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Instalações

Elétricas,
Hidráulicas,
Sanitárias
e Preventivas
Profª. Laura Silvestro

Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Profª. Laura Silvestro

Copyright © UNIASSELVI 2021

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

S587i

Silvestro, Laura

Instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e preventivas. / Laura


Silvestro – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

234 p.; il.

ISBN 978-65-5663-941-3
SBN Digital 978-65-5663-942-0

1. Preventivo de incêndio. - Brasil. II. Centro Universitário


Leonardo da Vinci
CDD 620

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo ao livro de Instalações Elétricas, Hidráulicas, Sanitárias e
Preventivas. Esta disciplina visa construir os conhecimentos teóricos e práticos sobre
instalações elétricas, instalações prediais de água fria e quente, esgoto sanitário, esgoto
pluvial, preventivo de incêndio e sistema predial de distribuição de gás combustível.

Na Unidade 1 abordaremos as grandezas elétricas e luminotécnicas necessárias


para o entendimento e elaboração de projetos elétricos e a norma técnica brasileira
destinada à projetos elétricos em baixa tensão, que estabelece os métodos de
dimensionamento de condutores e eletrodutos. Além disso, serão apresentados métodos
para a determinação do iluminamento de ambientes industriais, os dispositivos de
proteção de sobrecorrentes e de sobretensões, o conceito de seletividade, compensação
reativa e aspectos sobre motores elétricos.

Em seguida, na Unidade 2 estudaremos as partes que integram um sistema predial


de água fria e o dimensionamento da capacidade de reservatórios e das tubulações do
sistema de distribuição. Nesta unidade também abordaremos os sistemas prediais de água
quente, englobando a estimativa do consumo de água quente, os tipos de aquecedores e
fontes de calor e o dimensionamento das tubulações que compõe este sistema predial.

Por fim, na Unidade 3 abordaremos as partes constituintes de um sistema


predial de esgoto sanitário e o dimensionamento das tubulações de coleta e transporte
dos despejos dos aparelhos sanitários, de acordo com a NBR 8160 (ABNT, 1999).
Também será apresentado o dimensionamento de fossas sépticas, uma solução
bastante simples e usual. Além disso, apresentaremos o dimensionamento de um
sistema predial de esgoto pluvial, seguindo os aspectos estabelecidos pela NBR 10844
(ABNT, 1989). Por fim, aprenderemos sobre o sistema de prevenção de incêndio, as
medidas de proteção adotadas e as etapas que envolvem a elaboração de um projeto de
prevenção de incêndio. Também será apresentado o sistema predial de distribuição de
gás combustível e o seu dimensionamento em acordo com a NBR 15526 (ABNT, 2012).

Uma ótima leitura e bons estudos!

Profᵃ. Laura Silvestro


GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS............................................................................... 1

TÓPICO 1 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: CONCEITOS BÁSICOS...........................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 CONCEITOS BÁSICOS..........................................................................................................3
2.1 ESTRUTURA ATÔMICA .......................................................................................................................... 4
2.2 MATERIAIS CONDUTORES E ISOLANTES......................................................................................... 4
2.3 GRANDEZAS ELÉTRICAS..................................................................................................................... 5
2.3.1 Carga elétrica................................................................................................................................ 5
2.3.2 Campo elétrico............................................................................................................................. 5
2.3.3 Potencial elétrico......................................................................................................................... 6
2.3.4 Corrente elétrica.......................................................................................................................... 6
2.3.5 Resistência elétrica......................................................................................................................7
2.3.6 Potência elétrica.......................................................................................................................... 9
2.3.7 Energia elétrica........................................................................................................................... 10
2.4 PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF........................................................................................................... 11
2.5 SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF........................................................................................................... 11
2.6 GRANDEZAS LUMINOTÉCNICAS....................................................................................................... 11
2.6.1 Fluxo luminoso............................................................................................................................. 11
2.6.2 Iluminância................................................................................................................................... 11
2.6.3 Eficiência luminosa....................................................................................................................12
2.6.4 Intensidade luminosa................................................................................................................12
2.6.5 Luminância.................................................................................................................................. 13
2.6.6 Refletância.................................................................................................................................. 14
2.6.7 Emitância..................................................................................................................................... 14
2.6.8 Índice de reprodução de cor.................................................................................................. 14
2.6.9 Temperatura de cor correlata................................................................................................. 14
3 NORMALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL........................................................... 15
3.1 NBR 5410 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO....................................................... 15
3.2 NBR 14039 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE MÉDIA TENSÃO................................................... 15
3.3 NBR 5419 - PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS............................................. 16
3.4 NBR 13570 - LOCAIS DE AFLUÊNCIA DE PÚBLICO.................................................................... 16
3.5 NBR 13534 - ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE............................................. 16
3.6 NORMA REGULAMENTADORA NR10................................................................................................17
3.7 NORMAS DA CONCESSIONÁRIA........................................................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 19

TÓPICO 2 - PROJETOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO...................... 21


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 21
2 REDE DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA............................. 21
3 ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS............... 22
3.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES........................................................................................................22
3.2 QUANTIFICAÇÃO DO SISTEMA.........................................................................................................23
3.3 DETERMINAÇÃO DO PADRÃO DE ATENDIMENTO.......................................................................23
3.4 DESENHO DAS PLANTAS..................................................................................................................23
3.5 DIMENSIONAMENTO...........................................................................................................................23
3.6 QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO E DIAGRAMAS...............................................................................23
3.7 ELABORAÇÃO DOS DETALHES CONSTRUTIVOS.........................................................................24
3.8 MEMORIAL DESCRITIVO....................................................................................................................24
3.9 MEMORIAL DE CÁLCULO...................................................................................................................24
3.10 ELABORAÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.....................................................................25
3.11 ELABORAÇÃO DA LISTA DE MATERIAL.........................................................................................25
3.12 ART........................................................................................................................................................25
3.13 ANÁLISE DA CONCESSIONÁRIA.....................................................................................................25
3.14 REVISÃO DO PROJETO.....................................................................................................................25
3.15 APROVAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA .............................................................................................25
4 SIMBOLOGIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA.................................................................. 26
5 PREVISÃO DE CARGAS DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA...................................................... 28
5.1 ESTIMATIVA PRELIMINAR...................................................................................................................28
5.2 PREVISÃO DAS CARGAS....................................................................................................................29
5.2.1 Iluminação....................................................................................................................................29
5.2.2 Tomadas de uso geral..............................................................................................................30
5.2.3 Tomadas de uso específico......................................................................................................31
5.2.4 Cargas especiais........................................................................................................................32
6 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA................................................................. 35
6.1 CÁLCULO DA DEMANDA DE RESIDÊNCIAS INDIVIDUAIS...........................................................36
6.2 CÁLCULO DA DEMANDA DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DE USO COLETIVO......................... 37
6.3 CÁLCULO DA DEMANDA DE UNIDADES CONSUMIDORAS NÃO RESIDENCIAIS..................... 42
6.4 CÁLCULO DA DEMANDA DE EDIFÍCIOS COM UNIDADES CONSUMIDORAS
RESIDENCIAIS E COMERCIAIS..........................................................................................................44
7 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS...................................................................... 44
7.1 COMPONENTES.....................................................................................................................................44
7.2 LOCAÇÃO DE QUADROS TERMINAIS E DE DISTRIBUIÇÃO........................................................45
7.3 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS TERMINAIS................................................................46
7.4 LIGAÇÃO DOS INTERRUPTORES......................................................................................................46
7.4.1 Interruptor simples..................................................................................................................... 47
7.4.2 Interruptor paralelo.................................................................................................................... 47
7.4.3 Interruptor intermediário......................................................................................................... 48
8 DIMENSIONAMENTO DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS........................................................ 48
8.1 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DA CORRENTE.....................................................49
8.2 CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO...............................................................................55
8.3 SEÇÕES MÍNIMAS DOS CONDUTORES...........................................................................................58
9 ELETRODUTOS.................................................................................................................. 60
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 63

TÓPICO 3 - ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL, PROTEÇÃO E SELETIVIDADE............................ 65


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 65
2 ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL............................................................................................... 65
2.1 MÉTODO DOS LUMENS.......................................................................................................................66
2.2 MÉTODO DAS CAVIDADES ZONAIS................................................................................................. 67
2.3 MÉTODO DO PONTO POR PONTO....................................................................................................68
3 PROTEÇÃO E SELETIVIDADE........................................................................................... 68
3.1 TIPOS DE PROTEÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS......................................................................69
3.1.1 Proteção de sobrecorrentes.....................................................................................................69
3.1.2 Proteção de sobretensões.......................................................................................................70
3.2 SELETIVIDADE.......................................................................................................................................71
3.2.1 Seletividade amperimétrica .....................................................................................................71
3.2.2 Seletividade cronométrica...................................................................................................... 72
3.2.3 Seletividade lógica.................................................................................................................... 72
4 SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS...............................73
4.1 Para-raios do tipo Franklin................................................................................................................. 74
4.2 Gaiola de Faraday................................................................................................................................ 74
5 COMPENSAÇÃO REATIVA .................................................................................................75
6 MOTORES E ACIONAMENTOS ELÉTRICOS....................................................................... 77
LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................................................78
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 82

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 84

UNIDADE 2 — INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA E ÁGUA QUENTE.........................87

TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA: INTRODUÇÃO.............................. 89


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 89
2 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA FRIA........................... 90
3 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO..................................................................................... 94
3.1 SISTEMA DIRETO .................................................................................................................................94
3.2 SISTEMA INDIRETO ............................................................................................................................94
3.3 SISTEMA MISTO ..................................................................................................................................95
4 ESTIMATIVA DO CONSUMO DIÁRIO..................................................................................95
5 RESERVATÓRIOS.............................................................................................................. 98
5.1 RESERVATÓRIO SUPERIOR................................................................................................................98
5.2 RESERVATÓRIO INFERIOR.................................................................................................................99
5.3 TIPOS DE RESERVATÓRIO...............................................................................................................100
5.4 ELEMENTOS COMPLEMENTARES.................................................................................................102
5.5 CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS............................................................................................104
6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................105
6.1 BARRILETE...........................................................................................................................................105
6.2 COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO, RAMAIS E SUB-RAMAIS...........................................................106
6.3 MATERIAIS UTILIZADOS...................................................................................................................106
6.4 DISPOSITIVOS CONTROLADORES DE FLUXO............................................................................. 107
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................109
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 110

TÓPICO 2 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA: DIMENSIONAMENTO


E PROJETO...................................................................................................... 113
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 113
2 RAMAL PREDIAL.............................................................................................................. 114
3 HIDRÔMETRO................................................................................................................... 115
4 ALIMENTADOR PREDIAL................................................................................................. 115
5 SISTEMA ELEVATÓRIO ................................................................................................... 115
6 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES....................................................................... 118
6.1 VAZÃO....................................................................................................................................................119
6.2 VELOCIDADE .......................................................................................................................................119
6.3 PERDA DE CARGA..............................................................................................................................119
6.4 PRESSÕES ......................................................................................................................................... 124
6.5 SUB-RAMAIS ..................................................................................................................................... 126
6.6 RAMAIS ............................................................................................................................................... 127
6.7 COLUNAS DE ÁGUA ..........................................................................................................................130
6.8 BARRILETE...........................................................................................................................................131
7 PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS .......................................................................132
7.1 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ............................................................................................................ 132
7.2 ALTURA DOS PONTOS ...................................................................................................................... 133
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................135
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................136

TÓPICO 3 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE................................................. 137


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 137
2 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA QUENTE....................138
3 SISTEMAS DE AQUECIMENTO.........................................................................................138
3.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO INDIVIDUAL ................................................................................... 139
3.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL PRIVADO..................................................................... 139
3.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL COLETIVO...................................................................140
4 ESTIMATIVA DE CONSUMO DIÁRIO................................................................................142
5 TIPOS DE AQUECEDORES ...............................................................................................142
5.1 FONTES DE CALOR DOS AQUECEDORES.....................................................................................143
6 MATERIAIS UTILIZADOS.................................................................................................146
7 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES .......................................................................146
7.1 PRESSÕES MÁXIMA E MÍNIMA.........................................................................................................148
7.2 VELOCIDADE.......................................................................................................................................148
7.3 PERDAS DE CARGA...........................................................................................................................148
7.4 DIÂMETROS.........................................................................................................................................148
8 ISOLAMENTO TÉRMICO DAS TUBULAÇÕES..................................................................148
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................155
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................156

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 157

UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO, PREVENÇÃO


DE INCÊNDIO E DISTRIBUIÇÃO DE GÁS COMBUSTÍVEL...........................159

TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO....................................... 161


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 161
2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS................................................................................... 161
2.1 SISTEMA INDIVIDUAL........................................................................................................................ 162
2.2 SISTEMA COLETIVO.......................................................................................................................... 162
3 COMPONENTES DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO.................................163
3.1 APARELHOS SANITÁRIOS................................................................................................................. 163
3.2 DESCONECTORES............................................................................................................................. 163
3.3 RALOS..................................................................................................................................................164
3.4 RAMAL DE DESCARGA..................................................................................................................... 165
3.5 RAMAL DE ESGOTO........................................................................................................................... 165
3.6 RAMAL DE VENTILAÇÃO.................................................................................................................. 166
3.7 TUBO DE QUEDA................................................................................................................................ 166
3.8 COLUNA DE VENTILAÇÃO............................................................................................................... 166
3.9 SUBCOLETORES.................................................................................................................................167
3.10 DISPOSITIVOS DE INSPEÇÃO.........................................................................................................167
3.11 COLETOR PREDIAL........................................................................................................................... 169
4 DIMENSIONAMENTO........................................................................................................169
4.1 RAMAL DE DESCARGA...................................................................................................................... 170
4.2 RAMAL DE ESGOTO............................................................................................................................ 171
4.3 TUBO DE QUEDA .............................................................................................................................. 172
4.4 COLETOR E SUBCOLETOR PREDIAL ............................................................................................ 172
4.5 RAMAL DE VENTILAÇÃO.................................................................................................................. 173
4.6 COLUNA DE VENTILAÇÃO .............................................................................................................. 174
5 MATERIAIS UTILIZADOS................................................................................................. 176
6 PROJETO DE INSTALAÇÃO PREDIAL............................................................................. 177
7 TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO......................................................................... 177
7.1 FOSSAS SÉPTICAS..............................................................................................................................177
7.2 DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE DA FOSSA SÉPTICA........................................................................181
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................183
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................184

TÓPICO 2 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO PLUVIAL............................................185


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................185
2 CONCEITOS......................................................................................................................186
2.1 ALTURA PLUVIOMÉTRICA.................................................................................................................186
2.2 INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA..................................................................................................... 187
2.3 PERÍODO DE RETORNO.................................................................................................................... 187
2.4 ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO................................................................................................................ 187
2.5 PERÍMETRO E ÁREA MOLHADA.....................................................................................................188
3 DIMENSIONAMENTO........................................................................................................189
3.1 FATORES METEOROLÓGICOS..........................................................................................................190
3.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO...........................................................................191
3.3 VAZÃO DE PROJETO......................................................................................................................... 192
3.4 DIMENSIONAMENTO DAS CALHAS .............................................................................................. 193
3.5 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES VERTICAIS............................................................... 195
3.6 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES HORIZONTAIS ........................................................198
4 PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS.......................................................................199
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................201
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 202

TÓPICO 3 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO


E DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS COMBUSTÍVEL................................................ 203
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 203
2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS................................................................................. 204
3 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO................................................................................ 205
3.1 EXTINÇÃO POR RESFRIAMENTO................................................................................................... 205
3.2 EXTINÇÃO POR ABAFAMENTO...................................................................................................... 205
3.3 EXTINÇÃO POR ISOLAMENTO....................................................................................................... 205
4 MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO............................................................ 205
4.1 MEDIDAS ATIVAS DE PROTEÇÃO................................................................................................... 206
4.1.1 Sistema de alarme e detecção de incêndio...................................................................... 206
4.1.2 Sistema de iluminação de emergência............................................................................. 206
4.1.3 Sistema de sinalização de emergência..............................................................................207
4.1.4 Sistema de proteção por extintores................................................................................... 208
4.1.5 Sistema de proteção por chuveiros automáticos........................................................... 209
4.1.6 Sistema de proteção por hidrantes e mangotinhos........................................................210
4.2 MEDIDAS PASSIVAS DE PROTEÇÃO..............................................................................................211
4.2.1 Separação entre edificações..................................................................................................211
4.2.2 Compartimentação..................................................................................................................211
5 ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO.....................212
5.1 CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO................................................................................................... 212
5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA EDIFICAÇÃO E SISTEMAS PREVENTIVOS EXIGIDOS.............213
5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS PREVENTIVOS EXIGIDOS..................................................... 215
5.4 CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO AOS RISCOS........................................................ 215
5.5 VERIFICAR OS NÍVEIS DE EXIGÊNCIA E DETALHAMENTO DE CADA SISTEMA ................. 215
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS COMBUSTÍVEL.........................216
6.1 MATERIAIS EMPREGADOS............................................................................................................... 217
6.2 DIMENSIONAMENTO......................................................................................................................... 217
6.2.1 Potência adotada.....................................................................................................................218
6.2.2 Cálculo da vazão...................................................................................................................... 219
6.2.3 Cálculo da velocidade............................................................................................................ 219
6.2.4 Perda de carga........................................................................................................................ 220
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 222
RESUMO DO TÓPICO 3....................................................................................................... 229
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 230

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................231

ANOTAÇÕES....................................................................................................................... 233
UNIDADE 1 -

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as principais grandezas elétricas e luminotécnicas;

• conhecer as simbologias e representações gráficas usuais em projetos elétricos;

• dimensionamento de condutores e eletrodutos de instalações elétricas de baixa


tensão;

• determinar o iluminamento de um ambiente de trabalho industrial;

• conhecer os principais dispositivos de proteção de instalações elétricas de baixa


tensão.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: CONCEITOS BÁSICOS


TÓPICO 2 – PROJETOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO
TÓPICO 3 – ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL, PROTEÇÃO E SELETIVIDADE

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: CONCEITOS
BÁSICOS
1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica tem uma importância inquestionável na vida das pessoas


e da sociedade como um todo. No ano de 2019, foram consumidos 482.083 GWh de
energia elétrica no Brasil, o que corresponde a um acréscimo de 1,4% em relação ao
consumo do ano anterior (EPE, 2021). Deste total, aproximadamente 29,4% e 34,72%
foram destinados ao consumo residencial e industrial, respectivamente. De acordo com
Cervelin e Cavalin (2008), a energia elétrica é utilizada em larga escala pelo fato de ser
transportável, ou seja, pode ser produzida em locais distantes e conduzida por linhas
de transmissão até os grandes centros consumidores e permitir a transformação em
outras formas de energia, como luz, calor e movimento.

Nesse âmbito, destaca-se que em 2019 a matriz energética brasileira baseou-


se, predominantemente, em fontes renováveis. A energia hidráulica foi responsável por
um percentual de 64,9% do total de energia elétrica produzida, seguida pela fonte de
gás natural (9,3%), eólica (8,6%) e biomassa (8,4%) (EPE, 2020). O Brasil segue uma
tendência contrária da matriz elétrica mundial, que é majoritariamente baseada em
fontes não renováveis, como o carvão mineral. Nesse sentido, isso significa que a
produção de energia elétrica brasileira possui um impacto ambiental inferior.

O uso eficiente da eletricidade é possível por meio de instalações elétricas,


executadas conforme um projeto elétrico (CERVELIN; CAVALIN, 2008). Desta forma, neste
Tópico 1 revisaremos os principais conceitos básicos e grandezas elétricas e luminotécnicas
que são requisitos para iniciar a concepção e elaboração de um projeto elétrico. Além disso,
serão apresentadas as principais resoluções normativas e normas técnicas que embasam a
elaboração de projetos elétricos residenciais e industriais no Brasil.

2 CONCEITOS BÁSICOS
Nesta seção serão abordados os conceitos básicos relativos às principais
grandezas elétricas e luminotécnicas.

3
2.1 ESTRUTURA ATÔMICA
Para compreender o conceito de eletrização, é necessário revisar a estrutura
que compõe os corpos. Nesse contexto, a matéria é constituída por pequenas estruturas
denominadas átomos. Cada átomo é formado por uma parte central, denominada núcleo,
e uma parte periférica intitulada de eletrosfera (FIGURA 1). No núcleo encontram-se os
prótons e os nêutrons. Já na eletrosfera encontram-se os elétrons, que ficam em torno
do núcleo em diferentes órbitas. Os prótons são caracterizados por uma carga positiva
e os elétrons por uma carga negativa (BONJORNO et al., 1992).

FIGURA 1 – ESTRUTURA DO ÁTOMO

FONTE: <https://www.significados.com.br/atomo/>. Acesso em: 26 mar. 2021.

Um corpo no seu estado natural é eletricamente neutro, ou seja, possui a mesma


quantidade de elétrons e prótons. Desta forma, um material estará eletrizado quando
se altera o equilíbrio entre o número de prótons e elétrons. Se o corpo perde elétrons,
fica eletrizado positivamente. Quando o corpo recebe elétrons, encontra-se eletrizado
negativamente (BONJORNO et al., 1992).

2.2 MATERIAIS CONDUTORES E ISOLANTES


Materiais caracterizados por fortes ligações químicas possuem baixa mobilidade
de elétrons livres e, portanto, não são passíveis de conduzirem corrente elétrica. Nestes
casos, os elétrons estão fortemente ligados ao átomo e não têm liberdade de movimento.
Tais materiais usualmente são utilizados como isolantes elétricos e são empregados em
instalações elétricas, a fim de impedir a fuga de corrente elétrica para locais indesejados e
para proteger pessoas de choques. Nos materiais condutores os elétrons estão fracamente
ligados ao átomo e, por consequência, se movimentam com facilidade. Nestes casos, os
elétrons passam a não ser mais exclusividade de seus respectivos átomos e formam o que
se chama uma nuvem de elétrons ao redor dos núcleos. Nesses materiais, a possibilidade
de criação de uma corrente elétrica é altíssima (LARA, 2012).

4
NOTA
Materiais isolantes elétricos: borracha, madeira, vidro, cerâmica e plástico etc.
Materiais condutores elétricos: metais como o aço, ferro, alumínio, cobre,
ouro, prata etc.

2.3 GRANDEZAS ELÉTRICAS


Nesta subseção serão revisadas as principais grandezas elétricas, sendo estas:
carga elétrica, campo elétrico, potencial elétrico, corrente elétrica, resistência elétrica,
potência elétrica e energia elétrica.

2.3.1 Carga elétrica


Sabe-se que o menor valor de carga elétrica (Q) encontrada na natureza é a
carga de elétron ou próton, cujo módulo é denominado de carga elementar (e), e equivale
ao valor de e = 1,6 x 10-19 coulomb (C). Isto posto, a carga elétrica dos prótons é positiva
e dos elétrons negativa. Além disso, a quantidade de carga elétrica de um corpo sempre
será um múltiplo inteiro de “e” (BONJORNO et al., 1992).

2.3.2 Campo elétrico


Uma carga elétrica Q produz, no seu entorno, uma região afetada por sua
presença denominada de campo elétrico (E). Como pode ser observado na FIGURA 2,
a carga Q cria um campo elétrico que exerce uma força elétrica (F) sobre a carga q. A
intensidade do campo elétrico (E) pode ser calculada pelas Equações 1 e 2.

FIGURA 2 – INFLUÊNCIA DO CAMPO ELÉTRICO DA CARGA Q

FONTE: A autora (2021)

5
Equação 1

Equação 2

Onde:
E – Intensidade do campo elétrico (N/C - newton por coulomb);
F – Força que atua na carga q (N);
q – Carga elétrica de prova (C);
k – Constante dielétrica do meio em que as cargas estão (constante no vácuo = 8,99 x
109 N.m2/C2);
Q – Carga geradora do campo elétrico (Q);
d – Distância entre as cargas Q e q (m).

2.3.3 Potencial elétrico


Quando, entre dois pontos de um condutor, existe uma diferença entre as
concentrações de elétrons, isto é, de carga elétrica, diz-se que existe um potencial elétrico
entre esses dois pontos (NISKIER, 2016). O potencial elétrico, também é conhecido como
tensão elétrica, voltagem, f. e. m. (força eletromotriz) ou d.d.p. (diferença de potencial
elétrico). Usualmente a letra E é utilizada para denominar a f.e.m. apresentada nos terminais
de um gerador, quando o circuito está aberto. Já a letra U é usada para representar a
tensão quando o circuito está fechado e nele está passando corrente elétrica. A letra V
também pode ser usada para indicar essa mesma grandeza (LARA, 2012).

IMPORTANTE
A unidade do potencial elétrico no Sistema Internacional (SI) é o volt (V):

2.3.4 Corrente elétrica


Os elétrons livres dos átomos de um determinado material usualmente se
descolam em todas as direções. Em um condutor, quando o movimento de deslocamento
dos elétrons livres é mais intenso em um determinado sentido, diz-se que existe uma

6
corrente elétrica. A intensidade da corrente elétrica (i) é caracterizada pelo número de
elétrons (Δq) que passa por uma determinada seção do condutor em uma unidade de
tempo (Δt), conforme descrito pela Equação 3. A unidade de intensidade da corrente
elétrica é o ampère (A) (NISKIER, 2016).

Equação 3

2.3.5 Resistência elétrica


De acordo com Niskier (2016), existe uma força de atração entre os elétrons e o
núcleo que exerce resistência contra a liberação dos elétrons para o estabelecimento
da corrente elétrica. Esta oposição ao fluxo é denominada de resistência. Desta forma,
a resistência em materiais isolantes é elevada, diferentemente do que ocorre para
materiais condutores.

A resistência de um condutor é função do tipo de material que o compõe, do


tipo de ligação química e quantidade de elétrons livres, da temperatura, dimensões do
condutor, como seção e comprimento, dentre outras condições que podem afetar a
movimentação dos elétrons (LARA, 2012).

IMPORTANTE
A unidade de resistência elétrica é o ohm (Ω). Equivale à resistência elétrica de
um elemento tal que a diferença de potencial constante de 1 volt, faz circular
nesse elemento uma corrente invariável de 1 ampère (NISKIER, 2016).

De acordo com a 1ª Lei de Ohm, a resistência (R) dos condutores é diretamente


proporcional à diferença de potencial (U) e inversamente proporcional à intensidade da
corrente elétrica (i), conforme descrito na Equação 4.

Equação 4

Pela 2ª Lei de Ohm, a resistência (R) dos condutores também pode ser calculada
pela Equação 5, onde é a resistividade do material do condutor (Ω.m), é o comprimento
do resistor (m) e é a área da seção reta transversal do resistor (m²).

Equação 5

7
Em um circuito elétrico os resistores podem ser associados de duas maneiras:
em série ou em paralelo. A FIGURA 3 apresenta um exemplo de resistores associados em
série. Neste caso a corrente elétrica (i) é a mesma que percorre todas as resistências.
A tensão elétrica (V) é dividida pelos elementos que constituem o circuito e pode ser
determinada pela Equação 6. Já a tensão de cada elementos é calculada pela Equação
7. Por fim, a resistência total equivalente (Req) do circuito será a soma das resistências
em série do circuito, conforme descrito pela Equação 8.

FIGURA 3 – EXEMPLO DE RESISTORES ASSOCIADOS EM SÉRIE

FONTE: A autora (2021)

Equação 6

Equação 7

Equação 8

A Figura 4 apresenta um exemplo de resistores associados em paralelo. Neste


caso, as resistências estão submetidas à mesma tensão elétrica, enquanto a intensidade
da corrente elétrica total é dividida entre os elementos do circuito. A corrente elétrica que
atua em cada resistor pode ser calculada pela Equação 9. Já a corrente total pode ser
obtida através da Equação 10. A resistência equivalente (Req) do conjunto é determinada
pela Equação 11.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE RESISTORES ASSOCIADOS EM PARALELO

FONTE: A autora (2021)

8
Equação 9

Equação 10

Equação 11

2.3.6 Potência elétrica


A potência elétrica é definida como o trabalho efetuado na unidade de tempo. É
obtida pelo produto da tensão elétrica (V) e pela intensidade de corrente (i), conforme
Equação 12. A unidade de potência é o watt (W) (NISKIER, 2016).

Equação 12

No caso de circuitos resistivos a potência elétrica pode ser calculada pela


Equação 13, pois somente nos resistores a energia elétrica é totalmente convertida em
calor (LARA, 2012). Onde V corresponde a tensão elétrica e R a resistência.

Equação 13

Em um circuito de corrente alternada, quando a corrente e a tensão possuem o


mesmo ângulo de fase (Ø = 0), a potência é igual ao produto da intensidade da corrente
(i) e tensão (U). Quando neste circuito é inserida uma bobina, ocorrerá uma defasagem
entre a corrente e a tensão (Ø ≠ 0), e a potência lida será inferior ao produto i x U (NISKIER,
2016). Deste fenômeno surge o triângulo de potência, representado na FIGURA 5.

FIGURA 5 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS

FONTE: A autora (2021)

Nesse contexto, a potência ativa consiste na potência útil que efetivamente será
convertida em trabalho. Já a potência reativa, representa a parcela de potência que não
é aproveitada pelo sistema. Desta forma, a potência aparente corresponde à quantidade
total de potência gerada, levando em consideração a soma vetorial das potências ativa
e reativa. O fator de potência, que representa o cosseno do ângulo de defasagem entre
a tensão e corrente (cos Ø), pode ser calculado pela Equação 14 (VIEIRA JUNIOR, 2011).
9
Equação 14

Embora indesejada, é a potência reativa que alimenta os campos magnéticos de


geradores e motores (VIEIRA JUNIOR, 2011). Neste âmbito, as empresas concessionárias
de energia elétrica usualmente exigem um fator de potência igual ou superior a 0,92
(NISKIER, 2016), com o intuito de evitar desperdícios nos sistemas.

ESTUDOS FUTUROS
Nos tópicos a seguir serão abordadas alternativas para corrigir o baixo fator
de potência de instalações.

2.3.7 Energia elétrica


A energia elétrica consumida, ou o trabalho elétrico (𝜏) efetuado, é dada pelo
produto da potência (P) pelo tempo (t), de acordo com a Equação 15 (NISKIER, 2016).
Sua unidade no SI é watt x segundo, também conhecido por joule (J). (1 J = 1 W × 1 s).

Equação 15

GIO
Veja na TABELA 1 um resumo das principais grandezas elétricas.

TABELA 1 – RESUMO DAS GRANDEZAS ELÉTRICAS

Grandeza Símbolo Unidade


Carga elétrica Q Coulomb
Campo elétrico E Netwon/coulomb
Potencial elétrico E, U, V Volt
Corrente elétrica i Ampère
Resistência elétrica R Ohm
Potência elétrica P Watt
Energia elétrica 𝜏 Joule
FONTE: A autora (2021)

10
2.4 PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF
A primeira Lei de Kirchhoff, também conhecida como Lei dos Nós, define que a
soma das intensidades das correntes que chegam a um nó, ou seja, a um ponto de encontro
de três ou mais condutores de um circuito elétrica, é igual à soma das intensidades das
correntes que dele saem, conforme descrito pela Equação 16 (VIEIRA JUNIOR, 2011).

Equação 16

2.5 SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF


A segunda Lei de Kirchhoff, também denominada de Lei das Malhas,
estabelece que a soma algébrica das forças eletromotrizes (f.e.m) em um circuito é igual
à soma algébrica dos produtos da resistência e corrente elétrica em todas as resistências
da malha, de acordo com a Equação 17 (VIEIRA JUNIOR, 2011).

Equação 17

2.6 GRANDEZAS LUMINOTÉCNICAS


Neste subtópico serão revisadas as principais grandezas luminotécnicas, sendo
estas: fluxo luminoso, iluminância, eficiência luminosa, intensidade luminosa, luminância,
refletância, emitância, índice de reprodução de cor e temperatura de cor correlata.

2.6.1 Fluxo luminoso


O fluxo luminoso (ψ) consiste na “potência de radiação emitida por uma fonte
luminosa em todas as direções do espaço” (MAMEDE FILHO, 2017, p. 58). A unidade do
fluxo luminoso no SI é o lúmen (lm).

2.6.2 Iluminância
A iluminância (E), também conhecida como nível de iluminamento, corresponde
ao fluxo luminoso (ψ) incidente em uma determinada superfície por unidade de área (S),
conforme Equação 18 (MAMEDE FILHO, 2017).

Equação 18

11
IMPORTANTE
A unidade da iluminância no SI é o lux (lx):

2.6.3 Eficiência luminosa


A eficiência luminosa (ᶯ) é a relação entre o fluxo luminoso (ψ) emitido por
uma fonte luminosa e a potência consumida ( ) em watts, conforme Equação 19
(MAMEDE FILHO, 2017).

Equação 19

A TABELA 2 apresenta a eficiência luminosa para alguns tipos usuais de lâmpadas.


É importante ressaltar que essa grandeza deve ser levada em consideração na seleção de
lâmpadas para a elaboração de projetos mais eficientes (MAMEDE FILHO, 2017).

TABELA 2 - EFICIÊNCIA LUMINOSA DAS LÂMPADAS

Tipos de lâmpadas Eficiência luminosa (lumens/W)


Incandescente 10 a 15
Halogêneas 15 a 25
Mista 20 a 35
LEDs 35 a 70
Fluorescente comum 55 a 75
Fluorescente compacta 50 a 80
Fluorescente econômica 75 a 90
FONTE: Adaptado de Mamede Filho (2017, p. 60)

2.6.4 Intensidade luminosa


A intensidade luminosa (I) “pode ser definida como sendo a potência de radiação
visível que uma determinada fonte de luz emite em uma direção especificada” (MAMEDE
FILHO, 2017). Sua unidade é denominada candela (cd).

12
2.6.5 Luminância
De acordo com Mamede Filho (2017, p. 61), “a luminância (L) é entendida como
a medida da sensação de claridade, provocada por uma fonte de luz ou superfície
iluminada e avaliada pelo cérebro”. Esta grandeza pode ser determinada pela Equação
20. Sua unidade é cd/m².

Equação 20

Onde:
S– Superfície iluminada (m²);
α– Ângulo entre a superfície iluminada e a vertical, que é ortogonal à direção do fluxo
luminoso (graus);
I – Intensidade luminosa (cd).

O fluxo luminoso, a intensidade luminosa e a iluminância somente são visíveis


se forem refletidos em uma superfície, transmitindo a sensação de luz aos olhos. Este
fenômeno é denominado de luminância (MAMEDE FILHO, 2017).

2.6.4 Intensidade luminosa


A intensidade luminosa (I) “pode ser definida como sendo a potência de radiação
visível que uma determinada fonte de luz emite em uma direção especificada” (MAMEDE
FILHO, 2017). Sua unidade é denominada candela (cd).

2.6.5 Luminância
De acordo com Mamede Filho (2017, p. 61), “a luminância (L) é entendida como
a medida da sensação de claridade, provocada por uma fonte de luz ou superfície
iluminada e avaliada pelo cérebro”. Esta grandeza pode ser determinada pela Equação
20. Sua unidade é cd/m².

Equação 20

Onde:
S– Superfície iluminada (m²);
α– Ângulo entre a superfície iluminada e a vertical, que é ortogonal à direção do fluxo
luminoso (graus);
I – Intensidade luminosa (cd).

O fluxo luminoso, a intensidade luminosa e a iluminância somente são visíveis


se forem refletidos em uma superfície, transmitindo a sensação de luz aos olhos. Este
fenômeno é denominado de luminância (MAMEDE FILHO, 2017).

13
2.6.6 Refletância
A refletância corresponde à relação entre os fluxos luminosos refletido e incidente
de uma dada superfície. Nesse contexto, é importante salientar que os objetos refletem
luz diferentemente uns dos outros. Assim, dois objetos colocados em um ambiente de
luminosidade conhecida ocasionam refletâncias diferentes (MAMEDE FILHO, 2017).

2.6.7 Emitância
A emitância é a quantidade de fluxo luminoso emitido por uma fonte superficial
por unidade de área. Sua unidade é lúmen/m² (MAMEDE FILHO, 2017).

2.6.8 Índice de reprodução de cor


O índice de reprodução de cor (IRC) expressa “a capacidade de uma fonte de luz,
ao iluminar um objeto, de fazer com que este reproduza suas cores naturais” (MAMEDE
FILHO, 2017, p. 91). É uma grandeza que varia numericamente de 0 a 100 e é expressa
percentualmente. Quanto maior o IRC, mais fielmente a cor real dos objetos é exibida
quando analisados sob a luz do sol (LARA, 2012). A Tabela 3 fornece o IRC para alguns
tipos de lâmpadas.

TABELA 3 – IRC DE ALGUNS TIPOS DE LÂMPADAS

Tipo de lâmpada IRC (%)


Incandescente 100
Incandescente de halogênio 100
Fluorescente 75 a 79
Vapor de mercúrio 47
Vapor de sódio 35

2.6.9 Temperatura de cor correlata


A temperatura de cor correlata (TCC) caracteriza a cor da luz emitida por uma
lâmpada. É uma grandeza que, por convenção, tem como unidade o kelvin (K). De maneira
geral, a TCC das lâmpadas varia entre 2700 e 6500 K (LARA, 2012). Nesse contexto, uma
lâmpada incandescente emite uma luz na cor amarelada, que corresponde a uma TCC
de cerca de 2 800 K. Já as lâmpadas que emitem uma luz na cor branca, correspondem
a uma TCC de 6500 K. Em função disso, é usual classificar a luz emitida pelas lâmpadas
em “luz quente” e “luz fria” (MAMEDE FILHO, 2017).

14
3 NORMALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
As condições gerais de fornecimento de energia elétrica são regulamentadas
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) através da Resolução Normativa n⁰ 414,
de 9 setembro de 2010 (ANEEL, 2010). Esta resolução apresenta todas as disposições que
devem ser observadas pelas distribuidoras e consumidores. Já os projetos elétricos devem
ser elaborados de acordo com normas técnicas que, no Brasil, são de responsabilidade da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além das normas brasileiras, normas
técnicas internacionais como as elaboradas pelo International Electrotechnical Commission
(IEC) também devem ser consideradas na ausência de normas nacionais. A seguir serão
apresentadas as principais normas relativas à elaboração de projetos elétricos.

3.1 NBR 5410 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO


A norma NBR 5410 (ABNT, 2008) estabelece as condições que as instalações
elétricas de baixa tensão devem atender, de forma a garantir a segurança e integridade
de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos
bens. Nesse contexto, deve ser aplicada em circuitos elétricos alimentados sob tensão
nominal igual ou inferior a 1 kV em corrente alternada, com frequências inferiores a 400
Hz, ou a 1,5 kV em corrente contínua. A norma em questão também engloba as áreas
externas à edificação, locais de acampamento e instalações similares e canteiros de
obras e outras instalações temporárias.

De maneira geral, a NBR 5410 (ABNT, 2008) apresenta uma definição dos
componentes das instalações elétricas e diretrizes para a previsão de carga da
instalação de iluminação, tomadas de uso geral e tomadas de uso específico. Além disso,
estabelece aspectos que devem ser atendidos para a divisão da instalação em circuitos
visando operações de manutenção e reparo da instalação e o dimensionamento dos
condutores e dispositivos de proteção de menor seção e capacidade nominal. A NBR
5410 (ABNT, 2008) também fornece os métodos de dimensionamento de condutores e
eletrodutos, como será abordado nos próximos tópicos desta unidade.

3.2 NBR 14039 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE MÉDIA


TENSÃO
A norma NBR 14039 (ABNT, 2005) estabelece diretrizes para o projeto e execução
de instalações elétricas de média tensão, de modo a garantir a segurança e continuidade do
serviço. Nessa categoria, são englobados circuitos elétricos com tensão nominal de 1,0 kV a
36,2 kV, alimentados pela concessionária ou por fonte própria de energia em média tensão.
Esta norma se aplica a instalações novas, reformas em instalações existentes e instalações
de caráter permanente ou temporário. As prescrições fundamentais da norma em questão

15
que visam à segurança dos usuários são: proteção contra choques elétricos, proteção
contra efeitos térmicos, proteção contra sobrecorrentes, seccionamento e comando,
independência da instalação elétrica, acessibilidade dos componentes, condições de
alimentação e condições de instalação.

Para a elaboração do projeto de instalações elétricas de média tensão algumas


características da edificação devem ser determinadas, sendo estas a utilização
prevista, alimentação e estrutura geral; influências externas às quais a estrutura estará
submetida e, por fim, a manutenção necessária. Nessa conjuntura, tais características
serão utilizadas para a definição das medidas de proteção para garantir a segurança e
para a seleção e instalação dos componentes (NBR 14039, 2005).

3.3 NBR 5419 - PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS
A NBR 5419-1 (ABNT, 2015) define os princípios gerais para a determinação da
proteção contra descargas atmosféricas e fornece subsídios para a elaboração de projetos
destinados a este fim. A referida norma é complementada pelas seguintes partes:

• NBR 5419-2 (ABNT, 2018) – Parte 2: Gerenciamento de risco;


• NBR 5419-3 (ABNT, 2018) – Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida;
• NBR 5419-4 (ABNT, 2018) – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura.

3.4 NBR 13570 - LOCAIS DE AFLUÊNCIA DE PÚBLICO


A norma NBR 13570 (ABNT, 1996) determina os requisitos que são exigidos para
instalações elétricas destinadas a atender locais de afluência de público, de forma a
garantir o funcionamento adequado, segurança de pessoas e a conservação de bens.
Neste âmbito, são englobados locais como auditórios, cinemas, hotéis, bibliotecas,
teatro, dentre outros estabelecimentos com capacidade de no mínimo 50 pessoas.

3.5 NBR 13534 - ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS


DE SAÚDE
A NBR 13534 (ABNT, 2008) aplica-se a instalações elétricas de estabelecimentos
assistenciais de saúde, estabelecendo requisitos específicos com o intuito de garantir a
segurança dos pacientes e profissionais de saúde. Esta norma complementa, modifica
ou substitui os requisitos gerais que compõem a NBR 5410 (ABNT, 2008).

16
3.6 NORMA REGULAMENTADORA NR10
A norma regulamentadora NR10, de 7 de dezembro de 2004 (MINISTÉRIO
DO TRABALHO, 2004), que se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo de instalações elétricas, dispõe sobre os requisitos e exigências de sistemas
de controle e prevenção visando a segurança e integridade de trabalhadores que
interagem com as instalações e serviços de eletricidade no geral.

3.7 NORMAS DA CONCESSIONÁRIA


Além das normas previamente citadas, o projetista também deve atender as
normas particulares das concessionárias responsáveis pelo serviço público ou particular.
Estas normas levam em consideração as particularidades inerentes ao sistema elétrico
de cada empresa concessionária (MAMEDE FILHO, 2017). O projetista também deve
levar em consideração normas específicas do Corpo de Bombeiros, Prefeitura Municipal,
dentre outras instituições pertinentes.

Neste tópico foram abordadas as principais grandezas elétricas e luminotécnicas


necessárias para a elaboração de projetos elétricos de forma segura e eficiente. Além
disso, foram elencadas as normas técnicas e demais especificações que norteiam a
elaboração de projetos elétricos no Brasil. Nesse contexto, destaca-se a NBR 5410
(ABNT, 2008) destinada a instalação em baixa tensão, ou seja, aquelas caracterizadas
por tensão nominal igual ou inferior a 1 kV em corrente alternada ou a 1,5 kV em corrente
contínua. Adicionalmente, questões especificas sobre a rede local de distribuição
também são estabelecidas pela concessionária responsável pelo fornecimento de
energia e devem ser consideradas pelo projetista.

17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Materiais condutores apresentam elevada mobilidade de elétrons.

• Em circuitos elétricos com resistências associadas em série a tensão elétrica total é


dividida pelos elementos que constituem o circuito.

• Em circuitos elétricos com resistências associadas em paralelo a intensidade da


corrente elétrica total é dividida entre os elementos do circuito.

• A potência aparente é a soma vetorial das potências ativa e reativa.

• As grandezas luminotécnicas devem ser levadas em consideração na seleção de


lâmpadas para a elaboração de projetos elétricos mais eficientes.

• Para a elaboração de projetos elétricos devem ser observadas algumas normas e


especificações técnicas. Para instalações em baixa tensão, o projeto deve atender à
NBR 5410 (ABNT, 2008).

18
AUTOATIVIDADE
1 Calcule o valor da resistência de um chuveiro elétrico ligado a uma rede 220 V e
alimentado por uma corrente elétrica de 11 A. Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) R = 16,1 Ω.
b) ( ) R = 20 Ω.
c) ( ) R = 18 Ω.
d) ( ) R = 17,5 Ω.

2 No circuito em série a seguir as resistências são R1 = 42,9 Ω; R2 = 36,4 Ω; R3 = 18,5 Ω.


Se for aplicada uma tensão de 220 V, qual será a corrente que percorrerá o circuito?
Qual a tensão correspondente a cada resistência?

3 No circuito em paralelo a seguir, as resistências são: R1 = 2,5 Ω; R2 = 4,0 Ω; R3 = 6,0


Ω. Considerando que o circuito é percorrido por uma corrente de 25 A, determine as
respectivas parcelas de corrente de cada resistência.

19
4 A energia elétrica é essencial para o desenvolvimento de diversas atividades da nossa
sociedade. Nesse contexto, as grandezas elétricas estão presentes em qualquer
circuito de uma instalação elétrica. A respeito das grandezas elétricas, assinale a
alternativa CORRETA.

I- A diferença de potencial (d.d.p) também é conhecida como tensão elétrica e é


medida na unidade volt.
II- No triângulo de potências, a potência aparente corresponde à potência útil, ou seja,
a parcela da potência que é efetivamente convertida em trabalho.
III- Em circuitos ligados em paralelo, as resistências são submetidas à mesma diferença
de potencial, enquanto a intensidade de corrente é dividida entre os elementos que
compõem o circuito.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

5 O motor de um equipamento é ligado a 380 V. A intensidade da corrente elétrica é


de i = 14,47 A. Calcule a potência do motor, o trabalho elétrico após 8 horas de uso
e o preço para o consumo, considerando o custo do kWh de R$ 20,00. Assinale a
alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) P = 4,3822 kW – = 35,05 kWh – R$ 701,15.


b) ( ) P = 5,4986 kW – = 43,98 kWh – R$ 879,77.
c) ( ) P = 7,8309 – = 62,64 kWh – R$ 1252,94.
d) ( ) P = 5,1572 - = 41,25 kWh – R$ 825,15.

20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
PROJETOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
DE BAIXA TENSÃO

1 INTRODUÇÃO
O termo projetar remete ao desenvolvimento de soluções possíveis de serem
implementadas para a resolução de determinados problemas, visando atender a
uma necessidade ou objetivo. Nessa conjuntura, o problema objeto de estudo de
um projeto elétrico pode ser entendido como a forma que a energia elétrica será
conduzida da rede de distribuição até os pontos de utilização em uma determinada
edificação (LIMA FILHO, 2001).

O projeto de uma instalação elétrica consiste basicamente em quantificar


e determinar a localização dos pontos de utilização de energia elétrica, tais como
lâmpadas e tomadas, criar e dimensionar circuitos elétricos e suas respectivas ligações,
bem como dimensionar os condutores e os dispositivos de proteção, de comando, de
medição e demais acessórios (LARA, 2012).

Desta forma, neste Tópico 2 abordaremos as etapas que compõem um projeto


de instalações elétricas, a simbologia e representação gráfica usualmente adotadas
em projetos desta natureza, a previsão das cargas da instalação, o cálculo do fator
de demanda, a divisão da instalação em circuitos e, por fim, o dimensionamento dos
condutores e eletrodutos.

2 REDE DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO


DE ENERGIA
A FIGURA 6 apresenta um esquema simplificado de todo o sistema de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica. Como pode ser observado, a energia
elétrica é gerada a partir de fontes hidroelétricas, térmicas, nucleares, eólica e entre
outras. Posteriormente, a energia elétrica é conduzida pelas linhas de transmissão, que
tem origem na subestação elevadora e fim nas subestações abaixadoras. As estações
elevadoras usualmente são construídas próximas às usinas geradoras e as estações
elevadoras são posicionadas próximas às entradas dos centros consumidores. Por fim, a
energia elétrica é conduzia à rede de distribuição, a qual propicia as condições necessárias
para que a energia elétrica chegue até o consumidor (CERVELIN; CAVALIN, 2008).

21
FIGURA 6 – ESQUEMA SIMPLIFICADO DA REDE DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA

FONTE: Vieira Junior (2011, p. 28)

3 ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
A Figura 7 contém um fluxograma com todas as etapas que compõem
a elaboração de um projeto de instalações elétricas. A seguir cada um dos itens
apresentados será abordado com maiores detalhes.

FIGURA 7 – FLUXOGRAMA COM AS ETAPAS QUE COMPÕEM A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO ELÉTRICO

FONTE: A Autora (2021)

3.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES


Nesta etapa deverão ser coletadas todas as informações necessárias para a
concepção do projeto elétrico. O projetista deve considerar a planta de situação com
a localização da edificação, bem como da rede elétrica da concessionária, o projeto
arquitetônico da edificação e os projetos complementares, prezando sempre pela
compatibilização entre os diversos projetos da edificação e possíveis interferências
(LIMA FILHO, 2001).

22
3.2 QUANTIFICAÇÃO DO SISTEMA
Após a obtenção de todas as informações preliminares anteriormente
mencionadas, o projetista deverá realizar um levantamento da previsão de cargas do
projeto, considerando os pontos de utilização e a potência nominal de cada ponto. Nessa
etapa é realizada a previsão de tomadas, de pontos de iluminação, bem como a previsão
de cargas especiais, como elevadores, bombas de água, de combate a incêndio, dentre
outras. É fundamental que o projetista desenvolva a previsão de cargas tendo como
base as normas técnicas aplicáveis (LIMA FILHO, 2001).

3.3 DETERMINAÇÃO DO PADRÃO DE ATENDIMENTO


Após a etapa de previsão de cargas do projeto, o projetista deverá determinar a
demanda e a categoria de atendimento do consumidor e a provável demanda do edifício
e a classificação de entrada de serviço (LIMA FILHO, 2001).

3.4 DESENHO DAS PLANTAS


Esta etapa engloba o desenho dos pontos de utilização, a localização dos
quadros de distribuição e quadros terminais, a divisão das cargas em circuitos
terminais, o desenho das tubulações nos circuitos terminais, o traçado da fiação dos
circuitos terminais, localização das caixas de passagem, localização do quadro geral,
desenho das tubulações dos circuitos de distribuição, traçado da fiação dos circuitos de
distribuição (LIMA FILHO, 2001).

3.5 DIMENSIONAMENTO
Nesta etapa é realizado o dimensionamento dos condutores, das tubulações,
dos dispositivos de proteção e dos quadros que compõem o projeto elétrico (LIMA
FILHO, 2001). Instalações elétricas em baixa tensão são elaboradas de acordo com a
NBR 5410 (ABNT, 2008).

3.6 QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO E DIAGRAMAS


Nesta etapa são elaborados os quadros de distribuição de carga do projeto.
Engloba os quadros de distribuição, os diagramas unifilares dos quadros de distribuição
e o diagrama unifilar geral (LIMA FILHO, 2001).

23
3.7 ELABORAÇÃO DOS DETALHES CONSTRUTIVOS
Os detalhes construtivos têm como objetivo facilitar a interpretação e a execução
do projeto elétrico. Recomenda-se que os detalhes construtivos sejam amplamente
explorados. A FIGURA 8 exemplifica o detalhe construtivo de uma luminária com saída
vertical. Como pode ser observado, a ilustração é rica em detalhes e facilita a compressão
do projeto, evitando erros de execução e desvios entre o projetado e o executado.

FIGURA 8 – EXEMPLO DE DETALHE CONSTRUTIVO

FONTE: <https://www.qualiproj.com.br/projetos-de-instalacao-eletrica>. Acesso em: 7 maio 2021.

3.8 MEMORIAL DESCRITIVO


O memorial descritivo tem como intuito a descrição do projeto, bem como
da justificativa das soluções adotadas. É composto por quatro itens, sendo estes:
dados básicos de identificação, dados quantitativos, descrição geral e, por fim, toda a
documentação pertinente relativa ao projeto (LIMA FILHO, 2001).

3.9 MEMORIAL DE CÁLCULO


O memorial de cálculo engloba todos os cálculos e dimensionamentos do
projeto elétrico, tais como: cálculo das previsões de carga, determinação da demanda
provável, dimensionamento dos condutores, dimensionamento dos eletrodutos e
dimensionamento dos dispositivos de proteção (LIMA FILHO, 2001).

24
3.10 ELABORAÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
As especificações técnicas compreendem o detalhamento dos materiais que
serão empregados e os procedimentos de execução dos serviços. Além disso, também
descrevem as normas técnicas que deverão ser levadas em consideração na execução
dos serviços (LIMA FILHO, 2001).

3.11 ELABORAÇÃO DA LISTA DE MATERIAL


A lista de materiais deve conter todos os materiais que serão empregados
para a execução do projeto de elétrico, assim como as especificações pertinentes e as
respectivas quantidades.

3.12 ART
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do responsável técnico pelo
projeto elétrico deve ser emitida junto à jurisdição do Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia (CREA) local.

3.13 ANÁLISE DA CONCESSIONÁRIA


A concessionária local analisará a adequação do projeto elétrico às normas
técnicas e padrões de fornecimento estabelecidos. De maneira geral, engloba a análise
do cálculo da demanda, do padrão de fornecimento, da entrada de serviço e da rede até
os quadros terminais (LIMA FILHO, 2001).

3.14 REVISÃO DO PROJETO


Se necessário, o projetista deverá realizar possíveis adequações e modificações
do projeto elétrico a fim de atender às especificações e padrões estabelecidos pela
concessionária local.

3.15 APROVAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA


Como última etapa do processo de elaboração de um projeto elétrico, tem-se a
aprovação do mesmo pela concessionária local. Desta forma, a concessionária fornecerá
um termo técnico que atesta que o projeto está de acordo com as suas normas técnicas,
possibilitando o consumidor efetivar o pedido de ligação das instalações à rede de
distribuição de energia (LIMA FILHO, 2001).
25
DICA
Alguns exemplos de projetos elétricos podem ser consultados no link a seguir:

https://jonatasalexandre.com.br/projetos-eletricos-autocad-dwg/

4 SIMBOLOGIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA



As simbologias e representações gráficas usuais em projetos elétricos são
apresentadas nos Quadros 1 a 4. Essa simbologia é baseada na NBR 5444 (ABNT, 1989).
De acordo com Niskier (2016), corresponde à representação consagrada pela maioria
dos projetistas de instalações prediais. Contudo, é importante ressaltar que nem
todos os projetistas adotam a mesma representação. Desta forma, é imprescindível a
apresentação de uma legenda com a descrição de cada símbolo utilizado no projeto.

IMPORTANTE
Embora a simbologia e representação gráfica usualmente encontrada
nos projetos elétricos prediais seja a descrita na NBR 5444 (ABNT, 1989),
é importante ressaltar que a referida norma foi recentemente cancelada e
substituída pela EC 60417 - Graphical symbols for use on equipment.

QUADRO 1 - SÍMBOLOS PARA DUTOS E DISTRIBUIÇÃO

FONTE: NBR 5444 (ABNT, 1989, p. 2)

26
QUADRO 2 – SÍMBOLOS PARA QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: NBR 5444 (ABNT, 1989, p. 3)

QUADRO 3 – SÍMBOLOS PARA INTERRUPTORES

FONTE: NBR 5444 (ABNT, 1989, p. 4)

27
QUADRO 4 – SÍMBOLOS PARA LÂMPADAS E TOMADAS

FONTE: NBR 5444 (ABNT, 1989, p. 5-6)

5 PREVISÃO DE CARGAS DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA


A etapa de previsão de cargas tem como intuito a determinação de todos os
pontos de utilização de energia elétrica que compõem a instalação. Engloba a definição
da potência, quantidade e localização dos pontos de consumo de energia elétrica da
instalação. Nos subtópicos a seguir será apresentada uma estimativa preliminar para fins
de anteprojetos e orçamentos preliminares, assim como as diretrizes para determinação
da previsão de cargas de iluminação, tomadas de uso geral e específico e de cargas
especiais do projeto.

5.1 ESTIMATIVA PRELIMINAR


A Tabela 4 apresenta cargas usuais de iluminação e tomadas de uso geral que
podem ser utilizadas na estimativa preliminar de um projeto de instalação elétrica. É
importante salientar que as tabelas citadas não incluem as tomadas de uso específico.
Para a obtenção da densidade de carga na Tabela 4, incialmente define-se o tipo de
utilização da edificação e, posteriormente, de acordo com a área total, é possível estimar
qual será a densidade de carga em VA. Para exemplificar, considerando uma residência
unifamiliar com área de 230 m², estima-se uma densidade de carga de cerca de 6900 VA.
28
TABELA 4 – DENSIDADE DE CARGA PARA ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE USO GERAL

Local Densidade de carga (VA/m²)


Residências 30
Escritórios 50
Lojas 20
Hotéis 20
Bibliotecas 30
Bancos 50
Igrejas 15
Restaurantes 20
Depósitos 5
Auditórios 15
Garagens comerciais 5
FONTE: Niskier (2016, p. 80)

5.2 PREVISÃO DAS CARGAS


De acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2008) a determinação da potência de
alimentação é fundamental para a concepção econômica e segura de um projeto
elétrico. Nesse sentido, a norma estabelece algumas prescrições para a previsão de
cargas da instalação:

A carga de um equipamento de utilização é a potência nominal por ele absorvida.


Pode ser determinada pelo valor fornecido pelo fabricante ou pode ser calculada a partir
da tensão nominal, corrente nominal e fator de potência;

Quando for informada a potência nominal do equipamento, ou seja, a potência


de saída e não a potência absorvida, no cálculo deve ser levado em consideração o
rendimento e o fator de potência.

5.2.1 Iluminação
Deve ser previsto pelo menos um ponto de luz fixo no teto em cada cômodo
ou dependência, o qual deve ser comandado por um interruptor de parede. Em
relação à potência mínima de iluminação podem ser seguidos os seguintes critérios
(ABNT NBR 5410, 2008):

• Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m², deve ser prevista
uma carga mínima de 100 VA;
• Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista carga mínima
de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m² inteiros.

29
IMPORTANTE
A norma NBR ISSO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) especifica os requisitos de
iluminação para locais de trabalho internos e os requisitos para que as pessoas
desempenhem tarefas visuais de forma eficiente, com conforto e segurança.

Exemplo de cálculo:
Para determinar a potência de iluminação da sala de estar ilustrada na Figura 9,
inicialmente é necessário calcular a área do ambiente. A sala de estar possui uma área
de 24 m². Desta forma, de acordo com os critérios da NBR 5410 (ABNT, 2008), deve-se
prever uma carga mínima de 100 VA para os primeiros 6 m² e, para o restante da área,
60 VA para cada 4 m² inteiros.

FIGURA 9 - EXEMPLO DE CÁLCULO DA POTÊNCIA DE ILUMINAÇÃO

FONTE: A Autora (2021)

Fração da área 6 m² 4 m² 4 m² 4 m² 4 m² 2 m² TOTAL: 24



Potência 100 VA + 60 VA + 60 VA + 60 VA + 60 VA + 0 340 VA

Desta forma, a potência mínima de iluminação para a sala de estar deve ser
de 340 VA.

5.2.2 Tomadas de uso geral


• As tomadas de uso geral são destinadas à ligação de aparelhos portáteis como
abajures, eletrodomésticos, como televisores, liquidificadores, batedeiras, geladeiras
etc. A NBR 5410 (ABNT, 2008) estabelece os seguintes critérios para o número de
pontos de tomadas:
• Em banheiros deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, próximo ao lavatório;

30
• Em cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, deve ser previsto
no mínimo um ponto de tomada para cada 3,5 m, ou fração de perímetro. Acima da
bancada devem ser previstas no mínimo duas tomadas de corrente, no mesmo ponto
ou em pontos distintos;
• Em varandas deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada;
• Em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada
para cada 5 m, ou fração de perímetro, devendo estes pontos ser espaçados tão
uniformemente quanto possível;
• Nos demais cômodos e dependências da habitação deve se previsto um ponto de
tomada, se a área do cômodo for igual ou inferior à 2,25 m². Um ponto de tomada, se a
área do cômodo for superior a 2,25 m² e igual ou inferior a 6 m². Um ponto de tomada
para cada 5 m, ou fração de perímetro, se a área do cômodo for superior a 6 m².

No que tange à potência mínima das tomadas de uso geral, a NBR 5410 (ABNT,
2008) define que:

• Em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, no


mínimo 600 VA por tomada, para as três primeiras tomadas, e 100 VA para cada um
excedente;
• Nos demais cômodos e dependências atribuir 100 VA por tomada.

Exemplo de cálculo:
Para determinar o número de tomadas de uso geral do dormitório ilustrado na FIGURA
10, inicialmente é necessário calcular o perímetro do ambiente. O dormitório possui um
perímetro de 15 m. Desta forma, de acordo com os critérios da NBR 5410 (ABNT, 2008),
deve-se prever pelo menos um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração de perímetro.
Desta forma o número de tomadas pode ser calculado: N = 15 m/ 5 m = 3 tomadas.

FIGURA 10 – EXEMPLO DE CÁLCULO DO NÚMERO DE TOMADAS DE USO GERAL

FONTE: A Autora (2021)

5.2.3 Tomadas de uso específico


As tomadas de uso específico são destinadas à ligação de equipamento
fixos ou estacionários, como chuveiros elétricos, torneiras elétricas, aparelhos de ar-
condicionado, secadoras e lavadoras de roupas etc. (NISKIER, 2016). A quantidade de

31
tomadas é determinada de acordo com o número de aparelhos de utilização. A potência
da tomada de uso específico deve ser igual a potência nominal do equipamento a ser
alimentado ou à soma das potências nominais dos equipamentos a serem alimentados.
Além disso, os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no máximo
a 1,5 m do ponto previsto para a localização do equipamento a ser alimentado (ABNT
NBR 5410, 2008).

5.2.4 Cargas especiais


As cargas especiais de um projeto elétrico englobam equipamentos como
motores para elevadores, bombas para recalque d’água, bombas de drenagem de
águas pluviais e esgotos, bombas para combate a inocência, sistemas de aquecimento
central etc. A determinação da potência dessas cargas usualmente é definida pelos
fornecedores dos sistemas (LIMA FILHO, 2001).

Exemplo de cálculo:
A Figura 11 consiste na planta baixa de uma residência unifamiliar. Os valores indicados
na planta estão em metros. A seguir faremos a previsão de cargas de iluminação e
tomadas de uso geral e uso específico para todos os cômodos da residência.

FIGURA 11 – EXEMPLO DE PREVISÃO DE CARGAS DE ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE USO GERAL

FONTE: A Autora (2021)

Sala de Estar:
• Área = 2,75 x 2,75 = 7,5 m²
• Perímetro = 2,75 + 2,75 + 2,75 + 2,75 + 2,75 = 11 m

32
Iluminação (I):
• Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista carga
mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de
4 m² inteiros.
• Primeiros 6 m² - 100 VA
• Área restante: 7,5 m² - 6 m² = 1,5 m² - 0 VA
• I = 100 VA

Tomadas de uso geral (T.U.G):


• Em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada para
cada 5 m, ou fração de perímetro
• T.U.G. = 11 m / 5 m = 2,2 = 3 tomadas
• Atribuir 100 VA por tomada

Tomadas de uso específico (T.U.E.):


• Não serão previstas tomadas de uso específico para esse ambiente.

Dormitório (Suíte):
• Área = 2,96 x 3,75 = 11,10 m²
• Perímetro = 2,96 + 2,96 + 3,75 + 3,75 = 13,42 m

Iluminação (I):
• Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista carga
mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de
4 m² inteiros.
• Primeiros 6 m² - 100 VA
• Restante da área: 11,10 m² - 6 m² = 5,1 m² - 1 x 60 VA = 60 VA
• I = 100 VA + 60 VA
• I = 160 VA

Tomadas de uso geral (T.U.G):


• Em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada para
cada 5 m, ou fração de perímetro
• T.U.G. = 13,42 m / 5 m = 2,68 = 3 tomadas
• Atribuir 100 VA por tomada

Tomadas de uso específico (T.U.E.):


• Será prevista uma tomada para ar-condicionado de 1500 VA.

Dormitório:
• Área = 4,75 x 2,35 = 11,16 m²
• Perímetro = 4,75 + 4,75 + 2,35 + 2,35 = 14,2 m

33
Iluminação (I):
• Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista carga
mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de
4 m² inteiros.
• Primeiros 6 m² - 100 VA
• Restante da área: 11,16 m² - 6 m² = 5,16 m² - 1 x 60 VA = 60 VA
• I = 100 VA + 60 VA
• I = 160 VA

Tomadas de uso geral (T.U.G):


• Em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada para
cada 5 m, ou fração de perímetro
• T.U.G. = 14,2 m / 5 m = 2,84 = 3 tomadas
• Atribuir 100 VA por tomada

Tomadas de uso específico (T.U.E.):


• Será prevista uma tomada para ar-condicionado de 1500 VA.

Banheiro:
• Área = 2,20 x 1,64 = 3,61 m²
• Perímetro = 2,20 + 2,20 + 1,64 + 1,64 = 7,68 m

Iluminação (I):
• Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m², deve ser prevista
uma carga mínima de 100 VA
• I = 100 VA

Tomadas de uso geral (T.U.G):


• Em banheiros deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, próximo ao lavatório;
• T.U.G. = 1 tomada
• Em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, no
mínimo 600 VA por tomada, para as três primeiras tomadas, e 100 VA para cada um
excedente

Tomadas de uso específico (T.U.E.):


• Será prevista uma tomada de uso específico para o chuveiro de 6 500 VA.

Corredor:
• Área = 4,83 m²

Iluminação (I):
• Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m², deve ser prevista
uma carga mínima de 100 VA
• I = 100 VA

34
Tomadas de uso geral (T.U.G):
• Nos demais cômodos e dependências da habitação deve se previsto um ponto de
tomada, se a área do cômodo for superior a 2,25 m² e igual ou inferior a 6 m²
• T.U.G. = 1 tomada
• Atribuir 100 VA por tomada

Tomadas de uso específico (T.U.E.):


• Não serão previstas tomadas de uso específico para esse ambiente.

6 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA


Na prática todos os pontos de uma instalação não funcionam simultaneamente,
desta forma não é razoável do ponto de vista técnico e econômico dimensionar a
carga da edificação como sendo a soma de todas as potências instaladas. Levando
isso em consideração, pode ser definidos os seguintes conceitos (LIMA FILHO, 2001;
NISKIER, 2016):

• Potência instalada (Pinst) ou potencial nominal: é a soma das potências nominais de


todos os equipamentos de utilização;
• Potência demandada (Pd), potência de alimentação, provável demanda ou demanda
máxima: corresponde à demanda máxima da instalação. É o valor utilizado para o
dimensionamento dos condutores e dispositivos de proteção;
• Fator de demanda (FD): é a razão entre a provável demanda e a potência instalada,
conforme Equação 21.

Equação 21

A determinação do fator de demanda deve considerar aspectos como a


classe do consumidor (residencial, comercial, industrial), a grandeza e o tipo de carga,
dentre outros. De maneira geral, o fator de demanda pode ser estimado em função
da experiência do projetista, do levantamento de instalações elétricas semelhantes já
construídas e de informações preliminares sobre o funcionamento dos equipamentos
que serão instalados (LIMA FILHO, 2001).

Nos subtópicos a seguir, serão apresentadas as equações para cálculo da


demanda de residências individuais, de edifícios residenciais de uso coletivo, de
unidades consumidoras não residenciais e de edifícios com unidades consumidoras
residenciais e comerciais.

35
6.1 CÁLCULO DA DEMANDA DE RESIDÊNCIAS INDIVIDUAIS
Para residências individuais, como casas e apartamentos, a provável demanda
pode ser calculada de acordo com o Método do Comitê Brasileiro de Eletricidade,
Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (COBEI), conforme Equação 22.

Equação 22

Onde:
PD – Provável demanda, potência de alimentação ou potência demandada;
FD – Fator de demanda, determinado de acordo com a TABELA 5;
P1 – Soma das potências nominais atribuídas à iluminação e tomadas de uso geral;
P2 – Soma das potências nominais atribuídas a tomadas de uso específico.

TABELA 5 – FATORES DE DEMANDA PARA RESIDÊNCIAS INDIVIDUAIS

Potência de iluminação e
Fator de demanda
tomadas de uso geral (kW)
0 < P1 ≤ 1 0,80
1 < P1 ≤ 2 0,75
2 < P1 ≤ 3 0,65
3 < P1 ≤ 4 0,60
4 < P1 ≤ 5 0,50
5 < P1 ≤ 6 0,45
6 < P1 ≤ 7 0,40
7 < P1 ≤ 8 0,35
8 < P1 ≤ 9 0,30
9 < P1 ≤ 10 0,27
P1 ˃ 10 0,24
FONTE: Niskier (2016, p. 99)

Como pôde ser observado na Tabela 5, o fator de demanda é determinado em


função da potência de iluminação e tomadas de uso geral da edificação. Isto posto,
considerando que o total de cargas (iluminação + tomadas de uso geral) para uma
residência unifamiliar seja de 1,7 kW, o fator de demanda adotado deve ser de 0,75.

36
Exemplo de cálculo:
Calcular a provável demanda de um sobrado com as seguintes cargas instaladas:
• Iluminação = 2.200 VA
• T.U.G. = 3.600 VA
• T.U.E. = 12.000 VA

PD = (FD x P1) + P2
P1 = iluminação + tomadas de uso geral
P1 = 2200 + 3600 = 5800 VA = 5,8 kVA
Com P1 = 5,8 kVA, consultar TABELA 5 – fator de demanda = 0,45
P2 = tomadas de uso específico
P2 = 12000 VA = 12,0 kVA
PD = (0,45 x 5,8) + 12,0 = 14,61 kVA

6.2 CÁLCULO DA DEMANDA DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DE


USO COLETIVO
Para a determinação da demanda de edifícios residenciais de uso coletivo
existem diversas metodologias de cálculo. Desta forma, destaca-se que é importante
consultar os procedimentos específicos estabelecidos pela concessionária da área de
fornecimento de energia elétrica (LIMA FILHO, 2001).

Neste contexto, nesse material será apresentado o critério proposto na RDT-


27 elaborado pelo Comitê de Distribuição de Energia Elétrica (CODI) para o cálculo da
demanda em edifícios residenciais de uso coletivo compostos por 4 a 300 apartamentos
(Equação 23).

Equação 23

Onde:
– Demanda total do edifício;
– Demanda atribuída aos apartamentos;
– Demanda atribuída ao condomínio.

A demanda atribuída aos apartamentos pode ser calculada através da Equação 24.

Equação 24

Onde:
F1 – fator de diversidade obtido no QUADRO 5 em função do número de apartamento
residenciais da edificação.
F2 – valor da demanda do apartamento em função da área da unidade (QUADRO 6).

37
Salienta-se que os valores apresentados no QUADRO 6 são referentes à área útil
do apartamento e, portanto, não englobam áreas de garagem e outras áreas comuns
do edifício. No caso de edifícios compostos por apartamentos com áreas distintas,
recomenda-se a utilização de um valor de área média, calculado a partir da média
ponderada das áreas dos apartamentos. Além disso, destaca-se que o QUADRO 6 é
aplicável apenas para apartamentos com área de até 400 m². Para apartamentos com
área superior a este valor, a demanda ( ) por ser calculada a partir da Equação 25,
onde A é a área útil do apartamento (m²).

Equação 25

QUADRO 5 – FATOR DE DIVERSIDADE EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE APARTAMENTOS

N⁰ N⁰ N⁰ N⁰ N⁰ N⁰
F1 F1 F1 F1 F1 F1
Aptos Aptos Aptos Aptos Aptos Aptos
1 1,00 51 31,90 101 63,59 151 74,74 201 80,89 251 82,73
2 1,96 52 36,46 102 63,84 152 74,89 202 80,94 252 82,74
3 2,92 53 37,02 103 64,09 153 75,04 203 80,99 253 82,75
4 3,88 54 37,58 104 64,34 154 75,19 204 81,04 254 82,76
5 4,84 55 38,14 105 64,59 155 75,34 205 81,09 255 82,77
6 5,80 56 38,70 106 64,84 156 75,49 206 81,14 256 82,78
7 6,76 57 39,26 107 65,09 157 75,64 207 81,19 257 82,79
8 7,72 58 39,82 108 65,34 158 75,79 208 81,24 258 82,80
9 8,68 59 40,38 109 65,59 159 75,94 209 81,29 259 82,81
10 9,64 60 40,94 110 65,84 160 76,09 210 81,34 260 82,82
11 10,42 61 41,50 111 66,09 161 76,24 211 81,39 261 82,83
12 11,20 62 42,06 112 66,34 162 76,39 212 81,44 262 82,84
13 11,98 63 42,62 113 66,59 163 76,54 213 81,49 263 82,85
14 12,76 64 43,18 114 66,84 164 76,59 214 81,54 264 82,86
15 13,54 65 43,74 115 67,09 165 76,84 215 81,59 265 82,87
16 14,32 66 44,30 116 67,34 166 76,99 216 81,64 266 82,88
17 15,10 67 44,86 117 67,59 167 77,14 217 81,69 267 82,89
18 15,88 68 45,42 118 67,84 168 77,29 218 81,74 268 82,90
19 16,66 69 45,98 119 68,09 169 77,44 219 81,79 269 82,91
20 17,44 70 46,54 120 68,34 170 77,59 220 81,84 270 82,92
21 18,04 71 47,10 121 68,54 171 77,74 221 81,89 271 82,93
22 18,65 72 47,66 122 68,84 172 77,84 222 81,94 272 82,94
23 19,25 73 48,22 123 69,09 173 78,04 223 81,99 273 82,95
24 19,86 74 48,78 124 69,34 174 78,19 224 82,04 274 82,96
25 20,46 75 49,34 125 69,59 175 78,34 225 82,09 275 82,97
26 21,06 76 49,90 126 69,79 176 78,44 226 82,12 276 83,00
27 21,67 77 50,46 127 69,99 177 78,54 227 82,14 277 83,00
28 22,27 78 51,58 128 70,19 178 78,64 228 82,17 278 83,00
29 22,88 79 51,58 129 70,39 179 78,74 229 82,19 279 83,00
30 23,48 80 52,14 130 70,59 180 78,84 230 82,22 280 83,00

38
31 24,08 81 52,70 131 70,79 181 78,94 231 82,24 281 83,00
32 24,69 82 53,26 132 70,99 182 79,04 232 82,27 282 83,00
33 25,29 83 53,82 133 71,19 183 79,14 233 82,29 283 83,00
34 25,90 84 54,38 134 71,39 184 79,24 234 82,32 284 83,00
35 26,50 85 54,94 135 71,59 185 79,34 235 82,34 285 83,00
36 27,10 86 55,50 136 71,79 186 79,44 236 82,37 286 83,00
37 27,71 87 56,06 137 71,99 187 79,54 237 82,39 287 83,00
38 28,31 88 56,62 138 72,19 188 79,64 238 82,42 288 83,00
39 28,92 89 57,18 139 72,39 189 79,74 239 82,44 289 83,00
40 29,52 90 57,74 140 72,59 190 79,84 240 82,47 290 83,00
41 30,12 91 58,30 141 72,79 191 79,94 241 82,49 291 83,00
42 30,73 92 58,86 142 72,99 192 80,04 242 82,52 292 83,00
43 31,33 93 59,42 143 73,19 193 80,14 243 82,54 293 83,00
44 31,94 94 59,98 144 73,39 194 80,24 244 82,57 294 83,00
45 32,54 95 60,54 145 73,59 195 80,34 245 82,59 295 83,00
46 33,10 96 61,10 146 73,79 196 80,44 246 82,62 296 83,00
47 33,66 97 61,66 147 73,99 197 80,54 247 82,64 297 83,00
48 34,22 98 62,22 148 74,19 198 80,64 248 82,67 298 83,00
49 34,78 99 62,78 149 74,39 199 80,74 249 82,69 299 83,00
50 35,34 100 63,34 150 74,59 200 80,84 250 82,72 300 83,00
FONTE: Niskier (2016, p. 107-108)

QUADRO 6 - DEMANDA DO APARTAMENTO EM FUNÇÃO DA ÁREA ÚTIL

A A A A A A A A
kVA kVA kVA kVA kVA kVA kVA kVA
(m²) (m²) (m²) (m²) (m²) (m²) (m²) (m²)
- - 51 1,18 101 2,17 151 3,12 201 4,03 251 4,91 301 5,78 351 6,63
- - 52 1,20 102 2,19 152 3,13 202 4,04 252 4,93 302 5,80 352 6,65
- - 53 1,22 103 2,21 153 3,15 203 4,06 253 4,95 303 5,81 353 6,66
- - 54 1,24 104 2,23 154 3,17 204 4,08 254 4,96 304 5,83 354 6,68
- - 55 1,26 105 2,25 155 3,19 205 4,10 255 4,98 305 5,85 355 6,70
- - 56 1,28 106 2,27 156 3,21 206 4,12 256 5,00 306 5,86 356 6,72
- - 57 1,30 107 2,29 157 3,23 207 4,13 257 5,02 307 5,88 357 6,73
- - 58 1,32 108 2,31 158 3,25 208 4,15 258 5,03 308 5,90 358 6,75
- - 59 1,34 109 2,33 159 3,26 209 4,17 259 5,05 309 5,92 359 6,77
- - 60 1,36 110 2,35 160 3,28 210 4,19 260 5,07 310 5,93 360 6,78
- - 61 1,38 111 2,37 161 3,30 211 4,20 261 5,09 311 5,95 361 6,80
- - 62 1,40 112 2,39 162 3,32 212 4,22 262 5,10 312 5,97 362 6,82
- - 63 1,43 113 2,40 163 3,34 213 4,24 263 5,12 313 5,98 363 6,83
- - 64 1,45 114 2,42 164 3,36 214 4,26 264 5,14 314 6,00 364 6,85
- - 65 1,47 115 2,44 165 3,37 215 4,28 265 5,16 315 6,02 365 6,87
- - 66 1,49 116 2,46 166 3,39 216 4,29 266 5,17 316 6,04 366 6,88
- - 67 1,51 117 2,48 167 3,41 217 4,31 267 5,19 317 6,05 367 6,90
- - 68 1,53 118 2,50 168 3,43 218 4,33 268 5,21 318 6,07 368 6,92
- - 69 1,55 119 2,52 169 3,45 219 4,35 269 5,23 319 6,09 369 6,93

39
- - 70 1,57 120 2,54 170 3,47 220 4,36 270 5,24 320 6,10 370 6,95
21 1,00 71 1,59 121 2,56 171 3,48 221 4,38 271 5,26 321 6,12 371 6,97
22 1,00 72 1,61 122 2,57 172 3,50 222 4,40 272 5,28 322 6,14 372 6,98
23 1,00 73 1,63 123 2,59 173 3,52 223 4,42 273 5,29 323 6,16 373 7,00
24 1,00 74 1,65 124 2,61 174 3,54 224 4,44 274 5,31 324 6,17 374 7,02
25 1,00 75 1,67 125 2,63 175 3,56 225 4,45 275 5,33 325 6,19 375 7,03
26 1,00 76 1,69 126 2,65 176 3,57 226 4,47 276 5,35 326 6,21 376 7,05
27 1,00 77 1,71 127 2,67 177 3,59 227 4,49 277 5,36 327 6,22 377 7,07
28 1,00 78 1,73 128 2,69 178 3,61 228 4,51 278 5,38 328 6,24 378 7,09
29 1,00 79 1,75 129 2,71 179 3,63 229 4,52 279 5,40 329 6,26 379 7,10
30 1,00 80 1,76 130 2,73 180 3,65 230 4,54 280 5,42 330 6,27 380 7,12
31 1,00 81 1,78 131 2,74 181 3,67 231 4,56 281 5,43 331 6,29 381 7,14
32 1,00 82 1,80 132 2,76 182 3,68 232 4,58 282 5,45 332 6,31 382 7,15
33 1,00 83 1,82 133 2,78 183 3,70 233 4,59 283 5,47 333 6,33 383 7,17
34 1,00 84 1,84 134 2,80 184 3,72 234 4,61 284 5,49 334 6,34 384 7,19
35 1,00 85 1,86 135 2,82 185 3,74 235 4,63 285 5,50 335 6,36 385 7,20
36 1,00 86 1,88 136 2,84 186 3,76 236 4,65 286 5,52 336 6,38 386 7,22
37 1,00 87 1,90 137 2,86 187 3,77 237 4,67 287 5,54 337 6,39 387 7,24
38 1,00 88 1,92 138 2,88 188 3,79 238 4,68 288 5,55 338 6,41 388 7,25
39 1,00 89 1,94 139 2,89 189 3,81 239 4,70 289 5,57 339 6,43 389 7,27
40 1,00 90 1,96 140 2,91 190 3,83 240 4,72 290 5,59 340 6,44 390 7,29
41 1,00 91 1,98 141 2,93 191 3,85 241 4,74 291 5,61 341 6,46 391 7,30
42 1,00 92 2,00 142 2,95 192 3,86 242 4,75 292 5,62 342 6,48 392 7,32
43 1,01 93 2,02 143 2,97 193 3,88 243 4,77 293 5,64 343 6,50 393 7,34
44 1,03 94 2,04 144 2,99 194 3,90 244 4,79 294 5,66 344 6,51 394 7,35
45 1,05 95 2,06 145 3,01 195 3,92 245 4,81 295 5,68 345 6,53 395 7,37
46 1,08 96 2,08 146 3,02 196 3,94 246 4,82 296 5,69 346 6,55 396 7,39
47 1,10 97 2,10 147 3,04 197 3,95 247 4,84 297 5,71 347 6,56 397 7,40
48 1,12 98 2,12 148 3,06 198 3,97 248 4,86 298 5,73 348 6,58 398 7,42
49 1,14 99 2,14 149 3,08 199 3,99 249 4,88 299 5,74 349 6,60 399 7,44
50 1,16 100 2,16 150 3,10 200 4,01 250 4,89 300 5,76 350 6,61 400 7,45
FONTE: Lima Filho (2001, p. 37)

A demanda atribuída ao condomínio ( ) pode ser calculada pela soma das


demandas das cargas de iluminação, de tomadas e de motores instalados nas áreas
comuns do edifício, de acordo com a Equação 26. Para a determinação das cargas do
edifício devem ser considerados os seguintes critérios (LIMA FILHO, 2001):
• Para as cargas de iluminação adotar 100% para os primeiros 100 kW e 25% para o
excedente;
• Para as cargas de tomadas adotar 20% da carga total.

Equação 26

40
Onde:
I1 – Parcela de carga de iluminação do condomínio até 10 kW;
I2 – Parcela de carga de iluminação do condomínio acima de 10 kW;
T – Carga total de tomadas;
M – Demanda total dos motores do condomínio, determinada de acordo com o QUADRO
7 para motores trifásicos e de acordo com o QUADRO 8 para motores monofásicos.

QUADRO 7 – DEMANDA DE MOTORES TRIFÁSICOS (KVA) EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE MOTORES

Quantidade de motores
Potência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
motor
Fator diversidade
(cv)
1 1,5 1,9 2,3 2,7 3 3,3 3,6 3,9 4,2
1/3 0,65 0,98 1,24 1,50 1,76 1,95 2,15 2,34 2,53 2,73
1/2 0,87 1,31 1,65 2,00 2,35 2,61 2,87 3,13 3,39 3,65
3/4 1,26 1,89 2,39 2,90 3,40 3,78 4,16 4,54 4,91 5,29
1 1,52 2,28 2,89 3,50 4,10 4,56 5,02 5,47 5,93 6,38
1 1/2 2,17 3,26 4,12 4,99 5,86 6,51 7,16 7,81 8,46 9,11
2 2,70 4,05 5,13 6,21 7,29 8,10 8,91 9,72 10,53 11,34
3 4,04 6,05 7,68 9,29 10,91 12,12 13,33 14,54 15,76 16,97
4 5,03 7,55 9,56 11,57 13,58 15,09 16,60 18,11 19,62 21,13
5 6,02 9,03 11,44 13,85 16,25 18,06 19,87 21,67 23,48 25,28
7 1/2 8,65 12,98 16,44 19,90 23,36 25,95 28,55 31,14 33,74 36,33
10 11,54 17,31 21,93 26,54 31,16 34,62 38,08 41,54 45,01 48,47
12 1/2 14,09 21,14 26,77 32,41 38,04 42,27 46,50 50,72 54,95 59,18
15 16,65 24,98 31,63 38,29 44,96 49,95 54,95 59,94 64,93 69,93
20 22,10 33,15 41,99 50,83 59,67 66,30 72,93 79,56 86,19 92,82
25 25,83 38,75 49,08 59,41 69,74 77,49 85,24 92,99 100,74 108,49
30 30,52 45,78 57,99 70,20 82,40 91,56 100,72 109,87 119,03 128,18
40 39,74 59,61 75,51 91,40 107,30 119,22 131,14 143,06 154,99 166,91
50 48,73 73,10 92,59 112,08 131,57 146,19 160,81 175,43 190,05 204,67
60 58,15 87,23 110,49 133,74 157,01 174,45 191,90 209,34 226,79 244,23
75 72,28 108,48 137,33 166,24 195,16 216,84 238,52 260,21 281,89 303,58
100 95,56 143,34 181,56 219,79 258,01 286,68 315,35 344,02 372,68 401,35
125 117,05 175,58 222,40 269,22 316,04 351,15 386,27 421,38 456,50 491,61
150 141,29 211,94 263,45 324,97 381,48 423,87 466,26 508,64 551,03 593,42
200 190,18 285,27 361,34 437,41 513,49 570,54 627,59 684,65 741,70 798,76
FONTE: Niskier (2016, p. 117)

41
QUADRO 8 – DEMANDA DE MOTORES MONOFÁSICOS (KVA) EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE MOTORES

Quantidade de motores
Potência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
motor
Fator diversidade
(cv)
1 1,5 1,9 2,3 2,7 3 3,3 3,6 3,9 4,2
1/4 0,66 0,99 1,25 1,52 1,78 1,98 2,18 2,38 2,57 2,77
1/3 0,77 1,16 1,46 1,77 2,08 2,31 2,54 2,77 3,00 3,23
1/2 1,18 1,77 2,24 2,71 3,19 3,54 3,89 4,25 4,60 4,96
3/4 1,34 2,01 2,55 3,08 3,62 4,02 4,42 4,82 5,23 5,63
1 1,56 2,34 2,96 3,59 4,21 4,68 5,15 5,62 6,08 6,552
1 1/2 2,35 3,53 4,47 5,41 6,35 7,05 7,76 8,46 9,17 9,87
2 2,97 4,46 5,64 6,83 8,02 8,91 9,80 10,69 11,58 12,47
3 4,07 6,11 7,73 9,36 10,99 12,21 13,43 14,65 15,87 17,09
5 6,16 9,24 11,70 14,17 16,63 18,48 20,33 22,18 24,02 25,87
7 1/2 8,84 13,26 16,80 20,33 23,87 26,52 29,17 31,82 34,476 37,128
10 11,64 17,46 22,12 26,77 31,43 34,92 38,41 41,90 45,40 48,89
12 1/2 14,94 22,41 28,39 34,36 40,34 44,82 49,30 53,78 58,266 62,748
15 16,94 25,41 32,19 38,96 45,74 50,82 55,90 60,98 66,07 71,15
FONTE: Niskier (2016, p. 117)

6.3 CÁLCULO DA DEMANDA DE UNIDADES CONSUMIDORAS


NÃO RESIDENCIAIS
A demanda de unidades consumidoras não residenciais, tais como escolas,
restaurantes, auditórios, escritórios, dentre outros, pode ser calculada de acordo
com a Equação 27.

Equação 27

Onde:
PD – Provável demanda da unidade não residencial;
D1 – Demanda de iluminação e tomadas de uso geral, calculada com base nos fatores de
demanda apresentados na TABELA 6.
D2 – Demanda dos aparelhos de ar-condicionado, calculada conforme fatores de
demanda listados na TABELA 7. No caso de unidades centrais de condicionamento de
ar, considerar fator de demanda igual a 100% (LIMA FILHO, 2001).
D3 – Demanda dos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento, de acordo com os
fatores de demanda da TABELA 7 e considerando fator de potência igual a 1. Recomenda-
se considerar cada tipo de aparelho separadamente (LIMA FILHO, 2001).
D4 – Demanda dos motores, considerando o fator de manda do QUADRO 7 e QUADRO 8

42
TABELA 6 – FATOR DE DEMANDA PARA ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE USO GERAL DE UNIDADES
CONSUMIDORAS NÃO RESIDENCIAIS

Descrição Fator de demanda (%)


Auditórios, cinemas e semelhantes 100
Bancos, lojas e semelhantes 100
Barbearias, salões de beleza e semelhantes 100
Clubes e semelhantes 100
100 para os primeiros 12 kVA
Escolas e semelhantes
50 para o que exceder de 12 kVA
100 para os primeiros 20 kVA
Escritórios e salas comerciais
70 para o que exceder de 20 kVA
Garagens comerciais 100
40 para os primeiros 50 kVA
Clínicas e hospitais
20 para o que exceder de 50 kVA
Igrejas e templos 100
Restaurantes, bares e semelhantes 100
FONTE: Lima Filho (2001, p. 44)

TABELA 7 – FATOR DE DEMANDA PARA APARELHOS DE AR-CONDICIONADO EM UNIDADES


CONSUMIDORAS NÃO RESIDENCIAIS

Número de aparelhos Fator de demanda (%)


1 a 10 100
11 a 20 86
21 a 30 80
31 a 40 78
41 a 50 75
51 a 75 70
76 a 100 65
Acima de 100 60
FONTE: Lima Filho (2001, p. 44)

TABELA 8 – FATOR DE DEMANDA PARA APARELHOS ELETRODOMÉSTICOS E DE AQUECIMENTO


EM UNIDADES CONSUMIDORAS NÃO RESIDENCIAIS

Número de Fator de Número de Fator de Número de Fator de


aparelhos demanda (%) aparelhos demanda (%) aparelhos demanda (%)
1 100 11 49 21 39
2 92 12 48 22 39
3 84 13 46 23 39
4 76 14 45 24 38
5 70 15 44 25 38
6 65 16 43 26 37

43
7 60 17 42 27 65
8 57 18 41 28 35
9 54 19 40 29 34
10 52 20 40 30 33
FONTE: Lima Filho (2001, p. 45)

6.4 CÁLCULO DA DEMANDA DE EDIFÍCIOS COM UNIDADES


CONSUMIDORAS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS
O cálculo da demanda de edifícios compostos por unidades consumidoras
residenciais e comerciais pode ser realizado a partir da Equação 28.

Equação 28

Onde:
– Demanda total do edifício;
– Demanda atribuída aos apartamentos;
– Demanda atribuída ao condomínio;
– Demanda atribuída às unidades comerciais.

7 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS


Neste tópico serão apresentados os componentes de um sistema elétrico,
recomendações para a determinação da localização dos quadros terminais e de
distribuição e a divisão da instalação em circuitos e, por fim, os esquemas das ligações
fundamentais dos interruptores.

7.1 COMPONENTES
Um esquema básico da instalação elétrica de um edifício é apresentado na
FIGURA 12. Como pode ser observado, os circuitos terminais alimentam diretamente
os pontos de utilização, os equipamentos e as tomadas. Estes circuitos terminais
partem de quadros de distribuição que são designados de quadros terminais. Já os
circuitos de distribuição alimentam um ou mais quadros de distribuição, partindo do
quadro geral (NISKIER, 2016).

44
FIGURA 12 – ESQUEMA BÁSICO DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE UM EDIFÍCIO

FONTE: A Autora (2021)

7.2 LOCAÇÃO DE QUADROS TERMINAIS E DE DISTRIBUIÇÃO


Em relação à locação dos quadros terminais e de distribuição, recomenda-se
que os quadros sejam instalados preferencialmente no centro de cargas da instalação,
que será definido como o ponto onde se concentram as maiores potências do sistema.
Entretanto, o posicionamento dos quadros também deve atender à critérios como
facilidade de acesso, funcionalidade e segurança (LIMA FILHO, 2001).

Nesse contexto, para determinação do centro de cargas pode ser empregado


o método do baricentro. Incialmente, sobre a planta baixa da edificação deverá ser
definido um sistema de eixos cartesianos e, posteriormente, deverão ser marcados os
pontos com as suas respectivas potências nominais (Pi) e suas distâncias em relação à
origem (XI; YI), conforme exemplificado na FIGURA 13. O baricentro de cargas é o ponto
de coordenadas X e Y, calculadas pela Equação 29 e Equação 30, respectivamente.

Equação 29

Equação 30

FIGURA 13 – DETERMINAÇÃO DO BARICENTRO DE CARGAS

FONTE: A Autora (2021)

45
A Figura 14 ilustra um quadro de distribuição. De maneira geral os quadros de
distribuição são compostos por disjuntores gerais e dos circuitos terminais, barramentos
dos condutores fase, barramento neutro, barramento de proteção, dispositivo de
proteção Diferencial Residual (DR, dispositivo de proteção contra surtos (DPS), tampa e
demais componentes estruturais.

FIGURA 14 – EXEMPLO DE QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: <https://www.revistaadnormas.com.br/uploads/2019/09/quadro.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2021.

7.3 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS TERMINAIS


Uma instalação elétrica deve ser dividida em circuitos terminais, com o intuito
de facilitar a operação, manutenção e verificação de defeitos e reparos da instalação,
reduzir a interferência entre os pontos de utilização e para possibilitar o dimensionamento
dos condutores e dispositivos de proteção de menor seção e capacidade nominal (ABNT
NBR 5410, 2008). Nessa conjuntura, em relação à divisão da instalação em circuitos
terminais, recomenda-se que (ABNT NBR 5410, 2008):

• Os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamentos


de utilização que alimentam. Devem ser previstos circuitos terminais distintos para
pontos de iluminação e para pontos de tomada;
• As cargas devem ser distribuídas de modo a obter-se o maior equilíbrio possível;
• Todo ponto de utilização previsto para alimentar equipamento com corrente nominal
superior a 10 A deve constituir um circuito independente;
• Os pontos de tomada de cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais
semelhantes devem ser atendidos por circuitos exclusivamente destinados à
alimentação de tomadas desses locais;
• Todo circuito terminal deve ser protegido contra sobrecorrentes por dispositivo que
assegure o seccionamento simultâneo de todos os condutores de fase.

7.4 LIGAÇÃO DOS INTERRUPTORES


Nos subtópicos a seguir serão abordados alguns dos esquemas fundamentais de
ligações, sendo estes: interruptor simples, interruptor paralelo e interruptor intermediário.

46
7.4.1 Interruptor simples
O interruptor simples acende ou apaga uma só lâmpada ou grupo de lâmpadas
funcionando em conjunto. Ao interruptor vai o fio fase F e volta à caixa do ponto de luz
um fio que passa a chamar-se retorno, designado por R, conforme representado na
FIGURA 15 (NISKIER, 2016).

FIGURA 15 – INTERRUPTOR SIMPLES A) ESQUEMA ELÉTRICO E B) REPRESENTAÇÃO EM PLANTA BAIXA

Terra
Neutro
Fase

Interruptor

Retorno

FONTE: Vieira Junior (2011, p. 35-36)

7.4.2 Interruptor paralelo

O interruptor paralelo, também conhecido como three-way, é aquele que,


operando com outro da mesma espécie, acende ou apaga, de pontos diferentes, o
mesmo ponto útil de luz. Usualmente é utilizado em corredores, escadas ou cômodos
de grandes dimensões. Nesse tipo de ligação, as caixas estão interligadas, conforme
representado na FIGURA 16 (NISKIER, 2016).

FIGURA 16 – INTERRUPTOR PARALELO A) ESQUEMA ELÉTRICO E B) REPRESENTAÇÃO EM PLANTA BAIXA

FONTE: Vieira Junior (2011, p. 36)

47
7.4.3 Interruptor intermediário
O interruptor intermediário, também denominado de four-way, é um interruptor
colocado entre interruptores paralelos, que acende e apaga, de qualquer ponto, o mesmo
ponto ativo de luz. Geralmente é empregado para a iluminação de corredores e escadas de
um prédio (NISKIER, 2016). O esquema de ligação elétrica e a representação gráfica deste
tipo de interruptor são apresentados na FIGURA 17.

FIGURA 17 – INTERRUPTOR INTERMEDIÁRIO A) ESQUEMA ELÉTRICO E B) REPRESENTAÇÃO


EM PLANTA BAIXA

FONTE: Vieira Junior (2011, p. 37)

8 DIMENSIONAMENTO DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS


Em um projeto de instalação elétrica, para a realização do dimensionamento
dos condutores, inicialmente deve-se calcular a intensidade de corrente que passa por
eles. Após o cálculo da intensidade da corrente de projeto (IP), o dimensionamento do
condutor considera que o mesmo deve permitir, sem excessivo aquecimento e com
uma queda de tensão pré-determinada, a passagem de corrente elétrica. Além disso,
os condutores devem ser compatíveis com a capacidade dos dispositivos de proteção
contra sobrecargas e curto-circuito (NISKIER, 2016).

Inicialmente determinam-se as seções dos condutores conforme a capacidade


de condução de corrente e do limite de queda de tensão, adotando como resultado a
maior seção. Depois de determinadas as seções do condutor, calculadas de acordo com
os critérios previamente mencionados, escolhe-se a seção que mais se aproxima dos
valores padronizados e comercializados. Salienta-se que a seção do condutor adotada
deverá ser igual ou superior à seção calculada (LIMA FILHO, 2001).

A seguir serão apresentados os dois critérios para o dimensionamento dos


condutores de circuitos elétricas e as seções mínimas estabelecidas.

48
8.1 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DA CORRENTE
Este critério leva em consideração que o condutor não pode ser submetido a
um aquecimento excessivo, provocado pela passagem da corrente elétrica. O roteiro
para dimensionamento da capacidade de condução da corrente é descrito a seguir:

• 1 – Tipo de isolação e de cobertura do condutor. Inicialmente deve-se escolher o tipo de


isolação. Em instalações prediais usualmente são utilizados cabos e fios com isolação
de PVC. A TABELA 9 apresenta as temperaturas admissíveis do condutor, supondo que
a temperatura ambiente é de 30 ⁰C. Como pode ser observado, em função do material
da isolação do condutor (PVC, EPR ou XLPE), a norma estabelece quais as temperaturas
admissíveis de serviço, de limite de sobrecarga e de curto-circuito. Esses limites devem
ser considerados para evitar o aquecimento excessivo dos condutores.

TABELA 9 – TEMPERATURAS ADMISSÍVEIS NO CONDUTOR

Temperatura Temperatura
Temperatura
máxima limite de
limite de
Tipo de isolação para serviço curto-
sobrecarga
contínuo circuito
(condutor) ⁰C
(condutor) ⁰C (condutor) ⁰C
Policloreto de vinila (PVC) até 300 mm² 70 100 160
Policloreto de vinila (PVC) maior que
70 100 140
300 mm²
Borracha etileno-propileno (EPR) 90 130 250
Pilietileno reticulado (XLPE) 90 130 250
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 100)

• 2 – Maneira de instalar os cabos. Considera a maneira como os condutores serão


instalados. Deve-se consultar a Tabela 10. Como pode ser observado, em função da
forma de instalação dos cabos a norma fornece um código composto por uma letra
e um número que será utilizado posteriormente nas tabelas de dimensionamento
dos condutores. Para exemplificar, para cabos isolados em eletroduto de seção
circular embutido em alvenaria, obtém-se através da Tabela 10, que para esse tipo
de configuração o número do método de instalação é o “7” e o método de referência
é o “B1”. Tais informações serão utilizadas nas próximas etapas do dimensionamento.
Destaca-se que a Tabela 10 apresenta apenas alguns tipos de linhas elétricas. Os
demais tipos existentes podem ser consultados na NBR 5410 (ABNT, 2008).

49
TABELA 10 – TIPOS DE LINHAS ELÉTRICAS

Método de
Método de
instalação Descrição
referência
número
Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de
1 A1
seção circular embutido em parede termicamente isolante
Cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido
2 A2
em parede termicamente isolante
Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto
3 aparente de seção circular sobre parede ou espaçado desta B1
menos de 0,3 vez o diâmetro do eletroduto
Cabo multipolar em eletroduto aparente de seção circular
4 sobre parede ou espaçado desta menos de 0,3 vez o B2
diâmetro do eletroduto
Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto
5 B1
aparente de seção não-circular sobre parede
Cabo multipolar em eletroduto aparente de seção não-
6 B2
circular sobre parede
Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de
7 B1
seção circular embutido em alvenaria
Cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido
8 B2
em alvenaria
Cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede ou
11 C
espaçado desta menos de 0,3 vez o diâmetro do cabo
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 90)

• 3 – Número de condutores carregados. Neste caso, os condutores carregados são


aqueles que efetivamente são percorridos pela corrente. A TABELA 11 fornece o número
de condutores carregados a ser adotado em função do tipo de circuito. Para exemplificar,
considerando um circuito monofásico de dois condutores, de acordo com a TABELA 11, o
número de condutores carregados a ser considerado é de 2. Este valor será utilizado nas
demais etapas de dimensionamento dos condutores, como será apresentado a seguir.

TABELA 11 – NÚMERO DE CONDUTORES CARREGADOS A SER ADOTADO

Esquema de condutores vivos do Número de condutores


circuito carregados a ser adotado
Monofásico a dois condutores 2
Monofásico a três condutores 2
Duas fases sem neutro 2
Duas fases com neutro 3
Trifásico sem neutro 3
Trifásico com neutro 3 ou 4
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 112)

50
• 4 – Bitola do condutor supondo uma temperatura ambiente de 30 ⁰C. A determinação
da bitola do condutor é feita com base no QUADRO 9 (isolação PVC) e no QUADRO 10
(isolação de EPR ou XLPE). Devem ser utilizados como dados de entrada a corrente
de projeto, o tipo de isolação, o tipo de condutor, o número de condutores (TABELA
11) e a maneira de instalação dos cabos (TABELA 10).

Exemplo de dimensionamento:
Para o dimensionamento de um condutor de cobre (isolação em PVC) utilizaremos o
Quadro 9. Neste quadro, inicialmente entra-se com o método de referência previamente
determinado através da Tabela 10. Considerando cabos isolados em eletroduto de
seção circular embutido em alvenaria, o número de referência é “7 – B1”. Além disso,
considerando um circuito monofásico de dois condutores, de acordo com a Tabela 11,
o número de condutores carregados a ser considerado é de 2. Utiliza-se como dados
de entrada no Quadro 9: i) o método de referência B1 e ii) o número de condutores 2 e,
posteriormente, iii) com o valor da corrente de projeto em ampère, obtém-se o diâmetro
do condutor. Considerando uma corrente de projeto de 30 A, verifica-se no Quadro 9,
que o valor que mais se aproxima para as condições previamente descrita é o valor de
32 A, que resulta em um condutor com seção de 4 mm².

QUADRO 9 – CAPACIDADES DE CONDUÇÃO DE CORRENTE, EM AMPÈRES, PARA OS MÉTODOS DE


REFERÊNCIA A1, A2, B1, B2, C E D. CONSIDERANDO CONDUTORES DE COBRE E ALUMÍNIO, ISOLAÇÃO DE
PVC, TEMPERATURA DO CONDUTOR DE 70 ⁰C, TEMPERATURA DE REFERÊNCIA NO AMBIENTE 30 ⁰C (AR)
E 20 ⁰C (AR)

51
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 101)

QUADRO 10 – CAPACIDADES DE CONDUÇÃO DE CORRENTE, EM AMPÈRES, PARA OS MÉTODOS DE


REFERÊNCIA A1, A2, B1, B2, C E D. CONSIDERANDO CONDUTORES DE COBRE E ALUMÍNIO, ISOLAÇÃO DE
EPR OU XLPE, TEMPERATURA DO CONDUTOR DE 90 ⁰C, TEMPERATURA DE REFERÊNCIA NO AMBIENTE
30 ⁰C (AR) E 20 ⁰C ≥

52
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 102)

• 5 – Fator de correção da temperatura (FCT) quando as temperaturas ambientes


são diferentes de 30 ºC para linhas não-subterrâneas e de 20 ºC (temperatura do
solo) para linhas subterrâneas. Os valores apresentados no QUADRO 9 e QUADRO 10
consideram que a temperatura do ar é de 30 ⁰C e do solo é de 20 ⁰C. Desta forma,
para aplicações em diferentes temperatura, é necessário utilizar um fator de correção
para o dimensionamento dos condutores. Este fator de correção é dado pela TABELA
12. Como pode ser observado, para a obtenção do FCT a partir da TABELA 12, utiliza-
se como dados de entrada a temperatura do ambiente ou do solo e o tipo de isolação
do condutor (PVC, EPR ou XLPE).

TABELA 12 – FATORES DE CORREÇÃO PARA TEMPERATURAS AMBIENTES DIFERENTES DE 30 ⁰C PARA


LINHAS NÃO-SUBTERRÂNEAS E DE 20 ⁰C PARA LINHAS SUBTERRÂNEAS

Isolação
Temperatura (⁰C)
PVC EPR ou XLPE
Ambiente    
10 1,22 1,15
15 1,17 1,12
20 1,12 1,08
25 1,06 1,04
35 0,94 0,96
40 0,87 0,91
45 0,79 0,87
50 0,71 0,82
55 0,61 0,76
60 0,50 0,71
65 - 0,65
70 - 0,58
75 - 0,50
80 - 0,41

53
Solo    
10 1,10 1,07
15 1,05 1,04
25 0,95 0,96
30 0,89 0,93
35 0,84 0,89
40 0,77 0,85
45 0,71 0,80
50 0,63 0,76
55 0,55 0,71
60 0,45 0,65
65 - 0,60
70 - 0,53
75 - 0,46
80 - 0,38
FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 106)

• 6 – Fator de correção de agrupamento (FCA) deve ser aplicado em linhas elétricas


contendo um total de condutores superior às quantidades indicadas nos Quadros 9 e 10.
Como os Quadros 9 e 10 apresentam valores de dimensionamento para até 3 condutores
carregados, para situações com um número superior de condutores, é necessário utilizar
o FCA. A obtenção deste fator é bastante simples. Utiliza-se como dados de entrada
no Quadro 11 o número de cabos e a forma de agrupamento dos condutores e, a partir
disso, obtém-se diretamente o valor do FCA. Para exemplificar, considerando condutores
embutidos (método de referência B1), com 3 circuitos, deve-se aplicar um fator FCA = 0,70.

QUADRO 11 – FATORES DE CORREÇÃO APLICÁVEIS A CONDUTORES AGRUPADOS EM FEIXE (EM LINHAS


ABERTAS OU FECHADAS) E A CONDUTORES AGRUPADOS NUM MESMO PLANO, EM CAMADA ÚNICA

FONTE: NBR 5410 (ABNT, 2008, p. 108)

A corrente de projeto (IP) deverá ser corrigida pelos fatores de correção FCT
(Tabela 12) e FCA (Quadro 11), de acordo com a Equação 31. É com esse valor da corrente
de projeto corrigida ( ) que será realizado o dimensionamento dos condutores.

Equação 31

54
8.2 CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO
Este critério leva em consideração que a queda de tensão provocada pela
passagem de corrente elétrica deve estar dentro de determinados limites máximos para
não prejudicar o funcionamento dos equipamentos. Uma queda de tensão acentuada
pode levar os equipamentos de uma instalação elétrica a receber uma tensão inferior
aos valores nominais, o que é prejudicial para o desempenho dos mesmos e poderá
afetar a vida útil destes equipamentos (LIMA FILHO, 2001).

De acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2008), em qualquer ponto de utilização da


instalação, a queda de tensão verificada não deve ser superior aos valores apresentados
a seguir, dados em relação ao valor da tensão nominal da instalação (Figura 18) :
• 7%, calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT, no caso
de transformador de propriedade da(s) unidade(s) consumidora(s);
• 7%, calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT da empresa
distribuidora de eletricidade, quando o ponto de entrega for aí localizado;
• 5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos de ponto de entrega
com fornecimento em tensão secundária de distribuição;
• 7%, calculados a partir dos terminais de saída do gerador, no caso de grupo
gerador próprio;
• A queda de tensão nos circuitos terminais não pode ser superior a 4%.

FIGURA 18 - ILUSTRAÇÃO DOS LIMITES DE QUEDA DE TENSÃO

FONTE: <https://br.prysmiangroup.com/sites/default/files/atoms/files/Guia_de_Dimensionamento-Baixa_
Tensao_Rev9.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2021.

55
NOTA
Usualmente a condução da energia elétrica nas linhas de transmissão é feita
em alta tensão com o intuito de reduzir o diâmetro dos condutores e as
perdas de cargas. Contudo, ao se aproximar da entrada das cidades a tensão é reduzida
visando diminuir as interferências em ruas e avenidas, diminuindo também o risco de
eventuais problemas e acidentes que venham a ser causados à população. Como pode
ser observado na Figura 20, as subestações e os transformadores têm como finalidade
reduzir a alta tensão para valores de distribuição ou consumo, ou seja, são responsáveis
pela redução das altas tensões em médias ou baixas tensões (MT/BT).

Para o dimensionamento do condutor pelo limite de queda de tensão inicialmente


é necessário identificar as seguintes informações (NISKIER, 2016):

• O material do eletroduto, identificando se é magnético ou não magnético;


• Tipo de circuito (monofásico ou trifásico);
• Corrente de projeto (IP) em ampères;
• O fator de potência do circuito (cos Ø);
• A queda de tensão admissível (e) para o caso, em porcentagem (%);
• O comprimento do circuito (l) em quilômetros;
• A tensão entre fases (U) em volts.

Para o dimensionamento dos condutores, inicialmente é necessário calcular


a queda de tensão unitária ( ), conforme a Equação 32, cuja unidade é volt/
ampère x km.

Equação 32

Posteriormente, este valor de queda de tensão unitária ( ) é utilizado


como dado de entrada na Tabela 13 para a obtenção da seção nominal do condutor. É
importante destacar que o valor de queda de tensão da obtido na Tabela 13 deve ser
igual ou imediatamente inferior à queda de tensão calculada.

TABELA 13 – QUEDA DE TENSÃO UNITÁRIA PARA CONDUTORES ISOLADOS DE PVC EM ELETRODUTO


OU CALHA FECHADA

Eletroduto ou calha de
Eletroduto ou calha de material não magnético
material magnético
Seção Circuito monofásico ou
Circuito monofásico Circuito trifásico
nominal trifásico
(mm²) cos Ø = cos Ø =
cos Ø = 0,8 cos Ø = 0,8 cos Ø = 1 cos Ø = 0,8
0,95 0,95
V/A x km V/A x km V/A x km V/A x km
V/A x km V/A x km
1,50 23,03 27,60 20,20 24,00 23,00 27,40

56
2,50 14,03 16,90 12,40 14,70 14,00 16,80
4,00 8,90 10,60 7,80 9,20 9,00 10,50
6,00 6,00 7,10 5,20 6,10 5,90 7,00
10,00 3,60 4,20 3,20 3,70 3,50 4,20
16,00 2,30 2,70 2,00 2,30 2,30 2,70
25,00 1,50 1,70 1,30 1,50 1,50 1,70
35,00 1,10 1,20 0,98 1,10 1,10 1,20
50,00 0,85 0,94 0,76 0,82 0,86 0,95
70,00 0,62 0,67 0,55 0,59 0,64 0,67
95,00 0,48 0,50 0,50 0,43 0,50 0,51
120,00 0,40 0,41 0,36 0,36 0,42 0,42
150,00 0,35 0,34 0,31 0,30 0,37 0,35
185,00 0,30 0,29 0,27 0,25 0,32 0,30
240,00 0,26 0,24 0,23 0,21 0,29 0,25
FONTE: Niskier (2016, p. 162)

Após a determinação do material do eletroduto ou calha (não magnético ou


magnético), do tipo de circuito (monofásico ou trifásico) e do fator de potência do
circuito (Ø), utiliza-se como dado de entrada na Tabela 13 o valor da queda de tensão
unitária previamente calculado e, a partir disso, determina-se o diâmetro do condutor.

Exemplo de dimensionamento:
Dimensionar o diâmetro do condutor a partir do critério do limite de queda de
tensão considerando as seguintes características do circuito:

• Eletroduto de PVC;
• Circuito monofásico;
• Fator de potência do circuito de 0,8;
• Queda de tensão unitária de 7 (V/A x km).

A partir das características apresentadas, utiliza-se a Tabela 13 para o


dimensionamento do condutor. O valor de queda de tensão unitária imediatamente inferior
ao valor de 7 V/A x km é o valor de 6 V/A x Km, que resulta em um diâmetro de 6 mm².

Destaca-se que é importante adotar o valor de queda de tensão na Tabela


13 imediatamente inferior ao valor da queda de tensão calculado, uma vez que se for
utilizado um valor superior, pode ocorrer um subdimensionamento do condutor. Para
esse exemplo, se fosse considerado o intervalo imediatamente superior a 6 V/A x Km
na TABELA 13 (8,9 V/A x km), o dimensionamento resultaria em um diâmetro de 4 mm².

57
8.3 SEÇÕES MÍNIMAS DOS CONDUTORES
A NBR 5410 (ABNT, 2008) também define as seções mínimas dos condutores
de fase, neutro e proteção, conforme apresentado na Tabela 14, Tabela 15 e Tabela 16,
respectivamente. Em relação ao condutor neutro, este deve possuir a mesma seção que
os condutores fase nos seguintes casos:

• Em circuitos monofásicos e circuitos com duas fases e neutro, qualquer que seja
a seção;
• Em circuitos trifásicos, quando a seção do condutor fase for inferior ou igual a 25
mm², em cobre ou em alumínio;
• Em circuitos trifásicos, quando for prevista a presença de harmônicos, qualquer que
seja a seção.

TABELA 14 – SEÇÃO MÍNIMA DOS CONDUTORES DE FASE

Seção mínima
Tipo de linha Utilização do circuito do condutor
mm² - material
1,5 Cu
Circuitos de iluminação
15 Al
Condutores
2,5 Cu
e cabos Circuitos de força ¹
16 Al
isolados
Instalações Circuitos de sinalização e
0,5 Cu ²
fixas em geral circuitos de controle
10 Cu
Circuitos de força
Condutores 16 Al
nus Circuitos de sinalização e
4 Cu
circuitos de controle
Como
Para um equipamento específico especificado no
equipamento
Linhas flexíveis com cabos
isolados Para qualquer outra aplicação 0,75 Cu ³
Circuitos a extrabaixa tensão para
0,75 Cu
aplicações especiais
¹ Os circuitos de tomadas de corrente são considerados circuitos de força
² Em circuitos de sinalização e controle destinados a equipamentos é admitida uma
seção mínima de 0,1 mm²
³ Em cabos multipolares flexíveis contendo sete ou mais veias é admitida uma seção
mínima de 0,1 mm²
FONTE: NBR 5410 (2008, p. 113)

58
TABELA 15 – SEÇÃO REDUZIDA DO CONDUTOR NEUTRO

Seção reduzida do
Seção dos condutores
condutor neutro
de fase (mm²)
(mm²)
S ≤ 25 S
35 25
50 25
70 35
95 50
120 70
150 70
185 95
240 120
300 150
400 185
FONTE: NBR 5410 (2008, p. 115)

TABELA 16 – SEÇÃO MÍNIMA DO CONDUTOR DE PROTEÇÃO

Seção dos condutores de fase Seção mínima do condutor de


S (mm²) proteção correspondente (mm²)

S ≤ 16 S
16 < S ≤ 35 16
S ˃ 35 S/2
FONTE: NBR 5410 (2008, p. 150)

Como pode ser observado na Tabela 14, a seção mínima do condutor fase é
determinada de acordo com o tipo de linha e dos condutores, bem como da utilização
do circuito e do material do condutor. Para exemplificar, considerando um condutor fase
de cobre destinado a um circuito de iluminação, o mesmo deve possuir diâmetro de no
mínimo 1,5 mm².

59
Em relação à Tabela 15, verifica-se que o dimensionamento do condutor neutro
é feito com base no diâmetro do condutor fase. Quando o diâmetro do condutor fase
for igual ou inferior a 25 mm², o neutro deverá ter o mesmo diâmetro do condutor fase.
Contudo, para diâmetros maiores do condutor fase, a norma NBR 5410 (ABNT, 2008)
permite reduções na seção do condutor neutro. Para exemplificar, considerando um
circuito com um condutor fase com diâmetro de 50 mm², a seção do condutor neutro
pode ser reduzida para 25 mm².

Por fim, a Tabela 16 determina a seção mínima do condutor de proteção. De


maneira análoga ao que ocorre para o condutor neutro, o condutor de proteção também é
dimensionado de acordo com a seção do condutor fase. Quando o diâmetro do condutor
fase for inferior a 16 mm², o condutor de proteção deve ter diâmetro mínimo igual ao
diâmetro da fase. Já quando o diâmetro do condutor fase for superior a 35 mm², a norma
estabelece diâmetros mínimos para o condutor de proteção de metade do valor do diâmetro
do condutor fase. Destaca-se que a Tabela 16 é válida apenas se o condutor de proteção for
constituído do mesmo metal que os condutores de fase (NBR 5410, 2008).

9 ELETRODUTOS
Os eletrodutos são tubos destinados à colocação e proteção de condutores
elétricos e possuem como finalidade a proteção dos condutores contra ações
mecânicas, contra corrosão e proteção do meio ambiente contra incêndios resultantes
do superaquecimento ou da ocorrência de curtos-circuitos. Além disso, os eletrodutos
também funcionam como um envoltório metálico aterrado para os condutores,
contribuindo para evitar choques elétricos (NISKIER, 2016).

Podem ser classificados quanto à flexibilidade em eletrodutos rígidos e


flexíveis, quanto à forma de conexão em roscáveis e soldáveis e quanto à espessura
da parede em leve, semipesado e pesado (LIMA FILHO, 2001). Os materiais usualmente
empregados nos eletrodutos são: aço-carbono, alumínio, PVC, plástico com fibra de
vidro, polipropileno e polietileno de alta densidade.

De maneira geral, os eletrodutos rígidos usualmente são utilizados em pisos,


lajes e superfícies concretadas, pois são mais resistentes à choques externos. Já
os eletrodutos flexíveis são utilizados em paredes e locais que exigem uma alta
flexibilidade. Nesse contexto os eletrodutos de PVC rosqueáveis são o tipo mais
utilizado em instalações prediais, isto porque o PVC consiste em um material leve de
fácil manuseio e instalação, com características de isolação térmica, isolação elétrica e
isolação contra umidade. Além disso, este tipo de material não está sujeito à corrosão,
como pode ocorrer com os eletrodutos metálicos. A FIGURA 19 exemplifica eletrodutos
de PVC rígidos e flexíveis

60
FIGURA 19 – EXEMPLOS DE ELETRODUTOS DE PVC: RÍDIGO (A) E FLEXÍVEL (B)

FONTE: <https://bit.ly/3AAIvMF>. Acesso em: 7 jun. 2021.

De acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2008), a taxa de ocupação do eletroduto,


dada pela relação entre a soma das áreas das seções transversais dos condutores
previstos, calculadas com base no diâmetro externo, e a área útil da seção transversal
do eletroduto, não deve ser superior a:

• 53% no caso de um condutor;


• 31% no caso de dois condutores;
• 40% no caso de três ou mais condutores.

A Figura 20 apresenta um esquema com os diâmetros de um eletroduto que


devem ser considerados para o cálculo da taxa de ocupação. A área útil da seção
transversal do eletroduto (Sútil) pode ser calculada pela Equação 33.

FIGURA 20 – DIÂMETROS A CONSIDERAR EM UM ELETRODUTO

FONTE: A autora

Equação 33

Acadêmico, neste tópico foram abordadas as etapas de compõem a elaboração


de um projeto elétrico e como efetuar a previsão de cargas de iluminação e tomadas
de uso geral e uso específico de uma edificação. Adicionalmente foram apresentadas
as metodologias de cálculo do fator de demanda de residências individuais, edifícios
residenciais e unidades não residenciais e diretrizes para a divisão da instalação em
circuitos e para locação dos quadros de distribuição. Por fim foram apresentados os
métodos de dimensionamento dos condutores através do critério da condução de
corrente e critério do limite da queda de tensão e dimensionamento de eletrodutos, em
concordância com a NBR 5410 (ABNT, 2008).
61
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A elaboração de um projeto elétrico é uma atividade complexa, composta por diversas


etapas que vão desde a coleta de informações preliminares sobre a edificação até a
aprovação final da concessionária local.

• A previsão de cargas de uma instalação elétrica deve ser realizada de acordo com a
NBR 5410 (ABNT, 2008).

• O cálculo da demanda de uma edificação deve considerar um fator de demanda de


acordo com a classe do consumidor, o tipo de carga, dentre outros aspectos relevantes.

• Os condutores elétricos são dimensionados através dos critérios da capacidade de


condução de corrente e do limite da queda de tensão.

62
AUTOATIVIDADE
1 A partir das especificações para previsão de cargas estabelecidas pela NBR 5410
(ABNT, 2008), determinar a potência dos pontos de iluminação de uma sala de estar
com área de 24 m² e perímetro de 20 m.

a) ( ) P = 250 VA.
b) ( ) P = 340 VA.
c) ( ) P = 400 VA.
d) ( ) P = 310 VA.

2 A partir das especificações para previsão de cargas estabelecidas pela NBR 5410
(ABNT, 2008), determinar a quantidade de tomadas de uso geral de um dormitório
com área de 13,5 m² e perímetro de 15 m.

a) ( ) N = 1.
b) ( ) N = 2.
c) ( ) N = 3.
d) ( ) N = 4.

3 Do ponto de vista técnico e econômico, dimensionar a carga da edificação como


sendo a soma de todas as potências instaladas não é viável. Nesse contexto, surgem
os contextos de fator de demanda e demanda provável. Tendo isso em vista, calcular a
provável demanda de um apartamento com as seguintes cargas instaladas: iluminação:
2600 VA, tomadas de uso geral: 3600 VA, tomadas de uso específico: 16000 VA.

a) ( ) 15,74 kVA
b) ( ) 17,53 kVA
c) ( ) 18,48 kVA
d) ( ) 19,02 kVA

4 Determinar a seção do condutor de um circuito (fase-fase) de um chuveiro elétrico (P


= 4500 W). Considerar tensão de 220 V, condutores com isolação de PVC, eletroduto
de PVC embutido na alvenaria e temperatura ambiente de 30 ⁰C.

5 Considerar um circuito de 1200 W de iluminação, de fase e neutro, que passa no interior de


um eletroduto embutido de PVC, juntamente com quatro condutores isolados de outros
circuitos em cobre, PVC = 70 ⁰C. A temperatura ambiente é de 35 ⁰C. A tensão é de 120
V. Considerar condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de seção circular
embutido em alvenaria. Determinar a seção do condutor das tomadas de uso geral através
do critério de capacidade de condução de corrente. Considerar no dimensionamento que
são 6 condutores carregados, correspondentes a 3 circuitos monofásicos

63
64
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL, PROTEÇÃO
E SELETIVIDADE
1 INTRODUÇÃO
A iluminação é responsável por uma parcela de 17% de toda a energia consumida
no Brasil, sendo 1,8% atribuído ao consumo do setor industrial. Neste âmbito, um projeto
de iluminação deve garantir um nível de iluminamento suficiente para o desenvolvimento
das atividades de trabalho e a distribuição espacial da luz no ambiente. Além disso,
deve considerar a escolha adequada da cor das luzes e seus respectivos rendimentos,
a escolha apropriada dos aparelhos de iluminação, bem como a iluminação de acesso
(MAMEDE FILHO, 2017).

Outro aspecto relevante em sistemas elétricos está relacionado com os


dispositivos de proteção que tem por objetivo evitar efeitos térmicos e mecânicos que
podem trazer prejuízos aos condutores, terminais e equipamentos, garantido assim que
os sistemas operem de maneira segura e confiável.

Diante disso, neste Tópico 3 abordaremos os principais métodos para


determinação do iluminamento interior de ambientes industriais, os tipos de proteção de
sistemas elétricos, apresentaremos o conceito de seletividade e sua classificação e os
métodos de proteção mais usuais contra descargas atmosféricas. Além disso, também
será apresentado o conceito de compensação da potência reativa e os dispositivos
utilizados para este fim. Por fim, brevemente serão apresentados os tipos mais usuais
de motores elétricos.

2 ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL
Inicialmente destaca-se que para a elaboração de um projeto de iluminação
industrial o projetista deve levar em consideração os valores de iluminância estabelecidos
na NBR ISSO/CIE 8995-1 (ABNT, 2013) de acordo com tipo de ambiente, tarefa ou
atividade a ser desenvolvida.

Nesse contexto, para a determinação do iluminamento de um ambiente de


trabalho podem ser utilizados três métodos, sendo estes: método dos lumens, método
das cavidades zonais e método do ponto por ponto. Destaca-se que o método dos
lumens é de resolução simplificada e possui uma menor precisão dos resultados.
Já o método das cavidades zonais é mais complexo e pode levar a resultados mais
confiáveis. Por fim, o método do ponto por ponto, também conhecido como método

65
das intensidades luminosas, permite calcular o iluminamento em qualquer ponto da
superfície de trabalho considerando o iluminamento individual dos equipamentos. Este
último método também é caracterizado por elevada complexidade (MAMEDE FILHO,
2017). Nos subtópicos os métodos anteriormente citados serão apresentados.

2.1 MÉTODO DOS LUMENS


O método dos lumens é baseado na determinação do fluxo luminoso necessário
para atingir o iluminamento médio desejado. Pode ser determinado através da Equação
34 (MAMEDE FILHO, 2017).

Equação 34

Onde:
– Fluxo total a ser emitido pelas lâmpadas (lumens);
E – Iluminamento médio requerido pelo ambiente (lux);
S – área do ambiente (m²);
Fdl – fator de depreciação do serviço da luminária (adimensional);
Fu – fator de utilização do recinto (adimensional).

O número de luminárias pode ser calculado pela Equação 35. Já a distribuição


das mesmas é função da sua altura útil. Recomenda-se que a distância máxima entre
os centros das luminárias deve ser de 1 a 1,5 m da sua altura útil. Já o espaçamento da
luminária à parede deve corresponder à metade desse valor, como pode ser observado
na FIGURA 21 (MAMEDE FILHO, 2017).

Equação 35

Onde:
– Fluxo luminoso emitido por uma lâmpada (lumens) – Consultar TABELA 2.
- Número de lâmpadas por luminárias.

FIGURA 21 – ESPAÇAMENTO DAS LUMINÁRIAS

FONTE: Mamede Filho (2017, p. 97)

66
Como pode ser observado na FIGURA 21, as distâncias X e Y entre luminárias deve
ser entre 1 e 1,5 o valor da sua altura útil (Hlp). Entretanto, em relação à distância da luminária
às paredes da edificação (X1 e Y1), recomenda-se que estes valores sejam a metade dos
espaçamentos X e Y previamente calculados. Desta maneira, considerando espaçamentos
X = 3 m e Y = 4,5 m entre as luminárias, a distância das mesmas em relação à parede da
edificação deve ser metade dos valores de X e Y (X1 = 1,5 m e Y1 = 2,25 m).

2.2 MÉTODO DAS CAVIDADES ZONAIS


Assim como o método dos lumens, o método das cavidades zonais é embasado
na teoria da transferência de fluxo, em que são consideradas superfícies uniformes,
refletindo o fluxo luminoso de modo preciso. As cavidades consideradas no método,
representadas na FIGURA 22, são as descritas a seguir (MAMEDE FILHO, 2017):

• Cavidade do teto – consiste no espaço entre o plano das luminárias e o teto;


• Cavidade do ambiente – é o espaço entre o plano das luminárias e o plano de trabalho,
geralmente considerado a 0,8 m do piso;
• Cavidade do piso – consiste no espaço existente entre o plano de trabalho e o piso.

FIGURA 22 – REPRESENTAÇÃO DAS CAVIDADES ZONAIS

FONTE: Mamede Filho (2017, p. 100)

A determinação do fluxo luminoso pelo método das cavidades zonais é feita a


partir da Equação 36. Percebe-se que a referida equação é semelhante à empregada no
método dos lumens. Destaca-se, porém, que o fator de utilização é determinado a partir
das refletâncias efetivas das cavidades do teto e das paredes, bem como da relação
da cavidade do ambiente e de uma curva de distribuição das luminárias. Já o fator de
depreciação do serviço da iluminação (Fdi) leva em consideração os seguintes fatores:
a) depreciação do serviço da luminária, b) depreciação das superfícies do ambiente
devido à sujeira, c) fator de redução do fluxo luminoso por queima de lâmpada, d) fator
de depreciação do fluxo luminoso da lâmpada, e) fator de fluxo luminoso do reator
(MAMEDE FILHO, 2017).

67
Equação 36

Onde:
– Fluxo total a ser emitido pelas lâmpadas (lumens);
E – Iluminamento médio requerido pelo ambiente (lux);
S – área do ambiente (m²);
Fu – fator de utilização do recinto.
Fdi – fator de depreciação do serviço da iluminação.

2.3 MÉTODO DO PONTO POR PONTO


O método do ponto por ponto permite a determinação para cada ponto da área o
iluminamento correspondente à contribuição de todas as fontes luminosas que atingem
o ponto em questão. Os iluminamentos horizontal e vertical podem ser calculados pelas
Equações 37 e 38, respectivamente. Nesse contexto, a soma algébrica de todas as
contribuições horizontais e verticais determina os iluminamentos horizontal e vertical
naquele ponto (MAMEDE FILHO, 2017).

Equação 37

Equação 38

Onde:
– Iluminamento horizontal (lux);
I – Intensidade do fluxo luminoso (cd);
– Ângulo entre uma dada direção do fluxo luminoso e a vertical que passa pelo centro
da lâmpada;
H – Altura vertical da luminária (m);
– Iluminamento vertical (lux);
D – Distância entre a luminária e o ponto localizado no plano vertical (m).

3 PROTEÇÃO E SELETIVIDADE
Nas subseções a seguir, serão apresentados os principais tipos de proteção de
sistemas elétricos, bem como o conceito e tipos de seletividade.

68
3.1 TIPOS DE PROTEÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS
Para que um sistema elétrico possa operar com maior confiabilidade e de maneira
segura é necessária a utilização de um conjunto de proteções, cada uma específica para
um determinado evento. Nos subtópicos a seguir serão abordados os principais tipos de
proteção para os eventos mais usuais em sistemas elétricos. Os tipos de proteção podem
ser divididos em: proteção de sobrecorrentes e proteção de sobretensões.

3.1.1 Proteção de sobrecorrentes


As sobrecorrentes são os eventos mais recorrentes em sistemas elétricos e
são aqueles que ocasionam aos componentes elétricos os maiores níveis de desgaste,
impactando diretamente na vida útil dos mesmos. Neste âmbito, as sobrecorrentes
podem ser classificadas em sobrecargas e curtos-circuitos. As sobrecargas são
variações moderadas que ocorrem na corrente e, desde que ocorram dentro de um
limite de intensidade e tempo limitado, não prejudicam os componentes do sistema
elétrico. Já os curtos-circuitos são variações extremas da corrente do sistema elétrico.
Nestes casos os dispositivos de proteção devem ser extremamente rápidos e devem
possuir capacidade adequada para operar em condições extremas de corrente (MAMEDE
FILHO; MAMEDE, 2013). De acordo com Lima Filho (2001), a ocorrência de curto-circuito
provoca, por consequência, elevadas solicitações térmicas e mecânicas aos condutores
e demais dispositivos que compõem o sistema.

De acordo com Niskier (2016), os dispositivos de proteção podem ser classificados


em: i) dispositivos que asseguram a proteção contra curto-circuito e, ii) dispositivos que
protegem o sistema contra sobrecargas. Neste âmbito, os dispositivos empregados na
proteção contra curto-circuito são os fusíveis e os disjuntores (FIGURA 23). Os fusíveis são
dispositivos adequadamente dimensionados para interromper a corrente, sendo os mais
usados os fusíveis de rolha, de cartucho ou Diazed, também conhecido como, tipo “D”. Já os
disjuntores são dispositivos capazes de estabelecer, conduzir e interromper correntes em
condições normais do circuito, bem como estabelecer e conduzir por tempo especificado e
interromper correntes em condições anormais (curto-circuito).

Os disjuntores podem ser equipados com bobinas eletromagnéticas, que


atuam mecanicamente desligando o disjuntor em caso de curto-circuito, e com
dispositivos bimetálicos (relés térmicos), caracterizados por uma dilatação desigual
das lâminas decorrente do aquecimento provocado por uma sobrecarga, o que
ocasiona a interrupção da passagem de corrente do circuito. Este tipo de disjuntor,
denominado de termomagnético, protege contra curto-circuito e contra sobrecargas
prolongadas (NISKIER, 2016).

69
FIGURA 23 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA CURTO-CIRCUITO: A) DISJUNTORES E B) FUSÍVEIS

FONTE: <https://bit.ly/3CC6pZ1>. Acesso em: 7 jun. 2021.

No que tange aos dispositivos de proteção contra sobrecarga, existem os relés


térmicos ou bimetálicos. Os relés térmicos (Figura 24) consistem em um dispositivo
que protege um equipamento ou circuito contra danos térmicos de origem elétrica. São
utilizados principalmente em circuitos de motores. Já os relés bimetálicos de sobrecarga
são acoplados aos contadores magnéticos, que constituem o dispositivo de comando
do circuito (LIMA FILHO, 2001).

FIGURA 24 – EXEMPLO DE RELÉS TÉRMICO

FONTE: <https://bit.ly/3hZ7G4m>. Acesso em: 7 jun. 2021.

3.1.2 Proteção de sobretensões


Os sistemas elétricos têm como limite a tensão máxima de operação durante a
ocorrência de uma falta. As sobretensões podem aparecer nos sistemas elétricos por
meio de diferentes origens, sendo estas: descargas atmosféricas, chaveamento e curtos-
circuitos monopolares (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013). Nesse contexto, as descargas
atmosféricas são fenômenos naturais que podem ocasionar diversas perturbações nas
redes de transmissão e distribuição de energia elétrica. Isto porque, essas descargas podem
induzir picos de tensão que atingem centenas de kV nas redes aéreas de transmissão e
distribuição das concessionárias de energia elétrica (MAMEDE FILHO, 2017).

Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas serão abordados nos


subtópicos a seguir, sendo estes: para-raios do tipo Franklin e gaiola de Faraday. Em
relação às sobretensões por chaveamento, as mesmas usualmente são decorrentes da
rejeição de grandes blocos de cargas, desligamentos intempestivos de alimentadores e
perda de sincronismo entre dois subsistemas. Por fim, em sistemas aterrados submetidos
a uma impedância elevada, quando ocorrem os curtos-circuitos monopolares surgem
sobretensões entre a fase a terra que podem atingir os valores de tensão de fase do
sistema (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013).

70
3.2 SELETIVIDADE
O conceito de seletividade está atrelado à característica que um sistema
de proteção deve ter para que, ao ser submetido a eventos anormais, faça atuar os
dispositivos de proteção de maneira a desenergizar somente a parte do circuito afetado
(MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013). De acordo com Niskier (2016), representa a escolha
adequada de fusíveis e disjuntores, de modo que, ao ocorrer um ponto da ligação, o
desligamento afeta apenas uma parte mínima da instalação. Nessa conjuntura, a
seletividade de um sistema de proteção pode ser efetuada por meio de três diferentes
formas, as quais são classificadas como seletividade amperimétrica, seletividade
cronométrica e seletividade lógica, conforme explicitado a seguir.

3.2.1 Seletividade amperimétrica


A seletividade amperimétrica, também denominada de seletividade por corrente,
fundamenta-se no princípio de que as correntes de curto-circuito aumentam à medida
que o ponto de defeito se aproxima da fonte de suprimento. A FIGURA 25 exemplifica a
aplicação deste tipo de seletividade. Para uma corrente de defeito no ponto A de valor
igual a Ics e valores de ajuste das proteções P1 e P2 iguais a Ip1 e Ip2, respectivamente, a
seletividade amperimétrica está satisfeita se: Ip2 ˃ Ics ˃ Ip1. Recomenda-se os seguintes
valores para as correntes das proteções (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013):

• A primeira proteção a montante do ponto de defeito deve ter corrente: Ip1 ≤ 0,8 x Ics;
• As proteções situadas fora da zona protegida devem ter corrente nominal com valores
superiores à corrente de curto-circuito, isto é: Ip2 ˃ Ics.

FIGURA 25 – EXEMPLO DE SELETIVIDADE AMPERIMÉTRICA

FONTE: Mamede Filho e Mamede (2013, p. 66)

71
3.2.2 Seletividade cronométrica
A seletividade cronométrica fundamenta-se no princípio de que a temporização
do dispositivo de proteção próximo ao ponto de defeito deve ser inferior à temporização
do dispositivo de proteção a montante. Desta maneira, este princípio consiste em
retardar uma proteção instalada a montante, com o intuito de que a proteção instalada
a jusante tenha tempo suficiente para atuar isolando a falha. Para exemplificar este tipo
de seletividade é apresentada a Figura 26.

FIGURA 26 – EXEMPLO DE SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA

FONTE: Mamede Filho e Mamede (2013, p. 67)

Como pode ser observado na Figura 26, um curto-circuito na barra D gera uma
corrente de valor igual a Ics. Como pode ser observado, a proteção P1 tem um retardo de
100 ms. Já a proteção P2 tem um tempo de atuação de 400 ms, enquanto as proteções
P3 e P4 deve atuar em 700 e 1000 ms, respectivamente. Entretanto, é necessário tomar
cuidado uma vez que este tipo de seletividade pode conduzir a tempos de atuação
bastante elevados em pontos próximos à fonte de suprimento (MAMEDE FILHO;
MAMEDE, 2013).

3.2.3 Seletividade lógica


A seletividade lógica consiste em um sistema lógico que combina esquemas de
proteção e comunicação utilizando fio piloto ou outro meio equivalente, caracterizando
uma proteção com intervalos de tempo extremamente reduzidos, porém seletivos.
Nesse contexto, a função do fio piloto é conduzir o sinal lógico de bloqueio. É o tipo de
72
seletividade mais moderna e desenvolvida, eliminando os inconvenientes característicos
dos esquemas de seletividade amperimétrica e cronométrica. A Figura 28 apresenta um
exemplo do funcionamento da seletividade lógica. Destaca-se que o funcionamento
pode ser resumido em (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2013):
• A primeira proteção a montante do ponto de defeito é a única responsável pela
atuação do dispositivo de abertura do circuito.
• As proteções situadas a jusante do ponto de defeito não receberão sinal digital de
mudança de estado.
• As proteções situadas a montante do ponto de defeito receberão os sinais digitais de
mudança de estado para bloqueio ou para atuação.
• As proteções são ajustadas com tempo de 50 a 100 ms.
• Cada proteção é ajustada para garantir a ordem de bloqueio durante um tempo
definido pelo procedimento da seletividade lógica, cuja duração pode ser admitida
entre 150 e 200 ms.

FIGURA 27 – EXEMPLO DE SELETIVIDADE LÓGICA

FONTE: Mamede Filho e Mamede (2013, p. 70)

4 SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS
As descargas atmosféricas podem causar grandes danos às redes de
transmissão e distribuição de energia elétrica. Diante disso, são projetados sistemas
de proteção contra descargas atmosféricas com o intuito de interceptar as descargas
elétricas que atingem diretamente a parte superior e as laterais de uma edificação.

73
Esses sistemas têm como objetivo conduzir a corrente elétrica até a terra, sem causar
prejuízos à vida e aos bens materiais (MAMEDE FILHO, 2017). A seguir serão abordados
os dois principais sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, sendo estes o
para-raios do tipo Franklin e a gaiola de Faraday.

4.1 Para-raios do tipo Franklin


Os para-raios comuns, também conhecido como tipo Franklin, recebem este
nome em homenagem ao seu inventor, Benjamin Franklin. Este tipo de captor consiste
em uma haste captora em forma de ponta, fixada a uma base, na qual é ligada condutores
metálicos denominados de condutores de descida (NISKIER, 2016). O campo de proteção
deste tipo de paio-raios é representado na Figura 28.

FIGURA 28 – CONE DE PROTEÇÃO DE UM PARA-RAIOS COMUM

FONTE: <https://www.eletrojr.com.br/2020/03/21/tipos-de-para-raios/>. Acesso em: 24 abr. 2021.

IMPORTANTE
A instalação de para-raios com captores comuns é descrita na
NBR 5419-1 (ABNT, 2015).

4.2 Gaiola de Faraday


Este tipo de sistema de proteção é caracterizado por utilizar como captores,
condutores instalados em malha num formado quadricular, envolvendo toda a estrutura
a ser protegida (Figura 29). Oferece uma elevada proteção, contudo devido ao seu alto
custo, normalmente é utilizado em instalações de elevado grau de responsabilidade
(LIMA FILHO, 2001).

74
FIGURA 29 – EXEMPLO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO TIPO GAIOLA DE FARADAY

FONTE: <https://bit.ly/39mcwXR>. Acesso em: 24 abr. 2021.

5 COMPENSAÇÃO REATIVA
Conforme previamente apresentado do Tópico 1 desta Unidade, as
concessionárias de energia elétrica estabelecem que o fator de potência deve ser igual
ou superior a 0,92 (NISKIER, 2016), com o intuito de evitar desperdícios nos sistemas.
Desta forma, em determinadas situações é necessário a compensação da potência
reativa. A Figura 30 exemplifica o conceito de compensação reativa. Como pode ser
observado, existe uma potência efetiva (P) e, em decorrência do fator de potência
(cos Ɵ1), uma potência aparente (Pa1) e uma potência reativa (Pr1). Para a redução do
fator de potência, supõe-se que Pr1 deve ser igual à Pr2, mantendo o valor da potência
efetiva P. As Equações 39 e 40 descrevem a Pr1 e Pr2, respectivamente. Desta forma,
considerando Pr1 = Pr2, é possível calcular a potência capacitiva (Pc) necessária para
essa redução através da Equação 41.

FIGURA 30 – DIAGRAMA VETORIAL DA COMPENSAÇÃO REATIVA

FONTE: A Autora (2021)

75
Pr1=P x tg Ɵ1 Equação 39

Equação 40

Equação 41

De acordo com Brito (2015), a compensação da potência reativa traz diversos


benefícios ao sistema, reduzindo as perdas, ampliando a capacidade de condução de
uma linha pela redução da corrente aparente e melhorando o nível de tensão de um
barramento. Usualmente é realizada através da instalação de bancos de capacitores,
em função do baixo custo do método (BRITO, 2015). Nesse contexto, os capacitores são
dispositivos estáticos que tem como objetivo introduzir capacitância em um circuito
elétrico, compensando ou neutralizando o efeito de indução das cargas indutivas.

A especificação destes dispositivos é realizada de acordo com a potência


reativa nominal. Além disso, podem ser monofásicos e trifásicos e destinados a redes
de alta ou baixa tensões. Em relação à localização dos capacitores, recomenda-se a
instalação o mais próximo possível das cargas, já que assim reduzem as perdas nos
circuitos elétricos, elevam a tensão nos pontos de consumo, melhoram as condições de
funcionamento e aliviam a solicitação do transformador (NISKIER, 2016).

Segundo Santos (2006), em função da localização dos dispositivos de


compensação, existem três tipos de soluções, sendo estas: a) compensação global
ou central, b) compensação parcial, setorial ou por grupos e c) compensação local,
individual ou independente, conforme representado na Figura 31. Na compensação
global o dispositivo de compensação fica localizado na entrada da instalação. Na
compensação por grupos, os dispositivos de compensação são ligados por setores,
ou seja, ligados aos quadros parciais da instalação. Por fim, na compensação direta o
dispositivo é ligado diretamente à máquina a compensar. É o tipo mais usual empregado
em bombas, motores ou transformadores.

FIGURA 31 – EXEMPLOS DE COMPENSAÇÃO REATIVA: A) GLOBAL; B) POR GRUPO; C) INDIVIDUAL

FONTE: <http://circutor.com/docs/MitjaTensio_PT_Cat.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2021.

76
6 MOTORES E ACIONAMENTOS ELÉTRICOS
Os motores elétricos consistem em máquinas que transformam energia elétrica
em energia mecânica de utilização, utilizando campos magnéticos que interagem entre
si (MAMEDE FILHO, 2017). De acordo com o tipo de fonte de alimentação os motores
elétricos podem ser divididos em motores de corrente contínua e de corrente alternada.
Os motores de corrente contínua são aqueles acionados a partir de uma corrente
contínua. São caracterizados por um controle preciso de velocidade e por um ajuste
fino e, portanto, são largamente utilizados em aplicações que exijam tais características
(FRANCHI, 2008). Já os motores de corrente alternada são aqueles acionados a partir
de uma fonte de corrente alterada. É o tipo mais utilizado em aplicações industriais. De
acordo com Franchi (2008), estima-se que 90% dos motores fabricados são deste tipo.

De acordo com Petruzella (2013), como pode ser observado na Figura 32, o
funcionamento de um motor de corrente contínua é mais complexo em comparação
a de um motor de corrente alternada. Isso porque motores de corrente contínua são
compostos por comutador, escovas e enrolamentos da armadura, os quais requerem
uma manutenção superior em relação aos motores de corrente alternada. Isto posto,
destaca-se que um motor de corrente alternada não demanda comutador ou escova.
Em contrapartida, estes tipos de motores são equipados com barras no rotor de gaiola
em substituição aos fios de enrolamentos de cobre

FIGURA 32 – EXEMPLO DE MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA (A) E CORRENTE ALTERNADA (B)

Armação Estator

Suporte da extremidade
Computador
Carcaça
Conjunto
de escovas Estator
Eixo

Enrolamento do
estatortrifásico

Rotor

Enrolamentos Armadura Rotor em gaiola de esquilo

FONTE: Petruzella (2013, p. 118-141)

Os motores em corrente contínua podem apresentar três configurações, sendo


estas: motores em série, motores de derivação e motores compostos. Nos motores em
séries a corrente de carga é utilizada como corrente de excitação, ou seja, as bobinas de
campo são ligadas em série às bobinas do induzido. Nos motores de derivação, o campo
está ligado à fonte de alimentação e em paralelo com o induzido. Por fim, os motores
compostos são constituídos por duas bobinas, uma ligada em série e outra em paralelo
ao induzido (MAMEDE FILHO, 2017).

No que tange aos motores de corrente alternada, os mesmos podem ser


classificados em monofásicos ou trifásicos e em assíncronos ou síncronos. Dentre os
tipos de motores existentes, os motores trifásicos assíncronos de indução são os mais
utilizados em função da simplicidade de construção, vida útil longa, custo reduzido de
compra e manutenção (MAMEDE FILHO, 2017).
77
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMO ELABORAR PROJETOS DE ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL VISANDO À
REDUÇÃO DO CONSUMO DE ELETRICIDADE

Julian Villelia Padilla

Nos projetos de iluminação industrial, existem diversos tópicos a serem


considerados a fim de proporcionar custos operacionais mais baixos do ponto de vista
energético. As oportunidades de economia estão presentes na escolha do conjunto
lâmpadas e luminárias, na definição de sua altura de fixação, nos automatismos
de comando (sensores de presença, temporizadores e sensores de iluminação), na
distribuição dos circuitos elétricos, no aproveitamento da iluminação natural e na
localização dos interruptores para atender às necessidades de iluminação do local e de
seus usuários.

O ponto de partida para um projeto de iluminação é definir o nível de luz do


ambiente, que leva em consideração as atividades que serão realizadas e o público
a ser atendido. A norma brasileira ABNT NBR 5413 – Iluminância de interiores define
a quantidade de lux necessária para diversos locais. Considerando que há uma
subjetividade importante na percepção de uma boa iluminação, é essencial que as
recomendações normativas sejam atendidas. Para confirmar a correção da iluminação,
é necessário realizar uma verificação prática por meio da medição do nível de iluminação
com um luxímetro e comparar com os valores normativos para dirimir qualquer dúvida
quanto à qualidade da iluminação.

Os fabricantes têm apresentado desenvolvimentos expressivos com a intenção


de proporcionar produtos cada vez mais eficientes e duráveis. Hoje existem alternativas
energeticamente mais eficientes na iluminação industrial, que englobam lâmpadas e
luminárias com rendimentos luminosos bem superiores aos verificados no passado.

Quanto às luminárias, o aumento do rendimento luminotécnico é alcançado


pelas geometrias refletivas adequadas à fonte luminosa, sendo utilizadas superfícies
espelhadas para direcionar a luz gerada pelas lâmpadas ao ambiente de trabalho. Em
ambientes industriais, é necessário levar em consideração aspectos relacionados com a
facilidade de manutenção do conjunto luminária e lâmpada e, caso existir no ambiente
industrial a possibilidade de vazamentos de produtos inflamáveis, os invólucros deverão
ser à prova de explosão para melhorar a segurança da instalação.

78
Os fabricantes tradicionais de lâmpadas e luminárias oferecem programas de
computador que rapidamente permitem quantificar o número de lâmpadas e luminárias
e a sua distribuição física para atender aos níveis de iluminação normalizados e
necessários para o ambiente em estudo.

Cabe ao projetista analisar duas ou três alternativas técnicas de iluminação


considerando seus custos de implantação e custos operacionais relativos à energia
elétrica. Deverão ser discutidas essas alternativas juntamente com os outros
profissionais do empreendimento, visando a conciliar os aspectos arquitetônicos e
funcionais, investimentos envolvidos, facilidades de operação e manutenção e custos
operacionais. O tempo gasto nestes estudos é plenamente justificado pelas economias
que podem ser alcançadas em uma análise mais abrangente

A seguir, há algumas recomendações práticas a serem consideradas durante a


fase de projeto, objetivando tornar a iluminação energeticamente mais eficiente:

• Aproveitar sempre que possível a iluminação natural. Em galpões industriais, é


possível utilizar telhas translúcidas que durante o dia permitem manter a iluminação
artificial total ou parcialmente desligada sem comprometer as atividades do local e
atender aos níveis de iluminação normativos;
• Distribuir os circuitos de alimentação das luminárias para facilitar os desligamentos
parciais conforme a iluminação natural existente.
• A altura de fixação da luminária tem uma influência importante na quantidade necessária
de luminárias para atender a um determinado nível de iluminação. A quantidade de lux é
função do inverso do quadrado da distância entre a fonte luminosa e o plano de trabalho,
de forma que quanto menor for a altura de fixação das luminárias menor será a sua
quantidade para atender ao limite normativo de iluminação;
• Uma boa prática dependendo do tipo de indústria é projetar uma iluminação ambiente
para circulação das pessoas e movimentação de materiais e adicionalmente pontos
de iluminação específica e localizados com as máquinas para proporcionar adequados
níveis de iluminação para os seus operadores;
• Escolher criteriosamente o nível de iluminação recomendado por norma para evitar
uma quantidade de pontos de iluminação sem necessidade;
• Além do investimento inicial, calcular os custos operacionais (reposição, mão de
obra e energia);
• Em ambientes menores ou setores diferenciados, prever interruptores individuais
para comando da iluminação;
• Estudar a adoção de automatismos como sensores de presença e sensores de iluminação
para desligar a iluminação artificial quando esta não for efetivamente necessária.

As grandes oportunidades de conservação de energia na iluminação estão na fase


do projeto e requerem uma análise cuidadosa e criteriosa para selecionar as alternativas
mais econômicas. Um projeto energeticamente mal concebido depois de instalado requer
novos investimentos e nem sempre é possível aproveitar o que já foi instalado.

79
Uma iluminação industrial bem projetada melhora o ambiente de trabalho,
aumenta a segurança dos funcionários, proporciona melhor produtividade, reduz custos
operacionais e, principalmente, contribui para a preservação do meio ambiente.

FONTE: <https://www.osetoreletrico.com.br/como-elaborar-projetos-de-iluminacao-industrial-visando-a-re-
ducao-do-consumo-de-eletricidade/ link>. Acesso em: 26 abr. 2021.

Acadêmico, neste tópico foram apresentados três métodos para determinação


do iluminamento de um ambiente de trabalho industrial. Enquanto o método dos
lúmens é caracterizado por aplicação simplificada, os métodos das cavidades zonais
e do ponto por ponto possuem aplicação complexa, embora resultem em valores mais
confiáveis. Outro aspecto abordado, diz respeito às eventuais falhas que podem ocorrer
em sistemas elétricos, as quais são classificadas em sobrecorrente e sobretensão. Os
dispositivos de proteção de sobrecorrente são os fusíveis, disjuntores, relés térmicos e
relés bimetálicos. Já os dispositivos de proteção contra sobretensão no que tange às
descargas atmosféricas são os para raios do tipo Franklin e Gaiola de Faraday.

80
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O iluminamento de um ambiente de trabalho industrial pode ser determinado pelo


método dos lúmens, método das cavidades zonais ou método do ponto por ponto.

• A seletividade de um sistema de proteção pode ser amperimétrica, cronométrica


ou lógica.

• Os dois principais sistemas de proteção contra descargas atmosféricas são o para-


raios do tipo Franklin e a gaiola de Faraday.

• A compensação reativa usualmente é feita através da instalação de capacitores. Em


função da localização dos dispositivos de compensação, pode ser classificada em
compensação global, por grupos ou individual.

• Os motores de corrente alternada são os mais utilizados, com destaque para os


motores trifásicos assíncronos de indução.

81
AUTOATIVIDADE
1 Determine o iluminamento de um galpão industrial com dimensões de 12 x 17 m
através do método dos lumens. Considerar que o iluminamento médio requerido para
a atividade desenvolvida no galpão é de 500 lux, que o fator de utilização é igual a
0,66 e que o fator de depreciação é de 0,70.

2 Com base nos dados do exercício anterior, determinar o número de luminárias


necessárias, considerando que o fluxo luminoso emitido por cada luminária que será
utilizada na instalação é de 22.000 lumens.

3 O iluminamento de um ambiente de trabalho pode ser calculado através de diversos


métodos. Diante disso, através do método ponto por ponto, calcular a iluminância
horizontal no ponto A, considerando que H= 2m, α = 30⁰ e I = 1296 cd.

a) ( ) 180 lux.
b) ( ) 210 lux.
c) ( ) 245 lux.
d) ( ) 315 lux.

4 No método ponto por ponto, a soma algébrica das contribuições verticais determina
o iluminamento e vertical naquele ponto. Isto posto, calcular a iluminância vertical no
ponto B, considerando que D= 1,5m, α = 30⁰ e I = 1296 cd.

82
a) ( ) 56 lux.
b) ( ) 63 lux.
c) ( ) 72 lux.
d) ( ) 109 lux.

5 Determinar a potência de um capacitor que altere o fator de potência de 0,85 para


0,92. Considerar que a potência efetiva (P) do sistema é igual a 200 Kw.

a) ( ) 35,87.
b) ( ) 36,91.
c) ( ) 38,72.
d) ( ) 42,63.

83
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410: Instalações
elétricas de baixa tensão, Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419-1: Proteção


contra descargas atmosféricas – Parte 1: Princípios Gerais. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419-2: Proteção contra


descargas atmosféricas – Parte 2: Gerenciamento de risco. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419-3: Proteção


contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida.
Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419-4: Proteção


contra descargas atmosféricas – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos internos na
estrutura. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5444: Símbolos


gráficos para instalações elétricas prediais. Rio de Janeiro, 1989.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISSO/CIE 8995-1:


Iluminação de ambientes de trabalho – Parte 1: Interior. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13534:


Instalações elétricas de baixa tensão — Requisitos específicos para instalação em
estabelecimentos assistenciais de saúde. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13570: Instalações


elétricas em locais de afluência de público – Requisitos específicos. Rio de Janeiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14039: Instalações


elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro, 2005.

BONJORNO, R. F. S. A.; BONJORNO, J. R.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. M. Física 3:


eletricidade. São Paulo: FTD, 1992.

BRASIL. ANEEL. Resolução Normativa n⁰ 414, de 9 de setembro de 2010. Estabelece


as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica. Disponível em: http://www2.
aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf. Acesso em: 28 mar. 2021.

84
BRITO, M. E. C. Dispositivos de compensação de energia reativa e controle
da tensão para redução de perdas técnicas em sistemas de distribuição.
2015. 177 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.

CERVELIN, S.; CAVALIN, G. Instalações elétricas prediais: Teoria e Prática. Curitiba:


Base Livros Didáticos, 2008.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Balanço Energético Nacional


Interativo, 2020. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-
energetica-e-eletrica#ELETRICA. Acesso em: 28 mar. 2021.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Consumo Anual de Energia Elétrica


por classe (Nacional), 2021. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/consumo-de-energia-eletrica. Acesso em: 28 mar. 2021.
FRANCHI, C. M. Acionamentos elétricos. 4 ed. São Paulo: Editora Érica, 2008.

LIMA FILHO, D. L. Projetos de instalações elétricas prediais. 6 ed. Editora Érica, 2001.

MAMEDE FILHO, J. Instalações Elétricas Industriais. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.


Rio de Janeiro: LTC, 2013.

MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais: de acordo com a norma


brasileira NBR 5419:2015 / João Mamede Filho. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

MINISTÉRIO DO TRABALHO. Portaria n⁰ 598, de 7 de dezembro de 2004. Norma


regulamentadora NR10. Diário Oficial da União, 2004.

NISKIER, J. Manual de Instalações Elétricas. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

SANTOS, J. N. Compensação do factor de potência. Faculdade de Engenharia


(FEUP), Universidade do Porto, 2006.

VIEIRA JUNIOR, N. Fundamentos de Instalações Elétricas. Curso Técnico em


Manutenção e Suporte em Informática, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Minas Gerais: IFMG, 2011.

85
86
UNIDADE 2 —

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE
ÁGUA FRIA E ÁGUA QUENTE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as partes constituintes e os sistemas de abastecimento de um sistema


predial de água fria;

• dimensionar a capacidade total de água potável a ser armazenada nos reservatórios;

• dimensionar as tubulações de sistemas prediais de água fria;

• estimar o consumo de água quente de uma edificação;

• conhecer os tipos e fontes de calor dos aquecedores;

• dimensionar as tubulações de sistemas prediais de água quente;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA: INTRODUÇÃO


TÓPICO 2 – INSTALÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA: DIMENSIONAMENTO E PROJETO
TÓPICO 3 – INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

87
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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88
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA:
INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
As instalações prediais de água fria, ou seja, aquelas destinadas à condução
de água na temperatura ambiente, correspondem ao conjunto de tubulações,
equipamentos, reservatórios e dispositivos, destinados ao abastecimento de aparelhos
e pontos de utilização de água em uma edificação. Este sistema deve ser independente
de outras instalações que conduzam água, como, por exemplo, água para reuso ou de
qualidade insatisfatória ou questionável (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

A norma técnica que estabelece os requisitos para projeto, execução, operação


e manutenção de sistemas prediais de água fria é a NBR 5626 (ABNT, 2020). De acordo
com a referida norma, os sistemas de água fria devem ser projetados, de modo que,
durante a vida útil de projeto, atendam as seguintes especificações:

• Preservar a potabilidade de água potável;


• Assegurar o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade adequada e com
pressões e vazões compatíveis com o funcionamento previsto dos aparelhos sanitários;
• Deve considerar acesso para verificação e manutenção;
• Prever setorização adequada do sistema;
• Evitar níveis de ruído inadequados;
• Minimizar a ocorrência de patologias;
• Garantir a manutenibilidade.

Destaca-se também a norma NBR 15575 – 6 (ABNT, 2013), a qual estabelece os


requisitos de desempenho para os sistemas hidrossanitários. Esta norma explora conceitos
que usualmente não são abordados em normas prescritivas, como, por exemplo, a
durabilidade dos sistemas, manutenção da edificação e o conforto dos usuários.

Nesse contexto, o Tópico 1 deste livro abordará as partes constituintes de um


sistema predial de água fria, os tipos de sistemas de abastecimento, a estimativa do
consumo diário de uma edificação, os reservatórios para armazenamento de água, bem
como aspectos pertinentes ao subtópico, como tipos de reservatórios, localização no
projeto e estimativa da capacidade dos mesmos. Por fim, será apresentada a rede de
distribuição de um sistema de água fria e os materiais usualmente empregados.

89
IMPORTANTE
É importante ressaltar que a norma de sistemas prediais de água fria
recentemente passou por uma revisão, dando origem a NBR 5626
(ABNT, 2020).

2 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA PREDIAL


DE ÁGUA FRIA
A Figura 1 ilustra as principais partes constituintes de um sistema predial de
água fria, sendo estas: ramal predial, cavalete, alimentador predial, reservatório inferior,
conjunto elevatório, tubulações de sucção e recalque, reservatório superior, barrilete,
colunas e ramais de distribuição. A seguir cada um destes elementos constituintes
serão apresentados com maiores detalhes.

FIGURA 1 – PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA FRIA


Reservatório
superior

Extravasor
Descarga
Barrilete

Ramais de
distribuição
Coluna de distribuição

Coluna de distribuição

Coluna de distribuição

Recalque

Extravasor

Conjuntos
elevatórios
Descarga
Ramal Cavalete Alimentador
predial predial Reservatório
inferior
Canaleta

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 19)

90
Quando a instalação da edificação é alimentada pela rede pública, a entrada de
água é feita através do ramal predial que corresponde à tubulação que interliga a rede
pública de distribuição à instalação predial, como pode ser observado na Figura 2. Nesse
contexto, a execução do ramal predial é responsabilidade da concessionária que efetua
o abastecimento da rede pública (CARVALHO JÚNIOR, 2017). Desta forma, no início da
obra solicita-se a ligação provisória do ramal predial, a qual, se já estiver definitivamente
locada, torna-se a ligação definitiva da edificação (BOTELHO; RIBEIRO JÚNIOR, 2014).

FIGURA 2 – ENTRADA DE ÁGUA FRIA EM UMA EDIFICAÇÃO

Registro
Muro
Hidrômetro
Abrigo do cavalete

Caixa para
registro de
calçada
Rua

Ramal predial

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 26)

Quando a instalação de água é feita pela rede pública, instala-se um medidor


de consumo, denominado de hidrômetro (Figura 3). Desta forma, o hidrômetro
visa quantificar o consumo de água de uma edificação para fins de cobrança e, em
função disso, deve possuir fácil acesso. Este dispositivo deve estar localizado em
um compartimento de alvenaria ou concreto, conforme ilustrado na Figura 4, o qual
tem como objetivo garantir a segurança do hidrômetro e protegê-lo contra danos,
deterioração, vandalismos e furtos. A canalização existente nessa região é chamada de
cavalete (CARVALHO JÚNIOR, 2017). Nesse contexto, segundo definição da NBR 10925
(ABNT, 2016), o termo cavalete refere-se ao conjunto de tubos, conexões e registros do
ramal predial, destinado à instalação do hidrômetro e respectivos tubetes ou limitador
de consumo, em posição afastada do piso. Isto posto, a norma estabelece os requisitos
para recebimento de cavaletes de PVC com diâmetro nominal de 20 mm destinados a
ramais prediais para hidrômetros de até 3 m³/h (ANBT NBR 10925, 2016).

FIGURA 3 – EXEMPLO DE UM HIDRÔMETRO

FONTE: <https://www.filbras.com.br/hidrometro-de-agua/>. Acesso em: 8 jun. 2021.

91
FIGURA 4 – COMPARTIMENTO DE PROTEÇÃO DO HIDRÔMETRO

FONTE: <https://bit.ly/3wwEuYR>. Acesso em: 8 jun. 2021.

O alimentador predial é a tubulação compreendida entre o ramal predial e a


primeira derivação ou válvula do reservatório, inferior ou superior (CARVALHO JÚNIOR,
2017). Desta forma, como pode ser observado na Figura 5, o alimentador predial
corresponde à tubulação que conduz a água do hidrômetro até a edificação.

FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO ALIMENTADOR PREDIAL

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 30)

A Figura 6 ilustra os elementos que compõe o conjunto elevatório. Como pode


ser observado, o mesmo é constituído por bombas centrífugas, motores elétricos de
indução, tubulação de sucção e de recalque e registros de gaveta e válvulas de retenção
nas tubulações de sucção e de recalque.

92
FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO CONJUNTO ELEVATÓRIO

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014)

O barrilete é o conjunto de tubulações que tem origem no reservatório e na qual se


derivam as colunas de distribuição. Já as colunas de distribuição de água correspondem
às tubulações que saem do barrilete, descem na posição vertical e alimentam os ramais
de distribuição nos pavimentos que, por sua vez, alimentam os sub-ramais dos pontos de
utilização, como pode ser observado na FIGURA 7 (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DO BARRILETE, COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO E RAMAIS DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2017)

93
3 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO
Para a definição do tipo de abastecimento, deve ser considerado o consumo
da edificação, características da oferta de água, a constância do abastecimento, as
necessidades mínimas de reserva e, no caso de captação local de água, as características
da água, o nível do lençol subterrâneo e a avaliação do risco de contaminação (ABNT
NBR 5626, 2020). Nesse âmbito, o sistema de abastecimento pode ser do tipo direto,
indireto ou misto, conforme será exposto nos subtópicos a seguir.

3.1 SISTEMA DIRETO


No sistema de abastecimento do tipo direto, a alimentação da rede predial é
feita diretamente da rede pública de abastecimento, conforme pode ser observado na
Figura 8. Nestes casos, não existem reservatórios na edificação para armazenamento da
água. Desta forma, embora este sistema possua um baixo custo de instalação, qualquer
interrupção no fornecimento de água do sistema pública ocasionará a falta de água na
edificação (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DIRETO

FONTE: Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 4)

3.2 SISTEMA INDIRETO


O sistema de abastecimento indireto é caracterizado pela utilização de
reservatórios que visam minimizar os problemas decorrentes da interrupção,
irregularidades ou variações na pressão do abastecimento da rede pública, conforme
ilustrado na Figura 9. Esta forma de abastecimento pode ser subdivida em sistema
indireto sem bombeamento, quando a pressão da rede é suficiente para alimentar o
reservatório superior e em sistema indireto com bombeamento, quando a pressão da
rede não é suficiente para alimentar diretamente o reservatório superior. No último caso
citado, usualmente adota-se um reservatório inferior, de onde a água é bombeada para
o reservatório superior através de um sistema de recalque. Por fim, a alimentação da
rede é feita por gravidade a partir do reservatório superior (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

94
FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO INDIRETO

FONTE: Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 5)

3.3 SISTEMA MISTO



Já no sistema de abastecimento misto, uma parcela da alimentação da rede
de distribuição é feita diretamente pela rede pública e uma parcela pelo reservatório
superior (Figura 10). De acordo com Carvalho Júnior (2014), este sistema é o mais
utilizado e o mais vantajoso em relação aos demais, visto que alguns pontos de
utilização podem ser alimentados diretamente pela rede, como torneira externas, áreas
de serviço, situados no pavimento térreo. Nestes casos, estes pontos de utilização terão
uma pressão de água maior, visto que a pressão da rede pública é superior à obtida a
partir do reservatório superior.

FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO MISTO

FONTE: Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 8)

4 ESTIMATIVA DO CONSUMO DIÁRIO


O consumo de água de uma edificação é função de diversos fatores como
disponibilidade de água, tipo do sistema de abastecimento, aspectos culturais e
socioeconômicos dos usuários, dentre outros. De acordo com Carvalho Júnior (2017), o
consumo diário per capita no Brasil varia entre 50 e 200 L de água. Nessa conjuntura, de
acordo com dados divulgados pela Secretaria Nacional de Saneamento (SNS), em 2019
o consumo médio diário de água per capita no Brasil foi de 153,9 L. O consumo mais
elevado per capita é na região Sudoeste, com um valor de 177,4 L. Em contrapartida,
o menor consumo é atribuído à região Nordeste, com um valor de 120,6 L (SNS, 2019).

95
Para o cálculo do consumo de água de uma edificação, devem ser levados
em consideração diversos aspectos. Conforme descrito na NBR 5626 (ABNT, 2020),
as peculiaridades de cada instalação, as condições climáticas, as características de
utilização do sistema, a tipologia do edifício e a população atendida são parâmetros
a serem considerados no estabelecimento do consumo. Nesse sentido, a coleta de
algumas informações pode auxiliar nesse cálculo, tais como: pressão e vazão nos
pontos de utilização; quantidade e frequência de utilização dos aparelhos; população;
condições socioeconômicas e climáticas, dentre outros. Além disso, a consulta do
projeto arquitetônico também auxiliará na identificação de atividades que podem
influenciar o consumo diário, como por exemplo quando o projeto prevê a construção
de uma piscina (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

Para uma estimativa do consumo diário de uma edificação pode ser utilizada
a Tabela 1, a qual apresenta a taxa de ocupação em função do tipo de utilização do
edifício e a Tabela 2 que contém o consumo per capita de acordo com a funcionalidade
da edificação. Isto posto, o consumo diário pode ser calculado através da Equação 1.
Para fins de cálculo do consumo diário de uma residência, recomenda-se considerar
cada quarto social habitado por duas pessoas e cada quarto de serviço, por uma pessoa
(CREDER, 2006).

Equação 1

Onde:
Cd - consumo diário (L/dia);
P - população que ocupará a edificação;
q - consumo per capita (L/dia).

TABELA 1 – TAXA DE OCUPAÇÃO EM FUNÇÃO DO TIPO DE UTILIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

Local Taxa de ocupação


Bancos Uma pessoa por 5 m² de área
Escritórios Uma pessoa por 6 m² de área
Pavimentos térreos Uma pessoa por 2,5 m² de área
Lojas-pavimentos superiores Uma pessoa por 5 m² de área
Museus e bibliotecas Uma pessoa por 5,5 m² de área
Salas de hotéis Uma pessoa por 5,5 m² de área
Restaurantes Uma pessoa por 1,4 m² de área
Teatros, cinemas e auditórios Uma cadeira para cada 0,70 m² de área
FONTE: Adaptado de Creder (2006)

96
TABELA 2 – CONSUMO DIÁRIO PER CAPITA

Prédio Consumo (L/dia)


Alojamentos 80 per capita
Casas populares ou rurais 120 per capita
Residências 150 per capita
Apartamentos 200 per capita
Hotéis (sem cozinha e lavanderia) 120 por hóspede
Hospitais 250 por leito
Escolas - internatos 150 per capita
Escolas - externatos 50 per capita
Quartéis 150 per capita
Edifícios públicos ou comerciais 50 per capita
Escritórios 50 per capita
Cinemas e teatros 2 por lugar
Templos 2 por lugar
Restaurantes e similares 25 por refeição
Garagens 50 por automóvel
Lavanderias 30 por kg de roupa seca
Mercados 5 por m² de área
Matadouros - animais de grande porte 300 por cabeça abatida
Matadouros - animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida
Fábricas em geral 70 por operário
Postos de serviço para automóvel 100 por veículo
Jardins 1,5 por m²
FONTE: Adaptado de Creder (2006)

Exemplo de cálculo:
Para exemplificar, iremos determinar o consumo de água diário de um escritório que
possui uma área de 430 m². Inicialmente é necessário estimar a taxa de ocupação do
ambiente, de acordo com os valores apresentados na Tabela 1. Como pode ser observado,
para um escritório recomenda-se adotar uma taxa de ocupação de 1 pessoa a cada 6 m².
Desta forma, estima-se uma ocupação de 430 m²/6m² = 72 pessoas. Posteriormente,
é necessário consultar a TABELA 2 para obter qual o consumo per capita usual em
função do tipo de utilização da edificação. Para um escritório é estabelecido um valor
de consumo diário per capita de 50 L/dia. Após a definição destes dois parâmetros é
possível calcular o consumo diário a partir da Equação 1.
97
P = 72 pessoas
q = 50 L/dia
Cd = P x q = 72 x 50 = 3600 L/dia.

5 RESERVATÓRIOS
Conforme previamente apresentado, no sistema de abastecimento indireto
é necessária a instalação de um reservatório para armazenamento de água, visando
a garantia da sua regularidade (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013). De acordo com
Carvalho Júnior (2017), em países da Europa e Estados Unidos o abastecimento de
água usualmente é feito diretamente pela rede publicação. Já no Brasil as edificações
brasileiras normalmente utilizam reservatório superior, o que faz com que as instalações
funcionem sob baixa pressão. O autor salienta que estes reservatórios são utilizados
com o intuito de compensar eventuais faltas de água na rede pública, em função de
falhar existentes no sistema e rede de distribuição.

A NBR 5626 (ABNT, 2020) estabelece que os reservatórios devem fornecer


proteção contra a incidência de luz; devem permitir a constatação visual e o reparo de
vazamentos e impossibilitar a contaminação da água por qualquer agente externo e, por
fim, devem ser resistentes à corrosão ou ser provido de internamente de outros meios
de proteção, como um revestimento protetor anticorrosivo adequado.

Nos subtópicos a seguir serão abordadas as características dos reservatórios


superior e inferior, os tipos de reservatórios existentes e recomendações a respeito da
altura, localização e capacidade destes locais destinados ao armazenamento de água.

5.1 RESERVATÓRIO SUPERIOR


O reservatório superior pode ser alimentado diretamente pelo alimentador
predial ou pelo sistema de recalque em função do tipo de sistema de abastecimento
adotado. De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 2020), com exceção das residências
unifamiliares isoladas, nos demais casos, os reservatórios elevados devem ser divididos
em dois ou mais compartimentos para possibilitar operações de manutenção sem que
ocorra a interrupção na distribuição de água para os pontos de utilização do edifícios. A
norma ainda cita que a capacidade do menor compartimento deve ser suficiente para
atender à demanda do maior período de pico de consumo do edifício, considerando o
intervalo de tempo estimado necessário para a realização da operação de manutenção.

Em relação à altura do reservatório superior, como ele alimenta os diversos pontos


de utilização por gravidade, deve estar situado sempre a uma altura superior a qualquer
ponto de consumo. Considerando que a pressão da água na rede pública apresenta
variações em função da posição na rede de distribuição, o reservatório superior deve

98
ficar em uma altura que possibilite que a pressão da rede seja suficiente para alimentá-
lo. Desta forma, recomenda-se como limite prático que a altura do reservatório em
relação à via pública não deve ser superior a 9 m. Nesse contexto, quando a pressão
da rede pública não for suficiente para abastecer diretamente o reservatório superior,
utiliza-se um sistema de recalque, composto por um reservatório inferior e superior
(CARVALHO JÚNIOR, 2017).

No que diz respeito à localização do reservatório superior, quando abastecido


diretamente pela rede pública, em prédios residenciais, usualmente localiza-se na
cobertura, o mais próximo possível dos pontos de consumo, visando reduzir a perda de
carga do sistema. Isto porque, quanto maior a perda de carga, menor a pressão dinâmica
nos pontos de utilização. Em residências de pequeno e médio porte, normalmente estão
localizados sob o telhado. Já nos prédios com três ou mais pavimentos, o reservatório
usualmente é localizado sobre a caixa da escada, em função da proximidade dos pilares
nessa região, como pode ser observado na Figura 11 (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 11 – RESERVATÓRIO LOCALIZADO SOBRE A CAIXA DE ESCADA


N.A

Reservatório
superior

H≥100 cm

Barrilete

Escada

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 42)

5.2 RESERVATÓRIO INFERIOR


Conforme previamente mencionado, quando o reservatório superior não pode
ser alimentado diretamente pela rede pública, utiliza-se um sistema de recalque, que
é composto por dois reservatórios, sendo um superior e outro inferior. Neste sistema, o
reservatório inferior é alimentado pela rede de distribuição, o qual através de um sistema
de recalque, alimenta o reservatório superior. Já o reservatório superior alimentará
os pontos de utilização por meio da gravidade. Desta forma, o reservatório inferior
99
usualmente é utilizado em prédios com três ou mais pavimentos, ou seja, com mais de
9 metros de altura, visto que para valores superiores a esse, a pressão na rede pública
geralmente não é suficiente para abastecer o reservatório superior, como exemplificado
na Figura 12 (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 12 – EDIFÍCIO COM SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA FRIA COM RESERVATÓRIOS SUPERIOR E INFERIOR
Reservatório
Superior

Reservatório
Inferior

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2017)

A NBR 5626 (ABNT, 2020) estabelece que o reservatório inferior pode ser
constituído por apenas um compartimento sempre que o volume de água destinada ao
consumo do reservatório superior superar o valor necessário durante o período estimado
para a operação de limpeza do reservatório inferior. Nestes casos, não há a necessidade
da subdivisão em compartimentos independentes do reservatório inferior.

Carvalho Júnior (2017) apresenta algumas recomendações a respeito da


localização do reservatório inferior. O autor menciona que o mesmo deve ser instalado
em locais de fácil acesso e afastado das tubulações de esgoto, visando evitar eventuais
vazamentos e contaminações. Além disso, quando localizados no subsolo, devem
possuir tampas elevadas pelo menos 10 cm em relação ao piso acabado, com o intuito de
também evitar contaminações e infiltrações no reservatório. Por fim, o autor salienta que
o projeto arquitetônico deve considerar um espaço destinado para o sistema elevatório,
usualmente denominado de “casa de bombas”.

5.3 TIPOS DE RESERVATÓRIO


Os reservatórios podem ser classificados em reservatórios moldados in loco
e reservatórios industrializados. Os reservatórios moldados in loco são destinados ao
armazenamento de grandes volumes de água, como pode ser observado na FIGURA 13.
Além disso, usualmente são construídos juntos à estrutura de edificação e podem ser
de concreto armado, alvenaria, ou outros tipos de materiais (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

100
FIGURA 13 – EXEMPLO DE RESERVATÓRIO DE CONCRETO MOLDADO IN LOCO

FONTE: <https://bit.ly/3PkV0nw>. Acesso em: 9 jun. 2021.

A capacidade do reservatório vai ser função do consumo da edificação e de


reservas destinadas ao combate de incêndio. Nesse contexto, o volume do mesmo
pode ser calculado através das Equações 2 e 3, para reservatórios com formato de
paralelepípedo ou cilindro, respectivamente.

V=Axh Equação 2

Onde:
V – volume do reservatório (m³);
A – área do reservatório (m²);
h – altura do reservatório (m).

V = π x r2 x h Equação 3

Onde:
V – volume do reservatório (m³);
r – raio do cilindro (m);
h – altura do reservatório (m).

IMPORTANTE
Para reservatórios moldados in loco, devem ser consideradas as normas:
NBR 6118 (ABNT, 2014) para execução de projetos de estruturas
de concreto e a NBR 9575 (ABNT, 2010) que estabelece algumas
recomendações sobre impermeabilização.

101
Já os reservatórios industrializados são fabricados com fibrocimento, fibra
de vidro, PVC, polietileno, dentre outros (Figura 14). Usualmente são utilizados para o
armazenamento de pequenas ou médias quantidades de água, com capacidade máxima
na ordem de 1000 a 2000 litros. Nessa conjunta destaca-se os reservatórios de plástico,
que apresentam superfície interna lisa, que reduz o acúmulo de sujeira em relação aos
demais tipos e são mais leves, o que facilita o transporte, instalação e manutenção
(CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 14 – RESERVATÓRIOS D'ÁGUA INDUSTRIALIZADOS A) FIBRA DE VIDRO B) POLIETILENO


E C) FIBROCIMENTO

FONTE: <https://insethunter.com.br/wp-content/uploads/2014/07/fibra-de-vidro.jpg;
https://insethunter.com.br/wp-content/uploads/2014/07/polietileno.jpg;
https://insethunter.com.br/wp-content/uploads/2014/07/fibrocimento.jpg>. Acesso em: 8 jun. 2021.

IMPORTANTE
As normas brasileiras para reservatórios de plástico são as descritas a seguir:

• NBR 14799 (ABNT, 2018) - Reservatório com corpo em polietileno, com


tampa em polietileno ou em polipropileno, para água potável de volume
nominal até 3 000 L - Requisitos e métodos de ensaio;
• NBR 14800 (ABNT, 2018) - Reservatório com corpo em polietileno, com
tampa em polietileno ou em polipropileno, para água potável de volume
nominal até 3 000 L - Transporte, manuseio, instalação, operação,
manutenção e limpeza

5.4 ELEMENTOS COMPLEMENTARES


Neste subtópico serão abordados os elementos complementares de
reservatórios, conforme ilustrado na Figura 15.

102
FIGURA 15 – ELEMENTOS COMPLEMENTARES DE UM RESERVATÓRIO
Ventilação
Reservatório superior
(caixa-d'água)

Extravazor

Tubo de limpeza

Alimentação Base de apoio


Consumo
da caixa

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 51)

A tubulação de alimentação da caixa d’água consiste no local em que onde


ocorrerá a entrada de água proveniente do sistema público/privado de abastecimento.

O extravasor, também conhecido como “ladrão”, é uma tubulação que tem como
função escoar os eventuais excessos no nível de água do reservatório, evitando o seu
transbordamento. O extravasor deve escoar livremente, de modo a indicar rapidamente
a ocorrência de falhas no sistema. Nesse contexto, são utilizados dispositivos para
controlar a entrada de água e manutenção do nível operacional desejado. Para este fim
são utilizadas torneira de boia ou automático de boia. A torneira de boia é o dispositivo
geralmente utilizado quando o abastecimento ocorre por gravidade. Já o automático de
boia é empregado quando o abastecimento é composto por sistema de recalque. Este
dispositivo fica localizado em ambos os reservatórios e aciona o motor bomba quando o
nível da água atinge um nível mínimo determinado no reservatório superior, desligando-
se ao atingir o nível máximo do reservatório. Isto posto, o sistema funciona de maneira
independente (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

Como pode ser observado na Figura 15, a tubulação de saída (consumo) deve
preferencialmente estar localizada na parede oposta à da alimentação, com o intuito
de evitar a formação de áreas de estagnação de água. Por fim, também deve ser
prevista uma tubulação de limpeza, destinada à higienização periódica e para o total
esvaziamento em caso de manutenção. Desta forma, deve estar posicionada em um
dos cantos do reservatório (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

O reservatório também apresenta como elemento complementar uma


tubulação de ventilação, com saída veda por uma tela, que tem como finalidade evitar a
retrossifonagem da água e a sua eventual contaminação. A retrossifonagem corresponde
ao refluxo de água servida, contaminada ou poluída para o sistema de abastecimento
de água potável, que ocorre em decorrência de pressões negativas no sistema.

103
5.5 CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS
Para a definição da capacidade total de água potável a ser armazenada, deve ser
considerada a frequência e a duração de eventuais interrupções do abastecimento. Isto
posto, o volume total de água reservado deve atender no mínimo 24 horas de consumo
normal do edifício e deve levar em consideração o volume adicional de água para
combate a incêndio, quando este estiver armazenado conjuntamente (ABNT NBR 5626,
2020). Carvalho Júnior (2017) destaca que a reserva de incêndio deverá ser acrescida à
capacidade destinada ao consumo quando armazenada no reservatório superior ou em
um reservatório independente.

De acordo com Creder (2006), recomenda-se prever reservatórios com a


capacidade suficiente para dois diais de consumo, de forma que 60% sejam armazenados
no reservatório inferior e 40% no reservatório superior. Além disso, o autor salienta que
deve ser previsto uma reserva destinada ao combate de incêndios, estimada em 15
a 20% do consumo diário. Para residências de pequeno porte, Carvalho Júnior (2017)
recomenda uma reserva mínima de 500 L. Desta forma, a capacidade de um reservatório
pode ser calculada pela Equação 4.

CR = 2 x Cd Equação 4

Onde:
CR – capacidade total do reservatório (L);
Cd – consumo diário (L/dia).

Nesse contexto a NBR 5626 (ABNT, 2020) define que o volume total de água
potável armazenada no reservatório deve ser limitado a um valor que assegure a sua
potabilidade dentro do período de detenção médio. Contudo, na impossibilidade de
determinar o volume máximo permissível, recomenda-se limitar o volume total ao valor
que corresponda a três dias de consumo diário.

Exemplo de cálculo:
Vamos dimensionar a capacidade de armazenamento dos reservatórios superior e
inferior de um edifício com 10 pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento,
sendo que cada apartamento possui dois dormitórios.
Considerando 2 pessoas por quarto :
P = (2 x 2) = 4 pessoas/apartamento
N = 10 x 4 = 40 apartamentos
P = 4 pessoas/apartamento x 40 apartamentos = 160 pessoas
De acordo com a TABELA 2, considerando que para apartamentos o consumo per capita
é de 200 L/dia calculamos o consumo diário:
Cd = P x q = 160 x 200 = 32.200 L
O volume a ser reservado corresponde ao dobro do consumo diário:
CR = 2 x Cd = 2 x 32.000 = 64.000 L

104
Considerando que a reserva destinada ao combate de incêndio deve ser de 15% a 20%
o consumo diário, a reserva de incêndio (RIC):
RIC = 0,2 x Cd = 0,2 x 32.200 = 6.400 L
Considerando que a reserva destinada ao combate de incêndio será armazenada no
reservatório superior e que 60% do volume destinado ao consumo será armazenado no
reservatório inferior e 40% no superior:
RS = 0,4 x CR = 0,4 x 64.000 + 6.400 = 25.600 + 6.400 = 32.000 L
RI = 0,6 x CR = 0,6 x 64.000 = 38.400 L

6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO
A rede de distribuição de um sistema predial de água fria é composta por
um conjunto de tubulações que interligam os pontos de utilização ao reservatório da
edificação. Nesse contexto, recomenda-se a divisão da rede de distribuição em função
dos pontos de consumo. Para isso, os pontos de consumo dos banheiros usualmente
são alimentados por uma tubulação independente, e os pontos de consumo da cozinha
e lavanderia por outra tubulação. Essa divisão torna a canalização mais econômica, visto
que quanto menor o número de pontos de utilização de uma rede, menor o diâmetro da
canalização e, assim, menor o seu custo (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

6.1 BARRILETE
O conjunto de tubulações que saem do reservatório e alimentam as colunas
de distribuição são denominadas de barrilete. O barrilete pode ser classificado em dois
tipos, sendo estes: concentrado ou ramificado, conforme ilustrado na FIGURA 16. O tipo
concentrado permite que os registros de operação fiquem localizados em uma área
restrita, facilitando a segurança e controle do sistema. Já o tipo ramificado apresenta
os registros com um maior espaçamento e é mais econômico, visto que possibilita uma
menor quantidade de tubulações junto ao reservatório (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

FIGURA 16 – BARRILETE A) CONCENTRADO E B) RAMIFICADO

FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 17)

105
6.2 COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO, RAMAIS E SUB-RAMAIS
As colunas de distribuição são as tubulações que saem do barrilete e desenvolvem-
se verticalmente alimentando os ramais. De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 2020), deve ser
prevista setorização através da utilização de registro de fechamento ou de dispositivo de
idêntica finalidade na coluna de distribuição, posicionado à montante do primeiro ramal,
conforme pode ser observado na Figura 17.

FIGURA 17 – EXEMPLIFICAÇÃO DA SETORIZAÇÃO DAS COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013)

Os ramais correspondem às tubulações que derivam das colunas de


distribuição e são destinadas a alimentar os sub-ramais. Os sub-ramais, por sua vez,
são responsáveis por ligar os ramais aos pontos de utilização e aparelhos sanitários. A
NBR 5626 (ABNT, 2020) estabelece que deve ser previsto registro de fechamento ou
dispositivo de idêntica finalidade no ramal, posicionado a montante do primeiro sub-
ramal em ao menos um dos ambientes sanitários da unidade autônoma.

6.3 MATERIAIS UTILIZADOS


De acordo com Carvalho Júnior (2017) existem diversos componentes que
são utilizados em sistemas prediais de água fria, sendo estes: tubos e conexões,
válvulas, registros, hidrômetros, bombas, reservatórios, dentre outros. Os materiais
mais empregados para a tubulação são o cloreto de polivinila (PVC), o aço galvanizado
e o cobre. Nessa conjuntura, os tubos e conexão de PVC são amplamente utilizados
em função da leveza e facilidade de transporte e manuseio, durabilidade, resistência
à corrosão, facilidade de instalação, baixo custo e reduzida perda de carga. Entretanto
apresentam como desvantagens a baixa resistência ao calor e a degradação quando
expostos por longos períodos ao sol. Já os tubos de aço galvanizado geralmente são
utilizados em instalações aparentes e nos sistemas de combate a incêndio. Por fim,
destaca-se que as tubulações de cobre são mais empregadas nas instalações de água
quente (CARVALHO JÚNIOR, 2017).
106
6.4 DISPOSITIVOS CONTROLADORES DE FLUXO
Os dispositivos controladores de fluxo têm como objetivo controlar, interromper
e estabelecer o fluxo de água nas tubulações e aparelhos sanitários. Os dispositivos
mais utilizados são: torneiras, misturadores, registros de gaveta, registros de pressão,
válvulas de descarga (Figura 18a), válvulas de retenção (Figura 18b), válvulas de alívio ou
redutoras de pressão (Figura 18c).

FIGURA 18 – EXEMPLO DE VÁLVULA DE DESCARGA (A), VÁLVULA DE RETENÇÃO (B)


E VÁLVULA REDUTORA DE PRESSÃO (C)

FONTE: <https://bit.ly/3yCNoH9
https://bit.ly/38AGdV4
https://bit.ly/39n8Hlm>. Acesso em: 9 jun. 2021.

Nesse contexto, o registro de gaveta (Figura 19a) funciona totalmente aberto


ou fechado, e tem como finalidade fechar o fluxo de água para a manutenção da rede.
Já o registro de pressão (Figura 19b) controla a vazão que passa pela tubulação, como
exemplo cita-se o registro instalado na tubulação de um chuveiro. A Figura 19 exemplifica
bem a diferença no mecanismo de funcionamento entre os dois tipos de registros
anteriormente apresentados, enquanto o registro de gaveta possibilita interromper
totalmente o fluxo de água, o registro de pressão permite o controle do fluxo de água
(CARVALHO JÚNIOR, 2014).

FIGURA 19 – EXEMPLO DE REGISTRO DE GAVETA (A) E REGISTRO DE PRESSÃO (B)

FONTE: <https://bit.ly/3sFcDoh
https://bit.ly/3PnM3tw> Acesso em: 9 jun. 2021.

107
Neste tópico foram apresentados os principais elementos que compõem
um sistema predial de água fria. Posteriormente, foram discutidas as formas de
abastecimento de água de uma edificação e as particularidades de cada sistema, bem
como as situações em que os sistemas direto, indireto e misto são recomendados.
Nessa conjuntura, quando existem problemas de interrupção, irregularidades e
variações na pressão na rede de abastecimento o sistema indireto ou misto são os mais
adequados. Também foram apresentadas algumas recomendações para a estimativa
do consumo diário de água de uma edificação e do volume a ser armazenado nos
reservatórios superior e inferior. Além disso, destacou-se elementos complementares
de um reservatório que são fundamentais para o seu correto funcionamento e que tem
como objetivo evitar a interrupção, vazamentos, sobre pressões e a contaminação da
água da rede de abastecimento. Por fim, foram elencados os dispositivos controladores
de fluxo que também compõem um sistema predial de água fria.

108
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O abastecimento de um sistema predial de água fria pode ser do tipo direto, indireto
ou misto.

• A estimativa do consumo diário de água de uma edificação leva em consideração a


população que ocupa o edifício e o consumo per capita.

• Para o dimensionamento da capacidade dos reservatórios considera-se o consumo


de água de dois dias.

• 60% do volume de água reservado deve ser armazenado no reservatório inferior e


40% no reservatório superior.

109
AUTOATIVIDADE
1 No sistema de abastecimento indireto utiliza-se um reservatório para armazenamento
de água, visando a garantia da sua regularidade. Tendo isso em vista, calcular a
capacidade do reservatório de um hotel que pode acomodar 40 hóspedes.

a) ( ) 4.800 L.
b) ( ) 5.300 L.
c) ( ) 6.200 L.
d) ( ) 9.600 L.

2 Quando a pressão da rede de abastecimento não é suficiente para alimentar


diretamente o reservatório superior, utiliza-se um sistema de recalque, que é
composto por dois reservatórios, sendo um superior e outro inferior. Diante disso,
calcular a capacidade dos reservatórios inferior e superior de uma biblioteca com
1.540 m2 de área útil. Considerar o consumo de 50 litros per capita.

a) ( ) RI = 11.200 L e RS = 16.800 L.
b) ( ) RI = 16.800 L e RS = 11.200 L.
c) ( ) RI = 8.400 L e RS = 5.600 L.
d) ( ) RI = 5.600 L e RS = 8.400 L.

3 Calcular a capacidade dos reservatórios inferior e superior de um edifício residencial


de doze pavimentos, com dois apartamentos por pavimento, sendo que cada
apartamento possui dois dormitórios. Adotar reserva de incêndio de 15 mil litros,
prevista para ser armazenada no reservatório superior.

4 A determinação do consumo diário e volume a ser armazenado nos reservatórios


de uma edificação são os primeiros passos para o dimensionamento de um sistema
de água fria. Tendo isso em vista, calcular o volume de água a ser armazenado nos
reservatórios de uma loja composta por dois pavimentos, considerando que a área
útil do pavimento térreo é de 350 m² e do pavimento superior é de 150 m².

110
5 As instalações prediais de água fria compreendem o conjunto de tubulações,
equipamentos, reservatórios e dispositivos, destinados ao abastecimento de
água em uma edificação. A respeito deste sistema classifique as afirmações em
Verdadeiras e Falsas:

( ) O sistema de recalque é utilizado quando o reservatório superior não pode ser


alimentado diretamente pela rede pública em decorrência da pressão insuficiente.
( ) 60% da capacidade dos reservatórios deve ser armazenada no reservatório superior
e 40% no reservatório inferior.
( ) O barrilete do tipo ramificado é mais econômico, uma vez que é caracterizado por
uma menor quantidade de tubulações junto ao reservatório.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

111
112
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA:
DIMENSIONAMENTO E PROJETO

1 INTRODUÇÃO
De maneira geral, o projeto de uma instalação predial de água fria engloba três
etapas, sendo estas: planejamento, dimensionamento, desenhos e memoriais descritivos.
A etapa de planejamento deve levar em consideração todas as normas técnicas
pertinentes, bem como as particularidades e os fatores intervenientes de cada edificação.
Posteriormente é realizada a estimativa do consumo da edificação e o dimensionamento
propriamente dito de todas as tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos
que constituem o sistema predial. Por fim, as plantas, isométricos e detalhes construtivos
necessários para o correto entendimento do projeto são elaborados. Nessa última etapa
também é definida a relação de materiais, equipamentos, o orçamento e os procedimentos
de execução (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 2020), os projetos de água fria devem
contemplar os seguintes elementos: premissas de cálculo; critérios e métodos de
dimensionamento; memorial descritivo; volume de armazenamento; pressões de trabalho;
fontes de abastecimento de água; previsão de dispositivos de segurança; desenho,
detalhes e diagramas verticais que facilitem a compreensão do projeto; especificação
da operação e controle de dispositivos elétricos; especificação dos componentes e
aparelhos sanitários e, por fim, a vida útil do projeto e os procedimento e periodicidade
de manutenções. Nessa conjuntura, é importante salientar que o projeto de instalações
prediais de água fria deve ser desenvolvido de maneira concomitante aos projetos
arquitetônicos, estruturais, de modo a garantir uma compatibilização entre todos os
requisitos técnicos, econômicos e de segurança envolvidos (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

Diante disso, no Tópico 2 os dimensionamentos do ramal predial, hidrômetro,


alimentador predial, sistema elevatório e tubulações serão apresentados. Adicionalmente,
serão abordados aspectos relacionados com a representação gráfica de projetos prediais
de água fria.

113
2 RAMAL PREDIAL
Para o dimensionamento do ramal predial pode-se estimar a vazão mínima (Qmín)
através da Equação 5 e o diâmetro mínimo (Dmin) com base na Equação 6. Para o cálculo,
admite-se que o abastecimento de água é contínuo e que a vazão deve ser suficiente
para atender ao consumo diário por 24 horas. Em relação à velocidade, recomenda-se
adotar valor na faixa de 0,6 m/s < V < 1,0 m/s (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

Equação 5

Equação 6

Onde:
Cd – consumo diário (L);
Qmin – vazão mínima (L/s);
Dmin – diâmetro mínimo (m);
V – velocidade (m/s).

Botelho e Ribeiro Junior (2013) mencionam que é necessário consultar a


concessionária responsável pelo abastecimento para a definição do diâmetro do ramal
predial. Além disso, os autores comentam que o diâmetro usualmente adotado por grande
parte das concessionária é o de 25 mm (3/4”) para residências.

Exemplo de cálculo:
Considerando uma edificação com consumo diário de 20.000L dimensionaremos o
diâmetro do ramal predial que abastecerá o edifício.
Cd = 20.000 L

Após a determinação da vazão mínima, calcularemos o diâmetro mínimo da tubulação.


Para isso, adotaremos uma velocidade mínima de 0,6 m/s. Esse valor foi adotado porque
refere-se à situação mais desfavorável, ou seja, a que resultará em maior diâmetro,
evitando assim subdimensionamento da tubulação.

O diâmetro calculado é de 22,16 cm. Desta forma, adotaremos o diâmetro comercial


mais próximo deste valor, que é 25 mm.

114
3 HIDRÔMETRO
As características do hidrômetro, cavalete e abrigo são definidas pelas
concessionárias locais com base na vazão prevista para a edificação. Na Tabela 3
são exemplificadas algumas especificações para os hidrômetros em função da vazão
provável diária (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013). Como pode ser observado na tabela,
a partir do consumo provável diário da edificação, as concessionárias usualmente
recomendam a vazão característica do hidrômetro, assim como o diâmetro do cavalete
e as dimensões do abrigo do hidrômetro.

TABELA 3 – ESPECIFICAÇÕES HIDRÔMETRO

Hidrômetro Dimensões do
Diâmetro do Diâmetro
Consumo Vazão abrigo (altura
ramal predial do cavalete
provável (m³/ característica (m³/ x largura x
(mm) (mm)
dia) hora) profundidade) (m)
20 5 3 20 0,85 x 0,65 x 0,30
25 8 5 25 0,85 x 0,65 x 0,30
25 16 10 32 0,85 x 0,65 x 0,30
25 30 20 40 0,85 x 0,65 x 0,30
50 50 30 50 2,00 x 0,90 x 0,40
FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 36)

4 ALIMENTADOR PREDIAL
Para o dimensionamento do alimentador predial deve-se adotar o mesmo
diâmetro calculado para o ramal predial, a partir das Equações 5 e 6 previamente
apresentadas. Destaca-se que para as edificações caracterizadas por um sistema de
abastecimento direto, o ramal predial também atuará como um sistema de distribuição
e, portanto, deverá ser dimensionado como barrilete, como será apresentado nos
subtópicos a seguir (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

5 SISTEMA ELEVATÓRIO
O trecho que conduz a água da bomba até o reservatório superior é denominado
de tubulação de recalque. O dimensionamento do diâmetro desta tubulação é realizado
com base na fórmula de Forchheimer, conforme a Equação 7 (CREDER, 2006).

Equação 7
Onde:
D – diâmetro (m);
Q – vazão (m³/s);
X – horas de funcionamento em 24 horas.

115
A Equação 7 originou o ábaco apresentado na Figura 20. A partir dos dados de
entrada: vazão e tempo de funcionamento, obtém-se o diâmetro da tubulação de recalque.

FIGURA 20 – ÁBACO PARA DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO DE RECALQUE

FONTE: CREDER (2006, p. 31)

NOTA
O ábaco consiste em um instrumento para fazer cálculos matemáticos. Como
pode ser observado na Figura 21, simplifica o dimensionamento do diâmetro da
tubulação de recalque de um sistema elevatório.

IMPORTANTE
A Tabela 4 apresenta a conversão de diâmetros expressos em polegadas
para a unidade de milímetros.

116
TABELA 4 – CONVERSÃO POLEGADAS EM MILÍMETROS

Polegadas Milímetros
1/2'' 15
3/4'' 20
1'' 25
1 1/4'' 32
1 1/2'' 40
2'' 50
2 1/2'' 60
3'' 75
4'' 100
Fonte: A autora (2021)

Deve-se adotar para a tubulação de sucção no mínimo um diâmetro comercial


acima do diâmetro adotado para a tubulação de recalque (CREDER, 2006).

O recalque em edificações usualmente é realizado através de bombas centrífugas


acionadas por motores elétricos. Para o dimensionamento da potência da bomba, é
necessário determinar a altura manométrica, a vazão e o rendimento do conjunto de
motor-bomba (CREDER, 2006). Desta forma, como pode ser observado na Figura 21, a
altura manométrica corresponde a soma das alturas geométricas de sucção e recalque
e das alturas atribuídas às perdas dos trechos de sucção e recalque.

FIGURA 21 – REPRESENTAÇÃO DA ALTURA MANOMÉTRICA

FONTE: A autora (2021)

ESTUDOS FUTUROS
O conceito de perda de carga das tubulações será abordado com maior
profundidade no próximo subtópico desta apostila.

117
A potência do conjunto motor-bomba pode ser determinada de acordo com a
Equação 8, onde P é a potência (CV), Hman a altura manométrica (m), Q a vazão (m³/s) e
n o rendimento do conjunto motor-bomba (CREDER, 2006).

Equação 8

Nesse contexto, alguns fabricantes também fornecem alguns ábacos para


a determinação da potência do conjunto motor-bomba, conforme exemplificado na
Figura 22.

FIGURA 22 – ÁBACOS PARA A SELEÇÃO DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA

FONTE: KBS (2005, p. 6)

6 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES


As tubulações em sistemas prediais de água fria trabalham como condutos
forçados. Diante disso, para o dimensionamento incialmente é necessário definir e
caracterizar os seguintes parâmetros hidráulicos: vazão, velocidade, perda de carga e
pressões. A partir da definição da vazão, com base no consumo dos diversos pontos de
utilização da edificação, e da velocidade, usualmente fixada em no máximo 3 m/s, por
intermédio de ábacos obtém-se a e perda de carga e o diâmetro mais adequado para
o projeto. Definidos todos estes parâmetros, verifica-se a pressão mínima nos diversos
pontos de utilização e a pressão máxima nos equipamentos e na tubulação (BOTELHO;
RIBEIRO JUNIOR, 2013).
118
6.1 VAZÃO
A vazão deve atender as condições mínimas estabelecidas previamente no
projeto da instalação, de forma a evitar que o uso simultâneo de peças de utilização
possa comprometer o fornecimento de água e acarretar desconfortos ao usuário. De
maneira geral, a vazão mínima está atrelada ao bom funcionamento dos equipamentos
de utilização e dos sub-ramais (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

No que tange à vazão, a NBR 5626 (ABNT, 2020) estabelece que o projeto deve
elencar as vazões consideradas nos pontos de utilização dos aparelhos sanitários para
o dimensionamento de distribuição, quando um ou mais pontos de utilização foram
considerados em uso. Além disso, o projeto deve conter as vazões máximas consideradas
nos pontos de utilização.

6.2 VELOCIDADE
Em relação à velocidade das tubulações, as mesmas devem ser dimensionadas
de modo a limitar a velocidade de escoamento com o intuito de evitar a geração e a
propagação de ruídos excessivos. Além disso, a limitação da velocidade também deve
evitar golpes de aríete com intensidades que podem trazer prejuízos aos componentes
da instalação. Diante disso, recomenda-se um limite máximo de velocidade de água de
3 m/s. Este valor não evita o golpe de aríete, contudo limita a intensidade dos picos de
sobre pressão (NBR 5626, 2020).

A velocidade pode ser verificada a partir da Equação 9, onde “Q” é a vazão na


tubulação (m³/s) e “A” a área da seção interna da tubulação (m²),

Equação 9

6.3 PERDA DE CARGA


Durante o escoamento de um fluido ocorre a perda de energia em função do
atrito resultante do movimento relativo entre suas partículas. Desta forma, a perda
de carga pode ser caracterizada como a diferença entre as energias inicial e final de
um líquido, quando o mesmo flui em uma tubulação de um ponto a outro (CARVALHO
JÚNIOR, 2014). Nesse sentido, conforme ilustrado na Figura 23, as perdas de cargas
podem ser classificadas em:

• Perda de carga distribuída: ocorre ao longo de toda a tubulação em decorrência do


atrito da água.
• Perda de carga localizada: perdas ocasionadas por conexões, válvulas, registros,
dentre outros em função da turbulência nessas regiões.

119
FIGURA 23 – EXEMPLOS DE PERDA DE CARGA

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 89)

IMPORTANTE
O somatório das parcelas de perdas de carga distribuída e localizada
corresponde à perda de carga total no trecho analisado.

Nesse âmbito, a intensidade da perda de carga está atrelada a dois aspectos,


sendo estes: viscosidade e turbulência. Diante disso, quanto maior o comprimento
da tubulação e o número de conexões, maior a ocorrência de atritos e choques e,
consequentemente, maior a perda de carga. Outro fator que exerce influência sobre as
perdas de carga está relacionado com a rugosidade e o diâmetro dos tubos. De maneira
análoga, quanto maior a rugosidade e menor o diâmetro, maiores os valores de perda de
carga. Cabe salientar que quanto maior a perda de carga de um sistema, menor a pressão
disponível nas peças de utilização, o que pode trazer problemas no funcionamento dos
mesmos. Como todo escoamento está associado a perdas de carga, deve-se buscar
reduzir estes valores a níveis aceitáveis que não comprometam o fornecimento de
pressão das peças de utilização (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

A perda de carga distribuída pode ser calculada através de diversas equações.


A fórmula de Fair-Whipple-Hsiao usualmente é indicada para o dimensionamento da
tubulação de instalações prediais de água fria e quente, as quais são caracterizadas
por trechos curtos de tubulação, diâmetros inferiores geralmente inferiores a 100 mm.
A perda de carga distribuída de tubulações de aço galvanizado e ferro fundido podem
ser calculadas a partir da Equação 10. Já as perdas de carga de tubulações de cobre ou
plástico são calculadas através da Equação 11.

Equação 10

Equação 11

120
Onde:
Q – vazão (m³/s);
J – perda de carga (m/m);
D – diâmetro (m).

Além disso, também podem ser utilizados ábacos para simplificar o


dimensionamento das tubulações. A Figura 24 contém o ábaco de Fair-Whipple-Hsiao
para a determinação da perda de carga de tubulações de aço galvanizado e ferro
fundido. E a Figura 25 o ábaco para as tubulações de cobre e PVC.

FIGURA 24 – ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE AÇO GALVANIZADO E FERRO


FUNDIDO

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 92)

121
FIGURA 25 – ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE COBRE E PLÁSTICO

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 93)

A utilização dos ábacos apresentados na Figura 24 e Figura 25 é bastante


simples. Para a determinação da perda de carga distribuída (m/m), basta entrar no ábaco
com o diâmetro da tubulação ( polegadas ou mm) e com a vazão (L/s), traçando uma reta
passando pelos respectivos valores de D e Q e verificar em qual valor a linha intercepta
o eixo relativo à perda de carga. Para exemplificar, considerando uma tubulação de PVC
com D = 40 mm e Q = 1,2 L/s, obtém-se uma perda de carga de aproximadamente J=
0,03 m/m, conforme pode ser observado na Figura 26.

122
FIGURA 26 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES
DE PLÁSTICO

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 93)

É pertinente salientar que em relação aos tubos de aço galvanizado e ferro, os


tubos de PVC resultam em menores perdas de carga, porque são caracterizados por
paredes mais lisas (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

As perdas de carga localizadas são convertidas em um comprimento equivalente


de tubulação, conforme apresentado na Figura 27.

123
FIGURA 27 – PERDA DE CARGA LOCALIZADA - COMPRIMENTOS EQUIVALENTES EM METROS
DE TUBULAÇÃO DE PVC

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 94)

6.4 PRESSÕES
Em relação as pressões nas tubulações prediais, podem ser definidos três
conceitos: pressão estática, aquela que ocorre nos tubos quando a água está parada,
pressão dinâmica, que ocorre quando a água está em movimento e , por fim, pressão de
serviço, que consiste na máxima pressão que pode ser aplicada na tubulação, conexão,
ou qualquer outro tipo de dispositivo quando em uso normal (CARVALHO JÚNIOR, 2014).
A Figura 28 ilustra as pressões estática e dinâmica.

124
FIGURA 28 – PRESSÕES ESTÁTICA E DINÂMICA

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 77 e 78)

NOTA
As pressões são expressas nas unidades descritas a seguir:
1 kgf/cm² = 10 m.c.a (metro de coluna d’água) = 100 kPa = 0,1 MPa.

A NBR 5626 (ABNT, 2020) define que nos pontos de utilização a pressão dinâmica
de água não pode ser inferior a 10 kPa (1 m.c.a). Já no sistema de distribuição, a pressão
dinâmica deve ser de pelo menos 5 kPa (0,5 m.c.a). Esses valores objetivam impedir que o
ponto crítico da rede de distribuição possa apresentar pressão negativa e para que as peças
de utilização tenham um bom funcionamento (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

No que tange à pressão estática, a NBR 5626 (ABNT, 2020) estabelece que o
valor não pode superar 400 kPa (40 m.c.a) nos pontos de utilização. Essa restrição tem
o intuito de limitar a pressão e a velocidade da água, a fim de evitar ruídos indesejados,
o golpe de aríete e atender o limite de pressão nas tubulações e aparelhos de consumo.
Tendo isto em vista, a diferença entre a altura do reservatório superior e o ponto mais
baixo da instalação não deve ser superior a 40 metros. Desta maneira, considerando
um pé-direito de 3 m, um número superior a 13 pavimentos não pode ser abastecido
diretamente pelo reservatório superior, sem a devida proteção do sistema (BOTELHO;
RIBEIRO JUNIOR, 2013).

Segundo Carvalho Júnior (2014), a solução mais usual em edifícios altos,


caracterizados por pressão estática superior a 40 m.c.a, é a utilização de válvulas
automáticas de redução de pressão. Esses dispositivos reguladores de pressão podem
ser instalados em pontos intermediários da edificação ou no subsolo do prédio. Uma
alternativa também é a utilização de reservatórios intermediários. As duas soluções
mencionadas anteriormente são ilustradas na FIGURA 29.

125
FIGURA 29 – SOLUÇÕES PARA A REDUÇÃO DA PRESSÃO DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS ALTOS
Reservatório superior Reservatório superior

30 m
Reservatório Válvula redutora
intermediário de pressão

30 m
Reservatório duplo

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 82 e 83).

Adicionalmente, a NBR 5626 (ABNT, 2020) também menciona que eventuais


sobre pressões também devem ser consideradas no dimensionamento das tubulações.
Em relação a isso, a norma define que as sobre pressões em relação à pressão dinâmica
de projeto, não devem superar 200 kPa (20 m.c.a).

Exemplo de cálculo:
Determinar a perda de carga total de uma tubulação de PVC com 11 metros de
comprimento com uma vazão de Q = 0,95 L/s e diâmetro D = 40 mm. Considerar que na
tubulação existe um registro de gaveta e um joelho de 90⁰.

A perda de carga distribuída pode ser determinada a partir do ábaco da Figura 25.
D = 40 mm e Q = 0,95 L/s – Ábaco da FIGURA 25 – J = 0,02 m/m
Perda de carga distribuída – J x L = 0,02 m/m x 11 m = 0,22 m.c.a
A perda de carga localizada pode ser determinada a partir da FIGURA 27.
Registro de gaveta – 0,4 m
Joelho 90⁰ - 2 m
Comprimento equivalente – Leq = 2 m + 0,4 m = 2,4 m – Leq = 2,4 m
Perda de carga localizada – J x Leq = 0,02 m/m x 2,4 m = 0,048 m.c.a

Perda de carga total = perda de carga distribuída + perda de carga local


Perda de carga total = 0,22 + 0,048 = 0,268 m.c.a

6.5 SUB-RAMAIS
Cada equipamento de utilização deve ter o seu sub-ramal com um diâmetro
mínimo, de acordo com a TABELA 5. Além disso, é importante considerar que cada
equipamento possui uma pressão mínima de serviço para apresentar um bom
funcionamento, assim como um limite máximo para as pressões dinâmicas e estáticas
Carvalho Júnior (2014).

126
TABELA 5 – DIÂMETROS MÍNIMOS DOS SUB-RAMAIS

Peças de utilização DN (mm) ref (pol.)


Aquecedor de alta pressão 20 1/2
Aquecedor de baixa pressão 25 3/4
Banheira 20 1/2
Bebedouro 20 1/2
Bidê 20 1/2
Caixa de descarga 20 1/2
Chuveiro 20 1/2
Filtro de pressão 20 1/2
Lavatório 20 1/2
Máquina de lavar pratos ou roupas 25 3/4
Mictório autoaspirante 32 1
Mictório não aspirante 20 1/2
Pia de cozinha 20 1/2
Tanque de despejo ou de lavar roupas 25 3/4
Válvula de descarga 40* 1 1/4
*Quando a pressão estática for inferior a 30 kPa (3 m.c.a), recomenda-se sub-ramal
com diâmetro de 50 mm
FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 48)

6.6 RAMAIS
Após a definição de quais aparelhos de utilização serão atendidos por cada ramal,
inicia-se o dimensionamento dos mesmos. Nesse contexto, existem duas abordagens
para o dimensionamento das tubulações, sendo estas: consumo máximo possível
e consumo máximo provável. A abordagem do consumo máximo possível considera
que todos os aparelhos de um ramal podem funcionar ao mesmo tempo. Este tipo de
abordagem é recomendado para locais onde a utilização de peças é simultânea, como,
por exemplo em quartéis, escolas, estabelecimentos industriais, dentre outros. Contudo,
como em termos práticos a utilização de todos os aparelhos é pouco usual, surge a
abordagem do consumo máximo provável, a qual se baseia na hipótese de que o uso
simultâneo dos aparelhos de um mesmo ramal é pouco provável e que a probabilidade
do uso simultâneo diminuir com o aumento no número de aparelhos. Diante disso, é
evidente que a última abordagem citada conduz a diâmetros inferiores, em comparação
ao método do consumo máximo possível (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

127
Nesse contexto, no método do consumo provável, foram estabelecidos pesos para
os equipamentos de utilização, conforme pode ser observado na Tabela 6. Já a vazão do
trecho analisado pode ser calculada pela Equação 12 (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

Equação 12

Onde:
Q – vazão (L/s);
C – coeficiente de descarga, adotado como 0,3 L/s;
P – soma dos pesos dos equipamentos de utilização do trecho analisado.

TABELA 6 – PESOS ATRIBUÍDOS AOS EQUIPAMENTOS DE UTILIZAÇÃO

Vazão de
Peso
Aparelho sanitário Peça de utilização projeto
relativo
(L/s)
Caixa de descarga 0,15 0,3
Bacia sanitária
Válvula de descarga 1,7 32
Banheira Misturador (água fria) 0,3 1
Bebedouro Registro de pressão 0,1 0,1
Bidê Misturador (água fria) 0,1 0,1
Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,2 0,4
Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,1 0,1
Lavadora de pratos ou de
Registro de pressão 0,3 1
roupas
Torneira ou misturador (água
Lavatório 0,15 0,3
fria)
com sifão integrado 0,5 2,8
Mictório
sem sifão integrado 0,15 0,3
Caixa de descarga ou registro
Mictório tipo calha 0,15* 0,3
de pressão
Torneira ou misturador (água
0,25 0,7
Pia fria)
Torneira elétrica 0,1 0,1
Tanque Torneira 0,25 0,7
Torneira de jardim ou lavagem
Torneira 0,2 0,4
em geral
* Por metro de calha
FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 54)

128
Após a obtenção dos pesos dos equipamentos de utilização, somam-se os
pesos para cada trecho analisado e, posteriormente, utiliza-se o nomograma de pesos,
vazões e diâmetros, apresentado na Figura 30 para a obtenção dos diâmetros e vazões
prováveis. Salienta-se que esse nomograma já leva em consideração a velocidade
máxima estabelecida pela norma de água fria (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

FIGURA 30 – NOMOGRAMA DE PESOS, VAZÕES E DIÂMETROS

FONTE: Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 52)

Para exemplificar a utilização do ábaco da Figura 30 vamos determinar o


diâmetro de uma tubulação que alimenta aparelhos de utilização que totalizam um
somatório de pesos ƩP = 5,0. Basta entrar no ábaco com o somatório de pesos (ƩP = 5,0)
e o diâmetro é obtido diretamente, que no caso do exemplo é de D = 25 mm, como pode
ser observado na FIGURA 31.

129
FIGURA 31 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO NOMOGRAMA DE PESOS, VAZÕES E DIÂMETROS

FONTE: Adaptado de Botelho e Ribeiro Junior (2013, p. 52)

6.7 COLUNAS DE ÁGUA


O dimensionamento das colunas de água é feito de maneira análoga ao
dimensionamento dos ramais. O procedimento consiste em efetuar a soma dos pesos
dos aparelhos de utilização em cada trecho e, posteriormente, determinar a vazão e, por
fim, o diâmetro das tubulações. Destaca-se que cada coluna deve conter um registro de
gaveta localizado a montante do primeiro ramal. Além disso, as colunas que alimentam
equipamentos de utilização sujeitos a retrossifonagem (pressão negativa ou refluxo),
devem ter ventilação própria, de forma que o diâmetro da coluna de ventilação deverá
ser igual ou superior ao diâmetro da coluna de distribuição de onde deriva (BOTELHO;
RIBEIRO JUNIOR, 2013).

130
IMPORTANTE
Recomenda-se utilizar coluna específica para válvulas de descarga, para
segurança contra refluxo e para evitar interferências com os demais pontos
de utilização (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

6.8 BARRILETE
Quanto ao dimensionamento do barrilete, inicialmente é necessário definir se
o mesmo será do tipo ramificado ou concentrado. Posteriormente, o cálculo é feito
com base no mesmo procedimento de dimensionamento das colunas e ramais. Deve-
se somar os pesos das colunas e calcular o diâmetro do barrilete, trecho a trecho.
Recomenda-se adotar o diâmetro comercial imediatamente superior ao valor calculado,
para evitar o subdimensionamento das tubulações (BOTELHO; RIBEIRO JUNIOR, 2013).

NOTA
A Figura 32 exemplifica os diâmetros comerciais de tubos soldáveis de PVC.
Como pode ser observado, os diâmetros variam entre 20 e 110 mm. Neste
contexto, considerando que o valor do diâmetro calculado de um tubulação de
PVC é de 23 mm, recomenda-se adotar o diâmetro comercial imediatamente
superior ao valor calculado, que para este exemplo é de 25 mm.

FIGURA 32 – EXEMPLOS DE DIÂMETROS COMERCIAIS PARA TUBULAÇÃO DE ÁGUA FRIA - TUBO


DE PVC SOLDÁVEL

FONTE: <https://www.tigre.com.br/themes/tigre2016/downloads/catalogos-tecnicos/ct-agua-fria.
pdf>. Acesso em: 10 jun. 2021.

Exemplo de cálculo:
Dimensionaremos o diâmetro de uma coluna d’água de uma residência que alimenta um
banheiro com um lavatório, um chuveiro elétrico e uma banheira.
Inicialmente determinaremos o peso de cada aparelho de utilização consultando a
Tabela 6.
131
Lavatório – P = 0,3
Chuveiro – P = 0,1
Banheira – P = 1,0
Posteriormente realizamos a soma dos pesos dos equipamentos de utilização
ƩP = 0,3 + 0,1 + 1,0 = 1,4
Após isso, calculamos a vazão:

Utilizar o ábaco da FIGURA 30 para determinar o diâmetro da tubulação


Entrar com o ƩP = 1,4 e Q = 0,35 L/s - Obtemos o diâmetro D = 20 mm

7 PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS


Nos subtópicos a seguir serão abordados aspectos sobre a representação
gráfica de projetos de instalações prediais de água fria e as alturas usuais dos pontos
de entrada de água.

7.1 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA


Considerando que o traçado das instalações prediais de água fria é baseado
no projeto arquitetônico, é de fundamental importância que as peças sanitárias e o
equipamentos estejam corretamente definidos e identificados (CARVALHO JÚNIOR,
2014). Nesse contexto, com o intuito de facilitar a compreensão do projeto de água fria,
também é usual a utilização de esquemas verificais, como o exemplificado na Figura 33.

FIGURA 33 – EXEMPLO DE ESQUEMA VERTICAL DE INSTALAÇÃO DE ÁGUA FRIA

FONTE: <https://bit.ly/3m8I5qS>. Acesso em: 22 maio 2021.

132
Além disso, uma alternativa para melhorar a visualização da rede de distribuição
de água fria é a utilização de esquemas isométricos (Figura 34) para a representação
dos equipamentos sanitários. Desta forma, os detalhes isométricos geralmente são
elaborados na escala 1:20 ou 1:25 (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

FIGURA 34 – EXEMPLO DE DETALHE ISOMÉTRICO

FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 68)

Como pode ser observado na Figura 34, os detalhes isométricos facilitam


o entendimento e a representação do projeto de instalação de água fria, com a
identificação dos aparelhos de utilização, dos sub-ramais, ramais e colunas d’água. Este
tipo de detalhe possibilita a identificação do diâmetro das tubulações e a representação
de dispositivos controladores de fluxo como, no caso deste exemplo, da válvula de
descarga (VD), registro de gaveta (RG) e registro de pressão (RP). Além disso, conforme
previamente citado, a coluna d’água que alimenta a válvula de descarga (AF1) é
independente dos demais aparelhos para evitar a interferência com os demais pontos
de utilização, como pode ser verificado na figura em questão.

7.2 ALTURA DOS PONTOS


A localização dos pontos de entrada de água e demais elementos de um projeto
de água fria pode variar em função dos modelos dos equipamentos de utilização.
Contudo, as alturas mais utilizadas para os diversos tipos de equipamentos são
apresentadas na Tabela 7 (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

133
TABELA 7 – ALTURA USUAL DOS PONTOS DE UTILIZAÇÃO

Aparelho sanitário Altura (cm)


Bacia sanitária com válvula 33
Bacia sanitária com caixa acoplada 20
Ducha higiênica 50
Bidê 20
Banheira de hidromassagem 30
Chuveiro ou ducha 220
Lavatório 60
Mictório 105
Máquina de lavar roupa 90
Máquina de lavar louça 60
Pia 110
Tanque 115
Torneira de limpeza 60
Torneira de jardim 60
Registro de pressão 110
Registro de gaveta 180
Válvula de descarga 110
FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014)

Neste tópico foram abordados os métodos de dimensionamento de um sistema


predial de água fria, desde o ramal predial até os sub-ramais que alimentam os aparelhos
de utilização. De maneira geral, o dimensionamento é feito a partir de equações e ábacos,
em função do material da tubulação. Nesse contexto, a velocidade nas tubulação não
pode ser excessiva e o sistema deve ser dimensionado de forma a minimizar as perdas
de carga localizadas e distribuídas. Por fim, foram discutidos alguns aspectos sobre a
representação gráfica de projetos de instalações de água fria.

134
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Recomenda-se um limite máximo da velocidade de água nas tubulações de 3 m/s.

• A perda de carga em uma tubulação pode ser do tipo distribuída ou localizada.

• A pressão dinâmica de água não pode ser inferior a 10 kPa (1 m.c.a) nos pontos
de utilização.

• A pressão estática não pode ser superior a 400 kPa (40 m.c.a) nos pontos de utilização.

135
AUTOATIVIDADE
1 Considere uma instalação predial caracterizada por um reservatório com o nível
mínimo de água localizado na cota 42 m e um chuveiro localizado na cota 35 m, com
perda de carga total entre o reservatório e o chuveiro de 2 m. Qual a pressão dinâmica
no chuveiro? O mesmo atenderá a pressão dinâmica mínima estabelecida pela NBR
5626 (ABNT, 2020)?

a) ( ) 2 m.c.a.
b) ( ) 3 m.c.a.
c) ( ) 4 m.c.a.
d) ( ) 5 m.c.a.

2 Determinar a perda de carga total de uma tubulação de PVC com 23 metros de


comprimento com uma vazão de Q = 1,2 L/s e diâmetro D = 50 mm. Considerar que
na tubulação existe um registro de gaveta, um joelho de 90⁰ e um joelho de 45⁰.

a) ( ) 0,253 m.c.a.
b) ( ) 0,257 m.c.a.
c) ( ) 0,307 m.c.a.
d) ( ) 0,410 m.c.a.

3 Determine o diâmetro do barrilete que alimenta quatro colunas de água com


equipamentos de utilização que totalizam um somatório de pesos de ƩP = 160 .
Considerar tubulação de PVC e que a perda de carga é de J = 0,08 m.

a) ( ) 40 mm.
b) ( ) 50 mm.
c) ( ) 55 mm.
d) ( ) 60 mm.

4 O dimensionamento das tubulações de água fria usualmente é realizado atribuído


pesos relativos aos aparelhos de utilização. Tendo isso em vista, determinar o
diâmetro de uma coluna de água que alimenta um lavatório, uma caixa acoplada,
um bidê e um chuveiro.

5 Determine a potência necessária para um conjunto motor-bomba alimentar um


sistema elevatório com Q = 0,005 m³/s, considerando que a altura manométrica é de
34 m e o rendimento do sistema é de 52%.

136
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA
QUENTE
1 INTRODUÇÃO
Em algumas edificações o fornecimento de água quente é imprescindível,
tais como hospitais, lavanderias, hotéis, dentre outros. Nesse contexto, a TABELA 8
apresenta alguns valores de temperaturas indicadas para os pontos de utilização em
função do tipo da edificação e necessidades dos usuários. Isto posto, de acordo com a
NBR 5626 (ABNT, 2020), o sistema de armazenamento e distribuição de água quente
deve atender às necessidades dos usuários e aos usos pretendidos.

TABELA 8 – TEMPERATURAS INDICADAS

Ambiente Temperatura indicada


Uso pessoal em banhos ou higiene 35 ⁰C a 50 ⁰C
Em cozinhas 60 ⁰C a 70 ⁰C
Em lavanderias 75 ⁰C a 85 ⁰C
Em finalidades médicas 100 ⁰C
FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 95)

Nessa conjuntura, o projeto do sistema de distribuição de água quente e, quando


aplicável de armazenamento, deve especificar qual o tipo de sistema de aquecimento
previsto, o volume de água aquecida, as temperaturas máximas e mínimas de operação,
assim como a fonte de calor e a sua respectiva potência. Além disso, os materiais e
componentes especificados devem ser adequados ao valor máximo de temperatura de
utilização. A norma também destaca que devem ser previstos meios de alívio e proteção
dos componentes da tubulação quando a temperatura exceder o valor máximo previsto
(NBR 5626, 2020).

Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as partes constituintes de um sistema


predial de água quente, os tipos de sistemas de aquecimento, o cálculo para estimativa
do consumo diário de água quente, os tipos de aquecedores existentes, as fontes de
calor dos aquecedores, os materiais usualmente utilizados no sistema de distribuição, o
dimensionamento das tubulações e aspectos sobre o isolamento térmico das tubulações.

137
2 PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA PREDIAL DE
ÁGUA QUENTE
Como pode ser observado na FIGURA 35, o sistema predial de água quente
é composto por: (1) tubulação de água fria para alimentar o sistema de distribuição
de água quente; (2) aquecedores, que podem ser de passagem ou de acumulação,
como será abordado nos tópicos a seguir; (3) dispositivos de segurança; (4) tubulação
de distribuição de água quente e (5) peças de utilização, como chuveiros, duchas,
torneiras, entre outras. Dentre os dispositivos de segurança destaca-se as válvulas
termostáticas e os controladores de pressão. As válvulas termostáticas visam o controle
da temperatura da rede de distribuição, evitando superaquecimentos que podem
trazer prejuízos ao sistema. Já as válvulas controladoras de pressão visam evitar sobre
pressões na tubulação.

FIGURA 35 – PARTES CONSTITUINTES DO SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA QUENTE

FONTE: <https://bit.ly/3EYjYUz>. Acesso em: 24 maio 2021.

3 SISTEMAS DE AQUECIMENTO
Os sistemas de aquecimento podem ser classificados em sistema de
aquecimento individual, aquecimento central privado e aquecimento central coletivo.
Nos subtópicos a seguir, cada tipo de sistema será abordado assim como as vantagens
e desvantagens de cada método.

138
3.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO INDIVIDUAL
O sistema de aquecimento individual é caracterizado pela alimentação de
apenas um ponto de utilização, como, por exemplo, um chuveiro ou torneira elétrica,
como exemplificado na FIGURA 36 (CARVALHO JÚNIOR, 2017). Como nesse sistema
o equipamento que gera água quente fica localizado no próprio ponto de utilização,
apresenta como principal vantagem os custos reduzidos, uma vez que não é necessário
um sistema de distribuição de água quente. Além disso, apresenta uma fácil instalação.
Contudo, a vazão de aquecimento fica limitada, não sendo recomendado para grandes
demandas de água quente.

FIGURA 36 – EXEMPLOS DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO INDIVIDUAIS

FONTE: <https://bit.ly/39Kh5Z8>. Acesso em: 9 jun. 2021.

3.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL PRIVADO


O sistema de aquecimento central privado é caracterizado por atender a
demanda de água quente de uma unidade habitacional inteira, ou seja, é responsável
por alimentar os vários pontos da unidade, como por exemplo de um apartamento
(CARVALHO JÚNIOR, 2017). Como pode ser observado na Figura 37, cada apartamento
possui um aquecedor para atender a demanda de água quente. Esse sistema é
composto por um equipamento que realiza o aquecimento da água e por uma rede de
distribuição, que conduz a água aquecida até os pontos de utilização. Em decorrência
disso, possui um custo de instalação superior em comparação ao sistema individual
de aquecimento. Recomenda-se este tipo de sistema de aquecimento quando a
demanda por água quente é mais elevada e quando se deseja a instalação de uma
rede de água quente.

139
FIGURA 37 – EXEMPLO DE SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL PRIVADO

AQUECEDOR AQUECEDOR
DE PASSAGEM DE PASSAGEM
APTO. 401 APTO. 401

AQUECEDOR AQUECEDOR
DE PASSAGEM DE PASSAGEM
APTO. 301 APTO. 301

AQUECEDOR AQUECEDOR
DE PASSAGEM DE PASSAGEM
APTO. 201 APTO. 201

AQUECEDOR AQUECEDOR
DE PASSAGEM DE PASSAGEM
APTO. 101 APTO. 101

FONTE: <https://bit.ly/3zNAtiu>. Acesso em: 10 jun. 2021.

3.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL COLETIVO


Por fim, o sistema de aquecimento central coletivo é caracterizado por um
único conjunto de aquecimento, responsável pelo abastecimento de água quente em
várias unidades de um edifício, como pode ser observado na Figura 38. Este sistema
usualmente é utilizado em edifícios residenciais, hotéis, hospitais, dentre outros
(CARVALHO JÚNIOR, 2014). De acordo com Ghisi e Gugel (2005), este sistema é
recomendado quando não há rateio na conta e quando se dispõe de pouco espaço
físico no interior dos apartamento, ou quando não se deseja a instalação de aparelhos
de aquecimento no interior dos apartamentos. Os autores ainda destacam que, quando
dimensionado de maneira adequada, o sistema central coletivo oferece maiores vazões
de água em todos os pontos de utilização. Entretanto, os mesmos salientam que as
perdas de calor são maiores em comparação ao sistema central privado.

140
FIGURA 38 – EXEMPLO DE SISTEMA DE AQUECIMENTO CENTRAL COLETIVO

FONTE: <https://bit.ly/3zNAtiu>. Acesso em: 10 jun. 2021.

Como pode ser observado na Figura 39, os sistemas centrais coletivos podem
ter distribuição ascendente, descendente ou mista. A distribuição ascendente é
caracterizada por um barrilete inferior que alimenta as colunas de água. Já na distribuição
descendente, a alimentação das colunas é feita por um barrilete superior. Por fim, o
sistema misto é uma combinação dos dois sistemas apresentados anteriormente. Este
tipo de sistema resulta em uma maior economia, visto que resulta em um menor número
de colunas de distribuição de água (GHISI; GUGEL, 2005).

FIGURA 39 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS TIPOS DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO CENTRAIS


COLETIVOS

FONTE: <https://eec-ufg.tripod.com/IHSP/AQ.pdf>. Acesso em: 24 maio 2021.

141
4 ESTIMATIVA DE CONSUMO DIÁRIO
Para a estimativa do consumo diário de água quente de uma edificação
deve-se levar em consideração aspectos como as condições climáticas do local e as
características de utilização do sistema (CARVALHO JÚNIOR, 2014). Nesse contexto, de
maneira semelhante ao consumo diário de água fria, a estimativa do consumo de água
quente pode ser realizada através da Equação 13 (GHISI; GUGEL, 2005). Onde Cd é o
consumo diário de água quente (L/dia), C é o consumo per capita (consultar TABELA 9)
e P a população da edificação.

Equação 13

TABELA 9 – ESTIMATIVA DE CONSUMO DE ÁGUA QUENTE

Edificação Consumo (L/dia)


Alojamento provisório 24 por pessoa
Casa popular ou rural 36 por pessoa
Residência 45 por pessoa
Apartamento 60 por pessoa
Quartel 45 por pessoa
Escola (internato) 45 por pessoa
Hotel (sem cozinha e sem lavanderia) 36 por hóspede
Hospital 125 por leito
Restaurante e similar 12 por refeição
Lavanderia 15 por kg de roupa
FONTE: NBR 7198 (ABNT, 1993)

5 TIPOS DE AQUECEDORES
Os aquecedores podem ser classificados em aquecedores de passagem e de
acumulação, de acordo com o seu princípio de funcionamento. Nesse contexto, os
aparelhos de aquecimento de passagem, também conhecidos como instantâneos,
ocasionam o aquecimento da água à medida que a mesma passa pelo aparelho, ou
seja, sem reserva. Já nos aquecedores de acumulação, a água é aquecida e reservada
para posterior uso (GHISI; GUGEL, 2005).

142
De acordo com Carvalho Júnior (2014), os aquecedores de acumulação propiciam
um maior conforto aos seus usuários, visto que a água é aquecida para o consumo
posterior. Além disso, a acumulação permite uma maior vazão nos pontos de utilização
e fornece água quente de imediato e na temperatura desejada, em vários pontos de
consumo, simultaneamente. O autor ainda destaca que o seu bom funcionamento não
é dependente da pressão de água do sistema de distribuição.

Quanto à definição do sistema de aquecimento, deve-se levar em consideração


os custos de instalação, a adequação dos ambientes, uma vez que os mesmos devem
apresentar ventilação permanente, e espaço físico adequado, principalmente para os
casos de aquecedores de acumulação. Outro aspecto decisivo na escolha do sistema de
aquecimento diz respeito ao traçado da tubulação. Isto posto, trechos longos tendem
a apresentar perdas de temperaturas superiores, o que muitas vezes pode limitar a
utilização de aquecedores instantâneos. Além disso, um aquecedor instantâneo pode
não ser suficiente para alimentar mais de um ponto de utilização. Contudo, conforme
já mencionado, em função de limitações de espaço, o aquecedor de passagem pode
ser uma alterativa em comparação ao aquecedor de acumulação, dados as maiores
dimensões do último tipo citado (GHISI; GUGEL, 2005).

5.1 FONTES DE CALOR DOS AQUECEDORES


As fontes de calor para os aquecedores podem ser a eletricidade, gás ou
energia solar. Os aquecedores elétricos utilizam como fonte de calor a energia elétrica.
Os chuveiros e torneiras elétricas são exemplos de aquecedores elétricos de passagem.
Estes aparelhos são compostos por um tubulação destinada ao aquecimento elétrico
instantâneo da água. Os aquecedores elétricos por acumulação também são conhecidos
como boilers elétricos. Isto posto, a principal vantagem dos aquecedores elétricos é sua
compacidade e facilidade de instalação, uma vez que não necessitam de tubulações.
Porém, como limitantes deste tipo de aquecedor cita-se o custo do kW, a baixa pressão e
a baixa vazão de água (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

Em relação aos aquecedores a gás, deve-se levar em consideração a NBR 13103


(ABNT, 2020) que estabelece os requisitos de projeto, construção, reforma, adequação
e inspeção, para instalação de aparelhos a gás.

IMPORTANTE
A NBR 8130 (ABNT, 2004) especifica as características exigíveis e os métodos
de ensaio para aquecedores de água tipo instantâneo.
A NBR 10542 (ABNT, 2015) define os métodos de ensaio para aquecedores de
água de acumulação que utilizam combustíveis gasosos.

143
Em comparação aos aquecedores elétricos, os aquecedores a gás apresentam
como vantagens: melhor pressão de água e água quente para uso imediato. Contudo, como
principal desvantagem cita-se o risco de vazamento de gás, e todos os problemas que
podem estar atrelados a isto (CARVALHO JÚNIOR, 2014).

No que tange à energia solar, é crescente a tendência mundial por fontes


energéticas alternativas e mais sustentáveis. Nesse âmbito, e atrelado à redução
dos custos de instalação de sistemas de aquecimento solares, este tipo de fonte de
energia vem sendo adotada em grande escala. Ghisi e Gugel (2005) mencionam que
o aproveitamento da energia solar é limitado em decorrência da forma como a energia
se apresenta, ocorrendo de maneira disseminada e, portanto, de difícil captação. Além
disso citam a disponibilidade descontínua e as variações em função das condições
ambientais, o que pode comprometer a sua eficiência e usualmente demandar a
utilização de sistemas mistos para contornar esses problemas. Em contrapartida, a
energia solar consiste em uma fonte não poluidora, autossuficiente, silenciosa e, de
maneira geral, com disponibilidade no local de consumo.

O sistema de geração de água quente com base na energia solar é composto


por três elementos principais, sendo estes: coletores de energia, acumulador de energia
e rede de distribuição. A Figura 40 ilustra as partes constituintes de um sistema de
aquecimento solar. Como pode ser observado, a rede de distribuição de água fria alimenta
o sistema de aquecimento solar. A água fria é conduzida até o reservatório térmico e é
este que alimenta os coletores solares. Os coletores em função da energia solar irão
ocasionar o aquecimento da água que é reconduzida novamente ao reservatório térmico
e, posteriormente, para os pontos de consumo. Destaca-se também a existência de um
respiro, normalmente instalado na parte mais elevada do reservatório térmico, que tem
como função evitar sobre pressões no sistema.

FIGURA 40 – COMPONENTES DE UM SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR


respiro (suspiro) CAIXA D'ÁGUA

saída de
consumo para
instalação
em desnível
RESERVATÓRIO TÉRMICO
registro
registro
alimentação
de água fria

retorno de
água quente registro
dos coletores
tubulação
de cobre
válvula
atenuante de congelamento
cavalete

registro
dreno do boiler a caixa

consumo
(quando utilizado como
horiontal de nível)
alimentação
COLETORES dos coletores solares
SOLARES
registro de dreno
dos coletores

FONTE: <https://bit.ly/3uiUXys>. Acesso em: 25 maio 2021.

144
Recomenda-se que os coletores sejam orientados para o norte da edificação e
que tenham inclinação em relação à horizontal igual à latitude do local, acrescida de 5 a
10⁰. Além disso, para que ocorra a circulação de água em fluxo ascendente, usualmente
utiliza-se um desnível de pelo menos 60 cm entre a saída de água do coletor e o fundo
do reservatório de água quente (GHISI; GUGEL, 2005).

IMPORTANTE
A NBR 10185 (ABNT, 2018) define os métodos de ensaios para avaliar
reservatórios termossolares destinados à sistemas de utilização térmica de
energia solar.
A NBR 15747-1 (ABNT, 2009) estabelece os requisitos gerais de durabilidade,
confiabilidade, segurança e desempenho térmico de coletores solares de
aquecimento.
A NBR 15747-2 (ABNT, 2009) apresenta os métodos de ensaio para avaliar
os coletores solares de aquecimento.

A estimativa da área dos coletores pode ser feita através da Equação 14,
onde Q é o calor necessário (kcal/dia), I é a intensidade de radiação solar (kcal/dia/
m²), R é o rendimento dos coletores (usualmente 50%) e A é a área dos coletores em
m² (GHISI; GUGEL, 2005)

Equação 14

A radiação solar pode ser obtida a partir de mapas solarimétricos, como o da


FIGURA 41, que apresenta a média anual da radiação solar global diária (MJ/m².dia)
em todo o Brasil. Para a obtenção da radiação solar de uma região (MJ/ m².dia), basta
identificar a região no mapa e em função da cor indicada na escala a esquerda da
figura, determinar qual o valor da radiação solar. Para exemplificar, iremos determinar
a radiação solar no Distrito Federal. Como podemos observar o Distrito Federal está
representado no mapa com um cor laranja, correspondente a um valor de radiação
solar diária de 18 MJ/ m².dia.

145
FIGURA 41 – RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL DIÁRIA, MÉDIA ANUAL (MJ/ M².DIA)

FONTE: Atlas solarimétricos do Brasil (2021)

6 MATERIAIS UTILIZADOS
Os materiais mais utilizados em tubulações e conexões de instalações prediais de
água quente são o cobre, o PEX (polietileno reticulado), o PPR (polipropileno copolímetro
Random) e o CPVC (policloreto de vinila clorado). Estes materiais serão abordados com
maiores detalhes na leitura complementar desta unidade.

7 DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES


Para o dimensionamento das tubulações de água quente, adota-se uma
metodologia de pesos relativos semelhante à empregada em instalações de água fria.
Inicialmente determina-se a soma dos pesos das peças de utilização para cada trecho
da instalação, conforme valores apresentados na TABELA 10. Posteriormente, com base
nesse somatório de pesos determina-se o diâmetro da tubulação a partir da TABELA 11
(CARVALHO JÚNIOR, 2014).

146
TABELA 10 – PESOS RELATIVOS DOS PONTOS DE UTILIZAÇÃO

Aparelho sanitário Peça de utilização Peso relativo


Banheira Misturador (água quente) 1,0
Bidê Misturador (água quente) 0,1
Chuveiro ou ducha Misturador (água quente) 0,4
Lavatório Torneira ou misturador (água quente) 0,3
Pia de cozinha Torneira ou misturador (água quente) 0,7

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 117)

TABELA 11 – ÁBACO SIMPLIFICADO PARA O DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE ÁGUA QUENTE

Soma dos
0 ↔ 0,6 ↔ 2,9 ↔ 8,2 ↔ 18 ↔ 35
pesos
Ø Soldável 15 22 28 35 42
           
(mm) mm mm mm mm mm
Ø Roscável 1 1
  1/2''   3/4''   1''      
(pol) 1/4'' 1/2''
FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2014, p. 117)

A aplicação da Tabela 11 é baste simples e intuitiva. Após a determinação da


soma de pesos dos aparelhos de utilização, basta entrar com esse valor na primeira
linha da tabela, e o diâmetro é obtido de maneira direta. Considerando um exemplo em
que a soma de pesos dos equipamentos de utilização alimentados pela rede de água
quente é de ƩP = 3,5. Entramos com esse valor na primeira linha da tabela e percebemos
que o mesmo se encontra entre a soma de pesos de 2,9 e 8,2. Para este intervalo,
verificamos que o diâmetro da tubulação deve ser de 28 mm.

Exemplo de cálculo:
Vamos calcular o diâmetro do barrilete de um edifício de 10 andares com um sistema
de aquecimento central coletivo, considerando que cada andar possui apenas 1
apartamento e que cada apartamento possui os seguintes pontos de utilização de água
quente: chuveiro, banheira e lavatório.
Inicialmente é necessário determinar o peso de cada ponto de utilização a partir da
TABELA 10:
Chuveiro – P = 0,4
Banheira – P = 1,0
Lavatório – P = 0,3
Posteriormente, faremos a soma dos pesos de cada apartamento:
ƩP = 0,4 + 1,0 + 0,3 = 1,7
Como o barrilete alimentará todos os andares do edifício, iremos calcular a soma de
pesos total:
ƩP = 10 x 1,7 = 17
Após a determinação da soma de pesos, basta entrar com este valor na TABELA 11 e
obter diretamente o diâmetro da tubulação:
ƩP = 17 – D = 35 mm

147
7.1 PRESSÕES MÁXIMA E MÍNIMA
A NBR 5626 (ABNT, 2020) define que nos pontos de utilização a pressão
dinâmica de água não pode ser inferior a 10 kPa (1 m.c.a) e a pressão estática não pode
superar 400 kPa (40 m.c.a) nos pontos de utilização. Em relação as sobre pressões a
norma estabelece que, em relação à pressão dinâmica de projeto, não devem superar
200 kPa (20 m.c.a). Adicionalmente, também devem ser consideradas as pressões
recomendadas pelos catálogos dos fabricantes, referentes aos aquecedores.

7.2 VELOCIDADE
Conforme estabelecido para os sistemas prediais de água fria, nas tubulações
de água quente a velocidade também deve evitar a geração e propagação de ruídos
excessivos. De maneira similar, recomenda-se um limite máximo de velocidade de água
de 3 m/s (NBR 5626, 2020).

7.3 PERDAS DE CARGA


O cálculo da perda de carga nas tubulações de água quente é realizado de
maneira análoga às tubulações de água fria, levando em consideração o tipo de material
utilizado. Além disso, salienta-se que é importante limitar as perdas de carga do sistema,
com o intuito de evitar reduções nas pressões das peças de utilização.

7.4 DIÂMETROS

De acordo com a NBR 2656 (ABNT, 2020), os diâmetros das tubulações do
sistema de distribuição de água quente devem ser definidos com base nos valores das
velocidades e vazões consideradas, da limitação de ruído e meio de isolação acústica
adotado, da forma de instalação, do tipo de material especificado e da disponibilidade
de perda de carga, atendendo-se às pressões dinâmicas mínimas necessárias para o
funcionamento dos respectivos aparelhos sanitários com as vazões de projeto adotadas.
A norma ainda estabelece que não há limitação para diâmetros nominais mínimos de
sub-ramais e respectivos engates ou tubos de ligação.

8 ISOLAMENTO TÉRMICO DAS TUBULAÇÕES


De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 2020), os aquecedores, reservatórios de água
quente, equipamentos e tubulações do sistema predial de água quente devem ser projetados
e instalados de forma a reduzir perdas térmicas. A norma também estabelece que o sistema
de distribuição de água quente deve ter isolamento térmico em toda a sua extensão.

148
LEITURA
COMPLEMENTAR
ÁGUA QUENTE

Materiais poliméricos prometem maior flexibilidade e facilidade de instalação


e ganham espaço nas instalações hidráulicas de água quente, em substituição
aos tradicionais tubos e conexões metálicos

Juliana Nakamura

Conduzir água quente em uma edificação é uma tarefa que demanda da


tubulação e de seus componentes resistência, durabilidade, estanqueidade, baixa
rugosidade e boa condutibilidade. Por isso, entre os procedimentos fundamentais para
a garantia do desempenho dessas instalações, o projeto de hidráulica deve partir da
especificação adequada e do correto dimensionamento dos materiais que integram o
sistema, em especial, tubos e conexões.

A partir da identificação da necessidade de água quente, a definição do método


de aquecimento, o traçado da rede de distribuição e a seleção dos materiais precisam
ser cuidadosamente considerados para viabilizar a construção de um sistema eficiente.
"Em especial sobre a condução de água quente, a especificação deve contemplar
aspectos de durabilidade da instalação, temperatura máxima a ser atendida em função
do tipo de sistema de aquecimento selecionado, facilidade na execução das conexões,
entre outros", explica Alberto Fossa, diretor da MDJ Engenharia Consultiva.

Nos últimos anos, novas possibilidades surgiram para atender às exigências das
instalações de água quente. O desenvolvimento de sistemas poliméricos, como o PEX
(polietileno reticulado), o PPR (polipropileno copolímetro Random) e o CPVC (policloreto
de vinila clorado), tem provocado mudanças na caracterização desse tipo de instalação,
na qual até então dominava a aplicação de sistemas rígidos, metálicos. Ao mesmo tempo,
características como facilidade e agilidade de instalação, bem como maior flexibilidade
e menor risco de vazamentos são cada vez mais desejáveis nos sistemas prediais.

"A evolução dos materiais para instalações de água quente deve passar pela
eliminação das restrições de uso, com o desenvolvimento de soluções capazes de
transportar água quente, fria e gás – e simplicidade de instalação", acredita o pesquisador
Adilson Lourenço Rocha, coordenador do Laboratório de Instalações Hidráulicas do
IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Segundo ele, o
desenvolvimento de sistemas de condução como o PEX, que por ser semelhante a
uma mangueira dispensa as juntas e consequentemente diminui a chance de haver
vazamentos, não deixa de ser um indicador de tal tendência.

149
Mas, na prática, o que determina a especificação de um material para condução
de água quente é o preço, a disponibilidade do material e a forma como é utilizado.
"O cobre, por ser uma commodity internacional, tem apresentado variações maiores
em comparação aos materiais plásticos, suscetíveis também às altas dos preços do
petróleo", comenta Rocha.

Por terem sido os primeiros a serem produzidos em escala industrial, os tubos


metálicos, tanto de aço galvanizado, quanto de cobre, têm um desempenho bastante
conhecido para a condução de água quente. Nas últimas décadas, os sistemas em
aço carbono com conexões rosqueadas de ferro fundido maleável deixaram de ser
especificados, sendo substituídos em princípio pelos tubos de cobre com conexões
soldadas de cobre e/ou rosqueadas de bronze/latão e, mais recentemente, pelos tubos
e conexões de materiais plásticos.

O engenheiro Sérgio Frederico Gnipper, especialista em projetos hidráulicos,


explica que, como vantagem, os tubos metálicos suportam pressões de serviço
muito elevadas. Os de aço galvanizado de menor classe, por exemplo, suportam
uma pressão de ensaio de 50 kgf/cm². No entanto, a menor durabilidade do aço nas
condições de exposição exigidas para a condução de água quente é um limitador ao seu
aproveitamento para condução de água quente, apesar do tratamento de galvanização
por imersão a quente prover maior resistência à corrosão. "A temperatura mais elevada
intensifica o processo de corrosão desses materiais em função da maior reatividade
com o oxigênio do ar dissolvido na água quente na forma de microbolhas", informa
Gnipper. Também contribuem para a corrosão prematura das tubulações metálicas o
pH da água muito baixo ou muito elevado e a concentração acentuada de certos sais
minerais, dependendo da composição físico-química da água.

Até os tubos de cobre com conexões soldadas de cobre/bronze, no momento


a solução mais difundida para esse tipo de aplicação, estão sujeitos à corrosão caso a
água apresente pH ácido, elevada concentração de oxigênio, gás carbônico, amônia e
cloro livre dissolvidos. "Mas na maior parte das aplicações o cobre mostrasse um material
de alta durabilidade e confiabilidade, apresentando, inclusive, propriedades germicidas,
a despeito de apresentar custo relativo mais elevado", afirma Gnipper. O pesquisador
Adilson Rocha concorda. Em sua avaliação, superado o problema de corrosão, o cobre
supera os demais materiais em relação à durabilidade. "Por serem de origem orgânica,
os materiais plásticos sofrem degeneração contínua, embora a vida útil estimada pelos
fabricantes seja de cerca de 50 anos, o que já é bastante coisa."

SISTEMAS

1 COBRE
É o material tradicionalmente empregado para condução de água quente. Os tubos de
cobre são fabricados por extrusão, sem costura, a partir de uma liga com, no mínimo,
99% do metal.

150
Principais características:
• Requer uso de manta para isolamento térmico
• Os tubos são produzidos de acordo com a norma NBR 13206/94.
• Em algumas cidades, como Rio de Janeiro, foram relatados casos de corrosão em
tubos de cobre, decorrente das características agressivas da água do sistema público
de abastecimento
• Possui propriedades adequadas para condução de água quente, água fria e gás
• Não é inflamável

Instalação: a tubulação é interligada por conexões de cobre ou bronze, que podem ser
rosqueáveis ou lisas. Nesse caso, as uniões são feitas por solda.

Durabilidade: o cobre é um dos metais mais duráveis. A vida útil de uma tubulação de
cobre é estimada em centenas de anos.

2 CPVC (policloreto de vinila clorado)

É um termoplástico semelhante ao PVC rígido, mas com a vantagem de suportar pressão


existente nos sistemas de água quente, até temperaturas de 80ºC.

Principais características:
• O mesmo sistema serve para água quente ou fria. Suporta pressão de serviço de 6,0
kgf/cm² conduzindo água a 80ºC e de 24,0 kgf/cm² conduzindo água fria a 20ºC.
• Dispensa isolação térmica em trechos de tubulação de até 20 m de extensão.
• Emprega junta soldável a frio com adesivo plástico. Não requer mão-de-obra
especializada.

Instalação: utiliza sistema de encaixe e adesivo. Não precisa de fogo nem de eletricidade
para instalação.

Durabilidade: se instalado corretamente, a vida útil é de pelo menos 50 anos.

3 PPR (polipropileno copolímero Random – Tipo 3)

Trata-se de uma resina plástica atóxica resistente a picos de temperatura de até 95ºC.

Principais características:
• Pode conduzir água quente, fria e gelada e suportar altas pressões e temperaturas
• (80°C constantes).
• O método de instalação permite que a tubulação seja isenta de roscas, soldas, anéis
de borracha ou cola. Por isso, as uniões das conexões ficam menos expostas a erros
humanos e às tensões em operação.
• Uma instalação completa para água quente em PPR pode custar 20% menos que a
mesma instalação em cobre.

151
Instalação: a união entre as peças é feita pelo processo de termo fusão, ou seja, tubos
e conexões se fundem molecularmente a 260°C, passando a formar uma tubulação
contínua. A produtividade média é de 6,5 horas/homem (instalação em um banheiro de
2,4 x 1,2 m).

Durabilidade: projetado para durar mais de 50 anos.

4 MULTICAMADA (PEX com alma de alumínio)

Os tubos são compostos por cinco camadas: polietileno reticulado, adesivo, alumínio,
adesivo e polietileno reticulado. Como revestimento externo, o polietileno reticulado
evita o contato do cimento da construção e protege a tubulação de alumínio. Já como
revestimento interno, impede a oxidação do alumínio, evitando a contaminação da água
pelo metal.

Principais características:
Os tubos de alumínio resistem a temperaturas de até 95ºC sem dilatação.
O sistema usa 10% do tempo de instalação do cobre.
Condutibilidade térmica de – 0,43 W/m°C.
Os tubos são dobráveis e permanecem na posição definida.
Inspeção e troca podem ser feitas sem quebras de revestimentos e paredes. A ausência
de muitas conexões e emendas no sistema hidráulico evita fissuras e futuros vazamentos.

Instalação: sistema ponto a ponto, ou seja, a água corre por tubos livres de conexões
intermediárias. A distribuição da água até os pontos servidos é contínua e individual,
sem derivações a partir dos quadros distribuidores localizados em shafts.

Durabilidade: pelo menos 50 anos

A ERA DOS PLÁSTICOS

Os materiais plásticos para condução de água quente chegaram ao mercado


brasileiro há menos de 20 anos com a introdução do CPVC. Indicadas para pressões
de serviço de até 6,0 kgf/cm², as tubulações de CPVC para água quente dispensam as
soldas e têm juntas realizadas a frio, mediante adesivo solvente apropriado, agregando
velocidade de execução.

Em seguida foram lançados o PEX e o PPR, este último com juntas realizadas por
termo fusão, após a qual a junta passa a constituir um conjunto único com espessura
reforçada. "Por isso, conforme a classe de pressão, a instalação PPR suporta temperatura
e pressão sob utilização superior à recomendada para tubulações de CPVC", comenta
Sérgio Gnipper.

152
O consultor em hidráulica lembra que os tubos de PPR disponíveis no mercado
com mais frequência são relativamente rígidos, permitindo curvaturas permanentes com
aplicação de ar quente, com raio não inferior a oito vezes o valor do diâmetro externo.

Mais flexíveis e maleáveis, os tubos PEX são fabricados em polietileno reticulado


com ligação cruzada por processo termoquímico. No PEX do tipo A, a reticulação é
obtida por reação química com peróxido de hidrogênio, o que lhe confere alta resistência
à pressão, à temperatura e à fadiga mecânica. Menos resistente, o PEX tipo C tem
flexibilidade maior do que o tipo A.

Quanto à condutibilidade térmica, os tubos metálicos apresentam valores


elevados, exigindo o uso de isolação térmica adequada, ao passo que os tubos plásticos
podem dispensar esse isolamento. Um tubo PEX dissipa por condução pelo menos três
vezes mais calor que um tubo equivalente de CPVC operando nas mesmas condições.

Em contrapartida, os tubos plásticos apresentam elevada dilatação térmica em


relação aos tubos metálicos. Os tubos plásticos próprios para a condução de água quente
apresentam um coeficiente de dilatação térmica entre 3,5 a 8,5 vezes maior do que o
coeficiente de uma tubulação equivalente de cobre. "Por isso, cuidados especiais devem
ser tomados nos projetos e durante a execução de redes de distribuição de sistemas
prediais de água quente, como a previsão de folgas para a movimentação térmica das
tubulações em trechos embutidos e em elementos para absorver essas movimentações,
na forma de juntas de expansão ou através do próprio traçado", salienta Gnipper.

Recentemente, os tubos PEX e PPR incorporaram uma alma de alumínio, com


juntas de alta pressão por deformação a frio, ou seja, um delgado tubo de alumínio
revestido interna e externamente com esses materiais plásticos. "Isso lhes conferiu
maior resistência mecânica à tração, flexão e tensões radiais, e menor dilatação térmica,
procurando conjugar no mesmo produto propriedades dos tubos metálicos com as dos
tubos plásticos", explica Gnipper.

153
MATERIAIS PARA TUBULAÇÃO DE ÁGUA QUENTE – COMPARATIVO

FONTE: https://xdocs.com.br/doc/inst-agua-quente-plasticos-jovrjd5vp9nv

Neste tópico abordamos os tipos de sistemas de aquecimento, bem como as


particularidades de cada sistema. Retira-se que a escolha do sistema de aquecimento
deve levar em consideração a vazão de aquecimento necessária, o número de pontos
de utilização a serem atendidos, o espaço físico para a instalação dos aquecedores e
aspectos financeiros para a implementação do sistema. Em relação ao dimensionamento
das tubulações, verificamos que os métodos de cálculo são semelhantes aos empregados
em sistemas prediais de água fria, devendo atender as pressões máximas e mínimas e
o limite de velocidade definido pela NBR 5626 (ABNT, 2020). Por fim, também foram
apresentadas as fontes de calor que alimentam estes sistemas de aquecimento.

154
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O sistema predial de água quente é composto por tubulação de água fria para
alimentar o sistema de distribuição de água quente, aquecedores, dispositivos de
segurança, tubulação de distribuição de água quente e peças de utilização.

• Os sistemas de aquecimento podem ser do tipo individual, central privado ou


central coletivo.

• Em função do princípio de funcionamento, os aquecedores podem ser classificados


em aquecedores de passagem e aquecedores de acumulação.

• Os aquecedores podem ter como fonte de calor a eletricidade, o gás ou a energia solar.

• O dimensionamento das tubulações de água quente pode ser realizado através do


método dos pesos relativos.

155
AUTOATIVIDADE
1 Estimar o consumo diário de água quente de um edifício residencial de 10 andares,
composto por 4 apartamentos por andar que será alimentado por um sistema central
coletivo. Considerar que cada apartamento é habitado por 2 pessoas.

a) ( ) 2.400 L/dia.
b) ( ) 3.800 L/dia.
c) ( ) 4.800 L/dia.
d) ( ) 5.200 L/dia.

2 A estimativa do consumo de água quente de uma edificação é feita com base na


utilização da mesma. Sendo assim, estime o consumo diário de água quente de um
hotel que possui capacidade de hospedar até 45 hóspedes:

a) ( ) 1.620 L/dia.
b) ( ) 1.850 L/dia.
c) ( ) 2.100 L/dia.
d) ( ) 2.250 L/dia.

3 O dimensionamento de tubulações de sistemas prediais de água quente é realizado


através da atribuição de pesos relativos aos equipamentos de utilização. Diante disso,
determine o diâmetro do barrilete de um sistema de água quente de uma residência
que alimenta 2 chuveiros, 2 lavatórios e 1 pia de cozinha.

Consultar a Tabela para obter o peso relativo dos pontos de utilização


a) ( ) D = 15 mm.
b) ( ) D = 22 mm.
c) ( ) D = 28 mm.
d) ( ) D = 35 mm.

4 Um sistema de aquecimento individual realiza a alimentação de água quente de


apenas um ponto de utilização, como é o caso de chuveiros e torneiras elétricas.
Tendo isso em vista, determinar o diâmetro da tubulação de água quente que
alimentará apenas um chuveiro.

5 Verificar se uma tubulação com diâmetro de 22 mm é suficiente para atender um


barrilete de uma residência que alimenta os seguintes pontos de consumo: 3
chuveiros, 2 banheiras, 3 lavatórios e 1 pia de cozinha.

156
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5626: Sistemas prediais
de água fria e água quente – Projeto, execução, operação e manutenção. Rio de
Janeiro, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7198: Projeto e


execução de instalações prediais de água quente. Rio de Janeiro, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9575:


Impermeabilização – Seleção e Projeto. Rio de Janeiro. 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10185: Reservatórios


termossolares para líquidos destinados a sistemas de energia solar – Método de ensaio
para desempenho térmico. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10925: Cavalete de


PVC DN 20 para ramais prediais. Rio de Janeiro, 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13103: Instalação de


aparelhos a gás – Requisitos. Rio de Janeiro, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14799: Reservatório


com corpo em polietileno, com tampa em polietileno ou em polipropileno, para água
potável de volume nominal até 3 000 L (inclusive) - Requisitos e métodos de ensaio,
Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14800: Reservatório


com corpo em polietileno, com tampa em polietileno ou em polipropileno, para água
potável de volume nominal até 3 000 L (inclusive) - Transporte, manuseio, instalação,
operação, manutenção e limpeza, Rio de Janeiro, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575 – 6: Edificações


habitacionais – Desempenho, Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.
Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15747-1: Sistemas


solares térmicos e seus componentes – Coletores solares. Parte 1: Requisitos gerais.
Rio de Janeiro, 2009.

157
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15747-2: Sistemas
solares térmicos e seus componentes – Coletores solares. Parte 2: Método de Ensaio.
Rio de Janeiro, 2009.

BOTELHO, M. H. C.; RIBEIRO JUNIOR, G. A. Instalações hidráulicas prediais: Usando


tubos de PVC e PPR. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2013.

CARVALHO JÚNIOR, R. Instalações prediais hidráulico-sanitárias: Princípios


básicos para elaboração de projetos. 1 ed. São Paulo: Blucher, 2014.

CARVALHO JÚNIOR, R. Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura. 1 ed.


São Paulo: Blucher, 2017.

CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

GHISI, E. GUGEL, E. C. Instalações prediais de água quente. Departamento de


Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

KSB. Manual de curvas características. 2005. Disponível em: http://www.ufrrj.


br/institutos/it/deng/daniel/Downloads/Material/Graduacao/IT%20503/MC_
A2740_42_44_4P_E_S_5%5B1%5D.pdf. Acesso em: 21 maio 2021.

MACINTYRE , A. J. Instalações hidráulicas prediais e industriais. 4 ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2017.

SECRETARIA NACIONAL DO SANEAMENTO (SNS). Diagnóstico dos serviços de água


e esgoto, 2019. Disponível em: http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/
ae/2019/Diagnostico-SNIS-AE-2019-Capitulo-07.pdf. Acesso em: 8 maio 2021.

158
UNIDADE 3 —

INSTALAÇÕES PREDIAIS
DE ESGOTO, PREVENÇÃO DE
INCÊNDIO E DISTRIBUIÇÃO
DE GÁS COMBUSTÍVEL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as partes constituintes de um sistema predial de esgoto sanitário;

• dimensionar as tubulações de coleta e transporte de sistemas prediais de esgoto


sanitário;

• dimensionar os componentes de um sistema predial de esgoto pluvial;

• identificar as medidas passivas e ativas de segurança contra incêndio;

• iniciar a elaboração de um projeto de prevenção de incêndio;

• Dimensionar a rede de distribuição interna de um sistema de gás.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO


TÓPICO 2 – INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO PLUVIAL
TÓPICO 3 – INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E DISTRIBUIÇÃO
DE GÁS COMBUSTÍVEL

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

159
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
SANITÁRIO

1 INTRODUÇÃO
A disposição inadequada do esgoto pode causar diversos impactos na saúde da
população e comprometer o abastecimento de água destinada ao consumo humano,
a balneabilidade de rios, a irrigação de plantações, dentre outras aplicações. Estima-se
que no Brasil 43% da população possui esgoto coletado e tratado, enquanto 12% utilizam
fossas sépticas para a coleta do esgoto sanitário. Estes números evidenciam que 55%
da população tem um tratamento adequado no esgoto. Em contrapartida, 18% têm seu
esgoto coletado e não tratado e um número expressivo de 27% não possuem coleta e nem
tratamento (ANA, 2021). Diante do exposto, é evidente que o Brasil precisa avançar em
políticas e projetos para ampliar a rede de coleta de esgoto e implementar outros tipos de
soluções para o tratamento de esgoto, como, por exemplo, as fossas sépticas.

De acordo com definição da NBR 8160 (ABNT, 1999) o sistema predial de esgoto
sanitário tem como objetivo coletar e conduzir os despejos oriundos dos aparelhos
sanitários até um destino apropriado. Nesse contexto, este sistema deve evitar a
contaminação da água, garantindo a sua qualidade de consumo; permitir o rápido
escoamento da água utilizada, sem a ocorrência de vazamentos e depósitos dentro
das tubulações; impedir que os gases originados no interior do sistema predial atinjam
áreas da edificação; impossibilitar a entrada de corpos estranhos ao interior do sistema
e permitir que os seus componentes tenham inspeção facilitada.

Diante disso, acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as partes que compõe um


sistema predial de esgoto sanitário, o dimensionamento das tubulações de coleta e
transporte dos despejos dos aparelhos sanitários através da metodologia apresentada
na NBR 8160 (ABNT, 1999), os materiais usualmente aplicados nestes sistemas e alguns
aspectos sobre os projetos de esgoto sanitário. Por fim, também será apresentado o
funcionamento das fossas sépticas e como realizar o seu dimensionamento e as formas
de disposição dos efluentes provenientes das fossas.

2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS


A destinação final do esgoto sanitário dependerá da localização da edificação.
Isto posto, os sistemas de esgoto sanitário podem ser classificados em sistemas
individuais e coletivos, conforme será apresentado nos subtópicos a seguir.

161
2.1 SISTEMA INDIVIDUAL
Como pode ser observado na Figura 1, no sistema de esgoto sanitário individual
a edificação possui o seu próprio sistema de coleta, transporte e tratamento. No exemplo
em questão, o tratamento do esgoto é feito através de fossa séptica e a disposição
do efluente é feita através de sumidouros. Destaca-se que nos subtópicos a seguir o
princípio de funcionamento das fossas sépticas e as formas de disposição dos efluentes
serão abordadas com maiores detalhes.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO INDIVIDUAL


Edificação Águas servidas
Sumidouro

Fossa séptica

Águas servidas
Sumidouro

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 164)

2.2 SISTEMA COLETIVO


Já nos sistemas de esgotos sanitários coletivos, os despejos das edificações
são conduzidos através do ramal predial até a rede coletora pública, a qual encaminha
os esgotos até um determinado local, para tratamento e posterior lançamento a um
curso de água (Figura 2).

FIGURA 2 – EXEMPLO DE SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO COLETIVO


Edificação

Edificação

Edificação

Caixa de Caixa de Caixa de


inspeção inspeção inspeção
Ramal predial

Ramal predial

Ramal predial

Rede coletora pública

Rua

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 165)

162
3 COMPONENTES DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO
SANITÁRIO
Os principais componentes de um sistema predial de esgoto sanitário são:
aparelhos sanitários, desconectores, ralos, ramal de descarga, ramal de esgoto, tubo
de queda, coluna de ventilação, subcoletor, dispositivos de inspeção e coletor predial
(Figura 3). Cada componente será abordado a seguir com maiores detalhes.

FIGURA 3 – COMPONENTES DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO

Tubo de
queda

Coluna de
ventilação
ventilação
Ramal de

Ramal de
descarga
Ramal de
esgoto

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 178)

3.1 APARELHOS SANITÁRIOS


Os aparelhos sanitários são aqueles ligados à instalação predial e destinados
ao uso de água para fins higiênicos ou a receber dejetos ou águas servidas (NBR 8160,
1999). Como exemplo, cita-se os vasos sanitários, lavatórios, ralos, chuveiros, banheira,
dentre outros.

3.2 DESCONECTORES
Os desconectores são dispositivos providos de fecho hídrico que tem como
objetivo impedir a passagem de gases no sentido oposto ao deslocamento do esgoto
(NBR 8160, 1999). Como pode ser observado na Figura 4, estes dispositivos podem ser
do tipo sifão ou caixas sifonadas. Os sifões usualmente atendem apenas um aparelho,
como, por exemplo, um lavatório, e a caixa sifonada um conjunto de aparelhos sanitários
de uma unidade habitacional. De acordo com a NBR 8160 (ABNT, 1999), todos os
aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores, os quais devem ter um
fecho hídrico com uma altura mínima de 50 mm.

163
FIGURA 4 - EXEMPLOS DE DESCONECTORES
Entrada
Grelha

Entrada Gases
Fecho
Hídrico
Fecho Tubulação
Hídrico
primária
Gases

Corte Caixa Sifonada


Corte Sifão

FONTE: https://bit.ly/3sImd9X Acesso em: 14 jun. 2021.

De acordo com a NBR 8160 (ABNT, 1999), todo dispositivo desconector deverá
ser ventilado. Nesse sentido, a norma estabelece na Tabela 1, a distância máxima entre
o desconector e o tubo de ventilação. Nos subtópicos a seguir, o tubo de ventilação será
abordado com maiores detalhes.

TABELA 1 – DISTÂNCIA MÁXIMA DO DESCONECTOR AO TUBO DE VENTILAÇÃO

Diâmetro nominal do ramal Distância máxima (m)


de descarga (mm)
40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 11)

3.3 RALOS
Os ralos podem ser do tipo seco ou sifonado. Os ralos secos (Figura 5a) são
dispositivos sem proteção hídrica e os ralos sifonados (Figura 5b), dispositivos dotados
de desconector, ambos com grelha na parte superior (NBR 8160, 1999). De maneira
geral, os ralos secos recebem águas provenientes de chuveiro, pisos laváveis, áreas
externas, varandas, dentre outros. Contudo, este tipo de ralo não deve receber efluentes
de ramais de descarga (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

164
FIGURA 5 - EXEMPLO DE RALO SECO (A) E RALO SIFONADO (B)

FONTE: <https://bit.ly/3AOIapZ> Acesso em: 14 jun. 2021.

3.4 RAMAL DE DESCARGA


O ramal de descarga é a tubulação que recebe diretamente os efluentes dos
aparelhos sanitários, conforme previamente representado na Figura 3.

IMPORTANTE
O ramal de descarga da bacia sanitária deve ser ligado diretamente no
tubo de queda (Figura 6) ou diretamente à caixa de inspeção no caso de
edificação térrea.

FIGURA 6 – RAMAL DE DESCARGA DA BACIA SANITÁRIA LIGADO DIRETAMENTE AO TUBO DE QUEDA


Colina
ventilação

Tubo de queda

Bacia
sanitária
Ramais de Ramal de
descarga ventilação

Ramal de esgoto

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 174)

3.5 RAMAL DE ESGOTO


O ramal de esgoto é a tubulação que recebe diretamente os efluentes dos
ramais de descarga ou a partir de um desconector (Figura 3). De acordo com Carvalho
Júnior (2017), em pavimentos térreos o ramal de esgoto deve ser ligado ao subcoletor
ou coletor predial por meio de caixa de inspeção e, em pavimentos sobrepostos, a
tubulação é ligada aos tubos de queda.

165
3.6 RAMAL DE VENTILAÇÃO
O ramal de ventilação é a tubulação que interliga o desconector, ou ramal de
descarga, ou ramal de esgoto de um ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de
ventilação, como pode ser observado na FIGURA 3 (NBR 8160, 1999).

3.7 TUBO DE QUEDA


O tubo de queda corresponde à tubulação vertical que recebe efluentes de
subcoletores, ramais de esgoto e ramais de descarga (NBR 8160, 1999). A Figura 7
exemplifica o tubo de queda (TQ) de um edifício com mais de dois pavimentos. Segundo
a NBR 8160 (ABNT, 1999), os tubos de queda devem ser instalados em um único
alinhamento, sempre que possível. Além disso, o tubo de queda não deve ter um diâmetro
inferior ao maior diâmetro a ele ligado, que usualmente é o ramal de descarga da bacia
sanitária, que possui diâmetro de 100 mm. Para o tubo de queda que recebe efluentes
de pias de cozinha, o diâmetro mínimo deve ser de 75 mm (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 7 – EXEMPLO DE TUBO DE QUEDA DE EDIFÍCIO COM MAIS DE DOIS PAVIMENTOS


CV TQ

Cobertura

LV
BS
RS
3° Pavimento
i=2%

LV
BS
RS
2° Pavimento
i=2%
LV
BS

1° Pavimento RS
i=2%

Térreo
Subcoletor

FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2017, p. 175)

3.8 COLUNA DE VENTILAÇÃO


Segundo definição da NBR 8160 (ABNT, 1999), a coluna de ventilação consiste
em um tubo ventilador vertical que se prolonga através de um ou mais andares e
cuja extremidade superior é aberta à atmosfera. Essa tubulação tem por finalidade
possibilitar a troca de ar entre as tubulações de esgoto e a atmosfera, evitando assim
possíveis rupturas do fecho hídrico de desconectores. A extremidade superior da coluna
de ventilação em contato com a atmosfera deve situar-se a uma altura mínima de 2
m acima da cobertura quando a laje é utilizada para outros fins além de cobertura.
Nos demais casos, a altura mínima deve ser de 0,3 m (NBR 8160, 1999). A Figura 8
exemplifica uma tubulação de ventilação, representada em verde no projeto. Destaca-
se que o projeto atende a altura mínima de 0,3 m em relação à cobertura da edificação.
166
FIGURA 8 – EXEMPLO DE COLUNA DE VENTILAÇÃO CRUZANDO A COBERTURA DA EDIFICAÇÃO

FONTE: Guido et al. (2018, p. 11).

3.9 SUBCOLETORES
Os subcoletores são tubulações horizontais que recebem os efluentes de um
ou mais tubos de queda ou ramais de esgoto. Nesse contexto, de acordo com Carvalho
Júnior (2017), os subcoletores devem preferencialmente ser construídos na parte não
edificada do terreno. Já em edifícios compostos por diversos pavimentos, usualmente
são fixados sob a laje de cobertura do subsolo, através de braçadeiras (Figura 9).

FIGURA 9 – TUBULAÇÃO DE ESGOTO NO SUBSOLO DE UMA EDIFICAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/39KqOP7> Acesso em: 15 jun. 2021.

3.10 DISPOSITIVOS DE INSPEÇÃO


Os dispositivos de inspeção são destinados à inspeção, limpeza e desobstrução
das tubulações de esgoto. Estes dispositivos podem ser classificados em caixa de
inspeção, caixa de gordura e caixa múltipla. A Figura 10 exemplifica uma caixa de
inspeção. As mesmas devem ser instaladas em pontos de mudança de declividade e na
junção de tubulações enterradas. Além disso, devem ser instaladas de modo a respeitar
os seguintes requisitos (NBR 8160, 1999):

167
• a distância entre dois dispositivos de inspeção não deve ser superior a 25,00 m;
• a distância entre a ligação do coletor predial com o público e o dispositivo de inspeção
mais próximo não deve ser superior a 15,00 m;
• os comprimentos dos trechos dos ramais de descarga e de esgoto de bacias sanitárias,
caixas de gordura e caixas sifonadas, medidos entre os mesmos e os dispositivos de
inspeção, não devem ser superiores a 10,00 m.

FIGURA 10 – INSTALAÇÃO DE UMA CAIXA DE INSPEÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3ujDC8A>. Acesso em: 15 jun. 2021.

As caixas de gordura têm como finalidade reter, na parte superior, as gorduras,


graxas e óleos presentes no esgoto, favorecendo a formação de camadas que
devem ser removidas periodicamente, como pode ser observado na Figura 11. Estes
dispositivos impedem que os resíduos de gordura entrem na rede de esgoto, evitando
a obstrução da rede. Em instalações residenciais, as caixas de gordura normalmente
são utilizadas para reter os resíduos gordurosos de pias e cozinhas. Já as caixas
múltiplas podem ser utilizadas como caixa de gordura, de inspeção e de águas pluviais
(CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 11 – FUNCIONAMENTO DE UMA CAIXA DE GORDURA

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 183)

168
NOTA
A utilização de caixas de gorduras pode ser exigida por códigos sanitários
estaduais e municipais. Entretanto, quando não for exigida por órgão
público componente, a sua utilização fica a critério do projetista. A sua
utilização em restaurantes, hospitais e indústrias é obrigatória em todo o
território nacional (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

3.11 COLETOR PREDIAL


O coletor predial corresponde à tubulação entre a última inserção de subcoletor,
ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público ou
sistema particular, como pode ser observado na Figura 12. Ou seja, é a tubulação que
interliga a rede de esgoto da edificação à rede pública de coleta.

FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO DO COLETOR PREDIAL DE UMA RESIDÊNCIA

Tubo de ventilação

Última caixa
de inspeção

Esgoto
secundário Esgoto pr Coletor público 1,50 m
imário
Caixa sifonada
Coletor pr
edial
Máximo 15 m

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 185)

4 DIMENSIONAMENTO
O dimensionamento das tubulações de um sistema predial de esgoto sanitário
é feito com base na contribuição de cada um dos aparelhos sanitários existentes no
sistema. Essa contribuição é representada pela Unidade Hunter de Contribuição (UHC).
Isto posto, cada aparelho sanitário possui um valor específico de UHC, que será utilizado
para fins de dimensionamento. Estes valores de UHC são estabelecidos pela NBR 8160
(ABNT, 1999). Desta forma, o diâmetro das tubulações é feito com base no número total
de UHC associadas aos aparelhos sanitários a que servirem.

169
Nesse contexto, o dimensionamento das tubulações de esgotos é feito trecho
a trecho. Tendo isto em vista e considerando que as UHC vão se acumulando à medida
que aumenta o número de aparelhos sanitários contribuintes no trecho, conforme
indicado na Figura 13, a ordem do dimensionamento corresponde ao sentido do fluxo
do esgoto sanitário, ou seja, inicia no ramal de descarga e, após isso, é realizado nos
demais trechos de tubulação do sistema predial.

FIGURA 13 – FLUXOGRAMA COM AS ETAPAS DE DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA PREDIAL DE


ESGOTO SANITÁRIO

FONTE: A autora (2021)

De acordo com Carvalho Júnior (2017), o dimensionamento das tubulações de


esgoto sanitário envolve a determinação do diâmetro das tubulações, a qual é feita a
partir da contribuição de cada aparelho através das UHC, e a definição das declividades.
O autor comenta que como o sistema de esgoto funciona por gravidade, deve-se
especificar as declividades das tubulações no projeto. Nesse sentido, usualmente adota-
se os valores de declividade estabelecidos pela NBR 8160 (ABNT, 1999). De maneira
geral, adota-se como declividade mínima o valor de:

• 2% para tubulações com diâmetro nominal igual ou inferior a 75 mm;


• 1% para tubulações com diâmetro nominal igual ou superior a 100 mm.

Nos subtópicos a seguir serão apresentadas as tabelas de dimensionamento do


ramal de descarga, ramal de esgoto, tubo de queda, coletor e subcoletor predial, ramal
de ventilação e coluna de ventilação.

4.1 RAMAL DE DESCARGA


A Tabela 2 apresenta as UHC de cada aparelho sanitário, as quais são utilizadas
no dimensionamento dos demais trechos do sistema predial de esgoto. Além disso,
a tabela também fornece qual deve ser o diâmetro nominal mínimo do ramal de
descarga que recebe o esgoto de cada aparelho sanitário. A utilização da Tabela 2 é
bastante simples. Para exemplificar, vamos considerar um chuveiro de uma residência,
para fins de dimensionamento este aparelho é associado a um número de UHC de 2.
Adicionalmente, o ramal de descarga que recebe o esgoto deste aparelho deverá ter um
diâmetro mínimo de 40 mm.

170
TABELA 2 – UHC DOS APARELHOS SANITÁRIOS E DIÂMETRO MÍNIMO DOS RAMAIS DE DESCARGA

Diâmetro nominal mínimo


Aparelho N⁰ UHC
do ramal de descarga (mm)
Bacia sanitária 6 100
Banheira de residência 2 40
Bebedouro 0,5 40
Bidê 1 40
Chuveiro – Residência 2 40
Chuveiro - Coletivo 4 40
Lavatório – Residência 1 40
Lavatório – Uso geral 2 40
Mictório – Válvula de descarga 6 75
Mictório – Caixa de descarga 5 50
Pia de cozinha – Residência 3 50
Tanque de lavar roupas 3 40
Máquina de lavar louças 2 50
Máquina de lavar roupas 3 50
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 16)

4.2 RAMAL DE ESGOTO



O dimensionamento dos ramais de esgoto é feito com base na Tabela 3.
Incialmente é necessário determinar o somatório das UHC de todos os aparelhos
sanitários que têm seus ramais de descarga ligados ao ramal de esgoto. Posteriormente,
a partir deste somatório, obtém-se diretamente a partir da Tabela 3 o diâmetro mínimo
da tubulação. Para exemplificar, considerando um ramal de esgoto que recebe as
contribuições de dois ramais de descarga residenciais provenientes de 1 chuveiro e 1
lavatório, o somatório das UHC será igual a 3 (Tabela 2). Portanto, o diâmetro do ramal
de esgoto deverá ser de 40 mm (Tabela 3).

TABELA 3 – DIÂMETRO NOMINAL MÍNIMO DOS RAMAIS DE ESGOTO

Diâmetro nominal Número máximo de


mínimo do tubo (mm) UHC
40 3
50 6
75 20
100 160
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 17)

171
4.3 TUBO DE QUEDA
O diâmetro nominal dos tubos de queda é determinado a partir do número
de pavimentos da edificação e do somatório das UHC das tubulações contribuintes,
como pode ser observado na Tabela 4. Isto posto, como o tubo de queda deve possuir
diâmetro constante, considera-se no dimensionamento o somatório das UHC de todos
os aparelhos sanitários dos ramais de esgoto conectados ao tubo.

IMPORTANTE
No dimensionamento do tubo de queda é importante considerar que
(CARVALHO JÚNIOR, 2017):
• O diâmetro do tubo de queda não pode ser inferior ao diâmetro dos
seus ramais contribuintes;
• Para o tubo de queda que recebe efluentes de pias de cozinha, o
diâmetro mínimo deve ser de 75 mm.

TABELA 4 – DIMENSIONAMENTO DOS TUBOS DE QUEDA

Diâmetro Número máximo UHC


nominal Prédio de até três Prédio com mais de
(mm) pavimentos três pavimentos
40 4 8
50 10 24
75 30 70
100 240 500
150 960 1900
200 2200 3600
250 3800 5600
300 6000 8400
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 18)

4.4 COLETOR E SUBCOLETOR PREDIAL


Como pode ser observado na Tabela 5, o dimensionamento dos subcoletores e
coletores prediais é feito em função da declividade mínima estabelecida e do somatório
das UHC das tubulações contribuintes.

172
TABELA 5 – DIMENSIONAMENTO DO COLETOR E SUBCOLETOR PREDIAL

Diâmetro Número máximo de UHC em função da declividade mínima (%)


nominal do
tubo (mm) 0,5 1 2 4
100 - 180 216 250
150 - 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200

300 3900 4600 5600 6700

400 7000 8300 10000 12000

FONTE: NBR 8160 (1999, p. 18)

IMPORTANTE
O coletor predial deve ter diâmetro nominal mínimo de 100 mm. Além
disso, para o dimensionamento do coletor predial e dos subcoletores de
prédios residenciais, deve ser considerado apenas o aparelho de maior
descarga de cada banheiro para o somatório de UHC. Entretanto, nos
demais casos devem ser considerados todos os aparelhos contribuintes
para o cálculo do número de UHC (NBR 8160, 1999).

4.5 RAMAL DE VENTILAÇÃO


O dimensionamento dos ramais de ventilação é feito com base na Tabela 6.
Como pode ser observado, o diâmetro destas tubulações depende do somatório das
UHC das tubulações ligadas ao ramal de ventilação e se existem bacias sanitárias
conectadas à instalação.

TABELA 6 – DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE VENTILAÇÃO

Grupo de aparelhos com bacias


Grupo de aparelhos sem bacias sanitárias
sanitárias
Diâmetro nominal Diâmetro nominal
N⁰ UHC N⁰ UHC
(mm) (mm)
Até 12 40 Até 17 50
13 a 18 50 18 a 60 75
19 a 36 75 - -
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 21)

173
4.6 COLUNA DE VENTILAÇÃO
Por fim, o diâmetro nominal das colunas de ventilação pode ser determinado a
partir da Tabela 7. Verifica-se que o diâmetro das colunas é função do somatório das UHC,
do diâmetro do tubo de queda ou ramal de esgoto e do comprimento da tubulação de
ventilação. De maneira geral, o comprimento da tubulação é estimado a partir da altura da
edificação. Para facilitar a compressão, vamos realizar um exemplo de dimensionamento
da coluna de ventilação de um tubo de queda com diâmetro de 100 mm (somatório de
UHC = 120) de um prédio com 15 andares. Desta forma, considerando um pé-direito
de 3 m, a altura total do edifício é de 45 m. Inicialmente na Tabela 7 identifica-se as
linhas correspondentes ao diâmetro do tubo de queda de 100 mm e, posteriormente,
determina-se qual a linha que mais se aproxima do valor de UHC = 120, que no caso
desse exemplo é o valor de UHC = 140. Nesse sentido, recomenda-se sempre adotar o
valor imediatamente superior, uma vez que, se for adotado o limite inferior, pode ocorrer
um subdimensionamento da tubulação. Posteriormente, considerando que a altura da
edificação é de 45 m, o valor de comprimento imediatamente superior é o valor de 61 m.
Por fim, obtém-se que o diâmetro da coluna de ventilação deve ser de 75 mm.

TABELA 7 – DIMENSIONAMENTO DAS COLUNAS DE VENTILAÇÃO

Diâmetro nominal Diâmetro nominal da coluna de ventilação (mm)


do tubo de queda 40 50 75 100 150 200 250 300
N⁰ UHC
ou ramal de esgoto
Comprimento permitido (m)
(mm)
40 8 46 - - - - - - -
40 10 30 - - - - - - -
50 12 23 61 - - - - - -
50 20 15 46 - - - - - -
75 10 13 46 317 - - - - -
75 21 10 33 247 - - - - -
75 53 8 29 207 - - - - -
75 102 8 26 189 - - - - -
100 43 - 11 76 299 - - - -
100 140 - 8 61 229 - - - -
100 320 - 7 52 195 - - - -
100 530 - 6 46 177 - - - -
150 500 - - 10 40 305 - - -
150 1100 - - 8 31 238 - - -
150 2000 - - 7 26 201 - - -
150 2900 - - 6 23 183 - - -
200 1800 - - - 10 73 286 - -
200 3400 - - - 7 57 219 - -
200 5600 - - - 6 49 186 - -
200 7600 - - - 5 43 171 - -

174
250 4000 - - - - 24 94 293 -
250 7200 - - - - 18 73 225 -
250 11000 - - - - 16 60 192 -
250 15000 - - - - 14 55 174 -
300 7300 - - - - 9 37 116 287
300 13000 - - - - 7 29 90 219
300 20000 - - - - 6 24 76 186
300 26000 - - - - 5 22 70 152
FONTE: NBR 8160 (1999, p. 12)

Exemplo de dimensionamento:
Dimensionar os ramais de descarga, ramal de esgoto, tubo de queda (TQ), ramal de
ventilação, coluna de ventilação e subcoletor que recebe o TQ de um edifício residencial
com 12 pavimentos, com 1 apartamento por pavimento e 1 banheiro por apartamento.
Considerar que cada banheiro é composto por 1 bacia sanitária, 1 chuveiro e 1 lavatório.
Além disso, adotar uma declividade de i=1%.

• Ramais de descarga:
O dimensionamento dos ramais de descarga da bacia sanitária, do chuveiro e do
lavatório é feito a partir da Tabela 2.
D bacia sanitária = 100 mm
D chuveiro = 40 mm
D lavatório = 40 mm

• Ramal de esgoto
Conforme anteriormente mencionado, o ramal de descarga da bacia sanitária deve ser
ligado diretamente ao tubo de queda. Desta forma, o ramal de esgoto do banheiro que
estamos dimensionamento receberá contribuições apenas do chuveiro e do lavatório.
Para o dimensionamento do ramal de esgoto, primeiro é necessário determinar o
somatório dos aparelhos de utilização ligados a este ramal. As UHC do chuveiro e do
lavatório também é determinada a partir da Tabela 2.
UHC chuveiro = 2
UHC lavatório = 1
ƩUHC = UHC chuveiro + UHC lavatório = 2 + 1 = 3
O dimensionamento do ramal de esgoto é feito a partir da Tabela 3.
Para ƩUHC = 3 – D ramal esgoto = 40 mm

• Tubo de queda
O tubo de queda será dimensionado considerado a contribuição de todos os aparelhos
de utilização de todos os andares do edifício.
Inicialmente determina-se o somatório de UHC por andar. Neste caso a bacia sanitária
também é considerada no cálculo.

175
ƩUHC andar = UHC chuveiro + UHC lavatório + UHC bacia sanitária = 2 + 1 + 6 = 9
Como a edificação é composta por 12 pavimentos, a contribuição total dos aparelhos
corresponde:
ƩUHC total = 12 x 9 = 108
Por fim, o dimensionamento do tubo de queda é feito a partir da Tabela 4.
ƩUHC total = 108 e edificação ˃ 3 andares - D tubo de queda = 100 mm.

• Subcoletor
Para o dimensionamento do subcoletor de um prédio residencial, deve ser considerado
apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro para o somatório de UHC. Desta
forma, para este exemplo, será considerado no cálculo apenas a bacia sanitária de cada
banheiro.
UHC bacia sanitária = 6
ƩUHC total = 12 x 6 = 72
O dimensionamento do subcoletor é feito a partir da Tabela 5.
i = 1% e ƩUHC total = 72 – D subcoletor = 100 mm.

• Ramal de ventilação
ƩUHC andar = UHC chuveiro + UHC lavatório + UHC bacia sanitária = 2 + 1 + 6 = 9
O dimensionamento do ramal de ventilação é feito a partir da Tabela 6.
ƩUHC andar = 9 e grupo com bacia sanitária – D ramal de ventilação = 50 mm

• Coluna de ventilação
D tubo de queda = 100 mm
ƩUHC total = 108
Considerando que o edifício possui 12 pavimento e cada andar tem um pé-direito de 3
m, a altura total do edifício é de 36 m.
O dimensionamento da coluna de ventilação é feito a partir da TABELA 7.
D tubo de queda = 100 mm - ƩUHC = 108 – Comp. = 36 m – D coluna de ventilação = 75 mm

5 MATERIAIS UTILIZADOS
Os materiais usualmente utilizados para as tubulações e conexões de sistemas
prediais de esgotos sanitários são o PVC (série normal e reforçada), o ferro fundido e a
manilha cerâmica. O PVC é o material mais utilizado, em decorrência da sua flexibilidade
e leveza. As tubulações de ferro fundido são incombustíveis, possuem alta resistência
contra choques mecânicos e elevada resistência à produtos químicos e a altas
temperaturas. Em função destas características, esse material geralmente é aplicado
em instalações aparentes, principalmente em garagens de subsolos. Já as manilhas
cerâmicas de maneira geral são empregadas em sistemas de esgoto de efluentes
industriais. Além disso, possuem elevada resistência à ação de solos agressivos
(CARVALHO JÚNIOR, 2017).

176
6 PROJETO DE INSTALAÇÃO PREDIAL
Em relação aos projetos de instalações prediais de esgoto sanitário, a Figura 14
apresenta as simbologias usuais para representação das tubulações, caixas e ralos deste
tipo de sistema predial. De maneira geral, as tubulações de esgoto são representadas
por linhas contínuas e as tubulações de ventilação por linhas tracejadas. Além disso, o
tubo de queda é representado pela sigla TQ e a coluna de ventilação pela sigla CV.

FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO DE ESGOTO SANITÁRIO

Esgoto sanitário
Ventilação Caixa de inspeção de esgoto

Prumadas Caixa de gordura/caixa desconectora

Tubo de queda de esgoto Caixa ou ralo sifonado


Ralo seco
Ventilação
Grelha semiesférica de FF
Tubo que desce

Tubo que sobe

FONTE: CARVALHO JÚNIOR (2017, p. 244)

No que diz respeito ao traçado das tubulações de esgoto sanitário, recomenda-


se posicionar os pontos de descida dos tubos de queda o mais próximo possível de
pilares, ou da projeção dos pilares e paredes do térreo. Além disso, é recomendável
evitar mudanças bruscas de direção no traçado das redes e o posicionamento da
caixa sifonada próxima da ligação com o ramal de esgoto para facilitar a instalação da
ventilação (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

7 TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO


Nesta seção serão apresentados o conceito e o princípio de funcionamento e
dimensionamento de uma fossa séptica. Também serão abordadas as principais formas
de disposição do efluente de uma fossa séptica.

7.1 FOSSAS SÉPTICAS


A ausência de serviços de públicos de esgoto sanitário em áreas urbanas,
suburbanas e rurais exige a implantação de alternativas para a disposição dos esgotos
das edificações locais, visando evitar a contaminação do solo e da água. Nesse
contexto, as fossas sépticas são amplamente utilizadas nessas situações. As fossas
sépticas consistem em um dispositivo de tratamento de esgoto destinado a receber
as contribuições de esgoto de uma ou mais residências e dar ao esgoto um grau de

177
tratamento compatível com o seu custo e forma de funcionamento. Como pode ser
observado na Figura 15, estes dispositivos são câmaras destinadas a reter o esgoto
por um determinado período, permitindo a sua sedimentação e a retenção de material
graxo, como óleos e gorduras (JORDÃO; PESSÔA, 2011).

FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UMA FOSSA SÉPTICA

FONTE: <https://bit.ly/39Q0WBe>. Acesso em: 15 jun. 2021.

O funcionamento das fossas sépticas de maneira geral, envolve quatro etapas.


Incialmente, ocorre a retenção do esgoto por um período de 12 a 24 horas. Posteriormente
ocorre a sedimentação do esgoto. Cerca de 60 a 70% dos sólidos presentes no esgoto
são sedimentados, originando uma camada semilíquida que se deposita no fundo da
câmara. Já os óleos e gorduras são retidos na superfície livre do líquido e usualmente
são denominados de escuma. Em seguida, inicia-se o processo de digestão anaeróbia
do lodo. Nesta etapa, o lodo e a escuma são degradados por bactérias anaeróbias,
provocando a destruição total ou parcial dos organismos patogênicos. Por fim, ocorre
a redução do volume final do lodo. Após essa etapa, o material adquire características
que possibilitam que o efluente da fossa séptica seja disposto em melhores condições,
evitando a contaminação do solo e água (JORDÃO; PESSÔA, 2011).

O dimensionamento do volume da fossa séptica pode ser realizado através


da Equação 1, a qual considera o volume correspondente as período de detenção do
efluente e o volume de acumulação do lodo digerido (NBR 7229, 1997).

V = 1000 + N (C x T + K x Lf) Equação 1

Onde:
V – volume útil da fossa séptica (L);
N – número de pessoas ou unidades de contribuição;
C – contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (Tabela 8);
T – tempo de detenção (dias), consultar Tabela 9;
K – taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação
de lodo
fresco (Tabela 10);
Lf - contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (Tabela 8).

178
TABELA 8 – CONTRIBUIÇÃO DIÁRIA DE ESGOTO (C) E DE LODO FRESCO (LF) POR TIPO DE PRÉDIO
E DE OCUPANTE (EM LITROS)

Contribuição
Contribuição
Prédio Unidade lodo fresco
esgoto (C)
(Lf)
1 - Ocupantes permanentes      
Residência
padrão alto pessoa 160,0 1,0
padrão médio pessoa 130,0 1,0
padrão baixo pessoa 100,0 1,0
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) pessoa 100,0 1,0
Alojamento provisório pessoa 80,0 1,0
2 - Ocupantes temporários      
Fábrical em geral pessoa 70,0 0,3
Escritório pessoa 50,0 0,2
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50,0 0,2
Escolas e locais de longa permanência pessoa 50,0 0,2
Bares pessoa 6,0 0,1
Restaurante e similares refeição 25,0 0,1
Cinemas, teatros e locais de curta
lugar 2,0 0,02
permanência
bacia
Sanitários públicos 480,0 4,0
sanitária
FONTE: NBR 7229 (1997, p. 4)

TABELA 9 – PERÍODO DE DETENÇÃO DOS DESPEJOS EM FUNÇÃO DA FAIXA DE CONTRIBUIÇÃO DIÁRIA

Tempo de detenção
Contribuição diária (L)
Dias Horas
Até 1500 1,00 24
De 1501 a 3000 0,92 22
De 3001 a 4500 0,83 20
De 4501 a 6000 0,75 18
De 6001 a 7500 0,67 16
De 7501 a 9000 0,58 14
Mais que 9000 0,50 12
FONTE: NBR 7229 (1997, p. 5)

179
TABELA 10 – TAXA DE ACUMULAÇÃO TOTAL DE LODO (K) EM DIAS, POR INTERVALO ENTRE LIMPEZAS
E TEMPERATURA DO MÊS MAIS FRIO

Intervalo entre Valores de K por faixa de temperatura


limpezas (anos) ambiente (t), em ⁰C
  t ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 t ˃20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
FONTE: NBR 7229 (1997, p. 5)

Como pode ser observado, a Tabela 8 fornece os valores de contribuição diária


de esgoto e de lodo fresco por pessoa que serão utilizados para o dimensionamento
da fossa séptica em função do tipo da edificação. Na primeira coluna da tabela são
apresentados alguns tipos de edificações que se dividem em ocupações permanentes,
como no caso de residências; e ocupações temporárias, como no caso de escritórios,
fábricas, entre outras.

Em relação às ocupações permanentes, são especificadas três categorias,


sendo estas de alto, médio ou baixo padrão. Isto posto, destaca-se que o padrão da
edificação está atrelado à área da edificação, número de quartos, padrão de acabamento
da mesma, entre outros aspectos. Para exemplificar, considerando uma residência
unifamiliar com 60 m² do projeto Minha Casa Minha Vida, é possível classificá-la na
categoria de baixo padrão. A Tabela 9 especifica qual deverá ser o período de detenção
do lodo na fossa séptica. Como pode ser observado, esse período é função do valor total
da contribuição diária da edificação. Por fim, a Tabela 10 fornece os valores da taxa de
acumulação de lodo digerido em dias, a qual é função da temperatura ambiente do local
da edificação e dos intervalos de limpeza da fossa séptica.

Exercício de dimensionamento:
Determinaremos o volume de uma fossa séptica que recebe o esgoto de uma residência
de alto padrão, habitada por 7 pessoas. Consideraremos que a temperatura do mês mais
frio é de 17 ⁰C e que a limpeza da fossa será realizada de 5 em 5 anos.

O dimensionamento do volume da fossa séptica pode ser realizado através da Equação 1


V = 1000 + N (C x T + K x Lf)
N = 7 pessoas
As contribuições de esgoto (C) e lodo fresco (Lf) são determinadas a partir da Tabela 8.
Considerando uma residência de alto padrão – C = 160 L e Lf = 1,0 L
Para a determinação do tempo de detenção (T), inicialmente calculamos a contribuição
diária da residência:
Cd = N x C = 7 x 160 = 1120 L/dia
Cd = 1120 L/ dia – consultando a Tabela 9 – T = 1 dia

180
Posteriormente determinamos a taxa de acumulação de lodo digerido em dias (K), a
partir da Tabela 10.
t = 17 ⁰C e tempo de limpeza = 5 anos – K = 225 dias

V = 1000 + N (C x T + K x Lf) = 1000 + 7 (160 x 1 + 225 x 1)


V = 3695 L = 3,7 m³

7.2 DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE DA FOSSA SÉPTICA


A escolha da forma de disposição do efluente líquido proveniente da fossa
séptica deve levar em consideração aspectos como a porosidade do solo e altura do
lençol freático e o possível contato do efluente com as águas do subsolo que, direta
ou indiretamente, podem ser utilizadas para o consumo humano. Nesse contexto, a
disposição dos efluentes líquidos de fossas sépticas pode ser feito através do lançamento
em corpos de água receptores, de sumidouros, valas de infiltração, valas de filtração e
filtros de areia (JORDÃO; PESSÔA, 2011).

Nessa conjuntura, uma solução para melhorar a qualidade do efluente líquido de


fossas sépticas é a utilização de um filtro biológico anaeróbio. Esses filtros consistem em
tanques cheios de pedras, através do qual o efluente percola, entrando em contato com
microrganismos anaeróbios. Como pode ser observado na Figura 16, o fluxo do esgoto
ocorre no sentido ascendente e o efluente é coletado na parte superior do filtro. Nesse
processo, a atividade biológica que ocorre possibilita uma eficiência global de remoção
da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) de 70% a 85%, em relação ao afluente da
fossa (JORDÃO; PESSÔA, 2011).

FIGURA 16 – FUNCIONAMENTO DE UM FILTRO BIOLÓGICO ANAERÓBIO

FONTE: Gonçalves (2006, p. 246)

181
NOTA
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) indica a quantidade de oxigênio
necessária para degradação da matéria orgânica. É o parâmetro mais
empregado para avaliar a poluição. Desta forma, quanto maior o valor do
DBO de um efluente, maior o impacto no corpo receptor.

Neste tópico abordamos sobre os componentes de um sistema predial de


esgoto sanitário e sobre o dimensionamento das tubulações deste sistema, que é feito
de acordo com a NBR 8160 (ABNT, 1999). De maneira geral, esse dimensionamento
é feito com base na contribuição de cada um dos aparelhos sanitários existentes
no sistema, representada pela Unidade Hunter de Contribuição (UHC). Também foi
apresentado o princípio de funcionamento e o dimensionamento de fossas sépticas, as
quais consistem em uma alternativa para a disposição dos esgotos das edificações em
situações de inexistência de sistema público de coleta de esgoto.

RESUMO
Para relembrar, a Tabela apresenta todas as normas citadas neste tópico.

TABELA 11 – RESUMO DAS NORMAS APRESENTADAS NO TÓPICO

Norma Título
Sistemas prediais de esgoto sanitário -
NBR 8160 (ABNT, 1999)
Projeto e execução
Projeto, construção e operação de
NBR 7229 (ABNT, 1997)
sistemas de tanques sépticos
FONTE: A autora (2021)

182
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O dimensionamento das tubulações de esgoto é feito com base nas Unidades Hunter
de Contribuição (UHC) dos aparelhos sanitários.

• A NBR 8160 (ABNT, 1999) determina o método de dimensionamento das tubulações


de esgoto que compõem este tipo de sistema predial.

• As fossas sépticas possibilitam a sedimentação do esgoto e a retenção de material graxo.

• Filtros biológicos anaeróbios podem ser utilizados para melhorar a qualidade do


efluente líquido de fossas sépticas.

183
AUTOATIVIDADE
1 Os ramais de esgoto são as tubulações que recebem os efluentes dos ramais de
descarga ou a partir de um desconector. Tendo isso em vista, dimensionar o diâmetro
de um ramal de esgoto que receberá contribuições dos ramais de descarga de uma
banheira, um chuveiro e um lavatório de uma residência.

a) ( ) D = 40 mm.
b) ( ) D = 50 mm.
c) ( ) D = 75 mm.
d) ( ) D = 100 mm.

2 Dimensionar o tubo de queda de um edifício residencial com 18 pavimentos que


receberá as contribuições de esgoto de banheiros compostos por 1 bacia sanitária,
1 chuveiro, 1 banheira e 1 lavatório. Considerar um apartamento por andar e um
banheiro por apartamento.

a) ( ) D = 50 mm.
b) ( ) D = 75 mm.
c) ( ) D = 100 mm.
d) ( ) D = 150 mm.

3 Dimensionar a coluna de ventilação de um tubo de queda de um edifício residencial


com 18 pavimentos que receberá as contribuições de esgoto de banheiros compostos
por 1 bacia sanitária, 1 chuveiro, 1 banheira e 1 lavatório. Considerar um apartamento
por andar e um banheiro por apartamento.

a) ( ) D = 75 mm.
b) ( ) D = 100 mm.
c) ( ) D = 150 mm.
d) ( ) D = 200 mm.

4 Dimensionar o volume de uma fossa séptica de um edifício com 8 pavimento e 4


apartamentos por andar. Considerar apartamentos de médio padrão com 5 moradores
por unidade. Além disso, considerar que esse edifício está localizado no nordeste
brasileiro, e que a temperatura mínima é de 22 ⁰ C. Adotar um intervalo de limpeza da
fossa séptica de 4 anos.

5 Dimensionar o volume de uma fossa séptica de uma residência habitada por 5


moradores. Considerar que a edificação possui um padrão médio de acabamento e
que a mesma está localizada na região sul do Brasil, ou seja, que as temperaturas no
inverno atingem valores inferiores a 10 ⁰C. Além disso, adotar uma periodicidade de
limpeza da fossa séptica de 2 anos.
184
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
PLUVIAL

1 INTRODUÇÃO
Os sistemas prediais de esgoto pluvial têm como objetivo a captação e o
escoamento da água das chuvas, evitando assim alagamentos e erosões no solo. Além
disso, visam proteger a edificação do contato com umidade excessiva, que pode ocasionar
diversas manifestações patológicas, principalmente infiltrações. Nesse contexto, o
sistema de esgoto pluvial deve ser destinado exclusivamente à coleta e condução da
água das chuvas, não sendo permitido interligações com outras instalações prediais,
como a rede de esgoto sanitário (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

Como pode ser observado na Figura 17, o sistema predial de esgoto pluvial é
composto por calhas, condutores verticais e horizontais e demais dispositivos responsáveis
por captar a água da chuva e conduzi-la a um destino adequado. As calhas coletam a água
de chuva que cai sobre o telhado e a encaminha aos condutores verticais (prumadas de
descida). Posteriormente, essa água é conduzida até os coletores horizontais, que têm a
finalidade de recolher as águas pluviais dos condutores verticais ou da superfície do terreno
e conduzi-la até os locais permitidos pelos dispositivos legais.

FIGURA 17 – ELEMENTOS CONSTITUINTES DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO PLUVIAL


Chuva Chuva

Calha
Calha platibanda
beira

Condutor
Deságua vertical
na guia

Condutor horizontal

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 203)

185
A norma brasileira que estabelece as exigências e critérios necessários aos
projetos das instalações de drenagem de água pluviais é a NBR 10844 (ABNT, 1989), a
qual visa garantir níveis aceitáveis de funcionalidade, segurança, conforto, durabilidade
e economia. Isto posto, este tipo de projeto de instalação predial deve ser concebido de
forma a atender as seguintes exigências: a condução da vazão até os locais permitidos,
estanqueidade, possibilitar a limpeza e desobstrução, não provocar ruídos excessivos e
resistir às pressões a que podem estar sujeitas.

Diante disso, abordaremos alguns conceitos necessários para a concepção


de projetos de esgoto pluvial, a determinação dos fatores meteorológicos, da área de
contribuição, vazão de projeto e, por fim, o dimensionamento das calhas e condutores
verticais e horizontais. Por fim, serão abordados alguns aspectos sobre a representação
gráfica deste tipo de projeto predial.

2 CONCEITOS
Nos subtópicos a seguir serão abordados alguns conceitos que são fundamentais
para a concepção de projetos de esgoto pluvial.

2.1 ALTURA PLUVIOMÉTRICA


A altura pluviométrica corresponde ao volume de água precipitada por unidade
de área horizontal. Essa altura usualmente é expressa em milímetros e determinada
através de aparelhos denominados de pluviômetro, como pode ser observado na
Figura 18.

FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DA ALTURA PLUVIOMÉTRICA E PLUVIÔMETRO

FONTE: https://bit.ly/3opTCoqAcesso em: 17 jun. 2021.

186
2.2 INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA
A intensidade pluviométrica corresponde ao quociente entre a altura
pluviométrica precipitada num intervalo de tempo e este intervalo (NBR 10844, 1989).
Esse parâmetro será utilizado para o cálculo da vazão de projeto, a qual é utilizada
no dimensionamento de calhas e condutores verticais e horizontais, conforme será
apresentado nos subtópicos seguintes.

2.3 PERÍODO DE RETORNO


O período de retorno, também conhecido como intervalo de recorrência ou
tempo de recorrência, consiste no número médio de anos em que uma determinada
intensidade pluviométrica é igualada ou ultrapassada apenas uma vez (NBR 10844, 1989).
Esse parâmetro indica a probabilidade da ocorrência de um evento, sendo uma medida
estatística baseada em dados históricos que indicam o intervalo médio de ocorrência deste
evento. A NBR 10844 (ABNT, 1989) determina o período de retorno a ser adotado, em função
das características da área a ser drenada, conforme apresentado na Tabela 12.

TABELA 12 – TEMPO DE RETORNO DETERMINADO A PARTIR DA ÁREA A SER DRENADA

Tempo de retorno Área a ser drenada


1 ano Área pavimentadas, onde empoçamentos são tolerados
5 anos Para coberturas e/ou terraços
Para coberturas e áreas onde empoçamento não possa
25 anos
ser tolerado
FONTE: A autora (2021)

2.4 ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO


A área de contribuição corresponde à soma das áreas das superfícies que,
interceptando chuva, conduzem as águas para determinado ponto da instalação
(NBR 10844, 1989). De acordo com Carvalho Júnior (2017), a área de contribuição,
que engloba a área das coberturas e aquelas externas às edificações, devem ser bem
indicadas no projeto arquitetônico, para que o dimensionamento conduza à instalação
mais econômica e adequada para a drenagem das águas pluviais. Nesse contexto, a
NBR 10844 (ABNT, 1989) estabelece que no cálculo da área de contribuição também
devem ser considerados os incrementos devidos à inclinação da cobertura e as paredes
que interceptam água da chuva. Na Figura 19 são apresentados alguns exemplos para
o cálculo da área de contribuição.

187
FIGURA 19 – EXEMPLOS DA DETERMINAÇÃO DE ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO

A=a.b A = (a + h/2) .b

A = ((a + b)/2) + (c . d)

A = a + b + (A1)2 + (A2)2
A = ((a + b)/2) + (c . d)

FONTE: Adaptado de Ghisi e Gugel (2005)

Como pode ser observado na Figura 19, são apresentadas diversas equações
para o cálculo da área de contribuição de uma cobertura para diferentes configurações.
Para uma superfície plana horizontal, basta multiplicar as duas dimensões da cobertura
para obtenção da área de contribuição. Além disso, existem configurações em que há
contribuição das superfícies verticais, as quais também englobadas no cálculo da área
de contribuição, visto que conduzem água e devem ser levadas em consideração no
dimensionamento de calhas e condutores verticais e horizontais.

2.5 PERÍMETRO E ÁREA MOLHADA


A área molhada pode ser definida como a área útil de escoamento em uma
seção transversal de um condutor ou calha, como pode ser observado na Figura 20.
Já o perímetro molhado corresponde à linha que limita a seção molhada junto às
paredes e ao fundo do condutor ou calha (NBR 10844, 1989). Essas duas definições são
importantes para a definição do conceito de raio hidráulico. De acordo com a Equação
2, o raio hidráulico (Rh) é a relação entre a área molhada (S) e o perímetro molhado (P).
O raio hidráulico será utilizado no cálculo da vazão para o dimensionamento das calhas,
como será abordado nos subtópicos a seguir.

Equação 2

188
Onde:
Rh – Raio hidráulico (m);
S – Área molhada (m²);
P – Perímetro molhado (m).

FIGURA 20 – REPRESENTAÇÃO PERÍMETRO E SEÇÃO MOLHADA

FONTE: A autora (2021)

3 DIMENSIONAMENTO
Como pode ser observado na Figura 21, o dimensionamento de sistemas
prediais de esgotos pluviais envolve basicamente seis etapas. Inicialmente é necessário
determinar os fatores meteorológicos do local da edificação, a área de contribuição da
cobertura e a vazão de projeto. Posteriormente é feito o dimensionamento das calhas
e condutores verticais e horizontais. Nos subtópicos a seguir cada uma dessas etapas
será detalhada.

FIGURA 21 – ETAPAS DO DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO PLUVIAL

FONTE: A autora (2021)

189
3.1 FATORES METEOROLÓGICOS

Essa etapa engloba a determinação da intensidade pluviométrica (I), que deve


ser feita a partir da fixação da duração da precipitação e do tempo de retorno. Nesse
sentido, a NBR 10844 (ABNT, 1989) estabelece que a duração da precipitação deve ser
igual a 5 minutos. Em relação ao tempo de retorno, conforme previamente apresentado
na Tabela 12, o mesmo é função da área a ser drenada. A norma brasileira NBR 10844
(ABNT, 1989) apresenta os valores de intensidade pluviométrica (I) para diversas regiões
do país, conforme pode ser consultado na Tabela 13. Para locais não mencionados na
tabela da norma, recomenda-se adotar uma correlação com dados dos postos mais
próximos que tenham condições meteorológicas semelhantes às do local em questão.
Além disso, a NBR 10844 (ABNT, 1989) estabelece que para obras de até 100m2 de área
de projeção horizontal, de maneira geral, pode-se adotar I = 150 mm/h.

TABELA 13 – CHUVAS INTENSAS NO BRASIL - DURAÇÃO DE 5 MINUTOS

Intensidade pluviométrica (mm/h)


Local Período de retorno (anos)
1 5 25
1 - Alegrete / RS 174 238 313
2 - Alto Itatiaia / RJ 124 164 240
3 - Alto Tapajós / PA 168 229 267
4 - Alto Teresópolis / RJ 114 137 -
5 - Aracaju / SE 116 122 126
6 - Avaré / SP 115 144 170
7 - Bagé / RS 126 204 234
8 - Barbacena / MG 156 222 265
9 - Barra do Corda / MA 120 128 152
10 - Bauru / SP 110 120 148
11 - Belém / PA 138 157 185
12 - Belo Horizonte / MG 132 227 230
13 - Blumenau / SC 120 125 152
14 - Bonsucesso / MG 143 196 -
15 - Cabo Frio / RJ 113 146 218
16 - Campos / RJ 132 206 240
17 - Campos do Jordão / SP 122 144 165

190
18 - Catalão / GO 132 174 198
19 - Caxambu / MG 106 137 -
20 - Caxias do Sul / RS 120 127 218
21 - Corumbá / MT 120 131 161
22 - Cruz Alta / RS 204 246 347
23 - Cuiabá / MT 144 190 230
24 - Curitiba / PR 132 204 228
25 - Encruzilhada / RS 106 126 158
26 - Fernando de Noronha / FN 110 120 140
27 - Florianópolis / SC 114 120 144
28 - Formosa / GO 136 176 217
29 - Fortaleza / CE 120 156 180
30 - Goiânia / GO 120 178 192
31 - Guaramiranga / CE 114 126 152
32 - Iraí / RS 120 198 228
33 - Jacarezinho / PR 115 122 146
34 - João Pessoa / PB 115 140 163
35 - Juaretê / AM 192 240 288
36 - km 47 - Rodovia Presidente Dutra / RJ 122 164 174
37 - Lins / SP 96 122 137
38 - Maceió / AL 102 122 174
39 - Manaus - AM 138 180 198
40 - Natal / RN 113 120 143
41 - Nazaré / RE 118 134 155
42 - Niteróis / RJ 130 183 250
FONTE: NBR 10844 (1989, p. 11)

3.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO


Conforme anteriormente apresentado, a NBR 10844 (ABNT, 1989) define que no
cálculo da área de contribuição também devem ser considerados os incrementos devidos à
inclinação da cobertura e as paredes que interceptam água da chuva. Isto posto, a Figura 19
exemplifica como determinar a área de contribuição em algumas situações.

191
3.3 VAZÃO DE PROJETO
A vazão de projeto dos componentes dos sistemas prediais de esgoto pluvial
pode ser determinada a partir da Equação 3.

Equação 3

Onde:
Q – Vazão de projeto (L/min);
I – Intensidade pluviométrica (mm/h);
A – Área de contribuição (m²)

Adicionalmente, a NBR 10844 (ABNT, 1989) define que quando a saída de água
de calhas em beiral ou platibanda, estiver a menos de 4 m de uma mudança de direção,
conforme representado na Figura 22, a vazão de projeto deverá ser multiplicada pelos
coeficientes apresentados na Tabela 14.

FIGURA 22 – CALHAS COM SAÍDA DE ÁGUA A MENOS DE 4 m DE UMA MUDANÇA DE DIREÇÃO

FONTE: A autora (2021)

TABELA 14 – COEFICIENTES DE MULTIPLICAÇÃO DA VAZÃO DE PROJETO

Curva a menos de 2 Curva entre 2 e 4 m


Tipo de curva
m de saída de saída
Canto reto 1,2 1,1
Canto arredondado 1,1 1,05
FONTE: NBR 10844 (1989, p. 6)

Exemplo de dimensionamento:
Qual a vazão de contribuição do condutor vertical de um telhado com 2 águas de 95 m²
cada, representado na Figura 23? Considerar no cálculo uma intensidade pluviométrica
de I = 174 mm/h.

192
FIGURA 23 – EXERCÍCIO PARA DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE UM CONDUTOR
VERTICAL

95 m2

95 m2

FONTE: A autora (2021)

Vazão na calha:

Vazão de contribuição do condutor vertical:


Q = 2 x 275,5 L/min = 551 L/min

3.4 DIMENSIONAMENTO DAS CALHAS


Para o dimensionamento das calhas é utilizada a Equação 4, também conhecida
como Equação de Manning-Strickler.

Equação 4

Onde:
Q – Vazão de projeto (L/min);
S – Área molhada (m²);
Rh – Raio hidráulico (m);
i – Declividade da calha (m/m);
ᶯ - Coeficiente de rugosidade, determinado pela TABELA 15 em função do tipo
de material;
K = 60.000.

TABELA 15 – COEFICIENTE DE RUGOSIDADE EM FUNÇÃO DO MATERIAL

Material
Plástico, fibrocimento, aço, metais não-ferrosos 0,011
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012
Cerâmica, concreto não-alisado 0,013
Alvenaria de tijolos não-revestida 0,015
FONTE: NBR 10844 (1989, p. 6)

193
Para simplificar o cálculo do raio hidráulico da seção da calha, também é possível
utilizar a Tabela 16 para dimensionamento das calhas. A tabela em questão é válida para
calhas semicirculares, como coeficiente de rugosidade de ᶯ = 0,011. Os valores de vazão
que constam na Tabela 16 foram calculados a partir da fórmula de Manning-Strickler,
considerando uma lâmina de água igual à metade do diâmetro interno.

TABELA 16 – CAPACIDADES DE CALHAS SEMICIRCULARES COM COEFICIENTES DE RUGOSIDADE ᶯ = 0,011


(VAZÃO L/MIN)

FONTE: NBR 10844 (1989, p. 6)

Exemplo de dimensionamento:
Determinar o diâmetro de uma calha semicircular de PVC para atender uma vazão de
projeto de 250 L/min. Considerar uma declividade de 1%.

Considerando que se trata de uma calha semicircular de PVC (ᶯ = 0,011), podemos utilizar
a Tabela 16 para o dimensionamento. Basta consultar a Tabela 16 para a determinação
do diâmetro da calha. Uma calha com diâmetro de 100 mm possui uma capacidade de
vazão de 183 L/min. Desta forma, precisaremos de um diâmetro maior. Analisando um
diâmetro de 125 mm, verificamos que o mesmo possui uma capacidade de vazão de 333
L/min, atendendo o valor de projeto de 250 L/min. Desta forma, para este exemplo, a
calha deve apresentar D=125 mm.

Para verificar estes valores, aplicaremos a fórmula de Manning-Strickler (Equação 4).


Inicialmente calcularemos o raio hidráulico de uma tubulação com 125 mm. A Tabela 16
considera uma lâmina de água igual à metade do diâmetro interno, desta forma:

Área de uma circunferência: A = π x R2


A seção molhada corresponde à metade da área da circunferência:

Comprimento de uma circunferência: C = 2 x π x R


O perímetro molhado corresponde à metade do comprimento da circunferência:

194
Cálculo do raio hidráulico:

Posteriormente calculamos a vazão através da fórmula de Manning-Strickler:

3.5 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES VERTICAIS


Em relação ao dimensionamento dos condutores verticais, a NBR 10844
(ABNT, 1989) estabelece que, sempre que possível, os condutores devem ser projetos
em prumada única e, quando houver necessidades de desvios, os mesmos devem ser
feitos a partir de curvas de 90⁰ de raio longo, curvas de 45⁰ ou através de dispositivos
de inspeção. Além disso, a norma também define que o diâmetro interno mínimo de
condutores verticais de seção circular deve ser de 70 mm.

O dimensionamento dos condutores verticais é bastante simples e feito a


partir de ábacos existentes na NBR 10844 (ABNT, 1989). A norma fornece dois ábacos
para dimensionamento, em função do tipo de saída das calhas. Isto posto, o diâmetro
de calhas com saída em aresta viva pode ser determinado através da Figura 24. Já o
diâmetro de calhas com funil de saída deve ser obtido a partir da Figura 25.

FIGURA 24 – ÁBACO PARA A DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DE CONDUTORES VERTICAIS COM CALHA


COM SAÍDA EM ARESTA VIVA

FONTE: Adaptado de NBR 10844 (1989, p. 8)

195
FIGURA 25 – ÁBACO PARA A DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DE CONDUTORES VERTICAIS COM CALHA
COM FUNIL DE SAÍDA

FONTE: Adaptado de NBR 10844 (1989, p. 8)

Exemplo de dimensionamento:
Qual o diâmetro do condutor vertical para escoar 1400 L/min em um condutor com 3
metros? Considerar calha com funil de saída.
Como pode ser observado na Figura 26, inicialmente entra-se com o valor da vazão
em L/min no eixo horizontal do ábaco. Posteriormente, prolonga-se a linha até que a
mesma intercepte a curva correspondente ao compirmento (L=3 m). Por fim, obtem-se
de maneira direta o diâmetro da calha (D = 90 mm). O diâmetro comercial mais próximo
ao valor calculado é D = 100 mm.

FIGURA 26 – EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO CONDUTORES VERTICAIS

FONTE: Adaptado de NBR 10844 (1989, p. 8)

196
Na Tabela 17, Carvalho Júnior (2017) apresenta um método simplificado para
o pré-dimensionamento de condutores verticais que leva em consideração a área da
cobertura e a seção do condutor. Compo pode ser observado, a tabela indica a relação
entre o diâmetro do condutor e a área máxima da cobertura que pode ser drenada pelo
mesmo. Para o pré-dimensionamento, inicialmente fixa-se o diâmetro do condutor e
determina-se o número de condutores necessários, considerando a área máxima de
cobertura que cada tubulação poderá escoar.

TABELA 17 – ÁREA MÁXIMA DE COBERTURA PARA CONDUTORES VERTICAIS DE SEÇÃO CIRCULAR

Área máxima de
Diâmetro (mm) Vazão (l/s)
cobertura (m²)
50 0,57 14
75 1,76 42
100 3,78 90
125 7,00 167
150 11,53 275
200 25,18 600
FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 221)

Exemplo de dimensionamento:
Calcular o número de condutores verticais necessário para o escoamento de águas
pluviais de um telhado cuja área de contribuição é 300 m². Considerar diâmetro de 100
mm para os condutores e seção circular.

O número de condutores pode ser determinado a partir da Equação 5, onde n é o


número de condutores verticais, At é a área de contribuição do telhado (m²) e Ac é a
área máxima de cobertura drenada pelo condutor.

Equação 5

A área de contribuição é de At = 300 m². Para determinar a área máxima de cobertura


drenada pelo condutor basta consultar a TABELA 17. Um condutor circular com diâmetro
de 100 mm pode drenar uma área de até 90 m² (Ac = 90 m²). Desta forma, serão
necessários 4 condutores para drenar toda a área do telhado.

197
3.6 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES HORIZONTAIS
No que tange ao dimensionamento dos condutores horizontais de sistemas
prediais de esgoto pluvial, a norma NBR 10844 (ABNT, 1989) define que os mesmos
devem ser projetados sempre que possível com declividade uniforme, com valor mínimo
de 0,5%. O dimensionamento dos condutores horizontais pode ser realizado através da
Tabela 18. A tabela em questão é válida para condutores de seção circular, considerando
um escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno do tubo. Como
pode ser observado, o dimensionamento é função do coeficiente de rugosidade do
material, da declividade adotada e da vazão de projeto (L/min).

TABELA 18 – CAPACIDADE DE CONDUTORES HORIZONTAIS DE SEÇÃO CIRCULAR (VAZÕES EM L/MIN)

Diâmetro n = 0,011 n = 0,012 n = 0,013


interno
0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4%
(mm)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54 76
75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159 226
100 204 287 405 575 187 264 372 527 173 243 343 486
125 370 521 735 1040 339 478 674 956 313 441 622 882

150 602 847 1190 1690 552 777 1100 1550 509 717 1010 1430

200 1300 1820 2570 3650 1190 1670 2360 3350 1100 1540 2180 3040

250 2350 3310 4660 6620 2150 3030 4280 6070 1990 2800 3950 5600

300 3820 5380 7590 10800 3500 4930 6960 9870 3230 4550 6420 9110

FONTE: NBR 10844 (1989, p. 9)

Exemplo de dimensionamento:
Qual deve ser o diâmetro do condutor horizontal circular de PVC para escoar uma vazão
de 1200 l/min? Suponha declividade de 2%. Como pode ser observado na Figura 27,
incialmente entra-se com a rugosidade do PVC (ᶯ = 0,011) e com a declividade adotada
(2%). Posteriormente, verifica-se qual valor atende à vazão de 1200 L/min, que no caso
do exemplo é o valor de 2570 L/min. Por fim, obtém-se de maneira direta o diâmetro do
condutor horizontal (D = 200 mm).

198
FIGURA 27 – EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO CONDUTOR HORIZONTAL

FONTE: Adaptado de NBR 10844 (1989, p. 9)

4 PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS


Em relação aos projetos de instalações prediais de esgoto pluvial, a Figura 28
apresenta as simbologias usuais para representação das tubulações, caixas de inspeção
e demais componentes.

FIGURA 28 – SIMBOLOGIA DE PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO PLUVIAL

FONTE: Carvalho Júnior (2017, p. 245)

A Figura 29 exemplifica o projeto de esgoto pluvial de uma residência. A água


da chuva percorre os condutores verticais e os condutores horizontais, os quais irão
conduzi-la até um destino adequado. Outro aspecto que deve ser destacado neste
projeto é a existência de caixas de inspeção ou de areia nos pontos de ligação entre
os condutores verticais e horizontais, conforme exigido pela NBR 10844 (ABNT, 1989).

199
FIGURA 29 – EXEMPLO DE PROJETO DE ESGOTO PLUVIAL DE UMA RESIDÊNCIA

FONTE: <http://site1364604808.tempsite.ws/hidro.html>. Acesso em: 17 jun. 2021.

Acadêmico, neste tópico o dimensionamento de calhas e condutores verticais


e horizontais foi abordado, em conformidade com a norma brasileira NBR 10844 (ABNT,
1989), a qual é destinada à elaboração de projetos de sistemas prediais de esgoto
pluvial. Conforme já abordamos, este dimensionamento também envolve a definição de
parâmetros meteorológicos como a intensidade pluviométrica da região da edificação e
a definição da área de contribuição da cobertura.

GIO
Para relembrar, a Tabela 19 apresenta todas as normas citadas neste tópico.

TABELA 19 – RESUMO DAS NORMAS APRESENTADAS NO TÓPICO

Norma Título

NBR 10844 (ABNT, 1989) Instalações prediais de águas pluviais - Procedimento

200
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A intensidade pluviométrica é função da localização da edificação.

• A área de contribuição da cobertura leva em consideração os incrementos devidos à


inclinação do telhado e as paredes que interceptam água da chuva.

• A NBR 10844 (ABNT, 1989) determina o método de cálculo de sistemas prediais de


esgoto pluvial.

• O dimensionamento de calhas é feito a partir da Equação de Manning-Strickler.

201
AUTOATIVIDADE
1 Previamente ao dimensionamento das calhas e condutores verticais e horizontais
de um sistema predial de esgoto pluvial é necessário determinar a vazão de projeto.
Tendo isto em vista, determine qual a vazão de projeto de uma residência localizada
em Curitiba (PR), que terá uma área de contribuição de 210 m². Considerar um período
de retorno de 5 anos.

a) ( ) 714 L/min.
b) ( ) 823 L/min.
c) ( ) 867 L/min.
d) ( ) 902 L/min.

2 Dimensionar o diâmetro de uma calha de seção semicircular que irá conduzir uma
vazão de projeto de 150 L/min. Considerar que o material da calha será de PVC.
Adotar uma lâmina de água igual à metade do diâmetro interno da calha e uma
declividade de 1%.

a) ( ) D = 100 mm.
b) ( ) D = 125 mm.
c) ( ) D = 150 mm.
d) ( ) D = 200 mm.

3 Dimensionar o diâmetro de uma calha de seção semicircular que irá conduzir uma
vazão de projeto de 426 L/min. Considerar que o material da calha será de PVC.
Adotar uma lâmina de água igual à metade do diâmetro interno da calha e uma
declividade de 2%.

a) ( ) D = 100 mm.
b) ( ) D = 125 mm.
c) ( ) D = 150 mm.
d) ( ) D = 200 mm.

4 Qual é o número de condutores verticais necessário para o escoamento de águas


pluviais de um galpão industrial que tem uma área de contribuição de 700 m². Adotar
uma seção circular para os condutores verticais e um diâmetro de 125 mm.

5 Dimensionar o diâmetro de condutor horizontal circular de ferro fundido de um edifício


que deverá escoar uma vazão de projeto de 2450 L/min? Adotar uma declividade de 2%
e um escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno da tubulação.

202
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO
CONTRA INCÊNDIO E DE DISTRIBUIÇÃO
DE GÁS COMBUSTÍVEL

1 INTRODUÇÃO
É evidente a importância de sistemas e instalações adequadas de prevenção e
combate ao incêndio para garantir a segurança e integridade da edificação e de seus
usuários. No Brasil, após a ocorrência do incêndio da Boate Kiss em Santa Maria (RS), que
resultou na morte de centenas de vítimas, evidenciou-se a importância de um sistema
adequado de combate e prevenção à incêndios e a importância do atendimento das
normativas pertinentes. Além das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), cada estado possui uma legislação de segurança contra incêndio e pânico
distinta, que também deve ser atendida pelos projetistas (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

NOTA
As instruções normativas do Estado de Santa Catarina contra incêndio
podem ser consultadas no link a seguir: https://dsci.cbm.sc.gov.br/index.
php/pt/cidadao/instrucoes-normativas-in

De acordo com a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), as instalações prediais de


prevenção contra incêndio objetivam proteger a vida dos ocupantes das edificações
e áreas de risco em caso de incêndio, dificultar a propagação do incêndio, reduzindo
danos ao meio ambiente e ao patrimônio, proporcionar meios de controle e extinção
do incêndio e dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros.
Adicionalmente, a norma estabelece que a resistência ao fogo de elementos estruturais
tem o intuito de possibilitar a saída dos ocupantes da edificação em condições de
segurança, garantir condições para o socorro público e minimizar danos à própria
edificação, às edificações adjacentes, à infraestrutura pública e ao meio ambiente.
Diante disso, neste tópico abordaremos a classificação dos incêndios, os métodos de
extinção do fogo, as medidas de proteção contra incêndio e as etapas para elaboração
do projeto de prevenção de incêndio.

203
Além disso, neste tópico também abordaremos sobre o sistema de distribuição
de gás combustível. Nessa conjuntura, devem ser seguidos os requisitos estabelecidos
pela NBR 15526 (ABNT, 2016). A referida norma se aplica para o projeto e execução de
redes de distribuição interna de gases combustíveis em instalações residenciais que
não excedam pressão de operação de 150 kPa e que são abastecidas por canalização
de rua ou por uma central de gás, sendo o gás conduzido até os pontos de utilização
através de um sistema de tubulações. A norma possui aplicação para os seguintes
gases combustíveis: gás natural (GN), gases liquefeitos de petróleo, como o GLP,
propano, butano, e em mistura ar-GLP. Tendo isso em vista, será apresentado o método
de dimensionamento de um sistema de distribuição de gás, conforme estabelecido pela
NBR 15526 (ABNT, 2016).

2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS


A classificação dos incêndios é feita com base nas características dos
combustíveis. Isto posto, de maneira geral os combustíveis podem ser classificados em
cinco categorias, conforme pode ser observado na tabela 20.

TABELA 20 – CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS

Classe Característica Exemplo


Materiais sólidos que queimam em superfície Papel, tecido, algodão,
Classe A e profundidade e após a queima, deixam borracha e a madeira,
resíduos como brasa, cinza ou carvão entre outros.
Líquidos inflamáveis e combustíveis, que
Gasolina, querosene,
Classe B queimam somente em superfície e que, após
graxas, tintas e álcoois
a queima, normalmente não deixam resíduos
Máquinas elétricas,
quadros de força,
Classe C Equipamentos elétricos energizados
transformadores,
computadores
Metais pirofóricos, que inflamam facilmente Potássio, cobre,
Classe D quando fundidos, divididos ou em forma de magnésio, zircónio,
lâminas titânio, lítio, entre outros
Produtos destinados a cocção em cozinhas
Óleos, gorduras e
Classe K industriais e comerciais. São resistentes aos
banhas
meios normais de combate a incêndio.
FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2017)

204
3 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO
Os métodos de extinção do fogo podem ser classificados em: extinção por
resfriamento, extinção por abafamento e extinção por isolamento.

3.1 EXTINÇÃO POR RESFRIAMENTO


A extinção por resfriamento é caracterizada pela redução da temperatura e,
desta forma, do calor. Este método tem como objetivo eliminar a geração de gases e
vapores do combustível, fazendo com que o mesmo se apague. De maneira geral, o
agente resfriador mais utilizado é a água (SIMIANO; BAUMEL, 2013).

3.2 EXTINÇÃO POR ABAFAMENTO


O princípio básico da extinção por abafamento consiste em impedir que o
material comburente (oxigênio) permaneça em contato com o combustível em uma
quantidade que permita a alimentação da combustão. Considerando o oxigênio,
para concentrações abaixo de 16%, a combustão deixará de ocorrer. Para o combate
de incêndio por abafamento podem ser utilizados diversos materiais que devem
efetivamente impedir a entrada de oxigênio. Além disso, deve-se tomar o cuidado de
utilizar um material que não possa servir como combustível para o incêndio (SIMIANO;
BAUMEL, 2013).

3.3 EXTINÇÃO POR ISOLAMENTO


Por fim, em relação à extinção por isolamento, existem duas alternativas,
sendo estas: através da retirada do material que está queimando e através da retirada
do material que está próximo ao fogo e que também poderá entrar em combustão
(SIMIANO; BAUMEL, 2013).

4 MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


As medidas de segurança contra incêndio englobam todos os conjuntos e
sistemas que são instalados nas edificações que visam evitar a ocorrência de incêndio,
limitar sua propagação e possibilitar a sua extinção (CARVALHO JÚNIOR, 2017). Como
abordaremos a seguir, as medidas existentes podem ser classificadas em dois sistemas,
sendo estes: medidas ativas de proteção e medidas passivas de proteção.

205
4.1 MEDIDAS ATIVAS DE PROTEÇÃO
As medidas ativas de proteção são aquelas que entrarão em ação na ocorrência
de um incêndio. Podem ter acionamento através de sistemas manuais ou automáticos
(CARVALHO JÚNIOR, 2017). Nos subtópicos a seguir serão apresentados alguns
exemplos das medidas ativas de proteção.

4.1.1 Sistema de alarme e detecção de incêndio


Os sistemas de alarme de incêndio podem ter acionamento automático ou
manual (FIGURA 30). Recomenda-se que os acionadores de sistemas manuais fiquem
localizados próximos aos hidrantes. No caso dos sistemas automáticos, usualmente o
acionamento é realizado através de detectores de fumaça, temperatura ou calor. Com o
intuito de aumentar a segurança destes dispositivos, alguns sistemas de alarme podem
utilizar mais de uma tecnologia de detecção. Além disso, é imprescindível que o sistema
de alarme possa ser ouvido em toda a área da edificação abrangida pelo sistema de
segurança e que a edificação contenha um plano de ação para otimizar as rotas de fuga
quando o alarme for acionado (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 30 – EXEMPLO DE ALARMA DE INCÊNDIO COM ACIONAMENTO MANUAL

FONTE: <https://www.sistemasdeincendio.com.br/imagens/mpi/alarme-de-incendio-01.jpg>
Acesso em: 21 jun. 2021.

4.1.2 Sistema de iluminação de emergência


O sistema de iluminação de emergência tem como principal função fornecer
um nível de iluminação mínimo que possibilite o acesso às saídas da edificação
caso ocorra a falta de energia elétrica. Desta forma, seu uso é exigido em escadas,
corredores, rotas de fuga e outros lugares que apresentem riscos ao fluxo de pessoas.
O sistema deve acender automaticamente na ausência de energia elétrica e deve

206
desligar automaticamente após o seu retorno. A Figura 31 exemplifica uma luminária de
emergência destinada a este fim. Quanto à alimentação deste sistema, o mesmo pode
ser realizado por grupos motogeradores, por central de baterias ou por baterias de bloco
autônomo (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 31 – EXEMPLO DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

FONTE: <https://bit.ly/3F6ogJo>. Acesso em: 21 jun. 2021.

IMPORTANTE
A NBR 10898 (ABNT, 2013) estabelece diversas características a
respeito do sistema de iluminação de emergência.

4.1.3 Sistema de sinalização de emergência


A sinalização de emergência é composta por diversos símbolos e mensagens
(Figura 32) que devem ser posicionados de maneira estratégica no interior da edificação
e demais áreas de risco. Em situações corriqueiras, este tipo de sinalização tem como
objetivo auxiliar na redução da ocorrência de incêndios, identificando e alertando
possíveis riscos existentes. Já em situações de incêndio, o sistema de sinalização de
emergência visa orientar ações de combate e auxiliar na localização de equipamentos e
rotas de fuga da edificação (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 32 – EXEMPLOS DE SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA

FONTE: <https://bit.ly/3B0Q4gc>. Acesso em: 21 jun. 2021.

207
4.1.4 Sistema de proteção por extintores
Os extintores têm por finalidade realizar o combate imediato e rápido de
pequenos focos de incêndio (SIMIANO; BAUMEL, 2013). São constituídos por substâncias
com diversas características tais como: água, espuma, neblina de água, gás carbônico,
pó carboquímico, dentre outras. O tipo de extintor mais adequado para cada situação é
definido com base na classificação do incêndio, conforme pode ser consultado na Tabela
21. Como pode ser observado na Figura 33, os extintores podem ser do tipo portáteis ou
sobre rodas, também conhecidos como extintores sobre carretas.

TABELA 21 – TIPOS DE EXTINTORES E SUAS RESPECTIVAS CLASSES DE INCÊNDIO

Classe do Água em jato Neblina de Gás Pó


Espuma
Incêndio denso água carbônico carboquímico
Classe A Sim Sim Sim Sim¹ Sim¹
Classe B Não Sim Sim² Sim¹ Sim¹
Classe C Não Não Sim² Sim¹ Sim
Classe D Não Não Não³ Não³ Sim
¹ Indicado apenas para princípios de incêndio de pequena extensão
² Indicado somente após estudo prévio
³ Embora não indicado, existem possibilidades de emprego, após prévio estudo e
consulta ao Corpo de Bombeiros
FONTE: Adaptado de Macintyre (1990)

FIGURA 33 – EXEMPLO DE EXTINTOR PORTÁTIL (A) E EXTINTOR SOBRE RODAS (B)

FONTE: <https://bit.ly/3CYSwnK>. Acesso em: 22 jun. 2021.

IMPORTANTE
A seleção e instalação de extintores de incêndio deve ser realizada de
acordo com a NBR 12693 (ABNT, 2021).

208
Quanto ao posicionamento dos extintores, os mesmos devem estar
localizados em regiões de fácil acesso, visíveis aos usuários e protegidos contra
choques mecânicos. Estes componentes não devem ser localizados em escadas e
em locais que possam ser bloqueados pelo fogo em caso de incêndio. Além disso,
devem estar acompanhados de sinalização de emergência, conforme previamente
apresentado (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

4.1.5 Sistema de proteção por chuveiros automáticos


O sistema de proteção por chuveiros automáticos, também conhecidos como
sprinklers, é um dos métodos mais eficientes de combate a incêndios, uma vez que o seu
funcionamento não depende da ação humana. Nesse sentido, este sistema tem ação
imediata e automática após o início do incêndio. Como pode ser observado na Figura 34,
de maneira geral o sprinkler é composto por uma estrutura externa de proteção e um
elemento termo sensível. O bico do sprinkler é ligado a uma tubulação pressurizada, a
qual permanece fechada por meio do elemento termo sensível. Esse elemento quando
submetido a temperaturas altas, expande ocasionando o destravamento do sistema
que iniciará o alagamento do local (CARVALHO JÚNIOR, 2017).

FIGURA 34 – ESTRUTURA DE UM SPRINKLER

FONTE: <https://bit.ly/3wMxg31>. Acesso em: 21 jun. 2021.

NOTA
Quer saber mais sobre o funcionamento dos sprinklers?
Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=govqI5kqh54

209
Além das Instruções Técnicas cabíveis em função da localização da edificação, a
elaboração dos sistemas de proteção por sprinklers também deve atender as especificações
da NBR 10897 (ABNT, 2020). Esta norma estabelece os requisitos para instalação de
sistemas de proteção por chuveiros automáticos, bem como aspectos como características
de suprimento de água, seleção dos tipos de chuveiros e todos os materiais necessários.
A NBR 10897 (ABNT, 2020) também fornece critérios para determinação do espaçamento,
localização e área de cobertura dos chuveiros automáticos.

4.1.6 Sistema de proteção por hidrantes e mangotinhos


Os hidrantes e mangotinhos podem ser definidos como pontos de tomada de
água, compostos por válvulas, mangueiras e demais acessórios (NBR 13714, 2000). O
princípio de funcionamento de ambos os sistemas é similar e as principais diferenças
entre os hidrantes e mangotinhos estão no material das mangueiras e na capacidade
de vazão. Como pode ser observado na Figura 35, a mangueira dos mangotinhos é
semirrígida. Além disso, verifica-se que o diâmetro dos hidratantes é maior, o que confere
a este sistema uma capacidade de vazão superior e, portanto, uma maior capacidade de
extinção de incêndios. Em contrapartida, como os diâmetros são superiores, o manuseio
das mangueiras dos hidrantes é mais complexo em relação ao sistema de mangotinhos,
os quais são caracterizados por mangueiras leves e de fácil e rápido manuseio.

FIGURA 35 – EXEMPLO DE HIDRANTE (A) E MANGOTINHO (B

FONTE: <https://bit.ly/2ZIgO7j>. Acesso em: 21 jun. 2021.

IMPORTANTE
A NBR 13714 (ABNT, 2000) fixa as condições exigíveis para dimensionamento,
instalação, manutenção, aceitação e manuseio, bem como as características,
dos componentes de sistemas de hidrantes e de mangotinhos para uso
exclusivo de combate a incêndio.

210
4.2 MEDIDAS PASSIVAS DE PROTEÇÃO
Já as medidas passivas são independentes da ação do incêndio, ou seja, são
consideradas no projeto arquitetônico da edificação. Como exemplo cita-se a previsão de
saídas de emergência, a compartimentação, tempo de resistência ao fogo da estrutura,
controle dos materiais de acabamento e revestimento, dentre outras (CARVALHO
JÚNIOR, 2017). Nos subtópicos a seguir serão abordadas com maiores detalhes duas
medidas, sendo estas: separação entre as edificações e compartimentação.

4.2.1 Separação entre edificações


A separação entre edificações tem por objetivo evitar a propagação do incêndio
por radiação de calor, convecção de gases e transmissão de calor, evitando assim
que o incêndio que eventualmente ocorra em uma edificação, não atinja as demais
circunvizinhas (CARVALHO JÚNIOR, 2017). Isto posto, a separação entre as edificações
pode ser feita através de um distanciamento entre as estruturas (Figura 36a) e através
de barreiras entre edifícios contínuos (Figura 36b).

FIGURA 36 – (A) PROPAGAÇÃO DO FOGO ENTRE FACHADAS E (B) PAREDE CORTA-FOGO

FONTE: Adaptado de Corpo de Bombeiros (2012)

4.2.2 Compartimentação
A compartimentação de uma edificação pode ser do tipo horizontal e vertical.
A compartimentação horizontal visa impedir a propagação de incêndios para outros
ambientes no mesmo plano horizontal. Paredes e portas-fogo (Figura 37), registros
corta-fogo nos dutos, afastamentos horizontais entre as aberturas, dentre outras
soluções se enquadram nessa categoria. Nesse contexto, destacam-se as portas
corta-fogo que também asseguram o isolamento e proteção das rodas de fuga em
situações de incêndio. Intuitivamente, a compartimentação vertical é destinada a
impedir a propagação de incêndios entre pavimentos. Alguns exemplos deste tipo de
compartimentação são: pisos corta-fogo, enclausuramentos de poços de elevadores e
escadas, dentre outros.

211
FIGURA 37 – PORTA CORTA-FOGO

FONTE: <https://bit.ly/3CXAimH>. Acesso em: 21 jun. 2021.

5 ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE


PREVENÇÃO DE INCÊNDIO
A elaboração de um projeto de prevenção de incêndio envolve resumidamente
cinco etapas, conforme indicado na Figura 38. A seguir cada uma das etapas será
abordada com maiores detalhes.

FIGURA 38 – ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

Fonte: A autora (2021)

5.1 CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO


Inicialmente para a determinação dos sistemas e medidas de segurança contra
incêndio, a edificação deve ser classificada de acordo com a sua ocupação e finalidade,
como pode ser definido a partir do Quadro 1. Destaca-se que o projetista deverá
consultar as Instruções Normativas específicas de cada estado. Para fins didático, nesta
apostila apresentaremos algumas especificações do Corpo de Bombeiros Militar (CBM)
do Estado de Santa Catarina.

212
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

Grupo Ocupação/ Divisão Descrição Destinação


Uso
Multifamiliar horizontal
A-1 e unifamiliar Condomínios horizontais, casas germinadas e residências unifamiliares mistas

A Residencial A-2 Multifamiliar vertical Edifícios de apartamentos em geral

Pensionatos, internatos, alojamentos, mosteiros, conventos, residências


A-3 Coletiva geriátricas. Capacidade máxima de 16 leitos

Hotés, motéis, pensões, hospedarias, pousadas, albergues, casas de cômodos,


B-1 Hotel e assemelhado divisão A-3 com mais de 16 leitos
Serviço de
B Hospedagem
Hotés e assemelhados com cozinha própria nos apartamentos (incluem-se
B-2 Hotel resodencial
apart-hotéis, flats, hotéis residenciais)

Açougue, Artigos de metal ou vidro, bijuterias, louças, artigos hospitalares,


Comércio com baixa
C-1 carga de incêncio
eletrodomésticos, açougue, verdureiras, floricultura, automóveis, bebidas
fermentadas (vinhos, cervejas) outros

C Comercial Comércio com média Edifícios de lojas de departamentos, magazines, armarinhos, galerias comerciais,
C-2 e alta carga de supermercados em geral, mercados, bebidas destiladas, brinquedos, calçados,
incêndio drogarias, artigos em couro, artigos esportivos, livrarias, têxteis, móveis e outros

C-3 Shopping centers Centro de compras em geral (shopping centers)

Local para prestação Escritórios administrativos ou técnicos, instituições financeiras (que não estejam
de serviço profissional
D-1 ou condução
incluídas em D-2), repartoções públicas, cabeleireiros, centros profissionais e
assemelhados, agências de correios, processamento de dados
de negócio

Serviço D-2 Agência bancária Agências bancárias e assemelhados


D profissional
Serviço de reparação Lavanderias, assistência técnica, reparação e manutenção de aparenhos
D-3 (exceto os eletrodomésticos, chaveiros, pintura de letreiros, oficinas elétricas, oficinas
classificados em G-4) hidráulicas ou mecânicas, oficina de pintura e outros

Laboratórios de análises clínicas sem internação, laboratórios químicos,


D-4 Laboratório
fotográficos e assemelhados

FONTE: IN 1 – PARTE 2 (CBM, 2021, p. 14)

5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA EDIFICAÇÃO E SISTEMAS


PREVENTIVOS EXIGIDOS
Conforme estabelecido pela IN 1 – Parte 2 (CBM, 2021), para definição das
exigências dos sistemas e medidas de segurança contra incêndio e pânico devem ser
considerados os seguintes itens:

• a ocupação ou uso;
• a área total construída;
• a altura ou número de pavimentos;
• a carga de incêndio;
• a capacidade de lotação;
• os riscos especiais.

Nesse contexto, a IN 4 (CBM, 2020) define carga de incêndio como a soma das
energias caloríficas que podem ser liberadas pela combustão completa de todos os
materiais combustíveis no interior da edificação, inclusive os revestimentos de: paredes,
divisórias, pisos e tetos. Já a carga de incêndio específica pode ser compreendida como
o valor da carga de incêndio dividido pela área de piso do espaço considerado. Os valores
da carga de incêndio específica podem ser calculados pelo método determinístico
expresso pela Equação 6 (IN 3, 2020).

213
Equação 6

Onde:
qfi - valor de carga de incêndio específica, em megajoule por metro quadrado de área de
piso considerado para o cálculo (MJ/m²);
mi - massa de cada componente i do material combustível, em quilograma (kg);
Hi - potencial calorífico específico de cada componente do material combustível,
conforme QUADRO 2;
Af - área do piso considerado para o cálculo, em metro quadrado (m²).
Exemplo de cálculo:
Um armazém com 800 m² de área construída possui os seguintes materiais: 15 ton. de
celulose, 1,5 ton. de madeira e 20 ton. de plástico. Calcularemos a carga de incêndio
específica da construção.
Inicialmente é necessário determinar o potencial calorífico de cada material (QUADRO 2).
Celulose – 16 MJ/kg;
Madeira – 19 MJ/kg;
Plástico – 31 MK/kg
Cálculo da carga de incêndio:

Desta maneira, a carga de incêndio do armazém é de 1 110,63 MJ/m².

QUADRO 2 – POTENCIAL CALORÍFICO ESPECÍFICO EM FUNÇÃO DO TIPO DE MATERIAL

FONTE: IN 3 (CBM, 2020, p. 16)


214
5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS PREVENTIVOS EXIGIDOS
Como pode ser observado no Quadro 3, com base na classificação da edificação
em função do tipo de ocupação e das características do imóvel como área e altura, são
definidos quais os sistemas e medidas de segurança contra incêndio e pânico são exigidos.

QUADRO 3 – EXIGÊNCIAS DE SISTEMAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (IMÓVEIS COM


ÁREA ≤ 750 M2 E ALTURA ≤ 12 M)

FONTE: IN 1 – PARTE 2 (CBM, 2021, p. 18)

5.4 CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO AOS RISCOS


A IN 3 (CBM, 2020) classifica o risco de incêndio de uma edificação com base no
valor da carga de incêndio específica (qfi) nas seguintes categorias:

• I - Carga de incêndio desprezível: qfi ≤ 100;


• II - Carga de incêndio baixa: 100 < qfi ≤300;
• III - Carga de incêndio média: 300 < qf i≤1200;
• IV - Carga de incêndio alta: qfi >1200.

5.5 VERIFICAR OS NÍVEIS DE EXIGÊNCIA E DETALHAMENTO


DE CADA SISTEMA
Nesta etapa devem ser considerados as especificidades de cada projeto e as
particularidades de cada edificação e Instruções Normativa cabíveis. Deve-se verificar
quais os desenhos necessários, quais são os padrões de apresentação e qual o nível de
detalhamento exigido e que facilite a compreensão do projeto.

215
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS
COMBUSTÍVEL
De acordo com Macintyre (1990) as instalações de distribuição de gás
combustível são aquelas destinadas a distribuir o gás no interior de uma edificação, para
fins de aquecimento e para consumo em fogões, aquecimento de água e equipamentos
industriais. Nesse contexto, conforme previamente mencionado, a norma que fornece
os requisitos para redes de distribuição interna de gases combustíveis é a NBR 15526
(ABNT, 2012), a qual será utilizada como base neste tópico do livro.

Como pode ser observado na Figura 39, o sistema de distribuição da edificação


é ligado à rede geral. Como a pressão da rede usualmente é superior aos aparelhos
que serão alimentados a gás, deve ser utilizado um regulador de pressão. Também são
utilizados medidores que devem ser adequadamente selecionados visando atender
à vazão previsão, à máxima pressão especificação e a queda de pressão da rede de
distribuição interna (NBR 15526, 2012). Por fim, a rede de distribuição conduz o gás
através de tubulações até os pontos de utilização, no caso do exemplo em questão, até
os fogões e aquecedores da edificação.

FIGURA 39 – REPRESENTAÇÃO DE UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA DE GÁS

FONTE: NBR 15526 (ABNT, 2012)

216
6.1 MATERIAIS EMPREGADOS
Quanto ao material das tubulações, a NBR 15526 (ABNT, 2012) cita tubos de aço-
carbono, de cobre rígido e flexível e de polietileno. As tubulações de polietileno devem
ser utilizadas em trechos enterrados e externos à edificação. Em locais suscetíveis a
choques mecânicos, quando as tubulações forem aparentes, devem ser devidamente
protegidas. Além disso, deve ser prevista proteção contra a corrosão das tubulações,
principalmente para materiais metálicos.

INTERESSANTE
De acordo com a NBR 15526 (ABNT, 2021), a rede de distribuição interna
aparente deve ser identificada através de pintura da tubulação na cor
amarela, como exemplificado na Figura 40a. Em fachadas e no interior das
residências a norma permite a pintura da tubulação na cor da fachada ou
com cor adequada, desde que a tubulação e os suportes de fixação sejam
identificados com a palavras gás no máximo a cada 10 m. Já a rede de
distribuição interna enterrada deve ser identificada através da colocação de
fita plástica de advertência por toda a sua extensão (Figura 40b).

FIGURA 40 – TUBULAÇÃO DE GÁS (A) E FITA DE IDENTIFICAÇÃO (B)

FONTE: <https://bit.ly/3yVRx92 ; https://bit.ly/3yTtWpC>. Acesso em: 24 jun. 2021.

6.2 DIMENSIONAMENTO
Para o dimensionamento do sistema de distribuição de gás deve ser levantado
o perfil de consumo de gás da edificação, ou seja, quais os aparelhos de gás que serão
utilizados. O dimensionamento da tubulação de gás deve ser realizado de modo a
atender à máxima vazão necessárias para alimentar os aparelhos a gás, considerando
a pressão adequada para sua operação. Isto posto, cada trecho de tubulação deve
ser dimensionado através da soma das vazões dos aparelhos a gás por ele servidos
e a perda de carga máxima admitida. Nessa conjuntura, para o dimensionamento das
tubulações devem ser observados os seguintes aspectos (NBR 15526, 2012):

217
• A pressão máxima da rede de distribuição interna deve ser 150 kPa;
• A pressão da rede de distribuição interna de unidades habitacionais deve ser limitada
a 7,5 kPa;
• A perda de carga máxima admitida para cada trecho de rede que alimenta diretamente
um aparelho a gás deve ser de 10 % o valor da pressão de operação;
• A perda de carga máxima admitida para cada trecho de rede que alimenta um
regulador de pressão deve ser de 30 % o valor da pressão de operação;
• A velocidade máxima admitida na rede é de 20 m/s.

6.2.1 Potência adotada


Inicialmente, é necessário determinar a potência computada (C) no trecho
considerado, através do somatório das potências nominais dos aparelhos a gás que
esse trecho irá alimentar. As potências nominais dos aparelhos a gás podem ser
determinadas através da Tabela 22. Para os equipamentos que não constam na tabela,
devem ser adotadas as informações fornecidas pelo fabricante do produto.

TABELA 22 – POTÊNCIA NOMINAL DOS APARELHOS A GÁS

Potência
Potência nominal
Aparelho a gás Características nominal média
média (kW)
(kcal/h)
Fogão duas bocas Portátil 2,9 2494
Fogão duas bocas De bancada 3,6 3096
Fogão quatro bocas Sem forno 8,1 6966
Fogão quatro bocas Com forno 10,8 9288
Fogão cinco bocas Sem forno 11,6 9976
Fogão cinco bocas Com forno 15,6 13390
Fogão seis bocas Sem forno 11,6 9976
Fogão seis bocas Com forno 15,6 13390
Forno De parede 3,5 3010
Aquecedor de passagem 6 L/min 10,5 9000
Aquecedor de passagem 8 L/min 14 12000
Aquecedor de passagem 10 - 12 L/min 17,4/20,9 15000/18000
Aquecedor de passagem 15 L/min 25,6 22000
Aquecedor de passagem 18 L/min 30,2 26500
Aquecedor de passagem 25 L/min 41,9 36000
Aquecedor de passagem 30 L/min 52,3 45500
Aquecedor de passagem 35 L/min 57 49000
Aquecedor de acumulação 50 L 5,1 4360
Aquecedor de acumulação 75 L 7 6003
Aquecedor de acumulação 100 L 8,2 7078
Aquecedor de acumulação 150 L 9,5 8153

218
Aquecedor de acumulação 200 L 12,2 10501
Aquecedor de acumulação 300 L 17,4 14998
Secadora de roupa 7 6020
FONTE: Adaptado de NBR 15526 (2012)

Posteriormente, realiza-se o cálculo da potência adotada (A), através da


Equação 7. Como pode ser observado, para o cálculo do cálculo do consumo da rede
de distribuição interna comum a várias unidades habitacionais, utiliza-se um fator de
simultaneidade (F) que pode ser determinado através da Tabela 23.

Equação 7

Onde:
A – Potência adotada (kcal/h);
F – Fator de simultaneidade (adimensional);
C – Potência computada (kcal/h).

TABELA 23 – FATOR DE SIMULTANEIDADE EM FUNÇÃO DA POTÊNCIA COMPUTADA

Potência computada (kcal/h) Fator de simultaneidade (F)


C < 21.000 F = 100
21.000 ≤ C < 576.720 F = 100/[1 + 0,001 (C/60 – 349)0,8712] 
576.720 ≤ C < 1.200.000  F = 100/[1 + 0,4705 (C/60 – 1.055)0,19931] 
C ˃ 1.200.000 F = 23

6.2.2 Cálculo da vazão


Em seguida, efetua-se o cálculo da vazão de gás (Q), através da Equação 8.

Equação 8

Onde:
Q – Vazão de gás, expressa em normal metros cúbicos por hora (Nm³/h);
A – Potência computada (kcal/h);
PCI – Poder calorífico inferior do gás (kcal/m³). Adotar o valor de 8 600 kcal/m³ para o
gás natural (GN) e de 24 000 kcal/m³ para o gás liquefeito de petróleo (GLP).

6.2.3 Cálculo da velocidade


A velocidade pode ser calculada através da Equação 9. Reitera-se que a
NBR 15526 (ABNT, 2012) estabelece uma velocidade máxima de 20 m/s na rede de
distribuição de gás.

219
Equação 9

Onde:
V – Velocidade (m/s);
Q – Vazão de gás (Nm³/h);
P – Pressão manométrica de operação (kgf/m²);
D – Diâmetro interno da tubulação (mm).

6.2.4 Perda de carga


O comprimento total do sistema deve ser calculado somando-se o trecho
horizontal, o trecho vertical e as perdas de carga localizadas. Isto posto, para
determinação das perdas de carga localizadas, são considerados os valores fornecidos
pelos fabricantes das conexões e válvulas ou aqueles estabelecidos na literatura (NBR
15526, 2021). A NBR 15526 (ABNT, 2012) apresenta alguns valores de comprimento
equivalente para as perdas de carga localizadas que podem ser adotados, na ausência
de dados dos fabricantes (Tabela 24).

TABELA 24 – COMPRIMENTO EQUIVALENTE (M)

Diâmetro
Cotovelo 90⁰ Cotovelo 45⁰ Tê
nominal (mm)
15 1,1 0,4 2,3
22 1,2 0,5 2,4
28 1,5 0,7 3,1
35 2 1 4,6
FONTE: Adaptado de NBR 15526 (2012)

NOTA
Perda de carga localizada: perdas ocasionadas por conexões, válvulas,
registros, dentre outros (CARVALHO JÚNIOR, 2014). Usualmente é expressa
através de um comprimento de tubulação equivalente.

Exemplo de cálculo:
Determinaremos a vazão de gás da rede de distribuição interna de uma residência
que contêm os seguintes aparelhos a gás: fogão de 6 bocas com forno, aquecedor de
passagem com vazão de 10 L/min e secadora de roupa. Iremos adotar a utilização de
gás natural.

220
Inicialmente é necessário determinar a potência nominal de cada aparelho a partir da
Tabela 22.
Fogão de 6 bocas com forno – 13.390 kcal/h
Aquecedor de passagem (10 L/min) – 15.000 kcal/h
Secadora de roupa – 6.020 kcal/h

Em seguida calcularemos o valor da potência computada.


C = 13.390 + 15.000 + 6.020 = 34.410 kcal/h

Para residência unifamiliar não é recomendado adotar coeficiente de simultaneidade.


Desta forma, a potência adotada terá o mesmo valor da potência computada.
A = 34.410 kcal/h.

Posteriormente, calcularemos a vazão de gás a partir da Equação 8.


Considerando um sistema com gás natural – PCI = 8 600 kcal/m³.

A vazão de gás da rede de distribuição é de 4 m³/h.

221
LEITURA
COMPLEMENTAR
PARÂMETROS PARA GARANTIA DA QUALIDADE DO PROJETO DE SEGURANÇA
CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS ALTOS

Rosaria Ono

É possível agrupar as medidas a serem tomadas para garantir a segurança contra


incêndio em medidas de prevenção e medidas de proteção. As medidas de prevenção são
aquelas que se destinam a prevenir a ocorrência do início do incêndio, isto é, controlar o
risco do início do incêndio. As medidas de proteção são aquelas destinadas a proteger a
vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve. Em
conjunto, essas medidas visam a manter o risco de incêndio em níveis aceitáveis.

Berto (1991) estabelece oito elementos que compõem as medidas de prevenção


e proteção contra incêndio, relacionando-os às etapas de crescimento do fogo, a saber:

(a) precaução contra o início do incêndio: o único composto de medidas de prevenção que
visam a controlar eventuais fontes de ignição e sua interação com materiais combustíveis;
(b) limitação do crescimento do incêndio: composto de medidas de proteção que visam
a dificultar, ao máximo, o crescimento do foco do incêndio, de forma que este não se
espalhe pelo ambiente de origem, envolvendo materiais combustíveis presentes no
local e elevando rapidamente a temperatura interna do ambiente;
(c) extinção inicial do incêndio: composto de medidas de proteção que visam a facilitar a
extinção do foco do incêndio, de forma que ele não se generalize pelo ambiente;
(d) limitação da propagação do incêndio: composto de medidas de proteção que visam
a impedir o incêndio de se propagar para além do seu ambiente de origem;
(e) evacuação segura do edifício: visa a assegurar a fuga dos usuários do edifício, de
forma que todos possam sair com rapidez e em segurança;
(f) precaução contra a propagação: visa a dificultar a propagação do incêndio para outros
edifícios próximos daquele de origem do fogo; (g) precaução contra o colapso estrutural:
visa a impedir a ruína parcial ou total da edificação atingida. As altas temperaturas, em
função do tempo de exposição, afetam as propriedades mecânicas dos elementos
estruturais, podendo enfraquecê-los, até que provoquem a perda de sua estabilidade; e
(h) rapidez, eficiência e segurança das operações: visa a assegurar as intervenções
externas para o combate ao incêndio e o resgate de eventuais vítimas.

As medidas de proteção contra incêndio podem ser, por sua vez, divididas em duas
categorias: as medidas de proteção passiva; e as medidas de proteção ativa. As principais
medidas de proteção passiva e ativa são apresentadas no Quadro 1, classificadas em função
dos objetivos da proteção definidos pelos elementos propostos por Berto (1998).

222
Verifica-se, conforme mostrado no Quadro 1, que as medidas passivas de
proteção contra incêndio têm papel destacado na segurança contra incêndio das
edificações. Dessa forma, é importante garantir que tais medidas apresentem o
desempenho desejado numa situação de incêndio.

QUADRO 4 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO ATIVA E PASSIVA

Avaliação do desempenho das medidas de proteção passiva


Do planejamento urbano

Por mais que se tomem medidas preventivas e de proteção contra incêndio na


própria edificação, elas podem falhar, e o incêndio, sair do controle. Nesse caso, poderá
ser necessário contar com a intervenção do Corpo de Bombeiros, para evitar que o
fenômeno se torne uma tragédia de grandes proporções.

O acesso à edificação é um ponto crítico nesse processo e deve ser entendido


como o trajeto do posto de bombeiros até o local da ocorrência. As dimensões (largura
e altura livre) das vias urbanas de acesso são fatores importantes a serem considerados
no rápido deslocamento e na manobra dos equipamentos de combate, assim como as
condições topográficas das vias e do entorno da edificação considerada. Nas grandes
cidades, outro fator a considerar é o tráfego pesado e os congestionamentos, que podem
aumentar, significativamente, o tempo para o atendimento da ocorrência, denominado
“tempo-resposta”.

Da implantação do edifício no interior do lote

Uma vez que o veículo de bombeiro chega ao local da ocorrência propriamente


dito, ou seja, à entrada do lote ou do condomínio, ele pode enfrentar graves problemas,
como a dificuldade de acesso e manobra em vias internas, que muitas vezes não estão
dimensionadas para suportar veículos de grande porte.

223
A possibilidade de acesso da via até pelo menos uma das fachadas do edifício
atingido utilizando os equipamentos dos bombeiros é sempre desejável, pois permite
que intervenções de combate ou salvamento pelo exterior sejam viabilizadas.

Além do colapso do edifício, o pior fenômeno que se pode esperar na evolução


do incêndio é o da conflagração, nome dado ao fenômeno em que edifícios adjacentes
são sucessivamente envolvidos no incêndio. A propagação do incêndio entre edifícios
isolados pode ocorrer por meio dos seguintes mecanismos:

(a) radiação térmica, emitida pelo edifício incendiado, através de: aberturas existentes na
fachada; da cobertura; chamas que saem pelas aberturas na fachada ou pela cobertura;
e, ainda, chamas desenvolvidas pela própria fachada, quando esta for composta de
materiais combustíveis; e
(b) convecção, quando os gases quentes emitidos pelas aberturas existentes na fachada
ou pela cobertura do edifício incendiado atingem a fachada do edifício adjacente.

A avaliação da radiação térmica emitida pela fachada de uma edificação com


paredes externas resistentes ao fogo dependerá, principalmente, das dimensões das
aberturas por onde a radiação será transmitida e sua proporção em relação à fachada
em questão, e da carga-incêndio existente no interior do edifício em chamas, que
determinará a intensidade e a duração do incêndio.

Assim, a avaliação de desempenho dessa medida de proteção passiva deveria


ser realizada com base no projeto arquitetônico apresentado e com comprovação por
cálculos que permitiram a obtenção de valores de distanciamento seguro.
Do projeto da edificação

A compartimentação é uma medida de proteção passiva que visa à contenção


do incêndio em seu ambiente de origem e é obtida pela subdivisão do edifício em
células capazes de suportar a ação da queima dos materiais combustíveis nelas
contidos, impedindo o rápido alastramento do fogo. Essa medida, adicionalmente,
restringe a livre movimentação da fumaça e dos gases quentes no interior do edifício e
tende a facilitar o abandono seguro dos seus ocupantes, assim como as operações de
combate ao fogo. Daí a sua importância, discutida com profundidade por Costa et al.
(2005) e também abordada na Instrução Técnica nº 09 – Compartimentação Horizontal
e Compartimentação Vertical (CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO
DE SÃO PAULO, 2004).

A compartimentação horizontal se destina a impedir a propagação do incêndio


no interior do próprio pavimento em que este se originou, de forma que grandes áreas
de pavimento não sejam afetadas, e pode ser obtida através da composição dos
seguintes dispositivos:

(a) paredes corta-fogo para subdivisão de grandes áreas de pavimento, do piso ao teto
ou à cobertura;

224
(b) portas corta-fogo, nas aberturas das paredes corta-fogo destinadas à circulação de
pessoas e de equipamentos; e
(c) registros corta-fogo, nos dutos de ventilação e nos dutos de exaustão, entre outros,
que transpassam as paredes corta-fogo; e
(d) selos corta-fogo, nas passagens de cabos elétricos e em tubulações por paredes
corta-fogo.

A compartimentação vertical se destina a impedir a propagação do incêndio


entre pavimentos adjacentes e deve ser obtida de tal forma que cada pavimento
componha um compartimento isolado em relação aos demais. Para isso é necessária a
composição com:

(a) fachadas cegas, abas verticais e abas horizontais com resistência ao fogo sob as
aberturas na envoltória do edifício, que dificultam a propagação de chamas e dos gases
quentes pelas aberturas nos pisos consecutivos da fachada;
(b) enclausuramento de caixas de escadas através de paredes e portas corta-fogo, pois
estas intercomunicam vários pavimentos, podendo se tornar um meio de propagação
vertical de chamas, calor e fumaça internamente ao edifício;
(c) registros corta-fogo, nos dutos de ventilação, dutos de exaustão, entre outros, que
intercomunicam os pavimentos;
(d) entrepisos corta-fogo; e
(e) selos corta-fogo, nas passagens de cabos elétricos e em tubulações entre os pavimentos.

A avaliação da compartimentação no projeto e na construção deve ser


realizada pela verificação de sua existência e dos detalhes específicos de proteção de
aberturas como portas, janelas, dutos e shafts. No entanto, é necessário, numa etapa
anterior, certificar-se da eficácia do sistema construtivo proposto na composição da
compartimentação, assim como o atendimento ao tempo requerido de resistência ao
fogo (TRRF) dele. Tal avaliação é normalmente realizada mediante ensaios de resistência
ao fogo das paredes e dos vedadores (portas, dampers, etc.) neles instalados.

Ao contrário do que ocorre com os ensaios de reação ao fogo, os ensaios


de resistência ao fogo acompanham, mundialmente, uma curva padrão de elevação
de temperatura a que o corpo-de-prova deve ser submetido no interior do forno de
resistência ao fogo – o que permite a comparação de resultados de avaliação de
desempenho realizados em laboratórios de várias partes do mundo.

Para a avaliação e a classificação da resistência ao fogo de elementos (portas,


janelas, dampers, etc.) e sistemas construtivos de vedação horizontal ou vertical
(paredes e pisos), são considerados os seguintes critérios:

(a) estanqueidade: permite avaliar se as chamas e os gases quentes desenvolvidos no


interior do ambiente em combustão são liberados por fissuras ou aberturas no elemento
construtivo, podendo expor as pessoas e os objetos que se encontram na face não
exposta ao fogo aos efeitos do incêndio;

225
(b) isolamento térmico: permite avaliar se o calor transmitido por radiação e condução
através da superfície do elemento construtivo pode ameaçar a segurança das pessoas
e dos objetos que se encontram na face não exposta ao fogo aos efeitos do incêndio; e
(c) estabilidade: permite avaliar se o elemento ou sistema construtivo não perde seu
caráter funcional (seja este portante ou simplesmente de vedação), ou seja, não
apresenta ruína durante o tempo de ensaio.

Tais critérios são definidos nos seguintes métodos de ensaio:

(a) NBR 6479 – Portas e vedadores – Determinação da resistência ao fogo – Método de


ensaios (ABNT, 1992); e
(b) NBR 10646 – Paredes divisórias sem função estrutural – Determinação da resistência
ao fogo – Método de ensaio (ABNT, 1989).

As estruturas dos edifícios, em função dos materiais e da geometria que as


constituem, devem ser dimensionadas de forma a possuírem resistência ao fogo
compatível com a magnitude do incêndio a que possam vir a ser submetidas.

A avaliação das estruturas diante do fogo tem sido realizada, tradicionalmente,


por ensaios de resistência ao fogo nos elementos estruturais específicos. Pode-se citar
como exemplo o método de ensaio descrito na NBR 5628 – Componentes construtivos
estruturais – Determinação da resistência ao fogo (ABNT, 1980). No entanto, nas
últimas décadas, o desenvolvimento de modelos computacionais de cálculo estrutural,
associado aos modelos computacionais de estimativa da intensidade do fogo baseada
na carga incêndio, tem possibilitado o cálculo e a avaliação dos elementos estruturais
de forma mais expedita e com custos menores, como pode ser encontrado na NBR
14432 – Exigência de resistência ao fogo de elementos de construção de edificação –
Procedimento (ABNT, 2000).

Ainda assim, os ensaios de resistência ao fogo não são totalmente dispensáveis,


principalmente no caso da necessidade de caracterização de novos materiais e
elementos em face do fogo, para efeito de pesquisa e de coleta de dados que podem
ser introduzidos posteriormente nos modelos computacionais de cálculo.

Uma das grandes vantagens dos modelos computacionais é a possibilidade


que eles apresentam de estimar as deformações que podem surgir na estrutura,
considerando grandes trechos nas análises e não se limitando, geometricamente, às
dimensões do forno de ensaio. Normas brasileiras têm sido desenvolvidas para tanto,
como a NBR 14323 – Dimensionamento de estrutura de aço em situação de incêndio
– Procedimento (ABNT, 1999) e NBR 15200 – Projeto de estruturas de concreto em
situação de incêndio – Procedimento (ABNT, 2004).

226
As rotas de fuga ou saídas de emergência são projetadas para garantir a saída
dos ocupantes de edifícios em situações emergenciais, de forma segura e rápida, de
qualquer ponto até um local seguro, normalmente representado por uma área livre e
afastada do edifício. Um projeto adequado deve permitir que todos abandonem as áreas
de risco num período mínimo através das saídas.

Quanto maior o risco, mais fácil deve ser o acesso até uma saída, pois, dependendo
do tipo de construção, das características dos ocupantes e dos sistemas de proteção
existentes, o fogo e/ou a fumaça podem impedir rapidamente sua utilização. Para evitar tal
inconveniência, a provisão de duas saídas independentes é fundamental, exceto onde o
edifício ou o ambiente em questão apresentam dimensões tão pequenas ou são arranjados
de tal forma que uma segunda saída não aumentaria a segurança dos ocupantes.

Além de permitir o abandono seguro dos edifícios pelos seus ocupantes, um bom
projeto de saídas de emergência deve, também, proporcionar às equipes de salvamento
e combate ao fogo um fácil acesso ao interior do edifício. Disso pode depender o sucesso
das operações dessas equipes em salvar vidas e reduzir perdas patrimoniais.

O dimensionamento das partes que compõem as saídas depende da lotação


das edificações e é definido de acordo com a classe de ocupação do local (que está
relacionada ao seu risco) por normas, como a NBR 9077 – Saídas de emergência em
edifícios (ABNT, 1993) e regulamentações.

A avaliação do desempenho das rotas de fuga se faz, portanto, mediante


a análise do projeto de saídas de emergência e em conjunto com os dados relativos
ao desempenho dos elementos construtivos que as compõem, quando se tratar de
medidas de proteção passiva.

A quantidade de materiais combustíveis existente num compartimento


tem relação direta com a intensidade que um incêndio pode alcançar nesse mesmo
local, sendo, portanto, um grande definidor do risco de incêndio daquele ambiente
e, consequentemente, um importante parâmetro para a definição dos sistemas de
proteção contra incêndio compatíveis com esse risco. O termo técnico utilizado para
definir a quantidade de material combustível denomina-se carga-incêndio.

Como medida de proteção passiva, o controle da carga-incêndio tem papel


fundamental no projeto, à medida que se definem os elementos construtivos que
serão empregados na construção da edificação. Os fabricantes deveriam estar aptos a
fornecer o poder calorífico dos seus produtos, para que se possa estimar o que se pode
denominar “carga incêndio permanente ou fixa” do edifício projetado, priorizar aqueles
que possuam índices menores ou nulos, ou prever outros sistemas de proteção que
reforcem o projeto de segurança contra incêndio como um todo.

227
A avaliação da combustibilidade de materiais assim como da quantidade de calor
liberado na sua combustão é realizada por meio de ensaios laboratoriais mundialmente
conhecidos e denominados genericamente de Ensaio de Incombustibilidade e Ensaio de
Determinação do Poder Calorífico, respectivamente.

Na etapa de especificação dos produtos de acabamento e revestimento que


irão compor o projeto de um edifício, os produtos combustíveis, que no caso de um
princípio de incêndio podem propagar as chamas rapidamente, podem ser incorporados
inadvertidamente.

FONTE: https://seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/3731

No Tópico 3 abordamos as principais medidas de segurança contra incêndio,


as quais podem ser classificadas em medidas ativas e medidas passivas. Isto posto,
as medidas ativas são aquelas que entram em ação na ocorrência de um incêndio. Já
as medidas passivas, são aquelas consideradas no projeto arquitetônico da edificação.
Também foram apresentadas as principais etapas que envolvem a elaboração de um
projeto de prevenção de incêndio. Em relação ao projeto, destaca-se novamente que
devem ser consideradas as Instruções Normativas pertinentes em função da localização
da edificação. Por fim, abordamos sobre os sistemas de distribuição de gás combustível
e as equações de dimensionamento definidas na NBR 15526 (ABNT, 2012).

RESUMO
Para relembrar, a Tabela 25 apresenta um resumo de todas as normas
citadas neste tópico.

TABELA 25 – RESUMO DAS NORMAS APRESENTADAS NO TÓPICO

Norma Título
Edificações habitacionais — Desempenho - Parte 1: Requisitos
NBR 15575-1 (ABNT, 2013)
gerais
NBR 10898 (ABNT, 2013) Sistema de iluminação de emergência

NBR 12693 (ABNT, 2021) Sistemas de proteção por extintores de incêndio

Sistemas de proteção contra incêndio por chuveiros


NBR 10897 (ABNT, 2020)
automáticos — Requisitos
Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a
NBR 13714 (ABNT, 2000)
incêndio

Redes de distribuição interna para gases combustíveis em


NBR 15526 (ABNT, 2016)
instalações residenciais — Projeto e execução

FONTE: A autora (2021)

228
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A classificação dos incêndios é feita com base nas características dos combustíveis;

• As principais medidas ativas de proteção contra incêndio são sistemas de alarme e


detecção, iluminação, sinalização, proteção por extintores, proteção por chuveiros
automáticos e proteção por hidrantes e mangotinhos.

• As principais medidas passivas de proteção são: previsão de saídas de emergência,


compartimentação e separação entre as edificações.

• A elaboração do projeto de prevenção de incêndio deve levar em consideração as


Instruções Normativas cabíveis, as quais variam em função da localização da edificação.

• O dimensionamento da rede de distribuição interna de gás combustível é feito de


acordo com a NBR 15526 (ABNT, 2012).

229
AUTOATIVIDADE
1 Os incêndios são comumente classificados nas classes A, B, C, D e K de acordo com
as características dos combustíveis que os originam. Tendo isto em vista, assinale a
alternativa CORRETA a respeito da classe de incêndio das seguintes situações:

I- Incêndio em uma bomba de abastecimento de um posto de gasolina.


II- Incêndio no estoque de uma fábrica de papel.
III- Incêndio ocasionado por equipamento elétrico energizado.

a) ( ) Classe A; Classe K; Classe C.


b) ( ) Classe A; Classe B; Classe C.
c) ( ) Classe B; Classe A; Classe C.
d) ( ) Classe C; Classe B; Classe A.

2 Considerando que a carga de incêndio corresponde à soma das energias caloríficas


que podem ser liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis
no interior de uma edificação, determinar a carga de incêndio específica de um galpão
industrial com 1200 m² de área construída que armazena 30 ton. de plástico.

a) ( ) 470 MJ/m².
b) ( ) 585 MJ/m².
c) ( ) 612 MJ/m².
d) ( ) 775 MJ/m².

3 Determinar a classe de risco de incêndio de um depósito com 2.000 m2, contendo


25.000kg de petróleo e 1.500kg de madeira, com base na Instrução Normativa IN 3 do
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina.

a) ( ) Carga de incêndio desprezível.


b) ( ) Carga de incêndio baixa.
c) ( ) Carga de incêndio média.
d) ( ) Carga de incêndio alta.

4 Determinar a vazão de gás da rede de distribuição interna de uma residência que


contêm os seguintes aparelhos a gás: fogão de 4 bocas com forno, aquecedor de
passagem com vazão de 15 L/min e secadora de roupa. Adotar um sistema com gás
liquefeito de petróleo (GLP)

5 Determinar a vazão de gás da rede de distribuição interna de um edifício residencial com 16


andares, composto por 1 apartamento por andar. Considerar que cada apartamento possui
os seguintes aparelhos a gás: fogão de 6 bocas com forno e aquecedor de passagem com
vazão de 10 L/min. Adotar um sistema com gás liquefeito de petróleo (GLP).
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REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES

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