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SÃO MATEUS-ES
2016
EDUARDO DOS SANTOS CAETANO
SÃO MATEUS-ES
2016
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Bibliotecária responsável Rossanna dos Santos Santana Rubim CRB6/ES 403
72 f. : il. ; 30 cm.
CDD 22 – 681.761
Dedicado ao meu primeiro sobrinho, Lorenzo!
Seja bem-vindo, carinha!
AGRADECIMENTOS
In recent years, the number of people requiring motor rehabilitation treatment in the
lower limbs has been increasing, whether due to motor deficiency or recovery from
trauma and surgical interventions. Due to the high number of patients and the
extensive treatment demand, the use of robotic devices can increase the efficiency of
rehabilitation treatments. In this context, the use of robotic orthoses stands out. This
work presents the development of the prototype of an active one degree of freedom
lower limb orthosis, dedicated to performing the extension and flexion movement of
the human knee. The mechanical structure of the device was dimensioned applying
the concepts of the mechanics of the materials. Were also selected mechanical
components, actuator and proposed an electronic closed-loop control system for
position. The device, after being manufactured and properly mounted on a bench,
was submitted to tests with three strategies of movement. The orthosis is actuated by
the user by means of buttons that, when actuated, inform the control unit of the
movement to be performed. A position sensor is responsible for its feedback from the
controller. Electronic switches have been added to prevent the device from
exceeding set angular limits. The mechanical structure developed was made of
aluminum, presenting low weight and compact dimensions. The developed prototype
of active orthosis reached the desired goal, executing the movements according to
the expected movement strategies.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 12
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 30
4.1 DEFINIÇÃO DO MODELO DO PROTÓTIPO ..................................................... 30
4.2 SELEÇÃO DE MATERIAL E PROJETO DAS HASTES ..................................... 30
4.3 SELEÇÃO DO ATUADOR .................................................................................. 37
4.4 TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO DO EIXO PARA A HASTE MÓVEL ............ 39
4.5 SISTEMA ELETRÔNICO DE CONTROLE......................................................... 40
4.6 DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MOVIMENTO......................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65
9
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
Fonte: Santos(2011).
13
Figura 2 - (a) Órtese ativa para membros inferiores; (b) Estrutura mecânica em CAD
(computer assisted design – desenho assistido por computador).
(a) (b)
1Lógica que suporta os modos de raciocínio que são aproximados ao invés de exatos (GOMIDE;
GUDWIN, 1994).
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção traz o referencial teórico utilizado para embasar a metodologia aplicada
no projeto do protótipo de órtese robótica de joelho, abrangendo a estrutura
mecânica e demais componentes do equipamento, como elementos de transmissão
de movimento, atuadores e sensores. Tais conceitos, quando oportuno, serão
relacionados com a literatura consultada na Revisão Bibliográfica.
∑𝐹 = 0 (1)
∑ 𝑀𝑂 = 0 (2)
18
Por conta das cargas atuantes, os elementos estruturais também desenvolvem força
de cisalhamento interna (força cortante) 𝑉e momento fletor 𝑀 que, em geral, variam
em vários pontos ao longo do comprimento do elemento (HIBBELER, 2010). A
Figura 6 ilustra as forças internas atuantes na seção de um elemento estrutural.
19
Uma peça estrutural ou componente de máquina deve ser projetada de modo que a
máxima carga que pode ser aplicada sobre o material (carga última) seja
consideravelmente maior que o carregamento que essa peça ou elemento irá
suportar em condições normais de utilização. A falha de um elemento estrutural
ocorre quando o cisalhamento interno ou o momento sobre o elemento é máximo.
Portanto, por questões de segurança, em um projeto de elemento estrutural ou
mecânico é importante que as tensões de cisalhamento e flexão máximas sejam
restritas a valores admissíveis para o material (BEER; JOHNSTON JUNIOR, 1995;
HIBBELER, 2010).
Tensão é definida como a intensidade das forças distribuídas numa certa seção
transversal (BEER; JOHNSTON JUNIOR, 1995). Hibbeler (2010) e Beer e Johnston
Junior (1995) indicam como método de especificação da tensão máxima admissível
para o material de um elemento estrutural, o uso de um fator de segurança 𝐹𝑆, dado
pela Equação 3.
20
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎
𝐹𝑆 = (3)
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎
𝐹𝑆 = (4)
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙
Callister Junior e Rethswich (2012), assim como Beer e Johnston (1995), afirmam
que a seleção do valor de 𝐹𝑆 dependerá de diversos fatores, desde experiência do
projetista, aspectos econômicos, até as consequências da falha em termos de
perdas de vidas e/ou danos materiais. Valores de 𝐹𝑆muito elevados podem resultar
num superdimensionamento do componente, o que significa desperdício de material,
projeto antieconômico ou pouco funcional. Por outro lado, a escolha de um 𝐹𝑆baixo
pode levar a uma possibilidade muito alta de ruptura da estrutura. Portanto, é
necessária a seleção de um 𝐹𝑆apropriado. Segundo Hibbeler (2010), para evitar o
potencial de falha, o 𝐹𝑆 escolhido deve ser maior que 1. Callister Junior e Rethswich
(2012) afirmam que os valores de 𝐹𝑆variam normalmente entre 1,4 e 4,0.
𝑉
𝐴𝑚𝑖𝑛 = (5)
𝜏𝑎𝑑𝑚
𝑉𝑚𝑎𝑥
𝜏𝑚𝑎𝑥 = 1,5 (6)
𝐴
21
𝑀𝑚𝑎𝑥 𝑐
𝜎𝑚𝑎𝑥 = (7)
𝐼
O momento de inércia de uma área de seção retangular pode ser obtido pela
Equação 8.
𝑏ℎ3
𝐼= (8)
12
Fonte: Melconian(2007).
Fonte: Melconian(2007).
24
𝐹𝑇
𝜏𝑐ℎ = (9)
𝑏𝑙
Ainda de acordo com Melconian (2007), a pressão de contato 𝜎𝑒𝑠𝑚 entre o eixo e a
chaveta pode acarretar o esmagamento da chaveta e do próprio rasgo do eixo. Esta
é dada pela Equação 10:
𝐹𝑇
𝜎𝑒𝑠𝑚 = (10)
𝑙 (ℎ − 𝑡1 )
Niku (2013) também afirma que motores elétricos geralmente giram em altas
velocidades, o que, em aplicações robóticas, cria a necessidade do uso de
engrenagens de redução para aumento do torque e diminuição da velocidade de
rotação. Tal apontamento pode ser observado nos trabalhos de Varoto (2010) e
26
Araújo (2010), onde foram utilizados sistemas de redução para a obtenção de maior
torque e menor velocidade de rotação.
Em relação a controladores, de acordo com Martins (2005), com o passar dos anos
e os avanços da tecnologia, os microcontroladores apresentam-se como uma das
melhores relações custo/benefício em se tratando de soluções que demandam
processamento, baixo custo de hardware e pequena necessidade de espaço físico.
Filippo (2006) elaborou um modelo de órtese de membro inferior cuja ativação dos
atuadores das articulações foi gerenciada por um microcontrolador. Segundo Martins
(2007), os microcontroladores são constituídos basicamente de microprocessador
(cuja finalidade é interpretar instruções de programa e processar dados),memória de
programa (destinada ao armazenamento permanente das instruções do
programa),memoria de dados (com a função de memorizar os valores associados
com as variáveis definidas no programa) e pinos de entrada/saída (com a finalidade
de realizar a comunicação do microcontrolador com o meio externo).
Fonte: Patsko(2006)
De acordo com Patsko (2006), e conforme ilustrado pela Figura 14, para que um
motor funcione com uma ponte H, basta que seja acionado um par de chaves
diagonalmente opostas, o que faz com que a corrente flua do pólo positivo para o
negativo, atravessando o motor e fazendo-o girar no sentido conveniente ao par de
chaves acionado.
Fonte: Patsko(2006)
29
Figura 15 - Potênciômetro.
4 METODOLOGIA
Tensões últimas
(MPa) (MPa)
(MPa) (MPa)
A carga equivalente 𝑃deve ser capaz de provocar sobre o ponto de rotação da haste
(articulação do joelho) um torque𝑀𝑝 , equivalente ao torque 𝑇𝑗 exigido na articulação
do joelho para a realização do movimento de extensão.
Panturrilha Pé
2,91 kg 0,73 kg
𝑚1
𝑇𝑗 = (𝑚2 + ) 𝑑𝑔 sin 𝜃 (12)
2
9,0
8,0
7,0
6,0
Torque Tj [Nm]
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ângulo θ [°]
𝑀𝑝
𝑃= (13)
𝐿
50
40
30
V [N]
20
10
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
x [m]
-2
M [Nm]
-4
-6
-8
-10
0 0,05 0,1 0,15 0,2
x [m]
(MPa) (MPa)
0,208 5,533
Fonte: Bosch®(2004).
Este modelo conta com um redutor com transmissão por parafuso sem fim e coroa
irreversível (Figura 26), elemento importante para a manutenção do membro em
uma posição quando cessada a alimentação do motor.
Figura 26 - Transmissão parafuso sem fim e coroa do Motor CHP 9 390 082 031.
Tensão 𝑈 12 V
Potência 𝑃𝑛 5,5 W
Rotação 𝑛 28 rpm
Corrente 𝐼𝑛 3,5 A
Torque 𝑀𝑛 2 Nm
Relação de transmissão 𝑖 54
A montagem preliminar do protótipo determina que o motor seja preso à haste fixa
para que ambos não desenvolvam movimento relativo entre si.
39
A transmissão do movimento do eixo para a haste móvel será feita por meio de
chaveta plana, cujo dimensionamento é realizado conforme recomendado por
Melconian(2007).
Dimensão Tamanho(mm)
b 5
h 5
t1 3
𝑀𝑛
𝐹𝑡 = (14)
𝑟𝑒
Comprimento mínimo
Critério de cálculo
de chaveta
Cisalhamento 0,90 mm
Esmagamento 1,27 mm
Figura 29 - CI L6203.
Para o controle de posição foi utilizado como sensor um potenciômetro do tipo linear
de 100kΩ. Como meio de evitar acidentes indesejados em caso de falha do sensor
de posição, foram adicionadas chaves eletrônicas de fim de curso nas posições
máximas de extensão e flexão, de modo a interromper a alimentação do atuador
caso este exceda tais limites.
Deslocamento Angular
Estratégia de
Movimento
Extensão Flexão
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
(a) (b)
No objetivo de evitar deslocamento axial, tanto das chavetas quanto das hastes, ao
longo do eixo da articulação, foram adicionados anéis de retenção, componentes
normalmente fixados a eixos rotativos com esta finalidade, conforme ilustrado na
Figura 32
(a) (b)
Fonte: (a) Jofe Par Ltda (acesso em 01 dez. 2016); (b) elaborado pelo autor.
45
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
Para fixação das chaves de fim de curso, também foram fabricados por impressão
3D os suportes a serem presos à haste fixa. A Figura 36 ilustra tais suportes e a
Figura 37 mostra a instalação destes à estrutura.
47
Figura 37 - (a) Suportes de fim de curso instalados à haste fixa; (b) montagem dos
fins de curso aos suportes.
(a) (b)
Para evitar o movimento relativo entre a haste fixa e o motor, ambos foram fixados a
uma bancada de testes. Uma abraçadeira tipo U foi utilizada para fixar o motor,
conforme ilustra a Figura 38.
48
(a) (b)
A haste fixa foi presa à bancada de testes por um grampo sargento tipo C, conforme
ilustra a Figura 39.
Figura 39 - (a) Grampo sargento tipo C; (b) Fixação da haste fixa à bancada de
testes.
(b)
(a)
Optou-se pelo projeto de uma caixa de transmissão de eixos paralelos com dois
pares de engrenagens cilíndricas helicoidais, responsáveis pela transmissão do
movimento. Os pares de engrenagens foram modelados através do software
Autodesk Inventor®. Esta ferramenta, a partir de dados fornecidos pelo projetista,
gera engrenagens, permite simulação do funcionamento das mesmas e a avaliação
do engrenamento. A Figura 43 mostra os pares de engrenagens gerados via
software.
(a) (b)
Número de dentes 19 65
Número de dentes 19 49
O acionamento da órtese é feito pelo usuário por meio de dois botões, um dedicado
ao movimento de extensão e outro ao movimento de flexão do joelho. O
microcontrolador, ao receber o comando dos botões, aciona a unidade de potência
(circuito ponte H) para que esta alimente o motor com corrente elétrica proveniente
de uma fonte externa, executando os movimentos de extensão ou flexão. O controle
de posição do dispositivo é feito em modo on-off com o auxílio do potenciômetro,
acoplado ao conjunto engrenagem/eixo de saída do motor. A cada 10 milissegundos
o potenciômetro tem seus sinais de tensão lidos e convertidos em sinais digitais pelo
microcontrolador. Tais sinais são correspondentes à posição angular instantânea da
articulação. Quando a articulação atinge a posição desejada ou aciona as chaves
eletrônicas de fim de curso, o microcontrolador interrompe o sinal de comando para
a ponte H, que cessa a alimentação do motor.
Os valores dos sinais lidos pelo Arduino® variam de 0 a 1023. Foram coletados os
valores fornecidos pelo sensor nas posições máxima e mínima do protótipo. As
Estratégias de Movimento 2 e 3 exigem que o sistema reconheça o posicionamento
da haste móvel a 45° da direção vertical. Com o auxílio de um transferidor, a haste
móvel foi posicionada a 45° e o sinal analógico correspondente foi colhido. A Tabela
9 relaciona as posições angulares previstas nas estratégias de movimento e seus
correspondentes sinais analógicos.
170 0°
325 45°
480 90°
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
-10
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
-10
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
-10
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
-10
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
100
90
80
70
Ângulo [°]
60
50
40
30
20
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo [ms]
5.5 DISCUSSÕES
De acordo com o que foi observado nos testes realizados a partir das estratégias de
movimento adotadas, o posicionamento real do dispositivo desenvolvido apresenta
diferenças em relação ao posicionamento definido na programação da unidade de
controle para cada estratégia de movimento. Essas diferenças são mais acentuadas
quando a parada do atuador é solicitada em posições intermediárias (Estratégias 2 e
3). Nas posições mínima e máxima notam-se menores discrepâncias entre os
valores definidos e os valores reais.
A inércia do eixo do motor, somada à inércia da carga (haste móvel), são fatores que
contribuem para o atraso na parada total do eixo quando a posição desejada é
atingida. As menores discrepâncias, observadas nas posições máxima e mínima do
protótipo, justificam-se pelos fins de curso físicos impostos pelas próprias hastes nas
referidas posições. Entretanto, tais fins de curso por si só não interrompem o
funcionamento do motor, o que, em caso de falha do sensor de posição, poderia
acarretar em dano à estrutura e seus componentes e até acidentes indesejáveis em
uma aplicação real, onde a órtese seria acoplada em um membro inferior humano.
Por este motivo as chaves de fim de curso eletrônicas são essenciais no dispositivo,
pois ao serem acionadas, enviam à unidade de controle a informação de que o
funcionamento do motor deve ser interrompido.
62
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste trabalho, conclui-se que os objetivos iniciais foram atingidos de forma
satisfatória. O protótipo de órtese ativa monoarticulada de membro inferior
desenvolvido apresenta a possibilidade de evolução das pesquisas em Tecnologia
Assistiva no Instituto Federal do Espírito Santo, campus São Mateus.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Márcio Valério de; ALSINA, Pablo Javier. Determinação do torque mínimo
de acionamento de um atuador elétrico usado nas articulações de uma órtese de
membro inferior. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA, 6.,
2010, Campina Grande. Anais... Campina Grande: ABCM, 2010. v. 1, p. 46 - 55.
ARDUINO. Products: Arduino MEGA 2560 &Genuino MEGA 2560. Disponível em:
<https://www.arduino.cc/en/Main/ArduinoBoardMega2560>. Acesso em: 04 dez.
2016.