Você está na página 1de 39

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER

CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

LUCAS BRITO DE SOUZA


RU:1998508

SERVIÇO SOCIAL NO CRAS

RJ
2022
LUCAS BRITO DE SOUZA

ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CRAS

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado à disciplina e
Orientação de Trabalho de Conclusão de
Curso - OTCC, do curso de Bacharelado
em Serviço Social do Centro Universitário
Internacional UNINTER, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel.

Orientador: Prof. Me Solange Maria


Pimentel

RJ
2022
LUCAS BRITO DE SOUZA – RU:1998508

ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CRAS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado à disciplina de


Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso - OTCC, do curso de Bacharelado
em Serviço Social do Centro Universitário Internacional UNINTER / Curitiba-PR,
como requisito final para a obtenção do título de Bacharel.

Aprovado em: ____ de ___________ de 2022.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Professor 1(Titulação e nome completo)
Instituição 1

_____________________________________
Professor 2 (Titulação e nome completo)
Instituição 2

_____________________________________
Professor 3 (Titulação e nome completo)
Instituição 3 (Orientador)
Dedicatória deve ficar no final da
página e alinhada á direita.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus parentes por terem me dado a oportunidade de cursar o ensino


superior e aos meus orientadores e tutores do curso de Serviço Social.

Meu agradecimento especial a Tutora Maria de Fatima Araújo Farria e minha


orientadora de TCC Solange Maria Pimentel.
Segundo (2001,p
(AUTOR, ano, p.)
RESUMO

O trabalho monográfico de conclusão de curso tem como objetivo investigar e


analisar a intervenção profissional dos Assistentes Sociais para com a população
usuária nos equipamentos do Centro de Referência da Assistência Social(CRAS),
analisando como se dá a atuação deste profissional no equipamento do CRAS, para
com a população usuária do território, e os instrumentais técnico-operativo utilizados
em seu cotidiano profissional, juntamente com uma equipe de profissionais
capacitados na instituição do (CRAS).

Palavras-chave: Assistente Social. Proteção Social Básica. Usuários.


ABSTRACT

The course completion monographic work aims to investigate and analyze the
professional intervention of the Social Worker with the user population in the
institution of CRAS Oswaldo Antônio Ferreira, analyzing how this professional works
within the institution and the technical-operative instruments in the professional
routine for the user population, through basic social protection.

Key-words: 1 professional intervention. CRAS. technical-operative instruments.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CRAS Centro Referência de Assistência Social


PAIF Programa de Atendimento Integral a Família
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SUAS Sistema Único de Assistência Social
PSB Proteção Social Básica
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
2 ORIGEM E HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.......................................14
2.1 CARACTERISTICAS DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL...................................................................................................................................15
2.2 PÚBLICO ALVO DOS CRAS E OBJETIVOS.....................................................17
2.2.1 SERVIÇO SOCIAL E AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NA
CONTEMPORANEIDADE 20
2.2.2 SISTEMA ÚNICO DE ASSSISTÊNCIA SOCIAL E SUAS CARACTERISTICAS
...........................................22
2.2.2.1 ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS E AS EXPRESSÕES DA
QUESTÃO SOCIAL 24
3 ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CRAS....................................24
3.1 ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES PROFISSIONAIS DO ASSISTENTE
SOCIAL PARA COM A POPULAÇÃO USUÁRIA DOS CRAS .....................................25
3.2 INTERVENÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA INSTITUIÇÃO DO
CRAS ....................................................................................................................................26
3.2.1OFERTA DE PROGRAMAS, PROJETOS, SERVIÇOS, BENEFICIOS
SÓCIOASSISTENCIAIS A POPULAÇÃO DO TERRITÓRIO ABRANGENTE
........................................ 27
3.2.1.1CARACATERISTICAS DOS PROFISSIONAIS ASSISTENTES SOCIAIS E
SUAS COMPETÊNCIAS 27
4 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................29
4.1 ANÁLISE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................................35
4.2 ANÁLISE DA PESQUISA.......................................................................................36
4.2.1 MATERIAIS COLETADOS NA PESQUISA DE CAMPO 36
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 36
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO...........................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................38
10

1 INTRODUÇÃO

O objeto de pesquisa para a realização desta monografia é o Serviço social


nos Cras, sendo o nome intitulado para o Trabalho de Conclusão de Curso, tem
como objetivo e objeto de pesquisa analisar a atuação dos assistentes sociais no
(CRAS) Centro de Referência da Assistência Social sendo este um equipamento da
Política Nacional da Assistência Social(PNAS,2004), com os usuários e famílias
que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social, conhecendo este
equipamento da assistência social e, como se dá a intervenção profissional dos
Assistentes Sociais na instituição diante da população usuária juntamente com a
equipe de profissionais que contém este equipamento da Assistência Social.
O CRAS é uma instituição da política nacional da assistência social da
proteção social básica, em que trabalha com famílias e indivíduos com o objetivo de
prevenir situações de vulnerabilidade e risco social nos territórios, atendendo
também os usuários que se encontram nessas condições citadas anteriormente,
trabalhando com esses usuários através do (PAIF) Proteção e Atendimento Integral
a Família e o (SCFV) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, sendo
elencado por uma equipe interdisciplinar e multidisciplinar composta por Assistentes
Sociais, Psicólogos e profissionais técnicos de nível médio, ofertando programas,
serviços, benefícios, projetos e atividades socioassistenciais sendo de
responsabilidade da equipe de referência dos Centro de Referência da Assistência
Social (CRAS). (NOB-RH/SUAS,2006)
De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS,1993) a política
da seguridade social é uma política não contributiva na qual é direitos de todos e
dever do estado, provendo os mínimos sociais aos cidadãos atendendo suas
necessidades básicas, sendo realizada em conjunto da iniciativa pública e da
sociedade civil. (LOAS,1993, p.6)
De acordo com o Art.194 Constituição Federal de 1988 (BRASIL,1988) diz
sobre o tripé da seguridade social composto por: saúde, assistência social e
previdência social na qual é financiada pelos estados, municípios e união no custeio
da seguridade social, sendo direitos de todos e dever do estado e, com os avanços
da seguridade social estando prevista na carta magna, há a regulamentação da Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS,1993) com o estabelecimento de normas e
critérios para a organização da assistência social em todo o território nacional,
11

estando prevista e garantida na Constituição Federal de 1988 (BRASIL,1998) de


forma a assegurar e garantir direitos sociais e garantir os mínimos sociais a todos
que dela precisarem.
A partir dos objetivos pospostos que objetiva investigar como se dá a atuação
do assistente social na instituição do CRAS para com a população usuária, e a
equipe multidisciplinar que é composta este equipamento, analisando o papel de
cada profissional em ambiente institucional e quais são os instrumentais técnicos
operativos que são executados na atuação deste profissional na instituição do CRAS
para com os usuários da proteção social básica e os desafios enfrentados no
cotidiano profissional do Assistente Social, diante das transformações da realidade
social, frente aos avanços da sociedade capitalista contemporânea, e a partir do
objeto de pesquisa no qual visa descobrir como se dá o trabalho profissional do
Assistente social, instrumentais técnico-operativos utilizados em campo, postura
ética e política e o embasamento teórico metodológico, de acordo com o Código de
Ética (1993).
Para a construção da pesquisa, será realizada como metodologia de
pesquisa, de cunho qualitativo, com foco na investigação da atuação dos
Assistentes Sociais no equipamento do CRAS, objetivando analisar o a atuação dos
Assistentes sociais no CRAS para com a população usuária do território e seus
instrumentais técnico-operativos utilizados em seu cotidiano profissional, o público-
alvo deste equipamento, posteriormente havendo a apresentação de resultados
utilizando como técnica de pesquisa a pesquisa bibliográfica e documental, sendo
consultada todas as fontes bibliográficas do tema de pesquisa abordado, tendo
escolhido como coleta de dados, por meio da observação assistemática para
analisar as fontes consultadas na realização da pesquisa.
Na realização da pesquisa, será escolhido como tipo de pesquisa a
tipologia exploratória; com enfoque no aprofundamento da atuação dos assistentes
sociais do CRAS e como ocorre sua intervenção profissional na realidade,
conjuntamente com os outros profissionais deste equipamento sócio-ocupacional,
analisando e investigando toda a população usuária deste equipamento da Política
Nacional da Assistência Social (PNAS,2004), os instrumentais técnicos operativos e
a intervenção multidisciplinar de toda a equipe de profissionais dos Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS), com o objetivo da efetivação e garantia de
direitos a população territorial na qual se encontra este equipamento.
12

A composição da amostra que irá compor todo o conjunto de


características específicas semelhantes de determinada população, será investigada
para a produção da pesquisa.
A amostra utilizada na pesquisa será a amostra aleatória simples, utilizando-
se de da obseração não participante, com o objetivo de coletar dados através de
materiais bibliográficos e documentos relacionados a política nacional da assistência
social, proteção social básicae etc.
A pesquisa será conduzida através deste tipo de amostra; no qual irá
explicitar as características do equipamento e dos profissionais que atuam neste
espaço sócio ocupacional, e como funciona a intervenção profissional para com a
população usuária do território abrangente.
Para a realização como instrumento de coleta de dados, se utilizará da
observação assistemática; em que vai se objetivar coletar os dados somente
observando as características deste equipamento do CRAS, através de um
questionário que será respondido por um(a) Assistente Social da instituição do
CRAS Oswaldo Antônio Ferreira, analisando com base neste questionário de
perguntas elaboradas ao profissional Assistente Social do CRAS, e com base em
todas as legislações relacionadas a Política Nacional da Assistência Social
(PNAS,2004), legislações relacionadas ao Sistema Único da Assistência Social
(SUAS,2015), e legislações relacionada a Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS,1993) e a Constituição Federal (CF,88) em que se irá coletar informações
através de documentos, livros, artigos científicos e legislações concernentes a
proteção social básica da assistência social, servindo de embasamento para a
realização do trabalho monográfico de conclusão de curso.
A tabulação dos dados coletados e que serão utilizados na pesquisa, será
através da análise de conteúdo, no qual irá se realizar uma síntese de todos os
materiais consultados que embasarão a escrita do trabalho monográfico e, a partir
da obtenção desses materiais, haverá a inferência e interpretação dos dados e
resultados obtidos com a pesquisa, chegando a uma conclusão final através da
análise desses resultados.
A linha de pesquisa em que irá nortear a composição do trabalho
monográfico de conclusão de curso, servirá como teoria social que fundamentará a
pesquisa através das dissertações e argumentações na análise dos dados será a
teoria social crítica marxista, que tem uma visão crítica aos fenômenos que estão
13

postos na realidade social, investigando os fenômenos a partir de sua essência,


estudando a relação entre sujeito e objeto e a complexa relação contraditória na qual
este objeto está inserido na sociedade contemporânea.
A partir da coleta de dados feita com os materiais científicos, sendo esses:
livros, artigos científicos, legislações e dissertações. Tendo como objetivo de realizar
a fundamentação teórico conceitual da pesquisa, no qual servirá de embasamento
cientifico para o Trabalho de Conclusão de Curso, contribuindo com o projeto de
pesquisa.
A Política de seguridade social no Brasil apresenta dificuldades no que diz
respeito a cobertura e da universalização do acesso aos usuários em situação de
risco e vulnerabilidade social na política da assistência social, estando este direito
previsto na Constituição Federal (CF,88), sendo de responsabilidade estatal através
do tripé da seguridade social que são: assistência social, previdência social e saúde,
sendo a previdência mediante contribuição prévia.
No decorrer histórico da assistência social enquanto política pública não
contributiva da seguridade social, se objetivou desenvolver por meio do
reconhecimento da profissão através do código de ética profissional e da
regulamentação do Serviço Social enquanto profissionais que atuam sob as
expressões da questão social, de suas mudanças com relação aos fundamentos
teóricos e metodológicos que embasam a profissão, da Lei Orgânica da Assistência
Social(LOAS,1993) sendo regulamentada em 1993 e da criação do Sistema Único
da Assistência Social(SUAS,2005) que organiza toda a proteção social em território
nacional.
O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) como sendo um
equipamento da Política Nacional da Assistência Social (PNAS,2004) que oferta
serviços, benefícios e atividades socioassistenciais a população usuária do território
abrangente, fazendo parte da proteção social básica os indivíduos que se encontram
em vulnerabilidade e risco social ou que tiveram seus vínculos familiares rompidos,
estando inseridos nesta rede socioassistencial que contém os seguintes serviços:
Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF), Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), Serviço de Proteção Social
Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas (SPDPDI), Benefício de
Prestação Continuada (BPC), Programa Bolsa Família(PBF) e Benefícios eventuais.
14

A pesquisa realizada tem como objetivo analisar e investigar, a atuação do


Assistente Social em uma instituição do CRAS juntamente com os usuários em
situação de risco e vulnerabilidade social, identificando como ocorre toda a atuação
deste profissional na proteção social básica, identificando quais instrumentais
técnicos operativos que o profissional utiliza para com o indivíduo, buscando através
de materiais científicos, todo o embasamento teórico conceitual relacionado a
profissão.
A monografia tem como tema a atuação dos assistentes sociais nos cras,
tendo como objetivo conhecer e analisar como é a atuação deste profissional para
com os usuários dos territórios abrangentes que são contemplados pela proteção
social dos cras, objetivando a compreensão por parte do leitor de cada capítulo no
qual se irá abordar sobre além da intervenção profissional, o público-alvo
destinatário das intervenções, instrumentais técnico-operativo dos assistentes
sociais utilizados no seu cotidiano profissional e a equipe que é composta este
espaço sócio-ocupacional do CRAS.
Nos capítulos serão abordados assuntos relacionados com: a origem do
serviço social, seus referenciais teróricos metodológicos de embasamento
profissional, seus instrumentais técnico-operativo, público-alvo das ações, serviços e
benefícios ofertados por este equipamento da assistência social da proteção social
básica e toda a equipe que compõe os CRAS.
15

2 ORIGEM E HISTÓRIA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

No Brasil, a assistência social e as políticas sociais tem origem da do caráter


clientelista e assistencialistas e muitas eram postas em prática pelas entidades de
filantropia ou religiosas. No que diz respeito a pobreza, a história conta que essa
situação era vista como uma incapacidade das pessoas de suprir suas necessidades
básicas.

A assistência social carrega os traços da filantropização estatal


desencadeada na década de 1930, da moralização da questão social, com
“tecnificação” do atendimento aos problemas, visando a “integração social”,
na perspectica da adaptação a lógica de produção e aos padrões morais
instituídos.Assim, a análise institucionalização do Sistema Único de
Assistência Social(SUAS) exige, nos limites da aproximação da proposta,
explorar as contradições de um processo novo, construído na perspectiva
da superação das formas tradicionais de gestão dos serviços
socioassistenciais.(Silveira,2007,p.61-62)

A assistência social, era desenvolvida de forma linear, com objetivo de


oferecere serviços pontuais e fracionados, sem nenhuma forma de planejamento e,
muitas vezes, sem caráter profissional, pois era exercida pelo voluntariado,
descaracterizando a real finalidade dessa política pública. A assistência social era
entendida como objeto de solidadriedade da sociedade civil, porém, cabe reforçar
16

que, de acordo com o contexto histórico brasileiro, ocorreram diversos conflitos na


área.
O Serviço Social, como profissão institucionalizada, configura-se no cenário
mundial a partir da década de 1920, após a Primeira Guerra Mundial, quando se
caracteriza de forma mais evidente e abrangente a questão social, assim como as
formas de organização da classe trabalhadora, que contextualizam o surgimento de
movimentos especialmente europeus de ação social, com a finalidade era a difusão
de ideias políticas.
Nos momentos iniciais da profissão, desde as origens até os primeiros anos
da institucionalização profissional, houve forte influência da Igreja Católica e a
primeira escola de Serviço Social foi na PUC de São Paulo, em 1936, vinculada
inicialmente à Ação Social, com formação baseada na doutrina social da Igreja
Católica.
A perspectiva de ação para o Serviço Social, nesse primeiro momento, é bem
específica. Se restringe ao atendimento individual, a partir da concepção de
sociedade, que caracteriza o indivíduo em condições de pobreza, como pessoa
fraca, desajustada e incapaz, que precisa de ajuda especial. Adota-se a metodologia
de caso, grupo ou comunidade, como formas de implementar a intervenção social,
sem objetivar, contudo, uma análise na estrutura social. A pobreza é expressa e
vista sem o estabelecimento de relação com a forma de organização sociedade civil.
Embora os assistentes sociais reconheçam que as leis de amparo social, existentes
para proporcionar respostas à pobreza, fossem insuficientes, colocam à falta de
educação ou a desvios morais da população a incapacidade de prover sua
subsistência ou viver nas condições observadas.
Mas embora tenha sido originada com esse posicionamento em relação à
realidade social e tenha permanecido durante um longo período de sua história,
houve o aprofundamento das questões relacionadas ao campo da formação em
Serviço Social que foram impulsionando um conhecimento sobre as características
históricas que desencadearam esses fenômenos sociais, que se constituem-se
enquanto demanda para a profissão e levou a profissionalização do Serviço Social
para outros moldes, analisando a conjuntura econômica, social e política bem como
as respostas dadas pelo Estado devido às contradições inerentes entre capital e
trabalho por meio de políticas públicas.
17

A partir da década de 1980, com a mudança da profissão nos seus


pressupostos teóricos-metodológicos, ético-político e técnico-operativo, os
elementos históricos passaram a ser indispensáveis para a compreensão da
realidade social construindo-se assim o projeto ético-político profissional, norteando
a intervenção social deste profissional, sendo pautado pelas dimensões e sendo
essas indissociáves entre si.O Código de ética profissional constuido pós-
redemocratização fez com que a profissão tivesse um novo olhar perante as
expressões da questão social decorrente do sistema capitalista de produção, sendo
esta uma profissão que requer cotidianamente embasameto teórico, investigação da
forma como a sociedade brasileira está configurada e um diálogo com outras áreas
de atuação, sendo esse um trabalho multidisciplinar e interdisciplinar objetivando a
melhores condições de vida para o usuário.

2.1 CARACTERISTICAS DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA


SOCIAL

De acordo com as legislações concernentes da Política Nacional da


Assistência Social(PNAS,2004) o Centro de Referência da Assistência Social no
âmbito da Proteção Social Básica, deve ofertar a prestação de serviços a
comunidade territorial abrangente através do PAIF- Proteção e Atendimento Integral
a Família por meio de programas, projetos, serviços e benefícios sócioasssistenciais
aos usuários da proteção social básica, no qual tem o objetivo de prevenir situações
de vulnerabilidade e risco social e fragilidade de vínculos familiares, através de um
equipe multidisciplinar atuando de forma preventiva para com a família ou indivíduo
do território.

“O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade


pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável
pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco
social dos municípios e DF. Dada sua capilaridade nos territórios, se
caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma
18

unidade que possibilita o acesso de um grande número de famílias à rede


de proteção social de assistência social.” (MDS,2009, p.11)

Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento de todos


os serviços socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS, no seu território de abrangência. Estes serviços, de caráter preventi
vo, proteti vo e proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que
disponha de espaço físico e equipe compatí vel. Quando desenvolvidos no território
do CRAS, por outra unidade pública ou enti dade de assistência social privada sem
fins lucrativos, devem ser obrigatoriamente a ele referenciados.
A oferta de serviços no CRAS deve ser planejada e depende do
conhecimento do território e das famílias que nele vivem, suas necessidades, bem
como do mapeamento da ocorrência das situações de risco e de vulnerabilidade
social e das ofertas já existentes.

O CRAS é, assim, uma unidade da rede socioassistencial de proteção social


básica que se diferencia das demais, pois além da oferta de serviços, benefícios,
programas e projetos, possui uma função exclusivamente da oferta pública do
trabalho social com as famílias do PAIF e da gestão territorial da rede
socioassistencial de proteção social básica. Demandando conhecimento prévio do
território das famílias, organização e articulação das unidades da rede
socioassistencial a ele referenciada e o gerenciamento do acolhimento, inserção, do
encaminhamento e acompanhamento dos usuários no SUAS (Sistema Único da
Assistência Social,2005).
Segundo o Ministério de Desenvolvimento social e Combate a Fome o “PAIF
é desenvolvido pela equipe de referência do CRAS e a gestão territorial pelo
coordenador do CRAS, auxiliado pela equipe técnica, sendo, portanto, funções
exclusivas do poder público e não de entidades privadas de assistência social”
(Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a fome,2008).
Todo Centro de Referência de Assistência Social - CRAS em funcionamento
desenvolve, obrigatoriamente, a gestão da rede socioassistencial de
proteção social básica do seu território e oferta do Programa de Atenção
Integral à Família – PAIF, independentemente da(s) fonte(s) de
financiamento (se municipal, federal e/ou estadual) (Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate a fome,2008).
19

A assistência social também compreende a família como um espaço


contraditório, marcado por tensões, conflitos, desigualdades e, até mesmo, violência.
Nessa direção, ao eleger a matricialidade sociofamiliar como eixo do SUAS, a
família é enfocada em seu contexto sociocultural e econômico, com composições
distintas e dinâmicas próprias. Essa compreensão busca superar a concepção
tradicional de família, o modelo padrão, a unidade homogênea idealizada e
acompanhar a evolução do seu conceito, reconhecendo que existem arranjos
distintos, em constante movimento, transformação.
A compreensão da família ainda é determinada pelas estruturas geracionais
e de gênero presentes: os conflitos e desigualdades vivenciadas no âmbito
familiar devem ser analisados e trabalhados a partir da diferenciada
distribuição de poder e responsabilidade entre seus membros. Outro
elemento determinante para o desenvolvimento de serviços destinados às
famílias é o reconhecimento que elas têm de suas características,
identidades culturais, interesses, necessidades e potencialidades distintas e
que sua composição pode apontar demandas específicas: famílias com
crianças pequenas demandam atenções diferenciadas daquelas destinadas
às famílias com pessoas com deficiência etc. O atendimento à família ainda
deve ser planejado a partir do conhecimento das necessidades e
expectativas diferenciadas dos seus membros, em especial, de acordo com
a forma como esse grupo se organiza: se a família é monoparental, extensa,
entre outros.

A assistência social concentra esforços na prevenção e enfrentamento de


situações de vulnerabilidade e risco sociais, por meio de intervenções
territorializadas e com foco nas relações familiares e comunitárias. Para cumprir
esse objetivo, faz-se necessário planejar. Este planejamento consiste em uma
estratégia de ação onde se estebelece metas, procedimentos e métodos, analisando
as necessidades e demandas com recursos e tempo disponíveis, de forma a
possibilitar a organização do Sistema Único de Assistência Social no município. O
planejamento baseia-se em uma leitura da realidade e visa promover uma mudança
na situação encontrada, segundo objetivos estabelecidos pela Política Nacional de
Assistência Social (PNAS,2004).

2.2 PÚBLICO ALVO DOS CRAS E OBJETIVOS

O público alvo dos equipamentos dos Centros de Referência de Assistência


Social (CRAS) são famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade
pessoal e social, ou seja, que estão passando por conflitos familiares e
comunitários; desemprego, insegurança alimentar, etc. O CRAS atende
pessoas com deficiência, idosos(as), crianças e adolescentes, pessoas
inseridas no Cadastro Único, beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício
de Prestação Continuada (BPC), entre outros.
20

A equipe multiscipllinar do Centro de Referência da Assistência Social


(CRAS), realiza um trabalho socioassistencial para com as famílias e indivíduos com
o objetivando o fortalecimento de vínculos familiares, promovendo o acesso a seus
direitos num caráter protetivo e continuado, prevenindo a ruptura de seus vínculos
familiares.
Os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) executam diversas
aões conjuntamente com as famílias público-alvo deste equipamento como:
cadastramento no cadúnico, orienta sobre benefícios sociais ao qual determinada
família tem direito de acordo com suas vulnerabilidades, orientações da equipe
técnica com relação aos seus direitos, apoio na relosução de conflitos familiares,
fortalecimento da convivência famíliar e a comunidade, acesso aos serviços,
benefícios, projetos da assistência social, apoio e orientação relacionado a violência
doméstica etc.
A territorialização se refere à centralidade do território como fator
determinante para a compreensão das situações de vulnerabilidade e risco sociais,
bem como para seu enfrentamento. A adoção da perspectiva da territorialização se
concretiza a partir da descentralização da política de assistência social e
consequente oferta dos serviços socioassistenciais em locais próximos aos
usuários. Isso aumenta a eficácia e efetividade, criando condições favoráveis à ação
de prevenção ou enfrentamento das situações de vulnerabilidade e risco social, e da
identificação e estímulo das potencialidades presentes no território abrangente.

2.2.1 SERVIÇO SOCIAL E AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL

No decorrer do século XX, houve grandes avanços com relação a políticas


sociais, principalmente pós o movimento de reconceituação do serviço social,
discutindo através de palestras, seminários e congressos o seu agir profissional na
sociedade, a divisão social e técnica do trabalho nas décadas de 1960/1970 que, a
partir das mudanças do embasamento teórico-metodológico, aproximando-se da
teoria marxista constituindo-se da teoria social crítica dialética, havendo o
remodelamento da classe profissional e seus respectivos códigos de ética
21

profissionais, embasando o seu fazer profissional, imbuído das dimensões teórico-


metodológica, ético-política e técnico-operativa.
Porém, há muito tempo, desde os anos 1980, vem-se afirmando que o
Serviço Social é uma especialização do trabalho, uma profissão particular inscrita na
divisão social e técnica do trabalho coletivo da sociedade. As mudanças históricas
estão hoje alterando tanto a divisão do trabalho na sociedade, quanto a divisão
técnica do trabalho no interior das estruturas produtivas, corporificadas em novas
formas de organização e de gestão do trabalho.
O Assistente Social dispõe de um Código de Ética profissional e embora o
Serviço Social seja regulamentado como uma profissão liberal, não tem essa
tradição na sociedade brasileira. É um trabalhador especializado, que vende a sua
força de trabalho de para algumas entidades empregadoras, predominantemente de
caráter patronal, empresarial ou estatal, que demandam essa força de trabalho
qualificada e a contratam. Esse processo de compra e venda da força de trabalho
especializada em troca de um salário faz com que o Serviço Social ingresse no
universo da mercantilização. A profissão passa a constituir-se como parte do
trabalho social produzido pelo conjunto da sociedade capitalista, participando da
criação e prestação de serviços que atendem às necessidades sociais.
o Serviço Social reproduz-se como um trabalho especializado na sociedade
por ser socialmente necessário: produz serviços que atendem às necessidades
sociais, isto é, têm um valor de uso, uma utilidade social. Os assistentes sociais
também participam, como trabalhadores assalariados, do processo de produção
e/ou de redistribuição da riqueza social. Seu trabalho não resulta apenas em
serviços úteis, mas ele tem um efeito na produção ou na redistribuição do valor e da
mais-valia. Assim, na empresa, o assistente social pode participar do processo de
reprodução da força de trabalho e/ou da criação da riqueza social, como parte de um
trabalho coletivo, produtivo de mais-valia. Já na esfera do Estado, no campo da
prestação de serviços sociais, pode participar do processo de redistribuição da mais-
valia, via fundo público. Aí seu trabalho se inscreve, também, no campo da defesa
e/ou realização de direitos sociais de cidadania, na gestão pública. Pode contribuir
para o compartilhamento do poder e sua democratização, no processo de
construção de uma hegemonia no que tange as relações entre as classes. Pode,
entretanto, imprimir outra direção social ao seu trabalho, voltada ao reforço das
estruturas e relações de poder preexistentes, os marcos do cotidiano.
22

Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como


especialização do trabalho Questão social apreendida como o conjunto das
expressões das desigualdades da sociedade capitalista no qual tem uma raiz
comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus lucros mantém-se privada,
monopolizada por uma parte da sociedade capitalista.

Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais


variadas expressões cotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no
trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública
etc.

2.2.2 SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SUAS


CARACTERISTICAS

Após oito anos de implantação do Sistema, percebe-se rapidamente o


rompimento na área com as ações pontuais, segmentadas, fragmentadas,
desarticuladas e de caráter emergencial, que sempre se perpetuou na Assistência
Social.
A oferta de serviços, benefícios e transferência de renda passa a ser
compreendida na sociedade como de caráter continuado, regular e obrigatório
reafirmado na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Historicamente o trabalho
no campo socioassistencial brasileiro foi marcado pela precariedade, de estrutura e
de recursos. Essa precariedade se reflete na descontinuidade e fragmentação das
ações, na precarização dos vínculos trabalhistas que acabam por enfraquecer a
relação com os usuários, na insuficiência da formação e capacitação dos
trabalhadores e, ainda, na ausência de compreensão da especificidade de atuação e
das atribuições próprias de cada esfera de governo no âmbito da Assistência Social.

De acordo com o Sistema único de Assistência Social (SUAS,2012) a


política de assistência social, que tem por funções a proteção social, a vigilância
socioassistencial e a defesa de direitos, organiza-se sob a forma de sistema
23

público não contributivo, descentralizado e participativo, objetivando de prover a


proteção à vida, reduzir danos, prevenir a incidência de riscos sociais,
independente de contribuição prévia, e deve ser financiada com recursos
previstos no orçamento da Seguridade Social.(NOB/SUAS, 2012)
A gestão compartilhada e o cofinanciamento pelo Estados, Municípios
União e Distrito Federal, de modo articulado para com a proteção social não
contributiva, a universalização da proteção social contemplando a todos os
indivíduos e a esses tendo direitos a proteção socioassistencial, prestada para
quem dela necessitar, com respeito, dignidade e à autonomia do cidadão, sem
discriminação de qualquer espécie.A integralidade da proteção socioassistencial
de maneira articulada através de serviços, benefícios, programas,projetos
socioassitenciais.
A intersetoralidade da proteção social na articulação e integração com a
rede socioassistencial com as demais políticas e órgãos setoriais, equidade,
respeito às diversidades regionais, culturais, socioeconômicas, políticas e
territoriais, priorizando aqueles que estiverem em situação de vulnerabilidade e
risco social.

A partir da getão do SUAS, é de responsabilidade do estado na condução


da política de assistência social a descentralização-político-admnistrativa,
financiamento partilhado entre os entes federativos, fortalecimento da relação
democrática entre estado e sociedade civil, controle social e participação
popular.
O SUAS é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos
de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social
abrangidas pela Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993, Lei Orgânica da
Assistência Social – LOAS. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, conforme suas competências, previstas na Constituição Federal
e na LOAS, assumem responsabilidades na gestão do sistema e na garantia
de sua organização, qualidade e resultados na prestação dos serviços,
programas, projetos e benefícios socioassistenciais que serão ofertados
pela rede socioassistencial. (NOB SUAS, 2012 p.19)

Os respectivos entes federativos composto pelo Estado,


Municípios, Distrito Federal e União, possuem atribuições com relação a gestão
territorial da proteção socioassistencial que são: organizar e coordenar o SUAS em
seu âmbito, observar as deliberações e pactuações de suas respectivas instâncias;
24

estabelecer prioridades e metas visando à prevenção e ao enfrentamento da


pobreza, da desigualdade, das vulnerabilidades e dos riscos sociais; normatizar e
regular a política de assistência social em cada esfera de governo, em consonância
com as normas gerais da União e etc.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), tem como papel na gestão da


rede socioassistencial, o provimento de recursos orçamentários para a destinação e
custeio dos serviços tipificados e benefícios socioassistenciais, destinando-os para o
fundo da assistência social. Tem o papel também, no âmbito da gestão a
organização, coordenação, articulação, acompanhamento e monitoramento da rede
socioassostencial nos âmbitos estaduais e regionais.
O SUAS tem como papel na Assistência social, toda a gestão territorial,
estadual, regional e municipal da rede socioassistencial, sendo este um órgão de
grande relevância para a área da assistência social na sociedade brasileira.
O Serviço Social sempre esteve ao lado da classe trabalhadora. E na atuL
conjuntura, de privatizaçõec e tercirizações da mão de obra proveniente da
sociedade capitalista e de ataques aos direitos trabalhistas e sociais, é preciso
destacar a contribuição da categoria de assistentes sociais, não só no atendimento
às demandas imediatas da população usuária, mas também no diálogo e no trabalho
de base com essas pessoas.

2.2.2.1 ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS E AS EXPRESSÕES DA


QUESTÃO SOCIAL

O conhecimento da realidade social une as dimensões investigativas e


interventivas do Serviço Socia. Portanto, o conhecimento é fundamental na atuação
profissional. Para aprofundar esse conhecimento, é necessário recorrer aos
fundamentos da formação sócio-histórica brasileira e compreender qure todo o
processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil ocorreu de forma desigual
entre as regiões e até mesmo entre as localidades do pais.Entretanto, o
conhecimento da realidade social pelo assistente social que deseja intervir
criticamente frente as expressões da questão social postas no cotidiano para o
25

profissional é um grande desafio, pois atender a todas as demandas dos usuários


dos serviços sociais, sendo necessário o assistente social absorver as dimensões
políticas, econômicas, ideológicas, históricas e culturais que vão mediar a questão
social e vai ter como base a potencialização da desigualdade social, aumentando
expressivamente a situações de vulnerabilidade e risco social e ocasionando a
pobreza.

3 ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CRAS

Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é


desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas
emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo
e não só executivo.
A atuação dos Assistentes Sociais nos Centro de Referência da Assistência
Social (CRAS) se dá através da oferta dos serviços socioassistencias que são:
Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF), Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV), Benefício de Prestação Continuada (BPC),
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com Deficiência e
Idosas (SPDPDI), Programa Bolsa Família (PBF) e Benefícios Eventuais.
A intervenção profissional do Assistente Social se dá a partir do atendimento,
operacionalização, planejamento das atividades do equipamento do CRAS para com
a população usuária, se materializando através da a função interventiva junto às
famílias e comunidades no processo de efetivação das políticas sociais.
O trabalho do Assistente Social dentro do CRAS perpassa pelo planejamento
com a equipe de referência para orientarem sobre a execução dos serviços e as
ações de acordo com a tipificação nacional dos serviços sócio assistenciais por meio
da busca ativa, grupos de famílias, atendimento individualizado, encaminhamento,
estudo social e estudo de caso.
26

3.1 ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES PROFISSIONAIS DO ASSISTENTE SOCIAL


PARA COM A POPULAÇÃO USUÁRIA DO CRAS

A partir da realização das pesquisas através da pesquisa bibliográfica,


documental e análise dos dados, percebe-se que no cotidiano profissional do
Assistente Social a grande parte dos assistentes sociais que torna particular o seu
trabalho é o fato de esses o mesmo fazerem uso de instrumentos técnico-operativos.
A questão é que o instrumento por si só não torna particlar o exercício profissional.
Esses instrumentais que permeiam não só a percepção dos profissionais, mas
também a dos próprios assistentes sociais, submete o exercício profissional a um
fzer profissional tcnicista.
Um exercício profissional deve ser atribuído de mediações, que se consiga
construir a relação teoria-prática, porque deve-se questionar, criticar e problematizar
a realidade social posta na conjuntura da sociedade capitalista. Devendo haver
através dos profissionais assistentes sociais, nos diversos espaços sócio-
ocupacionais em que estão inseridos em seus cotidianos profissionais, uma
problematização da realidade social, uma criticidade das questões sociais postas e
juntamente do aporte teórico-metodológico e ético-político, subsidiando a atuação
profissional e analisando a realidade social do público-alvo do equipamento,
atendendo aos usuários e as famílias e suas vulnerabilidades e necessidades.
Desse modo, as questões que se apresentam ao exercício profissional são
complexas, o que exige um esforço para se estabelecer a correlação entre as
demandas institucionais, as demandas apresentadas pelos usuários e a própria
demanda profissional.
Em qualquer espaço sócio-ocupacional, seja ele organizacional, sócio
jurídico, saúde, previdência social, assistência social, criança e adolescente,
habitação e outros, devemos observar que não existe o instrumental a ser utilizado
em cada ação, mas os instrumentais que se inter-relacionam. De igual modo,
trabalhos com grupos ou individual, plantão social, reuniões, palestras, seminários,
elaboração de projetos, planos, programas, estudos, pareceres, relatórios, laudos,
perícias, visita domiciliar ou institucional, entrevista e outros instrumentais, não
podem estar isolados, pois concomitante a eles comparecem outros instrumentais,
tais como: pesquisa investigativa, observação, escuta qualificada, linguagem,
abordagem, sistematização, avaliação entre outros.
27

Entendemos que uma das questões que precisa ser melhor problematizada
é a compreensão e a discussão sobre a materialidade da dimensão técnico-
operativa que, por vezes, fica reduzida à aplicação somente de instrumentos e
técnicas.
O Serviço Social se constrói na produção e reprodução das relações
sociais tecidas na sociedade capitalista, estando inscrito, dessa forma, na divisão
sociotécnica do trabalho. Assim, quando pensamos na dimensão técnico-operativa,
não podemos concebê-la desconectada das demais dimensões – dimensão ético-
política e dimensão teórico-metodológica, pois as mesmas existem em relação,
constituindo uma unidade na diversidade.

3.2 INTERVENÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA INSTITUIÇÃO DO


CRAS

A equipe multidisciplinar do equipamento do Centro de Referência de


Assistência Social (CRAS) é composto por: Assistentes Sociais, Psicólogos,
Pedagogos e técnicos de nível médio, dependendo do território abrangente e se o
equipamento do CRAS, é de pequeno, médio e grande porte.

Para a operacionalização do trabalho no equipamento do CRAS, há a


elaboração Plano Municipal de Assistência Social; o planejamento, monitoramento e
avaliação dos serviços ofertados no CRAS: a alimentação dos sistemas de
Informação do SUAS os processos de formação e qualifi cação da equipe de
referência; oferta do PAIF e outros serviços socioassistenciais da proteção social
básica e a gestão territorial da rede socioassistencial da psb.

3.2.1 OFERTA DE PROGRAMAS, PROJETOS, SERVIÇOS, BENEFICIOS


SÓCIOASSISTENCIAIS A POPULAÇÃO DO TERRITÓRIO
ABRANGENTE

São objetivos da Seguridade Social: “a universalidade descobertura e de


atendimento; uniformidade e equivalência dos benefícios e dos serviços às
populações urbanas e rurais; seletividade e distributividade na prestação
28

dos benefícios e serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade


na forma de participação no custeio; diversidade da base de financiamento;
caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do governo nos órgãos colegiados.” (Parágrafo Único do
artigo 194 da Constituição Federal)

As atribuições do CRAS para a oferta de benefícios, serviços, programas e


projetos socioassistenciais são Elaborar o Plano Municipal de Assistência Social,
planejar,monitorar e avaliar os serviços ofertados no CRAS; alimentar os sistemas
de Informação do SUAS; subsidiar os processos de formação e qualificação da
equipe de referência; ofertar o PAIF e outros serviços socioassistenciais da Proteção
Social Básica; e controlar a gestão territorial da rede socioassistencial da PSB.
A equipe de referência do CRAS é regulamentada pela NOB-RH/SUAS e sua
composição depende do número de famílias referenciadas ao CRAS, conforme
quadro abaixo:
Famílias Capacidade de Equipe de referência
referenciadas atendimento
anual

 Até 2.500 500 famílias Dois técnicos com nível médio e dois
técnicos com nível superior, sendo um
assistente social e outro
preferencialmente psicólogo.

 3.500 750 famílias Três técnicos com nível médio e três


técnicos com nível superior, sendo
dois assistentes sociais e
preferencialmente um psicólogo.

 5.000 1.000 famílias Quatro técnicos com nível médio e


quatro técnicos com nível superior,
sendo dois assistentes sociais, um
psicólogo e um profissional que
compõe o SUAS.
29

São atribuição da coordenação dos CRAS: Coordenar a definição com a


equipe de profissionais e representantes da rede socioassistencial do território, o
fluxo de entrada, acompanhamento, monitoramento, avaliação e desligamento das
famílias e indivíduos nos serviços de proteção social básica da rede
socioassistencial referenciada ao CRAS; definir com a equipe técnica, os meios e as
ferramentas teórico-metodológicos de trabalho social com famílias e dos serviços de
convivência; efetuar ações de mapeamento, articulação e potencialização da rede
socioassistencial no território de abrangência do CRAS e fazer a gestão local desta
rede.
A articulação da rede de Proteção Social Básica, referenciada ao CRAS, visa
promover o acesso dos usuários do PAIF aos demais serviços socioassistenciais de
Proteção Básica. Dessa forma, assegura-se a família seu acompanhamento, caso
se encontre em situação de maior vulnerabilidade ou risco social.

O instrumental técnico-operativo como a busca ativa, objetiva a identificação


de situações de vulnerabilidade e risco social, de forma a ampliar o conhecimento e
a compreensão da realidade social. É considerada um elemento essencial para o
funcionamento do PAIF.
Com a busca ativa a equipe de referência pode, por exemplo, identificar e
analisar os casos de famílias que estão em descumprimento com as
condicionalidades do Programa Auxílio Brasil, assim como as potencialidades e
recursos culturais, econômicos, sociais, políticos. Possibilita, ainda, conhecer as
redes de apoio às famílias, além de identificar as articulações que precisam ser
realizadas para a efetividade da proteção social.
A busca ativa possibilita o conhecimento do território e das famílias, além de
disponibilizar informações sistematizadas, que constituem um diagnóstico social que
contribui para a ação preventiva e para o planejamento de serviços necessários.

O Serviço Social como qualquer outra profissão liberal existente numa


sociedade com modo de produção capitalista, está intrínseca a divisão sócio técnica
do trabalho, e, por isso deve compreender as relações sociais estabelecidas neste
formato de sociedade, que imprime na sua ação/reflexão profissional possibilidades
de uma prática social. Tal prática não é apenas a junção teoria e prática, ela deve
30

estar voltada à transformação de um processo, seja ela na perspectiva da


matérialidade, da consciência ou da prática.

3.2.1.1 CARACTERISTICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS E SUAS


COMPETÊNCIAS

As atribuições e as competências dos/as profissionais de Serviço Social,


sejam aquelas realizadas na política de Assistência Social ou em outro espaço
sócio-ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no
Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem
ser observados e respeitados, tanto pelos/as profissionais, quanto pelas instituições
empregadoras.
O profissional assistente social deve-se aprimorar-se a partir de apropriação
de novos conhecimentos da realidade social na sociedade capitalista que está em
constante transformação, frente as reformas das políticas neoliberais provindas do
estado.

São direitos do assistente social: desempenhar suas atividades profissionais,


com eficiência e responsabilidade, observando a legislação em vigor; garantia e
defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei de Regulamentação
da Profissão e dos princípios firmados no código; ampla autonomia no exercício da
profissão, não sendo obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as
suas atribuições, cargos ou funções; liberdade na realização de seus estudos e
pesquisas, resguardados os direitos de participação de indivíduos ou grupos
envolvidos em seus trabalhos e etc.

São deveres dos profissionais assistentes sociais: desempenhar suas


atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a legislação
em vigor; utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da
profissão; negar-se, no exercício da profissão, de práticas que caracterizem a
censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, havendo
á denúncia de sua ocorrência aos órgãos competentes.
31

O perfil do/a assistente social para atuar na política de Assistência Social


deve afastar-se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas e
conservadoras, que reforçam as práticas conservadoras que tratam as situações
sociais como problemas pessoais que devem ser resolvidos individualmente.
A intervenção profissional orientada por esta perspectiva crítica pressupõe a
concepção, pelo/a profissional, de um papel que aglutine: leitura crítica da realidade
e capacidade de identificação das condições materiais dos usuários e indivíduos
enquanto sujeito de direitos, identificando as respostas existentes no âmbito do
Estado e da sociedade civil, reconhecendo o fortalecimento dos espaços e formas
de luta e organização dos/as trabalhadores/as em defesa de seus direitos;
formulação e construção coletiva, em conjunto com os/as trabalhadores/as, de
estratégias políticas e técnicas para transformação da realidade social e formulação
de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os recursos financeiros,
materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos direitos.
Competências profissionais dos assistentes sociais que permitem uma análise
da realidade social mais aprofundada e crítica, problematizando e aprofundando as
expressões das questões sociais, para uma intervenção profissional
qualitativa.Dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais
na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos;bens
e equipamentos públicos, dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos
sociais, na perspectiva da socialização da informação; mobilização e organização,
popular, que tem como o objetivo o reconhecimento e fortalecimento da classe
trabalhadora como na coletividade na luta pela ampliação dos direitos e
responsabilização estatal; a dimensão de intervenção profissional voltada para
inserção nos espaços democráticos de controle social e construção de estratégias
para fomentar a participação, reivindicação e defesa dos direitos pelos/as
usuários/as e trabalhadores/as nos Conselhos, Conferências e Fóruns da
Assistência Social e de outras políticas públicas.
As estratégias e competências para o exercício profissional do assistente
social são: realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento
das situações de vida da população, que subsidiar a formulação dos planos de
Assistência Social; formular e executar os programas, projetos, benefícios e
serviços próprios da Assistência Social, em órgãos da Administração Pública,
empresas e organizações da sociedade civil; elaborar, executar e avaliar os planos
32

municipais, estaduais e nacional de Assistência Social, buscando inter-relação com


as diversas áreas e políticas públicas, com destaque para as políticas de Seguridade
Social; formular e defender a constituição federal no orçamento público necessário
à implementação do plano de Assistência Social; favorecer a participação dos/as
usuários/as e movimentos sociais no processo de elaboração e avaliação do
orçamento público.

A profissionalização do Serviço Social não se relaciona decisivamente à


“evolução da ajuda”, à “racionalização da filantropia” nem à “organização da
caridade”; vinculase à dinâmica da ordem monopólica. É só então, que a
atividade dos agentes do Serviço Social pode receber, pública e
socialmente, um caráter profissional [...] A emergência profissional do
Serviço Social é, em termos histórico-universais, uma variável da idade do
monopólio; enquanto profissão, o Serviço Social é indivorciável da ordem
monopólica – ela cria e funda a profissionalidade do Serviço Social.
(NETTO, 2011, p. 73-74).

O processo de construção do capitalismo monopolista trouxe também o


estabelecimento de políticas sociais, utilizadas como instrumentos para a
garantia de acumulação de capital. “A necessidade de uma nova
modalidade de intervenção do Estado decorre primeiramente, da demanda
que o capitalismo monopolista tem de um vetor extraeconômico para
assegurar seus objetivos estritamente econômicos”. (NETTO, 2011, p. 25)

Historicamente a política de assistência social esteve ligada à ajuda, a


filantropia, e a caridade, contudo, com as conquistas da Constituição Federal de
1988, Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, a PNAS, o SUAS, e outras
regulações recentes, este cenário vem se modificando, o que implica em novos
desafios que necessitam ser compreendidos e desvendados.
Observa-se que as mudanças ocorridas a partir de 2004, com a
regulamentação da PNAS por meio da configuração de um Sistema de Proteção -
SUAS que prevê a articulação de serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais,sendo esses hierarquizados por níveis de gestão de acordo com a
complexidade da proteção a ser garantida e do porte de cada município da
federação, esse processo exigiu também novos modos de organização,
processamento, produção e gestão do trabalho na assistência social.
A política de assistência social tem sido alvo de discussões, principalmente
após a implantação da gestão do SUAS. Assim, é importante tratar questões que
envolvem a implementação desse sistema e o trabalho dos profissionais que atuam
33

na gestão e operacionalização da política em questão. Nesse momento, destaca-se


o trabalho do assistente social.
Após uma década da PNAS e do SUAS, percebe-se na política de assistência
social grandes avanços no que se refere a organização e capilaridade dos serviços
em todo território nacional, mas, cabe ressaltar que é um processo em movimento e
possui suas contradições. Em relação ao trabalho do assistente social no SUAS,
esse processo de mudanças que vem ocorrendo há dez anos contribuiu para a
ampliação do mercado de trabalho profissional, tanto para os assistentes sociais,
como para outros profissões nela inseridos, requerendo assim, novos desafios
profissionais. O avanço que se tem em relação a gestão do trabalho no SUAS é a
NOB/RH/2006, no entanto, trata-se de um ganho político, pois, como observamos os
trabalhadores do SUAS, e o assistente social em sua maioria, inserido nessa política
ainda estão inseridos na política de forma precarizada, através de cargos
comissionados, contratos temporários entre outros e que, que esse processo não se
trata somente dos trabalhadores da política de assistência, mas decorre-se do
processo conjuntural que atinge o conjunto dos trabalhadores, pautados na
destituição de direitos, flexibilização e precarização do trabalho e que esse processo
não se trata somente dos trabalhadores da política de assistência, mas decorre-se
do processo conjuntural que atinge o conjunto dos trabalhadores, pautados na
destituição de direitos, flexibilização e precarização do trabalho.
No exercício profissional cotidiano, o Serviço Social mantém o desafio de
conhecer e interpretar algumas lógicas do capitalismo contemporâneo,
especialmente em relação às mudanças no mundo do trabalho e sobre as questões
da desestabilização dos sistemas de proteção social e das políticas sociais em geral.
O exercício da profissão envolve a ação de um profissional que tem
competência para propor, para negociar com a instituição seus projetos, defender
seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais que irão além de
ações rotineiras e que decifrem realidades subjacentes, revertendo-as em ações
concretas de benefícios à população excluída.
A partir dos anos 80, as mudanças ocorridas na profissão foram pautadas na
necessidade de conhecer e acompanhar as transformações econômicas, políticas e
sociais do mundo contemporâneo e da própria conjuntura do Estado e do Brasil. As
duas últimas décadas do século XX foram determinantes nos novos rumos
acadêmicos, políticos e profissionais para o Serviço Social. Foi implantado, na
34

década de 1990, o Projeto Ético-Político do Serviço Social, fruto de uma organização


coletiva e de uma busca do amadurecimento no embasamento teórico-metodológico
que possibilita à profissão a formular respostas qualificadas frente à questão social.
A década de 1990 confere maturidade teórica ao Projeto Ético Político
Profissional do Serviço Social brasileiro que, no legado marxiano e na tradição
marxista, apresenta sua referência teórica. um conjunto de leis e de
regulamentações que dão sustentabilidade institucional, legal, ao projeto de
profissão nos marcos do processo de ruptura com o conservadorismo: o Novo
Código de Ética Profissional de 1993; nova Lei de Regulamentação da Profissão em
1993; as Diretrizes Curriculares dos cursos de Serviço Social em 1996; d) as
legislações sociais que referenciam o exercício profi ssional e vinculam-se à garantia
de direitos como: o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 1990, a Lei
Orgânica da Assistência Social – Loas de 1993, a Lei Orgânica da Saúde em 1990.
A profissão, como afirma Yazbek (2000, p.29), enfrenta o desafio de decifrar
algumas lógicas do capitalismo contemporâneo, especialmente em relação
às mudanças no mundo do trabalho, os processos desestruturadores dos
sistemas de proteção social e da política social em geral e o aumento da
pobreza e a exclusão social. O Serviço Social vê-se confrontado e desafi
ado a compreender e intervir nessa sociedade de transformações confi
guradas nas novas expressões da questão social: a precarização do
trabalho, a penalização dos trabalhadores, o desemprego, a violência em
suas várias faces, a discriminação de gênero e etnia e tantas outras
questões relativas à exclusão.

A formulação de um projeto profi ssional crítico à sociedade capitalista é


“uma demanda dos segmentos da sociedade que recebem os serviços
prestados pelo assistente social, e não apenas uma condição de grupos ou
do coletivo profi ssional” (Guerra, 2007, p.9)

Este projeto profissional reafirma o compromisso da categoria com um


projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem societária,
sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero. Ele tem como
aspecto central a liberdade, ou seja, a possibilidade de o ser humano fazer
concretamente suas escolhas, e com isso comprometer-se com a
autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos. A partir
desses princípios, o projeto ratifi ca a intransigente defesa dos direitos
humanos e contra qualquer forma de preconceito, o arbítrio, o autoritarismo,
culminando no exercício do pluralismo na sociedade em geral e no exercício
profi ssional (Netto, 2000, p.104-5).

Neste sentido, a construção deste projeto profissional acompanha a


transformação do movimento democrático e popular que, progressista e
35

positivamente, tensionou a sociedade brasileira entre a derrota da ditadura e a


promulgação da Constituição de 1988 (referida como Constituição Cidadã), um
movimento democrático e popular que, colocando-se inclusive como alternativa
nacional de governo nas eleições presidenciais de 1989, forçou uma rápida
redefinição do projeto societário das classes possuidoras.
À medida que o profissional assume o compromisso com a transformação
dessa ordem societária e institui como estratégia de ação, no atual
momento histórico, a luta por direitos sociais, comprometendose com a
qualidade dos serviços prestados e com o fortalecimento do usuário, seu
perfil tem que ser necessariamente crítico e questionador. É preciso,
também, que este esteja munido de um referencial teórico-metodológico que
lhe permita apreender a realidade numa perspectiva de totalidade, e
construir mediações entre o exercício profi ssional comprometido e os
limites dados pela realidade de atuação. O Serviço Social ao longo de sua
história, conforme abordado anteriormente, convive com o sistema
capitalista, no qual nasceu enquanto profi ssão, buscou criar estratégias de
minimização das manifestações da miséria e empobrecimento da classe
trabalhadora, por meio de ações distributivas de serviços assistencialistas e
clientelistas, sem questionar as estruturas que geram as desigualdades
sociais. Para a categoria profi ssional a releitura do trabalho do assistente
social exigiu a ruptura com posicionamentos ideológicos e ações restritas,
endógenas e focalistas do Serviço Social, transpondo as determinações da
classe dominante. Com isso, faz-se necessário um profi ssional propositivo,
refl exivo, crítico, “que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais, versado
no instrumental técnico-operativo”, com competência para ações profi
ssionais em nível de assessorias, de negociações, de planejamentos, de
pesquisa e de incentivo à participação dos usuários em gestão e da
avaliação de programas sociais de qualidade (Iamamoto, 2001, p.144).

Enfim, é possível admitir que o projeto ético-político do Serviço Social se


consolidará a partir do momento em que este deixa claro os objetivos da profissão,
que com seu referencial teórico-metodológico permita que o profissional faça a
crítica ontológica do cotidiano, da ordem burguesa e dos fundamentos
conservadores que persistem na profi ssão, que lance luzes sobre as novas
escolhas e orientações para direcionamentos sociais e, assim, o assistente social
estará apto a ocupar os diversos espaços institucionais, privados, públicos e profi
ssionais; a questionar critérios de escolha e elegibilidade para o direcionamento de
serviços sociais, a democratizar o acesso à informação; a pesquisar e conhecer os
sujeitos que demandam as ações profi ssionais e realizam alianças com eles; a
estabelecer compromisso com as denúncias e efetivar o trabalho de organização
popular.
36

4 PESQUISA BIBLIOGRÁGICA

A pesquisa bibliográfica foi realizada com enfoque na investigação e análise


da atuação dos Assistentes sociais nos CRAS, e seus instrumentais técnicos
operativos objetivando o conhecimento aprofunfado do trabalho desses profissionais
na proteção social básica, juntamente com uma equipe multidisciplinar que é
composta este equipamente do SUAS.

4.1 ANÁLISE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A metodologia de pesquisa utilizada para coleta de dados e averiguação dos


dados foram a pesquisa bibliográfica e documental, com enfoque exploratório
objetivando ter um conhecimento aprofundado do assunto em questão, analisando
todos os materiais sendo estes: livros, artigos científicos e etc.
Obteve-se uma análise simplicada da coleta dos materiais didáticos e chegou
-se a conclusão que o trabalho dentro dos equipamentos dos CRAS, demanda-se
organização, planejamento, conhecimento do território abrangente, profissionais
capacitados para saber abordar as famílias no seu cotidiano profissional.

4.2 ANÁLISE DA PESQUISA

A partir da realização da pesquisa bibliográfica e documental, observou se


que há uma articulação de toda a rede socioassistencial juntamente com a
população do territótio abrangente, havendo este trabalho em grupo de diversos
equipamentos ligados à área da saúde, assistência social e da previdência social.

4.2.1 MATERIAIS COLETADOS NA PESQUISA DE CAMPO

Foi realizada a coleta de dados através de livros, artigos científicos,


legislações concernentes a proteção social básica, seguridade social e assistência
social, analisando e interpretando todos os textos para a compreensão e servir como
escrita para o trabalho monográfico de conclusão de curso.
37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU RESULTADOS DA PESQUISA

Após análise dos conteúdos estudados e dos materiais didáticos analisados,


observou-se que o CRAS, a partir da gestão da rede socioassistencial e articulação
com outros equipamentos da rede ex: CAPS, CREAS, Centro POP, Clínicas da
família e etc. Obtem-se um estudo aprofundado, organizado e planejado de toda
população usuária do território, objetivando que estes possam alcançar os serviços
mais facilmente. A importância do fortalecimento de vínculos com as famílias,
mantendo estas famílias como principal objetivo para intervenção profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINELLI. Tiago. O serviço social e O Sistema Único de Assistência Social


(SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional. Vitória, v. 1, n. 1, p. 92-105,
jul./dez. 2009

BRASIL. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, aprovada


pelo Conselho Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº 145,
de 15 de outubro de 2004, e publicada no Diário Oficial da União – DOU do dia 28
de outubro de 2004.

BRASIL (1993). Presidência da República. Lei Orgânica de


Assistência Social. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993

l Seminário de Política Social e Serviço Social – SEMPS,2020, Iguatu-CE. A


CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
NO CRAS. Iguatu-CE, Instituto Federal do Ceará- Campus Iguatu,2020.

BRASIL, LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991. Dispõe sobre a organização da


Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Casa Civil,
Brasília, DF,24 jul.1991.

BRASIL (2005). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma


Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social. Resolução do
CNAS nº 130, 15 de julho de 2005.

BRASIL (2009). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)


e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
38

(UNESCO). Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil.


Brasília, 2009.

BRASIL (2009). Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência


Social – CRAS/ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. – 1. ed. –
Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 72 p.

BRASIL(2009). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.


Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS/
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. – 1. ed. – Brasília:
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 72 p

Você também pode gostar