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DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin Designer Educacional Ana Elisa Faltz Davanco Portela Revisão
Textual Meyre Aparecida Barbosa da Silva Editoração Sabrina Novaes; André Morais Ilustração Andre Luis Azevedo da
Silva; Natalia de Souza Scalassara Realidade Aumentada Nome Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
Hidráulica.
Fernando Marcos Weronka.
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional
Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a
discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
Propriedades
Esforços Mecânicos
dos Fluídos
3 67 4 95
Dimensionamento de
Cinética dos Fluidos
Condutos sob Pressão
5
6
121 149
Posições da Tubulação
em Relação à Linha Condutos Equivalentes
Piezométrica
7 8
177 203
9
233
Prática de
Laboratório
PROVOCAÇÕES
INICIAIS
HIDRÁULICA
Você sabe por que é importante para o Engenheiro Civil estudar as propriedades e os comportamentos
dos fluídos? Já parou para pensar na importância que a hidráulica tem no seu dia a dia?
Muitos dos sistemas modernos, projetados por engenheiros de diversas áreas, entre eles o engenheiro
civil, precisam contemplar o escoamento de diversos tipos de fluídos. Estes sistemas são a base do modo
atual de vida em sociedade, pois todos os dias é necessário coletar, tratar, armazenar e distribuir uma
grande quantidade de água, e uma grande parte desta retorna na forma de esgoto, a qual necessita ser
recolhida, tratada e devolvida à natura. Além disso, com a crescente impermeabilização dos solos urbanos,
lidar com o volume das águas pluviais tem constituído um grande desafio à gestão hídrica das cidades.
Nesse contexto, o engenheiro, especialmente o civil, deve ser capaz de compreender as propriedades
dos fluidos e as leis que governam os escoamentos para dimensionar os sistemas sanitários bem como
a infraestrutura necessária para a implantação, operação e manutenção destes.
Para entender a importância da hidráulica no seu dia a dia, observe os diversos sistemas de engenharia
presentes em sua rotina. Procure observar as tubulações de água e esgoto da sua residência, assim
como as calhas de drenagem pluvial do seu telhado. Abordando um plano mais amplo, perceba a im-
portância da drenagem urbana, os impactos nos rios urbanos e os sistemas públicos de abastecimento
e esgotamento sanitário.
As comodidades cotidianas, como abrir a torneira da cozinha e ter água em quantidade, qualidade e
pressão adequadas, assim como a possibilidade de fechar o vaso sanitário, dar a descarga e nunca
mais ver seus dejetos são tão rotineiras que o esforço de engenharia necessário para as tornar viáveis
pode passar desapercebido. No entanto, ano após ano, as notícias de escassez de água em períodos de
estiagem, de alagamentos no período de chuva ou o índice de doenças transmitidas pelo contato com
dejetos humanos servem como avisos de que a gestão hídrica é fundamental para a manutenção do
modo de vida da sociedade atual. Por isso, sistemas hidráulicos precisam ser cada vez mais eficientes
e bem projetados para lidar com um recurso finito e manter a garantia do atendimento das demandas
crescentes de uma população.
Um dos principais objetivos da engenharia, desde o código de Hamurabi há mais de 1700 anos a.C., é
garantir a segurança aos usuários das edificações, inclusive, estabelece punições severas ao engenheiro
que não atenda este objetivo. Incialmente o quesito segurança esteve muito mais voltado ao aspecto
estrutural, mas atualmente este termo tem se expandido, pois a saúde dos moradores depende também
de aspectos construtivos. Se antes o saneamento era algo secundário, pois as pessoas moravam mais
dispersas, e o meio ambiente conseguia se autodepurar, atualmente, com pessoas vivendo aglomeradas
e com uma população muito maior, a capacidade de resiliência dos ecossistemas tem sido ultrapassada.
PROVOCAÇÕES
INICIAIS
Por isso, é fundamental, para a manutenção da sociedade como a conhecemos, que os projetos de
engenharia contemplem a gestão dos recursos hídricos, seja em uma escala residencial, seja na escala
regional seja mundial. Neste cenário, as políticas nacionais mais recentes, como a Lei nº 14.026/2020, que
estabeleceu o novo marco regulatório do saneamento básico, que facilitou a possibilidade de privatização
dos sistemas de saneamento urbano, aquecendo, assim, fortemente, o setor e aumentando a demanda
por projetos nesta área. Portanto, a mão de obra especializada em engenharia, seja para elaboração de
projetos, gestão de recursos, acompanhamento de obras e diversas outras funções relativas da hidráulica
tenderão a ser absorvidas pela demanda do mercado de trabalho.
Você, como Engenheiro Civil, deve estar apto para projetar, desenvolver, construir, operar e dar manu-
tenção aos diversos sistemas hidráulicos tão fundamentais para o modo de vida atual, pois o mercado
de trabalho vive um momento único, quanto à atuação professional, não apenas devido às mudanças
de legislação, mas também pela crescente demanda de profissionais capacitados no setor. Afinal, uma
significativa parcela da população brasileira ainda não é contemplada por sistemas de abastecimento
público de água potável ou coleta de esgoto, evidenciando a grande carência por ações nesta área. Para
se credenciar ao acesso a este nicho de mercado, a disciplina de hidráulica e a consequente compreensão
das propriedades dos fluidos e das leis que regem os escoamentos são passos importantes.
Espero que você esteja empolgado para começarmos a explorar o universo da hidráulica e as infinitas apli-
cações em projetos de engenharia. Ao final deste caminho, que passa por partes da física, química e pelo
cálculo, você obterá os conhecimentos necessários para compreender como os fluidos se comportam,
para que, então, seja capaz de dimensionar tubulações, bombas e, até mesmo, sistemas hidráulicos com-
pletos, atendendo às demandas de projetos, sem, no entanto, gastar quantidade excessivas de material.
1 Propriedades dos
Fluídos
Dr. Fernando Marcos Weronka
Ao observar as coisas que nos rodeiam no dia a dia, percebemos que algumas delas mantêm sua for-
ma e seu volume ao longo do tempo, e a estes chamamos sólidos cujos exemplos são diversos, desde
a caneta em sua mão ao piso sob seus pés. Contudo algumas coisas não obedecem a esta definição, a
tinta dentro da caneta é um exemplo, pois esta tem a forma definida pelo tubo que a envolve, o mes-
mo acontece com água dentro de um copo. Então, por que os aromas da comida insistem em sair da
cozinha e ocupar toda a casa? O que faz com que a matéria que compõe todas estas coisas se comporte
de forma tão diferente? Como estas propriedades podem ser utilizadas pela engenharia? E, afinal, ca-
ro(a) aluno(a), por que estas necessitam um diâmetro maior se, na maioria dos casos, conduzem uma
quantidade menor de fluídos quando comparados aos dutos de abastecimento?
Entende-se, então, que os fluidos não têm uma forma definida, pois se adaptam ao recipiente onde
estiverem, mas é importante destacar que são divididos em duas classes, os líquidos e os gases, tendo
uma diferença bastante significativa. Os líquidos têm um volume definido, ou seja, independentemente
do recipiente em que estiverem, apresentam o mesmo volume, enquanto os gases não, espalham-se
por todo o espaço disponível. Isso ocorre porque as partículas que formam os materiais interagem
entre si e com o ambiente de forma diferente, ou seja, o mesmo material pode apresentar-se como
sólido, líquido ou gás a depender da distância das partículas que o compõem e, por isso, apresentam
propriedades distintas. Entender como os fluidos se comportam de acordo com suas propriedades
é fundamental para que diversos sistemas modernos funcionem adequadamente, como quando
ao abrir uma torneira espera-se que a água flua através dela com quantidade suficiente e pressão
adequada. Contudo existem várias outras aplicações tão necessárias quanto o fornecimento de água
potável, entre elas, a destinação dos dejetos pelas tubulações de esgoto. Entretanto a hidráulica não
fica restrita apenas ao interior das edificações, os sistemas de drenagem pluvial também são partes
indispensáveis para a manutenção do meio urbano, e estes, quando bem dimensionados, evitam
catástrofes, como enchentes e alagamentos. O conhecimento sobre as propriedades e a dinâmica dos
fluídos são tão essenciais, atualmente, que compreendem desde o simples funcionamento de uma
torneira até complexidade da geração de energia nas grades usinas hidroelétricas, responsáveis pelo
atendimento da maior parte da demanda por eletricidade no Brasil.
Para começar a identificar as propriedades dos fluidos, execute o seguinte experimento: coloque
sobre uma superfície de fácil limpeza três copos pequenos e iguais. No primeiro, coloque uma
quantidade de água, no segundo, tente colocar a mesma quantidade de óleo, e o terceiro pode ser
preenchido até a mesma marca dos outros dois, por mel. Caso não disponível, pode ser utilizado o
detergente para louças. Agora, se possível com a ajuda de uma balança, identifique qual dos copos
apresenta o maior peso uma vez que todos têm a mesma quantidade de fluído. Isso indicará o
líquido de maior densidade, e, caso consiga medir a massa e o volume (com um copo de medida),
é possível calcular a massa específica pela razão destes fatores. Caso não tenha a balança, poderá
utilizar uma régua escolar e uma borracha, formando uma gangorra. Ao colocar os copinhos
cheios um de cada lado, permitirá a comparação direta entre a massa dos fluídos, identificando
o mais pesado. No entanto ainda há mais uma observação a ser feita, ao virar o copo, deixando-o
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UNIDADE 1
exatamente na horizontal, cronometre o tempo necessário para que todo o fluido saia do recipien-
te, o que demorar mais tempo é o fluído mais viscoso. Com isto, você será capaz de identificar e
diferenciar os conceitos de massa específica e viscosidade.
Nesta nossa breve experiência, é possível perceber que diferentes fluidos, mesmo ocupando a
mesma quantidade de espaço, apresentam massas diferentes. Isso ocorre porque cada elemento
da tabela periódica tem uma quantidade diferente de matéria por espaço ocupado, característica
específica do elemento, o que se denomina massa específica. Por isso, um litro de água pesa mais
que um litro de óleo, pois as partículas que compõe a água são mais pesadas que as partículas que
compõem o óleo e estão mais próximas umas das outras.
Além disso, observaram-se velocidades diferentes de escoamento. Isso ocorre, devido ao atrito
entre as partículas que compõem o fluido, e também com os sólidos do entorno, conhecido como
viscosidade. Esta propriedade é a manifestação macroscópica da resistência que cada fluido tem
para escoar, ou seja, ela quantifica a força que a resistência do fluido tem no escoamento, logo,
quanto mais viscoso for o fluido, mais força é necessário para que este se movimente.
DIÁRIO DE BORDO
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UNICESUMAR
Para compreender como os fluidos se comportam de acordo com suas propriedades, primeiro é
necessário entender o que é um fluído. Qual a diferença de um sólido? Líquidos e gases podem ser
chamados de fluídos? Para entender estes conceitos, precisamos, primeiramente, definir o que é de-
formação. Observe a Figura 1.
Figura 1 - Deformação de uma porção infinitesimal de matéria por ação de uma força
Descrição da Imagem: A imagem mostra um elemento 3D desenhado recebendo uma força tangencial que deforma o elemento. A parte
superior desloca-se para a direita pela ação da força, enquanto a base permanece na posição original.
Note que, ao receber uma força, o material representado tem sua forma alterada, é isto que se denomi-
na deformação, que pode, nos sólidos, ser classificada como elástica ou plástica. Na elástica, o corpo
deformado volta à sua forma inicial após o término da atuação da força, contudo, se o limite de elasti-
cidade do material for superado, este tem sua forma alterada, irreversivelmente, o que é denominado
deformação plástica. De modo simples, é possível observar isso no dia a dia, como ao sentar em um
sofá, em que no primeiro momento há uma deformação elástica, pois o revestimento volta à posição
inicial logo depois de a pessoa levantar-se. Contudo, ao longo do tempo, esta capacidade de recuperação
é perdida, e o sofá passa a ter o formato definido mesmo que não haja ninguém ocupando o lugar, pois
ele se deformou, definitivamente, ou seja, de forma plástica.
Já nos fluidos não há um limite de deformação, ou seja, quando um fluido recebe uma força, este
se deforma, infinitamente, sem nunca atingir um limite, por isso, os fluidos adaptam-se ao ambiente
que ocupam. É por este motivo que a forma que a água ocupa no copo é diferente da que ocuparia
em uma jarra, mas, independentemente de quantas vezes o copo for cheio com a mesma água, esta
sempre se ajustará ao formato do copo, diferentemente do sofá do exemplo anterior, que passa a ter
uma forma definida. Deste modo, chegamos a uma definição muito importante que ajuda a entender
a diferença entre sólidos e fluídos. Nos sólidos, a forma é rígida, enquanto nos fluidos ela depende do
meio, em outras palavras, a forma de um fluído depende do recipiente ou do ambiente que o contém.
Tendo bem definida a diferença entre sólidos e fluídos, é necessário diferenciar também os gases dos
líquidos. Ambos são fluídos, pois podem deformar-se, infinitamente, mas, enquanto o líquido adapta-se
ao ambiente mantendo o volume, os gases não seguem esta limitação, ou seja, eles têm a capacidade de
adaptar-se ao ambiente ocupando todo o espaço disponível. É fácil perceber este fenômeno ao utilizar
um perfume, pois, enquanto o fluído está confinado dentro do frasco na forma líquida, ocupa apenas
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UNIDADE 1
aquele espaço, porém, quando liberado na forma de gás para o ambiente, pode ocupar a casa toda.
Por isso, é importante destacar que o mesmo material pode ser comportar como um sólido, líquido
ou gás a depender das condições do ambiente, como exploraremos neste ciclo de aprendizagem. A
água, por exemplo, apresentada na Figura 2, pode ser encontrada na forma sólida representada pelo
gelo, líquida, contida em um recipiente, e gasosa, na forma de vapor.
Descrição da Imagem: A imagem apresenta a ilustração de uma nuvem, um recipiente com agua líquida e cubos de gelo, um ao lado do
outro. Abaixo destes elementos, temos um círculo que apresenta a distância relativa entre as partículas, representadas por bolinhas azuis
ou mais distantes ou mais próximas, mostrando que as partículas do gás estão, relativamente, mais distantes entre si do que as partículas
que compõem o líquido que, por sua vez, estão mais distantes entre elas que as partículas que compõem o sólido.
Pode-se observar que isso se deve à forma com que as moléculas constituintes se organizam; enquanto
no gelo elas estão mais próximas, nos líquidos e gases há um progressivo aumento da distância.
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UNICESUMAR
É importante, contudo, ressaltar que cada mate- A definição de temperatura descreve que
rial apresenta características específicas de acordo esta é caracterizada pelo estado de agitação das
com a composição e a estrutura molecular, estan- partículas, ou seja, quanto mais movimento os
do suscetíveis às condições ambientais. Conhecê- átomos que compõem a matéria estiverem fa-
-las e entendê-las é fundamental para o empre- zendo maior será a temperatura (HALLIDAY,
go destas nas mais diversas áreas da engenharia 2009). Por isso, não existe um limite máximo.
(AZEVEDO NETO, 1998). Quanto aos fluidos, Por exemplo, o Sol chega a cerca de 6 mil de
listam-se as principais no quadro a seguir. graus Célsius, mas está longe de ser a estrela
mais quente. Um exemplo é uma estrela que
Massa específica
fica na nebulosa de Bug, observada, em 2009, e
Peso específico
Densidade
que apresenta uma temperatura 35 vezes maior,
Volume específico estando na escala de 200000 °C.
Viscosidade A saber, a temperatura de uma estrela pode
Pressão de Vapor ser estimada pela sua cor, ou seja, estrelas mais
Tensão superficial avermelhadas são, relativamente, mais frias,
Quadro 1 - Propriedade dos fluidos com temperaturas próximas a 1000 °C, estre-
Fonte: o autor. las médias, como o Sol, apresentam coloração
mais amarelada com temperaturas em torno de
Estas são, fortemente, influenciadas pelas condições 6000°C; já as estrelas mais quentes destacam-se
de temperatura e pressão, por isso, vamos a elas. Mas pelos tons mais azulados, com temperaturas
responda antes, mentalmente, o que é temperatura? superiores a 10000 °C. Notou a semelhança com
Como ela influencia as propriedades dos materiais? a escala de cores das lâmpadas domésticas apre-
Como é medida? Onde a pressão entra neste cenário? sentada na Figura 3?
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UNIDADE 1
A temperatura da cor da luz não diz respeito à desuso. Ela dividia em 100 graduações (grados)
temperatura de qualquer elemento da lâmpada, a diferença entre o ponto de congelamento e o de
pois, deste modo, seria impossível aproximar-se ebulição, a água sob pressão de uma atmosfera,
dela, mas sim em comparação ao brilho de uma contudo, desde 1948, denomina-se graus Célsius.
estrela com a temperatura citada. Assim como a Existem, no entanto, outras unidades de medida
escala de cores de uma lâmpada segue um padrão de temperatura empregadas em diferentes partes
de comparação, também acontece com muitas do mundo, destacando-se a escala Fahrenheit (°F),
de nossas unidades de medida, 7como no caso que, buscando evitar medidas negativas, adotou
da temperatura. A escala mais utilizada no Brasil como zero a menor temperatura aferida na época,
é a Célsius, representada pelo símbolo °C. Esta fazendo com que a temperatura de congelamento
é uma média indireta, que usa como padrão de da água nesta escala fosse de 32 °F.
comparação o volume de um líquido (comumente Na outra extremidade da escala, encontra-se a
mercúrio) dentro de um fino tubo de vidro no temperatura do sangue humano, definida como
qual existem graduações para medir a variação 96 °F. Deste modo, a ministração de medicamen-
do espaço ocupado, objeto este conhecido como tos para conter a febre era recomendada a partir
termômetro, apresentado na Figura 4. dos 100 °F, o que corresponde a, aproximadamen-
te, 37,78 °C. A partir da observação destes limites,
observa-se que a variação de 32 °F para 100 °F
tem a mesma dimensão que 0 °C para 37,78 °C,
ou seja, cada 1,8 °F corresponde a 1 °C. Pode-se,
então, empregar a seguinte equação para a con-
versão de unidades:
F 32
C
1, 8
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UNICESUMAR
F
P=
A
Onde:
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UNIDADE 1
Peso
P=
Figura 6 - Pressão da Área de Superfície A
Descrição da Imagem: A imagem mostra a representação de um tijolo sobre uma esponja.
Na primeira apresentação, à esquerda, o tijolo está na vertical, reduzindo a área de con-
tato, o que faz a esponja deformar-se mais do que na segunda apresentação, à direita, na
qual o mesmo tijolo encontra-se em uma posição diferente, deitado, apresentando maior
Uma vez que o peso é o pro-
superfície de contato. Isso demonstra que quanto menor a área de contato, maior é a duto da massa do fluido (m)
pressão resultante para a mesma força aplicada.
pela gravidade (g), a equação
Note que o mesmo tijolo exerceu pressões diferentes sobre a es- pode ser reescrita da seguin-
ponja, pois com uma menor área de contato a força se concentrou te forma:
e exerceu maior pressão, afundando mais o material. Contudo não
são apenas os sólidos que exercem pressões, os fluídos também são P= m . g
responsáveis por criar pressões como pode ser visto na Figura 7. A
g
P
A
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UNICESUMAR
Esta pressão denomina-se pressão hidrostática (PH), que correspon- A pressão é tão vital para os seres
de à pressão exercida por um fluido a corpos submersos humanos, que, durante a histó-
ria, vários trajes especiais foram
PH h g construídos para aumentar os
limites de tolerância do nosso
Onde: corpo, conforme a Figura 9.
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UNIDADE 1
Ainda estamos muito suscetíveis a pequenas variações, pois uma simples mudança de
altitude pode desencadear uma série de reações fisiológicas bastante perigosas. Neste
sentido, formas de medir a pressão em função da altitude foram fundamentais para
o desenvolvimento tecnológico. Uma das primeiras formas, até hoje, amplamente,
difundidas, consiste no experimento de Torricelli no qual um tubo de vidro aberto
em apenas uma das extremidades é preenchido por mercúrio, que, ao ser mantido
perpendicular a uma superfície, equilibra-se com a pressão atmosférica (SILVESTRE,
2001), como mostra a Figura 10.
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UNICESUMAR
Dessa forma, pode-se observar que a pressão atmosférica empurra o mercúrio para dentro do tubo,
contrabalanceando a pressão hidrostática e impedindo que o fluido saia. Como o mercúrio é, muitas
vezes, mais denso que a atmosfera, uma pequena altura deste elemento é capaz de igualar a pressão
de quilômetros de gases. O mesmo experimento realizado em diferentes altitudes permitiu estimar a
pressão atmosférica a partir de uma coluna de mercúrio, desta forma, obteve-se que, ao nível do mar,
uma atmosfera equivale a 760 mmHg (AZEVEDO NETO, 1998).
Você já parou para pensar que quando está tomado um refrigerante com um canudinho não
é você que puxa o líquido para dentro de sua boca, mas sim a atmosfera que o empurra? Pois,
ao diminuir a pressão no interior de sua boca, a pressão externa fica maior que a interna,
provocando o deslocamento do fluído.
Existe uma mútua relação entre pressão e temperatura quanto ao fluídos. Imagine a seguinte situação:
um sistema fechado, no qual não há possibilidade de entrada ou saída de material, mas com volume
variável, como o pistão de um motor. Se este recebe energia, a temperara aumenta, logo, a pressão au-
menta e, consequentemente, o volume tende a aumentar. O efeito contrário também é observado, se
aumentarmos a pressão do sistema, a temperatura também tende aumentar. Estas variações podem
ser calculadas a partir da equação geral para gases ideais, representada a seguir:
P n R T
Onde:
P= Pressão (Pa)
∀= Volume (m3)
n= número de mols (mol)
T= Temperatura (K)
R= Constante dos gases ideais (Pa·m3/(mol·K))
A partir desta equação, considerando uma quantidade fixa de matéria representada pelo número de
mols e admitindo R constante, pode-se observar que:
• Em um sistema com volume constante, a pressão é proporcional à temperatura.
• Em um sistema com pressão constante, o volume é proporcional à temperatura.
• Em um sistema com temperatura constante, o volume e a pressão são, inversamente, propor-
cionais.
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UNIDADE 1
Ar Madeira Água
1,2 720 1000
kg/m3 kg/m3 kg/m3
O conceito de massa específica é definido pela
razão entre massa e volume de determinado ma-
terial (HALLIDAY, 2009), como apresentado na
seguinte equação:
Concreto Alumínio Chumbo
2400 2700 11430
kg/m3 kg/m3 kg/m3
m
r
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UNICESUMAR
Note que esta propriedade varia, enormemente, entre os materiais, enquanto o ar apresenta cerca de 1,2kg/
m3, o ósmio chega a 22590 kg/m3, e se pode atribuir esta diferença ao fato de o ar ser um gás, enquanto
ósmio é um sólido. Logo, as partículas que o compõem estão mais próximas, com menos espaços vazios,
e a massa total acaba sendo maior. O sólido mais leve conhecido, atualmente, é o aerogel, com massa es-
pecífica de 0,16 kg/m3, mais de sete vezes mais leve que o ar, enquanto, no outro extremo, tem-se a massa
específica de uma estrela de nêutrons, estimada em 59·1016 kg/m3, em que uma colher de cozinha deste
material pesaria bilhões de toneladas. Dentre os líquidos, destaca-se o mercúrio com 13600 kg/m3, e o
curioso é que, mesmo sendo líquido a temperatura ambiente, ainda é mais pesado que chumbo.
A massa específica pode ser interpretada como a quantidade de matéria contida em determinado
volume, por isso, quanto maior a pressão exercida sobre um material, menor é o volume por ele
ocupado e, consequentemente, maior será a massa específica. Se você quiser, pode testar isso agora
mesmo. Pegue uma folha de seu caderno, de preferência uma já usada, para evitar o desperdício, e
a amasse formando uma bolinha. Quanto maior for a pressão que fizer sobre esta bolinha, menor
será o volume que ela ocupa, mas a massa mantém-se neste processo, e você está aumentando a
massa específica desta bolinha de papel.
Já com a temperatura ocorre, exatamente, o contrário, quanto maior a temperatura menor será a
massa específica, e isso pode ser observado em balão de ar quente, que, ao receber calor, se expande e
fica mais leve que o ar, por isso, flutua.
Descrição da Imagem: A imagem apresenta balões de ar quente flutuando por estarem com massa específica menor que a do ar em uma paisagem
com árvores e montanhas.
Por isso, para que os balões ganhem os céus, é necessário que um sistema chamado vela mantenha o ar
aquecido, e, para descer, basta permitir que o ar se resfrie, o que aumenta a massa específica. Contudo
existe uma exceção a esta regra, a água. Você já notou que, apesar de o gelo estar a uma temperatura
menor que a água no estado líquido, ele é possui menor massa específica e, por isso, não afunda? Isto
é conhecido como comportamento anômalo da água, e foi um fator fundamental para o desenvolvi-
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UNIDADE 1
mento da vida, em nosso planeta, pois permitiu que, mesmo com as superfícies dos lagos congelados
a vida se mantivesse evoluindo abaixo delas.
8ºC 0ºC
7 1
6 2
5 3
4 4
Figura 13 - Temperatura da água do lago no verão e no inverno
Fonte: adaptada de Wikimedia Commons (2012, on-line).
Descrição da Imagem: A ilustração mostra como as camadas de água apresentam diferentes temperaturas, no entanto, tanto no verão quanto no
inverno, a água no fundo do lago permanece a 4 °C, por esta ser a temperatura em que a água apresenta maior massa específica.
Isso se deve à cristalização das moléculas de água, que faz com que elas se afastem no processo de
congelamento, tornando este material mais leve que a água líquida, como pode ser observado na
figura a seguir.
Descrição da Imagem: A imagem mostra que a água, no estado sólido, adquire uma estrutura cristalina, o que justifica o seu aumento de volume em
decorrência da maior distância relativa entre os átomos que compõem esta molécula.
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UNICESUMAR
as diferenças, revisaremos o
Massa específica [g/cm³]
Temperatura [°C]
F ma
P m g
P= Peso (N)
m= Massa (kg)
g= Gravidade (m/s2)
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UNIDADE 1
Neste ponto, é importante ressaltar que o que uma balança mede é o peso, pois esta vale-se de di-
namômetros, como apresentado na figura a seguir.
Estes equipamentos medem a força necessária para vencer determinada resistência, normalmente,
proporcionada por uma espécie
de mola, mas como a gravidade
é, relativamente, constante em
nosso dia a dia, convencionou-
-se a chamar de peso a medida
da balança. Mas é importante
frisar que o valor em kg exibi-
do pela balança é a unidade de
massa, mas o equipamento já
faz as devidas considerações a
respeito da conversão de força
em massa. Em resumo, o pro-
cesso de medida da balança é
realizado em função do peso,
por isso, denomina-se o ato de
pesar, mas o resultado apresen-
tado em kg diz respeito à massa.
Figura 17 - Dinamômetro
Tendo entendido a diferença entre massa e peso, torna-se fácil entender a relação entre massa específica
e peso específico. Observe a seguinte equação:
P
γ ρg
Onde:
γ = Peso específico (N/m3)
P= Peso (N)
∀= Volume (m3)
ρ= Massa específica (kg/m3)
g= Gravidade (m/s2)
A definição de peso específico é tida pela razão entre o peso e o volume ocupado, mas pode, também,
ser expressa pelo produto da massa específica e a gravidade. Obtém-se, então:
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UNICESUMAR
Onde:
r fluido • D = Densidade (adimensional)
D= • ρfluido = Massa específica do flui-
r padrão
do em análise (kg/m3)
• ρpadrão = Massa específica do flui-
do padrão (kg/m3)
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UNIDADE 1
Ar Madeira Água
0,833 1,389
_ 1,00
_
10 3 10 3
m 3/kg m /kg
3
m /kg
3
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: A figura mostra três fluidos escoando de diferentes recipientes: água (torneira), azeite de oliva (garrafa) e mel (pote), demons-
trando que devido à estrutura molecular, o mel é o mais viscoso, seguido pelo azeite e, finalmente, pela água.
Desta forma obtemos o seguinte conceito: a viscosidade é uma medida que quantifica a resistência a deter-
minado fluido ao escoamento, ou seja, quanto mais viscoso for o fluido mais difícil é que ele se movimente
(PORTO, 2004). É importante destacar que existem duas formas de apresentar a viscosidade de um fluido:
a absoluta, também conhecida como dinâmica, e a velocidade relativa, ou cinemática. Vamos às diferenças.
Na viscosidade dinâmica, a unidade de medida é pascal vezes segundo (Pa·s), o que pode ser
interprestado como a pressão necessária a ser aplicada durante determinado tempo para que este
fluido se movimente, ou seja, tanto uma pequena pressão por um longo tempo fará com que o fluido
se movimente, assim como uma grande pressão por um pequeno período (HALLIDAY, 2009). Para
exemplificar, imagine a aplicação de uma injeção médica.
30
UNIDADE 1
Se o líquido dentro da seringa for viscoso, é necessário exercer uma pequena pressão por um longo
período para que o medicamento escoe pela agulha, mas, se for aplicada uma maior pressão em um
tempo menor, esta mesma quantidade de fluido será expelida. Já a viscosidade cinemática é a razão
entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido, resultando em uma unidade de medida
em m2/s, como apresentado na seguinte equação:
Onde:
µ
υ= u = Viscosidade cinemática (m2/s)
ρ
μ= Viscosidade dinâmica (Pa·s)
ρ= Massa específica (kg/m3)
É interessante perceber como a temperatura influencia na viscosidade dos fluidos, pois ela se proces-
sa de forma diferente em relação aos líquidos e gases. Enquanto nos líquidos a temperatura faz com
que a viscosidade diminua, nos gases o aumento da temperatura faz com que a viscosidade aumente.
Isso ocorre porque nos líquidos, ao aumentar a temperatura, as moléculas constituintes sofrem um
pequeno afastamento, como observado pelo aumento do volume e consequente diminuição da massa
específica. Com este distanciamento, as forças intermoleculares que mantêm o fluido unido tornam-se
mais fracas, o que reduz o atrito interno, e, por isso, o líquido escoa com mais facilidade. Um exemplo
disso ocorre com o óleo lubrificante de motor, que à temperatura ambiente é bastante viscoso, mas se
torna muito mais fluido dentro do motor aquecido.
Já nos gases, onde o distanciamento das moléculas já é bastante grande, as forças intermolecu-
lares exercem pouca resistência ao escoamento, por isso, em geral, nos gases a viscosidade é muito
menor do que nos líquidos, contudo o aumento da temperatura e, deste modo, da agitação das
moléculas, a probabilidade de choques entre as partículas aumenta, aumentando o atrito interno
e tornando, assim, o gás mais viscoso.
Como vimos anteriormen-
te, os fluidos têm o estado de-
terminado pelas condições de
pressão e temperatura, ou seja,
a depender destas condições, a
mesma matéria pode apresen-
tar-se líquida sólida ou gasosa.
Como se sabe, os gases, ao se-
rem pressurizados em ambien-
tes herméticos, passam para o
estado líquido, processo deno-
minado liquefação, como o gás
liquefeito de petróleo (GLP).
31
UNICESUMAR
A pressão necessária para manter um gás em estado líquido é denominada pressão de vapor, ou seja,
acima deste limiar de pressão, o fluido apresenta-se como líquido, abaixo desta, como gás (HALLIDAY,
2009). Desta forma, entende-se que quanto maior a pressão de vapor de determinado fluido, mais
facilmente este evapora no ambiente, por isso, perfumes se utilizam de substâncias com altas pressões
de vapor para se espalharem pelo ambiente na
forma de gás. Mas nem sempre esta vaporização
é bem-vinda nos processos relativos à engenharia.
Dentro de uma bomba de sucção por exemplo, se
mal dimensionada a pressão, pode ficar tão baixa
que fica abaixo da pressão de vapor da água que
evapora, o que provoca vibração e ruído em um
fenômeno conhecido como cavitação.
As moléculas que compõem um fluido atraem- LIGAÇÃO DE PONTES DE HIDROGÊNIO
Esta estrutura gerada pelo magnetismo age mantendo o fluido unido, inclusive, formando gotas.
O que o ocorre é que, na superfície do fluido, como na interface entre a água e o ar, as pontes de
hidrogênio atraem as moléculas para o interior do líquido (SILVESTRE, 2001), como pode ser
observado na figura seguinte.
32
UNIDADE 1
33
Neste ciclo de aprendizagem, diferenciamos os conceitos físicos dos estados da
matéria para que, então, pudéssemos entender a mecânica dos fluidos e suas
propriedades. Agora, faremos um exercício para que você possa verificar se con-
seguiu compreender como as propriedades dos fluidos se relacionam entre si.
Além disso, poderá avaliar as unidades de medida de cada uma delas. Preencha
as lacunas do seguinte organograma.
Matéria
Sólidos Gases
Volume/massa Moleculares
Massa específica
m3/kg N/m
N/m3 Viscosidade
Densidade
Pressão de vapor
MAPA MENTAL
m2/s
Dinâmica
Descrição da Imagem: No topo deste mapa mental, temos o termo Matéria centralizado, que se ramifica em dois balões
com os termos sólidos e gases e um balão em branco para ser preenchido, os quais encontram-se logo abaixo. Este balão a
ser preenchido e o balão com o termo gases ligam-se a um balão em branco, no centro da imagem, que deve ser completado.
Este balão ramifica-se em outros três balões, dois com as palavras Volume/massa e Moleculares e um a ser preenchido.
O balão em branco liga-se a um balão com a expressão Massa específica, no canto da imagem, que se liga a outro balão
em branco; a um balão em branco, que se liga ao texto N/m3; e ao texto Densidade ligado a um balão a ser preenchido. Já
o balão com os termos Volume/massa liga-se a dois balões, um em branco e um com o texto m3/kg. O termo Moleculares
ramifica-se em três balões: um em branco, ligado ao texto N/m; um com o texto Viscosidade, ligando-se a mais dois balões
(Dinâmica e espaço a ser preenchido; balão em branco e m2/s); e Pressão de vapor, que se liga a um balão em branco.
34
35
MAPA MENTAL
1. A Estação Climatológica Principal de Maringá (ECPM) foi fundada a partir de um Acordo de Coope-
ração Técnica (ACT - Processo n° 01674/1978, v. 1) estabelecido entre a Universidade Estadual de
Maringá (UEM) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Acordo este idealizado pelo pro-
fessor Dr. Emílio Eugênio Niéce, do Departamento de Geografia, posteriormente, homenageado
pela Resolução n° 023/2005 do Conselho Universitário (COU), que designou o nome do docente
à ECPMA. Durante o ano de 2018, esta estação registrou um total de 1837 mm de precipitação.
Lembre-se de que cada milímetro corresponde a 1 litro de água precipitado em cada metro qua-
drado de superfície da região onde fica o pluviógrafo. Considerando que um prédio com área
de cobertura de 320 m2, localizado na região onde foi realizada a medida, deseja construir um
sistema de coleta da água da chuva, qual a massa total de água coletada ao longo deste ano?
Dado: densidade da água igual a 1.
2. Na realização de uma experiência, um pedaço de gelo com 10g foi colocado ao lado de um cubo
de gelo seco com o mesmo peso, ambos os materiais permaneceram expostos às condições do
ambiente de 20 °C e pressão de 1 Atm. Transcorridos dez minutos, foi possível observar sobre a
mesa apenas 10 g de água no estado líquido, enquanto todo o gelo seco transformou-se em gás.
Nesta experiência, foi possível perceber que a matéria pode organizar-se em diferentes estados,
sendo eles sólidos ou fluídos, este último dividido em líquidos e gases. Diferencie, do ponto de
vista físico, a diferença entre sólidos, líquidos e gases.
3. Uma bomba de êmbolo consiste em uma câmara onde o fluido é pressionado e forçado a escoar
em determinada direção através de um orifício. Este sistema assemelha-se bastante à injeção
médica onde o medicamento fica dentro da seringa que, ao receber força, expulsa o líquido
para dentro do corpo do paciente por uma agulha. Se uma bomba de êmbolo for usada para
transportar determinado fluido a força necessária:
a) Será, inversamente, proporcional à viscosidade do fluido, pois, quanto mais viscoso o fluido,
maior é a resistência ao escoamento.
b) Será, inversamente, proporcional à viscosidade do fluido, pois, quanto mais viscoso o fluido,
menor é a resistência ao escoamento.
c) Será proporcional à viscosidade do fluido, pois, quanto mais viscoso o fluido, maior é a resistência
ao escoamento.
d) Será proporcional a viscosidade do fluido, pois, quanto mais viscoso o fluido, menor é a resis-
tência ao escoamento.
e) Será independente da viscosidade do fluido, pois esta propriedade não influencia na resistência
ao escoamento.
36
4. Os reservatórios de distribuição de água são conhecidos, popularmente, como caixas d’água. Estas
estruturas são posicionadas nos locais de maior altitude para que, a partir dela, a água escoe pela
ação da gravidade de modo a atender a população com quantidade e pressão adequadas. Um re-
servatório de 20 mil litros está, completamente, cheio de água cuja massa específica é de 1 g/cm3.
Sabendo que quatro pilares quadrados de 10cm de lado cada um suportam o reservatório, qual a
pressão exercida em cada um dos pilares em Mpa? Considere a gravidade igual a 10 m/s2.
5. Dentro das tubulações de esgotos, muitos gases acabam sendo gerados pela decomposição
anaeróbica da matéria orgânica presente nos desejos humanos, e um dos gases mais marcantes
é o sulfeto de hidrogênio que, facilmente, é notado pelo característico cheiro de ovo podre. A
liberação deste odor indica que:
a) A pressão dentro da tubulação ficou abaixo da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que,
por isso, passou para a forma gasosa.
b) A pressão dentro da tubulação ficou acima da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que,
por isso, passou para a forma gasosa.
c) A pressão dentro da tubulação ficou abaixo da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que,
por isso, passou para a forma líquida.
d) A pressão dentro da tubulação ficou acima da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que,
por isso, passou para a forma líquida.
e) A pressão dentro da tubulação ficou abaixo da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que,
por isso, passou para a forma sólida.
7. O número de Avogadro é uma constante que equivale ao número de partículas de uma substância
que estão contidas em um mol, sendo este valor igual a 6,02·1023. Ou seja, quando se tem 1 mol
de água, o que equivale a, aproximadamente, 18 gramas, existem 602000000000000000000000
partículas de água, e toda esta quantidade cabe dentro de 18 mL, frequentemente, menor que
um gole. Certo gás cuja massa vale 200g ocupa um volume de 34 litros, sob pressão 3 atmosferas
à temperatura de 20°C, a constante universal dos gases perfeitos R= 0,082 atm.L/mol.K. Nestas
condições, o número de moléculas continuadas no gás é, aproximadamente, de:
37
1. Partindo do conceito que o volume de um paralelogramo é o produto da área pela altura, temos:
Massa Volume r
Massa = 587840kg
Logo, a massa do total de chuva coletada neste ano foi de 587840 kg.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
2. Os sólidos têm forma e volume bem definidos, enquanto nos fluidos a forma é indefinida. O que diferencia
um líquido de um gás é que, nos líquidos, o volume é constante, ou seja, ocupa sempre o mesmo espaço,
já nos gases, o volume é variável, ocupando todo o espaço disponível.
3. C. Será proporcional a viscosidade do fluido, pois, quanto mais viscoso o fluido, maior é a resistência ao escoamento.
Isso ocorre porque a viscosidade quantifica o atrito interno das partículas do fluido, por isso, quanto mais viscoso
for o fluido, mais força será necessário para que ele escoe, ou esta força deverá ser aplicada por mais tempo.
4. Partindo do princípio de que a pressão é a razão entre a força e a área de contato, tem-se
Força
Pr essão =
Área
Como no caso, a força é resultante do peso e se pode fazer a seguinte substituição
Peso
Pr essão =
A
Como o peso é o produto da massa pela gravidade, e a massa pode ser expressa pelo volume multiplicado
pela massa específica, obtém-se
Volume r gravidade
Pr essão
A
Substituindo as variáveis, obtemos:
38
5. A. A pressão dentro da tubulação ficou abaixo da pressão de vapor do sulfeto de hidrogênio que, por isso,
passou para à forma gasosa.
A pressão de vapor é a propriedade dos fluidos que determinar o ponto de virada de líquido para gás e
vice-versa, se o fluido estiver sujeito a uma pressão acima da pressão de vapor ele se comporta como
líquido, estando abaixo, comporta-se como gás.
6. Sabe-se que a viscosidade cinemática é a razão entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido
µ
υ=
ρ
Reorganizando, tem-se
υ ρ µ
Substituindo os valores
23, 5 103 N
10 5 m2 / s µ
10m / s 2 5 m3
4, 7 10 3 Pa s µ
P n R T
Colocando a variável de interesse em evidência
P
n
R T
3atm 34litros
n
atm litro
0, 082 293 K
mol K
Obtém-se, assim, o número de mols
4, 245400816mol = n
O número de mols multiplicado pelo número de Avogadro, obtemos o número de partículas
númerodepartículas n navodadro
39
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica. Volumes 1 e 2. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Vol 2. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
WIKIMEDIA COMMONS. Anomalous expansion of water Summer Winter.svg. 2012. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Anomalous_expansion_of_water_Summer_Winter.svg. Acesso
em: 18 dez. 2020.
REFERÊNCIAS
40
41
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
42
2 Esforços Mecânicos
Dr. Fernando Marcos Weronka
Agora que você se deu conta de que estamos en- você pense em outra situação, agora, com rela-
volvidos em fluidos, já que tanto o ar que com- ção à atmosfera: imagine um balão de gás, e ele
põe a atmosfera quanto a água encaixam-se nesta usa a propriedade da variação da massa especí-
definição, como fenômenos do dia a dia podem fica dos gases em função da temperatura para
ser explicados a partir da fluidostática e da fluido- ficar mais leve que o ar e flutuar. Correto? Mas
dinâmica? Com os conhecimentos obtidos sobre você consegue me responder como o avião é ca-
as propriedades dos fluidos, torna-se fácil com- paz de voar mesmo sendo mais denso que ar?
preender como um barco não afunda na água, Pensando no último questionamento que lhe pro-
pois, com os grandes espaços vazios dentro do pus, quero que você faça um experimento: tente
casco, este se torna menos denso que a água. Mas arremessar uma folha sulfite A4 na direção que
como o submarino consegue variar sua densi- você quiser. Observe o que acontece com a folha
dade? Você consegue responder a esta questão? e utilize o seu “Diário de Bordo” para anotar esse
A fluidostática apresenta, entre outros con- experimento. Depois disso, use essa mesma folha
ceitos, como um fluido é capaz de gerar esfor- para construir um aviãozinho de papel. A intenção
ços em corpos submersos, ou seja, nos corpos é que você o lance em alguma direção. Você conse-
que têm densidade maior que a do fluido, isto gue identificar e comparar o que aconteceu de dife-
pode ajudar a dimensionar a tensão que deter- rente quando lançou a folha e depois o aviãozinho?
minado material deve resistir para ser utiliza-
do na construção de um reservatório de água,
por exemplo. Além disso, quando um corpo
está submerso, surge uma força que empurra
o corpo para cima, por isso, torna-se mais fácil
levantar uma pessoa dentro de uma piscina, esta
força denomina-se empuxo e é a responsável
pela flutuabilidade. Por isso, um submarino é
capaz de desenvolver um movimento vertical
na água, pois, ao permitir que a água entre nos
lastros, diminui o empuxo e, por isso, afunda,
ao expulsar esta água por meio da injeção de ar
comprimido o empuxo aumenta e, com isso, o
submarino movimenta-se para cima até flutuar.
Para identificar como os fluidos exercem for-
ças sobre os corpos submersos, você pode po-
sicionar um ovo dentro de um copo com água,
com isso, perceberá que ovo, por ter maior massa
que a água, permanece no fundo do copo. Con- No caso do ovo imerso em água, nota-se a atua-
tudo, ao adicionar sal à mistura, é possível per- ção do fenômeno denominado empuxo, este é
ceber que o ovo passa a flutuar, pois, ao aumen- responsável por uma força vertical para cima, no
tar a massa específica da água sem alterar a do sentido contrário a força peso, por isso, nota-se
ovo, este passa a ser menos denso e, então, boia. uma redução aparente do peso de um objeto ao
Mas vamos dificultar um pouco mais? Quero que ser submerso em um fluido.
44
UNIDADE 2
Esta força é proporcional à massa específica do fluido no qual o corpo está submerso, por isso, quanto
mais denso o fluido mais fácil é flutuar nele, como você pode perceber ao tentar boiar em uma piscina
ou no mar, destacando-se o Mar Morto, onde a densidade é tão grande que se torna impossível afundar.
45
UNICESUMAR
Isso ocorre porque a flutuação é uma condição na qual a força do empuxo é igual à força peso e, por
isso, a resultante de forças é igual a zero, deste modo não havendo movimento vertical do corpo. Ago-
ra, respondendo o questionamento que lhe propus sobre o aviãozinho: o aviãozinho deixar a maior
parte do papel abaixo das asas faz com que o ar tenha dificuldades em passar por ali, pois, devido à
viscosidade do fluido, quanto mais próximo do papel, menor será a velocidade do escoamento, fenô-
meno explicado devido ao atrito das partículas de ar com o material sólido do avião. Isso faz com que
o ar passe mais rápido sobre as asas do modelo, onde a superfície é mais plana e tem menos obstáculos
para o ar, gerando menor atrito. Assim, a pressão abaixo das asas torna-se maior do que a pressão aci-
ma delas, criando uma força que empurra o avião de papel para cima, denominada sustentação. Isto
faz com que o objeto permaneça no ar enquanto houver movimento horizontal com velocidade sufi-
ciente para manter a diferença de pressão gerando uma força maior que o peso do objeto. Entendeu?
Já em aviões reais podemos ressaltar que o que gera a sustentação no ar é a diferença de velocidade
do próprio ar passando pela parte de cima e de baixo da asa, pois, quanto maior a velocidade do
ar, menor é a pressão gerada por ele, ou seja, se o ar passar mais rápido sobre a asa, o avião tende a
subir, já quando ocorre o contrário, tente da descer.
DIÁRIO DE BORDO
46
UNIDADE 2
Para que seja possível entender os esforços mecânicos gerados a partir dos fluídos, faz-se necessário
dividir em duas grandes áreas de conhecimento a fluidostática (fluido parado) e a fluidodinâmica
(fluido em movimento). Na fluidostática, são abordados os esforços gerados pelo fluido, as estruturas
de contenção, assim como aos corpos submersos, e um exemplo disso pode ser observado em grandes
lagos de reservação à montante de usinas hidroelétricas.
Esta barragem, na Tasmânia, por exemplo, reserva milhões de litros de água, para tanto deve ser capaz
de resistir a uma enorme tensão imposta pelo fluído que tende a ser atraído pela força gravitacional a
buscar os pontos de menor altitude. Como você já deve ter notado, empilhar líquidos não é fácil, pois,
por não terem forma definida, sempre tendem a escoar e assumir a forma do objeto que o contém.
Por isso, na ausência de contenção, os líquidos adotam a forma de uma fina lâmina, ou seja, todas as
partículas ficam o mais próximo possível da altura mínima. Isto pode ser observado no exemplo dos
vasos comunicantes, em que, independentemente da forma do recipiente, se houver comunicação entre
eles, a água permanecerá na mesma linha, a chamada linha de nível.
47
UNICESUMAR
48
UNIDADE 2
Figura 4 - Manômetros
Descrição da Imagem: são apresentados 3 manômetros, que consistem em um reservatório ligado a um tubo em formato de U, e em um dos
lados age a pressão do gás e do outro a pressão atmosférica, dentro do tubo está um fluido, denominado fluido manométrico. No primeiro
caso, o fluido está na mesma altura em ambos os lados do U, o que denota que o gás do recipiente está exercendo pressão sobre o fluido igual
à pressão atmosférica. No segundo caso, o fluido manométrico foi empurrado pelo gás do recipiente para o lado que está em contato com
a atmosfera, demonstrando uma situação em que a pressão exercida pelo gás sobre fluido é maior que a pressão atmosférica. No terceiro
caso, semelhante ao segundo, a pressão atmosférica apresenta-se maior que a pressão do gás confinado, uma vez que esta empurra o fluido
manométrico na direção do gás, fazendo com que a altura do fluido, na parte do U em contato com a atmosfera, seja menor que a do outro
lado. Nestes casos, é possível calcular a pressão do gás a partir da pressão hidrostática do fluido manométrico, somada à pressão atmosférica.
49
UNICESUMAR
Na imagem, é possível observar que a superfície do fluido azul está abaixo da superfície do líquido
amarelo, isso indica que a massa específica destes fluidos é diferente, pois, ao verificar o limite do fluido
azul, localizada no ponto B, este deve apresentar a mesma pressão do ponto A uma vez que estes se
encontram na mesma altura, logo, determina-se que:
PA = PB
Uma vez que a pressão atmosférica e a gravidade atuam em ambos os fluidos, pode-se simplificar a
equação assim:
Desta forma, fica fácil perceber que, em uma experiência de tubo em U, o fluido de menor massa
específica deverá apresentar maior altura para equilibrar com o fluido de maior passa específica.
Neste ponto, torna-se importante destacar o conceito que as alterações de pressão que ocorrem em
um ponto de um líquido em equilíbrio são transmitidas, integralmente, para todos os pontos desse
líquido (HALLIDAY, 2009). Isto faz com que o princípio conhecido como prensa hidráulica, que se
vale de um sistema bastante parecido com o tubo em U, mas cada lado tendo um êmbolo de tamanho
diferente, como pode ser observado na figura a seguir.
50
UNIDADE 2
Note que este sistema parte da mesma premissa da igualdade de pressões onde:
P1 = P2
Aplicando o conceito que define a pressão como a força aplicada sobre determinada área obtemos:
F1 F2
=
A1 A2
Reorganizando a equação, tem-se
A2
F1 F2
A1
Desta forma, pode-se perceber que quanto maior for a área 2 maior em relação à área 1 maior será a
força resultante em 2, contudo, neste sistema, é preciso que haja um grande deslocamento do embolo
1 para que uma pequena variação seja percebida no êmbolo 2. Este princípio é utilizado em diversos
sistemas hidráulicos, como os freios de um veículo automotor.
51
UNICESUMAR
Onde:
E = Empuxo (N)
ρfd = Massa específica do
fluido deslocado (kg/m3)
Vcs = Volume do corpo sub-
merso (m3)
Figura 8 - Balança de empuxo
g = gravidade (m/s2)
Descrição da Imagem: na figura, temos a representação de uma balança de empuxo, a
qual mostra duas esferas de iguais volume e massa penduradas. A esfera da esquerda
está dentro de um recipiente com água, o que faz com que esta fique mais alta do que a Na seguinte imagem, é possível
esfera da direita, que não está dentro de recipiente nenhum, desequilibrando a balança.
visualizar o funcionamento de
Note que a esfera fora da água é mais pesada que a submersa, mesmo tal princípio.
ambas tendo o mesmo tamanho e mesma densidade. Este fenômeno
foi estudado por Arquimedes, que determinou que a intensidade da
força do empuxo é equivalente ao peso do fluido deslocado pelo objeto,
criando, assim, o princípio de Arquimedes (AZEVEDO NETO, 1998).
E = Pfd
Onde:
E = empuxo (N)
Pfd = Peso do fluido deslocado (N)
Sabendo que o peso é função da massa específica, do volume ocu- FORÇA DE EMPUXO
pado e da gravidade, a equação do empuxo pode ser escrita, mais
detalhadamente, da seguinte forma:
Figura 9 - Experimento do empuxo
E r fd V fd g Descrição da Imagem: a figura apresenta
um objeto de 6 kg submerso em um tanque
d'água. Este objeto de 6 kg é aferido por um
Onde: dinamômetro, que indica o peso total de 4 kg.
Os outros 2 kg do objeto são tomados pelo
E = Empuxo (N) empuxo/força. À esquerda do tanque d'água,
temos uma balança indicando o peso de 2 kg.
ρfd = Massa específica do fluido deslocado (kg/m3) Essa balança está conectada ao tanque, por
meio de uma vazão disponibilizada nele. Essa
Vfd = Volume do fluido deslocado (m3) vazão distribui parte da água do tanque, por
isso, justificava-se o peso aferido na balança.
g = gravidade (m/s2)
52
UNIDADE 2
Onde
ρfd = Massa específica do
fluido deslocado (kg/m3)
Vcs = Volum do corpo sub-
merso (m3)
EMPUXO
ρc = Massa específica do cor-
po (kg/m3)
V c = Volume total do cor-
po (m 3)
PESO g = gravidade (m/s2)
53
UNICESUMAR
Pode-se observar, então, que quanto menor a massa específica do corpo for em relação à do fluido,
menor será o volume submerso para que este atinja a condição de flutuabilidade, ou seja, se um corpo
tem 70% da massa específica do fluido, a submersão de 70% do seu volume será suficiente para man-
tê-lo flutuando. Observe a seguinte imagem.
PESO
PESO
PESO
EMPUXO
EMPUXO
EMPUXO
Descrição da Imagem: a figura apresenta três imagens, nas quais temos três recipientes iguais com água até a metade e, em todos os
recipientes, há um objeto dentro. No primeiro recipiente, o objeto flutua com a maior parte do volume para fora do fluido, enquanto que,
no segundo recipiente, metade do corpo do objeto está sobre o fluido. Já no terceiro recipiente, o objeto está, completamente, afundado.
No primeiro caso, o sólido apresenta uma massa específica muito menor que a do fluido, por isso,
a maior parte do seu volume está fora do líquido. Já no segundo caso, o objeto apresenta uma
densidade próxima à metade da densidade do fluido, por isso, cerca da metade do corpo está
submerso. No terceiro caso, a densidade do corpo é maior do que a do fluido e, por isso, o objeto
permanece no fundo, completamente submerso.
Uma das ferramentas matemáticas fundamentais para explicar os fenômenos da fluidodinâmica é
o teorema de Bernoulli capaz de descrever o comportamento de fluidos ideais baseado no princípio
da conservação de energia (PORTO, 2004). A equação advinda deste teorema é mostrada a seguir:
54
UNIDADE 2
Onde:
Ec E p E pz constante Ec = Energia cinética (J)
Ep = Energia Potencial (J)
Epz = Energia Piezométrica (J)
Para o adequado entendimento desta equação, primeiramente, é preciso definir o que é energia e quais as
formas em que ela se apresenta. O conceito de energia vem do grego pela junção das palavras em (dentro) e
érgon (trabalho) (PORTO, 2004), e a etimologia da palavra mostra que energia é aquilo que cria um trabalho,
no caso dos fluidos, um movimento. Por isso, esta é a principal equação da fluidodinâmica, pois, a partir
dela, é possível descrever como as diferentes formas de energia se apresentam e interagem. Na primeira
delas, a energia cinética, existe uma relação com a velocidade, ou seja, quanto maior a energia cinética de
um fluido, maior é a velocidade do escoamento. Analogamente, a energia potencial está relacionada à altura
do escoamento, assim como a piezométrica está relacionada à pressão exercida sobre o fluido.
A partir desta equação e da significação de cada termo, entende-se que, durante o escoamento de
um fluido ideal, a energia se conserva ao longo do tempo, por isso, a equação resulta em um valor
constante. Além disso, é possível identificar que podem ocorrer conversões de energia, ou seja, um
tipo de energia pode ser transformado em outro, quantas vezes for necessário. Um exemplo disso se dá
na seguinte situação: uma bomba aplica energia piezométrica no fluido exercendo pressão sobre ele,
empurrando-o para um reservatório de água colocado na parte alta da casa. Neste processo, ocorreu
a transformação da energia piezométrica em potencial. Quando uma pessoa abre a torneira, e a água
escoa do reservatório pela tubulação, o que ocorre é a transformação da energia potencial em cinética.
Sendo assim, a equação de Bernoulli pode ser escrita de diversas formas, sendo três delas as mais
comuns que se dão em função da energia específica do escoamento, ou da energia potencial, ou da
energia piezométrica. Na primeira, a energia específica da unidade de medida dos termos é dada por
joules por kg (J/kg), ou seja, quantifica a energia que cada unidade de massa carrega, contudo a unidade
medida que aparece nos cálculos é m2/s2, entenda o porquê:
Partindo da definição de energia específica (Eesp), tem-se:
J
Eesp =
kg
A unidade de medida Joule (J), utilizada para quantificar trabalho e energia pode ser decomposta
pois vem da relação que energia é dada pela força (N) multiplicada pela distância (m), logo, obtém-se:
N m
Eesp
kg
Da mesma forma, a unidade de medida Newton (N) que quantifica uma força e é designada em função
massa (kg) multiplicada pela aceleração (m/s2), obtemos assim:
m
kg m
Eesp s2
kg
55
UNICESUMAR
Reorganizando a equação, tendo simplificado a unidade de medida da massa que aparece tanto no
denominador como no numerado têm-se:
m2
Eesp =
s2
Desta forma, demostra-se que a energia específica pode ser medida tanto em J/kg como em m2/s2
sendo estas unidades de medidas equivalentes. Assim sendo, a equação de Bernoulli pode ser descrita
em função da energia específica na forma a seguir:
V2 P
gh constante
2 r
Onde:
V = Velocidade (m/s)
h = Altura (m)
P = Pressão (Pa)
ρ = Massa específica (kg/m3)
g = Gravidade (m/s2)
Note que, desta forma, todos os termos da equação ao serem decompostos de acordo com as unidades
de medida resultam em m2/s2, que é a unidade da energia específica. Uma observação pertinente é que
o “2” que aparece no denominador do termo referente à energia cinética não aparece nesta análise por
ser uma constante e, por isso, não possui unidade de medida.
2
m m N / m2
m constante
s s2 kg / m3
m2 m2 m2
constante
s2 s2 s2
V2 P
h constante
2g g
Onde:
V = Velocidade (m/s)
h = Altura (m)
P = Pressão (Pa)
g = Peso específico (N/m3)
g = Gravidade (m/s2)
56
UNIDADE 2
Note que, desta forma, todos os termos da equação, ao serem decompostos de acordo com as unidades
de medida, resultam em metro (m):
( m / s )2 N / m2
m constante
m / s2 N / m3
m m m constante
Por fim, a equação de Bernoulli também pode ser escrita em função da energia piezométrica dada em
termos de pressão:
r V 2
r gh P constante
2
Onde:
V = Velocidade (m/s)
h = Altura (m)
P = Pressão (Pa)
ρ = Massa específica (kg/m3)
g = Gravidade (m/s2)
Note que, desta forma, todos os termos da equação, ao serem decompostos de acordo com as unidades
de medida, resultam em pressão medida em N/m2 ou Pa:
2
kg m kg m N
3 s
3 2 m 2 constante
m m s m
Pa Pa Pa constante
Além das diferentes formas de apresentação, analisar as possíveis interações entre os termos da equação de
Bernoulli é bastante eficiente para entender a dinâmica dos fluidos. Uma vez que este teorema é composto por
três termos, ao tornar um constante, é possível entender a relação entre os outros dois. Vamos aos exemplos:
Em uma situação onde a pressão é constante, o aumento da altura implica redução da velocidade, pois a
soma destas três energias deve permanecer igual. Um exemplo disso ocorre quando, ao regar as plantas do
jardim, eleva-se a mangueira da altura da cintura para a altura da cabeça, desta forma, a velocidade do escoa-
mento diminui, pois, com o aumento da energia potencial, necessariamente, a energia cinética deve reduzir.
57
UNICESUMAR
Velocidade
Velocidade Altura
Altura Pressão
Pressão Constante
Constante
Outro exemplo variando a altura, mas com a velocidade de escoamento constante, desta vez, ao aumentar
a energia potencial, tendo a energia cinética constante, a energia piezométrica diminui, logo, a pressão
resultante também diminui. Isso pode ser observado na instalação hidráulica de uma residência, na
qual a pressão da água que chega ao chuveiro é menor que a que chega na pia do banheiro uma vez que,
estando o chuveiro em maior altura, parte da energia piezométrica está na forma de energia potencial.
Energia
Energia Cinética
Cinética Energia
Energia Potencial
Potencial Energia
Energia Piezométrica
Piezométrica Resultante
Resultante
Velocidade
Velocidade Altura
Altura Pressão
Pressão Constante
Constante
Contudo o exemplo que mais chama a atenção está relacionado à relação entre a velocidade e a pressão quando
a altura é constante, assim como nos outros casos, ao aumentar a energia cinética, a energia piezométrica deve ser
reduzida para manter a resultante constante. Isso implica que quanto maior for a velocidade menor é a pressão.
Energia
Energia Cinética
Cinética Energia
Energia Potencial
Potencial Energia
Energia Piezométrica
Piezométrica Resultante
Resultante
Velocidade
Velocidade Altura
Altura Pressão
Pressão Constante
Constante
58
UNIDADE 2
Perceba que, como a asa tem um formato que faz com que o caminho
a ser percorrido pelo ar, ao contornar por cima da asa, seja maior que
o caminho ao contornar por baixo, isso exige que o ar sobre a asa
tenha maior velocidade que o ar abaixo, desta forma, a pressão sob a
asa é capaz de empurrar o avião para cima.
A partir dos conhecimentos aprendidos, em que abordamos as
interações entre fluidos e sólidos, assim como as tensões envolvidas,
foi possível entender como os escoamentos ocorrem e como as estru-
turas de contenção acabam interagindo com os esforços resultantes.
Quanto à pressão hidrostática, por exemplo, as barragens devem ser
capazes de resistir a altíssimas pressões decorrentes das grandes altu-
ras de águas contidas no montante, isto implica um grande desafio à
engenharia, mas fundamental para a manutenção do abastecimento
e da geração de energia elétrica. Contudo situações em menor escala
também podem, facilmente, serem compreendidas a partir destes
conceitos, por exemplo a tensão que um reservatório gera sobre a
estrutura que o suporta ou, ainda, a resistência necessária para que o
material de uma tubulação não se rompa.
A compreensão da dinâmica e estática dos fluidos é fundamental
para diversas tecnologias cotidianas, como nos chamados equipa-
mentos hidráulicos, que vão desde prensas capazes de romper aço
até o sistema de direção que tornam mais fácil o controle de veículos.
Pela característica do fluido deformar-se, indefinidamente, o que
denominamos escoar, muitos dos sistemas modernos dependem do
entendimento deste fenômeno. São eles desde o importante sistema
de drenagem urbana da água da chuva até o fundamental sistema
de abastecimento de água potável, sem esquecer o indispensável
sistema de esgoto sanitário, que deve levar de maneira segura os
dejetos para o devido tratamento e devida disposição final.
Note que a sociedade é, extremamente, dependente destes siste-
mas que, por sua vez, têm seu funcionamento, diretamente, relacio-
nado à capacidade da engenharia de descrever os fenômenos envol-
vendo diferentes fluidos. O correto dimensionamento, a operação
e a manutenção dependem do conhecimento das características
destes líquidos e gases e das respectivas dinâmicas de escoamento
para que as estruturas atendam aos esforços decorrentes de diversos
processos compreendidos nestes sistemas de engenharia.
59
MAPA MENTAL
Descrição da Imagem: no Mapa Mental, temos, à esquerda, um balão com a palavra-chave “Equação de Bernoulli”, que se ramifica para baixo para mais três balões, dos quais dois pos-
suem textos, “Energia Específica” e “Energia Piezométrica”, e outro está em branco para ser preenchido. Esses balões ramificam-se para mais três balões, os quais possuem fórmulas, cada
um com um elemento da fórmula em branco para preenchimento. Voltando à palavra-chave “Equação de Bernoulli”, para o lado direito, temos ramificações de mais três balões, os quais
possuem dois textos, “Velocidade Constante” e “Altura Constante”, além de um espaço em branco para preenchimento. Estes dão origem a mais três balões à direita, em que devem ser
completadas as frases que possuem espaços em branco: “Pressão proporcional à Altura”, com espaço para preenchimento entre as palavras “Pressão” e “Proporcional”; “Velocidade inver-
samente proporcional à Altura”, sem espaço para preenchimento; e “inversamente proporcional à Velocidade”, com espaço em branco no início da frase, antes da palavra “inversamente”.
60
Energia Específica Energia Piezométrica
organograma.
to, preencha as lacunas do seguinte
possível determinar as interrelações
formas de apresentação da equação
cípio de Bernoullii, que se baseia na
2. Prensas hidráulicas são dispositivos que auxiliam na multiplicação de uma força e são utilizadas,
entre outras finalidades, para elevar veículos, como mostra a figura.
AGORA É COM VOCÊ
Dada a área, no pistão 1, de 500 cm2, e 5 m2, no pistão 2, e sabendo que um carro popular tem
massa de cerca de uma tonelada, responda:
a) Qual deve ser a carga aplicada ao pistão 1 para que o pistão 2, onde se encontra o carro seja elevado?
b) Se o pistão 1 tiver um deslocamento vertical de 1 metro, qual será o deslocamento vertical
do pistão 2?
3. A flutuação é o fenômeno que ocorre quando a força peso é igual à força do empuxo, fazen-
do, deste modo, a resultante das forças ser nula e, assim, não havendo deslocamento vertical.
Considere uma esfera maciça e homogênea, de massa específica igual a 2,4 g/cm3, que flutua
mantendo 20% do seu volume acima da superfície livre de um líquido, qual a massa específica
desse líquido em g/cm3?
62
4. Uma esfera de aço cuja massa específica é
igual a 7800 kg/m3 possui um volume de 1
litro e está submersa dentro de um aquário
cheio de água. Um fio prende a esfera na
tampa do aquário, como mostra a figura a
seguir. Determine a força em newtons re-
sultante no fio e considere a gravidade igual
Fonte: o autor.
a 10 m/s2.
7. “Tornado destrói telhado do ginásio da Unicamp”. Um tornado com ventos de 180km/h destruiu
o telhado do ginásio de esportes da Unicamp. Segundo engenheiros da Unicamp, a estrutura
destruída pesa, aproximadamente, 250 toneladas (Folha de São Paulo, 29/11/95)
Uma possível explicação para o fenômeno seria considerar diminuição da pressão atmosférica,
devido ao vento, na parte superior do telhado. Para um escoamento de ar ideal, que ρ=1,2kg/m3
é a densidade do ar e v a velocidade do vento, considere que o telhado do ginásio tem 5.400m2
de área e que estava apoiado nas paredes. (Dado g=10m/s2).
a) Calcule a variação da pressão externa, devido ao vento.
b) Quantas toneladas poderiam ser levantadas pela força devida a este vento?
c) Qual a menor velocidade do vento (em km/h) que levantaria o telhado?
63
1. Altura da coluna d’água
PH Patm h g
Desconsiderando a pressão Atmosférica, como descrito no exercício e reorganizando a equação, obtém-se
PH
h
rg
5000 N / m2
h
1000kg / m3 10m / s 2
0, 5m = h
Por isso, os snorkels não possuem grande comprimento, com mais de 50 cm de profundidade já se torna im-
possível respirar, devido à pressão exercida pela água sobre o corpo humano.
2.
a. carga/força para levantar o carro.
F1 F2
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
=
A1 A2
Reorganizando em função da força que se deseja descobrir
A1
F1 F2
A2
F1 = 100 N
A1 Dh1 A2 Dh2
A1
Dh1 Dh2
A2
50 104 m2
1m Dh2
5m 2
0, 1m = Dh2
Observa-se, assim, que a força aplicada no pistão 1 é multiplicada por 100 quando transferida para o pistão 2,
contudo apenas um centésimo do deslocamento vertical é transferido.
64
3. Massa específica do fluido.
Vcs r
= c
Vc r fd
Vc
r fd rc
Vcs
100%
r fd 2, 4 g / cm3
80%
r fd = 3 g / cm3
4. Força no fio.
Parte-se do princípio de que o objeto se encontra em equilíbrio, logo, o somatório das forças que atuam sobre
ele é igual a zero, então:
5. H2 = 38,8 m
V2 P
h constante
2g g
Como a equação iguala-se a um valor constante, pode-se obter:
V12 P V2 P
h1 1 2 h2 2
2g g 2g g
Isolando o termo de interesse a partir da reorganização da equação, obtém-se:
V12 V22 P P
h1 1 2 h2
2g g
Substituindo os temos:
38, 8m = h2
65
6. 7,135·105 Pa
r V 2
r gh P constante
2
Como a equação iguala-se a um valor constante, pode-se obter:
r V12 r V22
r gh1 P1 r gh2 P2
2 2
Isolando o termo de interesse a partir da reorganização da equação, obtém-se:
r (V22 V12 )
P1 r g (h2 h1 ) P2
2
Substituindo os temos:
P1
1000kg / m3 (6m / s )2 (3m / s )2 1000kg / m3 10m / s2 (30m) 4 105 Pa
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
2
Importante destacar que a redução da área pela metade dobra a velocidade de escoamento:
P1 7, 135 105 Pa
7.
a. 1500 Pa
Partindo da equação de Bernoulli em função da pressão, tem-se:
r V 2
r gh P constante
2
Como a equação iguala-se a um valor constante, pode-se obter:
r V12 r V22
r gh1 P1 r gh2 P2
2 2
Isolando o termo de interesse a partir da reorganização da equação, obtém-se:
r (V22 V12 )
P1 r g (h2 h1 ) P2
2
Adotando 1 como externo e 2 como interno, tem-se
r (VExterno2 VInterno2 )
PExterno r g (hExterno hInterno ) PInterno
2
Definindo variáveis:
66
hExterno − hInterno = 0, pois o dado é irrelevante uma vez que a diferença entre a altura externa e interna
tende a zero.
PInterno = 0
PExterno = variação
r = 1,2 kg/m3
Tem-se:
PExterno
1, 2kg / m3 (0m / s )2 (50m / s )2 r g (0) 0
2
b. 810 toneladas.
Partindo do princípio da pressão, tem-se:
F
P=
A
Sabendo que no caso força é dada por peso, e peso é dado pelo produto da massa pela gravidade, tem-se:
m g
P
A
Reorganizando a equação em função da força, obtém-se:
P A
m
g
Substituindo as variáveis, tem-se:
1500 Pa 5400m2
m
10m / s 2
Logo:
810000kg = m
ou, ainda:
A Pressão é capaz de levantar 810 toneladas.
67
c. 99,7 km/h
Considerando uma massa de 250 toneladas, a pressão necessária para levantá-la, levando-se em conta uma
área de 5400 m2 é dada por:
m g
P
A
Substituindo, tem-se:
250000kg 10m / s 2
P
5400m2
Logo:
P = 462, 962963 Pa
PExterno
1, 2kg / m3 (0m / s )2 (50m / s )2 r g (0) 0
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
2
Retirando os valores neutros e isolando a variável de interesse, tem-se:
PExterno 2
V
1, 2kg / m3
Substituindo as variáveis, tem-se:
462, 962963 Pa 2
V
1, 2kg / m3
Logo,
27, 7778m / s = V
68
69
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
70
3 Cinética dos Fluidos
Dr. Fernando Marcos Weronka
72
UNIDADE 3
e a enrole a outra em toalhas ou roupas de lã. Tendo transcorrido um tempo de cerca de meia
hora, compare o volume das garrafas e note que, apesar de a garrafa gelada apresentar um volume
menor que a quente, ambas apresentarão a mesma massa.
A diferença de volume entre a garrafa quente e a gelada é decorrente da variação da densidade
dos fluidos. Como já vimos, o volume dos fluidos varia de acordo com a temperatura. No entanto
em ambas as garrafas, por encontrarem-se bem fechadas, não há entrada ou saída de material, desta
forma, apesar de existir uma variação volumétrica, a quantidade de matéria contida permanece a
mesma, por isso, não há diferença na massa das garrafas. Isso indica que medir a quantidade de
determinado fluido pelo volume pode levar a erros de aferição, enquanto a quantificação pela massa
é uma forma mais confiável, devido ao princípio de conservação de massa. É o que estudaremos,
de forma mais aprofundada, neste ciclo de aprendizagem.
DIÁRIO DE BORDO
73
UNICESUMAR
Diferentes forças agem sobre os fluidos e sólidos, entre elas a gravitacional, a eletromagnética,
as normais, as tangenciais entre outras. No caso específico dos fluidos, estas forças podem ser
divididas em dois grandes grupos: as volumétricas, ou forças de campo, e as forças de contato,
ou superficiais. As forças de campo agem sem, necessariamente, um contato direto, e a atração
gravitacional é um exemplo deste tipo de força, pois a intensidade dela é proporcional à massa dos
corpos e, inversamente, proporcional ao quadrado das distâncias entre eles (ÇENGEL, 2015). Já
as forças de superfície dependem do contato, e a força normal é um exemplo dessa força, pois esta
se baseia na terceira Lei de Newton, a qual descreve que toda força aplicada sobre uma superfície
gera uma força de mesma intensidade no sentido contrário à original (ÇENGEL, 2015).
Para ilustrar estes concei-
tos, vamos a alguns exemplos.
Mesmo um planeta estando A EIXO
R BIT
a milhares de quilômetros de Ó
sua estrela, ainda existe uma
atração gravitacional que o
impede de escapar para o
espaço, forçando o planeta a
VELOCIDADE
seguir a estrela. Neste mesmo CE FOR
C NT ÇA
cenário, outra força de campo OR
DA
RÍP
ET
A
age para evitar que o planeta CE FOR
NT ÇA
caia na direção da estrela, esta RÍF
UG
BO
força é a centrífuga, a mesma L A A
de um ponto fixo.
Note que, ao girar a bola presa a um fio, esta tende a escapar da órbita impelida pela força centrífuga,
o que não ocorre devido a outra força que a contrabalanceia, uma força centrípeta, no caso, a tensão
na corda que segura a bola. Contudo não são apenas os sólidos que estão sujeitos às forças de campo,
mas também os fluidos. Nos rios, mares, lagos e atmosfera terrestres, é possível observar os efeitos deste
tipo de força, por exemplo, a variação das marés resultantes da atração gravitacional promovida pela
Lua, como apresentado na figura a seguir.
74
UNIDADE 3
SUBLUNAR
EFEITO GRAVITACIONAL
LUNAR percebido, mais facilmente,
LUA nas regiões litorâneas. Além
disso, outro efeito das forças
TERRA
MARÉ ALTA
de campo pode ser observado
na região do Equador terres-
tre em que se apresenta maior
Figura 2 - Órbita da Lua em torno da Terra camada de atmosfera, isso é o
resultado da ação da força cen-
Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, o globo terrestre e, à direita, a Lua.
Neste caso, temos uma ilustração do movimento circular da Lua em torno da Terra, e a for- trífuga criada no movimento
ça centrípeta é a gravitacional enquanto a centrífuga é resultante da velocidade de rotação.
de rotação do planeta.
Já as forças de superfície dependem do contato, e a força normal é um exemplo de força de contato, pois
esta se baseia na terceira Lei de Newton, a qual descreve que toda força aplicada sobre uma superfície gera
uma força de mesma intensidade no sentido contrário à original (ÇENGEL, 2015). Ou seja, no instante
que uma pessoa toca o chão, seu peso exerce força de cima para baixo, neste instante, o chão exerce força
de baixo para cima com a mesma intensidade do peso da pessoa, desta forma, a resultante de forças é
zero, não gerando deslocamento vertical. Note que, antes de haver o contato da pessoa com o solo, a força
normal que contrabalanceia o peso não é observada, apenas aparecendo no instante em que as superfícies
se tocam, por isso, este tipo de força é denominado força de contato, ou força de superfície.
Quanto aos fluidos, as forças de superfície, como a força cisalhante, aparecem quando o fluido está em
movimento. Note que, quando determinado escoamento está acontecendo, uma força de contato entre o
fluido e o sólido que o cerca reduz a velocidade do movimento das partículas que fazem contato com esta
superfície. Perceba que esta força só aparece quando existe o contato da superfície do fluido com a superfície
do sólido. Vale destacar que existe também uma força de contato entre as partículas do fluido, o que gera
atrito entre elas, sendo quantificada pela viscosidade (FOX, McDONALD; PRITCHARD, PHILIP J, 2014).
Em síntese os efeitos das forças de campo são percebidos mesmo quando não há contato entre as
partes envolvidas, enquanto as forças de superfície só aparecem quando as partes estão em contato.
A relação das forças que atuam sobre os fluidos determina os regimes de escoamento resultando em
laminares e turbulentos. No regime laminar as camadas de fluidos deslizam umas sobre as outras como
se fossem lâminas de fluido, fazendo assim com que não ocorra a mistura macroscópica entre as camadas
(PORTO, R. M, 2004). Neste regime ocorre em baixa velocidades e pequenos diâmetros de tubulação,
sendo possível observar uma velocidade constante ao longo do tempo, como observado na figura.
75
UNICESUMAR
ESCOAMENTO LAMINAR
Observe que as linhas de escoamento permanecem paralelas, não favorecendo assim a mistura, tornando
o escoamento uniforme. Já nos escoamentos turbulentos ocorre o aparecimento de turbilhões no fluido,
os quais promovem uma forte mistura dentro de fluido, além disso a velocidade oscila ao longo do tempo
em torno de um valor médio (PORTO, R. M, 2004), observe as linhas de escoamento na imagem a seguir.
ESCOAMENTO TURBULENTO
Perceba que no escoamento turbulento as partículas seguem trajetórias erráticas e aleatórias, podendo
inclusive ir contra o sentido do fluxo. Para determinar como escoamento se comportará o princípio
de Reynolds relaciona as forças inerciais do fluido com as forças viscosas. As observações através dos
experimentos propostos por Reynolds em 1883 permitiram verificar que quando as forças inerciais
são até duas mil vezes maiores que as viscosas o escoamento ocorre de modo laminar. No entanto
somente quando as forças inerciais são mais do que 2400 vezes maiores que as viscosas é que passam
a ocorrer escoamentos turbulentos, a região entre 2000 e 2400 ficou conhecida então como a zona de
transição do escoamento laminar para turbulento. Essas definições têm origem na equação de Rey-
nolds apresentada a seguir:
76
UNIDADE 3
Onde:
Re = Número de Reynolds
ρ v D
Re ρ = Massa específica (kg/m3)
µ
v = Velocidade do escoamento (m/s)
D = Diâmetro da tubulação (m)
μ = Viscosidade dinâmica (Pa·s)
Note que tanto o denominador quanto o numerador podem ser divididos pela massa específica dando
origem a seguinte equação
Onde:
Re = Número de Reynolds
vD
Re v = Velocidade do escoamento (m/s)
u
D = Diâmetro da tubulação (m)
u = Viscosidade dinâmica (m2/s)
Desta forma fica fácil perceber que no numerador encontram-se a propriedades que tendem a facilitar
o escoamento, velocidade e diâmetro, enquanto no denominador estão as que dificultam ou seja a visco-
sidade. Assim pode-se perceber que que este coeficiente quantifica as forças de propulsão em razão das
forças de retenção, apresentando-se na forma adimensional (não apresenta unidade de medida) podendo
então ser aplicado tanto em pequenas escalas assim como em grandes, e não unidade de medida.
Como vimos nos ciclos de aprendizagem anteriores o escoamento de um fluido é o resultado no
movimento de uma enorme quantidade de partículas simultaneamente, esta quantidade é tão ex-
traordinariamente grande que para defini-la é preciso utilizar-se da notação científica que se vale da
exponenciação de base 10. O número de Avogadro é a constante que define o número de partículas
contidas em um mol, o que significa que ao agrupar 6,02·1023 partículas de um determinado elemento,
isto compõe 1 mol deste elemento. Isso pode parecer uma grande quantidade de matéria, mas vamos
a um exemplo, tomando como base o Hidrogênio por exemplo, o átomo mais simples da tabela perió-
dica, sua massa molar é de 1 grama, o que significa que para termos um mol de hidrogênio, 6,02·1023
átomos de hidrogênio, o que totaliza 1 grama.
Esta relação pode ser apresentada também para outras moléculas, como a água por exemplo,
por ser formada por 2 átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio (H2O) a água apre-
senta massa molecular de 18 gramas (H=1 g/mol + O=16 g/mol). Isso significa que em 18 gramas
de água, aproximadamente 18 mL, ou cerca de um gole, existem 602 sextilhões de partículas. Para
compreender a dinâmica do movimento de uma quantidade tão descomunal de elementos, cada
um com tamanho infinitesimal, interagindo entre si e com o entorno alguns modelos matemáticos
foram implementados, o lagrangeano e o euleriano. Criados pelos matemáticos e físicos Joseph Louis
Lagrange e Leonhard Euler respectivamente.
77
UNICESUMAR
A visão lagrangeana consiste em identificar certa porção de matéria e a partir daí observar variações
de propriedades tais como temperatura, velocidade, pressão, etc. ao longo do tempo, por exemplo ao
acompanhar com um drone o percurso feito por um carro em uma pista, medindo suas proprieda-
des como temperatura e velocidade, resultará em uma descrição lagrangeana do fenômeno (FOX,
McDONALD; PRITCHARD, PHILIP J, 2014).
Descrição da Imagem: na figura temos um drone com uma câmera acompanhando o deslocamento de um veículo.
Aplicado aos fluidos, o método consiste em acompanhar a partícula e suas variações de propriedades
no decorrer do escoamento, por considerar uma enorme quantidade de informação o método vale-se
de princípios do cálculo diferencial integral fornecendo equações capazes de descrever detalhadamente
o comportamento das partículas de um fluido. Esta descrição vale-se então do conceito de porção in-
finitesimal de fluido que é definida como a menor quantidade possível de ser mensurada ou estimada
no problema em questão, comumente denominada partícula, para então definir a variação de suas
propriedades com o decorrer do tempo.
Contudo, acompanhar e aferir as propriedades de um número astronômico de partículas constituin-
tes de um fluído é, se não impossível, uma tarefa extremamente árdua, mesmo para vazões extremamente
baixas, tornando-se impraticável (FOX, McDONALD; PRITCHARD, PHILIP J, 2014). Para tanto outra
descrição pode ser utilizada sem prejuízos significativos, a euleriana, também denominado método
do volume de controle o qual utiliza-se de coordenadas espaciais e do tempo. Seguindo o exemplo do
carro em uma pista, diferentemente da metodologia lagrangeana na qual o veículo é acompanhado
pelo observador, neste caso o observador permanece imóvel monitorando posições determinadas do
espaço, a partir dos resultados obtidos nestes pontos descreve-se o comportamento de vários carros.
78
UNIDADE 3
Aplicando aos fluidos, a visão euleriana consiste observar as propriedades do fluido em vários pontos
pré-estabelecidos podendo-se assim obter uma “visão” do comportamento do escoamento naquele
instante. A descrição euleriana do escoamento também é apresentada como global pois limite um vo-
lume de controle, comumente denominado caixa preta, na qual são aplicadas as equações de balanço.
Nesta descrição abandona-se o conceito de partícula passando a utilizar-se a hipótese que os fluidos
podem ser tratados como meios contínuos, conhecida como mecânica do contínuo. Neste ramo da
física sólidos e líquidos são descritos como porções macroscópicas de matéria, sem espaços vazios, que
podem sofrer tensões, deformações e outras variações como de temperatura, velocidade, etc.
Um exemplo disso ocorre durante a aplicação de uma injeção, sabe-se que o fluido é composto por
milhões de partículas, mas ao receber a pressão do êmbolo se comporta como uma porção contínua da
matéria e escoa através da agulha. Neste exemplo, mesmo que existam movimentos aleatórios das partículas,
ou seja, em escala microscópica, o escoamento macroscópico do fluido ocorre apenas na direção imposta
pelo êmbolo. Logo do ponto de vista das partículas o movimento é fortemente aleatório em torno de uma
média, mas para a mecânica do contínuo o movimento é ordenado em uma direção. No entanto não po-
de-se dizer que o movimento microscópico não é relevante, tanto é que propriedades como a temperatura
e viscosidade dependem dele, contudo por serem tratados nesta propriedades podem ser desconsiderados
em escoamentos macroscópicos.
79
UNICESUMAR
A partir da observação dos escoamentos são determinados princípios, sendo eles descritos como balanços,
por referirem-se ao resultado dos fenômenos ao longo do tempo, sendo limites físicos impedem a criação
ou destruição de matéria, energia e quantidade de movimento. Como sabe-se a conservação de matéria não
implica diretamente da conservação de volume, uma vez que, em um sistema fechado, a variação da tempe-
ratura comumente implica na variação do volume de fluidos, sem no entanto alterar a massa deste. Portanto,
para cumprir o princípio da não criação ou destruição de matéria tem-se a lei da conservação das massas,
a qual estabelece que em um sistema fechado o valor da massa se mantém constante (FOX, McDONALD;
PRITCHARD, PHILIP J, 2014).
Por exemplo, em um sistema hermeticamente lacrado, como uma lata de refrigerante, não existe a trans-
ferência de massa através da barreira sólida que isola o produto, portanto o sistema é considerado fechado.
No entanto é possível transferir energia para dentro do sistema aquecendo o metal em embala o produto,
fazendo com que ocorra o aumento do volume do fluido contido, sem no entanto aumentar o peso da lata.
Este princípio também aplica-se em sistemas abertos, ou seja, quanto ocorre a entrada e saída de material,
nestes casos entende-se que a variação da massa deve ser igual a zero, em outras palavras, a massa inicial do
sistema somado a massa que entra e subtraído da soma da massa que sai deve ser igual a massa inicial. A
seguinte equação descreve esta problemática:
Onde:
D
Dt
r dV 0 ρ = Massa específica (kg/m3)
dV = Volume infinitesimal de fluido (m3)
t = tempo (s)
A partir desta equação diferencial entende-se que a soma da massa de todas as partes infinitesimais
de um fluido não varia ao longo do tempo, ou seja, o número de partículas do sistema não variou,
abordando assim uma visão lagrangeana da conservação de massa. Aplicando o mesmo conceito de
conservação de massa, desta vez a partir de visão euleriana obtemos a seguinte equação:
80
UNIDADE 3
Perceba que a unidade de medida resultante de multiplicação tanto do termos de entrada quanto
dos termos de saída é kg/s, ou seja, é dado em função da vazão mássica, o que significa dizer que
a quantidade de massa que entra por segundo é igual a que sai, não gerando consumo ou geração
dentro do volume de controle. Neste ponto é importante destacar que, se a massa específica do
fluido na entrada for igual a massa específica do fluido na saída, pode-se simplificar a equação
obtendo assim o princípio da continuidade:
Onde:
Ventrada Aentrada Vsaída Asaída 0 V= velocidade (m/s)
A = Área (m2)
Tanto a unidade de medida resultante de multiplicação tanto dos termos de entrada quanto dos termos
de saída é m3/s, ou seja, é dado em função da vazão volumétrica, o que significa dizer que o volume que
entra por segundo é igual ao que sai, não gerando consumo ou geração dentro do volume de controle,
como observado na seguinte imagem.
É importante, no entanto, ressaltar que esta simplificação só pode ser utilizada quando não há
variação da massa específica do fluido, ou seja, as condições de pressão e temperatura se mantenham
constantes ao longo do escoamento.
Em síntese a conservação de massa é uma condição na qual a quantidade de matéria se
mantém constante ao longo do tempo, assim como em um sistema fechado não haverá sur-
gimento ou destruição da massa, mesmo que haja variação do volume, em um escoamento
a vazão mássica deve manter constante mesmo que a vazão volumétrica varie. Isso ocorre
porque o volume não é uma medida completamente confiável quantidade de matéria, pois
depende da massa específica dos fluidos, que por sua vez é influenciada pelas condições de
pressão e temperatura do ambiente.
81
UNICESUMAR
Assim como na conservação de massa, que a quantidade de matéria deve permanecer constante
ao longo do tempo, na conservação de energia, esta também não deve variar ao longo do tempo. No
ciclo de aprendizagem 2 foram abordados os princípios de conservação de energia mecânica através do
princípio de Bernoulli, a aplicação deste considera apenas fenômenos macroscópicos de transferência
de energia, em termos de velocidade, altura e pressão. Contudo há também movimento microscópi-
co e aleatório das partículas, o qual pode ser abordado como energia interna (FOX, McDONALD;
PRITCHARD, PHILIP J, 2014). Deste modo, a energia interna de um fluido consiste no somatório da
energia cinética média das partículas, descrito na seguinte equação:
Em um, material, fluido ou sólido, as partículas que o compõe nunca estão completamente paradas,
apresentando sempre um movimento relativo, este não se manifesta macroscopicamente por ser de-
sordenado. Como vimos, mesmo que um fluido não esteja escoando existe movimento microscópico
das moléculas constituintes, contudo por ser aleatório, não pode ser observado macroscopicamente.
Para exemplificar esta situação imagine seguinte situação, onde você observa do alto de um prédio um
grupo de pessoas na calçada, você nota que as pessoas caminham pela aglomeração, mas o agrupamento
não se desloca-se pela rua. Isso ocorre porque algumas pessoas ocupam os lugares antes ocupados por
outras, além disso e enquanto uma pessoa movimenta-se para a esquerda, outra pode movimentar-se
para a direita, fazendo com que a média o deslocamento seja igual a zero.
Contudo, se o grupo todo passar a sem mover na mesma direção, mesmo sem mudar a velocidade
que as pessoas já estavam caminhando, é possível observar um deslocamento pela rua, contudo isso
não surge espontaneamente, necessita de um motivo externo para que haja organização, chega-se assim
ao princípio da entropia. A entropia, também conhecida como a flecha do sentido no universo, mostra
que os sistemas tendem a desordem, por isso não se vê a água começar a escoar sem que uma força
seja exercida sobre ela, pois apensar de existir movimento nas partículas constituintes, este é aleatório
demais para gerar efeitos macroscópicos, como o escoamento.
No entanto é preciso destacar que o movimento errático microscópico dos materiais pode gerar
efeitos macroscópicos, observáveis nas propriedades dos materiais, como densidade e por exemplo. No
caso da densidade, com uma maior quantidade de agitação as partículas tendem a ficar mais afastadas
umas das outras, por isso passam a ocupar um volume maior, mantendo a mesma massa, fenômeno
conhecido como dilatação térmica, o que justifica as folgas de dilatação em pontes, ferrovias e peças de
piso cerâmico. Este princípio, como vimos no primeiro ciclo de aprendizagem é utilizado para aferir
a temperatura através de uma escala termométrica, o que se denomina temperatura.
Desta forma entende-se que o estado de agitação das partículas é proporcional a temperatura do
fluido, ou seja, quanto maior a temperatura do fluido, mais agitadas estão as partículas, e consequente-
mente maior é a energia cinética média das partículas. Contudo, não se pode dizer que a temperatura
corresponde a energia interna, pois a temperatura é obtida a partir de escalas indiretas, valendo-se de
comparações baseadas em métricas empíricas, seja Celsius, Kelvin ou Fahrenheit. Já no caso da energia
82
UNIDADE 3
cinética é uma medida direta da qual se estima a média da agitação das partículas, portanto sendo
quantificada em Joules que é uma medida fenomenológica.
Em síntese, tanto a energia interna quanto a temperatura são relativos ao estado de agitação das partícu-
las, mas não se pode dizer que se tratam da mesma coisa, contudo é possível realizar a conversão da energia
interna em temperatura utilizando-se do conceito de capacidade térmica descrito na seguinte equação:
Onde:
U C DT U = Energia interna (J)
C = Capacidade térmica (J/K)
ΔT = Temperatura (K)
Desta forma define-se que a energia interna é proporcional a temperatura, não havendo variação da
temperatura a energia interna permanece constante, mesmo que variem a pressão e o volume. Assim
sendo, o princípio da conversação de energia apresenta-se pelo balanço entre a quantidade de energia
recebida por um fluido e a cedida para o ambiente, sendo o resultado a variação da energia interna,
apresentados na primeira lei da termodinâmica (HALLIDAY, 2009):
Onde:
Q t DU Q = Calor recebido (J)
t = Calor cedido ou trabalho (J)
ΔU = Variação da energia interna (J)
A aplicação do conceito da
conservação ne energia pode τ
Trabalho
ser apresentado de forma grá-
fica na seguinte figura.
ΔU
Descrição da Imagem: a figura apresenta
um sistema, onde setas com duplo sentido
indicam a possiblidade da entrada e saída
de calor, entrada e saída de trabalho e au- Q
mento ou redução da energia interna. Calor
Fluido
83
UNICESUMAR
Entende-se a energia térmica pode-se apresentar em 3 formas, calor, trabalho e energia interna, todas
medidas na escala Joule, estas formas interagem convertendo-se entre livremente entre si em um sistema
ideal. Para melhor compreensão destas interrelações observe a Tabela 1, na qual estão descritas cada uma
das variáveis como positiva, negativa ou neutra, permitindo assim estimar o que ocorre com as demais.
Note que no caso da variável Q é maior que zero significa que o sistema recebeu calor, já se a
variável Q for menor que zero, ele perdeu calor, caso esta variável seja igual a zero define-se o
sistema como adiabático. No que diz respeito a energia interna (ΔU) maior que zero a tempera-
tura do sistema aumenta, caso menor que zero diminui, quando esta variável é igual a zero tem-se
um sistema com temperatura constante. No caso do trabalho, quando a variável t é maior que
zero o sistema está em expansão, aumentando o volume e por isso diz-se que o sistema realiza
um trabalho, no caso da variável t aparecer negativa, significa que o sistema está sendo compri-
mido, ou seja, um trabalho está sendo realizado sobre o sistema, caso o valor do trabalho seja
igual a zero o sistema permanece com volume constante.
Considerando que o trabalho pode ser descrito como o produto da pressão pelo volume do sistema:
Onde:
t P t = Trabalho (J)
P = Pressão (Pa)
∀ = Volume (m3)
Logo em um sistema com pressão constante (isobárico) apresenta volume variável, desta forma pode-se
determinar algumas premissas para a conservação de energia em fluidos.
Em sistemas adiabáticos o trabalho realizado pelo sistema é inversamente proporcional a variação da
energia, um exemplo ocorre no interior de um pneu que mesmo sem receber calor externo se aquece pelo
efeito da pressão exercida sobre o volume constante. Ou seja, como o trabalho foi realizado sobre o sistema
a energia interna aumenta, caso fosse realizado pelo sistema, diminuiria. Já no caso de um sistema com
volume constante o calor recebido é proporcional a energia interna e consequentemente a temperatura,
84
UNIDADE 3
seguindo neste mesmo exemplo do pneu ao receber calor do asfalto, sem poder aumentar de volume, a
temperatura interna aumenta, caso o pneu cedesse calor ao asfalto a energia interna seria reduzida.
Em um sistema com pressão e temperatura constante o calor recebido é proporcional à variação
do volume do fluido, e em um sistema com temperatura constante o calor é proporcional ao trabalho
realizado. Neste contexto o calor recebido de uma fonte, como um combustível pode ser convertido
em trabalho, como no caso de um motor, que converte a energia armazenada na gasolina, em movi-
mento para o veículo. Neste caso, quanto menor for a variação da energia interna, e consequentemente
a temperatura do sistema, mais eficiente é o processo, no entanto limites físicos impedem e que haja
total eficiência uma vez que não são conhecidos isolantes térmicos perfeitos. Diversas outras relações
podem ser estabelecidas, como por exemplo, ao receber calor, ou o sistema aumenta a energia interna,
ou realiza um trabalho, podendo inclusive ocorrer os dois fenômenos simultaneamente, desde que
obedeça ao princípio da conservação de energia.
Outro fenômeno muito interessante, a respeito da conservação de energia, é empregado nos
aparelhos condicionadores de ar e nos refrigeradores, nestes um gás com grande capacidade de
variação da massa específica tem seu volume reduzido por um compressor localizado no lado ex-
terno. Até meados dos anos 2010 eram utilizados os clorofluorcarbonetos (CFCs), em virtude do
potencial risco de impacto sobre a camada de ozônio foram progressivamente substituídos pelos
hidrofluorcarbonetos (HFCs), estes menos nocivos ao meio ambientes. Neste dispositivo os gases
refrigerantes ficam confinados em um sistema fechado, ou seja, não têm contato com atmosfera,
quando o gás recebe trabalho (é comprimido) energia das partículas a aumenta e consequentemente
a temperatura, ainda na parte externa este gás é resfriado liberando o calor para a atmosfera.
O gás comprimido e resfriado é conduzido para o interior da edificação, ou do refrigerador,
permanecendo confinado, contudo na câmara de expansão, assim como na câmara de compressão
há troca de energia, desta forma quando o gás se expande, absorve energia resfriando o ambiente
interno. Este processo é conhecido como bomba de calor, pois apesar de uma quantidade do gás
estar confinada, funcionando em sistema fechado, ou seja, a quantidade de partículas permanece
constante, ocorre a troca de energia entre os ambientes interno e externo e permite que o calor do
ambiente interno seja levada para o ambiente externo.
No que diz respeito a conservação de quantidade de movimento, primeiro faz-se necessário
definir do que se trata esta variável, a segunda Lei de Newton trata da relação entre força e
movimento descrevendo que:
F = Força (N)
F ma m = Massa (kg)
a = Aceleração (m/s2)
A partir desta é possível observar que para acelerar uma certa quantidade de massa é necessário que
uma força seja aplicada, desta forma pode-se entender que uma força aplicada ao longo de um tempo
é capaz de gerar uma certa quantidade de movimento, expressa pela equação:
85
UNICESUMAR
Onde:
M m V M = Quantidade de movimento (N·s)
m = Massa (kg)
V = Velocidade (m/s)
Perceba como tanto a quantidade de movimento, quanto o impulso possuem a mesma unidade de
medida, isto ocorre poque, em sua, um impulso é uma transferência de quantidade de movimento. Para
ilustrar imagine-se arremessando uma bola, para que esta se movimente você precisa impulsiona-la
aplicando uma força durante um certo período, quanto maior a força aplicada, maior será o impulso,
a mesma coisa ocorre em relação ao tempo (FOX, McDONALD; PRITCHARD, 2014). Desta forma,
entende-se que, para transferir a maior quantidade de movimento possível para a bola, fazendo-a atingir
a máxima velocidade, a maior força possível deve ser aplicada pelo maior tempo possível. Percebe-se,
assim, que mesmo uma pequena força é capaz gerar grande quantidade de movimento e, consequen-
temente, velocidade, se aplicada por um longo período. Por isso, para que se atinja altas velocidades,
faz-se necessário grandes períodos de aceleração ou uma grande força.
A partir da observação da primeira Lei de Newton, sendo o somatório de todas as forças que agem
sobre um corpo, resultado de um valor nulo, isso implica que um objeto em repouso tende a perma-
necer em repouso, assim como um objeto em movimento tende a permanecer em movimento até que
uma força externa atue sobre ele. Em ambos os casos, necessita-se de uma força externa tanto para
criar movimento quanto para reduzi-lo. Desta forma, entende-se que, se a variação da quantidade de
movimento depende da força aplicada, se esta força for igual a zero, não há variação da quantidade de
movimento. Define-se, assim, o princípio da conservação da quantidade de movimento a qual descreve
que a quantidade de movimento de um sistema tende a permanecer constante ao longo do tempo.
Note que a definição passa por um sistema fechado, ou seja, para que seja verdadeiro, todas as par-
tículas de um sistema devem ser consideradas, pois existe a variação da quantidade de movimento de
uma partícula, podendo esta aumentar sua velocidade, por exemplo, contudo, para que isto ocorra,
outra precisa transferir quantidade de movimento para ela.
Para entender o conceito de quantidade de movimento em partículas, exemplos macroscópicos
de colisões podem ser úteis. Imagine que uma partícula infinitesimal de fluido é representada por
uma bola de bilhar, esta permanece parada até que outra bola colida com ela, entende-se, assim,
que a quantidade de movimento da bola permanece a mesma até que outra realize uma força sobre
ela. Quando ocorre a colisão, acontece uma transferência de quantidade de movimento, ou seja, se
ambas as bolas tiverem a mesma massa, e ocorrer uma colisão perfeitamente elástica, a velocidade
da bola, após a colisão, será a mesma da bola que colidiu, obviamente, considerando a ausência de
atrito. Esta situação é descrita pela seguinte equação:
86
UNIDADE 3
Sendo esta equação válida apenas para colisões perfeitamente elásticas, ou seja, quando o coeficiente de
restituição for igual a 1, isso significa que não há deformação dos elementos colididos, e 100% da quantida-
de de movimento é transferida no processo. Caso a colisão ocorra entre objetos perfeitamente inelásticos,
o coeficiente de restituição será igual a 0, isso significa que os corpos se deformam de modo que, após a
colisão, ambos permanecem unidos, tendo velocidade relativa igual a zero, aplicando-se a seguinte equação:
M Inicial M Final
m1 V1 _ Inicial m2 V2 _ Inicial m1 m2 VFinal
Para os demais casos, onde o coeficiente é maior que 0 e menor que 1, o coeficiente de restituição calcula-se:
Velocidade _ de _ afastamento
e=
Velocidade _ de _ aproximação
V2 _ Final V1 _ Final
e
V1 _ Inicial V2 _ Inicial
Sendo necessário para a determinação das velocidades após a colisão, por meio de um sistema de
equações envolvendo a equação do coeficiente de restituição e a seguinte equação:
m1 V1 _ Inicial m2 V2 _ Inicial m1 V1 _ Final m2 V2 _ Final
Estas mesmas definições aplicadas a elementos macroscópicos podem ser aplicadas às partículas mi-
croscópicas que compõem os fluidos, sendo úteis para a explicação de fenômenos hidráulicos, como
o golpe de aríete, remanso e ressalto que veremos nos ciclos de aprendizagem a seguir.
87
UNICESUMAR
Onde:
Fr Qmassa DV FR =Força Resultante (N)
Qmassa = Vazão mássica (kg/s)
DV = Variação da velocidade vetorial (m/s)
Entende-se, assim, que, para que haja diferença de velocidade em um escoamento constante, é preciso
que forças externas atuem sobre ele. É possível reescrever a equação da seguinte forma:
Onde:
FR Qmassa V2 Qmassa V1 FR =Força Resultante (N)
Qmassa = Vazão mássica (kg/s)
V = Velocidade vetorial (m/s)
Sabendo que:
Onde:
Qmassa r V A Qmassa = Vazão mássica (kg/s)
r = massa específica (kg/m3)
V = Velocidade vetorial (m/s)
A= Área da seção (m2)
Obtém-se, então:
Trazendo o conceito no qual a força é dada pela pressão sobre área, é possível decompor a força resul-
tante, evidenciando os termos de pressão, como segue:
DF P1 A1 P2 A2 (r2 V2 A2 ) V2 (r1 V1 A1 ) V1
88
UNIDADE 3
Reorganizando, obtém-se:
DF (r2 V2 A2 ) V2 P2 A2 (r1 V1 A1 ) V1 P1 A1
Onde:
DF = Variação da Força (N)
r = massa específica (kg/m3)
V = Velocidade vetorial (m/s)
A= Área da seção (m2)
P = Pressão (Pa)
Logo, em um sistema em que a variação da força é igual a zero, tem-se um sistema onde a quantidade
de movimento se conserva. Assim, é possível calcular também a força exercida pelo escoamento sobre
o tubo, desconsiderando a força peso pela seguinte equação:
F r V 2 A P A
A partir da terceira Lei de Newton, entende-se que esta é a força necessária para manter o escoamento
neste regime.
89
Neste ciclo de aprendizagem, abordamos os métodos de descrição de escoamentos
a partir de diferentes modelos matemáticos, e, a partir destes, foram detalhados
os balanços de massa, energia e quantidade de movimento. Preencha as lacunas
do seguinte organograma:
DESCRIÇÃO DE ESCOAMENTOS
Euler
Porção
infinitesimal
Partículas Global
BALANÇOS
ENERGIA
MASSA
MAPA MENTAL
Leis da
Termodinâmica
Descrição da Imagem: na região central deste Mapa Mental, temos a “Descrição de Escoamento”. Abaixo e na segunda
linha, há dois balões: o da esquerda você deve preencher, e o da direita está indicando a palavra “Euler”. Na terceira linha e à
esquerda, temos um balão preenchido com a frase “Porção infinitesimal”, e, para a direita, um novo balão a ser preenchido.
Na quarta linha deste Mapa Mental, há dois novos balões: o da direita indica a palavra “Global”, e o da esquerda “Partículas”.
No centro da quinta linha, temos um novo balão preenchido com a palavra “Balanço”, que se conecta a outros três balões:
à esquerda, um balão preenchido com a palavra “Massa”, ao centro, você, estudante, deve preencher o balão, e à direita
indicando a palavra “Energia”. Na palavra “Massa” e no balão ao centro, conecta-se um balão com as palavras “mecânica
do contínuo”. Já a palavra “Energia”, à esquerda, direciona-se para um novo balão em preenchimento, o qual é seguido
por um balão com as palavras “Leis da termodinâmica”, e o último, que já está preenchido com a palavra “Macroscópico”,
conecta-se a um balão que deve ser preenchido.
90
91
MAPA MENTAL
1. Um posto de gasolina adota um sistema fraudulento, que eleva a temperatura do combustível
de 20 °C para 35 °C, o que reduz a massa específica de 0,7200 g/cm3 para 0,7075 g/cm3. Sabendo
que o combustível vem pelo duto “1” e passa pelo aquecimento antes de chegar aos dutos de
distribuição, com os seguintes dados, calcule:
1 2
Área 1: 5 cm2
Área 2: 2 cm2
Área 3: 4,5 cm2
Área 4: 4 cm2
4
Velocidade em 1: 6 m/s
Velocidade em 3: 4 m/s
3
Velocidade em 4: 3 m/s
Fonte: o autor.
2. Uma indústria lança em um corpo hídrico 0,475 m3 por hora de NaOH, com concentração de 1 mol/
litro. Sabendo que a massa molar do Na é 23g/mol, O é 16g/mol e o hidrogênio é 1g/mol. Qual a
massa de hidróxido de sódio (NaOH) despejada em um turno de 8 horas de operação? E qual a
massa de sódio (Na) despejada nesse período?
AGORA É COM VOCÊ
3. Para que um chuveiro elétrico funcione, adequadamente, é necessário que receba uma vazão de
30 litros por minuto. Sabendo que o registro 1 tem diâmetro de 32 mm, e que a velocidade é de
1,013 m/s, qual o máximo raio de abertura da torneira para que o chuveiro permaneça ligado,
sendo que a velocidade que a água sai da torneira é 1 m/s?
RESERVATÓRIO
CHUVEIRO
TORNEIRA
REG 2
REG 1
Fonte: o autor.
92
4. Ao receber 20 calorias (1 cal = 4,18 J) de calor, um gás ideal sofre uma expansão, e seu volume
aumenta de 1m3 para 3,09 m3. Durante a expansão, a pressão foi mantida constante em 10N/m2.
Determine, em joule, a variação da energia interna do gás, considerando que o gás tem capacidade
térmica de 0,5 cal/°C e qual a variação da temperatura do gás.
5. No jogo de bilhar, o jogador usa um taco para impulsionar a bola branca, e esta, então, transfere
o movimento para as demais bolas do jogo. Considere um taco de 500 gramas movimentan-
do-se com velocidade de 0,3 m/s e colide com a bola branca (150 g), inicialmente, em repouso.
Considere um coeficiente de restituição igual a 1 e despreze o atrito. Calcule:
a) A quantidade de movimento do taco.
b) A velocidade da bola branca.
c) A quantidade de movimento da bola branca após a colisão.
6. Uma tubulação de 32 mm escoa uma vazão de 0,02 m3/s com uma pressão de 400 kPa, e, para
tentar estancar o fluxo de água, um tampão de 25 mm de diâmetro foi inserido, como mostra a
figura. Calcule a força necessária para manter o tampão no lugar em que foi colocado e considere
a massa específica do fluido igual a 1g/cm3.
P = 400 kPa
Fonte: o autor.
93
1.
a. Partindo do princípio de que com o sistema fraudulento desligado a massa específica é constante, pode-se
utilizar a seguinte equação:
V1 A1 V2 A2 V3 A3 V4 A4 0
Logo:
0m / s = V2
b. Partindo do princípio que, com o sistema fraudulento ligado, a massa específica é variável, pode-se utilizar
a seguinte equação:
V1 A1 r1 V2 A2 r2 V3 A3 r3 V4 A4 r4 0
m kg kg m kg m kg
6 5 104 m2 720 3 V2 2 104 m2 707, 5 3 4 4, 5 104 m2 707, 5 3 3 4 104 m2 707, 5 3 0
s m m s m s m
m kg m kg m kg
6 5 104 m2 720 3 4 4, 5 104 m2 707, 5 3 3 4 104 m2 707, 5 3
s m s m s m V
2
4 2 kg
2 10 m 707, 5 3
m
Logo:
0,265 m/s = v2
94
Calculando a vazão mássica:
Qmassa r V A
kg
Qmassa 707, 5 3
0, 265m / s 2 104 m2
m
kg
Qmassa = 0, 0375
s
Logo, a vazão mássica que passa pela saída 2 é de 0,0375 kg/s.
litros mol g g g
massaNaOH 475 1 23 16 1 8horas
hora litro mol mol mol
massaNaOH = 152kg
3. Partindo do princípio que, com o sistema fraudulento desligado, a massa específica é constante, pode-se
utilizar a seguinte equação:
2 2 2
Vregistro1 p rregistro1 Vtorneira p rtorneira Vchuveiro p rchuveiro 0
2 2
Vregistro1 p rregistro1 Vchuveiro p rchuveiro
rtorneira
Vtorneira p
2
1, 013m / s p 0, 016m 0, 5 103 m3 / s
rtorneira
1m / s p
O raio máximo da torneira é de 0,01 m, ou seja, em torno de 10 mm, se for maior não chegará vazão suficiente
no chuveiro para que ele funcione.
95
4. Primeiramente, é necessário calcular o trabalho executado pelo sistema:
t P
t 10 N / m2 2, 09m3
t = 20, 9 J
Q t DU
83, 6 J 20, 9 J DU
62, 7 J = DU
U C DT
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Logo:
30C DT
O gás, ao receber 20 calorias, o sistema realizou um trabalho de 20,9 Joules e teve um aumento de energia
interna de 62,7 Joules, o que corresponde a 15 calorias, e isso fez com que o sistema aumentasse em 30°C de
temperatura.
5.
a. Parte-se da equação:
M m V
Substituindo, tem-se:
M 0, 5kg 0, 3m / s
M 0, 15 N s
96
b. Parte-se da equação da quantidade de movimento, perfeitamente, elástico:
m1 V1 m2 V2
Logo:
1m / s = Vbola
Substituindo, tem-se:
M 0, 150kg 1m / s
6. Parte-se da conservação da quantidade de movimento para fluidos em tubos com regime permanente:
DF (r2 V2 A2 ) V2 P2 A2 (r1 V1 A1 ) V1 P1 A1
4 Q
V
p d2
4 Q 4 0, 02m3 / s
V1 2
V1 V1 24, 87 m / s
p d1 p (0, 032m)2
4 Q 4 0, 02m3 / s
V2 2
V2 V2 519, 69m / s
p d1 d2 p (0, 032m 0, 025m)2
F = 898, 24 N
A força que o fluido exerce sobre o tampão é de 898,24 N, logo, para mantê-lo no lugar, esta deve ser força no
sentido oposto.
97
MEU ESPAÇO
98
4 Dimensionamento de
Condutos sob Pressão
Dr. Fernando Marcos Weronka
Qual o tamanho ideal de uma tubulação para que esta seja capaz de conduzir fluidos
em quantidades e pressões adequadas, minimizando o risco de falhas, sem, no entanto,
incorrer em emprego excessivo de recursos? O que é a perda de carga e como ela faz
parte do dimensionamento de tubulações?
O correto dimensionamento de tubulações depende, entre outros fatores, das
quantidades e pressões exigidas de acordo com a respectiva atividade. Note que
apenas a garantia da vazão, em muitos casos, não é suficiente para o atendimento
da demanda. Em um chuveiro elétrico, por exemplo, há a necessidade de deter-
minada pressão para o acionamento do sistema de aquecimento, caso contrário,
água fria será entregue ao usuário. No entanto o excesso de pressão pode estar
relacionado a diversos inconvenientes, tais como vibração, ruídos, vazamentos,
podendo, até mesmo, levar à ruptura do material que compõe o conduto. Desta
forma, tanto pressão, excessivamente, elevada quanto insuficiente pode levar a
falhas de funcionamento dos sistemas, por isso, nos cálculos de dimensionamento
de condutos forçados, é fundamental a quantificação da pressão e a variação desta
ao longo das tubulações. Afinal, o atrito interno das partículas que compõem o
fluido, assim como do fluido com o material do conduto, decorrentes da viscosi-
dade, faz com que parte da energia do escoamento se dissipe, o que se denomina
perda de carga. Este fenômeno ocorre, também, em tubulações lineares, mas se
evidencia ainda mais em curvas e singularidades, devido à turbulência que estes
elementos geram no escoamento do fluido.
Para tornar mais claro o entendimento sobre a influência da viscosidade e a
consequente perda de carga no dimensionamento de condutos, você precisará de
canudinhos de diferentes diâmetros e comprimentos, além de líquidos com diferentes
viscosidades, como água, iogurte e mel. Reserve os fluidos em diferentes recipientes
e tente sugá-los através dos canudos. Note que é necessário empregar mais força
para sugar os fluidos mais viscosos, como o iogurte e o mel, quando comparado à
força necessária para sugar a água. Também é possível perceber que quanto maior o
diâmetro do canudo, mais fácil torna-se a tarefa de sugar os diferentes fluidos, assim
como torna-se mais difícil quando o comprimento dos canudos é maior.
As variações da força necessária para sugar os fluidos é o resultado da perda de
carga, pois quanto maior a viscosidade do fluido maior será a perda de carga, o que
faz com que a diferença de pressão resultante entre o interior da sua boca e o reci-
piente que contém o fluido seja menor, e, por isso, o escoamento ocorre com maior
dificuldade. Quando o diâmetro do conduto aumenta, mais partículas podem fluir
sem tocar nas paredes do canudo, o que facilita o escoamento já que o atrito entre as
partículas do fluido é menor do que o atrito entre o fluido e a parede sólida. Contudo,
ao aumentar o comprimento do canudo, aumenta-se, também, a área de contato entre
o líquido e o conduto, o que aumenta a resistência ao escoamento pelo mesmo motivo.
100
UNIDADE 4
DIÁRIO DE BORDO
101
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura é uma composição que apresenta dois aquedutos antigos, um deles em uma região rural e outro em meio
à região urbana, ambos, completamente, preservados e incorporados à paisagem.
Muitos destes esforços de engenharia podem ser vistos ainda hoje presentes no território europeu.
Os aquedutos apresentados nas imagens foram preservados e incorporados às cidades, e, mesmo não
sendo mais utilizados no abastecimento urbano, atraem turistas do mundo todo. Vestígios da civiliza-
ção romana, além dos aquedutos, deixaram pedaços de chumbo moldados em formatos semelhantes
às tubulações atuais, e este material maleável era trabalhado de modo a tornar-se o mais liso possível
em busca da minimização do atrito. Desde então, foi possível observar que é natural dos escoamentos
o fenômeno conhecido como perda de carga, responsável por reduzir a energia total do fluido no
decorrer do escoamento. Observe o exemplo apresentado na figura a seguir.
Descrição da Imagem: a figura apresenta dois sistemas conhecidos como vaso comunicantes, nestes existem várias superfícies livres, mas
todos compartilham o mesmo fluido; na imagem da esquerda, a qual possui uma rolha, os sistemas encontram-se com a mesma altura, no
da direta, já sem a rolha, observa-se uma mudança na altura do fluido em cada um dos tubos.
Na figura à esquerda, onde o escoamento é impedido por uma rolha, é possível observar que a energia
se mantém em todos os vasos comunicantes, visto pela altura igual demonstrada pela linha tracejada.
Já na segunda imagem, com a rolha retirada, é possível notar que altura dentro de cada tubo do vaso
comunicante é diferente, o que denota que parte da energia está sendo dissipada. Note que só há va-
riação da energia quando ocorre o escoamento, pois esta é decorrência da ação da viscosidade que
102
UNIDADE 4
gera o atrito interno no fluido e assim como do fluido com as paredes. O atrito, por ser uma força de
contato, só é observado apenas quando há movimento, a variação da energia decorrente desta força
contrária ao sentido do escoamento é denominada perda de carga.
Em síntese, este efeito faz com que a energia no início do escoamento seja diferente da energia entregue
no final deste, o que gera a necessidade da adição de uma quantidade extra de energia para compensar
a perda ao logo do caminho. Neste contexto, surgem os condutos forçados como alternativas aos escoa-
mentos livres, porque, enquanto nos canais abertos a única força motriz do escoamento é a gravidade,
em sistemas fechados, é possível adicionar energia na forma de pressão ao escoamento. Pois, por estar
confinado em uma barreira sólida, existe a possibilidade da ocorrência de pressões acima da pressão
atmosférica, o que define o conceito de condutos sob pressão, como pode ser observado na Figura 3.
Descrição da Imagem: a figura é dividida em quatro partes denominadas a, b, c, e d. Na figura a, apresenta-se uma calha trapezoidal,
geometricamente, aberta, onde há a atuação da pressão atmosférica sobre a superfície do fluido que escoa através dela. Na figura b, um
círculo representa uma tubulação, parcialmente, preenchida, na qual ainda há uma superfície livre sob ação da pressão atmosférica; na
figura c, semelhante a “a” e “b”, diferencia-se por ter apenas um ponto recebendo pressão atmosférica, sendo este o limite do que se con-
ceitua canal aberto, pois, mesmo que geometricamente fechado, enquanto houver, ao menos, um ponto, este é tido como conduto livre.
Na figura “d”, semelhante a “b” e “c”, nota-se que a pressão dentro do conduto é maior que a pressão atmosférica, logo, este se trata de
uma representação de um conduto forçado.
a) b) c) d)
pa pa p > pa
pa
Figura 3 - Comparação entre condutos livres e forçados / Fonte: Azevedo Neto (1998, p. 329).
Observa-se, na Figura 3, a representação gráfica do conceito de escoamento livre face aos condutos sob
pressão, pois, enquanto em a, b e c há em, ao menos, um ponto da superfície do fluido contato com a
atmosfera, e a consequente pressão resultante desta, na figura d, a pressão no interior da tubulação é
maior que a pressão atmosférica, e, portanto, nenhum ponto da superfície do fluido está em contato com
a atmosfera. É importante frisar que, apesar dos escoamentos livres, frequentemente, serem descritos
como escoamentos em canais abertos, estes podem ocorrer em sistemas, geometricamente, fechados,
mas que ainda apresentem uma superfície em contato com a atmosfera (casos b e c). Ou seja, só se
considera um conduto forçado o qual a pressão sob o fluido, que escoa no interior deste, seja maior
que a pressão atmosférica, caso houvesse um ponto de contato do fluido com a atmosfera, como um
orifício por exemplo, a diferença de pressão geraria um vazamento.
Este excesso de energia, contudo, não pode gerar pressões que superem a capacidade de resistência
do material que compõe a tubulação, o que pode acarretar falhas de funcionamento que vão desde
ruídos decorrentes da vibração, vazamentos e, até mesmo, a ruptura completa do sistema. Além disso,
existe um limite prático de capacidade de conversão da energia piezométrica para energia cinética,
resultante da resistência ao escoamento. Ou seja, além dos cuidados para não exceder a resistência da
tubulação, uma pressão excessiva pode não se converter em velocidade de escoamento.
103
UNICESUMAR
Formula-se, assim, um dos maiores desafios da área da hidráulica, responsável pelo dimensionamento
de tubulações, determinar o além dos diâmetros, a energia necessária para promover o escoamento
de modo a atender às demandas de vazão e pressão, minimizando o risco de falhas do sistema. Neste
contexto, surgem os estudos a respeito da perda de carga em tubulações, podendo ser dividida em
duas grades áreas, a distribuída resultante da resistência ao longo da tubulação e as localizadas
ou acidentais, provocadas por singularidades. Quanto às perdas de carga ao longo da canalização,
inúmeros experimentos foram conduzidos por Darcy e outros investigadores, com tubos de seção
circular para determinar a natureza da resistência ao escoamento (AZEVEDO NETO, 1998).
Os resultados apontaram que a perda de carga é proporcional ao comprimento da tubulação, ou
seja, quanto mais extenso for o conduto maior será a diferença entre a pressão de entrada e saída. Já
com o diâmetro ocorre o oposto, pois quanto maior esta medida menor será a perda de carga. Ambos
os efeitos estão relacionados à superfície de contato entre o fluido e a barreira sólida, pois, ao aumentar
o comprimento, aumenta-se, também, a região de contato, enquanto aumentando o diâmetro menos
partículas do fluido são forçadas tocar o sólido. Esta hipótese ganha força quando se determinou que
a rugosidade da parede da tubulação, fator que quantifica as saliências e as asperezas do material, tem
forte relação com a resistência ao movimento do fluido.
Outra observação resultante destes experimentos mostra que a resistência é função da velocidade
do escoamento, portanto, o aumento da velocidade implica, necessariamente, o aumento da perda de
carga. Esta relação corrobora com a premissa de que a resistência é função da viscosidade cinemática,
esta resultante da razão entre viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido. Contudo tanto a
posição do tubo, seja ela vertical, horizontal seja em diferentes inclinações, quanto à pressão a que o
fluido está submetido, não apresentaram correlação positiva ou negativa com a perda de carga aferi-
da pelos pesquisadores. Estas premissas, juntamente com os avanços propostos por Chezy, Darcy e
Weisbach que deram origem à “Fórmula universal” para o cálculo da perda de carga em tubulações,
conhecida por equação de Darcy-Weisbach:
104
UNIDADE 4
Onde:
hf = Perda de carga (m)
f = Coeficiente de atrito
L V2
hf f L = Comprimento da tubulação (m)
D 2 g
D = Diâmetro da tubulação (m)
V = Velocidade do escoamento (m/s)
g = Gravidade (m/s2)
A maior limitação desta equação consiste na determinação do valor do coeficiente f, pois, além de
quantificar o atrito, este, também, ajusta imprecisões da fórmula. Desse modo, acaba sendo função
da rugosidade do tubo, da viscosidade e da densidade do fluido, além da velocidade do escoamento e
diâmetro da tubulação. Neste sentido, muitas foram as tentativas de criar equações capazes de estimar,
satisfatoriamente, este valor, e uma das primeiras conclusões neste sentido é que, para escoamentos
laminares, pode-se utilizar a seguinte equação derivada da equação de Hagen-Poiseuille:
64 Onde:
f = f = Coeficiente de atrito
Re
Re = Número de Reynolds
Note que, nesta equação, independe a rugosidade da parede, isto se deve ao regime laminar, no
qual as camadas de fluido, raramente, tocam o material uma vez que não há mistura entre as
camadas, como pode ser visto na figura.
105
UNICESUMAR
Nestes casos, a probabilidade de as partículas de fluido tocarem a parede do duto é reduzida, devido
à característica laminar do escoamento, então, o atrito interno promovido pela viscosidade do fluido
torna-se mais relevante, permitindo a simplificação. Uma vez que a rugosidade se torna irrelevante,
não há diferenciação entre condutos lisos ou rugosos para o cálculo do valor do coeficiente de atrito,
caso o regime de escoamento seja laminar. É importante frisar que esta aproximação só pode ser uti-
lizada nos casos em que o número de Reynolds for menor que 2000, nos casos em que este valor for
ultrapassado, faz-se necessária a diferenciação entre dutos lisos e rugosos.
Para o caso das tubulações lisas com escoamento turbulento, Theodore Von Kármán estabeleceu
a fórmula teórica relacionando os valores de f e Re:
Onde:
1
f
2 log Re f 0, 8 f = Coeficiente de atrito
Re = Número de Reynolds
Note que a rugosidade ainda não está presente nesta equação, pois se trata de um conduto liso, no
entanto, aqui, a variável fator de atrito (f) encontra-se nos dois termos da equação, exigindo a aplicação
de sistemas de interação para a determinação do valor. Isto também ocorre nos sistemas turbulentos
rugosos, nos quais o fator de atrito pode ser calculado pela fórmula de Celebrook-White:
Onde:
1 e 2, 51 f = Coeficiente de atrito
2 log
f 3, 71 D Re f Re = Número de Reynolds
e = Rugosidade absoluta equivalente (mm)
D= Diâmetro (mm)
Para contornar esta dificuldade, trabalhos, como Swamee-Jain, desenvolveram equações gerais capa-
zes de calcular o fator de atrito para escoamentos, laminar, turbulento liso, de transição e turbulento
rugoso, explicitando a variável f:
0,125
8 e 6 16
64 5, 74 2500
f 9, 5 ln 0,9
Re 3, 7 D Re Re
Onde:
f = Coeficiente de atrito
Re = Número de Reynolds
e = Rugosidade absoluta equivalente (mm)
106
UNIDADE 4
A partir da equação de Swamee-Jain, é possível reproduzir o diagrama de Moody, que tem por função
auxiliar na obtenção do fator de atrito (f) de forma gráfica.
Escoamento Zona
Escoamento turbulento
Laminar Crítica
0,080
0,05
0,070
0,04
0,060
0,03
0,050
0,02
0,015
0,040 Tubos rugosos
0,010
0,008
Esco
0,006
0,030
0,004
Coeficiente de atrito f
nto
0,002
Transição
lam
0,020 0,001
inar
0,0008
0,018 0,0006
0,016 0,0004
0,014 0,0002
0,012 0,0001
0,00005
0,010 Diagrama
0,009 de
Moody
0,008 Tub 0,00001
o s lis 0,000005
0,007 os
0,006
0,005
6 8 103 2 4 6 8 104 2 4 6 8 105 2 4 6 8 106 2 4 6 8 10 2 4 6 8 10
7 8
Número de Reynolds R e
Descrição da Imagem: a figura é dividida em duas: na primeira, as camadas dos fluidos são separadas em cilindros concêntricos, represen-
tando os campos de velocidade, tendo no centro da tubulação a maior velocidade; na segunda parte da figura, os campos de velocidade são
representados como vetores, formando uma parábola, na qual o ponto mais proeminente encontra-se no centro da tubulação.
107
UNICESUMAR
No entanto tanto as equações de Swamee-Jain como o diagrama meio da análise destas, é possível
de Moody são tidos como aproximação, devendo serem vistos encontrar a unidade de medida
com ressalvas para situações onde se exijam avaliações rigorosas da solução do problema. Outra
das perdas de carga. O coeficiente de rugosidade absoluta e é classe de equações são as empíri-
determinado em laboratório, considerando uma ampla faixa de cas, obtidas, por meio de experi-
números de Reynolds, sendo bastante confiáveis segundo Porto mentos de regressão matemática,
(2006). Seguem alguns valores: a partir dos resultados. Neste tipo
de equação, os dados de entrada
Tabela 1 - Valores da rugosidade absoluta equivalente
devem estar nas unidades de me-
Material ε (mm)
didas especificadas na equação.
Aço comercial novo 0,045
No caso do cálculo da per-
Aço laminado novo 0,04 a 0,10
da de carga, existe uma fórmula
Aço soldado novo 0,05 a 0,10
empírica utilizada para o mes-
Aço soldado limpo, usado 0,15 a 0,20
mo fim da equação da Darcy-
Aço soldado, moderadamente, oxidado 0,4
-Weisbach, trata-se da equação
Aço soldado revestido de cimento centrifugado 0,1
Aço laminado revestido de asfalto 0,05
de Hazen-Williams:
Aço rebitado novo 1a3 Q1,85
J 10, 65
Aço rebitado em uso 6 C1,85 D 4,87
Aço galvanizado, com costura 0,15 a 0,20
Aço galvanizado, sem costura 0,06 a 0,15 Ou
Ferro forjado 0,05
Ferro fundido novo 0,25 a 0,50 Q1,85
h f 10, 65 L
Ferro fundido com leve oxidação 0,3 C1,85 D 4,87
Ferro fundido velho 3a5
Ferro fundido centrifugado 0,05 Onde:
Ferro fundido em uso com cimento centrifugado 0,1 J = Perda de carga unitária
Ferro fundido com revestimento asfáltico 0,12 a 0,20 (m/m)
Ferro fundido oxidado 1 a 1,5 hf = Perda de carga (m)
Cimento amianto novo 0,025 Q = vazão (m3/s)
Concreto centrifugado novo 0,16 D = Diâmetro (m)
Concreto armado liso, vários anos de uso 0,2 a 0,3 L = Comprimento (m)
Concreto com acabamento normal 1a3 C = Coeficiente de rugosida-
Concreto protendido Freyssinet 0,04 de (m0,367/s)
Cobre, latão, aço revestido de epóxi, PVC,
0,0015 a 0,010
plásticos em geral, tubos extrudados
O coeficiente de rugosidade da
Fonte: Porto (2006, p. 49).
equação de Hazen-Williams de-
A equação de Darcy-Weisbach é uma equação tida como dimensional. pende da natureza e do estado
Uma característica deste tipo de equação é a possibilidade de realização das paredes do tubo, apresenta-
dos cálculos, utilizando-se as unidades de medida uma vez que, por dos na Tabela 2.
108
UNIDADE 4
109
UNICESUMAR
Outra forma de estimar as perdas de cargas decorrentes da turbulência provocada pelas singularidades
consiste em convertê-las em metros lineares de tubulação, método conhecido como comprimento
equivalente. A partir de então, basta utilizar as fórmulas empregadas no cálculo da perda de carga em
tubulações lineares, tais como Darcy-Weisbach e Hazen-Williams. Para auxiliar nestas tarefas, vários
experimentos foram realizados para determinar os comprimentos equivalentes de diversas peças
hidráulicas em função do diâmetro das mesmas.
Para a hidráulica residencial, no entanto, utiliza-se, comumente, tubos extrudados, como o policloreto
de vinila (PVC), amplamente difundido pela facilidade de manuseio, junção e peso reduzido, quando
comparado ao ferro fundido.
110
UNIDADE 4
O PVC surgiu, por acidente, em 1872, quando o químico alemão Eugen Baumann esqueceu
exposto ao sol um recipiente contendo cloreto de vinila, que produziu policloreto de vinila (PVC).
Atualmente, este polímero termoplástico está entre os mais usados no mundo. A empresa
americana Formosa Plastics®, sozinha, produz mais de 400 mil toneladas deste produto ao ano,
sendo utilizado, amplamente, em tubulações de distribuição de água, coleta de esgoto, eletrodu-
tos, pisos e forros, sendo a construção civil responsável por 70% da demanda mundial de PVC.
A partir destas premissas e à luz das Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs), pode-se traçar um
roteiro para o dimensionamento de condutos sob pressão uma vez que estas regulamentações auxiliam
na estimativa de parâmetros e fornecem valores limites de operação. O primeiro passo, normalmente,
consiste em determinar a vazão demanda pelo projeto, este é um fator muito importante para os cál-
culos e, igualmente, variável uma vez que este depende da natureza da operação.
111
UNICESUMAR
Note que, a partir dos dados trazidos pela norma, é possível estimar a vazão necessária para o correto
funcionamento de diversos equipamentos hidrossanitários, sendo útil para o dimensionamento destas
instalações. Quanto ao arcabouço teórico formado por pesquisadores da área, existem tabelas norteadoras
para a estimativa de consumo para diferentes tipos de edificações, como apresentado na tabela a seguir.
112
UNIDADE 4
A partir destas tabelas, é possível estimar a vazão de demanda de empreendimentos, associações, escolas
entre outras, já quanto ao diâmetro econômico de tubulações, limites práticos, idade e vazão podem
ser encontradas baseadas em tabelas de pré-dimensionamento como descritos nas Tabelas 8 e 9.
113
UNICESUMAR
Define-se o diâmetro econômico como o menor possível para atendimento da vazão de projeto com
velocidade e pressões adequadas. É importante frisar que estes dados apenas apontam os parâmetros
iniciais de estimação, não dispensando, em hipótese alguma, os cálculos, pertinentes ao projeto, de-
terminados pela legislação ou pelas recomendações técnicas. Frequentemente, normas determinam
parâmetros de velocidades máximas e mínimas, em função da sedimentação ou da erosão das paredes
do conduto, por exemplo. Além disso, parâmetros de pressão mínima são necessários para o correto
funcionamento de equipamentos hidráulicos, sendo, contudo, necessária a observância da resistência
máxima recomendada tanto para as tubulações como para as singularidades e os equipamentos, bem
como a verificação com o fabricante e as agências regulamentadoras.
114
UNIDADE 4
115
No dimensionamento de condutos forçados,
um dos maiores desafios consiste em estimar,
corretamente, a perda de carga durante o es-
Hagen-Poiseuille
avanços foram feitos nesta área, dando origem
a diversos modelos, aplicáveis de acordo com
algumas condições. A respeito da história do
desenvolvimento dos modelos de predição da
Parede rugosa
Parede lisa
Mental a seguir.
Tabelado
Re < 2000
inicia com a “perda de carga” que se divide
Laminar
Re > 2000
em dois balões, no de cima está indicando
Diversos
Regime
Regime
qual se divide em três balões: no primeiro
apresenta a palavra “Fluido”, seguido por
outro balão com a palavra “diversos”, no
Fluído
segundo, apresenta-se o termo “regime”,
que se divide em outros três balões, tendo
no primeiro o termo “Laminar”, no segun-
do uma lacuna para preenchimento e, no
terceiro, os vocábulos “turbulento pare-
Método Fenomenológico
116
117
MAPA MENTAL
1. Uma tubulação de PVC com 32 mm de diâmetro e 6 metros de comprimento conduz uma vazão de
1 litro por segundo um fluido cuja viscosidade dinâmica é de 59,6 mPa·s, e a massa específica é de
1,4 g/cm3. Considere gravidade igual a 9,81 m/s2 e calcule:
a) O número de Reynolds e determine o regime do escoamento.
b) O fator de atrito f.
c) A perda de carga determinada pela equação de Darcy-Weisbach.
2. Uma empresa fabricante de azeite de oliva cuja viscosidade é estimada em 79,7·10-3 Pa·s e massa es-
pecífica de 0,703 g/cm3 precisa de transportar sua produção de 72 mil litros por hora através de uma
tubulação de aço galvanizado com 50 mm de diâmetro. O comprimento total da tubulação é de 25
metros contendo 3 curvas de raio longo de 90°, 1 válvula de retenção tipo leve, 1 tê de passagem direta
e 2 registros de globo aberto. Considere gravidade igual a 9,81 m/s2 e calcule" onde o 2 é sobrescrito:
a) O número de Reynolds e determine o regime do escoamento.
b) O fator de atrito considerando as paredes lisas f.
c) Comprimento equivalente.
d) A perda de carga determinada pela equação de Darcy-Weisbach.
3. Dimensione uma tubulação capaz de abastecer uma edificação com 3 bacias sanitárias com caixa
de descarga, 2 chuveiros elétricos, 4 lavatórios, 1 pia com torneira elétrica e 1 torneira de jardim.
Considerando água com massa específica de 1000 kg/m3, e viscosidade dinâmica igual a 1,002 mPas,
Considere gravidade igual a 9,81 m/s2 e determine:
a) A vazão.
AGORA É COM VOCÊ
4. Determine a perda de carga pela equação de Darcy-Weisbach para uma tubulação de ferro fundido
cuja rugosidade absoluta é de 0,25mm, o diâmetro é de 1 polegada e 15 metros de comprimento, utili-
zada para transportar 300 litros por minuto de água cuja massa específica é 1000 kg/m3, e viscosidade
dinâmica igual a 1,002 mPas. Para a determinação do coeficiente f, utilize a equação de Swamee-Jain.
5. Sabendo que o cotovelo de 90° também conhecido como joelho de 90° tem um coeficiente de perda
de carga (K) igual a 0,9, constituído de ferro fundido que tem 1 polegada de diâmetro e é utilizado
para transportar 300 litros por minuto de água cuja massa específica é 1000 kg/m3, e viscosidade
dinâmica igual a 1,002 mPas, calcule:
a) A perda de carga localizada no cotovelo.
b) A perda de carga do cotovelo, utilizando-se do método do comprimento equivalente e a fórmula de
Hazen-Williams C=130.
118
1.
ρVD
Re =
µ
Substituindo as variáveis:
kg 4 0, 001m3 / s
1400 0, 032m
m3 p 0, 032m 2
Re
59, 6 103 Pa s
Resultado:
Re = 934, 635
64
f =
64
f =
934, 635
Resultado:
f = 0, 06848
L V2
hf f
D 2 g
Substituindo as variáveis:
2
4 0, 001m3 / s
2
6m p 0, 032 m
h f 0, 06848
0, 032m m
2 9, 81 2
s
Resultado:
h f = 1, 01172m
119
2.
ρVD
Re =
µ
Substituindo as variáveis:
kg 4 0, 02m3 / s
703 0, 050m
m3 p 0, 050m 2
Re
79, 7 103 Pa s
Resultado:
Re = 4492, 2831
1
2 log Re f 0, 8
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
f
Substituindo as variáveis, obtém-se:
1
f
2 log 4492, 2831 f 0, 8
Resultando:
f = 0, 03858
Cequivalente 3 1, 1m 1 4, 2m 1 1, 1m 2 17, 4 m
Cequivalente = 43, 4 m
L V2
hf f
D 2 g
Substituindo as variáveis: 2
4 0, 02m3 / s
2
43, 4 m 25m p 0 , 050 m
h f 0, 03858
0, 050m m
2 9, 81 2
s
Resultando:
h f = 279, 08295m
120
3.
L L L L L
Vazão 3 0, 15 2 0, 10 4 0, 15 1 0, 10 1 0, 20
s s s s s
L
Vazão = 1, 55
s
b. Diâmetro da tubulação (Tabela de referência):
D = 32mm
kg 4 0, 00155m3 / s
1000 3 0, 032m
m p 0, 032m 2
Re
1, 002 103 Pa s
Resultando:
Re = 61549, 44156
1 e 2, 51
2 log
f 3, 71 D Re f
Substituindo as variáveis:
1 5 106 m 2, 51
2 log
f 3, 71 32 10 m 61549, 44156 f
3
Resultando:
f = 0, 02057
121
e. Partindo da equação de Darcy-Weisbach:
L V2
hf f
D 2 g
Substituindo as variáveis:
2
4 0, 00155m3 / s
2
30m p 0, 032m
h f 0, 02057
0, 032m m
2 9, 81 2
s
Resultando:
h f = 3, 65082m
Q1,85
h f 10, 65 L
C1,85 D 4,87
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Substituindo as variáveis:
h f = 3, 63693m
ρVD
Re =
µ
Substituindo as variáveis:
kg 4 0, 005m3 / s
1000 0, 025m
m3 p 0, 025m 2
Re
1, 002 103 Pa s
Resultando:
Re = 254139, 6297
Re 3, 7 D Re Re
122
Substituindo as variáveis:
0,125
8 0, 25 103 m 6 16
64 5, 74 2500
f 9, 5 ln 3, 7 0, 025m
L V2
h f f121,3941m
D 2 g
Substituindo as variáveis:
2
4 0, 005m3 / s
2
1, 5m p 0, 025m
h f 0, 03826
m
h f = 3, 65082m
5.
V2
hf K
2g
Substituindo as variáveis:
2
4 0, 005m3 / s
p 0, 025m 2
h f 0, 9 2
2 9, 81m / s
Resultando em:
h f = 4, 75931m
Lequivalente = 1, 5m
Q1,85
h f 10, 65 L
C1,85 D 4,87
123
Substitui-se as variáveis:
h f = 6, 88291m
MEU ESPAÇO
124
5 Posições da Tubulação
em Relação à Linha
Piezométrica
Dr. Fernando Marcos Weronka
126
UNIDADE 5
o líquido para fora, reduz-se, à medida que se distancia da fonte de pressão. Nota-se, ainda, que, ao
abrir a ponta, a água, praticamente, para de sair pelos orifícios, isso ocorre porque a energia, agora, está
sendo convertida em velocidade, restando pouca, ou nenhuma, energia para empurrar a água através
dos orifícios feitos com a agulha.
DIÁRIO DE BORDO
Como abordado nas unidades anteriores, o princípio de Bernoulli pressupõe que o somatório das
energias que compõe determinado escoamento mantém-se constante, ao longo do tempo. Deste modo,
ao somar a energia cinética, relativa à velocidade, com a energia potencial, referente à altura e a piezo-
métrica relacionada à pressão, obtém-se determinado valor, o qual não varia ao longo do escoamento.
Este conceito relaciona-se com a lei da conservação de energia, que descreve a energia como algo que
não pode ser criado ou destruído, apenas transformado. Um exemplo disso pode ser notado no que
se chama, comumente, geração de energia elétrica pela força motriz da água, ou seja, hidroelétrica.
Apesar de o termo geração ser, amplamente, empregado, o que ocorre em uma usina deste tipo é a
conversão da energia potencial da água, depositada à montante em grandes reservatórios, em energia
elétrica, distribuída para a população.
127
UNICESUMAR
Este processo envolve várias transformações de energia em diferentes etapas, sabe-se que a pressão
hidrostática empurra a água do reservatório através dos condutos forçados, transformando a energia
potencial em cinética. Impelida pelo movimento da água, a turbina gira fazendo com que eletroímãs
produzam eletricidade pela ação das forças do eletromagnetismo, desta forma, ocorre a transformação
da energia cinética em energia elétrica.
128
UNIDADE 5
Neste processo, há uma notória transformação de energia potencial em elétrica, assim sendo, a água
que sai a jusante da usina tem menos energia que a que entrou a montante, e, para que esta água já
utilizada volte a ser carregada de energia potencial, outra força precisa entrar em ação, esta de origem
solar, a qual aquece a atmosfera, favorece a evaporação que, juntamente a outros fatores climáticos,
eleva a água às nuvens, conferindo-a energia potencial nova, que decorre da chuva, reabastecendo,
assim, os reservatórios.
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma ilustração na qual é possível observar o Sol vaporizando a água dos rios e dos ocea-
nos, formando, assim, as nuvens, que, por sua vez, dão origem às chuvas, retornando a água para rios e oceanos, fechando, assim,
o ciclo hidrológico.
129
UNICESUMAR
Perceba que, em última análise, a eletricidade gerada por uma hidroelétrica é o resultado de um processo
de conversão de energia que se iniciou no sol, desta forma, pode-se imaginar que, se não houvesse esta
força motriz, após a conversão de toda energia potencial em elétrica, as usinas hidroelétricas estariam
destinadas à desativação. É comum, então, imaginar que esta energia foi destruída, contrariando,
assim, o princípio da conservação de energia. Neste ponto, é importante, então, relembrar o conceito
da entropia ( d ), também conhecido como a seta do tempo. Este consiste na aplicação da segunda
lei da termodinâmica, a qual descreve que entropia de um sistema isolado sempre aumenta, ou seja, a
aleatoriedade do movimento das partículas nunca reduz (HALLIDAY, 2009). Por isso, os fenômenos
físicos de transformação espontânea de energia têm uma direção única de ocorrência, desta forma,
ocorrem sempre de acordo com a seta do tempo. Um exemplo da aplicação deste conceito é apresen-
tado na Figura 4.
AUMENTO DA ENTROPIA
0 0
0 0
Descrição da Imagem: a figura é uma ilustração de três recipientes: o primeiro contém água sólida, o segundo água líquida, e o
terceiro água na forma de gás. Existe uma seta sobre os três recipientes indicando o sentido de crescimento de entropia indo do
sólido para o gás. Além disso, entre o sólido e o líquido, assim como entre o líquido e o gás, existem setas indicando que a variação
da entropia sempre deve ser maior que zero.
Note que é comum observar a água passar do estado sólido para o líquido, pois o gelo aumenta sua
entropia e se transforma em água líquida, contudo não se observa, espontaneamente, a água liquida
transformar-se em gelo, pois este apresenta entropia menor que a água líquida, e isso contrariaria a
premissa da seta do tempo. Desta forma, entende-se que os sistemas tendem à desordem, ou seja, a
energia tende a se desorganizar (dissipar), nunca a se organizar (concentrar). Assim sendo, não é comum
ver um sistema desordenado, apenas com movimentos aleatórios, como um fluido parado, sem ação
externa passar a apresentar movimento macroscópico, formando um escoamento, no qual a energia está
130
UNIDADE 5
organizada em determinada direção. Por outro lado, é muito comum ver um sistema escoando e com
o tempo passa ao estado estático, no qual há apenas o movimento aleatório. Desta forma, entende-se
que a energia de um escoamento não deixou de existir, apenas foi convertida em movimento aleatório
pelo princípio da entropia. Por isso, é necessário considerar, nos escoamentos em condutos forçados, a
conversão da energia organizada, quantificada pela equação de Bernoulli em movimento aleatório, base
do conceito de energia interna. Como vimos no Ciclo de Aprendizagem 4, esta conversão de energia
é, comumente, referida como perda de carga, pois, mesmo respeitando o princípio da conservação de
energia, o somatório das energias cinética, potencial e piezométrica, reduz, ao longo do escoamento,
uma vez que estas estão sendo convertidas em energia interna do fluido.
Entende-se, assim, que, em um escoamento de um fluido real, ou seja, com viscosidade e atrito com
as paredes da tubulação, parte da energia macroscópica do escoamento se converte em energia mi-
croscópica. Em outras palavras, a energia pode ser convertida, livremente, entre a cinética, potencial,
piezométrica, ou seja, é possível converter energia potencial em cinética e, posteriormente, converter,
novamente, a cinética em potencial. Contudo, uma vez que qualquer tipo de energia macroscópica
for convertido em energia interna, esta não retorna às formas anteriores, respeitando o princípio da
entropia, caracterizando o fenômeno conhecido como perda de carga. As técnicas de estimativa des-
tes valores, tidos como perda de carga, foram apresentadas no Ciclo de Aprendizagem 4, contudo a
verificação destes valores, experimentalmente, incorre no cálculo da energia total, em diversas partes
da tubulação, para que se entenda o comportamento e a variação da energia, ao longo do escoamento.
Como já mencionado, a expressão de energia em escoamentos não ocorre, necessariamente, em
Joules (J), como predito pelo sistema internacional de unidades (SI), podendo ser apresentada em ter-
mos de energia específica, tendo como unidade de medida Joules por quilograma (J/Kg). Outra forma
consiste em apresentar a energia em termos de pressão, tendo como unidade de medida Pascal (Pa),
ou ainda, em termos de altura, expressos em metros de coluna de água (m.c.a.), podendo ser aceito,
coloquialmente, apenas a designação metros, sendo esta a mais usual.
Pode-se determinar fatores de conversão entre os termos de energia cinética, potencial e piezomé-
trica, contando com a massa específica do fluido (ρ) e da gravidade (g). Por exemplo a conversão de
energia em termos de pressão para termos de altura dá-se:
131
UNICESUMAR
Pressão = Pa
Sabendo que pressão consiste em uma força medida em Newton (N) aplicada sobre uma área medida
em metros quadrados (m2), decompõe-se em:
N
Pressão =
m2
Uma vez que a força exercida pelo fluido, em uma superfície, é dada pelo peso, tem-se:
Peso
Pressão =
Área
Como peso é o produto da massa do fluido e da gravidade, obtém-se:
Massa Gravidade
Pressão
Área
A massa de um fluido pode ser expressa pelo produto da massa específica pelo volume, logo:
MassaEspecífica Volume Gravidade
Pressão
Área
A partir dos conceitos de geometria, entende-se que a razão entre volume e área resulta em altura,
desta forma, a equação simplifica-se para:
Desta forma, obtém-se que, para converter altura em pressão, em tubulações, pode-se utilizar o con-
ceito de pressão hidrostática:
Onde:
P = Pressão (Pa)
P rh g h = Altura (m)
ρ = Massa específica (kg/m3)
g = Gravidade (m/s2)
Aplicando este conceito à água com massa específica de 1000 kg/m3 e considerando a gravidade igual
a 10 m/s2, pode-se determinar que cada 1 metro de coluna de água (m.c.a) corresponde a 10000 Pa ou
10 kPa. Reorganizando a equação, tem-se:
P
h
rg
132
UNIDADE 5
Uma vez que o produto da massa específica pela gravidade é o peso específico, pode-se traçar a se-
guinte relação:
Onde:
P = Pressão (Pa)
V2
Ec = h = Altura (m)
2
g = Peso específico (N/m3)
Ou seja, a razão entre a pressão e o peso específico do fluido corresponde à altura da coluna de água
equivalente. Aplicando-se a equação à água, tem-se que cada 1 Pa corresponde a 0,1 m.c.a, ou seja, 10-4
m.c.a. Partindo da energia cinética do escoamento dada pela equação:
Onde:
V2
Ec = Ec= Energia Cinética (m2/s2)
2
V = Velocidade (m/s)
J V2
=
kg 2
Para simplificar a equação, pode-se multiplicar os denominadores de ambos os termos pela gravidade.
Obtém-se, assim:
J V2
m
kg 2 2 g
s
Uma vez que o produto da massa pela aceleração resulta em uma força, medida em Newtons, obtém-se:
J V2
N 2 g
Como joule é a unidade de medida de energia, assim como de trabalho, pode-se aplicar o conceito que
trabalho é dado pelo produto da força e da distância. Desta forma:
N m V2
N 2 g
Simplificando, obtém-se:
V2
m
2 g
133
UNICESUMAR
Logo: Onde:
h = Altura (m)
V2
h V = Velocidade (m/s)
2 g
g = Gravidade (m/s2)
Ou seja, para quantificar a energia cinética em metros, basta dividir a velocidade do escoamento ao
quadrado pelo dobro da gravidade. Pelo comportamento quadrático da equação, não é possível deter-
minar um fator de conversão, referindo-se à água, uma vez que 1 m/s, em um ambiente com gravidade
10 m/s2, resulta em 0,05 m.c.a, já 2 m/s, no mesmo ambiente, resulta em 0,02 m.c.a. Logo, a conversão
depende da equação cuja altura correspondente à energia cinética é a razão à velocidade ao quadrado
pelo dobro da gravidade. Reorganizado a equação, obtém-se:
V 2 g h
Desta forma, observa-se que a velocidade do escoamento resultante da energia potencial é dadoa pela
raiz do produto do dobro da gravidade e da altura do escoamento, podendo a conversão ser realizada
a partir desta equação. Por final, também é possível determinar o método de conversão de Pressão em
Velocidade, partindo-se, novamente, da equação da energia cinética:
J V2
=
kg 2
Logo:
J V 2 r
m3 2
Substituindo Joule por Nm, obtém-se:
N m V 2 r
m3 2
Ou seja: V 2 r
Pa
2
Resultando em:
Onde:
V 2 r
P P = Pressão (Pa)
2
V = Velocidade (m/s)
ρ = Massa específica (kg/m3)
134
UNIDADE 5
Note que, novamente, pela característica quadrática da equação, não é possível determinar um fator
de conversão, desta forma, pode-se converter a velocidade em pressão equivalente, elevando-a ao
quadrado, multiplicando pela massa específica e dividindo por 2. Reorganizando a equação, tem-se:
2 P
V
r
Evidenciando que a velocidade equivalente corresponde à raiz quadrada da razão entre o dobro da
pressão e a massa específica do fluido. Para sintetizar as conversões possíveis apresenta-se a Tabela 1.
Conversão
Equação
De Para
V2
Velocidade Altura h
2 g
Altura Velocidade V 2 g h
V2 r
Velocidade Pressão P
2
2P
Pressão Velocidade V
r
Tabela 1 - Conversões de energias macroscópicas do escoamento / Fonte: o autor.
A partir das equações apresentadas, é possível determinar diversas equações referentes à energia do
escoamento, no entanto a mais comumente apresentada é dada em termos de altura. Desta forma, o
somatório das energias macroscópicas referentes aos escoamentos é denominado linha de linha energia,
tendo os termos da equação apresentados em função da escala métrica (PORTO, 2006):
Onde:
HT = Energia Total (m)
Z = Cota topográfica (m)
V2 P
HT Z h h = Altura da tubulação (m)
2 g g
V = Velocidade (m/s)
P = Pressão (Pa)
g = Peso Específico (N/m3)
g = gravidade (m/s2)
135
UNICESUMAR
Esta equação é bastante abrangente, pois incorpora, também, a expressão cota topográfica, represen-
tada pela variável Z, que, juntamente com a altura (h), constitui a energia potencial do escoamento,
seguidos pela energia cinética, no termo em que consta a variável velocidade, e da energia piezométrica,
no termo que contém a variável pressão, por isso, também é conhecido como linha de carga total. Esta
expressão quantifica a altura, em relação ao nível do mar, a qual o escoamento alcançaria, caso todas
as energias macroscópicas fossem convertidas em energia potencial.
Também é bastante comum o termo relativo à cota topográfica ser suprimido dando origem ao que
se denomina energia específica do escoamento, ou seja, a energia considerada considera-se apenas a
energia a partir do nível do solo (PORTO, 2006) dada por:
Onde:
He = Energia específica (m)
h = Altura da tubulação (m)
V2 P
He h V = Velocidade (m/s)
2 g g
P = Pressão (Pa)
g = Peso Específico (N/m3)
g = gravidade (m/s2)
Analogamente à energia total, esta expressão quantifica a altura, em relação ao solo do local onde o
escoamento ocorre, a qual o fluido alcançaria caso todas as energias macroscópicas fossem conver-
tidas em energia potencial. Por não considerar as variações topográficas, a declividade desta linha
de energia apresenta forte correlação com a perda de carga unitária. No entanto, em muitos casos, a
energia cinética, relativa à velocidade, muitas vezes, é desconsiderada, por ter uma ordem de grandeza
diferente da energia potencial e da piezométrica, dando origem, assim, à linha de energia piezométrica
(PORTO, 2006) dada por:
Onde:
Hpz = Energia piezométrica (m)
P
H pz h h = Altura da tubulação (m)
g
P = Pressão (Pa)
g = Peso Específico (N/m3)
Desta forma, a soma dos pontos da energia em todas posições de um escoamento pode ser descrita na
forma de linhas de energia, como apresentado na imagem.
136
UNIDADE 5
1 atm
2
Z1
Z2
PLANO DE REFERÊNCIA
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma ilustração na qual possível observar, no limite inferior, o plano de referência na
horizontal; um pouco acima, apresenta-se a tubulação, levemente inclinada, seguida por duas linhas mais acima; um pouco mais
inclinadas em relação à tubulação, estas linhas representam a linha piezométrica efetiva e a linha de carga total efetiva; ainda mais
acima, apresentam-se os planos de carga efetivos e o plano de carga absoluto, ambos na horizontal, portanto, paralelos ao plano de
referência. Pode-se observar, ainda no início e no final da tubulação, os valores de Z, representando a energia potencial, P dividido
por gama, representando a energia de pressão, e a velocidade ao quadrado dividida por duas vezes a gravidade, representando a
energia cinética, mostrando que a linha piezométrica efetiva é a soma da energia potencial e de pressão, enquanto a linha de carga
total efetiva representa a soma da energia potencial, de pressão e cinética, estas diminuindo de altura ao longo do escoamento.
Note que o plano de carga absoluto corresponde à soma das energias potenciais, cinéticas e de pressão,
somados à pressão atmosférica, enquanto o plano de carga efetivo não leva em consideração a atmos-
fera. Ambos os planos se mantêm constantes, ao longo do escoamento, por representarem a condição
de máxima energia, ou seja, sem a perda de carga, o que ocorre quando o escoamento tem velocidade
igual a zero. Já, logo acima do plano de referência, apresenta-se a tubulação pressurizada. Ao converter
a energia da pressão interna e da velocidade em altura, obtém-se a linha de carga total, contudo, ao
desconsiderar a energia cinética, obtém-se a linha piezométrica, que recebe este nome por corresponder
à pressão medida por um piezômetro (AZEVEDO NETO, 2015), apresentado na Figura 6.
137
UNICESUMAR
K xV 2
N1 2x g PLANO DE CARGA EFETIVO
V2
2xg
Reservatório 1
(R1) Linh K xV 2
a de
carg 2xg
a to
Linh tal e
a pie fetiv
zom a
étric
a efe
tiva N2
Z
Reservatório 2
(R2 )
PLANO DE REFERÊNCIA
Figura 6 - Esquema de dois reservatórios / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 196).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa, desta se ramifica
uma tubulação vertical indicando que o fluido que escoa pela tubulação alcança a altura da linha piezométrica efetiva, mas não a da
linha de carga total efetiva, demonstrando que a diferença de altura da linha de carga total efetiva e da linha piezométrica efetiva
dá-se pela energia cinética, apresentada pela respectiva equação. No limite inferior da figura, encontra-se o plano de referência, e
no limite superior, o plano de carga efetivo.
É comum, contudo, definir a linha de carga total efetiva igual à linha piezométrica efetiva uma vez
que a altura resultante da conversão da energia cinética em potencial corresponde a apenas alguns
centímetros, enquanto a energia de pressão encontra-se na ordem de metros ao realizar a conversão.
É importante frisar que se apresentam dois planos de carga: o absoluto, que considera a pressão at-
mosférica, e o efetivo, que se referencia ao nível de montante. De acordo com Azevedo Neto (2015),
no estudo prático dos escoamentos por gravidade em condutos forçados, apresentam sete possíveis
posições relativas a estes planos, e, para a explanação, são adotados pontos denominados (N) onde:
• N1 = Carga estática absoluta (m)
• N2 = Carga dinâmica absoluta (m)
• N3 = Carga estática efetiva (m)
• N4 = Carga dinâmica efetiva (m)
138
UNIDADE 5
Linha d Linha d
N4 e carga e carga
total e total ab
fetiva soluta
N
v
Conduto
forçado
D
Figura 7 - Planos de Carga e linhas de carga (1ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 197).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa, apresentam-se
quatro linhas, de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano de
carga absoluto; a tubulação encontra-se abaixo de todas as linhas citadas.
Em condutos nos quais a pressão atmosférica atua em ambas as extremidades, ao aferir a pressão
manométrica em todos os pontos de escoamento, obtém-se a linha piezométrica efetiva, também
denominada linha de carga total efetiva. A segunda linha de energia apresentada trata-se da linha
de carga total absoluta, que corresponde à linha piezométrica absoluta. Esta, por sua vez, considera a
pressão atmosférica em apenas uma das extremidades da tubulação, fazendo com que esta também
haja como força motriz. Em ambas as linhas, pode-se observar o decaimento ao longo da tubulação,
este em decorrência da perda de carga das partículas do fluido, portanto, também são referidas como
linhas de cargas dinâmicas. Desta forma, ambas representam a altura máxima que o fluido pode atingir,
durante um escoamento, caso a geometria da tubulação permita.
Note que a carga estática, ou seja, na qual a velocidade do escoamento é zero, coincide com o plano
de carga, seja ele absoluto seja efetivo, já quando a velocidade do escoamento é maior que zero, tem-se
a perda de carga e a consequente inclinação da linha de energia, apresentada como cargas dinâmicas,
seja ela absoluta seja efetiva.
Na posição 2, apresentada na Figura 8, a posição da tubulação coincide com a linha de carga total
efetiva, desta forma, tem-se a carga dinâmica efetiva nula, e esta é uma condição não ideal, pois se
recomenda a tubulação, ao menos, quatro metros abaixo da linha piezométrica.
139
UNICESUMAR
Linha
de car
ga tota
l absolu
ta
Tubulação
Linha de carga R2
efetiva ou linha
piezométrica
Figura 8 - Planos de Carga e linhas de carga (2ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 198).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa, apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano
de carga absoluto; a tubulação encontra-se abaixo de todas as linhas citadas, mas a linha do plano de carga efetivo coincide com o
início da linha de carga efetiva.
Nesta condição, tem-se os denominados condutos livres, nos quais um orifício, na parte de cima da
tubulação, não provocaria nem o vazamento da água, nem a sucção de ar para o interior da tubulação
já que a pressão no interior da tubulação é igual à pressão atmosférica.
Na posição 3, parte da tubulação está localizada acima da linha de carga efetiva, no entanto abaixo
da linha de carga total absoluta, como apresentado na Figura 9.
Linh
A a de
carg
a to
tal a
Linh bsol
B a de uta
carg
a to
tal e
fetiv
a
R2
Figura 9 - Planos de Carga e linhas de carga (3ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 199).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa, apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano
de carga absoluto; parte da tubulação delimitada por pontos atribuídos como A e B está acima da linha de carga total efetiva, no
entanto abaixo das demais linhas de energia citadas.
140
UNIDADE 5
10,33 m
R1 Plano de carga efetivo
T
Linh
Linh a de
a de carg
carg a to
a to tal a
tal e bsol
fetiv uta
a
R2
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa; apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano
de carga absoluto; parte da tubulação delimitada por um ponto atribuído como T está acima das linhas de carga total absoluta e da
linha de carga total efetiva, no entanto abaixo do plano de carga efetivo e do plano de carga absoluto.
141
UNICESUMAR
Linh
a de
carg
a to
tal a
Linh bsol
a de uta
carg
a to
tal e
fetiv
a
R2
Figura 11 - Planos de Carga e linhas de carga (5ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 200).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa; apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano de
carga absoluto; parte da tubulação está acima da linha de carga total efetiva e do plano de carga efetivo, no entanto está abaixo da
linha de carga total absoluta e do plano de carga absoluto.
Nesta condição, ocorre o fenômeno conhecido como sifão, no qual o escoamento precisa de uma força
motriz inicial para vencer a porção mais alta da tubulação, no entanto, depois disso, o escoamento
mantém-se até o esgotamento de R1 mesmo tendo cessada a força motriz.
Na posição 6, apresentada na Figura 12, parte da tubulação está acima da linha de carga total efetiva,
da linha de carga total absoluta e do plano de carga efetivo, mas abaixo do plano de carga absoluto.
Linh
a de
carg
a to
tal a
Linh bsol
a de uta
carg
a to
tal e
fetiv
a
R2
Figura 12 - Planos de Carga e linhas de carga (6ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 200).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa; apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano
de carga absoluto; parte da tubulação está acima da linha de carga total efetiva, do plano de carga efetivo e da linha de carga total
absoluta, estando abaixo, apenas, do plano de carga absoluto.
Nestas condições, ocorre, também, a formação de um sifão, contudo mais estável que os sifões forma-
dos na condição 5.
142
UNIDADE 5
No interior do copo de Pitágoras, que leva seu nome em homenagem ao seu criador, filóso-
fo e matemático grego Pitágoras de Samos, existe uma estrutura de sifão. Desta forma, ao
encher o copo com um líquido, como vinho, ao ultrapassar o limite do sifão, este entra em
funcionamento e drena todo o conteúdo do recipiente, fazendo com que o ganancioso, que
se serviu em demasia, não desfrute da bebida. Deste modo, o dispositivo ganhou popula-
ridade por ser uma forma divertida que auxilia na identificação de pessoas gananciosas e
egoístas, ao longo dos séculos. O princípio do sifão é utilizado pela engenharia, atualmente,
em vasos sanitários, por exemplo, os quais, ao receberem água acima do limite estabelecido,
drenam, rapidamente, toda a água e os dejetos contidos nela. Isso permite que água limpa
se acumule, evitando, assim, o retorno dos gases malcheirosos provenientes do sistema de
esgotamento sanitário.
Já na condição 7, apresentada na Figura 13, parte da tubulação está acima da linha de carga total efetiva,
da linha de carga total absoluta, do plano de carga efetivo e do plano de carga absoluto.
Linh
a de
carg
a to
Linh tal a
a de bsol
carg uta
a to
tal e
fetiv
a R2
Figura 13 - Planos de Carga e linhas de carga (7ª Posição) / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 200).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ilustração com dois reservatórios ligados por uma tubulação sinuosa; apresentam-se
quatro linhas: de baixo para cima, a linha de carga total efetiva, a linha de carga total absoluta, o plano de carga efetivo e o plano de
carga absoluto; parte da tubulação está acima de todas as linhas apresentadas.
143
UNICESUMAR
Os sistemas de drenagem pluvial urbana e esgotamento sanitário são exemplos de condutos que, apesar
de, geometricamente, fechados, conduzem fluidos como escoamento livres, ou seja, impulsionados pela
ação da gravidade. Desta forma, calcular a linha de energia para este tipo de projeto ajuda a determinar
em quais pontos é necessário a utilização de estações de recalque, assim como os trechos nos quais é
necessária a implantação de estações elevatórias, ou alternativas.
Além disso, não apenas em projetos externos estes fatores devem ser analisados, mas também em
sistemas hidráulicos residenciais. Ao traçar as linhas piezométricas, torna-se mais fácil a identificação
dos componentes que mais reduzem a pressão por meio da perda de carga. Em muitos casos, é pos-
sível identificar, por exemplo, se as tubulações foram mal dimensionadas, ou se condições anormais
de funcionamento estão prejudicando o desempenho do sistema, como incrustações e vazamentos.
144
Durante esta unidade, muitas formas de quantificar as energias dos escoamentos foram apresentadas,
entre elas, o plano de carga efetivo, a linha de carga piezométrica e o plano de carga total absoluto,
cada um com suas respectivas características. Observe organograma e preencha as lacunas.
1.1.1 -
1.3.1 - Atmosfera
1.3.4 -
1.4.2 - Pressão
1.4 -
1.4.3 -
MAPA MENTAL
1.5.1 - Energia Potencial
1.5.3 -
Descrição da Imagem: o mapa mental está organizado em níveis hierárquicos, iniciando com um balão com os termos “1.0 – linhas
de energia”, e este se divide em cinco balões, sendo eles: “1.1”, que deve ser preenchido, “1.2 – Plano de Carga Total Efetivo”, “1.3 –
Linha de Carga Total Absoluta”, “1.4”, que deve ser preenchido, e “1.5 – Linha de carga piezométrica”. O item 1.1 divide-se em “1.1.1”,
o qual deve ser preenchido; o item 1.1.2 apresenta as palavras “Energia Potencial”, o item 1.1.3 apresenta a palavra “Pressão”, e o
item 1.1.4 apresenta as palavras “Energia Potencial”. O item 1.2 está dividido em três balões: em 1.2.1 apresentam-se as palavras
“Energia Potencial”, no 1.2.2, apresenta-se um balão a ser preenchido, no item 1.2.3 aparecem as palavras “energia cinética”. No
balão do item 1.3, apresenta-se “Linha de Carga Total Absoluta”, e se este divide em cinco 5 balões; no 1.3.1 tem-se “Atmosfera”, o
item 1.3.2 apresenta as palavras “Energia Potencial”, o item 1.3.3 apresenta a palavra “pressão”; o balão referente ao item 1.3.4 deve
ser preenchido, o item 1.3.5 contém as palavras “Energia Cinética”. No item 1.4, apresenta-se um balão a ser preenchido, o qual se
divide em três segmentos: no 1.4.1 aparecem as palavras “Energia Potencial”, no 1.4.2 apresenta-se a palavra “Pressão”, no item
1.4.3 apresenta-se um balão a ser preenchido. No item 1.4.4 aparecem as palavras “Energia Cinética”. Por fim, o item 1.5, possui as
palavras “Linha de carga Piezométrica”, está dividido em três balões: no item 1.5.1 apresentam-se as palavras “Energia Potencial”, o
item 1.5.2 contém a palavra “pressão”, e, no item 1.5.3, aparece um balão a ser preenchido.
145
1. Dois reservatórios abertos contendo água cuja massa específica é de 1g/cm3, apresentam um
desnível de 5 metros. Considerando que uma tubulação de 32 mm de diâmetro liga os reser-
vatórios e que, em toda a extensão, apresenta-se abaixo da linha piezométrica, considerando,
também, a gravidade igual a 10 m/s2, calcule:
a) Velocidade do escoamento, considerando que toda energia potencial foi transformada em
energia cinética.
b) A vazão transportada.
c) O tempo para drenar 1000 litros de água.
2. Uma bomba pressuriza uma tubulação vertical empurrando para cima a água cuja massa específica
é 1g/cm3. Considerando que a pressão realizada pela bomba é de 2,5 MPa, em um ambiente com
gravidade igual a 10 m/s2, calcule:
a) Qual a altura alcançada pela água caso toda a energia de pressão seja transformada em potencial?
b) Qual a velocidade da água caso toda a energia de pressão seja transformada em energia cinética?
3. Em determinada posição de uma tubulação horizontal, com 25 mm de diâmetro, foi inserido um tê,
adicionando, assim, uma tubulação vertical de comprimento indefinido. Sabe-se que a tubulação
horizontal se encontra a 3 metros do solo, e a vazão transportada pelo sistema é igual a 10 litros
de água por segundo, com uma pressão no interior da tubulação igual a 470 kPa. Considerando
a massa específica da água igual a 1 g/cm3 e a gravidade igual a 10 m/s2, calcule:
a) A energia específica do escoamento em metros de coluna de água (m.c.a).
b) A energia piezométrica do escoamento em metros de coluna de água (m.c.a).
AGORA É COM VOCÊ
146
1.
V 2 g h
Substituindo as variáveis
m
V 2 10 5m
s2
Resulta:
V = 10m / s
Q V A
Substituindo as variáveis
m p (32 103 m)2
Q 10
s 4
Obtém-se:
m3
Q 8, 04248 103
s
c. Partindo do conceito que:
Vol
Q=
t
Reorganizando a equação
Vol
t=
Q
Substituindo as variáveis
1m3
t
m3
8, 04248 103
s
Obtém-se:
t = 124, 3398 s
147
2.
P
h
rg
Substituindo as variáveis, tem-se
2, 5 106 Pa
h
kg m
1000 3 10 2
m s
Obtém-se:
h = 250m
2 P
V
r
Substituindo as variáveis, tem-se
2 2, 5 106 Pa
V
kg
1000 3
m
Obtém-se:
V = 70, 71m / s
148
3.
V2 P
He h
2 g g
Introduzindo o conceito de velocidade a partir da vazão, obtém-se
Q2 P
He h 2
2 g A g
Substituindo as variáveis
P
H pz h
g
Introduzindo o conceito de velocidade a partir da vazão, obtém-se
P
H pz h
g
Substituindo as variáveis
470 103 Pa
H pz 3m
10000 N / m3
Resulta:
H pz = 50, 00m
c. A altura que se espera observar é 50,00 metros, já que esta é altura piezométrica, ou seja, a altura
que se obtém a usar um piezômetro.
149
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Vol 2. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
150
151
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
152
6 Condutos
Equivalentes
Dr. Fernando Marcos Weronka
Se, em um cálculo de dimensionamento de condutos forçados, você obtiver o diâmetro ideal de 350mm
para um sistema de abastecimento de água a ser executado em PVC, como, neste caso, o diâmetro não é
comercializado, o diâmetro aplicado em projeto deverá ser 400mm? Ou o ideal é adotar uma tubulação
de 300? Existe a possibilidade de utilizar um conjunto de tubulações, como uma 150 mm em paralelo a
outra de 200 por exemplo?
A solução trivial seria adotar a tubulação com o diâmetro, imediatamente, superior à calculada de
350 mm, neste caso, uma tubulação de 400 mm, o que implicaria um custo superior ao dobro do que
se fosse utilizada a tubulação de 300 mm. No entanto a escolha por uma tubulação de diâmetro menor
implica riscos de mal funcionamento, como perdas de carga excessivas, que geram pressão insuficien-
tes no final da linha de abastecimento. No caso de trocar a tubulação hipotética de 350 mm por uma
de 150 mm paralela a outra de 200 mm, esta é uma solução incorreta, pois a área útil da combinação
destas duas tubulações equivale a menos de 60% da tubulação original, o que implicaria variação
tanto na vazão transportada quanto na perda de carga do escoamento. A solução correta consiste em
determinar quais conjuntos de tubulações possibilitam a mesma vazão, apresentando a mesma perda
de carga, aplicando, assim, os conceitos de condutos equivalentes.
Para verificar a equivalência das áreas de tubulação, observe os três círculos da Figura 1, um com
raio de 12,5 cm, outro com raio de 10 cm e outro com raio de 7,5 cm, desta forma, você poderá visua-
lizar o diâmetro de uma tubulação de 250 mm, outra de 200 mm e outra de 150 mm. Aproveite para
calcular as áreas de cada um dos círculos.
s
ro
et
ím
nt
ce
os
etr
,5
12
ít m
n
ce
,00 tro
s
10 me
entí
0c
7,5
154
UNIDADE 6
Desta forma, torna-se mais prático o cálculo da área da seção de uma tubulação, pois se parte, direta-
mente, do diâmetro informado pelo fabricante (diâmetro nominal), o que simplifica o cálculo.
Visualmente, torna-se fácil identificar que a área círculo de 200 mm de diâmetro é bastante menor
que a área da tubulação de 250 mm, isso ocorre porque a área é uma função quadrática do raio, o que
pode, por vezes, trair a noção intuitiva do projetista. O mesmo pode ser observado comparando-se o
desenho equivalente à tubulação de 150mm em relação a tubulação de 200 mm, da mesma forma, é
comum imaginar que duas tubulações, sendo uma de 150 mm em paralelo a uma tubulação de 200
mm, transportaria maior quantidade de água por ter maior área. No entanto, ao verificar os cálculos,
é possível observar que a soma das áreas destas tubulações é equivalente à tubulação de 250 mm, ou
seja, se o escoamento ocorrer com a mesma velocidade em ambos os casos, a vazão seria a mesma.
DIÁRIO DE BORDO
155
UNICESUMAR
Em sistemas hidráulicos, como o sistema de abastecimento de água potável, é comum que diferentes
materiais sejam empregues nas tubulações, o que implica distintos coeficientes de rugosidade e de atrito.
Relembrando que peças, como registros, válvulas, curvas, joelhos entre outros podem ser convertidos
em tubulações lineares pela técnica de determinação da perda de carga por comprimento equivalente.
Também é muito comum que diferentes diâmetros sejam utilizados, modificando-se, ao logo da rede, de
acordo com a necessidade de projeto. Isso gera sistemas muito complexos que, muitas vezes, precisam
ser simplificados para que uma análise holística possa ser realizada. Neste sentido, a substituição de
tubulações ou, até mesmo, de sistemas inteiros por condutos equivalentes é fundamental.
Neste contexto, surge a definição de condutos equivalentes, sendo descrita por Azevedo Neto (2015,
p. 313) da seguinte maneira: “um sistema de tubulações é equivalente a outros sistemas ou a uma tu-
bulação simples quando ele é capaz de conduzir a mesma vazão com a mesma perda de carga total”.
Tem-se, desta forma, as seguintes condições:
Condição 1: mesma vazão, ou seja, mesma quantidade de matéria transportada.
Q1 = Q2
Condição 2: mesma perda de carga, ou seja, mesma quantidade de energia dissipada no escoamento.
Onde:
hf 1 = hf 2 Q = Vazão
hf = Perda de carga
156
UNIDADE 6
Circuito
simples
Circuito
em série
Circuito
paralelo
Descrição da Imagem: a figura apresenta três esquemas elétricos formados por lâmpadas e baterias ligadas por fios; no primeiro
esquema, apenas uma lâmpada está ligada pelos fios à bateria, representando, assim, um sistema simples. No segundo esquema,
duas lâmpadas são ligadas à bateria, de modo que o fio passa por uma das lâmpadas para chegar na outra, representando, assim,
um sistema em série. No terceiro esquema, as duas lâmpadas são ligadas à bateria, de modo que o fio se divide antes de chegar às
lâmpadas, representando, assim, um sistema em paralelo. A partir desta analogia, entende-se a vazão homóloga à corrente elétrica
e a pressão hidráulica homóloga à tensão elétrica. Desta forma, pode-se entender que, para transportar a mesma vazão em um tubo
mais fino, é necessário aumentar a pressão no interior do tubo, assim como nas redes elétricas de alta tensão, contudo, diferente da
eletricidade, a água apresenta viscosidade, o que dificulta o transporte em altas pressões, devido às perdas de carga.
Você sabia que é possível associar as propriedades de circuitos elétricos a sistemas hidráulicos?
A vazão está para a corrente elétrica, medida em ampères, enquanto a pressão está para a
tensão, medida em volts. Desta forma, em circuitos em série, a vazão (corrente) chega em
todos os elementos com a mesma intensidade, enquanto a tensão (pressão) é dividida entre
os elementos. Já no caso de circuitos em paralelo, a vazão (corrente) é dividida entre todos
os elementos, enquanto a tensão (pressão) chega com a mesma intensidade em todos os
elementos do sistema. Pode-se imaginar a eletricidade como um fluido de baixíssima viscosi-
dade, enquanto os fios representam as tubulações, por isso, para transportar altas correntes,
são necessários fios de maior diâmetro, quando a eletricidade é convertida para alta tensão,
o fio que a transporta pode ser mais fino. Só não é possível fazer a mesma coisa com a água,
ou seja, reduzir o diâmetro da tubulação, e aumentar a pressão para que escoe a mesma
quantidade, devido aos efeitos da viscosidade.
157
UNICESUMAR
As condições 1 e 2 aplicam-se a sistemas simples, em série e em paralelo, por isso, faz-se necessário
que, além da vazão, a perda de carga também seja equivalente, por isso, é preciso aplicação de uma
das equações de perda de carga estudadas durante as unidades anteriores. Inicialmente, resolveremos
os casos de condutos equivalentes utilizando-nos da equação de Hazen-Williams e, em seguida, os
mesmos casos serão analisados, empregando-se equação de Darcy-Weisbach.
Iniciaremos por uma situação na qual as tubulações são simples e se apresentam de três formas.
Na primeira situação, no caso 1, tem-se diâmetros iguais, rugosidades e comprimentos diferentes,
um exemplo seria uma tubulação de 50 mm de PVC, conectada a uma tubulação de 50 mm de ferro
fundido. Neste caso, apesar de mesmo diâmetro, a rugosidade é diferente, devido à diferença material.
No caso 2, têm-se rugosidades iguais, diâmetros e comprimentos diferentes, neste caso, um exemplo,
é uma tubulação de 50 mm de PVC que se liga a uma tubulação de 75 mm, também de PVC. Desta
forma, tem-se mesmo material e, consequentemente, mesma rugosidade, mas os diâmetros variam.
No caso 3, têm-se rugosidades, diâmetros e comprimentos diferentes, por exemplo, uma tubulação de
PVC de 50 mm com trechos de ferro fundido de 75 mm.
Vamos ao caso em que a tubulação é simples, os diâmetros são iguais, tendo rugosidades e compri-
mentos diferentes, parte-se da condição 2:
hf 1 = hf 2
L1 L2
=
C11,85 C21,85
158
UNIDADE 6
Onde:
hf = Perda de carga (m)
L2
C2 1,85 C1 Q = vazão (m3/s)
L1
D = Diâmetro (m)
L = Comprimento (m)
C = Coeficiente de rugosidade (m0,367/s)
No caso de tubulação simples, com rugosidades iguais, mas com diâmetros e comprimentos diferentes,
seguindo o mesmo processo e aplicando a condição 2, tem-se:
hf 1 = hf 2
Q11,85 Q21,85
10, 65 L1 10, 65 L2
C11,85 D14,87 C21,85 D2 4,87
Note que, agora, as vazões ainda permanecem constantes ao longo do trecho, obedecendo a condição
1, porém, agora, a rugosidade é igual em ambos os trechos, de acordo com a premissa estabelecida pelo
caso 2 e, portanto, permanece constante. Tem-se, também, presente na equação, o valor constante de
10,65, que, como todas as constantes citadas, atua em ambos os lados da igualdade, e a simplificação
destes termos resulta em:
L1 L
4 ,87
= 42,87
D1 D2
Reorganizando, tem-se:
4 ,87
L1 D1
L2 D2
Onde:
hf = Perda de carga (m)
L2
D2 4,87 D1 Q = vazão (m3/s)
L1
D = Diâmetro (m)
L = Comprimento (m)
C = Coeficiente de rugosidade (m0,367/s)
159
UNICESUMAR
Existe, também, o caso no qual, em uma tubulação simples, as rugosidades, os diâmetros e os compri-
mentos são todos diferentes. Nestes, aplicando a condição 2, tem-se:
hf 1 = hf 2
Note que, desta vez, as vazões permanecem constantes ao longo do trecho, obedecendo a condição 1,
mas a única outra constante da equação é o valor de 10,65, o que permite a simplificação para:
L1 L
1,85 4 ,87
1,85 2 4,87
C1 D1 C2 D2
Reorganizando, tem-se:
4 ,87 1,85
L1 D1 C
1
L2 D2 C2
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, em tubulações simples, com rugosidades,
comprimentos e diâmetros diferentes, pode-se utilizar a seguinte relação:
1,85 4 ,87
C D
L2 L1 2 2
C1 D1
Para a determinação do diâmetro equivalente:
L2 C11,85
D2 4,87 D1
L1 C21,85
Onde:
hf = Perda de carga (m)
L2 D14,87 Q = vazão (m3/s)
C2 1,85 C1
L1 D2 4,87 D = Diâmetro (m)
L = Comprimento (m)
C = Coeficiente de rugosidade (m0,367/s)
Passando, agora, para os casos nos quais existem tubulações em série, a aplicação da condição 1 permite
considerar a vazão constante entre os trechos. Obtemos, assim:
Onde:
QT Q1 Q2 Qn QT= Vazão Total
Qn= Vazão de cada trecho
160
UNIDADE 6
Ou seja, a vazão é mesma em cada trecho, mantendo-se constante ao longo do escoamento. Nesta
situação, também se aplica a condição 2, que resulta em:
Onde:
h f T h f 1 h f 2 h fn hft = Perda de carga total
hfn= Perda de carga de cada trecho
Ou seja, a perda de carga total deve ser igual ao somatório das perdas de carga de todos os segmentos.
Desta forma, aplicando-se a equação de Hazen-Williams, é possível obter:
Considerando a simplificação dos termos constantes presentes em ambos os lados da igualdade, in-
clusive o coeficiente de rugosidade, tem-se:
LE L1 L2 Ln
DE 4,87 D14,87 D2 4,87 Dn 4,87
Onde:
LE= Comprimento Equivalente
LE
DE DE= Diâmetro Equivalente
4 ,87 Li
D 4,87 Ln= Comprimento de cada trecho
i Dn= Diâmetro de cada trecho
Ou seja, esta equação é utilizada para calcular o comprimento equivalente de uma tubulação em série,
na qual a vazão deve ser a mesma em cada trecho, e a perda de carga total corresponde à soma das
perdas de carga de cada trecho. No entanto só contempla a variação de diâmetros e comprimentos,
não de rugosidade. Na situação em que a rugosidade também variar, tem-se:
LE L1 L2 Ln
1,85 4 ,87
CE DE C1 D14,87
1,85
C2 D2 4,87
1,85
Cn Dn 4,87
1,85
161
UNICESUMAR
Onde:
LE= Comprimento Equivalente (m)
LE
CE DE= Diâmetro Equivalente (m)
1,85 L
D 4,87 iC 1,85 DE 4,87 CE = Coeficiente de rugosidade equivalente (m0,367/s)
i i Ln= Comprimento de cada trecho (m)
Di= Diâmetro de cada trecho (m)
Ci = Coeficiente de rugosidade de cada trecho (m0,367/s)
Já para o caso de o sistema hidráulico apresentar tubulações em paralelo, considera-se a vazão equi-
valente igual ao somatório da vazão dos trechos, portanto, tem-se:
QE Q1 Q2 Qn
Onde:
QE Qi QE= Vazão Equivalente (m3/s)
Qi= Vazão de cada trecho (m3/s)
Ou seja, a vazão equivalente corresponde ao somatório da vazão de cada trecho, obedecendo a condição
1, já para a aplicação da condição 2 para tubulação em paralelo tem-se:
Onde:
h f E h f 1 h f 2 h fn hfE = Perda de carga total (m)
hfn= Perda de carga de cada trecho (m)
162
UNIDADE 6
Ou seja, a perda de carga total, deve ser igual a cada uma das perdas de carga de cada segmento. Neste
ponto, para que se aplique a equação de Hazen-Williams, é necessário deixar o termo vazão em evi-
dência, o que resulta em:
1,85
h f C11,85 D14,87
Q
10, 65 L
1,85
h fE CE1,85 DE 4,87 h f 1 C11,85 D14,87 h f 2 C21,85 D2 4,87 h fn Cn1,85 Dn 4,87
1,85 1,85 1,85
10, 65 LE 10, 65 L1 10, 65 L2 10, 65 Ln
Simplificando os temos constantes e presentes em ambos os lados da equação, obtém-se:
CE1,85 DE 4,87 1,85 C11,85 D14,87 1,85 C21,85 D2 4,87 C 1,85 Dn 4,87
1,85 1,85 n
LE L1 L2 Ln
CE1,85 DE 4,87
LE 1,85
C 1,85 Di 4,87
1,85 i
Li
Ou para a determinação do diâmetro equivalente:
1,85
Ci1,85 Di 4,87
LE
1,85
4 ,87 Li
DE
CE1,85
Ou, ainda, para a determinação da rugosidade equivalente
Onde:
1,85 LE= Comprimento Equivalente (m)
C 1,85 Di 4,87 DE= Diâmetro Equivalente (m)
LE 1,85 i
1,85 Li CE = Coeficiente de rugosidade equivalente (m0,367/s)
CE
Li= Comprimento de cada trecho (m)
DE 4,87
Di= Diâmetro de cada trecho (m)
Ci = Coeficiente de rugosidade de cada trecho (m0,367/s)
163
UNICESUMAR
Caso as tubulações paralelas tenham o mesmo coeficiente de rugosidade, isto é, sejam do mesmo
material, pode-se simplificar para:
DE 4,87 1,85 D14,87 1,85 D2 4,87 D 4,87
1,85 1,85 n
LE 1L1 L2 Ln
A qual também pode ser escrita como:
DE 4,87 D 4,87
1,85 1,85 i
LE Li
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, em tubulações em paralelo, com rugo-
sidades iguais em todos os trechos, mas com diâmetros diferentes, pode-se utilizar a seguinte relação:
DE 4,87
LE 1,85
D 4,87
1,85 i
Li
1,85 Onde:
D 4,87 LE= Comprimento Equivalente (m)
DE 4 ,87 1,85 i LE
Li DE= Diâmetro Equivalente (m)
Li= Comprimento de cada trecho (m)
Di= Diâmetro de cada trecho (m)
Separei este vídeo que pode ajudar no seu entendimento deste con-
teúdo, no qual é possível encontrar uma explicação dos casos citados
no texto, além da resolução de exercícios para a fixação do conteúdo.
Vale muito a pena!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
164
UNIDADE 6
L Q2
hf f
D 2 g A2
É pertinente também simplificar o termo área em função do diâmetro da tubulação já que este, em
alguns dos casos, é variável, logo:
L Q2
hf f 2
D p D2
2 g
4
Note que as vazões permanecem constantes ao longo do trecho, obedecendo a condição 1, isso ocorre
com o diâmetro, de acordo com a premissa estabelecida pelo caso 1 de tubulações simples, portanto,
permanece constante. Têm-se, também, presentes na equação, os valores constantes que, como todas
estas constantes citadas, atuam em ambos os lados da igualdade, podendo ser simplificadas. Desta
forma, obtém-se:
f1 L1 f2 L2
165
UNICESUMAR
Onde:
hf = Perda de carga (m)
L1 f = Coeficiente de atrito
f2 f1
L2 L = Comprimento da tubulação (m)
D = Diâmetro da tubulação (m)
V = Velocidade do escoamento (m/s)
g = Gravidade (m/s2)
No caso de tubulação simples, com coeficiente de atrito iguais, mas com diâmetros e comprimentos
diferentes, seguindo o mesmo processo e aplicando a condição 2, tem-se:
hf 1 = hf 2
Note que, agora, as vazões ainda permanecem constantes ao longo do trecho, obedecendo a condi-
ção 1, porém, agora, o coeficiente de atrito é igual em ambos os trechos, de acordo com a premissa
estabelecida pelo caso 2, portanto, permanece constante. Têm-se, também, presentes na equação, os
valores constantes, que, como todas as constantes citadas, atuam em ambos os lados da igualdade, e a
simplificação destes termos resulta em:
L1 L2
=
D15 D25
Reorganizando, tem-se:
5
L1 D1
L2 D2
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, em tubulações simples, com coeficientes
de atrito iguais, mas com diâmetros diferentes, pode-se utilizar a seguinte relação:
5
D
L2 2 L1
D1
Ou para a determinação do diâmetro equivalente:
Onde:
hf = Perda de carga (m)
L2
D2 5 D1 Q = vazão (m3/s)
L1
f = Coeficiente de atrito
L = Comprimento da tubulação (m)
D = Diâmetro da tubulação (m)
166
UNIDADE 6
Existe, também, o caso no qual, em uma tubulação simples, os coeficientes de atrito, os diâmetros e os
comprimentos são todos diferentes em cada trecho. Nestes, aplicando a condição 2, tem-se:
hf 1 = hf 2
Note que, desta vez, as vazões permanecem constantes ao longo do trecho, obedecendo a condição 1.
Considerando as demais constantes da equação, pode-se simplificar a expressão para:
L1 L2
f1 f2
D15 D25
Reorganizando, tem-se:
5
L1 D1 f2
L2 D2 f1
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, em tubulações simples, com coeficientes
de atrito, comprimentos e diâmetros diferentes, pode-se utilizar a seguinte relação:
5
D f
L2 2 1 L1
D1 f2
L2 f1
D2 5 D1
L1 f2
Ou, ainda, para a determinação do coeficiente de atrito equivalente
Onde:
5 hf = Perda de carga (m)
D L
f2 2 1 f1 Q = vazão (m3/s)
D1 L2 D = Diâmetro (m)
L = Comprimento (m)
f = Coeficiente de atrito
167
UNICESUMAR
Passando, agora, para os casos nos quais existem tubulações em série, a aplicação da condição 1 permite
considerar a vazão constante entre os trechos. Obtemos, assim:
Onde:
QT Q1 Q2 Qn
QT= Vazão Total
Qn= Vazão de cada trecho
Ou seja, a vazão é mesma em cada trecho, mantendo-se constante ao longo do escoamento. Nesta
situação, também se aplica a condição 2, que resulta em:
Onde:
h f T h f 1 h f 2 h fn hft = Perda de carga total
hfn= Perda de carga de cada trecho
Ou seja, a perda de carga total deve ser igual ao somatório das perdas de carga de todos os segmentos.
Desta forma, aplicando-se a equação de Darcy-Weisbach, é possível obter:
8 LE 8 L1 8 L2 8 Ln
2
f E QE 2 5
2
f1 Q12 f2 Q22 f n Qn2
g p DE g p D15 g p 2
D2 5
g p 2
Dn5
Considerando a simplificação dos termos constantes presentes em ambos os lados da igualdade, in-
cluindo o coeficiente de atrito, tem-se:
LE L L L
5
15 25 n5
DE D1 D2 Dn
Onde:
LE
DE LE= Comprimento Equivalente
Li
5
D5 DE= Diâmetro Equivalente
i Ln= Comprimento de cada trecho
Dn= Diâmetro de cada trecho
168
UNIDADE 6
Ou seja, esta equação é utilizada para calcular o comprimento equivalente de uma tubulação em série,
na qual a vazão deve ser a mesma em cada trecho, e a perda de carga total corresponde à soma das
perdas de carga de cada trecho. No entanto só contempla a variação de diâmetros e comprimentos,
não do coeficiente de atrito. Na situação na qual o coeficiente de atrito também variar, tem-se:
LE L1 L2 Ln
fE f1 f2 f n
DE 5 D15 D25 Dn5
A qual também pode ser escrita como:
LE Li
fE 5
fi
DE Di 5
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, em tubulações em série, com coeficientes
de atrito e diâmetros diferentes em cada trecho, pode-se utilizar a seguinte relação:
L D 5
LE fi i5 E
Di f E
Ou para a determinação do diâmetro equivalente:
LE f E
DE
5 L
fi i5
Di
Ou, ainda, para a determinação do coeficiente de atrito equivalente
Onde:
LE= Comprimento Equivalente
L D 5 DE= Diâmetro Equivalente
f E fi i5 E fE = Coeficiente de atrito Equivalente
Di LE
Ln= Comprimento de cada trecho
Di= Diâmetro de cada trecho
fi = Coeficiente de atrito de cada trecho
Já para o caso de o sistema hidráulico apresentar tubulações em paralelo, considera-se a vazão equi-
valente igual ao somatório da vazão dos trechos, portanto, tem-se:
QT Q1 Q2 Qn
Onde:
QE Qi QE= Vazão Equivalente
Qi= Vazão de cada trecho
169
UNICESUMAR
Ou seja, a vazão equivalente corresponde ao somatório da vazão de cada trecho, obedecendo a condição
1, já se aplicando a condição 2 para tubulação em paralelo, tem-se:
Onde:
h f T h f 1 h f 2 h fn hft = Perda de carga total
hfn= Perda de carga de cada trecho
Ou seja, a perda de carga total deve ser igual a cada uma das perdas de carga de cada segmento. Neste
ponto, para que se aplique a equação de Darcy-Weisbach, é necessário deixar o termo vazão em evi-
dência, o que resulta em:
h f g p 2 D5
Q
8 f L
Logo, o somatório das vazões é dado por:
h fE g p 2 DE 5 h f 1 g p 2 D15 h f 2 g p 2 D25 h fn g p 2 Dn5
8 f E LE 8 f1 L1 8 f2 L2 8 f n Ln
Simplificando os temos constantes e presentes em ambos os lados da equação, obtém-se:
DE 5 D15 D25 Dn5
f E LE f1 L1 f2 L2 f n Ln
A qual também pode ser escrita como:
DE 5 Di 5
f E LE fi Li
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, nas tubulações em paralelo, com coefi-
ciente de atrito e diâmetros diferentes em cada trecho, pode-se utilizar a seguinte relação:
DE 5
LE 2
Di 5
fE
fi Li
Ou para a determinação do diâmetro equivalente:
2
Di 5
DE 5 LE f E
fi Li
170
UNIDADE 6
Onde:
DE 5 LE= Comprimento Equivalente
fE 2 DE= Diâmetro Equivalente
Di 5
LE fE = Coeficiente de atrito equivalente
fi Li Ln= Comprimento de cada trecho
Di= Diâmetro de cada trecho
fi = Coeficiente de atrito de cada trecho
Caso as tubulações paralelas tenham o mesmo coeficiente de atrito, isto é, sejam do mesmo material,
pode-se simplificar para:
DE 5 D15 D25 Dn5
f E LE f1 L1 f2 L2 f n Ln
A qual também pode ser escrita como:
DE 5 Di 5
LE Li
Portando, para a determinação do comprimento equivalente, nas tubulações em paralelo, com coefi-
cientes de atrito iguais em todos os trechos, mas com diâmetros diferentes, pode-se utilizar a seguinte
relação:
DE 5
LE 2
Di 5
Li
Ou para a determinação do diâmetro equivalente:
Onde:
2
LE= Comprimento Equivalente
Di 5
DE 5 LE DE= Diâmetro Equivalente
Li
Ln= Comprimento de cada trecho
Di= Diâmetro de cada trecho
171
UNICESUMAR
As técnicas de determinação de condutos equivalentes são muito úteis para evitar gastos excessivos
com a utilização de diâmetros demasiadamente grandes, pois o preço entre os diâmetros comerciais
pode variar de maneira abrupta. Por exemplo, uma barra de PVC com 6 metros de comprimento, de
mesmas linha e marca e mesmo modelo, dobra de valor quando se compara à tubulação de 300 mm
com a de 400 mm, sendo que estes são diâmetros comerciais e subsequentes. Por isso, em casos onde
o diâmetro ideal é intermediário, como 350mm por exemplo, aceitar a solução de trivial de adotar a
tubulação comercial, imediatamente superior, pode não ser a correta, no entanto tomar a decisão pela
menor tubulação pode levar o engenheiro a projetar um sistema ineficiente. Em muitos casos, a solução
passa pela utilização de tubulações de menores diâmetros, estas associadas em série ou em paralelo, de
modo a atender à vazão desejada, apresentando a perda de carga predita no projeto. A correta solução
passa pela utilização da seguinte equação, apresentada neste ciclo de aprendizagem:
DE 5 Di 5
LE Li
Aplicando o caso genérico para uma proposta com duas tubulações paralelas, tem-se
DE 5 D15 D25
LE Li Li
Testando com diferentes diâmetros para 1 e 2, determina-se que as tubulações de 250 mm (D1) para-
lela a uma tubulação de 300mm (D2) conduzem a vazão adequada, sem ultrapassar o limite da perda
de carga. Além disso, esta solução exige apenas cerca de 75% do valor que seria gasto caso a opção de
uma tubulação de 400 mm fosse adotada.
172
Durante este ciclo de aprendizagem, foram analisadas as técnicas de determinação
de condutos equivalentes, sendo duas condições as bases para este conceito. Este
se aplica a três tipos de sistemas, tendo três variáveis comuns, podendo estas serem
iguais ou diferentes nos trechos do sistema. Preencha as lacunas sobre condutos
equivalentes.
Condutores equivalentes
Hazen-Williams
Vazão
Tipo de sistema
Simples Paralelo
Variáveis
Rugosidade ou Atrito
MAPA MENTAL
Descrição da Imagem: Mapa mental está organizado de forma vertical, tendo, no topo, um balão com os
temos “condutos equivalentes”; deste balão principal ramificam-se dois balões, um com a palavra “vazão”,
e outro a ser preenchido, deste derivam-se outros dois balões, e, em um deles, apresentam-se as palavras
“Hazen-Williams”, e o outro deve ser preenchido. Os balões da vazão e o respectivo par que você já preencheu,
ligam-se a um balão com os temos “tipos de sistemas” do qual se derivam três balões; em um deles está a
palavra “simples”, no outro, “paralelo”, e, no outro, um espaço a ser preenchido. Estes três balões juntam-se
em um balão contendo a palavra “variáveis”, do qual se derivam três balões, tendo em um deles os termos
“rugosidade ou atrito”, e os outros dois devem ser preenchidos.
173
1. A respeito das equivalências em sistemas simples, responda:
a) Qual o comprimento equivalente de aço rebitado (C = 85 m0,367/s) de uma tubulação simples,
com 3 metros de comprimento, feita de PVC cujo coeficiente de rugosidade é de 150 m0,367/s?
b) Qual o diâmetro equivalente em PVC de uma tubulação simples, com 5 metros de comprimento
e 32 mm de diâmetro, caso o comprimento seja reduzido pela metade?
c) Determine qual o coeficiente de rugosidade para uma tubulação simples de 50 mm de diâmetro
e 1 metro de comprimento e que seja equivalente a uma tubulação de concreto (C= 125 m0,367/s)
de 100 mm de diâmetro e 10 metros de comprimento.
d) Determine qual o coeficiente de atrito para uma tubulação simples de 25 mm de diâmetro e 3
metros de comprimento que seja equivalente a uma tubulação de concreto cujo coeficiente de
atrito (f) foi estimado em 0,008 com diâmetro de 32 mm e 5 metros de comprimento.
3. Duas tubulações de PVC, uma com 150 mm e outra com 200 mm, foram instaladas em paralelo
em um projeto de abastecimento com 100 metros de comprimento. Calcule o diâmetro equiva-
lente caso esta mesma instalação fosse realizada com apenas uma tubulação.
AGORA É COM VOCÊ
a) Utilizando Hazen-Williams
b) Utilizando Darcy-Weisbach
174
1. a. Partindo da equação
1,85
C
L2 L1 2
C1
Substituindo as variáveis:
1,85
85 m0,367 / s
L2 3m
150 m0,367 / s
Obtém-se:
L2 = 1, 0490m
b. Partindo da equação
L2
D2 4,87 D1
L1
5m
D2 4,87 0, 032m
2, 5m
Obtém-se:
D2 = 0, 03689m
c. Partindo da equação
L2 D14,87
C2 1,85 C1
L1 D2 4,87
Substituindo as variáveis:
Obtém-se:
C2 = 223, 25983m0,367 / s
175
d. Partindo da equação
5
D2 L1
f2 f1
D1 L2
Substituindo as variáveis:
5
25 103 5m
f2 0, 008
32 103 3m
Obtém-se:
f2 3, 8805 103
2. Partindo da equação
LE
DE
4 ,87 L
D 4,87 iC 1,85 CE1,85
i i
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Substituindo as variáveis:
12m
DE
4,87 3m 5m 4m
4 87 0 367 1 85
4 87
4 87
(150m0,367 / s )1,85
(0, 25m) ,
(90 m ,
/ s ) ,
0, 2m (120m / s)
, 0,367 1,85
0,15m (150m / s)
, 0,367 1,85
Obtém-se:
DE = 0, 17011m
176
3. a. Partindo da equação
1,85
D 4,87
DE 4 ,87
1,85 i LE
Li
Substituindo os valores
1,85
(0, 15m) 4,87 1,85 (0, 20m) 4,87
DE 4 ,87 1,85 100m
100m 100m
Obtém-se:
DE = 0, 23146m
b. Partindo da equação
2
(0, 15m)5 (0, 20m)5
DE 5
100m
100m 100m
Obtém-se:
DE = 0, 23441m
177
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.
REFERÊNCIAS
178
179
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
180
7 Instalações
de Recalque
Dr. Fernando Marcos Weronka
Como determinar qual a potência de uma bomba hidráulica para atender à demanda de determinado
projeto? Quais os passos para a realização do dimensionamento de um sistema de recalque?
Para determinar potência de uma bomba, além da demanda de vazão e pressão do projeto, é ne-
cessário conhecer as perdas de carga envolvidas no processo, pois, em muitos casos, estas implicam
funcionamento adequado do sistema. Por isso, para dimensionar a bomba, primeiramente, faz-se ne-
cessário dimensionar o sistema hidráulico, composto pela tubulação de recalque e de sucção. A perda
de carga calculada destas tubulações, juntamente com os dados de desnível geométrico, associadas
ao peso específico do fluido e a vazão desejada, permitem, então, o cálculo da potência demandada
da bomba. Contudo se faz necessária a verificação de condições de funcionamento, como o excesso
de pressão em partes do sistema, ou, ainda, baixas pressões que levam ao fenômeno conhecido como
cavitação. Para tanto, são aplicadas diversas equações, como a fórmula de Bresse, para o cálculo do
diâmetro econômico da tubulação, assim como Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs), que
apresentam procedimentos e valores de referência.
Para entender como é o processo de conferir força a um fluido para que este escoe no sentido con-
trário ao impelido pela gravidade, você pode observar os diversos produtos apresentados na forma de
borrifadores, como perfumes, produtos de limpeza e álcool em gel.
182
UNIDADE 7
Ao aplicar uma força sobre o mecanismo utilizado no produto, o usuário confere energia
ao fluido, que, incialmente, encontra-se em repouso, dentro da embalagem, com isso, a
pressão dentro do frasco aumenta. A diferença de pressão entre o ambiente interno e
externo do frasco faz com que o fluido escoe para fora. É possível notar que, se diferentes
fluidos forem colocados no frasco, quanto maior for a viscosidade deste fluido, maior será
a força necessária para induzir o escoamento. Da mesma forma, se a tubulação, pela qual
o fluido escoa, for muito comprida ou de diâmetro reduzido, a força necessária para criar
movimento também aumenta. É possível perceber que, ao aplicar uma força a qual gera um
deslocamento, obtém-se quantidade de energia, já que energia pode ser tida como o pro-
duto da força e do deslocamento. Já a razão entre a quantidade de energia e o tempo resulta
em potência, ou seja, uma grande potência é capaz de transferir uma grande quantidade
de energia em pouco tempo, já com uma menor potência, também, é possível transferir
mesma quantidade de energia, porém em maior tempo. Por isso, para atender às demandas
de projeto, a bomba deve ter potência suficiente para transferir energia ao fluido de modo
que este vença as forças viscosas e de atrito, garantindo vazão e pressão adequadas, sendo
necessário, para tanto, o conhecimento do esquema hidráulico do recalque.
DIÁRIO DE BORDO
183
UNICESUMAR
RIO
O
RI
TURBINA
RIO
Descrição da Imagem: na figura, apresenta-se o desenho esquemático de uma usina hidroelétrica na qual é possível visualizar a
turbina, responsável por converter a energia hidráulica da água em energia elétrica, o que a torna uma máquina hidráulica motora.
184
UNIDADE 7
Note que a turbina gera eletricidade a partir da energia hidráulica contida no rio,
ou seja, ela recebe energia da água, o que a faz ser classificada como uma máquina
motora, sendo o agente passivo na relação máquina-fluido. Já no caso das máquinas
hidráulicas geradoras, o processo é exatamente o inverso, a energia de determinada
fonte é convertida em energia hidráulica, nestes casos, a máquina é o agente ativo
na relação máquina fluido. Existem diversos exemplos de máquinas geradoras, ou,
como também são conhecidas, as máquinas geratrizes, e um deles é a hélice de um
barco, que empurra a água para trás a partir da força de um motor que, por reação,
empurra o barco para frente. Neste caso, a energia foi transferida do motor para o
fluido, e, por isso, esta máquina hidráulica é classificada como geradora.
O foco desta unidade, no entanto, está nas geratrizes que impelem o escoamento
do fluido com a finalidade de transportá-lo, as conhecidas bombas hidráulicas. Estas
máquinas são capazes de conferir energia ao fluido de modo este seja conduzido de
acordo com a demanda de projeto, como pode ser observado na Figura 2.
185
UNICESUMAR
Note que a bomba hidráulica é capaz de transportar o fluido de uma região mais baixa para uma mais
elevada, o que confere energia potencial a ele, ficando claro que, durante o processo, foi necessária a
transferência de energia para o fluido. No caso da imagem, a fonte de energia é o Sol, que, convertido
em eletricidade pelas placas fotovoltaicas, aciona a motobomba, que aplica uma força sobre o fluido o
qual recebe energia e, por isso, escoa na direção desejada, ou seja, para o reservatório.
As máquinas hidráulicas geratrizes são classificadas em três grupos, de acordo com o funcionamento,
sendo eles: as bombas de deslocamento positivo, bombas cinéticas e outras. Nas bombas de desloca-
mento positivo, os elementos móveis deslocam uma quantidade de fluido que é fixada pelas dimensões
da bomba, por isso, também são conhecidas como volumétricas. Nas bombas cinéticas, as peças móveis
(rotores ou hélices) induzem o aumento da velocidade do fluido, o que reduz a pressão na câmara de
sucção. Desta forma, a atmosfera exerce força sobre o fluido, devido à diferença de pressão, gerando,
assim, o movimento do fluido. As bombas classificadas como outras se utilizam de propriedades, como
as diferenças de densidade e o consequente empuxo, o golpe de aríete, ou parafusos (Helicoides).
Entre as geratrizes de deslo-
camento positivo, apresentam- Impulsionando
-se as bombas intermitentes, as Tanque pulmão
bombas de ar comprimido e as
rotativas. A bomba de pistão,
apresentada na Figura 3, é clas-
sificada como deslocamento po-
sitivo intermitente uma vez que
o fluido bombeado escoa, inter-
mitentemente, a cada ciclo do
pistão. O funcionamento desta
máquina é bastante simples, o
êmbolo do pistão, ao ser puxado,
aumenta o volume da câmara, o
que reduz a pressão, desta forma, N.A.
a atmosfera empurra o fluido
para dentro da câmara por meio
de uma válvula de sentido único.
Quando o pistão é empurrado,
o volume da câmara diminui, Figura 3 - Bomba de Pistão / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 259).
aumentando a pressão do flui- Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho esquemático de uma bomba
do, que escoa, ascendentemen- de pistão na qual um êmbolo, ao ser puxado , succiona o fluido para dentro de uma
câmara por meio de uma válvula de sentido único, na parte inferior da câmara, quan-
te, por meio de outra válvula de do o êmbolo é empurrado, esta válvula, naturalmente, se fecha e, simultaneamente,
a outra se abre na parte superior da câmara, pelo qual o fluido escoa.
sentido único.
186
UNIDADE 7
Tanque de ar
Vent
comprimido
VF
VA
Caixa de
espera
A principal desvantagem deste Compressor
tipo de bomba é a natureza pe- VR
riódica oscilatória, que impele VR
o fluido, fazendo com que o Detector
nível
resultado seja um escoamento
intermitente. Já nas bombas
Flange
de ar comprimido, também
classificadas como geratrizes
de deslocamento positivo, um
compressor empurra o ar para NA mín
dentro de uma câmara, herme-
ticamente fechada, fazendo com
que a pressão interna se torne Figura 4 - Bomba de ar comprimido / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 288).
maior que a externa, o que faz
Descrição da Imagem: a figura apresenta o desenho esquemático de uma bomba
com que o fluido escoe para de ar comprimindo nesta é possível observar uma câmara contendo o fluido a ser
fora, como pode ser observado transportado, a tubulação de saída encontra-se abaixo do nível do fluido, acima en-
contrasse a tubulação por onde é inserido o ar comprimido, este exerce uma pressão
na Figura 4. sobre a superfície do fluido que escoa ascendentemente pela tubulação de saída.
As bombas de ar comprimido podem ser utilizadas para a condução de fluidos perigosos e abrasivos
já que não há contato direto com as partes móveis e sensíveis do sistema, no caso, o compressor. Uma
das principais limitações consiste na necessidade de sensores para evitar níveis muito elevados ou
reduzidos de fluido dentro da câmara pressurizada, o que levaria à falha do sistema. Entre as bombas
de deslocamento positivo rotativas encontram-se as geratrizes de engrenagens (Figura 5) cuja robustez
garante o escoamento mesmo de fluidos viscosos, como graxa e melado.
187
UNICESUMAR
Estas são as bombas mais populares sendo facilmente encontradas, comercialmente, e, segundo Aze-
vedo Neto (2015), elas representam mais de 90% das aplicações. Isso se deve ao alto rendimento, vo-
lume compacto e grande capacidade de transporte (vazão), contudo, em muitos casos, a viscosidade
do fluido constitui um desafio.
Saída
Além disso, interrupção do for-
necimento de fluido a ser trans-
portado pode levar a danos ao
mecanismo da bomba que, em
muitos casos, são irreparáveis e/
Entrada
ou altamente onerosos, por isso, VR
este tipo de bomba exige um ri-
goroso controle das condições
V1
de operação. As bombas centrí-
fugas são encontradas em uma Motor
grande variedade de potências,
podendo sua força motriz ser
oriunda de motores elétricos ou
da combustão, o que flexibiliza
Figura 7 - Bomba centrífugas / Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 271).
bastante as possibilidades de
Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho esquemático de uma bomba
uso. O desenho esquemático de centrífuga em corte para a visualização dos componentes internos; visualiza-se, à
uma bomba centrífuga padrão é direita, o motor que transfere a rotação por um eixo até o rotor, que, ao girar, au-
menta e velocidade do fluido, reduzindo a pressão na câmara de sucção, ao mesmo
apresentado na Figura 7. tempo em que empurra o fluido para a câmara de recalque.
188
UNIDADE 7
Motor
Comporta
de entrada
α
a: passo do parafuso; L: comprimento do parafuso; α: ângulo;
Di
Descrição da Imagem: a figura apresenta o desenho esquemático de uma bomba conhecida como parafuso de Arquimedes, neste
uma estrutura helicoidal, apresentada a partir de um corte ilustrativo, ao girar dentro de uma tubulação de diâmetro justo impelido
por um motor, conduz a água de forma ascendente.
189
UNICESUMAR
Pode-se, então, observar que, em todos os tipos de bombas, uma quantidade de energia deve ser conferida
ao fluido para que o escoamento se processe com vazão e pressão, de acordo com as demandas de pro-
jeto. Deste modo, é necessário determinar a quantidade de energia por unidade de tempo que a bomba
deve ser capaz de transferir para o fluido, ou seja, a potência da bomba, dada pela seguinte equação.
Onde:
PH = Potência Hidráulica (W)
PH g Q H man g = Peso específico do fluido (N/m3)
Q = Vazão (m3/s)
Hman = Altura Manométrica (m.c.a)
É possível, também, realizar o cálculo de modo a se obter a potência da bomba em cavalo-vapor (CV),
unidade de medida comercial, para tanto, pode-se empregar a seguinte equação:
Onde:
g Q H man PH = Potência Hidráulica (CV)
PH g = Peso específico do fluido (kgf/m3)
75
Q = Vazão (m3/s)
Hman = Altura Manométrica (m.c.a)
190
UNIDADE 7
A altura manométrica (Hman) é o resultado da soma do desnível geométrico (Hg) com a perda de carga
da tubulação (Hf), podendo ser reescrito como:
H man H s H r H fs H fr
Onde:
Hman = Altura Manométrica (m.c.a)
Hs = Altura Geométrica de Sucção (m.c.a)
Hr = Altura Geométrica de recalque (m.c.a)
Hfs = Perda de carga na tubulação de Sucção (m.c.a)
Hfr = Perda de carga na tubulação de Recalque (m.c.a)
Entende-se por tubulação de sucção toda aquela abaixo no nível da bomba, na qual o fluido escoa,
devido à diferença da pressão atmosférica e o vácuo parcial no interior da bomba, já a tubulação aci-
ma da bomba, a qual recebe o fluido impulsionado pela bomba é denominada tubulação de recalque.
A Combinação da sucção, com o recalque, as válvulas, as peças e o conjunto motobomba (motor +
bomba) formam o esquema hidráulico apresentado na Figura 9.
Piezom
é trica N
hf r As máx NAs máx
hf i
Rs
Saída
Hman máx
DNr1 L r
Hg máx
Hr
VR
NM
VB
DNi1 L i
Hs
Ri
VR
Descrição da Imagem: a figura apresenta o desenho de um esquema hidráulico típico; na parte de baixo da figura, apresenta-se o
reservatório inferior (Ri) do qual a água é retirada e levada para o reservatório superior (Rs); temos a representação de uma bomba
hidráulica, tubulações e válvulas ligando ambos os reservatórios. A distância entre o nível da água do reservatório inferior até a linha
piezométrica é apresentada como altura manométrica máxima (Hman máx), a distância entre o nível da água do reservatório inferior
até o nível da água do reservatório superior é apresentada como altura geométrica máxima (Hg máx).
191
UNICESUMAR
Em um esquema típico de recalque, a peça mais abaixo é a válvula de retenção (VR), comumente,
utiliza-se válvula de pé com crivo, sendo o crivo necessário para evitar a entrada de materiais estra-
nhos na bomba, enquanto a válvula impede o retorno do fluido para o reservatório inferior, evitando
a necessidade de escorva. Acima da bomba, além da válvula de retenção, conta-se também com a
válvula de bloqueio, necessária para regular a vazão, e, além destas, podem ser necessárias diversas
outras peças, como registros, tês, uniões, entre outras. É importante frisar que os diâmetros nominais
de sucção e recalque (DN), assim como os comprimentos (L), variam de acordo com a necessidade de
projeto, influenciando, diretamente, na perda de carga e, consequentemente, na altura manométrica
e na potência da bomba.
Também, é importante descrever que a potência hidráulica (PH) é diferente da potência real (PR)
da bomba, pois se faz necessária a ponderação pelo rendimento do motor e da unidade geratriz uma
vez que a potência hidráulica corresponde, apenas, à energia necessária para que o fluido realize o
escoamento. Para determinar a potência ideal, a seguinte equação pode ser utilizada:
Onde:
PI = Potência ideal (CV)
PH
PI PH = Potência Hidráulica (CV)
hMotor h Bomba hMotor = Rendimento do motor
h Bomba = Rendimento da bomba
Onde:
PN PI Fs PN = Potência Nominal (CV)
PI = Potência ideal (CV)
FS = Fator de Segurança - Tabela 1
192
UNIDADE 7
Onde:
NPSH D NPSH R Fs NPSHD = Net Positive Suction Head Disponível (m.c.a)
NPSHR = Net Positive Suction Head Requerido (m.c.a)
FS = Fator de Segurança – Comumente atribui-se 0,6 m.c.a
193
UNICESUMAR
O cálculo do NPSHD é função da pressão atmosférica, pressão de vapor do fluido, desnível geométrico
e perda de carga do sistema hidráulico de sucção.
Onde:
NPSH D H 0 HV H s H fs NPSHD = Net Positive Suction Head Disponível (m.c.a)
H0 = Pressão de atmosférica (m.c.a)
HV = Pressão de vapor do fluido (m.c.a)
HS = Altura da sucção (m.c.a)
Hfs = Perda de carga da sucção (m.c.a)
Note que quanto maior a altitude, menor é a pressão atmosférica, e, assim, o fluido tende a passar, mais
facilmente, para o estado gasoso, por isso, a altitude é fator determinante no projeto de bombeamento
hidráulico. Outro fator diz respeito à temperatura do fluido, quanto maior o estado de agitação das
partículas, maior é a pressão de vapor do fluido, ou seja, uma pequena redução da pressão do ambiente
já é suficiente para que o fluido passe para o estado gasoso. Os valores de referência são apresentados
na Tabela 3.
194
UNIDADE 7
Note que, na temperatura de 100 °C, a pressão de vapor é igual a uma atmosfera, ou seja, a água ga-
seifica-se mesmo sem redução da pressão. Já em temperaturas menores, a pressão de vapor diminui,
tornando mais difícil a evaporação, por isso, resfriar o fluido pode ser uma técnica para evitar a cavita-
ção. Outros fatores que exercem forte correlação com a cavitação é a altura geométrica da sucção, que,
juntamente com a perda de carga deste segmento do esquema hidráulico, reduzem o NPSHD. Para evitar
a cavitação, busca-se maximizar o NPSHD, deste modo, a altura da sucção deve ser minimizada, mesmo
que isso implique aumento da altura de recalque. Além disso, para reduzir a perda de carga da sucção,
o diâmetro da sucção tende a ser maior, e as peças, como joelhos, podem ser substituídas por curvas.
Por isso, o dimensionamento apropriado do esquema hidráulico é fundamental para que o sistema
funcione, adequadamente, buscando sempre minimização de custos envolvidos. Isto implica obter a
menor potência de bomba capaz de fornecer energia necessária para o escoamento, assim como o
menor diâmetro possível para a tubulação de sucção e recalque. Estas variáveis constituem um clássico
problema de otimização, pois, ao reduzir o diâmetro dos tubos, reduz-se o custo da tubulação, contudo
aumenta a perda de carga e, consequentemente, a potência necessária também aumenta.
195
UNICESUMAR
Várias foram as tentativas de determinação do diâmetro ideal (econômico), uma solução bastante em-
pregada, válida para bombas de funcionamento contínuo. Consiste na aplicação da fórmula de Bresse,
que compreende os preços de eletricidade, dos materiais das tubulações, dos custos de implantação das
tubulações e das máquinas empregadas, compilados em um coeficiente (AZEVEDO NETO, 2015).
Onde:
DK Q D = Diâmetro de recalque (m.c.a)
Q = Vazão (m3/s)
K = Coeficiente de Bresse
Para bombas de funcionamento, em apenas algumas horas por dia, pode-se lançar mão da seguinte
equação:
0,25 Onde:
t
D 1, 3 Q D = Diâmetro de recalque (m.c.a)
24
Q = Vazão (m3/s)
t = Tempo diário de funcionamento (horas)
Desta forma, pode-se adotar o seguinte roteiro para o cálculo de sistemas de bombeamento.
1°. Vazão de projeto: como apresentado no Ciclo de Aprendizagem 4, é possível estimar a vazão de
projeto a partir de tabelas de referência ou de cálculos descritos nas NBRs referentes ao projeto.
Um exemplo pode ser observado na NBR 12218, que trata dos projetos de distribuição de água
para abastecimento público e apresenta o método específico para a determinação da vazão de
demanda para uma população de habitantes.
2°. Pressão de projeto: quando se trata de um sistema de recalque com reservação superior, esta
pressão pode ser desconsiderada, adotando-se apenas a altura manométrica para os cálculos. No
entanto, nos casos em que a bomba alimenta, diretamente, equipamentos, a pressão necessária
para o funcionamento destes deve ser adicionada à altura manométrica.
196
UNIDADE 7
3°. Diâmetro de Recalque: para a determinação do diâmetro de recalque, faz-se necessário iden-
tificar o tempo de funcionamento para a aplicação da fórmula de Bresse para contínuo, ou a
fórmula para funcionamento em apenas algumas horas do dia.
4°. Diâmetro de Sucção: comumente, atribui-se o diâmetro de sucção como o imediatamente su-
perior na escala comercial, ou seja, se o diâmetro de recalque de um projeto é igual a 75 mm,
utiliza-se para a sucção uma tubulação com diâmetro de 100 mm. Este é um parâmetro válido,
desde que respeite os limites de velocidade mínimos e máximos apresentados pela legislação
pertinente ao projeto. Novamente, tomando por exemplo os parâmetros estabelecidos pela
NBR 12218, velocidades abaixo de 0,4 m/s em tubulações não são recomendadas, só sendo
permitidas mediante justificativas técnicas.
5°. Esquema hidráulico: deve apresentar todas as tubulações com os respectivos comprimentos
e diâmetros, assim como as demais peças e acessórios; sugere-se a elaboração de um croqui.
6°. Cálculo da perda de carga: nesta etapa, caso o valor encontrado seja maior que 10%, ou seja,
uma redução maior que 10 cm na linha piezométrica a cada metro de tubulação, os diâmetros
devem ser reajustados, e os cálculos refeitos. É importante frisar que os cálculos de perda de
carga de sucção (Hfs) e de recalque (Hr) devem ser realizados, separadamente, uma vez que os
diâmetros são distintos. Para tanto, são empregadas metodologias descritas no Ciclo de Apren-
dizagem 4, entre elas as fórmulas de Hazen-Williams, quando dentro das condições definidas,
contudo preconiza-se a equação de Darcy-Weisbach, associada à fórmula de Celebrook-White.
7°. Alturas geométricas: o desnível de sucção e de recalque devem ser determinados, buscando
sempre a redução da altura de sucção para evitar a possibilidade da ocorrência do fenômeno
da cavitação.
8°. Potência hidráulica: este cálculo permite identificar a quantidade de energia necessária por
unidade de tempo para que o escoamento ocorra de acordo com as demandas de projeto; o
cálculo pode ser realizado de modo obter a potência em Watts ou em CV.
9°. Potência ideal: a partir do rendimento do conjunto motobomba pré-selecionado, pondera-se
a potência hidráulica para a obtenção da potência ideal, o rendimento é um dado fornecido
pelo fabricante e varia de acordo com as condições de uso, fabricantes e modelos.
10°. Potencia nominal: a partir da potência ideal e do desnível geométrico, escolhe-se o modelo
da motobomba de acordo com as especificações do fabricante, deve-se considerar o fator de
segurança de acordo com a Tabela 1.
11°. Cavitação: realiza-se o cálculo do NPSH, baseado nas condições de altitude da instalação do
sistema (Tabela 2) e da pressão de vapor do fluido (Tabela 3) para verificar o atendimento da
relação NPSH disponível e NPSH requerido.
12°. Projeto final: além da lista detalhada de todos os materiais constituintes do sistema hidráuli-
co, deve-se calcular a vazão estimada, assim como a linha piezométrica, para a verificação da
adequação do sistema proposto às demandas de projeto.
197
UNICESUMAR
Para a análise final de um projeto de instalação hidráulica de recalque, faz-se necessária a compreensão
das alterações do funcionamento da bomba e as implicações sobre a operação do sistema. Por exemplo,
o aumento da perda de carga em decorrência de incrustações pode levar à redução da vazão, da mesma
forma, o aumento do nível do reservatório inferior reduz o desnível geométrico e pode contribuir para
o aumento da vazão. Além disso, a velocidade de rotação do rotor também exerce forte influência sobre
os parâmetros de funcionamento do sistema, estabelecendo diferentes relações com a vazão, altura
manométrica e pressão. A relação entre as rotações por minuto (RPM) do rotor associadas à vazão,
segundo a seguinte equação:
RPM 1 Q1
=
RPM 2 Q2
Ou seja, a velocidade de giro do rotor apresenta uma relação, diretamente, proporcional à vazão trans-
portada, já a altura de recalque obedece a uma relação quadrática com a velocidade do rotor dada pela
seguinte equação:
RPM1 2
H1
RPM 2 2 H2
Quanto à pressão do fluido dentro da tubulação, a relação é cúbica com a velocidade do rotor, dada
pela equação:
RPM1 3 P1
RPM 2 3 P2
Cumpre descrever que duas ou mais bombas podem utilizadas para o atendimento das demandas
de projeto, podendo as associações serem realizadas em série ou em paralelo. Na primeira, em série,
a saída de uma bomba é ligada à entrada da outra, fazendo com que o volume que passa por ambas
seja igual. Neste caso, a vazão transportada é a mesma caso apenas uma das bombas fosse utilizada,
contudo a pressão resultante é a soma das pressões impelidas por cada bomba. Já na associação em
paralelo, a tubulação de sucção divide-se antes da entrada da bomba, unindo-se, novamente, apenas
depois da passagem pelo sistema de impulsão. Neste caso, a pressão do sistema é a mesma caso apenas
uma das bombas estivesse conectada, contudo a vazão corresponde à soma das vazões individuais das
bombas. Estas relações são apresentadas, de forma resumida, na Tabela 5.
Tabela 5 - Associações de bombas
Associação Vazão Pressão
198
UNIDADE 7
199
Durante este ciclo de apren- Potência Nominal
dizagem, foram analisadas
diversas etapas para a de-
terminação da potência
nominal das bombas em-
pregadas em sistemas hi-
dráulicos. A respeito dessas
Potência Ideal
etapas, preencha as lacunas
do fluxograma.
Redimento
Altura manométrica
Desnível Geométrico
MAPA MENTAL
Darcy-Weisbach Hazen-Williams
Descrição da Imagem: Mapa Mental organizado de forma vertical, tendo, no topo, um balão com os temos “Potência nominal”;
deste balão principal ramificam-se dois balões, um a ser preenchido, e outro com as palavras “Potência ideal”, deste derivam-se
outros dois balões, em um deles apresenta-se a palavra “rendimento”, e o outro deve ser preenchido. Deste balão a ser preenchido,
ramificam-se três outros balões: no primeiro, há os termos “Peso específico do fluido”, no segundo, “Altura manométrica”, e o ter-
ceiro você deve preencher. No balão com os termos “Altura manométrica”, originam-se dois balões, um com a descrição “Desnível
Geométrico”, e outro a ser preenchido, do qual derivam-se dois balões contendo os termos “Darcy-Weisbach” e “Hazen-Williams”.
200
1. Uma bomba centrífuga foi instalada ao nível do solo com o objetivo de drenar a água que se
acumula no fundo de um poço com 11 metros de profundidade, contudo, ao acionar a bomba,
não se observa o escoamento do fluido. Para resolver o problema, será necessário:
a) Utilizar duas bombas associadas em série, ao nível do solo.
b) Utilizar duas bombas em paralelo, ao nível do solo.
c) Utilizar uma bomba de maior potência.
d) Reduzir o desnível geométrico da sucção.
e) Substituir a bomba, porque apresenta defeito, pois, mesmo nestas condições, uma vazão deveria
ser observada.
2. Dimensione uma bomba capaz de transportar uma vazão de 30 l/s de água cujo peso específico
é 10000 N/m3, o que equivale a 1000 kgf/m3, e a viscosidade é de 1,03·10-3 Pa·s, em um ambiente
cuja gravidade é igual a 10 m/s2. Sabendo que o sistema deve superar um desnível de 5 metros
e entregar uma pressão de 100 kPa, considere o rendimento do conjunto motobomba de 80%.
a) Potência Hidráulica (W).
b) Potência Hidráulica (CV).
c) Potência Ideal (CV).
d) Potência Nominal (CV).
3. Determine qual o diâmetro de recalque para o transporte de uma vazão de 30 l/s de água cuja
4. Qual a máxima altura de sucção para uma bomba centrífuga instalada a 750 de altitude em re-
lação ao nível do mar, que bombeia água a uma temperatura de 20 °C? Sabe-se que a perda de
carga da sucção é de 1,489 m.c.a, e o NPSH requerido é de 2,5 m.c.a.
201
1. Alternativa correta letra D, pois, independentemente da potência da bomba, a altura de sucção não pode
ser maior que 10,33 m.c.a, sendo esta o valor da pressão atmosférica ao nível do mar, ou seja, a força que
empurra o fluido para dentro da bomba.
PH g Q H man
Substituindo as variáveis:
N m3
PH 10000 3
30 103 15m
m s
Obtém-se:
PH = 4500W
b. Partindo da equação apresentada no ciclo de aprendizagem,
g Q H man
PH
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
75
Substituindo as variáveis:
3
kgf 3 m
1000 30 10 15m
PH m3 s
75
Obtém-se:
PH = 6CV
202
c. Partindo da equação apresentada no ciclo de aprendizagem,
PH
PI
hMotor h Bomba
Substituindo as variáveis:
6CV
PI =
0, 80
Obtém-se:
PI = 7, 5CV
d) Partindo da equação apresentada no ciclo de aprendizagem,
PN PI Fs
Substituindo as variáveis:
PN = 9CV
203
3. a. Partindo da equação apresentada no ciclo de aprendizagem,
DK Q
Substituindo as variáveis:
D 1, 3 30 103 m3 / s
Obtém-se:
24
Obtém-se:
NPSH D NPSH R Fs
Inserindo a equação do NPSHD
H 0 HV H s H fs NPSH R Fs
Isolando a variável de interesse.
H 0 HV Fs H fs NPSH R H s
Substituindo as variáveis
5m.c.a > H s
Ou seja, a máxima altura de sucção para o esquema hidráulico é de 5 m.
204
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica, 9. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.
ABNT. NBR 12218 – Projetos de distribuição de água para abastecimento público. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
REFERÊNCIAS
205
MEU ESPAÇO
206
8 Noções Sobre
Escoamento Variável
em Condutos Forçados
Dr. Fernando Marcos Weronka
São comercializados, atualmente, diversos tipos de registros para controle da vazão da água em tubula-
ções residenciais, entre eles os registros de pressão, gaveta e globo são os mais comuns. No entanto, mais
recentemente, os registros de pastilhas cerâmicas têm ganhado destaque pela facilidade no uso. Estes se
tornaram conhecidos como registros de um quarto de volta por serem capazes de fechar, completamente,
a tubulação com um movimento de rotação de apenas 90 graus, o que traz conforto ao usuário pela
velocidade e precisão no controle do fluxo da água. Este tipo de registro é considerado mais moderno,
sendo o preferido pelos usuários dos sistemas hidráulicos, contudo podem criar sérios problemas caso
o projetista negligencie o golpe de aríete causado pelo rápido acionamento deste dispositivo. Você sabia
que a velocidade de fechamento de um registro pode acarretar elevação brusca da pressão dentro das
tubulações com potencial de causar problemas ao funcionamento do sistema hidráulico?
Quando um fluido está em movimento dentro de uma tubulação, o princípio da continuidade está
sendo aplicado, ou seja, a vazão transportada corresponde ao produto da área da seção do conduto e
da velocidade do escoamento. Desta forma, entende-se que a massa de fluido transportado se mantém
constante ao longo do escoamento, analogamente, a quantidade de energia deste escoamento também
se mantém constante. Ou seja, o princípio da conservação de energia também é respeitado, portanto,
a massa do escoamento multiplicada pela velocidade do escoamento deve permanecer constante ao
longo do conduto. No entanto com a variação das propriedades da tubulação, tal qual a redução do
diâmetro, devido ao acionamento de um registro, ocorre uma alteração na velocidade de transporte
do fluido, podendo, até mesmo, chegar a zero caso o registro seja completamente fechado. A inércia do
movimento do fluido faz com que o escoamento tenda a continuar fazendo com que a energia cinética
passe a ser convertida em energia piezométrica, ou seja, pressão. Esta pressão está relacionada tanto à
velocidade inicial do escoamento quanto à velocidade da redução da vazão, portanto, um escoamen-
to de alta velocidade, quando tem a vazão reduzida, abruptamente, apresenta fortes pressões sobre a
tubulação e demais componentes hidráulicos, como bombas válvulas e registros. Por este motivo, o
fenômeno conhecido como transiente hidráulico, que ocorre quando as propriedades do escoamento
são alteradas, pode gerar grandes sobrecargas. O fenômeno relativo a estas sobrecargas ficou conhecido
como golpe de aríete ou martelo hidráulico pela alta força com a qual atinge o sistema, desta forma,
é fundamental que este seja considerado nos cálculos de dimensionamento de condutos forçados.
Para que entender mais facilmente do que se trata o golpe de aríete você pode fazer a observação de
um dispositivo hidráulico presente em boa parte das residências, a caixa de descarga. Para que o vaso
sanitário desempenhe adequadamente a função de afastar os dejetos o mais depressa possível faz-se
necessário que este receba uma grande vazão, por isso comumente contam com uma caixa acoplada.
A rede de distribuição raramente apresenta vazão suficiente, por isso a caixa acumula água entre os
períodos de acionamento e libera-a em um curto espaço de tempo quando demandada, aumentando
assim a vazão resultante. A caixa de descarga, conta com um sistema de fechamento automático, para
que logo depois do acionamento, volte acumular água preparando o sistema para o próximo ciclo e
limpeza do vaso sanitário. Neste momento de fechamento você poderá perceber um súbito golpe,
podendo até mesmo ouvir um barulho, a interrupção abrupta de um fluxo de água dá origem ao
fenômeno do transiente hidráulico, que está relacionado ao golpe de aríete, e é isso que você estará
observando neste instante.
208
UNIDADE 8
209
UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
Para o dimensionamento de condutos forçados e sistemas elevatórios, é comum que o projetista faça
algumas considerações a respeito da dinâmica dos escoamentos, o que permite a simplificação dos
cálculos sem, no entanto, prejudicar o resultado do procedimento. É o caso, por exemplo, da descon-
sideração da pressão gerada pela energia cinética uma vez que esta representa uma pequena fração da
energia total dos escoamentos dentro das tubulações. Pois, enquanto a energia piezométrica está na
escala de metros, a energia cinética é medida em poucos centímetros, quando respeitados os limites
de velocidade recomendados pelos fabricantes de tubos e pela normatização.
Outra simplificação bastante comum consiste em considerar a vazão constante ao longo do es-
coamento, como os condutos comerciais apresentam diâmetros uniformes, isso implica velocidade
também constante. No entanto, é sabido que tanto a vazão quanto a velocidade podem variar pela
ação de válvulas, registros, acionamento e parada de bombas e turbinas, assim como pela presença de
bolsões de ar e outras interrupções de fluxo. Devido à característica altamente fluida da água, estes
fenômenos resultam em grandes alterações de pressão uma vez que, segundo a primeira Lei de Ne-
wton, um corpo em movimento tende a permanecer em movimento, assim como um corpo parado
tende a permanecer neste estado até que forças ajam sobre ele. Ou seja, quando há alteração da vazão,
a massa do fluido que estava em movimento tende a continuar em movimento, gerando, assim, ondas
de choque que transitam em altas velocidades pelo fluido, caracterizando, então, o que se denomina
escoamento transiente.
210
UNIDADE 8
A aplicação da segunda Lei de Newton permite estimar o impacto deste fenômeno, pois esta rela-
ciona a força ao produto da massa e da aceleração de um corpo, portanto, com a variação da veloci-
dade do escoamento, tem-se uma aceleração, o que não se observa em escoamento uniforme. Logo,
pela aplicação da segunda Lei de Newton, uma força é gerada uma vez que a água apresenta massa,
e a variação de velocidade constitui uma aceleração do fluido, e esta força impacta as tubulações, as
peças e os acessórios, por meio de um fenômeno denominado golpe de aríete, ou martelo hidráulico.
O termo aríete faz alusão a uma arma de guerra medieval usada para romper portões, muros e
barricadas, comumente, constituída de um tronco sólido, com uma cabeça de carneiro feita de metal,
na extremidade, como pode ser observado na Figura 1.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma arma medieval chamada aríete, composta por um tronco de madeira com uma
cabeça de carneiro, feita de metal, na extremidade. A figura mostra vários homens segurando a arma nos ombros e a empurrando
em direção a um muro para que, desta forma, a força dos homens seja conduzida pela madeira até chegar na cabeça de carneiro
cuja resistência é suficiente para suportar a pressão dos golpes capazes de derrubar o muro inimigo.
211
UNICESUMAR
Desta forma, acredita-se que o termo se popularizou pelo alto impacto que este fenômeno provoca
sobre a estrutura física das instalações hidráulicas cuja magnitude está, diretamente, relacionada à taxa
de variação da velocidade, ou seja, com a velocidade com que escoamento varia, já que este é o conceito
de aceleração. Logo, quanto menor o tempo de fechamento de um registro, por exemplo, mais forte
será o impacto do golpe do martelo hidráulico.
A aplicação deste conceito permite concluir que, caso a água seja incompressível, e a tubulação
inelástica ocorra, o fechamento instantâneo de uma válvula à pressão gerada pelo escoamento sobre
a tubulação tenderia ao infinito (AZEVEDO NETO, 2015). Na prática, entretanto, sempre existe um
tempo, por menor que seja, para a interrupção do fluxo, e é possível estimar que a parada brusca do
escoamento tem potencial de gerar pressões altíssimas capazes de provocar danos altamente onerosos.
Desta forma, os fenômenos transitórios não podem ser desconsiderados no dimensionamento de tubu-
lações e sistemas de elevação, devendo ser estimados, permitindo a predição das pressões decorrentes,
com intuito de conferir segurança e confiabilidade aos projetos hidráulicos.
Esta sobrepressão nas tubulações ocorre porque a energia cinética do escoamento, rapidamente, é
convertida em energia de pressão, como por ser observado na Figura 2.
LINHA DE CARGA
V2
2xg
V
VA
Descrição da Imagem: a figura é uma representação esquemática na qual é possível observar um reservatório cujo nível do fluido
está acima da tubulação, impelindo um escoamento com velocidade (v), logo, esta velocidade constitui uma quantidade de energia
cinética dada na figura pela equação velocidade ao quadrado, dividida pelo dobro da gravidade. Na figura, também, é possível ob-
servar um esquema representando uma válvula de abertura ao final da tubulação através da qual escoa uma vazão (Q).
Note que, com o fechamento da válvula de abertura (VA), a velocidade do escoamento é reduzida a
zero, como a energia cinética é relativa à velocidade, sem ela, a energia cinética é nula. No entanto,
respeitando o princípio de conservação de energia apresentado na Unidade 3, a energia que já está na
forma de velocidade não pode ser destruída ou, apenas, desaparecer. Logo, é convertida em pressão
uma vez que não há possibilidade da conversão em energia potencial, pela limitação geométrica da
tubulação. Esta pressão excedente, se não houver rompimento da tubulação, cria uma onda no sentido
contrário ao escoamento inicial, já que a pressão neste ponto da tubulação é maior que no reservatório
que impelia o escoamento, inicialmente. Na Figura 3, é possível observar como este fenômeno ocorre,
considerando cada seção da tubulação como uma lâmina de água com espessura infinitesimal.
212
UNIDADE 8
RESERVATÓRIO
n-2-1
n
n
e H
v
RESERVATÓRIO
er t ”
ab ula “R
a
654
lv
321
Vá
n-2-1
n
n
e
v
RESERVATÓRIO
D
D+
ha R”
fec vula “
da
l
Vá
654
321
n-2-1
n
n
e
v
D
D+
ha R”
fec vula “
da
654
l
321
Vá
Descrição da Imagem: a figura consiste na representação esquemática de uma tubulação na qual, em uma das extremidades,
encontra-se um reservatório e, na outra, uma válvula “R”; o diâmetro da tubulação é representado por “D”, a espessura da parede
da tubulação por “e”, a velocidade do escoamento por “V”. Cada seção da tubulação apresenta um volume de controle de espessura
infinitesimal, numerados a partir da válvula em ordem crescente; próximo ao reservatório encontram-se os volumes “n”, “n-1” e “n-2”.
O esquema repete-se três vezes, cada uma representando um momento, descritos como “instante t1”, “instante t2” e “instante t3”.
No instante t1, o escoamento ocorre de modo uniforme, ou seja, a velocidade é constante ao longo da
tubulação, pois a válvula “R” está aberta. Perceba que a velocidade tem o sentido do reservatório para
a válvula, e o fluido apresenta infinitas lâminas, cada uma ocupando uma espessura infinitesimal da
tubulação. Nesta representação do escoamento, cada lâmina de fluido comporta-se como um disco,
movimentando-se através do tubo, onde o disco mais próximo à válvula é referido como “1”, e o mais
próximo ao reservatório é referido como disco n.
213
UNICESUMAR
No instante t2, com o fechamento da válvula “R”, o disco 1 é comprimido por todos os demais discos
pelo efeito da inércia do movimento do fluido, devido à impossibilidade de continuar com velocidade
“V”, a energia cinética converte-se em pressão o que faz o tubo sofrer uma deformação elástica, pas-
sando do diâmetro “D” para o diâmetro “D+ΔD”. Isso também ocorre, sucessivamente, com os discos
“2”, “3” e “4” até o disco “n”, como representado no instante t3. Esta onda de pressão transita por todo o
comprimento da tubulação, e, como a pressão no interior do tubo, neste instante, tornou-se maior que
a pressão no reservatório, o disco “n” é impelido para o interior do reservatório, devido aos esforços
internos do fluido e a elasticidade do tubo.
Note que não foram transportados os discos “1”, “2”, “3” e “4” através da tubulação, apenas a onda de
pressão, fazendo com que a camada “n” passasse a se movimentar na direção oposta ao sentido inicial,
ou seja, na válvula para o reservatório, dado este movimento com a mesma velocidade inicial, mas com
sentido oposto, podendo ser referida como “-V”, enquanto a velocidade da onda de pressão é referida
como celeridade. Quanto ao tempo necessário para o transcorrer deste fenômeno, é dado por:
Onde:
2 L t = Período da onda (s)
t L = comprimento da tubulação (m)
c
c = celeridade de propagação da onda (m/s)
Entende-se, deste modo, que o disco “1” ficou sob efeito de uma sobrepressão pelo período “ t ”, após
este instante, sob efeito da velocidade “-V” tem-se um período “ t ” no qual o disco “1” está sujeito a uma
subpressão, originando, assim, um comportamento oscilatório de pressão, apresentado na Figura 4.
2xL
= C
Sobre-pressão
ha
Pressão
H= estática
Depressão
t
Descrição da Imagem: a figura mostra uma onda retangular na qual, por um período “ ”, a pressão permanece positiva (sobre-
t
pressão), seguida por um período “ ” de pressão negativa (depressão), ambas em relação à pressão estática.
214
UNIDADE 8
Perceba que, nesta onda, não se considera as perdas de carga, por isso, a amplitude da onda permanece
igual ao longo do escoamento, caso o atrito seja considerado, a onda de pressão resultante assemelha-
ria-se à Figura 5.
Neste contexto, para a predição das pressões no interior das tubulações em escoamentos variáveis,
faz-se necessário o conhecimento da velocidade de propagação das ondas de pressão, assim, pode-se
utilizar, para a estimativa deste parâmetro, o método de Allievi, descrito pela equação:
Onde:
c = Celeridade da onda de pressão (m/s)
r = Massa específica do fluido (kg/m3)
1
c e = Módulo de elasticidade do fluido (Pa)
1 D
ρ E = Módulo de elasticidade da canalização (Pa)
ε E e e = Espessura da tubulação (m)
D = Diâmetro da tubulação (m)
Aplicando esta equação para a água cuja massa específica ( r ) é dada por 1000 kg/m3, e o módulo de
elasticidade ( e ) é de 2 GPa, pode-se obter:
Onde:
c = celeridade de propagação da onda (m/s)
9900
c D = Diâmetro útil da tubulação (m)
D e = Espessura do tubo (m)
48, 3 k
e k = Coeficiente em função dos módulos de
elasticidade da tubulação
215
UNICESUMAR
Onde:
1010
k= E
k = Coeficiente em função dos módulos de elasticidade da tubulação
E = Módulo de elasticidade da canalização (Pa)
Onde:
t = Tempo de manobra (s)
2 L L = Comprimento da tubulação (m)
t
c c = celeridade (m/s)
216
UNIDADE 8
Onde:
ha = Aumento da pressão (m.c.a)
cv
ha c = Celeridade da onda de pressão (m/s)
g
v = Velocidade do fluido (m/s)
g = Gravidade (m/s2)
Esta pressão aplica-se a um comprimento a partir da extremidade fechada da tubulação dada pela
seguinte equação:
Onde:
CP = Comprimento pressurizado (m)
c t
CP L L = Comprimento total da canalização (m)
2
c = Celeridade da onda de pressão (m/s)
t = Tempo de manobra (s)
A partir deste ponto, a pressão extra reduz, linearmente, até o início da tubulação, onde se torna nula,
como observado na Figura 6.
Descrição da Imagem: a figura representa uma tubulação de comprimento “L”, em cuja extremidade observa-se uma sobrepressão
máxima “ha" que se estende pelo comprimento “CP”; a partir deste, ocorre uma redução até zerar no início da tubulação.
217
UNICESUMAR
Já para manobras lentas, para a determinação da pressão extra máxima, aplica-se a fórmula aproximada
de Michaud-Vensano, dada pela seguinte equação:
Onde:
ha = Aumento da pressão (m.c.a)
c = Celeridade da onda de pressão (m/s)
cv t
ha v = Velocidade do fluido (m/s)
g t
g = Gravidade (m/s2)
t = Período da onda (s)
t = Tempo de manobra (s)
Onde:
ha = Aumento da pressão (m.c.a)
2 Lv
ha L = Comprimento total da canalização (m)
g t
v = Velocidade do fluido (m/s)
g = Gravidade (m/s2)
t = Tempo de manobra (s)
Neste caso, manobra lenta, a pressão reduz-se, linearmente, tendo o máximo próximo à extremidade
fechada e o mínimo no início da tubulação, como apresentada na Figura 7.
ha 2•L•v
g•t
Início Extremidade
L
Descrição da Imagem: a figura representa uma tubulação de comprimento “L”, na extremidade, observa-se uma sobrepressão
máxima “ha", a partir desta, ocorre uma redução linear até zerar no início da tubulação. No entanto uma série de teorias e fórmu-
las visam à determinação da pressão máxima exercida pelo golpe de aríete, dentre elas destacam-se a fórmula De Sparre, Teoria
Inelástica Johnson et al. e Teoria Elástica de Allievi, Gibson e Quick.
218
UNIDADE 8
Onde:
ha = Aumento da pressão (m.c.a.)
2 Lv 1
ha L = Comprimento total da canalização (m)
g t Lv
2 1 v = Velocidade do fluido (m/s)
2 g t H g = Gravidade (m/s2)
t = Tempo de manobra (s)
H = Carga Inicial (m)
Lv
ha L v 4 g 2 H 2 t 2 L2 v2
2 g H t
2 2
Onde:
ha = Aumento da pressão (m.c.a.)
L = Comprimento total da canalização (m)
v = Velocidade do fluido (m/s)
g = Gravidade (m/s2)
t = Tempo de manobra (s)
H = Carga Inicial (m)
Já a teoria elástica foi desenvolvida por Allievi, Gibson e Quick a qual contempla o comportamento
elástico das tubulações, além da compressibilidade da água. Tem-se, então, a variação da pressão em
decorrência do golpe de aríete apresentada no seguinte nomograma:
219
UNICESUMAR
10,0
15,0
1,1
1,5
2,0
3,0
5,0
2 15,0
3 10,0
4
1 5,0
5 5
2 4,0
3 6
3,0
Fator de tempo “N” = t/
4 7
H + ha
2,5
H
5 8
6
Valores de
10 9
7
10
8
2,0
11 1,9
9
10 12 1,8
11 13
15 1,7
12
14
13
15
1,6
14
16
15
16 17
20 1,5
1,1 1,2 1,3 1,4
Figura 8 - Gráfico de Allievi para golpe de aríete
Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 300).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico que relaciona o coeficiente “K” das tubulações com o fator “t” sobre “ ”, t
denominado fator de tempo “N”, a partir destes, obtêm-se a relação da variação de pressão e o intervalo de tempo até que esta
seja atingida.
Onde:
H + ha
ha = Aumento da pressão (m.c.a.)
H
H = Carga Inicial (m.ca)
220
UNIDADE 8
Ou seja, a relação entre a sobrepressão e a pressão inicial do sistema, entretanto, estes métodos con-
sistem em aproximações uma vez que o fenômeno do golpe de aríete é muito complexo, envolvendo
inúmeras condições e variáveis (AZEVEDO NETO, 2015). Esta consiste em uma área de estudo, na
qual a modelagem computacional encontra ampla aplicação, especialmente, em casos nos quais se
exige precisão na estimativa de pressão no interior de tubulações sujeitas a fenômenos transitórios.
Dentre os modelos matemáticos embarcados em softwares, destaca-se o Allievi, utilizado no software
homônimo para a simulação de fenômenos hidráulicos transitórios.
Caso você tenha ficado curioso sobre como o software Allievi funciona
para a simulação do fenômeno do golpe de aríete, selecionamos este
vídeo com algumas instruções básicas de uso. Este programa pode
ser muito útil tanto para a resolução de problemas teóricos como na
atuação profissional. Vale muito a pena conferir!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
02 02
Para impedir que determinados
valores máximos recomenda-
dos de pressão sejam ultrapas-
01 01
sados no interior dos condutos
03 03
forçados, diversos modelos de
dispositivos de segurança fo-
04 04
ram implementados, entre eles
as válvulas de alívio, os tanques
unidimensionais (TAUs), tan-
ques bidimensionais (TABs) e 05
os volantes de inércia. 05
221
UNICESUMAR
Note que, neste tipo de dispositivo, o ar empurra o disco de vedação para baixo, mantendo a tubulação
de purga fechada, enquanto o líquido empurra o disco de vedação para cima, forçando a abertura da
tubulação de purga. Quando a força do líquido supera a pressão predefinida pela válvula, é ajustada pelo
ar comprimido, o líquido escoa pela tubulação de purga, aliviando a pressão na tubulação principal.
Já nos tanques bidirecionais acumuladores de ar, sejam elas de pistão sejam de bexiga, respondem à
variação da pressão da tubulação, recebendo o trabalho gerado pelo fluido, desta forma, o gás com-
prime-se ou se expande, amortecendo as pressões sobre a tubulação (Figura 11).
222
UNIDADE 8
Tipo
bexiga
Gás ou ar
comprimido
Gás ou ar
comprimido
H 2O
H 2O
Posição 1 Posição 2
Tipo
Pistão
Gás ou ar
comprimido Figura 11 - Câmara de ar comprimido
Gás ou ar
comprimido Fonte: Azevedo Neto (2015, p. 304).
Note que o fluido transportado, representado na cor cinza clara, é capaz de transferir trabalho, dire-
tamente, para o gás do compartimento. Como o módulo de elasticidade dos gases é muito menor que
dos líquidos, quando a água recebe pressão, transfere-a para o gás que se comprime (Posição 1), quando
o escoamento está em subpressão, o gás no interior da câmara se expande (Posição 2). Desta forma,
este dispositivo auxilia na proteção do sistema hidráulico, amortecendo as ondas de pressão, contudo,
ainda se faz necessária a utilização da válvula de alívio uma vez que existe limite para a deformação do
gás, no interior da câmara. Note que, diferentemente do caso das válvulas de alívio de gás comprimido
(VAC), nos tanques bidimensionais pneumáticos o fluido não é purgado, a não ser que o limite de
deformação do gás seja atingido, e a válvula de segurança seja acionada.
223
UNICESUMAR
Já no caso dos volantes, estes se valem do princípio da inércia para manter o movimento de bombas
e turbinas em casos de falha, pois, por possuírem grande massa e estarem ligados ao eixo de rotação,
tendem a continuar girando, mesmo tendo parado de receber energia rotacional. Isto faz com que o
conjunto se desacelere, lentamente, evitando a variação abrupta do fluxo, e, assim, reduz-se a intensi-
dade do golpe de aríete. Um volante de inércia pode ser observado na Figura 12.
Descrição da Imagem: a figura é a foto de uma turbina, na qual um grande disco de metal se conecta ao eixo de rotação, sendo
este o volante de inércia.
Uma das utilizações dadas pela engenhosidade humana ao golpe de aríete é o carneiro hidráulico. Este
se utiliza da sobrelevação de pressão gerada pelo fenômeno transitório para conduzir uma vazão de
fluido no sentido contrário ao impelido pela gravidade, como uma bomba. No entanto, neste processo,
não é utilizado energia externa, seja ela elétrica seja térmica, contudo uma parte do fluido é desprezada,
deste modo, este mecanismo torna-se alternativa viável em locais de abundância de água e restrição ao
acesso de energia. Observe o esquema de funcionamento do carneiro hidráulico na Figura 13.
224
UNIDADE 8
Descrição da Imagem: a figura é uma representação esquemática de um caneiro hidráulico, que mostra o reservatório como
elemento “A”, tubulação de entrada “B”, tubulação de saída “F”, tanque de pressão “D” e válvula de fechamento rápido “E”; também
apresenta uma seta indicando a direção do fluxo de “A” para “D” e de “E” para “D”.
225
UNICESUMAR
Ar sob
pressão
Calota
Válvula
A cinética
Vazão de
recalque q Deságue do
desperdício
H
Fase escoamento livre
N.A.
Manancial
Vazão de
montante Q h
Fase bombeamento
Descrição da Imagem: a figura apresenta um esquema de funcionamento de um carneiro hidráulico no qual o “h” representa a
altura de alimentação do carneiro, enquanto “H” representa a altura de recalque, o parâmetro “q” representa a vazão de alimentação
e a “Q” a vazão de recalque. A figura também apresenta o detalhe do funcionamento da válvula cinética e o ar mantido sob pressão
dentro do tanque de pressão.
Ou seja, para cada 1 metro de desnível “h”, o carneiro consegue empurrar a água a 2 m de altura “H”,
contudo apenas 80% da vazão chega ao destino, sendo a restante extravasada, da mesma forma se hou-
ver um desnível de 1 metro e for necessário elevar a 8 metros, apenas 50% da vazão chega ao destino.
O rendimento do carneiro pode ser calculado, por meio da seguinte equação:
Onde:
h = Rendimento
qH
h 100 q = Vazão de recalque (m3/s)
Qh
Q = Vazão de alimentação (m3/s)
H = Altura de recalque (m)
h = Altura de alimentação do carneiro (m)
226
UNIDADE 8
227
Durante esta unidade, foram analisadas as variáveis pertinentes às variáveis e às
equações pertinentes ao cálculo preditivo do golpe de aríete. Agora, preencha as
lacunas do Mapa Mental.
GOLPE DE ARÍETE
Manobra
Rápida
Gravidade
De Sparre
Velocidade
Descrição da Imagem: o Mapa Mental inicia-se com um balão com a expressão “Golpe de Aríete”, do qual se
ramifica um balão com a palavra “manobra”; deste se deriva dois balões, o da esquerda traz a palavra “rápida”,
derivando dele três balões, um com a palavra “gravidade”, outro com a palavra “velocidade”, e outro que deve
ser preenchido. O balão da direita a ser preenchido, ramificam-se 4 balões, o primeiro a ser preenchido, o
segundo com os termos “De Sparre” o terceiro deve ser preenchido, e o quarto contém as palavras “Teoria
elástica de Allievi, Gibson, Quick”.
MAPA MENTAL
228
1. Dada uma tubulação de 32 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura, constituída de PVC cujo
módulo de elasticidade é de 3 GPa, que transporta uma vazão de 3 l/s de água cuja massa espe-
cífica é de 1 g/cm3 e módulo de elasticidade de 2·109 Pa, calcule:
a) A Celeridade do fenômeno transitório.
b) O aumento de pressão, em m.c.a. e kPa da tubulação caso ocorra uma manobra de fechamento
rápido.
2. Considerando a celeridade da onda igual a 1400 m/s em uma tubulação de 9 metros de compri-
mento, qual o tempo de manobra máximo para que seja considerada rápida?
229
1. a. Partindo da equação apresentada no Ciclo de Aprendizagem:
1
c
1 D
ρ
ε E e
Substituindo as variáveis
1
c
kg 1 32 103 m
1000 3
3
m 2 10 Pa 3 10 Pa 2, 5 10 m
9 9
4 Q
c
ha p D2
g
Substituindo as variáveis
m 4 3 103 m3 / s
1420, 286434
s p (32 103 m)2
ha
m
10 2
s
Desta forma, obtém-se:
230
2. a. Partindo-se da equação apresentada no Ciclo de Aprendizagem
9900
c
D
48, 3 k
e
Substituindo as variáveis
9900
c
0, 05m
48, 3 18
0, 005m
Obtém-se:
c = 655, 2126m / s
2 L
t
c
2 50m
t
655, 2126m / s
Obtém-se:
c = 0, 152622 s
2 Lv
ha
g t
Inserindo a equação da continuidade
4 Q
2 L
ha p D2
g t
Substituindo as variáveis:
4 5 103 m3 / s
2 50m
p (5 102 m)2
ha
m
10 2 0, 5s
s
ha = 50, 9296m
231
d. Partindo da equação De Sparre
2 Lv 1
ha
g t Lv
2 1
2 g t H
4 Q
2 L
p D2 1
ha
g t 4 Q
L p D2
2 1
2 g t H
Substituindo as variáveis
4 5 103 m3 / s
2 50m
p (5 102 m)2 1
ha
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
m 4 5 103 m3 / s
10 2 0, 5s 50 m
s
p (5 102 m)2
2 1
m
2 10 2 0, 5s 50m
s
Resultando em:
ha = 34, 16478m
e.
Lv
ha L v 4 g 2 H 2 t 2 L2 v2
2 g H t
2 2
Resultando em:
ha = 32, 76202m
232
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.
REFERÊNCIAS
233
MEU ESPAÇO
234
235
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
236
9 Prática de
Laboratório
Dr. Fernando Marcos Weronka
Sabendo que as práticas de laboratório são fundamentais para a assimilação de conteúdos relativos à
engenharia, quanto à hidráulica não é diferente, por isso, busca-se a apresentação dos conteúdos teóri-
cos, disponibilizados até então, na forma de experimentos, trazendo a prática aos alunos de Engenharia
Civil, na modalidade EAD. Neste contexto, é possível a realização de práticas de laboratório, referentes à
disciplina de Hidráulica, de modo virtual?
Os laboratórios virtuais da Algetec® são desenvolvidos com base nos equipamentos físicos também
comercializados pela empresa, deste modo, os resultados obtidos em meio virtual correspondem, fielmente,
aos que seriam observados na prática real de laboratório. Assim sendo, a experiência prática, tão necessária
ao aluno de engenharia civil, pode ser obtida, remotamente, devido ao alto grau de confiabilidade das
simulações. Outra vantagem desta abordagem diz respeito à individualização do experimento, pois você
terá a possibilidade de realizar todas as etapas da prática de laboratório, além de poder repeti-las quantas
vezes julgar necessário. Deste modo a experimentação laboratorial, mesmo remota, cumpre a função de
determinar valores utilizados nos cálculos, como a massa específica e a viscosidade e demais propriedades
de fluidos, além de comprovar leis, como o princípio de Arquimedes. Possibilita, também, a visualização,
de forma prática, da ocorrência de fenômenos até então abordados apenas de maneira teórica, como a
perda de carga em condutos forçados ou a associação de bombas hidráulicas.
Nesta unidade, você terá a oportunidade de pôr a mão na massa em diversas oportunidades em práticas
realizadas no laboratório virtual, por isso, preparamos para você os seguintes experimentos:
238
UNIDADE 9
Em diversos cálculos apresentados nas unidades anteriores, a propriedade massa específica foi empregada,
no caso da água é comum que este valor seja considerado 1g/mL, o que equivale a 1000 kg/m3. No entanto,
como se sabe, este valor varia de acordo com as condições de pressão e temperatura do ambiente, além
disso, impurezas contidas na água também podem afetar a densidade deste fluido, como no caso da água
salgada do mar, mais densa que a água doce dos rios. Por este motivo, a determinação da massa específica
em laboratório, além de auxiliar na compreensão do conceito desta propriedade, pode colaborar para a
definição de valores utilizados nos cálculos quando há necessidade de maior precisão nos resultados.
Ainda, antes de abordar os líquidos em movimento, uma das práticas da hidrostática aborda o princípio
de Arquimedes, que explica como se processa o fenômeno de empuxo, sendo a magnitude deste relacionada
à massa específica do fluido e do corpo submerso. O empuxo, por sua vez, é empregado no viscosímetro de
Stokes para a determinação da viscosidade de diversos fluidos, entre eles a água, no entanto, é importante
frisar que este experimento só é indicado para escoamentos com baixo número de Reynolds, pois, em
escoamentos turbulentos, os resultados podem ser bastante variados, devido aos efeitos da turbulência.
A viscosidade é uma propriedade dos fluidos que quantifica a resistência ao escoamento, logo, apresenta
grande relação com a perda de carga em tubulações, a estimativa da perda de carga configura-se como um
dos problemas de engenharia mais importantes na área da hidráulica. Compreendê-la, adequadamente,
é fundamental para a elaboração de projetos de engenharia que envolvam fluidos, como vários sistemas
urbanos, como a distribuição de água potável, drenagem pluvial e esgotamento sanitário.
A perda de carga, entre outros fatores, também é imprescindível para o correto dimensionamento de
bombas, as quais, em casos específicos, necessitam ser associadas, seja para o aumento da vazão (paralelas),
seja para o aumento da pressão (série). Todas estas propriedades e estes fenômenos apresentam correlações
e são bases para a estruturação do conhecimento técnico referente à hidráulica, na engenharia civil, por
isso, preparamos estes experimentos para que você possa observá-los na prática.
DIÁRIO DE BORDO
239
UNICESUMAR
Uma das primeiras propriedades de um fluido estudada na hidráulica diz respeito à massa específica,
representada pela letra grega ( ρ ), sendo esta obtida por meio da razão entre a massa de um fluido e
o volume que este ocupa. Ou seja, em uma prática para a determinação desta propriedade, dois dados
devem ser obtidos, a massa obtida por meio de uma balança e o volume aferido por diversas vidrarias
comuns no laboratório, entre elas a proveta, que utilizaremos no experimento, aprestando na Figura 1.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível visualizar sobre a bancada
uma balança analítica, um Becker de 50 mL, um Becker de 250 mL, uma pipeta de 10 mL, um pipetador de borracha, suporte para
pipeta, pisseta com água destilada e, ao fundo, diversas outras substâncias em garrafas âmbar; existe, também, um termômetro
indicando a temperatura do ambiente, simulado em 20 °C.
Cursos > Demo Ciências Naturais (Física e Química) > Química >
MEDIDAS DE MASSA E VOLUME DE LÍQUIDOS
Materiais utilizados:
240
UNIDADE 9
Procedimento:
241
UNICESUMAR
5º Passo - CONCLUSÃO
• O valor obtido para massa específica da água em g/mL deverá ser bastante próximo de 1.
• Ao converter a unidade de medida g/mL para kg/m3, o valor encontrado deverá se aproximar de
1000 kg/m3, como utilizado em diversos cálculos, vale lembrar que 1 mL corresponde a 1 cm3.
Diversos fenômenos da hidráulica estão relacionados à massa específica do fluido, entre eles o empuxo,
este responsável pela sensação de que o corpo se torna mais leve quando imerso em um fluido, como
no caso de uma pessoa dentro de piscina com água. Esta força que empurra os corpos para cima, ou
seja, no sentido contrário ao peso, foi descrita por Arquimedes, ainda na Grécia Antiga, o qual postulou:
“Todo sólido imerso parcial ou totalmente em um líquido está sujeito a uma força vertical, de baixo para
cima, denominada empuxo, correspondente ao peso do volume do líquido deslocado por este sólido”.
Desta forma, o princípio de Arquimedes pode ser descrito, matematicamente, como:
Onde:
E = Empuxo (N)
E r fluido fluido g r fluido = Massa específica do fluido (kg/m3)
∀ fluido = Volume do fluido deslocado (m3)
g = Gravidade (m/s2)
Ou seja, o empuxo é uma força que empurra os corpos submersos para cima, reduzindo o peso aparen-
te destes, sendo essa força proporcional ao volume do corpo submerso, pois, quanto maior o volume
deste, maior será o volume de fluido deslocado.
Onde:
Paparente = Peso Aparente (N)
Paparente Preal E Preal = Peso Real (N)
E = Empuxo (N)
Quanto à massa específica do fluido, essa também exerce influência sobre a força de empuxo, pois,
como postulado por Arquimedes, a força que empurra o corpo para cima tem a mesma intensidade
do peso do fluido deslocado.
242
UNIDADE 9
Para demonstração deste princípio, realiza-se o experimento com o cilindro de Arquimedes, este
consiste de um recipiente contendo um cilindro de tamanho ajustado para ocupar todo o espaço inter-
no do recipiente. Desta forma, quando se pesa, com um dinamômetro, o cilindro fora da água, tem-se
o peso real do mesmo, mas, quando se pesa o cilindro imerso em água, tem-se o peso aparente, logo,
a diferença destas duas medidas resulta no empuxo exercido pela água sobre o cilindro. Ou seja, se a
teoria de Arquimedes estiver correta, ao encher o recipiente com o mesmo fluido no qual o cilindro está
imerso, o valor apresentado no dinamômetro será o mesmo o qual foi aferido no primeiro momento
uma vez que o peso aparente somado ao empuxo é igual ao peso real.
Você terá a oportunidade de realizar este experimento, na prática, no laboratório virtual apresentado
na Figura 3.
Cursos > Demo Ciências Naturais (Física e Química) > Física > Hidrostática
243
UNICESUMAR
Materiais utilizados:
• Béquer • Dinamômetro
• Água • Cilindro de Arquimedes
• Suporte universal • Recipiente transparente
Procedimento:
244
UNIDADE 9
5º Passo - Conclusão
• Se o peso aparente somado ao peso do fluido deslocado for
igual ao peso real, demonstra-se que a teoria de Arquimedes
está correta.
245
UNICESUMAR
Onde:
P Fd E P = Peso (N)
Fd= Força de arrasto (N)
E = Empuxo (N)
Uma vez que a força peso é função do volume, da massa específica do corpo e da gravidade, e sabendo
que, no caso da esfera, o volume é dado por: µ
4
Volumeesfera = pr 3
3
Já o empuxo pode ser descrito como o produto da massa do fluido deslocado e a gravidade, de acordo
com a seguinte equação:
Onde:
E = Empuxo (N)
4 3
E πr ρ fluido g r= Raio da esfera (m)
3
r fluido = Massa específica do fluido (kg/m3)
g = gravidade (m/s2)
Onde:
Fd = Força de arrasto (N)
Fd 6π µ V r
= Viscosidade dinâmica fluido (kg/m3)
V= Velocidade Terminal da esfera (m/s)
r= Raio da esfera (m)
246
UNIDADE 9
Como as dimensões do tubo através do qual a esfera se desloca não são infinitas, faz-se a seguinte
consideração:
Onde:
µ= Viscosidade dinâmica fluido (kg/m3)
2 r 2 g (ρesfera ρ fluido ) r= Raio da esfera (m)
µ g = gravidade (m/s2)
9 1 2, 4 (r / R) V
resfera = Massa específica da esfera (kg/m3)
r fluido = Massa específica do fluido (kg/m3)
V= Velocidade Terminal da esfera (m/s)
R= Raio do tubo (m)
Agora, você terá a oportunidade de medir a viscosidade de três diferentes fluidos, utilizando um vis-
cosímetro de Stokes, apresentado na Figura 4.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar uma bancada, onde
se encontram três tubos transparentes com graduação até 900 mm; observa-se, também, um cronômetro digital e quatro esferas
de aço de diferentes diâmetros.
247
UNICESUMAR
Materiais utilizados:
• Cronômetro • Água
• Esferas • Óleo
• Tubos • Glicerina
PROCEDIMENTO
1º Passo - Experimento
• Clique no cronômetro.
• Clique em uma das esferas de metal e anote o diâmetro.
• Pressione e tecla Q em seu teclado para levar a esfera até o tubo com água.
• Com o tubo contendo água selecionado, pressione novamente Q para soltar
a esfera e, simultaneamente, a barra de espaço para acionar o cronômetro.
• No instante em que a esfera tocar o fundo, pressione novamente barra de
espaço para parar o cronômetro.
• Se sentir dificuldades em cronometrar o tempo, corretamente, reduza a escala
de tempo e tente novamente.
• A partir da distância percorrida pela esfera, marcada na superfície do tubo,
e do tempo registrado no cronômetro, calcule a velocidade de deslocamento
da esfera.
• Repita o procedimento para os demais fluidos
Sabendo que a massa específica da esfera ( resfera ) é de 7850 kg/m3, a massa específica
da água ( r fluido ) igual a 1000 kg/m3, a massa específica do fluido 5w20 é igual a 852
kg/m3, a massa específica da glicerina ( r fluido ) igual a 1250 kg/m3, o diâmetro do
tubo de 22 mm e a gravidade igual a 9,81 m/s2, aplicando a equação da viscosidade
de Stokes, é possível determinar a viscosidade dos fluidos experimentados.
248
UNIDADE 9
3º Passo - Conclusão
A viscosidade é fundamental na hidráulica, pois tem relação direta com a perda de carga, esta como
já abordamos, é a redução da pressão no interior de tubulações, devido aos efeitos de atrito interno
do fluido e do fluido com as paredes. Portanto, faz-se necessário quantificar, corretamente, as perdas
de energia interna do fluido para que os sistemas hidráulicos funcionem, adequadamente, resultan-
do em vazões e pressões, de acordo com as demandas de projeto. Muitas técnicas de cálculo foram
desenvolvidas ao longo do tempo, uma vez que este problema configurou um desafio de engenharia,
intensamente estudado por diversos pesquisadores.
Os modelos matemáticos desenvolvidos, normalmente, partem de observações experimentais, tais
quais as que você terá a oportunidade de realizar no experimento apresentado na Figura 5.
Caminho para o experimento:
Cursos > Demo Labs Específicos de Engenharia > Laboratório de
Mecânica dos Fluidos > Ensaio de viscosidade – Perda de carga distribuída
Descrição da Imagem: a imagem apresenta a captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar uma bancada, didática
de hidráulica, composta por uma série de tubos, registros e bombas, além de dispositivos de medição e controle.
249
UNICESUMAR
Neste experimento, você poderá determinar a variação da perda de carga em função da vazão e dos
diâmetros da tubulação.
Com as válvulas na posição indicada na Figura 6, clique em bancada, no menu visualização ou pres-
sione alt + 1 e feche todas as válvulas alinhadas à esquerda da bancada, exceto a do tubo no qual será
realizado o experimento. Para a tubulação de 32 mm, segue a seguinte disposição:
250
UNIDADE 9
Figura 7 - Bancada Didática de hidráulica com as válvulas ajustadas para o experimento de perda de carga
Fonte: Algetec®.
Descrição da Imagem: A imagem apresenta uma captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar uma bancada didá-
tica de hidráulica, composta por uma série de tubos, registros e bombas, além de dispositivos de medição e controle, diferentemente
da Figura 5, nesta, as válvulas estão posicionadas para o experimento de perda de carga distribuída.
Note que é possível movimentá-las, livremente, pela tela, organizando de acordo com sua preferência.
Agora, selecione, no menu visualização, a opção painel elétrico, ou pressione alt+3 para obter a vista
apresentada na Figura 9.
251
UNICESUMAR
252
UNIDADE 9
Selecionando bancada, no menu visualização, ou pressionando alt+1, você terá a seguinte disposição
do sistema (Figura 11) e estará pronto para iniciar o experimento.
Figura 11 - Bancada Didática de hidráulica com os controladores e indicadores ajustados para a prática
Fonte: Algetec®(2018).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta a captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar uma bancada didática
de hidráulica, apresentando, também, o manômetro em “U”, o controlador de vazão e o rotâmetro.
2º Passo - Experimento
• Ajuste a vazão, por meio do controle de vazão até 1000 litros por hora, acompanhe a medida
no Rotâmetro e anote a perda de carga observada no manômetro em U.
• Repita o experimento para 2500 e 5000, utilizando as outras tubulações disponíveis (PVC 25
mm, Cobre 28 mm e Acrílico 22 mm).
253
UNICESUMAR
3º Passo - Resultados
Os resultados obtidos podem ser organizados em uma tabela, como a que segue:
Diâmetro Vazão (L/H) Perda de carga (m)
PVC 32 mm 1000
PVC 32 mm 2500
PVC 32 mm 5000
PVC 25 mm 1000
PVC 25 mm 2500
PVC 25 mm 5000
Cobre 28 mm 1000
Cobre 28 mm 2500
Cobre 28 mm 5000
Acrílico 22 mm 1000
Acrílico 22 mm 2500
Acrílico 22 mm 5000
4º Passo - Conclusão
Pode-se observar que a perda de carga varia de acordo com a vazão do escoamento,
diâmetro e material da tubulação, como previsto pelas equações teóricas. Nesta mesma
bancada, é possível a realização da prática relativa à associação de bombas, diante de
sistemas nos quais existe uma demanda variável por pressão ou por vazão, é comum
se empregar a associação de bombas em série ou em paralelo.
Na associação em série, duas ou mais bombas são colocadas, sequencialmente, em
uma mesma linha, de modo que todo o fluido bombeado pela primeira bomba segue
para a sucção da segunda, e assim sucessivamente. Nesse caso, a vazão que passa por
cada bomba é igual, enquanto a altura manométrica ao final desse sistema equivale
à soma dos incrementos de pressão em cada bomba, levando em conta as perdas que
ocorrem nas tubulações adicionais que ligam uma bomba a outra.
Na associação em paralelo, têm-se duas ou mais bombas operando, simultanea-
mente, com um mesmo ponto de sucção e um mesmo ponto de descarga. Isso sig-
nifica que existe uma ou mais bifurcações conectando os tubos de sucção de todas
as bombas, bem como bifurcações que ligam as tubulações de recalque. Assim, con-
sidera-se, em um modelo ideal, uma igual pressão de sucção entre todas as bombas
e, analogamente, uma mesma pressão de descarga entre elas. A vazão, entretanto,
corresponde à soma das vazões de cada bomba, individualmente.
254
UNIDADE 9
Para iniciar o experimento, você deve posicionar os marcadores e os controladores para que possa
coletar os dados com facilidade, nos experimentos a seguir, para tanto:
• Clique com o botão direito do mouse sobre o rotâmetro para que este seja exibido em destaque;
este dispositivo indicará a vazão resultante da associação das bombas.
• Clique com o botão direito do mouse sobre o manômetro de Bourbon principal para que este
seja exibido em destaque; este dispositivo indicará a pressão resultante da associação das bombas.
• Mude a visão para bombas por meio do painel de visualização ou pressione alt + 4.
• Clique com o botão direito do mouse sobre o manômetro de Bourbon da bomba 1 para que
este seja exibido em destaque; este dispositivo indicará a pressão resultante da bomba 1.
• Clique com o botão direito do mouse sobre o manômetro de Bourbon da bomba 2 para que
este seja exibido em destaque; este dispositivo indicará a pressão resultante da bomba 2.
• Ao final destes ajustes, você deverá ter em sua tela uma disposição semelhante à Figura 12.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar, em detalhe, as
bombas do sistema associadas em paralelo, além dos medidores: manômetro individuais de cada bomba, o manômetro principal
e o rotâmetro.
Desta forma, o sistema está com as bombas configuradas para funcionar em paralelo, pois cada uma
delas abduz água do reservatório, separadamente, unindo-se apenas na porção de recalque da tubulação.
255
UNICESUMAR
• Altere a visualização para o painel elétrico pelo menu de visualização, ou pressionando alt + 3.
• Clique em Habilitar bomba 1 em seguida Habilitar bomba 2 e, então, no botão liga.
• Colete as pressões dos manômetros individuais, a pressão do manômetro principal e a vazão
principal, estes são os dados da associação em paralelo.
• Clique no botão Desliga, em seguida, clique em Habilitar bomba 1, em seguida, Habilitar
bomba 2.
• Mude a visualização para bombas no menu de visualização ou pressione alt + 4.
• Mude a posição da válvula B1 para a posição fechada.
• Mude a válvula A2 para a posição aberta.
• Mude a válvula B2 para a posição aberta.
Desta forma, você deverá obter uma disposição semelhante a apresentada na Figura 13.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma captura de tela do laboratório virtual; nela, é possível observar, em detalhe, as
bombas do sistema associadas em paralelo, além dos medidores: manômetro individuais de cada bomba, o manômetro principal
e o rotâmetro.
• Altere a visualização para o painel elétrico pelo menu de visualização, ou pressionando alt + 3.
• Clique em Habilitar bomba 1, em seguida, Habilitar bomba 2, e, então, no botão liga.
• Colete as pressões dos manômetros individuais, a pressão do manômetro principal e a vazão
principal, estes são os dados da associação em série, pois o recalque da bomba 1 está ligado à
sucção da bomba 2.
• Clique no botão Desliga, em seguida, clique em Habilitar bomba 1, em seguida, Habilitar
bomba 2.
256
UNIDADE 9
257
Durante esta unidade, foram apresentadas diversas práticas de laboratório, cada
uma com o objetivo de determinar uma propriedade dos fluidos ou comprovar uma
lei fundamental da hidráulica, neste sentido preencha as lacunas do Mapa Mental.
Medidas de Peso
e Volume
Empuxo
Lei de Stokes
Perda de Carga
Associação de Bombas
Descrição da Imagem: o Mapa Mental inicia-se com um balão com a expressão “Práticas La-
boratório de hidráulica” do qual se ramifica um balão a ser preenchido, sendo que deste se liga
MAPA MENTAL
“Medida de Peso e Volume”. Abaixo do balão a ser preenchido, encontra-se um balão com a
palavra “empuxo”, ligado a um balão a ser preenchido. Abaixo do balão com o termo “empuxo”,
encontra-se um balão a ser preenchido, o qual se liga à “Lei de Stokes”. Abaixo destes, há um
balão com os termos “Perda de Carga” e outro com “Associação de bombas”, ambos ligam-se a
um balão a ser preenchido.
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1. De acordo com o experimento da determinação da massa específica da água responda:
a) Qual o volume de água medido?
b) Qual a massa de água aferida?
c) Qual o valor da massa específica aferida, em g/mL?
d) Qual o valor da massa específica aferida, em kg/m3?
2. O experimento proposto por Arquimedes visa comprovar o princípio também formulado por ele,
que descreve o fenômeno do empuxo. A respeito deste experimento realizado no laboratório
virtual, aponte quais foram os valores encontrados para:
a) O Peso real do cilindro.
b) O Peso aparente do cilindro imerso em água.
c) O valor do empuxo.
d) O Peso do Fluido deslocado.
e) O Peso Aparente + Valor do Fluido deslocado.
( ) Série ( ) Paralelo
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1.
2. Por meio da prática referente ao cilindro de Arquimedes, foi possível verificar se o princípio de Arquimedes
para o Empuxo está correto. Sobre isso responda:
Paparente Preal E
E Preal Paparente
Substituindo as variáveis
E 0, 7 N 0, 22 N
Obtém-se:
E = 0, 48 N
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3. Sobre o experimento do viscosímetro de Stokes, responda:
Distância
V=
tempo
Substituindo as variáveis
0, 9m
V=
3, 2s
Obtém-se:
m
V = 0, 28125
s
b) A viscosidade estimada da glicerina, partindo da equação da velocidade:
µ 0,82756Pa s
Ou seja:
µ
v=
ρ
Substituindo as variáveis
0,82756Pa s
v
1250 kg / m 3
Obtém-se:
v 6,62 10 4 m2 / s
c) A velocidade média de queda da esfera de 10 mm no tubo com água:
Distância
V=
tempo
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Substituindo as variáveis
0, 9m
V=
0, 75s
Obtém-se:
m
V = 1, 2
s
2 r 2 g (ρesfera ρ fluido )
µ
9 1 2, 4 (r / R) V
Substituindo as variáveis
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
µ 0,20130Pa s
Ou seja:
µ
v=
ρ
Substituindo as variáveis
0,82756Pa s
v
1000 kg / m 3
Obtém-se:
v 2,013 10 4 m2 / s
e) O valor observado para a glicerina é condizente, no entanto o da água não, isso ocorre porque, na água,
o escoamento acontece de forma turbulenta, o que interfere, fortemente, nos resultados obtidos.
4. D.
5. (x) Série: associação sem série aumenta a pressão, enquanto a associação em paralelo aumenta a vazão
do sistema.
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ALGETEC. Manual de Práticas de Laboratório Virtual. 1. ed. Salvador: Algetec, 2018.
AZEVEDO NETO, J. M. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.
REFERÊNCIAS
263
MEU ESPAÇO
264