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SÉRIE MEIO AMBIENTE

TRATAMENTO
DE EMISSÕES
ATMOSFÉRICAS
E QUALIDADE
DO AR
SÉRIE MEIO AMBIENTE

TRATAMENTO
DE EMISSÕES
ATMOSFÉRICAS E
QUALIDADE DO AR
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE MEIO AMBIENTE

TRATAMENTO
DE EMISSÕES
ATMOSFÉRICAS E
QUALIDADE DO AR
© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Área de Meio Ambiente em parceria com o
Núcleo de Educação a Distância do SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Depar-
tamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos
cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais - ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491t
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Tratamento de emissões atmosféricas e qualidade do ar / Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Departamento Regional da
Bahia – Brasília: SENAI/DN, 2017.
92 p.: il. - (Série Meio Ambiente).

ISBN 978-85-505-0284-7

1. Controle de emissões do ar. 2. Qualidade do ar. 3.Técnico em controle


ambiental. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. II. Departamento
Regional da Bahia. III. Tratamento de Emissões Atmosféricas e Qualidade do Ar.
IV. Série Meio Ambiente.
CDU: 628.1

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Camadas da atmosfera................................................................................................................................19
Figura 2 - Principais gases presentes na atmosfera..............................................................................................20
Figura 3 - Monte Saint Helens (Washington, USA) durante erupção em 1980...........................................21
Figura 4 - Emissões veiculares......................................................................................................................................21
Figura 5 - Fundição de metal (1876) localizada na região industrial de Saar, Alemanha Oriental......22
Figura 6 - Fontes pontuais de emissões atmosféricas.........................................................................................28
Figura 7 - Áreas potenciais de emissões fugitivas em bombas........................................................................28
Figura 8 - Pilha de estocagem de minério...............................................................................................................29
Figura 9 - Fonte volume: emissões fugitivas de tanques de estocagem......................................................29
Figura 10 - Benzeno está presente na gasolina......................................................................................................31
Figura 11 - Dioxina............................................................................................................................................................33
Figura 12 - Furano.............................................................................................................................................................33
Figura 13 - Sistema respiratório...................................................................................................................................36
Figura 14 - Impacto dos poluentes atmosféricos na saúde...............................................................................36
Figura 15 - Penetração das partículas de diferentes diâmetros no sistema respiratório........................37
Figura 16 - Efeitos de Ozônio em diferentes altitudes.........................................................................................39
Figura 17 - Emissão atmosférica de uma termoelétrica......................................................................................41
Figura 18 - As variáveis de estado: pressão (p), volume (V) e temperatura (T)..........................................46
Figura 19 - Diagrama PV: Transformação Isotérmica............................................................................................47
Figura 20 - Compressão e expansão dos gases......................................................................................................51
Figura 21 - Energia cinética dos gases.......................................................................................................................52
Figura 22 - Filtro de manga tipo jato pulsante.................................................................................................... 106
Figura 23 - Mangas filtrantes..................................................................................................................................... 108
Figura 24 - Ciclone......................................................................................................................................................... 110
Figura 25 - Incineração de gases e vapores.......................................................................................................... 114
Figura 26 - Redução na formação de dioxinas e furanos................................................................................. 116
Figura 27 - Precipitador eletrostático seco........................................................................................................... 119
Figura 28 - Precipitadores eletrostáticos............................................................................................................... 120
Figura 29 - Interior do precipitador eletrostático .............................................................................................. 120
Figura 30 - Precipitação eletrostática..................................................................................................................... 121
Figura 31 - Torre absorvedora com recheios........................................................................................................ 125
Figura 32 - Lavador-Venturi........................................................................................................................................ 126
Figura 33 - Esquema do processo de coleta do poluente............................................................................... 128
Quadro 1 - - Composição do ar atmosférico livre de poluentes no nível do mar (base seca)...............19
Quadro 2 - Poluentes primários e secundários........................................................................................................23
Quadro 3 - Limites de emissões de poluentes.........................................................................................................24
Quadro 4 - Limites de emissão de poluentes...........................................................................................................25
Quadro 5 - Limites de emissão de poluentes ..........................................................................................................25
Quadro 6 - Limites de emissão de poluentes...........................................................................................................26
Quadro 7 - Padrões nacionais de qualidade do ar.................................................................................................26
Quadro 8 - Poluentes orgânicos persistentes (POP)..............................................................................................32
Quadro 9 - Métodos de controle de poluentes atmosféricos......................................................................... 104
Quadro 10 - Comparação entre os equipamentos de controle de partículas........................................... 113
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13
2 Fundamentos...................................................................................................................................................................17
2.1 Características das emissões atmosféricas..........................................................................................21
2.2 Classificação dos poluentes......................................................................................................................22
2.3 Legislação........................................................................................................................................................24
2.3.1 Legislação que controla o lançamento de gases e partículas na atmosfera........24
2.3.2 Legislação que regulamenta a qualidade do ar..............................................................26
2.4 Classificação das fontes de emissões atmosféricas..........................................................................27
2.5 Tipos de poluentes atmosféricos............................................................................................................30
2.6 Influência das emissões atmosféricas sobre a saúde......................................................................34
2.7 Medidas de controle de poluentes atmosféricos.............................................................................39
2.7.1 Medidas indiretas.......................................................................................................................39
2.7.2 Medidas diretas..........................................................................................................................42
2.8 Cinética dos gases........................................................................................................................................42
2.8.1 Transformações gasosas..........................................................................................................44
2.8.2 Unidades de concentração.....................................................................................................46
2.8.3 Gases ideais versus gases reais.............................................................................................48
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais...........................................53
3.1 Filtros de manga...........................................................................................................................................55
3.1.1 Princípio de funcionamento dos filtros de manga........................................................55
3.1.2 Controles operacionais............................................................................................................57
3.1.3 Vantagens e desvantagens dos filtros de manga...........................................................58
3.2 Ciclones............................................................................................................................................................59
3.2.1 Tipos de ciclones........................................................................................................................60
3.2.2 Controle operacional – ciclones...........................................................................................60
3.2.3 Eficiência dos ciclones..............................................................................................................61
3.2.4 Vantagens e desvantagens dos ciclones...........................................................................61
3.2.5 Comparação entre os equipamentos de controle de partículas..............................62
3.3 Oxidação térmica.........................................................................................................................................62
3.3.1 Tipos de incineradores.............................................................................................................64
3.3.2 Controles operacionais da oxidação térmica visando a redução das emissões
atmosféricas...........................................................................................................................................64
3.3.3 Vantagens e desvantagens da oxidação térmica...........................................................66
3.4 Precipitador eletrostático..........................................................................................................................66
3.4.1 Princípio de funcionamento dos precipitadores eletrostáticos – forças eletros-
táticas........................................................................................................................................................67
3.4.2 Eficiência dos precipitadores.................................................................................................71
3.4.3 Controles operacionais............................................................................................................72
3.4.4 Vantagens e desvantagens dos precipitadores..............................................................72
3.5 Absorção..........................................................................................................................................................73
3.5.1 Usos típicos..................................................................................................................................73
3.5.2 Eficiência de remoção dos poluentes em absorvedores.............................................75
3.5.3 Controles operacionais............................................................................................................75
3.5.4 Vantagens e desvantagens dos absorvedores................................................................76
3.6 Eficiência do tratamento das emissões atmosféricas......................................................................76
Referências............................................................................................................................................................................81
Minicurrículo das autoras................................................................................................................................................85
Índice......................................................................................................................................................................................87
Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático Tratamento de emissões atmosféricas e qualidade do ar.
Este livro tem como objetivo capacitar o aluno a desenvolver competências e habilidades
para operar sistemas de tratamento de emissões atmosféricas e qualidade do ar.
Nos capítulos a seguir, desenvolveremos conhecimentos sobre as características das emis-
sões atmosféricas, a Legislação que controla o lançamento de gases e partículas na atmosfera
e conheceremos sobre os tratamentos e principais controles operacionais das emissões atmos-
féricas.
Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades sociais, organizati-
vas, metodológicas e técnicas. Você verá sobre as Características das emissões atmosféricas e a
Classificação das fontes de emissões atmosféricas e dos tipos de poluentes. Estudará também
sobre a Legislação que controla o lançamento de gases e partículas na atmosfera e ainda, sobre
a Legislação que regulamenta a qualidade do ar. Será abordada também a influência das emis-
sões atmosféricas sobre a saúde, assim como as Medidas de controle de poluentes atmosféri-
cos, a Eficiência e o Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais:
Filtros de manga, Ciclones, Oxidação térmica, Forças eletrostáticas, Absorção.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
14

Os estudos desta unidade curricular lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Comunicar informações de forma clara e objetiva em diferentes níveis hierárquicos;


b) Demonstrar postura crítica e ética;
c) Possuir uma visão global e coordenada de todas as fases do desenvolvimento dos processos, consi-
derando os aspectos técnicos, organizativos, econômicos e humanos;
d) Prever racionalmente os recursos materiais, considerando os aspectos técnicos e econômicos;
e) Cumprir os procedimentos técnicos previstos em legislação específica;
f) Manter-se atualizado quanto às frequentes mudanças na legislação;
g) Planejar as etapas do tratamento.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Aplicar a classificação e caracterização no controle e tratamento de emissões atmosféricas;


b) Aplicar a legislação e normas técnicas pertinentes;
c) Aplicar cálculos da eficiência do tratamento de emissões;
d) Aplicar o inventário de emissões atmosféricas no controle e tratamento;
e) Operar as tecnologias de tratamento de emissões atmosféricas;
f) Operar sistemas de controle e monitoramento de emissões atmosféricas;
g) Utilizar a classificação e caracterização de emissões atmosféricas;
h) Utilizar a legislação e normas técnicas aplicáveis;
i) Utilizar plantas e fluxogramas dos processos de tratamento de emissões atmosféricas.
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO
15
Fundamentos

Todo conforto e toda tecnologia moderna requer um grande gasto de energia. Cerca de
85 % da energia utilizada no mundo são obtidos através da queima de combustíveis fósseis
com o consumo de oxigênio e a produção de poluentes (EDP, 2006). Automóveis, fábricas,
usinas termoelétricas, entre outros, usam energia oriunda de combustíveis fósseis, como o pe-
tróleo, por exemplo. A produção dessa energia é a principal responsável pela poluição do ar.
As emissões atmosféricas (dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogê-
nio, de enxofre etc.) provenientes dessas atividades alteram a composição geral da camada
de gases que envolvem a Terra. Esta alteração da composição da atmosfera, quando resulta
em danos reais ou potenciais para o meio ambiente (incluindo os seres vivos) é denominada
poluição do ar.
Os problemas da poluição atmosférica eram focados, até a década de 50, nas emissões de
compostos de enxofre e nos seus impactos. Névoas de ácido sulfúrico, emitidas pelas indústrias
que usavam combustíveis fósseis contendo enxofre em sua composição elementar, (como o
carvão mineral e o óleo combustível) ocasionaram a morte de milhares de pessoas em Liege,
Bélgica (na década de 30 do século XX), e em Londres, Inglaterra (em 1950).
A partir da década de 50, detectou-se um novo problema ambiental: altas concentrações
de ozônio (O3) e de outros oxidantes, tais como peroxiacetilnitrato (PAN).Tais concentrações
estavam se tornando claramente uma ameaça não só para a saúde humana, mas também para
a vegetação em muitas cidades dos Estados Unidos. Especialmente em locais como Los Ange-
les, onde ocorrem com frequência os episódios meteorológicos de estagnação das massas de
ar, sem sua renovação.
A poluição fotoquímica, como é denominada a produção de O3 e de outros oxidantes, foi
reconhecida pela primeira vez na bacia aérea de Los Angeles, em 1940, a partir das emissões
de óxidos de nitrogênio e de hidrocarbonetos lançados na atmosfera pelos veículos e pelas
indústrias locais.
A atmosfera constitui um imenso oceano gasoso com uma altura de 800 km, que envolve o
planeta Terra, e representa essencialmente uma mistura de nitrogênio e oxigênio. A atmosfera
controla as condições de temperatura da superfície da Terra por meios de:
a) absorção da radiação ultravioleta solar;
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
18

b) manutenção das propriedades de “estufa”.


A atmosfera terrestre protege a vida na Terra absorvendo a radiação ultravioleta solar, prejudicial à saúde,
por meio da camada de ozônio existente na estratosfera. A temperatura de sua superfície é suficientemente
baixa para permitir a existência de água líquida, bem como vapor de água na atmosfera, que, com outros
gases (como o dióxido de carbono e o metano), criam o efeito estufa natural regulador da temperatura, que
permite a existência da biosfera1 (TEIXEIRA, 2009).

Você sabia que o efeito estufa é um efeito natural que regula a temperatura
Curiosidades e permite a existência da biosfera? Na ausência deste efeito, a temperatura
média da Terra seria -15 °C.

A figura a seguir apresenta a variação de temperatura (o perfil térmico) da atmosfera ao longo das suas
camadas.
a) Troposfera: a principal camada da atmosfera, que está em contato com a superfície terrestre e que
contém o ar que respiramos. Ela se estende da superfície terrestre até cerca de 8 a 16 km (a depender
da região geográfica onde se encontra). É a camada menos espessa, porém é a que contém mais gases.

O ar junto ao solo é mais quente, reduzindo a temperatura com a altitude até atingir - 60 ºC. A zona
limite chama-se tropopausa, na qual a temperatura se mantém constante;
b) Estratosfera: situa-se entre 12 km a 50 km de altitude, e nela se encontra a camada de ozônio, na
qual a temperatura aumenta de - 60 ºC a 0 ºC. Este aumento deve-se à interação química e térmica
entre a radiação solar e os gases aí existentes. Esta camada absorve as radiações ultravioletas do sol;
c) Mesosfera: situa-se entre 50 km e 80 km de altitude, e é a camada mais fria da atmosfera. A tem-
peratura volta a reduzir com a altitude, chegando a -100 ºC aos 80 km. Na mesosfera, a absorção da
radiação solar é fraca;
d) Termosfera: é a camada mais extensa. Começa em 80 km de altitude e vai além de 1000 km. Trata-
se da camada mais quente da atmosfera, na qual a temperatura pode atingir 2000 ºC. Esta camada
absorve as radiações solares mais energéticas (energia superior a 9,9 x10-19 J);
e) Exosfera: parte exterior da atmosfera que se dilui no espaço a partir dos 1000 km de altitude.

1 Biosfera: é a parte do ambiente onde existe vida na Terra. A Biosfera é o conjunto de ambientes onde encontramos água,
solo, ar e seres vivos. Estes ambientes são chamados de ecossistemas.
2 fundamentos
19

Espaço

Exosfera
1000 km
Nuvens Luminescentes

Nuvens em órbita terrestre 2000 ºC Termosfera


Ondas de Rádio
80 km

Raios Cósmicos
- 100 ºC Mesosfera
50 km

30 km Máxima
concentração da
camada de Ozônio - 55 ºC Estratosfera
20 km
Camada de Ozônio

11 km 20 ºC Troposfera

Superfície Terrestre
Figura 1 - Camadas da atmosfera
Fonte: US EPA, 2002.

A composição do ar livre de poluentes fica ao nível do mar, e é apresentada no quadro a seguir.

Componentes Volume (%) Massa (%) Origem


Nitrogênio – N2 78,08 75,52
Oxigênio – O2 20,95 23,91 Fotossíntese/fotodissociação de vapor
d’água
Argônio – Ar 0,93 1,29
Gás Carbônico – CO2 0,034* 0,052 Queima de combustíveis fósseis
Neônio – Ne 0,0018 0,0012
Hélio – He 0,0005 0,00007
Gás Metano – CH4 0,00016** 0,00009 Decomposição de matéria orgânica
Criptônio – Kr 0,00011 0,0003
Hidrogênio – H2 0,00005 0,000004
Óxido Nitroso – N2O 0,00003 *** 0,00005
Monóxido de Cabono – CO 0,0002 0,00002
Xenônio – Xe 0,000009 0,00004
Observações:
*aumento relativo no momento = 0,3 - 0,4 % / ano
** aumento relativo no momento = 1 - 2 % / ano
***aumento relativo no momento = 0,2 % / ano
Quadro 1 - Composição do ar atmosférico livre de poluentes no nível do mar (Base seca)
Fonte: TAVARES, 2005.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
20

De acordo com o quadro anterior, os principais constituintes da atmosfera são nitrogênio (N2) e oxigê-
nio (O2), conforme apresenta a figura a seguir. Os outros elementos são os principais traços, ou seja, com-
postos presentes na atmosfera em concentrações muito baixas, em partes por bilhão (ppb)2 ou sub-ppb. O
nitrogênio, gás presente em maior concentração na atmosfera, é indispensável à constituição das células
vivas; o oxigênio é necessário a todos os processos de combustão, e o gás carbônico é indispensável à
fotossíntese.

OUTROS GASES

NITROGÊNIO

OXIGÊNIO

Figura 2 - Principais gases presentes na atmosfera


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Para controlar a quantidade de poluentes emitidos, o gerenciamento das emissões atmosféricas é rea-
lizado pelas indústrias e órgãos ambientais, envolvendo a implantação de medidas, tais como o monitora-
mento das fontes de emissões de poluentes e a redução das cargas de poluentes lançadas na atmosfera,
com o objetivo de controlar a qualidade do ar, para evitar a sua degradação. Este gerenciamento também
envolve ações de monitoramento da qualidade do ar, cujas informações devem subsidiar ações preventi-
vas e corretivas no entorno do empreendimento.

A radiação solar produz efeitos benéficos e efeitos danosos à pele. A sua ação está
FIQUE diretamente relacionada à quantidade de radiação recebida, ou seja, ao tempo de
exposição das pessoas ao sol. Portanto, em atividades profissionais em que a exposi-
ALERTA ção ao sol seja longa, recomenda-se a utilização de protetor solar, chapéu e demais
componentes de proteção individual.

2 Partes por bilhão (ppb): representa uma parte de soluto por um bilhão (109) de partes de solução.
2 fundamentos
21

2.1 Características das emissões atmosféricas

Existem basicamente dois tipos de fontes de emissões atmosféricas:


a) emissões naturais: as principais fontes de emissões naturais são spray marinho3, erupções vulcâ-
nicas e processos biológicos4. Por exemplo: um vulcão em erupção, apresentado na figura a seguir.
emite material particulado e gases, como gás sulfídrico (H2S), dióxido de enxofre (SO2) e metano
(CH4), que podem impactar o meio ambiente, mesmo a distâncias consideráveis da fonte vulcânica.
Estes poluentes podem permanecer na atmosfera durante longos períodos;

Figura 3 - Monte Saint Helens (Washington, USA) durante erupção em 1980


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

b) emissões antrópicas: são oriundas das atividades humanas, tais como as emissões dos veículos e
das indústrias.

Figura 4 - Emissões veiculares


Fonte: SHUTTER STOCK, 2013.

3 Spray marinho: maresia.


4 Processos biológicos: vários processos naturais possuem emissões para a atmosfera, tais como a fermentação da matéria
orgânica, as emissões de plantas e a decomposição do estrume de gado, entre outros.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
22

Figura 5 - Fundição de metal (1876) localizada na região industrial de Saar, Alemanha Oriental
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

2.2 Classificação dos poluentes

As emissões de poluentes são classificadas como:


a) emissões primárias: são os poluentes emitidos diretamente para a atmosfera, após a queima de
combustíveis fósseis ou após os processos industriais. Exemplos: dióxido de enxofre (SO2) e dióxido
de nitrogênio (NO2);
b) emissões secundárias: são poluentes formados na atmosfera a partir da emissão de outros poluen-
tes, tais como: ozônio (O3), aldeídos e ácido sulfúrico (H2SO4).
Os poluentes reagem física e quimicamente na atmosfera, convertendo-se, às vezes, em outros compos-
tos ainda mais perigosos para a saúde, como o ozônio (O3), por exemplo, classificado como um poluente
fotoquímico5 secundário, porque é formado na atmosfera a partir das emissões de seus precursores (NOx e
compostos orgânicos voláteis6), tendo a radiação solar como catalisador7 da reação.
O quadro a seguir apresenta exemplos de poluentes primários e secundários.

5 Poluente fotoquímico: os poluentes fotoquímicos são formados em reações catalisadas pela radiação solar.
6 Compostos orgânicos voláteis: compostos orgânicos voláteis são compostos que evaporam à temperatura ambiente.
7 Catalisador: é um elemento ou substância química que não participa da reação química. Diminui a energia de ativação e
aumenta a velocidade da reação.
2 fundamentos
23

Poluente Poluente Fontes de


Tipo
Primário Secundário emissões
Compostos de enxofre SO2, H2S SO3, H2SO4, sulfatos Combustão

Compostos de Nitrogênio NO, NH3 NO2, Nitratos Combustão a altas


temperaturas
Compostos de Carbono Compostos C1-C3 Aldeídos, cetonas, Combustão
ácidos
Compostos de Halogênios HF, HCI - Indústria Petroquímica

Óxido de Carbono CO, CO2 - Combustão

Material Particulado (MP) Partículas Totais - Petroquímica, meta-


em Suspensão lúrgicas, combustão,
(PTS) e Partículas fertilizante
Inaláveis (PM10)
Quadro 2 - Poluentes primários e secundários
Fonte: TAVARES, 2005.

O monitoramento das emissões oriundas de fontes industriais, como chaminés e dutos, fornecem infor-
mações sobre o tipo e a quantidade de poluentes emitidos pelas indústrias.
Os resultados deste monitoramento são as concentrações dos poluentes lançados na atmosfera pelas
chaminés que devem ser comparados com a Resolução nº 382/06 do CONAMA, legislação que controla
o lançamento de gases e partículas na atmosfera, apresentada no item 2.3.1 e também com a Resolução
CONAMA nº 436/2011.

Breve histórico sobre a poluição do ar


Uma das razões pelas quais os primeiros grupamentos humanos eram nômades8 era a necessidade da
mudança para longe dos fortes odores gerados pelos resíduos provenientes dos vegetais, dos animais
e dos próprios homens.
Os danos causados pelo homem ao meio ambiente eram mínimos, até que ele passou a se fixar em
comunidades permanentes. As duas principais consequências desta fixação são notáveis para o es-
tudo da poluição atmosférica: uma agressão maior e mais concentrada ao meio ambiente e a redu-
ção local de combustível para o fogo. Durante milênios, o uso do fogo enchia o ar do ambiente onde
moravam com os produtos da sua combustão incompleta. Após a invenção da chaminé, foi possível
remover os produtos da combustão e o odor de comida que emanava das casas.

8 Nômades: não possuem habitação fixa, vivem se deslocando de um local para outro.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
24

Na Europa, nos séculos 12 e 13, a madeira para uso como combustível tornou-se tão escassa que foi
necessário buscar um combustível alternativo: o carvão mineral, que era abundante e queimava len-
tamente. Alguns séculos antes da revolução industrial, as principais indústrias associadas à poluição
atmosférica eram a metalúrgica (antes do ano 1 a.C.), cerâmica (antes do ano 4000 a.C.) e a indústria
de preservação de produtos animais.
(Fonte: STERN, 1984.)

Durante a maior parte do século XIX, o carvão era o principal combustível, embora no fim deste
período já fosse usado também o óleo combustível. Os problemas principais deste período eram a
fumaça e a cinza, provenientes da queima de carvão ou de óleo, em fornalhas de fábricas, de locomo-
tivas, navios e no aquecimento doméstico.
A Inglaterra liderou, então, a abordagem do problema ambiental e, no período de 1853 a 1856, o
parlamento promulgou duas leis específicas sobre o assunto, dando, inclusive, poderes à polícia para
fiscalizar a fumaça de fornalhas das indústrias e fornalhas usadas nos navios a vapor que navegavam
pelo rio Tâmisa, na Inglaterra.

2.3 Legislação

Vamos conhecer, a seguir, a legislação que padroniza o tratamento e análises de emissões atmosféricas
e qualidade do ar.

2.3.1 Legislação que controla o lançamento de gases e partículas na atmosfera

A Legislação que controla o lançamento de gases e partículas na atmosfera em todo território nacional
é a Resolução CONAMA nº 382, datada de 26 de dezembro de 2006 e a Resolução CONAMA nº 436/2011.
Esta legislação estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para diversos tipos de
fontes fixas. As fontes fixas são definidas como qualquer instalação, equipamento ou processo que libere
ou emita matéria para a atmosfera. Nos quadros a seguir, são apresentados alguns destes limites para dife-
rentes tipos de processos industriais.
O quadro abaixo apresenta as máximas concentrações permitidas pela legislação, vigente em todo ter-
ritório nacional, que podem ser lançadas na atmosfera pelas chaminés de processos industriais que usam
óleo combustível em equipamentos destinados à geração de calor, como, por exemplo, as caldeiras e for-
nalhas.
2 fundamentos
25

MP(1) NOx (1) (como NO2) SOx (1) (como SO2)


POTÊNCIA TÉRMICA NOMINAL (MW)
mg Nm-3 mg Nm-3 mg Nm-3
Menor do que 10 300 1600 2700
Entre 10 e 70 250 1000 2700
Maior do que 70 100 1000 1800
(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg Nm , em base seca e 3 % de
-3

excesso de oxigênio.
Quadro 3 - Limites de Emissões de Poluentes
Fonte: BRASIL, 2006.

Através do Quadro 4, observa-se que os limites de emissões atmosféricas variam com a potência térmi-
ca do equipamento, ou seja, quanto maior a potência do equipamento para gerar energia, menores serão
os limites permitidos para o lançamento de poluentes no ar ambiente. Esta observação é válida para os
quadros apresentados a seguir.
O quadro seguinte apresenta as máximas concentrações permitidas pela legislação, vigente em todo
território nacional, que podem ser lançadas na atmosfera pelas chaminés de processos industriais que
queimam gás natural em equipamentos destinados à geração de calor.

POTÊNCIA TÉRMICA NOMINAL (MW) NOx (como NO2) (1) (mg Nm-3)
Menor do que 70 320
Maior ou igual a 70 200
(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg Nm-3, em base seca e 3 % de
excesso de oxigênio.
Quadro 4 - Limites de emissão de poluentes
Fonte: BRASIL, 2006.

O quadro seguinte apresenta as máximas concentrações permitidas pela legislação, vigente em todo
território nacional, que podem ser lançadas na atmosfera pelas chaminés de processos industriais que
queimam bagaço de cana-de-açúcar em equipamentos destinados à geração de calor.

POTÊNCIA TÉRMICA
MP(1) (mg Nm-3) NOx (1) (como NO2) (mg Nm-3)
NOMINAL (MW)
Menor do que 10 280 N.A.
Entre 10 e 75 230 350
Maior do que 75 200 350
(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg Nm-3, em base seca e 8 % de
excesso de oxigênio. N.A. - Não Aplicável
Quadro 5 - Limites de emissão de poluentes
Fonte: BRASIL, 2006.

O quadro seguinte apresenta as máximas concentrações permitidas pela legislação, vigente em todo
território nacional, que podem ser lançadas na atmosfera pelas chaminés de processos industriais que
queimam derivados de madeira em equipamentos destinados à geração de calor.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
26

POTÊNCIA TÉRMICA NOMINAL (MW) MP (1) (mg Nm-3) NOx (como NO) (mg Nm-3) (1)

Menor do que 10 730 N.A.


Entre 10 e 30 520 650
Entre 30 e 70 260 650
Maior do que 70 130 650
(1) Os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg Nm-3, em base seca e 8 % de
excesso de oxigênio. N.A. - Não Aplicável.
Quadro 6 - Limites de emissão de poluentes
Fonte: BRASIL, 2006.

2.3.2 Legislação que regulamenta a qualidade do ar

A poluição do ar ocorre quando a alteração da composição da atmosfera resulta em danos reais ou po-
tenciais para o meio ambiente e para os seres vivos. Dentro deste conceito, pressupõe-se a existência de
níveis de referência para diferenciar a atmosfera poluída da atmosfera não poluída. O nível de referência
sob o aspecto legal é denominado Padrão de Qualidade do Ar.
No Brasil, os padrões de qualidade do ar vigentes foram estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 003/90
e são válidos para todo o território nacional. Os poluentes considerados nessa resolução são: partículas totais
em suspensão9 (PTS), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), fumaça, partículas
inaláveis (PM10) e dióxido de nitrogênio (NO2), como apresenta o quadro a seguir.

TEMPO DE PRIMÁRIO SECUNDÁRIO MÉTODO DE


POLUENTE
AMOSTRAGEM µg m -3
Ppb µg m-3 Ppb MEDIÇÃO
Partículas totais 24 horas (1) 240 150 Amostrador de
em Suspensão MGA (2) 80 60 grandes volumes
Dióxido de 24 horas 365 139 100 38,2 Pararosanilina
Enxofre MAA (3) 80 30,5 40 15,3
Monóxido de 1 hora (1) 40.000 35.000 40.000 35.000 Infravermelho
Carbono 8 horas 10.000 9.000 10.000 9.000 não dispersivo
Ozônio 1 hora (1) 160 81,6 160 81,6 Quimiolumines-
cência
Fumaça 24 horas (1) 150 150 Reflectância
MAA (3) 50 50
Partículas Inalá- 24 horas (1) 150 150 Separação iner-
veis (PM10) MAA (3) 50 50 cial/Filtração
Dióxido de 1 hora (1) 320 170 190 101 Quimiolumines-
Nitrogênio MAA (3) 100 53,2 100 53,2 cência

9 Partículas totais em suspensão: as partículas totais em suspensão podem ser definidas como sendo partículas com diâmetro
aerodinâmico equivalente inferior a 100 µm. Outro parâmetro adotado são as partículas inaláveis, com diâmetro aerodinâmico
equivalente menor que 10 µm (1mm = 1000 µm ).
2 fundamentos
27

TEMPO DE PRIMÁRIO SECUNDÁRIO MÉTODO DE


POLUENTE
AMOSTRAGEM µg m-3 Ppb µg m-3 Ppb MEDIÇÃO
Legenda:
(1) não deve ser excedido mais que uma vez ao ano.
(2) média geométrica anual.
(3) média aritmética anual.
Quadro 7 - Padrões nacionais de qualidade do ar
Fonte: BRASIL, 1990.

Os padrões de qualidade do ar definem legalmente os limites máximos para a concentração de um


componente atmosférico que garanta a proteção da saúde e do bem-estar das pessoas.
Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por po-
luentes específicos e são fixados em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada. A
Resolução CONAMA nº 003/90 estabelece dois tipos de padrões de qualidade do ar:
a) primários: são padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, po-
derão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de con-
centração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo;
b) secundários: são padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos
abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim
como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser
entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em metas de
longo prazo.
O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base para a política de prevenção da
qualidade do ar. Deve ser aplicado às áreas de preservação, como por exemplo: parques nacionais, áreas de
proteção ambiental, entre outras.
O objetivo principal do monitoramento ambiental é proteger a saúde e bem-estar da população. Isto é feito
através da quantificação das substâncias poluentes presentes, e que possam tornar o ar impróprio, nocivo
ou ofensivo à saúde. As concentrações medidas são comparadas com os limites regulamentados pela le-
gislação ambiental para verificar se atendem aos limites estabelecidos para a qualidade do ar.

2.4 Classificação das fontes de emissões atmosféricas

Existem basicamente cinco tipos de fontes de poluentes atmosféricos:


a) fontes pontuais, também conhecidas como fontes fixas ou estacionárias: são as chaminés,
vents10 de processo e flare11. A Figura 6 apresenta algumas fontes pontuais.

10 Vents: dutos de ventilação de gases.


11 Flare: são tochas que queimam correntes gasosas industriais em situações de emergência, como por exemplo: queda de
energia ou vazamentos.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
28

Figura 6 - Fontes pontuais de emissões atmosféricas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

b) fontes móveis: diferentes das fixas, não se encontram fixadas em um local. Relacionam-se com os
meios de transporte, e podem ser:
-- Fontes móveis rodoviárias: são as emissões dos veículos devido à queima de combustíveis;
-- Fontes móveis não rodoviárias: são os meios de transporte exceto os veículos que trafegam em rodo-
vias. As fontes móveis não rodoviárias incluem aviões barcos, locomotivas, etc.
c) fontes de emissões fugitivas: são as emissões atmosféricas que resultam de vazamentos em tu-
bulações e equipamentos, tais como: suspiros de tanques12 de estocagem de produtos químicos;
emissões em gaxetas13, bombas e válvulas (conforme setas da figura a seguir); pontos de tomada de
amostras nas indústrias, etc.

Figura 7 - Áreas potenciais de emissões fugitivas em bombas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

12 Suspiros de tanques: aberturas na tampa do tanque para saída dos vapores dos produtos químicos estocados para evitar a
explosão dos tanques.
13 Gaxetas: é um anel de borracha com lábio ou lábios que fazem a vedação em sistemas hidráulicos ou pneumáticos.
2 fundamentos
29

d) fontes área: são fontes estacionárias ou fixas de emissões situadas no solo e que não apresentam
elevação de pluma de poluentes, tais como: pilhas de estocagem, lagoas e áreas de descartes de
resíduos;

Figura 8 - Pilha de estocagem de minério


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

As pilhas de minérios podem emanar partículas para a atmosfera durante seu manuseio devido,
também, à ação do vento;
e) fontes volume: é uma fonte de emissão tridimensional. Essencialmente, é uma fonte área com a
terceira dimensão. Exemplos de fontes volume: esteiras transportadoras e parque de tancagem de
produtos líquidos14 (conforme setas da figura a seguir).

Figura 9 - Fonte volume: emissões fugitivas de tanques de estocagem


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

14 Parque de tancagem de produtos líquidos: área situada nas indústrias onde ficam os tanques de armazenamento de
matérias-primas e/ou de produtos fabricados nas indústrias.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
30

2.5 Tipos de poluentes atmosféricos

O nível de poluição do ar é avaliado através das substâncias poluentes presentes na atmosfera. Poluen-
te é qualquer substância presente no ar que, a depender de sua concentração, possa torná-lo impróprio
ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, prejudicial à segurança,
ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. Os poluentes incluem qualquer
elemento ou composto químico, natural ou artificial, capaz de permanecer em suspensão no ar ou ser
arrastado pelo vento. Essas substâncias podem existir na forma de gases, no estado líquido, em forma de
gotas ou de partículas sólidas.

Você sabia que o nitrogênio é o gás presente em maior concentração na


Curiosidades atmosfera e é indispensável à constituição das células vivas?

Para determinar as concentrações dos poluentes atmosféricos no ambiente, é necessário efetuar medi-
ções para, em seguida, avaliar o grau de exposição dos seus receptores, tais como: o homem, as plantas e
os materiais de construção, que sofrem os seus efeitos.
Os principais tipos de poluentes atmosféricos são:
a) poluentes orgânicos: os compostos ou moléculas orgânicas são as substâncias que contêm na
sua estrutura carbono e hidrogênio, podem conter também oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósfo-
ro, boro e halogênios. Eles são emitidos por um grande número de fontes, tanto naturais quanto
antrópicas. Enquanto as fontes naturais prevalecem em uma escala maior ou regional, as emis-
sões antrópicas são, de modo geral, os principais contribuintes em áreas industrializadas,
como na região de influência de Complexos Químicos e Petroquímicos15. São exemplos de po-
luentes orgânicos: benzeno, tolueno e xileno.
Os compostos orgânicos são de grande interesse do ponto de vista da fiscalização/controle, devido
aos impactos diretos na saúde associados à sua exposição, especialmente os compostos orgânicos
voláteis que vaporizam à temperatura e pressão ambientes.
Estes compostos participam também das reações químicas de formação de ozônio troposférico e de
outros produtos de reações fotoquímicas, nocivos à saúde e ao meio ambiente.
A seguir, são apresentados alguns compostos orgânicos e os efeitos que eles causam à saúde humana:
-- Benzeno: é comprovadamente carcinogênico, ou seja, causa câncer. Está presente na gasolina e nas
emissões gasosas de veículos que usam este combustível;

15 Complexos Químicos e Petroquímicos: áreas industriais contendo várias indústrias químicas ou petroquímicas, que
processam os derivados de petróleo.
2 fundamentos
31

Figura 10 - Benzeno está presente na gasolina


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

-- Cloreto de metileno: o cloreto de metileno ou diclorometano, utilizado na indústria química, atua


sobre o sistema nervoso central e, em altas concentrações, provoca efeitos anestésicos;
-- 1,2 - dicloroetano: seu efeito tóxico principal inclui depressão do Sistema Nervoso Central - SNC,
com agressão hepática (ou seja, do fígado) observada na exposição crônica. A inalação de vapor
pelo homem produz cefaleia, tonturas, fraqueza, espasmos musculares e vômitos;
-- 1,2 - diclorobenzeno: a agressão causada por exposição ao diclorobenzeno é principalmente he-
pática e renal. Ele é moderadamente anestésico, mas a exposição a altas concentrações provoca
depressão do Sistema Nervoso Central - SNC.
b) poluentes orgânicos persistentes (POPs): são substâncias químicas que possuem certas proprieda-
des tóxicas e resistem à degradação quando lançados no meio ambiente. Os POPs são particularmente
nocivos para a saúde humana e para o ambiente. Acumulam-se nos organismos vivos, propagam-se
pelo ar, pela água e pelas espécies migratórias e acumulam-se nos ecossistemas terrestres e aquáticos.
São conhecidos doze POPs. Que são apresentados no quadro a seguir.

Substância Aplicação
Aldrin Pesticida para controle de insetos do solo.
Clordano Usado extensivamente no controle de pragas agrícolas
Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) Pesticida
Dieldrin Pesticida cuja meia-vida no solo é de 5 anos
Eldrin Inseticida usado em lavouras de algodão e grãos. Pode ficar até
12 anos no solo
Heptacloro Pesticida que têm sido associado ao declínio de várias popula-
ções de aves, como o ganso canadense
Hexaclorobenzeno (HCB) Herbicida
Mirex Inseticida usado para retardar o foco em plásticos e borracha
Bifenis policlorados (PCBs) Compostos como o ascarel, usados como isolantes em transfor-
madores elétricos e como aditivos em tintas e plástico
Toxafeno Inseticida tóxico
Dioxinas Subproduto tóxico de vários processos industriais
Furanos Subproduto tóxico de vários processos industriais
Quadro 8 - Poluentes orgânicos persistentes (POP)
Fonte: US EPA, 2013.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
32

A poluição provocada pelos POPs é um problema que ultrapassa fronteiras, o que torna indispensável
seu controle em escala internacional. Mais algumas informações são fornecidas a seguir para dois impor-
tantes POPs:
-- Dioxinas: são subprodutos de vários processos industriais, tais como indústrias de fertilizantes e pesti-
cidas; refinarias de petróleo; incineradores de lixo hospitalar; combustão de pneus e usinas de asfalto.
As emissões industriais de dioxina para o meio ambiente podem ser transportadas a longas distâncias
por correntes atmosféricas e pelas correntes dos rios e dos mares, causando grandes impactos am-
bientais. O termo dioxinas é a denominação comumente usada para a classe de produtos químicos
conhecida como dibenzo-p-dioxinas policlorados (PCDDs) e dibenzofuranos policlorados (PCDFs).
O produto mais tóxico desta classe é o 2, 3, 7, 8 tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD), cuja fórmula es-
trutural é apresentada figura a seguir. Tornou-se conhecida como um contaminante do agente laranja16 e
corresponde a um dos maiores venenos existentes, tendo sido usada como herbicida17 também na Guerra
do Vietnã. Este conflito terminou em 1975, mas os efeitos da contaminação por dioxina perduram ainda
hoje. A dioxina se espalha pela cadeia alimentar atingindo o homem e gerando inúmeros defeitos genéti-
cos em crianças recém-nascidas;

Figura 11 - Dioxina
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

-- Furanos: é um grupo de produtos químicos formado por organoclorados (compostos orgânicos con-
tendo carbono, hidrogênio e cloro na molécula) conhecidos comercialmente por policlorodibenzo-
-furanos (PCDF), cuja fórmula estrutural é apresentada na figura a seguir. Essas moléculas comparti-
lham muitas características com as dioxinas, como por exemplo, sua toxicidade, atividade fisiológica
em doses extremamente pequenas (microgramas) e sua persistência (os furanos não se degradam
facilmente e podem permanecer por mais de 30 anos no ambiente).
Moléculas de furano podem ser carregadas por grandes distâncias pelas massas de ar atmosféricas,
correntes marinhas ou de água doce, e por animais migratórios, como é o caso das baleias e de aves. Entre
as principais fontes de liberação de furanos estão a produção de cloreto de polivinila (PVC), de pesticidas

16 Agente laranja: poderoso herbicida e desfolhante usado em grandes quantidades durante a Guerra do Vietnã.
17 Herbicida: de acordo com a etimologia: herbi, erva, e cida, matar, é um produto químico utilizado na agricultura para o
controle de ervas classificadas como daninhas.
2 fundamentos
33

a base de cloro, de produtos farmacêuticos, fabricação e branqueamento de polpa e papel e fabricação de


tintas.
As vias de absorção mais comuns, por onde os furanos penetram no organismo humano, são a pele, siste-
ma respiratório e aparelho digestivo. Os furanos também são capazes de atravessar a barreira da placenta e
provocar má formação em fetos.

Figura 12 - Furano
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

c) metais pesados: são definidos como um grupo de elementos situados entre o cobre e o chumbo na
tabela periódica, tendo pesos atômicos entre 63, 546 e 200, 590 e densidade superior a 4,0 g cm-3,
apresentados na tabela periódica. Metais como o chumbo (Pb), cádmio (Cd) e mercúrio (Hg) são qui-
micamente reativos e se acumulam no organismo, ou seja, o organismo não é capaz de eliminá-los
e, por isso, podem causar doenças graves:
-- Chumbo: causa anemia e inibição da medula óssea, disfunção renal, hepatite e encefalopatia com
alterações de comportamento e redução do Quociente de Inteligência (QI).
-- Mercúrio: à medida que o mercúrio é transportado pelo sangue, ele é distribuído pelos tecidos e
concentra-se nos rins, fígado e sangue, medula óssea, parede intestinal, parte superior do aparelho
respiratório, mucosa bucal, glândulas salivares, cérebro, ossos e pulmões. É um metal muito tóxico
para as células, e provoca desintegração de tecidos.
Alguns exemplos de metais pesados são: mercúrio, cádmio e chumbo. Os metais podem ser encontra-
dos em despejos de diferentes tipos de indústrias, como mineradoras, galvanoplastia18, curtumes e manu-
faturas de produtos eletrônicos. Um evento marcante em termos de contaminação por metais pesados foi
registrado na década de 1950 na Baía de Minamata (Japão). Nesse local, o contínuo descarte de resíduos
contendo mercúrio contaminou os peixes e, em consequência, milhares de pessoas que se alimentavam
desses peixes (BAIRD, 2002).
d) oxidantes fotoquímicos: denomina-se oxidante fotoquímico a mistura de poluentes secundários
formados pela reação entre hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, na presença de luz solar. O
ozônio é o principal componente desta mistura e, por este motivo, é utilizado como parâmetro

18 Galvanoplastia: é um processo de blindagem onde os íons de metais em uma solução são levados a partir de um campo
elétrico para revestir o eletrodo.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
34

indicador da presença dos oxidantes fotoquímicos, que também apresentam em sua composição
quantidades pequenas de compostos oxigenados derivados dos hidrocarbonetos;
-- Poluentes prioritários: são poluentes que causam ou podem causar feitos nocivos à saúde ou ao ecos-
sistema. Exemplos de poluentes prioritários são: dioxinas, benzeno, arsênio, mercúrio e cloreto de
vinila. No clean air act (Lei do Ar Limpo), a legislação americana lista 188 compostos como poluentes
atmosféricos perigosos e estabelece limites para eles. Estes poluentes são emitidos através de todos
os tipos de fontes: grandes fontes industriais, fontes estacionárias pequenas (lavanderias a seco, ofici-
nas de pinturas de carros), fontes móveis (carro, navios, aviões), entre outras;
-- Monóxido de carbono (CO): é produzido pela queima incompleta de combustíveis, como a gasolina,
gás natural e o carvão;
-- Material particulado (MP): conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de
material sólido e líquido que se mantêm suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho;
-- Dióxido de enxofre (SO2): é produzido pela queima de combustíveis, como óleo combustível, gasolina
e o carvão mineral que possuem enxofre em sua composição;
-- Óxidos de nitrogênio (NOx): são produzidos durante a queima de combustíveis fósseis, como: óleo
combustível, gasolina, gás natural e carvão;
-- Ozônio (O3): é formado na atmosfera pela reação entre hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, (po-
luentes emitidos durante a queima de combustíveis, como óleo combustível e gasolina, nas fábricas e
nos veículos, respectivamente) na presença de luz solar.

SAIBA Para saber mais sobre o assunto, consulte o site da Companhia de Tecnologia de Sane-
MAIS amento Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB.

2.6 Influência das emissões atmosféricas sobre a saúde

Os poluentes afetam vários constituintes do sistema respiratório, que é a parte do corpo mais suscetí-
vel ao seu ataque. As áreas mais sensíveis vão desde as membranas mucosas até os pulmões. Os gases
19

solúveis, como o dióxido de enxofre (SO2), podem se dissolver nas mucosas e passar através das paredes
dos alvéolos20 para a corrente sanguínea.
Além dos problemas respiratórios causados pela exposição aos poluentes, outras áreas do corpo hu-
mano são afetadas, como os olhos, que são sensíveis a oxidantes como o peroxiacetilnitrato (PAN), por

19 Suscetível: capaz de receber, de experimentar, de sofrer impressões, modificações.


20 Paredes dos alvéolos: os pulmões possuem o papel de extrair oxigênio (O2) do ar para que possamos respirar. Eles são feitos
de um tecido esponjoso, com pequenos sacos em seu interior, chamados de alvéolos pulmonares. A parede externa dos alvéolos
é circundada por vasos sanguíneos.
2 fundamentos
35

exemplo. Porém, qualquer agente químico presente no ar exerce efeitos potencialmente danosos sobre as
funções pulmonares e sobre todo o organismo.
A figura a seguir apresenta o sistema respiratório, que é dividido basicamente em três regiões: nasal
(composta do nariz, boca e garganta), traqueobronquial (composta da traqueia, brônquios e saco alveolar)
e pulmonar (terminação dos brônquios e saco alveolar). A traqueia se ramifica nos brônquios direito e es-
querdo. Estas são as regiões afetadas pela exposição aos poluentes.

fossas nasais

cavidade bucal faringe

laringe traqueia
brônquios

pulmão pulmão
direito esquerdo

diafragma

Figura 13 - Sistema respiratório


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O comportamento de gases no sistema respiratório é influenciado pela região do sistema respiratório,


na qual eles se localizam, conforme apresenta a figura a seguir.

Denominação do
Local da ação Solubilidade Composto
composto
Olhos NH 3 Amônia
Laringe HCI
Ácido Clorídrico
Vias respiratórias Alta HCHO
CH2=CH-CHO Formaldeído
Aldeído

Brônquios SO2 Dióxido de Enxofre


Bronquíolos CI 2
Média Cloro
Br 2
RCOCI Bromo
Cloreto de Acila
Bronquíolos O3 Ozônio
Avéolos pulmonares NO2 Dióxido de Nitrogênio
Baixa COCI 2
Capilares Fosgênio
CdO
Óxido de Cádmio
Figura 14 - Impacto dos poluentes atmosféricos na saúde
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

O comportamento dos gases depende da solubilidade das moléculas gasosas nas superfícies das dife-
rentes regiões do sistema respiratório, como apresenta a figura a seguir. Gases muito solúveis, como SO2,
são absorvidos no trato respiratório superior, enquanto gases menos solúveis, como NO2 e O3, podem
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
36

penetrar a região pulmonar. Os gases dissolvidos podem ser eliminados por processos bioquímicos ou
podem se difundir para o sistema circulatório.
E o comportamento das partículas no pulmão depende do diâmetro aerodinâmico das partículas
(DAP), que é o diâmetro de uma partícula esférica e de densidade igual a um, utilizada para fins de estudos.
Existe uma relação entre o DAP e as regiões do pulmão onde as partículas se depositam, como apresenta a
figura a seguir.

10 µm

2,5 µm

≤ 2,5 µm

Figura 15 - Penetração das partículas de diferentes diâmetros no sistema respiratório


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

De acordo com a figura anterior, as maiores partículas, com diâmetro menor do que 100 µm (micrô-
metros21) são depositadas na região nasal; as partículas menores do que 10 µm passam por esta região,
depositando-se na região traqueobronquial ou nos pulmões. E as partículas menores do que 2,5 µm (partí-
culas de poeira, sílica, etc.) penetram mais profundamente no aparelho respiratório, e atingem os alvéolos,
passando em seguida para a corrente sanguínea. Ou seja, quanto menor o DAP, maior o dano causado ao
organismo.
O impacto da poluição nos seres humanos é o principal motivo para seu controle. Muitas pessoas não
possuem o luxo de escolher o ar que respiram. A população das zonas urbanas inclui uma larga faixa etária,
com condições de saúde diferentes, que podem ser afetadas pelos impactos da poluição atmosférica. Dentro
deste grupo, podem-se identificar subgrupos mais sensíveis a estes impactos, que são:
a) crianças muito novas, nas quais os sistemas respiratórios e circulatórios ainda estão em formação;
b) pessoas idosas, nas quais estes sistemas não funcionam mais de forma eficiente;
c) pessoas que têm doenças como asma, enfisema e doenças cardíacas.

21 Micrômetros: um micrômetro ou mícron (µm) é uma unidade de comprimento do sistema Internacional de Unidades. Está
definido como um milionésimo de metro (1 ×10-6 m).
2 fundamentos
37

Estes grupos são mais sensíveis aos poluentes e, em contato com a poluição, apresentam respostas
mais nocivas do que a população em geral. A poluição do ar afeta principalmente o sistema respiratório,
circulatório e olfativo. O sistema respiratório é a principal rota de entrada dos poluentes atmosféricos, al-
guns chegam a alterar as funções dos pulmões.
Quanto maior a concentração ou o tempo de exposição aos poluentes, maior será a probabilidade de
causar danos à saúde. Outros efeitos da poluição atmosférica, mais difíceis de mensurar, são aqueles gera-
dos nos sistemas imunológico, neurológico e reprodutivo.
A seguir, são apresentados alguns poluentes e seus efeitos na saúde:
a) monóxido de carbono (CO): os efeitos da exposição ao monóxido de carbono estão associados
à capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. O monóxido de carbono (CO) compete com
o oxigênio (O2), na combinação com a hemoglobina (responsável por transportar o oxigênio pela
corrente sanguínea), uma vez que a afinidade da hemoglobina pelo CO é cerca de 200 vezes maior
do que pelo oxigênio. A combinação de CO com hemoglobina forma a carboxihemoglobina, que,
mesmo em baixas concentrações, pode diminuir a capacidade de transporte de oxigênio pelo san-
gue, e também diminuir os reflexos e a acuidade visual;
b) material particulado (MP): seus efeitos sobre a saúde estão associados à capacidade do sistema
respiratório de remover as partículas presentes no ar inalado, retendo-a nos pulmões. A presença de
substâncias minerais tóxicas no material particulado (poeiras), como silicatos22 e compostos orgâni-
cos, como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos23, causam sérias doenças a exemplo do enfisema
e câncer, respectivamente;
c) dióxido de enxofre (SO2): os efeitos dos gases na saúde humana estão intimamente associados à
sua solubilidade nas paredes do aparelho respiratório, o que determina a quantidade de poluente
capaz de atingir as áreas mais profundas do aparelho respiratório. O dióxido de enxofre (SO2) agrava
as doenças respiratórias preexistentes, sozinho provoca irritação no sistema respiratório, e absorvi-
do em partículas pode ser conduzido mais profundamente, podendo causar danos aos tecidos do
pulmão. Exposições prolongadas a baixas concentrações de SO2 têm sido associadas ao aumento
de morbidade cardiovascular em pessoas idosas;
d) óxidos de nitrogênio (NOx): com relação aos óxidos de nitrogênio (NO e NO2), o NO2 é motivo de
preocupação porque ele é muito solúvel, o que o torna capaz de penetrar profundamente no sistema
respiratório, no pulmão e nos alvéolos, causando irritação. Isto pode causar bronquite, pneumonia,
fibrose crônica, enfisema e baixa resistência a infecções. O NO contribui para a formação de ozônio
na troposfera, como pode ser visto na figura a seguir;
e) ozônio (O3): evidências científicas demonstram que ozônio (O3) é um dos poluentes atmosféricos
que causam mais danos à saúde humana, mesmo em baixíssimas concentrações. A presença do

22 Silicatos: grupo de substâncias minerais que entram na composição de quase todas as rochas da crosta terrestre (AULETE,
2008).
23 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: constituem uma família de compostos caracterizada por possuírem 2 ou mais
anéis aromáticos condensados. Estas substâncias, bem como seus derivados nitrados e oxigenados, têm ampla distribuição e são
encontrados como constituintes de misturas complexas em todos os compartimentos ambientais.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
38

ozônio no ar ambiente é uma das maiores preocupações atuais quando se trata da qualidade do
ar, principalmente em regiões próximo de grandes cidades e de indústrias, pois são os veículos e as
indústrias, em geral, que emitem seus precursores (compostos orgânicos voláteis e óxidos de nitro-
gênio). Ozônio pode provocar inflamações nos pulmões, mesmo presente em concentrações muito
mais baixas do que qualquer outro poluente.
Além disto, ao ser inalado, ele dificulta o transporte de oxigênio pelo sangue, o que pode comprome-
ter o aporte de nutrientes para todos os tecidos do organismo, pode também causar mortes prema-
turas, provoca irritação nas vias respiratórias, dor de cabeça, tontura, cansaço, tosse, ressecamento
das membranas mucosas da boca, nariz e garganta, alterações na visão, ardor nos olhos, mudanças
funcionais no pulmão e edema.
Os efeitos causados pela presença de ozônio na atmosfera são muito diferentes, e dependem da alti-
tude em que ele se encontre, pois ele pode ser formado na troposfera ou na estratosfera, de acordo
com a figura a seguir, e é a causa de muitos problemas ambientais graves.

35

30
Altitude (Quilômetros)

25 O3 na Estratosfera filtra 90 % dos raios UV

20

15

10 O3 na Tropopausa é um gás de efeito estufa

O3 na superfície afeta a saúde humana e


5 o ecossistema (Troposfera)

0 5 10 15 20 25
Figura 16 - Efeitos de Ozônio em diferentes altitudes
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A depleção, ou seja, a redução da camada de ozônio observada na Antártica faz com que a penetração
da radiação UV próximo do solo aumente, induzindo a formação de câncer de pele e também provocando
danos ecológicos aos oceanos.

SAIBA Para saber mais sobre aspectos da Poluição Atmosférica, consulte o site da Agência de
MAIS Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
2 fundamentos
39

2.7 Medidas de controle de poluentes atmosféricos

Em muitos casos, a emissão dos poluentes pode ser eliminada ou reduzida através da substituição de
combustíveis, matérias-primas e reagentes que entram no processo, mudança de equipamentos ou até
mesmo modificações nos processos industriais. A substituição de combustíveis contendo enxofre por
combustíveis sem esse elemento, por exemplo, elimina a formação e a emissão de compostos de enxofre
para a atmosfera. O gás natural é praticamente isento de enxofre e pode substituir os óleos combustíveis
que contêm teores altos desse elemento.
A redução ou eliminação dos poluentes atmosféricos é a área do controle ambiental na qual a tecnologia
mais se desenvolveu nas últimas décadas. O intenso aprimoramento dos processos de controle de material
particulado, a redução do teor de enxofre e a conversão catalítica24 de óxidos de nitrogênio, presentes nos
gases lançados pelas chaminés das indústrias, resultaram em melhorias significativas.
Estas melhorias são decorrentes das novas tecnologias ambientais, empregadas em larga escala nas
plantas industriais de grande capacidade de produção de energia, que utilizam grandes quantidades de
combustíveis fósseis, e que, por isso, possuem potencial significativo de poluir o meio ambiente.
No Brasil, as medidas de controle de poluentes atmosféricos também estão sendo cada vez mais exigi-
das, e a Resolução CONAMA nº 001/86 que estabelece as diretrizes para os estudos de impactos ambientais
referentes aos novos empreendimentos industriais ou para suas ampliações, requer em seu Art. 6o, referen-
te ao meio físico, as seguintes medidas:
a) estudo de impactos do novo empreendimento industrial na qualidade do ar da região onde se ins-
talará através do uso de modelos matemáticos;
b) o estabelecimento de medidas de controle para minimizar eventuais impactos de ozônio e demais
poluentes na região.
Portanto, o processo de licenciamento ambiental de empreendimentos industriais, tais como de uma usi-
na termoelétrica, que possa causar impactos na qualidade do ar, deve incluir todos os estudos necessários
para comprovar que os impactos serão minimizados através da instalação de equipamentos de controle ade-
quados.
As medidas de controle usualmente utilizadas podem ser divididas em: medidas indiretas e medidas
diretas.

2.7.1 Medidas indiretas

São medidas preventivas que atuam no sentido de eliminar, reduzir, diluir, segregar ou afastar os po-
luentes descarregados na atmosfera. A seguir, são fornecidas mais informações sobre as medidas indiretas
que incluem:

24 Conversão catalítica: processo realizado pelo conversor catalítico que é um dispositivo usado para reduzir a toxicidade das
emissões dos gases de escape de um motor de combustão interna.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
40

a) planejamento urbano: este método consiste basicamente em uma melhor distribuição espacial
das fontes potencialmente poluidoras do ar aumentando a distância entre as fontes de emissões
(as chaminés das fábricas) e os receptores (as cidades, comunidades, etc). Estas medidas diminuem
a concentração de atividades poluidoras próximas a núcleos residenciais, melhorando o sistema
viário. Além disso, proibir a implantação de fontes de alto potencial poluidor em regiões críticas, lo-
calizando as fontes preferencialmente a jusante25 dos ventos predominantes na região, em relação
a assentamentos residenciais, e controlando a circulação de veículos em áreas congestionadas;
b) diluição através de chaminés altas: a utilização de chaminés altas visa reduzir a concentração do
poluente ao nível do solo, sem a redução da quantidade emitida. Trata-se, portanto, de medida cuja
eficácia depende da distribuição espacial das fontes de emissões e das condições meteorológicas e
topográficas da região. É uma técnica recomendável apenas como medida adicional para melhoria
das condições de dispersão dos poluentes residuais na atmosfera, mas somente após a adoção de
outras medidas de controle para reduzir a geração de poluentes ou a sua emissão nas indústrias;

Figura 17 - Emissão atmosférica de uma termoelétrica


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Algumas medidas indiretas podem ser usadas para impedir ou reduzir a geração de poluentes. São elas:
a) uso de combustíveis com baixo teor de enxofre: é a solução mais simples quando o novo combus-
tível substituto possui as propriedades necessárias para o processo de combustão utilizado. Em
geral, o dióxido de enxofre (SO2) é o principal poluente resultante dos processos de geração de
energia e combustão. O enxofre presente nos óleos combustíveis e nos resíduos de destilação pode
ser removido por craqueamento26 catalítico, térmico e processos de hidrogenação. Uma desvanta-
gem é o custo deste tratamento que aumenta o preço do combustível em até 50 %;

25 Jusante: sentido a favor da direção do vento, ou seja, as fontes de emissões devem ser instaladas depois das cidades
(jusante) com relação à direção predominante do vento.
26 Craqueamento: termo originado do termo inglês (cracking= quebra) é como se denominam vários processos químicos na
indústria pelos quais moléculas orgânicas complexas como hidrocarbonetos são quebradas em moléculas mais simples (por
exemplo, hidrocarbonetos leves) por quebra de ligações carbono-carbono dos compostos pela ação de calor e/ou catalisador.
2 fundamentos
41

b) as mercaptanas27 podem ser removidas através da reação do combustível gaseificado com alguns
catalisadores, como sílica gel, bauxita ou alumina);
c) os óxidos de nitrogênio são formados também durante a reação entre o oxigênio e nitrogênio (pre-
sentes no ar de combustão). A formação destes óxidos aumenta devido às elevadas temperaturas
existentes na câmara de combustão;
d) conversão de combustíveis: este método é usado para reduzir a quantidade de enxofre presente
nos combustíveis que alimentam a fonte de combustão28. Consiste na remoção de enxofre durante
a conversão de carvão, na sua gaseificação. O gás resultante é limpo e os subprodutos são tratados.
Nos óleos combustíveis, o enxofre pode ser removido através de sua reação com o cálcio, durante
gaseificação, usando ar. Os gases quentes ficam livres de enxofre através da reação do gás sulfídrico
(H2S) com hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), resultando em sulfeto de cálcio (CaS), que pode ser conver-
tido em óxido de cálcio (CaO);
e) redução da geração de óxidos de nitrogênio (NOx): pode ser feita através do controle de excesso de
ar, mantendo-o no nível mínimo; recirculação dos gases de chaminé através da câmara de combus-
tão e manutenção da razão correta entre a quantidade de ar para combustão primária e secundária.
A combustão primária ocorre na base do fogo, queimando a lenha, por exemplo. Com o fogo origi-
nado da combustão primária da lenha desprendem-se partículas e gases combustíveis, que ainda
não entraram em combustão porque o oxigênio requerido para a queima já foi todo consumido.
Na combustão secundária, é adicionado mais oxigênio, que abastece a parte superior das chamas,
onde estão os gases e partículas, reagindo com estas para que entrem em combustão, gerando
mais calor. Assim, tem-se o máximo rendimento do potencial da lenha. Esquematicamente, pode-se
representar a combustão primária e secundária da seguinte forma:

C (carbono da lenha) + O2 = calor + CO (combustão primária)

CO + ½ O2 = calor + CO2 (combustão secundária)

f) suprimir as emissões de dióxido de enxofre (SO2) durante o processo de combustão: as emissões


podem ser suprimidas através da adição de substâncias que se combinam com o SO2 a elevadas
temperaturas existentes durante a combustão, resultando em compostos que são removidos jun-
tamente com as cinzas, em sistemas de separação projetados para remoção de partículas sólidas. O

27 Mercaptanas: compostos orgânicos de odor fétido, derivados de um álcool no qual o oxigênio foi substituído pelo enxofre;
tioálcool, tiol.
28 Fonte de combustão: fornalhas e fornos.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
42

sulfato, sulfito, o aditivo não reagido e as cinzas são removidos no sistema de separação e estocados
em aterros apropriados.

2.7.2 Medidas diretas

Visam à retenção dos poluentes após sua geração, através do uso de equipamentos de controle e in-
cluem:
a) seleção e dimensionamento de sistemas de controle de poluentes;
b) equipamentos de controle de material particulado (coletores secos e úmidos);
c) equipamentos de controle de gases e vapores.
Esgotados todos os esforços com as medidas indiretas anteriormente mencionadas, sem que tenha
sido conseguida a redução necessária na geração de poluentes, deve-se então utilizar os equipamentos
para tratamento das emissões (equipamentos de controle de poluentes).
Pode ser que a escolha recaia na implantação desses equipamentos devido ao fato de serem mais eco-
nômicos, mais disponíveis ou mais viáveis para casos específicos, a exemplo de ciclones e filtros.
Um sistema adequadamente projetado fornece um meio eficiente de controle dos poluentes na fonte,
reduzindo custos e complexidade do processo. Para cada fonte de poluição, deve ser estudada a melhor
solução, tanto do ponto de vista de custo, como do ponto de vista ambiental. As tecnologias de controle
de poluição do ar disponíveis permitem que a poluição seja reduzida, muitas vezes, em mais de 99 %.
A seleção do sistema de controle de poluição do ar deve contemplar ações integradas, visando atender
os níveis máximos de exposição ocupacional, padrões de qualidade do ar e de emissões atmosféricas, defi-
nidos pela legislação vigente. Essa escolha deve ser precedida de análise de viabilidade técnica, econômica
e de outros fatores específicos da fonte em questão, tais como: tipo e a natureza dos poluentes, eficiência
desejada e/ou requerida, etc.
Os fundamentos das emissões atmosféricas apresentados neste capítulo são a base para uma melhor
compreensão do tratamento e análise de emissões atmosféricas e qualidade do ar.

2.8 Cinética dos gases

O objetivo da teoria cinética dos gases é desenvolver um modelo físico do estado gasoso, capaz de
explicar as diversas leis que regem seu comportamento (CROCKFORD,1977).
As inúmeras observações experimentais conduziram aos seguintes postulados29 a respeito do compor-
tamento dos gases no nível molecular e atômico.

29 Postulados: princípio ou fato reconhecido, mas não demonstrado.


2 fundamentos
43

a) Os gases consistem de partículas (moléculas ou átomos) cuja separação é muito maior do que o
tamanho das próprias partículas.
b) As partículas de um gás estão em movimento contínuo, aleatório e rápido. À medida que se movem,
elas colidem umas com as outras e com as paredes do recipiente.
c) A energia cinética média das partículas do gás é proporcional à temperatura do gás. Todos os gases,
independentemente de sua massa molecular, têm a mesma energia cinética média na mesma tem-
peratura.
A energia cinética de uma única molécula de massa m em uma amostra de gás é dada pela equação:

K.E= ½ (massa).(velocidade)2= ½ mµ2

Onde µ é a velocidade dessa molécula.


Podemos calcular a energia cinética de uma única molécula de gás a partir dessa equação, mas
não de um conjunto de moléculas, porque nem todas as moléculas em uma amostra de gás mo-
vem-se com a mesma velocidade: algumas moléculas têm velocidades elevadas (e portanto, ener-
gia cinética elevada) e outras têm velocidades baixas (e energia cinética baixa). Para o gás oxigênio a
25 °C, por exemplo, a velocidade máxima é de aproximadamente 400 m s-1, mas a maioria das moléculas
tem velocidades na faixa de 200 a 700 m s-1.
Quando a temperatura de um gás aumenta, a força média das colisões com a parede do recipiente
cresce, a velocidade das moléculas de gás aumenta, e o número de moléculas que se movem mais rápido
aumenta consideravelmente porque a energia cinética média das moléculas aumenta. Matematicamente
isto significa que P (pressão) é proporcional a T (temperatura) quando n (número de mols ou quantidade
de partículas) e V (volume) são constantes (KOTZ; TREICHEL, 2006).
A equação desenvolvida por Émile Clapeyron relaciona as três variáveis de estado (pressão, volume e
temperatura) com a quantidade de partículas (número de mols) que compõe um gás.
A relação que ficou conhecida como A Equação de Clapeyron ou Equação de um gás ideal se dá da
seguinte forma:

p.V=n.R.T

Onde:
p: pressão
V: volume
T: temperatura
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
44

n: número de mols
R: constante universal dos gases perfeitos.
O valor de R depende das unidades utilizadas para medir as variáveis de estado, podendo ser:

atm. L J
R = 0,082 ou R = 8,317
mol. k mol. k

O número de mols (n) do gás é dado pela razão entre a massa do gás (m) e sua Massa Molecular (MM):

2.8.1 Transformações gasosas

O que significa dizer que um gás sofreu uma transformação gasosa?


Para responder esta questão é importante relembrar que o estado do gás ou estado gasoso é determi-
nado pelas variáveis de estado: pressão, volume e temperatura, conforme mostra a figura a seguir.

T
V

Figura 18 - As variáveis de estado: pressão (p), volume (V) e temperatura (T)


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

As variáveis de estado: pressão (p), volume (V) e temperatura (T) determinam o estado de um gás. Logo,
uma transformação gasosa nada mais é do que qualquer situação em que uma determinada quantidade
de gás sofre modificação em uma de suas três variáveis de estado. Sempre que uma variável sofrer altera-
ção, a outra consequentemente terá seu valor mudado.
2 fundamentos
45

As transformações gasosas podem ser: isotérmica30, isobárica e isovolumétrica, conforme deta-


lhado a seguir:
a) Transformação isotérmica: é aquela em que, em um processo termodinâmico de um gás ideal,
a temperatura permanece constante durante o processo. Essa transformação também recebe o
nome de Lei de Boyle-Mariotte. Boyle, químico irlandês, que em 1660, enunciou a lei, segundo a
qual, para determinada amostra de gás, o produto da pressão pelo volume ocupado pelo gás é
constante quando a temperatura não varia. Em 1676 Mariotte, um físico francês, descobriu de for-
ma independente a mesma lei. Por isso ela é chamada hoje de lei de Boyle-Mariotte. O diagrama
apresenta a transformação isotérmica.

p
pi

pf

0 Vi Vf
V
Figura 19 - Diagrama PV: Transformação Isotérmica
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Em resumo, a lei pode ser enunciada como: “Quando a temperatura de uma amostra de gás permanece
constante, a sua variação de volume é inversamente proporcional à sua variação de pressão.
Antes de apresentar as outras duas transformações acima mencionadas, vamos relembrar o que diz a
Lei Geral dos Gases Perfeitos: uma massa de gás inicialmente definida pelas variáveis de estado (p1,V1 e
T1), ao sofrer uma transformação gasosa, passa a ter as variáveis de estado (p2,V2 e T2) que caracterizam o
estado final do gás.
Essas variáveis obedecem à seguinte relação:

pV p1 V1 p2 V2
= constante =
T T1 T2

Pela equação acima pode-se observar que a pressão, o volume e a temperatura variam no decorrer da
transformação gasosa, conforme a relação:

30 Isotérmica: iso (igual) + thermo (temperatura).


TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
46

p V = constante p1 V1 = p2 V2

b) Transformação Isobárica ou Lei de Gay-Lussac: é a transformação na qual a pressão p do gás


se mantém constante, variando seu volume V e temperatura T. De acordo com a seguinte relação:

V V1 V2
= constante =
T T1 T2
c) Transformação Isovolumétrica ou Lei de Charles: também conhecida como transformação
isocórica, é a transformação na qual o volume V do gás se mantém constante, variando sua pres-
são p e temperatura T. conforme a relação:

p p1 p2
= constante =
T T1 T2

2.8.2 Unidades de concentração

A unidade de concentração de gases mais comumente utilizada é expressa em unidades de volume, ou


seja, em ppm = parte por milhão.
Ou seja, se determinado gás estiver presente no ambiente em uma concentração de 1 ppm, isto é equi-
valente a ter 1 cm3 do gás, em 1 m3 de ar, ou 1 litro do gás em 106 litros de ar.
Fases condensadas, por exemplo, material presente como sólido ou líquido, no ar, são expressas em
termos de massa por unidade de volume de ar, geralmente em μg m-3 (1 g = 1.000.000 μg), ou seja, micro-
gramas por metro cúbico de ar.
Usa-se também μg m-3 para expressar a concentração de gases, porém deve-se lembrar que gases dife-
rentes possuem diferentes massas moleculares, desta forma dois gases podem ter a mesma concentração
em termos de massa, porém podem estar em diferentes concentrações em termos moleculares ou de
pressão.
Para converter concentrações de gases de μg m-3 para ppm, pode-se calcular da seguinte forma:
2 fundamentos
47

μg m-3= (ppm . MM/22,4).1000

Esta fórmula é proveniente da Lei dos gases ideais, ou seja:

PV = n.RT

Onde:
P = pressão (em atmosferas)
V = volume molecular (nas CNTP 1 mol de gás ocupa 22,4 litros)
T = temperatura (K)
R = constante universal dos gases
O enunciado da lei dos gases é: Um mol de um gás ideal ocupa um volume de 22,4 litros, sob a pressão
de 1 atmosfera e temperatura de 273,15 K . Este volume é denominado volume molar padrão, e a pressão
de 1 atmosfera e temperatura de 273,15 K são denominados Condições Normais de Temperatura e Pressão
(CNTP).
a) Para converter a temperatura de graus Celsius (°C) para Kelvin (K): K = °C + 273,15;
b) A relação entre a massa e o volume é que determina a densidade de um gás;
c) Densidade = massa/Volume ou d=m/v;
d) A densidade do ar é 1,2929 Kg m-3 a 273,15 K e 1,013 bar.

Exercício
A concentração de um gás a 25 °C e 760 mmHg (1 atmosfera) é 1 ppm, converter para as unidades de
concentração expressas em μg m-3.
Resolução:
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
48

1 ppm (volume) de gás = 1 litro do gás em 106 litros de ar

(1 litro/22,4). MM.106 µg/gmol


=
106 litros . 298 K/273 K .10-3 m3/litro

= 40,9 x MM µg m-3

2.8.3 Gases ideais versus gases reais

Como não é possível ver os gases em ação, é preciso entender seu comportamento. Para isto foi criada,
a partir de vários experimentos com gases, um modelo de comportamento das partículas dos gases ou
uma teoria cinética dos gases, também denominada teoria dos gases ideais.
Todo gás que se comporta com as características descritas a seguir é chamado de gás ideal ou perfeito.
No entanto, lembre-se que, como é um modelo, sua existência não é real. Normalmente os gases estuda-
dos, chamados de gases reais, não se comportam inteiramente como um gás ideal, porque os gases intera-
gem entre si e a teoria cinética considera que não há interações entre suas moléculas.
Além disso, é importante saber que a altas temperaturas e baixas pressões, o comportamento dos gases
reais se assemelha bastante ao dos gases ideais.
Desse modo, as características gerais dos gases, segundo a teoria cinética são:
a) Grande compressibilidade e capacidade de expansão. Por não apresentarem um volume fixo, os
gases ocupam o volume do recipiente em que estão confinados. Além disso, o gás se dilata quando
aquecido e se contrai quando resfriado.

Figura 20 - Compressão e expansão dos gases


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

b) Os gases são miscíveis entre si em qualquer proporção, ou seja, sua difusão é muito grande;
2 fundamentos
49

c) Os gases são formados por partículas minúsculas que apresentam grande liberdade de movimen-
tação. De modo desordenado e contínuo, elas se chocam umas com as outras e com as paredes do
recipiente, exercendo uma pressão uniforme sobre ele;
d) Essa pressão é a intensidade da força de colisão com as paredes por unidade de área;
e) As partículas de um gás não se depositam no solo pela ação da gravidade, uma vez que se movi-
mentam velozmente;
f) Quanto maior for o número de choques realizado pelas partículas do gás em um recipiente, maior
será a pressão exercida por ele;
g) O choque realizado entre as partículas do gás ideal deve ser elástico, ou seja, sem perda de energia
cinética;
h) Todo gás tem massa;
i) O aumento da temperatura provoca um aumento na energia cinética das partículas do gás, que faz
com que elas se movimentem mais rápido;

água gelada água fervente

Figura 21 - Energia cinética dos gases


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

j) As forças de atração intermolecular são consideradas desprezíveis;


k) As três variáveis de estado dos gases são: volume, temperatura e pressão.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
50

As atividades oriundas dos processos industriais e das emissões de veículos alteram a composição ge-
ral da camada de gases que envolvem a terra – a atmosfera, devido à emanação de gás carbônico (di-
óxido de carbono), monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e de enxofre, entre outros compostos.
Esta alteração da composição da atmosfera é denominada poluição do ar.
Os poluentes afetam vários constituintes do sistema respiratório, que é a parte do corpo mais sus-
cetível ao seu ataque. As áreas mais sensíveis vão desde as membranas mucosas até os pulmões. O
impacto da poluição nos seres humanos é o principal motivo para seu controle. Muitas pessoas não
possuem o luxo de escolher o ar que respiram.
Para controlar a quantidade de poluentes emitidos, o gerenciamento das emissões atmosféricas
é realizado pelas indústrias e órgãos ambientais, envolvendo a implantação de medidas, como
o monitoramento das fontes de emissões de poluentes e a redução das cargas de poluentes lan-
çadas na atmosfera, com o objetivo de controlar a qualidade do ar, para evitar a sua degradação.
2 fundamentos
51
Tratamento das emissões atmosféricas e
principais controles operacionais

As medidas ou métodos diretos de controle de emissões atmosféricas servem para reter os poluen-
tes após sua geração, evitando assim o lançamento de poluentes na atmosfera, e incluem técnicas que
destroem os poluentes, como a incineração, que transforma os gases e vapores poluentes em dióxido
de carbono (CO2) e vapor de água, e técnicas que recuperam os poluentes, como absorção, adsorção e
condensação (SCHIRMER; LISBOA, 2007).

A seleção do equipamento de controle de poluição de ar a ser utilizado pelas indústrias


deve ser precedida de análise de viabilidade técnica, econômica e de outros fatores específicos
para cada caso. Essa escolha depende de vários fatores, entre os quais o tipo e a natureza dos
poluentes, eficiência de controle desejada, condições locais e custo.
Os equipamentos de controle são classificados em função, basicamente, do estado físico do
poluente estudado e do mecanismo de controle. Em seguida, a classificação envolve diversos
parâmetros como mecanismo de controle, uso ou não de água ou outro líquido, etc.
O material particulado pode ser removido do fluxo gasoso por sistemas secos como:
a) coletores mecânicos inerciais (o gás carregado com partículas “choca-se” contra obstá-
culos, com mudanças bruscas de direção, após aumentar-se a sua velocidade, fazendo
com que as partículas, com inércia, não evitem o choque, sejam impactadas e, em sua
maioria, coletadas) e gravitacionais (utilizam a deposição gravitacional das partículas
carregadas pelo fluxo gasoso);
b) coletores centrífugos, como os ciclones;
c) precipitadores eletrostáticos secos e filtros de tecido, como, por exemplo, os filtros tipo
mangas.
Ele também pode ser removido por sistemas úmidos:
a) Lavadores dos mais variados tipos;
b) Precipitadores eletrostáticos úmidos.
Os gases e vapores podem ser removidos do fluxo poluído através de absorvedores (lava-
dores de gases), de adsorvedores (carvão ativado), ou por incineração térmica ou catalítica,
como os combustores catalíticos dos automóveis, por condensadores, biofiltros e por proces-
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
54

sos especiais. O quadro a seguir fornece uma ideia geral sobre os métodos de controle disponíveis e sua
aplicação.

TIPOS DE POLUENTES
MÉTODOS DE CONTROLE
Vapores Vapores Material
SOx1 e NOx
Orgânicos Inorgânicos Particulado

Incineração X X

Adsorção X

Absorção X X

Filtração (filtro de mangas) X

Precipitador eletrostático X

Scrubbing (lavadores de gás) X X X

Modificações no processo
X
de combustão

Condensação X

Redução química X

Câmara de sedimentação X
Quadro 9 - Métodos de controle de poluentes atmosféricos
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

SOx31
O quadro anterior demonstra que para os vapores orgânicos, por exemplo, a incineração é o trata-
mento mais indicado, enquanto que para material particulado existem vários tratamentos, tais como os
filtros mangas e os precipitadores eletrostáticos, nestes casos deve ser feita uma análise para selecionar
o método adequado a cada situação. Um sistema adequadamente projetado fornece um meio eficiente
de controle dos poluentes na fonte, reduzindo custos e complexidade do processo. Além disto, para cada
fonte de poluição deve ser estudada a melhor solução, tanto do ponto de vista de custo, como do ponto
de vista ambiental. A tecnologia de controle de poluição do ar disponível permite que a poluição seja re-
duzida muitas vezes em mais de 99 %.
A seleção do sistema de controle de poluição do ar deve contemplar ações integradas, visando atender
os níveis mínimos de exposição ocupacional, padrões de qualidade do ar e de emissões atmosféricas, defi-
nidos pela legislação vigente. Essa escolha deve ser precedida de análise de viabilidade técnica, econômica
e de outros fatores específicos da fonte em questão, tais como: tipo e a natureza dos poluentes, eficiência
desejada e/ou requerida, etc.
Nos itens a seguir, são apresentados os cinco processos de tratamento das emissões atmosféricas mais
comuns no Brasil:

31 SOx: é a soma de SO2 e SO3.


3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
55

a) filtro de manga;
b) ciclones;
c) oxidação térmica;
d) precipitadores eletrostáticos;
e) absorção.

3.1 Filtros de manga

Os filtros de manga são muito usados nos processos industriais quando é necessário remover material
particulado de uma corrente gasosa, antes de seu lançamento na atmosfera, para se adequar aos limites
permitidos pela Resolução CONAMA nº 382/2006. Alguns exemplos de processos industriais que requerem
a remoção de partículas sólidas dos gases gerados são os segmentos de cimento, aciaria32, mineração, in-
dústria farmacêutica e petroquímica, entre outros.

3.1.1 Princípio de funcionamento dos filtros de manga

O princípio de funcionamento dos filtros de manga é a passagem de um fluxo de gás que contém partícu-
las, através de um material filtrante (manga), sendo que o gás atravessa os seus poros e as partículas, na sua
maioria, ficam retidas na superfície externa da manga. Periodicamente, é necessário retirar estas partículas,
para evitar a formação de uma camada muito espessa, que dificultaria a passagem do gás devido ao aumento
da perda da carga. No começo do processo de filtragem, a coleta tem início com a colisão das partículas con-
tra as fibras do meio filtrante e sua posterior aderência às fibras. À medida que o processo continua, a camada
de partículas coletadas na superfície externa do meio filtrante vai aumentando, tornando-se então o meio de
coleta, o que aumenta a eficiência do processo.
A figura a seguir apresenta o filtro de manga, onde se observa os componentes principais deste equipa-
mento de controle de partículas, que são:
a) câmara limpa do filtro (plenum): compartimento situado na parte superior do filtro de manga, por
onde passa o ar, já isento de impurezas;
b) manga: meio filtrante onde ocorre a separação do ar e das partículas: o ar atravessa o elemento
filtrante e as partículas sólidas ficam retidas em sua parede externa;
c) gaiola suporte: armações metálicas que servem de sustentação para as mangas filtrantes;
d) moega de recolhimento: recipiente de descarga do pó desprendido das mangas e também das
partículas que entram com baixa velocidade no filtro de manga, e são retidas na própria moega;

32 Aciaria: é a unidade de uma usina siderúrgica onde existem máquinas e equipamentos voltados para o processo de
transformar o ferro gusa em diferentes tipos de aço. Gusa é o produto imediato da redução do minério de ferro pelo coque ou
carvão e calcário nos altos fornos.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
56

e) venturi: peça cuja finalidade é provocar a aceleração do ar comprimido de limpeza quando injeta-
do no interior de cada manga.

Selo
Plenun superior
Tubo de sopragem

Saída dos gases Fluxo Induzido


limpos para a
atmosfera
Colares

Venturi

Armação metálica
Mangas filtrantes

Cilindro Filtrante

Coleta de partículas
Manômetro

Ar com partículas

Entrada

Moega
Válvula rotativa

Descarga de partículas
Figura 22 - Filtro de manga tipo jato pulsante
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A partir da figura anterior, verifica-se que o fluxo de gás gerado pelos processos industriais, carregado
de partículas, entra na câmara do filtro de manga pelo dispositivo de coleta, situado em sua parte inferior, e
em seguida passa por uma matriz cilíndrica de mangas filtrantes suspensas, atravessando-as verticalmen-
te, fazendo com que as partículas fiquem retidas na superfície externa das mangas.
Em geral, a remoção das partículas do fluxo de gás ocorre devido à combinação de diversos processos
tais, como:
a) difusão browniana (associada à partículas muito pequenas): causada por colisões entre partículas e
moléculas do ar, criando caminhos aleatórios que as partículas seguem. Estes caminhos aleatórios
aumentam a probabilidade de uma partícula encontrar uma fibra e ficar presa a ela;
b) impactação inercial/interceptação direta (associadas à partículas grandes): representa a “batida” da
partícula contra um obstáculo, fazendo com que a partícula que estava em movimento diminua a
sua energia e se separe do fluxo gasoso, podendo ou não se depositar no corpo coletor.
O gás limpo é lançado na atmosfera, pelo duto de saída do equipamento, situado em sua parte superior.
As partículas retiradas do gás são coletadas na parte inferior do equipamento, na moega, e em seguidas
devem ser recicladas ou adequadamente dispostas em aterros, de acordo com a classificação deste resí-
duo.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
57

3.1.2 Controles operacionais

LIMPEZA DAS MANGAS

As partes do mecanismo de limpeza do filtro manga, como válvulas diafragma, válvulas solenoides e
mangas, devem ser inspecionadas mensalmente.
Com o decorrer da operação, as mangas filtrantes tornam-se saturadas com material particulado, o que
requer algum tipo de mecanismo de limpeza das mangas, para descarregar o material sólido, tais como:
a) jato pulsante: utiliza ar de alta pressão para limpar os filtros. Esta injeção de ar de alta pressão infla
as mangas (os sacos), rachando a torta de partículas formada em sua superfície externa. Quando o ar
é retirado, as mangas retornam à sua forma original e a poeira cai no funil de coleta (moega), como
mostra a figura anterior. Os sistemas a jato pulsante podem ser limpos sem a necessidade de parada
do equipamento, permitindo a operação contínua da unidade. O uso de técnicas de limpeza muito
vigorosas tende a limitar a vida útil do elemento filtrante;
b) ar reverso: em sistemas de limpeza de ar reverso, o gás contendo partículas entra na tela do filtro
e passa do interior para o exterior das mangas. A limpeza é realizada com a pressão do ar relativa-
mente baixa, resultando em maior vida útil das mangas;
c) agitação: em um sistema com agitação, a parte superior das mangas é agitada em uma trajetória
circular, provocando movimento ondular ao longo do comprimento da manga. Isto faz com que a
camada de pó se quebre e caia na moega. “O material das mangas deve ter alta resistência à abrasão
para usar esta técnica de limpeza” (VIEIRA, 2012).
As mangas devem ser inspecionadas periodicamente (semanalmente) para verificar se estão danifica-
das. Se apresentarem furos ou rasgos, deve-se trocá-las imediatamente.
As mangas com umidade devem ser trocadas por outras secas/limpas.

EFICIÊNCIA DOS FILTROS DE MANGA

As mangas filtrantes são feitas de diferentes tipos de materiais, tais como: poliéster, polipropileno, acrílico,
fibra de vidro ou teflon, e devem ser apropriadas para cada tipo de processo, devendo-se considerar a composi-
ção e temperatura do gás, para que não ocorram danos às mangas, e também para alcançar a eficiência máxima
de retenção das partículas. A figura a seguir apresenta alguns tipos de mangas filtrantes.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
58

Figura 23 - Mangas filtrantes


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Os filtros manga são muito eficientes na remoção de todos os tamanhos de partículas. E a eficiência do
elemento filtrante, feito à base de tecido, normalmente varia entre 99 e 99,9 % para as partículas menores.
Portanto, a eficiência da captura de partículas também é dependente da frequência de limpeza do
elemento filtrante, e do tipo de tecido e tecelagem. Quando a eficiência dos filtros manga é inferior a 99 %,
é recomendável substituí-las, pois isto pode indicar danos às mesmas.

CONTROLES ADICIONAIS

a) verificar se o monômetro diferencial está operando adequadamente, sem vazamentos ou entupi-


mentos;
b) verificar se todas as válvulas solenoides estão energizadas;
c) verificar se a pressão no reservatório está entre 6,5 e 7,0 kgf cm-2;
d) verificar se o ar comprimido está seco, limpo e livre de óleo.

3.1.3 Vantagens e desvantagens dos filtros de manga

A seguir, são apresentadas as vantagens e desvantagens na utilização dos filtros de manga.


a) Vantagens:
-- Alta eficiência de coleta das partículas (até 99,9 %);
-- Perda de carga moderada;
-- Resistência a corrosão.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
59

b) Desvantagens:
-- Grande espaço requerido para tratar grandes vazões de gás;
-- Alto custo de manutenção;
-- Baixa resistência a altas temperaturas;
-- Formação de pastas devido a poluentes condensáveis e pegajosos;
-- Possibilidade de entupimento.

3.2 Ciclones

Os ciclones constituem o equipamento mais comum do grupo de dispositivos de controle de partículas


que dependem de forças inerciais33 para remover uma quantidade relativamente grande de material par-
ticulado a partir do fluxo de uma corrente gasosa.
Os ciclones baseiam-se na ação da força centrífuga que age sobre as partículas carregadas pelo fluxo
de gás, empurrando-as na direção das paredes, e retirando-as do fluxo gasoso, como apresenta a figura a
seguir.

Gás com MP. Ar “limpo”

Coleta do MP.
Figura 24 - Ciclone
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Na figura anterior observa-se que o gás residual de processos industriais, contendo MP (Material Particu-
lado) é alimentado na parte superior do ciclone, e à medida que a velocidade de rotação dentro do disposi-
tivo aumenta, as partículas menores progressivamente alcançam a área de coleta na parede interna, e são

33 Forças inerciais: é o produto de uma massa por uma aceleração.


TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
60

capturadas. A exemplo do filtro manga este material particulado, retirado do fluxo gasoso, é coletado e
enviado para disposição final adequada ou para reciclagem, a depender da classificação deste resíduo.
Esse processo de aglomeração das partículas pode ocorrer também quando o material for higroscópico34,
fibroso ou pegajoso, porém um grande problema operacional referente ao uso de ciclones é a dificuldade
das partículas coletadas serem soltas das paredes do equipamento.

3.2.1 Tipos de ciclones

Os ciclones podem ser utilizados individualmente, ou em grupos, denominados multiciclones, que são
muito usados na prática, e são compostos por um conjunto de ciclones, que podem trabalhar em paralelo
ou em série.
a) as configurações em série são recomendadas quando a distribuição do diâmetro das partículas é
muito ampla, incluindo partículas de diâmetros menores do que 10 ou 15 μm até partículas muito
grandes e abrasivas.
b) as configurações em paralelo são indicadas quando a vazão do gás a ser tratado for muito grande.
Através deste artifício, um grande volume de ar pode ser tratado utilizando-se unidades de peque-
nos diâmetros com grande aceleração centrifuga associada, resultando em uma maior captação das
partículas (NUNES, 2010).
Os multiciclones apresentam eficiência muito alta e uma excelente qualidade de separação, devido aos
pequenos diâmetros dos ciclones, perda de carga aceitável, obtida devido ao grande número de unidades
que o compõe.

3.2.2 Controle operacional – ciclones

A base para o dimensionamento de um ciclone é a velocidade de entrada do ar contendo partículas


que, na prática, varia de 6 a 21 m s-1. Os ciclones de alta eficiência são dimensionados para velocidades
acima de 15 m s-1.
A eficiência dos ciclones depende também da sua perda de carga (PC), conforme apresentado a seguir:
a) ciclones de baixa eficiência: 5 < PC < 10 cm H2O;
b) ciclones de média eficiência: 10 < PC < 20 cm H2O;
c) ciclones de alta eficiência (cone longo): 20 < PC < 25 cm H2O.
Outro fator fundamental para o bom funcionamento de um ciclone é o seu diâmetro. Para uma deter-
minada perda de carga, a eficiência do ciclone cresce em função do seu raio. Como a perda de carga cresce

34 Higroscópico: que tem tendência a absorver a umidade do ar.


3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
61

com o quadrado da velocidade, existe um compromisso entre esses dois fatores, que impede a diminuição
do valor do raio para valores que levam a grandes perdas de cargas (maiores do que 25 cm H2O).
E o fator mais importante nas características da retenção de um ciclone é o conjunto de propriedades
do resíduo a separar, além de ser relevante o diâmetro da partícula. O emprego de um ciclone é deficiente
para partículas de diâmetro inferior a 15 µm, sendo muito pouco útil para partículas menores que 3 µm
(CETESB, 1990).
A longo prazo, um fator que influi no rendimento de ciclone é a erosão, devido ao impacto das partícu-
las. A abrasão alcança um valor máximo para as concentrações altas; a dureza e o tamanho das partículas
(partículas de diâmetro compreendido entre 5 e 10 µm) produzem efeitos abrasivos máximos. As partes
mais delicadas do ciclone são pontos e linhas de soldagem e a parte cônica do depósito acumulado. Para
protegê-los, deve-se recorrer a revestimentos especiais.

3.2.3 Eficiência dos ciclones

A eficiência da coleta das partículas pelos ciclones aumenta diretamente com sua granulometria e den-
sidade. Ou seja, as partículas muito pequenas, inferiores a 15 µm (lê-se: micrômetros ou mícrons) não são
coletadas pelos ciclones, e seguem com o fluxo gasoso para lançamento na atmosfera. Nestes casos, deve
ser usado outro equipamento, como apresenta o o quadro a seguir.
Os ciclones são muitas vezes usados em conjunto com outros sistemas de controle, como, por exemplo,
sua instalação antes de um precipitador eletrostático, ou de filtro manga, com o objetivo de reduzir a carga
de alimentação de partículas para estes equipamentos, e também para reduzir o custo de operação e de
manutenção dos dispositivos de controle mais sofisticados e mais caros.

3.2.4 Vantagens e desvantagens dos ciclones

Vamos conhecer, a seguir, as vantagens e desvantagens do uso dos ciclones.


a) Vantagens:
-- Baixo custo;
-- Baixa perda de carga;
-- Resistência a corrosão e temperatura;
-- Simplicidade de projeto e manutenção.
b) Desvantagens:
-- Baixa eficiência de retenção para partículas menores que 15 µm;
-- Excessivo desgaste por abrasão;
-- Possibilidade de entupimento (partículas menores, higroscópicas e/ou pegajosas).
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
62

3.2.5 Comparação entre os equipamentos de controle de partículas

O quadro a seguir apresenta uma comparação entre os métodos mais usados para o controle de par-
tículas nos fluxos gasosos industriais, que serve de orientação para a seleção adequada do equipamento
mais apropriado para cada caso.

Tamanho da Custo
Tipo de Temperatura Queda de
partícula Operacional
Coletor Máxima (°C) Pressão (cm H2O)
(µm) Anual (US$/m3)
Filtro de mangas 1 – 50 80 - 120 10 - 12 14,00 a 17,00
(algodão ou
nylon)
Filtro de Mangas 1 – 50 260- 290 10 - 20 21,00 – 23,00
(Fibra de vidro ou
teflon)
Ciclones 15 - 50 400 5 - 12 7,00 – 11,00
Quadro 10 - Comparação entre os Equipamentos de Controle de Partículas
Fonte: STERN, 1996.

No quadro anterior, pode-se observar as diferentes características técnicas referentes aos equipa-
mentos de controle de partículas e também uma comparação entre os custos de operação envolvidos,
expressos em Dólares por metro cúbico do gás tratado:
a) verifica-se que cada equipamento retém as partículas de determinado diâmetro. Por exemplo: os
Precipitadores são apropriados para as partículas mais finas (entre 0,1 – 10 µm), enquanto os Filtros
Mangas coletam vários tamanhos de partículas (entre 1 – 50 µm). E os ciclones não servem para
reter partículas menores do que 15 µm;
b) o Ciclone apresenta os custos operacionais mais baixos, enquanto o filtro de mangas pode ser o
mais caro, a depender do tipo da manga filtrante selecionada para uso.
O Ciclone e os Precipitadores são os equipamentos mais adequados para tratar gases com alta tempe-
ratura.

3.3 Oxidação térmica

A oxidação visa à destruição térmica de resíduos gasosos perigosos, convertendo-os em CO2 e H2O,
quando ocorre a combustão completa. Este processo de oxidação ocorre em um equipamento denomina-
do incinerador, como mostra a figura a seguir.
Todos os sistemas de incineração estão regulamentados para controlar suas emissões, porque muitos
poluentes atmosféricos são formados durante o processo de combustão incompleta (além de CO2 e H2O),
o que requer a instalação de sistemas de controle para estes poluentes, que podem incluir os hidrocarbo-
netos e seus derivados, como dioxinas e furanos. Para minimizar a formação destes compostos durante a
incineração de resíduos gasosos, é imprescindível o controle rigoroso de suas condições de operação.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
63

Figura 25 - Incineração de gases e vapores


Fonte: ASSUNÇÃO, 2001. (Adaptado).

A incineração pode ser utilizada para a oxidação de compostos inorgânicos35 como, por exemplo, o gás
sulfídrico (H2S), que é um gás de odor desagradável, transformando-o em dióxido de enxofre (SO2) e vapor
de água. Bem como na redução das emissões de monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos em auto-
móveis, por meio do uso de combustores catalíticos ou térmicos.
Na incineração dos resíduos gasosos, é importante controlar a temperatura que deve ser suficiente-
mente elevada para destruir todos os componentes orgânicos e evitar a formação de dioxinas e furanos.

A Resolução CONAMA nº 316/2002 dispõe sobre procedimentos e critérios para


FIQUE o funcionamento de incineradores, porque eles são fontes potenciais de risco
ALERTA ambiental e de emissão de poluentes perigosos, podendo constituir agressão à saú-
de e ao meio ambiente se não forem corretamente instalados, operados e mantidos.

SAIBA Quer saber mais sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
tratamento térmico de resíduos? Consulte a Resolução CONAMA nº 316/2002, disponí-
MAIS vel no site do Ministério do Meio Ambiente.

35 Compostos inorgânicos: são aqueles formados por átomos ou moléculas de pelo menos dois elementos diferentes, e que
não apresentam átomos de carbono em cadeias ligados a átomos de hidrogênio.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
64

3.3.1 Tipos de incineradores

Três tipos básicos de equipamentos são utilizados para a incineração de gases e vapores:
a) incinerador de chama direta (incinerador térmico): consiste basicamente em uma câmara de
combustão em que os gases ou vapores a serem queimados entram em contato com os gases aque-
cidos provenientes da queima de um combustível auxiliar;
b) incinerador catalítico: é composto de uma câmara de combustão que contém o catalisador, dis-
posto em uma base feita de cerâmica, onde ocorrerá a oxidação do poluente. O catalisador aumenta
a velocidade da reação e, teoricamente, não é modificado pelo processo de combustão. A combus-
tão catalítica ocorre na superfície do catalisador, sem chama. Os elementos que têm sido utilizados
como catalisadores são metais e óxidos metálicos da família dos metais nobres, como a platina (Pt),
o paládio (Pd) e o rutênio (Ru) e ligas de metais nobres. Como são necessárias apenas pequenas
quantidades de catalisador para acelerar as reações, estes usam como base um meio expandido, tal
como a alumina36, de forma a obter uma grande área superficial, onde ocorre a reação de combus-
tão catalítica;
c) flare ou tochas (incineração autossustentável): é um equipamento utilizado para a queima de
gases residuais nas indústrias, e é dimensionado para queimar todo o gás gerado na pior situação
de emergência.

3.3.2 Controles operacionais da oxidação térmica visando a redução das


emissões atmosféricas

A combustão deve ser eficiente e controlada, para garantir a segurança dos trabalhadores e reduzir os im-
pactos da combustão de resíduos gasosos perigosos na saúde e no meio ambiente. Existem muitas discussões
sobre os potenciais problemas de saúde relacionados com os sistemas de incineração, devido à formação de
poluentes orgânicos persistentes que possuem propriedades tóxicas, são resistentes à degradação, se bioacu-
mulam, são transportados pelo ar, pela água e pelas espécies migratórias através das fronteiras internacionais
e depositados em locais distantes de suas fontes de emissões, se acumulando em ecossistemas terrestres e
aquáticos.
Os incineradores podem, portanto, representar agressão à saúde e ao meio ambiente se não forem
corretamente instalados, operados e mantidos, por este motivo as legislações mundiais sobre o tema são
cada vez mais rigorosas (CONAMA nº 316/2002). Mesmo quando as operações de combustão são bem
conduzidas, alguns poluentes são gerados e precisam ser devidamente tratados, de forma a atender aos
limites estabelecidos para as emissões de incineradores.
A incineração se apoia no tripé:
a) resfriamento dos gases de combustão;

36 Alumina: óxido de alumínio (Al2O3).


3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
65

b) lavagem alcalina: o processo de combustão sempre gera ácidos, como na queima de organoclora-
dos que produz HCl;
c) absorção dos compostos de interesse, tais como: H2SO4; HCl ou sulfato de cálcio.
Os principais avanços tecnológicos da incineração foram realizados exatamente com o objetivo de reduzir as
emissões atmosféricas, entre os mais importantes cita-se:
a) resfriamento preferencial através de lavagem de gases à base de venturi/absorvedoras: utiliza-
do para redução de partículas, metais e gases clorados;
b) queima sob condição mínima de ar: pré-vaporização de resíduos líquidos organoclorados em câ-
mara inicial, com uso de ar para a redução de dioxinas e furanos, e também de NOX, utilizando meno-
res quantidades de excessos de ar;
c) uso de filtros catalíticos cerâmicos à base de vanádio: para redução de dioxinas e furanos;
d) uso de câmaras de combustão tri-seccionadas: para alimentação de oxigênio por injeção - para
redução de consumo de combustível e redução da formação de NOX;
e) uso de queimadores de alta eficiência que requerem menos ar de mistura: para redução da
formação de NOX;
f) utilização de altas temperaturas, acima de 900 ºC: como apresenta a figura a seguir com a curva
de formação das dioxinas e furanos em função da temperatura na câmara de combustão.

100
PCB
Total PCCF
% peso

10
Tetra PCDF
Penta PCDF
1
Tri PCCF

0.1
600 650 700 750 800 850 900 950
Temperatura de exposição (oC)

Figura 26 - Redução na formação de dioxinas e furanos


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

Nota:
PCDF (do inglês Polychlorinated dibenzofurans) refere-se aos compostos químicos dibenzofuranos po-
liclorados. O termo dioxinas é a denominação comumente usada para a classe de produtos.
Intervenções seguras: O trabalho em ambientes industriais em que existe o manuseio e/ou a forma-
ção de substâncias muito tóxicas à saúde e ao meio ambiente, como ocorre no caso dos incineradores,
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
66

exige o conhecimento dos processos e dos riscos envolvidos, bem como o treinamento adequado dos
profissionais para a operação destes sistemas.

Você sabia que existem também incineradores para tratamento de resíduos


sólidos e líquidos? A queima da mistura contendo resíduos (gasosos, sóli-
Curiosidades dos ou líquidos), combustível e ar deve ser realizada a uma elevada tempe-
ratura (> 900 ºC), suficiente para destruir todos os componentes orgânicos
e evitar a formação de dioxinas e furanos.

3.3.3 Vantagens e desvantagens da oxidação térmica

a) Vantagens:
-- Eficiência no controle de gases e vapores de origem orgânica;
-- Pode ser usada na oxidação de gases inorgânicos;
-- Existem várias técnicas disponíveis atualmente para reduzir as emissões atmosféricas destes equipa-
mentos.
b) Desvantagens:
-- Necessita de fornecimento de energia suplementar – queima de combustível;
-- Liberação de CO2 para atmosfera;
-- Alto custo de implantação e operação.

3.4 Precipitador eletrostático

Precipitador eletrostático, também conhecido como filtro de ar eletrostático, é um equipamento de


controle de poluição utilizado em fábricas que geram gases e partículas poluidoras. Este dispositivo mecâ-
nico ou elétrico captura os poluentes e libera o gás limpo para a atmosfera.
O processo de retenção das partículas presentes nas emissões gasosas das fábricas começa com o proces-
so de ionização, no qual as partículas são eletrostaticamente carregadas. As placas ou outros mecanismos de
coleta contidos nas laterais do precipitador atraem as partículas carregadas, que são neutralizadas antes de
serem transportadas para a área de descarte, onde recebem o tratamento adequado.
Os precipitadores eletrostáticos são comumente encontrados em plantas industriais produtoras de mate-
riais como o ferro, petróleo, produtos químicos, metais, cimento e energia. E os fabricantes de precipitadores
eletrostáticos produzem, basicamente, dois tipos de precipitadores: os que operam por via seca e os que
operam por via úmida. O precipitador que opera por via úmida recupera partículas úmidas ou molhadas, pre-
sentes nas correntes gasosas originadas em processos industriais que envolvem alguns tipos de ácido, óleo,
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
67

resina e alcatrão. O tipo seco, por outro lado, é empregado para remover partículas secas, tais como poeira e
cinzas.
Os precipitadores, quando adequadamente projetados e operados, conseguem reter até 99,9 % das par-
tículas presentes nos gases industriais. Este método de controle é muito eficiente para as partículas muito
pequenas, menores que 1,0 µm, que são emitidas pelas indústrias e que são perigosas para nossa saúde, pois
penetram profundamente no sistema respiratório e possuem contaminantes como metais e hidrocarbone-
tos policíclicos aromáticos (HPAs), que são compostos orgânicos cancerígenos. Estas partículas podem ter
cargas elétricas positivas ou negativas.
O uso dos precipitadores se iniciou em 1824 quando Hohlfeld, um professor de matemática alemão, con-
seguiu tornar límpido37 o conteúdo de um cilindro contendo névoas, utilizando fumaça de tabaco. Em 1907,
Frederick Gardner Cottrell, um físico-químico americano, construiu um precipitador eletrostático utilizado
com sucesso em uma fábrica de ácido sulfúrico situada em Pinole, Califórnia - EUA. As instalações industriais
iniciaram o uso de precipitadores no período de 1907 a 1920.

3.4.1 Princípio de funcionamento dos precipitadores eletrostáticos – forças


eletrostáticas

Conheceremos o princípio de funcionamento dos precipitadores eletrostáticos, primeiro os precipita-


dores via seca, e, na sequência, via úmida.
a) precipitador via seca: neste caso, o processo de precipitação eletrostática, apresentado na figura
a seguir, se inicia com a formação de íons gasosos pela descarga de alta voltagem no eletrodo38 de
descarga. A seguir, as partículas sólidas e/ou líquidas (os poluentes) são carregadas eletricamente
pelo bombardeamento dos íons gasosos ou elétrons. O campo elétrico existente entre o eletrodo
de descarga e o eletrodo de coleta faz com que a partícula carregada migre para o eletrodo de po-
laridade oposta, onde é coletada. De tempos em tempos a camada de partícula se desprende do
eletrodo de coleta, pela ação do sistema de “limpeza” e, por gravidade, se deposita na tremonha
de recolhimento39, de onde então é transportada para o local de armazenamento, para posterior
condicionamento, reutilização ou disposição final;

37 Límpido: claro, transparente.


38 Eletrodo: terminal utilizado para conectar um circuito elétrico a uma parte metálica ou não metálica ou solução aquosa.
39 Tremonha de recolhimento: recipiente para coletar as partículas retiradas do fluxo de gás.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
68

Campo elétrico Eletrodo de descarga (-)

Trajetória das partículas

Material particulado Placa de colete (+)

Fluxo de gás Controlador de tensão

Figura 27 - Precipitador eletrostático seco


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

b) precipitador via úmida: estes precipitadores têm a finalidade de eliminar contaminantes líquidos,
como:
-- Aerossóis;
-- Nuvens de ácido sulfúrico (resultante de operações de lavagem de gases contendo SO3 em sua
composição);
-- Partículas de pó em geral;
-- Metais e outras substâncias condensáveis presentes nos fluxos de gás.
Este tipo de equipamento em geral tem a forma cilíndrica vertical, conforme apresenta a figura a seguir, e
o gás pode entrar pela parte inferior ou superior do mesmo.

Figura 28 - Precipitadores eletrostáticos


Fonte: SENAI DR BA, 2013.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
69

Na figura a seguir, são apresentados dois precipitadores eletrostáticos em série, via úmida, usados para
o tratamento de névoas ácidas. Estes precipitadores possuem 222 tubos coletores (o número de tubos dos
precipitadores varia conforme o modelo), e cada tubo possui um eletrodo, que recebe a corrente elétrica,
formando um campo elétrico em seu interior, conforme pode ser visto com mais detalhes na figura anterior.

Figura 29 - Interior do precipitador eletrostático


Fonte: SENAI DR BA, 2013.

A figura anterior apresenta uma vista interna de um precipitador eletrostático via úmida, onde pode-se
ver seus tubos revestidos de chumbo e as hastes que percorrem os tubos coletores na parte central, que
são os eletrodos.
O gás contendo as partículas entra em contato com a corrente elétrica. Eletrodos de descarga provo-
cam a ionização (efeito corona40) das partículas, elas ficam polarizadas adquirindo carga positiva (+), e em
seguida são capturadas na parede dos coletores tubulares que adquirem carga negativa (-), devido ao
campo elétrico gerado a partir de elevadas tensões (na faixa de 75.000 Volts). As partículas vão se acumu-
lando nas paredes dos tubos coletores, conforme apresenta a seguir.

40 Efeito corona: ocorre quando um forte campo elétrico associado com um condutor de alta tensão ioniza o ar próximo ao
condutor. O ar ionizado pode se tornar azul e provocar ruídos sob a forma de “estalos”.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
70

I
kV

W
W
W

W W
W

W W
W

Legenda Vel de íon


I = corrente elétrica;
kV = kilovolt (unidade de medida de tensão elétrica);
W = Velocidade de migração (Drift velocity).
Figura 30 - Precipitação eletrostática
Fonte: LIKSTROM, 2013.

O material particulado úmido quando retido forma um filme líquido sobre as paredes internas do tubo
coletor (ver figura anterior), e a força da gravidade arrasta as partículas para o fundo do precipitador. O
precipitador possui ainda um sistema de spray para lavar os eletrodos e as paredes dos tubos, por este
motivo é denominado precipitador via úmida. Também é chamado assim porque os tubos coletores ficam
assentados sobre uma superfície contendo água de selagem, trata-se de um sistema de segurança, para
impedir vazamentos para o meio ambiente. Para efetuar a limpeza, o sistema precisa ser desenergizado, o
que ocorre uma vez por turno de 8 horas de trabalho.
Uma diferença importante entre precipitar de via úmida e seca é a facilidade de limpeza do primeiro, uma
vez que o precipitador via úmida não requer batimento.
Os precipitadores podem ser fabricados a partir de matérias mais simples, como aço carbono, e tam-
bém com materiais de alta tecnologia, como chumbo, para evitar a corrosão, que é um dos principais
problemas existentes no tratamento de gases, em qualquer equipamento deste tipo. Estes equipamentos
mais sofisticados geralmente são mais indicados para processos de produção de ácido sulfúrico, a partir de
SO2, processos de calcinação para a produção de dióxido de titânio (TiO2) (EQUIPAMENTO CRANFOS, 2013).
Podem ser usados vários precipitadores em série, com o objetivo de aumentar a capacidade de capta-
ção de partículas ou outros arranjos, a depender do espaço disponível na planta industrial. Todos precipi-
tadores possuem sistema de aspersão41 de água para limpeza de suas paredes internas.

41 Aspersão: é o efeito de aspergir, borrifar ou respingar.


3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
71

Você sabia que as partículas de baixa resistividade42 se carregam facil-


mente, porém cedem sua carga com mais facilidade ao atingir o eletrodo
Curiosidades de coleta? Ou seja, a resistividade indica se um material é mais ou menos
condutor de eletricidade.

resistividade42

3.4.2 Eficiência dos precipitadores

A eficiência dos precipitadores eletrostáticos, ou seja, sua capacidade de reter as partículas presentes
nos gases oriundos dos procesos industriais, antes de seu lançamento na atmosfera, é em geral cerca de
99,9 %.
Vários fatores podem reduzir a eficiência dos precipitadores, tais como:
a) mau dimensionamento do precipitador: o precipitador deve ser projetado para tratar a vazão do
gás referente à capacidade instalada da planta industrial. O mau dimensionamento do precipitador
eletrostático (projetar um precipitador com uma capacidade menor do que a vazão do gás produzi-
da), reduzirá sua capacidade de reter as partículas;
b) eficiência do mecanismo que recolhe as partículas, referentes ao volume do gás que será tratado;
c) composição química das partículas presentes nos gases, e que devem ser retiradas do fluxo gasoso
antes de sua emissão para a atmosfera;
d) tensão fornecida pelo sistema de alimentação para o campo elétrico;
e) Influência da resistividade da partícula - uma característica importante da partícula que influencia
sua coleta em precipitadores eletrostáticos é a sua resistividade elétrica. Partículas de baixa resistivi-
dade se carregam facilmente, porém cedem sua carga com muita facilidade ao atingir o eletrodo de
coleta, podendo, em consequência, retornar ao fluxo gasoso. Em partículas de resistividade muito
alta, ocorre o inverso, podendo gerar o processo denominado “back corona”, que é uma descarga
localizada no eletrodo de coleta, devido à formação de uma camada de material não condutor. A
faixa ideal da resistividade em precipitadores está entre 107 e 1010 Ohm43 cm.
Existem formas de condicionamento da resistividade, como o controle de temperatura e umidade, injeção
de substâncias químicas como trióxido de enxofre (SO3) e amônia (NH3), sendo a forma mais usual o controle
de temperatura e umidade.

42 Resistividade: resistividade de um material (ou a sua resistência específica) é a resistência ou dificuldade que esse mesmo
material apresenta à passagem de corrente elétrica num fio com 1 metro de comprimento (1m) e 1 milímetro quadrado de
secção (1mm²), a uma determinada temperatura (normalmente a 20 ºC).
43 Ohm (símbolo Ω): é a unidade de medida da resistência elétrica, padronizada pelo SI (Sistema Internacional de Unidades).
Corresponde à relação entre a tensão de um volt e uma corrente de um ampère sobre um elemento, seja ele um condutor ou
isolante. Ou melhor, um condutor que tenha uma resistência elétrica de 1 ohm causará uma queda de tensão de 1 volt a cada 1
ampère de corrente que passar por ele.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
72

A manutenção preventiva do precipitador eletrostático é fator crucial para alcançar sua eficiência máxima
de retenção das partículas. Todo o interior dos precipitadores via úmida é revestido de chumbo, para que o
equipamento suporte os efeitos da corrosão e do ataque de elementos químicos, como, por exemplo, o Flúor,
presentes nos gases, e que são capazes de agredir os metais, e até mesmo o chumbo.
Em geral, os precipitadores podem ter cerca de 200 tubos, caso um dos tubos apresente furos, ele tem
que ser isolado, para evitar perturbar todo o sistema, que trabalha com pressão negativa. O equipamento
pode ter sua vida útil reduzida, caso precise sofrer paradas de operação com grande frequência.

3.4.3 Controles operacionais

A seguir, são enumerados os fatores mais significativos do controle operacional dos precipitadores:
a) o controle do precipitador é feito através do potencial elétrico aplicado aos eletrodos;
b) a formação de névoas dentro do precipitador indica baixa eficiência. Opacímetros on line, são insta-
lados na saída dos precipitadores eletrostáticos, para medir a presença de névoas;
c) nos processos industriais que utilizam precipitadores eletrostáticos, como, por exemplo, o processo
de fabricação de cobre, ocorre liberação de SO2 contendo partículas e metais, por isto em alguns
pontos do processo são coletadas amostras deste gás para analisar o teor desses contaminantes
(poeira e metais), para verificar se eles estão na faixa de concentração esperada.

INTERVENÇÕES SEGURAS

Toda e qualquer intervenção de manutenção, ou operação de limpeza com água (lavagem das paredes)
realizada nos equipamentos do precipitador eletrostático, deve ser feita com o equipamento desenergiza-
do, ou seja, desligado da corrente elétrica. Além disto, devem ser aplicados os bloqueios elétricos adequa-
dos, pelo pessoal especializado, para garantir sua execução segura.
Existe perigo de acidente fatal caso o equipamento esteja ligado nessas circunstâncias, devido às elevadas
tensões da corrente elétrica utilizada no processo.

3.4.4 Vantagens e desvantagens dos precipitadores

a) Vantagens:
-- Alta eficiência;
-- Baixo custo de operação;
-- Baixo custo de energia.
b) Desvantagens:
-- Alto custo inicial;
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
73

-- Ocupam muito volume;


-- Tem que ser projetados e construídos com muita precisão.

3.5 Absorção

A absorção é uma operação unitária, que ocorre geralmente em contra corrente, com o objetivo de remover
um composto de interesse através de transferência de massa de poluentes presentes na fase gasosa para a fase
líquida, que funciona como absorvente. Os absorvedores podem também ser chamados de lavadores de gases.
Os absorvedores usualmente utilizados são as torres de enchimento e de pratos, lavador de sprays e de
impactação. Na prática, qualquer tipo de lavador pode ser utilizado como absorvedor, sendo a eficiência
função do projeto. As torres de enchimento, apresentadas na figura a seguir, promovem um ótimo contato
entre o filme líquido e os gases.

Ar limpo

Recheio

Aspersores

Saída do líquido
Ar sujo

Figura 31 - Torre absorvedora com recheios


Fonte: SCHIRMER, 2002. (Adaptado).

3.5.1 Usos típicos

Os usos típicos da absorção são o controle do dióxido de enxofre (SO2), gás sulfídrico (H2S), gás clorídri-
co (HCl), cloro (Cl2), amônia (NH3) e gás fluorídrico (HF). O líquido absorvente mais comum é a água, que é
utilizada para absorver ácido clorídrico (HCl), amônia (NH3) e gás fluorídrico (HF).
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
74

No caso de absorção de dióxido de enxofre (SO2), são utilizadas substâncias alcalinas, principalmente
solução de soda cáustica, suspensão aquosa de carbonato de cálcio ou cal, e solução amoniacal.
O sistema denominado “duplo alcali” processa a reação com soda cáustica, aproveitando a alta reativi-
dade da soda com o dióxido de enxofre (SO2) e, em seguida, recupera a soda cáustica reagindo o efluente
com cal, diminuindo, portanto, o consumo de soda, que é mais cara que a cal.
O sistema de controle de dióxido de enxofre (SO2) tipo úmido/seco, que utiliza uma torre (spray-dryer
– o secador por aspersão) onde se processa a atomização do líquido absorvente alcalino (carbonato de
sódio, por exemplo). Este entra em contato com os gases quentes contendo SO2 e reage formando um
sal, cristalizando em sequência, podendo então ser coletado a seco por um precipitador eletrostático ou
filtro-manga.
Uma grande vantagem desse sistema é que a coleta é feita a seco, inexistindo efluente líquido; o sólido
coletado pode ser reutilizado em outras indústrias ou mesmo no próprio processo de produção de vidro,
além do que esse sistema controla também o material particulado emitido pelo forno de vidro.
No caso de controle de SO2 com solução amoniacal, uma experiência na região metropolitana de São
Paulo mostrou que o efluente gerado podia ser vendido para indústrias de fertilizante como fonte de ni-
trogênio e enxofre.
Os gases e vapores orgânicos também podem ser tratados por absorção, mas necessitam de líquido
absorvente especial, do tipo orgânico, pois em geral não são solúveis em água. Neste caso, o uso da ab-
sorção é bastante limitado, requerendo testes específicos. Quando a absorção é feita pela solubilidade do
gás no líquido, esta é denominada Absorção Física. No caso de necessitar de um reagente, é denominada
Absorção com Reação Química.
Os enchimentos das torres são utilizados para aumentar a área disponível para transferência da massa.
No entanto, podem se transformar em pontos de incrustação44 e entupimentos. No caso de torres de pra-
tos, o contato é feito através dos borbulhadores. No caso do lavador-Venturi45 (figura a seguir) ou lavador
tipo spray, o contato entre o gás e o líquido é feito através da superfície das gotas formadas sendo reco-
mendadas somente para gases com boa solubilidade ou boa reatividade no líquido absorvente escolhido.

44 Incrustação: depósitos de substâncias acumuladas no interior de tubagens.


45 Lavador-Venturi: possui altíssima eficiência para coleta de material particulado, apresentando emissão abaixo de 50 mg Nm-3
e eficiência de 99,0 % para partículas de 1 mícron.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
75

Figura 32 - Lavador-Venturi
Fonte: SENAI DR BA, 2013.

3.5.2 Eficiência de remoção dos poluentes em absorvedores

A eficiência de remoção (coleta ou controle) do poluente é função do projeto e das condições de ope-
ração e de manutenção do sistema. Em geral, a eficiência de remoção dos poluentes nas indústrias é cerca
de 70 a 95 %.

3.5.3 Controles operacionais

O projeto de uma torre de recheio para absorção física se inicia com a seleção do líquido absorvente
adequado para o poluente que se deseja controlar. Em seguida, deve-se obter os dados de equilíbrio do
poluente e do líquido absorvente. Posteriormente, é feita a seleção do tipo do recheio da torre, que em
geral recai sobre os anéis Raschig46 ou anéis de Pall47.
A absorção geralmente ocorre em contra corrente, com o objetivo de remover os compostos de in-
teresse do fluxo de gases, no sentido de controlar as emissões atmosféricas, ou de seu aproveitamento
comercial para gerar subprodutos , como os ácidos.

46 Anéis Raschig: são secções de tubos com diâmetro aproximadamente igual ao comprimento utilizados em grande número
dentro de colunas de destilação e também em outros processos da engenharia química. São feitos de cerâmica ou metal e
fornecem uma área superficial maior dentro da coluna para a interação entre o líquido e o gás ou vapor. Recebem este nome em
homenagem ao seu inventor, o químico alemão Friderich Raschig.
47 Anéis de Pall: são uma variação dos anéis Raschig, que oferecem maior área de contato entre as substâncias, além de menor
perda de pressão.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
76

A absorção é dependente do regime termodinâmico do processo, ou seja, a eficiência da absorção é


função da temperatura e pressão adotadas no processo.

3.5.4 Vantagens e desvantagens dos absorvedores

a) Vantagens:
-- Existem várias categorias de absorvedores;
-- Alta eficiência.
b) Desvantagens:
-- Resfria os gases;
-- Transfere o problema para a água;
-- Corrosão, erosão.

3.6 Eficiência do tratamento das emissões atmosféricas

A eficiência de um equipamento de controle de poluição do ar indica a quantidade de poluentes presentes na


corrente gasosa e o equipamento pode remover ou coletar antes de lançar o ar despoluído pelas chaminés
ou dutos. A figura a seguir mostra o esquema básico de coleta de poluentes.

Fenômenos físicos e/ou químicos

“FILTRO”

Ar “sujo” Ar “limpo”
Xi Xf

Poluentes coletados
Xi - Xf
Figura 33 - Esquema do processo de coleta do poluente
Fonte: ASSUNÇÃO, 2001. (Adaptado).

A eficiência de controle dos equipamentos pode ser expressa pela seguinte equação:
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
77

= eficiência de controle (%);


Xi = quantidade de poluentes existentes na entrada do equipamento de controle da poluição (ECP);
Xf = quantidade de poluentes existentes no fluxo gasoso após o ECP;
Xi - Xf = quantidade de poluentes coletados pelo ECP
Exemplo:
Uma indústria de fertilizantes não possui nenhum sistema de tratamento de gases e lança pela chami-
né uma quantidade de 200 kg h-1 de partículas, porém este valor é muito alto e pode causar problemas
de saúde para a comunidade situada nas proximidades da empresa. Por este motivo, o órgão ambiental
determinou que a empresa deve instalar um equipamento de controle para reduzir esta quantidade à me-
tade (100 kg h-1), ou seja, o equipamento de coleta deve ter uma eficiência de pelo menos 50 %. A empresa
instalou o equipamento de controle e mediu a carga lançada para a atmosfera após o gás passar pelo sis-
tema de controle, que é de 90 kg h-1. Utilizando a fórmula apresentada anteriormente, calcule a eficiência
do sistema de controle e conclua se a indústria está apta a funcionar dentro dos limites estabelecidos pelo
órgão ambiental ou não.
Dados:
Xi = quantidade de poluentes existentes na entrada do equipamento de controle da poluição (ECP) =
200 kg h-1 de partículas
Xf = quantidade de poluentes existentes no fluxo gasoso após o ECP = 90 kg h-1 de partículas
Xi - Xf = quantidade de poluentes coletados pelo ECP= 200 – 90 = 110
Para calcular a eficiência de coleta, use a Fórmula:

= eficiência de controle = (200- 90)/200 X 100 = 110/200 X 100 = 55 % .


Resposta: A eficiência de controle de remoção das partículas, após a instalação do equipamento de
controle, foi de 55 %, ou seja, o equipamento reduziu 55 % da carga de poluentes que era lançada na at-
mosfera antes da fiscalização do órgão ambiental. Agora a empresa atende à determinação de reduzir a
poluição com eficiência até um pouco maior do que aquela solicitada, que foi de 50 %.
TRATAMENTO E ANÁLISES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
78

Produção Mais Limpa


Mesmo com tantos avanços científicos e tecnológicos, o modelo econômico baseado no consu-
mo excessivo contribui para o desencadeamento de desastres ambientais de enormes proporções,
como o de Bhopal, na Índia, em 1984, o acidente nuclear de Chernobyl, na ex-União Soviética, em
1986 e o acidente com o Césio-137, em Goiânia, no Brasil, no ano de 1987.
Para minimizar os efeitos da poluição causada ao longo das décadas passadas, têm-se utilizado tec-
nologias conhecidas como “fim de tubo”. Essa forma de atenuar os impactos ambientais é baseada
no tratamento dos resíduos produzidos ao final do processo produtivo, antes de destiná-los adequa-
damente, como, por exemplo, uso de filtros, incineradores, precipitadores eletrostáticos, etc. Ainda
assim, essas tecnologias não são suficientes para gerenciar o grande volume de resíduos gerados.
A partir deste contexto, surgiu uma metodologia de minimização da produção de resíduos gasosos,
sólidos, líquidos nos processos produtivos, evitando custos desnecessários e agressão ao ambiente,
como um instrumento de gestão ambiental utilizado por empresas dos mais diferentes portes e se-
tores, que é a Produção Mais Limpa (P+L), cujo foco é a prevenção ao invés do tratamento.

Os métodos de tratamento das emissões atmosféricas e seus principais controles operacionais, apre-
sentados neste capítulo, são de extrema importância para o desenvolvimento sustentável, em que é possí-
vel a convivência entre o desenvolvimento da indústria sem afetar o meio ambiente.
3 Tratamento das emissões atmosféricas e principais controles operacionais
79

Vimos neste capítulo alguns dos métodos de controle de emissões atmosféricas mais utilizados. Es-
tes métodos incluem técnicas que destroem os poluentes, como a incineração, e técnicas que recu-
peram os poluentes, como absorção, transformando-os em produtos que podem ser reutilizados,
como, por exemplo, os ácidos.
A seleção do equipamento de controle de poluição do ar a ser utilizado pelas indústrias deve ser
precedida de análise de viabilidade técnica, econômica e de outros fatores específicos para cada
caso, pois possuem custo muito elevado. Os equipamentos de controle são classificados em função,
basicamente, do estado físico do poluente estudado e do mecanismo de controle.
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______. Method 12: determination of inorganic lead emissions from stationary sources. [198?].
______. Method 18: measurement of gaseous organic compound emissions by gas
chromatography. [198?].
______. Method 29: determination of metals emissions from stationary sources. [198?].
______. Method 3C: determination of carbon dioxide, methane, nitrogen, and oxygen from
stationary sources. [198?].
______. Method 5: determination of particulate matter emissions from stationary sources. [198?].
______. Method 7b : determination of nitrogen oxide emissions from stationary sources (ultraviolet
spectrophotometric method). [198?].
______. Method 8: determination of sulfuric acid and sulfur dioxide emissions from stationary
sources. [198?].
______. Method10B: determination of carbon monoxide emissions from stationary sources. [198?].
US EPA. QA Handbook for Air Pollution Measurement System Volume II Ambient Air Quality.
May, 2013. Disponível em: <http://www.epa.gov/ttn/amtic/files/ambient/pm25/qa/QA-Handbook-
Vol-II.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2013.
VIEIRA, M. P. Fundamentos da incineração. São Paulo: Gregory, 2012.
Minicurrículo das autoras
NEUzA MARIA SANTOS NEVES
Neuza Maria Santos Neves é Engenheira Química, Mestre em Engenharia Bioquímica e Doutora em
Química Analítica Ambiental pela Universidade Federal da Bahia. Ocupa o cargo de Consultora III
da Área de Meio Ambiente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Departamento Re-
gional da Bahia – SENAI DR/BA. Possui experiência em consultoria ambiental, elaborando, coorde-
nando e executando projetos, instalação e operação de Redes de Monitoramento do ar; Inventários
de Emissões Atmosféricas; modelagem matemática para a dispersão de poluentes na atmosfera;
campanhas de monitoramento da qualidade do ar; estudos de impacto ambiental (meio físico) e
participação em Audiência Pública para licenciamento de empreendimentos.

ROSÂNGELA NOVAES DE JESUS


Rosângela Novaes de Jesus é licenciada em Química (UNEB, 1979), mestre em Química Analítica
(UFBA, 1983) e doutora em Química Analítica (UFBA, 2008). Atuou no SENAI–BA como coordenado-
ra da Cromatografia e gerente da área de Metrologia Química. Atualmente, é Professora do Ensino
Básico Técnico e Tecnológico do IFBA e pesquisadora no Grupo de Pesquisa e Inovação em Química
GPIQ, cadastrado no CNPq.
Índice
A
Ação antropogênica 142
Aciaria 104
AERMOD 80
Agente laranja 32
Analito 96
Anéis de Pall 126
Anéis de Raschig 126
Anômalo 62
Antropogênicos 76
Aspersão 122
Atarraxado 142

B
Background 80
Balão de Tedlar 148
Batelada 56
Biosfera 18
Borbulhamento 174
Branco de campo 62
Brancos 98

C
CarboBond 146
Carboxihemoglobina 146
Carcinogênicos 160
Catalisador 22
Complexos químicos e petroquímicos 30
Compostos inorgânicos 114
Compostos orgânicos voláteis 22
Conversão catalítica 40
Corpos hídricos 146
Craqueamento 42

E
Efeito corona 120
Eletrodo 118

F
FISQP 142
Flare 26
Fonte de combustão 42
Forças inerciais 108

G
Galvanoplastia 34
Gaxeta 28

H
Herbicida 32
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos 38
Higroscópico 110

I
Incrustação 126
Isocineticamente 134

J
Jusante 42, 44, 46
L
Lavador de gás tipo Venturi 126
Lei de Fick 84
Límpido 118
Loop 144

M
Mercaptanas 42
Meteorologia de mesoescala ou mesometeorologia 94
Micrômetro 38
Mutagênicos 160

N
NEDA 178
No-break 162
Nômade 22
NOx 66

O
Ohm (símbolo: Ω) 122
Organoclorados (DDT, BHC, HHC) 92

P
Paredes dos alvéolos 36
Parque de tancagem de produtos líquidos 28
Partes por bilhão (ppb) 20
Partículas totais 26
Poluentes fotoquímicos 22
Postulados 44
Processos biológicos 20
Purgar 144
R
Reativo 82
Resistividade 122

S
Silicatos 38
SOx 104
Spray marinho 20
Suscetível 36
Suspiros de tanques 28

T
Talcadas 134
Transformação isotérmica 46
Tremonha de recolhimento 118

U
UBA 82
USEPA 134

V
Vents 26
Via inalatória 136
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarino Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Neuza Maria Santos Neves


Rosângela Novaes de Jesus
Elaboração

Alexsandro dos Santos Reis


Aline Santos de Almeida
Revisão Técnica

Edisiene de Souza Correia


Colaboração Técnica

Arilma Oliveira do Carmo Tavares


Patrícia Bahia da Silva
Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Débora Maria Mangueira Gomes


Liliane de Jesus Lima
Monique Quintanilha
Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva
Design Educacional
Lygia Fagundes Fuentes
Estagiária

Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva


Revisão Final

Daniella Santana
Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo Romano


Antonio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
FabriCO
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinícius Vidal da Cruz
Ilustração e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
FabriCo
Leonardo Silveira
Vinícius da Cruz Vidal
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

FabriCO
Rita de Cássia Silva da Fonseca CRB-5 / 1747
Normalização - Ficha Catalográfica

Daiane Amancio
Geonava Cardoso Fagundes Rocha
Revisão de Padronização e Diagramação

Lucia Helena de Araújo Jorge


Magali Vieira Santiago Bucco
Marcelo Barreira
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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