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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL – UNIBRASIL

ENGENHARIA MECÂNICA

LUÍS HENRIQUE DA SILVA RODRIGUES


PAULO AUGUSTO KANIA DE OLIVEIRA

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPO DE PRÓTESE MECÂNICA DO


HÁLUX

CURITIBA
2020
LUÍS HENRIQUE DA SILVA RODRIGUES
PAULO AUGUSTO KANIA DE OLIVEIRA

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPO DE PRÓTESE MECÂNICA DO


HÁLUX

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso


de Engenharia Mecânica do Centro
Universitário Autônomo do Brasil - Unibrasil,
como requisito parcial à obtenção do título de
Graduação em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Alexandre Pereira de Faria.
Co-orientador: Prof. Fernando Enrique Castillo
Vicencio.

CURITIBA
2020
AGRACECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por realizar e estar concluindo este


curso.
Agradecemos aos nossos familiares pelo apoio e incentivo nos momentos de
necessidade. Eu Luís agradeço minha esposa Amanda Cruz pelo apoio e o
entusiasmo em todo o decorrer do curso. Eu Paulo agradeço minha esposa Giovana
Cristina por toda a ajuda, principalmente no momento de maior dificuldade, o qual é
tema deste estudo, além de sua dedicação comigo e com nossa filha Alice.
Aos pais um agradecimento especial. Eu Luís agradeço aos meus avós Emilia
e Donir pelo suporte fornecido em toda a minha vida e a minha mãe Joseane pelo
apoio e incentivo de nunca desistir do curso e sempre permanecer com pensamento
positivo em todas as atividades e por sempre estar ao meu lado. Eu Paulo quero
agradecer aos meus pais Paulo Cezar e Rosangela por terem dedicado todo tempo
possível a mim e estarem sempre comigo em todos os momentos, graças a eles
estou concluindo esse curso, e também agradecer a minha irmã Melina por estar
sempre me apoiando.
Agradecemos aos nossos orientadores Fernando Castillo e Alexandre Faria
por toda ajuda e conhecimento compartilhado conosco no decorrer deste projeto,
agradecemos também ao coordenador do curso Fábio Schneider pela disposição no
decorrer de todo o curso.
A amiga e doutora Fabielle Motizuki pela orientação na área de
especialização médica necessária para esse projeto.
Ao amigo Arthur Arbuino pelo auxilio no desenvolvimento do modelamento
dos componentes do protótipo em 3D no software SolidWorks®.
Enfim, agradecemos a todos que de alguma forma contribuíram e contribuem
em nossas vidas.
RESUMO

A utilização de próteses tem auxiliado um grande número de pessoas a restaurar a


funcionalidade comprometida de um membro, seja por deficiência congênita ou nos
casos em que ocorra a necessidade de amputação, gerada por doenças ou lesões,
como por exemplo, acidentes de trabalho e trânsito. Neste trabalho é apresentado o
protótipo de prótese mecânica e estética do hálux (dedão do pé), utilizando sistema
de osseointegração, com dimensões e movimentos mecânicos correspondentes ao
membro original, através da análise de biomateriais as ligas de Titânio apresentam
melhor aceitação e foram utilizadas na elaboração do pino intrameludar, adaptador
externo e demais componentes do protótipo. Entre os membros inferiores, o pé é de
grande relevância em ciclo de marcha e equilíbrio para que essas atividades sejam
realizadas de forma correta se faz necessário a utilização do membro hálux, que em
conjunto com os demais ossos do pé realizam essas funções. A metodologia
empregada nesse estudo contou inicialmente com análise biomecânica do membro
para conhecimento de suas funções e empregar o melhor método de protetização.
Análise dos materiais foi de suma importância para identificação do material a ser
utilizado, tendo em visto que o mesmo necessita ter biocompatibilidade e atender
requisitos mecânicos. Modelamento 3D foi desenvolvido tendo como referência o
membro saudável do usuário, através do modelo foram realizados cálculos e
simulações via software a fim de comprovar a funcionalidade e resistência do
protótipo.

Palavras-chave: Prótese. Hálux. Osseointegração. Amputação. Biocompatibilidade


ABSTRACT

The use of prostheses has helped a large number of people to restore the impaired
functionality of a limb, whether due to congenital disabilities or in cases where the
need for amputation occurs, caused by illness or injury, such as work and traffic ac-
cidents . This work presents the prototype of the mechanical prosthesis and aesthet-
ics of the hallux (big toe), using an osseointegration system, with dimensions and
mechanical movements corresponding to the original limb, through the analysis of
biomaterials the titanium alloys are better accepted and were used in elaboration of
the intrameludar pin, external adapter and other components of the prototype.
Among the lower limbs, the foot is of great relevance in the gait and balance cycle so
that these activities are performed correctly, it is necessary to use the hallux limb,
which together with the other bones of the foot perform these functions. The method-
ology used in this study initially relied on physiological analysis of the limb to learn
about its functions and employ the best prosthetic method. Analysis of the materials
was of paramount importance for identifying the material to be used, given that it
needs to have biocompatibility and meet mechanical requirements. 3D modeling was
developed with reference to the healthy member of the user, through the model cal-
culations and simulations were performed via software in order to prove the function-
ality and resistance of the prototype.

Keywords: Prosthesis. Hallux. Osseointegration. Amputation. Biocompatibility


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fase final da marcha.................................................................... 16


Figura 2 - Disposição óssea do pé. .............................................................. 17
Figura 3 - Forças atuantes em peso corporal. .............................................. 19
Figura 4 - Sistema de coordenadas cartesianas CMT. ................................ 20
Figura 5 - Primeira prótese registrada. ......................................................... 21
Figura 6 - Desarticulação Metatarsofalangeana. .......................................... 23
Figura 7 - Amputação Syme. ........................................................................ 24
Figura 8 - Níveis de amputações do membro inferior. .................................. 25
Figura 9 - Prótese osseointegrada. .............................................................. 26
Figura 10 - Representação mola de tração. ................................................. 30
Figura 11 - Representação de uma mola helicoidal. .................................... 30
Figura 12 - Representação mola de torção. ................................................. 31
Figura 13 – Gráfico de tensão-deformação. ................................................. 33
Figura 14 - Geometria, cargas e malhas. ..................................................... 35
Figura 15 - Simulação elementos finitos. As diferentes cores indicam variação dos
valores do estudo escolhida para simulação......................................... 36
Figura 16 – Modelo PDP. ............................................................................. 37
Figura 17 - Prótese de mão. ......................................................................... 39
Figura 18 – Prótese estética hálux. .............................................................. 39
Figura 19 - Tipo de encaixe protético. .......................................................... 41
Figura 20 – Esboço protótipo prótese. ......................................................... 42
Figura 21 - Pino intramedular. ...................................................................... 44
Figura 22 - Adaptador externo...................................................................... 44
Figura 23 - Eixo central de fixação da articulação metatarsofalangeana. .... 44
Figura 24 - Cabeça do hálux. ....................................................................... 45
Figura 25 - Método simplificado simulação. ................................................. 46
Figura 26 - Tipos de elementos. ................................................................... 47
Figura 27 – Renderização 3D do pino intramedular. .................................... 54
Figura 28 - Renderização 3D do adaptador externo. ................................... 55
Figura 29 - Renderização 3D do eixo central. .............................................. 55
Figura 30 - Renderização 3D da cabeça do hálux. ...................................... 56
Figura 31 - Renderização do desenho técnico da mola de torção. .............. 56
Figura 32 - Renderização 3D da montagem final. ........................................ 57
Figura 33 – Árvore de simulação de análise estática. .................................. 57
Figura 34 - Configuração de Numerics. ........................................................ 58
Figura 35 – Simulação de critério de falha e deslocamento pino intramedular.60
Figura 36 - Simulação de critério de falha e deslocamento adaptador externo. 61
Figura 37 - Simulação de critério de falha e deslocamento eixo central. ..... 61
Figura 38 - Simulação de critério de falha e deslocamento da cabeça do hálux. 62
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição de força em % de peso corporal .............................. 18


Tabela 2 - Resultados cálculo de mola ........................................................ 54
Tabela 3 – Fator de segurança componentes da prótese ............................ 63
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

a.C Antes de Cristo


3D Três dimensões
% Por cento
C0-Cr-Mo Liga metálica de Cromo Cobalto e Molibdênio
CMT Cabeça do metatarso
Ffl Força no tendão fibular longo
Flh Força no tendão extensor longo do hálux
Ffc* Força dos músculos flexor curto e abdutor do hálux
F1 Força reação do solo sob o hálux
F2 Força reação do solo sob a cabeça do metatarso
R Força resultante atuante sob cabeça do metatarso
X Eixo de coordenadas abcissas
Y Eixo de coordenadas ordenadas
Z Eixo de coordenadas cota
˚ Grau
𝝈 Tensão
F Força aplicada
A Área do plano
𝜺 Deformação
∆L Variação do comprimento
L0 Comprimento inicial
E Módulo de elasticidade
MEF Método de elementos finitos
PDP Processo de desenvolvimento de produto
K Matriz de rigidez
f Vetor de forças aplicadas
u Vetor de deslocamento
mm Milímetro
mm² Milímetro quadrado
N Newton
Dra. Doutora
𝝈𝒓 Tensão de ruptura
𝝈𝒂 Tensão admissível
N/mm Newton por milímetro
N/mm² Newton por milímetro quadrado
𝝈𝒆 Tensão de escoamento
𝑨𝒇 Área resistente
𝑭𝒆 Força exercida
FS Fator de segurança
MPa Mega Pascal
Ti-3Al-8V-6Cr-4Mo-4Zr Liga de Titânio 3% de alumínio, 8% Vanádio, 6% de
Cromo, 4% de Molibdênio e 4% Zircônio
Ti-6Al-4V Liga de Titânio 6% de Alumínio e 4% de Vanádio
ASTM American Society for Testing and Materials
A227M Especificação para arame de aço trefilado
C Índice de mola
D Diâmetro médio da mola
d Diâmetro do arame
K Constante da mola
M Momento fletor
𝑪𝒐𝒔 Cosseno
𝜶 Ângulo gerado
CAE Computer Aided Engineering
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
1.1 Objetivos gerais ........................................................................................ 14
1.2 Objetivos específicos ................................................................................ 14
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 15
2.1 Ciclo da marcha ........................................................................................ 15
2.2 Estrutura óssea do pé ............................................................................... 17
2.3 Biomecânica do pé ................................................................................... 17
2.4 Ângulos de extensão ................................................................................ 19
2.5 Amputação ................................................................................................ 21
2.6 Origem das amputações ........................................................................... 22
2.7 Níveis de amputação ................................................................................ 23
2.8 Próteses .................................................................................................... 25
2.9 Osseointegração ....................................................................................... 25
2.9.1 Biomateriais ........................................................................................... 27
2.9.2 Biocompatibilidade................................................................................. 28
2.9.3 Biofuncionalidade .................................................................................. 28
2.10 Aplicação de molas e funcionalidades ...................................................... 28
2.10.1 Molas de tração .................................................................................. 29
2.10.2 Mola de compressão .......................................................................... 30
2.10.3 Mola de torção .................................................................................... 31
2.11 Resistência dos materiais ......................................................................... 31
2.11.1 Curva tensão-deformação .................................................................. 32
2.11.2 Análise de elementos finitos ............................................................... 34
2.12 Processo de desenvolvimento de produto ................................................ 36
2.12.1 Processo de desenvolvimento de produto para prótese..................... 38
2.13 Pesquisa tecnológica ................................................................................ 38
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 40
3.2 Projeto Conceitual ..................................................................................... 41
3.3 Projeto preliminar ...................................................................................... 42
3.4 Projeto Detalhado ..................................................................................... 43
3.4.1 Modelagem 3D ...................................................................................... 43
3.4.3 Simulações ............................................................................................ 46
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................ 48
4.1 PROJETO PRELIMINAR .......................................................................... 48
4.1.1 Suposição de dimensionamento ............................................................ 48
4.1.2 Cálculos iniciais ..................................................................................... 49
4.2 Projeto detalhado ...................................................................................... 54
4.2.1 Modelamento 3D ................................................................................... 54
4.2.2 Simulação .............................................................................................. 57
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 66
ANEXO A – Seleção de materiais ........................................................................... 71
ANEXO B – Desenho técnico ................................................................................. 75
12

1 INTRODUÇÃO

A amputação pode ser definida como a retirada, comumente cirúrgica,


de um membro, para muitos o termo amputação é equiparado com mutilação e
dependência (BOCCOLINI, 2000).
O uso de próteses, conhecido por protetização, tem sido cada vez mais
eficaz no quesito de satisfazer as funções perdidas devido a ausência do
membro amputado.
Segundo estudo da egiptóloga Jack Finch (2007) as próteses
ortopédicas mais antigas registradas foram descobertas nas múmias de dois
museus, tem a forma de dedão do pé direito de aproximadamente 600 a.C, que
eram feitas por três partes de madeira e unidas por tiras de couro (Museu do
Cairo). Com o desenvolvimento da tecnologia foi possível otimizar a fabricação
das próteses, deixando-as mais leves, funcionais e práticas, permitindo o
amputado a realizar funções semelhantes a natural, algo antes impossível.
Os níveis de amputação interferem diretamente na determinação do tipo
de prótese a utilizar, pois para o paciente ter um melhor resultado, para
aumentar o desempenho e a aceitação de próteses que sejam mais
avançadas, como as de mioelétrico1, por exemplo, este deve estar preparado
para gerar um bom sinal de comando para que o sistema de controle fique apto
para captá-lo e assim executar tal movimento (Carvalho, 2000).
Para o desenvolvimento de uma prótese é necessário o conhecimento
da anatomia humana da parte do corpo em que se deseja trabalhar,
conhecendo as funcionalidades mecânicas, atuação e desempenho do
membro, procura-se dessa forma o desenvolvimento de um dispositivo artificial
muito semelhante à parte do corpo a ser substituída ou implantada. Quando o
objetivo da prótese é satisfazer as funções do membro amputado se faz
necessário o conhecimento biomecânico a fim de desenvolver um protótipo que
atenda as necessidade mecânicas exigidas em atividade diárias.
Alguns tipos de próteses estéticas do hálux (conhecido popularmente
como dedão do pé) são encontradas facilmente para aquisição, sendo possível
encaixar a prótese na parte faltante do dedo, trabalhando somente a parte

1
Sinal elétrico proveniente da contração muscular.
13

estética do hálux e não priorizando a funcionalidade do mesmo, que seria atuar


no momento da impulsão da marcha ao caminhar. As próteses responsáveis
pela a atuação do mesmo são as mecânicas, tratadas neste trabalho, que têm
como desvantagem baixo interesse comercial, visto que a falta do membro não
impossibilita a caminhada, porém, gera dificuldades.
Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um protótipo de
prótese mecânica do hálux, mantendo o tamanho e a atuação da primeira
falange semelhante ao membro amputado, utilizando a base de funcionamento
de todos os pododáctilos 2 juntamente com o dedão na marcha de uma pessoa
ao caminhar ou realizar atividades comuns de dia a dia, como corrida,
pequenos saltos, agachamento e outros. Com isso o usuário terá um conforto
maior ao caminhar e manter uma rotina ligeiramente próxima a que tinha antes
da amputação.
Os processos de desenvolvimento de um protótipo constituem na
modelagem 3D da prótese em software com análises estruturais, determinando
os biomateriais a serem utilizados e as forças e reações atuantes no membro
do corpo humano. A ideia da prótese será proporcionar ao usuário a
movimentação perdida do hálux ao ter o mesmo amputado.
Para a adaptação do dispositivo ao paciente será necessário o
acompanhamento com profissionais da medicina, para auxiliar na possibilidade
da utilização da prótese, tomando os devidos cuidados com a fixação da
mesma, visando sempre a retomada do usuário com a maior funcionalidade do
membro possível.
O caso a ser analisado será de um adulto de 23 anos vítima de acidente
de trânsito envolvendo carro e motocicleta, por conta da colisão o usuário foi
arremessado 10 metros e devido ao choque da aterrissagem o hálux sofreu
uma hiperextensão gerando fratura exposta entra o metatarso e a primeira
falange, por consequência do trauma originou-se uma necrose completa do
membro e a necessidade de intervenção cirúrgica para amputação. Após a
cicatrização e a liberação medica para leves caminhadas e contato com o solo,
o usuário sentiu drasticamente a falta do membro em atividades rotineiras que
anteriormente realizava sem quaisquer dificuldades, como caminhar, subir

2
Denominação médica para dedos dos pés.
14

escadas e ultrapassar obstáculos elevados. O desenvolvimento deste protótipo


tem como intuito reaver a impulsão no momento da caminhada devolvendo o
bem estar e integração na sociedade, devido ao preconceito da população a
qualquer diferença.

1.1 Objetivos gerais

Este estudo tem como objetivo desenvolver um sistema de prótese


osseointegrada do membro inferior hálux para pacientes amputados.

1.2 Objetivos específicos

 Estudar os componentes integrantes dos sistemas de


Osseointegração existentes no mercado;

 Avaliar recursos existentes no mercado para tratamento de


deformações nas articulações metatarsofalangeanas;

 Projetar um protótipo funcional de uma prótese do membro hálux;

 Estudar características e funcionalidade de molas para aplicação no


protótipo;

 Avaliar os materiais metálicos do sistema de Osseointegração


através de simulações em software;
15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Ciclo da marcha

O ciclo da marcha é uma sequencia de eventos elétricos e mecânicos


que culminam na propulsão coordenada do corpo através do espaço (Lieber,
1992).
A marcha humana é dependente da interação dinâmica coordenada
entre sistema motor e forças externas, é um produto de movimentos
coordenados dos segmentos corporais gerados internamente, sendo como
forças internas a muscular e articular, interagindo com as forças externas de
inercia, gravitacional e atrito. Na marcha um membro atua como um suporte
móvel, em contato com o solo enquanto o membro contralateral avança no ar, o
conjunto de movimentos corporais se repetem de forma cíclica e os membros
invertem os seus papeis a cada passo (Perry,1992).
Embora duas pessoas não possam andar de maneira idêntica, há
características biomecânicas universais que descrevem o padrão típico da
marcha. Segundo Perry (1992) o ciclo da marcha é dividido em duas fases:
 Apoio – pé encontra-se em contato com o solo e;
 Balanço – pé é elevado do solo para o avanço do membro.
Rose e Gamble (1998) afirmam que a fase de apoio é subdividida em
três períodos:
 Duplo apoio inicial – início da fase de apoio com os dois pés no
solo. Nesta fase ocorre o toque do pé no solo até o
desprendimento do pé oposto;
 Apoio simples – um único membro suporta todo o peso do corpo
e;
 Duplo apoio final – toque do pé oposto do solo até o final da fase
de apoio.
O desenvolvimento do ciclo da marcha é marcado por uma série de
eventos que permitem uma subdivisão mais fina, facilitando a sua descrição.
Segundo Winter (1991) em condições normais são produzidos para cada pé os
seguintes eventos sucessivos:
16

 O contato do calcanhar com o solo;


 Apoio completo da sola do pé;
 Decolagem do calcanhar;
 Decolagem dos dedos ou do antepé;
 Oscilação do membro;
 Contato seguinte do calcanhar.

O centro de pressão começa perto do calcanhar no momento do golpe,


progride anteriormente até atingir a vizinhança do terceiro metatarso, depois
vira bruscamente e medialmente terminando entre o primeiro e o segundo dedo
do pé, a supinação do pé sempre acompanha a hiper-extensão dos dedos
(Hicks, 1953). Segundo Whittle (2007) no momento de decolagem dos dedos
para a fase de oscilação, a força de impulso é exercida no fim do metatarso e
por toda a extensão do hálux (Figura 1).

Figura 1 - Fase final da marcha.

Fonte: Perry, 1992 / Sacco ICN, 2013.

Como demonstrado na Figura 1 a maior porcentagem de pressão plantar


é apresentado na região dos primeiros metatarsos com isso sendo necessária
maior resistência mecânica nesta região.
17

2.2 Estrutura óssea do pé

Assumindo aspectos distintos, o pé é o mais importante órgão motor,


destinado a sustentar todo o peso do corpo e auxiliar em seu deslocamento. O
pé compreende os ossos do tarso, ossos do metatarso e as falanges. O tarso
corresponde à metade posterior do pé, contendo em seu conjunto sete ossos
denominados ossos tarsais, o peso do corpo é suportado principalmente pelos
dois ossos maiores, o tálus e o calcâneo. Na Figura 2 é possível perceber que
o pé possui 14 falanges, três falanges em cada dedo exceto o hálux, que
possui somente duas.

Figura 2 - Disposição óssea do pé.

Fonte: Calos Gideão, 2012.

2.3 Biomecânica do pé

O padrão de carga gerada sob o pé ao caminhar ou em pé


estaticamente, fornece informações na distribuição de forças dentro do próprio
pé. Está informação é necessária para o projeto de uma prótese, mas também
permite uma avaliação objetiva da eficiência, ou caso contrário, de vários
procedimentos cirúrgicos.
Uma das primeiras tentativas de determinar forças atuando na estrutura
do antepé foi realizado em 1927 por Abramson, logo após medir as forças de
reação do solo sob as cabeças metatarsais em pé, assumindo que somente a
ação muscular mantinha o equilíbrio. Somente em 1979 Stonkes conseguiu
estimar as forças que agem através das articulações metatarsofalângicas na
marcha utilizando dados obtidos de pés amputados e aplicando a força de
reação do solo que foi medida em seis sujeitos durante a caminhada, avaliando
a força flexora total dos tendões.
18

A força articular foi calculada como o equilíbrio da força de reação do


solo medida sob o dedo do pé e a força correspondente nos tendões flexores.
Jacob (2001) realizou medições das forças durante a marcha sob a
primeira, segunda e quinta cabeças metatarsais e sob a planta do primeiro e
segundo dedo com utilização de sensor piezoelétrico3 incorporado em uma
sandália flexível, analisando onze indivíduos saudáveis, porém o teste não
obteve sucesso esperado pois o sensor transmitiu força de terra e não somente
a força da superfície do pé desejada.
Novas investigações foram realizadas com a utilização de
baropodômetro4 em 42 indivíduos saudáveis. A distribuição das forças verticais
do solo sob o pé gerou dados em porcentagem de peso corporal durante o
segundo pico de força na marcha normal, conforme demonstrada na Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição de força em % de peso corporal.

Média Desvio padrão Variação


CMT51 29,0 8,7 6,7 - 52,6
CMT2 28,3 6,9 3,3 - 42,4
CMT3 22,3 7,5 0,8 - 36,5
CMT4 10,3 6,0 0,1 - 30,2
CMT5 3,5 3,5 0 - 21,0
Hálux 24,0 8,3 6,1 - 44,5
Dedo 2 5,0 2,6 0,4 - 14,2
Dedo 3-5 4,6 3,1 0,1 - 14,6
Total 126,7 12,1 67,6 - 148,6
Fonte: H.A.C Jacob / Clinical Biomechanics 16 (2001) 783-792.

Através dos dados obtidos na Tabela 1 é possível analisar o diagrama de


forças representado na Figura 3, onde as forças internas são determinadas por
força no tendão fibular longo (Ffl), força no tendão extensor longo do hálux
(Flh) e força dos músculos flexor curto e abdutor do hálux (Ffc*) e as forças
externas estão divididas em duas, sendo a força de reação do solo sob o hálux
(F1) e a força de reação do solo sob a cabeça do metatarso (F2) com essas

Cristas que geram corrente elétrica em resposta a uma pressão mecânica .


3
4
Equipamento de análise das pressões plantares.
5
Cabeça do metatarso.
19

duas forças é gerada a força resultante que está atuando sob a cabeça do
metatarso com um ângulo de 48˚ com o eixo das abcissas (R).

Figura 3 - Forças atuantes em peso corporal.

Fonte: H.A.C Jacob / Clinical Biomechanics 16 (2001) 783-792.

Tendo em vista os valores obtidos por Jacob (2001) em seu estudo,


dispostos na Tabela 1, é possível determinar as forças atuantes no diagrama
de corpo livre na Figura 3, sendo elas em porcentagem de peso corporal, com
isso F1 = 24 representando a força atuante no hálux, F2 = 29 representando a
força na cabeça do metatarso, com a força resultante R = 119.

2.4 Ângulos de extensão

Um estudo realizado por Kinzel (1972) utilizando sensores magnéticos


fixados próximos a primeira falange do hálux, visando representar a distribuição
dos eixos cartesianos (X, Y, Z) com a origem na cabeça do metatarso, onde o
eixo das abcissas (X) representando eversão e inversão, ou seja, a rotação do
osso em relação ao eixo. O eixo Y das ordenadas foi determinado como o
movimento de dorsiflexão onde o membro é estendido ao redor do eixo Y, por
exemplo, uma fratura por hiperextensão, podendo ser visualizado na Figura 4.
O eixo das cotas (Z) foi denominado como abdução, movimento de
afastamento do hálux em relação ao ponto de origem na direção do eixo.
20

Figura 4 - Sistema de coordenadas cartesianas CMT.

Fonte: Mayo Foundation For Medical Education and Reserarch, 1997.

Os movimentos de extensão caracterizados como rotação no entorno do


eixo Y são de suma importância para realização de estudo de desenvolvimento
de qualquer tipo de prótese para qualquer membro. O membro a ser estudado
apresenta pequeno alcance de extensão quando exercido por atividade
muscular denominado por extensão ativa, quanto maior a carga sobre o dedo,
menor a faixa de extensão ativa. De acordo com Hicks (1953) ao descrever um
esquema de molinete, a faixa de extensão ativa é de 50˚ a 60˚. Após o limite de
movimento da extensão ativa, inicia-se a extensão passiva que possui como
característica o auxilio de uma força externa, como por exemplo, empurrar o
dedo indicador da mão para trás em direção ao punho até o limite da extensão.
De acordo com Nevin (1995) a faixa máxima de extensão passiva do hálux é
de cerca de 90˚, isto é, 30˚ a 40˚ a mais do que pode ser alcançado com
extensão sozinho.

Tendo em base estudos anteriores sobre extensão ativa e passiva, é


possível perceber que o hálux possui faixas máximas de extensão, com isso,
conclui-se que em atividades que exigem maiores cargas geradas sob o pé o
ângulo de extensão deverá ultrapassar o limite máximo, podendo ocasionar
21

fraturas, por isso ao desenvolver uma prótese ou implante deve-se levar em


conta os valores máximos de extensão.

2.5 Amputação

Amputação é um termo que deriva do latim e apresenta o seguinte


significado: ambi = “ao redor de” / “em volta de” e putatio = “podar” / “retirar”. A
amputação pode ser definida como a retirada, comumente cirúrgica, total ou
parcial de um membro. Para muitos, o termo amputação está relacionada com
derrota e mutilação, provocando, de forma implícita, uma analogia com a
dependência e a incapacidade (Boccolini, 2000).
Há muitos anos a humanidade percebeu a necessidade de reintegração
de pessoas com deficiências físicas congênitas e originadas por fatalidades,
buscando a reprodução de maneira artificial e tecnológica, buscando sempre
uma evolução protética mais próxima do membro real possível. O dedo foi o
primeiro membro inferior a se tentar substituir por uma prótese, registro
encontrado em múmias datadas aproximadamente 600 anos antes de Cristo,
confeccionadas com madeira e couro, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5 - Primeira prótese registrada.

Fonte: BBC Brasil, 2007.

De acordo com Lianza (2007), é comum observar em pacientes que


passaram por procedimentos de amputação, alterações de ordem psicológicas,
boa parte destes pacientes sofrem impactos emocionais, pois acreditam que
com a perda de um membro estarão incapacitados de realizar não só
22

atividades laborais, como também atividades diárias. Essas vítimas tendem a


pensar que terão que depender sempre de um terceiro para realizar atividades,
para que essa nova fase da vida seja aceita de forma mais tranquila, se faz
necessário um trabalho de desmistificação para não ocorrer um quadro
depressivo.
É possível observar na rotina de atendimentos, que o indivíduo que sofre
alterações bruscas em sua vida após perder um membro sofre uma
interferência direta no seu comportamento e maneira de agir. Pacientes
submetidos a amputações necessitam desenvolver novas habilidades para
adaptação à deficiência física, a qual pode causar grande incapacidade e
influenciar o estado de saúde e qualidade de vida dessas pessoas (Resende,
2007). Carvalho (2003) afirma que não só com as guerras, mas também com a
dependência química e doenças sistêmicas crônicas, como por exemplo,
diabetes e gangrena.
Em 2010 uma pesquisa realizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística mostraram que das 13,2 milhões de pessoas que se
declararam possuir algum tipo de deficiência motora, 470 mil afirmaram serem
vítimas de amputações, para suprir a necessidade dos amputados, a tecnologia
protética no mercado e trabalhos científicos para desenvolvimento está
crescendo.

2.6 Origem das amputações


Diversos motivos podem ser responsáveis para a ocorrência das
amputações. Dentre eles estão as infecções, tumores, malformação e doenças
de ordem vasculares (Pedrinelli, 2004). No Brasil, os problemas vasculares,
principalmente os resultantes de diabetes, são os maiores causadores de
perda de membros. Segundo o Ministério da Saúde, em 2013, a doença foi
responsável por 70% das cirurgias de amputação.
Outra grande causa das amputações é composta pelos traumatismos.
As amputações traumáticas acometem principalmente adolescentes e adultos
jovens, os quais estão mais expostos aos acidentes de trabalho e
automobilísticos (Carvalho, 2003).
Uma amputação ocasionada independente do motivo, com um nível de
amputação mais proximal, associada com a idade mais avançada no momento
23

da amputação, são fatores que mostram limitar o potencial para reabilitação


com prótese destes pacientes.
A abordagem para a reabilitação do paciente amputado deve ser
precoce, objetivando mais do que a adaptação a uma prótese, uma
recuperação funcional, proporcionando condições de readaptação profissional
e reintegração social. Como o processo de reabilitação para muitos pacientes é
longo, os fisioterapeutas se deparam com um desafio de elaborar uma grande
variedade de atividades (Lima, 2006).

2.7 Níveis de amputação

Pedrinelli (2004) afirma que os níveis de amputação são divididos da


seguinte forma: desarticulação metatarsofalangeana, amputação de syme,
amputação transtibial, desarticulação do joelho, transfemoral e desarticulação
de quadril.

 Desarticulação Metatarsofalangeana: Este tipo de amputação (Figura 6)


ocorre quando há a retirada total das duas falanges (retirada total do
hálux), esta amputação traz problemas funcionais ao paciente no
momento da marcha, equilíbrio e distribuição de peso (Carvalho, 2003).

Figura 6 - Desarticulação Metatarsofalangeana.

Fonte: Os autores, 2020.


24

 Amputação de Syme: Este tipo de amputação mostrado na Figura 7,


conhecido também como desarticulação da articulação do tornozelo.
Neste tipo de amputação ainda é possível realizar a descarga distal do
peso (Carvalho, 2003).

Figura 7 - Amputação Syme.

Fonte: Carvalho, 2003.

 Amputação transtibial: Dentre todas as amputações dos membros


inferiores, a transtibial é considerada a mais comum, devido a
preservação da articulação do joelho, a protetização desta amputação é
possível se alcançar resultados mais próximos da normalidade.
 Desarticulação do joelho: A amputação de desarticulação de joelho
refere-se a uma amputação onde é conservado a maior parte possível
da tíbia, e preparação para suportar grande capacidade de peso (Figura
8).
 Amputação transfemoral: Procedimento constituído na realização da
amputação acima do joelho e abaixo do quadril (Figura 8). Depois da
amputação, uma pequena parcela dos pacientes consegue se adaptar
com próteses, devido a um grande consumo energético para utilização
(Carrol, 2006).
 Amputação de Desarticulação de Quadril: Neste procedimento, todo o
membro inferior até a cabeça do fêmur é retirado conforme mostrado na
Figura 8. Neste tipo de amputação não há presença de coto ósseo,
dificultando na adaptação da prótese (Carrol, 2006)
25

Figura 8 - Níveis de amputações do membro inferior.

Fonte: Medcure, 2020.

2.8 Próteses

De origem grega, a palavra “prótese” significa “colocar no lugar de”.


Próteses são dispositivos que visam substituir a ausência de membros
amputados, seja ele superior ou inferior. A substituição do membro por uma
prótese tem como objetivo devolver ao usuário funções perdidas e que o
paciente consiga se reintegrar à sociedade de maneira efetiva, realizando suas
atividades sem depender de terceiros (Lianza, 2007).
Bittencourt (2006) afirma que as técnicas cirúrgicas vêm sendo cada dia
mais aperfeiçoado e o investimento de pesquisas vem crescendo, contribuindo
para os avanços e inovações na confecção das próteses, proporcionando ao
paciente protetizado uma reabilitação mais eficiente.
O método mais comum de fixação da prótese com o membro ocorre
através de um encaixe protético, o qual é moldado a partir do coto já cicatrizado.
Com o transcorrer de certo período e utilização da prótese ocorrem o surgimento
de lesões e dores além da alteração da marcha e diminuição do movimento
(Nebergall, 2012).

2.9 Osseointegração

Branemark (2001) define a osseointegração como o processo de


conexão entre o tecido ósseo e a superfície de um implante de maneira direta,
estrutural e funcional. Este fenômeno ocorre após a inserção da peça dentro do
osso e a migração das células ósseas para a superfície deste metal. Há
evidências da osseointegração em trabalhos das décadas de 40 e 50, porém
somente na década de 1960 é que passou a ser pesquisada a fundo, sendo
26

difundida pelos trabalhos de Per-Ingvar Branemark. Esta técnica envolve a


ancoragem de um dispositivo em titânio pela formação de tecido ósseo ao
redor do mesmo, sem crescimento de tecido fibroso na interface osso-implante
(Figura 9).

Figura 9 - Prótese osseointegrada.

Fonte: Revista Portuguesa de Ortopedia, 2015.


O sucesso da osteointegração depende de seis fatores
(BRANEMARK, 1985):
 Biocompatibilidade do implante: Titânio comercialmente puro, o nióbio e
o tântalo são conhecidos por serem bioreativos. As ligas Co-Cr-Mo e os
aços inoxidáveis têm demonstrado menor aceitabilidade no leito ósseo.
De um modo geral, as ligas metálicas são menos aceitas devido à
possibilidade de liberação de íons, que podem causar efeitos colaterais
locais ou sistêmicos.
 Características do desenho: O desenho do implante interfere
diretamente em sua fixação, o desenho deve visar a aposição mecânica
do tecido ósseo ao implante, com a finalidade da criação de detalhes
usinados na superfície dos implantes ou através do aumento da
rugosidade da superfície.
 Características de superfície: De um modo geral, as superfícies rugosas
são preferidas, superfícies completamente lisas não resultam em boa
adesão celular e acabam sendo ancoradas em tecido mole.
 Estado do leito hospedeiro: É necessária presença de leito receptor
saudável e com qualidade óssea. Se identificado condições não
27

satisfatórias é possível regeneração tecidual, que é uma técnica de


enxerto autógeno que reconstitui a perda óssea.
 Técnica cirúrgica: Deve impor o menor trauma e o menor
sobreaquecimento possíveis. Para tanto, utiliza-se baixa velocidade de
rotação da broca e refrigeração abundante. O sobreaquecimento pode
causar desnaturação de uma das enzimas ósseas, a fosfatase alcalina,
além da destruição das células que participariam na reparação óssea. O
torque muito elevado no momento da inserção do implante também
pode causar tensão no osso e uma resposta de reabsorção óssea.
 Condições de aplicações das cargas: De acordo com Branemark, após a
inserção do implante é necessário a espera para aplicação de cargas,
pode-se considerar o tempo de reparação óssea, a qual realiza a
absorção do implanto junto ao osso.

De acordo com Nebergall (2012), essa nova técnica de osseointegração


consistia em um procedimento cirúrgico que ocorre em duas fases. Na
primeira, uma haste de titânio é inserida no canal medular do fêmur para que
ocorra a integração implante/osso, o que deve acontecer no período de quatro
a seis meses. Após a completa integração do implante ao osso, se faz
necessário um segundo procedimento cirúrgico para que seja conectado um
parafuso à extremidade distal da haste já implantada no primeiro procedimento
cirúrgico. Atualmente essa técnica permanece, com apenas modificações
referentes a tecnologias modernas como materiais e equipamentos.

2.9.1 Biomateriais

Os biomateriais podem ser definidos como qualquer substância ou


combinação de substâncias que não sejam drogas ou fármacos, de origens
naturais ou sintéticas, que podem ser usadas por qualquer período de tempo,
como parte ou como o todo de sistemas que tratam, aumentam ou substituem
quaisquer tecidos, órgãos ou funções do corpo humano (Asm Handbook,
1992).
Os biomateriais aplicados em implantes ortopédicos podem ser
cerâmicos, poliméricos ou metálicos, de acordo com as necessidades
protéticas e condições de aplicação, devem ser biocompatíves e biofuncionais.
28

2.9.2 Biocompatibilidade

Entende-se por biocompatibilidade a característica de um material,


utilizado como substituto de tecidos ou órgãos, de não causar reações
indesejáveis ao paciente, podendo ser mantido por longo tempo em função.
O material dito biocompatível não deve causar danos no local onde é
implantado e nos tecidos vizinhos, assim como não deve provocar reações
imunológicas locais ou causar danos a tecidos, órgãos e sistemas distantes
do local implantado, que possam ser prejudiciais ao paciente.

2.9.3 Biofuncionalidade

É a capacidade de um dispositivo funcionar com resposta apropriada do


hospedeiro em uma aplicação específica. Está definição relaciona
biofuncionalidade a um conjunto de propriedades que proporciona a
determinado dispositivo uma capacidade de realizar uma função semelhante à
daquela do material que está sendo substituído (Boschi, 1996).

2.10 Aplicação de molas e funcionalidades

Os dedos do pé possuem tendões que unem os músculos aos ossos,


sua principal função é movimentar o membro. O hálux possui dois tendões
principais, o tendão fibular longo agindo na parte inferior do membro e o
extensor longo atuando na parte superior.

Devido a amputação do membro os tendões remanescentes foram


fixados na cabeça do metatarso, ou seja, não possuem mais ação nesta região.
Com o objetivo de realizar a mesma finalidade de movimentos dos tendões
citados, será realizado o estudo de molas buscando satisfazer a função de
retorno do membro para a posição de repouso após aplicação de uma força.

Molas são elementos mecânicos que exercem forças ou torques por


meio da absorção e liberação de energia durante o seu funcionamento. Uma
força externa fornece energia que é então absorvida pela mola, armazenada e
posteriormente liberada (Marghitu, 2005), ou seja, a função primordial de uma
mola é armazenar energia elástica, e libera-lá quando necessário (Ashby,
2012).
29

A função da mola para este protótipo é o retorno do hálux protético para


a sua posição inicial após a retirada de uma força exercida sobre o mesmo.
Molas são elementos mecânicos elásticos, indiferente de seu formato ou tipo,
segundo os conceitos clássicos da resistência dos materiais, são componentes
que trabalham sempre dentro da zona elástica, a qual, é determinada pela Lei
de Hooke que afirma que a deformação é proporcional à tensão. Simplificando
a descrição, as molas armazenam energia deformando, e a devolvem sem
nunca ultrapassar a zona plástica (Molas Hoesch, 2015).
De modo geral, há dois tipos de molas: 1) molas helicoidais, também
conhecidas como espiral, sendo fabricadas a partir de barras e fios; e 2) molas
planas, fabricadas a partir de tiras de aço (Marghitu, 2005).
As molas planas podem sem classificadas em simples, prato, feixe de
molas e espiral, sua empregabilidade é mais restrita e focada, são fixas em
uma das extremidades e livres na outra ao sofrer ação de uma força, flexionam
em direção oposta (Shigley, Mischke e Budynas, 2005).
Há também as molas helicoidais, possuem maior aplicabilidade em
projetos mecânicos, podendo ser divididas em:
 Molas de tração;
 Molas de compressão;
 Molas de torção.

2.10.1 Molas de tração


Molas de tração são conhecidas por possuírem ganchos em suas
extremidades, além das espiras. Na Figura 10 é possível verificar a
funcionalidade deste componente, quando tensionada possui variação em seu
comprimento e após a liberação de energia retorna ao seu estado original
(MDQ, 2015).
30

Figura 10 - Representação mola de tração.

a) Representação mola em estado original; b) representação mola em atuação.


Fonte: MDQ , 2015.

2.10.2 Mola de compressão

Molas de compressão são formadas por espiras, e são empregadas em


sistema de suspensão, motores e outros. Quando uma força é exercida sobre a
mola, a mesma é comprimida reduzindo seu espaço entre as espiras,
diminuindo seu comprimento. Após a carga ser aliviada, a mola deverá retornar
ao seu estado original (MDQ, 2015). Na Figura 11 temos a representação de
uma mola helicoidal em ação.

Figura 11 - Representação de uma mola helicoidal.

Fonte: Curso elementos de máquinas, 2020.


31

2.10.3 Mola de torção

Molas de torção sofrem forças que atuam perpendicular ao seu eixo,


gerando uma força de rotação quando submetida ao esforço. Essa mola é um
dos componentes integrador do protótipo, na Figura 12 está representada uma
mola de torção.

Figura 12 - Representação mola de torção.

Fonte: Curso elementos de máquinas, 2020.

2.11 Resistência dos materiais

A resistência dos materiais é o ramo da mecânica que estuda as relações


entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das
forças internas que atuam dentro do corpo, abrangendo também o cálculo das
deformações do corpo e o estudo da sua estabilidade, quando submetido a
solicitações externas (HIBBELER, 2000).

O estudo da resistência dos materiais se faz necessário para esse


protótipo com o intuito de determinar os esforços gerados, as tensões e
deformações que os corpos sólidos estão sujeitos, o dimensionamento e a
verificação de segurança.
32

2.11.1 Curva tensão-deformação

A curva tensão-deformação é uma descrição gráfica do comportamento


de deformação de um material sob carga de tração uniaxial, a curva é obtida
através do ensaio de tração. O ensaio consiste em carregar um corpo de prova
a uma carga de tração que aumenta gradativamente, os valores de carga e
deslocamento são medidos continuamente ao longo do ensaio e traçada a
curva de comportamento. (HIBBELER, 2000).
Quando um material é submetido a esforços mecânicos, ele deforma-se
de duas maneiras: elasticamente e plasticamente. Considera-se que um
material exibe comportamento elástico, quando o mesmo, ao ser submetido a
esforços mecânicos, apresenta deformações não permanentes, assim, ao se
remover a tensão, o material consegue retornar ao seu estado original.
O comportamento plástico é observado quando o material é submetido a
esforços de maior magnitude e suas dimensões alteram definitivamente, ou
seja, cessado os esforços, o material não retorna as suas dimensões originais.
(HIBBELER, 2000).
Na figura 13 é visível a representação de ensaios de tração, gerando
gráficos de tensão-deformação. O gráfico A apresenta a ruptura de um material
que não possui deformação plástica (ex.: ferro fundido). No gráfico B é possível
verificar que o material sofreu deformação plástica e elástica com ponto de
escoamento, ou seja, um grande alongamento do material sem acréscimo
significativo de carga (ex.: aço de baixo carbono) e o gráfico C representa um
material com as duas deformações, porém sem um ponto de escoamento
definido (ex.: alumínio).
33

Figura 13 – Gráfico de tensão-deformação.

Fonte: Faculdade de engenharia mecânica, 2020.

A tensão, 𝜎, é definida como força por unidade de área, representado


pela equação 1:
F
σ= (1)
A

Sendo,
𝜎 a tensão (Pa ou N/m²);
F a força aplicada (N);
A a área do plano (m²).

A deformação, 𝜀, é definida como o efeito da tensão em um material, e é


expressa como a variação do comprimento inicial, conforme a equação 2:
∆L
ε= (2)
L0
Sendo,
34

𝜀 é a deformação (%);
∆L é a variação de comprimento (m);
L0 é o comprimento inicial (m).

Se um material apresentar comportamento elástico, ou seja, não


apresentar deformações permanentes, o mesmo segue a lei de Hook, que
estabelece que sua deformação varia linearmente com a tensão aplicada.
(Hibbeler, 2000). O módulo de elasticidade de um material é a relação entre
tensão aplicada e deformação resultante, representado na equação 3:
σ
E= (3)
ε

Sendo,
E o módulo de elasticidade (N/m²);
𝜀 é a deformação;
𝜎 é a tensão (N/m²).

O módulo de elasticidade de um material é a medida de rigidez do


mesmo. Quando maior esse valor, maior a tensão mecânica necessária para
deforma-lo.

2.11.2 Análise de elementos finitos

Muitos fenômenos em engenharia podem ser descritos em termos de


equações diferenciais parciais, em geral, solucionar essas equações por meio
de métodos matemáticos clássicos para geometrias arbitrárias é quase
impossível.
O método de elementos finitos (MEF) é um método para resolver
problemas de engenharia, tais como análise de tensões, transferências de
calor, escoamento de fluídos e eletromagnetismo, por simulações de
computador. (Jacob Fish, 2009).
Ainda segundo Jacob Fish (2009), a ideia básica do MEF é dividir o
corpo em elementos finitos, conectados por nós que por sua vez são
conectados pelas arestas da geometria escolhida e obter uma solução
aproximada, como mostra a Figura 14 essa configuração é chamada de malha
35

de elementos finitos e o processo para sua construção é conhecida como


geração de malha.

Figura 14 - Geometria, cargas e malhas.

Fonte: Jacob Fish, 2009.

O MEF provê uma metodologia sistemática com a qual a solução pode


ser determinada por meio de um programa de computador, o qual simplifica o
equacionamento diferencial em diversos nós da malha com sistema de
equações lineares, assim, os computadores são essenciais para resolver essas
equações. O programa em elementos finitos determina a tensão e a
deformação em cada nó gerado na malha, a Figura 15 apresenta um resultado
gerado pelo programa (Jacob, 2009).
36

Figura 15 - Simulação elementos finitos. As diferentes cores indicam variação


dos valores do estudo escolhida para simulação.

Fonte: Simscale simulation. Análise elementos finitos, 2020.


As etapas de configurações de análise de elementos finitos por meio de
software de simulação estrutural de todos os componentes do protótipo serão
descritas nos capítulos seguintes.

2.12 Processo de desenvolvimento de produto

O processo de desenvolvimento de produto (PDP) pode ser definido


como um conjunto de atividades por meio das quais se busca, a partir das
necessidades do mercado e das possibilidades, considerando as estratégias
competitivas e de produto da empresa, chegar às especificações de projeto de
um produto e de seu processo de produção para que a manufatura seja capaz
de produzi-lo. Ainda, o desenvolvimento de produto envolve o
acompanhamento do produto após o lançamento, bem como o planejamento
da descontinuidade do produto no mercado incorporando estes conceitos na
especificação do projeto atendendo assim, todas as necessidades do produto
ao longo do seu ciclo de vida. (ROSENFELD, 2006).

De acordo com Rosenfeld (2006), o desenvolvimento de produtos é um


processo de negócio cada vez mais crítico devido a internacionalização dos
mercados, o aumento da diversidade de produtos e a redução do seus ciclos
de vida, sendo assim novos produtos buscam atender segmentos específicos
de mercado, incorporando novas tecnologias e se adequando a novos padrões
e restrições legais.
37

O PDP é considerado complexo devido à sua multidisciplinaridade e


necessidade de um bom planejamento. Silva (2002) afirma que as abordagens
que estudam o desenvolvimento do produto provêm de diferentes áreas, inter-
relacionadas, porém com focos específicos. As mais significativas abordagens
são: as pesquisas na área da qualidade que enfatizam a prevenção e controle
de erros; os trabalhos na engenharia e administração, com foco na tecnologia
do produto e de processo de fabricação, e na gestão e estratégia,
respectivamente, dentre outras.

Rozenfeld (2006) propõe um modelo considerado destaque na literatura.


O modelo PDP abordado na Figura 16, busca no tempo ideal e a um custo
admissível, contemplar, desde a ideia inicial, ao levantamento de informações
de mercado e de tecnologias em potencial, estratégias empresariais, projetos,
prototipagens e pôr fim a criação do produto que atende a necessidade do
cliente.

Figura 16 – Modelo PDP.

Fonte: Sistematização da configuração da forma de produtos, 2015.

De acordo com a Figura 16, o PDP compreende três macroprocessos,


são eles o pré-desenvolvimento que é onde se identifica a oportunidade, em
seguida vem o desenvolvimento do produto, e por fim, o pós-desenvolvimento,
onde é verificado o seu desempenho, além dos processos de apoio com o
gerenciamento de mudanças e melhoria do PDP (BACK, 2010).

O macroprocesso em maior destaque é “processo de projeto”, onde o


produto é desenvolvido está subdivido em quatro fases: projeto informacional,
conceitual, preliminar e projeto detalhado.
38

2.12.1 Processo de desenvolvimento de produto para prótese

O desenvolvimento do protótipo de prótese está contido no processo de


projeto, onde se inicia com obtenção de dados e informações e finaliza-se com
as dimensões e tolerâncias dos componentes projetados.

 Projeto informacional: obtenção das informações junto ao usuário


(necessidades e desejos) sobre a prótese a ser desenvolvida;

 Projeto conceitual: Com as informações obtidas na fase anterior, é


proposto o conceito do protótipo de prótese a ser desenvolvido,
realizando uma síntese da estrutura de funções a ser desempenhada
pelo produto, a fim de atender as necessidades do usuário;

 Projeto preliminar: Conhecendo o conceito e as funções que a prótese


deve desempenhar, se inicia o dimensionamento, selecionamento
materiais, formas, componentes e processos de fabricação;

 Projeto detalhado: fase final do projeto, processo de reavaliação


ergonômica da prótese desenvolvida, detalhamento do produto e
planejamento de fabricação e montagem (Faria e outros, 2008)

2.13 Pesquisa tecnológica

Tecnologia pode ser definida como sendo um produto da ciência e da


engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que
visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento
científico em diversas áreas de pesquisa.

Rozenfeld (2006) recomenda que para haver a realização de um


planejamento estratégico de produtos, faz-se necessário a realização de uma
pesquisa tecnológica com o objetivo de entender quais são os novos hábitos e
nichos a serem explorados. De acordo com o autor, existem variadas formas
para a realização de pesquisas, tais como produtos da concorrências, base de
dados de patentes, institutos voltados para pesquisa e também as
universidades.

De acordo com Baxter (2000), através da análise dos produtos da


concorrência é possível prever como os produtos já existentes irão concorrer
39

com um novo produto. Também é possível fazer uma avaliação das


oportunidades de inovação e fixar as metas estabelecidas pelo novo produto.
Na concepção do autor, esta análise comumente faz uso da engenharia
reversa e diz ainda que as empresas que buscam inovação estão sempre
realizando análises sistemáticas dos produtos encontrados no mercado.

Após algumas pesquisas pouco conteúdo referente a protetização


mecânica do membro hálux foi encontrado, o principio básico a ser utilizado é
de uma barra articulada com retorno provido por mola, modelagem encontrada
em outros tipos de prótese como por exemplo de mão, conforme demonstrado
na Figura 17.

Figura 17 - Prótese de mão.

Fonte: Conforpés, 2020.

A prótese estética do hálux facilmente encontrada tem apenas a


funcionalidade de fornecer conforto visual, diferentemente do protótipo
elaborado neste estudo que visa reestabelecer funções mecânicas
semelhantes ao membro perdido.

Figura 18 – Prótese estética hálux.

Fonte: Blog de fisio. Prótese para membros inferiores, 2013.


40

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Algumas informações consideradas de extrema importância para o


desenvolvimento do projeto foram analisadas com a equipe e os pontos
fundamentais como tamanho e propriedades mecânicas foram debatidos. Além
das informações citadas acima, conhecimentos adquiridos através da literatura
relacionada aos componentes já existentes no mercado, observações sobre
materiais empregados, dimensionamento, tratamento de superfície e ensaios
para avaliação do protótipo também são de suma relevância.

O presente estudo tratará do projeto mecânico até o projeto detalhado.


Etapas referentes a regulamentações, acreditações, processos de fabricação e
preparação de produção em massa, bem como marketing e design ficaram fora
do escopo deste trabalho.

O protótipo a ser desenvolvido teve participação de uma médica


especialista em ortopedia e traumatologia auxiliando nas características
necessárias para Osseointegração do pino intramedular.

3.1 Identificação do problema

O perfil da população de pacientes candidatos a Osseointegração são


de amputados que tem como etiologia tumor ou trauma. Não são indicados
para esse procedimento pacientes diabéticos, com doenças vasculares,
esqueleticamente imaturos, com osteoporose, tabagista e que estejam sendo
submetidos a tratamento de quimioterapia (ASCHOFF, 2009).

O método convencional de fixação da prótese com o membro residual,


visualizado na Figura 21, ocorre através da utilização de um encaixe protético
que se torna o elo entre o paciente e a prótese, sendo esse confeccionado sob
medida. Alterações do volume do coto, ocorrendo gradualmente, ocasionam
desconforto e dor na utilização da prótese, gerando dificuldade de
deslocamento e utilização (Edelstein e Moroz, 2011).
41

Figura 19 - Tipo de encaixe protético.

Fonte: Chollorpedia.net, 2020.

Ainda segundo Edelstein e Moroz (2011), um sistema de fixação


protético diretamente ao osso (Figura 21, item b) sem a necessidade de um
fixador convencional para suspensão seria uma alternativa para melhorar a
qualidade de locomoção de pacientes amputados, tendo em vista que os
sistemas convencionais podem trazer ao paciente desconforto, lesões
cutâneas, dores, dificuldades na locomoção, colocação e suspensão da
prótese, enquanto que nesse sistema se obtém uma fixação estável, maior
controle da prótese, melhor amplitude de movimento e aumento da
funcionalidade.

3.2 Projeto Conceitual

O projeto conceitual do protótipo de prótese foi realizado especificando


critérios de utilização como, por exemplo, a caminhada, as funções e requisitos
necessários para possibilitar o processo de osseointegração para o paciente
com desarticulação Metatarsofalangeana, sendo a biocompatibilidade como o
principal requisito.

A partir dessas informações foram determinadas as seguintes ações:


primeiro identificou-se o problema a ser explorado neste projeto (caminhada),
em segundo determinou-se os requisitos gerais desejados para o dispositivo,
42

como a resistência mecânica e biocompatibilidade, e por fim gerou-se o esboço


do projeto.

3.3 Projeto preliminar

A partir do breve conhecimento citado neste estudo e com informações


adquiridas sobre o formato e dimensionamento de componentes protéticos de
hálux com a médica especialista gerou-se um esboço inicial de projeto. Com o
esboço do protótipo a ser desenvolvido já determinado, os requisitos mínimos
já conhecidos e os materiais escolhidos, será avaliado o dimensionamento
através de medidas do corpo do usuário, realizados os primeiros cálculos de
resistências necessárias e posteriormente verificar possíveis adequações para
o projeto.

O projeto do protótipo de prótese osseointegrada para paciente de


desarticulação metatarsofalangeana consiste em seis componentes: pino
intramedular, adaptador externo, duas molas, eixo de fixação da articulação
metatarsofalangeana e a cabeça do hálux, essa configuração contendo todos
os componentes do protótipo pode ser visualizada na Figura 18. O protótipo
possui dispositivos externos ao corpo humano que podem ser substituídos
quando necessário.

Figura 20 – Esboço protótipo prótese.

Fonte: Os autores, 2020.

Nesta fase, a partir das informações descritas neste capítulo foram


realizados estudos dimensionais entre o membro saudável e o esboço, pois, o
43

protótipo obrigatoriamente deve possuir as mesmas dimensões do membro não


amputado.

3.4 Projeto Detalhado

Nesta etapa por meio do desenho técnico, as peças se encontram


disponíveis para eventual fabricação. Tendo em vista as etapas anteriores, o
protótipo a ser desenvolvido é composto das seguintes peças: um pino
intramedular rosqueável, um adaptador externo, eixo central de fixação, cabeça
do hálux e duas molas de torção que compõe a articulação
metatarsofalangeana.

Nesta etapa, desenhos técnicos de cada componente foram modelados


com todos os detalhes para fabricação, cada peça foi dimensionada de acordo
com as medidas do membro hálux do pé direito do paciente a fim da obtenção
de tamanho real do membro amputado e propriedades mecânicas essenciais.

Foram realizadas simulações mecânicas através de software para


certificar de que cada componente foi dimensionado de acordo com as
características do usuário e que todos os requisitos mecânicos sejam atingidos
conforme projetados.

3.4.1 Modelagem 3D

O projeto dimensional do protótipo foi realizado utilizando recurso de


modelagem 3D no software SOLIDWORKS® (Dassault Systèmes Solidworks
Corp. 2016). A partir do modelo 3D foram gerados os desenhos técnicos
(Anexo B) das seguintes estruturas: Pino intramedular, que terá a função
osseointegrada no protótipo conforme Figura 20.
44

Figura 21 - Pino intramedular.

Fonte: Os autores, 2020.

Adaptador externo fixado ao pino intramedular através de rosca interna,


onde será o primeiro componente exposto da prótese, a fim de realizar a
junção da parte interna com a parte externa da prótese é visualizado na Figura
21.

Figura 22 - Adaptador externo.

Fonte: Os autores, 2020.

Eixo central de fixação responsável por realizar a única movimentação


contida no protótipo conforme exposto na Figura 22.

Figura 23 - Eixo central de fixação da articulação metatarsofalangeana.

Fonte: Os autores, 2020.


45

. A Cabeça do hálux na Figura 23, sendo o único componente móvel da


prótese, e mantendo o apoio ao chão do usuário a fim de substituir a ausência
do membro amputado.

Figura 24 - Cabeça do hálux.

Fonte: Os autores, 2020.


3.4.2 Requisitos gerais

Cada componente por sua vez, tem sua particularidade no que se refere
a seus requisitos. Segue abaixo a lista de requisitos selecionados para cada
componente do protótipo:

1. Requisitos do pino intramedular:


-Biocompatível;
- Resistência mecânica a flexão;
- Propriedades de Osseointegração.

2. Requisitos do adaptador externo:


- Resistência mecânica a flexão;
- Acoplamento com o pino intramedular através de rosca;
- Encaixe com dimensão precisa;
- Resistência à corrosão.

3. Requisitos de utilização para o eixo de fixação da articulação


metatarsofalangeana:
- Resistência Mecânica a flexão;

- Bases extremas roqueáveis e corpo liso;

-Resistência à oxidação;
46

4. Requisitos da cabeça do hálux, visualizado na Figura 24:


- Resistência Mecânica; a flexão;
- Resistência à oxidação.

3.4.3 Simulações

A análise e síntese do modelo 3D, será obtida através de pacotes de


simulações do módulo Simscale® Simulation, este software utiliza modelos
digitais 3D para simular fenômenos físicos reais via modelamento matemático e
realização de cálculos estruturais e suas deformações. Desta forma, três
etapas constituem este método: Input, Solver e Output conforme ilustrado na
Figura 24 (Camargo, 1990).

Figura 25 - Método simplificado simulação.

Fonte: Os autores, 2020.

A fase de input são os dados necessários para a simulação, sendo eles:


geometria, material, forças, restrições e tipos de elementos. Também é
importante a entrada de dados do material a ser utilizado na analise como:
módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, tensão de escoamento, tensão
de ruptura e densidade. Nesta etapa é necessário a geração da malha que
busca discretizar a estrutura, e será utilizada pelo software para resolver os
equacionamentos apropriados.
47

 Geração da malha
A malha será gerada conforme a necessidade e complexidade do objeto
de estudo, a qualidade e a subdivisão serão importantes na forma de
prosseguir o estudo e analise dos resultados.

 Formato da malha
A malha pode ser dividida em diversos formatos, se destacando entre
eles o formato triangular, tetraédrico, quadrilátero e hexaédrico
(OWEN,1998).
Como exemplo desses formatos, a Figura 20 mostra como são esses
elementos.

Figura 26 - Tipos de elementos.

Fonte: Universidade Federal do Pará. Método elementos finitos. Remo Magalhães, 2003

A fase Solver diz respeito ao algoritmo implementado para a realização


do equacionamento com base em todos os dados fornecidos na fase input.

A equação 4 da análise estática é:

[K]{u} = {f} (4)

Sendo,

K é a matriz de rigidez do sistema gerada automaticamente, com base


na geometria e propriedades;
48

f é o vetor de forças aplicadas;

u é o vetor de deslocamento.

Já na fase output, geram-se os resultados da análise estrutural como:


tensão, deformação e deslocamentos quais podem ser apresentados na forma
de gráficos e tabelas. Os dados obtidos com as simulações dão ao usuário
uma clareza do que de fato ocorre na realidade. (Fonseca, 2002).

Com o objetivo de comprovar a eficácia do aplicativo tridimensional e


visando também prever uma possível falha de projeto, a teoria matemática a
ser comprovada é: E= σ/ε, no limite da fase elástica. Os dados gerados serão
expressos em tensão de Von Mises (Mpa) e Displacement (mm). (MacNeal,
1997).

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 PROJETO PRELIMINAR

4.1.1 Suposição de dimensionamento

Realizou-se uma análise comparativa entre o membro saudável e o


esboço no desenvolvimento preliminar. Ambos devem ser equivalentes,
respeitando os comprimentos e angulações naturais do corpo humano. O
conjunto coto-prótese deve possuir o mesmo comprimento do membro não
amputado do usuário.

Neste momento é necessário estipular o valor padrão a ser utilizado no


estudo, tratando-se de um protótipo os valores obtidos são do membro
saudável do usuário estudado.

Em um estudo realizado em 83 homens pela Revista Brasileira de


Ortopedia em 2011, o padrão médio normal encontrado para o primeiro
metatarso é de 125,4 mm de comprimento, logo, um pino intramedular de 20
mm mantém uma boa margem de segurança. Para identificação do diâmetro foi
utilizado o membro saudável, o qual possui 20 mm aproximadamente. Desta
forma um pino possuindo 9 mm de diâmetro fornece confiabilidade.
49

Segundo a médica especialista em ortopedia e traumatologia, em


procedimentos para implante de cartilagem sintética metatarsofalangeana, é
necessário a perfuração do metatarso com preservação de no mínimo 2 mm de
parede óssea. Tendo essa informação como base o pino intramedular projetado
possui 9 mm de diâmetro.

O membro saudável do usuário possui comprimento total de 45 mm e


maior largura de 35 mm.

4.1.2 Cálculos iniciais

É possível nesta etapa prever alguns dos esforços que a prótese deverá
suportar, tais como compressão causada pelo movimento de pisar, a tração no
momento que o usuário levanta o membro do chão e cargas dinâmicas ao
longo do eixo.

Segundo Lamartine (2005), dentre vários modos de unir peças


existentes, os parafusos são os mais utilizados por estabelecerem uma união
móvel, de fácil remoção e regulagem, propriedades que condizem com a
aplicação aqui projetada.

4.1.2.1 Cálculo dimensional do eixo central que une o adaptador


externo à cabeça do hálux

O eixo a ser dimensionado une o adaptador externo à cabeça do hálux.


No protótipo foi decidida a utilização do sistema métrico para parafusos e a liga
de Titânio disponível no anexo A (apenas para parâmetro inicial de cálculos).
Segundo Jacob (1999) a força atuante na cabeça do hálux é igual a 24% do
peso corporal e na ponta do metatarso é de 29%, com uma margem de
segurança iremos utilizar 29% do peso corporal atuando sobre o hálux. Uma
força de 568 N (referente ao peso do usuário somado com roupas sobre o dedo
ao caminhar) é aplicada. Os dados da liga de titânio de referência, que podem
ser encontrados no anexo A, são: Tensão de limite (σr ) = 860 N/mm²; tensão de
escoamento (σe ) = 795 N/mm², como se trata de um parafuso que não tem pré-
tensão, um fator de segurança de no mínimo 5,0 será atribuído de acordo com
LAMARTINE, (p. 74, 2005).
50

A equação utilizada será:

155∗𝐹𝑒 2/3
Af =( ) (5)
𝜎𝑒

Sendo,

Af a área resistente (mm²);

Fe a força exercida pelo parafuso (N);

σe a tensão de escoamento (N).

E,

155
FS = (6)
√Af

Sendo,

Af a área resistente (mm²);

FS o fator de segurança.

Substituindo os valores na equação 5 resulta em (Af ) = 23,06 mm².


Utilizando o fator de segurança descrito na equação 6, é possível verificar que
o fator de segurança obtido é igual a 32,28, muito acima do estipulado
anteriormente.

Com a utilização da liga de titânio escolhida anteriormente haverá a


necessidade de retrabalho do protótipo visto que a área do eixo da articulação
é de 16 mm² e a obtida nos cálculos é de 23,06 mm², desta forma, um novo
material foi proposto. Ao isolar-se o 𝜎 𝑒 na equação 5, é possível achar o valor
de tensão de escoamento necessário para se adequar à área resistente do eixo
em questão (16 mm²).

155∗𝐹𝑒
𝜎𝑒 = (7)
Af 3/2
51

Sendo,

𝐴 𝑓 a área resistente (mm²);

𝐹 𝑒 a força exercida pelo parafuso (N);

𝜎 𝑒 a tensão de escoamento (N).

Portanto o material a ser escolhido deve ter uma tensão de escoamento


igual ou superior a 1375,6 MPa. Assim, o material escolhido a partir do anexo A
foi a liga de titânio 3.8.6.4.4.

4.1.2.2 Cálculo para utilização de molas de torção

Para o estudo apresentado foram utilizadas molas do tipo torção, que


possuem formato helicoidal, dispondo de hastes nas pontas. A mola de torção é
usada para aplicar momentos de força perpendiculares aos eixos.
Basicamente, a carga aplica uma energia na mola que acaba por torcê-la, o
que gera um acúmulo de torção que consequentemente gera momentos de
força variáveis. O formato helicoidal da mola de torção é construído para que
haja uma torção dupla. Feita de arame de aço na grande maioria dos casos, os
aramados com seções espirais duplas enroladas têm dois sentidos – o horário
e o anti-horário – para que possam fazer um trabalho paralelo. O seu
movimento natural é o enrolamento ou desenrolamento de suas espiras, isso
causa um armazenamento de energia elástica, que terá como resultado um
amortecimento do corpo em questão (INTERNATIONAL, 2014).

Para o protótipo são utilizadas duas molas de torção, onde suas hastes
são fixadas entre a cabeça do hálux e o adaptador externo, simulando os
movimentos de extensão do membro natural.

A utilização das molas tem como objetivo o retorno da prótese para a


posição de origem, logo após ser exposta a tensões de dorsiflexão.

Os principais aços utilizados na fabricação de molas são denominados


“Aços molas”, denominados assim por possuírem alto limite de elasticidade e
limite de fadiga. O aço mola escolhido foi o fio de aço ASTM A227M e suas
52

propriedades estão no anexo A, ele atende a todos os requisitos necessários


para implementação no protótipo (Shigley; Mischek, 2005). Com o material
definido verificam-se suas propriedades no anexo A para cálculo de sua
resistência.

Iniciamos com o índice de mola onde representa a curvatura da espira, a


equação utilizada será:

D
C= (8)
d

Sendo,

C o índice de mola;

D o diâmetro médio da mola (mm);

d diâmetro do arame (mm).

Sendo o diâmetro médio igual a 2,5 mm e o diâmetro do arame de 0,5


mm, o resultado da equação 8 é de 9,33.

Após a obtenção do índice, é necessário identificar a constante de mola,


variando de acordo com o material e dimensões, dada pelo seguinte
equacionamento:

4.C−C−1
K= (9)
4.C2 −4.C

Sendo,

K a constante de mola;

C o índice de mola.

Substituindo os valores na equação 9 resulta em uma constante de mola


igual a 0,03.

Os valores obtidos de índice e constante de mola acima serão utilizados


para descobrir a tensão de flexão da mola. Em molas de torção a flexão é
53

induzida nas espiras em vez de torção, pois as tensões residuais introduzidas


durante o enrolamento estão na mesma direção, mas têm sinais opostos as
tensões de trabalho que ocorre durante o uso. A tensão de flexão para uma
mola de fio redondo é dada pela equação:

32.M
σ=K (10)
π.d3

Sendo,

σ a tensão de flexão (MPa);


K a constante de mola;
M o momento fletor (N/mm);
d o diâmetro do fio (mm).

O momento fletor para realizar a equação 10 ainda está pendente, e


será identificado em seguida. O momento fletor pode ser entendido como “a
dificuldade que a prótese terá para realizar trabalho sobre a mola”, e a equação
se da por:

M = F. r. cosα (11)
Sendo,

M o momento fletor (N/m);


F a força gerada pela prótese (N);
r a posição de aplicação da força (mm);
α o ângulo gerado entre o centro da mola e extremidade da mola (º).

Como mencionado anteriormente a função da mola no protótipo é o


retorno a posição original após aplicação da força da caminhada, para o estudo
foi considerado a força padrão de trabalho igual a 568N (peso do usuário), a
posição de aplicação da força é medida da extremidade fixa da mola até o
centro do eixo obtendo um valor de 2,24 mm e o ângulo considerado 60º
54

referente a flexão máxima passiva de um membro saudável. Com os valores é


possível obter um momento fletor igual a 0,000636 N/mm, conforme
demonstrado Tabela 2.
Retornando a equação 10 e aplicando todos os dados calculados é
possível obter uma tensão a flexão igual a 1757,33 MPa, um valor inferior ao
máximo suportado pelo material disponível no anexo A.

Tabela 2 - Resultados cálculo de mola.

Fonte: Os autores, 2020.


4.2 Projeto detalhado

4.2.1 Modelamento 3D

O pino intramedular visto na Figura 27 e anexo B é caracterizado por ser


o componente osseointegrado, seu dimensionamento foi realizado levando em
consideração as limitações ósseas do usuário, ou seja, as dimensões do
primeiro metatarso. O material escolhido para sua composição e estudo foi a
liga de Titânio com 6% de Alumínio e 4% de Vanádio, por possuir
características biocompatíveis.

Figura 27 – Renderização 3D do pino intramedular.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no SolidWorks®.


O adaptador externo visualizado na Figura 28 e no anexo B, possui
grande importância no conjunto do protótipo, pois é responsável por limitar a
55

angulação de movimento da cabeça do hálux através de eixos fixos onde, o


eixo superior limita o movimento em 60º e o eixo inferior em 40º conforme
descrito na seção 2.4 deste estudo. O adaptador é responsável pela união do
pino intramedular através de rosca, e a cabeça do hálux pelo eixo central
(Figura 29).

Figura 28 - Renderização 3D do adaptador externo.

Fonte: Autores,2020. Imagem gerada no SolidWorks®.

O eixo central desenvolvido neste estudo foi modelado levando em


considerações as dimensões de um membro saudável. Suas características
geométricas tem por objetivo otimizar o movimento de extensão da cabeça do
hálux, por se tratar de um eixo de união do adaptador externo à cabeça do
hálux possui corpo liso e suas extremidades com rosca para fixação, conforme
Figura 29 e anexo B.

Figura 29 - Renderização 3D do eixo central.

Fonte: Autores,2020. Imagem gerada no SolidWorks®.


56

A cabeça do hálux, visualizada na Figura 30 e no anexo B é o último


componente do protótipo, responsável por simular o membro original, em
contato com o solo. O eixo central (Figura 29) transpassa na região ortogonal
ao eixo da cabeça do hálux. A cabeça do hálux modelada é capaz de realizar
movimentos de extensão ativa e passiva através de forças exercidas sobre o
componente. Sua característica principal é ser o único componente móvel da
prótese.

Figura 30 - Renderização 3D da cabeça do hálux.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no SolidWorks®.

A mola de torção ilustrada na Figura 31 tem como função o retorno da


cabeça do hálux ao ponto de origem após ser submetido a uma força.

Figura 31 - Renderização do desenho técnico da mola de torção.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no SolidWorks®.


57

A montagem final visualizada na Figura 32 demonstra a união de todos


os componentes do protótipo.

Figura 32 - Renderização 3D da montagem final.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no SolidWorks®.

4.2.2 Simulação

Nas simulações contidas nesse tópico não inclui o componente mola,


visto que o mesmo já foi testado via cálculos que suportará exercer suas
funções no protótipo.

O software utilizado para realizar será o Simscale, uma plataforma


totalmente online de fácil utilização e permite simulações nas áreas de
fluidodinâmica computacional, elementos finitos e transferência de calor. Ao
utilizar o software Simscale® é preciso inicialmente selecionar o tipo de análise
desejada, posteriormente uma série de requisitos são necessários para dar
inicio a simulação. Na Figura 33 é possível visualizar a árvore de simulação de
análise estática, onde todos os itens essenciais estão dispostos.

Figura 33 – Árvore de simulação de análise estática.

Fonte: Simscale simulation, 2020.


58

Para iniciar o estudo é necessário incluir no software o modelamento


desejado, e selecionar o tipo de análise a ser realizada, podendo ser de
escoamento ou estrutural. A análise escolhida no estudo do protótipo para a
simulação é a estática devido ao interesse em calcular tensão, deslocamento e
deformação sem taxa de variação de força.

Na seção Model é possível inserir a magnitude e direção da gravidade.

Em Materials foi definido o material do estudo, os materiais predefinidos


estão disponíveis na plataforma sendo possível personalizar alterando suas
propriedades físicas.

Na seleção Boundary condition define-se as condições de contorno,


como a interação da estrutura com o ambiente, sendo pontos de fixação, apoio,
forças, torque e outros.

Numerics é o cérebro por trás da simulação, também chamado de


solucionador. Alguns parâmetros são possíveis de personalização como,
detecção de precisão, tipo de matriz, resíduo relativo do sistema de equação,
dentre outros. Na Figura 34 é possível verificar os tipos de solucionadores
disponíveis no software. O solucionador escolhido foi o “MUMPS” sendo uma
configuração padrão e de fácil operação.

Figura 34 - Configuração de Numerics.


59

Fonte: Simscale simulation, 2020.

Em Control Simulation é possível configurar por quanto tempo a


simulação será executada, o número de resultados salvos e processadores
que serão utilizados na simulação. O software fornece uma configuração
prévia, a qual não foi modificada.

O Result control, permite definir saídas extras de resultados gerados na


simulação, por exemplo, uma área especifica de alta tensão em um sólido.

Depois de configurados todos os dados essenciais para a simulação,


faz-se necessário a escolha da malha, ou seja, a discretização do modelo. O
usuário pode determinar o algoritmo de malha e o nível de refinamento que a
malha precisa atingir, a qualidade da malha influencia fortemente na execução
do equacionamento e nos resultados obtidos, porém, quanto mais fina a
malha mais recursos computacionais são necessários para o processamento.

Com a geometria definida, o material selecionado, forças e pontos de


fixação determinados e a malha definida, o estudo está pronto para ser
simulado.

No processo de simulação do pino intramedular foi atribuída ao


componente à liga de titânio com 6% de alumínio e 4% de vanádio (Ti-6Al-4V),
propriedades disponíveis no anexo B. Um ponto de fixação foi adicionado em
uma das extremidades do componente, simulando que o mesmo estivesse fixo
ao ósseo após a osseointegração. Em outra extremidade uma carga estática
de 700 N foi aplicada no sentido transversal representando uma pessoa
apoiada apenas sobre um dos pés.
60

Figura 35 – Simulação de critério de falha e deslocamento pino intramedular.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no Simscale®.

É possível analisar na Figura 35 que o pino intramedular sofreu


deslocamento máximo igual a 0,014 mm e um critério de falha de Von misses
equivalente a 96,68 MPa, tensão necessária para cisalhamento do
componente.

Para os testes efetuados no adaptador externo, o material selecionado


permaneceu a mesma da liga de titânio do pino intramedular. Para ponto fixo
foi selecionado a parte roscada em uma das extremidades, a força aplicada
nos pontos de fixação do eixo foi de 700 N nas direções X e Y, superior aos
57% do peso corporal do usuário que é aplicado no momento da passada.

Nos batentes de limitação da cabeça do hálux foi mantida a mesma


força, porém decomposta em ângulos de 60º e 40º para limitador superior e
inferior respectivamente.

É possível observar na Figura 36 que a deslocamento máximo gerado


com o carregamento aplicado é de 0,028 mm e uma tensão máxima de
105,13 Mpa.
61

Figura 36 - Simulação de critério de falha e deslocamento adaptador externo.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no Simscale®.

Conforme cálculo realizado anteriormente para o eixo central, o material


empregado não poderá ser o mesmo dos demais componentes, visto que a liga
não iria resistir aos esforços. O novo material escolhido é a liga de titânio Ti-3Al-8V-
6Cr-4Mo-4Zr e suas propriedades estão descritas no Anexo A. A força aplicada no
eixo é a mesma utilizada nas demais simulações. O ponto de fixação foi efetuado
em ambas as extremidades e a força aplicada em toda a extensão do componente.

Figura 37 - Simulação de critério de falha e deslocamento eixo central.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no Simscale®.


62

Nota-se que a tensão máxima é inferior aos demais testes, um dos


fatores é a área da geometria, a qual é menor e a força aplicada se manteve a
mesma, gerando um deslocamento último de 0,002 mm e uma tensão de 43,07
Mpa (Figura 37).

A cabeça do hálux é o último componente do protótipo a ser simulado,


as forças atuantes aplicadas na análise mantiveram-se as mesmas, o ponto de
fixação foi estipulado no local onde será encaixado o eixo central, e a força
aplicada na extremidade que estará em contato com o solo.

É possível verificar na Figura 38 que a zona de maior tensão é onde o


dispositivo terá contato constante com os limitadores quando em movimento,
atingindo um máximo de 174,4 MPa e o maior deslocamento atingiu uma quantia
de 0,15 mm, valor totalmente desprezível em comparação com o tamanho do
componente.

Figura 38 - Simulação de critério de falha e deslocamento da cabeça do hálux.

Fonte: Autores, 2020. Imagem gerada no Simscale®.

Um dado de extrema importância para um estudo de sólidos e seus


carregamentos é o fator de segurança, sendo ele a relação entre o carregamento
último e o carregamento admissível (HIBBELER, 2000). O software utilizado para
as simulações não fornece tal dado, sendo necessário o seu cálculo.
63

A equação do fator de segurança é:

σ𝑟
FS = (12)
σ𝑎

Sendo,

FS o fator de segurança;

σ𝑟 a tensão de ruptura do material (MPa);

σ𝑎 a tensão admissível do material (MPa).

Fator de segurança inferior a um, indica que o material determinado para


o estudo não suporta tal força aplicada, quanto maior o fator de segurança,
menor a possibilidade de uma fratura.

Estão disponíveis na Tabela 3 os fatores de segurança de cada


componente do protótipo.

Tabela 3 – Fator de segurança componentes da prótese.


Componente Tensão de ruptura (Mpa) Tensão admissível (Mpa) Fator de segurança
Pino intramedular 860 96,68 8,9
Adaptador externo 860 105,13 8,18
Eixo central 1500 43,07 34,83
Cabeça do hálux 860 174,4 4,93

Fonte: Os autores, 2020.

O fator de segurança de todos os componentes é adequado. As molas


de torção fixadas nas extremidades do eixo central não foram adicionadas nas
simulações do mesmo, desta forma, apresentou elevado valor em seu fator de
segurança.
64

5 CONCLUSÃO

Tendo como objetivo o aumento da igualdade de vida entre pessoas com


deficiência e sem deficiência, as próteses acabam envolvendo diversas áreas
de estudo e conhecimento para seu desenvolvimento, buscando opções
acessíveis com similaridade aos movimentos naturais do membro amputado,
tornando-as essenciais para o aumento de níveis de aceitação e melhora na
qualidade de vida dos usuários.

Assim, o presente trabalho objetivou uma interação de áreas do


conhecimento da engenharia, medicina, e biomecânica propondo atingir a
finalidade proposta de buscar um biomaterial capaz de atender às funções
aplicadas em atividades rotineiras do hálux.

Ao longo de toda a revisão bibliográfica, podemos observar que a


Osseointegração vem apresentando resultados satisfatórios na qualidade de
vida de pacientes submetidos a este procedimento pelo fato da ótima fixação
estável da prótese, maior liberdade de movimento e conforto.

Dessa maneira, foi desenvolvido um protótipo de prótese para testes


mecânicos e de funcionalidade. A técnica PDP mostrou-se eficiente no desenho
através de processos classificados, na escolha dos materiais onde foi
determinante para possibilitar a utilização na função osseointegrada e no
desenvolvimento da modelagem 3D.

Foi possível constatar ao final do estudo que o protótipo desenvolvido


realizará de forma satisfatória a função de caminhada, devido aos cálculos
realizados sobre resistências dos materiais para as peças do protótipo, Lei de
Hooke para molas e aos valores adequados de resistências mecânicas
apresentadas em simulações realizadas em software CAE.

Concluímos que os materiais selecionados para cada componente se


mostraram capazes de suportar tensões sujeitas em atividades diárias de um
membro natural, tendo em vista o peso corporal do usuário.

Claramente os estudos realizados neste trabalho não concluem todas as


análises necessárias para implementação fática da prótese. Para comprovação
65

da aplicabilidade do protótipo será necessário um aprofundamento nos


aspectos de osseointegração além da fabricação do componente nos materiais
destacados acima, a fim de comprovar os cálculos realizados, viabilizar a
integração cirúrgica e realizar o modelamento de uma prótese estética
personalizada para o usuário.
66

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2020.
71

ANEXO A – Seleção de materiais

Relatório com propriedades da liga de Titânio disponível no site: Matweb.com


72

Relatório com propriedades da liga de Titânio disponível no site: Matweb.com


73

Tabela com propriedades do parafuso métrico sem cabeça com sextavado interno retirado do
PROVENZA, 1960.
74

Resistência ao escoamento e outras de características de aços carbono.


75

ANEXO B – Desenho técnico


Pino intramedular – peça 1.
76

Adaptador externo – peça 2.


77

Eixo central – peça 3.


78

Cabeça do hálux – peça 4.


79

Mola – peça 5.

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