistema de segurança • • • • • • • • • • A cada 2 anos
35 Vidros • • • • • A cada 2 anos

Tabela 1 – Tabela da periodicidade de manutenções nos sistemas construtivos


Fonte: Fonte: SINDUSCON, 2010 (Adaptado).

A SINDUSCON também regulamenta, nesse mesmo manual, que o período de


garantia determinado pelo fabricante e pelos construtores para manutenção ou
troca de constituintes dos sistemas construtivos, a fim de evitar a propagação de
patologias, deve seguir de acordo com as seguintes tabelas adaptadas:
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
95

a) referente aos elementos da estrutura e vedações:

TABELA DAS GARANTIAS - ESTRUTURAS E VEDAÇÕES


ESPECI
NO -FICADO
6 3
SISTEMAS ATO DA PELO 1 ANO 2 ANOS 5 ANOS
MESES ANOS
ENTREGA FABRI-
CANTE
Problemas
Alvenaria com inte-
estrutural gridade do
material.
Problemas

Alvenaria com inte-


de vedação gridade do
material.
Segurança
e solidez
Revesti-
global,
Integridade mento
integrida-
física su- imperme-
de física
Estrutura de perficial do abilizante
superficial
concreto concreto e pinturas
do concreto
(brocas e superficiais
no tocante ã
vazios). das estru-
formação de
turas.
eflorescên-
cia.
Sistema
Estrutura estrutural
metálica de compo-
nentes

Tabela 2 – Tabela de garantias das estruturas e vedações


Fonte: Fonte: SINDUSCON, 2010 (Adaptado).

Com essa tabela, podemos perceber que as estruturas e vedações devem ser
recebidas pelos proprietários da edificação sem problemas, e se até o primeiro
ano de uso a estrutura de concreto apresentar falhas na sua constituição ou inte-
gridade, os responsáveis pela sua execução deverão ser contatados para apresen-
tar soluções ao problema, e devem fornecer acompanhamento profissional sem
custos aos proprietários.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
96

O mesmo vale para problemas na impermeabilização da estrutura contra in-


tempéries e entrada de água que possam vir a danificar o empreendimento em
até dois anos após sua construção.
Tratamento idêntico dado aos itens anteriores deve ser seguido para o caso
de apresentação de problemas quanto ao sistema estrutural e seus componentes
em relação à integridade, segurança e formação de eflorescência, até cinco anos
após a entrega da edificação.
b) referente aos elementos das instalações:

TABELA DAS GARANTIAS - INSTALAÇÕES


ESPECI
NO -FICADO
6 3
SISTEMAS ATO DA PELO 1 ANO 2 ANOS 5 ANOS
MESES ANOS
ENTREGA FABRI-
CANTE
Quebrados, Desempe-
Instalações
trincados nho dos
de combate
ou man- equipa-
a incêndio
chados mentos
Desem-
Acaba-
penho do
mentos
Instalações material e
danificados
elétricas problema
ou mal
com a
colocados
instalação
Peças
quebradas,
trincadas, Problema Problemas
Instalações riscadas, com a com a inte-
de gás manchadas instalação e gridade do
ou com vedação material
tonalidades
diferentes
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
97

TABELA DAS GARANTIAS - INSTALAÇÕES


ESPECI
NO -FICADO
6 3
SISTEMAS ATO DA PELO 1 ANO 2 ANOS 5 ANOS
MESES ANOS
ENTREGA FABRI-
CANTE
Danos
Problema
causados
com a
Fissuras, devido ã
Instalações instalação,
riscos, que- movimenta-
hidráulicas vedação e
brados ção ou aco-
funciona-
madação da
mento
estrutura
Problema
Quebras, com a
Louças sani- fissuras, instalação,
tárias riscas e vedação e
manchas funciona-
mento
Quebras,
fissuras,
riscas e
manchas,
Caixas e Problemas
defeito do Falha de
válvulas de de instala-
equipa- vedação
descargas ção
mento
(mau
desempe-
nho)
Defeito do
equipa-
Problemas
Metais mento Falha de
de instala-
sanitários (mau vedação
ção
desempe-
nho)

Tabela 3 – Tabela de garantias das instalações


Fonte: Fonte: SINDUSCON, 2010 (Adaptado).

As premissas utilizadas quanto aos procedimentos das garantias em estrutu-


ras e vedações também são válidas para as instalações de todos os tipos, como
hidráulica, elétrica, combate ao incêndio, sanitárias e de gás.
A diferença é que, para esse tipo de elemento, algumas falhas e patologias
devem ser observadas no ato da entrega, como acabamentos mal feitos nas ins-
talações e louças ou vasos sanitários quebrados nos banheiros.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
98

No primeiro ano, a exigência da garantia pode ser solicitada quanto ao mau


desempenho dos materiais e problemas decorrentes da instalação. No segundo
ano, devem ser observadas falhas nas vedações sanitárias, e até o quinto ano a
garantia pode ser executada para problemas e danos nas instalações de gás e
hidráulicas.
c) referente aos revestimentos e coberturas:
TABELA DAS GARANTIAS - REVESTIMENTOS E COBERTURAS
ESPECI
NO -FICADO
6 3
SISTEMAS ATO DA PELO 1 ANO 2 ANOS 5 ANOS
MESES ANOS
ENTREGA FABRI-
CANTE
Presença
Sujeiras,
de bolhas,
imperfei-
Pintura alteração
ções ou
interna e de cor ou
acabamen-
externa deteriora-
to inade-
ção de aca-
quado
bamento
Trincadas, Estan-
Má ade-
reiscadas, Má ade- quei-
Revesti- rência para
mento em manchadas rência para dade
ambiente
argamassa ou com ambiente das
decorativa pouco
tonalidades agressivo facha-
agressivo
diferentes das
Peças
Peças
soltas, trin-
quebradas, Estan-
cadas ou
trincadas, quei-
Revesti- desgaste
riscadas, dade
mentos excessivo
manchadas das
cerâmicos que não
ou com facha-
por uso
tonalidades das
inadequa-
diferentes
do
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
99

TABELA DAS GARANTIAS - REVESTIMENTOS E COBERTURAS


ESPECI
NO -FICADO
6 3
SISTEMAS ATO DA PELO 1 ANO 2 ANOS 5 ANOS
MESES ANOS
ENTREGA FABRI-
CANTE
Mancha-
mentos Peças
causados soltas ou
por produ- desgaste
Revesti-
tos, peças excessivo
mento em
quebradas, que não
pedra
trincadas, por uso
riscadas ou inadequa-
falhas no do
polimento
Estan-
quei-
dade
das Integridade
Instalação
Sistema de telhas das telhas
das calhas e
cobertura cerâ- metálicas e
rufos
micas de alumínio
e de
con-
creto

Tabela 4 – Tabela de garantias dos revestimentos e coberturas


Fonte: Fonte: SINDUSCON, 2010 (Adaptado).

Com relação aos revestimentos e coberturas, as atitudes tomadas pelos pro-


prietários seguem o mesmo ritmo que as das instalações. Mas até o terceiro ano
devem ser observados problemas de estanqueidade nas telhas e fachadas.
SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS
100

CASOS E RELATOS

Com ou sem assistência? Eis a questão.


Júlio comprou um apartamento há seis meses e está morando nele. Certo
dia, ele notou que a lâmpada do seu quarto não estava mais acendendo.
Para descartar a hipótese de a lâmpada estar queimada, ele trocou a mes-
ma por uma mais nova e não obteve resultado. Prevendo que poderia ser
problema com a fiação elétrica, ele utilizou uma chave teste para saber se
havia passagem de corrente elétrica no local. A chave tem uma lâmpada no
seu interior que acende, caso a presença suficiente de energia seja detecta-
da. O que não aconteceu no quarto em questão.
Júlio ficou preocupado em não ter mais garantia da construtora para as
instalações, já que se passaram seis meses desde que seu apartamento foi
construído, e resolveu ler o Manual do Proprietário que tinha guardado,
para confirmar a situação.
No manual, ele percebeu que a garantia para problemas com instalações
elétricas se estendiam até um ano após a construção do imóvel. Aliviado
ele entrou em contato com a construtora, que lhe deu a assistência neces-
sária.

RECAPITULANDO

Vimos neste capítulo diversas formas de propagação de patologias. Desco-


brimos como elas ocorrem e por quê. Percebemos que o ideal para a não pro-
pagação de patologias é a realização de manutenções e cuidados periódicos.
O acompanhamento de profissionais qualificados é sempre necessário.
Aprendemos aqui como tratar as falhas dos sistemas construtivos em fun-
dações e contenções, estruturas, vedações, revestimentos, coberturas e
instalações, assim como também aprendemos a evitá-las. Percebemos ain-
da os motivos pelos quais as patologias ocorrem.
Observamos a origem das patologias mais frequentes nos sistemas cons-
trutivos. Nas fundações e contenções, aprendemos que as “doenças cons-
trutivas” estão em sua maioria ligadas a problemas no solo, recalque e im-
perícia humana.
3 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS
101

Para o caso das estruturas, vimos que os problemas frequentes estão liga-
dos à formação de fissuras e trincas em paredes estruturais e vigas, assim
como conhecemos as ações negativas de intempéries.
Em relação às vedações, percebemos que as patologias são desencadeadas
principalmente por atuação de sobrecargas, presença de junta seca, junta
sobre junta em alvenaria e atuação da umidade. Todos eles geram fissuras
e trincas nesse sistema construtivo.
Já no item sobre revestimentos, tratamos das falhas nos três tipos de reco-
brimento específico, como gesso, argamassa e pastilhas cerâmicas. A partir
daí, conhecemos um pouco mais sobre corrosão em gesso, eflorescência
em pastilhas e retração x dilatação, que geram fissuras em argamassas.
Abordando sobre coberturas, percebemos como se dá o aparecimento de
musgos nos telhados e as goteiras nos forros, que são as patologias mais in-
cidentes nesse sistema construtivo. Compreendemos que as patologias que
se destacam nesse ponto estão voltadas a problemas com telhas cerâmicas
e presença de água de chuva. Observamos as falhas que levam a infiltração e
entupimento das calhas. Conhecemos também um pouco dos processos de
detecção e tratamento de problemas de vazamentos nas coberturas.
Finalizando com as instalações, verificamos os erros nos processos constru-
tivos ligados às instalações elétrica, hidráulica e sanitária, além de apren-
dermos sobre os golpes de aríete, choques elétricos, curto-circuito e entu-
pimento dos dispositivos de banheiro.
Para fechar nosso entendimento sobre as soluções para as patologias da
construção, conhecemos as tabelas com as previsões de manutenções para
evitar a propagação de patologias, assim como para corrigi-las. Vimos as ta-
belas com o período de tempo dado aos proprietários das edificações para
cobrarem dos fabricantes e construtores a garantia dos elementos consti-
tuintes das edificações.
Portanto, ficou constatado que a imperícia é um dos principais causadores
de problemas na construção em todos os sistemas, e que certos cuidados
de manutenção são primordiais para a não propagação de patologias.
Chegamos ao fim do nosso curso e esperamos ter contribuído para o seu
aperfeiçoamento profissional. Lembramos que um profissional bem quali-
ficado está em constante processo de aprimoramento e atualização, agra-
decemos a sua companhia e desejamos a você sucesso!
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, R.C.L.; RODRIGUES, E.H.V.; FREITAS, E.G.A. Materiais de construção. Rio de janeiro, Editora
Universidade Rural, 2000.
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requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
________. NBR 6122: projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
________. NBR 6484: solo: sondagens de simples reconhecimentos com SPT: método de ensaio.
Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
________. NBR 8120: Fios de aço revestido de cobre, nus, para fins elétricos — Especificação. Rio
de Janeiro: ABNT, 2013.
________. NBR 10844: instalações prediais de águas pluviais: procedimento. Rio de Janeiro : ABNT,
1989.
________. NBR 13281: argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos:
requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
________. NBR 13754: revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de
argamassa colante: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
________. NBR 13755: revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com
utilização de argamassa colante: procedimento. Rio de Janeiro,: ABNT, 1996.
________. NBR 15261: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -
Determinação da variação dimensional (retratação ou expansão linear). Rio de Janeiro: ABNT, 2005
________. NBR 15961-1: Alvenaria estrutural: blocos de concreto. Parte 1: projeto. Rio de Janeiro:
ABNT, 2011.
________. NBR 15961-2: Alvenaria estrutural: blocos de concreto. Parte 2: execução e controle de
obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
________. ISO. 9001: Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos particulares para aplicação
da ABNT NBR ISO 9001:2008 para organizações de produção automotiva e peças de reposição
pertinentes. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
BRASIL. LEI N° 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. In: D.O.U. 20 de dezembro de 2000. Disponivel em: <http://
www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>. Acesso em: 20 mar. 2013.
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eletricidade. Brasília: MTE, 1978.
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modulos/conteudo/?tac=publicacoes. Acesso em: 20 jan. 2013.
PINI. Alternativas Tecnológicas para Edificações. v. 1. São Paulo: PINI, 2000.
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cecc. eng.ufmg.br>. Acesso em: 20 jan. 2013.
MINICURRÍCULO DA AUTORA
CAMILA CALMON DE ASSIS
Camila Calmon de Assis é Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Salvador (UNIFACS) e
Pós-graduanda em Engenharia de Segurança do Trabalho. Desde 2008, atua com Elaboração de
Orçamentos de Obras de Estradas, Inspeção de Qualidade e realização de Planejamento e Contro-
le de Obras Residenciais. Atuou na verificação de Andamento Físico e Financeiro de obras, assim
como nas áreas de Suprimentos e Contratos. Atualmente, elabora projetos de Sustentabilidade Am-
biental para ONG’s e leciona as disciplinas de Planejamento e Controle de Produção e Qualidade,
Produtividade e Racionalização para o curso Técnico em Edificações do Serviço Nacional de Apren-
dizagem Industrial - SENAI.
ÍNDICE
A
almoxarifados 26, 33
armadores 26
B
baldrames 24, 25
blocos de matacões 51, 52
C
caixilhos 36, 37, 38
caixinhas 4x2” 88
calibração 52
Capilaridade 62, 68
Casas de bomba 86
Chapisco-emboço-reboco 20, 71
Concatenar 42
Concepção 20, 21, 47, 48
Concomitantemente 42
Contravergas 6, 66, 67
CP III 76, 77
CP IV 76, 77
Cura 24, 30, 41, 43, 58, 59
D
Desagregação 6, 72, 73
Desmobilizado 30, 31
E
Estanqueidade 38, 39, 41, 42, 99
Etapa sucessora 30, 31
Expansão higroscópica 6, 68
Exsudar 72
F
FCK 60
G
Gambiarras 88, 89
H
Habite-se 13, 14
I
Imperícia 7, 47, 48, 56, 57, 60, 61, 87, 100, 101
Impermeabilização 30, 31, 68, 73, 77, 82, 83, 93, 95, 96
Intempéries 17, 23, 26, 27, 28, 35, 37, 41, 42, 47, 55, 56, 60, 61, 72, 75, 83, 85, 96, 101
Intertravamento 26, 27, 29, 30
J
Juntas de dessolidarização 74, 75
Juntas de movimentação e assentamentos 74
Junta seca 6, 32, 65, 66, 98, 101
Junta sobre junta 32, 65, 98, 101
L
Layout 56
M
Maquitas 32
Masseiras 30
N
Ninhos de concretagem 5, 56, 57, 58, 59
Nível bolha 90, 91
P
Paletes 32, 33, 34
Paredes portantes 26, 27, 56
Patologias 5, 6, 7, 9, 20, 32, 44, 47, 48, 49, 50, 53, 55, 56, 59, 61, 62, 64, 66, 68, 69, 71, 72, 74, 75,
77, 78, 79, 80, 82, 83, 84, 85, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 94, 96, 97, 100, 101
Pé direito 38, 39
Percolar 84
Pontos de luz 88
Prédios verdes 28, 29
Q
Quadro de luz 88
R
Recalques 50, 51, 52, 54, 55, 56
S
Segregação 56, 57
Sinistros 48, 56
T
Traço 28, 29, 30, 72
Transporte mecanizado 32, 33
Trincas 5, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 61, 65, 66, 85, 98, 101
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Camila Calmon de Assis


Elaboração

Adriana Silva Santos


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Vanessa de Souza Lemos


Monique Ramos Quintanilha
Revisão de Padronização e Diagramação
Joseane Maytê Sousa Santos Sousa
Revisão Ortográfica e Gramatical

Leonardo Silveira
Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

FabriCo
Design Educacional

FabriCo
Ilustrações

FabriCo
Diagramação

Verbatim
Marlene A. Souza
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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