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Tecnológicas
para Construções
Sustentáveis
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Luis Urbano Durlo Tambara Junior
T154i
ISBN 978-65-5663-776-1
ISBN Digital 978-65-5663-777-8
CDD 620
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Viver dentro dos limites da capacidade da Terra é uma necessidade no século
XXI. Os recursos da construção civil são finitos e é obrigação do setor fazer uso de forma
consciente dos materiais e insumos, além de destinar adequadamente os resíduos
gerados nas atividades e controlar a emissão de poluição causadas pela construção
civil. Esses e demais fatores relacionados a reduções de danos ao meio ambiente são
conhecidos como os objetivos das construções sustentáveis.
Nos últimos anos, esforços vêm sendo feitos para aumentar o compromisso de
reverter tendências insustentáveis no desenvolvimento da construção civil. Para isso, é
necessário minimizar a geração de desperdícios e poluição, usar de maneira racionalizada
e eficaz os recursos não renováveis, cumprir as metas de responsabilidade para proteger
outras espécies e ambientes e gerenciar o processo, desde a administração de projetos
ao canteiro de obras.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 71
UNIDADE 2 — PROCESSOS SUSTENTÁVEIS.......................................................................75
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 137
UNIDADE 3 — DESEMPENHO E QUALIDADE..................................................................... 141
TÓPICO 1 — DURABILIDADE...............................................................................................143
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................143
2 PATOLOGIAS NA EDIFICAÇÃO .......................................................................................143
3 TÉCNICAS DE INSPEÇÃO NÃO DESTRUTIVA DO PATRIMÔNIO.....................................149
3.1 TÉCNICAS ELETROQUÍMICAS ......................................................................................................... 149
3.2 TÉCNICAS ELETROMAGNÉTICAS.................................................................................................. 154
3.3 TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA................................................................................................. 155
4 NOVOS MATERIAIS PARA AMPLIAR A VIDA ÚTIL DE ESTRUTURAS............................159
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................162
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................163
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 197
UNIDADE 1 —
INTRODUÇÃO A
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
IMPULSOS SUSTENTÁVEIS
1 INTRODUÇÃO
Sustentabilidade envolve grandes questões e interações complexas: a divisão
de riqueza e oportunidades entre ricos e pobres mundialmente, saúde, bem-estar,
segurança, trabalho, qualidade e direito das gerações futuras e de outras espécies
como necessidades básicas das sociedades e direitos dos indivíduos.
3
Uma maneira simplificada apresentada pela Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992a) sobre o desenvolvimento sustentável é
que é necessário suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das
gerações futuras de realizar o mesmo. Para atingir esse objetivo, é necessário considerar os
aspectos econômico, social e ambiental, conforme o tripé da sustentabilidade apresentado
na figura 1.
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/risu-blog/wp-content/uploads/2017/09/responsabilidade-social-
empresarial_tripe-sustentabilidade-284x300.jpg>. Acesso em: 27 out. 2021.
ATENÇÃO
Um princípio adotado pela Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992a), a fim de proteger o meio
ambiente, é o princípio de precaução, que deve ser amplamente
aplicado conforme interpretado pela declaração. Onde há ameaças
de graves ou irreversíveis danos ao meio ambiente, falta de
conhecimento científico não deve ser usado como razão para adiar
medidas de baixo custo para prevenir a degradação ambiental.
4
vida da humanidade. A questão que a sustentabilidade traz é a de que podemos manter
uma melhora na qualidade de vida ao mesmo tempo que melhoramos a eficácia de
como usamos nossos recursos e reduzimos a poluição e desperdícios.
A preocupação com o aumento dos gases CO2 não é recente, o químico sueco
Arrhenius foi o primeiro a reconhecer e quantificar que o aumento do gás carbônico
resultaria num aquecimento da temperatura. Por mais que seus trabalhos tenham sido
publicados na década de 1930, foi somente a partir de 1970 que a comunidade científica
entrou em consenso e preocupação com as emissões desses gases.
Atualmente, a questão referente à emissão dos gases CO2 é uma das principais
agendas políticas e científicas. Apesar disso, ainda é difícil encontrar uma eficácia
na diminuição desse poluente, sendo utilizadas outras propostas de solução, como
o sequestro de carbono (envolvimento o crescimento de árvores e em cavernas
subterrâneas) e o uso de energias alternativas (energias renováveis como a solar e
eólica e energia nuclear, esta última acaba sendo uma solução não tão eficaz uma vez
que necessita de uma gestão de resíduos radioativos gerados).
5
3 CONSTRUÇÕES VERDES
As construções verdes, também conhecidas como construções sustentáveis
ou edifícios verdes, são conceitos relativamente novos no meio da construção civil.
Eles se referem a uma estrutura que apresente a aplicação de processos ambientais
e eficientes, desde o uso de recursos e ao longo de seu ciclo de vida: planejamento
do projeto, execução da obra, operações, materiais utilizados, manutenção, renovação
e demolição.
NOTA
O ciclo de vida de uma edificação é uma avaliação de todos os processos realizados para
a realização da obra, ou seja, inicia-se pela análise desde a extração das matérias primas
de sua fabricação, produção, transporte, comercialização, utilização e termina quando o
produto perde sua função. Ao longo desse ciclo é possível perceber os impactos sociais e
ambientais que acontecem em cada etapa dos processos.
No Brasil, duas normas são utilizadas para avaliação do ciclo de vida na
construção civil, sendo elas a ISSO 1404: Gestão Ambiental – Avaliação do
Ciclo de Vida – Princípios e Estruturas (ABNT, 2009a) e a ISSO 14044: Gestão
Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida – Requisitos e orientações (ABNT,
2009b). Dentro destas normas é necessário seguir quatro etapas para
avaliação do ciclo de vida: objetivo e escopo do período de estudo, análise
do inventário, avaliação dos impactos e a interpretação dos resultados.
• Aumentar a eficiência com que os edifícios e seus locais usam energia, água e
materiais.
• Reduzir os impactos da construção na saúde humana e o meio ambiente, por meio
de uma melhor localização, projeto, construção, operação, manutenção e remoção, o
ciclo de vida completo da construção.
6
3.1 HISTÓRICO
A preocupação com o meio ambiente começou a ser fortemente debatida pelo
mundo a partir da conferência de Estocolmo (Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano), realizada em 1972. Esta conferência foi o primeiro marco de
reunião de chefes de estados das organizações unidas (ONU) para tratar sobre questões
relacionadas à degradação do meio ambiente. A partir deste ponto, iniciou-se debater
tentativas de melhorar as relações do homem com o meio ambiente para haver um
equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e reduções de degradações ambientais.
Os principais tópicos abordados foram relativos à poluição atmosférica e uso de recursos
naturais.
ATENÇÃO
Dentre os princípios englobados pela Carta da Terra (1992b)
estão: respeitar e cuidar da comunidade da vida, necessitando de
integridade ecológica e justiça social e econômica.
Para uma melhor leitura da carta, acesse o link: https://antigo.
mma.gov.br/educacao-ambiental/pol%C3%ADtica-nacional-de-
educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental/documentos-referenciais/
item/8071-carta-da-terra.html.
7
Outros importantes resultados obtidos pela Eco-92 foi a realização:
8
FIGURA 2 – OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
9
Os 17 objetivos vão desde acabar com a fome até promover sociedades pacíficas
e inclusivas e cada um possui metas detalhadas a serem alcançadas nos próximos 15
anos. No entanto, o que ninguém esperava é que pudesse surgir uma pandemia, como
a da COVID-19, que impactou diretamente no progresso dessas metas.
10
3. Sustentabilidade é apenas uma moda e em pouco tempo não será mais
necessária. Pelo contrário, tópicos de sustentabilidade vem ganhando uma crescente
força aos longos dos últimos anos e já faz parte do “mainstream” da indústria da
construção civil, sendo o método preferido de construção, uma vez que traz mais
economia ao setor e torna a obra um diferencial no mercado.
11
10. Não é possível convertes estruturas convencionais em edifícios de eficiência
energética. Não é muito difícil de transformar uma obra já pronta em uma construção
verde. Diversos trabalhos científicos apontam num redesign de obras tradicionais
em modernas construções verdes. Muitos sistemas de certificação como o LEED
encorajam tais conversões.
4 CONCEITOS VERDES
Embora a definição de projeto de construção sustentável esteja em constante
mudança, há uma série de princípios fundamentais que persistem. Com relação
à construção verde e à sustentabilidade, os arquitetos e a equipe do projeto devem
se concentrar em projetar e erguer edifícios que sejam eficientes em energia, usem
materiais naturais ou recuperados em sua construção e estejam mais em sintonia com
os ambientes em que existem (KUBBA, 2017).
12
INTERESSANTE
Os níveis da LEED são:
13
• crescente preocupação com o impacto adverso da atividade típica de construção
nos vizinhos e no meio ambiente;
• a ação de indivíduos e grupos ambientais no questionamento de normas sobre
consumo de recursos, geração de resíduos e danos à biodiversidade;
• aumento da preocupação com a má qualidade do ar interno e outros fatores adversos
dentro dos edifícios;
• crescentes preocupações sobre o tipo de empreendimento que estão sendo
permitidos e a imposição de projetos de desenvolvimento nas comunidades,
resultando em insatisfação, ao invés de um desenvolvimento que atenda às
necessidades identificadas das comunidades;
• crescente reconhecimento de que a obtenção de um ambiente construído de alta
qualidade pode ser uma grande contribuição para melhorias em nossa qualidade de
vida, bem como proporcionar produtividade, saúde e benefícios financeiros;
• desafios aos argumentos convencionais sobre o custo de construção e abraçar o
custo das externalidades, levando a uma melhor compreensão da inter-relação
entre um meio ambiente, produtividade, educação e saúde, por sua vez, levando a
benefícios financeiros e melhorias na qualidade de vida e desempenho empresarial;
• aumentar o foco nas responsabilidades corporativas das empresas, levando a uma
maior ênfase nas boas práticas de negócios e no comércio justo.
Embora haja incerteza sobre a extensão da ação necessária, é claro que nos
últimos anos a legislação e a política, incluindo a política econômica, têm se movido
para reverter tendências insustentáveis.
5 CASOS DE ESTUDOS
Agora, veremos alguns casos de estudo de obras relevantes na área de
construções sustentáveis, veremos exemplos de obras de pequeno porte até arranha-
céus, de maneira a apresentar a você acadêmico que é possível trabalhar com edifícios
verdes em qualquer porte da indústria da construção civil.
14
FIGURA 3 – PERTAMINA ENERGY TOWER
NOTA
Design Passivo leva em conta conhecimentos relacionados ao clima
local em que a edificação será construída, os ventos incidentes, o
layout do projeto, a destinação dada aos ambientes, os materiais
utilizados e quaisquer outros fatores que visem sempre um
resultado energeticamente eficiente. Enquanto o design ativo é o que
permite à arquitetura interferir positivamente no comportamento e
na qualidade de vida das pessoas, desde a escala urbana até os
ambientes dentro de uma edificação.
15
de energia do edifício. A etapa 5 foi integrar energias renováveis no local do edifício. Por
fim foi realizada uma fase de manutenção operacional e avaliação pós ocupação para
otimizar o desempenho do edifício e reduzir ainda mais o consumo de energia do edifício.
FIGURA 4 – SISTEMA DE ALETAS EXTERNAS FIXAS PROJETADAS QUE ENVOLVEM CADA ANDAR DO EDIFÍCIO
16
O ar de exaustão que sai do edifício é utilizado para resfriar e aquecer o ar fresco
por meio do uso de um sistema de recuperação de energia equipado com rodas de dupla
entalpia localizadas na unidade de tratamento de ar externo. Além de obter energia
geotermal, a Pertamina Energy Tower captura energia de outras duas fontes renováveis,
os ventos predominantes e o sol.
ATENÇÃO
Painéis solares fotovoltaicos que convertem radiação solar em eletricidade cobrem
uma faixa de 1.750 m² da faixa de pedestres com painéis monocristalinos de última
geração. Energia adicional é fornecida na coroa do prédio, a uma altura de 530 metros
para aproveitar o efeito Ventura nesta altitude. O projeto da coroa foi desenvolvido
usando um estudo computacional de dinâmica de fluidos abrangentes para analisar
completamente o comportamento do vento nesta elevação (ver figura a seguir). A
dinâmica de fluidos computacional foi utilizada para modelar o comportamento do
vento ao redor do edifício e projetar o sistema de energia eólica.
17
O OWP 11 é um prédio de escritórios com certificação de ouro pelo Conselho
Alemão de Construções Sustentáveis. A obra consiste na renovação e expansão de
um edifício existente localizado em um local de formato diferente (Figura 5). A obra
é constituída de um amplo salão no seu interior que liga dois edifícios, conforme
visto na Figura 6. O projeto do edifício maximiza a colocação dos escritórios ao longo
dos corredores de pedestres, ao mesmo tempo que fornece a oportunidade para os
trabalhadores trabalharem em áreas tranquilas no momento apropriado. O prédio foi
planejado para maximizar o potencial de interações entre os funcionários.
18
O projeto foi divido em três etapas, em que, na etapa 1, para economizar
energia, foi minimizado as cargas de aquecimento e resfriamento. Para isso, foi realizado
isolamento térmico ideal e uma proteção solar externa do edifício, controlados por
demanda na forma de uma combinação de persianas externas computadorizadas e
persianas internas controladas manualmente. O edifício é fortemente isolado com uma
camada de isolamento de fibra mineral de 16 cm a 27 cm de espessura nas paredes.
INTERESSANTE
As janelas com caixilhos de alumínio têm vidros triplos de baixa
emissividade. Os caixilhos têm uma condutância térmica baixa,
cerca de 20% dos principais comercializados no mercado.
Durante as estações mais quentes, as janelas operáveis sob o
controle dos funcionários são usadas para ventilar os espaços
de trabalho. Durante a estação de aquecimento, o ar fresco
é bombeado para o edifício por um sistema de ventilação
mecânica com recuperação de calor.
19
Na etapa 3, utilizou-se de fontes de energia alternativas possibilitadas pelas
baixas diferenças de temperatura necessárias para aquecimento e resfriamento. Uma
energia geotérmica é extraída da rocha sob o edifício usando trocadores de calor
acoplados ao solo. Dezoito orifícios, 20 cm de diâmetro, foram perfurados pelo menos
seis metros de distância a uma profundidade de 55 metros. Nesta profundidade, a
temperatura do solo durante todo o ano é de 11 °C a 12 °C. Tubos de plástico foram
inseridos nos furos e uma mistura de água e glicol circulou pelo sistema. Durante a
estação de inverno, a solução de glicol-água é primeira resfriada de 3 °C a 5 °C pelo
sistema de recuperação de calor e, em seguida, impulsionada por uma bomba de
calor elétrica para cerca de 32 °C. A carga de aquecimento requer energia primária de
aproximadamente 21 kWh/m²/ano. Um prédio de escritórios convencional na Alemanha
exigiria 130 kWh /m²/ano – seis vezes mais que o OWP 11.
20
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
21
AUTOATIVIDADE
1 Ao longo dos séculos, o meio ambiente sofreu com a interferência humana. Por conta
disso, o mundo precisa adquirir consciência sobre o Meio Ambiente e os Impactos
Ambientais. Sobre as práticas de sustentabilidade, assinale a alternativa CORRETA:
I- Social.
II- Político.
III- Econômico.
IV- Ambiental.
3 Pode-se dizer que, até o início da década de 1970, o pensamento mundial dominante
era o de que o meio ambiente seria fonte inesgotável de recursos e qualquer ação de
aproveitamento da natureza fosse infinita. No entanto, fenômenos como secas, que
afetaram lagos e rios, chuva ácida e inversão térmica eliminada fez com que essa visão
ambiental do mundo começasse a ser questionada, com base em estudos científicos
que identificam problemas especialmente por conta da poluição atmosférica. De
acordo com as relações das Nações Unidas para o Meio Ambiente, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
22
( ) A primeira grande conferência-marco na área de meio ambiente foi a Conferência
de Estocolmo, em 1972.
( ) Em 1992 ocorreram, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92).
( ) Em 2016, em decorrência da reunião Eco-92, a ONU propôs aos líderes mundiais
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para que coletivamente,
a humanidade pudesse desassociar o crescimento econômico da pobreza, da
desigualdade e das mudanças climáticas.
23
24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
MATERIAIS PARA CONSTRUÇÕES
SUSTENTÁVEIS
1 INTRODUÇÃO
As consequências dos materiais no meio ambiente e na saúde humana são muitas
vezes ocultas no ambiente construído. Os impactos durante a fabricação, transporte,
instalação, uso e descarte de materiais de construção podem ser significativos. Os
materiais e produtos de construção podem ser fabricados a centenas e até milhares
de quilômetros de distância do local do projeto, afetando os ecossistemas nos locais
de extração e fabricação – sem serem vistos do local do projeto. Da mesma forma,
a extração de matérias-primas para esses produtos pode ocorrer longe do ponto de
fabricação, afetando aquele local.
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2 DESAFIO DA SELEÇÃO DOS MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO
A utilização dos materiais nos canteiros de obras evoluiu em resposta a
muitas tendências do século XX. Dentre elas temos mudança para utilização de mão
de obra mais qualificada para tornar a construção mais barata, crescente elaboração
de normas que não tratam especificamente de materiais ou das condições regionais,
que centralizam a produção para obter produtos mais baratos que não levam em
consideração os custos reais de destruição e poluição do ecossistema e o aumento do
uso de materiais compósitos, além de um enorme crescimento na indústria global de
materiais.
ATENÇÃO
Os materiais de construção no XXI devem responder a um conjunto
totalmente diferente de aspectos, como mudança climática global,
poluição do ar, aumento do custo do combustível, destruição
ecológica e perda de biodiversidade. Essas forças estão moldando
o local e a indústria de construção civil por meio do movimento de
desenvolvimento sustentável em rápido crescimento.
26
de sustentabilidade – e tons escuros – para grandes passos sustentáveis). Por exemplo,
lascar uma viga de carvalho antiga recuperada e transformá-la em cobertura morta não
é o melhor uso do material e seria o tom ligeiramente verde. Em vez disso, reutilizá-la
de forma completa seria o tom verde escuro: por exemplo, se a viga se encontra em um
celeiro antigo sem uso, seria possível manter a viga no lugar e adaptar a estrutura para
que tenha uma outra função, sem custos de transporte ou demolição.
Materiais e produtos para locais sustentáveis são aqueles que minimizam o uso
de recursos, têm baixo impacto ecológico, representam nenhum ou baixo risco para a
saúde humana e ambiental e auxiliam com estratégias locais sustentáveis. Dentro desta
definição, as características específicas dos materiais para locais sustentáveis podem
ser separadas e são apresentadas nos subtópicos a seguir (CALKINS, 2009).
• Não usar novos materiais nem reconstruir: embora nem sempre viável ou
apropriado, esta é a melhor maneira de minimizar o uso de recursos. Isso pode ser
evitado projetando espaços adaptativos, com espaços abertos em planta.
• Reutilizar estruturas existentes no local: adaptar as estruturas existentes sem
desconstruir ou reconstruir pode dar uma nova vida aos materiais e revitalizar o
design dando uma nova identidade ao espaço.
• Reduzir o uso de materiais: com projetos de estruturas menores, como lajes e
paredes mais finas, com menos elementos de acabamento excessivos ou ornamentos.
Projetar estruturas de tamanhos modulares.
• Uso de materiais duráveis: projetar e detalhar estruturas com materiais que tenha
um tempo de vida maior reduz o uso de recursos virgens. Materiais com facilidade de
reparo também aumenta sua vida útil.
• Reutilizar materiais em sua forma completa: desconstruir ao invés de demolir
reduz o uso de recursos naturais e o gasto de energia de manufatura e poluição. Este
processo é mais bem concebido durante as etapas de construção.
27
• Utilizar materiais recuperados de outras fontes: o principal impacto de recuperar
materiais está no consumo de energia de seu transporte, retrabalho, acabamento
e instalação. Materiais recuperados podem ser obtidos de diversas fontes durante a
etapa de canteiro de obra.
• Uso de materiais reprocessados: a facilidade de utilizar materiais reprocessados
vem crescendo com o aumento de custo para depósito de materiais em aterros.
Concretos moídos, resíduos de pneu, asfalto, vidro e outros materiais podem ser
obtidos para a elaboração de agregados para concreto ou asfalto.
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• Especificar materiais produzidos com energia renovável: materiais produzidos
com energia renovável (solar, eólica, hidroelétrica, biocombustíveis, geotérmica)
podem ter impacto ambientais reduzidos. A queima de combustíveis fósseis é a
principal fonte de energia em uma alta porcentagem das atividades de manufatura.
• Uso de materiais locais: reduzem emissões devido ao transporte de materiais,
especialmente quando tratamos de materiais pesados. É necessário realizar um
estudo de viabilidade da manufatura dos materiais locais para extração. Além disso,
custos de transportes também são reduzidos.
• Especificar materiais de baixa poluição e baixa demanda de água: alguns
processos de extração, manufatura e construção produzem muito resíduo e
consomem muita água. Materiais como aço, de mineração e cimentos passam por
processos de elevada poluição e consumo de água.
29
3 CICLO DE VIDA DE UM MATERIAL DE CONSTRUÇÃO OU
PRODUTO
O ciclo de vida típico de materiais e produtos começa com a extração de
matérias primas da terra e termina com o descarte de produtos residuais de volta a terra
ou reciclados em outros materiais. A maioria dos fluxos do ciclo de vida dos materiais
são relativamente lineares (conforme apresentado na Figura 7), nos quais os materiais
se movem ao longo do clico onde são descartados, no entanto, alguns são circulares,
com reutilização de produtos, remanufatura de componentes e reciclagem de materiais.
O ciclo de vida ideal do material seria um fluxo circular de circuito fechado em que os
resíduos de um processo são fonte para outro e os resíduos lançados no meio ambiente
não existem (CALKINS, 2009).
FIGURA 7 – FASES TÍPICAS DO CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS, ONDE HÁ ENTRADA DE ENERGIA E SAÍDA
DE RESÍDUO PARA TODAS AS FASES E PODE ENVOLVER FASES DE REÚSO OU RECICLAGEM
30
INTERESSANTE
A maioria dos recursos usados hoje não são renováveis, com
apenas 5% do nosso fluxo de materiais de recursos renováveis.
Se cada país usasse tantos recursos quanto os países ocidentais,
três Terras seriam necessárias para sustentar nossa sobrevivência
(Wackernagel; Rees, 1996).
Uma ACV é composta por quatro fases (ABNT, 2009a): definição de objetivo
e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação de resultados,
conforme apresentado na Figura 8. Os resultados obtidos pela ACV podem ser entradas
úteis para uma variedade de processos de tomada de decisão. Estudos de inventário
do ciclo de vida devem incluir a definição de objetivo e escopo, análise de inventário e
interpretação de resultados.
31
FIGURA 8 – FASES DE UMA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA
32
Análise do inventário envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo
para quantificar as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto. Essas
entradas e saídas podem incluir o uso de recursos e liberações no ar, na água e no solo
associados com o sistema. Podem ser feitas interpretações destes dados, dependendo
dos objetivos e do escopo da ACV. Esses dados também constituem a entrada para a
avaliação do impacto do ciclo de vida.
ATENÇÃO
Essa avaliação pode incluir o processo iterativo de análise crítica
do objetivo e do escopo do estudo da ACV, para determinar
quando os objetivos do estudo foram alcançados ou modificar o
objetivo e o escopo, se a avaliação indicar que eles não podem
ser alcançados. A fase de avaliação de impacto pode incluir, entre
outros, elementos como (ABNT, 2009a):
33
O perfil do consumidor mudou muito nos últimos anos e ele está cada vez mais
exigente com aquilo que consome. Além de oferecer qualidade, as marcas agora devem
respeitar e até beneficiar o meio ambiente. A preservação ecológica tem aumentado seu
espaço e é natural que os consumidores criem esse comprometimento.
• solo orgânico (fértil), que não pode ser usado na construção com terra;
• solo plástico, que podem ser moldados e manter sua coesão, tanto em condição
úmida como quando seca (caso de solos argilosos); e
• solos não plásticos, que podem parecer "coesos" quando molhados, mas que quando
secam, não retêm aquela coesão e esfarelam. Um exemplo disso é areia, que quando
molhada é coesa, mantendo sua forma, mas esta situação desaparece (a areia se
desintegra) quando a água se perde.
O tipo de terreno que temos determina os usos que podem dar como material de
construção e determina se é necessário um material que forneça coesão ou se a coesão
natural é suficiente. No primeiro caso, precisaremos de um aglutinante (cimento Portland,
cimento asfáltico, cal hidráulica); enquanto, no segundo, sua coesão natural é suficiente e
só é necessário evitar umedecimento excessivo que possa amolecer o material.
34
hidratar; e secam com dificuldade. A água está presa entre as lamelas; e as variações
no teor de umidade se traduzem como principais mudanças dimensionais. Na prática,
as argilas são misturadas com fibras naturais (vegetais ou animais) para reduzir as
rachaduras típicas que ocorrem como consequência da redução de volume associada
à perda de umidade. Se um piso é plástico, você deve ser capaz de fazer alguns torrões
de solo úmido de 3 mm de diâmetro sem que ocorram rachaduras.
35
• a energia disponível e o teor de umidade do solo (terra). É por isso que se determina a
umidade ótima correspondente a cada energia de compactação e o teor de umidade
é controlado, no momento da produção. A referência ao teor de umidade pode ser a
aparência da terra quando é cerrada com o punho.
• a estabilidade dimensional, isto é, se o volume não modificar a fim de induzir
rachaduras. O problema é mais severo em solos plásticos finos, porque sua natureza
microlaminar resulta com que incham quando molhados e encolhem quando secos.
Existem algumas estratégias, como evitar que se molhem, depois de secos, esperando
por secar antes de colocá-los, ou usar cal para estabilizar o material.
ATENÇÃO
Portanto, o processo de decisão de utilização de construções em
terra seria (LUCO, 2021a):
36
Como a madeira é um recurso natural renovável, ela tem sido explorada na
maioria dos países e amplamente utilizada de forma industrializada para a construção
de casas. Tem sido um importante material para a construção de edifícios ao longo da
história de todas as regiões do mundo. Nos Estados Unidos e Canadá, a produção de
casas unifamiliares de madeira constitui 90% do total construído. A madeira da árvore e
do bambu é um material sustentável por diferentes razões (NAVARRO; ELCORO, 1996):
37
FIGURA 10 – CONSTRUÇÕES EM MADEIRA DE COBERTURAS EM TELHADO E DE UM EDIFÍCIO SOCIAL
38
Existe, no mundo, uma ameaça crescente à sustentabilidade dos mananciais
superficiais e subterrâneos devido à alteração antrópica – que se dá ao uso do solo,
práticas agrícolas, desmatamento e uso de agroquímicos, entre outros. Atualmente,
existem muitos métodos desenvolvidos para atingir os valores permitidos, e muitos
deles não são usados devido aos seus altos custos de instalação ou manutenção. Para
o caso de tratamento de metais em solução, os mais utilizados envolvem processos
físicos e químicos, e não processos biológicos, devido as suas enormes demandas
energéticas e territoriais.
NOTA
Adsorção é um fenômeno de superfície que consiste no aumento da concentração de
uma substância entre a interface de uma camada condensada e uma camada líquida ou
gasosa devido às forças superficiais através de ligações físicas ou químicas. Adsorbato
é definido como a substância que é adsorvida na superfície e adsorvente como a
superfície em que ocorre a referida adsorção. É um processo pelo qual
átomos e/ou moléculas são retidos em uma superfície por meio de forças
intermoleculares de origem química, Van der Waals ou troca. O processo
reverso é chamado de dessorção, durante o qual as moléculas adsorvidas
são liberadas da superfície e transferidas de volta para a fase fluida.
39
• Adsorção química ou quimiossorção: ocorre quando o adsorbato forma ligações
fortes nos centros ativos do adsorvente. Favorecido em altas temperaturas, é
específico devido à interação de íons em sítios ativos na superfície devido à alta
energia de ligação. É caracterizada por uma adsorção em monocamada.
Os metais como cobre, cromato, chumbo, níquel, prata e zinco por estarem
frequentemente presentes em efluentes industriais. Esses metais podem ser distribuídos
no meio ambiente como resultado de atividades humanas que muitas vezes encurtam
intencionalmente seu tempo de residência em depósitos minerais, podendo resultar na
formação de novos compostos metálicos, de origem não natural. A indústria realiza em
grande parte uma distribuição global de metais no meio ambiente por meio de descarte
na terra, na água e no ar.
Por outro lado, a construção tradicional produz quatro vezes mais volume de
resíduos sólidos do que a industrializada, justamente porque os processos são menos
padronizados e há menos controle sobre o uso dos materiais. Uma mudança de
comportamento, de emissor para receptor, muda a visão da construção, uma vez que
poucos processos são potencialmente capazes de incorporar volumes tão grandes de
resíduos, de diferentes tipos.
40
Essa substituição não só reduz o dióxido de carbono equivalente de cimentos,
argamassas e concretos, mas também melhora suas propriedades mecânicas e
duráveis, reduzindo o calor de hidratação, proporcionando resistência aos sulfatos e
produzindo um refinamento da estrutura dos poros. Além disso, o volume de clínquer
é reduzido e, portanto, o componente “não renovável” na produção de cimento. Neste
tópico, veremos algumas estratégias de concretos sustentáveis e aplicações de ponta
sustentáveis, como concretos e argamassas de altas prestações e materiais inteligentes.
NOTA
Dentre as principais características que afetam as resistências
mecânicas dos concretos temos: porosidade e distribuição do
tamanho de poro, relação água/cimento, conteúdo de cimento.
41
É importante, portanto, desenvolver um protocolo de avaliação da pré-viabilidade
de incorporação de resíduos em matrizes cimentícias, mas antes é necessário realizar outras
análises complementares, vinculadas aos aspectos primários do resíduo, sendo estas:
ATENÇÃO
O conceito de sustentabilidade aplicado em concretos leva em
consideração três aspectos (CASTILLO, 2021):
42
com resistência adequada e alta durabilidade em ambientes agressivos, resultando
em estruturas com longa vida útil. Já no início deste século, com a incorporação do
conceito de sustentabilidade nos materiais à base de cimento e, mais recentemente,
com a introdução da nanotecnologia na concepção destes materiais, tem sido possível
dotar o concreto e a argamassa com desempenho e/ou funcionalidades avançadas
(GARCÍA-CALVO; PEREZ; CARBALLOSA, 2017).
NOTA
As particularidades a considerar no dimensionamento de um
concreto de alta resistência são (REVUELTA-CRESPO; CARBALLOSA
DE MIGUEL; GARCÍA-CALVO, 2017):
43
FIGURA 11 – TORRE ESPACIO EM MADRID FEITA COM CONRETO DE ALTO DESEMPENHO
44
Os materiais termocrômicos à base de cimento alteram a sua resposta óptica
com a temperatura e, portanto, permitem uma gestão eficiente da radiação solar quando
implementados na envolvente do edifício. Para os elementos opacos, o objetivo é que
o material apresente uma cor escura, relacionada a uma alta absorção de energia solar,
quando o ambiente externo é frio. Dessa forma, irá favorecer o aumento da temperatura
da envolvente e posteriormente do interior do edifício. O material muda de forma
autônoma e reversível para uma cor clara, com alto reflexo da radiação solar, quando o
ambiente externo está quente. Dessa forma, atenua o sobreaquecimento da envolvente
e do edifício (PÉREZ, 2021). Portanto, esse tipo de materiais dinâmicos nas envolventes
favorecem o menor consumo de energia para alcançar condições de conforto interior e
menos aquecimento do ambiente do edifício. Na figura 12 vemos ambos os processos
de concretos autorreparáveis e termocrômicos.
45
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Materiais e produtos para locais sustentáveis são aqueles que minimizam o uso de
recursos, têm baixo impacto ecológico, representam nenhum ou baixo risco para a
saúde humana e ambiental e auxiliam com estratégias locais sustentáveis
46
AUTOATIVIDADE
1 A imagem mostra uma argamassa termocrômica em duas temperaturas diferentes. A
argamassa é fabricada a partir de um pigmento orgânico encapsulado disponível no
mercado, cuja temperatura de transição é de 31 ºC.
FONTE: O autor
a) ( ) 15 ºC.
b) ( ) 40 °C.
c) ( ) Não é possível saber com a informação obtida.
d) ( ) 50 °C.
47
3 A durabilidade das estruturas de concreto depende de diferentes fatores ligados à
fase de projeto, produção e caracterização dos insumos, preparação do concreto,
execução da estrutura e manutenções preventiva e corretiva. De acordo com os
aspectos que influenciam na resistência à compressão de um concreto, classifique V
para as opções verdadeiras e F para as falsas:
4 O concreto de alta resistência é caracterizado por ter uma resistência maior que o
concreto convencional. A resistência à compressão de um concreto de alta resistência
é maior que 50 MPa, podendo, em alguns casos, chegar a até cerca de 100 MPa.
Para se ter uma ideia, a resistência do concreto mais utilizado no meio urbano é de
aproximadamente 30 MPa. Disserte as particularidades para o dimensionamento de
concreto de alta resistência inicial.
5 Materiais e produtos para locais sustentáveis são aqueles que minimizam o uso de
recursos, têm baixo impacto ecológico, representam nenhum ou baixo risco para a
saúde humana e ambiental e auxiliam com estratégias locais sustentáveis. Dentro
desta definição, as características específicas dos materiais para locais sustentáveis
podem ser separadas em materiais que reduzem o uso de recursos, que minimizam
impactos ambientais, que não possuem risco a saúde humana e de empresas com
práticas sustentáveis, sociais em ambientais. Com base nos materiais que reduzem o
uso de recursos, cite algumas práticas para a seleção que podem ser realizadas.
48
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
HABITABILIDADE E SALUBRIDADE:
COMO CONSTRUIR SUSTENTÁVEL
1 INTRODUÇÃO
O processo de geração de um habitat específico implica no conhecimento dos
padrões de conforto necessários e da técnica para serem atendidas. Pode-se dizer que
se trata de proporcionar ao usuário final de um edifício, condições adequadas de clima,
bem-estar e saúde em áreas de habitabilidade, como qualidade do ar, conforto térmico,
proteção contra ruídos e iluminação ambiente. Essas condições são obtidas fazendo
uso das ferramentas de desenho e aplicação de tecnologias.
Por outro lado, a palavra “meio ambiente” nos aproxima do que entendemos
como natureza, o planeta, o meio ambiente onde vivemos. Toda atividade realizada pelo
ser humano, como o processo arquitetônico, tem impacto no meio ambiente, e seu
conhecimento, no campo da sustentabilidade, nos ajuda a avaliá-los, antecipá-los e
minimizá-los.
2 CONFORTO HIGROTÉRMICO
A maioria das atividades das pessoas, atualmente, ocorre dentro de casa. Este
aspecto, aliado ao tempo de permanência no seu interior (mais de 90%), faz com que
o estudo da qualidade do ambiente interior (Qualidade Ambiental Interna, QAI) adquira
uma importância notável.
49
ATENÇÃO
Uma definição de qualidade ambiental interna QAI (Qualidade
Ambiental Interna), na qual a maioria das referências bibliográficas
coincidem, é: as propriedades físicas, químicas e biológicas que
o ambiente interior deve ter para não causar ou agravar doenças
nos ocupantes do edifício e para garantir um alto nível de conforto
aos ocupantes do edifício nas atividades de uso para as quais o
edifício foi projetado.
Uma das principais finalidades dos edifícios, para além da segurança estrutural,
é garantir saúde e um ambiente confortável para as pessoas que os habitam e/ou os
utilizam nas mais variadas atividades, sendo estes os verdadeiros objetivos do QAI.
Um bom QAI reduz o número de doenças e sintomas devido às síndromes de edifício
doente (SED ou do SBS do inglês, Sick Building Syndrome), melhorando o conforto e a
produtividade.
Um aspecto relevante que compõe o QAI é o conforto térmico das pessoas que
habitam os edifícios. Bem-estar térmico pode ser definido como a condição da mente
que expressa satisfação com o ambiente térmico. Para relacionar a percepção de bem-
estar com a resposta fisiológica, é necessário utilizar equações empíricas e recorrer à
estatística para prever o percentual de insatisfeitos. Os parâmetros que consideram as
variáveis dependentes do conforto em uma edificação são apresentados na Tabela 1.
50
TABELA 1 – PARÂMETROS DEPENDENTES DE CONFORTO
Temperatura do ar
Umidade relativa
Parâmetros Ambientais
Velocidade do ar
Temperatura radiante
Sexo
Idade
Peso (constituição corporal)
Taxa de metabolismo
Pessoal
Fator do usuário Vestimenta
Estado de saúde
Histórico térmico
Tempo de permanência
Sociocultural Expectativa de conforto
Adaptabilidade do espaço
Fatores Arquitetônicos
Contexto visual com exterior
Para umidades relativas, para conforto e bem-estar deve estar entre 30% e 70%,
enquanto para uma adequada saúde do usuário deve estar entre 40% e 60%. Para conforto
térmico, as temperaturas operativas em verão devem estar em aproximadamente 24,5 ºC
e no inverno 21 °C, enquanto a velocidade média do ar no verão deve estar entre 0,15 m/s
e no inverno 0,12 m/s.
51
3 CONTAMINAÇÃO ACÚSTICA E LUMÍNICA
Conforto acústico e lumínico são dois aspectos definidores de bem-estar e
habitabilidade. Eles são frequentemente interpretados como pouco relevantes em
comparação com outros, como conforto térmico ou qualidade do ar. No entanto, essas
são questões que acarretam sérios danos à saúde se não forem tratadas de maneira
adequada. Por exemplo, no campo acústico, um mau desenho de um espaço pode
causar desconforto aos ocupantes, desde simples incômodos que causam falta de
concentração, até sérios danos ao aparelho auditivo.
4 CONTAMINAÇÃO QUÍMICA
O termo “qualidade do ar interno” se aplica a ambientes internos não industriais:
edifícios de escritórios, edifícios públicos (escolas, locais de lazer, restaurantes etc.)
e residências particulares. Nos últimos anos, ganhou especial relevância por ser
associada ao termo "síndrome do edifício doente", que compreende um amplo conjunto
de sintomas ou doenças que as pessoas que trabalham ou vivem no referido edifício
atribuem ao próprio edifício.
52
Como sinal da crescente preocupação com os efeitos que esses fatores têm
sobre a saúde, organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde,
a Comissão Europeia e organizações nacionais já possuem legislações, relatórios e
estudos relacionados à contaminação. em alguns casos, também incluem seções e
menções específicas ao ar interno, na ausência de outros desenvolvimentos legislativos
específicos sobre o assunto:
ATENÇÃO
O ar interior contém uma mistura de poluentes de diferentes
fontes. A maior parte destas fontes encontra-se no interior, mas
é importante notar que o ar exterior que entra nas habitações
pode introduzir poluentes que não se originam neste ambiente,
razão pela qual o referido ar exterior está listado como uma das
fontes de poluição interior.
53
dentro do edifício), ocupantes do edifício e fontes externas. A concentração resultante
depende de uma interação complexa de vários fatores que afetam a introdução,
dispersão e remoção de poluentes (FRANCHI et al., 2006).
• Fumaça de tabaco;
• Água e umidade, o que contribui para a presença de bolores, fungos, e, portanto, à
produção de alérgenos aéreos e à proliferação de bactérias;
• Materiais de construção e móveis;
• Uso de combustíveis fósseis;
• Uso de produtos químicos domésticos;
• Controle de pragas;
• Aquecimento, ventilação e ar-condicionado com manutenção ou instalação inadequada;
• Ar poluído de fora;
• Gases do solo (radônio);
• Atividades de redecoração, remodelação e reparo;
• Condições anti-higiênicas;
• Suprimentos;
• Indivíduos e eventos acidentais.
54
sumidouro de poluentes interiores e ao mesmo tempo uma fonte de novos poluentes
(MITCHELL et al., 2007). Na figura 13 é apresentado um esquema da qualidade do
ambiente interior e suas interrelações com diversos fatores.
55
INTERESSANTE
Os níveis médios de exposição ao gás Rádon em interiores no
Brasil chegam a aproximadamente 81,95 Bq/m³ (UNSCEAR,
2006), relativamente altas quando comparadas a outros países.
Os limites recomendados para proteção de habitações exigem
exposição abaixo de 100 Bq/m³.
O primeiro caso apresenta três áreas de contato do edifício com o terro, tendo
maior exposição ao gás rádon, no segundo caso existem duas faces em contato com o
solo, no terceiro há redução de difusão de rádon, devido ter apenas uma superfície em
contato com o solo. O quarto caso, apresenta uma redução de ingresso de rádon, uma
vez que a estrutura está apoiada em pilares que possibilitam a passagem de ar abaixo,
dispersando o ingresso de rádon na estrutura.
56
6 ACESSIBILIDADE
As condições de acessibilidade são uma resposta às demandas de qualidade da
sociedade, que vêm se consolidando progressivamente ao longo do tempo. Eles estão
relacionados aos seguintes critérios:
57
• Cadeia de acessibilidade: conjunto de elementos que, no processo de interação
do usuário com o ambiente, permitem a realização das atividades nele previstas,
sem produzir descontinuidade no cumprimento dos requisitos que possam afetar o
alcance da eficácia da acessibilidade.
NOTA
As medidas de acessibilidade estão vinculadas aos seguintes
perfis/capacidades funcionais:
58
ATENÇÃO
Um dos aspectos mais complexos que a acessibilidade enfrenta
é a adaptação dos espaços urbanos e edifícios existentes. Uma
parte importante desses ambientes foi construída antes que
esses tipos de medidas fossem obrigatórios e, portanto, carecem
delas. Embora o objetivo deva ser sempre o de cumprir as
mesmas condições de um edifício novo, é necessário dar alguma
flexibilidade e admitir que em muitos casos este nível não é
atingível, pois implica um custo inaceitável ou uma inviabilidade
técnica. Nesses casos, é melhor permitir pequenas melhorias de
acessibilidade que, embora não atinjam os níveis de construção
nova, representam passos na direção certa.
• Mobilidade horizontal
59
• Mobilidade vertical
60
LEITURA
COMPLEMENTAR
ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO DAS OBRAS PÚBLICAS À NBR 9050
INTRODUÇÃO
Desde o ano de 2001, o TCE-RJ tem atuado nas áreas de obras e serviços
de engenharia, analisando os projetos básicos dos editais de concorrência pública e
verificando seus aspectos legais, legítimos e económicos quanto aos atos administrativos
dos gestores públicos (Ato Normativo TCE-RJ nº 58, de 15.03.2001).
61
OS DIREITOS DAS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (PNE)
Estabelece também, através do art. 227 § II, que é dever do Estado elaborar
programas comunitários as pessoas que apresentam necessidades especiais a partir
de um treinamento preparatório para o trabalho e a coexistência, e a facilitação da
afluência aos bens e serviços coletivos, extinguindo qualquer tipo de preconceitos e
obstáculos de acessibilidade. Além disso, o seu art. 244, remete à lei as disposições
acerca da transposição das ruas, dos prédios de utilização pública e dos veículos de
transporte coletivo, propiciando uma maior acessibilidade às pessoas com algum tipo
de deficiência (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, a intenção dos constituintes foi dar efetividade a esses direitos e
não os transformar em letra morta. A leitura dos diversos incisos do art. 5º deixam clara
a existência de normas que definem os direitos das pessoas que apresentam algum tipo
de necessidade especial (FERREIRA FILHO, 2010).
Com o intuito de contornar as barreiras construídas pelo veto do art. 1º, IV, da Lei
n. 7.347/85 e de se antecipar à Lei n. 8.078/90, a criação da Lei n. 7.853/89 sancionou
a atuação civil pública como solução processual, de modo a apropriar a proteção dos
interesses coletivos ou difusos das pessoas que possuem algum tipo de necessidade
especial, assegurada tanto pelo Ministério Público quanto pelos indivíduos jurídicos
de Direitos Públicos; assim como pelas fundações, empresas públicas e associações,
“além de sociedades de economia mista (com a premissa que sejam incluídas, entre
seus objetivos institucionais, a proteção de pessoas com necessidades especiais)”
(QUADROS, 2020, s.p.).
62
Ao propor a nomenclatura “pessoa portadora de deficiência”, o legislador
objetivava dissociar a palavra deficiência do termo pessoa. Contudo, esse fim não foi
efetivado, uma vez que o foco se voltou não para a possível solução desta questão, mas
para o termo portador, indicando que se trata de alguma patologia. Nesse caso, o termo
mais usado passou a ser “pessoas com necessidades especiais” (FÁVERO, 2004).
Oliveira (2016) relata que a exclusão das pessoas com deficiência mental ou
intelectual do conjunto que enumera as pessoas totalmente incapacitadas fomenta
relativamente a consideração deles em serem incapacitados, constatando um grande
equívoco (artigo 4º, III, do CC).
63
de vida tanto económica como social e econômica, principalmente em relação à
acessibilidade nas ruas e edifícios. Ainda que limitada, esta emenda é reconhecida
como um grande avanço na proteção dessa camada da população, pela qual foram
interpostas medidas judiciais relacionadas à implantação de rampas que facilitam o
acesso a locais privados ou públicos (ARAÚJO, 2001).
Embora essa preocupação tenha ocorrido nessa época, ainda são incipientes
o número de rampas tanto nas calçadas como nos edifícios, para cadeirantes, além de
pisos podotáteis e sonorização nos elevadores. A implementação dos mecanismos de
acesso começou a ser implantados a partir da década de 1990 (OHLWEILER, 2014).
64
OBRAS PÚBLICAS E ADEQUAÇÃO À NBR 9050
Justen Filho (2005) deixa claro que o projeto básico não é destinado a
disciplinar a execução da obra ou do serviço, mas necessita demonstrar a viabilidade
e a conveniência de sua execução. Neste caso, não pode ser viável ou conveniente a
execução de obras públicas sem que todos possam delas usufruir.
A revisão mais atual da NBR 9050 ocorreu em 2015, sendo que seus objetivos
são diferentes das versões anteriores, uma vez que passou a abordar o meio rural e
não somente o meio urbano. Além disso, são apresentadas informações e ilustrações mais
detalhadas, como também as maneiras de fazer as devidas adaptações de acordo com
a característica de cada modelo (LIMA, 2016).
65
Salienta-se que o Decreto nº. 5296/2004, mencionado em parágrafos anteriores,
estabeleceu prazos para adequação de edifícios de uso coletivo do país às normas que
estabelecem critérios para a promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência,
sendo o limite máximo de dezembro de 2008 para o cumprimento de tal determinação.
Perante o quadro normativo existente, é necessária a contratação de profissionais
qualificados buscando atender a tal demanda (NASCIMENTO, 2013).
CONCLUSÃO
FONTE: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/acessibilidade-e-adaptacao>.
Acesso em: 18 jan. 2022.
66
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os espaços interiores devem ter propriedades que evitem que seus ocupantes sejam
contaminados de maneira física, química ou biológica e assegurar um alto nível de
conforto dos ocupantes para realizar suas atividades.
67
AUTOATIVIDADE
1 Mais que um projeto arquitetônico, a acessibilidade tem objetivo de propiciar uma
sociedade mais igualitária. É a garantia de transição a todos que possuem algum
tipo de necessidade especial ou mobilidade reduzida por espaços públicos ou
privados, sem a presença de nenhuma barreira arquitetônica. Sobre as condições de
acessibilidade nas construções civis, assinale a alternativa CORRETA:
2 O radônio é a segunda maior causa de morte de câncer de pulmão nos Estados Unidos,
atrás apenas do cigarro. É provado por estudos da EPA (Environmental Protection
Agency dos EUA) que em torno de 21 mil pessoas morrem por ano por causa desse
elemento químico, 2.900 das quais não são fumantes. Com base na contaminação de
interiores por rádon, analise as sentenças a seguir:
3 A Qualidade do Ar Interno (QAI) surgiu como ciência a partir da década de 1970 com
a crise energética e a consequente construção dos edifícios selados (desprovidos
de ventilação natural), principalmente nos países desenvolvidos, e se destacou após
a descoberta de que a diminuição das taxas de troca de ar nesses ambientes era a
grande responsável pelo aumento da concentração de poluentes no ar interno. De
acordo com a contaminação de ar interior, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:
68
( ) O fumo de tabaco, a emissão de fibras a partir de materiais de construção, a utilização
de plásticos e produtos sintéticos (tintas e vernizes) são alguns exemplos de fontes
de poluição do ar.
( ) A radioatividade é um fator de risco relativo ao ar interior.
( ) Os animais domésticos, quando vivem no interior das casas, não influenciam a
qualidade do ar interior.
69
70
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR ISO 14040: Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e
estrutura. Rio de Janeiro: ABNT, 2009a.
ABNT. NBR ISO 14044: Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e
orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2009b.
ABNT. NBR 6502: Rochas e solos – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
71
FRANCHI M, C. P. et al. Working towards healthy air in dwellings in Europe.
Allergy, v. 61, n. 7, p.864-868, 2006.
MITCHELL, C. S. et al. Current state of the science: health effects and indoor
environmental quality. Environ Health Perspect. v. 115, n. 6, p. 958-964, 2007.
ONU General Assembly Resolution 70/1. Transforming our world: the 2030 Agenda
for Sustainable Development. 2015.
72
PÉREZ, G. Materiales en base cemento inteligentes: autorreparables y
termocrómicos: Construcción Sostenible e inclusiva. Madrid: Cooperación Española
Conocimiento/Interconecta, 2021.
UNSCEAR. Report Indoor Rádon 2006. New York: Scientific Annexes C, D and
E. 2006. Disponível em: https://www.unscear.org/docs/publications/2006/
UNSCEAR_2006_Annex-E-CORR.pdf. Acesso em: 18 jan. 2022.
73
74
UNIDADE 2 —
PROCESSOS SUSTENTÁVEIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
75
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
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76
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
PROCESSO DE DESIGN VERDE
1 INTRODUÇÃO
O movimento do edifício de alto desempenho está mudando a natureza do
ambiente construído e os sistemas de entrega, que são usados para projetar e construir
a instalação de acordo com as necessidades do cliente. Pensar desta maneira resultou
no surgimento de sistema de entrega de construção verde de alto desempenho. Novas
ferramentas, como modelagem de informações de construção (BIM), que produzem
representações tridimensionais do modelo que estão vinculadas à energia software
de modelagem, iluminação natural e avaliação do ciclo de vida estão aumentando a
qualidade da colaboração e reduzindo os custos de construção verde.
77
NOTA
O método de entrega de projeto é um sistema usado por uma
agência ou proprietário para organizar e financiar serviços de
design (projeto), construção, operações e manutenção de uma
estrutura ou instalação, celebrando acordos legais com uma ou
mais entidades ou partes.
2.1 “DESIGN-BID-BUILD”
A forma de contratação “Design-Bid-Build” (DBB) consiste no gerenciamento
integral e contratação separada de serviços de engenharia, aquisição de equipamentos
e materiais e a construção propriamente dita. O principal objetivo é a entrega de baixo
custo do projeto ao proprietário pelo empreiteiro. As empresas projetistas e construtoras
não agem de maneira integrada. Após a conclusão da obra, a operação e manutenção são
responsabilidade exclusiva do proprietário (KIBERT, 2016).
78
2.2 “DESIGN-BUILD”
Embora o trabalho negociado reduza a frequência e a intensidade dos conflitos
presentes em um sistema de entrega de construção complicado, a tensão clássica entre
a equipe de projeto e o gerente de construção ainda existe, embora em menor grau.
O “design build” (DB) é um método de entrega do projeto no qual uma entidade (o
designer-construtor) firma um único contrato com o proprietário para fornecer serviços
de projeto de arquitetura ou engenharia e serviços de construção (FMI, 2018). “Design-
build” também é conhecido como construção do projeto e fornece o proprietário com
responsabilidade de fonte única.
Essa entidade pode ser uma empresa que possui recursos internos de projeto
e construção ou uma parceria entre uma empresa de projeto e uma empresa de
construção. Assim, é mais provável que o sistema de entrega de “design-build” reduza
os conflitos típicos de “design-bid-build”, forneça um preço mais baixo para o proprietário,
melhore a qualidade, acelere a conclusão do projeto e facilite a comunicação aprimorada
entre os membros da equipe do projeto (KIBERT, 2016). O sistema de entrega de design-
construção é muito compatível com o conceito de construção verde. Além de sua ênfase
em alto grau de colaboração entre as fases de projeto e construção, é muito consistente
com a abordagem de projeto necessária para produzir edifícios de alto desempenho.
79
As partes trabalham em conjunto e produzem documentos de construção
que atendem aos requisitos, cronograma e orçamento do proprietário e assim evitam
conflitos físicos entre sistemas, informações ausentes e outros produtos de falta de
comunicação, frequentemente encontrados nos documentos de construção produzidos
para projetos de “Design-Bid-Build”. Por meio de um processo de licitação, o gerente de
construção seleciona os subcontratados com base em suas capacidades e na qualidade
de seu trabalho, não apenas na menor oferta. Por esse motivo, o nível de conflito no
trabalho negociado é muito menor devido às relações de trabalho mais estreitas entre
as partes do contrato. Além disso, as empresas de gerenciamento de construção que
empreendem trabalhos negociados entendem que os clientes atuais e anteriores são a
principal fonte de projetos futuros. Consequentemente, a satisfação do cliente torna-se
o objetivo principal.
INTERESSANTE
BIM (ou Building Information Modeling), que significa Modelagem
da Informação da Construção ou Modelo da Informação da
Construção, é um conjunto de informações geradas e mantidas
durante todo o ciclo de vida de um edifício.
80
O IPD é definido como uma abordagem de acordos e processos de design e
construção, concebida para acomodar a intensa colaboração intelectual que os edifícios do
século XXI exigem (ILINCP, 2012). A visão inspiradora do IPD é a de uma equipe de projeto
integrada, não dividida por interesse próprio econômico ou contratos de responsabilidade,
mas um conjunto de empresas com a responsabilidade mútua de ajudar umas às outras
a cumprir os objetivos do proprietário. Para apoiar essa visão, arquitetos, engenheiros,
gerentes de construção e advogados elaboram processos de gestão e termos contratuais
com o objetivo de alinhar os interesses da equipe-chave do projeto com a missão de
aumentar a eficiência, reduzir o desperdício e fazer edifícios melhores.
81
Como acontece com outros aspectos do desenvolvimento sustentável, a
transparência é uma característica importante dos projetos de construção verde. Apesar
deste problema potencial, vários projetos de construção verde bem-sucedidos foram
executados usando “design-build”. O IPD é um sistema de entrega relativamente novo,
mas com grande ênfase na colaboração, que parece ser uma abordagem altamente
compatível com a entrega de edifícios verdes.
FIGURA 1 – ESCOLHA DE SISTEMAS DE ENTREGA UTILIZADOS POR EMPRESAS NOS ESTADOS UNIDOS
O uso de métodos de entrega IPD e EPC são mais específicos para selecionar segmentos. O IPD foi
indicado para ser utilizado em maior escala no mercado de saúde, enquanto o EPC é consistentemente
empregado no mercado da indústria pesada. As partes interessadas acreditam que essa continuará a ser
a norma no futuro. O IPD em específico não ganhou a tração originalmente assumida.
82
NOTA
Conforme STA (2019), o “Engineer-Procure-Construct” (EPC), apresentado como uma opção
para aplicar em sistemas de entrega na Figura 1, é um método de entrega de projetos que
surgiu como uma escolha preferida para algumas entidades industriais e está começando
a ganhar apoio no negócio de manufatura. Com o contrato EPC, o proprietário tem como
único propósito de contato o empreendimento. Sob o modelo, a empresa EPC lida com
o plano de design, obtém todo o hardware e materiais de desenvolvimento e serviços
de construção para transporte, na maior parte a um custo único. Este modelo auxilia os
trabalhadores para executar o empreendimento e diminui os perigos de risco para o
proprietário.
ATENÇÃO
Edifícios verdes são um conceito relativamente novo para a indústria. Para realizar essas
obras é necessário orientar todos os membros da equipe do projeto quanto às metas
e objetivos do projeto que estão relacionados a questões como eficiência de recursos,
sustentabilidade, certificação e saúde da construção.
83
Projeto de construção integrado ou projeto integrado é o nome dado aos altos
níveis de colaboração e trabalho em equipe que ajudam a diferenciar um projeto de
construção ecológico do processo de projeto encontrado em um projeto convencional.
NOTA
Empregar o conceito de Arquitetura Bioclimática em projetos de
edificações é uma das grandes soluções e tendências sustentáveis
deste setor. Esta vertente nada mais é do que a relação que se
faz dos fatores climáticos com o desempenho sustentável que o
edifício pode atingir, de acordo com a sua localização geográfica.
84
FIGURA 2 – ESQUEMA DO DESIGN SUSTENTÁVEL
85
A execução de projetos de construção sustentáveis é caracterizada pela
colaboração inicial significativa do processo de projeto. No projeto convencional, os
membros da equipe começam seu esforço conjunto no início do projeto esquemático;
em um projeto de construção verde que emprega design integrado, a colaboração
começa no início do projeto e todos os membros da equipe têm entrada nas decisões
de design durante todo o ciclo de projeto, conforme visto na Figura 2.
86
4 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS E O ENTORNO
O uso da terra e o projeto paisagístico estão intimamente ligados e oferecem
talvez a melhor oportunidade de inovação na aplicação dos recursos necessários para
criar o ambiente construído. Os edifícios, embora alterem o ecossistema local, podem
contribuir para o ecossistema e funcionar sinergicamente com a natureza. Projetado
com cuidado, executou trabalhos de arquitetos, arquitetos paisagistas, engenheiros
civis e gerentes, obrigados a produzir um edifício que (KIBERT, 2016):
87
INTERESSANTE
Carvalho e Castro (2016) informam que as definições de greenfield, brownfield, yellowfield
e greyfield são associadas a projetos de infraestrutura, referindo-se ao estágio em que o
parceiro privado encontrará sua implantação física pré-existente. Geralmente, são citados
em casos de Parcerias Público-Privadas (PPP) ou concessões públicas.
Greenfield: trata-se daquela situação em que ainda não existe nenhuma estrutura pré-
existente, tudo ainda precisa ser feito do zero. O termo green (verde) vem da referência à
vegetação existente no local.
88
4.1 ABORDAGENS DE TERRENO E PAISAGEM PARA EDIFICÍOS
SUSTENTÁVEIS
Kibert (2016) afirma que os edifícios requerem várias categorias de recursos para
sua criação e operação como materiais, energia, água e terreno. O terreno, obviamente, é
um recurso essencial e valioso, por isso seu uso adequado é uma consideração primordial
no desenvolvimento de uma construção de alto desempenho. Várias abordagens gerais
para o uso da terra se enquadram no conceito de edifícios verdes de alto desempenho:
89
4.2 USO DA TERRA
A seleção de um local de construção geralmente é da competência do proprietário,
mas muitas vezes pode ser afetada por contribuições de membros da equipe do projeto.
Por exemplo, um edifício verde da Universidade da Flórida, originalmente estava
programado para ser construído em um espaço aberto no campus que anteriormente
fornecia áreas ambientais e de recreação. No entanto, após a interação entre o grupo de
usuários do projeto e os administradores da universidade, o prédio foi realocado para um
terreno usado, neste caso, um estacionamento. A população em geral da universidade
se beneficiou com esta mudança na medida em que não perdeu o espaço aberto. No
final das contas, a nova localização era um local muito mais proeminente do que sua
localização original (KIBERT, 2016).
Dentre algumas restrições de usos de terra para edifícios verdes, temos algumas
considerações para sua aplicação, sendo elas: a perda de terras agrícolas; construção
em zonas de inundação; uso de habitat para espécies ameaçadas de extinção; e causas
de erosão do solo. A seguir, veremos alguns pontos de cada uma destas restrições.
Outro fator a ser considerado é que nenhuma obra deve ser construída em
áreas propensas a inundações, pois podem causar desastres que impactam na vida
e economia da população devido ao ciclo de destruição e reconstrução de moradias.
Essas áreas devem ser identificadas através de mapas e restringidas para minimizar as
pedras de construções nestes espaços.
90
Por último, os edifícios sustentáveis devem tomar cuidado para garantir
que o solo apresentará perda mínima devido à erosão causada pelo transporte ou
movimentação de água ou do vento. Para isso, o gerente da obra ou os contratados
devem prestar atenção à perda de solo transportado pelo ar e escoada por águas
pluviais. Muitas certificações pedem um plano de controle de erosão e sedimentação
para considerar uma construção como sendo verde. Para isso, as melhores práticas de
controle de sedimentação e erosão são (KIBERT, 2016):
91
vez disso, cria um escoamento rápido poluído com materiais orgânicos, combustível de
veículo e óleo. A solução contemporânea para lidar com a água da chuva é conhecida
como Sistemas de Drenagem Sustentáveis (SuDS). Esses sistemas têm como objetivo
(HALLIDAY, 2008):
• Controlar as inundações.
• Previna a poluição.
• Aumentar a quantidade das águas subterrâneas.
• Reduzir a carga nas estações de tratamento de esgoto.
92
5 DESENVOLVIMENTO DE BAIXO IMPACTO
O desenvolvimento de baixo impacto (LID, do inglês Low Impact Development)
é uma estratégia relativamente nova que integra sistemas ecológicos com projeto
paisagístico para gerenciar o escoamento de águas pluviais com eficácia. As técnicas
de LID minimizam o escoamento para evitar que os poluentes afetem negativamente a
qualidade da água e podem diminuir o tamanho necessário das bacias tradicionais de
retenção e detenção, resultando em economia de custos em relação aos mecanismos
convencionais de controle de águas pluviais (KIBERT, 2016).
O LID pode ser aplicado a uma variedade de usos do solo e de ambientes urbanos
de alta densidade a empreendimentos de baixa densidade. Em geral, os termos LID
e infraestrutura verde referem-se a sistemas e práticas de desenvolvimento de terras
que usam processos naturais para se infiltrar, evapotranspirar (devolver água à atmosfera
por evaporação ou por plantas) ou reutilizar escoamento de águas pluviais no local onde
é gerada.
Temos seis princípios para uma LID bem-sucedida. Eles são declarados a seguir
e devem ser usados para orientar o projeto de um sistema LID (KIBERT, 2016):
93
1. Usar recursos valiosos e existentes. Identificar e trabalhar com todas as características
culturais e naturais que irão agregar valor imediatamente ao desenvolvimento: árvores
maduras, habitats de vida selvagem, riachos, caráter rural/arquitetônico e características
de patrimônio.
2. Deixe os recursos naturais trabalharem para o projeto. Usar a drenagem natural,
imitando os sistemas e padrões existentes. Minimizar os distúrbios na construção e
as mudanças na bacia hidrográfica irá beneficiar o meio ambiente e reduzirá custos.
3. Aumente o valor do local com espaços abertos. Agrupar casas ou edifícios no
desenvolvimento permite a provisão de espaços abertos e vistas panorâmicas. As
conexões com espaços abertos dentro de uma rede de cidade podem fornecer
amenidades naturais, resultando em valores de propriedade mais elevados.
4. Reduza o tamanho das necessidades de gerenciamento de água no local. Ao
limitar as superfícies impermeáveis, a quantidade de infraestrutura de águas pluviais
pode ser bastante reduzida. Edifícios com telhados verdes, pavimento permeável
e estradas estreitas tornam o gerenciamento de águas pluviais administrável.
5. Trate as águas pluviais perto da fonte. Em vez de infraestrutura subterrânea
cara, bacias de captação, encanamentos e lagoas de águas pluviais, é indicado usar
jardins pluviais não estruturais e de baixo custo, de baixa manutenção, para infiltrar o
escoamento.
6. O paisagismo inteligente pode economizar dinheiro. Não há dúvida de que um
bom paisagismo aumenta o valor das propriedades e que um paisagismo inteligente
também pode economizar dinheiro. Dinheiro é desperdiçado em técnicas como corte,
nivelamento e lagoas de águas pluviais, que tratam apenas de um problema. Com uma
paisagem multifuncional, é possível gerenciar o escoamento, melhorar a qualidade da
água, reduzir a conta de luz, aumentar o valor da propriedade e economizar dinheiro.
94
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Para elaborar uma construção sustentável, é necessário ter algumas práticas verdes,
sendo elas: otimizar o uso do terreno integrando com o ecossistema local, considerar
a geologia do, topografia, insolação solar, hidrologia, e padrões de ventilação natural
ou forçada, minimizar os impactos durante a construção e operação.
95
AUTOATIVIDADE
1 A necessidade da preservação ambiental é hoje uma realidade. Os efeitos da
degradação do meio natural mobilizam os fóruns mundiais, onde se debatem
opções para garantir sustentabilidade, desenvolvimento e qualidade de vida no
mundo contemporâneo. Sobre a contribuição do projeto de arquitetura para o
desenvolvimento de construções sustentáveis, assinale a alternativa CORRETA:
96
III- Os custos elevados e os tempos de construção mais longos associados a
locais brownfield podem representar grandes ameaças aos desenvolvedores;
especialmente aqueles que se esforçam para construir casas e escritórios, o que
poderia beneficiar a economia a longo prazo.
4 Edifícios verdes são um conceito relativamente novo para a indústria. Essas obras
são constituídas de prédios totalmente sustentáveis, voltados para a preservação
ambiental e economia de recursos naturais, construídos para causar o menor impacto
possível na natureza. Disserte sobre os três principais propósitos dos edifícios verdes:
97
98
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
PLANEJAMENTO INTEGRADO DE OBRA
1 INTRODUÇÃO
Quando pensamos em um planejamento integrado de obra voltado para
construções sustentáveis, é necessário inicialmente identificar as atividades a serem
consideradas para compor o cronograma geral do projeto. Dessa maneira, o projeto
inteiro é particionado em menores atividades que devem seguir uma sequência que vai
desde a definição dos problemas a serem enfrentados até a última atividade para que a
obra seja entregue ao usuário.
99
o fato de ainda não haver nível de detalhe suficiente não é justificativa para que o
elemento não componha o planejamento. Esse elemento pode ser desmembrado em
períodos futuros. Um exemplo típico é o paisagismo, que muitas vezes não está ainda
plenamente definido no início da obra, mas que pode provisoriamente ser incluído no
cronograma como uma tarefa genérica, sendo dividida posteriormente em plantio de
grama, plantio de árvores, construção de espelho d'água, iluminação direcionada, entre
outros (MATTOS, 2010).
NOTA
Quando realizamos o a subdivisão das atividades a serem realizadas
em um escopo, denominamos essas menores atividades de pacotes
de trabalho.
O processo de desmembrar uma atividade em um período mais
avançado do projeto chama-se planejamento em ondas sucessivas,
essa prática faz com que o grau de informação aumente à medida que
o pacote de trabalho se aproxima, aumentando seu detalhamento.
100
FIGURA 4 – VISÃO GERAL DO GERENCIAMENTO DO ESCOPO DO PROJETO
5.1 Planejar o
5.2 Coletar os Requisitos 5.3 Definir o Escopo
Gerenciamento do Escopo
101
Portanto, vimos até agora que para termos sucesso no planejamento de
uma obra, precisamos subdividi-la em partes menores. Esse processo é chamado
decomposição. A estrutura hierarquizada que a decomposição gera é chamada de
Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Basta pensar em uma árvore genealógica, com
diversas ramificações. Esse tipo de modelo deve ser aplicado em qualquer modelo de
construção, pois auxilia no gerenciamento da obra.
2.1 PROPRIEDADES
Como vimos anteriormente, a configuração da EAP é uma árvore com
ramificações, o nível superior da EAP representa o escopo total. Nesse nível, há apenas
um item, o projeto como um todo. A partir desse nível, a EAP começa a se ramificar
em tantos galhos quantos forem necessários para representar as grandes feições do
projeto. Em seguida, cada bloco do segundo nível é desdobrado em seus componentes
menores no terceiro nível e assim sucessivamente (MATTOS, 2010).
INTERESSANTE
Mattos (2010) afirma que não há uma regra definida para
construirá EAP. Dois planejadores podem perfeitamente chegara
duas EAP bastante diferentes para o mesmo projeto. O critério
de decomposição é responsabilidade de quem planeja. Qualquer
que tenha sido a lógica de decomposição, todos os trabalhos
constituintes do projeto precisam estar identificados ao final. O
importante é que a EAP represente a totalidade do escopo.
102
A Figura 5 apresenta um exemplo de uma EAP para a construção de uma casa
com diversos tipos de decomposição. O escopo total é representado pelo primeiro
nível da EAP, representado pelo projeto da casa nova. No segundo nível, vemos seis
blocos, constituído de projetos, licitação, mobilização, construção, desmobilização e
gerenciamento do projeto. Já no terceiro nível estão apresentados os últimos níveis das
ramificações da EAP.
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/nerit-cms/robsoncamargo/text-editor/projeto_
constru%C3%A7%C3%A3o_casa_nova_1_.png>. Acesso em: 24 nov. 2021.
ATENÇÃO
As EAPs não têm limitação de nível de pacotes de trabalho, no
entanto, é necessário definir bem a ramificação das atividades,
uma vez que planejamentos com extensa ramificação pode ser
confuso e causar maior custo de controle. No entanto, EAPs com
pouco detalhe podem ter um controle muito baixo e resultar em
maiores custos posteriores.
103
2.2 BENEFÍCIOS
Com base no que vimos, a realização de uma EAP fornece muitos benefícios
para a execução de uma obra. Dentre eles, temos (MATTOS, 2010):
3 ORÇAMENTO NO PLANEJAMENTO
Os objetivos principais de qualquer projeto são garantir que seja concluído no
prazo, dentro do orçamento e de acordo com as especificações. O gerenciamento de
projetos é definido como a arte de dirigir e coordenar recursos humanos e materiais ao
longo da vida de um projeto, usando técnicas de gerenciamento modernas para atingir
objetivos predeterminados de escopo, custo, tempo, qualidade e objetivos participativos
(KUBBA, 2017).
104
Dentre os orçamentos estimados, os orçamentos baseados no CUB (Custo
Unitário Básico) trata-se de um método de obter o custo de metro quadrado de obra
pronta, é a metodologia mais simplificada que se dispõe para o cálculo aproximado dos
custos de obras. O custo global é o resultado do produto da área total a construir pelo
CUB. A área total é definida pelo projeto de arquitetura, e o custo unitário básico de
construção é fornecido por diversas fontes, entre elas o boletim mensal do SINDUSCON
(Sindicato das Indústrias da Construção Civil), e revistas técnicas especializadas.
Normalmente, são publicados custos mensais, segundo o padrão de acabamento da
obra (alto, normal e baixo), para regiões diferentes do país, por natureza de obra, número
de pavimentos e outras características.
Custo total = área total de construção x CUB (da região e do padrão da obra)
105
4 CONSTRUÇÃO ENXUTA
O termo construção enxuta vem do inglês “lean construction”, que é uma
adaptação do princípio de Lean Production, que foi introduzido por James Womack, Daniel
Jones e Daniel Ross através do livro ‘The machine that changed the world’ (A máquina
que mudou o mundo) de 1990, em que descreve o novo paradigma de manufatura
estabelecido pelo Sistema Toyota de Produção (BERTANI, 2012). A construção enxuta
surge como princípio para eliminar desperdícios que ocorrem na obra. No que tange à
construção civil, nove tipos de desperdícios são encontrados: espera, movimentação,
processos desnecessários, área não utilizada, transporte, estoque, superprodução,
defeitos e atrasos.
106
FIGURA 6 – MODELO DE PROCESSO DE CONSTRUÇÃO ENXUTA
107
IV. Reduzir o tempo de ciclo: os tempos de ciclo são definidos com a soma de todos
os tempos necessários de transporte, espera, processamento e inspeção de um
produto. Dentre as vantagens deste princípio temos uma entrega mais rápida ao
cliente, gestão de processos mais fácil, aumento de aprendizagem e redução de
vulnerabilidade do sistema.
V. Simplificar através da redução do número de passos ou partes: deve-se
reduzir o número de componentes ou estágios de fluxo de um processo. Assim, é
possível eliminar atividades que não agreguem valor ao processo.
VI. Aumentar a flexibilidade de saída: possibilita alterar característica dos produtos
entregues aos clientes, sem aumentar substancialmente os seus custos. Embora
este princípio pareça reduzir a eficiência, pode-se aumentar a flexibilidade e manter
uma alta produtividade. Esse princípio pode auxiliar na finalização detalhada do
produto no tempo mais tarde possível, permitindo a flexibilidade do produto sem
grandes prejuízos para a produção.
VII. Aumentar a transparência dos processos: torna os erros mais fáceis de serem
identificados no sistema de produção e aumenta a disponibilidade de informações
necessárias para executar as tarefas.
VIII. Focar o controle no processo global: possibilita identificar e corrigir possíveis
desvios que venham a interferir de forma acentuada no prazo de entrega da obra.
IX. Introduzir melhoria contínua no processo: esta medida feita de maneira
permanente no processo, esses esforços reduzem perdas e aumentam a organização
da equipe.
X. Manter equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões: em geral, quanto
maior a complexidade do processo de produção, maior é o impacto das melhorias e
quanto maiores os desperdícios inerentes ao processo, mais proveitosos os benefícios
nas melhorias de fluxo, em comparação com as melhorias de conversão.
XI. Fazer Benchmarking: consiste num processo de aprendizagem a partir de práticas
adotadas em outras empresas, tipicamente consideradas líderes no segmento. Isso
estimula a competitividade da empresa e tem como resultado combinar os pontos
fortes desenvolvidos internamente com o de práticas de outras empresas para uma
melhoria contínua.
108
Os canteiros de obras podem ser divididos entre: restritos; longos e estreitos;
e amplos. Os terrenos restritos são caracterizados como construções reformas ou
ampliações em áreas urbanas, em que a construção ocupa a maior parte do terreno,
quando não o terreno completo. Os terrenos longos e estreitos são construções
de estradas de ferro e rodagem, redes de gás e petróleo, entre outros, onde é terreno
é restrito em um dos cantos e possibilita poucos pontos de acesso. Já os terrenos
amplos são construções de plantas industriais ou conjuntos habitacionais, geralmente
presentes em obras grandes. Nesse terreno, as construções ocupam uma pequena parte
do terreno, com amplo espaço para armazenamento, estacionamento ou paisagismo.
Etapa Serviços
Serviços técnicos (levantamento topográfico, projetos, especificações).
Serviços
preliminares e gerais Instalações provisórias (tapumes, barracão, água, luz, esgoto e placas).
Limpeza da obra.
Trabalhos em terra (demolições, limpezas do terreno, escavações
mecânicas, escavações manuais, aterro e apiloamento, locação da
obra e desmonte em rocha).
Infraestrutura
Fundações e outros serviços (escoramento do terreno, rebaixamento
do lençol freático, fundações profundas, fundações superficiais, vigas,
baldrames e alavancas).
Concreto armado.
Supraestrutura
Pré-moldados.
Alvenarias.
Esquadrias.
Paredes e painéis
Ferragens.
Vidros.
Telhados.
Coberturas e
Impermeabilizações.
proteções
Tratamentos.
Revestimentos internos.
Revestimentos, Azulejos.
elementos Revestimentos externos.
decorativos e Forros.
pinturas Pinturas.
Revestimentos especiais.
109
Madeira.
Cerâmica.
Carpete.
Pavimentação
Cimentado.
Rodapés, soleiras e peitoris.
Pavimentações especiais.
Elétricas e telefônica.
Hidráulicas.
Instalações e
Esgoto.
aparelhos
Instalações mecânicas.
Aparelhos.
110
e reciclagem, fixando as porcentagens mínimas em peso, do resíduo da construção
a ser reciclado. Outro critério é o impacto no terreno, que exige a elaboração de um
plano de minimização dos impactos a cursos de água e outras características naturais
do terreno, como impactos erosivos devido a obras ou ao paisagismo realizado. Já
com relação aos aspectos sociais da obra, é objetivado minimizar os acidentes que
causem ferimentos ou mortes.
• LEED (Leadership in Energy and Environmental Design): esta metodologia
avalia por pontos o projeto. Duas exigências são necessárias para o canteiro de obras,
o controle de erosão e assoreamento tem por objetivo monitorar a erosão, reduzindo
possíveis impactos negativos na qualidade de água e do ar. Para isso, é necessário
elaborar um plano do controle de assoreamento e de erosão, específico para cada
obra. O outro ponto é relacionado à gestão dos resíduos do canteiro, direcionando os
resíduos de construção e a terra escavada para destinos que não sejam aterros.
ATENÇÃO
A Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos no Brasil, e conforme seu Art 15, a União elaborará, sob a coordenação
do Ministério do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por
prazo indeterminado e horizonte de vinte anos, a ser atualizado a cada quatro anos, tendo
como conteúdo mínimo:
111
VIII- Medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada dos resíduos sólidos.
IX- Diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos sólidos das
regiões integradas de desenvolvimento instituídas por lei complementar, bem como
para as áreas de especial interesse turístico.
X- Normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de resíduos.
XI- Meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito nacional, de sua
implementação e operacionalização, assegurado o controle social.
Outra fonte comum de RCA é o concreto fresco que retorna à planta de concreto
de origem por motivos de excesso de oferta ou rejeição. Algumas plantas permitem a
cura para seguir com a trituram e reutilização como base agregada em outros empregos.
Um benefício econômico da reciclagem do concreto é o valor da armadura de aço
que é removida durante o processo de reciclagem do concreto. Quando o concreto é
depositado em aterro, o aço geralmente não é removido, mas quando o concreto é
reciclado, o aço removido pode ser vendido como sucata, agregando valor econômico
aos esforços de reciclagem.
112
O gerenciamento de qualidade de um projeto deve incluir os seguintes itens:
113
• Benchmarking: envolve a comparação de práticas de projetos reais ou planejados
com as de projetos, comparáveis para identificar as melhores práticas, gerar ideias
para melhorias e fornece uma base para medir o desempenho. Esses outros projetos
podem estar na organização executora ou fora dela e podem estar dentro da mesma
área de aplicação ou em outra.
• Projeto e experimento: é um método estatístico para identificar os fatores
que podem influenciar variáveis especificas de um produto ou processo em
desenvolvimento ou em produção. O método DOE deve ser usado durante o processo
de planejar a qualidade para determinar o número e tipos de testes e seu impacto
no custo da qualidade. Também desempenha papel na otimização de produtos ou
processos. Pode ser usado para reduzir a sensibilidade do desempenho do produto a
fontes de variações causadas por diferenças ambientais ou de fabricação.
NOTA
Além dessas ferramentas, ainda é possível realizar outras, como
brainstorming, diagrama de afinidade, análise do campo de força,
técnicas de grupos nominais, amostragem estatística, fluxogramas,
matrizes de priorização e diagramas matriciais. Para mais informações,
consulte o livro: Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento
de Projetos (Guia PMBOK).
114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• É possível utilizar diversas certificações para adequar uma obra como sendo uma
construção sustentável. Dentre alguns exemplos, temos as utilizações da certificação
LEED, que surge com intuito de promover e estimular práticas de construções
sustentáveis, satisfazendo critérios para uma construção verde.
• Dentre as boas práticas para uma gestão sustentável, temos: separar os resíduos em
categorias diferentes, utilizar detectores de presença, conhecido como iluminação
inteligente, ter cuidado com a água, evitar desperdícios e contaminação com resíduos
tóxicos, definir o orçamento na fase do planejamento, entre outras medidas.
115
AUTOATIVIDADE
1 O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, elaborado mediante processo de mobilização e
participação social, incluindo a realização de audiências e consultas públicas, possui
como conteúdo mínimo, além de um diagnóstico da situação atual dos resíduos
sólidos. Sobre esses conteúdos, assinale a alternativa CORRETA:
3 O selo LEED, a certificação internacional mais conhecida no Brasil (e uma das mais
populares no mundo), leva em conta em seu processo algumas dimensões, como:
eficiência energética, uso de materiais e recursos e qualidade dos ambientes internos
da edificação. Sobre o selo LEED, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:
116
( ) Os níveis de certificação LEED são classificados em LEED, LEED prata, LEED ouro e
LEED bronze.
( ) Os benefícios do LEED são econômicos, sociais e ambientais, tais como aumento da
retenção, redução do consumo de água e energia, capacitação profissional, entre
outros.
( ) As etapas para a certificação LEED são: escolha de tipologia, registro do projeto,
auditoria documental do projeto e da obra e certificação.
117
118
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
APROVEITAMENTO DE RECURSOS
1 INTRODUÇÃO
Um dos princípios básicos da sustentabilidade é a preservação de recursos
naturais – como água, energia, luz ou vento, fazendo o uso consciente deles e evitando
o consumo exacerbado e desnecessário. Quando é possível aproveitar esses recursos
de forma inteligente e eficiente, realizando uma integração entre construção e meio
ambiente, consegue-se um impacto positivo ainda maior e completo.
2 ILUMINAÇÃO
A iluminação é um fator importante para determinar a maneira como as pessoas
vivenciam o ambiente interno, como vivenciam os edifícios e como são capazes de
responder a certas tarefas. As pessoas gostam da luz do dia e a sua contribuição para a
qualidade dos espaços interiores está cada vez mais reintegrada em edifícios, após um
período em que foi largamente desvalorizada por alternativas artificiais. Agora é aceito
que a luz do dia, quando disponível, deve ser a forma predominante de iluminação na
maioria dos tipos de edifícios.
119
É necessário cuidado para garantir que a iluminação natural ou seu controle
inadequado não dê origem a desconforto térmico e aumente a necessidade de
aquecimento ou resfriamento para compensá-lo. Além disso, as aberturas de janelas
são mais caras do que paredes e telhados sólidos; e, qualquer custo de ciclo de vida,
benefícios ambientais, de qualidade e de comodidade precisam ser comunicados aos
clientes e financiadores. Por último, mas não menos importante, um bom controle
é absolutamente essencial para que os benefícios de custo sejam alcançados
(HALLIDAY, 2008).
ATENÇÃO
A luz do dia pode complementar a iluminação artificial para adicionar
qualidade e, se controlada adequadamente, pode substituir a iluminação
artificial com economia de custo e energia.
Quando a luz do dia é bem projetada, ela torna-se uma ajuda para trabalhar
e aproveitar um espaço de forma eficaz; e suas qualidades direcionais podem ajudar
os ocupantes a discernir os detalhes. No entanto, é necessário cuidado, pois pode ser
um incômodo se for intrusivo e os ocupantes se sentirem incapazes de controlá-lo.
Em particular, o brilho do céu, iluminação artificial e reflexos, por exemplo, de telas de
computador, devem ser evitados, pois isso pode causar cansaço visual ou desconforto.
Luzes piscando são uma fonte de desconforto e agora são comumente evitadas pelo
uso de reatores de alta frequência em sistemas de iluminação fluorescente.
Um estudo descobriu que em salas de aula com os níveis mais altos de luz
natural, a aprendizagem dos alunos progrediu 20% mais rápido em matemática e 26%
mais rápido em leitura do que alunos semelhantes em salas de aula com menos luz
natural. A aparente importância da qualidade da luz natural surpreendeu com seus
resultados (KATS, 2003).
120
envidraçadas; e a extensão do controle pessoal e o gerenciamento de reflexos. É
importante notar que bons controles estão entre as medidas de energia mais econômicas
e são vitais para a eficiência energética e comodidade.
INTERESSANTE
Os estudos na fase de projeto devem comparar as estratégias com
base no ciclo de vida. A eletricidade é mais cara durante o dia e,
portanto, a economia durante o dia é particularmente importante.
No entanto, os custos de capital para incorporar a iluminação natural
podem ser de duas a três vezes maiores do que uma parede plana
ou telhado.
NOTA
Lux é a unidade derivada do Sistema Internacional de Unidades
usada para medição do fluxo luminoso por unidade de área, ou seja,
da densidade de intensidade luminosa conhecida por iluminância.
Corresponde à incidência perpendicular de um fluxo luminoso de 1
lúmen sobre uma superfície com 1 metro quadrado.
121
3 RECURSOS HÍDRICOS
O objetivo da gestão sustentável da água é garantir que o seu uso seja eficiente
e a poluição minimizada, para que a água retorne ao meio ambiente sem prejudicá-
lo. A gestão sustentável da água é relativamente fácil de alcançar. A maior parte da
água entra em nossos edifícios com qualidade potável e sai pelo esgoto. A extensão do
nosso uso de água afeta a infraestrutura, os requisitos de armazenamento e a energia
necessária para uso. Ainda assim, em geral, nós a usamos de forma muito ineficiente,
como no caso do uso em banheiros.
ATENÇÃO
A medida em que poluímos a água, afetamos negativamente os
sistemas ecológicos, nossa saúde e, em última análise, nossa
qualidade de vida, mas não somos muito cuidadosos com relação
à poluição química e bacteriana.
A água residual pode ser um recurso se for purificada para usos não potáveis,
como descarga de vasos sanitários. Se administrados adequadamente, alguns nutrientes
valiosos podem ser devolvidos à terra. A água da chuva pode ser usada como substituto
da água tratada para alguns usos domésticos, mas raramente esse projeto é executado
em construções.
122
NOTA
Banheiro seco é uma versão de vaso sanitário que funciona sem o
uso de descarga de água. Esse modelo de vaso é mais sustentável
do que a privada comum, pois reduz o gasto de água e energia,
além de possibilitar o aproveitamento dos dejetos como adubo
para as plantas ornamentais.
4 VENTILAÇÃO
Já existem muitas orientações sobre ventilação e refrigeração em edifícios.
Indiscutivelmente, nenhum outro problema de design foi sujeito a tanta controvérsia
como consequência dos requisitos de construção sustentável. No entanto, muitos
edifícios permanecem menos confortáveis e menos saudáveis do que deveriam ser e
consomem energia desnecessária para sua ventilação e refrigeração (HALLIDAY, 2008).
123
A ventilação em construções é utilizada para diversas finalidades, seja para
remover o excesso de calor de pessoas e equipamentos, remover odores e poluentes
gerado por pessoas, animais ou devido atividades na cozinha, remover emissão de
gases de materiais, móveis, agentes de limpeza ou produtos de radon, para providenciar
oxigênio para respirar, entre outros.
ATENÇÃO
A ventilação tende a ser cotada em três conjuntos de unidades:
4.1 NATURAL
A ventilação natural é a admissão e extração de ar de um edifício por meio
de aberturas intencionais na envolvente (janelas, grelhas de arejamento, chaminés) e
sob pressão das forças naturais do vento e das pressões derivadas de diferenças de
temperatura.
AUTOATIVIDADE
(ARAUJO, 2009) Qual deve ser a área das janelas capaz de assegurar a ventilação de
um espaço ocupado por cinco pessoas, a 500 litros/min/pessoa quando a velocidade do
vento for de 2 m/s e a sua incidência se fizer perpendicularmente à parede de entrada
(coeficiente = 0,5)?
124
Como visto, a renovação do ar do recinto era auxiliada pela força do vento que
originava uma corrente de ar através de janelas abertas em paredes sujeitas a pressões
diferentes.
• Quando não houver vento, a renovação do ar só pode fazer-se com base na diferença
de densidade do ar, ao nível dos eixos das janelas de ventilação.
• A corrente de renovação é tanto maior conforme maior for o desnível entre as janelas
e a diferença de temperaturas dentro e fora do recinto.
4.2 FORÇADA
A ventilação forçada consiste em utilizar dispositivos próprios (ventiladores,
exaustores, extratores, entre outros) que provocam o movimento do ar entre o interior
e o exterior do recinto. A seguir, veremos alguns exemplos de sistemas para realização
de ventilação forçada.
125
O ar deve ser renovado um determinado número de vezes por hora, conforme a
natureza e características do local. Por exemplo, uma cozinha doméstica deve ter 10 a
15 renovações de ar por hora. O caudal mínimo de saída do ventilador para uma cozinha
de 60 m3 seria:
5 PROJETO DE INSTALAÇÃO
Quando realizamos uma instalação sustentável, vieos que é necessário otimizar
os recursos naturais disponíveis, para que ocorra uma adequada circulação de ar e
presença de iluminação natural. Para que isso ocorra, é necessário realizar estudos
prévios a fim de garantir que os elementos naturais sejam realmente aproveitados e
aplicados na elaboração do projeto.
126
Há uma preocupação real sobre a taxa em que estamos utilizando recursos de
combustíveis fósseis não renováveis para atender às nossas necessidades elétricas,
onde acabamos gerando poluição. Também existem preocupações sobre as alternativas,
os riscos e custos inaceitáveis de energia nuclear (representando apenas 3% da energia
brasileira, mas que gera muito resíduo tóxico) e nossa capacidade de desenvolver fontes
adequadas de tecnologias limpas e renováveis.
127
LEITURA
COMPLEMENTAR
ANÁLISE ESPACIAL DO MICROCLIMA EM GALPÕES FREE-STALL COM SISTEMA
DE VENTILAÇÃO CRUZADA E VENTILIAÇÃO FORÇADA
Paulo Garcia
Guilherme Tavares
Iran Silva
Djair Frade
INTRODUÇÃO
O galpão do tipo free-stall com ventilação cruzada (FVC) é a mais nova opção
de instalação para confinamento de bovinos leiteiros no país. O primeiro galpão foi
construído na Dakota do Norte (EUA), em dezembro de 2005, e, agora, esta nova
tecnologia de instalação está começando a ser adotada pelos produtores brasileiros.
O galpão FVC, em inglês, low-profile cross-ventilated free-stall, é uma instalação
totalmente fechada. A denominação “low-profile” resulta da baixa inclinação do telhado,
e “cross-ventilated” devido ao sistema de ventilação mecânica, no qual o ar é insuflado
através de painéis evaporativos que revestem uma das laterais longitudinais do galpão,
e exaurido por exaustores, na lateral oposta. Além disso, utilizam-se defletores que
garantem a movimentação contínua e direcionada do ar refrigerado.
MATERIAL E MÉTODOS
128
aspersores (FVA) apresentava orientação leste-oeste, 80 m de comprimento e 29 m de
largura, dividido em duas seções com 114 baias cada, ou seja, capacidade de alojar 228
animais, caracterizando 8,6 m2 por animal. A instalação possui cobertura de telha de
barro, constituída de duas águas e abertura na cumieira. Pé-direito de 4,5 m, no ponto
mais baixo, e 8,5 m, no ponto mais alto. O sistema de ventilação é composto por 18
ventiladores, oito ventiladores distribuídos sobre as baias e dez sobre a linha de cocho.
O sistema de aspersão localizava-se a 1,90 m do piso, sobre a linha de cocho, com
espaçamento entre bicos de 1 m.
FONTE: Os autores
129
Para determinação do desempenho térmico das instalações, foi determinado o
índice de temperatura e umidade (ITU), proposto por Kendall et al. (2008):
Análise geoestatística
130
RESULTADOS E DISCUSSÃO
FONTE: Os autores
131
FIGURA – DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO ITU PARA OS GALPÕES DE CONFINAMENTO, FREE-STALL COM
LATERAIS ABERTAS, CLIMATIZADO POR VENTILADORES E ASPERSORES (FVA) E FREE-STALL COM
LATERAIS FECHADAS, CLIMATIZADO POR SISTEMA DE VENTILAÇÃO CRUZADA (FVC), NAS ESTAÇÕES
PRIMAVERA E VERÃO, NO PERÍODO DA MANHÃ E TARDE
FONTE: Os autores
CONCLUSÕES
O galpão fechado com sistema de ventilação cruzada (FVC) utilizado não garantiu
a homogeneização do ambiente, uma vez que os valores de ITU se elevam quanto mais
próximos dos exaustores. Durante o período da tarde nas estações Primavera e Verão,
o ambiente térmico dos galpões não se enquadraram em condição considerada como
de conforto para os animais. Verificou-se situações de estresse térmico brando no FVC
e estresse moderado no FVA.
132
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A ventilação em construções pode ser feita de duas formas: natural e forçada. Sua
principal finalidade está em remover o excesso de calor de pessoas e equipamentos,
remover odores e poluentes gerado por pessoas, animais ou devido a atividades na
cozinha, remover emissão de gases de produtos ou do solo, entre outros.
133
AUTOATIVIDADE
1 As condições climáticas regionais são um dos principais condicionantes de um
projeto arquitetônico, influenciando a partir dos critérios a implantação da edificação.
Com relação à ventilação como condicionante para um melhor aproveitamento
energético, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Nas regiões de clima quente úmido e semiúmido, se for o caso, dispor o conjunto
dos blocos do edifício, de modo a permitir uma menor circulação de ar entre eles.
b) ( ) Nas regiões de clima semiárido deve-se utilizar aberturas de pequenas
dimensões, o suficiente para ventilação e iluminação.
c) ( ) Nas regiões tropicais as menores superfícies de aberturas deverão estar voltadas
para a direção das brisas e dos ventos frequentes.
d) ( ) As janelas devem estar localizadas na direção do vento dominante favorável
(condição de estação fria) e protegidas do vento desfavorável (condição de
estação quente).
134
( ) A luz do sol e luz florescente são exemplos de luz natural.
( ) A luz infravermelha e luz incandescente são exemplos de luz artificial.
( ) A luz da lua e de mercúrio são exemplos de luz natural.
4 Projetos sustentáveis são aqueles criados com o objetivo de causar menor impacto
ao meio ambiente. Com o desenvolvimento da tecnologia, cada vez mais surgem
soluções e materiais que ajudam na economia de energia e água, além de diminuir
a emissão de gases poluentes. Uma área importante para estar englobada neste
aspecto é a instalação de projetos elétricos. Disserte sobre alguns materiais que
auxiliam na redução de consumo de energia elétrica em projetos de instalação.
135
136
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR ISO 50001:2018 Sistemas de gestão da energia – Requisitos com
orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 22 nov. 2021.
137
CARVALHO, A. C.; CASTRO, L. F. M. Manual de project finance no direito brasileiro.
São Paulo: Quartier Latin, 2016.
GREEN BUILDING INITIATIVE. Green globes for new construction. Technical reference
manual. Mar, 2018. Disponível em: https://thegbi.org/files/training_resources/Green_
Globes_NC_Technical_Reference_Manual.pdf. Acesso em: 23 nov. 2021.
JUSTO, A. S. Como fazer uma EAP para o seu projeto em 4 passos. 2019. Dispo
nível em: https://www.euax.com.br/2019/02/como-fazer-uma-eap/. Acesso em: 24
nov. 2021.
138
PICCHI, F. A. Oportunidades de Aplicação do Lean Thinking na Construção.
Ambiente Construído, Março 2003, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído, Porto Alegre, 2003.
STA. United Arab Emirates: Differences Between EPC and Design-Build Delivery-
English Law Compared With GCC. Mondaq. 2019. Disponível em: https://www.mondaq.
com/construction-planning/795310/differences-between-epc-and-design-build-
delivery-english-law-compared-with-gcc#. Acesso em: 23 nov. 2021.
139
140
UNIDADE 3 —
DESEMPENHO E QUALIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DURABILIDADE
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
141
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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142
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
DURABILIDADE
1 INTRODUÇÃO
Problemas de durabilidade em estruturas de construção civil podem estar
relacionados a deficiências nos inventários realizados durante o projeto, a elevados
desgates de materiais utilizados, à deterioração ambiental, ao aumento de demandas de
cargas, ao detalhamento insuficiente de projeto, ao uso de materiais abaixo do padrão,
entre outras coisas.
2 PATOLOGIAS NA EDIFICAÇÃO
Uma patologia na construção civil ocorre quando uma construção apresenta
defeito ou não atende mais aos requisitos básicos de uma obra, ou seja, este termo
está consolidado no setor de reabilitação e conservação de edifícios. Se algum edifício
apresentar imperfeições e não cumprir adequadamente algumas de suas funções, é
necessário realizar uma reparação. Assim, o reparo de uma patologia tem por objetivo
recuperar sua utilidade inicial.
INTERESSANTE
O termo patologia vem do grego em que pathos significa doença
e logos conhecimento, portanto, sua definição é dada como a
ciência que estuda os problemas construtivos que aparecem em
edifícios desde sua execução.
143
Realizar vistorias, avaliar estruturas e diagnosticar patologias na construção civil
são tarefas que precisam ser realizadas periodicamente. Desta forma, os resultados e
ações de manutenção devem cumprir com eficácia a recuperação da construção. Uma
patologia de construção geralmente ocorre devido a uma série de fatores.
ATENÇÃO
O agente que atua como origem do processo patológico pode
ser definido como ativo ou passivo. As degradações que podem
atingir um edifício são basicamente (HELENE, 1992):
• erosões;
• reações químicas;
• variações de temperatura;
• vibrações e corrosão;
• má execução de projeto;
• uso de materiais inadequados para estrutra.
144
A Figura 1 apresenta um esqueme de representação do estabelecimento de
hipóteses sobre a os sinais, os danos e as causas observadas em estudos patológicos.
Os principais sintomas são: deformações, fissuras, degredações e descolorações; e
as principais causas são os agentes agressivos, a deficiência de material e as ações
causadas na estrutura, além da presença de vícios de origem e vícios adquiridos durante
a execução da obra (PIÑERO, 2021).
NOTA
Algumas orientações para você, acadêmico:
145
• Causas mecânicas: que são todas as ações, prevista ou não, que atuam sobre os
materiais e sistemas construtivos.
• Causas físicas: que relaciona as propriedades físicas de cada material e o conjunto
de agentes atmosféricos que podem chegar a atuar sobre o edifício e em especial,
sobre a envolvente (chuva, vento, sol, oscilações térmicas, entre outras). O nível de
influência dos diferentes agentes varia em função das condições singulares de cada
edificações (orientação das fachadas ou altura dos edifícios).
• Causas químicas: referidas à composição química dos materiais e suas reações,
que podem já atuar de maneira acidental ou que estejam presentes no ambiente.
• Causas biológicas: são de origem animal ou vegetal ou fungos.
Dentre as lesões físicas temos: umidade (conforme visto na Figura 2), efeitos
reológicos no concreto armado ou argamassas, dilatação por temperatura ou fogo,
erosão atmosférica, desagregação devido gelo-desgelo, e sujeira.
146
FIGURA 2 – PATOLOGIAS FÍSICAS DE UMIDADE
147
FIGURA 4 – EXEMPLOS DE PATOLOGÍAS QUÍMICAS DE A) EFLORESCÊNCIA, B) CARBONATAÇÃO,
C) CORROSÃO, D) ATAQUE POR ÁLCALIS E E) ATAQUE POR ÁCIDOS
148
3 TÉCNICAS DE INSPEÇÃO NÃO DESTRUTIVA DO
PATRIMÔNIO
Ensaios não destrutivos são técnicas utilizadas na inspeção de materiais e
equipamentos sem danificá-los, sendo executadas nas etapas de fabricação, construção,
montagem e manutenção. Esses ensaios incluem métodos capazes de proporcionar
informações a respeito do teor de defeitos e características de determinados materiais,
ou utilizado como monitoração de degradação de componentes e estruturas.
Como se sabe, a corrosão das armaduras é uma das causas que mais afetam
a durabilidade das estruturas. A vida útil da estrutura termina quando o dano por
corrosão impede seu uso com segurança, momento em que deve ser reparada. Neste
tópico, dentro das estratégias de inspeção e manutenção de estruturas, são discutidas
as técnicas eletromagnéticas e eletroquímicas não destrutivas mais destacadas para
avaliar o estado das armaduras.
(Eq. 1)
149
FIGURA 6 – MÉTODO DE WENNER OU QUATRO PONTAS DE INSPEÇÃO IN-SITU DE TÉCNICA ELETROQUÍMICA
(Eq. 2)
150
FIGURA 7 – MÉTODO DE NEWMAN OU DE DISCO
151
Para obter o parâmetro iCORR, a armadura deve ser polarizada ou perturbada por
meio de uma célula de três eletrodos; composto por:
(Eq. 3)
152
O maior problema nas medidas de taxa de corrosão in situ reside em ser capaz
de delimitar a Área de Armadura avaliada com confiabilidade. Por este motivo, recorre-
se ao uso de corrosímetros portáteis com sistema de confinamento do sinal aplicado.
Esses dispositivos (Figura 9) incorporam um anel de proteção ao redor do CE, através
do qual o sinal aplicado é confinado a uma área de blindagem conhecida e controlada.
Desta forma, é possível realizar o cálculo do iCORR de forma confiável.
153
3.2 TÉCNICAS ELETROMAGNÉTICAS
Neste tópico, veremos as técnicas eletromagnéticas do Paquômetro e do
Georadar, pois são muito úteis para identificar a posição das armaduras e avaliar a
camada de cobertura de concreto.
154
FIGURA 11 – MÉTODO DE PAQUÔMETRO
O calor é a energia térmica total de uma substância ou corpo, por outro lado, sua
temperatura é uma medida da energia térmica média. Temperatura não é energia, mas
uma medida dela. Uma câmera infravermelha mede a radiação que um objeto emite ou
absorve em direção ao seu entorno porque tem mais ou menos energia térmica do que ele
mesmo.
155
temperatura do objeto pode ser determinada medindo o calor emitido em uma porção
do infravermelho e aplicando o processamento correspondente. Portanto, é necessário
considerar três aspectos fundamentais: a superfície do objeto, a transmissão da
radiação entre o objeto e o instrumento sensor e o próprio instrumento de medição
(CARLOMAGNO; LUCA, 1989).
156
afetados pelas características do material (calor específico, densidade, condutividade
térmica, difusividade térmica, coeficiente de convecção, emissividade, entre outros) e a
inspeção térmica depende das variações locais dessas características. Para estabelecer
uma diferença de temperatura mensurável. Por esse motivo, é necessário conhecer
os melhores mecanismos de transferência de calor possíveis para se obter a maior
sensibilidade na análise de sequências térmicas (MARISCOTTI, 2021).
ATENÇÃO
Um edifício é feito de diferentes partes de diferentes materiais
e a termografia infravermelha é muito eficaz na inspeção de
problemas subjacentes de forma não destrutiva e sem contato.
Fornece informações sobre vazamentos de ar, umidade, pontes
térmicas, isolamento em paredes, juntas parede-janela e parede-
teto e qualidade das janelas. Com a termografia é possível
identificar a falta de isolamento, o isolamento em paredes que
criam bolsas de frio, os vazamentos em torno de janelas, portas
e outros, o isolamento de janelas e umidade em tetos e paredes,
bem como efeitos capilares nas paredes.
157
INTERESSANTE
Expostos os fundamentos físicos ou termodinâmicos a serem
usados para entender a termografia infravermelha e sua
aplicabilidade, surge pelo menos uma questão: qual é o momento
certo para fazer termografia em edifícios? Será sempre buscado
o momento de maior gradiente térmico entre o ambiente e o
objeto a ser medido. Momento em que a transferência térmica
será máxima entre edifício e arredores.
Normalmente, uma inspeção do edifício pode ser feita tanto por fora quanto por
dentro. De acordo com as condições climáticas, decide-se obter os melhores resultados.
Eles normalmente são feitos em ambientes internos para auditorias de energia, pois o
calor raramente escapa em linha reta pelas paredes. E o ponto de detecção do lado de
fora pode ser diferente de onde ocorreu originalmente. Além disso, o vento, a chuva
e os raios solares podem interferir na medição por perturbar o gradiente máximo de
transferência térmica entre o edifício e as redondezas. As inspecções exteriores só são
recomendadas nos dias de verão, pois são possíveis noites muito quentes e sem nuvens.
158
4 NOVOS MATERIAIS PARA AMPLIAR A VIDA ÚTIL DE
ESTRUTURAS
Os materiais compósitos poliméricos, constituídos por fibras contínuas de grande
resistência e rigidez incorporadas a um material polimérico, são cada vez mais utilizados
na construção civil devido as suas excelentes propriedades (elevada resistência específica
e rigidez e resistência à corrosão). O reforço de estruturas de concreto é um dos campos
de aplicação mais interessantes para este tipo de materiais. Os materiais e sistemas de
reforço utilizados e suas principais aplicações são descritos a seguir.
159
FIGURA 13 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE EBR
160
ATENÇÃO
O reforço pode ser aplicado em elementos horizontais (vigas, pisos
ou tabuleiros de pontes) contra tensões de flexão (momentos
positivos ou negativos) ou cisalhamento; ou a elementos verticais
(pilares) predominantemente sujeitos à compressão.
Os reforços de flexão são dispostos com a direção das fibras paralela àquela
de maiores tensões de tração. Podem ser usados laminados pré-fabricados e tecidos
unidirecionais e NSM. O procedimento de cálculo é baseado nos mesmos princípios que
para os reforços de placa de aço, considerando o comportamento linear elástico do P e
analisando todos os modos de ruptura possíveis da estrutura reforçada. O modo de falha
mais característico origina-se completamente repentinamente pelo desprendimento
do laminado de PRF. Estão a ser investigados e desenvolvidos sistemas de protensão
do laminado de reforço, bem como sistemas de ancoragem, para além da já referida
técnica NSM de forma a atrasar ou evitar este modo de ruptura e tirar maior partido das
excelentes propriedades do material de reforço (VILLALÓN, 2021).
161
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
162
AUTOATIVIDADE
1 Para avaliar a durabilidade e capacidade de um concreto armado é possível fazer uso
de métodos de ensaio não destrutivos para a qualidade do concreto. Sobre a medida
de resistividade, assinale a alternativa CORRETA:
2 A corrosão das armaduras é uma das principais patologias que atingem o concreto.
Fatores como porosidade, exposição a agentes agressivos promovem a despassivação
da armadura, aliados a presença de um eletrólito, ddp e oxigênio, permitem com que
ocorra a degradação da mesma. Com relação à velocidade de corrosão da armadura,
analise as sentenças a seguir:
163
( ) Os materiais compósitos do tipo PRF mais utilizados no reforço de estruturas de
concreto são constituídos por fibra de carbono e resina epóxi.
( ) As propriedades mecânicas do material de PRF dependem da orientação das fibras
dentro da matriz.
( ) Para fazer uma armadura com a técnica NSM (inserida no revestimento), antes
de fazer a ranhura onde vai ser colocado o elemento de armadura, é necessário
preparar o suporte de concreto com aplicação de jato de areia.
4 A termografia pode ser definida como uma técnica sensorial remota, realizada por meio
de câmeras e sensores infravermelhos que medem a temperatura e a distribuição de
calor. O objetivo desse processo é identificar possíveis falhas térmicas e desgastes.
Descreva qual é o momento ideal para fazer análise de termografia em edifícios.
5 Os reforços de materiais podem ser utilizados para ampliar a vida útil e durabilidade
de estruturas de concreto. Descreva quais são os materiais utilizados para reforços
de cisalhamento.
164
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Os edifícios são grandes consumidores de energia. Eles consomem um terço
da energia final global e são responsáveis por 40% das emissões de CO2, tanto diretas
quanto indiretas. Este enorme impacto ambiental tem consequências importantes nos
ecossistemas e, juntamente com a crescente escassez de recursos, torna necessária
uma ação de melhoria energética, tanto nos edifícios existentes como nas novas
construções.
165
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos procedimentos para melhorar a eficiência
energética de edifícios, seja através do uso de desenho de solar passivo e de reabilitação
energética. Além disso, veremos os aspectos sociais envolventes em construções pobres
energeticamente. Por fim, veremos um estudo de caso de sistemas de aquecimento e
esfriamento de uma construção.
166
FIGURA 14 – IRRADIAÇÃO SOLAR HORIZONTAL GLOBAL
167
• Proteção solar: com elementos de sombra ou telhados e fachadas ventiladas.
• Resfriamento por evaporação: em elementos com presença de umidade.
• Acumulação: usada em conjunto com a coleta solar, para mover o aproveitando
temporariamente
ATENÇÃO
A chave para um bom design estará na combinação e integração
dessas estratégias adaptado ao clima local.
168
FIGURA 16 – CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN-GEIGER
169
a Verão quente
b Verão fresco
f Sem estação seca
c Verão frio
d Invero muito frio
a Verão quente
b Verão fresco
D Continental w Inverno seco
c Verão frio
d Invero muito frio
a Verão quente
b Verão fresco
s Verão seco
c Verão frio
d Invero muito frio
T Tundra - -
E Polar
F Glacial (calota de gelo) - -
3 REABILITAÇÃO ENERGÉTICA
A reabilitação de edifícios é uma atividade que, geralmente, é mais sustentável
do que a execução de novas construções (GARCÍA DE DIEGO; GÓMEZ MUÑOZ; ROMÁN
LÓPEZ, 2015). Consiste no redesenho de um edifício para adaptá-lo às necessidades e
níveis de desempenho atuais, definidos por:
170
◦ Estudos baseados em amostras: a análise do edifício existente pode ser
abordada a partir da recolha de dados in situ de um número significativo de casos,
o que permite tirar conclusões sobre as suas características (OTEIZA et al., 2018).
◦ Modelos de energia: por meio de simulação, podem-se obter dados precisos sobre
as necessidades das edificações e as benfeitorias a serem aplicadas (MARTÍN-
CONSUEGRA et al., 2014).
171
• Altos preços de energia.
• Renda insuficiente em casa.
• A ineficiência energética do edifício.
172
FONTE: Adaptado de González e González (2013)
173
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• No projeto solar, o fator que analisamos é a radiação solar e sua relação com o
conforto térmico interno e conforto visual.
174
AUTOATIVIDADE
1 Os sistemas de aquecimento residencial aumentam a temperatura térmica da parte
interna da casa, proporcionando conforto e comodidade nos dias mais frios. Sobre
os principais componentes que integram o sistema de aquecimento e esfriamento
radiante-capacitivo (RC-HCS), assinale a alternativa CORRETA:
3 Fazer uso de chaminés solares pode ajudar a refrescar habitantes de regiões que
vivem em áreas mais quentes. A chaminé solar adota para estimular a ventilação
natural em residências ou escritório. De acordo com as chaminés solares passivas,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
175
( ) Em chaminé solar passiva o ar quente desce, permitindo a entrada de ar fresco.
( ) O sol aquece a parte superior da chaminé, fozçando o movimento ascendente do ar.
( ) A chaminé solar é um processo de ventilação provocado por diferenças de
temperatura e de pressão, sendo muito eficiente para promover conforto térmico
nas horas quentes do dia.
5 No projeto solar, o fator que analisamos é a radiação solar e sua relação com o
conforto térmico interno e conforto visual. Descreva quais são os fatores pensados
para um projeto solar.
176
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)
1 INTRODUÇÃO
Para a produção de novos materiais, como os concretos, tem-se utilizado
diversos resíduos oriundos da construção civil (RCC), que têm mostrado promissores
resultados, como substitutos de agregados graúdos ou miúdos. A indústria sabe que
ao fazer uso de resíduos é necessário obter um “backgroud” do resíduo utilizado,
conhecendo seu conteúdo, grau de toxidade e condições de tratamentos que tragam
melhores respostas ao seu uso.
A geração de resíduos sólidos, por sua vez, ocorre devido ao processo de gestão
construtiva, ou por presença de parcelas indesejáveis durante a produção de matérias-
primas. Como exemplo de parcelas indesejáveis, temos a geração de escória de alto-
forno, que é formada durante a produção de ferro-gusa, formação de cinzas volantes
ou cinzas pesadas durante a produção de energia de queima de carvão, processos de
extração de rochas em pedreiras em que acaba-se por não utilizar algumas frações que
são consideradas resíduos. Na Figura 18, vemos o motivo do benefício de utilizar cinzas
volantes em cimentos, suas partículas são esféricas e muito pequenas o que facilitam
na distribuição granulométrica de pastas, argamassas ou concretos.
177
FIGURA 18 – IMAGEM DE CINZAS VOLANTES OBTIDAS POR MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA
178
Ao fazer uso dessas substituições há diversos ganhos sustentáveis: reduzir a
porcentagem do clínquer resulta numa diminuição de materiais não renováveis, ocorre a
redução da emissão de dióxido de carbono equivalente dos materiais cimentícios (pastas,
argamassas e concretos), além de trazer benefícios mecânicos e de durabilidade, devido a
efeitos pozolânicos que podem ocorrer durante a hidratação destes tipos de cimentos.
ATENÇÃO
É importante desenvolver um protocolo de avaliação da pré-viabilidade de incorporação
de resíduos em matrizes cimentícias, mas antes é necessário realizar outras análises
complementares, relacionadas com os aspectos primários do resíduo, sendo:
179
Cunha e Lima (2012) afirmam que a reciclagem dos RCC no Brasil ainda é baixa
em volume, chegando a menos de 10% do total gerado, sendo que as empresas que a
realizam, na sua maioria, pertencem ao serviço público de coleta dos resíduos sólidos
das cidades, que têm como objetivos o saneamento ambiental e aspectos sociais, como
o trabalho em conjunto com as cooperativas de catadores.
INTERESSANTE
No Brasil, estima-se que é gerado anualmente algo em torno de
68,5 x 106 t de RCC (ANGULO, 2005). Todo esse volume gerado é
responsável pelos altos custos socioeconômicos e ambientais nas
cidades em função das deposições irregulares.
180
Angulo (2005) ainda estima a composição química do RCC brasileiro, em óxidos,
no qual predominam respectivamente a sílica, seguida de alumina e óxido de cálcio, ou
seja, fração similar àquela estipulada por Angulo et al. (2011), com 91% de RCD sendo
Classe A.
A reutilização dos RCCs pode ser feita no próprio canteiro de obras, como
agregado para concretagem não estrutural, ou, ainda, a parte mais grosseira pode
servir como agregado na substituição de pedras e areia para construção de barragens,
aterramento, recobrimento de falhas em rodovias ou para pavimentação. No entanto, em
algumas ocasiões, não é possível reutilizar o resíduo após a sua geração, de modo que
o mais usual é o encaminhamento para uma estação de tratamento e reciclagem a
fim de transformá-lo em matéria-prima secundária para um novo produto.
181
NOTA
Acesse a leitura complementar para ver a influência dos métodos
de britagem nas propriedades de agregados de concreto reciclado.
No Brasil, grande parte das atividades de reciclagem de RCC mineral é gerida pelo
setor público com a finalidade de produzir agregados que são utilizados em atividades de
pavimentação. Já um processo de reciclagem para os RCC só pode ser considerado
vantajoso ambientalmente após análises específicas por meio de metodologias como a
Análise de Ciclo de Vida.
182
vida, desde a sua origem, ou seja, a extração e beneficiamento de matérias-primas, por
meio da produção, transporte e distribuição, para uso, manutenção, reaproveitamento,
reciclagem e disposição em aterro sanitário em final de vida útil. Uma vez identificados
os principais impactos ao longo do seu ciclo de vida, permite a análise de alternativas
nos processos produtivos e a implementação de critérios ambientais nas estratégias
(ALONSO, 2021b).
ATENÇÃO
A classificação de uma Análise do Ciclo de Vida depende fundamentalmente do nível de
detalhe de cada uma delas. Dependendo do objetivo que tivermos, vamos nos concentrar
mais ou menos em certas etapas do processo. Por esse motivo, até três tipos de Análise
do Ciclo de Vida de LCA podem ser diferenciados:
A autora observou que estudos de ACV mostraram que esta técnica é eficaz
para avaliar quali-quantitativamente a reciclagem de recursos para a indústria da
construção civil. Ela também é capaz de apoiar o fundamento de que este processo
é ambientalmente sustentável em comparação com a extração de pedreiras e que os
agregados reciclados podem desempenhar um papel positivo de oferta sustentável
para a indústria de construção de pavimentos.
183
5 ECOEFICIÊNCIA
A avaliação de Ecoeficiência é um instrumento para a análise de sustentabilidade,
o qual envolve uma relação empírica entre dois pilares da sustentabilidade, que
são dispêndios econômicos e impactos ambientais. No que se refere a dispêndios
econômicos, existem três abordagens básicas baseadas em ACV para avaliação de
ecoeficiência:
cura prevenção
Único Meio de
comunicação
Dirigidos por
regulamentações
Redução
Controle de Minimização
do Uso de
Poluição de Resíduos
Reutilizar, Tóxicos
Reduzir e
Reciclar
Prevenção
da Poluição
Design para o
meio ambiente
Produção
Mais Limpa
Diversos Meios Dirigidos por
de comunicação empresas
Eco Eficiência
184
LEITURA
COMPLEMENTAR
INFLUÊNCIA DOS MÉTODOS DE BRITAGEM NAS PROPRIEDADES
DO AGREGADO RECICLADO DE CONCRETO
INTRODUÇÃO
185
REFERENCIAL TEÓRICO: INFLUÊNCIA DOS BRITADORES DE MANDÍBULAS E DE
IMPACTO NA RECICLAGEM DE RCD
Em estudo recente, Ulsen et al. (2018) fizeram uma comparação entre o britador
de mandíbulas e o de impacto em britagem secundária para RC de diferentes origens
e resistências. O resultado foi um produto similar em relação ao conteúdo de pasta de
cimento remanescente de construções anteriores, densidade, porosidade e distribuição
de tamanho de partículas em ambas as rotas de britagem. Os autores destacaram que a
britagem em granulações menores e mais próximas da granulação de liberação das fases
poderia gerar resultados divergentes, o que motivou a continuidade dos estudos.
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CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO DE CONCRETO: DISTRIBUIÇÃO
GRANULOMÉTRICA E MORFOLÓGICA
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MATERIAIS E MÉTODOS
FONTE: Os autores
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FIGURA 2 – PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
Na sequência, o produto obtido por cada britador foi disposto em uma pilha
alongada e amostrada novamente em duplicata, em que os lados opostos foram
denominados de A e B, como exemplificado na Figura 2. As alíquotas A e B, de ambos
os britadores, passaram pela mesma sequência de caracterização para posterior
comparação.
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Caracterização do agregado reciclado
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concordância com os conceitos estatísticos baseados na hipótese nula, de modo a
analisar a similaridade das propriedades do produto de cada britador. O teste de hipótese
foi realizado por “distribuição T de Student" em um nível de confiança equivalente a 95%.
FONTE: Os autores
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Na literatura, afirma-se que o peneiramento a úmido resulta em um
fracionamento de partículas mais eficiente quando comparado ao peneiramento a seco
(KELLY; SPOTTISWOOD, 1982). No entanto, a análise dinâmica de imagens apresenta
resultados de distribuição de tamanho de partículas similares aos do peneiramento
a úmido, como apresentam os gráficos 4c e 4d, especialmente nas frações acima de
0,60 mm, devido ao fato de as partículas terem maior facilidade de dispersão em meio
seco. Além disso, as curvas de distribuição granulométrica A e B, de mesma técnica e
britagem, são similares entre si, e essa semelhança é mais evidente na análise dinâmica
de imagem (Gráfico 4a).
FONTE: Os autores
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
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Ao se compararem os produtos dos britadores de mandíbulas e de impacto,
percebem-se sutis variações de teores entre os óxidos constituintes, bem como a
composição granuloquímica das alíquotas A e B de mesmo método de britagem, que,
por sua vez, indica que o procedimento de homogeneização realizado após a britagem
possibilitou a mitigação da heterogeneidade na amostra. Desse modo, é necessário
reiterar a importância da amostragem durante todas as etapas do processamento para
não enviesar os resultados.
CONCLUSÃO
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
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AUTOATIVIDADE
1 A fabricação de cimento não é simples e requer muita energia e diferentes
mecanismos. Utilizado como agente aglomerante, as principais matérias-primas
presentes em sua composição são o calcário e a argila. Ambos encontrados, ainda
em excesso, e extraídos da natureza. Sobre a produção internacional sustentável de
cimentos, assinale a alternativa CORRETA:
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3 A classificação de uma análise do Ciclo de Vida depende fundamentalmente do nível
de detalhe de cada uma delas. Dependendo do objetivo que tivermos, vamos nos
concentrar mais ou menos em certas etapas do processo. De acordo com os diferentes
tipos de Análise do Ciclo de Vida, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:
( ) ACV conceitual: Esta análise leva em consideração apenas dados genéricos e cobre
o Ciclo de Vida de forma superficial, seguida de uma simplificação, onde enfoca as
etapas mais importantes, e uma análise de confiabilidade dos resultados.
( ) ACV Simplificado: trata-se de um estudo qualitativo para identificar os impactos
potenciais mais significativos, os pontos mais críticos, portanto os dados utilizados
são muito gerais, mas permitem conhecer as etapas mais significativas de todo o
ciclo de vida.
( ) ACV completa: consiste numa análise detalhada a nível qualitativo e quantitativo,
tendo em consideração todas as etapas e todos os dados disponíveis
5 O ato de submeter um resíduo a operações e/ou processos que tenham por objetivo
dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou
produto é conhecido como beneficiamento.Descreve quais são os aspectos primários
dos resíduos para o desenvolvimento de protocolos de avaliação de pré-viabilidade
em matrizes cimentícias.
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REFERÊNCIAS
AEEBC. Academic guidelines: policy regarding degree validation: association
d´Experts européens du Bâtiment et de la construction. London, 1994. Disponível em:
https://itc.scix.net/pdfs/w78-2000-825.content.pdf. Acesso em: 7 fev. 2022.
BOARDMAN, B. Fuel poverty: from cold homes to affordable warmth. Nova York:
Belhaven Press, 1991.
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CONAMA. Resolução nº 307. Brasília, 2002. Disponível em: https://www.legisweb.
com.br/legislacao/?id=98303. Acesso em: 22 nov. 2021.
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OTEIZA, I.; et al. La envolvente energética de la vivienda social. El caso de Madrid
en el periodo 1939-1979 [Monografías del IETcc]. Madrid: Serie Arquitectura; Editorial
CSIC, 2018.
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