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Eficiência

Energética

Prof.ª Grace Jenske

Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 20222

Elaboração:
Prof.ª Grace Jenske

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

J54e

Jenske, Grace

Eficiência energética. / Grace Jenske – Indaial: UNIASSELVI, 2022.


158 p.; il.
ISBN 978-65-5663-764-8
ISBN Digital 978-65-5663-765-5
1. Energias alternativas. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 621.31

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Eficiência Energética. Aqui
você irá aprender conceitos, definições, estratégias, perspectivas e exemplos que serão
essenciais para a sua formação profissional.

Se você olhar ao seu redor, verá diversos exemplos de fontes de energia que
são empregadas no seu cotidiano: eletricidade, combustíveis, luz solar, biomassa, entre
outras. Você já deve ter observado também que existe uma série de equipamentos e
sistemas que transformam as formas de energia. Essa transformação é um processo
que é avaliado pela sua eficiência em reduzir a perda de energia para o meio.

A eficiência energética tem por princípio a utilização racional de energia, de


forma eficiente e que permite se fazer mais com menos energia para se obter um
determinado resultado. Por definição, eficiência energética é uma atividade que busca
otimizar o uso das fontes de energia, através da relação entre a quantidade de energia
consumida e a quantidade de energia efetivamente utilizada para realizar determinada
atividade.

Na Unidade 1, abordaremos os principais conceitos referentes à eficiência


energética e sua relação com cidades sustentáveis. Estudaremos as formas de energia,
energias alternativas e o papel das cidades e dos profissionais da área no uso de energias.

Em seguida, na Unidade 2, aprenderemos as aplicações técnicas da eficiência


energética, as normas nacionais de desempenho energético, os sistemas prediais
eficientes e as certificações existentes, veremos, também, alguns exemplos de aplicação
e avaliação do desempenho de equipamentos e sistemas energéticos.

Por fim, na Unidade 3, olharemos para o panorama atual da eficiência energética,


através da análise de experiências nacionais e internacionais no âmbito público e
privado. Nesta unidade, apresentaremos os programas voltados ao desenvolvimento de
uma maior eficiência energética, assim como as perspectivas, desafios e o futuro dessa
área tão importante para o desenvolvimento sustentável de cidades e países.

Caro acadêmico, lembre-se: mais do que saber, é preciso saber fazer. Você
é o protagonista da sua história, por isso aproveite ao máximo os conteúdos aqui
apresentados! Bons estudos!

Prof.ª Grace Jenske


GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E CIDADES SUSTENTÁVEIS.................................. 1

TÓPICO 1 - PRINCIPAIS CONCEITOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA....................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 O CONCEITO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .......................................................................3
3 O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA........................................................8
4 ASPECTOS DA CONSERVAÇÃO ENERGÉTICA ................................................................. 10
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 13

TÓPICO 2 - FORMAS DE ENERGIA E ENERGIAS ALTERNATIVAS....................................... 15


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15
2 ENERGIA E SEUS CONCEITOS........................................................................................... 15
3 PRINCIPAIS FORMAS DE ENERGIA................................................................................... 17
3.1 ENERGIA POTENCIAL ......................................................................................................................... 18
3.2 ENERGIA CINÉTICA ............................................................................................................................ 18
4 FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS......................................................................... 19
4.1 COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS . ................................................................................................................. 19
4.2 ENERGIA NUCLEAR ............................................................................................................................21
5 ENERGIAS RENOVÁVEIS .................................................................................................. 22
5.1 ENERGIA HIDRELÉTRICA....................................................................................................................22
5.2 ENERGIA SOLAR .................................................................................................................................23
5.3 ENERGIA EÓLICA ................................................................................................................................24
5.4 BIOMASSA ............................................................................................................................................25
6 ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO ................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 29
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 31

TÓPICO 3 - PAPEL DAS CIDADES NO USO DE ENERGIAS................................................. 33


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33
2 ASPECTOS GERAIS DO CONSUMO ENERGÉTICO........................................................... 33
3 O CONSUMO ENERGÉTICO POR SETOR ......................................................................... 35
4 FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA........................................... 38
4.1 ILUMINAÇÃO..........................................................................................................................................38
4.2 REFRIGERAÇÃO...................................................................................................................................38
4.3 SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO.......................................................................................................39
4.4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ELETRODOMÉSTICOS..................................................................39
5 CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS ENERGETICAMENTE ............................... 40
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 44
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 49
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 53

UNIDADE 2 — APLICAÇÕES TÉCNICAS DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA............................. 55

TÓPICO 1 — NORMAS DE DESEMPENHO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA............................57


1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................57
2 HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO
DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL........................................................................57
3 NORMA ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMA DE GESTÃO DA ENERGIA............................ 62
3.1 SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA .................................................................................................63
3.2 CICLO PDCA . .......................................................................................................................................64
3.2.1 Planejamento..............................................................................................................................65
3.2.2 Operação..................................................................................................................................... 67
3.2.3 Avaliação .................................................................................................................................... 67
3.2.4 Melhoria.......................................................................................................................................68
3.3 IMPLEMENTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DA NORMA ABNT NBR ISO 50001................................68
4 A NORMA ABNT NBR 16819: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
DE BAIXA TENSÃO – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA............................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................70
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 71

TÓPICO 2 - SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES E CERTIFICAÇÕES...................................73


1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73
2 SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES...................................................................................73
3 CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSISTEMAS DE INSTALAÇÕES...............................................75
3.1 HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS............................................................................................................ 75
3.2 ELÉTRICAS............................................................................................................................................ 76
3.3 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO.................................................................................................... 77
3.4 COMPLEMENTARES............................................................................................................................78
4 PROJETOS INTEGRADOS VISANDO A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .................................78
5 CERTIFICAÇÕES PREDIAIS.............................................................................................. 80
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 84

TÓPICO 3 - INICIATIVAS DE APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO......................87


1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................87
2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO E LINHAS DE BASE ENERGÉTICA...............87
3 PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DESEMPENHO ENERGÉTICO EM EDIFICAÇÕES............ 90
4 INICIATIVAS DE APLICAÇÃO............................................................................................. 91
4.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA ............................................ 91
4.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ILUMINAÇÃO PÚBLICA ...............................................................92
4.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS....................................................................94
LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................................................96
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................102
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 104

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................106

UNIDADE 3 — PANORAMA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.................................................109

TÓPICO 1 — EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO...............................111


1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 URBANISMO BIOCLIMÁTICO............................................................................................111
3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA....................................................................................... 113
3.1 CONFORTO TÉRMICO..........................................................................................................................114
3.2 CONFORTO LUMINOSO......................................................................................................................115
3.2.1 ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL .................................................................................116
4 SISTEMAS PREDIAIS INTELIGENTES..............................................................................117
5 IMPACTOS ENERGÉTICOS NO AMBIENTE CONSTRUÍDO.............................................. 119
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................122
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................124

TÓPICO 2 - EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA OS SETORES


DA INDÚSTRIA E TRANSPORTES................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 127
2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR INDUSTRIAL ...................................................... 127
2.1 PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A INDÚSTRIA NO BRASIL . ..................130
3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SANEAMENTO ............................................................... 131
3.1 PROGRAMA PROCEL SANEAR ....................................................................................................... 133
4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA O SETOR DE TRANSPORTES ....................................134
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................136
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 137

TÓPICO 3 - PERSPECTIVAS, DESAFIOS E FUTURO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.............139


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................139
2 O PAPEL DOS PROFISSIONAIS .......................................................................................139
2.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA EDUCAÇÃO . ..................................................................................141
3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................143
4 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DO SETOR DE ENERGIA BRASILEIRO ..................... 144
5 SUSTENTABILIDADE E ENERGIA.................................................................................... 147
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................155
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................156

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................158
UNIDADE 1 -

EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E CIDADES
SUSTENTÁVEIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os principais conceitos relativos à eficiência energética;

• diferenciar as formas de energia disponíveis para uso da sociedade;

• conhecer as energias sustentáveis e a melhor forma de utilizá-las no cotidiano;

• reconhecer o papel das cidades no uso sustentável de energias;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PRINCIPAIS CONCEITOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


TÓPICO 2 – FORMAS DE ENERGIA E ENERGIAS ALTERNATIVAS
TÓPICO 3 – PAPEL DAS CIDADES NO USO DE ENERGIAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
PRINCIPAIS CONCEITOS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
1 INTRODUÇÃO
A demanda por energia é crescente em nossa sociedade e essencial para o
desenvolvimento econômico e social. Por outro lado, as preocupações com as questões
ambientais elevam a preocupação com a utilização dessa energia e o impacto dessa
demanda sempre crescente. Esse fato leva à necessidade de aumentar a disponibilidade
de energia, através do investimento em geração e na otimização do consumo energético
dos sistemas e equipamentos utilizados.

É importante ressaltarmos que a eficiência energética é também uma forma


de tornar empresas e negócios mais competitivos, por ser uma ótima oportunidade de
reduzir custos através da aplicação de conteúdos da engenharia, física, economia e
gestão empresarial aos sistemas energéticos.

A eficiência energética transita pela forma como nos estruturamos enquanto


sociedade e do reconhecimento de que é insustentável mantermos a cadeia energética
atual por muito tempo. Dessa forma, para compreender as iniciativas e programas
de eficiência energética, é necessário conhecer os principais conceitos relativos ao
assunto e como eles influenciam no papel das instituições públicas, privadas e sociais
em relação ao uso da energia em cidades sustentáveis.

Acadêmico, dessa forma, no Tópico 1, abordaremos os principais conceitos da


eficiência energética e as suas medidas, assim como a sua relação com a sustentabilidade
na infraestrutura das cidades. Por fim, estudaremos o gerenciamento energético e o
consumo nos setores residenciais, comerciais e públicos.

2 O CONCEITO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


Quando se analisa a eficiência energética, o conceito surge diante da constatação
de que grande parte da energia é desperdiçada através do uso ineficiente. Assim,
eficiência energética tem por definição a redução do consumo de energia, provendo
o mesmo nível de serviço energético ou a manutenção do consumo e o aumento do
oferecimento do serviço energético.

Segundo o engenheiro eletricista Poliquezi (2016), no caderno técnico da agenda


parlamentar do CREA – PR, a eficiência energética pode ser definida como:

3
De maneira geral a eficiência energética mede a qualidade no
uso da energia para os fins a que ela serve à sociedade. Qualquer
atividade atualmente exercida pela sociedade moderna só é possível
através do uso de uma ou mais formas de energia, provenientes das
diversas fontes disponíveis para produção deste bem imprescindível
(POLIQUEZI, 2016, p. 10).

Podemos ainda definir a eficiência energética como a característica de um


equipamento ou processo produtivo de entregar a mesma quantidade de produto final
ou serviço a partir de uma menor quantidade de energia, através do uso racional dessa
energia.

Após a crise do petróleo na década de 1970, a eficiência energética ganhou


importância no cenário mundial, quando se começou a questionar a sustentabilidade do
uso de combustíveis fósseis como principal fonte de energia para a sociedade moderna.
A partir desse momento, passou-se a trabalhar a conscientização da população e a
utilização de equipamentos mais eficientes

Desta forma, a eficiência energética pode ainda ser entendida como a utilização
da menor quantidade técnica e economicamente possível para a obtenção dos diversos
produtos e serviços através da eliminação dos desperdícios, do uso de equipamentos
eficientes e do aprimoramento de processos produtivos.

A intensidade do consumo de energia pela população é diferente e varia


de acordo com considerações geográficas (clima, localização); socioeconômicas
(população, PIB per capita, PIB setorial); e os chamados indicadores técnicos, que são
produção de equipamentos, taxa de penetração de novas tecnologias e intensidade de
sistemas de energia.

Diante desses fatores, as pessoas escolhem um conjunto de bens e serviços


para atender as suas necessidades de acordo com suas próprias condições, desde a
alimentação até itens de conforto, passando por mobilidade e questões culturais.

De forma geral, a energia é utilizada em aparelhos domésticos simples


(lâmpadas, televisores e pequenos motores elétricos), ou em sistemas compostos de
outros mais complexos, que reúnem diversos equipamentos, como geladeiras, freezers
e automóveis. Segundo o engenheiro eletricista Poliquezi (2016, p. 11), “os equipamentos
e sistemas mencionados durante sua operação transformam formas de energia, sendo
que parte dessa energia é inevitavelmente perdida, devido justamente às condições do
ambiente e às características dos materiais utilizados durante esse processo”.

Como exemplo, vamos analisar as lâmpadas que possuímos em nossas


residências. Sabemos que a função de uma lâmpada é utilizar a energia elétrica para
produzir luz, portanto, toda a energia utilizada por uma lâmpada deveria ser transformada
em energia luminosa para que o sistema alcançasse 100% de eficiência energética, mas,
na prática, não é o que ocorre.

4
Portanto, acadêmico, se a lâmpada da sua residência for do tipo incandescente,
ela possui uma eficiência de apenas 8%, o que significa que apenas 5% da energia
elétrica que essa lâmpada consome é transformada em energia luminosa (luz), e o
restante, 95%, são perdidos em forma de calor.

Uma ação de medida da otimização da eficiência energética de uma lâmpada é


obtida melhorando a tecnologia dos materiais utilizados na sua fabricação e melhorando
o uso de forma racional, pelo melhor aproveitamento da luz natural. Desta forma, ao
substituir uma lâmpada incandescente (daquelas redondinhas de vidro com um fio que
brilha), por uma lâmpada de LED (que utiliza componentes eletrônicos para produzir luz),
por exemplo, estamos promovendo uma ação de eficiência energética, pois as lâmpadas
de LED consomem até 90% menos que as incandescentes.

INTERESSANTE
Acadêmico, você sabe qual tipo de lâmpada tem a maior eficiência energética?
Analise as informações contidas na figura a seguir para responder a esta
pergunta!

FIGURA – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS LÂMPADAS

FONTE: <https://bit.ly/3qLhfZC>. Acesso em: 11 out. 2021.

Conforme a figura, as lâmpadas incandescentes possuem uma potência de 100 W,


porém usam penas 5 W para iluminar. A lâmpada fluorescente tem potência de 25 W,
com dissipação de 30%, isso significa que se ficar ligada durante o mesmo intervalo de
tempo de uma lâmpada incandescente, ela irá consumir menos energia e iluminar mais,
pois possui uma eficiência energética de 70%, então utilizará 17,5 W para iluminar o
ambiente.

5
As lâmpadas de LED de 14 W consomem menos energia ainda, com dissipação de apenas 5%, logo,
com eficiência energética de 95%. Ou seja, aproveita muito melhor a energia de forma útil, usando
13,3 W para iluminar.

FONTE: <https://www.futura.org.br/qual-dessas-lampadas-tem-maior-eficiencia-energetica/>.
Acesso em: 21 jan. 2022.

A eficiência energética não se aplica somente às lâmpadas. Os automóveis,


por exemplo, podem ter sua eficiência energética medida de acordo com a quantidade
de energia disponível no combustível e a quantidade de energia transformada em
movimento. De forma mais clara, os automóveis possuem sua eficiência avaliada em
função do quanto ele se desloca e o quanto de combustível consome nesse deslocamento,
dividindo os quilômetros percorridos pelos litros de combustível consumidos, obtém-se
assim a eficiência do veículo. A partir dessa informação, podemos avaliar o combustível
e medidas que melhorem o desempenho do sistema energético em análise, que, nesse
caso, é o próprio veículo.

Outro exemplo a ser citado são nas indústrias, hospitais e hotéis, onde
emprega-se o uso de caldeiras para a produção de vapor, para reduzir o consumo de
energia. A partir de novas tecnologias, motores de alto rendimento foram otimizados
para economizar de 20 a 30% de energia em relação a um motor tradicional.

ESTUDOS FUTUROS
Acadêmico, a eficiência energética pode ser estendida, inclusive, para
edificações e processos, como veremos na Unidade 2.

Os conceitos associados à eficiência energética fazem parte de uma cadeia de


processos que determinam o fluxo de energia da fonte enquanto recurso primário até
o consumo pela população. Porém, o estudo dos sistemas energéticos não apenas se
baseia em conceitos, mas também impõe o uso de uma linguagem e de parâmetros
particulares, que iremos apresentar e estudar durante este tópico.

Um conceito inicial importante para compreensão do conteúdo é o consumo


de energia no ciclo de vida, isto é, a energia consumida por um sistema desde a sua
concepção, construção, operação e descarte final, pois em todas essas atividades se
demanda energia.

Acadêmico, como exemplo de consumo de energia no ciclo de vida, vamos


refletir sobre a energia utilizada para a fabricação de um automóvel e a energia
necessária para abastecê-lo. Ambas as energias não são desprezíveis em relação ao
6
seu consumo direto de combustível, ou seja, no ciclo de vida de consumo de energia
de um automóvel, considera-se a energia empregada para a fabricação do veículo, o
suprimento de combustível e o consumo direto de combustível.

Nem sempre uma disponibilidade energética está na forma como se necessita,


mas, felizmente, a energia pode ser convertida e armazenada. Na Figura 1, podemos
observar como ocorre as principais etapas do fluxograma do processo de uso final de
energia.

FIGURA 1 – FLUXOGRAMA GERAL DA ENERGIA

FONTE: A autora

A oferta de um serviço de energia exige uma cadeia de transformações, desde


o recurso primário até o consumo final. As ações de eficiência energética compreendem
modificações ou aperfeiçoamentos ao longo desse processo de transformação, para
que o resultado seja uma melhor organização, conservação e gestão energética por
parte dos componentes que a compõem.

O recurso primário de energia refere-se a energia fornecida pela natureza, que


pode ser utilizada diretamente ou convertida em outra forma energética antes do uso.

Se convertida, torna-se uma energia secundária, que corresponde à energia


resultante de processos de transformação. Esses processos visam aumentar a
densidade energética, facilitar o transporte, armazenamento e adequação ao uso.

A energia útil corresponde à energia que efetivamente é utilizada pelo usuário,


devendo ser algum fluxo energético simples, como calor de alta e baixa temperatura,
iluminação, potência, entre outros. A relação entre energia útil e a demanda
correspondente de energia secundária depende da eficiência do equipamento de uso
final, como uma lâmpada ou um motor.

7
IMPORTANTE
O conceito de energia útil engloba a energia efetivamente utilizada, tal
qual calor, iluminação, potência mecânica. No Brasil, a estimação dos
valores de energia útil é apresentada no Balanço de Energia Útil (BEU).
Neste documento, energia útil é a parte da energia final utilizada, isto é,
a energia final menos as perdas. Assim, poder-se-ia expressar como o
produto da energia final por um rendimento energético.

Portanto, a eficiência energética deve ser entendida como o uso de quantidades


menores de energia, para se obter os mesmos produtos ou serviços, evitando o
desperdício.

Nesse sentido, a utilização de equipamentos de alta eficiência e a melhoria dos


processos produtivos, bem como a compreensão do uso desses sistemas, passaram a
ser o cerne do conceito sustentável de modelos de eficiência energética.

3 O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA


O conceito de sustentabilidade energética pode ser compreendido através da
reflexão de que existem duas demandas de energia: a demanda atual da sociedade e a
demanda de gerações futuras. Dessa forma, a sustentabilidade energética visa atender
às necessidades atuais da população, mas sem comprometer as necessidades das
próximas gerações.

Para que tal critério seja atendido, é preciso utilizar fontes de energia que sejam
renováveis e explorar com cautela as fontes esgotáveis de energia, como é o caso do
petróleo e do carvão mineral. Sendo assim, a sustentabilidade energética minimiza os
impactos que provoca ao meio ambiente através de três pilares: econômico, social e
ambiental.

A Figura 2 representa o equilíbrio entre os pilares da sustentabilidade, que


permitem a implementação de estratégias energéticas eficientes e renováveis a maior
parte da população.

8
FIGURA 2 – PILARES DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: <encurtador.com.br/eiCMR>. Acesso em: 12 out. 2021.

INTERESSANTE
Acadêmico, você já deve ter ouvido falar nos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU),
mas você sabia que existe um objetivo específico com metas a serem
cumpridas até 2030 pelos países filiados à organização? A figura a seguir
representa este objetivo de desenvolvimento sustentável.

FIGURA – OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 7

FONTE: <https://www.cnm.org.br/cms/images/stories/comunicacao_novo/inter-
nacional/ODS_07.jpg>. Acesso em: 12 out. 2021.

É o Objetivo 7: Energia Acessível e Limpa – Assegurar o acesso


confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para
todos

As principais metas desse objetivo são:

• 7.a, até 2030: reforçar a cooperação internacional para facilitar o


acesso à pesquisa e às tecnologias de energia limpa, incluindo energias
renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis
fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em
infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa.

9
• 7.b, até 2030: expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o
fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para todos nos
países em desenvolvimento, particularmente nos países de menor desenvolvimento
relativo, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em
desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio.
• 7.3, até 2030: dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética.
• 7.2, até 2030: aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na
matriz energética global.
• 7.1, até 2030: assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis
a serviços de energia.

Você pode buscar saber um pouco mais no endereço: https://www.ipea.gov.br/ods/ods7.


html.

4 ASPECTOS DA CONSERVAÇÃO ENERGÉTICA


O crescimento econômico e as mudanças ocorridas em escala global nas
últimas décadas têm possibilitado às empresas o uso mais eficiente da energia, assim
como o acompanhamento com mais rapidez das mudanças e tecnologias nessa área. A
inovação nos meios de produção gerou uma corrida pela modernização e sobrevivência
das empresas.

De um modo geral, as empresas precisam melhorar continuamente seu


desempenho, otimizando os recursos de energia, produzindo mais produtos com menos
recursos e garantindo qualidade e preços competitivos.

IMPORTANTE
Acadêmico, quando se trata de recursos, é preciso ter uma visão do
todo envolvido na produção, como os aspectos sociais da água, energia,
matérias-primas, resíduos e educação.

O antigo modelo de desenvolvimento sempre foi baseado na produção e no


consumo contínuos, sem considerar a disponibilidade de recursos e o compromisso
com a sustentabilidade do planeta e a preservação dos recursos para as gerações
futuras. O desenvolvimento sustentável se esforça para proteger o meio ambiente ao
mesmo tempo em que atende às necessidades da sociedade e da economia humanas,
e para garantir a sustentabilidade da vida na Terra.

10
A questão sobre a mudança de hábitos também é relevante para contribuir com
a melhoria da eficiência energética, através do processo de conscientização e criação
de uma cultura eficiente. Dessa forma, a conservação de energia por parte da população
implica em:

• Admitir uma nova atitude, uma forma de usufruir de tudo que a energia elétrica
pode proporcionar.
• Reduzir até o limite de eliminar desperdícios em processos e no dia a dia.
• Exercer o consumo racional, tendo em mente que, ao utilizar energia, devemos
gastar apenas o necessário, buscando o máximo desempenho com o mínimo
consumo.

Um ponto importante relacionado à conservação energética por parte da


população é a escolha de equipamentos eletrônicos que possuam eficiência energética
em sua operação, conforme podemos observar na Figura 3. Essa eficiência energética
possui um selo especial chamado PROCEL, que estudaremos nos tópicos seguintes.

FIGURA 3 – CONSERVAÇÃO ENERGÉTICA POR HÁBITOS POPULACIONAIS

FONTE: <encurtador.com.br/fgjBQ>. Acesso em: 15 out. 2021.

O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação


ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são impactos que afetarão as
próximas gerações. Por isso, as ferramentas de educação e formação com relação à
compreensão dos aspectos de sustentabilidade de manutenção dos recursos naturais
são de extrema importância, visto que estimulam a conscientização da população na
mudança de hábitos.

Acadêmico, neste tópico, vimos que a eficiência energética está relacionada ao


uso racional da energia, de modo a consumir a menor quantidade de energia possível
para a realização de uma determinada atividade ou processo. Vimos também que a
sustentabilidade energética é essencial para garantir a exploração consciente dos
recursos energéticos não renováveis de forma a garantir o uso dos mesmos pelas
gerações futuras. Os dois conceitos estão interligados e dependem diretamente dos
hábitos de consumo da população.
11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Eficiência energética é a característica de um equipamento ou processo produtivo


de entregar a mesma quantidade de produto ou serviço a partir de uma menor
quantidade de energia, através do uso racional dessa energia.

• A intensidade do consumo de energia pela população é diferente e varia de acordo


com considerações geográficas, socioeconômicas e os chamados indicadores
técnicos, que são produção de equipamentos, taxa de penetração de novas
tecnologias e intensidade de sistemas de energia.

• O consumo de energia no ciclo de vida refere-se a energia consumida por um


sistema desde a sua concepção, construção, operação e descarte final.

• A oferta de um serviço de energia exige uma cadeia de transformações desde o


recurso primário até o consumo final.

• A relação entre energia útil e a demanda correspondente de energia secundária


depende da eficiência do equipamento de uso final.

• O crescimento econômico e as mudanças ocorridas em escala global nas últimas


décadas têm possibilitado às empresas o uso mais eficiente da energia.

• Atualmente, as empresas buscam cada vez mais melhorar continuamente seu


desempenho, otimizando os recursos de energia, produzindo mais produtos com
menos recursos e garantindo qualidade e preços competitivos.

• A sustentabilidade energética visa atender às necessidades atuais da população,


mas sem comprometer as necessidades das próximas gerações.

• A sustentabilidade energética minimiza os impactos que provoca ao meio ambiente


através de três pilares: econômico, social e ambiental.

• O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação


ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são impactos que afetarão
as próximas gerações.

• A mudança de hábitos da população também é relevante para contribuir com


a melhoria da eficiência energética, através do processo de conscientização e
criação de uma cultura eficiente.

12
AUTOATIVIDADE
1 O conceito de eficiência energética surge diante da constatação de que grande parte
da energia útil é desperdiçada através do uso ineficiente. Assim, eficiência energética
tem por definição a redução do consumo de energia, provendo o mesmo nível de
serviço energético ou a manutenção do consumo e o aumento do oferecimento do
serviço energético. Sobre a eficiência energética, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Após a crise do petróleo na década de 1970, a eficiência energética ganhou


importância no cenário mundial, quando se começou a questionar a
sustentabilidade do uso de combustíveis fósseis como principal fonte de energia
para a sociedade moderna. A partir desse momento, buscou-se a eliminação dos
desperdícios energéticos, o uso de equipamentos eficientes e o aprimoramento
de processos produtivos.
b) ( ) Após a crise do petróleo na década de 1970, a eficiência energética ganhou
importância no cenário mundial, quando se começou a questionar a
sustentabilidade do uso de combustíveis renováveis como principal fonte
de energia para a sociedade moderna. A partir desse momento, buscou-se a
eliminação dos desperdícios energéticos, o uso de equipamentos ineficientes e
o aprimoramento de processos produtivos.
c) ( ) Após a crise do petróleo na década de 1980, a eficiência energética ganhou
importância no cenário mundial, quando se começou a questionar o uso de
combustíveis como principal fonte de energia para a sociedade. A partir desse
momento, buscou-se a eliminação do uso de energia, o uso de equipamentos
eficientes e o aprimoramento de processos produtivos.
d) ( ) Após a crise imobiliária na década de 1990, a eficiência energética ganhou
importância no cenário mundial, quando se começou a questionar a
sustentabilidade do uso de combustíveis renováveis como principal fonte de
energia. A partir desse momento, buscou-se a eliminação dos desperdícios
energéticos, o uso de equipamentos eficientes e o aprimoramento de processos
produtivos.

2 A questão sobre a mudança de hábitos também é relevante para contribuir com a


melhoria da eficiência energética, através do processo de conscientização e criação
de uma cultura eficiente. Dessa forma, considerando a conservação de energia por
parte da população, analise as sentenças a seguir:

I- Admitir uma nova atitude, uma forma de usufruir de tudo que a energia elétrica
pode proporcionar.
II- Reduzir até o limite de eliminar desperdícios em processos e no dia a dia.

13
III- Exercer o consumo racional, tendo em mente que, ao utilizar energia, devemos
gastar apenas o necessário, buscando o máximo desempenho com o mínimo
consumo.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

3 Os conceitos associados à eficiência energética fazem parte de uma cadeia de


processos que determinam o fluxo de energia da fonte enquanto recurso primário até
o consumo pela população. De acordo com os conteúdos sobre o fluxo de energia,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O recurso primário de energia refere-se a energia fornecida pela empresa de


captação e distribuição de energia, que pode ser utilizada diretamente ou convertida
em energia de transformação.
( ) A energia corresponde à energia que efetivamente é utilizada pelo usuário, devendo
ser algum fluxo energético simples, como calor de alta e baixa temperatura,
iluminação, potência, entre outros.
( ) A relação entre energia útil e a demanda correspondente de energia secundária
depende da eficiência do equipamento de uso final.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.

4 A eficiência energética tem por princípio a utilização racional de energia, de forma


eficiente e que permite se fazer mais com menos energia para se obter um determinado
resultado. Sabe-se que a eficiência energética é uma atividade que busca otimizar o
uso das fontes de energia. Disserte sobre de que forma o consumo de energia varia
conforme os hábitos e características de uma determinada população.

5 O conceito de sustentabilidade energética pode ser compreendido através da reflexão de


que existem duas demandas de energia: a demanda atual da sociedade e a demanda de
gerações futuras. Nesse contexto, cite os pilares da sustentabilidade energética.

14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
FORMAS DE ENERGIA E
ENERGIAS ALTERNATIVAS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, sabemos que a energia se manifesta sob distintas formas,
podendo realizar diferentes tipos de trabalho e tem diversas fontes de obtenção. A
energia está presente no nosso dia a dia de diversas maneiras e seu estudo parte desde
o uso dos recursos naturais até os aspectos relacionados ao desempenho de modernas
tecnologias, buscando-se otimizar a utilização dos fluxos de energia e aumentar sua
eficiência.

A energia é a base da vida, sem ela não haveria nenhuma forma de vida em
nosso planeta. A prosperidade humana sempre esteve ligada a nossa capacidade de
capturar, coletar e aproveitar a energia. O amplo uso da energia na sociedade em que
vivemos fez com que fosse necessário repensar os meios de obtenção e de exploração
das fontes de energia, para que estes sejam renováveis e disponíveis para a utilização
das próximas gerações.

Um dos grandes desafios atuais da humanidade é o de fazer a transição para


um futuro de energia sustentável. O conceito de sustentabilidade energética abrange
não apenas a necessidade de garantir uma oferta adequada de energia para atender
as necessidades futuras, mas fazê-lo de modo que seja compatível com a preservação
do meio natural, que seja universal e que reduza os riscos à segurança e aos potenciais
conflitos geopolíticos.

Pelo exposto, tem-se a importância de compreendermos os principais aspectos


referentes à energia, suas fontes e seus impactos. Portanto, acadêmico, no Tópico 2,
abordaremos os conceitos, as principais fontes renováveis e não renováveis de energia,
as formas alternativas de energia e como utilizar a energia de forma sustentável para o
desenvolvimento.

2 ENERGIA E SEUS CONCEITOS


Energia é um conceito que pode ser usado em vários contextos diferentes, mas
cientificamente sua definição está relacionada a qualquer coisa que esteja executando
um trabalho. Ou seja, não há uma definição exata para energia, mas podemos dizer que
ela está associada à capacidade de produção de ação e/ou movimento e manifesta-se
de muitas formas diferentes, como movimento de corpos, calor, eletricidade, entre outras.

15
INTERESSANTE
Acadêmico, você sabia que a palavra “energia” vem da palavra grega “energia”,
que quer dizer "força em ação".

Em 1872, o físico britânico James Clerk Maxwell propôs uma definição interessante
como energia: “energia é aquilo que permite uma mudança na configuração de um
sistema, em oposição a uma força que resiste à esta mudança” (Maxwell, 1872). Essa
definição refere-se a mudanças de condições e a alterações do estado de um sistema, e
inclui duas ideias importantes, como as modificações de estado que implicam em vencer
resistências, sendo justamente a energia que permite obter essas modificações de estado.

Assim, para elevar uma massa até uma determinada altura, aquecer ou esfriar um
volume de gás, transformar uma semente em planta, converter minério em ferramentas,
jogar futebol, ler este tópico de estudos, sorrir, enfim, qualquer processo que se associe a
alguma mudança, implica em se ter fluxos energéticos. Segundo o Princípio de Lavoisier, a
energia não pode surgir do nada e nem pode ser destruída, ou seja, a energia se transforma
continuamente. Sendo assim, a única possibilidade que existe é a transformação de
um tipo de energia em outro, como a energia da queda d'água nas hidrelétricas, que é
convertida em energia elétrica.

INTERESSANTE
Acadêmico, se para você é muito natural acender a luz quando está escuro,
para alguém da sua idade, só que 120 anos atrás, não era. A lâmpada só
foi inventada em 1879. Antes disso, para iluminar um ambiente escuro, era
preciso usar lampiões a gás ou a óleo, ou velas. Imagine só o desconforto!

Acadêmico, vamos compreender essa transformação através de um exemplo.


Sabemos que energia chega ao planeta Terra sob a forma de calor e luz, sendo que parte
dessa energia solar é absorvida pelos oceanos e pelo solo. As plantas usam essa energia
para fabricar seu alimento e crescer. Os animais comem as plantas, crescem e armazenam
energia em seu corpo. No passado, restos orgânicos de plantas e animais formavam
os combustíveis fósseis, cuja energia química o homem emprega para movimentar
automóveis, fábricas, gerar eletricidade, dentre outros.

16
Um conceito frequentemente associado à energia é o da potência, que corresponde
ao fluxo de energia no tempo, de enorme importância ao se tratar de processos humanos
e econômicos, em que o tempo é essencial. Ou seja, é pelo cálculo da potência elétrica
que se é possível determinar qual será a quantidade de energia elétrica consumida por um
dispositivo elétrico durante um determinado intervalo de tempo.

Por exemplo, um chuveiro elétrico dissipa, em média, 5 kW de energia elétrica


na forma de calor a cada segundo. Sendo assim, estamos preocupados em atender uma
dada demanda energética, medida em kWh, kJ ou kcal, mas sob uma imposição de tempo,
ou seja, com dado requerimento de potência, avaliada em kW.

Na Física, o conceito de trabalho está relacionado como o produto da potência


pelo tempo. Assim, o trabalho é também uma forma de medida de energia consumida.

Os tipos de energia provenientes de fontes finitas são denominados de energias


não renováveis. Esse é o caso da energia gerada a partir dos combustíveis fósseis, como
o petróleo e o carvão. Já a energia gerada a partir de fontes que possuem capacidade de
reposição natural são denominadas de energias renováveis ou limpas. Esse é o caso da
energia proveniente da luz do Sol e da energia oriunda da força dos ventos. Veremos nos
itens a seguir as características dessas formas de energia e suas fontes de origem ou
transformação.

3 PRINCIPAIS FORMAS DE ENERGIA


Como vimos anteriormente, a energia pode ser entendida como a capacidade de
realizar trabalho ou ainda, como a capacidade de colocar as coisas em movimento. Para
isso, ao longo da história, foram sendo desenvolvidos diversos processos de transformação,
transporte e armazenamento de energia. Desse modo, só existem, além da energia pura
radiante, duas formas de energia armazenadas em um sistema: a potencial e a cinética,
cujos conceitos veremos a seguir.

ESTUDOS FUTUROS
No cotidiano, a energia recebe nomes específicos que geralmente fazem
referência explícita à natureza do sistema envolvido no armazenamento ou
às plantas industriais, onde estas são levadas à transformação. As fontes de
energia são classificadas em não renováveis e renováveis e veremos mais
sobre elas nos próximos tópicos.

17
3.1 ENERGIA POTENCIAL
Por definição, a energia potencial é a energia armazenada por um corpo
devido a sua posição. Toda energia potencial pode ser transformada em outras formas
de energias potenciais ou em energia cinética por meio da aplicação de uma força
sobre o corpo. Sendo assim, a energia potencial é uma forma de energia que pode ser
armazenada nos corpos e que depende do tipo de interação e da posição que o corpo
apresenta em relação à sua vizinhança. Na física, existem basicamente duas formas de
energia potencial mecânica: energia potencial gravitacional e energia potencial elástica.

A energia potencial gravitacional é a energia relacionada à altura de um corpo


em relação ao solo. Acadêmico, imagine que uma pessoa está a uma certa altura do
solo, ao saltar ou cair, ela realizará um trabalho. Então, podemos dizer que essa pessoa
possui energia potencial gravitacional, uma vez que essa pessoa tem potencial para
realizar um trabalho e gravitacional porque seu corpo está sujeito à ação da gravidade.

Já a energia potencial elástica é uma forma de energia relacionada à compressão


ou elongação de um corpo que tende a voltar ao seu formato original, como molas e
elásticos.

Acadêmico, pense que você está segurando um arco com sua flecha estendidos
até o seu ponto máximo. Isso fornece a flecha a capacidade de realizar um trabalho.
A flecha possui, portanto, energia potencial elástica, pois depende da elasticidade do
material para realizar um trabalho.

3.2 ENERGIA CINÉTICA


A energia cinética é a energia devida ao movimento, ou seja, tudo o que se
move no Universo tem energia cinética. Os corpos em movimento possuem energia e,
portanto, podem causar deformações.

Quando ocorre a realização de um trabalho, a energia potencial gravitacional ou


elástica deixa de ser apenas potencial e se transforma, gradativamente, em cinética. O
corpo dotado de energia cinética pode provocar ou sofrer deformações quando encontra
algum obstáculo. Por exemplo, a energia elétrica de uma bateria, quando circula pelos
fios e faz funcionar a buzina e os faróis de um carro, é energia cinética.

18
4 FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS
As fontes de energia não renováveis são aquelas que se utilizam de recursos
naturais esgotáveis, ou seja, que terão um fim, seja em um período de curto, médio
ou longo prazo. Os principais exemplos de fontes de energia não renováveis são os
combustíveis e a energia nuclear. Veremos a seguir um pouco de cada um deles.

4.1 COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS


Os combustíveis fósseis são os combustíveis formados por meio de processos
naturais, principalmente a decomposição de organismos.

O termo “fóssil” provém do fato deste combustível ser formado pelos restos ou
vestígios de plantas ou animais, que se encontram nas camadas terrestres anteriores
ao atual período geológico, através da decomposição lenta dos seres vivos, animais e
vegetais, ao longo de milhares ou milhões de anos.

Esses restos de matéria orgânica foram sendo soterrados nas camadas


mais profundas da crosta terrestre, preservando o oxigênio, durante o processo de
decomposição pela ação de bactérias, pressão e calor.

Os combustíveis fósseis contêm alta quantidade de carbono, o que lhes confere


um alto poder de combustão. Os combustíveis fósseis são recursos não-renováveis, pois
levam milhões de anos para se formarem, e as reservas desses combustíveis estão se
esgotando, já que o consumo é maior que a produção. São usados como combustíveis,
o carvão mineral, gás natural e o petróleo.

O carvão mineral é um combustível obtido pela fossilização da madeira e


constituído de uma mistura de substâncias complexas ricas em carbono.

O carvão mineral passou a ser amplamente utilizado a partir das revoluções


industriais resultantes do capitalismo, sendo ainda hoje uma fonte de energia bastante
utilizada em todo o mundo, perdendo somente para o petróleo.

O gás natural, por sua vez, é composto principalmente de metano e pode ser
encontrado nas jazidas petrolíferas associado ao petróleo. Ele é usado como combustível,
matéria-prima na síntese de compostos orgânicos e na fabricação de plásticos. O
governo também tem incentivado o uso do gás natural em indústrias para a geração de
calor, tendo em vista que ele é menos poluente que os derivados do petróleo.

O petróleo foi formado principalmente por restos de pequenos seres marinhos,


como animais e vegetais unicelulares.

19
O petróleo é um líquido escuro composto por uma mistura complexa de
hidrocarbonetos, além de pequenas quantidades de compostos orgânicos que contêm
enxofre, nitrogênio e oxigênio. Estima-se que suas jazidas tenham entre 10 e 500
milhões de anos.

Na Figura 4, podemos observar a extração de petróleo na crosta terrestre,


que posteriormente irá passar por uma etapa de refinamento por meio de destilação
fracionada, originando várias frações ou misturas de compostos orgânicos com
quantidades próximas de carbono que compõem os derivados do petróleo.

FIGURA 4 – EXTRAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

FONTE: <encurtador.com.br/mEMTW>. Acesso em: 18 out. 2021.

A produção e uso dos combustíveis fósseis é a principal causa do aquecimento


global e gera significativa poluição de vários tipos, com amplas repercussões negativas
sobre o ambiente, a sociedade, a economia e a saúde humana. Segundo o relatório “Um
futuro com energia sustentável: iluminando o caminho” (2010), temos que:

Os combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás natural e seus


derivados – suprem, hoje, aproximadamente 80% das necessidades
mundiais de energia primária. O uso desses combustíveis
impulsiona economias industrializadas e tornou-se fundamental em
praticamente todos os aspectos da atividade produtiva e da vida
quotidiana no mundo moderno. Ainda assim, quase desde seu início,
a crescente dependência dos combustíveis fósseis tem sido uma
fonte tanto de preocupação como de prosperidade (FAPESP, 2010,
p. 138).

Um grande problema desses combustíveis é o fato de serem finitos, o que


faz com que a dependência energética a partir deles seja um problema quando esses
recursos acabarem, embora, de acordo com as teorias abiogênicas, os combustíveis
minerais são muito abundantes. Por isso o interesse em energias renováveis é crescente.

20
Outro problema é que, com a queima de combustíveis minerais, são produzidos
gases que produzem o efeito estufa, como o gás carbônico, e libertados metais pesados,
como o mercúrio.

4.2 ENERGIA NUCLEAR


A energia nuclear é obtida a partir do processo de fissão nuclear de átomos de
urânio, que é considerado uma fonte esgotável de energia. Quando ocorre a fissão do
núcleo desse material, libera-se uma grande quantidade de energia, que é utilizada para
a produção, principalmente de eletricidade.

Na Figura 5, podemos visualizar uma usina de geração de energia nuclear.

FIGURA 5 – USINA DE GERAÇÃO DE ENERGIA NUCLEAR

FONTE: <encurtador.com.br/bejxT>. Acesso em: 18 out. 2021.

A energia nuclear trata-se de um recurso energético estratégico, principalmente


para países ou regiões que apresentam um baixo potencial hidrelétrico, além de ser
menos dependente de outras fontes de energia.

As energias nucleares contam com reservas maiores, utilizam menores áreas e


não emitem poluentes gasosos na atmosfera.

Entretanto, existem algumas questões problemáticas relacionadas a energia


nuclear. Por exemplo, a destinação nem sempre eficaz do lixo atômico das usinas
nucleares, que é radioativo e muito perigoso; os elevados custos de produção; os altos
riscos ambientais e sociais em casos de acidentes; e o fato de essa ser a mesma tecnologia
utilizada para a fabricação de armamentos nucleares.

21
INTERESSANTE
Você sabia que no Brasil temos em operação duas usinas de produção de
energia nuclear? O Brasil tem apenas duas usinas nucleares, Angra 1 e Angra 2,
responsáveis pela produção de 3% da energia consumida no país. A usina Angra
1 entrou em operação comercial em 1985, e a Angra 2, em 2001. A construção
de uma terceira usina, Angra 3, foi iniciada há 35 anos, tem 62% das obras
executadas, mas atualmente o canteiro encontra-se paralisado. Acadêmico,
para saber mais sobre as usinas de energia nuclear brasileiras, acesse o link:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48683942.

5 ENERGIAS RENOVÁVEIS
As energias renováveis são aquelas provenientes de recursos naturais, que
são naturalmente reabastecidos, como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica.
Ou seja, as fontes renováveis de energia são aquelas formas de produção de energia
em que suas fontes são capazes de manter-se disponíveis durante um longo prazo,
contando com recursos que se regeneram ou que se mantêm ativos permanentemente.

Existem vários tipos de fontes renováveis de energia, das quais iremos estudar
nos tópicos a seguir, como a solar, a eólica, a hídrica e a biomassa.

5.1 ENERGIA HIDRELÉTRICA


A energia hidroelétrica utiliza-se do movimento das águas dos rios para a
produção de eletricidade. É o recurso renovável mais desenvolvido em todo o mundo e
corresponde por aproximadamente 85% da produção de eletricidade renovável mundial.
Um grande diferencial dessa fonte de energia é que é uma das tecnologias disponíveis
de geração de custo mais baixo.

Como é necessário o estabelecimento de uma área de inundação no ambiente


em que se instala uma usina hidrelétrica, a sua construção é recomendada em áreas de
planalto, onde o terreno é mais íngreme e acidentado, pois rios de planície necessitam
de mais espaço para represamento da água, o que gera mais impactos ambientais.

No Brasil, essa fonte de energia é bastante utilizada pelas usinas que transformam
a energia hidráulica e cinética em eletricidade. Um exemplo é a hidrelétrica binacional
de Itaipu, cuja vista aérea pode ser observada na Figura 6.

22
FIGURA 6 – HIDRELÉTRICA BINACIONAL ITAIPU

FONTE: <encurtador.com.br/fzL08>. Acesso em: 20 out. 2021.

INTERESSANTE
A Itaipu Binacional é a maior hidrelétrica do mundo e é líder mundial em
produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,7
milhões de gigawatts-hora (GWh) desde o início de sua operação, em 1984.
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece
10,8% da energia consumida no Brasil e 88,5% no Paraguai.

5.2 ENERGIA SOLAR


A Energia solar corresponde à energia proveniente da luz e do calor emitidos
pelo Sol. A energia solar pode ser captada com painéis solares nas usinas fotovoltaicas
e através de receptores nas usinas térmicas, chamadas usinas heliotérmicas.

Por ser considerada uma  fonte de energia limpa, a energia solar é uma das
fontes alternativas mais promissoras para obtenção energética. Na Figura 7, podemos
observar uma estação de captação de energia solar para geração de energia.

23
FIGURA 7 – ESTAÇÕES DE ENERGIA SOLAR

FONTE: <encurtador.com.br/ipT56>. Acesso em: 20 out. 2021.

INTERESSANTE
Acadêmico, você sabia que a energia solar recebida pela Terra é cerca de
5 mil vezes maior do que o consumo mundial de eletricidade e energia
térmica somados?!

Essa fonte de energia pode ser aproveitada de forma fotovoltaica ou térmica,


gerando energia elétrica e térmica, respectivamente. Na geração fotovoltaica, a energia
luminosa é convertida diretamente em energia elétrica. Nas usinas heliotérmicas, a
geração de energia acontece em dois passos: primeiro, os raios solares aquecem um
receptor e, depois, esse calor é usado para iniciar o processo convencional da geração
de energia elétrica por meio da movimentação de uma turbina. No aquecimento solar,
a luz do Sol é utilizada para aquecer a água de casas e prédios, o objetivo aqui não é a
geração de energia elétrica.

Uma grande vantagem da energia solar é que ela permite a geração de energia,
no mesmo local de consumo, através da integração da arquitetura. Assim, pode ser
levada a sistemas de geração distribuída, quase eliminando completamente as perdas
ligadas aos transportes, que representam cerca de 40% do total. No entanto, essa fonte
de energia tem o inconveniente de não poder ser usada à noite, a menos que se tenha
bateria.

5.3 ENERGIA EÓLICA


A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, através da
utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas. Sua importância
vem crescendo na atualidade, pois, assim como a energia solar, ela não emite poluentes
na atmosfera.

24
As usinas eólicas utilizam-se de grandes cataventos instalados em áreas onde
a movimentação das massas de ar é intensa e constante na maior parte do ano. Os
ventos giram as hélices, que, por sua vez, movem as turbinas, acionando os geradores.
Na Figura 8, podemos observar os cataventos em funcionamento.

FIGURA 8 – ENERGIA EÓLICA

FONTE: <encurtador.com.br/oxEFU>. Acesso em: 20 out. 2021.

Embora essa fonte de energia seja bastante eficiente e elogiada, ela apresenta
algumas limitações, como o caráter não totalmente constante dos ventos durante o
ano, havendo interrupções, e a dificuldade de armazenamento da energia produzida.

5.4 BIOMASSA
A biomassa corresponde a toda e qualquer matéria orgânica não fóssil. Assim,
pode-se utilizar esse material para a queima e produção de energia, por isso ela é
considerada uma fonte renovável.

Sua importância está no aproveitamento de materiais que, em tese, seriam


descartáveis, como restos agrícolas (principalmente o bagaço da cana-de-açúcar),
e também na possibilidade de cultivo. Segundo o relatório “Um futuro com energia
sustentável: iluminando o caminho” (FAPESP, 2010), a biomassa tem um papel
fundamental na geração de energias renováveis:

A biomassa é um dos recursos energéticos mais antigos da


humanidade e, de acordo com as estimativas disponíveis, ainda
representa cerca de 10% do consumo global de energia primária hoje.
Dados precisos não existem, mas um terço da população mundial
depende de lenha, resíduos agrícolas, esterco animal e outros
resíduos domésticos para satisfazer as necessidades energéticas

25
de domicílios. Estima-se que essas utilizações tradicionais da
biomassa respondam por mais de 90% da contribuição da biomassa
para o suprimento global de energia, a maior parte do qual ocorre
fora da economia formal de mercado, e principalmente nos países
em desenvolvimento. Nesses países, calcula-se que a biomassa
tradicional responda por mais de 17% do consumo total de energia
primária (FAPESP, 2010, p. 207).

Existem três tipos de biomassa utilizados como fonte de energia: os sólidos, os


líquidos e os gasosos:

• Combustíveis sólidos: podemos citar a madeira, o carvão vegetal e os restos


orgânicos vegetais e animais.
• Combustíveis líquidos: o etanol, o biodiesel e qualquer outro líquido obtido pela
transformação do material orgânico por processos químicos ou biológicos.
• Combustíveis gasosos: aqueles que são obtidos pela transformação industrial ou
até natural de restos orgânicos, como o biogás e o gás metano coletado em áreas
de aterros sanitários.

6 ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO


A energia é fundamental para o desenvolvimento humano. Assim, assegurar
fontes de energia sustentável de forma global é um desafio grandioso que envolve
questões ambientais, sociais, tecnológicas, econômicas e políticas. As pessoas de todas
as partes do mundo têm seu papel para moldar o futuro da energia através de seu
comportamento, escolha de estilo de vida e preferências.

O que vemos atualmente é uma grande disparidade de consumo de energia


per capita entre países industrializados, que possuem um alto nível de consumo, e
de países em desenvolvimento. Aspectos como crescimento contínuo da população,
infraestrutura energética estabelecida, investimento intensivo e de longo prazo,
crescente demanda por serviços e amenidades relacionados à energia, são fatores
importantes no aumento do consumo per capita de um país. Na Figura 9, pode-se
observar as redes de alimentação de energia em uma grande área urbana.

26
FIGURA 9 – CONSUMO DE ENERGIA EM GRANDES ÁREAS URBANAS

FONTE: <encurtador.com.br/nyzJ2>. Acesso em: 20 out. 2021.

IMPORTANTE
Acadêmico, para atingirmos os objetivos de sustentabilidade, exigirá
mudanças não apenas no modo pelo qual a energia é fornecida, mas no
modo como é usada.

Atualmente, o misto de oferta de energia mundial é dominado pelos combustíveis


fósseis. O carvão, o petróleo e o gás natural, hoje, fornecem cerca de 80% da demanda
de energia primária. A biomassa tradicional e a energia hidrelétrica de larga escala
respondem por grande parte do restante. As modernas formas de energia renovável
têm um papel relativamente pequeno hoje (da ordem de uma pequena porcentagem do
conjunto atual de oferta).

Além dos meios renováveis para a produção de eletricidade, como eólica, solar
e hidrelétrica, os combustíveis à base de biomassa representam uma área importante
de oportunidade para substituir os combustíveis convencionais para transporte à base
de petróleo.

O etanol de cana-de-açúcar já é uma opção atraente, desde que se


apliquem salvaguardas ambientais razoáveis. Para aumentar ainda mais o potencial
de biocombustíveis no mundo, são necessários esforços intensivos de pesquisa e
desenvolvimento para oferecer uma nova geração de combustíveis com base na
conversão eficiente de material lignocelulósico.

O Painel de Estudos sobre Energias Sustentáveis, em sua publicação “Um futuro


com energia sustentável: iluminando o caminho” (FAPESP, 2010, p. 36) acredita que:

27
• Esforços combinados devem ser ampliados para melhorar a
eficiência energética e reduzir a intensidade de carbono na
economia mundial, incluindo a introdução mundial de sinalização
de preços para emissões de carbono, considerando os diferentes
sistemas energéticos e econômicos de diferentes países.
• Tecnologias devem ser desenvolvidas e implementadas para
sequestrar o carbono de combustíveis fósseis, principalmente
do carvão.
• O desenvolvimento e implementação de tecnologias devem ser
acelerados de forma ambientalmente responsável.

O uso da energia deve ser sustentável e acessível a toda a população mundial,


para que assim possamos realmente atingir um nível de desenvolvimento energético
igualitário entre as nações. Para isso, esforços conjuntos têm de ser feitos para melhorar
a eficiência energética e reduzir a intensidade de carbono da economia mundial.

Dessa forma, acadêmico, vimos neste tópico os principais conceitos referentes à


energia e suas formas convencionais de obtenção e às opções de energias alternativas,
além de algumas considerações acerca do desenvolvimento sustentável de países.
A partir dos conhecimentos aqui obtidos, você deve saber diferenciar as formas de
energia disponíveis para uso da sociedade e conhecer as energias sustentáveis e a
melhor forma de utilizá-las no cotidiano.

28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O conceito de energia refere-se à capacidade de produção de ação e/ou movimento


e se manifesta de muitas formas diferentes, como movimento de corpos, calor,
eletricidade, entre outras.

• O significado de potência refere-se ao fluxo de energia em um determinado tempo.

• Pelo Princípio de Lavoisier, a energia não pode surgir do nada e nem pode ser
destruída, ou seja, a energia se transforma continuamente.

• O conceito de trabalho está relacionado como o produto da potência pelo tempo.

• A energia potencial é a energia armazenada por um corpo devido a sua posição.

• A energia cinética é a energia devida ao movimento, ou seja, tudo o que se move no


universo tem energia cinética.

• As fontes de energia não renováveis são aquelas que se utilizam de recursos


naturais esgotáveis, ou seja, que terão um fim, seja em um período de curto, médio
ou longo prazo.

• Os combustíveis fósseis são os combustíveis formados por meio de processos


naturais, principalmente a decomposição de organismos. São usados como
combustíveis, o carvão mineral, gás natural e o petróleo.

• A energia nuclear é obtida a partir do processo de fissão nuclear de átomos de


urânio, que é considerado uma fonte esgotável de energia.

• As energias renováveis são aquelas provenientes de recursos naturais que são


naturalmente reabastecidos, como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica.

• A energia hidroelétrica utiliza-se do movimento das águas dos rios para a produção
de eletricidade.

• A energia solar é proveniente da luz e do calor emitidos pelo Sol, que é captada
com painéis solares nas usinas fotovoltaicas e através de receptores nas usinas
térmicas, chamadas usinas heliotérmicas.

29
• A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, através da utilização da
energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas, captadas por grandes
cataventos instalados em áreas onde a movimentação das massas de ar é intensa
e constante na maior parte do ano.

• A biomassa é toda e qualquer matéria orgânica não fóssil, que é queimada para
produção de energia.

• Assegurar fontes de energia sustentável de forma global é um desafio grandioso


que envolve questões ambientais, sociais, tecnológicas, econômicas e políticas.

30
AUTOATIVIDADE
1 A energia pode ser entendida como a capacidade de realizar trabalho ou, ainda,
como a capacidade de colocar as coisas em movimento. Para isso foram sendo
desenvolvidos ao longo da história diversos processos de transformação, transporte
e armazenamento de energia. Em relação às formas de energia, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) A energia cinética é a energia armazenada por um corpo devido a sua posição, e


a energia gravitacional é a energia devida ao movimento.
b) ( ) A energia potencial é a energia gerada por um corpo devido ao seu movimento,
e a energia elástica é a energia devida ao movimento de expansão de um
determinado corpo.
c) ( ) A energia potencial é a energia armazenada por um corpo devido a sua posição,
e a energia cinética é a energia devida ao movimento.
d) ( ) A energia gravitacional é a energia gasta por um corpo para manter-se em sua
posição, e a energia gravitacional é a energia devida ao movimento.

2 A biomassa corresponde a toda e qualquer matéria orgânica não fóssil. Assim,


pode-se utilizar esse material para a queima e produção de energia e, por isso,
ela é considerada uma fonte renovável. Com base no conteúdo estudado sobre a
biomassa, analise as sentenças a seguir:

I- Os combustíveis sólidos de biomassa são a madeira, o carvão vegetal e os restos


orgânicos de vegetais e animais.
II- Os combustíveis líquidos de biomassa são o etanol, a gasolina, o biodiesel e qualquer
outro líquido obtido pela transformação do material orgânico, por processos
químicos ou biológicos.
III- Os combustíveis gasosos de biomassa são aqueles que são obtidos pela
transformação industrial ou até natural de restos inorgânicos, como o biogás, o
sulfeto de enxofre e o gás metano coletado em áreas de aterros sanitários.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As energias renováveis são aquelas provenientes de recursos naturais que são


naturalmente reabastecidos, como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica.
As fontes renováveis de energia são capazes de manter-se disponíveis durante um

31
longo prazo, contando com recursos que se regeneram ou que se mantêm ativos
permanentemente. De acordo com os conteúdos estudados sobre as energias
renováveis, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A energia hidroelétrica utiliza-se do movimento das águas dos rios para a produção
de eletricidade. É o recurso renovável mais desenvolvido em todo o mundo e
corresponde por aproximadamente 85% da produção de eletricidade renovável
mundial.
( ) A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, através da utilização
da energia gravitacional gerada pelas correntes marítimas.
( ) A energia solar é proveniente da luz e do calor emitidos pelo Sol, que é captada a
partir painéis solares.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Sem energia não haveria nenhuma forma de vida em nosso planeta. A prosperidade
humana sempre esteve ligada à nossa capacidade de capturar, coletar e aproveitar a
energia. A respeito da energia, disserte sobre o significado físico de energia.

5 O uso da energia deve ser sustentável e acessível a toda a população mundial, para que
assim possamos realmente atingir um nível de desenvolvimento energético igualitário
entre as nações. Nesse contexto, cite quais são as principais medidas que devem ser
adotadas pelas nações para o desenvolvimento energético mundial.

32
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
PAPEL DAS CIDADES NO USO DE ENERGIAS

1 INTRODUÇÃO
Você sabia que, segundo informações do relatório de perspectivas de urbanização
mundial, elaborado pela Organização das Nações Unidas, em 2018, atualmente, 55% da
população mundial vive em áreas urbanas, sendo que essa proporção deve aumentar
para 68% até 2050. As projeções mostram que a urbanização, a mudança gradual na
residência da população humana das áreas rurais para as urbanas, combinada com o
total, sendo que o crescimento da população mundial pode adicionar mais 2,5 bilhões
de pessoas às áreas urbanas até 2050.

Para que essa acelerada e intensa urbanização das cidades ocorra de forma
sustentável, é necessário cada vez mais uma gestão bem-sucedida do crescimento
urbano e dos recursos necessários para esse desenvolvimento. Essas necessidades
crescentes das populações urbanas incluem habitação, transporte, sistemas de energia
e outras infraestruturas, bem como empregos e serviços básicos.

As cidades representam a maior demanda de consumo de energia e emissões


atmosféricas relacionadas a sua transformação e utilização. Tais fatos, evidenciam o
papel central que as cidades têm e terão na determinação do padrão de uso de energia
e de emissões de carbono dos países e do mundo.

Portanto, acadêmico, é necessário conhecer os aspectos gerais do consumo


energético das cidades, para compreender o papel destas na eficiência energética.
Neste tópico, abordaremos os fatores que influenciam na eficiência energética das
cidades, assim como o consumo energético residencial, comercial e público. Por
fim, discutiremos sobre os principais aspectos referentes às cidades inteligentes e
sustentáveis energeticamente.

2 ASPECTOS GERAIS DO CONSUMO ENERGÉTICO


O consumo de energia é um tópico relevante quando se discute os desafios
associados à transformação urbana e ao desenvolvimento sustentável. Reduzir o
impacto que a geração, transmissão e distribuição da energia elétrica causam no meio
ambiente tornou-se fundamental no cenário em que vivemos.

A implementação da eficiência energética é motivada basicamente por duas


razões: a motivação própria dos consumidores, com o intuito de reduzir custos e devido a
uma maior conscientização ambiental; e a atualização tecnológica e incentivo por parte

33
de programas e iniciativas de agentes governamentais. A Figura 10 reflete o impacto da
relação do consumo energético com o fator econômico do alto valor associado a energia
elétrica.

FIGURA 10 – CUSTOS ELEVADOS DO CONSUMO ENERGÉTICO

FONTE: <encurtador.com.br/rtFUY>. Acesso em: 26 out. 2021.

Os aspectos do consumo energético também estão relacionados ao crescimento


demográfico e econômico do país, uma vez que tais crescimentos implicam no aumento
absoluto e per capita no consumo de energia elétrica. Por sua vez, o aumento no
consumo de energia elétrica gera novas motivações para a implementação da eficiência
energética, pois o aumento da porcentagem de economia pode influenciar os planos
de expansão da geração de energia, o que reduz a necessidade de investimentos em
expansão da rede de geração e distribuição de energia.

Quando abordamos o consumo energético nas cidades, é possível destacar seis


importantes componentes-chave para entendimento da questão energética:

• Infraestrutura de energia e tecnologias da informação e comunicação.


• Edificações.
• Mobilidade.
• Saneamento e resíduos.
• Comportamento do consumidor.
• Gestão de dados e energia.

Esses componentes-chave relacionados são os grandes responsáveis pelo


consumo de energia mundial. Um ponto importante é que as soluções associadas à
gestão de dados e sistemas de gestão de energia compreendem ações que podem
otimizar os sistemas energéticos tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda de
energia.

34
3 O CONSUMO ENERGÉTICO POR SETOR
Acadêmico, vimos no item anterior alguns aspectos gerais do consumo
energético. Agora, iremos compreender como cada setor da economia consome energia
para a realização de suas atividades.

O balanço energético brasileiro é realizado pela Empresa de Pesquisa Energética


(EPE), que é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia. A EPE tem
por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o
planejamento do setor energético.

Anualmente, a EPE divulga o relatório anual do consumo energético no Brasil,


informando aspectos como geração, consumo e distribuição a nível nacional, regional
e estadual. Uma das informações do relatório refere-se à distribuição do consumo
energético por setor, conforme podemos observar no Gráfico 1.

O setor industrial é o que mais consome energia no Brasil, sendo responsável


por 35% do consumo de toda a energia útil distribuída no país. O setor residencial é
responsável por 31,2% e o setor comercial por 17,3% do consumo nacional. Os demais
setores juntos consomem 16,5% da energia distribuída.

GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO ENERGÉTICO NO BRASIL EM 2020

FONTE: EPE (2021, p. 4)

O consumo de eletricidade associado a informações populacionais permite


identificar, também, a intensidade de uso de energia por pessoa em cada unidade
federativa ou região geográfica. Por se tratar do consumo de energia elétrica total, efeitos
da estrutura das economias regionais e locais podem influenciar o valor do consumo per
capita da sua população.

35
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no ano de 2020,
a maior participação foi da região Sudeste (SE), com média de participação de 50,5%,
sendo seguida pelas regiões Sul (17,9%), Nordeste (17,1%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte
(7%). A região Sul é a líder em consumo per capita de energia elétrica no Brasil, com 2.901
kWh por habitante, no entanto, a sua população é a 3ª maior dentre as cinco regiões do
país. Nível semelhante é encontrado na região Sudeste, com 2.609 kWh por habitante, e
com aproximadamente o triplo da população da região Sul. De fato, a alta concentração
da indústria eletrointensiva no Centro-Sul do país favorece o maior consumo per capita
nessas regiões (EPE, 2021).

Em relação ao consumo industrial de energia, o setor metalúrgico é responsável


pelo consumo de 24,4% da energia destinada a esse setor. A produção de produtos
alimentícios utiliza 13,6% e a indústria química utiliza 10,3%. O perfil completo de
consumo energético no setor industrial pode ser visto na Tabela 1.

TABELA 1 – CONSUMO INDUSTRIAL DE ENERGIA POR GÊNERO NO BRASIL EM 2020

FONTE: EPE (2021, p. 6)

36
Em relação ao consumo comercial de energia, o comércio varejista é o gênero
que mais consome energia, sendo responsável por 29,9%. O comércio atacado é
responsável por 9,1%, e os serviços para edifícios e paisagismo utilizam 7,4% da energia
consumida pelo setor. O perfil completo de consumo energético no setor comercial
pode ser visto na Tabela 2.

TABELA 2 – CONSUMO COMERCIAL DE ENERGIA POR GÊNERO NO BRASIL EM 2020

FONTE: EPE (2021, p. 6)

Acadêmico, agora você já compreende quais são as principais fontes de


consumo de energia no Brasil. É importante destacar que existem fatores que podem
influenciar o balanço energético, os quais veremos a seguir.

37
4 FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Existem alguns fatores de destaque em relação ao consumo energético de um
espaço físico. Acadêmico, conhecer esses fatores será de grande auxílio no momento
de estruturar projetos que visem uma maior eficiência na gestão energética em sua
jornada profissional. Dessa forma, nos próximos itens, veremos alguns fatores que
influenciam diretamente a eficiência energética.

IMPORTANTE
Acadêmico, é importante lembrarmos que a gestão energética é o
procedimento para se abordar a eficiência energética de maneira corretiva
em uma instalação existente e de maneira preventiva em uma nova
instalação.

4.1 ILUMINAÇÃO
O primeiro fator a ser observado é a iluminação. A iluminação corresponde por
aproximadamente 23% do consumo de energia elétrica no setor residencial, 44% no
setor comercial e serviços públicos e 1% no setor industrial. Desse modo, o estudo da
luminotécnica se faz importante como instrumento de aplicação da eficiência energética.

A luminotécnica estuda a iluminação compatível com a utilização de ambientes


interiores e locais exteriores. Deve-se escolher corretamente a modalidade de iluminação,
os tipos de lâmpadas e luminárias, potência, quantidade, localização, distribuição, entre
outros, de modo a otimizar o consumo, sem comprometer a atividade desenvolvida no
local.

4.2 REFRIGERAÇÃO
Os sistemas de condicionamento de ar atuam na manutenção dos níveis de
temperatura e umidade de um ambiente, gerando conforto para os ocupantes e, por
vezes, atendendo a condições necessárias em processos produtivos. A refrigeração
pode responder por até 60% do consumo de energia elétrica no setor comercial. Assim,
analisar o impacto desse consumo em um projeto pode ser fundamental para elevar a
eficiência energética.

38
4.3 SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Os sistemas de ar comprimido são utilizados como uma forma de transportar
energia. Em algumas situações, substitui a eletricidade quando esta não pode ser
utilizada, como no interior de minas e em trabalhos subaquáticos.

Na indústria, utiliza-se o ar comprimido em máquinas operatrizes, motores


pneumáticos, equipamentos de movimentação e transporte de materiais, ferramentas
manuais, sistemas de comando, controle, regulagem, instrumentação e na automação
de processos. É utilizado também em aeroportos, portos, hospitais, obras civis,
minerações, postos de combustível e equipamentos de climatização.

Uma vantagem do ar comprimido é que seu armazenamento e condução não


necessitam isolamento térmico, como é o caso do vapor. Não há riscos de incêndio
ou explosão, explicando-se assim o seu crescente uso. A principal desvantagem é o
elevado consumo de energia elétrica, compensado pelas vantagens em determinadas
situações.

4.4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ELETRODOMÉSTICOS


Tanto as máquinas de uma linha de produção quanto os hardwares de um
servidor podem consumir energia em excesso, dependendo do ambiente e das
condições de uso. Para evitar que o gasto seja maior que o necessário, é importante
realizar uma medição de consumo periodicamente em cada equipamento e verificar se
está de acordo com o esperado.

A melhor maneira de se melhorar o rendimento associado aos eletrodomésticos


é a decisão de se comprar produtos mais eficientes, certificados pelo Programa Brasileiro
de Etiquetagem – PBE

Ao proceder dessa maneira, o consumidor força a indústria a ofertar produtos


com maior eficiência energética. Para o consumidor, isso se traduz como menor custo
associado às contas de energia elétrica. Para o país, isso representa a postergação da
necessidade de criação de novas unidades geradoras de energia elétrica.

39
5 CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS
ENERGETICAMENTE
Um dos maiores desafios da atualidade é estabelecer um desenvolvimento
sustentável para a sociedade moderna. Os avanços da industrialização e da urbanização
levaram à discussão dos impactos negativos do homem sobre o meio em que vive e os
limites necessários para se garantir um equilíbrio entre desenvolvimento econômico,
social e ambiental.

Diante desse contexto, a qualidade de vida da população que mora nas cidades
passou a ser prioridade para o poder público e de interesse para a iniciativa privada.
Foi então que, em meados da década de 1990, o termo “cidades inteligentes” ganhou
relevância, promovendo uma nova estruturação social, econômica e cultural dos
grandes centros urbanos, e impulsionando pesquisas científicas em todo o mundo, com
o objetivo de auxiliar a criação de lugares mais agradáveis, eficientes e sustentáveis
para as pessoas viverem.

A energia ganhou um lugar de destaque no centro das discussões sobre


sustentabilidade, uma vez que as cidades consomem uma grande parte das fontes
primárias de energia do planeta. Projetos que visam otimizar a distribuição de
energia elétrica de forma mais segura, eficaz, contínua e inteligente começaram a ser
desenvolvidos.

ATENÇÃO
É importante compreendermos que os sistemas atuais de distribuição de
energia são em grande maioria antigos e apresentam limitações técnicas,
encarecendo a distribuição e dificultando a implementação de novas
tecnologias de forma economicamente viável.

Existe um ponto importante quando se busca a eficiência energética em


uma cidade, que é a utilização de energias renováveis em projetos urbanos e para o
abastecimento energético dos sistemas de iluminação pública. O uso de combustíveis
não renováveis para iluminação representa uma forte ameaça para governos e
instituições devido à imprevisibilidade do mercado de energias finitas.

Para se estabelecer a infraestrutura básica de uma cidade inteligente, é


necessário integrar, de forma eficiente, a distribuição de energia elétrica aos serviços
públicos da cidade. Essa integração ocorre com a conexão de diversos aparelhos de
um mesmo sistema elétrico, como medidores, sensores, controladores e equipamentos.
Além disso, nas cidades inteligentes, dispositivos de telecomunicação são adicionados

40
à tradicional infraestrutura de rede elétrica com o objetivo de gerenciar, monitorar e
supervisionar todo o sistema. A energia passa a ser gerada localmente, através de micro
redes integradas, reduzindo os riscos de interrupção de energia por longos períodos.

ATENÇÃO
Acadêmico, assista ao vídeo “Cidades Inteligentes: o uso responsável
da energia elétrica”, da DW Brasil: https://www.youtube.com/
watch?v=nzgsWElL85s. O vídeo é o primeiro de uma série chamada
“Cidades Inteligentes e debate às diferentes demandas do futuro em
relação à produção, distribuição e consumo de energia elétrica”.

Diante de uma maior conscientização da população em relação à importância


das questões ambientais, algumas iniciativas privadas quanto ao uso de energias
renováveis começaram a surgir por todo o mundo. Sobre a sustentabilidade, as cidades
são avaliadas em relação a três aspectos principais:

• Pessoas: este indicador leva em conta critérios como saúde, infraestrutura de


transportes, equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e educação, entre outros.
• Planeta: aqui são avaliados, por exemplo, o consumo de energia e a cota de energia
renovável, as emissões de gases com efeito de estufa e as taxas de reciclagem.
• Lucro: já neste aspecto, são avaliados a posição da cidade em redes econômicas
globais, o PIB e o custo de vida.

Algumas cidades vêm se destacando em relação a práticas inovadoras,


principalmente no que tange ao uso de energias renováveis. A Holanda é um bom
exemplo de país que se compromete com as questões de sustentabilidade. Sua capital,
Amsterdã, comprometeu-se a reduzir as suas emissões de carbono em 40% até 2025,
a partir de 1990.

O grande desafio da capital da Holanda é garantir um futuro sustentável para seus


habitantes, com ações principalmente voltadas à economia de energia, uso eficiente de
energia fóssil e aumento em grande escala da utilização de energias renováveis.

Outro case de sucesso é o caso da moderna e inovadora zona residencial em


Almere, uma cidade da Holanda que utiliza um sistema de painéis solares para a geração
de energia, conforme podemos observar na Figura 11.

41
FIGURA 11 – REGIÃO RESIDENCIAL ABASTECIDA COM ENERGIA SOLAR

FONTE: <encurtador.com.br/lFMT6>. Acesso em: 28 out. 2021.

Em Seul, na Coréia do Sul, os setores de energias públicos e privados participam


ativamente em vários projetos, que têm como objetivo aumentar a produção de energia
a partir de fontes renováveis. Para apoiar a iniciativa, o governo incentiva o investimento
privado na geração de energia solar fotovoltaica alugando equipamentos públicos
não utilizados. A prefeitura da cidade também assinou acordos com empresas para
construir usinas de energia solar fotovoltaica adicionais, o que vai garantir uma potência
incremental de 250 MW.

Um outro bom exemplo de eficiência energética com o uso de energias


renováveis ocorre no Chile. Com objetivo de diversificar sua matriz energética, o governo
chileno criou, em 2015, o Cerro Dominador, a primeira usina de concentração e captação
de energia solar da América Latina localizada na cidade de Maria Elena, na região de
Antofagasta, norte do país. Atualmente, 410 mil residências são abastecidas por essa
usina. O propósito principal dessa iniciativa é que, até 2025, 20% da energia total do país
venha de fontes renováveis e não convencionais.

No Brasil, também vemos algumas iniciativas interessantes na busca do uso da


energia de forma mais sustentável. É o caso de Pernambuco, que implementou uma usina
de geração solar fotovoltaica conectada à rede elétrica da Companhia Pernambucana
de Energia. Curitiba, a capital do estado do Paraná, em 2010, foi considerada a metrópole
mais verde da América Latina, devido aos fortes investimentos em educação ambiental
e em otimização energética.

Portanto, acadêmico, é importante que as Cidades inteligentes levem em


consideração tópicos importantes no contexto de transição energética, como uso do
espaço urbano e impactos sobre o bem-estar coletivo, mudanças climáticas, objetivos
do desenvolvimento sustentável e a economia circular.

42
Neste tópico, vimos que a questão energética está intrinsecamente relacionada
à infraestrutura de energia e tecnologias da informação e comunicação, à estrutura das
edificações, à mobilidade urbana, ao saneamento e reaproveitamento de resíduos, ao
comportamento do consumidor e à gestão de dados e energia.

43
LEITURA
COMPLEMENTAR
CIDADES SUSTENTÁVEIS E CIDADES INTELIGENTES: UMA ANÁLISE DOS
RANKINGS ARCADIS E EUROPEAN SMART CITIES

Luiz Eduardo Brand Flores


Clarissa Stefani Teixeira

1 INTRODUÇÃO

Atingir a eficiência energética das edificações deve ser uma busca constante,
visto que o bem-estar e o conforto dos seus usuários dependem do seu bom desempenho
no tocante ao consumo de energia, pois um edifício é considerado mais eficiente do que
outro se este oferecer condições ambientais com um consumo sustentável (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2014). Nesse sentido, entender os condicionantes climáticos de cada
local é imprescindível para a implantação de estratégias para alcançar a eficiência
energética das edificações, sendo muito importante no Brasil, uma vez que esses
condicionantes apresentam dinâmicas adversas de região para região.

Importantes variáveis podem ser levantadas como essenciais no que se refere a


obtenção de uma edificação com eficiência energética, dentre as quais: radiação solar,
luz natural, temperatura, umidade, vento etc. O vento, por sua vez, mantém diversas
funcionalidades que vêm a contribuir na eficiência energética da edificação bem como
no conforto térmico (SZOKOLAY, 2014; NEGREIROS, 2010). Segundo Lamberts, Dutra e
Pereira (2014), uma ventilação adequada é aquela que favorece uma boa entrada de ar
e uma consequente saída, o que se denomina ventilação cruzada, sendo comumente
exemplificada pela ventilação que entra pelos dormitórios e sai pela parte de serviço
(BROWN; DEKAY, 2001; CORBELLA; YANNAS, 2003).

Além disso, para se obter uma boa eficiência energética na edificação no que
se refere à ventilação, deve-se atentar para as aberturas de entrada de ar, essas devem
ser localizadas nas zonas de ventos predominantemente favoráveis, bem como manter
uma ventilação higiênica, ou seja, acima do nível da cabeça do usuário da residência
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). Nesse sentido, Gomes (2010) destaca o uso
da ventilação natural, isto é, a renovação do ar independentemente de elementos
mecânicos, que gera entrada de ar fresco no interior do edifício, substituindo o ar poluído
que se encontra no seu interior.

44
De acordo com Lamberts et al. (2013), depois do sombreamento, a ventilação
natural é a estratégia bioclimática mais importante para o Brasil em termos de edificações,
pois, ambientes naturalmente ventilados resultam no resfriamento estrutural oriundo
da inercia térmica.

A ventilação natural é eficaz entre 20 °C a 32 °C, pois, passando disso, os


ganhos térmicos por convecção funcionariam mais como aquecimento do que como
resfriamento do ambiente (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2010; LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2014). Em oposição ao sol, o vento pode ser desejável no verão e indesejável no
inverno; tais estações apresentam características mais ou menos definidas a depender
da região. Além do mais, outros fatores ligados à geografia física, como localização,
topografia e vegetação, influem sobre as edificações que, por sua vez, alteram a direção
e velocidade do vento.

Doravante, deve-se atentar à área útil de ventilação, uma vez que, essa variável
determinará como e quanto a ventilação natural irá se propagar no ambiente, sendo
diretamente relacionada ao tipo de abertura das janelas e portas. Assim, a área útil
corresponde à área efetiva de ventilação, quando a janela estiver totalmente aberta,
dessa forma, cada tipo de janela terá uma área útil correspondente à sua abertura
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). No trabalho de Lamberts, Dutra e Pereira (2014) é
ilustrada a relação: área útil de ventilação versus tipo de janela, ali é constatado que a
janela do tipo guilhotina (ou “de correr”) mantém uma área útil de ventilação de 50%, pois
quando totalmente aberta, somente metade de sua área é livre para ventilar o ambiente,
diferente da janela de abertura vertical, esta possui 100% de sua área útil de ventilação.

Atualmente, as cidades sustentáveis, também conhecidas como Smart


Cities (cidades inteligentes), ganham notoriedade e seus benefícios as colocam em
vanguarda de vários temas interdisciplinares, seja eles na arquitetura, urbanismo,
geografia, engenharias, economia, dentre outros. Por definição, as cidades sustentáveis
são as cidades que conseguem satisfatoriamente aliar estruturas físicas e tecnológicas,
com finalidade de promover uma melhor sustentabilidade e qualidade de vida para
a população. Uma visão de futuro que une economia, bem-estar, governança, uso
consciente de recursos naturais e sua reutilização e mobilidade viária, são pontos que
as cidades sustentáveis tendem a buscar (KANTER; LITOW, 2009; GIFFINGER; GUDRUN,
2010).

Segundo Silva et al. (2017), o uso de tecnologias oriundas dos Sistemas de


Informações Geográficas – SIG, Building Information Modeling – BIM, City Information
Modeling – CIM, Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto (SR), junto aos seus vastos
bancos de dados integrados, podem proporcionar grandes benesses à contribuição da
formação das cidades sustentáveis. A investigação das novas áreas disponíveis para
construção que dialoguem com a criação de edificações de consumo energético baixo
e a conservação de áreas sensíveis estão voltados à aplicação de modelos e programas
de modelagens capazes de auxiliar diretamente o desenvolvimento sustentável.

45
Diante da relevância ventilação para a promoção do consumo consciente de
energia, equilíbrio bioclimático e eficiência energética das edificações, este trabalho
tem como objetivo principal analisar o desempenho de uma edificação residencial (em
planta baixa) considerando suas disposições de cômodos, quantidade e tamanho de
aberturas. Isto para chegar a conclusões sobre fluxo de vento no ambiente construído,
vislumbrando melhorias nas edificações e sua eficiência energética.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se programas como o FluxoVentos e o Analysis SOLAR para


desenvolvimento da pesquisa. O programa FluxoVentos consiste em um software de
análise de ventilação dos ambientes, criado por Carlos Vitor de Alencar Carvalho e
Luiz Fernando Martha, e incrementado pela PUC-Rio (TeCGraf – Desenvolvimento de
Sofware Técnico Científico), para arquitetos, discentes e docentes da arquitetura e áreas
afins. O programa modela ventilação cruzada, caminho percorrido e explana as áreas de
melhor propagação do mesmo, assim, o FluxoVentos auxilia na tomada de decisão eficaz
de ambientes considerando a ventilação, sustentabilidade e rentabilidade (CARVALHO;
MARTHA; TEIXEIRA, 2005). Destaca-se o posicionamento dos ventos aplicados no
programa FluxoVentos, estes seguindo a direção de oeste para leste.

Além do citado anteriormente, o FluxoVentos pode simular diversas condições


geométricas. Segundo o site E-civil (2018), o software tem a capacidade de inserir
defesas (anteparos) externas, em planta baixa ou em corte. O produto pós simulação
são linhas de correntes onde pode verificar locais de concentração e rarefação dentro
do ambiente construído pelo indivíduo.

Para identificar as probabilidades de ocorrência de vento para principais


orientações e sua velocidade, uma opção é utilizar o recurso rosa-dos-ventos do
software Analysis SOLAR, no qual o suporte ao projetista em indicar qual será a melhor
orientação para colocação de aberturas de acordo com as épocas do ano é garantido.
Segundo o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LabEEE (2018), o
Analysis SOLAR permite a obtenção da carta solar, temperatura anual, rosa dos ventos
e velocidade média para cada estação do ano em oito orientações.

Vale salientar que foi confeccionada uma maquete a partir de estudos


realizados no programa FluxoVentos, na qual foi possível escolher a melhor proposta
para ser inserida na máquina de fumaça, no entanto, houveram problemas técnicos que
impossibilitaram realizar o ensaio com o equipamento.

46
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo de eficiência energética oriunda de uma aplicação adequada da


ventilação, sobretudo natural, não é recente, haja visto os notórios trabalhos sobre
o tema publicados nos últimos anos. Cita-se Perissinoto et al. (2006) e seu estudo
que evidencia o aumento econômico, a redução de gastos e eficiência energética,
quando planejaram formas alternativas de ventilação e resfriamento em galpões, para
confinamento de bovinos leiteiros, obtendo resultados satisfatórios.

Na pesquisa de Cardoso (2008), foi desenvolvida uma janela eco eficiente, que
buscava a otimização da prestação funcional dos ambientes exteriores, dando suporte
na eficiência energética e transferindo com mais facilidade os elementos naturais, tais
como os térmicos, lumínicos, de ventilação e acústicos.

Pela revisão bibliográfica de Silva, Gonzalez e Silva Filho (2011), percebeu-


se grandes pontos a serem trabalhados em prol de potencializar o conforto térmico
urbano apenas com os recursos naturais. Na pesquisa, observou-se que a vegetação,
a radiação solar, o sombreamento, a umidade, a evaporação, o vento e a ventilação
natural e a arborização são elementos de grande potencial para melhoria do conforto
térmico urbano.

Sorgato, Versage e Lamberts (2011a) esclarecem a importância do sombreamento


nas janelas dos dormitórios de edificações residenciais e seus impactos no conforto
térmico e eficiência energética. Os mesmos autores também apresentaram como a área
de ventilação influencia no desempenho térmico de edificações residenciais, concluindo
que tais áreas influem significativamente no desempenho térmico prolongado das
mesmas (SORGATO; VERSAGE; LAMBERTS, 2011b).

Um ano após essas duas relevantes contribuições, Sorgato e Lamberts (2012)


analisaram a sensibilidade dos parâmetros utilizados para a simulação computacional
de ventilação natural sobre o desempenho térmico de uma edificação residencial; nos
quais, notou-se que a partir dessa análise foi possível identificar o impacto de cada
parâmetro sobre as renovações de ar e resfriamento.

Observando os relatórios recentes sobre as mudanças climáticas antropogênicas,


o aquecimento global e as novas tecnologias para reversão dos impactos antrópicos,
Oliveira, Semaan e Ponzio (2015) apresentam as janelas eletrocrômicas como um novo
aliado para eficiência energética de ventilação e iluminação.

As janelas eletrocrômicas são capazes de controlar a luminosidade e climatização


de ambientes fechados (SVENSSON; GRANQVIST 1985), estando em alta nos dias atuais
devido à grande contribuição sustentável que podem trazer (BERKELEY, 2018).

47
Um estudo mais recente é o de Bedin, Pelisser e Pozzebon (2016), no qual estes
apresentam a ventilação cruzada como método para aumento da eficiência energética
da cidade de Passo Fundo – RS. Os autores basearam-se nos critérios das cidades
sustentáveis, propondo sugestões que unam os ventos predominantes do território
e seu melhor aproveitamento, assim, trazendo uma maior comodidade térmica às
moradias.

Dessa forma, constata-se que a eficiência energética no tocante à ventilação


vem sendo realizada através de pesquisas acadêmicas, sendo intensificada pela maior
consciência da sociedade acerca da temática ambiental, sustentabilidade e redução de
custos.

FONTE: FLORES, L. E. B.; TEIXEIRA, C, S. Cidades sustentáveis e cidades inteligentes: uma análise dos
rankings arcadis e european smart cities. Revista Científica do Alto Vale do Itajaí, Florianópolis,
v. 6, n. 9, p. 68-76, 2017. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/reavi/article/
view/2316419006092017068/7204. Acesso em: 26 out. 2021.

48
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A implementação da eficiência energética possui, muitas vezes, motivação própria


dos consumidores, que têm o intuito de reduzir custos associados ao consumo de
energia.

• A atualização tecnológica e incentivo por parte de programas e iniciativas de agentes


governamentais são fatores fundamentais para a eficiência energética.

• O consumo energético nas cidades possui seis importantes componentes-chave:


infraestrutura de energia e tecnologias da informação e comunicação, edificações;
mobilidade, saneamento e resíduos, comportamento do consumidor, gestão de
dados e energia.

• As soluções associadas à gestão de dados e sistemas de gestão de energia


compreendem ações que podem otimizar os sistemas energéticos tanto pelo lado
da oferta, quanto da demanda de energia.

• O balanço energético brasileiro é realizado pela Empresa de Pesquisa Energética


– EPE, que tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas
destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético.

• O setor industrial é o que mais consome energia no Brasil, seguido pelo setor
residencial e o setor comercial.

• A gestão energética é o procedimento para se abordar a eficiência energética de


maneira corretiva em uma instalação existente e de maneira preventiva em uma
nova instalação.

• Os principais fatores que influenciam a eficiência energética nos setores da


economia são a iluminação, a refrigeração, os sistemas de ar comprimido e os
eletrodomésticos.

• Para se estabelecer a infraestrutura básica de uma cidade inteligente, é necessário


integrar, de forma eficiente, a distribuição de energia elétrica aos serviços públicos
da cidade.

49
• Quanto se busca a eficiência energética em uma cidade, um ponto importante é
a utilização de energias renováveis em projetos urbanos e para o abastecimento
energético dos sistemas de iluminação pública.

• As Cidades inteligentes levam em consideração tópicos importantes no contexto


de transição energética, como uso do espaço urbano e impactos sobre o bem-
estar coletivo, mudanças climáticas, objetivos do desenvolvimento sustentável e a
economia circular.

50
AUTOATIVIDADE
1 Existem diversos aspectos do consumo energético que estão relacionados com o
crescimento demográfico e econômico do país, uma vez que tais crescimentos
implicam no aumento absoluto e per capita no consumo de energia elétrica. Em
relação ao consumo energético nas cidades, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O consumo energético nas cidades possui cinco importantes componentes-


chave: infraestrutura de energia, mobilidade, saneamento e resíduos,
comportamento do consumidor e gestão industrial.
b) ( ) O consumo energético nas cidades possui seis importantes componentes-
chave: infraestrutura de energia e tecnologias de telecomunicações, edificações;
mobilidade reduzida, saneamento e resíduos, comportamento do consumidor e
gestão de dados e energia.
c) ( ) O consumo energético nas cidades possui cinco importantes componentes-
chave: infraestrutura de energia e tecnologias da informação e comunicação,
edificações; urbanização, saneamento e resíduos, comportamento do consumidor
e gestão de dados e energia.
d) ( ) O consumo energético nas cidades possui seis importantes componentes-
chave: infraestrutura de energia e tecnologias da informação e comunicação,
edificações; mobilidade, saneamento e resíduos, comportamento do consumidor
e gestão de dados e energia.

2 Os principais fatores que influenciam a eficiência energética de um espaço físico são


a iluminação, a refrigeração, os sistemas de ar comprimido e os eletrodomésticos.
Com base no conteúdo estudado, analise as sentenças a seguir:

I- Para evitar que o gasto de um eletrodoméstico seja maior que o necessário, é


importante realizar uma medição de consumo periodicamente em cada equipamento
e verificar se está de acordo com o esperado.
II- A refrigeração pode responder por até 60% do consumo de energia elétrica no setor
comercial.
III- Os sistemas de ar comprimido são utilizados como uma forma de transportar
energia.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

51
3 O consumo de energia é um tópico relevante quando se discute os desafios associados
à transformação urbana e ao desenvolvimento sustentável. De acordo com os
conteúdos estudados sobre consumo energético, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) O setor residencial é o que mais consome energia no Brasil, seguido pelo setor
comercial e o setor industrial.
( ) A gestão energética é o procedimento para se abordar a eficiência energética de
maneira corretiva em uma instalação existente e de maneira preventiva em uma
nova instalação.
( ) Os principais fatores que influenciam a eficiência energética nos setores da
economia são a iluminação, a refrigeração, os sistemas de ar comprimido e os
eletrodomésticos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O consumo de eletricidade associado a informações populacionais permite identificar


a intensidade de uso de energia por pessoa em cada unidade federativa ou região
geográfica. Diante as informações sobre o consumo energético, qual é a região
brasileira que mais consome energia per capita?

5 Nas últimas décadas, acompanha-se uma acelerada e intensa urbanização das cidades.
Para que esse processo ocorra de forma sustentável, é necessário cada vez mais uma
gestão bem-sucedida do crescimento urbano e dos recursos necessários para esse
desenvolvimento. Nesse contexto, explique quais são os aspectos avaliados em uma
cidade para ela ser considerada sustentável.

52
REFERÊNCIAS
ALTOÉ, L. et al. Políticas públicas de incentivo à eficiência energética.
Estudos Avançados, São Paulo, v. 31, p. 89, p. 285-297, 2017. Disponível em:
encurtador.com.br/ixBMZ. Acesso em: 21 jan. 2022.

AZENS, A.; GRANQVIST, C. Electrochromic smart windows: energy


efficiency and device aspects. Journal of Solid State Electrochemistry,
Uppsala, v. 7, p. 64-68, 2003. Disponível em: https://link.springer.com/
article/10.1007%2Fs10008-002-0313-4. Acesso em: 18 jan. 2022.

BALTELO, R. A caminho da sustentabilidade energética: como


desenvolver um mercado de renováveis no Brasil. São Paulo: Greenpeace,
2008. Disponível em: encurtador.com.br/amrMN. Acesso em: 18 jan. 2022.

BARROS, B. F.; BORELLI, R.; GEDRA, R. L. Eficiência energética: técnicas de


aproveitamento, gestão de recursos e fundamentos. São Paulo: Érica, 2015.

EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário estatístico de


energia elétrica 2021: ano base 2020. Brasília, DF: EPE, 2021. Disponível em:
encurtador.com.br/oGMO4. Acesso em: 21 jan. 2022.

FAPESP – FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Um futuro com energia sustentável: iluminando o caminho. Tradução de
Maria Cristina Vidal Borba e Neide Ferreira Gaspar. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Ciências, 2010. Disponível em: https://fapesp.br/publicacoes/
energia.pdf. Acesso em: 18 jan. 2022

POLIQUEZI, A. Série de cadernos técnicos da agenda parlamentar: eficiência


energética. Curitiba: Conselho Regional De Engenharia e Agronomia do Paraná,
2016.

REIS, L. B.; ROMÉRO, M. A. Eficiência energética em edifícios. São Paulo:


Manole, 2012.

SOARES, J. A. S.; CÂNDIDO, G. A. Indicadores de sustentabilidade energética:


uma ferramenta de apoio à formulação de políticas energéticas mais
sustentáveis. Revista Ibero Americana de Ciências Ambientais, Aracaju, v.
10, n. 2, p. 284-303, 2019. Disponível em: https://sustenere.co/index.php/rica/
article/view/CBPC2179-6858.2019.002.0024/1650. Acesso em: 18 jan. 2022.

UNITED NATIONS. 2018 revision of world urbanization prospects. United


Nations, Department of Economic and Social Affairs, 2018. Disponível em:
https://bit.ly/3BC5vfG. Acesso em: 21 out. 2022.

53
54
UNIDADE 2 —

APLICAÇÕES TÉCNICAS DA
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• aplicar as normas de desempenho da eficiência energética;

• esquematizar projetos de sistemas prediais eficientes;

• utilizar as certificações de eficiência energética em projetos;

• reconhecer iniciativas de aplicação e avaliação de desempenho de sistemas com


eficiência energética;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – NORMAS DE DESEMPENHO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


TÓPICO 2 – SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES E CERTIFICAÇÕES
TÓPICO 3 – INICIATIVAS DE APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

55
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A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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56
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
NORMAS DE DESEMPENHO
DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1 INTRODUÇÃO
As normas nacionais de desempenho da eficiência energética visam contribuir
com um conjunto de procedimentos e atividades que podem ser implementadas por
qualquer tipo de organização na sua rotina para promover uma redução no consumo
energético, tornando-a mais eficiente e reduzindo a emissão de Gases do Efeito Estufa
(GEE).

As regulamentações técnicas brasileiras relacionadas ao consumo energético


surgiram em 1981, através da criação do Programa Conserve, que visava a promoção da
conservação energética na indústria, o desenvolvimento de produtos e processos mais
eficientes e o estímulo ao uso de fontes renováveis de energia.

A partir desse momento, uma série de iniciativas e programas começaram a ser


elaborados e aplicados no Brasil, propiciando a criação de leis, decretos e resoluções
em prol da eficiência energética no país e da estruturação de um sistema de gestão de
energia em indústrias, prédios e estruturas públicas.

Portanto, acadêmico, no Tópico 1, abordaremos um breve histórico da legislação


e regulamentação da eficiência energética no Brasil, assim como os elementos
que compõem o sistema de gestão de energia. Também veremos os aspectos da
implementação da NBR ISO 50001, o ciclo PDCA, seus benefícios e desafios. Por fim,
abordaremos a NBR 16819:2020, para eficiência energética em instalações elétricas de
baixa tensão.

2 HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DA


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL
A eficiência energética no Brasil foi motivada por uma série de eventos históricos
que afetaram o setor energético nacional, pela necessidade de reduzir custos para os
consumidores e pela necessidade de expansão da oferta de energia. Diante desses
pontos, é necessário termos uma visão sobre a legislação relacionada à eficiência
energética, abrangendo leis, decretos e resoluções. A seguir, apresentamos algumas
delas:

57
• 1981 – Conserve (Programa de Conservação de Energia do Setor Industrial)

Criado pelo Ministério da Indústria e Comércio, por meio da Portaria MIC/GM46,


o Programa Conserve visava a promoção da conservação de energia na indústria,
através de aportes financeiros para o desenvolvimento de produtos e processos
energeticamente eficientes. O objetivo era promover a substituição do óleo combustível
consumido na indústria, especialmente na indústria siderúrgica, de papel e celulose
e de cimento. Devido a crises financeiras, o programa foi extinto no ano seguinte, em
1982.

• 1982 – PME (Programa de Mobilização Energética)

Em 2 de abril de 1982, o Decreto nº 87.079 aprovou as diretrizes para o Programa


de Mobilização Energética – PME, que foi composto por uma série de ações voltadas à
conservação de energia e à substituição dos derivados de petróleo. A conservação de
energia foi uma das prioridades do programa, obtendo a diminuição do consumo dos
insumos energéticos derivados de petróleo. Porém, resultou no aumento da utilização
de eletricidade pela indústria, gerando pressão na capacidade de oferta do setor elétrico.
O programa foi extinto em 1991.

• 1984 – PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem)

Em 1984, o Inmetro – Instituto Brasileiro de Metrologia, Normalização e Qualidade,


órgão vinculado ao Ministério da Indústria e do Comércio Exterior, implementou o
Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos, que consiste em
uma política de etiquetagem com informações direcionadas ao consumidor sobre o
nível de eficiência energética dos equipamentos domésticos disponíveis no país.

Em 1992, o programa foi renomeado, sendo a partir de então denominado


Programa Brasileiro de Etiquetagem, tendo sido preservadas suas atribuições iniciais, aos
quais foram agregados os requisitos de segurança e o estabelecimento de ações para a
definição de índices mínimos de eficiência energética.

INTERESSANTE
Atualmente, diversas ações continuam a ser realizadas no âmbito do
programa, como a etiquetagem de equipamentos como geladeiras,
ar-condicionado, fogões, ventiladores, televisões, computadores,
chuveiros, veículos, motores elétricos, lâmpadas, entre outros. A
etiqueta atua como um Selo de Conformidade, que evidencia que
determinado equipamento atende a requisitos de desempenho
energético estabelecidos em normas e regulamentos técnicos.

58
Quando a principal informação é a eficiência energética, por exemplo, ela se chama Etiqueta
Nacional de Conservação de Energia, e classifica os equipamentos em faixas coloridas que
variam da mais eficiente (A) aos menos eficientes, que ficam com E, F ou G, dependendo
do produto. A etiqueta fornece outras informações relevantes, como o consumo de
combustível dos veículos e a eficiência na lavagem e no uso da água em lavadoras de
roupa. Na figura a seguir, temos um exemplo de etiqueta com as principais informações
contidas nela.

FIGURA – ETIQUETA DO PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM

FONTE: <encurtador.com.br/aeOQ7>. Acesso em: 12 nov. 2021.

• 1985 – Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica)

Em dezembro de 1985, por meio da Portaria Interministerial nº 1.877, dos


Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio Exterior, foi instituído o Procel
– Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, com a finalidade de integrar as
ações para a conservação de energia elétrica no país, dentro de uma visão abrangente
e coordenada (PROCEL, 2020).

Em 1993, foi criado o Selo Procel, com a finalidade de ser uma ferramenta
simples e eficaz, que permitisse ao consumidor conhecer, entre os equipamentos e
eletrodomésticos à disposição no mercado, os mais eficientes e que consomem menos
energia. Na Figura 1, temos o selo Procel de economia de energia (PROCEL, 2020).

59
FIGURA 1 – SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA

FONTE: <https://bit.ly/32pBUco>. Acesso em: 12 nov. 2021.

• 1991 – Conpet (Programa Nacional do Uso dos derivados do Petróleo e Gás


Natural)

Em 18 de julho de 1991, por Decreto Federal (Decreto nº 18), foi instituído


o Conpet – Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo
e do Gás Natural. o programa estimula o uso eficiente dos recursos energéticos não
renováveis em diversos setores, como indústrias, residências, comércios, geração de
eletricidade e transportes. Pelo Decreto, ficou instituído como responsabilidade da
Petrobras: fornecer recursos técnicos, administrativos e financeiros ao Programa, de
acordo com a legislação de sua criação.

Dentre as várias iniciativas, destaca-se o Selo Conpet, que, desde 2005, é


concedido a aparelhos domésticos a gás (fogões e fornos a gás, veículos leves e outros)
que apresentam o melhor desempenho energético em sua categoria. O Selo Conpet
pode ser observado na Figura 2.

FIGURA 2 – SELO CONPET DE ECONOMIA DE ENERGIA

FONTE: <https://bit.ly/3nNUBhn>. Acesso em: 12 nov. 2021.


60
• 1996 – ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)

Em 26 de dezembro de 1996, a Lei nº 9.427 cria a Agência Nacional de Energia


Elétrica, cujo regulamento foi definido pelo Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997. O
Decreto estabelece as diretrizes da ANEEL, suas atribuições e estrutura básica.

• 1997 – ANP (Agência Nacional de Petróleo)

Em 6 de Agosto de 1997, é promulgada a Lei nº 9.478/1997 (Lei do Petróleo), que


dispõe sobre a Política Energética Nacional e cria a ANP. Essa Lei determina que um
dos princípios e objetivos da Política Energética Nacional são as políticas nacionais para
o aproveitamento racional das fontes de energia, visando, entre outros, o objetivo de
proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia.

A referida Lei também determina que cabe à ANP fazer cumprir as boas práticas
de conservação e uso racional do petróleo e do gás natural e da preservação do meio
ambiente.

• 2000 – PEE (Programa de Eficiência Energética)

Em 24 de julho de 2000, é promulgada a Lei nº 9.991, que dispõe sobre a


realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética
por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de
energia elétrica. Ou seja, a Lei determina que as concessionárias de distribuição de
energia elétrica devem investir, anualmente, um percentual mínimo de sua receita
operacional líquida em projetos de eficiência energética.

• 2001 – Lei de eficiência energética

Em 17 de outubro de 2001, é promulgada a Lei nº 10.295, que dispõe sobre


os níveis máximos de consumo específico de energia, para máquinas e aparelhos
consumidores de energia fabricados ou comercializados no país.

Essa Lei corresponde ao principal marco regulatório da eficiência energética no


Brasil. A referida Lei dispõe sobre a política nacional de conservação e uso racional da
energia, visando à alocação eficiente dos recursos energéticos e a preservação do meio
ambiente.

• 2011 – PNEf (Plano Nacional de Eficiência Energética)

Através da Portaria nº 594/2011, cria-se o PNEf (Programa Nacional de Eficiência


Energética). Seu objetivo é promover o uso eficiente da energia elétrica em todos os
setores da economia por meio de projetos que demonstrem a importância e a viabilidade
econômica de melhoria da eficiência energética de equipamentos, processos e usos
finais de energia.

61
• 2021 – PDEf (Plano Decenal de Eficiência Energética)

Documento contratado pela Eletrobras e realizado por uma consultoria, o PDEf


faz parte do planejamento energético brasileiro com foco no consumo e nas ações para
induzir ganhos de eficiência energética. O objetivo é que esse documento seja incluído
na elaboração do Plano Decenal de Expansão de Energia.

3 NORMA ABNT NBR ISO 50001 – SISTEMA DE GESTÃO


DA ENERGIA
A NBR ISO 50001– Sistema de Gestão de Energia foi criada em 2011, com o
intuito de estabelecer os requisitos necessários e específicos para garantir a melhoria
contínua do desempenho energético de uma determinada organização que implementá-
la (ABNT, 2018).

A norma foi criada no âmbito da ISO (Organização Internacional de Padronização)


para a padronização em nível global de um sistema de gestão que abrangesse as diversas
fontes e usos da energia das organizações por meio de práticas consistentes de modo a
proporcionar a melhoria contínua do desempenho energético.

INTERESSANTE
Acadêmico, a NBR ISO 50001 começou a ser elaborada em 2007 e
participaram da sua criação mais de 40 países, além de organizações
representativas. Em junho de 2011, a norma foi publicada
internacionalmente e, no mês seguinte, no Brasil, a sua versão brasileira
(ABNT, 2018).

A finalidade da norma é permitir que a organização estabeleça sistemas e


processos para melhoria do desempenho energético, que conduza a uma redução de
custos com energia, da emissão de gases de efeito estufa e de outros impactos ambientais
associados.

Dessa forma, A NBR ISO 50001 baseia-se em modelos de sistemas de gestão já


compreendidos e utilizados por organizações em todo o mundo, como o de qualidade (ISO
9001) e o ambiental (ISO 14001) (ABNT, 2018).

Esse fato representa um diferencial para a norma, uma vez que diminui de forma
significativa a implementação de um Sistema de Gestão Energética (SGE) em organizações
que já possuem outros sistemas de gestão em operação.

62
A NBR ISO 50001 (ABNT, 2018) tem por objetivos:

• Dar suporte às organizações para que estabeleçam usos e consumos mais


adequados de energia.
• Criar uma comunicação fácil e transparente a respeito da gestão sobre recursos
energéticos.
• Promover as melhores práticas de gestão energética e reforçar os ganhos com a
aplicação da gestão da energia.
• Suportar a avaliação e priorização de implantação de novas tecnologias mais
eficientes no uso da energia.
• Estabelecer um cenário para promoção da eficiência energética através da cadeia
de suprimento.
• Favorecer a melhoria da gestão da energia em conjunto a projetos de redução de
gases de efeito estufa.
• Permitir a integração com outros sistemas de gestão organizacionais tais como
ambiental e de saúde e segurança.

Os resultados diretos da aplicação da norma incluem a redução dos custos


de produção e o aumento da segurança energética. Indiretamente, são reduzidas as
emissões de gases do efeito estufa e, assim, atenuadas como mudanças climáticas.

3.1 SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA


O Sistema de Gestão de Energia (SGE) é um conjunto de procedimentos e
atividades implementados por qualquer tipo de organização (industrial, comercial,
administrativa ou de serviços) na sua rotina diária, para tornar o consumo energético mais
eficiente e, assim, promover uma redução do consumo total de energia.

O conceito de gestão de energia nasce a partir da constatação de que iniciativas


isoladas de eficiência energética, mesmo se adotadas adequadamente na organização,
não se perpetuam ao longo do tempo.

De forma geral, mudanças de tecnologia pontuais, sem o devido acompanhamento


sistemático das organizações, não gera valor ou consistência ao longo do tempo.

Em função disso, passou a ser demandado um mecanismo mais sofisticado de


promoção do uso racional da energia, que garantisse que os benefícios decorrentes da
eficiência energética fossem percebidos de forma permanente e continuada.

Esse mecanismo, propicia os seguintes benefícios nas organizações que o


adotam:

63
• Uso mais consciente dos consumidores mais significantes de energias.
• Análise baseada em medição, documentação, comparação e relatórios sobre o uso
de energia e impactos projetados na emissão de gases do efeito estufa.
• Aplicação de lições de melhores práticas no uso e gestão de energia.
• Aplicação da importância da eficiência energética a novos projetos e aquisições.
• Avaliação e priorização de novas tecnologias visando eficiência energética.
• Possibilidade de promover eficiência energética na cadeia de fornecedores.

A implantação do Sistema de Gestão de Energia baseia-se no ciclo PDCA, com as


quatro etapas bem definidas, conforme veremos no subtópico a seguir.

3.2 CICLO PDCA


Acadêmico, vimos nos tópicos anteriores que gerir energia e aumentar a
eficiência energética vai muito além de iniciativas e projetos que visem reduzir o consumo.
É necessário identificar problemas, planejar como eles serão resolvidos, executar ações
e verificar os resultados para se atingir um bom gerenciamento energético. A partir daí,
passa a ser importante a promoção de melhorias na rotina e, por último, a busca de
investimentos.

É pela necessidade da melhoria contínua do processo de gestão, que a utilização


do Ciclo PDCA se torna cada vez mais presente nas áreas de energia e utilidades. O Ciclo
PDCA, também chamado de Ciclo de Deming ou Ciclo de Shewhart, é uma ferramenta de
gestão que tem como objetivo promover a melhoria contínua dos processos por meio de
um circuito de quatro ações PLAN (Planejar), DO (fazer), CHECK (checar) e ACT (agir).

INTERESSANTE
O Ciclo PDCA teve origem na década de 1920, quando um físico norte-
americano chamado Walter Andrew Shewart, conhecido por sua atuação
na área de controle estatístico de qualidade, criou o ciclo PDCA para a
aplicação de um sistema de qualidade em indústrias. Porém, só na década
de 1950 que o Ciclo PDCA foi popularizado em todo mundo, pelo também
americano professor William Edwards Deming, conhecido pela dedicação
às melhorias dos processos produtivos dos EUA durante a Segunda
Guerra Mundial e por ter o título de guru do gerenciamento de qualidade.

64
A ferramenta PDCA pode ser utilizada de diversas formas, em projetos de
qualquer processo, porém ficou consagrada na garantia da qualidade, ao ser incorporada
como base de estrutura para as Normas ISO. Esse método é chamado de ciclo, pois a
cada execução de todas as etapas, uma nova análise pode ser feita e a ferramenta pode
ser novamente aplicada. A Figura 3 ilustra as fases do PDCA em um sistema de gestão.

FIGURA 3 – CICLO PDCA NA GESTÃO DE ENERGIA

FONTE: <encurtador.com.br/twxZ1>. Acesso em: 13 nov. 2021.

IMPORTANTE
Os passos que integram o ciclo PDCA são suficientes para proporcionar
o entendimento e a estruturação do SGE a qualquer tipo de organização.

Acadêmico, a seguir, vejamos como o ciclo PDCA se estrutura dentro de cada


etapa, segundo a NBR ISO 50001 – Gestão da Gestão de Energia.

3.2.1 Planejamento
O planejamento é a primeira etapa do ciclo PDCA. Nessa etapa, busca-se
estabelecer as metas, objetivos e indicadores de desempenho do projeto, assim como
as ações a serem tomadas. Segundo os autores Fossa e Sgarbi (2018), no “Guia para
Aplicação da norma ABNT NBR ISO 50001: Gestão de Energia”, temos que:

O planejamento é a fase durante a qual são estabelecidos os objetivos


e metas energéticas. É, portanto, o momento de a organização
detalhar seus processos internos e os usos específicos que faz da
energia. Em primeiro lugar, busca-se conhecer os aspectos históricos

65
de consumo da energia, para identificar os tipos de energia utilizados
e a sua distribuição entre os diversos processos da organização.
Com base nessas informações, será possível definir as bases que
sustentarão a medição sistemática do desempenho energético e
analisar as melhorias a serem implementadas. O estabelecimento
das linhas de base e dos indicadores de desempenho energético
permite verificar se os objetivos e metas previamente estabelecidos
estão sendo atendidos (FOSSA; SGARBI, 2018, p. 28).

Os principais pontos da etapa de planejamento consistem em identificar a


equipe responsável, analisar requisitos e realizar levantamentos de informações. As
informações geradas a partir do processo de elaboração do planejamento energético
devem ser suficientes para responder às perguntas contidas na Figura 4.

FIGURA 4 – QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS NO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO

FONTE: Fossa e Sgarbi (2018, p. 29)

Dessa forma, no planejamento, estrutura-se de que forma o processo ocorrerá,


através da compreensão do contexto da organização, do estabelecimento de uma
política energética e de uma equipe de gestão da energia, da definição das ações para
enfrentar os riscos e oportunidades, da revisão energética, da identificação dos usos
significativos de energia, dos indicadores de desempenho energético, das linhas de
base energéticas, dos objetivos e metas energéticas e dos planos de ação necessários
para obter resultados que levarão à melhoria do desempenho energético de acordo com
a política energética da organização.

66
3.2.2 Operação
Nessa etapa, ocorre a execução do plano de ação elaborado anteriormente,
assim como os controles de operação e manutenção, comunicação e conscientização,
além de assegurar competências e considerar o desempenho energético no projeto e
aquisição.

Dessa forma, nessa etapa, ocorre o gerenciamento do uso e consumo de energia,


de forma vinculada à infraestrutura, aos processos, aos sistemas e aos equipamentos da
organização. Os principais pontos da etapa de operação são definir quem, como, quando
e onde, além de desenvolver ações e analisar necessidades de especialistas.

IMPORTANTE
É importante que as ações definidas estejam atuando nas causas
fundamentais do problema. A equipe que for designada para essa
demanda, deve analisar as principais dificuldades e pontos relevantes
encontrados em cada execução e apontar soluções, quando necessário.

No Sistema de Gestão da Energia, de acordo com a NBR ISO 50001, é


necessário prever o registro, compilação e armazenamento adequado das informações
consideradas relevantes para se garantir a sua eficácia e o cumprimento dos requisitos
da norma (ABNT, 2018).

É necessário que todas as etapas de execução sejam registradas de forma


rastreável e clara. As principais informações a serem documentadas são a política
energética, os objetivos e metas energéticas, as metodologias, os planos de ação e a
auditoria energética.

3.2.3 Avaliação
Nessa etapa, as melhorias projetadas, tanto do sistema propriamente dito
quando do desempenho energético, serão verificadas na realidade. Sendo assim, nessa
etapa, ocorre o monitoramento, medição, análise, avaliação, auditorias e análise crítica
pela direção do desempenho energético e do Sistema de Gestão da Energia.

Os métodos de monitoramento, medição, análise e avaliações dependem de


cada organização e devem assegurar o necessário para a tomada de decisões quanto
à situação do seu desempenho energético. Os principais pontos da etapa de avaliação
são validar os resultados, montar relatórios e apontar necessidades de melhorias e
investimentos.

67
3.2.4 Melhoria
Na última etapa, efetua-se a conclusão do trabalho, garantindo a padronização
daquilo que deu certo e tomando novas ações para tratar não conformidades e melhorar
continuamente o desempenho energético e o SGE. Os principais pontos da etapa de
melhoria são analisar estratégias, definir prioridades e promover melhorias.

Após todas as etapas, é possível continuar o ciclo para melhoria contínua do


processo em questão ou buscar novos desafios em novas áreas, setores, diferentes
usos de energia e envolvendo novas equipes.

O processo de melhoria contínua considera o reposicionamento do planejamento


original a partir de uma nova realidade, conquistada ao longo do tempo.

3.3 IMPLEMENTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DA NORMA ABNT


NBR ISO 50001
Para que uma organização receba a certificação da NBR ISO 50001 (ABNT,
2018), a mesma deve seguir as etapas a seguir:

• Elaborar uma política interna para que o consumo de energia seja mais eficiente.
• Planejar objetivos e metas para que a política seja implementada.
• Utilizar dados para melhor compreensão e tomada de decisões sobre o consumo
energético.
• Fazer a medição dos resultados apresentados pelos dados.
• Analisar como a política adotada está sendo trabalhada.
• Melhorar continuamente a gestão de energia.

A norma traz ainda diretrizes sobre segurança, desempenho e eficiência


energética e pode ser aplicada por qualquer organização, independente de fatores
geográficos ou de seus tamanhos, setor de atuação e produtos ou serviços oferecidos.
Acadêmico, é importante ressaltar que a implementação da NBR ISO 50001 não é
obrigatória a nenhuma organização.

4 A NORMA ABNT NBR 16819: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS


DE BAIXA TENSÃO – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Essa Norma especifica os requisitos para o projeto, a execução e a verificação
de todos os tipos de instalações elétricas de baixa tensão, incluindo a geração local e o
armazenamento de energia para otimizar o uso global eficiente de eletricidade. Segundo
a NBR 16819:2020, temos que:

68
A otimização do uso de energia elétrica pode ser facilitada por
considerações apropriadas no projeto e na instalação. Uma instalação
elétrica pode fornecer o nível de serviço e de segurança requeridos
com o menor consumo de energia elétrica. Isto é considerado pelos
projetistas como um dos requisitos gerais de seus procedimentos de
projeto, visando estabelecer o melhor uso da energia elétrica. Além
dos diversos parâmetros considerados no projeto de instalações
elétricas atualmente é muito importante reduzir as perdas no sistema
durante a sua utilização. O projeto de toda a instalação, portanto, leva
em consideração as contribuições dos contratantes, fornecedores e
distribuidor de energia (ABNT, 2020, p. 5, 2020).

Nessa Norma, são fornecidos requisitos e recomendações para a parte elétrica


do sistema de gerenciamento de energia abordado pela NBR ISO 50001, sendo assim
uma ferramenta para nortear os projetos elétricos fundamentados na eficiência
energética (ABNT, 2018).

A Norma surge para suprir uma necessidade nacional no combate ao desperdício


de energia nas edificações. Dessa forma, a NBR 16819 busca fornecer informações que
levem ao aumento da vida útil dos componentes da instalação, a redução de custo
mensal com a conta de energia elétrica e a uma melhor qualidade de energia na
instalação (ABNT, 2020).

Acadêmico, o objetivo aqui é o de informar sobre a existência da norma e seu


escopo de atuação. Portanto, não iremos nos aprofundar neste caderno de estudos em
seus requisitos, recomendações e especificações.

Neste tópico, vimos um ponto de extrema importância na eficiência energética


que são as normas técnicas que orientam sobre procedimentos e sistemas que podem
ser adotados para um melhor uso da energia. Conhecer o histórico da gestão de energia
no Brasil e os programas que foram adotadas ao longo da história nos permitem observar
a evolução da conscientização em relação ao uso da energia. A NBR ISO 50001 e o
Sistema de Gestão da Energia são ferramentas fundamentais para a adoção da eficiência
energética por parte das organizações, assim como o Ciclo PDCA (ABNT, 2018). Por fim, a
NBR 16819 fornece a base necessária para nortear os projetos elétricos visando reduzir do
consumo de energia e uma maior durabilidade dos componentes elétricos (ABNT, 2020).

69
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A eficiência energética no Brasil foi motivada por uma série de eventos históricos
que afetaram o setor energético nacional, assim como pela necessidade de reduzir
custos para os consumidores e pela necessidade de expansão da oferta de energia.

• Em 1984, implementou-se no Brasil o Programa de Conservação de Energia


Elétrica em Eletrodomésticos, que consiste em uma política de etiquetagem com
informações direcionadas ao consumidor sobre o nível de eficiência energética dos
equipamentos domésticos disponíveis no país.

• Em 1991, foi instituído o Conpet – Programa Nacional da Racionalização do Uso


dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural, onde estimula-se o uso eficiente
dos recursos energéticos não renováveis em diversos setores, como indústrias,
residências, comércios, geração de eletricidade e transportes.

• Em 2001, é promulgada a Lei nº 10.295, que dispõe sobre os níveis máximos de


consumo específico de energia, para máquinas e aparelhos consumidores de
energia fabricados ou comercializados no país.

• A NBR ISO 50001:2018 – Sistema de Gestão de Energia estabelece os requisitos


necessários e específicos para garantir a melhoria contínua do desempenho
energético de uma determinada organização que implementar a norma.

• A finalidade da NBR ISO 50001:2018 é permitir que a organização estabeleça


sistemas e processos para melhoria do desempenho energético que conduza a uma
redução de custos com energia, da emissão de gases de efeito estufa e de outros
impactos ambientais associados.

• O Sistema de Gestão de Energia (SGE) é um conjunto de procedimentos e atividades


implementados por qualquer tipo de organização, seja industrial, comercial,
administrativa ou de serviços, na sua rotina diária, para tornar o consumo energético
mais eficiente.

• O Ciclo PDCA é uma ferramenta de gestão que tem como objetivo promover a
melhoria contínua dos processos por meio de um circuito de quatro ações: PLAN
(Planejar), DO (fazer), CHECK (checar) e ACT (agir).

• A NBR 16819:2020 especifica os requisitos para o projeto, a execução e a verificação


de todos os tipos de instalações elétricas de baixa tensão, incluindo a geração local
e o armazenamento de energia para otimizar o uso global eficiente de eletricidade.

70
AUTOATIVIDADE
1 O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) consiste em uma política de etiquetagem
com informações direcionadas ao consumidor sobre o nível de eficiência energética
dos equipamentos domésticos disponíveis no país. Sobre a etiqueta do PBE, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) A etiqueta atua como um selo de conformidade, atestando que determinado


equipamento atende a requisitos de desempenho energético estabelecidos em
normas e regulamentos técnicos.
b) ( ) A etiqueta atua como um selo de conformidade e classifica os equipamentos em
faixas que variam da eficiente (A) aos muito eficientes que ficam com E, F ou G,
dependendo do produto.
c) ( ) A etiquetagem somente é realizada em eletrodomésticos como geladeiras, ar-
condicionado, fogões, ventiladores, televisões, liquidificadores, sofás, entre
outros.
d) ( ) A política de etiquetagem possui informações direcionadas somente aos
vendedores sobre o nível de eficiência energética dos equipamentos domésticos
disponíveis no país.

2 Considerando-se a necessidade de melhoria contínua dos processos de gestão, que


a utilização do Ciclo PDCA se tornou cada vez mais presente nas áreas de energia e
utilidades. O Ciclo PDCA, também chamado de Ciclo de Deming ou Ciclo de Shewhart, é
uma ferramenta que tem como objetivo promover a melhoria contínua dos processos
por meio de um circuito de quatro ações: PLAN (Planejar), DO (fazer), CHECK (checar)
e ACT (agir). Com base nos conceitos do Ciclo PDCA, analise as sentenças a seguir:

I- O planejamento é a primeira etapa do ciclo PDCA, que busca estabelecer as metas,


objetivos e indicadores de desempenho do projeto, assim como as ações a serem
tomadas.
II- Na etapa de avaliação, o ocorre o monitoramento, construção do plano de ação,
definição de metas e objetivos, medição, análise, auditorias e análise crítica pela
direção do desempenho energético e do Sistema de Gestão da Energia.
III- Na última etapa, a etapa de melhoria, é efetuada a conclusão do trabalho, garantindo
a padronização daquilo que deu certo e tomando novas ações para tratar não
conformidades e melhorar continuamente o desempenho energético e do Sistema
de Gestão da Energia.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.

71
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A NBR ISO 50001:2018 – Sistema de Gestão de Energia, criada em 2011, tem o intuito de
estabelecer os requisitos necessários e específicos para garantir a melhoria contínua
do desempenho energético de uma determinada organização que implementá-la. De
acordo com as etapas necessárias para que uma organização receba a certificação
da NBR ISO 50001:2018, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:

( ) A organização deve elaborar uma política interna para que o consumo de energia
seja mais eficiente.
( ) A organização deve fazer a medição dos resultados apresentados pelos dados.
( ) A organização deve melhorar continuamente a gestão de energia.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O Sistema de Gestão de Energia (SGE) é um conjunto de procedimentos e atividades


implementados por qualquer tipo de organização, seja industrial, comercial,
administrativa ou de serviços, na sua rotina diária para tornar o consumo energético
mais eficiente e, assim, promover uma redução do consumo total de energia. Disserte
sobre os benefícios da implementação do Sistema de Gestão de Energia em uma
organização.

5 A NBR ISO 50001:2018 tem por finalidade auxiliar organizações a estabelecer sistemas
e processos para melhoria do desempenho energético que conduza a uma redução de
custos com energia, da emissão de gases de efeito estufa e de outros impactos ambientais
associados. Disserte sobre os objetivos que fundamentam a NBR ISO 50001:2018.

72
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES E
CERTIFICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, você já parou para refletir como no nosso cotidiano buscamos
cada vez mais ter um olhar crítico em relação aos bens de consumo que utilizamos e
seus impactos ao meio ambiente? Esse olhar passou a se expandir com a realização e
perpetuação das pesquisas científicas no mundo todo para outros setores, chegando as
edificações e a formulação de sistemas prediais eficientes energeticamente.

Em uma edificação, os sistemas prediais são os elementos que permitem


abastecer os usuários com insumos como eletricidade, gás, água, refrigeração,
aquecimento, entre outros. É através dos projetos de sistemas prediais que se define
como os usuários da edificação irão consumir esses insumos, assim como o desempenho,
a qualidade e a eficiência do uso da água e energia ao longo da vida útil do edifício.

Para o desenvolvimento dos projetos nessa área, foca-se em eficiência e gestão


do consumo. Elementos como implementação de sistemas de utilização de energias
renováveis, redução de perdas, emprego de equipamento de baixo consumo de água
e energia, automação dos sistemas prediais e reaproveitamento de resíduos passam a
serem essenciais para edifícios que visem a eficiência energética.

Portanto, acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os principais tópicos necessários


para o entendimento dos sistemas prediais eficientes, assim como conheceremos a
classificação dos subsistemas de instalações e os projetos integrados que visem a
eficiência energética. Por fim, trataremos sobre as certificações prediais.

2 SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES


Por definição, os sistemas prediais são sistemas físicos, integrados a um edifício,
e que têm por finalidade dar suporte às atividades e às necessidades dos usuários,
suprindo-os com os insumos prediais necessários e atendendo os serviços requeridos.

Acadêmico, de forma mais objetiva, os sistemas prediais correspondem ao


conjunto de insumos e serviços necessários para o desenvolvimento de atividades
de um edifício. Esses insumos e serviços referem-se a insumos energéticos, água,
segurança ao fogo e patrimonial, conforto ambiental, transporte e circulação, automação,
comunicação e informação.

73
Um conceito correlato importante nesse assunto é o que são os edifícios
eficientes. Segundo o Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações (SCHINAZI
et al., 2018), edifícios eficientes podem ser definidos por:

Edifícios eficientes são aqueles que conseguem atender


satisfatoriamente as demandas dos usuários sob as premissas de
projeto com o mínimo consumo de energia, e/ou, inclusive, integrados
a sistemas de geração de energia. Existem múltiplas denominações e
certificações relacionadas a edifícios eficientes, sustentáveis, “verdes”
ou Zero Net Energia, algumas delas relacionadas ao projeto e outras
à operação. Para que um edifício seja eficiente energeticamente,
não basta que ele apenas apresente um baixo consumo de energia
– é necessário e fundamental atender aos requisitos de conforto
ambiental dos usuários (SCHINAZI et al., 2018, p. 6).

Sabemos que para projetar edifícios com altos níveis de conforto, depende-
se de variáveis físicas e ambientais que estão relacionadas à adoção de estratégias
construtivas, bem como de variáveis ligadas aos usos do edifício e aos hábitos dos
usuários. Nos próximos tópicos, veremos a classificação dos subsistemas prediais que
compõem um projeto de um edifício sustentável e suas principais características. Na
Figura 5, temos uma ilustração que representa a complexidade dos sistemas prediais
eficientes.

FIGURA 5 – SISTEMAS PREDIAIS EFICIENTES

FONTE: <encurtador.com.br/apqMZ>. Acesso em: 18 nov. 2021.

Os sistemas prediais devem estar voltados à operação prática dos edifícios.


Devem ser dinâmicos, funcionais e de fácil manutenção, além de proporcionarem
economia dos recursos naturais.

Acadêmico, os sistemas possuem como características a capacidade de


adaptação às evoluções funcionais do edifício, a confiabilidade da permanência de
operação em função das ações a que o sistema pode ser submetido e a capacidade
organizacional de gerir informações que permitam a ação efetiva sobre os sistemas.

74
Em relação à funcionabilidade dos sistemas frente ao uso da energia, deve-
se levar em consideração os espaços (shafts e dutos); a modularidade, fontes de
alimentação de energia alternativas (cogeração, geradores, nobreak e baterias stand-
by); e a administração energética eficiente, visando à conservação energética.

3 CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSISTEMAS DE INSTALAÇÕES


Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que, de
forma geral, estão inseridos nos projetos técnicos e que atendem a uma determinada
finalidade. Os sistemas de instalações estão classificados em sistemas hidráulicos e
sanitários, sistemas elétricos, sistemas de segurança contra incêndios e complementares.
A seguir, veremos as características de cada subsistema de instalação.

3.1 HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS


Os subsistemas de água têm como função principal o suprimento de água
potável para limpeza e higiene. Assim, podemos definir as instalações de água como
um conjunto de tubulações, conexões, peças e aparelhos sanitários, que possibilitam o
caminhamento da água da rede pública até os pontos de utilização.

Os subsistemas hidráulicos podem operar com diferentes tipos de água, como


água fria; água quente (energia solar, elétrica, a gás); águas pluviais e esgoto sanitário.
Em edifícios comerciais e residenciais, é comum encontrar instalações diferenciadas,
como espelhos d'água, piscinas, saunas, duchas e até mesmo drenagem de subsolo.
Em edifícios industriais, as instalações possuem uma maior complexidade, podendo
operar suas atividades com água gelada, água salgada, água industrial, sabão líquido,
aquecimento de piso, limpeza a vácuo, gases hospitalares, vapor, ar comprimido, entre
outros. Na Figura 6, podemos observar a complexidade dos projetos que envolvem os
sistemas hidráulicos e sanitários.

FIGURA 6 – SISTEMAS HIDRÁULICOS E SANITÁRIOS

FONTE: <encurtador.com.br/afuBX>. Acesso em: 18 nov. 2021.

75
Sobre as instalações hidráulicas, um ponto de observação importante é o
uso de água quente nas situações em que se faz necessária, tais como em banhos e
para higiene, cozinhas, lavanderias, ou ainda para finalidades médicas. É necessário
que o sistema garanta o fornecimento de água em quantidade, temperatura e pressão
adequadas às necessidades dos usuários.

Dessa forma, podemos ter a percepção de que o desenvolvimento de um


projeto de instalações de água deve ser realizado a partir da quantificação e disposição
dos aparelhos necessários para o atendimento da demanda prevista e da definição do
traçado e do dimensionamento das redes de tubulação, dos reservatórios e das bombas.
Essas variáveis de projeto dependem da finalidade do edifício, do tipo de usuários,
da área da edificação, da população a ser atendida e da interferência com os demais
subsistemas do edifício.

3.2 ELÉTRICAS
Entende-se por instalação elétrica o subsistema do edifício que tem por
finalidade o fornecimento da energia elétrica aos diversos pontos de utilização, tanto de
iluminação quanto de força (tomadas em geral).

Refere-se, portanto, iluminação, força e luzes de emergência, que estão


presentes na grande maioria dos edifícios. Podemos citar ainda, acadêmico, as
instalações especiais, como extrabaixa tensão, "nobreak", energia estabilizada,
sinalização, comandos fotoelétricos, para-raios, hora unificada, entre outras.

Esses elementos de uso energético possuem componentes utilizados nas


instalações elétricas, que podem ser divididos em quatro distintos grupos:

• Condutos, conduítes ou dutos.


• Condutores.
• Quadros e caixas.
• Aparelhos e equipamentos.

ATENÇÃO
Os condutores são elementos de formato adequado destinados a
transportar a corrente elétrica.

76
Os projetos de instalações elétricas dependem da distribuição dos pontos de
utilização, do tipo de ligação (número de fases e voltagem) e da potência necessária em
cada ponto. A entrada da energia elétrica é feita a partir da rede de distribuição pública,
através do ramal de ligação e do ramal de entrada até o centro de entrada e medição.

Como podemos observar na Figura 7, um ponto importante nos projetos elétricos


são o custo de instalação e de operação para o usuário. Para reduzir os gastos com
eletricidade a longo prazo, muitos edifícios buscam a utilização de fontes de energias
renováveis, como a energia solar, por exemplo.

FIGURA 7 – REDUÇÃO DE CUSTOS ENERGÉTICOS

FONTE: <encurtador.com.br/hwFKP>. Acesso em: 19 nov. 2021.

3.3 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


As instalações de prevenção e combate a incêndios tem como função aumentar
a segurança principalmente das pessoas, em caso de ocorrência desses sinistros,
possibilitando o controle do incêndio quando no início, ou, pelo menos, condições
mínimas para a fuga das pessoas.

Dessa forma, todo edifício deve ser projetado levando-se em consideração o


risco de ocorrência de um incêndio. Assim, em grande parte dos projetos, podem conter
instalações, como: hidrantes, extintores, sinalização, iluminação de emergência, porta
corta-fogo, para-raios, chuveiro automático ("sprinkler"), água nebulizada, gases (CO2,
Hallon), espuma, detecção de fumaça e chamas, alarme e exaustão de fumaça, todas
essas com objetivo de garantir a segurança dos usuários em casos de incêndio. Na
Figura 8, temos um exemplo de instalação comum em edifícios para a utilização em
caso de incêndios.

77
FIGURA 8 – SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

FONTE: <encurtador.com.br/fjp26>. Acesso em: 19 nov. 2021.

3.4 COMPLEMENTARES
Outros sistemas complementares podem estar presentes em um edifício
dependendo da complexidade e finalidade. Assim, podemos ter instalações de
comunicação, que compreendem telefonia, interfones, antena de TV, antena parabólica,
sonorização ambiental, rádio, central de chamadas, entre outros. Pode-se ter ainda
instalações como segurança; transporte e mecânicas, de ventilação, de condicionamento
de ar e de exaustão.

4 PROJETOS INTEGRADOS VISANDO A EFICIÊNCIA


ENERGÉTICA
O processo de projeto integrado envolve uma visão multidisciplinar para
edificações e construções visando a eficiência energética, possibilitando, assim, integrar
diferentes estratégias de sustentabilidade em todos os aspectos do projeto, desde a
construção até a operação do edifício, utilizando de conhecimentos e competências
especializadas de cada membro da equipe.

Nesse tipo de projeto, cada membro da equipe compartilha a sua visão de


sustentabilidade e trabalha de forma colaborativa para implementar metas a serem
alcançadas. Esse processo permite que a equipe otimize os sistemas, reduzindo os
custos de operação e manutenção e minimizando as necessidades de novo investimento
de capital.

Na prática, nos edifícios de alta performance, os projetos integrados envolvem


a área de arquitetura, elétrica, hidráulica, iluminação e aspectos de segurança contra
incêndios. Esses subsistemas atuam de forma interligada através da aplicação de

78
conceitos teóricos e experiência prática para a construção de um projeto multidisciplinar
e otimizado. Na Figura 9, podemos ver a representação de vários aspectos relacionados
à criação de um projeto integrado.

FIGURA 9 – PROJETOS INTEGRADOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFÍCIOS

FONTE: <encurtador.com.br/sEQ07 >. Acesso em: 20 nov. 2021.

Existem diversas metodologias para a realização de um projeto integrado de


um edifício. Portanto acadêmico, neste caderno de estudos, veremos a metodologia
apresentado pela certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)
no projeto de um edifício novo.

ESTUDOS FUTUROS
Acadêmico, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é uma
ferramenta de Certificação que busca incentivar e acelerar a adoção de
práticas de construção sustentável. Esse sistema de avaliação promove
uma abordagem ao edifício por inteiro, desde a concepção do projeto até
a construção final. No Subtópico 5 deste tópico, poderemos compreender
melhor sobre as certificações.

Segundo a certificação LEED (2014), os seguintes passos devem ser adotados


para o desenvolvimento de um projeto integrado de um novo edifício:

Passo 1: identificar a equipe de projeto

• Formar uma equipe multidisciplinar de, no mínimo, quatro participantes (áreas de


arquitetura, elétrica, ar-condicionado, comissionamento, estrutura etc.).

79
• Se possível, incluir representantes da construtora para que o custo e suas
considerações sejam integrados com o desenvolvimento de conceito de projeto.
• Se possível, incluir representantes da equipe de facilities.
• Certificar-se de que os membros da equipe escolhida tenham experiência suficiente
em suas áreas para contribuir de forma efetiva.

Passo 2: preparar para fazer o design charrete

• Fazer pesquisas preliminares para apoiar iniciativas e oportunidades de eficiência


energética.
• Coletar informações sobre clima, condições do terreno, infraestrutura local,
distribuição de energia elétrica, disponibilidade de água, opções de transporte e
características potenciais do edifício.

Passo 3: convocar a reunião de design charrete

• Alinhar com a equipe os objetivos do proprietário em relação ao projeto, incluindo


orçamento, cronograma, requisitos de funcionalidade, escopo, expectativa de
qualidade, performance energética e expectativas do usuário.
• Definir metas de desempenho energético, benchmarks de energia, métricas e
estratégias.
• Determinar questões prioritárias a serem resolvidas.
• Realizar reuniões de compatibilização com a equipe, para controle e verificação do
desempenho energético.

Passo 4: documentar metas e desempenho previsto

• Preparar o documento de Requisitos do/a Proprietário/a, incluindo metas e


desempenho energético.

• Entre os benefícios dos projetos integrados em edifícios está a redução de custos,
maior qualidade do projeto, formação de equipe multidisciplinar, clareza nas
definições de cada processo e incentivo a novas possibilidades de projetos criativos
e inovadores.

5 CERTIFICAÇÕES PREDIAIS
Acadêmico, como vimos nos conteúdos estudados até aqui, a sustentabilidade
e a eficiência energética são dois pilares que vem ganhando destaque em todos os
setores da economia. Em relação à construção civil não é diferente!

Cada vez mais, busca-se a construção ou adaptação de edificações residenciais


e comerciais que utilizem as boas práticas ambientais, econômicas e sociais. Para

80
comprovar que um determinado edifício cumpre uma série de requisitos que o tornam
sustentável, existem duas certificações internacionais importantes que integram o
Programa de Etiquetagem Brasileiro, a GBC Brasil e LEED.

O Green Building Council Brasil (GBC Brasil) é uma organização não


governamental voltada para fomentar a indústria de construção sustentável em território
brasileiro, mediante atuação junto ao governo e à sociedade civil. Criado em 2014, o selo
busca capacitação técnica de profissionais, disseminação de informações, práticas e
conhecimentos e promoção de processos de certificação.

Vários motivos levam empreendedores e administradores a buscarem essas


certificações concedidas pelo GBC. Entre eles, a redução de custos operacionais e
riscos regulatórios, a valorização do imóvel, a ampliação da retenção de moradores e
locatários, e a imagem de um empreendimento conectado com as demandas atuais da
sociedade.

Sobre o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), trata-se de


uma ferramenta de certificação que busca incentivar e acelerar a adoção de práticas
de construção sustentável, funcionando para todos os edifícios e podendo ser aplicado
a qualquer momento no empreendimento.Esse sistema de avaliação promove uma
abordagem ao edifício por inteiro, desde a concepção do projeto até a construção final
e a manutenção dele. Para isso, leva em consideração questões de implantação, uso
racional de água, eficiência energética, seleção dos materiais, qualidade ambiental
interna, estratégias inovadoras e questões de prioridade regional.

Os projetos que buscam a certificação LEED são analisados pelas seguintes


categorias: processo integrado, localização e transporte, terrenos sustentáveis,
eficiência hídrica, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade do ambiente
interno, inovação e prioridade regional.

Todas essas categorias possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos


(recomendações), que à medida que são atendidos, garantem pontos à edificação. O
nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos adquiridos, podendo
variar de 40 pontos a 110 pontos. Os níveis são: certificado, silver, gold e platinum.

Outra certificação referente à eficiência energética de um edifício é a Etiqueta


do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) Edifica, que foi desenvolvida em parceria
entre o Inmetro e a Eletrobras com o objetivo de classificar as edificações comerciais,
residenciais, de serviços e públicas em faixas coloridas, em geral de “A” (mais eficiente)
até "E" (menos eficiente), conforme a Figura 10.

81
FIGURA 10 – ETIQUETA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DO PBE PARA EDIFICAÇÕES COMERCIAIS, DE
SERVIÇOS E PÚBLICAS

FONTE: Eletrobras/Procel (2017, p. 8)

O início do processo de Etiquetagem de Edificações ocorreu através da Lei nº


10.295, promulgada em 17 de outubro de 2001. Acadêmico, como vimos anteriormente,
essa Lei é conhecida como Lei da Eficiência Energética, dispõe sobre a Política Nacional
de Conservação e Uso Racional de Energia e visa desenvolver, difundir e estimular a
eficiência energética no país.

Como benefícios das certificações, tem-se um menor consumo de energia,


a redução do efeito de ilha de calor nos centros urbanos, maior conforto térmico e
aumento de produtividade, menor custo operacional, incentivo a inovações tecnológicas
eficientes e até mesmo o aumento do valor de venda ou aluguel do imóvel.

Acadêmico, pelo exposto neste tópico, é possível perceber que as construções


possuem um grande impacto no que se refere à eficiência energética de uma cidade
sustentável. Compreender os sistemas prediais e os subsistemas de instalações lhe
permite ter uma visão mais ampla sobre os componentes que levam um edifício a ser
considerado sustentável. Esse conhecimento lhe permitirá atuar de forma multidisciplinar
na criação de projetos integrados, trazendo benefícios sociais, ambientais e econômicos
para toda a sociedade.

82
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os sistemas prediais correspondem ao conjunto de insumos e serviços necessários


para o desenvolvimento de atividades de um edifício.

• Os sistemas prediais têm como características a capacidade de adaptação às


evoluções funcionais do edifício, a confiabilidade da permanência de operação e a
capacidade organizacional de gerir informações que permitam a ação efetiva sobre
os sistemas.

• Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que atendem


a uma determinada finalidade, sendo

• Os sistemas hidráulicos e sanitários, sistemas elétricos, sistemas de segurança


contra incêndios e complementares.

• Os subsistemas de água correspondem a um conjunto de tubulações, conexões,


peças e aparelhos sanitários, que possibilitam o caminhamento da água da rede
pública até os pontos de utilização.

• Os subsistemas elétricos de um edifício têm por finalidade o fornecimento da


energia elétrica aos diversos pontos de utilização, tanto de iluminação quanto de
força (tomadas em geral).

• As instalações de prevenção e combate a incêndios tem como função aumentar a


segurança em caso de ocorrência desses sinistros.

• O processo de criação de um projeto integrado de um empreendimento envolve


uma visão multidisciplinar para integrar diferentes estratégias de sustentabilidade
em todos os subsistemas de instalação do projeto.

• Os projetos integrados envolvem a área de arquitetura, elétrica, hidráulica, iluminação


e aspectos de segurança contra incêndios.

• Os benefícios dos projetos integrados em edifícios são a redução de custos, maior


qualidade do projeto, formação de equipe multidisciplinar, clareza nas definições de
cada processo e incentivo a novas possibilidades de projetos criativos e inovadores.

• Para assegurar que um edifício cumpre uma série de requisitos que o tornam
sustentável, existem duas certificações internacionais que integram o Programa de
Etiquetagem Brasileiro, a GBC Brasil e LEED.

83
AUTOATIVIDADE
1 Os sistemas prediais correspondem ao conjunto de insumos e serviços necessários
para o desenvolvimento de atividades de um edifício e têm como características a
capacidade de adaptação às evoluções funcionais do edifício, a confiabilidade da
permanência de operação e a capacidade organizacional de gerir informações que
permitam a ação efetiva sobre os sistemas. Sobre os sistemas prediais, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de operação que atendem


a uma determinada necessidade do usuário, sendo eles os sistemas pneumáticos
e de esgotamento sanitário, sistemas elétricos, sistemas de segurança contra
incêndios e complementares.
b) ( ) Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que
atendem a uma determinada finalidade, sendo eles os sistemas hidráulicos e
sanitários, sistemas elétricos, sistemas químicos e radioativos, sistemas de
segurança contra incêndios e desastres ambientais e complementares.
c) ( ) Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que
atendem a uma determinada necessidade do usuário, sendo eles os sistemas
hidráulicos e mecânicos, sistemas elétricos e eletrônicos, sistemas de segurança
e complementares.
d) ( ) Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que
atendem a uma determinada finalidade, sendo eles os sistemas hidráulicos
e sanitários, sistemas elétricos, sistemas de segurança contra incêndios e
complementares.

2 Os sistemas prediais são classificados em subsistemas de instalações que estão


inseridos nos projetos técnicos para atender a uma determinada necessidade do
usuário. Com base nos conceitos estudados sobre esse assunto, analise as sentenças
a seguir:

I- Os subsistemas de água correspondem a um conjunto de tubulações, conexões,


peças e aparelhos sanitários, que possibilitam o caminhamento da água da rede
pública até os pontos de utilização.
II- Os subsistemas elétricos de um edifício têm por finalidade o fornecimento da
energia eólica aos diversos pontos de utilização, tanto de ventilação quanto de
energia no geral.
III- As instalações de prevenção e combate a incêndios tem como função aumentar a
segurança em caso de ocorrência desses sinistros.

84
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Segundo a certificação LEED os projetos integrados de um edifício devem seguir


as seguintes etapas: identificar a equipe de projeto, preparar para fazer o design
charrete, convocar a reunião de design charrete e documentar metas e desempenho
previsto. De acordo com os tópicos das etapas de construção de um projeto integrado,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Deve-se fazer pesquisas preliminares para apoiar iniciativas e oportunidades de


eficiência energética.
( ) Deve-se definir metas de desempenho energético, benchmarks de energia,
métricas e estratégias.
( ) Deve-se criar um documento de Requisitos do/a Proprietário/a, incluindo metas e
desempenho energético.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – V – V.
d) ( ) F – F – V.

4 Os sistemas prediais devem estar voltados para a operação prática dos edifícios,
sendo dinâmicos, funcionais e de fácil manutenção. Os projetos de instalações
elétricas, por sua vez, dependem da distribuição dos pontos de utilização, do tipo de
ligação e da potência necessária em cada ponto. A partir dos conteúdos estudados,
disserte sobre os critérios de funcionabilidade dos sistemas prediais em relação ao
uso de energia.

5 Para assegurar que um edifício cumpre uma série de requisitos que o tornam sustentável,
existem duas certificações internacionais que integram o Programa de Etiquetagem
Brasileiro, a GBC Brasil e LEED. Sobre esse assunto, disserte sobre os benefícios dessas
certificações para os edifícios e para as cidades no geral.

85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
INICIATIVAS DE APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO
DE DESEMPENHO

1 INTRODUÇÃO
O processo de análise de eficiência energética de uma edificação, equipamento
ou sistema é um processo complexo e que requer conhecimentos multidisciplinares,
assim como um extenso volume de dados e informações técnicas para a elaboração de
uma avaliação completa que sirva como norte para a tomada de decisões e para uma
melhor gestão energética.

Essa avaliação torna-se cada vez mais importante nos últimos anos, uma vez
que os elevados índices de consumo energético e as perspectivas de aumento deste
tem levado à necessidade de se elaborar e executar projetos mais eficientes em relação
ao uso e consumo de energia.

O desempenho energético é um conceito amplo relacionado ao uso e consumo


de energia e eficiência energética e varia conforme o objeto de estudo. Dessa forma,
por exemplo, quando estamos nos referindo à eficiência energética em termos de
edificações, avaliamos aspectos como conforto térmico, visual e acústico aos usuários,
proporcionados com o menor consumo de energia possível.

Portanto, acadêmico, no Tópico 3, abordaremos alguns aspectos relativos à


avaliação de desempenho energético, como os indicadores de desempenho energético
e as linhas de base energética, assim como iniciativas de aplicação em aquecimento
solar de água, iluminação pública e prédios públicos.

2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO E LINHAS


DE BASE ENERGÉTICA
Acadêmico, vimos em nossos estudos anteriores os principais pontos que a
NBR ISO 50001:2018 – Sistema de Gestão de Energia aborda. Complementar a essa
Norma, temos a NBR ISO 50006:2016 – Sistemas de Gestão de Energia – Medição do
desempenho energético utilizando linhas de base energética (LBE) e indicadores de
desempenho energético (IDE).

A NBR ISO 50006 aborda os princípios gerais e fornece orientações para


organizações sobre como estabelecer, utilizar e manter indicadores de desempenho
energéticos (IDE) e linhas de base energética (LBE), como parte do processo de

87
medição de desempenho energético (ABNT, 2016). Dessa forma, o IDE e a LBE são dois
elementos-chave inter-relacionados da NBR ISO 50001:2018, que permitem a medição,
e, logo, a gestão do desempenho energético em uma organização.

IMPORTANTE
É importante ressaltarmos que as orientações nessa norma são aplicáveis
a qualquer organização, independentemente do seu tamanho, tipo,
localização ou nível de maturidade na área de gestão de energia.

Por definição, os indicadores de desempenho energéticos (IDE) correspondem


a um valor ou medida que quantifica resultados relacionados à eficiência energética,
uso e consumo de energia em instalações, sistemas, processos e equipamentos. Dessa
forma, as organizações utilizam o IDE como medida de seus desempenhos energéticos.

Por sua vez, as linhas de base energética (LBE) são uma referência que
caracteriza e quantifica o desempenho energético de uma organização durante um
período específico. A LBE permite que uma organização avalie alterações do desempenho
energético entre dois períodos selecionados, sendo utilizada para cálculos de economia
de energia, como uma referência antes e depois da implementação de ações de melhoria
do desempenho energético. Por exemplo, pode-se utilizar o IDE e a LBE nos níveis de
instalação, sistemas, processos ou equipamentos, ou ainda para a avaliação de ações
individuais de melhoria de desempenho energético. Essas ferramentas servem como
um guia para a proposta de novos objetivos e metas para garantir a melhoria contínua.

A Figura 11 ilustra a quantidade de fatores que estão relacionados e que são


observados na avaliação de desempenho energético.

FIGURA 11 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ENERGÉTICO

FONTE: <encurtador.com.br/qzIN8>. Acesso em: 26 nov. 2021.


88
Os IDE são utilizados para quantificar o desempenho energético de toda
a organização ou de suas diferentes partes e variam de acordo com o perfil de cada
empresa ou organização, podendo refletir dados ligados aos processos, produtos e/ou
serviços. As LBE são referências quantitativas utilizadas para comparar valores do IDE
ao longo do tempo e para quantificar alterações no desempenho energético.

Os IDEs básicos medem o consumo energético (kWh) por um determinado


período (dia, mês, ano), mas, frequentemente, é necessário estabelecer mais
parâmetros, como consumo de energia por peso ou quantidade de produção (kWh/ton,
kWh/peça), ou ainda por área (kWh/m²), por pessoas (kWh/pessoa), por equipamento,
entre outros indicadores. Além de quantidade de energia consumida, os indicadores
de desempenho energético podem refletir índices derivados, processos transitórios e
modelos estatísticos. Alguns outros exemplos de indicadores-chave de desempenho
energético são:

• Consumo de energia para iluminação.


• Consumo de combustível das caldeiras.
• Pico da demanda de eletricidade.
• kWh/ton de produção.
• kWh/m2 de espaço físico.
• Litros de combustível por passageiro/quilômetro.
• A eficiência da conversão de uma caldeira (%).
• Potência de entrada (por exemplo, a “taxa de calor” em instalações de geração de
energia).
• A energia utilizada no processo de produção, sistema de energia ou edifício de
instalação onde há uma variação considerável em uma única variável (taxa de
produção, refrigeração ou demanda de vapor, variação da ocupação do edifício).
• A energia utilizada no processo de produção, sistema de energia ou construção
de instalações com múltiplas variáveis relevantes que afetam a energia (ou seja,
diferentes tipos de produtos, teor de umidade, tempo ao ar livre).
• Edifícios onde a interação das horas de funcionamento de um conjunto em relação
ao outro e a existência de sistemas de climatização centrais mudam o efeito da
variável, ou onde as necessidades dos usuários podem variar de ano para ano.
• Sistemas de geração de energia industrial ou onde os cálculos de engenharia
ou simulações permitem o ajuste para mudanças em variáveis relevantes e suas
interações.

A combinação desse conjunto de indicadores permite uma análise mais


integrada das variáveis de consumo, ajudando a estabelecer relações de causa e efeito
nos processos energéticos.

89
DICA
Para sistematizar a coleta e a integração dos dados necessários para gerar
e visualizar esses indicadores e acompanhar o histórico, além de desenhar
possíveis cenários e criar alertas, existem algumas ferramentas de gestão
disponíveis, como softwares que automatizam, analisam e reúnem esses
indicadores-chave de desempenho energético. Essas ferramentas dão
mais embasamento para a tomada de decisões e são especialmente
indicadas para organizações nas quais a energia é um insumo estratégico.

3 PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DESEMPENHO


ENERGÉTICO EM EDIFICAÇÕES
O consumo de energia elétrica é um dos indicadores utilizados para se avaliar
o desempenho energético em uma edificação, assim, a classificação de eficiência está
relacionada com sua capacidade de proporcionar conforto térmico, visual e acústico
aos usuários com o menor consumo de energia possível.

Diversas variáveis interferem no desempenho energético das edificações,


como as características da envoltória (paredes externas, telhados, janelas etc.), além
do comportamento dos ocupantes, a forma, o tamanho, a orientação da edificação e
as propriedades térmicas dos materiais utilizados também têm impacto no consumo
de energia. A Figura 12 mostra a detecção da perda de calor de uma residência, análise
importante para a avaliação do desempenho energético de um edifício.

FIGURA 12 – AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS

FONTE: <encurtador.com.br/lnwL2>. Acesso em: 26 nov. 2021.

90
Para a definição das etapas do processo de diagnóstico energético em uma
edificação, sugere-se seguir algumas etapas, elencadas a seguir:

• Identificação e caracterização das cargas.


• Identificação das características de utilização da instalação.
• Identificação de oportunidades de atuação.
• Escolha de tecnologias alternativas.
• Identificação de ações de conscientização.
• Avaliação dos impactos das propostas (técnico, econômico e, se possível, ambiental
e social).
• Aferição dos resultados.

Atualmente, as simulações energéticas aparecem como uma ferramenta


de apoio à decisão do projetista, no que se refere à elaboração de projetos mais
sustentáveis, e podem ser realizadas com o auxílio de softwares específicos, ou através
de cálculos manuais baseados em equações de regressão obtidas a partir de simulações
computacionais.

A NBR 15575 – Desempenho de Edificações Habitacionais é a norma que trata do


desempenho de edificações habitacionais e apresenta as características indispensáveis
que uma obra deve ter para o usuário, principalmente no que se refere ao conforto
térmico e a luminosidade (ABNT, 2021).

4 INICIATIVAS DE APLICAÇÃO
A implementação de iniciativas de aplicação para promover o uso racional de
energia e tornar os processos, serviços e equipamentos mais eficientes do ponto de
vista energético são indispensáveis para reduzir o consumo de energia.

Portanto, acadêmico, veremos nos itens a seguir três exemplos de iniciativas de
aplicação que visam aumentar a eficiência energética.

4.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM AQUECIMENTO SOLAR DE


ÁGUA
A energia solar para aquecimento de água utiliza o calor do sol diretamente,
utilizando placas solares ou tubos a vácuo, a fim de realizar a captação de energia e
transferir o calor para a água.

Portanto, um sistema básico de aquecimento de água por energia solar é


composto de coletores solares (placas) e reservatório térmico (Boiler), conforme
apresentado na Figura 13.

91
FIGURA 13 – SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA

FONTE: <encurtador.com.br/kwKP1>. Acesso em: 28 nov. 2021.

As placas coletoras são responsáveis pela absorção da radiação solar. O calor


do sol é captado pelas placas de aquecimento e transferido para a água que circula no
interior de suas tubulações de cobre.

O reservatório térmico, também chamado de Boiler, é um recipiente para


armazenamento da água aquecida para consumo posterior. Ele consiste em cilindros
de cobre, polipropileno ou inox, que são isolados de maneira térmica.

No coletor solar, os raios atravessam o vidro da tampa do coletor, esquentando


as aletas. O calor, então, cruza as aletas para os tubos (serpentina) de cobre. Depois
disso, a água que está no interior da serpentina esquenta e vai parar diretamente
no reservatório do sistema de aquecimento de água. A caixa de água fria alimenta o
reservatório térmico do aquecedor solar, mantendo-o sempre cheio.

A energia solar térmica pode ser aproveitada em residências e estabelecimentos,


bem como em usinas térmicas solares, garantindo água quente em chuveiros, torneiras,
piscinas, banheiras ou ainda gerando eletricidade por meio do vapor produzido.

4.2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ILUMINAÇÃO PÚBLICA


A iluminação pública tornou-se essencial para a vida nos centros urbanos,
permitindo aos habitantes desfrutar, plenamente, do espaço público no período noturno,
estando diretamente atrelada a uma maior sensação de segurança nas cidades no
período noturno.

De maneira geral, define-se por iluminação pública tudo o que compreende


a boa visibilidade do meio urbano e esteja correlacionado com a iluminação. Dessa
forma, são inclusos na iluminação urbana: ruas, praças, avenidas, túneis; trincheiras e
viadutos, jardins, vias, estradas, passarelas, pontos de ônibus, monumentos, fachadas
e até mesmo obras de arte em vias urbanas.
92
A iluminação pública da maioria das cidades brasileiras ainda utiliza as lâmpadas
de vapor de sódio, que são menos duráveis, consomem mais energia e exigem maiores
gastos com manutenção, sendo muito pouco eficientes.

A primeira solução para reduzir gastos com iluminação pública é a utilização da


tecnologia LED. As lâmpadas de LED são mais modernas e a sua tecnologia permite que
o consumo de energia seja muito inferior. Estima-se que as lâmpadas LED sejam em
média 60% mais econômicas que as lâmpadas fluorescentes compactas e 90% mais
econômicas que as lâmpadas incandescentes.

Outros benefícios ainda podem ser apontados como um maior conforto visual
para motoristas e pedestres, evitando acidentes. Essas lâmpadas não necessitam
de reatores, irradiam luz em 360º, possuem a possibilidade de gerenciamento e
monitoramento remoto e não emitem gases nocivos, auxiliando na redução da poluição
atmosférica.

Um outro exemplo complementar de iniciativa para aumento da eficiência


energética em iluminação pública é a implementação de postes com painel solar para
geração de eletricidade fotovoltaica renovável. O painel solar produz energia elétrica
para acender uma lâmpada LED no mesmo poste que armazena e utiliza a luz do sol,
como o próprio nome sugere.

De forma muito simples, a energia é gerada pelo painel solar, que capta a luz
do sol e a transforma em energia. Essa energia alimenta uma bateria recarregável, que
ilumina o poste. Por conta dessa bateria, o poste pode continuar gerando luz, mesmo
em dias em que o sol não aparece, ou à noite, que é justamente quando é necessário
acender as lâmpadas.

Um exemplo de poste de iluminação com painel solar pode ser observado na


Figura 14.

FIGURA 14 – POSTE DE ILUMINAÇÃO COM PAINEL SOLAR

FONTE: < encurtador.com.br/iKOT8 >. Acesso em: 28 nov. 2021.


93
Esse sistema é simples e econômico, não tem necessidade da utilização de
cabos ou outros dispositivos elétricos, tem baixo custo de instalação, não requer muitos
investimentos em manutenção, tem alta durabilidade com o uso de lâmpadas LED e
pode ser instalada em qualquer lugar.

4.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS


A busca da eficiência energética em prédios públicos tem um papel fundamental
como uma política pública, tanto como efeito demonstrativo quanto como indutor do
mercado, de forma a ser um bom exemplo a ser seguido pela sociedade no geral, quando
se fala em eficiência energética e redução de custos com energia.

Em termos de aplicação da tarifa de energia elétrica, a ANEEL (Agência Nacional


de Energia Elétrica) identifica os consumidores por classes ou subclasses de consumo.
Dessa forma, os prédios públicos estão identificados na classe de consumo Poder
Público, na qual se enquadram as atividades dos poderes públicos nos âmbitos federal,
estadual ou distrital e municipal.

Diversos equipamentos e sistemas de prédios públicos podem ser objeto de


medidas de eficiência energética, por exemplo: alterações nos elementos arquitetônicos,
como a envoltória; o material empregado na cobertura, as janelas e portas com o uso
de películas bloqueadoras solares em vidros, a utilização de materiais para o isolamento
térmico de paredes e a utilização de lâmpadas de LED, todos esses exemplos devem ser
seguidos em prédios públicos.

IMPORTANTE
Acadêmico, lembre-se que um edifício é mais eficiente energeticamente
que outro quando proporciona as mesmas condições ambientais com
menor consumo de energia.

Outros exemplos de iniciativas recomendadas em edifícios públicos são a


instalação de sistemas de ar-condicionado mediante o correto dimensionamento e
a utilização de equipamentos com Selo Procel Classe A. Pode-se ainda implementar
projetos visando à revitalização energética de edifícios mais antigos, de forma a garantir
uma melhor gestão energética em prédios públicos.

A partir disso, acadêmico, vimos a importância da aplicação de indicadores de


desempenho energético e das linhas de base energética para monitorar o consumo
de energia de serviços, processos, equipamentos e organizações, para assim definir

94
objetos e metas para a melhoria contínua da gestão energética. Vimos, também, que os
edifícios possuem papel fundamental na gestão sustentável das cidades, sendo uma
ferramenta importante na redução de consumo de energia no mundo.

Compreender as iniciativas de aplicação de sistemas voltados à eficiência


energética nos permite ter um olhar mais abrangente sobre possíveis soluções para
reduzir o alto consumo de energia da sociedade atualmente. Nesse quesito, foi possível,
neste tópico, aprender sobre os sistemas de aquecimento solar de água, iniciativas
de melhoria na iluminação pública e aspectos importantes para aumentar a eficiência
energética de prédios públicos.

95
LEITURA
COMPLEMENTAR
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS CONSTRUÇÕES:
O QUE MINHA RESIDÊNCIA TEM A VER COM ISSO?

Rui Raoli
Grasiela Gaspar Gonçalves

Todos conhecemos o programa de etiquetagem de eletrodomésticos – Selo


Procel – que classifica a eficiência energética dos eletrodomésticos. Inclusive, você
sabia que esse programa também avalia edificações?

Sabemos que os recursos naturais são finitos. Soluções técnicas que garantem
o uso racional da energia e diminuem o impacto ambiental que todas as construções
causam, além de contribuírem com o meio ambiente, são ótimos argumentos de venda.

Quem não quer um imóvel pensado para economizar o máximo possível de


energia elétrica?

FONTE: <encurtador.com.br/msTZ1>. Acesso em: 21 jan. 2022.

96
Programa Brasileiro de Etiquetagem

O Brasil tem um programa de etiquetagem chamado PBE. Esse programa verifica


se os produtos e serviços se adequam à regulamentação de desempenho estabelecidos
para eles nos regulamentos técnicos. Quando se refere à eficiência energética, são
avaliados eletrodomésticos, automóveis e edificações. A etiqueta que identifica a
eficiência nesse quesito se chama ENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia.

O que é eficiência energética?

Podemos dizer que eficiência energética é atingir o melhor grau de utilização/


aproveitamento de um equipamento ou construção, com o menor gasto  possível de
energia. Para se chegar a esse ponto de equilíbrio, deve ser aplicado um conjunto
de ações e estratégias que buscam o aproveitamento ótimo, evitando, assim, o alto
consumo apresentado na (Figura 2).

FONTE: <encurtador.com.br/boG49>. Acesso em: 21 jan. 2022.

 
Segundo o Guia da GBC BRASIL, passamos em média 90% do nosso tempo em
ambientes construídos. Como os edifícios impactam diretamente o meio ambiente e
bem-estar, devemos buscar formas de fazer que nossos edifícios se tornem benéficos
para a saúde humana, assim como para a natureza, ambientes urbanos e suburbanos.

O Guia ainda ressalta que ações individuais, como economia de energia e


reformas visando eficiência energética, trarão mais do que benefícios financeiros e para
sua saúde, pois contribuem para mitigação do que a Organização Mundial da Saúde
chama de maior ameaça à saúde do século 21, a mudança climática, uma vez que,
edifícios e construções também são responsáveis por essas mudanças, como pode ser
visto na Figura 3.

97
FONTE: <encurtador.com.br/rwJKV>. Acesso em: 21 jan. 2022.

PBE Edifica – ENCE

Como explicado anteriormente, a ENCE é a etiqueta que classifica a eficiência


energética de eletrodomésticos, veículo e edificações. Com relação às edificações, a
etiqueta avalia: construções comerciais, de serviços e públicas; unidades habitacionais
autônomas (casas) e edificações multifamiliares (edifícios de apartamentos). Dessa
forma, a avaliação de eficiência energética de edificações poderá ser realizada em
edificações prontas ou em projetos a serem construídos.

Nas edificações prontas, a avaliação vai ter como foco a utilização de sistemas
e equipamentos que atingem o desempenho ótimo com a menor utilização de energia
dentro do que se mostrar possível pelas características de construção e de vocação
(comercial, pública ou residencial) do imóvel. A seguir, podemos analisar os edifícios
considerados como classe E, como mostra a (Figura 4).

FONTE: < encurtador.com.br/fhizO>. Acesso em: 21 jan. 2022.


 

98
Quanto aos projetos de construção, é possível aproveitar o máximo da eficiência
energética aplicando todo o conhecimento já produzido: posição solar, zoneamento
bioclimático, utilização de materiais com melhor desempenho energético, sendo assim
considerado como classe A, de acordo a Figura 5.

FONTE: <encurtador.com.br/evxFL>. Acesso em: 21 jan. 2022.

 
A avaliação considera três aspectos da construção: envoltória, que são os
elementos externos, que “vestem” a edificação (paredes e estruturas); a Iluminação
(divisão de circuitos, aproveitamento da luz natural e desligamento automático da
iluminação); e o sistema de condicionamento de ar, conforme apresentado na Figura 6.

FONTE: <https://cbic.org.br/wp-content/uploads/2020/05/procel6.png>. Acesso em: 21 jan. 2022.

99
A classificação é realizada por auditoria técnica, que avalia a eficiência por meio
de inspeção do projeto ou da edificação. Os métodos avaliativos foram determinados
pelo INMETRO e a verificação da adequação é realizada por entidades credenciadas ou
acreditadas (OIA) por esse órgão.
 
Entendendo a Etiqueta PBE-Edifica

Para que se possa compreender a Etiqueta PBE-Edifica, a Figura 7 apresenta


cada parte que a compõe.

FONTE: <encurtador.com.br/eyADZ>. Acesso em: 21 jan. 2022.

FONTE: <encurtador.com.br/dfisv>. Acesso em: 21 jan. 2022.

Ninguém quer chegar em segundo lugar em nada na vida, certo? Quem vai
querer adquirir um imóvel com classificação “F” em aproveitamento energético?

100
Iniciativas que aumentem a eficiência energética da edificação, tais como
aproveitamento de água da chuva, sistemas e fontes renováveis de energia, entre
outras, economizam os recursos naturais, propiciam diminuição de gastos durante a
vida útil do imóvel (você gasta menos para manter o conforto) e tornam a edificação
diferenciada em relação às demais.

Quem procura imóvel certamente vai preferir adquirir aquele que tenha nível de
eficiência A. Algumas pessoas podem pensar “ah, mas a obra vai ficar mais cara!”. Para
esse argumento, existe outro ainda melhor: gastar um pouco mais na obra e economizar
durante toda vida útil do imóvel.

FONTE: RAOLI, R.; GONÇALVES, G. G.. Eficiência energética das construções: o que minha residência tem a
ver com isso? CBIC’S Agency. Brasília, DF, 22 maio 2020. Disponível em: https://cbic.org.br/en_US/artigo-
eficiencia-energetica-das-construcoes/. Acesso em: 22 nov. 2021.

101
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A NBR ISO 50006:2016 aborda os princípios gerais e fornece orientações para


organizações de como estabelecer, utilizar e manter indicadores de desempenho
energéticos (IDE) e linhas de base energética (LBE), como parte do processo de
medição de desempenho energético.

• Os indicadores de desempenho energéticos (IDE) correspondem a um valor ou


medida que quantifica resultados relacionados à eficiência energética, uso e
consumo de energia em instalações, sistemas, processos e equipamentos.

• As linhas de base energética (LBE) são uma referência que caracteriza e quantifica
o desempenho energético de uma organização durante um período específico.

• Alguns indicadores-chave de desempenho energético são consumo de energia,


pico da demanda de eletricidade, potência de entrada, litros de combustível por
passageiro/quilômetro, entre outros.

• Diversas variáveis interferem no desempenho energético das edificações, como as


características da envoltória, comportamento dos ocupantes, a forma, o tamanho, a
orientação da edificação e as propriedades térmicas dos materiais utilizados.

• A NBR 15575:2021 – Desempenho de Edificações Habitacionais é a norma que


trata do desempenho de edificações habitacionais e apresenta as características
indispensáveis que uma obra deve ter para o usuário, principalmente no que se
refere ao conforto térmico e a luminosidade.

• A implementação de iniciativas de aplicação para promover o uso racional de energia


e tornar os processos, serviços e equipamentos mais eficientes do ponto de vista
energético são indispensáveis para reduzir o consumo de energia.

• A energia solar para aquecimento de água aumenta a eficiência energética de


um edifício por utilizar a energia solar para garantir água quente em chuveiros,
torneiras, piscinas, banheiras ou até mesmo para gerar eletricidade por meio do
vapor produzido.

• Uma solução para reduzir gastos com iluminação pública é a utilização da tecnologia
LED.

102
• A busca da eficiência energética em prédios públicos tem um papel fundamental
como uma política pública, tanto como efeito demonstrativo quanto como indutor
do mercado.

103
AUTOATIVIDADE
1 A NBR ISO 50006:2016 aborda os princípios gerais e fornece orientações para
organizações de como estabelecer, utilizar e manter indicadores de desempenho
energéticos (IDE) e linhas de base energética (LBE) como parte do processo de
medição de desempenho energético. Sobre os conteúdos abordados por essa Norma,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As orientações da NBR ISO 50006:2016 são aplicáveis a qualquer organização


pública, independentemente do seu tamanho, tipo, localização ou nível de
maturidade na área de gestão de energia, desde que possua a certificação da
NBR ISO 50001:2018.
b) ( ) As orientações da NBR ISO 50006:2016 são aplicáveis a qualquer organização,
independentemente do seu tamanho, tipo, localização ou nível de maturidade
na área de gestão de energia, desde que possua a certificação da NBR ISO
50001:2018.
c) ( ) As orientações da NBR ISO 50006:2016 são aplicáveis a qualquer entidade
do terceiro setor, independentemente do seu ramo de atuação ou nível de
maturidade na área de gestão de energia.
d) ( ) As orientações da NBR ISO 50006:2016 são aplicáveis a qualquer organização,
independentemente do seu tamanho, tipo, localização ou nível de maturidade na
área de gestão de energia.

2 Os indicadores de desempenho energéticos (IDE) correspondem a um valor ou


medida que quantifica resultados relacionados à eficiência energética, uso e consumo
de energia em instalações, sistemas, processos e equipamentos. Com base nos
conteúdos estudados, analise as sentenças a seguir:

I- Os indicadores de desempenho energético são consumo de energia, pico da


demanda de eletricidade, potência de entrada, valor da tarifa de energia, quantidade
de usuários, tipo de energia utilizada, tamanho da estrutura, nível de maturidade do
sistema de gestão, litros de combustível por passageiro/quilômetro, entre outros.
II- Os indicadores de desempenho energético são utilizados para quantificar o
desempenho energético de toda a organização ou de suas diferentes partes e
variam de acordo com o perfil de cada empresa ou organização, podendo refletir
dados ligados aos processos, produtos e/ou serviços.
III- Os indicadores de desempenho energético são referências quantitativas utilizadas
para comparar valores da linha de base energética ao longo do tempo e para
quantificar alterações no desempenho energético.

104
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A implementação de iniciativas de aplicação para promover o uso racional de energia


e tornar os processos, serviços e equipamentos mais eficientes do ponto de vista
energético são indispensáveis para reduzir o consumo de energia. De acordo com
os exemplos de iniciativas de aplicação estudados, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A energia solar para aquecimento utiliza a energia solar para garantir água quente
em chuveiros, torneiras, piscinas, banheiras ou até mesmo para gerar eletricidade
por meio do vapor produzido.
( ) Uma solução para reduzir gastos com iluminação pública é a utilização da tecnologia
LED.
( ) A busca da eficiência energética em prédios públicos tem um papel fundamental
como uma política pública, tanto como efeito demonstrativo quanto como indutor
do mercado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A eficiência energética de um edifício está relacionada com a capacidade de


proporcionar conforto térmico, visual e acústico aos usuários com o menor consumo
de energia possível. Diante desse contexto, quais são as variáveis que interferem no
desempenho energético de um edifício?

5 Os postes com painel solar são uma iniciativa para aumento da eficiência energética em
iluminação pública que utilizam energia renovável para geração de eletricidade. Nesse
contexto, disserte sobre os benefícios desse tipo de sistema na iluminação pública.

105
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 50006
– Sistemas de gestão de energia – medição do desempenho energético
utilizando linhas de base energética (LBE) e indicadores de desempenho
energético (IDE) – princípios gerais e orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 50001


– Sistemas de gestão de energia: requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro: ABNT, 2018.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16819 –


Instalações elétricas de baixa tensão — Eficiência energética. Rio de Janeiro:
ABNT, 2020.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575 –


Edificações habitacionais – desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2021.

ASSUNÇÃO, J.; SCHUTZE, A. Panorama da eficiência energética no brasil.


Rio de Janeiro: Climate Policy Initiative, 2017.

BATISTA, O. E.; FLAUZINO, R. A. Medidas de gestão energética de baixo custo


como estratégia para redução de custos com energia elétrica. Rev. GEPROS,
São Paulo, v. 7, n. 4, p. 117-134, 2012. Disponível em: https://revista.feb.unesp.
br/index.php/gepros/article/view/921/467. Acesso em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Ministério da Indústria e Comércio. Portaria MIC/GM46. Cria o


programa CONSERVE. Brasília, DF: MIC, 1981.

BRASIL. Decreto nº 87.079, de 2 de abril de 1982. Aprova as Diretrizes para


o Programa de Mobilização Energética. Brasília, DF: Presidência da República,
1982. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/
decreto-87079-2-abril-1982-436644-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso
em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Ministério da Indústria e Comércio.


Portaria Interministerial nº 1.877, de 30 de dezembro de 1985. Institui
o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com a
finalidade de integrar as ações (do Ministério de Minas e Energia e da Indústria
e Comércio), visando à conservação de energia elétrica no país. Brasília, DF:
MME/MIC, 1985. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/
secretarias/spe/procel-programa-nacional-de-conservacao-de-energia-
eletrica-1/portaria_1877_1985.pdf. Acesso em: 5 nov. 2021.

106
BRASIL. Decreto nº 18, de 18 de julho de 1991. Institui o Programa
Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás
Natural – CONPET e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/
anterior_a_2000/1991/Dnn213.htm#:~:text=Dnn213&text=DECRETO%20
DE%2018%20DE%20JULHO,que%20lhe%20confere%20o%20art.. Acesso em: 5
nov. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência


Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, disciplina o regime das concessões de
serviços públicos de energia elétrica e dá outras providências. Brasília, DF:
Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9427cons.htm. Acesso em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997. Constitui a Agência


Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova
sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão
e Funções de Confiança e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, 1997a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d2335.HTM. Acesso em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997. Dispõe sobre a política


energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o
Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá
outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1997b. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9478.htm. Acesso em: 5 nov.
2021.

BRASIL. Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000. Dispõe sobre realização de


investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética
por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do
setor de energia elétrica, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9991.htm. Acesso em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001. Dispõe sobre a Política


Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e dá outras providências.
Brasília, DF: Presidência da República, 2001. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10295.htm. Acesso em: 5 nov. 2021.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Portaria MME nº 594, de 18 de


outubro de 2011. Aprova o Plano Nacional de Eficiência Energética – PNEf –
Premissas e Diretrizes Básicas. Brasília, DF: MME, 2011. Disponível em: https://
www.normasbrasil.com.br/norma/portaria-594-2011_233482.html. Acesso
em: 5 nov. 2021.

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CARVALHO, A. A norma ABNT NBR ISO 50001: gestão de energia. Rio de
Janeiro: ABNT, [201-]. Apresentação de slides. Disponível em: https://docplayer.
com.br/17377224-A-norma-abnt-nbr-iso-50001-gestao-de-energia-andre-
carvalho.html. Acesso em: 10 nov. 2021.

COLLAÇO, A. M. F. Perspectiva da Gestão de Energia em âmbito municipal


no Brasil. Instituto de Estudos Avançados, São Paulo, n. 89, p. 213-235,
2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v31n89/0103-4014-
ea-31-89-0213.pdf. Acesso em: 5 nov. 2021.

ELETROBRAS/PROCEL. Manual para aplicação do RTQ-C – volume 4.1.


Brasília, DF: Procel Edifica, 2017. http://www.pbeedifica.com.br/sites/default/
files/Manual_20170411_Notas_T%C3%A9cnicas%2BCapa.pdf. Acesso em: 25
nov. 2021.

EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Atlas da eficiência


energética no Brasil 2020 – Relatório de Indicadores. Brasília, DF:
EPE, 2020. Disponível em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-556/Atlas%20
consolidado_08_03_2021.pdf. Acesso em: 5 nov. 2021.

EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço energético nacional


2020: ano base 2019. Rio de Janeiro: EPE, 2020. Disponível em: https://
www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/
PublicacoesArquivos/publicacao-479/topico-528/BEN2020_sp.pdf. Acesso
em: 21 jan. 2022.

EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário estatístico de


energia elétrica 2021: ano base 2020. Brasília, DF: EPE, 2021. Disponível
em: http://shinyepe.brazilsouth.cloudapp.azure.com:3838/anuario/
EPEFactSheetAnuario.pdf. Acesso em: 21 jan. 2022.

FOSSA, J. A.; SGARBI, A. F. Guia para aplicação da norma ABNT NBR ISO
50001: gestão de energia. São Paulo: International Copper Association Brazil,
2018. Disponível em: http://www.abrinstal.org.br/docs/guia_gestao_de_
energia.pdf. Acesso em: 6 nov. 2021.

PROCEL – PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA. PBE


Edifica, Node, Brasília, DF, c2020. Disponível em: http://www.pbeedifica.com.
br/node/24. Acesso em: 6 nov. 2021.

SCHINAZI, A. et al. Guia interativo de eficiência energética em


edificações: relatório final. São Paulo: Ministério de Minas e Energia,
Sinduscom, 2018. Disponível em: https://www.guiaenergiaedificacoes.com.
br/wp-content/themes/sinduscon/pdfs/guia-de-eficiencia-energetica.pdf.
Acesso em: 6 nov. 2021.

108
UNIDADE 3 —

PANORAMA DA
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• aplicar os conceitos de eficiência energética em ambientes construídos;

• conhecer as experiências nacionais e internacionais de aplicação da eficiência


energética;

• discutir a importância dos programas de eficiência energética;

• compreender as perspectivas e os desafios relacionados a eficiência energética;

• entender o panorama da eficiência energética na sociedade atual;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO


TÓPICO 2 – PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
TÓPICO 3 – PERSPECTIVAS, DESAFIOS E FUTURO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

109
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

110
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO
AMBIENTE CONSTRUÍDO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, a partir dos conhecimentos anteriores apresentados neste
caderno de estudos, você poderá ampliar sua visão sobre a eficiência energética nos seus
mais diversos aspectos. Agora, chegou o momento de compreender como os conceitos
se aplicam de modo geral no ambiente construído representado pelas grandes cidades.

Nesse contexto, é importante frisarmos que a área de energia no ambiente


construído tem como objetivo desenvolver estudos de investigação, inovação e de apoio
ao desenvolvimento sustentável dos vários setores de atividade (residencial, serviços e
indústria), na temática da eficiência energética e em sua relação com o urbanismo e a
arquitetura bioclimática.

Portanto, acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os principais aspectos referentes


ao urbanismo e arquitetura bioclimática e como os conhecimentos em ambas as áreas
permitem tornar as cidades mais inteligentes e eficientes, principalmente em relação ao
conforto térmico e luminoso. Veremos, também, os impactos energéticos gerados pelos
ambientes construídos.

Sabemos que saber onde aplicar os conteúdos teóricos aprendidos durante a


graduação no exercício profissional é essencial e que vivemos em um mundo cada vez
mais complexo, que requer profissionais mais preparados para desempenharem com
sucesso suas atividades. Portanto, acadêmico, absorva os conteúdos com atenção e
aprofunde seus estudos realizando pesquisas complementares.

2 URBANISMO BIOCLIMÁTICO
Acadêmico, se pararmos para observar o processo de urbanização do século
XX, veremos que este foi caracterizado em grande parte por uma expansão urbana
desorganizada na maioria das cidades existentes. Por exemplo, é comum avistarmos
edifícios mal orientados, ruas mal projetadas, áreas desprotegidas contra intempéries,
edifícios que projetam sombras nos edifícios circundantes, entre muitos outros, assim
como a poluição significativa do ar, da água ou solo.

111
Entretanto, as cidades devem ser entendidas como territórios com grande
diversidade econômica, cultural e ambiental, de forma organizada, em um sistema que
interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas que ali residem.

Esses problemas vêm interferindo no equilíbrio do meio e sobre o conforto e a


salubridade das populações urbanas.

Diante desse contexto, nos últimos anos, diversos acordos, diretrizes e legislações
foram aprovados para alcançar um desenvolvimento mais sustentável do crescimento
urbano. É nesse cenário que surge o conceito de urbanismo bioclimático, que visa
um planejamento urbano alinhado a cada ambiente (físico, ambiental, paisagístico e
socioeconômico).

IMPORTANTE
Por definição, o urbanismo é uma ciência multidisciplinar que está
relacionada ao estudo, regulação, controle e planejamento da cidade como
um todo. Por sua vez, o urbanismo bioclimático estabelece os critérios para
garantir que as estruturas de uma cidade sejam integradas ao seu ambiente
e que os recursos sejam administrados de forma eficiente, possibilitando
uma melhor qualidade de vida aos seus usuários.

A forma urbana é um dos aspectos que pode ser planejada para evitar os
impactos negativos da urbanização.

O Programa Cidades Sustentáveis (2016, p. 40) relaciona o

planejamento urbano ao processo de concepções, de planos e de


programas de gestão de políticas públicas, por meio de ações que
permitam maior harmonia entre intervenções no espaço urbano e o
atendimento às necessidades específicas da população, sendo, para
isso, necessário estabelecer regras de ocupação do solo e políticas
de desenvolvimento.

Um planejamento urbano deve se adequar ao crescimento das cidades. Para


tanto, sabe-se que as condições ambientais locais reduzem, significativamente, as
interferências negativas dos assentamentos no ambiente e na saúde e bem-estar das
pessoas.

Para que o planejamento urbano seja ambientalmente adequado, a principal


estratégia é utilizar o vento, a geomorfologia, a água e a vegetação como ponto de
partida para a tomada de decisões (HIGUERAS, 2006).

Na Figura 1, temos a representação do planejamento urbanístico sendo realizado


na prática.
112
FIGURA 1 – PLANEJAMENTO URBANO

FONTE: <encurtador.com.br/diDSW>. Acesso em: 6 dez. 2021.

As informações climáticas aplicadas aos diferentes níveis de planejamento


abrangem desde o contexto regional até o projeto urbano e do edifício. Na escala
urbana, o espaço arquitetônico associado às condicionantes do ambiente, determinam o
desempenho microclimático do recinto urbano.

Como toda edificação exerce e recebe influência de seu entorno imediato, as


construções não podem ser tratadas de modo isolado, assim como o espaço urbano não
pode ser analisado de modo desvinculado da arquitetura que o conforma.

A variável climática mais importante em relação à eficiência energética é a


radiação solar. Sua luz visível influência de forma determinante em qualquer aplicação
de iluminação natural, assim como os raios solares e as radiações infravermelhas são
responsáveis pelo aquecimento das superfícies. Ou seja, o conhecimento sobre a
influência climática é essencial para a sustentabilidade de uma cidade.

3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
A arquitetura bioclimática consiste em conceber edificações a partir do clima
local, a fim de proporcionar conforto térmico aproveitando fontes ambientais, assim como
a integração estética ao ambiente circundante.

Sendo assim, a arquitetura bioclimática consiste no desenho dos edifícios, tendo


em consideração as condições climáticas, utilizando os recursos disponíveis na natureza
(sol, vegetação, chuva, vento) para minimizar os impactos ambientais e reduzir o consumo
energético. Na Figura 2, podemos observar um exemplo de um edifício que se integra ao
ambiente de forma a aproveitar a energia proporcionada pelo sol.

113
FIGURA 2 – ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

Um dos principais objetivos da arquitetura bioclimática é amenizar os impactos


da construção civil. Perceba acadêmico, observando novamente a Figura 2, que esse
tipo de arquitetura busca, através da utilização de técnicas, conhecimentos construtivos
e elementos arquitetônicos, tirar proveito do entorno onde o edifício será construído,
para, então, oferecer aos moradores mais qualidade de vida, atendendo aos princípios
de sustentabilidade e conforto térmico.

Outro fator que é levado em consideração nos projetos baseados na arquitetura


bioclimática é a ventilação. A ventilação em um edifício tem a função de renovar o ar,
refrescar o local e ajudar a remover a umidade. Em um projeto bioclimático, é levado
em conta a direção dos ventos, que pode substituir a instalação de resfriamento
artificial, diminuindo, assim, o consumo de energia e tornando o edifício mais eficiente
energeticamente.

Em edificações já existentes, pode-se desenvolver projetos que visam à melhoria


do consumo energético e do conforto térmico natural através do uso de estratégias e
implantação de elementos arquitetônicos no edifício.

Alguns aspectos importantes da arquitetura bioclimática estão relacionados ao


conforto térmico e ao conforto luminoso. A seguir, veremos alguns conceitos chaves
sobre esses dois pontos dentro da arquitetura

3.1 CONFORTO TÉRMICO


O conforto térmico do ambiente construído é um conteúdo fortemente
relacionado com os elevados índices de consumo de energia elétrica decorrentes do
uso de sistemas de condicionamento artificial de ar para se alcançar condições térmicas
ambientais desejáveis. Esse consumo é consequência, principalmente, da inadequação
114
dos elementos arquitetônicos aos aspectos climáticos locais e às demandas de conforto
humano.

O conforto térmico pode ser definido, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (2014)
e Souza (2006), como o estado mental que expressa a satisfação do homem com o
ambiente térmico que o circunda.

Para Sampaio e Chagas (2010), o conforto térmico corresponde à sensação de


bem-estar ambiental em relação à temperatura, à umidade relativa e à movimentação
do ar, à radiação solar e à radiação infravermelha emitida pelo entorno.

O estudo das propriedades térmicas de materiais construtivos é, portanto,


um relevante campo de estudo quando se deseja aliar conforto térmico e economia
de energia. No Brasil, existe uma grande variação climática entre as regiões do país
que influenciam na arquitetura, conforme podemos observar na fala dos pesquisadores
Barbosa, Aguilar e Sales (2021, p. 97):

O Brasil, devido à sua grande extensão territorial, com diferenças de


relevo, altitude e dinâmica das massas de ar e correntes marítimas,
possui ampla diversidade climática. Entretanto, verifica-se, na
construção civil, a predominância de certas tipologias construtivas
independente das condições climáticas locais, privilegiando-se,
muitas vezes, aspectos como a estética, exemplificado pelas cortinas
de vidro de edifícios empresariais, e o menor custo, principalmente
nas construções de interesse social. No entanto, deve-se ressaltar
que as edificações podem ser elaboradas de forma a minimizar em
grande escala os desconfortos térmicos provocados pelo clima,
evitando, assim, o uso excessivo de sistemas de condicionamento
artificial de ar, tanto para refrigeração quanto para aquecimento, o
que contribui para a redução dos elevados índices de consumo de
energia elétrica no país.

O conforto térmico pode ser medido através de índices que procuram englobar,
através de um parâmetro chamado de sensação térmica, o efeito conjunto de variáveis,
como adaptação climática, idade, biotipo, sexo, hábitos alimentares, entre outros. Em
geral, eles são desenvolvidos fixando um tipo de atividade e, a partir daí, relacionam
as variáveis do ambiente às respostas subjetivas ou fisiológicas dos indivíduos sob a
forma de gráficos, diagramas, cartas ou nomogramas, em que são delimitadas zonas de
conforto térmico, conhecidos como diagramas bioclimáticos.

3.2 CONFORTO LUMINOSO


Acadêmico, você já observou como a luz afeta profundamente a forma como
percebemos o ambiente a nossa volta? Nosso histórico pessoal e cultural também
interfere no modo como reagimos em ambientes conforme sua iluminação.

Conceitualmente, o conforto luminoso está relacionado à qualidade da luz,


115
o que abrange a intensidade luminosa, a reprodução de cor, a percepção de formas,
contornos e texturas e a acuidade necessária para o desenvolvimento de cada tipo de
tarefa visual com a máxima capacidade de percepção e precisão, somados a reduzidos
níveis de esforço, de prejuízo à vista e de acidentes.

Os projetos arquitetônicos dos edifícios devem garantir que a luminosidade


natural seja aproveitada ao máximo nas edificações; oferecer uma distribuição uniforme
da iluminação dentro dos ambientes e permitir o controle de brilhos e contrastes. Deve-
se, também, adequar o tamanho e a posição das aberturas e orientação das fachadas,
de forma a proteger do sol e do reflexo dos raios solares nas superfícies.

Dessa forma, um bom projeto de iluminação irá englobar aspectos relacionados


à adequação de dimensionamento e forma das aberturas para melhor aproveitamento
do uso de sistemas de iluminação natural, fazendo uso de sistemas de iluminação
artificial para obter níveis adequados de claridade para desenvolvimento das tarefas
requeridas no ambiente. Todo esse processo irá complementar os níveis obtidos com
a luminosidade natural, visando, ainda, conservar energia e diminuir o aporte de calor
pelas luminárias.

Sendo assim, o conforto luminoso nos edifícios está relacionado aos estímulos
à visão que são incitados pela quantidade de luz, seja de forma natural ou artificial. No
item a seguir, veremos a diferença entre esses dois tipos de iluminação.


3.2.1 ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL
A iluminação natural, além de ser importante recurso para promover bem-estar e
qualidade ambiental, tem impacto relevante na redução do uso de energia. A iluminação
natural, quando bem utilizada, diminui a necessidade de luz artificial e instalação de
ar-condicionado, considerando que a luz artificial é convertida em calor. Na Figura 3,
podemos observar um exemplo de um projeto que permite a utilização de luz natural.

116
FONTE: <encurtador.com.br/eiALY>. Acesso em: 6 dez. 2021.

Entretanto, na utilização da luz natural nos projetos de edifícios, é necessário


que o espaço seja muito bem planejado, para garantir que não haja demasiada radiação
solar direta, provocando o aquecimento do ambiente. Outro ponto importante de
avaliação no momento do planejamento é de que a luz natural nem sempre estará
disponível para a utilização durante as atividades visuais, devido às questões climáticas
como chuva e nebulosidade.

A iluminação artificial é aquela produzida por fontes de energia não naturais.


A intensidade, qualidade e quantidade de luz podem ser monitoradas e adequadas
conforme a necessidade do usuário. A luz artificial pode ser utilizada de forma a
complementar a utilização de luz natural, garantindo o atendimento aos níveis de
luminosidade requeridos.

O uso da luz natural pode trazer uma relevante contribuição para a diminuição
do consumo de energia elétrica em edificações industriais, comerciais, institucionais
e residenciais. O melhor aproveitamento da luz natural pode reduzir sensivelmente o
dimensionamento e sobrecarga do sistema de iluminação durante o período do dia,
podendo ainda diminuir o dimensionamento dos sistemas de refrigeração artificial para
os meses quentes e a demanda nos horários de pico.

Em um sistema de iluminação natural corretamente projetado, que incorpore


conservação de energia como critério de projeto, a luz elétrica será desligada ou
diminuída sempre que uma quantidade suficiente de luz natural estiver presente para
fornecer iluminação de tarefa ou de fundo.

4 SISTEMAS PREDIAIS INTELIGENTES


Além de comodidades e segurança, o maior benefício dos sistemas prediais
inteligentes na atualidade é a economia que proporcionam em custos diretos e indiretos.
O principal deles? A economia de energia.

117
De forma simplificada, a automação residencial e predial é a integração dos
diversos sistemas existentes em um edifício, com o objetivo de tornar o uso desses
sistemas mais simples e eficientes.

INTERESSANTE
A automação residencial e predial também é conhecida como “domótica”,
termo que indica a integração dos mecanismos automáticos de um
espaço residencial. Esse conceito nasceu na década de 1980, na França,
quando surgiram os primeiros projetos residenciais com integração e
controle automático de iluminação, climatização e segurança.

Os sistemas da casa ou prédio utilizam tecnologias que possibilitam conexão


com a internet e/ou conexão bluetooth e sua integração com softwares de controle. Por
conta disso, usuários/moradores podem controlar e gerenciar tais sistemas por meio de
aplicativos móveis.

Em um “prédio inteligente”, os diferentes sistemas (eletricidade, iluminação


etc.) integram-se em uma mesma plataforma, que permite o gerenciamento remoto.
Portanto, por meio dos aplicativos de gerenciamento, os moradores/usuários podem ligar
e desligar os sistemas do ambiente de qualquer lugar – além de também conseguirem
programar ações como, por exemplo, apagar a luz a partir de determinado horário ou
agendar a ativação do ar-condicionado.

Dentre as ações possíveis com a automação residencial, destacam-se, por


exemplo:

• Monitoramento da iluminação com tomadas inteligentes.


• Gerenciamento do sistema de ar-condicionado.
• Automação de cortinas e persianas.
• Ambientação com um sistema personalizado de som, iluminação e temperatura.
• Controle de fechaduras eletrônicas.
• Sensores de vazamento de água.
• Sensores de fumaça.
• Controle de consumo de água e energia.
• Sensores de presença em portas e janelas.
• Câmeras inteligentes e integradas a outros objetos, como luzes ou campainha.
• Eletrodomésticos e dispositivos inteligentes, que são projetados para serem
integrados a sistemas de gerenciamento remoto, também fazem parte do cenário
de automação residencial e predial. É o caso, por exemplo, dos aspiradores-robôs e
dos assistentes de inteligência artificial – como Google Home e Alexa.

118
Dessa forma, é possível percebermos que a eficiência energética está
intimamente ligada à automação. O conceito de edifícios inteligentes ganha força
com o cenário de transformações pelo qual estamos passando, com o aumento da
preocupação sobre o uso racional de recursos.

Em um primeiro momento, é importante considerar o consumo real do ambiente.


A partir da medição, é possível adotar soluções que podem trazer ganhos, sem perda de
performance operacional através da implementação dos sistemas prediais inteligentes.

Os edifícios eficientes de energia tornaram-se uma tendência na arquitetura de


automação de edifícios. Com o aumento de tarifa e o consumo de energia, a eficiência de
sistemas de automação, incluindo sistemas de edifícios inteligentes, vem se tornando
um forte ramo de trabalho e necessidade, tendo um aumento de demanda em edifícios
residenciais.

5 IMPACTOS ENERGÉTICOS NO AMBIENTE CONSTRUÍDO


Vivemos em tempos de mudanças climáticas, poluição dos recursos naturais e
aquecimento global. Esses impactos estão diretamente relacionados ao uso da energia,
proveniente das suas mais variadas fontes, para o desenvolvimento econômico e
tecnológico da sociedade contemporânea. No caso de muitos materiais de construção,
a natureza da superfície controla a absorção, reflexão e emissão de radiação em ondas
curtas e longas, tendo papel decisivo nas trocas de calor de todo o ambiente construído.
Essas propriedades afetam não somente a eficiência energética de edifícios, mas
também o clima urbano

Dessa forma, o baixo desempenho ambiental das cidades contemporâneas e


sua contribuição à mudança climática global indicam a necessidade de se buscar novos
paradigmas para o desenvolvimento urbano.

Os impactos energéticos deveriam ser considerados de forma prioritária no


planejamento e desenvolvimento das cidades, de modo que atinjam os menores índices
possíveis de poluentes sendo liberados na atmosfera. Esses gases são os principais
responsáveis pelo agravamento do efeito e, consequentemente, do aquecimento global.
A elevação da temperatura média da Terra está diretamente relacionada com o aumento
de eventos climáticos extremos, como grandes secas, aumento das queimadas, chuvas
intensas, tempestades e o aumento do nível do mar.

Um exemplo de poluente associado ao uso da energia é o dióxido de carbono


(CO2). O dióxido de carbono é liberado nas fumaças lançadas por chaminés industriais,
escapamentos de veículos e plantas de geração de energia, sendo um dos gases
responsáveis pelo efeito estufa.

119
Na Figura 4, podemos observar uma ilustração que representa as emissões de
dióxido de carbono relacionadas à energia.

FONTE: <encurtador.com.br/ahrBV>. Acesso em: 6 dez. 2021.

As ilhas de calor são um fenômeno moderno, que geram aumento do desconforto


dos centros urbanos em situações de verão, além da elevação da carga térmica e do
consumo de energia dos edifícios. Uma alternativa para esse problema vem do uso de
materiais de baixa absortância, ditos materiais “frios”.

O conceito de “cool surfaces” ou “cool materials” está muito difundido no exterior.


Os materiais frios (aplicados em telhados, paredes ou pavimentos) são materiais que
podem refletir melhor a radiação solar, mesmo em cores consideradas “escuras” à região
do visível. A radiação solar que incide nas janelas também é um fator muito significativo
sobre o consumo de energia gerado pelas cargas de resfriamento e aquecimento.

Muitas pesquisas têm buscado compreender melhor os processos físicos


de transmissão de luz e calor através das janelas. Esses conhecimentos têm dado
suporte para algumas ações, como a criação de sistemas de certificação, onde índices
de desempenho energético dos produtos colocados no mercado são avaliados e
proporcionam um indicativo para sua melhor aplicação em relação à eficiência energética.

A Eficiência Energética é um pilar fundamental para o decréscimo do consumo


de energia na atividade humana e na construção de cidades mais sustentáveis. Alguns
aspectos que refletem em melhores condições de sustentabilidade são:

• Controle do uso de recursos e reciclagem.


• Integração/recuperação da paisagem natural na cidade.
• Aumento da eficiência energética de processos e componentes urbanos.
• Combate à pobreza e à falta de infraestrutura básica.
• Preservação da identidade cultural.
120
Todos esses itens devem ser observados através de uma perspectiva integrada,
onde a cidade aparece diversa em usos, mais eficiente e adaptada ao sítio local e,
portanto, muito mais complexa em termos de gestão e planejamento. Isso deve
requerer dos profissionais de planejamento e projeto o aumento de sua capacidade para
a abordagem interdisciplinar e a ampliação da visão dos problemas e potenciais de cada
cidade.

Portanto, acadêmico, no Tópico 1, vimos como os projetos de urbanismo e


arquitetura bioclimática permitem tornar as cidades mais inteligentes e eficientes,
utilizando, de forma mais sustentável, os recursos disponíveis, preocupando-se com os
impactos energéticos ocasionados nos ambientes construídos.

As questões relacionadas à eficiência energética no ambiente construído vão


além do âmbito técnico da infraestrutura. É necessário um olhar atento do reflexo
urbano no desenvolvimento sustentável de toda a sociedade.

121
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O urbanismo bioclimático visa um planejamento urbano alinhado a cada ambiente


físico, ambiental, paisagístico e socioeconômico inserido em um determinado
espaço geográfico.

• O planejamento urbano, para ser ambientalmente adequado, deve utilizar o vento,


a geomorfologia, a água e a vegetação como ponto de partida para a tomada de
decisões.

• A arquitetura bioclimática consiste em conceber edificações, baseando-se no clima


local, a fim de proporcionar conforto térmico aproveitando fontes ambientais, assim
como a integração estética ao ambiente circundante.

• A variável climática mais importante em relação à eficiência energética é a radiação


solar.

• A ventilação em um edifício tem a função de renovar o ar, refrescar o local e ajudar


a remover a umidade.

• O conforto térmico corresponde à sensação de bem-estar ambiental em relação


à temperatura, à umidade relativa e à movimentação do ar, à radiação solar e à
radiação infravermelha emitida pelo entorno.

• O conforto luminoso está relacionado à qualidade da luz, o que abrange a intensidade


luminosa, a reprodução de cor, a percepção de formas, os contornos e texturas e
a acuidade necessária para o desenvolvimento de cada tipo de tarefa visual com
a máxima capacidade de percepção e precisão, somados a reduzidos níveis de
esforço, de prejuízo à vista e de acidentes.

• Um bom projeto de iluminação deve englobar aspectos relacionados à adequação


de dimensionamento e forma das aberturas, para melhor aproveitamento do uso de
sistemas de iluminação natural.

• A iluminação natural, quando bem utilizada, diminui a necessidade de luz artificial


e instalação de ar-condicionado, considerando que a luz artificial é convertida em
calor.

• A automação residencial e predial é a integração dos diversos sistemas existentes


em um edifício, com o objetivo de tornar o uso desses sistemas mais simples e
eficiente.

122
• O baixo desempenho ambiental das cidades contemporâneas e sua contribuição à
mudança climática global indicam a necessidade de se buscar novos paradigmas
para o desenvolvimento urbano.

• A Eficiência Energética é um pilar fundamental para o decréscimo do consumo de


energia na atividade humana e na construção de cidades mais sustentáveis.

123
AUTOATIVIDADE
1 O urbanismo bioclimático visa um planejamento urbano alinhado a cada ambiente
físico, ambiental, paisagístico e socioeconômico inserido em um determinado espaço
geográfico. Sobre a aplicação do urbanismo bioclimático no planejamento das
cidades, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O planejamento urbano bioclimático refere-se ao processo de concepções, de


planos e de programas de gestão de políticas públicas, por meio de ações que
permitam maior harmonia entre intervenções no espaço urbano e o atendimento
às necessidades específicas da população, levando em consideração o vento, a
geomorfologia, a água e a vegetação como ponto de partida para a tomada de
decisões.
b) ( ) O planejamento urbano bioclimático refere-se ao processo de concepções, de
planos e de programas de gestão de políticas públicas, por meio de ações que
permitam maior harmonia entre intervenções no espaço urbano e o atendimento
às necessidades específicas da população, levando em consideração apenas os
aspectos econômicos como ponto de partida para a tomada de decisões.
c) ( ) O planejamento urbano bioclimático refere-se ao processo de concepções, de
planos e de programas de gestão de políticas públicas, por meio de ações que não
permitam intervenções no espaço urbano para o atendimento às necessidades
específicas da população, levando em consideração o vento, a geomorfologia, a
água e a vegetação como ponto de partida para a tomada de decisões.
d) ( ) O planejamento urbano bioclimático refere-se ao processo de gestão de
políticas públicas, por meio de leis que permitam as intervenções no espaço
rural para o atendimento às necessidades específicas da população, levando em
consideração o vento, a geomorfologia, a água e a vegetação como ponto de
partida para a tomada de decisões.

2 A arquitetura bioclimática consiste em conceber edificações a partir do clima local,


a fim de proporcionar conforto térmico aproveitando fontes ambientais, assim como
a integração estética ao ambiente circundante. Sobre a arquitetura bioclimática,
analise as sentenças a seguir:

I- Consiste no desenho dos edifícios, tendo em consideração as condições climáticas,


utilizando os recursos disponíveis na natureza (sol, vegetação, chuva, vento) para
minimizar os impactos ambientais e reduzir o consumo energético
II- A variável climática mais importante em relação a eficiência energética é a radiação
ultravioleta provocada pela poluição climática.
III- Em um edifício, a ventilação tem a função de renovar o ar, refrescar o local e ajudar
a remover a umidade.

124
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O conforto luminoso nos edifícios está relacionado aos estímulos à visão que são
incitados pela quantidade de luz, seja de forma natural ou artificial. De acordo com o
conteúdo estudado, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A iluminação natural, quando bem utilizada, diminui a necessidade de luz artificial


e instalação de ar-condicionado, considerando que a luz artificial é convertida em
calor.
( ) Para a utilização da luz natural nos projetos de edifícios, é necessário que o espaço
seja muito bem planejado, para garantir que não haja demasiada radiação solar
direta, provocando o aquecimento do ambiente.
( ) A luz artificial pode ser utilizada de forma a complementar à utilização de luz natural,
garantindo os níveis de luminosidade requeridos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O conforto luminoso está relacionado à qualidade da luz, o que abrange a intensidade


luminosa, a reprodução de cor, a percepção de formas, os contornos e texturas e
a luminosidade necessária para o desenvolvimento de cada tipo de atividade a ser
desenvolvida pelo homem no seu cotidiano. Diante desse contexto, quais aspectos
um bom projeto de iluminação deve englobar?

5 O baixo desempenho ambiental das cidades e sua contribuição à mudança climática


global indicam a necessidade de se buscar novos paradigmas para o desenvolvimento
urbano sustentável. Nesse contexto, cite quais os principais aspectos que refletem em
melhores condições de sustentabilidade nas cidades planejadas.

125
126
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA OS SETORES
DA INDÚSTRIA E TRANSPORTES

1 INTRODUÇÃO
Ao analisarmos o consumo de energia por finalidade, podemos constatar que os
setores da indústria e transportes são os grandes consumidores de energia no Brasil.
Nesse tópico, abordaremos a utilização de energia nos setores da indústria e transportes,
enfocando a intensidade de uso no consumo final e as possibilidades de ganhos de
eficiência na sua utilização, assim como a oferta de energia elétrica e combustíveis de
forma compatível e adequada.

A indústria consome energia elétrica, mas também requer uma grande


quantidade de combustível em suas atividades. Esse uso compreende o consumo
elétrico em equipamentos, tais como, bombas, ventiladores e compressores, em diversas
aplicações industriais, como processamento de fluidos e gases, refrigeração e outras.

O setor de transportes consome basicamente combustíveis derivados de


petróleo para o transporte de passageiros e transporte de cargas. Em um país de
dimensões continentais como o Brasil, e com concentração de pessoas em grandes
centros urbanos, a malha rodoviária é a grande responsável pelo uso de energia
proveniente dos combustíveis.

Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os aspectos relacionados à eficiência


energética no setor industrial, com ênfase nos programas para a eficiência energética
na indústria brasileira e as linhas de ações propostas. Também veremos alguns pontos
sobre a eficiência energética no saneamento e o programa PROCEL Sanear. Por fim,
estudaremos a eficiência energética para o setor de transportes.

2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SETOR INDUSTRIAL


O setor de energia desempenha papel fundamental para o crescimento
econômico do país e para a qualidade de vida da população. No entanto, atender a
demanda energética no século XXI exige mais do que apenas aumentar a produção; é
preciso investir em novas fontes de energia limpa e em processos mais eficientes de
transformação, transporte, armazenamento e distribuição de energia.

127
De forma geral, a energia é um fator de custos e não de resultados para a
indústria no geral. Porém, a energia representa uma parcela significativa no custo final
da maioria dos produtos produzidos. A Figura 5 representa o setor industrial em relação
ao consumo de energia.

FIGURA 5 – SETOR INDUSTRIAL E O CONSUMO DE ENERGIA

FONTE: <encurtador.com.br/pAFK2>. Acesso em: 20 dez. 2021.

Se considerarmos que tanto o consumo específico na produção quanto o custo


da energia em si são fatores de competitividade, ou seja, dentro de parâmetros de
economicidade, a indústria brasileira deveria trabalhar em níveis de eficiência energética
comparáveis aos internacionais, pois ela também compete nesse mercado.

Para o país manter elevado o grau de competitividade de sua economia, a


eficiência energética deve ser estimulada e incentivada de forma mais incisiva. Nesse
contexto, a tecnologia tem um papel fundamental, uma vez que ela compõe um dos
fatores de competição sem estar livremente disponível.

Para o desenvolvimento de novas tecnologias que consumam menos energia, é


necessário investimentos e recursos para o setor. Porém, de certa forma, o investimento
na melhoria da eficiência energética concorre com investimento na produção, que traz
receitas adicionais às indústrias em curto prazo e expansão do seu mercado de atuação.
Dessa forma, a eficiência energética fica em segundo plano dentro das indústrias.

Outro ponto importante é que, em nosso país, as ações de promoção não foram
pautadas por um planejamento de longo prazo bem estruturado, mas ocorreram de
forma reativa, em resposta a episódios específicos de dificuldade no atendimento da
demanda por energia.

A legislação de eficiência energética no Brasil é decorrente dos choques


internacionais do petróleo na década de 1970, da crise da dívida externa na década de
1980 e, mais recentemente, foi impulsionada pelo racionamento de energia elétrica em
2001.
128
Destaca-se ainda que, os recursos públicos destinados à eficiência energética
em sua maioria são destinados ao setor residencial, público e comercial. A participação
do setor industrial nos programas e financiamentos é muito pequena. Em contraste,
a indústria é o maior consumidor de energia, com 33% do consumo total do país e
cerca de 80% das firmas industriais utilizando a energia elétrica como principal fonte
de energia. Por fim, na perspectiva do setor industrial, uma melhor alocação de capital
gera maiores ganhos produtivos de melhorias na eficiência energética. Dessa forma,
para que a agenda de eficiência energética, que tem benefícios sociais mais amplos
que os benefícios privados, seja efetiva, é necessário um trabalho de convencimento e
estímulo ao setor.

A eficiência energética e a eficiência produtiva na indústria brasileira estão


relacionadas, ou seja, os desafios de promoção da eficiência energética estão alinhados
a questões mais amplas sobre a produtividade do setor. Dessa forma, políticas e ações
de eficiência para o uso da eletricidade pela indústria brasileira possuem um grande
potencial para estimular o crescimento econômico, trazer ganhos ambientais e melhorar
as condições de competitividade das indústrias. A Figura 6 representa a eficiência
energética como a chave para o aumento de produtividade na indústria brasileira.

FIGURA 6 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

FONTE: <encurtador.com.br/uHLUW>. Acesso em: 20 dez. 2021.

No entanto, algumas ações têm sido empreendidas para a promoção da


eficiência energética na indústria. A seguir, veremos os principais objetivos de cada
programa voltado a eficiência energética para a indústria no Brasil.

129
2.1 PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A
INDÚSTRIA NO BRASIL
O investimento em eficiência energética tem o potencial de trazer diversos
benefícios para a indústria, que vão desde o aumento da vida útil dos equipamentos e
redução dos custos operacionais até o aumento da produtividade e a possibilidade de
isenções fiscais. Nesse sentido, existe uma série de iniciativas de incentivo à eficiência
energética no Brasil, dentre os quais podemos destacar:

• Programa PROCEL Indústria (Programa Nacional de Conservação de Energia


Elétrica).
• Programa PROESCO (Apoio a Projetos de Eficiência Energética), com linha de
financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
• Programas de Eficiência Energética (PEE), conduzidos pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL).
• CONPET (Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e
do Gás Natural), conduzido pela Petrobras.

A mais conhecida delas talvez seja o Programa Nacional de Conservação de


Energia Elétrica, o PROCEL, gerenciado pela Eletrobrás, o programa tem intuito de
difundir o consumo de equipamentos elétricos eficientes e promover auditorias e
capacitação em diferentes níveis. Foi a partir desse contexto que, em uma parceria com
o Inmetro, surgiu o Selo PROCEL.

O programa PROCEL Indústria teve como fator motivador a constatação de


que Força Motriz consiste no principal uso para energia elétrica no setor. Dentro desse
cenário, foi concebido o Projeto de Otimização Energética de Sistemas Motrizes, atuando
basicamente em duas vertentes:

• Promover ações para aumentar a utilização de motores de alto rendimento pelo


mercado.
• Minimizar as perdas nos sistemas motrizes já instalados, promovendo ações junto
às indústrias, de forma a capacitar suas equipes técnicas na otimização desses
sistemas.

O segundo programa refere-se à linha de crédito do PROESCO. O BNDES


financia, diretamente, ou por meio de seus agentes, até 80% do valor de projetos de
eficiência energética, incluindo estudos, projetos executivos, obras, instalações, a
compra de máquinas e equipamentos novos, nacionais e importados, serviços técnicos
especializados e sistemas de informação, monitoramento e controle. O programa pode
chegar a financiar até 100% do valor do projeto, se for aplicado em municípios de baixa
renda, localizados nas regiões Norte e Nordeste.

130
Outra medida importante foi a criação do Programa de Eficiência Energética
(PEE) pela ANEEL. A iniciativa estabelece uma fração da receita operacional das
empresas de distribuição, que deve ser destinada a projetos da agência que promovam
a eficiência energética. O objetivo é promover o uso eficiente da energia e demonstrar
a importância e a viabilidade econômica na adoção de equipamentos e processos mais
econômicos.

O PEE, por sua vez, recebe recursos pela destinação de 0,5% da Receita
Operacional Líquida (ROL) das concessionárias de eletricidade, que devem ser aplicados
em projetos, conforme orientações da ANEEL, sendo 60% desse valor, ou 0,30% da ROL,
direcionados, obrigatoriamente, aos consumidores de baixo poder aquisitivo atendidos
pela Tarifa Social.

E, por fim, tem-se o CONPET, que tem tido uma atuação mais discreta no setor
industrial, por haver priorizado o setor de transportes, principal consumidor de combustíveis.
Uma de suas ações, tomada em conjunto com o PROCEL e a CNI (Confederação Nacional
da Indústria), é o Prêmio de Conservação de Energia na Indústria, que premia as melhores
medidas empreendidas pelas empresas no ano.

IMPORTANTE
Os incentivos também podem se dar na esfera estadual e até mesmo
em nível municipal.

3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO SANEAMENTO


O setor de saneamento representa um agente importante no consumo de
energia elétrica em uma cidade. É importante frisar que todos os municípios brasileiros
são titulares dos serviços de saneamento, atuando diretamente na operação ou por
concessão.

Tamanha a importância do setor no consumo de energia, o Plano Nacional


de Eficiência Energética (PNEf) estabeleceu alguns requisitos energéticos, técnicos,
econômicos e operacionais para subsidiar no que diz respeito às ações no setor
saneamento. O documento aponta a grande relevância dos sistemas de bombeamento,
como utilizadores de energia no saneamento, principalmente aqueles de grande
capacidade.

131
IMPORTANTE
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento,
as despesas com energia elétrica das operadoras do setor constituem,
para a maioria, a segunda despesa da pauta de custos operacionais.

As estações de tratamento de esgoto são unidades por onde o esgoto


doméstico, após sair das residências pela rede coletora, através de um longo sistema
de tubos subterrâneos, é levado para ser tratado, podendo, assim, ser devolvido ao
meio-ambiente e lançado nos corpos hídricos sem riscos à saúde humana. Na Figura 7,
podemos observar um exemplo de estação de tratamento de esgoto.

FIGURA 7 – ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO

Os sistemas de abastecimento de água, de forma geral, possuem um grande


potencial de economia de energia elétrica, tendo em vista algumas experiências:

• Grandes perdas de água por vazamentos nas redes e ramais prediais.


• Dimensionamento inadequado dos equipamentos elétricos e eletromecânicos, que
operam fora do ponto de rendimento ideal.
• Má utilização da capacidade de reserva, impedindo a racionalização do despacho
das unidades e, em consequência, a redução da demanda no horário da ponta.
• Precariedade do controle operacional, expressa na ausência de equipamentos para
medição de parâmetros elétricos e hidráulicos, telemetria e sistemas supervisórios,
especialmente nos sistemas distribuidores.
• Deficiências de setorização dos sistemas e falta de controle de pressão adequados.
• Deficiências no controle de vazamentos.
• Deficiências na gestão da infraestrutura.

132
• Escassez de mão de obra qualificada.
• Prevalência da manutenção corretiva em detrimento da preditiva e preventiva.

Entretanto, o principal potencial de economia de energia reside nos processos,


fundamentalmente nas perdas de água, por se tratar de um processo hidráulico. Diante
desse fator, criou-se o PROCEL Sanear, tendo o objetivo de criar projetos que visem a
eficiência energética no setor de saneamento.

3.1 PROGRAMA PROCEL SANEAR


Em 2003, a ELETROBRAS/PROCEL instituiu o PROCEL SANEAR (Programa de
Eficiência Energética em Saneamento Ambiental), que atua de forma conjunta com
o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) e o Programa de
Modernização do Setor de Saneamento (PMSS), ambos coordenados pela Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), vinculada ao Ministério das Cidades.

O Programa de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental visa promover


a eficiência energética no setor de saneamento ambiental, bem como o gerenciamento
do uso da água e a diminuição de seu desperdício.

O PROCEL vem atuando no setor de saneamento desde 1996, porém seu foco
estava restrito ao uso eficiente de energia elétrica, nos conjuntos motobombas dos
sistemas de saneamento. Com a criação do PROCEL SANEAR, esse enfoque foi ampliado
e, atualmente, abrange também ações quanto à conservação da água, visando integrar
os dois temas, além do desenvolvimento e a operacionalização de projetos e políticas
governamentais articuladas.

O PROCEL SANEAR tem como principais objetivos:

• Promover ações que visem ao uso eficiente de energia elétrica e água em sistemas
de saneamento ambiental, incluindo os consumidores finais.
• Incentivar o uso eficiente dos recursos hídricos, como estratégia de prevenção à
escassez de água destinada à geração hidroelétrica.
• Contribuir para a universalização dos serviços de saneamento ambiental, com
menores custos para a sociedade.

Para isso, o PROCEL SANEAR atua por meio de parcerias estratégicas, visando
ao desenvolvimento de projetos que promovam a eficiência energética e o combate ao
desperdício de água e energia elétrica no setor de saneamento, bem como a integração
institucional com a academia, agentes governamentais, associações de classe,
entidades públicas e privadas, de modo a minimizar fatores críticos à transformação do
mercado da eficiência energética no Brasil.

133
4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA O SETOR DE
TRANSPORTES
Os serviços de transporte têm um papel estratégico na economia brasileira,
com as empresas atuando em território nacional e integradas às cadeias de produção
e distribuição de bens, em especial no escoamento da produção agrícola, mineral e
industrial para o mercado externo e na movimentação de mercadorias para consumo
intermediário e final das empresas e das famílias internamente.

A Figura 8 representa a principal forma de consumo final da energia no setor de


transportes, os automóveis.

FIGURA 8 – SETOR DE TRANSPORTES E O CONSUMO DE ENERGIA

FONTE: <encurtador.com.br/hkDK8>. Acesso em: 20 dez. 2021.

O setor de transportes é o segundo maior consumidor de energia do Brasil,


respondendo por aproximadamente 30% de todo o consumo final. Estima-se que 80%
da energia utilizada nos transportes é de origem não renovável, concentrando-se
basicamente em derivados de petróleo. No mundo, em 2016, o setor de transportes foi
responsável por 28% do total do consumo final de energia global, segundo a Agência
Internacional de Energia (IEA).

Basicamente, o setor pode ser dividido em transporte de passageiros e


transporte de cargas. Esses usuários finais têm demandas específicas e os gargalos
no atendimento dessas demandas afetam não apenas a qualidade e custo do serviço
ofertado, como também são fatores decisivos na questão de eficiência energética.

É amplamente reconhecido por especialistas da área de energia que o setor de


transportes é um dos setores de mais difícil implementação de medidas de eficiência
energética, especialmente em virtude do elevado número de máquinas e equipamentos
consumidores.

134
Por exemplo, as dificuldades enfrentadas no transporte rodoviário,
frequentemente saturado para os níveis de serviços ofertados, e no transporte aéreo,
que apresenta problemas de infraestrutura para atender a uma demanda com taxas de
crescimento muito elevadas, requerem grandes investimentos para serem solucionadas.

Porém, nas últimas décadas, um outro grande problema relacionado ao setor


de transporte vem ganhando destaque no Brasil e no mundo. As mudanças do clima
emergiram como o principal pilar das políticas para o setor de energia, tendo o objetivo
de acelerar a transição para a sustentabilidade energética, sem, entretanto, excluir das
agendas dos governos preocupações mais tradicionais, tais como segurança energética
e competitividade dos mercados.

A eficientização do uso da energia, especialmente no que tange ao setor de


transportes, é um problema que vem sendo discutido há alguns anos. Como solução,
está à adoção de medidas em diversas esferas de ação:

• Substituição de modais transportes.


• Redução do consumo específico de veículos leves e pesados.
• Encorajamento da aquisição de veículos mais limpos.
• Incentivo a mudanças nos hábitos dos motoristas, entre outros.
• A redução da demanda pelos serviços de transportes.

Essas ações, quando implementadas, têm por objetivo encorajar a aquisição de


veículos mais eficientes do ponto de vista do consumo de energia, além de promover
mudanças no comportamento dos motoristas.

Portanto, acadêmico, neste tópico, vimos que os setores de saneamento,


transportes e indústria possuem um papel importante no uso da energia no Brasil. Os
programas voltados à eficiência energética nesses setores são chave fundamental para
um uso mais sustentável dos recursos energéticos.

No entanto, os programas não vêm suprindo as demandas na intensidade


desejada, e ações mais efetivas se fazem necessárias para, de fato, termos a eficiência
energética como um instrumento visível dentro dos setores da economia.

135
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A energia representa uma parcela significativa no custo final da maioria dos produtos
produzidos.

• Para o Brasil manter um elevado o grau de competitividade de sua economia, a


eficiência energética deve ser estimulada e incentivada de forma mais incisiva.

• Os principais programas para a eficiência energética para a indústria no Brasil são:


o programa PROCEL Indústria (Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica); o programa PROESCO (Apoio a Projetos de Eficiência Energética), com
linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES); os programas de Eficiência Energética (PEE), conduzidos pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); e o CONPET (Programa Nacional de
Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural), conduzido pela
Petrobras.

• O setor de saneamento representa um agente importante no consumo de energia


elétrica em uma cidade.

• Os sistemas de abastecimento de água possuem um grande potencial de economia


de energia elétrica através da redução nas perdas de água, por se tratar de um
processo hidráulico.

• O PROCEL SANEAR é o Programa de Eficiência Energética no Saneamento


Ambiental, que tem por finalidade promover a eficiência energética no setor de
saneamento ambiental, bem como o gerenciamento do uso da água e a diminuição
de seu desperdício.

• O setor de transportes é o segundo maior consumidor de energia do Brasil,


respondendo por aproximadamente 30% de todo o consumo final.

• O setor de transportes é de difícil implementação de medidas de eficiência energética,


especialmente em virtude do elevado número de máquinas e equipamentos
consumidores.

• As ações de eficiência energética no setor de transportes têm por objetivo encorajar


a aquisição de veículos mais eficientes do ponto de vista do consumo de energia,
além de promover mudanças no comportamento dos motoristas.

136
AUTOATIVIDADE
1 O setor de saneamento representa um agente importante no consumo de energia
elétrica em uma cidade e, por esse motivo, em 2003, a ELETROBRAS/PROCEL instituiu
o PROCEL SANEAR (Programa de Eficiência Energética em Saneamento Ambiental).
Sobre esse programa, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O PROCEL SANEAR é o Programa de Eficiência Energética no Saneamento


Ambiental, que tem por finalidade somente reduzir as perdas de água no processo
hidráulico das estações de tratamento de esgoto.
b) ( ) O PROCEL SANEAR é o Programa de Eficiência Energética no Saneamento
Ambiental, que tem seu foco restrito ao uso eficiente de energia elétrica nos
conjuntos motobombas dos sistemas de saneamento.
c) ( ) O PROCEL SANEAR é o Programa de Eficiência Energética no Saneamento
Ambiental, que tem por finalidade promover a eficiência energética no setor
de saneamento ambiental, bem como o gerenciamento do uso da água e a
diminuição de seu desperdício.
d) ( ) O PROCEL SANEAR é o Programa de Eficiência Energética no Saneamento
Ambiental, que tem por finalidade promover a eficiência energética no setor de
saneamento ambiental privado, não podendo ser utilizado pelas prestadoras de
serviço de saneamento estatais.

2 As ações de eficiência energética no setor de transportes têm por objetivo encorajar a


aquisição de veículos mais eficientes do ponto de vista do consumo de energia, além
de promover mudanças no comportamento dos motoristas. Com base no conteúdo
estudado sobre o consumo de energia no setor de transportes, analise as sentenças
a seguir:

I- O setor de transportes é o maior consumidor de energia do Brasil, respondendo por


aproximadamente 30% de todo o consumo final.
II- O setor de transportes pode ser dividido em transporte de passageiros e transporte
de cargas.
III- Estima-se que 80% da energia utilizada nos transportes é de origem não renovável,
concentrando-se basicamente em derivados da cana-de-açúcar.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

137
3 De forma geral, a energia é um fator de custos e não de resultados para a indústria,
uma vez que a energia representa uma parcela significativa no custo final da maioria
dos produtos comercializados atualmente. De acordo com os conceitos referentes
à eficiência energética na indústria, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Para o Brasil manter elevado o grau de competitividade de sua economia, a eficiência


energética deve ser estimulada e incentivada de forma mais incisiva dentro das
indústrias.
( ) Para o investimento em novas tecnologias que consumam menos energia, é
necessário o avanço de tecnologias mais baratas e acessíveis.
( ) Para a melhoria da eficiência energética na indústria, é necessário comprovar que
acarretará receitas adicionais às indústrias em curto prazo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Para o Brasil manter um elevado o grau de competitividade de sua economia, a


eficiência energética deve ser estimulada e incentivada de forma mais incisiva através
da adoção de políticas governamentais voltadas à redução do consumo de energia
no setor industrial. Diante desse contexto, quais os principais programa voltados para
a eficiência energética para a indústria no Brasil?

5 O setor de transportes é de difícil implementação de medidas de eficiência energética,


especialmente em virtude do elevado número de máquinas e equipamentos
consumidores. Nesse contexto, cite quais medidas podem ser adotadas para aumentar a
eficiência energética no setor de transportes.

138
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
PERSPECTIVAS, DESAFIOS E FUTURO DA
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1 INTRODUÇÃO
As perspectivas da expansão da demanda de energia, associadas à crise
energética e aos impactos climáticos, intensificaram os desafios energéticos e tornaram
a eficiência energética uma questão prioritária na gestão de políticas públicas e na
tomada de decisões em todos os setores sociais e econômicos.

Assim, diante dos tópicos que serão apresentados neste tópico, será possível
ter uma ideia geral de como a eficiência energética tem sido tratada no contexto atual
e compreender quais os melhoramentos necessários para a condução do assunto,
principalmente no que diz respeito ao ajuste no foco das iniciativas para a questão
do consumo, nas pesquisas científicas, na conscientização da população e no uso de
energias renováveis.

Portanto, acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as perspectivas, desafios e


tendências da eficiência energética no Brasil e no mundo. Também abordaremos o
papel dos profissionais e sua importância na educação e conscientização da população
em relação à eficiência energética. Por fim, trataremos sobre a área de pesquisa e
desenvolvimento no setor de energia brasileiro.

Sabemos que, seja no início da graduação ou ao final dela, a entrada no


mercado de trabalho é sempre um momento importante na vida de todo profissional.
Vivemos um mundo cada vez mais complexo, que requer profissionais mais preparados
e que mantenham a ética como referencial do seu desempenho. Portanto, acadêmico,
absorva os conteúdos com atenção e aprofunde seus estudos realizando pesquisas
complementares.

2 O PAPEL DOS PROFISSIONAIS


A eficiência energética é a realização do trabalho utilizando a menor quantidade
de energia possível, ou seja, produzir a mesma coisa e gastar a menor quantidade de
energia possível. Dessa forma, um dos assuntos que mais vêm sendo discutidos na
sociedade é a importância em se buscar um aumento da eficiência energética nos
serviços. Isso acontece pois, além de trazer benefícios do ponto de vista financeiro,
também é muito importante para preservação ambiental.

139
As profissões tecnológicas têm um importante papel a desempenhar na busca de
uma maior eficiência energética, pois só com o pleno uso do conhecimento tecnológico
encontraremos as alternativas de geração e consumo sustentáveis e justas.

Nossa responsabilidade enquanto profissionais advém, também, do impacto


ambiental que nossas ações causam. Impacto que pode ser reduzido no uso dos recursos
e no reaproveitamento dos resíduos, no controle do desperdício e no direcionamento
produtivo. Na Figura 9, podemos observar os profissionais atuando em prol da eficiência
energética.

FONTE: <encurtador.com.br/qr029>. Acesso em: 20 dez. 2021.

IMPORTANTE
O setor necessita de profissionais cada vez mais qualificados. A busca
por especializações e certificações é um dos grandes diferenciais
valorizados por grande parte dos contratantes.

Para ser um profissional completo no mercado de trabalho de hoje, apenas


dominar a técnica não é o suficiente. Ter inteligência de mercado e, principalmente,
saber analisar decisões baseadas no contexto de sociedade é fundamental na tomada
de decisão acertada.

O objetivo é que o profissional que atua na área de eficiência energética seja


capaz de diagnosticar o desempenho do uso de energia e, a partir disso, elaborar e
implementar projetos para tornar o uso do recurso mais eficiente, levando em conta,
entre outros pontos, a viabilidade técnica e econômica.

140
Nesse sentido, é importante que o profissional também se aprofunde em temas
menos técnicos e mais humanos, como a universalização da energia, redução de
emissões e soluções renováveis e acessíveis.

Hoje, a profissão tem cada vez mais visibilidade, porque está diretamente ligada
à redução de gases do efeito estufa. Nosso objetivo é deixar a produção mais consciente
e sustentável. Quanto menos se consome, emitindo menos gases, menos recursos são
gastos e menos se afeta a natureza.

2.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA EDUCAÇÃO


Quando nos referimos à eficiência energética, de imediato pensamos em
investimentos na troca de motores elétricos, na substituição de lâmpadas ineficientes
ou no uso contido do chuveiro durante o banho. No entanto, o que pode parecer ser
uma simples atitude à primeira vista, revela-se em uma desafiadora mudança de
comportamento individual e coletivo, compreendendo que a energia é um recurso finito.
Para provocar essa mudança de mentalidade, a educação tem papel fundamental na
formação de cidadãos comprometidos com uma sociedade sustentável para as futuras
gerações.

Na educação básica, ocorre a disseminação de saberes que são absorvidos por


crianças e jovens em plena formação de caráter. Sendo assim, além de educarmos,
precisamos dedicar esforços e recursos na formação dos professores e investir
no desenvolvimento de ferramentas e ações que qualifiquem os trabalhos desses
educadores, estimulando as ações socioambientais no ensino das crianças.

No modelo de educação multidisciplinar em que estamos inseridos, o combate


do desperdício e o estímulo consumo da energia não pode estar apenas atrelado ao
ensino de ciências. É preciso que o tema seja transmitido de forma didática, atrativa
e lúdica para os educandos em todas as esferas de sua vida. É o aprender fazendo,
observando e interagindo.

No olhar da educação, a eficiência energética ganha aplicação quando os


alunos compreendem que são as suas atitudes cotidianas que impactam diretamente
no consumo da energia e, consequentemente, no uso dos recursos naturais. Ao ensinar
as crianças e jovens a usar energia de forma consciente, difundimos indiretamente esse
conhecimento também aos seus pais e familiares, que serão influenciados pelos novos
hábitos da juventude.

O sucesso de uma iniciativa educacional pode ser alcançado pela combinação


entre a capacitação de educadores, que multiplicarão conceitos e valores sobre o
tema, e a possibilidade de testar o aprendizado na prática, por meio de equipamentos
e estruturas que ilustram, de maneira lúdica e divertida, o que foi tratado nas salas de
aula.
141
INTERESSANTE
Acadêmico, conheça este exemplo interessante de inserção dos
conceitos de eficiência energética e energia renovável, que
foram aplicados na educação em uma cidade do Estado de
Minas Gerais.

ESCOLA PÚBLICA USA ENERGIA SOLAR PARA ECONOMIZAR NA


CONTA E INSTRUIR ALUNOS

As placas solares no telhado da Escola Municipal Professor Milton de


Magalhães Porto, em Uberlândia, Minas Gerais, trouxeram benefícios que
vão além dos mais de 70% de economia na conta de luz. Os professores
estão aproveitando a energia solar como instrumento de ensino em
diversas disciplinas.

Na aula de matemática, por exemplo, os gráficos de consumo de


energia na conta de luz são usados para ensinar subtração às crianças.
Já na aula de geografia, os alunos aprendem que o sucesso das placas
na escola está relacionado com a grande incidência de sol na região.
A figura a seguir mostra os alunos da escola com uma placa utilizada para a captação da
energia solar.

FIGURA – ENERGIA SOLAR NO ENSINO BÁSICO

FONTE: <encurtador.com.br/mpqO7>. Acesso em: 21 jan. 2022.

FONTE: <encurtador.com.br/iosxN>. Acesso em: 21 jan. 2022.

Para atuar na educação básica, o PROCEL aborda a educação para a eficiência


energética, envolvendo os elementos energia, meio ambiente e sustentabilidade, numa
interlocução com a educação ambiental, cidadania e ética. Assim, foram desenvolvidos
materiais didáticos, que abordam o tema energia de forma transversal, como é sugerido
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC, em disciplinas como história, física,
português e geografia.

142
3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NA EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA
Acadêmico, é de conhecimento geral que a eficiência energética significa
consumir menos energia para o mesmo nível de produção ou aumentar o nível de
produção tendo o mesmo consumo de energia. O governo brasileiro trabalha com esse
entendimento desde 1984, quando motivado pela crise do petróleo, criou o programa
de etiquetagem e, em seguida, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(PROCEL).

No setor elétrico, a atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é objeto de


uma série de leis específicas e é regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL). Dessa forma, compete à ANEEL regulamentar os investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) e Eficiência Energética (EE) no Brasil, seja incentivando a busca
constante por inovações necessárias para enfrentar os desafios do setor de energia
elétrica, seja promovendo o uso eficiente e racional da energia elétrica, associado às
ações de combate ao desperdício. Na Figura 10, podemos observar um laboratório
destinado à pesquisa e desenvolvimento.

FIGURA 10 – PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

FONTE: <encurtador.com.br/luvIQ>. Acesso em: 13 dez. 2021.

A Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, estabelece as diretrizes básicas do


Programa Nacional para o setor. A legislação instituiu um percentual mínimo de
investimento que empresas de energia elétrica devem fazer anualmente.

O objetivo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da ANEEL


é promover e viabilizar a pesquisa, desenvolvimento e inovação, incentivando a
associação de empresas em torno de iniciativas que disponham de escala apropriada
para desenvolver conhecimento e transformar boas ideias, experimentos laboratoriais

143
bem sucedidos e qualidade de modelos matemáticos em resultados práticos que
melhorem o desempenho das organizações e vida das pessoas, com base em diretrizes
e no contínuo levantamento de oportunidades e lacunas tecnológicas.

Busca-se promover a cultura da inovação, estimulando a pesquisa e


desenvolvimento no setor elétrico brasileiro, criando equipamentos e aprimorando a
prestação de serviços que contribuam para a segurança do fornecimento de energia
elétrica, a modicidade tarifária, a diminuição do impacto ambiental do setor e da
dependência tecnológica do país.

Em conformidade com a Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, as concessionárias


de serviços públicos de distribuição, transmissão ou geração de energia elétrica, as
permissionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica e as autorizadas
à produção independente de energia elétrica, excluindo-se aquelas que geram energia
exclusivamente a partir de instalações eólica, solar, biomassa, cogeração qualificada e
pequenas centrais hidrelétricas, devem aplicar, anualmente, um percentual mínimo de
sua receita operacional líquida (ROL) em projetos de P&D e em eficiência energética,
segundo regulamentos estabelecidos pela ANEEL.

Para as concessionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica,


os percentuais mínimos vigentes para aplicação em P&D são aplicados da seguinte
maneira:

• 40% dos recursos devem ser recolhidos ao Fundo Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico.
• 40% dos recursos devem ser destinados à execução de projetos de P&D regulados
pela ANEEL.
• 20% dos recursos devem ser recolhidos ao Ministério de Minas e Energia.

A mesma lei estabelece que é preciso destinar, no mínimo, 30% desses


investimentos para projetos desenvolvidos por instituições de pesquisa sediadas
nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, incluindo as respectivas áreas das
Superintendências Regionais.

Os resultados dos projetos de P&D e os recursos realizados são avaliados e


fiscalizados pela ANEEL.

4 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DO SETOR DE ENERGIA


BRASILEIRO
O Brasil caminha na direção contrária à de outras nações que vêm adotando
políticas consistentes de estímulo à eficiência energética. O Gráfico 1 apresenta o efeito
da eficiência energética sobre as variações no consumo de energia. Como é possível

144
notar, o Brasil está defasado em comparação com outros países, mostrando uma piora
no período 2008-16 em relação a 2000-08.

GRÁFICO 1 – EFEITO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM DETERMINADOS PAÍSES

FONTE: Adaptada de IEA (2017, p. 22)

Uma das razões para esse resultado é que, em nosso país, as ações de
promoção não foram pautadas por um planejamento de longo prazo bem estruturado,
mas ocorreram de forma reativa, em resposta a episódios específicos de dificuldade no
atendimento da demanda por energia.

A legislação no Brasil é decorrente dos choques internacionais do petróleo na


década de 1970, da crise da dívida externa na década de 1980 e, mais recentemente, foi
impulsionada pelo racionamento de energia elétrica em 2001.

A análise do cenário energético brasileiro mostra que as políticas e ações para


promover a eficiência energética no Brasil se concentram, principalmente, no consumo
residencial. No entanto, a indústria é a maior consumidora de energia do país e a energia
elétrica sua principal fonte.

Nesse sentido, as políticas e ações de eficiência para o uso da eletricidade


pela indústria possuem um grande potencial para estimular o crescimento econômico,
trazer ganhos ambientais e melhorar as condições de competitividade das indústrias
brasileiras.

Distorções como falta de informação, fricções de mercado e barreiras


institucionais parecem impedir, portanto, que haja um avanço efetivo quanto ao
uso racional de eletricidade pela indústria brasileira. Para entender o papel de cada
determinante, precisamos de esforços adicionais de pesquisa.

145
São necessários estudos mais detalhados de cada setor e de uma avaliação das
políticas públicas já implementadas, para entender se estas tiveram efeito no combate
a algumas dessas falhas.

Apesar de o Brasil ainda ter muitos obstáculos a superar, alguns avanços


veem ocorrendo nos últimos anos. Sabemos que a saída para a crise energética passa
também por investimentos em fontes de energia renovável capazes de trazer uma maior
diversificação para a matriz energética brasileira.

Segundo o documento Balanço Energético Nacional 2020, elaborado pela EPE,


o Brasil fechou 2019 com 83% de participação de fontes renováveis em sua matriz
elétrica, além de recuo na geração de energia por meio de derivados de petróleo. E
embora a principal fonte utilizada no país seja a hídrica, houve um incremento na
geração eólica, por biomassa e fotovoltaica.

Nesse último ponto, aliás, o Brasil apresenta forte crescimento. Somente entre
2018 e 2019, a geração de energia solar fotovoltaica cresceu mais de 92%, gerando
impactos positivos para todo o país: pela primeira vez, aparecemos entre as dez nações
que mais geraram emprego no setor de energia solar em 2019.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), foram gerados


mais de 43 mil postos de trabalho. A energia solar também está diretamente ligada a um
movimento rumo a uma maior abertura do mercado energético brasileiro, seja por meio
do aumento da concorrência na geração e distribuição de energia quanto da geração
distribuída.

Desde 2012, a ANEEL permite que o consumidor gere sua própria energia
elétrica a partir de fontes renováveis, e troque o excedente com a concessionária local.
Na Figura 11, podemos observar a instalação de placas de energia solar.

FIGURA 11 – ENERGIA SOLAR

FONTE: <encurtador.com.br/grFMP>. Acesso em: 26 dez. 2021.

146
Todos esses movimentos levam o Brasil rumo à transição energética, que propôs
a substituição de um modelo dependente de combustíveis fósseis para a geração de
energia por um sistema focado em fontes renováveis, área que o país tem potencial
para se tornar referência mundial.

5 SUSTENTABILIDADE E ENERGIA
A sustentabilidade é o suprimento das necessidades presentes sem afetar
o sustento das gerações futuras. Em outras palavras, refere-se à preservação dos
recursos ambientais. Sendo assim, quando economizamos energia ajudamos o nosso
planeta a conservar o meio ambiente ou manter-se sustentável. O consumo racional de
energia é um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável do Brasil nos próximos
anos, conforme apresentado na Figura 12.

FIGURA 12 – SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA

FONTE: <encurtador.com.br/ayJV2>. Acesso em: 26 dez. 2021.

Para alcançar um futuro desejável em que as fontes renováveis de energia


sejam prioridade e maioria, é necessário começar a agir no presente. Alguns pontos são
fundamentais para que a sustentabilidade energética seja alcançada:

• Incentivos adequados e políticas eficazes: estimular regulamentações e


pesquisas em eficiência energética, reduzindo subsídios de combustíveis fósseis e
eliminando barreiras à produção baseada em fontes renováveis, além de promover
parcerias público-privadas para ampliar escala da produção mais sustentável de
energia.
• Reconfiguração da matriz energética: tornar mais eficientes os processos de
produção/distribuição de energia por meio de uma ampliação gradual do uso de
fontes renováveis.
• Identificação de focos de ineficiência: mapear e eliminar a maior quantidade
possível dos impactos na produção/distribuição de energia ao longo de toda a
cadeia de valor, para promover a transição para matrizes mais ecoeficientes.

147
• Redes inteligentes de energia: aprimorar o gerenciamento energético por meio
do incentivo à autogeração baseada em fontes renováveis e do trabalho conjunto
entre sistemas tradicionais de transmissão/distribuição e tecnologias avançadas,
a fim de reduzir custos financeiros no longo prazo, bem como a dependência dos
modelos convencionais.
• Novas tecnologias sustentáveis: desenvolver soluções tecnológicas que reduzam
impactos ambientais, diminuam os custos da energia e ampliem a eficiência e a vida
útil dos produtos.
• Educação para o consumo consciente de energia: promover a reflexão sobre o
uso adequado de recursos energéticos independentemente de situações e lugares
específicos, levando o consumidor a pensar não só no nível individual/familiar da sua
residência, mas também em empresas, escolas e outras áreas de interação social.

Portanto, acadêmico, no Tópico 3, vimos que o papel dos profissionais que


atuam na área de eficiência energética vai além dos quesitos técnicos, atuando também
em questões sociais e culturais. A educação voltada para uma maior conscientização
em relação ao uso das energias é peça fundamental para a sustentabilidade, assim
como são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento para aprimorar
tecnologias e processos para produzirem mais utilizando menos quantidade de energia.

148
LEITURA
COMPLEMENTAR
AUMENTANDO A EFICIÊNCIA NOS USOS FINAIS DE ENERGIA NO BRASIL

Gilberto de Martino Jannuzzi

RESUMO

O Brasil vem apoiando iniciativas de melhoria no uso final de energia elétrica


desde 1985 com a criação do Programa de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL).
Os esforços, embora irregulares e longe de caracterizarem uma política coordenada e
consistente de introdução de eficiência energética, conseguiram alcançar progressos
e estabelecer uma consciência política que possibilitou a manutenção de importantes
iniciativas de cunho regulatório e legislativo nos anos mais recentes. Este artigo analisa
a evolução dos esforços recentes e perspectivas para o futuro.

INTRODUÇÃO

A grave crise de abastecimento de eletricidade, ocorrida durante o ano de 2001,


demonstrou a importância e o papel dos esforços em melhorias nos usos finais de
energia por diversos setores de consumo para controlar o problema. Parte significativa
da redução do consumo verificada, que chegou a índices superiores a 20% em algumas
regiões do país, foi resultado da introdução de tecnologias mais eficientes, substituição
de eletricidade por energia solar e gás (GN e GLP) e, também, de grandes alterações nos
padrões de comportamento, especialmente do consumidor residencial.

Outra parcela das economias verificadas foi decorrente do decréscimo da


atividade produtiva, tanto na indústria como no comércio e serviços durante esse período.
É provável que parte da redução alcançada se mantenha no futuro, especialmente se
houver uma continuidade na racionalidade energética do consumidor, colocada em
prática durante o ano de 2001.

Nest artigo, destacamos dois fatos importantes na esfera de política pública


para o setor, para consolidar avanços na melhoria do uso de energia elétrica para o
futuro do país: a Lei nº 10.295/2001, que estabelece padrões mínimos de Eficiência
Energética para equipamentos comercializados no país; e a Lei nº 9991, que cria o Fundo
Setorial CTENERG e dispõe sobre os investimentos das concessionárias em Eficiência
Energética no Uso Final e em Pesquisa e Desenvolvimento.

149
Inicialmente, o artigo apresenta as principais motivações e justificativas para
investimentos em usos finais. A seguir, discute a recente experiência em regulação de
investimentos das concessionárias e as perspectivas para o futuro, motivações para
investimentos na melhoria do uso de energia. A redução do uso de energia nos processos
produtivos ou em sistemas que proporcionam conforto e amenidades não é um fim em
si mesmo, na realidade, o uso eficiente de energia está estritamente relacionado com
a consecução de importantes objetivos mais abrangentes e de interesse da sociedade,
como, por exemplo:

• Contribuir para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.


• Reduzir ou postergar as necessidades de investimentos em geração, transmissão e
distribuição.
• Reduzir impactos ambientais (locais e globais) especialmente relacionados com a
produção de eletricidade.
• Reduzir custos de energia para o consumidor final.

Esses objetivos podem e devem receber contribuições dos esforços de eficiência


energética.

A consolidação do mercado de energia elétrica

Na realidade, até recentemente, a evolução do mercado brasileiro de eletricidade


não considerou a introdução de orientações e normas para garantir a introdução de
tecnologias eficientes. Até a década de 1970, por exemplo, observou-se a preocupação
em consolidar o mercado brasileiro de energia elétrica, criando principalmente uma
estrutura industrial baseada em segmentos intensivos em energia elétrica.

A partir de meados da década de 1970, seguindo até os anos 1990, o setor


enfrentou diversos períodos de restrições financeiras e várias crises de energia, como
foi o caso da alta de preços de petróleo na década de 1970.

Durante esse período, em particular, houve esforços governamentais e incentivos


para a substituição de petróleo por eletricidade através de programas de eletrotermia, e,
a seguir, a introdução de mecanismos para absorção da energia de Itaipu.

O mercado de eletricidade tem crescido continuamente a taxas superiores às


do crescimento do PIB, apenas apresentando pequenas flutuações durante períodos de
estagnação e recessão econômica. O Gráfico 1 mostra que o crescimento de eletricidade
tem sido maior que o consumo total de energia.

150
As estratégias para criação e consolidação do mercado de energia elétrica
são muito importantes, pois estabelecem uma infraestrutura de consumo que muito
dificilmente pode ser modificada em curto espaço de tempo. Há várias décadas,
o Brasil tem seguido uma rota de aumento da intensidade de uso de eletricidade. A
racionalidade das empresas privadas de eletricidade as impulsiona a procurar expandir
suas vendas como forma de aumentar seus lucros, o que as torna refratárias a esforços
de eficiência energética. Dessa forma, são necessários mecanismos que resolvam esses
desincentivos.

As reformas setoriais introduzidas ao longo da década de 1990 acentuam o


interesse das empresas privadas em procurar expandir seu mercado de eletricidade
e introduzem novos desafios para realizar planejamento de um mercado eficiente de
energia.

AS PRINCIPAIS INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS EM EFICIÊNCIA


ENERGÉTICA

Em meados da década de 1980, surgem os programas nacionais de


conservação de energia elétrica (PROCEL) e de derivados de petróleo (CONPET). Em
1990, é apresentado um projeto de Lei que procura remunerar as concessionárias de
energia elétrica por seus investimentos em conservação de energia e estabelecer
índices mínimos de eficiência energética em equipamentos comercializados no país.
Esse projeto de Lei somente foi efetivamente aprovado após necessárias atualizações,
no auge da crise de energia, no ano de 2001, dando origem a mencionada Lei nº 10.925
sobre eficiência energética.

151
O principal programa nacional de conservação de eletricidade foi criado em 1985,
tendo a Eletrobras como sua secretaria-executiva e principal órgão implementador de
suas atividades. O PROCEL passou por várias descontinuidades, tendo, inclusive, sido
cogitada a sua extinção em meados de 1998. Durante o período de 1986-97, foram
aprovados um total de R$235,5 milhões, mas, devido a dificuldades de gerenciamento,
nem todos esses recursos puderam ser realizados.

O próprio PROCEL estimou que, durante esse período, foi possível evitar um
total de 1.113 MW de capacidade instalada.

ESTIMATIVAS DO POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL

O último esforço oficial para se quantificar um potencial de conservação de


eletricidade pode ser remetido ao último plano Decenal, elaborado pela Eletrobras em
1994. Ainda que elaborado de modo bastante agregado e sem identificação de usos
finais, foi possível estimar a contribuição esperada de esforços para reduzir a evolução
do mercado de eletricidade.

Alguns trabalhos acadêmicos procuram identificar o potencial de energia


conservada que poderia ser explorado em vários setores da economia. Muitos desses
trabalhos estimaram não só o potencial a ser conservado, como também os custos
associados a esses potenciais (MACHADO; SCHAEFFER, 1998; GELLER et al. 1998;
POMPERMAYER, 2000; UGAYA, 1996).

No entanto, em termos nacionais, são ainda extremamente precárias as


informações e análises existentes para se avaliar as oportunidades de melhorias do
uso de energia. Qualquer esforço que se faça para aumentar o uso eficiente de energia
no Brasil deve contemplar um detalhado estudo do potencial existente, especialmente
após o período de racionamento que deve ter introduzido significativas alterações
no estoque de equipamentos e sua utilização. Esse estudo não deverá identificar os
maiores potenciais nos usos finais, como também avaliar os custos envolvidos.

AS REFORMAS SETORIAIS E A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A introdução das reformas no setor elétrico provocou mudanças significativas


na condução das atividades relacionadas com eficiência energética no país. A partir de
1998, houve uma forte retração nas atividades do PROCEL, ao mesmo tempo em que
a ANEEL instituía novas resoluções, tornando compulsória a aplicação de recursos das
concessionárias em eficiência energética em P & D. Desde o início das privatizações,
em 1994, constavam dos contratos de concessão algumas cláusulas que tentavam
assegurar essas atividades nas empresas.

A Resolução 242/98 veio dar uma redação mais clara e uniforme e estabelecer
rituais para submissão e aprovação das atividades das empresas, o que era até aquele
momento muito vago. A Resolução 242/98 e as posteriores emitidas até o ano 2000

152
demonstram a lógica dos reguladores e dos responsáveis pela condução da política
energética nesse período.

Basicamente, nessa época, havia uma concepção de que o setor público


deveria abandonar ações diretas no mercado de energia através de programas de
eficiência energética, uma vez que, segundo o discurso da direção da ANEEL, na época,
as concessionárias privadas seriam muito mais capazes de identificar e implementar
programas eficazes. Ao setor público, deveria caber estabelecer uma regulação
compulsória para aproveitar o melhor conhecimento do mercado dessas concessionárias.

As falhas desse raciocínio foram apontadas em diversos artigos desde 1998


(JANNUZZI, 2000a e 2000b; KOZLOFF et al., 2000), e mais tarde os próprios fatos
demonstraram uma concentração de investimentos em atividades de redução de
custos e perdas técnicas, para as quais não seriam necessárias atividades de regulação
em empresas privadas.

Ainda mais importante era a constatação de que uma parcela importante do


potencial de Eficiência Energética não teria como ser financiada pelas concessionárias. A
criação de um fundo CT-ENERG gerenciado por um comitê composto de representantes
do governo, academia e setor privado amplia o escopo de atividades e agenda de
interesses para estimular ações tanto em eficiência energética, como em P&D na área
de energia.

Como observado em Jannuzzi (2000a e 2000b) e Kozloff et al. (2000), a


regulação do 1% da RA proporcionou uma gama de oportunidades de investimento em
eficiência energética e P&D, mas apresentou distorções, não capturou a operação efetiva
das concessionárias competitivas e não transferiu efetivamente aos consumidores os
benefícios dos investimentos. As concessionárias privadas, por exemplo, nos primeiros
momentos da regulação, direcionaram grande parte dos investimentos para reduzir suas
perdas comerciais e melhorias no seu sistema produtivo. O reconhecimento desse fato
veio com a edição da Lei n° 9.991, de 24, de julho de 2000, que elimina os requerimentos
para investimentos em projetos de eficiência energética do lado da oferta, alocando-os
somente para o uso final e P&D.

COMO AUMENTAR A EFICIÊNCIA NO USO FINAL

Existem várias maneiras de se implementar melhorias no uso de energia. De um


modo geral elas compreendem três categorias de ações:

a) As que visam melhorar a qualidade das tecnologias de energia (entendidas aqui


como equipamentos, edifícios, processos ou sistemas energéticos).
b) Medidas que garantam a qualidade da energia (tensão uniforme, harmônicos etc.).
c) A "qualidade" do consumidor.

153
Essa busca na melhoria da qualidade pode ser alcançada através de medidas
regulatórias e legislativas, mecanismos de mercado, incentivos financeiros e informação
aos agentes.

CONCLUSÕES: PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

O Brasil conseguiu um importante aprendizado com a regulação das atividades


das concessionárias para realização na área de eficiência energética. Além disso, a crise
de energia teve um grande papel pedagógico, disseminando informações e alterando
alguns hábitos e práticas dos consumidores. Finalmente, foi possível criar mecanismos
para assegurar recursos públicos estáveis, a promoção da eficiência energética de
interesse da sociedade e uma legislação para melhorar o desempenho dos equipamentos
que consomem energia.

Esses são ingredientes necessários para um futuro promissor no que se refere


a possibilidades reais de melhoria nos usos de energia. No entanto, não são garantia
suficiente para tal. Faltam estudos aprofundados de Planejamento Energético que
possibilite a avaliação mais precisa do potencial de recursos de eficiência energética,
além dos custos para explorar esse potencial. Esses tipos de avaliações são práticas
comuns de processos de planejamento baseados em metodologias como o planejamento
integrado de recursos.

Ainda é fundamental estabelecer diretrizes na direção de uma política para a


Eficiência Energética. Com as reformas setoriais é ainda mais importante a explicitação
de políticas públicas que coordenem as atividades dos diversos setores envolvidos
com eficiência energética: MME, MCT, ANEEL, empresas de energia, fabricantes de
equipamentos e consumidores.

FONTE: JANNUZZI, G. De M.. Aumentando a eficiência nos usos finais de energia no Brasil. Curitiba:
UFPR, 2002. Disponível em: http://www.moretti.agrarias.ufpr.br/eletrificacao_rural/tc_06.pdf. Acesso em:
28 dez 2021.

154
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• As profissões tecnológicas têm um importante papel a desempenhar na busca


de uma maior eficiência energética, pois só com o pleno uso do conhecimento
tecnológico encontraremos as alternativas de geração e consumo sustentáveis e
justas.

• O objetivo é que o profissional que atue na área de eficiência energética seja


capaz de diagnosticar o desempenho do uso de energia e, a partir disso, elaborar e
implementar projetos para tornar o uso do recurso mais eficiente, levando em conta,
entre outros pontos, a viabilidade técnica e econômica.

• A educação tem papel fundamental na formação de cidadãos comprometidos com


uma sociedade sustentável para as futuras gerações.

• A eficiência energética ganha aplicação quando os alunos compreendem que são


as suas atitudes cotidianas que impactam diretamente no consumo da energia e,
consequentemente, no uso dos recursos naturais.

• No setor elétrico, a atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é objeto de


uma série de leis específicas e é regulamentada pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL).

• A Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, estabelece as diretrizes básicas do Programa


Nacional para o setor. A legislação instituiu um percentual mínimo de investimento
que empresas de energia elétrica devem fazer anualmente.

• As linhas de pesquisa energética baseiam-se em incentivar a busca constante


por inovações necessárias para enfrentar os desafios do setor de energia elétrica
e em promover o uso eficiente e racional da energia elétrica, associado às ações de
combate ao desperdício.

• O Brasil caminha na direção contrária à de outras nações que vêm adotando políticas
consistentes de estímulo à eficiência energética.

• As políticas e ações de eficiência para o uso da eletricidade pela indústria possuem


um grande potencial para estimular o crescimento econômico, trazer ganhos
ambientais e melhorar as condições de competitividade das indústrias brasileiras.

• O consumo racional de energia é um dos caminhos para o desenvolvimento


sustentável do Brasil nos próximos anos.

155
AUTOATIVIDADE
1 A educação tem papel fundamental na formação de cidadãos comprometidos com
uma sociedade sustentável para as futuras gerações. Sobre a inserção da eficiência
energética na educação escolar, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A eficiência energética ganha aplicação quando os alunos passam a adotar


políticas consistentes de estímulo à eficiência energética, não utilizando mais a
energia elétrica.
b) ( ) A eficiência energética ganha aplicação quando os alunos compreendem que
as atitudes cotidianas não impactam diretamente no consumo da energia e,
consequentemente, não alteram a quantidade de recursos naturais.
c) ( ) A eficiência energética ganha aplicação quando os alunos compreendem que o
consumo de energia é um dos caminhos para o desenvolvimento econômico do
Brasil, mesmo que, para isso, ocorra o uso dos recursos naturais.
d) ( ) A eficiência energética ganha aplicação quando os alunos compreendem que
são as suas atitudes cotidianas que impactam diretamente no consumo da
energia e, consequentemente, no uso dos recursos naturais.

2 No setor elétrico, a atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é objeto de uma


série de leis específicas e é regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL). Com base no conteúdo estudado sobre esse assunto, analise as sentenças
a seguir:

I- A Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, estabelece as diretrizes básicas do Programa


Nacional para o setor de energia.
II- A legislação instituiu um percentual máximo de investimento que empresas de
energia elétrica devem fazer anualmente.
III- Os resultados dos projetos de pesquisa e desenvolvimento e os recursos
disponibilizados são avaliados e fiscalizados pela ANEEL.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As políticas e ações de eficiência para o uso da eletricidade pela indústria possuem um


grande potencial para estimular o crescimento econômico, trazer ganhos ambientais
e melhorar as condições de competitividade das indústrias brasileiras. De acordo
com o conteúdo estudado, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:
156
( ) O Brasil caminha na mesma direção que a de outras nações que vêm adotando
políticas consistentes de estímulo à eficiência energética.
( ) A análise do cenário energético brasileiro mostra que as políticas e ações para
promover a eficiência energética no Brasil se concentram, principalmente, no
consumo residencial.
( ) A falta de informação, fricções de mercado e barreiras institucionais impulsionam
para que haja um avanço efetivo quanto ao uso racional de eletricidade pela
indústria brasileira.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 As profissões tecnológicas têm um importante papel a desempenhar na busca de uma


maior eficiência energética, pois é necessário o uso do conhecimento tecnológico
para encontrar soluções que levem à sociedade ao consumo sustentável e justo da
energia. Diante desse contexto, disserte sobre a atuação do profissional na área de
eficiência energética.

5 Para alcançar um futuro sustentável, em que as fontes renováveis de energia sejam


prioridade e maioria, é necessário começar a agir no presente. Nesse contexto, disserte
sobre os aspectos fundamentais para que a sustentabilidade energética seja alcançada
no Brasil.

157
REFERÊNCIAS
BARBOSA, P. G.; AGUILAR, M. T. P.; SALES, R. B. C. Conforto térmico do
ambiente construído, eficiência energética e difusividade térmica: um estudo
interdisciplinar que envolve o Design. Rev. Pensamentos em Design. Belo
horizonte: v. 1, n. 1, p. 95-102, 2021. Disponível em: https://revista.uemg.br/
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BRASIL. Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000. Dispõe sobre realização de


investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética
por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do
setor de energia elétrica, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9991.htm. Acesso em: 5 nov. 2021.

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nível de eficiência energética em edificações residenciais – volume 2.2. Rio de
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INMETRO – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E


QUALIDADE INDUSTRIAL. RTQ-C: regulamento técnico da qualidade para o
nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos
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Disponível em: https://www.cidadessustentaveis.org.br/arquivos/Publicacoes/
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