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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

NATÁLIA DOS SANTOS RODRIGUES

DA DEMOLIÇÃO AO RESTAURO, COMO DA VIDA


À RUA. RESTAURO DA ÁREA DO ANTIGO POSTO
MÉDICO COMO CENTRO DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL DE BAURU.

BAURU

2019
NATÁLIA DOS SANTOS RODRIGUES

DA DEMOLIÇÃO AO RESTAURO, COMO DA


VIDA À RUA. RESTAURO DA ÁREA DO ANTIGO
POSTO MÉDICO COMO CENTRO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL DE BAURU.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro de Ciências
Exatas e Sociais Aplicadas da
Universidade do Sagrado Coração,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de bacharel em Arquitetura e
Urbanismo, sob orientação da Prof. Me.
Lilian Massumie Nakashima.

BAURU
2019
NATÁLIA DOS SANTOS RODRIGUES

DA DEMOLIÇÃO AO RESTAURO, COMO DA


VIDA À RUA. RESTAURO DA ÁREA DO ANTIGO
POSTO MÉDICO COMO CENTRO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL DE BAURU.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro de Ciências
Exatas e Sociais Aplicadas da
Universidade do Sagrado Coração,
como parte dos requisitos para
obtenção do título de bacharel em
Arquitetura e Urbanismo, sob orientação
da Prof. Me. Lilian Massumie
Nakashima.

Bauru, ___ de __________ de 20___.

Banca Examinadora:

______________________________________
Prof.ª. Me. Lilian Massumie Nakashima
Universidade do Sagrado Coração

______________________________________
Prof.ª. Me. Giovana Innocenti Strabeli
Universidade do Sagrado Coração

______________________________________
Arq.º. Marcus Vinícius Caracho
Universidade do Sagrado Coração
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de
acordo com ISBD
Rodrigues, Natalia Dos Santos
R696d
Da demolição ao restauro, como da vida à rua.
Restauro da área do antigo posto médico como centro
de assistência social de Bauru / Natalia Dos Santos
Rodrigues. -- 2019.
150f. : il.

Orientadora: Prof.a M.a Lilian Massumie Nakashima

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em


Arquitetura e Urbanismo) - Universidade do Sagrado
Coração - Bauru - SP

1. Pessoas em situação de rua. 2. Centros históricos.


3. Revitalização. 4. Reinserção social. 5. Albergue. I.
Elaborado
Nakashima, por Lidyane
Lilian Silva Lima
Massumie. - CRB-8/9602
II. Título.
Dedico este trabalho à minha família,
sobretudo à minha mãe, que lutou comigo
para que este sonho se realiza-se.
AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos são primeiramente ao nosso arquiteto universal, Deus,


pois sem ele nada existiria, e hoje eu não estaria aqui. Aquele que guiou e abençoou
meus passos em toda a minha trajetória estudantil e de vida.
Em seguida devo agradecimentos à coordenação do curso e a todos os meus
professores, os quais, se dedicaram, por anos e anos, acumulando experiências e
aprendizados para enfim, compartilhá-los comigo, em especial a minha orientadora
Lilian Massumei Nakachima, que apoiou minha ideia e prestou auxílio para que
pudesse se tornar possível este trabalho de conclusão de curso. Agradeço à toda
equipe de funcionários da USC – Universidade do Sagrado Coração, que também
contribuiu da sua maneira para o funcionamento da universidade.
Agradeço à minha família pelo apoio sempre e por acreditar no meu potencial,
e é claro que não poderia deixar de citar aqui também a pessoa que foi essencial para
concretização deste sonho, aquela que me apoiou em cada decisão, que se dedicou
fielmente para que nada, absolutamente nada pudesse dar errado neste período, que
muitas vezes abriu mão de tempo de descanso trabalhando em dois locais para nunca
atrasar uma parcela da faculdade. Minha mãe, que por muitas vezes chorou comigo
nos momentos difíceis, mas que sorriu a cada conquista minha, que passou muitas
noites acordada comigo só para garantir que eu estaria bem, que brigou quando foi
preciso, mas que teve toda a paciência do mundo para lidar com meus momentos de
nervosismo, agradeço de todo meu coração por Deus ter permitido estar junto a ti
nesta vida.
Agradeço a todos os meus amigos, os que me acompanharam nesta jornada e
os que mesmo de longe contribuíram com palavras de incentivo, em especial, a Laís
Rodrigues, Ingrid Muniz, Kathleen Mello, Diego Garrido e Pâmela Ribeiro.
Agradeço, em especial, também ao meu noivo, João Marcos Barbosa Agostini,
que me apoiou e esteve presente neste período, que se dedicou em me acalentar nos
momentos difíceis, e que me aconselhou nos momentos que foram necessários, meu
muito obrigada por isso.
Agradeço aos colegas de grupo dos trabalhos acadêmicos, que me ajudaram
desenvolver ainda mais o senso de equipe e que cresceram e aprenderam comigo.
RESUMO

Este trabalho apresenta uma abordagem arquitetônica que irá tratar duas
problemáticas atuais que ocorre na maioria das grandes cidades. Foi desenvolvido o
projeto de um Centro de Assistência Social destinado a pessoas em vulnerabilidade
social, visando a revitalização de uma área de grande importância histórica para o
município de Bauru, favorecendo de forma direta a população que hoje ocupam
imóveis precários e em situação de completo abandono. A proposta consiste na
requalificação desta área criando um espaço público que atenda às necessidades das
pessoas que se encontram em situação de rua, oferecendo oportunidade de
reinserção na sociedade. Para isto foi desenvolvido estudos, pesquisas, imagens do
local, mapa urbano, desenhos e argumentos com base na realidade encontrada. Este
projeto tem a intenção de devolver vida e utilidade ao lugar em prol da sociedade.

Palavras-chaves: Projeto arquitetônico. Pessoas em situação de rua. Centros


históricos. Revitalização. Reinserção social. Albergue.
ABSTRACT

This work presents an architectural approach that will handle two current
problems that occur in most major cities. This project of a Social Assistance Center for
people with social vulnerability was developed, seeking the revitalization
of an area of great historical importance for the district of Bauru, directly favoring the
population that today occupy precarious properties in a situation of neglected. The
proposal consists in the requalificationof this area creating a public space that assists
the needs of people who are in a street homeless, offering an
opportunity for reintegration into society. For this, studies, researches, local images,
urban maps, drawings and arguments were developed based on the reality found. The
purpose of this project is to restore life and utility back to the place for the benefit of
Society.

Keywords: Architectural Project. People in Street situation. Historical centers.


Revitalization. Social reinsertion. Hostel.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama de Assistência Social ................................................................ 20


Figura 2 - Proporção da população em situação de rua em relação a população total
dos municípios .......................................................................................................... 38
Figura 3 - Proporção da população em situação de rua em relação a população total
dos municípios .......................................................................................................... 39
Figura 4 - Gráfico de porcentagem de gênero da população em situação de rua ..... 40
Figura 5 - Níveis de escolaridade da população em situação de rua ........................ 41
Figura 6 - Gráfico Motivos geradores da situação de rua .......................................... 42
Figura 7 - Onde costumam dormir............................................................................. 42
Figura 8 - Acesso a alimentação pela população em situação de rua ...................... 43
Figura 9 - População em situação de rua segundo declaração de problemas de
saúde ........................................................................................................................ 43
Figura 10 - Posse de documentos da População em situação de rua ...................... 44
Figura 11 - Perspectiva volumétrica do projeto ......................................................... 46
Figura 12 - Stepping Stones ...................................................................................... 47
Figura 13 - Stepping Stones: Uma casa para todos .................................................. 48
Figura 14 - Pavimento Térreo - Stepping Stones ...................................................... 49
Figura 15 - Pavimento tipo - Stepping Stones ........................................................... 50
Figura 16 -Ultimo pavimento - Stepping Stones ........................................................ 51
Figura 17 - Vista externa do projeto LA CASA .......................................................... 52
Figura 18 - Interior das unidades habitacionais ......................................................... 54
Figura 19 - Plantas layout do projeto LA CASA......................................................... 54
Figura 20 - Esquema de funcionamento da Fachada do LA CASA........................... 55
Figura 21 - Vista externa do projeto The Bridge Homeless Assistance Center ......... 56
Figura 22 - Planta de situação - The Bridge Homeless Assistance Center ............... 59
Figura 23 - Primeiro pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center .............. 60
Figura 24 - Segundo pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center ............. 61
Figura 25 - Terceiro pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center .............. 62
Figura 26 - Alojamento masculino - The Bridge Homeless Assistance Center ......... 62
Figura 27 - Vista do prédio de Serviços transformacionais e salão da residência das
mulheres.................................................................................................................... 64
Figura 28 - Diagrama do programa - Haven for Hope ............................................... 65
Figura 29 - Implantação - Haven for Hope ................................................................ 67
Figura 30 - Vista externa do edifício .......................................................................... 69
Figura 31 - Implantação - Polê de Services à Aubenas ............................................ 70
Figura 32 - Diagrama Volumétrico 1 - Polê de Services à Aubenas.......................... 71
Figura 33 - Diagrama Volumétrico 2 - Polê de Services à Aubenas.......................... 71
Figura 34 - Pavimento Térreo - Polê de Services à Aubenas ................................... 72
Figura 35 - Primeiro pavimento - Polê de Services à Aubenas ................................. 73
Figura 36 – Vista frontal - Albergue noturno CEAC ................................................... 74
Figura 37 - Sala de espera e guarda de materiais da Casa de passagem. ............... 77
Figura 38 - Recepção da Casa de passagem. .......................................................... 78
Figura 39 - Refeitório da Casa de passagem. ........................................................... 78
Figura 40 - Acomodações da Casa de passagem..................................................... 79
Figura 41 - Pátio de uso comum da Casa de passagem ........................................... 80
Figura 42 - Sala de TV Casa de passagem............................................................... 80
Figura 43 - Lavanderia da Casa de passagem.......................................................... 81
Figura 44 - Sala do Assistente social e Sala de atendimento geral........................... 81
Figura 45 - Localização da cidade de Bauru no estado de São Paulo ...................... 83
Figura 46 - Região administrativa de Bauru .............................................................. 84
Figura 47 - Vista aérea Vila Noroeste ....................................................................... 88
Figura 48 - Casas dos trabalhadores da CEFNOB. .................................................. 89
Figura 49 - Casas dos Engenheiros da CEFNOB. .................................................... 89
Figura 50 - Casa do Inspetor da CEFNOB. ............................................................... 90
Figura 51 - Área definida para a proposta projetual .................................................. 91
Figura 52 - Patrimônio imobiliário IAPFESP .............................................................. 92
Figura 53 - Certidão do imóvel .................................................................................. 93
Figura 54 - Pavimento Subsolo - Projeto Posto Médico ............................................ 94
Figura 55 - Pavimento Térreo - Projeto Posto Médico .............................................. 94
Figura 56 - Segundo pavimento - Projeto Posto Médico ........................................... 95
Figura 57 - Planta baixa do Projeto de Ampliação .................................................... 95
Figura 58 - Planta da última reforma realizada.......................................................... 96
Figura 59 - Matéria do Jornal da cidade de Bauru em 23/06/2018............................ 97
Figura 60 - Tabela da zona ZC1................................................................................ 99
Figura 61 - Especificação dos usos - Lei de Zoneamento ....................................... 100
Figura 62 - Mapa de localização ............................................................................. 102
Figura 63 - Mapa de Usos e ocupações .................................................................. 103
Figura 64 - Mapa de gabarito das edificações......................................................... 104
Figura 65 - Mapa de vias e fluxos ........................................................................... 105
Figura 66 - Mapa de Cheios e vazios ...................................................................... 106
Figura 67 - Mapa de Vegetação .............................................................................. 107
Figura 68 - Mapa de Topografia .............................................................................. 108
Figura 69 - Implantação geral (sem escala) ............................................................ 114
Figura 70 - Pavimento 1 - antigo posto médico (sem escala) ................................. 115
Figura 71 - Pavimento 1 - edifício novo (sem escala) ............................................. 116
Figura 72 - Pavimento 2 - junção dos blocos (sem escala) ..................................... 117
Figura 73 - Pavimento 3 – edifício novo (sem escala)............................................. 118
Figura 74 - Cortes A e B (sem escala) .................................................................... 119
Figura 75 - Cortes C e D (sem escala) .................................................................... 120
Figura 76 – Volumetria 1 - café ............................................................................... 121
Figura 77 - Volumetria 2 – Antigo posto médico...................................................... 121
Figura 78 - Volumetria 3 – acesso principal antigo posto médico ........................... 122
Figura 79 - Volumetria 4 – Horta comunitária com vista ao edifício do alojamento . 122
Figura 80 - Volumetria 5 – Passarela ...................................................................... 123
Figura 81 – Volumetria 6 – Galpões ........................................................................ 123
Figura 82 - Volumetria 7 – Quadra de esportes ...................................................... 124
Figura 83 - Volumetria 8 – Praça de acesso edifício alojamento............................. 124
Figura 84 - Volumetria 9 - Praça de acesso edifício alojamento 2 .......................... 125
Figura 85 – Vegetação ............................................................................................ 126
Figura 86 - Implantação (etapa 2) ........................................................................... 131
Figura 87 - Planta pavimento 1 (etapa 2) ................................................................ 132
Figura 88 - Planta pavimento 2 (etapa 2) ................................................................ 133
Figura 89 - Cortes e Elevações (etapa 2) ................................................................ 134
Figura 90 - Elevações ............................................................................................. 135
Figura 91 - Volumetria 1 - vista aérea do viaduto .................................................... 135
Figura 92 - Volumetria 2 -vista praça externa.......................................................... 136
Figura 93 - Volumetria - vista praça e passarela ..................................................... 137
Figura 94 - Volumetria - fachada prédio alojamento................................................ 137
Figura 95 - Volumetria - vista aérea prédio alojamento ........................................... 138
Figura 96 - Volumetria interna - refeitório ................................................................ 138
Figura 97 -Volumetria interna - Ala masculina......................................................... 139
Figura 98 - Volumetria interna - Ala feninima .......................................................... 139
Figura 99 - Volumetria interna - sala de jogos ......................................................... 140
Figura 100 - Volumetria interna - sala de leitura...................................................... 140
Figura 101 - Volumetria - lojas ................................................................................ 141
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano


CEAC - Centro Espirita Amor e Caridade
CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
CEFNOB - Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
CPEF - Companhia Paulista de Estradas de Ferro
CUSI - Companhia União Sorocabana e Ituana de Estradas de Ferro
EUA - Estados Unidos da América
IAPFESP - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários e Empregados em
Serviços Públicos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social,
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social Agrário
MPF - Ministério Público Federal
ONG - Organizações Não Governamentais
PIB - Produto Interno Bruto
PNAS - Política Nacional de Assistência Social
SEMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente
SEPLAN - Secretaria de Planejamento de Bauru
SUAS - Sistema Único de Assistência Social
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 16

2 METODOLOGIA........................................................................................... 18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 19
3.1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................................ 19
3.1.1 Percurso histórico da assistência social ....................................................... 21

3.1.2 Assistência social no Brasil .......................................................................... 25

3.1.3 Assistência social no município de Bauru..................................................... 26

3.2 CENTROS HISTÓRICOS ABANDONADOS ................................................ 28


3.3 AS ÁREAS DE OCUPAÇÃO IRREGULAR .................................................. 33
3.4 CLASSIFICAÇÃO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA ......................... 35
4 ANÁLISE DE OBRAS SIMILÁRES.............................................................. 45
4.1 STEPPING STONES .................................................................................... 46
4.2 LA CASA ...................................................................................................... 52
4.3 THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER.................................... 56
4.4 HAVEN FOR HOPE...................................................................................... 63
4.5 POLÊ DE SERVICES À AUBENAS.............................................................. 68
5 VISITAS TÉCNICAS .................................................................................... 74
5.1 ALBERGUE NOTURNO CEAC (CASA DE PASSAGEM) ............................ 74
6 MUNICIPIO DE BAURU ............................................................................... 83
6.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ....................................................... 83
6.2 ECONOMIA .................................................................................................. 85
6.3 HISTÓRIA ..................................................................................................... 86
6.3.1 Implantação de Vilas no Município de Bauru................................................ 87

6.3.2 Histórico da Área de intervenção do projeto ................................................. 90

6.3.3 Edifício do antigo posto médico .................................................................... 91

7 PROPOSTA PROJETUAL - ESTUDOS PRELIMINARES .......................... 99


7.1 ZONEAMENTO ............................................................................................ 99
7.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 101
7.3 USO E OCUPAÇÃO ................................................................................... 102
7.4 GABARITO URBANO ................................................................................. 103
7.5 VIAS E FLUXOS ......................................................................................... 105
7.6 CHEIOS E VAZIOS .................................................................................... 106
7.7 VEGETAÇÃO ............................................................................................. 107
7.8 TOPOGRAFIA ............................................................................................ 108
8 CONCEITO E PARTIDO ............................................................................ 109
9 MACROZONEAMENTO – TFG 1............................................................... 111
9.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................ 111
9.2 PROJETO ................................................................................................... 114
9.3 PERSPECTIVAS ........................................................................................ 121
10 ANTEPROJETO – TFG 2........................................................................... 127
10.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ETAPA 2 ............................................ 127
10.2 PROJETO ETAPA 2 ................................................................................... 131
10.3 PERSPECTIVAS ETAPA 2 ........................................................................ 135
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 142
12 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 143
14

1 INTRODUÇÃO

Um fenômeno que assola praticamente todas as cidades brasileiras e muitas


outras cidades no mundo e tem causado cada vez mais comoção para aqueles que
lutam pelos direitos sociais, é o fenômeno da população em situação de rua. Por meio
de pesquisas realizadas para este estudo, foi possível identificar os vários motivos
que levam a este processo, sendo os mais comuns deles o desemprego e o
rompimento dos vínculos familiares, além do uso de drogas ilícitas.
Contudo, atualmente não existem dados contabilizados exatos desta
população, mas somente estimativas, o que dificulta promoção de políticas públicas
que visem o atendimento destas pessoas. Outro fator que dificulta muito a manobra
de retirada e reinserção dos desabrigados na sociedade é a falta de instituições de
auxílio. Para tanto, a proposta que será apresentada, objetiva desenvolver um Centro
de Assistência Social à pessoas em situação de rua, com o intuito de trata-las
psicológica e socialmente, propiciando sua profissionalização e, consequentemente,
reinserção na sociedade.
Além disso, pretende-se associar a esta pesquisa o processo de urbanização,
caracterizado, também, como abandono de centros históricos. No caso do município
de Bauru, local escolhido para a implantação da proposta de projeto, o centro histórico
em sua maioria abandonado e os edifícios esvaziados trouxeram à paisagem urbana
da cidade uma forte característica de degradação, e sensação de insegurança.
Entretanto, realizando visitas a estes locais e analisando estruturalmente estes
edifícios, foi possível identificar que são muitas as possibilidades de revitalização, e
movida por esta certeza, a proposta não poderia ser diferente.
Atrelando, duas problemáticas presentes na cidade de Bauru, a primeira delas
a degradação do centro histórico, e depois, a quantidade de pessoas em situação de
rua, que se encontram nessas regiões, buscam pelos edifícios abandonados um local
para se abrigarem. A ideia é que estas pessoas não precisem sair de lá, mas sim
utilizar estes locais abandonados e degradados para melhoras a qualidade de vida
dessa população, fazendo com que não se sintam fora do seu ambiente usual.
15

1.1 JUSTIFICATIVA

O terno “pessoas em situação de rua”, foco principal desta pesquisa, é um


fenômeno que aflige diversas cidades do Brasil e do mundo, e que, ocorre por
múltiplos fatores como, a falta de emprego, desavenças familiares e uso de drogas
ilícitas. Em razão disto, esta população recorre à mendicância em busca de
alternativas de sobrevivência. E apesar dos programas governamentais e as várias
instituições de acolhimento e assistência efetuarem bem os seus serviços, não
alcançam resultados muito duradouros.
O fenômeno cresceu e se estabeleceu após o processo de urbanização, pelo
movimento de migração das populações rurais para áreas urbanas em busca de
oportunidades de emprego. As áreas urbanas não conseguiam sanar a demanda
dessa população, o que causou uma desigualdade social extravagante. Com a
descentralização, ou seja, o esvaziamento dos centros urbanos e mudanças as
indústrias para as áreas periféricas a população que residia nesses locais e aqueles
que se encontravam em situação de pobreza extrema, acabavam por ocupar praças,
calçadas e edifícios abandonados, buscando abrigo.
Por meio de pesquisas realizadas, é possível identificar as condições em que
vivem os desabrigados, uma visita ao centro abandonado e degradado revela que
uma parcela crescente da população vive em situação de precariedade.

1.2 OBJETIVOS

Com a finalidade de orientar o estudo e os resultados da proposta projetual


contidos nesta pesquisa, faz-se necessária a definição do objetivo geral e específicos,
que apresentam a ideia central deste trabalho acadêmico e os resultados finais
almejados.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral baseia-se na elaboração de um projeto arquitetônico para um


Centro de Assistência Social a pessoas em situação de rua, localizado entre as ruas
Presidente Kennedy, Azarias Leite, Monsenhor Claro e Av. Nuno de Assis, área
localizada no centro histórico da cidade de Bauru e possui em seu interior dois
16

edifícios de valor histórico para o município (que não passaram pelo processo de
tombamento), mas que infelizmente encontram-se degradado, abandonados.
Para tanto, propõe-se a revitalização no local da intervenção, buscando
solucionar duas problemáticas: a primeira em relação as áreas subutilizadas do centro
histórico da cidade, as quais encontram-se degradadas. Em conformidade a isto
alinhar o atendimento das pessoas que vivem em situação de rua e que se alojam nos
edifícios abandonados, possibilitando a sua reinserção na sociedade. A intenção é
devolver vida e utilidade ao lugar, atrelando a isto o auxílio a pessoas em situação
vulnerável, proporcionando melhores condições de vida as pessoas e integrando os
novamente à família e sociedade.

1.2.2 Objetivos Específicos

Foram elaborados os objetivos específicos em forma de tópicos, buscando


aprofundar o objeto do trabalho e suas particularidades, contribuindo assim para a
delimitação do tema. Dentre os objetivos específicos estão:
a) Desenvolvimento de pesquisas bibliográficas relativas aos temas
discutidos, afim de atingir o suporte necessário para a concepção da
proposta do projeto;
b) Apresentar o panorama da assistência social no decorrer da história, no
Brasil e no município de Bauru;
c) Apresentar um breve cenário dos centros históricos abandonados no
decorrer da história com vista aos excluídos, analisando sua ocorrência
no município de Bauru;
d) Sintetizar um breve cenário sobre o aumento das áreas irregulares que
ultrapassam o limite da pobreza, analisando também sua ocorrência no
município de Bauru;
e) Coletar dados quantitativos da população de rua no Brasil e na cidade
de Bauru, para então definir a dimensão correta do projeto, que irá
abranger estas pessoas;
f) Apresentar um panorama histórico do município de Bauru, e dos
edifícios situados dentro da área de intervenção;
17

g) Realizar visitas técnicas que auxiliem na compreensão do


funcionamento de um empreendimento destinado a assistência social
no município de Bauru, identificando suas particularidades e funções;
h) Desenvolver a proposta de projeto para um Centro de Assistência Social
a pessoas em situação de rua.
i) Estudar obras correlatadas ao tema a fim de ampliar o repertório
projetual.
18

2 METODOLOGIA

Com o objetivo de compor esta pesquisa e em seguida elaborar a proposta


projetual, se fez necessária a revisão bibliográfica e estruturação dos conteúdos, com
o propósito de compor um repertório de ideias, possibilitando a compreensão e análise
do tema central. Para isto, foram feitas consultas em livros, artigos, jornais, revistas,
monografias, teses acadêmicas, mídias digitais e visuais, além da realização de
pesquisa no Museu histórico municipal, no Museu Ferroviário regional de Bauru, na
SEPLAN - Secretaria de Planejamento de Bauru e no INPS – Instituto Nacional de
Previdência Social, o que possibilitou, a análise de obras de referência, a coleta de
dados históricos, documentações e plantas necessárias a realização do estudo e
proposta. Dentre os assuntos pesquisados estão:
a) O percurso histórico da assistência social;
b) Contextualização da assistência social no Brasil;
c) Contextualização da assistência social no município de Bauru;
d) Conceituação e contextualização referente os Centros históricos
abandonados;
e) Conceituação e contextualização referente ao aumento das áreas de
ocupações irregulares;
f) Contextualização e coleta de dados referentes a população de rua no Brasil
e na Cidade de Bauru;
g) E a reflexão acerca do papel do assistente social na sociedade;
Por meio dos estudos preliminares realizados no entorno do local proposto para
intervenção, foi possível entender de qual maneira ocorre a ocupação do solo, ou seja,
os diferentes usos presentes no local, também o gabarito, ou seja, a altura respectiva
das edificações implantadas na região, a análise do sentido das vias e os fluxos, além
da vegetação existente e a topografia, permitindo deste modo o levantamento de
dados para a execução de mapas urbanos de análise, os quais conduzem a
concepção projetual.
Além disso, ao fazer uma visita técnica realizada na cidade de Bauru no
Albergue noturno CEAC sob a supervisão de Francine Tamos, possibilitou-se
compreender as particularidades que constitui o projeto. Para o desenvolvimento das
plantas e pranchas, utilizou-se os softwares Autocad, Lumion, Revit e Photoshop.
19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica, tem como objetivo o estudo, o levantamento de


dados e pesquisa que envolvem o tema do projeto, possibilitando a reflexão, análise
e compreensão dos conceitos do projeto de maneira aprofundada. Através disto é
possível a construção de um repertório que auxilia na elaboração da proposta do
projeto, considerando aspectos críticos do tema da pesquisa.
Neste contexto, primeiramente foi realizado o levantamento sobre a Assistência
social e sua história em âmbito mundial, nacional e municipal. Em seguida, aponta-se
problemas sociais relacionados aos centros históricos abandonados, com vista aos
excluídos socialmente e o aumento das áreas de ocupação irregulares, em
decorrência limitante da pobreza.

3.1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL

De acordo com o Dicionário Aurélio (2019), o termo assistência tem como


significado, o “meio de vir em auxílio ou socorro”, e o termo social tem como significado
“Que diz respeito à sociedade”, ou seja, a assistência social está relacionada ao
amparo e serviço de apoio social.
A Assistência Social, pode ser diferente também com uma proposição que
aborda dois aspectos, o primeiro deles a saúde e em segundo as necessidades
especiais, entre elas, as necessidades sociais, físicas, psíquicas ou sensoriais. Outra
definição para o termo se refere em acudir a qualquer pessoa que se encontrem em
situação de dependência, afim de melhorar a qualidade de vida daqueles em situação
de vulnerabilidade, como população prisional, idosos, doentes físicos e mentais e
deficientes. (ASSISTÊNCIA SOCIAL, IN:CONCEITOS, 2010)
Seguindo os conceitos baseados nas legislações, e segundo o Portal Educação
(2018), a assistência social passa a ter suporte legal a partir da Carta Magna,
publicada em 1988, em seu artigo 203 diz: “a assistência social será prestada a quem
dela necessitar, independente de contribuição à seguridade social”. Além disso outra
Lei que fundamenta a assistência social, lei 8.742 de 1993, conhecida como LOAS
(Lei Orgânica da Assistência Social), a qual reformulou o art. 203 da Carta Magna,
definindo seu artigo 1º como:
20

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social não contributiva, que prove os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (LOAS,
apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2018)

Figura 1 - Diagrama de Assistência Social

Fonte: Conceitos (2010).

De acordo com o Portal Educação (2018), a maior vantagem da assistência


social está atrelada a prestação constante que se dedica à doação de uma renda
mensal àqueles que necessitam, sem que os assistidos percam a dignidade. O serviço
social tem como objetivo minimizar a pobreza, atendendo às casualidades sociais e
provendo a universalização dos direitos sociais; ocorre de maneira integrada às
políticas sociais atrelado as ações de iniciativa pública e às ONGs, Organizações não
21

governamentais. A figura acima (Figura 1) demonstra os tipos de assistência social


que podem ser oferecidos pela iniciativa pública e ONGs não governamentais.
A participação da sociedade segundo o Portal de Educação (2018), se realiza
em contribuição a organizações e entidades sociais, criadas pela população afim de
cumprir as altas demandas das comunidades desamparadas O art. 3° da LOAS as
define como: “aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e
assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam
na defesa e garantia de seus direitos”

3.1.1 Percurso histórico da assistência social

A história do auxílio e da assistência entre as pessoas existe desde os


primórdios da humanidade. De acordo com Fontoura (1959), o termo serviço social,
pode ser compreendido como um agrupamento de técnicas e processos relativamente
novos em relação ao seu tempo de existência, manifestados entre os anos de 1900
até aquela época.
Afim de resgatar os aspectos que elevaram o auxílio a um patamar de grande
importância e para entender qual sua evolução na história da humanidade, Fontoura
(1959) determina quatro fases da história do auxílio: Até Cristo (A antiguidade), até o
fim da Idade Média (Advento do Cristianismo), até o século XIX (Idade Moderna) e a
partir do século XX (Sentido Social).

3.1.1.1 1° Fase – Até Cristo (A Antiguidade)

O auxílio, no decorrer da Antiguidade, ocorria somente em fator de compaixão,


piedade de algumas pessoas e neste período ainda se dava de maneira pouco
frequente e distante, ou seja, não alcançava todos os necessitados. De acordo com
Fontoura (1959), a assistência era oferecida pelos filósofos e aquelas pessoas de
coração caridoso e generoso, principalmente para as crianças, viúvas, pobres e
doentes.
O socorro e a caridade se tornaram conhecidos através na Bíblia, o Livro de
Deuteronômio define algumas regras para auxílio dos pobres. Os patriarcas das
famílias mais providas de recursos, doavam a “dizima”, equivalente uma parte de dez
22

da colheita realizada, aos órfãos, viúvas, levitas e estrangeiros, além de permitirem


aos mais pobres que entrassem na terra para se alimentarem e colherem parte da
produção (FONTOURA, 1959).
Na Grécia antiga, Sócrates, Platão e Aristóteles, abordavam tanto na teoria
quanto na prática, o tema relacionado ao auxílio dos necessitados. Segundo o estudo
de Fontoura (1959), Aristóteles manifesta-se no sentido de que a caridade não deveria
vir somente das pessoas, mas também do Estado, que deve se manifestar no auxílio
aos aleijados e miseráveis. Aristóteles ainda diz que: É mais fácil ensinar um aleijado
a desempenhar uma tarefa qualquer útil, do que o sustentar como indigente
(ARISTÓTELES, apud FONTOURA, 1959).
Em Roma, de acordo com Fontoura (1959), os políticos participavam de
questões relativas ao auxílio, fornecendo terra e pão em tempos de crise aos
necessitados.

3.1.1.2 2° Fase – Até o fim da Idade média (Advento do Cristianismo)

Na fase do Cristianismo que vai até o final da Idade Média, a caridade se dava
em detrimento a fé, a obrigação religiosa da população cristã em ajudar seu próximo,
sempre voltado a Deus. Conforme Fontoura (1959), a caridade nesta época adveio da
obrigação principal do cristão, para ele, o dever que cada cidadão tem em ajudar os
necessitados, além de estabelecer aos que o seguiam a importância de uma vida
singela e moderada.
Após o surgimento do Cristianismo, as formas de amparo aos aflitos, doentes,
pobres e crianças, ganharam mais ênfase, já que para a Doutrina Cristã existe uma
obrigação da realização do bem ao próximo. Nesta época estava explicito a maneira
como deveria se configurar o serviço social. (FONTOURA, 1959).
Na época medieval, a partir dos séculos IX e X, a sociedade era dividida em
feudos: as pessoas se organizavam num grupo fechado ao redor de um castelo que
pertencia ao Senhor Feudal. Dois fatores importantes deste período fizeram com que
a atividade do amparo tivesse se elevado.
O primeiro deles é o próprio regime feudal, já considerando-se o maior
responsável por seus subalternos, dentro das terras do feudo era responsável pelos
cuidados dos enfermos e mendigos. Os mosteiros medievais distribuídos por toda a
23

Europa naquela época, dispunham de aposentos destinados a receber, alimentar e


disponibilizar roupas e pequenas quantias de dinheiro aos mendigos e enfermos.
Outras formas mais conhecidas de auxílio na época medieval são as casas de Penhor,
as quais emprestavam dinheiro àqueles que precisavam; os hospitais, utilizados como
abrigo a viajante e enfermos e as ordens da cavalaria, as quais tinham como objetivo
combater os infiéis. (FONTOURA, 1959)

3.1.1.3 3° Fase – Até o século XIX (Idade Moderna)

Após o fim da Idade Média, com o desaparecimento regime feudal e a quase


extinção dos mosteiros, houve o aumento repentino do número de desfavorecidos que
vagavam pelas estradas. Estabelecem-se pequenas casas de caridade,
independentes daqueles mosteiros antes conhecidos, o que torna o serviço social
individualizado, ou seja, dependente somente da contribuição e doações vindas
dessas pessoas. Algumas ordens religiosas criadas em seguida adotaram princípios
da caridade e benevolência, mas sem uma organização comum. (FONTOURA, 1959)
Enquanto isso, na Inglaterra o governo dá o primeiro passo no sentido de tornar
o auxílio uma entidade oficial, estabelece recolhimento de aplicações destinadas aos
desfavorecidos. A assistência das crianças órfãs ocorria em oficinas para
aprendizagem das artes, a qual era conhecida como aprendizagem obrigatória.
(FONTOURA,1959)
A partir do início do século XVIII, na Inglaterra, a primeira legislação que decorre
sobre o serviço social é criada, tal lei conhecida como “Lei dos Pobres” (Poor Law),
que classifica os pobres em 3 grupos: os mendigos com saúde, obrigados pela lei a
trabalhar ao invés de pedir esmolas nas ruas; os pobres incapazes, aos quais a lei
dispunha de uma “casa de esmolas”. E, por último os menores necessitados, que não
tinham condições de se sustentar sozinhos, levados à aprendizagem, em oficinas.
(FONTOURA,1959)
Na França em 1610, foi dado por São Vicente de Sales, a fundação da “Ordem
das Visitandinas”, criadas para realizar visitas aos carentes e enfermos em suas
próprias casas.
Em 1750, nas cidades de Elberfeld e Hamburgo na Alemanha desenvolveram-
se os planos de socorro organizado, para isto foi-se criado uma casa central de
24

caridade e suas subdivisões. Na mesma época foram desenvolvidos institutos de


reabilitação, local onde as pessoas aprendem ofícios úteis. Só em 1883 é criado por
Samuel Barnett, o primeiro “Centro social” do mundo, segundo ele, “a melhor maneira
de ajudar os necessitados é viver não somente para eles, mas também com eles”
(BARNETT, apud FONTOURA, 1959).

3.1.1.4 4° Fase – A partir do século XX (Sentido Social)

A partir do século XX, que corresponde aos dias atuais, a fase 4 do da caridade,
benevolência e auxilio ao próximo toma um sentido social, ou seja, o dever da
sociedade e dos governos em fornecer dignidade toda a população. De acordo com
Fontoura (1959), a caridade neste período passa por uma mudança significativa, em
detrimento de crescimento e evolução da sociedade e principalmente na revolução
industrial, ocorrida no século XIX. A partir da revolução industrial e com a migração
da população rural para os centros urbanos, aumentou muito a demanda de
habitações o que acarretou uma crise neste setor. As condições de saúde, o déficit de
alimentos, e outras condições só pioravam e prejudicavam a qualidade de vida da
população. Para isto fez-se necessário, por parte dos operários, a luta em favor de
melhorias.
Portanto, em fator aos novos e significativos desajustamentos sociais, o auxílio
não poderia mais se desenvolver de forma individual e esporádica, já que a demanda
de necessitados que neste período se multiplicava, a partir disto de poupo a pouco se
fez necessária através de socialização e organização, a transformação do auxílio,
simples em si, para o serviço social conhecido hoje, tal como diz:

À medida que crescem de vulto os problemas sociais de nossa época, porém,


também se desenvolve o Serviço no mundo atual: a sua presença por toda
parte, a sua preocupação de atenuar, corrigir aos mais variados males
sociais, seja no campo da saúde, ou do trabalho, ou da educação ou do crime.
(FONTOURA, 1959).
25

3.1.2 Assistência social no Brasil

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (1999), o


Estado, como agente normatizador, promotor, condutor e financiador, é responsável
pela elaboração e implementação das políticas públicas, executando em forma de lei,
funções de financiamento, incentivo, planejamento e fiscalização. A construção do
Estado na perspectiva do desenvolvimento humano passa, necessariamente, pelo
redesenho das políticas sociais com vista e elevar a qualidade de vida da sociedade
de forma mais equânime e justa (BRASIL, 1999)

Conforme a PNAS, a inclusão social deve ser considerada como fator


importante para a execução das políticas sociais e econômicas, afirmando um
compromisso político dos governantes em relação à sociedade, propondo medidas
imediatas de corresponsabilidade entra estado e sociedade.
Partindo de conceitos que impliquem que seus destinatários deixem a condição
de “Assistidos” para a de cidadãos de direito, a Política Nacional de Assistência Social,
estabelece princípios, diretrizes, objetivos e estratégias fundamentadas no princípio
de descentralização político-administrativa, afim de se alcançar a participação da
população através de organizações representativas, propondo mecanismos de
viabilidade ao controle social.
A Política Nacional de Assistência Social parte de princípios democráticos
destinando-os tanto às populações urbanas quanto às populações rurais. São
dispostas ações como, o princípio de universalização dos direitos sociais, que,
favorece o alcance dos destinatários em relação as demais políticas públicas, ações
voltadas a dignidade do cidadão, igualdade de direitos no acesso ao atendimento,
sem discriminação de quaisquer naturezas e a promoção da equidade no sentido da
redução das desigualdades sociais e enfrentamento das disparidades regionais e
locais no acesso aos recursos financeiros.
Os destinatários da Política Nacional de Assistência social, são aquelas
pessoas, em sua maioria crianças de 0 a 5 anos e idosos acima de sessenta anos,
que se encontram em situação socialmente fragilizada, excluídos das políticas sociais
básicas e de oportunidades de acesso a bens e serviços (BRASIL, 1999).
26

3.1.3 Assistência social no município de Bauru

Afim de entender a trajetória da assistência social no município de Bauru,


Juarez (1997), analisou registros da Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar
Social e da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social de Bauru. E segundo a autora,
o princípio da filantropia no município se deu por parte de pioneiros que acreditavam
poder auxiliar a pessoas que naquela época viviam em situação de sofrimento e
necessidades. E iniciando os seus trabalhos de caridade.
O trabalho desenvolvido em prol da caridade, relacionava-se em sua
concepção com as doutrinas e religiões, sempre baseada nos princípios do amor e da
solidariedade. (JUAREZ, 1997)

No período de 1919 a 1956, registram-se a criação de 10 instituições voltadas


ao atendimento: do homem de rua, do desempregado, das famílias, dos
portadores de hanseníase e de viúvas desamparadas, idosos, crianças e
adolescentes, que atendiam a realidade local, regional e até de outros
estados, considerando o fácil acesso à cidade pela ferrovia. (JUAREZ, 1997).

A primeira instituição filantrópica da cidade foi fundada em 02 de dezembro de


1919, conhecida como CEAC – Centro Espirita Amor e Caridade, que passa a prestar
dois tipos de serviço de assistência, espiritual e material, contendo o Albergue
noturno, Casa de sopas, Centro de triagem de migrantes e uma creche. A organização
tinha como objetivo a divulgação da doutrina e praticar seus ensinamentos no âmbito
social, e contando, na época, aproximadamente 300 voluntários. (JUAREZ, 1997)
Outra instituição que também tinham seus princípios baseados na Doutrina
espírita, fundou o Lar dos Desamparados em 31 de janeiro de 1936. Conforme Juarez
(1997), o local destinou-se ao auxilio e abrigo para famílias de pessoas portadores de
hanseníase, mais tarde inicia atendimentos à deficientes mentais, físicos e auditivos
do sexo masculino e atualmente presta atendimento a idosos e pessoas que não tem
para onde ir.
Também segundo Juarez (1997), foi criada em Bauru em 17 de julho de 1933
a Conferência do Divino Espírito Santo, e no ano de 1936 criou-se o Conselho
Particular, correspondente a segunda etapa de desenvolvimento de uma cidade. Em
seguida em 16 de agosto de 1964, funda-se o Conselho Central pela criação da
27

Diocese de Bauru. Em 1989, houve uma modificação que o transformou em Conselho


Metropolitano, passando a abranger não somente a diocese de Bauru, mas também
o oeste do estado de São Paulo, o qual até o ano de 1997 teve ao todo 12 Conselhos
Centrais, 78 Conselhos Particulares e 520 Conferências. (JUAREZ, 1997).
Seguindo a trajetória histórica descrita por Juarez (1997), um importante passo
para a assistência social no município de Bauru, ocorreu com a fundação da Vila
Vicentina no dia 1 de março de 1940, com o apoio da igreja católica e dos 40 vicentinos
que formaram a sociedade na época, a entidade é voltada ao atendimento e apoio de
idosos. Em 1941, a Caixa Beneficente do Santuário Aimorés, foi criada afim de auxiliar
os doentes e passageiros do hospital de Bauru e região, no mesmo ano uma outra
organização particular, com o objetivo de abrigar e dar auxilio às crianças
abandonadas ou órfãs, entretanto somente com a autorização do Governo do Estado.
Sendo o última coordenada pelas religiosas do Sagrado Coração de Jesus e foi
nomeada de Educandário Madre Clélia. Sebastião Paiva e Roberto Previdello criaram
em 1946 a Sociedade Beneficente Cristã, também seguindo princípios da Doutrina
espírita, tinham como principal função o amparo aos desabrigados, viúvas e crianças
abandonadas e órfãs. Juarez, afirma que:

As entidades em Bauru continuam sendo lideradas e organizadas por grupos


religiosos. Surgem então:
• Sociedade Santa Maria de Assistência Social – preocupada principalmente
com o ensino formal das crianças carentes da cidade.
• Liga Bauruense de Proteção ao Tubérculo Pobre.
• Sociedade de Proteção à maternidade e à criança.
• Sociedade Cristã Maria Ribeiro.
• Centro Espírita Nova Luz.
• Sociedade Espírita de Beneficência Rural.
• Primeiro Dispensário Vicentino.
• Centro Espírita Vicente de Paulo. (JUAREZ, 1997)

Passado o período de 1919 a 1959, as entidades que praticavam a assistência


social se desenvolvem ainda mais trazendo soluções para os problemas sociais
emergenciais comuns até os dias de hoje no Brasil e nas suas cidades, mesmo com
pouca ou nenhuma ajuda dos governo. Essas entidades sofreram problemas em
28

decorrência da industrialização e da urbanização, consequências do pós-guerra.


(JUAREZ, 1997)

3.2 CENTROS HISTÓRICOS ABANDONADOS

Para Queiroz (2007), os centros históricos, passaram por muitas mudanças ao


longo do tempo, que permitem identificar referências relevantes da identidade das
civilizações ali viveram no decorrer do tempo. Os centros históricos marcam de forma
importante a cidade e a sociedade como um todo, e podem, segundo a autora, serem
considerados como “um livro de memórias materiais e imateriais. Caetano apud
Queiroz (2007), afirma:

O centro histórico, outrora constituía o centro vital da urbe no seu complexo


social, meios urbanos de produção e de comércio, negócios e administração.
Entretanto, a expansão física rompe este quadro, ao deslocalizar os sectores
produtivos, administrativos e residenciais, dando lugar à desertificação e
envelhecimento da população residente, à pobreza e à degradação da
atividade económica e dos edifícios.

São propostas condutas, normas e procedimentos relacionados a preservação


e conservação do patrimônio arquitetônico, por meio da “Carta de Atenas”. Ela possui
caráter internacional e tinha como principal objetivo evidenciar que os monumentos
são em sua essência vestígios históricos e culturais vivos de tradições passadas, por
isso seria tão importante sua preservação (QUEIROZ, 2007).
Por este motivo a Carta se tornou um marco na história do restauro e
conservação dos monumentos arquitetônicos presentes naquelas cidades históricas
e em seus respectivos centros históricos. Em 1964 mais uma carta patrimonial é
elaborada no II Congresso Internacional de arquitetos e técnicos dos monumentos
históricos, “Carta de Veneza”, conhecida também como a “Carta Internacional sobre
a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios”, com uma maior e mais criteriosa
abordagem a respeito do restauro, aprofundando ainda mais seus princípios. Na carta
está descrito ainda que, “os monumentos de um povo, são portadores de uma
mensagem do passado, são um testemunho vivo das suas tradições seculares.”
(ICOMOS, 1964).
29

Desta forma a ideia de monumentos históricos, passa a abranger não somente


os elementos arquitetônicos, mas também os sítios urbanos e rurais, contanto que os
mesmos contenham vestígios de etapas históricas marcadas por antigas civilizações.
Em 1987, a Carta de Washington, conhecida também como a Carta Internacional para
Salvaguarda das Cidades Históricas, definiu estratégias eficazes relacionadas à
preservação e conservação das cidades históricas.
Por meio da sequência de estudos realizados por Caetano (1999), é possível
concluir que os centros históricos, era a totalidade da cidade e hoje tornaram-se
apenas um espaço urbano. Entretanto, diz que:

[...] a expansão física urbana rompe com este quadro, começando a aparecer,
dentro do primitivo recinto, grandes diferenças tanto no tecido físico, como no
social. Em consequência destas alterações, no casco encontram-se sectores
muito diferentes, uns como resultado de intervenções radicais sobre o tecido,
outros distinguem-se pela não intervenção, com condições muito distintas de
evolução, estado físico e nível social (Caetano apud QUEIROZ, 2007).

No decorrer do século XX, com o crescimento da urbanização nas cidades


capitalistas, fenômeno que ocorre de maneira diversificado em cada cidade e região,
o qual tornou-se um tema muito discutido entre os mais diversos campos do saber.
Para tal fenômeno a sociologia busca entender suas características e suas principais
consequências no mundo contemporâneo, dentre as quais, o esvaziamento e
degradação dos centros históricos. (LIMA, 2007)
A partir do movimento que busca a adequação simbólica e funcional, seguindo
as atuais políticas urbanas, a modificação parcial dos tradicionais centros urbanos é
um processo que por seu fim estimula a descentralização, através da formação de
outras centralidades, ou seja, bairros que por si só atendem de forma ampla a
população com a presença de comércios, residências e outros serviços, o que
possibilitam as atividades cotidianas sem que haja a necessidade de deslocamento.
(LIMA, 2007)
O fenômeno de esvaziamento dos centros urbanos modifica a paisagem
original da cidade. (SALGUEIRO, 2006). Tal fenômeno resulta na perda de muitas das
atividades presentes nestas áreas, gerando, a diminuição do número de residências
e a queda de empregos da região substituídas em sua maioria por comércios e
serviços. A autora ainda cita:
30

Também aqui proliferam os escritórios de serviços de apoio especializado às


empresas (jurídico, financeiro, de contabilidade, informático, marketing e
publicidade, etc) e os serviços de apoio à numerosa população empregada
num processo cumulativo de multiplicação de actividades. Com cidades e
economia em crescimento, o comércio é igualmente uma actividade em
expansão: aumenta o número de estabelecimentos e complexifica-se a
estrutura comercial, numa hierarquia de níveis polarizada pelo centro
principal da aglomeração (SALGUEIRO, 2006)

Em razão disto a partir do século XX, com a migração das residências e


indústrias para outras localizações da cidades, os bairros periféricos em relação ao
centro antes habitado, outras problemáticas surgiram nesta região, evidenciando
questões importantes relacionadas ao transporte, o fechamento de armazéns e o
recolhimento em massa dos residentes para instalações periféricas
(SALGUEIRO,2006).

A rede de centralidades que caracteriza as actuais áreas urbanas é uma


consequência dos processos descritos de mudança: o centro não é mais o
que costumava ser e as periferias desenvolveram-se e adquiriram muitas
funções anteriormente características do centro, tal como as áreas
intermédias (SALGUEIRO, 2006).

Neste sentido, as áreas centrais, anteriormente ocupadas, passam por um


processo de abandono e degradação, tanto do espaço físico como também os
próprios edifícios que ali se estabeleceram durante décadas ou séculos,
transformadas e ocupadas com usos relativos principalmente a comercio e serviço.
Estes locais passam a ter ocupação somente no período diurno, com aumento
significativo da violência no período noturno, em razão do número de pessoas que
usufruem do local vazio para uso de drogas e entorpecentes e para praticar pequenos
furtos. Muitos daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social,
buscam esses locais como refúgio e ali permanecem, mesmo que em condições
insalubres (SALGUEIRO,2006).
Segundo Luchiari (2005), os municípios encontram-se numa busca constante
de recursos capitais numa competição entre si, inúmeras ferramentas são
implementadas pelas cidades, afim de atraírem capital e intensificar-se como polo do
31

setor turístico, de grandes empreendimentos, e ainda de organização de grandes


eventos, estratégias estas conhecidas como “City Marketing”.
Em muitas cidades dos Estados Unido e da Europa, este fenômeno cresce a
partir de 1970, diferentemente do Brasil que iniciou este processo mais tardiamente,
por volta de 1990. Este fenômeno se dá através da recuperação das áreas centrais
abandonadas pela descentralização industrial, está relacionado especialmente com
valorização turística. Para Luchiari (2005):

O centro das cidades, objeto importante deste processo, é um patrimônio que


se constituiu pelo seu papel estruturador das primeiras formas e funções
urbanas na criação das cidades, e pela sua vitalidade permanente no
decorrer da história[...] Os conflitos de interesses entre a produção, os
serviços e a necessidade de moradias, e entre os valores de uso e os valores
de troca das edificações tornam mais evidentes as contradições da
transformação da própria cidade em mercadoria.

A memória das edificações e estruturas restantes permanecem nas áreas


urbanas centrais históricas, mesmo com o passar do tempo. Estas simbolizam uma
importância cultural que remete à características da herança que as gerações nos
deixaram ao longo dos anos, sejam elas físicas ou sociais.
De acordo com os ideais de Luchiari (2005), as características dos centros
históricos anteriormente ocupados por residências das elites agrárias, continham forte
presença de serviços distribuídos em redes hierárquicas de poder junto aos centros
industriais, circundados pelas habitações dos trabalhadores da indústria deixaram
marcado a história, mesmo os centros da maneira como hoje se encontram,
modificados através do tempo e criando novas centralidades, os quais, passam a
oferecer serviços destinados a elite como símbolo do capital financeiro e acaba por
discriminar a presença da população mais pobres, que por sua vez migram para as
áreas periféricas, provocando rupturas na identidade coletiva e subvertendo o caráter
público desses bens históricos.

Como exemplo podemos citar os projetos de revitalização dos centros


históricos de muitas capitais, sobretudo do Nordeste brasileiro, onde as
populações locais mais pobres foram desapropriadas de suas antigas
territorialidades para dar lugar a centros culturais, restaurantes, bares, cafés,
shoppings, hotéis, casas de espetáculos, lojas de souvenirs, ateliês,
32

acessíveis apenas às populações de alto poder aquisitivo. Muitas cidades


brasileiras descobriram, na refuncionalização de suas formas pretéritas,
novos usos sociais que agregam valor econômico ao patrimônio cultural
edificado LUCHIARI, 2005).

Nesta perspectiva, para a realização do processo de escolha do patrimônio


cultural se faz necessário considerar primeiramente as características humanas
inseridas ou excluídas neste contexto, já que só desta maneira é possível
compreender a estrutura social formada (LUCHIARI, 2005). Entretanto, esses projetos
de requalificação nos centros históricos urbanos trouxeram como consequência a
expulsão das populações locais em detrimento da incorporação dos novos usos
nessas áreas que traziam consigo a supervalorização do solo urbano dessas regiões,
destacando que as atividades inseridas naquele contexto não eram acessíveis a
essas populações de baixa renda.

Além disso, esses projetos têm deixado de fora os pobres – esse problema
urbano que foi realçado pela assepsia social dessas áreas renovadas e pelos
outros, como coloca Hall (2002, p.427), “a ralé urbana, que lá está, massa
mal-humorada e inamistosa, à espera do lado de fora dos portões”.
(LUCHIARI, 2005)

Na realidade dos países mais pobres, como é o caso do Brasil, a problemática


que envolve a pobreza e a população vulnerável estava muito presente nas paisagens
urbanas das áreas centrais ou históricas abandonadas. Segundo Luchiari (2005), a
população que vive em situação de vulnerabilidade, os desabrigados que vivem nas
ruas da cidade, são descriminados, e o processo de crescimento e modificação
desses espaços urbanos apresenta uma grave tendência de exclusão dessas
pessoas, como se a presença deles transformassem essas áreas em locais feios e
degradados, quando na realidade isto ocorre somente em razão da própria
negligencia dos governos com esta população.

Nessa nova lógica, em que os espaços públicos adquirem estatuto


residencial, constituindo uma espécie de intervalo intransitável entre
ambientes privados, especialmente dramáticos é o destino da calçada.
Tradicionalmente oferecendo acolhida para aqueles que tudo perdera
(desempregados, loucos, mendigos, vagabundos de toda sorte, “ciscos” que
33

encontravam pouso no olho da rua), também a calçada sucumbiu à


mobilidade compulsória do “circulando, circulado”, divisa que aparece no
discurso das políticas públicas voltadas para a segurança e preservação do
patrimônio, nas ações da Guarda Civil Metropolitana e dos demais
“zeladores” da rua, encarnando-se ainda na arquitetura antimendigo, em
franca proliferação na selva das cidades (WENTRAUB, 2013).

Na cidade de Bauru, onde será realizada a proposta de projeto, o processo de


abandono das áreas centrais urbanas históricas sucedeu da mesma maneira que a
maioria das cidades ao redor do mundo. O município teve sua história marcada pela
construção e desenvolvimento de 3 companhias ferroviárias, a CUSI – Companhia
União Sorocabana e Ituana de Estradas de Ferro, a CEFNOB – Companhia Estrada
de Ferro Noroeste do Brasil e a CPEF – Companhia Paulista de Estradas de Ferro. A
expansão da cidade ocorreu a princípio ao redor dessas industrias e estações
ferroviárias, local que até então continha as casas engenheiros, inspetor e
funcionários responsáveis pela construção e manutenção das linhas férreas, além os
armazéns. Estas áreas, atualmente formam o centro histórico da cidade, contudo com
o decorrer das décadas e o crescimento urbano a população passa a ocupar as áreas
periféricas da urbe, fato que trouxe como consequência o esvaziamento e abandono
desses centros urbanos, além da degradação de edifícios históricos resultando
aumento da violência nesses locais (Ghirardello, 2002).

3.3 AS ÁREAS DE OCUPAÇÃO IRREGULAR

O aparecimento das áreas de ocupação irregulares ocorreu a partir de um


processo de urbanização acelerada e da distribuição de renda desequilibrada, com a
falta de emprego, a exclusão social e a degradação ambiental e social o que implica
no surgimento de desigualdades sociais e econômicas. Em razão disso, verifica-se
uma grande dificuldade por parte dos órgãos públicos dos municípios e do estado em
prever soluções para este problema, que toma proporções grandiosas por se tratar de
um assunto que abrange muitas pessoas. (CASTRO, 2007)
No Brasil, os assentamentos irregulares foram formados a partir da migração
rural determinada pela industrialização e modernização das atividades agrícolas,
conhecidos como favelas. Esses assentamentos são originados de maneira
espontânea e informal, e são em sua maioria aglomerados de sub-habitação carentes
34

de infraestruturas, serviços e equipamentos urbanos em decorrência de sua


localidade, normalmente em áreas de risco ambiental invadidas pela população de
baixa renda. Para o autor:

O enfoque da política de desfavelamento está procurando realocar os


moradores dentro do mesmo bairro ou próximo de áreas dotada com infra-
estrutura dentro do perímetro da malha urbana. Dessa forma, as intervenções
urbanísticas nas áreas estão voltadas para a implantação dos serviços
urbanos e de infra-estrutura (CASTRO, 2007).

Em razão da multiplicação das ofertas de emprego, além da mecanização da


agricultura, as populações das zonas rurais vêm para as cidades em busca de
emprego, entretanto, as áreas urbanizadas não se encontravam preparadas para
atender essa demanda de pessoas, resultando na falta de moradia e serviços públicos
básicos. Sem acesso a habitação, estas pessoas passam a se alojar nas áreas
periféricas urbanas e loteamentos clandestinos, normalmente próximo a encostas de
morros, margens de rio e favelas. Castro (2007), usa como referência as palavras de
Bandil, Kloss e Garcias que definem favela como uma conceituação de definição
simplista, pois identifica-se como um conjunto de habitações pobres, sem recursos
sanitários em encostas dos morros, onde vivem as populações mais pobres, derivado
do fim do século XIX.
Ainda, conforme Morais (2007), os assentamentos humanos irregulares,
caracterizam-se por se tratarem de ocupações ilegais, ou seja, que não cumprem com
a legislação urbanística vigente, civil, ambiental, registraria e penal. Estas ocupações,
são concebidas sem a menor preocupação com a demarcação de ruas, lotes, não
prevendo a necessidade de infraestruturas que deveriam até ali chegar. As parcelas
de terras são vendidas a terceiros sem nenhum controle do Poder Público e por essa
razão essas áreas são muito importantes a serem consideradas nas políticas de
planejamento urbano, afinal são nesses lugares onde a falta de infraestrutura gera
maiores problemas de saúde à população, junto ao difícil acesso de transportes
púbicos. O Instituto de Geografia e Estatística – IBGE, define as áreas de
assentamentos irregulares como:

[...] conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais carentes,


em sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo
35

ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou


particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A
identificação atende aos seguintes critérios:
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de
propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período
recente (obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou
menos); e
b) Possuírem urbanização fora dos padrões vigentes (refletido por
vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e
formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos
públicos) ou precariedade na oferta de serviços públicos essenciais
(abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e fornecimento
de energia elétrica) (IBGE, 2010).

3.4 CLASSIFICAÇÃO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

O conceito que envolve o termo pessoas em situação de rua, pode ser


composto por diferentes categorias, dentre elas estão, os migrantes, os trabalhadores
itinerantes, os maloqueiros e os trecheiros e segundo Santos (2009), os migrantes
são entendidos como aquelas pessoas que viajam de uma cidade para outra,
normalmente percorrendo grandes distancias em busca de melhoria de vida. Estas
pessoas, em muitos casos necessitam de auxilio, por não conhecerem a cidade, ou
pelo fato de a princípio não terem residência fixa, entretanto normalmente retornam
ao seu lugar de origem no caso de intercorrências na jornada.
Os trabalhadores itinerantes, conforme Bastos (2013), são geralmente pessoas
vindas do campo, que se deslocam para áreas especificas, onde realizam trabalhos
temporárias de colheita em época de safra. Este grupo de pessoas normalmente
necessitam de auxilio referente a estadia, já que não buscam instalação na região.
Os maloqueiros, para Santos (2009), são aqueles grupos de pessoas que
atravessam várias cidades, até encontrar aquela com a qual se identifique, esses
grupos são formados nas ruas e denomina-se como “família de rua”.
Por último, os conhecidos como trecheiros, são de acordo com Santos (2009),
os trabalhadores itinerantes fracassados, os quais buscam por atividades como
alimentação, albergues, emprego, documentos. Este grupo, conhecido atualmente
como moradores de rua, são os mais comuns e mais numerosos de todos, já que esta
população permanece em situação de rua.
36

Outra expressão pode ser considerada quando se fala de pessoas em situação


de rua, a expressão “mendigo”, que se encontra cada vez mais aparente nos debates
acerca do assunto. Estas pessoas são normalmente usuários de entorpecentes, e
vivem em situação de miséria, a pior situação dentre as descritas, por este fator o
único meio de sobrevivência é a mendicância. De acordo com Escorel (1999), o termo
mendigo pode ser entendido como: “[...]aquele que sobrevive pedindo esmola, o que
não toma banho, não escova os dentes, é o ponto final da degradação humana”
(ESCOREL, 1999).
O fenômeno de pessoas em situação de rua vem aumentando o
desenvolvimento e crescimento tecnológico e a globalização, fator que traz consigo
consequências negativas importantes no que tange a configuração da sociedade e as
desigualdades presentes na mesma. Para tanto, desde o início do século XX, um
fenômeno que assola grande parte da população é a carência de direitos sociais, a
sociedade foi incapaz de estabelecer estratégias de melhorias sociais. (COSTA, 2005)

Neste início do século, constata-se que a desigual distribuição de bens


sociais, a discriminação, o desrespeito às diferenças, a incerteza, a involução
de valores não são anomalias, mas constituintes do pensamento globalizado
e do processo econômico em curso (COSTA, 2005).

Em virtude disto, ocorre um aumento significativo da quantidade de pessoas


que vivem em situação de pobreza, fenômeno que envolve uma multiplicidade de
fatores, tais como:

Fatores estruturais (ausência da moradia, inexistência de trabalho e renda,


mudanças econômicas e institucionais de forte impacto social, etc.), fatores
biográficos, ligados a história de vida de cada indivíduo (rompimentos dos
vínculos familiares, doenças mentais, consumo frequente de álcool e outras
drogas, infortúnios pessoais – mortes de todos os componentes da família,
roubos e todos os bens, fuga do país de origem, etc.) e ainda, em fatos da
natureza ou desastres de massas – terremotos, inundações, etc (SILVA,
2006).

Dentre os aspectos citados os mais comuns são os fatores ligados aquelas


pessoas que perderam o vínculo com seus familiares ou que de alguma forma se
sentem excluídas da sociedade onde vivem de alguma forma, também o uso de
37

entorpecentes, além da falta de trabalho ou em razão da baixa ou inexistente renda.


Contudo, a principal circunstancia que permite a ocorrência deste fato está
relacionada as condutas de produção e reprodução de capital continua ou da
“superprodução” decorrente da própria sociedade capitalista (SILVA, 2005).
Especialista em políticas públicas e gestão governamental na Diretoria de
Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest) do IPEA -
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, fundação vinculada ou de ministério do
planejamento, desenvolvimento e gestão, o Brasil não apresenta dados oficiais com
quantitativo de pessoas em situação de rua, o que afeta de forma negativa a
elaboração de políticas públicas destinada a estas pessoas, fenômeno que ocorre
graças a falta de visão para com esta pessoas. Contudo, baseando-se no censo do
SUAS – Sistema Único de Assistência Social, que coletou dados em 1924 cidades,
tornou-se possível a realização de uma estimativa da população de rua no país.
(NATALINO, 2016)
Por meio da realização da estimativa da população em situação de rua no
Brasil, foi possível no ano de 2015, contabilizar um número de 101.854 pessoas em
situação de rua no Brasil, entretanto o IPEA prioriza e aconselha as iniciativas
direcionadas a realização de pesquisas municipais com a população em situação de
rua, tanto nas grandes cidades, como é o caso das capitais, quanto nos municípios
menores, através de “metodologias de diagnóstico da população de rua” (NATALINO,
2015).
Em razão da problemática que envolve a falta de realização de pesquisas nos
municípios, nas últimas décadas, algumas iniciativas passam a ser implantadas:

Destaca-se, em particular, o Censo da População em Situação de Rua da


cidade de São Paulo, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe) – 2015. Não obstante, iniciativas de maior envergadura
geográfica permaneceram ausentes até que o I Encontro Nacional sobre
População em Situação de Rua, realizado em setembro de 2005, indicou
como ação prioritária a realização de estudos que pudessem quantificar e
permitir a sua caracterização socioeconômica (Brasil, 2008), de modo a
orientar a elaboração e a implementação de políticas públicas direcionadas a
tal público (NATALINO, 2015).
38

O MDS – Ministério do Desenvolvimento Social Agrário, executou a Pesquisa


Nacional Sobre a População em Situação de Rua, no período de 2007 a 2008. A
pesquisa foi realizada num total de 71 municípios (Figuras 2 e 3), sendo eles, 48
cidades, que possuíssem como requisito possuir mais de 300 mil habitantes, e 23
capitais, excluindo somente os municípios de São Paulo, Recife, Belo Horizonte e
Brasília já que as mesmas passam por um processo de pesquisa individual. Tal
investigação engloba somente as populações de rua que tivessem a maioridade penal
completa (NATALINO, 2015).
O levantamento contabilizou um total de 31.922 pessoas em situação de rua,
nas 71 cidades pesquisadas, desta forma foi possível contabilizar um contingente
equivalente a 0,061% da população dessas cidades. Também foram realizados esses
levantamentos nas capitais, São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Brasília, as quais
tiveram resultado semelhantes ao das demais cidades pesquisadas.

Figura 2 - Proporção da população em situação de rua em relação a população total


dos municípios
39

Fonte: Brasil, 2008.

Figura 3 - Proporção da população em situação de rua em relação a população total


dos municípios

Fonte: Brasil, (2008).

Para isto, foram considerados vários aspectos que possibilitam compreender


como e porque o fenômeno de pessoas em situação de rua ocorre, dentre eles foram
avaliados, o gênero predominante, nível de renda, níveis de escolaridade, trajetória e
deslocamento dessas populações, os motivos pelos quais estas pessoas chegaram a
esta situação, onde costumam dormir, se possuem acesso a alimentação, a
declaração de problemas de saúde e se estas pessoas possuem algum documento
de identidade.
40

O contingente de pessoas que vivem em situação de rua, se destaca a


predominância do gênero masculino (homens) com 82% em relação ao gênero
feminino (mulheres) com 18% (Figura 4). Também através da pesquisa foi identificado
que esta população, em sua maioria, são jovens de 26 a 45 anos que apresentam
idade economicamente ativa.

Figura 4 - Gráfico de porcentagem de gênero da população em situação de rua

18%

Homens

Mulheres
82%

Fonte: Brasil, 2008.

Em relação ao nível de renda, foram encontrados os seguintes números,


52,6%, ou seja, a maioria dessas pessoas recebe entre R$20,00 e R$80,00 por
semana, contudo, os outros 47,4% normalmente não possuem rendimento. Em razão
disto, os níveis de renda são muito baixos para esta população.
Sobre os níveis de escolaridade, a pesquisa revela que 74% sabem ler e
escrever, 17,1% não sabem ler nem escrever e 8,3% sabem assinar apenas o nome.
95% não estudam atualmente e apenas 3,8% dos entrevistados fazem algum curso
(ensino formal 2,1% e ensino profissionalizante 1,7%), os demais 1,2% não
responderam.
Identifica-se o grau de escolaridade predominante dessa população, nos dados
conta que a maioria 48,4%, que possui o 1º grau incompleto, em seguida 15,1% nunca
estudou, os demais dados não ultrapassam 10,3%. (Figura 5)
41

Figura 5 - Níveis de escolaridade da população em situação de rua


60
48,4
50
Porcentagem (%)

40

30

20 15,1
10,3 10,1
7,7
10 3,8 3,2
0,7 0,7
0
Nuca 1º grau 1º grau 2º grau 2º grau Superior Superior Não sabe/ Não
estudou incompleto completo incompleto completo incompleto completo Não lembra informado

Fonte: Brasil, (2008).

Em relação à trajetória de deslocamento, a pesquisa mostra que 45,8% dos


entrevistados nunca saíram do município em que vivem atualmente, os outros 54,2%
se deslocaram no mesmo estado onde residem atualmente, portanto conclui-se que a
maior parcela da população em situação de rua são originárias da mesma cidade onde
se encontram, e que o restante se deslocaram somente na região, fenômeno
normalmente ligado a migração de áreas rurais para áreas urbanas.
Daqueles que se deslocaram de outras cidades, 45,3% foi em razão da busca
por oportunidade de emprego, 18,4% em razão de rompimentos de vínculos familiares
e outros 36,3% não responderam. Entre as pessoas entrevistadas, 48,4% encontram-
se a mais de dois anos em situação de rua, dormindo em albergues ou nas calçadas.
Os principais motivos que fizeram esta população chegar a situação de rua,
entre eles o mais grave com 35,5% está relacionado ao uso vício em bebidas
alcoólicas e o uso de drogas, em segundo com 29,8% é em razão ao desemprego e
o terceiro com 29,1% está ligado com o rompimento dos vínculos familiares, outros
5,6% não responderam, (Figura 6). Nesta pesquisa, 71,3% dos que responderam
afirmam que os três motivos citados se relacionam entre si, ou são consequências um
do outro.
42

Figura 6 - Gráfico Motivos geradores da situação de rua

6%
35%
29%
Uso de entorpecentes
Desemprego
Rompimento de vinculos faminiares
30% Outros

Fonte: Brasil (2008).

Em percentagem, de acordo com o lugar onde normalmente estas pessoas


dormem, a rua representa 69,6%, em seguida 22,1% costumam dormir em albergues
noturnos e em outros edifícios abandonados onde encontram abrigo, e por último
somente 8,3% dessas pessoas alternam, alguns dias na rua outros em albergues,
(Figura 7). Entre os entrevistados, 46,5% dizem preferir dormir nas ruas, pois sentem-
se com maior liberdade com relação a horários e a possibilidade do uso de álcool e
drogas, os outros 43,8% dizem preferir os albergues noturnos, em razão da violência,
nos albergues se sentem mais seguros.

Figura 7 - Onde costumam dormir


80
69,6
70

60
Porcentagem (%)

50

40

30
22,1
20
8,3
10

0
Rua Albergue Ambos

Fonte: Brasil, 2008.


43

Identifica o acesso a alimentação pela população em situação de rua. Os


resultados aparecem do seguinte modo, o maior número de pessoas (79,6%) faz ao
menos uma refeição por dia, sendo 27,4% os que compram comida com sua própria
renda, (Figura 8). Os outros 19%, não se alimentam todos os dias nem ao menos uma
refeição.

Figura 8 - Acesso a alimentação pela população em situação de rua

1%

19%
Ao menos uma refeição por dia

Não conseguem se alimentar todos


os dias
80%
Não informado

Fonte: Brasil, 2008.

Conforme identificado, 29,7% da população em situação de rua, afirmam ter


algum problema de saúde, dentre os quais os mais citados são, hipertensão (10,1%),
problemas psiquiátricos/mentais (6,1%), HIV/Aids (5,1%) e problemas de
visão/cegueira (4,6%), (Figura 9).

Figura 9 - População em situação de rua segundo declaração de problemas de


saúde

8,00%

Não
29,70%

64,10% Sim

Não Sabem, não lembram, não


respondeu

Fonte: Brasil, 2008.


44

Daqueles que são acometidos por alguma doença, 18,7% buscam


primeiramente os hospitais e os pronto atendimentos de emergência, e 27,4%
procuram os postos de saúde.
Do número de pessoas entrevistadas, 18,7%, fazem uso continuo de algum
medicamento, obtidos nos postos de saúde e outros 48,6% que não fazem uso
continuo, quando necessitam também procuram os postos de saúde para conseguir
medicação, outros 32,7% não responderam.
Em relação a posse de documentos de identidade, revela que 24,8% das
pessoas que vivem em situação de rua não possuem nenhum documento de
identidade, fator que revela uma maior dificuldade para oportunidade de emprego e
acesso a programas de auxilio governamentais, outros 21,9% possuem todos os
documentos mencionados no gráfico, (Figura 10).

Figura 10 - Posse de documentos da População em situação de rua


70
58,9
60
Porcentagem (%)

49,5
50 42,2 39,7 37,9
40
30 24,8 21,9
20
10
0
Carteira de Certidão de CPF Carteira de Título eleitoral Sem
identidade Nascimento trabalho documento
algum

Fonte: Brasil, 2008.


45

4 ANÁLISE DE OBRAS SIMILÁRES

Por meio da análise de obras similares, é possível compreender a concepção


projetual de cada obra, o seu conceito, o programa de necessidades estipulado,
características projetuais, verificando, além disso, suas complexidades, o impacto que
o projeto tem em relação ao entorno, como também a sua relação com a população
interna ou adjacente ao edifício.
Por este motivo, a pesquisa e a compreensão dessas obras contribuem para o
desenvolvimento da proposta de projeto do centro de assistência social e de saúde
básica a pessoas em situação de rua na cidade de Bauru, de maneira que, o conteúdo
e os questionamentos obtidos por meio da pesquisa possibilitem reflexões e
estimulem novas ideias.
Para isto, foram escolhidas cinco obras correlatas, a primeira delas foi o
Stepping Stones, que em português significa Trampolim, no Reino Unido, um projeto
de revitalização de uma antiga estação de metrô transformando-a em moradia para
os desabrigados da cidade, juntamente com um local de convívio para jovens, loja de
caridade e espaço para co-working. A segunda, conhecida como La Casa, localizada
nos Estados Unidos da América, em Washington, foi criada afim de solucionar a
problemática da habitação proporcionando conforto e privacidade aos beneficiados,
contrário ao que ocorre com os abrigos tradicionais.
A terceira, com nome de The Bridge Homeless Assistence Center, que
traduzido ao português significa Centro de Assistência a Desabrigados A Ponte,
também localizada nos Estados Unidos da América, cidade de Dallas - Texas, tem
como objetivo transformar o modo como é tratado o tema da falta de moradia na
cidade, tanto nas atividades internas como do exterior do prédio. A quarta,
denominada Haven for Hope, que traduzindo para o português significa Refúgio para
Esperança, localiza-se em San Antônio – Texas, desenvolvido afim de conceber um
espaço de esperança e oportunidade que busca transformação na vida de milhares
de desabrigados e desamparados, oferecendo serviços no âmbito na assistência
social, como abrigo, alimentação, roupas, entre outros.
E por último, o Polê de Service à Aubenas, ou seja, Centro Social de Aubenas,
localizado na França, que busca principalmente o auxílio e assistência a pessoas
carentes da cidade em relação ao desemprego, falta de estudo, entre outras
situações.
46

4.1 STEPPING STONES

Dados técnicos:
Projeto: Morris + Company
Concurso: New Horizon Youth Center
Localização: York Road, perto de King Cross, Reino Unido
Ano do Projeto: Não informado

Figura 11 - Perspectiva volumétrica do projeto

Fonte: Archello, 2019.

O projeto, desenvolvido pelo escritório de arquitetura Morris + Company foi


vencedor do concurso promovido pela New Horizon Youth Center junto a Prefeitura
de Londres, com o intuito de retratar a crise dos sem-teto na cidade. Segundo Archello
(2019) o concurso buscava propostas conceituais para a transformação dos prédios
da então desativada estação York Road em um bloco de 560 m² que abrigasse até 28
vulneráveis. “Os sem-teto ocultos não estão mais escondidos, mas são apoiados no
centro de uma comunidade vibrante rica em oportunidades.” (Morris + Company,
2019, apud Dezeen).
47

A proposta do projeto consiste na requalificação da estação de metrô


abandonado York Road em Londres, dando-lhe uso como moradia para os
desabrigados da cidade, juntamente com um local de convívio para jovens, loja de
caridade e espaço para co-working, além de treinamentos profissionalizantes aos
“moradores” do local. Conforme Archello (2019), o objetivo do projeto era permitir que
desabrigados se sentissem parte daquela comunidade criando um espaço público de
uso misto.
O escritório de Joe Morris contextualiza quais são as características da
população que habitará o local, (Figura 12) . Os Sem-tetos são geralmente jovens
entre 17 e 19 anos e os co-habitantes, os que trabalham no local estão entre as 22 e
35 anos com diferentes interesses. No esquema além do prédio principal de abrigo a
sem-tetos, se vê edifício de Suporte aos abrigados e um local de treinamento e
profissionalização.

Figura 12 - Stepping Stones

Fonte: Archello,( 2019).


48

Um esquema ilustra em perpectiva e planta baixa quatro etapas do projeto,


conforme o conceito e partido estabelecido pela equipe da Morris + Company. A
primeira delas a valorização histórica, com a conservação da fachada existente da
estação de Metrô. Segunda é a permeabilidade do edifício, que cria uma ligação entre
a rua e a área interna do projeto. A terceira demonstra o espaço ajardinado de lazer
aos usuários do local. Por ultimo, a quarta etapa mostra os volumes superiores criados
pelo grupo de arquitetos em relação à estação York Road.
Foram Propostas 3 tipologias dos apartamentos e acomodaçoes elaboradas
pelo arquiteto, (Figura 13). No pavimento Térreo (Figura 14),estão localizados os
serviços de assistência aos moradores, dentre eles encontram-se a recepção, rua
interna, loja de caridade, lavanderia / sala de TV, suite privativa, escritório, espaço de
convivencia, jardim privado e pista de Skate. Os pavimentos tipos (figura 15) dividem-
se entre os abrigos de estadia curta, coletiva, ou aqueles de estadia mais longa, mais
completos em serviços, com o acréscimo de uma pequena sala e cozinha. O Ultimo
pavimento (figura 16), também é composto de pequenas unidades de abrigos para
estadias mais longas. Junto a isto oferece áreas de convivência dos moradores.

Figura 13 - Stepping Stones: Uma casa para todos

Fonte: Archello, 2019.


49

Figura 14 - Pavimento Térreo - Stepping Stones

Fonte: Archello, 2019.


50

Figura 15 - Pavimento tipo - Stepping Stones

Fonte: Archello, 2019.


51

Figura 16 -Ultimo pavimento - Stepping Stones

Fonte: Archello, 2019.

O projeto Stepping Stones do escritório de arquitetura Morris + Company do


Reino Unido, contém características semelhantes a área de intervenção que será
estudada nesta monografia, já que se trata de um projeto de revitalização de uma
estação de trem subutilizada, por tanto a sua análise possibilitou esclarecer os meios
pelos quais os arquitetos aproveitaram o espaço, distribuindo de forma planejada os
52

ambientes do abrigo temporário. Outra característica importante encontrada neste


projeto é a inserção de áreas de uso comum dos abrigados com o restante da
população.

4.2 LA CASA

Dados técnicos:
Projeto: Studio 27 e Leo A Daly
Localização: Distrito de Columbia, Washington, EUA
Período da construção: 2011-2014
Área: 2.728,00 m²

Figura 17 - Vista externa do projeto LA CASA

Fonte: ARCOweb, 2015.

O projeto solicitado pelo Departamento de Serviços Humanos do Distrito de


Columbia, Washington EUA foi criado afim de solucionar a problemática da habitação
e proporcionar conforto aos beneficiados, adjacentemente dos abrigos tradicionais,
que em sua maioria tem um programa muito restrito. A construção durou cerca de 3
anos, desde a concepção do projeto até a execução do edifício: “Em todos os seus
detalhes, o prédio reflete a preocupação com a excelência em design e conforto, para
53

que as condições oferecidas aos abrigados fossem as melhores possíveis.” (CICLO


VIVO, 2015).

Elaborado pelos escritórios de arquitetura, Leo A Daly e Studio 27, o edifício de


sete andares que atua como casa de alojamento permanente localiza-se num local
próximo a empreendimentos residenciais de alto padrão, segundo Leo A Daly, “[...]o
projeto é um marco importante para o Distrito de Columbia em seus esforços
contínuos para redefinir o conceito de moradia para a comunidade de moradores de
rua.” (LEO A DALY, 2015)
O projeto La casa possui serviços de assistência e acomodações privativas
para 40 homens, oferecendo diversidade de treinamentos, entre eles, cursos
preparatórios para o mercado de trabalho, habilidades gerais e gestão financeira. De
acordo com Leo A Daly, cada unidade de moradia, funciona com eficiência, afim de
proporcionar segurança aos habitantes que passam pela transição da falta de moradia
para a reinserção na sociedade.
Segundo o Studio 27, os apartamentos foram pensados no estilo Loft; cada
unidade individual é equipada por uma cozinha e sala pequenas, banheiro e quarto
conjugados, distribuídos de forma eficiente e propondo maior durabilidade.
Apoiado em princípios sustentáveis, as unidades oferecem maior
aproveitamento da iluminação e ventilação natural, por meio de janelas funcionais que
vão do piso ao teto, os pisos de bambu e concreto preservam o ambiente quente e
aconchegante, além de integrarem-se as paredes com tintura branca e cozinha em
tons de cinza. Na cozinha, as bancadas foram fabricadas a partir de latas de alumínio
reciclado e resina e os banheiros possuem acessórios industriais e são revestidos
com cerâmica. É possível identificar como são distribuídos os ambientes nas unidades
de habitação individual. (Figura 18). “O Projeto Habitacional de Apoio Permanente La
Casa é o primeiro a construir novas unidades habitacionais privadas, com espaços
completos, cozinhas e banheiros para os cronicamente desabrigados.” (STUDIO 27,
2014).
54

Figura 18 - Interior das unidades habitacionais

Fonte: ARCOweb, 2015.

Com telhado verde, ainda que não ocupado, o edifício demostra sua
preocupação com questões relativas à sustentabilidade e eficiência. O projeto LA
CASA, segundo Studio 27, está em processo de aquisição do Selo LEED Gold do
USGBC LEED, que autentica construções sustentáveis, o que a torna ainda mais
reconhecida perante sua proposta.
De acordo com a (Figura 19), que indica as plantas layout dos pisos Térreo,
Pavimento tipo e Porão, é possível identificar Programas de necessidades voltados
aos usos coletivos e individuais do projeto.

Figura 19 - Plantas layout do projeto LA CASA

Fonte: ARCOweb, 2015.


55

De acordo com o Estúdio de arquitetura Leo A Daly, o Porão possui local para
armazenamento, lavanderia e uma área voltada a manutenção do edifício. O piso
Térreo é composto de recepção, escritórios, área de segurança e de recepção de
correios e mercadorias, além de duas unidades habitacionais, no segundo andar, uma
sala comunitária adjunta ao terraço descoberto. O andar tipo, inclui sete unidades
habitacionais, sendo uma delas completamente acessível a portadores de
necessidades especiais. A combinação de câmeras monitoradas remotamente,
agentes de segurança e acesso seguro a portas, faz com que o local seja totalmente
seguro para os moradores.
De acordo com o esquema acima (Figura 20), para os Arquitetos do Studio 27,
a fachada em extensão na Rua Irving, é composta por janelas que fornecem
extensões iguais de vidro em cada unidade individual de habitação, produzindo um
esquema de sólido-vazio na face da edificação, tornando as dinâmicas do interior do
edifício visíveis aos olhos da rua. Além disso, a composição da fachada cria uma
conexão direta com os edifícios vizinhos afim de atingir uma equivalência contextual.

Figura 20 - Esquema de funcionamento da Fachada do LA CASA

Fonte: ARCOweb, 2015.

O projeto La casa servirá como inspiração pois se caracteriza como uma


moradia de passagem e não como abrigo temporário, já que ele possui 40
apartamentos individuais para homens, os quais possuem múltiplas funções
(lavanderia, cozinha, banheiro individual e quarto). Outra característica marcante do
projeto é a sua localidade em área urbanizada e sua permeabilidade através das
fachadas de vidro, que possibilita a interação do abrigado com o exterior.
56

4.3 THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER

Dados técnicos:
Projeto: Overland Partiners e Camargo Copeland Architects
Localização: Centro Dallas, Texas, EUA
Ano do projeto: 2010.
Área: 6.967m²

Figura 21 - Vista externa do projeto The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Arch Daily, 2011.

Conforme Overland Partines (2011), o projeto denominado Centro de


Assistência a Desabrigados The Bridge, foi concebido pelos escritórios de arquitetura
Overland Partines Architects e Camargo Copeland Architects, com o objetivo de
transformar o modo como é tratado o tema da falta de moradia na cidade de Dallas
Texas, tanto nas atividades internas como do exterior do prédio. De acordo com as
palavras do presidente do conselho Dametro Dallas Homeless Alliance, Mike
Rawlings:
57

The Bridge fez da comunidade do centro de Dallas um lugar melhor para se


trabalhar e morar. O dono da loja do outro lado da rua, que liderou a luta
contra os planos, disse agora que o The Bridge é a melhor coisa que
aconteceu com a vizinhança (RAWLINGS, apud OVERLAND PARTINESS,
2011).

Para o ArchDaily (2011), o edifício instaurado no distrito central de negócios de


Dallas, não é apenas classificado como um simples centro de desabrigados nos
Estados Unidos, mas sim um exemplo mundial de design de unidades para
assistência a sem-teto. Uma vez que recebeu diversos prêmios, dentre eles:

[...] o Prêmio de Design Informado à Comunidade do Secretário AUD HUD


2009, o Prêmio Design Ambiental + Excelência em Construção no Design
2009, e o Concurso Internacional de Desabrigados para a Ressuficiência
(exibido na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul) Melhor Entrada
Arquitetônica. (ARCHIDAILY, 2011).

Na África, no período da Copa do mundo de 2010, o projeto ficou exposto em


um evento que reuniu cerca de 20 mil líderes internacionais, com o objetivo de
possibilitar discussões, buscando novos princípios e técnicas acerca da falta de
moradia, um assunto de interesse mundial.
Segundo World Architecture News (2010), o projeto que atende milhares de
pessoas por dia engloba uma série de serviços. A partir da sua inauguração no ano
de 2008, mais de 1.000 pessoas, passaram sentir-se mais seguras, já não sentem
fome e conquistaram a possibilidade de obter serviços afim de restabelecer a saúde,
o emprego e moradia permanente, a carência de habitações teve uma redução de
56% e a incidência da violência no local teve uma queda de 23%. Além disso, também
foram oferecidos aos moradores serviços de barbeiro, correspondência, chuveiros e
local destinado aos seus animais de estimação.
O que tornou isto possível a colaboração de vários agentes, entre eles,
assistentes sociais, voluntários de assistência à saúde, a cidade de Dallas e os
arquitetos.
58

Conforme o a Overland Partiners Architects (2011), o The Bridge, disponibiliza


diversos cuidados, considerando os de emergência. Desde a sua abertura,
aproximadamente 750 pessoas foram alojadas em casas, o que reduziu em 57% o
número de desabrigados, e 2,5 milhões de refeições foram disponibilizadas. James
Andrews, diretor do Studio afirmou: “Os sem-teto não foram os únicos beneficiários
de ter The Bridge em sua comunidade. Desde a sua abertura, a taxa de criminalidade
local diminuiu em mais de 20%”.
Considerado como um lar para todos, pelo Studio Overland Partiners
Architects (2011), o centro de assistência a desabrigados funciona 24 horas por dia,
nos 365 dias do ano, e atende cerca de 1.200 pessoas por dia. Sua abrangência é
de 7.060,63 metros quadrados e a distribuição dos edifícios abrange pátios ao ar
livre, muito importantes para a concepção do projeto.
Conforme as análises feitas pelo Archideily (2011), o programa consiste em
uma proposta constituída por 5 edifícios que estabelecem um pátio interno e atraem
a população do entorno, (Figura 22). Dentre as atividades estão, um bloco de boas-
vindas (recepção), um bloco de armazenamento, bloco de serviços e alojamentos
fechados com 3 andares, um armazém existente transformado em pavilhão para
dormir e bloco de refeitório, que atende não só os moradores, mas com todos os
frequentadores do local. Analisando é possível visualizar a relação que todos os
edifícios possuem com o pátio central e sua importância com relação ao entorno
adjacente, (Figura 22).
59

Figura 22 - Planta de situação - The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Archidaily, 2011.

É possível identificar a relação de funções existentes no pavimento térreo da


edificação, (Figura 23), que abriga maior quantidade de atividades relativas a serviços,
voltados tanto para os moradores quanto para o público externo. Segundo o estudo
de arquitetura, entre os programas oferecidos no primeiro piso estão:
O edifício de armazenamento, composto de escritórios de segurança, canis
para animais de estimação e estoque, o edifício de boas-vindas, composto por
recepção, escritórios de casos, cuidados pessoais, área comum, biblioteca, espaços
de serviços para mulheres, serviços postais, e banheiro, o pavilhão para dormir,
composto por áreas de dormitórios ao ar livre (para aqueles que não se sentem
confortáveis em apartamentos fechados), o prédio de serviços, composto por locais
de treinamento profissional, instalações de saúde mental e física escritórios legais,
áreas de aconselhamento, e banheiros, e o edifício de jantar, composto por um local
de jantar para não residentes, espaço de refeição dos residentes, cozinha, despensa,
sala de maquinas, vestiários e banheiros.
60

Figura 23 - Primeiro pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Archidaily, 2011.

A sala de jantar para não residentes, localizado no centro do pátio principal


funciona como um “imã”, através do qual os assistentes sociais têm a possibilidade
de interagir com os habitantes. O espaço possui telhado verde e exterior translucido
permitindo que a luz irradie através do mesmo, conectando-o visual da rua. Conforme
Words Architecture News:

O centro de transformação oferece serviços abrangentes para ajudar os


clientes a alcançar a auto-suficiência. O The Bridge eleva a qualidade dos
espaços públicos e proporciona uma forte presença dentro da cidade. Ele
envolve a comunidade na transformação das vidas de seus membros mais
desprivilegiados. (WORD ARCHITECTURE NEWS, 2010).

De acordo com o Studio Overland Partiners Architects (2011), o segundo


pavimento da edificação, (Figura 24), tem destinados aos moradores. Ele consiste em
2 setores, um destinado a homens e outro a mulheres, de pequenos apartamentos
com geralmente dois leitos cada. Também é composto por sanitários e vestiários,
separados em masculino e feminino, o que oferece conforto e acolhimento aos
61

residentes. Neste pavimento localiza-se uma ala destinada escritórios que oferecem
serviços externos à comunidade, alugados por terceiros, com um rendimento que
auxilia nos custos de manutenção do edifício como um todo.

Figura 24 - Segundo pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Archidaily, 2011.


O terceiro pavimento, (Figura 25), tem a função principal de alojamento,
separados entre masculino e feminino, mas não configuram apartamentos fechados.
Trata-se de um conjunto de pequenas repartições separadas por divisórias, que
formam um ambiente privado para cada morador, composto por uma cama e armário,
(Figura 26).
62

Figura 25 - Terceiro pavimento - The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Archidaily, 2011.

Figura 26 - Alojamento masculino - The Bridge Homeless Assistance Center

Fonte: Archidaily, 2011.


63

O The Bridge evidencia a importância de não isolar os abrigos do restante da


cidade, por se tratarem de edifícios cívicos importantes que simbolizam a
humanidade de nossa sociedade. O edifício teve um impacto muito positivo na
comunidade de Dallas, principalmente na região Central onde está localizado,
transformando-a em um local melhor para morar e trabalhar. De acordo com World
Architecture News (2010), um proprietário de uma empresa situada em frente ao
empreendimento, que a princípio não concordou com sua implantação, hoje afirma
que o The Bridge foi a melhor coisa que ocorreu no bairro. Para o Studio de
arquitetura:

Mais importante, porém, é o bom trabalho que o Bridge permite. Porque


ninguém deveria ter enfrentado dificuldades desestabilizadoras sozinho. E
graças a The Bridge, as pessoas de Dallas não precisam. (OVERLAND
PARTINES, 2011)

O projeto The Bridge Homeless Assistance Center, desenvolvido pelos


escritórios de arquitetura Overland Partiners e Camargo Copeland Architects, poderá
contribuir grandemente com o desenvolvimento do projeto a ser realizado por seu
vasto programa de necessidades, que possibilitou entender as principais atividades
que poderiam ser oferecidas às pessoas abrigadas. A relação do projeto com o bairro
e a cidade também possibilita entendermos a importância de atividades
correlacionadas com a população, afim de reabilitar e reintegra-los à sociedade.

4.4 HAVEN FOR HOPE

Dados técnicos:
Projeto: Overland Partiners
Localização: Antônio, TX, United
Ano do projeto: 2010.
Área: 27.870m²
64

Figura 27 - Vista do prédio de Serviços transformacionais e salão da residência das


mulheres

Fonte: Architect, 2012.

Considerado como o mais ambicioso projeto cívico da cidade San Antônio, o


Haven for Hope, ou Refúgio para Esperança, é um projeto desenvolvido pelo Studio
Overland Partiners Architects em parceria com a cidade e inúmeras organizações
sociais, afim de conceber um espaço de esperança e oportunidade que busca
transformação na vida de milhares de desabrigados e desamparados, oferecendo
serviços no âmbito na assistência social, como abrigo, alimentação, roupas, entre
outros. Ann Meyer, presidente da Haven for Hope diz: “Nosso lindo campus fala sobre
a magia da transformação e serve de modelo para aqueles que estão dentro de suas
paredes.”
De acordo com Architect (2012), o edifício de assistência de San Antônio,
Texas, localiza-se próximo a equipamentos urbanos relevantes ao empreendimento,
como hospitais e unidade de desintoxicação e transporte público. O campus que
65

anteriormente funcionava como um parque industrial contendo seis armazéns, foi


ampliado com mais três prédios, resultando numa área interna de 300.000 pés,
equivalente a 27.870 m².
Ainda conforme o Studio Overland Partiners Architects (2012), o
empreendimento não atende somente desabrigados, mas também pessoas que por
alguma intercorrência, tais como, um parente doente, um carro quebrado, ou a
necessidade de uma consulta no hospital, venha a precisar dos serviços lá oferecidos.
Anteriormente à proposta e projeto Refúgio para Esperança, na cidade de San
Antônio os desabrigados eram acolhidos em espaços temporários, que funcionavam
somente no período noturno, servindo somente como parada de descanso. A situação
de desamparo se mantinha durante a maior parte do dia, período em que os sem-teto
procuram sem descanso por ajuda, para se alimentarem, pedindo vestes novas, ou
até mesmo dinheiro. Diante disto, a proposta do escritório busca articular em um único
local todos os serviços e recursos necessários para que estas pessoas se sintam
acolhidas e possam gradativamente se reestabelecer na sociedade.
Com o auxílio de organizações sem fins lucrativos e mais de 78 agências
governamentais o Heven for Hope se tornou a maior instalação deste gênero nos
Estados Unidos e já obteve resultados muito bons, com a redução de 80% dos
Vulneráveis no Centro de San Antônio.
No Diagrama acima, (Figura 28) é demonstrado um contraponto de distâncias
em direção a totalidade, já que interliga a comunidade com a área de intervenção do
projeto. Segundo o Overland Partiners (2012), foi necessário considerar 3 elementos
significativos, o primeiro deles, a comunidade do bairro, representado em azul, a
comunidade do refúgio, mais interno ao conjunto e representado em verde, e a área
de serviço da comunitário do refúgio, representada pela cor vermelha e localizado no
núcleo do empreendimento.
Figura 28 - Diagrama do programa - Haven for Hope
66

Fonte: Architect, 2012.

O projeto foi concebido visando a área adjacente, e, portanto, foram


implementados serviços localizados na extremidade do empreendimento, como
creches, assistência médica, oftalmológica e odontológica, o que permitiu que a
população vizinha pudesse interagir com o local e receber os novos moradores como
um grupo de pessoas que fazem parte agora da cultura que já existia. Além disso, o
Refúgio para Esperança disponibiliza aos moradores, residências familiares,
femininas e masculinas, separados em blocos, canil, campo de jogo, capela, gramado
de eventos, jantar e serviços de assistência localizados no centro transformacional.
O Haven for Hope, na concepção dos arquitetos, foi idealizado para destinar os
sem-teto a um polo seguro e os dirige para a sociedade restaurado. Para eles, a
67

missão de desenvolver um espaço com um programa tão abrangente foi um desafio


único, considerando que grande parte dos edifícios já haviam sido ocupados por
armazéns.
Na imagem acima (Figura 29), é possível compreender a relação dos edifícios
dentro do complexo e sua permeabilidade com relação ao bairro vizinho, através de
espaços aberto e praças que interligam todos os edifícios.

Figura 29 - Implantação - Haven for Hope

Fonte: Architect, 2012.

A proposta de projeto, de acordo com Architect (2012), possui uma diversidade


de programas, tais como, alojamento, sessão de treinamento profissional, serviço de
68

refeições, assistência médica, serviços de saúde comportamental e programas


educacionais.

Dormitórios e espaço de eficiência podem inicialmente se adequar às


necessidades de um indivíduo ou família, mas eventualmente o objetivo é que
eles se mudem para os apartamentos de tarifa de mercado que foram
adicionados vários anos depois. (OVERLAND, 2012)

Conforme Overland Partnes (2012), o programa de necessidades do Refúgio


compreende biblioteca, serviço postal, centro de aprendizado que inclui salas de aula
e de conferência, barbearia, locais destinados a recreação e exercícios físicos, creche
com programa pós-escola, capela e até canis que abrigam os animais de estimação.
Recintos separados atendem exclusivamente necessidades de crianças, mulheres e
homens, durante o tempo em que as áreas de convivência proporcionam locais
seguros de interação. Eles complementam dizendo:

Medidas de segurança e proteção são proeminentes, assim como recursos


para aqueles que lutam contra vícios, doenças mentais e doenças crônicas.
A comunidade multi geracional é poderosamente transformadora e essencial
para a transformação holística em Haven for Hope. (OVERLAND, 2012)

O projeto Have for Hope do escritório de arquitetura Overland Partiners, trouxe


uma proposta demonstrando possibilidade de atendimento à população numa
extensão maior dividido em vários polos, com a inserção de atividades permeadas no
bairro e na cidade onde esta localizado o edifício.

4.5 POLÊ DE SERVICES À AUBENAS

Dados técnicos:
Projeto: Composite Architectes
Localização: 24 Avenue de Zelzate, 07200 Aubenas, France
Ano do projeto: 2013
Área: 1350 m²
Fonte: ARCHITECTES 2019
69

Figura 30 - Vista externa do edifício

Fonte: Archdaily, 2013.

Centro Social em Aubenas, está localizado na cidade de Aubenas França,


numa região em desenvolvimento e crescimento. O edifício é considerado um ativador
social, já que oferece serviços de assistência a população menos favorecida da cidade
(Archdaily, 2013).
O resultado principal que o centro social busca, é principalmente o auxílio e
assistência a pessoas carentes da cidade em relação ao desemprego, falta de estudo,
entre outras situações, entretanto o complexo não restringe seu programa somente a
este fim, lá crianças e jovens da comunidade também tem sua parcela de atividades.
O projeto está associado diretamente a um parque urbano, implantado
recentemente no bairro, que permite uma conexão com o restante da cidade e o e
acesso facilitado, conforme imagem acima (Figura 31).
70

Figura 31 - Implantação - Polê de Services à Aubenas

Fonte: Archdaily, 2013.

Conforme Archdaily (2013), o edifício concebido pelo escritório Composite


Architectes, possuí volumetria simples; no pavimento térreo há um edifício configurado
em forma de “U” que se abre para a fachada sul juntamente ao primeiro pavimento
em forma de “L” que posiciona-se sobre a base aberta para a fachada norte do
complexo, criando um terraço ajardinado com vista panorâmica dos arredores. Além
disso a sobreposição dos blocos configura um pátio interno com acesso direto entre a
recepção do polo social e o espaço público, assim como é visto nas (Figuras 32 e 33).
71

Figura 32 - Diagrama Volumétrico 1 - Polê de Services à Aubenas

Fonte: Archdaily, 2013.

Figura 33 - Diagrama Volumétrico 2 - Polê de Services à Aubenas

Fonte: Archdaily, 2013.


72

O programa de atividades do centro de social, segundo o Studio Composite


Architectes engloba multisserviços, dentre eles, instalações associativas, casa de
emprego, sala multimídia, sala polivalente, medicina do trabalho, correios, além de
oferecer um centro de lazer, área infantil, playgrounds e paisagismo.
O sistema estrutural adotado pelo escritório, segundo Archdaily (2013), foi em
concreto e metal. As fachadas do complexo são revestidas por um tipo de brise de
madeira, que tem função de isolante térmico e oferece leveza estrutural, além de
transmitir uma imagem harmoniosa.
De acordo com Archdaily (2013), o edifício é composto salas multiuso,
escritórios de atenção social, salas de aula, salas de reunião, serviços postais, casa
de trabalho e atendimento a juventude.
No Pavimento térreo (Figura 34), é possível identificarmos a relação Público x
Privado que o Pátio formado pelas volumetrias do edifício revela, neste pavimento
estão principalmente os serviços de convivência e interação e aprendizagem, serviço
de refeição, além de serviços e utilidades comuns.

Figura 34 - Pavimento Térreo - Polê de Services à Aubenas

Fonte: Archdaily, 2013.


73

No Primeiro pavimento da edificação (Figura 35), estão localizados atividades


mais voltadas ao lazer, como espaço juvenil setor administrativo da unidade e serviços
de profissionalização, além de possuir um terraço jardim que também serve como
espaço para interação e convivência.

Figura 35 - Primeiro pavimento - Polê de Services à Aubenas

Fonte: Archdaily, 2013.

Percebe-se a preocupação dos arquitetos na concepção de um projeto


acessível, já que todos os ambientes possuem o módulo de acessibilidade a
cadeirantes, (Figuras 34 e 35).
74

5 VISITAS TÉCNICAS

As visitas técnicas são realizadas, com a finalidade de obter uma maior


aproximação com o tema relativo a este estudo, realizando uma análise detalhada no
local, levando em conta o programa de atividades oferecidas e as suas condições
físicas e estéticas, buscando avaliar e refletir a respeito dos fatores positivos e
negativos do edifício existente, que possam influenciar nas decisões projetuais.
Também se fazem necessárias estas visitas, afim de vivenciar e compreender
a importância desses para a sociedade, e como funciona o dia-a-dia dessas
instituições, além de auxiliar na concepção do programa de necessidades
Para isto o foi realizado um levantamento no município de Bauru de entidades
que prestavam serviço de assistência social a pessoas em situação de rua, e a partir
disto escolher a que mais teria relação com o tema da pesquisa e que pudesse de
certa forma contribuir para as decisões do projeto.

5.1 ALBERGUE NOTURNO CEAC (CASA DE PASSAGEM)

Figura 36 – Vista frontal - Albergue noturno CEAC

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

A visita ao Albergue noturno do Centro Espírita Amor e Caridade – CEAC, foi


realizada das 14:00 às 16:00 horas do dia 25 de Abril de 2019, coma supervisão da
Assistente social responsável pela casa de abrigo Francine Tamos.
75

A Casa de passagem e albergue noturno é um dos núcleos de promoção social


do Centro Espírita Amor e Caridade - CEAC, a qual foi fundada em 02 de dezembro
de 1919, sendo primeira instituição filantrópica da cidade de Bauru destinada a prestar
dois tipos de serviços de assistência, o primeiro deles a assistência espiritual e o
segundo a assistência material. A entidade é uma associação civil e apolítica e
localiza-se na cidade de Bauru à Rua Inconfidência 7-18 - Vila Vergueiro, e aberto 24
horas, permitindo deste modo, fácil acesso por quaisquer famílias ou indivíduos em
situação de rua.
Por meio de entrevista realizada com Francine Tamos, assistente social na
instituição, foi possível compreender os seus objetivos e a finalidade a que se propõe,
além de conhecer os serviços oferecidos, as fontes geradoras de recursos, e a equipe
de profissionais que trabalham no local.
Segundo Francine, o Albergue possui com intensão maior, instituir e preservar
em caráter permanente e de forma gratuita, serviços e programas voltados a
assistência, educação e cultura, sem possuir qualquer tipo de distinção ou
discriminação de cor, sexo, e doutrina religiosa ou política e buscando sempre
melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. O objetivo da entidade é, “Atender de
forma qualificada e personalizada de modo a promover a construção conjunta com o
usuário do seu processo de saída das ruas, com dignidade e respeito a sua vontade
e nível de autonomia.” (CEAC, 2016)
O Albergue noturno é uma instituição governamental, e seus recursos são
advindos dos governos, municipal, estadual e federal, para sanar custos com imóvel
(manutenção e reformas), móveis e utensílios (cozinha, escritório, informática,
maquinas e ferramentas) e com logística de apoio a sede (transporte, equipe de
manutenção). Além disso, também são realizadas campanhas de arrecadação para
geração de recursos.
A casa de passagem, oferece serviços que visam o atendimento imediato e
emergencial, garantindo condições de estadia e convívio, entre os serviços oferecidos
estão:

• Acolhida/Recepção e escuta;
• Desenvolvimento do convívio familiar, grupal e social;
• Estudo social;
• Cuidados pessoais;
76

• Orientações e encaminhamentos sobre/para a rede de serviços locais com


resolutividade;
• Orientações sócio familiar;
• Protocolos;
• Acompanhamento e monitoramento dos encaminhamentos realizados;
• Referência e contra referência;
• Diagnóstico socioeconômico;
• Informação, comunicação e defesa de direitos;
• Atividades de convívio e de organização da vida cotidiana;
• Estímulo ao convívio familiar, grupal e social;
• Mobilização para o exercício da cidadania;
• Articulação da rede de serviços sócio-assistenciais;
• Articulação com serviços das demais políticas públicas setoriais e defesa
de direitos; Articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema
de Garantia de Direitos;
• Monitoramento e avaliação do serviço;
• Organização de banco de dados e informações sobre o serviço, sobre a
organização/entidade e sobre o Sistema de Garantia de Direitos.
• Atendimento em grupo para famílias;
• Acompanhamento familiar;
• Atividades comunitárias;
• Campanhas socioeducativas;
• Promoção ao acesso a documentação pessoal;
• Mobilização e fortalecimento de redes sociais;
• Elaboração de relatórios e/ou prontuários. (CEAC, 2016)

A equipe de trabalhadores do Albergue noturno CEAC, é composta por


funcionários registrados e voluntários. A equipe de funcionários é compreendida por,
1 coordenador, 2 assistentes sociais, 1 psicólogo, 1 terapeuta ocupacional, 1 auxiliar
administrativo, 10 cuidadores (monitores sociais), 5 auxiliares de cuidador (serviços
gerais), 2 cozinheiras, 1 auxiliar de cozinha e 1 motorista.
77

Figura 37 - Sala de espera e guarda de materiais da Casa de passagem.

Fonte: Própria autora, 2019.

De acordo com a assistente social da instituição, Francine Tamos, são


atendidas aproximadamente sessenta pessoas por dia, gerando um total de 1.800
pessoas por mês e cerca de 20.000 pessoas por ano.
Na recepção são disponibilizados Kits pernoite, compostos por toalha, chinelo,
sabonete individual, shampoo, escova de cabelo e escova de dentes, para aqueles
que se inscrevem para o serviço de pernoite, (Figura 38).
78

Figura 38 - Recepção da Casa de passagem.

Fonte: Própria autora, 2019.


No refeitório, são oferecidos serviços de refeição, no total são servidos 120
pratos no jantar, refeição que mais atrai os desabrigados, já no almoço são servidas
em média 65 refeições, (Figura 39). As demais refeições, ou seja, café da manhã e
café da tarde conforme Francine Tamos, não são contabilizadas.

Figura 39 - Refeitório da Casa de passagem.


79

Fonte: Própria autora, 2019.

Afim de acomodar de maneira confortável e segura os dormitórios são


separados em alas. A ala masculina é composta por 3 dormitórios com um total de 46
leitos, e possui banheiro e vestiário masculino de uso comum. A ala feminina contem
1 dormitório com 7 leitos mais 1 berço, além de ter também o banheiro e vestiário
feminino de uso comum. A unidade dispõe de 1 dormitório familiar dotado de 5 leitos
mais 1 berço e ainda 2 dormitórios individuais, (Figura 40) como mostra o interior de
um dos dormitórios.
Figura 40 - Acomodações da Casa de passagem.

Fonte: Própria autora, 2019.

No Pátio, área de uso comum dos albergados, são realizadas voltadas a


educação, cultura, lazer, auxilio psicológico e social, e também é utilizada como área
de lazer e convivência, (Figura 41). Nesta local são aplicadas oficinas, palestras entre
outras atividades de convívio e de organização da vida cotidiana.
80

Figura 41 - Pátio de uso comum da Casa de passagem

Fonte: Própria autora, 2019.

Neste sentido a Casa de passagem também oferece sala de TV e uma pequena


biblioteca, estimulando a leitura.

Figura 42 - Sala de TV Casa de passagem

Fonte: Própria autora, 2019.

Outras instalações encontram-se próximas ao pátio, dentre elas o banheiro


coletivo masculino, banheiro acessível, vestiário para funcionários, lavanderia (Figura
43), outro ambiente para guarda de pertences. Além disso o albergue possui
ambientes destinados apenas ao atendimento psicológico social e terapêutico (Figura
44), uma sala dos monitores e duas salas de administração.
81

Figura 43 - Lavanderia da Casa de passagem

Fonte: Própria autora, 2019.

Figura 44 - Sala do Assistente social e Sala de atendimento geral

Fonte: Própria autora, 2019.


82

Por meio da visita técnica realizada no Albergue noturno CEAC (Casa de


passagem), foi possível analisar fatores positivos e negativos do local, os quais
serviram de repertório para a elaboração do projeto. Os pontos positivos que merecem
destaque são, a diversidade de serviços oferecidos, a profunda dedicação aos
trabalhos desenvolvidos, a existência de diferentes tipos de acomodações. Os
aspectos negativos estão relacionados a estética do edifício que possui uma
arquitetura muito simples, pela pouca quantidade de áreas verdes e a falta de
interação do edifício com o exterior.
83

6 MUNICIPIO DE BAURU

A proposta do projeto localiza-se na cidade de Bauru, e nesse sentido o estudo


e apresentação de um breve histórico do município, ajude a resgatar aspectos
relevantes dos dados geográficos, econômicos e de seu desenvolvimento.

6.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

De acordo com dados fornecidos pela Prefeitura Municipal do município (2019),


a cidade de Bauru que está localizada no centro-oeste do estado de São Paulo (Figura
45), engloba uma área de 673,488 km² e encontra-se a 326 km da capital do estado.

Figura 45 - Localização da cidade de Bauru no estado de São Paulo

Fonte: Prefeitura de Bauru (2019).

Fazendo divisa com as cidades de Agudos, Arealva, Avaí, Duartina,


Pederneiras, Piratininga e Reginópolis, Bauru é sede da região administrativa que
abrange o total de 39 municípios, com uma área total de 16.209,37 km de extensão,
equivalente a 6,5% do Estado e uma população de 1,07 milhões de pessoas.
84

De acordo com o último censo do IBGE realizado em 2010, a população do


município de Bauru é de 343.937 habitantes, sendo a 18° cidade mais populosa do
Estado, com densidade demográfica de 515,12 Hab/Km², no entanto no ano de 2018
foi realizada uma estimativa de aproximadamente 374.272 habitantes. O PIB (Produto
interno bruto) gira em torno de R$ 35.577,22 por cidadão (dado de 2016), e o IDH
(Índice de desenvolvimento humano) do último censo era de 0,801. (IBGE, 2018)
Demonstrado através do mapa a região administrativa de Bauru, a qual foi
marcada pelo maior entroncamento rodo-hidro-ferroviário da América Latina tendo por
sua vez contribuído grandemente com as atividades agropecuárias e industriais da
região e proporcionando um desenvolvimento equânime e autossustentável, em razão
da extensão ferroviária passa pela capital do estado, São Paulo e chega até o porto
de Santos, (Figura 46). A Rodovia Marechal Rondon (SP-300), uma das mais
importantes para a cidade de Bauru e para a região, possui ramificações que permitem
a chegada rápida nos principais polos econômicos regionais do Estado. (CIDADES
PAULISTAS, S/D)

Figura 46 - Região administrativa de Bauru

Fonte: IGC, S/N.


85

De acordo com Cidades Paulistas (s/d, 2019), a presença da hidrovia Tietê-


Paraná e o porto internacional do Rio Tietê localizado em pederneiras, o escoamento
da produção agrícola e industrial da região se torna fácil, já que permite fácil acesso
aos principais portos do Mercosul. A cidade de Bauru é dotada também de aeroporto
regional.
No município de Bauru, há a predominância de vegetação do tipo Cerrado e
Cerradão, contemplando também áreas de vegetações diversificadas que
compreendem áreas excedente de Mata Atlântica (BATTISTELLE, et al, 1999).
Segundo Cavassan (2013), as formações de florestas estacionais
Semideciduais ocorrem em Bauru na região Noroeste, já o Cerrado aparece na região
Sudeste. Nas adjacências do município ocorre um evento conhecido como vegetação
de transição, com a presença de espécies dos dois tipos diferentes que se misturam.
De acordo com Battistelle (1999), o clima da região de Bauru possui
características tropicais, assim como o predominante do Brasil. Apresenta índices
pluviométricos mensais acima de 200mm entre os meses de maio e setembro, e entre
os meses de dezembro a fevereiro não passam de 80mm. A média da temperatura no
município é de 22,6ºC, sendo os meses mais frios, junho e julho com temperaturas
giram entre 10º e 15ºC, e as maiores temperaturas ocorridas entre os meses de
outubro e fevereiro, com temperatura de aproximadamente 30ºC. De acordo com a
autora, a umidade relativa do ar se predomina em 70% na época em que a
temperatura é mais quente, e nos meses em que a temperatura a mais baixa a
umidade gira em torno de 60%.

6.2 ECONOMIA

De acordo com Cidades Paulistas (2018), a região de Bauru possui um grande


parque industrial com o total de 3 distritos e reúne um setor agropecuário extenso e
desenvolvido, o qual representa 7,2% da produção do Estado de São Paulo. A cidade
possui uma economia heterogênea e é responsável por mais de 30% da produção
industrial regional. Dentre as atividades que mais se destacam na indústria está a
fabricação de alimentos e bebidas, responsável por 52,5% do valor adicionado e
32,7% da mão-de-obra regional, posteriormente se destacam a produção
sucroalcooleira e de refino de petróleo, também a preparação e confecção de artefatos
de couro, a fabricação de equipamentos e maquinas, e a fabricação de papel e
86

celulose, além da fabricação de calçados, cerâmica e madeira. Na região de Bauru,


se destaca a qualidade da mão-de-obra, em relação ao alto de nível de escolaridade,
pontuado acima da média do estado de São Paulo.
O setor agrícola, responsável por aproximadamente 70% da produção
agropecuária regional, é composto principalmente pelo cultivo de café, cana-de-
açúcar, pecuária de corte e a avicultura, além da produção de frutos cítricos e do
cultivo do bicho-da-seda (Cidades Paulistas, 2018).
Conforme dados retirados do Plano Municipal de Conservação e Recuperação
da Mata Atlântica e do Cerrado realizado pela Prefeitura Municipal de Bauru, a
economia do município atualmente, se destaca principalmente no ramo de comércio
e serviço do Setor Terciário, característica marcante da região. O setor terciário,
representa aproximadamente 90,9% do total da economia do município de Bauru, com
grande quantidade de comércio e serviços, em segundo lugar com 8,9% encontra-se
o setor secundário, referente às industrias, e por fim o Setor Primário, relativo a
agropecuária e a pesca, com somente 0,2% do total da produção.

Comparativamente, o percentual de unidades do Setor Terciário é maior do


que no Estado de São Paulo (87,1%) e na Região Administrativa de Bauru
(85,8%). Esta última apresenta percentual maior de unidades do Setor
Primário, com 2,1%, sendo Bauru uma referência regional, em termos de
comercialização da produção e oferecimento de serviços (PREFEITURA
MUNICIPAL DE BAURU, 2015).

6.3 HISTÓRIA

Segundo Ghirardello (2002), a ocupação da Zona Noroeste Paulista, quando


uma Terra Rural conhecida como “boca-de-sertão”, ocorreu a partir do ano de 1850
com a chegada de mineiros na província de São Paulo, em razão da decrescente
produção de minérios. O autor complementa que, neste período, existiam muitos
conflitos entre os pioneiros mineiros e os ocupantes da terra, os índios das tribos
Caingangue. Só então em 1856 o primeiro registro de terras foi realizado pelo mineiro
Felicíssimo Antônio de Souza Pereira, conforme o abaixo assinado a seguir:
87

O abaixo assignado possui uma fazenda de matas de denominada batalha,


desta freguesia de Botucatú; suas divisas são a seguinte: pelo nascente com
Faustino, pelo norte com Vicente Martins, pelo poente e sul com o mesmo
Faustino, cujas terras comprei a Luiz Francisco Gomez.
Bauru, 15 de Abril de 1856
Felicíssimo Antônio Pereira. (SILVA, apud GHIRARDELLO,1957, p.30)

Conforme Ghirardello (2002), a partir do primeiro registro das terras de


propriedade de Felicíssimo Antônio de Souza Pereira, a região começou atrair novos
ocupantes, fazendeiros mineiros que por costume produzam café, milho e praticavam
criações de gados e suínos. Segundo o autor a produção do milho cabia ao sustento
próprio e dos animais.
Após o ano de 1880, o crescimento populacional na região, conhecida como
bairro de Bauru, se acelerou fato que determinou a delimitação de uma rua de ligação
entre Lenções Paulista e “o sertão”, que futuramente seria chamada de Rua Araújo
Leite. “Em 1884, Antônio Teixeira do Espírito Santo e sua esposa doam à igreja área
para a formação do patrimônio de São Sebastião do Bauru.” (GHIRARDELLO, 2002,
p.51).
De acordo com Losnak (2004), somente em 1º de Agosto de 1896 a Vila de
Bauru foi elevada a munícipio, e a partir do século XX, com a chegada de três
companhias ferroviárias, a Companhia União Sorocabana e Ituana de Estradas de
ferro (CUSI) no ano de 1905, a Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
(CEFNOB) em 1906 e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF) no ano de
1910, Bauru se tornou o maior entroncamento ferroviário da américa latina.
Conforme Losnak (2004), a instalação das linhas férreas na região. Após
fortaleceram as atividades econômicas e novas infraestruturas urbanas e nos anos
subsequentes, as companhias instalaram nas cidades Sedes de escritórios, estação
de passageiros, oficinas de manutenção e fabricação, armazéns para os bens que
seriam transportados e as vilas para funcionários.

6.3.1 Implantação de Vilas no Município de Bauru

A implantação das vilas dos funcionários, segundo Biernath (2010), se fazia


necessária para aqueles que realizavam a construção e manutenção das linhas
férreas habitassem mais próximos ao local de trabalho e estivessem presentes a
88

qualquer hora do dia em razão de possíveis emergências, pelo pleno desempenho


das atividades da ferrovia. Assim sendo, as companhias construíam casas para seus
funcionários e famílias em lotes de terras próximos aos trilhos.
Biernath (2010), em entrevista a um funcionário aposentado da CEFNOB,
recolher informações sobre as construções das cinco Vilas nas proximidades da
Companhia, ainda nas primeiras décadas do século 20. A primeira, construída em
1921, a Vila Noroeste, localizada entre as Ruas Presidente Kennedy, 1° de Agosto,
Azarias Leite e Nobile de Piero, posteriormente “casas de turmas” I, II e III, que
abrigavam funcionários responsáveis pela manutenção e construção das linhas
férreas. Outras duas vilas foram construídas no Bairro Bela Vista, e na Vila Dutra.
Segundo Biernath (2010), a Vila Noroeste (Figura 47), em razão da sua
diversidade, foi a de maior valor arquitetônico. Na Vila Noroeste residiam várias
classes de trabalhadores, mas sobretudo mais graduados. Na Rua Nobile di Piero
(Figura 48) encontravam-se as casas dos trabalhadores da Companhia; as casas
voltadas para a Rua Presidente Kennedy (Figura 49) ficavam também voltadas para
as linhas férreas e nelas habitavam os Engenheiros; a casa do Inspetor localizava-se
na Rua Primeiro de Agosto (Figura 50).

Figura 47 - Vista aérea Vila Noroeste

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora 2019.


89

A vila era exclusiva a trabalhadores da CEFNOB, conforme Biernath (2010), e


a Rua Presidente Kennedy, na época da construção, não tinha saída, o que reduzia a
passagem de veículos e pedestres e estabelecia uma ligação ainda maior dos
funcionários com a Ferrovia.

Figura 48 - Casas dos trabalhadores da CEFNOB.

Fonte: Própria autora, 2019.

Figura 49 - Casas dos Engenheiros da CEFNOB.

Fonte: Própria autora, 2019.


90

Figura 50 - Casa do Inspetor da CEFNOB.

Fonte: Própria autora, 2019.

A Vila Noroeste está próxima da área da proposta de intervenção. Dentre os


edifícios que farão parte da intervenção o principal é o edifício sito à Rua Presidente
Kennedy, esquina com a Rua Azarias Leite.

6.3.2 Histórico da Área de intervenção do projeto

A área definida para a realização da proposta de intervenção no município de


Bauru, possui grande importância histórica, já que está situada dentro da região da
primeira gleba de terras doadas ao município, que leva a um estudo mais aprofundado
desta região.
Está localizada entre as ruas Azarias Leite, Presidente Kennedy, Virgílio Malta
e Avenida Nuno de Assis, (Figura 51). Na área encontram-se os galpões, situados de
frente para a Av. Nuno de Assis e, de acordo com pesquisa realizada no Museu
Histórico Ferroviário de Bauru, pertenciam a família Martha e eram utilizados como
espaço de armazenamento de grãos cultivados na região e transportados pela ferrovia
BIERNATH, 2012).
91

Figura 51 - Área definida para a proposta projetual

Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2019.

6.3.3 Edifício do antigo posto médico

O segundo edifício de cunho histórico, situado na área de intervenção localiza-


se na Rua Presidente Kennedy, esquina com a Rua Azarias Leite. Dados coletados
em pesquisa realizada na SEPLAN, Secretaria do Planejamento do município de
Bauru, em conversa com a funcionária do setor aprovação de projetos, M. Meirelles,
e em pesquisa aos arquivos do INSS de Bauru, possibilitaram a reconstrução
cronológica da edificação desde a sua construção do edifício, até a sua desocupação,
bem como os usos a que ele foi destinado.
O documento (Figura 52) consta que no ano de 1962 o imóvel pertencia ao
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários e Empregados em Serviços
Públicos (IAPFESP), e funcionava como um ambulatório médico. O Atestado, diz
respeito a necessidade de realização de laudos de avaliação da planta. A fim de
providenciar a averbação e fornecimento da Certidão de registro do imóvel, que desde
a sua construção não havia sido emitida.
92

Figura 52 - Patrimônio imobiliário IAPFESP

Fonte: Própria autora, 2019.

A Certidão do imóvel (Figura 53), atesta que em 1962, de acordo com o


processo n°10.789/62, se fez requerimento para a aprovação de um prédio de
alvenaria de tijolos para fins de Posto médico, construído no ano de 1950, conforme
processo nº 4642/50. Na certidão, consta também que o edifício era composto um por
pavimento subsolo, contendo varanda pública, laboratório, depósito, vestiários,
administração e depósito dos fundos.
No pavimento térreo, estavam três salas de espera, tisiologia, pneumotórax,
repouso, raio x, câmara-escura, exames, área, hall, sala de aplicação de injeções,
93

ortopedia, eletrocardiologia, curativos H, curativos M, pequenas intervenções, duas


clínicas, obstetrícia, ginecologia, vestiário de enfermeiras, de médicos, de
enfermagem, sanitário para homens e mulheres, mais três sanitários, rouparia, quarto
do zelador, almoxarifado, corredor de circulação para médicos e enfermeiras, abrigo
para autos e depósito.
No segundo pavimento, estavam as salas de pediatria, fisioterapia, ultra
vermelha, violeta, diatermia, junta médica, serviço social, sala de espera para homens,
clínica médica de urologia, portaria, oftalmologia, exame fundo de olho, depósito,
nutrição, ano retais, pele e sífilis, três salas de exames, curativos, hall, dois sanitários,
corredor de circulação, médicos e enfermeiras, secretaria, sala de estar para médicos,
sanitário, sala de reuniões e biblioteca. De acordo com a Certidão, em 1962, o prédio
passou por vistoria e encontrava-se em pleno funcionamento.

Figura 53 - Certidão do imóvel

Fonte: Própria autora, 2019.


94

Figura 54 - Pavimento Subsolo - Projeto Posto Médico

Fonte: Própria autora, 2019.

Figura 55 - Pavimento Térreo - Projeto Posto Médico

Fonte: Própria autora, 2019.


95

Figura 56 - Segundo pavimento - Projeto Posto Médico

Fonte: Própria autora, 2019.

Pranchas do primeiro projeto aprovado e executado. O Pavimento Subsolo


(Figura 54). O Pavimento Térreo (Figura 55) e o Segundo Pavimento pela (Figura 56).

Figura 57 - Planta baixa do Projeto de Ampliação

Fonte: Própria autora, 2019.


96

A Planta baixa do pavimento térreo, (Figura 57), referente ao projeto de


ampliação da edificação realizado no ano de 1966, com anexo de uma ala destinada
a sala de espera, três consultórios de dentista, sanitário e sala.

Figura 58 - Planta da última reforma realizada

Fonte: Própria autora, 2019.

As Plantas da última reforma, (Figura 58), realizada no ano de 1973 e a


situação atual no edifício, onde foram demolidas muitas paredes internas, adaptando
o edifício para um novo uso: o Ministério do Trabalho do município, composto pelos
seguintes ambientes: Recepção, protocolo, sala de fiscalização, SFT/SST, recepção
SST, SST, carteira de trabalho, seguro desemprego, sanitários, copa, homologação e
sala sindicato.
Após ter abrigado o Ministério do trabalho durante anos, em 2009 o edifício foi
desocupado e desde então tem passado por um processo de degradação constante.
De acordo com JCNET (2018) (Figura 59), o Ministério Público Federal (MPF)
exige que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como situação de proprietário
do edifício, “assuma medidas cabíveis afim de resolver a situação de completo
abandono”. O INSS propôs a demolição do edifício, inativo desde o ano de 2009,
assim, foi agendada uma audiência, em que a Justiça Federal estabeleceria um prazo
máximo para a conclusão do projeto de demolição.
97

Figura 59 - Matéria do Jornal da cidade de Bauru em 23/06/2018

Fonte: Própria autora, 2019.

Na atual condição o edifício causa preocupação, já que o local tem sido usado
como refúgio para autores de furtos e usuários de drogas, além de ter se tornado
residência para pessoas em situação de rua. O procurador da República, autor da
ação, afirma:

As condições atuais do antigo prédio do INSS em Bauru colocam a


incolumidade pública em risco, pois o local, por estar encravado na região
central da cidade, funciona como abrigo às práticas ilícitas típicas dos
grandes centros urbanos, de forma que até mesmo um futuro (e iminente)
desabamento não pode ser descartado. (LIBONATI, apud JCNET, 2018)

De acordo com o MPF (2018), o prédio localizado em Bauru, na Rua Presidente


Kennedy está desde a sua desativação carente de conservação, reparos mínimos e
vigilância; já que está ocupado por usuários de drogas, encontra-se atualmente em
98

ruínas. Para se evitar uma tragédia é necessário que a situação seja resolvida com
urgência.
Em nota emitida na reportagem do Jornal da Cidade, o INSS alegou ter tomado
providencias junto a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA), realizando a
limpeza interna e externa, colocando um lacre soldado na porta de entrada principal,
instalando cadeados nas postas internas, fechando com tapumes as janelas do
segundo andar e realizando vistoria a fim de constatar através de laudos a real
situação do prédio, contudo, para o MPF, tais medidas não foram suficientes e não
minimizaram os danos causados (JCNET, 2018).
Segundo o INSS, está em andamento a viabilidade para a demolição do
edifício, contudo, em vista da complexibilidade dos dados a serem levantados, ainda
não há previsão para sua conclusão (JCNET, 2018).
99

7 PROPOSTA PROJETUAL - ESTUDOS PRELIMINARES

A fase preliminar da concepção do projeto arquitetônico representa uma etapa


valiosa para o resultado final da proposta de projeto, através de estudos de
levantamento, realizados com auxílio de aplicativos de mapas tridimensionais, de
programas de desenho bidimensional e visitas in loco, afim de se obter uma avaliação
do entorno buscando entender a sua relação com a área de intervenção. Para isto são
avaliados quesitos como, a localização, a maneira como o solo é organizado e
ocupado, além da vegetação existente, o gabarito das edificações e os fluxos que
transpõem a região.

7.1 ZONEAMENTO

Figura 60 - Tabela da zona ZC1

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, 1982.

O Zoneamento referente à área de intervenção é ZC1, segundo dados retirados


da Lei 2339 de 15 de novembro de 1982 (PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU). Na
(Figura 60), verifica-se quais usos são predominantes e permitidos nesta região.
100

Figura 61 - Especificação dos usos - Lei de Zoneamento

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, 1982.


101

Os tipos de usos relacionados a serviços, na (Figura 61), mostra em destaque


o S2.02, que representa a proposta projetual, o qual, é definido como “serviços de
centros pouco especializados, incômodos ao uso residencial, de atendimento intenso”
(PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU, 1987), que abrange em suas categorias,
centros de reabilitação. Em conformidade com a (Figura 60) portanto, a área
selecionada para a realização da proposta projetual tem seus índices urbanísticos:
T.O = 3/4 e C.A = 4, deverá possuir 5 metros de recuo frontal e relaciona-se com a
observação de número (7), que diz “Poderá haver necessidade de área para
estacionamento de veículos e/ou pátio para carga e descar0a, conforme quadro 21”
(PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU, 1982).

7.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO

A área selecionada para o desenvolvimento da proposta para o Centro de


Assistência Social e para pessoas em situação de vulnerabilidade social, está
localizada na região central do município de Bauru próximo a pontos relevantes da
cidade, o que foi um fator importante para sua escolha. Outra vantagem consiste na
facilidade de acesso ao prédio pelos seus usuários, já que a maior parte da população
em vulnerabilidade social já se encontra na região.
No mapa de localização (Figura 62), foi possível identificar as principais ruas
que dão fácil acesso ao local, vê-se também os equipamentos urbanos relevantes
presentes naquela região. O fato de o projeto estar localizado na região central,
contribui para uma fácil locomoção das pessoas que utilizaram o centro de
assistência.
102

Figura 62 - Mapa de localização

Fonte: Google Earth, alterado pela própria autora, 2019.

7.3 USO E OCUPAÇÃO

Por meio do Mapa de Uso e Ocupação (Figura 63), foi possível concluir que a
região analisada sendo parte do centro histórico possui em sua maioria usos voltados
a comercio, serviço e usos mistos. Há também alguns serviços institucionais
localizados ao lado do terreno, as residências estão fixadas em sua maioria no Jardim.
Bela Vista ao norte da área de intervenção.
Dentre os equipamentos urbanos, estão, bancos, supermercado, posto de
combustível, igrejas, escola, estacionamento, entre outros mostrados no mapa de
localização. A importância dessa análise se dá pela identificação da predominância
dos usos e como isto pode se relacionar com a proposta projetual, ou seja, a
implementação de áreas dentro do limite do projeto que tenham usos relacionados
aos identificados, o que permitirá maior interação do edifício com o entorno adjacente.
103

Figura 63 - Mapa de Usos e ocupações

Fonte: Própria autora, 2019.

7.4 GABARITO URBANO

O Mapa de Gabarito das edificações (Figura 64) revela a predominância de


edifícios de até dois pavimentos, é possível verificar que na Rua Batista de Carvalho,
local voltado predominantemente ao comércio as alturas das edificações tendem a ser
mais altas com prédios de três, quatro ou mais pavimentos.
104

Portanto foi verificado no local do projeto que a quantidade de sombra é menor,


sendo necessário mais arborização, a circulação do vento é maior e a densidade de
circulação populacional é baixa.

Figura 64 - Mapa de gabarito das edificações

Fonte: Própria autora, 2019.


105

7.5 VIAS E FLUXOS

O Mapa de Vias e Fluxos (Figura 65) mostra a predominância de vias coletoras


na região, ou seja, vias destinadas a coletar e distribuir o trânsito dentro das regiões
na cidade, elas conduzem o trânsito as vias arteriais ou de fluxo rápido, são vias
normalmente compostas por sinaleiros e com fluxo médio de carros, o que
proporciona facilidade de acesso ao local de intervenção.
Vale ressaltar também que as linhas de transporte público que circundam a
região passam nas localidades próximas da área da proposta do projeto, fator que
facilita a locomoção dos usuários na cidade.

Figura 65 - Mapa de vias e fluxos

Fonte: Própria autora, 2019.


106

7.6 CHEIOS E VAZIOS

O Mapa de Cheios e Vazios urbanos (Figura 66), mostra a densidade de


ocupação da região, principalmente próximo à rua principal (Rua Batista de Carvalho).
É possível notar que faltam áreas livres e de convivência, sendo necessário propor
uma área de aberta que interligue os edifícios e possibilite áreas de descanso e lazer
à população que ali mora ou trabalha.

Figura 66 - Mapa de Cheios e vazios

Fonte: Própria autora, 2019.


107

7.7 VEGETAÇÃO

O Mapa de vegetação (Figura 67), demostra a falta de áreas verdes, em


especial próximo à área da Rua Batista de Carvalho, através na análise ao mapa
identifica-se a carência da região em praças, parques, áreas verdes e espaço para
lazer. Para isto, faz-se necessário compreender quais medidas devem ser tomadas
na concepção do projeto arquitetônico, visando ampliar as relações dos usuários e da
população, no acesso a ambientes de convivência e contato com a natureza.

Figura 67 - Mapa de Vegetação

Fonte: Própria autora, 2019.


108

7.8 TOPOGRAFIA

O mapa de Topografia (Figura 68) permite identificar as possiblidades de


intervenções que poderão ser feitas no local. De acordo com a análise feita, a área de
intervenção está situada no fundo de vale do Rio Bauru, sendo assim, possui um aclive
de aproximadamente nove metros de desnível da Av. Nuno de Assis em direção à
Rua Presidente Kennedy, ao longo de aproximadamente 95 metros.

Figura 68 - Mapa de Topografia

Fonte: Própria autora, 2019.


109

8 CONCEITO E PARTIDO

O local escolhido para implantação do projeto, localiza-se na região central do


município, próxima ao centro histórico, e encontra-se em situação de completo
abandono e degradação, o que desperta o sentimento de indignação, por se tratar de
um edifício pertencente ao poder público federal com plenas condições de uso e
habitabilidade, desde que realizadas as devidas reformas.
Em razão da sua desocupação, a área, tornou-se um refúgio para pessoas em
vulnerabilidade social, as quais assim como o edifício encontram-se abandonadas
pelo poder público. A motivação que levou à proposta projetual, vincula-se à
necessidade de reabilitar e requalificar ambas as partes envolvidas, para isto seria
necessária a implantação de um centro de assistência que pudesse proporcionar
melhores condições de vida a estas pessoas e ao mesmo tempo proporcionar
vitalidade. A funcionalidade e a simplicidade foram aspectos decisivos para o
desenvolvimento do projeto, possibilitando uma maior interação com os serviços
oferecidos e fácil acesso. Atraindo o publico alvo para um ambiente que reflita a
simplicidade da vida.
Para tal, foram propostas a requalificação de dois edifícios existentes e a
construção de mais um para atender à demanda do programa de assistência social.
O primeiro deles, o antigo posto médico, seria destinado aos programas de assistência
social, jurídica e de saúde básica, com atendimento realizado por meio de triagem,
localizados no segundo pavimento e com usos destinados a comercio e serviços no
primeiro pavimento que atenderão a população em geral, no pavimento térreo se
encontra a recepção e armazenamento de doações.
O segundo edifício, o conjunto dos antigos galpões de armazenamento da NOB
ficou reservado para as oficinas profissionalizantes, área cultural e bazar dos produtos
confeccionados no local.
O terceiro edifício proposto, foi projetado para receber as instalações de
alojamento, contendo recepção, triagem, refeitório e administração em seu pavimento
térreo, nos pavimento 1 foram formulados sistemas de acomodações distribuídos em
módulos semiabertos que pudessem proporcionar uma sensação de liberdade aos
moradores, divididos entre a ala feminina, ala familiar e ala masculina, todos com
sanitário e vestiário comunitários; no terceiro pavimento encontra-se o programa
educacional e as áreas de convivência e recreação destinadas aos moradores. A
110

estrutura em concreto armado aparente e o sistema de construção em alvenaria


simples, garante um conforto maior ao público que será atendido, além da fachada de
elemento vazado que auxilia na iluminação e ventilação natural, proporcionando
sensação de maior liberdade.
Além disso, foi criada uma conexão entre os edifícios através de uma praça que
será utilizada também pela comunidade, a qual, possui quadra de basquete, campo
de futebol, horta comunitária, pistas de skate, áreas de lazer e convivência, além de
um canil destinado aos companheiros das pessoas em situação de rua, para isto foi
necessário, interromper a Rua Presidente Kennedy, entre os cruzamentos da Rua
Gerson França e da Rua Araújo Leite.
Outro elemento importante do projeto é a passarela que faz ligação entre o
edifício de assistência e o alojamento, afim de proporcionar fácil acesso aos
atendimentos oferecidos.
Portanto, a proposta projetual, trará ao local de intervenção, além de benefícios
para a população em situação de rua, também serviços e atividades para a cidade de
Bauru.
111

9 MACROZONEAMENTO – TFG 1

9.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Tabela 1 - Programa de necessidades - parte 1

PROGRAMA DE NECESSIDADES
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ANTIGO POSTO MÉDICO - PROGRAMA ASSISTÊNCIAL UNIDADE (m²
1 Recepção de Doações 1 70,72
2 Separação e Armazenamento de Doações 1 82,69
3 W.C funcionários 1 6,93
4 Loja 1 1 19,45
5 Loja 2 1 19,83
6 Loja 3 1 45,02
7 Loja 4 1 28
8 Sala de Cabeleireiro / Barbeiro 1 17,88
9 Biblioteca 1 96,21
10 Sala de Estudo/leitura 1 27,04
11 W.C. Feminino 2 15,18
12 W.C Masculino 2 22,92
13 W.C. Feminino acessível 2 2,57
14 W.C Masculino acessível 2 2,62
15 Depósito de material de limpeza 2 1,58
16 Café 1 42,74
17 Depósito café 1 4,58
18 Auditório 1 125,59
19 Sala do Assistente Social 1 19,83
20 Sala do Agente Social 1 17,85
21 Sala do Psicólogo 1 19,45
22 Sala Agente Jurídico 1 20,14
23 Sala Advogado 1 23,92
24 Sala do Médico 1 18,7
25 Sala do Dentista 1 27,78
26 Enfermaria (enfermeiro e técnico de enfermagem) 1 14,31
Fonte: Elaborado pela autora (2019)
112

Tabela 2 - Programa de necessidades - parte 2

PROGRAMA DE NECESSIDADES
ÁREA
Nº ANTIGOS GALPÕES - PROGRAMA CULTURAL E PROFISSIONALIZANTE UNIDADES (m²)

1 Galerias de exposição 1 150,81

2 Café 1 100,11
3 Loja bazar 1 1 12,46

4 Loja bazar 2 1 12,46

5 W.C feminino 1 10,82

6 W.C masculino 1 10,93


7 W. C acessível 1 4,25

8 Laboratório de Culinária 1 36,83


9 Laboratório de Jardinagem 1 38,77

10 Laboratório de Corte e Costura 1 22,75


11 Laboratório de Serviços Gerais (Construção Civil) 1 40,93

12 Laboratório Manicure e pedicure 1 35,22


13 Laboratório de Cerâmica 1 40,93

14 Laboratório de Cravura 1 38,74


15 Laboratório de arte têxtil 1 21,88

16 Oficina de Serviços Mecânica Automotiva 1 111,22


Fonte: Elaborado pela autora (2019)
113

Tabela 3 - Programa de necessidades - parte 3

PROGRAMA DE NECESSIDADES
Nº EDIFÍCIO ALOJAMENTO (NOVO) + PROGRAMA EDUCACIONAL UNIDADES ÁREA (m²)
1 Recepção / Acolhimento 1 52,09
2 Triagem 1 42,02
3 Sala de atendimento especialistas 1 14,55
4 Sala administrativa 1 32,03
5 Sala de Reunião 1 14,55
6 Banheiro Funcionários femininos 1 2,55
7 Banheiro Funcionários masculino 1 2,55
8 Copa funcionários 1 6,2
9 Refeitório 1 91,01
10 Cozinha 1 30,8
11 Depósito 1 14,55
12 W.C feminino 1 17,15
13 W.C masculino 1 17,15
14 Acomodações - Ala feminina 24 4,89
15 Acomodações - Ala familiar 8 10,39
16 Acomodações - Ala masculina 54 4,89
17 Sanitário e vestiário feminino 3 35,09
18 Vestiário e sanitário masculino 3 32,74
19 Salas de Aula 4 24,86
20 Sala de Informática 1 32,74
21 Sala de TV 1 50,29
22 Sala de jogos 50,27
23 Lavanderia 1 32,89
24 Bicicletário 1 79,78
25 Canil 1 113,03
26 Área esportiva 1 1025,07
27 Horta 1 420
28 Área de convivência 1 487,01
29 Áreas comuns 1 6.412,16
Fonte: Elaborado pela autora (2019)

O programa de necessidades foi desenvolvido através do estudo de caso e das


obras correlatas, em cima das necessidades da cidade onde será implantada o
114

projeto. Foi idealizado um programa extenso pela inexistência de um centro de


assistência que abranja a região de Bauru.

9.2 PROJETO

Figura 69 - Implantação geral (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

O pavimento térreo abrange uma área de circulação e convivência grande entre os


três edifícios, quadras de esporte, canil, espaço para pista de skate, horta
115

comunitária, entre outros. No edifício Antigo posto médico, em seu andar térreo
possui o programa de recepção e armazenamento de doações, afim de que a
população possa interagir e auxiliar os membros que receberam o auxílio. O edifício
dos Antigos galpões possui o programa de profissionalização, com oficinas de
aprendizagem, além de área para exposição e bazares. O edifício do Alojamento foi
proposto para complementar o programa de necessidades extenso e consiste na
recepção, triagem e acolhimento dos usuários e refeitório e setor administrativo.

Figura 70 - Pavimento 1 - antigo posto médico (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

O pavimento 1 do edifício antigo posto médico é composto por lojas, as quais, tem o
intuito de arrecadar fundos para o centro assistencial, biblioteca, sala de estudos,
116

café, sanitário, jardim de inverno que possibilita iluminação natural ao ambiente,


além de áreas de convivência externa acessível para o público em geral.

Figura 71 - Pavimento 1 - edifício novo (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

No pavimento 1 do edifício do alojamento foi proposta as acomodações da ala


feminina e ala familiar e vestiários.
117

Figura 72 - Pavimento 2 - junção dos blocos (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

No pavimento 2 o edifício do alojamento possui as acomodações da ala masculina e


vestiário. E no pavimento 1 do edifício do antigo posto médico, se concentram as
atividades de assistência psicológica, jurídica, médica e odontológica, além de um
auditório onde ocorrerão palestras aos usuários e a população em geral. Também
há uma passarela que conecta os edifícios afim de facilitar o acesso entre eles.
118

Figura 73 - Pavimento 3 – edifício novo (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

No pavimento 3 do edifício do alojamento, se concentram as atividades educacionais


e atividades de recreação.
119

Figura 74 - Cortes A e B (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


120

Figura 75 - Cortes C e D (sem escala)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


121

9.3 PERSPECTIVAS

Figura 76 – Volumetria 1 - café

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 77 - Volumetria 2 – Antigo posto médico

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


122

Figura 78 - Volumetria 3 – acesso principal antigo posto médico

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 79 - Volumetria 4 – Horta comunitária com vista ao edifício do alojamento

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


123

Figura 80 - Volumetria 5 – Passarela

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 81 – Volumetria 6 – Galpões

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


124

Figura 82 - Volumetria 7 – Quadra de esportes

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 83 - Volumetria 8 – Praça de acesso edifício alojamento

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


125

Figura 84 - Volumetria 9 - Praça de acesso edifício alojamento 2

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


126

Figura 85 – Vegetação

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


127

10 ANTEPROJETO – TFG 2

10.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ETAPA 2

Tabela 4 - Programa de necessidades (etapa 2)


PROGRAMA DE NECESSIDADES
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ANTIGO POSTO MÉDICO - PROGRAMA ASSISTÊNCIAL UND.
(m²)
Pavimento Terreo
1 Recepção de doações 1 70,87
2 Separação e armazenamento de doações 1 82,69
3 W.C funcionários 1 6,93
4 Circulação Interna 21,23
5 Jardim de inverno 1 21,21
6 Circulação vertical 1 - Interna 1 6,78
7 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 3,5
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ALOJAMENTO (NOVO) + PROGRAMA EDUCACIONAL UNID.
(m²)
Pavimento Terreo
1 Praça coberta 1 52
2 Recepção / Acolhimento 1 96,47
3 Triagem 1 51,77
4 Circulação interna 1 5,34
5 Sala de atendimento especialistas 2 17,49
6 Recpção administrativo 1 17,31
7 Setor administrativo 1 38,69
8 Sala de reunião 1 16,17
9 Anti câmara 1 4,44
10 Banheiro funcionários femininos e masculino 2 4,25
11 Copa funcionários 1 4,46
12 Refeitório 1 133,89
13 Cozinha 1 25,85
14 Despensa 1 14,91
15 Circulação interna 2 8,4
16 Lavanderia 1 25,49
17 Sanitário e vestiário feminino e masculino 1 21,58
18 Sanitário e vestiário acessivél 1 5,88
19 Canil 1 50,55
20 Circulação vertical 1 - Interna 1 7,28
21 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 4,5
22 Quadra poliesportiva 1 237,79
23 Pista de skate 2 267,51
24 Praça de convivência - Externa 939,87
128

ANTIGOS GALPÕES - PROGRAMA CULTURAL E ÁREA


Nº UNID.
PROFISSIONALIZANTE (m²)
Pavimento Terreo
1 Galerias de exposição 1 150,81
2 Café 1 93,49
3 Loja bazar 1 1 12,46
4 Loja bazar 2 1 12,46
5 Circulação interna 1 65,16
6 W.C feminino 1 1 19,06
7 W.C masculino 1 1 19,06
8 W. C acessível 2 5
9 W.C feminino 2 1 22,45
10 W.C masculino 2 1 21,54
11 Laboratório de culinária 1 36,82
12 Laboratório manicure e pedicure 1 35,22
13 Circulação interna 2 75,56
14 Laboratório de arte têxtil 1 21,88
15 Laboratório de corte e costura 1 22,75
16 Circulação interna 3 62,42
17 Oficina de serviços mecânica automotiva 1 111,22
18 Laboratório de cravura 1 38,74
19 Laboratório de jardinagem 1 38,67
20 Circulação interna 4 89,41
21 Laboratório de serviços gerais (Construção Civil) 1 40,93
22 Laboratório de cerâmica 1 40,93
23 Circulação interna 5 91,28
24 Horta comunitária 1 423,02
25 Feira ao ar-livre 433,79
26 Circulação externa 223,36

PROGRAMA DE NECESSIDADES
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ANTIGO POSTO MÉDICO - PROGRAMA ASSISTÊNCIAL UND.
(m²)
1º Pavimento
1 Loja 1 1 19,45
2 Loja 2 1 19,83
3 Loja 3 1 45,02
4 Loja 4 1 28
5 Sala de cabeleireiro / barbeiro 1 17,88
6 Biblioteca 1 96,11
7 Sala de estudo/ leitura 1 27,04
8 W.C. Masculino 1 19,35
9 W.C Feminino 1 19,86
10 W.C. Feminino acessível 1 4,97
11 W.C Masculino acessível 1 4,86
12 Depósito de material de limpeza 1 1,58
129

13 Circulação Interna 233,37


14 Café 1 42,74
15 Depósito café 1 4,58
16 Circulação vertical 1 - Interna 1 6,8
17 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 3,5
18 Circulação vertical 3 - Interna 1 12,15
19 Rampa de acesso - Externa 1 87,34
20 Escada de acesso - Externa 1 13,43
21 Área de convivência 1 1 117,69
22 Área de convivência 2 1 232,42
23 Jardim de inverno 1 35,45
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ALOJAMENTO (NOVO) + PROGRAMA EDUCACIONAL UNID.
(m²)
1º Pavimento
1 Área de convivência 1 1 89,12
2 Acomodações - Ala feminina 13 5
3 Circulação interna 1 58,5
4 Área de convivência feminina e familiar 1 31,1
5 Acomodações - Ala familiar ( mãe com filhos) 2 6,88
6 Circulação interna 2 33,03
7 Sanitário e vestiário feminino 1 20,67
8 Sanitário e vestiário acessível 1 5,87
9 Acomodações - Ala masculina 26 5
10 Circulação interna 3 102,59
11 Área de convivência masculina 1 27,27
12 Sanitário e vestiário masculino 1 33,21
13 Sanitário e vestiário acessível 1 6,69
14 Circulação vertical 1 - Interna 1 7,28
15 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 4,5

PROGRAMA DE NECESSIDADES
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ANTIGO POSTO MÉDICO - PROGRAMA ASSISTÊNCIAL UND.
(m²)
2º Pavimento
1 Sala do Psicólogo 1 19,45
2 Sala do Assistente Social 1 19,83
3 Sala do Agente Social 1 17,85
4 Sala Agente Jurídico 1 20,14
5 Sala Advogado 1 23,92
6 Auditório 1 125,59
7 W.C. Masculino 1 19,35
8 W.C Feminino 1 19,86
9 W.C. Feminino acessível 1 4,97
10 W.C Masculino acessível 1 4,86
11 Depósito de máterial de limpeza 1 1,58
12 Circulação Interna 270,92
130

13 Consultorio Odontologico 1 27,78


14 Enfermaria (enfermeiro e técnico de enfermagem) 1 14,31
15 Consultorio Médico 1 18,7
16 Circulação vertical 1 - Interna 1 6,8
17 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 3,5
18 Circulação vertical 3 - Interna 1 12,15
19 Circulação horizontal - Passarela 1 49,98
ÁREA
Nº EDIFÍCIO ALOJAMENTO (NOVO) + PROGRAMA EDUCACIONAL UNID.
(m²)
2º Pavimento
1 Área de convivência 1 1 89,12
2 Circulação interna 37,86
3 Salas de aula 3 30,11
4 Sala de informatica 1 34,5
5 Sala de leitura 1 46,5
6 Sanitário feminino e masculino 2 7,22
7 Sanitário acessivél 1 6,25
8 Mini cinema 1 52,08
9 Circulação interna 2 17,33
10 Sala de jogos 1 100,71
11 Sala multiuso 1 101,79
12 Sanitário feminino e masculino 2 16,29
13 Sanitário acessivél 1 6,16
14 Circulação vertical 1 - Interna 1 7,28
15 Circulação vertical 2 (elevador) - Interna 1 4,5
19 Circulação horizontal - Passarela 1 49,98

O programa de necessidades não foi alterado em relação a entrega anterior, mas foi
aprimorado em alguns quesitos como a implantação de uma feira ao ar livre e a
realocação de algumas atividades com a remoção do pavimento 3 do edifício do
alojamento.
131

10.2 PROJETO ETAPA 2

Figura 86 - Implantação (etapa 2)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

O pavimento térreo abrange uma área de circulação e convivência grande entre os


três edifícios, quadra de esporte, espaço para pista de skate, horta comunitária e
feira ao ar livre. No edifício Antigo posto médico, em seu andar térreo possui o
programa de recepção e armazenamento de doações, afim de que a população
possa interagir e auxiliar os membros que receberam o auxílio. O edifício dos
Antigos galpões possui o programa de profissionalização, com oficinas de
132

aprendizagem, além de área para exposição e bazares. O edifício do Alojamento foi


proposto para complementar o programa de necessidades extenso e consiste na
recepção, triagem e acolhimento e sala de atendimento com especialistas, refeitório,
cozinha, lavanderia, canil e setor administrativo.

Figura 87 - Planta pavimento 1 (etapa 2)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

No pavimento 1 o edifício do alojamento possui as acomodações da alas masculina,


femininas e familiares, vestiários e áreas de convivências internas. No do edifício do
antigo posto médico, se concentram as atividades de assistência psicológica,
jurídica, médica e odontológica, além de um auditório onde ocorrerão palestras aos
usuários e a população em geral. Também há uma passarela que conecta os
edifícios afim de facilitar o acesso entre eles.
133

Figura 88 - Planta pavimento 2 (etapa 2)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

No pavimento 2 o edifício do alojamento esta destinado às atividades educacionais,


sala de estudo, cinema, sala de jogos e de artesanato além de áreas de convívio. E
no pavimento 1 do edifício do antigo posto médico, se concentram as atividades de
assistência psicológica, jurídica, médica e odontológica, além de um auditório onde
ocorrerão palestras aos usuários e a população em geral. Também há uma
passarela que conecta os edifícios afim de facilitar o acesso entre eles.
134

Figura 89 - Cortes e Elevações (etapa 2)

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


135

Figura 90 - Elevações

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

10.3 PERSPECTIVAS ETAPA 2

Figura 91 - Volumetria 1 - vista aérea do viaduto

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


136

Figura 92 - Volumetria 2 -vista praça externa

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


137

Figura 93 - Volumetria - vista praça e passarela

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 94 - Volumetria - fachada prédio alojamento

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


138

Figura 95 - Volumetria - vista aérea prédio alojamento

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 96 - Volumetria interna - refeitório

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


139

Figura 97 -Volumetria interna - Ala masculina

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 98 - Volumetria interna - Ala feninima

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


140

Figura 99 - Volumetria interna - sala de jogos

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Figura 100 - Volumetria interna - sala de leitura

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


141

Figura 101 - Volumetria - lojas

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


142

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“A verdadeira viagem da descoberta não é achar novas terras, mas ver o território
com novos olhos”. Marcel Proust
O objeto de estudo iniciou-se através da descoberta de uma área de valor histórico
para a cidade de Bauru, antigo prédio Posto Médico que está fadado a demolição.
Uma área que clama por intervenção urbana revitalizando e trazendo nova utilidade.
Hoje sofre ocupação irregular por pessoas em situação vulnerável, sofrendo com a
degradação.
O espaço estudado, não apresenta apenas problemas, por ser uma área de
habitação irregular, pessoas vivem diariamente com questões de insegurança,
infraestrutura urbana e necessitam de uma proposta que possa abrir novos horizontes
de um futuro melhor. Durante a elaboração desse trabalho diversos desafios foram
enfrentados, como a dificuldade na coleta de informações, legislação pertinente ao
tema, dados censitários entre outros. Ademais, faltam projetos de referências
divulgados em ambientes tangentes à arquitetura e urbanismo, fato que limita a
elaboração de programas funcionais, formais e estéticos totalmente eficientes.
Contudo, vale ressaltar que em meio a esses obstáculos, o objetivo da presente
proposta foi atingido, oferecendo à cidade e à população em situação de
vulnerabilidade novas oportunidades. Levantamentos fotográficos e de dados tiveram
de ser realizados para o embasamento desse trabalho.
Por isso, esse estudo espera trazer contribuições valiosas para futuras
discussões sobre esta problemática, propondo sua revitalização através da criação de
um Centro de Assistência Social para pessoas em vulnerabilidade, ressaltando a
importância do bom uso do prédio e área histórica, oferecendo todo tipo de assistência
para a população usuária. A partir desse estudo foi possível entender a evolução
histórica da área, observando, o problema.
Desse modo, o projeto proposto contribuirá para fortalecer o sentimento de
pertencimento e identidade da população, podendo se tornar uma referência em
Assistência Social na cidade e para a política pública. Conclui-se afirmando que não
é possível projetar ou idealizar soluções para um ambiente urbano sem compreender
o local onde o objeto de estudo está inserido.
143

12 REFERÊNCIAS

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londres como albergue para sem-tetos. 2019. Disponível em:
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Oppett Architects. 2012. Disponível em: <https://www.architectmagazine.com/project-
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Aplicadas - Ipea. ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO
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